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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO CUIDADOS CLÍNICOS EM ENFERMAGEM E SAÚDE
DOUTORADO CUIDADOS CLÍNICOS EM ENFERMAGEM E SAÚDE
ANA CÉLIA CAETANO DE SOUZA
CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL COMO SUBSÍDIO À
AÇÃO DO ENFERMEIRO NA PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA
E ADESÃO AO TRATAMENTO DE PESSOAS COM HIPERTENSÃO
FORTALEZA – CEARÁ
2015
ANA CÉLIA CAETANO DE SOUZA
CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL COMO SUBSÍDIO À
AÇÃO DO ENFERMEIRO NA PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA
E ADESÃO AO TRATAMENTO DE PESSOAS COM HIPERTENSÃO
Tese apresentada ao Curso de Doutorado
Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde do
Programa de Pós-Graduação Cuidados
Clínicos em Enfermagem e Saúde do Centro
de Ciências da Saúde da Universidade
Estadual do Ceará, como requisito parcial à
obtenção do título de Doutor em Cuidados
Clínicos em Enfermagem e Saúde.
Área de Concentração: Cuidados Clínicos em
Enfermagem e Saude.
Orientadora: Profa. Dra. Thereza Maria
Magalhães Moreira.
FORTALEZA – CEARÁ
2015
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Universidade Estadual do Ceará
Sistema de Bibliotecas
Souza, Ana Célia Caetano de.
Construção e validação de tecnologia educacional como subsídio à ação do enfermeiro na promoção da qualidade de vida e adesão ao tratamento de pessoas com hipertensão [recurso eletrônico] / Ana Célia Caetano de Souza . – 2015.
1 CD-ROM : il. ; 4 ¾ pol. CD-ROM contendo o arquivo no formato PDF do trabalho acadêmico com 177
folhas, acondicionado em caixa de DVD Slim (19 x 14 cm x 7 mm). Tese (doutorado) – Universidade Estadual do Ceará, Centro de Ciências da
Saúde, Programa de Pós-Graduação Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde, Doutorado Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde, Fortaleza, 2015.
Área de Concentração: Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde. Orientação: Prof.ª Dr.ª Thereza Maria Magalhães Moreira.
1. Tecnologia educacional. 2. Qualidade de vida. 3. Adesão ao tratamento. 4. Hipertensão. I. Título.
AGRADECIMENTOS
A DEUS, por ter me possibilitado concluir mais uma etapa, por ser o meu refúgio em todos os
momentos da minha vida, sejam bons ou ruins e por me fazer compreender que há tempo para
tudo debaixo do céu.
À minha mãe, Edineuza, pela vida e por ter me proporcionado oportunidades que de outra
maneira não teria. Minha eterna gratidão e amor.
Ao meu companheiro, Edmar Oliveira, pela sua dedicação e atenção constante nos momentos
difíceis e de felicidade.
Aos meus irmãos, Ana Clédina, José e Marta.
À minha orientadora, Professora Thereza, por me apoiar nos momentos que mais precisei e
não hesitar em acreditar na minha capacidade.
Aos meus eternos amigos, Neide, Guto, Mazé Muniz, Andréia Borges, Luciana Cordeiro,
Lúcia Andrade e Albertisa Rodrigues pelo apoio e companheirismo sempre.
Ao ex-aluno, e agora amigo de todas as horas, José Wicto, pela força e apoio e por acreditar
na possibilidade de realização das nossas ideias transformadas em pesquisa.
Aos amigos e companheiros de coleta, Jair Linard, Camila Brasileiro, Samuel Mattos, Marcos
Augusto, Aline Loureiro, Anaíze Bezerra e Ana Célia Marques.
Aos Alunos, Italo Lennon, Liziane Braga, Raquel Costa e Janaine Gomes pela ajuda na coleta
de dados.
Aos enfermeiros, Luciana Rodrigues, Daniele Braz, Yara Lane e Vilemar pelo apoio na
realização da coleta em suas unidades de saúde.
À Prefeitura Municipal de Fortaleza, por oferecer os espaços para realização da coleta de
dados.
Ao amigo Vagnaldo, pela ajuda e apoio na análise estatística.
À Raquel Sampaio, pela ajuda no tratamento estatístico.
Aos Agentes Comunitários de Saúde, Adalberto, Candéia, Francimeire, Tereza, Célia, Márcio,
Fátima, Suely, Risária, Tânia, Viviane, Rose e à enfermeira Lourdes pelo apoio nos contatos
com os pacientes para a realização das atividades educativas.
Às pessoas com hipertensão arterial, por terem me proporcionado o entendimento da pesquisa
no contexto da prática.
“Para tudo há um tempo, para cada coisa
há um momento debaixo dos céus:
Tempo para nascer, e tempo para morrer;
Tempo para plantar, e tempo para arrancar o que foi plantado;
Tempo para matar, e tempo de sarar;
Tempo para demolir, e tempo para construir;
Tempo para chorar, e tempo para rir;
Tempo para gemer, e tempo para dançar;
Tempo para atirar pedras, e tempo para ajuntá-las;
Tempo para dar abraços, e tempo para apartar-se;
Tempo para procurar e tempo para perder;
Tempo para guardar, e tempo para jogar fora;
Tempo para rasgar, e tempo para costurar;
Tempo para calar e tempo para falar;
Tempo para amar, e tempo para odiar;
Tempo para guerra, e tempo para paz”.
(Eclesiastes 3, versículo de 2-8).
RESUMO
A hipertensão é um problema de saúde que tem acometido parcela significativa da população
e que requer longo tempo de tratamento, podendo afetar a qualidade de vida das pessoas com
a enfermidade. Assim, o objetivo desse estudo foi testar a eficácia de uma tecnologia
educacional (álbum seriado) como subsídio ao enfermeiro para promoção da qualidade de
vida e adesão ao tratamento em pessoas com hipertensão arterial. Tratou-se de um estudo com
duas fases, sendo a primeira uma pesquisa metodológica e a segunda um estudo quase-
experimental, do tipo antes-depois. A amostra foi constituída de 116 pessoas vinculadas a seis
Unidades de Atenção Primária à Saúde (UAPS) do município de Fortaleza-Ceará-Brasil. A
tecnologia criada foi um álbum seriado contendo 11 figuras e 11 fichas-roteiro que abordou a
promoção da qualidade de vida e adesão ao tratamento da hipertensão arterial. No estudo
metodológico foi realizado teste-piloto com pessoas com hipertensão e validada o álbum
seriado por especialistas. No quase-experimento, a coleta de dados se deu com a validação
clínica da tecnologia, que ocorreu de novembro de 2014 a março de 2015 em três momentos.
No primeiro momento, aplicaram-se os instrumentos Miniquestionário de qualidade de vida
para hipertensos (MINICHAL) e Questionário de adesão ao tratamento da hipertensão arterial
sistêmica (QATHAS) e as cinco primeiras figuras e fichas-roteiro. No segundo momento,
aplicaram-se o MINICHAL e as três figuras e fichas-roteiro sobre adesão ao tratamento. No
terceiro momento, aplicou-se o MINICHAL, o QATHAS e as três últimas figuras e fichas-
roteiro sobre qualidade de vida. Nos três momentos foram verificadas as medidas
antropométricas e clínicas. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa. No pré-
teste da tecnologia educacional por pessoas com hipertensão, o material foi considerado
relevante, com pontuação global de 0,98. Na validação por especialistas, realizada com 15
juízes, obteve-se índice de validade de conteúdo de 0,88 e validade de aparência de 0,97. Na
validação clínica, a grande maioria (78,4%) dos participantes era do sexo feminino, mais da
metade (67,2 %) eram idosas, com baixa escolaridade (71,6 %) e baixa renda (75%) e pouco
mais da metade tinha companheiro (56,9%); o tempo de diagnóstico de hipertensão teve
média de 12,49 ± 10,00, quase a totalidade (98,3 %) dos participantes realizava tratamento
medicamentoso e mais da metade (59,5%) o não medicamentoso. A pressão arterial sistólica
(PAS) apresentou média de 135,18 ± 19,89 mmHg e a pressão arterial diastólica (PAD) de
75,50 ± 11,45 mmHg. O peso teve média de 70,24 ± 14,58 Kg, o Índice de Massa Corporal
(IMC) de 30,21± 5,6 e a circunferência abdominal (CA) de 103,74 ± 12,48 cm. PAS e PAD
apresentaram reduções, sendo estaticamente significativa a redução na PAS (p<0,05), com
diminuição na média de 6,6 mmHg. O peso e o IMC registraram leve aumento, não
significativos estaticamente. A CA apresentou aumento estatisticamente significativo, porém
sem relevância clínica. O álbum seriado promoveu melhoria da qualidade de vida, com média
de 11,66±7,55 antes e de 7,71±5,72 depois da aplicação, apresentando diminuição
estatisticamente significativa e média de diferenças de 3,95 no escore total e média de
5,57±4,01 antes e de 3,75±2,94 após aplicação do álbum seriado no escore do domínio
mental, apresentando melhoria estatisticamente significativa e no domínio físico média de
6,00 ± 4,53 e de 3,95±3,57 também estatisticamente significativa. As médias das diferenças
foram de 1,82 no domínio mental e de 2,05 no físico. Portanto, o álbum seriado conseguiu
melhorar a qualidade de vida em quase quatro (04) pontos. A adesão ao tratamento apresentou
média de 98,03 ± 7,08 antes e de 100,71 ± 6,88 depois da intervenção, com o álbum
registrando aumento estaticamente significativo e média de diferença de 2,68. Conclui-se que
a intervenção educativa com o álbum seriado melhorou o escore total da qualidade de vida e
os escores dos domínios físico e mental, além de aumentar a adesão ao tratamento em pessoas
com hipertensão.
Descritores: Tecnologia educacional; Qualidade de vida; Adesão ao tratamento; Hipertensão.
ABSTRACT
Hypertension is health public problem that have affect a significant part of population and
which requires long-term treatment, affecting quality of life of people with hypertension. The
aim of this study was to test the efficacy of a educacional tecnology as a subsidy the action of
nurses for promotion quality of life and adherence to the treatment. It is a study of two phases,
the first a methodological research and the second a quasi-experimental study. The sample
consisted of 116 persons linked to six health primary care units (UAPS) of the city of
Fortaleza-Ceará-Brazil. The created technology was a flip chart containing 11 figures and 11
scripts that addressed the promotion of quality of life and adherence to treatment of
hypertension. Methodological study was conducted pilot testing with people with
hypertension and validated the flipchart by experts. In the quasi-experiment, data collection
occurred with the clinical validation of the technology, what happened from November 2014
to March 2015 at three times. In the first moment, we applied two instruments: Mini
Questionnaire on Quality of Life of Hypertensive (MINICHAL) and Questionnaire of
Adherence to the Treatment of High Blood Pressure (QATHAS), first five figures and scripts.
In the second moment, applied MINICHAL, three figures and scripts about adherence to the
treatment and third moment, applied MINICHAL, QATHAS and the last three figures and
scripts about quality of life. At all stages or moments were verified anthropometric and
clinical measurements. The study was approved by the Research Ethics Committee. It was
carry out pretest the educational technology by patients that they considered relevant material,
with overall score of 0.98. The serial album was submitted to the evalution of 15 judges that
presented validation content of 0.88 and 0.97 appearance validation. In clinical validation, the
results showed that the most majority (78.4%) of the participants were women, more than half
(67.2%) were older, with low education (71.6%) and poor (75%) and slightly more than half
with companion; hypertension of time has averaged 12.49 ± 10.00, almost all (98.3%) of the
sample performed the drug treatment and more than half (59, 5%) non-medicated, systolic
blood pressure (SBP) averaged 135.18 ± 19.89 mmHg and diastolic blood pressure (DBP) of
75.50 ± 11.45 mmHg, the weight averaged 70.24 ± 14.58 kg , the Body Mass Index (BMI)
averaged 30.21 ± 5.6 and the abdominal circumference (AC) 103.74 ± 12.48 cm; Systolic and
diastolic blood pressure showed reductions, in systolic was statistically significant with p
<0.0001, recording a decrease in average of 6.6 mmHg and diastolic almost significant with p
= 0.054; Weight and BMI recorded a slight increase, but were not significant statistically. The
abdominal circumference (CA) showed a statistically significant increase, but without clinical
relevance; The intervention using the serial album promoted improved on quality of life with
an average of 11.66 ± 7.55 before and 7.71 ± 5.72 after application showing statistically
significant decrease with P <0.0001 and mean differences of 3.95, total score and average of
5.57 ± 4.01 before and 3.75 ± 2.94 after applying the serial album in the mental domain
showing statistically significant improve with P <0.0001, and the average physical domain
6.00 ± 4.53 and 3.95 ± 3.57 also statistically significant at P <0.0001. The mean difference
was 1.82 in the mental domain and 2.05 in the physical, so the serial album managed to
improve the quality of life in almost 4 points; Adherence to the treatment averaged 98.03 ±
7.08 before and 100.71 ± 6.88 after the intervention with the album recording statistically
significant increase with P = 0.0003 and an average difference of 2,68. We conclude that
educational intervention with serial album improved the total score of quality of life and the
scores of physical and mental domains and increased adherence to the treatment in people
with hypertension.
Descriptors: Education tecnology; Quality of life; Adherence to the treatment; Hypertension.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Fluxograma de seleção dos estudos. Fortaleza-Ceará-Brasil, 2015........... 30
Figura 2 – Diferenças médias no domínio mental, domínio físico e escore total da
qualidade de vida de pessoas com hipertensão arterial expostas a
intervenções educativas em saúde. Fortaleza-Ceará-Brasil, 2015.............
36
Figura 3 – Odds Ratio para a qualidade de vida e tratamento medicamentoso anti-
hipertensivo em pessoas com hipertensão arterial. Fortaleza-Ceará-
Brasil, 2015......................................................................................................
37
Figura 4 – Diferenças médias no domínio mental, domínio físico e escore total da
qualidade de vida de pessoas com hipertensão arterial em utilização de
medicamentos anti-hipertensivos. Fortaleza-Ceará-Brasil, 2015...............
37
Figura 5 – Diferenças médias no domínio mental, domínio físico e escore total da
qualidade de vida e adesão ao tratamento medicamentoso em pessoas
com hipertensão arterial. Fortaleza-Ceará-Brasil, 2015.............................
38
Figura 6 – Níveis de leitura............................................................................................... 47
Figura 7 – Combinação das instruções com a lógica, a linguagem e a experiência
do paciente.......................................................................................................
54
Figura 8 – Mensagem visual – Quando a mulher bebe álcool, o bebê bebe álcool...... 58
Figura 9 – Mensagem visual de comportamentos em pequenos pedaços de ações..... 59
Figura 10 – Fases do estudo................................................................................................ 67
Figura 11 – Representação gráfica da elaboração e validação do álbum seriado......... 72
Figura 12 – Mapa das regionais de Fortaleza................................................................... 74
Figura 13 – Capa do álbum seriado................................................................................... 86
Figura 14 – O que é hipertensão arterial? ....................................................................... 86
Figura 15 – O que pode levar a pessoa a ter..................................................................... 87
Figura 16 – Como saber se sou hipertenso? ..................................................................... 88
Figura 17 – Qual o valor normal da pressão arterial?..................................................... 88
Figura 18 – Se eu tiver hipertensão, é mais fácil ter outras doenças?............................ 89
Figura 19 – A hipertensão tem cura? Qual seu tratamento?.......................................... 89
Figura 20 – Por que minha pressão não baixa, mesmo fazendo o tratamento?............ 90
Figura 21 – Por que, quando tomo os medicamentos para hipertensão, às vezes
posso me sentir mal?.......................................................................................
91
Figura 22 – É possível viver bem com a hipertensão?..................................................... 91
Figura 23 – De que forma a família pode ajudar no tratamento da hipertensão?........ 92
Figura 24 – O tratamento da hipertensão pode melhorar a minha qualidade de vida?... 94
Figura 25 – Capa do álbum seriado................................................................................... 97
Figura 26 – Ficha-Roteiro 01 – O que é hipertensão arterial?.......................................
Figura 27 – Ficha-roteiro 02: O que pode levar a pessoa a ter hipertensão arterial?.. 98
Figura 28 – Ficha-roteiro 03: Como saber se sou hipertenso(a)?................................... 99
Figura 29 – Ficha-roteiro 04: Qual o valor normal da pressão arterial?....................... 100
Figura 30 – Ficha-roteiro 05: Se eu tiver hipertensão, é mais fácil ter outras doenças?... 100
Figura 31 – Ficha-roteiro 06: A hipertensão tem cura? Qual seu tratamento?............ 101
Figura 32 – Ficha-roteiro 07: Por que minha pressão não baixa, mesmo fazendo o
tratamento? ....................................................................................................
102
Figura 33 – Ficha-roteiro 08: Por que quando tomo os medicamentos para hiper-
tensão, às vezes posso me sentir mal?...........................................................
103
Figura 34 – Ficha-roteiro 09: É possível viver bem com a hipertensão? 104
Figura 35 – Ficha-roteiro 10: De que forma a família pode ajudar no tratamento da
hipertensão? ...................................................................................................
105
Figura 36 – Ficha-roteiro 11: O tratamento da hipertensão pode melhorar a minha
qualidade de vida? .........................................................................................
106
Quadro 1 – Estudos excluídos na fase de elegibilidade da revisão sistemática sobre
qualidade de vida e adesão ao tratamento em pessoas com hipertensão
arterial. Fortaleza-Ceará-Brasil, 2015........................................................
31
Quadro 2 – Caracterização dos estudos sobre qualidade de vida e adesão ao trata-
mento em pessoas hipertensas, Fortaleza-Ceará-Brasil, 2015.................
32
Quadro 3 – Avaliação da qualidade dos estudos incluídos pela Newcastle-Otawa
Scale. Fortaleza-Ceará-Brasil, 2015...........................................................
34
Quadro 4 – Diferenças entre bons e maus leitores e como manejar problemas......... 43
Quadro 5 – Teorias da educação e do comportamento e suas aplicações.................... 44
Quadro 6 – Diretrizes para métodos de educação em saúde e materiais.................... 45
Quadro 7 – Testes de habilidade de leitura e testes para habilidade de compreensão... 46
Quadro 8 – Lista de verificação de materiais impressos............................................... 48
Quadro 9 – Avaliação do Escore SAM........................................................................... 50
Quadro 10 – Critério de avaliação do SAM..................................................................... 51
Quadro 11 – Etapas do planejamento de materiais escritos........................................... 55
Quadro 12 – Limitação de objetivos de educação para instrução de hipertensão........ 55
Quadro 13 – Comparação: voz ativa x voz passiva......................................................... 56
Quadro 14 – Modelos de escrita e seus propósitos........................................................... 56
Quadro 15 – Diretrizes para tipografia e leiaute............................................................. 57
Quadro 16 – Comparação dos hábitos de leitura de recursos visuais por leitores
qualificados e pobres....................................................................................
59
Quadro 17 – Caminhos para melhorar a efetividade de instruções em grupo............. 62
Quadro 18 – Exemplos de diferentes tipos de questões para determinar compreen-
sões de palavras e frases comumente usadas em instruções de cuidados
de saúde.........................................................................................................
65
Quadro 19 – Adaptação do sistema de pontuação de especialistas do modelo de
validação de conteúdo de Fehring por Borges (2012). Fortaleza-Ceará-
Brasil, 2015...................................................................................................
70
Gráfico 1 – Qualidade de vida (escore total) e Adesão ao tratamento (coeficiente de
adesão ao tratamento) antes e após a aplicação do álbum seriado
(n=116). Fortaleza-Ceará-Brasil, 2015.........................................................
117
Gráfico 2 – Avaliação da qualidade de vida realizada antes e após o suo do álbum
seriado, conforme os domínios mental e físico do MINICHAL. Fortale-
za-Ceará-Brasil, 2015 (n= 116)......................................................................
119
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Pré-teste do álbum seriado realizado com as pessoas com hipertensão.
Fortaleza-Ceará-Brasil, 2015........................................................................
78
Tabela 2 – Caracterização dos especialistas. Fortaleza-Ceará-Brasil, 2015................ 81
Tabela 3 – Perfil acadêmico dos especialistas em HAS. Fortaleza-Ceará-Brasil,
2015..................................................................................................................
82
Tabela 4 – Distribuição dos Índices de Validade de Conteúdo das figuras e fichas-
roteiro, de acordo com análise dos especialistas. Fortaleza-Ceará-Brasil,
2015..................................................................................................................
83
Tabela 5 – Distribuição do Índice de Validade de Aparência das figuras de acordo
com análise dos especialistas. Fortaleza-Ceará, 2015..................................
84
Tabela 6 – Distribuição dos Índices de Validade de Conteúdo da figura e ficha-
roteiro 11, de acordo com análise dos especialistas. Fortaleza-Ceará-
Brasil, 2015......................................................................................................
93
Tabela 7 – Distribuição do Índice de Validade de Aparência da Figura 11 de
acordo com análise dos juízes. Fortaleza-Ceará, 2015................................
94
Tabela 8 – Caracterização sociodemográfica de pessoas com hipertensão arterial
que participaram da intervenção educativa com álbum seriado. Forta-
leza-Ceará-Brasil, 2015..................................................................................
107
Tabela 9 – Caracterização clínica de pessoas com hipertensão arterial que
participaram da intervenção educativa com álbum seriado. Fortaleza-
Ceará-Brasil, 2015..........................................................................................
109
Tabela 10 – Avaliação da qualidade de vida e após aplicação do álbum seriado con-
forme caracterização por sexo, idade, escolaridade, renda, estado civil e
tipo de tratamento. Fortaleza-Ceará-Brasil, 2015.......................................
113
Tabela 11 – Avaliação da adesão ao tratamento da HAS antes e após aplicação do
álbum seriado conforme caracterização por sexo, idade, escolaridade,
renda e estado civil. Fortaleza-Ceará-Brasil, 2015......................................
114
Tabela 12 – Pressão arterial sistólica e diastólica, peso, IMC e CA mensurados antes
e após aplicação do álbum seriado (n=116). Fortaleza-Ceará-Brasil,
2015..................................................................................................................
115
Tabela 13 – Qualidade de vida e adesão ao tratamento antes e após o uso do álbum
seriado (n=116). Fortaleza-Ceará-Brasil, 2015............................................
116
Tabela 14 – Avaliação da qualidade de vida realizada antes e após o uso do álbum
seriado, conforme os domínios mental e físico do MINICHAL. Fortale-
za-Ceará-Brasil, 2015 (n= 116)......................................................................
118
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AMPA Automedida da Pressão Arterial
AVC Acidente Vascular Cerebral
CA Circunferência abdominal
CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
DAC Doença Arterial Coronariana
DCNI Doenças Crônicas Não Infecciosas
DCV Doenças Cardiovasculares
EQ-5D Escala de Qualidade de Vida Europeia
EQ-5D-5L European Quality of life Scale
EQ-VAS EQ Visual Analogue Scale
GRUPECCE Grupo de Pesquisa Epidemiologia, Cuidado em Cronicidade e Enfermagem
GWB The General Well Being Adjustament Scale
HAS Hipertensão Arterial Sistêmica
IAM Infarto Agudo do Miocárdio
IBECS Índice Bibliográfico Espanhol de Ciências da Saúde
IDH índice de desenvolvimento humano
IMC Índice de Massa Corporal
IVC Índice de Validade de Conteúdo
KS Kolmogorovy-Smirnov
LILACS Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
LVR Learning Verification Review
MINICHAL Mini Questionnaire on Quality of Life of Hypertensive
MMAS Morinky eight-item Medication Adherence Scale
NOS Newcastle-Ottawa Scale
NTICs novas tecnologias da informação e comunicação
OMS Organização Mundial de Saúde
OR Odds Ratio
PA pressão arterial
PAD Pressão arterial diastólica
PAS Pressão arterial sistólica
PICO P-população, I-intervenção, C-comparação e O-resultados
PRISMA Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses
QATHAS Questionário de Adesão ao Tratamento da Hipertensão Arterial Sistêmica
QATHAS Questionnaire of Adherence to the Treatment of High Blood Pressure
QV Qualidade de Vida
QVRS qualidade de vida relacionada à saúde
SAM Suitability Assessment of Materials
SciELO Scientific Electronic Library Online
SPSS Statistical Package for the Social Sciences
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TRI Teoria da Resposta ao Item
UAPS Unidade de Atenção Primária à Saúde
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 19
2 OBJETIVOS........................................................................................................... 25
2.1 GERAL..................................................................................................................... 25
2.2 ESPECÍFICOS......................................................................................................... 25
3 REVISÃO DE LITERATURA.............................................................................. 26
3.1 REVISÃO SISTEMÁTICA COM METANÁLISE SOBRE A RELAÇÃO EN-
TRE QUALIDADE DE VIDA (QV) E ADESÃO AO TRATAMENTO EM
PESSOAS COM HIPERTENSÃO ARTERIAL.....................................................
26
3.2 ELABORAÇÃO DE TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS.................................... 42
4 MÉTODO................................................................................................................ 67
4.1 TIPO DE ESTUDO.................................................................................................. 67
4.2 PRIMEIRA FASE: ESTUDO METODOLÓGICO................................................. 68
4.2.1 1ª Etapa – busca na literatura científica: fundamentação para construção do
objeto de estudo......................................................................................................
68
4.2.2 2ª Etapa – elaboração do álbum seriado.............................................................. 69
4.2.3 3ª Etapa – pré-teste do álbum seriado (qualificação).......................................... 69
4.2.4 4ª Etapa – validação interna.................................................................................. 70
4.2.5 Critérios para inclusão e exclusão dos especialistas............................................ 70
4.3 SEGUNDA FASE: ESTUDO QUASE EXPERIMENTAL.................................... 73
5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS................................ 77
5.1 CONSTRUÇÃO DO ÁLBUM SERIADO.............................................................. 77
5.2 PRÉ-TESTE DO ÁLBUM SERIADO..................................................................... 78
5.3 VALIDAÇÃO INTERNA DO ÁLBUM SERIADO............................................... 80
5.4 VALIDAÇÃO DE CONTEÚDO E APARÊNCIA DO ÁLBUM SERIADO......... 83
5.5 DESENVOLVIMENTO DA INTERVENÇÃO EDUCATIVA COM O ÁLBUM
SERIADO HIPERTENSÃO ARTERIAL: PROMOÇÃO DA QUALIDADE
DE VIDA E ADESÃO AO TRATAMENTO.......................................................
95
5.6 VALIDAÇÃO CLÍNICA DO ÁLBUM SERIADO COM PESSOAS COM HI-
PERTENSÃO ARTERIAL......................................................................................
107
6 CONCLUSÃO......................................................................................................... 120
REFERÊNCIAS..................................................................................................... 124
APÊNDICES........................................................................................................... 132
APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para os especia-
listas..........................................................................................................................
133
APÊNDICE B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para pessoas com
hipertensão...............................................................................................................
134
APÊNDICE C – Instrumento de coleta de dados..................................................... 135
APÊNDICE D – Carta Convite para juízes-especialistas........................................ 136
APÊNDICE E – Instruções para avaliação dos especialistas................................... 137
APÊNDICE F – Formulário para validação de aparência do álbum seriado por
especialistas..............................................................................................................
139
APÊNDICE G – Protocolo revisão sistemática sobre qualidade de vida e adesão
ao tratamento na hipertensão arterial........................................................................
140
APÊNDICE H – Álbum seriado produzido............................................................. 154
ANEXOS................................................................................................................. 168
ANEXO A – Instrumento de avaliação do material educativo................................ 169
ANEXO B – Instrumento de validação de conteúdo do Álbum Seriado para
Especialista (SOUSA, 2011)...................................................................................
170
ANEXO C – Miniquestionário de Qualidade de Vida em Hipertensão Arterial
(MINICHAL)...........................................................................................................
171
ANEXO D – Questionário de Adesão ao Tratamento da Hipertensão Arterial
Sistêmica (QATHAS)...............................................................................................
172
ANEXO E – Parecer Consubstanciado do CEP....................................................... 175
19
1 INTRODUÇÃO
As doenças crônicas não infecciosas (DCNI) se configuram como um problema
de saúde pública que necessita de intervenção para seu efetivo controle, para diminuição da
sua prevalência, do número de mortes em todo mundo e de incapacidades físicas causadas
pelos seus conhecidos fatores de risco, que ocasionam redução na qualidade de vida das
pessoas acometidas por essas doenças. As DCNI são as principais causas de óbitos no mundo,
responsáveis por 63% de todas as mortes. Cerca de 80% dos óbitos ocorrem nos países de
baixa e média renda, e com baixo nível de escolaridade (BRASIL, 2011).
No Brasil, assim como em outros países da América Latina tem se observado nas
últimas décadas uma mudança no perfil epidemiológico. Há aumento da mortalidade
populacional por doenças crônicas, com destaque para as doenças cardiovasculares (DCV),
incluindo a hipertensão arterial sistêmica (HAS), cuja prevalência estimada é de 35% na
população acima de 40 anos (RIBEIRO; COTTA; RIBEIRO, 2012).
As DCNI, entre elas as DCV e HA, têm aumentado os custos no setor saúde. O
número de internações por DCV no Brasil, em 2007, foi de 1.157.509 casos e, em 2009, o
custo de internamentos foi de R$165.461.644,33. A doença renal terminal, que tem como
causa principal a hipertensão arterial, levou à inclusão de 94.282 pacientes em programas de
diálise e hemodiálise no Sistema Único de Saúde, ocasionando 9.486 óbitos no país
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. SOCIEDADE BRASILEIRA DE
HIPERTENSÃO. SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010).
Nessa perspectiva, a hipertensão arterial, como doença crônica e fator de risco
importante para as doenças cardiovasculares como a doença arterial coronariana (DAC), o
infarto do miocárdio (IAM), o acidente vascular cerebral (AVC) e a doença renal deve ser
encarada de forma séria pelos governos, profissionais de saúde e usuários, a fim de
implementar ações que promovam sua efetiva prevenção e controle.
Segundo as VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010), a hipertensão é uma condição
clínica causada por múltiplos fatores, caracterizada por níveis elevados e sustentados de
pressão arterial. As anormalidades funcionais e estruturais do coração e dos vasos sanguíneos
com presença de lesões em órgãos-alvo levam ao aumento prematuro na morbidade e
mortalidade (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. SOCIEDADE
20
BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO. SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA,
2010; PÓVOA, 2007).
As VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010) enfatizam que a morte por DCV
aumenta com a elevação dos níveis pressóricos a partir de 115/75 mm Hg de forma linear,
contínua e independente e cerca de 7,6 milhões de mortes no mundo foram atribuídas à
elevação pressórica (54% por AVC e 47% por DAC), sendo a maioria em países de baixo e
médio desenvolvimentos econômicos.
Na hipertensão, assim como em outras enfermidades crônicas, deve-se avaliar a
qualidade de vida (QV) das pessoas com a doença, pois é parte relevante do tratamento.
Embora, seja difícil definir o termo qualidade de vida, pelo fato de ser um conceito abstrato,
subjetivo, complexo e medido indiretamente, a discussão sobre ele é necessária, devido sua
importância inquestionável no cotidiano das pessoas. Alguns estudiosos ou grupo de
pesquisadores vêm desenvolvendo estudos sobre a qualidade de vida, discutindo novos
aspectos que abranjam a multidimensionalidade do termo. Apesar da realização de diversos
estudos sobre a temática, muitas áreas do conhecimento ainda o aplicam de maneira genérica
e desregrada, sem uma clarificação sobre o assunto (GUSMÃO, 2004).
Durante várias décadas, filósofos, cientistas e especialistas de diferentes áreas têm
procurado estabelecer um consenso sobre qualidade de vida. A humanidade registra várias
tentativas de definição. Desde Aristóteles até os dias atuais, profissionais de diversas áreas e
diferentes especialistas a ela fazem referência e a utilizam (DINIZ, 2013).
Na prática, o termo qualidade de vida (QV) é usado sob diferentes enfoques, desde
a perspectiva social, concebida a partir de uma acepção mais ampla do conceito, até aquela
relacionada diretamente à saúde, proposta pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1994.
A definição de QV elaborada pelo grupo de especialistas provenientes de diferentes culturas da
OMS descreve qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) como a percepção do indivíduo
de sua posição na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em
relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações, ressaltando três aspectos
fundamentais: subjetividade, multidimensionalidade (incluindo, pelo menos, as dimensões
física, psicológica, social e ambiental) e bipolaridade (com abordagem de aspectos positivos e
negativos) na vida das pessoas. Assim, tem-se que o processo de avaliação da saúde configurou-
se como um campo de pesquisa chamado qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS), em
21
que os resultados procuram entender e intervir sobre o contexto do indivíduo ou grupos
expostos a diferentes tipos de agravos, sejam eles crônicos ou agudos (DINIZ, 2013).
As avaliações da QVRS podem ser feitas por meio de instrumentos, escalas,
índices ou questionários de avaliação, compostos por itens que resultam em um ou mais
domínios ou dimensões, que devem ser testadas quanto às suas propriedades psicométricas
(validade, confiabilidade, responsividade, praticabilidade e sensibilidade).
Assim, existem diversos instrumentos para avaliar a qualidade de vida, que vão
desde os mais genéricos aos mais específicos. Os mais genéricos são utilizados na população
em geral, sem características ou condições específicas de doença, e podem ser aplicados a
qualquer pessoa. Os mais específicos são construídos para avaliar indivíduos com condições
ou enfermidades específicas. Nesse último caso, possuem a vantagem de serem mais sensíveis
à população característica, por investigarem uma determinada doença ou condição clínica
(BLAY; MARCHESONI, 2013). Porém, os instrumentos de qualidade de vida relacionada à
saúde que avaliam pessoas com determinada doença devem manter o caráter subjetivo e
multidimensional, e avaliar a percepção geral do indivíduo sobre qualidade de vida (SEIDL;
ZANNON, 2004).
A qualidade de vida de pacientes com hipertensão é afetada por vários fatores,
dentre eles ligados à própria existência da enfermidade e seu caráter crônico-degenerativo, à
descoberta da doença que leva a modificações na vida dos doentes, aos déficits nos aspectos
físico, emocional e social, e aqueles relacionados à terapia medicamentosa (GUSMÃO, 2004).
Uma questão relevante relacionada à importância da avaliação subjetiva do
paciente é a adesão ao tratamento, pois aderir a práticas ou intervenções depende da
motivação e da satisfação do indivíduo frente aos resultados alcançados pelo tratamento,
sendo necessário saber se ele o avalia como eficaz, melhorando seu estado de saúde (BLAY;
MARCHESONI, 2013).
Para Nunes (2001), a hipertensão é uma doença crônica que requer longo tempo
de tratamento. Nesse aspecto, o sucesso do tratamento medicamentoso pode ser afetado pelo
impacto do regime de drogas no bem-estar do paciente. Efeitos secundários e deficiências na
qualidade de vida são causados pela terapia com drogas utilizadas pelos hipertensos, sendo
essa a maior razão para não adesão ao tratamento ou para sua descontinuidade. Portanto, um
dos melhores caminhos para aumentar a adesão ao tratamento da hipertensão é o
monitoramento da qualidade de vida.
O conhecimento de quaisquer diferenças na qualidade de vida de pessoas com a
enfermidade pode ajudar no planejamento de intervenções terapêuticas que possam assegurar
22
qualidade de vida desejável, e não apenas o controle pressórico. Desse modo, o conhecimento
da qualidade de vida de pessoas com hipertensão e o relacionamento entre qualidade de vida e
adesão ao tratamento são determinantes na prevenção de eventos cardiovasculares e na
redução da sua incidência (ZYOUD et al., 2013).
A adesão ao tratamento da hipertensão refere-se ao grau de cumprimento das
medidas terapêuticas, medicamentosas ou não, com o objetivo de manter os níveis pressóricos
dentro da normalidade (PIERIN; STRELEC; MION, 2004). A OMS define adesão ao
tratamento da hipertensão como o grau de coincidência entre o comportamento do indivíduo e
a recomendação do profissional de saúde sobre o regime terapêutico (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 2003).
É válido considerar na adesão do hipertenso ao tratamento a assintomaticidade da
enfermidade, na grande maioria dos casos. Além disso, interferem também na adesão,
aspectos como cronicidade da doença e dificuldades no uso regular das drogas anti-
hipertensivas, na motivação para a prática de exercício físico, e no adotar uma alimentação
mais balanceada, tanto pela falta de condições socioeconômicas como também pela
dificuldade em adaptar-se à introdução de novos alimentos na dieta.
Ante tais considerações, ressalta-se que a utilização de estratégias que possam
proporcionar maior sensibilização e proximidade com seu contexto de saúde podem gerar
reflexões importantes nas pessoas de forma a encontrar dentro delas maneiras de se manterem
saudáveis mesmo na presença da enfermidade, repercutindo no maior controle da doença e na
diminuição dos índices de morbidade e mortalidade.
Dessa forma, o uso de tecnologias educacionais é útil no sentido de ajudar na
sensibilização desses usuários para maior compreensão do seu processo saúde-doença, pois
são consideradas inovadoras e capazes de propiciar práticas de saúde que gerem maior
empoderamento das pessoas, com consequentes avanços na promoção da qualidade de vida.
O termo tecnologia educacional tem sido conceituado por vários autores
(MONTEIRO; VARGAS; CRUZ, 2007). No entanto, Litwin (1997) o define como um corpo
de conhecimentos baseados nas disciplinas científicas referidas às práticas de ensino, que
incorpora o conhecimento de outras disciplinas científicas, como teorias da comunicação e
aprendizagem, bem como trabalhos tecnológicos enquanto se referem a meios para o ensino.
Nessa perspectiva, a tecnologia educacional considerada como estratégia
inovadora visa não somente a preocupação com os efeitos dos equipamentos, das técnicas
utilizadas e com a transmissão de conteúdos educativos, mas principalmente com a eficácia
23
social dessa tecnologia, considerando sua relevância social na mudança da sociedade
(MONTEIRO; VARGAS; CRUZ, 2007).
Em virtude da dificuldade que as pessoas com a hipertemsão possuem para
controlar os níveis pressóricos e aderir ao tratamento, é necessária a implementação de
estratégias ou ações inovadoras que promovam maior sensibilização e envolvimento deles no
seu cuidado, proporcionando mudanças no atual quadro epidemiológico da enfermidade.
Diante do exposto, tem-se a seguinte questão norteadora do estudo: a adoção de
tecnologia educacional (álbum seriado) pelo enfermeiro contribui para promoção da qualidade
de vida e adesão ao tratamento de pessoas com a hipertensão?
Com base nas respostas a essa indagação buscamos confirmar a seguinte tese: a
utilização de uma tecnologia educacional (álbum seriado) pelo enfermeiro contribui para
promoção da qualidade de vida e adesão ao tratamento de pessoas com hipertensão.
A aproximação da autora com a temática deve-se à prática profissional há mais de
20 anos no cuidado de enfermagem às pessoas com complicações da hipertensão. Percebe-se
em muitos indivíduos com a doença que há cotidianamente déficit de autocuidado, como má
alimentação, obesidade, sedentarismo, tabagismo e etilismo. Porém, as dificuldades
encontradas pelos pacientes em relação ao serviço de saúde, como por exemplo, o acesso e o
acolhimento nas unidades de saúde para prevenção da enfermidade, o controle dos fatores de
risco e de suas complicações, também têm repercutido na elevada incidência da doença e no
aumento da morbidade e mortalidade na população.
