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2 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – CCS CURSO DE CIÊNCIOAS BIOLÓGICAS Bruno Edson Chaves Pteridófitas : as primeiras plantas vasculares Fortaleza-CE Julho, 2006 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – CCS

CURSO DE CIÊNCIOAS BIOLÓGICAS

Bruno Edson Chaves

Pteridófitas : as primeiras plantas vasculares

Fortaleza-CE

Julho, 2006

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE

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CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – CCS

CURSO DE CIÊNCIOAS BIOLÓGICAS

Bruno Edson Chaves

Pteridófitas : as primeiras plantas vasculares

Trabalho apresentado como requisito

parcial da Universidade Estadual do Ceará-

UECE de aprovação na disciplina de Botânica

I, ministrada pela professora Jeanne Barros

Leal de Pontes Medeiros, no curso de Ciências

Biológicas

Fortaleza, Ceará

SUMÁRIO

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Introdução......................................................................................................... pág 5

Plantas vasculares sem sementes – As Pteridófitas........................................ pág 6

1- ocorrência e distribuição ........................................................................ pág 6

2- origem do esporófito ............................................................................... pág 9

3- evolução ............................................................................................... pág 13

4- características gerias do grupo ............................................................ pág 16

5- classificação ......................................................................................... pág 18

6- particularidades dos principais filos ...................................................... pág 20

Filo Rhyniophyta ................................................................................. pág 20

Filo Zosterophyllophyta ....................................................................... pág 21

Filo Lycophyta ..................................................................................... pág 22

Filo Trimerophyta ................................................................................ pág 25

Filo Psilophyta...................................................................................... pág 25

Filo Sphenophyta ................................................................................ pág 28

Filo Pterophyta .................................................................................... pág 30

7- Importância econômica ........................................................................ pág 35

8- Importância ecológica .......................................................................... pág 36

Conclusão ...................................................................................................... pág 37

Bibliografia ..................................................................................................... pág 38

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Introdução

Na divisão do reino Plantae entende-se por Pteridophyta, organismos

vegetais cuja já existe presença de vasos condutores – do tipo xilema e floema-, para a

condução de seiva bruta e elaborada respectivamente, portanto pertencem ao grupo

das traqueófitas, sendo as pteridófitas os primeiros organismos a adquirem vasos.

O aparecimento dos vasos condutores possibilitou uma maior diversidade de

formas, permitindo-as atingir maiores dimensões do que qualquer outra planta terrestre

existente até então, transformando-as nas primeiras plantas a abandonar por completo

o meio aquático e conquistarem o ambiente terrestre.

Estas plantas são encontradas nos mais variados habitats, e como

características a maioria possui caule, raízes e folhas porém não há a formação de

sementes, muito menos de flores, o que os colocam no grupo das Criptógamas.

Caracterizado pela marcada alternância de fases no seu ciclo de vida, sendo a fase

duradoura a esporofítica e gametofítica efêmera.

As pteridófitas, assim como as demais plantas vasculares, tem uma grande

importância e representatividade na flora. Constituem um grupo taxonômico informal, no

qual estão reunidos sete filos, são eles: Rhyniophyta, Zosterophyllophyta,

Trimerophytophyta, Lycophyta, Psilotophyta, Sphenophyta e Pterophyta. Porém destes

sete filos somente os quatro últimos são encontrados atualmente, os outros três estão

extintos.

Em comum estas plantas tem somente as características gerais do grupo

supracitados, a ausência de sementes e tecidos vasculares que transportam água e

sais minerais para as plantas. Cada uma tem a sus particularidade e sua forma de vida.

No estudo das pteridófitas procura-se entender o seu processo evolutivo das

plantas, pois essas, com dito anteriormente, foram de fundamental importância para a

ocupação progressiva do ambiente terrestre e o aumento da independência do meio

aquático ou seja, pontos chaves para vida vegetal na terra.

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Plantas vasculares sem sementes – As Pteridófitas

1- Ocorrência e distribuição

As pteridófitas são um grupo de plantas bastante heterogêneo, e são

encontradas nos mais variados habitats, que vão desde de ambientes de altas latitudes

e altitudes ao interior de florestas pluviais tropicais e de vegetação arbustiva sub-

desértica a rochas costeiras e mangues; embora sejam normalmente achados nas

regiões de clima tropical. Gostam de ambientes úmidos e sombrios, em ambientes de

florestas vivendo como plantas epífitas ou hemiepífita, podendo ainda ser vistas sobre

rochas, ou no solo. Como exemplo de plantas epífitas podem ser citadas as

samambaias e as avencas, uma informação interessante refere-se ao que foi descrito

na literatura, no qual cerca de 1/3 de todas as espécies de samambaias tropicais cresce

sobre troncos e ramos de árvores como epífitas, sendo o dendezeiro uma das

hospedeiras preferidas dessas pteridófitas.

Apenas um pequeno número de espécies é capaz de crescer fora de um

ambiente de floresta úmida, e sabendo que a maioria desse tipo de florestas está na

região tropical pode-se deduzir que a maior diversidade de espécies nos trópicos esteja

relacionada a condições relativamente estáveis que existem em muitos ecossistemas

tropicais, nos quais as espécies tornam-se ajustadas a nichos ecológicos mais estreitos.

Porém tais plantas vasculares ainda podem ser encontradas até em desertos, ou em

ambientes aquáticos, no que se refere a este último ambiente os poucos representantes

são duIcícolas, porém, nenhum marinho.

Pelo fato de apresentarem vasos condutores podem apresentar grande

diversidade de formas; podendo variar bastante de tamanho desde pequenas

pteridófitas aquáticas como a Salvinia, até espécies arborescentes como o

samambaiaçu, Cyathea com mais de 5m.

As pteridófitas possuem cerca de 9.000 a 12.000 espécies, das quais cerca de

3.250 ocorrem nas Américas. Alguns autores estimam que aproximadamente 35% das

espécies existentes na América ocorrem no Brasil, o que dá mais ou menos um número

de 1.150 espécies de pteridófitas existentes no Brasil.

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A região sudeste-sul do Brasil possui em torno de 600 espécies e abriga um

dos centros de endemismo e especiação de pteridófitas no Continente Sul-Americano.

O que se deve ao fato de parte dessa região apresentar a combinação de clima tropical

úmido, montanhas e ecossistemas florestais. De acordo com alguns autores, as

montanhas promovem alta riqueza de espécies de pteridófitas, os mesmo ainda

afirmam que tal fato ocorre devido à variedade de ambientes criados por diferentes

tipos de solos, rochas, elevações, inclinações, exposições à luz e microclimas das

regiões montanhosas.

Na zona Norte, os estudos realizados na região amazônica verificaram a

ocorrência de quase 400 espécies, e é bem provável que possa existir bem mais do

que esse número.

