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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CAMPUS V MINISTRO ALCIDES CARNEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SOCIAIS APLICADAS CURSO DE BACHARELADO EM ARQUIVOLOGIA LIDYANE DA SILVA FERREIRA CINECLUBE MNEMOSÝNE: os “encantos” do Cinema no Contexto da Arquivologia João Pessoa PB 2014

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

CAMPUS V – MINISTRO ALCIDES CARNEIRO

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SOCIAIS APLICADAS

CURSO DE BACHARELADO EM ARQUIVOLOGIA

LIDYANE DA SILVA FERREIRA

CINECLUBE MNEMOSÝNE: os “encantos” do Cinema no Contexto da

Arquivologia

João Pessoa – PB

2014

LIDYANE DA SILVA FERREIRA

CINECLUBE MNEMOSÝNE: os “encantos” do Cinema no Contexto da

Arquivologia

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (TCC), apresentado como requisito didático-pedagógico ao Centro de Ciências Biológicas e Sociais Aplicadas da Universidade Estadual da Paraíba para obtenção do grau de Bacharel em Arquivologia.

Orientadora: Profª. Ma. Maria José Cordeiro de Lima

João Pessoa – PB

2014

É expressamente proibida a comercialização deste documento, tanto na forma impressa como eletrônica.Sua reprodução total ou parcial é permitida exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, desde que nareprodução figure a identificação do autor, título, instituição e ano da dissertação.

21. ed. CDD 020.3       1. Arquivologia. 2. Cineclube. 3. Cinema. I. Título.

       Cineclube Mnemosýne [manuscrito] : os"encantos" do cinema no contexto da Arquivologia / Lidyane daSilva Ferreira. - 2014.       85 p. : il. color.

       Digitado.       Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação emArquivologia) - Universidade Estadual da Paraíba, Centro deCiências Biológicas e Sociais Aplicadas, 2014.        "Orientação: Profa. Ma. Maria José Cordeiro de Lima,Departamento de Arquivologia".                   

     F383c     Ferreira, Lidyane da Silva

“É preciso olhar para além das coisas, e

então talvez a compreendamos.

(Franz Kafka)

Aos meus pais, Antônio Marques Ferreira e

Maria do Céu da Silva Ferreira, não apenas por me

presentearem com a vida, mas por serem uma força

imensurável,

DEDICO!

AGRADECIMENTOS

Presença única, indescritível, porém infinita, sem medidas. Por ser a minha

luz, o meu respirar, meus passos mais seguros. Obrigada, Deus!

Companheiros incansáveis da minha caminhada, de olhar atento, seguro,

repleto de carinho incondicional e proteção infinita. Por serem meus maiores

mentores e maiores exemplos de honestidade, honradez e amor supremo. Pais

Amados, obrigada por serem a melhor parte de mim!

De olhar sempre atento e conselhos eternamente valiosos, agradeço a Dona

Bia, minha querida avó, pela força incrível e risada fácil que transmite e retransmite

a quem está ao seu lado! Frisando também João Ferreira Alves, Eulália Marques

Ferreira e Deodato Gonçalves da Silva, meus amados avós que já não se encontram

aqui, mas que deixaram ensinamentos preciosos! Obrigada!

Energia positiva, luz no olhar e paz nas palavras, a você tia Geneva,

agradeço por acreditar sempre em mim. Seu carinho me incentivou incontáveis

vezes!

Uma determinação diária, uma força que só aquelas pessoas que tem Deus

como um guia eterno possuem... obrigada tia Jacira (in Memorian) por ter sido um

exemplo de luta e amor ao próximo!

Meninas, Mulheres de corações iluminados e repletos de vida - primas e

amigas – Assim, Hênia Constâncio, apesar da distância entre estados, um muito

obrigada pelas infinitas conversas, análises sobre assuntos incontáveis e carinho

recíproco. Você vale muito! Eduarda Constâncio (Duda), por ser uma pessoa que

traz a alegria consigo, pelas conversas sérias e pelas risadas histéricas. Obrigada

pelo carinho de sempre. Você é 10! Bianca Constâncio (Bia), por me permitir te ver

crescer, amadurecer e se tornar a mãe exemplar que é hoje. Obrigada por

compartilhar não apenas o dia a dia comigo, mas anos de emoções infinitas. Você é

maior!

No auge dos seus 3 anos, mas com uma sabedoria única, primo e afilhado,

João Gabriel pelas nossas conversas sobre super-heróis, Rock e tubarões

(risos)...muito obrigada por todas às veze que, mesmo sem saber, você alegrou

minha vida, me levando para o seu lindo mundo infantil!

Bom coração, disposição em ajudar, não é para todos. Portanto, a Maria

Laudiceia (Celinha), um grande Obrigada por ter me recebido com tanto carinho em

sua casa. Nunca esquecerei o que aprendi nesses anos com você!

Culpado por me apresentar e me viciar em séries de TV (risos), Neto, você foi

a figura de um irmão em minha estadia na sua casa. Obrigada por tudo!

Para sempre minha babá (risos), Josefa Maria da Silva (Nega) até hoje rindo

e discutindo por besteiras. Obrigada pelo cuidado, preocupação e carinho para

comigo!

Anos de aprendizado constante, ao corpo docente de Arquivologia da UEPB,

obrigada por me ajudarem a construir a profissional que serei!

Em destaque aos professores Vancarder Brito pelos anos compartilhados no

Mnemosýne! A Nereida Soares por aceitar tão prontamente participar das exibições

do projeto e da minha banca de avaliação! A Washington Medeiros por todo o auxílio,

atenção e carinho na cadeira de Projeto de Pesquisa!

Professora Mara, agradeço por me propiciar a chance, desde a época que fui

escolhida bolsista do seu projeto, de estudar algo que amo – o cinema – e por me

mostrar o caminho desafiador, porém intenso e prazeroso de unir uma paixão de

sempre a meu curso de graduação. Acredito que conseguimos ir além. Cumprimos

nosso papel, construímos uma bela memória e que não ficará arquivada (risos).

Obrigada!

Ao corpo técnico-administrativo da universidade, em especial a Daniela

Duarte, pela precisão e eficiência em auxiliar e rapidamente buscar resolver nossas

indagações! Obrigada, Dani!

Grandes profissionais e grandes estagiários, obrigada Tribunal de Justiça da

Paraíba, Vara da Infância e Juventude, por ampliar meu mundo nesses 2 anos de

estágio. Lições para uma vida toda.

A cada um daqueles primeiros e curiosos olhares para com o mundo

universitário que compartilhei e que serão eternos. A todos da turma 2009.1, os

guardarei sempre em meu coração. Obrigada, galera!

Não poderia citar todos, mas aos amigos próximos até esta fase final,

agradeço a Rosicleide Teixeira e Laize Mendes, mesmo no pouco tempo de

convivência em sala de aula, obrigada pela atenção e disposição sempre que nos

encontrávamos! Alexandre Dutra e Igo Leonardo, dupla dinâmica (risos), obrigada

pelos anos de diversão e companheirismo. Natan Dias, agradeço por sempre que

precisei, você está de prontidão para me salvar das turbulências acadêmicas (risos)!

Faysa Oliveira, por sempre se colocar a disposição, seja para ajudar na minha

vida acadêmica ou pessoal. Amo nossas conversas, Thank you, girl! Robson Lucena,

menino iluminado, obrigada por todas as vezes que você me fez rir, até quando não

era sua intenção, essas foram as melhores (risos)!

Companheira de anos no Mnemosýne, obrigada por nossas conversas sobre

filmes, até aqueles malucos (risos) e animes. Por ser minha “amiga gêmea” nas

questões “Buffy” e “Xena” (risos eternos). Valeu, Carol Madruga! Aline Rouse,

agradeço por sempre me trazer risos e descontração, por estar a disposição sempre

que precisei e por ter se mostrado uma pessoa especial, repleta de bons

sentimentos e verdadeira no que diz!

Jeito carinhoso, atento e sempre disposta a uma boa conversa, a você Karla

Costa, meu muito Obrigada, principalmente por esses últimos dias anteriores a

nossa Defesa...madrugadas intermináveis, mas que valeram a pena! Érica Ferreira,

coração mais lindo não conheço, obrigada pela compreensão de sempre, incentivo

constante e orações ternas. Você é única. Um presente que recebi de Deus!

Pelos nossos anos de conversas sérias, engraçadas, loucas, por desde o

princípio que nos conhecemos ter me proporcionado aprender com você,

principalmente sobre o “século XIX” (risos). Obrigada, Ana Isabel Ferreira! Para

todas as horas, dentro e fora do mundo cinematográfico (risos), a você Petrônio

Pereira, um amigo de valor tão único quanto uma estrela no céu. Obrigada por me

permitir conviver com um ser humano indescritível que é você!

Caminhos que se cruzaram e que não mais serão separados. Parece coisa de

filme, a gente sabe (risos), mas é verdade. A você Giselle Martins Silveira, minha

grande amiga, agradeço por termos compartilhado as risadas, as lágrimas, as

dúvidas, os obstáculos e principalmente a certeza, que independente de qualquer

nuvem, nossa amizade tem um sol maior! Você me fez crescer! Obrigada!

Palavras não são suficientes para te descrever, para te agradecer por todos

os momentos que vivemos e que viveremos. Por me conhecer tão verdadeiramente

e estar ao meu lado desde que me lembro (risos), por ser meu auxílio, meu ombro

nas lágrimas, meu sorriso na alegria. Sem você muito do que sou hoje não existiria.

Obrigada pela amizade, companheirismo e amor da forma mais pura. Você é uma

base, parte do meu coração, ao meu namorado, Mauricio Farina, meu

agradecimento por hoje e sempre!

A vida é um livro que vamos escrevendo ao longo dos anos. São raízes sendo

plantadas, são emoções sentidas profundamente ou superficialmente, mas que nos

constroem, que nos fortalecem. A todos aqueles que fizeram parte do meu

crescimento até aqui, até este momento, meus agradecimentos mais sinceros, pois

cada um deixou sua marca!

Obrigada!

RESUMO

A compreensão dos estudos existentes dentro da Arquivologia constitui uma parte

importante da sua base, pois está cercada por diferentes visões e abordagens.

Assim, o presente trabalho mergulhou no mar abrangente de informações

cinematográficas, ou seja, retirou do Cineclube Mnemosýne, projeto criado para

dialogar com os graduandos da Arquivística através de películas fílmicas, a intenção

de construir reflexões por meio do cinema – exibições de filmes e palestras - suas

possíveis contribuições para esta área do saber que cresce em proporções cada vez

maiores. Desta forma, o presente trabalho teve por objetivo analisar produções

fílmicas significativas para o enriquecimento do conhecimento arquivístico. O

nascimento da ideia se deu a partir do questionamento: Como produções fílmicas

significativas podem enriquecer o conhecimento arquivístico? Com isso, sustentou a

hipótese de que a arte cinematográfica pode enriquecer o conhecimento arquivístico.

Na metodologia, o estudo foi baseado no cinema, a qual trouxe uma pesquisa

empírica, de classificação tanto quantitativa quanto qualitativa, com tipologia

exploratória. Ressalvando ainda que como instrumentos de coleta de dados foram

utilizados o questionário misto, perguntas abertas e fechadas, e o questionário

aberto. Logo, foi constatado um resultado satisfatório, a hipótese foi confirmada,

trazendo a luz reflexões diversificadas e interação mútua de trocas de

conhecimentos, tanto por parte dos alunos quanto por parte dos professores, estes

que constituíram uma parcela essencial para realização do trabalho aqui efetuado.

Palavras-chave: Arquivologia. Cineclube. Cinema.

ABSTRACT

The understanding of the existing studies inside the Archivology, constitutes an

important part of its base, for it's surrounded by different views and approaches. Thus,

the present work dove into the wide sea of cinematographic informations, in other

words, took from Mnemosyne film society, a project created to dialogue with the

graduating students from archivistics through filmic films, the intention to build

reflections through cinema, movie exhibitions and lectures – it's possible

contributions to this area of knowledge that grows in proportions each time larger.

This way, the current work had for object to analyse filmic productions significant for

the enrichment of the archival knowledge. The birth of the ideia took place from the

questioning: How can significant filmic productions enrich the archivistic knowledge?

With this, sustained the hypothesis that cinematographic art can enrich the archival

knowledge. In the methodology, the study was based on cinema, which brought an

empiric research, classified both as quantitative and qualitative, with exploratory

tipology. Safeguarding yet that as instruments to data collection were used mixed

questionary, with questions open and closed, and open questionary. Soon, an

satisfactory result was found, the hypothesis was confirmed, bringing to light

diversified reflections and mutual interaction of knowledge exchange, as much from

the students side how from the teachers side, these who built an essential part to the

work here accomplished.

Keywords: Archivology. Film society. Cinema.

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 - Distribuição por sexo...........................................................................40

GRÁFICO 2 - Distribuição por faixa etária.................................................................41

GRÁFICO 3 - Distribuição por período eletivo...........................................................42

GRÁFICO 4 - Distribuição por turno de estudo..........................................................43

GRÁFICO 5 - Frequência com que assistem a filmes...............................................44

GRÁFICO 6 - Gênero de filmes preferidos................................................................44

GRÁFICO 7 - Como era visto o cinema antes da universidade.................................46

GRÁFICO 8 - Conhecimento acerca da existência e da proposta do Cineclube

Mnemosýne................................................................................................................47

GRÁFICO 9 - Arquivologia – contribuição do cinema para uma maior

firmação......................................................................................................................50

GRÁFICO 10 - Motivação que levou os discentes as exibições................................51

GRÁFICO 11 - Cinema influi na construção da memória social................................52

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1- As abordagens das películas fílmicas...................................................48

QUADRO 2 – Importância das palestras/debates posteriores às exibições..............49

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................15

2 CAMINHO METODOLÓGICO................................................................................18

2.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA...................................................................18

2.2 PROBLEMATIZAÇÃO..........................................................................................19

2.3 OBJETIVOS.........................................................................................................21

2.3.1 Objetivo Geral..................................................................................................21

2.3.2 Objetivos Específicos.....................................................................................21

2.4 UNIVERSO E AMOSTRAGEM............................................................................21

2.5 CAMPO EMPÍRICO..............................................................................................23

2.6 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS........................................................24

3 CINEMA, DIFUSOR DE CULTURA........................................................................27

3.1 A VISÃO DO CINEMA SOBRE O ARQUIVO.......................................................27

3.2 O FILME COMO TEXTO: o gênero audiovisual na sala de

aula.............................................................................................................................29

4 CINECLUBE MNEMOSÝNE: para além do lazer................................................32

4.1 EDIFICAÇÃO DO CINECLUBE: o trilhar do conceito e sua

função.........................................................................................................................32

4.2 PELÍCULAS FÍLMICAS: a conjunção de ideias...................................................33

4.2.1 “AMNÉSIA”: em reconstrução informacional, do individual

ao todo.......................................................................................................................34

4.2.2 “NARRADORES DE JAVÉ”: por que a memória tornar-se-á o

futuro.........................................................................................................................35

4.2.3 “UMA CIDADE SEM PASSADO”: arquivo, desafios do tempo

presente.....................................................................................................................36

4.3 CONCATENANDO UMA TEIA: informação, memória e

arquivo........................................................................................................................37

5 LUZ, CÂMERA, AÇÃO: um diálogo cinematográfico com a

Arquivologia..............................................................................................................39

5.1 OS PRIMEIROS PASSOS – UM OLHAR SOBRE OS DISCENTES...................39

5.2 CONSTRUINDO PERCEPÇÕES, ENTENDENDO O PERFIL DOS

GRADUANDOS..........................................................................................................46

5.3 A INTERAÇÃO COM O CORPO DOCENTE E SUAS

CONTRIBUIÇÕES......................................................................................................53

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................57

REFERÊNCIAS..........................................................................................................60

APÊNDICES...............................................................................................................64

ANEXOS....................................................................................................................73

15

1 INTRODUÇÃO

Ao observar o panorama da sociedade atual, é imprescindível destacar

o quanto o acesso à informação está cada vez mais rápido, atingindo um

número significativo de usuários. Assim, pode-se citar, como uma vigorosa

ferramenta da atualidade, o cinema, que se constitui como uma mídia de

grande alcance, conduzindo seus espectadores pelos caminhos do

autoconhecimento, ou seja, as projeções fílmicas têm a função, em

determinados casos, de revelar visões novas sobre assuntos antes não

observados com atenção, porém constituintes de grande valor para o meio

social.

