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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS MARCELA PASCHOAL PERPETUO PETROGRAFIA, GEOQUÍMICA E GEOLOGIA ISOTÓPICA (U-PB, SM-ND E SR-SR) DOS GRANITOIDES EDIACARANOS DA PORÇÃO NORTE DO ORÓGENO RIACHO DO PONTAL CAMPINAS 2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

MARCELA PASCHOAL PERPETUO

PETROGRAFIA, GEOQUÍMICA E GEOLOGIA ISOTÓPICA (U-PB, SM-ND E SR-SR)

DOS GRANITOIDES EDIACARANOS DA PORÇÃO NORTE DO ORÓGENO RIACHO

DO PONTAL

CAMPINAS

2017

MARCELA PASCHOAL PERPETUO

PETROGRAFIA, GEOQUÍMICA E GEOLOGIA ISOTÓPICA (U-PB, SM-ND E SR-SR)

DOS GRANITOIDES EDIACARANOS DA PORÇÃO NORTE DO ORÓGENO RIACHO

DO PONTAL

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADA

AO INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS DA

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS PARA

OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE EM

GEOCIÊNCIAS NA ÁREA DE GEOLOGIA E

RECURSOS NATURAIS.

ORIENTADOR: WAGNER DA SILVA AMARAL

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO

FINAL DA DISSERTAÇÃO DO ALUNO MARCELA

PASCHOAL PERPETUO E ORIENTADO PELO

PROF. DR. WAGNER DA SILVA AMARAL

CAMPINAS

2017

Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): CNPq, 132019/2015-9

Ficha catalográficaUniversidade Estadual de CampinasBiblioteca do Instituto de GeociênciasCássia Raquel da Silva - CRB 8/5752

Perpetuo, Marcela Paschoal, 1990-P425p PerPetrografia, geoquímica e geologia isotópica (U-Pb, Sm-Nd e Sr-Sr) dos

granitoides ediacaranos da porção norte do Orógeno Riacho do Pontal /Marcela Paschoal Perpetuo. – Campinas, SP : [s.n.], 2017.

PerOrientador: Wagner da Silva Amaral.PerDissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto deGeociências.

Per1. Petrologia - Ígnea. 2. Geoquímica. 3. Geocronologia. 4. Geologiaisotópica. I. Amaral, Wagner da Silva, 1979-. II. Universidade Estadual deCampinas. Instituto de Geociências. III. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Petrography, geochemistry and isotopic geology (U-Pb, Sm-Ndand Sr-Sr) od the ediacarian granitoids of the Riacho do Pontal Orogen northern portionPalavras-chave em inglês:Petrology - IgneousGeochemistryGeocrhonologyIsotopic geologyÁrea de concentração: Geologia e Recursos NaturaisTitulação: Mestra em GeociênciasBanca examinadora:Wagner da Silva Amaral [Orientador]Maria José Maluf de MesquitaAdriana AlvesData de defesa: 16-08-2017Programa de Pós-Graduação: Geociências

Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

AUTORA: Marcela Paschoal Perpetuo

Petrografia, geoquímica e geologia isotópica (U-PB, SM-ND e SR-SR) dos

granitoides ediacaranos da porção Norte do Orógeno Riacho do Pontal

ORIENTADOR: Prof. Dr. Wagner da Silva Amaral

Aprovado em: 16 / 08 / 2017

EXAMINADORES:

Prof. Dr. Wagner da Silva Amaral - Presidente

Profa. Dra. Maria José Maluf de Mesquita

Profa. Dra. Adriana Alves

A Ata de Defesa assinada pelos membros da Comissão Examinadora,

consta no processo de vida acadêmica do aluno.

Campinas, 16 de agosto de 2017.

Dedico este trabalho à minha “família do rancho”, às minhas

irmãzinhas do coração, Belzinha e Keyla, e ao meu querido amigo

Marci, que muito contribuíram pra que essa dissertação se tornasse

realidade.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, um profundo sentimento de gratidão a Deus, ao supremo criador do

Universo, que me concedeu a oportunidade de inúmeros aprendizados durante mais esta etapa

da minha vida, de dois anos e meio de mestrado... A todas as pessoas queridas que Ele

permitiu que eu encontrasse nessa caminhada, e que com certeza me ensinaram muito...

À minha querida “família do rancho”, em especial, às duas grandes mulheres da minha

vida, minha mãe Rosa Maria, essa mulher mais que guerreira, que com seu exemplo de

coragem sempre me inspirou a não desistir... a continuar caminhando, independente das

dificuldades, e à minha querida vó Gray (in memoriam), que com sua incrível força,

escondida por trás de sua imensa doçura e simplicidade, me concedeu os exemplos mais

lindos na minha infância e primeira juventude, que com certeza se refletem em minha

personalidade hoje... Aos meus irmãos, Thiago e Lucas, e aos meus tios, Binho e Beto, que

me permitiram a convivência e experiências que, com certeza, me ensinaram muito. Ao meu

avô, Roberto (in memoriam) que possibilitou a realidade do rancho, e assim, todas as

primeiras experiências de vida que ali tive a oportunidade de compartilhar...

Gratidão ao meu pai, que me possibilitou a existência, à minha vó Valdete, por todo o

auxílio, minhas irmãs, Marina e Bianca, por todas as experiências compartilhadas... A toda a

minha família, enfim, profunda gratidão, por terem me auxiliado durante todo esse período!

Não poderia deixar de agradecer o Pedro, meu pai “adotivo”, por todos os momentos

compartilhados, desde “O Caderno” até os momentos com a turma do rancho, e da Viviane,

pelas várias caronas e momentos, sempre alegres!

Gratidão enfim, por todas as pessoas da “vila” de Martinho Prado, todos os queridos

amigos que lá fiz e me ensinaram muito, em especial aos queridos amigos, Anderson e

Danilo, que, mesmo com a distância, permanecem, sempre me incentivando com seus

exemplos de força e perseverança, diante dos desafios da vida...

Muita gratidão enfim, a todos os amigos queridos da UNICAMP, em especial os da

graduação, a querida Turma 09, e aos queridos irmãos que fiz ali, o Duh, o Rodrigo, Déborah,

Isabella, Nádia, Yara, Belzinha e tantos outros, que me permitiram a convivência e me

auxiliram durante toda essa etapa de vida acadêmica ^^ ...

A todos os amigos da turma da pós, em especial a turma das salinhas 11 e 15

(Cebolinha, Poli, Zé, Bia, Paty, João Paulo-JP, Dan, Marco, Nilo), ao Emmanuel, Paulão, e

tantos outros veteranos, os quais tive o prazer de conhecer! Obrigada a todos, pelo imenso

carinho, registrados nas conversas, cafezinhos, abraços, risadas e encontros pelo corredor

Gratidão aos queridos amigos e companheiros da Salinha 5, à Rosinha, Saeid, Roya,

Joãozinho, Alcy e Keyla, que me permitiram pudesse com eles compartilhar esses dois anos e

meio de convívio! Obrigada queridos, pelos momentos divididos durante esse tempo, fossem

eles de alegrias ou tristeza (com certeza a maioria de alegrias!), pelas conversas, risadas

docinhos da FEA, bandejões, por todo o carinho e amizade que com certeza permanecerá ^^

Gratidão aos queridos moradores da casinha J-10, da moradia da UNICAMP, Douglas,

Anninha, Eddie, que me acompanharam durante o mestrado, e a todos que lá conviveram

comigo por algum período, e que deixaram suas marcas e experiências de vida ali e em mim

registradas! Obrigada por todas as experiências ali vividas e por todo o aprendizado, em

especial gratidão à Mari, Yvonne, Elton, Grazi, Gláucio, Peixinho, Duh, Hugo e Isis, dentre

tantos outros que me possibilitaram vivências incríveis!

Aos moradores da Rep Republicanos, que me acolheram no momento que tanto

precisei! Ao Rafa, Syllas, Miltinho e Dara, muito obrigada pela amizade, paciência e por todo

o carinho ali recebido durante estes dois últimos meses, desafiadores!

Profunda gratidão a todos enfim, que me auxiliaram de alguma forma durante a

confecção deste trabalho! Ao Nilo, por todas as revisões feitas, ao Dan, pelo imenso auxílio

durante as etapas de geocronologia! A todos os professores, que desde a graduação muito me

auxiliaram, durante as aulas e trabalhos de campo, em especial aqueles que me inspiraram de

alguma forma, a seguir pesquisando na área da Geologia, aos professores Celso, Alfonso,

Chico, Regina, Alfredo, Lena, Robertinho, Tici, Elson e Maria José, muito obrigada! Gratidão

ao meu orientador, o Lobinho, por me permitir estudar a geologia dos “granitos do Piauí”,

pelos trabalhos de campo e discussões que me ensinaram muito! Ao professor Bley, pelas

lições durante os trabalhos de campo, e por compartilhar as experiências geológicas da Faixa

Riacho do Pontal comigo! Ao professor Lauro Nardi, que me muito me auxiliou durante as

discussões acerca da geoquímica dos granitos! A todos, muito obrigada!

Gratidão imensa a todos os funcionários da UNICAMP, que permitem o

funcionamento dessa instituição, em especial aos queridos funcionários do Ige, sempre

dispostos em ajudar. Carinho especial à Lúcia, Rose, Dona Raimunda, Jô, Val, e “Seu

Guerreiro”, por todo cuidado e dedicação a todos nós alunos, sempre que precisamos.

Gratidão mais que especial às minhas queridas irmãzinhas do coração, Belzinha e

Keyla, queridas companheiras de jornada que possibilitaram a vivência na república,

dividindo comigo mais que um quarto na casinha, mas sim momentos mais que especiais!

Compartilhando sorrisos, choros, risadas... experiências de vida... e por representarem pra

mim todas as formas de manifestações de amor fraterno que pude conhecer nessa vida! Muito

obrigada maninhas queridas, por simplesmente existirem ^^

Gratidão ao Marci, meu amigo mais que especial, companheiro de jornada, que com

seu amor, amizade pura e fraterna, me permitiu tanto aprendizado, vivências e crescimento

espiritual durante todo esse período.

Por fim, gratidão a todas as pessoas queridas que me auxiliaram, de forma direta ou

indireta, durante a confecção deste trabalho. A todas as mãozinhas, que se refletem nesta

dissertação de mestrado, e que permitiram assim, que essa pesquisa se tornasse realidade!

SÚMULA CURRICULAR

Marcela Paschoal Perpétuo

Nascida em 20/04/1990 é original de Conchal-SP, Brasil. Formada em Geologia pela

UNICAMP em 2015. Realizou seu mestrado na UNICAMP na área de Geociências com foco

em Evolução Crustal. Especificamente, trabalhou com petrologia ígnea de granitos e sienitos,

com foco na petrografia, geoquímica, geocronologia e geologia isotópica destas rochas.

Durante o mestrado, publicou um artigo sobre geoquímica de granitos, tema estudado durante

a graduação em seu trabalho de conclusão de curso. Apresentou este trabalho em simpósio

regional, no Simpósio de Geologia do Nordeste. Durante este período também participou de

cursos sobre geoquímica de granitos e geologia isotópica.

Tem experiência na área de petrologia ígnea, nos seguintes temas: petrografia, geoquímica de

elementos maiores e traços, geocronologia U-Pb em zircão, e geoquímica isotópica (Sr-Sr,

Sm-Nd) de granitos e sienitos.

RESUMO

As zonas Interna e Central do Orógeno Riacho do Pontal, no domínio sul da Província Borborema,

nordeste do Brasil, são caracterizadas por intenso magmatismo granítico relacionado à Orogênese

Brasiliana/Pan-Africana. No entanto, apesar do reconhecimento deste magmatismo na região e de sua

importância para o entendimento do contexto orogenético, tais granitoides ainda carecem de estudos

que possam auxiliar na distinção dos diferentes estágios magmáticos ocorridos durante o

Neoproterozoico Tardio. Neste contexto, o propósito deste trabalho foi descrever os plútons referentes

ao granito Betânia, na Zona Interna do orógeno, e aos sienitos Caboclo e Nova Olinda, inseridos na

Zona Central. Sienitos do Plúton Serra das Melancias da Suíte Serra da Aldeia, inseridos na Zona

Interna, também foram incluídos. Para tanto, utilizou-se da aquisição de dados de campo,

petrográficos, geoquímicos e isotópicos (U-Pb, Sm-Nd, Sr-Sr) dos diferentes corpos magmáticos. O

granito Betânia foi individualizado em duas fácies: uma com anfibólio e epidoto magmático, e outra

com muscovita secundária. São granitos cálcio-alcalinos de alto K, magnesianos e levemente

peraluminosos. Apresentam altos valores de Ba e Sr, enriquecimento em elementos LILE, baixos

valores de Nb e Ta e anomalias fortemente positivas de Eu. A idade obtida pelo método U-Pb em

zircão foi de 629 Ma. Os sienitos Caboclo e Nova Olinda são sienitos com augita, apresentam foliação

de fluxo magmático e grande quantidade de enclaves máficos e xenólitos foliados. São alcalinos,

ultrapotássicos, magnesianos e metaluminosos. Apresentam altos valores de Ba e Sr, enriquecimento

nos elementos LILE e LREE e mostram anomalias negativas de Nb e Ta. Mostram idades de 620 Ma e

617 Ma, respectivamente. Os sienitos Serra das Melancias foram datados neste trabalho e

apresentaram idade U-Pb de ~578 Ma. Os dados obtidos permitiram classificar os granitos Betânia

como representantes de um arco magmático maduro pré-colisional ediacarano. enquanto os sienitos

Caboclo/Nova Olinda, por sua vez, foram caracterizados como tardi-orogênicos, e o sienito Serra das

Melancias como pós-orogênico, durante a evolução final do Ciclo Brasiliano/Pan-Africano.

Palavras-Chave: magmatismo; Província Borborema; granitos; sienitos.

ABSTRACT

The Internal and Central zones of the Riacho do Pontal Orogen, in the southern domain of Borborema

Province, northeast Brazil, are characterized by intense granitic magmatism related to the Brazilian /

Pan African Orogeny. However, despite the recognition of this magmatism in the region and its

importance for the understanding of the orogenetic setting, such granitoids still lack studies that may

help to constrain the different magmatic stages that occurred during the Late Neoproterozoic. In this

context, the purpose of this work was to describe plutons referring to Betânia granite, in the Internal

Zone of the orogen, and to the Caboclo and Nova Olinda syenites, in the Central Zone. Syenites of the

Serra das Melancias pluton-Serra da Aldeia Suite, in the Internal Zone, were also included. In order to

do so, we used field, petrographic, geochemical and isotopic (U-Pb, Sm-Nd, Sr-Sr) data from the

different magmatic bodies. The Betânia granite was individualized in two facies: one with amphibole

and magmatic epidote, and another with secondary muscovite. They are high-K calc-alkaline,

magnesian and slightly peraluminous granites. They present high values of Ba and Sr, enrichment in

LILE elements, low values of Nb and Ta, and highly positive Eu anomalies. The age obtained by the

U-Pb method in zircon was 629 Ma. The Caboclo and Nova Olinda are syenites-augite bearing, with

presence of magmatic flow foliation and large quantity of mafic enclaves and foliated xenoliths. They

are alkaline, ultrapotassic, magnesian and metaluminous and present high values of Ba and Sr,

enrichment in the elements LILE and LREE, and show negative Nb and Ta anomalies. The Caboclo

and Nova Olinda syenites show ages of 620 Ma and 617 Ma, respectively. The Serra da Melancias

syenites were dated in this work and presented a U-Pb age of ~ 578 Ma. The data obtained allowed to

classify the Betania granites as representatives of a mature pre-collisional ediacaran magmatic arc

while the Caboclo / Nova Olinda syenites, in turn, were characterized as late-orogenic and the Serra

das Melancias syenite as post-orogenic, during the final evolution of the Brazilian / Pan-African

Cycle.

Key words: magmatism; Borborema Province; granites; syenites.

LISTA DE LUSTRAÇÕES

Figura 1.1: Localização e vias de acesso da área de estudo (Modificado de DNIT, 2013). ........ 24

Figura 3.1 : Mapa geológico do Nordeste do Brasil com destaque para a área de estudo

(modificado de Caxito, 2013). Sub-domínios da Província Borborema: PEAL – Pernambuco-

Alagoas, RC – Rio Capibaribe; AM – Alto Moxotó, AP – Alto Pajeú; PAB – Piancó-Alto

Brígida, SJC – São José do Caiano; RGN – Rio Grande do Norte, CC – Ceará Central;

ZCPeO e ZCPeL: Zona de Cisalhamento Pernambuco Oeste e Leste, respectivamente; ZCPa:

Zona de Cisalhamento Patos.......................................................................................................... 31

Figura 3.2 : Mapa geológico do Orógeno Riacho do Pontal. No detalhe, área de estudo que

engloba as zonas Interna e Central (modificado de Caxito, 2013). ............................................... 34

Figura 4.1: Mapa geológico das zonas Interna e Central do Orógeno Riacho do Pontal (Mapa

modificado da CPRM). .................................................................................................................. 39

Figura 4.2: Aspectos geológicos dos granitos Betânia. A) Aspecto geral dos afloramentos

graníticos tipo Betânia. Os corpos ocorrem como cristas alongadas, na forma de blocos e

matacões; B) Bloco granítico Betânia imbricado em xistos do Complexo Santa Filomena; C)

Amostra do granito Betânia com textura inequigranular e granulação média; D) Afloramento

granítico foliado, com a foliação definindo um mergulho para SW. O afloramento encontra-se

na região de Riacho, a sul de Betânia. ........................................................................................... 40

Figura 4.3: Feições geológicas dos sienitos Caboclo na localidade de Caveira. A) Visão

geral de uma pedreira de extração artesanal do granito Caboclo para uso em pavimentos; B)

Variações faciológicas do sienito Caboclo com as amostras exibindo variações de texturas

equigranular a porfirítica; C) Nódulo de biotita em fácies porfirítica do sienito Caboclo; D)

Bloco sienítico Caboclo apresentando foliação de fluxo magmático evidenciada pela

orientação de cristais de biotita e piroxênio e enclaves máficos; E) Enclave máfico

arredondado de dimensões centimétricas em sienito Caboclo; F) Enclave máfico foliado e

anguloso (xenólito) em afloramento sienítico Caboclo. ................................................................ 42

Figura 4.4: Aspectos geológicos dos sienitos Nova Olinda. A) Aspecto geral dos

afloramentos sieníticos Nova Olinda se destacando nas encostas do relevo; os afloramentos

constituem grandes corpos arredondados, blocos e matacões; B) Bloco sienítico Nova Olinda

foliado, com mergulho da foliação para NW; C) Amostra de sienito Nova Olinda foliado com

textura porfirítica, definida por fenocristais de K-feldspato; D) Enclave máfico anguloso em

afloramento sienítico Nova Olinda. ............................................................................................... 44

Figura 4.5: Aspectos geológicos dos granitos do Plúton Serra das Melancias, Suíte Serra

Aldeia. A) Vista geral do Plúton Serra das Melancias; B) Amostra de sienito róseo,

inequigranular, do Plúton Serra das Melancias; C) Orientação de cristais de biotita definindo

uma lineação de estiramento mineral com atitudes variadas; este afloramento está inserido nas

bordas do Plúton Serra das Melancias; D) Enclave máfico de dimensão centimétrica em

afloramento quartzo monzonítico do Plúton Serra das Melancias. ............................................... 45

Figura 5.1: Diagramas modais Q-A-P e Q-(A+P)-M (Streckeisen 1976) para as rochas

plutônicas estudadas nos domínios Interno e Central do Orógeno Riacho do Pontal. Q =

Quartzo; A = Feldspato Alcalino; P = Plagioclásio (An > 5% An); M = somatório de minerais

máficos. ......................................................................................................................................... 48

Figura 5.2: Fotomicrografia da assembleia mineral da fácies dos granitos Betânia com

anfibólio e epidoto. A) Aspecto geral da fácies com anfibólio e epidoto dos granitos Betânia,

mostrando textura inequigranular média a grossa e agregado monominerálico de quartzo tipo

1 euédrico, com textura em mosaico; B) Quartzo tipo 2 anédrico, mostrando contatos

irregulares e curvos com o anfibólio; C) Quartzo tipo 3 vermicular, configurando textura

mirmequítica, em contato com feldspatos variavelmente alterados; D) Plagioclásio com macla

polissintética tipo Albita em amostra de granito Betânia, fácies com anfibólio e epidoto; E)

Microclínio com macla “tartame” e ripas de biotita orientadas marcando a foliação no granito

Betânia; F) Anfibólio com inclusões de titanita e epidoto em assembleia félsica do granito

Betânia; G) Anfibólio associado à titanita e minerais opacos em granito Betânia; H) Inclusões

de epidoto magmático em biotita orientada (textura de epidoto ígneo “tipo B”) em granito

Betânia. .......................................................................................................................................... 52

Figura 5.3: Fotomicrografia da assembleia dos granitos Betânia-fácies com muscovita. A)

Aspecto geral dos sienogranitos Betânia-fácies com muscovita, mostrando biotitas orientadas,

marcando a foliação, e quartzo tipo 2, anédrico, mostrando contatos irregulares e interlobados

com os minerais adjacentes; B) Ortoclásio, com evidências de sericitização, e cristais de

muscovita anédricos provenientes de alteração nos sienogranitos Betânia; C) Inclusões de

muscovita secundária provenientes da alteração do ortoclásio nos sienogranitos Betânia; D)

Cristais de biotita com intercrescimento de muscovita, esta proveniente de alteração neste

mineral, nos sienogranitos Betânia-fácies com muscovita. ........................................................... 55

Figura 5.4: Fotomicrografia da assembleia mineral dos sienitos Caboclo. A) Fenocristais de

K-feldspatos pertíticos em matriz inequigranular composta por cristais de quartzo intersticial,

sub-poligonais, e minerais máficos; B) Cristais de plagioclásio bordejados por biotita e

clinopiroxênio definindo uma textura inequigranular para os sienitos Caboclo; C) Plagioclásio

com inclusões de biotita evidenciando textura poiquilítica em sienitos Caboclo; D)

Fenocristais de microclínio bordejados por quartzo e pela assembleia máfica; notar a presença

de geminação tipo "tartame", típica do mineral, e macla Carslbad; E) Microclínio-pertita

bordejado por cristais de quartzo anédricos nos sienitos Caboclo; F) Ortoclásio-pertita

bordejado por quartzo e pela assembleia máfica (Cpx+Bt) em sienito Caboclo. .......................... 59

Figura 5.5: Fotomicrografia da assembleia mineral dos sienitos Caboclo. A) Ortoclásio-

pertita com macla Carlsbad bordejado por cristais de quartzo. Notar que as pertitas ocorrem

deformadas; B) Agregado máfico com cristais de biotita e clinopiroxênio bordejados por

assembleia félsica; C) Agregado máfico de clinopiroxênio e biotita poiquilítica com inclusões

de apatita; D) Cristais de clinopiroxênio em assembleia félsica composta por quartzo e

feldspatos em sienito Caboclo; E) Seção basal de clinopiroxênio exibindo geminação simples;

F) Agregado máfico composto por biotita e clinopiroxênio. Os cristais de clinopiroxênio estão

alterados e apresentam inclusões de apatita e minerais opacos. .................................................... 60

Figura 5.6: Fotomicrografia da assembleia mineral dos sienitos Nova Olinda. A) Fenocristais

de K-feldspato em matriz inequigranular seriada contendo minerais máficos e quartzo

intersticial; B) Cristal de plagioclásio com macla polissintética segundo Lei da Albita e macla

Carlsbad (à direita); cristal de plagioclásio com inclusões de quartzo (à esquerda); C)

Microclínio-pertita com macla em tabuleiro de xadrez em sienitos Nova Olinda; D)

Ortoclásio-pertita exibindo geminação tipo Carlsbad e bordejado por cristais de biotita; E)

Fenocristal de ortoclásio-pertita exibindo geminação Carlsbad e lamelas de exsolução de

albita; F) Agregado máfico composto por biotita e clinopiroxênio em sienitos Nova Olinda. ..... 64

Figura 5.7: Fotomicrografia da assembleia mineral dos sienitos Nova Olinda. A) Agregado

máfico com cristais de clinopiroxênio bordejados por biotita em assembleia félsica; o contato

entre os minerais máficos é irregular; B) Clinopiroxênio bordejado por cristais de biotita em

sienito Nova Olinda; C) Cristal de clinopiroxênio subédrico com geminação simples e cristal

de titanita ao lado; D) Cristais de titanita em associação com a assembleia félsica e máfica;

inclusões de titanita em clinopiroxênio nos sienitos Nova Olinda. ............................................... 65

Figura 5.8: Fotomicrografia da assembleia mineral do enclave metabásico (RPB-07C). A)

Aspecto geral do enclave metabásico com textura nematoblástica, caracterizada por cristais de

hornblenda; B) Cristais de quartzo xenoblástico intersticiais em agregado máfico; C)

Agregado máfico de biotita, clinopiroxênio e titanita em associação com assembleia félsica;

D) Cristal de clinopiroxênio em contato com hornblenda; E) Cristais de biotita em contato

com clinopiroxênio e titanita em agregado máfico; F) Agregado máfico com biotita,

diopsídio, anfibólio e titanita. ........................................................................................................ 67

Figura 5.9: Fotomicrografia dos litotipos do Plúton Serra das Melancias-Suíte Serra da

Aldeia. A) Aspecto geral dos sienitos do plúton Serra das Melancias; detalhe para cristal de

arfvedsonita ao centro em assembleia félsica; B) Cristais de arfvedsonita alterada, epidoto,

diopsídio, clinozoizita e titanita em fácies quartzo monzonítica do plúton Serra das Melancias;

C) Fotomicrografia apresentando cristais de quartzo com contato poligonal nos granitos do

plúton Serra das Melancias. Fotomicrografias compiladas de Perpétuo et al. (2016). ................. 69