Na região nordeste do Brasil, de modo geral, as pteridófitas tem uma

distribuição relativamente ampla: no Maranhão ocorrem em áreas remanescentes de

Floresta Perenifólia Higrófila Costeira citando 15 espécies; no Piauí há a citação de

quatro espécies; destacam-se as ocorrências das pteridófitas nesta região, nas diversas

zonas fitogeográficas que abrangem desde a Serra do Baturité, no estado do Ceará, até

a Chapada Diamantina, no estado da Bahia, além daquelas ocorrentes em áreas de

caatinga. Existem ainda estudos sendo realizados sobre a pteridoflora de Pernambuco

que constataram a presença de pteridófitas na zona das Caatingas, além de sua

presença nos remanescentes de mata atlântica.

Em geral, quando falamos exclusivamente de samambaias, (as pteridófitas

mais popularmente conhecidas) é certo que sua maior diversidade encontra-se nos

trópicos onde cerca de 75% das espécies são encontradas. Em números podemos

dizer que nas regiões temperadas, como nos Estados Unidos e Canadá, somente cerca

de 380 espécies de samambaias foram descritas, enquanto cerca de 1.000 ocorrem no

pequeno país tropical de Costa Rica, na América Central.

A partir do dado referente às samambaias e de algumas informações

supramencionadas pode tentar fazer uma relação com os outros tipos de pteridófitas na

qual 80% das espécies de pteridófitas ocorrem em áreas tropicais, sendo mais comuns

em montanhas tropicais e subtropicais úmidas. Esta forte correlação entre pteridófitas e

florestas, deve-se ao fato de que as primeiras, no geral, são grandemente dependentes

de outras plantas para lhes prover condições de proteção e sobrevivência. Em

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condições de sombreamento na floresta, uma considerável proporção de esporos de

pteridófitas deve ser capaz de germinar.

Foi demonstrado, ainda, que em algumas florestas neotropicais as

pteridófitas representam cerca de 10% do total do número de espécies de plantas

vasculares apresentando-se em maior número de espécies do que qualquer família de

angiospermas herbáceas.

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2 – Origem do esporófito

No decorrer do curso da evolução as plantas tiveram a tendência de

estabelecer um esporófito livre e independente, quanto à nutrição, e tal esporófito torna-

se mais evidente pela primeira vez nas Pteridófitas. Essa evolução desta fase do

desenvolvimento da planta foi de fundamental importância para a conquista do

ambiente terrestre uma vez que possibilitou maior resistência e possibilitou um maior

crescimento vegetal.

Vários estudiosos de morfologia vegetal tentaram explicar a natureza do caule

das primitivas Pteridófitas. Sabe-se que as os pteridófitos já existiam no Siruliano, ou

seja, a mais de 380 milhões de anos e como o passar do tempo às plantas foram

evoluindo, desde simples Rhyniophytos (que tinha como característica um caule

dicotomicamente ramificado) aos Pterphytas (que tinha rizóides, folhas, e raízes).

Foram emitidas, então, três teorias gerais sobre a natureza dos primeiros

esporófitos, são elas: Que ele consistia nas folhas e o eixo folhoso surgiu mais tarde no

decurso da evolução do caule; Que os apêndices do eixo evoluíram de áreas

superficiais do eixo; E que o esporófito é inteiramente de natureza axial e que as folhas

e ramos resultam de uma modificação de ramos.

De acordo com estudo aprofundado de fósseis de alguns Psilófitos, tem-se

conhecimento de que os primeiros pteridófitos eram esporófitos independentes, sem

raízes nem folhas, constituídas por um eixo de ramificação dicotômica. Como será

mostrado mais à frente a Rhynia citado acima, pode ter sido (de acordo com estudos

realizados), progenitor dos Psilófitos pois ambas tem ramificações dicotômicas.

E foi tomando por base essas comparações evolutivas da natureza caulinar

das Pteridófitas mais primitivas que chegou a conclusão de que seria impossível as

folhas terem precedido o eixo.

Vários estudiosos, então lançaram teorias tomando por base a idéia da

natureza axial do caule seguida por sua evolução até as ramificações simpódicas na

constituição do eixo. Zimmermann, então reuniu as idéias baseadas nesses estudos e

lançou a teoria do teloma – Figura 1a. No qual afirmava que o eixo caulinar primitivo

era ereto, ramificado dicotomicamente, sem folhas e de estrutura semelhante aos de

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Figura 1 – a)esquema mostrando a teoria do teloma; b) formação dos megáfilos; c) formação dos

microfilos; d) derivção de uma ramificação dicitômica a simpódica

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Rhynia. Os telomas os mesomas formam o sistema telómico, onde os telomas férteis

originam os esporângios.

As folhas foram agrupadas em dois grupos: as macrófilas - Figura 1b - e as

microfilas – figura 1c. Estas últimas só apresentavam uma única nervura desde a base

até o ápice. As folhas microfilas são sempre dotadas de um limbo com um sistema de

nervuras muito ramificado, em que a nervação pode ser aberta ou fechada.

Seguiu-se então uma mudança ramificação, de dicotômica a simpódica –

Figura 1d - , num eixo ereto e sem folhas. Disto resultou um eixo com uma sucessão

de sistemas telômicos. Houve então a necessidade da fusão dos telomas, dispostos

lado a lado, trazendo como conseqüência uma folha constituída por pecíolos e limbo,

com um sistema de nervuras ramificadas dicotomicamente e abertas. E as micrófilas

originaram num eixo reto e áfilo com ramificação dicotómica, onde houve um

sobrepujamento como resultado da passagem à ramificação simpódica.

Uma outra teoria foi formulada por Bower, esta é chamada de Teoria da

enação. Tal teoria afirma que as folhas licopodias são estruturas novas que surgiram

em superfícies que não tinham saliência. Admitiu-se, então, a presença de expansões

(enações), de natureza mais ou menos semelhantes a espinhos, surgiram na superfície

lisa de um eixo se folhas e que, com o tempo, se tornaram achatadas e foliáceas. Após

o aparecimento do cordão vascular (nervura) disposto até à extremidade da folha as

enações passaram a ter ligação com o cilindro vascular do eixo.

Porém as teorias acima mostradas demonstram apenas como evoluiu o

sistema caulinar, mas esquece de mencionar como evoluiu o sistema vascular, este um

mecanismo de fundamental importância para a sobrevivência das plantas no meio

terrestre.

Paralelo a evolução do sistema caulinar ocorreu à evolução do sistema

vascular. Os tecidos vasculares primários constituíam o cilindro central ou estelo, do

caule, da raiz no corpo primário da planta.

A evolução dos tecidos vasculares surgiu da necessidade da planta transportar

água e nutrientes; com isso, as plantas desenvolveram diversas organizações

vasculares. São conhecidos vários tipos de estelo, entre eles o protostelo (cilindro

maciço), sifanostelo (cilindro maciço sem a preenchimento e com parênquima) e eustelo

(cilindro em fuso). A diversificação dos arranjos vasculares no processo evolutivo

implica também, entre outros fatores, na fotossíntese e no transporte de água às folhas.

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A distribuição relativa dos sistemas vasculares influencia nas principais

diferenças nas estruturas da raiz, caule e folha, como por exemplo: protostelo forma

micrófilos, sifanostelo forma micrófilos e megáfilos e eustelo forma apenas megáfilos,

estes deramm origem as folhas atuais.

