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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ EDILEIS RODRIGUES DA SILVA JAIRDO DEMEZIO DA COSTA VIVIANE ORÉLO A INFLUÊNCIA DA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PARA UM ATENDIMENTO EFICAZ DURANTE A PARADA CARDIO CEREBRAL Biguaçu 2010 Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ EDILEIS RODRIGUES DA SILVA

JAIRDO DEMEZIO DA COSTA VIVIANE ORÉLO

A INFLUÊNCIA DA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PARA UM ATENDIMENTO EFICAZ DURANTE A PARADA CARDIO CEREBRAL

Biguaçu 2010

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ EDILEIS RODRIGUES DA SILVA

JAIRDO DEMEZIO DA COSTA VIVIANE ORÉLO

A INFLUÊNCIA DA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PARA UM ATENDIMENTO EFICAZ DURANTE A PARADA CARDIO CEREBRAL

Monografia apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de enfermeiro pela Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação de Biguaçu. Orientadora: Profª. MSc. Maritê Inez Argenta.

Biguaçu 2010

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EDILEIS RODRIGUES DA SILVA

JAIRDO DEMEZIO DA COSTA

VIVIANE ORÉLO

A INFLUÊNCIA DA ORGANIZAÇÃO DO

TRABALHO PARA UM ATENDIMENTO EFICAZ

DURANTE A PARADA CARDIO CEREBRAL

Esta monografia foi julgada adequada para a obtenção do

título de Enfermeiro e aprovada pelo Curso de Graduação

em Enfermagem, da Universidade do Vale do Itajaí, Centro

de Educação de Biguaçu.

Dia 22 de novembro de 2010.

_____________________________________________

MSc. Marite Inez Argenta

Orientadora

_____________________________________________

Profa Maria Ligia dos Reis Bellaguarda

Membro

_____________________________________________

Enfermeiro Carlos Alberto Souza

Membro

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AGRADECIMENTOS EDILEIS

Agradeço à Deus por nunca ter me abandonado e sempre me acompanhou pelos

caminhos que escolhi;

À minha mãe Maria de Jesus, que sempre foi uma lutadora, agradeço por ter me dado a

vida e obrigado pelos sacrifícios que fez por mim e pelos meus irmãos.

Ao meu pai Wilson que mesmo distante me incentivou.

À minha cunhada Ângela e ao meu irmão Edílson, ao qual admiro e tenho muito

carinho, obrigado pelo companheirismo da infância. Sinto muitas saudades.

Aos meus irmãos Diane e Robson os caçulinhas da mamãe. Adoro vocês.

À minha filha Priscyla que em vários momentos tive que deixar sozinha no quarto por

não ter tempo pra escutar suas histórias e piadas. Me perdoe pela distância desses dias.

Ao meu marido Nilson, que abriu mão dos seus sonhos para realizar os meus, obrigado

por ter mudado a minha vida, pelo seu amor, incentivo e paciência nos momentos de pití.

A minha prima Karol e à minha tia Sebastiana pelos conselhos.

Ao pessoal do Corpo de Bombeiros de Florianópolis ao qual me fizeram ver a vida

com outros olhos. Obrigado Guerreiros do fogo.

Ao meu parceiro Jairdo, obrigado por não fazer a gente “pagar” flexões nas aulas no

Bombeiro. Valeu Papai Smurf.

À minha amiga e parceira Viviane, por quem tenho tanta admiração, obrigado pelo

companheirismo e momentos de alegria;

Aos meus amigos Adriano, Daiana, Franciele, Nayssa e Renata Vital, vou sentir

saudades de vocês. Obrigado por fazerem parte dos momentos felizes da minha vida.

À nossa professora e orientadora Maritê, obrigado por ter aceitado nos orientar e pelo

apoio neste percurso, obrigado também pela paciência e pela divisão de sabedoria.

À Banca examinadora, Maria Lígia e Carlos obrigado por participarem desse momento

importante de nossas vidas.

Aos professores do curso pela dedicação e pelos conhecimentos que nos passaram.

Ao pessoal da instituição que aceitaram participar da nossa pesquisa.

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AGRADECIMENTOS JAIRDO

A minha esposa Lúcia Verônica, por estar sempre ao meu lado na labuta diária, pela

compreensão e pelo amor a mim dedicado.

Aos meus filhos, Gabriel e Arthur, por serem a minha fonte de energia e inspiração.

Aos meus pais Demezio João da Costa e Maria Diamantina da Costa por ter me

proporcionado à vida e estarem comigo em todas as fases da minha vida.

Aos meus irmãos Rogéria Maria da Costa, Genildo Demezio da Costa e Rosângela

Maria da Costa, por serem parceiros e amigos e compreenderem e partilhar este

momento da minha vida.

Ao grande Amigo, Marcos Aurélio Leite de Lima, por fazer parte do trabalho que tanto

me satisfaz profissionalmente, construir e transmitir conhecimentos no pré-hospitalar.

Aos Bombeiros Comunitários e Militares por fazerem parte deste ciclo, contribuindo

em muito, com minha formação profissional.

Aos Profissionais da Instituição que nos acolheram durante a pesquisa.

À Banca examinadora, Maria Ligia e Carlos por aceitar o convite.

Aos professores do curso pelos momentos de aprendizado.

Ao profissionais da instituição que aceitaram participar do nosso trabalho.

A nossa orientadora Maritê obrigado pela força e por ter aceitado nosso convite.

As minhas companheiras Edileis e Viviane, verdadeiras guerreiras e comprometidas que

juntos concretizamos este trabalho com esmero.

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AGRADECIMENTOS VIVIANE

À Deus pela vida maravilhosa, e por ter me feito nascer novamente pelo menos outras

três vezes.

À minha mamuska Juscelina e meu paizão Domingos amados, sem os quais não estaria

aqui, agradeço pelos ensinamentos, incentivo e confiança. Obrigado por contribuir com

força e coragem a cada degrau avançado nesta jornada.

À minha irmã Tatiane e minha afilhada Fernanda pela alegria e carinho. Perdoem-me

pela ausência em tantos momentos especiais.

Aos meus amigos do coração Adriano, Daiana, Francielle, Jairdo e Nayssa pela

amizade eterna, confraternizações e pelos momentos de aprendizado para vida.

Aos meus amigos Anelise, Ana Lúcia, Idineia, Fernandes, Janete, João, Joeci,

Lourdes e Natalicio pelo companheirismo e pelas trocas de plantão.

Aos amigos Alan, Dilmar, Lourenço, Maria de Lourdes, Silvio e Valdinei pela

energia positiva e apoio.

Á minha amiga Edileis pelos risos na hora do desespero, incentivo e compreensão em

dias de cansaço pós-plantão.

À nossa orientadora Marite Inez Argenta pela dedicação, paciência e instigação.

À banca examinadora Carlos Alberto Souza e Maria Lígia dos Reis Bellaguarda por

aceitar o convite e enriquecimento deste estudo.

Aos sujeitos da pesquisa, às instituições e aos professores que conheci ao longo destes

quatro anos e aqueles que contribuíram direta ou indiretamente a este trabalho: o meu

SINCERO OBRIGADO.

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Você não deve desistir

Quando tudo dá errado, o que acontece às vezes, quando a estrada que você está

trilhando parece longa, quando os fundos são escassos e as contas são altas e

você quer sorrir, porém precisa suspirar, quando a preocupação o pressiona um

pouco, descanse! Se precisar, nunca desista.

A vida é estranha, com suas idas e vindas, isso todos nós acabamos aprendendo;

muitas vezes fracassamos quando se poderia ter ganho, se tivesse havido

persistência; continue sua tarefa, embora o ritmo pareça lento – você pode ter

sucesso com um pouco mais de fôlego.

O sucesso é o fracasso virado do avesso – o toque prateado das nuvens da

dúvida – E você nunca pode afirmar o quanto está perto, pode-se estar próximo

quando tudo parece distante; então continue na luta mesmo quando for

duramente atingido – é quando tudo parece pior que você não deve desistir.

Autor desconhecido

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RESUMO

Trata-se de uma pesquisa qualitativa exploratória descritiva com investigação

convergente assistencial, onde foi aplicada entrevista semi-estruturada que buscou

refletir e entender o significado de um fenômeno, através das vivências do cotidiano de

uma equipe de reanimação hospitalar, ao qual analisamos a influência da organização do

trabalho no atendimento de uma parada cardiocerebral, em uma emergência

cardiovascular de referência. A entrevista captou informações sobre a organização,

desempenho no atendimento a PCR e cursos de atualizações. A coleta de dados foi

realizada de agosto a outubro de 2010, por meio de entrevista semi-estruturada. Os

sujeitos da pesquisa totalizaram, 28 profissionais da equipe de enfermagem e equipe

médica. Para análise de dados sistematizamos o conteúdo em categorias e subcategorias.

Os resultados encontrados apontaram pontos a serem melhorados como a falta de

treinamento e educação continuada, déficit de funcionários e espaço físico inadequado,

item que obteve unanimidade, 28 (100%) dos profissionais verbalizam que o espaço

físico é inadequado para atendimento a reanimações cardiocerebrais. Outro resultado

importante mostrou que para 14 (50%) dos entrevistados há necessidade de uma

liderança na organização do atendimento. O estudo aponta para a necessidade de

treinamento na admissão dos funcionários, implementação de um programa de educação

permanente e continuada, necessidade de aumentar os recursos humanos, ativação da

sala de reanimação. Estes pontos elencados remetem buscar a eficiência na organização

do atendimento visando excelência dos serviços.

Palavras-chave: Emergência; Enfermagem; Organização; Reanimação cardiocerebral.

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ABSTRACT This is a qualitative exploratory descriptive research convergent, where it was applied

semi-structured interview that sought to reflect and understand the meaning of a

phenomenon through the experiences of daily life in a hospital resuscitation team, which

analyzed the influence of organization of work in the service of an arrest cardiocerebral

in a cardiovasculary emergency reference. The interview captures information about the

organization, performance and attendance of CPR courses updates. Data collection was

conducted from August to October 2010, through semi-structured interview. The study

subjects totaled 28 professional nursing staff and medical staff. To systematize the

analysis of data content into categories and subcategories. The results indicate points to

be improved as the lack of training and continuing education, shortage of staff and

inadequate physical space, which has been unanimously item, 28 (100%) of

professionals verbalize that physical space is inadequate to meet the resuscitation

cardiocerebrais. Another important result showed that for 14 (50%) of respondents there

is a need for leadership in the organization of care. The study highlights the need for

training in engaging employees, implementing a program of continuing education and

continuing need for increased human resources, activation of the resuscitation room.

These points listed refer to pursue efficiency in the organization of service aimed at

service excellence.

Keywords: Emergency, Nursing; Organization; cardiocerebral Resuscitation.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Tabela 1: Necessidades Humanas Básicas............................................................... 28

Tabela 2: Categorias................................................................................................ 37

Gráfico 1: Profissionais........................................................................................... 38

Gráfico 2: Sexo........................................................................................................ 38

Gráfico 3: Idade........................................................................................................36

Gráfico 4: Tempo de Serviço................................................................................... 40

Gráfico 5: Último curso de atualização................................................................... 50

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACE – Atendimento Cardiovascular de Emergência

ACLS – Advanced Cardiovascular life support

AHA - American Heart Association

ECG - Eletrocardiograma

ERC - Conselho Europeu de Ressuscitação

ILCOR - International Liaison Committee on Resuscitation

MS - Ministério da Saúde

NHB – Necessidades Humanas Básicas

PALS – Pediatric Advanced life support

PCR - Parada Cardio Respiratória

RCP - Reanimação Cardiopulmonar

RCPC - Ressuscitação Cardio-pulmonar-cerebral

SBC – Sociedade Brasileira de Cardiologia

SOCESP – Sociedade de Cardiologia de São Paulo

SUS – Sistema Único de Saúde

UEL – Universidade Estadual de Londrina

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA................................................................. 12

2. OBJETIVOS........................................................................................................ 15

2.1 Objetivo geral......................................................................................... ........... 15

2.2 Objetivo específico............................................................................................ 15

3. REVISÃO DE LITERATURA............................................................................ 16

3.1 Emergência e Urgência...................................................................................... 16

3.2 História da Reanimação Cardiopulmonar.......................................................... 17

3.3 Serviço Organizacional...................................................................................... 21

3.4 Preparo da Equipe.............................................................................................. 22

4. REFERENCIAL CONCEITUAL........................................................................ 24

4.1 Wanda de Aguiar Horta..................................................................................... 24

4.1.1 Conceitos Chaves........................................................................................... 24

4.1.2 Conceito Ser Humano.................................................................................... 25

4.1.3 Conceito de Enfermagem................................................................................26

4.1.4 Equilíbrio e Desequilíbrio............................................................................. 26

4.1.5 A Oxigenação................................................................................................. 26

4.1.6 Teoria das Necessidades Humanas Básicas................................................... 27

4.2 Beatriz Beduschi Capella e Maria Tereza Leopardi.......................................... 29

4.2.1 Conceito de Ser Humano................................................................................ 30

4.2.2 Enfermagem.................................................................................................... 30

4.2.3 Processo de Trabalho em Enfermagem.......................................................... 30

4.2.4 Organização do Trabalho de Enfermagem..................................................... 31

5. METODOLOGIA................................................................................................ 32

5.1 Tipo de estudo.................................................................................................... 32

5.2 Local da Pesquisa............................................................................................... 33

5.3 Sujeitos da Pesquisa........................................................................................... 34

5.4 Aspectos Éticos.................................................................................................. 34

5.5 Coleta de Dados................................................................................................. 35

6. APRESENTANDO OS DADOS......................................................................... 37

6.1 Caracterização dos Sujeitos da Pesquisa .......................................................... 40

6.2 O ambiente em que ocorre as reanimações cardiocerebral................................ 40

6.2.1 A Organização do Ambiente.......................................................................... 41

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6.2.2 As equipes que realizam as reanimações........................................................ 43

6.2.3 Quantitativo Humano..................................................................................... 46

6.2.4 Qualitativo Humano....................................................................................... 48

6.3 A educação permanente..................................................................................... 49

6.4 Olhares alheios: Percepção dos Profissionais................................................... 52

7. Considerações Finais........................................................................................... 56

REFERÊNCIAS....................................................................................................... 58

APÊNDICES........................................................................................................... 63

APÊNDICE A.......................................................................................................... 63

APÊNDICE B.......................................................................................................... 65

APÊNDICE C.......................................................................................................... 66

APÊNDICE D.......................................................................................................... 67

APÊNDICE E.......................................................................................................... 69

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12

1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

O tratamento da parada cardiorespiratória recebe diferentes denominações:

ressuscitação cardiopulmonar, ressuscitação cardiorespiratória, reanimação cardiorespiratória,

reanimação cardiopulmonar, reanimação cardiorespiratória cerebral, sendo todas corretas. O

termo ressuscitação cardiopulmonar é o mais usado, sendo adotado pelo Consenso Brasileiro

de Ressuscitação Cardiopulmonar. (TIMERMAM et al., 2000).

O termo ressuscitação cardio-pulmonar-cerebral (RCPC), segundo Timerman et al.

