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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FÍSICA
COMPLEMENTARIDADE DE ESTADOS MESOSCÓPICOS SOB DECOERÊNCIA
DIEGO SANTANA DE ALMEIDA
ILHÉUS-BAHIA
2018
DIEGO SANTANA DE ALMEIDA
COMPLEMENTARIDADE DE ESTADOS MESOSCÓPICOS SOB
DECOERÊNCIA
Dissertação apresentada como parte dos cri-
térios para obtenção do título de mestre, sob
a orientação do Prof. Dr. José Geraldo Gon-
çalves de Oliveira Júnior.
ILHÉUS-BAHIA
2018
A447 Almeida, Diego Santana de. Complementaridade de estados mesoscópicos sob decoerência / Diego Santana de Almeida. – Ilhéus, BA: UESC, 2018.
53 f. : il. Orientador: José Geraldo G. de Oliveira Júnior. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual de Santa Cruz. Programa de Pós-Graduação em Física. Referências bibliográficas: f. 51-53.
1. Física. 2. Mecânica quântica. 3. Fenômenos mesoscópicos (Física). 4. Espalhamento (Física). I. Título.
CDD 530
II
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer ao professor José Geraldo Gonçalves de Oli-
veira Júnior pela orientação, paciência, dedicação e encorajamento que foram essenciais para
conclusão deste trabalho.
Um agradecimentos especial aos meus pais, pelo amor, carinho e incentivo durante os
momentos difíceis nesses últimos anos.
Não posso deixar de mencionar as amizades formadas nesses últimos quatro anos, tornando-
os mais agradáveis. Destacando Sheldon que vem comigo desde a graduação. E também aos
parceiros Alisson, Abraão e Sabrina.
Por m, gostaria de agradecer, também, aos professores e funcionários do Departamento
de Ciências Exatas e Tecnológicas (DCET), em especial, Arturo.
Esse trabalho foi apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia
(FAPESB).
RESUMO
No nosso trabalho estudamos analiticamente a relação generalizada da complementaridade
no experimento de Paris, onde o estado estudado é mesoscópico. Usamos um modelo que
consiste em um oscilador principal linearmente acoplado a N outros osciladores (banho).
Inicialmente, o oscilador principal é preparado em uma superposição de dois estados coerentes
e o banho está no vácuo. A partir desse estado inicial, conseguimos obter o estado global após
a evolução temporal e quanticamos o emaranhamento do sistema, via concorrência, entre
as bipartições. Obtemos a "preditividade"e a "visibilidade"para o oscilador e vimos que a
interação deste com o banho altera as grandezas complementares. Encontramos as expansões
em tempos curtos (série de Taylor), denimos os tempos característicos e estudamos como
as fases inuenciam nestes tempos característicos.
Palavras-chave: Complementaridade, Estado Mesoscópicos, Decoerência, Correlações
Quânticas.
ABSTRACT
In this work, we studied analytically the generalized complementarity relation in Paris
experiment, where the studied state is mesoscopic. We consider a model consisted by a
main oscillator linearly coupled with N others oscillators (bath). Initially, the main oscilla-
toros were prepared in a superposition of two coherent states at vacuum. Once we have the
initial state, we derive the global state after the time evolution and we quantify the entangle-
ment between the partitions using concurrence. We also derive the "predictability" and the
"visibility" to the main oscillator and we found that the interaction between the oscillators
changes the variables of the generalized complementarity relation. We expand our relation
in Taylor series, we dene a characteristic time and we analysed how the phases change the
characteristic time.
Key-words: Complementarity, Mesoscopic States, Decoherence, Quantum Correlations.
SUMÁRIO
1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
2. Preliminares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2.1 Estado Quântico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2.2 Operador Densidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2.2.1 Estados Puros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2.2.2 Estados Mistos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.3 Sistemas Compostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.4 Emaranhamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.5 POVM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.6 Discriminação de estados quânticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.7 Qubit . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.8 Estados coerentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.8.1 Oscilador Harmônico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.8.2 Denindo Estados Coerentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.8.3 Deslocamento dos Estados de Vácuo . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.9 Interação Átomo-Campo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.9.1 Teoria Semiclássica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.9.2 Teoria Quântica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3. Correlações de Complementaridade Generalizada . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3.1 Relação de Trialidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3.2 Complementaridade Generalizada para Estados Não-Ortogonais . . . . . . . 26
Sumário VI
4. Dinâmica dos Osciladores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
4.1 Experimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
4.2 Geração de Estados Mesoscópicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
4.3 Modelo do sistema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
4.4 Dinâmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
5. Complementaridade Generalizada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
5.1 Grandezas da Relação de Complementaridade . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
5.2 Relação da Complementaridade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
5.3 Relação da Complementaridade em Tempos Curtos . . . . . . . . . . . . . . 43
5.4 Grandezas Complementares no Tempo Característico . . . . . . . . . . . . . 46
6. Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
1. INTRODUÇÃO
O emaranhamento é uma característica da mecânica quântica, que foi trazida à discus-
são por Einstein, Podolsky e Rosen [1]. Ele é uma propriedade quântica sem análogo na
mecânica clássica [2]. As propriedades do emaranhamento aparecem nas pesquisas principal-
mente, devido ao seu potencial como recurso para a computação e a informação quântica [3].
Dessa forma, o desenvolvimento da teoria, assim como a manipulação deste recurso, torna-se
necessário.
Uma outra propriedade intrínseca da Mecânica Quântica é a complementaridade. Dois
observáveis A e B são ditos complementares, se o conhecimento de um observável A implica
na equiprobabilidade de uma medição de B [4]. Nos últimos anos, a complementaridade tem
sido investigada em experimentos com morte súbita de emaranhamento [5], feixes atômicos
[6], apagadores quântico [4, 7, 8], para citar alguns. Estudos sobre a possibilidade de quan-
ticar a dualidade onda-partícula envolviam inicialmente a preditividade, relacionada à qual
caminho, e a visibilidade, interferência, que formavam relação de complementaridade [9, 10].
Posteriormente, é formulada uma generalização da complementaridade onde é incluída uma
propriedade bipartite, o emaranhamento, chamada de relação de trialidade [11].
Nos capítulos 2 e 3 iremos apresentar as ferramentas que utilizamos no desenvolvimento
desse trabalho. No Capítulo 2 revisaremos conceitos básicos sobre mecânica quântica. No
Capítulo 3 discutiremos as grandezas preditividade, visibilidade e concorrência, em sistemas
físicos descritos em bases ortogonais e não-ortogonais1. Apresentaremos também a chamada
relação de trialidade, que reúne em uma igualdade as grandezas supracitadas para sistemas or-
togonais e, de maneira semelhante, descreveremos uma relação para sistemas não-ortogonais,
onde há necessidade de acrescentarmos mais uma grandeza para obtermos uma igualdade
1 Por motivo de simplicação, a partir daqui, chamaremos sistemas físicos descritos em bases ortogonais e
não-ortogonais de sistemas ortogonais e não-ortogonais.
1. Introdução 2
análoga à relação de trialidade. No Capítulo 4 apresentaremos um experimento, assim como
o modelo usado para o estudo do experimento. No Capítulo 5 obtemos a concorrência entre
as bipartições, além da preditividade e a visibilidade para o oscilador principal. Ao realizar
uma expansão em série de Taylor, obtivemos o tempo característico e estudamos o com-
portamento. Por m, obtivemos uma relação entre as grandezas obtidas, a concorrência, a
preditividade e a visibilidade. Encerramos esse texto com o capítulo de conclusão.
2. PRELIMINARES
Neste capítulo, apresentaremos alguns conceitos básicos da mecânica quântica que serão
utilizados no desenvolvimento deste trabalho. Revisaremos alguns fundamentos como esta-
dos quânticos e operador densidade, assim como obtenção de suas respectivas equações de
evolução no tempo. Por m, discutiremos o emaranhamento, a concorrência e a menor uni-
dade de informação quântica: o qubit. As Seções 2.1, 2.2 e 2.3 foram baseadas na referência
[12, 13, 14]. A Seção 2.4 baseada em [11]. Na Seção 2.5, revisaremos medidas de operado-
res positivamente valorados (POVM), baseados em [11, 15]. Na Seção 2.6, mostraremos um
exemplo de discriminação de estados usando a medição de von Neumann e POVM. A Seção
2.7 baseia-se na referência [14]. A Seção 2.8 é baseada em [11, 14]. E, por m, a Seção 2.9 é
baseada em nas referências [16, 17].
2.1 Estado Quântico
A mecânica quântica é a teoria física adequada para descrever o comportamento de sis-
temas microscópicos, tais como átomos e fótons. Os estados quânticos desses sistemas são
caracterizados por |ψ〉, que é um vetor pertencente a um espaço vetorial complexo denomi-
nado de espaço de Hilbert H. A partir do vetor estado, podemos obter toda informação
desejada do sistema.
Em geral, nos problemas de mecânica quântica precisa-se conhecer a dinâmica do sistema
desejado. Para isso, precisamos conhecer a evolução temporal do estado |ψ〉. Essa dinâmica
é dada pela equação de Schrödinger:
i~d
dt|ψ(t)〉 = H(t) |ψ(t)〉 , (2.1)
onde H(t) é o operador Hamiltoniano do sistema.
2. Preliminares 4
Uma vez que essa equação é determinística, ao resolvê-la, conseguimos obter o vetor de
estado |ψ(t)〉 em qualquer tempo t, desde que seja conhecido o estado inicial |ψ(to)〉. A
solução da equação (2.1) é da forma:
|ψ(t)〉 = U(t, t0) |ψ(to)〉 , (2.2)
onde U(t, t0) é um operador linear unitário denominado operador evolução.
Se substituirmos (2.2) em (2.1), para uma Hamiltoniana independente do tempo, o ope-
rador evolução ca:
U(t, t0) = exp
[−iH(t− t0)
~
]. (2.3)
Usando o operador evolução temporal podemos obter o estado do sistema em um dado
tempo t, aplicando (2.3) no estado inicial (2.2).
2.2 Operador Densidade
De maneira geral, nem todo sistema físico pode ser descrito por um vetor de estado
(ver Secção 2.2.2). Dessa forma, precisamos utilizar um ferramenta matemática mais geral,
conhecida como operador densidade.
Nesse formalismo, os estados do sistema são representados por operadores positivos e
hermitianos de traço unitário, que são chamados de matrizes densidade.
Estes estados podem ser divididos em: puros e mistos, que serão explorados nas próximas
seções.
2.2.1 Estados Puros
O estado de um sistema é dito puro, quando temos probabilidade 1 de encontrá-lo em um
estado |ψ〉. O operador densidade para um estado puro é dado por:
ρ = |ψ〉 〈ψ| . (2.4)
Neste caso, ρ que pode ser interpretado com um projetor sobre o estado |ψ〉, o qual possui
as propriedades já citadas:
2. Preliminares 5
a) Traço unitário
Tr(ρ) = 1; (2.5)
b) Hermiticidade
ρ = ρ†; (2.6)
c) Positividade semidenida
ρ > 0; (2.7)
d) Idempotência
ρ2 = ρ (2.8)
Como ambos os formalismos, vetorial |ψ(t)〉 e o matricial ρ(t), descrevem o mesmo sistema
físico, também podemos obter uma equação de evolução temporal para o operador densidade.
Derivando a equação (2.4) e usando (2.1), temos
d
dtρ(t) =
d
dt
(|ψ(t)〉
)〈ψ(t)|+ |ψ(t)〉 d
dt
(|ψ(t)〉
)=
1
i~H(t) |ψ〉 〈ψ|+ 1
(−i~)|ψ〉 〈ψ| H(t)
=1
i~
[H(t), ρ
].
