universidade estadual de campinas larissa miho...

80
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS Larissa Miho Hara Prevalência de anorexia do envelhecimento e sua associação com ingestão de nutrientes, sarcopenia e fragilidade em idosos em acompanhamento ambulatorial do município de Campinas SP Limeira 2019

Upload: others

Post on 07-Nov-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS

Larissa Miho Hara

Prevalência de anorexia do envelhecimento e sua associação com ingestão de nutrientes,

sarcopenia e fragilidade em idosos em acompanhamento ambulatorial do município de

Campinas – SP

Limeira

2019

Page 2: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

Larissa Miho Hara

Prevalência de anorexia do envelhecimento e sua associação com ingestão de nutrientes,

sarcopenia e fragilidade em idosos em acompanhamento ambulatorial do município de

Campinas – SP

Dissertação apresentada à Faculdade de

Ciências Aplicadas da Universidade Estadual de

Campinas como parte dos requisitos exigidos

para obtenção do título de Mestra em Ciências

da Nutrição e do Esporte e Metabolismo, na área

de Nutrição.

Supervisor/Orientadora: Profª Drª Ligiana Pires Corona

ESTE TRABALHO CORRESPONDE À

VERSÃO FINAL DISSERTAÇÃO/TESE

DEFENDIDA PELA ALUNA LARISSA

MIHO HARA, E ORIENTADA PELA

PROFA. DRA. LIGIANA PIRES CORONA.

Limeira

2019

Page 3: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia
Page 4: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

Autora: Larissa Miho Hara

Título: Prevalência de anorexia do envelhecimento e sua associação com ingestão de

nutrientes, sarcopenia e fragilidade em idosos em acompanhamento ambulatorial do município

de Campinas – SP

Natureza: Dissertação de Mestrado

Instituição: Universidade Estadual de Campinas – Faculdade de Ciências Aplicadas

Data da Defesa: Limeira, 05 de abril de 2019

BANCA EXAMINADORA

Profa. Dra. Ligiana Pires Corona (Orientadora)

Prof. Dr. Marciane Milanski Ferreira

Profa. Dr. Sandra Maria Lima Ribeiro

Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no SIGA/Sistema de

Fluxo de Dissertação/Tese e na Secretaria do Programa da Unidade.

Page 5: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

🌹

À minha mãe, Bianca, Victor

e meus avós, Maria e Luiz.

Page 6: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus.

À toda minha família, mas em especial à minha mãe Luzia (“Luzi”, “mamãe”), pois sem ela,

NADA seria possível. À minha irmã Bianca, pelas risadas e amizade. E aos meus avós (Maria

e Luiz, ou “Ba” e “Di”), pelo apoio e preocupação. Nesse momento, meu pensamento está

inteiro com a Ba, que ficará boa logo. Esse amor é o meu combustível.

Ao meu pai que zela por mim em todos os momentos. Eu sei que você aliviou meu coração nos

momentos de sofrimento.

Ao Victor, meu companheiro de aventuras, que me ensinou sobre a tranquilidade, paciência e

amor. Obrigada pela ajuda, apoio, carinho e compreensão nos momentos difíceis. E

principalmente por me tirar de casa nos momentos que eu mais precisava. Agradeço também à

sua família que é a minha família.

À minha orientadora Profª Ligiana pela dedicação, crítica, apoio, paciência, sabedoria

compartilhada e presença em todos os momentos do mestrado. E também, pelo entusiasmo,

risadas, histórias e “ho’oponopono”. Enfim, sou grata!

Às colegas do Laboratório de Epidemiologia Nutricional – LENUT, Carol e Grazi, pelo projeto,

companheirismo, ajudas, conversas, risadas. Assim, como as alunas de iniciação científica e

bolsistas SAE.

Aos meus amigos jundiaienses e campineiros, principalmente à Lu que ouviu, ouve e continuará

ouvindo meus desabafos. Obrigada por essa amizade e pela ajuda fundamental no mestrado,

sem você tudo teria sido mais difícil e bem menos engraçado.

Aos membros da banca de qualificação (Profº André Fattori e Profª Letícia Souza) que deram

ótimas sugestões para melhoria e desenvolvimento do trabalho – e também aos membros da

banca de defesa (Profª Marciane Milanski e Profª Sandra Ribeiro), que são fundamentais nessa

etapa final.

Page 7: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

Ao Profº André Fattori pela oportunidade de coletar dados no Ambulatório de Geriatria – e

também aos médicos residentes pela abertura, aos outros profissionais do ambulatório e ao

Hospital de Clínicas da UNICAMP.

Aos professores e coordenadores do CNEM, pelas aulas, ensinamentos e apoio.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES - Código de

Financiamento 001) que financiou o estudo em parte com a bolsa de mestrado.

E aos idosos participantes do estudo.

“Se quiser ir rápido, vá sozinho.

Se quiser ir longe, vá acompanhado. ”

- Provérbio africano

Page 8: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

RESUMO

Introdução A anorexia do envelhecimento foi descrita pela primeira vez por Morley e Silver

em 1988, e é caracterizada pela inapetência e baixa ingestão alimentar em idosos, e que teria

como causas inúmeros fatores de saúde, psicológicos e ambientais. Objetivo O objetivo do

estudo foi identificar a anorexia do envelhecimento e sua associação com ingestão de nutrientes,

assim como sarcopenia e fragilidade em idosos em atendimento ambulatorial. Metodologia

Trata-se de um estudo transversal com amostra de 130 idosos (≥ 60 anos) de ambos os sexos,

acompanhados no Ambulatório de Geriatria do Hospital de Clínicas da Universidade Estadual

de Campinas (UNICAMP). A coleta de dados ocorreu por meio de questionário com questões

de saúde, nutrição, síndromes geriátricas, e também antropometria. A anorexia do

envelhecimento foi avaliada pelo Questionário Nutricional Simplificado de Apetite (QNSA)

que consiste na avaliação da alimentação através de 4 itens. A triagem de sarcopenia foi

realizada utilizando-se o questionário SARC-F e força de preensão palmar, e da síndrome de

fragilidade, a escala FRAIL. A ingestão alimentar foi avaliada através de Recordatório

Alimentar de 24H, analisando-se as diferenças de médias entre grupos e razões de chance para

inadequações. Resultados A prevalência de anorexia do envelhecimento foi de 27,7%. Idosos

com anorexia do envelhecimento tem aproximadamente 3 vezes mais chance de presença de

fragilidade (OR= 2,95, p=0,010) e 4 vezes mais chance de apresentar sarcopenia (OR= 4,23,

p=0,001). A anorexia do envelhecimento também foi associada a maiores chances de consumo

inadequado de calorias (OR=9,62, p=0,038) e ingestão de proteínas por quilo de peso

(OR=3,53, p=0,008), além de inadequação de consumo de fibras (OR=12,25, p=0,018), ferro

(OR=3,94, p=0,003) e zinco (OR=2,74, p=0,035). Conclusão O rastreio da anorexia do

envelhecimento e da ingestão alimentar prejudicada pode ser uma importante ferramenta para

predição da fragilidade e sarcopenia, postergando assim seu avanço e suas consequências, como

piora na qualidade de vida do idoso, vulnerabilidades e aumento da mortalidade.

Page 9: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

ABSTRACT

Introduction Anorexia of aging was first described by Morley and Silver in 1988, and is

characterized by inappetence and low food intake in elderly, the causes for this syndrome are

numerous health issues, psychological and environmental factors. Objective The objective of

the study was to identify anorexia of aging and its association with nutrient intake, as well as

sarcopenia and frailty in elderly during outpatient care. Methods This is a cross-sectional study

with a sample of 130 elderly (≥ 60 years old) of both sexes, accompanied at the Geriatrics

Outpatient Clinic of the Hospital das Clínicas of the State University of Campinas (UNICAMP).

Data were collected through a questionnaire with questions about health, nutrition, geriatric

syndromes, and anthropometry. Anorexia of aging was evaluated by the Simplified Appetite

Nutrition Questionnaire (NQF), which consists of the evaluation of diet through 4 items.

Screening for sarcopenia was performed using the SARC-F questionnaire and palmar grip

strength, and frailty syndrome, the FRAIL scale. Food intake was evaluated through a 24-hour

food recall, analyzing differences between means, between groups and odds ratios for

inadequacies. Results The prevalence of aging anorexia was 27.7%. Elderly patients with aging

anorexia are approximately 3 times more likely to present fragility (OR = 2.95, p = 0.010) and

4 times more likely to present sarcopenia (OR = 4.23, p = 0.001). Aging anorexia was also

associated with higher odds of inadequate calorie intake (OR = 9.62, p = 0.038) and protein

intake per pound of weight (OR = 3.53, p = 0.008), as well as inadequacy of (OR = 12.25, p =

0.018), iron (OR = 3.94, p = 0.003) and zinc (OR = 2.74, p = 0.035). Conclusion The screening

of aging anorexia and impaired food intake can be an important tool for predicting frailty and

sarcopenia, thus delaying its progress and its consequences, such as worsening elderly quality

of life, vulnerability and increased mortality.

Page 10: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

LISTA DE FIGURAS

Pág.

Figura 1. Prevalência de anorexia do envelhecimento total e entre classificações de grupos de

fragilidade e sarcopenia............................................................................................................ 36

Figura 2. Média de consumo de calorias por refeição em idosos com apenas anorexia do

envelhecimento (AE) e aqueles com AE, sarcopenia e fragilidade........................................... 37

Figura 3. Média de consumo de proteínas por refeição em idosos com apenas anorexia do

envelhecimento (AE) e aqueles com AE, sarcopenia e fragilidade........................................... 38

Figura 4. Média de consumo de calorias por refeição em idosos com e sem anorexia do

envelhecimento (AE) ............................................................................................................... 38

Figura 5. Média de consumo de proteínas por refeição em idosos com e sem anorexia do

envelhecimento (AE) ............................................................................................................... 39

Page 11: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

LISTA DE QUADROS E TABELAS

Pág.

Quadro 1. Questionário Nutricional Simplificado de Apetite – QNSA .................................. 27

Quadro 2. Triagem de sarcopenia SARC-F ............................................................................. 28

Quadro 3. Triagem de fragilidade FRAIL ............................................................................... 29

Tabela 1. Características dos participantes do estudo de acordo com sexo.............................. 33

Tabela 2. Características sóciodemográficas dos participantes de acordo com a prevalência de

anorexia do envelhecimento .................................................................................................... 34

Tabela 3. Características nutricionais, funcionais e de auto avaliação de saúde dos participantes

de acordo com a prevalência de anorexia do envelhecimento .................................................. 35

Tabela 4. Características de estado de saúde e sintomas que podem interferir na alimentação

dos participantes de acordo com a presença ou não de anorexia do envelhecimento .............. 36

Tabela 5. Associações brutas e ajustadas entre anorexia e presença de fragilidade e sarcopenia

.................................................................................................................................................. 37

Page 12: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ONU – Organização das Nações Unidas

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

MAN – Mini Avaliação Nutricional

AE – Anorexia do Envelhecimento

NPY – Neuropeptídio Y

ILPI – Instituição de Longa Permanência para Idosos

TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

IMC – Índice de Massa Corporal

QNSA – Questionário Nutricional Simplificado de Apetite

HDL – High-Density Lipoprotein

LDL – Low-Density Lipoprotein

VLDL – Very-Low-Density Lipoprotein

MEEM – Mini Exame do Estado Mental

ABVD – Atividade Básica de Vida Diária

AIVD – Atividade Instrumental de Vida Diária

TACO – Tabela Brasileira de Composição de Alimentos

USDA – United States Department of Agriculture

ESPEN – European Society of Parenteral and Enteral Nutrition

EAR – Estimated Average Requirements

DRI – Dietary Reference Intakes

AI – Adequate Intake

OR – Odds Ratio

EP – Erro padrão

AgRP – Peptídeo relacionado ao gene agouti

POMC – Pró-opiomelanocortina

MSH – Hormônio estimulante dos melanócitos

ARG – Avaliação Rápida Geriátrica

Page 13: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

SUMÁRIO

Pág.

1. Introdução .......................................................................................................................... 14

1.1. O envelhecimento populacional .................................................................................. 14

1.2. Desnutrição e consumo alimentar no envelhecimento................................................. 15

1.3. Anorexia do envelhecimento ...................................................................................... 18

2. Justificativa ........................................................................................................................ 23

3. Objetivos ............................................................................................................................ 24

3.1. Objetivo geral ............................................................................................................. 24

3.2. Objetivos específicos .................................................................................................. 24

4. Metodologia ....................................................................................................................... 25

4.1. Participantes ............................................................................................................... 25

4.2. Critérios de Inclusão e Exclusão ................................................................................. 25

4.3. Medidas e Procedimentos ........................................................................................... 26

4.3.1. Avaliação nutricional ....................................................................................... 26

4.3.2. Sarcopenia e Fragilidade................................................................................... 27

4.3.3. Saúde ................................................................................................................ 29

4.4. Análise de dados ......................................................................................................... 30

5. Resultados .......................................................................................................................... 33

5.1. Prevalência de anorexia e fatores associados .............................................................. 34

5.2. Anorexia do Envelhecimento, Sarcopenia e Fragilidade............................................. 36

5.3. Anorexia do Envelhecimento e ingestão de nutrientes................................................. 37

6. Discussão ........................................................................................................................... 40

7. Conclusão .......................................................................................................................... 49

8. Referências Bibliográficas ................................................................................................. 50

9. Apêndice ............................................................................................................................ 60

9.1. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido............................................................. 60

9.2. Questionário utilizado na coleta de dados.................................................................... 62

9.3. Artigo .......................................................................................................................... 68

10. Anexo ................................................................................................................................. 76

10.1. Comprovante aprovação do projeto ao Comitê de Ética em Pesquisa ......................... 76

Page 14: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

14

1. INTRODUÇÃO

1.1. O envelhecimento populacional

Em 1950, a população mundial era estimada em 2,6 bilhões de habitantes. Em 1999,

atingiu cerca de 6 bilhões e em 2011, 7 bilhões. O crescimento populacional é inegável,

preocupante e rápido, e de acordo com as projeções probabilísticas da Organização das Nações

Unidas (ONU), em 2050, a população pode aumentar para aproximadamente 10 bilhões de

pessoas (ONU, 2015).

Simultaneamente a esse crescimento populacional, também nota-se um envelhecimento

rápido que de acordo com relatórios da ONU vem sendo caracterizado como um processo único

que ocorrerá no mundo de maneira generalizada e atingirá homens, mulheres e crianças. Este

processo também ocorrerá em ritmos distintos em cada país de acordo com seu grau de

desenvolvimento, sendo que países subdesenvolvidos que iniciaram o envelhecimento

tardiamente tem menos tempo para se adaptar. Além disso, esse processo é duradouro, uma vez

que nunca mais serão vistas as mesmas populações jovens que os nossos ancestrais conheciam,

e muitas dessas mudanças irão causar implicações profundas em muitas questões da vida

humana (ONU, 2011).

No Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a

pirâmide populacional, que antes em sua maioria era formada por crianças, adolescentes e

jovens, já apresenta um perfil aproximado ao padrão dos países desenvolvidos, com uma

participação crescente de pessoas com mais de 50 anos em níveis medianos e superiores da

estrutura. O envelhecimento da população brasileira também é visto pela esperança de vida ao

nascer, que era menor que 50 anos em 1950 e passou para 74,8 anos em 2013. Ainda de acordo

com o Censo Demográfico de 2010, os idosos brasileiros já faziam parte de 11% da população

geral, quase 21 milhões de habitantes com 60 anos ou mais (IBGE, 2010; IBGE, 2013;

VASCONCELOS e GOMES, 2012).

O envelhecimento populacional no Brasil vem ocorrendo nas últimas décadas de

maneira similar aos países da América Latina e Caribe. Nesses países e no Brasil, se vê

importantes aspectos da transição demográfica, caracterizada por uma diminuição da

mortalidade e depois, uma baixa fecundidade, levando a um envelhecimento populacional e

mudanças em toda a característica etária da população brasileira. E também são observados

aspectos da transição epidemiológica, na qual há maior controle da mortalidade por doenças

Page 15: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

15

infecciosas, mas um aumento da mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis

(LEBRÃO, 2007).

Entretanto, de maneira distinta dos países desenvolvidos que passaram por esta transição

há séculos, o Brasil iniciou a transição tardia e rápida, apenas por volta de 1950 – uma mudança

brusca do panorama demográfico do Brasil que se torna complexa, visto que diferentemente

dos países mais ricos, o Brasil sofria e ainda sofre com problemas econômicos e de desigualdade

social, realidade da qual os países desenvolvidos vivenciaram antes do envelhecimento

populacional (LEBRÃO, 2007).

Associado a estes dois processos de transição, é observado um terceiro, a transição

nutricional, na qual há redução das doenças carenciais, como a desnutrição e ao mesmo tempo,

aumento da prevalência de sobrepeso e obesidade na população (LEVY et al., 2012). As

transições demográfica, epidemiológica e nutricional em países em desenvolvimento, não são

apenas decorrentes de uma substituição dos padrões dietéticos e de morbidade, mas um

processo complexo em que múltiplas causas coexistem. No Brasil, esse processo causa um forte

impacto na saúde pública (ESKINAZI et al., 2011; FILHO e RISSIN, 2003).

Tendo em vista esse processo de envelhecimento rápido da população brasileira, a saúde

pública passa a receber ainda mais idosos, com demandas específicas de cuidados, inclusive em

relação aos aspectos nutricionais.

