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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE DA FAMÍLIA LÚCIA APARECIDA DE SOUZA A RELAÇÃO ENTRE OS ATRIBUTOS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE E O PERFIL DAS INTERNAÇÕES DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO Rio de Janeiro 2016

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE DA FAMÍLIA

LÚCIA APARECIDA DE SOUZA

A RELAÇÃO ENTRE OS ATRIBUTOS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE E O

PERFIL DAS INTERNAÇÕES DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Rio de Janeiro

2016

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LÚCIA APARECIDA DE SOUZA

A RELAÇÃO ENTRE OS ATRIBUTOS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE E O

PERFIL DAS INTERNAÇÕES DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Dissertação apresentada como requisito parcial

para obtenção do grau de Mestre em Saúde da

Família, pelo programa de Pós-Graduação em

Saúde da Família, na linha de pesquisa

Diagnósticos Locais e Cuidados Básicos em

Saúde da Família, da Universidade Estácio de Sá.

Orientador: Prof. Dr. Ricardo de Mattos Russo

Rafael

Rio de Janeiro

2016

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S729r Souza, Lúcia Aparecida de

A relação entre os atributos da atenção primária à saúde e o perfil das

internações de um hospital universitário. / Lúcia Aparecida de Souza. – Rio de

Janeiro, 2016.

131f. ; 30cm.

Dissertação (Mestrado em Saúde da Família)-Universidade Estácio de Sá,

2016.

1. Saúde pública- estatísticas- Brasil. 2.Indicadores de saúde. 3. Atenção

primária à saúde. 4.Hospital universitário. I. Título.

CDD 614.021

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Dedico este trabalho a Deus,

Aos meus pais, José e Therezinha (in

memoriam),

E aos meus filhos, Ricardo e Beatriz.

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AGRADECIMENTOS

A Deus que, em sua infinita bondade, guiou meus passos ao longo desta caminhada.

Sem Ele, certamente não teria alcançado a vitória.

Aos meus pais, que me ensinaram o caminho da verdade, da honestidade e do amor.

Vocês me deram e dão o melhor exemplo de vida.

Aos meus filhos, por quem acordo todos os dias e agradeço o privilégio de tê-los ao meu

lado. Sem vocês, eu nada seria. Por vocês, eu cheguei até aqui.

Aos meus familiares, de sangue e de coração, pilares na minha vida e pessoas que amo

intensamente. É reconfortante saber que tenho uma família ímpar, que vibra, torce, sorri e chora

junto. Saibam que foi muito difícil abdicar de momentos juntos de vocês e que esta conquista é

compartilhada. Vocês são uma dádiva de Deus na minha vida!

Ao professor Dr. Ricardo de Mattos Russo Rafael, orientador que acompanhou cada

passo desta jornada e que não me deixou desistir e nem fraquejar. Sobrou competência,

dedicação, compreensão, carinho, amor e paciência. Um verdadeiro exemplo de mestre!

Às professoras Dra. Anna Tereza Soares de Moura e Dra. Mercedes Neto, integrantes

da banca examinadora, pelas contribuições que, com certeza, qualificaram esta dissertação.

Vocês foram fundamentais na conclusão deste mestrado e certamente fazem parte da minha

trajetória.

A todos os professores do Mestrado Saúde da Família, da Universidade Estácio de Sá,

que, incansavelmente, moldaram a profissional que sou hoje. Eu e meus colegas, certamente,

somos pessoas melhores e mais capazes.

A todos os meus colegas do mestrado, anjos que deram apoio e incentivo. Juntos,

fizemos mais.

Aos funcionários da Universidade Estácio de Sá, Campus Arcos da Lapa, pelo

acolhimento e dedicação em tornar momentos difíceis do passado em doces histórias agora e

no futuro.

A todos os pacientes que contribuíram para a realização desta dissertação que, mesmo

enfrentando situações delicadas em suas vidas, concederam seu tempo sem pedir nada em troca.

Aos profissionais do Hospital Universitário da UFJF, independente da formação,

categoria, cargo, função ou vínculo. Aqui vai o meu agradecimento por fazerem parte da minha

formação tanto quanto da minha história.

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À equipe que brilha na UTI do HU/UFJF, pelo carinho, incentivo, compreensão,

abraços, risos e, principalmente, amizade.

Aos enfermeiros do HU/UFJF que participaram e contribuíram de forma única e

cativante durante o processo de construção da dissertação.

Às enfermeiras do grupo sala de espera, mulheres de garra que transformaram um

projeto em novas formas de ensinar e de ver a vida. Que esta experiência continue permitindo

que mais capítulos da nossa história sejam escritos, sempre com a certeza de que somente a

união é capaz de suplantar qualquer desafio.

Aos velhos e novos amigos, que contribuíram não somente para o Título, mas para que

me tornasse uma pessoa melhor... Guardo todos na lembrança e no coração. As páginas do meu

livro da vida estão preenchidas por pedacinhos de cada um de vocês.

Aos amigos que contribuíram na revisão técnica deste trabalho. Em momentos de “leve”

desespero, vocês estiveram ao meu lado. Mais uma prova de que o triunfo só é alcançado em

equipe.

Aos que não estão diretamente citados aqui, mas que, de alguma maneira, contribuíram

para o sucesso deste projeto. Vocês transformam o meu mundo em um lugar melhor. Por isso,

recebam o meu muito obrigada!

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"Se eu pudesse deixar algum presente a você,

deixaria aceso o sentimento de amar a vida dos

seres humanos.

A consciência de aprender tudo o que foi ensinado

pelo tempo afora...

Lembraria os erros que foram cometidos para que

não mais se repetissem.

A capacidade de escolher novos rumos.

Deixaria para você, se pudesse, o respeito àquilo

que é indispensável:

Além do pão, o trabalho.

Além do trabalho, a ação.

E, quando tudo mais faltasse, um segredo:

O de buscar no interior de si mesmo a resposta e

a força para encontrar a saída."

MAHATMA GANDHI

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RESUMO

Objetivo: refletir sobre a relação entre os atributos da Atenção Primária à Saúde e o perfil de

internações de adultos da unidade de clínica médica de um Hospital Universitário de Juiz de

Fora. Método: estudo transversal de base hospitalar, com uma amostra constituída de 197

pacientes internados na unidade de clínica médica do hospital. Foi aplicado um questionário

multidimensional, o Primary Care Assessment Tool–BRASIL adulto versão reduzida, e a Lista

brasileira de Condições Sensíveis à Atenção Primária. Foram calculas as médias, proporções,

razões de prevalência e os intervalos de confiança a 95%. Nas análises bivariadas foi calculado

o p-valor, utilizando o Teste Exato de Fisher. O ajustamento do modelo ocorreu por técnica de

regressão logística condicional e não-condicional. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética

em Pesquisa do Hospital Universitário da UFJF, sob o protocolo nº 1.427.653. Principais

resultados: as internações por condições sensíveis à atenção primária representaram 20,8%

(IC95%: 15.7/27.1) das hospitalizações. A atenção primária esteve presente em somente 49,7%

(IC95%: 42.7/56.7) dos cuidados prestados à população investigada, estando também associada

às internações por condições sensíveis à atenção primária (RP: 2,06; IC95%: 1,3/5,5),

especialmente na interação com o baixo grau de orientação no atributo de primeiro contato (RP:

5,3%; IC 95%: 1,7/16,6). Conclusão: de modo contraditório ao identificado em muitos estudos,

a presença da atenção primária esteve associada a este tipo de internação, principalmente diante

do baixo desempenho dos atributos, trazendo à reflexão que não basta somente a prestação de

serviços, sendo necessário repensar a forma de execução das intervenções. Contribuições ao

cenário: Os resultados colaboram para a reflexão sobre o papel do HU como ponto de cuidado

articulado na rede. A contrarreferência, como dispositivo integrador, também é instrumento a

ser desenvolvido nos sistemas, sobretudo como estratégia que norteia e reforça os atributos de

coordenação do cuidado e integralidade na Atenção Primária e na Rede como um todo.

Descritores: Sistema de Saúde; Atenção Primária; Hospital Universitário; Indicador de Saúde

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ABSTRACT

Objective: This study aims to reflect on the relationship between the attributes of the Primary

Health Care and the profile of adult’s hospitalization of the clinical unit in a University Hospital

from Juiz de Fora. Method: The subjects studied were 197 patients from the internal medicine

unit of the university hospital. The method used was a cross-sectional study where a

multidimensional questionnaire, the Primary Case Assessment tool, and the Brazilian list of the

Primary Health Care sensitive conditions where applied. Mean values, proportions, prevalence

ratios, and 95% confidence intervals were calculated. The bivariate analysis with p-value was

calculated using the Fisher exact test. Model adjustment was performed by the use of the

conditional and non-conditional logistic regression technique. The study was approved by the

Research Ethics Committee of the Federal University of Juiz de Fora, Minas Gerais State

(Protocol #1,427.653). Main results: Sensitive conditions accounted for 20.8% (95% CI:

15.7/27.1) of the hospitalizations; Primary attention was present in only 49.7% (95% CI:

42.7/56.7) of the investigated health care population, being also associated with hospitalizations

due to the sensitive conditions to the Primary Health Care (RP: 2,06; IC95%: 1,3/5,5), e (RP:

2.06; 95% CI: 1.3/5.5), especially in the interaction with the low degree of orientation in the

first contact attribute (RP: 5.3%; IC 95%: 1.7/16.6). Conclusion: Contrary to the findings from

other studies, the presence of the Primary Health Care in this study was associated with this

type of hospitalization, especially in view of the poor performance of the attributes. This

provides the reflection that it is not enough to provide only the services, but also it is necessary

to rethink the procedures for the implementation of the interventions. Inputs to the scenario:

Through the results it was possible to rethink the place and the role of the University Hospital

as a teaching and research field, but above all, as an articulated point of care in the network.

The counter-reference as an integrator tool shall be also developed in systems, particularly as a

strategy to guide and strengthen the coordination of the coordinating care attributes and

completeness in the Primary Health Care and in the overall network.

Descriptors: Health systems; Primary health care; Hospitals, university; Health status

indicators.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Macrorregiões de Saúde de Minas Gerais. ............................................................... 46

Figura 2: Microrregião de Juiz de Fora/Bom Jardim de Minas/Lima Duarte .......................... 47

Figura 3: Carta de serviços ao cidadão..................................................................................... 49

Artigo II

Figura 1: Grau de orientação e extensão dos atributos essenciais e derivados da APS em

amostra de pacientes internados no Hospital Universitário de Juiz de Fora, 2016 .................. 78

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Organização dos resultados a partir da relação entre os objetivos do estudo e os

artigos produzidos .................................................................................................................... 55

Artigo I

Tabela 1 – Caracterização sociodemográfica e econômica dos pacientes internados no setor de

clínica médica de um Hospital Universitário de Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. 2016

.................................................................................................................................................. 60

Tabela 2 – Perfil de utilização dos serviços de saúde a partir de pacientes internados no setor de

clínica médica de um Hospital Universitário de Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. 2016

.................................................................................................................................................. 61

Tabela 3 – Perfil de acompanhamento de saúde a partir de pacientes internados no setor de

clínica médica de um Hospital Universitário de Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. 2016...... 62

Tabela 4 – Perfil de internação no setor de clínica médica de um Hospital Universitário de Juiz

de Fora em função dos capítulos da Classificação Internacional de Doenças e Problemas

relacionados à Saúde (CID-10) e das Condições Sensíveis à Atenção Primária. Minas Gerais,

Brasil. 2016. ........................................................................................................................... 63

Artigo II

Tabela 1 – Análise bivariada da relação das características sociodemográficas com a presença e

a orientação dos atributos da APS. Hospital Universitário de Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil.

2016………………………………………………………………………………………… 78

Tabela 2 – Análise bivariada das características de acompanhamento de saúde com a presença

e a orientação dos atributos da APS. Hospital Universitário de Juiz de Fora, Minas Gerais,

Brasil. 2016. ........................................................................................................................... 79

Artigo III

Tabela 1 – Análise bivariada das Condições Sensíveis à Atenção Primária em função das

características sociodemográficas de pacientes internados no setor de clínica médica do

Hospital Universitário de Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. 2016. ...................................... 91

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Tabela 2 – Análise bivariada e de regressão logística das Condições Sensíveis à Atenção

Primária e as variáveis de acompanhamento de saúde em pacientes internados na clínica médica

sobre a extensão e a orientação da APS. Hospital Universitário de Juiz de Fora, Minas Gerais,

Brasil. 2016. ............................................................................................................................ 92

Tabela 3 – Análise bivariada e de regressão logística das Condições Sensíveis à Atenção

Primária em função da percepção de pacientes internados na clínica médica sobre a extensão e

a orientação da APS. Hospital Universitário de Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. 2016....... 93

Tabela 4 – Análise logística condicional da presença da Atenção Primária em função da baixa

extensão dos atributos percebidos pelos pacientes internados na clínica médica do Hospital

Universitário de Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. 2016………………………………….. 94

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABEP Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa

ACISPES Agência de Cooperação Intermunicipal em Saúde Pé da Serra

ACS Agente Comunitário de Saúde

AIH Autorizações de Internação Hospitalar

APS Atenção Primária à Saúde

CAS Centro de Atenção à Saúde

CGR Colegiados de Gestão Regional

CID Classificação Internacional de Doenças

CMC Central de Marcação de Consultas

CMV Centro Mais Vida

CNES Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde

COAP Contrato Organizativo da Ação Pública

CONASS Conselho Nacional de Secretários de Saúde

CSAP Condições Sensíveis à Atenção Primária

DF Distrito Federal

EBSERH Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares

ESF Estratégia Saúde da Família

EUA Estados Unidos da América

FUNRURAL Fundo de Assistência e Previdência do Trabalhador Rural

HE Hospital Escola

HUE Hospital Universitário e de Ensino

HU/UFJF Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICE Instituto das Clínicas Especializadas ICSAP Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária

IDH Índice de Desenvolvimento Humano

INAMPS Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social

LOS Lei Orgânica da Saúde

MEC Ministério da Educação

MG Minas Gerais

MS Ministério da Saúde

MS/MEC Ministério da Saúde/Ministério da Educação

MS/SAS Ministério da Saúde/Secretaria de Atenção à Saúde

NOAS Normas Operacional da Assistência à Saúde

NOB Norma Operacional Básica

OMS Organização Mundial de Saúde

OPAS Organização Pan-Americana da Saúde

PACS Programa de Agentes Comunitários em Saúde

PCATool Primary Care Assessment Tool

PDR/MG Plano Diretor de Regionalização/Minas Gerais

PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

PRD/MG Plano Diretor de Regionalização do Estado de Minas Gerais

PSF Programa Saúde da Família

RAS Rede de Atenção à Saúde

REHUF Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários

Federais

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RP Razão de Prevalência

SAMU Serviço de Atendimento Móvel de Urgência

SAS Secretaria de Assistência à Saúde

SAS/JF Secretaria de Assistência Social de Juiz de Fora

SAP Sensível à Atenção Primária

SMS/PJF Secretária de Saúde do Município de Juiz de Fora

SESP Serviço Especial de Saúde Pública

SES/MG Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais

SIH Sistema de Informações Hospitalares

SINPAS Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social

SUS Sistema Único de Saúde

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UAPS Unidades de Atenção Primária à Saúde

UBS Unidade Básica de Saúde

UPA Unidade de Pronto Atendimento

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 16

2 REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................................... 19

2.1 POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE E SUAS INFLUÊNCIAS NA FORMAÇÃO

DAS REDES DE ATENÇÃO ....................................................................................................... 19

2.2 REFLEXÕES SOBRE A ATENÇÃO PRIMÁRIA E A REDE DE ATENÇÃO À

SAÚDE ................................................................................................................................. 22

2.2.1 O acesso de primeiro contato do indivíduo com o sistema de saúde ...................... 25

2.2.2 Longitudinalidade .................................................................................................... 27

2.2.3 Integralidade ............................................................................................................ 29

2.2.4 Coordenação ............................................................................................................ 30

2.2.5 Centralidade na Família ........................................................................................... 31

2.2.6 Orientação Comunitária e Competência Cultural .................................................... 31

2.2.7 Atenção Primária à Saúde no Brasil ........................................................................ 32

2.3 PROPOSTAS DE AVALIAÇÃO EM SAÚDE RELACIONADAS ÀS CONDIÇÕES

SENSÍVEIS À APS .............................................................................................................. 35

2.4 O HOSPITAL UNIVERSITÁRIO E SUA INSERÇÃO NA REDE .............................. 38

3 OBJETIVOS DO ESTUDO ................................................................................................ 41

3.1 OBJETIVO GERAL ....................................................................................................... 41

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................................... 41

4 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................................... 42

5 MÉTODOS E PROCEDIMENTOS .................................................................................. 45

5.1 NATUREZA E TIPO DO ESTUDO............................................................................... 45

5.2 CENÁRIO ...................................................................................................................... 45

5.3 POPULAÇÃO DO ESTUDO E TAMANHO DA AMOSTRA ..................................... 50

5.4 LOGÍSTICA DO TRABALHO DE CAMPO ................................................................ 50

5.5 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ................................................................ 51

5.6 VARIÁVEIS DE INTERESSE E ANÁLISE DE DADOS ............................................. 53

6 RESULTADOS/DISCUSSÃO ................................................................................................. 55

6.1 ARTIGO I ....................................................................................................................... 56

6.2 ARTIGO II ...................................................................................................................... 73

6.3 ARTIGO III ..................................................................................................................... 86

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS E DESDOBRAMENTOS FUTUROS ........................... 102

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 105

ANEXOS ............................................................................................................................... 123

Anexo 1 – Instrumento de Coleta de Dados – Roteiro de Entrevista ................................. 123

Anexo 2 – Lista das Condições Sensíveis à Atenção Primária........................................... 127

Anexo 3 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .................................................. 130

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16

1 INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, o mundo tem experimentado mudanças na demografia e no perfil

de morbimortalidade, especialmente nas regiões em desenvolvimento e que iniciaram

tardiamente o processo de transição demográfica e epidemiológica, como no Brasil. A

longevidade e a mudança da carga de doenças – antes composta predominantemente por

doenças agudas – têm impulsionado mudanças na forma de pensar as ações do Sistema Único

de Saúde (SUS). Isto porque as condições crônicas e o envelhecimento exigem uma melhor

organização e articulação dos serviços, pois são situações que demandam múltiplos olhares e

capacidades profissionais conjugadas às ações mais sistêmicas e adaptadas à realidade vivida

pelas pessoas.

Baseado nestes pressupostos, há o entendimento de que a consolidação do SUS depende

da construção e da articulação da Rede de Atenção à Saúde (RAS), que pode ser definida como

a organização dos pontos de atenção, representados pelas ações e serviços de níveis primário,

secundário e terciário. Mendes (2015) propõe que estas ações sejam ofertadas de modo

oportuno, em tempo e local corretos, e a partir de uma rede poliárquica, ou seja, de modo

cooperativo, interdependente, contínuo, articulado e, sobretudo, não hierarquizado. A rede ideal

não parece ser tarefa de fácil execução no cotidiano dos serviços, especialmente pela

necessidade de adequação das intervenções às necessidades sanitárias e econômicas da

população. Ou seja, é preciso aproximar os equipamentos e dispositivos de saúde ao território

e à vida das pessoas. Para isso, o autor sugere que a Atenção Primária à Saúde (APS) e,

especificamente no caso brasileiro, a Estratégia Saúde da Família (ESF) seja central no processo

de ordenação e coordenação dos diversos pontos de atenção, já que é ela a responsável pelo

diagnóstico das necessidades comunitárias e, por sua vez, pela construção de um planejamento

ascendente no sistema de saúde.

Há evidências de que os sistemas de saúde que se orientam a partir da APS são mais

resolutivos e possuem custos mais racionais (MENDES, 2012; GIOVANELLA; MENDONÇA,

2012a). Além de nortear a organização dos demais pontos de atenção, é ela também a

responsável por resolver grande parte dos problemas de saúde da população por meio do

trabalho em território, pautado no diagnóstico da realidade e por meio de uma equipe

multiprofissional. Starfield (2002) aponta que o bom desenvolvimento dos atributos essenciais

à APS – acesso de primeiro contato, longitudinalidade, integralidade, coordenação, orientação

familiar e comunitária e competência cultural – são fundamentais para garantir a

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17

resolutividade e a qualidade neste nível de atenção e melhorar os indicadores de desempenho

do sistema.

Gestores e profissionais de saúde têm buscado fundamentações, teóricas e práticas, a

partir da utilização de marcadores de processo e de resultado que permitem avaliar e subsidiar

o planejamento, a organização e a otimização da assistência. Existem poucas ferramentas para

avaliar a qualidade da APS, sendo o “Primary Care Assessment Tool” (PCATool) – Instrumento

de Avaliação da Atenção Primária –, o mais utilizado mundialmente para medir a presença e a

extensão dos atributos, tendo como principal objetivo identificar as falhas na estrutura e no

processo do trabalho com vistas a subsidiar propostas de melhoria das ações. A aplicação deste

instrumento, composta por escalas inter-relacionadas, possibilita a avaliação minuciosa dos

atributos da APS, que juntos permitem inferir sobre o nível de organização/orientação da

Atenção Primária (BRASIL, 2010a).

Outra proposta de avaliação da APS que tem sido crescente em pesquisas acadêmicas e

durante o processo de planejamento dos sistemas é o indicador de Internações por Condições

Sensíveis à Atenção Primária (ICSAP). Essas condições são compreendidas por problemas de

saúde que deveriam ser resolvidos e ou acompanhados na APS e que, por inúmeros fatores,

podem levar o usuário à hospitalização (FERREIRA; DIAS; MISHIMA 2012; CAMINAL et

al., 2004).

De acordo com Alfradique et al. (2009) estudos apontam para a queda de ICSAP nas

localidades com maior cobertura da APS e quando ela é mais resolutiva, fato este que ainda é

contestado por alguns grupos.

Acredita-se que o processo de internação deva receber um olhar mais sistêmico,

proporcionalmente à complexidade de um evento que é múltiplo. Se de um lado questões

referentes ao acesso, à qualidade dos serviços e ao modo de prestação de cuidados pela APS

podem influenciar neste evento, de outro existe a dificuldade de se articular os pontos de atenção

– secundário e terciário – e as próprias questões relativas aos usuários (PAIM et al., 2011;

HARTZ; CONTANDRIOPOULOS, 2004). A partir disso, entende-se que a ampliação de

estudos que se debrucem na análise destas relações seja bem-vinda, especialmente pela

possibilidade de refletir sistemicamente sobre os entraves na articulação dos serviços de saúde

da APS à atenção terciária.

Este olhar é ainda mais desafiador quando se volta aos Hospitais Universitários, que

possuem singular modo de operação, trabalhando nas áreas de formação de recursos humanos,

produção de conhecimento científico e de extensão, aliadas à prestação de assistência às

comunidades. Esses hospitais, embora componham a RAS, encontram cotidianas dificuldades

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18

para exercer suas funções de modo integrado aos demais pontos de atenção, uma vez que

precisam enfrentar os constantes problemas de financiamento que impactam na sua missão,

além de terem que se adaptar à nova ordem do sistema que é público, universal e integral, fato

este distante na época da criação destes equipamentos (DRAGO, 2011).

Mediante ao exposto, esta pesquisa pretende refletir sobre a relação entre os atributos

da APS e o perfil de internações de adultos da unidade de clínica médica de um Hospital

Universitário de Juiz de Fora (MG), contribuindo com reflexões sobre a rede de atenção e as

fragilidades na articulação entre o hospital universitário e os demais pontos de atenção.

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19

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE E SUAS INFLUÊNCIAS NA FORMAÇÃO DAS

REDES DE ATENÇÃO

As práticas de saúde no Brasil têm início, de maneira mais sólida e sistemática, na

década de 1930. Antes, o sistema de proteção social era quase inexistente e as políticas sociais

observadas, além de fragmentadas, tinham um cunho emergencial (MEDEIROS, 2001). No

entanto, a presente pesquisa faz um recorte na história das políticas de saúde a partir do

Movimento Sanitário em 1985, que impulsionou para o processo de reforma sanitária, dando

início a diversas mudanças na política de saúde no Brasil (PAIM et al., 2011). Destaca-se, como

êxito, a participação da sociedade na 8ª Conferência Nacional de Saúde e a articulação em prol

da Reforma Sanitária na Conferência e na Assembleia Nacional Constituinte. Neste contexto, a

saúde é direito de todos e dever do Estado, rompendo, assim, com a visão limitada de saúde

como privilégio de alguns, que prevalecia no país. Cabe ressaltar que grande parte das demandas

e dos princípios assinalados como indispensáveis, na conferência, foram absorvidos pelo artigo

198 da Constituição Federal de 1988, no qual figuram como base para as “diretrizes do sistema

único” (BERTOLOZZI; GRECO, 1996; RODRIGUES; SANTOS, 2011; NORONHA; LIMA;

MACHADO, 2012).

O SUS foi regulamentado pela Lei Orgânica da Saúde (LOS) n° 8080/90, que estabelece

princípios e diretrizes norteadores para o seu funcionamento, e pela Lei nº 8.142, de 28 de

dezembro de 1990, que institui uma das suas principais características: a participação da

população no gerenciamento dos serviços de saúde, o que é caracterizado como controle social.

Destacam-se também os princípios da universalidade, da integralidade de assistência, da

participação comunitária, da descentralização político-administrativa, da regionalização e da

hierarquização da rede de serviço (BRASIL, 1990; RODRIGUES; SANTOS, 2011;

NORONHA; LIMA; MACHADO, 2012).

No intuito de promover a efetivação do SUS como uma política de saúde, o Ministério

da Saúde (MS) editou Normas Operacionais Básicas (NOBs) e a Norma Operacional da

Assistência à Saúde (NOAS), instrumentos que regulamentam a descentralização, a gestão, o

financiamento e a organização do sistema. As NOBs e a NOAS trouxeram alguns avanços, mas

continuaram a não abordar a operacionalização na prática, fazendo permanecer, por isso,

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algumas lacunas na consolidação do SUS (RODRIGUES; SANTOS, 2011; DOBASHI;

JÚNIOR; SILVA, 2010).

Neste sentido, a Portaria nº 399, de 22 de fevereiro de 2006, nas suas três dimensões

intituladas “Pacto pela vida”, “Em defesa do SUS” e “Pela gestão” estabelece a descentralização

por meio da criação de regiões sanitárias, formadas por grupos de municípios, de acordo com

planos de regionalização e com os respectivos Colegiados de Gestão Regional (CGR), que são

mecanismos de cogestão solidária e cooperativa (BRASIL, 2006a).

Em 2011, galgando a consolidação do SUS, uma nova disposição é estabelecida por

meio do decreto nº 7.508, que regulamenta a Lei nº 8.080/90, o qual:

[...] vem preencher uma lacuna no arcabouço jurídico do SUS, dispondo sobre a

organização do SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação

interfederativa, possibilitando o aprimoramento do Pacto pela Saúde e contribuindo

na garantia do direito à saúde a todos os cidadãos brasileiros (BRASIL, 2012a, p. 14).