Estes tecidos vasculares – xilema primário e floema primário -, tiveram que se

tornar mais resistentes cada célula dos elementos traqueais, desenvolveu um

preenchimento com lignina característico, para poder levar a seiva para o topo da

planta, além de dar maior resistência à planta.

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3- Evolução

As pteridófitas constituem um grupo vegetal com características peculiares. De

acordo com estudos da paleobotânica as primeiras pteridófitas compreendem vegetais

vasculares muito simples que surgiram por volta de 400 milhões de anos durante a era

Paleozóica dos períodos Siluriano ao Devoniano (figura 2) . Neste período existia um

considerável número de Psilófitos (que como será visto mais na frente, tais organismos

apresentavam uma organização bem simples), estes ocupavam uma região de

transição entre a água e a terra.

Figura 2 – período em que surgiram as primeira pteridófitas

Figura 3 – Período carbonífero. Inicia-se o surgimento de grandes florestas pantanosas

Mas nesse mesmo período – meados do Devoniano – os três mais importantes

exemplares de plantas vasculares resumia-se aos filos Rhyniophyta, Zosterophyllophyta

e Thimerophytiphyta. Tais filos apresentavam uma estrutura relativamente pequena e

morfologia simples e primitiva. Não apresentavam raízes, na fase esporofítica,

constando apenas de ramos com folhas muito pequenas, quando presentes.

Ao final desse período estes três filos foram extintos e grupos mais complexos

tornaram-se dominantes. Ainda na Era Paleozóica, segue-se o período Carbonífero

(Figura 3) que teve como características o surgimento de grandes florestas

pantanosas, tropicais e subtropicais, seguido por, no permiano, uma a extinção de

algumas espécies de pteridófitas, como exemplo pode citar as Lycophytas arbóreas.

Viver em Terra firme inicialmente não foi fácil, para solucionar esse problema

de sustentação em terra firme, cada célula desenvolveu um preenchimento com lignina

em sua parede celular que lhe possibilitou maior resistência à planta e

conseqüentemente proporcionou a forma ereta da planta além de possibilitar um

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crescimento maior do vegetal – muito embora as primeiras plantas como a Rhynia,

possuía aproximadamente meio metro de altura.

Diz-se que elas foram pioneiras no que se refere: à presença de vasos

condutores de seiva, o xilema e o floema (solucionando, assim, a dificuldade de

transporte de água e alimentos através da planta); e na presença de estômatos (porém

neste ponto alguns autores discordam e afirmam que as primeiras plantas a

apresentarem estômatos foram as briófitas do filo Anthocerophyta), apesar de que

estas primeiras plantas eram destituídas de raízes verdadeiras, no lugar apresentava

ainda rizóides e seu caule era subterrâneo do tipo rizoma. Era composta por talos

cilíndricos, fotossintetizantes e que possuíam cutícula e em cuja extremidade se

encontrava o esporófito. A geração gametofítica tornou-se gradualmente menor e

protegida e dependente do esporófito, quanto à nutrição.

Uma outra diferença que elas adquiriram no decorrer do curso evolutivo é que

tais plantas foram os primeiros vegetais com Heterosporia, ou seja, que produz esporos

diferentes por meiose, sendo estes denominados Micrósporo e micrósporo.

Então, a partir das características acima citadas adicionadas a outras que

serão mais na frente discutidas, quando se classifica os primeiros representantes das

pteridófitas fala-se que são vegetais criptógamos vasculares e cormófitos.

Porém as primeiras plantas vasculares, mesmo tentando se tornar

independente da vida aquática, da mesma forma que as briófitas, dependiam da água

para a fecundação.

Quando se estuda e compara morfologicamente os vegetais atuais e os fósseis

das primeiras plantas vasculares (as pteridófitas) e tenta achar explicações para o

modo de evolução desses organismos vegetais, verifica-se que esses vegetais não

encaixam-se na lacuna entre pteridófitas e plantas inferiores na escala evolutiva a partir

daí tenta-se desvendar com teorias a forma de evolução desses vegetais, pode-se

destacar,m então, algumas teorias, citadas a baixo.

A primeira teoria postula a origem a partir das algas verdes, parenquimatosa com

talos complexos, alternância de gerações isomórfica e meristemas apicais. Alguns

defensores dessa teoria não relacionam os pteridófitos com qualquer grupo de algas.

Outros autores defendem a idéias de que essa evolução deu-se a partir de algas

pardas, que crescem próximas ao limite superior das marés e vivem nos níveis mais

elevados da zona intercotidal. Todos que acreditam nessa teoria afirmam que a relação

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filogenética entre briófitas e pteridófitas foi devido a uma evolução paralela. Entretanto

não pode negar que muitas características entre esses dois taxa são tão fortes que há

razões para acreditas numa relação filogenética.

A segunda teoria crer, portanto, em uma relação direta ou indireta das

pteridófitas com as briófitas, a partir de duas linhas evolutivas divergentes de plantas

terrestres que já possuem arquegônio, embora estes muito primitivo. Porém ouros

defensores dessa teoria, seguindo por outra linha de raciocínio, afirmam que os

pteridófitos provêm de Anthoceros.

Uma terceira teoria ainda afirma que as plantas vasculares evoluíram com as

várias contribuições do genoma dos fungos que levou a especialização de várias

células; Sendo o corpo vegetal um mosaico onde seriam encontradas várias células de

algas e fungos adicionado de várias formas intermediárias. Também não se pode

esquecer a teoria que afirma que pode ter havido a possibilidade de um organismo

parasita tenha se integrado ao a planta, transferindo seus genes para o hospedeiro, e

tenha ajudado a planta a evoluir.

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4 – Características gerais do grupo

As pteridófitas são plantas vasculares ou traqueófitas com vasos condutores do

tipo xilema ou lenho e floema ou líber - que solucionou o problema de transporte de

água e alimento através da planta -, e foi através desses vasos que a seiva bruta,

contendo água e sais minerais, e a seiva elaborada, rica principalmente em açúcares

dissolvidos na água, são transportadas. Tal sistema permite grande velocidade no

transporte de materiais.Sobre este aspecto ainda é importante citar que elas sintetizam

lignina. Tal característica permitiu que estas plantas a atingir maiores dimensões do que

qualquer outra planta terrestre existente até então - atualmente são ditas como plantas

de porte variado-, transformando-as nas primeiras plantas a abandonar por completo o

meio aquático e conquistarem o ambiente terrestre.

Apresentam o corpo na forma de cormo, isto é, com raiz (que formam o sistema

radicular e é protegido pela coifa), caule e folhas (que formam o sistema caulinar)

verdadeiros. Mas não possuem sementes, muito menos de flores e frutos,

reproduzindo-se por esporos (que são agrupados em soros) o que os colocam no grupo

das Criptógamas.

Possuem folhas grandes denominadas frondes que geralmente são divididas em

folíolos; as folhas jovens ficam enroladas e são chamadas de báculos. Em geral, a folha

é a única parte visível da planta, pois o caule é subterrâneo ou fica rente ao solo, com

crescimento horizontal. Este tipo de caule, que lembra uma raiz, é chamado rizoma.