1.2. Desnutrição e consumo alimentar no envelhecimento

Sabe-se que o envelhecimento pode trazer inúmeras questões que devem ser

consideradas no tratamento do indivíduo idoso. Além de aspectos familiares e de ordem social,

o idoso pode apresentar com o passar nos anos, multimorbidade e as síndromes geriátricas,

como alterações cognitivas, incontinência urinária, dor, depressão, risco de quedas e

polifarmácia (INOUYE et al., 2007). As síndromes geriátricas são altamente prevalentes em

idosos e são relacionadas ao envelhecimento devido a diminuição da capacidade de reserva

homeostática do organismo que ocorre com o passar dos anos. Esse declínio é resultado da

exposição a múltiplos fatores de risco, e pode ser ainda mais agravado por doenças crônicas

(RIKKERT et al., 2003).

Além desses distúrbios bastante conhecidos na área da Geriatria e da Gerontologia,

observa-se também a emergência de novas condições na esfera da geriatria e gerontologia: a

sarcopenia – condição caracterizada pela diminuição da massa muscular e perda de sua função

– e a fragilidade, uma síndrome geriátrica de múltiplas causas, em que ocorre diminuição da

Page 16: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

16

força, resistência e redução de funções fisiológicas que acabam por aumentar a vulnerabilidade,

assim como risco de dependência e morte (KEEVIL e ROMERO-ORTUNO, 2015; MORLEY

et al., 2013).

O envelhecimento tem como característica alterações na composição corporal, com uma

diminuição de massa muscular e aumento do tecido adiposo. Entretanto, uma perda ponderal

importante deve ser monitorada, uma vez que pode interferir negativamente na saúde do idoso,

tornando-se uma causa secundária de doenças pulmonares, neurológicas, imunológicas e morte

(HAGEMEYER e REZENDE, 2013).

A desnutrição é caracterizada como um estado decorrente de uma baixa ingestão de

micro e macronutrientes – que pode levar à desnutrição energético-proteica e deficiências de

vitaminas e minerais – além do alto consumo de macronutrientes (levando à obesidade) e

ingestão excessiva de certas substâncias, como o álcool. Desta forma, a desnutrição pode afetar

negativamente o bem-estar dos idosos, causando deterioração do estado funcional e piora de

condições já existentes (OMRAN e MORLEY, 2000).

A desnutrição em idosos possui etiologia multifatorial e é difícil de ser corrigida já que

longevos em sua maioria possuem doenças crônicas e tomam muitos medicamentos que

interferem no apetite e na biodisponibilidade de nutrientes. Outros fatores que explicam a

prevalência da desnutrição em idosos são: perda de dentes, diminuição do paladar e olfato,

baixa produção salivar, esvaziamento gástrico retardado e fatores sociais como pobreza e

depressão (ELSNER, 2002).

A desnutrição proteica-calórica não é rara em idosos e está correlacionada a mortalidade

e morbidade (MORLEY et al., 1989). No estudo de Lim e colaboradores (2012), a desnutrição

levou a um aumento significativo em tempo de internação, taxa de readmissão, mortalidade e

custos de hospitalização. Em um estudo de coorte retrospectivo brasileiro com amostra de 709

adultos de 25 hospitais concluiu-se também que a desnutrição é um fator de risco independente

que impacta sobre as grandes complicações, tempo de hospitalização e de custo – o risco de

óbito em desnutridos foi 1,87 vezes em relação aos com estado nutricional adequado

(CORREIA e WAITZBERG, 2003).

Na Austrália, Neumann e colaboradores (2005) estudaram 133 indivíduos acima de 65

anos que iniciavam reabilitação por conta de lesões ósseas, imobilidade, infecções ou prejuízos

neurológicos, e encontraram uma prevalência de 6% de desnutrição e 47% de risco de

desnutrição através da versão reduzida da Mini Avaliação Nutricional (MAN). Esta prevalência

se relacionou ao aumento de chance de admissão em serviços com níveis de cuidados mais

elevados, além de pior qualidade de vida e atividades básicas de vida diária mais prejudicadas.

Page 17: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

17

O estudo de Kaiser e colaboradores (2010) avaliou a desnutrição em diferentes serviços

de saúde e encontrou prevalências de 50,5% em locais de reabilitação, 38,7% em hospitais,

13,8% em lares de idosos e 5,8% em idosos de comunidade, demonstrando a necessidade da

avaliação de desnutrição em todos os níveis assistenciais. Em idosos, a atenção deve ser

redobrada, já que a prevalência de desnutrição proteica-calórica aumenta de acordo com a idade

e número de comorbidades e a identificação precoce e tratamento de problemas nutricionais

levam a melhores desfechos e melhor qualidade de vida (AGARWAL et al., 2013).

Ações de vigilância alimentar e nutricional se tornam fundamentais para o

monitoramento e a caracterização da alimentação e de seus determinantes na população idosa,

visto que muitos distúrbios nutricionais e doenças relacionadas podem ser comuns no

envelhecimento. O estado nutricional deve ser mensurado através da relação entre o consumo

alimentar e necessidades nutricionais de acordo com cada especificidade de condições clínicas,

idade e sexo. Para avaliação do estado nutricional, o profissional deve identificar os pacientes

em risco, estabelecer a promoção ou recuperação da saúde e avaliar o progresso de cada

paciente. A avaliação do consumo alimentar de idosos pode ser realizado através do

Recordatório Alimentar de 24 Horas, caracterizado como sendo um método de inquérito

alimentar na qual se quantifica alimentos e bebidas ingeridos num período precedente à

entrevista, questionando-se sobre a ingestão alimentar nas últimas 24 horas ou, mais

usualmente, todo consumo do dia anterior inteiro (FISBERG et al., 2009; WILLETT et al.,

1998).

O Recordatório Alimentar de 24 Horas é um método utilizado em inúmeros inquéritos

alimentares nacionais e internacionais, pois possui as vantagens de ser um método de baixo

custo, rápida aplicação e que pode ser utilizado para populações de qualquer faixa etária, além

de indivíduos analfabetos (WILLETT et al., 1998; FISBERG et al., 2009). Contudo, o

Recordatório de 24 Horas pode não assegurar que o consumo alimentar de um dia reflita no

hábito alimentar do indivíduo. E para confirmação do hábito alimentar, mais dias de inquéritos

alimentares poderão ser necessários (VENTURINI et al., 2015).

Mesmo assim, o recordatório alimentar de 24 horas é instrumento muito utilizado

atualmente em inquéritos de saúde e nutrição que procuram avaliar a ingestão alimentar e de

nutrientes (FISBERG et al., 2005), podendo identificar os indivíduos em situação de risco

quanto às deficiências nutricionais, através de avaliação do consumo alimentar comparado às

recomendações existentes de micronutrientes

De acordo com estudo de Fisberg e colaboradores (2013) que avaliou dados do Inquérito

Nacional de Alimentação da Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2008 e 2009, foram

Page 18: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

18

observadas altas prevalências de inadequação de vitamina E e D, cálcio e magnésio em idosos

de ambos os sexos. A inadequação do consumo de zinco também foi alta em homens. Este

estudo também cita que esses idosos apresentaram consumo pouco variado e quantidades

insuficientes de frutas, legumes e verduras que podem levar ao baixo consumo de

micronutrientes.

Previdelli e colaboradoras (2017) avaliaram o balanço de micronutrientes na dieta de

idosos brasileiros da mesma pesquisa supracitada e encontraram que o consumo de lipídios foi

superior em 9,2% da população, enquanto que 4,9% apresentaram consumo superior de

carboidratos e 1,0% de consumo acima do recomendado de proteínas. Os autores também

encontraram que 14,5% dos idosos apresentaram ingestão de carboidratos abaixo do critério

utilizado, além de maior percentual energético lipídico. De acordo com a avaliação por

macrorregiões, o Centro-Oeste apresentou diferença para menor percentual de consumo de

carboidratos e a região Sul, o menor percentual proteico e o maior de lipídios, trazendo-se

discussões sobre o impacto do elevado consumo de lipídios e sua relação com desenvolvimento

de doenças crônicas e pior qualidade da dieta.

Segundo o estudo de Venturini e colaboradores (2015), a população estudada de idosos

de Porto Alegre (RS) apresentou distribuição adequada no consumo diário de macronutrientes,

quando comparada com a referência de intervalo de distribuição aceitável. Contudo, em seu

estudo, a média de calorias totais consumidas ficou entre 1320 e 1564 kcal, sendo que a média

da necessidade energética diária desses indivíduos foi de aproximadamente 1700 kcal,

demonstrando que os idosos consomem menos calorias do que a necessidade diária estipulada.

1.3. Anorexia do envelhecimento

Um dos principais fatores que podem levar à perda de peso e desnutrição no idoso é a

anorexia do envelhecimento (AE). Esta condição, descrita pela primeira vez por Morley e Silver

em 1988, é caracterizada pela inapetência e baixa ingestão alimentar, que teria como causas a

diminuição da demanda energética (taxa metabólica basal e atividades reduzidas), sensações de

prazer diminuídas (paladar, olfato e visão), diminuição de neurotransmissores controladores da

fome, o aumento da atividade da colecistoquinina, associada à saciedade, além da associação

com outras doenças.

De acordo com evidências apresentadas na literatura, conclui-se que a relação entre

idade e redução de energia ingerida afeta o envelhecimento saudável, já que idosos costumam

fazer apenas as principais refeições em pouca quantidade e comem mais devagar. Além do

Page 19: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

19

mais, possuem menor ingestão de todos os grupos alimentares e tendência maior para dieta

monótona que podem levar a deficiências nutricionais (SOENEN e CHAPMAN, 2013).

A literatura cita que fatores não-fisiológicos também levam a AE e seus problemas

relacionados (MORLEY et al., 1999). Segundo MacIntosh e colaboradores (2000), os fatores

não-fisiológicos que levam à anorexia podem ser divididos em: fatores sociais, psicológicos,

clínicos e medicamentosos. O fator social predominante é a pobreza, mas também pode ser

incapacidade de fazer compras, de preparar e cozinhar refeições e alimentar-se sozinho. Outras

causas relacionadas são: solidão, isolamento, falta de apoio para socialização e ausência de

preferências alimentares étnicas para indivíduos institucionalizados.

Quanto aos fatores psicológicos, pode-se citar o alcoolismo, privações, depressão,

demência ou doença de Alzheimer, sociopatia, anorexia nervosa, fobia à ingestão de gordura,

ansiedade, luto, psicose e delirium e abusos físicos e psicológicos (MORLEY et al., 1989;

MACINTOSH et al., 2000; WYSOKIŃSKI et al., 2015; LANDI et al., 2016).

Os fatores fisiológicos da anorexia podem ser relacionados ao próprio envelhecimento,

no qual há o declínio da atividade central de neuropeptídios orexígenos, com a diminuição tanto

da expressão do neuropeptídio Y (NPY), quanto uma redução nos receptores de NPY no

hipotálamo (GRUENEWALD et al., 1996). E também, com o aumento do tecido adiposo no

envelhecimento e epidemia de obesidade, é possível compreender uma possível elevação dos

níveis de leptina (hormônio anorexígeno) em indivíduos idosos (ROLLAND et al., 2006).

Em 1989, Morley e colaboradores citaram as principais causas da AE relacionada aos

fatores clínicos, como: infecções, caquexia cardíaca, doença pulmonar obstrutiva crônica,

fatores gastrointestinais (isquemia abdominal, náusea, ausência de dentes, disfagia, aspiração,

má absorção de nutrientes), câncer e seus sintomas relacionados a própria doença e tratamentos,

doenças endócrinas, neurológicas e musculares. Posteriormente, MacIntosh e colaboradores

(2000) também destacaram artrite reumatoide, doença de Parkinson, hipertireoidismo, disfagia

e medicamentos.

Conforme o envelhecimento da população e aparecimento de doenças, uma condição

vem se tornando mais prevalente entre idosos: a polifarmácia – utilização de cinco ou mais

medicamentos (MAHER et al., 2014). As comorbidades e o processo fisiológico do

envelhecimento, juntamente com a polifarmácia podem causar frequentemente a perda de

apetite em idosos (MALAFARINA et al., 2013).

Na Itália, Donini e colaboradores (2013) avaliaram 526 idosos (≥ 65 anos) que viviam

em comunidade, instituições de longa permanência (ILPIs) e internados em enfermarias por

reabilitação ou doenças agudas. Foi considerada AE se os indivíduos consumissem apenas 50%

Page 20: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

20

das refeições ofertadas a eles, encontrando uma prevalência global de anorexia de 21,2%, com

valores ainda mais elevados entre os pacientes internados (34,1% mulheres e 27,2% homens

em instituições de longa permanência, 33,3% de mulheres e 26,7% de homens em reabilitação

e alas geriátricas; 3,3% de mulheres e 11,3% homens que viviam em comunidades) e nas

pessoas mais longevas. O estudo também apontou que indivíduos com anorexia foram

significativamente menos autossuficientes e apresentavam mais frequentemente um estado

nutricional e cognitivo comprometido.

No México, um estudo com 1247 idosos da comunidade encontrou prevalência de

anorexia de 30,1%. Aqueles que apresentaram AE tinham idades mais avançadas,

majoritariamente mulheres, tinham mais doenças reportadas e pior poder aquisitivo. Além

disso, os idosos anoréxicos apresentaram pior performance cognitiva, saúde oral e mais

sintomas depressivos se comparados aos não-anoréxicos (VÁZQUEZ-VALDEZ et al., 2010).

Além desses inúmeros fatores relacionados, a anorexia também se mostra associada às

“novas” condições que a geriatria vem enfrentando atualmente: a fragilidade e a sarcopenia,

tornando qualquer das duas condições, outro fator causador de anorexia também. Segundo

Morley (2012), a AE é considerada a verdadeira síndrome geriátrica, uma vez que pode causar

incapacidade e outros desfechos, além de ser multifatorial. A AE também conduz à perda de

peso – fator importante na espiral negativa da síndrome da fragilidade (TSUTSUMIMOTO et

al., 2017; SOENEN e CHAPMAN, 2013). Fried et al. (2001) também sugerem que a sarcopenia

desempenha um importante papel etiológico na fragilidade. Desta forma, essas três grandes

condições se mostram relacionadas na literatura, na qual uma pode acabar resultando no

surgimento da outra.

De acordo com Cruz-Jentoft e colaboradores (2019), a sarcopenia é um distúrbio

progressivo e generalizado nos músculos esqueléticos e está associado ao aumento das chances

de desfechos adversos, como quedas, fraturas, incapacidade física e mortalidade. Para facilitar

sua identificação, a sarcopenia passou a ser considerada uma doença muscular, sendo

caracterizada também pela baixa força muscular, além do aspecto usualmente conhecido da

diminuição de massa muscular como principal determinante para seu diagnóstico (SCHAAP et

al., 2018).

O Grupo de Trabalho Europeu sobre Sarcopenia em Idosos (European Working Group

on Sarcopenia in Older People – EWGSOP2) recomenda o uso do questionário SARC-F como

uma ferramenta rápida e simples que pode ser utilizada em idosos de comunidade, além de

outros ambientes clínicos, para se obter auto relatos de pacientes sobre sinais que são

característicos da sarcopenia. Este questionário possui 5 itens que são auto relatados pelos

Page 21: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

21

pacientes como uma triagem para risco da condição (CRUZ-JENTOFT et al., 2019;

MALMSTROM et al., 2016).

O EWGSOP2 também cita que para avaliação da evidência de sarcopenia, deve-se

utilizar a força de preensão palmar ou teste de levantar-se de uma cadeira com pontos de corte

específicos para cada avaliação, e em casos especiais e alguns estudos, pode-se utilizar outros

métodos para medir a força, como flexão ou extensão de joelhos. A fim de confirmação e

determinação da gravidade da sarcopenia, o grupo sugere outras avaliações, como a

absortometria de raio-X de dupla energia, a impedância bioelétrica, a tomografia e medidas de

desempenho e marcha (CRUZ-JENTOFT et al., 2019).

De acordo com a metanálise de Diz e colaboradores (2017), a prevalência geral de

sarcopenia é de 17% no Brasil. Neste estudo, encontraram-se prevalências variando de 3,7% a

72,7%, sendo que a maior parte dos estudos foram feitos com idosos de comunidade

(DOMICIANO et al., 2013; SILVA NETO et al., 2012).

Um estudo na Itália com objetivo de avaliar a relação entre a anorexia e a sarcopenia

em 354 idosos com 80 anos ou mais que viviam em comunidade, mostrou que 21% da amostra

estudada apresentou sintomas de anorexia, quando questionados à ingestão alimentar e apetite.

A sarcopenia se mostrou correlacionada com a presença de anorexia, independentemente da

evidência clínica de desnutrição (perda de peso e Índice de Massa Corporal (IMC) inferior a 20

kg/m²). O estudo também detectou que no geral, em relação aos não-anoréxicos, os

participantes com anorexia eram mais velhos (idade média: 86,8 vs 85,6), tinham IMC mais

baixo, eram mais propensos a uma funcionalidade mais prejudicada e mostraram um maior

nível de comprometimento cognitivo (LANDI et al., 2012).

A fragilidade é uma síndrome geriátrica multidimensional que é caracterizada pelo

declínio cumulativo em múltiplos sistemas fisiológicos, assim como a deterioração de suas

funções. Isso se dá em decorrência de mecanismos complexos do envelhecimento atrelados a

eventos estressores, como doenças e questões sociais (MORLEY et al., 2013; CLEGG et al.,

2013; LANGLOIS et al., 2012). A síndrome da fragilidade pode levar ao aumento de

vulnerabilidades e desfechos indesejados, como incapacidades, redução da qualidade de vida,

internações, institucionalização e morte (LANGLOIS et al., 2012; CLEGG et al., 2013).