Este decreto institui as regiões de saúde para garantir a organização, a prestação de

serviços de saúde, o controle financeiro e o orçamentário, pactuado entre União, Distrito

Federal, Estados e Municípios. Constitui ainda o Contrato Organizativo da Ação Pública

(COAP), que tem como desígnio a instalação das redes de forma a integrar as atenções de saúde

por regiões e por hierarquia de oferta de serviços, tendo como porta de entrada, nas redes, os

serviços de APS, de urgência e emergência, psicossocial e os serviços especiais de acesso aberto

(BRASIL, 2011a; SANTOS; CAMPOS, 2015).

Segundo Mendes (2011), vários são os fatores que impactam na consolidação do SUS,

entre eles a fragmentação do sistema, que está relacionada diretamente com a implementação

de ações assistenciais imediatistas, e a não continuidade nos processos assistenciais no âmbito

primário, secundário e terciário. Outro fator mencionado pelo autor relaciona-se à mudança do

perfil demográfico e epidemiológico brasileiro, caracterizados pelo envelhecimento da

população e pela transição das condições de saúde, as quais são evidenciadas pela manutenção

das doenças agudas e pelo aumento das doenças crônicas. A estes, somam-se grandes encargos

com o aumento das causas externas e da violência.

O mesmo autor ainda aponta, como parecer para superação desse quadro, a integração

das ações e dos serviços por meio da implantação das Redes de Atenção à Saúde (RASs) e

acrescenta que se não houver investimentos em propostas ativas, os prejuízos, do ponto de

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vista econômico e sanitário, poderão ser bem maiores que os custos em não investimentos

(MENDES, 2011).

De acordo com Coelho (2006), em 1920, na Inglaterra, Dawson – diferentemente da

medicina tecnicista preconizada por Flexner nos Estados Unidos da América (EUA) –, em 1910

elaborou um relatório com propostas voltadas para uma medicina generalista, com foco em

ações coletivas assistenciais, priorizando os níveis de atenção à saúde local e regional,

sinalizando, assim, para a criação de redes. Neste contexto, foi o primeiro a idealizar o que hoje

é preconizado como RAS.

A constituição de rede foi edificando-se e expandindo-se nos países desenvolvidos e

mais timidamente entre os países em desenvolvimento. A partir de 1990, as redes passam a ser

incrementas, devido à necessidade de implementar ações para recuperar os sistemas de saúde

fragmentados, característica esta presente nos serviços de saúde em nível mundial, sendo mais

acentuada nos países em desenvolvimento (MENDES, 2011). De acordo com o autor, essa

fragmentação é apontada como responsável pela baixa qualidade, pelo aumento dos custos e

pela pouca resolutividade em saúde. Entende-se por resolutividade a resposta às necessidades

de saúde do usuário pelo serviço de modo suficientemente satisfatório (COSTA et al., 2014).

Mendes (2011) definiu a RAS como arranjos poliárquicos de serviços de saúde que se

mantêm ligados porque exercem a mesma incumbência. Assim, as redes foram direcionadas

para finalidades comuns, dentro de uma atividade de cooperação que possibilita oferecer

cuidados de saúde de forma contínua e integral a grupos populacionais específicos. São

orientadas pela atenção primária e executadas no tempo e no lugar necessários ao indivíduo,

alcançando, assim, o custo adequado, a qualidade e o atendimento humanizado, além de exercer

a responsabilização sanitária e econômica deste grupo populacional.

Neste sentido, no Brasil, as RASs vêm compondo-se com a Constituição Federal e a

LOS que institui que os serviços e cuidados de saúde devam ser agregados a uma rede

regionalizada e hierarquizada, o que é validado pelo decreto nº 7.508/2011, que regulamenta a

lei nº 8.080/90 (LOS) (BRASIL, 2011a; FERREIRA et al., 2014; SANTOS; CAMPOS,

2015). A regionalização ainda é definida como a criação de territórios que correspondem a

regiões de saúde que, para contemplar o processo de regionalização, devem considerar as

dimensões geográficas e populacionais, assim como as diferenças socioeconômicas e culturais,

com vistas à efetivação dos princípios da universalidade e da integralidade (OPAS, 2011).

Neste sentido, corroboram Santos e Campos (2015) ao afirmar que:

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A região de saúde é essencial para integrar as ações e os serviços de saúde dos entes

federativos, qualificar a gestão do SUS e garantir a integralidade; e, por isso, deve ser

constituída sob a ótica sanitária e não meramente administrativa, devendo, ainda, para

ser qualitativa, não ser concebida e tida como mera divisão administrativa do Estado,

mas sim como o locus da integralidade. Ela precisa ser capaz de resolver, se não a

totalidade, a quase totalidade das necessidades de saúde da população regional; ser

parte de um sistema nacional, estadual e intermunicipal que encontra na região de

saúde o espaço de sua atuação para o usuário (SANTOS; CAMPOS, 2015, p. 441).

Fica implícito, dessa forma, que a integralidade da rede processa-se a partir de uma

política de gestão com ênfase nas vertentes macro e micropolítica, ou seja, para além da

estruturação, por meio de normas e portarias, devem-se considerar as interações entre os

indivíduos usuários do sistema, profissionais/equipes e gestores (PERONI, 2013). Neste

contexto, a APS é o espaço da micropolítica do sistema, responsável pelo processo interativo

entre profissionais e população sob sua responsabilidade (SILVA, 2011). Ainda de acordo com

Mendes (2011), a população é um dos elementos principais para a consolidação da RAS, o que

fundamenta e concretiza o papel da APS como coordenadora da RAS.

Este pressuposto é estabelecido legalmente por meio da portaria nº 4.279/MS, de 30 de

dezembro de 2010, ao instituir a APS como responsável pela estruturação do sistema de saúde,

de forma resolutiva, coordenadora dos cuidados e ordenadora da rede (BRASIL, 2010b). E

ainda segundo o MS, somente 15% dos problemas de saúde deveria ser encaminhado para

outros níveis de atenção (BRASIL, 2000).

Para Silva, (2011) as redes regionalizadas e integradas de atenção à saúde possibilitam

a efetivação da integralidade da atenção à saúde e a redução dos custos dos serviços por meio

da otimização dos recursos. Para Gondim, Bomfim e Dodds (2011) e Silva (2011), umas das

estratégias para a organização das RASs de forma efetiva, equânime e integral é a construção

da linha do cuidado com base na APS. A Linha do Cuidado é o desenho do fluxo assistencial

dos serviços e ações de saúde a ser garantida e implementada, ao usuário, de forma segura

dentro de uma rede de saúde, incorporando a ideia de integralidade na assistência à saúde.

2.2 REFLEXÕES SOBRE A ATENÇÃO PRIMÁRIA E A REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE

Uma proposta do que entende-se como APS surgiu em 1920, quando foi publicado o

relatório de Dawson, que estruturava o sistema de saúde em níveis de atenção integrados e

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com funções definidas, sendo o centro primário de saúde, o primeiro nível, seguido dos centros

secundários de saúde e hospitais-escolas (HE). Tal relatório serviu de base para a reorganização

do sistema em diversos países, influenciando fundamentalmente a posição da APS na rede de

atenção brasileira (MENDES, 2012).

No entanto, foi a partir da década de 1970 que a APS ganhou maior notoriedade. O

Informe Lalonde, em 1974, a Carta de Ottawa, de 1986, e a Conferência Internacional sobre

Atenção Primária em Saúde, em Alma-Ata, em 1978, contribuíram para a institucionalização

da APS no sistema de saúde (OPAS, 2011; GONDIM; BOMFIM; DODDS, 2011). Neste

contexto, a saúde como “bem-estar físico, mental e social, e não apenas como a ausência de

enfermidades” (OMS, 1946), é direito e responsabilidade do ser humano e da comunidade, a

partir de ações não somente do setor saúde, mas também em âmbitos mais abrangentes como

sociais e econômicos.

Nesta Conferência, que não contou com a presença do Brasil, a Declaração Alma-Ata

foi aprovada. Segundo Giovanella e Mendonça (2012b), o informe propunha:

Uma atenção primária centrada na pessoa, que responda às necessidades de saúde

individuais e coletivas, estabeleça uma relação duradoura, garanta atenção integral e

contínua, responsabilizando-se pela saúde de todos os integrantes da comunidade –

mulheres e homens, jovens ou velhos –, ao longo de todo o ciclo vital, do nascimento

até a morte; promova a autonomia e a participação das pessoas, e enfrente os

determinantes da má saúde (GIOVANELLA e MENDONÇA, 2012b, p. 501).

Tais pontos endossam que a saúde do povo é de responsabilidade de seus governantes,

por meio da adoção de medidas sanitárias e sociais. Além disso, a APS, dentro da concepção

proposta, é abrangente, uma vez que reforça a inclusão de diversos setores e promove o

desenvolvimento social e econômico, baseado em tecnologias e métodos apropriados a fim de

se obter a equidade (GIOVANELLA; MENDONÇA, 2012b). As autoras acrescentam que uma

APS de acesso universal deve ter serviços de primeiro contato de forma resolutiva, ser porta de

entrada preferencial e, ainda, atender a outras condições de longitudinalidade, integralidade,

coordenação e focar seu atendimento na família e nas ações de saúde pública.

Portanto, as características políticas, sociais, econômicas, culturais e históricas dos

países e regiões interferem no modo como a APS atua. Sistemas de saúde podem ser

diferenciados de acordo com as características regionais. No entanto, existem demandas de

ações e de serviços de saúde comuns aos países e regiões que precisam ser implementadas,

independentemente do modelo de APS (STARFIELD, 2002).

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Nos países europeus, em geral, a APS é um sistema de saúde bem delineado, capaz de

orientar a organização do sistema como “um todo”, de forma abrangente e com acesso

universal. Nesses locais, principalmente após o final da década de 1990, as reformas buscavam

fortalecer esse nível de atenção. Em contrapartida, nos países periféricos em desenvolvimento,

com frequência, a APS corresponde a programas seletivos, focalizados e de baixa

resolutividade, com pacotes de serviços restritos, com recursos de baixa densidade tecnológica

e sem possibilidade de acesso aos níveis secundário e terciário (GIOVANELLA; MENDONÇA,

2012b).

A implementação de uma APS seletiva foi mais preeminente nos países em

desenvolvimento após a Alma-Ata, o que não impediu uma maior discussão sobre a saúde, visto

que movimentos sociais, em âmbito internacional, defendiam sua compreensão como direito

humano, com o estabelecimento de políticas públicas inclusivas visando minimizar

desigualdades (GIOVANELLA; MENDONÇA, 2012a).

Elucidam Giovanella e Mendonça (2012b) que, por meio de empreendimento da

Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2003, a Organização Pan-Americana da Saúde

(OPAS) aprovou a resolução que solicitava, aos estados integrantes, que tomassem medidas que

objetivassem fortalecer a APS. Já em 2005, lançou documento no qual defendia o alcance de

uma atenção universal que abarcasse a sociedade de forma integral e horizontal. Os serviços e

ações da APS deveriam primar pela qualidade, prevenção, participação social e

responsabilização dos governos. Ainda de acordo com as autoras, em 2008, o Relatório Mundial

de Saúde da OMS, ao celebrar 30 anos da Declaração de Alma-Ata, contabilizou um conjunto

de reformas para garantir a cobertura integral.

Neste contexto, de acordo com Mendes (2012), os serviços de saúde que se orientam

pela APS são:

(...) mais adequados porque se organizam a partir das necessidades de saúde da

população; mais efetivos porque são a única forma de enfrentar consequentemente a

situação epidemiológica de hegemonia das condições crônicas e de impactar

significativamente os níveis de saúde da população; mais eficientes porque

apresentam menores custos e reduzem procedimentos mais caros; mais equitativos

porque discriminam positivamente grupos e regiões mais pobres e diminuem o gasto

do bolso das pessoas e famílias; de maior qualidade porque colocam ênfase na

promoção da saúde e na prevenção das doenças e porque ofertam tecnologias mais

seguras; e mais capazes de satisfazer as populações (MENDES, 2012, p. 65).

A APS, enquanto primeiro nível da atenção no modelo de saúde brasileiro, apresenta

duas características interdependentes, pois além de ser concebida como uma estratégia de

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organização e reorganização do sistema de saúde é, também, um modelo de transformação da

prática clínico-assistencial (OLIVEIRA; PEREIRA, 2013).

Na literatura internacional, os eixos estruturantes da APS recebem as seguintes

denominações: atributos essenciais e atributos derivados. São classificados como atributos

essenciais: o acesso de primeiro contato do indivíduo com o sistema de saúde; a

longitudinalidade; a integralidade e a coordenação da atenção. Já os atributos derivados que

qualificam as ações dos serviços da APS denominam-se: orientação familiar, orientação

comunitária e competência cultural (STARFIELD, 2002).

Ainda de acordo com Starfield (2002), para caracterizar uma APS abrangente e

resolutiva faz-se necessária a efetivação dos atributos essenciais e derivados, onde a avaliação

destes permite desenhar a qualidade da APS prestada. Para melhor compreensão e reflexão, os

conceitos de tais atributos serão descritos nas próximas subseções.

2.2.1 O acesso de primeiro contato do indivíduo com o sistema de saúde

O atributo acesso de primeiro contato do indivíduo com o sistema de saúde implica

considerar a APS como porta de entrada dos serviços, onde acontece o primeiro contato,

devendo ser acessível à população, sem barreiras geográficas, organizacionais e culturais, bem

como exercer, sempre que necessária, a função mediadora entre o usuário e os demais níveis de

serviços e ações de saúde, garantindo assim maior integralidade e resolutividade (STARFIELD,

2002; GIOVANELLA; MENDONÇA, 2012a).

Alguns autores utilizam o termo acessibilidade como sinônimo de acesso porém, para

Starfield (2002), acessibilidade se refere às características como agilidade, segurança, facilidade

dos serviços; enquanto o acesso é a percepção da acessibilidade pelo indivíduo, é o elemento

que intervém na relação busca e entrada do usuário no sistema. É possível notar que o conceito

de acesso é complexo e pode ser definido de acordo com a conjuntura sociopolítica e cultural

do país e das demais nações. No contexto atual não restringe-se a aspectos relacionados a espaço

geográfico e de financiamentos, mas abrange pontos de difícil mensuração, como as questões

educacionais, socioculturais e econômicas (SANCHEZ; CICONELLI, 2012).

As disparidades sociais no que refere-se à saúde, ao acesso e à utilização dos serviços

de saúde promulgam oportunidades diferenciadas em razão da posição social do indivíduo e

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evidenciam situações de iniquidade. Em se tratando de equidade, é indispensável conhecer os

determinantes nas condições de saúde, assim como os determinantes da equidade no acesso e

na utilização dos serviços, de modo a viabilizar ações e serviços para reduzir as

injustiças/iniquidades sociais em saúde. Segundo Travassos e Castro (2012):

As condições de saúde de uma população estão fortemente associadas ao padrão de

desigualdade social existente na sociedade. Já as desigualdades sociais no acesso e na

utilização de serviços de saúde são expressão direta das características do sistema de

saúde. A disponibilidade de serviços e de equipamentos diagnósticos e terapêuticos, a

sua distribuição geográfica, os mecanismos de financiamento dos serviços e a sua

organização representam características do sistema que podem facilitar ou dificultar o

acesso aos serviços de saúde. Modificações nas características do sistema de saúde

alteram diretamente as desigualdades sociais no acesso e no uso, mas não são capazes

de mudar, por si só, as desigualdades sociais nas condições de saúde entre os grupos

sociais (TRAVASSOS; CASTRO, 2012, p. 184).

Ainda de acordo com as autoras, a definição acesso/acessibilidade é composta por

dimensões que influenciam na utilização dos serviços de forma a facilitar ou dificultar o acesso

dos usuários, determinando a equidade ou iniquidade em saúde. McIntyre e Mooney (apud

Sanchez e Ciconelli, 2012) apontam como dimensões do acesso à saúde: disponibilidade, poder

de pagamento, informação e aceitabilidade. A disponibilidade é entendida como o serviço de

saúde em local e momento adequado às necessidades do usuário, assim como o alcance da

qualidade e do quantitativo da assistência prestada. O poder de pagamento é sinalizado pela

relação entre despesas com serviços de saúde e as condições econômicas dos usuários em poder

custear os serviços/tecnologias ofertados. A informação refere-se ao nível de conhecimento em

saúde pela comunidade, onde a informação não só viabiliza a percepção de saúde pelos grupos

populacionais, como também influência no acesso, na utilização dos serviços e na interação

entre profissional e usuário, de forma a proporcionar a troca de saberes. Já a aceitabilidade diz

respeito à forma como a população percebe os serviços de saúde ofertados (SANCHEZ;

CICONELLI, 2012).

Portanto, as barreiras ou iniquidades no acesso e na utilização de serviços de saúde são

marcadas pelas desigualdades no que tange ao poder aquisitivo da população, condições de

moradia, de emprego, condição socioeconômica e cultural, assim como outros fatores

relacionados à etnia, ao gênero, à idade e à escolaridade e, somando-se a esses, às barreiras

geográficas, organizacionais, estruturais e financeiras dos serviços de saúde. Desta forma, a

qualidade no acesso/acessibilidade e equidade em saúde perpassam pela intersetorialidade

política, social, educacional, econômica e cultural (SANCHEZ, CICONELLI, 2012).

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Para Junqueira (2000), a intersetorialidade em saúde é entendida como uma junção entre

sistemas e serviços, visando alcançar efetividade, eficiência e sustentabilidade nos resultados

das ações de saúde. O autor acrescenta que a operacionalização da intersetorialidade é uma nova

maneira de abordar os problemas sociais, uma vez que as políticas consideram o cidadão na sua

totalidade. Desse modo, torna-se vital o planejamento, a execução e o controle da prestação de

serviços para garantir um acesso igual aos desiguais.

A limitação no acesso ou a utilização desnecessária dos serviços de saúde podem estar

relacionadas com a maior ou menor oferta dos serviços. Desta forma, pode gerar barreiras no

acesso à população que realmente necessita de cuidados ou aumentar a utilização desnecessária

por usuários que não carecem das ações de saúde. As circunstâncias citadas no início do

parágrafo também podem estar relacionadas às características demandadas pelas diferenças

biológicas, assim como a percepção e o comportamento do sujeito frente ao processo saúde e

doença (TRAVASSOS; CASTRO, 2012). As autoras elucidam ainda que as comunidades

carentes têm menor probabilidade de acesso aos serviços de saúde e, geralmente, buscam o

atendimento em situação de doença, enquanto grupos socialmente privilegiados, com melhores

condições financeiras, utilizam os serviços de saúde rotineiramente para “check-up”.

O reconhecimento dos aspectos que interferem de modo positivo ou negativo nas

dimensões do acesso/acessibilidade e equidade na saúde são necessários para romper com

possíveis entraves e estabelecer a intersetorialidade dos serviços de saúde e sistemas afins, de

forma a reduzir as iniquidades e garantir maior resolutividade e otimizar os recursos em saúde

(TRAVASSOS; CASTRO, 2012; SOPELETE; BISCARDE, 2013).

2.2.2 Longitudinalidade

A longitudinalidade é entendida como a relação contínua dos profissionais com os

usuários, ou seja, um mesmo profissional acompanha o paciente nas suas condições específicas

de saúde através do tempo (SATARFIELD, 2002). Em alguns estudos, o termo

longitudinalidade e continuidade do cuidado aparecem como análogos (CUNHA;

GIOVANELLA, 2011). No entanto, para Starfield se diferem, uma vez que a continuidade do

cuidado é o acompanhamento do paciente, sem preocupar-se com a relação ao longo do tempo.

Ainda de acordo com a autora, a longitudinalidade, quando avaliada positivamente

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sugere que a APS exerce o seu legado de responsabilização pelo paciente, além de contribuir

para consolidação da APS.

Um dos aspectos que possibilitam garantir a longitudinalidade nos serviços de saúde se

dá por meio do acolhimento, onde acolher é a habilidade do profissional de distinguir o que o

indivíduo realmente apresenta como prioridade de saúde com competência e ética (BRASIL,

2013a). O acolhimento deve processar e sustentar as relações com o objetivo de edificar a

confiabilidade, a responsabilização e o vínculo entre profissionais e usuários e suas

organizações sociais e afetivas, além de suprir as demandas de saúde de forma eficiente e

colocar o usuário como sujeito ativo e participativo na produção de saúde (BRASIL, 2013a).

A revisão bibliográfica realizada por Cunha e Giovanella (2011) aponta três elementos

imprescindíveis que compõem a longitudinalidade: o primeiro é o reconhecimento da atenção

primária como fonte regular de cuidados, o segundo é o estabelecimento de vínculo terapêutico

duradouro entre os pacientes e os profissionais da APS, e o terceiro e último elemento pontuado

pelas autoras é a continuidade informacional, que está relacionada à qualidade dos registros em

saúde, sua utilização e disponibilidade, favorecendo a avaliação e o estabelecimento das

condutas terapêuticas.

A avaliação deste atributo exige conhecer a relação interpessoal entre pacientes e

profissionais, ou seja, saber se o usuário é atendido pelo mesmo profissional na maioria das

vezes, se o mesmo tem liberdade para falar de seus problemas, se o profissional tem interesse e

sabe quais são as principais questões do atendido e se o paciente tem afinidade com o

profissional (STARFIELD, 2002; BRASIL, 2010a)

Pesquisas realizadas por Baratieri e Marcon (2012) evidenciam que os principais

entraves na consolidação da longitudinalidade perpassam pela manutenção do modelo

curativista pela equipe e usuários da APS, pelas dificuldades de interação e vínculo entre

profissionais e pacientes, pela insuficiência de recursos financeiros e de modelo de

contrarreferências. Já a investigação desenvolvida por Nutting et al. (2003) sugere que a

longitudinalidade é mais evidente entre usuários carentes, com menor escolaridade, idosos e

pacientes com doenças crônicas, destacando a importância desse atributo ser assegurado a essa

população mais vulnerável.

A longitudinalidade foi alvo de análise nesta pesquisa, sendo reconhecida também

enquanto um produto do vínculo e da responsabilização, mediados pelos laços interpessoais

entre os usuários e os profissionais da APS, como define Starfield (2002). Por conseguinte, a

identificação dos pontos facilitadores e limitantes neste contexto contribui para a reflexão e a

promoção de melhorias no processo de trabalho e no relacionamento interpessoal.

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2.2.3 Integralidade

A integralidade corresponde à prestação de ações e serviços de saúde de modo integral,

que envolve assistência biopsicossocial no processo saúde-doença como, também, ações de

promoção, prevenção de enfermidades, recuperação, cura e reabilitação no contexto da APS

(BRASIL, 2010a/b). A equipe, nesse contexto, deve compreender os problemas da saúde física,

psíquica e social do indivíduo e responsabilizar-se pelo encaminhamento do usuário aos demais

níveis de atenção à saúde (MENDES, 2012).

A integralidade caracteriza-se pela organização e articulação da atenção em rede, tendo

em vista o reconhecimento do contexto e determinantes sociais para o atendimento das

necessidades de saúde individuais e coletivas da população, em todos os níveis de serviço de

atenção (STARFIELD, 2002; GIOVANELLA; MENDONÇA, 2012b).

Giovanella e colaboradores (2002) conceituam a integralidade a partir de quatro

dimensões. A primeira dimensão inclui a não restrição da oferta de ações de promoção e

prevenção à saúde à ausência de doença, implica no reconhecimento do caráter

multidimensional do processo de saúde-adoecimento, bem como da interferência dos

determinantes e desigualdades sociais na saúde. A segunda dimensão considera o acesso e a

articulação em rede dos níveis de atenção à saúde de acordo com a complexidade tecnológica

e o atendimento à demanda dos usuários de forma resolutiva.

Já a terceira trata sobre a articulação e a junção das ações de promoção, prevenção e

recuperação a partir de novos conhecimentos, ou seja, se faz necessária a aplicação de tal

articulação na assistência individual e/ou coletiva. Por fim, a quarta dimensão analisada pelas

referidas autoras apontam sobre a priorização do enfoque integral do cuidado ao indivíduo e à

família, ou seja, o exercício da integralidade do cuidado nas práticas oferecidas nos serviços de

saúde.

Pensar na integralidade do contexto da prática profissional, no modelo de saúde da APS,

sugere considerar o usuário como centro do processo do cuidado e como um sujeito ativo e

responsável pela sua saúde. Neste sentido, a abordagem deve ser oferecida de forma integral e

não centrada na doença e/ou na prática curativa nos moldes hospitalocêntricos e das

especialidades (FRACOLLI et al., 2011). Os autores ainda ressaltam que a integralidade, na

prática, exige diálogo, troca de saberes, escuta atenta, dentre outros comportamentos que

possibilitarão o entendimento e o conhecimento sobre as necessidades e as demandas dos

usuários possibilitando, assim, maior eficiência e resolutividade da atenção à saúde.

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A política de humanização (BRASIL, 2013a) ainda estabelece que o profissional deva

ser capaz de identificar a legítima indigência do usuário e assegurar o uso coerente e racional

da tecnologia sem, no entanto, omitir ou abusar das relações, dos saberes e dos recursos e

equipamentos materiais disponíveis.

O instrumento de avaliação PCATool consta de um módulo que analisa a integralidade

a partir dos serviços disponíveis e prestados. O resultado desta investigação pode contribuir

com achados que possibilitam ampliar a qualidade dos serviços e das ações de saúde a partir

dos usuários, gestores e profissionais, permitindo garantir os direitos e os deveres da população

sem, contudo, desrespeitar as fragilidades humanas (STARFIELD, 2002; BRASIL, 2010a).

2.2.4 Coordenação

A coordenação da atenção é conceituada como a viabilização da continuidade na

assistência por meio da integração dos serviços de saúde (OLIVEIRA; PEREIRA, 2013). Como

forma de assegurar o cuidado global e contínuo por meio da sequência e do acompanhamento

das ações de saúde, sugere-se manutenção de prontuários com informações relacionadas ao

paciente, colhidas por profissionais da APS e/ou de outros níveis de atenção a cada atendimento

prestado ao usuário. Nesse processo, a sequência dos registros nos prontuários assegura a

facilidade de comunicação e o acesso na RAS, proporcionando, assim, a coordenação da

atenção pela equipe da APS e/ou outros níveis de atenção (BRASIL, 2010b; GIOVANELLA;

MENDONÇA, 2012b; SHIMAZAKI, 2009).

O investimento em outros instrumentos e aparelhos para a coordenação das ações e dos

serviços, como prontuários eletrônicos, coordenação das guias de procedimentos e consultas

para serviços especializados, elaboração e implementação de protocolos sob a gerência de

linhas de cuidados e gestão dos eventos sentinelas contribuem para a edificação da RAS

(BRASIL, 2012b. No entanto, tais ferramentas ainda não são contempladas na maior parte da

realidade dos serviços de saúde, o que pode estar relacionado a questões orçamentárias, de

gestão e de política (SILVA; RODRIGUES, 2010; GIOVANELLA et al., 2009).