(2000), foi proposto por Peter Safar como substituto ao tradicional RCP e ainda ressalta que

os clínicos devem sempre lembrar o termo cerebral, pois esta palavra lembra o objetivo

primário de retornar o paciente a um melhor estado neurológico possível, pois sem que a

circulação e a ventilação espontânea sejam restabelecidas rapidamente, a ressuscitação

cerebral com sucesso não poderá ocorrer.

Com cerca de 17 milhões de óbitos/ano, as doenças cardiovasculares causam um terço

das mortes em todo o mundo. (Timerman, 2004). Os coeficientes de mortalidades por doenças

cardiovasculares no Brasil vêm aumentando, fazendo com que esta seja a causa número 1 de

mortes em nosso país. A parada cardíaca súbita é responsável pela morte de pelo menos

160.000 pessoas antes de chegar ao hospital afirma Timerman, (2004). Grande parte é

vitimada pela parada súbita do coração, ocorrendo freqüentemente durante atividades

rotineiras, tais como, caminhadas, falando ao telefone, assistindo à televisão ou simplesmente

trabalhando e subitamente colapsa. Especialistas defendem que a vida de parte destas vítimas

poderia ser salva com procedimento de RCP (Ressuscitação Cardiopulmonar) e o uso do

desfibrilador, equipamento capaz reverter a parada cardíaca.

Face ao aumento nos índices de mortalidade em decorrência de doenças

cardiovasculares, a crescente importância do estudo das emergências médicas, é facilmente

reconhecida quando se consideram a freqüência com que causam óbito ou incapacidade, e as

dificuldades que existem para preveni-los e o grande potencial de recuperação que encerram

quando são convenientemente atendidos.

A segunda causa de PCR são os traumas. Desses, a maioria ocorre devido a acidentes

automobilísticos, seguidos de acidentes por arma de fogo, quedas, envenenamentos,

queimaduras e afogamentos, entre outros. É a causa mais comum na população entre 1 e 44

anos de idade. (CALIL; PARANHOS, 2007, p. 496).

Os profissionais de enfermagem na grande maioria das vezes, em ambientes

hospitalares, são os primeiros a encontrarem os pacientes em situação de parada cardio

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respiratória. Para isto é necessário que estes profissionais tenham conhecimento que o sucesso

da reanimação cardio cerebral depende da mesma ser iniciada tão logo seja estabelecido o

diagnóstico de parada cardíaca. A relação sucesso e tempo de uma reanimação cardio cerebral

está intimamente relacionada ao conceito de adenosina trifosfato (ATP) cerebral a ser

depletada em quatro a seis minutos após a cessação total do fluxo sangüíneo cerebral. É muito

mais do que saber na prática o que fazer, é sim necessário capacidade cognitiva para entender

o que está acontecendo nos tecidos e nas células daquele ser humano que está em situação de

parada cardíaca.

No cotidiano hospitalar os profissionais das equipes desenvolvem suas atividades em

serviços de emergência especializados, assistem o ser humano, avaliando suas necessidades e

implementando a assistência nas condições e no local em que se encontram. Para tanto,

devem agir com sólidos conhecimentos científicos, habilidades técnicas e respeitando os

princípios éticos e normativos da profissão, ainda devem valorizar as relações humanas com

os clientes e os membros da equipe de saúde, bem como considerar a importância da relação

ser humano e equipamentos tecnológicos, contextualizando o local de trabalho.

Desenvolvendo, desta forma um atendimento humanizado e organizado.

A organização da assistência à saúde em hospitais envolve necessariamente o trabalho

conjunto de diferentes profissionais em todos os níveis de atendimento. O trabalho realizado

em equipe pode contemplar uma variedade de enfoques e opções de compreensão dos

aspectos subjetivos existentes no atendimento a saúde, de um modo tal que seria impossível

alcançar um nível de excelência apenas com os recursos do serviço de enfermagem.

Apesar de Hudak e Gallo, (1994) considerarem a organização indispensável na

reanimação, devendo ser composta por pessoal treinado, como médicos, enfermeiros, técnicos

de ECG (eletrocardiograma), técnicos respiratórios para transportar instrumentos especiais,

membro administrativo ou escriturário para realizar telefonemas ou outras funções. E, ainda,

considerarem que o enfermeiro é freqüentemente o primeiro a avaliar o paciente e iniciar a

RCP chamando a equipe, devendo estar presente para responder a questionamentos que

levaram a parada e, apontarem como papel do enfermeiro a RCP contínua, monitoração

cardíaca e outros sinais vitais, a administração de medicamentos, os registros, controle das

pessoas e notificação ao médico e a família. Não discordamos das afirmações dos autores

acima, porém acreditamos que todo o hospital deve estar envolvido para que o serviço de

emergência preste um atendimento rápido e eficaz. A figura do profissional enfermeiro é

indispensável neste contexto, porém deve aparecer a figura do profissional médico que é

necessário no momento de uma parada cardíaca, apesar dos demais profissionais iniciarem as

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manobras em um primeiro momento é necessário dar continuidade e neste momento, o

profissional médico é decisivo.

Diante das transformações que estão ocorrendo nos serviços de emergência, em

decorrência dos avanços tecnológicos e do estabelecimento de novas políticas públicas de

atendimento à população e, também com convivência diária com carência de recursos

financeiros, o número cada vez maior de pacientes nas emergências aguardando vagas e o

número reduzido de trabalhadores, dentre estes principalmente os de enfermagem, temos uma

realidade que produz a seguinte interrogação:

A organização do trabalho poderia estar influenciando no atendimento de uma

parada cardiocerebral, em uma emergência cardiovascular de referência?

Com o objetivo de atender a proposta do curso de elaborar um projeto de pesquisa, e

de implementá-la, como parte para obtenção do título de Enfermeiro, decidimos desenvolver

uma atividade de pesquisa junto aos trabalhadores de uma emergência cardiovascular de

referência, dentro de nossa temática de interesse investigativo, buscando uma primeira

aproximação com os trabalhadores, com vistas a compreender se existe algum tipo de relação

entre o atendimento a uma parada cardiocerebral, ser mais eficaz ou não, dependendo das

condições de organização do trabalho que os mesmos enfrentam.

Esse estudo sobre a organização do trabalho e o atendimento em uma PCR buscou

contribuir com a profissão no entendimento da influência que a organização do serviço de

emergência pode trazer durante a realização do trabalho, bem como para mudanças no agir e

enfrentar os problemas da prática cotidiana. Tudo isso deve contribuir para o estabelecimento

de uma nova cultura de respeito à vida humana e de valorização da assistência ao ser humano

vitima de uma PCR. É direito de todo cliente receber uma assistência de enfermagem e

médica eficaz e humanizada. Para garantir esse direito, é preciso empreender um esforço

coletivo de melhoria das condições de organização do trabalho nas instituições de saúde em

que a enfermagem está inserida, uma ação com potencial que possa disseminar uma nova

cultura de atendimento eficaz e que possa contagiar todos os demais profissionais da saúde.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Conhecer a organização do trabalho de uma emergência cardiovascular e se essa

influencia no atendimento de uma PCR.

2.2 Objetivos específicos

Identificar a dinâmica da equipe que atua nos serviços de atendimento de emergências;

Caracterizar os processos de padronização de atendimento da equipe durante uma

reanimação de uma parada cardiorespiratória.

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3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Emergência e Urgência

Emergência, segundo o Ministério da Saúde, (1985 p. 29) é a “unidade destinada à

assistência de doentes, com ou sem risco de vida, cujos agravos à saúde necessitam de

atendimento imediato”.

Segundo o Conselho Federal de Medicina, em sua Resolução n° 1451, de 10/03/1995,

a definição de Urgência e Emergência:

Parágrafo Primeiro - Define-se por URGÊNCIA a ocorrência imprevista de agravo à

saúde com ou sem risco potencial de vida, cujo portador necessita de assistência

médica imediata.

Parágrafo Segundo - Define-se por EMERGÊNCIA a constatação médica de

condições de agravo à saúde que impliquem em risco iminente de vida ou

sofrimento intenso, exigindo portanto, tratamento médico imediato.

A atenção às Urgências apresenta os componentes pré e intra-hospitalares que

necessitam ser contemplados e valorizados. Assim, o treinamento inicial, a educação

continuada, as recapacitações e as avaliações de desempenho dos profissionais devem ser

programadas para a obtenção de uma melhor qualidade de atendimento e de resultados,

implicando em uma menor morbidade e mortalidade.

Montovani, (2005) refere que Emergência é uma circunstância em que há risco de

morte iminente, apontado por episódio imprevisto, requerendo diagnósticos e terapêuticas

imediatas e Urgência menciona ser um estado patológico, de repentina instalação, mas sem

risco de morte iminente necessitando, pronto atendimento.

Devido a conflitos no significado dos termos urgência e emergência, o Ministério da

Saúde (MS) em 2006, escolheu recomendar o uso do termo “Urgência” nos casos em que

necessitem de cuidados agudos seguindo critérios de gravidade:

Assim, devido ao grande número de julgamentos e dúvidas que esta ambivalência de terminologia suscita no meio médico e no sistema de saúde, optamos por não mais fazer este tipo de diferenciação. Passamos a utilizar apenas o termo “urgência”, para todos os casos que necessitem de cuidados agudos, tratando de definir o “grau de urgência”, a fim de classificá-las em níveis, tomando como marco ético de avaliação o “imperativo da necessidade humana”.

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Brasil, (2006), explica que a avaliação do grau de urgência depende da gravidade, dos

recursos necessários para o atendimento, pressão social e tempo necessário para iniciar o

tratamento.

O termo tratamento de emergência “refere-se tradicionalmente ao cuidado fornecido

aos pacientes com necessidades urgentes e críticas. [...]”. (SMELTZER; BARE, 2005, p.

2272).

3.2 História da Reanimação Cardiopulmonar

Alguns autores consideram a criação do homem, citado pela Bíblia, Gênesis 2:7 como

sendo o primeiro relato de reanimação: “Então, formou o SENHOR Deus ao homem do pó da

terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente.” Ainda

na bíblia, outro relato se encontra no primeiro livro dos Reis 17:17-22, quando o profeta Elias

reanimou o filho da viúva de Serepta, mas este caso não está bem descrito na Bíblia. Em 850

a.C., o profeta Eliseu, seguidor de Elias, reanima o filho da mulher Sunamita: “Subiu à cama,

deitou-se sobre o menino e, pondo a sua boca sobre a boca dele, os seus olhos sobre os olhos

dele e as suas mãos sobre as mãos dele, se estendeu sobre ele.[...] Então, se levantou, e

andou no quarto uma vez de lá para cá, e tornou a subir, e se estendeu sobre o menino; este

espirrou sete vezes e abriu os olhos.” II Reis 4:34-35. Acredita-se que se faz referência a

ventilação boca-boca quando o profeta coloca sua boca sobre a boca do menino.

(CAVALCANTI, et al., 1996; Guimarães et al., 2009; Bíblia Sagrada, 1994).

Em 476 a.C, no fim do Império Romano, os métodos de RCP eram vários. Entre eles,

eram feitas aplicações de calor ao corpo onde colocavam cinzas ou água quente, além de

queimas de excretas secas de animais no abdome (fumigação), pois supunha-se que podia

restaurar o calor e a vida ao corpo inerte e frio. Usavam também o método de flagelação com

chicoteamentos de urtiga (planta cujas as folhas são irritativas contendo ácido fórmico), ou

ainda usavam as mãos ou panos molhados pois ajudava a reanimar aqueles aparentemente em

sono profundo. Em 1530, o cientista Paracelsus usava foles de lareira para introduzir ar nos

pulmões de indivíduos aparentemente mortos, sendo este método usado por 300 anos na

Europa. Em 1711, os índios americanos tentavam reviver pessoas assoprando fumaça na

bexiga de um animal e, depois, no reto da vítima. Chamado de método de defumação ou

“defumação alemã”, foi usada durante vários anos nas colônias americanas, com sucesso.

(GUIMARÃES, et al., 2009).

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Usado antes de 1767, o método do barril, consistia no movimento do barril para a

frente para retirada da pressão sobre o tórax da vítima, permitindo a inspiração e o movimento

do barril para trás fazia com que o peso do corpo comprimisse o tórax, induzindo a expiração,

sendo o método mais usado pela marinha alemã. Utilizado na Inglaterra, Europa e América

em 1770, o método de inversão consistia em colocar o indivíduo suspenso de cabeça para

baixo com o objetivo de comprimir o tórax, pois ajudava na expulsão do ar dos pulmões, que

levava à inspiração quando cessava a compressão, há vários relatos de sucesso com esta

técnica para reanimação de afogados. (History for CPR, 2007).

Em 1803, o método Russo, implantado por médico russos em pessoas inconscientes

pelo frio, pela inalação de gases, aparentemente mortas, eram reanimadas com o enterro

parcial. O indivíduo era enterrado de pé com a cabeça e o tórax expostos e jogava-se água no

rosto. Utilizado na Europa e na China para reanimação de afogados, o método do cavalo em

trote, 1812, consistia em colocar o corpo do indivíduo em contato com o dorso do cavalo

fazendo com que seu tórax fosse comprimido, expelindo o ar e quando era balançado no dorso

do cavalo, o tórax se expandia, permitindo a entrada de ar nos pulmões. O método Leroy de

1829, de um médico francês, foi o primeiro a utilizar o decúbito dorsal. Comprimia o tórax e

o abdome, forçando a saída de ar dos pulmões. A retirada da pressão permitia a entrada do ar.

(History for CPR, 2007).

No método Dalrymple de 1831, o tórax era enfaixado com tecido e tracionado por por

duas pessoas comprimindo o tórax, o que forçava a saída de ar dos pulmões. Sua interrupção

permitia a expansão do tórax, induzindo à inspiração. O método Marshall Hall de 1856, foi o

primeiro relato de reanimação com o indivíduo deitado e o tórax elevado. O socorrista

colocava-o de lado, segurava-o momentaneamente, e então soltava-o, fazendo com que

rolasse para trás. A pressão exercida nas costas forçava a saída de ar e a pressão era

interrompida quando novamente colocado de lado, permitindo a inspiração. Alguns autores

citam que o método Sivester iniciou em 1858 enquanto outros consideram o ano de 1861,

neste método o paciente era colocado em decúbito dorsal, com os braços acima da cabeça,

permitindo uma maior capacidade pulmonar para a inspiração; os braços eram levados para a

frente, dobrados sobre o tórax e comprimidos, a fim de produzir a expiração; a língua era

segurada para manter as vias aéreas abertas; Este método ainda é utilizado. (History for CPR,

2007).

Em 1871, o método Howard baseia-se em aplicar pressão sobre o dorso do indivíduo

em posição pronada, com o tórax elevado, a fim de expelir a água. O paciente era então

colocado de costas e o socorrista ficava “a cavaleiro”, exercendo pressão sobre o andar

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superior do abdome e inferior do tórax, forçando a expiração. A interrupção da compressão

permitia a inspiração. (History for CPR, 2007; Guimarães et al., 2009).