Podem apresentar propagação vegetativa, pois o rizoma pode, em determinados

pontos, desenvolver folhas e raízes, dando origem a novos indivíduos, e se seguido por

possível apodrecimento do rizoma em certos pontos, essas plantas podem tornar-se

indivíduos independentes.

Algumas, ainda apresentam diferenciação em suas folhas de tal forma que

algumas folhas se encarregam das funções vegetativas, estas são denominadas de

trofófilo e um segundo tipo se encarrega das funções vegetativas e das funções

reprodutivas, estas são chamadas de esporófilo. A esse fenômeno dá-se o nome de

heterofilia.

Sobre as traqueófitas sem semente ainda podemos afirmar que tem como

substância de reserva o Amido, além de alguns lipídios, polissacarídeos e proteínas.

Sua parede celular é composta de celulose, hemicelulose, lignina., esta última de

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fundamental importância na evolução dessas plantas. Além da sua forma de

crescimento, como as outras traqueófitas, ser axial.

Estas plantas apresentam um ciclo de vida de alternância de gerações (com fase

gametofítica e esporofítica) heteromorfas, sendo que a fase esporofítica a fase

dominante (a planta propriamente dita) sendo independente do gametófito, este último é

a fase transitória e recebe o nome de prótalo, e também é haplóide.

O prótalo é uma estrutura geralmente pequena de coloração verde e em forma

de lâmina vivendo acima do solo. Em alguns casos pode ser ainda saprófito e ser

encontrado dentro do solo, sendo neste caso incolor. De qualquer forma ele tem um

período de vida curto não passando de algumas semanas, somente em situações

especiais, caso não haja a fecundação o prótalo, é que este pode viver mais tempo

podendo viver até alguns anos.

Além disso, são oogâmicas como todas as plantas vasculares. Possuem

arquegônios contendo a oosfera grande e imóvel. Os gametas masculinos são

pequenos anterozóides multiflagelados que nadam ou são conduzidos até a oosfera.

Em condições adequadas, as paredes do anterídio se rompem, liberando os

anterozóides que nadam até o arquegônio, que ali penetram por um canal, atingindo a

oosfera. Ocorre então a fecundação, sempre com a participação da água. O zigoto

germina sobre a planta-mãe, dando origem ao esporófito dominante, que possui

esporos, com uma parede bem definida (exina) impregnada com esporopolenina, em

esporângios; esses esporos, ao germinarem, darão origem a uma nova planta-mãe.

O ambiente são os mais variados podendo ser encontradas desde ambientes de

altas latitudes e altitudes até o interior de florestas pluviais tropicais e de vegetação

arbustiva sub-desértica a rochas costeiras e mangues. Mas a maior parte das

pteridófitas habita as regiões tropicais, mas podem ser encontradas em regiões

temperadas até mesmo desérticas.

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5 – Classificação

A tabela que segue logo a baixo exemplifica como são classificadas as

pteridófitas atualmente. Antes de ler a tabela têm que saber que este grupo de vegetais

vascularizados pertence, assim como todas as plantas, ao Domínio Eukaria e do Reino

Plantae.

O sistema de classificação botânica variou bastante nos últimos anos. Antes

existia o filo pteridófitas com suas diversas classes. Mas atualmente o termo Pteridófita,

designa apenas um grupo taxonômico não formal, formado por sete filos (demonstrados

abaixo) – que eram as antigas clases e com diversos gêneros.

DIVISÃO CLASSE ORDEM FAMÍLIA GÊNERO Rhynia

Rhyniaceae Horneophyton Rhyniophyta Rhyniopsida Rhyniales

Cooksoniacea Cooksonia

Zosterophyllium

Crenaticaulius

Rebuchia

Zosterophyllophyt

a

Zosterophyllopsid

a Zosterophyllales Zosterophyllaceae

Sawdonia

Asteroxylales Asteroxylaceae Asteroxylon

Protolepidodendro

m

Leclercquia

Protolepidodendrace

ae

Baragwanathia

Protolepidodendral

es

Drepanophycaceae Drepanophycus

Lycopodium

phylloglossum Lycopodiales Lycopodiaceae

Lycopodites

Lepidodendron

Lepidoohloios

Lepidostrobus

Sigillaria

Lepidodendrales Lepidodendraceae

Stigmaria

Selaginella Selaginellas Selaginellaceae

Selaginellites

Isoetes

Stylites Isoetales Isoetaceae

Isoetites

Lycophyta Lycopsida

Pleuromeiales Pleuromeiaceae Pleuromeia

Trimerophyton

Psilophyton Trimerophytophyt

a

Trimerophytopsid

a Trimerophytales Trimerophytaceae

Pertica

Psilotum Psilotophyta Psilotopsida Psilotales Psilotacea

Tmesipteris

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Hyeniales Hyeniaceae Hyenia

Calamites

Arthropitys Calamitales Calamitaceae

Asterophyllites

Sphenophyllales Sphenophyllaceae Sphenophyllum

Equisetum

Sphenophyta Sphenopsida

Equisetales Equisetaceae Equisetites

Cladoxylopsida

Coenopteridopsida

Ophioglossum Ophioglossopsida Ophioglossales Ophioglossaceae

Botrychium

Marattia

Angiopteris Marattiopisida Marattiales Marattiaceae

Psaronius

Schizaeceae Schizaea

Gleicheniaceae Gleichenia

Osmundaceae Osmunda

Matoniaceae Matonia

Adiantum

Asplenium

Blechnum

Dryopteris

Pellaea

Polypodium

Pteridium

Woodsia

Cheilanthes

Platycerium

Polypodiaceae

Polystichum

Cnemidaria Cyatheaceae

Cyathea

Filicales

Hymenophyllaceae Trichomanes

Marsiela

Marsileales Marsileaceae

Regnellidium

Azolla

Pterophyta

Filicopsida

Salviniales Salviniacecae Salvinia

Destes organismos acima apresentado vale ressaltar que alguns estão

extintos, como por exemplo os filos Rhyniophyta, Zosterophyllophyta, e

Trimerophytophyta. Além das classes Cladoxylopsida e Coenopteridopsida. Além de

algumas ordens de Lycophyta.

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6 – Particularidades do principais filos FILO RHYNIOPHYTA

Em solos do final do Silúrico, mais ou menos há 420 milhões de anos atrás,

foram encontrados os primeiros fósseis de plantas vasculares completas, estas

pertenciam na sua maioria a divisão Rhyniophyta, como exemplo pode-se citar os

gêneros: Cooksonia e Rhynia. O primeiro é a mais antiga planta vascular conhecida e

habitava superfícies lodosas e, possuía caules aéreos delgados que cresciam para

cima cerca de 6.5 cm, também possuía esporângios globosos. A Rhynia, por sua vez, é

o membro mais conhecido desse filo, habitava brejos e possuía caules aéreos

ramificados dicotomicamente com cerca de vinte centímetros de comprimento

revestidos com uma cutícula e possuidores de estômatos,

Ambas possuíam talos eretos, sem folhas e apresentando esporângios

terminais e dicotomicamente ramificados. Não diferenciavam raízes, caule e folhas, mas

possuíam rizomas subterrâneos.