A coordenação ainda perpassa pela efetivação dos demais atributos por meio da

construção de relações a partir do conhecimento das verdadeiras necessidades do público-

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alvo, da fundamentação do reconhecimento da influência dos aspectos biopsicossociais no

processo saúde-doença, bem como na utilização e aplicação dos recursos, tecnologias e serviços

de forma sistematizada (GIOVANELLA; MENDONÇA, 2012b; SHIMAZAKI, 2009;

OLIVEIRA; PEREIRA, 2013).

O aumento da população idosa e das demandas de ações e serviços de saúde para garantir

uma vida mais saudável exige, cada vez mais, a interdisciplinaridade no setor. Neste sentido,

coordenação tem papel fundamental para responder a essa nova demanda dos serviços de saúde

de forma segura e adequada (VERAS, 2009; OLIVEIRA; PEREIRA, 2013; MENDES, 2011).

2.2.5 Centralidade na Família

A centralidade na família significa reconhecer a importância do contexto e da dinâmica

da relação social familiar no processo saúde-doença, bem como valorizar a mesma na

identificação das potencialidades e/ou limitações no cuidado (BRASIL, 2010a). A

identificação, pelo profissional, do aspecto socioeconômico, cultural e da estrutura e

constituição familiar reflete no desempenho das ações na assistência à saúde (OLIVEIRA,

MARCON, 2007). É no âmbito familiar que se processa, em primazia, a assimilação e a

elucidação da enfermidade de seus membros, e é neste contexto que o processo saúde e

adoecimento são mais relevantes, onde a identificação desta relação/interação familiar pelo

profissional pode proporcionar uma parceria da família na assistência integral de seus membros,

alcançado melhores resultados na produção de saúde (SILVA; GIOVANELLA; MAINBOURG,

2014).

Pesquisas realizadas por Oliveira e Marcon (2007); Silva, Giovanella e Mainbourg,

(2014) e Araújo et al. (2014) concluíram que as unidades de saúde onde os estudos foram

realizados apresentam dificuldades de integrarem a família nas ações e serviços, assim

prevalece a assistência centrada no indivíduo de forma curativa e desarticulada.

2.2.6 Orientação Comunitária e Competência Cultural

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Na orientação comunitária, os dados epidemiológicos e do contato direto com a

comunidade oportunizam, ao serviço de saúde, conhecer as necessidades de saúde da

comunidade e, por meio de tal conhecimento, são estabelecidos os planejamentos assistenciais,

assim como a avaliação dos serviços (BRASIL, 2010a/b; STARFIELD, 2002).

Já a competência cultural é caracterizada pela adequação da assistência às características

culturais da população, de modo a respeitá-la e valorizá-la em sua singularidade, tendo em vista

o fortalecimento da comunicação entre serviços e usuários (BRASIL, 2010a).

Sendo assim, quando os serviços e os profissionais orientam o cuidado para a

comunidade, com o objetivo de reconhecer as diferentes carências da população, facilitam a

comunicação e ocorre a integração da equipe junto aos sujeitos que fazem parte da sociedade.

Os agentes comunitários de saúde, enquanto membros da comunidade, têm papel importante

para consolidação desse atributo, e a proximidade e o conhecimento da população por tais

profissionais possibilita estabelecer e fortalecer o elo da mesma com os demais integrantes da

equipe (GIOVANELLA; MENDONÇA, 2012b).

Este atributo implica na consideração das indigências familiares no conjunto do

contexto físico, socioeconômico e cultural, assim a ESF – ao conceber a família como elemento

essencial – contempla ambos os atributos, orientação para a comunidade e competência cultural

(OLIVEIRA; PEREIRA, 2013).

Para a efetivação dos atributos essenciais e derivados, de forma a consolidar a APS no

Brasil, fazem-se necessárias políticas públicas de financiamento, gestão e investimentos em

tecnologia leve, leve dura e dura; políticas de educação permanente e formação profissional de

qualidade; sustentação de equipe multiprofissional nas unidades de saúde e políticas de

integração entre os níveis de atenção (OLIVEIRA; PEREIRA, 2013; SANCHEZ; CICONELLI,

2012; SILVA; RODRIGUES, 2010; GIOVANELLA e col., 2009). A deficiência

destas políticas são os principais entraves para a real concretização da APS no Brasil

(MENDES, 2012).

2.2.7 Atenção Primária à Saúde no Brasil

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A APS, no Brasil, reporta desde o início do século XX, onde os centros de saúde

exerciam ações que, embora divididas em curativas e preventivas, apresentavam evidências de

primeiro nível, uma vez que eram alicerçadas na população e realizavam ações educativas

relacionadas às questões sanitárias. No período compreendido entre 1940 e 1960, a APS ganhou

um novo impulso com a criação do Serviço Especial de Saúde Pública (Sesp). Embora

apresentasse caráter mais abrangente, com ações coletivas e preventivas articuladas com as

práticas curativas, ainda assim exercia ações seletivas a agravos da saúde emergentes em

determinadas regiões como, por exemplo, no Norte e no Nordeste. Em 1970, com o movimento

da reforma sanitária, a APS é direcionada a exercer o papel de reorientadora do sistema de

saúde, endossada com a implantação do SUS pela constituição de 1988, que primava por uma

APS que respondesse aos princípios da universalidade, integralidade e participação social

(MENDES, 2012; GIOVANELLA; MENDONÇA, 2012b).

Já o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) teve início no estado do

Ceará, em 1987, onde apresentou respostas exitosas, como a redução da mortalidade infantil

naquele estado. Nesta perspectiva, em 1991, o PACS foi implantado pelo MS em todo território

nacional, servindo, assim, de estímulo para a criação do Programa de Saúde da Família (PSF),

em 1994 (MENDES, 2012; GIOVANELLA; MENDONÇA, 2012b).

O PSF foi instituído com características específicas. Além de uma equipe de

profissionais, atua em território com população adstrita e organizado em famílias. Foi criado

como estratégia para desviar o foco das ações curativas, imediatistas e hospitalocêntricas, bem

como centrar-se nas ações abrangentes de recuperação, reabilitação e promoção da saúde e

prevenção de doenças. APS, adotada nesse modelo, é ordenadora das RAS e coordenadora dos

cuidados de forma resolutiva e abrangente (BRASIL, 2010b; MENDES, 2012; CARDOSO et

al., 2013).

Giovanella e Mendonça (2012b) corroboram ao explicitarem que a ESF foi pontuada na

NOB de 1996, sendo um impulso para que a APS assumisse a caracterização de primeiro nível,

configurando-se como um conjunto de ações de caráter individual ou coletivo. O estímulo à

ESF e à sua aplicação adequada junto à sociedade tornou-se estratégia para a consolidação do

SUS. Cardoso et al. (2013) reforçam que a APS é o alicerce do SUS e a ESF foi:

adotada para operacionalizar a atenção primária no SUS e se encontra em expansão

territorial, substituindo as unidades de saúde tradicionais. Embora os dois modelos

sejam pautados nos mesmos princípios do SUS, alguns fatores que os diferenciam

podem ser determinantes para uma maior efetividade da ESF. A ESF apresenta

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especificidades, como delimitação de território e abrangência, adstrição de clientela,

ênfase no trabalho multidisciplinar, maior organização da demanda e enfoque familiar

da assistência (CARDOSO et al., 2013, p. 228).

Cardoso et al. (2013) acrescentam que, desta forma, o diagnóstico de risco e as barreiras

aos serviços de saúde são mais fáceis de identificar, o que possibilita elaborar intervenção

apropriada e direcionada. O MS, em 2006, instituiu a ESF como organizadora da APS e

incentivou sua expansão em todo território brasileiro (BRASIL, 2006b). A ampliação da ESF

apresentou vários resultados favoráveis, melhorou o acesso, a qualidade e a resolutividade da

APS, reduzindo os gastos com internações – principalmente aquelas Sensíveis à Atenção

Primária (SAP) – e diminuindo a mortalidade de menores de cinco anos de idade. Além disso,

considerando que este nível de atenção não se debruça somente sobre prevenção, cura e

reabilitação de doenças, foi possível perceber expressiva melhora em indicadores de qualidade

de vida, como no caso da ampliação do nível de escolaridade da população coberta pela ESF

(MENDES, 2012).

Porém a consolidação da APS, a partir da PSF, foi ineficiente devido à falta de

reconhecimento sociopolítico e econômico, falta de institucionalização do programa,

infraestrutura inadequada, tecnologia inapropriada, carência de profissionais, dificuldades

gerenciais, limitações na formação de profissionais e por entraves de ordem ideológica, uma

vez que o PSF era visto como uma APS seletiva (MENDES, 2012).

A evolução histórica da APS no Brasil é descrita por Mendes (2012) em ciclos. De

acordo com o autor, o período da Atenção Básica à Saúde (ABS) exauriu-se, devido à falta de

soluções para os problemas supracitados, iniciando assim um novo momento, denominado de

APS. Este teve sua abertura a partir do decreto nº 7.508, de 2011, que estabelece a reestruturação

da APS como estratégia organizadora do SUS (BRASIL, 2011a; MENDES, 2012). O autor

acrescenta que a adoção do ciclo da APS não se limita à troca de terminologia, mas à nova

incumbência de reestruturação do SUS. Ressalta que APS distingue-se da ABS pelo fato desta

referir-se ao primeiro contato do usuário com o serviço de saúde, um dos principais atributos

da APS. Já a expressão básica não tem a mesma conotação. Sendo assim, ao estabelecer a APS

como reordenadora do SUS, o MS, além de efetivar o princípio da acessibilidade, propicia a

equiparação no contexto da nomenclatura de APS adotada mundialmente (MENDES, 2012).

Ainda segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde - CONASS (BRASIL,

2007), a APS é diferente da atenção secundária e terciária, visto que é orientada aos problemas

mais comuns e recorrentes, sejam eles simples ou complexos, sobretudo nas fases

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iniciais. Assim, exerce o papel de ordenadora da RAS com o objetivo de integrar os serviços,

visando, principalmente, melhorar os resultados de saúde da população adscrita e reduzir os

custos (MENDONÇA, 2011).

Neste contexto, o MS, visando a organização das unidades hospitalares na RAS, dispõe

por meio da portaria n° 3.390/2013, no Art. 4º, parágrafo primeiro que: “Os hospitais, enquanto

integrantes da RAS, atuarão de forma articulada à Atenção Básica de Saúde, que tem a função

de coordenadora do cuidado e ordenadora da RAS [...] (BRASIL, 2013b). No entanto, a APS,

para consolidar seu papel de núcleo de comunicação nas RAS, tem como desafio vencer

inúmeros problemas, dentre eles, o de financiamento, o de gestão, o de orientação às

necessidades dos indivíduos e o de valorização sociopolítica da APS (MENDONÇA, 2011).

2.3 PROPOSTAS DE AVALIAÇÃO EM SAÚDE RELACIONADAS ÀS CONDIÇÕES

SENSÍVEIS À APS

A avaliação para gestão consiste em produzir conhecimentos que podem subsidiar ações

para melhorar a qualidade e a efetividade do processo avaliado (NOVAES, 2000). Na busca

pela eficiência e por melhores resultados em saúde, pesquisadores, profissionais e gestores da

área têm utilizado cada vez mais o processo de avaliação, visando subsidiar ações e serviços

capazes de impactar positivamente na consolidação do SUS. Para Contandriopoulos et al.

(1997, p. 31) avaliar versa “em fazer um julgamento de valor a respeito de uma intervenção ou

sobre qualquer um de seus componentes, com o objetivo de ajudar na tomada de decisões”.

Neste contexto, o MS implantou Programa Nacional de Avaliação de Serviços de Saúde

(PNASS), considerando a avaliação das ações e dos serviços de saúde com uma das atribuições

dos entes federativos, onde:

avaliação configura-se como uma das etapas fundamentais para a revisão e a

reorientação das trajetórias percorridas na execução das ações de saúde. Avaliar

eficiência, eficácia e efetividade das estruturas, processos e resultados relacionados

ao risco, à vulnerabilidades, ao acesso e à satisfação dos cidadãos torna-se ferramenta

imprescindível na incorporação do Planejamento para o aperfeiçoamento do Sistema

(BRASIL, 2015a).

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O PNASS, ao utilizar estrutura, processo e resultado, adota o entendimento de avaliação

qualitativa desenvolvido por Donabedian (1997), onde a estrutura se relaciona aos recursos

materiais, financeiros e estruturais disponíveis; o processo condiz com a interação entre

profissionais de saúde e pacientes; e, por fim, o resultado como produto final das ações e dos

serviços, materializando-se na concretização das necessidades e expectativas dos usuários.

De acordo com Castanheira et al. (2014), a avaliação, com abordagem nos processos,

tem sido mais empregada nos serviços de saúde, tendo em vista sua facilidade operacional e sua

maior capacidade em subsidiar mudanças. Isso porque permite conhecer como as ações e os

serviços processam-se, além de correlacioná-los aos modelos estabelecidos, permitindo,

consequentemente, uma avaliação da qualidade dos resultados esperados. A estruturação e a

disponibilização apropriadas das ações e dos serviços de saúde é um processo intricado, uma

vez que envolve demandas como integralidade, acessibilidade, longitudinalidade e

coordenação. Segundo Pinheiro (2009), a análise das questões que impactam na oferta e na

(re)organização dos serviços, em conjunto com as implicações da avaliação da qualidade,

compõem o alicerce dos estudos relacionados ao serviço de saúde. Os indicadores têm sido cada

vez mais utilizados no processo de avaliação dos serviços de saúde. O MS os descreve como

sendo:

essenciais nos processos de monitoramento e avaliação, pois permitem acompanhar o

alcance das metas e servem para embasar a análise crítica dos resultados obtidos e

auxiliar no processo de tomada de decisão; contribuir para a melhoria contínua dos

processos organizacionais; analisar comparativamente o desempenho (BRASIL,

2013c, p. 15).

Um dos indicadores utilizados no Brasil é a ICSAP, desenvolvido no século XX, nos

EUA, por meio de pesquisas organizadas por Billings e colaboradores, onde Condições

Sensíveis à Atenção Primária (CSAP) são as morbidades que, quando tratadas adequadamente

na APS, reduzem o risco de hospitalização. Elevadas taxas de ICSAP sugerem problemas na

atuação e/ou no acesso ao sistema de saúde (ALFRADIQUE et al., 2009; FERREIRA; DIAS;

MISHIMA, 2012; PAZÓ, 2013).

De acordo com Alfradique et al. (2009), para a elaboração de uma lista de diagnóstico

de doenças SAP, o contexto de cada país, o perfil epidemiológico e a carga de doença precisam

ser considerados. Ainda segundo os autores, os resultados das taxas de ICSAP também devem

ser analisados com cautela, uma vez que podem ser subestimados, como, por exemplo, quando

se utiliza dados de sistema de informação que nem sempre são fidedignos. E

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ainda, embora o número elevado de ICSAP expresse a falta de efetividade da APS, é prudente

observar que, as internações podem ser influenciadas pelo entendimento que o usuário possui

acerca do processo saúde e doença e também por ingerência do nível socioeconômico e cultural

da população (ALFRADIQUE et al., 2009). Corroboram assim, pesquisas realizadas por Pazó

(2013) e Mafra (2011), ao detectarem que a redução das ICSAP está relacionada à maior

cobertura da ESF e que o aumento pode estar atrelado a problemas no acesso e/ou atuação desta.

No entanto, Oliveira, Travassos e Carvalho (2004) e Santos et al. (2013) elucidam que

as internações hospitalares tendem a aumentar com a oferta de leitos e dos serviços de saúde, e

de reduzir com uma maior distância entre os serviços e a residência do usuário, com um melhor

nível socioeconômico, em municípios populosos e por desorganização do sistema de um modo

geral. O fato pode ser confirmado com o estudo de Pitchon (2014), realizado no município de

Belo Horizonte (MG), que detectou a redução das taxas de ICSAP, no entanto a redução foi

menor em áreas mais pobres. Santos et al. (2013) ainda acrescentam que é necessário levar em

conta essas questões ao utilizar o indicador ICSAP, para não incorrer em um erro de análise.

Neste contexto, foram realizados estudos e pesquisas para a elaboração da lista brasileira

de CSAP, de forma a atender a realidade do país. A lista foi organizada por grupos de causas

de internações e diagnósticos, de acordo com a Décima Revisão da Classificação Internacional

de Doenças e editada pela Portaria nº 221, de 17 de abril de 2008, pelo Ministério da Saúde

(BRASIL, 2008; ALFRADIQUE, 2009). Portanto, o uso desse indicador no Brasil é recente.

Algumas secretarias estaduais e municipais de saúde têm se utilizado deste parâmetro

para avaliar o desempenho da APS no cumprimento de seu papel de orientadora do cuidado e

coordenadora da RAS (MORENO et al., 2009; PAZÓ, 2013). Estudos realizados por Oliveira

et al. (2012) apontam para a redução de ICSAP em nível nacional, independentemente da idade

e do sexo, no período entre 2000 e 2006, o que pode não se confirmar em comunidades onde a

APS não é resolutiva (REHEM; EGRY, 2011). Uma APS efetiva tem capacidade de solucionar

85% dos problemas de saúde, referenciando a outros níveis de atenção somente os casos de

maior gravidade, permitindo, assim, a redução das iniquidades de uma hospitalização

(MENDES, 2011).

Segundo Cruz (2015) o uso dos indicadores é fundamental como parâmetro para

acompanhar os determinantes e as mudanças contextuais, garantindo visualizar a influência dos

mesmos nos resultados da avaliação. Assim, o aumento ou a redução das taxas de ICSAP

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não podem ser atribuídos isoladamente à falta de resolubilidade da APS ou à efetividade da

mesma. Pesquisa realizada por Rehem et al. (2016) indicou que a APS, por si só, não basta para

enfrentar as ICSAP; os autores alegam que o processo de trabalho e os determinantes sociais

impactam no aumento das mesmas.

2.4 O HOSPITAL UNIVERSITÁRIO E SUA INSERÇÃO NA REDE

Os Hospitais Universitários surgiram para atender à necessidade de campus para práticas

assistenciais voltadas à formação de profissionais do setor de saúde, com a missão de ensino,

pesquisa e extensão. No Brasil, até a década de 1950, os hospitais filantrópicos/religiosos

exerciam esse papel. Diante de conflito entre médico-docente e instituições religiosas, os staffs

(grupos) da saúde, buscando a autonomia administrativa, pleitearam a criação de unidades

hospitalares exclusivas que, a partir década de 1970, expandiram-se tendo em vista o aumento

no número de faculdades de Medicina (CARMO; ANDRADE; MOTA, 2007). Os hospitais

universitários eram financiados pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) e

desenvolveram-se a partir dos interesses da classe médica, sem considerar o perfil

epidemiológico da população (MEDICI, 2001).

Na década de 1980, os hospitais universitários deixaram de ser financiados pelo MEC,

gerando crises orçamentárias e maior custeio para o MS. Somado a isso, as mudanças nas

políticas de saúde; o aumento das demandas de internações, ocasionadas pela redução de leitos

públicos em serviços particulares e filantrópicos devido às irregularidades nos cumprimentos

contratuais; e a descentralização da gestão, por meio da criação do SUS, aproximou hospitais

universitários e gestores do sistema de saúde (CARMO; ANDRADE; MOTA, 2007).

A LOS, no art. 45, dispõe da inserção dos hospitais universitários e escola no SUS

(BRASIL, 1990):

Art. 45. Os serviços de saúde dos hospitais universitários e de ensino integram-se ao

Sistema Único de Saúde (SUS), mediante convênio, preservada a sua autonomia

administrativa, em relação ao patrimônio, aos recursos humanos e financeiros, ensino,

pesquisa e extensão nos limites conferidos pelas instituições a que estejam vinculados.

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Segundo Toro (2005), a inserção dos hospitais universitários no SUS não contou com

um planejamento, o que acarretou na desorganização destas instituições, devido ao aumento

desproporcional de usuários, em busca de uma assistência de qualidade e que, na maioria das

vezes, não tinham indicação para um serviço de maior complexidade e de custo elevado. Ainda

de acordo com o autor, essa desestruturação da rede gerou argumento contrário à inserção dos

hospitais universitários no sistema para o grupo que não era adepto a tal integração, sob a

alegação de que o fato poderia desvirtuar sua missão de ensino, pesquisa e extensão. O autor

ainda acrescenta que, somado a esse impasse, os problemas advindos em detrimento das

relações conflituosas entre hospitais universitários e comunidade, déficit orçamentário, de

recursos tecnológicos e humanos e a crise financeira que se instalou nos anos 1990, a partir da

desvalorização do real, levaram a precarização dos hospitais universitários federais.

Neste sentido, em 2003, foi instituída a Comissão Interinstitucional pela Portaria

Interministerial MS/MEC/MCT/MPGO nº 562, de 12 de maio de 2003, com o escopo de

diagnosticar e analisar a conjuntura dos hospitais universitários e de ensino (HUE) no Brasil.

Em 2007, a Portaria Interministerial MS/MEC nº. 2.400/07 “Estabelece os requisitos para

certificação de unidades hospitalares como Hospitais de Ensino” substituindo, assim, a Portaria

Interministerial MS/MEC nº. 1.000/04, 1.005/04, que dispunha sobre a certificação do HUE

para contratualização do mesmo no SUS (BRASIL, 2012b).

Segundo a portaria n°1.702/04, do MS, art. 3°, & 1°, o processo de contratualização é

entendido como:

o meio pelo qual as partes, o representante legal do hospital de ensino e o gestor local

do SUS, estabelecem metas quantitativas e qualitativas do processo de atenção à

saúde, de ensino e pesquisa e de gestão hospitalar que deverão ser acompanhadas e

atestadas pelo Conselho Gestor da Instituição ou pela Comissão Permanente de

Acompanhamento de Contratos (BRASIL, 2004).

No entanto, os entraves de ordem das políticas de gestão, financiamento, recursos

estruturais, tecnológicos e humanos vão arrastando-se entre avanços e retrocessos, exigindo a

formulação de propostas inovadoras com intuito de recuperar e efetivar o papel dos hospitais

universitários afiliados às Universidades Federais, como parte integradora da rede do SUS.

Entre elas destacam-se o Decreto n° 7.082/10 que institui o Programa Nacional de

Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (REHUF) que objetiva revitalizar e

reestruturar tais unidades (SOUTO, 2015; BRASIL, 2010c). Por meio deste mecanismo busca-

se aprimorar os processos de gestão, de forma a tornar tais espaços mais eficientes.

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Segundo Oliveira (2014, p. 116) o decreto, "foi pensado para que os hospitais conseguissem

desempenhar as funções de ensino, pesquisa, extensão e de assistência à saúde".

Entretanto, o decreto institui a divisão igualitária das despesas dos hospitais

universitários entre o MEC e o MS. Para Drago (2011), essa partilha de financiamento coloca

o hospital universitário em eminência de discursões sobre o seu pertencimento: MEC ou MS?

Diante do impasse, “a disputa ou a esquiva dos senhores – Ministério da Educação e Ministério

da Saúde – reforça a fragilidade das políticas públicas e justifica a privatização dos serviços a

elas inseridos” (DRAGO, 2011, p.19).

Ainda buscando um novo modelo de hospital universitário, foi instituída a Empresa

Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), de acordo com a Lei n° 12.550, de dezembro

de 2011, tendo como objetivo melhorar o gerenciamento dos hospitais universitários, de forma

a promover resultados mais eficientes (SOUTO, 2015; BRASIL, 2011b; 2012b). No entanto, a

administração dos HUs pela EBSERH traz discussões polêmicas sob a alegação da possível

privatização destas unidades, indo contra os princípios do SUS (OLIVEIRA, 2014).

Diante do exposto, os hospitais universitários federais, responsáveis pelo ensino em

saúde e assistência de média e alta complexidade de forma universal, enfrentam dificuldades

em preservar sua missão e, ao mesmo tempo, em atender as expectativas do SUS. Além disso,

os hospitais universitários vivenciam problemas de gestão, políticos, administrativos e

gerenciais. Nesta perspectiva, a reflexão sobre a relação dos atributos do primeiro nível de

atenção, na visão da população assistida neste modelo de instituições, pode contribuir para

elucidar os pontos que dificultam ou facilitam a universalização, a integração e a equidade no

sistema.

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3 OBJETIVOS DO ESTUDO

3.1 OBJETIVO GERAL

Refletir sobre a relação entre os atributos da Atenção Pimária à Saúde e o perfil de

internações de adultos da unidade de clínica médica do Hospital Universitário de Juiz de Fora,

Minas Gerais, Brasil.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Estimar o perfil das hospitalizações de adultos internados no setor de clínica médica;

Estimar a prevalência de internações por condições sensíveis à atenção primária no setor

de clínica médica;

Analisar os atributos da APS em função do perfil demográfico, socioeconômico e de

saúde dos adultos internados na unidade de clínica médica;

Discutir as relações entre a presença e a orientação da APS e as internações por

condições sensíveis à atenção primária a partir de adultos internados no setor de clínica

médica.

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42

4 JUSTIFICATIVA

O desenvolvimento do presente projeto tem como finalidade identificar a relação entre

os atributos da APS e o perfil de internações em unidades de clínica médica de um hospital

universitário. Vincula-se à linha de pesquisa Diagnóstico Local e Vigilância em Saúde da

Família e está ancorado em um conjunto de investigações sobre as barreiras que dificultam a

utilização das ações e dos serviços de saúde a partir da APS, coordenadas pelo professor-

orientador deste trabalho.

Somam-se aos fatos relatados os interesses pessoais da autora, que atua como enfermeira

em um hospital universitário há mais de 20 anos. Com esta experiência foi possível perceber a

fragilidade da inserção desse tipo de unidade de saúde na RAS. Embora a internação dos

pacientes seja, na atualidade, predominantemente regulada por centrais especializadas, é

possível perceber que ainda existem condições sensíveis à APS ocupando leitos destes

hospitais. Empiricamente, percebe-se que são diversos os motivos para estas ocorrências, dentre

eles: a trajetória terapêutica dos usuários, a baixa cobertura de serviços de saúde, a qualidade

da assistência prestada e tantos outros fatores que guardam relação com a literatura nacional e

internacional.

Mendes (2012) já apontou a APS, especialmente a ESF, como um importante dispositivo

para dar conta das necessidades atuais da população, principalmente pela mudança no perfil de

doenças que vem sendo vivenciada no mundo atual. No entanto, parece que não basta a

ampliação da cobertura de serviços, é necessário também que a orientação e a organização

sejam eficientes e voltadas às reais necessidades da população. Apoiado em Starfield (2002), é

possível perceber que os sistemas orientados pela APS apresentam maior resolutividade,

reduzindo as internações por condições sensíveis a este nível de atenção.