Ao mesmo tempo, a Arquivologia vem estabelecendo um lugar maior

no contexto social de busca por conhecimento, isto é, em uma ascendência

constante, pois a Arquivística vem ocupando seu espaço dentre as áreas

profissionais que estão sendo abraçadas no século XXI. Ressalvando como

contributo para um entendimento mais amplo sobre a importância do arquivo,

a arte cinematográfica, que desempenha um papel promissor na vida do

homem, pode influenciar na formação da visão crítica do seu público.

No que concerne ao intento do trabalho, apresenta-se como objetivo

analisar produções fílmicas significativas para o enriquecimento do

conhecimento arquivístico.

Trazendo como questão de pesquisa, para o estudo realizado, o

questionamento: Como produções fílmicas significativas podem enriquecer o

conhecimento arquivístico? Destacando a hipótese de que a arte

cinematográfica pode enriquecer o conhecimento arquivístico.

A abordagem do cinema, dentro de um contexto do arquivo, foi uma

ideia nascida através dos conceitos estudados no projeto de extensão

Cineclube Mnemosýne, com a pretensão de aprofundar os conhecimentos

sobre o tema, na tentativa de usar o cinema como um ponto de encontro para

o aprimoramento e a aprendizagem dos graduandos acerca da importância e

do que o arquivo representa para a sociedade.

No caminho percorrido ao longo desta pesquisa se justifica, como

ponto essencial, a compreensão através das sessões de cinema, acerca das

impressões dos indivíduos que assistiram as exibições, as quais foram

16

observadas e analisadas por um ângulo de possível contribuição para o tema

abordado, seja pessoal, seja profissional. Adiciona-se ainda, a participação do

corpo docente do curso de Arquivologia, o qual contribuiu fortemente, por já

utilizar filmes em sala de aula, com debates realizados dentro do contexto de

ensino-aprendizagem.

É importante salientar que esta pesquisa busca contribuir com a

Arquivologia e os profissionais da área como uma forma de ampliar o

conhecimento, este que poderá instigar a procura pelo entendimento do que

seriam as técnicas e princípios arquivísticos. Portanto, concentra-se em

edificar conceitos e fortalecer bases para uma mudança/definição concreta a

respeito da Arquivologia, isto é, que sua função jamais será apenas a simples

mecânica de preservar documentos.

Torna-se relevante destacar o quanto a pesquisa obteve um peso

significativo para a autora, pois ela acredita que esta visão interdisciplinar

poderá ajudar a difundir uma compreensão maior a respeito da Arquivologia,

ao mesmo tempo, que o instrumento utilizado é um meio convidativo para

atrair um número amplo de espectadores. Em ressalva ao que já foi

apresentado, a pesquisa foca a união entre a Arquivologia e o cinema, pois a

interdisciplinaridade presente nas Ciências Arquivísticas atua como canal que

leva o campo cinematográfico para um diálogo com o arquivo, ou seja, o

cinema age como um condutor no que condiz a sensibilização da realidade do

profissional arquivista, trazendo a luz sua importância para o meio social.

Desta forma, a representação cultural presente nos filmes exibidos serviu de

orientação para seus espectadores, guiando-os por caminhos maiores,

caminhos diferentes, mas não menos importantes.

Para a construção deste trabalho o texto foi estruturado de acordo com

a divisão de capítulos, somando a introdução e as considerações finais. Logo,

o desenvolvimento se deu após a observação da necessidade de delinear as

questões teóricas e empíricas para a concretização da ideia estudada. Diante

do exposto, houve a seguinte divisão:

Segundo capítulo: “Caminho Metodológico”, traça os passos

percorridos a partir da metodologia aplicada, como também a elaboração da

pesquisa, com a atenção voltada para o alcance dos objetivos propostos.

Assim, no terceiro capítulo: “Cinema, Difusor de Cultura”, há a discussão

17

sobre como a arte cinematográfica está presente na sala de aula, estimulando,

assim, a partir dos filmes apresentados, um incentivo importante sobre como

o cinema pode ser um veículo para se chegar ao arquivo.

Na continuação, há o quarto capítulo: “Cineclube Mnemosýne – para

Além do Lazer”, vem com uma abordagem sobre os cineclubes e sua função

educativa, da mesma maneira que discute sobre a relevância das películas

exibidas e estudadas.

Para a finalização do trabalho, o quinto capítulo: “Luz, Câmera, Ação:

um Diálogo Cinematográfico com a Arquivologia” discorre sobre as

observações realizadas com os educandos e educadores que assistiram as

exibições e como suas percepções auxiliam na compreensão a respeito do

curso e das possíveis diretrizes que o arquivo possui.

18

2 CAMINHO METODOLÓGICO

2.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

No que concerne ao trabalho proposto, a pesquisa caracteriza-se por ser

empírica ou de campo. Assim, faz-se necessário afirmar que o estudo de campo

utiliza técnicas de interrogação e investigação, pois estabelece um propósito de

identificar as características dos componentes que foram estudados. Direcionando-

se para a observação de um fenômeno, com o intento de conseguir informações

sobre um determinado problema, o qual se procura uma resposta, por meio da

tradução dos resultados.

Tipicamente, o estudo de campo focaliza uma comunidade, que não é necessariamente geográfica, já que pode ser uma comunidade de trabalho, de estudo, de lazer ou voltada para qualquer outra atividade humana. Basicamente, a pesquisa é desenvolvida por meio da observação direta das atividades do grupo estudado e de entrevistas com informantes para captar suas explicações e interpretações do que ocorre no grupo. Esses procedimentos são geralmente conjugados com muitos outros, tais como a análise de documentos, filmagem e fotografias (GIL, 2002, p. 53).

Com o desígnio de garantir uma precisão do estudo a ser realizado, utilizou-

se tanto a abordagem quantitativa quanto a qualitativa. Dessa forma, no primeiro

momento, é interessante destacar a aboradgem quantitativa, a qual a pesquisa é

orientada através da busca pela magnitude e pelas causas dos fenômenos,

assumindo uma realidade estática (COSTA; COSTA, 2009). Com esta afirmação

tem-se que

Os processos estatísticos permitem obter, de conjuntos complexos, representações simples e constatar se essas verificações simplificadas têm relações entre si. Assim, o método estatístico significa redução de fenômenos sociológicos, políticos, econômicos etc. a termos quantitativos e a manipulação estatística, que permite comprovar as relações dos fenômenos entre si, e obter generalizações sobre sua natureza, ocorrência ou significado. (LAKATOS, 1981 apud MARCONI e LAKATOS, 2003, p. 108).

Direcionando-se pela abordagem qualitativa, aplicada também no intuito de

aprofundar a análise e o entendimento acerca da interação do cinema no contexto

da área arquivística, em igual momento que procura abarcar uma compreensão

maior do grupo estudado, a abordagem em questão permite expressar a seguinte

visão,

19

[...] Os estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais, contribuir no processo de mudança de determinado grupo e possibilitar, em maior nível de profundidade, o entendimento das particularidades do comportamento dos indivíduos [...]. (RICHARDSON, 1999, p. 80).

Na escolha do tipo de pesquisa optou-se pela exploratória. Neste contexto,

Bertucci (2011) conceitua que esta pesquisa concentra-se em buscar descrever

determinadas situações, estabelecendo relações entre as variáveis, ou ainda

definindo os problemas de pesquisa que, provavelmente, serão continuados por

outros pesquisadores. Assim, este tipo de trabalho é algo, flexível, pois possibilita

considerações de distintos aspectos para o que está sendo estudado.

Com a pesquisa exploratória o foco será destinado a esclarecer o assunto

abordado, reconhecendo a natureza do fenômeno, com a intenção de situar o tema

no tempo e no espaço (RODRIGUES, 2007). Portanto, existe uma maior

familiaridade com o problema, quando a pesquisa é deste tipo, pois seu

planejamento pode-se dizer que é flexível, visto que possibilita a consideração de

distintos aspectos relativos ao contexto estudado.

2.2 PROBLEMATIZAÇÃO

A Arquivologia é uma área do conhecimento que ainda está estabelecendo

suas bases, pois se comparada a outros cursos de graduação, o estudo arquivístico

no Brasil é algo recente. De acordo com Jardim (2009), os cursos de Arquivologia

mais antigos do Brasil são os da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

(UNIRIO), da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), ambos criados em 1977,

e o da Universidade Federal Fluminense (UFF), de 1978. Depois destes, os

próximos cursos só seriam criados a partir de 1991.

Ao observar este contexto do curso de Arquivologia na sociedade brasileira, é

necessário atentar para os profissionais de arquivo, visto que na maioria das

situações, a partir do momento que assumem a responsabilidade de trabalhar no

arquivo não realizam as verdadeiras funções de um arquivista, ficando presos ao

20

trabalho mecânico e limitado, ainda presente na concepção de uma parte

significativa das instituições.

Se considerarmos com maior abrangência, analisando-a como transmissão cultural, lançada para o futuro através de diferentes documentos grafados em diferentes suportes, ela pode significar muito mais, quando aliada a outros dados/informações oriundos de campos não-arquivísticos. (BELLOTTO, 2007, p.183).

Entendendo o alcance do cinema como construção de conceitos e

aperfeiçoamento de opiniões, pensou-se no quão interessante seria mesclar as

projeções fílmicas com a disseminação do verdadeiro conhecimento acerca das

atividades arquivísticas, pois a Arquivologia possui a característica de ser uma área

interdisciplinar, facilitando o diálogo com outros campos do conhecimento. Isto posto,

a arte cinematográfica tornou-se um instrumento consistente para o arquivo

propagar-se em definições que condizem com a sua verdadeira função profissional;

além de difundir a formação/profissionalização e fortalecer a aquisição de

conhecimento sobre a área.

É de grande valia citar o quanto a arte cinematográfica tem sido estudada sob

uma gama diversificada de perspectivas. No que concerne à Arquivologia, torna-se

indispensável mencionar Franco (2011), ex-aluno da Universidade Estadual da

Paraíba, que construiu a monografia: “O CINEMA COMO UM LUGAR DE

MEMÓRIA: uma revisão de literatura acerca da importância do cinema e dos

critérios de armazenamento para preservar documentos fílmicos” utilizando o campo

fílmico como auxílio para o desenvolvimento do estudo acadêmico. Ressalvando

ainda, a tese de doutorado, em Ciências da Informação, de Costa (2007), pela

Universidade Federal de Minas Gerais, que trouxe a luz o seguinte estudo:

“GESTÃO ARQUIVÍSTICA NA ERA DO CINEMA DIGITAL: formação de acervos de

documentos digitais provindos da prática cinematográfica”, não deixando de

evidenciar também, um artigo deste mesmo autor, em parceria com a arquivista

Lima (2012), intitulado: “A REPRESENTAÇÃO DO ARQUIVISTA EM OBRAS DE

FICÇÃO: Perspectivas do profissional sob o olhar do cinema e da televisão”. Neste

panorama, constata-se o quanto as relações do cinema e do arquivo estão

enlaçando-se de maneira que com o tempo, por ser interdisciplinar, a Arquivologia,

provavelmente, irá continuar aumentando seu crescimento em campos acadêmicos

distintos.

21

Logo, ressalta-se, como foco de pesquisa, a seguinte questão: Como

produções fílmicas significativas podem enriquecer o conhecimento arquivístico?

2.3 OBJETIVOS

Objetivo Geral

Analisar produções fílmicas significativas para o enriquecimento do

conhecimento arquivístico.

Objetivos Específicos

Caracterizar sessões de cinema sobre temas arquivísticos;

Avaliar a compreensão do corpo discente acerca da relação entre cinema e

Arquivologia;

Descrever a percepção docente voltada à utilização dos filmes em sala de

aula no contexto do ensino-aprendizagem.

2.4 UNIVERSO E AMOSTRAGEM

No que concerne à pesquisa realizada, torna-se essencial destacar o universo

da pesquisa e uma amostra do estudo.

[...] universo ou população é o conjunto de seres animados ou inanimados que apresentem pelo menos uma característica em comum. Sendo N o número total de elementos do universo ou população, o mesmo pode ser representado pela letra latina maiúscula X, tal que XN= X1; X2 X3; [...]; XN. A delimitação do universo consiste em explicitar que pessoas ou coisa, fenômenos etc. serão pesquisados, enumerando suas características comuns, como, por exemplo, sexo, faixa etária, organização a que pertencem, comunidade onde vivem etc. (LAKATOS; MARCONI, 2008, p. 225).

22

Dessa forma, o universo pode ser compreendido como uma totalidade de

elementos que apresentam características comuns. Partindo desse consenso, o

universo da pesquisa obteve em sua composição discentes do campo de

conhecimento da Arquivologia da Universidade Estadual da Paraíba, ao todo 144

alunos nas exibições realizadas, visto que estes fazem parte dos componentes

curriculares que utilizam a cinematografia como instrumento de aprendizagem.

Contudo, este universo foi além, ou seja, o corpo docente, com ênfase aos que

veem na cinematografia uma forma de expandir os horizontes de seus alunos, total

de 11 professores, contribuiu significativamente através de suas percepções sobre o

arquivo presente no cinema para a pesquisa.

Importante aclarar que esta universidade foi escolhida devido ao fato de que o

projeto de extensão Cineclube Mnemosýne, nascido nesta instituição, tem a

proposta de analisar o caminho existente entre as linguagens e os conteúdos

cinematográficos. Portanto, foi uma porta aberta para a realização deste estudo.

Determinado o universo, o passo seguinte é especificar a amostra aplicada.

Ressalvando que a utilização da amostra na pesquisa “se justifica porque nem

sempre é possível obter informações de todos os elementos que compõem o

universo ou a população que se deseja estudar” (MARQUES; MANFROI; CASTILHO;

NOAL, 2006, p. 56).

Cada unidade ou membro de uma população, ou universo, denomina-se elemento, e quando se toma certo número de elementos para averiguar algo sobre a população a que pertencem, fala-se de amostra. Define-se amostra, portanto, como qualquer subconjunto universal ou da população. [...] Faz-se necessário esclarecer que as interpretações de população e amostra não são fixas. O que em uma ocasião é uma população, em outra pode ser uma amostra ou vice-versa. (RICHARDSON, 1999, p. 158).