Os esporângios destas primeiras plantas terrestres eram inseridos nos ápices

dos talos férteis e produziam um único tipo de esporo, por isso é dito como uma planta

homosporada. Esta estrutura pode ser melhor visualizada na figura 4 .

Figura 4 – Reconstrução de esporófito de uma

Rhynia, observa-se a presença de talos

dicotomicamente ramificados e os esporângios

fusiformes na terminação do talo

O gametófito era monóico,

cilíndrico, subterrâneos e bifurcados,

com números rizóides. Careciam de

clorofila e provavelmente mantinham

associações com fungos endofíticos

Possuía anterozóides multiflagelados e

espiralizados. Os anterídios eram

hemiesféricos, rodeados por uma capa

de células estéreis e o arquegônio era

parcialmente fundido no gametófito.

Estas primeiras plantas não

eram muito altas, faziam pouca sombra,

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reteriam a umidade e levariam à acumulação de detritos orgânicos entre elas Os

primeiros organismos terrestres terão, assim, determinado a formação do humos (um

solo muito orgânico).

Atualmente agrupa os gêneros Psilotum, Tmesipteris mas a maiorias dos

membros deste filo se extinguiu por volta de 380 milhões de anos atrás, entre estes

membros extintos pode-se citar Psilophyton (figura 5 ), Rhynia e Asteroxylon

Figura 5 – Reconstrução de esporófito de uma Psilophyton, com detalhe para seu esporângios na terminação do talo.

FILO ZOSTEROPHYLLOPHYTA

Evoluindo das Rhyniophyta no começo do devoniano, as zosterófitas são um

grupo de plantas pequenas, que viveu no devoniano entre 408 até 370 milhoes de anos

atrás. Este grupo ocupou um lugar chave na evolução de plantas da terra. De acordo

com fósseis achados, foi observado que este grupo vegetal possui características

típicas de licófitas, por isso acreditam serem ancestrais das licófitas.

As Zosterófitas (figura 6 ) não possuem nem folhas e eram dicotomicamente

ramificadas, no qual cada haste se dividia em duas hastes de tamanho igual .Não

possuíam raízes verdadeiras, seus caules aéreos eram revestidos por uma cutícula,

alguns ainda possuíam estômatos nos ramos mais acima, transparecendo que os de

baixo ficassem imersos na água, o que demonstrava que o grupo era, possivelmente,

aquático.

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Figura 6 – esta reconstrução de um zosterophyllophyta,

que mostra como se organizava os numerosos

esporófito e no detalhe um esporângio terminal.

Eles produziam ramos laterais que se

dividiam em dois eixos, um que crescia pára

cima e outro que crescia voltado para baixo,

este último funcionava com raízes.

Entre outras características desse filo

pode ser citado ainda que a fotossíntese era

realizada provável-mente toda sobre as hastes

da planta e que tinham esporângios globosos

formados lateralmente em pedicelos curtos.

FILO LYCOPHYTA

Os vegetais da divisão Licophyta (do grego lycos - lobo; podos - pé; e phyton –

planta) também possui seus precursores no Devoniano e muito provavelmente seus

progenitores foram as primeiras Zosterophyllphyta, são representados pelos licopódios

(plantas homosporadas) e selaginelas (heterosporadas). Atualmente possuem 10 a 15

gêneros e aproximadamente 1000 espécies conhecidas.

Os esporófitos da maioria dos gêneros deste filo são constituídos por um

rizoma (caule subterâneo horizontal) ramificado que emite ramos aéreos e raízes

verdadeiras. As folhas são vascularizadas e dispõem-se espiraladamente ao redor do

caule e são do tipo microfila. O rizoma e as raízes também são vascularizados.

Os estudos relacionados a essa divisão mostram que elas possuem pelo

menos três ordens extintas. E as outras três conhecidas atualmente constituem

inteiramente de ervas; cada ordem inclui uma única família. Embora sejam plantas

herbáceas, seus ancestrais fósseis atingiam dimensões arbóreas. Os esporofilos

localizam-se em ramos modificados, com entrenós muito curtos, os estróbilos, tais

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estruturas são onde os esporângios encontram-se reunidos, situados na axila de folhas

modificadas com função de proteção.

A partir da meiose, nos esporângios, ocorre uma diferenciação formando

esporos haplóides que originam os gametófitos bissexuados, que podem ser estruturas

verdes, irregularmente lobadas (ex.: Lycopodiella) ou estruturas micorrízicas

subterrâneas (ex.: Lycopodium) – figura 7-. As licopodófitas podem ser homosporadas

como briófitas ou psilófitas. Entretanto, alguns gêneros podem apresentar esporângios

diferenciados originando dois tipos de esporos: os megásporos (esporos femininos) de

tamanho maior originados no megasporângio, e o micrósporos (esporos masculinos)

de tamanho menor originados no microsporângios. Plantas que possuem esse tipo de

diferenciação de esporos e esporângios são denominadas heterosporadas.

Figura 7- um exemplar de Lycopodium,

Lycopodium obcurum

Figura 8 – Aspecto de uma selaginella

Os esporos irão germinar e darão origem a gametófitos cilíndricos, haplóides,

maciços, sempre dióicos e clorofilados nas espécies hetrosporadas. Estes por sua vez

originarão arquegônios ou anterídios. Até que os arquegônios e anterídios de um

Lycopodiaceae se desenvolvam completamente, pode ocorrer um período de cerca de

15 anos. E como foi falado anteriormente ainda haverá a necessidade de água para a

fecundação, o anterozóide biflagelados nada, então, até o arquegônio, em seguida há

sucessivas divisões celulares e ocorre o crescimento do embrião interior do arquegônio,

originando o esporófito, que permanece por um tempo preso ao gametófito e depois se

torna independente. O ciclo de vida de Lycophyta está representado na figura 10.

As duas Ordens mais importantes dessa divisão são: Lycopodiaceae, e

Selaginellae (figura 8).

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A primeira é, como falado anteriormente, homosporada e possui folas sem

lígulas. O esporófito é herbáceo podendo ou não ficar restritos a parte terminal (figura

9) dos ramos e constituem estróbilos definidos. O gametófito é totalmente ou

parcialmente subterrâneo. E existem três famílias: Protolepidodendracea,

Lycopodiaceae e a das Isoetaceae.