Dessa forma, encontramos a equação de evolução temporal para o operador densidade co-
nhecida como equação de Liouville-von Neumann [14].
i~d
dtρ(t) =
[H(t), ρ
]. (2.9)
A evolução do operador densidade pode ser obtida por meio de (2.9), uma vez que seja
conhecida a hamiltoniana.
Além da representação de um sistema físico, podemos utilizar o operador densidade para
calcular o valor esperado de um observável do sistema. Suponhamos que seja O um operador
2. Preliminares 6
hermitiano, o valor esperado é dado por:
〈O〉 = 〈ψ|1O|ψ〉
=∑n
〈φn| O |ψ〉 〈ψ| |φn〉
=∑n
〈φn|ψ〉 〈ψ| O |φn〉
= Tr(ρO), (2.10)
onde zemos 1 =∑
n |φn〉 〈φn| .
Este segundo formalismo descreve o mesmo sistema físico que o vetor de estado. Dessa
forma, os resultados encontrados devem ser iguais, independentemente da forma utilizada.
2.2.2 Estados Mistos
Nas seções anteriores, descrevemos rapidamente a dinâmica de sistemas que podem ser
descritos pelo formalismo do vetor de estado e do operador densidade.
Porém, existem sistemas que não são completamente descritos se usarmos o vetor de
estado. Podemos citar, como exemplo, o experimento de Stern-Gerlach [14] que consiste em
um forno aquecido com vapor de átomos de prata (Ag) e que possui um pequeno orifício pelo
qual escapa um feixe desses átomos. Esse feixe passará por um colimador, e, posteriormente,
estará sujeito à ação de um campo magnético, que varia espacialmente, e, após a interação
com o campo magnético, é medido por um detector. O átomo de prata é composto por 47
elétrons, e 46 dessas partículas formam uma nuvem de elétrons de simetria esférica, onde o
momento angular é nulo. Dessa forma, o momento angular do átomo será proporcional ao spin−→S do 47o elétron. Ao se encontrar com o detector, os átomos de prata tem uma probabilidade
p1 de estar no estado |↑〉, spin para cima, e probabilidade p2 = 1 − p1 de estar no estado
|↓〉, spin para baixo. Quando o átomo é ejetado pelo forno, não sabemos em qual estado o
átomo se encontra até que este seja medido pelo detector. A única informação conhecida
após a medição é sua distribuição de probabilidades. Dizemos que os sistemas físicos deste
tipo estão em um estado misto sendo o formalismo do operador densidade necessário para
descrição de tais sistemas.
O operador densidade de um sistema físico que não pode ser descrito com um estado
2. Preliminares 7
puro, como o de Stern-Gerlach, é dado por:
ρ(t) =n∑i=1
pi(t) |ψi(t)〉 〈ψi(t)| , (2.11)
onde pi(t) são as probabilidades do sistema ser encontrado no estado |ψi(t)〉 e 0 ≥ pi(t) ≥ 1.
Essas probabilidades obedecem à relaçãon∑i=1
pi(t) = 1, (2.12)
de forma que, conforme podemos facilmente vericar, o operador densidade ρ(t) satisfaz a
propriedade do traço unitário (2.5), assim como as propriedades (2.6) e (2.7). Apesar disso,
a idempotência não ocorre, mas (2.2.1) pode ser substituída por:
ρ2 ≤ ρ, (2.13)
onde a igualdade só será válida quando as probabilidades pi(t) em (2.11) podem ser subs-
tituídas por pi(t) = δi,1, ou seja, o sistema está em um estado puro.
2.3 Sistemas Compostos
Um sistema é dito composto quando este é constituído por duas ou mais partes, onde essas
partes são chamadas de subsistemas. O exemplo mais simples desse sistema é um sistema de
duas partículas, onde cada uma dessas partículas correspondem a um subsistema.
Existe um espaço de Hilbert Hi para cada subsistema i associado. Para caso de duas par-
tículas temos HA e HB com as bases |γn〉A e |φm〉B. O produto tensorial dos subespaços
de Hilbert HA e HB é o espaço de Hilbert do sistema composto HAB = HA⊗HB, onde a sua
base é constituída pelo produto tensor de cada um dos subsistemas. Dessa forma, um vetor
|ψ〉AB pertencente ao espaço HAB pode ser escrito como:
|ψ〉AB =∑n,m
cnm |γn〉A ⊗ |φm〉B ≡∑n,m
cnm |γn〉A |φm〉B . (2.14)
onde |cnm|2 é a probabilidade de entrar o sistema no estado |γn〉A |φm〉B.
Uma vez que conhecemos o vetor de estado, podemos descrever esses sistemas no forma-
lismo de operador densidade, que é dado por:
ρAB =∑n,m
∑n′,m′
pnm,n′m′ |γn〉A |φm〉B 〈γn′ |A 〈φm′|B , (2.15)
2. Preliminares 8
onde ∑n,m
pnm =∑n,m
cnmc∗nm = 1.
Além disso, podemos estar interessados somente em informações de uma parte do sis-
tema composto. Se denirmos como ρA (ρB) o operador densidade do subsistema A(B),
respectivamente, podemos obtê-lo usando a operação traço parcial, dada por:
ρA(B) = TrB(A)(ρAB). (2.16)
Os operadores ρA e ρB são conhecidos como operadores densidade reduzidos e possuem as
propriedades estudas na Seção 2.2.
As operações até aqui estudadas serão utilizadas no estudo de emaranhamento, bem como
em todo o nosso trabalho.
2.4 Emaranhamento
O emaranhamento é uma característica contra-intuitiva que surge devido à linearidade do
espaço de HilbertH. Para saber se um sistema físico está ou não emaranhado consideraremos
um sistema físico bipartite, ou seja, que possui duas partes, que chamaremos de S1 e S2 .
Considere também que o sub-sistema S1(S2) é descrito por uma base completa |u〉(|v〉),
respectivamente. Podemos descrever o estado do sistema global pelo vetor de estado
|φS〉 = |u〉 |v〉 , (2.17)
que é um estado dito fatorável ou decomponível [18]. Com o vetor de estado (2.17), podemos
escrever o valor esperado de um observável arbitrário A = A1⊗12 (B = 11⊗B2) no subsistema
S1 (S2) será, respectivamente, como:
〈A〉 = 〈u|A1|u〉 ,
〈B〉 = 〈v|B2|v〉 .
Por outro lado, se considerarmos o observável A1 ⊗ B2 de S, o valor esperado deste torna-se
〈A1 ⊗ B2〉 = 〈u|A1|u〉 〈v|B2|v〉 , (2.18)
2. Preliminares 9
ao considerar o vetor do estado (2.17). Podemos perceber que, para um estado arbitrário
fatorável na forma de (2.17), a média de um observável em S é o produto das médias dos
observáveis em S1 e S2. Com isso, a média do observável em S é decomponível.
Por outro lado, consideraremos o seguinte vetor de estado físico de S
|ψS〉 =|u1〉 |v1〉+ |u2〉 |v2〉√
2. (2.19)
Neste caso, os respectivos valores esperados dos observáveis A = A1⊗ 12 e B = 11⊗ B2 serão
〈A〉 =(〈u1|A1|u1〉+ 〈u2|A1|u2〉)
2
〈B〉 =(〈v1|B2|v1〉+ 〈v2|B2|v2〉)
2,
respectivamente. Já para o observável global A1 ⊗ B2 de S, o valor esperado torna-se
〈A1 ⊗ B2〉 =1
2[〈u1|A1|u1〉 〈v1|B2|v1〉+ 〈u2|A1|u2〉 〈v2|B2|v2〉 (2.20)
+2Re 〈u1|A1|u2〉 〈v1|B2|v2〉],
onde é fácil observar que
〈A1 ⊗ B2〉 6= 〈A〉〈B〉. (2.21)
Este resultado mostra que, estados cuja forma equacional se assemelha à (2.19), conhe-
cidos como estados tipo gato de Schrödinger ou simplesmente estados tipo gato[19], não são
decomponíveis, pois a média do observável arbitrário em S difere do produto das médias
marginais dos observáveis em S1 e S2. Portanto, existe uma correlação quântica entre S1
e S2. Esta correlação é conhecida como emaranhamento, que segundo Schrödinger é uma
característica peculiar da Mecânica Quântica sem análogo na Mecânica Clássica [2, 20].
Apesar da denição, nem sempre é tarefa fácil saber se um operador densidade arbitrário
está emaranhado, para isso existem testes e métodos que buscam vericar se o operador está
emaranhado. Discussões sobre esses critérios estão melhores descritos em [11].
2.5 POVM
Segundo von Neumann [21], uma teoria de medição fornece informações sobre as proba-
bilidades dos resultados que podem ser obtidos após uma medição sobre o sistema quântico.
2. Preliminares 10
O número de resultados possíveis em uma medida está ligado ao número de estados or-
togonais do operador identidade usado para a descrição do sistema quântico no estado de
Hilbert. Isso deixa evidente que não podemos ter um número de medidas maior do que o nú-
mero de dimensões. Entretanto, podemos realizar uma medida projetiva em uma base maior
quando usamos POVM, positive-operator valued measure. Como exemplo, um sistema físico
que pode ser descrito no espaço de Hilbert em duas dimensões (2D) podem ser realizadas
medições projetivas em uma dimensão maior, como 3D.
A razão da nomenclatura é devido ao fato de que os operadores M †M serem sempre
positivos. Para mostrar que os operador M †M são positivos, eles devem satisfazer a relação:
⟨M †Mρ, ρ
⟩≥ 0. (2.22)
Podemos demonstrar a relação acima utilizando a denição de produto interno entre
operadores⟨A, B
⟩= Tr
(A†B
). Neste caso, temos:
⟨M †Mρ, ρ
⟩= Tr
[(M †Mρ
)†ρ
]= Tr
[ρMM †ρ
]=
∑l.l′
〈l| ρM |l′〉 〈l′| M †ρ |l〉
=∑l.l′
∣∣ 〈l′| Mρ |l〉∣∣2.
Uma vez que, o quadrado do módulo de número completo é sempre maior ou igual a zero,
está demonstrado (2.22).
2.6 Discriminação de estados quânticos
Amedição anteriormente apresentada, POVM, tem uma importante aplicação na descrição
de estados. Para exemplicar, considere estados não ortogonais utilizando a medição de von
Neumann e POVM [3].
Consideremos que Alice prepara um dos estado
|ψ1〉 = |0〉 (2.23)
2. Preliminares 11
ou
|ψ2〉 =1√2
(|0〉+ |1〉
), (2.24)
e Bob tentará determinar o estado preparado por Alice. Uma vez que, um estado quântico
não pode ser clonado [22], Bob realizará apenas uma medição.
Em seguida, Alice diz para Bob que ele tem 50% de chance de realizar uma medição sobre
os estados |ψ1〉 ou |ψ2〉. Dessa forma, o operador densidade que Bob realizará é dado por
ρ =1
2
(|ψ1〉 〈ψ1|+ |ψ2〉 〈ψ2|
). (2.25)
Inicialmente, vamos considerar que Bob utilize a medição de von Neumann para tentar
discriminar os estados em questão. Neste caso, a probabilidade de Bob obter k, é dada por:
pk = Tr(Pkρ), (2.26)
onde k = 0 e 1, Pk = |k〉 〈k|. Dessa forma, usando (2.25) e (2.26), temos:
pk =1
2Tr[Pk(|ψ1〉 〈ψ1|+ |ψ2〉 〈ψ2|
)]. (2.27)
Após a realização da medição, Bob pode somente obter os resultados k = 0, 1. De acordo
com a Tabela 2.1, Bob tem 25% de chance de obter 1, o que faria com que ele soubesse que
realizou uma medição sobre o estado |ψ2〉. Porém, Bob tem 75% de obter 0, sendo assim, ele
não conhece o estado no qual realizou a medição.