Em 1903, iniciou-se o método de Schafer na Inglaterra, onde o indivíduo era colocado

em decúbito ventral e aplicava-se uma pressão ao dorso forçando o abdome contra o

diafragma, comprimindo os pulmões e causando a expiração e a liberação da compressão

permitia inspiração. Este método ganhou grande popularidade devido a sua simplicidade de

aplicação, apesar de utilizado quase que exclusivamente na Europa e nos Estados Unidos. No

método de Acklen em 1916, um dispositivo era preso à parte inferior do tórax e andar superior

do abdome; por operação manual, as paredes musculares eram levantadas por sucção a vácuo,

para a inspiração; quando a pressão manual diminuía, o ar era forçado para fora dos pulmões.

(History for CPR, 2007; História da Reanimação, 2009).

Em 1932, o método de Holger-Nielsen, se tornou popular na Dinamarca onde se

produzia uma inspiração ativa através do levantamento dos braços e uma expiração ativa pela

compressão do tórax. Em 1947 foi realizada a primeira desfibrilação com sucesso em seres

humanos por Claude Beck em um garoto de 14 anos que apresentou fibrilação durante uma

cirurgia, mas há relatos de que a primeira desfilbrilação foi realizada em animais por

Kouwenhoven em 1933. (History for CPR, 2007).

O primeiro relato de ressuscitação pelo método da ventilação boca-a-boca foi

atribuído a William Tossach em 1732, em vitima de aspiração de fumaça durante incêndio

em uma mina de carvão. (Guimarães et al., 2009).

Em 1966, a National Academy of Sciences e a National Research Council dos Estados

Unidos da América do Norte realizaram a primeira reunião de consenso sobre RCP e

estabeleceram os métodos utilizados na época pela American Heart Association. Várias

reuniões de consenso se sucederam: 1973, 1979, 1985, 1992, 2000 e 2005. Em 1992 foi

formada a Aliança Internacional dos Comitês em Ressuscitação (ILCOR) pela Sociedade de

Cardiologia Americana (AHA), pelo Conselho Europeu em Ressuscitação (ERC), e pelo

Comitê Australiano em Ressuscitação com o intuito de realizar estudos a partir de evidências

cientificas. (TIMERMAN et al., 2006).

Segundo Timerman, (2004) no ano de 2000, o ILCOR realizou a primeira conferência

específica para um consenso em RCP e em conjunto com a AHA lançou uma nova diretriz

para RCP.

Recomendadas a partir de um consenso médico – cientifico sobre as manobras e

técnicas mais apropriadas para a ressuscitação, desde 2000 as diretrizes são publicadas em

âmbito internacional e permitem melhorar as chances de sobrevivência das vítimas de parada

súbita do coração. (TIMERMAN, et al. 2006).

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“As diretrizes têm sido extremamente importantes para homogeneizar universalmente

os conceitos em Suporte Básico e Suporte Avançado de Vida para que, com isso, se consiga

simplificar o atendimento de emergência, tanto para o leigo quanto para o profissional de

saúde”, define o médico Sérgio Timerman, doutor em Cardiologia, membro do ILCOR e da

AHA, diretor – cientifico da Fundação Internacional do Coração do LTSEC – INCOR

(Laboratório de Treinamento e Simulação em Emergência Cardiovascular do Instituto do

Coração). (EMERGÊNCIA, 2008).

As Diretrizes 2005 da AHA sobre RCP e ACE baseiam-se na mais ampla revisão da

literatura já publicada sobre ressuscitação (ILCOR) e envolveu 380 especialistas em

ressuscitação de nível internacional, durante 36 meses. (CURRENTS, 2006).

Currents, 2006 enfatiza as principais modificações introduzidas na edição 2005 das

diretrizes que estão relacionadas com os profissionais de saúde que realizam procedimentos

do suporte básico e avançado de vida. Os procedimentos de suporte avançado de vida

incluem os procedimentos cardiovasculares de suporte avançado de vida (ACLS), os

procedimentos de suporte avançado de vida em pediatria (PALS) e a ressuscitação em recém–

nascidos. Esta seção inclui as bases científicas sobre a avaliação das evidências e o processo

de desenvolvimento de diretrizes, além de uma ponderação científica mais detalhada sobre

essas modificações.

3.3 Serviço Organizacional

O trabalho assistencial em saúde é de grande maioria institucionalizada, realizado no

espaço ambulatorial ou hospitalar, que resulta num trabalho coletivo tendo o médico como

figura central. (PIRES, 1998).

O serviço de enfermagem é dirigido por um diretor/gerente ou enfermeiro coordenador

e tem autonomia e responsabilidade sobre a equipe de enfermagem e unidades que fazem

parte do serviço. (BARTMANN; TULIO; KRAUSER, 2005).

Deslandes (2004) expõe que o processo de trabalho das emergências apresenta

influência política, de recursos humanos, hierarquia profissional e divisão do trabalho, que

reflete nas ações entre os profissionais e entre os pacientes.

O serviço organizacional hospitalar de hoje segue a ideologia de Frederick Winslow

Taylor com a Teoria da Administração Científica e de Henri Fayol com a sua Teoria Clássica.

A teoria de Taylor é preocupada em aumentar a eficiência por meio da racionalização do

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trabalho e Fayol preocupou-se em aumentar a eficiência da empresa por meio de sua

organização e da aplicação dos princípios gerais da Administração em bases científicas.

(CHIAVENATO, 2004).

A teoria de Taylor está estampada nas instituições hospitalares na medida em que a

preocupação básica das unidades está centrada em aumentar a produtividade por meio de

eficiência no nível operacional, dando ênfase a análise e divisão do trabalho, onde as tarefas

do cargo e o ocupante constituem a unidade fundamental da organização. A fundamentação

na teoria de Fayol nas instituições hospitalares vem da preocupação em aumentar a eficiência

através da departamentalização e de suas inter-relações estruturais, dando ênfase na anatomia

e na fisiologia da instituição, ou seja, estrutura organizacional e funcionamento.

(CHIAVENATO, 2004).

A organização do serviço hospitalar se baseia, ainda, no modelo burocrático onde Karl

Max (apud Chiavenato, 2004 p. 258) descreve a burocracia como:

Forma de organização humana que se baseia na racionalidade, isto é, na adequação dos meios aos objetivos (fins) pretendidos, a fim de garantir a máxima eficiência possível no alcance desses objetivos. As origens da burocracia remontam à época da antiguidade.

A organização do trabalho numa unidade de emergência requer profissionais com

pensamentos rápidos, de ações rápidas, e competentes o suficiente para resolver os problemas

resultando em alto grau de resolução das adversidades. (OLIVEIRA et al. 2004). Ainda há de

se acrescentar o que Gomes (1988 apud Granitoff, 1994, p. 11) considera na equipe que atua

na sala de emergência, como pessoal capacitado e com conhecimento em várias áreas como

clínica e cirúrgica, habilidade de avaliação dos casos e capacidade de julgar e priorizar.

O modo em que às instituições de saúde e os profissionais estão organizados pode

comprometer ou não o atendimento aos pacientes vítimas de parada cardíaca, levando este

fato em consideração, está caracterizado a importância da eficiência, eficácia, capacitação e

atualização de profissionais que atuam na área, já que as diretrizes mudam constantemente.

Segundo Chiavenato (2006, p. 207) desde a virada do século o interesse pela eficiência

tem sido enorme. Ele descreve a diferença entre eficiência e eficácia como:

A eficiência é o meio: baseia-se no método, no procedimento, na rotina, e no caminho para se chegar a alguma coisa. O bom método, a boa rotina e o procedimento adequado levam ao aumento da eficiência. O caminho adequado para se chegar a alguma coisa aumenta a eficiência. Fazer bem as coisas e utilizar métodos, procedimentos e rotinas adequadas produz a eficiência. A eficácia é o resultado: baseia-se no alcance dos objetivos propostos e na conseqüência final do trabalho.

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Chiavenato (2006) cita ainda, que se pode encontrar uma equipe altamente eficiente,

mas pouco eficaz, ou uma equipe eficaz, mas desorganizada no seu desempenho

caracterizando que nem sempre a eficiência e a eficácia andam juntas.

A falta de definição de tarefas entre a equipe, a falta de coordenação, falta de

treinamento específico para o atendimento, déficit de materiais, de equipamentos e estrutura

física inadequada, são apontados por Granitoff et al., (1994), como causas de um mal

resultado durante o procedimento.

3.4 Preparo da Equipe

Os profissionais da saúde devem estar preparados e treinados para atender a uma

parada cardiorrespiratória e garantir o atendimento com o menor prejuízo possível, iniciando

as manobras e procedimentos com rapidez e corretamente. O sucesso da reanimação vai

depender do preparo e integração da equipe.

O trabalho em equipe une diferentes profissionais, com diferentes bases, sendo que

cada um tem noções das funções do outro e todos tem um objetivo em comum, ou seja, chegar

ao mesmo resultado da melhor maneira. (RIBEIRO; PIRES; BLANK, 2004).

É imprescindível a integração de vários especialistas numa unidade de emergência e

com noções de complementaridade. O trabalho deve ser centrado no paciente e nas suas

necessidades não nas categorias profissionais. A integração de diferentes categorias e ramos

de conhecimentos é indispensável para minimizar riscos. O trabalho fragmentado é imposto

para assistência integral do paciente, ao qual ocorrem trocas em beneficência à pessoa

atendida. (ALVES; RAMOS; PENNA, 2005).

Silva (2004, p. 112) acrescenta a importância do relacionamento e da comunicação

entre os profissionais:

Há que se aprimorar o relacionamento e a comunicação interpessoal da equipe durante e após as manobras de ressuscitação, o que certamente contribuirá para melhor qualidade da assistência, e muito provavelmente terá influência no resultado final do atendimento, pois uma boa comunicação otimiza a utilização do tempo, que é primordial quando se trata de salvar vidas.

Silva (2004) destaca ainda, que na sala de emergência ou durante o atendimento a uma

parada cardiorespiratória (PCR), os profissionais devem guardar distâncias uns dos outros

facilitando assim as expressões não-verbais como olhares. No atendimento a uma PCR pela

equipe que está bem integrada, a comunicação acontece com movimentos de cabeça em sinal

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de acordo ou de negação em relação à evolução do paciente, assim como inúmeros

significados que o corpo pode demonstrar.

Para atender exclusivamente a uma PCR são necessárias quatro pessoas além do líder

da equipe e mais pessoas para fazer contato com outros médicos, laboratório e analisar

gráficos. Alerta-se que limitar o número de pessoas evita confusão. (MARINI; WHEELER,

1997).

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4 REFERENCIAL CONCEITUAL

Para nortear este estudo utilizamos a Teoria das Necessidades Humanas Básicas

(NHB) de Wanda Horta (1979) que fundamenta-se em uma abordagem empírica, baseada na

psicologia humanista, e inspirada na teoria da motivação humana de Maslow. Esta teoria do

psicólogo humanista se fundamenta em cinco níveis: necessidades fisiológicas, de segurança,

de amor, de estima, e de auto-realização. Referenciamos ainda a Teoria de Capella e Leopardi

com a filosofia sócio-humanista, que tem como base o Processo de Trabalho em saúde e

enfermagem valorizando o sujeito e o trabalho.

4.1 Wanda de Aguiar Horta

Segundo Leopardi, (1999) Horta nasceu em Belém do Pará, em 11 de agosto de 1926.

Filha de Alberico Herketh de Aguiar e Felice Cardoso de Aguiar. Foi graduada pela Escola de

Enfermagem da Universidade de São Paulo, em 1948. Recebeu o diploma de Licenciada em

História Natural em 1953, pela Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras da Universidade do

Paraná. Realizou pós-graduação em Pedagogia e Didática Aplicada à Enfermagem pela

Escola de Enfermagem da USP, em 1962. Doutora em Enfermagem pela Escola de

Enfermagem Ana Néri da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 31 de outubro de 1968.

(LEOPARDI, 1999). Foi aprovada em concurso realizado em 2 de abril de 1974, recebendo o

titulo de Professor adjunto. Exerceu funções didáticas, técnicas e administrativas. Realizou

palestras, aulas, conferências e ministrou inúmeros cursos. Obteve bolsa de estudos e viagens

culturais para Portugal, Espanha, Bélgica, Itália, Suíça e Estados Unidos. Realizou outras

atividades profissionais como participação em bancas examinadoras, orientação de teses de

Doutorado e mestrado. (LEOPARDI, 1999, p. 80).

4.1.1 Conceitos Chaves

Os conceitos são “representações mentais e gerais de determinadas realidades”.

Representações mentais porque não é a realidade em si mesma, mas sim uma imagem mental

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delas, e representações gerais porque contêm características de determinada classe da

realidade. (TRENTINI; PAIM, 1999, p.56).

Neste trabalho adotamos como bases conceituais os trabalhos desenvolvidos por Horta

(1979), Capella e Leopardi (1996).

4.1.2 Conceito de Ser Humano

Para realização deste estudo é importante esclarecer o conceito de ser humano, que

segundo Horta, “o Ser "é aquilo que é", é a realidade. Na enfermagem distinguimos três

Seres: o Ser-Enfermeiro, o Ser-Cliente ou Paciente e o ser-enfermagem”.

O Ser-Enfermeiro é um ser humano, com todas as suas dimensões, potencialidades e restrições, alegrias e frustrações; é aberto para o futuro, para a vida, e nela se engaja pelo compromisso assumido com a enfermagem. Este compromisso levou-o a receber conhecimentos, habilidades e formação de enfermeiro, sancionados pela sociedade que lhe outorgou o direito de cuidar de gente, de outros seres humanos. Em outras palavras: o Ser-Enfermeiro é gente que cuida de gente. (HORTA, 1979, p. 03).

O Ser-Cliente ou Paciente pode ser um indivíduo, uma família ou uma comunidade;

em última análise, são seres humanos que necessitam de cuidados de outros seres humanos

em qualquer fase de seu ciclo vital e do ciclo saúde-enfermidade. (HORTA, 1979).

Segundo Horta, (1979) o ser humano é parte integrante do universo dinâmico e, como

tal, sujeito às todas as leis que o regem, no tempo e no espaço. O ser humano esta em

interação com o universo, dando e recebendo energia. A dinâmica do universo provoca

mudanças que o levam os estados de equilíbrios e desequilíbrio no tempo e no espaço. O ser

humano se distingue dos demais seres do universo por sua capacidade de reflexão, por ser

dotado do poder de imaginação e simbolização, além de poder unir presente, passado e futuro.

Para Horta, “para que surja o Ser-Enfermagem é indispensável a presença de outro ser

humano, o Ser-Cliente ou Paciente”.

Do encontro do Ser-Enfermeiro com o Ser-Cliente ou Paciente surge uma interação resultante das percepções, ações que levam a uma transação; neste momento surge o Ser-Enfermagem: um Ser abstrato, um Ser que se manifesta na interação e transação do Ser-Enfermeiro com o Ser-Cliente ou Paciente. O Ser-Enfermagem é um Ser que tem como objeto assistir as necessidades humanas básicas. Está, portanto, intrinsecamente ligado ao ser humano. Esta assistência ao ser humano ocorre no ciclo saúde-enfermidade e em qualquer fase do ciclo vital. O Ser-Enfermeiro aparece na iminência ou na transcendência da ação de Enfermagem. (HORTA, 1979).