De acordo com Fried e colaboradores (2001), o fenótipo físico da fragilidade se baseia

em: fraqueza (medida através da força de preensão palmar), lentidão (avaliando-se a

caminhada), baixo nível de atividade física, exaustão autorreferida e perda de peso não

intencional maior que 4,5 kg em um ano. Este método pode reconhecer indivíduos com alto

risco de desenvolver algum tipo de comprometimento funcional, como deterioração das

Page 22: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

22

atividades básicas e instrumentais da vida diária. Contudo, esta abordagem possui difícil

aplicabilidade na prática clínica (CLEGG et al., 2013). A avaliação da fragilidade também pode

ocorrer através da escala FRAIL (VAN KAN et al., 2008; MORLEY, 2016). Esta escala é

rápida e baseada em entrevistas, sendo fácil de administrar, pontuar e interpretar, além de incluir

a ponderação de comorbidades (MALMSTROM et al., 2014).

Uma revisão sistemática realizada por Collard e colaboradores (2012) avaliou dados de

21 estudos e mais de 61.500 idosos da comunidade, e encontraram prevalências relatadas entre

4,0% a 59,1% de acordo com a definição adotada de fragilidade. Um estudo brasileiro na cidade

de São Paulo avaliou 811 idosos (≥60 anos) utilizando a escala FRAIL como método de

avaliação, e encontrou que 3,6% eram robustos, 48,7% pré-frágeis e 37,7% frágeis

(APRAHAMIAN et al., 2017). Os autores mencionam que a alta prevalência de fragilidade

encontrada foi devido ao fato da amostra ser composta por idosos atendidos em ambulatório de

geriatria especializado.

No Japão, um estudo observacional transversal com 4417 idosos da comunidade com

idade maior que 70 anos analisou a associação entre a AE e a fragilidade física. E observaram

uma prevalência geral de 10,6% de anorexia, enquanto que em idosos com fragilidade foi

encontrada uma prevalência de 21,3%, demonstrando uma associação independente da anorexia

com o estado de fragilidade, além de associação com a lentidão, exaustão e perda de peso

(TSUTSUMIMOTO et al., 2017). De acordo com Muscaritoli et al. (2010), a diminuição da

ingestão alimentar decorrente da anorexia leva a uma redução na capacidade de exercício que

consequentemente leva ao declínio na massa e força muscular, levando ao desenvolvimento da

síndrome da fragilidade.

O tratamento da AE depende de sua causa, ou seja, a intervenção nutricional deve

começar com uma avaliação nutricional detalhada e definição das possíveis causas. A

intervenção deve abranger estímulos de textura, sabor, palatabilidade e assistência alimentar

quando necessário (MARTONE et al., 2013), e a suplementação alimentar deve ser instituída

somente quando for claramente necessária (MALAFARINA et al., 2013).

Outros tratamentos envolvem adaptação do ambiente com prevenção da isolação social

e repasse dos cuidados para outros, como no caso de instituções para idosos. Além de avaliação

de terapias farmacológicas que podem causar diminuição do apetite ou favorecer a perda de

peso. O diagnóstico clínico também deve ser analisado já que muitas patologias estão

associadas a perda de peso e inapetência. Nenhum tratamento farmacológico específico tem se

mostrado efetivo na AE e, portanto, não são recomendados na prática clínica (LANDI et al.,

2016).

Page 23: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

23

2. JUSTIFICATIVA

O termo “anorexia do envelhecimento” vem sendo estudado na literatura estrangeira,

principalmente por conta do envelhecimento populacional e suas consequências na saúde e

qualidade de vida dos idosos. A anorexia do envelhecimento se mostra altamente prevalente,

principalmente por sua característica multicausal. Portanto, pode apresentar consequências

dramáticas quando não houver identificação precoce e intervenção efetiva (LANDI et al., 2016;

WYSOKIŃSKI et al., 2015).

No Brasil, esse termo é pouco utilizado, mas o entendimento dos fatores que levam os

idosos a desenvolverem a anorexia é importante, para que haja cuidados precoces, a fim de

prevenir a desnutrição e suas inúmeras consequências (AGARWAL et al., 2013). Em outros

países, a AE já se mostrou associada com estado de fragilidade (TSUTSUMIMOTO et al.,

2017) e sarcopenia (LANDI et al., 2012), condições muito prevalentes atualmente e que elevam

as chances de deterioração funcional, hospitalização e morte do idoso.

Além disso, também torna-se indispensável a avaliação do consumo alimentar, visto que

a baixa ingestão de calorias, proteínas e alguns nutrientes – característica da AE – também está

associada a instalação da síndrome de fragilidade e sarcopenia (BARTALI et al., 2006;

SANDOVAL-INSAUSTI et al., 2016; CRUZ-JENTOFT et al., 2019). Com o aumento da

população idosa, e presença de desnutrição em todos serviços de saúde, idosos em

acompanhamento ambulatorial tornam-se uma população ideal para intervenção e

monitoramento do estado nutricional, além da disponibilidade ao amplo acesso de informações

sobre possíveis fatores associados à anorexia do envelhecimento nesta população.

Page 24: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

24

3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

O objetivo do estudo foi identificar a anorexia do envelhecimento e sua associação com

ingestão de nutrientes, assim como a sarcopenia e fragilidade em idosos em atendimento

ambulatorial.

3.3 Objetivos Específicos

Identificar a prevalência de anorexia do envelhecimento e seus fatores associados em

idosos em atendimento ambulatorial do município de Campinas-SP.

Avaliar a associação da anorexia do envelhecimento com sarcopenia e fragilidade em

idosos em atendimento ambulatorial do município de Campinas-SP.

Avaliar o consumo alimentar de idosos apenas com anorexia do envelhecimento em

comparação com idosos que apresentam anorexia do envelhecimento, sarcopenia e

fragilidade.

Avaliar o estado nutricional e consumo alimentar dos idosos estudados em atendimento

ambulatorial em relação à anorexia do envelhecimento.

Fornecer evidências sobre a importância de avaliação nutricional em idosos e

diagnóstico precoce da anorexia do envelhecimento.

Page 25: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

25

4. METODOLOGIA

Trata-se de um estudo transversal, em que todos os dados foram coletados em

atendimento ambulatorial, em um hospital universitário com cobertura total do Sistema Único

de Saúde do município de Campinas/SP, Brasil. Todos os participantes concordaram e

assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O presente estudo possui aprovação

pelo Comitê de Ética da UNICAMP (Nº 2.144.752) (ANEXO 1).

4.1. Participantes

A amostra final contou com resultados de 130 idosos. O cálculo amostral foi realizado

utilizando-se um universo de 450 idosos (número médio de pacientes em acompanhamento no

ambulatório), prevalência esperada de anorexia de 25%, com variação máxima de 8%, o que

indicou uma amostra mínima de 113 indivíduos (LWANGA e LEMESHOW, 1991).

Considerando possíveis perdas amostrais, dados incompletos e outros problemas de

recrutamento, foi previsto um acréscimo de 15%, totalizando então uma amostra estimada em

130 idosos de ambos os sexos. Todos os participantes foram convidados no próprio

ambulatório, antes da consulta de acompanhamento agendada, na qual o pesquisador explicou

os objetivos e os procedimentos da pesquisa de forma individual. Todas as avaliações foram

realizadas somente após a aceitação e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido

(TCLE – APÊNDICE 1) por parte dos voluntários.

4.2. Critérios de Inclusão e Exclusão

Os critérios de inclusão foram: pacientes do Ambulatório de Geriatria do Hospital de

Clínicas da UNICAMP, com idade de 60 anos ou superior, de ambos os sexos e que concordem

com a participação. E os critérios de exclusão foram: aqueles que estejam se alimentando com

dieta enteral ou parenteral, aqueles incapazes de responder às questões (distúrbios cognitivos,

doença neurológica ou confusos) e que o acompanhante não esteja presente para responder às

perguntas referentes ao paciente.

Page 26: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

26

4.3. Medidas e Procedimentos

Todos os elementos a serem coletados do projeto foram compilados em apenas um

questionário (APÊNDICE 2), contendo informações sobre dados pessoais, dados de saúde e

dados de nutrição, com descrição a seguir dos métodos, escalas e avaliações.

4.3.1. Avaliação nutricional

Antropometria

Foram avaliados peso, altura, circunferência da panturrilha, altura do joelho,

circunferência do braço, Índice de Massa Corporal (IMC) e classificação do IMC. Para aferir o

peso e altura do paciente, foram utilizadas balança e estadiomêtro vertical utilizados no

ambulatório, estando este descalço e tendo retirado adereços que possam interferir na pesagem.

Os pacientes em que a altura e peso não puderam ser aferidos, foram considerados a altura

registrada em seu prontuário ou estimados segundo equações preditivas através da fórmula de

Chumlea et al. (1994) e, para tanto, foram necessários: altura do joelho e circunferência

braquial. Para as medidas de circunferência da panturrilha, altura do joelho e circunferência do

braço foi utilizada fita inelástica.

Para classificação do IMC utilizou-se a referência recomendada pelo Ministério da

Saúde do Governo Federal (BRASIL, 2014) para idosos em que o IMC ≤ 22kg/m2: Baixo peso;

IMC entre 22 e 27 kg/m2: Eutrófico e IMC ≥ 27 kg/m2: Sobrepeso. Quanto à classificação da

circunferência da panturrilha utilizou-se valor ≤ 31 cm para indicativo de depleção muscular

(LANDI et al., 2014).

Apetite (Anorexia do Envelhecimento)

Todos os participantes responderam ao Questionário Nutricional Simplificado de

Apetite (QNSA) – instrumento indicado para avaliar a anorexia do envelhecimento (WILSON

et al., 2005), traduzido e validado para população brasileira (STIES et al., 2012) e idosos (DE

SOUZA ORLANDI et al., 2018). Trata-se de um questionário que consiste na avaliação do

apetite através de 4 itens:

Page 27: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

27

Quadro 1. Questionário Nutricional Simplificado de Apetite - QNSA

1) Meu apetite está:

a. Muito ruim

b. Ruim

c. Moderado

d. Bom

e. Muito bom

2) Quando eu como:

a. Me sinto satisfeito após comer poucas garfadas/colheradas

b. Me sinto satisfeito após comer aproximadamente 1/3 da refeição

c. Me sinto satisfeito após comer mais da metade da refeição

d. Me sinto satisfeito após comer a maior parte da refeição

e. Dificilmente me sinto satisfeito

3) O sabor da comida é:

a. Muito ruim

b. Ruim

c. Moderado

d. Bom

e. Muito bom

4) Normalmente eu como:

a. Menos de uma refeição por dia

b. Uma refeição por dia

c. Duas refeições por dia

d. Três refeições por dia

e. Mais de três refeições por dia

Cada pergunta apresenta cinco opções de respostas, em que a menor pontuação é 1 e a

maior 5. O escore total do questionário é resultado da soma dos 4 itens, que pode variar de 4

(pior) a 20 (melhor). A anorexia do envelhecimento foi considerada quando a soma dos itens

atingiu pontuação ≤14.

Avaliação do consumo alimentar

O recordatório alimentar de 24h foi utilizado para avaliar o consumo alimentar atual do

idoso. Os entrevistados serão questionados quanto aos alimentos e bebidas ingeridos no dia

anterior à entrevista - do momento em que acordou até a hora em que foi dormir. Caso o paciente

não se lembrasse de todas as refeições feitas no dia anterior, os dados também puderam ser

coletados pelos cuidadores/responsáveis que as oferecem (WILLETT et al., 1998).

4.3.2. Sarcopenia e Fragilidade

Avaliação da sarcopenia (SARC-F e força de preensão)

O SARC-F é um questionário simplificado de rápido diagnóstico da sarcopenia que

conta com 5 componentes: força, assistência para caminhar, levantar-se de uma cadeira, subir

escadas e quedas. O questionário possui 5 questões autorrelatadas, com pontuações que variam

de 0 a 10, com 0 a 2 pontos para cada componente. A pontuação 4 ou mais é indicativa de

Page 28: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

28

sarcopenia e pontuação menor que 3 demonstra estado saudável (MALMSTROM e MORLEY,

2013). O questionário SARC-F foi validado no Brasil (BARBOSA-SILVA et al., 2016).

Quadro 2. Triagem de sarcopenia SARC-F

1) Quanta dificuldade você tem em levantar e carregar cerca de

5kg (ex: 1 pacote de arroz)?

(0) Nenhuma

(1) Alguma

(2) Muita ou incapaz

2) Quanta dificuldade você tem em atravessar uma sala?

(0) Nenhuma

(1) Alguma

(2) Muita ou incapaz

3) Quanta dificuldade você tem em sair da cadeira ou da cama?

(0) Nenhuma

(1) Alguma

(2) Muita ou incapaz

4) Quanta dificuldade você tem em subir uma escada de 10

degraus?

(0) Nenhuma

(1) Alguma

(2) Muita ou incapaz

5) Quantas vezes você caiu no último ano?

(0) Nenhuma

(1) De uma a três vezes

(2) Mais de 4 vezes

Segundo Cruz-Jentoft (2019) é necessário aplicar medidas objetivas na avaliação do

desempenho muscular para avaliação e confirmação mais sensível dos casos de sarcopenia,

contudo, na prática clínica, pode ser eficiente a avaliação da sarcopenia provável, para

identificação de causas e começo imediato da intervenção, e por isso, avaliou-se também a força

de preensão palmar dos indivíduos através do dinamômetro da marca JAMAR®, a fim de avaliar

a força muscular. A avaliação se deu com o idoso sentado estando com o braço aduzido e

antebraço flexionado em ângulo de 90°. Foram realizadas três medidas, na qual os idosos

puxavam a alça do dinamômetro por 6 segundos com a mão dominante. Foi considerado o

maior valor entre as três medidas, sendo adotados como ponto de cortes para diminuição de

força (dinapenia) valores inferiores à 16 kg para mulheres e 27 kg para homens (DODDS et al.,

2014).

Avaliação da Fragilidade (Escala FRAIL)

Trata-se de uma escala desenvolvida por VAN KAN e colaboradores (2008), já validada

no Brasil (APRAHAMIAN et al., 2017). A escala é formada por cinco perguntas que envolvem

Page 29: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

29

a avaliação da presença de fadiga, resistência muscular, capacidade aeróbica, presença de

doenças e perda de peso. Cada questão afirmativa equivale a 1 ponto, portanto os idosos que

não pontuassem em nenhuma das questões seriam considerados robustos, os que pontuassem 1

e 2, seriam considerados pré-frágeis e aqueles com 3 ou mais, frágeis.

Quadro 3. Triagem de fragilidade FRAIL

1) Você se sente cansado?

(0) Não

(1) Sim

2) Você consegue subir um lance de escadas? (0) Não

(1) Sim

3) Você tem alguma dificuldade para andar um quarteirão? (0) Não

(1) Sim

4) Presença de doenças (mais que 5): (0) Não

(1) Sim

5) Perda de peso (0) Não

(1) Sim

4.3.3. Saúde

Estado de saúde

Alguns dados de estado de saúde foram coletados de prontuário. Os dados de prontuários

foram: doenças diagnosticadas; medicamentos prescritos, pressão arterial e exames

bioquímicos dos últimos 6 meses antes da entrevista: HDL (High-Density Lipoprotein), LDL

(Low-Density Lipoprotein), VLDL (Very-Low-Density Lipoprotein), Triglicérides,

Hematócrito, Hemoglobina, Glicose e Hemoglobina Glicada.

Os dados questionados na entrevista foram: avaliação subjetiva da saúde (autorreferida

e comparada com outros idosos) sintomas que interferem na alimentação (odinofagia, dor,

xerostomia, náusea, vômitos, hipogeusia, disfagia, saciedade precoce).

Page 30: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

30

Mini Exame do Estado Mental (MEEM)

O Mini Exame do Estado Mental (MEEM) é um teste de triagem cognitiva largamente

utilizado na geriatria. Esse teste consiste em uma avaliação de tempo e espaço, de atenção e

cálculo, de memória imediata, de evocação, de nomeação, de comandos, de raciocínio e de

habilidade motora. É uma ferramenta que permite o rastreio de comprometimento cognitivo de

maneira barata e rápida. O protocolo inicial é de Folstein e colaboradores (1975), mas foi

adaptado por Bertolucci et al. (1994) e por Brucki et al. (2003) de acordo com a escolaridade

de cada indivíduo. Os dados do MEEM foram coletados dos prontuários dos últimos 12 meses,

se caso ultrapasse essa data, o exame deveria ser refeito pela equipe médica para utilização do

resultado dentro do prazo pré-estabelecido.

Funcionalidade

A avaliação da funcionalidade do idoso geralmente é realizada a partir da avaliação de

atividades básicas da vida diária (ABVD) por meio do Índice de Katz (1963) e atividades

instrumentais da vida diária (AIVD) pela Escala de Lawton (1969). Os instrumentos buscam

avaliar a capacidade funcional do idoso a partir do desempenho em atividades que são

consideradas normais para a vida humana (DEL DUCA et al., 2009). As ABVD estão

relacionadas ao autocuidado do idoso, enquanto as AIVD são tarefas mais complexas

relacionadas, na maioria das vezes, à participação social do indivíduo. De acordo com

MacIntosh e colaboradores (2000), a inabilidade de comer sozinho, preparar e cozinhar

alimentos e fazer comprar são fatores sociais importantes para a anorexia em pessoas idosas,

por isso, estas atividades foram selecionadas para o estudo.