Figura 6.1: Diagrama Na2O + K2O versus SiO2, proposto por Cox et al. (1979) e adaptado

para rochas plutônicas, aplicado aos sienitos Caboclo e Nova Olinda, granitos Betânia e aos

granitoides do Plúton Serra das Melancias-Suíte Serra da Aldeia. ............................................... 73

Figura 6.2: Diagramas de classificação geoquímica para os granitoides estudados. A)

Diagrama K2O versus SiO2 (Peccerillo & Taylor, 1976, modificado segundo Le Maitre 2002)

para a classificação das séries subalcalinas, aplicado aos granitos Betânia; B) Diagrama

Na2O+K2O-CaO versus SiO2, proposto por Frost et al. (2001) aplicado aos sienitos Caboclo e

Nova Olinda, granitos Betânia e às fácies do Plúton Serra das Melancias; C) Diagrama

FeOt/(FeOt+MgO) versus SiO2 proposto por Frost et al. (2001) para os sienitos Caboclo e

Nova Olinda, granitos Betânia e granitoides pertencentes ao Plúton Serra das Melancias; D)

Diagrama A/NK versus A/CNK de Maniar & Piccoli (1989): A/NK: razão molar de

Al2O3/(Na2O+K2O); A/CNK: razão molar de Al2O3/(CaO+Na2O+K2O) para os sienitos

Caboclo e Nova Olinda, granitos Betânia e rochas do Plúton Serra das Melancias-Suíte Serra

da Aldeia. ....................................................................................................................................... 74

Figura 6.3: Diagrama multielementar normalizado ao ORG (Ocean Ridge Granites) proposto

por Pearce et al. (1984) para os granitos Betânia. ......................................................................... 76

Figura 6.4: Diagrama REE normalizado ao Condrito (Boynton, 1984) para os granitos

Betânia. .......................................................................................................................................... 77

Figura 6.5: Diagrama multielementar normalizado ao ORG (Ocean Ridge Granites) proposto

por Pearce et al. (1984) para os sienitos Caboclo e Nova Olinda e enclaves máficos

associados. ..................................................................................................................................... 78

Figura 6.6: Diagrama REE normalizado ao Condrito (Boynton 1984) para os sienitos

Caboclo e Nova Olinda e enclaves máficos associados. ............................................................... 79

Figura 6.7: Diagramas de discriminação tectônica para os sienitos Caboclo e Nova Olinda e

granitos Betânia. A) Diagrama multicatiônico R1-R2 de Batchelor + Bowden (1985); B)

Diagrama de Discriminação Tectônica Rb versus (Y+Nb) proposto por Pearce et al. (1984) e

modificado por Pearce et al. (1996). Legenda: Syn-COLG: syn-collisional granites; WPG:

within plate granites; VAG: volcanic arc granites, ORG: ocean ridge granites; Post-COLG:

post-collisional granites. ............................................................................................................... 80

Figura 7.1: População de grãos de zircão do Granito Betânia (RPE-30A). A) População de

grãos de zircão em luz natural (LN); B) Imagem da população de zircões em back-scattered

elétrons (BSE) mostrando as fraturas dos grãos no seu eixo de maior elongação; C) Imagem

da população de zircões em catodoluminescência (CL) mostrando os cristais de zircão com

zoneamento oscilatório e domínios irregulares; D) Diagrama Concórdia obtido para zircões do

granito Betânia representando a idade de cristalização para este plúton. ...................................... 82

Figura 7.2: População de grãos de zircão do Sienito Caboclo (RPB-02A). A) População de

grãos de zircão em luz natural (LN); B) Imagem da população de zircões em back-scattered

elétrons (BSE) mostrando os grãos fraturados; C) Imagem da população de zircões em

catodoluminescência (CL) mostrando os cristais de zircão com zoneamento oscilatório; D)

Diagrama Concórdia obtido para zircões do sienito Caboclo representando a idade de

cristalização para este plúton. ........................................................................................................ 84

Figura 7.3: População de grãos de zircão do Sienito Nova Olinda (RPB-14). A) População de

grãos de zircão em luz natural (LN); B) Imagem da população de zircões em back-scattered

elétrons (BSE) mostrando as fraturas nos grãos; C) Imagem da população de zircões em

catodoluminescência (CL) mostrando os cristais de zircão com zoneamento oscilatório e

domínios irregulares; D) Diagrama Concórdia obtido para zircões do sienito Nova Olinda

representando a idade de cristalização para este plúton. ............................................................... 86

Figura 7.4: População de grãos de zircão do Sienito Serra das Melancias (RPM-67) da Suíte

Serra da Aldeia. A) População de grãos de zircão em luz natural (LN); B) Imagem da

população de zircões em back-scattered elétrons (BSE) mostrando as fraturas nos grãos; C)

Imagem da população de zircões em catodoluminescência (CL) mostrando os cristais de

zircão com zoneamento oscilatório; D) Diagrama Concórdia obtido para zircões do sienito

Serra das Melancias representando a idade de cristalização para este plúton. .............................. 88

Figura 8.1: Diagrama de evolução isotópica εNd x TDM com valores recalculados para t(620Ma). .. 90

......................... Figura 9.1: Modelo geotectônico neoproterozóico do Orógeno Riacho do Pontal. 100

LISTA DE TABELAS

Tabela 5.1: Abreviações dos minerais de acordo com Whitney & Evans (2010). ....................... 47

Tabela 5.2: Composição Modal (%) dos granitoides nas zonas Interna e Central do Orógeno

Riacho do Pontal. ........................................................................................................................... 48

Tabela 6.1: Dados geoquímicos por FRX e ICP-MS para os granitos Betânia-fácies com

anfibólio e epidoto (GB), sienitos Caboclo (SC) e Nova Olinda (SNO), Sienito Serra das

Melancias (SSM), Quartzo-Monzonito Serra das Melancias (QMSM), Granito Serra das

Melancias (GSM) e Enclaves (EC). .............................................................................................. 71

Tabela 8.1: Dados isotópicos de Sm-Nd e Sr-Sr para os sienitos Caboclo e Nova Olinda e

enclave metabásico. ....................................................................................................................... 89

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 21

1.1 Apresentação ........................................................................................................................... 21

1.2 Objetivos .................................................................................................................................. 14

1.3. Localização da Área e Acessos .............................................................................................. 23

2. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................... 25

2.1 Etapa Pré-Campo ..................................................................................................................... 25

2.2 Etapa de Campo ....................................................................................................................... 25

2.3 Etapa Pós-Campo .................................................................................................................... 26

2.3.1 Microscopia Ótica Convencional e Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) ............ 26

2.3.2 Geoquímica de Rocha Total (elementos maiores, menores e traços) .................................. 26

2.3.3 Geocronologia (LA-FS-ICP-MS-Método U-Pb em zircão) ................................................. 28

2.3.4 Geoquímica Isotópica ........................................................................................................... 29

3. CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONALl .......................................................................... 30

3.1 Província Borborema ............................................................................................................... 30

3.2 Orógeno Riacho do Pontal ...................................................................................................... 30

4. ASPECTOS DA GEOLOGIA LOCAL ................................................................................. 38

4.1 Granito Betânia ........................................................................................................................ 40

4.2 Sienitos Caboclo ...................................................................................................................... 41

4.3 Sienitos Nova Olinda ............................................................................................................... 43

4.4 Granitoides Serra da Aldeia – Plúton Serra das Melancias ..................................................... 44

5 PETROGRAFIA ....................................................................................................................... 46

5.1 Granito Betânia ........................................................................................................................ 50

5.1.1 Fácies com anfibólio e epidoto: sienogranitos a monzogranitos ...................................... 50

5.1.2 Fácies com muscovita: sienogranitos ............................................................................... 53

5.2 Sienitos Caboclo-fácies Caveira .............................................................................................. 55

5.3 Sienitos Nova Olinda ............................................................................................................... 61

5.4 Enclave Metabásico - Anfibolito ............................................................................................. 65

5.5 Granitoides Serra das Melancias –Suíte Serra da Aldeia ........................................................ 68

6 GEOQUÍMICA DE ROCHA TOTAL ............................................................................... 70

6.1 Elementos Maiores e Menores ................................................................................................ 72

6.2 Elementos Traços .................................................................................................................... 75

6.2.1 Granitos Betânia ............................................................................................................... 75

6.2.2 Sienitos Caboclo e Nova Olinda e Enclaves Máficos ....................................................... 77

6.3 Diagramas de Discriminação Tectônica .................................................................................. 79

7 GEOCRONOLOGIA (MÉTODO U-PB EM ZIRCÃO) ...................................................... 81

7.1 Granito Betânia (Amostra RPE-30A) ...................................................................................... 81

7.2 Sienito Caboclo (Fácies Caveira) (Amostra RPB-02A) .......................................................... 83

7.3 Sienito Nova Olinda (Amostra RPB-14) ................................................................................. 85

7.4 Sienito Serra das Melancias (Amostra RPM-67) .................................................................... 87

8 GEOLOGIA ISOTÓPICA SM-ND E SR-SR ........................................................................ 89

9 DISCUSSÃO ............................................................................................................................. 91

9.1 Granito Betânia - Magmatismo pré-colisional? ...................................................................... 91

9.2 Magmatismo tardi a pós-orogênico: Sienitos tipo Caboclo/Nova Olinda e Serra das

Melancias ....................................................................................................................................... 94

9.3 Enclaves Máficos ..................................................................................................................... 98

10 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 101

11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 102

ANEXOS .................................................................................................................................... 110

21

1 INTRODUÇÃO

1.1 Apresentação

A Província Borborema (Almeida et al. 1981) abrange uma área de aproximadamente

450.000 km² no Nordeste do Brasil. É limitada pela Bacia do Parnaíba, a oeste, Cráton São

Francisco, a sul, e pela Província Costeira a leste (Almeida et al. 1981, Sampaio & Torres

1992) e compreende a margem oeste do supercontinente Gondwana, com sua estruturação

final relacionada à Orogênese Brasiliana/Pan-Africana (Santos & Brito Neves 1984,

Trompette 1994, Van Schmus et al. 1995, Brito Neves et al. 1995, 2000). A área de estudo

encontra-se inserida no domínio sul da Província Borborema, na Faixa Riacho do Pontal

(Brito Neves 1975). A Faixa Riacho do Pontal, ou Orógeno Riacho do Pontal (ORP), faz parte

do sistema de dobramentos orogênicos desenvolvido durante o Ciclo Brasiliano/ Pan-Africano

e limita-se, a norte, pela zona de cisalhamento Pernambuco-Oeste e a sul pelo Cráton São

Francisco, geograficamente situada na tríplice fronteira entre os estados da Bahia (BA),

Pernambuco (PE) e Piauí (PI). O orógeno é subdividido em três domínios ou zonas, segundo

características metamórficas e estruturais distintas (Oliveira, 1998). Esta divisão é

denominada, de sul para norte: (i) Zona Externa, (ii) Zona Central e (iii) Zona Interna.

A Zona Interna é formada por um embasamento gnáissico migmatítico sobreposto por

um conjunto de sequências metavulcanossedimentares e intrusões diversas incluindo

complexos máfico-ultramáficos e magmatismo granítico sin a pós-colisional (Gava et al.

1983, Gava et al. 1984, Angelim 1988, Gomes & Vasconcelos 1991, Angelim & Kosin 2001,

Caxito & Uhlein 2013, Salgado 2014). Este domínio apresenta idades do Toniano,

relacionadas ao Ciclo Cariris Velhos (~1,0 Ga, Brito Neves et al. 1995, Jardim de Sá et al.

1988) e idades do Neoproterozoico Tardio, associadas ao Ciclo Brasiliano/Pan-Africano (e.g.

Jardim de Sá et al. 1988, Caxito 2013).

A Zona Central caracteriza-se por uma estruturação complexa formada por rochas

metavulcanossedimentares da Sinforme Monte Orebe (Kreysing et al. 1973, Angelim 1988,

Moraes 1992). Esta zona marca uma região de antiga sutura (Oliveira 1998) e apresenta

remanescentes de crosta oceânica neoproterozoica (Caxito et al. 2014a), o que implica em

22

uma região de grande interesse para a compreensão geodinâmica do orógeno. A Zona

Externa, por sua vez, compreende um sistema de nappes, com vergêcia para sul em direção ao

Cráton São Francisco, constituída principalmente por rochas metassedimentares clásticas, de

origem marinha plataformal e turbidítica, do Grupo Casa Nova (Souza et al. 1979, Santos &

Silva Filho 1990, Figuerôa & Silva Filho 1990, Bizzi et al. 2007, Caxito 2013).

Apesar dos avanços científicos adquiridos ao longo dos anos nas zonas interna e

central da ORP, este segmento orogênico ainda carece de dados petrográficos, geoquímicos e

isotópicos que contribuam para um melhor entendimento de seu contexto geodinâmico. Faz-

se necessário um estudo mais detalhado dos granitoides que ocorrem na região, muitos ainda

carecendo de dados geoquímicos e isotópicos elementares, sendo estes de grande importância

para a contextualização do magmatismo sin a pós-colisional no orógeno. Plútons sieníticos da

região de Caboclo e Nova Olinda, na Zona Central do ORP, considerados pós-colisionais,

foram estudados anteriormente do ponto de vista petrográfico e geoquímico por Ferreira

(1995). Porém, novos dados geoquímicos e isotópicos são fundamentais para melhor

caracterizá-los e relacioná-los com o magmatismo presente na região. Da mesma forma,

granitos reconhecidos recentemente na região do Município de Betânia por Souza (2015)

necessitam igualmente de dados geoquímicos e geocronológicos que possam melhor

contextualizá-los segundo sua fonte e ambiente de formação.

Trabalhos recentes realizados por Caxito et al. (2014a) indicam remanescentes de

crosta oceânica neoproterozoica (~820 Ma ± 120 Ma) na Zona Central do ORP. Contudo,

ainda não foram caracterizados granitos típicos de ambientes de arco magmático na região,

cujas idades sejam correlatas à evolução neoproterozoica. Caxito et al. (2016) contribuíram

com dados isotópicos (U-Pb, Sm-Nd entre outros) para um conjunto de rochas

metavulcanossedimentares do orógeno e para os granitos sin-colisionais, pertencentes às

suítes Rajada, e Afeição, e pós-colisionais da Suíte Serra da Aldeia. No entanto, dados

adicionais que possam contribuir para uma melhor compreensão acerca da origem destes

granitoides e da relação temporal entre eles são essenciais.

Neste trabalho são apresentados dados petrográficos, geoquímicos e isotópicos (U-Pb,

Sm-Nd e Sr-Sr) para um conjunto de granitoides presentes nos domínios interno e central do

Orógeno Riacho do Pontal. Estes granitoides compreendem um plúton granítico da Suíte

Serra Aldeia (Plúton Serra das Melancias, Perpétuo et al. 2016), granitos do entorno do

município de Betânia (aqui denominado de Granito Betânia) e plútons sieníticos das regiões

dos vilarejos de Caboclo e Nova Olinda (sienitos Caboclo e Nova Olinda, respectivamente).

23

Neste sentido, a caracterização do magmatismo granítico na região é fundamental para uma

melhor compreensão do contexto geodinâmico do ORP e sua evolução durante a Orogênese

Brasiliana/Pan-Africana.

1.2 Objetivos

O objetivo desta dissertação é caracterizar o magmatismo granítico ediacarano nas

zonas interna e central do Orógeno Riacho do Pontal, do ponto de vista petrográfico,

geoquímico e isotópico. Pretende-se com esta caracterização uma melhor compreensão da

evolução geotectônica deste sistema de dobramentos, relacionado à Orogênese

Brasiliana/Pan-Africana. Desta forma, os objetivos específicos são:

Reconhecimento das principais feições macroscópicas dos corpos graníticos;

Compreensão das assembleias minerais e de suas relações texturais;

Obtenção das assinaturas geoquímicas dos litotipos;

Determinação das idades de cristalização dos principais plútons e

Determinação das possíveis fontes dos granitoides estudados.

1.3 Localização da Área e Acessos

A área de estudo localiza-se no sudeste do estado do Piauí e noroeste do estado de

Pernambuco, limitando-se pelas latitudes 8º06’00’’S a 8º32’50’’S e longitudes 40º11’07’’W a

41º07’32’’W. O acesso à região é realizado, a partir de Petrolina (PE), por meio da rodovia

Federal BR-407 em direção noroeste, passando pelos municípios de Rajada (PE), Afrânio

(PE), Dormentes (PE), Monte Orebe (PI), Betânia do Piauí (PI) até o município de Paulistana

(PI). A Figura 1.1 apresenta um mapa de localização da área de estudos e um caminho

aproximado ao realizado em campo.

24

Figura 1.1: Localização e vias de acesso da área de estudo (Modificado de DNIT, 2013).

25

2 MATERIAIS E MÉTODOS

O capítulo a seguir visa sumarizar os métodos e procedimentos adotados com a

finalidade de alcançar os objetivos propostos para esta dissertação de mestrado. Desta forma,

os procedimentos e técnicas utilizados foram divididos em três etapas principais (etapa pré-

campo, etapa campo e etapa pós-campo) sendo que cada uma delas consistiu em um conjunto

de sub-etapas ou fases que contribuíram para a concepção do presente trabalho e serão

descritas a seguir.

2.1 Etapa Pré-Campo

Esta etapa consistiu na aquisição de informações sobre a área de estudos por meio de

acervos bibliográficos a partir de trabalhos anteriores tais como dissertações, teses e

levantamentos geológicos de mapeamento em diversas escalas. Nesta etapa foram ainda

confeccionados mapas prévios para serem usados durante os trabalhos de campo. Estes mapas

foram desenvolvidos fazendo uso de produtos aerogeofísicos (gamaespectromeria e

magnetometria) cedidas pela CPRM, imagens de satélite e do modelo digital de elevação de

terreno. Ainda, foram extraídos caminhos e principais estradas a partir do Google Earth. O

processamento e integração dos dados de sensores remotos e aerogeofísicos foi feito a partir

de rotinas implementadas nos programas ENVI 6.0 e ArcGis 10.3. O tratamento dos dados foi

desenvolvido de acordo com as etapas seguintes: i) avaliação do acervo geológico,

geoquímico, geocronológico e geofísico disponível para o Orógeno Riacho do Pontal; ii)

processamento e tratamento digital das imagens de sensores remotos e iii) interpretação

integrada com os dados aerogeofísicos de áreas de interesse geológico.

2.2 Etapa de Campo

Esta etapa consistiu em duas campanhas de levantamentos de campo de 7 dias cada.

Os trabalhos de campo contribuíram para o reconhecimento da área de estudo, com ênfase em

seus aspectos geológicos. Durante esta etapa, buscou-se caracterizar os diversos litotipos

presentes na região, os contatos e a estruturação das rochas de interesse por meio da descrição

detalhada dos afloramentos. Além disso, efetuou-se a coleta de amostras selecionadas, bem

26

distribuídas ao longo dos corpos geológicos estudados e livres de alteração para os estudos

petrográficos, geoquímicos e isotópicos subsequentes.

2.3 Etapa Pós-Campo

2.3.1 Microscopia Ótica Convencional e Microscopia Eletrônica de Varredura

(MEV)

As análises petrográficas consistiram no reconhecimento das assembleias minerais, as

relações microtexturais, zoneamentos composicionais, intercrescimentos e alterações

presentes nas rochas estudadas. Para tanto, foram confeccionadas 20 lâminas delgadas no

Laboratório de Laminação do Instituto de Geociências (IG-UNICAMP) e posteriormente

analisadas nos laboratórios de Microscopia e Microtermometria do Instituto de Geociências

(IG-UNICAMP) em microscópio petrográfico convencional (Microscópio Ótico Leica

modelo DM 750 P) em luz transmitida.

As fases minerais que não puderam ser determinadas com precisão em microscopia

ótica convencional foram analisadas no microscópio de varredura eletrônica (MEV) com

sistema de energia dispersiva (Energy Dispersive X-Ray Spectrometer, EDS/Oxford

Instruments) para análises semiquantitativas. As lâminas delgadas submetidas à análise

passaram pelo processo de metalização, utilizando-se uma fina camada de carbono na

superfície da lâmina. Esta etapa foi efetuada no Laboratório de Microscopia Eletrônica de

Varredura do Instituto de Geociências (IG-UNICAMP).

2.3.2 Geoquímica de Rocha Total (elementos maiores, menores e traços)

As seguintes etapas foram realizadas compreendendo a análise geoquímica das

amostras coletadas:

Preparação prévia das amostras: esta etapa consistiu na preparação de 21

amostras representativas, livres de alteração. Nesta fase as amostras foram inicialmente

submetidas à britagem, por meio de um britador de mandíbulas (Fritsh, Alemanha), seguida

de quarteamento, este último efetuado para obter a massa necessária para análise

(aproximadamente 100g) e, por último, moagem. Para a moagem utilizou-se um moinho

27

planetário com potes e bolas de ágata (Fritsh, Alemanha) buscando-se obter um pó da amostra

com uma fração granulométrica adequada para a etapa analítica. As amostras resistentes a esta

primeira etapa de moagem passaram por um moinho vibratório de anéis de ágata por cerca de

5 minutos, para obtenção do pó com granulação desejada (~70 μm).

Fluorescência de Raios X: A análise dos elementos maiores e alguns traços foi efetuada

em 21 amostras no Laboratório de Fluorescência de Raios X do Instituto de Geociências

(IG-UNICAMP) a partir de pastilhas prensadas, para a obtenção de alguns elementos

traços, e em discos de vidro, para os elementos maiores e menores, de acordo com a

metodologia descrita em Potts (1992). As pastilhas prensadas foram preparadas com a

mistura de 9,0 g da amostra moída e 1,5 g de cera em pó com a utilização de uma prensa

hidráulica (modelo HTP 40, Herzog, Alemanha). Os discos de vidro foram produzidos a

partir da fusão de 6g de amostra para 1g do fundente de metaborato e tetraborato de lítio

(80/20 p/p – Spectroflux 100B Johnson Mattey, USA) a 1000º C em cadinhos de platina

e resfriados em velocidade controlada em moldes circulares de platina. O equipamento

utilizado na espectrometria de Fluorescência de Raios X foi do tipo Philips, PW 2404,

Holanda. Para o controle de qualidade dos resultados, foi analisada a duplicata de uma

das amostras, além de análises adicionais de três amostras de materiais de referência

internacionais (GSP-2, BE-N e BRP-1).

ICP-MS (Inductive Coupled Plasma-Mass Spectrometry): A análise de elementos traços,

incluindo os terras raras, foi obtido para 14 amostras no Laboratório de Geologia

Isotópica do Instituto de Geociências (IG-UNICAMP). As amostras, na forma de pó,

foram submetidas à dissolução por “ataque” com ácidos nítrico (HNO3) e fluorídrico

(HF) utilizando recipientes fechados (bombas de teflon tipo Parr) sendo estes inseridos

em uma jaqueta de metal e submetidos a altas pressões e temperaturas por

aproximadamente 5 dias. Após o resfriamento em temperatura ambiente, as amostras

foram aquecidas em placa aquecedora com 0,5 ml de HClO4 por 4 horas até quase

dissolução, a 150º C, visando a decomposição dos fluoretos. O equipamento utilizado

foi do tipo ICP-MS Xseries II (Thermo) equipado com CCT (Collision Cell

Technology). Para o controle de qualidade das análises, utilizou-se o material de

referência GS-N (Granito – ANRT, França) além da análise da duplicata de uma das

amostras.

28

2.3.3 Geocronologia (LA-FS-ICP-MS-Método U-Pb em zircão)

As análises foram realizadas em 4 amostras no Laboratório de Geoquímica Isotópica

do Instituto de Geociências (IG-UNICAMP). A preparação das amostras consistiu na

britagem em britador de mandíbulas seguida de moagem em moinho de discos. A

concentração dos minerais pesados foi obtida com o bateamento das amostras feito

manualmente. A separação magnética foi feita com imã de mão, seguida do separador

eletromagnético isodinâmico Frantz (LB-1, S.G. Frantz Co., Inc.) em que as correntes

utilizadas foram 0,05, 0,1, 0,3, 0,7, 1,0 e 1,2 A. Após a separação magnética, os minerais não-

magnéticos foram separados entre os mais leves e mais pesados com o auxílio do líquido

denso Iodeto de Metileno. Após a separação dos minerais pesados, estes foram analisados em

lupa binocular para o selecionamento dos cristais de zircão. Em seguida, há a montagem dos

mounts nos quais os cristais de zircão cuidadosamente selecionados são colados em uma

mistura de 5g de araudite e 1g de resina aradur. Após a secagem, os mounts são lixados e

polidos com pasta diamantada e esterelizados.

O reconhecimento da estrutura interna dos cristais de zircão foi obtido por meio de

imagens de catodoluminescência (CL) e backscattered electron (BSE) pelo MEV. As imagens

obtidas auxiliaram na escolha dos melhores spots a serem datados, por meio da identificação

da borda e núcleo, zoneamentos, intercrescimentos metamórficos e fraturas existentes nos

cristais.

O equipamento utilizado foi o LA-FS-ICP-MS, método de ablação a laser que consiste de um

Excite 193 (Photon Machines) equipado com uma célula de ablação de dois volumes (HelEx)

acoplado ao ICP-MS (Element XR, Thermo Scientific). Os mounts são inseridos no aparelho

com os padrões de referência (91500 e PEIXE) e o tamanho do spot definido para 25 µm. O

padrão 91500 é utilizado para o cálculo das razões isotópicas dos grãos desconhecidos e para

o controle da flutuação do equipamento durante a sessão de análises. O padrão Peixe, por sua

vez, é usado para controle e qualidade das correções efetuadas.

A redução dos dados foi feita com o software Iolite 2.5 (método de Paton et al. 2010)

e a correção de Pb comum e geração dos diagramas de concórdia e histograma foram

efetuados com o software VizualAge 2014.10 (Petrus & Kamber 2012).