O trabalho no Grupo de Pesquisa Epidemiologia, Cuidado em Cronicidade e
Enfermagem (GRUPECCE), no qual a autora está engajada desde o ano de 2004, também tem
lhe possibilitado discutir as questões relacionadas à problemática das doenças crônicas
(prevenção, controle, aspectos epidemiológicos, dentre outros), com destaque para
hipertensão e os problemas decorrentes para os pacientes. A discussão com o grupo de
pesquisa por meio da elaboração de trabalhos científicos, orientação de alunos de graduação e
pós-graduação, participação em coleta de dados de pesquisas desenvolvidas pelo grupo, bem
como a troca de conhecimentos e informações com seus membros tem proporcionado o
amadurecimento de questões relacionadas à enfermidade, principalmente sobre a forma como
os pacientes são abordados, como o conhecimento é discutido com eles, os tipos de materiais
educativos utilizados para compatilhar esse conhecimento, em especial no que tange à
qualidade de vida das pessoas com hipertensão e sua importância para o aumento da adesão
ao tratamento anti-hipertensivo.
24
A relação constante entre o campo de prática e a academia tem permitido
perceber que ações, materiais ou intervenções educativas os pacientes necessitam no seu
cotidiano, ou seja, que ações ou estratégias de promoção da saúde podem proporcionar
melhoria na sua qualidade de vida e, consequentemente, no aumento da adesão ao tratamento.
A possibilidade de elaborar estratégias eficientes a partir de conhecimentos científicos sobre
as novas tecnologias da informação e comunicação (NTICs), estratégias de ensino-
aprendizagem mais adequadas à clientela e recursos visuais podem facilitar a troca de saberes
entre profissionais de saúde e pessoas com a enfermidade.
Acredita-se que o uso de tecnologias e de recursos visuais produzidos a partir da
avaliação do conhecimento das pessoas com hipertensão sobre a enfermidade, suas formas de
prevenção e controle é essencial para a elaboração e utilização de materiais educativos. A
realização de uma avaliação prévia sobre a habilidade de leitura e de compreensão desses
materiais é importante no sentido de elaborar materiais próximos da realidade daqueles para
os quais são destinados (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
Portanto, trabalhar a problemática da adesão ao tratamento da hipertensão arterial
a partir da perspectiva da qualidade de vida relacionada à saúde da pessoa com o agravo
requer a busca de soluções para essa adesão. Dessa forma, acredita-se que a utilização de
tecnologia educacional é uma estratégia inovadora e eficaz para envolver as pessoas com a
enfermidade no seu tratamento, melhorando, consequentemente, os níveis pressóricos,
favorecendo o controle da doença e a prevenção de suas complicações.
25
2 OBJETIVOS
2.1 GERAL
Testar a eficácia de uma tecnologia educacional (álbum seriado) como subsídio ao
enfermeiro na promoção da qualidade de vida e adesão ao tratamento de pessoas com
hipertensão.
2.2 ESPECÍFICOS
Construir uma tecnologia educacional (álbum seriado) para a promoção da
qualidade de vida e adesão ao tratamento para pessoas com hipertensão;
Validar a tecnologia desenvolvida em relação à aparência, conteúdo e sua eficácia.
26
3 REVISÃO DE LITERATURA
O capítulo de revisão de literatura foi divido em dois tópicos relevantes para
construção dessa tese. O primeiro refere-se à revisão sistemática, que possibilitou o
conhecimento das temáticas envolvidas na sua elaboração, e o segundo trata do referencial
metodológico utilizado para a elaboração de materiais de cuidados em saúde para pessoas
com baixo letramento (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
3.1 REVISÃO SISTEMÁTICA COM METANÁLISE SOBRE A RELAÇÃO ENTRE QUALIDADE DE
VIDA (QV) E ADESÃO AO TRATAMENTO EM PESSOAS COM HIPERTENSÃO ARTERIAL
Essa revisão sistemática foi realizada pela necessidade de fazer um levantamento
na literatura sobre os desfechos da tese em questão e servir de subsídio para construção do
álbum seriado: Hipertensão arterial: promoção da qualidade de vida e adesão ao tratamento.
Para realização dessa revisão foi construído um protocolo baseado no Handbook
da Cochrane... (2011), contendo os elementos indispensáveis para sua execução e no qual
estão descritos o escopo do estudo (mecanismos metodológicos, tecnológicos, instrumentais e
de pessoal).
Pelo fato da hipertensão ser uma doença crônica que requer longo tempo de
tratamento, o sucesso deste está na dependência do impacto do regime das drogas no bem-
estar do indivíduo com hipertensão. Foi demonstrado em um estudo que anti-hipertensivos
que reduzem a pressão arterial e aumentam significativamente o controle da pressão
sanguínea melhoram simultaneamente a QVRS dos pacientes (SILVA et al., 2015). No
entanto, uma redução na qualidade de vida de pessoas com HAS é muitas vezes causada pela
terapia com alguns anti-hipertensivos (TREVISOL et al., 2011).
Como perceptível, os estudos individuais trazem controvérsias quanto ao impacto
da adesão ao tratamento na qualidade de vida de pessoas com HAS. Neste sentido, configura-
se necessidade conhecer e aprofundar a relação existente entre qualidade de vida e adesão ao
tratamento em pessoas com hipertensão. Diante do exposto, o objetivo foi verificar os efeitos
do tratamento anti-hipertensivo na qualidade de vida de pessoas com hipertensão arterial.
Foi realizada uma revisão sistemática com metanálise, seguindo as recomendações da
colaboração Cochrane... (2011). A pergunta de pesquisa foi elaborada por meio da estratégia P-
população, I-intervenção, C-comparação e O-resultados (PICO): quais os efeitos do tratamento
anti-hipertensivo na qualidade de vida de pessoas com hipertensão arterial?
27
Foi realizada uma busca pareada nas bases de dados IBECS, LILACS, SciELO,
MEDLINE, COCHRANE, SCIENCE DIRECT, SCOPUS, sem delimitação temporal das
publicações. Como representante da literatura cinza escolhemos o Banco de Teses da CAPES
e buscas manuais nas referências dos estudos selecionados. Os principais termos identificados
foram: hipertensão arterial, adesão ao tratamento e qualidade de vida. Após a identificação,
buscou-se no MeSH os descritores adequados para cada termo da questão de pesquisa. Os
descritores foram utilizados conforme listados a seguir: hipertensão arterial: hypertension,
blood pressure, arterial pressure; adesão ao tratamento: patient adherence, patient
cooperation, medication adherence, medication compliance; qualidade de vida: quality of life,
life style.
A expressão geral de busca utilizada foi (((((((hypertension [MeSH Terms]) OR
blood pressure [MeSH Terms]) AND Patient Adherence [MeSH Terms]) OR Patient
Cooperation) OR Medication Adherence [MeSH Terms]) OR Medication Compliance [MeSH
Terms]) AND Quality of Life [MeSH Terms]).
Dentre os critérios que determinou a inclusão de um trabalho foi considerada a
relevância em relação à questão de investigação, analisada a partir do título, descritores,
abstract e conclusão. Os seguintes critérios de inclusão foram definidos: Delineamentos:
estudos observacionais (coorte, caso controle) e ensaios clínicos randomizados; População:
pessoas com hipertensão arterial primária, maiores de 18 anos; Adesão ao tratamento: escores
de adesão ao tratamento por instrumentos validados; Qualidade de vida: escore de qualidade
de vida por instrumentos validados; Idiomas: português, inglês ou espanhol.
Os critérios de exclusão foram: artigos de revisão de literatura e editorial;
envolvendo hipertensão gestacional; protocolos e diretrizes, e estudos com qualidade de vida
relacionada ao trabalho. Foi utilizado o Protocolo PRISMA (Preferred Reporting Items for
Systematic Reviews and Meta-Analyses) (COCHRANE..., 2011) para a condução da seleção
dos estudos. Inicialmente, dois pesquisadores independentes realizaram as buscas para
identificação dos potenciais estudos primários.
Nesse processo, os estudos passaram por três filtros para seleção e avaliação. O
primeiro filtro foi a seleção das publicações relevantes. O rastreamento inicial dos artigos foi
realizado por dois pesquisadores e baseou-se na revisão do título e resumo, que determinou o
preenchimento dos critérios de elegibilidade. Essa etapa visou, inicialmente, descartar os
artigos que não atenderam aos critérios de inclusão. Cada pesquisador chegou a uma lista de
estudos primários. As duas listas foram comparadas e chegou-se a uma única lista. Foram
incluídos nesse primeiro filtro os estudos em que houve discordância na inclusão ou exclusão.
28
O período de busca dos estudos foi de março a junho de 2014. O segundo filtro foi a seleção
das publicações a partir dos critérios de qualidade avaliada por instrumento específico
(Newcastle-Ottawa Scale).
A avaliação da qualidade dos estudos considera que os estudos individuais foram
executados segundo diferentes protocolos, com nível de rigor variado e sendo os resultados
descritos de múltiplas maneiras, podendo haver discrepâncias de resultados entre os estudos.
Portanto, a etapa de detecção de risco de vieses e qualidade do estudo são fundamentais e a
análise crítica dos estudos é etapa indispensável para interpretar o efeito da heterogeneidade
clínica e biológica sobre os resultados.
Nesse estudo, utilizamos o instrumento Newcastle-Ottawa Scale (NOS). Este tem
sido o mais amplamente utilizado para avaliar a qualidade metodológica de estudos de Caso
controle e Coorte quanto à amostragem, seleção, exposição e desfechos clínicos, sendo
atribuída uma estrela para cada item completado, resultando em escores que variam de zero
(pior) a dez (melhor) (FUCHS; PAIM, 2010).
Nessa etapa, os mesmos dois pesquisadores independentes fizeram a avaliação
dos estudos selecionados no primeiro filtro, sendo utilizado o NOS. Após avaliação dos
estudos pelos referidos pesquisadores, foi realizado o consenso. Dados divergentes foram
resolvidos tomando por base os elementos do protocolo que promoveu maior acurácia e
evitou vieses. Com intuito de mensurar o grau de confiabilidade entre os pesquisadores, foi
calculado a concordância interavaliadores a partir do Coeficiente Kappa.
O terceiro filtro foi a seleção dos dados relevantes. Nesse, para cada trabalho
aprovado pelo processo de seleção, os pesquisadores utilizaram um formulário com o qual
extraíram todas as informações necessárias. Foram utilizados dois formulários distintos, um
para estudos de caso controle e ensaio clínico e outro para estudos de Coorte. Foram coletadas
as seguintes informações: título, autores, pesquisadores avaliadores, tipo de estudo, data de
avaliação, fonte, local de publicação, data da publicação, critério de inclusão, amostra,
avaliação da qualidade dos estudos, escores da qualidade de vida e adesão ao tratamento.
A realização da metanálise necessita da existência de, no mínimo, dois estudos
que respondam à mesma pergunta, utilizem pelo menos um desfecho em comum e tenham
desenhos de estudo semelhantes. Na etapa de exploração dos estudos, foi realizada a análise
da homogeneidade para verificar a semelhança entre os estudos, a partir do método e
resultados na qualidade de vida. Foi analisado o risco de viés dos estudos. Os dados binários
foram combinados pela Odds Ratio (OR). O cálculo da metanálise foi realizado utilizando o
modelo de efeito fixo, sendo aplicado o método de Mantel-Haenszel (RODRIGUES;
29
ZIEGELMANN, 2010). Para as medidas contínuas foi utilizado a diferença média para
sumarização dos efeitos metanalíticos. Foram utilizados IC: 95% e p<0,05.
Foi realizado o Teste Q de Cochran e a estatística I². A avaliação dessas medidas
indicou a permanência do modelo de efeito aleatório. Como o valor Q foi elevado e o p <
0,05, indicou presença de heterogeneidade entre os estudos. A análise da estatística I²
considerou a escala de Higgins que classifica o valor de I²: próximo a 0% indica não
heterogeneidade, próximo a 25% indica baixa heterogeneidade, próximo a 50% indica
moderada e próxima a 75% alta heterogeneidade entre os estudos (BERWANGER et al.,
2007; FUCHS; PAIM, 2010).
É válido ressaltar que, como houve subgrupos de estudos muito pequenos, embora
o modelo de efeitos aleatórios fosse preferível, a partir da análise dos parâmetros Q de
Cochran e I², seguiu-se a consideração de autores que orientam a implementação do modelo
de efeito fixo (RODRIGUES; ZIEGELMANN, 2010). A apresentação dos dados
metanalíticos foi feita no gráfico Forest Plot. Os cálculos foram realizados no software
Review Manage 5.2.
O fluxo dos procedimentos e os números correspondentes à busca e seleção das
pesquisas foram realizados por dois pesquisadores e estão descritos na Figura 1. Até 30 de
março de 2014, as buscas sistemáticas recuperaram 29.543 referências potencialmente
relevantes nas oito bases de dados. A partir dos filtros das próprias bases foram identificados
e removidos 27.301 estudos diferentes do especificado nos critérios de inclusão.
Foram encaminhados para avaliação por título e resumo 2.243 estudos. Destes,
2.215 foram excluídos no processo de triagem, como demonstrado na Figura 1. Após, 28
estudos foram elegíveis e lidos na íntegra, o que resultou na exclusão de dez artigos, conforme
Quadro 1. Os 18 estudos selecionados foram novamente lidos e tiveram suas referências
examinadas pelos pesquisadores em busca de estudos que pudessem ser incluídos na revisão
sistemática. Trata-se do processo de averiguação da literatura cinza, sendo incluídos dois
estudos. Ao final, foram incluídos 20 estudos nesta revisão expostos no Quadro 2.
30
Figura 1 – Fluxograma de seleção dos estudos. Fortaleza-Ceará-Brasil, 2015
Fonte: autoria própria.
Estudos identificados nas
bases de dados:
SciELO: 68
PUBMED: 3102
LILACS: 02
IBECS: 03
SCIENCE DIRECT:
25468
COCHRANE: 829
SCOPUS: 68
BANCO DE TESES DA
CAPES: 03
Exclusão dos estudos:
SciELO: 67 (07 revisões, 30 de temas diversos, 30 de
outras doenças).
PUBMED: 1889 (artigos de revisões, guidelines,
biografias, estudos de casos, conferências, protocolos,
editorais).
LILACS: 02 (estudos que não mencionaram a qualidade
de vida).
IBECS: 02 (artigos de revisão)
SCIENCE DIRECT: 25095 (Artigos que não envolviam
a hipertensão ou pressão arterial).
COCHRANE: 204 (artigos de revisões, guidelines,
biografias, estudos de casos, conferências, protocolos,
editorais).
SCOPUS: 42 (protocolos, guidelines, outras doenças).
BANCO DE TESES DA CAPES: 01(estudo qualitativo).
Estudos selecionados
SciELO: 01
PUBMED: 1213
LILACS: 02
IBECS: 01
SCIENCE DIRECT: 373
COCHRANE: 625
SCOPUS: 26
BANCO DE TESES DA
CAPES: 02
Artigos para avaliação de
elegibilidade (n=28)
Iden
tifi
caçã
o
Exclusão dos estudos:
PUBMED: 1199 (98 revisões, 116 estudos
com criança, 40 teóricos, 35 relatórios, 139
estudos com hipertensão sem a qualidade de
vida, 326 estudos com hipertensão sem
adesão ao tratamento, 445 estudos com
outras doenças);
LILACS: 02 não mencionaram a qualidade
de vida.
IBECS: 01 duplicado
SCIENCE DIRECT: 167 estudos com
hipertensão sem a qualidade de vida e 200
estudos somente com adesão ao tratamento.
CHROCANE: 143 revisões, 482 com outras
doenças.
SCOPUS: 05 revisões, 16 com outras
doenças.
20
Estudos compondo a
revisão sistemática
Tri
agem
E
legib
ilid
ade
Incl
usã
o
Exclusão dos estudos:
10 (01 com diabetes; 02 não trazem qualidade de
vida; 02 não trazem adesão ao tratamento; 02 em
alemão; 03 revisões).
LITERATURA CINZA
02 estudos incluídos a partir do exame das
referências bibliográficas de 18 artigos.
31
Quadro 1 – Estudos excluídos na fase de elegibilidade da revisão sistemática sobre
qualidade de vida e adesão ao tratamento em pessoas com hipertensão arterial.
Fortaleza-Ceará-Brasil, 2015
Fonte Ano Título País Critério para
Exclusão
Jachuck et al. 1982 The effect of hypertensive drugs on the quality
of life
Inglaterra Não traz adesão ao
tratamento
Weinberger 1989 Lowering blood pressure in patients without
affecting quality of life
EUA Revisão
Siegrist,
Middeke e
Osterkorn
1991 Quality of life of hypertensive physion with
hypertensive therapy. Randomized
double’blind study of 237 female and male.
Physians with blood pressure
EUA Texto em alemão
Cruikshank e
McAinsh
1992 Beta blockers and quality of life EUA Revisão
Vajó e Székács 1993 Quality of life and antihypertensive therapy EUA Revisão
Whelton et al. 1997 Eficacy of nonpharmacologie interventions in
adults with normal blood pressure results from
phase 1 of the trials of hypertension prevention
collaborative research group
EUA Não traz qualidade de
vida
Staessen, Wang e
Birkenhager
2003 Outcome beyond Blood Pressure Control EUA Revisão
Deinzer et al. 2006 Shared decision-making with hypertensive
patients. Results of implementation in
Germany
Alemanha Texto em Alemão
Fernándes López
et al.
2007 Programa de intervención mixta sobre el
cumplimiento y calidad de vida en pacientes
hipertensos
México Não traz qualidade de
vida
Stange et al. 2013 Reducing cardiovascular medication
complexity in a German University Hospital
EUA Pesquisa com
diabetes e
dislipidemia
Fonte: autoria própria.
A análise dos 20 estudos permitiu a organização dos dados em três subgrupos: 1)
Modelos de cuidados na hipertensão e qualidade de vida que utilizaram programas educativos,
intervenções educativas e ações de educação em saúde para promoção da qualidade de vida
em pessoas com hipertensão (cinco estudos); 2) Qualidade de vida e fármacos anti-
hipertensivos (onze estudos), que trazem os efeitos das drogas anti-hipertensivas na qualidade
de vida; 3) Qualidade de vida e adesão ao tratamento, que estabeleceu a relação entre
qualidade de vida e adesão ao tratamento anti-hipertensivo (cinco estudos). Cada subgrupo
demonstrou a dimensão mental, a física e o escore total da variável qualidade de vida.
32
Quadro 2 – Caracterização dos estudos sobre qualidade de vida e adesão ao tratamento em pessoas hipertensas, Fortaleza-Ceará-Brasil, 2015
(continua)
Autores
ano
país
Tipo de estudo
Participantes Métodos de medição
Intervenção Resultados Ẋ idade
(anos) Amostra Amostragem Qualidade de vida
Adesão ao
tratamento
Quez et al.
1988
EUA
Quase experimental.
Base Hospitalar.
52,5 30 pacientes. Três semanas de tratamento com
placebo e três meses com
indapamida
“Well being-ill being”
Clinical Observation Scale.
Desfecho clínico Adminisrtação de
indapamida
Ganho de 2.17 pontos na escala de bem-estar. A média de
diminuição da PA em relação ao estado basal foi de 25,7/16,2
mmHg.
Ameling, Korte e Veld
1991
Holanda
Ensaio Clínico
Randomizado duplo
cego. Base comunitária
47 331 do Grupo Caso e
137 do Grupo
Controle.
Randomizada. Caso-pessoas com
PAD> 95 mm/Hg e controle-
pessoas com PAD< 95 mm/Hg.
ASL (Amsterdam Mood
List); Inventory Physical
state.
Desfecho clínico Administração de
Betaxolol
Não houve diferença na qualidade de vida entre os grupos. Ao
todo, uma tendência à diminuição foi observada na ASL e no
inventário para ansiedade, sintomas físicos, função sexual, e sono.
Lee et al.
1992
EUA
Ensaio Clínico
Randomizado duplo
cego. Comunitário
48 620 participantes. Três grupos: 1/3 recebeu captopril,
1/3 metildopa, 1/3 propranolol.
The General Well Being
Adjustament Scale (GWB).
Resposta do paciente Administração de
captopril, metildopa,
propranolol.
Não houve mudanças na qualidade de vida.
Novo et al.
1993
Itália
Ensaio Multicêntrico.
Base hospitalar.
68,33 125 pacientes. 50,73 % usou captopril; e 86,11 %
Captopril com hidroclorotiazida
Quality of life parameters. Desfecho clínico Administração de
captopril HCTZ.
Melhoria em todos os parâmetros da qualidade de vida, com
exceção da libido.
Testa et al.
1993
EUA
Ensaio clínico
randomizado,
multicêntrico. Base
hospitalar.
64,4 Caso-192 pacientes,
Controle-187
pacientes.
Alocação randomizada, caso-
receberam captopril e controle-
receberam enalapril.
Pyschological Well-Being;
General Perceived.
Desfecho clínico Administração de
captopril e Enalapril
Ganho de 0,11 unidades na qualidade de vida total com o
captopril. Perda de 0,11 unidades no grupo com enalapril. O
enalapril provocou mudanças negativas na função sexual.
McCorvey et al.
1993
EUA
Ensaio clínico
randomizado, duplo
cego. Base comunitária.
66 17 pacientes. Alocação - 17 pacientes que fizeram
uso de placebo e agentes anti-
hipertensivos.
The Nottingham Health
Profile.
Contagem de
comprimido
HCTZ, propranolol e
enalapril
Dificuldades com o sono foi frequente nos períodos de uso dos
anti-hipertensivos em comparação com o placebo, sendo maior
com o propranolol.
Paran, Anson e Neumann
1996
EUA
Ensaio clínico. Base
hospitalar.
54 53 do Grupo Caso e
80 do Grupo Controle.
Randomizada não cega. Casos
tratados com captopril, Controle-
tratados com b-bloqueador.
Quality of life
questionnaire.
Desfecho clínico Administração de
captopril
Bem-estar psicológico melhorou em ambos os grupos. No entanto,
em ambos os grupos foram observados declínio nas atividades
sociais e deterioração das percepções sobre a saúde no grupo
controle.
Cleophas et al.
1997
Holanda
Ensaio clínico
Multicêntrico,
randomizado, duplo
cego. Base hospitalar.
58,6 Caso-70 e Controle-
62.
Randomizada, Caso- uso do
celiprolol, Controle- uso do
atenolol.
The Bulpitt and Flecher
Questionnaire of Quality of
Life.
Contagem de
comprimido
Celiprolol e atenolol por
24 semanas
Após 18 semanas houve piora da função sexual nos dois grupos,
sendo mais acentuada no atenolol, no entanto desapareceu com 24
semanas. O atenolol deixou os pacientes menos alertas,
requerendo mais horas de sono.
Barrón-Riviera et al.
1998
México
Ensaio clínico
randomizado. Base
comunitária.
51,8 Caso-68 e Controle-
71.
Caso: Pessoas com hipertensão
primária. Controle: hipertensão
primária.
Índice de cambio em la
calidad de vida.
Desf
echo clínico, resposta
do paciente.
Intervenção educativa sobre
hipertensão, nutrição e
atividade física.
Houve mudanças na percepção da qualidade de vida e
funcionamento sexual no grupo caso. Grau de melhora na força
física e estado de ânimo foi maior no grupo experimental.
Vivian
2002
EUA
Prospectivo controlado.
Randomizado Base
hospitalar.
64,7 Caso-26 pacientes e
Controle 27 pacientes.
Caso: atendimento
médico+atendimento farmacêutico;
controle: atendimento médico.
SF-36 Short-Form Health
Survey.
Contagem de
comprimidos e
resposta do paciente
Gestão de cuidado
farmacêutico
Pacientes no grupo controle reportaram maiores escores de dor
corporal em comparação ao grupo caso.
33
Quadro 2 – Caracterização dos estudos sobre qualidade de vida e adesão ao tratamento em pessoas hipertensas, Fortaleza-Ceará-Brasil, 2015
(conclusão)
Autores
ano
país
Tipo de estudo
Participantes Métodos de medição
Intervenção Resultados Ẋ idade
(anos) Amostra Amostragem Qualidade de vida
Adesão ao
tratamento
Cotê, Farris e Feeny
2003
Canadá
Longitudinal. Base
comunitária
65,6 664 pacientes Caso-100 hipertensos, controle- 199
pessoas de alto risco e 365 pacientes
idosos.
SF-12 Short Form Health
survey.
Morisky’s instrument. - Componentes físico e mental foram positivamente correlacionados
com adesão, exceto para os hipertensos em que as correlações
foram negativas.
Dahlöf et al.
2005
EUA
Ensaio Clínico duplo
cego.
Base hospitalar.
51,6 300 do Grupo Caso e
545 do Grupo
controle.
Randomizada. Caso-uso de
Felodipino+Metropolol. Controle-
uso de Enalapril ou placebo.
PGWB (the Psychological
General Well-being Index).
Desfecho clínico Felodipino+metropolol
(F+M) ou Enalapril ou
placebo
Os escores totais médios da qualidade de vida foram relativamente
altos em todos os grupos de tratamento no início do estudo e
mantiveram-se relativamente constantes ao longo do estudo.
Mohammadi et al.
2006
Iran
Ensaio clínico
randomizado. Base
hospitalar.
50 Caso-75 pacientes,
Controle-75 pacientes.
1 centro de saúde foi selecionado
para ser o caso e outro para ser o
grupo controle.
SF-36 Short-Form Health
Survey.
Questionnaire for
measuring the
patients compliance
Programa educacional
(natureza, causas e
complicações da
hipertensão).
Incremento de 4 pontos na qualidade de vida após a intervenção no
grupo caso e perda de 2 pontos no grupo controle.
Schulz, U. et al.
2008
EUA
Ensaio clínico
randomizado. Base
comunitária.
58,23 440 participantes,
Alocação três grupos.
Baixo (n=169); médio (n=143); e alto
(n= 128) atendimento em grupo de
apoio social.
SF-36 Health survey. Resposta do paciente Programa de mudança
de estilo de vida
Melhor qualidade de vida nas subescalas vitalidade e saúde física.
Alto atendimento em grupo de apoio social melhora a qualidade de
vida.
Schmidt et al.
2008
Alemanha
Multicêntrico
prospectivo
Base comunitária.
60,5 Caso- 4252; Controles
2805 com doença
crônica, e 610
hipertensão
Alocação não randomizada Caso-
pacientes hipertensos com
olmesartan; controle 1) com doença
crônica; 2) 610 com hipertensão
SF-12. Short-Form Health
Survey.
Desfecho clínico Administração de
Olmesartan
Após 6 semanas de tratamento com olmesartan o componente
físico da qualidade de vida melhorou em comparação com o grupo
não tratado. O componente mental não demonstrou diferença nos
grupos.
Bramlage et al.
2010
Alemanha
Observacional
Multicêntrico, não
controlado prospectivo.
62,8 Caso-8237 e Controle-
3415. Amostra não
randomizada
Casos tratados foram comparados
com dois bancos de dados distintos.
SF-12 Short-Form Health
Survey.
Desfecho clínico Olmesartan+anlodipino
(O+A)
Após 18 semanas de tratamento com O+A, os escores do
componente físico e mental excederam o grupo controle.
Lima
2012
Brasil
Observacional
Base comunitária
61.7 295 hipertensos Hipertensos de duas unidades
básicas de saúde
SF-36. Desfecho clínico - As pessoas com adesão ao tratamento tiveram piores resultados de
qualidade de vida em relação aos com não adesão
Lauzière et al.
2013
Canadá
Quase Experimental.
Base comunitária.
54,15 21 pessoas no Caso e
19 do Controle.
Caso números pares, controle-
números impares.
SF-36 Health survey. Reposta do paciente Programa educacional Melhora na qualidade de vida do grupo caso no primeiro mês da
intervenção.
Carvalho et al.
2013
Brasil
Observacionalcaso
controle. Base
comunitária
61,5 246 Casos, 87 do
Controle.
Randomizada. Caso- pessoas
hipertensas, Controle-pessoas
normotensas.
SF-36 Short Form Health
survey.
Desfecho clínico - O tempo de diagnóstico interferiu no domínio físico e mental. O
tempo de tratamento e a PA controlada não interferiu na qualidade
de vida.
Zyoud et al.
2013
Palestina
Observacionalnão
controlado. Base
Hospitalar.
58,4 410 pacientes.
Amostra não
randomizada
Alocação sistemática em três
grupos: Baixo=151, Médio= 110,
Alta-= 149.
European Quality of life
Scale (EQ-5D-5L) and EQ
Visual Analogue Scale (EQ-
VAS).
Morinky eight-item
Medication
Adherence Scale
(MMAS)
- Pacientes com alta taxa de adesão tiveram altos valores na
qualidade de vida comparada com aqueles com baixa ou média
taxa de adesão.
Fonte: autoria própria.
34
a) Avaliação da qualidade
Neste estudo, o coeficiente interavaliadores Kappa foi de 0,87 na aplicação da
Newcastle-Ottawa Scale – NOS (WELLS et al., 2014) nos estudos selecionados. Os escores
mínimos atribuídos foram cinco estrelas e os máximos foram nove estrelas. No quesito
seleção, para a grande maioria dos estudos (72,2%) foram atribuídas três estrelas. Em relação
à comparabilidade, mais da metade dos estudos (72,2%) tiveram pontuações de duas estrelas.
O quesito exposição apresentou maior variação na quantidade de estrelas atribuídas para os
itens, apresentados no Quadro 3, que demonstram estudos com elevada qualidade científica.
Quadro 3 – Avaliação da qualidade dos estudos incluídos pela Newcastle-Otawa Scale.
Fortaleza-Ceará-Brasil, 2015
Referência Seleção Comparação Exposição*/
Resultados† Score
Ameling, Korte e Veld (1991)* * * * * * ** * * 9
Barrón-Riviera et al. (1998)* * * * * * * * 7
Bramlage et al. (2010)* * * * * * * * 7
Carvalho et al. (2013)* * * * * * * * * 8
Cleophas et al. (1997)* * * * * ** * * 8
Cotê, Farris e Feeny (2013)† ** * * * * * 7
Dahlöf et al. (2015)* * * * * * ** * * 9
Lee et al. (1992)* * * * * * ** * 8
Lima (2012) * * * * * 5
Lauzière et al. (2013)* * * * * * * * * 8
McCorvey et al. (1993)* * * * ** * * 7
Mohammadi et al. (2006)* * * * * * * * * 8
Novo et al. (1993)† * * * * * * 6
Paran, Anson e Neumann (1996)* * * * * * * * * 8
Quez et al. (1988) † * * * * * 5
Schmidt et al. (2008)† * ** * * * * 7
Schulz, U. et al. (2008)* * * * * * * * * 8
Testa et al. (1993)* * * * * * ** * * 9
Vivian (2002)* * * * * * * * 7
Zyoud et al. (2013)* * * * * * * 6
Fonte: autoria própria.
*Newcastle - Ottawa Quality Assessment Scale Case Control Studies.
†Newcastle - Ottawa Quality Assessment Scale Cohort Studies.
35
b) Metanálise
Cinco estudos analisaram a qualidade de vida em pessoas expostas a intervenções
educativas para a gestão da hipertensão arterial. Os dados desses estudos foram avaliados
utilizando o modelo de efeitos fixos. As intervenções educativas não apresentaram associação
positiva no domínio mental da qualidade de vida (decreção da média -0.96; IC95% -3.10,
1.17; p=0.38) (Figura 2). No entanto, no domínio físico houve incremento de 3.59 na média
(IC95% 1.22, 5.95; p=0,003) (Figura 2). A análise do escore total da qualidade de vida
revelou incremento de 8.26 (IC95% 4.99, 11.53; p<0.00001) pontos na média naqueles
indivíduos que foram expostos à intervenção (Figura 2). A sumarização do efeito revelou
incremento de 2.45 pontos na média (IC95% 1.02, 3.87; p<0.0008) da qualidade de vida em
pessoas que receberam as intervenções educativas.
Ressaltamos que, para essas análises, um estudo foi retirado (BARRÓN-
RIVIERA et al., 1998), pois a sua presença estava trazendo viés ao resultado, a partir da
análise do funnel plot. A exploração qualitativa revelou que a heterogeneidade estava presente
pela diferença na pontuação dos escores de qualidade de vida utilizados, o que culminou com
a desconsideração dele no cálculo metanalítico.
Uma metanálise conduzida com três estudos (Figura 3) comparou a utilização de
anti-hipertensivos (grupos expostos e não expostos a droga) e demonstrou que as pessoas que
não utilizam o anti-hipertensivo tem 3.30 chances (IC95% 2.11, 5.18; p<0.00001) de ter boa
qualidade de vida em relação àqueles que utilizam o medicamento.
A Figura 4, uma metanálise com nove estudos, conduzida com o modelo de
efeitos aleatórios, indica que os pacientes que utilizavam anti-hipertensivos não tiveram
modificação no domínio mental da qualidade de vida (0.13; IC95% -0.49, 0.75; p=0.69). Já no
domínio físico, (Figura 4), o incremento foi apenas de 1.33 ponto na média (IC95% 0.22,
2.44; p=0.02). Porém, os resultados do escore total da qualidade de vida não demonstraram
associação estatisticamente significante (Figura 4) (2.63; IC95% -2.15, 7.41; p=0.28),
independente da classe farmacológica. A sumarização do efeito indicou incremento de 0.95
ponto na média (IC95% 0.45, 1.45; p<0.0002) da qualidade de vida em pessoas em uso de
anti-hipertensivos.
Ressaltamos que, para as análises do componente mental (Figura 4) um estudo foi
retirado (McCORVEY et al., 1993). O resultado alargado da média da qualidade de vida
demonstrava um efeito metanalítico de 6.49 pontos a mais na QVRS. Quando retirado, a
pontuação decresceu para 0.13 ponto. Esse fenômeno se deve à presença de viés de
36
publicação. O fato de o estudo ser pequeno e conter, no componente mental, grande proporção
dos dados observados influencia o efeito, para além do peso de todos os outros estudos.
A Figura 5 demonstra que os pacientes com adesão ao tratamento da hipertensão
arterial tem um incremento médio de 7.49 (IC96% 5.65, 9.33; p<0.00001); p<0.00001) no
domínio mental da qualidade de vida. No domínio físico, (Figura 5), o incremento é de 10.76
pontos (IC95% 8.69, 12.83; p<0.00001. O impacto da adesão ao tratamento no escore total da
qualidade de vida é de 9.75 pontos na média (IC95%; 7.99, 11.51; p=0.00001), (Figura 5).
Devido ao pequeno número de estudos que trouxeram dados para a metanálise sobre adesão
ao tratamento e qualidade de vida, foi utilizado o modelo de efeito fixo. A sumarização do
efeito indicou aumento de 9.24 pontos na média (8.16, 10.33; p<0.00001) da qualidade de
vida em pessoas com adesão ao tratamento da hipertensão arterial.
Figura 2 – Diferenças médias no domínio mental, domínio físico e escore total da
qualidade de vida de pessoas com hipertensão arterial expostas a intervenções
educativas em saúde. Fortaleza-Ceará-Brasil, 2015
Fonte: autoria própria.
37
Figura 3 – Odds Ratio para a qualidade de vida e tratamento medicamentoso anti-
hipertensivo em pessoas com hipertensão arterial. Fortaleza-Ceará-Brasil, 2015
Fonte: autoria própria.
Figura 4 – Diferenças médias no domínio mental, domínio físico e escore total da
qualidade de vida de pessoas com hipertensão arterial em utilização de medicamentos
anti-hipertensivos. Fortaleza-Ceará-Brasil, 2015
Fonte: autoria própria.
38
Figura 5 – Diferenças médias no domínio mental, domínio físico e escore total da
qualidade de vida e adesão ao tratamento medicamentoso em pessoas com hipertensão
arterial. Fortaleza-Ceará-Brasil, 2015
Fonte: autoria própria.
A inspeção do funnil plots revelou a presença de viés de publicação. Pelo total de
estudos incluídos na metanálise serem apenas de 20, não foi realizado o teste de Egger e
Begg, já que possui baixo poder estatístico para amostras relativamente pequenas. A fonte
clássica de viés de publicação é considerada o viés de significância quando há tendência dos
pesquisadores relatarem preferencialmente associações estatisticamente significativas
(p<0.05). As correções de metanálise para viés de publicação, geralmente, são insuficientes
para a remoção do viés, devendo estes serem explorados no texto (EGGER et al., 1997).
Ensaio clínico randomizado (BARRÓN-RIVIERA et al., 1998) realizado no
México demonstrou o efeito de uma intervenção educativa na qualidade de vida de pessoas
com hipertensão medida por meio do índice de mudança na qualidade de vida. De oito áreas
de QVRS avaliadas, apenas no domínio estado de ânimo houve diferenças significativas entre
39
os grupos (p<0,001). Entretanto, nos EUA, um programa educativo de gestão de cuidados
farmacêuticos não encontrou mudanças significativas nos seis domínios do SF-36 avaliados,
entre os grupos de intervenção e comparação no final do estudo (p>0,2) (VIVIAN, 2002).
Ensaio clínico randomizado realizado no Iran (MOHAMMADI et al., 2006)
demonstrou melhoria na qualidade de vida (SF-36) de pacientes que participaram do modelo
educativo, o modelo de cuidado de parceiros, atingindo média de escore de total de QVRS de
64 pontos em comparação com aqueles que receberam apenas o cuidado usual (média de 50,3
pontos e p<0,05). Já nos EUA (SCHULZ, U. et al., 2008), ensaio clínico realizado com
pacientes que foram inseridos no Projeto Multicêntrico de Demonstração do Estilo de Vida,
que oferecia como medida de cuidado educativo o atendimento em grupo de apoio social por
um ano, demonstrou que os pacientes que receberam mais de 78% de atendimento nesses
grupos melhoraram a QVRS. No domínio mental a média de escores foi de 53,6 e no físico de
52,8 em comparação com aqueles que receberam menos de 78% de atendimento (41,9 e 49,2
nos domínios mental e físico, respectivamente), porém não foram significativos.
Um estudo quase experimental canadense demonstrou que o efeito de um
programa de educação sobre hipertensão (LAUZIÈRE et al., 2013) mostrou melhoria da
qualidade de vida no primeiro mês do estudo no grupo intervenção com p< 0,04 (IC de 95 %)
em comparação com o grupo de cuidado regular. No entanto, a melhoria da QVRS não foi
observada ao final de seis meses da participação no grupo intervenção.
Os efeitos do tratamento anti-hipertensivo na qualidade de vida foram avaliados em
nove estudos, independente das classes farmacológicas envolvidas. Estudo quase experimental
realizado na França (QUEZ et al., 1988), analisou a qualidade de vida, a partir da escala visual
analógica de bem-estar global, em pacientes que fizeram uso de placebo por três semanas e
indapamida por três meses. A avaliação da QVRS mostrou melhoria no escore total e no
domínio mental (p< 0,01). Ensaio clínico randomizado realizado na Holanda (AMELING;
KORTE; VELD, 1991) investigou os efeitos da utilização do betaxolol na QVRS e mostrou não
haver mudanças na qualidade de vida entre os grupos betaxolol e placebo.