4.4. Análise de dados

A variável dependente do estudo foi a presença de anorexia do envelhecimento

identificada através do Questionário Nutricional Simplificado de Apetite (QNSA).

A prevalência de anorexia foi calculada em relação às demais variáveis

socioeconômicas, clínicas e nutricionais citadas no protocolo, e foram estimadas distribuições

de frequências relativas, média e erro-padrão para as variáveis contínuas e, para as variáveis

categóricas, foram estimadas proporções. As diferenças entre os grupos foram estimadas

utilizando-se o teste t-student ou U de Mann-Whitney, após a verificação da adesão à

normalidade das distribuições.

Page 31: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

31

A prevalência de anorexia do envelhecimento também foi calculada através da regressão

logística em relação às variáveis de presença de sarcopenia e fragilidade, calculando-se as

razões de chance (OR) brutas e ajustadas por idade, sexo e IMC.

Os recordatórios alimentares foram avaliados, e as medidas caseiras foram convertidas

em peso e volume utilizando-se referências comuns na avaliação do consumo alimentar da

população brasileira (PINHEIRO et al., 2002; IBGE, 2011; MONTEIRO e CHIARELLO,

2007). As análises do recordatório alimentar de 24 horas foram feitas através do software

DietPro versão 4.0, utilizando-se as seguintes tabelas de composição alimentar: Tabela

Brasileira de Composição de Alimentos (TACO), Tabela de Composição do IBGE, Sônia

Tucunduva e USDA 20 (UNICAMP, 2011; IBGE, 2011; PHILIPPI, 2002; USDA, 2018).

Os macronutrientes e micronutrientes selecionados foram: carboidratos, proteínas,

lipídios e suas frações (ácidos graxos monoinsaturados, poli-insaturados e saturados),

colesterol, fibras alimentares, cálcio, ferro, zinco e sódio. O cálculo de inadequação para os

macronutrientes foi feito através da comparação da porcentagem ingerida com base no valor

energético total pela recomendação de ingestão da Organização Mundial de Saúde, sendo

inadequados, os idosos que não tivessem ingestão dentro de 55 a 75% de carboidratos, 10 a

15% de proteínas e 15 a 30% de lipídios totais (OMS, 2003).

Além disso, a ingestão proteica também foi avaliada em consumo total de gramas por

quilo de peso, utilizando-se para inadequação os valores inferiores a 1g/kg. Para o inadequado

consumo de calorias totais, utilizou-se a ingestão menor que 30 kcal por quilo de peso e

consumo de fibras inferior a 25g por dia, conforme valores preconizados pela Diretriz Espen

(VOLKERT et al., 2018).

Para avaliação da distribuição do consumo alimentar de proteínas e calorias, a ingestão

ao longo do dia foi avaliada nas refeições: desjejum, colação, almoço, lanche da tarde, jantar e

ceia. As diferenças de médias desses nutrientes ingeridos foram comparadas em idosos com e

sem AE, e também aqueles que apresentaram apenas AE versus aqueles que foram

caracterizados com AE, sarcopenia e fragilidade.

Quanto às inadequações de micronutrientes, os valores foram comparados à

Necessidade Média Estimada (Estimated Average Requirements - EAR) da Referência para

Ingestão de Nutrientes (Dietary Reference Intakes - DRI) para Cálcio (homens 51-70 anos: <

800 mg/dia; homens > 70 anos: < 1000 mg/dia; mulheres: < 1000 mg/dia), Ferro (homens: < 6

mg/dia; mulheres: < 5mg/dia), Zinco (homens: < 9,4 mg/dia; mulheres: < 6,8 mg/dia) e Ingestão

Adequada (Adequate Intake - AI) para Sódio (homens e mulheres 51-70 anos: > 1,3 g/dia;

homens e mulheres > 70 anos: > 1,2 g/dia) (IOM, 2010; IOM, 2001;IOM, 2005).

Page 32: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

32

As diferenças da ingestão de nutrientes entre idosos com e sem anorexia do

envelhecimento foram estimadas utilizando-se o teste U de Mann-Whitney, após a verificação

da adesão à normalidade das distribuições pelo teste de Shapiro-Wilk. A prevalência de

anorexia do envelhecimento foi considerada como variável independente e calculada em

relação às inadequações da ingestão de calorias, carboidratos, lipídios, proteínas, fibras, Cálcio,

Ferro, Zinco e Sódio, calculando-se as razões de chance (OR) brutas através da regressão

logística. Posteriormente, os fatores idade, sexo e Índice de Massa Corporal (IMC) foram

selecionados para a construção do modelo de regressão logística, para cálculo das OR ajustadas

e identificação dos fatores que permaneceram independentemente associados nos modelos

múltiplos.

O nível crítico utilizado foi p<0,05. Os dados foram tabulados pelo software EpiData®.

Todas as análises foram realizadas através do software Stata® versão 12 e os gráficos foram

elaborados no software Excel (Microsoft Office).

Page 33: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

33

5. RESULTADOS

A Tabela 1 apresenta a caracterização dos participantes segundo sexo. Houve diferenças

estatisticamente significativas no estado civil, escolaridade e avaliação do IMC. Em relação ao

estado civil, a maioria das mulheres era viúva, enquanto entre os homens a maioria era casada.

A maioria das mulheres tinham escolaridade acima de 4 anos, enquanto entre os homens a

maioria estudou até 3 anos. Em relação ao IMC, as mulheres apresentaram maior prevalência

de sobrepeso se comparado aos homens.

Tabela 1. Características dos participantes do estudo de acordo com sexo.

Total

n (%)

Sexo n (%) Valor p

Masculino Feminino

Idade 0,229

60 – 79 anos 66 (50,8) 24 (36,4) 42 (63,6)

≥ 80 anos 64 (49,2) 17 (26,6) 47 (73,4)

Cor declarada 0,685

Branca 88 (67,7) 30 (34,1) 58 (65,9)

Preta 11 (8,5) 2 (18,2) 9 (81,8)

Amarela 5 (3,8) 1 (20,0) 4 (80,0)

Parda 26 (20,0) 8 (30,8) 18 (69,2)

Estado civil <0,001

Solteiro (a) 10 (7,7) 4 (40,0) 6 (60,0)

Casado (a) 54 (41,5) 25 (46,3) 29 (53,7)

Divorciado (a) 10 (7,7) 6 (60,0) 4 (40,0)

Viúvo (a) 56 (43,1) 6 (10,7) 50 (89,3)

Escolaridade 0,025

0 a 3 anos 59 (49,6) 24 (40,7) 35 (59,3)

4 ou mais 60 (50,4) 13 (21,7) 47 (78,3)

Renda 0,167

Até 2 salários 66 (51,6) 17 (25,8) 49 (74,2)

> 2 salários 62 (48,4) 23 (37,1) 39 (62,9)

Morar sozinho 16 (12,3) 4 (25,0) 12 (75,0) 0,548

MEEM, média (EP) 20,83 (0,61) 21,67 (1,21) 20,43 (0,70) 0,150

Número de doenças, média

(EP) 4,70 (0,19) 4,36 (0,38) 4,86 (0,22) 0,119

Número de medicamentos,

média (EP) 9,77 (0,33) 10,24 (0,67) 9,56 (0,38) 0,350

IMC 0,027

Baixo Peso 16 (12,3) 8 (50,0) 8 (50,0)

Eutrofia 48 (36,9) 19 (39,6) 29 (60,4)

Sobrepeso 66 (50,8) 14 (21,2) 52 (78,8)

Circunferência da Panturrilha 0,080

Normal 114 (87,7) 39 (34,2) 75 (65,8)

Depleção muscular 16 (12,3) 2 (12,5) 14 (87,5)

Dados apresentados como número de indivíduos e porcentagem ou média e erro padrão.

IMC: Índice de Massa Corporal.

Page 34: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

34

5.1. Prevalência de anorexia e fatores associados

A prevalência de AE foi de 27,7%. Na Tabela 2, observa-se as características

sóciodemográficas dos participantes da pesquisa de acordo com a presença de AE. Nenhuma

das variáveis independentes mostrou associação significante com a presença de anorexia.

Tabela 2. Características sóciodemográficas dos participantes de acordo com a prevalência de

anorexia do envelhecimento (AE).

A Tabela 3 mostra as características nutricionais, funcionais e de auto avaliação de

saúde, e é possível observar que não houveram diferenças estatisticamente significativas, exceto

quanto a auto avaliação de saúde, em que idosos que apresentaram percepção Regular, Ruim

ou Muito Ruim tinham mais AE (34,7%) do que aqueles com percepção Boa ou Muito Boa

(18,0%).

Anorexia do Envelhecimento Valor p

SIM

n (%)

NÃO

n (%)

Idade 0,114

60 – 79 anos 22 (33,3) 44 (66,7)

≥ 80 anos 14 (21,9) 50 (78,1)

Sexo 0,785

Masculino 12 (29,3) 29 (70,7)

Feminino 24 (27,0) 65 (73,0)

Cor declarada 0,204

Branca 22 (25,0) 66 (75,0)

Preta 5 (45,5) 6 (54,5)

Amarela 0 (0,0) 5 (100,0)

Parda 9 (34,6) 17 (65,4)

Estado civil 0,311

Solteiro (a) 1 (10,0) 9 (90,0)

Casado (a) 19 (35,2) 35 (64,8)

Divorciado (a) 2 (20,0) 8 (80,0)

Viúvo (a) 14 (25,0) 42 (75,0)

Escolaridade 0,322

0 a 3 anos 18 (30,0) 46 (70,0)

4 ou mais 13 (22,0) 42 (78,0)

Renda 0,572

Até 2 salários 20 (30,3) 46 (69,7)

> salários 16 (25,8) 46 (74,2)

Chefe de família 0,357

Entrevistado (a) 22 (31,0) 49 (69,0)

Outros membros 14 (23,7) 45 (76,3)

Morar sozinho 6 (37,5) 10 (62,5) 0,349

Page 35: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

35

Tabela 3. Características nutricionais, funcionais e de auto avaliação de saúde dos participantes

de acordo com a prevalência de anorexia do envelhecimento (AE).

ABVD: Atividade Básica de Vida Diária; AIVD: Atividade Instrumental de Vida Diária.

De acordo com a tabela 4, é possível observar que a média de doenças, assim como a

média de medicamentos não foram associados à AE. Quanto às doenças, o Diabetes Mellitus

tipo 2 se mostrou associado à AE (p=0,028), assim como os valores de hemoglobina glicada

(p=0,046).

Em relação aos sintomas relacionados a alimentação, a média de sintomas nos

indivíduos com AE foi de 3,44, enquanto que os que não tem possuem AE, foi de 1,55 sintomas

(p<0,001). A anorexia do envelhecimento se mostrou associada aos sintomas: odinofagia

(p=0,004), dor (p=0,002), xerostomia (p=0,004), náusea (p=0,006), hipogeusia (p=0,003) e

saciedade precoce (p<0,001). Contudo, os sintomas de disfagia (p=0,158) e vômitos (p=0,704)

não apresentaram associação significativa.

Anorexia do Envelhecimento Valor p

SIM

n (%)

NÃO

n (%)

IMC 0,671

Baixo Peso 5 (31,3) 11 (68,7)

Eutrofia 14 (31,3) 33 (68,7)

Sobrepeso 17 (24,2) 50 (75,8)

Circunferência da panturrilha 0,734

Normal 31 (27,2) 83 (72,8)

Depleção muscular 5 (31,3) 11 (68,7)

Força de preensão palmar 0,117

Adequada 12 (19,7) 49 (80,3)

Dinapenia 19 (32,2) 40 (67,8)

ABVD: Comer 0,357

Independente 33 (26,8) 90 (73,2)

Ajuda parcial/total/não consegue 3 (42,9) 4 (57,1)

AIVD: Preparar comida 0,862

Independente 22 (27,2) 59 (72,8)

Ajuda parcial/ total/ não consegue 14 (28,6) 35 (71,4)

AIVD: Fazer compras 0,481

Independente 14 (24,6) 43 (75,4)

Ajuda parcial/total/ não consegue 22 (30,1) 51 (69,9)

Auto avaliação da saúde 0,046

Boa/Muito Boa 11 (18,0) 47 (81,0)

Regular/Ruim/ Muito Ruim 25 (34,7) 47 (65,3)

Auto avaliação da saúde comparada 0,421

Boa/Muito Boa 18 (25,0) 54 (75,0)

Regular/Ruim/ Muito Ruim 17 (31,5) 37 (68,5)

Page 36: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

36

Tabela 4. Características de estado de saúde e sintomas que podem interferir na alimentação

dos participantes de acordo com a prevalência de anorexia do envelhecimento.

Dados apresentados como número de indivíduos e porcentagem ou média e erro padrão.

DPOC: Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica; AVC: Acidente Vascular Cerebral; IRC:

Insuficiência Renal Crônica.

5.2 Anorexia do Envelhecimento, Sarcopenia e Fragilidade

Na Figura 1, observa-se que dentre as classificações da escala FRAIL, no grupo Robusto

havia 8% de indivíduos com AE, no grupo Pré-frágil 26,9% e no grupo Frágil 37,7% (p=0,023).

Na escala SARC-F, obteve-se que dentre os não-sarcopênicos 19,5% tinham AE e dentre os

indivíduos sarcopênicos 42,4% apresentaram anorexia (p=0,011).

Figura 1. Prevalência de anorexia do envelhecimento total e entre classificações de grupos de

fragilidade e sarcopenia. As barras indicam a porcentagem de idosos com anorexia do

envelhecimento total (em preto) e dentro de cada classificação das triagens de fragilidade (em

cinza escuro) e sarcopenia (em cinza claro).

Anorexia do Envelhecimento Valor p

SIM

n (%)

NÃO

n (%)

Número de doenças 5,00 (0,38) 4,59 (0,23) 0,380

Doenças diagnosticadas

Hipertensão 31 (86,1) 71 (75,5) 0,189

Diabetes 19 (52,8) 30 (31,9) 0,028

Cardiopatia 7 (19,4) 24 (25,5) 0,466

DPOC 5 (13,9) 13 (13,8) 0,993

Demência 8 (22,2) 26 ( 27,7) 0,528

Depressão 11 (30,6) 43 (45,7) 0,116

Osteoartrite 7 (19,4) 18 (19,1) 0,969

AVC 4 (11,1) 11 (11,7) 0,925

IRC 8 (22,2) 11 (11,7) 0,129

Quantidade de Medicamentos 10,33 (0,67) 9,56 (0,38) 0,310

Quantidade de Sintomas que

interferem na alimentação 3,44 (0,31) 1,55 (0,15) <0,001

Exames bioquímicos

Hematócrito 39,8 (1,03) 40,8 (0,68) 0,587

Hemoglobina 12,9 (0,33) 13,5 (0,37) 0,615

Glicose (mg/dl) 128,5 (12,0) 107,3 (4,09) 0,119

Hemoglobina glicada 7,0 (0,33) 6,4 (0,15) 0,046

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Total AE Robusto Pré-frágil Frágil Saudável Sarcopenia

Page 37: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

37

A prevalência de fragilidade foi de 40,7% e de sarcopenia, 27,5% na amostra. Na Tabela

5 pode-se observar associação entre AE, fragilidade e sarcopenia tanto no modelo bruto quanto

no modelo ajustado. Idosos com AE tem aproximadamente 3 vezes mais chance de presença de

fragilidade (p=0,01) e 3,3 vezes mais chance de apresentar sarcopenia (p=0,009).

Tabela 5. Associações brutas e ajustadas entre anorexia e presença de fragilidade e sarcopenia. OR bruta p OR ajustada Valor p

Fragilidade 2,31 0,036 2,95 0,010

Sarcopenia 3,03 0,012 3,30 0,009

OR: Odds Ratio; Ajustado por: idade, sexo e IMC.

5.3 Anorexia do Envelhecimento e ingestão de nutrientes

As Figuras 2 e 3 mostram a média de consumo de calorias e proteínas nas refeições

diárias de idosos apenas com AE (prevalência de 9,1%) e aqueles com as 3 condições

(prevalência de 8,3%). Idosos que apresentaram as três síndromes tiveram menor consumo

médio de calorias na colação (p=0,025) e no jantar (p=0,019) se comparados ao consumo de

idosos apenas com AE. Quanto à comparação do consumo de proteínas, idosos com AE,

fragilidade e sarcopenia apresentaram menores consumos na colação (p=0,002), almoço

(p=0,003) e jantar (p=0,028).

Figura 2. Média de consumo de calorias por refeição em idosos com apenas AE e aqueles com

AE, sarcopenia e fragilidade. As barras indicam o valor médio do consumo de calorias em kcal.

As barras em cinza escuro demonstram a média de consumo de idosos apenas com AE,

enquanto que as barras em cinza claro, o consumo de idosos classificados com as 3 síndromes.

* p<0,05

312,8

*74,34

453,79

167,04

*471,11

15,67

228,39

*17,49

345,82

210,75 *175,69

59,25

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

Desjejum Colação Almoço Lanche da tarde Jantar Ceia

Co

nsu

mo

méd

io d

e ca

lori

as (

kcal

)

Consumo médio de calorias

Apenas AE 3 Síndromes

Page 38: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

38

Figura 3. Média de consumo de proteínas por refeição em idosos com apenas AE e aqueles

com AE, sarcopenia e fragilidade. As barras indicam o valor médio do consumo de proteínas

em gramas. As barras em cinza escuro demonstram a média de consumo de idosos apenas com

AE, enquanto que as barras em cinza claro, o consumo de idosos classificados com as 3

síndromes. * p<0,05

Nas Figuras 4 e 5, pode-se analisar a média do consumo de proteínas e calorias durante

um dia de idosos com e sem AE. Idosos com AE tiveram menor consumo de proteínas e calorias

nas principais refeições, almoço (p=0,005 e p=0,010) e jantar (p<0,001 e p=0,001) se

comparados com idosos sem AE.