29

2.3.4 Geoquímica Isotópica

As amostras, no total de 16, previamente preparadas e transformadas em pó, como

descrito para os métodos analíticos de geoquímica de rocha total, foram levadas para análise

isotópica de rocha total. Os isótopos Nd e Sr foram analisados no Laboratório de

Geocronologia do Instituto de Geociências da Universidade de Brasília.

O estudo isotópico pelo sistema Sm-Nd foi efetuado a partir das razões 147

Sm/144

Nd e

143Nd/

144Nd, idades modelo (TDM) e pelo parâmetro εNd (De Paolo 1981,1988). Os isótopos de

Sr, por sua vez, foram analisados em termos da razão inicial 87

Sr/86

Sr.

Os procedimentos analíticos seguiram a metodologia descrita em Gioia & Pimentel (2000).

Segundo o procedimento, 50 mg de amostra, devidamente preparada e transformada em pó, é

misturada em uma solução traçadora de 149

Sm e 150

Nd. As amostras são dissolvidas em

cápsulas específicas por meio de ataques ácidos de HF, HNO3 e HCl. Colunas de trocas

catiônicas são utilizadas para a extração dos isótopos de Sm e Nd. As frações dos elementos

são depositadas em arranjos de filamentos de rênio com ácido nítrico e posteriormente

analisadas na sua forma metálica com o espectrômetro de massas do tipo multi-coletor

Finnigan MAT-262. Padrões internacionais BHVO-1 e BCR-1 foram utilizados para controle

de precisão das análises. As razões isotópicas são então normalizadas para um valor de

146Nd/

144Nd de 0,7219. Os valores de TDM foram obtidos utilizando-se o modelo proposto por

De Paolo (1981). Os parâmetros εNd e Sr iniciais foram calculados a partir das idades U-Pb

obtidas para as unidades investigadas.

30

3 CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL

3.1 Província Borborema

A Província Borborema consiste de um conjunto de blocos com arranjo em mosaico,

evidenciada por diferentes eventos tectono-magmáticos, tendo sua estruturação final datada

do Ciclo Brasiliano Tardio (~630-500 Ma) (Santos & Brito Neves 1984, Van Schmus et al.

1995, Brito Neves et al. 2000). Os estágios finais deste ciclo orogênico resultaram na junção

dos crátons São Luís/Oeste Africano e São Francisco/Congo, com a aglutinação do paleo-

continente Gondwana Oeste (Trompette 1994), e implicou na geração de várias zonas de

cisalhamento e segmentos orogênicos ao redor dos fragmentos cratônicos.

A Província Borborema é dividida em domínios litotectônicos, limitados por

importantes lineamentos, tais como as zonas de cisalhamento Patos e Pernambuco, de direção

E-W (Almeida et al. 1981, Santos & Brito Neves 1984, Jardim de Sá et al. 1992, Dantas et al.

2004), usadas como divisões de primeira ordem da província, que definem três domínios:

Setentrional (norte), Transversal (central) e Meridional (sul) (Brito Neves et al. 1995). Os

diferentes domínios são resultado da colagem de fragmentos crustais arqueanos, maciços

gnáissicos do embasamento, paleo a mesoproterozoicos, sequências supracrustais paleo a

neoproterozoicas, além de plútons sin a pós-cinemáticos, em relação à Orogênese Brasiliana,

do Neoproterozoico tardio (Dantas et al. 2004). A Figura 3.1 apresenta os aspectos geológicos

da Província Borborema, com detalhe para a área de estudo (Orógeno Riacho do Pontal).

31

Figura 3.1: Mapa geológico do Nordeste do Brasil com destaque para a área de estudo (modificado de Caxito,

2013). Sub-domínios da Província Borborema: PEAL – Pernambuco- Alagoas, RC – Rio Capibaribe; AM – Alto

Moxotó, AP – Alto Pajeú; PAB – Piancó-Alto Brígida, SJC – São José do Caiano; RGN – Rio Grande do Norte,

CC – Ceará Central; ZCPeO e ZCPeL: Zona de Cisalhamento Pernambuco Oeste e Leste, respectivamente;

ZCPa: Zona de Cisalhamento Patos.

32

3.2 Orógeno Riacho do Pontal

A Faixa Riacho do Pontal (Brito Neves et al. 1975) ou Orógeno Riacho do Pontal

(Caxito et al. 2016), está inserida no domínio sul da Província Borborema e é subdividida em

três domínios ou zonas que refletem suas características sedimentares, metamórficas e

estruturais distintas. Tais características foram reconhecidas mediante trabalhos geofísicos

desenvolvidos por Oliveira (1998) e permitiram a divisão do orógeno, de sul para norte em (i)

Zona Externa, (ii) Zona Central e (iii) Zona Interna (Figura 3.2).

A Zona Externa situa-se na porção sul do orógeno e consiste de um sistema de nappes

com vergência para sul, que se sobrepõe ao embasamento do cráton São Francisco na região

próxima à represa de Sobradinho. A Zona Externa é composta por rochas supracrustais

metassedimentares clásticas, de idade neoproterozoica (Brito Neves et al. 2015) inseridas no

Grupo Casa Nova (Souza et al. 1979, Santos & Silva Filho 1990, Figuerôa & Silva Filho

1990, Bizzi et al. 2007, Caxito 2013). Este grupo consiste de duas unidades principais: (i)

Formação Barra Bonita e (ii) Formação Mandacaru.

A Formação Barra Bonita é composta principalmente por rochas metapelíticas tais

como xistos e filitos, muscovita quartzitos, além de intercalações de mármore calcítico. Dados

de zircões detríticos apresentados por Caxito et al. (2016) mostram padrões semelhantes com

aqueles obtidos para a cobertura cratônica representada pelo Grupo Una, sendo esta resultado

da erosão de sedimentos do Supergrupo Espinhaço, durante um sistema de rift

mesoproterozoico (Santos et al. 2012). Os autores consideram que a Formação Barra Bonita

se desenvolveu em um ambiente de margem passiva ao longo da margem norte do cráton São

Francisco, provavelmente refletindo uma continuação da bacia cratônica. Os dados isotópicos

de carbonatos (Caxito et al. 2016) também confirmam uma deposição síncrona desta

formação com o grupo Una em um ambiente de margem passiva (~820-630 Ma) no norte do

Cráton São Francisco.

A Formação Mandacaru caracteriza-se principalmente por mica xistos com

intercalações de metagrauvacas, preliminarmente associada a ambiente marinho turbidítico

profundo do tipo flysch (Santos & Silva Filho 1990, Caxito 2013). Dados radiométricos de

zircões detríticos provenientes de metagrauvacas, mostrando picos predominantemente

neoproterozoicos, e dados isotópicos de Nd, diferentes daqueles obtidos para a Formação

Barra Bonita, sugerem que a Formação Mandacaru teve uma proveniência distinta daquela,

com influência toniana (suíte Afeição) e de granitoides neoproterozoicos de ~650 Ma, em um

ambiente de margem ativa, de bacia relacionado a arco (Caxito et al. 2016). Desta forma, os

33

autores propõem ambientes sedimentares e tectônicos diferentes para as duas formações e

sugerem que estas sejam separadas do Grupo Casa Nova.

O embasamento da Zona Externa é composto por ortognaisses do tipo TTG

variavelmente migmatizados representados pelo Bloco Gavião/Sobradinho (Angelim & Kosin

2001, Dantas et al. 2010, Caxito 2013, Caxito et al. 2016) e apresenta uma tectônica do tipo

thin skin. O Bloco Sobradinho, bem como outras porções representativas do embasamento ao

norte do Cráton São Francisco, é considerado por Brito Neves et al. (2015) como o antepaís

da faixa dobrada, caracterizada por um foreland thrust and fold belt de dimensões em torno de

200 km. Dados geocronológicos indicam uma idade arqueana para o embasamento, com

intenso retrabalhamento paleoproterozoico (Dantas et al. 2010). Xenólitos gabro-dioríticos

recentemente datados em ~3,5 Ga (Dantas et al. 2010) representam uma das idades mais

antigas encontradas na América do sul e ocorrem preservadas neste fragmento cratônico.

A Zona Central é reconhecida como uma estrutura sinformal de direção E-W

denominada de “Sinforme Monte Orebe” (Kreysing et al. 1973, Angelim 1988, Moraes

1992), representada pelo Complexo Monte Orebe. Este complexo é constituído por uma

sequência metavulcanossedimentar composta principalmente por metavulcânicas básicas

(xistos verdes, anfibolitos, metatufos), com intercalações de rochas ultramáficas e

metassedimentares tais como metachert, granada-mica xistos, grauvaca e quartzo xistos

(Caxito 2013). Trabalhos geofísicos realizados por Oliveira (1998) sugerem a existência de

uma zona de sutura na região, evidenciada por meio de anomalias Bouger com pares positivo-

negativo. Estudos recentes apresentados por Caxito et al. (2014a) demonstram uma afinidade

do tipo MORB para as metavulcânicas básicas, com idade Sm-Nd em aproximadamente 820

Ma. A idade neoproterozoica para este complexo é também apontada mediante análises U-Pb

em zircão efetuadas por Brito Neves et al. (2015). De acordo com Caxito et al. (2016) a

conjunção de dados geofísicos, isotópicos, geoquímicos e radiométricos apontam para uma

antiga zona de sutura na região, com remanescentes de crosta oceânica representativa de uma

fase de deriva continental (~ 820-630 Ma).

34

Figura 3.2: Mapa geológico do Orógeno Riacho do Pontal. No detalhe, área de estudo que engloba as zonas

Interna e Central (modificado de Caxito, 2013).

A Zona Interna situa-se na porção norte do orógeno, limitada pela zona de cisalhamento

Pernambuco-Oeste. É composta por rochas metavulcanossedimentares (Complexos

Paulistana, Santa Filomena e Morro Branco; Gomes & Vasconcelos 1991, Angelim & Kosin

2001, Caxito 2013) intrudidas por diversas rochas ígneas que compreendem complexos

máfico-ultramáficos (complexos Brejo Seco e São Francisco de Assis; Angelim & Kosin

2001, Salgado 2014,

Salgado et al. 2014, 2016) e granitos sin a pós-colisionais (suítes Rajada, Afeição e Serra da

Aldeia; Angelim 1988, Gava et al. 1984). Caxito et al. (2016) discriminaram as sequências

metavulcanossedimentares em sub-domínios, com base em dados radiométricos de U-Pb em

zircão, permitindo o reconhecimento do sub-domínio Morro Branco, de idade toniana,

relacionado ao Ciclo Cariris Velhos, e o sub-domínio Paulistana/Santa Filomena, de idade

neoproterozoica, relacionado ao Ciclo Brasiliano.

35

O sub-domínio Morro Branco, localizado mais a oeste da zona interna, é composto

principalmente por metarritmitos com intercalações de metavulcânicas básicas a ácidas e

metatufos. É considerado de idade igual ou superior a 1,0 Ga, baseado em datações obtidas

em uma soleira de granito concordante às rochas deste sub-domínio (Caxito, 2013). Dados

geoquímicos em conjunto com dados isotópicos de Nd apresentados por Caxito et al. (2016)

apontam para uma contaminação crustal nas rochas metavulcanossedimentares do sub-

domínio Morro Branco. Os autores propõem um ambiente ligado a um rift continental

relacionado ao Ciclo Cariris Velhos, ou uma bacia ante-arco. Este sub-domínio é ainda

intrudido por corpos máfico-ultramáficos dos complexos Brejo Seco (Marimon 1990, Salgado

2014) e São Francisco de Assis (Caxito 2013). O Complexo Brejo Seco é considerado uma

intrusão máfica-ultramáfica acamadada associada a ambiente litosférico continental (Salgado

et al. 2014) e apresenta idades ao redor de 900 Ma (isócrona Sm-Nd, Salgado et al. 2016).

Caxito et al. (2016) propõem um ambiente de rift continental, associado a uma pluma

mantélica para a gênese destas rochas.

O sub-domínio Paulistana/Santa Filomena é composto pelas unidades

metavulcanossedimentares Paulistana e Santa Filomena. O Complexo Santa Filomena é

constituído por sequências metassedimentares que consistem principalmente de muscovita-

biotita xistos, com presença variável de granada, cianita e estaurolita, além de paragnaisses

(Santos 2016). Mármores calcíticos que gradam para calcoxistos, quartzo xistos, metarritmitos

e filitos, intercalados com anfibolitos também ocorrem neste complexo (Caxito 2013, Uchôa

Filho 2015). Uma assembleia do tipo QPC (Quartzito-Pelito-Carbonato) é reconhecida para a

sequência metassedimentar, considerada de idade neoproterozoica, com base em datações U-

Pb em zircão (Brito Neves et al. 2015).

O Complexo Paulistana é uma unidade metaplutono-vulcano-sedimentar composta

predominantemente por granada-mica xistos, muscovita-quartzo xistos, metacherts, além de

um conjunto de rochas metamáficas (metagabros, anfibolitos) e metaultramáficas

(clinopiroxênio-anfibolitos, actinolita-tremolita xistos e metapiroxenitos) (Caxito 2013,

Uchôa Filho 2015). Uma idade toniana foi inferida por Caxito (2013) e Brito Neves et al.

(2015) a partir de datações U-Pb em zircão e relações com rochas intrusivas pertencentes ao

Toniano. Entretanto, novos dados geocronológicos obtidos em metagabros desta unidade

mostraram idade de 882,4 ± 4,4 Ma (U-Pb em zircão) que permitem associar as rochas do

Complexo Paulistana com o Ciclo Brasiliano. Os dados geoquímicos e isotópicos apontam

para um ambiente de rift continental com influência do manto, enquanto que a idade obtida

36

relaciona o Complexo Paulistana com o complexo máfico-ultramáfico de Brejo Seco,

igualmente interpretado como sido originado em ambiente de rift continental com associação

de pluma mantélica (Caxito et al. 2016).

A Zona Interna é ainda caracterizada pela presença abundante de granitos porfiríticos e

augen-gnaisses representativos da Suíte Afeição (Angelim 1988). A Suíte Afeição apresenta

idades do Toniano, variando entre 942 e 988 Ma, obtidas a partir de isócronas Rb-Sr (rocha

total) e datações U-Pb em zircão (Jardim de Sá et al.1988, Van Schmus et al. 1995, Caxito et

al. 2014, Brito Neves et al. 2015), estando assim relacionada ao evento Cariris Velhos. Caxito

et al. (2014b), ao relacionar dados petrográficos, geoquímicos, isotópicos e geocronológicos,

consideraram a Suíte Afeição como a porção de um arco magmático continental relacionado

ao Ciclo Cariris Velhos. Entretanto, Guimarães et al. (2012, 2015) interpretam a Suíte

Afeição como parte de uma configuração relacionada à extensão continental do evento Cariris

Velhos.

O embasamento nos domínios Central e Interno é representado por ortognaisses

tonalíticos a granodioríticos com porções migmatizadas, denominado de Complexo Morro do

Estreito (Kosin et al. 2004) caracterizado por uma tectônica do tipo thick skin. Brito Neves et

al. (2015) atribuem uma idade neoarqueana, em torno de 2.6 Ga (isócronas Rb-Sr em rocha

total e U-Pb em zircão) para os ortognaisses granodioríticos representantes deste

embasamento, considerado pelos autores como a porção de além país da faixa dobrada.

O Orógeno Riacho do Pontal é ainda intrudido por diferentes gerações de corpos ígneos

sin, tardi a pós-colisionais relacionados à Orogênese Brasiliana. Magmatismo sin-colisional é

representado pela Suíte Rajada, composta principalmente por ortognaisses a duas micas, de

composição tonalítica a granodiorítica (Angelim 1988). A Suíte Rajada apresenta isócronas

Rb-Sr em rocha total, obtidas para idade de intrusão e metamorfismo, entre 743 ± 59 e 539 ±

25 Ma (Jardim de Sá et al. 1988, Santos & Silva Filho 1990). Idades U-Pb em zircão são

apresentadas por Caxito (2013) com valores entre 570 e 616 Ma e Brito Neves et al. (2015)

com idades entre 620 e 635 Ma, representativas do pico de metamorfismo. Recentemente,

novas idades U-Pb em zircão obtidas para a Suíte Rajada mostram idades de 608 ± 9,8 Ma

(Caxito et al. 2016) em afloramentos clássicos destas rochas. Magmatismo sin a tardi-

colisional é representado pela Suíte Serra da Esperança, composta por sienitos e quartzo-

sienitos cinzas a róseos (Plá Cid et al. 2000, Caxito 2013). Idade Rb-Sr em rocha total para

estes corpos é de 555 ± 10 Ma (Jardim de Sá et al. 1996). O magmatismo tardi a pós-

colisional é representado pela Suíte Serra da Aldeia (Gava et al. 1984). A Suíte Serra da

37

Aldeia é caracterizada por plútons ovais e circulares, com direção NE-SW, compostos por

sienitos cinzas a róseos e K-feldspato granitos. Os corpos apresentam-se isotrópicos com

deformação localizada próximo às zonas de cisalhamento tardias e ocorrem concentrados na

região noroeste no domínio interno da faixa (Caxito 2013, Caxito & Uhlein 2013). Afinidades

alcalina, shoshonítica e potássica do tipo A foram atribuídas para estas rochas (Gava et al.

1984, Plá Cid et al. 2000). Dados petrográficos e geoquímicos obtidos para o plúton de maior

área desta suíte foram recentemente apresentados por Perpétuo et al. (2016). O Plúton Serra

das Melancias, assim designado pelos autores, é composto por fácies isotrópicas de

composições sieníticas, quartzo-monzoníticas e graníticas. Tratam-se granitos de alto Ba e Sr

com afinidades alcalinas de alto K a shoshoníticas, sendo considerados representativos de um

magmatismo transicional entre os estágios tardi a pós-orogênico do Ciclo Brasiliano no

Orógeno Riacho do Pontal. Dados radiométricos U-Pb em zircão obtidos por Caxito et al.

(2016) para este plúton mostram uma idade de 586,2 ± 5 Ma confirmando sua natureza pós-

colisional. Plútons sieníticos representativos de magmatismo pós-colisional, localizados

próximo às regiões de Caboclo e Nova Olinda foram estudados do ponto de vista petrográfico,

geoquímico e isotópico por Ferreira (1995), e serão tratados com mais detalhe ao longo deste

trabalho.

O metamorfismo que caracteriza o Orógeno Riacho do Pontal é de fácies xisto verde

alto a anfibolito, configurado em três regimes compressionais, que deram origem às estruturas

da faixa móvel. Por último, um regime transcorrente, relacionado a uma tectônica de escape,

tem como principal representante a Zona de Cisalhamento Pernambuco Oeste, caracterizada

por um metamorfismo que atinge a transição da fácies anfibolito para granulito (Caxito,

2013).

38

4 ASPECTOS DA GEOLOGIA LOCAL

O presente capítulo destina-se à descrição das principais feições geológicas das rochas

estudadas. Os litotipos de interesse consistem em sienitos e granitos inseridos geologicamente

nas zonas Interna e Central do Orógeno Riacho do Pontal. As principais unidades litológicas

da área de estudo bem como os granitoides estudados podem ser observadas na Figura 4.1.

A partir de trabalhos de campo buscou-se a identificação da composição mineral, as

estruturas e texturas presentes nas rochas estudadas, bem como as relações de contato com as

rochas encaixantes. Enclaves e estruturas de fluxo magmático, quando presentes, também

foram descritos. Neste contexto, mediante a uma classificação litológica preliminar, as rochas

estudadas são apresentadas na sequência.

Adicionalmente, são apresentados dados de campo do Plúton Serra das Melancias, da

Suíte Serra da Aldeia, com o objetivo de contextualizá-lo na geologia dos granitos pós-

colisionais da área de estudo. Estes dados foram compilados do trabalho publicado por

Perpétuo et al. (2016), onde pode ser consultado para mais informações.

39

Figura 4.1: Mapa geológico das zonas Interna e Central do Orógeno Riacho do Pontal (Mapa modificado da CPRM).

40

4.1 Granito Betânia

As rochas que compreendem o Granito Betânia ocorrem a sul da cidade homônima, na

porção centro-leste da área de estudo (Figura 4.1). Consistem de corpos alongados de

aproximadamente 4,5 km de comprimento e ocorrem como cristas, na forma de blocos e

matacões, intercalados com cianita-granada-biotita xistos do Complexo Santa Filomena. Estes

corpos graníticos ocorrem imbricados nos xistos (Figura 4.2 A-B) e encontram-se dispostos

paralelamente a uma zona de cisalhamento de baixo ângulo que corta estas rochas

metassedimentares encaixantes (Sousa 2015).

O granito Betânia apresenta cores que variam entre bege e acinzentada e textura

inequigranular de granulação média (Figura 4.2 C). Via de regra apresentam as bordas mais

deformadas com relação ao centro dos corpos. Mostram mergulhos de baixo a médio ângulo

(30-40°) para SW (Figura 4.2 D). O contato entre o granito Betânia e os cianita-granada-

biotita xistos do Complexo Santa Filomena é caracterizado tipicamente por zonas de

cisalhamento contracionais com vergência para NE.

Figura 4.2: Aspectos geológicos dos granitos Betânia. A) Aspecto geral dos afloramentos graníticos tipo

Betânia. Os corpos ocorrem como cristas alongadas, na forma de blocos e matacões; B) Bloco granítico Betânia

imbricado em xistos do Complexo Santa Filomena; C) Amostra do granito Betânia com textura inequigranular e

granulação média; D) Afloramento granítico foliado, com a foliação definindo um mergulho para SW. O

afloramento encontra-se na região de Riacho, a sul de Betânia.

41

4.2 Sienitos Caboclo

Os sienitos Caboclo encontram-se inseridos na porção centro-sul da área de estudo,

nas proximidades do povoado de Caboclo, entre as regiões das fazendas Caveira e Palmeira.

O plúton ocorre como um corpo arredondado, intrusivo em granada-biotita xistos pertencentes

ao Complexo Monte Orebe (Figura 4.1). Os sienitos apresentam dimensões batolíticas e

constituem-se de afloramentos com ampla exposição em pedreiras de extração artesanal

(Figura 4.3 A).

As rochas do plúton Caboclo são isotrópicas, possuem cor rósea acinzentada a creme e

textura equigranular de granulação média a grossa. Fácies com textura porfirítica, fenocristais

de K-feldspato e nódulos de biotita ocorrem localmente nas porções centrais do corpo (Figura

4.3 B-C). Devido à expressiva quantidade de K-feldspato, essas rochas foram classificadas

como sienitos.

Observa-se frequentemente a presença de uma foliação de fluxo magmático com

direção preferencial para N-NE, evidenciada pela orientação de cristais de biotita e piroxênio

(Figura 4.3 D). A presença de enclaves de dimensões centimétricas e natureza máfica foi

sistematicamente observada em toda extensão do plúton. Os enclaves apresentam formas e

dimensões variadas, alguns se mostrando arredondados e isotrópicos, enquanto outro grupo

apresentou-se foliado e com formas angulosas e foram preliminarmente descritos como

xenólitos, ambos com diâmetros entre 15-30 cm (Figura 4.3 E-F).

Os afloramentos apresentam ainda blocos com fragmentos de litotipos variados

considerados como brechas de explosão por Angelim (1988). Os litotipos apresentam cor

acinzentada e formatos arredondados a subangulosos com dimensões centimétricas (5-15 cm),

podendo ainda apresentar uma leve anisotropia (Figura 4.3 G). Segundo Angelim (1988), as

composições dos fragmentos ígneos variam de tonalitos e dioritos a monzogranitos,

predominando os termos félsicos com relação aos máficos.

42

Figura 4.3: Feições geológicas dos sienitos Caboclo na localidade de Caveira. A) Visão geral de uma pedreira

de extração artesanal do granito Caboclo para uso em pavimentos; B) Variações faciológicas do sienito Caboclo

com as amostras exibindo variações de texturas equigranular a porfirítica; C) Nódulo de biotita em fácies

porfirítica do sienito Caboclo; D) Bloco sienítico Caboclo apresentando foliação de fluxo magmático

evidenciada pela orientação de cristais de biotita e piroxênio e enclaves máficos; E) Enclave máfico arredondado

de dimensões centimétricas em sienito Caboclo; F) Enclave máfico foliado e anguloso (xenólito) em afloramento

sienítico Caboclo.

43

4.3 Sienitos Nova Olinda

Os sienitos Nova Olinda encontram-se na porção centro-sul da área de estudo, a

nordeste do povoado de Caboclo, nas proximidades da Fazenda Nova Olinda. Ocorrem

intrusivos nas rochas metassedimentares do Complexo Monte Orebe (Figura 4.1). O contato

com as encaixantes se dá por zonas de cisalhamento de baixo ângulo sendo que, a oeste, o

cisalhamento é de natureza extensional dado por uma falha normal (Angelim, 1988). O corpo

apresenta formato em “bumerangue”, com dimensão de aproximadamente 15 Km² e ocorre

como grandes afloramentos, imbricados em xistos provenientes do Complexo Monte Orebe,

com mergulho preferencial para NW definido pelos planos de foliação (Figura 4.4 A-B).

As rochas do tipo Nova Olinda apresentam fácies que variam de isotrópicas a foliadas,

com a foliação descrita nas bordas do corpo. Mostram textura inequigranular de granulação

média, localmente apresentando textura porfirítica, evidenciada por fenocristais de K-

feldspato, com dimensões entre 5-6 mm. A matriz possui cores que variam do cinza escuro ao

cinza esverdeado, enquanto os fenocristais de K-feldspato exibem cor rósea. Os sienitos

podem conter ainda nódulos de biotita com dimensões de até 1,0 cm. Preliminarmente, as

rochas desse corpo foram classificadas como sienitos, devido à sua composição mineralógica

com presença abundante de K-feldspato (Figura 4.4:Figura 4.4 C). Os sienitos Nova Olinda, à

semelhança dos sienitos Caboclo, apresentam enclaves máficos diversos, arredondados e

angulosos, de dimensões entre 5-20 cm (Figura 4.4:Figura 4.4 D).