Estudo realizado nos Estados Unidos (LEE et al., 1992) avaliou a qualidade de
vida de pessoas tratadas com metildopa, captopril ou propranolol. Os participantes foram
randomicamente designados para os grupos de tratamento, um terço recebeu captopril, um
terço metildopa, e um terço final propranolol após terem sido submetidos a quatro semanas de
placebo. Não existiu diferença na qualidade de vida por todos os três grupos randomizados na
entrada. Neste estudo, foi ainda averiguada a relação entre os índices de hostilidade e adesão à
medicação anti-hipertensiva dos participantes. Os autores constataram que, quanto maior a
40
hostilidade do indivíduo, menor será sua adesão à medicação, e maior também será o relato de
sintomas, que pode ser interpretado como efeitos adversos de medicamentos.
Em um ensaio multicêntrico (TESTA et al., 1993) realizado com homens nos
Estados Unidos, constatou-se que pacientes tratados com captopril tiveram mais mudanças
favoráveis na qualidade de vida global, percepção geral de saúde, vitalidade, status de saúde,
sono e controle emocional em comparação com os tratados com enalapril. O escore inicial na
escala de qualidade de vida foi um preditor significativo de mudança (p<0,001) nas análises
univariadas e multivariadas. Ou seja, independente do uso do captopril ou do enalapril, os
pacientes que possuíam qualidade de vida inicial mais baixa antes do uso do medicamento
apresentaram melhora na qualidade de vida com o uso do fármaco, já os que tinham melhor
qualidade de vida inicial, permaneceram igual ou tiveram a QVRS diminuída.
Ensaio clínico placebo controlado realizado nos Estados Unidos (McCORVEY et
al., 1993) demonstrou que dos seis domínios de QVRS avaliados (dor, mobilidade física,
sono, reação emcional, isolamento social e energia) houve pior avaliação do grupo tratado
com o propranolol em relação aos grupos tratados com hidroclorotiazida ou enalapril. Em
relação ao placebo, os três grupos de tratamento apresentaram aumento nos escores de
qualidade de vida.
Efeitos da substituição de β-bloqueadores por inibidor da enzima conversora de
angiotensina (captopril) sobre a QVRS foi avaliada em um ensaio clínico randomizado
realizado em Israel (PARAN; ANSON; NEUMANN, 1996). Em relação ao dominio físico,
houve melhora na qualidade do sono (p<0,001) e nos sintomas gastrintestinais (p<0,001) nos
pacientes tratados com captopril. Em outro estudo (DAHÖLF et al., 2005) o uso da
Felodipina associada ao Metoprolol aumentou os escores dos sintomas gastrintestinais. No
entanto, o mesmo estudo encontrou diminuição dos sintomas gastrointestinais no tratamento
com enalapril.
Das funções cognitivas (PARAN; ANSON; NEUMANN, 1996), a concentração
melhorou somente no grupo com o β-bloqueador em relação ao inibidor da ECA. Em ambos
os grupos existiram mudanças significativamente positivas na qualidade da sexualidade, tal
como percebida pelo paciente. Em relação aos aspectos psicológicos e de percepção da saúde,
os pacientes no grupo de β-bloqueadores avaliaram melhor sua saúde ao final do estudo.
Ensaio clínico, randomizado e duplo cego realizado nos Estados Unidos
(CLEOPHAS et al., 1997) avaliou a QV antes e depois do tratamento com dois β-
bloqueadores (celiprolol e atenolol) em uma amostra de pessoas com hipertensão. Após 24
semanas de tratamento houve melhoria estatisticamente significativa (p<0,05) de quatro dos
41
cinco sintomas físicos (cefaleia frequente, cefaleia pela manhã, visão borrada, rubor e tontura)
avaliados. Apenas visão borrada não teve melhoria com o uso do atenolol e rubor com o
celiprolol. Em ambos os grupos, os pacientes sentiram-se mais satisfeitos com a vida e menos
prejudicados pela pressão sanguínea deles. O celiprolol forneceu melhor QVRS do que o
atenolol em termos dos efeitos secundários das drogas.
Ensaio clínico randomizado realizado nos Estados Unidos (DAHLÖF et al., 2005)
com pacientes que receberam felodipino, enalapril ou placebo demonstrou não haver
diferenças nos escores de qualidade de vida entre os grupos. A média de QVRS foi similar e
relativamente alta em todos os três grupos de tratamento no início e permaneceram constantes
durante o estudo.
Dois estudos multicêntricos, prospectivos, não intervencionais realizados na
Alemanhã avaliaram a QVRS com o uso olmersartan (SCHMIDT et al., 2008) e olmesartan
combinado com anlodipino (BRAMLAGE et al., 2010). No primeiro estudo, todos os itens
do SF-12 melhoraram significativamente durante o período observacional de seis semanas no
tratamento com olmesartan. O sumário do componente físico (45,6) e mental (50,8) mostrou
melhoria estatisticamente significativa com p<0,01 (SCHMIDT et al., 2008). No segundo
estudo, os 12 itens do SF-12 também melhoraram no período observacional de 12-18 semanas
do tratamento. O sumário do componente físico (46,9) e mental (52,4) mostrou melhoria
estatisticamente significativa (p<0,0001) em relação à população hipertensa do grupo controle
(BRAMLAGE et al., 2010).
Quanto à relação entre qualidade de vida e adesão no ensaio multicêntrico
realizado na Itália (NOVO et al., 1993) constatou que a adesão ao tratamento promoveu
melhoria estatisticamente significante (p<0,005) em sete dos oito parâmetros (insônia,
cefaleia, sonolência, bem–estar, libido normal, atividade física normal, ansiedade e humor) de
QVRS avaliados. Apenas a libido normal não foi estatisticamente significante. Entretanto, em
estudo longitudinal (COTÊ; FARRIS; FEENY, 2003) realizado na França, observaram-se
correlações fracas entre adesão ao tratamento e QVRS na população hipertensa.
Estudo transversal realizado na Palestina (ZYOUD et al., 2013) demonstrou que
pacientes com alta taxa de adesão à medicação avaliada pela Escala de Adesão à Medicação
de Morinsky (MMAS) tiveram altos valores no índice da Escala de Qualidade de Vida
Europeia (EQ-5D) comparada com aqueles com baixa ou média taxa de adesão (p<0.05).
Pesquisa realizada no Brasil encontrou resultados semelhantes e nela as pessoas com adesão
ao tratamento obtiveram médias mais altas, quando comparadas aos não aderentes (p<0.05)
(CARVALHO et al., 2013). No entanto, estudo brasileiro encontrou que pacientes com
42
adesão ao tratamento apresentaram médias mais baixas na qualidade de vida em relação aos
com não adesão ao tratamento (LIMA, 2012).
Conclui-se que cuidados com o formato de intervenções educativas melhoraram a
qualidade de vida global e o domínio físico de pessoas com hipertensão arterial. A utilização
de medicamentos anti-hipertensivos, independente da classe farmacológica, aumenta
significativamente a pontuação no domínio mental QVRS. Já a adesão ao tratamento impacta
positivamente nos domínios físico, mental e no escore total da QVRS.
Novas metanálises devem ser empreendidas a fim de confirmar o impacto da
adesão ao tratamento na qualidade de vida, pois o pequeno número de estudos utilizado pode
ser vislumbrado como uma limitação para generalização dos dados. Além disso, a presença
marcante da heterogeneidade limitou a realização de cálculos metanalíticos envolvendo
grande número de estudos, impedindo a utilização do modelo de efeitos aleatórios, e
consequentemente a generalização de conclusões.
3.2 ELABORAÇÃO DE TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
A elaboração da tecnologia educacional (álbum seriado) foi embasada no
referencial metodológico Ensinando pessoas com baixo letramento (DOAK; DOAK; ROOT,
1996) da Universidade de Harvard. Durante o doutorado, realizei toda a tradução do livro para
o português, em seus dez capítulos. A seguir, apresentarei as partes de maior relevância. Em
alguns momentos, foi necessário fazer adaptações importantes para a compreensão no
contexto brasileiro, sobretudo nos exemplos referidos na obra.
No primeiro capítulo, os autores tratam do problema da alfabetização e de como a
construção de materiais de cuidados de saúde para pessoas com baixo letramento tem sido
uma temática discutida nos últimos anos por todas as pessoas engajadas nos processos de
educação em saúde nos diversos países do mundo. Os autores referem que a Comissão
Conjunta sobre Acreditação de Organizações de Saúde (JCAHO) tem reconhecido a elevada
importância da compreensão das informações de saúde pelos pacientes e seus responsáveis
nos processos de acreditação. Destacam que pesquisas e métodos para lidar com o problema
da alfabetização no contexto da saúde têm aumentado rapidamente, e que a frequência deste
tema em eventos é o testemunho disso (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
Ora, a compreensão das instruções de saúde requer que esses materiais estejam
voltados para o nível de escolaridade das pessoas para as quais são destinados. De acordo com
Doak, Doak e Root (1996), a alfabetização de uma pessoa pode ser medida pelo nível de
43
ensino e mais recentemente pela sua competência funcional. Segundo os autores, esses dois
aspectos não são a mesma coisa e não podem ser utilizados para avaliar o letramento das
pessoas, pois anos de escola refletem apenas a exposição das pessoas às informações, mas não
suas habilidades de leitura. De modo semelhante, pessoas com baixo letramento são
deficientes somente em habilidades de alfabetização, mas não em inteligência. Assim, é
importante considerar as diferenças entre leitores com boa ou má habilidade de leitura na
preparação ou construção de materiais educativos.
Quadro 4 – Diferenças entre bons e maus leitores e como manejar problemas
LEITORES HÁBEIS LEITORES POBRES MANEJO DOS PROBLEMAS
Interpretam os significados Pegam palavras literalmente Explorar os significados
Leem com fluência Leem vagarosamente, não
entendem os significados.
Usar palavras comuns e exemplos
Conseguem ajuda de palavras
incomuns
Pulam palavras Usar exemplos, revisões.
Compreendem o contexto Não entendem o contexto Contar o contexto primeiro, usar recursos
visuais.
São leitores persistentes Esgotam-se facilmente Declarações pequenas, leiaute fácil.
Fonte: Doak, Doak e Root (1996).
Materiais de saúde simples, com linguagens e figuras simples não rebaixam bons
leitores, pois mesmo pessoas com mais escolaridade preferem materiais simples aos
complexos, que não ajudam na compreensão. Mundialmente, a baixa habilidade de leitura e a
baixa compreensão de mensagens escritas são mais frequentes em pessoas com baixo
letramento. Portanto, utilizar materais não escritos (vídeos, audios, jogos, esboços simples
para mostrar comportamentos desejáveis) ou com figuras simples pode ser uma alternativa
para pessoas com baixa escolaridade (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
No segundo capítulo, os autores referem que a aplicação de teorias nas ações de
educação em saúde junto às pessoas com baixo letramento ajuda a prever as consequências da
intervenção de educação em saúde e pode impedir que os profissionais desenvolvam
caminhos que dificultem a aprendizagem. Para os educadores de saúde, as vantagens das
teorias são: fornecer quadro visível para planejar intervenções educacionais de sucesso,
oferecer um significado para explicar e justificar a intervenção para os colegas, permitir
diagrama para replicar com sucesso as intervenções educacionais e oferecer um processo
sistemático para analizar sucessos ou fracassos (DOAK; DOAK; ROOT, 1996). É necessário
escolher a teoria segundo o objetivo da intervenção e o material utilizado na ação educativa.
44
Quadro 5 – Teorias da educação e do comportamento e suas aplicações
NOME DA
TEORIA
PROPONENTES DESCRIÇÃO APLICAÇÃO
Modelo de
Crenças de
Saúde
Hochbaum,
Becker,
Rosenstock
Greene
Explanações de comportamentos
de saúde de pessoas: porque eles
podem aceitar serviços de saúde
preventivo ou adotar
comportamentos saudáveis.
Ferramentas de Pesquisa de
comportamento, mas pode sugerir
melhor conteúdo e sequência de
tópico para materiais de educação
em saúde.
Autoeficácia Bandura, Adams
Beyer
Pessoas são mais suscetíveis para
adotar comportamentos saudáveis
se elas acham que podem fazê-los.
A intervenção deve dar confiança
às pessoas através da construção
de comportamentos passo a passo.
Dando a eles muitos pequenos
sucessos em processos de mudança
de comportamentos.
Teoria de
Controle do
Locus
Wollston Pessoas que acreditam que elas
controlam o próprio status de
saúde são mais propensas para
mudança de comportamentos, em
responder para saúde, fatos. O
inverso também é verdade.
Para pessoas que acreditam que
elas não estão no controle,
construir mais apoio em programas
de saúde.
Teoria da
Dissonância
Cognitiva
Festinger, Lewin
Alto Nível de infelicidade
(divergência) está mais propenso
para levar à mudança de
comportamento. Teorias apontam
para prontidão, para mudança, e
como reduzir a probabilidade de
recidivas.
Projeto de intervenção para
promover a infelicidade com status
de comportamentos atuais. Para
reduzir recidivas, reforçar e para
permanecer baixa dissonância.
Teoria da
Difusão
Rogers
Shoemaker
Preston
Algumas pessoas adotarão novos
comportamentos precoces, alguns
mais tarde. Adotadores precoces
podem influenciar outros.
Aplicação para comunidade ou
população.
Fomentar a adoção antecipada para
fazer intervenções consistentes
com crenças, valores e sistema
social da população alvo.
Estágios de
Prontidão
Prochaska Uma pessoa vai por meio dos
estágios de prontidão adotar e
manter novos comportamentos de
saúde, intervenções funcionam
melhor se eles correspondem a
etapas de prontidão da pessoa.
Desenhos de intervenção para
caber nos estágios de prontidão de
sua população de clientes. Se
muitos estágios estão presentes, a
intervenção pode necessitar de
várias diferentes mensagens.
Teorias
Adulto
Bruner Bradford
Coleman Knowles
A principal preocupação dos
adultos é resolver e gerir seus
próprios problemas. Eles se
preocupam com auto-realização.
As necessidades dos adultos
precisam de participação ativa.
Adultos estão menos interessados
em fatos sobre temáticas da saúde.
1) Desenho de intervenções
endereçadas a solução de problemas
de saúde dos adultos. Dando menos
infomações sobre outros tópicos. 2)
Construir com experiências de
adultos. 3) Falar diretamente e
ensinar por meio de demonstração,
discussão e exemplos.
Fonte: Doak, Doak e Root (1996).
A utilização de materiais de saúde em ações educativas requer sua elaboração
cuidadosa, bem como de sua validação, a fim de maior adequação ao contexto dos usuários.
45
Assim, o uso de uma teoria da educação ou comportamento promove maior conhecimento da
situação ou contexto de saúde em que se aplicarão os materiais educativos. O uso de textos
simples é fundamental para compreensão do material educativo, pois objetiva informar e
promover o empoderamento das pessoas para ação. Sua linguagem deve ser acessível e as
ilustrações devem clarear e simplificar o texto que deve estar organizado.
Quadro 6 – Diretrizes para métodos de educação em saúde e materiais
1 Definir objetivos realistas
- Limitar o objetivo de que a maioria da população alvo precisa no momento.
- Usar uma folha de planejamento para anotar os objetivos e pontos principais.
2 Mudar comportamentos, focos no comportamento e habilidades
- Enfatizar comportamentos e habilidades em vez de fatos.
- Considerar os pontos-chave primeiro e último.
3 Apresentar primeiro o contexto (antes dando nova informação)
- Declarar o propósito do uso para novo conteúdo da informação antes de apresentá-lo.
- Relatar nova informação para o contexto de vida dos pacientes.
4 Quebrar as instruções complexas em partes
- Quebrar instrução em partes fáceis de entender.
- Fornecer oportunidades para pequenos sucessos.
5 Tornar os materiais interativos
- Considerar incluir uma interação depois de cada tema-chave. O paciente pode: escrever, contar, mostrar,
demonstrar, selecionar, ou resolver problemas.
- Fornecer oportunidades para pequenos sucessos.
Fonte: Doak, Doak e Root (1996).
Os objetivos devem indicar exatamente quais ações ou comportamentos se quer
ver de uma intervenção educacional. Devem ser expressos em termos de objetivos para os
usuários. Ex.: Ao invés de controlar a glicemia e a pressão sanguínea traduza o objetivo em –
ajudá-lo a viver e ver seus filhos crescerem. Os autores ressaltam ser importante manter o
objetivo da educação separado de outros. De outra maneira, pode-se atribuir objetivos para a
intervenção educacional que a educação não pode alcançar (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
Foco no conteúdo do comportamento ao invés de em fatos ou princípios. Fatos e
princípios podem implicar para um comportamento esperado, porém pacientes com baixo
letramento podem não ver a implicação. Desse modo, o foco deve ser no conteúdo das
informações que levam ao comportamento esperado. O contexto deve vir primeiro, isto é, o
quadro ou o propósito de nova informação. O contexto é a parte que o paciente já conhece, ou
seja, as quatro ou cinco primeiras palavras de uma sentença devem indicar do que se está
falando para, em seguida, encaixar novas informações (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
Divida as instruções complexas em partes – as instruções devem ser divididas em
pedaços lógicos. Procedimentos ou cuidados de saúde que excedem sete itens dificultam a
46
memorização para todas as pessoas, independente da escolaridade. Tais procedimentos
requerem segmentação. Ex.: Passos da reanimação cardiopulmonar (RCP) pelas instruções
por meio das letras A, B, C. Além disso, faça instruções interativas. Nelas, o paciente pode
fazer, escrever, dizer ou mostrar alguma coisa em resposta à instrução. Isso aumenta o
interesse e a recordação da informação e deve ser um recurso padrão no desenho de
instruções. A ciência mostra que a interação modifica a proteína cerebral e estimula a retenção
da informação pela memória em longo prazo (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
No terceiro capítulo, os autores enfatizam os testes utilizados para avaliar o
letramento dos pacientes. Segundo Doak, Doak e Root (1996) existem alguns testes para
mensurar diretamente a habilidade de leitura de pacientes. A habilidade para leitura de
materiais não garante que o material seja compreendido. Leitura e compreensão são
habilidades diferentes. Um paciente pode ser capaz de ler todas as palavras de uma frase ou
sentença, mas não compreender seu significado. O teste de habilidade de leitura se refere à
habilidade para decodificar as palavras e o teste de compreensão ao quanto o paciente
compreende a leitura.
Quadro 7 – Testes de habilidade de leitura e testes para habilidade de compreensão
I. Teste de habilidade de leitura
Teste de amplo desempenho (WRAT)
Estimativa rápida de alfabetização de adultos em medicina (REALM)
II. Teste de habilidade de compreensão
Compreensão de leitura: Teste Cloze
Teste de compreensão de escuta
Fonte: Doak, Doak e Root (1996).
A compreensão do processo de leitura é uma temática relevante na mensuração
das habilidades de leitura dos materiais de saúde. O processo de leitura é complexo e envolve
a fusão de habilidades de linguagem e pensamento. A linguagem oral é uma base para leitura.
Para ler, temos de fazer a mudança de fala para impressão usando um processo chamado
decodificação (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
A Figura 6 mostra os níveis de leitura.
47
Figura 6 – Níveis de leitura
Instrumentos do teste de leitura
-WRAT
-REALM
Teste de compreensão
-Cloze
-Esculta
Fonte: Doak, Doak e Root (1996).
Segundo os autores, além dos dois testes de habilidade de compreensão já
mencionados, podemos utilizar outros caminhos para testar essa habilidade. Um desses é
pedir à pessoa que fale com suas palavras o que ela entendeu do texto ou do material
educativo ou solicitar para que demonstre o procedimento que lhe foi explicado.
Os testes de habilidades de leitura podem ser usados para: 1) fornecer um perfil de
habilidades de leitura dos pacientes, 2) fornecer um nível de habilidade de leitura do paciente,
de modo que o ensino com materiais e métodos apropriados para os níveis de habilidade deles
sejam usados, 3) servir como limiar de triagem para novos testes, como Cloze, ou para
selecionar pacientes capazes de ler e responder a um questionário e 4) fornecer dados de
alfabetização para pesquisas de educação em saúde (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
No quarto capítulo tem-se que avaliar a adequação de materiais de saúde e isso
tem sido discutido já algum tempo, sendo enfatizado seu uso nas últimas décadas. São alguns
métodos práticos para avaliar a dificuldade e adequação dos materiais de educação de
pacientes: Listas de verificação de atributos, Análise via fórmula de legibilidade, Análises
usando o SAM (Avaliação de adequação de materiais) do inglês Suitability Assessment of
Materials (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
A avaliação usando uma lista de verificação leva menos de 15 minutos. Fórmulas
de legibilidade podem ser aprendidas e aplicadas em 10-15 minutos e fornecer a medida de
dificuldade de leitura do material. O SAM pode ser aplicado imediatamente após ler as
instruções do material e leva de 30-45 minutos para aplicação. Uma lista com 17 itens é útil
para avaliar a adequação de material para pacientes (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
Linguagem oral e outras habilidades de prerrequisito
Decodificação
Compreensão literal
Experiência,
Lógica,
Linguagem
Pensamento crítico Inferência
Solução de problema,
Resposta Cognitiva-afetiva
48
Quadro 8 – Lista de verificação de materiais impressos
Título do material_______________________________________________________________________
Direções: Marque uma verficação ao lado de cada item que encontrou no atributo descrito
Organização:
( ) 1 A capa é atrativa. Ela indica o conteúdo chave e intenção pretendida
( ) 2 Mudanças de comportamento desejáveis são enfatizados
( ) 3 Não mais do que três ou quatro pontos principais são apresentados
( ) 4 Título e sumários são usados para mostrar organização e forneccer repetição da men- sagem
( ) 5 Um sumário enfatiza o que será feito e deve ser incluído
Estilo da Escrita:
( ) 6 A escrita está em um estilo convencional, usa voz ativa
( ) 7 Existe pouco ou nenhum jargão técnico
( ) 8 O texto é vívido e interessante. O tom é amigável
Aparência:
( ) 9 As páginas ou sessões parecem organizadas. Os espaços em brancos são amplos
( ) 10 Letras minúsculas são usadas (Letras maiúsculas somente quando são gramaticalmente necessárias)
( ) 11 Existe um elevado grau de constraste entre a impressão e o papel
( ) 12 O tamanho da letra da impressão é no mínimo fonte 12, tipo serif (que afinam e engrossam), não possui
letras estilizadas.
( ) 13 As ilustrações são simples - preferencialmente desenhos lineares
( ) 14 As ilustrações servem para ampliar o texto
Motivação:
( ) 15 O material é apropriado para idade, cultura e sexo
( ) 16 O material se aproxima o mais perto da lógica, experiência e linguagem da população alvo
( ) 17 A interação é convidada por meio de questões, respostas e sugere ações
Fonte: Doak, Doak e Root (1996).
As fórmulas de legibilidade oferecem aos profissionais de saúde um método de
fácil uso para avaliar a dificuldade de leitura de muitos materiais impressos. Elas podem ser
aplicadas em um texto, mas não em tabelas, gráficos ou lista de palavras. Existem mais de 40
fórmulas de legibilidade, porém todas elas se baseiam em dois fatores importantes: palavras
difíceis e sentenças longas. A fórmula Fry é uma das mais utilizadas. Nessa fórmula, testam-
se somente três amostras de diferentes partes da instrução. No caso de um texto longo (50
páginas ou mais), o número dobra para seis amostras (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
Segundo Doak, Doak e Root (1996), os autores das fórmulas encontraram forte
correlação entre nível de legibilidade e o instrumento SAM. Embora o nível de legibilidade
seja somente um dos 22 fatores do SAM, ele é essencial. Se a legibilidade é alta (dificuldade),
o escore do SAM é geralmente baixo (menos adequado). O contrário também é verdadeiro.
Além disso, existem alguns atributos de materiais impressos não incluídos nas fórmulas, mas
que afetam a dificuldade de leitura. Esses itens estão listados no SAM. Os atributos incluídos
são: 1) Tamanho do material impresso e estilo da escrita; 2) Contraste da cor entre a tinta e o
papel; 3) O fator de autoeficácia (uma página apenas com texto pode, por sua aparência
sozinha, desencorajar qualquer leitor); 4) Densidade do conceito; e 5) Contexto não familiar.
49
O SAM foi originalmente designado para usar com materiais impressos e
ilustrações, mas pode também ser aplicado com sucesso para instruções em áudio ou vídeo.
Para cada material, o SAM fornece um escore numérico em percentual que pode adequar uma
das três categorias: superior, adequado e inadequado (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
A aplicação do SAM pode localizar deficiências específicas na instrução que reduz
sua adequação. Se o material está ainda em um estágio de desenvolvimento, estas deficiências
podem ser corrigidas. Se o material já está em uso, a deficiência indica que instruções
suplementares são necessárias. Ao usar o SAM pela primeira vez, siga os seis passos: 1) Ler a
lista de fatores do SAM e avaliar o critério; 2) Ler o material (ou ver o vídeo) a ser avaliado e
escrever declarações breves como propósitos e pontos-chave; 3) Para pequenas instruções,
avaliar inteiramente. Em longas instruções, selecionar uma amostra para avaliação; 4) Avaliar e
pontuar cada um dos 22 fatores do SAM; 5) Calcular o escore total de adequação e 6) Decidir o
impacto de deficiências e qual ação tomar (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
O processo de avaliação da adequação do material por meio do SAM, geralmente,
leva de 30 a 45 minutos na primeira avaliação. Para aplicações subsequentes não precisa mais
fazer o passo um, pois já existe conhecimento do instrumento. É importante, também, ao usar
o SAM pela primeira vez, que teste em um material pequeno com poucas ilustrações. Os
passos são os seguintes: 1) Ler o SAM e avaliar o critério; 2) Ler o material a avaliar; 3)
Amostragem para o SAM; 4) Avaliar o material versus critério para cada fator, decidir o
índice e registrar o escore no papel; 5) Calcular o escore total de adequação – após avaliar
todos os fatores, escrever o escore para cada um em uma folha e adicionar os escores obtidos
no escore total. O escore máximo é de 44 pontos (100 %) – perfeita adequação que jamais
ocorre. Exemplo: Se o escore total para o material é 34, o percentual é 34/44 ou 77%. E, no
sexto e último passo para utilização do SAM, deve-se avaliar o impacto de deficiências
(DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
Para alguns materiais, um ou mais dos 22 fatores do SAM podem não se aplicar.
Nesse caso, diminuir dois pontos dos 44 pontos do instrumento do SAM para cada item que
não se aplica. Em todas as situações, a interpretação do percentual de estimativa do SAM se
dá da seguinte forma: 70-100% (Material superior), 40-69% (Material adequado) ou 0-39%
(Material inadequado) (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
50
Quadro 9 – Avaliação do Escore SAM
2 pontos para avaliação superior
1 ponto para avaliação adequado
0 ponto para avaliação não adequada
N/A se o fator não se aplica para este material
Fator para ser avaliado Score Comentários
1 CONTEÚDO
(a) O propósito é evidente _________ ________________________
(b) Conteúdo aborda comportamento _________ ________________________
(c) A proposta é limitada _________ ________________________
(d) Inclui sumário e revisão _________ ________________________
2 DEMANDA ALFABETIZAÇÃO
(a) Nível de leitura _________ ________________________
(b) Estilo de escrita, voz ativa _________ ________________________
(c) Vocabulário utiliza palavras comuns _________ ________________________
(d) O contexto é dado primeiro _________ ________________________
(e) Ajuda na aprendizagem via sinais de rota _________ ________________________
3 GRÁFICOS
(a) Cobre gráficos mostrando o propósito _________ ________________________
(b) Tipos de gráficos _________ ________________________
(c) Relevância da ilustração _________ ________________________
(d) Explanação de listas, tabelas, etc. _________ _______________________
(e) Usa legendas para os gráficos _________ _______________________
4 LEIAUTE E TIPOGRAFIA
(a) Fatores de leiaute _________ _______________________
(b) Tipografia _________ _______________________
(c) Usa subtítulos _________ _______________________
5 ESTIMULA A APRENDIZAGEM, MOTIVAÇÃO
(a) Utiliza interação _________ ________________________
(b) Comportamentos são modelados e específicos _________ ________________________
(c) Motivação autoeficácia _________ ________________________
6. CULTURALMENTE APROPRIADO
(a) Joga com lógica, linguagem e experiência. _________ ________________________
(b) Imagem cultural e exemplos _________ ________________________
Score Total do SAM:________________
Possível Score Total: _________________ Score Percentual: _______________
Fonte: Doak, Doak e Root (1996).
51
Quadro 10 – Critério de avaliação do SAM
(continua)
CLASSIFIÇÃO
FATOR PROPÓSITO SUPERIOR ADEQUADO INADEQUADO
1 Conteúdo
(a) Objetivo é evidente É importante que os Leitores compreendam prontamente a
finalidade dos materiais. Se não perceberem o objetivo
claramente, podem perder pontos principais.
Objetivo é explicitamente indicado no título, ilustração ou
na introdução.
Estão implícitos ou múltiplos objetivos são
Indicados.
Nenhum objetivo é indicado no título,
ilustração ou na introdução.
(b) O conteúdo aborda comportamentos O conteúdo de maior interesse e uso são informações relacionadas
a comportamento que ajudem a resolver o problema.
O material é sobre a aplicação de
conhecimentos/habilidades destinados ao alcance de um
comportamento desejável, em vez de fatos não
relacionados a comportamentos.
Pelo menos 40% do teor
Dos tópicos enfocam comportamentos ou ações
desejáveis.
Quase todos não são abordados por
comportamentos.
(c) A proposta é limitada A proposta do material é limitada ao(s) objetivos(s) para que o
telespectador possa razoavelmente aprender no tempo permitido.
A proposta é limitada ás informações essenciais
diretamente relacionadas ao objetivo e ao que pode ser
aprendido ao tempo permitido.
A proposta é expandida além do objetivo, porém
não além de 40%, e os pontos principais podem
ser aprendidos no tempo permitido.
A proposta está fora dos objetivos e não
consegue ser alcançada no tempo proposto.
(d) Resumo ou revisão Uma revisão dá ao leitor a chance de ver ou ouvir os pontos
principais em outras palavras, com exemplos ou imagens. Os
leitores muitas vezes perdem os pontos principais na primeira
exposição.
Um resumo está incluído e os pontos principais são
recontados em outras palavras e/ou exemplos ou imagens.
Alguns tópicos principais são revistos. Não há resumo ou revisão incluídos.
2 Demanda alfabetização/linguagem adequada para a população
(a) Grau de leitura Se houver texto, o nível de leitura deve ser adequado para a
compreensão do paciente.
O texto adequado para nível de leitura de pessoas na 5ª
série ou menos
O texto adequado para pessoas com nível de
leitura de 6ª a 8ª série.
O texto adequado para pessoas com nível de
leitura acima da 8ª série.
(b) Estilo de voz ativa é usado
Estilos de conversação e de voz ativa facilitam o entendimento do
texto. Enquanto que informações na voz passiva e longas ou
múltiplas frase retardam o processo de leitura e tornam a
compreensão mais difícil. Exemplo: “Tome sua vitamina C todos
os dias”, é mais difícil de entender do que: “os pacientes são
aconselhados a tomarem sua vitamina C diariamente.
Estilo de conversação, voz ativa e frases são utilizados
extensivamente.
Mais da metade do texto usa o estilo de conversa
na voz ativa; e menos da metade das sentenças
são complexas, com frases longas.
A voz passiva é utilizada em todo o texto e
mais da metade tem frases longas ou
múltiplas.
(c) Vocabulário utiliza palavras comuns Palavras comuns explícitas são usadas. (exemplos: Use doutor em
vez de médico). Poucas palavras utilizam termos gerais, tais como
categorias (Exemplo: Uso de leite em vez de produtos lácteos) ou
juízos de valor (Exemplos: dor que não passa em 5 minutos em
vez de dor excessiva). Palavras usadas na forma de imagem que
facilitem a visualização da situação (Exemplo: Use nariz
escorrendo, em vez de excesso de muco).
Existem todos os três fatores:
1) Palavras comuns são usadas o tempo todo.
2) Técnica, conceito, categoria e palavras com juízo de
valor (CCVJ) são explicadas.
3) Palavras usadas como imagens apropriadamente.
Existem os três fatores:
1) Palavras comuns são usadas com frequência.
2) Palavras técnicas de juízo de valor são
explicadas às vezes.
3) Alguns jargões são utilizados.
Existem dois ou mais fatores:
1) Palavras incomuns são usadas com
frequência.
2) Nenhuma explicação ou exemplo são
dados para técnicas e palavras de juízo de
valor.
3) Uso extensivo de jargões.
(d) Em primeiro lugar o contexto Nós aprendemos novos fatos e comportamentos mais rapidamente
quando o contexto é dado em primeiro lugar.
Rotineiramente o contexto é dado antes da apresentação
de novas informações.
Pelo menos na metade do tempo, o contexto é
dado antes da apresentação de novas
informações.
Contexto é dado no final ou não é dado.
52
Quadro 10 – Critério de avaliação do SAM (conclusão)
CLASSIFIÇÃO
FATOR PROPÓSITO SUPERIOR ADEQUADO INADEQUADO
3 Ilustrações gráficas, listas, tabelas, gráficos
a) Capa As pessoas não julgam um livro pela capa. A imagem da capa,
muitas vezes é o fator decisivo em atitude do leitor de interesse
pelo material.
A capa possui os três critérios:
1) É amigável
2) Atrai a atenção.
3) É evidente que retrata o proposito do material
A capa tem um ou dois critérios:
1) É amigável
2) Atrai a atenção
3) É evidente que retrata o propósito do material.
A capa não tem nenhum dos critérios:
1) É amigável
2) Atrai a atenção
3) É evidente que retrata o propósito do material.
b) Relevância das ilustrações Detalhes irrelevantes, tais como fundos de quarto, bordas
elaboradas, cores desnecessárias podem distrair o espectador. Os
olhos do espectador podem ser distraídos para esses detalhes. As
ilustrações devem evidenciar os pontos principais.
Ilustrações apresentam mensagens visuais fundamentais
para que o leitor possa compreender os pontos principais,
sem distrações.
1) Incluem algumas distrações.
2) Uso insuficiente de ilustrações.
Sem ilustrações ou um excesso de ilustrações.
4 Estimulação para aprendizagem e motivação
a) Interação é incluída no texto e/ou nas
figuras
Quando um leitor faz algo para responder a uma pergunta ou
problemas, mudanças químicas ocorrem no cérebro que melhoram a
retenção da memória de longo prazo. Leitores devem ser levados a
resolver problemas, fazer escolhas e demonstrações de habilidades.
Problemas ou questões são apresentados para que os
leitores as respondam.
Perguntas e respostas formadas são usadas para
discutir problemas e soluções (interação passiva).
Nenhum aprendizado interativo ou
estimulação são fornecidos.
b) Padrões de comportamento desejado são
modelados ou mostrados em termos
específicos.
Os leitores, muitas vezes, aprendem mais facilmente através da
observação e quando ele mesmo realiza as ações do que pela
leitura ou por ouvir alguém contando alguma coisa. Muitas vezes
as pessoas aprendem mais facilmente quando específicos e casos
familiares são usadas em vez de conceitos abstratos ou gerais.
Modelos de instrução de comportamentos e habilidades
específicas. Exemplo: informação sobre nutrição
enfatizam mudanças nos padrões alimentares, nos
comerciais, lojas, nas cozinhas.
Informação é uma mistura de linguagem técnica
e comum de modo que o leitor não pode
facilmente interpretar em termos da vida diária.
Exemplo: Muito açúcar, alimentos de baixo valor
nutritivo, em vez de alimentos não energéticos.
Informação é apresentada em itens
inespecíficos ou categóricos, como grupos de
alimentos.
c) Motivação e autoeficácia As pessoas são motivadas a aprender quando acreditam que
tarefas e comportamentos são factíveis.
Temas complexos são subdivididos para que os leitores
possam experimentar pequenos sucessos na compreensão ou
resolução de problemas, levando a autoeficácia (confiança).
Alguns tópicos são subdivididas para melhorar a
confiança dos leitores.
Não existem tópicos subdivididos.
5 Adequação cultural
a) Jogo cultural - Lógica Linguagem e
Experiência (LLE).
Uma medida válida da adequação cultural do material é quando
possui uma linguagem lógica e quando a experiência (inerente à
instrução) corresponde ao LLE do público-alvo (não do revisor).
Exemplo: Instrução sobre Nutrição é um jogo pobre em termos de
cultura quando se diz aos leitores para comerem vegetais que
raramente são consumidos por pessoas nessa cultura/localidade e
não são vendidos aos leitores do bairro.
Os conceitos principais do material parecem ser
culturalmente semelhantes ao da LLE da cultura da
população-alvo.
Metade dos conceitos e ideias principais parecem
ser culturalmente correspondidos.
Clara incompatibilidade cultural na LLE do
leitor.
b) Imagem cultural e exemplos Para ser aceito, o material deve mostrar imagens adequadas à
cultura e exemplos de maneira realista positiva.
Imagens e exemplos apresentam a cultura de uma forma
positiva.
Apresentação neutra das imagens e exemplos da
cultura
Imagens negativas, e os exemplos são
exagerados ou possuem características
caricatas da cultura, ações ou exemplos.
Fonte: Doak, Doak e Root (1996).
53
No quinto capítulo, os autores tratam do processo de compreensão. Para eles, a
compreensão é um processo complexo que depende de uma interação efetiva de lógica,
linguagem e experiência, bem como de outros fatores. O resultado da compreensão é o
aproveitamento do significado da instrução (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
Sabemos que nosso sistema de memória possui três sistemas principais de
processamento, o processamento da informação sensorial, a memória de curto prazo e a
memória de longo prazo. Como computadores, nosso sistema mental lida com acervo de
informações, armazenamento e recuperação. Cada componente da memória tem uma
capacidade limitada, tempo limitado de armazenamento e procedimentos específicos de
armazenamento e recuperação. Assim, para fazer com que as pessoas ouçam instruções de
saúde, é necessário que se ganhe a atenção delas, o que é conseguido por meio da ativação do
sistema de memória, produzindo conexões elétricas e mudanças químicas que transportam as
mensagens até o cérebro. É importante ressaltar que para conseguir atenção das pessoas é
preciso que envolva maior número possível dos sentidos do corpo na ação educativa, de forma
que o cérebro preste atenção no que está sendo dito (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
A memória de curto prazo é uma parte do sistema que lida com uma capacidade
limitada de armazenamento, ou seja, ela não é capaz de armazenar mais do que sete itens, e
nas pessoas com baixo nível de escolaridade o armazenamento da informação é ainda mais
reduzido, em torno de cinco itens ou menos. Portanto, como é difícil lembrar muitos itens,
poderemos conseguir por meio da segmentação deles, agrupando-os em dois ou três tópicos.