Figura 9 – Lycopociaceae, observar o esporófito terminal

Já a ordem Selaginellae compreende organismos de caule herbácio, sem

apresentar qualquer sinal de engrossamento (o que difere das Lycopodiaceae que

apresentam engrossamento secundário do caule da raiz). As folhas podem ser iguais

ou dimórficas todas apresentando

lígula. As raízes se formam a

partir da extremidade distal dos

ramos (rizóforos) do caule. Os

esporófitos são heterospóricos,

como dito anteriormente, e situa-

se em estróbilos nas extremidades

dos ramos. E existem duas

famílias: Miadesmiacea e a

Lepidodendrales

Figura 10 - ciclo de vida de uma

selaginella, representando o ciclo de vida

do filo Lycophyta

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FILO TRIMEROPHYTA

Os organismos pertencentes ao filo Trimerophyta (figura 11) são espécies que

provavelmente evoluíram diretamente dos Rhyniophyta, sendo um grupo de plantas

também devonianas, estando presentes no período de aproximadamente entre 408 à

360 milhões de anos atrás. Possuíam crescimento axial e se diferenciavam dos outros

grupos da época por possuir muitas ramificações (diferente dos filos anteriores que

posdsuiam ramificação dicotômica), e somente algumas das extremidades possuíam

esporângios. Isto permitiu que estas plantas crescessem continuamente e muito

maiores do que Rhynia.

Trimerophytopsida, assim como as Rhyniopsida, possuíam talos áfilos, rizomas

e os esporângios terminais.Mas diferenciavam-se no que se refere ao porte,

Trimerophytopsida eram muito maiores atingindo até 4 m de altura, e pelo

sistema de ramificação mais complexo, com eixo

principal e ramos laterais, e esporângios agrupados em

cachos e com mecanismo de ruptura ou deiscência

para liberação dos esporos. E justamente por essa

grande semelhança com as Rhyniopsida é que por

muito tempo ela foi posta como sendo da outra ordem.

Estes organismos provavelmente forma os

progenitores das plantas modernas com sementes

Figura 11 – representante de Trimerophyta

FILO PSILOPHYTA

Os Psilophyta (do grego psilos = nu; e phyton = planta) compreende a divisão

de vegetais vasculares mais simples - que supõem, em geral, seu caráter de

primitividade - e que durante muito tempo não foi considerado como um grupo

taxonômico coerente pelos paleobotânicos, por que se tratava de uma planta muito

diferente de qualquer outra conhecida atual ou fóssil. Porém com a descoberta de

restos de plantas idênticas na natureza tornou-se claro a identificação desta planta e as

agruparam todas na divisão das Psilophyta.

O nome para o grupo foi aplicado originalmente em 1927 para um grupo de

plantas fósseis da era Paleozóica dos períodos do médio Siluriano ao Devoniano

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inferior e médio – com idades superiores a 300 milhões de anos -, incluindo Psilophyton

e Rhynia, que mais tarde foi expandida para incluir dois gêneros de plantas atuais com

uma estrutura muito similar, tais gêneros são: Psilotum (figura 12)e Tmesipteris (figura

13); mas estes estão hoje em dia classificados separadamente numa divisão

usualmente chamada de Psilotophyta.

Figura 12 – representante de Psilotum Figura 13 – representante de Tmesipteris

Constituem vegetais que têm esporófitos que diferem de todas as outras

plantas vasculares, pois são desprovidos de raízes na fase esporofítica (em seu lugar

existe um rizóides unicelulares, com micorrizas associadas). O esporófito possui um

tamanho relativamente pequeno quando comparado às demais pteridófitas e está,

geralmente, diferenciado numa parte subterrânea provida de rizóides e em uma outra

área menor, o caule, este é delgado e muito ramificado (ramificações dicotômicas de

toda a planta ou de suas partes terminais), cilíndrico, fotossintetizante e com um

sistema vascular prostotélico pouco lignificado, ainda pode ser citada a presença de

estômatos. Na maioria dos gêneros os ramos aéreos são destituídos de folha, em vez

disso apresenta apenas escamas. Mas num pequeno número as folhas são pequenas,

simples, sem nervuras e densamente inseridas.

Os esporângios (FIGURA 14a) terminais são reunidos em grupos de três

formando, assim, os sinângios (figura 14b), estes estão situados em ramos laterais

muito curtos. A partir da meiose ocorrida nos esporângios surgem esporos cujo

desenvolvimento origina os gametófitos.

O gametófito monóico e temporário é muito pequeno e tem um formato

cilíndrico. É saprófito e independente do esporófito, apesar de ser totalmente

aclorofilado. Encontra-se sempre em simbiose com fungos.

O ciclo de vida está representado pela figura 15

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Figura 14 - Esporângio de Psilophyta, em a, pode ser visto três esporângio que juntos formam os

sinângios (b)

Alguns gêneros como Psilotum e Tmesipteris podem ser encontrados sempre

em simbiose com fungos, tais fungos são zigomicetos endomicorrízicos. O primeiro

gênero é característico de regiões tropicais e subtropicais e o segundo nativo da Nova

Zelândia e Austrália.

No Brasil este filo é representado pelo gênero Psylotum, uma planta herbácea

com ramificação dicotômica Que em muito se assemelham ao gênero Rhynia, um

gênero que existiu no período Devoniano. Na planta adulta, os eixos produzem

esporângios trilobados em ramos laterais muito curtos; o gênero Psylotum é

homosporado, os esporos são produzidos no esporângio e após a germinação,

os esporos originam o gametófito bixexuado, que é uma estrutura aclorofilada (portanto

saprófita) subterrânea, com associação de micorrizas. Os anterozóides de Psilotum são

multiflagelados e necessitam de água para nadar até a oosfera; o esporófito originado

sexualmente fica, inicialmente, preso ao gametófito, absorvendo seus nutrientes, mas

depois solta-se do pé, que permanece no gametófito.

O gênero Tmesipteris, cresce como uma epífita sobre samambaias arbóreas e

outras plantas e fendas de rochas. Diferentemente do gênero Psilotum que possui

apêndices em formas de escamas, as espécies deste gênero possui apêndices em

forma de folhas além destes serem maiores que as escamas, mas em geral no que se

refere à outros aspectos deste gênero é muito similar ao Psilotum.

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Figura 15 – ciclo de vida de um Psilotophyta

FILO SPHENOPHYTA

Este filo é representado atualmente por um único gênero o Equisetum

(figura16), cujas espécies são conhecidas por cavalinhas - cujo nome surge devido a

semelhança do seu caule com uma cauda de cavalo. Este gênero é o único na família

Equisetaceae, que, por sua vez, é a única família da ordem Equisetales e da classe

Equisetopsida (também conhecida como Arthrophyta em livros antigos). Análises

moleculares recentes o enquadram como sendo um gênero dentro das Pteridophytas,

relacionando-as aos Marattiales. Porém estes estudos ainda são muito questionados e

até mesmo a sistemática vive mudando constantemente. Este gênero teve sua origem,

diferente dos outros, no final do Devoniano e foram importantes membros da flora

durante o período Carbonífero.

O gênero é comum nas cidades, está presente em quase todos continentes.

são plantas perenes mas podem secar no inverno no caso da planta estar em regiões

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temperadas, mas também pode permanecer sempre verde (para algumas espécies

tropicais, e a espécie temperada Equisetum hyemale). A maioria delas são muito

pequenas crescendo de 0,2 – 1,5 m de altura, embora possa haver

São encontrados em terrenos paludosos e úmidos. Possui tamanho variável.