Com este imperativo, segundo Barros e Lehfeld (1996 apud MARQUES et.al,

2006) existem dois tipos de amostra: a probabilística e a não probabilística. Nesta

pesquisa a escolhida é a amostra não probabilística, pois nela a amostra pode ser

escolhida aleatoriamente, diferentemente dos elementos que a comporão, que

devem ser escolhidos seguindo algum critério. Entretanto nessa tipologia não é

possível generalizar os resultados da pesquisa, em termos de população.

Assim sendo, observa-se que a amostra está diretamente ligada ao universo.

Neste contexto, a amostra foi formada por estudantes e professores apenas do

23

curso de Arquivologia, os quais analisaram com maior precisão as produções

fílmicas, articulando opiniões mais conceituais a respeito dos temas, visto que tantos

os discentes como os docentes voltaram uma visão mais específica para enxergar

no cinema as características de relação com o arquivo e sua contribuição para a

sociedade.

2.5 CAMPO EMPÍRICO

O Campus V da Universidade Estadual da Paraíba – denominado Ministro

Alcides Carneiro, foi inaugurado em 28 de agosto de 2006. Localiza-se em João

Pessoa com os cursos de bacharelado em Arquivologia, Relações Internacionais e

graduação em Ciências Biológicas.

No princípio funcionou na Escola do Serviço Público da Paraíba – ESPEP,

contando com 225 discentes. Com o passar dos anos o espaço foi ficando

demasiado pequeno, havendo a necessidade de mudar-se. Assim, Relações

Internacionais e as graduações à distância em Administração e Geografia passaram

a ocupar um prédio localizado na Avenida Epitácio Pessoa, 1090 – Torre,

permanecendo os outros dois cursos no mesmo lugar.

No ano de 2009 houve a reunião de todos os cursos novamente, mudando-se

para a Avenida Monsenhor Walfredo Leal, 487, no bairro Tambiá. No entanto, em

2011 o Campus - V foi transferido para sua sede atual, na Rua Horácio Trajano de

Oliveira, S/N, bairro do Cristo Redentor, na Escola José Lins do Rego, a qual

continua suas atividades nos períodos da tarde e da noite, comportando o Ensino

Médio.

O Campus V da UEPB possui em suas novas instalações laboratórios, salas

de aula com tela de projeção elétrica retrátil, biblioteca com um acervo de 10 mil

livros, entre outros destaques faz-se necessário citar a criação do Centro de Línguas,

que a priore foi criado para suprir a demanda do bacharelado em Relações

Internacionais, mas que se expandiu e atualmente oferece cursos de português,

inglês, espanhol e francês, direcionado a todos os estudantes, professores e

técnico-administrativos do Campus V.

24

Esta sede da UEPB ainda apresenta o Programa de Pós-Graduação em

Relações Internacionais (PPGRI), sendo o primeiro das regiões Norte e Nordeste, o

qual provocou a chegada de discentes vindos do interior da Paraíba e dos estados

vizinhos. Possuindo, ainda especializações em Gestão Municipal e Gestão da

Organização Pública e Gestão em Saúde.

2.6 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

Com grande importância para uma pesquisa, a coleta de dados possui um

papel fundamental para o trabalho acadêmico. É o que se observa nas palavras de

Lakatos; Marconi (2008), quanto mais planejamento houver na coleta de dados,

menos desperdício de tempo haverá no trabalho de campo propriamente dito,

suavizando, com isso, o caminho para a próxima etapa.

A coleta de dados constitui uma etapa importantíssima da pesquisa de campo, mas não deve ser confundida com a pesquisa propriamente dita. Os dados coletados serão posteriormente elaborados, analisados, interpretados e representados graficamente. Depois, será feita a discussão dos resultados da pesquisa, com base na análise e interpretação dos dados. (ANDRADE, 2006, p.152).

Dentre os instrumentos de coleta de dados, os que foram utilizados na

pesquisa foram um questionário misto, para os discentes e um questionário aberto

para os docentes, os quais têm a função, dentro de um dado grupo social, de

descrever as características e medir determinadas variáveis. Permitindo, com isso,

observar a descrição das características, não só de um grupo, mas de um indivíduo.

Conjunto de questões, sistematicamente articuladas, que se destinam a levantar informações escritas por partes dos sujeitos pesquisados, com vistas a conhecer a opinião dos mesmos sobre os assuntos em estudo. As questões devem ser pertinentes ao objeto e claramente formuladas, de modo a serem bem compreendidas pelos sujeitos. (SEVERINO, 2007, p.125).

O questionário misto foi aplicado após as exibições dos filmes, estas que

foram realizadas pelo projeto Cineclube Mnemosýne. Tendo como foco, os discentes

do curso de Arquivologia. Sendo assim, foram apresentados três produções fílmicas,

que fizeram parte de um bloco específico do projeto de extensão, voltado para o

tema memória e seu significado para a sociedade, como também seu contributo

para compreensão acerca da importância do arquivo no meio social.

25

Este instrumento de coleta de dados serviu para uma percepção específica

dos futuros profissionais de arquivo, os quais foram avaliados por meio do

questionário misto, este que tem por intento permitir ao entrevistado mais liberdade

para demonstrar seu entendimento e observações no que concerne ao tema

analisado.

Frequentemente, os pesquisadores elaboram os questionários com ambos os tipos de perguntas. As perguntas fechadas, destinadas a obter informações sociodemográfica do entrevistado (sexo, escolaridade, idade etc.) e as respostas de identificação de opiniões (sim – não, conheço – não – conheço etc.), e as perguntas abertas, destinadas a aprofundar as opiniões do entrevistador [...]. (RICHARDSON, 1999, p. 193).

Na busca de uma compreensão de lados diferentes, mais que se completam

na pesquisa, houve a aplicação do questionário aberto para os professores que

utilizam filmes como forma de expandir o conhecimento de seus alunos. Assim, o

corpo docente, desempenhou um papel de grande importância não apenas nas

salas de aulas, mas nas palestras que ocorreram após as sessões do Cineclube

Mnemosýne, construindo questionamentos e explicando seus pontos de vistas

pessoais para os discentes presentes. Concluindo, com isso, uma etapa essencial

deste trabalho.

Com a intenção de permitir ao respondente uma liberdade maior para a

emissão de suas opiniões, ao mesmo tempo em que o deixa a vontade para utilizar

de sua linguagem própria/particular a escolha do questionário com perguntas

abertas explica-se, em destaque aqui, através do raciocínio de Richardson (1999, p.

192 - 193)

Os questionários de perguntas abertas caracterizam-se por perguntas ou afirmações que levam o entrevistado a responder com frases ou orações. O pesquisador não está interessado em antecipar as respostas, deseja uma maior elaboração das opiniões do entrevistado.

No objetivo de coletar um significativo número de respondentes, o

questionário, por meio de perguntas abertas e/ou fechadas, vem com o objetivo de

auxiliar o pesquisador na constatação da importância do tema em estudo. Focando,

ainda, que o processo da elaboração do questionário deve exigir uma preparação

criteriosa, pois este instrumento funciona como operacionalizador de variáveis

distintas (BERTUCCI 2011; VERGARA 2009). Logo, nessa linha de pensamento, os

questionários fortaleceram não só a pesquisa, mas também o entendimento pessoal

26

da autora acerca de suas questões levantadas e levadas até as discussões desse

trabalho de conclusão.

27

3 CINEMA, DIFUSOR DE CULTURA

3.1 A VISÃO DO CINEMA SOBRE O ARQUIVO

Transmitir emoções, estimular a curiosidade, formar opiniões, são alguns dos

elementos que compõem o mundo cinematográfico. Assim, é importante relevar o

quanto o cinema pode influenciar seus telespectadores. Portanto, conduzir a

construção de uma visão acerca de uma determinada questão é um papel exercido

pela arte cinematográfica, constituindo-se de grande valia para a sociedade, pois,

em muitos casos, um simples filme poderá suscitar indagações a respeito de

diversificados assuntos.

No momento em que o contexto exposto é direcionado, mais

especificadamente, para a compreensão do que seria um arquivo, quais as suas

funções, o seu valor e até que ponto ele pode participar significativamente da vida

do indivíduo, inicia-se a concepção de um entendimento mais aprofundado, menos

superficial, em algumas situações, no que condiz a realidade propagada pelo cinema.

O caminho de encontro entre o cinema e a Arquivologia não se faz tão

distante, pois ambos, a priore, não encontraram facilidade para se estabelecer.

Entretanto, é pertinente ressaltar que a Arquivística, ainda é questionada sobre sua

função, porém não menos diferente que ela, a cinematografia, de acordo com

Bernardet (1980) não nasceu pronta, ou seja, foi algo que levou tempo para ser

construído e encontrar seu lugar na sociedade, estabelecendo sua linguagem e

importância. E nesta linha de compreensão Ferro (1992, p. 83) salienta que

Na década de 70, esse desprezo já havia passado e todos, inclusive a elite letrada, tinham tomado gosto pelas projeções de filmes. Porém, o desprezo havia se transformado em suspeita e temor por parte de muitos, que começaram a perceber que o cinema tinha uma linguagem que lhe era própria, a qual tinha certo poder de desconstruir discursos, revelando o real funcionamento e os segredos da sociedade.

Os questionamentos acerca dos primeiros estudos e desenvolvimento do

campo de conhecimento arquivístico, da mesma forma que o cinema, apresentou

percalços no trilhar de firmação do seu objetivo assim como apontam Rousseau e

Couture (1998), a partir do instante em que elucidam que é com o aparecimento da

28

escrita que há o nascimento dos arquivos e da arquivística, mesmo assim não

significa um reconhecimento verdadeiro, visto que o próprio arquivista não preocupa-

se em conhecer profundamente sua missão, deixando de lado informações

preciosas acerca de sua área, no mesmo tempo o contexto que não a valorizam

devidamente.

Para este primeiro momento, é interessante explanar o entendimento de

Costa e Lima (2012), buscam mostrar que apesar de um crescente reconhecimento

que os arquivos estão conquistando, sendo compreendidos como fonte privilegiada

de informação, ainda se tem uma ideia “recheada” de estereótipos, os quais ocultam

as reais atribuições não só do arquivo em si, mas também do seu profissional. Logo,

os autores impulsionam seus leitores a refletirem sobre a representação arquivística

em obras de ficção – cinema e televisão – realizando, com isso, uma análise do

conteúdo transmitido para o público.

O cinema insere-se no cotidiano do ser humano de forma a contribuir não

apenas para com seu entretenimento, mas também para se fazer questionar sobre

as questões que o cerca. Deste modo, a ideia de arquivo, que muitas vezes é

passada ao telespectador nos filmes, não é tão fiel à realidade. Isto posto, assim

como afirma Bernardet (1980), o cinema é apenas um dos elementos que forma a

relação do espectador com o mundo, ao mesmo tempo em que não determina de

maneira completa essa relação, pois o público, ao assistir um filme, irá interpretá-lo

de acordo com o conhecimento que já possui, podendo a mesma obra ser recebida

de diferentes formas por pessoas de um mesmo grupo.

A cultura acerca do significado/função do arquivo, existente hoje, ainda é

permeada de informações distorcidas, isto é, a imagem que se tem de um arquivo é

de algo estático, reservado apenas para se guardar o que não tem utilidade no

momento. Com este ponto de vista, tem-se que o cinema poderá ser um veículo

para a propagação de conceitos acerca do tema aqui estudado. Por conseguinte, é

inquestionável o quanto a arte cinematográfica constitui uma parte essencial da

cultura do homem. Reforçando este pensamento, pode-se dizer que

O cinema é uma prática social para aqueles que o fazem e para o público. Em suas narrativas e significados podemos identificar evidências do modo como nossa cultura dá sentido a si própria [...] (TURNER, 1997, p. 13).

29

Torna-se necessário evidenciar que a cultura do cinema faz parte do cotidiano

do indivíduo, o que na contemporaneidade exerce um caminho de forte influência,

pois

[...] Um filme pode impregnar a ponto de provocar a sensação de sermos outro depois de sua passagem; pode nos mostrar a possibilidade de um mundo novo e estranho, mas que estaria próximo de nós, nos dando à realidade e à vida cotidiana um outro sentido e fazendo com que nosso olhar fique mais atento ao que antes não deixaria marcas. (BOARETTO, 2005, p. 45).

São muitas as interpretações do imaginário, em muitos casos

desconhecimento, tanto por parte daqueles que produzem as películas, quanto

àqueles que assistem as películas, quando há um arquivo no contexto, ou seja, a

informação construída e repassada não transmite a veracidade das características

da profissão arquivística.

Ao que condiz no destaque à visão sobre o arquivo, é preciso considerar a

validade da busca no cinema uma ferramenta para disseminação de conhecimento.

Assim, apesar das deficiências, na cinematografia, em representar o arquivo, esta

mídia poderá difundir o conhecimento arquivístico, pois como explica Barros (1997),

é na arte, um meio praticamente completo, que se concebe a representação dos

seres, dos fatos e das coisas, sendo ela um elemento notável como guia educativo e

instrutivo por que desperta no homem uma curiosidade quase que infantil sobre os

conhecimentos humanos.

3.2 O FILME COMO TEXTO: o gênero audiovisual na sala de aula

Analisar o contexto do cinema é entender que ele pode ir além de uma

simples proposta, pois o filme é detentor expressivo de distintas linguagens, as quais

o sujeito é propenso a receber diferenciadas informações. Com isso, uma película

pode conter uma verdadeira leitura de textos que são transmitidos durante uma

sessão cinematográfica.

A compreensão a cerca do conceito do texto é realçada de maneira a

abranger uma visão envolvente no pensamento dos autores Dias e Naves (2007) em

que consideram o texto como um verdadeiro veículo que permite a comunicação das

30

ideias entre o indivíduo que cria e o que difunde a informação – o autor, emissor – e

o indivíduo que necessita e adquire a informação – o leitor, receptor. Assim, é o

objeto que concede a transmissão das informações.

A Arquivologia vai inserindo-se nos novos meios de disseminação da

informação, fazendo parte da procura por novas formas de transmitir seus

conhecimentos. No entanto, a utilização de projeções fílmicas para o aprendizado

acadêmico não é algo que surgiu nestes últimos anos, porém não deixa de ser um

disseminador; e com este olhar pode-se citar Belloto (2007, p. 158)

[...] é inquestionável o fato de que, queiramos ou não, a tecnologia rompeu com os esquemas tradicionais relacionados com a informação e com o documento, como resultado dos avanços obtidos na área das comunicações, da utilização de novos equipamentos e materiais distintos dos convencionais (o pergaminho e, principalmente, o papel), tais como: filmes, vídeos, fitas audiomagnéticas, documentos informáticos etc. [...]

Importante avultar, como um contribuinte em salas de aula, o gênero

audiovisual que se faz imprescindível diante do meio educacional, pois é através

dele que poderá haver diálogo entre o receptor e o emissor. Assim,

[...] o vídeo também é um fenômeno de comunicação, que se dissemina de forma processual e não hierárquica no tecido social [...]. No entanto, para que haja comunicação, é preciso haver estruturas significantes, que sejam inteligíveis a emissores e receptores. Então, se algo é transmitido pelo vídeo, haverá comunicação se as formas operadas e os modos de articulação forem comuns a todos os envolvidos nesse processo. Ainda que esse algo não possua uma lei ou língua natural, possui uma linguagem ou sistema significante que garante sua inserção como canal de expressão numa sociedade (PIRES, 2010, p.285).