Tab. 2.1: Resultados de Bob ao tentar discriminar os estados |ψ1〉 e |ψ2〉 usando a medição de von
Neumann.
k Tr(Pk |ψ1〉 〈ψ1|
)Tr(Pk |ψ2〉 〈ψ2|) pk
0 1 0.5 0.75
1 0 0.5 0.25
Considerando agora, que Bob faz uso de POVM para discriminar os estados |ψ1〉 e |ψ2〉,
Bob escolhe o seguinte conjunto de POVM:
E1 ≡√
2
1 +√
2|1〉 〈1| , (2.28)
2. Preliminares 12
E2 ≡√
2
1 +√
2
(|0〉 − |1〉)(〈0| − 〈1|)2
, (2.29)
E3 ≡ 1− E2 − E1, (2.30)
onde (2.30) está associado a ausência de informação sobre qual estado foi realizado a medição.
Dessa forma, a probabilidade de Bob obter n é dada por:
pn = Tr(Enρ
), (2.31)
onde n = 1, 2, 3. Usando (2.25), podemos reescrever a equação acima como:
pn =1
2Tr[En(|ψ1〉 〈ψ1|+ |ψ2〉 〈ψ2|
)]. (2.32)
Após realizar a medição, Bob pode obter os resultados n = 1, 2, 3. Como mostrado na
Tabela 2.2, Bob tem 14.6% de chance de obter o resultado 1(2), sabendo que realizou uma
medida sobre o estado |ψ2〉(|ψ1〉), respectivamente. Porém, tem 70.8% de chance de não
conhecer o estado em que realizou a medição. Apesar disso, 29.2% é o máximo que se pode
conseguir desse exemplo [23].
Tab. 2.2: Resultados de Bob ao tentar discriminar os estados |ψ1〉 e |ψ2〉 usando POVM.
n Tr(En |ψ1〉 〈ψ1|
)Tr(En |ψ2〉 〈ψ2|) pn
1 0 0.292 0.146
2 0,292 0 0.146
3 0,708 0.708 0.708
2.7 Qubit
A menor unidade de informação clássica é bit, que pode assumir os valores 0, 1. Na
informação quântica, existe uma unidade correspondente chamada de "bit quântico"1 ou
qubit, que pode ser descrito em uma base ortonormais em duas dimensões |0〉 , |1〉. De
forma geral, o qubit pode ser como
a |0〉+ b |1〉 , (2.33)
1 Do inglês, quantum bit
2. Preliminares 13
onde a e b são número complexos que satisfazem a relação |a|2 + |b|2 = 1. Neste sentido,
podemos medir |0〉(|1〉) com probabilidade |a|2 (|b|2), respectivamente.
2.8 Estados coerentes
Os estados coerentes são chamados de estados semiclássicos. Embora sejam estados quân-
ticos, os valores médios das grandezas dinâmicas, como a posição e o momento, são mais
próximos dos valores do correspondente clássico para o oscilador harmônico. Por esse mo-
tivo, os estados coerentes são muito usados para o estudo de problemas da transição entre os
mundos clássico e quântico [24], em que os estados são muito grandes para serem considerados
microscópicos e muito pequenos para serem considerados macroscópicos. Estes estados nos
problemas de fronteira são ditos estados mesoscópicos. Antes de prosseguirmos para estados
coerentes, faremos uma revisão sobre o oscilador harmônico.
2.8.1 Oscilador Harmônico
A hamiltoniana do oscilador harmônico quântico é dada por:
H =P 2
2m+mω2X2
2, (2.34)
onde m é a massa, X é o operador posição, P é o operador momento e ω é a frequência do
oscilador.
Podemos denir dois operadores a e a† que são escrito como combinação linear dos ope-
radores X e P . Dessa forma, os operadores a e a† são dados por:
a =mω
2~
(X +
iP
mω
),
a† =mω
2~
(X − iP
mω
), (2.35)
e obedecem a seguinte relação de comutação:
[a, a†] = 1. (2.36)
Fazendo N = a†a, temos que a hamiltoniana (2.34) ca:
H = ~ω(N +
1
2
). (2.37)
2. Preliminares 14
Podemos observar que, se considerarmos um estado |n〉, que é um autoestado do operador
N e o autovalor n, o estado |n〉 também será autoestado de H produzem
En = ~ω(n+
1
2
). (2.38)
Como pode ser visto em [14], os operadores a e a† quando atuam no estado |n〉, obtemos
as relações:
a |n〉 =√n |n− 1〉 ,
a† |n〉 =√n+ 1 |n+ 1〉 , (2.39)
onde podemos observar que a quando atua no estado |n〉 há uma diminuição de uma excitação
e a† quando atua no estado |n〉 há um aumento de uma excitação. Por essas razões esses
operadores são conhecidos como operadores de aniquilação e criação, respectivamente.
2.8.2 Denindo Estados Coerentes
Se o estado |α〉 for um auto estado do operador destruição a com um autovalor α, então
|α〉 é um estado coerente. Ou seja:
a |α〉 = α |α〉 . (2.40)
Como os auto estados do oscilador harmônico |n〉 formam uma base completa, podemos
escrever os estados coerentes em termos dessa base, ou seja:
|α〉 =∑n
cn |n〉 . (2.41)
Aplicando a na equação acima temos:
a |α〉 =∑n
√ncn |n− 1〉 . (2.42)
Substituindo (2.41) e (2.40) em (2.42), temos:∑n
αcn |n〉 =∑n+1
√n+ 1cn+1 |n〉 ,
onde temos:
cn+1 =αcn√n+ 1
,
2. Preliminares 15
e, por m:
cn =αnc0√n!. (2.43)
Dessa forma, basta encontrar c0 para determinarmos todos os coecientes. Para fazermos
isso, vamos normalizar o estado |α〉 e usaremos (2.43). Com isso:
〈α|α〉 =∑n
|cn|2,
=∑n
|α|2n|c20|
n!,
= |c0|2e|α|2
,
= 1.
Portanto,
c0 = e−|α|22 . (2.44)
Logo, obtemos o estado coerente |α〉 escrito na base do estado número |n〉, dado por:
|α〉 = e−|α|2/2∑n
αn√n!|n〉 . (2.45)
Podemos também calcular o produto interno entre estados coerentes. Vamos considerar
os estados coerentes |α〉 e |β〉. Usando (2.45) o produto interno 〈β|α〉 é dado por:
〈β|α〉 =
(e−|β|22
∑n
(β∗)n√n!|n〉)(
e−|α|22
∑n
αn√n!|n〉),
= e−|β|22 e−
|α|22
∑n
(β∗α)n
n!,
= e−(|β|2+|α|2−2αβ∗)/2. (2.46)
2.8.3 Deslocamento dos Estados de Vácuo
Uma outra forma de denirmos os estados coerentes envolve o deslocamento do vácuo. Este
conceito está relacionado aos mecanismos de geração de estados coerentes usando correntes
clássicas.
O operador deslocamento é denido como
D(α) = exp(αa† − α ∗ a). (2.47)
2. Preliminares 16
Considere a identidade
eA+B = eAeBe−12
[A,B], (2.48)
Fazendo A = αa† e B = −α ∗ a, temos
D(α) = e|α|2/2eαa
†e−α∗a. (2.49)
Dessa forma, temos:
D(α) |0〉 = e|α|2/2eαa
†e−α∗a |0〉 . (2.50)
Expandindo e−α∗a, temos:
e−α∗a |0〉 =∞∑l=0
(−α∗a)l
l!|0〉 = |0〉 , (2.51)
onde obtemos
D(α) |0〉 = e|α|2/2eαa
† |0〉 . (2.52)
E
eαa† |0〉 =
∞∑k=0
(αa†)k
k!|0〉 ,
=∞∑k=0
(α)k√k!|k〉 . (2.53)
E por m,
D(α) |0〉 = e|α|2/2
∞∑k=0
(α)k√k!|k〉 = |α〉 . (2.54)
2.9 Interação Átomo-Campo
Um átomo de dois níveis acoplado a um único modo de um campo eletromagnético é um
dos problemas mais elementares envolvendo a interação átomo-campo [16]. Esta descrição
é usada quando o acoplamento é ressonante ou quase-ressonante. Um átomo de dois níveis
acoplado a um oscilador harmônico pode ser usado para modelar este sistema.
2. Preliminares 17
2.9.1 Teoria Semiclássica
Vamos considerar os estados |e〉, o estado excitado, e |g〉, o estado fundamental, como os
estados de um átomo de dois níveis. Estes estados são auto estados da hamiltoniana livre
H0, cujos autovalores são
H0 |e〉 = ~ωe |e〉 ,
H0 |g〉 = ~ωg |g〉 , (2.55)
onde ωi é a frequência do estado |i〉.
Dessa forma, a hamiltoniana livre do sistema é dada por:
H0 = (|e〉 〈e|+ |g〉 〈g|)H0(|e〉 〈e|+ |g〉 〈g|),
= ~ωe |e〉 〈e|+ ~ωg |g〉 〈g| . (2.56)
Na interação entre um átomo e um campo, o campo elétrico exerce uma força tanto sobre
o núcleo positivo, como na nuvem negativa. Uma vez que o átomo é neutro, a distribuição de
carga, devido a interação, comporta-se como um dipolo elétrico. Considerando que o campo
está polarizado no eixo x, o momento de dipolo é dado por:
p = ex, (2.57)
e o campo pode ser escrito como
E(t) = E cos(υt), (2.58)
onde E é a amplitude e υ = ck é a frequência do campo.
Dessa forma, a hamiltoniana que representa a interação do átomo com o campo, pode ser
escrita como
H1 = −→p ·−→E (t), (2.59)
= −exE cos(υt),
= −e(|e〉 〈e|+ |g〉 〈g|)x(|e〉 〈e|+ |g〉 〈g|)E cos(υt),
= −(qeg |e〉 〈g|+ qge |g〉 〈e|)E cos(υt), (2.60)
2. Preliminares 18
onde qeg = q∗ge = e〈e|x|g〉 é a matriz dos elementos do momento de dipolo elétrico e os termos
〈i| x |i〉 = 0, onde i = e, g, pois momento do dipolo tem paridade ímpar enquanto os termos
〈i| x |i〉 têm paridade par [25].