Em geral compreendem vegetais vasculares com folhas micrófilas (diminutas) que se

distribuem verticiladamente na região do nó, alguns autores ainda falam que não

existem estruturas foliares. Nos entrenós encontram-se sulcos longitudinais, alternando

com arestas longitudinais mais ou menos salientes, eles são estriados e, em suas

células epidérmicas, eles apresentam sílica. Apresentando raízes verdadeiras

(vascularizadas).

Os caules são estriados (firmes e reforçadas com depósitos de sílica nas

células epidémicas) – figura 17 - demonstrando rugosidade, articulados e ocos;

dividen-se em nós curtos e entrenós compridos; aparecem de sistemas subterrâneos

que permanecem vivos até mesmo durante as estações desfavoráveis, já que em tais

estações a parte aérea morre. Esta mesma estrutura é verde e fotossensível, sendo ela

responsável pela maior parte da fotossíntese realizada - a atividade fotossintetizante

das folhas é desprezível. Apresentam raízes adventícias que surgem dos nós dos

rizomas e ainda caules aéreos que surgem de ramificações desses rizomas

subterrâneos.

Figura 17 – Caule estriado, mostrando os

nós e entrenós

Figura 18 – Estróbilos de Sphenophyta

Figura 16 - Equisetum

representante do filo

Sphenophyta

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No ápice dos ramos férteis encontram-se os densos estróbilos (figura

18), que diferenciam das de Lycopodophyta. Em Sphenophyta os estróbilos

podem estar localizados em ramos estrobilíferos aclorofilados (E. arvense) ou nas

extremidades de ramos vegetativos (E. hyemale), mas, em geral são formados

nas extremidades de diferentes ramos vegetativos. Os esporângios encontram-se

reunidos em esporangióforos, estes, por sua vez, estão reunidos nos estróbilos no

ápice do caule.

São homosporadas, originando-se nos esporângios apenas um tipo de

esporo a partir da meiose. Quando os esporos estão maduros os esporângios

contraem-se e rompem-se ao longo de sua superfície interna, liberando os

esporos. Um fator que ajuda no processo de dispersão dos esporos é a presença

de elatérios originados de sua parede celular e que, espiralizam–se com a

umidade e pela perda de água distendem-se auxiliando na dispersão dos esporos.

Os gametófitos haplóides, originados a partir do desenvolvimento desses

esporos, são: muito pequenos (no máximo 1cm, com algumas exceções),

membranosos, dióicos, podendo apresentar dimorfismo sexual ou monóicos, neste

caso apresentando protoginia, observando-se inicialmente o aparecimento dos

arquegônios e, apenas após o desaparecimento destes, o de anterídios. Possuem

vida livre e estabelecem-se principalmente sobre a lama que tenha sido

recentemente inundada e esteja cheia de nutrientes. Possuem anterídios

multiflagelados que nadam até a oosfera (uma característica comum a todos as

pteridófitas).

Esta Divisão apresenta apenas 1 gênero atual, Equisetum, com espécies

ocorrendo tanto em regiões temperadas com tropicais. Porém este filo

compreende mais quatro ordens Hyeniales, Pseudoborniales, Sphenophyllales,

Calamitales, todas estas somente na forma de fósseis.

FILO PTEROPHYTA

As Pterophytas (conhecidas também como filicíneas) atuais, é o filo mais

conhecido entre todas as Pteridófitas, compreendem um grupo muito diverso de

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plantas vasculares sem sementes, sendo representado por seis ordens

denominadas: Marattiales, Ophioglossales, Psilotales, Osmundales, Polypodiales

e Hydropteridales. Quando muitas vezes queremos exemplificar uma pteridófitas,

utilizamos como exemplo uma samambaia (um exemplar de pterophyta), este

exemplo tem como a finalidade demonstrara quão próximo de nós está os

organismos desse filo, que inclusive é denominado coletivamente como

pteridófitas ou samambaias (figura 19), de tamanha a sua importância para este

grupo. Outras plantas muito importantes desse filo são as avencas e o xaxim.

Este filo engloba aproximadamente cerca de 11.000 espécies no mundo e

1300 espécies no Brasil, sendo que a maioria é encontrada em regiões tropicais –

onde cerca de 75% das espécies são encontradas- , pois nesse tipo de ambiente

existe umidade e sombra (tudo o que elas precisam) tendo como destaque os

vegetais epifíticos, aquáticos ou aqueles que possuem caule aéreo. Considerando

as critógamas este grupo é o que apresenta maior diversidade de formas

decrescimento. O tamanho e habitat são muito variáveis; no que se refere ao

tamanho, pode-se encontrar desde espécies trepadeiras até árvores muito

grandes.

De acordo com estudos de paleobotânicos algumas famílias de

samambaias apresentam abundante registro fóssil, sendo alguns desses registros

anteriores ao período Carbonífero, o que nos leva a concluir que as samambaias

estão entre as plantas atuais com ancestrais mais antigos. De maneira geral,

apesar da ausência de crescimento secundário limitar seu crescimento, as

Pteridófitas foram um componente importante das formações vegetais do

Paleozóico.

Este filo compreende criptógamas vasculares com folhas e raízes

verdadeiras, portanto vascularizados.Tais folhas são, na maioria dos grupos,

macrofilas simples ou composta (pinadas), com folíolos ligados entre si por uma

nervura central e sua vascularização deixam lacunas no cilindro vascular, além de

que permite que estes grupos apresentem folhas com um tamanho maior que as

demais traqueófitas descritas até agora. Neste caso os folíolos ficam ligados entre

si por uma nervura central denominada Raque. Dentre as folhas simples, o limbo

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pode ser pinatisecta (contínuo) ou isolados (pinatifida) A ramificação pinada pode

ser simples (pinada) ou se repetir por uma (bipinada), duas (tripinada) ou mais

vezes. Mas algumas samambaias são muito pequenas e tem folhas inteiras,

como no caso da Lygodium.

Na maioria dos grupos, a face inferior das folhas cresce mais que a

superior a esse processo dar-se o nome de vernação circinada, resultando na

formação do que se denomina báculo. (figura 20)

Figura 19 – samambaia representando o filo Pterophyta Figura 20 - Báculo

O caule é muito pequeno, tendo de quatro a seis centímetros de diâmetro,

pode ser do tipo rizoma (lembrando uma raiz) ou aéreo. O gênero Botrychium é a

única samambaia atual conhecia a formar um câmbio vascular.

Existem dois tipos de classificação para as samambaias: as

eusporangiadas ou leptosporangiadas. No caso da primeira classificação, é

produzido um eusporângio, esporângio de origem multicelular, tais células estão

localizadas na superfície do tecido a partir do qual o esporângio será produzido -

As ordens Marattiales, Ophioglossales e Psilotales são eusporangiadas; no

segundo caso o esporângio será formado a partir de uma única célula inicial. Os

esporângios encontram-se reunidos em soros, esporocarpos, espigas ou

sinângios – Neste caso enquadram-se Polypodiales e Hydropteridales. A célula

que vai originar este tipo de esporângio vai sofrer sucessivas divisões, formando

duas camadas: a mais interna originará uma grande parte do pedicelo ou

permanece inativa; a mais externa originará, mediante um padrão de divisões

celulares, dará origem a uma esporângio pedicelado, com uma cápsula globosa

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que possui uma parede com uma camada de células de espessuras. Do lado

interno dessa parede existe uma estrutura nutritiva com duas camadas de células

de espessura denominada tapete. A massa interna diferencia-se e cada célula por

meiose originará quatro esporos.