Objetivando aproximar os alunos acerca dos temas e conceitos científicos,

buscam-se os gêneros audiovisuais como referência em sala de aula, ou seja, as

discussões de problemáticas tornam-se mais fomentadas após uma exibição de

filmes, por exemplo. Por isso, os recursos audiovisuais, ao estabelecer um diálogo

entre a imagem e o discurso do tema estudado, conseguem impactar com mais

força a opinião e as críticas que estão em construção no meio acadêmico.

Produções fílmicas são um meio abrangente da comunicação no sentido em

que conversa com seu telespectador, podendo transmitir-lhe informações que

ultrapassam o ato de assistir sem ver/entender o contexto, mas sim de ser instruído

a aprender, a retirar da imagem do cinema um texto que será o arcabouço para o

seu aprendizado.

31

Na busca de aguçar o interesse dos discentes, não são raros os professores

que utilizam a arte cinematográfica a seu favor em sala de aula. Portanto, ao utilizar

o cinema como instrumento acadêmico pretende-se diminuir a dificuldade de

compreensão dos seus alunos. Observando tal característica torna-se indispensável

mencionar Costa (1987) que tem por entendimento que o simples ato de estar frente

a uma tela, em um local escuro, proporciona uma confortável sensação de clima

doméstico, de natureza agradável, que consegue criar um paradoxo gratificante,

pois o relaxar do instante não modifica o fato de poder enxergar outras realidades,

podendo fazer com que o indivíduo entenda que o cinema é instituição, um

dispositivo de representação e linguagens.

Os recursos auditivos e visuais alcançam um resultado importante perante ao

público já que conseguem inserir uma comunicação mais imediata com seu

telespectador. Desse modo, fica registrado o seguinte pensamento,

O vídeo adquiriu um espaço privilegiado, com seu uso estendido para diversas áreas, além do entretenimento, e vem propiciando avanços importantes no campo da educação, da documentação, da pesquisa científica, da arte, do jornalismo e da comunicação institucional em vários tipos de organizações. Como recurso pedagógico, o vídeo favorece as práticas de ensino-aprendizagem [...] (BRETAS, 2008, p.93).

Os hábitos midiáticos são levados aos discentes como uma maneira não só

de aprendizagem, mas também de compartilhamento de gostos e identificações, em

que o grande desafio existente é a integração do rendimento didático e a área do

conhecimento, a qual o gênero audiovisual foi inserido. Por conseguinte, a

composição da informação torna-se um processo que deve ser transformado em

instrumento de descoberta para os alunos e, porventura, para o professor também,

já que aprender o desconhecido é algo infinito.

Conseguir a atenção dos seus alunos no ambiente da sala de aula, para uma

interação maior, é muitas vezes, um desafio enfrentado pelo corpo docente que

recorre às películas fílmicas para compartilhar reflexões e estabelecer uma ligação

mais próxima com seu educando. Tendo esta concepção, executa-se as palavras de

Pires (2010) que entende a produção audiovisual no espaço acadêmico como uma

conexão entre o professor e o aluno, a qual concretizam experiências culturais

diversificadas, pois, assim, fazem da realidade um plano multifacetado, no qual o

indivíduo começa a pensar no “eu” e no “outro” como um processo interativo.

32

4 CINECLUBE MNEMOSÝNE: para além do lazer

4.1 EDIFICAÇÃO DO CINECLUBE: o trilhar do conceito e sua função

Observando o trabalho realizado nessa pesquisa, entender o contexto do

Cineclube torna-se essencial, pois a presença do Cineclube Mnemosýne veio a

reforçar a ideia de construir uma ponte capaz de levar filmes para dentro do mundo

arquivístico e, com isso, encontrar uma forma a mais de dialogar sobre as tantas

questões estudadas na Arquivologia. Com esse pensamento, interessante sublinhar,

Ensinemos pois aos jovens a ver cinema, tornando-os capazes de analisar uma película, valorizando-lhe os elementos positivos e desprezando os negativos. Quando um jovem aprende a ver e apreciar um filme, espontaneamente passa a rejeitar o que é grosseiro e vulgar. Mesmo em uma obra difícil sua atenção se fixará nos elementos de valor, desinteressando-se dos aspectos desprezíveis – em todo caso sua atenção se fixará no importante e de real valor. Esta experiência tem-se verificado com o cineclubismo. (SÁ, 1967, p. 18-19)

Ao nascer, um Cineclube traz consigo a intenção de estimular seu público a

conhecer e a aperfeiçoar seu entendimento a cerca do cinema, pois ao trazer

películas diferenciadas com o objetivo de incitar critérios de cunho cultural, social e

artístico é uma forma de levar seu espectador a experiência da reflexão mais

aguçada, construindo a compreensão de que “Cineclube não é apenas exibição de

filmes, mas apropriação do audiovisual em todas as suas dimensões.” (MACEDO,

2010, p.48).

Importante ressair, ainda, sobre a definição do Cineclube, a seguinte visão:

Cineclubes, portanto, são associações, organizações que associam pessoas em torno da atuação com cinema. Três características, quando juntas, são exclusivas dos cineclubes e os distinguem de qualquer outra atividade com cinema e, ao mesmo tempo, abrangem uma ampla gama de formas e ações que os cineclubes desenvolveram nos mais diferentes contextos. São elas: o cineclube não tem fins lucrativos, o cineclube tem uma estrutura democrática e o cineclube tem um compromisso cultural ou ético. (DAYER, 2013, p.05)

Diante do exposto, são perceptíveis as características valiosas que o

Cineclube proporciona, pois ao criar um ambiente democrático, comprometido com a

cultura e que comportam indivíduos que buscam igualmente retirar dos filmes

questões que possam ser debatidas e transmitidas entre si, é possível entender o

33

quanto seu contributo para o meio social é significativo. Com essa compreensão,

sobressai-se o seguinte raciocínio,

Desenvolver um olhar crítico, do nosso ponto de vista, significa estudar o cinema em sua relação com a história, memória e educação, considerando-se os aspectos intrínsecos do estético e do linguístico. Em outras palavras, significa utilizar-se do fascínio da arte cinematográfica como fonte para recuperar a história no entendimento das relações sociais, dos comportamentos humanos e do fenômeno educativo, sem perder de vista sua dimensão estética (NOMA, 1998, p.10).

Edificar uma postura atenta, mais crítica, no que concerne a filmes, é um

percurso envolvente, recheado por aspectos distintos a serem analisados.

Interessante assim, a opinião de Souza (2011, p. 49), a qual explicita que “Sendo

uma atividade desenvolvida fora do chamado mercado de exibição, a atividade

cineclubista é vista, quase sempre, mais próxima de valores culturais e do interesse

do público frequentador.” Portanto, os partícipes dos cineclubes são guiados por

caminhos mais específicos, com películas voltadas para uma abordagem adequada

ao perfil do público que os frequentam. Como exemplo, o Cineclube Mnemosýne,

cujo direcionamento é voltado para exibições de gama informacional da Arquivologia.

4.2 PELÍCULAS FÍLMICAS: a conjunção de ideias

Idealizado na intenção de abarcar educandos e educadores para um

momento reflexivo diferente, fora do contexto diário da sala de aula, o projeto

Cineclube Mnemosýne criou um espaço específico - Bloco Memória - este que foi

composto por sessões que exibiram filmes contendo um universo de abordagens

acerca da informação, da memória e do arquivo.

Interessante não apenas o diálogo trabalhado nos filmes, mas também todas

as discussões geradas por conta dos debates, este Bloco veio a reunir um número

significativo de graduandos, os quais puderam acrescentar novas visões sobre sua

futura profissão, pois as películas trouxeram fatores que se enquadram dentro da

Arquivologia, mostrando, dessa forma, o quanto essa área do saber vai além da sala

de aula.

34

A arte cinematográfica, não mais como em seu princípio, deixou de significar

apenas mais uma forma de entretenimento, sua função moldou-se, aprofundou-se

na transmissão de ideias e pensamentos. Isto é ratificado nas seguintes linhas,

O cinema passa a ser agora uma forma de emancipação do homem. Não vamos ver um filme apenas para nos distrair, vamos com os olhos atentos para as novas configurações formuladas na película, não como mero oráculo, onde o homem é um simples figurante, mas como intérprete/crítico dos acontecimentos ali mostrados (CAGLIANI, 2005, p.40).

“Amnésia”, “Narradores de Javé” e “Uma Cidade sem Passado” foram as

películas escolhidas para auxiliar os discentes nesse caminho cinematográfico.

Buscando conversar de forma prazerosa, mas também coerente no que condiz a

essa ligação, construída nessa pesquisa, entre o cinema e a Arquivologia, ambas

receptoras de influências distintas, porém que se complementam e dialogam de

forma construtiva.

4.2.1 “AMNÉSIA”: em reconstrução informacional, do individual ao todo

Uma teia de informações desconecta que vão se encaixando no decorrer da

película, “Amnésia”, primeiro a ser exibido no Bloco, iniciou a jornada

cinematográfica que foi apresentada aos alunos, na perspectiva de inserir um olhar

mais atento acerca da informação, a maneira que ela pode ser organizada e

reorganizada para se obter a resposta almejada.

Em reforço do por que da escolha desse filme, importante focar na opinião

que expressa o seguinte parecer:

Analisar a história, sua construção e os elementos conectivos é um exercício instigante de construção narrativa. [...] Amnésia é uma brincadeira genial em relação ao processo narrativo e criativo, sem forma pré-determinada, em que o recomeçar trata-se apenas de um novo início. (MODRO, 2006, p.30)

Assim, a visão do autor induz ao pensamento do quanto a construção

informacional necessita de uma boa conexão/reflexão para alcançar uma narrativa

coerente.

O filme, através de informações deslocadas e confusas, conseguiu envolver

seus espectadores, levando-os para um ambiente complexo, em que a luta para

35

encontrar memórias perdidas torna-se um processo longo e ativo. Nessa

compreensão, encaixa-se a afirmação de uma estudiosa, a qual também analisou

esta mesma película e que expressa o seguinte,

Cada cena testemunhada pelo espectador é imediatamente apresentada em retrospectiva e o que se vê parece contradizer o que “nossos olhos viram” há pouco. Nesse sentido, mais do que o protagonista – que perdeu a capacidade de avaliar se o que ele anotou, fotografou, registrou é verdadeiro –, o espectador (que, em tese, não perdeu a memória), se angustia por não saber, o que é, de fato, verdade. Entretanto, todos os “fatos” estão lá: as anotações, as informações dos outros personagens, as fotografias, os relatórios, etc (RORIGUES, 2005, p. 148).

Formou-se um círculo de conversa, após o fim da exibição, em que a

dinâmica da comunicação, atrelou-se ao cuidado psicológico, prontamente

relacionado ao paradigma filosófico, mediados pelo olhar da memória, aspectos

estes, respectivamente, pertencentes aos quatro docentes que compuseram a mesa

de debate no intuito de explanar, cada um em sua área de formação, o que poderia

ser retirado da película e utilizado pelos discentes que se fizeram presentes nesse

primeiro dia.

4.2.2 “NARRADORES DE JAVÉ”: por que a memória tornar-se-á o futuro

Seguindo esse trilhar do cinema, um ótimo e valioso trabalho nacional,

“Narradores de Javé” traz todo o drama de indivíduos que desconhecem a

importância da informação, mas que guardam recordações preciosas. Sendo assim,

esta película, com doses também de humor, vai construindo memórias e enlaçando

vidas, na tentativa de uma construção maior - a história em si, a sua própria história.

Película que provocou risadas nos espectadores traz uma narrativa

convidativa e divertida. Entretanto, possui discussões primordiais, pois:

A história de Javé revela um campo de disputas pela permanência das memórias, entre muitas histórias que significam o lugar. Nelas, a relação entre o presente vivido e o passado lembrado transforma a história no espaço onde as contradições sociais emergem como possibilidades de mudanças. (GOMES, 2010, p.09).

Assim, a memória é um agente transformador e que se faz tão necessária as

pessoas da cidade que sua identidade pessoal e cultural passa a ser novamente, de

certa forma, construída.

36

O poder de voltar ao passado, por meio de memórias, acrescenta ao filme um

ar de uma narrativa maior, pois são memórias diferenciadas, de uma mesma época,

mas que precisam ser reunidas e reconstruídas. Com isso, interessante se torna a

seguinte afirmação,

Os filmes, através das narrações do passado, podem explicitar as estratégias de representação que tem circulação social e reaparecem no cinema. As estratégias de representação da memória como narrações do passado constituiriam assim formas de nomear os temas e os objetos, a partir das possibilidades concedidas pelos marcos sociais e interpretativos disponíveis, fazendo possíveis os sentidos da narração (MARINO, 2007, p. 91, tradução nossa).

O debate realizado a cerca desse filme trouxe olhares históricos, somando ao

fato de que os docentes responsáveis pela conversa, ao final da exibição, pelo

menos dois dos três professores, já utilizavam “Narradores de Javé” em sala de aula,

dialogando com os alunos e pedindo atividades sobre tal película. Dessa forma, foi

um fator a mais no desenrolar das discussões.

4.2.3 “UMA CIDADE SEM PASSADO”: arquivo, desafios do tempo presente

Alcançando o ápice final do diálogo cinematográfico, “Uma cidade sem

passado” fecha um ciclo importante do objetivo dessa pesquisa, pois é nesse ponto

que os discentes foram apresentados a fatores como: a busca árdua por unir

informações, aparentemente perdidas, com a luta por um resgate da memória e um

encontro com o arquivo, o qual revela uma face escura, difícil de trabalhar, sendo

esta uma realidade, infelizmente, ainda presente, em determinadas situações, nos

dias atuais.

“A memória, onde cresce a história, que por sua vez a alimenta, procura

salvar o passado para servir o presente e o futuro. Devemos trabalhar de forma que

a memória coletiva sirva para a libertação e não para a servidão dos homens” (LE

GOFF, 2003, p. 478). Esta explanação enquadra-se perfeitamente na associação

com o filme em pauta, ou seja, todo o trabalho da personagem principal em resgatar

a memória de sua cidade vai a transformando, pois ela passa a entender que seu

trabalho é maior, visto que está edificando o presente de todos. Isto posto, sobre o

filme expõe-se o seguinte,

37

[...] não são os fatos em si o que mais chama atenção no filme e sim os mecanismos utilizados pelas instituições sociais da cidade na tentativa de silenciar a memória coletiva, memória esta que não tem nada de glorioso para ser rememorado e comemorado. Pelo que se observa na produção, a construção da memória tem muito pouco a ver com o passado e tudo a ver com o presente, ou seja, apesar das informações serem originárias do passado a construção da memória coletiva ocorreu por meio do olhar e dos interesses do presente (GOMES, 2010, p.12 -13).

Conversa final realizada através das palavras de professores responsáveis

por lecionarem disciplinas que envolvem a memória, a informação e a história

construíram, com isso, laços significativos com a película. Sendo debatida no

contexto de experiências diárias, alcançando o alunado diretamente.

Finalizando o Bloco Memória com um suporte que traz características

arquivísticas intensas como “Uma Cidade sem Passado” é ter proporcionado aos

alunos um momento de conhecimento, o qual pode-se ter um reflexo atual, fora das

telas cinematográficas, erguido pela intenção de encontrar em memórias, julgadas

perdidas, uma gama rica de informações armazenadas em um arquivo repleto de

barreiras, mas não inferior, pois as vidas existentes em um arquivo são eternas.