Contudo, pessoas com baixa habilidade de leitura leem palavra por palavra as informações
escritas e isso desacelera sua leitura e dificulta a compreensão da mensagem. Assim, os
materiais de saúde devem ser escritos com sentenças curtas usando palavras comuns e sempre
as mesmas palavras por toda extensão do material (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
A segmentação ou o agrupamento da informação em tópicos facilita o seu
armazenamento na memória de longo prazo. Para materiais em vídeo, é preciso fornecer um
tempo às pessoas para que elas possam converter a nova informação para memória de longo
prazo, antes que siga para a de curto prazo. A memória de longo prazo dura por dois dias a
anos e não tem limite em termos de capacidade de armazenamento. Dois fatores chaves para
conseguir armazenar a informação na memória de longo prazo são associação (atrelar a
informação a algo já conhecido pela pessoa) e interação (DOAK; DOAK; ROOT, 1996). Não
devemos esquecer que aprendemos novas informações adicionando isto ao que nós já
sabemos em termos de nossa lógica, linguagem e experiência.
54
Figura 7 – Combinação das instruções com a lógica, a linguagem e a experiência do paciente
Compreensão
Quando
Instrução Pacientes Pacientes
Lógica
Linguagem
Experiência Igual
Lógica
Linguagem
Experiência
Compreensão
Aceitação
Mudança de comportamento
Fonte: Doak, Doak e Root (1996).
É importante ressaltar que além dos elementos mencionados, devemos considerar
a adequação cultural do material. Assim, para a obtenção da adequabilidade cultural de
materiais, é necessário: 1) ler as referências dos métodos para o desenvolvimento de materiais
culturalmente adequados; 2) obter conselho de membros da cultura durante o
planejamento/desenvolvimento; 3) produzir materiais nas línguas da população de pacientes;
4) usar juízes da cultura no desenvolvimento de materiais de saúde; e 5) avaliar
adequabilidade de desenhos e acabamento de materiais usando a Revisão e Verificação do
Aprendiz (do inglês Learning Verification Review – LVR).
No sexto capítulo, sobre a escrita da mensagem, os autores afirmam que muitos
materiais de saúde são elaborados e utilizados pelos profissionais de saúde em todas as partes
do mundo e esses esperam que as instruções dos materiais sejam lidas, lembradas e
convertidas em ações de saúde pelas pessoas aos quais são destinados. No entanto, é
fundamental que profissionais de saúde construam e utilizem materiais educativos que sejam
compreendidos, culturalmente adequados e que ajudem as pessoas a aprender.
Na construção de um material educativo podem existir diversas incompatibilidades
entre informações e pacientes. Embora alguns materiais tenham escrita adequada, alguns podem
apresentar deficiências que dificultam a compreensão. Entre as sérias deficiências, podem-se
destacar: a inclusão de muitas informações que desencoraja maus leitores e esconde a informação
prioritária para eles, alto nível de habilidade de leitura, a falta de interação do material com o
leitor, perdendo a oportunidade de melhorar a aprendizagem, uso de palavras difíceis ou
incomuns e a falta de exemplos no material (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
Incompatibilidades de habilidades de leitura reduzem a motivação para
implementar ações de saúde. Quando pacientes lutam para ler e compreender a instrução, eles
tornam-se desencorajados e perdem autoeficácia. Eles podem pensar que se um material é
difícil para ler também é difícil para tentar. Ademais, materiais de saúde fáceis de ler
aumentam a adesão dos pacientes às ações ou comportamentos de saúde. Um pequeno
planejamento é indispensável na elaboração do material instrucional, pois gastar poucas horas
55
nessa ação facilita e torna a atividade mais efetiva (DOAK; DOAK; ROOT, 1996). O quadro
a seguir descreve o planejamento de materiais escritos.
Quadro 11 – Etapas do planejamento de materiais escritos
Definir e envolver o público-alvo
Idade, sexo e cultura;
Níveis educacionais deles e rapidez para aprender;
Que teorias de aprendizagem aplicar?;
Incluir alguns pacientes no planejamento e fases escritas.
Limitar os objetivos e a mensagem
Decidir um objetivo educacional mínimo;
Listar tópicos que podem ser incluídos.
Escritas e fases de produção
Selecionar formatos: descrição, histórias, perguntas e respostas, áudio, vídeo etc.;
Decidir como incluir a interação;
Decidir que palavras ou fases necessárias de exemplos explanatórias e incluí-los.
Qualidade de Segurança
Planejar para testar um rascunho e o final com poucos pacientes/clientes;
Use o checklist (*lista de verificação, o teste de habilidade de leitura, SAM)-capítulo 3;
Resultados dos documentos de avaliação.
Fonte: Doak, Doak e Root (1996).
O envolvimento da população-alvo no planejamento do material é de grande ajuda
durante as fases de planejamento e escrita. A realização de um grupo focal com a população-
alvo propicia o envolvimento dos pacientes que oferecem sugestões valiosas na elaboração da
parte escrita do material, bem como nas figuras. Você não é obrigado a seguir as sugestões
oferecidas, mas apenas considerá-las (DOAK; DOAK; ROOT, 1996). Acrescente-se que a
limitação e definição dos objetivos é uma das partes mais difíceis do processo de escrita dos
materiais de saúde. Vejamos a seguir no Quadro 12.
Quadro 12 – Limitação de objetivos de educação para instrução de hipertensão
Objetivos (para pacientes) “Deve incluir” tópicos Questões interativas
1 Compreender o que é
hipertensão
O que é hipertensão e qual é a
pressão arterial de pacientes
O que é pressão arterial alta?
2 2 Conseguir o regime
terapêutico
A hipertensão é perigosa Quais os perigos de você ter
pressão arterial elevada?
Tomar a medicação pode controlar
a hipertensão
Como você baixa sua pressão
arterial?
Deve tomar a medicação todos os
dias mesmo se você se sentir bem.
O que você acha de tomar a
medicação todos os dias mesmo se
você estiver se sentindo bem?
Fonte: Doak, Doak e Root (1996).
56
Os autores afirmam que se deve utilizar a voz ativa no material educativo em vez
da voz passiva, pois a escrita terá um tom mais pessoal e amigável e isto pode ser tão preciso
quanto a escrita mais formal (DOAK; DOAK; ROOT, 1996). É importante enfatizar que
utilizar a voz ativa não significa impor comportamentos ou ações de saúde. A voz ativa tem o
objetivo de tornar mais direta e informal a informação de saúde.
Quadro 13 – Comparação: voz ativa x voz passiva
Voz ativa: (melhor) Voz passiva (não é bom)
Tome suas medicações com suas refeições
Advertir pacientes sobre seus efeitos diários.
A enfermeira fará o curativo do seu braço.
Medicamentos devem ser tomados na hora das
refeições.
Pacientes devem ser advertidos sobre efeitos
secundários
Seu braço será enfaixado pela enfermeira.
Fonte: Doak, Doak e Root (1996).
O conteúdo e a sequência da informação deve evitar o modelo médico, pois esse
modelo na grande maioria das vezes está em conflito com aquilo que os pacientes querem e
necessitam saber. Um modelo que pode ser utilizado para os pacientes é o modelo história.
Esse modelo constrói empatia e interesse, pois envolve emoções e sentimentos do leitor na
mensagem. O diálogo com ou sem figuras levam à história e prendem a atenção por meio da
força e da conversação. Um tipo é a história em quadrinhos para adultos e a fotonovela
(DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
Quadro 14 – Modelos de escrita e seus propósitos
Modelos de escrita Propósitos ou objetivos da instrução
1 Modelo de Crenças de Saúde Mudar comportamentos e atitudes dos pacientes.
2 Modelo Processual Apresentar uma série de passos que tem de ser feitos
em uma sequência específica.
3 Modelo História Aumentar a empatia e o interesse é necessário ganhar
atenção e aceitação.
4 Modelo Jornal A parte mais importante é dada primeiro, próximas
partes devem estar em ordem decrescente de
importância; Aquela para os leitores pobres.
5 Modelo Médico Ensinar o pessoal de saúde, e para poucos pacientes
que querem detalhes médicos.
Fonte: Doak, Doak e Root (1996).
Os autores chamam atenção para o uso de cabeçalhos com itens agrupados em um
título comum e para a utilização de legendas, que, muitas vezes, organizam o pensamento no
sentido de antecipar o conteúdo do texto. Com a finalidade de chamar atenção dos leitores é
57
preciso que as informações dos comportamentos chaves venham em primeiro lugar no texto e
a segunda informação mais importante deve vir no final, pois costumamos lembrar a primeira
e última parte de um material ou instrução de saúde (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
Outro aspecto que influenciará na leitura e entendimento do texto é o estilo de
escrita e o leiaute, que podem criar uma aparência amigável para os pacientes que queiram ler
o material. Assim o tamanho e o formato da fonte podem ajudar ou atrapalhar a leitura e o
entendimento (DOAK; DOAK; ROOT, 1996). A seguir, são demonstradas tipos de fontes
mais fáceis e mais difíceis de ler encontradas em materiais de saúde:
Fáceis para ler {Fontes com letras com traços grossos e finos Ex.: Homem
Fáceis para ler {Fontes com letras com traços grossos e finos são mais legíveis a distância.
Homem.
Mais difíceis {Todas as letras maiúsculas percebem a retangularidade da impressão.
Mais difíceis Para ler {Itálicos e caligrafias são difíceis para ler.
Tamanhos10- Tipo mais difícil para ler;
Tamanho 12- Tipo mais fácil para ler;
Tamanho 13- Melhor tamanho para muitos materiais.
Um recurso de leiaute que pode aumentar muito a percepção do paciente sobre a
importância de um livreto ou panfleto e leva menos de um minuto para fazer é incluir uma
capa para o paciente escrever seu nome. Além disso, é importante considerar que existem
materiais escritos sobre cuidados de saúde que apresentam problemas especiais para muitos
pacientes com baixos níveis educacionais e frequentemente para pacientes com alto nível
educacional. Esses materiais são: Termos de Consentimento Livre e Esclarecido,
Questionários e Listas e Gráficos (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
Quadro 15 – Diretrizes para tipografia e leiaute
(continua)
1- Tipo de Estilo e Tamanho
- Uso de tipos de ____________ e palavras minúsculas, exceto quando gramaticalmente necessária para uso de
palavras maiúsculas.
- O uso da fonte 12 ou maior (ver exemplos de tipos de tamanhos)
- Não use letra largas ou estilizadas (grandes letras extravagantes algumas vezes colocadas no início do folheto
ou capítulo)
- Em geral, não usar impressão inversa, isto é branco ou preto.
58
Quadro 15 – Diretrizes para tipografia e leiaute
(conclusão)
2- Comprimento da linha
- Limitar o comprimento da linha de 30 a 50 caracteres e espaços;
- Faça a borda esquerda das linhas retificadas (isto é, todas dentro de uma linha);
- Deixar fins de direito de linhas irregulares.
3- Leiaute do texto na página
- Deixar alguns espaços em branco na página para evitar um olhar do texto sólido;
- Usar cabeçalhos (“sinais de caminhos”) sublinhados ou em negrito para introduzir cada novo tópico e para
acabar com a aparência de uma página de texto sólido;
- Usar um coletor de olhos - uma caixa ou fonte larga ou um travessão - para direcionar os olhos dos leitores
para informação mais importante.
Fonte: Doak, Doak e Root (1996).
No sétimo capítulo, os autores tratam dos recursos visuais e como usá-los. É
sabido que eles aumentam a comunicação para todas as pessoas, independente da sua
escolaridade, porém para leitores pobres o significado dos recursos visuais é ainda maior.
A apresentação com recursos visuais tem sido mostrada pelo fato de ser 43% mais
persuasiva do que apresentação sem o recurso. A pesquisa de recursos visuais e gráficos
mostra que o sistema de memória cerebral favorece a armazenagem visual, por isso quando a
mensagem é visualizada, nós lembramos melhor do que se nós apenas lemos ou ouvimos a
mensagem (DOAK; DOAK; ROOT, 1996). Nossas emoções são facilmente estimuladas
através do recurso visual, por isso nós respondemos mais rapidamente quando vemos. Assim,
os significados das palavras tornam-se mais potentes e claros quando traduzidos em uma
figura (DOAK; DOAK; ROOT, 1996). Veja no exemplo a seguir: Mensagem escrita: Quando
a mulher bebe álcool, o bebê bebe álcool. O álcool atravessa a placenta e circula na corrente
sanguínea do feto.
Figura 8 – Mensagem visual – Quando a mulher bebe álcool, o bebê bebe álcool
Mensagem Visual
Fonte: Doak, Doak e Root (1996).
59
Quadro 16 – Comparação dos hábitos de leitura de recursos visuais por leitores
qualificados e pobres
Leitores hábeis Leitores pobres
-Sistematicamente o exame dos recursos visuais pode
encontrar o conceito central.
- Olhos vagueiam sobre a página sem encontrar o
foco central do recurso visual.
-Identifica rapidamente os fatores principais. - Pula recursos principais.
- Pontos-chave separados dos detalhes. - Olhos podem se concentrar em alguns detalhes.
-Informação interpretada rapidamente para chegar ao
significado.
- Vagarosa interpretação da informação perceptual;
as palavras são interpretadas literalmente.
Fonte: Doak, Doak e Root (1996).
Recursos visuais são vitais para mensagens de saúde para leitores pobres.
Contudo, nenhum tipo de recurso visual será totalmente efetivo. Os recusos visuais precisam
levar em conta as necessidades especiais de leitores pobres (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
Alguns recursos menos adequados para maus leitores são: não iniciar com comportamento do
paciente (o que eu suponho para fazer com isto?), recursos visuais estão confundindo ou são
confusos, nenhuma ênfase no que é importante e a linguagem é difícil e dura para
compreender. Ao contrário, são recursos mais adequados para maus leitores: leitores podem
se identificar com recursos visuais, a ação do comportamento é clara, a linguagem é fácil de
compreender e o cenário familiar ajuda na identificação dos leitores.
O comportamento presente em pequenos pedaços de ação, tarefas, ou
procedimentos fazem a ação mais fácil para alcançar, como mostra a Figura 9:
Figura 9 – Mensagem visual de comportamentos em pequenos pedaços de ações
(continua)
Comer três ou mais refeições ao dia. Passar fome
e outras coisas não vão funcionar.
Evite comer alimentos enlatados, pois têm
muita gordura. Comer pouca gordura animal e
outras carnes gordas.
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Figura 9 – Mensagem visual de comportamentos em pequenos pedaços de ações
(conclusão)
Reduzir o número de bolos e biscoitos que você
compra. Gaste dinheiro com frutas e vegetais na
promoção ou comprado nas feiras.
Subir escadas e caminhar todo tempo que você
puder. Isso realmente ajuda você a perder peso
se você for mais ativo.
Chame um amigo para caminhar ou caminhe
sozinho em vez de comer. Não coma devido
você estar aborrecido, triste ou solitário.
Fonte: autoria própria.
O uso de recursos visuais que utilizam contextos familiares pode ajudar na
compreensão da mensagem, pois existe maior identificação das pessoas com uma cena mais
familiar. No entanto, não existe fórmula para predizer o que constitui um cenário familar para
um público-alvo específico, daí a necessidade do teste do desenho por grupos focais ou pela
intervenção individual com uma amostra da população-alvo no sentido de investigar a
percepção deles sobre o recurso visual (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
Mensagens processuais são a espinha dorsal de instruções de cuidados em saúde.
A redução do texto é favorecida pela descrição das etapas por meio de figuras. Recursos
visuais ajudam a reduzir a leitura para explicação de testes diagnósticos, procedimentos de
tratamento e procedimentos de alto manejo (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
Recursos visuais que utilizam desenhos de linhas que não causam distrações,
ilustrações que descrevem palavras e ajudam o paciente a antecipar a experiência,
visualização do comportamento em cada figura mesmo que o leitor não possa ler, figuras
numeradas, linguagem amigável e cortés, utilização de palavras pequenas e pouco texto para
61
ler são fatores adequados para maus leitores. O uso de recursos visuais requer cuidados
importantes, como atentar para que cada figura tenha ao lado o texto corresponde, pois a
colocação da figura e do texto em páginas diferentes prejudica o entendimento da mensagem.
Muitas vezes, procedimentos do tipo passo a passo necessitam da informação em forma de
texto e a figura deve vir ao lado para reforçar a ação (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
Os recursos visuais atraem atenção e ajudam o leitor a focar no que é importante.
Quatro exemplos que ajudam a selecionar meios para enfatizar a ação: uso de dispositivos
para pontos-chave, uso de legendas; introduzir cor e fornecer ao leitor chances para interação
com a instrução. Os recursos visuais fornecem motivação e são especialmente úteis para maus
leitores. Essa motivação pode ser conseguida utilizando o recurso visual por meio de um
estilo de histórias em quadrinhos ou fotonovela, usando depoimentos ou informações em
formato de jogos. O uso de depoimentos oferece um realismo e são efetivos na construção de
autoeficácia (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
Utilizar recursos visuais na capa do seu material de cuidados de saúde é
interessante e recomendável, principalmente para pessoas que têm dificuldade de leitura, por
isso a capa deve ser atraente e fornecer uma boa ideia do assunto a ser abordado. Ela pode ser
um chamativo e motivar as pessoas na realização de ações que se deseja, como
comportamentos de saúde. Os autores ressaltam que o estilo do desenho deve possibilitar ao
leitor reconhecer e identificar-se com o assunto (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
No oitavo capítulo, os autores tratam do ensino com tecnologia. De acordo com
Doak, Doak e Root (1996), o ensino de instruções de saúde com uso de tecnologia, seja em
áudio, vídeo ou multimídia pode ser capaz de transmitir emoções e mensagens culturais que
afetam nossa vontade de aprender e acreditar. Os autores afirmam que trabalhar com
associação de dois ou mais sentidos do corpo humano, permite melhor transmissão e captação
de mensagens, como o uso de multimídias. Dentre as tecnologias mencionadas pelos autores
estão os audiotapes, videotapes e o ensino com multimídias.
Tanto os audiotapes como os videotapes foram usados no ensino de pessoas com
baixo letramento durante muito tempo. Mas as tecnologias evoluíram e, atualmente, são muito
utilizadas na aplicação de instruções de cuidados de saúde. A construção e a validação dessas
tecnologias têm sido relevantes, haja vista a necessidade de elaborar e utilizar materiais de
cuidado de saúde que possam beneficiar as pessoas na tomada de decisões sobre sua saúde, e
promover mudanças no atual quadro epidemiológico das doenças, especialmente das
enfermidades crônicas. Atualmente, jogos e mensagens pelo celular e internet estão em uso.
62
O mais importante é construir materiais educativos efetivos para promover ações
de saúde, por meio de atividades educativas coletivas ou individuais, para as pessoas que
constantemente cuidamos no nosso cotidiano, pois o cuidado deve passar necessariamente
pelas trocas de conhecimentos e diálogos que estabelecemos com essas pessoas e o uso
adequado da tecnologia pode favorecer essas ações.
No nono capítulo, acerca de dicas sobre ensino, a ênfase novamente é dada em
aspectos relevantes para trabalhar com pessoas com baixo letramento e estão relacionados a
quatros passos importantes, a seguir: avaliar o que os pacientes sabem sobre sua condição ou
riscos, amarrar as novas informações às que os pacientes já sabem, obter feedback
significativo de pacientes (interação) e ajudar os pacientes a antecipar as suas experiências
dentro do ambiente de cuidados de saúde (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
Segundo os autores, a realimentação é um componente comum aos quatro passos,
pois orienta a continuação da ação educativa e as paradas para revisão. A realimentação
depende mais do que o paciente necessita e menos da avaliação do profissional de saúde sobre
essas necessidades. Os profissionais de saúde precisam compreender que a interação é um
elemento essencial nas instruções de saúde e que a maneira como as informações são
fornecidas influenciam a aprendizagem das pessoas (DOAK; DOAK; ROOT, 1996). Por isso,
os profissionais de saúde devem considerar os diversos contextos de aprendizagem.
A avaliação sobre as informações que os pacientes já conhecem é fundamental
para elaboração de instruções de saúde. Isso permite a concentração em comportamentos
críticos no cuidado em saúde e aumenta a motivação para novos comportamentos de saúde.
Ela também oferece uma oportunidade para que as pessoas tomem decisões para seu cuidado
e comecem a desenvolver autoeficácia. A associação de novas ideias com experiências
anteriores das pessoas dá sentido para novas informações (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
Demonstrações e exercícios podem ser usados para trabalhar novas informações
de saúde. A utilização de desenhos facilita a discussão e a incorporação de novas
informações. É importante também o compartilhamento de experiências de aprendizagem
entre os pacientes por meio do ensino em pares. A razão pela qual ele funciona é que a sessão
de partilha do problema é centrada no sujeito. As pessoas estão mais dispostas a compartilhar
quando percebem que eles têm problemas comuns (DOAK; DOAK; ROOT, 1996). É
importante orientar, esclarecer dúvidas, informar sobre a realização de exames e
procedimentos, possíveis respostas ao tratamento, marcação de retornos, dentre outros.
Também é necessário obter informações dos pacientes sobre questões relacionadas a
tratamentos anteriores e atuais.
63
O ensino em grupo é relevante nas ações de educação em saúde, pois promove
participação e oferece a possibilidade de abrir discussões mais do que no ensino individual.
Esta abordagem de resposta compartilhada constrói coesão grupal e ajuda na motivação. Até
mesmo as respostas que faltam são bem-vindas. Elas ajudam a esclarecer equívocos e
fornecem oportunidades para fazer julgamentos críticos. Estas são essenciais na autoconfiança
no manejo da situação (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
Quadro 17 – Caminhos para melhorar a efetividade de instruções em grupo
Problemas Soluções possíveis
1. Alta ansiedade para menos habilidade; 1. Não chamar indivíduos. Pedir para trabalhar em pares;
2. Amplas diferenças e estilos de aprendizagem; 2. Use vídeo, áudio, figuras e repetidas apresentações;
3. Alguns participantes aprendem devagar; 3. Ensinar em unidades pequenas, revisões frequentes;
fornecer repetidos exemplos e tempos para prática;
4. Leitores rápidos podem ficar entediados; 4. Pedir a eles para demonstrar e ensinar os outros. Use
variedade de métodos de ensino;
5. Realimentação é hesitante e incerta; 5. Clarificar os critérios de sucesso, pedir aos participantes
para realizar autoavaliação em pares;
6. A manutenção de registros é difícil. 6. Fazer o planejamento de ensino claro; use lista de
verificação para monitorar o progresso.
Fonte: Doak, Doak e Root (1996).
No décimo capítulo, os autores descrevem sobre a verificação de aprendizagens e
revisões de materiais. Este momento serve para verificar a adequação da instrução de saúde à
população a qual será destinada. O propósito dessas ações são averiguar que
incompatibilidades na comunicação, bem como em projetos e conteúdos inadequados são
desvelados. A verificação da aprendizagem e revisão é especialmente útil durante a fase de
desenvolvimento de materiais de saúde (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
O fato de os profissionais de saúde estarem engajados na sua área profissional e
de utilizarem, no seu cotidiano, um linguajar próprio dificulta o compartilhamento da mesma
lógica, linguagem e experiência da grande maioria das pessoas que usam os serviços de saúde.
Dessa forma, os profissionais tendem a elaborar instruções de saúde com muitas
incompatibilidades e lacunas e esses problemas de comunicação podem levar
incompreensões, descrédito e rejeição por essas instruções (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
Para os autores, a verificação de aprendizagens e revisões de materiais revelam
conteúdos específicos ou características do formato de uma instrução que não são
compreendidas ou aceitas, e esse processo frequentemente produz soluções.
A segurança na qualidade de materiais educacionais é essencial para alcançar
objetivos de um programa educacional para pacientes. A verificação e revisão de
64
aprendizagem identifica a probabilidade de uma instrução influenciar a população-alvo: será
que é atrativa para população-alvo? As pessoas podem compreendê-la? Elas sentiram que
podem realizar a mensagem? Está culturalmente adequada? Segundo Doak, Doak e Root
(1996), existem alguns elementos específicos a ser verificados na mensagem, tais como:
atração, compreensão, autoeficácia, adequação cultural e persuasão. A comunicação necessita
atrair a população-alvo. Se a população-alvo não olha para o material, se não chama atenção
dela, então não existe nenhuma chance para influenciá-la.
Algumas questões devem ser pensadas pelos profissionais que pretendem elaborar
ou utilizar material ou instrução de saúde, dentre elas destacam-se: a instrução é atraente o
suficiente para levar o paciente para dentro da mensagem? Os recursos visuais são
interessantes? As cores dão o tom e o humor do assunto? Para instruções em áudio ou vídeo, a
voz é clara e fácil de ouvir? A dicção é boa? A voz e a imagem tem uma velocidade razoável?
A pronúncia é compreensível? É necessária alguma ajuda? (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
Os autores enfatizam que a compreensão é um componente crítico para todos os
pacientes, principalmente para aqueles com baixo letramento porque eles podem acessar
poucos recursos de informação se comparado com aqueles com alto letramento. Dentre as
questões a serem investigadas estão: os pacientes podem dizer com suas próprias palavras o
que a mensagem significa? Quais outras interpretações são possíveis? Existem muitas ações
que podem confundir os pacientes? Existem conceitos, categorias e uso de palavras de
julgamento de valor que possuem significados diferentes para os pacientes e profissionais de
saúde? A compreensão da mensagem ocorre quando a pessoa pode converter a mensagem
para outro formato, ou seja, a pessoa é capaz de reapresentrar por meio da demonstração ou
dizer com suas próprias palavras a mensagem ouvida ou visualizada.
Outro elemento importante a ser verificado é autoeficácia que significa que a
pessoa que ouviu, visualizou ou leu a instrução é capaz de realizar a mensagem do material ou
instrução de saúde, isto é ela se sente capaz de realizar ações ou comportamentos apreendidos
para melhorar sua saúde. Os autores reenfatizam a importância da adequação cultural e
acrescentam sobre a persuasão, ao afirmarem que ela está relacionada às possibilidades reais
de convencer as pessoas que elas podem fazer a ação (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
Os autores ressaltam três passos ou etapas que devem ser seguidos na realização
da verificação da aprendizagem e procedimentos de revisão. Esses passos estão listados a
seguir: Passo 1: Preparação – determinar o objetivo ou propósito do material.
A identificação de pontos-chave da mensagem e pontos de conflito comuns é
relevante, uma vez que os pontos-chave do material ou das instruções de saúde são críticos
65
para compreensão dos pacientes na realização da mensagem ou comportamento. A elaboração
das questões para entrevista é outro ponto importante no passo 1. As questões necessitam ser
testadas para compreensão dos pontos-chave pelo paciente. As perguntas também precisam
determinar a influência provável das instruções, isto é atração, autoeficácia, adequação
cultural e persuação. O uso de questões abertas, do tipo o que, onde, como e por que em vez
de questões que requerem apenas respostas do tipo sim e não. As questões abertas são
melhores para identificar pontos de conflito específicos na instrução e devem ser elaboradas
com um tom natural para eliminar vieses (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
Quadro 18 – Exemplos de diferentes tipos de questões para determinar compreensões de
palavras e frases comumente usadas em instruções de cuidados de saúde
Propósitos para questões Exemplos de questões (diferentes tipos de instruções)
Testar palavras individuais 1 A palavra tem diferentes significados para pessoas
diferentes vieses
Obter um exemplo para determinar compreensão
do contexto da palavra
2 O que o panfleto quer dizer quando diz para comer uma
alimentação balanceada? O que você comerá no almoço
para ter alimentação balanceada?
Distinguir detalhes chaves 3 O que estes números da pressão arterial dizem para
você?
Perguntar para obter informações
comportamentais quando testar uma lista de sinais
e sintomas
4. Quais os tipos de coisas que podem estar erradas com
o bebê para levá-lo ao médico?
Fonte: Doak, Doak e Root (1996).
Além da elaboração de boas questões, é necessário treinar os entrevistadores, pois
é importante ajudá-los a fazer a diferença entre verificação de aprendizagem e revisão de
material e sessão de instrução. O propósito é obter retorno de como as pessoas compreendem
a informação apresentada (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
No passo 1 deve ser considerado, ainda, o plano amostral. Para distribuição
nacional, o material deve usar 30-50 sujeitos. Para uso local, 10 pessoas podem ser suficientes.
Selecionar também os locais onde pode ser encontrada (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
Passo 2: entrevistas com respondentes (pacientes) – durante muitas verificações de
aprendizagem e revisões de materiais, eles são solicitados a segurarem o material, consultá-lo
durante toda a entrevista e seguir a ordem de perguntas do questionário. O entrevistador deve
registrar as respostas e não interromper os respondentes. Se o respondente está cansado ou quer
parar, tudo bem. Marque a entrevista como incompleta e vá para a próxima pessoa.
Tipicamente, a entrevista dura 15-20 minutos (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
66
Durante a entrevista, não se esqueça de esclarecer que não existe resposta certa ou
errada; de não influenciar a resposta da pessoa; quebrar as sentenças, sobretudo para pessoas
com baixo letramento; de reforçar gentilmente para voltar à atenção para o teste do material;
introduzir a entrevista com perguntas do tipo você pode me ajudar?; preparar o cenário,
criando um ambiente de cooperação e parceria e testar na mesma língua usada na instrução.
O passo 3: avaliar e rever respostas – nesse passo é feita a tabulação das respostas
das questões e a procura de respostas diferentes das que você esperava. A revisão deve ser
feita de acordo com a natureza dos pontos de conflito e do número de pacientes que dão
respostas incorretas. O reteste para ter certeza de que algumas revisões têm de fato corrigido
pontos de conflitos e não introduzido novos (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
Frequentemente, várias pessoas ou um comitê são envolvidos no desenho ou no
processo de aprovação dos materiais. Nesse caso, deixar o leitor verificar e revisar os dados
que servem para sua verificação. Muitos profissionais de saúde não compreendem os tipos de
mudanças necessárias para pessoas com baixo letramento. Portanto, quando você apresentar
os desenhos com os resultados dos seus testes, as informações falam por si mesmas (DOAK;
DOAK; ROOT, 1996).
Ante tal exposição, é importante, considerar os aspectos aqui elencados ao
construir um material para educação em saúde. Assim foi feito no presente trabalho.
Com isso, fechamos a exposição do capítulo da revisão de literatura e a seguir
descreve-se o método adotado para construção desta tese de doutorado.
67
4 MÉTODO
4.1 TIPO DE ESTUDO
O estudo foi realizado em duas fases: na primeira foi feito um estudo
metodológico para a construção e validação de um álbum seriado para promoção da qualidade
de vida e adesão ao tratamento de pessoas com hipertensão. A segunda fase consistiu da
validação clínica da tecnologia criada, com um estudo de intervenção.
Segundo Polit e Beck (2011), estudo metodológico é aquele que investiga,
organiza e analisa dados para construir, validar e avaliar instrumentos e técnicas de pesquisa,
centrada no desenvolvimento de ferramentas específicas de coleta de dados com vistas a
melhorar a confiabilidade e validade desses instrumentos.
Estudos quase experimentais são estudos controlados, nos quais a exposição foi
designada pelo pesquisador sem o uso da randomização, ou seja, os sujeitos não são distribuídos
aleatoriamente nos grupos intervenção e controle (ROTHMAN; GREENLARD; LASH, 2011).
Há vários modelos de estudos quase experimentais, entre eles tem-se o modelo de
séries temporais, em que não existem dois grupos, somente o grupo intervenção. Nesse caso,
o modelo antes e depois com um grupo é implementado. A coleta de dados é feita ao longo de
um período de tempo estendido e a introdução da intervenção durante esse período (POLIT;
BECK, 2011).
A seguir comentar-se-á as fases do estudo.
Figura 10 – Fases do estudo
Fonte: autoria própria.
Estudo metodológico
Foi realizada busca
na literatura
científica sobre a
temática; definidos
os conceitos e
cuidados para o
manejo da
Hipertensão. Elaboração do
álbum seriado
Pré-teste ou
teste do álbum
seriado
Validação
interna
Quase-
experimento
Validação
externa
68
4.2 PRIMEIRA FASE: ESTUDO METODOLÓGICO
Nessa fase foi realizada a construção de um álbum seriado que trabalhou a
qualidade de vida e adesão ao tratamento de pessoas com hipertensão. No desenvolvimento
do álbum utilizamos a metodologia proposta por Echer (2005),1 que descreve as etapas para
construção de manuais para o cuidado em saúde, adaptada na terceira etapa, denominada em
nossa pesquisa de pré-teste e quarta etapa chamada de validação interna.
4.2.1 1ª Etapa – busca na literatura científica: fundamentação para construção do objeto de estudo
Nessa etapa foi realizada a busca na literatura científica sobre a temática abordada
com os pacientes. Foram definidos os conceitos e cuidados para o manejo da situação de
saúde, no caso a hipertensão arterial. Ainda nessa etapa, foram utilizadas estratégias e
recomendações de Doak, Doak e Root (1996), que ensinam como elaborar materiais de
cuidados de saúde para pessoas com baixa escolaridade (4-5 anos de estudo).
A elaboração do álbum considerou elementos importantes para compreensão do
material educativo pelos participantes, dentre eles: linguagem acessível, uso de figuras,
sequência lógica das figuras e informações, tamanho dos títulos e das ilustrações, cores e
formas das ilustrações e sua aproximação com o cotidiano das pessoas que vivem com
hipertensão, possibilidade de uso do material em consultas individuais e atividades coletivas e
maior aproximação entre usuários e profissionais de saúde.
O conhecimento científico sobre a temática da hipertensão, qualidade de vida e
adesão ao tratamento anti-hipertensivo nas pessoas com a enfermidade foi de fundamental
importância para elaboração de um material educativo que proporcionasse aos profissionais e às
pessoas com hipertensão a troca de conhecimentos e experiências sobre o assunto abordado.
Para elaboração do álbum, foi realizada revisão sistemática já descrita na revisão
de literatura sobre qualidade de vida e adesão ao tratamento da hipertensão e utilizada as VI
Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (SOCIEDADE BRASILEIRA DE
CARDIOLOGIA. SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO. SOCIEDADE
BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010) e os Cadernos nº 35 e nº 37 do Ministério de Saúde
Brasileiro (BRASIL, 2013b, 2014) adotados na atenção básica. A experiência com a temática
e a vivência prática favoreceu a elaboração do material educativo. A colaboração de pessoas
1 A metodologia proposta por Echer para elaboração de manuais para o cuidado em saúde contempla quatro etapas distintas, a saber: 1ª
Elaboração do projeto de desenvolvimento do manual com base na literatura científica; 2ª Elaboração do manual de orientação para o
cuidado em saúde; 3ª Qualificação do manual com participação de profissionais de saúde, pacientes e familiares e 4ª Validação por
profissionais de saúde com a realização de correções e alterações.
69
com conhecimentos e experiência prática na temática da hipertensão e adesão ao tratamento
foi fundamental na validação do álbum seriado.
4.2.2 2ª Etapa – elaboração do álbum seriado
Nessa etapa ocorreu a transformação da linguagem científica, tornando-a
adequada a todas as pessoas, independente do grau de instrução. Selecionamos as informações
mais importantes, pois o material deveria ser claro, objetivo, atrativo, fornecer orientação
significativa sobre o tema e atender às necessidades específicas de determinada enfermidade
ou situação de saúde (ECHER, 2005).
O álbum seriado é um recurso visual constituído por páginas em sequência lógica,
que possibilita o desenvolvimento de uma só mensagem em forma progressiva e lógica. É
utilizado para auxiliar em aulas, palestras, demonstrações, oficinas, dentre outros. O álbum
seriado pode conter desenhos, fotografias, mapas, gráficos, organogramas, cartazes, letreiros
ou qualquer material útil na exposição de um tema (MELLO, 2004).
O recurso visual se compõe de ilustração e texto. As primeiras devem ser simples,
atraentes, visíveis e retratar a realidade das pessoas. Podem ser retiradas de livros, revistas ou
desenhadas. Já o segundo deve ter um vocabulário simples, acessível ao público-alvo,
contendo informações simples e os pontos-chave do assunto abordado (MELLO, 2004).
4.2.3 3ª Etapa – pré-teste do álbum seriado (qualificação)
Nessa etapa fizemos um pré-teste com 19 pessoas com hipertensão, atendidas em
uma das Unidades de Atenção Primária à Saúde selecionada para o estudo. Assim, antes de
ser aplicado na intervenção, o álbum seriado foi previamente testado com essas pessoas a fim
de saber a opinião quanto ao tipo de estratégia, clareza e compreensão das figuras e do
conteúdo. O pré-teste ajudou nas modificações e nos ajustes necessários do álbum seriado.
O pré-teste foi realizado em uma das unidades de saúde que fez parte dos locais de
coleta. A enfermeira da unidade convidou, previamente, as pessoas com hipertensão a
participar de uma atividade educativa utilizando um álbum seriado sobre hipertensão arterial.
Antes da realização da atividade, foram fornecidas explicações sobre o estudo, seu objetivo e
finalidade aos participantes. Após a finalização da atividade educativa foi solicitado o
preenchimento de um instrumento de pré-teste sobre a compreensão da linguagem do
conteúdo e das figuras.
70
4.2.4 4ª Etapa – validação interna
Na validação interna do álbum seriado, utilizamos a validação de conteúdo e a
validação de aparência.
A validade, de maneira geral, refere-se ao grau em que um instrumento mede
realmente a variável que pretende mensurar. Entre os tipos de validade, destaca-se a de
conteúdo que indica em que medida o instrumento possui uma amostra apropriada de itens
para medir o constructo específico e cobrir adequadamente seu domínio (POLIT; BECK,
2011; SAMPIERI; CALLADO; LÚCIO, 2013).
Revisão integrativa realizada por Alexandre e Coluci (2011) descreveu que a
validade de conteúdo é um processo de julgamento que envolve duas etapas. A primeira, diz
respeito ao desenvolvimento do instrumento e a segunda, está relacionada à validação desse
por meio de análise por comitê de especialistas. Na validação por especialistas, as autoras
chamam atenção, ainda, para o número e a qualificação desses, explicitando que alguns
estudos recomendam de cinco a dez especialistas (LYNN, 1986), enquanto outros mencionam
de seis a vinte (HAYNES; RICHARD; KUBBANY, 1995).
4.3 Critérios para inclusão e exclusão dos especialistas
Os critérios para escolha dos especialistas devem considerar a experiência e a
qualificação dos membros do comitê. Para seleção dos especialistas foi desenvolvida uma
adaptação do sistema de pontuação de Fehring (1994), utilizado para seleção de enfermeiros
para validação de diagnósticos de enfermagem.
Todos os especialistas receberam pontuação de no mínimo cinco pontos
considerando o preconizado por Fehring (1994).
Quadro 19 – Adaptação do sistema de pontuação de especialistas do modelo de
validação de conteúdo de Fehring por Borges (2012). Fortaleza-Ceará-Brasil, 2015
(continua)
Critérios Fehring (1994) Pontos Critérios adaptados Pontos
Adaptados
Mestre em enfermagem 4 Mestre (critério obrigatório) 0
Mestre em enfermagem - dissertação com
conteúdo relevante dentro da área clínica.
1 Mestre com dissertação sobre HAS, adesão ao tratamento
e/ou qualidade de vida em pessoas com HAS.