No Brasil, as políticas públicas têm se empenhado em buscar a consolidação de uma

APS abrangente, que dê conta de modificar o modelo hegemônico e hospitalocêntrico.

Acredita-se ser possível minimizar a fragmentação do sistema, dando conta de questões que

vão além da cura e da reabilitação de doenças ou de uma cesta restrita de serviços focalizados

em alguns agravos específicos. Prima-se, com isso, pela busca de excelência na acessibilidade,

longitudinalidade, coordenação e integralidade das ações. Tem-se que uma APS ordenadora das

RAS e coordenadora dos cuidados, de forma resolutiva e abrangente, pode resolver 85% dos

agravos à saúde dos usuários reduzindo, assim, as internações hospitalares (BRASIL, 2008;

MENDES, 2012; CARDOSO et al., 2013).

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A difícil e necessária integração entre os níveis de atenção motiva gestores e

profissionais da saúde a utilizarem, cada vez mais, a avaliação do sistema de saúde, na

expectativa de enfrentar alguns entraves na consolidação do SUS. Uma das ferramentas

preconizadas para avaliar a qualidade da assistência em APS, no Brasil, é o instrumento

PCATool, que conta com versões específicas para crianças, adultos e profissionais de saúde

(BRASIL, 2010a). A validação dessa ferramenta é recente no Brasil, no entanto, sua utilização

expande-se rapidamente, sendo empregada por pesquisadores em várias regiões, tais como

trabalhos realizados em São Paulo (FERRER, 2013), Piauí (VIANA, 2012), Minas Gerais

(INOCÊNCIO, 2014) e Ceará (CARNEIRO et al., 2014).

Autores como Mafra (2011) e Oliveira et al. (2012) associaram a avaliação de

desempenho da APS às hospitalizações, na tentativa de analisar o impacto da qualidade da

assistência sobre a atenção terciária. De acordo com Alfradique et al. (2009), um número

elevado de ICSAP pode caracterizar falha no sistema, seja por barreiras de acesso ou por falta

de qualidade da assistência prestada.

Acredita-se que as ICSAP são um desfecho cruel da falta de ações e serviços de

qualidade. Vale considerar que tal evento traz prejuízos tanto do ponto de vista do sistema de

saúde, uma vez que aumenta os gastos públicos, como para o indivíduo e a sociedade,

acarretando em danos psicobiológicos, psicossociais e econômicos para o paciente e seus

familiares. Nesse ponto, compreende-se que as ICSAP são eventos evitáveis e contornáveis por

meio da organização dos serviços de APS e de sua rede de suporte.

Mediante ao exposto, fundamenta-se a inquietação principal deste estudo; dentre tantos

trabalhos que se voltam para as investigações relativas aos atributos da APS e ICSAP, poucos

são aqueles que possuem um olhar para os hospitais universitários. Decerto, o sistema de

regulação e o pleno funcionamento do sistema deveriam evitar este tipo de ocorrência nestas

unidades. Por outro lado, é por este mesmo motivo que acredita-se que as ICSAP, em hospitais

universitários, possam ser um importante marcador de desempenho e organização do sistema.

Espera-se que esta pesquisa possa contribuir com subsídios para um debate qualificado

sobre RAS sob a orientação da APS, investigando os fatores que influenciam as internações no

hospital universitário a partir da reflexão sobre a relação dos atributos da APS e o perfil dos

pacientes clínicos e das ICSAP. Objetiva-se ainda colaborar para a discussão do real papel

dessas unidades especializadas no sistema de saúde. Por fim, acredita-se que a análise da relação

dos atributos e das ICSAP com as internações em um hospital universitário possa colaborar

para avaliação de um importante marcador, que se apresenta a partir deste trabalho e

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tornar-se um sinalizador das ações efetivas e não efetivas, possibilitando (re)pensar sua

programação. A identificação dos elementos facilitadores e dificultadores do processo de

trabalho também poderá subsidiar estratégias políticas, administrativas e assistenciais que

propiciem a integração dos serviços e a otimização de recursos.

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5 MÉTODOS E PROCEDIMENTOS

5.1 NATUREZA E TIPO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo de natureza transversal de base hospitalar, com abordagem

quantitativa, constituído de entrevista com usuários adultos internados na unidade de clínica

médica em um hospital universitário na cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais.

5.2 CENÁRIO

O cenário do estudo foi o município de Juiz de Fora, localizado na Zona da Mata Mineira, com

uma população estimada de 559.636 habitantes, em 2016, de acordo com o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE). A cidade possui extensão territorial de 1.435,749 km² em 2015, com

densidade demográfica de 359,59hab/km² em 2010 e Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de

0,778% (IBGE, 2016).

O IDH de Juiz de Fora é considerado alto em comparação aos outros municípios brasileiros

(CASTRO, 2013). Também de acordo com o autor, na última década a educação foi a dimensão do IDH

que mais cresceu no município, seguida da longevidade e da renda. No entanto, acrescenta Castro (2013),

a longevidade, com índice de 0,844, foi a dimensão que mais contribuiu para o aumento do indicador em

Juiz de Fora.

A queda da proporção na faixa etária de zero a 14 anos, acompanhada do aumento no

número de idosos, retrata um processo de envelhecimento da população. Somado a isso,

observam-se a ampliação da expectativa de vida, a diminuição da mortalidade infantil e o

declínio da taxa de fecundidade, configurando o processo de transição demográfica e

ocasionando mudanças na pirâmide etária local, a saber: diminuição da base e o alargamento

do topo (PNUD, 2015; CASTRO, 2013).

Devido a uma gestão descentralizada e regionalizada, o Plano Diretor de Regionalização

de Minas Gerais (PDR/MG) divide o estado em 13 macrorregiões de saúde e estabelece Juiz de

Fora como sede da Macrorregião Sudeste, conforme ilustrado na Figura 1.

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Ela engloba oito microrregiões de saúde, sendo Juiz de Fora/Bom Jardim de Minas/Lima Duarte

uma delas, conforme se observa na Figura 2. O fato de Juiz de Fora constituir-se no polo da

macro e microrregião com maior disponibilidade de acesso e serviços especializados, acaba por

atrair maior número de usuários em busca de atendimento aos agravos de sua saúde. (JUIZ DE

FORA, 2014; SOUZA, 2012).

Figura 1: Macrorregiões de Saúde de Minas Gerais

Fonte: Plano Diretor de Regionalização de Minas Gerais – SESMG.

Figura 2: Microrregião de Juiz de Fora/Bom Jardim de Minas/Lima Duarte

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Fonte: Plano Diretor de Regionalização de Minas Gerais – SESMG.

A cobertura da APS no município é de 81% e da ESF, 51%. Tal rede de serviço é

composta por 63 unidades, distribuídas em sete regiões administrativas e em 12 regiões

sanitárias. Possui um total de 112 equipes de saúde, sendo 89 da ESF, alocadas em 39 Unidades

de Atenção Primária à Saúde (UAPS) e 22 equipes tradicionais, uma mista e uma PACS

divididas, nas demais 24 UAPS. Na área urbana, estão localizadas 58 UAPS e 15 na zona rural,

onde cada unidade possui uma equipe de saúde que pode ser ESF ou tradicional (JUIZ DE

FORA, 2014).

Já a atenção secundária no município é gerenciada pela Coordenação de Redes

Assistenciais e regulada pela Central de Marcação de Consultas. Os usuários, a priori, são

referenciados pelas UAPS, serviços de emergência e urgências e pelos municípios pactuados.

Esse nível de atenção é composto por sete departamentos e por serviços especializados

destinados a grupos populacionais específicos (JUIZ DE FORA, 2014). O município

disponibiliza, ainda, o Centro Hiperdia (Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de

Hipertensos e Diabéticos), criado pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais

(SES/MG); a Agência de Cooperação Intermunicipal em Saúde Pé da Serra (Acispes),

cooperativa sem fins lucrativos; o Centro Mais Vida (CMV), que atende pacientes da terceira

idade de forma integral e multiprofissional; o Instituto de Clínicas Especializadas (ICE), que

atende a 26 especialidades vinculadas à Prefeitura; e o Centro de Atenção à Saúde (CAS),

pertencente ao HU/UFJF (SOUZA, 2012). Para atender ao serviço de urgência e emergência,

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o município aderiu ao Consórcio Intermunicipal de Saúde de Urgência e Emergência da

Região Macro Sudeste (Cisdeste) (JUIZ DE FORA, 2014).

Relacionado à rede terciária, o município está pactuado com 135 municípios para

atendimento hospitalar de média complexidade. O acesso dos seus usuários é feito por meio da

Central de Vagas do Município e da Central de Marcação Macrorregional/MG, com a utilização

do Sistema SUS Fácil, responsável pela regulação do acesso à internação (JUIZ DE FORA,

2014). No município, fazem parte da rede conveniada ao SUS 12 hospitais gerais, dentre eles o

HU/UFJF, local onde foi realizada a presente pesquisa.

A história do HU/UFJF e da EBSERH revelada no site da instituição descreve que o

centro de atendimento iniciou o ensino médico em 1963, na cidade de Juiz de Fora/MG, nas

dependências da Santa Casa de Misericórdia. Em 1966, foi fundado o Hospital Escola na área

física do antigo sanatório Dr. Villaça, próximo à Santa Casa de Misericórdia. Já na década de

1970 ganhou novas instalações no Bairro Santa Catarina, atendendo a pessoas carentes,

pacientes do Fundo de Assistência e Previdência do Trabalhador Rural (Funrural) e do Instituto

Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps), em nível ambulatorial e

hospitalar. Somente em 1994, o HE foi incorporado ao SUS e passou ser designado como

Hospital Universitário (UFJF, s/d).

Um novo hospital universitário encontra-se em construção. O primeiro módulo, Centro

de Atenção à Saúde – Unidade Dom Bosco – foi inaugurado em agosto de 2006. Em 2012, a

UFJF assinou contrato para a construção dos demais módulos do HU e, em 2014, firmou

contrato com a EBSERH, que passa a administrar o hospital (UFJF, 2015).

De acordo com informações divulgadas no site da UFJF, o hospital universitário é centro

de referência em atendimento de usuários da rede SUS de Juiz de Fora e cidades vizinhas,

inclusive de alguns municípios da região do estado do Rio de Janeiro. Exerce atividade em

níveis primário, secundário e terciário e de ensino, pesquisa e extensão. Com um total de 140

leitos de enfermarias, 16 leitos de Hospital Dia, vários consultórios – inclusive odontológico –

e oito salas cirúrgicas, alcança uma média mensal de 300 internações e 7.500 consultas

ambulatoriais, distribuídas em mais de 30 especialidades, bem como ainda realiza pequenas e

médias cirurgias. Dispõe, dentre outros serviços, de oito centros de referências e de programas

de Residência Médica, multiprofissional e na área da saúde (UFJF, 2015).

O processo regulatório do sistema municipal sobre o HU/UFJF vem desenvolvendo-se

paulatinamente. A partir de 2004, a instituição deixou de atender aos serviços de emergência, o

que significa não ter mais porta aberta. Os pacientes passaram a ser admitidos via Central de

Regulação de Vagas Hospitalares da Secretaria de Saúde do Município de Juiz de Fora

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(SMS/PJF), onde, para liberação de vaga, é observada a disponibilidade de leitos, as prioridades

e as especialidades. O agendamento de consultas e/ou procedimentos no CAS segue o

fluxograma indicado na figura 3 (UFJF, 2015).

Figura 3: Carta de serviços ao cidadão

Fonte: HU/UFJF (s/d)

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A unidade selecionada do hospital universitário foi a de clínica médica, composta por

29 leitos femininos, dois leitos de isolamento masculino/feminino e 22 masculinos, distribuídos

por especialidades, a saber: Clínica Médica, Cardiologia, Pneumologia, Gastroenterologia,

Neurologia, Nefrologia, Hematologia, Angiologia, Endocrinologia, Reumatologia e Doenças

Infecto-parasitárias (UFJF, 2015).

5.3 POPULAÇÃO DO ESTUDO E TAMANHO DA AMOSTRA

A população fonte do estudo foi composta por pacientes internados na unidade de clínica

médica do hospital universitário durante um quadrimestre do ano de 2016. Foram eleitos os

pacientes com tempo de internação superior a 24 horas, conforme padronização da

nomenclatura do censo hospitalar (BRASIL, 2002) e com idade igual ou superior a 18 anos.

Foram excluídos os pacientes que encontravam-se impossibilitados de participar por limitações

clínicas que inviabilizavam a resposta ao questionário.

Foi utilizada estratégia amostral não probabilística e intencional, constituída durante o

período de 1º de março a 30 de junho de 2016, com um total de 269 internações. Destas, 42

(15,6%) não atenderam os critérios de inclusão, três por terem idade inferior a 18 anos e 39 por

não possuírem condições clínicas que permitissem a resposta ao questionário; 13 (4,8%)

pacientes já haviam participado da fase piloto do estudo, 13 (4,8%) se recusaram a participar

da investigação, e quatro (1,5%) foram considerados como perdas, já que saíram de alta antes

da abordagem. A amostra final foi composta por 197 sujeitos.

5.4 LOGÍSTICA DO TRABALHO DE CAMPO

A coleta de dados foi realizada pela pesquisadora por meio de abordagem individual e

direta, à beira do leito, no período vespertino, devido ao menor fluxo de atividades nas unidades.

Após aprovação do estudo pelo Comitê de Ética e Pesquisa, foi realizado um estudo piloto

visando avaliar a aplicabilidade do trabalho de campo.

Os sujeitos da pesquisa foram selecionados em dias alternados a partir da relação de

pacientes dos setores de clínica médica, fornecida pela central de internação do hospital

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universitário, composta de: número do leito, nome do paciente, número do prontuário, data de

admissão e especialidade. A partir da lista foram selecionados os pacientes que ainda não

haviam participado do estudo, os que se encontravam internados há mais 24 horas e com idade

igual ou acima de 18 anos.

Foi realizado o convite para a participação na investigação e a explanação do objetivo

do estudo e dos preceitos éticos que o envolvem. Antes de iniciar a entrevista foi lido o Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e solicitada a assinatura do participante ou a

impressão digital em casos de analfabetismo e/ou impossibilidade de assinatura. A entrevista

foi realizada com base no “Manual do instrumento de avaliação da Atenção Primária à Saúde”

(BRASIL, 2010a) e técnicas de entrevistas e de condutas frente às possíveis intercorrências.

Destaca-se que a coleta de dados sobre a assistência prestada pela APS somente foi realizada

em usuários que possuíam frequência regular neste nível de atenção.

A coleta de dados foi interrompida quando o sujeito não quis mais continuar a participar

da investigação ou apresentou intercorrência clínica e, neste caso, foi providenciado

atendimento de enfermagem. As dúvidas relacionadas a encaminhamentos aos serviços de

saúde e outras foram sanadas e/ou encaminhadas ao serviço social do hospital universitário,

conforme já pactuado na Instituição.

5.5 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

O instrumento de pesquisa, (Anexo 1), foi composto por um questionário estruturado e

multidimensional. A primeira dimensão abordou questões relativas aos aspectos

sociodemográficos da amostra por meio de itens constantes na Pesquisa Nacional por Amostra

de Domicílios (IBGE, 2016), tais como: idade, sexo, tempo de estudo, cor/etnia, situação

conjugal e local de residência. A caracterização socioeconômica foi realizada por meio dos

critérios da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP, 2015), que estratifica a

situação econômica em A, B1, B2, C1, C2, D-E, de acordo com as informações sobre os

cômodos, os bens e os serviços utilizados pela família.

A segunda dimensão constou de itens que mapearam as situações de acompanhamento

e internamento nos serviços de saúde, investigando a trajetória percorrida até a internação e o

tipo de vínculo existente com o hospital. Esta dimensão foi construída a partir de um

questionário formatado por Ferrer (2013), em pesquisa qualitativa.

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A terceira dimensão do instrumento deu conta de captar os dados referentes às variáveis

dependentes, utilizando-se o Primary Care Assessment Tool - PCATool-Brasil. Segundo

Harzteim et al. (2013, p. 275) o instrumento “Primary Care Assessment Tool (PCATool) foi

elaborado por Sarsfield et al. nos Estados Unidos da América”, com o objetivo de mensurar os

atributos da APS. O instrumento consta da versão adulto, criança e profissional, que foram

validadas no Brasil, em 2006, por um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio

Grande do Sul, em Porto Alegre (HARZHEIM et al., 2006; BRASIL, 2010a).

A versão adulto do instrumento foi revalidada para a realidade brasileira por Harzheim

et al., no ano de 2013. Porém, ao utilizar o instrumento para avaliar o grau de orientação para

APS no município do Rio de Janeiro, os autores apontaram como sugestão a validação do

instrumento PCATool versão adulto de forma reduzida, para otimizar a sua implantação como

rotina nos serviços. Acatando tal sugestão, Oliveira et al. (2013) validou o PCATool-Brasil

adulto versão reduzida.

Para este trabalho, utilizou-se a versão reduzida do PCATool-Brasil adulto, tendo em

vista a extensão do instrumento PCATool-Brasil adulto e as características dos sujeitos

participantes desta pesquisa. A versão reduzida é composta por 23 itens subdivididos em sete

componentes, a saber: grau de afiliação com o serviço de saúde, primeiro contato,

longitudinalidade, coordenação, integralidade, orientação familiar e orientação comunitária. Os

itens são distribuídos em uma escala Likert, com quadro de opções de resposta que variam de

“com certeza que sim” a “com certeza que não”. Também a partir deste instrumento é possível

avaliar o escore de cada atributo, assim como o escore essencial e o geral, conforme orienta o

manual do instrumento (BRASIL, 2010a).

Pesquisas realizadas por Fracolli et al. (2014) e Stein (2013) assinalam que o

instrumento PCATool-Brasil é bem aceito em nível nacional, tendo em vista seu alcance em

subsidiar possíveis propostas de contribuições para a efetivação da APS de forma qualitativa.

Viana (2012) e Inocêncio (2014) corroboram ao orientar a utilização do mesmo de forma

normatizada pelos serviços de saúde, tendo em vista seu alcance tanto no âmbito de

confiabilidade como no de praticidade de sua aplicação.

Com o intuito de assegurar a utilização do instrumento PCATool de forma mais segura

e com maior fidedignidade dos resultados, o Ministério da Saúde editou, em 2010, o Manual

do Instrumento de Avaliação da Atenção Primária à Saúde, PCATool-Brasil (BRASIL, 2010a),

organizado de forma a apresentar, conceituar, orientar e explanar dúvidas na sua utilização. Os

escores são calculados pela média aritmética simples dos valores das respostas

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que compõem cada atributo. O escore geral é obtido pela soma do escore médio dos atributos

incluindo o escore do Grau de Afiliação dividido pelo número total de componentes. Os valores

são transformados em uma escala de 0 a 10. Adotou-se o parâmetro de qualidade (valores ≥

6,6) como ponto de corte para determinar a forte orientação da APS e seus componentes

(HARZHEIM et al., 2013a).

A última dimensão utilizada para coleta de dados destinou-se à captação de informações

no prontuário sobre as ICSAP, por meio do diagnóstico principal e da Classificação

Internacional de Doenças (CID) de acordo com a Lista Brasileira (Anexo 2). O indicador ICSAP

é uma medida indireta, recomendado principalmente para avaliar a qualidade e o acesso aos

serviços de APS. O MS, após minuciosos estudos para adaptação à realidade brasileira, editou

a Lista Brasileira de CSAP por meio da Portaria SAS/MS nº 221/2008, composta por 19 grupos

de causas de internações e 74 diagnósticos (BRASIL, 2008).

5.6 VARIÁVEIS DE INTERESSE E ANÁLISE DE DADOS

Considerando os objetivos do estudo, o plano de análise teve como variável dependente

a ocorrência de ICSAP. Foram consideradas variáveis independentes os atributos da APS:

Afiliação, Utilização, Acesso (Primeiro Contato), Longitudinalidade, Coordenação (Integração

de Cuidado e Sistema de Informações), Integralidade (Serviços Disponíveis e Serviços

Prestados) e Orientação Familiar e Comunitária. Por fim, as variáveis de controle foram aquelas

captadas na primeira dimensão do instrumento de coleta de dados, ou seja, as características

socioeconômicas e demográficas e de acompanhamento de saúde.

A construção e a limpeza do banco de dados ocorreram no software MS Excel 2010.

Para análise estatística dos dados foi utilizado o software Stata/SE 13, após exportação e

conversão dos arquivos. O plano de análise consta da utilização de estatística descritiva para

analisar as variáveis de estudo, calculando-se as médias, as proporções, as razões de prevalência

e os respectivos intervalos de confiança a 95%. Para as análises bivariadas foram calculados os

p-valores, utilizando o Teste Exato de Fisher e considerando os resultados estatisticamente

significantes quando menores que 0,05 e limítrofes, quando no intervalo entre 0,05 e 0,1.

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Adotou-se técnica de regressão logística não-condicional para avaliação da associação

entre as variáveis independentes e a dependente, acrescentando somente as variáveis que

apresentaram p-valor inferior a 0,25 no modelo de ajustamento. Para análise das interações foi

utilizada técnica de regressão logística condicional. Aplicou-se o Teste de Razão de

Verossimilhança como teste de hipótese. Descrições detalhadas são apresentadas nos artigos,

que estão descritos no capítulo de resultados.

5.7 ASPECTOS ÉTICOS

Visando ao atendimento dos aspectos éticos que envolvem pesquisas com seres

humanos, o projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê do HU/UFJF e aprovado sob o nº

1.427.653, cumprindo o disposto na Resolução nº 466/2012 (BRASIL, 2012c). Antes de iniciar

o estudo, os sujeitos receberam informações sobre os objetivos, a relevância e os preceitos

éticos da pesquisa.

Os participantes da pesquisa foram esclarecidos sobre a interrupção da entrevista, a

qualquer momento, se assim o desejassem, sem qualquer prejuízo e/ou interferência na

assistência, bem como foram informados que não teriam custos ou benefícios financeiros com

a participação na mesma. Foi garantido o anonimato e ressaltou-se que, como a pesquisa não

constou de procedimentos invasivos junto ao corpo, o risco da mesma era mínimo. Porém, se

fossem comprovados danos decorrentes da mesma, o sujeito receberia assistência

imediatamente e o pesquisador assumiria a responsabilidade pelos mesmos.

As dúvidas de encaminhamentos aos serviços de saúde foram esclarecidas e/ou

referenciadas ao serviço social da instituição. Os resultados do estudo foram colocados à

disposição dos sujeitos, gestores, profissionais e comunidade em geral por meio dos setores de

educação permanente da Instituição. Acredita-se que os dados decorrentes da investigação

possibilitarão, aos gestores e aos profissionais, uma execução mais precisa do planejamento e

da organização dos serviços de forma mais efetiva e, por conseguinte, o alcance de melhor

qualidade da assistência prestada.

Após os esclarecimentos e mediante aceite de participação, foi solicitada ao entrevistado

a inserção da impressão digital ou assinatura ao TCLE (Anexo 6).

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6 RESULTADOS/DISCUSSÃO

Com o objetivo de tornar a leitura deste capítulo sequencial, optou-se pela apresentação

dos dados em formato de artigos científicos, que possuem formatação específica conforme os

periódicos eleitos para a socialização dos resultados desta dissertação. A Tabela

1 demonstra a relação dos objetivos específicos deste estudo com os manuscritos aqui

produzidos.

Tabela 1 – Organização dos resultados a partir da relação entre os objetivos do estudo e os

artigos produzidos.

Objetivos específicos Artigo I Artigo II Artigo III

Estimar o perfil das internações de adultos internados

no setor de clínica médica;

Estimar a prevalência de condições sensíveis à atenção

primária no setor de clínica médica;

X

Analisar os atributos da APS em função do perfil

demográfico, socioeconômico e de saúde dos adultos

internados na unidade de clínica médica;

X

Discutir as relações entre a presença e a orientação da

APS e as internações por condições sensíveis à atenção

primária, a partir de adultos internados na unidade de

clínica médica.

X

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6.1 ARTIGO I

PERFIL E PREVALÊNCIA DE INTERNAÇÕES POR CONDIÇÕES SENSÍVEIS À

ATENÇÃO PRIMÁRIA EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Lucia Aparecida de Souza1, Ricardo de Mattos Russo Rafael2

1. Enfermeira. Mestranda em Saúde da Família pela Universidade Estácio de Sá.

Servidora da Universidade Federal de Juiz de Fora.

2. Enfermeiro. Doutor em Ciências pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Professor do quadro permanente do Mestrado em Saúde da Família (UNESA).

Professor do Departamento de Enfermagem de Saúde Pública da UERJ.

RESUMO

Objetivo: Estimar o perfil de internações com ênfase nas variáveis relacionadas às condições

sensíveis à atenção primária, no setor de clínica médica de um Hospital Universitário de Juiz

de Fora, Minas Gerais. Método: estudo transversal, tendo como cenário um hospital

universitário e amostra de 197 sujeitos internados há mais de 24 horas. Os dados foram

coletados entre março e junho de 2016. O instrumento foi composto por questões

socioeconômicas e demográficas, de acompanhamento, utilização de serviço de saúde e do

diagnóstico de Internação. As Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária

(ICSAP) foram levantadas a partir dos prontuários e classificadas de acordo com a Lista

Brasileira editada pelo Ministério da Saúde (MS). O plano de análise constou da utilização de

estatística descritiva, calculando-se as prevalências e os respectivos intervalos de confiança a

95%. Resultados: observou-se que 69,5% (IC95%: 62.7/75.6) dos entrevistados utilizaram as

unidades de emergências como porta de entrada do sistema, sendo estas unidades que

referenciaram ao hospital universitário (77.1%; IC95%: 70.7/82.5). A prevalência de ICSAP

foi de 20.8% (IC95%: 15.7/27.1) para o período estudado. As doenças do aparelho respiratório,

da pele e do tecido celular subcutâneo apresentaram prevalências superiores à estimativa geral

de ICSAP no setor. Conclusões: A prevalência de 20,8% das ICSAP em um setor de clínica

médica do hospital universitário pode guardar relação com as modalidades de serviços desta

instituição e a persistência da operação de uma cultura hospitalocêntrica nos sistemas de saúde.

Os resultados da pesquisa denotam a necessidade de ações mais efetivas de gestores e

profissionais na consolidação da integralidade e da coordenação do cuidado.

Descritores: Indicadores de Saúde; Internação hospitalar; Serviços de Saúde; Hospitais

Universitários.

