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Universidade Estadual de Maringá Pós-Graduação em Educação para a Ciência e Ensino de Matemática Rosângela Constantino O ENSINO DA GEOMETRIA NO AMBIENTE CINDERELLA Maringá 2006

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Universidade Estadual de Maringá Pós-Graduação em Educação para

a Ciência e Ensino de Matemática

Rosângela Constantino

O ENSINO DA GEOMETRIA

NO AMBIENTE

CINDERELLA

Maringá

2006

ROSÂNGELA CONSTANTINO

O ENSINO DA GEOMETRIA NO AMBIENTE

CINDERELLA

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Educação para a

Ciência e o Ensino de Matemática da

Universidade Estadual de Maringá –

UEM, como requisito parcial para a

obtenção do título de mestre em

Educação para a Ciência e Ensino de

Matemática.

Orientador: Prof. Dr. Doherty Andrade

MARINGÁ

2006

“Ainda que eu falasse línguas,

as dos homens e dos anjos,

Se não tivesse o amor,

Seria como um sino ruidoso

Ou como um símbolo estridente.

Ainda que eu tivesse o dom da profecia,

O conhecimento de todos os mistérios

e de toda a ciência,

ainda que tivesse toda fé,

a ponto de transportar montanhas,

se eu não tivesse amor eu nada seria”.

Primeira carta de São Paulo aos Coríntios. 13, 1-2.

Ao Wellen

homem especial da minha vida,

amigo, companheiro e marido,

que sempre compreendeu a importância deste desafio para mim.

Ao meu filho Leonardo,

inspiração de todos os momentos.

Aos meus pais, José e Maria,

exemplos de coragem e determinação,

que tanto se dedicaram à minha educação.

Aos meus irmãos,

em especial a minha irmã Roseli,

que em muitos momentos teve de cuidar do meu filho

para que eu pudesse realizar este trabalho.

AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador professor Dr Doherty Andrade, que sempre soube me

compreender quanto ao tempo disponível para a realização do trabalho. Suas sugestões

e opiniões contribuíram significativamente para o aponte de cominho e a concretização

deste trabalho.

A professora Regina Pavanello pelas grandes sugestões e disponibilização de

materiais essenciais ao meu trabalho.

A professora Anair Altoé que viabilizou a realização do curso de extensão

realizado como estudo de caso neste trabalho.

Ao corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Educação para a Ciência e

Ensino de Matemática da UEM que nos proporcionou o mestrado.

As alunas do curso de Pedagogia da UEM que se propuseram a participar desse

trabalho.

RESUMO

Este trabalho trata do ensino da Geometria e das possíveis contribuições dos softwares

de Geometria Dinâmica, em especial o software Cinderella. O objetivo deste trabalho é

analisar se uso do software de Geometria Dinâmica Cinderella auxilia na construção do

conhecimento em Geometria. Essa discussão se faz necessário, pois o computador

introduz uma dimensão dinâmica à investigação em Geometria. As representações de

figuras planas ou espaciais, poderem agora ser manipuladas e transformadas de

diferentes maneiras. Elaboramos um curso com atividades de Geometria plana

utilizando o software Cinderella para alunos do 2º ano do curso de Pedagogia para

analisar as dificuldades dos alunos na compreensão de conceitos de Geometria e a

possibilidade de superação dessas dificuldades mediante o uso do software. A análise

das discussões e comportamento dos alunos, futuros professores, revelaram inicialmente

o pouco conhecimento em Geometria e que a utilização dos softwares de Geometria

Dinâmica podem contribuir na evolução da aprendizagem em Geometria e potencializar

suas habilidades para visualização e compreensão do objeto geométrico.

Palavras-chave: ensino e aprendizagem de Geometria, Geometria Dinâmica,

representação.

ABSTRACT

This work treats of the Geometry teaching and the possible contributions of Dynamic

Geometry softwares, mainly Cinderella software. The aim of this work is to analyze if

the use of the Dynamic Geometry Cinderella software aids in the construction of the

knowledge in Geometry. This discussion is important because the computer introduces

a dynamic dimension to the investigation of the Geometry. The representations of plane

or space geometric illustrations can be now manipulated and transformed of different

ways. A course of plane Geometry was carried out, using the software Cinderella, with

students of the 2nd period of the Pedagogy graduation. This course was applied to

analyze the students' difficulties to understand Geometry concepts and the possibility of

overcoming of those ones by the use of the software. The analysis of the students'

discussions and behavior showed initially low knowledge of Geometry. And was

observed that the use of the Dynamic Geometry softwares can contribute to learning and

to increase their abilities to visualize and understand geometric objects.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Retrato de Euclides..........................................................................................19

Figura 2: Fragmentos do Elementos de Euclides............................................................19

Figura 3: Interface do software Cinderella......................................................................51

Figura 4: Barra de Ferramentas.......................................................................................52

Figura 5: Ferramentas Geométricas.................................................................................54

Figura 6: Como usar o modo Bissetriz............................................................................56

Figura 7: Usando o Compasso........................................................................................56

Figura 8: Usando a função polígono...............................................................................57

Figura 9: Medindo distâncias.........................................................................................59

Figura 10: Verificação do Teorema de Pitágoras............................................................59

Quadro 1: Níveis de Van Hiele........................................................................................76

Gráfico 1: Palavras ligadas à Geometria lembradas pelas alunas de

Pedagogia.........................................................................................................................88

Gráfico 2: Opinião das alunas do 2º ano de Pedagogia participantes do projeto, sobre o

uso do computador...........................................................................................................88

Tabela1: Questões corretas e incorretas assinaladas pelas alunas de Pedagogia

participantes do projeto...................................................................................................89

Tabela 2: Número e porcentagem de erros e acertos entre as questões de 1 a 5,

cometidos pelas alunas de Pedagogia .............................................................................89

Quadro 2:Respostas às questões 7 e 9 (pré-teste)............................................................91

Quadro 3: Construção de um Triângulo Qualquer..........................................................95

Quadro 4 - Construir figuras que mantenham propriedades que as definem..................96

Quadro 5: Construção de um Triângulo Isósceles...........................................................98

Quadro 6: Construção de um Quadrado..........................................................................99

Quadro 7: Respostas obtidas antes e após algumas atividades......................................121

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...............................................................................11

CAPÍTULO 1- O ENSINO DA GEOMETRIA

1.1- Um Breve Histórico.................................................................. 17

1.2- O Ensino da Geometria..............................................................20

1.2.1-Formação do Professor..................................................23

1.2.2-O Movimento da Matemática Moderna.........................26

1.2.3-O Livro Didático de Matemática...................................28

1.3 – A Importância do Ensino da Geometria ..................................30

CAPÍTULO 2 – INFORMÁTICA E EDUCAÇÃO

2.1- Um Breve Histórico da Informática..........................................35

2.1.1 A Informática na Educação............................................36

2.2 – O Uso da Informática como Recurso Pedagógico...................39

2.2.1- A Informática no Ensino da Matemática......................40

2.3- A Formação do Professor para a Utilização das Novas

Tecnologias.......................................................................................42

2.4- Geometria Dinâmica..................................................................47

2.4.1- O Software Cinderella..................................................48

CAPÍTULO 3 – O PENSAMENTO GEOMÉTRICO

3.1- O Objeto Geométrico.................................................................65

3.2- Visualização e Representação Geométrica................................70

3.3- Contribuições do Computador para a Formação do Pensamento

Geométrico........................................................................................77

CAPÍTULO 4 – A PESQUISA

4.1- Sujeitos da Pesquisa...................................................................80

4.2- Coleta de Dados.........................................................................80

4.3- Apresentação e Discussão dos Resultados.................................86

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................130

REFERÊNCIAS............................................................................135

APÊNDICES

Apêndice A: Questionário Perfil...............................................................139

Apêndice B: Questionário de conhecimento Geométrico.........................140

Apêndice C: Atividades realizadas............................................................143

Apêndice D: Ficha de análise dos encontros.............................................151

Apêndice E: Respostas obtidas no pré e pós-teste....................................152

INTRODUÇÃO

Sabemos que a Geometria está presente em diferentes situações da vida humana. Por esse

motivo, os Parâmetros Curriculares Nacionais e pesquisadores da área da Educação

Matemática, recomendam que a escola proporcione aos alunos desde as séries iniciais o

acesso ao conhecimento, visando a compreensão e a interação dos mesmos com o mundo em

que vivem. No entanto, diversos trabalhos de pesquisa realizados nas últimas décadas

abordam o abandono ou a omissão do ensino da Geometria no Ensino Fundamental e Médio

no Brasil, entre eles Peres (1994), Lorenzato(1995), Pavanello, (1989, 1993,1995 e 2004).

Esses autores apontam alguns motivos para esta omissão, das quais destacamos: a formação

de professores; o Movimento da Matemática Moderna e a influência dos livros didáticos.

Assim a recuperação do ensino da Geometria passou a ser uma preocupação dos estudiosos da

área de Educação Matemática, não só no Brasil, mas em inúmeros países, visto que em

outubro de 1995, foi realizada na cidade da Catânia, na Sicília-Itália, a conferência

“Perspectivas para o Ensino da Geometria no Século XXI”, organizada pela comissão

Internacional para a Instrução Matemática. A conferência faz parte de um evento temático

denominado ICMI (The International Commission on Mathematics Instruction) que tem por

finalidade estudar tendências, apontar necessidades e fazer recomendações que, em sua

maioria, são consideradas na elaboração de currículos nacionais e incorporados em projetos,

experiências e materiais didáticos.

12

A pauta da reunião começou a ser organizada em 1994, quando o comitê elaborou o

documento “Perspectives on the Teaching of Geometry for the 21 st Century” 1 com os

seguintes objetivos:

* Discutir os objetivos do ensino da Geometria nos diferentes níveis escolares e de acordo

com os diferentes ambientes e tradições culturais;

* Identificar desafios importantes e tendências emergentes para o futuro e analisar seu

potencial como impacto didático;

* Explorar e implantar novos métodos de ensino.

Destacamos ainda algumas das questões, presentes nas discussões como: Por que é

aconselhável e/ou necessário ensinar Geometria? O quê e como ensinar Geometria? O que é

pensamento geométrico? Como ele se desenvolve? Como avaliar conhecimentos

geométricos?

Diante dessas perspectivas, foram feitas algumas recomendações nessa Conferência das quais

citamos algumas:

O currículo de Matemática do ensino primário deve incluir geometria bi e tridimensional

para que os alunos sejam capazes de descrever, desenhar e classificar as figuras; investigar e

predizer o resultado de combinar, subdividir e transformar figuras; de desenvolver a

percepção espacial; de relacionar idéias geométricas com idéias numéricas e de medição; de

reconhecer e apreciar a geometria dentro de seu mundo.

Deve-se evitar substituir o programa de geometria pelos tópicos sobre medidas.

1 PERSPECTIVES ON THE TEACHING OF GEOMETRY FOR THE 21ST CENTURY. In Education Studies in Mathematics, 28, p. 91-98. O 1995 Kluwer Academis Publishers. Printer in Belgium. Apud Nacarato, et al 2003, p. 28-30.

13

Merecem menos atenção atividades centradas na memorização de vocabulário, fatos e

relações.

Nos seis primeiros anos de escolaridade o programa deve ser essencialmente centrado em

atividades e não em teorias sobre tópicos geométricos.

Os alunos devem ter contato com atividades geométricas durante todo o ano letivo e não

somente em um determinado período de tempo no ano.

São recomendáveis atividades que façam conexões com áreas afins como Artes, Geografia

e Física.

Havendo condições e se os professores estiverem preparados, devem ser organizadas

atividades com tópicos não convencionais e que fogem da tradição euclidiana, tais como:

topologias e grafos; geometria não-euclidiana; teoria de nós, etc.

O currículo de geometria, principalmente a partir da 7ª série, deve ter fortes conexões com

aplicações e situações reais.

Rudimentos de geometria analítica podem ser antecipados sem ênfase demasiada na

notação.

É possível uma abordagem de natureza histórico-epistemológica, de que a geometria é rica

em significados.

Instituições como universidades e secretarias de educação devem organizar programas para

a capacitação dos professores para o ensino da geometria.

As novas tecnologias têm afetado profundamente nossa sociedade. Atividades, como

desenhos técnicos feitos à mão tornaram-se obsoletas. Novas profissões estão surgindo. É fato

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que os indivíduos deste final de século necessitam de uma Educação Visual. A Geometria

contribui para atingir esta meta.

Para Fischbein (19932, apud GRAVINA 1996) a Geometria possui algumas dificuldades

inerentes ao seu processo de ensino e de aprendizagem, visto que o objeto geométrico deve

ser tratado como tendo duas componentes, uma conceitual e outra figural. A componente

conceitual, através de linguagem escrita ou falada, com maior ou menor grau de formalismo

expressa propriedades que caracterizam certa classe de objetos. Já a componente figural

corresponde à imagem mental que associamos ao conceito, e que no caso da Geometria tem a

característica de poder ser manipulada através de movimentos como translação, rotação e

outros, mas mantendo invariantes certas relações. A harmonia entre estas duas componentes é

que determina a noção correta sobre o objeto geométrico.

A associação do desenho ao objeto geométrico é muito importante para a compreensão, mas

muitas vezes não fica claro para o aluno que um desenho representa uma situação específica,

pois guarda características particulares que muitas vezes não pertencem ao conjunto das

propriedades geométricas que definem o objeto.

Para alguns pesquisadores como Fainguelernt (1999); Passos (2000), Pais (1996) a habilidade

de visualização, o desenho, e a construção dos conceitos são importantes para a aprendizagem

em Geometria.

LABORDE3 (1998, apud Alves, 2004) menciona que há um consenso entre educadores

matemáticos de que o uso do computador em Geometria pode contribuir para a visualização

geométrica, visto que oferece inúmeras representações de um objeto geométrico evitando

2 FISCHBEIN. E. The Theory of figural concepts. Education Studies in Mathematics. Netherlands, Kluwer Academic Publishers, 1993.

3 LABORDE,C. Visual phenomena in the teaching/learning of geometry in a computer-based environmente. In: MAMMANA,C. VILLANI, V. Perspectives on the teaching of geometry for the 21st century-An ICMI. Dordrecht/Boston/London: Kluwer Academic, 1998.

15

assim desenhos prototípicos e ainda que os alunos associem um desenho específicoao objeto

geométrico.

Pesquisas relatam bons resultados na aprendizagem da Geometria por meio do uso da

informática como Misculin (1994), Souza (2002) e Balcewicz (2003).

Assim propomos nesse trabalho um estudo sobre as contribuições dos softwares de Geometria

Dinâmica na aprendizagem da Geometria. Para tanto elaboramos um curso de Geometria para

alunas de Pedagogia, onde as atividades envolvendo alguns conceitos de geometria foram

realizadas no ambiente do software Cinderella, que é um software de Geometria Dinâmica. E

assim, esperamos por meio dessa experiência e discussão contribuir significativamente para o

ensino da Geometria apoiado por software de Geometria Dinâmica.

Para realização do trabalho elaboramos quatro capítulos:

Capítulo 1: Como nosso trabalho enfatiza a importância da Geometria, achamos necessário

apresentar um breve histórico sobre que necessidades levaram o homem a fazer uso da

Geometria em seu cotidiano, propondo-nos em seguida a situar a questão do ensino da

Geometria tendo como embasamento os trabalhos de diversos autores como Pavanello (1989,

1993 e 1995), Peres (1995), Lorenzato (1995) entre outros.

Capítulo 2: Como um dos nossos objetivos é investigar a colaboração da informática ao

ensino da Geometria, neste capítulo delineamos questões relativas ao seu uso como recurso

pedagógico em Matemática. Descrevemos o que é um software de Geometria Dinâmica, para

na seqüência descrever o software Cinderella ressaltando suas principais ferramentas e

vantagens. Por último mencionamos as principais contribuições dos softwares de Geometria

Dinâmica e especial o Cinderella.

16

O Capítulo 3: A geometria possui algumas dificuldades inerentes à sua aprendizagem, como

a noção de objeto geométrico e as questões de visualização e representação. Assim nesse

capítulo procuramos descrever como alguns autores (PAIS, 19996; FISCHBEIN, 1993;

FAINGUELERNT, 1999) tratam o desenvolvimento do pensamento geométrico, também o

desenvolvimento do conceito de objeto geométrico e as questões relacionadas à visualização e

a representação geométrica. Por último discutimos as contribuições do uso do computador

para a formação do desenvolvimento do pensamento geométrico.

Capítulo 4: Neste capítulo descrevemos e analisamos os resultados da pesquisa realizada com

alunas do curso de Pedagogia, no qual utilizamos o software Cinderella para resolução de

atividades de geometria plana para analisar as contribuições de um ambiente de Geometria

Dinâmica, em especial o Cinderella para à aprendizagem em Geometria.

CAPÍTULO 1

O ENSINO DA GEOMETRIA

INTRODUÇÃO

Como nosso trabalho enfatiza a importância da Geometria, achamos necessário apresentar um

breve histórico sobre que necessidades levaram o homem a utilizar-se da Geometria em seu

cotidiano, propondo-nos em seguida a situar a questão do ensino da Geometria tendo como

embasamento os trabalhos de diversos autores como: Pavanello (1989, 1993, 1995 e 2004,

Peres (1994), Lorenzato (1995). Para justificar ainda nosso trabalho discutimos a importância

do ensino da Geometria.

1.1 Um breve histórico

Para Vitrac (2006) a explicação mais aceita sobre as origens da Geometria foi proposta pelo

historiador Heródoto de Halicarnasso, no segundo dos nove livros de sua Enquête (século V a.

C.) que traz a mais antiga menção da palavra grega “geometria” a ter chegado aos nossos

dias. Os sacerdotes egípcios contaram a Heródoto que o rei Sesóstris, dividia o solo entre

todos os egípcios agricultores, atribuindo um lote igual a cada um e prescrevendo que cada

detentor passaria a lhe dever um tributo anual com base nessa repartição. Contudo, uma vez

ao ano o rio Nilo inundava parte do lote. O proprietário prejudicado ia então ao encontro do

soberano, que averiguava o quanto do terreno diminuíra para então providenciar um

abatimento proporcional no tributo a ser pago. Ao que tudo indica, concluía Heródoto, foi isso

17

que ensejou o nascimento da geometria. Ele acrescenta que os gregos transmitiam uns aos

outros esse conhecimento.

A força da descrição de Heródoto é etimológica: “geometria” constiui-se do prefixo “geo”,

derivado de “ge”, a terra, e do verbo “métrein”, “medir”. E assim temos “geometria=medida

da terra”, e a idéia de que ela teria nascido da agrimensura.

Afirmações sobre a origem da Geometria são incertas e muito arriscadas, pois os primórdios

do assunto são mais antigos do que a arte de escrever.

Heródoto e Aristóteles não quiseram se arriscar a propor origens mais

antigas que a civilização egípcia, mas é claro que a Geometria que tinha em

mente possuía raízes mais antigas. Heródoto mantinha que a Geometria se

originava no Egito, pois acreditava que tinha surgido da necessidade da

prática de fazer novas medidas de terras após cada inundação anual do vale

do Rio Nilo. Aristóteles achava que a existência no Egito de uma classe

sacerdotal com lazeres é que tinha conduzido ao estudo da Geometria

(BOYER, 1996: pág. 4).

A Geometria foi empregada pelos povos primitivos na construção de objetos de decoração, de

utensílios, de enfeites e na criação de desenhos para a pintura corporal. Formas geométricas,

com grande riqueza e variedade, apareceram em cerâmicas, cestarias, e pinturas de diversas

culturas, com a presença de formas como triângulos, quadrados e círculos, além de outras

mais complexas.

Conforme Kobayashi (2001) foi durante os séculos VII e VI a.C que os gregos, os primeiros a

se interessarem pela Matemática para além de necessidade prático-utilitária, mas como

ciência. Para Kobayashi (2001), o homem começa a se preocupar em formular questões sobre

o “por que” e não mais sobre o “como”.

18

A mais preciosa fonte de informação deste período é chamado Sumário Eudemiano de

Proclus, que se constitui de páginas de abertura de comentários sobre Os Elementos, onde

aparece um resumo sobre o desenvolvimento da geometria grega, de seus primórdios até

Euclides.

O ápice da Geometria Grega é atingido no período helenístico, mas esse fato não implica que

não existiram produções significativas anteriormente. Na verdade, existiu uma vasta produção

matemática que remonta a muitos séculos antes de Euclides. Toda essa produção recebeu a

denominação de Geometria Pré-Euclidiana.

Euclides de Alexandria viveu entre 300 e 200 a.C. e desenvolveu o método axiomático

(estrutura lógica de pensamento). Embora nenhuma descoberta lhe seja atribuída, sua

habilidade de expor didaticamente o conhecimento geométrico foi como o primeiro passo na

história do pensamento matemático, bem como da organização da própria Matemática.

Euclides foi o grande sistematizador de sua época. A ordenação da Geometria de seu tempo,

que realizou em um sistema dedutivo (do todo para as partes), é um trabalho notável. Tomou

ele um pequeno número de conceitos geométricos simples e procurou demonstrar todos os

demais como conseqüências lógicas desses primeiros, isto é, Euclides estabeleceu um sistema

axiomático (lógico-dedutivo).

19

Fig 1 Retrato de Euclides

Os Elementos de Euclides representam, de um modo perfeito, o tipo de Geometria que

dominou as ciências durante todo o período compreendido entre a Antigüidade e a Idade

Moderna. Sem dúvida, eles representam uma das contribuições mais importantes para a

Metodologia das Ciências.

Figura 2: Um dos mais antigos fragmentos dos Elementos de Euclides, encontrado em 1897 no Egito. Contém a

proposição 5 do livro II.

20

1.2 A SITUAÇÃO DO ENSINO DA GEOMETRIA

O “abandono”ou a “omissão” da Geometria no Ensino Fundamental e Médio tem sido objeto

de muita discussão entre os educadores matemáticos no Brasil. Muitos trabalhos, como de

Peres (1991), Pavanello (1989,1993) e Lorenzato (1993, 1995), mostram a problemática em

torno do ensino e da aprendizagem da Geometria, onde ressaltam vários aspectos os quais

destacamos:

Peres (1991) e Pavanello (1993) destacam dois aspectos que atuam forte e diretamente em

sala de aula:

- Muitos professores não detêm os conhecimentos geométricos necessários para realização de

suas práticas.

-À exagerada importância que desempenha o livro didático entre os professores, onde na

maioria das vezes a Geometria é apresentada como um conjunto de definições, propriedades,

nomes e fórmulas, e ainda, como também em termos de relegá-la aos capítulos finais dos

livros, os quais o professor nunca consegue chegar, e ainda sem conexão com os demais

temas.

Para Lorenzato (1995) além das causas acima ainda acrescenta:

-Nos currículos, a Geometria possui uma fragilíssima posição, quando consta. A Geometria

quando apresentada é fragmentada e separada da Aritmética e da Álgebra.

- Antes da chegada do Movimento da Matemática Moderna (MMM) no Brasil, o ensino

geométrico era marcantemente lógico-dedutivo, com demonstraçòes. A proposta da

21

Matemática Moderna de algebrizar a Geometria não vingou no Brasil, mas conseguiu eliminar

o modelo anterior.

Em suma, o que podemos perceber é a pouca importância que vem sendo dado ao ensino da

Geometria em todos os níveis de ensino. De acordo com Biembengut & Silva

a geometria faz parte do currículo do 1º e 2º graus, em devidas proporções. Porém, relegada à disciplina de Educação Artística ou ao final do programa de Matemática, esta importante área do conhecimento, muitas vezes, tem sido negligenciada. Tratada sob uma certa forma teórica, tem se tornado árida e sem sentido para boa parte dos alunos e até professores (1995, p. 39).

E ainda para Peres (1995):

“Há pouco Ensino de Geometria em nível de 1 e 2 graus, quer seja por falta de tempo; por estar sempre no final dos planejamentos; por estar no final dos livros; pela preferência dos professores por Aritmética ou Álgebra; por ser o programa de matemática muito extenso em cada série; pelo fato de a quantidade de aulas semanais em cada série ser insuficiente para “cumprir todo o programa.”( 1995, p. 45).

Pavanello (1989), em sua dissertação de mestrado, mostra que o problema com o ensino da

geometria surge e se avoluma à medida que as escolas de nível secundário passam a atender

um número crescente de alunos das classes menos favorecidas. Nesse momento a geometria é

praticamente excluída do currículo escolar ou passa a ser, em alguns casos restritos,

desenvolvida de uma forma muito mais formal a partir da introdução da Matemática

Moderna. A autora enfatiza ainda que o grande desconhecimento da Geometria por parte dos

alunos e até dos professores é preocupante, pois, na medida em que a escola deixa os alunos

sem acesso a conhecimentos importantes, acaba contribuindo para que as desigualdades

sociais se acentuem e se perpetuem.