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4.1.3 Conceito de Enfermagem

O conceito de Enfermagem é amplo e pode ser definido de várias formas, sendo assim,

destacamos o conceito de Horta (1979), a enfermagem define-se como:

[...] a ciência e a arte de assistir o ser humano no atendimento de suas necessidades básicas, de torná-lo independente desta assistência, quando possível, pelo ensino do auto-cuidado; de recuperar, manter e promover a saúde em colaboração com outros profissionais.

4.1.4 Equilíbrio x Desequilíbrio

Horta conceitua equilíbrio e desequilíbrio:

A lei do equilíbrio (homeostase ou homeodinâmica): todo o universo se mantem por processos de equilíbrio dinâmico entre os seus seres. Os desequilíbrios geram, no ser humano, necessidades que se caracterizam por estados de tensão conscientes e inconscientes que levam a satisfação de tais necessidades para manter seu equilíbrio dinâmico no tempo e no espaço. As necessidades não atendidas ou atendidas inadequadamente trazem desconforto e se este se prolonga é causa de doença.

O processo de saúde-doença acontece quando há um desequilíbrio das necessidades

humanas básicas.

4.1.5 A Oxigenação

Wanda de Aguiar Horta cita como exemplo de manifestação de necessidades a

oxigenação:

A necessidade de oxigenação seria o processo de utilização de oxigênio nos fenômenos de oxi-redução das atividades vitais. As manifestações podem ser evidenciadas pelos seguintes problemas de enfermagem: cianose, dispnéia, ortopnéia, cansaço, fadiga, insegurança agitação, irritabilidade, ansiedade, medo, euforia, tontura, coriza, tosse, hemorragia, sangramentos, tabagismo, obstrução das vias aéreas, estase circulatória, modificações no ritmo, freqüência e demais características dos movimentos respiratórios, etc.

Neste estudo, destacamos a oxigenação como parte vital ao ser humano para garantir o

estado de equilíbrio (homeostase), assim concordamos com Horta, (1999) que cita quando a

necessidade de oxigenação se manifesta, o faz por sinais e sintomas que em enfermagem,

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denominam-se problemas de enfermagem. A necessidade de oxigenação seria o processo de

utilização do oxigênio nos fenômenos de oxi-redução das atividades vitais.

4.1.6 Teoria das Necessidades Humanas Básicas

Para Horta (1979 p. 39), as necessidades humanas básicas são estados de tensões,

conscientes ou inconscientes, resultantes dos desequilíbrios hemodinâmicos dos fenômenos

vitais. [...]. As necessidades são universais, portanto comuns a todos os seres humanos; o que

varia de um indivíduo para outro é a sua manifestação e a maneira de satisfazê-la ou atendê-

la.

Em sua obra, Processo de Enfermagem (1979), Horta relata que sua teoria de

enfermagem foi desenvolvida a partir da teoria da motivação humana de Maslow, que se

fundamenta nas necessidades humanas básicas.

O motivo pelo qual foi realizada a escolha desta teoria é pelo fato de que os pacientes

que estão em parada cardio-respiratória não dispõe de uma necessidade humana básica que é a

oxigenação, a qual sem um suporte básico emergencial o paciente tem seqüelas irreversíveis,

e com o passar dos minutos cada vez mais graves que podem levar até mesmo ao óbito. Neste

momento decisivo o desequilíbrio da oxigenação necessita de cuidados de enfermagem

imediato e enérgico.

Segundo HORTA, (1979 p. 39) Maslow baseia sua teoria humanística em cinco

níveis:

[...] 1) necessidades fisiológicas, 2) de segurança, 3) de amor, 4) de estima, 5) de auto-realização. Um indivíduo só passa a procurar satisfazer as do nível seguinte após um mínimo de satisfação das anteriores. O mínimo referido ainda não foi determinado, mas o próprio autor reconhece que tal sistemática não é rígida, variando também em alguns indivíduos.

Segundo Horta (1979), todas as necessidades estão intimamente inter-relacionadas,

uma vez que fazem parte de um todo, o ser humano. É fundamental que se integre o conceito

holístico do homem, ele é um todo indivisível, não é soma de suas partes.

No quadro abaixo mostramos as necessidades humanas básicas conforme Horta as

apresentou em 1979.

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TABELA 1

Necessidades Humanas Básicas

Tipos de Necessidades

Necessidades Psicobiológicas

Necessidades Psicossociais

Necessidades Psicoespirituais

Descrição

Oxigenação; hidratação; nutrição; sono e repouso; exercício e atividade física; sexualidade; abrigo; mecânica corporal; motilidade; cuidado corporal; integridade cutâneo-mucosa; auto-realização; Regulação׃ térmica, hormonal, neurológica, eletrolítica, imunológica, crescimento celular, vascular, locomoção; Percepção׃ olfativa, visual, auditiva, tátil, dolorosa; Ambiente.

Segurança; amor; liberdade; comunicação; criatividade; Aprendizagem (educação a saúde); gregária; Recreação; lazer; aceitação; orientação no tempo e espaço; auto-imagem; atenção.

Religiosa, ética ou filosofia de vida.

Fonte: Horta 1979 p.40

Dentre as necessidades humanas básicas destacamos as psicobiológicas por

representarem a sobrevivência do ser humano em seu corpo biológico. Este destaque dá-se em

função de nosso objeto de estudo estar relacionado à mesma.

Desta forma, destacamos a oxigenação como a necessidade humana básica vital para o

ser humano que depende de vários fatores para que seja satisfeita. Fatores que não são

percebidos, pensados no cotidiano dos seres humanos saudáveis, porém eventos súbitos

podem acontecer e a oxigenação passa a ser comprometida até o ponto deste ser humano

perder a vida.

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4.2 Beatriz Beduschi Capella e Maria Tereza Leopardi

Beatriz Beduschi Capella nasceu em 25 de abril de 1954, em Blumenau, SC. Cursou

Enfermagem na Universidade Católica do Paraná, iniciou suas atividades profissionais no

Hospital de Caridade, Florianópolis, como Assistente da Divisão da Enfermagem, em 1976.

Em 1978 ingressou como docente no Departamento de Enfermagem da UFSC, atuando

principalmente nas disciplinas de Fundamentos de Enfermagem e Administração em

Enfermagem, além de Enfermagem no Contexto Social. Em 1985, titula-se como Mestre em

Fundamentos de Enfermagem, pela Universidade Estadual de São Paulo, com um trabalho

com o título de “Condições de Trabalho do Atendente de Enfermagem”.

Em 1993, ingressou no Curso de Doutorado em Filosofia de Enfermagem obtendo seu

título em 1996.

Assumiu o cargo de Diretora de Enfermagem do Hospital Universitário da UFSC,

onde consolidou a filosofia sócia humanística, através de projetos científicos “Vivendo e

trabalhando melhor” e “Cuidando de quem cuida”.

Maria Tereza Leopardi, nasceu em Criciúma, Santa Catarina, tendo formação humana

em colégios de religiosos. Optou pela enfermagem com o intuito de oferecer seus serviços às

pessoas que necessitam de um tipo de ajuda. Graduou-se pela Universidade Federal de Santa

Catarina, com ajuda de sua mãe que era costureira do interior, terminando seus estudos em

1973.

Lecionou no Colégio Coração de Jesus, para alunos de Técnico de Enfermagem, após

especializou-se em enfermagem do trabalho.

Recebeu seu diploma de Mestre em Saúde do Adulto, pela UFSC, sendo influenciada

nos estudos das Teorias de Enfermagem pela doutora Eloíta Neves Arruda, que lhe sugeriu

um estudo sobre Martha Rogers. Leopardi indica que a fragilidade da Teoria de Rogers

repousa na ausência de indicação do modo como se concretiza esta relação, na objetivação

dos campos energéticos, que seria, então, o trabalho humano.

Construiu sua tese de Doutorado, avaliando o uso de uma particular metodologia,

fundamentada em Wanda de Aguiar Horta, como instrumento de trabalho e suas

conseqüências sobre o trabalho da enfermagem e sobre o trabalhador. Obtém o título de

Doutor pela Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto, em 1991. Nesta época, foi

influenciada pela doutora Cecília Puntel de Almeida, sua orientadora. Retorna à sua

Universidade de origem, à UFSC, e passou a desenvolver-se com a pós graduação, lecionado

a disciplina de fundamentos teóricos e filosóficos de enfermagem até os dias atuais.

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30

4.2.1 Conceito de Ser Humano

A essência da enfermagem é o cuidado, e tem como objetivo a prevenção, recuperação

e manutenção da saúde do ser humano. Capella e Leopardi (1999) conceituam ser humano

como:

O ser humano é um ser natural, que surge em uma natureza dada, submetendo-se às suas leis para sobreviver. É parte dessa natureza, mas não se confunde com ela, pois a usa, transformando-a conscientemente, segundo suas necessidades. Neste processo, se faz humano e passa a construir a sua história, se fazendo histórico.

4.2.2 Enfermagem

Entendemos por enfermagem, um grupo de profissionais de diferentes categorias

trabalhando para o mesmo propósito, cuidando do ser humano e sua família em todo ciclo de

vida. Neste referencial teórico, conceitua-se enfermagem:

Enfermagem é uma prática social cooperativa, institucionalizada, exercida por diferentes categorias profissionais. Tem como atividade básica em conjunto com os demais trabalhadores da área da saúde, atender ao ser humano, indivíduo que, em determinado momento de seu percurso de vida, submete-se à hospitalização, em função de uma diminuição, insuficiência ou perda de sua autonomia.

4.2.3 Processo de trabalho em Enfermagem

Acreditamos que o processo de trabalho influencia na qualidade da assistência

prestada ao cliente, sendo este estudo voltado ao tema, usamos o conceito de Capella e

Leopardi, (1999), ao qual definem como complementar e interdenpendente no processo de

trabalho em saúde. Uma vez que a enfermagem é exercida por diversas categorias

profissionais, é também coletiva e ocorre por distribuição de partes dele entre seus diversos

agentes. É nessa divisão do trabalho, que as ações são hierarquizadas por complexidade de

concepção e execução, o que exige habilidades diferentes, para o manejo dos diversos

instrumentos e métodos.

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4.2.4 Organização do trabalho de Enfermagem

As condições organizacionais são fatores imprescindíveis na influência da prática

cotidiana, por isso enfatizamos este conceito devido à grande importância em que nosso tema

de pesquisa se dirige. Capella e Leopardi, (1999) afirmam que a organização é a forma como

os profissionais de Enfermagem realizam suas funções e fornecem a base para o trabalho de

outros profissionais na instituição de saúde, em relação aos tempos, movimentos e objetos

necessários a assistência de enfermagem.

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5 METODOLOGIA

5.1 Tipo de Estudo

Para realização deste estudo a metodologia aplicada foi de pesquisa qualitativa

exploratória descritiva com investigação convergente assistencial que buscou refletir e

entender o significado de um fenômeno, através das vivências do cotidiano de uma equipe de

reanimação hospitalar em uma unidade de emergência.

Minayo (1993) aponta que a investigação qualitativa requer flexibilidade, abertura,

capacidade de observação e de interação com os investigadores e com os atores envolvidos.

Seus instrumentos são facilmente corrigidos e readaptados visando às finalidades da

investigação.

Na pesquisa, qualitativa encontramos alguns desenhos especiais, entre eles, optamos

pela investigação convergente-assistencial proposta por Trentini e Paim (2004, p. 24) ao qual

referem que esta modalidade requer a participação ativa dos sujeitos da pesquisa, e dirigi-se

para resolução ou minimização de problemas na prática ou para efetivar de mudanças e ou

inserir novas práticas de saúde; assim a pesquisa convergente é compreendida e realizada em

conjunto com pesquisadores e demais pessoas representativas da situação a ser pesquisada

numa relação de cooperação mútua.

O foco, segundo Paim e Trentini (2008), está na síntese criativa de um processo

associativo da abordagem de pesquisa e prática de enfermagem desenvolvida em caráter de

simultaneidade. A pesquisa convergente assistencial articula a prática profissional com o

conhecimento teórico, pois os seus resultados são canalizados progressivamente, durante o

processo da pesquisa, para as situações práticas. Estando assim comprometida com a melhoria

direta do contexto social pesquisado. (TRENTINI; PAIM, 1999, p. 27).

Este tipo de pesquisa inclui atividades de cuidado. No entanto, Trentini e Paim (2008)

deixam claro que a mesma não se consubstancia como ato de cuidar ou de assistência, não é

generalista, mas sim conduzida para descobrir realidades, resolver problemas específicos ou

introduzir inovações em situações específicas, em determinado contexto da prática

assistencial.

A metodologia de pesquisa qualitativa é entendida por Minayo (1993 p. 10), como:

“Aquelas capazes de incorporar a questão do SIGNIFICADO e da INTENCIONALIDADE como inerentes aos atos, ás relações, e às estruturas

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sociais, sendo essas últimas tomadas tanto no seu advento, quanto na sua transformação, como construções humanas significativas”.

A pesquisa exploratória, segundo Cruz e Ribeiro (2004, p. 17) estabelece critérios,

métodos e técnicas para a elaboração de uma pesquisa. Objetiva fornecer informações sobre o

objeto da pesquisa e orientar a formulação de hipóteses. GIL, (2008, p. 27) acrescenta ainda

que de todos os tipos de pesquisa, estas são as que apresentam menor rigidez no

planejamento. Habitualmente envolvem levantamento bibliográfico e documental, entrevistas

não padronizadas e estudos de caso.

A pesquisa descritiva é conceituada por Cruz e Ribeiro, (2004, p. 18) como estudo,

análise, registro e interpretação dos fatos do mundo físico sem a interferência do pesquisador

e Gil, (2008 p. 28) aponta que este tipo de pesquisa tem como objetivo primordial a descrição

das características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações

entre variáveis.

5.2 Local da Pesquisa

O hospital onde foi desenvolvido a pesquisa é estatal, terciário e de médio porte, sendo

referência estadual segundo Portaria n.º 2048/GM de 5 de novembro de 2002.

Oferece à comunidade, serviços de média e alta complexidade para o tratamento das

doenças cardiovasculares, atendendo a clientela unicamente pelo Sistema Único de Saúde

(SUS). Este hospital consta de um serviço de Enfermagem composto por 256 trabalhadores de

enfermagem em um universo total de 452 trabalhadores sendo 41 enfermeiros e 143 técnicos

de enfermagem e 72 auxiliares de enfermagem. Por sua vez, a equipe médica é composta por

66 médicos.

O local selecionado para o desenvolvimento do estudo se constitui de um serviço de

emergência, acreditamos que existe a possibilidade de associarmos as vivências e saberes

oriundos da prática dos trabalhadores com os conhecimentos gerados, desenvolvidos e

aprimorados na academia a fim de utilizá-los para a melhoria do cuidado de enfermagem

produzido.

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5.3 Sujeitos da Pesquisa

Nesta Unidade de Emergência, atualmente trabalham 80 profissionais: assistentes

sociais, equipe de enfermagem, médicos e técnicos administrativos.