Figura 4. Média de consumo de calorias por refeição em idosos com e sem AE. As barras

indicam o valor médio do consumo de calorias em kcal. As barras em cinza escuro demonstram

a média de consumo de idosos com AE, enquanto que as barras em cinza claro, o consumo de

idosos sem AE. * p<0,05

8,41

*1,11

*30,63

4,82

*16,38

0,66

8,17

*0,24

*12,85

5,99

*6,78

2,19

0

5

10

15

20

25

30

35

Desjejum Colação Almoço Lanche da tarde Jantar Ceia

Co

nsu

mo

méd

io d

e p

rote

ínas

(g)

Consumo médio de proteínas

Apenas AE 3 Síndromes

278,07

30,00

*387,54

178,1

*297,24

41,56

320,52

67,69

*472,15

184,85

*386,81

42,95

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

Desjejum Colação Almoço Lanche da tarde Jantar Ceia

Co

nsu

mo

méd

io d

e ca

lori

as (

kcal

)

Consumo médio de calorias

AE Sem AE

Page 39: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

39

Figura 5. Média de consumo de proteínas por refeição em idosos com e sem AE. As barras

indicam o valor médio do consumo de proteínas em gramas. As barras em cinza escuro

demonstram a média de consumo de idosos com AE, enquanto que as barras em cinza claro, o

consumo de idosos sem AE. * p<0,05

Outros resultados do presente estudo foram apresentados no artigo já aprovado para

publicação pelo The Journal of Nutrition, Health and Aging intitulado “Anorexia of aging

associated with nutrients intake in Brazilian elderly” adicionado ao APÊNDICE 3 (página 68).

8,69

0,44

*19,89

5,74

*12,51

1,84

9,82

1,63

*27,76

5,11

*23,91

1,13

0

5

10

15

20

25

30

Desjejum Colação Almoço Lanche da tarde Jantar Ceia

Co

nsu

mo

méd

io d

e p

rote

ínas

(g)

Consumo médio de proteínas

AE Sem AE

Page 40: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

40

6. DISCUSSÃO

No presente estudo, foi avaliada a prevalência de anorexia do envelhecimento (AE) em

idosos em acompanhamento ambulatorial e alguns aspectos associados à esta condição, como

síndromes geriátricas e consumo de nutrientes. O QNSA é um instrumento de detecção da AE

eficiente, confiável e válido com parâmetros de avaliação que se concentram na avaliação do

apetite atual e prevenção da perda de peso (WILSON et al., 2005). Este questionário vem sendo

altamente recomendado principalmente pela habilidade de identificar a perda de peso futura,

além de uma possível desnutrição proteica-calórica (LANDI et al., 2016). De acordo com

Rolland e colaboradores (2012), na prática clínica, o QNSA utiliza 5 minutos para aplicação, e

reforça que para grandes ensaios clínicos, triagem para instituições de longa permanência para

idosos ou idosos hospitalizados, ou programas de intervenção de saúde pública em idosos da

comunidade, o QNSA pode ser a melhor opção de avaliação nutricional.

Quanto a prevalência de 27,7% de AE do presente estudo, o resultado se mostrou similar

a um estudo mexicano, onde encontraram uma prevalência de AE de 30,1% em idosos da

comunidade (VAZQUEZ-VALDEZ et al., 2010). Na Turquia, 28,7% de idosos de comunidade

apresentaram AE avaliada pelo QNSA, investigando sua relação com qualidade de vida e estado

nutricional (TEK e KARACIL-ERMUMCU, 2018). Na Holanda, um estudo avaliou idosos de

instituições de longa permanência, lares de idosos, hospitais e comunidade e encontraram uma

prevalência geral de 32,4% de inapetência. A inapetência em hospitais foi de 55,8%, em lares

de idosos foi de 28,3% e em casa com cuidados foi de 15,9% (VAN DER MEIJ et al., 2015).

Esta prevalência também foi similar se comparada a um estudo conduzido na Itália onde

encontraram a prevalência global de 21,1% de anorexia (maior em mulheres do que em

homens), onde em enfermarias de reabilitação foram encontradas as prevalências de AE de

33,3% em mulheres e 26,7% em homens, enquanto que em instituições de longa permanência

34,1% das mulheres e 27,2% dos homens apresentaram AE. Neste mesmo estudo, idosos de

comunidade apresentaram a prevalência de AE de 3,3% em mulheres e 11,3% em homens

(DONINI et al., 2013). Outro estudo italiano com idosos de comunidade, a prevalência

encontrada foi de 21% numa população predominantemente feminina (67%), onde a anorexia

se mostrou mais comum em idosos mais velhos (LANDI et al., 2012).

No Canadá, um estudo avaliou a AE em uma população de idosos entre 67 e 84 anos, e

encontrou uma prevalência de menos de 10% (ROY et al., 2015). Outro estudo avaliando idosos

de unidade geriátrica encontrou 50 (15,8%) idosos com sintomas de anorexia em uma

população geral de 316 pacientes selecionados. Este mesmo estudo apresentou que idosos com

Page 41: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

41

anorexia eram mais velhos e tinham grande risco de desnutrição avaliada pela Mini Avaliação

Nutricional (MAN), além de grande porcentagem de idosos com importantes perdas de peso

(CORNALI et al., 2005).

Em relação aos fatores associados, no presente estudo somente a presença de diabetes e

auto avaliação de saúde ruim foram associadas à presença de AE, além da presença de sintomas

que interferem na alimentação. Em 1989, Morley e colaboradores citaram doenças endócrinas

como causas da AE, porém, um estudo recente não encontrou associação entre AE e diabetes

(LANDI et al., 2012). Ainda assim, é possível levantar algumas hipóteses a partir da avaliação

da fisiologia das duas condições associadas.

O diabetes mellitus é definido como um distúrbio no metabolismo da glicose resultante

de inúmeras causas. Nesta condição, a insulina tem sua secreção e/ou ação comprometida,

levando à hiperglicemia – sendo a característica mais evidente da doença (BRASIL, 2013).

Segundo Eckel e colaboradores (2005), a resistência à insulina antecede o diabetes pela

ineficiente ação da insulina plasmática, que eleva a glicemia à alta concentração, resultando em

uma hiperinsulinemia compensatória para manter as concentrações de glicose dentro da

normalidade.

A insulina é um dos principais hormônios envolvidos no metabolismo da glicose e age

reduzindo o apetite (MOSS et al., 2012). Outro hormônio envolvido no metabolismo da glicose

é a leptina - produzida a partir dos adipócitos e que em idosos tem se mostrado associado com

o aumento da adiposidade e no desenvolvimento da AE (KMIEĆ et al., 2013). Segundo Kmieć

et al. (2013), a insulina, assim como a glicose e a leptina são transportadas para o hipotálamo

através da barreira hemato-encefálica. A leptina e a insulina inibem a expressão de neurônios

hipotalâmicos orexígenos, o NPY (neuropeptídio Y) e a AgRP (peptídeo relacionado ao gene

agouti), ao mesmo tempo que estimulam os neurônios anorexígenos POMC (pró-

opiomelanocortina) e MSH (hormônio estimulante dos melanócitos), resultando na diminuição

da ingestão alimentar.

Outro hormônio associado com o diabetes e controle da fome é a grelina – hormônio

gastrointestinal orexígeno produzido no estômago (MORLEY, 2013). No estudo de Katsuki et

al. (2004), o baixo nível plasmático de grelina foi significativamente associado com

adiposidade abdominal, hiperinsulinemia e resistência à insulina em pacientes com diabetes.

Os baixos níveis de grelina associados ao diabetes e às altas concentrações de insulina e leptina

levam à diminuição da sua característica orexígena, já que a grelina é o único agente periférico

que neutraliza o sinal de saciedade da leptina (KMIEĆ et al., 2013).

Page 42: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

42

O apetite é regulado por fatores centrais e periféricos. A deterioração das sensações de

olfato, paladar e visão contribuem para a diminuição da ingestão alimentos. E em idosos, ocorre

um declínio significantes do olfato (MIR et al., 2013). Segundo Murphy (2008), o diabetes

mellitus é uma das causas de olfato diminuído, além de outros fatores como o tabagismo,

doença de Parkinson, sinusite, rinite alérgica, hipotireoidismo, deficiência de vitamina B12,

insuficiência renal, cirrose do fígado e uso de muitos medicamentos (polifarmácia).

Alterações no sistema hedônico parecem desempenhar um papel menor na AE.

Contudo, de acordo com Morley (2001), os limiares de sensação de sabores aumentam com o

envelhecimento, além do declínio do olfato, e essas alterações podem ser ainda mais

contundentes pelo fato de indivíduos mais velhos utilizarem medicamentos. A deficiência de

zinco, que pode ocorrer em doenças como o diabetes, pode elevar ainda mais o limiar de sabor,

prejudicando a sensibilidade do idoso e aceitação alimentar (NIEWOEHNER et al., 1986;

MORLEY, 2001). Além de fatores hedônicos relacionados ao diabetes mellitus e,

consequentemente à perda de apetite, Wysokiński e colaboradores (2015) também citam que a

neuropatia diabética pode levar à gastroparesia e assim, redução de apetite.

As autoavaliações de saúde ocorrem por meio de uma pergunta simples. Este

questionamento avalia o julgamento subjetivo que cada indivíduo sobre a qualidade de sua

saúde física e mental, com base em critérios pessoais e sociais (NERI, 2007). Segundo Chen et

al. (2001), a desnutrição evidenciada em idosos piora a qualidade de vida, quadros de doenças,

além de estar associada à diminuição da capacidade funcional e auto percepção de saúde. Keller

et al. (2004), evidenciaram que o risco nutricional é um preditor independente de pior qualidade

de vida em idosos canadenses.

Um estudo na Turquia, demonstrou que o pior estado de apetite avaliado pelo SNAQ se

relacionou aos baixos escores de qualidade de vida relatados em todos os âmbitos avaliados

(aspecto físico e social, limitações devido a um problema físico, dor corporal, percepção geral

de saúde, vitalidade, limitações causadas por problemas emocionais e saúde mental em geral).

Idosos com melhor estado de apetite demonstraram alimentação adequada e equilibrada e

ingestão aumentada de energia dietética. Verificou-se também que a ingestão de calorias foi

correlacionada positivamente a qualidade de vida relacionada à saúde (TEK e KARACIL-

ERMUMCU, 2018).

A qualidade da dieta é um aspecto importante nos hábitos saudáveis do idoso e, portanto,

na melhoria da qualidade de vida (BORIM et al., 2012). No estudo de van der Meij et al. (2017),

idosos com estado de saúde referido entre “ruim” e “razoável” demonstraram ter mais relatos

Page 43: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

43

de apetite “ruim”, do que apetite “bom” ou “muito bom”. E aqueles que disseram que o estado

de saúde estava excelente tinham maior prevalência de idosos com apetite muito bom.

No presente estudo, os sintomas de odinofagia, dor, xerostomia, náusea, hipogeusia e

saciedade precoce foram relacionados à AE. A hipogeusia (diminuição da sensação relacionada

ao paladar) está comumente relacionada ao envelhecimento, contudo essa condição pode ser

agravada de acordo com doenças, medicamentos e fumo (LANDI et al., 2016). A saciedade

precoce relacionada à AE pode ser explicada pelo aumento das concentrações de

colecistoquinina no envelhecimento. A colecistoquinina é um dos principais hormônios

gastrointestinais de saciedade. Outro fator que pode explicar a saciedade precoce é o

esvaziamento gástrico lentificado (MORLEY, 2017; MACINTOSH et al., 2000).

A odinofagia e dor foram citadas como possíveis causas de perda de peso em idosos

(MORLEY, 1997; MACINTOSH et al., 2000). Donini e colaboradores (2003) citam em seu

estudo que a xerostomia pode estar relacionada à atrofia de glândulas salivares, falta de

nutrientes como o zinco e uso de alguns medicamentos. Além disso, a xerostomia pode estar

relacionada também a prejuízos sensoriais (olfato e paladar) que podem interferir na

alimentação também.

No entanto, no presente estudo, tanto o elevado número de doenças como a polifarmácia

não se mostraram associados à AE. É importante notar que a população avaliada, de idosos em

atendimento ambulatorial, se mostra complexa do ponto de vista clínico por apresentarem

inúmeras doenças (média de 5 doenças diagnosticadas) assim como elevado uso de

medicamentos. A média de 9,8 remédios utilizados pela população representa a polifarmácia.

Apenas 7,7% dos indivíduos do presente estudo usavam até 4 medicamentos (dado não

apresentado). Segundo Qato et al. (2008), 1 em cada 3 idosos da comunidade utilizam

regularmente 5 ou mais medicamentos – uma prevalência que vem aumentando ao longo do

tempo.

Devido à baixa ingestão energética, a AE se mostra fortemente associada à desnutrição,

que por consequência pode se correlacionar a condições geriátricas importantes, como a

sarcopenia. No presente estudo, houve uma forte associação entre AE e a presença de

sarcopenia e fragilidade. Landi e colaboradores (2012) demonstraram em estudo uma

correlação entre a AE e a sarcopenia, sem que os indivíduos tivessem evidências claras de

desnutrição. De acordo com Muscaritoli, a perda de peso e algumas de suas consequências,

como perda de massa muscular e força podem ocorrer em estágios iniciais de AE por conta de

uma baixa ingestão de calorias e alguns nutrientes, principalmente proteínas e vitaminas

(MUSCARITOLI et al., 2010).

Page 44: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

44

A prevalência de 40,7% de fragilidade mensurada pela escala FRAIL se mostrou maior

que em outros estudos que demonstram prevalências de fragilidade variando de 4,9% a 27,3%

e prevalências de pré-fragilidade entre 34,6% a 50,9% (CHOI et al., 2015). Contudo, esses

estudos tiveram como alvo, a avaliação da fragilidade em idosos da comunidade – uma

população diferente quanto ao grau de complexidade. Um estudo que avaliou a fragilidade em

instituições de longa permanência utilizando-se diferentes métodos de diagnósticos encontrou

prevalências de 19 a 44% (CAMPITELLI et al., 2016). Tsutsumimoto et al. (2017) avaliou

4417 idosos (≥ 70 anos) e analisou a associação entre AE e a fragilidade física. A prevalência

global de AE foi de 10,6% e de fragilidade de 21,3%. A AE se mostrou associada com estado

de fragilidade, lentidão, exaustão e perda de peso.

A prevalência de sarcopenia de 27,5% aqui relatada também é maior que alguns estudos

de idosos de comunidade. Mijnarends et al. (2015) encontrou em seu estudo uma prevalência

de 23,3% em idosos holandeses de comunidade. Já Landi et al. (2012) encontrou uma

prevalência de 29,1% de sarcopenia e sua associação com a AE, na qual 46,6% dos idosos com

anorexia apresentaram sarcopenia enquanto que 24,6% eram sarcopênicos e não tinham

anorexia. A AE, juntamente com uma diminuição do exercício leva a um declínio na massa e

função muscular (sarcopenia) (MORLEY et al., 2001), contudo, no presente estudo não foi

possível avaliar a relação causal entre essas síndromes geriátricas.

Sabe-se que idosos com fragilidade e sarcopenia têm altas chances de declínio funcional,

hospitalização e morte. E acredita-se que agora a fragilidade e a sarcopenia devam ser

reconhecidas como os novos gigantes geriátricos. Atualmente, existe a disponibilidade de

escalas rápidas que permitem que profissionais de atenção primária reconheçam estas condições

para tratá-las precocemente (MORLEY, 2016), portanto, tornaram-se reconhecidos os

questionários de triagem simples, como, o FRAIL e o SARC-F. Estes questionários fazem parte

da Avaliação Rápida Geriátrica (ARG) e foram escolhidos porque algumas condições clínicas

podem ser facilmente identificadas e tratadas como principais causas dessas condições

(MORLEY, ADAMS, 2015). A ARG é um instrumento simples, rápido e confiável que foi

traduzido e validado para aplicabilidade na população brasileira, e além das triagens de

sarcopenia e fragilidade, a ARG também é composta pelo QNSA e triagem rápida de cognição

(DE SOUZA ORLANDI et al., 2018). O uso destas ferramentas é de grande importância em

ambientes com recursos limitados, como atenção básica e ambulatorial, a fim de proporcionar

uma boa triagem e permitir melhor direcionamento das ações em saúde.

A associação entre AE com a síndrome de fragilidade e sarcopenia observada no

presente estudo conduz às reflexões que precisam ser feitas para identificação e condutas

Page 45: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

45

precoces dessas condições, a fim de possibilitar o estabelecimento de prioridades de ação para

todos esses problemas. Os resultados deste estudo demonstram que idosos que apresentaram as

três condições apresentaram pior consumo quanto à calorias e proteínas se comparados com

idosos que apresentaram apenas AE. Até o momento, nenhum dos estudos anteriores avaliou

esta inter-relação entre as síndromes e o consumo de nutrientes.

Sabe-se que a baixa ingestão de calorias, proteínas e alguns nutrientes – demonstrado

neste estudo em idosos com AE – está associada a instalação da síndrome de fragilidade

(BARTALI et al., 2006; SANDOVAL-INSAUSTI et al., 2016) e que, inclusive, a ingestão

inadequada de proteínas na dieta é reconhecida como um fator etiológico da sarcopenia (CRUZ-

JENTOFT et al., 2019). Ademais, a inadequação alimentar também se mostra associada a

desnutrição, perda de mobilidade, função física, morbidade e mortalidade (TESSIER,

CHEVALIER, 2018).