Fonseca, et al (2002), num curso para formação de professores pediu para que estes

relatassem os tópicos de matemática que eles focalizam nas séries iniciais, e percebeu que:

22

O conteúdo de Geometria aparece sempre no final, dando a entender que é um estudo

deixado para o fim do período letivo;

O estudo de Geometria inicia-se com curvas abertas e fechadas, interior/exterior, o que

sugere uma permanência da influência do Movimento da Matemática Moderna;

Pelos relatos dos professores, observa-se que a tônica do ensino de Geometria está centrada

na nomeação e classificação das figuras planas mais conhecidas;

O estudo das figuras planas precede o estudo dos sólidos, numa organização mais próxima à

exposição euclidiana do que às propostas pedagógicas que valorizam a experiência e a

manipulação como pontos de partida (o que sugeriria antepor o estudo dos sólidos ao estudo

das figuras planas);

A inclusão de “ponto, reta, plano, segmento, semi-reta, ângulos” numa fase muito inicial da

escolaridade é freqüente, num estudo centrado na apresentação formal dos conteúdos em

detrimento da exploração dos conceitos (3ª e 4ª séries).

Pereira (2001) na sua dissertação de mestrado intitulada: “A geometria escolar: uma análise

sobre o abandono de seu ensino” busca analisar o modo pelo quais as pesquisas têm tratado o

abandono da Geometria no paradigma curricular do Ensino Fundamental e Médio, partindo de

uma seleção da literatura produzida nos últimos vinte anos. Selecionando categorias que

pudessem detectar pontos comuns em relação ao tema “o abandono da Geometria”, e obteve

as seguintes:

Problemas com a formação do professor

Geometria nos livros didáticos

Lacunas deixadas pelo MMM (Movimento da Matemática Moderna)

23

Assim optamos por discutir cada um dos itens citados.

1.2.1 Problemas com a formação do professor

Dando enfoque à formação do professor de matemática, a situação parece mais grave quando

se trata especificamente da Geometria, visto que esta, na maioria das vezes, é apresentada aos

alunos como ciência pronta e acabada, com conteúdos desvinculados do real, desmotivando

os alunos e gerando dificuldades. Segundo Lorenzato (1995) “muitos professores não detêm

os conhecimentos geométricos necessários para realização de suas práticas pedagógicas” de

modo que se estabelece um círculo vicioso: “a geração que não estudou Geometria não sabe

como ensiná-la”, o que leva a outra geração sem conhecimento geométrico e assim por diante.

Almouloud e Mello (2000), destacam:

grande parte dos professores que hoje estão em atividade tiveram uma formação de

base muito precária em Geometria, devido à própria influência que o Movimento da

Matemática Moderna desempenhou em nossos currículos nas décadas de 60/70;

os cursos de formação inicial de professores – tanto os cursos de magistério como os

de licenciatura – continuam não dando conta de discutir com seus alunos uma proposta mais

eficiente para o ensino de Geometria;

também as modalidades de formação continuada, basicamente na forma de cursos de

reciclagem, não têm atingido, igualmente, o objetivo de mudar a prática na sala de aula em

relação ao ensino de geometria.

Perez (1995, p. 57) afirma que “Faltam metodologia e materiais concretos para o professor

efetivar o ensino em Geometria, mostrando formação deficiente em conteúdo e metodologia

24

assim como necessidade de orientação e atualização, através de cursos, após estarem no

mercado de trabalho”.

Pavanello (2004) numa pesquisa com professores e alunos das séries iniciais relata as

dificuldades de professores no reconhecimento de figuras geométricas planas, de seus

elementos e propriedades, o que indica que o trabalho pedagógico realizado com eles nas

diferentes instâncias de sua formação não lhes permitiu elaborar devidamente seus conceitos

sobre as figuras geométricas planas (p. 135). A autora esclarece que parece ser possível

afirmar que muitas das dificuldades que as crianças apresentam em relação ao conhecimento

geométrico podem ter relação com a didática do professor, que na maioria das vezes, dá

enfoque somente a nomenclatura, deixando de evidenciar suas propriedades.

Mas o problema com o ensino-aprendizagem de Geometria não se instalou apenas no Brasil,

tanto no que diz respeito à formação deficiente de professores na área de Geometria como no

baixo rendimento dos alunos.

Hershkowitz (1994) numa pesquisa reralizada em Israel em 1984, verificou que os professores

apresentam padrões de concepções incorretas semelhantes aos dos alunos de 5ª e 8ª séries,

o que sugere que o processo de formação de conceitos de Geometria e os fatores que inibem essa formação atuam de maneira semelhante sobre os indivíduos – alunos, professores alunos e professores. Tudo indica que é preciso fazer com que os professores ou os futuros professores se familiarizem com esses processos e as concepções incorretas associadas a eles ( HERSHKOWITZ, 1994. p.279).

Usiskin (1994), no artigo “Os Dilemas Permanentes da Geometria Escolar”, relata que em

uma Avaliação Nacional dos EUA (1992), menos de 10% das crianças com 13 anos de idade

sabiam determinar a medida do terceiro ângulo de um triângulo dadas às medidas dos outros

dois. Observou que uma questão mais difícil – determinar a hipotenusa de um triângulo

25

retângulo, dadas às medidas dos catetos – foi resolvida por 20% das crianças. Esses resultados

ressaltam além do baixo desempenho dos alunos, um fator interessante: o Teorema de

Pitágoras foi resolvido por um número maior de alunos, o que ilustra segundo o autor, a

ligação fundamental entre currículo e desempenho, ou seja, os alunos aprenderão aquilo que

lhes for mais ensinado. Usiskin relata ainda que, para poder melhorar o desempenho dos

alunos é preciso ampliar o grupo de pessoas que desejam estudar Geometria e para ampliar

esse grupo, é preciso que haja um número maior de alunos com bom desempenho em seus

estudos de Geometria. O autor diz que esses fatos constituem um dilema do tipo “o ovo ou a

galinha” e para superar esse dilema sugere:

Exigir de todos os alunos um nível significativo de competência em geometria.

Exigir que todos os futuros professores de matemática, da escola elementar ou secundária,

estudem geometria na faculdade.

Analisar, de uma perspectiva curricular, as várias maneiras de conceituar a geometria.

Isso por que: “A Geometria é importante demais no mundo real e na Matemática para ser

apenas um adorno na escola” (Usiskin, 1994 p.37).

A situação descrita evidencia que enquanto não houver um investimento na formação dos

professores e nos currículos dos cursos que os formam, as deficiências formativas dos alunos

continuarão. Assim na prática alguns professores fogem do ensino da Geometria, e ainda pior,

devido à deficiência na formação, alguns acabam trabalhando alguns conceitos de maneira

equivocada.

26

Souza (2001, p.34) enfatiza: “nem a escola básica, nem mesmo a universidade, estão

conseguindo atingir os objetivos de ensino no que diz respeito à formação geométrica dos

alunos”.

Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) encontramos

tanto as propostas curriculares como os inúmeros trabalhos desenvolvidos por grupos de pesquisa ligados a universidade e a outra instituições brasileiras são ainda bastante desconhecidos de parte considerável dos professores que, por sua vez, não têm uma clara visão dos problemas que motivaram as reformas. O que se observa é que idéias ricas e inovadoras não chegam a eles, ou são incorporados superficialmente ou recebem interpretações inadequadas, sem provocar mudanças desejáveis. (BRASIL, 1997, p. 23).

1.2.2- O Movimento da Matemática Moderna

Para Miskulin (1994), desde da década de 30, foi tentado unir a Matemática através da

reconstrução de vários de seus ramos, utilizando-se a Teoria dos conjuntos.

Para Pavanello (1989) “Há muito vinha-se questionando o ensino da matemática, porém, em

princípios da década de 50 a crítica acentua-se: é a disiciplina na qual os alunos tem pior

desempenho e a que neles causa maior aversão” (p.93). E assim muitos grupos se dedicam a

criar novos currículos de matemática financiados pelos órgãos governamentais.

A autora ainda destaca que uma dos principais motivos apontados pelos diferentes grupos

dedicados a reforma do currículo é que os tópicos abordados no currículo tradicional se

referem a desenvolvimentos anteriores ao século XVIII, e estes deveriam ser substituídos por

campos novos da Matemática, como a álgebra abstrata, a topologia, a lógica matemática e a

álgebra de Boole, “a ênfase no novo (conteúdo e abordagem) faz com que o movimento fique

conhecido como ‘matemática moderna’”(p.94).

27

Em 1959, realizou-se o Congresso em Royamont, na França, segundo Castelnuovo (19894,

apud MISKUKIN, 1994, p.15) “toma-se a posição do matemático, Jean Dieudomé, que marca

uma ruptura com o ensino tradicional da Matemática, que chega a proclamar, chega de

Euclides”.

Recomenda-se a inclusão de tópicos como a lógica, estruturas de passariam a ser ensinadas

numa nova linguagem, a teoria dos conjuntos. ”Quanto à Geometria, seu estudo é reduzido

justamente no momento em que a escola secundária se democratiza e privilegia-se, em seu

lugar, a álgebra e a aritmética”. (PAVANELLO,1994, p.95)

O MMM tinha como principais diretrizes a preocupação com o rigor e com a precisão da

linguagem.

Os programas de Geometria foram reduzidos, tornando um mero exemplo de aplicação da

teoria dos conjuntos e da álgebra vetorial. Procurou-se justificar essa nova orientação, não

somente pela aplicabilidade da aritmética à física, à química e outras, mas também pelo valor

cultural do estudo do número.

Numa síntese Kaleff (19945, apud ALVES, 2004, p.32) temos:

A Geometria Euclidiana foi praticamente excluída dos programas escolares e

também dos cursos de formação de professores de primeiro e segundo graus, com

conseqüências que se fazem sentir até hoje. Em muitas escolas de primeiro grau, o

ensino da Geometria não só é confundido com o do Desenho Geométrico, como

também as suas aulas são ministradas separadamente das de Matemática. Como

conseqüência desta separação, não são professores com formação em Matemática

que, na maioria das vezes, ministram as aulas de Geometria, porém outros

profissionais cuja formação pode não ser adequada à tarefa em questão.

4 Castelnuovo, E. (1989) Panorama de la Enseñanza Matemática en el Tiempo y en el Espacio. In: Educación Matemática, v.1, n.3, p.24-29. 5 KALEFF, A. M.M.R, Tomando o ensino de geometria em nossas mãos, Educação Matemática em revista, SBEM, São Paulo. no 2, 1º semestre de 1994.

28

Mais ainda nos dias atuais, percebemos que são poucas as escolas que oferecem a disciplina

de desenho geométrico.

1.2.3- O Livro didático de Matemática

Parece evidente que entre os materiais didáticos utilizados pela escola o livro didático é o que

mais diretamente influencia a aprendizagem, pois este recurso é a fonte de informação e,

talvez, a única para o professor e o aluno. É fácil entender então a necessidade que os

professores têm em utilizar os livros didáticos, pois os mesmos são um recurso de fácil

alcance, a eles e aos alunos. Sendo assim, a maneira como os conteúdos são organizados nos

livros didáticos certamente será a usada pelo professor. Segundo se lê em Freitag (1997), o

livro didático, não serve aos professores como simples fio condutor de seus trabalhos, ou seja,

como um instrumento auxiliar para conduzir o processo de ensino e transmissão do

conhecimento, mas como um modelo-padrão.

O que percebemos na prática como professora é que os Livros Didáticos de Matemática, na

maioria das vezes tratam a Geometria como se fosse um dicionário de definições e de

inúmeras propriedades que são apresentadas como fatos, sem buscar argumentos que

expliquem o porquê das relações. Iniciando com definições acompanhadas de desenhos bem

particulares, os ditos desenhos prototípicos, por exemplo, os quadrados com lados paralelos às

bordas da folha de papel, alturas em triângulos sempre acutângulos, etc. Isto leva os alunos a

tê-los como únicos representantes desses objetos, de modo que a posição relativa do desenho

ou um traçado particular passa a caracterizar o objeto geométrico, quer no aspecto conceitual

como no aspecto figural, e não consegue reconhecer estes mesmos objetos quando

apresentados em outra posição.

29

Castelnuovo (apud MISKULIN,1994), num estudo em busca de entender a “aversão

universal” que a Matemática desperta, optou por um caminho histórico do Ensino da

Matemática a partir de documentos que retratavam métodos de seu ensino. Tentando

encontrar os “ramos” que pudessem unificar os países, no que diz respeito à “incompreensão

da Matemática”, nada encontrou na Álgebra e na Aritmética, mas com relação à Geometria

verificou que quando o ensino era somente em colégios religiosos para poucos, o ensino da

Geometria era realizado de acordo com “Os Elementos de Euclides”, pois era a única obra a

que tinham acesso.

Entretanto, destaca que Euclides não havia escrito sua obra com a finalidade de uso nas

escolas.

Ainda segundo Castelnuovo (apud Miskulin 1994) Alex Claude Clairaut, em 1741, no

prefácio de seu livro “Os Elementos de Geometria” enfatiza que é impossível que um

estudante iniciante no processo educativo possa compreender “Os Elementos de Euclides”,

devido à demasiada axiomatização e abstração inerentes a ele.

Miskulin (1994, p. 38) menciona que Miguel (19996), em sua tese de doutorado também

menciona Clairaut, destacando:

(...) a causa da dificuldade enfrentada pelos principiantes, no início de um curso de Geometria era a forma como esta Ciência era ensinada, em fiel conformidade com a metodologia euclidiana para a qual os alunos não tinham maturidade suficiente para acompanhar, Clairaut propõe um outro caminho para o ensino da Geometria baseada na História. Nesse sentido, acreditava que sua obra seguisse em grandes traços, um caminho semelhante àquele percorrido pela humanidade na aquisição dos conceitos e leis matemáticas, isto é, semelhante à forma como o próprio Clairaut reconstituía esse caminho.

6 Miguel, A. (1993) Três estudos sobre história e educação matemática. Campinas: Faculdade de Educação da UNICAMP. (Tese de Doutorado em Educação).

30

Caltelnuovo, citada por Miskulin, observa que com o passar do tempo surgem livros em

diferentes áreas do conhecimento e em diversos países, mas na Matemática havia um único

livro igual em todas as escolas e de muitos países: “Os Elementos de Euclides”, ou seja, a

demasiada axiomatização e abstração atribuída a esta obra continuavam, e por conseqüência a

dificuldades dos alunos em relação à compreensão da Geometria.

1.3-A Importância do Ensino da Geometria

Depois de termos apresentado algumas considerações sobre o ensino da Geometria

questionamos: Qual a importância em se aprender Geometria? Ou ainda: Por que ensinar

Geometria? Talvez a resposta mais imediata fosse: a Geometria está em toda parte, visto que

lidamos em nosso dia-a-dia com idéias de paralelismo, congruência, semelhança, medição,

simetria, área, volume e muitas outras.

É claro, que os aspectos utilitários da Geometria são importantes, mas para Fonseca (2002) é

possível e desejável, todavia, que o argumento da utilização da Geometria na vida cotidiana,

profissional ou escolar permita e desencadeie o reconhecimento de que sua importância

ultrapasse esse seu uso imediato para ligar-se a aspectos mais formativos” (p. 92)

Em relação a potencialidade da Geometria , Freudenthal ( 19737,apud FONSECA, et al, 2002)

expressa:

A Geometria é uma das melhores oportunidades que existem para aprender como matematizar à realidade. É uma oportunidade de fazer descobertas como muitos exemplos mostrarão. Com certeza, os números são também um domínio aberto às investigações, e pode-se aprender a pensar através da realização de cálculos, mas as descobertas feitas pelos próprios olhos e mão são mais surpreendentes e convincentes. Até que possam de algum modo ser dispensadas, as formas no espaço são um guia insubstituível para pesquisa e a descoberta(p. 92-93). (grifo nosso)

7 FREUDENTHAL, H. Mathematics as an educational task. Dordrecht: Reidek, 1973.

31

Para Pavanello (1995), muitos autores (entre os quais O’Daffer, 1980 e Post, 1981) apontam à

geometria como sendo o ramo da Matemática mais adequado para o desenvolvimento de

capacidades intelectuais, tais como a percepção espacial, a criatividade, o raciocínio

hipotético-dedutivo. Destaca ainda a autora que não se pode negar que “a Geometria oferece

um maior número de situações nas quais o aluno pode exercitar sua criatividade ao interagir

com as propriedades dos objetos, ao manipular e construir figuras, ao observar suas

características, compará-las, associá-las de diferentes modos, ao conceber maneiras de

representá-las”.(p.13)

Os PCNs dão ênfase à figura geométrica e salientam as principais funções do desenho:

visualizar, fazer ver, resumir, ajudar a provar e a conjecturar.

Clements e Battista (197808apud Miskulin, 1994) destacam a importância do raciocínio

geométrico no ensino da Matemática, mencionando:“Entendimentos espaciais são

necessários para interpretar, compreender e apreciar nosso inerente mundo geométrico”.

Para os autores, “Geometria é captar o estreito espaço no qual a criança vive, respira e se

movimenta. O espaço que deve aprender para conhecer, explorar, conquistar para viver,

respirar e se movimentar melhor nele” (p. 29).

Também segundo Deguire (1994,) é possível citar muitas razões para que se estude Geometria

nas séries iniciais e de Ensino Médio. Uma delas é a oportunidade que a geometria oferece de

“ensinar a resolver problemas” e “ensinar para resolver problemas”,

...ensinar a resolver problemas ultrapassa a mera resolução de problemas para

incluir a reflexão sobre processos de resolução, objetivando coligir estratégias de

resolução de problemas que poderão ser úteis posteriormente; ensinar para resolver

8 Clements, D. H., Battista, M. T. Geometry And SpatiaL Reasoning. In: NCTM TÓPICO, 1991

32

problemas envolve o ensino do conteúdo de uma maneira significativa, de modo que

passe a ser utilizado em outros problemas e aprendizados. Uma maneira, pelo

menos, de ensinar para resolver problemas consiste em desenvolver o conteúdo a

partir de episódios de resolução de problemas. (DEGUIRE, 1994,p. 73).

Para nós fica evidente que quando o professor trabalha com resolução de problemas propicia

uma motivação aos alunos e não uma passividade promovida pelos problemas do tipo siga o

modelo.

Segundo Balomenos et al (1994), são cada vez maiores os indícios de que as dificuldades de

nossos alunos em cálculo se devem a uma formação deficiente em geometria. Os autores

sugerem que se amplie o papel da geometria na escola, pois seu estudo propiciará a prontidão

para o cálculo e desenvolverá a visualização espacial.

Para Búrigo, (1994), existem algumas motivações para o ensino da Geometria. Em primeiro

lugar por desenvolver a representação do espaço físico (vivenciado ou imaginado) num

trabalho com outras disciplinas como Geografia, Educação Física, Física e Desenho em

atividades como: interpretar e construir mapas, desenhos, plantas, maquetes; - desenvolver a

noção topológica envolvendo fronteira, exterior, cruzamento; perceber e adotar diferentes

pontos de vista e estratégias na representação do espaço. Num segundo conjunto de

motivações, de desenvolver a capacidade, na atividade concreta e mental, de classificar,

comparar e operar figuras e sólidos: recortar, compor, decompor, dobrar, encaixar, montar e

desmontar, rodar, transladar, ampliar, reduzir, deformar, projetar, estabelecendo relações de

congruência, semelhança, equivalência, entre outras. Enfatiza-se assim a importância de

atividades como: quebra-cabeças, caleidoscópios, construção de sólidos e maquetes e outros.

33

Um terceiro conjunto de motivações, segundo a autora, está relacionada à representação

geométrica de conceitos ou fatos aritméticos e algébricos e, especialmente, de operações e

problemas envolvendo grandezas contínuas. Assim “a introdução dos números racionais

(frações, decimais, porcentagens) começa a fazer sentido no ensino fundamental a partir do

estudo das medidas em geometria”.

Uma outra motivação para o estudo da Geometria destacada por Búrigo, é a construção da

proporcionalidade em contextos geométricos (frações de áreas e volumes, escalas,

semelhanças), questionando aos alunos, por exemplo, o que ocorre com a área quando

duplicamos a altura de um triângulo? E quando duplicamos a altura e a base?

Notamos assim que na Geometria temos a possibilidade de contextualizar os conteúdos, uma

vez que o aluno pode perceber e valorizar sua presença em elementos da natureza e em

criações do homem. Isso pode contribuir para uma maior significação dos conceitos

aprendidos.

Chegamos ao século XXI e ao anseio de pesquisadores e docentes de que há necessidade de

repensarmos o ensino da Geometria e o papel que lhe cabe no ensino de Matemática. Para

Fainguelernt (1997):

O renascimento e a reformulação do ensino de Geometria, não é apenas

uma questão didático-pedagógica, é também epistemológica e social. A

Geometria exige do aprendiz uma maneira específica de raciocinar, uma

maneira de explorar e descobrir (FAINGUELERNT, 1997,p. 47).

Considerações

34

Como nosso trabalho trata da colaboração da informática no ensino da Geometria, no

próximo capítulo delineamos um breve histórico sobre o uso da informática como recurso

pedagógico. Descrevemos ainda o que é um software de Geometria Dinâmica, em especial o

software Cinderella, ressaltando suas principais ferramentas e vantagens. Por último

mencionamos sobre as principais contribuições dos softwares de Geometria Dinâmica.

CAPÍTULO 2

INFORMÁTICA e EDUCAÇÃO

Introdução

Como um dos nossos objetivos é investigar a colaboração da informática ao ensino da

Geometria, neste capítulo delineamos inicialmente um breve histórico do uso do computador

como recurso pedagógico e questões relativas ao seu uso como recurso pedagógico em

Matemática e em especial à Geometria. Descrevemos o que é software de Geometria

Dinâmica, para na seqüência descrever o software Cinderella ressaltando suas principais

ferramentas e vantagens. Por último mencionamos sobre as principais contribuições dos

softwares de Geometria Dinâmica e especial o Cinderella.

2.1 Um Breve Histórico

Tecnologias em Matemática vem sendo utilizadas há muito tempo, já no ano de 1830, Charles

Babbage, matemático inglês, projetou a primeira calculadora mecânica, a máquina diferencial,

baseada no princípio de discos giratórios, operada por uma simples manivela e que tinha

capacidade de armazenar e memorizar números, e de executar uma série de cálculos. Em

1833, aprimorando suas técnicas, ele elaborou uma outra denominada Máquina Analítica, que

podia ser "programada" para diferentes funções e que serviria para eliminar a inexatidão dos

cálculos (MARTIN & LOCH,1999).

36

Em 1880, o americano Herman Hollerith com o intuito de acelerar o processamento dos dados

de censo, criou o sistema de perfuração de cartões dos dados coletados, fazendo com que eles

fossem automaticamente tabulados. Para isso, ele usou máquinas especialmente projetadas.

Foi no final da década de 1930, devido a II Guerra Mundial, que se intensificou a necessidade

de cálculos científicos. Vários projetos foram desenvolvidos simultaneamente, devido,

principalmente pela disponibilidade de apoios financeiros. Um dos projetos financiados tinha

como objetivo a construção de cinco computadores de grande porte encomendados pelo

exército americano. Cálculos complexos tinham que ser feitos sob a pressão do tempo e com

máxima precisão possível, para que fossem criadas poderosas armas ou para que fossem

descobertos códigos secretos do lado inimigo. Foi neste contexto nada harmonioso que

tiveram origem enormes computadores, que faziam estes cálculos, onde as entradas de dados

eram feitas com cartões perfurados um a um.

Após a Guerra, o computador deixou de ser privilégio da alta ciência e do exército e entrou no

mundo mais amplo dos negócios, da pesquisa industrial e universitária. As pesquisas se

voltaram para a construção de microcomputadores, que se originou na Digital Equipment

Corporation.

O Brasil, a partir de meados da década de setenta, estabeleceu políticas públicas voltadas para

a construção de uma indústria própria, na busca de maior garantia de segurança e

desenvolvimento.

2.1.1- A Informática na Educação

No Brasil as primeiras investigações sobre o uso de computadores na educação brasileira

ocorreram na Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, na Universidade Estadual de

Campinas – UNICAMP e na Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS.