Participaram desta pesquisa 5 enfermeiros, 16 técnicos de enfermagem, 6 médicos e 1

auxiliar de enfermagem. Para garantir o anonimato dos sujeitos da pesquisa os representamos

em forma de abreviação conforme suas profissões que apresentamos a seguir: enfermeiros

(Enf.), técnicos de enfermagem (Téc. Enf.), auxiliar de enfermagem (Aux. Enf.) e médicos

(Méd.).

As entrevistas foram concluídas quando observamos repetições das informações

obtidas caracterizando-se assim, saturação de dados.

A escolha dos sujeitos de pesquisa foi de forma aleatória entre os membros da equipe

de enfermagem e de médicos.

5.4 Aspectos Éticos

Para realização desta pesquisa, observamos os aspectos éticos da pesquisa envolvendo

seres humanos, seguindo as orientações da Portaria nº 196, do Ministério da Saúde (1996),

dentre eles citamos: o consentimento livre e esclarecido dos sujeitos da pesquisa; a aprovação

do projeto pelo comitê de ética em pesquisa do hospital em que foi realizada a pesquisa; para

garantia de sigilo; a liberdade do sujeito de recusar a participar ou retirar seu consentimento

em qualquer fase da pesquisa; a relevância social da pesquisa, oferecendo possibilidade de

gerar conhecimento sobre a influência da organização do trabalho para prevenir ou aliviar

seqüelas no pacientes que necessitam de atendimento de PCR.

Antes de iniciarmos a coleta de dados submetemos o projeto ao Comitê de Ética em

Pesquisa da instituição que sediaria a mesma. O projeto foi aprovado em 26 de julho de 2010

sob o Parecer N° 078/2010.

Para cada componente do grupo foi explicado o objetivo, a justificativa e os

procedimentos que foram utilizados no trabalho. Foi oferecido a cada membro que aceitou

participar do trabalho a declaração de consentimento livre e esclarecido informado (Apêndice

A).

A anuência do sujeito da pesquisa e/ou de seu representante legal, livre de vícios (simulação, fraude ou erro), dependência, subordinação ou intimidação, após

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explicação completa e pormenorizada sobre a natureza da pesquisa, seus objetivos, métodos, benefícios previstos, potenciais riscos e o incomodo que esta possa acarretar, formulada em um termo de consentimento, autorizando sua participação voluntária na pesquisa (Resolução N.º 196/96).

Isto posto, trabalhamos com um grupo que representou o trabalho na emergência do

hospital estudado sempre respeitando as dimensões éticas do direito destes trabalhadores de

participarem do estudo.

5.5 Coleta de Dados

A coleta de dados ocorreu no período de agosto a outubro de 2010, nos períodos

matutino, vespertino e noturno, por meio de entrevistas informais gravadas e posteriormente

transcritas. Primeiramente realizamos uma média de 100 horas de observação participante,

utilizamos um questionário para nortear nossa conversa (Apêndice c) e assim abrir espaço

para outras perguntas.

Inicialmente, ao convidarmos os profissionais para entrevista, sentimos um certo

receio, referiam acúmulo de trabalho ou falta de tempo, mas após a observação participante e

obtenção de confiança dos profissionais, os convites para entrevista foram aceitos com mais

facilidade.

A pesquisa foi baseada na observação participante, que para Trentini e Paim, (2004) a

observação é uma ação inerente à nossa vida cotidiana e segundo Minayo, (1993) pode ser

considerada parte essencial do trabalho de campo na pesquisa qualitativa. Sua importância é

de tal ordem que alguns estudiosos a tomam como uma estratégia no conjunto da

investigação, mas como um método em si mesmo, para compreensão da realidade, e ainda

acrescenta que a observação do “Observador-como-Participante” tende a ser a mais profunda

possível através da observação informal, da vivência juntos de acontecimentos julgados

importantes pelos entrevistados e no acompanhamento das rotinas cotidianas. O Observador-

como-Participante é uma terceira modalidade de observação participante. É empregada

frequentemente como estratégia complementar ao uso das entrevistas, nas relações com os

“atores”.

Para Trentini e Paim, (2004) a entrevista é uma conversação onde são feitas perguntas

e ouve-se o outro, com objetivos de se obter informações, constituindo uma interação

humana. Afirmam que o tipo de entrevista mais apropriada na pesquisa convergente

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assistencial é a entrevista informal conduzida em contatos repetidos, pois valoriza a

participação de todos os envolvidos.

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6 APRESENTANDO OS DADOS

Para análise dos dados coletados consideraram-se, prioritariamente, as informações

obtidas nas entrevistas e as informações complementares, obtidas na observação e na

observação participante.

Inicialmente realizou-se um estudo do conjunto de cada entrevista individual, com

vistas a apreender o todo da opinião de cada sujeito participante do estudo.

A seguir, organizaram-se as diversas opiniões sobre cada uma das categorias de

análise definidas com base no referencial conceitual que serviu de embasamento para esta

pesquisa.

Os dados foram categorizados através de aproximação semântica de acordo com as

respostas obtidas nas entrevistas e durante a observação participante e, sistematizadas da

seguinte forma:

TABELA 2

Categorias. Santa Catarina, 2010.

Categorias

Nomes

Primeira Categoria Segunda Categoria Terceira Categoria Quarta Categoria

Caracterização dos sujeitos da pesquisa O ambiente em que ocorre as reanimações Educação permanente Olhares alheios: percepção dos profissionais

Fonte: Dados do Estudo

6.1 Caracterização dos Sujeitos da Pesquisa

Este estudo foi realizado com 28 profissionais da Emergência, representando uma

média de 35% da equipe técnica que atuam em diferentes turnos, na reanimação cardíaca,

sendo 6 Enfermeiros, 16 Técnicos de Enfermagem, 5 Médicos e 1 Auxiliar de Enfermagem.

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0

2

4

6

8

10

12

14

16

Enfermeiros Técnicos de

Enfermagem

Médicos Auxiliar de

Enfermagem

Profissões

Gráfico 1: Profissionais

Observamos que a profissão Auxiliar de Enfermagem apresenta-se em minoria, devido

a resolução COFEN 276/2003, ao qual instituiu que o Auxiliar de Enfermagem formado após

23 de junho de 2003, teria o prazo de 5 anos para concluir a complementação dos estudos

como Técnico de Enfermagem.

Feminino

75%

Masculino

25%

Gráfico 2: Sexo

O estudo aponta que 7 (25%) dos profissionais são do sexo masculino, prevalecendo o

sexo feminino com 21 (75%) dos profissionais. Explica-se o alto número de mulheres em

profissões como a enfermagem devido a trajetória feminina de inserção no mercado de

trabalho, ser de rumos semelhantes aos seus afazeres domésticos. Moreira, (1999) cita que a

saída das mulheres de casa ocorreu através de profissões tais como enfermagem e magistério,

onde a mulher aparece com funções de cuidado e ensino espelhadas no universo familiar.

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25 a 30 anos

29%

31 a 40 anos

42%

41 a 50 anos

25%

mais de 50 anos

4%

25 a 30 anos 31 a 40 anos 41 a 50 anos mais de 50 anos

Gráfico 3: Idade

A média de idade alcançada foi de 36,6 anos, sobressaindo-se o maior número de

profissionais entre 31 a 40 anos com total de 13 (42%) pessoas, sendo que de 25 a 30 anos são

8 (29%) profissionais, 41 a 50 anos são 7 (25%) e com mais de 50 anos 1 (4%) profissional, o

mais jovem possui 25 anos e o veterano 51 anos.

13

8

1

6

0

2

4

6

8

10

12

14

menos de 12

meses

13 meses a 2

anos

2 anos e 1 mês

a 3 anos

acima de 16

anos

Gráfico 4: Tempo de Serviço na Instituição

O tempo de serviço na Instituição foi um dos fatores que nos chamou a atenção, pois

seu resultado apontava que quase metade dos funcionários está a menos de 1 ano. Diante

desta observação consideramos uma maior necessidade de treinamento levando-se em

consideração a complexidade desta área e a necessidade de atualização, perante um tema alvo

de mudanças periódicas.

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6.2 O ambiente em que ocorre as reanimações cardiocerebrais:

A sala de reanimação da Instituição se encontra fechada. O local onde é realizado as

reanimações é a sala da semi-intensiva, onde há uma maca específica para o procedimento.

Nesta sala encontram-se 8 leitos, onde um deles é destinado às reanimações.

A equipe, em geral e com unanimidade, considera o local inadequado para a realização

deste tipo de intervenção. Como principais problemas apontam a falta de espaço, má

iluminação, e principalmente a presença de outros pacientes:

Não é adequado, seria melhor se fosse maior. A gente se vira com o que pode, aí empurra o lixeiro pra lá, empurra o carrinho pra cá, empurra o monitor pra lá, a gente se adapta, sempre se dá um jeitinho, né! O ideal é que fosse maior, claro. A maca de parada a gente vai sempre ter que chegar ela pra frente pro médico poder intubar por trás e quem passa lá na frente passa toda apertada. (Téc. Enf. 5).

Muito apertado, muito exposto aos outros pacientes. (Téc. Enf. 14).

Não concordo com a localização porque até o ideal seria uma sala de reanimação equipada e montada, né [...], então eu acho que não é um local adequado, é o que a gente tem no momento, mas não é adequado pro atendimento, né, o espaço é pequeno, a gente acaba se trombando. (Enf. 1)

Como podemos perceber nestes depoimentos, o ambiente de trabalho pode influenciar

negativamente no atendimento, visto que, os pacientes da semi-intensiva, são pacientes

críticos e ao assistirem os procedimentos da parada cardiorespiratória, podem ter seu estado

clínico alterado, da mesma forma, os profissionais estão submetidos a fatores estressantes e

podem repercutir em seu estado físico e mental. Cabe ao profissional, auto-reconhecer o que é

estressante em sua atuação e como ele reage a estas situações, reconhecendo seus limites.

Durante a observação participante ao local onde é realizado a RCR, na semi intensiva,

onde se encontram mais sete pacientes, confirmamos o relato da maioria dos entrevistados

que tem esse local como impróprio para este tipo de atendimento. O ambiente como semi

intensiva, tem os pacientes voltados para o posto de enfermagem centralizado, são separados

por cortinas de tecido de cor clara, tentando manter a privacidade, porém os pacientes que

estão com a cortina localizada em direção ao posto de enfermagem mantêm-se abertas

propositalmente para a visualização dos monitores, e os pacientes que ficam nos leitos

localizados de frente a maca reservada para a RCR, muitas vezes visualizam os primeiros

procedimentos, até que alguém feche a cortina. Então visualmente seus olhos são vendados,

mas depois da movimentação percebida, lhe restam o sentido da audição, e passam estes

pacientes a prestar atenção ao movimento da equipe que atende à PCR.

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Alguns procedimentos que necessitam de intubação semelhante a uma RCR, foram

presenciados por nós, e constatamos também a veracidade de alguns relatos que citam ser o

ambiente não adequado para o procedimento, devido aos espectadores passivos e o espaço

físico reduzido. Para o médico ter acesso à cabeceira da maca do paciente que precisa ser

intubado, no espaço reservado para RCR, a maca precisa ser arrastada em direção ao posto de

enfermagem, o resultado é que fica apertado para o médico atuar nas vias aéreas e é difícil ter

acesso de um lado para o outro do ambiente, pois a maca fica muito próxima do balcão do

posto de enfermagem e da porta.

Uma estrutura física adequada, dentro das normas, influencia positivamente na

circulação de profissionais e pacientes, no fluxo de materiais, cadeiras de rodas e macas.

Buscando manter ou aprimorar a condição de um atendimento ótimo, o número de

profissionais interfere diretamente no tempo e na qualidade dedicada ao paciente, além de

influenciar no nível de estresse do profissional possivelmente sobrecarregado.

A organização do trabalho influencia no atendimento da PCR de forma decisiva, pois

não havendo um ambiente adequado corre-se o risco de perder tempo nas manobras de

ressuscitação, possibilitando a ocorrência de seqüelas aquele ser humano em situação de

parada cardiocerebral. As conseqüências podem ocasionar uma seqüela ou até mesmo o óbito,

sendo desta forma imprescindível um ambiente adequado, organizado e que propicie

condições seguras aos profissionais que prestam atendimento, além de segurança aos

pacientes. A segurança é necessária aos pacientes e, também aos profissionais que trabalham

nas emergências, Horta, (1979) já a mencionava como uma das necessidades humanas

básicas. Entendemos como indispensável na organização dos ambientes de trabalho nas

organizações hospitalares. Podemos acrescentar ainda o pressuposto de Capella e Leopardi,

(1999) onde citam que o local onde o indivíduo permanece durante sua hospitalização é

preservado e organizado em função dele, cabendo à unidade de internação a organização deste

espaço.

6.2.1 A organização do Ambiente

A organização do ambiente deve ser planejada para que não haja cruzamento no fluxo

de pessoas e materiais, assim tendo a finalidade de agilizar o atendimento e contribuir para

diminuição da taxa de infecção hospitalar. (BITTAR, 1996). Acrescentamos ainda Capella e

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Leopardi, (1999) que consideram que em determinados momentos a organização passa a ser

um instrumento para o desenvolvimento do trabalho da enfermagem.

A arquitetura da instituição em questão é nova, e está dentro das normas da RDC nº

50, a entrada fica anexo a outro hospital de grande porte, onde é feita a seleção dos pacientes

que serão direcionados para a cardiologia ou atendidos na emergência geral. Dentro da

emergência cardiológica o paciente é acolhido, passa pela avaliação médica, realiza exames e

é conduzido para a sala de medicação, repouso ou semi intensiva.

Esta emergência fica no andar térreo onde depois da recepção visualizamos um

corredor, que nos leva aos consultórios, as salas de medicação, observação,

eletrocardiograma, semi intensiva, reanimação, diluição, procedimentos, expurgo, depósito de

material de limpeza, depósito de estoque, copa, rouparia, chefia de enfermagem, vestiário

feminino e masculino, além de 1 sala que não está sendo usada, funcionando apenas como

depósito de macas e outros materiais.

A sala de medicação possui 13 leitos, onde é ocupada por pacientes da vascular e

cardíaco, a sala de observação I, conta com 12 leitos sendo 6 da vascular e 6 da cárdio e na

sala observação II estão pacientes mais graves funcionando como uma semi-intensiva,

contendo 8 leitos e mais uma maca para atendimento de paradas cardíacas.

A sala de reanimação tem estrutura com capacidade para atender 2 a 3 reanimações e

entrada para serviço emergencial, mas está desativada, funcionando como armazenamento de

macas e outros equipamentos.

Para se manter ou aprimorar a qualidade do atendimento de uma reanimação, os

materiais essenciais para manter as funções vitais como reanimador manual, aspirador,

respirador, saídas de oxigênio e vácuo, monitor, desfibrilador, entre outros, devem estar em

bom estado, funcionantes e dispostos de maneira organizada para que sejam encontrados

rapidamente, já que o procedimento exige agilidade e velocidade no atendimento. O carrinho

de emergência por sua vez, deve ser mantido sempre disposto e conferido.