A dinâmica do sistema átomo+campo é governada pelo hamiltoniano
H = H0 + H1. (2.61)
Análogo à (2.2), podemos escrever a evolução de um estado arbitrário como:
|ψ(t)〉 = U1(t) |ψ0〉 , (2.62)
onde |ψ0〉 é o estado inicial do átomo antes da interação com o campo, |ψ(t)〉 estado quântico
do átomo de dois níveis após interação e U1(t) o operador evolução temporal na representação
de interação é dado por:
U1(t) = Λ exp
(− i
~
∫ t
0
U †0(t′)H1U0(t′)dt′), (2.63)
onde
U0(t) = exp
(−iH0t
~
), (2.64)
e
Λ exp
(− i
~
∫ t
0
U †0(t′)H1U0(t′)dt′)
= 1− i
~
∫ t
0
U †0(t1)H1U0(t1)dt1 +
(− i
~
)2 ∫ t
0
∫ t1
0
U †0(t2)H1U0(t2)dt2dt1 + ....(2.65)
Usando a hamiltoniana (2.56), temos:
Hn0 = (~ωe)n |e〉 〈e|+ (~ωg)n |g〉 〈g| . (2.66)
Dessa forma, o operador evolução (2.64) ca:
U0 = exp(−iωet) |e〉 〈e|+ exp(−iωgt) |g〉 〈g| . (2.67)
Fazendo
|qeg| = qege−iφ′ , (2.68)
2. Preliminares 19
e
cos(υt) =e−iυt + eiυt
2, (2.69)
o hamiltoniano de interação na representação de interação ca:
U †0H1U0 = −~ΩRU†0(e−iφ
′ |e〉 〈g|+ eiφ′ |g〉 〈e|)U0 cos(υt),
= −~ΩR
2e−iφ′ |e〉 〈g| [ei∆t + ei(ω
′t+υt)]
+eiφ′ |g〉 〈e| [e−i∆t + e−i(ω
′t+υt)], (2.70)
onde ω′ = ωe − ωg, ΩR é a frequência de Rabi denida por
ΩR =|qeg|E~
, (2.71)
e ∆ = ω′ − υ. Os termos proporcionais a exp±i(ω′t+ υ) variam rapidamente e sua média
para uma escala de tempo mais que 1/υ é zero. Esses termos podem ser desprezados na
aproximação de ondas girantes2 (RWA). Para o caso de ressonância, ∆ = 0, a hamiltoniana
de interação ca
U †0H1U0 = −~ΩR
2e−iφ′ |e〉 〈g|+ eiφ
′ |g〉 〈e|. (2.72)
A expressão (2.65) pode ser simplicada usando
U †0H1U02n
=
(~ΩR
2
)2n
(|e〉 〈e|+ |g〉 〈g|), (2.73)
U †0H1U02n+1
=
(~ΩR
2
)2n+1
(e−iφ′ |e〉 〈g|+ eiφ
′ |g〉 〈e|), (2.74)
onde obtemos:
U1 = cos
(~ΩRt
2
)(|e〉 〈e|+ |g〉 〈g|) + i sin
(~ΩRt
2
)(e−iφ
′ |e〉 〈g|+ eiφ′ |g〉 〈e|). (2.75)
Se inicialmente o átomo estiver no estado excitado (|ψ0〉 = |e〉), temos:
|ψe(t)〉 = U1 |e〉 , (2.76)
= cos
(~ΩRt
2
)|e〉+ i sin
(~ΩRt
2
)e−iφ
′ |g〉 (2.77)
2 Do inglês: Rotation Wave Approximation.
2. Preliminares 20
Podemos escolher um campo tal que φ = π/2 e aplicarmos um pulso de π/2, ou seja,
~ΩRt = π/2 onde temos
|ψe(t)〉 =1√2
(|e〉+ |g〉). (2.78)
Analogamente, para um átomo inicialmente no estado fundamental (|ψ0〉 = |g〉), temos:
|ψg(t)〉 =1√2
(|g〉 − |e〉). (2.79)
2.9.2 Teoria Quântica
A hamiltoniana da interação de um átomo de dois níveis com um único modo de um campo
quântico é dada por
HJC = H0 +HI , (2.80)
onde
H0 = ~ω0
(a†a+
1
2
)+
~ωeg2
σz, (2.81)
é a hamiltoniana livre global, ωeg é frequência de transição entre os dois níveis atômicos e
σz = |e〉 〈e| − |g〉 〈g|.
Considerando que o campo está polarizado no eixo x, o momento de dipolo quântico é
dado por
p′ = eσx = e(σ+ + σ−), (2.82)
onde as pseudo-matrizes de Pauli são dadas por σ− = σ†+ = |g〉 〈e| e o campo é dado por
E ′(t) = A(a+ a†). (2.83)
A hamiltoniana de interação entre os subsistemas pode ser obtida usando (2.59).
HI = ~G(a†σ− + aσ+ + aσ− + a†σ+), (2.84)
onde eA = ~G, a†σ− e aσ+ são os termos girantes e aσ− e a†σ+ os termos contra girantes. A
contribuição dos termos contra girantes são nulas na RWA . Dessa forma, a hamiltoniana de
interação ca:
HI = ~G(a†σ− + aσ+). (2.85)
2. Preliminares 21
Os autovalores da hamiltoniana são dados por:
E±n = ~ω0(n+ 1)± ~∆n
2, (2.86)
onde
∆n =√δ2 + Ω2
n, (2.87)
e
Ωn = 2G√n+ 1. (2.88)
De forma pouco precisa, quanto maior o valor absoluto da dessintonia, menor é a proba-
bilidade de troca de energia entre o átomo e o campo, o que justica o nome aproximação
dispersiva. Quando o hamiltoniano de interação HI pode ser considerado uma pequena per-
turbação o sistema está no limite dispersivo, ou seja, relação
|δ|G
>>√n+ 1. (2.89)
Nesta aproximação, os autovalores são dados por:
E±n ≈ ~ω0(n+ 1)± ~|δ|2± ~Ω2
0
2|δ|2(n+ 1). (2.90)
Desta forma, podemos substituir o hamiltoniano HJC pelo hamiltoniano efetivo
HefJC = ~ω0
(a†a+
1
2
)+
~ωeg2
σz + ~ω[(aa† + 1) |e〉 〈e| − a†a |g〉 〈g|], (2.91)
onde ω = 2|δ|2/Ω20. Com a hamiltoniana acima obtemos os autovalores de energia descritos
em (2.90).
De forma análoga a seção anterior, usaremos o operador de evolução na representação de
interação dado por:
UI(t) = exp
(− iHef
I t
~
), (2.92)
onde
HefI = ~ω[(aa† + 1) |e〉 〈e| − a†a |g〉 〈g|]. (2.93)
2. Preliminares 22
Dessa forma temos:
UI(t) = exp−iωt[(a†a+ 1) |e〉 〈e| − a†a |g〉 〈g|],
= e−iωt exp−iωta†a |e〉 〈e|+ expiωta†a |g〉 〈g| . (2.94)
Considerando um átomo no estado fundamental interagindo com um campo de n fótons,
teremos:
|g〉 |n〉 → UI(t) |g〉 |n〉 = expiωta†a |g〉 |n〉 , (2.95)
e para um átomo no estado excitado interagindo com o mesmo campo, temos:
|e〉 |n〉 → UI(t) |e〉 |n〉 = eiωt exp−iωta†a |e〉 |n〉 . (2.96)
3. CORRELAÇÕES DE COMPLEMENTARIDADE GENERALIZADA
Neste capítulo, revisaremos alguns conceitos mais avançados de mecânica quântica, que
serão utilizados no desenvolvimento deste trabalho. Discutiremos a relação de trialidade para
estados puros e mistos.
Podemos descrever a complementaridade generalizada como a junção das propriedades
do sistema todo com as exclusivas de cada parte [26]. Na Seção 3.1 descreveremos a re-
lação de trialidade, baseado na referência [27], e na Seção 3.2, descreveremos a relação de
complementaridade modicada para estados não ortogonais, baseado em [15].
3.1 Relação de Trialidade
Consideraremos o estado puro mais geral de dois qubit, que chamaremos de |Θ〉 dado por
|Θ〉 = a |00〉+ b |01〉+ c |10〉+ d |11〉 , (3.1)
onde a, b, c, d satisfazem a condição de normalização
|a|2 + |b|2 + |c|2 + |d|2 = 1. (3.2)
A concorrência é uma medida de emaranhamento entre as partes do sistema bipartido
[20, 27] de |Θ〉 que pode ser obtida usando:
C = | 〈Θ|Θ〉 | (3.3)
Para isso, tem que realizar o spin-ip, dado por:
|Θ〉 = (σy ⊗ σy) |Θ∗〉 , (3.4)
3. Correlações de Complementaridade Generalizada 24
onde
σy ⊗ σy =
0 0 0 −1
0 0 1 0
0 1 0 0
−1 0 0 0
e
|Θ∗〉 = a∗ |00〉+ b∗ |01〉+ c∗ |10〉+ d∗ |11〉 .
Portanto, fazendo uso de (3.2) e (3.5), obtemos o spin-ip dado por:
|Θ〉 = −d∗ |00〉+ c∗ |01〉+ b∗ |10〉 − a∗ |11〉 . (3.5)
Antes de continuarmos, precisamos mostrar que
|r1 − r2| = |r∗1 − r∗2|. (3.6)
Demonstração. Sejam r1 e r2 números complexos, então
|r1−r2| =√
(r1 − r2)2 =√
(r1 − r2)(r∗1 − r∗2) =√
(r∗1 − r∗2)(r1 − r2) =√
(r∗1 − r∗2)2 = |r∗1 − r∗2|
Por m, substituindo (3.5) e (3.2) em (3.3) e usando a propriedade (3.6), temos a con-
corrência [28, 29] dada por:
C(Θ) = 2|ad− bc|. (3.7)
A segunda grandeza que veremos é a visibilidade, V . A visibilidade quantica o contraste
entre a intensidade máxima Imax e mínima Imin de um padrão de interferência de um único
qubit e é dada por
V =Imax − IminImax + Imin
. (3.8)
Uma vez que a visibilidade é medida em apenas uma das partes, devemos distinguir entre
os dois subsistemas. Como o sistema |Θ〉 possui dois subsistemas k (k = 1, 2), podemos
escrever a visibilidade para cada parte como:
Vk = 2| 〈Θ|σ+k |Θ〉 |, (3.9)
3. Correlações de Complementaridade Generalizada 25
onde
σ+k =
0 1
0 0
. (3.10)
Calculando a visibilidade para k = 1, temos:
V1 = 2| 〈Θ|σ+1 ⊗ 1 |Θ〉 |,
onde
σ+1 ⊗ 1 =
0 0 1 0
0 0 0 1
0 0 0 0
0 0 0 0
.
Portanto,
V1 = 2|(a∗ 〈00|+ b∗ 〈01|+ c∗ |10〉+ d∗ |11〉)(c |00〉+ d |01〉)|
= 2|ac∗ + bd∗|. (3.11)
Analogamente,
V2 = 2|ab∗ + cd∗|. (3.12)
O terceiro e último elemento da relação de trialidade é a preditividade. A preditividade
é uma característica de apenas uma das partes, que nos diz qual a probabilidade do sistema
estar descrito nos estados |0〉 ou |1〉. A preditividade Pk para o subsistema k, (k = 1, 2) é
dada por:
Pk = | 〈Θ|σz,k |Θ〉 , (3.13)
onde
σz,k =
1 0
0 −1
. (3.14)
Calculando a preditividade para k = 1, temos:
P1 = | 〈Θ|σz,1 ⊗ 1 |Θ〉 |,
3. Correlações de Complementaridade Generalizada 26
onde
σz,1 ⊗ 1 =
1 0 0 0
0 1 0 0
0 0 −1 0
0 0 0 −1
.
Portanto,
P1 = |(a∗ 〈00|+ b∗ 〈01|+ c∗ |10〉+ d∗ |11〉)(a |00〉+ b |01〉 − c |10〉 − d |11〉)|
= |(|c|2 + |d|2)− (|a|2 + |b|2)|. (3.15)
Analogamente,
P2 = |(|b|2 + |d|2)− (|a|2 + |d|2)|. (3.16)
Uma vez que introduzimos as grandezas que podem ser medidas em um experimento [27],
podemos descrevê-las na seguinte relação.
C2 + P2k + V2
k = (|a|2 + |b|2 + |c|2 + |d|2)2 = 1. (3.17)
Essa relação é conhecida como relação de trialidade.
3.2 Complementaridade Generalizada para Estados Não-Ortogonais
Uma vez que nem todos os sistemas físicos são descritos por estados ortogonais (como
exemplo, os estados coerentes [30]), podemos desejar uma relação de trialidade para descrever
sistemas físicos em que os estados não são ortogonais.