37

Em julho de 1975, Seymour Papert e Marvin Minsky visitaram a UNICAMP e em março de

1976 um grupo de pesquisadores dessa instituição visita o MEDIA-Lab do MIT/USA e ao

retornar criam um grupo interdisciplinar dando origem às primeiras investigações sobre o uso

de computadores na educação (MORAES, 1997)

Conforme Moraes (1997) em 1981, foi realizado na Universidade de Brasília o I Seminário

Nacional de Informática na Educação, que contou com a participação de especialistas

nacionais e internacionais. Tivemos assim o primeiro fórum a estabelecer posições quanto ao

uso do computador como ferramenta auxiliar no ensino.

Em 1982, ocorreu o II Seminário Nacional de Informática na Educação, na Universidade

Federal da Bahia, em Salvador, contou com a participação de pesquisadores de educação,

sociologia, informática e de psicologia, entre outros. O objetivo deste encontro foi obter

subsídios para a criação de projetos piloto. Fica evidente nas discussões o papel prioritário

que tem a formação de professores, bem como a participação em pesquisas e experiências

envolvendo o computador.

Em 1982 o MEC estabeleceu diretrizes para o estabelecimento da política de informática na

educação, cultura e desportos. Em janeiro de 1983, o Secretário de Informática baixou uma

portaria criando a Comissão Especial de Informática na Educação. Por recomendação desta

comissão as instituições de Ensino Superior foram chamadas a apresentar projetos de

implantação de centros-piloto que pesquisassem o uso do computador no processo ensino-

aprendizagem.

Uma das primeiras iniciativas para a implantação do uso do computador em escolas públicas

brasileiras ocorreu através do projeto EDUCOM1 em 1983. Em 1984 foram oficializados os

1 COMputadores na EDUcação, de acordo com informação de Andrade e Albuquerque, 1993.

38

centros do projeto EDUCOM. Em 1986 e 1987 foi criado um Comitê Assessor de Informática

para Educação do 1º e 2º grau (Caie/Seps), subordinado ao MEC, tendo como objetivo definir

os rumos da política nacional de informática educacional, alicerçado no projeto EDUCOM.

O início da capacitação dos professores para trabalharem nesse projeto foi realizado pelo

projeto FORMAR, através da UNICAMP, onde os professores formados tinham como

compromisso de junto à sua secretaria projetar e implatar um Centro de Informática Educativa

– CIEd, com apoio técnico e financeiro do Ministério da Educação.

A partir de outubro de 1989, foi instituído o Programa Nacional de Informática Educativa

(PROINFE)2, e em junho de 1990 foi integrado na Secretaria Nacional de Educação

Tecnológica (SENET/MC). Já em setembro do mesmo ano, as ações da PRONIFE são

incluídas no Plano Nacional de Informática e Automação (PLANIN). No decorrer de 1995 é

vinculado informalmente à Secretaria de Desenvolvimento Inovação e Avaliação Educacional

(SEDIAE). O PRONIFE, possuía um modelo descentralizado, funcionando por meio de

centros de informática que contavam com apoio mútuo, divulgando e analisando projetos

educacionais, com projetos voltados para a formação de professores. Em 1997 surge o

Programa Nacional de Informática na Educação (PROINFO).

Em maio de 1996, foi criada Secretaria de Educação a Distância (SEED), representando a

clara intenção de o governo investir em educação a distância e na democratização do ensino

mediante o uso das novas tecnologias. No clarear de julho de 2004, a SEED foi dividida em

três departamentos: Departamento de Políticas em Educação a Distância (DPED),

Departamento de Infra-Estrutura Tecnológica (DITEC), Departamentos de Produção e

Capacitação em Programas de Educação a Distância (DPCEAD). A SEED tem função de

gerenciar os programas voltados a novas tecnologias, elevando o padrão da qualidade da

2 www.proinfo.gov.br

39

educação brasileira. Entre os projetos dessas secretarias, citamos: a) Implementação,

acompanhamento e avaliação das atividades vinculadas ao Programa Nacional de Informática

na Educação (PROINFO) por meio da DITEC; b) Desenvolvimento do ambiente digital de

aprendizagem (e-PROINFO); c) A TV Escola (1996), com canal televisivo para

aperfeiçoamento de professores; d) Rádio Escola, que produz uma série de programas

educativos; e) projetos de cooperação internacional, com a Rede Internacional e Virtual de

Educação (RIVED); f) O Programa de Apoio à Pesquisa em Educação a Distância (PAPED);

g) a Webeduc uma cooperação bilateral Brasil- França nas áreas de Novas Tecnologias da

Informação e Comunicação (TCI); h) O Programa de Formação de Professores em Exercício

(PROFORMAÇÃO); i) O Portal de Domínio Público, lançado em 2004 com a biblioteca

virtual; j) o Sistema de Informação de Gestão de Tecnologia Educacional (SIGETEC).

2.2 - O Uso de Informática como Recurso Pedagógico

Na década de 60 surgiu a idéia de usar o computador também na educação, apesar da

tecnologia ainda não estar muito desenvolvida e a interação com o usuário não ser muito

atraente, sem desenhos, cores, sons e movimentos. Foi desenvolvido o sistema LOGO, que até

hoje é considerado um modelo de software educacional. Desenvolvido no MIT, o Instituto de

Tecnologia de Massachussets, por Seymour Papert, que estava em contato com os

computadores no MIT e começou a imaginar como poderia "roubar a tecnologia dos

laboratórios para dá-las às crianças".

Outro participante da cultura educacional da informática foi John Kemeny um dos criadores

do BASIC. Ele via os estudantes como programadores de computador, tornando este último

uma ferramenta que auxilia a aprendizagem ao invés de um protótipo do professor que auxilia

a instrução. Estes dois movimentos se justificavam pela presença dos microcomputadores, que

começaram a modificar os rumos da informática, aproximando pessoas e profissionais de

40

diversas áreas, de um instrumento que antes era reservado aos especialistas em computação.

No início, eram máquinas muito simples, oferecendo poucos recursos de interação com o

usuário, apoiadas em uma tela de vídeo monocromática e estática; a discussão sobre sua

utilização na educação prendia-se exclusivamente ao fato de que podiam armazenar

informações, permitindo uma rápida recuperação dos dados armazenados.

A década de 70 foi caracterizada pela industrialização da microeletrônica, miniaturização dos

computadores e pelo microprocessador, conhecido como chip, uma espécie de pastilha

fabricada a partir da sílica. A partir de então, várias portas se abrem para um novo mundo da

microinformática em nível profissional e pessoal.

No final da década de 80 e início dos anos 90, chegaram ao Brasil as novidades dos PC's, trazendo novas facilidades ao usuário. A discussão tomou um direcionamento especial: os ambientes Windows com seus ícones; o uso do mouse, permitindo uma interação intuitiva, de característica sensoriomotora; os menus, que tornaram visualmente disponíveis as operações a realizar; a tela gráfica colorida, de alta resolução; caracterizavam modificações da tecnologia que, trazendo novas formas de ler, de escrever, de agir, e portanto, de pensar, exigiam dos estudiosos da Informática Educacional um aprofundamento das questões relativas à aprendizagem no uso dos recursos informatizados.(LEVY, 1993)

2.2.1 A informática no Ensino da Matemática

Com o inserção da informática como recurso pedagógico, a Educação Matemática passa a

discutir a respeito do uso de computadores no ensino da Matemática e tivemos assim o

surgimento de vários softwares, alguns utilizados para facilitar cálculos, outros para a

construção de gráficos e os específicos para o ensino de Geometria.

No caso específico da Geometria, a Educação Matemática trouxe uma forte crítica à sua

ausência nas aulas de Matemática em todos os níveis e a partir dos anos 90, muitos

pesquisadores começaram a utilizar o microcomputador para trilhar novos caminhos para o

41

ensino-aprendizagem da Geometria. O computador trouxe a oportunidade de construir e

movimentar figuras o que para Pais (1996) auxilia no desenvolvimento do pensamento

geométrico.

Os PCN`s apontam que dois blocos devem ser privilegiados no ensino da Geometria que são:

espaço e forma; grandezas e medidas. Apontam, ainda, a utilização da tecnologia na sala de

aula.

Reforçando a concepção de justificar a Educação Matemática para todos, D'Ambrosio cita,

entre vários aspectos em seu livro Etnomatemática, o caráter utilitarista do uso do computador

como um instrumento para o trabalho. Ele enfatiza e defende o uso de computadores no

ensino da Matemática, afirmando:

Creio que um dos maiores males que a escola pratica é tomar a atitude de que computadores, calculadoras e coisas do gênero não são para as escolas pobres. Ao contrário: uma escola de classe pobre necessita expor seus alunos a esses equipamentos que estarão presentes em todo o mercado de futuro imediato. Se uma criança de classe pobre não vê na escola um computador, como jamais terá oportunidade de manejá-lo em sua casa, estará condenada a aceitar os piores empregos que se lhe ofereçam. Nem mesmo estará capacitada para trabalhar como um caixa num grande magazine ou num banco. É inacreditável que a Educação Matemática ignore isso. Ignorar a presença de computadores e calculadoras é condenar os estudantes a uma subordinação total ao subempregos." (D'AMBROSIO, 1990, p.17)

Assim, o modelo educacional em favor de uma reconstrução social, necessariamente, passaria

pela:

(...) reconstrução do próprio conhecimento científico e conseqüentemente da conceituação de progresso, de modernização e de desenvolvimento, sobre os quais repousa toda a estrutura social vigente(...) Não será mediante práticas "educativas" (de ducare = conduzir) que se atingirá isso, mas através de práticas verdadeiramente "educativas", tirando para fora de cada indivíduo o que seu potencial criativo oferece. A "Educação" que leva ao domínio de uma bateria de conteúdos é o mecanismo classicamente adotado para subordinar comportamentos e modelá-los para servir, sem qualquer crítica, a uma ordem pré estabelecida." (D'AMBROSIO, 1990, p.52)

Com o uso do computador o aluno é capaz de fazer experimentação pois acreditamos que a

experimentação em Geometria pode ser utilizada para melhorar a compreensão dos

42

resultados. Mas no geral fazer a experimentação com régua e compasso pode ser muito

demorado e para isto os softwares ajudam, pois as construções podem ter movimento e no

arrastar do mouse podemos testar situações novas em menor tempo. Ao estudarmos um dado

teorema, por exemplo, podem fazer construções segundo dados iniciais (hipóteses) para

verificar a consistência de um fato (tese)

Para Ponte (1995) as tecnologias podem ter um impacto muito significativo no ensino da

Matemática, em muitos sentidos, dos quais destacamos:

1) reforçar a importância da linguagem gráfica e novas formas de representação,

2) valorizar as possibilidades de realização, na sala de aula, de projetos e atividades de

modelação, exploração e investigação.

O uso de softwares educativos nas aulas de Geometria, vem ao encontro das propostas dos

Parâmetros Curriculares Nacionais (1996), pois de acordo com este documento a utilização do

computador permite criar ambientes que fazem surgir novas formas de pensar e agir.

Para a utilização de um software educacional, segundo Almouloud (1997), o professor deve

procurar respostas às questões: a respeito do conteúdo a ensinar; os objetivos do ensino-

aprendizagem; tipo de ajudas oferecidos pelos softwares e o papel do professor

2.3 A Formação do Professor para a utilização das Novas Tecnologias

A Informática na Educação surge como uma experiência que requer professores

adequadamente preparados para desenvolver suas atividades de ensino, buscando não

apenas a transmissão de conteúdos, mas essencialmente a construção do saber.

43

A formação do professor para atuar com a Informática na escola torna-se cada vez mais

necessária e urgente isto por que

Formar para as novas tecnologias é formar o julgamento, o senso crítico, o pensamento hipotético e dedutivo, as faculdades de observação e de pesquisa, a imaginação, a capacidade de memorizar e classificar, a leitura e a análise de textos e de imagens, a representação de redes, de procedimentos e de estratégias de comunicação. (PERRENOUD, 2001)

A capacitação dos professores para o uso de novas tecnologias de informação e

comunicação implica no redimensionamento do papel do professor na formação dos seus

alunos. É de fato, um desafio, porque significa introduzir mudanças no ensino-

aprendizagem e, ainda, nos modos de estruturação e funcionamento das escolas e

universidades e nas relações com o meio educativo.

A capacitação do professor deve ser um item dos mais importantes para o sucesso da

utilização do computador como instrumento de apoio ao ensino. Sem a presença do

professor preparado para conduzir o ensino-aprendizagem, o uso da informática pode não

proporcionar os resultados desejados, podendo até mesmo causar danos à formação do

educando, isto porque a aula poderá ficar muito mais direcionada ao deslumbramento com

a máquina do que com os conteúdos a serem estudados.

No entanto, ainda hoje o que percebemos é que o conhecimento de Informática por parte

dos professores é pouco. Observa-se ainda a resistência desses ao seu uso, seja por

desconhecimento, por temor ou simplesmente pela fantasia originária do mito de objeto

complexo, ou ainda pelas dificuldades decorrentes do sistema educativo. Mesmo em

escolas privadas, com grandes laboratórios de Informática, nos quais o professor tem

grande acesso a tecnologia, algumas dificuldades continuam, pois o fato de não ser como

de hábito, o possuidor total dos conhecimentos diante do aluno, ainda o intimida.

44

Para Cysneiros

O ideal será que o educador aprenda a lidar com as tecnologias da informação durante sua formação regular, nos cursos de Licenciatura e de Pedagogia. Na escola, o educador também poderá começar a explorar a ferramenta com a ajuda de alunas e alunos experientes, como oportunidades para o início de novas relações entre aluno e professor. No mundo complexo de hoje, todos nós temos algo a ensinar e a aprender, independente de sexo, idade, posição social, e a escola poderão aproximar-se da vida também neste particular. (CYSNEIROS (1996, p. 17):

Numa pesquisa realizada por Lorenzato e Ferreira (2004) sobre as dificuldades na utilização

do computador pelos professores de Matemática do Ensino Médio, foram entrevistados nove

professores do Ensino Médio atuantes em Tupaciguara-MG. Nessa pesquisa algumas das

questões formuladas pelos autores aos professores são: Você acredita que a utilização da

informática pode facilitar a você ministrar suas aulas; Como você se utiliza destes softwares

em suas aulas? Como você se atualiza a respeito do uso do computador para ensinar

Matemática? Quais são as dificuldades, para o aluno, que o ensino-aprendizagem da

Matemática através do computador pode causar? Quais são os dez motivos mais fortes que

podem levar o professor de Matemática a não utilizar a informática em suas aulas?

Destacamos alguns dos seguintes resultados obtidos pelos autores:

* Professores acreditam que a informática facilita a aprendizagem porque "aumenta a

motivação do aluno e porque possibilita a ele ver o que os números não mostram." De certo

modo, esta crença de a informática ser uma facilitadora da aprendizagem contrasta com as

afirmações deles:

a) "Parece que vamos ao Laboratório quando não temos nada para fazer."

b) "Não tenho tempo disponível para usar o computador."

c) "Na minha escola só tem Windows, Word e internet."

45

* Os professores conhecem muito pouco sobre softwares úteis ao ensino da Matemática: o

programa Cabri Géomètre II era desconhecido por 1/3 dos professores de Matemática,

enquanto o Winplot era desconhecido por 2/3 dos professores e a maioria deles desconheciam

os programas Graphmatica e Poly.

* Para alguns dos professores, a maior dificuldade para utilizar o Laboratório está no fato de a

maioria dos alunos não estar familiarizada com o computador; para outros, a maior

dificuldade reside no fato de os alunos saberem mais que o professor sobre o uso do

computador.

* Sobre os motivos que levaram professores a não utilizarem a informática em suas aulas,

estes assim se pronunciaram:

- não se sentem preparados para tal uso,

- é difícil mudar a rotina de aulas: - medo, o professor teme ser substituído pelo computador,

- crença de que computador não é necessário para dar aula,

- o tempo de aula é pequeno para se usar o computador,

- é mais difícil avaliar aprendizagem quando se usa computador,

Alguns professores da pesquisa apontaram a inadequação de softwares aos conteúdos

escolares; outros, lembraram que o número de computadores não é suficiente para o número

de alunos das turmas, e que a manutenção irregular dos computadores, gerada pela falta de

recursos financeiros da escola, causa um ensino deficiente.

Lorenzato e Ferreira, mencionam que uma manifestação que merece ser destacada é o

“medo”, como sendo um dos motivos mais fortes que podem levar o professor a não utilizar a

46

informática em suas aulas. Medo de quê? Para um dos sujeitos, “o professor acha que o

computador vai tomar o seu lugar” e, para outro, “a maioria dos professores se julga auto-

suficiente. Eles pensam que não precisam do computador”. Há ainda aqueles que se

justificam na falta de conhecimento dos alunos, argumentando que, como muitos alunos não

têm acesso ao computador a não ser na escola , torna-se difícil trabalhar com eles.

Os autores salientam que

… a principal resposta à questão da pesquisa é a falta de conhecimento do professor, ou seja, “o professor não está preparado para o uso dessa estratégia metodológica. Aqui, é preciso ressaltar que é recente a inserção da informática nos currículos dos cursos de Licenciatura em Matemática. O segundo motivo é o comodismo do professor (LORENZATO e FERREIRA, 2004).

Em pesquisa com futuros professores de Matemática, Cousin & Andrade (2005) investigam o

papel que a informática está exercendo nas suas formações, se alguma das mídias está

modificando atitudes e comportamentos nos alunos em questão. Para isso foi aplicado um

questionário previamente elaborado a 40 alunos formandos do curso de Matemática da

Universidade Estadual de Maringá, sendo que 35 estavam matriculados na licenciatura e 05

no bacharelado.

Nas perguntas sobre concepções de mídias tecnológicas, nas quais foi enfocado a geometria

dinâmica, procuraram identificar se os alunos tinham conhecimento nessa área, se sabiam

utilizar algum recurso tecnológico no ensino da geometria e ainda o que eles entendiam por

geometria dinâmica. Apenas 30% dos futuros professores se sentem preparados para essa

tarefa, o mesmo percentual é apresentado quando foram questionados se eles conheciam

algum software de geometria, e ainda o mais agravante foi que 50% dos entrevistados,

disseram não conhecer software algum.

47

Quando questionados sobre o que eles entendiam por geometria dinâmica, em torno de 80%

respondeu que não conhece, apenas um aluno disse que é a geometria ensinada com auxílio de

software especiais de geometria, os demais alunos responderam que era a geometria ensinada

de forma divertida, com material concreto ou tesoura e papéis.

Nas duas pesquisas apresentadas verificamos a falta de conhecimento do professor e do futuro

professor, sobre o uso da informática como recurso pedagógico, ou seja, ele não está

preparado para o uso dessa estratégia metodológica, assim é necessário repensar os cursos de

licenciatura bem como os cursos de formação continuada.

É importante ressaltar que as tecnologias, ou ainda os softwares, na forma como se

apresentam, não garantem a construção do conhecimento, por isso é necessário que o

professor planeje atividades a serem desenvolvidas, para orientar o trabalho do aluno.

No caso do ensino da Geometria acreditamos que parte das dificuldades encontradas, seja na

formação de conceitos ou de deduções de propriedades, se originam da característica estática

do desenho. Interessados em solucionar estes problemas surgiram os chamados Softwares de

Geometria Dinâmica.

2.4 GEOMETRIA DINÂMICA

O termo “dynamic geometry” ou ainda “Geometria Dinâmica” foi originalmente usado por

Nick Jackiw e Steve Rasmussem para se referir a softwares interativos que permitem a

criação e manipulação de figuras geométricas. É a Geometria implementada com uso do

computador, que dispõe de régua e compasso eletrônicos, com os quais é possível criar

desenhos de objetos geométricos que podem ser feitos a partir das propriedades que os

definem, e ainda, permitem que objetos sejam movidos mantendo as propriedades

estabelecidas inicialmente na construção. Assim, para um dado objeto ou propriedade, temos

48

associada uma coleção de “desenhos em movimento” e os invariantes que aí aparecem

evidenciam as propriedades geométricas intrínsecas ao problema, e é este talvez um recurso

didático dos mais importantes.

Existem vários softwares de Geometria Dinâmica. A seguir citamos algumas características

de alguns programas entre os quais destacamos: Cabri-géomètre (Baulac, Bellemain &

Laborde, 1992, 1994), Geometricks, ( Sadolin,2000) cuja versão para a língua portuguesa

ficou sob a responsabilidade de uma equipe da UNESP – Rio Claro – SP ; Geometer’s

Sketchpad (Jackiw, 1991, 1995), Geometric Supposer (Schwartz & Yerushalmy, 1983-

91,),Geoplan (CREEM, 1994); Dr. Geo (Fernandes , 1997-2000); Cinderella (Fortenkamp &

Gebert, 1998) , Euklid (Alemanha), Régua e Compasso (França), o, o Tabule (geometria

plana) e o Mangaba (geometria espacial), desenvolvidos no Instituto de Matemática da UFRJ

e finalmente o Calques 3D, desenvolvido por Nicolas Van Labeke como parte de sua tese de

doutoramento em Ciência Computacional na França.

Dado o enfoque de nossa pesquisa descreveremos apenas o software Cinderella

2.4.1 O Software Cinderella

O Cinderella é um programa de Geometria Dinâmica. Sua forma atual é o resultado de três

projetos realizados entre 1993 e 1998. GEBERT, (2005) comenta que a idéia para o primeiro

destes projetos nasceu em 1993 durante uma conferência sobre Combinatória no Instituto

Mettag-Leffler, na Suécia, quando Henry Crapo e Jürgen Richter-Gebert navegavam a bordo

de um barco com o nome Cinderella. Incialmente o pojeto foi idealizado numa plataforma

NEXT. Algumas semanas de desenvolvimento produziram o primeiro protótipo. O programa

baseava-se na Geometria Projectiva e na Teoria dos Invariantes. Era capaz de produzir provas

algébricas para muitos teoremas da Geometria Projetiva sobre pontos, retas e cônicas.

49

Contudo, a perda de popularidade da plataforma NEXT fez com que o entusiasmo incial do

Cinderella diminuísse. Em Agosto de 1996 Ulli Kortenkamp e Jürgen Richter-Gebert

decidiram começar um novo projeto, baseado na linguagem Java, que não depende da

plataforma.

O objetivo deste segundo projeto era obter a funcionalidade do anterior, disponível na versão

NeXT, substancialmente expandida com a possibilidade de realizar geometria euclidiana e

não-euclidiana. Também desejavam funcionalidade para lugares geométricos. Dado que Java

é adequado à Internet, também desejavam que o programa pudesse correr dentro de qualquer

browser. Em particular desejavam ser capazes de produzir trabalhos práticos para os

estudantes realizarem na Web. A capacidade de provar teoremas deveria ser utilizada para

corrigir os problemas dos estudantes automaticamente.

A segunda versão, como outros programas de Geometria Dinâmica, continha ainda algumas

inconsistências matemáticas aparentemente irremovíveis, como ambiguidades em operações

como "tome-se a intersecção de uma reta com uma circunferência". Pode haver dois, um ou

nenhum ponto de intersecção, depende das posições das figuras em questão. Quando se

arrasta uma figura o programa tem que decidir qual escolher e assim uma ambiguidade pode

dar origem a terríveis inconsistências no comportamento de uma contrução geométrica.

No começo de 1998 compreenderam que o problema dos saltos de partes de figuras era

solúvel.

50

Para Richter-Gebert3 (2001, apud BALCEWICZ 2203) apesar de existirem muitos programas

de Geometria Dinâmica, o Cinderella é especial em muitos aspectos. Segue algumas de suas

principais características:

É um programa interativo controlado pelo mouse onde, com alguns cliques, pode-se fazer

construções sem que haja a necessidade de programação. Ao término da construção pode-se

escolher um elemento base com o mouse e arrastar enquanto a construção inteira segue seus

movimentos consistentemente, permitindo explorar o comportamento dinâmico de um

desenho.

Permite a manipulação e a construção simultânea em vistas diferentes. É possível manipular

a mesma configuração no plano euclidiano usual, em uma esfera e até disco hiperbólico de

Poincaré.

No Cinderella podemos facilmente comutar entre a geometria euclidiana, hiperbólica e

elíptica. Assim fazendo uma construção euclidiana basta usar a “modalidade hiperbólica”e as

construções irão se comportar como elementos do plano hiperbólico.

O programa inteiro é escrito em java, assim cada construção pode ser exportada para Web

page interative. Isto significa que é possível que as pessoas possam interagir com uma

configuração disponibilizada na internet.