4.3 CONCATENANDO UMA TEIA: informação, memória e arquivo

O encontro cinematográfico realizado através das exibições do Bloco

Memória construiu uma teia de ampla relevância para a pesquisa, visto que ao

abordar temáticas tão valorosas para o meio acadêmico e social possibilitou uma

confluência de conhecimentos importantes e satisfatórios para o estudo. No intuito

de explanar o poder existente nessa união de temas, interessante citar o

pensamento,

Conscientes da singular importância dos filmes, como retrato da cultura e da sociedade, como registro de época ou fato histórico, seja este representativo a quem quer que seja, como fonte privilegiada de pesquisa científica e tecnológica, pelo seu próprio significado como manifestação artística, dentre tantas outras possibilidades de correlações possíveis, não há como negar sua representatividade no contexto macro da cultura humana e sua significativa contribuição como fonte de informação para os mais variados objetivos (COSTA, 2007, p. 68).

Indispensável em qualquer campo do saber, a informação é uma "arma capaz

de garantir a devida antecipação e análise de tendências, bem como capacidade de

adaptação, de aprendizagem e de inovação" (BARBOSA, 2008, p. 02), retratando,

38

com isso, o diálogo construído a partir das películas, o qual apresentou caminhos

que se direcionaram as abordagens da Arquivística. Assim, a informação, quando

bem conduzida, consegue elevar o conhecimento.

Focalizando a compreensão de Franco (2011, p. 40) que traz, na sua

concepção, o cinema e a memória, ambos como identidade de interação que pode

revelar o passado e as relações do presente, construindo um encontro em que o

cinema, por ser um campo aberto a distintos assuntos, dialoga com a memória, esta

que consegue armazenar diferentes informações. Logo, ao que concerne a memória,

suas características vão além, pois é importante destacar a definição que entende a

memória como algo que

É um elemento constituinte do sentimento de identidade, tanto individual como coletivo, na medida em que ela é também um fator extremamente importante do sentimento de continuidade e de coerência de uma pessoa ou de um grupo em reconstrução de si (POLLAK, 1922, p. 204).

Diante dessa explanação, torna-se interessante somar a ideia de Duarte

(2006-2007, p. 142), a qual entende o arquivo como memória, que por sua vez

possui a capacidade de informar, podendo alterar o presente. Continuando ainda

seu pensamento “A memória só é pensável como arquivo quando se pretende

determiná-lo enquanto monumentalidade.”. Com essa percepção, não poderia deixar

de ser destacada, a título de reforço, a última película do Bloco “Uma cidade sem

passado”, que retrata efetivamente essa interpretação acerca do arquivo, pois é nele

que a personagem vai de encontro à memória, com intuito de resgatar informações e

assim poder transformar o presente.

Conjunto de intenções reflexivas, o filme espera transmitir mensagens,

alcançar seu espectador. Em um mesmo raciocínio, o arquivo tem a dinâmica em

sua composição, ou seja, ele possui uma gama de informações que pode amplificar

o meio ao qual faz parte. Sendo assim, informação, memória e arquivo, todos

conseguem dialogar entre si, a exemplo, citam-se as exibições das projeções

fílmicas, aqui analisadas, visto que houve um encontro desses contextos, resultando

a formação de pensamentos críticos e de um olhar mais atento sobre as nuances da

Arquivologia.

39

5 LUZ, CÂMERA, AÇÃO: um diálogo cinematográfico com a Arquivologia

Reservado a análise dos dados obtidos durante a pesquisa, a este capítulo

coube à competência de trazer à luz a compreensão acerca dos resultados

constatados através dos questionários aplicados - misto e aberto - respectivamente,

para os discentes, no período de 04/06/2014 a 06/06/2014, e para o corpo docente,

entre os meses de julho a novembro do presente ano.

A aplicação para ambos os grupos, alunos e professores, foi realizada na

Universidade Estadual da Paraíba, campo empírico escolhido, por possuir no curso

de Arquivologia um projeto de Extensão - Cineclube Mnemosýne - voltado para a

arte cinematográfica. Sendo assim, a participação dos envolvidos totalizou em 144

graduandos e 11 representantes do corpo docente.

Em reforço a este capítulo e toda a pesquisa de campo realizada, necessário

citar,

A construção da pesquisa em Arquivologia suscita a frequente discussão sobre o próprio campo enquanto disciplina científica. Ao se fazer necessária a construção de agendas de pesquisa em Arquivologia é fundamental, portanto, refletir epistemologicamente sobre seus métodos, objetos, universo empírico, recursos teóricos e questões interdisciplinares do campo (JARDIM, 2012, p. 136).

Com o instrumento entregue aos discentes, o passo seguinte foi o

esclarecimento do que se tratava a pesquisa e que conhecimento estava sendo

procurado com aquele estudo. No momento em que chegou aos docentes às

informações também foram repassadas, acrescentando o fato da escolha destes

professores por já utilizarem a ferramenta do gênero audiovisual nas salas de aula.

Portanto, com os dados coletados, organizados e analisados chegou-se a amplidão

de um conjunto teórico tanto de caráter quantitativo quanto qualitativo.

5.1 OS PRIMEIROS PASSOS – UM OLHAR SOBRE OS DISCENTES

Para esta seção a construção do perfil dos discentes que participaram da

pesquisa foi o foco principal, tendo eles respondido a um instrumento que possuía

13 questões, resultando na obtenção de 13 gráficos, edificados a partir da coleta

total das respostas. Com esta linha de análise, fica válido destacar que o objetivo

40

das ditas questões eram entender melhor o quanto os alunos estavam ligados ou

não ao cinema, se o fato de seus professores recorrerem a este meio de ensino

contribua para ampliar suas percepções e questionamentos a respeito da disciplina

estudada e do próprio crescimento pessoal e cultural.

A escolha do termo “Primeiros Passos” veio como ideia por mostrar as

análises mais básicas, pode-se assim dizer, a respeito dos alunos, pois é nessa

parte do trabalho que se começa a visualizar quem são esses futuros graduados em

Arquivologia, isto através do conhecimento de variáveis como: sexo, faixa etária,

período e turno em que estudam, a frequência com que assistem a filmes, gênero

preferido e qual era a visão sobre o cinema antes de entrar na universidade.

GRÁFICO 1: Distribuição por sexo

FONTE: Dados da pesquisa (2014)

A representação construída no gráfico mostra de forma concisa um número

maior, realmente considerável, da presença do sexo feminino (72%) frente ao sexo

masculino (28%) no curso de Arquivologia, aclarando assim o quanto as mulheres

tem conquistado um espaço significativo na formação de nível superior.

Não podendo deixar de enfatizar também, a partir da análise do gráfico, uma

quebra de conceito nessa área, visto que o profissional de arquivo, por muitas vezes,

é idealizado e esperado, em sua maioria, como representantes do sexo masculino,

devido a ideia errônea de que a função de um arquivista, além de guardar papéis

28%

72%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

Masculino Feminino

41

sem utilidade, era de pegar caixas e objetos pesados que poderiam fazer parte do

arquivo.

O próximo gráfico revela a faixa etária dos alunos participantes da pesquisa,

caracterizando uma noção da idade dos discentes do curso. Com isso, as opções

apresentadas a eles foram entre 16 e 20 anos, 21 e 24 anos, 25 e 30 anos,

finalizando entre 31 anos ou mais.

GRÁFICO 2: Distribuição por faixa etária

FONTE: Dados da pesquisa (2014)

A predominância dos indivíduos que cursam Arquivologia na Universidade

Estadual da Paraíba é de discentes com idade entre 16 a 20 anos (42%), maioria,

pode-se dizer, de alunos que acabaram de terminar o Ensino Médio e optaram por

essa área do conhecimento. Seguida também de uma faixa etária jovem dos 21 a 24

anos (22%), passando para as idades entre 25 e 30 anos (17%) dos graduandos,

menor porcentagem desse tópico do trabalho, terminando com alunos de 31 anos ou

mais (19%), o qual demonstra que há um número de destaque para pessoas que

depois dos 31 anos ingressam na universidade em busca de uma ou uma segunda

formação superior.

Na ilustração do gráfico seguinte observa-se o período eletivo em que se

encontram os alunos que assistiram às exibições do Cineclube Mnemosýne nos três

dias em que foram exibidas as películas.

42%

22% 17% 19%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

16 – 20 anos 21 – 24 anos 25 – 30 anos 31 anos ou mais

42

GRÁFICO 3: Distribuição por período letivo

FONTE: Dados da pesquisa (2014)

Em maioria alunos do 1º período do curso (33%) é um fator de grande

importância, pois o primeiro contato de integração começou a ser estabelecido, ou

seja, a partir deste momento o diálogo entre o curso e a arte cinematográfica iniciam

seus passos com chances de alcançar os graduandos de forma a auxiliar na sua

aprendizagem, instigando reflexões e questionamentos que certamente

acrescentarão na sua vida acadêmica e/ou pessoal.

Com espectadores de todos os períodos as ressalvas são de consideráveis

atenção, pois seguidos de 15% dos alunos cursando o 2º período, trazendo o 3º

período com seus 18%, descendo um pouco para 13% com os alunos do 4º período,

chegando a um número menor de 7% do 5º período, baixando para apenas 1% do

6º período, com uma leve subida de 8% do 7º período, finalizando com um empate

de 3% de representantes dos 8º e 9º períodos, constatou-se o quanto a diversidade

dos alunos nos fatores comunhão de pensamentos e absorções distintas das ideias

transmitidas pelos filmes é significativo para pesquisa. Logo, esse público se tornou

amplo, mas também se tornou único no que condiz ao universo cinematográfico e as

possíveis extrações das películas para a realidade do curso.

33%

15%

18%

13%

7%

1%

8%

3%

3%

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40%

1° Período

2º Período

3º Período

4° Período

5º Período

6º Período

7º Período

8º Período

9º Período

43

Na representação que segue há a demonstração gráfica do turno em que os

discentes de Arquivologia cursam suas aulas. Trazendo além das opções manhã ou

noite, uma terceira alternativa – manhã e noite.

GRÁFICO 4: Distribuição por turno de estudo

FONTE: Dados da pesquisa (2014)

Na compreensão do gráfico, observa-se em destaque, perante os outros, a

participação de um público, estudantes diurnos, com 71% da presença, seguidos

pelos alunos da noite com 26% no total, encerrando com os 3% de participantes que

estudam em ambos os horários (manhã e noite). Entretanto, relevante explicar sobre

a maioria dos espectadores terem sido da parte da manhã, visto que o Bloco

Memória do Cineclube Mnemosýne reservou dois dias de exibições para a parte

diurna e um dia para parte noturna, com ressalva ainda para o alcance, em menor

escala, verdade, mas não menos significativa, os graduandos que estudavam tanto

pela manhã quanto pela noite se fizeram presentes.

Para o gráfico seguinte foi reservada a pesquisa sobre qual a frequência que

os alunos da Arquivologia da Universidade Estadual da Paraíba assistem a filmes

em seu cotidiano. Destacando as opções de respostas àqueles que assistem filmes

sempre que possível, dificilmente ou nunca.

71%

26%

3%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

Manhã Noite Manhã e Noite

44

GRÁFICO 5: Frequência com que assistem a filmes

FONTE: Dados da pesquisa (2014)

Obtendo como resposta uma grande maioria de 85% de alunos que assistem

filmes sempre que possível, seguido por 15% dos discentes que dificilmente

assistem, valores estes que contrastam com o 0% de alunos que nunca assistem.

Somando, com isso, o valor de 100%, seja assistindo películas fílmicas com muita

ou pouca frequência, todos possuem o hábito de buscar outras realidades, outras

visões através do cinema e todas as portas para diálogos distintos que ele

proporciona ao seu espectador.

O gráfico seguinte, buscando se aprofundar na sua compreensão sobre as

preferências fílmicas, trouxe opções de gêneros de filmes diferenciados para que os

participantes escolhessem seu preferido.

GRÁFICO 6: Gênero de filmes preferidos

FONTE: Dados da pesquisa (2014)

85%

15%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Sempre que possível Dificilmente Nunca

20%

21%

11%

17%

12%

9%

9%

1%

0% 5% 10% 15% 20% 25%

Ação

Comédia

Drama

Romance

Suspense

Terror

Outros

Não Responderam

45

Com 20% de favoritismo, o gênero Ação fica em segundo lugar na preferência,

seguido pelos 21%, diferença muito pequena se comparada ao primeiro, vem o

gênero Comédia, sendo o preferido dos respondentes, trazendo após, Drama com

11%, seguido por Romance com 17%, chegando a Suspense que totaliza 12% da

escolha, vindo em seguida Terror com 9% do preferencial, ao mesmo tempo, que

partilha com a opção Outros com também 9% das escolhas e finalizando com 1%

que não opinaram.

Necessário acentuar que aos que marcaram a opção Outros, escreveram ao

lado gêneros que não constavam nos tópicos fornecidos. Sendo assim, os gêneros

mais citados foram: Documentários e Ficção Científica, abrindo parêntese ainda

para Animação, Guerra e Biográficos, esses se destacaram perante outros tipos

citados. Logo, observa-se o quanto o público tem preferências fílmicas distintas,

concluindo, dessa forma, que o cinema se faz presente no cotidiano desses

acadêmicos.

Na chegada do sétimo gráfico, o estudo buscou saber como era constituída a

visão do discente sobre o cinema antes de entrar na universidade. Para isto, foram

fornecidas duas opções para os alunos analisarem e darem sua resposta.

46

GRÁFICO 7: Como era visto o cinema antes da universidade

FONTE: Dados da pesquisa (2014)

Alcançando 22% estão os alunos que viam o cinema, antes do contato com a

universidade, como apenas entretenimento/diversão contra 78% de discentes que já

entravam no mundo universitário com a concepção de que a arte cinematográfica é

maior, que ela tem um papel de contribuinte para cultura. Assim, este gráfico revelou

um posicionamento positivo para a pesquisa, pois esclareceu que a compreensão

dos alunos sobre o cinema e o que ele pode proporcionar vai além da diversão, do

entretenimento, podendo contribuir com a cultura em geral.

Com esta sétima representação gráfica é encerrada uma parte importante do

trabalho, pois esse primeiro momento serviu para a coleta das informações básicas

sobre os questionados. A construção até esse momento foi no intento de alcançar

um conhecimento geral sobre os discentes.

5.2 CONSTRUINDO PERCEPÇÕES, ENTENDENDO O PERFIL DOS

GRADUANDOS

Aprofundando a pesquisa com o público acadêmico de Arquivologia, as

próximas questões respondidas e analisadas foram uma busca de entender o

quanto os alunos se envolveram com as exibições realizadas pelo projeto, o quanto

eles absorveram das películas para um possível diálogo entre os filmes

apresentados e a arquivística.

22%

78%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

Entretenimento, divertimento Contribuinte para cultura

47

O gráfico abaixo representa o conhecimento ou a falta dele acerca da

existência do Cineclube Mnemosýne na Universidade Estadual da Paraíba, Campus

V, assim como a proposta que esse projeto possui.