Para isso, consideraremos um operador densidade, que na base de dois estados não orto-
gonais |α+〉 , |α−〉, é dado por:
ρ = N(ρ++ |α+〉 〈α+|+ ρ−− |α−〉 〈α−|+ ρ± |α+〉 〈α−|+ ρ∗± |α−〉 〈α+|), (3.18)
onde N é a constante de normalização, dada por N−1 = ρ++ + ρ−− + 2|ρ±|x cosµ, ρ+− =
|ρ±|e−iχ, µ = χ+ φ e |α±〉 são estados não ortogonais, tais que:
〈α+|α−〉 = xeiφ. (3.19)
3. Correlações de Complementaridade Generalizada 27
Por sua vez, ρ2 possui a seguinte forma:
ρ2 = N2(ρ2++ |α+〉 〈α+|+ ρ++ρ−−xe
iφ |α+〉 〈α−|+ ρ++ρ± |α+〉 〈α−|+ ρ++ρ∗±xe
iφ |α+〉 〈α+|
+ ρ−−ρ++xe−iφ |α−〉 〈α+|+ ρ2
−− |α−〉 〈α−|+ ρ−−ρ±xe−iφ |α−〉 〈α−|+ ρ−−ρ
2± |α−〉 〈α+|
+ ρ±ρ++xe−iφ |α+〉 〈α+|+ ρ±ρ−− |α+〉 〈α−|+ ρ2
±xe−iφ |α+〉 〈α−|+ |ρ±|2 |α+〉 〈α+|
+ ρ∗±ρ++ |α−〉 〈α+|+ ρ∗±ρ−−xeiφ |α−〉 〈α−|+ |ρ++|2 |α−〉 〈α−|+ ρ∗±
2xeiφ
|α−〉 〈α+|)
= N2[(ρ2++ + ρ++ρ
∗±xe
iφ + ρ±ρ++xe−iφ + |ρ±|2) |α+〉 〈α+|+ (ρ++ρ−−xe
iφ + ρ++ρ±
+ρ±ρ−− + ρ2±xe
−iφ) |α+〉 〈α−|+ (ρ−−ρ++xe−iφ + ρ−−ρ
2± + ρ∗±ρ++ + ρ∗±
2xeiφ)
|α−〉 〈α+|+ (ρ2−− + ρ−−ρ±xe
−iφ + ρ∗±ρ−−xeiφ|ρ++|2) |α−〉 〈α−|], (3.20)
cujo traço é dado por:
tr(ρ2) = N2[ρ2++ + ρ2
−− + 2|ρ±|2 + x(ρ++ρ±e−iφ + ρ++ρ
∗±e
iφ + ρ−−ρ±e−iφ + ρ−−ρ
∗±e
iφ
+ ρ±ρ++e−iφ + ρ±ρ−−e
−iφ + ρ∗±ρ++eiφ + ρ∗±ρ−−e
iφ) + x2(ρ++ρ−− + ρ++ρ−−
+ρ2±e−2iφ + ρ∗±
2e2iφ)]
= N2ρ2++ + ρ2
−− + 2|ρ±|2 + x(4ρ++|ρ±| cosµ+ 4ρ−−|ρ±| cosµ) + x2[2ρ++ρ−−
+2|ρ±|2 cos(2µ)]. (3.21)
Inicialmente, calcularemos a concorrência ao quadrado C2 do estado misto ρ, dada por
[29]:
C2 = 2[1− tr(ρ2)]. (3.22)
Fazendo
N2
N2= N2[ρ2
++ + 2ρ++ρ−− + ρ2−− + x(4ρ++|ρ±| cosµ+ 4ρ−−|ρ±| cosµ)
+x2[2|ρ±|2 + 2|ρ±|2 cos(2µ)] = 1 (3.23)
e usando (3.21) e (3.23) em (3.22), temos que a concorrência ao quadrado é dada por:
C2 = 2N2[2ρ++ρ−− − 2|ρ±|2 − x2(2ρ++ρ−− − 2|ρ±|2)], (3.24)
= 2N2[(2ρ++ρ−− − 2|ρ±|2)(1− x2)]. (3.25)
3. Correlações de Complementaridade Generalizada 28
Por outro lado, se descrevermos um quanticador de qual caminho w(ρ) e interferência
i(ρ) para um estado ρ, temos
w(ρ) =|p+ − p−|p+ + p−
(3.26)
e
i(ρ) =2| 〈α+|ρ|α−|〉p+ + p−
, (3.27)
onde p± = 〈α±|ρ|α±|〉 pertence ao intervalo [0, 1] e satisfaz
w2(ρ) + i2(ρ) ≤ 1. (3.28)
Porém, para w(ρ) à discriminação dos estados |α±〉 não é máxima. Podemos ainda escrever
um estado em que a discriminação seja máxima como acontece em:
|αD±〉 =1√
1− | 〈α±|α∓〉 |(|α±〉 − 〈αmp|α±〉 |α∓〉), (3.29)
mas ainda teríamos problemas com a desigualdade (3.28).
Dessa forma, precisaremos redenir os estados |α±〉, para calcularmos a visibilidade e a
preditividade. Para isso, consideraremos os projetores Πi = |ci〉 〈ci|, onde i = ±, 0. O projetor
Π+ ( Π− ) está associado ao estado |α+〉 ( |α−〉 ) e Π0 é ortogonal à base |α+〉 , |α−〉. Medir
o projetor Π0 não contribuirá com a visibilidade e a preditividade associada com a base
|α+〉 , |α−〉.
A visibilidade pode ser medida, mudando a fase relativa entre os estados |c+〉 e |c−〉, dados
por
|c±〉 = e∓iφ2
(√1− x1 + x
|ϕ+〉 ± |ϕ−〉+
√2x
1 + x|ϕ0〉
), (3.30)
onde |ϕ+〉 e |ϕ−〉 são estados ortogonais entre si, 〈ϕ+|ϕ−〉 = 0, dados por:
|ϕ±〉 =1√
2(1± x)(ei
φ2 |α+〉 ± e−i
φ2 |α−〉). (3.31)
Note que, para calcularmos a visibilidade e a preditividade, podemos reduzir os estados
|c±〉 para |d±〉, pois |ϕ0〉 não contribuirá nas medidas. Os estados |d±〉 são dados por:
|d±〉 = e∓iφ2
(√1− x1 + x
|ϕ+〉 ± |ϕ−〉). (3.32)
3. Correlações de Complementaridade Generalizada 29
Agora que conhecemos os estados |d±〉, podemos denir a visibilidade não ortogonal V
dada por
V = 2∣∣tr( |d+〉 〈d−| ρ
)∣∣. (3.33)
Podemos escrever os estados não ortogonais |α+〉 e |α−〉 na base ortogonal |ϕ+〉 , |ϕ−〉
usando (3.31). Desta forma, temos
|α±〉 = e∓iφ2
(√1 + x
2|ϕ+〉 ±
√1− x
2|ϕ−〉
)(3.34)
que usaremos para mudar ρ da base |α+〉 , |α−〉 para a base |ϕ+〉 , |ϕ−〉. Com isso,
ρ = N
[(ρ++ + ρ−− + ρ±e
−iφ + ρ∗±eiφ)
1 + x
2|ϕ+〉 〈ϕ+|+ (ρ++ + ρ−− − ρ±e−iφ + ρ∗±e
iφ)
1− x2|ϕ−〉 〈ϕ−|+ (ρ++ − ρ−− − ρ±e−iφ + ρ∗±e
iφ)
√1− x2
4|ϕ+〉 〈ϕ−|+ (ρ++ − ρ−−
+ρ±e−iφ − ρ∗±eiφ)
√1− x2
4|ϕ−〉 〈ϕ+|
]. (3.35)
Usando (3.32), podemos calcular o termo |d+〉 〈d−| da igualdade (3.33), de modo a obter
|d+〉 〈d−| = e−2iϕ
[1− x1 + x
|ϕ+〉 〈ϕ+| − |ϕ−〉 〈ϕ−|+1− x1 + x
(− |ϕ+〉 〈ϕ−|+ |ϕ−〉 〈ϕ+|)]. (3.36)
E substituindo (3.36) e (3.35) em (3.33), obtemos:
V =
∣∣∣∣Ne−2iϕ
[(ρ++ − ρ−− + ρ∗±)
(2
1− x2− 2
1− x2
)+ ρ±
(4
1− x2− 2
1− x2
)= 2N(1− x)|ρ±|. (3.37)
A preditividade não ortonogonal P é dada por:
P = |tr[(|d+〉 〈d+| − |d−〉 〈d−|)ρ]|, (3.38)
onde
|d+〉 〈d+| =1
2
[1− x1 + x
|ϕ+〉 〈ϕ+|+ |ϕ−〉 〈ϕ−|+√
1− x1 + x
(|ϕ+〉 〈ϕ−|+ |ϕ−〉 〈ϕ+|
)],
e
|d−〉 〈d−| =1
2
[1− x1 + x
|ϕ+〉 〈ϕ+|+ |ϕ−〉 〈ϕ−| −√
1− x1 + x
(|ϕ+〉 〈ϕ−|+ |ϕ−〉 〈ϕ+|
)].
3. Correlações de Complementaridade Generalizada 30
Portanto,
|d+〉 〈d+| − |d−〉 〈d−| =√
1− x1 + x
(|ϕ+〉 〈ϕ−|+ |ϕ−〉 〈ϕ+|
). (3.39)
Usando (3.39) e (3.35) em (3.38), temos:
P =
∣∣∣∣N√
1− x1 + x
√1− x2
4(2ρ++ − 2ρ−− + e−iφρ± − e−iφρ± + eiφρ∗± − e−iφρ∗±)
∣∣∣∣= N(1− x)|ρ++ − ρ−−|. (3.40)
Para estados mistos a relação (3.17) se torna a desigualdade
P 2 + V 2 + C2 ≤ 1, (3.41)
porém podemos considerar a propriedade U , tal que
P 2 + V 2 + C2 + U2 = 1, (3.42)
onde usando (3.23), (3.40), (3.37) e (3.24) em (3.41), temos
U2 = 1− (P 2 + V 2 + C2)
= xN2[2(ρ++ − ρ−−)2 + 8|ρ±|2 + 4 cosµ(ρ++ + ρ−−)|ρ±|+ xB], (3.43)
onde B = 6(ρ++ρ−− − |ρ±|2)− [ρ2++ − 2|ρ±|2 cos(2µ) + ρ2
−−].
4. DINÂMICA DOS OSCILADORES
A decoerência pode ser modelada pelo acoplamento do oscilador com o reservatório cuja a
energia é perdida em um tempo característico τr. Para estados mesoscópicos, a decoerência
ocorre em um intervalo de tempo menor que τr. Já para os macroscópicos, a decoerência é
instantânea e não pode ser observada [24].
Neste capítulo, apresentaremos o experimento, assim como o modelo teórico para o estudo
deste experimento e a dinâmica do modelo usado. A Seção 4.1 é baseada em [24]. A Seção
4.2 é baseada nas referências [16, 17]. As Seções 4.3 e 4.4, baseiam-se na referência [31].
4.1 Experimento
No experimento mostrado na gura abaixo, geraremos estados mesoscópicos mandando
átomos de Rubídio preparando uma superposição (entre os estados exitado e fundamental)
para uma cavidade C que comporta um campo coerente. Mas, para isso, estes átomos
passarão pelos processos descritos a seguir.
Fig. 4.1: Esboço do experimento retirado de [24].