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ABSTRACT

Objective: To estimate the profile of hospitalizations with emphasis to those related to the

sensitive conditions in the Primary Health Care in the medical clinic of a University Hospital

of Juiz de Fora, Minas Gerais State. Method: This is a transversal study, performed at a

university hospital, with a sample of 197 subjects admitted for more than 24 hours in the

hospital. The data were collected from March to June 2016. The questionnaire was composed

of socioeconomic and demographic topics, patients' follow-up, health service utilization, and

diagnosis for hospitalization. The admissions by Primary Health Care - sensitive conditions

(ICSAP) - were raised from patients' charts and classified according to the list published by the

Brazilian Ministry of Health. The analysis consisted of using descriptive statistics, prevalence,

and their 95% confidence intervals. Results: It was observed that 69.5% (95% CI: 62.7/75.6)

of respondents used the emergency units as an entrance system, being those units the ones that

referred the patients to the university hospital (77.1%; 95% CI: 70.7/82.5). The prevalence of

ICSAP was 20.8% (95% CI: 15.7/27.1) for the studied period. Diseases related to the respiratory

tract, the skin, and the subcutaneous tissue showed higher prevalence compared to the ones

estimated by the ICSAP sector. Conclusion: The prevalence of 20.8% of ICSAP in a

department of medical clinic of the University Hospital may have a relationship with the

services offered at this type of institution and the persistence of hospital-centred culture of the

present health system. The results of the research reflect the need of more effective actions from

managers and professionals in the consolidation of a comprehensive and organized health care.

Descriptors: Health Status Indicators; Hospitalization; Health services; Hospitals, University.

Introdução

As mudanças no estilo de vida, ocorridas nas últimas décadas, têm produzido

importantes modificações na carga de doenças da população brasileira, o que invariavelmente

provoca reflexões sobre a necessidade de construção de uma rede articulada de serviços. A

cronificação de alguns problemas de saúde e o consequente aumento da dependência dos

usuários exigem intervenções mais efetivas e eficientes daquelas dispostas nas políticas

públicas. Uma das propostas editada pelo MS é a integração dos serviços a partir da Atenção

Primária à Saúde (APS) como responsável pela coordenação dos cuidados e ordenadora da Rede

de Atenção à Saúde – RAS (Brasil, 2015b).

A APS, para cumprir o seu papel na RAS, tem por objetivo promover ações e serviços

assistenciais integrados e de qualidade, segundo as necessidades e condições socioeconômicas,

culturais e demográficas da população. Por outro lado, pesquisas têm demonstrado que a

ineficiência da APS pode acarretar, dentre outros fatores, em

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hospitalizações que poderiam ser evitadas por meio de ações efetivas e locais (STARFIELD,

2002; ALFRADIQUE, 2009). Estas internações são passíveis de monitoramento por meio do

indicador de ICSAP que foi desenvolvido por Billings et al.(1993), no século XX, nos EUA, e

que ganhou força na década passada (ALFRADIQUE, 2009).

Com o propósito de avaliar os serviços de saúde, em especial a APS, e visando subsidiar

políticas públicas mais eficazes e robustas, o MS adotou esta Lista após ajustá-la à realidade

nacional (BRASIL, 2008), tornando-a uma importante ferramenta no contexto da produção

científica e da gestão dos serviços de saúde no Brasil. Embora pesquisas demonstrem que a

presença da APS contribui de forma a reduzir o risco de ICSAP (MENDES, 2012; SOUZA;

COSTA, 2011), percebe-se que este fenômeno não ocorre de forma linear em todo território

nacional. Estudos realizados por Rodrigues-Bastos et al. (2013); Melo e Egry (2014) e Torres

(2014) apontaram que nos municípios de Juiz de Fora, Guarulhos e Cotia, respectivamente, este

resultado não se confirmou. Os autores acrescentam que esse fato pode estar associado à

desarticulação da rede.

De acordo com Rehem, Ciosak e Egry (2012) o indicador, por si só, não é o bastante

para avaliar a APS, mas fornece a possibilidade de processar uma análise da organização da

rede, visando o princípio da integralidade. Outros fatores que podem impactar nas ICSAP são

as escolhas pessoais dos usuários, entre elas a busca por serviços de maior complexidade como

porta de entrada do sistema, devido às dificuldades de ordenamento da rede e ao entendimento

de que os serviços especializados são mais resolutivos (KNIESTEDT, 2013).

Neste contexto, inserem-se os hospitais universitários que, além de proporcionarem

serviços especializados e de alta complexidade, têm a missão de ensinar e de pesquisar, o que

tende a elevar o desejo de acompanhamento por parte dos usuários (SOUZA, 2012). O hospital

universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) faz parte da rede de saúde do

município, no entanto a integralidade desta unidade junto à RAS apresenta algumas fragilidades

que podem impactar na prestação de serviços à comunidade. Ressalta-se a falta de

contratualização, dificuldades no processo de regulação e de contrarreferência (MARQUES,

2015).

Diante do exposto, esta pesquisa busca estimar o perfil de internações e a prevalência

de condições sensíveis à atenção primária no setor de clínica médica de um hospital

universitário de Juiz de Fora, Minas Gerais (MG). Os resultados poderão subsidiar gestores e

profissionais no planejamento de ações mais concretas.

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Métodos

Estudo transversal, de base hospitalar, desenvolvido no período de março a junho de

2016, na unidade de internação clínica médica de um hospital universitário, na cidade de Juiz

de Fora, Minas Gerais. O município fica localizado na Zona da Mata de Mineira e teve uma

população estimada, em 2015, de 555.284 habitantes (IBGE, 2016). A cobertura da APS é de

81% da população (JUIZ DE FORA, 2014), e possui elevada demanda reprimida para serviços

de nível secundário. Entre as especialidades de maior déficit encontram-se a cardiologia,

endocrinologia, ortopedia e neurologia (SILVEIRA et al., 2015).

Juiz de Fora é polo da macro e microrregião Sudeste de saúde de Minas Gerais,

conforme o Plano Diretor de Regionalização do Estado (PDRE), sendo referência para uma

população superior a 1,5 milhões de habitantes (MINAS GERAIS, 2011). Já o hospital

universitário integra a rede do município, presta assistência ao nível primário, média e alta

complexidade, não possuindo serviço de emergência. O hospital é composto por duas unidades:

uma ambulatorial, que atende uma média mensal de 7.500 consultas em serviços especializados

e uma unidade de internação composta por seis setores de internações a saber: setor de clínica

médica, pediatria, ginecologia, cirurgia, transplante e unidade de terapia intensiva. Possui uma

média mensal de 300 internações (UFJF, 2015).

A unidade de clínica médica, lócus da pesquisa, é o setor que interna pacientes para

diagnósticos, tratamentos e procedimentos não cirúrgicos. Possui um total de 53 leitos, sendo

29 leitos destinados a internações femininas, 22 leitos masculinos e 2 leitos de isolamentos

(masculino/feminino).

Participaram da pesquisa pacientes com idade a partir de 18 anos e que se encontravam

internados em período superior a 24 horas. Não atenderam ao critério de inclusão os pacientes

com limitações clínicas para responder ao questionário. A estratégia amostral utilizada foi não

probabilística e intencional, constituída durante o período de 1º de março a 30 de junho de 2016,

com um total de 269 internações. Destas, foram excluídas as quatro perdas (1,5%), os 13

participantes da fase piloto (4,8%), os 13 pacientes que se recusaram a participar (4,8%) e os

42 que não atenderam ao critério de inclusão (15,6%), perfazendo uma população de estudo de

197 indivíduos.

Após aprovação no Comitê de Ética, foi realizado um estudo piloto no próprio cenário

de pesquisa, visando testar o instrumento e a dinâmica de coleta de dados. Passada a fase de

teste, as entrevistas foram realizadas pela primeira autora deste trabalho em visitas à unidade

em dias alternados, utilizando abordagem individual, na beira do leito, captando a totalidade

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de sujeitos elegíveis. Priorizou-se pelo horário vespertino, tendo em vista o menor fluxo de

atividades e procedimentos na unidade, possibilitando melhor qualidade na aferição.

Para coletar os dados foi utilizado questionário multidimensional, sendo a primeira

dimensão referente às condições sociodemográficas e econômicas. Consideraram-se os

seguintes estratos socioeconômicos: A/B (acima de R$4.852,00), C (entre R$1.625,00 e

4.852,00), e D-E (até R$1.625,00) (ABEP, 2015). A segunda dimensão foi composta por

questões relacionadas ao acompanhamento de saúde e de internação da população de estudo.

Na última foi utilizada a lista brasileira de Condições Sensíveis à Atenção Primária, editada

pelo Ministério da Saúde em 2008, por meio da Portaria nº 221, que foi organizada por grupos

de causas de internações e diagnósticos, de acordo com a Décima Revisão da Classificação

Internacional de Doenças (CID-10) (BRASIL, 2008).

A construção e a limpeza do banco de dados foram realizadas em software MS Excel

2010. Para análise estatística dos dados, foi utilizado o software Stata/SE 13, após exportação

e conversão dos arquivos do Excel. O plano de análise consta da utilização de estatística

descritiva para as variáveis de estudo, calculando-se as frequências e os respectivos intervalos

de confiança a 95%.

Todos os entrevistados tiveram conhecimento prévio dos objetivos da pesquisa e

receberam esclarecimento de dúvidas, do anonimato e de possível risco mínimo. Assinaram ou

registraram suas impressões digitais ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

A pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital

Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora, sob o parecer nº 1.427.653.

Resultados

A Tabela 1 apresenta a caracterização sociodemográfica e econômica da amostra

estudada. Houve o predomínio do sexo feminino devido ao maior número de leitos para este

gênero, faixa etária de 18 a 59 anos, pretas e pardas, com tempo de estudo de quatro a 12 anos,

pertencentes à classe econômica C e residentes da zona urbana de Juiz de Fora.

Tabela 1. Caracterização sociodemográfica e econômica dos pacientes internados no

setor de clínica médica de um Hospital Universitário de Juiz de Fora, Minas Gerais,

Brasil. 2016.

Variáveis sociodemográficas N P(%) IC95%

Sexo 197 - -

Feminino 106 53.8 46.7/60.7

Masculino 91 46.2 39.3/53.2

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Faixa etária 197 - - De 18 a 29 anos 34 17.3 12.6/23.2

De 30 a 59 anos 90 45.7 38.8/52.7

60 anos e mais 73 37.0 30.5/44.1

Etnia 197 - -

Pretos e pardos 99 50.2 43.2/57.2

Outros 98 49.8 42.7/56.7

Tempo de estudo 184 - -

Menos de quatro anos 38 19.3 14.3/25.4

De quatro a 12 anos 104 52.8 45.7/59.7

Mais de 12 anos 55 27.9 22.0/34.6

Situação conjugal 196 - -

Casados / União estável 98 50.0 43.0/57.0

Outros 98 50.0 43.0/57.0

Classe econômica 197 - -

Classe A/B 19 9.6 6.2/14.7

Classe C 114 57.9 50.8/64.6

Classe D/E 64 32.5 26.3/39.4

Localidade 197 - -

Zona urbana de JF 137 69.5 62.7/75.6

Outros 60 30.5 24.4/37.3

A Tabela 2 apresenta o perfil de utilização de serviços de saúde pela amostra estudada.

A maior parte dos entrevistados (69.5%; IC95%: 62.7/75.6) informou que as unidades de pronto

atendimento ou outras unidades de emergência foram os primeiros serviços a serem procurados

antes da internação, ocorrendo o mesmo com o tipo de unidade que referenciou ao hospital

universitário (77.1%; IC95%: 70.7/82.5). Em geral, a internação foi regulada por uma central

específica do sistema de saúde local (49.5%; IC95%: 42.5/56.5) ou o paciente já realizava

algum tipo de acompanhamento na unidade hospitalar (32.6%; IC95%: 26.4/39). Destaca-se

que 17.9% (IC95%: 13.1/23.9) da amostra estudada referiu que a internação ocorreu pelo

conhecimento/intervenção de um profissional do hospital.

Tabela 2. Perfil desta internação a partir de pacientes internados no setor de clínica

médica de um Hospital Universitário de Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. 2016.

Variáveis N P(%) IC95%

Primeiro serviço antes da internação 196 - -

APS 30 15.2 10.8/21.0

HU 30 15.2 10.8/21.0

UPA 64 32.5 26.2/39.4

Outros serviços de emergência 73 37.1 30.5/44.1

Serviço que referenciou 196 - -

APS 6 3.1 1.3/6.6

HU 39 19.8 14.8/26.0

UPA 70 35.5 29.1/42.5

Outros serviços de emergência 82 41.6 34.9/48.7

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Motivo da internação no HU 196 - -

Vaga regulada 97 49.5 42.5/56.5

Já realiza acompanhamento no HU 64 32.6 26.4/39.6

Intervenção de profissional do HU 35 17.9 13.1/23.9

A Tabela 3 demonstra o perfil de acompanhamento de saúde entre os entrevistados.

Quando questionados sobre o número de internações pelo motivo diagnóstico/doença, cerca de

40% da amostra referiu que já havia internado uma ou mais vezes, sendo 19.8% (IC95%:

14.8/26.0) no hospital universitário. O principal motivo de internação foi para a

realização/confirmação de diagnóstico ou para tratamento de doença já conhecida (69.5%;

IC95%: 62.7/75.6). Embora quase a totalidade da amostra avalie bem os serviços prestados pelo

hospital (93.9%; IC95%: 89.5/96.5), pouco mais da metade dos respondentes avaliam bem os

serviços de saúde locais (54.6%; IC95%: 46.5/60.6).

Tabela 3. Perfil de acompanhamento de saúde a partir de pacientes internados no setor

de internação da clínica médica de um Hospital Universitário de Juiz de Fora, Minas

Gerais, Brasil. 2016.

Variáveis N P(%) IC95%

Internações pelo mesmo motivo 197 - -

Nenhuma 122 61.9 54.9/68.5

Uma ou mais 75 38.1 31.5/45.1

Internações no HU pelo mesmo motivo 197 - -

Nenhuma 158 80.2 73.9/85.2

Uma ou mais 39 19.8 14.8/26.0

Internações no HU por outros motivos 197 - -

Nenhuma 180 91.4 86.5/94.6

Uma ou mais 17 8.6 5.4/13.5

Motivo da internação 197

Diagnóstico 58 29.4 23.4/36.2

Tratamento da doença 79 40.1 33.4/47.1

Procedimentos 50 25.4 19.7/32.0

Outros 10 5.1 2.7/9.2

Percepção sobre os serviços de saúde 194 - -

Ótima/boa 104 53.6 46.5/60.6

Regular/insuficiente 90 46.4 39.4/53.5

Percepção sobre o HU 197 - -

Ótima/boa 185 93.9 89.5/96.5

Regular/insuficiente 12 6.1 3.5/10.5

Tipo de UBS no bairro 185 - -

Não possui 24 13.0 8.8/18.7

UBS tradicional 38 20.5 15.3/27.0

Saúde da Família 123 66.5 59.3/73.0

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A Tabela 4 apresenta o perfil de diagnósticos, em função dos capítulos da

Classificação Internacional de Doenças e Problemas relacionados à Saúde (CID-10).

Tabela 4. Perfil de internação no setor de clínica médica de um Hospital Universitário

de Juiz de Fora em função dos capítulos da Classificação Internacional de Doenças e

Problemas relacionados à Saúde (CID-10) e das Condições Sensíveis à Atenção Primária.

Minas Gerais, Brasil. 2016.

Capítulo do CID-10

Total (n=197) ICSAP

(n=41)

Não-

ICSAP

(n=156) n % (IC95%) (n) % (n) %

Algumas doenças infecciosas e

parasitárias 30

15.2

(10.8/21.0) (3) 10.0 (27) 90.0

Neoplasias [Tumores] 2 1.0 (0.2/4.0) - (2) 100.0

Doenças do sangue e dos órgãos

hematopoéticos e alguns

transtornos imunitários

28 14.2

(10.0/19.9)

-

(28) 100.0

Doenças endócrinas, nutricionais e

metabólicas 7 3.5 (1.7/7.3) (2) 28.6 (5) 71.4

Doenças do sistema nervoso 15 7.6 (4.6/12.3) (3) 20.0 (12) 80.0

Doenças do ouvido e da apófise

mastoide 1 0.5 (0.1/3.6) - (1) 100.0

Doenças do aparelho circulatório 21 10.6 (7.0/15.8)

(8) 38.1 (13) 61.9

Doenças do aparelho respiratório 14 7.1 (4.2/11.7) (9) 64.3 (5) 35.7

Doenças do aparelho digestivo 36 18.3

(13.4/24.3) (8) 22.2 (28) 77.8

Doenças da pele e do tecido celular

subcutâneo 3 1.5 (0.5/4.6) (2) 66.7 (1) 33.3

Doenças do sistema osteomuscular

e do tecido conjuntivo 4 2.0 (0.7/5.3) - (4) 100.0

Doenças do aparelho geniturinário 28 14.2(10.0/19.9) (6) 21.4 (22) 78.6

Sintomas, sinais e achados

anormais de exames clínicos e de

laboratório, não classificados

1

0.5 (0.07/3.6)

-

(1) 100.0

Lesões, envenenamentos e algumas

outras consequências de causas

externas

3

1.5 (0.4/4.6)

-

(3) 100.0

Causas externas de morbidade e de

mortalidade 2 1.0(0.2/4.0) - (2) 100.0

Fatores que influenciam o estado

de saúde e o contato com os

serviços de saúde

1

0.5(0.07/3.6)

-

(1) 100.0

CID não especificado ou inválido 1 0.5(0.07/3.6) - (1) 100.0

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64

Discussão

É indiscutível que o hospital universitário, por ser um órgão de formação profissional

responsável pela pesquisa e pelo ensino, e por ainda prestar assistência em clínica especializada,

acaba por desenvolver fortes vínculos com os usuários (MACHADO, 2015), o que pode

dificultar o acompanhamento do estado de saúde do usuário nos demais níveis do sistema,

inclusive na APS. Ao analisar o perfil de diagnósticos em função dos capítulos da Classificação

Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10), verificou-se

prevalência de ICSAP de 20,8% para o período estudado. Esta prevalência pode ser considerado

elevada, de acordo com os 15,08% (DATASUS TABWIN) encontrados no município e a meta

de 9,34% (JUIZ DE FORA, 2014), ambas verificadas no ano de 2015. No entanto, ressalta-se

que este dado refere-se a um setor específico do hospital. Logo, os pacientes desta unidade

podem estar sendo acompanhados por serviços especializados, com quadro crônicos e graves,

o que justificaria esta alta prevalência.

Em outra cidade mineira, Divinópolis, a prevalência de ICSAP foi de 36,6% segundo

Cardoso et al. (2013). Já no Brasil, estes dados ultrapassam 30%, conforme pesquisa

bibliográfica de 34 publicações realizada por Ortiz, Almeida e Weingartner (2014). Estes

resultados podem indicar desarticulação da RAS e fragmentação do sistema, o que urge ações

mais efetivas para responder ao novo perfil epidemiológico, evidenciado pela manutenção das

doenças agudas e pelo aumento das doenças crônicas (MENDES, 2012).

Mesmo com uma amostra reduzida foi possível identificar resultados que acompanham

outros estudos, especialmente sobre o perfil de diagnósticos encontrados. As 26 publicações

analisadas por Santos (2015), em estudo bibliográfico, apontam as doenças do aparelho

respiratório, circulatório, digestivo e geniturinário como sendo as principais causas de

internações por CSAP, identificadas também neste estudo. Os achados ainda podem indicar a

presença de cronicidade nestes casos, dados que possivelmente estão relacionados com a

mudança de perfil epidemiológico da população brasileira, tendo como um dos fatores o

aumento das doenças crônicas e a falta de integralidade para responder a esta nova demanda da

população (MENDES, 2012; NUNES, 2015).

Para refletir sobre as características dos pacientes, do hospital universitário, faz

necessário levar em consideração que a população de estudo é composta de usuários residentes

em Juiz de Fora e de municípios vizinhos. Portanto, a análise dos resultados não reflete os

serviços de saúde do local, mas permite a reflexão sobre o real papel destas instituições no

sistema.

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65

O perfil dos sujeitos da pesquisa, de acordo com as variáveis socioeconômicas e

demográficas, caracterizou-se como adultos com idade entre 18 e 59 anos, do gênero feminino,

cor preta e parda, baixa escolaridade, casados, baixa renda familiar e residentes na zona urbana.

Estes resultados se apoiam na pesquisa de Silva (2014). Tem-se que o processo saúde/doença

está atrelado aos determinantes sociais. Populações pobres, com pouca escolaridade,

pertencentes ao grupo minoritário, entre outros, estão mais suscetíveis ao adoecimento e às

internações hospitalares (OLIVEIRA; SANTO, 2013), bem como são alvo das políticas

compensatórias, por vezes praticadas pela ESF/APS. Tais práticas podem estar levantando uma

demanda reprimida que, na hipótese ideal, deveria estar sendo acompanhada pelo primeiro nível

da atenção de modo articulado com os demais, cabendo aos hospitais universitários receber os

processos de saúde que envolvem complexidade, densidade tecnológica e de pesquisa.

A administração atual do HU disponibiliza número de leitos diferenciados por gênero,

sendo as vagas femininas superiores às do sexo masculino, o que pode justificar a maior

ocorrência de internações de mulheres. Acredita-se que de modo distinto dos demais níveis de

atenção, a internação não é determinada pelo gênero, como sugere pesquisa realizada por Silva

(2014), em um HU de Sergipe, que não evidenciou distinção entre o sexo feminino e masculino.

Os dados referentes à utilização de serviços de saúde pela amostra estudada indicaram

a unidade de pronto atendimento/urgência como a porta de entrada da maioria dos entrevistados,

sendo esse serviço que mais referenciou as internações. Em geral, a internação foi regulada por

uma central específica do sistema de saúde local ou o paciente já realizava algum tipo de

acompanhamento na unidade hospitalar. Destaca-se que 17.9% da amostra estudada referiu que

a internação ocorreu pelo conhecimento/indicação prévio de um profissional do hospital.

Confirmam-se resultados evidenciados por Melo (2015) e Lavras et al. (2015) sugerindo

que a oferta de serviços especializados e pronto atendimento/UPAS têm assumido a função da

atenção primária, de porta de entrada no sistema. Outra justificativa ancora-se nas pesquisas de

Rehem (2011) e Rehem et al. (2016), que identificaram nas falas dos usuários que a porta de

entrada não tem sido preferencialmente a APS, devido à dificuldade de acesso e de

resolutividade assistencial. Por outro lado, Souza (2012) conclui em seus estudos que os

usuários utilizam de seus conhecimentos, vivências, interesses e relações pessoais para adentrar

no sistema. Acrescenta a autora que, na visão dos usuários, a “porta de entrada” não pode estar

limitada às normas, precisa encontrar-se aberta em qualquer ponto da rede,

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principalmente nos serviços que os identificam ou os acolhem em suas demandas de

assistência, desde que reflitam os princípios organizativos dos sistemas.

No que tange ao perfil de acompanhamento de saúde e internações, uma porcentagem

de 40% referiu que já havia internado uma ou mais vezes pelo mesmo diagnóstico, sendo 19.8%

no hospital universitário. O principal motivo de internação dos entrevistados foi para a

realização/confirmação de diagnóstico ou para tratamento de doença já conhecida (69.5%).

Estes dados podem estar relacionados ao acompanhamento dos usuários em clínicas

especializadas nesta unidade, gerando vínculo entre o serviço e o paciente, o que dificulta o

retorno do usuário à APS. De acordo com Machado (2015), a formação de vínculo, o

acolhimento e a acessibilidade impactam na organização, coordenação e integração dos pontos

da rede e, portanto, devem ser contemplados na programação dos serviços.

Os serviços prestados pelo hospital universitário foram avaliados como bom e ótimo por

93.9% dos entrevistados, e pouco mais da metade dos respondentes avaliaram como bom e

ótimo os serviços de saúde de modo geral (54.6%). Estes achados podem ser explicados pelas

experiências na utilização e no ajuizamento dos serviços de saúde prévios. Para Albuquerque

(2012), as experiências negativas ou positivas com serviços de saúde vivenciadas

anteriormente, e as necessidades pessoais – biopsicossociais e culturais – dos pacientes

determinam as avaliações dos serviços subsequentes.

Para a interpretação dos resultados desta pesquisa faz-se necessário considerar as

limitações de estudos seccionais. Apesar de apresentar facilidades de aplicação, baixo custo e

rapidez, o estudo seccional tem limitações em outra instância por não permitir o

acompanhamento longitudinal e não possibilitar inferências causais (KLEIN; BLOCH, 2009).

Enumera-se como ponto difícultador na execução da pesquisa a presença de muitos pacientes e

acompanhantes nas enfermarias (enfermarias com três a quatro pacientes, em sua maioria com

acompanhantes), levando à dispersão, aos ruídos e às interferências.

É importante citar que houve a necessidade de um período maior de tempo para coleta

de dados devido à dificuldade de intercalar a entrevista com os horários de visitas dos familiares

e dos profissionais, realização de procedimentos assistenciais e das necessidades biológicas

(repouso, alimentação, lazer e etc.) dos pacientes. Como facilitadores é possível citar a lista

brasileira de CSAP como ferramenta eficaz e a disponibilidade da relação dos pacientes

internados em cada dia, em tempo hábil, pelo setor de regulação do hospital. Ressalta-se que,

mesmo com as limitações do estudo, o objetivo da pesquisa foi atingido e acredita-se que os

resultados aqui apresentados possam provocar debates dirigidos à programação e à gestão dos

serviços de saúde.

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67

Conclusões

Parte significativa dos pacientes afirmaram existir serviço de APS no bairro onde vivem,

porém menos da metade relataram fazer controle de saúde regular nestas unidades. A maior

parte dos pesquisados informaram que buscaram as unidades de urgência e emergência como

primeiro contato com o sistema, sendo também estes os serviços que mais referenciaram ao

hospital. Menos da metade dos indivíduos foram regulados pela central específica e em quase

um terço dos casos os pacientes já faziam algum tipo de acompanhamento na unidade hospitalar.

As ICSAP demonstraram-se elevadas, especialmente para as doenças do aparelho circulatório,

respiratório, digestivo, dermatológicas e do aparelho geniturinário.

A prevalência de 20,8% das ICSAP na unidade de internação da clínica médica, no

período estudado, pode estar relacionada às modalidades de serviços ofertadas pelo hospital

universitário e a cultura/visão hospitalocêntrica dos profissionais e da população. Nota-se a

fragilidade da população frente à fragmentação e à desarticulação do sistema, o que pode ter

levado os usuários a traçarem o seu próprio itinerário na busca pelo tratamento. Por fim,

recomendam-se novos estudos sobre o perfil de internações de pacientes de outras instituições

e/ou serviços, possibilitando agregar conhecimentos e promover debates em prol da

continuidade das ações e dos serviços de saúde, pautados pelo princípio da integralidade.

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73

6.2 ARTIGO II

AVALIAÇÃO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA NA PERSPECTIVA DE USUÁRIOS DE UM

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO¹

Lucia Aparecida de Souza1, Ricardo de Mattos Russo Rafael2, Anna Tereza Miranda Soares

de Moura3, Mercedes Neto4

1. Enfermeira. Mestranda em Saúde da Família pela Universidade Estácio de Sá.

Servidora da Universidade Federal de Juiz de Fora.