GRÁFICO 8: Conhecimento acerca da existência e da proposta do Cineclube Mnemosýne

FONTE: Dados da pesquisa (2014)

Uma porcentagem de 84% da falta de conhecimento do projeto e de 16% que

já o conheciam, revelando também sobre a proposta do Cineclube Mnemosýne que

não era conhecida por 86% dos participantes e conhecida apenas por 14% dos

alunos, constatou-se que a presença de um projeto de extensão que procura trazer

discussões da Arquivologia baseando-se na exibição de filmes ainda não faz parte

do conhecimento de uma parte significativa da vida acadêmica dos discentes. No

entanto, é preciso ressaltar que a grande parte dos alunos que compareceram as

sessões eram dos dois primeiros períodos do curso (ver gráfico 3), ou seja,

possivelmente, por estar entrando, adaptando-se a essa nova fase da vida estudantil,

os alunos, muito provavelmente, ainda não tiveram a chance de conhecer as opções

de pesquisa que a universidade oferece, dentre elas está inserido o Cineclube

Mnemosýne.

No intento de saber as percepções dos discentes a respeito das abordagens

dos filmes exibidos, foi construído um quadro, o qual segue abaixo, com algumas

respostas obtidas.

84%

16%

86%

14%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Não Conhecia o Projeto

Já conhecia

Não Sabia da Proposta

Sabia da Proposta

48

QUADRO 1: As abordagens das películas fílmicas

PERCEPÇÕES PRINCIPAIS

“O filme revela elementos reflexivos acerca de

assuntos tratados no curso de Arquivologia, no que

se refere a temática do arquivo enquanto memória e

como testemunho documental.”

“Que precisamos ter ‘Sônias’ para traçar uma

meta, ter um foco com a verdade, manter

claro o objetivo e acreditar sempre.”

“O arquivo é de extrema importância para a

construção de uma identidade.” “A importância da imagem para a memória.”

“O filme em si parece interessante, porém as

legendas pequenas e brancas dificultaram demais,

por várias vezes tive minha atenção desviada devido

a isso.”

“Não foi possível entender ao filme devido a

legenda ser pequena.”

“Que a memória é muito importante para a

construção da vida e sendo assim fazemos de tudo

para preservá-la, seja através de fotografias,

escritos, documentos, já que a mente humana pode

cometer falhas.”

“Os filmes (o cinema) preza muito à nossa

cultura, nos aproxima e nos faz ‘lembrar’

como é a nossa cultura. E a memória faz

parte dessa construção, dá a importância a

ela, nos faz pessoas melhores.”

“Um filme que nos traz uma temática de interesse

social e arquivístico e que vai de encontro a

construção da memória e da sociedade. Além do

acesso a informação que ainda pode ser discutido.”

“Gostei da proposta de inter-relação do

cinema com o arquivo, ou seja, a construção

de uma memória social a partir de filmes.”

FONTE: Dados da Pesquisa (2014)

Observando as respostas apresentadas é possível enxergar que os alunos

souberam retirar dos filmes questões pertinentes de dentro do curso de Arquivologia.

Levando, com isso, o cinema para um olhar mais direcionado ao mundo arquivístico,

pois ao declarar, além das respostas já citadas, pensamentos como “O arquivo é de

extrema importância para a construção de uma identidade.” ou ainda “O filme nos

mostra a importância da identidade dos fatos que muitas vezes são esquecidos e

que acabam dificultando a busca do conhecimento.”, opiniões retiradas de filmes

distintos, mas que confraternizam a mesma ideia do significado valioso do arquivo e

da informação para o indivíduo.

Em destaque ainda uma observação que se repetiu nas respostas analisadas,

a qual se refere a dificuldades em entender os filmes, sentida por algumas pessoas,

devido a legenda ser pequena. Contudo, este fato não poderia passar despercebido

desta análise, visto que houve alguns percalços nas exibições por conta de

problemas originados dos computadores e aparelhos tecnológicos da universidade

49

que por muitas vezes falham e que infelizmente prejudicam algumas atividades

realizadas pelos professores.

Enfatizando, contudo, que os filmes podem transformar seu público, visto que

ele é levado para dentro de narrativas distintas, que conversam constantemente com

aqueles que a absorvem. Portanto, “O mundo que o cinema produz estabelece

efetivamente no interior de cada filme [...] O espectador é um executante que realiza

aquele mundo.” (LUZ, 2007, p.36).

Próxima questão discutida também vem em formato de quadro, esta que

focaliza nos debates e palestras que ocorrem sempre após as exibições do projeto.

Sendo assim, as opiniões que representaram os alunos, em geral, foram expostas a

seguir.

QUADRO 2: Importância das palestras/debates posteriores as exibições

DISCENTES OPINIÕES

A “Acho importante, pois incentiva de uma certa forma os questionamentos entre

estudantes e professores, vindo a ser uma troca de conhecimentos entre ambos.”

B “Interessante, mostra pontos talvez não percebidos durante a exibição, amplia sua

visão sobre o que você assistiu.”

C “É importante para melhorar o entendimento sobre o filme e com a análise podemos

ter um pensamento crítico.”

D “Desde que não se estenda e não fique cansativo é uma ferramenta para ressalvar

pontos importantes abordados.”

E ”Perfeito, com isso podemos captar melhor a mensagem que o filme quer passar.”

F “Contribui bastante para o desenvolvimento intelectual e saber cultural.”

G ”Uma boa ideia, é necessário discussões, ouvir, dialogar sobre a película.”

H “Não acho interessante, o filme por si só diz tudo.”

I “O debate é primordial na construção do conhecimento.”

J “Rica contribuição para compreender melhor os pormenores, além do conhecimento e

interpretação individual a que podem expor.”

FONTE: Dados da pesquisa (2014)

De uma forma geral, a grande maioria dos alunos aprovou a existência de

palestras e debates quando as sessões são finalizadas, sendo essa uma prática

corriqueira nos filmes que o Cineclube Mnemosýne exibe. Dessa forma, as opiniões

aqui trazidas são uma confirmação de que esta prática só vem a acrescentar

50

positivamente tanto para os educadores quanto para os educandos, visto que há um

diálogo de trocas de conhecimentos. Assim, somando mais algumas palavras ao

que já foi exposto realçou-se também “Acho interessante, pois com um debate

podemos trocar ideias e compartilhar as diferentes percepções sobre o assunto do

filme”.

Como foi dito, a maioria interessou-se pelo fato de haver debates e palestras

após as exibições. Entretanto, também houve discordâncias nesse ponto, ou seja,

alunos que julgaram desnecessário essa conversa pós-filmes, aparentando que

captaram prontamente o que a película transmitiu, ao mesmo tempo, houve

discentes que entenderam essa interação a mais com os palestrantes e debatedores

como uma ferramenta importante desde que não fosse uma conversa longa, pois

poderia ser cansativa e dispersar os alunos.

O gráfico nove, construído na intenção de saber se a Arquivologia, como área

interdisciplinar, poderia receber contribuições do cinema para uma firmação maior,

trouxe os seguintes resultados.

GRÁFICO 9: Arquivologia - contribuições do cinema para uma maior firmação

FONTE: Dados da pesquisa (2014)

Até o momento, a maior diferença percentual deste trabalho, com 96% os

discentes conseguem sim enxergar a arte cinematográfica como contribuinte forte no

96%

1% 3%

-10%

10%

30%

50%

70%

90%

110%

Sim Não Não Responderam

51

que condiz a dar uma maior firmação na Arquivologia. Diante desta confirmação,

importante avultar tais opiniões: “Filmes também são registros históricos, culturais e

informacionais.”, evidenciando ainda “Sim, por que em qualquer área o cinema

sempre será um meio dinâmico para retratar os fatos, a vida, a memória.”,

finalizando com a seguinte percepção “Por que o cinema está presente no cotidiano

social e aliado a isso se encontra a Arquivologia. Portanto, uma soma com o outro,

mas onde cada um contribui da sua maneira para a evolução do conhecimento.”

Entretanto, necessário citar, visto que foram dados obtidos, o 1% que acredita que o

cinema não contribui para uma firmação da Arquivologia e 3% que não opinaram

sobre a este questionamento.

Indagados sobre o motivo que os levaram a participar das exibições dos

filmes, os graduandos explicitam sobre a questão. Assim, o penúltimo gráfico trouxe

a seguinte conclusão.

GRÁFICO 10: Motivação que levou os discentes as exibições

FONTE: Dados da pesquisa (2014)

Os presentes nas exibições participaram devido a motivos distintos. Assim,

com 7% a sinopse do filme foi o convite, seguido por 28% de alunos que foram

interessados na abordagem do tema, conquistando 60% da escolha, os discentes

fizeram-se presentes devido a orientação do professor e amigos. Obtendo 2%

7%

28%

60%

2%

2%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%

Sinopse do filme

Abordagem do tema

Orientação do professor/amigos

Outros

Não Responderam

52

alguns alunos foram levados a sala de exibição por motivos não oferecidos na

questão, finalizando com também 2% graduandos que não responderam.

Finalizando a pesquisa realizada com os acadêmicos, a indagação foi para o

lado do saber se o cinema influencia na construção de uma memória social.

Representação gráfica do resultado abaixo.

GRÁFICO 11: Cinema influi na construção da memória social

FONTE: Dados da pesquisa (2014)

Com 72% os graduandos de Arquivologia consideram o cinema como um

influente na construção de uma memória social. Com isso, obteve 0% a opção que

nega essa afirmação, trazendo ainda 26% dos que acreditam que depende do filme

apresentado para que haja essa influência, terminando com 2% que não

responderam.

Para solidificar as alternativas “Sim” e “Depende do filme”, nessa ordem,

importante destacar as seguintes percepções “Muitas situações expostas no cinema

são de fato um espelho da sociedade, ao modo que cabe a nós visualizar de

ângulos distintos.” e “Há muitos filmes que são pura ficção, aliás, a maioria, somente

uma parte que pode influir na memória social de uma pessoa”. Claramente

posicionamentos diferenciados, mas válidos da mesma forma, pois o cinema fornece

esse espaço de reflexões amplas, encorajando o pensamento crítico.

Ademais, após toda a coleta e análise das questões, ficou a compreensão de

que o cinema de uma forma ou de outra faz parte do cotidiano dos discentes de

Arquivologia, sendo estes capazes, em sua maioria, de encontrar na sétima arte

72%

0%

26%

2%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

Sim Não Depende do filme Não Responderam

53

características que dialogam com a arquivística. Logo, nas próprias palavras dos

alunos, como visto durante o trabalho, há uma conexão satisfatória entre ambas as

partes.

5.3 A INTERAÇÃO COM O CORPO DOCENTE E SUAS CONTRIBUIÇÕES

Após a busca por uma compreensão mais profunda sobre as percepções dos

discentes de Arquivologia a respeito da pesquisa aqui construída, optou-se por

ampliar esse caminho, por expandir esse trilhar. Sendo assim, o corpo docente foi

convidado a participar mais intensamente, ou seja, os professores expuseram suas

ideias e seus questionamentos sobre o curso, o trabalho aqui desenvolvido e a

importância de estudos nesse campo do saber.

O professor não poderia ter faltado nessa pesquisa, pois em qualquer área do

saber é preciso um mestre para orientar e indicar a melhor escolha. Assim, a função

realizada pelos docentes de Arquivologia, utilizando o cinema, pode ser descrita,

muito particularmente, nas seguintes linhas,

Para tanto o educador utilizará métodos apropriados, não só pedagógicos, como aqueles que lhe fornece sua cultura cinematográfica. Ensinará como distinguir os gêneros e o valor duma película, sua técnica e mensagem, sua importância social e artística à luz de conhecimentos especializados (SÁ, 1967, p. 29).

Como escolha mais adequada para alcançar o propósito da pesquisa, foram

enviados a 11 professores, os que faziam uso do gênero audiovisual em sala de

aula, um questionário aberto, com cinco perguntas, relacionado às exibições do

Cineclube Mnemosýne, ao cinema e a Arquivologia. Logo, houve o retorno de 09

dos 11 questionários que serviram para a análise e a construção deste capítulo.

Com a opção de não revelar o nome dos partícipes que responderam ao

questionário aberto (ver termo em Anexo), estes foram batizados com a sigla (R)

respondentes.

A título de entender se os professores enxergavam na produção fílmica uma

forma a mais de incentivo ao aprendizado para os alunos, todos os questionados

responderam que a película fílmica, com certeza, é uma maneira direta, que

54

estimula novas percepções, podendo ampliar o diálogo entre o educador e o seu

educando.

R2 (2014): “Acho enriquecedor, pois contextualiza a teoria com o cotidiano, ou seja,

coloca o texto no contexto. A versatilidade pedagógica tem que existir para propiciar

um melhor pano de fundo para a produção do conhecimento.”

Para a segunda questão, a intenção foi saber se era frequente o docente

utilizar o gênero audiovisual no estímulo a seus alunos para as discussões em sala

de aula e quais os filmes que eles utilizavam. Desta forma, a maioria respondeu que

sim, muitas vezes utilizam filmes como apoio, apenas uma pessoa explicou que não

faz uso dessa ferramenta, mas que considerava uma falha; no entanto, buscava

levar para os discentes pequenos vídeos da internet.

No que concerne aos títulos escolhidos para as exibições, constatou-se

algumas coincidências nas escolhas. Exemplos: R7 (2014) “Obrigado por fumar, O

sonho Tcheco, A servidão moderna, Obsolescência programada, A história das

coisas, Ônibus 174, Ilha das Flores, entre outros”. Comparando a uma segunda

resposta R9 (2014) “Uma Cidade sem passado; Nós que aqui estamos por vós

esperamos; Narradores de Javé; O povo brasileiro; O Sonho Tcheco; Viva São João;

Fahrenheit 451” Observou –se “O sonho Tcheco” como opção de dois respondentes.

Buscando saber a visão dos questionados acerca da presença de um projeto

acadêmico que faz da arte cinematográfica uma ferramenta de interação entre os

discentes e seu curso, essa terceira questão revelou que todos comungaram da

mesma opinião, pois entendem que o projeto Cineclube Mnemosýne realiza uma

função importante dentro da academia, levando seus discentes a expandirem seus

conhecimentos, a dialogar sobre o que o filme pode proporcionar.

R1 (2014):

Acho bastante promissor. É uma iniciativa capaz de movimentar, de forma positiva, o curso. Como já dito anteriormente, vivemos numa sociedade midiatizada, na qual é insistente a presença dos meios de comunicação relacionada a mídia audiovisual na vida cotidiana dos indivíduos. Nesse contexto, o cinema já se estabeleceu como locus privilegiado de interesse por parte de pessoas de todas as idades e classes sociais. No entanto, por estar vinculado à indústria do entretenimento, existe a concepção um tanto quanto equivocada, de que não pode se prestar a uma Educação Superior “séria”. Eu vejo de outra forma; Vejo como a possibilidade de criar novos espaços lúdicos de interação entre os alunos do curso e entre alunos e

55

professores, como uma maneira de diminuir a passividade do aluno/telespectador, tornando-o crítico e reflexivo frente as produções cinematográficas. E, sobretudo, como uma possibilidade de desenvolver melhores resultados no processo ensino-aprendizagem, frente a uma educação superior também capaz de se fazer mais dinâmica e empolgante.

Ao chegar à quarta pergunta, o foco foi em saber qual (is) ponto (s)

chamaram mais a atenção dos professores após participarem das sessões do

Cineclube Mnemosýne. Diante do contexto, a maioria dos perguntados afirmou que

o objetivo do projeto, em extrair do cinema conhecimentos significativos que possam

ser relacionados a visões distintas, vem sendo alcançado, pois dialoga de forma

positiva com os discentes. Em destaque:

R3 (2014):

O debate instigado pelas sessões de cinema do Mnemosýne torna-se, talvez, o acontecimento mais rico em relação às reflexões que se estabelecem entre a arte cinematográfica e a vida. Na minha percepção, este é o fator primordial que faz com que os alunos apreendam o conteúdo e façam conexões com saberes e vivências.