O programa gera exercícios interativos: Por exemplo: imagine que o professor deseja

ensinar aos estudantes como construir o circuncentro de um triângulo usando somente a régua

e compasso. Primeiramente o professor mesmo faz a construção. Então cria um exercício

interativo marcando "os elementos entrada", fornecendo textos do exercício, marcando

3 RICHTER-GEBERT, J; KORTENKAMP, U. The Interactive Geometry Software Cinderella – Version 1.2.Berlin; Springer, 1998.

51

"passos intermediários de construção" e o "resultado final". Cinderella gera um Web page

interativo que apresenta os elementos da entrada (talvez o triângulo de onde os estudantes

devem começar) junto com todas as ferramentas da construção para fazer construções com a

régua e o compasso.

Os estudantes podem resolver os exercícios em seu próprio computador e chegar em uma

solução sozinhos ou seguindo sugestões que o professor forneceu.

Fig. 3: A interface do Cinderella

52

Barra de menu: acessa quase todas as ações, como exportar arquivos, operações

geométricas e seleção de ferramentas. A barra de menu tem oito opções:

1- Arquivo: as operações padrão de arquivo;

2- Editar: desfazer, repetir e feramentas de seleção;

3- Propriedades: altera a aparência dos objetos geométricos;

4- Geometria: euclidiana, hiperbólica ou elíptica;

5- Vistas: como texto de construção

6- Modos: as construções geométricas

7- Formatar: formato no qual as coordenadas dos elementos são apresentados;

8- Ajuda: fornece alguns elementos para ajudar a compreender o programa.

Barra de ferramentas: através dela pode-se salvar, abrir, imprimir, exportar para HTML,

desfazer/refazer e utilizar ferramentas de seleção.

Barra de ferramentas: Figura 4

53

= iniciar nova construção ( os arquivos tem extensão “cdy”).

= abrir

= salvar construção

= Salvar como

= criar página web interativa

= Projetar um exercício

= imprimir construção

= desfazer a última operação

= des-desfazer a última operação

= selecionar tudo

= selecionar todos os pontos

= selecionar todas as linhas

= selecionar todas as cônicas

54

= desselecionar tudo

= deletar elementos selecionados

Ferramentas geométricas: A barra de ferramentas geométricas, apresenta os comandos

das operações geométricas “modos” que são usadas para fazer construções na área gráfica. As

Ferramentas geométricas “modos” podem ser agrupadas em seis categorais

Ferramentas Geométricas: Figura 5

1- Modo mover: Ele permite que o usuário arraste os elementos base da construção,

apenas clicando com o mouse sobre o elemento o qual desejamos mover e arrastar o mouse;

Selecionar Elementos: Permite selecionar elementos com o mouse;

3- Modos interativos: São os ícones com uma pequena seta de mouse:

=adicionar ponto

= traçar linha de conexão

= traçar linha através do ponto

55

= traçar linha perpendicular

= definir uma linha paralela

= ponto médio

= construir uma linha com ângulo fixo

Janela de Entrada

= Construir uma circunferência

= Circunferência pelo Raio

= Construir uma circunferência com raio fixo

4- Modos de Definição: Seleciona-se elementos com cliques do mouse. Assim que elementos

suficientes para a definição desejada são selecionados, novos elementos são adicionados.

Normalmente a linha de mensagem fornece informações sobre os elementos que o Cinderella

precisa. Os modos de definição são:

56

= Centro de cônica

Centro de uma Elipse Centro de uma Hipérbole

= Bissetriz

Figura 6: Como usar o modo bissetriz: Balcewicz (2003, p. 53)

1º clique Movendo o mouse 2º clique

A linha é destacada Uma indicação de ângulo A bissetriz é construída

= Compasso

Figura 7: Usando o modo compasso ( apud Balcewicz 2003, p. 53)

1º clique Movendo o mouse 2º clique

57

O 1º ponto é destacado Indicações da distância a distância é fixada

são mostradas

Movendo o mouse 3º clique

Indicações da posição A distância é transferida

são mostradas

= Espelho

= Construir circunferência por três pontos

= Construir cônica por cinco pontos

= Polar de uma linha

= Polar de um ponto

= Polígono

58

Figura 8: Usando a função Polígono

1º clique 2º clique 3º clique

4º clique 5º clique Polígono pronto

= Construir linha por dois pontos

= Interseção

= Definir uma paralela

= Definir uma perpendicular

5- Medições: Usado para fazer medições geométricas elementares como:

= Distância

59

Fig. 9: Medindo distância

1º ponto é selecionado Arrastar o mouse Ir até o ponto desejado Soltar o mouse

= Ângulo

= Área

Fig. 10

Verificação do Teorema de Pitágoras

6- Modos especiais: permitem construir efeitos especiais como:

60

= Adicionar texto

=Animação (aparece esse painel)

Onde temos:

= Iniciar animação

= Congelar a animação

= Para a animação

= Exportar a animação para página HTML

= Sair da animação

= adicionar segmento. Se necessário indicar a seta, é necessário: Barra de

Menu Propriedades tipo de seta, onde aparecerá o editor de seta, e assim basta

escolher o tipo de seta

61

Ferramentas de visualização

Esta barra de ferramentas, contem comandos que auxiliam uma melhor visualização, como:

= Gerar PostScript. Esse botão exporta o conteúdo da vista para um arquivo PostScript.

O programa pergunta se o usuário quer uma figura colorida, cinza ou em preto e branco. O

arquivo gerado contém uma seção inicial onde se pode ajustar a aparência da impressão mais

tarde.

Translação

= Zoom in

Zoom out

Visualizar todos os pontos

= traçar grade regular

= grade menos densa

= grade mais denso

= Eixos cartesianos

= pular para pontos de grade

= para Geometria Euclidiana

62

= para geometria Hiperbólica

= para Geometria Elíptica

Texto de construção

Essa ferramenta descreve as etapas da construção, onde cada elemento é representado por

uma linha, para isso depois da construção geométrica clique na barra de menu em

vistas texto da construção

63

Editar Aparência ( Barra de Menu Propriedades Editar aparência)

O editor de aparência é utilizado para controlar a aparecia gráfica dos elementos na

construção. As alterações são aplicadas em elementos selecionados As configurações no

painel de aparência têm também um segundo propósito. Elas serão utilizadas para a

construção de novos elementos. Isso significa que novos elementos adicionados ficam com a

aparência que corresponde às configurações no editor de aparência.

Editor de aparência

Considerações

Em nosso trabalho tratamos principalmente da relação entre o uso de um software de

Geometria Dinâmica, em especial o Cinderella, e o ensino da Geometria. Assim mediante a

discussão desse capítulo devemos agora analisar às questões relativas a aprendizagem da

Geometria. Portanto no capítulo seguinte procuramos descrever como alguns autores tratam o

64

desenvolvimento do pensamento geométrico, como o conceito de objeto geométrico e as

questões relacionadas à visualização e a representação geométrica. Por seguinte faremos uma

discussão das contribuições do uso do computador para a formação do desenvolvimento do

pensamento geométrico.

CAPÍTULO 3

O PENSAMENTO GEOMÉTRICO

INTRODUÇÃO

A geometria possui algumas dificuldades inerentes à sua aprendizagem, como a noção de

objeto geométrico e as questões de visualização e representação. Assim nesse capítulo

procuramos descrever como alguns autores (PAIS, 1996; FISCHBEIN, 1993;

FAINGUELERNT, 1999) tratam o desenvolvimento do pensamento geométrico, também o

desenvolvimento do conceito de objeto geométrico e as questões relacionadas à visualização e

a representação geométrica. Por último discutimos as contribuições do uso do computador

para a formação do desenvolvimento do pensamento geométrico.

3.1 O OBJETO GEOMÉTRICO

Para Fischbein (19939, apud GRAVINA, 1996), o objeto geométrico é tratado como tendo

duas componentes, uma conceitual e outra figural. A componente conceitual, através de

linguagem escrita ou falada, com maior ou menor grau de formalismo expressa propriedades

que caracterizam certa classe de objetos. Já a componente figural corresponde a imagem

mental que associamos ao conceito, e que no caso da Geometria tem a característica de poder

ser manipulada através de movimentos como translação, rotação e outros, mas mantendo

9 FISCHBEIN. E. The Theory of figural concepts. Education Studies in Mathematics. Netherlands, Kluwer Academic Publishers, 1993.

66

invariantes certas relações. A harmonia entre estas duas componentes é que determina a noção

correta sobre o objeto geométrico.

A associação do desenho ao objeto geométrico é muito importante para a formação da

imagem mental, mas muitas vezes o que não fica claro para o aluno é que um desenho

representa uma situação específica, pois guarda características particulares que muitas vezes

não pertencem ao conjunto das propriedades geométricas que definem o objeto. Podemos

tomar por exemplo que muitos alunos não aceitam que um quadrado é um tipo particular de

retângulo, isso acontece porque na maioria das vezes os professores e os livros didáticos

apresentam exemplos de retângulos onde os lados tem medidas diferentes, e isso leva os

alunos a tomarem as medidas diferentes como propriedade de um retângulo.

Para Fischbein (1993, apud Passos, 2000), a dificuldade dos alunos em manipular objetos

geométricos, não levando em conta o aspecto conceitual, mediante restrições de um desenho,

constitui-se um das maiores dificuldades no aprendizado em Geometria. Para o autor as

condições figurais do desenho passam desapercebidas do controle conceitual.

Fischben (1993, apud NACARATO 2003) faz alguns destaques com relação as características

das figuras geométricas relacionadas a sua natureza conceitual. São elas:

- somente em um sentido conceitual, pode-se considerar a perfeição absoluta das entidades

geométricas como: linhas, retas, círculos, quadrados, etc.

- entidades geométricas como pontos, linhas, planos, não existem na realidade, são apenas

construções mentais, visto que nossas experiências sensíveis são tridimensionais.

- todas as construções geométricas são representações gerais

67

- as propriedades das figuras geométricas são impostas ou derivadas de definições no domínio

de um certo sistema axiológico. O autor conclui

... um quadrado não é uma imagem desenhada numa folha de papel. É uma forma controlada por sua definição (embora possa ser inspirada por um objeto real). Um quadrado é um retângulo que tem lados iguais. Partindo destas propriedades pode-se prosseguir descobrindo outras propriedades do quadrado (a igualdade de ângulos, que são todos retos, a igualdade das diagonais, etc.) (FISCHBEIN, 1993 apud NACARATO, 2003, p. 63).

Nacarato destaca que para Fischbein:

uma figura geométrica pode ser descrita como tendo intrínseca a ela propriedades conceituais, não sendo ela própria, contudo, um mero conceito, e ainda uma figura geométrica é uma imagem visual, que possui uma propriedade que conceitos usuais não possuem, ou seja, ela inclui a representação mental do espaço. (NACARATO, 2003, p.63)

Para que muitos estudantes não passem a considerar a figura geométrica (desenho) como o

próprio conceito, é importante considerar as observações acima no ensino da Geometria.

Muitos alunos têm dificuldade em reconhecer os invariantes (entendidos como os as

propriedades que definem o objeto geométrico) de uma figura visto que não foram levados a

perceber a existência de uma classe de figuras que representa um objeto geométrico.

Pais (1996) ressalta que a própria palavra “figura”, é um termo ambíguo; uma como conceito

geométrico e a outra no sentido de apenas uma representação gráfica. Tendo em vista a

ambigüidade do termo, Fischein (1993, apud Passos, 2000) enfatiza que em seu trabalho,

figura refere-se somente a imagens mentais. Como uma figura possui uma certa estrutura,

uma forma, sugere algumas especificações:

1) a figura geométrica consiste numa imagem mental cujas propriedades são completamente controladas por definição; 2) um desenho não é, em si, uma figura geométrica ele próprio, mas um gráfico ou uma incorporação material, concreta dessa figura; 3) a imagem mental de uma figura geométrica é, usualmente, a

68

representação do modelo materializado dela (FISCHBEIN, 1993 apud NACARATO, 2003, p. 70).

Assim a figura geométrica é somente a idéia correspondente da entidade figural idealizada,

abstrata, estritamente determinada por sua definição.

Notamos que muitas vezes os alunos tomam o desenho como sendo a figura geométrica, o que

pode ocasionar um obstáculo, visto que muitas vezes o desenho guarda características

particulares que não atendem às condições geométricas que definem o objeto. Logo o ensino

da geometria deve acontecer relacionando objeto, conceito e desenho e ainda destacando os

aspectos figurais e conceituais das figuras geométricas.

A utilização do desenho para a representação dos conceitos geométricos é mencionado por

Pais (1996), como um dos recursos mais utilizados no ensino e na aprendizagem da

Geometria. Sangiacomo (1996), num estudo sobre a mudança de estatuto: do desenho para a

figura geométrica, menciona dois pontos como considerados críticos nesse processo que são:

a dificuldades dos alunos em reconhecer os invariantes de uma figura e o fato de que em

nenhum momento os alunos são levados a perceber que existe uma classe de figuras que

representa um objeto geométrico,

Pais (1996) analisa quatro elementos fundamentais que intervém no processo de ensino e

aprendizagem da geometria euclidiana, plana e espacial que são: objeto; conceito, desenho e

imagem mental.

O termo objeto é interpretado como sendo uma parte material concreta, associado aos

modelos e materiais concretos, podendo ser chamados de materiais didáticos ou modelos

físicos. Pais (1996) considera que o objeto pode ser considerado como uma das primeiras

formas de representação do conceitos. Para o autor o uso desses recursos pode contribuir para

69

a aprendizagem, desde que seja bem planejada e fundamentada e ainda a utilização de

materiais concretos não pode limitar-se a uma simples atividade lúdica e ressalta:

É necessário que o aluno entenda que o objeto é simplesmente um modelo físico, que contribui na formação das idéias, mas não as substitui e que a aprendizagem somente vai desencadear-se a partir do momento que o aluno conseguir fazer uma leitura geométrica da representação envolvida. O desafio do professor é saber como dar a continuidade didática entre o uso do material e as questões que levariam à abstração. (PAIS, 1996, p. 68)

Para o autor, da mesma forma que o objeto, o desenho é também de natureza essencialmente

concreta e particular, e, portanto, oposto às características gerais e abstratas do conceito. O

desenho sem dúvida é um dos recursos didáticos mais utilizados no ensino e na aprendizagem

da Geometria, uma passagem quase que obrigatória no processo de conceitualização

geométrica. Para Pais o desafio principal é a necessidade de transpor o próprio desenho, visto

que muitas vezes o aluno identifica, principalmente na geometria plana, no desenho, o próprio

conceito. Para que o aluno consiga decodificar as informações geométricas contidas num

desenho é necessário que ele tenha o domínio de algumas informações técnicas, que em nível

de Ensino Fundamental não são explicitamente ensinadas, como no caso dos livros didáticos

onde os desenhos aparecem com uma série de grafismos, cujo o uso é baseado mais na

tradição do que na aprendizagem formal.

Pais (1996) baseando-se nos trabalhos de Denis (197910 e 198911), dedicados à teoria

cognitiva, estudou as imagens mentais que podem ser associadas aos conceitos geométricos.

Para ele:

... essas imagens que são de natureza essencialmente diferentes daquelas do objeto e do desenho podem ser destacadas por duas características básicas: a subjetividade e a abstração. Pelo fato de serem abstratas, podem ser relacionadas aos conceitos, embora seu aspecto subjetivo as afaste da natureza científica (Pais, 1996, p.70).

10 DENIS, M. (1979) Les Images Mentales. Paris: Presse Universitaire Française. 11 DENIS, M. (1989) Image et Cognition. Paris: Presse Universitaire Française

70

Definir formalmente o que seja uma imagem mental, não é fácil, Pais (1996) considera que:

... pode-se dizer que o indivíduo tem uma dessas imagens mentais quando ele é capaz de enunciar, de uma forma descritiva, propriedades de um objeto ou de um objeto ou de um desenho na ausência desses elementos. Assim como as noções geométricas são idéias abstratas e, portanto, estranhas à sensibilidade exterior do homem, a formação de imagens mentais é uma conseqüência quase que exclusiva do trabalho com desenhos e objetos (PAIS, 1996, p. 70).

E ainda: “... Sãos os objetos e os desenhos que podem estimular a formação de boas imagens

e, nesse contexto, elas constituem uma forma de representação das noções geométricas”(PAIS

1996, p. 70).

A generalidade e a abstração dos conceitos geométricos, para o autor são construídos pouco a

pouco, envolvendo a influência do mundo físico e uma reflexão intelectual sobre este mundo.

Inicialmente se estabelece uma relação de permanente comparação entre o mundo das idéias e

o mundo físico. Para o autor “a busca desses atributos tem sido a ênfase principal do ensino

da Geometria, e por outro lado as dificuldades na concretização deste objetivo são também

persistentes” (p.71). O autor ainda destaca que uma compreensão dessa natureza abstrata e

geral passa por um processo evolutivo onde o aluno pode reviver as dificuldades ocorridas na

evolução histórica do conceito, estabelecendo uma necessidade de analisar possíveis

correlações existentes entre o processo evolutivo da formação histórica do conceito e as

etapas por onde o aluno passa no transcurso da aprendizagem. Para Pais, ...“é neste processo

de conceitualização que o aluno lança mão de recursos que lhe são mais próximos e

disponíveis, entrando em cena as representações por objetos e desenhos e, posteriormente,

pelas imagens mentais”(p. 71).

Nesse sentido, os quatro elementos citados por Pais (1996) devem ser considerados

vinculados um aos outros.

3.2 Visualização e Representação Geométrica

71

Em conseqüência do que discutimos anteriormente, existem outros igualmente importantes

para a formação do pensamento geométrico: a visualização e a representação. Essa discussão

se faz necessário, com base em que o computador introduz uma dimensão dinâmica à

investigação sobre a visualização, pelo fato das representações de figuras, planas ou espaciais,

poderem ser manipuladas e transformadas de diferentes maneiras.

Para Fainguelernt (1999), nos encontros do PME (Psychology and Mathematics Education)

tem se discutido muito pelos grupos de Geometria a distinção entre o conceito que decorre de

sua definição matemática e o que decorre de sua imagem refletida na mente de cada um a

partir da visualização; isto é, o resultado dos processos mentais de formação do conceito.

Com o uso do computador e dos vários softwares torna-se possível uma outra forma de

representação, pois os alunos conseguem “ver”e “transformar objetos, representando-os de

várias maneiras.

Miskulin (1999) destaca que os novos ambientes computacionais possibilitam o

desenvolvimento de noções e conceitos geométricos. O computador introduz uma dimensão

dinâmica à investigação sobre a visualização, pelo fato das representações de figuras, planas

ou espaciais, poderem ser manipuladas e transformadas de diferentes maneiras.

Para Nacarato (2003) vários termos aparecem referindo-se a visualização, como: raciocínio

visual, imaginação, pensamento espacial, figuras, imagens mentais, imagens visuais, imagens

espaciais e outros, dos quais a autora sintetiza:

A visualização pode ser considerada como a habilidade de pensar, em termos de imagens mentais (representação mental de um objeto ou de uma expressão), naquilo que não está ante os olhos, no momento da ação do sujeito sobre o objeto. O significado léxico atribuído à visualização é o de transformar conceitos abstratos em imagens reais ou mentalmente visíveis” (NACARATO, 2003, p.78)

72

Para Fainguelernt (1999, p.53) “Visualização geralmente se refere à habilidade de perceber,

representar, transformar, descobrir, gerar, comunicar, documentar e refletir sobre as

informações visuais”.

Segundo Duval12o aprendizado em Geometria envolve três tipos de processos cognitivos que

estão intimamente conectados: “processo de visualização com respeito à representação

espacial; processo de construção através de ferramentas (régua, compasso, esquadros e

softwares); processo de raciocínio, o que é básico para ser demonstrado e comprovado

(teoremas, axiomas e definições” (DUVAL 1995, apud FAINGUELENT, 1999, p.54)

Para Nacarato (2003) a visualização é descrita por Catalá, Flamarich e Aymemm (199513)

como sendo a construção de um processo visual e que os autores ainda afirmam que o

estímulo visual como: modelos concretos, desenhos, dobraduras, imagens na tela do

computador, é um meio que faz avançar o processo de construção de imagens mentais. E

quanto a representação, segundo os autores, poderá ser gráfica, como um desenho em um

papel ou um modelo manipulável, considerando-se sua importância como um instrumento

para expressar nossos conhecimentos.

Nacarato (2003) acrescenta que para Gutiérrez (1996a14) a visualização em Matemática é “um

tipo de raciocínio baseado no uso de elementos visuais e espaciais, tanto mentais quanto

físicos, desenvolvidos para resolver problemas ou provar propriedades” e ainda que estaria

integrada a imagens mentais, representações externas, processos de visualização e habilidades

de visualização. O autor destaca que:

12 DUVAL,R. why to teach geometry? In: MAMMANA, C. (ed) ICMI Study: Perspectives on the teaching of geometry for tbe 21th Century. Pre-proceedings for Catania Itália, Catania: Departamento of Mathematics, 1995. 13 CATALÁ, C. Flamarich,C e Aymemmi, J. Invitacion a la Didactica de la Geometria. Madrid: Editorial Síntesis, 1995. 14 GUTIÉRREZ.A. Visualization in 3-Dimensional Geometry: In Search of a Framework. In L. PUIG y GUTIÉRREZ (eds). Proceedings of 20th PME Conference. Spain: University of Valencia, july, v.1, 1996a.

73

...uma imagem mental é qualquer tipo de representação cognitiva de um conceito matemático ou propriedade, por meio de elementos visuais ou espaciais; ...uma representação externa pertinente à visualização é qualquer tipo de representação gráfica ou verbal de conceitos ou propriedades incluindo figuras, desenhos diagramas, etc, que ajudam a criar ou transformar imagens mentais e produzir raciocínio visual; ...um processo de visualização é uma ação física ou mental, onde imagens mentais estão envolvidas (GUTIÉRREZ, 1996, apud NACARATO, 2003, p. 79).

No contexto da Educação Matemática, Nacarato destaca que Gutiérrez procurou unificar a

terminologia, onde os termos imagem mental, imagem espacial e imagem visual podem ser

considerados equivalentes e assim nesse contexto, “os termos visualização, imagens visuais e

pensamento espacial podem ser considerados equivalentes” (NACARATO, 2003, p. 79).

Diante do contexto notamos que a visualização é muito importante na formação de conceitos

geométricos. Hershkowitz (199415 apud FAINGUELERNT 1999, p. 56) enfatiza que “a

visualização e os processos visuais desempenham um papel muito complexo no contexto da

formação de conceitos geométricos básicos e ainda que essa complexidade continua em níveis

mais elevados do pensamento geométrico”.

Para Fainguelernt (1999) a grande complexidade do papel da visualização no processo de

formação e desenvolvimento de conceitos geométricos atua em duas direções: de um lado não

podemos formar uma imagem de um conceito, identificar suas características e dar exemplos

sem visualizar seus elementos e, de outro lado, esses elementos podem empobrecer a imagem

atual que se quer constituir.

A visualização é de fundamental importância para se desenvolver o pensamento geométrico,

mas o raciocínio, ativado pela visualização necessita recorrer à intuição, à percepção e à

representação.

15 HERSHKOWITZ, R. Visualização em geometria: as duas faces da moeda. Boletim GEPEM. Rio de Janeiro: GEPEM, Ano XVIII, n. 32, 1994.

74

A representação pode ser gráfica, como um desenho ou um modelo manipulável cuja

importância é servir como instrumento para expressar nossos conhecimentos e idéias.

Para Pallascio (199216, apud Faiguenllernt 1999, p. 57), “o papel principal da representação é

a conceituação do real a fim de agir eficientemente”, a representação visual, por um lado, tem

significado da organização material de natureza simbólica (por exemplo, desenhos,

diagramas, etc.).

Para Fainguelernt (1999), “é fundamental na construção de um conceito, partir da percepção e

da intuição de dados concretos e experimentais, explorar as representações e as aplicações e

desenvolver o raciocínio lógico para, só então, chegar aos processos de abstração e de

generalização”.

Nacarato (2003) destaca “Quando se imagina a construção de algum objeto específico, como

uma caixa, não se pode iniciar tal construção sem antes “ver”, na mente, o que ainda não pode

ser visto com os próprios olhos” (p.83).

Pais (1996) ressalta que a representação de um conceito somente faz sentido pleno se o

mesmo já estiver em um certo nível de formalização. Assim no início da aprendizagem

mediante as dificuldades impostas pela abstração ocorre uma identificação por parte do aluno,

entre o conceito e sua representação. “É assim que um simples traço no quadro negro ou no

papel passa a ser a ‘própria’reta ou, como no caso clássico da geometria plana, em que os

conceitos são identificados ao seu desenho”(p. 71).