2. Enfermeiro. Doutor em Ciências pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Professor do quadro permanente do Mestrado em Saúde da Família (UNESA).

Professor do Departamento de Enfermagem de Saúde Pública da UERJ.

3. Médica. Doutora em Saúde Coletiva (Epidemiologia) pela Universidade do Estado do

Rio de Janeiro (UERJ). Professora do quadro permanente do Mestrado em Saúde da

Família (UNESA). Professora do Departamento de Pediatria da UERJ.

4. Enfermeira. Doutora em Ciências pela Universidade do Federal do Estado do Rio de

Janeiro (UNIRIO). Professora do Departamento de Enfermagem de Saúde Pública da

UERJ.

RESUMO

Objetivo: analisar os atributos da Atenção Primária à Saúde (APS) em função do perfil

demográfico, socioeconômico e de acompanhamento de saúde de pacientes clínicos de um

Hospital Universitário.

Método: estudo seccional, composto de 197 sujeitos adultos, internados de março a junho de

2016, no setor de clínica médica. Os dados foram coletados por meio de questionário

multidimensional e instrumento de avaliação PCATool-Brasil reduzido. Foram calculadas as

prevalências e os respectivos Intervalos de Confiança.

Resultados: A presença de cuidados prestados pela APS foi identificada em 49,7% (IC95%:

42.7/56.7) da população estudada. Entre os entrevistados que mencionaram a APS como serviço

de referência (n=98), identificou-se baixa extensão dos atributos da APS.

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Conclusão: o estudo aponta para um baixo grau de orientação da atenção primária percebido

pelos participantes, sugerindo a pouca articulação entre os diferentes níveis de atenção.

Descritores: Avaliação em saúde; Assistência integral à saúde; Atenção Primária à Saúde;

Hospital Universitário.

ABSTRACT:

Objective: To analyze the attributes of primary health care as a function of demographics,

socioeconomic and health monitoring of patients in a clinical teaching Hospital.

Method: This is a sectional study, composed of 197 adult subjects hospitalized from March to

June 2016 at the medical clinic. The data were collected through multidimensional

questionnaire and the assessment tool PCATool-Brazil reduced. The prevalence estimates and

their confidence intervals were calculated.

Results: The presence of care provided by primary care was identified at 49.7% (95% CI:

42.7/56.7) of the studied population. Among the interviewed who mentioned the primary care

as a service of reference (n=98), it was identified a low extent of attributes of the primary care

servisse.

Conclusion: The study points to a low degree of primary care orientation perceived by

participants, suggesting little articulation between the different levels of attention.

Descriptors: Health Evaluation; Comprehensive Health Care; Primary Health Care; Hospitals,

University.

Introdução

As expressivas mudanças sociais ocorridas no Brasil, especialmente nas últimas

décadas, estão em sintonia com os processos de transição demográfica e epidemiológica

vivenciados no mundo. O aumento da população idosa, da longevidade e, consequentemente,

das doenças crônicas, tornaram ainda maior a necessidade de desenvolvimento de ações

sistêmicas entre serviços de diferentes níveis de complexidade. Este cenário traz à reflexão

sobre uma nova ordem para a construção de práticas desenvolvidas pelas equipes de saúde, que

se encontram por vezes desarticuladas da rede de serviços.(1-2)

A organização da Rede de Atenção à Saúde (RAS) tem sido apontada como umas das

estratégias para responder a esta fragmentação do sistema, por meio da integração de seus

pontos de atenção, representados pelas ações e serviços de saúde nos diferentes níveis. Os

protocolos clínicos baseados em Linhas de Cuidado podem ser um caminho para aproximação,

permitindo antever os dispositivos que serão percorridos pelos usuários, especialmente aqueles

que possuem condições crônicas. Acredita-se que esta estratégia possa colaborar na

programação de assistência à saúde de forma mais integral e resolutiva, tendo a APS como

coordenadora de cuidados.(2-3)

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A maneira como as redes se estabelecem parece sofrer influências dos atributos

essenciais e derivados da APS: o primeiro contato, a longitudinalidade, a coordenação do

cuidado, a integralidade, a orientação familiar e comunitária.(1-3). Além da cobertura

populacional deste nível de atenção, é necessário pensar nos hospitais gerais como parte

integrante das redes, refletindo sobre a sua articulação com a APS. Este desafio é ainda maior

ao considerar os hospitais universitários, cenários diferenciados com responsabilidades de

ensino, pesquisa e produção de conhecimento que se somam à assistência.

Ainda é possível observar certa dificuldade na articulação entre o Ministério da Saúde

e o Ministério da Educação, com formulação de políticas públicas sintonizadas, refletindo

diretamente no modus operandi destes serviços. A complexidade parece residir na sobreposição

de tarefas relacionadas à formação de recursos humanos, prestação de assistência de média e

alta complexidade e, ao mesmo tempo, atender aos requisitos de integralidade estabelecidos

como princípios doutrinários do Sistema Único de Saúde. Apesar dos avanços nas normativas

e nos marcos legais sobre a necessidade de aproximação entre as escolas e os serviços de saúde,

o desafio ainda é grande, especialmente frente à nova lógica de gestão que se apresenta em

muitas unidades hospitalares.(4)

Neste sentido, este estudo tem por objetivo analisar os atributos da APS em função do

perfil demográfico, socioeconômico e de acompanhamento de saúde a partir do relato de adultos

internados na unidade de clínica médica de um Hospital Universitário de Juiz de Fora. Deste

modo, acredita-se que os dados aqui produzidos possam contribuir com reflexões que subsidiem

(novas) formas de articulação entre a APS e os hospitais universitários, suscitando debates

voltados à organização e à programação dos serviços de saúde.

Métodos

Trata-se de um estudo seccional, de base hospitalar, realizado com uma amostra de

pacientes internados na unidade de clínica médica do hospital universitário da cidade de Juiz

de Fora (Minas Gerais). A instituição, que assiste especificamente usuários do SUS, atende a

mais de 90 municípios vizinhos, sendo um dos mais importantes hospitais públicos da região

com 140 leitos de enfermaria, distribuídos em seis clínicas.(5)

Foram entrevistados usuários com idade superior a 18 anos e que se encontravam

internados em período superior a 24 horas nos 53 leitos do setor. Não participaram da pesquisa

os pacientes com limitações clínicas cognitivas. Considerando a população do estudo, a

amostra foi constituída a partir das internações realizadas durante um quadrimestre, no período

de março a junho de 2016, com total de 269 internações no setor. Destas, 42

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(15,6%) não atenderam aos critérios de inclusão, 13 (4,8%) pacientes já haviam participado da

fase piloto do estudo, 13 (4,8%) se recusaram a participar da investigação e quatro (1,5%) foram

considerados como perdas, já que saíram de alta antes da abordagem. A amostra final foi

composta por 197 sujeitos. Destaca-se que a coleta de dados sobre a assistência prestada pela

APS somente foi realizada em usuários que mencionaram este nível de atenção como serviço

de referência para o primeiro contato com o sistema, ou declararam frequentar ou minimamente

conhecer os serviços.

As entrevistas foram realizadas por abordagem individual, direta, na beira do leito e em

dias alternados. Visando à qualidade da aferição, as entrevistas ocorreram no período

vespertino, que possui menor fluxo de pessoas e de procedimentos no ambiente hospitalar. A

coleta ocorreu por meio de questionário multidimensional composto por três módulos. O

primeiro referente às condições sociodemográficas e socioeconômicas. O segundo módulo foi

composto por questões relacionadas ao acompanhamento de saúde e de internação da população

de estudo. O último visou medir a presença e a extensão de sete atributos da APS, através do

Primary Care Assessment Tool (PCATool), versão reduzida para adultos, validada e adaptada

transculturalmente para uso no Brasil.(6)

A versão reduzida do PCATool é composta por 23 itens, compreendendo os atributos

afiliação, primeiro contato (utilização e acesso), longitudinalidade, coordenação (cuidado e

sistema de informações), integralidade (serviços disponíveis e prestados), orientação familiar e

comunitária. Os itens são distribuídos em uma escala Likert com quatro opções de respostas,

variando de 1 a 4 pontos. Os escores dos atributos foram calculados pela média aritmética

simples dos valores das respostas que compõem cada atributo.

Para medir o escore essencial soma-se os escore médio dos componentes relacionados

aos atributos essenciais (de primeiro contato, longitudinalidade, coordenação e integralidade),

incluindo Grau de afiliação, e divide-se pelo número de componentes. Já o escore geral é

medido a partir da soma do escore médio dos componentes que integram aos atributos

essenciais, mais os componentes relacionados aos atributos derivados, incluindo grau de

afiliação, dividido pelo número total de componentes. (7)

Os valores foram transformados em uma escala de 0 a 10. Adotou-se o parâmetro de

qualidade (valores ≥ 6,6) como ponto de corte para determinar a forte orientação da APS e a

elevada extensão de seus componentes – os atributos essenciais e derivados. (7)

A construção e a limpeza do banco de dados foram realizadas em software MS Excel

2013. Para análise estatística dos dados foi utilizado o software Stata/SE 13. O plano de análise

constou de cálculo das frequências e respectivos intervalos de confiança a 95%. Nas

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análises bivariadas o p-valor foi estimado com o Teste Exato de Fisher, considerando os

resultados como estatisticamente significantes quando menores que 0,05 e limítrofes, quando

no intervalo entre 0,05 e 0,1.

A pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital

Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora, sob o nº 1.427.653. Os sujeitos que

aceitaram participar da pesquisa assinaram ou registraram suas impressões digitais junto ao

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Embora não tenha sido registrado nenhum

episódio durante a coleta de dados, faz-se importante registrar que, se necessário fosse, seria

providenciado atendimento médico junto à equipe do referido setor.

Resultados

A amostra apresentou predomínio de mulheres (53.8%), com idade entre 18 e 59 anos

(62,95%), de cor preta ou parda (50,2%), com quatro a 12 anos de estudo (52,8%), de classe

média (57,9%) e residente da zona urbana de Juiz de Fora (69,5%). Metade da população de

estudo declarou-se casada. Grande parte da amostra (87,0%) referiu a existência de uma unidade

de APS no bairro, predominando o modelo de Estratégia Saúde da Família – ESF (66,5%).

Quanto à utilização deste nível de atendimento, 49,7% relataram ter a Unidade Básica de Saúde

como referência de acompanhamento de saúde.

O grau de orientação da APS e a extensão dos atributos estão descritos na figura 1. O

escore geral obteve baixa pontuação, assim como os atributos de primeiro contato, integralidade

e de orientação familiar e comunitária.

Figura 1: Grau de orientação e extensão dos atributos essenciais e derivados da APS em

amostra de pacientes internados no Hospital Universitário de Juiz de Fora, 2016. (n=98)

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A tabela 1 apresenta a relação entre as características sociodemográficas e econômicas

relacionadas com a presença e a forte orientação da APS. É importante registrar que os dados

estão dispostos em função dos casos positivos.

Tabela 1. Análise bivariada da relação das características sociodemográficas com a

presença e a orientação dos atributos da APS. Hospital Universitário de Juiz de Fora,

Minas Gerais, Brasil. 2016. (n=197)

Presença da APS Forte orientação da

Variáveis sociodemográficas APS

N % N %

Sexo 197 - 98 -

Feminino 106 52,8 56 38,2

Masculino

p-valor

91

0,214

46,2 42

0,486

36,7

Faixa etária 197 - 98 -

De 18 a 29 anos 34 35,3 12 16,7

De 30 a 59 anos 90 47,8 43 37,2

60 anos e mais 73 58,9 43 42,9

p-valor

Etnia

197

0,064

-

98

0,276

-

Pretos e pardos 99 50,5 50 28,6

Brancos e Outros 98 49,0 48 45,8

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p-valor 0,471 0,060

Tempo de estudo 184 - 97 -

Menos de quatro anos 38 63,2 24 29,2

De quatro a 12 anos 104 51,9 53 39,6

Mais de 12 anos 55 36,4 20 28,6

p-valor 0,032 0,663

Situação conjugal 196 - 97 -

Casados / União estável 98 55,1 54 40,7

Outros 98 44,9 44 32,6

p-valor 0,099 0,269

Classe econômica 197 - 97 -

Classe A/B 19 47,4 9 44,4

Classe C 114 48,2 55 44,4

Classe D/E 64 53,1 34 23,5

p-valor 0,847 0,113

Na tabela 2 estão representadas as análises entre as formas de acompanhamento de saúde

em função da presença e da orientação da APS. A análise demonstrou relações estatisticamente

significantes na totalidade de fatores investigados.

Tabela 2. Análise bivariada das características de acompanhamento de saúde com a

presença e a orientação dos atributos da APS. Hospital Universitário de Juiz de Fora,

Minas Gerais, Brasil. 2016. (n=197)

Formas de acompanhamento de

saúde

Presença da APS Forte orientação da

APS

N % N %

Primeiro serviço que buscou antes

da internação

197 - 98 -

APS 30 73,3 22 66,7

HU 30 40,0 12 50,0

UPA 64 54,7 35 25,7

Outros 73 39,7 29 24,1

p-valor 0,010 0,006

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Serviço que referenciou 197 - 98 -

APS 6 100 6 83,3

HU 39 35,9 14 50,0

UPA 70 54,3 38 32,4

Outros 82 48,8 40 30,0

p-valor 0,018 0,056

Opção de internar no HU 196 - 97 -

Vaga regulada 95 57,7 56 30,9

Já realiza acompanhamento no HU 64 43,7 28 60,7

Indicação de Profissional do HU 35 37,1 13 15,4

p-valor 0,062 0,008

Tipo de UBS no bairro 185 - 98 -

Não possui 24 20,8 5 20,0

UBS tradicional 38 42,1 16 18,7

Saúde da Família 123 62,6 77 42,1

p-valor <0,001 0,173

Discussão

Os resultados encontrados sugerem que pacientes internados no hospital universitário

relatam baixa presença da APS em seus cuidados de saúde. Mesmo tendo referido uma

significativa cobertura de serviços deste nível de atenção em seus bairros, menos da metade da

amostra percebe a APS como referência para sua assistência. O vínculo construído neste ponto

da Rede é bastante discutido pela literatura, inclusive como ação terapêutica, sendo

demonstrado, simultaneamente, como estratégia e consequência do trabalho das equipes de

saúde.(1,3,8) Por vezes, o debate sobre esta temática é promovido de modo tão naturalizado que

produz a sensação de que seja algo inerente ao desenvolvimento do trabalho das equipes de

Atenção Primária, naturalização que possivelmente é questionável.

O vínculo entre o usuário e a equipe de saúde está na ordem do vivido e que, portanto,

é uma relação construída com o tempo e mediada por múltiplos fatores. A existência de

profissionais de referência, a valorização do sujeito, o reconhecimento das competências

culturais e a postura empática são aspectos que podem contribuir com este processo.(8-9) Uma

APS bem estruturada possui atributos que aumentam as chances de sucesso nesta construção,

especialmente pela oportunidade de aproximação com a realidade local e a capacidade de criar

estratégias orientadas pelas necessidades do território.

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Por outro lado, também é forte e duradouro o vínculo que se estabelece com o usuário

após o início de um tratamento especializado, sobretudo em pacientes portadores de condições

crônicas, gerando, em redes com baixo potencial de articulação, dificuldades no retorno da

clientela aos serviços de origem.(2) As questões culturais e de valorização da incorporação de

tecnologias duras no cuidado também podem permear as escolhas dos serviços de referência,

substituindo o cuidado primário por internações desnecessárias.(10-11)

Estudo desenvolvido em uma unidade terciária de São Paulo demonstrou que alguns

usuários compreendem a Atenção Primária como um espaço para resolução de problemas mais

simples, com maior tempo de espera e, muitas vezes, sem a retaguarda necessária para a prática

de cuidados mais complexos.(12) É possível imaginar que ainda exista o costume de resolver as

necessidades relacionadas à saúde no ambiente hospitalar e, mesmo com os avanços

relacionados à mudança na porta de entrada dos serviços, estas informações parecem que não

foram adequadamente absorvidas pela comunidade em geral. Ainda há o que se avançar na

mudança de paradigmas na sociedade, exigindo esforços das equipes de APS e demais níveis

de atenção.

A baixa pontuação observada na maior parte dos atributos da APS também sugere a

percepção de uma orientação reduzida neste nível. O acesso de primeiro contato apresentou

baixo escore, o que pode significar que a APS não é o serviço preferencial na escolha desta

clientela diante das necessidades de saúde, reiterando as informações de que as unidades de

urgência (69,5%) e o próprio hospital universitário (77,1%) são os primeiros serviços a serem

procurados. Estudo realizado em um hospital de Londrina demonstra que os usuários, em sua

maioria, não utilizam a APS como primeiro contato/acesso, tendo como justificativa o vínculo

criado com o serviço em experiências anteriores, o maior grau de resolutividade atribuído pelos

pacientes à unidade, a complexidade da doença e a oferta de especialidades médicas.(13)

A literatura vem mostrando que a boa cobertura de APS não é suficiente para determinar

os fluxos de usuários na rede, sugerindo que a busca pelos serviços de pronto- atendimento e

especializado ainda é habitual, o que pode gerar duplicidade de ações entre os dispositivos do

nível primário e aqueles destinados às urgências.(14) A busca em primeira instância pelos

serviços de urgência e especializados pode se dar pela percepção da falta de

acesso/acessibilidade da APS, decorrente do horário restrito de funcionamento e a aparente falta

de infraestrutura para atendimento de urgência.(15)

A baixa percepção sobre o componente de integralidade também é aspecto que merece

reflexão, já que responde pelas dimensões de articulação das ações desenvolvidas no âmbito da

APS, pela intersetorialidade e pela abordagem às necessidades dos indivíduos.(3) É possível

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que as causas para a lacuna encontrada não residam somente na APS, pois a busca por

acompanhamento em serviços especializados, como no caso dos hospitais universitários, pode

se constituir como um complexo campo de disputas de modelos associado à cultura baseada na

gestão da doença. Ver a integralidade e a coordenação do cuidado como mecanismos de

integração entre os diferentes pontos da RAS parece imprescindível para dar conta deste

fenômeno, tendo o reforço do sistema de referência e contrarreferência como uma estratégia

viável e necessária.

Acompanhando outros estudos, os resultados também evidenciaram a baixa extensão

dos atributos de orientação familiar e comunitária.(16-17) Pensar uma APS sem o protagonismo

e a autonomia dos sujeitos é retomar práticas focalizadas e seletivas a grupos de doenças, bem

como perder em resolubilidade de problemas de saúde. Deste modo, ampliar o olhar sobre o

cuidado dos usuários acompanhados em serviços especializados parece urgente, especialmente

pela necessidade de romper com um modelo centrado somente na doença e de melhor articular

os pontos de atenção da rede.

É importante considerar que os resultados podem ter sido influenciados pelas limitações

de estudos transversais e pela seleção da amostra estudada, que traz um viés próprio de pacientes

internados. Por outro lado, acredita-se que os dados aqui produzidos possam suscitar debates

voltados à organização e à programação dos serviços de saúde, representando o universo de

usuários deste setor de internação. Se de um lado é fato importante que o hospital necessita de

clientela para o efetivo exercício dos pilares de formação – o ensino, a pesquisa e a extensão –

, de outro, é necessário melhor articular à RAS, garantindo o efetivo e sistêmico cuidado dos

usuários.

Conclusões

Foi evidenciada a baixa percepção em relação à presença e à orientação da APS nas

ações e serviços prestados aos pacientes internados na clínica médica do hospital universitário

estudado. A maioria dos atributos apresentou baixos escores, sugerindo limitado grau de

extensão percebido pelos participantes. Diante deste resultado, seriam necessários

investimentos para aprimorar a articulação dos pontos de atenção da RAS, especialmente no

que tange à melhor integração com a APS.

Também pode ser interessante pensar estratégias que tenham por objetivo aproximar as

diferenças e ressaltar as singularidades de cada serviço e a sua participação nas RAS.

Contemplar o processo saúde-doença e os seus determinantes sociais no cotidiano das equipes

de todos os níveis poderia contribuir para mudança do modelo assistencial. Substituir a

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perspectiva exclusivamente assistencial-curativa e hospitalocêntrica por cuidados abrangentes,

intersetoriais e integrados parece imperativo para o pleno funcionamento da Rede

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85

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86

6.3 ARTIGO III

RELAÇÕES ENTRE A ATENÇÃO PRIMÁRIA E AS INTERNAÇÕES POR

CONDIÇÕES SENSÍVEIS À ATENÇÃO PRIMÁRIA EM HOSPITAL

UNIVERSITÁRIO

Lucia Aparecida de Souza1, Ricardo de Mattos Russo Rafae12

1. Enfermeira. Mestranda em Saúde da Família pela Universidade Estácio de Sá.

Servidora da Universidade Federal de Juiz de Fora.

2. Enfermeiro. Doutor em Ciências pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Professor do quadro permanente do Mestrado em Saúde da Família (UNESA).

Professor do Departamento de Enfermagem de Saúde Pública da UERJ.

RESUMO

Objetivo: discutir as relações entre a presença e a orientação da Atenção Primária à Saúde

(APS) e as internações por condições sensíveis à atenção primária (ICSAP) a partir de adultos

internados na unidade de clínica médica de um hospital universitário (HU). Método: Estudo

seccional de base hospitalar, composto de uma amostra de 197 sujeitos internados no setor de

clínica médica de um hospital universitário. O instrumento de coleta de dados foi composto por

questões socioeconômicas, demográficas e de acompanhamento de saúde. Para avaliação das

variáveis independentes de interesse foi utilizado o instrumento PCATool-Brasil adulto versão

reduzida. A identificação das ICSAP foi balizada pela lista brasileira editada pelo Ministério da

Saúde (MS). A análise constou de cálculo das razões de prevalência bruta e ajustada, por meio

de regressão logística não-condicional. Resultados: A frequência regular à APS esteve

associada (RP: 2,06; IC95%: 1,3/5,5) às ICSAP, especialmente considerando o escore geral da

atenção (RP: 3,6; IC 95%:1,3/10,5), ao escore essencial – conjunto de atributos essenciais –

(RP: 3,8; IC 95%:1,4/10,6), ao baixo grau de orientação no atributo de primeiro contato (RP:

5,3%; IC 95%:1,7/16,6), de longitudinalidade (RP: 3,4; IC95%:1,3/8,5) e integralidade (RP:

4,7; IC 95%:1,6/13,5). Conclusão: a presença da APS esteve associada a maiores chances de

ICSAP, especialmente frente ao baixo grau de orientação dos atributos. Com isso, surge o debate

de que não basta o aumento de cobertura de ações de APS, mas a forma que as intervenções são

realizadas no nível comunitário.

Descritores: Rede de cuidados continuados de saúde; Atenção primária; Hospital universitário;

Internação hospitalar; Indicadores de saúde.

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ABSTRACT

Objective: To discuss the relationship between the presence and the orientation of the Primary

Health Care (PHC) and the hospitalization due to the sensitive conditions to the Primary Health

Care from adults admitted to the medical unit of a University Hospital (UH) Method: Sectional

study hospital based, made up of a sample of 197 subject admitted at the medical clinic of a

university hospital. The data collection instrument was composed of socioeconomic,

demographic issues, and health monitoring. For the evaluation of the independent variables of

interest it was used the instrument PCATool-Brazil adult, reduced version. Identification of

Hospitalizations for primary care-sensitive Conditions (ICSAP) was certified using the

Brazilian list published by the Ministry of Health (MS). The analysis consisted of calculating

the crude and adjusted prevalence ratios, through non-conditional logistic regression.

Results: The regular frequency to the APS was associated (RP: 2.06; 95% CI: 1.3/5.5) to the

hospitalization by CSAP, especially considering the General score of attention (RP:3.6; IC 95%:

1.3/10.5), the essential -score set of essential attributes – (RP: 3.8; IC 95%: 1.4/10.6), the low

degree of orientation in the first contact (RP: 5.3%; IC 95%:1.7/16.6), longitude (RP: 3.4;

Ci95%: 1.3/8.5) and completeness (RP: 4.7; IC 95%: 1.6/13.5).

Conclusion: The presence of the APS was associated with higher chances of ICSAP, especially

facing the low degree of orientation of attributes. With that, comes the debate that it is not

enough to increase the coverage of APS, but the way that interventions are carried out at the

community level.

Descriptors: Delivery of Health Care; Primary Health Care; Hospitals, University;

Hospitalization; Health Status Indicators.

Introdução

A APS apresenta múltiplas concepções, que podem estar presentes – de modo isolado

ou conjugado – em um mesmo modelo de sistema de saúde (MENDES, 2015). Estas

concepções classificam a APS como: seletiva, primeiro nível de atenção ou como abrangente.

A primeira se organiza com programas focalizados em populações carentes ou em cestas de

serviço voltadas ao controle de doenças prevalentes. A segunda prevê a APS como porta de

entrada do sistema e, até certo ponto, também está direcionada ao atendimento das principais

doenças da população. A última concepção, a APS abrangente ou integral, também entendida

como estratégia, pressupõe a (re)organização do sistema, com abordagem de saúde e de direitos

humanos, sendo atravessada por reflexões de ordem social e de saúde (GIOVANELA;

MENDONÇA, 2012b).

No Brasil, a APS vem se estruturando conforme as reformas histórico-sociais do sistema

de saúde. Também tem sido pautada no atendimento às múltiplas realidades locais e, portanto,

não tem se desenvolvido de modo linear e na mesma proporção em o todo território nacional.

Tendo em vista a pluralidade cultural, as diferenças político-geográficas e

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socioeconômicas das regiões brasileiras, a APS tem se mostrado como um conjunto de ações que

guardam certa plasticidade na conformação do trabalho, sempre guiada pelas diretrizes de

multiprofissionalidade e territorialização (MENDES, 2015).

O modelo de APS adotado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro destaca-se

pela responsabilização das ações e pelos serviços de saúde de promoção, prevenção, tratamento,

reabilitação e redução de danos, voltados às necessidades individuais e coletivas de agregados

humanos, e tendo como missões a coordenação do cuidado e o ordenamento da rede (BRASIL,

2011c). Espera-se que esta APS brasileira seja norteada por princípios de acessibilidade,

vínculo como instrumento terapêutico e de gestão, da continuidade e integralidade do cuidado,

e da co-responsabilização do usuário (BRASIL, 2011c), metas ainda desafiadoras pela

diversidade de cenários que compõem o país.

Esta modelagem de APS está alicerçada em sete atributos definidos por Starfield (2002),

sendo quatro essenciais – acesso do primeiro contato, longitudinalidade, integralidade e

coordenação da atenção – e três derivados – orientação centrada na família, orientação

comunitária e competência cultural, este último considerado como sendo de difícil avaliação.