2
Pesquisa (com publicação) na área de
diagnósticos.
2 Pesquisa (com publicação) em qualidade de vida e/ou
adesão ao tratamento na HAS.
2
Artigo publicado na área de diagnósticos em
um periódico de referência.
2 Artigo publicado na área de HAS, qualidade de vida e/ou
adesão ao tratamento da HAS.
3
Doutorado em Enfermagem sobre
diagnósticos.
2 Doutor com Tese sobre HAS. 3
71
Quadro 19 – Adaptação do sistema de pontuação de especialistas do modelo de
validação de conteúdo de Fehring por Borges (2012). Fortaleza-Ceará-Brasil, 2015
(conclusão)
Critérios Fehring (1994) Pontos Critérios adaptados Pontos
Adaptados
Prática clínica de, pelo menos, um ano de
duração na área de enfermagem em clínica
médica.
1 Prática clínica de, pelo menos, um ano junto a pessoas
com HAS.
3
Certificado na área de clínica médica com
comprovada prática.
2 Certificado de especialização na área de HAS, Clínica
Médica ou Saúde da Família.
1
Pontuação Máxima 14 Pontuação Máxima 14
Fonte: adaptado pela autora de Borges (2012).
Para realização da validação foram entregues aos 15 especialistas: 1) carta convite
explicando as atividades realizadas pelos especialistas; 2) instruções para avaliação dos
especialistas explicando o objetivo e o interesse pelo estudo, origem do material e importância
da validação do álbum seriado para aplicação no contexto da prática; 3) questionário de
caracterização dos especialistas; 4) dois instrumentos do tipo check-list, contendo os itens
para validação de conteúdo e aparência, acrescido de explicações para seu preenchimento,
espaço para inserir observações, correções e sugestões 5) álbum seriado na versão eletrônica e
6) termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE).
Os especialistas analisaram o álbum pela validação de conteúdo das fichas-roteiro
em relação aos aspectos relacionados às finalidades, apropriação ao público-alvo, clareza e
objetividade das informações, utilização no meio científico, associação ao tema proposto e
grau de concordância das fichas-roteiro do álbum com as seguintes opções de respostas:
1=Discordo totalmente, 2=Discordo, 3=Não concordo nem discordo, 4=Concordo e
5=Concordo totalmente.
Na validação de aparência, os especialistas analisaram o instrumento pelas
características das figuras, ou seja, aspectos relacionados às cores utilizadas, formas, relevância
para compreensão das informações, associação com o cotidiano dos hipertensos, quantidade e
tamanho das imagens, e harmonização com o texto que favoreceu a exposição da temática.
Segundo Abbagnano (1998), a aparência demonstra a realidade dos objetos como
se apresentam às pessoas que irão realizar o julgamento. No entanto, está relacionada ao que
se revela como essência dos objetos. Assim, procuram-se os sentidos existentes na
experiência manifestada em como o indivíduo expressa suas sensações em relação ao objeto
por meio da fala, comportamentos e atitudes.
72
Impressão
Validação de aparência Validação de conteúdo
Versão Final do Álbum Seriado
Ajustes
Referencial teórico sobre
adesão ao tratamento e
qualidade de vida em HAS. Designer
gráfico
1ª Versão
Uma definição de validação de aparência criada pela autora neste estudo traz
aparência como o resgate daquilo que está não na superficialidade do objeto, porém encontra-
se manifestado na essência do que se pretende mensurar dele, como as características das
figuras que devem relacionar-se ao conteúdo das informações.
Figura 11 – Representação gráfica da elaboração e validação do álbum seriado
Elaboração do álbum seriado
Validação do Álbum seriado por Juízes
Fonte: Adaptação do esquema de Dodt (2011).
Para validação do álbum seriado por especialistas, utilizou-se o Índice de
Validade de Conteúdo (IVC), que, segundo Alexandre e Coluci (2011), mede a proporção de
juízes em concordância sobre determinados aspectos do instrumento e de seus itens. Permite
analisar cada item separadamente e depois o instrumento como um todo. Uma escala tipo
Likert foi utilizada para avaliar a concordância e a representatividade dos itens e as respostas
incluíram cinco opções: 1=Discordo totalmente, 2=Discordo, 3=Não concordo nem discordo,
73
4=Concordo e 5=Concordo totalmente. O escore do índice foi calculado por meio das somas
de concordância dos itens marcados em 4 ou 5 pelos especialistas. Os itens que tiveram
pontuação 1, 2 ou 3 foram eliminados pelo fato de ter validade de conteúdo inferior a 0,78 por
três ou mais experts. O restante dos itens acima de 0,78 permaneceram, por serem
considerados com boa validade de conteúdo (POLIT; BECK; OWEN, 2007).
Fórmula para o cálculo do IVC: IVC = Número de respostas 4 ou 5
Número total de respostas
Na validação de aparência utilizou-se a mesma fórmula para realizar o cálculo da
validação de conteúdo já que ainda não existe uma fórmula para validação de aparência.
Também foi utilizada uma escala tipo likert para avaliar a concordância e a representatividade
dos itens e considerou-se apenas os itens marcados em 4 ou 5 pelos especialistas para entrar
no cálculo do índice de aparência.
4.3 SEGUNDA FASE: ESTUDO QUASE EXPERIMENTAL
Na segunda fase do estudo foi realizada a validação externa da tecnologia criada,
a qual se deu pela validação clínica, com aplicação do álbum seriado aos participantes, com a
finalidade de testar sua eficácia no aumento da qualidade de vida e adesão ao tratamento das
pessoas com hipertensão.
Tratou-se de um estudo realizado com pessoas com hipertensão cadastradas nas
Unidades de Atenção Primária à Saúde antes e depois da intervenção com álbum seriado.
Utilizamos o modelo de séries temporais, onde foi realizada a aplicação de um álbum seriado
para hipertensos em três momentos diferentes para o mesmo grupo de pacientes durante 60 a
90 minutos. No primeiro momento, foram realizadas a apresentação da equipe, lido o termo
de consentimento livre e esclarecido e oferecida explicações sobre a intervenção educativa,
preenchimento dos questionários, verificadas medidas antropométricas e clínicas e realizada a
a ação educativa com o ábum seriado. No segundo momento, foram verificadas medidas
antropométricas e clínicas e realizada a intervenção educativa e no terceiro e último momento
foram preenchidos os dois questionários, verificadas medidas de peso, circunferência
abdominal, pressão arterial e glicemia e feita a ação educativa com o álbum seriado. O
intervalo de tempo para aplicação do álbum seriado foi em média de vinte e cinco dias entre
74
uma aplicação e outra. Aplicamos os questionários (ANEXOS C e D) antes da primeira
intervenção e na fase final da coleta, ou seja, no último mês de aplicação do álbum.
Esta fase do estudo foi realizada em seis postos de saúde pertencentes à Secretaria
de Saúde do município de Fortaleza das regionais SER III, IV, V e VI. Os locais de pesquisa
foram: Unidade de Atenção Primária à Saúde (UAPS) de Messejana; UAPS Oliveira Pombo;
UAPS João Hipólito; UAPS Edmar Fujita; UAPS Pedro Celestino Romero e UAPS Anastácio
Magalhães considerada sua distribuição territorial no município.
Figura 12 – Mapa das regionais de Fortaleza
Fonte: Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (2007).
A amostra foi dimensionada para proporcionar um poder de 90% para demonstrar
o benefício do álbum seriado, ao nível de significância de 5%, considerando-se a melhoria da
qualidade de vida de pacientes hipertensos, avaliada pelo questionário MINICHAL, uma
medida da efetividade do álbum, definida como desfecho primário. Para tanto, estabeleceu-se
que uma diferença de 2,5 pontos no valor do escore total do MINICHAL medido antes (basal)
e 50 dias após a aplicação do álbum deveria ser detectada, ou seja, a utilização do álbum
75
seriado reduziria o escore total do MINICHAL em pelo menos 2,5 pontos, considerando um
desvio padrão de 5,7 pontos, conforme estudo prévio (SILVA et al., 2015). O tamanho da
amostra foi, então, calculado conforme a seguinte expressão:
Onde δ e σ são iguais à média e ao desvio padrão, respectivamente, da diferença
entre o escore total do MINICHAL verificado antes e após a aplicação do álbum e zα e z1-β
correspondem ao valor da variável normal padronizada (z) associada, respectivamente, ao
nível de significância (5%; z=1,96) e ao poder do estudo (90%; z=1,28) adotados. Assim, para
que os requisitos anteriormente descritos sejam satisfeitos, o tamanho da amostra foi
calculado em 116 sujeitos.
Os critérios de inclusão foram pessoas com diagnóstico de hipertensão arterial,
acima de 18 anos e atendidas nas Unidades de Atenção Primária à Saúde (UAPS) no período
da coleta de dados.
Foram utilizados dois questionários para coleta de dados: 1) Miniquestionário de
qualidade de vida em hipertensão arterial (MINICHAL – BRASIL) – Anexo 3 já validado e
testado no Brasil (SCHULZ, R. B. et al., 2008); 2) O instrumento de adesão ao tratamento da
hipertensão de Rodrigues (2012) – QATHAS – Anexo D. Os dois questionários foram
aplicados antes e depois da intervenção com o álbum seriado para pacientes hipertensos, sendo
que o instrumento QATHAS foi aplicado somente no primeiro e terceiro momentos da coleta
para avaliar a adesão antes e depois da intervenção completa realizada com o álbum seriado.
O MINICHAL é um questionário específico para avaliar a qualidade de vida de
pessoas com hipertensão que possui 17 questões e dois domínios (físico e mental). O domínio
mental compreende as questões de 1 a 9 do questionário. Já o domínio físico, compreende as
questões de 10 a 16. Cada questão tem quatro opções de resposta. Os escores para cada
domínio são obtidos pela soma dos escores dos itens dentro de cada domínio e a média dos
escores varia de 0 a 27 para o domínio mental e 0 a 21 para o domínio físico (SCHULZ, R. B.
et al., 2008; SILVA et al., 2015). É importante afirmar que quanto mais próximo de zero for a
pontuação dos escores do MINICHAL melhor a qualidade de vida. O item 17 não é pontuado,
por isso não entra na soma dos escores.
O QATHAS é um questionário desenvolvido por Rodrigues (2012) em sua tese de
doutorado intitulada: “Adesão ao tratamento da hipertensão arterial sistêmica:
desenvolvimento de um instrumento avaliativo com base na Teoria da Resposta ao Item
2
21
2 )zz(2n
76
(TRI)” e é composto de 12 questões. Avalia a adesão ao tratamento dos indivíduos com
hipertensão, fornecendo, ao final, um coeficiente de adesão localizado em um dos seis níveis
de sua escala. O QATHAS está dividido em seis níveis, a saber: 60, 70, 80, 90, 100 e 110 que
descreve a adesão ao tratamento. No QATHAS quanto maior for o nível da escala e seu
coeficiente maior a adesão ao tratamento.
Na segunda fase foi realizada a construção do banco de dados e os registros foram
processados pelo programa estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS)
versão 20.0. Foram calculadas as medidas estatísticas médias e desvio padrão. Os dados
foram apresentados em tabelas distribuídos em frequências absolutas e relativas. A realização
do teste de normalidade pelo Kolmogorovy-Smirnov (KS) indicou a utilização do Teste para
dados paramétricos t de Student. Para o cálculo da qualidade de vida e de adesão ao
tratamento antes e após aplicação do álbum seriado foi utilizado, então, o Teste t de Student
para dados emparelhados.
Os sujeitos que participaram da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE) após o esclarecimento da pesquisa, sendo assegurado o direito à
privacidade, sigilo e acesso aos dados. O TCLE foi elaborado em linguagem acessível e
segundo as Normas de Pesquisa em Saúde do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 2013a).
Assim, foram asseguradas a confidencialidade e a privacidade, a proteção da
imagem e a não estigmatização, garantindo a não utilização das informações em prejuízo das
pessoas e/ou das comunidades, inclusive em termos de autoestima, de prestígio e/ou
econômico-financeiro, conforme recomendações da Resolução nº 466 de 2012 do Conselho
Nacional de Saúde (BRASIL, 2013a).
Esse estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Estadual do Ceará, sendo aprovado no Parecer número 723.860.
O pré-teste realizado com pessoas com hipertensão arterial e validação do álbum
seriado por juízes especialistas, bem como a validação clínica da tecnologia aplicada a
pessoas com a enfermidade foi realizada somente após aprovação pelo Comitê de Ética.
77
5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Inicialmente, apresentaremos a construção e a validação de conteúdo e aparência
da tecnologia educacional do álbum seriado Hipertensão Arterial: promoção da qualidade
de vida e adesão ao tratamento. Em seguida, serão apresentados os resultados referentes à
validação clínica, com apresentação dos dados sociodemográficos, clínicos e a análise das
variáveis de desfecho da pesquisa.
5.1 CONSTRUÇÃO DO ÁLBUM SERIADO
A construção do álbum seriado surgiu da necessidade de elaborar uma tecnologia
educacional que fosse utilizada como recurso didático em atividades educativas para pessoas
com hipertensão arterial nas unidades de saúde públicas de Fortaleza.
Como mencionado, o álbum seriado foi construído com base nas VI Diretrizes
Brasileiras de Hipertensão Arterial, no Caderno nº 37 de Atenção Básica (estratégia para o
cuidado de pessoa com doença crônica – hipertensão arterial), no caderno nº 35 de Atenção
Básica (estratégia para o cuidado da pessoa com doença crônica), na revisão sistemática sobre
qualidade de vida e adesão ao tratamento conforme exposto na revisão de literatura e na
experiência da autora. A construção do álbum foi fundamentada metodologicamente no livro
Ensinando pacientes com baixo letramento (DOAK; DOAK; ROOT, 1996), que traz
diretrizes e recomendações para elaboração de materiais de cuidados em saúde para pessoas
com 4 a 5 anos de estudo.
Após as leituras do referencial teórico sobre HAS, adesão ao tratamento e
qualidade de vida, foi iniciada a escrita das informações a serem discutidas nas fichas-roteiro.
Com base no conteúdo das informações das fichas-roteiro, foram pensadas as figuras que
representassem cada ficha-roteiro e os títulos das figuras e fichas-roteiro. Os títulos foram
construídos com frases interrogativas como forma de possibilitar maior abertura para
discussões. As figuras foram inicialmente descritas por meios das ações dos personagens do
álbum seriado. Essas ações representam o cotidiano das pessoas com hipertensão e suas
vivências no contexto das unidades de saúde, da vida familiar e da comunidade.
Depois de descritas as figuras e escritas as informações das fichas-roteiro,
contratou-se um profissional técnico para elaborar os desenhos gráficos, utilizando o Corel
Draw para edição das figuras do álbum. Houve vários encontros com o design, o que permitiu
78
a organização do material por meio de uma sequência lógica das figuras do álbum de forma
que pudessem retratar o cotidiano das pessoas com hipertensão.
Outros estudos também reportam o auxílio de um desenhista na elaboração de
materiais educativos como álbuns seriados e cartilhas (DODT, 2011; RODRIGUES, 2014).
O álbum seriado possui dimensões de 20 cm de largura e 32 cm de altura. Em
cada folha tem uma figura (verso, exposto as pessoas com hipertensão) e ficha-roteiro
(anteverso, voltada para o profissional), de modo a constituir material educativo a ser
utilizado nas atividades educativas nas unidades de saúde (DODT, 2011). Além das 11 figuras
e das 11 fichas-roteiro, o presente álbum seriado possui uma capa, que faz a apresentação do
conteúdo às pessoas com hipertensão e indica o assunto a ser discutido na atividade educativa.
A capa do álbum, as figuras e os conteúdos das fichas-roteiro foram validadas por
especialistas da área temática por meio da validação de conteúdo e aparência, bem como
foram submetidas à avaliação pelos usuários com a enfermidade por meio de pré-teste.
5.2 PRÉ-TESTE DO ÁLBUM SERIADO
Após elaboração do álbum, passou-se para etapa de pré-teste com as pessoas com
hipertensão. Nesse pré-teste, utilizamos um instrumento (SOUSA, 2011) semelhante ao de
validação de conteúdo utilizado pelos especialistas, sendo adaptado nas respostas dadas aos
itens (1 Discordo totalmente= não ajudou em nada; 2 Discordo= não ajudou; 3 Não concordo
nem discordo= não ajudou, mas não fez desaprender; 4 Concordo= ajudou; 5 Concordo
totalmente= ajudou muito), pois pensamos assim ficar mais clara cada opção para a população
(ANEXO A).
Tabela 1 – Pré-teste do álbum seriado realizado com as pessoas com hipertensão.
Fortaleza-Ceará-Brasil, 2015
(continua)
Itens IVC
1 Objetivos %
1.1 Atende aos objetivos das pessoas com hipertensão 1,00
1.2 Ajuda na aquisição e na troca de conhecimento entre o profissional de saúde e pessoas com
hipertensão
1,00
1.3 Está adequado para ser usado por qualquer profissional que trabalhe com pessoas com hipertensão 1,00
2 Organização
2.1 A capa está atraente, indica o conteúdo do material 0,94
2.2 O tamanho do título da capa e dos subtítulos dentro do material estão adequados 0,94
2.3 Os tópicos seguem uma ordem 1,00
2.4 Há coerência entre as informações da capa e a apresentação 1,00
79
Tabela 1 – Pré-teste do álbum seriado realizado com as pessoas com hipertensão.
Fortaleza-Ceará-Brasil, 2015
(conclusão)
Itens IVC
2 Organização
2.5 O material (papel, impressão) está adequado 1,00
2.6 O número de páginas está adequado 0,94
2.7 Os temas retratam aspectos chaves importantes 0,88
3 Estilo de escrita
3.1 A escrita está em um estilo adequado à pessoa com hipertensão
3.2 O texto é vívido e interessante
3.3 O vocabulário é acessível
3.4 Há associação do tema de cada sessão com o texto correspondente
3.5 O texto está claro
3.6 O estilo da redação corresponde ao nível de conhecimento do público-alvo.
0,94
1,00
0,94
1,00
0,94
1,00
4 Aparência
4.1 As páginas ou sessões parecem organizadas
4.2 As figuras são simples
4.3 As figuras servem para complementar os textos
4.4 As figuras são expressivas e suficientes
1,00
1,00
1,00
1,00
5 Motivação
5.1 O material está apropriado para idade, sexo e cultura
5.2 O material apresenta lógica
5.3 A interação é convidada pelo texto e sugere ações
5.4 Aborda assuntos necessários à pessoa com hipertensão
5.5 Promove mudança de comportamento e atitude
5.6 O material propõe à pessoa com hipertensão para realizar o autocuidado
1,00
1,00
1,00
1,00
1,00
1,00
Fonte: autoria própria.
O pré-teste foi realizado com 19 pessoas da população de hipertensos atendidos
em uma das unidades de saúde onde foi realizada a pesquisa. Os pacientes foram convidados
pela enfermeira da unidade de saúde para participar de uma atividade educativa com o álbum
seriado para pessoas com hipertensão. Ao todo foram 23 pacientes, porém foi solicitado que
ficassem na atividade aqueles com hipertensão. Dessa forma, quatro deles não participaram
do pré-teste, pois tinham apenas diabetes.
Inicialmente, foi explicado o objetivo da atividade educativa e solicitado às
pessoas que permanecessem na atividade até o final. A atividade educativa teve duração de
duas horas, com explanação de todas as 10 figuras e 10 fichas-roteiro do álbum. Ao término
da atividade, foi entregue o instrumento para aqueles que sabiam ler e escrever, e tinham
condições para fazê-lo. Colocamos na parede um cartaz com os itens adaptados e solicitamos
que respondessem às perguntas conforme o que achavam do material educativo. Para os
pacientes que não podiam ler, mas queriam contribuir, uma profissional envolvida na pesquisa
fazia a pergunta e marcava a resposta fornecida pelo paciente.
80
O material educativo foi considerado pelos pacientes de muita relevância e a
pontuação global foi de 0,98. As sugestões foram na troca da cor da camisa do personagem
obeso e no tamanho da fonte dos títulos que mencionaram estar pequena. Apenas uma
paciente solicitou a inserção da informação sobre o papel do nervosismo e da ansiedade na
hipertensão, que reforçamos na Figura 09 e ficha-roteiro 09, que fala sobre maneiras para
reduzir ou aliviar o estresse. Menos da metade (42%) deles nada relataram sobre a
necessidade de modificação das figuras, 21% falaram da atividade educativa em si,
mencionando que agora farão o que foi explanado para melhorar sua saúde e que gostaram da
atividade educativa e 26,3% mencionaram não precisar de modificação nas figuras.
5.3 VALIDAÇÃO INTERNA DO ÁLBUM SERIADO
A validação interna foi realizada pelos 15 especialistas por meio de dois
instrumentos (ANEXO B e APÊNDICE F), um de conteúdo e outro de aparência, enviado por
e-mail juntamente com a versão eletrônica do álbum seriado. Apenas um juiz respondeu
utilizando a versão impressa do álbum.
Sobre sua caracterização, os especialistas que participaram deste estudo atingiram
pontuação mínima de cinco pontos, conforme os critérios de inclusão estabelecidos.
Foram realizados contatos com 36 especialistas por meio de cartas convites.
Obtivemos 21 retornos afirmativos para participação na validação do álbum, mas apenas 15
especialistas retornaram os três instrumentos respondidos. Foi disponibilizado um tempo de
30 dias para retorno dos instrumentos. Não sendo suficiente, foram disponibilizados mais 30
dias, totalizando 60 dias para o retorno definitivo dos instrumentos. Problema semelhante foi
observado no estudo de Borges (2012), que quadruplicou o tempo de retorno dos instrumentos
de validação.
É possível afirmar que a reduzida quantidade de instrumentos retornados, assim
como o tempo de retorno se deveu à vida atarefada desses especialistas, bem como pela falta
de incentivo financeiro para tal atividade, além da ausência de reconhecimento desse tipo de
atividade, como ação profissional em seus locais de trabalho, o que é imprescindível para
pesquisa, haja vista número crescente de estudos dessa estirpe nos últimos anos.
Vejamos as características pessoais e acadêmicas dos quinze especialistas nas
Tabelas 2 e 3.
81
Tabela 2 – Caracterização dos especialistas. Fortaleza-Ceará-Brasil, 2015
Variáveis (N=15) fi Fr
Sexo
Feminino 13 86,7
Masculino 2 13,3
Idade
<30 2 13,3
30 a 35 6 40,0
36 a 40 3 20,0
41 a 45 1 6,7
46 a 59 1 6,7
> 60 2 13,3
Regiões e cidades em que residem
NE
CE Fortaleza 6 40,0
Crato 2 13,3
PI
Teresina 1 6,7
Picos 2 13,3
Floriano 1 6,7
SUL PR Maringá 1 6,7
SE SP São Paulo 1 6,7
Ribeirão Preto 1 6,7
Graduação
Enfermagem 14 93,3
Farmácia 1 6,7
Tempo de formado (em anos)
De 1 a 10 4 26,7
De 11 a 20 anos 8 53,3
> 21 3 20,0
Maior titulação
Mestrado 7 46,7
Doutorado 8 53,3
Fonte: autoria própria.
A quase totalidade (86,6%) dos especialistas era do sexo feminino. Outros
estudos, como o de Oliveira (2006), que realizaram validação de manual educativo
direcionado à promoção de autocuidado de mulheres mastectomizadas e de Rodrigues (2014),
que validou álbum seriado sobre identificação de sinais de alerta em crianças menores de dois
meses relataram percentual de 85% de seus especialistas serem de pessoas do sexo feminino.
Quanto à idade, mais da metade (60%) dos especialistas tinham idade entre 30 e
40 anos, demonstrando elevado percentual de jovens entre os especialistas. Isso mostra que as
pessoas estão se inserindo em cursos de pós-graduação praticamente recém-formados ou com
poucos anos de graduação, o que demonstra o envolvimento desses profissionais na avaliação
e qualificação de instrumentos e tecnologias em saúde cada vez mais cedo.
82
Sobre as regiões e estados do país em que residiam os especialistas, podemos
observar que tivemos especialistas de três regiões brasileiras (Nordeste, Sul e Sudeste), de
quatro estados (Ceará, Piauí, São Paulo e Paraná) e de oito cidades do país. Observa-se,
portanto, que o álbum seriado foi validado por pessoas de diferentes locais, com culturas e
costumes diferenciados.
No que diz respeito à área de graduação, quase a totalidade (93,3%) dos
especialistas têm graduação em enfermagem e apenas um profissional possui graduação em
farmácia. Quanto ao tempo de formado, houve média de 16,33 anos, com mínimo de quatro e
máximo de 40 anos de formado. Mais da metade (53,3%) tinha de onze a vinte anos de
formado, 26,7% de um a dez anos de formado e três possuíam mais de 21 anos.
No tocante a maior titulação, 53,3% possuía formação de doutor e 46,7% era mestre.
Achados semelhantes foram encontrados nos estudos de Dodt (2011) e Rodrigues (2014).
Tabela 3 – Perfil acadêmico dos especialistas em HAS. Fortaleza-Ceará-Brasil, 2015
Variável fi Fr
Doutor com tese em HAS
Sim 5 33,3
Mestre com dissertação na área de QV e/ou adesão ao tratamento da HAS
Sim 10 66,7
Especialização na área de HAS, Clínica médica e Saúde da Família
Sim 8 60,0
Pesquisa com publicação em QV e/ou adesão ao tratamento da HAS
Sim 14 93,3
Artigo publicados na área de QV e/ou adesão ao tratamento da HAS
Sim 12 80,0
Prática clínica de pelo menos um ano com pessoas com HAS
Sim 13 86,7
Fonte: autoria própria.
Em relação ao perfil dos especialistas, podemos observar na Tabela 3 que mais da
metade (66,7%) desses profissionais não trabalharam com a temática da hipertensão em suas
teses, no entanto esse fato não inviabilizou a avaliação da tecnologia educacional,
demonstrada em valiosas e relevantes sugestões para aperfeiçoamento do material educativo.
A qualidade de vida e adesão ao tratamento foram as temáticas das dissertações de
mestrado de 66,7% dos especialistas, demonstrando elevado conhecimento no assunto
abordado na tecnologia educacional, propiciando uma avaliação eficaz.
83
Mais da metade (60%) dos especialistas possuíam especializações nas áreas que
envolvem a temática discutida na tecnologia educacional, o que também denota que esses
profissionais têm conhecimentos que garantiram a validação do álbum seriado.
O envolvimento da quase totalidade (93,3%) dos especialistas em pesquisas e da
grande maioria (80%) em publicações sobre hipertensão arterial reflete um perfil acadêmico
engajado em investigações científicas da área temática, que foi de fundamental importância
para a validação da tecnologia educacional.
A vivência prática da maioria (86,6%) dos especialistas com pessoas com
hipertensão arterial constitui conhecimento teórico sobre a enfermidade e também o
conhecimento da clientela que vive com hipertensão. Foi digna de nota as referências dos
especialistas à elevada importância da construção e validação de materiais educativos
utilizados em ações educativas junto às pessoas com hipertensão, havendo necessidade de
aproximação do saber acadêmico com o saber popular nesta seara.
5.4 VALIDAÇÃO DE CONTEÚDO E APARÊNCIA DO ÁLBUM SERIADO
O instrumento utilizado para realizar a validação de conteúdo foi um instrumento
já validado por Sousa (2011), no qual foram realizadas pequenas adaptações dos itens para
enfocar a temática da hipertensão arterial.
Tabela 4 – Distribuição dos Índices de Validade de Conteúdo das figuras e fichas-
roteiro, de acordo com análise dos especialistas. Fortaleza-Ceará-Brasil, 2015
(continua)
Itens IVC
1 Objetivos %
1.1 Atende aos objetivos das pessoas com hipertensão 1,00
1.2 Ajuda na aquisição e troca de conhecimento entre o profissional de saúde e pessoas com hipertensão 1,00
1.3 Está adequado para ser usado por qualquer profissional que trabalhe com pessoas com hipertensão 0,80
2 Organização
2.1 A capa está atraente, indica o conteúdo do material 0,93
2.2 O tamanho do título da capa e dos subtítulos dentro do material estão adequados 0,86
2.3 Os tópicos seguem uma ordem 1,00
2.4 Há coerência entre as informações da capa e apresentação 0,86
2.5 O número de páginas está adequado 0,93
2.6 Os temas retratam aspectos chaves importantes 1,00
3 Estilo de escrita
3.1 A escrita está em um estilo adequado à pessoa com hipertensão 0,66
3.2 O texto é vívido e interessante 1,00
3.3 O vocabulário é acessível 0,86
3.4 Há associação do tema de cada sessão com o texto correspondente 1,00
84
Tabela 4 – Distribuição dos Índices de Validade de Conteúdo das figuras e fichas-
roteiro, de acordo com análise dos especialistas. Fortaleza-Ceará-Brasil, 2015
(conclusão)
Itens IVC
3 Estilo de escrita
3.5 O texto está claro 0,86
3.6 O estilo da redação corresponde ao nível de conhecimento do público-alvo 0,73
4 Aparência
4.1 As páginas ou sessões parecem organizadas 1,00
4.2 As figuras são simples 0,93
4.3 As figuras servem para complementar os textos 0,93
4.4 As figuras são expressivas e suficientes 0,80
5 Motivação
5.1 O material está apropriado para idade, sexo e cultura 0,93
5.2 O material apresenta lógica 0,93
5.3 A interação é convidada pelo texto e sugere ações 0,86
5.4 Aborda assuntos necessários a pessoa com hipertensão 0,93
5.5 Promove mudança de comportamento e atitude 0,53
5.6 O material propõe a pessoa com hipertensão para realizar o autocuidado 0,80
Fonte: autoria própria.
Os itens da validação de conteúdo foram distribuídos em cinco categorias. O
álbum seriado recebeu pontuação global de 0,88 pelos especialistas e apresentou apenas três
itens com validação de conteúdo abaixo do que preconiza a literatura, ou seja, abaixo de
0,78% (POLIT; BECK, 2007).
As informações do álbum seriado foram divididas em três blocos principais, a
saber: Bloco 1 (Figuras 1, 2, 3, 4 e 5) faz uma abordagem geral da hipertensão arterial com o
conceito da enfermidade, fatores de risco, diagnóstico, classificação e doenças associadas;
Bloco 2 (Figuras 6, 7 e 8) descreve sobre o tratamento da doença, os tipos de tratamento,
consequências do tratamento inadequado, hipertensão secundária, importância do seguimento
do tratamento em acordo com o profissional de saúde e os efeitos adversos e interações
medicamentosas de outras drogas com medicamentos anti-hipertensivos; Bloco 3 incluiu
inicialmente as Figuras 9 e 10 traz esclarecimentos sobre a importância do viver bem mesmo
com a existência da doença e o papel da família no acompanhamento e tratamento da doença.
Após a validação pelos especialistas foi sugerido por dois deles acrescentar uma figura que
abordasse diretamente a qualidade de vida. Acatando a sugestão, foi elaborada a nova figura
com a respectiva ficha-roteiro (Figura 11 e Ficha-roteiro 11), que aborda sobre a importância
da adesão ao tratamento na qualidade de vida da pessoa com hipertensão.
85
Tabela 5 – Distribuição do Índice de Validade de Aparência das figuras de acordo com
análise dos especialistas. Fortaleza-Ceará, 2015
Itens IVC
Características das figuras %
2.1 As figuras estão apropriadas para o público-alvo 1,00
2.2 As figuras são claras e transmitem facilidade de compreensão 0,93
2.3 As figuras estão em quantidade e tamanhos adequados no álbum 1,00
2.4 As figuras utilizadas estão relacionadas com o texto do álbum e elucidam o conteúdo 1,00
2.5 As cores e formas das figuras estão adequadas para o tipo de material 1,00
2.6 As figuras retratam o cotidiano de pessoas com hipertensão 1,00
2.7 A disposição das figuras estão em harmonia com o texto 1,00
2.8 As figuras ajudam na exposição da temática e estão em uma sequência lógica 1,00
2.9 As figuras ajudam na mudança de comportamento e atitudes do público-alvo 0,86
2.10 As figuras são relevantes para compreensão do conteúdo 0,93
Fonte: autoria própria.
A validação de aparência recebeu pontuação global de 0,97 e a grande maioria dos
itens (7 itens) apresentou percentual de 100% (sete itens). O item que recebeu menor
pontuação foi o 2.9, que se refere à mudança de comportamento e atitudes das pessoas com
hipertensão, pois as figuras do álbum podem favorecer mudança de comportamento, mas não
realmente promover essa mudança.
As figuras são importantes no material educativo, pois além de facilitar a
compreensão das informações, tornam o material mais lúdico e acessível à grande maioria das
pessoas, principalmente para aquelas com baixa escolaridade (DOAK; DOAK; ROOT, 1996),
como no caso da clientela no nosso estudo.
Os recursos visuais por serem mais persuasivos, muitas vezes são o único recurso
utilizável nas ações de educação em saúde com pessoas com baixo letramento. Dessa forma,
as mensagens visualizadas por meio de figuras adequadas ao material são mais fáceis de
memorizar pela grande maioria das pessoas. Vejamos as figuras e fichas do álbum em tela. A
da esquerda representa a figura em seu formato inicial e a da direita sua versão final.
86
Figura 13 – Capa do álbum seriado
ANTES DEPOIS
Fonte: autoria própria.
Segundo os avaliadores, a capa do álbum seriado representa o perfil da pessoa
com hipertensão arterial. Nessa figura praticamente não houve sugestões de modificações,
apenas na frase promoção da qualidade de vida e cor da camisa do personagem obeso. A
figura de uma personagem idosa e negra, de um indivíduo obeso e de um jovem do sexo
masculino caracteriza esse perfil, embora a doença possa acometer mulheres jovens,
indivíduos magros e pessoas brancas.
Figura 14 – O que é hipertensão arterial?
Fonte: autoria própria.
87
A Figura 14 mostra o personagem principal na unidade de saúde. Nessa figura,
foram sugeridas algumas modificações como o vaso sanguíneo obstruído ao lado da
profissional de saúde que não estava muito claro, o rosto da profissional de saúde que
demonstrava pânico para um rosto apenas de preocupação e a retirada do fundo da figura que
atrapalhava a visualização.
A poluição da figura com informações ou elementos que as pessoas não
necessitam somente prejudica a visualização e compreensão dos pontos-chave da mensagem e
pode dificultar a função primordial do recurso visual que é o de informar de forma lúdica e
simples mensagens que são, muitas vezes, difíceis de serem trabalhadas nas ações de
educação em saúde.
Figura 15 – O que pode levar a pessoa a ter
Fonte: autoria própria.
Na Figura 15 ressaltam-se os fatores de risco da doença, enfatizando os
modificáveis com a introdução da mudança de estilo de vida. Os especialistas sugeriram que o
personagem central fosse desenhado sobre uma balança mostrando sua preocupação com o
excesso de peso. A sugestão foi acatada, pois a colocação da balança ficava mais claro para as
pessoas com hipertensão a relação entre a obsesidade e a hipertensão do que a medida do
abdomem com fita métrica. Também foi sugerida a inserção de outras bebidas alcóolicas.
88
Figura 16 – Como saber se sou hipertenso?
Fonte: autoria própria.
O diagnóstico da hipertensão é o ponto abordado na Figura 16 que mostra a
personagem no ambiente da unidade de saúde. A sugestão nessa figura foi abrir a mão da
personagem principal que estava fechada. Apesar de a figura ressaltar sobre a medida da
pressão arterial, ênfase maior foi dada ao diagnóstico da hipertensão arterial.
Figura 17 – Qual o valor normal da pressão arterial?
Fonte: autoria própria.
A Figura 17 mostra o personagem no consultório da unidade de saúde. As
modificações sugeridas pelos especialistas foram pequenas, porém importantes como a
substituição do computador da mesa do profissional de saúde por um cartaz mostrando o valor
normal da pressão arterial na figura.
89
Figura 18 – Se eu tiver hipertensão, é mais fácil ter outras doenças?
Fonte: autoria própria.
A Figura 18 traz as principais complicações da hipertensão, demonstrada pelos
pensamentos dos personagens sobre doenças oriundas do tratamento incorreto da hipertensão.
As modificações sugeridas foram na figura do olho, que, segundo os especialistas, não ficava
claro seu significado podendo configurar uma inflamação ou conjuntivite, dificultando sua
associação com a hipertensão. Os especialistas sugeriram o desenho de um rim doente a fim
de reforçar a relação entre hipertensão e doença renal. Outra mudança foi no rosto do
personagem obeso, que mostrava um AVC e foi modificada pelo desenho de corpo inteiro do
personagem, demonstrando paraplegia em um dos hemisférios corporais.
Figura 19 – A hipertensão tem cura? Qual seu tratamento?
Fonte: autoria própria.
90
A Figura 19 ressalta o tratamento não medicamentoso e medicamentoso da
hipertensão. Os personagens demonstram ações que promovem maior controle pressórico
como fazer alimentação saudável, realizar atividade física e tomar os medicamentos no
horário certo. Nessa figura houve modificações apenas no prato da personagem, inserindo
verduras verdes e fruta no lugar do suco.
Nessa figura os comportamentos ou ações de saúde foram divididos em pequenos
pedaços de ações, o que demonstra mais facilidade em sua realização, ou seja, mostrando que
os pacientes podem conseguir a adesão no seu cotidiano por meio das ações de saúde
enfatizadas (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
Figura 20 – Por que minha pressão não baixa, mesmo fazendo o tratamento?
Fonte: autoria própria.
A Figura 20 discute a falta de controle da pressão arterial diante de tratamento
inadequado. A modificação da figura foi na inserção da medida da pressão em mmHg no
resultado do exame da pressão arterial, no peso que o personagem segura e no título (Por que
minha pressão não baixa mesmo tomando os medicamentos? Foi alterado para: Por que
minha pressão não baixa mesmo fazendo o tratamento?). Um especialista mencionou que
a figura não ficava muito clara para o paciente. No entanto, consideramos sua permanência no
álbum pelo fato de ser importante reforçar que a pressão arterial elevada está, na grande
maioria das vezes, relacionada ao tratamento inadequado. Nessa figura foi também chamado a
atenção para a existência da HAS secundária.
91
Figura 21 – Por que, quando tomo os medicamentos para hipertensão, às vezes posso me
sentir mal?
Fonte: autoria própria.
A Figura 21 mostra os personagens no ambiente domiciliar. Aborda
especificamente sobre reações adversas e interações medicamentosas. Nessa figura, foram
sugeridas modificações no consumo excessivo de medicamentos pelo personagem obeso. Foi
retirada a mesa com medicamentos do lado esquerdo do personagem, pois segundo um dos
especialistas pareciam revistas empilhadas, sendo colocada do lado direito para melhor
visualização dos participantes. Também foi mudado o nome comercial do medicamento, que
o outro personagem segura na mão, pelo princípio ativo da droga. Outra mudança foi na
figura da personagem negra e idosa mostrando sinal de tontura devido à queda pressórica com
o uso de mais de dois medicamentos para hipertensão no mesmo horário.
Figura 22 – É possível viver bem com a hipertensão?
Fonte: autoria própria.