Para Crowley,(1994), a importância da visualização também é destacada na Teoria de Van

Hiele sobre o desenvolvimento do pensamento geométrico. Essa teoria sugere que os alunos

16 PALLASCIO, R. A; R. MONGEAU, P. Représentation de I`espace et enseignement de la géométrie: topologia structurale. Proceeding of the International Symposium. La revue Topolgie Stucturale, n. 19, p. 71-81, 1992)

75

progridam por meio de uma seqüência hierarquizada de níveis. No modelo conhecido por

modelo de Van Hiele, considera que a visualização tem uma importância vital no processo de

construção do conhecimento. Segue um pequeno resumo dos níveis do Modelo de Van Hiele.

Níveis de Compreensão do Modelo

Uma sinopse dos níveis do modelo é apresentada abaixo. (CROWLEY, 1994. p.3)

Nível 1 (nível básico): Visualização

Neste estágio inicial, os alunos percebem o espaço apenas como algo que existe em torno

deles. Os conceitos de Geometria são vistos como entidades totais, e não como entidades que

têm componentes ou atributos. As figuras geométricas, são reconhecidas por sua forma como

um todo, isto é, por sua aparência física, não por suas partes ou propriedades.

Neste nível a criança é capaz de reconhecer um retângulo ou um quadrado, e mesmo de

reproduzi-los sem erros, mas um quadrado não pode ser tomado por um retângulo, pois sua

aparência é diferente. As experiências mais significativas seriam as de manipular, colorir,

dobrar e construir.

Nível 2: Análise

No nível 2, começa uma análise dos conceitos geométricos. Por exemplo, através da

observação e da experimentação, os alunos começam a discernir as características das figuras.

Surgem então possibilidades do indivíduo conhecer e realizar algumas análises das

propriedades das figuras, mais ainda não conseguem relacionar as diversas propriedades entre

si. Assim, reconhece que as figuras têm partes, e as figuras são reconhecidas por suas partes.

Nível 3: Dedução informal ou abstração

Neste nível os alunos conseguem estabelecer inter-relação de propriedades tanto dentro de

figuras (por exemplo, num quadrilátero, se os lados opostos são paralelos, necessariamente os

ângulos opostos são iguais) quanto entre figuras (um quadrado é um retângulo porque tem

todas as propriedades de um retângulo). Assim, eles são capazes de deduzir propriedades de

76

uma figura e reconhecer classes de figuras. A inclusão de classes é compreendida. As

definições tem significado. Os alunos acompanham e formulam argumentos informais. Neste

nível, porém, não compreendem o significado da dedução como um todo ou o papel dos

axiomas.

Nível 4: Dedução

Neste nível compreende-se o significado da dedução como uma maneira de estabelecer a

teoria geométrica no contexto de um sistema axiomático. São percebidas a inter-relação e o

papel de termos não definidos, axiomas, postulados, definições, teoremas e demonstrações.

Aqui o aluno é capaz de construir demonstrações, e não apenas de memorizá-las; enxerga a

possibilidade de desenvolver uma demonstração de mais de uma maneira; compreende a

interação das condições necessárias e suficientes; é capaz de fazer distinções entre uma

afirmação e sua recíproca.

Nível 5: Rigor

Neste estágio, o aluno é capaz de trabalhar em vários sistemas axiomáticos, isto é, podem-se

estudar geometrias não euclidianas e comparar sistemas diferentes. A Geometria é vista no

plano abstrato.

Este último nível é o menos desenvolvido nos trabalhos originais e tem recebido pouca

atenção dos pesquisadores. Pierre van Hiele admitiu, em comunicação pessoal com Alan

Hoffer, em 1985, que estaria particularmente interessado nos três primeiros níveis que vão das

séries escolares mais elementares ao início do terceiro grau.

Nível dos

van Hiele

Características Exemplo

1º Nível

Visualização

Reconhecimento,

comparação e nomenclatura das

figuras geométricas por sua

aparência global.

Classificação de

recortes de quadriláteros

em grupos de quadrados,

retângulos, paralelogramos,

losangos e trapézios.

77

2º Nível

Análise

Análise das figuras em

termos de seus componentes,

reconhecimento de suas

propriedades e uso dessas

propriedades para resolver

problemas.

Descrição de um

quadrado através de

propriedades: 4 lados

iguais, 4 ângulos retos,

lados opostos iguais e

paralelos.

3º Nível

Abstração

Percepção da necessidade

de uma definição precisa, e de que

uma propriedade pode decorrer de

outra;

Argumentação lógica

informal e ordenação de classes

de figuras geométricas.

Descrição de um

quadrado através de suas

propriedades mínimas: 4

lados iguais, 4 ângulos

retos.

Reconhecimento de

que o quadrado é também

um retângulo.

4º Nível

Dedução

Domínio do processo

dedutivo e das demonstrações;

Reconhecimento de

condições necessárias e

suficientes.

Demonstração de

propriedades dos triângulos

e quadriláteros usando a

congruência de triângulos.

5º Nível

Rigor

Capacidade de

compreender demonstrações

formais;

Estabelecimento de

teoremas em diversos sistemas e

comparação dos mesmos.

Estabelecimento e

demonstração de teoremas

em uma geometria finita.

Utilizaremos as características do níveis de Van Hiele para ter indicaçõess de avanço

na aprendizagem em geometria das alunas participantes do projeto.

3.4 Contribuições do Computador para a Formação do Pensamento Geométrico

78

Papert (1987, apud Nacarato, 2003) argumenta que o computador veio introduzir uma

dimensão dinâmica à investigação sobre visualização, pois as representações de figuras planas

e espaciais na tela podem ser manipuladas e transformadas de diferentes maneiras.

Abrantes et al (199917, apud FONSECA, 2002, P. 43) referem-se ao uso de softwares da

seguinte forma: “O uso de softwares pode também contribuir para ampliação das

representações com que os alunos trabalham quando, por exemplo, deslizam, rodam, ampliam

ou reduzem uma dada construção geométrica”.

Citamos como exemplo a construção de um quadrado, se os alunos apenas lhe confere a

qualidade de ter lados com mesma medida, quando se movimenta um dos vértices do suposto

quadrado estes perde suas propriedades, pois de fato as propriedades do quadrado não foram

explicitadas ao software.

Gravina (1996), numa pesquisa com alunos do curso de Licenciatura em Matemática,

constatou que as dificuldades cognitivas dos alunos podem ser minimizadas com a utilização

de softwares de Geometria Dinâmica. Nesses ambientes, a autora menciona que os conceitos

geométricos são construídos de maneira a promover o equilíbrio conceitual e figural,

desenvolvendo a habilidade de percepção das diferentes representações de uma mesma figura.

Para Gravina (1996) o professor pode utilizar os softwares de duas maneiras; numa os alunos

fazem a construção das figuras com o objetivo de dominar os procedimentos para se obter a

construção e noutra os alunos recebem as figuras prontas, conhecidas como “caixa preta”e

devem reproduzi-las e para isso é necessário descobrir as suas propriedades invariantes por

meio da experimentação.

17 ABRANTES, P. SERRAZINA, L. OLVIVEIRA, I. A matemática na educação básica. Lisboa: Ministério da Educação, 1999.

79

Para ALVES (2005) o computador também pode ser usado levando em conta o Modelo de

Van Hiele, pois caso o professor conheça o modelo é possível que ele elabore atividades a

partir de softwares de Geometria Dinâmica de modo a favorecer a aquisição de um dado

nível. Os ambientes de Geometria Dinâmica permitem uma maior variedade de

experimentação, se comparado pelo desenho com papel e lápis.

Especificamente quanto ao Cinderella, este toma como suporte teórico a distinção entre figura

geométrica e desenho geométrico, visto que: figura geométrica designa o objeto teórico

geométrico, constituído por um conjunto de elementos geométricos, enquanto o desenho

adquire status de representação material desse objeto teórico, como, por exemplo, um, traçado

na areia, no papel, na tela do computador ou em qualquer outro suporte físico.

Considerações

No próximo capítulo descrevemos e analisamos os resultados da pesquisa realizada com

alunas do curso de Pedagogia, no qual utilizamos o software Cinderella para resolução de

atividades de geometria plana para analisar as contribuições de um ambiente de Geometria

Dinâmica, em especial o Cinderella para à aprendizagem em Geometria. Para elaborarmos as

atividades levamos em conta toda a discussão realizada até aqui.

CAPÍTULO 4

A PESQUISA

Introdução

Como o objetivo do nosso trabalho é analisar as contribuições do uso de software de

Geometria Dinâmica, elaboramos um curso de geometria no ambiente o software Cinderella

para alunas do curso de pedagogia, assim neste capítulo descreveremos a pesquisa realizada.

E assim, esperamos por meio dessa experiência e discussão contribuir significativamente para

o ensino da Geometria apoiado por software de Geometria Dinâmica.

4.1 Sujeitos da Pesquisa

Nesse estudo trabalhamos com alunos do 2º ano do curso de Pedagogia. A escolha por alunos

do Curso de Pedagogia deu-se em primeiro lugar pelo nosso objetivo principal que era

verificarmos as contribuições do software Cinderella para aprendizagem em Geometria e

depois para colaborarmos com a formação desses futuros professores por pensarmos serem

estes os primeiros a trabalharem com conceitos de Geometria com as crianças desde a pré-

escola até a 4ª série do Ensino Fundamental.

A seleção dos alunos

No mês de janeiro, em virtude das férias acadêmicas, entramos em contato com a professora

coordenadora do PET (Programa de Educação Tutorial) do curso de Pedagogia pois

geralmente os alunos participantes destes programas não estão de férias. O contato ocorreu

81

por e-mail no qual relatamos o nosso trabalho. A coordenadora marcou um encontro para

podermos conversar com as alunas.

Nesse encontro apresentamos o que chamamos “Curso de Geometria com o auxílio do

software Cinderella” seus objetivos, a metodologia a ser utilizada e possível horários, que

conciliassem nossa disponibilidade e a do laboratório da universidade onde seriam realizadas

as atividades no computador com o auxílio do referido software.

Precisávamos então divulgar o curso aos outros alunos da graduação do curso de Pedagogia,

assim aguardamos o retorno às aulas e juntamente com uma professora do curso oferecemos

Curso de Extensão1. O projeto do Curso de Extensão intitulado “Um curso de geometria no

ambiente do software Cinderella”.

De início, explicamos que o curso fazia parte de nossa dissertação de mestrado, cujo tema é o

ensino de Geometria e a utilização de softwares específicos para seu ensino, os softwares de

Geometria Dinâmica e enfatizamos os seus objetivos, a metodologia utilizada e a quantidade

máximo de participantes, que seria de 12 em razão da possibilidade de ministrar e observar o

curso e do número de computadores disponíveis. Os alunos interessados, num total de 10,

preencheram uma lista destacando o horário em que poderiam realizar o curso.

Tentando conciliar o horário disponível da maioria dos alunos, optamos por realizar o curso

aos sábados das 14:00 horas às 16:30 horas. Os alunos foram comunicados sobre o horário em

que realizaríamos o curso e que deveriam efetivar a inscrição na secretaria do seu

departamento. Dos 10 interessados inicialmente, três alunas não se inscreveram por motivos

pessoais e assim 7 se propuseram a participar do curso.

1 Cursos promovidos pelos departamentos, aprovados pela Diretoria de Extensão.

82

4.2 Coleta de Dados:

Os principais instrumentos utilizados na coleta de dados consistiram em entrevistas, encontros

semanais, participação nas atividades e transcrição e análise de fitas de vídeo e áudio.

Utilizamos também o que Thiollent (1988) chama de observação participativa, que permite ao

pesquisador emitir pareceres, influir e modificar o andamento do que está sendo observado e

adaptar à realidade.

Foram elaborados os seguintes instrumentos para coleta de dados.

Entrevista I - Questionário sobre o perfil das alunas. (apêndice A)

A primeira entrevista apresentada às alunas deste estudo foi um questionário cujo objetivo era

caracterizar o grupo, por exemplo: se havia cursado magistério; a(s) disciplinas que tiveram

maior dificuldade no Ensino Fundamental e Médio; se haviam estudado geometria entre

outros.

Entrevista II: Questionário de conhecimento geométrico. (Pré e Pós-teste) (apêndice B)

O questionário de conhecimento geométrico foi composto por alguns exercícios de Geometria

o qual foi aplicado duas vezes. A primeira aplicação (pré-teste) teve por objetivo verificar o

conhecimento prévio das alunas em geometria e ainda para podermos adequar as atividades

dos futuros encontros. A segunda aplicação (pós-teste) realizada após todas as atividades do

curso procurou verificar a evolução dos conhecimentos geométricos após a realização do

curso.

Atividades de geometria (apêndice C)

83

Durante todo o curso foram resolvidas 29 atividades de geometria que foram previamente

planejadas antes do curso, mas que sofreram algumas adaptações antes de cada encontro,

levando em conta os resultados dos encontros anteriores de forma a contribuir para a

aprendizagem das alunas e fornecer informações sobre seus conhecimentos.

Fichas de análise dos encontros (apêndice D)

Ao final de cada encontro as alunas respondiam uma ficha com o objetivo de informar suas

maiores dificuldades na realização das atividades e ainda de apresentarem sugestões para

facilitar sua aprendizagem durante os encontros seguintes.

Transcrição das fitas com as discussões realizadas durante a realização das atividades

Todos os encontros foram gravados e transcritos com o objetivo de identificar as falas e

atitudes das alunas durante a realização das atividades.

Uso da ferramenta texto de construção oferecido pelo software Cinderella.

A ferramenta “texto de construção” registra todas as ferramentas e movimentos realizados

pelas alunas em cada construção. Esta ferramenta foi utilizada com o objetivo de identificar

todos os passos, ou seja, as ferramentas utilizadas bem como a ordem com que foram

utilizadas e os movimentos realizados pelas alunas para as construções propostas.

Foram realizados seis encontros: o 1º primeiro foi realizado com as sete alunas que haviam se

inscrito das 19:30 às 22:00. Do 2º ao 6º encontro realizado vez na semana (sábado) no horário

das 14:00 às 16:30 como envolviam atividades de geometria com o uso do computador,

aconteceram no Laboratório de Informática Educativa.

84

Às atividades planejadas para o 2º ao 6º encontro (apêndice C) realizados no software

Cinderella, abordaram os seguintes tópicos: retas paralelas e perpendiculares; polígono;

triângulo; paralelogramo e quadrilátero. A escolha desses conteúdos se deu pela análise do

resultado do questionário de conhecimentos geométrico e pelo fato de serem conhecimentos

básicos de Geometria Plana porque são os conteúdos a serem ensinados de 1ª à 4ª série do

Ensino Fundamental, séries das quais as alunas participantes do curso provavelmente serão

professoras.

Metodologia dos encontros: Cada encontro obedeceu à seguinte sistemática: recapitulação

do encontro anterior direcionado pela professora2 com a participação das alunas; resolução de

atividades no software Cinderella; discussões das atividades pelo grupo fazendo uma síntese

dos conceitos utilizados nas atividades e por último as alunas preenchiam uma ficha de

análise do encontro (apêndice D).

Para analisarmos a participação e o desenvolvimento das alunas no curso, optamos por

estabelecer três categorias sobre as quais centralizaremos nossa atenção e observação, são

elas:

Dificuldade no gerenciamento do computador;

Dificuldade no manuseio do software Cinderella;

Dificuldade relacionadas aos conceitos geométricos.

Com relação às duas primeiras categorias, dificuldades no gerenciamento do computador e no

manuseio do software, fizemos uma apresentação e discussão das principais dificuldades

levando em conta todos os encontros. Quanto a terceira, dificuldades relacionadas aos

2 O termo professora, no presente trabalho, refere-se à autora da pesquisa.

85

conceitos geométricos, fizemos uma apresentação e discussão dos resultados a cada encontro

e posteriormente uma análise de todo o curso.

Na realização das atividades realizamos questionamentos e discussões com as alunas tentando

fazer com que elas participassem e decidissem sobre quais e como utilizar as ferramentas

oferecidas pelo software.

1º Encontro: 22/04/2006:

Atividades planejadas: 1-Questionário para traçar o perfil das alunas (apêndice A) e seus

conhecimentos de geometria; 2- Pré-teste: Questionário contendo exercícios de Geometria

(apêndice B); 3- Leitura e discussão de alguns textos3 cujo objetivo era despertar nas alunas o

interesse pelo ensino da geometria bem como da necessidade de se ensinar bem geometria nas

séries iniciais.

2º Encontro: 06/05/2006:

Atividades planejadas: Exploração do software Cinderella, criar ponto; medir distância entre

dois pontos; criar retas; criar semi-reta; criar segmento de reta; criar circunferência.

(atividades 1 a 11 do apêndice C)

3º Encontro: 13/05/2006:

Atividades planejadas: discussão sobre o conceito de ângulo e polígono; construir ângulos;

medir ângulos; traçar bissetriz de um ângulo; classificar um ângulo quanto a sua medida;

construir polígono; classificação dos polígonos. (atividades 12 a 19 do apêndice C)

3 1- O Pensamento Geométrico, capítulo 2 desta dissertação. 2- O desenvolvimento do pensamento geométrico, e as contribuições do computador, in Nacarato, 2003.

86

4º Encontro: 20/05/2006:

Atividades planejadas: discussão sobre posição relativa entre duas retas; construir retas

paralelas, perpendiculares; construir triângulos, soma dos ângulos internos de um triângulo,

construção e classificação de um triângulo quanto à medida dos ângulos; (atividades de 20 a

28 do apêndice C)

5º Encontro: 27/05/2006:

Atividades planejadas: responder questões referentes a alguns quadriláteros, construção de

quadriláteros, de paralelogramo (atividades de 29 a 33 do apêndice C)

6º Encontro: 03/06/2006:

Atividades planejadas: classificação dos triângulos quanto à medida dos lados; classificação

dos quadriláteros, condição de existência de um triângulo (atividades de 34 a 39 do apêndice

C), questionário de conhecimento geométrico (pós-teste, apêndice B).

4.3 Apresentação e Discussão dos resultados.

As alunas serão identificadas por nomes fictícios de: Rafaela; Cristina; Débora; Franciele;

Daniela; Tatiana e Beatriz.

4.3.1 O Pré-Teste

No primeiro encontro realizamos o pré-teste que foi um questionário com questões de

Geometria (Apêndice B)

87

Atividades planejadas: 1-Questionário para traçar o perfil das alunas; questionário de

conhecimento geométrico (Pré-teste).

Com as informações oferecidas pelo questionário I, verificamos que: das sete alunas, seis

possuem idade entre 19 e 21 anos e apenas uma idade de 28 anos e também apenas uma

cursou o Ensino Fundamental em Escola Particular e Pública as demais cursaram

integralmente em Escola Pública. Quanto ao Ensino Médio todas cursaram em Escola

Pública.

Quando questionadas sobre o(s) motivo(s) que as motivaram a participar do curso,

quatro alunas disseram que era para poder ensinar melhor, uma disse que era por ser novidade

e por ter dificuldade em geometria e as outras duas declararam ter interesse em Matemática.

Entre as disciplinas que elas declararam ter tido maior dificuldade durante o Ensino

Fundamental e Médio, Matemática foi citada por três. Quanto à pergunta se você leciona ou

lecionou, apenas duas responderam que estão fazendo estágio, uma na terceira série e, outra,

na segunda série do Ensino Fundamental.

Todas as alunas declararam que estudaram geometria no Ensino Fundamental e Médio.

Quanto à pergunta sobre quais as palavras ligadas à Geometria em que elas se lembravam os

resultados são apresentados no gráfico abaixo.

88

Gráfico 1: Palavras ligadas à Geometria lembradas pelas alunas de Pedagogia

Palavras ligadas à Geometria lembradas pelas

alunas do 2o ano de Pedagogia

0

1

2

3

4

5

6

geometria plana formas

geométricas

geometria

espacial

cateto;

hipotenusa

trângulo;

retângulo,

losango;

quadrilátero

Palavras

mero

de a

lun

os

Todas as alunas afirmaram ter experiência em informática, e no gráfico abaixo temos as

respostas com relação ao manuseio do computador.

Gráfico 2: Opinião das alunas de Pedagogia participantes do projeto, sobre o uso do

computador.

3

1

3fácil

difícil

mais ou menos

89

Com relação à entrevista II (pré-teste), selecionamos algumas questões que nos chamaram

mais atenção quanto ao resultado.

As respostas das seis primeiras questões nos causaram surpresa à quantidade de erros quanto a

identificar triângulos, quadrados, retângulos, paralelogramos e retas paralelas, que

acreditávamos que não houvesse nenhuma dificuldade.

Tabela1: Questões corretas e incorretas assinaladas pelas alunas de Pedagogia participantes do

projeto.

ALUNA Questões corretas Questões incorretas

Cristina Todas nenhuma

Daniela 1 e 2 3, 4,5 e 6

Rafaela 1, 3, 4 e 5 2 e 6

Tatiana 1, 3, 4, 5 e 6 2 e 5

Franciele 1, 3, 4 2, 5 e 6

Tatiana todas nenhuma

Débora 1, 2, 3, 5 e 6 4

Fonte: o autor

Tabela 2: Número e porcentagem de erros e acertos entre as questões de 1 a 5, cometidos

pelas alunas de Pedagogia

ACERTOS ERROS

NO DA QUESTÃO NO % NO %

1 7 100 0 0

2 4 57,1 3 42.9

3 6 85,7 1 14,3

4 5 71,4 2 28,6

5 4 57,1 3 42,9

6 4 57,11 3 42,9

90

Mediante do resultado apresentado na tabela cima, notamos que as questões 2, 5 e 6 tiveram o

maior percentual de erro, 42,9% . Dentre as três questões a que mais nos surpreendeu foi os

erros da questão cinco apresentada abaixo.

As alunas Daniela, Tatiana e Franciele assinalaram o item D como sendo pares de retas

paralelas. Esse resultado nos evidencia a predominância do aspecto figural sobre o conceitual.

Muito provavelmente as alunas que cometeram o erro se valeram do aspecto visual, pois no

espaço visual as retas não tem ponto em comum, e não do conceito de retas paralelas, que

além de não terem pontos em comum as retas paralelas deve manter sempre a mesma

distância. Valendo-nos de Fainguelernt (1999) podemos verificar que os erros cometidos se

deram pelo fato dessas alunas não terem uma visualização sobre as informações ou ainda, não

se valeram do conceito do objeto geométrico.

Em algumas questões como a 7 e a 9 as alunas deveriam mencionar propriedades como a do

quadrado e dos paralelogramos percebemos a grande predominância da figura sobre o

conceito. Assim levando em conta Fischbein (1993) podemos dizer que as alunas não tem a

noção correta sobre o objeto geométrico (quadrado, retângulo, paralelogramo). Associam o

desenho ao objeto geométrico que representa uma situação específica, com características

particulares que não pertencem ao conjunto das propriedades que definem o objeto.

No quadro abaixo temos em destaque algumas respostas.

91

Quadro 2:Respostas às questões 7 e 9

QUESTÕES SUJEITOS RESPOSTAS

Beatriz

1-Mesma medida dos lados (não

acrescentou mais nenhuma propriedade)

Cristina 1-possui lados iguais

2- possui ângulos de 90º

Tatiana

1-têm 4 ângulos retos

2-tem todos os lados iguais

3- tem diagonais de mesmo comprimento

Questão 7: Dê 3 propriedades dos

quadrados.

Débora 1- tem os lados iguais

Beatriz 1-Os lados iguais

Cristina 1- tem os lados paralelos

Tatiana

1-têm 4 ângulos retos

2-tem lados opostos paralelos

Questão 9: Dê três propriedades dos

paralelogramos

Débora Não respondeu

Na questão 10, todas as alunas acertaram, na maioria, (5) desenharam um trapézio.

Na questão 11 temos um exemplo da força de desenhos prototípicos e a influência da figura

sobre o conceito.

11- Assinale a(s) figura(s) que pode(m) ser considerada(s) retângulos:

Apenas uma das alunas assinalou o segundo desenho como podendo ser considerado um

retângulo. Percebemos que enquanto respondiam o questionário algumas alunas comentaram:

92

“parece um quadrado, então não é retângulo”, deixando bem claro que para elas um quadrado

não pode ser considerado retângulo.

Na questão 12, quatro alunas afirmaram que se os quatro ângulos de um quadrilátero ABCD

tem mesma medida então ele é um quadrado, e três alunas disseram que não podem afirmar

que é um quadrado porque o quadrilátero pode ser um retângulo, e ainda nenhuma delas

responderam que tipo de quadrilátero ABCD pode ser.