A literatura descreve que idosos demonstram diminuição da resposta anabólica às

refeições proteicas, desta forma, para proteção de desenvolvimento de sarcopenia, muitos

autores sugerem que pessoas idosas devam aumentar sua ingestão de proteínas para 1,0-

1,3g/kg/dia (GAFFNEY-STOMBERG et al., 2009) e que essa quantidade de proteína deve ser

consumida de acordo com um padrão de distribuição durante o dia, a fim de garantir uma ótima

resposta muscular anabólica (MORLEY et al., 2010).

Atualmente, a distribuição entre as refeições está se tornando um importante campo da

pesquisa sobre sarcopenia, uma das principais causas de fragilidade (MORLEY et al., 2014).

Segundo Dardevet et al. (2012), a distribuição de maneira igual na ingestão de proteínas nas

três refeições principais diárias baseia-se no conceito de atingir um limiar anabólico por

refeição. No estudo de Farsijani e colaboradores (2016), o consumo de proteínas distribuído de

maneira uniforme foi associado com maior massa magra no início do estudo e depois de dois

anos de acompanhamento, independentemente da quantidade. O mesmo autor também

demonstrou que a ingestão mais uniformemente distribuída foi positivamente associada à força

muscular ao longo do estudo (FARSIJANI et al., 2017).

Tendo em vista os desdobramentos expostos na literatura a partir do consumo

inadequado de nutrientes, a inadequação de consumo de nutrientes associada a AE é

insuficientemente explorada e poucos estudos pesquisam sobre alimentação e a perda de apetite.

No presente estudo, idosos com AE apresentaram baixo consumo de calorias e nutrientes, além

de pior consumo de calorias e proteínas nas principais refeições se comparado com idosos sem

AE.

Page 46: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

46

Donini e seus colaboradores encontraram que pacientes com AE possuem consumo

reduzido de todos os grupos alimentares, principalmente grupo de carnes, peixes, ovos e grupo

de frutas e vegetais, além de uma leve diminuição do consumo de cereais. Esses achados

corroboram os dados do presente estudo em que idosos com anorexia tiveram mais chance de

apresentar inadequações no consumo de proteínas e fibras, além de micronutrientes como ferro

e zinco (DONINI et al., 2013).

O estudo italiano também mostra que dietas variadas estão relacionadas a idade, visto

que idosos mais novos apresentaram dietas com mais variedades de alimentos, reforçando o

resultado do presente estudo em que idosas mais velhas com anorexia apresentaram menor

consumo de proteínas, gorduras, fibras, ferro e zinco do que idosas que não tinham anorexia.

Além disso, idosos com consumos adequados de carnes, frutas e vegetais apresentaram

melhores parâmetros nutricionais (medidas antropométricas e estado nutricional) (DONINI et

al., 2013).

O estudo de van der Meij et al. (2017) demonstrou que idosos com pior apetite

apresentaram menor consumo de calorias, proteínas (animais e vegetais) e fibras (feijões, grãos,

vegetais e frutas), no entanto apresentaram maior consumo de gorduras, sem diferenças no

consumo de leite e derivados. No estudo de Tek e Karacil-Ermumcu (2018), idosos com risco

de perda de peso pelo instrumento QNSA tinham pior qualidade de vida relatada, enquanto que

a ingestão de calorias e fibras se mostrou positivamente correlacionada a uma boa qualidade de

vida. O bom apetite se mostrou relacionado com uma nutrição adequada e balanceada, além de

maior consumo de calorias. Neste estudo, mulheres apresentaram maior grau de desnutrição do

que homens.

Schröder e colaboradores avaliaram idosos saudáveis e não encontraram altas

inadequações de consumo como no presente estudo, porém mostraram que idosos de

comunidade entre 65 e 74 anos possuem menores ingestões de ferro e zinco se comparados com

indivíduos mais novos (SCHRODER et al., 2004). Sharkey et al. encontrou 51% de indivíduos

com inadequação de consumo de zinco, e mulheres com média de consumo de ferro inferior a

de homens. Neste mesmo estudo, mulheres idosas apresentaram consumos menores de energia,

proteínas e 15 vitaminas e minerais avaliados, provavelmente por conta de doenças, saúde oral

e sintomas depressivos (SHARKEY et al., 2002).

No Brasil, foram estimados consumos alimentares de 4.322 indivíduos com 60 anos ou

mais a partir de registro alimentar de dois dias não consecutivos e mostraram médias de

consumo de 9mg de ferro e zinco, consumos similares dos idosos sem AE do presente estudo

de 8,92mg e 8,53mg, respectivamente. No presente estudo, as inadequações foram maiores

Page 47: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

47

provavelmente devido a presença de AE - a inadequação de ferro em idosos com AE foi de

51,5% e zinco de 67,7% versus inadequações de 12,8% e 30,5% em idosos sem AE,

respectivamente (FISBERG et al., 2013).

O ferro é um micronutriente muito importante e sua deficiência se mostra associada às

inúmeras complicações de saúde, como deterioração de funções físicas, aumento de quedas,

fragilidade, comprometimento cognitivo e mortalidade (PRICE et al., 2011). As principais

fontes de ferro são carnes (assim como do zinco), cereais fortificados e leguminosas, e em

idosos a adequada ingestão de ferro se torna complexa devido a absorção diminuída, assim

como modificações no padrão alimentar que acaba resultando em uma dieta mais limitada

(FAIRWEATHER-TAIT et al., 2014).

O zinco é um dos elementos mais utilizados pelo organismo e está envolvido com

respostas imunológicas, produção de hormônios, mineralização óssea, funções cognitivas,

paladar e entre muitas outras funções. De acordo com a literatura, a deficiência do zinco pode

estar associada à redução de ingestão de alimentos ricos em zinco, aspectos sensoriais

prejudicados pelo próprio envelhecimento e também, redução do apetite (STEWART-KNOX

et al., 2005). Além disso, a baixa ingestão de alimentos fontes de zinco associada aos fatores

psicossociais são reconhecidamente características fenotípicas de fragilidade

(MOCCHEGIANI et al., 2013).

Assim como no presente estudo, pesquisas já demonstraram um consumo de proteínas

diminuído em idosos com idades mais avançadas. Estudos também mostram que menores

ingestões de proteínas estão mais associadas às mulheres (BERNER et al., 2013; SHARKEY

et al., 2002). Em geral, o consumo menor de proteínas em idosos mais velhos se dá por conta

da multimorbidade, saúde oral, percepção de sabor e aumento de dependência. Contudo, um

consumo de 1,0 g/kg ou mais de proteínas é associado ao aparecimento de poucas incapacidades

ao longo de 5 anos seguintes (MENDONÇA et al., 2018).

O presente estudo contém algumas limitações quanto à avaliação do consumo alimentar,

já que por meio de apenas um recordatório de 24 horas pode-se não demonstrar uma dieta

habitual (FISBERG et al., 2009). Contudo, idosos brasileiros em geral consomem pouca

variedade de alimentos em uma dieta habitual. Segundo Fisberg et al. os alimentos que mais

contribuíram para o valor energético total da dieta foram: arroz, feijão e carne (FISBERG et al.,

2013). A baixa qualidade da dieta por conta de poucos alimentos que se repetem também já foi

avaliada em idosos de outros países (DONINI et al., 2013), o que viabiliza o uso do

recordatório.

Page 48: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

48

Além disso, o recordatório alimentar de 24 horas apresenta uma série de vantagens para

uso tanto em estudos como na prática clínica, como: baixo custo, aplicação rápida, pode ser

utilizado em indivíduos de qualquer faixa etária, além de analfabetos e não altera a ingestão

alimentar, por se tratar de um método retrospectivo. Ademais, salienta-se que este é um estudo

transversal, ou seja, não é possível determinar relações diretas de causa-efeito.

Este estudo tem alguns pontos fortes. Os idosos participantes são acompanhados em

ambiente ambulatorial, e, portanto, perfazem uma população ideal para monitoramento do

estado nutricional, além disto, os dados clínicos desta população foram retirados de prontuários,

tendo diagnóstico de todas as patologias e condições confirmados por médicos e não apenas

pelo relato do paciente.

Ademais, os poucos estudos que avaliaram o consumo alimentar de idosos com AE

foram conduzidos somente em países mais desenvolvidos, sendo de extrema importância a

avaliação o consumo de populações de países de renda média e baixa, marcadas por enormes

desigualdades sociais que influenciam diretamente nas condições de saúde (CHIAVEGATTO

FILHO et al., 2013). Ressalta-se também que países de baixa e média renda compreenderão em

cerca de 57% dos indivíduos com 80 anos ou mais até 2025 (ONU, 2008).

Finalmente, este é o primeiro estudo a avaliar o consumo quantitativo de macro e

micronutrientes de idosos não apenas com AE, mas também avaliando a ingestão alimentar

daqueles que apresentaram AE juntamente com a presença de sarcopenia e fragilidade, que são

condições altamente associadas.

Page 49: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

49

7. CONCLUSÃO

O presente estudo encontrou uma prevalência de AE de 27,7% em idosos em

atendimento ambulatorial no município de Campinas/SP e sua associação com diabetes

mellitus, auto avaliação de saúde ruim e presença de odinofagia, dor, xerostomia, náusea,

hipogeusia e saciedade precoce (sintomas que interferem na alimentação).

A AE também se mostrou associada com sarcopenia e fragilidade, demonstrando a

importância da prevenção, identificação e tratamento precoce da AE por conta das inúmeras

consequências que essas condições trazem, como piora na qualidade de vida, vulnerabilidades,

incapacidades e aumento da mortalidade. Além disso, idosos com as três condições

apresentaram pior consumo de calorias e proteínas em refeições ao longo do dia, se comparado

aos idosos com apenas AE.

Idosos com AE apresentaram pior ingestão alimentar se comparados aos idosos não-

anoréxicos, tanto em macronutrientes, quanto em micronutrientes, contudo as chances de

inadequações foram significativamente mais elevadas neste grupo para calorias, proteínas,

fibras, ferro e zinco – nutrientes essenciais que, quando ingeridos insuficientemente, podem

prejudicar a saúde do idoso.

A nutrição deve promover uma alimentação com melhor palatabilidade e texturas e

aperfeiçoamento de sabores, além de melhor qualidade e variedade de alimentos, respeitando

aspectos sociais, pessoais e clínicos do idoso. Com uma avaliação completa da alimentação,

estado nutricional e clínico, o idoso pode receber condutas rápidas e direcionadas que poderão

melhorar a qualidade da alimentação e de vida.

Page 50: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

50

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGARWAL, E. et al. Malnutrition in the elderly: A narrative review. Maturitas, v. 76, p. 296 -

302, 2013.

APRAHAMIAN, I. et al. Feasibility and Factor Structure of the FRAIL Scale in Older

Adults. Journal of the American Medical Directors Association, v. 18, n. 4, Apr 1 2017.

APRAHAMIAN, I. et al. Screening for Frailty With the FRAIL Scale: A Comparison With the

Phenotype Criteria. Journal of the American Medical Directors Association, v. 18, p.592-596,

2017.

BARBOSA-SILVA, T.G. et al. Enhancing SARC-F: Improving Sarcopenia Screening in the

Clinical Practice. Journal of the American Medical Directors Association, v. 17, n. 12, p. 1136-

1141, 2016.

BARTALI, B. et al. Low nutrient intake is an essential component of frailty in older persons.

Journals of Gerontology Series a-Biological Sciences and Medical Sciences, v. 61, p. 589–593,

2006.

BERNER, L. A. et al. Characterization of Dietary Protein among Older Adults in the United

States: Amount, Animal Sources, and Meal Patterns. Journal of the Academy of Nutrition and

Dietetics, v. 113, n. 6, p. 809-815, 2013.

BERTOLUCCI, P.H.F. et al. O MiniExame do Estado Mental em uma população geral:

impacto da escolaridade. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, v. 52, n.1, p. 1-7, 1994.

BORIM, F.S.A. et al. Autoavaliação da saúde em idosos: pesquisa de base populacional no

Município de Campinas, São Paulo, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 28, n. 4, p.

769-780, 2012.

BRASIL. Ministério da Saúde. Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa. 3ª ed. Brasília: Ministério

da saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, 2014.

BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da

pessoa com doença crônica: diabetes mellitus. Brasília: Ministério da saúde, Secretaria de

Atenção à Saúde, 2013.

BRUCKI, S.M.D. et al. Sugestões para o uso do Mini-Exame do Estado Mental no Brasil.

Arquivos de Neuro-Psiquiatria, v. 61, n. 3, p. 777-781 B, 2003.

CAMPITELLI, M.A. et al. The prevalence and health consequences of frailty in a population-

based older home care cohort: a comparison of different measures. Bmc Geriatrics, v. 16, 2016.

CHEN, C.C.; SCHILLING, L.S.; LYDER, C.H. A concept analysis of malnutrition in the

elderly. Journal of Advanced Nursing, v. 36, p. 131-142, 2001.

Page 51: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

51

CHIAVEGATTO FILHO A.D.P. et al. Income inequality and elderly self-rated health in Sao

Paulo, Brazil. Annals of Epidemiology, v. 22, n. 12, p. 863-7, 2012.

CHOI, J. et al. Global Prevalence of Physical Frailty by Fried's Criteria in Community-

Dwelling Elderly With National Population-Based Surveys. Journal of the American Medical

Directors Association, v. 16, n. 7, p. 548-550, 2015.

CHUMLEA, W.C. et al. Prediction of stature from knee height for black and white adults and

children with application to mobility- -impaired or handicapped persons. Journal of American

Dietetic Association, v. 94, n. 12, p. 1385-8, 1994.

CLEGG, A. et al. Frailty in elderly people. Lancet, v. 381, n. 9868, p. 752-762, 2013.

COLLARD, R.M. et al. Prevalence of Frailty in Community-Dwelling Older Persons: A

Systematic Review. Journal of the American Geriatrics Society, v. 60, n. 8, p. 1487-1492, 2012.

CORNALI, C. et al. Anorexia as an independent predictor of mortality. Journal of the American

Geriatrics Society, v. 53, n. 2, p. 354-355, 2005.

CORREIA, M.I.T.D.; WAITZBERG, D.L. The impact of malnutrition on morbidity, mortality,

length of hospital stay and costs evaluated through a multivariate model analysis. Clinical

Nutrition, v. 22, n. 3, p. 235–23, 2003.

CRUZ-JENTOFT, A.J. et al. Sarcopenia: revised European consensus on definition and

diagnosis. Age Ageing, v. 48, n.1, p. 16-31, 2019.

DARDEVET, D. et al. Muscle wasting and resistance of muscle anabolism: the "anabolic

threshold concept" for adapted nutritional strategies during sarcopenia. Scientific World

Journal, 269531, 2012.

DE SOUZA ORLANDI, F. et al. Translation, Adaptation and Validation of Rapid Geriatric

Assessment to the Brazilian Context. The journal of nutrition, health & aging, v. 22, n. 9, p.

1115-1121, 2018.

DEL DUCA, G.F. et al. Incapacidade funcional para atividades básicas e instrumentais da vida

diária em idosos. Revista Saúde Pública, v. 43, n.5, p. 796-805, 2009.

DODDS, R.M. et al. Grip Strength across the Life Course: Normative Data from Twelve British

Studies. Plos One, v. 9, n. 12, p. 15, 2014.

DOMICIANO, D.S. et al. Discriminating sarcopenia in community-dwelling older women with

high frequency of overweight/obesity: the São Paulo Ageing & Health Study

(SPAH). Osteoporosis International, v. 24, n. 2, p. 595-603, 2013.

DONINI, L.M. et al. Anorexia and Eating Patterns in the Elderly. PLoS ONE, v. 8, n. 5, p.

e63539, 2013.

Page 52: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

52

DONINI, L.M. et al. Eating habits and appetite control in the elderly: The anorexia of

aging. International Psychogeriatrics, v. 15, n. 1, p. 73-87, 2003.

ECKEL, R.H.; GRUNDY, S.M.; ZIMMET, P.Z. The metabolic syndrome. Lancet, v. 365, p.

1415-28, 2005

ELSNER, J.F.R. Changes in eating behavior during the aging process. Eating Behaviors, v. 3,

p. 15–4, 2002.

ESKINAZI, F.M.V. et al. Envelhecimento e Epidemia da Obesidade. Ciencias Biologicas e

da Saude, v.13:295-8p. 2011.

FAIRWEATHER-TAIT, S.J. et al. Iron status in the elderly. Mechanisms of Ageing and

Development, v. 136, p. 22-28, 2014.

FARSIJANI, S. et al. Relation between mealtime distribution of protein intake and lean mass

loss in free-living older adults of the nuage study. American Journal of Clinical Nutrition, v.

104, p. 694–703, 2016.

FARSIJANI, S. et al. Even mealtime distribution of protein intake is associated with greater

muscle strength, but not with 3-y physical function decline, in free-living older adults: The

Quebec longitudinal study on nutrition as a determinant of successful aging (nuage

study). American Journal of Clinical Nutrition, v. 106, p. 113–124, 2017.

FILHO, M.B.; RISSIN, A. A transição nutricional no Brasil: tendências regionais e temporais:

Caderno de Saúde Pública, v. 19, p. S181-S191, 2003.

FISBERG, R.M. et al. Assessment of food consumption and nutrient intake in clinical practice.

Arquivos Brasileiros De Endocrinologia E Metabologia, v. 53, n. 5, p. 617-624, 2009.