44

Figura 4.4: Aspectos geológicos dos sienitos Nova Olinda. A) Aspecto geral dos afloramentos sieníticos Nova

Olinda se destacando nas encostas do relevo; os afloramentos constituem grandes corpos arredondados, blocos e

matacões; B) Bloco sienítico Nova Olinda foliado, com mergulho da foliação para NW; C) Amostra de sienito

Nova Olinda foliado com textura porfirítica, definida por fenocristais de K-feldspato; D) Enclave máfico

anguloso em afloramento sienítico Nova Olinda.

4.4 Granitoides Serra da Aldeia – Plúton Serra das Melancias

A Suíte Serra da Aldeia é constituída de plútons de natureza alcalina com formas ovais

e semicirculares, dispostos em direção NE-SW, intrusivos em rochas metassedimentares e

metavulcanossedimentares na Zona Interna do Orógeno Riacho do Pontal, Nordeste do Brasil

(Gava et al. 1984, Caxito 2013) (Figura 4.5 A). A partir do mapeamento geológico em escala

de detalhe (1:50.000), Perpétuo et al. (2016) diferenciaram as principais unidades faciológicas

que constituem o maior corpo da Suíte Serra da Aldeia, denominado Plúton Serra das

Melancias pelos autores. Os principais litotipos discriminados consistem em granitos, quartzo

monzonitos e sienitos (Figura 4.5 B), dispostos em formas subcirculares, em uma área de

aproximadamente 84 Km². O plúton intrude em parte granada-biotita xistos do Complexo

Santa Filomena e também gnaisses pertencentes à Suíte Afeição. As deformações observadas

45

nesse plúton concentram-se principalmente nas suas bordas onde a orientação de biotita

define uma lineação de estiramento mineral com atitudes variadas (Figura 4.5 C). A presença

de enclaves máficos de dimensões centimétricas foi raramente observada e, quando presentes,

ocorrem em fácies quartzo monzoníticas (Figura 4.5 D).

Figura 4.5: Aspectos geológicos dos granitos do Plúton Serra das Melancias, Suíte Serra Aldeia. A) Vista geral

do Plúton Serra das Melancias; B) Amostra de sienito róseo, inequigranular, do Plúton Serra das Melancias; C)

Orientação de cristais de biotita definindo uma lineação de estiramento mineral com atitudes variadas; este

afloramento está inserido nas bordas do Plúton Serra das Melancias; D) Enclave máfico de dimensão

centimétrica em afloramento quartzo monzonítico do Plúton Serra das Melancias.

46

5 PETROGRAFIA

Este capítulo apresenta a descrição microscópica das rochas estudadas a partir de 11

lâminas delgadas, com o objetivo de caracterizar a assembleia mineral e feições

microtexturais. Para as abreviaturas dos nomes dos minerais, foram utilizadas as proposições

segundo Whitney & Evans (2010) (Tabela 5.1). As rochas foram classificadas segundo a

terminologia de Streckeisen (1976) com os valores modais de quartzo, plagioclásio e

feldspato alcalino plotados no diagrama Q-A-P (Figura 5.1). Utilizou-se também o diagrama

Q-(A+P)-M do mesmo autor, que permite identificar as rochas com maiores conteúdos de

máficos e separá-las das mais félsicas e/ou leucocráticas (Figura 5.1). Os valores dos

conteúdos minerais foram obtidos a partir de contagens modais (média de 200 pontos por

seção) com auxílio de um contador de pontos manual acoplado ao microscópio petrográfico.

A Tabela 5.2 apresenta os valores obtidos para os minerais por meio de contagem modal. Para

a estimativa do conteúdo de albita, foi utilizado, quando possível, o método de Michel-Lévy,

com base no ângulo de extinção nas seções (010). Devido às dificuldades do uso deste

método, foram utilizadas adicionalmente análises semiquantitativas em MEV e cálculos

normativos para uma melhor estimativa das rochas de composição sienítica.

Adicionalmente são apresentados dados petrográficos dos granitoides pertencentes ao

Plúton Serra das Melancias, da Suíte Serra da Aldeia. Os dados compilados foram publicados

em Perpétuo et al. (2016) e são apresentados para uma melhor compreensão do magmatismo

pós-colisional na região e para discussões posteriores que serão realizadas a partir dos novos

dados geocronológicos que serão apresentados para este corpo granítico.

47

Tabela 5.1:Abreviações dos minerais de acordo com Whitney & Evans (2010).

Ab Albita

Amp Anfibólio

Ap Apatita

Aug Augita

Bt Biotita

Cpx Clinopiroxênio

Di Diopsídio

Ep

Fsp

Epidoto

Feldspato

Hbl Hornblenda

Kfs K-feldspato

Mc Microclínio

Ms Muscovita

Opq Opacos

Or Ortoclásio

Pl Plagioclásio

Qz Quartzo

Ttn Titanita

48

Figura 5.1:Diagramas modais Q-A-P e Q-(A+P)-M (Streckeisen 1976) para as rochas plutônicas estudadas nos

domínios Interno e Central do Orógeno Riacho do Pontal. Q = Quartzo; A = Feldspato Alcalino; P = Plagioclásio

(An > 5% An); M = somatório de minerais máficos.

Tabela 5.2:Composição Modal (%) dos granitoides nas zonas Interna e Central do Orógeno Riacho do Pontal.

Granitos Betânia-Fácies com

anfibólio e epidoto

(monzogranitos a

sienogranitos)

Granitos Betânia-

Fácies com

muscovita

(sienogranitos)

Sienitos Caboclo

(Biotita quartzo

álcali-feldspatos

sienitos a biotita

quartzo sienitos

com augita)

Sienitos Nova

Olinda

(Biotita quartzo

álcali-feldspatos

sienitos com augita)

Enclave

metabásico

(Anfibolito)

Mineral/

Amostra

RP

E-3

0B

RP

E-3

0C

RP

E-V

1

RP

E-V

2

RP

D-1

8

RP

D-3

6

RP

B-0

2A

RP

B-0

7A

RP

B-1

3

RP

B-1

4

RP

B-0

7C

Quartzo 22 24 19 26 34 25 11 10 7 5 16

K-feldspatos 42 38 41 42 41 49 36 35 31 36 -

Albita - - - - - - 13 14 12 12 -

Plagioclásio 24 29 30 20 9 14 5 3 3 1 11

Biotita 7 6 7 8 8 9 24 30 35 25 18

Muscovita - - - - 7 3 - - - - -

49

Augita - - - - - 9 7 10 11 -

Diopsídio - - - - - - - - - - 13

Hornblenda - - - - - - - - - 7 30

Anfibólio 3 1 2 3 - - - - - -

Titanita 1 1 1 1 - - 2 1 2 3 10

Epidoto 1 1 1 1 - - - - - -

Zircão <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1

Minerais

Opacos <1 <1 <1 <1 <1 <1 - - <1 <1 2

Apatita - - - - - - <1 <1 <1 <1 <1

Allanita <1 <1 <1 <1 - - - - <1 <1 -

Monazita - - - - - - - - <1 <1 -

Rutilo - - - - - - <1 <1 - - -

Granada - - - - - - - - - - -

Carbonato - - - - 1 - - - - - -

Soma 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Q 25 26.37 21.11 29.54 40.48 28.41 16.92 16.13 13.21 9.26 59.26

A 47.7

3 41.76 45.56 47.73 48.81 55.68 75.38 79.03 81.13 88.89 0

P 27.2

7 31.87 33.33 22.73 10.71 15.91 7.69 4.83 5.66 1.85 40.74

Q’ 22 24 19 26 34 25 11 10 7 5 16

A+P 66 67 71 62 50 63 54 52 46 49 11

M 10 7 9 15 15 12 33 37 45 43 48

As rochas estudadas são apresentadas a seguir, de acordo com a classificação

proposta, segundo as contagens modais e os diagramas apresentados. As principais feições

petrográficas, incluindo microtexturas e composições minerais são também descritas.

50

5.1Granito Betânia

O plúton granítico desta localidade pode ser individualizado em duas fácies

mineralogicamente distintas: uma fácies com anfibólio e epidoto, e uma fácies sem anfibólio,

com muscovita. Devido às diferenças composicionais e texturais observadas, serão descritas

separadamente.

5.1.1 Fácies com anfibólio e epidoto: sienogranitos a monzogranitos

As rochas desta fácies apresentam cor rósea, são hololeucocráticas a leucocráticas

(M~10%) (Figura 5.1) e mostram textura inequigranular de granulação média a grossa (Figura

5.2. A). São anisotrópicas e exibem uma foliação definida por cristais de biotita. Constituem-

se essencialmente por quartzo (19-26%), plagioclásio (20-30%), K-feldspatos (38-42%),

biotita (6-8%) e anfibólio (~3%). Os minerais acessórios presentes são titanita, epidoto,

minerais opacos e zircão, totalizando ~3% em volume da rocha.

O quartzo apresenta-se como 3 tipos texturais. O quartzo tipo 1 é euédrico com

dimensões entre 0,5 e 0,7 mm. Mostra contatos irregulares com a assembleia adjacente e retos

entre si, definindo uma textura em mosaico, e ocorre frequentemente em agregados

monominerálicos (Figura 5.2 A). O quartzo tipo 2 é anédrico e mostra dimensões de ~ 0,5

mm. Apresenta contatos irregulares e curvos com os minerais adjacentes e ocorre como

agregados monominerálicos ou associado ao plagioclásio e anfibólio (Figura 5.2 B). O

quartzo tipo 3 apresenta-se como lamelas vermiculares nos feldspatos evidenciando textura

mirmequítica (Figura 5.2 C).

O plagioclásio mostra-se como cristais subédricos com tamanhos entre 0,5 e 1,0 mm.

Os cristais exibem contatos interlobados com a assembleia félsica e retilíneos com a biotita.

Caracterizam-se pela macla polissintética tipo Albita, podendo conter ainda inclusões de

quartzo, biotita e titanita (Figura 5.2 D). Apresentam alteração devido ao processo de

sericitização e por vezes exibem textura mirmequítica com intercrescimento de quartzo

vermicular.

O feldspato alcalino varia entre microclínio e ortoclásio. O microclínio exibe formas

anédricas a subédricas e dimensões de ~0,7 mm. Apresentam contatos irregulares e ocorrem

associados com a assembleia félsica, sendo caracterizados pela macla em xadrez ou tipo

“tartame” (Figura 5.2 E).

51

O ortoclásio mostra-se como cristais subédricos a anédricos de ~0,6 mm. Exibem

contatos retos com a biotita e irregulares com os outros minerais adjacentes e ocorrem

frequentemente associados com a assembleia félsica. O ortoclásio não exibe maclas e

apresenta-se alterado segundo o processo de sericitização. Pode conter ainda inclusões de

quartzo, biotita e zircão.

A biotita apresenta pleocroísmo verde oliva a amarronzado e mostra-se como ripas

euédricas a subédricas orientadas. Os cristais de biotita possuem dimensões entre 0,2 e 0,4

mm, contatos retos com a assembleia félsica e irregulares com o anfibólio. Podem ocorrer

como inclusões em feldspatos alcalinos e no plagioclásio.

O anfibólio mostra pleocroísmo variável entre verde escuro a verde azulado e verde

escuro a verde oliva. Os cristais são anédricos a subédricos de dimensões entre 0,7 e 1,3 mm.

Ocorrem como cristais individuais em uma assembleia félsica, por vezes associados à biotita,

titanita e epidoto, mostrando contatos irregulares com os minerais adjacentes. Comumente,

podem apresentar inclusões de titanita (Figura 5.2 F).

52

Figura 5.2: Fotomicrografia da assembleia mineral da fácies dos granitos Betânia com anfibólio e epidoto. A)

Aspecto geral da fácies com anfibólio e epidoto dos granitos Betânia, mostrando textura inequigranular média a

grossa e agregado monominerálico de quartzo tipo 1 euédrico, com textura em mosaico; B) Quartzo tipo 2

anédrico, mostrando contatos irregulares e curvos com o anfibólio; C) Quartzo tipo 3 vermicular, configurando

textura mirmequítica, em contato com feldspatos variavelmente alterados; D) Plagioclásio com macla

polissintética tipo Albita em amostra de granito Betânia, fácies com anfibólio e epidoto; E) Microclínio com

macla “tartame” e ripas de biotita orientadas marcando a foliação no granito Betânia; F) Anfibólio com inclusões

de titanita e epidoto em assembleia félsica do granito Betânia; G) Anfibólio associado à titanita e minerais

opacos em granito Betânia; H) Inclusões de epidoto magmático em biotita orientada (textura de epidoto ígneo

“tipo B”) em granito Betânia.

53

A titanita mostra-se como cristais euédricos a subédricos com dimensões de ~0,6

mm. Ocorre frequentemente associada à biotita, anfibólio, epidoto e minerais opacos,

podendo ocorrer como inclusões nestes minerais, no quartzo e ortoclásio (Figura 5.2 G).

O epidoto apresenta-se como cristais euédricos a subédricos de ~0,2 mm. Ocorrem

frequentemente associados com a biotita e titanita, e em contato com a assembleia félsica

(Figura 5.2 H). Ocasionalmente ocorrem com inclusões de allanita, ou inclusos em cristais de

biotita parcialmente reabsorvidos, em contato com assembleia félsica. Estas feições texturais

observadas, isto é, cristais de epidoto com inclusões de allanita e epidoto incluso na biotita,

são atribuídas a uma origem magmática (epidotos “tipo A e B”, respectivamente, Sial et al.

2008, Brasilino et al. 2011).

O zircão mostra-se como cristais euédricos a subédricos e como inclusões no quartzo,

ortoclásio e biotita, exibindo neste último caso um halo pleocroico. A allanita mostra-se

como pequenos cristais subédricos, com cores que variam entre acinzentada e alaranjada, via

de regra como núcleos em cristais de epidoto. Os minerais opacos ocorrem como pequenos

cristais euédricos a subédricos, por vezes inclusos nos cristais de feldspato alcalino e

associados com anfibólio e titanita.

5.1.2 Fácies com muscovita: sienogranitos

Esta fácies foi observada nas bordas do granito Betânia. São rochas de cor acinzentada

a rósea, leucocráticas (M~15%) (Figura 5.1) e apresentam textura inequigranular média. São

constituídas essencialmente por quartzo (25-34%), plagioclásio (9-14%), K-feldspatos (41-

49%) e biotita (~8%), tendo como minerais acessórios principais minerais opacos e zircão,

totalizando ~1% em volume de rocha. A muscovita encontra-se como uma fase secundária na

rocha e perfaz cerca de 3-7% em peso.

O quartzo apresenta-se como três tipos texturais. O quartzo tipo 1 caracteriza-se por

cristais euédricos de ~0,6 mm de dimensão. Exibem contatos retos e regulares entre si,

definindo uma textura em mosaico, e ocorrem como agregados monominerálicos. O quartzo

tipo 2 mostra-se como cristais anédricos entre 0,1 e 0,5 mm. Os contatos são irregulares e

interlobados com a assembleia adjacente e ocorrem frequentemente associados com K-

feldspatos e biotita (Figura 5.3 A). O quartzo tipo 3, de ocorrência mais rara, possui formas

vermiculares em cristais de feldspato e definem uma textura mirmequítica.

54

O feldspato alcalino varia entre microclínio e o ortoclásio, sendo este último o mais

abundante. O ortoclásio é anédrico a subédrico com dimensões entre 0,5 e 0,7 mm. Os

cristais exibem contatos irregulares com os minerais adjacentes e mostram-se alterados, com

sobrecrescimento de cristais de muscovita, produto da alteração (Figura 5.3 B).

O microclínio mostra-se como cristais anédricos a subédricos de ~0,7 mm. Os cristais

exibem contatos irregulares com os minerais adjacentes e ocorrem frequentemente associados

ao quartzo, ortoclásio e biotita, podendo estar bordejado por este último. O microclínio mostra

a geminação típica, em tabuleiro de xadrez, além de inclusões de muscovita e quartzo.

Os cristais de plagioclásio são hipidiomórficos com dimensões de ~0,7 mm. Exibem

contatos irregulares com os minerais adjacentes e ocorrem associados com a assembleia

félsica. Os cristais mostram ainda geminação polissintética tipo Albita e estão alterados

devido ao processo de sericitização.

A biotita mostra pleocroísmo bege a marrom e apresenta-se como cristais

hipidiomórficos com dimensões de ~0,5 mm. A biotita mostra ainda uma orientação que

define uma foliação na rocha. Os cristais exibem contatos irregulares e interlobados com a

assembleia félsica, e mostram sobrecrescimentos de muscovita, sendo este mineral produto de

alteração. Os cristais de biotita podem ainda conter inclusões de zircão e minerais opacos.

Os cristais de muscovita são incolores e exibem formas anédricas a subédricas, com

dimensões de ~0,3 mm. A muscovita mostra contatos irregulares com os minerais adjacentes,

e ocorre como sobrecrescimentos nos cristais de biotita e ortoclásio, o que sugere que são

produtos de alteração na rocha, portanto, secundária (Figura 5.3 C-D).

Os minerais opacos mostram-se como pequenos cristais subédricos e ocorrem

associados à biotita, acompanhando a foliação da rocha. O zircão, por sua vez, ocorre

frequentemente incluso na biotita, por vezes apresentando um halo pleocroico ao redor do

cristal.

55

Figura 5.3: Fotomicrografia da assembleia dos granitos Betânia-fácies com muscovita. A) Aspecto geral dos

sienogranitos Betânia-fácies com muscovita, mostrando biotitas orientadas, marcando a foliação, e quartzo tipo

2, anédrico, mostrando contatos irregulares e interlobados com os minerais adjacentes; B) Ortoclásio, com

evidências de sericitização, e cristais de muscovita anédricos provenientes de alteração nos sienogranitos

Betânia; C) Inclusões de muscovita secundária provenientes da alteração do ortoclásio nos sienogranitos Betânia;

D) Cristais de biotita com intercrescimento de muscovita, esta proveniente de alteração neste mineral, nos

sienogranitos Betânia-fácies com muscovita.

5.2 Sienitos Caboclo-fácies Caveira

Composicionalmente, os sienitos Caboclo variam entre biotita quartzo álcali-

feldspatos sienitos a biotita quartzo sienitos com augita. São rochas isotrópicas, acinzentadas,

leucocráticas (M<40%) (Figura 5.1) e possuem textura inequigranular de granulação média,

apresentando localmente fácies porfiríticas, com fenocristais de K-feldspato de ~2 mm

(Figura 5.4 A). São constituídas pelos seguintes minerais essenciais: quartzo (~11%),

plagioclásio (3-5%), feldspatos alcalinos (~50%), biotita (23-30%) e clinopiroxênio (~8%).

Os principais minerais acessórios são: titanita, zircão, apatita e minerais opacos, totalizando

entre 1-3%.

56

O quartzo apresenta-se como cristais anédricos a subédricos, com dimensões entre 0,2

e 0,5 mm. Exibem contatos retílineos com a assembleia félsica, principalmente com o K-

feldspato, e contatos interlobados e irregulares com a assembleia máfica, particularmente com

a biotita e o clinopiroxênio. Ocorrem como cristais instersticiais, associados entre si ou com a

biotita, clinopiroxênio, K-feldspato e plagioclásio (Figura 5.4 A), podendo ainda ocorrer

como inclusões em cristais de K-feldspato.

O plagioclásio mostra-se como cristais hipidiomórficos com hábito tabular frequente e

tamanhos entre 0,6 e 1,0 mm. Possuem contatos predominantemente irregulares com cristais

de clinopiroxênio, biotita, K-feldspato e, ocasionalmente, retilíneos com o quartzo. Os cristais

de plagioclásio ocorrem em geral em contato com K-feldspato, biotita e clinopiroxênio,

podendo ocorrer bordejados pelos dois últimos (Figura 5.4 B). Apresentam inclusões

frequentes de apatita e zircão, com inclusões de quartzo, biotita e clinopiroxênio

subordinadas, por vezes definindo uma textura poiquilítica para os cristais de plagioclásio

(Figura 5.4 C). Os cristais de plagioclásio encontram-se geminados com a macla polissintética

segundo a Lei da Albita e, subordinadamente, a macla Carlsbad.

Os feldspatos alcalinos compreendem o microclínio, ortoclásio e albita. Os cristais de

microclínio são hipidiomórficos com dimensões que alcançam até 2,0 mm nas fácies

porfiríticas. Os contatos são predominantemente irregulares e interlobados com os cristais de

plagioclásio, biotita e clinopiroxênio, e curvilíneos com o quartzo. Apresentam associação

frequente com biotita, clinopiroxênio e quartzo podendo ocorrer bordejados por este último

(Figura 5.4 D-E). Os cristais de microclínio possuem inclusões de biotita e clinopiroxênio e

exibem com frequência a macla em tabuleiro de xadrez e, subordinadamente, a macla

Carlsbad (Figura 5.4 D). Ocasionalmente, apresentam textura pertítica, exibindo lamelas de

exsolução da fase sódica albita (Figura 5.4 E).

O ortoclásio apresenta forma anédrica a subédrica e dimensões entre 2,0 e 2,5 mm. Os

contatos são irregulares entre si e com os cristais de plagioclásio, quartzo, biotita e

clinopiroxênio. Os cristais de ortoclásio ocorrem comumente associados com biotita,

clinopiroxênio e quartzo e, menos frequente, com o plagioclásio. A fácies porfirítica mostra

com mais frequência a associação do ortoclásio com a assembleia máfica e o quartzo, sendo o

feldspato bordejado por estes minerais (Figura 5.4 F). Os cristais de ortoclásio apresentam

inclusões de apatita, biotita e, eventualmente de quartzo, podendo exibir, ocasionalmente, a

geminação Carlsbad. Podem ainda apresentar textura pertítica, com presença de lamelas de

57

exsolução de albita. Os feldspatos pertíticos apresentam lamelas de exsolução na forma de

filmes ondulados, veios e, por vezes, manchas irregulares (Figura 5.4 E-F e Figura 5.5 A).

A albita ocorre como cristais subédricos de dimensões semelhantes aos cristais de

plagioclásio. Mostra contatos irregulares com a assembleia máfica e com os K-feldspatos. Os

cristais exibem a macla polissintética típica do mineral, sendo estas mais finas e regulares do

que as presentes nos plagioclásios.

A biotita é o mineral máfico mais abundante nessas rochas. Os cristais de biotita

exibem forte pleocroísmo marrom a marrom esverdeado, são hipidiomórficos, mostram hábito

prismático e dimensões entre 0,6 e 1,0 mm. Apresentam contatos retilíneos entre si,

interlobados e irregulares com os minerais adjacentes. Ocorrem como agregados ou cristais

individuais em frequente associação com clinopiroxênio, quartzo, K-feldspato e titanita

(Figura 5.5 B-C). Os cristais de bitoita apresentam ainda inclusões frequentes de apatita e

titanita além de inclusões de zircão, podendo por vezes exibir textura poiquilítica (Figura 5.5

C). Ocasionalmente ocorrem como inclusões em cristais de plagioclásio.

O clinopiroxênio apresenta um leve pleocroísmo variando entre as cores verde claro a

verde amarelado pálido. São cristais euédricos a subédricos e por vezes apresentam hábito

prismático com dimensões entre 0,3 e 2,0 mm. Possuem contatos interlobados com os cristais

de biotita e curvilíneos com feldspatos e quartzo. O clinopiroxênio ocorre como cristais

isolados ou em agregados, frequentemente associados com biotita, feldspatos alcalinos,

titanita e quartzo (Figura 5.5 D). Ocasionalmente mostram geminação simples e inclusões de

apatita (Figura 5.5 E). As propriedades óticas, tais como clivagens sub-ortogonais no corte

basal, por vezes grossas e irregulares, a extinção oblíqua com ângulos variando entre 40-43°,

e por fim, análises semiquantitativas efetuadas em MEV somadas com as características

petrográficas sugerem a classificação do clinopiroxênio como augita.

A titanita é marrom a marrom avermelhada e mostra-se como cristais euédricos de

dimensões entre 0,1 e 0,2 mm e frequentemente compõem os agregados máficos. Ocorrem em

contatos regulares com cristais de biotita e por vezes, como inclusões nesta última. O zircão

mostra-se como pequenos cristais euédricos e prismáticos. Ocorrem associados aos agregados

máficos, principalmente como inclusões em biotita, evidenciando um halo pleocróico ao redor

do cristal quando incluso nesta última, podendo também ocorrer inclusos em cristais de

plagioclásio.

58

A apatita apresenta-se como pequenos cristais euédricos e aciculares. Ocorre como

inclusões frequentes na biotita, clinopiroxênio e ocasionalmente no ortoclásio e plagioclásio.

Os minerais opacos são pequenos cristais anédricos a subédricos. Ocorrem associados aos

agregados máficos, frequentemente como inclusões no clinopiroxênio (Figura 5.5 F). Dentre

eles, cristais de magnetita foram descritos. Pequenos cristais subédricos de rutilo marrons

avermelhados ocorrem associados à biotita e ao piroxênio.

59

Figura 5.4: Fotomicrografia da assembleia mineral dos sienitos Caboclo. A) Fenocristais de K-feldspatos

pertíticos em matriz inequigranular composta por cristais de quartzo intersticial, sub-poligonais, e minerais

máficos; B) Cristais de plagioclásio bordejados por biotita e clinopiroxênio definindo uma textura

inequigranular; C) Plagioclásio com inclusões de biotita evidenciando textura poiquilítica em sienitos Caboclo;

D) Fenocristais de microclínio bordejados por quartzo e pela assembleia máfica; notar a presença de geminação

tipo "tartame", típica do mineral, e macla Carslbad; E) Microclínio-pertita bordejado por cristais de quartzo

anédricos nos sienitos Caboclo; F) Ortoclásio-pertita bordejado por quartzo e pela assembleia máfica (Cpx+Bt)

em sienito Caboclo.