92
A Figura 22 evidencia os três personagens no ambiente da unidade de saúde. O
encontro deles demonstra a satisfação dos dois personagens ao ver o personagem obeso mais
magro e a alegria dele por conseguir reduzir o peso. Nessa figura, a única modificação foi a
colocação do nome consultório na porta da sala da unidade de saúde.
Reforçar ações de saúde por meio de histórias construídas com uso de
personagens comuns em situações reais vivenciadas no cotidiano de pessoas com hipertensão
pode oferecer realismo e estimulá-los na realização dessas ações, pois é mais fácil as pessoas
compreenderem e assimilarem mensagens de saúde compartilhadas em contextos comuns de
vida (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
Figura 23 – De que forma a família pode ajudar no tratamento da hipertensão?
Fonte: autoria própria.
A Figura 23 demonstra os personagens no ambiente familiar e de lazer e a
importância do papel da família no tratamento da hipertensão. Nessa figura, a modificação foi
a colocação de um dos personagens do álbum seriado na figura, demonstrando sua perda de
peso e a mudança da alimentação com apoio da esposa e do filho.
O uso de figuras em contextos familiares proporciona maior envolvimento das
pessoas com o material educativo, melhorando a aceitação da ação educativa e promovendo
maior adesão ao tratamento (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
93
Tabela 6 – Distribuição dos Índices de Validade de Conteúdo da figura e ficha-roteiro
11, de acordo com análise dos especialistas. Fortaleza-Ceará-Brasil, 2015
Itens IVC
1 Objetivos %
1.1 Atende aos objetivos das pessoas com hipertensão 1,00
1.2 Ajuda na aquisição e troca de conhecimento entre o profissional de saúde e pessoas com hipertensão 0,80
1.3 Está adequado para ser usado por qualquer profissional que trabalhe com pessoas com hipertensão 1,00
2 Organização
2.1 A capa está atraente, indica o conteúdo do material 0,80
2.2 O tamanho do título da capa e dos subtítulos dentro do material estão adequados 0,80
2.3 Os tópicos seguem uma ordem 0,80
2.4 Há coerência entre as informações da capa e apresentação 0,80
2.5 O número de páginas está adequado 0,80
2.6 Os temas retratam aspectos chaves importantes 0,80
3. Estilo de escrita
3.1 A escrita está em um estilo adequado à pessoa com hipertensão 1,00
3.2 O texto é vívido e interessante 1,00
3.3 O vocabulário é acessível 1,00
3.4 Há associação do tema de cada sessão com o texto correspondente 0,80
3.5 O texto está claro 0,80
3.6 O estilo da redação corresponde ao nível de conhecimento do público-alvo 0,80
4. Aparência
4.1 As páginas ou sessões parecem organizadas 1,00
4.2 As figuras são simples 1,00
4.3 As figuras servem para complementar os textos 0,80
4.4 As figuras são expressivas e suficientes 0,80
5 Motivação
5.1 O material está apropriado para idade, sexo e cultura 0,60
5.2 O material apresenta lógica 0,80
5.3 A interação é convidada pelo texto e sugere ações 0,80
5.4 Aborda assuntos necessários a pessoa com hipertensão 0,80
5.5 Promove mudança de comportamento e atitude 0,40
5.6 O material propõe a pessoa com hipertensão para realizar o autocuidado 0,80
Fonte: autoria própria.
A validação de conteúdo da Figura 11 e Ficha-roteiro 11 recebeu pontuação
global de 0,83 e apenas dois itens apresentaram validação individual abaixo do preconizado
pela literatura, isto é abaixo de 0,78. O item 5.1 recebeu pontuação de 0,60 e o item 5.6 de
0,40. O item 5.1 se refere ao fato de que o álbum seriado pode ser utilizado em ações
educativas para pessoas hipertensas adultas e idosas, independente do sexo, e ser considerada
a cultura do local onde as pessoas vivem, ou seja, respeitar a cultura do país ou região
(DOAK; DOAK; ROOT, 1996). O item 5.5 também teve IVC baixo e isto está relacionado ao
fato de que o material educativo como mencionaram os especialistas não promove mudança
de comportamento, ele pode ser um dispositivo para o despertar que poderá levar à mudança
de comportamento.
94
Figura 24 – O tratamento da hipertensão pode
melhorar a minha qualidade de vida?
Fonte: autoria própria.
A Figura 24 evidencia os personagens praticando atividade física e com aparência
saudável. Nessa figura a discussão foi sobre o papel do tratamento na qualidade de vida dos
indivíduos com hipertensão. Apenas um especialista sugeriu a modificação da Figura 11,
pedindo que retirasse a personagem sentada oferecendo alimento aos pássaros, pois
mencionou não retratar qualidade de vida e fez um comentário que qualidade de vida não é
apenas a prática de exercício físico. Outra sugestão da especialista foi que melhorasse a figura
colocando uma ilustração contrastante com a boa qualidade de vida.
Tabela 7 – Distribuição do Índice de Validade de Aparência da Figura 11 de acordo com
análise dos juízes. Fortaleza-Ceará, 2015
Itens IVC
Características das figuras %
2.1 As figuras estão apropriadas para o público-alvo 1,00
2.2 As figuras são claras e transmitem facilidade de compreensão 1,00
2.3 As figuras estão em quantidade e tamanhos adequados no álbum 1,00
2.4 As figuras utilizadas estão relacionadas com o texto do álbum e elucidam o conteúdo 0,80
2.5 As cores e formas das figuras estão adequadas para o tipo de material 1,00
2.6 As figuras retratam o cotidiano de pessoas com hipertensão 0,80
2.7 A disposição das figuras estão em harmonia com o texto 1,00
2.8 As figuras ajudam na exposição da temática e estão em uma sequência lógica 0,80 2.9 As figuras ajudam na mudança de comportamento e atitudes do público-alvo 0,80 2.10 As figuras são relevantes para compreensão do conteúdo 0,80
Fonte: autoria própria.
95
A validação de aparência da Figura 11 recebeu pontuação global de 0,90, metade
dos itens (5 itens) apresentou percentual de 100% e outra metade de 80%. Figuras são
consideradas relevantes no material educativo quando ajudam a compreender a mensagem e
isso pode ser conseguido com uma sequência lógica de passos que permitam os usuários
entenderem o que fazer para conseguir atingir o objetivo. Os significados das palavras
tornam-se mais fortes e claros quando traduzidos na figura (DOAK; DOAK; ROOT, 1996).
5.5 DESENVOLVIMENTO DA INTERVENÇÃO EDUCATIVA COM O ÁLBUM
SERIADO HIPERTENSÃO ARTERIAL: PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE
VIDA E ADESÃO AO TRATAMENTO
A educação em saúde pode ser compreendida como um processo de trabalho
capaz de produzir ação para atuar sobre o conhecimento das pessoas, a fim de que ocorra o
desenvolvimento da capacidade de intervenção sobre suas vidas (RODRIGUES; SANTOS,
2010). Existem algumas concepções de educação em saúde e essas estão diretamente
relacionadas aos modelos de atenção à saúde instituídos em diferentes momentos históricos e
políticos do país. Entre essas concepções, está o modelo hegemônico que desde o início do
século XX instituiu as práticas educativas para o controle dos comportamentos de saúde das
pessoas por meio de ações curativas e prescritivas (RODRIGUES; SANTOS, 2010). Outra
concepção que tem sido utilizada nas ações de educação em saúde é o modelo
dialógico/problematizador (FREIRE, 2011). Esse modelo busca antes de tudo conhecer as
pessoas que participam do processo educativo e possibilitar o envolvimento e
desenvolvimento delas por meio da ação dialógica.
A ação educativa deve ser promotora de encontros e partir de uma integração
entre os saberes científicos e populares, de forma a colaborar com o indivíduo para uma
participação responsável e autônoma frente aos aspectos que envolvem a saúde no seu
cotidiano (REIS et al., 2013). Assim, a intervenção educativa, que foi configurada com uma
exposição dialogada, utilizando a tecnologia educacional de álbum seriado possibilitou a ação
educativa do enfermeiro na discussão da temática da hipertensão com o intuito de promover a
qualidade de vida e a adesão ao tratamento entre as pessoas com a enfermidade.
A intervenção ocorreu em 108 encontros com 36 grupos de pessoas com
hipertensão arterial, vinculadas as seis Unidades de Atenção Primária a Saúde (UAPS) de
Fortaleza, durante quatro meses e meio. As ações educativas com álbum seriado foram
realizadas em diferentes espaços, como igrejas evangélicas e católicas, associações de
96
moradores, casas dos agentes comunitários de saúde, casa de pacientes e em poucas ocasiões
no posto de saúde. Esses espaços eram utilizados pelas unidades de saúde quando existiam
grupos de hipertensos e alguns continuam sendo usados pelos agentes de saúde para promover
ação educativa ou marcar atendimentos para os profissionais de saúde (médicos e
enfermeiros) da UAPS.
A abordagem foi realizada em grupos, variando entre seis a oito pessoas em cada
e com duração de 60 a 90 minutos, dependendo da participação do grupo. A atividade
realizada em grupo promove o entrosamento entre as pessoas, a troca de conhecimentos e
experiências e contribui para o empoderamento do grupo para discussão da temática, pois
muitas vezes no atendimento individual há dificuldade de fazer perguntas ou expressar
dúvidas e preocupações em relação à doença, impossibilitando a compreensão dos pacientes
sobre a doença e seu tratamento.
Inicialmente os facilitadores (profissionais de saúde da área de enfermagem e
educação física e estudantes dos referidos cursos de graduação) se apresentaram, explicaram o
objetivo da atividade educativa e leram o termo de consentimento. Em seguida, foram
aplicados dois questionários, um sobre qualidade de vida (MINICHAL) e outro sobre adesão
ao tratamento (QATHAS). Foram preenchidos dados sociodemográficos e clínicos,
verificados peso, altura, pressão arterial e glicemia e assinado o Termo de Consetimento Livre
e Esclarecido (TCLE) pelos participantes.
Antes da intervenção educativa foi realizado um treinamento dos profissionais e
estudantes que participaram da coleta no preenchimento dos instrumentos de coleta de dados,
bem como no uso dos instrumentos de medidas clínicas (pressão arterial, gliecmia) e
antropométricas (peso, circunferência abdominal, cintura e quadril).
Na intervenção educativa foi utilizada a tecnologia educacional criada, o álbum
seriado Hipertensão arterial: promoção da qualidade de vida e adesão ao tratamento.
Em suas 28 páginas, ele contém, conforme exposto, figuras de personagens que ajudam na
apresentação e discussão de questões da temática abordada, além de fichas-roteiro com
sugestões para ajudar o profissional na discussão.
Logo, com a apresentação da capa do álbum, já eram convidadas as pessoas com
hipertensão para participar da ação educativa, iniciando a discussão sobre a prevalência da
hipertensão arterial e solicitando a participação das pessoas para que explicassem o que eles
entendiam em relação aos dois conceitos abordados no material educativo – QV e HAS.
97
Figura 25 – Capa do álbum seriado
Fonte: autoria própria.
Na capa foi relevante já fazer menção sobre o tema. O uso de figuras promoveu maior
proximidade com a temática. O desenho de um traçado elétrico cardíaco permitiu associar
hipertensão e coração, enfatizando o papel da HAS no desenvolvimento de doenças cardíacas.
Na atividade educativa, chamamos atenção às características físicas dos três
personagens, ressaltando que a doença ocorre com maior frequência entre as pessoas idosas,
obesas, homens jovens e pessoas negras e pardas. As VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão
Arterial (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. SOCIEDADE BRASILEIRA DE
HIPERTENSÃO. SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010) referem que a
prevalência da hipertensão arterial é maior entre os homens até os 50 anos, é duas vezes mais
prevalente em indivíduos negros, obesos, com obesidade central e tem relação direta com idade.
Figura 26 – Ficha-roteiro 01 – O que é hipertensão arterial?
Fonte: autoria própria.
98
Na Figura 26 e ficha-roteiro 01 o enfoque foi no conceito da hipertensão arterial,
de pressão arterial, na sua prevalência global e na associação da pressão arterial elevada com
as doenças cardiovasculares por meio de exemplos. Essa figura representou o primeiro
momento para falar da enfermidade, solicitando a opinião dos participantes do grupo sobre o
valor da pressão arterial do personagem.
Nessa figura, falamos, ainda, na associação do consumo de gordura,
principalmente das saturadas, da elevação do colesterol, da hiperglicemia e excesso ponderal
na gênese da hipertensão e, consequentemente, no aumento do risco cardiovascular, pois mais
de 80% dos indivíduos com hipertensão apresentam outros problemas de saúde, como
glicemia de jejum elevada, redução do HDL, elevação do LDL e dos triglicerídeos, e que 50%
desses indivíduos apresentam duas ou mais dessas comorbidades (PÓVOA, 2007).
Figura 27 – Ficha-roteiro 02: O que pode levar a pessoa a ter hipertensão arterial?
Fonte: autoria própria.
Na Figura 27 e ficha-roteiro 02, foram explorados os principais fatores de risco da
hipertensão. Dentre esses, destacamos a obesidade, o consumo de sal, molhos e produtos
industrializados com elevada quantidade de sódio e de bebidas alcoólicas, a ingestão de
alimentos gordurosos, salgados e frituras, o tabagismo e o sedentarismo.
A ênfase foi nos fatores modificáveis com a mudança de estilo de vida, como a
redução do peso, o consumo de frutas e verduras, diminuição no consumo de alimentos
gordurosos, salgados, frituras, sal e molhos industrializados, evitar o sedentarismo e o fumo, e
a diminuição ou retirada no consumo de bebidas alcoólicas.
As principais recomendações na prevenção primária da HAS são: alimentação
saudável, com consumo controlado de sódio e álcool, aumento na ingestão de potássio e no
99
combate ao sedentarismo e ao tabagismo e redução do peso. Embora mudanças de estilo de vida
sejam entusiasticamente recomendadas na prevenção primária da hipertensão arterial, elas são
importantes também para todas as pessoas com hipertensão, independente do tempo de
diagnóstico da HAS e da existência de outros agravos, a fim de evitar o aparecimento de novas
comorbidades, bem como reduzir a mortalidade cardiovascular (SOCIEDADE BRASILEIRA
DE CARDIOLOGIA. SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO. SOCIEDADE
BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010).
Figura 28 – Ficha-roteiro 03: Como saber se sou hipertenso(a)?
Fonte: autoria própria.
A Figura 28 e ficha-roteiro 03 enfatizaram o diagnóstico da hipertensão arterial e
os cuidados a serem adotados na verificação da pressão arterial, pois o diagnóstico seguro da
hipertensão está diretamente relacionado ao valor da pressão arterial e à forma como é medida
a pressão, seja realizada pelos profissionais na unidade de saúde ou por pacientes ou
familiares em domicílio (Automedida da Presão Arterial – AMPA), o que representa
importante informação adicional (BRASIL, 2013b).
O diagnóstico da hipertensão arterial se dá pela medida da pressão arterial, sendo
necessário realizá-la adequadamente com aparelho de pressão arterial anaeroide calibrado.
Também devem ser assegurados os procedimentos corretos para a medida da pressão arterial:
Local silencioso, posição sentada, braço apoiado na altura do coração, pernas descruzadas,
pés apoiados no chão e costas recostadas na cadeira. Além disso, é importante reforçar alguns
cuidados: não tomar café, não ingerir alimentos ou bebidas trinta minutos antes da verificação
nem praticar exercício físico até uma hora antes do procedimento (BRASIL, 2013b).
100
Figura 29 – Ficha-roteiro 04: Qual o valor normal da pressão arterial?
Fonte: autoria própria.
Na Figura 29 o personagem mostra-se confuso com o valor da pressão arterial.
Nessa figura e sua respectiva ficha-roteiro foi abordada a classificação da pressão arterial,
enfatizando cifras normais. Foram discutidas a definição de pressão arterial sistólica e
diastólica e suas repercussões na saúde por meio de exemplos para melhor entendimento das
pessoas com hipertensão. Foram considerados os valores pressóricos obtidos em consultório,
classificando-se a pressão arterial em normotensão, PA limítrofe e hipertensão arterial
sistêmica (BRASIL, 2013b).
Foi relevante reforçar os valores de normalidade, limítrofes e elevados da pressão
arterial-PA no adulto (> 18 anos de idade), pois algumas dúvidas foram levantadas com
relação à pressão arterial nos idosos, pois para alguns participantes os idosos podem ter PA
mais elevada devido à idade, não configurando para eles diagnóstico de hipertensão arterial.
Figura 30 – Ficha-roteiro 05: Se eu tiver hipertensão, é mais fácil ter outras doenças?
Fonte: autoria própria.
101
Na Figura 30 e ficha-roteiro 05 foram explanadas as principais doenças associadas
à hipertensão arterial. Os pensamentos dos personagens sobre os problemas de saúde que
poderiam surgir no seu corpo com a hipertensão foram a tônica dessa discussão. Os
participantes foram instigados a refletir sobre a associação da hipertensão com outras doenças,
como o AVC, infarto e diabetes, e foram lembrados sobre a relação da enfermidade com a
doença renal e hipertrofia ventricular.
A hipertensão arterial é uma doença que, se não tratada adequadamente, pode
determinar o aparecimento de outras enfermidades como: doença renal, Acidente vascular
cerebral (AVC) hemorrágico ou isquêmico, doenças cardiovasculares (infartos, angina e
miocardiopatias) e derrames oculares. Também pode estar associada ao aparecimento da
diabetes Mellitus tipo 2, acarretando complicações como retinopatias e doenças circulatórias,
principalmente em membros inferiores (VI DIRETRIZES..., 2010).
Nessa figura também foi abordada a relação da doença com o risco aumentado
para as doenças cardiovasculares, que pode piorar com o aumento do peso e das medidas de
cintura, quadril e abdominal. Foi esclarecida a necessidade da incorporação do tratamento a
fim de reduzir o risco cardiovascular pelas ações de saúde, no sentido de promover redução da
pressão arterial e, consequentemente, melhoria na saúde das pessoas com a enfermidade.
Figura 31 – Ficha-roteiro 06: A hipertensão tem cura? Qual seu tratamento?
Fonte: autoria própria.
A Figura 31 e ficha-roteiro 06 abordaram os dois tipos de tratamento da
hipertensão arterial, medicamentoso e não medicamentoso, enfatizando seu grau de
importância na prevenção e controle da hipertensão arterial, bem como no desenvolvimento
102
de outras doenças. Foi enfatizado o objetivo do tratamento com o intuito não somente de
controlar a pressão, mas de diminuir o risco de morrer ou adoecer em virtude da hipertensão.
Foi lembrado que, apesar das pessoas com hipertensão saberem da importância do
tratamento da HAS para manter sua saúde, ele é de difícil seguimento por ser ela
assintomática, gerando o silencioso desenvolvimento de outras doenças.
Na abordagem do tratamento medicamentoso foram ressaltados aspectos
relevantes desse tratamento, como o uso contínuo e os horários dos medicamentos com a
finalidade não somente de reduzir a pressão arterial, mas também reduzir os eventos
cardiocerébrovasculares fatais e não fatais. No tratamento não medicamentos o enfoque recaiu
sobre as mudanças no estilo de vida, como a prática de atividade física de três a cinco vezes
na semana, o consumo diário de uma alimentação saudável com a introdução de frutas,
verduras e fibras, orientações sobre a necessidade de evitar o consumo de doces e bebidas
com açúcar, evitar bebidas alcoólicas e o fumo e reduzir o peso (SOCIEDADE BRASILEIRA
DE CARDIOLOGIA. SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO. SOCIEDADE
BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010).
Portanto, reforçar os dois tipos de tratamentos da hipertensão, mostrando a
importância de segui-lo, esclarecendo dúvidas e dando opções dentro do tratamento,
principalmente no não medicamentoso, pode possibilitar a sua efetiva adesão e controle
pressórico.
Figura 32 – Ficha-roteiro 07: Por que minha pressão não baixa, mesmo fazendo o
tratamento?
Fonte: autoria própria.
103
Com a Figura 32 e ficha-roteiro 07 discutiu-se a permanência do valor elevado da
pressão arterial na presença do tratamento inadequado da hipertensão. As ações do
personagem mostram a realização dos dois tipos de tratamento da doença, no entanto, a
pressão arterial elevada denota que o tratamento não está sendo realizado corretamente,
respeitando horários e uso contínuo dos medicamentos, bem como a prática de atividade física
cinco vezes na semana por trinta minutos e o consumo de alimentação saudável.
Nessa figura e ficha-roteiro foram discutidas outras questões importantes,
mostrando que a realização de tratamento adequado sem redução da PA pode estar
relacionada à existência de hipertensão secundária e que a falta de seu controle pode estar
relacionado à inadequação da dose do medicamento utilizado no tratamento da enfermidade
em alguns hipertensos.
Avaliar a possibilidade de hipertensão secundária é um dos objetivos do
seguimento da hipertensão arterial na atenção básica. Essa representa de 3 a 5 % dos pacientes
com hipertensão e tem como causas enfermidades renais, endócrinas e exógenas como uso de
cocaína, anabolizantes, dentre outras (BRASIL, 2013b).
Figura 33 – Ficha-roteiro 08: Por que quando tomo os medicamentos para hipertensão,
às vezes posso me sentir mal?
Fonte: autoria própria.
Na Figura 33 e ficha-roteiro 08 foram explanadas as reações adversas e interações
medicamentosas das drogas anti-hipertensivas. A discussão foi iniciada mostrando a segurança
do tratamento anti-hipertensivo, ressaltando que esses medicamentos são bem tolerados pelo
organismo. Sobre as principais interações medicamentosas foram explanadas situações comuns
104
no tratamento anti-hipertensivo como: uso contínuo de anti-inflamatórios não esteroides,
causando dificuldades no controle da PA, ingestão concomitante de vários anti-hipertensivos no
mesmo horário, produzindo ação sinérgica, que pode provocar queda pressórica, falta de
cuidados ao ingerir medicamentos que produzem diminuição da frequência cardíaca juntamente
com medicamentos anti-hipertensivos e uso de dois medicamentos, que podem aumentar o
potássio sérico, provocando arritmias graves (BRASIL, 2013b).
Sabemos que a falta de adesão ao tratamento anti-hipertensivo possui vários
motivos, dentre esses se ressaltam aqueles relacionados à própria droga anti-hipertensiva, ou
seja, reações adversas ou indesejadas. Embora bem tolerados pelo organismo, pacientes
relatam queixas em relação ao medicamento, como tonturas devido ao efeito hipotensor dos
medicamentos, impotência sexual, tosse ou boca seca, ocasionadas por alguns agentes anti-
hipertensivos. Ressaltou-se para os grupos que, na grande maioria das vezes, a impotência
sexual não está relacionada ao medicamento anti-hipertensivo, mas a outros fatores.
Figura 34 – Ficha-roteiro 09: É possível viver bem com a hipertensão?
Fonte: autoria própria.
Na Figura 34 e ficha-roteiro 09 foi explanado o papel da unidade de saúde como
ambiente importante para o acompanhamento e tratamento da hipertensão e reforçada a
relevância do tratamento medicamentoso e não medicamentoso no controle da pressão arterial
e na melhoria da qualidade de vida da pessoa com hipertensão. A unidade de saúde,
principalmente na atenção básica, tem como objetivo garantir acompanhamento e tratamento
as pessoas com hipertensão arterial, sendo porta de entrada para o atendimento e realizando os
encaminhamentos que se façam necessários. Os profissionais de saúde da atenção básica
devem realizar, sempre que possível, ações educativas que garantam a troca de informações e
105
o esclarecimento de dúvidas das pessoas com a doença. Além disso, as atividades educativas
podem possibilitar encontros grupais entre as pessoas, promovendo sua socialização.
A unidade de saúde deve ser acolhedora e promover a interação entre os
profissionais de saúde e os usuários, haja vista ser condição indispensável para viabilizar a
realização de um cuidado mais humanizado, proporcionado por meio de ações de cunho
assistencial ou de caráter educativo, que priorize o usuário no atendimento. Isso pode repercutir
em maior aproximação dos usuários e no estabelecimento de uma relação de confiança com a
unidade de saúde, de forma que possa ser considerada espaço de cuidado e apoio aos usuários,
com repercussões positivas na adesão ao tratamento (MAIA; CUNHA, 2014).
O atendimento à pessoa com hipertensão promovido pela linha de cuidado às
pessoas com hipertensão deve ser garantido pela UAPS por meio do atendimento individual
nas consultas, no atendimento farmacêutico e nas visitas domiciliares realizadas, bem como
nas atividades coletivas por meio das ações de educação em saúde (BRASIL, 2013b).
Figura 35 – Ficha-roteiro 10: De que forma a família pode ajudar no tratamento da
hipertensão?
Fonte: autoria própria.
Nessa figura e ficha-roteiro correspondente foi chamada atenção dos participantes
para o papel da família no tratamento da hipertensão. Foi enfatizada a ajuda da família no
acompanhamento às consultas, no tratamento medicamentoso observando os cuidados a serem
tomados na ingestão dos medicamentos e até no controle do estresse. O papel da família no
tratamento não medicamentoso também foi enfatizado como de grande relevância e foi
demonstrada como o apoio na alimentação saudável, na prática de atividade física e nos
momentos de lazer.
106
Um dos aspectos mais difíceis no tratamento e controle de qualquer doença
crônica é a inserção da família no acompanhamento e tratamento. Os profissionais de saúde
possuem ação fundamental, principalmente os da atenção básica, no envolvimento da família
no tratamento do seu familiar. É essencial que os profissionais tenham na família um forte
aliado, proporcionando seu engajamento para o controle efetivo da doença.
Sabemos que maior proximidade entre os membros da família e relações
familiares mais responsáveis e afetivas se tornam importantes no envolvimento da família
para o cuidado com o outro. Dessa forma, as tomadas de decisões em relação às mudanças no
estilo de vida e adesão ao tratamento estão diretamente relacionadas à qualidade das relações
familiares que podem servir de apoio para viabilizar mudanças de comportamentos de saúde,
não somente da pessoa com a enfermidade, mas de toda a família (DIAS; VIEIRA, 2002).
Figura 36 – Ficha-roteiro 11: O tratamento da hipertensão pode melhorar a minha
qualidade de vida?
Fonte: autoria própria.
Certamente a qualidade de vida diz respeito a muitos aspectos da vida do ser
humano. É tudo aquilo que pode interferir positivamente na vida de uma pessoa. Então, ter
saúde é um aspecto importante para se ter qualidade de vida. A Figura 36 e ficha-roteiro 11
retratam um dos aspectos que pode melhorar a qualidade de vida de uma pessoa, que é a
prática de atividade física e de lazer. É óbvio que outros elementos são importantes, tais como
boa alimentação, moradia adequada, boas relações familiares, de amizade e até controle
financeiro. Portanto, as outras questões podem facilmente ser abordadas pelos profissionais de
saúde que lidam com pessoas com hipertensão nas atividades educativas.
107
É importante afirmar que nas práticas educativas não se pode trabalhar com a
imagem negativa, pois essa distancia o papel da educação na vida do ser humano, que é o de
promover mudanças positivas no cotidiano das pessoas. Dessa forma, as ações de educação
em saúde e os recursos utilizados na discussão de mensagens relacionadas à saúde devem
sempre estar voltados para construção de caminhos que reforcem comportamentos saudáveis,
motivando as pessoas na tomada de decisões para melhoria da saúde.
As práticas de educação em saúde devem ser realizadas com o intuito de estimular
ações que minimizem os riscos de adoecimento (REIS et al., 2013). Além disso, ações de
educação em saúde devem estar consonantes com as práticas cuidados individuais de forma a
garantir a realização do tratamento e sua continuidade, pois elas reforçam informações que,
muitas vezes, não são captadas ou compreendidas nos atendimentos individuais ou nas consultas.
5.6 VALIDAÇÃO CLÍNICA DO ÁLBUM SERIADO COM PESSOAS COM HIPERTEN-
SÃO ARTERIAL
A seguir, a partir da Tabela 8, passaremos a expor a validação clínica,
propriamente dita, do álbum seriado criado nesta tese.
Tabela 8 – Caracterização sociodemográfica de pessoas com hipertensão arterial que
participaram da intervenção educativa com álbum seriado. Fortaleza-Ceará-Brasil,
2015
Características Ƒ ƒr Média ± DP
1 Sexo
Masculino 25 21,6
Feminino 91 78,4
2 Idade
Idoso 78 67,2 64,57±10,86
Não Idoso 38 32,8
3 Escolaridade
Baixa Escolaridade 83 71,6
Média /Alta escolaridade 33 28,4
4 Renda
≤ a 2 salários 87 75,0
> 2 salários
Não respondeu
27
2*
23,3
1.72
5 Estado Civil
Sem Companheiro 50 43,1
Com Companheiro 66 56,9
Fonte: autoria própria.
* A soma desse item totalizou 114 em virtude de dois participantes não responderem sobre a renda.
108
Os resultados demonstram que a maioria (78,4%) das pessoas com hipertensão
que participaram da intervenção com álbum seriado era do sexo feminino. Estudo realizado
por Lima (2012) apresentou percentual semelhante, ou seja, em torno de 74,3% das pessoas
que participaram do estudo eram do sexo feminino. Esse fato pode ser explicado pela maior
procura das mulheres pelos serviços de saúde.
Em relação à idade, 67,2% das pessoas eram idosas com média de 64,57±10,86
anos. Apesar de a hipertensão arterial acometer 25 a 30% das pessoas adultas, a prevalência é
maior entre os idosos. Segundo as VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. SOCIEDADE BRASILEIRA DE
HIPERTENSÃO. SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010) existe uma
relação direta e linear da pressão arterial com idade, sendo a prevalência da hipertensão
arterial superior a 60% a partir dos 65 anos de idade. No entanto, embora a enfermidade
acometa mais os idosos, pessoas jovens têm desenvolvido a doença cada vez mais cedo em
virtude do consumo de uma alimentação rica em sal e gordura e pobre em frutas, vegetais e
legumes, devido ao aumento do peso e do sedentarismo.
As dificuldades relacionadas à alimentação têm relação não somente com as
condições econômicas, porém com questões ligadas à cultura, às crenças e hábitos das pessoas
(MAIA; CUNHA, 2014). Deixar repentinamente de ingerir determinados alimentos é
fantasioso para a grande maioria das pessoas, principalmente para aquelas que possuem
poucas opções e oportunidades na aquisição de alimentos. Além disso, as pessoas já estão
acostumadas a um padrão alimentar de dificil modificação. Dessa forma, é necessário motivar
e envolver as pessoas para levá-las à tomada de decisão sobre ações ou comportamentos
relacionadas à alimentação para que possam promover melhorias em sua saúde.
Em relação à escolaridade, 71,6% dos participantes do estudo possui baixa
escolaridade. Estudo realizado por Souza (2006) com pessoas atendidas com crise
hipertensiva na emergência de um hospital público do município de Fortaleza mostrou que o
nivel de escolaridade foi considerado baixo em 78,8% da população do estudo. É importante
ressaltar que no Brasil, apesar de avanços na educação, ainda existe elevado contingente de
pessoas com baixa escolaridade (analfabetos ou que não concluíram o ensino fundamental),
sendo que nas pessoas idosas esse dado é ainda mais elevado.
É importante ressaltar que apesar do nível de escolaridade não influenciar
diretamente na busca ou aquisição de comportamentos saudáveis, ele pode favorecer melhores
condições de trabalho e emprego, melhores salários e aquisição de produtos que possam trazer
109
benefícios à saúde das pessoas. Maior nível de escolaridade também pode promover busca de
conhecimentos por meio do uso das novas tecnologias, como a internet.
A renda da maioria (75%) dos participantes da pesquisa foi menor ou igual a dois
salários mínimos. Um baixo poder aquisitivo dificulta a utilização de produtos mais saudáveis
pelas pessoas que necessitam fazer mudanças em sua alimentação, pois produtos light ou diet
são mais caros do que os alimentos tradicionais, mas isso não impede mudança alimentar.
A utilização de frutas e legumes comprados em supermercados, feiras livres ou
mercados municipais podem atender, em parte, às necessidades metabólicas e de alimentação
das pessoas com hipertensão, promovendo controle do peso e da pressão arterial. A diminuição
do sal, gorduras e frituras e a redução ou retirada do ácool também favorece a queda dos níveis
pressóricos e do peso, promovendo melhoria da enfermidade e diminuição nos índices de
morbimortalidade causados pela doença (BRASIL, 2014; SOCIEDADE BRASILEIRA DE
CARDIOLOGIA. SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO. SOCIEDADE
BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010).
Mais da metade (56,9%) dos participantes do estudo possuíam companheiros.
Estudo realizado por Carvalho et al. (2013), que avaliaram a influência da qualidade de vida
em pessoas com hipertensão, demonstrou achado semelhante, com 54,1% dos participantes
com companheiro. O fato das pessoas possuírem um companheiro é importante na busca pelo
tratamento de doenças, principalmente das crônicas. A presença do companheiro é relevante
no cuidado e acompanhamento da enfermidade, principalmente quando existe envolvimento
do companheiro no tratamento.
Tabela 9 – Caracterização clínica de pessoas com hipertensão arterial que participaram
da intervenção educativa com álbum seriado. Fortaleza-Ceará-Brasil, 2015
Características clínicas ƒ ƒr Média Desvio Padrão
1 Tempo de hipertensão 12,49 10,00
2 Tipo de tratamento
Medicamentoso 114 98,3
Não medicamentoso 69 60,3
4 Pressão arterial sistólica (PAS) 135,18 19,89
5 Pressão arterial diastólica (PAD) 75,50 11,45
6 Peso 70,24 14,58
7 IMC 30,21 5,66
8 Circunferência abdominal (CA) 103,74 12,48
Fonte: autoria própria.
O tempo de diagnóstico da hipertensão variou de seis meses a 60 anos, com média
de 12,49 ±10 anos. Entre os tipos de tratamento da enfermidade, a quase totalidade (98%)
110
realizava o tratamento medicamentoso e pouco mais da metade (60,3%) fazia tratamento não
medicamentoso. Dos participantes em tratamento não medicamentoso, 17,2% fazia dieta,
23,3% exercício e 19,8% dieta mais exercício, perfazendo um total de 60,3% em adoção de
uma das medidas não farmacológicas ou de ambas.
O tratamento medicamentoso traz benefícios indispensáveis para a vida das
pessoas com hipertensão, trazendo repercussões positivas na redução da pressão arterial e
aumento da qualidade de vida (SILVA et al., 2015). O uso de medicamentos pode beneficiar,
sobremaneira, a grande maioria das pessoas que faz uso contínuo das drogas anti-
hipertensivas, reduzindo o risco cardiovascular e prevenindo complicações decorrentes da
hipertensão. Reduções de 5 mmHg na pressão diastólica e de 10 mmHg na sistólica promove
diminuição aproximada de 25% no risco de desenvolver cardiopatia isquêmica e de 40% no
risco de AVC (BRASIL, 2013b).
O regime de drogas para o tratamento da hipertensão deve considerar o valor da
pressão arterial, o risco cardiovascular e a existência de outras comorbidades. Portanto, o uso
racional dos anti-hipertensivos deve considerar a necessidade de incorporação de medidas não
farmacológicas e as possibilidades reais de realização desse tratamento.
O objetivo primordial do tratamento com drogas é a redução da morbimortalidade
relacionada à hipertensão. As drogas anti-hipertensivas a reduzem independente da classe do
medicamento, sendo necessário atentar para reações adversas e interações medicamentosas
(BRASIL, 2013b; SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. SOCIEDADE
BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO. SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010).
O tratamento não medicamentoso tem papel fundamental no tratamento de
doenças crônicas como a hipertensão, pois traz benefícios pela redução nos parâmetros
clínicos e controle da doença, além de contribuir para melhoria da saúde geral. A redução do
peso, das medidas de cintura, quadril e abdomem, bem como a melhoria na disposição por
meio de uma alimentação balanceada e da prática do exercício físico são essenciais para o
controle da doença e na prevenção do desenvolvimento da enfermidade para pessoas em risco,
como os indivíduos com excesso ponderal ou sedentários. Portanto, o sucesso do tratamento
da hipertensão depende, fundamentalmente, de mudança no estilo de vida e na adesão ao
tratamento (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. SOCIEDADE BRASILEIRA
DE HIPERTENSÃO. SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010), trazendo
melhorias importantes na qualidade de vida das pessoas.
A alimentação é prioridade como medida não farmacológica, contribuindo
diretamente para o controle pressórico e redução do peso. O consumo de alimentos ricos em
111
potássio, magnésio e cálcio e pobre em sódio estão associados à redução da PA e na
prevenção da doença. Um padrão dietético rico em frutas, hortaliças, fibras, sais minerais e
lacticínios com baixos teores de gordura também tem impacto na diminuição da PA e uma
modificação dietética global favorecerá a prevenção de doenças crônicas (BRASIL, 2013b).
Ressalta-se relação positiva entre essa alimentação e melhoria nos parâmetros
antropométricos e clínicos de pessoas com hipertensão. Assim, é necessário informar e
esclarecer sobre os alimentos que podem favorecer o controle dos níveis pressóricos, o peso, o
perfil lipídico e glicêmico que afetam diretamente o controle da hipertensão e a prevenção de
complicações (BRASIL, 2014). As orientações sobre alimentação balanceada devem ser
enfatizadas pelos profissionais de saúde, considerando aspectos relevantes relacionados à
alimentação, devendo essas informações serem fornecidas como forma de melhor adequá-las
a cada pessoa, conforme suas necessidades, condições, hábitos e crenças em relação às
práticas alimentares.
A prática de atividade física é uma medida não farmacológica indispensável na
prevenção e no tratamento de doenças. Nas pessoas acometidas por doenças crônicas, o
exercício físico exerce papel preponderante, pois reduz o colesterol ruim, os triglicerídeos, a
pressão arterial e a glicemia, bem como os parâmetros antropométricos, entre eles o peso, a
circunferência abdominal, a cintura e o quadril e aumenta a disposição para as atividades da
vida diária, favorecendo a qualidade de vida.
Na prática da atividade ou exercíco físico deve-se associar exercicíos aeróbicos
com exercícios resistidos, pois promovem reduções na pressão arterial. Portanto, realizar
trinta minutos de exercícios físicos por dia durante cinco dias da semana de forma moderada
promove boa saúde cardiovascular e melhora a qualidade de vida (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010). Além disso, a prática de atividade
física favorece a socialização, aumenta a autoestima, devolve a autoconfiança e melhora a
atividade mental.
Observa-se na Tabela 9 que a pressão arterial sistólica (PAS) teve média de 135,1
± 19,9 mmHg e a pressão arterial diastólica (PAD) apresentou média de 75,5 ± 11,4 mmHg.
Apesar de muitos pacientes utilizarem medicamentos anti-hipertensivos, a aferição da pressão
arterial demonstrou médias de pressões sistólicas e diastólicas elevadas no início do estudo.
O peso foi outra variável avaliada no estudo, tendo média de 70,24 ± 14,58 kg
entre os participantes, influenciando diretamente no índice de massa corporal (IMC).