FISBERG, R.M. et al. Inadequate nutrient intake among the Brazilian elderly: National Dietary

Survey 2008-2009. Revista De Saúde Publica, v. 47, p. 9, 2013.

FISBERG, R.M.; MARTINI, L.A.; SLATER B. Métodos de inquéritos alimentares. In:

FISBERG, R.M.; SLATER B.; MARCHIONI, D.M.L.; MARTINI, L.A. Inquéritos

alimentares: métodos e bases científicos. São Paulo: Manole; 2005. p. 1-31.

FOLSTEIN, M.F. et al. Mini-Mental State: a practical method for grading the cognitive state

of patients for clinician. Journal of Psychiatric Research, v. 12, p. 189-198, 1975.

FRIED, L.P. et al. Frailty in older adults: Evidence for a phenotype. Journals of Gerontology

Series a-Biological Sciences and Medical Sciences, v. 56, n. 3, p. M146-M156, 2001.

GAFFNEY-STOMBERG, E. et al. Increasing dietary protein requirements in elderly people

for optimal muscle and bone health. Journal of the American Geriatrics Society, v. 57, p. 1073–

1079, 2009.

Page 53: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

53

GRUENEWALD, D.A. et al. Fasting-induced increases in food intake and neuropeptide Y gene

expression are attenuated in aging male Brown Norway rats. Endocrinology, v. 137, p. 4460-

4467, 1996.

HAGEMEYER, V.; REZENDE, C.H.A. Nutrição e Envelhecimento. In: FREITAS, E.V., PY,

L. (ORGS). Tratado de Geriatria e Gerontologia. 3a ed, p. 1031-1044. Rio de Janeiro:

Guanabara Koogan, 2013.

HARRIS, J.A.; BENEDICT, F.G. A biometric study of human basal metabolism. Proceedings

of the National Academy of Sciences of the United States of America, v. 4, p. 370-373, 1918.

HUGHES, G. et al. Old and alone: barriers to healthy eating in older men living on their own.

Appetite, v. 43, n. 3, p. 269-276, 2004.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico de 2010. Brasília,

2010. Disponível em: http:// www.ibge.gov.br. Acesso em: Setembro de 2016.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-

2009: Tabela de composição nutricional para os alimentos consumidos no Brasil. Rio de

Janeiro: IBGE; 2011.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-

2009: Tabela de medidas referidas para os alimentos consumidos no Brasil. Rio de Janeiro:

IBGE; 2011.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Projeções da população: Brasil e unidades

da federação. Rio de Janeiro: IBGE, 2013. Disponível em: http:// www.ibge.gov.br. Acesso em:

Abril de 2018.

INOUYE, S. K. et al. Geriatric Syndromes: Clinical, Research and Policy Implications of a

Core Geriatric Concept. Journal of the American Geriatrics Society, v. 55, n. 5, p. 780–791,

2007.

IOM. Institute of Medicine. Dietary Reference Intakes for Calcium and Vitamin D. National

Academy Press: Washington, DC, USA, 2010.

IOM. Institute of Medicine. Dietary Reference Intakes for Vitamin A, Vitamin K, Arsenic,

Boron, Chromium, Copper, Iodine, Iron, Manganese, Molybdenum, Nickel, Silicon, Vanadium,

and Zinc. National Academy Press: Washington, DC, USA, pp. 800, 2001.

IOM. Institute of Medicine. Dietary Reference Intakes for Water, Potassium, Sodium, Chloride,

and Sulfate. National Academy Press: Washington, DC, USA, pp. 638, 2005.

KAISER, M.J. et al. Frequency of Malnutrition in Older Adults: A Multinational Perspective

Using the Mini Nutritional Assessment. Journal of the American Geriatrics Society, v. 58, p.

1734-1738, 2010.

Page 54: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

54

KATSUKI, A. et al. Circulating levels of active ghrelin is associated with abdominal adiposity,

hyperinsulinemia and insulin resistance in patients with type 2 diabetes mellitus. European

Journal of Endocrinology, v. 151, n. 5, p. 573-577, 2004.

KATZ, S. et al. Studies of illness in the aged. The index of ADL: a standardized measure of

biological and psychosocial function. The Journal of the American Medical Association,

185:914-9, 1963.

KEEVIL, V.; ROMERO-ORTURO, R. Ageing well: A review of sarcopenia and frailty.

Proceedings of the Nutrition Society, v. 74, n. 4, p. 337-347, 2015.

KELLER, H.H.; ØSTBYE, T.; GOY, R. Nutritional risk predicts quality of life in elderly

community-living Canadians. Journals of Gerontology Series a-Biological Sciences and

Medical Sciences, v. 59, n. 1, p. 68-74, 2004.

KMIEĆ, Z. et al. Chapter Thirteen - Anorexia of Aging. In: LITWACK, G. (Ed.). Vitamins &

Hormones: Academic Press, v.92, p.319-355, 2013.

LANDI, F. et al. Anorexia of Aging: Risk Factors, Consequences, and Potential Treatments.

Nutrients, v.8, p. 69, 2016.

LANDI, F. et al. Association of anorexia with sarcopenia in a community-dwelling elderly

population: results from the ilSIRENTE study. European Journal of Nutrition, v. 52, p. 1261–

1268, 2012.

LANDI, F. et al. Effects of anorexia on mortality among older adults receiving home care: An

observational study. Journal of Nutrition Health & Aging, v. 16, n. 1, p. 79-83, 2012.

LANGLOIS, F. et al. The multiple dimensions of frailty: physical capacity, cognition, and

quality of life. International Psychogeriatrics, v. 24, n. 9, p. 1429-1436, 2012.

LIM, S.L. et al. Malnutrition and its impact on cost of hospitalization, length of stay,

readmission and 3year mortality. Clinical Nutrition, v. 31, p. 345 – 350, 2012.

LAWTON, M.P.; BRODY, E.M. Assessment of older people: self-maintaining and

instrumental activities of daily living. Gerontologist, v. 9, p.179-86, 1969.

LEBRÃO, M.L. O envelhecimento no Brasil: aspectos da transição demográfica e

epidemiológica. Saúde Coletiva, São Paulo, v. 4, n. 17, p. 135-140, 2007.

LEVY, R.B. et al. Distribuição regional e socioeconômica da disponibilidade domiciliar de

alimentos no Brasil em 2008-2009: Revista de Saúde Pública. v. 46, p. 6-15, 2012.

LWANGA, S.K.; LEMESHOW, S. Sample size determination in health studies: a practical

manual. Geneva, World Health Organization, 1991.

MACINTOSH, C. et al. The anorexia of aging. Nutrition, v. 16, n. 10, 2000.

Page 55: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

55

MAHER, R.L. et al. Clinical Consequences of Polypharmacy in Elderly. Expert Opin Drug

Saf., v. 13, n. 1, 2014.

MALAFARINA, V. et al. The anorexia of ageing: Physiopathology, prevalence, associated

comorbity and mortality. A systematic review. Maturitas, v. 74, p. 293-302, 2013.

MALMSTROM, T.K. et al. SARC-F: a symptom score to predict persons with sarcopenia at

risk for poor functional outcomes. Journal of Cachexia Sarcopenia and Muscle, v. 7, n. 1, p. 28-

36, 2016.

MALMSTROM, T.K.; MILLER, D.K.; MORLEY, J.E. A Comparison of Four Frailty

Models. Journal of the American Geriatrics Society, v. 62, n. 4, p. 721-726, 2014.

MALMSTROM, T.K.; MORLEY, J.E. SARC-F: a simple questionnaire to rapidly diagnose

sarcopenia. Journal of the American Medical Directors Association, v. 14, n. 8, p. 531-2, 2013.

MARTONE, A.M. et al. Anorexia of Aging: A Modifiable Risk Factor for Frailty. Nutrients,

v.5, p. 4126-4133, 2013.

MATA DIZ, J.B. et al. Prevalence of sarcopenia in older Brazilians: A systematic review and

meta-analysis. Geriatrics & Gerontology International, v. 17, n. 1, p. 5-16, 2017.

MENDONÇA, N. et al. Protein Intake and Disability Trajectories in Very Old Adults: The

Newcastle 85+ Study. Journal of the American Geriatrics Society, v. 0, n. 0, 2018.

MIJNARENDS, D.M. et al. Instruments to Assess Sarcopenia and Physical Frailty in Older

People Living in a Community (Care) Setting: Similarities and Discrepancies. Journal of the

American Medical Directors Association, v. 16, n. 4, p. 301-308, 2015.

MIR, F.; ZAFAR, F., II; MORLEY, J. E. Anorexia of Aging: Can We Decrease Protein Energy

Undernutrition in the Nursing Home? Journal of the American Medical Directors

Association, v. 14, n. 2, p. 77-79, 2013.

MOCCHEGIANI, E. et al. Zinc: dietary intake and impact of supplementation on immune

function in elderly. Age, v. 35, n. 3, p. 839-860, 2013.

MONTEIRO, J.P.; CHIARELLO, P. Consumo alimentar. Visualizando porções . Rio de

Janeiro: Guanabara Koogan 2007.

MORLEY, J.E.; ADAMS, E.V. Rapid Geriatric Assessment. Journal of the American Medical

Directors Association, v. 16, n. 10, p. 808-812, 2015.

MORLEY, J.E. Anorexia of ageing: a key component in the pathogenesis of both sarcopenia

and cachexia. Journal of Cachexia, Sarcopenia and Muscle, v. 8, n. 4, p. 523–526, 2017.

MORLEY, J.E. Anorexia of aging: A true geriatric syndrome. Journal of Nutrition Health &

Aging, v. 16, n. 5, p. 422-425, 2012.

Page 56: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

56

MORLEY, J.E. Anorexia of aging: physiologic and pathologic. American Journal of Clinical

Nutrition, 66:760, 1997.

MORLEY, J.E. Anorexia, sarcopenia, and aging. Nutrition, v. 17, n. 7-8, p. 660-663, 2001.

MORLEY, J.E. Decreased food intake with aging. Journals of Gerontology Series a-Biological

Sciences and Medical Sciences, v. 56, p. 81-88, 2001.

MORLEY, J.E. et al. Frailty consensus: a call to action. Journal of the American Medical

Directors Association, v. 14, p. 392–397, 2013.

MORLEY, J.E. et al. Nutritional recommendations for the management of sarcopenia. Journal

of the American Medical Directors Association, v. 11, p. 391–396, 2010.

MORLEY, J.E. et al. The anorexia of the elderly. Annals of the New York Academy of

Sciences, 1989.

MORLEY, J.E. Frailty and sarcopenia: the new geriatric giants. Revista De Investigacion

Clinica-Clinical and Translational Investigation, v. 68, n. 2, p. 59-67, 2016.

MORLEY, J.E. Pathophysiology of the anorexia of aging. Current Opinion in Clinical Nutrition

and Metabolic Care, v. 16, n. 1, p. 27-32, 2013.

MORLEY, J.E.; SILVER, A.J. Anorexia in the elderly. Neurobiology of Aging, v. 9, p. 9-16.

Pergamon Journals Ltd., 1988.

MORLEY, J.E.; THOMAS, D.R. Anorexia and Aging: Pathophysiology. Nutrition, v. 15, n. 6,

1999.

MOSS, C. et al. Hormones: the regulation of appetite and the anorexia of ageing. Journal of

Human Nutrition and Dietetics, v. 25, n. 1, p. 3–15, 2012

MUSCARITOLI, M. et al. Consensus definition of sarcopenia, cachexia and pre-cachexia:

Joint document elaborated by Special Interest Groups (SIG) "cachexia-anorexia in chronic

wasting diseases" and "nutrition in geriatrics". Clinical Nutrition, v. 29, n. 2, p. 154-159, 2010.

MURPHY, C. The chemical senses and nutrition in older adults. Journal of Nutrition For the

Elderly, v. 27, p. 247-265, 2008.

NERI, A.L. Qualidade de vida na velhice e subjetividade. In: Neri AL, organizadora. Qualidade

de vida na velhice: enfoque multidisciplinar. Campinas: Editora Alínea, p. 13-59, 2007.

NEUMANN, S. et al. Nutritional status and clinical outcomes of older patients in rehabilitation.

Journal of Human Nutrition & Dietetics, v.18, n. 2, p. 129-136, 2005.

NIEWOEHNER, C.B. et al. Role of zinc supplementation in type II diabetes mellitus. The

American Journal of Medicine, v. 81:63, 1986.

Page 57: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

57

OMRAN, M.L.; MORLEY, J.E. Assessment of protein energy malnutrition in older persons,

part I: History, examination, body composition, and screening tools. Nutrition, v. 16, n. 1, p.

50-63, 2000.

OMS. Organização Mundial de Saúde. Diet, nutrition and the prevention of chronic diseases -

Introduction. Diet, Nutrition and the Prevention of Chronic Diseases, 916, p. 1-149, 2003.

ONU. Organização das Nações Unidas. Department of Economic and Social Affairs. The 2008

Revision, Highlights. Population and Development Review. N. 36, p. 854-855, 2010.

ONU. Organização das Nações Unidas. Revision of World Population Prospects. 2015.

Disponível em: <www.esa.un.org/unpd/wpp>. Acesso em: Setembro de 2016.

ONU. Organização das Nações Unidas. World Population Ageing 1950-2050. 2011. Disponível

em: <www.un.org/esa/population>. Acesso em: Setembro de 2016.

PFRIMER, K.; FERRIOLLI, E. Avaliação nutricional do idoso. In: VITOLO, M.R.(ORG).

Nutrição da gestação ao envelhecimento. 2. ed. Rio de Janeiro: Rubio, 2015.

PREVIDELLI, A.N.; GOULART, R.M.M.; AQUINO, R.D.C.D. Balance of macronutrient

intake among Brazilian elderly: analysis of the National Dietary Survey 2008-2009. Revista

Brasileira de Epidemiologia, v. 20, n.1, p. 70-80, 2017.

PRICE, E.A. et al. Anemia in older persons: Etiology and evaluation. Blood Cells Molecules

and Diseases, v. 46, n. 2, p. 159-165, 2011.

PINHEIRO, A.B.V. et al. Tabela para avaliação de consumo alimentar em medidas caseiras. 4.

ed. São Paulo: Atheneu; 2002.

RIKKERT, M. et al. Geriatric syndromes: medical misnomer or progress in

geriatrics? Netherlands Journal of Medicine, v. 61, n. 3, p. 83-87, 2003.

QATO, D.M. et al. Use of Prescription and Over-the-counter Medications and Dietary

Supplements Among Older Adults in the United States. Jama-Journal of the American Medical

Association, v. 300, p. 2867-2878, 2008.

ROLLAND, Y.M. et al. Leptin and adiponectin levels in middle-aged postmenopausal women:

associations with lifestyle habits, hormones, and inflammatory markers—a cross-sectional

study. Metabolism. p. 1630-1636, 2006.

ROY, M. et al. Seniors' Body Weight Dissatisfaction and Longitudinal Associations With

Weight Changes, Anorexia of Aging, and Obesity: Results From the NuAge Study. Journal of

Aging and Health, v. 27, n. 2, p. 220-238, 2015.

SANDOVAL-INSAUSTI, H. et al. Macronutrients Intake and Incident Frailty in Older Adults:

A Prospective Cohort Study, The Journals of Gerontology: Series A, v. 71, n. 10, p. 1329–1334,

2016.

Page 58: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

58

SCHAAP, L.A. et al. Associations of Sarcopenia Definitions, and Their Components, With the

Incidence of Recurrent Falling and Fractures: The Longitudinal Aging Study

Amsterdam. Journals of Gerontology Series a-Biological Sciences and Medical Sciences, v. 73,

n. 9, p. 1199-1204, 2018.

SCHRODER, H. et al. Population dietary habits and physical activity modification with age.

European Journal of Clinical Nutrition, v. 58, n. 2, p. 302-311, 2004.

SHARKEY, J.R. et al. Inadequate nutrient intakes among homebound elderly and their

correlation with individual characteristics and health-related factors. American Journal of

Clinical Nutrition, v. 76, n. 6, p. 1435-1445, 2002.

SILVA NETO, L.S. et al. Association between sarcopenia, sarcopenic obesity, muscle strength

and quality of life variables in elderly women. Brazilian Journal of Physical Therapy, v. 16, n.

5, p. 360-367, 2012.

SOENEN, S.; CHAPMAN, I.M. Body Weight, Anorexia and Undernutrition in Older People.

Journal of the American Medical Directors Association, v. 14, p. 642-648, 2013.

STEWART-KNOX, B.J. et al. Zinc status and taste acuity in older Europeans: the ZENITH

study. European Journal of Clinical Nutrition, v. 59, p. S31-S36, 2005.

STIES, S.W. et al. SIMPLIFIED NUTRITIONAL APPETITE QUESTIONNAIRE (SNAQ)

for cardiopulmonary and metabolic rehabilitation program. Revista Brasileira De Medicina Do

Esporte, v. 18, n. 5, p. 313-317, 2012.

TEK, N.A.; KARACIL-ERMUMCU, M.S. Determinants of health related quality of life in

home dwelling elderly population: appetite and nutritional status. Journal of Nutrition Health

& Aging, v. 22, n. 8, p. 996-1002, 2018.

TESSIER, A.J.; CHEVALIER, S. An Update on Protein, Leucine, Omega-3 Fatty Acids, and

Vitamin D in the Prevention and Treatment of Sarcopenia and Functional Decline. Nutrients,

v. 10, n. 8, p. 1099, 2018.