60

Figura 5.5: Fotomicrografia da assembleia mineral dos sienitos Caboclo. A) Ortoclásio-pertita com macla

Carlsbad bordejado por cristais de quartzo e pertitas deformadas; B) Agregado máfico com cristais de biotita e

cpx bordejados por assembleia félsica; C) Agregado máfico de cpx e biotita poiquilítica com inclusões de

apatita; D) Cristais de cpx em assembleia félsica; E) Seção basal de cpx com geminação simples; F) Agregado

máfico composto por biotita e clinopiroxênio. Os cristais de clinopiroxênio estão alterados e apresentam

inclusões de apatita e minerais opacos.

61

5.3 Sienitos Nova Olinda

Os sienitos Nova Olinda são classificados modalmente como biotita quartzo álcali-

feldspatos sienitos com augita. São rochas isotrópicas a levemente foliadas, cinza escuras com

porções róseas, mesocráticas (M~45%) (Figura 5.1) e apresentam textura inequigranular

seriada de granulação média a grossa. Localmente, exibem fácies porfiríticas com fenocristais

de K-feldspato de dimensões entre 1,2 e 2,0 mm (Figura 5.6 A). É constituída pelos seguintes

minerais essenciais: quartzo (5-7%), plagioclásio (1-3%), feldspatos alcalinos (43-48%),

biotita (25-35%), clinopiroxênio (~10%) e hornblenda (~5%). Os principais minerais

acessórios são titanita, zircão, monazita, apatita, allanita e minerais opacos (dentre eles, a

magnetita), totalizando ~6% do volume da rocha.

O quartzo apresenta-se como cristais anédricos, com tamanhos entre 0,2 e 0,5 mm.

Mostram contatos retilíneos a curvos com a assembleia máfica, irregulares com o feldspato

alcalino e suturados entre si. Ocorrem como cristais intersticiais entre os minerais máficos e

os feldspatos, podendo ainda ocorrer como inclusões totais a parciais nos fenocristais de

feldspato alcalino (Figura 5.6 B). Ocasionalmente, podem conter inclusões parciais de biotita

e clinopiroxênio. Os cristais de quartzo apresentam ainda extinção ondulante bem evidente e,

por vezes, extinção em subgrãos.

Os cristais de plagioclásio são anédricos a subédricos e exibem hábito tabular, com

dimensões entre 0,2 e 0,6 mm. Apresentam contatos retilíneos a curvos com o quartzo e

irregulares com os feldspatos alcalinos e os minerais máficos. Ocorrem frequentemente

associados com a assembleia félsica e, quando associados com a assembleia máfica, são

bordejados pela biotita, podendo estas ocorrer parcialmente inclusas no mineral. Podem

conter ainda inclusões de apatita e quartzo. Os cristais de plagioclásio encontram-se

frequentemente geminados com a macla polissintética segundo Lei da Albita (Figura 5.6 B)

exibindo, por vezes, a macla tipo Carlsbad. Mostram alteração variável no centro do cristal,

por meio do processo de sericitização.

Os feldspatos alcalinos presentes compreendem o microclínio, ortoclásio e albita. Os

cristais de microclínio são anédricos a subédricos, com tamanhos entre 1,2 e 2,0 mm.

Mostram contatos curvilíneos e irregulares com os minerais adjacentes e ocorrem como

fenocristais, frequentemente associados com a assembleia máfica e comumente bordejados

pela biotita. É comum a presença de inclusões de apatita, monazita, minerais opacos, quartzo,

biotita e ocasionalmente de clinopiroxênio. A macla tipo tabuleiro de xadrez é característica

62

desta fase mineral. Lamelas de exsolução ocorrem ocasionalmente, evidenciando uma textura

pertítica (Figura 5.6 C).

Os cristais de ortoclásio são subédricos a anédricos, com dimensões entre 1,0 e 1,2

mm. Possuem contatos retos entre si e irregulares com os minerais adjacentes. Ocorrem como

fenocristais, associados ao microclínio, podendo também ocorrer em contato com

clinopiroxênio e cristais de biotita, sendo bordejado por este último. Inclusões de apatita,

biotita e quartzo são comuns neste mineral. Os cristais de ortoclásio podem mostrar alteração

no centro do cristal devido ao processo de sericitização. É comum a presença de geminação

do tipo Carlsbad, e por vezes, exibem lamelas de exsolução de albita, configurando textura

pertítica (Figura .5.6 D-E).

A albita ocorre como cristais hipidiomórficos com dimensões e associações minerais

semelhantes aos plagioclásios. Apresenta, assim como estes últimos, geminação polissintética

tipo albita, sendo, entretanto, mais finas e regulares.

A biotita é o mineral máfico mais comum dessas rochas. Os cristais de biotita

possuem pleocroísmo marrom claro a marrom esverdeado. Exibem formas euédricas a

subédricas, hábito prismático e dimensões entre 0,8 e 1,0 mm. Mostram contatos irregulares

com a assembleia félsica e ocorrem como agregados máficos, frequentemente bordejando o

clinopiroxênio (Figura 5.7 A-B). Apresentam inclusões de titanita, apatita, zircão, monazita e

allanita.

O clinopiroxênio presente é verde claro e possui formas subédricas a anédricas, com

tamanhos entre 0,5 e 1,5 mm. Os cristais de clinopiroxênio exibem contatos curvilíneos e

irregulares com os minerais adjacentes e ocorrem como agregados máficos, frequentemente

bordejados por biotita (Figura 5.7 A-B). Podem também ocorrer como inclusões nos

feldspatos alcalinos e no quartzo e possuem, por sua vez, inclusões abundantes de apatita,

minerais opacos e allanita definindo assim, uma textura poiquilítica para este mineral. É

também comum a presença de geminações simples nos cristais de clinopiroxênio (Figura 5.7

C). As propriedades óticas (clivagens sub-ortogonais no corte basal, extinção oblíqua com

ângulos variando entre 39-43°) e análises semiquantitativas fornecidas pelo MEV, permitiram

identificar o clinopiroxênio como pertencente à solução sólida da augita.

63

A hornblenda foi encontrada em uma amostra do sienito Nova Olinda. Apresenta

pleocroísmo verde a verde oliva e tamanhos de ~1,5 mm. Exibe contatos irregulares com os

minerais adjacentes e ocorre associada com o clinopiroxênio e biotita.

A titanita é marrom e possui formas idiomórficas a hipidiomórficas com tamanhos

entre 0,2 e 0,5 mm. Ocorre associada aos agregados máficos e apresenta contatos irregulares

com a biotita e clinopiroxênio podendo estar inclusa nestes minerais (Figura 5.7 C-D). O

zircão mostra-se como pequenos cristais hipidiomórficos prismáticos e ocorrem

principalmente inclusos na biotita, evidenciando um halo pleocroico ao redor do mineral.

A monazita ocorre como cristais subédricos, principalmente como inclusões em

feldspato alcalino e na biotita. A allanita é incolor a alaranjada e apresenta-se como pequenos

cristais hipidiomórficos. Ocorre principalmente como inclusões no clinopiroxênio e na biotita

e mostra uma fraca zonação.

A apatita, por sua vez, mostra forma euédrica e acicular, ocorrendo em pequenas

dimensões, frequentemente inclusa no clinopiroxênio, biotita, feldspatos alcalinos e no

plagioclásio. Os minerais opacos são euédricos e mostram hábito cúbico. Ocorrem como

inclusões na biotita, clinopiroxênio e feldspatos alcalinos e foram descritos como magnetita.

Análises semiquantitativas fornecidas pelo MEV confirmam a presença da magnetita na

rocha.

64

Figura 5.6: Fotomicrografia da assembleia mineral dos sienitos Nova Olinda. A) Fenocristais de K-feldspato em

matriz inequigranular seriada contendo minerais máficos e quartzo intersticial; B) Cristal de plagioclásio com

macla polissintética segundo Lei da Albita e macla Carlsbad (à direita); cristal de plagioclásio com inclusões de

quartzo (à esquerda); C) Microclínio-pertita com macla em tabuleiro de xadrez em sienitos Nova Olinda; D)

Ortoclásio-pertita exibindo geminação tipo Carlsbad e bordejado por cristais de biotita; E) Fenocristal de

ortoclásio-pertita exibindo geminação Carlsbad e lamelas de exsolução de albita; F) Agregado máfico composto

por biotita e clinopiroxênio em sienitos Nova Olinda.

65

Figura 5.7: Fotomicrografia da assembleia mineral dos sienitos Nova Olinda. A) Agregado máfico com cristais

de clinopiroxênio bordejados por biotita em assembleia félsica; o contato entre os minerais máficos é irregular;

B) Clinopiroxênio bordejado por cristais de biotita em sienito Nova Olinda; C) Cristal de clinopiroxênio

subédrico com geminação simples e cristal de titanita ao lado; D) Cristais de titanita em associação com a

assembleia félsica e máfica; inclusões de titanita em clinopiroxênio nos sienitos Nova Olinda.

5.4 Enclave Metabásico - Anfibolito

O enclave analisado (amostra RPB-07C) ocorre nos sienitos Caboclo e encontra-se

levemente foliado, possui cor cinza escuro e granulação fina (Figura 5.8 A). A assembleia

mineral é constituída de quartzo (16%) e plagioclásio (11%) como os principais minerais

félsicos; hornblenda (30%), clinopiroxênio (13%), este descrito como diopsídio, e biotita

(18%) como as principais fases máficas. Os minerais acessórios constituintes da rocha são

titanita (10%), apatita, zircão e minerais opacos (alguns descritos como magnetita),

totalizando ~2%.

66

O quartzo mostra-se como cristais xenoblásticos, de dimensões entre 0,2 e 0,3 mm.

Possui contatos curvos a interlobados entre si e com os minerais adjacentes. Ocorrem como

cristais intersticiais aos agregados máficos e exibem textura granoblástica, podendo conter

ainda inclusões de apatita (Figura 5.8 B).

O plagioclásio apresenta-se como cristais subidioblásticos, com tamanhos entre 0,5 e

0,6 mm. Mostra contatos interlobados com o quartzo, hornblenda, diopsídio e biotita, podendo

apresentar inclusões parciais desta última. Os cristais de plagioclásio caracterizam-se ainda

pela presença de maclas polissintéticas do tipo Albita.

A hornblenda apresenta pleocroísmos que variam de marrom a verde oliva, verde

oliva a verde escuro. São cristais subidioblásticos de dimensões entre 0,5 e 0,6 mm e possuem

contatos retos entre si e interlobados com o diopsídio. Ocorrem como agregados máficos,

frequentemente associados com diopsídio, biotita e titanita, podendo estes minerais ocorrer

como inclusões no anfibólio. A orientação dos anfibólios confere uma textura nematoblástica

à rocha (Figura 5.8 C- D).

O diopsídio apresenta cor verde pálido e mostra-se como cristais subidioblásticos de

dimensões entre 0,3 e 0,6 mm. Exibem contatos irregulares e interlobados com a biotita e

hornblenda e ocorrem como agregados máficos em associação frequente com estes minerais e

com a titanita. O diopsídio pode ainda conter inclusões de biotita (Figura 5.8 D-E).

A biotita possui pleocroísmo marrom claro a verde, apresenta formas subidioblásticas

e hábito prismático com dimensões entre 0,4 e 0,5 mm. Os cristais de biotita exibem contatos

interlobados e irregulares com o diopsídio e a hornblenda e ocorrem como agregados máficos

(Figura 5.8 E). Ocasionalmente, apresentam inclusões de apatita e zircão.

A titanita ocorre com frequência na rocha e possui cor marrom claro, é xenoblástica e

possui dimensões entre 0,1 e 0,2 mm. Possui contatos irregulares com os minerais adjacentes

e ocorre associada aos agregados máficos e à assembleia félsica, podendo também ocorrer

como inclusões no anfibólio (Figura 5.8 F).

A apatita apresenta-se como pequenos cristais idioblásticos aciculares. Ocorre

frequentemente como inclusões na hornblenda e no quartzo. O zircão ocorre como pequenos

cristais idioblásticos predominantemente inclusos em cristais de biotita, formando um halo

pleocroico ao seu redor. Os minerais opacos ocorrem em associação com hornblenda e

biotita, sendo que alguns foram identificados como magnetita.

67

As características petrográficas, tais como composição mineralógica e feições

microtexturais, permitiram classificar este enclave metabásico como um anfibolito.

Figura 5.8: Fotomicrografia da assembleia mineral do enclave metabásico (RPB-07C). A) Aspecto geral do

enclave metabásico com textura nematoblástica, caracterizada por cristais de hornblenda; B) Cristais de quartzo

xenoblástico intersticiais em agregado máfico; C) Agregado máfico de biotita, clinopiroxênio e titanita em

associação com assembleia félsica; D) Cristal de clinopiroxênio em contato com hornblenda; E) Cristais de

biotita em contato com clinopiroxênio e titanita em agregado máfico; F) Agregado máfico com biotita, diopsídio,

anfibólio e titanita.

68

5.5 Granitoides Serra das Melancias –Suíte Serra da Aldeia

Três fácies foram identificadas no plúton Serra das Melancias, da Suíte Serra da

Aldeia: sienitos, quartzo monzonitos e granitos (Perpétuo et al. 2016). Os sienitos exibem

textura equigranular a levemente inequigranular média e constituem-se de microclínio (50-

65%), albita (~15-45%), quartzo (7%), arfvedsonita (~7%) e hornblenda (~2%) além de

epidoto (3%), biotita (4%) e diopsídio (~3%) em menor quantidade, juntamente com as fases

acessórias, sendo estas carbonatos, titanita, apatita, zircão e minerais opacos, perfazendo cerca

de 2% da moda (Figura 5.9 A). Textura pertítica em microclínio e zoneamento em albita

foram descritos nesta fácies. Os quartzo monzonitos possuem textura equigranular média e

constituem-se de K-feldspatos (~35%), albita (~40%), quartzo (~13%) e arfvedsonita (~5%)

(Figura 5.9 B). Fases minerais acessórias compreendem epidoto (~3%), biotita (~1%),

diopsídio (~1%), allanita, titanita, clinozoizita, apatita, zircão e minerais opacos (perfazendo

todos 2% da moda). Os granitos possuem textura granular média e constituem-se de

microclínio (~17%), ortoclásio (~10%), albita (~35%), quartzo (~24%) e arfvedsonita (~5%)

além de epidoto, diopsídio, hornblenda, biotita, allanita, titanita, apatita, zircão e minerais

opacos como fases acessórias. Os cristais de quartzo exibem contato poligonal, ou textura em

mosaico enquanto cristais de albita podem apresentar textura mirmequítica e zoneamento

(Figura 5.9 C).

69

Figura 5.9: Fotomicrografia dos litotipos do Plúton Serra das Melancias-Suíte Serra da Aldeia. A) Aspecto geral

dos sienitos do plúton Serra das Melancias; detalhe para cristal de arfvedsonita ao centro em assembleia félsica;

B) Cristais de arfvedsonita alterada, epidoto, diopsídio, clinozoizita e titanita em fácies quartzo monzonítica do

plúton Serra das Melancias; C) Fotomicrografia apresentando cristais de quartzo com contato poligonal nos

granitos do plúton Serra das Melancias. Fotomicrografias compiladas de Perpétuo et al. (2016).

70

6 GEOQUÍMICA DE ROCHA TOTAL

O objetivo deste capítulo é a caracterização e interpretação do comportamento

geoquímico dos elementos nas rochas estudadas, para uma melhor compreensão da tipologia

destas rochas, suas assinaturas geoquímicas, bem como os processos petrogenéticos

envolvidos durante a evolução magmática das mesmas. Desta forma, foram analisadas 15

amostras com base em sua distribuição espacial, características petrográficas e grau de

preservação. As análises envolveram a determinação de elementos maiores, menores e traços,

incluindo os elementos terras raras.

Os dados químicos obtidos para as amostras representativas dos litotipos estudados

estão apresentados na Tabela 6.1 As amostras referentes compreendem os sienitos Caboclo e

Nova Olinda, os granitos Betânia-fácies com anfibólio e epidoto, que serão aqui tratados

como granitos Betânia para simplicação, e dois enclaves retirados do corpo sienítico Caboclo.

Um dos enclaves refere-se à amostra RPB-07C, o qual foi analisado petrograficamente e

classificado como um anfibolito.

São ainda apresentados, de forma complementar, dados químicos dos granitoides

pertencentes ao Plúton Serra das Melancias, da Suíte Serra da Aldeia, recentemente

publicados em Perpétuo et al. (2016). Estes dados são exibidos com o propósito de se obter

uma melhor compreensão geoquímica do magmatismo pós-colisional ediacarano da área de

estudo, o qual o Plúton Serra das Melancias insere-se, e cujos novos dados geocronológicos

serão apresentados neste trabalho.

71

Tabela 6.1: Dados geoquímicos por FRX e ICP-MS para os granitos Betânia-fácies com anfibólio e

epidoto (GB), sienitos Caboclo (SC) e Nova Olinda (SNO), Sienito Serra das Melancias (SSM),

Quartzo-Monzonito Serra das Melancias (QMSM), Granito Serra das Melancias (GSM) e Enclaves

(EC).

Amostras

RPE

30A

RPE

30B

RPEV

1

RPEV

2

RPEV

3

RPB

02A

RPB

04

RPB

07A

RPB

07B

RPB

13

RPB

14A

RPB

14B

RPM

26

RPM

63

RPM

67

RPM

21

RPM

4A

RPM

55

RPM

10B

RPM

15

RPM

4B

RPM

35

RPM

06

RPM

19

RPM

10A

RPM

22

RPM

45

RPB

02B

RPB

02C

RPB

07C

(%) GB GB GB GB GB SC SC SC SC SNO SNO SNO SSM SSM SSM SSM QMS

M

QMS

M

QMS

M

QMS

M

QMS

M

QMS

M

QMS

M

QMS

M

GSM GSM

a

GSM EC EC EC

SiO2 67,7 69,51 67,37 68,02 69,2 62,97 60,82 60,75 60,83 58,26 56,8 57,91 63,07 63,95 65,92 66,23 66,69 67,38 67,90 67,94 68,31 68,40 68,66 69,41 71,30 72,46 72,08 43,83 43,27 47,81

TiO2 0,22 0,182 0,161 0,282 0,19 0,708 0,851 0,82 0,811 0,92 0,986 0,938 0,35 0,22 0,20 0,20 0,17 0,18 0,22 0,21 0,17 0,31 0,15 0,17 0,11 0,06 0,11 1,409 1,35 2,241

Al2O3 18,08 16,92 18,44 16,99 17,11 12,89 12,34 12,73 12,85 12,3 11,53 12,1 18,24 18,52 17,84 17,73 17,78 16,93 16,04 16,38 17,20 17,29 16,81 16,30 15,29 15,51 15,80 7,72 7,82 13,79

Fe2O3 1,42 1,31 1,04 1,94 1,3 5,82 6,85 6,65 6,52 7,71 7,95 7,48 3,16 2,17 1,97 2,18 1,74 1,91 2,04 2,20 1,53 1,38 1,53 1,39 1,50 0,67 0,85 11,5 12,43 14,39

MnO 0,03 0,019 0,024 0,034 0,019 0,108 0,129 0,121 0,124 0,14 0,146 0,136 0,11 0,08 0,07 0,10 0,06 0,07 0,07 0,08 0,06 0,05 0,06 0,03 0,06 0,01 0,03 0,225 0,25 0,207

MgO 0,41 0,4 0,25 0,65 0,39 3,66 4,88 4,48 4,42 5,75 5,7 5,28 0,59 0,40 0,34 0,36 0,30 0,35 0,52 0,51 0,24 0,30 0,24 0,25 0,19 0,06 0,14 17,01 15,38 5,2

CaO 2,52 2,05 2,46 2,19 2,07 3,16 3,68 3,72 3,74 4,34 5,37 4,52 3,19 1,69 1,61 2,06 1,90 1,97 2,04 1,93 1,37 1,43 1,57 1,36 1,40 0,69 1,29 8,81 10,24 8,79

Na2O 6,23 5,56 6,07 5,38 5,65 3,1 2,71 2,98 2,97 2,41 2,04 2,2 5,30 6,72 6,51 5,99 5,77 5,84 5,38 5,36 5,87 5,92 5,84 5,85 5,02 5,49 5,32 0,44 0,47 4,72

K2O 2,54 3,18 3,27 3,37 3,15 6,24 6,38 6,25 6,34 6,73 7,46 7,66 5,07 5,14 4,84 4,62 4,89 4,44 4,64 4,88 4,86 4,17 4,43 4,24 4,42 4,70 3,94 5,29 5,21 1,52

P2O5 0,08 0,073 0,059 0,095 0,071 0,502 0,682 0,616 0,622 0,77 0,986 0,794 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1,504 1,32 0,342

LOI 0,33 0,24 0,2 0,23 0,2 0,62 0,6 0,47 0,39 0,6 0,61 0,48 0,86 0,22 0,16 0,21 0,31 0,16 0,24 0,34 0,25 0,26 0,32 0,27 0,24 0,26 0,26 1,6 1,56 0,53

Total 99,6 99,4 99,3 99,2 99,3 99,8 99,9 99,6 99,6 99,9 99,6 99,5 100,1

0 99,20 99,50 99,80 99,70 9,93 99,20 99,30 99,90 99,60 99,70 99,20 99,60 99,90 99,80 99,3 99,3 99,5

(ppm)

Ba 1952 2645 3492 2601 2517 2333 2549 2548 2510 2894 3021 2824 4013 3756 2951 3430 3098 2532 1196 2712 3234 3865 2577 3171 1782 3095 2310 1121 892 404

Sr 1201 1872 1149 1845 1880 895 939 1094 1097 1130 981 937 1590 2212 1084 1627 1042 797 312 1117 1349 1542 896 920 449 1003 809 258 284 1006

Zr 134 151 167 176 151 286 275 285 272 262 111 242 272 313 243 250 182 188 140 190 236 197 182 175 120 178 110 21,1 29,0 154

Rb 13,8 47 21,2 56 46 219 233 209 205 223 227 216 62,2 74,8 40,2 75,1 80,7 49,9 113,1 92,4 65 50 81,6 62,2 72,2 56,5 75,7 332 392 39,8

Cs 0,81

0,95

9,89 8,38 6,26

4,87 3,50

0,72 0,69 1,11 2,62 1,32 1,25 1,83 1,77 0,57 0,92 1,65 2,43 1,25 0,84 1,11 17,8 1,82

Li 11,2

9,20

46,1 43,0 38,8

36,2 21,9

11,2 8,59 8,27 13,8 14 11,1 4,4 13,8 6,93 8,66 10,6 12 11,4 5,57 3,6 125 14,0

Pb 14,5 25 14,6 23,3 24,8 42,3 38,4 42,1 45 33,7 17,4 21,6 39,5 54,5 43,8 44,2 42,3 33,4 31,3 50,7 32,6 43 39,4 34,9 22,7 48,5 35,7 29,4 12,7 31,1

Nb 4,40 5,3 3,71 7,2 4,9 17,8 14,5 15,7 17,6 12,0 8,79 12,6 18,3 21,9 16,9 21 14,3 14,7 14,7 15,8 20,8 16,7 16,4 16,2 10,4 15,3 9,35 6 6,20 8,70

Y 4,10 4,4 8,27 4,5 3,2 28,9 31,7 29,3 26,6 31,3 32,3 34 14,9 18,9 7,97 14,5 6,84 7,31 4,59 10,6 7,04 6,73 8,6 4,98 9,58 9,07 2,59 31 22,6 34,9

Ga 14,2 16,8 13,4 17,6 16,4 15,5 14,3 15,2 16 14,2 13,6

18,1 19,8 15,8 19,4 18,2 14,21 11,7 17,9 17,5 18,2 15,6 18,7 14,8 17,2 14,7 14 12,5 19,8

Sc 3 <3 <3 <3 3 11 10 8 11 14 13 11 3,99 2,72 <LD 2,53 1,91 <LD <LD 3,62 1,66 <LD <LD <LD <LD 2,37 <LD 21 22 35

Th 2,01 2,8 1,36 2,8 <2 22,6 19,3 14,6 11 11,9 11,6 14,4 8,21 14,6 6,44 7,81 3,07 3,29 2,48 5,25 6,39 5,12 5,21 6,11 2,21 6,19 1,01 <2 2,35 2,19

U 0,40 <LD 0,58 <LD <LD 5,38 4,00 2,66 <LD 1,40 0,91 <LD 1,3 2.722 1,72 2,33 1,08 1 2,38 1,41 1,18 0,82 0,61 0,55 0,43 1,1 0,96 <LD 3,19 3,07

V 19,4 21 15,1 29 21,7 82,9 102 96,2 115 117 135 141 33,7 21,5 18,1 25,1 21,4 15,6 6,9 27,1 16,5 13,4 16,1 11,2 15,8 25,2 10,9 228 201 318

La 1,15 19 8,43 <13 <13 51,8 62,2 72,0 59 70,8 80,9 96 30 50,6 20,7 27,7 7,96 10,3 4,37 17,5 13,5 22,3 13,6 16,5 8,59 16,8 2,73 49 43,8 17,8

Ce 3,26 22 15,7 14 <13 115 142 149 148 155 170 200 61,8 80 29,1 52,3 13,5 24,5 7,46 34,7 19 29,3 16,2 24,7 8,21 29,2 4,13 148 96,4 41,5

Pr 0,34 <LD 1,90 <LD <LD 13,6 16,0 16,7 <LD 17,6 19,8 <LD 6,56 10,12 5,08 6,34 1,74 2,5 1 3,9 2,78 5,26 2,97 3,77 1,99 3,8 0,6 <LD 12,3 5,45

Nd 1,28 11 6,70 <11 <11 49,3 57,3 58,5 61 63,0 70,7 67 25,9 38,9 19,6 25,3 7,05 10,1 4,01 15 10 20,1 11,7 13,8 7,86 14,4 2,52 72 49,0 21,7