Alguns materiais encontram-se em boa quantidade, porém com qualidade preocupante.

Muitos reanimadores manuais têm o reservatório vazado e faltam peças. Estes detalhes fazem

com que na hora da necessidade outros profissionais tenham que se deslocar até outra unidade

solicitar o material em falta. Em alguns relatos, citou-se a falta de manutenção:

[...] o material - que eu vejo né. O material não tá disposto de forma adequada. Parou, parou, aí tú vai atrás de tudo, até encontrar pra ti. Tipo assim, quem olha de fora, ah, tá ali no armário, mas na hora da rapidez ali, tá tudo em saco fechado, não tá disposto de forma, tipo é só pegar. Não é só pegar, tem que abrir, ir atrás e assim, nem todo mundo tem treinamento suficiente. (Téc. Enf.5).

Poderia ser melhor ainda. Mas dentro do que é, tens que achar, tens que pegar um tubo, tens que procurar isso, tens que “injambrar” aquilo. (Téc. Enf. 9).

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A organização do ambiente pode influenciar no andamento do trabalho e na qualidade

da assistência prestada. Para Horta, (1979) o enfermeiro pode atuar de maneira a alterar o

ambiente. O enfermeiro tem o papel de gerenciar mudanças para melhoria do ambiente de

trabalho, proporcionando melhores condições para o profissional e melhor atendimento ao

paciente. Assim como materiais consumidos durante a prestação de serviço, os medicamentos

são essenciais para a manutenção do cuidado. Segundo os profissionais, na instituição não há

falta de medicações:

[...] Não a parte assim da medicação, há outras coisas que faltam, medicação assim não falta, tem. (Téc. Enf. 4). [...] medicação não falta, tem sempre tudo a mão[...]. (Enf. 3). Material falta, medicação não [...]. (Méd. 2). [...] para medicações aqui na instituição, não é problema.[...]. (Méd. 1).

Durante nossa entrevista, os profissionais relataram que as medidas farmacológicas

para aliviar e controlar as diferentes manifestações clínicas supre as necessidades do

atendimento garantindo a terapia ao usuário. Muitos fármacos, nesta unidade de emergência

cardiológica, são utilizados em caráter emergencial para a manutenção da vida, estes devem

continuar sempre dispostos, de fácil acesso, tornado-se assim uma forma de garantir o sucesso

da assistência em situação de risco eminente de morte. Consideramos assim, que este ponto

influencia positivamente para a eficácia do atendimento.

6.2.2 As equipes que realizam as reanimações

Na instituição, as reanimações são realizadas por uma equipe composta de: médico,

enfermeiro, técnico de enfermagem e auxiliar de enfermagem. A equipe direciona papéis e

ações para o atendimento aos pacientes de PCR. Segundo Calil e Paranhos, (2007) é

imprescindível que o profissional seja competente, que desenvolva o conhecimento na área,

com habilidade motora e tomadas de decisões rápidas.

Sobre a integração da equipe, concordamos com Kurcgant (2005) que considera a

articulação das ações no sentido de colocar em evidência as conexões que existem entre as

intervenções técnicas entre profissionais com a mesma situação de trabalho, e a interação dos

agentes no sentido da prática comunicativa, onde os envolvidos buscam reconhecimento e

entendimento mútuo e colocam-se de acordo com o plano de ação.

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Dos integrantes da equipe de reanimação, 14 (50%) apontaram a necessidade de

liderança para organizar o atendimento, ao qual destacamos alguns relatos:

Cada um já deve saber o que vai fazer numa PCR. Tá faltando assim: Tú vai ficar na medicação, tú vai ficar na massagem, tú vai ficar junto com o médico intubando. [...] O que eu vejo é que falta isso. (Téc. Enf. 1). Algumas vezes tem enfermeiros que pegam junto e tem uma coordenação boa. Que administra, ó tú faz isso, faz aquilo, quando se empenha assim que sai dez. E tem horas que não. Que dependendo de quem tá administrando deixa a desejar que aí a gente fica perdido também. E aí às vezes sobra tudo pra um funcionário fazer e os outros ficam fazendo algumas coisas que não tem muito haver com o momento. Então é isso que eu avalio. [...] Acho que falta essa coordenação, ter uma pessoa ali, tú fica só nisso, tú fica só naquilo. [...] Então fica todo mundo fazendo tudo ao mesmo tempo. (Téc. Enf. 2). A gente percebe que tem que ter um que direcione né, porque senão vai todo mundo ficar meio perdido. [...] O ideal é que tenha um enfermeiro que diga ó, fica na medicação, né, pra se coordenar melhor. [...] Facilitaria se tivesse uma pessoa na parada pra coordenar. Porque todo mundo fica nervoso, assim, todo mundo corre pra fazer a mesma coisa. (Téc. Enf. 6). É, acredito que existem umas falhas na questão de organização e interação da equipe né. Eventualmente a equipe não consegue fazer as ações adequadas. Então falha né? (Méd. 4).

Numa intervenção complexa como uma reanimação, observa-se que os profissionais

sentem-se órfãos de uma liderança. Kurcgant, (1991) considera que para um grupo agir como

unidade ou para obter organização, é preciso coordenar discussões e escolher métodos a

serem adotados e para a efetivação de qualquer plano é necessária a ação de um indivíduo

sendo que à medida que a complexidade aumenta, maior também é a necessidade de um líder.

Existem duas lideranças interligadas durante o processo de reanimação, onde o médico

obtém a liderança terapêutica e o enfermeiro a liderança de coordenação e divisão de funções,

esses líderes devem possuir acima de tudo, autocontrole, pois a descarga de adrenalina num

procedimento como este é alto, e como afirma nosso entrevistado, deve haver calma na hora:

Que não adianta a adrenalina sobe. E com isso já vem o tom de voz mais alto, já o estresse, o equipamento faltou, ai já não... (Téc. Enf. 7).

Timerman et al. (2000) tem razão ao citar que a ressuscitação desafia os que atendem a

uma parada a tomarem decisões rápidas e sob pressão em situação dramática, portanto, para

comandar todas as etapas da reanimação o líder deve manter um bom estado de espírito,

impedindo que a ansiedade interfira no raciocínio além de orientar com responsabilidade o

desempenho da equipe.

O trabalho dos profissionais é considerado estressante, principalmente em uma

unidade onde a instabilidade de condições clínicas dos clientes e a imprevisibilidade da

atuação do enfermeiro são pontos marcantes como ocorre nas unidades de emergência.

(CALIL; PARANHOS, 2007)

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O enfermeiro líder deve fazer dos funcionários parceiros na atuação, mesmo com o

insucesso na ressuscitação. Deve também valorizar este comportamento, ensinando a sua

equipe no seu dia-a-dia, assim pode-se distinguir o líder médico que atua no atendimento a

parada cardíaca do líder enfermeiro que coordena o processo de atendimento. (Timerman et

al., 2000). Durante a entrevista podemos acompanhar a preocupação de alguns médicos e

enfermeiros em discutir com a equipe o que foi realizado durante a reanimação:

Eu faço de vez em quando com o pessoal no final de semana quando eu tô de plantão, então a gente faz assim, situações quando tá tranquilo, como que eu faria? A gente discute, mas isso não é rotina, não é com todo mundo que a gente consegue fazer e nem sempre, né. (Enf. 1). Após a parada cardíaca, uma coisa que eu faço, o paciente parou, após a parada cardíaca a gente avalia, o quê que deu de errado? Então assim, avaliação pós. (Enf. 4).

Uma coisa que eu tento fazer depois na forma do possível, se é possível, avaliar depois o que poderia ser melhorado, né, toda parada que a gente faz mesmo as bem atendidas e parar um pouquinho depois pra discutir com a equipe o que poderia tá melhor pra se precisar, da próxima vez, já melhorar um pouco. (Méd. 2).

Assim como os profissionais da entrevista, enfatizamos a necessidade de realizar um

trabalho contínuo com toda a equipe, através de avaliação da atuação do grupo, analisando os

resultados obtidos após os procedimentos, pontuando questões a serem melhoradas e

sinalizando os aspectos positivos. Devem-se retornar os resultados à equipe para que se

possam planejar iniciativas almejando uma assistência com menos erros.

O profissional que não questiona o próprio saber está eticamente equivocado, pois o

saber leva à argumentação segura e possibilita o desenvolvimento de uma nova mentalidade.

O ato de pesquisar, e a utilização de novos conhecimentos, permitem o desenvolvimento de

uma profissão e o desenvolvimento do mecanismo ação-reflexão-ação. (CAPELLA;

LEOPARDI, 1999).

A reanimação cardíaca é um procedimento metódico, onde deve-se reavaliar cada

aspecto da tentativa de reanimação como: manutenção da via aérea está adequada? As

ventilações estão eficazes? O que mais pode estar errado? O que está sendo esquecido?

(Timerman, et. al 2000). Por isso é imprescindível a figura do líder e sua segurança e calma

em comandar a equipe.

[...] É assim olha, principalmente o médico, a enfermeira pode ser estressada, a técnica inexperiente, mas se o médico, porque é ele que comanda, ele que pede a medicação, ele que pede o tubo, ele que está no comando geral né? Material para puncionar uma venosa central, se ele é calmo e experiente a coisa flui melhor. Segurança né?(Téc. Enf. 7). [...] dependendo do residente eles não sabem conduzir e isso acabava agitando mais a equipe. (Enf. 1).

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Nestas falas está implícito que a calma é muito importante na condução de uma

reanimação, reforçando a idéia de que o estresse, a insegurança e a inexperiência são fatores

extremamente relevantes nessa situação.

Concordamos com Tacsi e Vendruscolo, (2004) ao afirmarem que o enfermeiro é

responsável pela organização, sequência lógica das ações emergenciais e delegação de

funções para que haja sincronia entre a equipe, sendo assim, consideramos que os enfermeiros

que atuam numa reanimação devem delegar funções a cada profissional antecipadamente para

que a dinâmica do atendimento não seja prejudicada, já que uma parada cardíaca não tem

momento nem local para acontecer.

O enfermeiro tem papel fundamental na tomada de decisão, pois sem coordenação não

é possível uma boa organização. O processo de liderar é mais qualificado e organizado

quando se tem um enfermeiro experiente, diminuindo as margens de erros e melhorando nos

índices de sucesso. Os médicos também enfatizam a importância de apenas um indivíduo no

comando:

[...] Muitas vezes tem dois, três médicos numa parada, ótimo, mas não se tem a figura de qual que está comandando a parada, aí um não quer interferir na conduta do outro, o outro às vezes fica receoso de entrar e invadir o espaço do outro e aí ninguém comanda a parada direito aí já atrapalha tudo. [...] (Méd. 2).

Denota-se que apenas uma pessoa deve comandar a reanimação. Albuquerque, (1984)

afirma que uma única pessoa deve tomar decisões, pois é difícil dois sujeitos verem um

problema da mesma maneira.

6.2.3 O Quantitativo humano

Durante as entrevistas, foi relatada pela equipe, a falta de pessoal, resultando em

sobrecarga de trabalho. Kurcgant, (1991) defende que na enfermagem, a qualidade e a

quantidade dos recursos humanos, requerem atenção do enfermeiro administrador devido a

baixa qualidade de atendimento relacionado ao dimensionamento inadequado. Na instituição

em questão, a falta de recursos humanos recai sobre o sistema, pois para Marquis e Huston,

(1999) as organizações são incapazes de fornecer funcionários extras, consideramos assim

que não depende somente do enfermeiro administrador, mas sim da disponibilidade do Estado

em contratar mais profissionais.

[...] eu acho que é unânime, é realmente pessoal pra trabalhar, porque assim, o quê que acontece? Acaba tendo pouca gente pra trabalhar aí os que estão aqui trabalhando ficam sobrecarregados, acabam fazendo muito tempo de serviço. [...] Vai ser humanizado o cuidado por quê? Porque os funcionários vão ter mais tempo

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pra ficar do lado do paciente, auxiliando na alimentação, realmente dando mais atenção ao paciente, porque as vezes a gente acaba fazendo as coisas assim, tudo atropelado e nem sempre tem tempo pra fazer muita coisa. [...]. (Enf. 3).

[...] O que falta é pessoal mesmo. Se chegar um paciente parado eu não vou dizer não, não vai entrar porque eu não tenho técnico, eu vou botar pra dentro e vou atender. Aí o atendimento não vai ser de qualidade. (Enf. 1).

Se tivesse uma reanimação aqui seria bem diferente né? Essa reanimação aqui era tudo, mas também, não adianta abrir a reanimação aqui e não ter funcionário. (Téc. Enf. 14).

A gente não tem profissionais suficientes para abrir essa sala por isso até hoje não foi aberta. [...] eu não posso ficar tirando da semi, porque dentro do mesmo ambiente quando tem uma parada a gente acaba prestando atenção toda no cuidado daquele paciente, os outros não ficam, imagina se eu tivesse que deslocar um funcionário dali pra ir pra outro ambiente, então como é que eu vou ficar com um paciente na semi-intensiva?. Então o ideal seria que eu tivesse equipe pra poder abrir essa sala de reanimação, e aí seria só pra reanimação, aí não ia poder permanecer com o paciente ali. Porque o nosso medo é o que? é abrir e virar leito. Porque daí, assim, tem a reanimação, tem mais duas macas então vamos ficar com o paciente ali e não vai dar vazão, então por isso que até hoje não foi aberta não tem nem profissional da área da enfermagem e nem medico pra isso, pra gente ter ali uma reanimação aberta. (Enf. 1).

[...] os pacientes ficam muitos estressados, porque ficam assim expostos, de toda aquela movimentação, então pra eles que já estão graves, eles vão presenciar um atendimento de emergência, as vezes um óbito, sabe, vê movimento, vê tudo que o médico tá fazendo, e aquilo alí pra eles que já estão estressados, já estão debilitados, emocionalmente abalados, só piora, por isso que aquela sala de reanimação tem que ser ativada logo, mas pra isso precisa de recursos humanos e materiais, que é o ideal né? (Enf. 6).

A falta de humanização está associada com a falta de profissionais e sobrecarga de

trabalho. Para o COREN/SP (2002), o cuidar humanizado está inteiramente ligado com o

profissional que o executa: seu estado psicológico, físico e mental; com suas experiências

anteriores, o cansaço físico pode ser um fator desfavorável à prática do cuidado humanizado.

O número de profissionais deve ser equivalente ao número preconizado pelo Conselho

Regional de Enfermagem para que o cuidado seja adequado, de forma que o profissional

tenha condições de ouvir o cliente/paciente, dando atenção às suas reivindicações em relação

às coisas simples do seu dia-a-dia.

Os aspectos levantados acerca da humanização nos levam a conclusão de que é difícil

um atendimento humanizado com número reduzido de funcionários ou local impróprio para

atender a pacientes críticos como nos casos de parada cardiocerebral.

Durante a pesquisa podemos acompanhar a angústia dos profissionais diante da

impotência em ativar a sala de reanimação, onde poderiam atender pacientes em PCR sendo o

local mais adequado:

Eu acho que deveria ter uma sala isolada para isso. Porque no modo que tú tas atendendo um paciente com PCR ali tem outras pessoas olhando. (Téc. Enf. 1).