Os átomos serão aquecidos em um forno O e ao escaparem passarão por dois lasers, L1 e
L2 onde serão selecionados a velocidade de (400± 6)m/s. Após isso, será aplicado um pulso
de π/2 na cavidade de baixa qualidade R1, onde será preparado a superposição. Posterior a
4. Dinâmica dos Osciladores 32
isso, eles chegaram cavidade de alta qualidade C, alimentada pela fonte S, onde irão acoplar
com o oscilador principal via fase. Depois da interação irão para a segunda cavidade de baixa
qualidade R2, onde será tomado outro pulso de π/2. As cavidades R1 e R2 são alimentadas
pela fonte S ′. E por m, chegaram aos detectores De e Dg.
O experimento é resfriado a uma temperatura de 0.6K, porém consideraremos uma tem-
peratura nula em todo o processo.
4.2 Geração de Estados Mesoscópicos
Nesta sessão, iremos construir o modelo teórico usado para a descrever os estados usados.
Para isso iremos considerar um único modo de radiação interagindo com átomo de dois níveis.
O átomo quando sai do forno O, ele está no estado excitado (|e〉) e após a interação com
o campo o estado obtido é (2.78).
|ψe(t)〉 =1√2
(|e〉+ |g〉).
Após chegar na cavidade C, o estado inicial átomo+campo será
|ψAC〉 =1√2
(|e〉+ |g〉)⊗ |α〉 . (4.1)
Substituindo as equações (2.95) e (2.96) em (4.1) e usando (2.45), obtemos a evolução
estado átomo+campo que pode ser escrita como:
|ψAC(t)〉 =1√2e−|α|
2/2
∞∑n=0
αn
n!exp[−i(n+ 1)ωt] |e〉 |n〉+ exp[inωt] |g〉 |n〉,
=1√2e−iωt |e〉 |αe−iωt〉+ |g〉 |αeiωt〉 . (4.2)
Considerando que o tempo do átomo dentro da cavidade é de ∆t, temos que o estado do
átomo após esse intervalo é dado por
|ψAC(π′/ω′)〉 =1√2
(e−iφ′ |e〉 |αe−iφ′〉+ |g〉 |αeiφ′〉), (4.3)
onde φ′ = ω∆t.
4. Dinâmica dos Osciladores 33
Após passar pela cavidade de alta qualidade, o átomo vai para a segunda zona de Ramsey,
onde sofre um outro pulso de .δt. Usando as equações (2.78) e (2.79),
|e〉 → |e〉+ |g〉√2
, (4.4)
|g〉 → |g〉 − |e〉√2
, (4.5)
temos que o estado nal é dado por:
|ψ′AC(π/2)〉 =1
2[(e−iφ
′ |αe−iφ′〉 − |αeiφ′〉) |e〉+ (e−iφ′ |αe−iφ′〉+ |αeiφ′〉) |g〉]. (4.6)
As medidas nos detectores são dadas por :
|ψDe〉 = |e〉 〈e| |ψ′AC(π/2)〉 =1
2(e−iφ
′ |αe−iφ′〉 − |αeiφ′〉) |e〉 , (4.7)
|ψDg〉 = |g〉 〈g| |ψ′AC(π/2)〉 =1
2(e−iφ
′ |αe−iφ′〉+ |αeiφ′〉) |g〉 , (4.8)
onde |ψDe〉 e |ψDg〉 não estão normalizados. Neste trabalho usaremos estados mesoscópicos
arbitrários para obter uma solução mais geral do que a obtida em [24].
4.3 Modelo do sistema
Nesta sessão, iremos construir um modelo teórico para descrever o fenômeno de interação
entre os estados mesoscópicos e o reservatório.
O modelo que utilizamos é composto por um oscilador harmônico linearmente acoplado a
N outros osciladores. Nesse caso, os modos da cavidade (banho, reservatório) são modelados
por esse conjunto de osciladores. O nosso sistema de interesse é o oscilador harmônico que se
acopla a um reservatório de temperatura nula. O oscilador principal será o campo no interior
da cavidade C, que será descrito por uma superposição de estados coerentes sob ação de um
banho nito a uma temperatura nula. No início da dinâmica, a energia do sistema está no
oscilador principal.
4. Dinâmica dos Osciladores 34
Fig. 4.2: Representação do modelo. Cada esfera corresponde a um oscilador, onde a esfera central
é o oscilador principal, enquanto que as demais são os modos da cavidade. Os osciladores
dos modos se acoplam apenas com o oscilador principal, ou seja, não interagem entre si.
Retirado de [31]
4.4 Dinâmica
A hamiltoniana na aproximação de ondas girantes (RWA, Rotating Wave Aproximation), é
dada por:
H = ~ω0a†a+
∑k
~ωkb†kbk +∑k
~γk(ab†k + a†bk
), (4.9)
onde ω0 e ωk é são as frequências do oscilador principal e dos osciladores do banho, respec-
tivamente, bk e b†k são os operadores de destruição e criação, respectivamente, referentes ao
k-ésimo oscilador do banho e γk é a constante de acoplamento entre o oscilador principal e o
k-ésimo oscilador do banho.
Podemos observar que, na hamiltoniana do nosso sistema, existem dois termos livres que
atuam de forma independente nas variáveis do subsistema a qual pertencem, e existe um
termo de interação da forma Hint =∑
k ~(γkab
†k + a†bk
)que atua no oscilador principal e no
banho.
Dessa forma, podemos considerar o sistema que estamos estudando, como um sistema
composto de duas partes, uma sendo o oscilador principal (subsistema A) e a outra o banho
(subsistema B). Para o estudo das grandezas de complementaridade, usaremos os estados
coerentes que formam uma base não-ortogonal para o oscilador principal, o qual se acoplará
com o banho composto de k modos inicialmente no vácuo, a temperatura nula. Com isso, o
4. Dinâmica dos Osciladores 35
estado inicial do sistema é dado por:
|ν(0)〉 = N (y |α+(0)〉+ z |α−(0)〉)Πk |0〉k , (4.10)
onde
N−1 =√|y|2 + |z|2 + 2|yz|x0 cosµ (4.11)
e
x0 = | 〈α+(0)|α−(0)〉 |. (4.12)
Como ansatz, podemos evoluir o estado do sistema usando (2.1) e (4.9), em que obtemos:
|ν(t)〉 = N (y |α+(t)〉 |λ(t)〉+ z |α−(t)〉 |χ(t)〉), (4.13)
onde |λ(t)〉 =∏
k |λk(t)〉 e |χ(t)〉 =∏
k |χk(t)〉.
O estado obtido é um estado tipo gato (ver Secção 2.4). Portanto, como já foi mostrado, o
estado |ν(t)〉 está emaranhado. Além disso, podemos dizer que o "entrelaçamento" é devido a
interação do oscilador principal com o banho. Como o estado inicial |ν(0)〉 é decomponível1,
inicialmente, o oscilador principal e o banho não estão emaranhados.
Podemos obter a dinâmica das amplitudes dos estados |α+(t)〉 e |λ(t)〉 usando a equação
de Schrödinger. Para simplicar, usaremos o estado
|ψ(t)〉 = |α+(t)〉 |λ(t)〉 , (4.14)
em (2.1). Resolvendo primeiramente o lado esquerdo da equação, temos:
d
dt|ψ(t)〉 =
d
dt(|α+(t)〉 |λ(t)〉),
=d
dt(|α+(t)〉) |λ(t)〉+ |α+(t)〉 d
dt(|λ(t)〉). (4.15)
Podemos calcular a derivada de um estado coerente arbitrário |ε(t)〉 usando (2.45), onde
1 Para facilitar a visualização, basta tomar |ψ(0)〉 = N (a |α+(0)〉+ b |α−(0)〉).
4. Dinâmica dos Osciladores 36
obtemos:
d
dt|ε(t)〉 =
d
dt
(e−|ε|
2/2∑n
εn√n!|n〉), (4.16)
= −1
2
(d
dt|ε(t)|2
)|ε(t)〉+ ε(t)e−|ε|
2/2∑n
nεn−1
√n!|n〉 , (4.17)
= −1
2
(d
dt|ε(t)|2
)|ε(t)〉+ ε(t)e−|ε|
2/2∑m
(m+ 1)εm√m+ 1!
|m〉 , (4.18)
= −1
2
(d
dt|ε(t)|2
)|ε(t)〉+ ε(t)e−|ε|
2/2∑n
εn√n!a† |n〉 . (4.19)
Substituindo em (4.15), temos:
d
dt|ψ(t)〉 = −1
2
(d
dt|α+(t)|2 +
∑k
d
dt|λk(t)|2
)|ψ(t)〉+ α+(t)a† |ψ(t)〉+
∑k
λkb† |ψ(t)〉 ,(4.20)
como o número de excitações (n = |α+(t)|2 + +∑
k ‖λk(t)|2) é constante, o lado direito da
equação ca:
−i~ ddt|ψ(t)〉 = −i~
(α+(t)a† |ψ(t)〉+
∑k
λkb† |ψ(t)〉
). (4.21)
Para resolver o lado esquerdo, usaremos (4.9) obtendo:
H |ψ(t)〉 = ~ω0α+(t)a† |ψ(t)〉+∑k
~ωkλk(t)b†k |ψ(t)〉+∑k
~γk(α+(t)b†k + λk(t)a
†) |ψ(t)〉 .
(4.22)
Dessa forma, a equação de Schrödinger (2.1) ca:[(iα+(t)− ω0α+ −
∑k
γkλk(t)
)a† +
∑k
(iλk(t)− ωkλk(t)− γkα+(t))b†]|ψ(t)〉 = 0. (4.23)
Como os vetores a† |ψ(t)〉 e b† |ψ(t)〉 são linearmente independente, temos:
id
dtα+(t) = ω0α+(t) +
∑k
γkλk(t),
id
dtλk(t) = ωkλk(t) + γkα+(t). (4.24)
Além disso, sem perda de generalidade podemos reescrever dependência temporal como duas
funções f(t), gk(t)
α(t) = α0e−iω0tf(t),
λk = α0e−iωktgk(t)e
−2iδkt, (4.25)
4. Dinâmica dos Osciladores 37
onde δk = (ω0−ωk)/2 é a dessintonia entre oscilador principal e o k-ésimo oscilador do banho.
O termo α0e−iω0t é o termo obtido caso não existisse o acoplamento entre os osciladores. Este
termo aparece devido a hamiltoniana do oscilador principal livre e os termos f(t) e gk(t) são
os termos de interação entre os osciladores principal e do banho.
Substituindo (4.25) em (4.24) obtemos as funções f(t), gk(t) que denem a evolução do
sistema cujas as equações diferenciais são dadas por:
id
dtf(t) =
∑k
γkgk(t), (4.26)
id
dtgk(t) = −δkgk(t) +
∑k
γkf(t), (4.27)
e as condições iniciais [31]
f(0) = 1,
g(0) = 0. (4.28)
Analogamente, podemos obter as equações diferenciais para os estados |α−(t)〉 e |χ(t)〉:
id
dtα−(t) = ω0α−(t) +
∑k
γkχk(t),
id
dtχk(t) = ωkχk(t) + γkα−(t), (4.29)
onde a solução é dada por
α−(t) = α′0e−iω0tf ′(t),
λk = α′0e−iωktg′k(t)e
−2iδkt, (4.30)
onde o termo α′0 é divido ao oscilador principal e os termos f ′(t) e g′k(t) representam a
mesma interação que os termos f(t) e gk(t). Dessa forma podemos dizer que f ′(t) = f(t) e
g′k(t) = gk(t).