Importante, ainda sobre a questão quatro, salientar que houveram também

observações feitas no imperativo da existência de que muitos discentes são

despreparados, de certa forma, pois o hábito de assistir a filmes com temáticas e

produções populares, pode impedir os alunos de captarem com mais ênfase

películas que fogem desse estilo mais comum, mais frequente das grandes telas

cinematográficas. R7 (2014) “Ponto negativo – a não preparação para que esses

alunos cheguem a uma sessão de cinema fora do eixo hollywoodiano com um olhar

mais atento. [...]”

Encerrando o questionário, procurou-se saber em qual proporção as exibições

de filmes podem alcançar um maior retorno informacional dentro das salas de aula.

Dentre observações distintas, mas que se completaram, os docentes coadunaram

que buscar caminhos, fora do contexto textual, é um convite interessante aos alunos,

é abrir uma oportunidade a mais de interagir com seus educandos.

R8 (2014):

Se maior estiver em relação às atividades desenvolvidas de modo expositivo em sala de aula, acredito que sim. Os filmes encantam e têm uma linguagem dinâmica, servindo como suporte para o docente. A proporção será maior ou menor, de acordo com o preparo do docente para a discussão, o que implica em domínio da temática do filme; e também da compreensão dos discentes que o filme não é um subterfúgio para deixar de dar aula.

56

Notável a participação dos educadores para este trabalho, pois a exposição

de ideias, de pensamentos e a absorção da proposta levada a eles, resultaram na

compreensão de que ferramentas diferenciadas daquelas usadas no cotidiano

existem para aprimorar não apenas o próprio corpo docente que faz uso delas, mas

também os alunos que estão em formação intelectual, no que condiz ao mundo da

academia e suas facetas.

57

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Profícuo campo de discussões, a Arquivologia vem estabelecendo bases

ativas, visto que possui aspectos de cunho interdisciplinar, ampliando as

possibilidades de inúmeros pesquisadores em buscar dialogar com tantas outras

disciplinas. Partindo desta afirmação, todo o trabalho construído até aqui é mais um

exemplo de que as pontes existem para serem atravessadas, visto que a sétima arte

foi mais uma ferramenta inserida no mundo amplo que cerca a Arquivística.

Imperativo relevar,

[...] uma disciplina não é a soma de tudo o que pode ser dito de verdadeiro sobre alguma coisa; não é nem mesmo um conjunto de tudo o que pode ser aceito, a propósito de um mesmo dado, em virtude de um princípio de coerência ou de sistemacidade. (FOCAULT, 1999, p. 31).

Torna-se interessante salientar que o enlaçar de ideias distintas, a fim de uma

discussão aprofundada, sobre definições e conceitos, é de grande relevância para

um entendimento mais amplo de diferentes áreas do saber.

“Um filme é como uma pessoa. É só dialogar com ele: o que podemos

perguntar-lhe, o que ele pode nos responder?” (BERNARDET apud BRUZZO, 1995,

p. 117). Com essa indagação, necessário refletir o quanto o cinema possui abertura

para expandir os conhecimentos daqueles que o apreciam. Portanto, interessante

citar o quanto o espaço proporcionado pelo Bloco Memória veio a comunicar-se

satisfatoriamente com palestrantes e alunos, os quais puderam questionar tanto as

películas quanto a si próprios a respeito do que lhes tinham sido apresentado.

Visualizando esses momentos reflexivos, entre os papéis exercidos pelo

professor e pelo aluno a respeito da troca informacional, importante citar Leivas

(2010, p. 83) que afirma o quanto o poder das imagens é de grande importância,

visto que ao procurar trabalhar com meios como filmes obtêm-se uma maior

eficiência nos resultados, pois os educandos afirmam aprender em maior grau,

manifestando atitudes consideráveis relacionadas ao que absorveram das películas.

A linguagem do cinema não encontra-se estagnada, visto que “A

complexidade da produção cinematográfica torna essencial a interpretação, a leitura

ativa do filme. [...] O processo ativo da interpretação é essencial para a análise do

cinema e para o prazer que ele proporciona”. (TURNER, 1997, p. 69). Isto posto, é

preciso examinar os muitos significados que os filmes podem trazer em uma única

58

película. Interessante, assim, as opiniões dos discentes a respeito da existência de

palestras após as exibições (ver quadro 2), os quais grande parte dos partícipes

entenderam que o auxílio dos professores poderia ajudar em uma interpretação mais

minuciosa acerca dos detalhes que a leitura fílmica possui.

Em constatação para essas linhas finais, não poderia deixar de evidenciar a

inserção de um espaço construído para abraçar um determinado público. Assim, a

prática do cineclube possui na verdade “uma grande mobilidade e adaptabilidade

historicamente e nos mais diversos ambientes sociais. Os cineclubes têm essa

característica orgânica, a democracia, que lhes permite superar a estagnação.”

(DAYER, 2013, p. 06). Logo, foi de experiência ímpar trabalhar no contexto do

cineclube, este que de fato é um instrumento transformador, contribuinte da

formação crítica.

Trazer o cinema para o contexto da Arquivologia, realizar uma pesquisa de

campo envolvendo discentes e docentes, analisar e compreender as reflexões e

discussões dos instrumentos aplicados foram fatores que possibilitaram um

entendimento maior sobre os caminhos existentes na Arquivística. Assim, este

estudo alcançou pontos significativos, ao mesmo tempo, em que se espera ter

ampliado novos horizontes para talvez futuras pesquisas de mesmo contexto.

A hipótese definida, é preciso salientar, foi confirmada, pois diante de todo o

percurso, com ênfase na análise – capítulo anterior – foi consumada a compreensão

de que a arte cinematográfica pode enriquecer o conhecimento arquivístico.

Instigando os futuros arquivistas, por meio de filmes, a refletirem sobre aspectos que

permeiam sua área.

Linguagens distintas, de abordagens amplas, porém focadas em um mesmo

ideal - conquistar um espaço no meio arquivístico. Intuito esse aqui debatido,

analisado através de construções recheadas de perspectivas múltiplas, seja do

mestre ou do seu discípulo. Saberes diferentes, mas que convergem de encontro a

uma linha igualitária. Incipiente ainda, em determinadas questões, a Arquivologia

não pode, nem deve restringir-se, tal qual o profissional da área, pois o arquivo não

deve findar em opiniões retrógradas em que é considerado como “morto”. É preciso

buscar caminhos maiores para ir além.

59

Meditando sobre a necessidade de novas conversas arquivísticas, essa

pesquisa foi idealizada, em um primeiro momento, através da veia da curiosidade:

“”E se?” pergunta comum, usada frequentemente por todos, mas que quando sai da

zona de conforto do pensamento, da dúvida e dos medos pode realmente tentar um

resultado novo. Compreendendo assim, essa etapa final acadêmica, a proposta

trazida espera ser mais um passo, mesmo que pequeno, na contribuição para o

campo arquivístico.

60

REFERÊNCIAS

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64

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO MISTO

QUESTIONÁRIO

Este questionário faz parte de uma pesquisa de campo, realizada para fins

acadêmicos, que tem por finalidade analisar a relação do Cinema com o Arquivo. Os

dados coletados serão utilizados na Monografia da aluna Lidyane da Silva Ferreira,

concluinte do curso de graduação em Arquivologia da Universidade Estadual da

Paraíba. Assim, pedimos que leiam com atenção todas as questões e respondam

com sinceridade. Sua identidade será preservada, ou seja, não haverá identificação

dos respondentes. Desde já agradecemos a contribuição.

Cineclube Mnemosýne – Bloco de Memória

1. Sexo

1.1. ( ) Masculino

1.2. ( ) Feminino

2. Qual sua faixa etária?

2.1. ( ) 16-20 anos

2.2. ( ) 21-24 anos

2.3. ( ) 25-30anos

UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

Centro de Ciências Biológicas e Sociais Aplicadas - Campus V João Pessoa – PB

Curso de Arquivologia

Missão: Formar profissionais éticos e competentes na área de Arquivologia, comprometidos com a

transformação e a valorização do ser humano para o exercício da cidadania.

65

2.4. ( ) 31 anos ou mais

3. Em que período do curso você se encontra?

3.1. ( ) 1º período

3.2. ( ) 2º período

3.3. ( ) 3º período

3.4. ( ) 4º período

3.5. ( ) 5º período

3.6. ( ) 6º período

3.7. ( ) 7º período

3.8. ( ) 8º período

3.9. ( ) 9º período

4. Qual turno você estuda?

4.1. ( ) Manhã

4.2. ( ) Noite

4.3. ( ) Manhã e noite

5. Com que frequência você assiste filmes:

5.1. ( ) Sempre que possível

5.2. ( ) Dificilmente

5.3. ( ) Nunca

6. Qual gênero de filme você mais gosta:

6.1. ( ) Ação

6.2. ( ) Comédia

6.3. ( ) Drama

6.4. ( ) Romance

6.5. ( ) Suspense

6.6. ( ) Terror

6.7. ( ) Outro (s). Qual (is)? .................................................................................

......................................................................................................................

66

7. Para você, antes de entrar na Universidade, a arte cinematográfica

constituía-se:

7.1.1. ( ) Em entretenimento, local de divertimento.

7.1.2. ( ) Além de diversão pode ser também um contribuinte para nossa

cultura.

8. Antes de assistir a exibição do Cineclube Mnemosýne, você já conhecia o

projeto, sabia qual a proposta dele?

..................................................................................................................................

..................................................................................................................................

...................................................................................................................................

9. Após assistir ao filme, quais as suas percepções acerca da abordagem da

película exibida?

..................................................................................................................................

..................................................................................................................................

...................................................................................................................................

10. Qual a sua opinião sobre haver palestra/debate acerca do filme apresentado,

após a exibição?

..................................................................................................................................

..................................................................................................................................

..................................................................................................................................

11. Você acha que a Arquivologia, como uma área de conhecimento

interdisciplinar, pode receber contribuições do cinema para uma firmação

maior?

11.1. ( ) Sim

11.2. ( ) Não

Justifique sua resposta: ..............................................................................

......................................................................................................................

67

12. A respeito desse bloco de memória do Mnemosýne, o que motivou você a

participar:

12.1. ( ) A sinopse do filme

12.2. ( ) A abordagem do tema

12.3. ( ) Veio apenas por orientação do professor ou amigos

12.4.( ) Outros:..............................................................................................

13. Para você o cinema influi na construção da memória social?

13.1. ( ) Sim, pois o cinema mesmo possuindo um ar, em muitas situações,

de entretenimento, é feito por um grupo que está inserido numa determinada

época, fazendo com que a realidade seja refletida.

13.2. ( ) Não, pois o cinema não reflete a realidade. Restringe-se apenas a

ficção, não influenciando no cotidiano de seus telespectadores.

13.3 ( ) Depende do filme que é abordado.

Justifique: .................................................................................................................

.................................................................................................................

68

APÉNDICE B – QUETIONÁRIO ABERTO

QUESTIONÁRIO

1. De que maneira o(a) senhor(a) percebe a utilização de produções

fílmicas como forma de incentivar o aprendizado dos discentes?

2. É frequente em suas aulas recorrer ao gênero audiovisual para

estimular o corpo discente a interagir melhor com os assuntos

debatidos em sala? Quais os filmes (títulos) utilizados?

3. Qual a sua visão acerca da existência de um projeto acadêmico que

utiliza o cinema como ferramenta para maior interação entre os

alunos com o curso de graduação?

4. Após participar das sessões do Projeto Cineclube Mnemosýne, o(a)

senhor(a) poderia destacar algum(ns) ponto(s), em contexto geral,

que possa ter chamado mais a sua atenção, seja algo de cunho

pessoal ou algo voltado para os alunos?

5. Concluindo nosso questionário, em que proporção, a exibição de

películas fílmicas propicia um retorno informacional maior para as

discussões em sala de aula?

UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

Centro de Ciências Biológicas e Sociais Aplicadas - Campus V João Pessoa – PB

Curso de Arquivologia

Missão: Formar profissionais éticos e competentes na área de Arquivologia, comprometidos com a

transformação e a valorização do ser humano para o exercício da cidadania.

69

APÊNDICE C – CARTAZES DO BLOCO MEMÓRIA

70

71

72

73

ANEXO A – TERMO DE CONSENTIMENTO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidado(a) como voluntário(a) a participar da pesquisa:

“CINECLUBE MNEMOSÝNE: os ‘encantos’ do cinema no contexto da Arquivologia”,

desenvolvida para a elaboração do Trabalho de Conclusão do Curso da discente

Lidyane da Silva Ferreira, sob a orientação da professora Maria José Cordeiro de

Lima (Mara), ambas do curso de Bacharelado em Arquivologia da UEPB.

A pesquisa tem por objetivo caracterizar sessões de cinema sobre temas

arquivísticos que (re) dimensionem a reflexão e o conhecimento interdisciplinar

sobre a área. Isto posto, acreditamos que esse trabalho possa contribuir com a

produção do conhecimento sobre a Arquivologia. Com isso, você responderá um

questionário com perguntas acerca de sua opinião sobre o tema da pesquisa e suas

nuances no campo arquivístico.

Sua participação é voluntária e você poderá retirar o seu consentimento ou

interromper a participação a qualquer momento, sem nenhum tipo de prejuízo ou

retaliação. Durante todo o período da pesquisa você poderá pedir qualquer

esclarecimento. Acrescentamos que você não terá despesa e não receberá

remuneração pela participação na pesquisa.

Os pesquisadores irão tratar a sua identidade com padrões profissionais de

sigilo. Os resultados permanecerão confidenciais. Seu nome ou o material que

indique a sua participação não será liberado sem a sua permissão. Você não será

identificado(a) em nenhuma publicação que possa resultar deste estudo.

João Pessoa, 04 de Junho de 2014.

74

____________________________________________

Lidyane da Silva Ferreira

Graduanda do Curso Bacharelado em Arquivologia – UEPB

[email protected]/(83) 8612-8919

____________________________________________

Professora Maria José Cordeiro de Lima

Docente do Curso de Bacharelado em Arquivologia – UEPB

[email protected]/(83) 8801-2300

75

ANEXO B – TERMO DE CESSÃO DE USO

TERMO DE CESSÃO DE USO DE VOZ, TEXTO E DADOS BIBLIOGRÁFICOS.

Eu,_______________________________________________________

declaro que autorizo, de forma gratuita e sem ônus, a divulgação da minha

entrevista, para fins de exercício sobre as técnicas de coleta de dados de pesquisa,

desenvolvido para TCC (monografia) do Curso Bacharelado em Arquivologia da

Universidade Estadual da Paraíba.

Tenho conhecimento que a referida entrevista está sendo realizada pela

graduanda concluinte Lidyane da Silva Ferreira, matrícula 091530172 sob a

orientação do Professor (a) Maria José Cordeiro de Lima para o TCC intitulado

Cineclube Mnemosýne: os ‘encantos’ do cinema no contexto da Arquivologia.

Estou ciente de que as informações contidas em minha entrevista poderão ser

apresentadas em outras atividades e publicações acadêmicas, sempre, sem fins

lucrativos e resguardando minha identidade.

João Pessoa, 02 de Julho de 2014.