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Se tivesse uma reanimação aqui seria bem diferente né? Essa reanimação aqui era tudo, mas também, não adianta abrir a reanimação aqui e não ter funcionário. (Téc. Enf. 14). Assim olha, eu acho que deveria ser ativada o quanto antes para sair daquela sala, justamente pelo problema de atender esse tipo de paciente na semi [...]. (Méd. 5). [...] O ideal seria que eu tivesse equipe pra poder abrir essa sala de reanimação, e aí seria só pra reanimação aí não ia poder permanecer com o paciente ali. (Enf. 1).

Concordamos que o local é inadequado para este tipo de atendimento diante de tantos

espectadores. Durante nossa participação, podemos acompanhar juntamente com os

profissionais, os olhares sendo voltados para a maca de reanimação enquanto chegava um

paciente na sala.

6.2.4 O qualitativo humano

Para se ter um atendimento qualificado, Capella e Leopardi, (1999) consideram que o

exercício pleno da Enfermagem, deve ter à disposição os meios adequados e a força de

trabalho adequada, com necessidade de serviços de apoio também qualificados.

Zanon, (2001), cita o cirurgião de Boston chamado Codman, em 1912, como sendo o

primeiro a propor o conceito de qualidade médico-assistencial, partindo do princípio de que

“a observação de tudo o que acontece durante e após o tratamento é a melhor maneira de

avaliar a qualidade da assistência prestada”.

Percebemos que a qualidade do atendimento na instituição é prejudicada pela falta de

preparo ou treinamento dos profissionais que recém chegam à instituição:

Acho que isso seria de um treinamento de quando se entra num lugar novo, né. Acho que pode a pessoa ter mestrado, especialização, mas não é aquela coisa prática. (Méd. 1).

[...] porque é muito fácil assim, tú botar um funcionário alí, tampou o buraco de número, mas tú não tens a qualidade. (Enf. 2).

Compreendemos aqui a importância da qualidade da habilidade técnica para realização

destes tipos de intervenções em unidade de emergência, sabendo-se que nestas unidades a

qualidade da assistência faz a diferença entre a vida e a morte.

Para que a vítima de parada cardio-cerebral-pulmonar tenha um atendimento rápido e

eficaz, a instituição deve estar preparada quanto à estrutura, em relação aos recursos humanos

e materiais, qualificação dos profissionais e organização do atendimento.

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Uma equipe de saúde segura, bem preparada, treinada e desfrutando de um ambiente

salubre, acaba tendo como consequência a organização do atendimento de qualidade.

Acrescentamos ainda Marques e Huston (1999), onde citam que em qualquer instituição os

trabalhadores querem previsibilidade e segurança, e que o ambiente seja conhecido e

confortável.

A RCP exige por demais da adequação de profissionais comprometidos com a vida,

cientes de que segundos podem fazer a diferença entre um atendimento com ou sem sequelas.

6.3 A educação permanente

“Dois anos é um intervalo longo demais para a prática

e a reavaliação de habilidades”. (AHA, 2010).

A educação permanente segundo Massaroli e Saupe, (2008) vem para aprimorar o

método educacional em saúde, sendo o processo de trabalho objeto de transformação, com o

objetivo de melhorar a qualidade dos serviços e equidade no cuidado.

É essencial o treinamento e atualização dos profissionais da enfermagem que atuam

com pacientes em PCR devido a mudanças constantes nas diretrizes. Conforme consta no

Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, sobre responsabilidades e deveres, Artigo

14: “Aprimorar os conhecimentos técnicos, científicos, éticos e culturais, em benefício da

pessoa, família e coletividade e do desenvolvimento da profissão.” (COREN/SC, 2010).

Acrescentamos ainda, a Resolução COFEN 293/2004 que fixa e estabelece parâmetros para o

dimensionamento do quadro de profissionais de Enfermagem Art. 8º:

“O responsável técnico de enfermagem deve dispor de 3 a 5% do quadro geral de profissionais de enfermagem para cobertura de situações relacionadas à rotatividade de pessoal e participação de programas de educação continuada”.

Durante a coleta perguntamos aos 23 componentes da equipe de enfermagem,

excetuando-se os médicos, sobre a realização de treinamento em RCP na instituição, 7 (30%)

profissionais relataram ter recebido treinamento teórico e 16 (70%) não realizaram nenhum

tipo de treinamento. Conforme destacamos nestes relatos, ressaltamos a falta de treinamento

e a necessidade de atualização:

[...] na época que eu estudei, médico é massagem, só o médico que massageia. Tem que ver isso aí, na época era, no meu tempo, no meu tempo é 5 por 1.(Téc. Enf. 9).

[...] o que eu tô aprendendo é aqui, na prática no dia a dia, porque teoria é uma coisa, a pratica é outra. (Téc. Enf. 5).

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No começo a gente só observa né? Depois com tempo tú vai participando mais. (Téc. Enf. 13).

Nunca tive treinamento, simplesmente quando fui chamada me colocaram aqui sem me perguntar se eu tinha experiência em cardiologia, nada. (Téc. Enf. 16).

Os profissionais recém admitidos seguem os primeiros dias observando os mais

antigos, em contraponto o mais experiente não obtém atualizações das novas diretrizes

ocorrendo conflitos entre as informações.

O estudo de Bertoglio et al. (2008), aponta inúmeras pesquisas em torno do

treinamento e educação continuada de profissionais de saúde. Descrevem um estudo que

buscou determinar se a freqüência de um curso de Suporte de Vida Imediato influenciava no

desempenho de enfermeiros durante uma PCR, os resultados mostraram que o treinamento

isolado teórico ou prático, não era suficiente para melhorar as habilidades de enfermeiros.

Além disso, demonstraram que com o passar do tempo esses profissionais sentiam-se menos

confiantes e incapazes de realizar manobras de ressuscitação. No mesmo artigo, Bertoglio

descreve um estudo realizado no Reino Unido que demonstrou que a habilidade de

enfermeiros após um curso de Suporte de Vida Imediato diminuía com o tempo decorrido da

capacitação, sendo indicado para manter os índices de conhecimento e confiança:

treinamentos freqüentes e sistemáticos. Bertoglio ainda cita que há dados da literatura que

informam que há uma deterioração das habilidades de reanimação cardiopulmonar a partir da

oitava semana após o treinamento, com déficit de conhecimento já a partir do sexto mês. Em

seu artigo cita um estudo feito por Timerman em 1989, ao qual, indica um re-treinamento

num intervalo de 3 meses a fim de reter o conhecimento e as habilidades necessárias para o

atendimento a PCR. Sendo assim, questionamos aos técnicos de enfermagem e enfermeiros

sobre o último curso de atualização fora da instituição:

Menos de 8

meses

9%

9 meses a 2

anos

35%

13 anos

4%

Nunca

52%

Menos de 8 meses 9 meses a 2 anos 13 anos Nunca

Gráfico 5: Último curso de atualização.

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Dos entrevistados 2 (9%) responderam que realizaram o curso a menos de 8 meses, 8

(35%) realizaram curso de 9 meses a 2 anos atrás, 1 (4%) realizou há 13 anos atrás, sendo

muito importante observarmos que mais da metade dos entrevistados, ou seja, 12 (52%)

nunca frequentaram um treinamento, mostrando a necessidade de atualização.

Horta, (1979) considera a educação em saúde uma necessidade psicossocial. Em vista,

que mais da metade dos profissionais nunca freqüentaram um curso de atualização, faz-se

necessária a reflexão dos motivos pelo qual levaram a este resultado, sendo assim, Lima et al.,

(2009) em seu estudo, descrevem que muitos dos profissionais estão submetidos à cargas

horárias extenuantes, má remuneração e dupla jornada de trabalho – principalmente na

enfermagem. Tais fatores influenciam no tempo destinado à reciclagem profissional, o

mesmo autor, cita ainda, a falta de condições socioeconômicas para realização de educação

continuada.

Observou-se um sentimento de frustração e impotência em alguns relatos devido à

falta de treinamento técnico. A equipe em geral sente a necessidade de treinamento, conforme

estas falas:

[...] Quem sabe faz. Quem não sabe fica olhando, como eu fiquei. Porque tipo assim, se eu já tivesse sido treinada já poderia estar alí com eles. E como eu não fui treinada eu fiquei igual um pato só olhando [...] tem muita gente que não gosta de ficar ali né? E nesse não gosta é o medo né? A insegurança de ficar ali. (Téc. Enf. 11).

Falta muito treinamento, muito mesmo, do enfermeiro assistencial junto com sua equipe. A gente vê muita desorganização. (Enf. 4). [...] eu vejo que o pessoal, a grande maioria deles é: Ah! Deixa eu ver, me ensina, como é que é? (Enf. 3).

Acho que seria o treinamento mais continuado, acho que a gente mesmo, não deveria também só esperar vim da educação continuada, eu acho que a própria equipe poderia se organizar. Um protocolo de atendimento. (Enf. 1).

Alguns enfermeiros estão fazendo isso alí mesmo, sabe. Eu digo no momento. [...] Eles tem uma fome de treinamento! (Enf. 4).

Destacamos a importância do treinamento, pois a AHA 2010 considera um desafio

complexo, até para os profissionais altamente treinados, manter a atenção na característica,

profundidade e retorno do tórax bem como o mínimo de interrupções nas compressões e

recomenda que o treinamento em suporte avançado de vida deve incluir a prática de trabalho

em equipe.

A educação e a qualificação dos profissionais dizem respeito às responsabilidades de

cada esfera profissional, é importante que cada membro da equipe saiba claramente suas

atribuições e o que se espera dele, inclusive respeitando os códigos de regulação do exercício

no trabalho. (CALIL; PARANHOS, 2007).

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6.4 Olhares alheios: Percepção dos profissionais

Na instituição existe um local específico para atender os pacientes com parada cardio-

cerebral, situado dentro da semi-intensiva, espaço este, improvisado, protegido por uma

cortina, onde muitas vezes este leito encontra-se ocupado por pacientes em monitorização

devido à falta de leitos, onde deveria ficar em espera para pacientes com parada cardio-

pulmonar-cerebral. Todos os entrevistados, 28 (100%) tem a mesma opinião a respeito do

local onde é realizado as reanimações, ou seja, todos concordam que o local é impróprio e que

pacientes de uma semi-intensiva não deveriam assistir o que acontece na maca de reanimação.

Esta conduta fere o Direito do Paciente como descreve Zanon (2001), pois ele tem direito de:

“ser examinado em instalações projetadas para assegurar isolamento visual e auditivo

razoável”. Os próprios profissionais descrevem o sentimento a respeito da realização de

reanimação na sala da semi-intensiva e são unânimes no desejo da abertura da sala de

reanimação:

[...] Eu não queria que o meu pai ou minha mãe tivesse ali numa daquelas macas observando, fica traumatizado, daqui a pouco sou eu né? Que cena traumática intubar um paciente. Um choque, quem não tem medo de levar um choque?(Téc. Enf. 7).

Eles estão vendo, estão escutando, não sei se em todas as semi são assim, né, mas ali se tú já chega com um paciente parado, quem tá na cama já tá vendo que tá chegando alguém mal. Aí os monitores já começam, pi, pi, pi, pi, pi, porque todos ficam agitados, né. (Téc. Enf. 5).

Imagina: o paciente chega ‘parado’, o outro lá todo amarrado nos eletrodos não tem como se levantar e sair dali sozinho, quem é que vai nessa hora lembrar-se de olhar para o de trás e tirar sabe? É complicado. (Téc. Enf. 14). Alí com certeza não é o local apropriado, tem muitos pacientes, não sei, eu não gosto. Depois um paciente que tava alí na sala ficou ruim de ter visto aquilo, entende. Assim, ficou no desespero, começou a chorar achou que ia morrer também, sabe, tivemos que dar Diazepan pra ele. Com certeza não é o lugar apropriado. (Téc. Enf. 3). Eles ficam assim, ficam olhando, olhando, aí tens que ir lá fechar a cortina um por um, senão eles ficam olhando, mesmo que aquilo faça mal para eles, mesmo que faça mal para eles, mas eles querem olhar. E outra, quando um paciente pára, eles fazem de tudo para não incomodar, eles ficam bem quietinhos, fazem de tudo para não chamarem a gente, porque sabem que nós estamos ocupados lá. (Téc. Enf. 6). Olha, um paciente quase infartou por causa disso. Ele assim: “eu nunca vi isso, eu quero ir embora, não fico mais aqui, não quero, não quero mais, eu vi, ele parou intubaram ele à noite, pelo amor de Deus me tira daqui eu não quero ficar aqui, não quero mais ver isso”. [...] Então é muito ruim a pessoa que tá sendo intubada, e reanimado e outro vendo até a gente fecha as cortinas, só que é ruim fechar as cortinas, também são pacientes monitorados, a gente tem que ficar observando eles. (Téc. Enf. 4).

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Então, quando acontece de já está no tubo já estabilizaram, alguma coisa, eles pensam que morreu. Entendeu, eles pensam que morreu. Daí eles ficam: “o que aconteceu”? Daí, tú: “não, deu uma intercorrência, tá tudo bem tal”, e aí eles ficam naquela ansiedade, assim pensando, morreu? Que barulho é esse? Quando o respirador tá ligado, eles ficam bem tensos, assim, uns a pressão sobe. Acaba o ambiente pra eles naquele momento, até tú tirar aquele paciente dali e levar pra coronária ou então quando morre que o sujeito sai todo “tampadinho” daí mesmo que todos ficam sem fala, todos... normal, né? (Téc. Enf. 5). A quantidade de complicações que a gente tem, tanto PCR quanto arritmia, tem que ter uma reanimação funcionando, né, que já tem o espaço físico, já tem o principal, mas não sei o porquê que não acabam de montar a reanimação? (Méd. 2).

Não concordo com a localização, porque até o ideal seria uma sala de reanimação equipada e montada, né. Porque embora tenha maca, carrinho de parada, tudo, ela tem um ambiente junto com outros pacientes semi-intensivos, eles visualizam todo o procedimento, a gente tem um ambiente que eles ficam vendo você atendendo uma parada. A gente acaba usando a mesma equipe que tá atendendo o paciente da semi-intensiva tá atendendo a parada, então os outros pacientes ficam meio que abandonados no momento da parada né, então eu acho que não é um local adequado é o que a gente tem no momento, mas não é adequado pro atendimento, né, o espaço é pequeno a gente acaba se trombando. (Enf. 1). Eu acho assim, a semi, aqui, onde ocorrem o maior número de paradas, não é o melhor lugar pra se atender uma parada, é muito apertado, é muito complicado tem pacientes em volta vendo, né, são coisas que complicam bastante o meio de campo. (Enf. 2).