112
O peso é uma variável sensível de mudança no comportamento de saúde, na
grande maioria das vezes, manifestado pela instituição de medidas ligadas à alimentação e à
prática de atividade física. O percentual de pessoas do estudo que fazem o tratamento não
medicamentoso completo se restringe apenas a 19,8%, explicando, dessa forma, quase
nenhuma mudança em relação à perda ponderal, salvo um ou outro participante.
Em relação ao índice de massa corporal (IMC) observa-se média de 30,1 ± 5,66
na fase inicial do estudo, sendo a média do peso dos participantes de obesidade grau I,
denotando riscos moderados para comorbidades (SOCIEDADE BRASILEIRA DE
CARDIOLOGIA. SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO. SOCIEDADE
BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010) e necessidade de investimentos nessa população
para redução do peso e IMC.
O IMC é uma medida relevante na avaliação do risco cardiovascular e, apesar de
sua avaliação não ser considerada por alguns profissionais de saúde devido ser uma medida
não adequada para a população brasileira, ainda é utilizada nas recomendações das sociedades
brasileiras de cardiologia, de hipertensão e síndrome metabólica.
Uma variável preocupante medida no estudo foi a circunferência abdominal, cuja
média foi de 103,74 ± 12,48 cm. Os números alarmantes registrados nas medidas dos
participantes do estudo indicam elevada concentração da gordura central, que impacta na
elevação da gordura visceral e no aumento do risco cardiovascular nessa população.
É necessário manter as medidas antropométricas nos padrões de normalidade. O
IMC deve estar abaixo de 25 kg/m2, o peso na faixa normal e a circunferência abdominal
<102 para os homens e <88 para as mulheres. Redução de peso e de circunferência abdominal
reduzem também os níveis pressóricos e melhoram as alterações metabólicas, além de evitar o
desenvolvimento de comorbidades (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA O ESTUDO DA
OBESIDADE E DA SINDROME METABÓLICA, 2009; SOCIEDADE BRASILEIRA DE
CARDIOLOGIA. SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO. SOCIEDADE
BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010).
A medida do IMC e da CA pode indicar urgência na instituição do tratamento
medicamentoso e não medicamentoso para redução nos parâmetros antropométricos e
clínicos, pois medidas acima do normal levam ao aumento na morbimortalidade (BRASIL,
2014).
113
Tabela 10 – Avaliação da qualidade de vida e após aplicação do álbum seriado conforme
caracterização por sexo, idade, escolaridade, renda, estado civil e tipo de tratamento.
Fortaleza-Ceará-Brasil, 2015
f Qualidade de vida Antes
Média ± DP
Qualidade de vida Após
Média ± DP
Sexo
M 25 8,92 ± 5,46 6,64 ± 4,99
F 91 12,4 ± 7,89 8,00 ± 5,89
p ,054 ,246
Idade
Idoso 78 10,76 ± 7,53 7,64 ± 5,74
Não idoso 38 13,52 ± 7,33 7,84 ± 5, 73
p ,715 ,931
Escolaridade
Baixa escolaridade 83 11,60 ± 8,01 8,07 ± 5,78
Média/alta escolaridade 33 11,81 ± 6,34 6,78 ± 5,52
p ,441 ,714
Renda
≤ a 2 salários 87 12,36 ± 8,06 8,11 ± 5,83
> 2 salários 27* 9,11 ± 5,26 6,48 ± 5,36
p ,015 ,296
Estado civil
Sem companheiro 50 11,64 ± 7,58 7,86 ± 5,77
Com companheiro 66 11,68 ± 7,58 7,59 ± 5,71
p ,837 ,381
Tipo de tratamento
Medicamentoso
Sim 114 11,73 ± 7,59 7,69 ± 5,76
Não 2 7,50 ± 3,53 8,50 ± 2,12
p ,305 ,181
Não medicamentoso
Sim 69 10,79 ± 6,60 7,43 ± 5,84
Não 45* 12,91 ± 8,64 8,02 ± 5,63
p ,073 ,782
Fonte: autoria própria.
* A soma desses itens totalizou 114 em virtude de dois participantes não responderem sobre a renda e
tratamento.
Na Tabela 10, observa-se que na análise da qualidade de vida, houve redução na
pontuação dos escores do MINICHAL em todas as variáveis sociodemográficas e em relação
ao tipo de tratamento, sendo significativo apenas na variável renda antes da aplicação do
álbum seriado, ou seja, participantes que possuíam renda maior que dois salários mínimos
tiveram redução estatisticatimente significativa.
A renda pode repercutir na aquisição de comportamentos que favorecem melhoria
na saúde das pessoas, embora não seja diretamente implicada na escolha de uma alimentação
saudável e na prática de atividade física. No entanto, um salário melhor permite mais
114
condições na escolha e consumo de produtos que possam trazer benefícios à saúde das
pessoas, favorecendo a promoção de maior qualidade de vida.
Tabela 11 – Avaliação da adesão ao tratamento da HAS antes e após aplicação do álbum
seriado conforme caracterização por sexo, idade, escolaridade, renda e estado civil.
Fortaleza-Ceará-Brasil, 2015
f Adesão ao tratamento Antes
Média ± DP
Adesão ao tratamento Após
Média ± DP
Sexo
M 25 97,3 ± 7,54 100,2 ± 7,61
F 91 98,2 ± 6,97 100,8 ± 6,70
p ,480 ,409
Idade
Idoso 78 98,1 ± 6,26 100,9 ± 7,08
Não idoso 38 97,8 ± 6,26 100,1 ± 6,48
p ,170 ,559
Escolaridade
Baixa escolaridade 83 98,30 ± 7,17 100,76 ± 7,12
Média/alta escolaridade 33 97,32 ± 6,88 100,57 ± 8,31
p ,780 ,540
Renda
≤ a 2 salários 87 98,2 ± 6,39 100,3 ± 6,95
> 2 salários 27* 97,9 ± 8,57 102,2 ± 6,69
p ,162 ,749
Estado civil
Sem companheiro 50 97,9 ± 7,63 100,7 ± 7,86
Com companheiro 66 98,0 ± 6,68 100.6 ± 6,09
p ,515 ,018
Fonte: autoria própria.
* A soma desse item totalizou 114 em virtude de dois participantes não responderem sobre a renda.
Observa-se na Tabela 11 que a adesão ao tratamento aumentou em todas as
variáveis sociodemográficas avaliadas neste estudo, sendo estatisticamente significativa na
variável estado civil após aplicação do álbum (p<0,05 pelo Teste t de student). Esse achado
confirma que o fato de ter um companheiro favorece o tratamento e sua adesão, pois a
presença de uma pessoa que ajuda no cuidado, seja no tratamento farmacológico ou medidas
não medicamentosas, pode promover maior controle da doença.
A adesão ao tratamento é uma das mais relevantes metas a serem alcançadas no
controle da hipertensão. Os índices elevados na falta de adesão ao tratamento em todo mundo
reflete numa questão crucial das doenças crônicas, em especial na hipertensão, que é a falta de
controle da doença e o aparecimento de complicações associadas, repercutindo negativamente
na redução da morbimortalidade na população.
115
Outro aspecto importante da temática da adesão ao tratamento é que problemas
relacionados com pouca ou nenhuma adesão prejudicam a qualidade de vida das pessoas que
têm a doença, ao contrário o aumento na adesão ao tratamento e maior controle dos níveis
pressóricos podem melhorar a qualidade de vida das pessoas (CARVALHO et al., 2013;
SILVA et al., 2015).
Tabela 12 – Pressão arterial sistólica e diastólica, peso, IMC e CA mensurados antes e
após aplicação do álbum seriado (n=116). Fortaleza-Ceará-Brasil, 2015
Antes
Média ± DP Depois
Média ± DP Significância
(teste t) Média das
diferenças IC 95%
PAS 135,19 ± 19,90 128,55 ± 20,13 P<0,001 3,82 3,20 a 10,08
PAD 75,50 ± 11,46 73,56 ± 10,88 P=0,054 1,94 -0,03 a 3,91
PESO 70,24 ± 14,58 73,56 ± 10,87 P=0,289 -1,06 -0,48 a -0,14
IMC 30,21 ± 5,66 30,29 ± 5,78 P=0,294 -1,05 -0,20 a 0,06
CA 103,74 ± 12,48 104,88 ± 12,47 P=0,009 -2,64 -2,06 a -0,29
Fonte: autoria própria.
DP: desvio padrão; IC 95%: intervalo de confiança de 95% da média das diferenças.
A Tabela 12 apresenta os dados referentes às variáveis secundárias do estudo. Em
relação à pressão arterial sistólica (PAS), a média antes da aplicação do álbum foi de 135,19 ±
19,90 mmHg e após de 128,55 ± 20,13 mmHg (Teste t de student), apresentando diminuição
estatisticamente significativa (p<0,001) entre os dois momentos, comprovando que a
intervenção educativa com o álbum seriado promoveu diminuição média de 6,6 mmHg na
PAS nos participantes da pesquisa. Esse achado é semelhante ao do estudo de Lauzière et al.
(2013) sobre os efeitos de um programa de educação interdisciplinar na hipertensão realizado
no Canadá e mostraram redução de PAS de 10,8 mmHg, e o estudo de Mohammadi et al.
(2006) que avaliaram o modelo de cuidado de parceiros para controle da hipertensão em
populações rurais do Norte iraniano e demonstraram reduções na média da PAS de
11,4mmHg.
Em relação à pressão arterial diastólica (PAD), a média antes foi de 75,50 ± 11,46
mmHg e após foi de 73,56 ± 10,88 mmHg, demonstrando redução, embora não
estatisticamente significativa (p=0,054). Esse achado indica que ações ou intervenções de
educação em saúde podem propiciar quedas nos níveis pressóricos, mesmo que pequenas.
Estudo de intervenção educativa realizado nos Estados Unidos (HOUSTON et al., 2011)
mostrou melhoria na pressão arterial dos participantes, no entanto a PAD teve redução não
estatisticamente significativa com p= 0,058 em todos os participantes.
116
Outras medidas avaliadas no estudo não apresentaram mudanças significativas,
talvez pelo pouco tempo de intervenção educativa destinado às pessoas com hipertensão e por
serem essas variáveis de mais difícil mudança. Estudo apontou a necessidade de uso de
tecnologias educacionais em forma de programa e tempo superior a um ano para observar
mudanças significativas nos parâmetros antropométricos e clínicos (SOUZA; MOREIRA;
BORGES, 2014).
O peso teve média de 70,24 ± 14,58 kg antes e de 73,56 ± 10,87 kg depois da
aplicação do álbum seriado (p=0,289) e o IMC de 30,21 ± 5,66 e após de 30,29 ± 5,78
(p=0,294), permanecendo as duas medidas sem modificações. Estudo realizado nos Estados
Unidos junto às mulheres com doenças cardiovasculares e obesidade (IMC de 31 a 32), por
meio da técnica de grupo focal, relataram dificuldades para incorporação de medidas para
redução do peso e, consequentemente, do IMC (GALLAGHER et al., 2012).
A circunferência abdominal (CA) foi outra variável avaliada no estudo e mostrou
modificações para o aumento. A média antes foi de 103,7 ±12,4 cm e de 104,8 ± 12,4 cm
depois da aplicação da intervenção (p=0,009). Embora tenha havido mudança estasticamente
significativa, do ponto de vista clínico não foi significante, pois houve aumento na CA.
Os números registrados nas medidas de CA dos participantes do estudo indicam
concentração da gordura central que impacta na elevação da gordura visceral e aumento do
risco cardiovascular nessa população (BRASIL, 2014).
Tabela 13 – Qualidade de vida e adesão ao tratamento antes e após o uso do álbum
seriado (n=116). Fortaleza-Ceará-Brasil, 2015
Parâmetro Antes
Média ± DP
Depois
Média ± DP
Significância
(teste t)
Média das
diferenças IC 95%
Qualidade de vida 11,66 ± 7,55 7,71 ± 5,72 P<0,0001 3,95 2,78 a 5,13
Adesão ao tratamento 98,03 ± 7,08 100,71 ± 6,88 P=0,0003 -2,68 -4,10 a -1,27
Fonte: autoria própria. DP: desvio padrão; IC 95%: intervalo de confiança de 95% da média das diferenças.
117
Gráfico 1 – Qualidade de vida (escore total) e Adesão ao tratamento (coeficiente de
adesão ao tratamento) antes e após a aplicação do álbum seriado (n=116). Fortaleza-
Ceará-Brasil, 2015
Fonte: autoria própria.
A Tabela 13 e o Gráfico 1 demonstram as medidas das duas variáveis de desfecho
do estudo, mostrando que tanto a qualidade de vida quanto a adesão ao tratamento
apresentaram mudanças significativas na intervenção com o uso do álbum seriado
Hipertensão arterial: promoção da qualidade de vida e adesão ao tratamento.
A qualidade de vida teve média de 11,66 ± 7,55 antes e de 7,71 ± 5,72 depois da
aplicação do álbum, apresentando diminuição estatisticamente significativa (p<0,0001) e
média de diferenças de 3,95, ou seja, o álbum conseguiu melhorar a qualidade de vida em
quase quatro pontos no escore total, superior ao escore total encontrado no estudo de Silva et
al. (2015), que foi de 2,6, utilizando o mesmo instrumento de qualidade de vida.
A qualidade de vida é uma temática complexa discutida e avaliada por muitos
estudiosos no Brasil e no mundo. Esse termo se refere aos muitos aspectos que envolvem a
vida do ser humano e são utilizados na avaliação de parâmetros que demonstram o grau de
desenvolvimento de um país, como o índice de desenvolvimento humano (IDH), que é um
indicador de qualidade de vida (NAHAS, 2013).
A mensuração da qualidade de vida com o uso do MINICHAL ou com outros
instrumentos de medida da qualidade de vida também foi realizada em outros estudos que
mostrou modificações importantes na QVRS, no entanto esses estudos abordavam a melhoria
da qualidade de vida por meio do tratamento, geralmente medicamentoso (BRAMLAGE et
al., 2010; SCHMIDT et al., 2008; SILVA et al., 2015). Apesar de poucos estudos
relacionados ao papel da intervenção, ação educativa ou educação em saúde na qualidade de
vida de pessoas com hipertensão, alguns deles demonstraram que essas ações podem melhorar
118
a qualidade de vida de pessoas com o agravo, sendo a ação educativa promotora da qualidade
de vida (MOHAMMADI et al., 2006; SCHULZ, U. et al., 2008).
A adesão ao tratamento apresentou média de 98,03 ± 7,08 antes e de 100,71 ±
6,88 depois da intervenção com o álbum apresentando aumento na adesão estatisticamente
significativa (p=0,0003), com média de diferença de 2,68. Isso demonstra que o álbum
seriado com a discussão de temáticas ligadas à hipertensão modificou positivamente as duas
variáveis de desfecho da tese em questão, promovendo adesão ao tratamento e melhoria nos
índices de qualidade de vida relacionado à saúde (QVRS) nas pessoas com hipertensão.
A adesão ao tratamento da hipertensão arterial é outro tema complexo e de
elevada importância para saúde pública e para as pessoas com a enfermidade. Além disso, é
de difícil alcance devido aos muitos aspectos e fatores implicados, fatores esses que envolvem
não somente aspectos econômicos, mas físicos, psicológicos, sociais e culturais.
A adesão ao tratamento tem sido um assunto muito discutido, tanto no âmbito das
ações governamentais, por meio da elaboração de políticas de saúde para prevenção e controle
da hipertensão, bem como nas ações individuais e/ou coletivas de profissionais de saúde, que
lidam no dia a dia com a enfermidade. Em todo o mundo, estudiosos, governo e profissionais
de saúde têm estudado e trabalhado os aspectos que envolvem a adesão ao tratamento na
hipertensão, a fim de alcançar metas para o controle da doença.
Assim, diversos estudos têm procurado entender de que forma podem melhorar a
adesão ao tratamento, demonstrando que o monitoramento da qualidade de vida é um dos
caminhos para melhorar a adesão ao tratamento nas pessoas com a doença e que o
conhecimento da QVRS em pessoas com a doença e da relação existente entre as duas
temáticas é um determinante confiável de eventos cardiovasculares, que pode ajudar na
prevenção ou redução de incidência de doença cardiovascular (GUSMÃO; MION JUNIOR;
PIERIN, 2009; ZYOUD et al., 2013).
Tabela 14 – Avaliação da qualidade de vida realizada antes e após o uso do álbum
seriado, conforme os domínios mental e físico do MINICHAL. Fortaleza-Ceará-Brasil,
2015 (n= 116)
Domínio Antes
Média ± DP
Depois
Média ± DP
Significância
(teste t)
Média das
diferenças IC 95%
Mental 5,57 ± 4,01 3,75 ± 2,94 P<0,0001 1,82 1,07 a 2,58
Físico 6,00 ± 4,53 3,95 ± 3,57 P<0,0001 2,05 1,38 a 2,72
Fonte: autoria própria.
DP: desvio padrão; IC 95%: intervalo de confiança de 95% da média das diferenças.
119
Gráfico 2 – Avaliação da qualidade de vida realizada antes e após o suo do álbum seriado,
conforme os domínios mental e físico do MINICHAL. Fortaleza-Ceará-Brasil, 2015 (n= 116)
Fonte: autoria própria.
A Tabela 14 e o Gráfico 2 apresentam os dois domínios do miniquestionário de
qualidade de vida avaliados separadamente. Observa-se média de 5,57 ± 4,01 antes e de 3,75
± 2,94 após o suo do álbum seriado no escore do domínio mental apresentando melhoria
estatisticamente significativa (p<0,0001) e no domínio físico média de 6,00 ± 4,53 e de 3,95 ±
3,57 também estatisticamente significativa (p<0,0001). As médias das diferenças foram de
1,82 no domínio mental e de 2,05 no físico. Estudo realizado na Itália mostrou diferenças
semelhantes nas pontuações do escore mental, porém menor no escore físico, sendo
respectivamente de 1,80 e 0,80 (SILVA et al., 2015).
Vários outros estudos também avaliaram a qualidade de vida de pessoas com
hipertensão a partir de domínios ou componentes e mostraram melhorias estatisticamente
significativas nos domínios mental e físico (BRAMLAGE et al., 2010; SCHMIDT et al.,
2008; SCHULZ, U. et al., 2008).
A avaliação da qualidade de vida por meios de instrumentos que utilizam a soma
do escore total e de escores dos principais domínios (físico e mental) envolvidos nessa
avaliação tem sido relevantes em todo mundo, pois tem se configurado como uma questão
prioritária em muitas doenças crônicas por afetarem diretamente o bem-estar físico e
psicológigo das pessoas portadoras e por serem responsáveis pelas repercussões negativas na
vida e na saúde.
Ante todo o exposto, comprova-se a eficácia da tecnologia educacional criada e
validada durante esta tese na promoção da qualidade de vida e na adesão ao tratamento da
hipertensão arterial.
120
6 CONCLUSÃO
Com base na realização deste estudo, a partir da elaboração e validação da
tecnologia educacional para promoção da qualidade de vida e adesão ao tratamento em
hipertensão, verificaram-se os seguintes achados:
a) Foi elaborado o álbum seriado Hipertensão arterial: promoção da qualidade
de vida e adesão ao tratamento, construído com base nas VI Diretrizes
Brasileiras de Hipertensão Arterial, nos Cadernos de Atenção Básica nº 35 e
37, na revisão sistemática sobre qualidade de vida e adesão ao tratamento e no
referencial metodológico Ensinando pessoas com baixo letramento (DOAK;
DOAK; ROOT, 1996), contendo 11 figuras e 11 fichas-roteiro;
b) O pré-teste realizado pelas pessoas com hipertensão recebeu pontuação global
de 0,98, sendo considerado de grande relevância para aplicação nas ações de
educação em saúde;
c) A avaliação realizada por 15 especialistas (enfermeiros e farmacêutico)
considerou o material educativo relevante e válido para utilização nas ações
educativas referente ao conteúdo promoção da qualidade de vida e adesão ao
tratamento em pessoas com hipertensão, com excelentes índices de validade de
conteúdo de 0,88 e validade de aparência de 0,97;
d) Em relação à validação clínica realizada em pessoas com hipertensão, a
amostra se constituiu de 116 usuários que participaram das intervenções
educativas com o álbum seriado. Sobre a caracterização dos participantes
quanto aos aspectos so- ciodemográficos, a grande maioria (78,4%) era do sexo
feminino, mais da metade (67,2%) formada por pessoas idosas, com baixa
escolaridade (71,6%) e baixa renda (75%), recebendo menos de dois salários
mínimos por mês e pouco mais da metade com companheiro (56,9%); Quanto
à caracterização clínica, o tempo de hipertensão teve média de 12,49 ± 10,00, a
quase totalidade (98,3%) dos participantes do estudo realizava o tratamento
medicamentoso e mais metade (59, 5%) o não medicamentoso, a pressão
arterial sistólica (PAS) apresentou média de 135,18 ± 19,89 e pressão arterial
diastólica de 75,50 ± 11,45, o peso teve média de 70,24 ± 14,58, o Índice de
Massa Corporal (IMC) de 30,21± 5,6 e a circunferência abdominal (CA) de
103,74 ± 12,48;
121
e) A avaliação da qualidade de vida conforme as variáveis sociodemográficas e
no tipo de tratamento demonstrou melhoria em todas as variáveis. Porém, só
foi estaticamente significativa para a renda, ou seja, renda maior que dois
salários mínimos (p< 0,015) antes da aplicação do álbum seriado;
f) A adesão ao tratamento foi estaticamente significativa sua associação com a
variável estado civil com companheiro após aplicação do álbum (p< 0,018);
g) Em relação às médias das pressões sistólica (PAS) e diastólica (PAD) houve
reduções, sendo estaticamente significativa na PAS (p<0,0001), registrando
diminuição na média de 6,6 mmHg e quase significativo na PAD (p=0,054). O
peso e o IMC registraram leve aumento, mas não foram estaticamente
significativos. A circunferência abdominal apresentou aumento
estatisticamente significativo, porém sem relevância clínica;
h) A atividade educativa com o uso do álbum seriado promoveu melhoria da
qualidade de vida, com média de 11,66 ± 7,55 antes e de 7,71 ± 5,72 depois da
aplicação do álbum, apresentando diminuição estatisticamente significativa
(p<0,0001) e média de diferenças de 3,95 no escore total e média de 5,57 ±
4,01 antes e de 3,75 ± 2,94 após o suo do álbum seriado no escore do domínio
mental, apresentando melhoria estatisticamente significativa (<0,0001) e no
domínio físico média de 6,00 ± 4,53 e de 3,95 ± 3,57 também estatisticamente
significativa (p<0,0001). As médias das diferenças foram de 1,82 no domínio
mental e de 2,05 no físico, portanto o álbum conseguiu melhorar a qualidade de
vida em quase quatro (04) pontos;
i) A adesão ao tratamento apresentou média de 98,03 ± 7,08 antes e de 100,71 ±
6,88 depois da intervenção com o álbum, registrando aumento na adesão
estaticamente significativo (p=0,0003) e média de diferença de 2,68.
Conclui-se que a intervenção educativa com o álbum seriado Hipertensão
arterial: promoção da qualidade de vida e adesão ao tratamento melhorou o escore total
da qualidade de vida e os escores dos domínios físico e mental, e aumentou a adesão ao
tratamento da hipertensão em pessoas com hipertensão.
Nesse sentido, constata-se que a qualidade de vida relacionada à saúde pode ser
afetada por estratégias ou ações que possam propiciar reflexões importantes no contexto da
vida de pessoas com hipertensão arterial. A melhoria na qualidade de vida e na adesão ao
tratamento de pessoas com a enfermidade está relacionada ao cuidado e atenção dispensados
122
pelos profissionais de saúde junto às pessoas com a doença, pois a associação de intervenção
educativa com a escuta atenciosa e o diálogo estabelecido tanto no âmbito das unidades de
saúde como nos espaços comunitários pode favorecer a tomada de decisão na utilização de
estratégias ou ações por parte dos usuários a fim de promover melhorias em suas condições de
vida e saúde.
Assim, os enfermeiros podem utilizar tecnologias educacionais para promover
ações de saúde que os aproximem da clientela com o intuito de estabelecer relações de
cuidado a partir da prática dialógica e da troca de saberes com a comunidade que assistem
cotidianamente.
Constata-se que as ações de educação em saúde com uso de tecnologias podem
produzir mais do que uma redução nos parâmetros antropométricos e clínicos, podendo
promover encontros que permitam transformar as pessoas pelo conhecimento, despertando-as
para mudanças de comportamento a fim de possibilitar melhoria em sua saúde.
Dessa forma, comprovo a tese de que a utilização da tecnologia educacional
álbum seriado como subsídio à ação do enfermeiro contribuiu para promoção da qualidade de
vida e adesão ao tratamento de pessoas com hipertensão.
Embora os achados deste estudo tenham sido rigorosomante avaliados e medidos
por meio de testes estatísticos, demonstrando sua eficácia e relevância para promover
qualidade de vida e adesão ao tratamento de pessoas com hipertensão arterial, algumas
limitações merecem destaque:
a) A não utilização de um grupo controle ou comparação a fim de possibilitar a
observação de diferenças nos escores da qualidade de vida e no coeficiente de
adesão ao tratamento entre os grupos, bem como em modificações nos
parâmetros antropométricos e clínicos após a intervenção educativa no Grupo
intervenção, comparando com os achados do grupo controle;
b) O tempo relativamente curto de acompanhamento das pessoas com hipertensão
no sentido de possibilitar mudanças em outros parâmetros antropométricos e
clínicos, como peso, IMC, circunferência abdominal e glicemia;
c) Não retorno de alguns pacientes ocasionado por dificuldades no contato
telefônico ou por motivos alheios à pesquisa.
Embora o estudo tenha limitações na sua proposta e execução, algumas
recomendações podem ser vislumbradas:
123
Divulgação do álbum seriado nas Unidades de Atenção Primária à Saúde (UAPS)
de Fortaleza, pois apesar de existirem materiais (cartilhas, folhetos, dentre outros) sobre
hipertensão arterial do Ministério de Saúde, o álbum seriado Hipertensão arterial:
promoção da qualidade de vida e adesão ao tratamento traz informações acessíveis pelo
uso de figuras e mensagens simples que podem ser compartilhadas mais facilmente com os
usuários.
A divulgação da tecnologia educacional nas Unidades de Atenção Secundária e
Terciária é relevante, uma vez que estas unidades constantemente atendem pessoas com
hipertensão, necessitando trocar informações e conhecimentos a fim de possibilitar melhorias
na saúde dessas pessoas.
Pelo fato de ser um material educativo que traz aspectos importantes na vida de
pessoas com hipertensão e pela necessidade de serem discutidas ainda na formação dos
profissionais de saúde, é importante divulgar nas universidades, a fim de propiciar aos
estudantes reflexões sobre outras possibilidades de cuidado.
Recomenda-se, ainda, o treinamento profissional para utilização da tecnologia
visando a sua aplicação na prática clínica.
124
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132
APÊNDICES
133
APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para os especialistas
Prezado(a) Senhor(a)
Sou aluna do Curso de Pós-graduação em Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde da
Universidade Estadual do Ceará (UECE). Estou desenvolvendo uma pesquisa de doutorado intitulada
“Construção e validação de tecnologia educacional como subsídio à ação do enfermeiro na promoção da
qualidade de vida e adesão ao tratamento de hipertensos”, sob a orientação da professora Dra. Thereza Maria
Magalhães Moreira. Inicialmente, agradecemos a sua concordância em participar do nosso estudo. Sua
participação é fundamental em virtude da dificuldade de encontrar experts nessa temática. Sua colaboração
envolverá a validação de conteúdo e aparência de recurso visual (álbum seriado) sobre hipertensão arterial
fazendo a leitura crítica do material educativo e preenchendo a avaliação que será enviada juntamente com o
material.
O álbum seriado deste estudo, sob o título Hipertensão arterial: promoção da qualidade de vida
e adesão ao tratamento se propõe a permitir reflexões sobre qualidade de vida e adesão ao tratamento nas
pessoas que vivem com hipertensão, atuando como ferramenta que ofereça subsídio para adoção de novos
hábitos de vida e saúde pelos hipertensos. A pesquisa não causará danos físicos aos sujeitos. No entanto, os
riscos presentes estarão relacionados a aspectos cognitivos, que podem acarretar constrangimentos ou condições
desfavoráveis na dimensão emocional. Como benefícios, as pessoas participarão das sessões de educação em
saúde e discutirão novas estratégias para aumentar a adesão ao tratamento e melhorar a qualidade de vida.
Para contato que se façam necessários, informamos-lhe meu nome, números de telefone e
endereço eletrônico. É importante ressaltar que o projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética da Universidade
Estadual do Ceará e somente foi iniciada a validação da tecnologia e coleta de dados após sua aprovação
conforme Resolução Nº 466 de 2012 do Conselho Nacional de Saúde.
Nome do pesquisador: Ana Célia Caetano de Souza
Telefones: (85)96812854-Tim, (85)87472744-oi. E-mail: [email protected]
Atenção: Para informar qualquer questionamento durante a sua participação no estudo, dirija-se ao:
Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Ceará. Avenida Silas Manguba, 1700, Itaperi.
Telefone (85) 31019890.
CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO Declaro que após esclarecido(a) pela pesquisadora e tendo
entendido o que me foi explicado concordo em participar da Pesquisa.
Fortaleza, ______, ______________, _______
_________________________________________
Assinatura do Especialista
_____________________________________________
Assinatura da pesquisadora
____________________________________________
Assinatura da Orientadora
134
APÊNDICE B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para pessoas com hipertensão
Prezado(a) senhor(a), meu nome é Ana Célia Caetano de Souza, sou enfermeira e aluna do Curso
de Doutorado Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Estou
realizando uma pesquisa que tem como título: “Construção e validação de uma tecnologia educacional como
subsídio à ação do enfermeiro na promoção da qualidade de vida e adesão ao tratamento de hipertensos’’,
sob a orientação da professora Dra. Thereza Maria Magalhães Moreira”. A pesquisa tem como objetivo
desenvolver e validar uma tecnologia educacional (álbum seriado) a ser utilizada pelos enfermeiros para
promoção da qualidade de vida e adesão ao tratamento de hipertensos.
Caso você concorde em participar da pesquisa, eu realizarei entrevistas para aplicação de dois
questionários, um sobre qualidade de vida para hipertensos e o outro sobre adesão ao tratamento anti-
hipertensivo. Após a aplicação dos instrumentos, farei uma explicação sobre hipertensão com álbum seriado que
terá uma duração máxima de uma hora. Marcaremos mais dois ou três encontros para finalizarmos o trabalho.
A sua participação no estudo é livre, podendo desistir a qualquer momento sem nenhum prejuízo.
Os resultados obtidos serão organizados e apresentados em eventos científicos nacionais e internacionais e
publicados em revistas científicas pertinentes. Seu nome não será revelado em nenhum momento da pesquisa. A
pesquisa não causará danos físicos ao(à) senhor(a). No entanto, os riscos presentes estarão relacionados a
aspectos cognitivos, como descobrir que possui baixa adesão ao tratamento e qualidade de vida reduzida. Como
benefícios, o(a) senhor(a) participará das sessões de educação em saúde e discutirá novas estratégias para
aumentar sua adesão ao tratamento e melhorar sua qualidade de vida.
É importante ressaltar que o projeto será encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Estadual do Ceará e somente será iniciada a validação da tecnologia e coleta de dados após sua
aprovação conforme Resolução Nº 466 de 2012 do Conselho Nacional de Saúde.
Este termo será preenchido em duas vias, sendo uma entregue ao participante da pesquisa.
Nome do pesquisador responsável pela pesquisa: Ana Célia Caetano de Souza Telefones:
(85)96812854-Tim, (85)87472744-oi. E-mail: [email protected]
Atenção: Para informar qualquer questionamento durante a sua participação no estudo, dirija-se ao:
Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Ceará. Avenida Silas Manguba, 1700, Itaperi.
Telefone (85) 31019890.
CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO Declaro que após esclarecido(a) pela pesquisadora e tendo
entendido o que me foi explicado concordo em participar da pesquisa.
Fortaleza, _____, ____________, _______
____________________________________________
Assinatura do participante
_____________________________________________
Assinatura da pesquisadora
____________________________________________
Assinatura da Orientadora
135
APÊNDICE C – Instrumento de coleta de dados
CARACTERIZAÇÃO DOS ESPECIALISTAS
1. Sexo: M ( ) F ( )
2. Idade (em anos):_____________
3. Cidade em que trabalha:__________________________
4. Área de Formação:_____________________________
5. Tempo de Formação (em anos):___________
6. Maior Titulação:
Mestrado ( ) Doutorado ( ) Pós-doutorado ( )
7. Critérios adaptados do modelo Fehring. Na listagem abaixo escolha sim ou não
- Mestre (critério obrigatório) Sim( ) Não( )
- Mestre com dissertação sobre adesão ao tratamento Sim( ) Não( )
e/ou qualidade de vida em pessoas com HAS
-Pesquisa (com publicação) em qualidade de vida Sim( ) Não( )
e/ou adesão ao tratamento na HAS
-Artigo publicado na área de qualidade de vida Sim( ) Não( )
e/ou adesão ao tratamento da HAS
-Doutor em Tese em HAS Sim( ) Não( )
-Prática clínica de pelo menos um ano Sim( ) Não( )
com pessoas em HAS
-Certificado de especialização na área de Sim( ) Não( )
HAS, Clínica Médica, Saúde da Família,
136
APÊNDICE D – Carta Convite para juízes-especialistas
Fortaleza,______de__________________de 2014
Caro(a) Senhor(a)
Estou desenvolvendo uma pesquisa, na condição de aluna do Curso de Doutorado Cuidados
Clínicos em Enfermagem e Saúde da Universidade Estadual do Ceará, onde pretendo Construir e validar um
álbum seriado para promover a qualidade de vida e adesão ao tratamento de hipertensos. Por
reconhecimento de sua experiência como pesquisador(a)/docente/especialista no manejo da elaboração e
validação de instrumentos e/ou prática assistencial, você foi escolhido para emitir seu julgamento sobre o álbum
seriado proposto, segundo check-list em anexo.
Para elaboração deste álbum seriado, sob o título: Hipertensão arterial: promoção da qualidade
de vida e adesão ao tratamento, sendo elaborado a partir das VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010), do Caderno n. 37 de Atenção Básica (BRASIL,
2013b) e de uma Revisão sistemática sobre qualidade de vida e adesão ao tratamento da Hipertensão.
Cada item ou fichas-roteiros do álbum seriado trarão informações sobre hipertensão arterial,
qualidade de vida e adesão ao tratamento de pessoas que vivem com a doença, sendo abordadas por meio de
perguntas chaves: 1) O que é hipertensão arterial? 2) O que pode levar a pessoa a ter hipertensão arterial? 3)
Como saber se sou hipertenso? 4) Qual o valor normal da pressão arterial? 5) Se eu tiver hipertensão é mais fácil
ter outras doenças 6) A hipertensão tem cura? Qual seu tratamento? 7) Por que minha pressão não baixa mesmo
tomando os medicamentos? 8) Por que quando tomo os medicamentos da pressão posso me sentir mal? 9) É
possível viver com a hipertensão? 10) De que forma a família pode ajudar no tratamento da hipertensão?
As atividades que solicito ao(à) senhor(a) referem-se ao(à):
1) Preenchimento do instrumento de coleta de dados-caracterização dos especialistas;
2) Assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) (02 vias);
3) Leitura do texto integral das fichas-roteiros utilizadas no instrumento;
4) Validação de Conteúdo pela apreciação dos objetivos, organização, estilo de escrita, aparência e
motivação e Validação de Aparência pela apreciação das características das figuras do álbum seriado
proposto, segundo check-list ou instrumento de validação em anexo;
5) Comentários e sugestões sobre os itens contidos no álbum seriado. Assim, caso ache pertinente, vossa
senhoria pode sugerir modificações de qualquer item.
PARA CUMPRIR O CRONOGRAMA DESTA PESQUISA, SOLICITO SE POSSÍVEL,
QUE O(A) SENHOR(A) DEVOLVA OS QUESTIONÁRIOS DENTRO DO PRAZO DE 30 DIAS.
Desde já, agradecemos sua disponibilidade em compartilhar seu tempo com nossa pesquisa certa
de que sua valorosa contribuição em muito ampliará as possibilidades deste estudo. Solicito o seu endereço para
correspondência. Ana Célia Caetano de Souza (Pesquisadora)
Telefones para contato: (85) 8747 2744/(85)96812854
E-mail: [email protected]
137
APÊNDICE E – Instruções para avaliação dos especialistas
1 Descrição dos objetivos do estudo
O objetivo desta pesquisa é avaliar uma tecnologia educacional que subsidie o enfermeiro para
promover a qualidade de vida e adesão ao tratamento de pessoas com hipertensão. O interesse pelo tema se deu
pelo fato da autora trabalhar com pessoas com hipertensão arterial e que apresentam complicações da
enfermidade. A necessidade de desenvolver estratégias eficientes no sentido de diminuir a prevalência da doença
e os índices de morbidade e mortalidade pelas doenças cardiovasculares possibilitou realizar um estudo para
construção e validação de álbum seriado sobre hipertensão arterial a ser utilizado pelo enfermeiro nas várias
instituições de saúde que atendem ao público-alvo. Antes e após a utilização do álbum seriado ao público-alvo,
faremos a aplicação de dois instrumentos: 1) Miniquestionário de Qualidade de vida em Hipertensão Arterial
(MINICHAL)- 2007; 2) O instrumento de adesão ao tratamento da hipertensão de Rodrigues (2012).
Tendo realizado revisão integrativa sobre as tecnologias educacionais desenvolvidas para
promoção da atenção à saúde cardiovascular em adultos, observei que são várias as tecnologias educacionais
utilizadas para promover saúde cardiovascular, dentre elas destacam-se: Serviço de telesaúde, Programa de
intervenção educativa com pacientes com distribuição de kit Educativo, Pesquisa de opinião pública sobre
promoção de estilo de vida saudável nos meios de comunicação de massa, Programa de estilo de vida,
alimentação saudável e exercício físico, dentre outros. Os estudos têm demostrado que a aplicação dessas
tecnologias promoveu melhoria nos níveis lipídicos, glicêmicos e pressóricos e em alguns estudos, as tecnologias
proporcionaram mudanças no estilo de vida, como o consumo de alimentos saudáveis e a prática de exercício
físico, também demonstrando redução nas internações por doenças cardiovasculares e nos anos de vida perdidos.
Ante o exposto, pergunta-se: o desenvolvimento e a validação de tecnologia educacional (álbum
seriado) como subsídio a ação do enfermeiro contribui para promoção da qualidade de vida e adesão ao
tratamento de pessoas com hipertensão?
Responder a essa questão pode trazer reflexões sobre o papel das tecnologias educacionais
utilizadas na prevenção e controle das doenças cardiovasculares, entre elas, a hipertensão. A construção e
utilização de novas tecnologias pelos profissionais de saúde, em particular pelo enfermeiro, podem fazer parte do
cotidiano desses profissionais e serem aplicadas como estratégias adequadas para proporcionar novos
paradigmas de abordagens na educação em saúde, promovendo cuidados embasados na troca de conhecimentos e
experiências entre o enfermeiro e a população.