____________________________________________

Assinatura do entrevistado

76

ANEXO C – RESPOSTAS DO QUESTIONÁRIO ABERTO

RESPOSTAS DOS DOCENTES DO CURSO DE ARQUIVOLOGIA DA

UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA (UEPB) AO QUESTIONÁRIO

ABERTO DE PESQUISA

1. De que maneira o(a) senhor(a) percebe a utilização de produções

fílmicas como forma de incentivar o aprendizado dos discentes?

R1: No geral, de uma forma extremamente positiva. Bem, desde de que não tenha

um mero valor ilustrativo de conteúdo, representa a possibilidade de ampliar o

debate e elevar o interesse dos alunos pelas aulas. Além disso, o uso de produções

fílmicas em sala de aula tem o mérito de desenvolver a capacidade crítica e permite

que o aluno estabelecer relações diversas com o conteúdo ensinado e expresso em

diferentes meios e linguagens.

R2: Acho enriquecedor, pois contextualiza a teoria com o cotidiano, ou seja, coloca o

texto no contexto. A versatilidade pedagógica tem que existir para propiciar um

melhor pano de fundo para a produção do conhecimento.

R3: A linguagem audiovisual é um importante recurso didático-pedagógico de apoio

à metodologia de ensino, haja vista que contextualiza e vivifica conteúdos que se

tornam mais concretos para demandar reflexões teórico-práticas mais aprimoradas.

R4: A produção cinematográfica, além do aspecto lúdico em sala de aula, possibilita

a ampliação do diálogo que muitas vezes não ocorre entre docente e discentes.

Permite também a percepção de questões práticas que apenas os exemplos dos

docentes não dá uma compreensão do assunto abordado.

77

R5: Fundamental. Estamos vivendo um momento de transição na forma de

percepção e compreensão da realidade. O advento de uma juventude que cada vez

mais se forma sob a égide de uma sociedade informacional exige que recursos os

audiovisuais sejam explorados de forma mais intensas.

R6: Considero fundamental a utilização de outras metodologias de ensino para

contextualizar temas frequentes em sala de aula, inclusive produções fílmicas. O uso

desta estratégia incentiva o aprendizado e propõem novas formas interpretativas

para os discentes refletirem e associarem com o conteúdo ministrado em sala de

aula.

R7: Essencial, pois o conteúdo audiovisual é ágil, direto, cativante e, especialmente

no Brasil, seduz – pois temos uma sociedade esmagadoramente visual, com TVs em

praticamente todos os lares. Assim, essa linguagem pode e deve ser usada também

com fins pedagógicos.

R8: As produções fílmicas contribuem para a compreensão de conteúdos

programáticos, pois a linguagem cinematográfica é atrativa. As imagens em

movimento são aliadas para favorecer a dinâmica das aulas, principalmente, no

turno da noite. Independente do turno, eu acho que é uma forma prazerosa de

aprender.

R9: O cinema por si só já traz uma carga didática para discutir diversas realidades.

Além, de levar o discente a utilizar outros sentidos sensórias para pensar as

temáticas dos componentes curriculares.

78

02. É frequente em suas aulas recorrer ao gênero audiovisual para

estimular o corpo discente a interagir melhor com os assuntos

debatidos em sala? Quais os filmes (títulos) utilizados?

R1: Sim. Na verdade, a disciplina de História é bastante favorecida pela quantidade

de filmes que trazem como temática acontecimentos históricos. Há ainda a questão

de que o mundo em que vivemos mantém uma relação intensa com a imagem

(somos uma sociedade visual) e a possibilidade de “visitar” os tempos idos através

de filmes e estabelecer a relação existente entre passado ( representado no filme) e

presente (contexto de produção e recursos filmográficos) é bastante interessante. Já

fiz uso de vários títulos, mas irei citar os mais recorrentes: “Narradores de Javé”; “A

lista de Shindler”; “O Nome da Rosa”; “A Guerra do Fogo”; “Ágora”.

R2: Depende do conteúdo a ser abordado, do momento com a turma e da

maturidade da mesma em entender esse artifício pedagógico. Os debates a

posteriori são sempre acalorados e no geral a ferramenta pedagógica é muito bem

vinda. Alguns filmes que utilizo são: O DIABO VESTE PRADA, OS ESTAGIÁRIOS,

FORMIGUINHA Z entre outros.

R3: Sim! Nos últimos tempos, utilizei “O diabo veste Prada”, “Bob Esponja”,

“Inteligência Artificial” e “Matrix”.

R4: Atualmente não estou utilizando tanto este recurso pedagógico, pois o tempo

em sala está ficando cada vez mais reduzido para o repasse de conteúdo. Utilizo,

principalmente, no P1 os filmes com a temática da memória e no P5 com temática

na tecnologia

R5: Sim, utilizo com muita frequência filmes de ficção e documentários. Os filmes

que trabalho com maior frequência são:

79

Desmundo (ficção); 1492, A Conquista do Paraíso (ficção); O Povo Brasileiro

(documentário); Hiato (documentário); Casa Grande e Senzala (documentário);

Raízes do Brasil (documentário); Pierre Verger: mensageiro entre dois mundos

(documentário)

R6: Infelizmente não faço muito uso do gênero audiovisual, entretanto, considero

uma grande falha. Quando uso, busco pequenos vídeos disponíveis na rede que se

relaciona com a temática ministrada.

R7: Muito frequente. Não apenas projeto vídeos/filmes como indico ou posto no

grupo links para outras produções, que podem extrapolar o tempo de sala de aula.

Alguns dos títulos usados em sala de aula são (ou foram): “Obrigado por fumar”, “O

sonho Tcheco”, “A servidão moderna”, “Obsolescência programada”, “A história das

coisas”, “Ônibus 174”, “Ilha das Flores”, entre outros.

R8: Napolitano (2003), no seu livro Como usar o cinema na sala de aula, incentivou-

me a usar filmes na sala de aula. Contudo, ultimamente, não os utilizo com a

frequência que gostaria, mas pretendo intensificá-la. Os filmes que utilizo, em

Metodologia Científica: Homo sapiens, 1900; O óleo de Lorenzo e O nome da Rosa.

Quando lecionei Organização no Enfoque Sociológico e Psicológico, no ano de 2013,

planejei usar os filmes ‘Tempos Modernos’ e ‘Filadélfia’, mas por conta do

Movimento Vem Pra Rua, utilizei os vídeos das manifestações.

R9: Sim, a cada semestre, de acordo com o componente ministrado exibo

produções cinematográficas. Segue a lista dos filmes:

Uma Cidade sem passado; Nós que aqui estamos por vós esperamos; Narradores

de Javé; O povo brasileiro; O Sonho Tcheco; Viva São João; Fahrenheit 451.

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03. Qual a sua visão acerca da existência de um projeto acadêmico que

utiliza o cinema como ferramenta para maior interação entre os alunos

com o curso de graduação?

R1: Acho bastante promissor. É uma iniciativa capaz de movimentar, de forma

positiva, o curso. Como já dito anteriormente, vivemos numa sociedade midiatizada,

na qual é insistente a presença dos meios de comunicação relacionada a mídia

audiovisual na vida cotidiana dos indivíduos. Nesse contexto, o cinema já se

estabeleceu como locus privilegiado de interesse por parte de pessoas de todas as

idades e classes sociais. No entanto, por estar vinculado à indústria do

entretenimento, existe a concepção um tanto quanto equivocada, de que não pode

se prestar a uma Educação Superior “séria”. Eu vejo de outra forma; Vejo como a

possibilidade de criar novos espaços lúdicos de interação entre os alunos do curso e

entre alunos e professores, como uma maneira de diminuir a passividade do

aluno/telespectador, tornando-o crítico e reflexivo frente as produções

cinematográficas. E, sobretudo, como uma possibilidade de desenvolver melhores

resultados no processo ensino-aprendizagem, frente a uma educação superior

também capaz de se fazer mais dinâmica e empolgante.

R2: Acho maravilhoso. Principalmente para o curso de arquivologia que trabalha

com memória, história e informação. Informação só gera poder quando produz

conhecimento, e essa trajetória metodológica fala por si só.

R3: Toda e qualquer iniciativa didático-pedagógica que invista em maximizar a

dinâmica dos processos de ensino-aprendizagem é bem-vinda! O cinema é uma

linguagem complexa e consegue situar reflexões práticas de forma intensa. Assim,

avalio como proveitosa e cabível a utilização do cinema em sala de aula,

independente do nível de ensino.

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R4: Considero importante a proposta do projeto, pois não fica apenas na questão

lúdica da apresentação cinematográfica, mas sim incentivar um diálogo sobre o

conteúdo da sala de aula e a linguagem que o filme proporciona.

R5: Muito importante. No meu ponto de vista, a partir do campo de discussões

sociológicas que o projeto suscita. A proposta deve ser incentivada e expandida.

R6: Acho muito interessante a proposta do projeto, pois propõem aos discentes

novas perspectivas de aprendizado. Além disso, aproxima os discentes dos

conteúdos discutidos em sala de aula.

R7: Vejo com muito carinho a iniciativa e participo sempre que posso. Pena

perceber que, em contrapartida, nem sempre o público-alvo do projeto corresponde

a esse carinho.

R8: Muito interessante. Com filmes com histórias bem próximas da realidade e até

mesmo apresentando histórias verídicas, possibilitam ricas discussões. Penso que o

Cineclube Mnemosýne reflete a missão do curso de Arquivologia, além de ir ao

encontro do que defende Severino (2007), no que diz respeito à tríplice dimensão da

formação universitária: científica, profissional e política. No caso do projeto, percebi

a ênfase política e social, o que vejo positivamente, pois assim se contribui para que

os arquivistas formados na UEPB não tenham uma formação com ‘peso’ tecnicista.

R9: Projetos como o Mnemosýne são de extrema importância para divulgar e criar

uma boa cultura em relação a sétima arte e sobretudo para mediar, de forma

didática , diálogos pertinentes a área da arquivologia no que concerne a informação,

memória e cultura.

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04. Após participar das sessões do Projeto Cineclube Mnemosýne, o(a)

senhor(a) poderia destacar algum(ns) ponto(s), em contexto geral, que

possa ter chamado mais a sua atenção, seja algo de cunho pessoal ou

algo voltado para os alunos?

R1: Bem, me chamou a atenção a possibilidade, proporcionada pelo Cineclube, de

realização de uma atividade interdiscipliplinar, desenvolvida através do debate,

gerado após a exibição dos filmes. As discussões, marcadas pela diversidade de

pontos de vista, me parecem cumprir a função de garantir o bom aproveitamento do

lúdico com fins de aprendizado.

R2: Sempre existem pontos positivos, podemos ressaltar que as sessões do projeto

Cineclube Mnemosýne propicia a interação entre os alunos dos diversos períodos,

integrando saberes distintos seja para quem esta no começo ou no final do curso.

R3: O debate instigado pelas sessões de cinema do Mnemosýne torna-se, talvez, o

acontecimento mais rico em relação às reflexões que se estabelecem entre a arte

cinematográfica e a vida. Na minha percepção, este é o fator primordial que faz com

que os alunos apreendam o conteúdo e façam conexões com saberes e vivências.

R4: Na minha percepção boa parte dos alunos ainda não perceberam a importância

destes espaços de diálogo extraclasse, pois houve muita evasão, principalmente no

momento do debate.

R5: Destacaria a carência de referências cinematográficas de qualidade da maioria

dos estudantes e um grande desconhecimento factual sobre os contextos

apresentados nas películas.

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R6: Achei muito interessante a participação e interação dos discentes, que se

fizeram presentes em todas as sessões. Isso demonstra o sucesso do projeto e que

o objetivo vem sendo cumprido com muita propriedade.

R7: Ponto positivo – a escolha dos títulos, sempre em um contexto de aprendizado,

sem perder o prazer da sétima arte.

Ponto negativo – a não preparação para que esses alunos cheguem a uma sessão

de cinema fora do eixo hollywoodiano com um olhar mais atento. Isso pode ser feito

em sala, antes das sessões, em um contexto de dramaturgia, direção, época de

produção do filme etc...

R8: Penso que os comentários da pergunta anterior já adiantaram a resposta desta

questão. Apenas acrescento que tenho um certo encantamento pela diversidade das

temáticas abordadas nos filmes do projeto.

R9: Percebo que ainda é necessária, por parte dos alunos, uma maior compreensão

de estilos de filmes que fogem ao “cinemão”. Porém as sessões realizadas em bloco

foram de grande aceitação e gerou debates relevantes para o contexto arquivístico.

05. Concluindo nosso questionário, em que proporção, a exibição de

películas fílmicas propicia um retorno informacional maior para as

discussões em sala de aula?

R1: Como já faz algum tempo que eu sou adepta do uso de filmes em sala de aula,

posso afirmar que, no que se refere ao desempenho da turma, existe sempre um

retorno satisfatório expresso na capacidade de estabelecer relações entre o

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conteúdo presente nos textos ministrados em sala de aula e as informações trazidas

pelas exibições filmográficas.

R2: Não usaria esse contexto – “retorno informacional maior “ – defendo a idéia da

distinção de saberes, das formas, e dos contextos. É inegável que através de um

filme, o conjunto contextual propicia um entendimento muito grande, mas fazer o link

interpretativo somente no debate elucubra-se o verdadeiro potencial de ação.

R3: Primeiro, na intenção do professor em relacionar o conteúdo da ementa com o

filme; segundo, a linguagem rica e sedutora do audiovisual consegue chamar mais

atenção por parte dos alunos; terceiro, todo tipo de recurso didático torna-se

importante para o processo de aprendizagem. Nesse aspecto, o filme é um dos

recursos mais significativos que existem para se apropriar e redimensionar

informações.

R4: Os alunos, aguçados pelo filme tem maior percepção da dinâmica de alguns

conteúdos e, ao ouvir o debate, ele também tem o entendimento de outros

professores sobre o tema o que enriquece a discussão em sala ou a própria

compreensão do aluno.

R5: Acredito que as exibições devam ser ponderadas de acordo com a área e

familiaridade dos professores com os recursos áudio-visuais. No meu caso em

particular, talvez numericamente essa proporção gire em torno de 25% do tempo do

curso, propicia um retorno elevado, pois a linguagem fílmica pode proporcionar uma

experiência sensorial e cognitiva sobre as realidades em tela que a maioria dos

estudantes não domina atualmente. A experiência tridimensional das ideias e

conceitos, além da discussão e produção textual sobre o material exibido torna-se

assim um grande aliado diante do desafio de ensinar em um ambiente cada vez

mais marcado por nativos digitais.

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R6: As produções fílmicas são muito relevantes para as discussões em sala de aula.

Através do filme apresentado, fiz inúmeras referencias para contextualizar o tema

que estava sendo ministrando: Memória social. Isso revela que a utilização desta

estratégia só vem somar esforços na construção do aprendizado.

R7: No meu ponto de vista, em grande proporção. Consigo usar com freqüência

exemplos de cenas assistidas, de roteiros inteiros comentados ou da postura de um

personagem para dialogar com meus alunos.

R8: Se maior estiver em relação às atividades desenvolvidas de modo expositivo em

sala de aula, acredito que sim. Os filmes encantam e têm uma linguagem dinâmica,

servindo como suporte para o docente. A proporção será maior ou menor, de acordo

com o preparo do docente para a discussão, o que implica em domínio da temática

do filme; e também da compreensão dos discentes que o filme não é um subterfúgio

para deixar de dar aula.

R9: Totalmente! Outra linguagem, diferente da textual, possibilita outras formas de

pensar e discutir questões pontuais e subjetivas da área.