Na questão 13, cinco alunas (Débora, Rafaela, Daniela, Franciele e Beatriz) erraram, pois

responderam que não se pode afirmar que todo retângulo é também um paralelogramo.

Apenas uma justificou sua resposta, a qual segue abaixo.

DANIELA: Porque há a possibilidade de seus lados terem a mesma medida e então será

quadrado.

Sendo assim sua justificativa indica que ela não domina o aspecto conceitual, não sobe o

conceito de paralelogramo e ainda não relaciona as diversas propriedades de uma figura,

(quadrado é um tipo particular de retângulo).

Nas questões 14, 15, 16 e 17 não foram respondidas por 5 alunas, o que não nos permite

analisar os tipos de erros.

Levando em conta as informações obtidas no 1º encontro, notamos que as alunas têm

dificuldade quanto aos conceitos geométricos, pois na maioria das vezes se valeram apenas do

aspecto figural, o que foi mencionado por Fischbein (1993, apud Passos) que destaca que a

dificuldade dos alunos em manipular objetos geométricos, não levando em conta o aspecto

conceitual mediante restrições do desenho, constitui-se uma das maiores dificuldades no

93

aprendizado em Geometria. Para o autor as condições figurais do desenho passam

desapercebidas do controle conceitual.

Como dissemos anteriormente, com relação às dificuldades no gerenciamento do computador

e no manuseio do software Cinderella, faremos uma análise das principais dificuldades

levando em conta todos os encontros e quanto às dificuldades relacionadas aos conceitos

geométricos, dada sua relevância ao trabalho, faremos uma análise a cada encontro, para

posteriormente podermos analisar os resultados de todos os encontros.

4.3.2 Dificuldade no gerenciamento do computador

Poucas foram às dificuldades encontradas pelas alunas no que diz respeito ao gerenciamento,

visto que na entrevista inicial todas disseram tem alguma noção de informática, mas ainda

algumas dificuldades surgiram como:

-Localizar e abrir programas;

- Manipular arquivos e pastas no gerenciador de arquivos;

- Salvar e nomear arquivos em pastas pré-determinadas.

Essas dificuldades foram rapidamente superadas já nos dois primeiros encontros.

4.3.3 Dificuldades no domínio do software Cinderella

Durante a realização das atividades notamos que algumas dificuldades principalmente nas

primeiras atividades foram comuns à maioria das alunas, como por exemplo:

- Mudar de ferramenta

94

Inicialmente explicamos algumas ferramentas dispostas em ícones na barra de menu e

pedimos para as alunas criassem alguns pontos e depois tentassem movê-los. A aluna Débora,

por exemplo, depois de fazer vários pontos clica sobre um deles para tentar movê-lo, mas o

que acontece é que surge outro ponto, a aluna fica clicando e novos pontos vão sendo

desenhados. Nesse momento explicamos a necessidade de mudar de função

Essa é uma das dificuldades mais presentes para quem está iniciando no software Cinderela, o

que também acontece com outros softwares de Geometria Dinâmica. Isso acontece porque,

enquanto o aluno não mudar de ferramenta, cada vez que clicar na tela estará reproduzindo a

última ferramenta selecionada.

- Apagar objetos

Para apagarmos um objeto construído no Cinderella é necessário primeiro selecioná-lo, para

isto devemos ativar a ferramenta selecionar objeto e depois clicar sobre o objeto e em

seguida clicar sobre a ferramenta deletar elementos selecionados .

O que a maioria das alunas fez inicialmente foi tentar selecionar o objeto apenas clicando

sobre ele e depois clicando no teclado na função delete. Esse procedimento é compreensível

visto que na maioria dos programas mais utilizados pelas alunas como Microsoft Word e

Excel é esse o procedimento mais usado para excluir alguma coisa.

- Construir figuras estáveis

Para construir figuras estáveis, ou seja, figuras que ao serem movimentadas são se desfaçam é

necessário que no momento da construção os pontos que unem os objetos sejam marcados de

maneira a pertencer a essa figura e não apenas no plano visual, mas por meio de propriedades

95

geométricas específicas. Geralmente esses pontos são determinados como ponto de

interseção.

Quadro 3: Construção de um Triângulo Qualquer

CONSTRUÇÃO DE TRIÂNGULO QUALQUER

Débora constrói um triângulo usando a interseção de três retas.

Pedimos para movimentar os vértices e os lados do triângulo.

Primeiro Débora não havia colocado um ponto num dos vértices, logo não era possível movê-lo, segundo quando moveu o ponto vértice B, o suposto vértice A passou a não fazer mais parte do triângulo, o mesmo acontecem quando tenta mover o ponto A.

Quando Débora movimenta um dos lados do triângulo, a figura pode deixar de ser triângulo no plano visual do Cinderella.

Obs: Para que o ponto A fosse de fato vértice do triângulo seria necessário defini-lo como ponto de conexão, ou usar na barra de menu clicar em: propriedades editar aparência fixar

ponto.

96

Quadro 4 - Construir figuras que mantenham propriedades que as definem

CONSTRUÇÃO DE UM TRIÂNGULO RETÂNGULO

Quando solicitamos que as alunas construíssem triângulos retângulos dissemos: Construam um triângulo retângulo de tal forma que o movimentando sempre continuará sendo triangulo retângulo.

Cristina construiu um triângulo e quando fez o movimento dos vértices ele deixou de ser retângulo.

Fomos verificar na barra de menu opção Modos texto de

construção onde aparecem todos os passos feitos na construção e observamos que a aluna construiu um triângulo qualquer, mediu os ângulos e moveu um dos vértices até que a medida fosse 90º. Assim a condição do triângulo ter um ângulo de 90º não foi estabelecida no momento da construção

O Cinderella permite ao aluno arrastar e movimentar objetos construídos, no entanto devemos

observar que a movimentação depende das propriedades e vínculos estabelecidos com os

objetos da construção. No exemplo acima a aluna desejava construir um triângulo retângulo

mais não fez a construção usando a condição de que ao movimentar o triângulo ele deveria

continuar sendo retângulo, ou seja, não construiu inicialmente levando em consideração o

97

conceito. Embora já tivéssemos no primeiro encontro feito explicações sobre o Cinderella

com atividades onde deveríamos fixar uma dada característica que não fosse desfeita sob

qualquer movimento oferecido pelo software.

Para que o triângulo sob qualquer movimento continuasse sendo retângulo, uma das maneiras

seria de usar a condição de reta perpendicular ou usar ângulo fixo de 90º.

Neste momento devemos destacar a presença de figuras prototípicas, pois quando solicitadas a

construir um triângulo retângulo todas construíram um lado paralelo ao plano da tela do

computador.

Assim mostramos na tela do computador vários triângulos retângulos que se encontravam em

outras posições que não as geralmente encontradas nos livros, e percebemos que mesmo

vendo que um dos ângulos mediam 90º, algumas alunas ficaram em dúvida na hora de

responder se o triângulo era ou não um triângulo retângulo, como no caso abaixo.

98

Quadro 5: Construção de um Triângulo Isósceles

CONSTRUÇÃO DE UM TRIÂNGULO ISÓSCELES

Quando solicitamos que as alunas construíssem triângulos isósceles de tal forma que sob todos os movimentos possíveis no plano o triângulo continue sendo isósceles, a aluna Cristina construiu um triângulo e quando fez o movimento dos vértices ele deixou de ser isósceles.

Usando uma ferramenta bastante útil para o professor que é texto

de construção tivemos o texto ao lado, onde podemos verificar que a aluna construiu dois segmentos e depois fez a medida e movimentou os pontos até que os lados AB e AC tivessem a mesma medida e em seguida definiu o segmento BC, assim a condição de dois segmentos com mesma medida não fazia parte da condição de existência do triângulo.

99

Quadro 6: Construção de um Quadrado

CONSTRUÇÃO DE UM QUADRADO

Quando solicitamos que as alunas construíssem um quadrado ocorreu o mesmo problema no caso do triângulo. A aluna Daniela construiu um quadrado, mas quando fizemos o movimento dos vértices ele deixou de ser quadrado.

100

Reforçamos às alunas, que o desenho associado ao objeto geométrico desempenha um papel

fundamental na formação da imagem mental, ou da visualização, devendo ficar claro que o

desenho é apenas uma instância física de representaçõeses do objeto, como afirma Fischbein.

Faremos, agora a partir do 2º encontro uma discussões das dificuldades relacionadas à

geometria em cada um dos encontros, pois as atividades utilizando o software Cinderella

foram iniciadas a partir do 2º encontro:

2º ENCONTRO

Atividades planejadas: criar ponto; medir distância entre dois pontos; criar retas; criar semi-

reta; criar segmento de reta; criar circunferência. (atividades 1 a 11 do apêndice C)

Objetivos das atividades: familiarizar as alunas com os comandos básicos do Cinderella;

conceito de reta, semi-reta e segmento de reta, conceitos de circunferência e raio.

Mediante as discussões durante as primeiras atividades, notamos que maioria das alunas

sabia, ao menos pela representação, o que era reta, semi-reta e segmento de reta. Por exemplo,

quando questionadas sobre os conceitos de reta, semi-reta e segmento de reta as respostas

foram:

Reta:

- CRISTINA: é uma linha que vai para frente e para trás.

- TATIANA: Não tem fim.

-BEATRIZ: No infinito, não é?

-CISTINA: É uma linha que não tem começo e nem fim.

101

Semi-reta:

-RAFAELA: é uma reta que tem começo mais não tem fim.

Segmento de reta:

- CRISTINA: é uma reta que tem começo e fim

Dada a discussão acima chamamos a atenção das alunas da necessidade de utilizarmos termos

apropriados à geometria e aos conceitos envolvidos para que não exista a possibilidade de

termos interpretações incorretas, o que não implica na utilização de termos complicados mais

sim que não ofereçam interpretações incorretas.

Para ilustrar o fato lemos à definição de semi-reta e segmento de reta num livro4 da 1ª série do

Ensino Fundamental. A escolha do livro se deu pelo fato do mesmo ser utilizado na maioria

das Escolas Públicas Estaduais.

As definições encontradas no mencionado livro foram:

Chama-se segmento de reta a linha aberta simples que representa o caminho mais curto entre

os pontos A e B de um plano. Indica-se: AB .

Prolongando o segmento AB indefinidamente, nos dois sentidos, obtemos uma reta.

4BONJORNO. R. A. Matemática pode contar comigo; São Paulo: FTD, 2001.

102

A reta não tem extremidades. Ela é ilimitada nos dois sentidos e pode ser indicada por r ou

AB .

Quando marcamos um ponto sobre uma reta, esse a divide em duas partes. Cada uma dessas

partes é ilimitada num só sentido e, por isso, é chamada de semi-reta.

Terminando a leitura, as alunas comentaram que os termos utilizados são muito complicados,

e ainda confusos.

Nesse momento chamamos a atenção das alunas para o cuidado com a linguagem utilizada,

pois em algumas situações o professor na busca por definir algo faz uso de termos ou

expressões que os alunos também não sabem o que significa, como no exemplo acima, e ainda

da necessidade de utilizar outros livros para material de apoio, pois mesmos os livros podem

trazer alguns equívocos.

“Prolongando o segmento AB indefinidamente, nos dois sentidos, obtemos uma reta”.

Para que o aluno consiga entender o conceito de reta é necessário que ele saiba termos como:

prolongamento, indefinidamente e sentidos.

Na seqüência propusemos as atividades 7, 8, 9 10 e 11 com o objetivo de evidenciar os

conceitos ligados à circunferência como centro, raio e diâmetro. As atividades foram

resolvidas sem grandes dificuldades.

Ao final do 2º encontro, assim como dos seguintes pedimos as alunas para que respondessem

uma ficha de análise dos encontros na qual as alunas disseram não ter dificuldade na

resolução das atividades, e ainda que já conheciam os conceitos de geometria envolvidos nas

atividades. Algumas alunas sugeriram uma apostila com os passos necessários para as

103

construções, mas como gostaríamos que as construções fossem feitas por meio das discussões

do grupo achamos melhor não atender esta sugestão.

3º ENCONTRO

Atividades planejadas: discussão sobre o conceito de ângulo e polígono; construir ângulos;

medir ângulos; traçar bissetriz de um ângulo; classificar um ângulo quanto a sua medida;

construir polígono; classificação dos polígonos. (atividades 12 a 19 do apêndice C)

Objetivos das atividades: Propiciar as alunas à exploração do conceito de ângulo, polígono e

medidas de ângulo e polígonos.

Como algumas alunas haviam mencionado, na ficha de análise do encontro anterior, que

gostariam de uma apostila definindo as funções utilizadas para cada construção, iniciamos o

encontro dizendo a elas que o nosso objetivo era que as construções fossem realizadas

segundo as discussões e sugestões do grupo e que ao afinal do curso poderíamos dar uma

apostila com as principais funções do Cinderella e uma das maneiras de fazer as construções

das atividades propostas.

Iniciamos o encontro questionado as alunas sobre o que é um polígono, mas ninguém soube

responder. Quando pedimos que prestassem atenção para o significado do nome é que

algumas alunas disseram que deveria se tratar de uma figura com vários ângulos.

BEATRIZ: - Poli quer dizer vários.

CRISTINA: - É uma figura com vários ângulos.

Notamos aqui dúvidas sobre o termo polígono, mas chegaram num consenso que polígono se

trata de uma figura formada por vários ângulos.

104

Questionamos então: O que é um ângulo?

CRISTINA: É a distância entre duas retas

Nesse momento utilizando o quadro fizemos o desenho abaixo e questionamos qual era o

ângulo entre as retas r e s

CRISTINA: Mas elas têm que se encontrarem.

TATIANA: Elas têm que ter um ponto em comum, (faz o gesto com duas canetas).

RAFAELA: É a distância entre duas retas que têm um ponto em comum.

Professora: Como se chamam duas retas que têm um ponto em comum?

DÉBORA: Perpendiculares.

CRISTINA: Não, perpendiculares são retas que têm um ângulo de 90º, e não precisa ter 90º

para terem um ponto em comum.

Como ninguém se lembrava do nome dado as retas que tem apenas um ponto em comum,

dissemos que retas que têm um ponto em comum são chamadas retas concorrentes:

CRISTINA: Então ângulo é a distância entre duas retas concorrentes

Observamos que a expressão “distância entre duas retas” permanece, e todas as alunas então

concordam com a definição dada por CRISTINA. Então valendo-nos de Pais (1996) que

105

menciona existirem quatro elementos fundamentais que intervém no processo de ensino e

aprendizagem da Geometria euclidiana plana e espacial que são: objeto, desenho, imagem

mental e conceito, pedimos para que desenhassem duas retas concorrentes, fizeram um

desenho do tipo abaixo.

Professora: Como vocês disseram que o ângulo é a distância entre duas retas, usem a

ferramenta medir distância entre retas e verifique o resultado.

BEATRIZ: Mas não tá medindo nada!

Professora: Será então que ângulo é a “distância” entre duas retas? No desenho de vocês a

distância entre as retas é sempre a mesma?

CRISTINA: Não é essa distância reta, é uma curva.

Professora: Ângulo pode ser entendido como reunião de duas semi-retas de mesma origem, e

que no caso do desenho construído por elas haviam dois ângulos.

Propusemos então que usassem a ferramenta “medir ângulo” que foi realizado sem nenhum

problema. Na seqüência realizaram as atividades 13 a 15.

Falamos que dependendo da medida do ângulo ele recebe um nome. A aluna CRISTINA disse

que se lembrava apenas do ângulo reto, que é o que têm medida de 90º.

106

TATIANA: Têm também o ângulo agudo, agora não sei se é o ângulo maior que 90º ou

menor.

BEATRIZ: Eu acho que o ângulo agudo é o ângulo com menos de 90º, mais não me lembro o

nome do ângulo com mais de 90º.

Observação: As alunas nunca usavam a expressão medida igual, maior ou menor que 90º.

Como nenhuma das alunas recordava do nome dado ao ângulo que mede mais de 90º, fizemos

nomeação no quadro:

Ângulo reto é aquele que mede 90º.

Ângulo agudo é aquele mede menos que 90º.

Ângulo obtuso é aquele mede mais que 90º

Ângulo raso é aquele que mede extamente a 180º.

Embora os nomes dados aos ângulos não representam conhecimento mais sim nomenclatura.

Retornamos então a discussão inicial sobre o que é um polígono, e então disseram novamente:

pelo nome é uma figura com vários ângulos. Concordamos de fato a palavra é de origem

grega onde poli=muitos e gono=ângulos e dissemos que conforme um livro da quinta série5:

Polígonos são formas geométricas planas que só tem lados retos

Questionamento: Os desenhos abaixo são polígonos?

5 IMENES, L. Matemática, São Paulo: Scipione, 1997

107

BEATRIZ: Não porque duas não tem lados retos, outros duas não são planas e uma era aberta.

Sugerimos então construíssem vários exemplos de polígonos usando a ferramenta definir um

polígono , e outra usando seguimento de retas. (atividade 18)

A necessidade de uma definição mais precisa o que não aconteceu no caso acima.

Depois da realização da atividade 18, comentamos que os polígonos podem ser côncavos ou

convexos, explicando cada situação e que nosso estudo agora se dirigiria aos polígonos

convexos.

Continuando as atividades do encontro, dissemos que alguns polígonos tem nomes especiais,

dependendo do número de lados.

CRISTINA: Com 3 lados é triângulo, com 4 é quadrado ou retângulo.

TATIANA: Não, pode ser outra coisa também, e fez o desenho no ar de um trapézio.

DANIELA: Então como pode ser chamada todas as figuras de quatro lados?

108

PROFESSORA: Pensem bem no termo “quatro lados”.

CRISTINA: Já sei, é quadrilátero.

Nesse momento, por meio de discussões construímos a tabela abaixo, sempre dando

significado aos nomes dos polígonos.

NÚMERO DE LADOS NOME DO POLÍGONO

3 triângulo

4 quadrilátero

5 pentágono

6 hexágono

7 heptágono

8 octógono

9 eneágono

10 decágono

Algumas alunas comentaram que nunca tentaram entender o por quê dos nomes dos

polígonos, ou seja, fazer uma relação entre o nome e as características do polígono, apenas

decoravam e, portanto depois de algum tempo esqueciam. Ressaltamos então, da necessidade

de estabelecer um significado aos nomes das figuras geométricas, pois cada nome tem seu

significado e que isso deve ficar muito claro para os alunos.

Com base nos comentários acreditamos que os professores dessas alunas provavelmente não

estabeleceram o significado dos nomes dos polígonos, assim como de outras figuras

geométricas, e que talvez essas alunas provavelmente fariam o mesmo com seus alunos.

109

Comentamos ainda com as alunas que levando em consideração o tempo do curso e ainda do

resultado do pré-teste concentraríamos nossas atividades no estudo dos triângulos e

quadriláteros

Da forma com que desenvolvemos as atividades, veremos na análise, que ajudou as alunas a

desenvolverem suas capacidades de interpretar representações gráficas e da associação à

imagem mental e refletir sobre os conceitos de modo crítico.

Fischbein (19936, apud PASSOS, 2000), diz que o que caracteriza o conceito é o fato de que

ele expressa uma idéia, uma representação geral, ideal de uma classe de objetos, baseado em

seus traços comuns.

Refletindo sobre as discussões relatadas à respeito dos conceitos (ângulo, retas, polígonos)

possibilitamos situações para que as alunas refletissem sobre o conhecimento que tinham e

tentassem reelaborá-los.

4º ENCONTRO

Atividades planejadas: discussão sobre posição relativa entre duas retas; construição de

retas paralelas, perpendiculares; construção de triângulos, soma dos ângulos internos de um

triângulo, construção e classificação de um triângulo quanto à medida dos ângulos;

(atividades 20 à 28 do apêndice C)

6 FISCHBEIN. E. The Theory of figural concepts. Education Studies in Mathematics. Netherlands, Kluwer Academic Publishers, 1993.

110

Objetivos das atividades: Propiciar as alunas à exploração do conceito posição relativa de

retas, triângulos; classificação de triângulos.

Retomando também a discussão da situação em que duas retas podem se encontrar

escrevemos:

- Duas retas paralelas mantêm entre si a mesma distância; não possuem pontos em comum.

- Duas retas concorrentes possuem apenas um ponto em comum.

- Quando duas retas formam um ângulo reto, isto é, um ângulo de 90º, são chamadas retas

perpendiculares.

Questionamos: Duas retas perpendiculares também são concorrentes?

TATIANA: Duas retas perpendiculares também são concorrentes, pois se formam um ângulo

reto tem um ponto em comum.

Nesse momento percebemos que a aluna Tatiana não precisou fazer uma representação das

retas para responder, mais sim se valeu de uma imagem mental, ou seja, por meio da

visualização conseguiu perceber que uma propriedade pode decorrer da outra.

Dando procedimento à aula propusemos as atividades 21, 22 e 23.

Como já havíamos realizadas atividades com relação ao conceito polígonos, ângulos e retas,

iniciamos as atividades relacionadas aos triângulos. Para tanto propusemos às alunas que

desenhassem um triângulo qualquer, chamando a atenção para que não esquecessem que sob

qualquer movimento o desenho deve continuar a ser um triângulo.

111

Todas as alunas construíram um triângulo, mas no momento em que foram mover os vértices,

em alguns casos os desenhos deixaram de ser triângulo, como foi o caso da DÉBORA pois ela

não estabeleceu a condição de que os pontos deveriam pertencer a interseção das retas ou

segmento de retas, o que na verdade foi um erro quanto à utilização do software já relatado

anteriormente. Percebendo a dificuldade das alunas propusemos a atividade 24 que foi

realizada sem dificuldades.

Em seqüência propusemos que fizessem a medida dos ângulos internos do triângulo que

haviam construído e depois sua soma. Antes de fazer à atividade a aluna Cristina comenta:

CRISTINA: Vai dar 180º !

TATIANA: É verdade, disso eu me lembro.

Mesmo após estas afirmações pedimos que depois de realizada a soma dos ângulos,

movessem os vértices do triângulo e observassem o que acontecia com a soma dos ângulos.

Todas verificaram que a soma não se alterava, verificando que a soma dos ângulos internos de

um triângulo qualquer é sempre 180º.

Nosso objetivo com essa atividade era além da verificação da soma dos ângulo internos do

triângulo, mas que esse fato colaborasse para compreenderem as condições estabelecidas na

classificação dos triângulos quanto a medida dos ângulos internos, como descrevemos abaixo.

Comentamos que de acordo com certas características os triângulos têm nomes especiais, e

que essa classificação é feita de duas maneiras, quanto à medida dos lados e quanto à medida

dos ângulos internos e que iniciaríamos pela classificação quanto à medida dos ângulos.

CRISTINA: triângulo retângulo, é o que tem ângulo reto, agora os outros não me lembro.

112

Professora: Então o nome está relacionado ao nome do ângulo, ou seja, triângulo retângulo

está relacionado ao fato de ter um ângulo reto. E os outros? Quais os nomes dos ângulos com

medidas diferentes de 90º? Será que tem alguma relação com o nome do triângulo?

Propusemos então fazermos o registro no quadro com relação ao nome do triângulo e a sua

característica. Quando questionadas novamente sobre o triângulo retângulo CRISTINA diz

novamente a definição anterior, questionamos então a necessidade de escrever se um triângulo

retângulo tem apenas um ou pelo menos um ângulo reto.

BEATRIZ: Pelo menos um.

Professora: É possível ter dois ângulos retos?

DANIELA Acho que é.

Professora: Se dois ângulos forem retos, quanto dá a soma só desses dois?

DÉBORA: Já dá 180º e ainda tem o outro, e como a soma dos ângulos internos é sempre 180,

não pode um triângulo ter mais de um ângulo reto.

Então fomos registrando no quadro, e tivemos:

Triângulo retângulo é um triângulo com um ângulo reto (90º).

Os outros nomes ninguém se lembrava, pedimos então para que, como no caso do triângulo

retângulo, fizessem uma analogia ao nome do ângulo e que para facilitar diríamos o nome do

triângulo e elas iriam justificando.

Quando mencionamos o triângulo obtusângulo, todas concordaram que estava relacionado ao

ângulo obtuso.

113

CRISTINA: O triângulo obtusângulo é aquele que têm ângulo obtuso.

Questionamos: três, dois ou um ângulo obtuso?

CRISTINA: Acho que só pode ser um se não só a soma de dois já ultrapassa 180º.