2 Explanação dos principais conceitos utilizados no estudo e explicações sobre o preenchimento
Para o preenchimento adequado do formulário de validação da tecnologia de álbum seriado,
faremos uma explanação sobre os principais conceitos utilizados na pesquisa. Sobre a tecnologia educacional
vários autores a conceituam, no entanto utilizaremos o conceito de Litwin (1997) que o define como um corpo de
conhecimentos baseado nas disciplinas científicas referidas às práticas de ensino que incorpora o conhecimento
de outras disciplinas científicas como as teorias da comunicação e da aprendizagem, bem como de trabalhos
eminentemente tecnológicos, enquanto se referem a meios para o ensino.
138
No entanto, é importante ressaltar que, atualmente, a tecnologia educacional como estratégia
inovadora não deve se preocupar somente com os efeitos dos equipamentos e das técnicas utilizadas para
transmissão de informações e conhecimentos mas, principalmente, está voltada para eficácia social,
considerando sua relevância social na mudança da sociedade (MONTEIRO; VARGAS; CRUZ, 2007).
A adesão ao tratamento da hipertensão para OMS é considerado o grau de coincidência entre o
comportamento do indivíduo e a recomendação do profissional de saúde sobre o regime terapêutico (WORLD
HEALTH ORGANIZATION, 2003).
Sobre qualidade de vida, existem muitos autores que a conceituam, no entanto por ser considerado
um conceito abstrato e muito subjetivo, diversas áreas do conhecimento o utilizam de uma forma desregrada e
sem fazer reflexões aprofundadas sobre a temática.
O termo qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) se refere aos aspectos físicos,
psicológicos, sociais e ambientais da saúde, visto em diferentes áreas que são influenciadas pelas experiências,
crenças, expectativas e percepções das pessoas e podem ser mensurados nas dimensões objetivas e subjetivas
(TESTA; SIMONSON, 1996).
Na definição da OMS, qualidade de vida relacionada à saúde é a percepção do indivíduo de sua
posição na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos,
expectativas, padrões e preocupações, ressaltando três aspectos fundamentais: subjetividade,
multidimensionalidade (incluindo, pelo menos, as dimensões física, psicológica, social e ambiental) e
bipolaridade (com abordagem de aspectos positivos e negativos) na vida das pessoas (DINIZ, 2013).
Dessa forma, é necessária a compreensão da relação entre qualidade de vida e adesão ao
tratamento da hipertensão e como as tecnologias educacionais desenvolvidas e/ou utilizadas pelos enfermeiros
podem viabilizar novos comportamentos e ações de cuidados construídos pelo compartilhamento de saberes
entre o profissional e pessoas com hipertensão a fim de promover mudanças nos atuais índices de
morbimortalidade pelas doenças crônicas, especialmente pelas doenças cardiovasculares (DCVs).
Explicações sobre o preenchimento do instrumento de validação de conteúdo e de aparência
Leia minuciosamente o material educativo. Em seguida, preencha o instrumento, marcando um X
no item que corresponde à sua resposta. Não existem respostas corretas, o resultado deste reflete sua opinião. Por
favor, responda todos os itens.
Concordância
1-Discordo totalmente 2-Discordo
3-Não Concordo e nem Discordo 4-Concordo
5-Concordo totalmente
139
APÊNDICE F – Formulário para validação de aparência do álbum seriado por especialistas
1=
Dis
cord
o
To
talm
ente
2=
Dis
cord
o
3=
Nã
o
con
cord
o
Nem
dis
cord
o
4=
Co
nco
rdo
5=
Co
nco
rdo
To
talm
ente
Características das figuras
2.1 As figuras estão apropriadas para o público-alvo.
2.2As figuras são claras e transmitem facilidade de
compreensão.
2.3 As figuras estão em quantidade e tamanhos adequados no
álbum.
2.4 As figuras utilizadas estão relacionados com o texto do
álbum e elucidam o conteúdo.
2.5 As cores e formas das figuras estão adequadas para o tipo
de material.
2.6 As figuras retratam o cotidiano de pessoas com
hipertensão.
2.7 A disposição das figuras estão em harmonia com o texto.
2.8 As figuras ajudam na exposição da temática e estão em
uma sequência lógica.
2.9 As figuras ajudam na mudança de comportamentos e
atitudes do público alvo.
2.10 As figuras são relevantes para compreensão do conteúdo
pelo público-alvo.
Caso a figura não lhe pareça claro e compreensivo, acrescente suas sugestões abaixo:
140
APÊNDICE G – Protocolo revisão sistemática sobre qualidade de vida e adesão ao tratamento
na hipertensão arterial
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO CUIDADOS CLÍNICOS EM ENFERMAGEM
E SAÚDE
DOUTORADO CUIDADOS CLÍNICOS EM ENFERMAGEM E SAÚDE
PROTOCOLO
QUALIDADE DE VIDA E ADESÃO AO TRATAMENTO EM PESSOAS COM
HIPERTENSÃO ARTERIAL: uma revisão sistemática com metanálise
Ana Célia Caetano de Souza
José Wicto Pereira Borges
Thereza Maria Magalhães Moreira
Fortaleza, 2014
141
1 INTRODUÇÃO
As doenças crônicas não infeciosas (DCNI) têm se configurado como um
problema de saúde pública, acometendo parcela significativa da população mundial. No
Brasil, há aumento da mortalidade populacional pelas doenças crônicas, destacando-se as
cardiovasculares (DCV) e a hipertensão arterial (HA), cuja prevalência estimada é de 35% na
população acima de 40 anos (RIBEIRO, COTTA, RIBEIRO, 2012).
Na hipertensão, assim como em outras enfermidades crônicas, é importante
avaliar a qualidade de vida (QV) das pessoas com a doença, pois é parte relevante na proposta
de tratamento. Conceituar e discutir qualidade de vida não é uma tarefa fácil, porém tornam-
se necessárias devido à importância inquestionável na vida das pessoas (GUSMÃO, 2004).
O conceito de qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS), desenvolvido pela
Organização Mundial da Saúde em 1994, é a percepção do indivíduo de sua posição na vida
no contexto da cultura e sistema de valores nos quais vive e em relação aos seus objetivos,
expectativas, padrões e preocupações, ressaltando três aspectos fundamentais: subjetividade,
multidimensionalidade e bipolaridade na vida das pessoas (DINIZ, 2013).
A qualidade de vida de pessoas com hipertensão arterial é afetada por diversos
fatores, dentre eles ligados à própria existência da enfermidade e seu caráter crônico-
degenerativo, à descoberta da doença, aos déficits nos aspectos físico, emocional e social,
bem como aqueles relacionados à terapia medicamentosa (GUSMÃO, 2004).
Assim, na avaliação subjetiva da pessoa com hipertensão, ressalta-se a relevância
da adesão ao tratamento anti-hipertensivo, sendo necessário saber se o indivíduo avalia o
tratamento como eficaz e o papel deste na melhoria do seu estado de saúde. A OMS define
adesão ao tratamento da hipertensão como o grau de coincidência entre o comportamento do
indivíduo e a recomendação do profissional de saúde sobre o regime terapêutico (WORLD
HEALTH ORGANIZATION, 2003).
Pelo fato da hipertensão ser uma doença crônica que requer longo tempo de
tratamento, o sucesso deste está na dependência do impacto do regime das drogas no bem-
estar do indivíduo com hipertensão. Uma redução na qualidade de vida de pessoas com a
doença é muitas vezes causada pela terapia com medicamentos utilizados pelos hipertensos,
sendo essa a maior razão para não adesão ao tratamento ou para sua descontinuidade.
Portanto, um dos melhores caminhos para melhorar a adesão ao tratamento da hipertensão é o
monitoramento da qualidade de vida (NUNES, 2001).
142
2 PROTOCOLO DE ESTUDO BASEADO EM REVISÃO SISTEMÁTICA
2.1 Contexto
A necessidade de conhecer e aprofundar a temática sobre a relação existente entre
qualidade de vida e adesão ao tratamento em pessoas com hipertensão e o impacto dessa no
cotidiano de pessoas que vivem com a enfermidade, levou os autores a realizar de um estudo
de revisão sistemática a partir de estudos primários que estabelecem essa relação.
Sabe-se que a avaliação da qualidade de vida é fundamental no campo da saúde,
sendo importante destacar os resultados que procuram entender e intervir sobre o contexto do
indivíduo ou grupos expostos a diferentes tipos de agravos à saúde, sejam crônicos ou agudos.
Por outro lado, a adesão ao tratamento anti-hipertensivo é indispensável no
sentido de propiciar prevenção das complicações às pessoas com a enfermidade,
consequentemente, com diminuição na morbidade e mortalidade por doenças cardiovasculares
e controle dos níveis pressóricos.
Considerando a complexidade desses constructos a partir dos seus fatores
intervenientes, muitas vezes comuns a ambos, ainda não é possível estabelecer a relação como
forma de evidência entre os dois, pois alguns estudos mostram que a qualidade de vida
influencia a adesão ao tratamento e outros mostram o inverso, configurando um contexto a
exigir um aprofundamento de pesquisa.
Desse modo, considerando que a revisão sistemática com metanálise é o topo da
hierarquia de evidência, que possui grande importância para clínica e pesquisa e por ser um
tipo de investigação que disponibiliza um resumo das evidências relacionadas a uma
estratégia de intervenção específica mediante a aplicação de métodos sistematizados, justifica-
se o referente estudo (SAMPAIO, MANCINI, 2007).
2.2 Objetivo
Verificar a associação entre qualidade de vida e adesão ao tratamento em pessoas
com hipertensão arterial.
143
QUESTÃO DE PESQUISA: Avaliar os efeitos do tratamento anti-hipertensivo na
qualidade de vida de pessoas com hipertensão arterial
3 ESCOPO DA PESQUISA
O escopo da pesquisa designa os mecanismos metodológicos, tecnológicos,
instrumentais e de pessoal para a realização da revisão sistemática.
Critérios adotados para a seleção das fontes.
Bases de dados adotadas:
IBECS
LILACS
SCIELO
MEDLINE
COCHRANE
PORTAL DA CAPES
SCIENCE DIRECT
SCOPUS
Tipo de estudos
Estudos observacionais primários (de prevalência, coorte e caso controle) e
interventivos (ensaio clínico).
Tipo de participantes
Pessoas com hipertensão arterial, maiores de 18 anos, em tratamento anti-
hipertensivo.
Idiomas
Português;
Inglês;
Espanhol.
P: Indivíduos com hipertensão arterial
I: Qualidade de vida
C: Pressão arterial
O: Pressão arterial diminuída
P: Indivíduos com hipertensão arterial
V: Qualidade de vida
O: Pressão arterial diminuída
144
4 ESTRATÉGIA DE BUSCA
A estratégia de busca deve ser feita no maior número de bases de dados possível.
Escolhemos as bases IBECS, LILACS, SciELO, MEDLINE, COCHRANE, WEB OF
SCIENCE, SCOPUS, EMBASE. Como representante da literatura cinza, escolhemos o Banco
de Teses e dissertações da CAPES. Serão realizadas buscas eletrônicas nas bases de dados
supracitadas e buscas manuais nas referências dos estudos selecionados.
a. Descritores
A partir das estruturas das questões de investigação (População, Variável de
Intervenção e Resultados) definidas anteriormente, os principais termos identificados foram:
hipertensão arterial, adesão ao tratamento e qualidade de vida. Após a identificação, buscou-
se no MeSH os descritores adequados para cada termo da questão de pesquisa. Optamos pela
utilização do idioma inglês por ser a língua utilizada nas bases de dados eletrônicas que serão
pesquisadas.
Hipertensão arterial: hypertension, blood pressure, arterial pressure.
Adesão ao tratamento: patient adherence, patient cooperation, medication
adherence, medication compliance.
Qualidade de vida: quality of life, life style.
Além desses descritores optamos por utilizar alguns relacionados ao tipo de
estudo como forma de melhor direcionamento nas buscas.
Tipo de estudo: case-control studies, cohort study, prospective studies,
prevalence.
b. Expressão geral de busca
(((((((hypertension[MeSH Terms]) OR blood pressure[MeSH Terms]) AND Patient
Adherence[MeSH Terms]) OR Patient Cooperation) OR Medication Adherence[MeSH
Terms]) OR Medication Compliance[MeSH Terms]) AND Quality of Life[MeSH Terms])
hypertension AND “Patient Adherence” OR “Patient Cooperation” OR “Medication
Adherence” OR “Medication Compliance” AND “Quality of Life”
145
(hypertension) (medication adherence) (quality of life) (patient cooperation) (medication
compliance) (arterial pressure) (life style).
c. Busca manual
Serão examinadas as referências dos estudos primários em busca de artigos que se
enquadrem nos critérios de inclusão. De posse dos títulos de interesse, serão recuperados os
resumos para análise preliminar e posterior aquisição do texto completo se este for de
interesse para a pesquisa.
5 PROCEDIMENTOS DE SELEÇÃO E CRITÉRIOS
Os estudos que podem fazer parte dessa pesquisa são: artigos científicos,
relatórios de pesquisa, dissertações e teses.
d. Critérios de inclusão
A inclusão de um trabalho é determinada pela relevância em relação às questões
de investigação e analisada a partir do title, descriptores, abstract e conclusion. Os seguintes
critérios de inclusão foram definidos:
a) Delineamentos: estudos observacionais (coorte, caso controle) e ensaios
clínicos randomizados;
b) População: pessoas com hipertensão arterial primária, maiores de 18 anos;
c) Adesão ao tratamento: escores de adesão ao tratamento por instrumentos
validados;
d) Qualidade de vida: escore de qualidade de vida por instrumentos validados;
e) Idiomas: português, inglês e espanhol.
e. Critérios de exclusão
a) Artigos de revisão de literatura e editorial;
b) Envolvendo hipertensão gestacional;
c) Protocolos e diretrizes;
d) Estudos com qualidade de vida relacionada ao trabalho.
146
f. Processo de seleção
Será utilizado o Protocolo PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic
Reviews and Meta-Analyses) para a condução da seleção dos estudos. Esse protocolo possui
instrumentos para melhorar a acurácia de revisões sistemáticas. Dentre esses instrumentos,
destacam-se: o diagrama PRISMA (ANEXO 1) que será aplicado para a seleção dos estudos e
o check-list PRISMA (ANEXO 2) para a condução desta revisão.
i) Seleção e catalogação preliminar das publicações
Inicialmente, dois pesquisadores independentes realizarão as buscas para
identificar os potenciais estudos primários. A partir da leitura dos títulos dos trabalhos
mobilizados na busca, serão excluídos estudos que claramente são irrelevantes para as
questões investigadas.
ii) Primeiro filtro: seleção das publicações relevantes
O rastreamento inicial dos artigos deverá ser baseado na revisão do título e
resumo, para determinar o preenchimento dos critérios de elegibilidade. Essa etapa visa,
inicialmente, descartar os que não são relevantes. Cada pesquisador chegará a uma lista de
potenciais estudos primários. As duas listas serão comparadas e os pesquisadores chegarão a
uma única lista de potenciais candidatos. Se houver qualquer discordância na inclusão ou
exclusão de um estudo, ele deve ser incluído.
Os estudos incluídos serão documentados no Formulário A. E todos os trabalhos
excluídos e o critério que definiu sua exclusão serão documentados no Formulário B.
iii) Segundo filtro: seleção das publicações a partir dos critérios de qualidade
A avaliação da qualidade dos estudos considera que os estudos individuais foram
executados segundo diferentes protocolos, com nível de rigor variado e sendo os resultados
descritos de múltiplas maneiras, podendo haver discrepâncias de resultados entre os estudos.
Portanto, a etapa de detecção de risco de vieses e qualidade do estudo é fundamental e a
análise crítica dos estudos é etapa indispensável para interpretar o efeito da heterogeneidade
clínica e biológica sobre os resultados.
147
Neste estudo utilizaremos o instrumento Newcastle-Ottawa Scale (NOS). Este tem
sido o mais amplamente utilizado para avaliar a qualidade metodológica de estudos de Caso
controle e Coorte quanto à amostragem, seleção, exposição e desfechos clínicos, sendo
atribuída uma estrela para cada item completado, resultando em escores que variam de zero
(pior) a sete (melhor) (FUCHS; PAIM, 2010).
Nessa etapa, dois pesquisadores independentes farão a avaliação dos estudos
selecionados no primeiro filtro utilizando o referido instrumento. Após avaliação dos estudos
pelos referidos pesquisadores, será realizado o consenso. Dados divergentes serão resolvidos
tomando por base os elementos do protocolo como forma de promover maior acurácia e evitar
vieses. Com intuito de mensurar o grau de confiabilidade entre os pesquisadores, será
calculado a concordância interavaliadores a partir do Coeficiente Kappa.
iv) Terceiro filtro: seleção dos dados relevantes
Para cada trabalho aprovado pelo processo de seleção, os pesquisadores utilizarão
um formulário para extraírem as informações necessárias. Serão utilizados três formulários
distintos, um para estudos de Caso controle, outro para estudos de Coorte e outro para Ensaio
Clínico.
Nessa etapa, também será feita a extração dos dados por dois pesquisadores de
forma independente utilizando os três formulários de coleta de dados (Apêndice A, B e C) no
final desse protocolo.
Serão coletadas as informações: Título, Autores, Pesquisadores que farão a
avaliação, Tipo de Estudo, Data de Avaliação, Fonte, Local de Publicação, Data da
Publicação, Critério de Inclusão, Amostra, Resposta a uma ou mais das perguntas de
investigação, Avaliação da Qualidade dos Estudos, Resumo, Análise e Observações.
6 PROCEDIMENTOS PARA ANÁLISE
A realização da metanálise necessita da existência de, no mínimo, dois estudos
que respondam à mesma pergunta, utilizem pelo menos um desfecho em comum e tenham
desenhos de estudo semelhantes.
Na etapa de exploração dos estudos, será realizada a análise da homogeneidade
para verificar a semelhança entre os estudos, a partir do método, população e amostra, idade,
sexo, agravos envolvidos, dentre outros. Buscam-se, ainda, analisar o risco de viés dos
148
estudos. A homogeneidade positiva determina o cálculo da metanálise, utilizando o modelo de
efeito fixo. Neste modelo, a medida de efeito é a razão de chances ou risco relativo, sendo
aplicado nesse caso o método de Mantel-Haenszel. Se porventura um dos estudos apresentar
zero evento em, pelo menos, um dos grupos comparados, será utilizado o método de Peto
(RODRIGUES; ZIEGELMANN, 2010).
Será realizado o Teste Q de Cochran e a estatística I². A avaliação dessas medidas
indicará a permanência do modelo de efeito fixo ou a possibilidade do modelo de efeito
aleatório. Caso o valor Q seja elevado e o p < 0,05, indica presença de heterogeneidade entre
os estudos. A análise da estatística I² levará em consideração a escala de Higgins que
classifica o valor de I²: próximo a 0% indica não heterogeneidade, próximo a 25% indica
baixa heterogeneidade, próximo a 50% indica moderada e próxima a 75% alta
heterogeneidade entre os estudos (BERWANGER et al., 2007; FUCHS; PAIM, 2010).
Na presença confirmada de heterogeneidade entre os estudos, o modelo utilizado
será de efeito aleatório. Este considera que os estudos que fazem parte da metanálise formam
uma amostra aleatória de uma população hipotética de estudos. Apesar dos estudos não serem
considerados semelhantes, eles são conectados por meio de uma distribuição de probabilidade
supostamente normal (RODRIGUES; ZIEGELMANN, 2010).
É importante ressaltar que se o número de estudos for muito pequeno, embora o
modelo de efeitos aleatórios seja preferível, a estimativa de variância entre os estudos não terá
uma boa precisão. Para resolver esse problema poderá ser utilizado o modelo de efeito fixo,
lembrando-se das suas limitações de não inferências para outras populações (RODRIGUES;
ZIEGELMANN, 2010).
A apresentação dos dados metanalíticos será feita no gráfico Forest Plot. Esse
gráfico mostra informações individuais dos estudos e os resultados da metanálise.
REFERÊNCIAS
BERWANGER O, SUZUMURA EA, BUEHLER AM, OLIVEIRA JB. Como avaliar
criticamente revisões sistemáticas e metanálises?. Revista Brasileira de Terapia Intensiva.
v.19, n.4, p.475-480, Out-dez, 2007.
DINIZ, D. P. Qualidade de vida relacionada à saúde e ao trabalho. In: ______. Guia de
qualidade de vida: saúde e trabalho. 2. ed. Barueri, SP: Manole, 2013. cap. 1, p. 1-10.
FUCHS, S. C.; PAIM, B. S. Revisão sistemática de estudos observacionais com metanálise.
Rev. HCPA, v. 3, n. 30, p. 294-301, 2010.
149
GUSMÃO, J. L. A qualidade de vida da pessoa com hipertensão arterial. In: PIERIN, A. M.
G. (Org.). Hipertensão arterial: uma proposta para o cuidar. Barueri, SP: Manole, 2004. p.
263-274.
NUNES, M. I. The relationship between quality of life and adherence to treatment. Curr.
Hyprtens. Rep., v. 3, n. 6, p. 462-465, 2001.
RIBEIRO, A. G.; COTTA, R. M. M.; RIBEIRO, S. M. R. A promoção da saúde e a
prevenção integrada dos fatores de risco para doenças cardiovasculares. Ciência & Saúde
Coletiva, v. 17, n. 1, p. 7-17, 2012.
RODRIGUES, C. L.; ZIEGELMANN, P. K. Metanálise: um guia prático. Rev. HCPA, v. 30,
n. 4, p. 437-47, 2010.
SAMPAIO, R. F.; MANCINI, M. C. Estudos de revisão sistemática: um guia para síntese
criteriosa da evidência científica. Rev. Bras. Fisioter., v. 11, n. 1, p. 83-89, 2007.
APÊNDICE A
Formulário A
Trabalhos Incluídos
ID Fonte Título Autor Local de
Publicação Tipo Ano
Formulário B
Trabalhos Excluídos
Fonte Título Local de
Publicação Tipo
Critério usado para
Exclusão
150
APÊNDICE B-FORMULÁRIO DE COLETA DE DADOS: Estudo caso controle
ID: Pesquisador: Data da Avaliação:
Título:
Autores:
Tipo de Estudo: Idioma:
Fonte de Pesquisa: Local de Publicação:
Ano: Tipo:
Escore Newcastle Otawa Scale: País:
Duração do estudo: Cenário do estudo:
Seleção do caso
Seleção do controle
Tempo de seguimento Sexo:
Tipo de amostra Número de participantes:
Nº do caso: Nº controle Média idade:
Desfecho:
Exposição:
Método de medida da QV:
Método de medida da AT:
Grupo experimental:
Grupo controle:
Responde qual pergunta?
Principais resultados:
151
APÊNDICE C-FORMULÁRIO DE COLETA DE DADOS: Estudo COORTE
ID: Pesquisador: Data da Avaliação:
Título:
Autores:
Tipo de Estudo: Idioma:
Fonte de Pesquisa: Local de Publicação:
Ano: Tipo:
Escore Newcastle Otawa Scale: País:
Seleção do caso: Cenário do estudo:
Seleção do controle
Tempo de seguimento
Tipo de amostra Número de participantes:
Sexo: Idade:
Duração do estudo:
Desfecho:
Exposição:
Método de medida da QV:
Método de medida da AT:
Responde qual pergunta?
Principais resultados:
152
ANEX0 A – PRISMA 2009 Flow Diagram
Fonte: Galvão, Pansani e Harrad (2015).
153
ANEXO B – PRISMA checklist
Seção/tópico N. Item do checklist na página Relatado na
pagina nº
TÍTULO
Título 1 Identifique o artigo como uma revisão sistemática, meta-análise, ou ambos.
RESUMO
Resumo Estruturado
2
Apresente um resumo estruturado incluindo, se aplicável: referencial teórico; objetivos; fonte de
dados; critérios de elegibilidade; participantes e intervenções; avaliação do estudo e síntese dos
métodos; resultados; limitações; conclusões e implicações dos achados principais; número de registro da revisão.
INTRODUÇÃO
Racional 3 Descreva a justificativa da revisão no contexto do que já é conhecido.
Objetivos 4 Apresente uma afirmação explícita sobre as questões abordadas com referência a participantes,
intervenções, comparações, resultados e delineamento dos estudos (PICOS).
MÉTODOS
Protocolo e Registro 5 Indique se existe um protocolo de revisão, se e onde pode ser acessado (ex. endereço eletrônico), e, se disponível, forneça informações sobre o registro da revisão, incluindo o número de registro.
Critérios de
elegibilidade
6
Especifique características do estudo (ex.: PICOS, extensão do seguimento) e características dos
relatos (ex. anos considerados, idioma, a situação da publicação) usadas como critérios de elegibilidade, apresentando justificativa.
Fontes de Informação 7 Descreva todas as fontes de informação na busca (ex.: base de dados com datas de cobertura, contato
com autores para identificação de estudos adicionais) e data da última busca.
BUSCA 8 Apresente a estratégia completa de busca eletrônica para pelo menos uma base de dados, incluindo os limites utilizados, de forma que possa ser repetida.
Seleção dos estudos 9 Apresente o processo de seleção dos estudos (isto é, rastreados, elegíveis, incluídos na revisão
sistemática, e, se aplicável, incluídos na meta-análise).
Processo de coleta de dados 10 Descreva o método de extração de dados dos artigos (ex.: formulários piloto, de forma independente, em duplicata) e todos os processos para obtenção e confirmação de dados dos pesquisadores.
Lista dos dados 11 Liste e defina todas as variáveis obtidas dos dados (ex.: PICOS, fontes de financiamento) e quaisquer
suposições ou simplificações realizadas.
Risco de viés em cada estudo
12 Descreva os métodos usados para avaliar o risco de viés em cada estudo (incluindo a especificação se foi feito no nível dos estudos ou dos resultados), e como esta informação foi usada na análise de
dados.
Medidas de sumarização 13 Defina as principais medidas de sumarização dos resultados (ex.: risco relativo, diferença média).
Síntese dos resultados 14 Descreva os métodos de análise dos dados e combinação de resultados dos estudos, se realizados,
incluindo medidas de consistência (por exemplo, I2) para cada meta-análise.
Risco de viés entre estudos 15 Especifique qualquer avaliação do risco de viés que possa influenciar a evidência cumulativa (ex.:
viés de publica-ção, relato seletivo nos estudos).
Análises adicionais 16 Descreva métodos de análise adicional (ex.: análise de sensibilidade ou análise de subgrupos, metarregressão), se realizados, indicando quais foram pré-especificados.
RESULTADOS
Seleção de estudos 17 Apresente números dos estudos rastreados, avaliados para elegibilidade e incluídos na revisão, razões
para exclusão em cada estágio, preferencialmente por meio de gráfico de fluxo.
Características dos
estudos
18 Para cada estudo, apresente características para extração dos dados (ex.: tamanho do estudo, PICOS,
período de acompanhamento) e apresente as citações.
Risco de viés em cada
estudo
19 Apresente dados sobre o risco de viés em cada estudo e, se disponível, alguma avaliação em
resultados (ver item 12).
Resultados de estudos
individuais
20 Para todos os desfechos considerados (benefícios ou riscos), apresente para cada estudo: (a) sumário
simples de dados para cada grupo de intervenção e (b) efeitos estimados e intervalos de confiança, preferencialmente por meio de gráficos de floresta.
Síntese dos resultados
21 Apresente resultados para cada meta-análise feita, incluindo intervalos de confiança e medidas de
consistência.
Risco de viés entre
estudos
22 Apresente resultados da avaliação de risco de viés entre os estudos (ver item 15).
Análises adicionais 23 Apresente resultados de análises adicionais, se realizadas (ex.: análise de sensibilidade ou subgrupos,
metarregressão [ver item 16]).
DISCUSSÃO
Sumário da evidência 24 Sumarize os resultados principais, incluindo a força de evidência para cada resultado; considere sua
relevância para grupos-chave (ex.: profissionais da saúde, usuários e formuladores de políticas).
Limitações 25 Discuta limitações no nível dos estudos e dos desfechos (ex.: risco de viés) e no nível da revisão (ex.:
obtenção incompleta de pesquisas identificadas, viés de relato).
Conclusões
26 Apresente a interpretação geral dos resultados no contexto de outras evidências e implicações para
futuras pesquisas.
FINANCIAMENTO 27 Descreva fontes de financiamento para a revisão sistemática e outros suportes (ex.: suprimento de
dados); papel dos financiadores na revisão sistemática.
154
APÊNDICE H – Álbum seriado produzido
155
156
157
158
159
160
161
162
163
164
165
166
167
168
ANEXOS
169
ANEXO A – Instrumento de avaliação do material educativo
Adaptação do Parecer do Paciente (SOUSA, 2011)
Leia minuciosamente o material educativo. Em seguida, preencha o instrumento, marcando
um X no item que corresponde à sua resposta. Não existem respostas corretas, o resultado
deste reflete sua opinião. Por favor, responda todos os itens.
1=
Nã
o a
jud
ou
em n
ad
a
2=
Nã
o a
jud
ou
3=
Nem
aju
do
u e
nem
fez
des
ap
ren
der
4=
Aju
do
u
a
ap
ren
der
5=
Aju
do
u
mu
ito
1.Objetivos
1.1 Atende aos objetivos das pessoas com hipertensão.
1.2 Ajuda na aquisição e na troca de conhecimentos entre o
profissional de saúde e pessoas com hipertensão.
1.3 Está adequado para ser usado por qualquer profissional que
trabalhe com pessoas com hipertensão.
2.Organização
2.1 A capa está atraente, indica o conteúdo do material.
2.2 O tamanho do título da capa e dos subtítulos dentro do material
estão adequados.
2.3 Os tópicos seguem uma ordem.
2.4 Há coerência entre as informações da capa, apresentação e
sumário.
2.5 O material (papel, impressão) está adequado.
2.6 O número de páginas está adequado.
2.7 Os temas retratam aspectos chaves importantes
3. Estilo de escrita
3.1 A escrita está em um estilo adequado à pessoa com hipertensão
3.2 O texto é vívido e interessante. O tom é amigável
3.3 O vocabulário é acessível
3.4 Há associação do tema de cada sessão com o texto
correspondente.
3.5 O texto está claro.
3.6 O estilo da redação correspondente ao nível de conhecimento
do público-alvo.
4. Aparência
4.1 As páginas ou sessões parecem organizadas
4.2 As figuras são simples
4.3 As figuras servem para complementar os textos
4.4 As figuras são expressivas e suficientes
5. Motivação
5.1 O material está apropriado para idade, gênero e cultura.
5.2 O material apresenta lógica.
5.3 A interação é convidada pelo texto e sugere ações.
5.4 Aborda assuntos necessários à pessoa com hipertensão.
5.5 Promove mudança de comportamento e atitude.
5.6 O material propõe à pessoa com hipertensão para realizar o
autocuidado.
Caso o texto não lhe pareça claro e compreensivo, acrescente suas sugestões abaixo:
170
ANEXO B – Instrumento de validação de conteúdo do Álbum Seriado para Especialista
(SOUSA, 2011)
Leia minuciosamente o material educativo. Em seguida, preencha o instrumento, marcando
um X no item que corresponde à sua resposta. Não existem respostas corretas, o resultado
deste reflete sua opinião. Por favor, responda todos os itens.
1=
Dis
cord
o
To
talm
ente
2=
Dis
cord
o
3=
Nã
o
con
cord
o
Nem
dis
cord
o
4=
Co
nco
rdo
5=
Co
nco
rdo
To
talm
ente
1.Objetivos
1.1 Atende aos objetivos das pessoas com hipertensão.
1.2 Ajuda na aquisição e na troca de conhecimentos entre o
profissional de saúde e pessoas com hipertensão.
1.3 Está adequado para ser usado por qualquer profissional que
trabalhe com pessoas com hipertensão.
2.Organização
2.1 A capa está atraente, indica o conteúdo do material.
2.2 O tamanho do título da capa e dos subtítulos dentro do material
estão adequados.
2.3 Os tópicos seguem uma ordem.
2.4 Há coerência entre as informações da capa, apresentação e
sumário.
2.5 O material (papel, impressão) está adequado.
2.6 O número de páginas está adequado.
2.7 Os temas retratam aspectos chaves importantes
3. Estilo de escrita
3.1 A escrita está em um estilo adequado à pessoa com hipertensão
3.2 O texto é vívido e interessante. O tom é amigável
3.3 O vocabulário é acessível
3.4 Há associação do tema de cada sessão com o texto
correspondente.
3.5 O texto está claro.
3.6 O estilo da redação correspondente ao nível de conhecimento
do público-alvo.
4. Aparência
4.1 As páginas ou sessões parecem organizadas
4.2 As figuras são simples
4.3 As figuras servem para complementar os textos
4.4 As figuras são expressivas e suficientes
5. Motivação
5.1 O material está apropriado para idade, gênero e cultura.
5.2 O material apresenta lógica.
5.3 A interação é convidada pelo texto e sugere ações.
5.4 Aborda assuntos necessários à pessoa com hipertensão.
5.5 Promove mudança de comportamento e atitude.
5.6 O material propõe à pessoa com hipertensão para realizar o
autocuidado.
Caso o texto não lhe pareça claro e compreensivo, acrescente suas sugestões abaixo:
171
ANEXO C – Miniquestionário de Qualidade de Vida em Hipertensão Arterial (MINICHAL)
Nos últimos sete dias... Não,
absolutamente
Sim, um
pouco
Sim,
bastante
Sim,
muito
1. Tem dormido mal?
2. Tem tido dificuldade em manter suas relações
sociais habituais?
3. Tem tido dificuldade em relacionar-se com
pessoas?
4. Sente que não está exercendo um papel útil na
vida?
5. Sente-se incapaz de tomar decisões e iniciar coisas
novas?
6. Tem se sentido constantemente agoniado e tenso?
7. Tem a sensação de que a vida é uma luta
contínua?
8. Sente-se incapaz de desfrutar suas atividades
habituais de cada dia?
9. Tem se sentido esgotado e sem forças?
10. Teve a sensação de que estava doente?
11. Tem notado dificuldade em respirar ou sensação
de falta de ar sem causa aparente?
12. Teve inchaço nos tornozelos?
13. Percebeu que tem urinado com mais frequência?
14. Tem sentido a boca seca?
15. Tem sentido dor no peito sem fazer esforço
físico?
16. Tem notado adormecimento ou formigamento em
alguma parte do corpo?
17. Você diria que sua hipertensão e o tratamento
dessa têm afetado a sua qualidade de vida?
172
ANEXO D – Questionário de Adesão ao Tratamento da Hipertensão Arterial Sistêmica
(QATHAS)
PARTE 1-IDENTIFICAÇÃO
IDENTIFICAÇÃO
Nome:
Endereço:
DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS
Sexo: 1( )M 2( ) F
Idade:______ anos
Nível de instrução
1 ( ) Analfabeto – Ensino Fundamental incompleto
2 ( ) Ens. Fundamental completo – ens. médio incompleto
3 ( ) Ens. Médio completo
4( ) Ens. Superior completo ou mais
Ocupação:
Renda familiar R$:
1( ) menos de 1 salário 2( ) de 1 a 2 salários
3( ) de 2 a 5 salários 4( ) mais de cinco
Estado civil:
1( ) Casado(a)/União consensual 2( ) Solteiro(a)
3( ) Viúvo(a) 4( ) Desquitado(a)/ Divorciado(a)
História Familiar de Hipertensão? Sim ( ) Não ( )
Quanto tempo de hipertensão?
Toma medicamentos anti-hipertensivos? Sim ( ) Não( )
Quanto tempo toma medicamentos anti-hipertensivos?
Faz tratamento não medicamentoso? Sim( ) Não( )
Se sim, Qual(is)?
Nº de pessoas que residem em sua casa: ______
DADOS CLÍNICOS
Pressão arterial sistólica (PAS):
Pressão arterial diastólica (PAD):
Peso:
Altura:
Índice de Massa Corporal (IMC):
Circunferência abdominal (CA):
Circunferência do quadril (CQ):
Circunferência cintura (CC):
173
PARTE 2: ADESÃO AO TRATAMENTO DA HAS
ITENS do QATHAS
1 - Alguma vez deixou de tomar sua medicação para HAS?
( ) Sim, ao menos 1 vez ao dia
( ) Sim, ao menos 1 vez por semana
( ) Sim, ao menos 1 vez por mês
( ) Sim, ao menos 1 vez por ano
( ) Não
2 – Alguma vez deixou de tomar sua medicação da HAS, conforme a dose prescrita?
( ) Sim, ao menos 1 vez ao dia
( ) Sim, ao menos 1 vez por semana
( ) Sim, ao menos 1 vez por mês
( ) Ao menos 1 vez por ano ou nunca
3 – Alguma vez deixou de tomar sua medicação da HAS nos horários estabelecidos?
( ) Sim, ao menos 1 vez ao dia
( ) Sim, ao menos 1 vez por semana
( ) Sim, ao menos 1 vez por mês
( ) Ao menos 1 vez por ano ou nunca
4- Faz uso do medicamento para o tratamento da HAS somente quando apresenta algum sintoma?
( ) Sim ( ) Não
5 - Seguir o tratamento medicamentoso da HAS tornou-se uma rotina em sua vida?
( ) Sim ( ) Não
6 - Ao iniciar o tratamento para HAS, diminuiu o sal da alimentação?
( ) Não
( ) Sim, reduzi à terça parte
( ) Sim, reduzi à metade
( ) Sim, como praticamente insosso
( ) Sempre fiz uso de uma alimentação pobre em sal
7- Ao iniciar o tratamento para HAS, diminuiu a gordura da alimentação?
( ) Não
( ) Sim, reduzi à terça parte
( ) Sim, reduzi à metade
( ) Sim, como praticamente sem gordura
( ) Sempre fiz uso de uma alimentação pobre em gordura
8- Ao iniciar o tratamento para HAS, passou a preferir o consumo de carnes brancas (aves, peixe)?
( ) Não
( ) Sim, consumo carne branca até 03 vezes na semana
( ) Sim, consumo carne branca 04 ou mais vezes na semana
( ) Sempre consumi carnes brancas no mínimo 4 vezes por semana
174
9- Ao iniciar o tratamento para HAS, diminuiu o uso de doces e bebidas com açúcar?
( ) Não
( ) Sim, reduzi à terça parte
( ) Sim, reduzi à metade
( ) Sim, como praticamente sem açúcar/doce
( ) Sempre fiz uso de uma alimentação pobre em doces e bebidas com açúcar
10 - Com o início do tratamento para a HAS, passou a realizar pelo menos 30 minutos de exercício físico
(caminhada, natação, ciclismo)?
( ) Não
( ) Sim, menos de 3 vezes por semana
( ) Sim, de 3 a 5 vezes por semana
( ) Sim, mais de 5 vezes por semana
( ) Sempre fiz exercício físico pelo menos 3 vezes por semana
11 - Seguir o tratamento não medicamentoso da HAS tornou-se uma rotina em sua vida?
( ) Sim ( ) Não
12- Comparece às consultas agendadas para o tratamento da HAS?
( ) Sim ( ) Não
Fonte: Rodrigues (2012), adaptado na primeira parte do instrumento
175
ANEXO E – Parecer Consubstanciado do CEP
176
177