Na ordem Osmundales o esporângio tem origem a partir de uma única

célula. Entretanto, mas de uma célula participa do desenvolvimento do

esporângio. Assim a ordem Osmundales não caracteriza-se nem com

eusporangiada e nem como leptosporangiada.

Nos grupos nos quais os esporângios encontram-se reunidos em soros,

pode haver dois tipos de classificação diferente.

A primeira é feita de acordo com a membrana que protege este soro,

quando está na face inferior do folíolo, o soro é protegido por uma membrana

chamada indúzio, quando está na borda do folíolo protegido por uma dobra e

chamado falso indúzio. Uma outra diferença refere-se a uma estrutura

diferenciada, o anel ou ânulo que, através de movimentos higroscópicos -

advindos da dessecação -, é responsável pelo rompimento do estômio (camada

de células com menor resistência), liberando os esporos, que irão germinar,

formando um novo gametófifo (prótalo). A maioria das samambaias atuais é

homosporada, com exceção dos representantes de duas ordens aquáticas.

Uma característica importante de muitas Pteridófitas extintas e atuais é a

grande semelhança, em aparência, desenvolvimento e comportamento entre as

folhas e sistemas de ramificação. Em algumas espécies não é possível se

diferenciar as partes do sistema aéreo, resultado da evolução de apêndices

laterais de alguns grupos ancestrais. As Pteridófitas se diferenciam das

Gimnospermas por serem na maioria homosporadas e por não apresentarem de

maneira geral crescimento secundário.

Como esse grupo é muito grande não como falar de particularidades sem

mencionar pelo menos três tipos, são eles: Ophioglossales e Marattiales; Fillicales;

e as ordens Marsileaales e Salviniales.

No primeiro grupo então enquadram-se plantas de regiões temperadas,

cujas existe apenas uma única folha, esta consiste em duas partes: uma porção

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vegetativa, ou lâmina e um segmento fértil. Os gametófitos são estruturas

subterrâneas, tuberosas, alongadas, com numerosos rizóides. Além de serem

eusporangiadas, o que difere das demais.

É no segundo grupo, que estão a maioria das samambaias conhecidas

(cerca de 35 família e 320 gêneros). São leptosporângidas e homosporadas. A

maioria tem rizomas sifonostélicos. Pode formar raiz verdadeira, mas esta

rapidamente murcha e o restante são raízes adventícias.As folhas, ou frondes, são

megáfilos (sendo as únicas plantas vasculares sem sementes que possuem

megáfilos bem desenvolvidos) e representam a parte mais conspícua do

esporófito e são formadas pelas pinas que estão presas ao raque.A folha

desenvolve-se por vernação circinada, originando báculos. Os esporângios estão

agrupados em soros que muitas vezes estão cobertos pelo indúsio. Os esporos

dão origem ao gametófito de vida livre, bissexuado, na forma de protalo. A

superfície inferior do gametófito origina o arquegônio e os anterídios, que quando

há o amadurecimento dos anterozóides – flagelados -, ocorre a liberação deste

para ocorrer a fecundação. A pós a fecundação forma-se o zigoto que por divisões

celulares irás originar o esporófito adulto que quando adquire um nível de

fotossíntese suficiente para se manter enraizar-se e o gametófito desintegra-se.

Os esporos serão produzidos nos soros e após sua liberação ia originar o

gametófito.

No último grupo enquadram-se as samambaias aquáticas. Elas são

heterosporadas . Sua estrutura reprodutiva é denominada de esporocarpo.

Possuem gametófitos extremamente especializados. Podem estabelecer relações

simbiontes com cianobactérias.

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2.7- Importância econômica

As pteridófitas são normalmente usadas como plantas ornamentais,

neste aspecto as samambaias e avencas são muito cultivados pelas sua beleza e

a forma de suas folhas. O emaranhado das raízes dos fetos arborescentes são

muito utilizados por poderem servir como substrato para o cultivo de orquídeas.

Uma outra importância refere-se ao uso de carvão mineral a partir dessas plantas,

durante o carbonífero as pteridófitas dominavam grandes áreas, com espécies que

chegavam a 30 ou 40metros de altura. Estas, sob condições especiais,

transformaram-se em carvão mineral (carvão de pedra), utilizado, atualmente,

como combustível.

O tronco do samambaiaçu (figura 21) é

utilizado para fazer xaxim (figura 22). Sobre o

Xaxim ele é visto como um vaso orgânico - é um

entrelaçado de raízes adventícias que saem do

caule de certas samambaias que retém umidade. E

devido a exploração intensa vem sendo ameaçado de extinção.

Algumas pteridófitas são figura 21 - Samambaiaçu

usadas como vermífugos como exemplo podemos citar o Apidium filix mas,

desta planta é extraído do rizoma o vermifugo e utilizado no combate à teníase.

Outras espécies foram muito utilizadas para polir potes e panelas, na época

colonial e de expansão de fronteiras.

Tradicionalmente, ainda, são usadas na

culinária oriental, alguns brotos de samambaia têm

ação comprovadamente cancerígena. As avencas

também podem ser comestíveis e algumas espécies

podem ser medicinais.

Figura 22 - Xaxim

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2.8- Importância ecológica

As pteridófitas são importantes componentes da flora e são

fundamentais para o desenvolvimento e estabelecimento de outros grupos

vegetais e animais. Porém, há algumas que podem ser seletivas em relação ao

seu habitat, presentes apenas em áreas mais conservadas de mata fechada.

Contribuem na manutenção da umidade no interior da floresta, absorvendo água

pelas raízes densas e distribuindo-a gradualmente ao solo e ao ar, desenvolvendo

a microfauna e microflora do substrato, extremamente necessárias para o

equilíbrio ecológico do ambiente.

Sendo plantas sensíveis às mínimas variações das condições

climáticas, as pteridófitas constituem-se em importante banco de dados das

características pretéritas e atuais de uma dada região. Ainda apresentam

importância ecológica pois são base da cadeia alimentar.

Porém algumas espécies como Salvinia molesta e Pteridium aquilinum,

são plantas invasoras e podem infestar enormes áreas de lagos e rios (no caso da

primeira) e terrenos queimados (no caso da segunda) e sua presença no ambiente

pode funcionar até como bioindicador de problemas ambientais.

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Conclusão

O conhecimento sobre a importância das pteridófitas, além de todos os

seus aspectos nos fazem refletir como é importante estudar esses organismos.

Pos eles servem de gancho na evolução de plantas aquáticas a terrestres. Além

de este grupo é muito pouco estudado e necessita de mais atenção dos

pesquisadores já que para poder compreender melhor o processo evolutivo dos

vegetais precisa ter um conhecimento mais aprofundado sobre esses organismos

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