A aluna recorre a um resultado anterior para estabelecer relações.

Professora: De fato.

Triângulo Obtusângulo: é um triângulo que tem um ângulo obtuso.

Professora: Triângulo acutângulo?

TATIANA: Tem ângulo agudo, que é aquele que é menor que 90º.

Professora: Todos os ângulos, dois ou um?

BEATRIZ: Bom, acho que pode ter um, dois ou os três.

CRISTINA: Mas se o triângulo tiver somente um ângulo agudo os outro dois serão ou reto ou

obtuso, e a gente viu que não se um for obtuso ou reto os outros terão que ser agudos e

também se um for reto é triângulo retângulo, se for obtuso é triângulo o obtusângulo e não

acutângulo.

Todas as alunas concordam com a Cristina,

Percebemos que a verificação da soma dos ângulos internos, serviu para a aluna conseguir a

classificação dos triângulos quanto à medida dos ângulos, Além disso não podemos deixar de

notar o bom raciocínio lógico, ou seja, a decorrência das propriedades.

Triângulo Acutângulo: é um triângulo que tem os três ângulos agudos

114

As alunas perceberam então a necessidade de termos atenção à definição, pois muitas vezes a

palavra tem um ou apenas um dado ângulo pode fazer muita diferença.

Propusemos a atividade de construir um triângulo retângulo, um triângulo acutângulo e um

triângulo obtusângulo, de modo que, sob qualquer possibilidade de movimento oferecido pelo

software os respectivos triângulos não perdessem as características, ou seja, o triângulo

retângulo não deixasse de ser retângulo, e o mesmo com os triângulos acutângulo e

obtusângulo.

Nessa atividade não percebemos nenhuma dificuldade quanto aos conceitos geométricos, as

maiores dificuldades se deram na utilização do software visto que existia a necessidade de

fixar a medida de alguns ângulos e a algumas construíram um triângulo qualquer para depois

movimentar algum vértice até que as medidas fossem as pretendidas. Por isso, qualquer

movimento fazia com que esta característica fosse perdida.

O relato acima evidencia que algumas alunas ainda estão dando ênfase ao aspecto figural em

detrimento do conceitual.

Para que as alunas conseguissem construir os triângulos de forma a não perder a propriedade

que o classifica, propusemos as atividades 27 e 28.

Na elaboração da seqüência das atividades bem como na discussão com as alunas levamos em

conta elementos fundamentais que intervém no processo de ensino e aprendizagem da

geometria euclidiana citado por Pais (1996), que são: conceito, desenho e imagem mental.

Neste encontro utilizamos vários tipos de representação, como desenhos, gestos, linguagem

entre outras manifestações para que assim pudéssemos contribuir para a formação da imagem

mental e do conceito.

115

5º ENCONTRO:

Atividades planejadas: responder questões referentes a alguns quadriláteros, construção de

quadriláteros, de paralelogramo (atividades de 29 a 39 do apêndice C).

Objetivos das atividades: Propiciar as alunas à exploração do conceito quadrilátero e suas

classificações; verificar se as alunas se valiam do aspecto figural ou conceitual de alguns

quadriláteros.

Iniciamos o a discussão sobre o que era um quadrilátero, e todas concordaram que era uma

figura de quatro lados, então fizemos o seguinte desenho.

Então concordaram que deveríamos dizer que é uma figura fechada de quatro lados.

Chamamos atenção novamente para a necessidade de usarmos os termos corretos e

novamente procuramos a definição de quadrilátero num livro de 4ª série e a definição que as

alunas acharam mais conveniente foi de:

Quadrilátero é um polígonos convexos de quatro lados.

Devemos chamar atenção para a definição dada pelo livro em que a condição de ser convexo

não faz parte da definição de quadrilátero

Como já havíamos discutidos os termos polígonos, e convexos, somente os relembramos.

116

Comentamos então que alguns quadriláteros podem ser agrupados porque partilham

propriedades particulares. Esses quadriláteros especiais possuem nomes para identificá-los,

são eles: trapézio, paralelogramo, retângulo, losango e quadrado.

Questionamos se elas se lembravam da definição de algum deles:

DÉBORA: Quadrado é o que tem os lados iguais.

DANIELA: E o retângulo é o que tem lados diferentes.

TATIANA: O trapézio tem um lado que é paralelo ao outro.

CRISTINA: Paralelogramo tem a ver com lados paralelos.

Nesse momento anotamos num lado do quadro as falas acima sem que fizéssemos nenhum

comentário sobre eles.

Professora: A Cristina disse que paralelogramo tem a ver com lado paralelos, de fato, mas a

definição é: Paralelogramo é um quadrilátero em que os lados opostos são paralelos.

Professora: Desenhe, utilizando o Cinderella, um paralelogramo.

Todas as alunas desenharam um retângulo. Questionadas se existem outros tipos de

paralelogramos que elas conhecessem, disseram o quadrado. Perguntei o que o quadrado e o

retângulo haviam em comum e a DANIELA respondeu que tinham 4 lados, os lados opostos

paralelos, mas a aluna CRISTINA acrescentou que tanto o quadrado quanto o retângulo

tinham os quatro ângulos retos. Chamamos então a atenção de que ter ângulos retos não era

uma condição necessária para ser um paralelogramo. Então pedimos para que construíssem

um paralelogramo que não fosse o quadrado nem o retângulo. Várias alunas não souberam o

117

que fazer. Desenhamos então um paralelogramo no quadro e pedimos para que o construísse

no Cinderella (atividade 31).

Nesse momento devemos ressaltar a força dos desenhos prototípicos e do não equilíbrio entre

o conceito e a figura, visto que mesmo considerando a definição recorreram a desenhos

prototípicos e não conseguiram utilizar o conceito.

Antes de discutirmos especificamente sobre as propriedades de retângulo, quadrado e losango

pedimos para que as alunas respondessem por escrito as seguintes perguntas.

1) Qual a diferença que existe entre um quadrado e um retângulo?

2) O que o paralelogramo tem em comum com o retângulo?

3) Quais as diferenças entre quadrado e losango?

Nossa intenção era fazer um comparativo entre as respostas obtidas antes e depois das

atividades programadas em seqüência, em razão disso recolhemos as respostas e não fizemos

nenhum comentário sobre elas.

Professora: Construa um retângulo.

Não comentamos sobre as respostas e nem qual sua finalidade, e encaminhamos as atividades

de construção de quadrado e retângulo.

Professora: Quais as propriedades do retângulo?

CRISTINA: O retângulo tem todos os ângulos retos e dois lados paralelos iguais.

A aluna quis dizer lados paralelos de mesma medida.

118

Professora: Então construa um retângulo.

Embora notemos que as alunas reconheceram o que era um retângulo e souberam facilmente

estabelecer as condições de lados paralelos e ângulos retos, a maioria antes de iniciar a

construção se questionou sobre como fazer para que os lados opostos ficassem relacionados

de forma a terem a mesma medida. Nesse momento relembramos sobre como construíram um

triângulo eqüilátero, ou seja, como estabeleceram a relação entre as medidas dos lados e que

nesse caso o processo era o mesmo. Como algumas ainda não haviam conseguido propusemos

a atividade 32.

Quando questionadas se o retângulo que haviam construído, de alguma maneira, poderia se

tornar um quadrado, uma das alunas menciona que para isto bastava deixar as medidas dos

lados todas iguais. Sugerimos assim que movimentassem o retângulo que haviam construído,

de forma que deixassem com os lados com a mesma medida.

Todas as alunas conseguiram, por meio dos movimentos oferecidos, obterem um quadrado.

Como as alunas construíram um desenho de retângulo dentro de princípios geométricos, por

meio de movimento puderam obter uma família de representantes onde um deles pode ter os 4

lados com mesma medida, o que significa que “ter lados diferentes” não é característica do

retângulo. Com base no resultado obtido poderíamos dizer que um quadrado é um retângulo

com lados de mesma medida. No entanto não fizemos esse comentário, visto que ao final do

encontro as alunas responderiam novamente às questões propostas no início do encontro.

Em seqüência perguntamos o que era um losango, e obtivemos as seguintes respostas:

CRISTINA: É um quadrilátero com a ponta para baixo.

TATIANA: Parece uma pipa.

119

DÉBORA: É um quadrado torto.

Antes de refletirmos sobre as questões levantadas, pedimos para que as alunas construíssem

um paralelogramo com lados de mesma medida, e todas construíram um quadrado. Assim

comentamos que de fato o quadrado atende as condições pedidas mas será que só o quadrado

atendia à aquelas condições?

Chamamos a atenção de que as condições dadas acima eram a definição de losango e

escrevemos:

Losango é um paralelogramo com lados de mesma medida.

CRISTINA: Então quadrado e losango é a mesma coisa?

Professora: Qual a definição de quadrado?

CRISTINA: É um paralelogramo, com lados de mesma medida e os 4 ângulos com mesma

medida. Então a definição é diferente e o desenho é igual?

BEATRIZ: Então o quadrado tem uma condição a mais que é ter ângulos retos.

Então utilizando o Cinderella construímos um quadrado fizemos o movimento de rotação e

perguntamos: e agora o desenho deixou de ser um o quadrado, se tornou um losango?

DÉBORA: A aparência é de um losango, embora também seja um quadrado.

BEATRIZ: Então por essa definição esse desenho obtido pode representar um quadrado e

também um losango. É um quadrado porque tem os lados iguais e os ângulos retos e é

também losango, pois pela definição acima é um paralelogramo e tem lados com mesma

medida.

120

A aluna percebeu que o quadrado é um tipo particular de losango, ou seja, atende todas as

condições e ainda tem outras características.

Mencionamos que existe uma propriedade que diz: Em todo paralelogramo os ângulos

opostos são congruentes. Não realizamos uma demonstração rigorosa apenas justificamos a

propriedade e relembramos o que são ângulos opostos. Logo, como o losango é um

paralelogramo, seus ângulos opostos tem mesma a medida, que não necessariamente devam

ser de 90º.

Professora: E todo losango também pode ser um quadrado?

BEATRIZ: Nem todos, só se os 4 ângulos forem de 90º.

A aluna acima conseguiu estabelecer relações entre as propriedades.

Devemos destacar aqui a potencialidade do software, visto que graças ao movimento que o

software possibilitou as alunas puderam perceber a relação de inclusão, onde um quadrado

também pode ser retângulo e ser losango. Mediante as várias formas de representação as

alunas conseguiram obter uma visualização do objeto geométrico. Verificamos assim como

mencionado no capítulo 3 que de fato a representação colabora para a visualização.

Pedimos as alunas para que respondessem por escrito as mesmas perguntas do início do

encontro para que pudéssemos observar se a forma com que realizamos as atividade de fato

haviam contribuído para a aprendizagem.

1) Qual a diferença que existe entre um quadrado e um retângulo?

2) O que o paralelogramo tem em comum com o retângulo?

3) Quais as diferenças entre quadrado e losango?

121

Depois que as questões forem entregue comentamos que conforme as definições temos: que

todo quadrado é retângulo e também losango, ou seja o quadrado é um tipo particular de

retângulo e de losango.

No quadro abaixo mostramos algumas respostas, fazendo uma comparação entre antes e

depois da realização das atividades.

Quadro 7: Respostas obtidas antes e após algumas atividades

RESPOSTAS

QUESTÕES SUJEITOSAntes das atividades Após as atividades

CRISTINA

Enquanto o quadrado tem os

quatro lados iguais, os

mesmos ângulos (todos 90º), o

retângulo possui todos os

ângulos iguais (90º), mas

difere nos lados, possui dois

lados paralelos diferentes.

O quadrado possui os 4

lados com a mesma

medida e os mesmos

ângulos (90º), enquanto o

retângulo possui os

ângulos iguais (90º) e os 4

lados não necessariamente

iguais.

TATIANA

A diferença é que o retângulo

tem dois lados iguais enquanto

que o quadrado tem os quatro

iguais.

É que o quadrado tem que

tem obrigatoriamente os 4

lados com a mesma

medida, enquanto que o

retângulo é obrigado a ter

apenas 2 lados iguais

Qual(is) a diferença que

existe entre quadrado e

um retângulo

BEATRIZ

O quadrado tem mesma

medida dos lados e o retângulo

não.

O quadrado têm os 4 lados

mesma medida , e o

retângulo não

necessariamente.

122

BEATRIZ

Não sei O quadrado precisa ter os

4 ângulos iguais e o

losango precisa ter dois a

dois os ângulos iguais.

TATIANA

Não sei É que o losango pode ter 2

ângulos iguais e 2

diferentes enquanto o

quadrado tem que ter os 4

iguais. Qual(is) a diferença entre

quadrado e losango

FRANCIELE

Os ângulos O quadrado tem os 4

ângulos com a mesma

medida (90º) e o losango

tem 4 ângulos dois a dois

com mesma medida que

pode ser diferente de 90º .

Diante das discussões e das respostas obtidas antes da realização das atividades do encontro,

notamos que as alunas consideravam que as figuras mudavam de classificação mediante

movimentos rígidos, considerados como aqueles movimentos que não alteram a forma inicial

do desenho, apenas a posição no espaço, ou seja, um “losango é um quadrado torto”,

considerando que se um dos lados estiver horizontalmente não será um losango. No momento

em que as alunas movimentaram o desenho do quadrado, perceberam que com as

características não foram alteradas, o desenho passou a ser reconhecido como losango.

Novamente tivemos que recorrer ao conceito, pois as alunas evidenciavam o aspecto figural e

não conceitual.

Verificando as respostas obtidas, embora ainda tivessem alguns erros, acreditamos que da

maneira como realizamos as atividades despertamos nas alunas à necessidade de definir uma

123

figura levando em conta o conceito e não um desenho particular, para que assim conforme

Fischbein consiga ter a noção exata sobre o objeto geométrico.

6º ENCONTRO

Atividades planejadas: classificação dos triângulos quanto à medida dos lados; classificação

dos quadriláteros, condição de existência de um triângulo, questionário de conhecimento

geométrico (pós-teste).

Objetivos das atividades: estabelecer a condição de existência de um triângulo, quanto à

medida dos lados. Avaliar o impacto com relação ao conhecimento geométrico das alunas

após a realização de todas as atividades proposta no curso.

Iniciamos o encontro relembrando a classificação dos quadriláteros e dos triângulos,

recordamos com as alunas a classificação e junto com elas escrevemos no quadro:

Triângulo eqüilátero: possui os 3 lados com mesma medida.

Triângulo isósceles: possui dois lados com mesma medida.

Triângulo escaleno: possui os três lados com medidas diferentes.

Pedimos então para que construíssem um triângulo eqüilátero, um isósceles e um escaleno.

Todas as alunas construíram primeiro o triângulo escaleno e, para a construção do triângulo

eqüilátero, a aluna BEATRIZ lembra que deve ser semelhante à construção do quadrado

quanto a maneira de relacionar a medida dos lados, ou seja, que deveriam usar o raio da

circunferência.

124

Pedimos então que construíssem um segmento AB e traçassem uma circunferência de raio AB

com centro em A e outro com centro em B. Nesse momento a aluna BEATRIZ percebe que o

ponto de interseção das duas circunferências é o outro vértice do triângulo desejado.

BEATRIZ: Esse ponto de interseção está a mesma distância de A e de B, que também é a

distância entre A e B.

As alunas concordam com essa afirmação, e assim pedimos então para que verificassem então

se de fato esse triângulo era eqüilátero. As alunas usando a ferramenta de medir segmento,

mediram os lados e verificaram que tinham mesma medida, em seguido movimentam os

vértices percebendo que o valor das medidas mudam mais continuam sendo iguais.

Realizaram as atividades 34, 35 36 e 37.

Logo após a atividade 37, como nosso objetivo era de que as alunas conseguissem estabelecer

a condição de existência de um triângulo, propusemos que construíssem triângulos com as

seguintes medidas:

a) 5cm, 3cm e 3cm;

b) 6 cm, 2 cm e 3 cm;

c) 4 cm, 5 cm e 6 cm;

d) 4 cm, 2 cm e 2 cm.

Quando as alunas foram resolver o item b comentaram que não dava para construir o triângulo

pois, as circunferência não se encontravam, nesse momento não fizemos nenhum comentário

simplesmente pedimos para fazer os outros itens.

Quando terminaram questionamos quais dos itens não foi possível construir um triângulo e

para que observassem o que havia de comum no medidas onde não foi possível construir um

125

triângulo. Pensaram por alguns minutos e CRISTINA chegou a conclusão de que a soma das

medidas menores devia ser maior que a maior medida, então dissemos que essa era a condição

de existência de um triângulo e escrevemos no quadro: “num triângulo a medida do segmento

maior não pode ultrapassar a soma da medida dos outros dois segmentos”.

Pós-teste: Como esse era o último encontro propusemos às alunas que respondessem as

mesmas perguntas sobre conhecimentos em geometria (pós-teste) que haviam respondido no

primeiro encontro (APÊNDICE B).

4.3. Análise dos resultados no pré-teste e no pós-teste

O teste de conhecimento geométrico foi aplicado no primeiro e no último encontro, com o

objetivo de verificar se houve evolução dos conhecimentos geométricos após a realização do

curso.

As respostas de algumas questões obtidas no pré e pós teste estão no apêndice E.

Algumas respostas do pós teste

Inicialmente tomando apenas o número de acertos, verificamos pelo resultado do pós-teste

(apêndice E) que tivemos bons resultados no que diz respeito ao conhecimento em Geometria,

pois houve um maior número de acertos. Por exemplo, com relação às 5 primeiras questões do

questionário II, que são:

126

No pós-teste as alunas acertaram todas, o que evidenciam que provavelmente se valeram mais

dos aspectos conceituais, o que provavelmente não ocorreu no pré-teste dada a quantidade de

erros cometidos. Fato análogo ocorreu na questão 13,

13- Podemos afirmar que todo retângulo é também um paralelogramo? Por quê?

No pré-teste, cinco alunas responderam que não podemos afirmar que todo retângulo e

também um paralelogramo, enquanto que no pós-teste todas concordaram com a afirmativa.

127

Levando em conta agora os resultados obtidos nas questões 7, 9, 12 e 13, que tratavam de

questões descritivas que estão no apêndice E, relataremos aqui as principais dificuldades e sua

superação levando em conta os fatos de todos os encontros e os resultados do pré e pós-teste.

Dificuldades: as expressões foram retiradas das discussões; das questões 5º encontro e das

respostas do pré-teste do quadro no apêndice E.

1) Uso de expressões incorretas como:

- “ângulo é a distância entre duas retas”.

- “um quadrado tem lados iguais”, querendo dizer que tem mesma medida.

2) Identificar as propriedades mínimas que definem o objeto geométrico, o conceito de objeto

geométrico.

- “quadrilátero é uma figura de quatro lados”, deixando de evidenciar que deveria ter lados

retos e que deveria ser uma figura fechada.

- “quadrado é uma figura com os lados com mesma medida”, não acrescentado que deveria

ter os 4 ângulos retos.

- “losango é um quadrado torto”, não sabendo que este fato estava ligado a não necessidade

de ter ângulos retos, ou seja, para a aluna a diferença estava apenas na posição.

3) Perceber que algumas propriedades são comuns a diversos objetos geométricos.

-“um quadrado pode ser também retângulo?”, a surpresa se deu pois há evidências de que a

aluna se utilizava de desenhos prototípicos como imagens mentais, e não do conceito.

128

- “um paralelogramo não pode ser considerado um retângulo pois se tiver lados iguais será

um quadrado”. Tentando encontrar justificativa para essa resposta percebemos que para essa

aluna (Tatiana) ( apêndice E) o paralelogramo tem 4 ângulos retos e assim se tiver lados

iguais será um quadrado. A aluna teve um raciocínio correto o erro se deu pois atribuiu uma

característica não necessária ao paralelogramo.

Superação: as expressões foram retiradas das discussões, das questões 5º encontro e das

respostas do pós-teste do quadro no apêndice E.

1) Uso de expressões

- “um quadrado tem 4 ladoscom mesma medidas”.

2) Identificar as propriedades mínimas que definem o objeto geométrico, o conceito de objeto

geométrico.

- “quadrado é uma figura com 4 lados com mesma medida, possui 4 ângulos retos(90º)”.

- “losango é um paralelogramo onde os ângulos são dois a dois com mesma medida”.

3) Perceber que algumas propriedades são comuns a diversos objetos geométricos.

-“um quadrado é um paralelogramo”.

- “um paralelogramo pode ser considerado um retângulo pois é um quadrilátero e tem lados

paralelos”.

- “o quadrado é um losango pois é um paralelogramo e tem os lados com mesma medida”.

-“um quadrado é um tipo de retângulo”.

129

- “um retângulo é um paralelogramo com os 4 ângulos retos”.

Tomando como resultado toda análise e discussão sobre os resultados do pré e pós teste,

podemos perceber que houve progresso quanto ao conhecimento em geometria das alunas.

Se relacionarmos os resultados aos níveis de Van Hiele verificamos que inicialmente as

alunas se encontravam basicamente no primeiro e segundo níveis, visto que reconheciam as

figuras principalmente por sua aparência global, não por suas propriedades, o que caracteriza

o primeiro nível. Para Crowley (1994) neste nível o aluno não é capaz de aceitar um quadrado

como um retângulo pois, sua aparência é diferente e descreviam apenas algumas

propriedades. Algumas das alunas conseguiram reconhecer características das figuras, como

que o quadrado tem lados iguais e ângulos retos, mas ainda não relacionavam as diversas

propriedades de uma figura, como: um quadrado não ser considerado um retângulo.

Após a realização das atividades temos características do nível 3, as alunas apresentam

definições mais precisas e condições mínimas que definem um objeto geométrico, e ainda que

uma propriedade pode decorrer da outra. Isso evidencia que as alunas já mobilizam mais

conhecimentos geométricos em suas respostas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sobre o ensino da Geometria e a utilização de software de Geometria Dinâmica os autores que

lemos contribuíram para o desenvolvimento dessa dissertação da seguinte maneira: nos

baseamos em Peres (1994), Lorenzato (1995) e Pavanello (1989, 1993 e 1995), para justificar

a necessidade da recuperação do ensino da Geometria, já que esses autores comentam da

situação de abandono ou omissão do ensino da Geometria no Ensino Fundamental e Médio;

Fischbein (1993), Pais (1996) e Fainguelernt (1999), nos falam sobre as dificuldades próprias

da aprendizagem em Geometria bem como os elementos que interferem no processo de ensino

e aprendizagem em geometria e ainda da utilização da representação para a visualização;

Gravina (1996), Alves (2004), Souza (2002), para justificar a escolha do uso de um software

de Geometria Dinâmica, pois esses autores relatam bons resultados na aprendizagem da

Geometria por meio do uso da informática.

Nossa questão de pesquisa está centralizada então na contribuição do software Cinderella para

a aprendizagem em Geometria, principalmente no que diz respeito à noção de objeto

geométrico, o que para Fischbein (19931, apud Gravina 1996) possui duas componentes, uma

conceitual e outra figural, a harmonia entre estas duas componentes é que determina a noção

correta sobre o objeto geométrico; o uso das representações no auxílio a visualização. Assim

na elaboração do curso para as alunas de Pedagogia levamos em conta a necessidade do

desenvolvimento do conceito, e de acordo com Pais (1996) alguns elementos que intervém na

aprendizagem, no caso utilizamos principalmente o desenho, a imagem mental e o conceito.

1 FISCHBEIN. E. The Theory of figural concepts. Education Studies in Mathematics. Netherlands, Kluwer Academic Publishers, 1993.

131

Para apresentarmos e discutirmos os resultados obtidos com a realização das atividades pelas

alunas, estabelecemos três categorias: dificuldade no gerenciamento do computador,

dificuldades no manuseio do software Cinderella e dificuldades em conceitos geométricos.

No que diz respeito às dificuldades de gerenciamento do computador e do software

observamos que não foram muitas as dificuldades, visto que muitas das dificuldades no

momento da utilização do software estavam relacionadas às dificuldades dos conceitos

geométricos e não propriamente do software Cinderella.

Quanto às dificuldades em geometria percebemos que no pré-teste e nos primeiros encontros,

foram muitas as dificuldades como: tomar o desenho como sendo o objeto geométrico, ou

seja, dificuldades em reconhecer os invariantes de uma figura, e que existe uma classe de

figuras que representam um objeto geométrico.