Com o intuito de ampliar a qualidade da APS e reconhecer seus limites e suas possibilidades de

atuação, muito se tem produzido sobre a avaliação em saúde neste campo. A identificação das

fragilidades dos serviços e a geração de subsídios para o planejamento das ações têm sido

frequentemente recomendadas pelo MS, utilizando um instrumental internacionalmente

conhecido e proposto por Starfield et al. (2002): o Primary Care Assessment Tool (PCATool)

(BRASIL,2010a).

Outra possibilidade de avaliação que vem sendo frequentemente realizada é a

investigação das ICSAP, como forma de monitoramento sistemático da APS e da Rede de

Atenção (RAS). De acordo com Alfradique et al. (2009), um número elevado destas internações

podem ser evitadas com ações efetivas da APS. Para ela, elevadas taxas de ICSAP podem

caracterizar falhas operacionais no sistema, seja por barreiras de acesso ou pela qualidade de

assistência prestada.

No entanto, parece imprescindível apontar que ainda é parca a produção de estudos que

conjugam estratégias de avaliação destes constructos. Observa-se que, em geral, realizam- se

inferências sobre a qualidade das ações baseadas em uma destas perspectivas, o que pode estar

gerando perdas significativas de componentes analíticos e, até certo ponto, da real associação

entre a exposição – referente à presença da APS – e o desfecho – a redução da ICSAP.

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Maior dificuldade se tem em associar esta análise a um ambiente de produção acadêmica

– de ensino, pesquisa e extensão – aliada à prestação de assistência: os hospitais universitários,

que desde a sua concepção foram alvo de disputas de modelos assistenciais e formadores. De

um lado, a crença da formação biomédica e centrada na especialidade; de outro, um ambiente

de criação, de alta densidade tecnológica leve-dura e dura, e parte integrante de uma complexa

rede assistencial, fato este que estaria integrado à formação dos novos profissionais de saúde

(SIVIA-ARIOLI et al., 2013; BARATA; MENDES; BITTAR, 2010).

Um desafio tem sido a construção de uma rede ampliada que contemple estes hospitais

enquanto pontos de atenção integrados. Neste sentido, este estudo tem por objetivo discutir as

relações entre a orientação da APS e as internações por condições sensíveis a partir do relato

de adultos internados na unidade de clínica médica de um hospital universitário. Espera-se, com

isso, contribuir para o debate sobre avaliação da rede a partir de elementos presentes no

cotidiano destes equipamentos: as internações e a dinâmica de funcionamento da APS.

Métodos

Trata-se de estudo transversal de base hospitalar, realizado na unidade de clínica médica

do hospital universitário de Juiz de Fora. O hospital é centro de referência em atendimento de

usuários da rede do SUS do município e regiões, exercendo atividades no nível secundário,

constituído de ambulatórios especializados e terciário, composto por seis setores de internação.

Com total de 140 leitos de enfermarias, alcança uma média mensal de 300 internações (UFJF,

2015).

A população do estudo foi composta por pacientes internados na unidade de clínica

médica do hospital universitário, no período de março a junho de 2016. Foram critérios de

inclusão no estudo: o tempo de internação superior a 24 horas, conforme padronização da

nomenclatura do censo hospitalar (BRASIL, 2002) e idade igual ou superior a 18 anos. Foram

excluídos os pacientes que encontravam-se impossibilitados de participar por limitações

clínicas. Das 269 internações do período, 42 (15,6%) usuários não atenderam aos critérios de

seleção, 13 (4,8%) já haviam participado do estudo em internação anterior, 13 (4,8%)

indivíduos recusaram e apenas quatro (1,5%) tiveram alta antes da coleta de dados, sendo

classificados como perdas de seguimento. A amostra final foi de 197 sujeitos.

A seleção dos participantes ocorreu com base na lista de internações das últimas 48

horas, fornecida pela central de internação hospitalar. O convite de participação ocorreu

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somente após aplicados os critérios de inclusão, sendo sempre necessária a consulta ao

prontuário para avaliação de possíveis limitações cognitivas. A coleta de dados foi realizada

pela primeira pesquisadora deste estudo, por meio de abordagem à beira do leito, em dias

alternados e no horário vespertino, conciliando com os horários de visitas e evitando

interrupções das entrevistas.

Foi utilizado questionário multidimensional contendo aspectos sociodemográficos. A

avalição da classe econômica ocorreu com base nos Critério de Classificação Econômica da

Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP, 2015). Na segunda dimensão estiveram

presentes as situações de acompanhamento dos serviços de saúde. Esta dimensão foi construída

a partir de um questionário formatado por Ferrer (2013).

A terceira dimensão buscou aferir as variáveis independentes do estudo, ou seja, os

atributos da APS: Afiliação, Primeiro Contato (utilização e acesso), Longitudinalidade,

Coordenação (cuidado e sistema de informações), Integralidade (serviços disponíveis e

prestados) e Orientação Familiar e Comunitária. Foi utilizado o instrumento Primary Care

Assessment Tool (PCATool-Brasil), versão adulto, em sua forma reduzida e validado por

Oliveira et al. (2013). O instrumento possui 23 itens e é composto por escalas tipo Likert, com

quatro opções de respostas e valores de 1 a 4.

O cálculo dos escores foi obtido pela média aritmética simples do total de itens de cada

escala (atributo). O escore geral, que avalia a orientação da APS, foi calculado a partir do escore

médio dos atributos, incluindo o grau de afiliação, e dividido pelo total de componentes do

instrumento. Já o cálculo do escore essencial ocorreu a partir do mesmo método do escore

anterior, exceto por considerar apenas o grau de Afiliação, o Primeiro Contato, a

Longitudinalidade, a Coordenação e a Integralidade. Em todos os casos houve a conversão dos

valores em escala que variou de 0, a menor orientação, a 10, o melhor grau de orientação.

Seguindo o “Manual do Instrumento de Avaliação da Atenção Primária à Saúde”, adotou-se o

ponto de corte de 6,66 pontos para aceitar a classificação de “forte grau/nível de orientação” de

cada atributo (BRASIL, 2010a).

A última dimensão buscou identificar o tipo de internação de cada participante, variável

dependente do estudo, classificando como ICSAP e não-ICSAP a partir da lista brasileira

editada pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2008).

O software MS Excel 2013 foi utilizado para a construção do banco de dados. O

processamento estatístico ocorreu no software Stata/SE 13. A análise bivariada constou de

cálculo das razões de prevalência (RP) bruta e seus respectivos intervalos de confiança a 95%,

utilizando o Teste Exato de Fisher e os valores menores que 0,05 como estatisticamente

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significantes e limítrofes quando no intervalo entre 0,05 e 0,1. Destaca-se que o ponto de corte

de 0,25 foi adotado para a entrada no modelo de regressão não-condicional, utilizado para o

ajustamento das RP. A fim de testar as possíveis interações, aplicou-se a técnica de análise

logística condicional, utilizando como variável independente de interesse aquela que apresentou

valor inferior a 0,05 na estatística bivariada. Aplicou-se o Teste de Razão de Verossimilhança

como teste de hipótese nos modelos logísticos.

Visando cumprir os preceitos éticos previstos pela Resolução CNS nº 466/2012, o

projeto de pesquisa foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética sob o nº 1.427.653. Além

disso, todos os entrevistados foram avaliados clinicamente antes e após o inquérito, a fim de

observar alterações psicobiológicas. Não houve registro de intercorrências, mas cabe informar

que em caso de intercorrência seria acionada a equipe responsável pelo setor de clínica médica.

Resultados

As principais características sociodemográficas da amostra estudada são mulheres

(53,8%), na faixa etária entre 18 e 59 anos (62,9%), casadas (50,0%), com mais de quatro anos

de estudo (80,7%), pertencentes à classe econômica C (57,9%) e residentes da zona urbana de

Juiz de Fora (69,5%). A prevalência de ICSAP foi de 20,8% (n=41). As Tabelas 1 e 2

apresentam, respectivamente, a análise bivariada entre as internações e as características

sociodemográficas e as variáveis de acompanhamento de saúde dos pacientes. Na Tabela 1 é

possível observar que somente a faixa etária foi estatisticamente significante, mesmo

apresentando RP próximo de 1,0. Na Tabela 2 chama-se atenção para a associação, mesmo após

o modelo de ajustamento, entre a presença da APS (RP: 2,6; IC95%: 1,3/5,5) e as internações

por condições sensíveis.

Tabela 1. Análise bivariada das Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária em

função das características sociodemográficas de pacientes internados no setor de clínica

médica do Hospital Universitário de Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. 2016. (n=197)

Variáveis sociodemográficas ICSAP

RP (IC95%)

p-valor

Sexo

Feminino 1

Masculino 1,3(0,6/2,6) 0,469

Faixa etária

De 18 a 59 anos 1 0,077

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60 anos e mais 1,2 (1,0/1,4)

Etnia

Brancos e Outros 1

Pretos e pardos 1,6 (0,8/3,1) 0,208

Tempo de estudo

Mais de quatro anos 1

Menos de quatro anos 0,9 (0,5/1,6) 0,817

Situação conjugal

Outros 1

Casados / União estável 0,6 (0,3/1,3) 0,221

Classe econômica

Classe A/B 1

Classe C 0,9 (0,3/3,1) 0,930

Classe D/E 1,1 (0,3/3,7) 0,939

Zona urbana de JF

Sim 1

Não 1,2 (0,6/2,6) 0,564

Tabela 2. Análise bivariada e de regressão logística das Internações por Condições Sensíveis

à Atenção Primária e as variáveis de acompanhamento de saúde em pacientes internados na

clínica médica sobre a extensão e a orientação da APS. Hospital Universitário de Juiz de

Fora, Minas Gerais, Brasil. 2016. (n=197)

Variáveis RP bruto (IC95%) RP ajust. (IC95%)

Primeiro serviço que buscou antes da

internação

APS 1 1

Outros 1,1 (0,4/2,8) 0,9 (0,3/2,5)

p-valor 0,905 0,869

Serviço que referenciou

APS 1 1

Outros 1,3 (0,1/11,7) 1,3 (0,1/11,5)

p-valor 0,800 0,835

Opção de internar no HU

Já realiza acompanhamento ou teve indicação no HU

1 1

Vaga regulada 0,6 (0,3/1,3) 0,5 (0,3/1,1)

p-valor 0,195 0,092

Tipo de UBS no bairro

ESF 1 1

Outros 1,1 (0,6/1,7) 1,0 (0,6/1,7)

p-valor 0,793 0,925

Frequenta regularmente a APS

Não 1 1

Sim 2,6 (1,3/5,5) 2,7 (1,2/5,9)

p-valor 0,009 0,013

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RP ajustada por faixa etária, escolaridade, situação conjugal e tipo de unidade no bairro.

A Tabela 3 apresenta a análise bi e multivariada entre o baixo escore geral (orientação

da APS) e essencial (atributos essenciais), bem como a baixa orientação dos demais atributos

da APS e as ICSAP. Destaca-se que o modelo ajustado aponta para relação estatisticamente

significante apenas em relação ao escore essencial (RP: 2,1; 1,1/4,4).

Tabela 3. Análise bivariada e de regressão logística das Internações por Condições

Sensíveis à Atenção Primária em função da percepção de pacientes internados na clínica

médica sobre a extensão e a orientação da APS. Hospital Universitário de Juiz

de Fora, Minas Gerais, Brasil. 2016. (n=197)

Variáveis atributos APS RP bruto (IC95%) RP ajust. (IC95%)

Acesso de primeiro contato

Alto grau 1 1

Baixo grau 1,1 (0,5/2,2) 1,1 (0,5/2,3)

p-valor 0,814 0,820

Longitudinalidade

Alto grau 1 1

Baixo grau 0,9 (0,3/2,5) 1,0 (0,3/2,6)

p-valor 0,905 0,953

Coordenação

Alto grau 1 1

Baixo grau 1,0 (0,4/2,4) 1,2 (0,5/2,8)

p-valor 0,912 0,722

Integralidade

Alto grau 1 1

Baixo grau 1,0 (0,5/2,1) 1,0 (0,5/2,1)

p-valor 0,966 0,983

Orientação familiar

Alto grau 1 1

Baixo grau 1,3 (0,6/2,7) 1,3 (0,6/2,8)

p-valor 0,458 0,551

Orientação comunitária

Alto grau 1 1

Baixo grau 1,8 (0,9/3,7) 1,3 (0,6/2,8)

p-valor 0,083 0,551

Escore Essencial (Atributos

essenciais)

Alto grau 1 1

Baixo grau 1,0 (0,4/2,1) 2,1 (1,1/4,4)

p-valor 0,936 0,044

Escore Geral (Orientação da

APS)

Alto grau 1 1

Baixo grau 1,2 (0,6/2,5) 1,0 (0,4/2,3)

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p-valor 0,621 0,945

RP ajustada por faixa etária, escolaridade, situação conjugal.

A Tabela 4 demonstra, por técnica de regressão logística condicional, a relação entre a

presença da APS e as ICSAP em função da baixa orientação dos atributos. Chama-se atenção

para a interação em todos os modelos, exceto quando envolvida orientação comunitária.

Tabela 4. Análise logística condicional da presença da Atenção Primária em função da

baixa extensão dos atributos percebidos pelos pacientes internados na clínica médica

do Hospital Universitário de Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. 2016. (n=197)

Presença da APS com baixa orientação dos

atributos

ICSAP

RP (IC95%)

p-valor

Escore Essencial (Atributos essenciais) 3,8 (1,4/10,6) 0,010

Escore Geral (Orientação da APS) 3,6 (1,3/10,5) 0,017

Acesso de primeiro contato 5,3 (1,7/16,6) 0,005

Longitudinalidade 3,4 (1,3/8,5) 0,011

Coordenação 3,2 (1,2/8,5) 0,018

Integralidade 4,7 (1,6/13,5) 0,004

Orientação familiar 3,3 (1,2/8,9) 0,020

Orientação comunitária 2,3 (0,8/9,2) 0,106

RP ajustada por faixa etária, escolaridade, situação conjugal e tipo de unidade no bairro.

Discussão

O estudo apontou para associação entre a presença de cuidados prestados pela APS e as

maiores chances de ICSAP (RP: 2,7; 1,2/5,9) no hospital, acompanhando pesquisas realizadas

no Paraná (PETILIN et al., 2015) e no Distrito Federal (SOUSA et al., 2016). Segundo os

autores, o menor potencial de resolutividade das unidades de saúde, a baixa cobertura da

Estratégia Saúde da Família e, como consequência, a maior fragilidade de saúde dos sujeitos

são apontadas como possíveis elementos que permeiam este fenômeno de hospitalizações

evitáveis.

Por outro lado, a maior parte dos estudos ecológicos realizados refere a presença da

APS como fator associado à exponencial redução das internações por condições sensíveis

(Rehem, 2011; Muraro, 2013; Campos; Theme-Filha, 2012; Brasil; Costa, 2016). E, do lado

oposto, grupos de pesquisa também trazem a informação sobre a inobservância destas relações,

refletindo que o indicador de ICSAP, por si, não é suficiente para avaliar a APS (Costa et al.,

2016; Rodrigues-Bastos et al., 2014; Melo; Egry, 2014; Pazó, 2012).

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Mesmo com a variedade de posições e os múltiplos percursos metodológicos adotados

nas investigações, existe forte corrente que aponta que a redução das hospitalizações está

associada à qualidade das ações da APS e não meramente à presença dela. Autores como Mafra

(2011) e Oliveira et al. (2012), na tentativa de analisar o impacto da APS na atenção terciária,

associaram a avaliação de desempenho à tipologia das internações, hipótese que já havia sido

aventada por Starfield, Shi e Macinko (2005). Nesse ponto, cabe marcar posição que as ICSAP,

por quase a totalidade dos autores, são compreendidas como eventos complexos e evitáveis,

dependendo do modo como a APS atua no território.

Acredita-se que, até certo ponto, a redução das hospitalizações esteja atrelada à

eficiência e à resolutividade deste nível de atenção e, sobretudo, da sua capacidade de

articulação com os demais pontos da Rede. Entende-se que esta hipótese ganha força nos

achados deste estudo, especialmente no que tange a elevação das chances de internações face

ao baixo grau de orientação nos atributos essenciais da APS – o acesso, a integralidade, a

longitudinalidade e a coordenação do cuidado –, o que reforça a ideia de que a dinâmica de

atuação das equipes pode estar relacionada ao evento.

A necessidade de melhoria na configuração dos serviços de APS se eleva na medida em

que as ICSAP estão frequentemente associadas às doenças crônicas, que, como já exposto por

diversos autores, estão associadas às dificuldades de acesso e de adesão do usuário ao

tratamento. Ressalta-se que as ICSAP trazem prejuízos tanto do ponto de vista do sistema de

saúde, uma vez que aumenta os gastos públicos, como para o indivíduo e para a sociedade,

acarretando em danos psicobiológicos, psicossociais e de ordem econômica (ALFRADIQUE,

2009).

Para Rehem, Ciosak e Egry (2012) e Mendes (2012), o sistema de saúde que se orienta

por uma APS seletiva e/ou como porta de entrada não tem impacto na redução das

hospitalizações, uma vez que não mobiliza os necessários recursos de base territorial e sistêmica

para enfrentar os problemas de saúde da população. Ou seja, acabam por concentrar energia de

trabalho e conhecimentos para resolver, em última análise, estritamente as doenças da

população. Embora o Ministério da Saúde tenha adotado a APS com estratégia de ordenamento

do sistema, em alguns serviços é perceptível a presença de uma APS pouco potente e de baixa

orientação (MENDES, 2012).

Ressalta-se que a coordenação do cuidado, atributo que dispõe sobre a viabilização da

continuidade na assistência por meio da integração dos serviços de saúde (OLIVEIRA;

PEREIRA, 2013), requer a inclusão e participação ativa de todos os pontos de atenção

envolvidos no processo de cuidado. A falta de sistemas efetivamente organizados de

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referência e contrarreferência parece ampliar as internações desnecessárias em nível

especializado, especialmente pela visão estritamente biomédica que os serviços de APS seletiva

tendem a desenvolver.

As fragilidades de articulação das Redes, somadas à disputa dos modelos entre a APS

– que deveria ser abrangente –, e os serviços de média e de alta complexidade podem guardar

influências de ordem macroestrutural e não captadas neste estudo. A formação de vínculo entre

os serviços especializados e os usuários também figura entre os aspectos que podem permear

as relações de hospitalização, já que os hospitais universitários atraem pacientes em busca de

resolutividade dos problemas. Somam-se a isto as dificuldades também próprias dessas

instituições, que invariavelmente enfrentam problemas políticos e de inclusão nas de Redes de

Atenção, gerando dificuldades de retorno dos pacientes aos seus serviços de origem (SODRÉ

et al., 2013; MACHADO, 2015).

É importante considerar que os dados aqui produzidos devem ser interpretados à luz de

algumas limitações. O primeiro limite, e talvez o principal, está no percurso metodológico

assumido para esta investigação. Estudos transversais aferem a exposição e o desfecho

simultaneamente, o que, pela falta de temporalidade entre os eventos, inviabiliza estabelecer os

nexos de causalidade. Portanto, os achados aqui expostos devem ser interpretados tão somente

como hipóteses explicativas, mesmo com indiscutível relevância à produção de conhecimento.

Outro aspecto que merece destaque é que a apreciação dos atributos da APS e das ICSAP, a

partir dos pacientes internados, pode conter viés de seleção super ou subestimando os dados a

partir da variação da exposição entre os indivíduos, especialmente pela ausência de ambientes

controlados para a alocação dos grupos de usuários em relação ao tipo das internações.

Mesmo frente a estas limitações, é possível refletir que a disponibilidade de leitos no

hospital universitário conjugada com problemas nos processos regulatórios de vagas esteja

influenciando este quadro de hospitalizações, que a rigor deveriam ser evitadas no primeiro

nível da atenção. Acredita-se que ainda seja persistente – até nas equipes multiprofissionais – a

concepção de que o hospital é o melhor espaço para a implementação de condutas terapêuticas

e diagnósticas, sobretudo quando se trata de local extremamente especializado e voltado ao

ensino e à pesquisa, como no caso do cenário de estudo. Tal pensamento, norteado pelo desejo

de melhor tratar, pode estar aumentando os encaminhamentos destes pacientes pelos

profissionais da APS. Outro aspecto é o vínculo já estabelecido entre usuários e os ambulatórios

especializados, que também pode trazer pressões para que estes encaminhamentos sejam

realizados. Deste modo, a cultura biomédica e da hospitalização

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pode estar ganhando força frente às fragilidades na organização de algumas equipes de APS,

aumentando as chances de ICSAP.

Conclusões

A presença de cuidados prestados pela APS esteve associada a maiores chances de

ICSAP, especialmente frente ao baixo grau de orientação dos atributos essenciais. Ao que

parece, não basta ter unidade de APS, já que as ações e atuações das equipes parecem influenciar

nas ICSAP. Desta forma, pensar em resolutividade da APS é também refletir sobre a necessária

inter-relação dos atributos que a constitui e também sobre a posição que ocupa enquanto

ordenadora da Rede de Atenção.

No limite do estudo é possível observar a presença e a organização dos cuidados

prestados pela APS a partir da visão dos indivíduos internados em um hospital universitário.

Sendo assim, parece indispensável reafirmar que a opção metodológica deste estudo não

possibilita a investigação de aspectos de ordem macroestrutural do sistema, fato esse que

estimula o desenvolvimento de novas produções que associem mais fatores ao modelo analítico

das ICSAP e dos atributos de desempenho da APS.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS E DESDOBRAMENTOS FUTUROS

Na medida em que se pretendeu refletir sobre a relação entre os atributos da Atenção

Primária à Saúde e o perfil de internações de adultos da unidade de clínica médica de um

Hospital Universitário de Juiz de Fora, foi possível contribuir com novas hipóteses explicativas

e reflexões a este campo do conhecimento. O perfil sociodemográfico das internações ocorreu

de modo predominante em mulheres, de idade adulta – entre 18 e 59 anos, de raça/cor negra

(pretas e pardas), com tempo de estudo variando entre quatro e 12 anos e pertencentes à classe

econômica C, segundo os critérios adotados no estudo. Grande parte destes usuários residia na

zona urbana do município de Juiz de Fora, embora também tenham sido entrevistados pacientes

provenientes de outras localidades. Acredita-se que os dados aqui produzidos possam, com isso,

ser generalizados para populações semelhantes, desde que observadas as características locais

e as limitações ora expostas.

Parte significativa dos usuários referiu a existência de Unidade Básica de Saúde no

bairro em que vivem, geralmente com implantação da Estratégia Saúde da Família, embora a

presença de cuidados regulares com estas equipes tenha sido relatada por menos da metade da

amostra. As unidades de urgência, como as unidades de pronto-atendimento, foram as mais

procuradas antes da internação, e também as principais responsáveis pelo encaminhamento ao

hospital universitário. Tendo em vista que o município possui outros hospitais gerais, entende-

se que este dado levanta a hipótese de fragilidades no sistema de regulação de vagas e na

articulação dos diversos pontos de atenção. Destaca-se que quase um terço dos pesquisados já

fazia algum tipo de acompanhamento no hospital, o que possivelmente facilitou a regulação e

a internação no local.

A prevalência das internações por condições sensíveis foi de 20,8%, ou seja, esteve

elevada se comparada com a meta municipal prevista para o período. No entanto, quando

comparada aos dados do país, este resultado demonstrou-se discretamente inferior, o que enseja

reflexões, já que o cenário de estudo foi um hospital universitário. Os principais diagnósticos

identificados foram de doenças: dermatológicas, respiratórias, do aparelho circulatório,

endocrinológicas e metabólicas, do aparelho digestivo, do aparelho geniturinário e do sistema

nervoso; perfil compatível aos achados da literatura sobre hospitais gerais.

Trata-se, com isso, de pensar que talvez não seja o perfil de doenças o que diferencia os

hospitais universitários daqueles que são gerais e de emergência “porta-aberta”. Além disso,

cabe reflexão de que problemas que deveriam ser evitados pela APS estão sendo

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referenciados às unidades de elevada complexidade tecnológica leve-dura e dura, talvez pelo

vínculo criado entre pacientes com os ambulatórios ou pela presença da cultura biomédica e

hospitalocêntrica, que pode permear os cuidados da APS à atenção terciária. Esta hipótese

ganha força ao menos em dois momentos analíticos da dissertação, que são expostos,

respectivamente, no segundo e no terceiro artigo.

Evidenciou-se baixa percepção da presença de cuidados prestados pela APS aos

pacientes da clínica médica deste hospital, principalmente no que tange ao escore geral – que

trata da orientação da APS –, e da baixa extensão dos atributos de primeiro contato,

integralidade e de orientação familiar e comunitária. Diante disso, reflete-se até que ponto a

APS está cumprindo o seu papel de cuidado ampliado e sistêmico aos usuários que também são

acompanhados em hospitais universitários. Sabe-se da especificidade e também das

dificuldades presentes nestas unidades. Contudo, acredita-se que seja importante empreender

esforços voltados à pesquisa e à gestão de sistemas para a efetiva articulação dos diversos

pontos da RAS, incluindo os hospitais universitários. Enfrentar este campo de disputas de

modelo e talvez de ordenamento da rede – já que tanto estas unidades terciárias como a APS

possuem este papel – não é tarefa fácil, mas parece urgente e necessária para o alcance de

melhores resultados de desempenho do sistema.

O estudo também apontou para uma relação diferente do que se esperava inicialmente:

a associação da presença de cuidados da APS com a elevação das chances de ICSAP, sobretudo

face à baixa extensão dos atributos essenciais. Este achado parece ganhar força na atualidade,

especialmente pelo movimento de expansão – por vezes não programada – da APS. Ao que

parece, não basta a presença de equipes deste nível de atenção. Há de se refletir sobre a forma

de organização e o desenvolvimento das ações destas equipes multiprofissionais.

A despeito da importância dos dados produzidos nesta dissertação, acredita-se que os

mesmos devam ser interpretados à luz das limitações dos estudos transversais, especialmente

no que tange à dificuldade de estabelecimento de nexo causal. A literatura já expôs sobre a

possibilidade de vieses de seleção em investigações dos atributos e das ICSAP com base em

fontes primárias, podendo super ou subestimar os resultados a partir de elevada variabilidade

da exposição nos indivíduos, o que varia conforme o período da aferição.

Outro ponto que merece destaque é a impossibilidade de extrapolar estes achados para

nível macroestrutural, sob o risco de incorrer na falácia atomística. Esta reflexão parece

importante pelo elevado volume de produções sobre os indicadores de internação por condições

sensíveis, geralmente realizadas a partir de estudos ecológicos. No limite deste

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estudo, o objetivo não abarcou este tipo de relação, mas a configurações assumidas entre os

atributos de desempenho da APS e suas possíveis interações com os tipos de hospitalizações

em hospitais universitários.