Sm 0,47

1,72

12,5 14,2 14,0

15,3 17,1

5,3 7,07 3,44 5,17 1,47 2,27 0,94 3,06 1,92 3,69 2,37 2,41 1,67 2,82 0,58 12,5 6,42

Eu 0,39

0,91

3,24 3,55 3,55

3,84 4,23

1,83 2,23 1,2 1,7 0,67 0,83 0,35 1,05 0,81 1,36 0,85 0,89 0,6 1,03 0,35 2,89 2,13

Gd 0,49

1,66

10,0 11,4 11,1

12,2 13,7

4,54 5,76 2,63 4,3 1,42 1,93 0,92 2,65 1,58 2,52 2,04 1,69 1,59 2,37 0,49 10,0 6,50

Tb 0,10

0,25

1,30 1,46 1,42

1,55 1,67

0,56 0,69 0,33 0,57 0,2 0,27 0,14 0,36 0,23 0,28 0,28 0,19 0,24 0,32 0,07 1,22 1,12

Dy 0,70

1,43

6,27 6,97 6,59

7,31 7,72

3,01 3,58 1,69 2,95 1,2 1,38 0,82 2,01 1,32 1,3 1,57 0,95 1,49 1,72 0,41 5,40 6,97

Ho 0,15

0,27

1,05 1,17 1,09

1,17 1,23

0,52 0,64 0,3 0,51 0,24 0,25 0,16 0,37 0,25 0,22 0,3 0,17 0,3 0,31 0,09 0,85 1,37

Er 0,46

0,80

2,86 3,17 2,93

3,23 3,21

1,53 1,85 0,89 1,49 0,75 0,74 0,46 1,15 0,75 0,63 0,87 0,5 0,88 0,95 0,28 2,12 3,92

Ta 0,17

0,18

1,35 0,95 0,90

0,48 0,27

0,79 1,12 0,87 0,96 0,67 0,66 0,77 0,71 1,03 0,73 0,75 0,72 0,45 0,69 0,44 0,20 0,60

Tm 0,07

0,11

0,36 0,38 0,35

0,37 0,37

0,21 0,25 0,13 0,21 0,12 0,1 0,07 0,16 0,11 0,08 0,12 0,07 0,13 0,13 0,05 0,23 0,52

Yb 0,51

0,78

2,46 2,69 2,46

2,61 2,56

1,42 1,67 0,87 1,4 0,87 0,77 0,44 1,2 0,79 0,56 0,83 0,46 0,88 1 0,33 1,61 3,51

Lu 0,07

0,10

0,33 0,35 0,33

0,34 0,33

0,19 0,23 0,12 0,21 0,12 0,11 0,06 0,18 0,11 0,07 0,12 0,07 0,12 0,15 0,05 0,21 0,49

Hf 3,21

4,31

7,77 7,42 7,66

6,78 3,41

6,76 7,89 6,12 6,61 4,96 5,38 5,25 5,51 5,91 5,36 5,08 5,23 3,55 5,02 3,33 0,95 4,48

(La/Yb)N 1,53

7,30

14,18 15,58 19,74

18,30 21,28

14,28 20,45 16,10 13,38 6,18 8,99 6,73 9,81 11,61 26,89 11,15 24,11 6,59 11,34 5,53 18,34 3,42

(La/Sm)N 1,54

3,08

2,61 2,75 3,24

2,90 2,97

3,56 4,51 3,78 3,38 3,41 2,85 2,92 3,60 4,42 3,80 3,61 4,31 3,24 3,74 2,96 2,21 1,75

(Ce/Yb)N 1,67

5,24

12,09 13,70 15,67

15,37 17,20

11,28 12,40 8,70 9,68 4,00 8,21 4,41 7,45 6,26 13,59 5,08 13,84 2,42 7,57 3,21 15,50 3,05

(Ce/Sm)N 1,68

2,21

2,22 2,42 2,57

2,44 2,40

2,81 2,73 2,04 2,44 2,21 2,60 1,91 2,74 2,39 1,92 1,65 2,47 1,19 2,50 1,72 1,87 1,56

(Eu/Yb)N 2,21

3,34

3,73 3,75 4,11

4,19 4,7

3,67 3,79 3,92 3,46 2,21 3,05 2,24 2,49 2,95 6,91 2,93 5,51 1,94 2,95 2,96 5,11 1,72

Eu/Eu* 2,5

1,65

0,88 0,85 0,87

0,86 0,85

1,14 1,07 1,21 1,10 1,43 1,21 1,13 1,13 1,43 1,36 1,18 1,36 1,13 1,22 2,00 0,79 1,01

ΣREE 9,42

40,8

270,1

3

323,2

7

339,9

5

354,1

1

394,0

1

143,4

4

203,6

4 86,13

130,1

9 37,26 56,01 21,19 83,22 53,18 87,57 53,84 66,10 34,54 74,95 12,68

238,4

2

119,3

4

72

6.1 Elementos Maiores e Menores

Os dados químicos dos elementos maiores e menores foram analisados com o objetivo

de se obter uma classificação geoquímica para as rochas, compreender o comportamento

geoquímico destes elementos e suas relações com a composição mineralógica observada,

além de buscar inferir os processos geoquímicos envolvidos. Para tanto, os dados químicos

obtidos foram utilizados em diagramas classificatórios que serão apresentados a seguir.

No diagrama TAS (Na2O+K2O versus SiO2) (Figura 6.1), fazendo uso dos campos

inicialmente propostos por Cox et al. (1979) e adaptado para rochas plutônicas, os sienitos

Caboclo e Nova Olinda encontram-se inseridos no campo dos sienitos, pertencendo à série

alcalina saturada em sílica. Da mesma forma, as rochas pertencentes ao Plúton Serra das

Melancias plotam acima da curva, configurando rochas da série alcalina saturada em sílica.

Os granitos Betânia, por sua vez, incidem no campo dos granitos e plotam abaixo da curva de

alcalinidade, pertencendo à série subalcalina saturada em sílica.

As rochas apresentam conteúdos de SiO2 variáveis. Os sienitos Nova Olinda mostram

valores entre 56,8 e 58,26%, os sienitos Caboclo entre 60,83 e 62,97%, enquanto os granitos

Betânia mostram valores entre 63,37 e 69,51%. As rochas pertencentes ao Plúton Serra das

Melancias, por sua vez, exibem valores entre 63,07 e 72,46%.

Os sienitos Caboclo e Nova Olinda apresentam conteúdos de álcalis (Na2O+K2O) de

aproximadamentede 9,0% e altas razões de K2O/Na2O (>2,0%), resultando em uma afinidade

ultrapotássica para estas rochas (Plá Cid & Nardi 2006, Nardi & Bitencourt 2007, Nardi et al.

2008). Os granitoides do Plúton Serra das Melancias apresentam altos conteúdos de álcalis

(Na2O+K2O = 9,26-11,86%), porém, razões de K2O/Na2O < 2,0%. Os granitos Betânia, por

sua vez, apresentam conteúdos de Na2O+K2O entre 8,75-9,3%, com razões de K2O/Na2O

baixas, entre 0,41 e 0,63%.

73

Figura 6.1: Diagrama Na2O + K2O versus SiO2, proposto por Cox et al. (1979) e adaptado para rochas

plutônicas, aplicado aos sienitos Caboclo e Nova Olinda, granitos Betânia e aos granitoides do Plúton Serra das

Melancias-Suíte Serra da Aldeia.

Os granitos Betânia confirmam sua afinidade com rochas da série subalcalina de alto

K, como pode ser observado no diagrama K2O versus SiO2 (Peccerillo & Taylor 1976, após

Le Maitre 2002) (Figura 6.2 A) no qual há um espalhamento predominante neste campo.

Estas rochas podem ainda ser classificadas como álcali-cálcicas, pelo diagrama Na2O+K2O-

CaO versus SiO2, ou Índice Alcalino Modificado (Frost et al. 2001) (Figura 6.2 B). Os

granitos Betânia caracterizam-se ainda por serem relativamente enriquecidos em magnésio

(diagrama FeOt/(FeOt+MgO) versus SiO2, ou índice de Fe*; Frost et al. 2001) (Figura 6.2 C),

no qual as rochas plotam no campo magnesian, próximo ao limite com o campo ferroan (Fe*

> 0,6). Por fim, os granitos Betânia caracterizam-se por serem levemente peraluminosos, com

o parâmetro A/CNK entre 1,0 e 1,1 (diagrama A/NK versus A/CNK, fazendo uso dos

parâmetros de Shand, após Maniar & Piccoli, 1989, Figura 6.2 D). O caráter levemente

peraluminoso destas rochas pode estar relacionado à presença de biotita.

Os sienitos Caboclo e Nova Olinda são classificados como alcálicos no diagrama

Na2O+K2O-CaO versus SiO2 (Frost et al. 2001) (Figura 6.2 B) e são relativamente

enriquecidos em magnésio (diagrama FeOt/(FeOt+MgO) versus SiO2, ou índice de Fe*; Frost

et al. 2001) (Figura 6.2 C) no qual as rochas plotam no campo magnesian com valores de

FeOt/(FeOt+MgO) entre 0,5-0,6. Os sienitos Caboclo e Nova Olinda são ainda

74

metaluminosos (A/CNK <1), refletindo a presença de fases cálcicas, o que pode estar

relacionado com a presença do clinopiroxênio augita, comum nestas rochas (diagrama A/NK

versus A/CNK, fazendo uso dos parâmetros de Shand, após Maniar & Piccoli, 1989, Figura

6.2 D).

Figura 6.2: Diagramas de classificação geoquímica para os granitoides estudados. A) Diagrama K2O versus

SiO2 (Peccerillo & Taylor, 1976, modificado segundo Le Maitre 2002) para a classificação das séries

subalcalinas, aplicado aos granitos Betânia; B) Diagrama Na2O+K2O-CaO versus SiO2, proposto por Frost et al.

75

(2001) aplicado aos sienitos Caboclo e Nova Olinda, granitos Betânia e às fácies do Plúton Serra das Melancias;

C) Diagrama FeOt/(FeOt+MgO) versus SiO2 proposto por Frost et al. (2001) para os sienitos Caboclo e Nova

Olinda, granitos Betânia e granitoides pertencentes ao Plúton Serra das Melancias; D) Diagrama A/NK versus

A/CNK de Maniar & Piccoli (1989): A/NK: razão molar de Al2O3/(Na2O+K2O); A/CNK: razão molar de

Al2O3/(CaO+Na2O+K2O) para os sienitos Caboclo e Nova Olinda, granitos Betânia e rochas do Plúton Serra das

Melancias-Suíte Serra da Aldeia.

Ao se fazer uso dos mesmos diagramas para as rochas pertencentes ao Plúton Serra

das Melancias (Perpétuo et al. 2016), observa-se que estes granitoides são predominantemente

alcálicos, ferrosos e metaluminosos a fracamente peraluminosos (Figura 6.2 B-C-D).

6.1 Elementos Traços

Os dados químicos de elementos traços constituem parâmetros importantes para a

avaliação das possíveis séries magmáticas das rochas estudadas. Serão apresentados a seguir

diagramas multielementares, ou spidergrams, incluindo diagramas de elementos terras raras,

para uma melhor compreensão dos processos petrogenéticos envolvidos.

6.2.1 Granito Betânia

Os granitos Betânia mostram altos conteúdos de Ba (1952-3492 ppm) e Sr (1149-1880

ppm) e conteúdos muito baixos de Rb (13-47 ppm). O diagrama multielementar normalizado

ao ORG (Ocean Ridge Granites) (Pearce et al. 1984) (Figura 6.3) mostra um forte

enriquecimento nos elementos LILE (large-ion lithophile elements) relativamente aos HFSE

(high field strength elements), evidenciando um padrão intensamente fracionado. Os padrões

mostram ainda uma anomalia fortemente positiva para o Ba, contrastando com os valores

muito baixos observados para Ta, Nb, Hf, Zr,Y e Yb, além de baixos valores para os

elementos terras raras leves Ce e Sm.

As assinaturas geoquímicas observadas, tais como baixos valores para Ta e Nb e altos

conteúdos de LILE, mostram alguma semelhança com granitos de arco vulcânico e pós-

colisionais apresentados por Pearce et al. (1984).

76

Figura 6.3: Diagrama multielementar normalizado ao ORG (Ocean Ridge Granites) proposto por Pearce et al.

(1984) para os granitos Betânia.

Padrões de Elementos Terras Raras normalizados pelo condrito (Boynton, 1984) para

os granitos Betânia mostram um baixo enriquecimento nos elementos terras raras leves (Light

Rare Earth Elements - LREE: La-Sm) e pesados (Heavy Rare Earth Elements -HREE: Gd-

Lu). (Figura 6.4). Os valores de LaN=3,70-27,18 e valores (La/Yb)N=1,53-7,30 configuram

um fracionamento moderado a alto, enquanto valores de Eu/Eu*=1,65-2,50 caracterizam

anomalias fortemente positivas para essas rochas.

77

Figura 6.4: Diagrama REE normalizado ao Condrito (Boynton, 1984) para os granitos Betânia.

6.2.2 Sienitos Caboclo e Nova Olinda e Enclaves Máficos

Os sienitos Caboclo e Nova Olinda apresentam altos conteúdos de Ba (2333-3021

ppm), Sr (895-1130 ppm) e moderados de Rb (209-233 ppm), valores semelhantes àqueles

descritos para granitoides ultrapotássicos (Plá Cid & Nardi 2006). O enriquecimento nos

elementos LILE tais como K, Ba e Rb, relativamente aos HFSE tais como Ta, Nb, Hf, Zr e Y,

pode ser observado no diagrama multielementar normalizado ao ORG (Ocean Ridge

Granites) de Pearce et al. (1984) (Figura 6.5). O diagrama mostra ainda anomalias negativas

para os elementos Ta-Nb, Hf-Zr, relativamente aos elementos vizinhos.

O enclave referente à amostra RPB-02C apresenta um enriquecimento nos elementos

LILE, com um forte pico positivo para o Ba. Anomalias negativas de Ta, Nb, Hf e Zr são

também observadas, com picos positivos para os elementos adjacentes Ce e Sm. O enclave

metabásico referente à amostra RPB-07C, classificado como anfibolito, exibe um

comportamento mais suave, com valores menos enriquecidos para os LILE e ausência de

anomalias significativas, evidenciando um padrão mais plano para os HFSE. Apenas um leve

pico positivo é observado para os elementos Ce e Sm.

78

Figura 6.5: Diagrama multielementar normalizado ao ORG (Ocean Ridge Granites) proposto por Pearce et al.

(1984) para os sienitos Caboclo e Nova Olinda e enclaves máficos associados.

Padrões de Elementos Terras Raras normalizados pelo condrito (Boynton 1984) são

apresentados na Figura 6.6. Os sienitos Caboclo e Nova Olinda mostram um enriquecimento

em LREEs, relativamente ao condrito, quando comparados com os HREEs . Os valores de

LaN para estas rochas estão entre 167-260, com valores de (La/Yb)N = 14,18-21,28, indicando

um fracionamento moderado. O enclave RPB-02C exibe valor de LaN = 141,13 e valor

(La/Yb)N = 18,34, valores que se assemelham aos obtidos para os sienitos Caboclo e Nova

Olinda. O enclave metabásico anfibolítico, referente à amostra RPB-07C, por sua vez, exibe

valores mais destoantes, com LaN= 57,54 e (La/Yb)N = 3,42.

Com respeito às anomalias de Eu, os sienitos Caboclo e Nova Olinda mostram valores

Eu/Eu*=0,85-0,88, configurando anomalias negativas. Os enclaves variam, com a amostra

RPB-02C evidenciando uma anomalia igualmente negativa (Eu/Eu*= 0,79), enquanto a

amostra do enclave metabásico, RPB-07C, mostra uma anomalia positiva (Eu/Eu*=1.01).

79

Figura 6.6: Diagrama REE normalizado ao Condrito (Boynton 1984) para os sienitos Caboclo e Nova Olinda e

enclaves máficos associados.

6.2 Diagramas de Discriminação Tectônica

No diagrama de discriminação tectônica R1-R2 (Batchelor & Bowden 1985) (Figura 6.7

A), observa-se que os sienitos Caboclo, Nova Olinda e os granitos Betânia apresentam um

comportamento linear, dispostos predominantemente no campo tardi-orogênico, com os

granitos Betânia mais próximos do campo sin-colisional.

No diagrama Rb versus Y+Nb proposto por Pearce et al. (1996) (Figura 6.7 B) os sienitos

Caboclo e Nova Olinda formam um agrupamento bem definido no campo pós-colisional

(Post-COLG), próximo à intersecção com os campos syn-COLG, VAG e WPG, mostrando

sua relação com fontes diversas, em um ambiente de natureza tardi a pós-orogênica. Os

granitos Betânia, por sua vez, plotam em sua totalidade no campo VAG, o que sugere que

estes granitos tenham uma relação com fontes de magmas associados a arco vulcânico.

80

Figura 6.7: Diagramas de discriminação tectônica para os sienitos Caboclo e Nova Olinda e granitos Betânia. A)

Diagrama multicatiônico R1-R2 de Batchelor + Bowden (1985); B) Diagrama de Discriminação Tectônica Rb

versus (Y+Nb) proposto por Pearce et al. (1984) e modificado por Pearce et al. (1996). Legenda: Syn-COLG:

syn-collisional granites; WPG: within plate granites; VAG: volcanic arc granites, ORG: ocean ridge granites;

Post-COLG: post-collisional granites.

81

7 GEOCRONOLOGIA (MÉTODO U-PB EM ZIRCÃO)

Este capítulo apresenta resultados das análises geocronológicas de 4 amostras de

granitoides do Orógeno Riacho do Pontal. Como descrito no capítulo de materiais e métodos,

utilizou-se da técnica de U-Pb em zircão para a obtenção de estimativas de idades de

cristalização das rochas, e as relações temporais entre os plútons brasilianos. Desta forma, os

diagramas de Concórdia são apresentados na sequência para as amostras referentes ao granito

Betânia (RPE-30A), sienitos Caboclo (RPB-02A), Nova Olinda (RPB-14) e a um sienito do

Plúton Serra das Melancias, pertencente à Suíte Serra da Aldeia (RPM-67). A tabela com os

dados geocronológicos é apresentada em anexo (Anexo 1).

7.1Granito Betânia (Amostra RPE-30A)

Os cristais de zircão do granito Betânia possuem cor amarelada a translúcida (Figura

7.1 A) e tamanhos entre 50 e 175 µm. Mostram razões comprimento/largura entre 1-2,5 e são

predominantemente prismáticos, euédricos a subédricos. Em imagem de back-scattered

elétrons (BSE) os cristais podem apresentar fraturas, sendo possível observar que estas

ocorrem predominantemente no eixo de maior elongação (Figura 7.1 B). Os grãos exibem

zoneamento oscilatório, como pode ser observado nas imagens de catodoluminescência (CL),

alguns mostrando domínios irregulares que sugerem o processo de recristalização magmática

(Corfu et al. 2003) (Figura 7.1 C). As razões Th/U variam de 0,000423 a 0,318278.

A população de cristais analisados indica uma idade concordante de 628,67 ± 2,3 Ma

(MSWD = 2,89), como pode ser visto no diagrama da Figura 7.1 D. Esta idade foi

considerada como idade de cristalização do plúton Betânia e será discutida posteriormente.

82

Figura 7.1: População de grãos de zircão do Granito Betânia (RPE-30A). A) População de grãos de zircão em

luz natural (LN); B) Imagem da população de zircões em back-scattered elétrons (BSE) mostrando as fraturas

dos grãos no seu eixo de maior elongação; C) Imagem da população de zircões em catodoluminescência (CL)

mostrando os cristais de zircão com zoneamento oscilatório e domínios irregulares; D) Diagrama Concórdia

obtido para zircões do granito Betânia representando a idade de cristalização para este plúton.

83

7.2 Sienito Caboclo (Fácies Caveira) (Amostra RPB-02A)

Os cristais de zircão do sienito Caboclo apresentam cor levemente amarelada a

translúcida (Figura 7.2 A), com tamanhos entre 70 e 200 µm, e razões comprimento/largura

entre 1,0-2,1. Duas populações foram identificadas: uma composta por zircões euédricos,

predominantemente prismáticos, e outra de zircões subarredondados, piramidais. Os cristais

podem ainda apresentar fraturas, em imagem de BSE (Figura 7.2 B), e zoneamentos

oscilatórios típicos de zircões magmáticos (Vavra 1990), evidenciados nas imagens de CL

(Figura 7.2 C). As razões Th/U variam de 0,8 a 1,6.

A população dos cristais de zircões analisados indica uma idade concordante de

619,99 ± 2,7 Ma (MSWD = 0,46), como pode ser observado na Figura 7.2 D. A idade foi

considerada de cristalização para o plúton Caboclo e será discutida posteriormente.

84

Figura 7.2: População de grãos de zircão do Sienito Caboclo (RPB-02A). A) População de grãos de zircão em

luz natural (LN); B) Imagem da população de zircões em back-scattered elétrons (BSE) mostrando os grãos

fraturados; C) Imagem da população de zircões em catodoluminescência (CL) mostrando os cristais de zircão

com zoneamento oscilatório; D) Diagrama Concórdia obtido para zircões do sienito Caboclo representando a

idade de cristalização para este plúton.

85

7.3 Sienito Nova Olinda (Amostra RPB-14)

Os grãos de zircão do sienito Nova Olinda exibem cores que variam do bege

amarronzado ao translúcido (Figura 7.3 A), tamanhos entre 80 e 250 µm, e razões

comprimento/largura que variam entre 1,6-2,5. Observa-se a ocorrência de duas populações

nas quais uma consiste de cristais euédricos e prismáticos enquanto a outra população é

composta de grãos subarredondados e piramidais. Os grãos podem apresentar fraturas, em

imagens de BSE (Figura 7.3 B), e zoneamentos oscilatórios, alguns com domínios irregulares,

em imagens de CL, sugerindo recristalização magmática (Corfu et al. 2003) (Figura 7.3 C).

As razões Th/U variam de 0,6 a 1,4.

A população dos cristais de zircões analisados indica uma idade concordante de

616,75 ± 1,45 Ma (MSWD = 1,82) como pode ser observado na Figura 7.3 D. A idade,

considerada de cristalização para este corpo sienítico, será discutida posteriormente,

juntamente com o sienito Caboclo.

86

Figura 7.3: População de grãos de zircão do Sienito Nova Olinda (RPB-14). A) População de grãos de zircão

em luz natural (LN); B) Imagem da população de zircões em back-scattered elétrons (BSE) mostrando as

fraturas nos grãos; C) Imagem da população de zircões em catodoluminescência (CL) mostrando os cristais de

zircão com zoneamento oscilatório e domínios irregulares; D) Diagrama Concórdia obtido para zircões do

sienito Nova Olinda representando a idade de cristalização para este plúton.

87

7.4 Sienito Serra das Melancias (Amostra RPM-67)

Os cristais de zircão da amostra do sienito Serra das Melancias, pertencente à Suíte

Serra da Aldeia, possuem cores que variam do amarelado ao translúcido (Figura 7.4 A) e

tamanhos entre 50 e 150 µm. As razões comprimento/largura variam entre 1,8-3,0 e

predominam cristais euédricos e prismáticos. Os cristais podem apresentar fraturas, como

pode ser visto nas imagens de BSE (Figura 7.4 B), e zoneamentos oscilatórios evidenciados

em imagens de CL (Figura 7.4 C). As razões Th/U variam entre 0,12 e 1,77.

A população dos cristais de zircões analisados indica uma idade concordante de

578,19 ± 4,07 Ma (MSWD = 0,48) como pode ser observado no diagrama da Concórdia da

Figura 7.4 D. A idade foi considerada de cristalização e será discutida posteriormente com os

sienitos Caboclo e Nova Olinda.

88

Figura 7.4: População de grãos de zircão do Sienito Serra das Melancias (RPM-67) da Suíte Serra da Aldeia. A)

População de grãos de zircão em luz natural (LN); B) Imagem da população de zircões em back-scattered

elétrons (BSE) mostrando as fraturas nos grãos; C) Imagem da população de zircões em catodoluminescência

(CL) mostrando os cristais de zircão com zoneamento oscilatório; D) Diagrama Concórdia obtido para zircões do

sienito Serra das Melancias representando a idade de cristalização para este plúton.

89

8 GEOLOGIA ISOTÓPICA – SM-ND E SR-SR

Os dados isotópicos de Sm-Nd e Sr-Sr foram obtidos para 7 amostras, referentes aos

sienitos Caboclo e Nova Olinda e ao enclave metabásico (anfibolito) amostrado no sienito

Caboclo. Os dados são apresentados na Tabela 8.1 e plotados no diagrama de evolução

petrogenética (Figura 8.1). Os métodos foram utilizados com o intuito de inferir as possíveis

fontes magmáticas das rochas em questão. As idades modelo (TDM) de Sm-Nd foram

calculadas usando o modelo de De Paolo (1981).

Tabela 8.1: Dados isotópicos de Sm-Nd e Sr-Sr para os sienitos Caboclo e Nova Olinda e enclave metabásico.

Amostra Rocha Sm (ppm) Nd (ppm)

147Sm/

144Nd

143Nd/

144Nd ƐNd (0) TDM (Ga) ƐNd (620)

87Sr/

86Sr

RPB-02A Sienito Caboclo 13,274 62,416 0,1286 0,511959±4 -13,24 1,92 -7,86 0,71655±1

RPB-02B Sienito Caboclo 15,737 74,507 0,1277 0,511925±13 -13,9 1,97 -8,45 0,74432±1

RPB-07A Sienito Caboclo 15,349 78,043 0,1189 0,511917±20 -14,06 1,79 -7,91 0,71503±1

RPB-07B Sienito Caboclo 14,963 75,021 0,1206 0,511925±20 -13,92 1,82 -7,89 0,71492±1

RPB-13 Sienito Nova Olinda 16,469 82,237 0,1211 0,511904±14 -14,31 1,86 -8,34 0,71567±1

RPB-14A

Sienito Nova Olinda

18,621

92,112

0,1222

0,51194±8

-13,62

1,82

-7,72

0,71594±2

RPB-07C

Enclave Metabásico

(Anfibolito)

7,111 29,062 0,1479 0,512426±11 -4,13 1,41 0,99 0,71091±1

Enclave metabásico (RPB-07C) recalculado para 820 Ma.