Podemos constatar, levando em conta o pré e pós-teste que a forma como desenvolvemos as

atividades do curso utilizando o Cinderella, proporcionamos as participantes minimizar suas

dificuldades em Geometria visto que nestes ambientes os conceitos geométricos são

construídos de forma a propiciar um equilíbrio conceitual e figural. Podemos tomar como

exemplo que durante a realização das primeiras atividades as alunas apresentavam um

desequilíbrio entre as componentes conceitual e figural do objeto geométrico, pois

construíram um desenho sem relacioná-lo as suas propriedades, mas apenas satisfazendo o

aspecto visual. Constatamos ainda a constante presença de desenhos prototípicos. Quando

solicitadas a arrastar os elementos do desenho construído, as alunas percebiam a necessidade

de estabelecer condições (que na verdade é levar em conta o conceito) no momento da

construção, o que as levou nas últimas atividades a questionarem quais condições deveriam

ser estabelecidas no momento da construção, ou seja, as condições que definam o objeto

geométrico.

132

Destacamos as potencialidades dos softwares de geometria dinâmica bem como do software

Cinderella como:

Precisão e variedade na construção de objetos geométricos: Para Fichbein (1993, apud

Gravina 1996) o equilíbrio entre a componente conceitual e figural que constituem os objetos

geométricos, determinam a noção correta sobre o objeto geométrico, logo um desenho bem

realizado é de grande importância na formação da imagem mental.

O fato de que a leitura de um desenho ser influenciada por seus aspectos perspectivos, como

por exemplo, desenhos com um lado paralelo à borda da folha de papel ou do monitor do

computador e ainda de traçados de retas que não se prolongam até o ponto de intersecção,

pode ser constatado com a quantidade de erros cometidos pelas alunas no pré-teste na questão

de identificar pares de retas paralelas, o que não ocorreu no pós-teste, podendo assim ter

estabelecido uma harmonia entre o conceito e o desenho.

Exploração e descoberta: Com um desenho construído os alunos podem movimentar e

verificar algumas propriedades por meio da observação dos invariantes geométricos de uma

figura. Conforme Pais (1996) um desenho é de natureza essencialmente concreta e particular e

assim o desafio principal é a necessidade de transpor o próprio desenho, fazendo com o aluno

não identifique no desenho o próprio conceito. Com as figuras em movimento os invariantes

se destacam, o que se torna uma fonte de conjecturas e de busca de entendimento do problema

geométrico em questão. Desta forma, os alunos engajam-se em situações que exigem atitudes

que caracterizam o “pensar matematicamente”: experimentar, conjecturar, testar hipóteses,

desenvolver estratégias, argumentar, deduzir.

Assim, quando com a utilização do software as alunas construíram um desenho de um

retângulo levando em conta apenas as propriedades que o definem (lados paralelos e todos os

133

ângulos retos), através do movimento obtém uma família de representantes, onde um deles

pode ter os quatro lados de mesma medida, concluindo assim que “ter lados com medidas

diferentes” não é característica essencial de retângulo. O mesmo acontece no caso do losango

e do quadrado citado no estudo de caso. Nessa situação ocorre uma interação entre a

visualização e o conhecimento de conceitos e propriedades.

Visualização e a Representação: Discutimos no capítulo 3 a importância da visualização para

o desenvolvimento do pensamento geométrico. As atividades de exploração e descoberta das

propriedades que constituem o objeto geométrico quando realizadas por um processo visual

desencadeado pela representação, possibilitam a formação de noções e conceitos geométricos,

e por tanto na visualização.

Depois que as alunas verificaram certas propriedades, já conseguiam ter uma imagem mental

sem ter que construir um desenho, ou seja, as alunas utilizaram um desenho como auxílio a

um raciocínio mais abstrato. Tomamos como exemplo a citação da Tatiana quando depois de

desenhar duas retas perpendiculares e de termos definido o que são retas concorrentes,

questionamos se duas retas perpendiculares também seriam concorrentes: - Duas retas

perpendiculares também são concorrentes pois se formam um ângulo de 90º tem um ponto em

comum, e assim são concorrentes. Um outro exemplo é quando questionamos se num

triângulo acutângulo poderíamos ter os três, dois ou apenas um ângulo agudo, onde a aluna

Cristina, se valendo das representações utilizadas e ainda da condição da soma dos ângulos

internos de um triângulo responde: se o triângulo tiver somente um ângulo agudo os outro

dois serão ou reto ou obtuso, e a gente viu que não se um for obtuso ou reto os outros terão

que ser agudos e também se um for reto é triângulo retângulo, se for obtuso é triângulo

obtusângulo e não acutângulo.

134

Se relacionarmos os resultados aos níveis de Van Hiele verificamos que há evidências de que

algumas alunas aumentaram do nível 1 e 2 para o nível 3, pois inicialmente as alunas se

encontravam basicamente no primeiro e segundo níveis, visto que reconheciam as figuras

principalmente por sua aparência global, não por suas propriedades, e algumas conseguiram

reconhecer características das figuras, como que o quadrado tem lados iguais e ângulos retos,

mas ainda não relacionavam as diversas propriedades de uma figura, como: um quadrado não

ser considerado um retângulo. No final das atividades temos algumas características do nível

3, que é uma definição mais precisa e as condições mínimas que definem um objeto

geométrico, e ainda que uma propriedade pode decorrer da outra. Reconhecendo a ordenação

de classes das figuras geométricas, como o reconhecimento que o quadrado é também um

retângulo. Assim há evidências de

Acreditamos que a dinâmica oferecida pelo software Cinderella, pode contribuir

significativamente para o desenvolvimento da aprendizagem, mas evidentemente que ao

propormos o uso de softwares de Geometria Dinâmica, não esperamos que todos sejam

convencidos de que seu uso possa solucionar os problemas que envolvem o ensino da

Geometria e nem tão pouco, que as escolas ensinem Geometria utilizando os softwares de

Geometria Dinâmica como uma única estratégia metodológica, dispensando o uso de lápis,

papel, régua, compasso, material manipulável. Mas que se discutam, abram-se novos

horizontes e que a informática seja uma das maneiras, juntamente com outras, a ser utilizada

pelos professores de Matemática como forma de superação das dificuldades de aprendizagem

em Geometria.

135

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139

APÊNDICE A QUESTIONÁRIO I- PERFIL

Nome:_________________________________________________________________ Idade:_________________________________________________________________Curso:_________________________________________________________________Período:________________________________________________________________

1) Cursou o Ensino Fundamental em escola: ( ) Pública ( ) Particular ( ) Pública e Particular

2) Cursou o Ensino Médio em escola: Pública ( ) Particular ( ) Pública e Particular

3) O que motivou-lhe a participar desse curso? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4) Em qual disciplina você sentiu maior dificuldade no Ensino Fundamental e Médio? ( ) Língua Portuguesa ( ) Biologia ( ) Matemática ( ) Química ( ) Ciências ( ) Física ( ) História ( ) Educação Física ( ) Geografia ( ) Nenhuma

5) Você leciona ou lecionou? Em que série (s)? ______________________________________________________________________

6) Durante o Ensino Fundamental e Médio, na disciplina de matemática, você estudou Geometria? ( ) sim ( ) não

7) Se você estudou geometria, quais as palavras ligadas à Geometria que você se lembra: __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________8) Possui experiência em informática? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________

9) Você já teve alguma experiência com o computador no curso? Comente __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

9) Você acha fácil ou difícil manusear o computador? Justifique. __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

140

APÊNDICE B UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

PROGRAMA DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO PARA A CIÊNCIA E ENSINO DE MATEMÁTICA

Mestranda: Rosângela Constantino Nome: ________________________________________________________________

Os exercícios foram adaptados do teste de Van Hiele1

1 Maioli, 2001.

141

6. No triângulo ABCD, as linhas AB e BD são chamadas de diagonais. Assinale a(s) afirmativa(s) para todos os retângulos.

a) Têm 4 ângulos retos b) Têm lados opostos paralelos c) Têm diagonais de mesmo comprimento. d) Têm os quatro lados de mesma medida. e) Todas são verdadeiras

7. Dê três propriedades dos quadrados

1-_________________________________________________ 2-_________________________________________________ 3-_________________________________________________

8. Todo Triângulo isósceles têm dois lados de mesmo comprimento. Assinale a alternativa verdadeira sobre os ângulos do triângulo isósceles. a) Pelo menos um dos ângulos mede 90º . b) Um dos ângulos mede 90º . c) Dois ângulos têm a mesma medida d) Todos os três ângulos têm a mesma media e) Nenhuma das alternativas é verdadeira

9- Dê três propriedades dos paralelogramos

1-_________________________________________________ 2-_________________________________________________ 3-_________________________________________________

10- Dê um exemplo de um quadrilátero cujas diagonais não têm o mesmo comprimento. Desenhe este quadrilátero.

11- Assinale a(s) figuras(s) que pode(m) ser considerada(s) retângulos:

12- Os quatro ângulos A, B, C e D de um quadrilátero ABCD são de mesma medida. a) Pode-se afirmar que ABCD é um quadrado?_______________________________________ b) Por que?____________________________ c) Que tipo de quadrilátero é ABCD?________________________________________

142

143

APÊNDICE C

ATIVIDADES REALIZADAS DO 2º AO 6º ENCONTRO

2º ENCONTRO:

Atividadade1: Criar pontos: Ative a ferramenta criar ponto e clique na tela. Você

estará criando um ponto que já vem nomeado por A. A cada vez que clicar na tela aparecerá

um novo ponto até que selecione outra função. Para apagar um ponto, assim como qualquer

outro elemento, basta selecioná-lo, para isto acione o ícone selecionar elemento e clicar

sobre o objeto e em seguida clicar no ícone deletar elemento selecionado . Para renomear

um ponto devemos inicialmente apagar o nome dado inicialmente pelo próprio software para

isto deve selecioná-lo em seguida na barra de ferramentas clique Propriedades e desativar

rótulos de elemento, assim desaparecerá a letra dado inicialmente, em seguida acione o ícone

adicionar texto e abrirá uma janela e você poderá trocar pela letra desejada.

Atividade 2: Medir distância entre dois pontos: Ative a ferramenta medir distância

na barra do menu e clique sobre um dos pontos e arraste com o mouse até o próximo

ponto o qual se deseja medir a distância. Aparecerá um desenho de uma régua e o valor da

distância que pode ser em 1, cm, mm e polegada. Experimente mover um dos pontos, basta

clicar em mover elemento e clicar sobre o objeto que se deseja mover.

Atividade 3: Criar retas: Ative a função traçar linha através de ponto . Em

seguida, clique na área de construção e movimente o mouse e surgirá uma reta e um ponto.

Para marcar um outro ponto sobre a reta, basta ativar a ferramenta (criar ponto).

Também é possível criar uma reta passando por dois pontos ativando a função traçar linha de

conexão clique em ponto da tela e arraste com o mouse até o outro ponto da tela.

144

Atividade 4: Criar semi-reta: Crie uma reta qualquer e um ponto A para poder “cortar” a

reta e se tornar uma semi-reta devemos ir à barra do menu em propriedades e depois editar

aparência e escolher cortar. Em seguida crie um ponto B sobre a reta original, no momento

em que o ponto e colocado sobre a reta ocorre um corte nela. Para colocar o sinal de seta

esconda o ponto B selecione o “segmento” e na barra dos menus propriedade e em seguida

tipo de seta onde você escolhe o tipo de seta que gostaria de usar para representar o segmento

de reta.

Atividade 5: Criar segmento de reta: Ative a ferramenta adicionar segmento

clique num ponto da tela e deslize com o mouse até onde deseja o segmento, aparecerá o

nome do segmento, o primeiro será s0, o segundo s1 e assim sucessivamente. Para medir o

segmento de reta faz o mesmo procedimento de medida entre dois pontos.

Atividade 6: Criar segmento de reta contido em uma reta: O mesmo procedimento de

criar segmento de reta bastando clicar em cima da reta ao qual se deseja criar o segmento.

Experimente mover o segmento de reta e depois a reta.

Atividade 7: Criar circunferência dado o centro: Ative a ferramenta traçar

circunferência ao redor do centro , clique em um ponto da tela e arraste. Você terá

criado uma circunferência com centro nesse ponto escolhido e raio qualquer. Experimente

mover o centro da circunferência e depois a circunferência, observe e comente os resultados.

145

Atividade 8: Criar circunferência dados o centro e um de seus pontos: Crie os dois

pontos e ative a ferramenta traçar dois pontos e circunferência , clique primeiro no

ponto onde você deseja que seja o centro e arraste com o mouse até o outro ponto no qual

você deseja que pertença a circunferência. Movimente-a e observe os resultados.

Atividade 9: Criar circunferência dados o centro e o raio: Ative a ferramenta traçar

circunferência com raio fixo , abrirá uma janela no qual você digita o valor da medida

do raio, em seguida clique no ponto onde será onde será o centro e surgirá a circunferência

entorno desse ponto com o raio no qual você escolheu. Experimente mover o centro e a

circunferência.

Atividade 10: Esconder objetos: Para esconder um objeto você deve selecioná-lo e, em

seguida, escolher a opção propriedades na barra de menus e seguida opacidade e escolher

invisível.

Atividade 11: Explorando a atividade 1: Tente fazer um desenho usando as ferramentas

que você aprendeu.

3º ENCONTRO:

Atividade 12: : Discussão do conceito de ângulo

Atividade 13: Construir ângulos com medida qualquer: Construa duas semi-retas com

mesma origem. As duas semi-retas criadas formam um ângulo, cujo vértice pode ser

renomeado por O.

Atividade 14: Construir ângulo com medida fixa: Construa uma semi-reta e depois

ative a ferramenta traçar linha com ângulo fixo abrirá uma janela onde você deve digitar

o valor do ângulo desejado e em seguida clique na semi-reta que aparecerá a outra reta que

formará o ângulo desejado. Tente mover as semi-retas, uma de cada vez. Comente os

resultados

Atividade 15: Medir ângulos: Depois de construído um ângulo com qualquer medida,

ative a ferramenta medir ângulo e clique numa das semi-retas e depois na outra e assim

146

aparecerá a medida. Experimente mover as semi-retas, uma de cada vez e observe o valor da

medida.

Atividade 16: Traçar a bissetriz de um ângulo: Construído um ângulo, ative a

ferramenta definir bissetriz e clique numa das semi-retas do ângulo e depois na outra e

imediatamente será traçada a reta bissetriz. Experimente mover a reta bissetriz.

Atividade 17: Classificação dos ângulos:

Atividade 18: Construir polígono: 1º )Usando a ferramenta definir um polígono ,

basta criar quantos pontos queira não colineares, ativar a ferramenta e clicar num ponto e ir

clicando nos outros pontos até que o último clique seja no ponto onde você iniciou a

construção. No momento em que clicar no último ponto, que foi a primeiro a ser selecionado

teremos um polígono.

2º) Usando segmentos: Crie segmentos consecutivos, de modo que a extremidade final do

último coincida com o ponto inicial do primeiro segmento. Você estará construindo um

polígono. Movimente separadamente, cada um dos vértices do polígono.

Atividade 19: Classificação dos polígonos quanto ao número de lados:

Dependendo do número de lados do polígono recebe um nome especial, dê o nome dos

polígonos com:

NÚMERO DE LADOS NOME

3 triângulo

4 quadrilátero

5 pentágono

6 hexágono

7 heptágono

8 octógono

147

9 eneágono

10 decágono

4º ENCONTRO

Atividade 20: : Exploração e discussão sobre a posição relativa entre duas retas

Atividade 21: Traçar reta perpendicular a uma reta dada: Construa uma reta qualquer

e em seguida ative a função traçar linha perpendicular e clique sobre a reta. Se for

necessário que a reta perpendicular passe por um ponto fixo é necessário usar a ferramenta

definir uma linha perpendicular . Experimente mover o ponto de interseção e as retas e

observe.

Atividade 22: Construir paralelas: Crie uma reta qualquer e um ponto fora dela. Ative a

ferramenta definir uma linha paralela e clique no ponto fora da reta e depois na reta.

Experimente mover uma reta de cada vez. Comente os resultados.

Atividade 23: Construir paralelas dada à distância entre elas: Trace uma reta a e crie

uma outra reta perpendicular b a reta a. Marque um ponto sobre a reta b e usando a ferramenta

medir segmento meça o segmento desejado e em seguida arraste o ponto até que o segmento

tenha a medida desejada. Em seguida repita o procedimento de criar retas paralelas passando

por um ponto.

Atividade 24: Construir um triângulo qualquer: Crie um segmento AB, para isto crie

uma reta a e um ponto A e na barra de menu clique em propriedade e corte de linha, e na

seqüência crie o ponto B pertencente a reta (com a função corte de linha ativada, quando

criamos um outro ponto em cima de uma dada reta, na tela aparecerá somente o segmento que

liga os dois ponto e o restante da reta desaparece). Agora crie um ponto C fora do segmento

AB e usando a ferramenta traçar linha de conexão , uma os ponto B e C e C e A. Assim

o triângulo ficará determinado pelos segmentos AB, BC, e CA. Experimente movimentar cada

um dos vértices do triângulo ABC, separadamente, e comente o resultado.

148

Atividade 25: Soma dos ângulos internos de um triângulo: Construa um triângulo

qualquer como na atividade anterior, meça seus ângulos internos e faça a soma. Agora

movimente cada um dos vértices e depois os lados. O que você observa com relação à soma

dos ângulos internos?

Atividade 26: Classificação de um triângulo quanto a medida dos ângulos.

Atividade 27: Construção de um triângulo retângulo. Construa uma reta, faça um

segmento AB, para isto crie uma reta a e um ponto A e na barra de menu clique em

propriedade e corte de linha, e na seqüência crie o ponto B pertencente a reta. Para criarmos o

ponto C podemos fazer uma reta perpendicular ao segmento AB, ou usar a função traçar

linha com ângulo fixo e fixar o ângulo de 90º .

Atividade 28: Construção de um triângulo acutângulo, ou obtusângulo: Basta

proceder de forma análoga a construção do triângulo retângulo usando a ferramenta traçar

linha com ângulo fixo , e fixar o valor desejado.

5º ENCONTRO

Atividade 29: : Responder as questões: :

1) Qual a diferença que existe entre um quadrado e um retângulo?

2) O que o paralelogramo tem em comum com o retângulo?

3) Quais as diferenças entre quadrado e losango?

Atividade 30: Exploração e discussão sobre o conceito de quadrilátero

149

Atividade 31: Construir paralelogramos: Crie um segmento AB e um ponto C, fora

dele. Construa uma reta paralela ao segmento AB contendo o ponto C. Crie o segmento BC e,

pelo ponto A, trace a reta paralela a esse segmento. Marque o ponto de interseção das retas

paralelas construídas, usando a função definir interseção de linhas . Crie os segmentos

CD e DA para completar seu paralelogramo. Meça os quatro lados. Qual a relação entre eles?

Faça o mesmo com os quatro ângulos do paralelogramo. Experimente movimentar cada um

dos vértices e comente os resultados.

Atividade 32: Construir um quadrado. Para construir os quatro ângulos retos, basta usar

a ferramenta de reta perpendicular, ou ângulo fixo. Construa um segmento AB, usando a

ferramenta de criar reta com a modo cortar ativado, assim quando criar o ponto B o restante

da reta desaparece. Construa uma circunferência de centro em B e raio AB,depois uma reta

perpendicular passando por B. Assim o ponto C ficará determinado pela interseção da reta

perpendicular com a circunferência. Faça o mesmo procedimento para obter D. Para finalizar

utilize a ferramenta traçar linha de conexão , entre C e D. O quadrado ficará

determinado pelos segmentos AB, BC, CD e DA.

Atividade 33: Depois de termos feitas atividades com retângulo, quadrado e losango

pedimos para que respondessem novamente as perguntas da atividade 29.

6º ENCONTRO

Atividade 34: Classificação de um triângulo quanto à medida dos lados: Construa um

triângulo eqüilátero, um isósceles e um escaleno.

Atividade 35: Classificar os triângulo: Pedimos para que as alunas abrissem um arquivo

onde havíamos construído uma série de triângulos e usando as ferramentas do software, que

classificassem os triângulos quanto a medida do ângulo e quanto àmedida dos lados.

Atividade 36: Classificar os quadriláteros: Analogamente à atividade 2, usamos em um

arquivo vários quadriláteros onde as alunas deveriam classificá-los.

Atividade 37: Construir triângulos conhecendo a medida dos lados: Construa um

triângulo cujos lados meçam: 6cm, 3cm e 4cm. Inicialmente construa um dos lados do

triângulo (AB) e para fixar a medida construa-o como sendo o raio fixo(6cm) de uma

150

circunferência. Com centro numa das extremidades construa outra circunferência com raio

fixo (3cm) e na outra extremidade um raio fixo de (4cm). Na interseção das circunferência de

raios 3 e 4 temos o vértice C e logo o triângulo ABC fica determinado.

Com o objetivo de estabelecer a condição de existência de um triângulo, quanto a medida dos

lados propomos a atividade 5

Atividade 38: Construir triângulos : Usando o mesmo procedimento da atividade 25

construa um triângulo com as medidas:

a) 5cm, 3cm e 3cm;

b) 6cm, 2cm e 3cm

c) 4cm, 5cm e 6cm

d) 4cm, 2cm e 2cm

Atividade 39: Pós-teste: Como esse era o último encontro propomos às alunas que

respondessem as mesmas perguntas sobre conhecimentos em geometria que haviam

respondido no primeiro encontro Com o objetivo de avaliar o impacto dos encontros com

relação ao conhecimento geométrico das alunas da pesquisa (anexo ...).

151

APÊNDICE D

FICHA DE ANÁLISE DOS ENCONTROS

Aluna:_________________________________________________________________

1)Você teve alguma dificuldade na resolução das atividades? Quais?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

2)Que conceitos de geometria lhe causaram mais dúvidas?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

3)Quanto aos conceitos de geometria envolvidos na atividade

( ) você já conhecia;

( ) aprendeu durante a aula;

(..) não conseguiu entendê-los;

(..) Outros ___________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

4)Você sentiu dificuldade em manusear o software Cinderella? Quais?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

5)Apresente sugestões que poderiam facilitar sua aprendizagem durante as aulas.

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

152

APÊNDICE E

Respostas das alunas no pré e pós-teste

RESPOSTAS

QUESTÕES SUJEITOSAntes das atividades Após as atividades

As questões 1 à 5 eram

apenas de assinalar, assim

destacamos apenas o

número de erros e acertos

Beatriz

Cristina

Débora

Tatiana

1 aluna errou o 3º , 4º e 5º

exercício.

2 erraram a 2º e 5º exercício.

1 errou apenas o exercício 2

3 alunas acertaram todos os

exercícios

Todas as alunas acertaram

os 5 exercícios

Beatriz

1-Mesma medida dos lados

(não acrescentou mais nehuma

propriedade)

1-É um paralelogramo

2- têm 4 ângulos retos

3- possui 4 lados com

mesma medida

Cristina 1-possui lados iguais

2- possui ângulos de 90º

1-Possui os 4 lados com

mesma medida

2-Possui os 4 ângulos

iguais (90º)

3-Possui as diagonais

iguais Dê 3 propriedades dos

quadrados. Tatiana 1-têm 4 ângulos retos

2-tem todos os lados iguais

1- tem os 4 ângulos retos

(90º )

153

3- tem diagonais de mesmo

comprimento

2- todos os lados com

mesma medida

3- é um paralelogramo

Débora 1- tem os lados iguais 1- todos os ângulos são de

90º

2- todos os lados com a

mesma medida

3- os lados opostos são

paralelos

Beatriz

1-Os lados iguais 1-um quadrilátero

2- os lados dois a dois têm

mesma medida.

3-os lados são paralelos

Cristina 1- tem os lados paralelos 1-é um quadrilátero

2-possui os lados paralelos

3-medidas dos lados

iguais (2 a 2)

Tatiana 1-têm 4 ângulos retos

2-tem lados opostos paralelos

1-têm lados opostos

paralelos

2-é um quadrilátero

3- tem lados 2 a 2 iguais

Dê três propriedades dos

paralelogramos

Débora Não respondeu 1-é uma figura de 4 lados

2- lados oposto são

154

paralelos

3- lados opostos têm

mesma medida

Questão 11 1 aluna acertou Todas as alunas acertaram

Beatriz

Não respondeu Sim, porque o retângulo

faz parte do grupo dos

paralelogramos

Cristina Não Sim, porque apresenta 4

lados e 2 a 2 paralelos

Tatiana Não pois hà a possibilidade de

seus lados terem a mesma

medida, e então será quadrado

Sim porque ele é um

quadrilátero e tem lados

paralelos.

Pode-se afirmar que todo

retângulo é também um

paralelogramo? Por quê?

Débora Não Sim, Porque ele tem os

lados opostos paralelos