Podemos escrever também, uma equação análoga à (3.19) e (4.12) para as bases |α+(t)〉 , |α−(t)〉
e |λ(t)〉 , |χ(t)〉. O modulo do produto interno para esses estados são dados por:
| 〈α+(t)|α−(t)〉 | = xA, (4.31)
4. Dinâmica dos Osciladores 38
e
| 〈λ(t)|χ(t)〉 | = xB. (4.32)
Podemos ainda, calcular o overlap entre os estados do oscilador central, assim como os
estados dos osciladores do banho. Usando (2.46), (4.25) e (4.26)
〈α+(t)|α−(t)〉 = exp
(− |α−(t)|2 + |α+(t)|2 − 2α−(t)α+(t)
2
),
= exp
(− |α−(0)|2 + |α+(0)|2 − 2α−(0)α+(0)
2|f(t)|2
),
= 〈α+(0)|α−(0)〉|f(t)|2 . (4.33)
e
〈λt|χt〉 =∏k
〈λk(t)|χk(t)〉
=∏k
exp
(− |χk(t)|
2 + |λk(t)|2 − 2λ∗k(t)− χk(t)2
),
=∏k
exp
(− |α−(0)|2 + |α+(0)|2 − 2α−(0)α+(0)
2|gk(t)|2
),
= 〈α+(0)|α−(0)〉∑k |gk(t)|2 . (4.34)
Dessa forma, temos
xA = x|f(t)|20 , (4.35)
xB = x∑k |gk(t)|2
0 . (4.36)
5. COMPLEMENTARIDADE GENERALIZADA
Até o momento, estudamos o experimento e a dinâmica do sistema, onde obtivemos as funções
f(t) e g(t). Neste capítulo iremos estudar as grandezas da relação de complementaridade do
oscilador principal e do banho.
5.1 Grandezas da Relação de Complementaridade
Para obter a relação de complementaridade precisamos saber o quão emaranhado está o
sistema. Para isso, vamos calcular a concorrência entre o oscilador principal e o banho. Para
obtermos a concorrência, podemos usar (3.22), onde temos o traço que é invariante por base.
Desta forma, podemos obter o mesmo resultado usando (3.7) de forma mais prática.
Portanto, precisamos escrever os estados do subsistemas em função de uma base ortonor-
mal. Para isso, considere os estado genéricos para o oscilador principal
|f〉 = eiθ/2 cos ζ |α+(t)〉+ e−iθ/2 sin ζ |α−(t)〉 ,
|g〉 = eiθ/2 sin ζ |α+(t)〉 − e−iθ/2 cos ζ |α−(t)〉 , (5.1)
onde θ é real. Para que esses estados sejam ortogonais, usaremos uma possível relação, em
que:
ζ =π
4, (5.2)
e
eiθ =〈α−(t)|α+(t)〉| 〈α+(t)|α−(t)〉 |
. (5.3)
Porém, os estados |f〉 e |g〉 não estão normalizados. Para isso deniremos os vetores |1〉A
5. Complementaridade Generalizada 40
e |0〉A normalizados dados por:
|1〉A =|f〉| 〈f |f〉 |
=1
2S+
(eiθ/2 |α+(t)〉+ e−iθ/2 |α−(t)〉),
|0〉A =|g〉| 〈g|g〉 |
=1
2S−(eiθ/2 |α+(t)〉 − e−iθ |α−(t)〉), (5.4)
onde
S± =
√1± | 〈α+(t)|α−(t)〉 |
2. (5.5)
Desta maneira obtemos a base ortonormal |1〉A , |0〉A. Podemos fazer um procedimento
análogo para criar outra base ortonormal levando em conta as variáveis do banho, ou seja:
|1〉B =1
2S ′+(eiθ
′/2 |λ(t)〉+ e−iθ′/2 |χ(t)〉), (5.6)
|0〉B =1
2S ′−(eiθ
′/2 |λ(t)〉 − e−iθ′/2 |χ(t)〉), (5.7)
onde
S ′± =
√1± | 〈λ(t)|χ(t)〉 |
2(5.8)
e eiθ′=〈χ(t)|λ(t)〉| 〈λ(t)|χ(t)〉 |
.
Dessa forma, podemos escrever os estados do oscilador principal e do banho em termos
desses estados ortonormais. Fazendo isso, temos que:
|α±(t)〉 = e∓iθ/2(S+ |1〉A ± S− |0〉A),
|λ(t)〉 = e−iθ′/2(S ′+ |1〉B + e−iθ
′/2S ′− |0〉B),
|χ(t)〉 = eiθ′/2(S ′+ |1〉B − e
iθ′/2S ′− |0〉B). (5.9)
Como o estado do sistema ca da forma (4.13) para todo tempo t, os estados |1〉A , |0〉A e
|1〉B , |0〉B formam uma base para o nosso sistema. Portanto, para todo instante de tempo,
o sistema pode ser escrito como um par de qubits. Logo, podemos fazer uma mudança de
base para que nosso sistema que da forma (3.1). Para isso, substituiremos (5.9) em (4.13)
obtendo:
|ν(t)〉 = N[y′ + z′](S+S′+ |11〉+ S−S
′− |00〉)
+[y′ − z′](S+S′− |10〉+ S−S
′+ |01〉), (5.10)
5. Complementaridade Generalizada 41
onde y′ = y(eiθ/2+eiθ′/2) e z′ = z(e−iθ/2+e−iθ
′/2) Uma vez que o estado do sistema está escrito
na forma da equação geral de dois qubits (3.1), podemos calcular a concorrência usando (3.7).
Mas para isso precisamos comparar as equações para obter os coecientes. Com isso, temos:
|ν(t)〉 ≡ |Θ〉 . (5.11)
Portanto,
a = [y′ + z′]S−S′−,
b = [y′ − z′]S−S ′+,
c = [y′ − z′]S+S′−,
d = [y′ + z′]S+S′+. (5.12)
E por m, usando (3.7), (5.5), (5.8) e (5.12) obtemos a concorrência dada por:
C = 8|yz|N 2S+S′+S−S
′−,
= 2|yz|N 2√
1− | 〈α+(t)|α−(t)〉 |2√
1− | 〈λ(t)|χ(t)〉 |2. (5.13)
Podemos ainda reescrever a concorrência como
C = 2|yz|N 2DcDb, (5.14)
onde Dc =√
1− | 〈α+(t)|α−(t)〉 |2 é a distinguibilidade [9] entre os estados do oscilador
principal |α+(t)〉 e |α−(t)〉 e Dc =√
1− | 〈λ(t)|χ(t)〉 |2 é a distinguibilidade entre os estados
do banho. A função Di mede quão distinguíveis são os estados, ou seja, quanto mais próximo
de 1 (um), mais os estador se aproximam da ortogonalidade [31].
E usando (4.31) e (4.32), temos:
C = 2|yz|N 2√
(1− x2A)√
(1− x2B). (5.15)
Como a visibilidade e a preditividade são propriedades de apenas uma das partes e o
nosso estado ρAB descreve dois qubits, precisamos tomar o traço parcial em umas das partes.
Podemos obter o operador densidade do oscilador principal usando (2.16). Dessa forma
temos:
ρA = trB(ρAB)
= N 2[|y|2 |α+(t)〉 〈α+(t)|+ |z|2 |α−(t)〉 〈α−(t)|+ yz∗xBe
iθ′ |α+(t)〉 〈α−(t)|
+zy∗xBeiθ′ |α−(t)〉 〈α+(t)|
]. (5.16)
5. Complementaridade Generalizada 42
Analogamente, o operador densidade do banho é dado por:
ρB = trA(ρAB)
= N 2[|y|2 |λ(t)〉 〈λ(t)|+ |z|2 |χ(t)〉 〈χ(t)|+ yz∗xAe
iθ′ |λ(t)〉 〈χ(t)|
+zy∗xAeiθ′ |χ(t)〉 〈λ(t)|
]. (5.17)
Comparando (5.16) e (5.17) com (3.18), podemos tirar as relações:
A(B)ρ++ = |y|2
A(B)ρ−− = |z|2
A(B)ρ± = xB(A)eiθ′yz∗. (5.18)
Dessa forma, podemos usar as relações obtidas para calcular a visibilidade para estados
não-ortogonais usando (5.18) em (3.37), onde obtemos:
VA(B) = 2N 2[(1− xA(B))xB(A)|yz∗|]. (5.19)
E calcular a preditividade para estados não-ortogonais usando (5.18) em (3.40), onde
obtemos:
PA(B) = N 2[(1− xA(B))
∣∣|y|2 − |z|2∣∣]. (5.20)
Usando as equações (4.31), (4.32), (4.28), (4.33), e (4.34), obtemos
xA(0) = x0,
xB(0) = 1. (5.21)
Usando (5.21) em (5.19) e (5.20), para o oscilador principal (subsistema A), obtemos
(3.37) e (3.40). Entretanto, a interação com banho introduz uma dependência do overlap
dos estados do banho na preditividade e na visibilidade que são propriedades do oscilador
principal.
5.2 Relação da Complementaridade
A relação da complementaridade em [15] é escrita para um qubit. Para escrever a relação
composta de todas grandezas do nosso experimento, usaremos o subsistema do oscilador
5. Complementaridade Generalizada 43
principal, uma vez que as medições no experimento são feitas sobre o átomo de Rb, como
pode ser visto na Seção 4.1.
As grandezas obtidas neste trabalho satisfazem a desigualdade C2+V 2A+P 2
A ≤ 1 e torna-se
uma igualdade se acrescentarmos uma grandeza U ′ dada por:
U ′2 = N 4x0[4|yz|xB cosµ(|y|2 + |z|2 + |yz|x0xB)] + xA[8x2B|yz|2 + 2(|y|2 − |z|2)2
xAB′], (5.22)
onde
B′ = 6|yz|2 − (|y|4 + |z|4). (5.23)
Portanto, podemos escrever:
C2 + V 2A + P 2
A + U ′2 = 1. (5.24)
Usando (5.21) em (5.22), temos:
U ′2(0) = N 4x0[4|yz| cosµ(|y|2 + |z|2) + 8|yz|2 + 2(|y|2 − |z|2)2 + x0(B′ + |yz|)], (5.25)
podemos observar que para o estado inicial t = 0, U ′(0) é uma propriedade de uma das
partes, como mostrado em [15], assim como quando evolui no tempo.
Além disso, usando (3.37), (3.40) e (5.25), temos que
C2(0) + V 2A(0) + P 2
A(0) + U ′2(0) = 1. (5.26)
5.3 Relação da Complementaridade em Tempos Curtos
As utuações do vácuo, simuladas aqui por N osciladores, estão inicialmente não emara-
nhadas com o oscilador principal neste instante. Logo, precisamos conhecer a forma que o
sistema se emaranha e como as outras grandezas se comportam em tempos muito curtos
para que a igualdade seja válida. Neste capítulo, iremos estudar os tempos característicos
das grandezas da relação de complementaridade.
Para calcular o tempo característico da concorrência, precisamos conhecer o seu comporta-
mento em tempos próximos ao estado inicial. Para fazer isso, iremos expandir a concorrência
5. Complementaridade Generalizada 44
em série de Taylor. Então, considere W (t), como
W (t) = (1− x|f(t)|20 )(1− x|
∑k gk(t)|2
0 ), (5.27)
ou seja,
C2 = 4|yz|2N 4W (t), (5.28)
onde dependência temporal de C2 está em W (t). Por isso, precisamos fazer a série de Taylor
em torno do instante t = 0 apenas para W (t), em que obtemos
W (t) = W (0) +d
dtW (0)t+
1
2
d2
dt2W (0)t2 (5.29)
Com um pouco de álgebra, e usando as funções (4.25) e obtemos suas derivadas dadas
por:
d
dt|f(0)|2 = 0, (5.30)
d2
dt2|f(0)|2 = −2ϑ2. (5.31)
onde ϑ =∑
k γk.