90

Figura 8.1: Diagrama de evolução isotópica εNd x TDM com valores recalculados para t(620Ma).

As amostras correspondentes ao plúton sienítico Caboclo (RPB-02A, RPB-02B, RPB-

07A, RPB-07B) mostram razões iniciais 87

Sr/86

Sr que variam entre 0,71655 e 0,74432. Os

valores de εNd (620 Ma) das mesmas amostras são negativos, entre -7,86 e -8,45, com valores

TDM entre 1,79 e 1,97 Ga (Tabela 8.1 e Figura 8.1).

As amostras referentes aos sienitos Nova Olinda (RPB-13 e RPB-14A) apresentam

razões iniciais 87

Sr/86

Sr de 0,7167 e 0,71594, respectivamente. Os valores de εNd (620 Ma) são

negativos, -7,72 e -8,34, enquanto que os valores TDM são de 1,82 e 1,86 Ga, respectivamente

(Tabela 8.1 e Figura 8.1).

O enclave metabásico anfibolítico (amostra RPB-07C), amostrado a partir de um corpo

sienítico do plúton Caboclo, apresenta valores de 87

Sr/86

Sr =0,71091 e de εNd (820 Ma) =

+0,99 (Figura 8.1). O tempo utilizado (t=820 Ma) refere-se à idade obtida para os

metabasaltos do Complexo Monte Orebe (Caxito et al. 2014a) e será discutida

posteriormente.

91

9 DISCUSSÃO

Neste capítulo serão discutidos os resultados obtidos nos trabalhos de campo, estudos

petrográficos, geoquímicos e isotópicos para os granitoides ediacaranos (~630-542 Ma) das

zonas Central e Interna do Orógeno Riacho do Pontal. Deste modo, foram individualizadas as

discussões referentes ao granito Betânia e aos sienitos Caboclo, Nova Olinda e Serra das

Melancias-Suíte Serra da Aldeia, além de breves apontamentos acerca dos enclaves de

natureza máfica amostrados no sienito Caboclo. A Figura 9.1 sintetiza as interpretações

decorrentes dos resultados obtidos.

9.1 Granito Betânia - Magmatismo pré-colisional?

O granito Betânia que ocorre nos arredores do município homônimo, foi

primeiramente descrito neste trabalho e individualizado em duas fácies mineralogicamente

distintas: uma fácies com anfibólio e epidoto magmático, e outra fácies sem anfibólio, com

muscovita secundária. Os granitos Betânia são subalcalinos de alto K, com altos valores de

SiO2, próximos de 70%, e relativamente enriquecidos em MgO, com índice de Fe* > 0,6.

Além disso, são classificados como álcali-cálcicos e fracamente peraluminosos.

O comportamento relacionado aos elementos traços mostra altos conteúdos de Ba e Sr

( > 1000 ppm), e baixos valores de Rb (< 50 ppm), e um enriquecimento nos elementos LILE

relativamente aos HFSE, com baixos valores para Ta e Nb. Os baixos valores de Rb que

caracterizam os granitos Betânia podem estar relacionados com os baixos conteúdos de biotita

na rocha (2-5%), já que o Rb é conhecido como um elemento que é preferencialmente

concentrado em micas quando comparados a outros minerais que contém K (Terekhov &

Shcherbakova 2006). Os baixos valores de Nb e Ta, por sua vez, são reconhecidos como

típicas assinaturas “orogênicas” relacionadas a uma provável zona de subducção (Thompson

& Fowler 1986, Martin et al. 2005, Jiang et al. 2012).

Os granitos Betânia mostram ainda concentrações muito baixas de elementos terras

raras, com um baixo enriquecimento tanto para os elementos terras raras leves quanto para os

pesados, apresentando ainda um fracionamento moderado a alto entre esses elementos, como

pode ser observado pelos valores de LaN e (La/Yb)N. As baixas concentrações de HREEs

podem estar relacionadas ao caráter leucocrático das rochas, que contém relativamente poucos

minerais máficos, deixando tais elementos retidos numa fonte com granada (Rollinson 1993,

Bea 1996).

92

Anomalias fortemente positivas de Eu são feições bem expressivas nestas rochas

sendo que sua origem é controversa. Tais anomalias foram registradas em rochas graníticas no

leste do Escudo Báltico (Terekhov & Shcherbakova 2006). Os granitos do Escudo Báltico

apresentaram, além das anomalias positivas, outras características geoquímicas semelhantes

aos granitos Betânia, tais como o empobrecimento nos elementos Ti, Fe, Mg, Mn, P e Rb,

bem como altos valores de Ba e Sr. A origem das anomalias positivas de Eu observada nesses

granitos foi relacionada a uma fusão de rochas granulíticas, em um ambiente redutor que

permitisse o aprisionamento do Eu2+

na estrutura cristalina dos plagioclásios. (Terekhov &

Shcherbakova 2006).

Em granitos peraluminosos a partição do Eu tem sido de fato, associada tanto aos

plagioclásios como K-feldspatos, o que resultaria em anomalias positivas deste elemento (Bea

1996). Contudo, o epidoto magmático, quando presente, é responsável em concentrar uma

proporção significativa de Eu, de forma que a partição deste elemento no epidoto primário,

quando comparado com os feldspatos, apresenta valores de coeficientes de partição entre

epidoto/K-feldspato (~20-30) e entre epidoto/plagioclásio (~8-20) (Bea 1996). Neste

contexto, é sugerido aqui que a presença do epidoto magmático nos granitos Betânia pode ter

contribuído significativamente para as anomalias positivas de Eu presentes nestas rochas.

Granitos cálcio-alcalinos a cálcio-alcalinos de alto K, com epidoto magmático, foram

reconhecidos na Zona Transversal da Província Borborema, nos terrenos Alto Pajeú e

Cachoeirinha-Salgueiro (Sial & Ferreira 2016). Estes granitos, com idades entre 650-620 Ma,

por meio de estudos isotópicos (O e Nd) tiveram sua origem relacionada a uma fusão parcial

de crosta oceânica subductada (granitos cálcio-alcalinos com epidoto) e a um underplating de

magma basáltico na base da crosta inferior (granitos cálcio-alcalinos de alto K com epidoto)

(Sial & Ferreira 2016).

O magmatismo granítico cálcio-alcalino de alto K, levemente peraluminoso e

magnesiano, foi descrito no Cinturão Dom Feliciano no Uruguai (Plúton Solis de Mataojo,

Oyhantçabal et al. 2007). Além das feições geoquímicas de elementos maiores apresentadas,

análogas às observadas para o granito Betânia, as assinaturas dos elementos traços, tais como

altos conteúdos de Ba e Sr, e baixos valores de Y, Nb e Rb, são características que se

assemelham aos granitos estudados. O plúton Solis de Mataojo, representante do magmatismo

cálcio-alcalino de alto K descrito acima, teve sua origem associada a ambientes de arco

continental maduro e configurações pós-colisionais (Oyhantçabal et al. 2007).

93

Com relação aos dados geocronológicos, obteve-se para o granito Betânia uma idade

de cristalização de 629 ± 2,3 Ma, sendo esta idade mais antiga que aquelas constatadas para

os granitos sin-colisionais tipo Rajada, apresentadas por Caxito (2013) (idades U-Pb em

zircão entre 570 e 616 Ma) e Caxito et al. (2016) (idade U-Pb em zircão em torno de 608 ±

9,8 Ma). Por sua vez, análises geocronológicas obtidas para os granitos Rajada por Brito

Neves et al. (2015) apontam para um intervalo de idades mais amplo, entre 620 ± 10 Ma e

635 ± 15 Ma (U-Pb em zircão), sendo estas idades consideradas pelos autores como

representativas do ápice do metamorfismo regional.

No Orógeno Sergipano, vizinho ao Orógeno Riacho do Pontal, Oliveira et al. (2015)

apresentaram estudos em granitoides cujas características geoquímicas e isotópicas

corroboram para uma origem relacionada a um arco continental ediacarano. Estes granitoides,

com idades entre 630-618 Ma são pertencentes aos domínios Poço Redondo-Marancó e

Canindé (granito Queimada Grande e monzodiorito Lajedinho, respectivamente) e Macururé

(Tonalito Camará e Granodiorito Coronel João Sá) (datações U-Pb, Long et al. 2004, Bueno

et al. 2009, Oliveira et al. 2015), e foram classificados como pré-colisionais, com feições

geoquímicas de granitos cálcio-alcalinos de alto K, magnesianos e com assinaturas de

elementos traços típicas de arco magmático (Oliveira et al. 2015).

As características geoquímicas apresentadas para os granitos Betânia, sendo estes

classificados como cálcio-alcalinos de alto K, magnesianos e levemente peraluminosos,

permitem classificá-los como granitos cordilheirianos (Frost et al. 2001), granitos cálcio-

alcalinos com anfibólio (Barbarin 1999), ou granitos de arco vulcânico (Pearce et al. 1984). A

natureza álcali-cálcica e o valor do índice de Fe*, com as rochas plotando próximo ao campo

“ferrous”, permitem situar os litotipos, dentro deste contexto tectônico inferido, na porção do

arco magmático mais próxima ao continente (inboard). A assinatura de elementos traços, com

baixos valores de Nb e Ta, e uma provável contribuição de fontes de arco vulcânico (Figura

6.7 B) corroboram igualmente com essa possível classificação. Por outro lado, a geoquímica

subalcalina de alto K é reconhecida como uma feição típica de granitos pós-colisionais (Bonin

et al. 1998, Liegéois et al. 1998). Neste contexto, a assinatura álcali-cálcica, enriquecida em

magnésio e levemente peraluminosa, com valores de sílica em torno de 70%, também pode

ser reconhecida em granitos do tipo “caledonianos” (Frost et al. 2001), granitoides cálcio-

alcalinos de alto K (Barbarin 1999) ou granitoides pós-orogênicos (Maniar & Piccoli 1989).

94

Ao se fazer uma análise integrada dos dados de campo, petrográficos, geoquímicos e

geocronológicos disponíveis para os granitos Betânia, é aqui sugerido que estas rochas

possam fazer parte de um sistema granítico em um contexto de arco magmático evoluído,

onde as assinaturas geoquímicas reconhecidas, juntamente com a idade U-Pb obtida, seriam

condizentes com este ambiente. Desta forma, o plúton granítico Betânia representaria um

possível sistema de arco magmático ediacarano no Orógeno Riacho do Pontal.

9.2 Magmatismo tardi a pós-orogênico: Sienitos tipo Caboclo/Nova Olinda e

Serra das Melancias

Os sienitos Caboclo e Nova Olinda foram caracterizados como biotita quartzo álcali-

feldspatos sienitos com augita a biotita quartzo sienitos com augita. Estas rochas apresentam

valores de SiO2 entre 56-63%, são relativamente enriquecidas em magnésio (Fe* > 0,5),

alcálicas (próximo ao limite com álcali-cálcicos) e metaluminosas. Os sienitos Caboclo e

Nova Olinda mostram ainda afinidade ultrapotássica, reconhecida pelos valores de

K2O+Na2O>9% e K2O/Na2O>2 (Plá Cid & Nardi 2006). Os sienitos Serra das Melancias,

pertencente

à Suíte Serra da Aldeia, por sua vez, apresentaram afinidades alcalinas de alto K a

shoshoníticas, caráter ferroso e metaluminoso (Perpétuo et al. 2016).

O magmatismo ultrapotássico é reconhecido por diversos autores como sendo típico

de ambientes pós-colisionais, com sua origem direta ou indiretamente relacionada às fontes

mantélicas (Thompson & Fowler 1986, Miller et al. 1999, Nardi & Lima 1999, Plá Cid et al.

2000, Nardi et al. 2008). O termo pós-colisional é utilizado para designar processos tectono-

magmáticos que ocorrem após o evento principal de colisão durante a orogênese (Bonin et al.

1998). Os ambientes pós-colisionais são marcados por uma transição entre um magmatismo

cálcio-alcalino inicial, que se modifica com o tempo para composições mais alcalinas nos

estágios finais do episódio orogenético (Liégeois et al. 1998), sendo ainda caracterizado pela

influência de materias crustais subductados, resultando em um enriquecimento em K

expressivo das suítes cálcio-alcalinas (Bonin et al. 1998). O termo pós-colisional pode ser

entendido ainda como um evento tectônico no qual a continuação da convergência pode

resultar em cavalgamento intra-continental e/ou escape lateral. Esta configuração, também

chamada de tardi-orogênica, é seguida de um episódio subsequente pós-orogênico, no qual as

suítes magmáticas são colocadas ao longo de zonas de cisalhamento e caracterizam-se por

uma afinidade marcadamente alcalina (Bonin et al. 1998).

95

Suítes tardi a pós-orogênicas tem sido documentadas ao redor do mundo (Harris et al.

1986, Bonin et al. 1998, Oyhantçabal et al. 2007, Goswami & Bhattacharyya 2013) bem

como em diversas regiões do território brasileiro (Da Silva Filho et al. 1993, Plá Cid et al.

2000, Nardi & Bonin 1991, Nardi et al. 2007). Liégeois et al. (1998) relacionam o

enriquecimento em K durante um magmatismo pós-colisional com fontes juvenis (manto ou

crosta inferior máfica). O enriquecimento seria devido à contribuição de grande quantidade de

magma mantélico previamente metassomatizado por uma subducção prévia. Uma origem com

derivação mantélica para o magmatismo shoshonítico e ultrapotássico, com os magmas

modificados por material advindo de subducção, é reconhecida por outros autores (e.g:

Thompson & Fowler 1986, Jiang et al. 2012).

Com relação à química dos elementos traços, os sienitos Caboclo/Nova Olinda e Serra

das Melancias caracterizam-se por apresentarem altos conteúdos de Ba e Sr, enriquecimento

nos elementos LILE e LREE, com um fracionamento moderado observado pelos valores de

LaN e (La/Yb)N. Apresentam ainda anomalias negativas nos pares Ta-Nb e Hf-Zr. Valores de

Cr e Ni de ~100 ppm parecem necessitar de uma contribuição mantélica para os sienitos, de

acordo com Thompson & Fowler (1986). A assinatura “orogênica” para os magmas

relacionados à subducção pode ser constatada pela presença de anomalias negativas de Nb, Ta

e Ti, além de altos valores para os elementos LILE (Ba, Rb, K e Sr) (Thompson & Fowler

1986, Martin et al. 2005, Jiang et al. 2012). Estas características geoquímicas foram

constatadas nas rochas investigadas, as quais mostram enriquecimento em LILE relativamente

aos HFSE, principalmente em Ba e Sr, além de anomalias negativas em Nb e Ta.

Padrões de elementos terras raras demonstram que as anomalias de Eu nos sienitos

Caboclo e Nova Olinda, apesar de negativas, não apresentam valores tão significativos. A

ausência de anomalias significativas de Eu pode estar relacionada à condições mais oxidantes

do magma que, por sua vez, resulta na estabilização do Eu³+

, o qual é incompatível nos

feldspatos, de forma que este elemento não é aprisionado na estrutura cristalina deste mineral

(Bedford 1989, Marks et al. 2004). A cristalização de magnetita nas rochas, reconhecida em

análises petrográficas, corrobora com esta hipótese, à medida que condições oxidantes

possibilitam a cristalização de magnetita que, por sua vez, inibe o enriquecimento em ferro

durante a diferenciação magmática, resultando em magmas enriquecidos em magnésio (Frost

et al. 2001). Neste contexto, as razões de Fe/Mg observadas para estas rochas, que apresentam

valores intermediários, confirmam o enriquecimento relativo em magnésio destas rochas.

96

Os sienitos Caboclo e Nova Olinda mostram ainda razões Rb/Sr entre 0,19-0,24 e

Ba/Rb entre 10,66-13,30. Tais razões estão de acordo com a origem de lavas ultrapotássicas

relacionadas à fusão de um manto litosférico com flogopita (Furman & Graham 1999), que

são caracterizadas por razões Rb/Sr > 0,10 e razões Ba/Rb < 20. A presença de flogopita no

manto, por sua vez, pode estar relacionada com os altos conteúdos de K2O presentes na rocha,

além de ser uma fase importante para atestar metassomatismo no manto (Ionov et al 1997).

Segundo os autores, a flogopita, assim como anfibólios e a apatita, é uma fase comum em um

manto metassomatizado, sendo ainda um importante concentrador de elementos LILE, tais

como Ba, Rb e Sr, de forma que sua presença, e posterior fusão a partir da fonte, pode estar

relacionada aos altos conteúdos de Ba e Sr nos sienitos Caboclo e Nova Olinda.

As características geoquímicas de elementos traços observadas para os sienitos

Caboclo e Nova Olinda, tais como altos conteúdos em LILEs, baixos valores de HFSEs, com

anomalias marcadamente negativas para Ta, Nb, Zr e Hf, além de anomalias positivas

observadas para os LREEs, são semelhantes com as assinaturas observadas para granitos pós-

colisionais, compartilhando algumas semelhanças com granitos cálcio-alcalinos de alto K de

arco vulcânico (Pearce et al.1984).

A integração dos dados geoquímicos e geocronológicos para o magmatismo pós-

colisional do orógeno mostra uma evolução a partir de magmas magnesianos (sienitos

Caboclo e Nova Olinda, idades U-Pb de ~620 e 616 Ma, respectivamente) para magmas

ferrosos (Plúton Serra das Melancias - Suíte Serra Aldeia, idade U-Pb de ~578 Ma). Debon &

Lemmet (1999) registram esta descontinuidade ao longo do tempo, a partir de composições

magnesianas para mais ferrosas, nas intrusões monzo e sienograníticas Tardi-Variscanas do

Maciço Cristalino Externo nos Alpes. Segundo os autores, a decrescente contribuição a partir

de um manto enriquecido de afinidade lamproítica ao curso do tempo poderia estar

relacionada com uma substituição de granitos magnesianos para os mais ferrosos.

Com relação aos dados isotópicos, os sienitos Caboclo e Nova Olinda apresentam razões

iniciais 87

Sr/86

Sr entre 0,71492 e 0,74432 e valores de εNd (620) negativos, entre -7,72 e -8,45,

com valores de TDM entre 1,79 e 1,97 Ga. Os valores das razões iniciais de 87

Sr/86

Sr

juntamente com os valores de εNd (620) negativos mostram que os sienitos Caboclo e Nova

Olinda tiveram uma contribuição crustal importante durante sua evolução. As idades TDM,

apesar de paleoproterozoicas, são mais jovens que os ortognaisses representantes do

embasamento da região (ortognaisses do Complexo Morro do Estreito, idade U-Pb de ~2,6

97

Ga; Brito Neves et al. 2015), o que pode indicar uma mistura com fontes juvenis para a

gênese dos sienitos.

Segundo Moyen et al. (2017) uma atividade magmática tardi-colisional é dominada por

uma fusão concomitante da crosta e do manto. Desta forma, ambientes tardi-orogênicos

podem ser caracterizados por um magmatismo granítico de natureza bimodal, com

participação de diferentes fontes. Ainda segundo os autores, assinaturas isotópicas tipo

“crustal” são feições comuns de magmas potássicos tardi-orogênicos.

Granitoides potássicos e magnesianos, com assinaturas isotópicas puramente crustais, são

descritos no Maciço Central Francês Variscano (Moyen et al. 2017). Essas rochas mostraram

uma petrogênese ligada a uma contribuição de magmas derivados do manto (magmas máficos

potássicos denominados de vaugneritos). De acordo com os autores, a assinatura isotópica

puramente crustal advém do fato de que os traçadores isotópicos (Sr, Nd, Pb, Hf) são todos

elementos incompatíveis e, portanto, completamente controlados por pequenas proporções de

componentes crustais reciclados dentro da fonte do manto. Isto enfatiza o ponto de que,

partindo de uma perspectiva puramente isotópica, não é possível explicar a contribuição de

diferentes fontes para a geração de magmas graníticos (Moyen et al. 2017). Os granitos

estudados no Maciço Central Variscano, assim como os sienitos Caboclo e Nova Olinda,

apresentam características que, do ponto de vista isotópico, não é juvenil, mostrando uma

assinatura isotópica crustal, e que, não obstante, apresenta uma contribuição significativa de

magmas mantélicos. A participação de fontes derivadas do manto para os sienitos Caboclo e

Nova Olinda, por sua vez, pode ser constatada em conjunto com os elementos maiores, por

meio de uma análise de geoquímica de rocha total, na qual é possível observar uma afinidade

ultrapotássica e magnesiana marcante nestas rochas.

Desta forma, baseado nos dados geoquímicos e isotópicos disponíveis, é considerado aqui

que os sienitos Caboclo e Nova Olinda possuem, como origem, uma mistura de fontes, com

contribuições crustais e de derivação mantélica. Estes sienitos são ainda reconhecidos como

representantes de um magmatismo tardi-orogênico, enquanto que o sienito Serra das

Melancias pertence a um magmatismo pós-orogênico ediacarano, quando analisados do ponto

de vista geocronológico.

98

9.3 Enclaves Máficos

9.3.1 Enclave Metabásico (Amostra RPB-07C)- Xenólito anfibolítico

Foram amostrados dois enclaves máficos do plúton sienítico Caboclo (amostras RBP-

02C e RPB-07C) de forma que apenas a amostra RPB-07C foi analisada petrograficamente.

Este enclave apresentou em lâmina delgada características microtexturais e mineralógicas

reconhecidas como metamórficas, tendo sido, dessa forma, classificado como um enclave

metabásico ou, mais especificamente, um anfibolito.

Com respeito às feições geoquímicas apresentadas para este enclave anfibolítico,

podem-se observar algumas semelhanças com a geoquímica dos metabasaltos do Complexo

Monte Orebe (Caxito et al. 2014a). Os litotipos do Complexo Monte Orebe constituem as

rochas encaixantes dos sienitos Caboclo, onde o enclave metabásico foi coletado. As

semelhanças observadas consistem no padrão de elementos terras raras, de forma que os

metabasaltos analisados (Caxito et al. 2014a), quando normalizados ao condrito, mostram um

comportamento suave, plano, com os valores de LaN menores que 100, e valores médios de

(La/Yb)N=1,54 e Eu/Eu*=1.0. Estes valores são muito semelhantes com os obtidos para o

enclave anfibolítico analisado neste trabalho. O enclave anfibolítico apresenta ainda valor

isotópico de εNd (820 Ma) positivo (+0,99) semelhante aos valores descritos para os

metabasaltos do Complexo Monte Orebe, tendo estes, valores positivos de εNd (820) = +4,4.

As semelhanças nos valores isotópicos de Nd, o comportamento geoquímico

observado, juntamente com as características petrográficas descritas para este enclave, dentre

as quais permitiram classificá-lo como um anfibolito, sugere a possibilidade de esta amostra

ser um xenólito proveniente dos metabasaltos do Complexo Monte Orebe.

9.3.2 Enclave Máfico (Amostra RPB-02C) – Possível autólito?

O enclave referente à amostra RPB-02C, por sua vez, apresenta algumas feições

distintas, quando comparado com o enclave anfibolítico (RPB-07C). Os valores de LaN,

(La/Yb)N e Eu/Eu* obtidos para o enclave RPB-02C mostram semelhança com os valores

analisados para os sienitos Caboclo e Nova Olinda, e diferem significativamente dos

apresentados pelo enclave anfibolítico. Além disso, os enclaves apresentam valores bem

distintos para os elementos Cr e Ni, de forma que o enclave anfibolítico mostra valores baixos

(Ni=24,5 ppm e Cr=21,2 ppm) enquanto o enclave RPB-02C mostra valores altos para estes

mesmos elementos (Ni=288 ppm e Cr=750 ppm). Via de regra, ao analisar os padrões

99

normalizados de elementos traços, incluindo os elementos terras raras, conclui-se que o

enclave RPB-02C apresenta um comportamento geoquímico semelhante aos sienitos Caboclo

e Nova Olinda, acompanhando a tendência geral nos diagramas geoquímicos de elementos

traços (Figuras 6.5 e 6.6).

Com base nas semelhanças geoquímicas observadas para o enclave RPB-02C e para os

sienitos Caboclo e Nova Olinda, é sugerido aqui que este enclave máfico possa ser um

autólito, isto é, um fragmento proveniente do mesmo processo magmático que gerou os

sienitos em questão. A existência de autólitos máficos corrobora com possíveis contribuições

de fontes derivadas do manto para a geração dos sienitos Caboclo e Nova Olinda.

Devido à carência de amostras de enclaves para as análises petrográficas, geoquímicas e

isotópicas, a interpretação da natureza dos mesmos se torna de difícil entendimento. As

sugestões foram assim apresentadas de forma preliminar, de modo que faz-se necessário mais

estudos, e amostras, para uma melhor compreensão da natureza destes enclaves e sua relação

com a origem dos sienitos Caboclo e Nova Olinda.

100

Figura 9.1: Modelo geotectônico neoproterozoico do Orógeno Riacho do Pontal.

101

10 CONCLUSÃO

São apresentadas a seguir as conclusões sobre o magmatismo ediacarano do Orógeno

Riacho do Pontal, obtidas a partir do estudo do granito Betânia e dos sienitos Caboclo/Nova

Olinda e Serra das Melancias (Suíte Serra da Aldeia).