Mesmo com as limitações expostas, parece imprescindível pensar estratégias para

otimizar a regulação de vagas e, principalmente, o efetivo desenvolvimento da contrarreferência

como mecanismo integrador parece fundamental. O hospital universitário, seguindo suas

concepções de criação, também possui papel de ordenar a rede, não de modo operacional, mas

enquanto formador de opinião e de recursos humanos. Neste sentido, encontra-se em processo

de formulação produção técnica que dê estes encaminhamentos, cumprindo assim um dos

objetivos do curso de Mestrado Profissional: implementar ações baseadas na produção de

conhecimento sobre o objeto de estudo.

Deste modo, acredita-se que este estudo contribuiu com novos elementos ao debate

sobre as ICSAP e, principalmente, para repensar a forma de atuação do cenário de investigação.

Baseado nos dados aqui produzidos foi possível pensar o lugar e a dinâmica de funcionamento

do hospital enquanto ponto articulado da RAS. Recomenda-se, contudo, que novas pesquisas

sejam desenvolvidas, superando os limites deste trabalho e incorporando novos elementos ao

modelo de análise das relações entre os atributos da APS e o perfil de internações.

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ANEXOS

Anexo 1 – Instrumento de Coleta de Dados – Roteiro de Entrevista

Q1 Código do instrumento Q1

Q2 Código do entrevistador Q2

Q3 Data da entrevista Q3

Q4 Horário de início da entrevista Q4

MÓDULO I - SOCIOECONÔMICA E DEMOGRÁFICA

ENTREVISTADOR – LEIA: “Para começar, gostaria que a senhor(a ) me respondesse algumas

perguntas para que possamos saber um pouco mais sobre a senhor(a), como local de residência, sua

idade, escolaridade etc”.

Q5 Onde você reside?

(1) Juiz de Fora; (2) município vizinho; (3) zona rural de Juiz de Fora; (4) Outros

Q5

Q6 Qual é o seu endereço?

Q7 Quantos anos você tem?

Q8 Como você classifica a sua cor/etnia?

(1) Branca; (2) Preta; (3) Amarela; (4) Parda; (5) Indígena

Q7

Q9

Qual a sua escolaridade?

(0) Analfabeto / Fundamental I incompleto (Analfabeto/Primário Incompleto)

(1) Fundamental I completo / Fundamental II incompleto (Primário Completo/Ginásio

Incompleto)

(2) Fundamental completo/Médio incompleto (Ginásio Completo/Colegial Incompleto)

(4) Médio completo/Superior incompleto (Colegial Completo/Superior Incompleto)

(7) Superior completo (Superior Completo)

Q9

Q10 Qual a sua situação conjugal?

(1) Casado(a)/união estável; (2) Solteiro (a); (3) Separado(a), (4) viúvo (a)

Q10

ENTREVISTADOR – LEIA: Mudando de assunto, gostaria que me respondesse algumas coisas sobre a

sua casa e as pessoas que moram com você.

Q 11 Quantidade de automóveis de passeio exclusivamente para uso particular?

(0) Nenhum; (3) Um; (5) Dois; (8) Três; (11) Quatro ou mais

Q11

Q12 Quantidade de empregados mensalistas, considerando apenas os que trabalham pelo

menos cinco dias por semana?

(0) Nenhum; (3) Um; (7) Dois; (10) Três; (13) Quatro ou mais

Q12

Q13 Quantidade de máquinas de lavar roupa, excluindo tanquinho?

(0) Nenhum; (2) Um; (4) Dois; (6) Três; (6) Quatro ou mais.

Q13

Q14 Quantidade de banheiros? (0) Nenhum; (3) Um,; (7) Dois; (10) Três; (14) Quatro ou mais.

Q14

Q15 DVD, incluindo qualquer dispositivo que leia DVD e desconsiderando DVD de

automóvel?

(0) Nenhum; (1) Um; (3) Dois; (4) Três; (6) Quatro ou mais.

Q15

Q16 Quantidade de geladeiras?

(0) Nenhum; (2) Um; (3) Dois; (5) Três; (5) Quatro ou mais.

Q16

Q17 Quantidade de freezers independentes ou parte da geladeira duplex?

(0) Nenhum; (2) Um; (4) Dois; (6) Três; (6) Quatro ou mais.

Q17

Q18 Quantidade de microcomputadores, considerando computadores de mesa, laptops,

notebooks e netbooks e desconsiderando tablets, palms ou smartphones

(0) Nenhum; (3) Um; (6) Dois; (8) Três; (11) Quatro ou mais.

Q18

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Q19 Quantidade de lavadora de louças?

(0) Nenhum; (3) Um; (6) Dois; (6) Três; (6) Quatro ou mais.

Q19

Q20 Quantidade de fornos de micro-ondas?

(0) Nenhum; (2) Um; (4) Dois; (4) Três; (4) Quatro ou mais.

Q20

Q21 Quantidade de motocicletas, desconsiderando as usadas exclusivamente para uso

profissional?

(0) Nenhum; (1) Um; (3) Dois; (3) Três; (3) Quatro ou mais.

Q21

Q22 Quantidade de máquinas secadoras de roupas, considerando lava e seca.

(0) Nenhum; (2) Um; (2) Dois; (2) Três; (2) Quatro ou mais.

Q22

Q23 A água utilizada neste domicílio é proveniente de?

(4) Rede geral de distribuição/encanada; (0) Poço ou nascente

Q23

Q24 Considerando o trecho da rua do seu domicílio, você diria que a rua é: (2) Asfaltada/Pavimentada; (0) Terra/Cascalho.

Q24

Q25 Qual a escolaridade do chefe de família, ou seja, da pessoa responsável pela casa?

(0) Analfabeto / Fundamental incompleto (Analfabeto/Primário Incompleto)

(1) Fundamental I compl./Fundamental II incompleto (Primário Completo/ Ginásio

Incompleto) (2) Fundamental completo/Médio incompleto/ (Ginásio

Completo/Colegial Incompleto) (4) Médio completo/Superior incompleto (Colegial

Completo/Superior Incompleto) (7) Superior completo (Superior Completo).

Q25

Q26 Entrevistador – PULE ESTA QUESTÃO: Este campo destina-se ao somatório das

questões Q11 e Q25. Este somatório será realizado pelo Coordenador da Pesquisa.

Q26

MÓDULO II – ACOMPANHAMENTO E SERVIÇO DE SAÚDE.

ENTREVISTADOR-LEIA: Agora gostaria que respondesse sobre o seu acompanhamento de saúde e seu

internamento

Q27

Em qual serviço de saúde você realiza seu controle de médico?

(0) Não realiza; (1) Consultório particular/plano de saúde; (2) HU/CAS

(3) Unidade Básica de Saúde do bairro; (4) Unidade básica do bairro vizinho;

(5) Outro Serviço especializado

Q28

Q28

Qual o primeiro serviço de saúde que procurou antes desta internação?

(1) Unidade Básica de Saúde; (2) HU/CAS, (3) Outro Serviço especializado; (4) UPA;

(5) Regional Leste, (6) HPS, (7) consultório/serviço particular, (8) Outro

hospital/emergência (SAMU).

Q28

Q29

Qual serviço referendou/encaminhou você para internação?

(1) Unidade Básica de Saúde; (2) Regional Leste; (3) UPA, (4) HPS ; (5) HU/CAS;

(6) Serviço de urgência e emergência de município vizinho (7) outros qual? .

Q29

Q30

Por que internou no HU?

(1) Porque a vaga saiu para HU; (2) Porque faz acompanhamento no HU; (3) Porque

um profissional/pessoa da saúde conhecido solicitou/conseguiu a vaga no HU.

Q30

Q31 Quantas internações você teve pelo mesmo problema de saúde no último ano?

(0) Nenhuma, ( 1 ) Uma, ( 2) Duas, ( 3 ) Mais de duas

Q31

Q32 Quantas vezes você já esteve internado (a) no HU pelo mesmo problema de saúde no

último ano? (0) Nenhuma, ( 1 ) Uma, ( 2) Duas, ( 3 ) Mais de duas

Q32

Q33 Quantas vezes você esteve internado (a) no HU por outro motivo de doença?

(0) Nenhuma, ( 1 ) Uma, ( 2) Duas, ( 3 ) Mais de duas

Q33

Q34

Qual motivo de sua internação?

(1) Fazer diagnóstico da doença; (2) uso de medicamento especial/custo elevado; (3)

tratar problemas de saúde; (4) fazer exames/procedimentos; (5) fazer cirurgia;

outros

Q34

Q35 Qual é a sua percepção sobre os serviços de saúde?

(1) Ótima; (2) boa (3) regular; (4) insuficiente ou ruim

Q35

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Q36 Qual é a sua percepção sobre os serviços de saúde prestados pelo HU?

(1) Ótima, (2) boa, (3) regular, (4) insuficiente ou ruim.

Q36

Q37

Qual tipo de UBS possui o seu bairro?

(0) Não possui; (1) Unidade Básica de Saúde Tradicional; (2) Saúde da família; (3)

PCASA; (9) desconheço/não sei

Q37

Q38

Você utiliza a Unidade Básica de Saúde para:

(0) Não utilizo; (1) Fazer controle de saúde; (2) Trocar receitas/pegar medicamento/

encaminhamento/vacina;

Q38

MODULO III – INSTRUMENTO PCATool-BRASIL - VERSÃO ADULTO REDUZIDA

ENTREVISTADOR-LEIA: Agora gostaria que respondesse sobre o seu serviço de Atenção Básica/ Saúde

Família/ ou médico/enfermeiro

A1

Há um médico ou serviço de saúde onde você geralmente vai se fica doente ou precisa de

conselhos sobre a sua saúde

(0) Não (1) Sim (Nome do profissional ou serviço de saúde)

A1

A2

Há um médico ou serviço que o/a conhece melhor como pessoa? (0) Não; (1) Sim, mesmo médico/serviço de saúde que acima (2) Sim, médico/serviço de saúde diferente (por favor, dê o nome e endereço)

A2

A3

Há um médico ou serviço que é mais responsável por seu atendimento de saúde?

(0) Não,

(1) Sim, mesmo que A1 & A2 acima,

(2) Sim, o mesmo que A1 somente,

(3) Sim, o mesmo que A2 somente,

(4) Sim, diferente de A1 & A2 (dê o nome e endereço)

A3

Entrevistador: Este campo Afiliação é a combinação das 3 questões referentes ao serviço de saúde

preferencial (A1, A2 e A3)

B2

Quando você tem um novo problema de saúde, você vai ao seu “nome do serviço de

saúde/ ou nome médico/enfermeiro” antes de ir a outro serviço de saúde?

(4) Com certeza, sim (3) Provavelmente, sim (2) Provavelmente, não

(1) Com certeza, não (9) Não sei / não lembro

B2

C1

Quando “nome do serviço de saúde/ ou nome médico/enfermeiro” está aberto, você

consegue aconselhamento rápido pelo telefone se precisar?

(4) Com certeza, sim (3) Provavelmente, sim (2) Provavelmente, não

(1) Com certeza, não (9) Não sei / não lembro

C1

C2

É difícil para você conseguir atendimento médico com o “nome do serviço de saúde/ ou

nome médico/enfermeiro” quando pensa que é necessário?

(4) Com certeza, sim (3) Provavelmente, sim (2) Provavelmente, não

(1) Com certeza, não (9) Não sei / não lembro

C2

D1

Quando você vai ao seu “nome do serviço de saúde/ ou nome médico/enfermeiro”, é o

mesmo médico ou enfermeiro que atende você todas às vezes?

(4) Com certeza, sim (3) Provavelmente, sim (2) Provavelmente, não

(1) Com certeza, não (9) Não sei / não lembro

D1

D2

Você se sente à vontade contando as suas preocupações ou problemas ao seu “nome do

médico/enfermeiro/local”?

(4) Com certeza, sim (3) Provavelmente, sim (2) Provavelmente, não

(1) Com certeza, não (9) Não sei / não lembro

D2

D3

O seu “nome do serviço de saúde/ ou nome médico/enfermeiro” sabe quais problemas são

mais importantes para você?

(4) Com certeza, sim (3) Provavelmente, sim (2) Provavelmente, não

(1) Com certeza, não (9) Não sei / não lembro

D3

D4 Você mudaria do “nome do serviço de saúde/ ou nome médico/enfermeiro” para outro

serviço de saúde se isto fosse muito fácil de fazer? D4

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(4) Com certeza, sim (3) Provavelmente, sim (2) Provavelmente, não

(1) Com certeza, não (9) Não sei / não lembro

E1

O “nome do serviço de saúde/ ou nome médico/enfermeiro” sugere para você consultar

com algum especialista ou serviço especializado se necessário?

(4) Com certeza, sim (3) Provavelmente, sim (2) Provavelmente, não

(1) Com certeza, não (9) Não sei / não lembro

E1

E2

O seu “nome do serviço de saúde/ ou nome médico/enfermeiro” escreve alguma

informação para o especialista, a respeito do motivo da consulta/encaminhamento?

(4) Com certeza, sim (3) Provavelmente, sim (2) Provavelmente, não

(1) Com certeza, não (9) Não sei / não lembro

E2

E3

O “nome do serviço de saúde/ ou nome médico/enfermeiro” sabe quais foram os

resultados desta consulta?

(4) Com certeza, sim (3)Provavelmente, sim (2)Provavelmente, não

(1) Com certeza, não (9) Não sei / não lembro

E3

E4

O “ nome do serviço de saúde/ ou nome médico/enfermeiro” parece interessado na

qualidade do cuidado que lhe é dado, isto é, lhe pergunta se você foi bem ou mal atendido

por este especialista ou serviço especializado?

(4) Com certeza, sim (3) Provavelmente, sim (2) Provavelmente, não

(1) Com certeza, não (9) Não sei / não lembro

E4

F1

Quando você vai ao “nome do serviço de saúde/ ou nome médico/enfermeiro”, seu

prontuário/ficha está sempre disponível na consulta?

(4) Com certeza, sim (3) Provavelmente, sim (2) Provavelmente, não

(1) Com certeza, não (9) Não sei / não lembro

F1

G1

O “ nome do serviço de saúde/ ou nome médico/enfermeiro” faz aconselhamento para

problemas de saúde mental? (Problemas dos nervos)

(4) Com certeza, sim (3) Provavelmente, sim (2) Provavelmente, não

(1) Com certeza, não (9) Não sei / não lembro

G1

G2

O “ nome do serviço de saúde/ ou nome médico/enfermeiro” faz aconselhamento sobre

como parar de fumar?

(4) Com certeza, sim (3) Provavelmente, sim

(2) Provavelmente, não (1) Com certeza, não (9) Não sei / não lembro

G2

G3

O “nome do serviço de saúde/ ou nome médico/enfermeiro” faz aconselhamento sobre as

mudanças que acontecem com o envelhecimento? (ex.: diminuição da memória, risco de

cair)

(4) Com certeza, sim (3) Provavelmente, sim (2) Provavelmente, não

(1) Com certeza, não (9) Não sei / não lembro

G3

H1

O “ nome do serviço de saúde/ ou nome médico/enfermeiro” faz aconselhamento sobre

alimentação saudável ou sobre dormir suficientemente?

(4) Com certeza, sim (3) Provavelmente, sim (2) Provavelmente, não

(1) Com certeza, não (9) Não sei / não lembro

H1

H2

O “nome do serviço de saúde/ ou nome médico/enfermeiro” faz aconselhamento a

respeito de exercícios físicos apropriados para você?

(4) Com certeza, sim (3) Provavelmente, sim (2) Provavelmente, não

(1) Com certeza, não (9) Não sei / não lembro

H2

H3

O “nome do serviço de saúde/ ou nome médico/enfermeiro” verificar e discutir os

medicamentos que você está tomando

(4) Com certeza, sim (3) Provavelmente, sim

(2) Provavelmente, não (1) Com certeza, não (9) Não sei / não lembro

H3

H4

O “ nome do serviço de saúde/ ou nome médico/enfermeiro” faz orientações como

prevenir quedas?

(4) Com certeza, sim (3) Provavelmente, sim (2) Provavelmente, não

(1) Com certeza, não (9) Não sei / não lembro

H4

I1 O seu “nome do serviço de saúde/ ou nome médico/enfermeiro” lhe pergunta sobre suas

ideias e opiniões (sobre o que você pensa) ao planejar o tratamento e cuidado para você

I1

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ou para um membro da sua família?

(4) Com certeza, sim (3) Provavelmente, sim (2) Provavelmente, não

(1) Com certeza, não (9) Não sei / não lembro

I2

O seu “nome do serviço de saúde/ ou nome médico/enfermeiro” reuniria com membros de

sua família se você achasse necessário?

(4) Com certeza, sim (3) Provavelmente, sim

(2) Provavelmente, não (1) Com certeza, não (9) Não sei / não lembro

I2

J1

O “nome do serviço de saúde/ ou nome médico/enfermeiro” faz pesquisas com os

pacientes para ver se os serviços estão satisfazendo (atendendo) as necessidades das

pessoas?

(4) Com certeza, sim (3) Provavelmente, sim (2) Provavelmente, não

(1) Com certeza, não (9) Não sei / não lembro

J1

MÓDULO IV – DADOS DO PRONTUÁRIO DO PACIENTE E LISTA BRASILEIRA DE

CONDIÇÕES SENSÍVEIS À ATENÇÃO PRIMÁRIA

ENTREVISTADOR – Este campo destina a coleta de dados do prontuário do paciente

Q39 Diagnostico Principal/CID: Q39

De posse da lista brasileira de Condições Sensíveis à Atenção Primária e do Diagnóstico Principal / CID

registrado no prontuário do paciente classificar:

Q40 Internação por Condições Sensíveis à Atenção Primária (0) Não (1)Sim Q40

Q41 Sexo: (1) Feminino; (2) Masculino Q41

Q42 Horário de termino da entrevista: Q42 Fonte: IBGE (2016); ABEP (2015). Instrumento Socioeconômico e demográfico.

OLIVEIRA et al (2013). Instrumento PCATool-Brasil Versão Adulto Forma Reduzida

Anexo 2 – Lista das Condições Sensíveis à Atenção Primária

LISTA DE CONDIÇÕES SENSÍVEIS À ATENÇÃO PRIMÁRIA

Grupo Diagnósticos CID 10

1 Doenças preveníveis por imunização e condições sensíveis

1,1 Coqueluche A37

1,2 Difteria A36

1,3 Tétano A33 a A35

1,4 Parotidite B26

1,5 Rubéola B06

1,6 Sarampo B05

1,7 Febre Amarela A95

1,8 Hepatite B B16

1,9 Meningite por Haemophilus G00.0

001 Meningite Tuberculosa A17.0

1,11 Tuberculose miliar A19

1,12 Tuberculose Pulmonar A15.0 a A15.3, A16.0 a A16.2, A15.4 a

A15.9, A16.3 a A16.9, A17.1 a A17.9

1,16 Outras Tuberculoses A18

1,17 Febre reumática I00 a I02

1,18 Sífilis A51 a A53

1,19 Malária B50 a B54

001 Ascaridíase B77

2 Gastroenterites Infecciosas e complicações

2,1 Desidratação E86

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2,2 Gastroenterites A00 a A09

3 Anemia

3,1 Anemia por deficiência de ferro D50

4 Deficiências Nutricionais

4,1 Kwashiorkor e outras formas de desnutrição protéica calórica E40 a E46

4,2 Outras deficiências nutricionais E50 a E64

5 Infecções de ouvido, nariz e garganta

5,1 Otite média supurativa H66

5,2 Nasofaringite aguda [resfriado comum] J00

5,3 Sinusite aguda J01

5,4 Faringite aguda J02

5,5 Amigdalite aguda J03

5,6 Infecção Aguda VAS J06

5,7 Rinite, nasofaringite e faringite crônicas J31

6 Pneumonias bacterianas

6,1 Pneumonia Pneumocócica J13

6,2 Pneumonia por Haemophilus Influenzae J14

6,3 Pneumonia por Streptococcus J15.3, J15.4

6,4 Pneumonia bacteriana NE J15.8, J15.9

6,5 Pneumonia lobar NE J18.1

7 Asma

7,1 Asma J45, J46

8 Doenças pulmonares

8,1 Bronquite aguda J20, J21

8,2 Bronquite não especificada como aguda ou crônica J40

8,3 Bronquite crônica simples e a mucopurulenta J41

8,4 Bronquite crônica não especificada J42

8,5 Enfisema J43

8,6 Bronquiectasia J47

8,7 Outras doenças pulmonares obstrutivas crônicas J44

9 Hipertensão

9,1 Hipertensão essencial I10

9,2 Doença cardíaca hipertensiva I11

10 Angina

10,1 Angina pectoris I20

11 Insuficiência Cardíaca

11,1 Insuficiência Cardíaca I50

11,3 Edema agudo de pulmão J81

12 Doenças Cerebrovasculares

12,1 Doenças Cerebrovasculares I63 a I67; I69, G45 a G46

13 Diabetes melitus

13,1 Com coma ou cetoacidose E10.0, E10.1, E11.0, E11.1, E12.0, E12.1;E13.0, E13.1; E14.0, E14.1

13,2 Com complicações (renais, oftálmicas, neurológicas,

circulatórias, periféricas, múltiplas, outras e NE)

E10.2 a E10.8, E11.2 a E11.8; E12.2 a

E12.8;E13.2 a E13.8; E14.2 a E14.8

13,3 Sem complicações específicas E10.9, E11.9; E12.9, E13.9; E14.9

14 Epilepsias

14,1 Epilepsias G40, G41

15 Infecção no Rim e Trato Urinário

15,1 Nefrite túbulo-intersticial aguda N10

15,2 Nefrite túbulo-intersticial crônica N11

15,3 Nefrite túbulo-intersticial NE aguda crônica N12

15,4 Cistite N30

15,5 Uretrite N34

15,6 Infecção do trato urinário de localização NE N39.0

16 Infecção da pele e tecido subcutâneo

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16,1 Erisipela A46

16,2 Impetigo L01

16,3 Abscesso cutâneo furúnculo e carbúnculo L02

16,4 Celulite L03

16,5 Linfadenite aguda L04

16,6 Outras infecções localizadas na pele e tecido subcutâneo L08

17 Doença Inflamatória órgãos pélvicos femininos

17,1 Salpingite e ooforite N70

17,2 Doença inflamatória do útero exceto o colo N71

17,3 Doença inflamatória do colo do útero N72

17,4 Outras doenças inflamatórias pélvicas femininas N73

17,5 Doenças da glândula de Bartholin N75

17,6 Outras afecções inflamatórias da vagina e da vulva N76

18 Úlcera gastrointestinal

18 Úlcera gastrointestinal K25 a K28, K92.0, K92.1, K92.2

19 Doenças relacionadas ao Pré-Natal e Parto

19,1 Infecção no Trato Urinário na gravidez O23

19,2 Sífilis congênita A50

19,3 Síndrome da Rubéola Congênita P35.0

Fonte: BRASIL, (2008).

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Anexo 3 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA – CEP HU/UFJF

JUIZ DE FORA – MG – BRASIL

NOME DO SERVIÇO DO PESQUISADOR

Pesquisador Responsável: Lúcia Aparecida de Souza

Endereço: Rua Doutor Gil Horta, 69 Apto: 104

CEP: 36016-400 – Juiz de Fora – MG

Fone: (32) 3234-1670 / 98874-1101

E-mail: [email protected]

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

O (A) Sr. (a) está sendo convidado (a), como voluntário (a), a participar da pesquisa “A

relação entre os atributos da atenção primária à saúde e o perfil das internações de um

hospital universitário”. Neste estudo, pretende-se refletir sobre a relação entre os atributos da

Atenção Primária à Saúde e o perfil de internações de adultos da unidade de clínica médica do

hospital universitário. O motivo que nos leva a esta investigação é contribuir com a elucidação

dos pontos que dificultam ou facilitam a universalização, integração e a equidade no sistema.

Para este estudo, será adotada a coleta de dados através dos prontuários do paciente e de uma

entrevista face a face, tendo, como opção, múltiplas respostas. O (A) Sr. (a) deverá escolher

entre aquelas a que melhor representar a sua situação, condição ou pensamento em relação ao

assunto abordado. Posteriormente, os dados coletados na pesquisa serão tratados

estatisticamente e realizada análise descritiva. Quando finalizada esta pesquisa, os resultados

estarão à disposição do (a) Sr. (a) e serão apresentados aos gestores e profissionais de acordo

com protocolo institucional e em forma de artigos em publicações e em eventos científicos à

comunidade. Os benefícios dessa investigação e de sua participação serão gerar conhecimentos

que poderão assessorar gestores e profissionais no planejamento e organização dos serviços,

resultando em melhor qualidade da assistência prestada. Para participar deste estudo você não

terá nenhum custo, nem receberá qualquer vantagem financeira. Você será esclarecido (a) sobre

o estudo em qualquer aspecto que desejar e estará livre para participar ou recusar-se a

participar. Poderá retirar seu consentimento ou interromper a participação a qualquer momento.

Sua participação é voluntária e a recusa em participar não acarretará qualquer penalidade ou

modificação na forma em que é atendido (a) pelo pesquisador. O pesquisador irá tratar sua

identidade com padrões profissionais de sigilo e o (a) Sr. (a) não será identificado (a) em

nenhuma publicação

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que possa resultar deste estudo. Como a pesquisa não consta de procedimentos invasivos junto

ao corpo, o risco da mesma será mínimo. Porém, se comprovados danos decorrentes da mesma,

o (a) Sr. (a) receberá assistência imediatamente e o pesquisador assumirá a responsabilidade

pelos mesmos. Este termo de consentimento encontra-se impresso em duas vias, sendo que uma

cópia será arquivada pelo pesquisador responsável, no Núcleo de Assessória e Treinamento em

Saúde (Nates) da Universidade Federal de Juiz de Fora e a outra será fornecida ao Sr (a). Estes

preceitos estão de acordo com o Conselho Nacional de Saúde, resolução nº 466, de 12 de

dezembro de 2012, sobre pesquisa envolvendo seres humanos.

Eu, , portador do documento de

identidade e/ou cartão SUS fui informado (a) dos objetivos do

estudo: “A relação entre os atributos da atenção primária à saúde e o perfil das internações de

um hospital universitário”, de maneira clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas. Sei que, a

qualquer momento, poderei solicitar novas informações e modificar minha decisão em

participar, se assim o desejar. Declaro que concordo em participar do estudo. Recebi uma cópia

deste termo de consentimento livre e esclarecido e foi-me dada à oportunidade de ler e

esclarecer minhas dúvidas.

Juiz de Fora, de de 20 .

Nome Assinatura participante Data

Nome Assinatura pesquisador Data

Nome Assinatura testemunha Data

Em caso de dúvidas com respeito aos aspectos éticos deste estudo, você poderá consultar o

CEP HU – Comitê de Ética em Pesquisa HU/UFJF

Hospital Universitário Unidade Santa Catarina

Prédio da Administração, Sala 27

CEP 36036-110

E-mail: [email protected]