Usando (5.29), obtemos:
W (t) = 2 ln(x0)ϑ2(1− x20)t2. (5.32)
Portanto,
C2 = 8|yz|2N 4 ln(x0)ϑ2(1− x20)t2. (5.33)
Para a preditividade pode ser escrita como:
P 2A(t) = P 2
A(0) +d
dtP 2A(0)t+
1
2
d2
dt2P 2A(0)t2 (5.34)
onde as derivadas acima são dadas por:
d
dtP 2A = 0 (5.35)
e
1
2
d2
dt2P 2A(0) = N 4(|y|2 − |z|2)x0ϑ
2 ln(x0) (5.36)
5. Complementaridade Generalizada 45
Dessa forma, usando (3.40), (5.35), (5.36) em (5.34), obtemos:
P 2A = N 4(|y|2 − |z|2)
[(1− x2
0) + x0ϑ2 ln(x0)t2
](5.37)
E a visibilidade pode ser escrita como:
V 2A(t) = V 2
A(0) +d
dtV 2A(0)t+
1
2
d2
dt2V 2A(0)t2 (5.38)
onde as derivadas são dadas por:
d
dtV 2A(0) = 0 (5.39)
1
2
d2
dt2V 2A(0) = 4N 4|yz|2ϑ2 ln(x0) (5.40)
Portanto, visibilidade é dada por:
V 2A = 4N 4|yz|2
(1− x2
0) + ϑ2 ln(x0)t2
(5.41)
Usando (5.29), podemos escrever:
C2(t) = C2(0) ++∞∑i=1
c(i)(0)ti, (5.42)
onde c = C2. Fazendo o mesmo com (5.38), (5.34) e (5.25) e substituindo em (5.24), temos:
C2(0) + V 2(0)A + P 2A(0) + U ′2(0) +
+∞∑i=1
(c(i)(0) + p(i)A (0) + v
(i)A (0) + u′(i)(0))ti = 1, (5.43)
onde pA = P 2A e vVA = V 2
A . E usando (5.26), temos:
+∞∑i=1
(c(i)(0) + p(i)A (0) + v
(i)A (0) + u′(i)(0)) = 0. (5.44)
Portanto,
u′(i)(0) = −(c(i)(0) + p(i)A (0) + v
(i)A (0)). (5.45)
Dessa forma, temos que
U ′2 = N 4x0
[4|yz|2x0 cosµ(|y|2 + |z|2 + |yz|x0 cosµ) + 14|yz|2 + 2(|y|2 − |z|2)
−(|y|4 + |z4|+ |yz|)] + ϑ2 ln(x0)[[4|yz|2(2(1− x0) + 1)] + (|y|2
−|z|2)x0]t2
(5.46)
5. Complementaridade Generalizada 46
5.4 Grandezas Complementares no Tempo Característico
Os resultados obtidos são para dois estados não-ortogonais arbitrários. Mas como discutido
na Seção 4.3, o sistema será modelado usando estados mesoscópicos. Por esse motivos,
usaremos propriedades dos estados coerentes para calcular as grandezas até então obtidas.
Os estados coerentes podem ser escritos no plano complexo do espaço de fase. Como
mostrado na Figura 5.1, podemos escrever o estado |α+〉 no eixo real, pois independe do
deslocamento α+, podemos fazer uma rotação para obtermos a conguração representada.
Fig. 5.1: A imagem ilustra a representação dos estados |α+〉 e |α−〉, no plano complexo do espaço de
fase, que estão separados por uma distancia r e v é a fase relativa os estados em questão .
Os círculos azul e vermelho são suas respectivas incertezas nas quadratura [16]. Já χ é um
ângulo interno do triângulo e λ = χ + v. Fixando uma distância r e variando λ teremos
uma família de estados que são equidistantes de |α+〉 .
Usando a 2.46 e analisando a gura acima, temos:
x0 = e−r2/2. (5.47)
E análogo a (5.14), podemos fazer:
D0 =√
1− x20, (5.48)
onde D0 é a distinguibilidade inicial entre os estados do oscilador.
5. Complementaridade Generalizada 47
Dessa forma, usando podemos reescrever (5.33), (5.37), (5.41) e (5.46) como:
C2 = 4|yz|2N 4r2ϑ2D20t
2, (5.49)
P 2A = N 4(|y|2 − |z|2)
[D2
0 +1
2r2ϑ2e−r
2/2t2], (5.50)
V 2A = 4N 4|yz|2
[D2
0 +1
2r2ϑ2t2
], (5.51)
U ′2 = N 4e−r2/2
Q2
0(r) +Q22(r)t2
(5.52)
onde
Q20(r) = 4|yz|2e−r2/2 cosµ(|y|2 + |z|2 + |yz|e−r2/2 cosµ) + 14|yz|2
+2(|y|2 − |z|2)− (|y|4 + |z4|+ |yz|),
Q22(r) =
1
2ϑ2r2[[4|yz|2(2(1− e−r2/2) + 1)] + (|y|2 − |z|2)e−r
2/2].
Porém, para obtermos os tempos característicos, precisaremos que as grandezas obtidas
não estejam ao quadrado. Dessa forma, precisamos tirar as raízes das equações acima.
Dito isto, suponhamos que seja k(t) uma função arbitrária e
k(t) = k(0) +
(d
dtk(0)
)t+
1
2
(d2
dt2k(0)
)t2 + ... (5.53)
sua série de Taylor em torno do tempo t = 0. A raiz desta séria será dada por:
√k(t) =
√k(0) +
1√k(0)
d
dtk(0)t+
1
4
√k(0)
[1
k(0)
(d2
dt2k(0)
)− 1
2k2(0)
(d
dtk(0)
)2]t2 + ...
(5.54)
Mas antes de seguirmos, note que temos uma informação importante aqui. Se formos
analisar os termos da concorrência em (5.49), podemos notar que o termo independente do
tempo, o equivalente a k(0), é zero. Por este motivo que calculamos apenas até o termo de
segunda ordem, embora o termo de ordem 3 também é zero. Além disso, se formos calcular
a série usando (5.13) também encontraremos termos divididos por zero. Com a nalidade de
contornar este problema, calculamos a concorrência quadrática e expandimos até o termo de
segunda ordem, pois podemos tirar a raiz e contornar este problema.
5. Complementaridade Generalizada 48
Dessa forma, usando (5.53) e (5.54) em (5.49), (5.50), (5.51) e (5.52), temos:
C = 2|yz|N 2rϑD0t, (5.55)
PA = N 2√
(|y|2 − |z|2)
[D0 +
1
4D0
r2ϑ2e−r2/2t2
], (5.56)
VA = 2N 2|yz|[D0 +
1
2D0
r2ϑ2t2], , (5.57)
U ′ = N 4e−r2/2
Q0(r) +
Q22(r)
Q0(r)t2. (5.58)
Uma vez que, as grandezas até aqui obtidas são adimensionais, e podemos ver que em
(5.55) há uma dependência de t. Para torná-la adimensional, as redeniremos como
C ≡ t
τC, (5.59)
(5.60)
onde τC é o tempos característico de emaranhamento. Este tempo caraterístico dene uma
escala de tempo para que as correlações quânticas se estabeleçam.
Como citado no início do Capítulo 5, τC dene o tempo em que o sistema perde energia
para o reservatório após o acoplamento com o oscilador. Desa forma, quando menor o τC
mais rápido será o processo de decoerência. E comparando (5.55) e (5.59), obtemos:
τC =1 + sinθe−r
2/2 cosµ
r sin θD0ϑ, (5.61)
onde µ = arg(y ∗ z) + |α+|r cosλ e zemos |y| = cos(θ)/2, |z| = sin(θ)/2, com 0 ≤ θ <π
2.
Este resultado trás os resultados encontrados em [24, 31], onde o aumento da distância
em um processo de decoerência mais rápido, uma vez que o tempo característico de emara-
nhamento diminui. Além disso, (5.61) nos mostra a fase inicial µ inuência o processo de
decoerência do sistema, sendo este um resultado inédito.
Uma vez obtido o tempo de decoerência do sistema, podemos observar a propriedade das
partículas envolvidas. A primeira propriedade a ser analisada será a preditividade. Como dis-
cutido no Capítulo 3, a diculdade de discriminar entre os estados |α+〉 e |α−〉. Esta grandeza
pode ser obtida experimentalmente usando medidas de qual estado1. Como conhecemos, essa
discriminação é máxima para estados ortogonais (P = 1), quando os elementos do sistema
1 Do inglês: which-state measurements.
5. Complementaridade Generalizada 49
estão interagindo como partículas. Usando o tempo característico (5.61) e substituindo em
(5.56), obtemos:
P = cot θ
[D4
0 sin θ + e−r2/2
D30
]. (5.62)
Para a segunda propriedade, a visibilidade quantica o contraste de interferência em
um sistema com propriedades de onda. Esta grandeza pode ser obtida experimentalmente
usando medidas de interferência2 . Podemos obter a visibilidade usando (5.61) em (5.57),
onde obtemos:
V =D4
0 sin θ + e−r2/2
D30
. (5.63)
Em ambos os casos, podemos observar que para o caso extremo r = 0, a distinguibilidade
é nula o que resulta em preditividade e visibilidade nulas. A preditividade nula signica que
é impossível discriminar os estados |α+〉 e |α−〉. Enquanto a visibilidade nula signica que
o a interferência máxima é igual a mínima, ou seja, não existe contraste na interferência.
Dessa forma, não faz sentido falar em valores muito pequenos de r. Por outro lado, a medida
em que aumentamos essa distância, onde para valores em raio seja muito grande, r →∞, a
desigualdade se aproxima da igualdade P 2 + V 2 = 1 .
Apesar de U ′ também ser uma propriedade de apenas uma das partes, ela não pode ser
obtida usando medidas de qual estado ou interferência [15]. Mas podemos obter o valor de
U ′ usando (5.61) em (5.58), onde obtemos:
U ′ = e−r2/2[Q0(r) +Q′22 (r)], (5.64)
onde Q′2 =Q2
r2Θ2 sin2 θD20
. Para r →∞, temos U ′ = 0 .
Como já é discutido a concorrência se perde muito rápido para valores muito grandes de
r, mantendo a igualdade
C2 + U ′2 + P 2 + V 2 = 1.
2 Do inglês: interference measurements.
6. CONCLUSÃO
Em nosso trabalho estudamos um sistema de um modo do campo eletromagnético acoplado
linearmente a N outros modos. Inicialmente o modo do campo eletromagnético foi preparado
em uma superposição arbitrária de dois estados coerentes, enquanto os outros N modos
estão no vácuo. O interesse deste trabalho foi estudar a evolução desse sistema e obtemos
a dinâmica do emaranhamento entre o oscilador principal e o banho. A dinâmica desse
sistema foi resolvida analiticamente. Quando estudamos o sistema, obtivemos as grandezas
e a relação de complementaridade para estados não ortogonais, que descrevem todas as
grandezas possíveis que podem ser obtidas diretamente ou indiretamente em um experimento,
como resultado principal do trabalho. Além disso, encontramos naturalmente uma grandeza
U ′ que não sabemos como pode ser medida [15].
Estudando o modelo do experimento, também encontramos o tempo característico que
varia com a distância entres os estados, como previsto por [24], e em adição a isso, mostramos
que as fases iniciais executam papel relevante.
Uma vez que, obtemos o tempo característico, zemos o estudo da preditividade, da
visibilidade e U ′. Mostramos o seu comportamento com a variação da distância dos estados
inicialmente em superposição.
Em resumo, obtemos a relação de complementaridade para estados não ortogonais, mos-
tramos que as fases executam papel importante num processo de perda de coerência de uma
superposição estado coerente quando submetido às utuações do vácuo. Estes resultados
simulam efeitos de perdas em cavidades supercondutoras e trazem contribuições inéditas
no estudo da decoerência de estados mesoscópicos bem como à transição entre os mundos
quântico-clássico.
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