Os granitos Betânia constituem-se de corpos graníticos alongados, variavelmente

deformados, imbricados em cianita-granada-biotita xistos do Complexo Santa

Filomena. Consistem de monzogranitos a sienogranitos individualizados em duas

fácies distintas, uma com anfibólio e epidoto magmático, e outra com muscovita

secundária;

São granitos subalcalinos de alto K, enriquecidos em magnésio e levemente

peraluminosos. Apresentam altos conteúdos de Ba e Sr (>1000 ppm) e baixos

conteúdos de Rb (<50 ppm) e são enriquecidos em elementos LILE, caracterizando-se

ainda pelas anomalias de Eu fortemente positivas e pelos baixos valores de Nb e Ta;

Mostram uma idade U-Pb de ~629 Ma, correlacionável com a idade dos granitos pré-

colisionais do Orógeno Sergipano, vizinho ao Orógeno Riacho do Pontal;

Os granitos Betânia foram classificados como representantes de um arco magmático

maduro ediacarano;

Os sienitos do tipo Caboclo e Nova Olinda são corpos intrusivos em granada-biotita

xistos pertencentes ao Complexo Monte Orebe. Apresentam autólitos máficos e

xenólitos anfibolíticos;

São alcalinos, magnesianos, metaluminosos e mostram afinidade ultrapotássica. São

ainda reconhecidos pelos seus altos valores de Ba e Sr, enriquecimento nos elementos

LILE e LREE, e baixos conteúdos de Ta e Nb.

Apresentam respectivamente idades de ~620 Ma e 617 Ma e assinaturas isotópicas

crustais. Representam um magmatismo pós-colisional, tardi-orogênico ediacarano.

Os sienitos do Plúton Serra das Melancias, de afinidade alcalina e ferrosa, seriam os

representantes do magmatismo pós-colisional, com idade de cristalização de ~578 Ma.

102

11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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12 ANEXOS

No anexo 1 encontram-se as tabelas com os dados geocronológicos, obtidos pelo método

U-Pb em zircão, para as amostras referentes aos granitos Betânia (RPE-30A), sienitos

Caboclo (RPB-02A), Nova Olinda (RPB-14) e Serra das Melancias (RPM-67)

111

Dados para

concordia

Idades

(Ma)1

Integr

ação Spot U

Th

Pb

Th/U %

206Pb/

2

38U % Rho

208Pb/

2

32Th

207Pb/

2

06Pb

206Pb/

238U

207Pb/

235

U

208Pb/

2

32Th

%

conc

2

(%)

(g.

g-1)

2

(g.

g-1) 2

(g.

g-1) 2

calcul

ada

RPE30_

1

Spot97.

FIN2

0,0593

6508 371

2

7 7,57

0,7

2 1,72

0,2

6

0,020

404

2,793

9464 0,1022

2,152

642

0,770

466 360 110 609 31 627

1

3 627

1

3 8700

480

0

102,9

557

RPE30_

2

Spot99.

FIN2

0,1931

8182

108,

7

4,

1

0,04

6

0,0

21 0,21

0,0

98

0,000

423

4,601

5713 0,1041

3,266

09

0,709

777 -7000 3800 673 53 637

2

0 637

2

2

26350

0

980

0

94,65

082

RPE30_

3

Spot103

.FIN2

0,0410

989

311,

5

5,

5

221,

3 2,5

103,

2 2,5

0,710

433

1,981

352 0,172

1,860

465

0,938

988 0,0465

0,00

11 1064 22 1021

1

8 1014

1

2 887 51

95,95

865

RPE30_

4

Spot104

.FIN2

0,0413

2597 386

1

6

186,

4 9,7 74,6 4,6

0,482

902

1,791

0448 0,1335

1,872

659

1,045

568

0,0407

7

0,00

092 1053 19 808

1

4 866

1

0 746 69

76,73

314

RPE30_

5

Spot106

.FIN2

0,0768

9145

282,

7

5,

3 0,4

0,0

53 0,85

0,1

6

0,001

415

2,405

4983 0,1027

1,947

42

0,809

57 -6400 3000 715 32 629

1

2 636

1

1

10900

0

190

00

87,97

203

RPE30_

6

Spot108

.FIN2

0,0575

3846 388

1

8

111,

9 3,5 50,6 1,9

0,288

402

3,010

3481 0,1047

2,865

33

0,951

827 0,0459

0,00

14 1026 27 641

1

8 734

1

6 733 95

62,47

563

RPE30_

7

Spot109

.FIN2

0,0365

2344 581

1

6 5,43

0,1

8 1,94

0,2

2

0,009

346

1,513

3877 0,1025

1,365

854

0,902

514 0,0384

0,00

46 563 20 628,7

8,

4 630,6 7 2900

130

0

111,6

696

RPE30_

8

Spot110

.FIN2 0,2

101,

4

6,

8

0,08

9

0,0

23

0,22

7

0,0

87

0,000

878

3,977

2727 0,1021

2,644

466

0,664

894 -8600 3700 729 51 627

1

5 642

1

9

22000

0

190

00

86,00

823

RPE30_

9

Spot111

.FIN2

0,0451

6908 482

1

9 3,9

0,1

9 1,22

0,1

7

0,008

091

1,893

4911 0,1012

1,482

213

0,782

794 0,0481

0,00

97 564 24 621,1

8,

7 619,4

8,

7 4300

200

0

110,1

241

RPE30_

10

Spot112

.FIN2

0,0658

4507 334

1

7 3,26

0,2

3 1,82

0,2

5

0,009

76

2,322

8804 0,1024

1,855

469

0,798

779 85 56 594 28 628

1

1 628

1

1 4300

240

0

105,7

239

RPE30_

11

Spot113

.FIN2

0,0322

1361 726

1

7 29,1 1,3 12,2 1,2

0,040

083

2,981

6514 0,1028

2,723

735

0,913

499 0,0376

0,00

33 647 36 630

1

6 635

1

4 160 510

97,37

249

RPE30_

12

Spot114

.FIN2

1,9657

2212 365

1

6 372 19 242 14

1,019

178

4,590

1639 0,18

5,555

556

1,210

317 0,068

0,00

19 1993 32 1036

5

5 1330

4

0 1022 89

51,98

194

RPE30_

13

Spot115

.FIN2

0,0925

7426 234

1

1 4,74

0,4

2 1,94

0,2

8

0,020

256

2,433

372 0,1031

2,036

857

0,837

051 0,075

0,01

9 661 34 633

1

2 630

1

1 1800

250

0

95,76

399

RPE30_

14

Spot116

.FIN2

0,0758

6207 286

9,

8

1,16

7

0,0

93 1,28 0,2

0,004

08

2,229

6544 0,1053

1,804

368

0,809

259 -3100 1900 695 32 646

1

1 649

1

0 20300

370

0

92,94

964

RPE30_

15

Spot117

.FIN2

0,0508

1522

292,

5 6 90,2 1,6 47,2 2

0,308

376

2,567

3941 0,1582

2,781

29

1,083

312 0,0526

0,00

19 1061 33 947

2

5 951

1

6 900 140

89,25

542

RPE30_

16

Spot118

.FIN2

0,0710

2165 326

5,

8 1,45

0,1

4 0,65

0,1

5

0,004

448

2,361

2751 0,1004

1,892

43

0,801

444 265 98 745 30 616

1

1 621

1

1 11800

350

0

82,68

456

RPE30_

17

Spot119

.FIN2

0,0816

5939

263,

6 9

128,

4 5,3 61,9 2,7

0,487

102

2,431

8349 0,1138

2,724

077

1,120

174 0,0488

0,00

12 1494 33 696

1

8 875

1

4 705 81

46,58

635

RPE30_

18

Spot120

.FIN2

0,1161

4907 83,5

2,

1

36,3

1

0,5

8

27,6

6

0,9

3

0,434

85

2,188

5522 0,2321

1,895

735

0,866

205 0,0795

0,00

28 1893 23 1350

2

3 1540

1

8 1340 240

71,31

537

RPE30_

19

Spot121

.FIN2

0,2163

1001 104

5,

7

0,28

1

0,0

48 0,36

0,1

1

0,002

702

3,814

0644 0,1006

2,485

089

0,651

559 -6200 2900 767 49 616

1

5 614

1

8

17800

0

190

00

80,31

291

RPE30_

20

Spot122

.FIN2

0,0380

8554 569

1

3

181,

1 5,1 45,5 2

0,318

278

2,201

6222 0,1016

1,771

654

0,804

704 0,027

0,00

1 684 25 623

1

1 633

1

0 427 78

91,08

187

RPE30_

21

Spot124

.FIN2

0,4221

219 53,4

1,

9 0,16

0,0

33

0,23

7

0,0

81

0,002

996

4,889

4063 0,1031

3,103

783

0,634

797 -8600 3400 782 56 634

1

9 624

2

2

21800

0

190

00

81,07

417

RPE30_

22

Spot126

.FIN2

0,0802

5751

228,

7

4,

2

104,

9 1,4 42,9 1,4

0,458

679

2,454

4735 0,1265

2,134

387

0,869

591 0,0424

0,00

13 1014 42 766

1

6 826

1

4 700 110

75,54

241

RPE30_

23

Spot129

.FIN2

0,0686

8687

346,

1

4,

9

0,70

9

0,0

74

0,21

8

0,0

8

0,002

049

1,937

046 0,0998

1,603

206

0,827

655 -4100 2400 614 31 615,2

9,

4 611,6

8,

8 95000

180

00

100,1

954

RPE30_

24

Spot130

.FIN2

0,1196

8 203

3,

6 0,95

0,1

4 2,21 0,3

0,004

68

2,815

3153 0,1003

2,293

121

0,814

516 -19600 6700 761 43 616

1

4 644

1

4 99000

200

00

80,94

612

RPE30_

25

Spot132

.FIN2

0,0234

9246 363

1

5

111,

4 5,3 82,5 5,9

0,306

887

3,144

6541 0,2743

2,916

515

0,927

452 0,0679

0,00

31 1981 18 1558

4

0 1778

2

6 1300 120

78,64

715

112

RPE30_

26

Spot135

.FIN2

0,0794

0552 285

1

6 1,65

0,1

5 3,43

0,5

6

0,005

789

2,847

7547 0,1037

1,832

208

0,643

387 -3100 2600 682 39 635

1

1 658

1

4 14500

410

0

93,10

85

RPB02

A_1

Spot188

.FIN2

0,1728

281

146,

8

4,

6 176 3,7 46,2 1,7

1,198

91

2,647

4128 0,0999

2,002

002

0,756

211

0,0282

5

0,00

075 644 32 613

1

2 613

1

2 511 64

95,18

634

RPB02

A_2

Spot190

.FIN2

0,1489

4464

165,

5 5

160,

8 2 44 1,2

0,971

601

2,355

7126 0,1014

1,676

529

0,711

686

0,0295

2

0,00

07 659 29 621,7

9,

8 623

1

1 588 54

94,33

991

RPB02

A_3

Spot191

.FIN2

0,2076

6241

120,

6

3,

8 129 2,6 35,4 1,2

1,069

652

2,738

0952 0,1012

1,877

47

0,685

685

0,0294

5

0,00

081 654 32 621

1

1 617

1

2 527 75

94,95

413

RPB02

A_4

Spot194

.FIN2

0,1515

3971

165,

2

4,

8

133,

2 2,2 37,2 1,3

0,806

295

2,612

8266 0,1008

1,884921

0,721411

0,02977

0,00085 621 32 618

11 619

12 591 74

99,51691

RPB02A_5

Spot197.FIN2

0,14357006

168,5

6,5

222,9 9,1 57,5 2,8

1,322849

3,1100478 0,1001

2,197802

0,706678

0,02717

0,00077 676 38 614

13 614

14 537 66

90,8284

RPB02A_6

Spot200.FIN2

0,11130952

229,5

5,8

202,6 2,7 63,4 2,1

0,882789

2,9274005 0,1015

2,463054

0,841379

0,03142

0,00097 655 38 622

15 626

14 644 53

94,96183

RPB02A_7

Spot201.FIN2

0,14666667

163,2

5,8

148,8 3,6 39,6 1,5

0,911765

2,6900585 0,1012

1,778656

0,661196 0,0287

0,00084 655 33 621

10 621

12 555 66

94,80916

RPB02A_8

Spot202.FIN2

0,14379085

163,8

5,1

257,2 5,8 69,6 2,3

1,570208

2,3557126 0,1008

1,587302

0,67381

0,02821

0,00059 673 31 619,8

9,6 622

11 535 42

92,0951

RPB02A_9

Spot206.FIN2

0,11197605

224,7

9,7 174 2,5 47,8 1,5

0,774366

2,4852071 0,1018

2,062868

0,830059

0,02857

0,00089 651 36 625

12 624

12 540 70

96,00614

RPB02A_10

Spot207.FIN2

0,06296296

393,6

9,8 383 10

110,4 4

0,973069

1,891253 0,1009

1,585728

0,838454 0,0299

0,00058 701 23 618,9

9,3 622,5

8,9 566 28

88,28816

RPB02A_11

Spot210.FIN2

0,12234217

200,9

3,4

185,6 2,1 51,6 1,4

0,923843

2,4125452 0,0999

1,801802

0,746847

0,02947

0,00086 698 33 613

11 612

11 537 63

87,82235

RPB14_

1

Spot212

.FIN2

0,2284

6671

106,

8

3,

2

108,

5 2,3 31 1,3

1,015

918

2,696

0784 0,0997

1,805

416

0,669

645

0,0293

3

0,00

087 666 33 612

1

1 601

1

2 581 79

91,89

189

RPB14_

2

Spot213

.FIN2

0,2857

1429 85,9

2,

8 84,4 1,8 24,9 1

0,982

538

2,965

5991 0,1003

1,994

018

0,672

383 0,0317

0,00

11 762 37 616

1

1 620

1

4 420 110

80,83

99

RPB14_

3

Spot214

.FIN2

0,2727

9358 91,7

2,

9 77,3 1,7

21,5

6

0,8

8

0,842

966

3,037

6671 0,0993

2,014

099

0,663

041 0,03

0,00

097 724 33 610

1

2 607

1

3 460 130

84,25

414

RPB14_

4

Spot215

.FIN2

0,2155

6196

114,

4 4

124,

3 2,9 34,8 1,2

1,086

538

2,551

6403 0,1018

1,866

405

0,731

453

0,0298

1

0,00

08 686 32 625

1

1 609

1

2 472 78

91,10

787

RPB14_

5

Spot216

.FIN2

0,1271

2441 194

6,

9

264,

1 6,3 74 2,5

1,361

34

1,997

6498 0,1005

1,592

04

0,796

956

0,0303

8

0,00

06 699 25 617,1

9,

1 626,2

9,

5 570 40

88,28

326

RPB14_

6

Spot217

.FIN2

0,1446

249

172,

6

6,

2 167 4,6 47,5 2

0,967

555

2,294

686 0,0989

1,718

908

0,749

082

0,0300

5

0,00

073 688 29 607,7

9,

8 609

1

1 586 62

88,32

849

RPB14_

7

Spot218

.FIN2

0,2151

8987

116,

7

3,

7

108,

5 2,8 31,1 1,1

0,929

734

2,715

4664 0,0985

1,827

411

0,672

964

0,0306

9

0,00

085 772 35 605

1

1 625

1

2 558 92

78,36

788

RPB14_

8

Spot219

.FIN2

0,2202

5913

113,

1

3,

1

124,

1 3,1 34,5 1,3

1,097

259

2,502

9797 0,0987

1,823

708

0,728

615

0,0297

4

0,00

081 738 34 606

1

1 617

1

2 512 69

82,11

382

RPB14_

9

Spot220

.FIN2

0,1764

1509

142,

7

6,

7

140,

4 4,3 39,2 1,6

0,983

882

2,524

0385 0,099

1,616

162

0,640

308 0,0302

0,00

081 692 30 608,8

9,

6 612

1

2 545 71

87,97

688

RPB14_

10

Spot221

.FIN2

0,2704

2661 87,9

1,

8 79,4 1,5

23,3

2

0,8

1

0,903

299

2,665

1217 0,1011

1,978

239

0,742

27 0,0309

0,00

11 751 34 619

1

2 630

1

3 530 120

82,42

344

RPB14_

11

Spot222

.FIN2

0,1551

2236

161,

1

5,

8

226,

2 5,9 62,3 2,3

1,404

097

2,314

2509 0,0991

1,715

439

0,741

25

0,0304

5

0,00

063 639 30 609,9

9,

8 608

1

0 586 43

95,44

601

RPB14_

12

Spot223

.FIN2

0,1853

3201

135,

6

5,

6

111,

6 2,8 34 1,3

0,823

009

2,774

427 0,1002

1,996

008

0,719

431

0,0329

2

0,00

099 717 31 615

1

1 609

1

3 599 92

85,77

406

RPB14_

13

Spot224

.FIN2

0,2700

361 93,7

2,

9 95,5 2,1 29,9 1,1

1,019

21

2,986

8578 0,0983

2,034

588

0,681

18

0,0331

7

0,00

095 727 33 603

1

1 614

1

4 634 92

82,94

36

RPB14_

14

Spot225

.FIN2

0,1846

9136

133,

3

3,

3

158,

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1,186

797

2,479

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1,801

802

0,726

727

0,0322

9

0,00

081 728 31 613

1

1 618

1

2 643 66

84,20

33

RPB14_

15

Spot226

.FIN2

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5217

260,

5

8,

9

276,

1 6,8 86,4 2,8

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885

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054

0,785

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0,00

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8,

5 614,3

8,

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91,84

962

RPB14_

16

Spot227

.FIN2

0,2007

5148

122,

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1,245

928

2,692

7785 0,1005

1,890

547

0,702

081

0,0324

9

0,00

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1

1 602

1

2 621 65

91,15

044

RPB14_

17

Spot228

.FIN2

0,1529

6524

165,

8

6,

5

171,

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1,034

379

2,372

4792 0,1001

1,798

202

0,757

942

0,0321

9

0,00

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1

1 620

1

1 577 59

83,08

525

RPB14_

18

Spot229

.FIN2

0,1427

4809

176,

2

8,

7

215,

5 9,1 67,9 3,4

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042

2,386

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1,792

829

0,751

195

0,0329

6

0,00

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1

0 615

1

1 600 66

90,46

921

RPB14_

19

Spot230

.FIN2

0,2009

6722

125,

9

5,

1

111,

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0,887

212

2,784

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1,898

102

0,681

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0,00

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1

1 610

1

3 484 87

86,98

727

113

RPB14_

20

Spot231

.FIN2

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6667 168

1

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1,071

429

2,416

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13

0,719

669

0,0330

3

0,00

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1

1 635

1

2 680 75

87,22

527

RPB14_

21

Spot232

.FIN2

0,1897

514

126,

3

3,

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23,2

4

0,9

1

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2

2,668

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786

0,769

348 0,0322

0,00

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1

2 632

1

2 530 120

85,53

888

RPB14_

22

Spot233

.FIN2

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7609 95,1

2,

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1,031

546

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032

0,654

98

0,0315

2

0,00

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1

2 611

1

4 634 93

87,76

671

RPB14_

23

Spot234

.FIN2

0,1881

2877

133,

2

4,

9

114,

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862

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1,809

045

0,702

943 0,0308

0,00

089 687 31 611

1

0 606

1

2 589 83

88,93

741

RPB14_

24

Spot235

.FIN2

0,2327

318

105,

5

6,

6

122,

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1,158

294

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7255 0,1017

1,966

568

0,641

888 0,0333

0,00

11 742 37 626

1

1 606

1

4 430 130

84,36

658

RPB14_

25

Spot236

.FIN2

0,2043

7158

122,

2

2,

8

151,

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771

2,536

2319 0,1 1,8

0,709

714

0,0307

3

0,00

073 737 32 614

1

1 614

1

1 507 62

83,31

072

RPB14_

26

Spot237

.FIN2

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21,8

3

0,8

6

0,800

687

2,923

2643 0,1027

1,947

42

0,666

18 0,032

0,00

11 698 36 630

1

2 610

1

4 480 130

90,25

788

RPB14_

27

Spot238

.FIN2

0,0766

3934 322

1

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118,

3 6,3

1,186

335

1,858

3043 0,1032

1,453

488

0,782

158

0,0311

2

0,00

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8,

5 629,2

8,

9 609 33

97,53

467

RPB14_

28

Spot239

.FIN2

0,1272

1088 195

7,

8

208,

1 7,1 61,4 2,3

1,067

179

2,115

1586 0,1016

1,673

228

0,791

065

0,0309

8

0,00

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1

0 620,8

9,

8 574 52

93,13

433

RPB14_

29

Spot240

.FIN2

0,1715

5963

147,

6

4,

2 199 3,8 57,3 1,6

1,348

238

2,264

6007 0,0996

1,606

426

0,709

364

0,0298

1

0,00

067 687 29 611,8

9,

4 619

1

0 513 47

89,05

386

RPB14_

30

Spot241

.FIN2

0,1684

6847

146,

4

3,

7

174,

6 3 51,9 1,4

1,192

623

2,372

4792 0,1005

1,791

045

0,754

925

0,0311

5

0,00

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1

0 622

1

1 547 54

85,26

171

RPB14_

31

Spot242

.FIN2

0,1701

5469

146,

2

4,

4

200,

6 4 60,7 2

1,372

093

2,467

6851 0,1006

1,888

668

0,765

36

0,0315

5

0,00

073 729 30 618

1

1 624

1

2 596 47

84,77

366

RPB14_

32

Spot243

.FIN2 0,136 187 8

233,

7 7,2 71,5 2,9

1,249

733

2,386

6348 0,1005

1,791

045

0,750

448 0,0313

0,00

067 692 29 617

1

0 619

1

1 561 44

89,16

185

RPB14_

33

Spot244

.FIN2

0,1753

399

145,

6

5,

8

188,

7 6,8 59,6 2,7

1,296

016

2,514

9701 0,0996

2,008

032

0,798

432

0,0317

4

0,00

077 703 31 611

1

1 614

1

1 611 63

86,91

323

RPB14_

34

Spot247

.FIN2

0,1807

6365

145,

4 5

140,

5 3,4 44,4 1,7

0,966

3

2,517

9856 0,0986

2,028

398

0,805

564

0,0325

6

0,00

08 758 34 605

1

2 616

1

2 604 70

79,81

53

RPB14_

35

Spot248

.FIN2

0,2503

3467

102,

2 4 76,5 2,2 25,8 1,4

0,748

532

3,022

9746 0,0994

2,313

883

0,765

433 0,0328

0,00

11 756 35 610

1

3 611

1

4 500 130

80,68

783

RPB14_

36

Spot249

.FIN2

0,2003

2137

129,

5

3,

6 99,3 1,5 33,7 1,1

0,766

795

2,622

1692 0,1004

2,091

633

0,797

673 0,0355

0,00

1 733 32 616

1

2 616

1

2 526 98

84,03

82

RPM67

_1

Spot43.

FIN2 0,01

113

7

2

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14195

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0,00

24 2,2

0,

97 622

3

1 666

1

4 664 11 107

RPM67

_2

Spot44.

FIN2 0,01

106

5

4

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13535

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0,00

19 1,7

0,

86 673

2

0 694

1

1 690 10 103

RPM67

_3

Spot48.

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0,00

24 2,1

0,

80 727

3

4 689

1

4 694 13 95

RPM67

_4

Spot49.

FIN2 0,06 261

1

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0,00

24 2,1

0,

84 831

2

9 683

1

4 715 13 82

RPM67

_5

Spot53.

FIN2 1,34

379

0

#

#

669

0 ##

146

0 ## 1,77 1393 0,936 0,033 3,5 0,0947

0,00

28 3,0

0,

84 914

2

8 582

1

7 670 17 64

RPM67

_6

Spot54.

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0,00

62 1,8

0,

85 1937

2

2 1913

3

0 1931 19 99

RPM67

_7

Spot66.

FIN2 0,95

110

3

3

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0,00

21 1,7

0,

85 757

2

3 766

1

2 762 10 101

RPM67

_8

Spot67.

FIN2 0,02 863

2

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0,00

14 1,3

0,

84 630

1

8 639 8 637 7 101

RPM67

_9

Spot68.

FIN2 0,04 420 7 644 13 221 5 1,54 51000 1,020 0,023 2,3 0,1142

0,00

22 1,9

0,

85 793

2

5 697

1

3 713 12 88

RPM67

_10

Spot70.

FIN2 1,70 631

1

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0,00

19 2,0

0,

79 827

3

1 584

1

1 634 12 71

RPM67

_11

Spot73.

FIN2 0,01

176

0

#

#

102

5 72 277 17 0,58

20500

0 1,106 0,029 2,6 0,1226

0,00

28 2,3

0,

87 792

2

4 745

1

6 756 14 94

114

RPM67

_12

Spot74.

FIN2 0,01 347 8 448 10 381 12 1,29

13200

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0,00

76 2,1

0,

98 2011

2

1 1987

3

6 1988 18 99

RPM67

_13

Spot82.

FIN2 1,44

131

3

9

6 360 24 135 9 0,27 1297 1,268 0,046 3,6 0,1126

0,00

23 2,0

0,

56 1138

3

7 686

1

3 807 18 60

RPM67

_14

Spot99.

FIN2 0,13 165 6 135 4 32 1 0,82 14135 0,766 0,018 2,3 0,0939

0,00

16 1,7

0,

73 622

3

0 578

1

0 574 11 93

RPM67

_15

Spot100

.FIN2 0,17 125 4 134 4 32 1 1,08 11320 0,776 0,027 3,5 0,0948

0,00

24 2,5

0,

73 656

4

1 584

1

4 580 15 89

RPM67

_16

Spot101

.FIN2 0,11 209 7 232 6 53 2 1,11 17600 0,757 0,018 2,4 0,0936

0,00

17 1,8

0,

76 595

2

8 576

1

0 575 10 97

RPM67

_17

Spot102

.FIN2 0,10 232 7 266 6 63 2 1,15 19150 0,778 0,021 2,7 0,0934

0,00

19 2,0

0,

75 631

3

1 575

1

1 581 12 91

RPM67

_18

Spot103

.FIN2 0,12 180 6 216 7 51 2 1,20 15350 0,770 0,018 2,3 0,0937

0,00

17 1,8

0,

78 624

2

7 577

1

0 578 11 92