TSUTSUMIMOTO, K. et al. The association between anorexia of aging and physical frailty:

Results from the national center for geriatrics and gerontology's study of geriatric

syndromes. Maturitas, v. 97, p. 32-37, 2017.

UNICAMP. Universidade Estadual de Campinas. Tabela brasileira de composição de alimentos

- TACO. 4. ed. rev. e ampl. Campinas: UNICAMP/NEPA, 161 p, 2011. Disponível em:

<http://www.unicamp.br/nepa/taco/tabela.php?ativo=tabela>. Acesso em: Junho de 2018.

USDA. (United States Department of Agriculture) National Nutrient Database for Standard

Reference. Disponível em: <http://ndb.nal.usda.gov/ndb/foods/list>. Acesso em: Junho de

2018.

Page 59: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

59

VAN DER MEIJ, B. et al. Specific food preferences of older adults with a poor appetite. A

forced-choice test conducted in various care settings. Appetite, v. 90, p. 168-175, 2015.

VAN DER MEIJ, B.S. et al. Poor Appetite and Dietary Intake in Community-Dwelling Older

Adults. Journal of the American Geriatrics Society, v. 65, n. 10, p. 2190-2197, 2017.

VAN KAN, G.A. et al. Frailty: Toward a Clinical Definition. Journal of the American Medical

Directors Association, v. 9, n. 2, p. 71–72, 2008.

VASCONCELOS, A.M.N.; GOMES, M.M.F. Transição demográfica: a experiência brasileira.

Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, v. 21, n. 4, p. 539-548, 2012.

VÁZQUEZ-VALDEZ, O.E. et al. Association between anorexia of aging and disability in older

community-dwelling mexicans. Journal of the American Geriatrics Society. v. 58, p. 2044–

2046, 2010.

VENTURINI C. D. et al. Consumption of nutrients among the elderly living in Porto Alegre

in the State of Rio Grande do Sul, Brazil: a population-based study. Ciencia & Saude

Coletiva, v. 20, n. 12, p. 3701-3711, 2015.

VOLKERT, D. et al. ESPEN guideline on clinical nutrition and hydration in geriatrics. Clinical

Nutrition, 2018.

WILLETT, W. 24-Hour Dietary Recall and Food Record Methods. In: Nutritional

Epidemiology. 2nd edition ed. Oxford University Press; 1998.

WILSON, M.M.G. et al. Appetite assessment: Simple appetite questionnaire predicts weight

loss in community-dwelling adults and nursing home residents. The American Journal of

Clinical Nutrition, v. 82, p. 1074–1081, 2005.

WYSOKIŃSKI, A. et al. Mechanisms of the anorexia of aging - a review. AGE, v. 37, n. 8,

2015.

Page 60: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

60

9. APÊNDICE

9.1. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Page 61: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

61

Page 62: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

62

9.2. Questionário utilizado na coleta de dados

QUESTIONÁRIO

DATA: ____/____/____ HC: tel: N°______

NOME:

IDADE: DATA DE NASC.:__/__/__ SEXO: (1) Masculino (2) Feminino

BLOCO A - DADOS SOCIOECONÔMICOS

A1) ESTADO CIVIL: (1) Solteiro(a) (2) Casado(a) (3) Divorciado(a) (4) Viúvo(a) (9) NR

A2) ESCOLARIDADE: (1) < 10 anos (2) > 10 anos (9) NR Total:

A3) N° pessoas/residência: ( ) NR ( )

Institucionaliz

A4) Quantos <18anos: ( ) NR

A5) QUAL A RENDA FAMILIAR?________________ ( ) NR A51) Renda idoso:

QUAIS AS FONTES PROVENIENTES DESSA

RENDA: (1)

Sim

(2)

Não

Quanto? ( ) NR

A5a) Aposentadoria

A5b) Pensão

A5c) BPC (benefício de prestação continuada)

A5d) Aluguel de uma propriedade

A5e) Salário

A5f) Outros

A6) O SENHOR(A) É O CHEFE DA FAMÍLIA: (1) Sim (2) Não, esposa (o) (3) Não,

filho (a) (4) Não, genro/ nora (5) Não, outro (9) NR

A7) PROCEDÊNCIA: A8) (1) Área rural (2) Área urbana (9) NR

A9) COR DECLARADA: (1) Branca (2) Preta (3) Amarela (4) Parda (5) Indígena

(9)NR

BLOCO B - DADOS ANTROPOMÉTRICOS

B1) PESO (kg): (

)A ( )E

B2) ALTURA (m): (

)A ( )E

B3) IMC (kg/m²):

B5) C. Panturrilha: B6) C. Braço: B7) C. Pescoço:

B8) Alt. Joelho: B9) C. Cintura: B10) C. Quadril:

BLOCO C - EXAMES BIOQUÍMICOS

C1)

Data do último

exame:

___/___/___

C2) HDL (mg/dl):

_____________

C3) LDL (mg/dl):

______________

C4) VLDL mg/dl):

_______________

C5) TG (mg/dl):

_______________

C6) Hematócrito: ______________

C7) Hemoglobina: _____________

C8) Glicose (mg/dl): ___________

C9) HbGlic (%): _______________

C10) Pressão Arterial: ___________(mmHg)

BLOCO D- PATOLOGIAS DIAGNOSTICADAS

Page 63: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

63

D1- ( ) Hipertensão

D2- ( ) Diabetes

D3- ( ) Câncer

D4- ( ) Reumatismo

D5- ( ) Cardiopatia

D6- ( ) DPOC

D7- ( ) Anemia

D8- ( ) Infecção

D9- ( ) Demência

D10- ( ) Depressão

D11- ( ) Doença de Alzheimer

D12- ( ) Doença de Parkinson

D13- ( ) Síndrome de Fragilidade

D14- ( ) Sarcopenia

D15- Outras:

D15a- ( )

Dislipidemia

D15b- ( )

Hipotireoidismo

D15c- ( ) OA

D15d- ( ) Artrose

D15e- ( ) AVC

D15f- ( ) Osteoporose

D15g- ( ) Osteopenia

D15h- ( ) Obesidade

D15i- ( ) Incontinência urinária

D15j- ( ) Glaucoma

D15k- ( ) Catarata

D15l- ( ) Surdez

D15m- ( ) IRC

D15n- ( ) DRGE

D16- Resultado Mini Exame do Estado Mental: D17- Data: / /

D18- Fumo: (1) Não fumante (2) fumante (3) ex-fumante (9)NR

D19- Consumo de álcool: (1) frequente/todos os dias (2) socialmente (3) não

consome (4) ex-etilista (9)NR

BLOCO E – MEDICAMENTOS

E1- ( ) Anlodipina

E2- ( ) Atenolol

E3- ( ) Atorvastatina

E4- ( ) Captopril

E5- ( ) Clortalidona

E6- ( )

Espironolactona

E7- ( ) Enalapril

E8- ( ) Fenofibrato

E9- ( ) Glibenclamida

E10- ( ) Glimepirida

E11- ( ) Indapamida

E12- ( ) Insulina

E13- ( ) Losartana potássica

E14- ( ) Metformina

E15- ( ) Rosuvastatina

E16- ( ) Sinvastatina

E17- ( ) Outros:

E18- ( ) Omeprazol

E19- ( ) Vitamina D

E20- ( ) Puran T4

E21- ( ) Donepezila

E22- ( ) Sertralina

E23- ( ) Mirtazapina

E24- ( ) AAS

E25- ( ) Glifage

E26- ( ) Furosemida

E27- ( ) Domperidona

E28- ( ) Alendronato

E29- ( ) Lactulose

E30- ( ) Carvedilol

E31- ( ) Gabapentina

E32- ( ) Hidroclorotiazida

E33- ( ) Quetiapina

E34- ( ) Suplemento

BLOCO F- AVALIAÇÃO SUBJETIVA DA SAÚDE

Questões:

Muito

ruim

(1)

Ruim

(2)

Regular

(3)

Boa

(4)

Muito

Boa

(5)

Nr

(9)

F1) De modo geral, como o/a senhor/a

avalia a sua saúde no momento atual?

F2) Como o senhor/a avalia a sua

saúde em comparação com as outras

pessoas de sua idade?

BLOCO G – ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA

Page 64: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

64

G1) Atividade Básica: Comer

(1) Independente (2) Precisam de ajuda parcial (3) Precisam de ajuda total ou não conseguem

fazer (9) NR

G2) Atividades instrumentais: Preparar comida

(1) Independente (2) Precisam de ajuda parcial (3) Precisam de ajuda total ou não conseguem

fazer (9) NR

G3) Atividades instrumentais: Fazer compras

(1) Independente (2) Precisam de ajuda parcial (3) Precisam de ajuda total ou não conseguem

fazer (9) NR

BLOCO H - SARC-F (Malmstrom, Morley, 2013) / ESCALA FRAIL BR

Questões: Nenhuma

(0)

Alguma

(1)

Muita ou

Incapaz (2)

NR (9)

H1) Quanta dificuldade você tem em

levantar e carregar cerca de 5kg (ex: 1

pacote de arroz)?

H2) Quanta dificuldade você tem em

atravessar uma sala?

H3) Quanta dificuldade você tem em sair da

cadeira ou da cama?

H4) Quanta dificuldade você tem em subir

uma escada de 10 degraus?

H5) Quantas vezes você caiu no último ano? Nenhuma

(0)

De 1 a 3

(1)

Mais de 4

(2)

NR (9)

H6) Você se sente cansado? NÃO (0) SIM (1) NR (9)

H7) Você tem alguma dificuldade para

andar um quarteirão?

NÃO (0) SIM (1) NR (9)

H9) Teste de força de preensão manual : teste 1 ______ teste 2 ______ teste 3_____

BLOCO I- IPAQ

I1a) Em quantos dias de uma semana normal, você realiza atividades VIGOROSAS por pelo

menos 10 minutos contínuos, fazer serviços domésticos pesados em casa, no quintal ou no jardim,

carregar pesos elevados ou qualquer atividade que faça você suar BASTANTE ou aumentem

muito sua respiração ou batimentos do coração.

Dias ____ por SEMANA (0) Nenhum (9) NR

I1b) Nos dias em que você faz essas atividades vigorosas por pelo menos 10 minutos contínuos,

quanta tempo no total você gasta fazendo essas atividades por dia?

Horas: _____ minutos: _____ ( ) NR

Page 65: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

65

I2a) Em quantos dias de uma semana normal, você realiza atividades MODERADAS por pelo

menos 10 minutos contínuos, como por exemplo, fazer ginástica aeróbica leve, carregar pesos

leves, fazer serviços domésticos na casa, no quintal ou no jardim como varrer, aspirar, cuidar do

jardim, ou qualquer atividade que faça você suar leve ou aumentem moderadamente sua respiração

ou batimentos do coração (POR FAVOR NAO INCLUA CAMINHADA)

Dias ____ por SEMANA (0) Nenhum (9) NR

I2b) Nos dias em que você faz essas atividades moderadas por pelo menos 10 minutos contínuos

quanta tempo no total você gasta fazendo essas atividades por dia?

Horas:_____ minutos: _______ ( ) NR

I3a) Em quantos dias de uma semana normal você caminha por pelo menos 10 minutos contínuos

em casa ou no trabalho?

Dias ____ por SEMANA (0) Nenhum (9) NR

I3b) Nos dias em que você caminha por pelo menos 10 minutos contínuos quanto tempo no total

você gasta caminhando par dia?

Horas:_____ minutos: _______ ( ) NR

I4a) Quanto tem por dia você fica sentado em um dia da semana?

Horas:_____ minutos: _______ ( ) NR

I4b) Quanto tempo por dia você fica sentado em um dia do final de semana?

Horas:_____ minutos: _______ ( ) NR

BLOCO J- SINTOMAS QUE PODEM INTERFERIR NA ALIMENTAÇÃO

J1- ( ) Odinofagia

J2- ( ) Dor

J3- ( ) Disfagia

J4- ( ) Xerostomia

J5- ( ) Vômitos

J6- ( ) Náusea

J7- ( ) Hipogeusia

J8- ( ) Saciedade precoce

BLOCO K - MINI AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DO IDOSO (MAN)

INICIAR AS PERGUNTAS DESSE BLOCO COM “NOS ÚLTIMOS 3 MESES...”

K1) HOUVE DIMINUIÇÃO DA INGESTA ALIMENTAR DEVIDO A PERDA DE APETITE,

PROBLEMAS DIGESTIVOS OU DIFICULDADE PARA MASTIGAR OU DEGLUTIR?

(1) Diminuição grave da ingesta (2) Diminuição moderada da ingesta

(3) Sem diminuição da ingesta (9) NR

K2) HOUVE PERDA DE PESO?

(1) Superior a três quilos (2) Não sabe informar (9) NR

(3) Entre um e três quilos (4) Sem perda de peso

K3) TEVE PROBLEMAS PARA MASTIGAR ALIMENTOS?

(1) Sim (2) Não (9) NR

K4) TEVE ALGUM PROBLEMA NA SUA BOCA QUE O DEIXOU PREOCUPADO?

(1) Sim (2) Não (9) NR

K5) MUDOU O SEU MODO DE FALAR POR CAUSA DOS PROBLEMAS DA SUA BOCA?

(1) Sim (2) Não (9) NR

K6) SENTIU ALGUM DESCONFORTO AO COMER ALGUM ALIMENTO?

(1) Sim (2) Não (9) NR

K7) EVITOU COMER JUNTO DE OUTRAS PESSOAS?

(1) Sim (2) Não (9) NR

K8) MOBILIDADE

(1) Restrito ao leito ou à cadeira de rodas (2) Deambula mas não é capaz de sair de casa

(3) Normal (9) NR

Page 66: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

66

BLOCO L - QUESTIONÁRIO NUTRICIONAL SIMPLIFICADO DE APETITE – QNSA

L1) MEU APETITE ESTÁ:

(1) Muito ruim

(2) Ruim

(3) Moderado

(4) Bom

(5) Muito bom

(9) NR

L2) QUANDO EU COMO:

(1) Me sinto satisfeito após comer

poucas garfadas/colheradas

(2) Me sinto satisfeito após comer

aproximadamente 1/3 da refeição

(3) Me sinto satisfeito após comer

mais da metade da refeição

(4) Me sinto satisfeito após comer a maior

parte da refeição

(5) Dificilmente me sinto satisfeito

(9) NR

L3) O SABOR DA COMIDA É:

(1) Muito ruim

(2) Ruim

(3) Mediano

(4) Bom

(5) Muito bom

(9) NR

L4) NORMALMENTE EU COMO:

(1) Menos de uma refeição por dia

(2) Uma refeição por dia

(3) Duas refeições por dia

(4) Três refeições por dia

(5) Mais de três refeições por dia

(9) NR

Bloco

M

EBIA – ESCALA BRASILEIRA DE INSEGURANÇA ALIMENTAR

Iniciar as perguntas desse bloco com “Nos últimos

3 meses...”

Sim (1) Não (2) Nr(9)

M1 Os moradores deste domicílio tiveram a preocupação

de que a comida acabasse antes que tivessem dinheiro

para comprar mais comida?

M2 Os alimentos acabaram antes que os moradores desse

domicílio tivessem dinheiro para comprar mais

comida?

M3 Os moradores desse domicílio ficaram sem dinheiro

para ter

uma alimentação saudável e variada?

M4 Os moradores deste domicílio comeram apenas alguns

poucos tipos de alimentos que ainda tinham, porque o

dinheiro acabou?

M5 Algum morador de 18 anos ou mais de idade deixou

de fazer

alguma refeição porque não havia dinheiro para

comprar a comida?

M6 Algum morador de 18 anos ou mais de idade comeu

menos do que achou que devia, porque não havia

dinheiro para comprar comida?

M7 Algum morador de 18 anos ou mais de idade sentiu

fome, mas não comeu porque não tinha dinheiro para

comprar comida?

M8 Algum morador de 18 anos ou mais de idade ficou um

dia inteiro sem comer ou teve apenas uma refeição ao

dia, porque não tinha dinheiro para comprar a comida?

Page 67: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

67

M9 Os moradores com menos de 18 anos de idade não

puderam ter uma alimentação saudável e variada,

porque não havia dinheiro para comparar comida?

M10 Os moradores menores de 18 anos de idade comeram

apenas alguns poucos tipos de alimentos que ainda

havia neste domicílio, porque o dinheiro acabou?

M11 Algum morador com menos de 18 anos de idade

comeu menos do que você achou que devia, porque

não havia dinheiro para comprar a comida?

M12 Foi diminuída a quantidade de alimentos das refeições

de algum morador com menos de 18 anos de idade,

porque não havia dinheiro suficiente para comprar a

comida?

M13 Algum morador com menos de 18 anos de idade

deixou de fazer alguma refeição, porque não havia

dinheiro para comprar a comida?

M14 Algum morador com menos de 18 anos de idade sentiu

fome, mas não comeu porque não havia dinheiro para

comprar mais comida?

M15 PONTUAÇÃO:_________

BLOCO N- RECORDATÓRIO 24H

N1) Ingestão hídrica

N2) Hábito intestinal

Horário/ Refeição Alimento Quantidade

Page 68: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

68

9.3. Artigo

Page 69: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

69

Page 70: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

70

Page 71: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

71

Page 72: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

72

Page 73: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

73

Page 74: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

74

Page 75: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

75

Page 76: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

76

10. ANEXO

10.1. Comprovante aprovação do projeto ao comitê de ética.

Page 77: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

77

Page 78: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

78

Page 79: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

79

Page 80: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Larissa Miho Hararepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/347379/1/Hara_Lari… · Autora: Larissa Miho Hara Título: Prevalência de anorexia

80