[...] Eu acho que esse tipo de procedimento, de a gente tá atendendo uma PCR, não deveria ser alí dentro da semi intensiva, até porque alí a gente tem muito paciente lúcido né, todos são lúcidos, a gente não tem paciente intubado alí, então eles estão alí e estão vendo, e até pacientes assim, infartado, como foi o caso de domingo, que tinha um paciente infartado do lado e não tinha cortina. [...] (Enf. 3). O ideal é que a gente tivesse mais espaço, que pudesse fechar toda a cortina, porque a cortina não vai até lá do outro lado, e se for, não tem como a gente ficar do lado do paciente, ou bem daqui vê, ou bem do outro lado vê, então claro, acontece dos pacientes ficarem ansiosos, ficarem nervosos, e outros curiosos que querem levantar da cama e querem ver né, mas é uma situação meio constrangedora, no momento tú não consegue cobrir o paciente, tú tem que fazer tudo alí, e o paciente têm que ficar descoberto né, numa situação de urgência, que não tem privacidade nenhuma com o paciente alí, é bem complicado, porque alí é uma semi né, a sala de reanimação, na verdade, é que tem que funcionar, né. (Enf. 5).

Os profissionais vêem a localização da sala como fator estressante, e para o paciente

avaliam esta situação como traumatizante, e como observadores compreendemos que os

profissionais estão impossibilitados de ativar a sala, a qual seria a ideal para realizar uma

reanimação.

Capella e Leopardi, (1999) consideram que o indivíduo ao se sujeitar temporariamente

a uma instituição de saúde, expõe toda sua fragilidade, e se os profissionais da área da saúde

não aliarem à sua competência técnica a perspectiva humanística a situação vivida por este

sujeito pode ainda ser mais dolorosa.

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Estudos feitos sobre a comunicação indicam que 55% dos sinais são transmitidos pelo

corpo. Os sinais paralinguísticos, por exemplo, a entonação de voz, velocidade com que as

palavras são ditas, suspiros, grunhidos, tosse provocada por tensão, revelam sentimentos

características da personalidade, atitudes, formas de relacionamento interpessoal e

autoconceito. Em relação aos sinais do corpo, a cinestesia, abrange os movimentos, desde

gestos, movimentos dos membros e da cabeça até as expressões faciais. A proxêmica é o uso

que o homem faz do espaço enquanto produto cultural específico. (CALIL; PARANHOS,

2007).

A comunicação averbal se manifesta no modo de olhar, nas expressões faciais, gestos,

posturas corporais, entre outros. O paciente está muito atento nessa forma de se comunicar

dos profissionais da saúde, sendo capaz de decodificar expressões como desprezo, vergonha,

raiva e insegurança, cita Zanon (2001), por este motivo ressaltamos a importância da

comunicação entre os profissionais de um modo em que os pacientes não participem, este

relato mostra um exemplo:

[...] mas o pior é, assim ó, tem paciente muito mal, que não dá pra fazer nada, mas tem outro do lado e vê, aí ele vai pensar, porque não estão fazendo nada por ele? Depois não vão fazer nada por mim. (Méd. 1).

A estrutura física de um hospital precisa ter o olhar voltado à humanização, incluindo

as necessidades de emergência, principalmente no que se refere a admissão e a área de

atendimento á pacientes e cabe a cada um saber reconhecer e questionar o tipo de atendimento

que está sendo prestado no local de trabalho e transformar em melhorias contínuas para que o

processo de humanização se estabeleça. (CALIL; PARANHOS, 2007).

A implementação de protocolos clínicos deve ser entendida como um processo,

devendo ser incluídas nos programas de educação continuada e no programa de qualidade

assistencial da instituição, devendo ser pensado, discutido e detalhado pelo grupo devendo

levar em consideração como fazer para que o protocolo funcione, quem são os responsáveis,

instrumentos que possam medir a implementação, os efeitos do protocolo, quais os

indicadores e quando deve ser revisto. (PORTO, 2005).

Os protocolos são direcionadores da ação profissional, pois determinam um padrão

que orienta um ambiente onde há necessidade de rapidez e acerto nas ações. (CALIL;

PARANHOS, 2007).

Os protocolos não devem ser identificados apenas como uma conduta do corpo clínico

e sim como modelos assistenciais envolvendo enfermeiros, farmacêuticos e demais

profissionais de saúde e administradores hospitalares. (PORTO, 2005).

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A instituição de pesquisa não possui protocolo para atendimento a PCR, mas há uma

grande preocupação a partir dos profissionais conforme depoimentos:

Eu acho que teriam que ser estabelecido algumas coisas nas paradas como, por exemplo, a gente tem em alguns serviços a equipe de parada, saber quem que vai fazer o quê antes, não ficar ali tumultuando a parada, quem vai fazer a medicação, quem vai controlar o tempo, muitas vezes a gente acaba por fazer isso de última hora durante a parada se tivesse já pronto, se tivesse já padronizado, a gente teria um resultado bem melhor.(Méd. 1). [...] falta é um pouco de entrosamento, cada médico é um protocolo. Aí às vezes confunde né?(Téc. Enf. 8). Eu acho que também deveria ser interesse do estado manter o funcionário atualizado, né, ter protocolo. [...].(Téc. Enf. 16). A gente acaba que não tendo um protocolo pré-estabelecido do que cada um faz, eu acho bem complicado.[...] (Enf. 1).

Durante a observação participante na instituição, constatamos que não há um padrão

no atendimento à pacientes em parada cardiocerebral, defendemos que uma padronização

organiza o atendimento, distribui e define funções, possibilitando ao enfermeiro e a equipe de

enfermagem menor tempo gasto para o atendimento e menor probabilidade de erros durante a

assistência.

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7 Considerações Finais

Pensar na organização do trabalho e sua influência no atendimento de uma parada

cardiocerebral em uma emergência cardiovascular de referência não foi tarefa das mais fáceis,

porém mesmo assim, os resultados obtidos nesta pesquisa, permitiram-nos compreender a

organização e a divisão das funções num sistema de atendimento fragmentado onde o serviço

se concentra em torno de uma equipe composta por enfermeiros, técnicos, auxiliares de

enfermagem e médicos.

Após conhecermos a organização do serviço, a dinâmica da equipe e os processos de

padronização, identificamos algumas potencialidades e fragilidades que enfatizamos neste

estudo para serem trabalhadas a fim de melhorar a organização do trabalho.

No estudo constatou-se que os fatores que influenciam a organização do atendimento e

desempenho da equipe foram: inadequações do espaço onde é realizado a RCP, equipe com

necessidade de fortalecer seus conhecimentos relacionados à reanimação cardiocerebral; falta

de uma introdução formal dos funcionários recém admitidos, programa institucional de

educação permanente sobre o tema, a inexistência de um protocolo que direcione as ações dos

profissionais, fragilidades em relação à liderança de alguns profissionais e déficit de algumas

categorias profissionais.

Percebemos que no local há uma sala destinada às reanimações que está inativada,

sendo estas, realizadas na semi intensiva perante olhares alheios sem respeito à privacidade

para com os demais pacientes que, com quadro clínico crítico, ao presenciar todo o

atendimento de outro paciente, pode tornar-se uma experiência traumatizante com

probabilidade de ter o quadro clínico agravado.

Identificamos que existem muitos profissionais recém admitidos e que estes não estão

preparados para atuarem especificamente nesta área, já que a cardiologia é uma área

complexa e em constante mudança, assim, sugerimos que seja implantado um processo de

treinamento juntamente com uma política de educação permanente, onde o treinamento da

equipe deve ser contínuo e para tal, obedecer rigorosamente a um planejamento.

Treinamentos com simulações devem ser realizados por todos os profissionais envolvidos no

atendimento a PCR. Acreditamos que o intervalo de 3 meses seria um espaço ideal para a

realização destas atualizações. Entendemos que o número de profissionais com dupla jornada

de trabalho é crescente, portanto, os treinamentos devem ocorrer no próprio turno de trabalho

num curto espaço de tempo, para que não retire o profissional por um longo período de sua

função.

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Entendemos que faz-se necessária a implementação de um protocolo de atendimento,

visando a organização e sincronia das ações, pois servirá como um guia, proporcionado

normas e procedimentos que permitem garantir a proximidade da eficiência. Sugerimos que o

protocolo seja elaborado e discutido com toda a equipe, inclusive administradores, nomeando

responsáveis em avaliar os indicadores, e revisando-o periodicamente. Acreditamos que a

iniciativa deva partir da enfermagem, já que a organização e o planejamento da assistência são

atribuídos à categoria e assim padronizando atendimento.

Durante a pesquisa observamos que há poucos trabalhos relacionados aos aspectos

organizacionais de uma sala de reanimações, desejamos que nossa pesquisa seja um propulsor

para novos estudos, esperamos, portanto, despertar reflexões para projetos futuros

direcionados a organização do atendimento.

Esse estudo sobre a organização do trabalho e o atendimento em uma PCR buscou

contribuir com a profissão no entendimento da influência que a organização do serviço de

emergência pode trazer durante a realização do trabalho, bem como para mudanças no agir e

enfrentar os problemas da prática cotidiana.

Tudo isso deve contribuir para o estabelecimento de uma nova cultura de respeito à

vida humana e de valorização da assistência ao ser humano vítima de PCR.

É direito de todo cliente receber uma assistência de enfermagem e médica organizada

e humanizada. Para garantir esse direito, é preciso empreender um esforço coletivo de

melhoria das condições de organização do trabalho nas instituições de saúde em que a

enfermagem está inserida, uma ação com potencial que possa disseminar uma nova cultura de

atendimento eficaz e que possa contagiar todos os demais profissionais da saúde.

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REFERÊNCIAS

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APÊNDICES

APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Nome:_________________________________________________________________

Idade:______________Sexo_________________Naturalidade____________________

Endereço_______________________________________________________________

Profissão______________________________________Identidade________________

Declaro que fui informado sobre o projeto da pesquisa intitulada “A influência da

organização do trabalho de uma emergência cardiovascular para um atendimento eficaz

durante a parada cardio cerebral” cujo objetivo é identificar como a organização do

serviço de uma emergência cardiovascular influencia no atendimento de uma PCR. Orientada

pela professora Marite Inez Argenta, Mestra em Assistência de enfermagem e Enfermeira da

Instituição onde a pesquisa se realiza, e desenvolvida pelos acadêmicos Edileis Rodrigues da

Silva, Jairdo Demezio da Costa e Viviane Orélo, sempre sob apoio da respectiva orientadora.

Declaro ainda que fui devidamente esclarecido sobre o andamento e sobre minha

participação dialogando em entrevista com o pesquisador e participando, posteriormente de

reuniões de todos os respondentes sobre o desdobramento das nossas colocações em

entrevistas, explicitando as minhas próprias expressões quanto ao meu entendimento sobre as

condições do trabalho que realizo como membro da equipe no local da pesquisa.

Estou ciente de que mesmo aceitando participar deste estudo posso, a qualquer

momento, desistir do mesmo, inclusive sem me obrigar a justificar tal desistência.

Por ser uma participação voluntária, estou certo de que nada espero quanto a

remunerações e que a minha participação não incorrerá em riscos ou prejuízos de qualquer

natureza.

Outrossim, fui esclarecido de que tenho o direito de solicitar informações em toda e

qualquer fase do andamento da pesquisa.

Em todo o trabalho, estou ciente de que será garantida a privacidade e a confidência

das informações, guardado o anonimato.

Caso necessite entrar em contato com os Pesquisadores responsáveis poderei

entrar em contato com: Marite Inez Argenta – fone e e-mail para contato (48) 91113662 –

argenta.maritê@gmail.com. Edileis Rodrigues da Silva: (48) 9105-9082 - e-mail:

[email protected]. Jairdo Demezio Costa: (48) 9624-7686 - e-mail:

[email protected]. Viviane Orélo: (48) 9977-1915 - e-mail:[email protected]

São José (SC), _____ de _____________ de 2010.

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_________________________________

Assinatura (de acordo)

Participante do estudo

________________________________________

Orientadora Prof. MSc. Marite Inez Argenta

___________________________________________

Edileis Rodrigues da Silva (Acad. de enfermagem)

_________________________________________

Jairdo Demezio da Costa (Acad. de enfermagem)

_________________________________

Viviane Orélo (Acad. de enfermagem)

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APÊNDICE B - DECLARAÇÃO DE CIÊNCIA DA RESOLUÇÃO CNS 196/96 Declaro que no desenvolvimento do projeto de pesquisa, A influência da organização do

trabalho de uma emergência cardiovascular para um atendimento eficaz durante a

parada cardio cerebral cumprirei os termos da Resolução CNS 196/96 e suas

complementares. Comprometo-me a utilizar os materiais e dados coletados exclusivamente

para os fins previstos no protocolo e a publicar os resultados sejam eles favoráveis ou não.

Declaro, ainda, que não há conflitos de interesses entre os pesquisadores e participantes da

pesquisa. Aceito as responsabilidades pela condução científica do projeto em questão.

São José, _____ de __________ de 2010.

________________________________________

Orientadora Prof. MSc. Marite Inez Argenta

___________________________________________

Edileis Rodrigues da Silva (Acad. de enfermagem)

_________________________________________

Jairdo Demezio da Costa (Acad. de enfermagem)

_________________________________

Viviane Orélo (Acad. de enfermagem)

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APÊNDICE C - ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA UTILIZADO JUNTO AOS PROFISSIONAIS QUE ATUAM NA EMERGÊNCIA

1) Como você descreveria o desempenho e organização da equipe durante o atendimento a

uma reanimação e o que você mudaria?

2) Quando foi o último curso de atualização em RCP que você participou?

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APÊNDICE D - TERMO DE CONSENTIMENTO PARA COLETA DE DADOS

Prezado Doutor Jamil C. Scheider

Diretor do Instituto de Cardiologia de Santa Catarina

Viemos por meio desta, solicitar vossa autorização para a realização da coleta de

dados nesta Instituição, referente ao serviço de emergência, como parte da pesquisa de

conclusão do curso de graduação em enfermagem da UNIVALI intitulado, A influência da

organização do trabalho de uma emergência cardiovascular para um atendimento

eficaz durante a parada cardio cerebral que objetiva identificar como a organização do

serviço de uma emergência cardiovascular influencia no atendimento de uma PCR. O presente

estudo é orientado pela professora Maritê Inez Argenta.

A coleta de dados será realizada em duas etapas. Na primeira etapa, serão

entrevistados os trabalhadores médicos e da equipe de enfermagem da emergência.

Esta pesquisa seguirá os preceitos éticos emanados pela Resolução 196/96 do

Conselho Nacional de Saúde. Por se tratar de uma pesquisa com caráter educacional, não são

previstos riscos no seu desenvolvimento.

Os custos relacionados à pesquisa serão de responsabilidade dos pesquisadores.

Ressalta-se a garantia de total anonimato e proteção da imagem da instituição

pesquisada, bem como das pessoas que contribuirão como fonte de dados para a realização

desta pesquisa, tanto no decorrer do estudo, quanto na divulgação dos resultados.

Na segunda fase deste projeto realizar-se-á entrevistas com professores. Agradecendo,

desde já, sua participação, coloco-me à disposição para contato em caso de dúvidas.

São José, _____ de __________ de 2010.

________________________________________

Profª. MSc. Marite Inez Argenta (48) 91123662

E-mail: [email protected].

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___________________________________________

Acad. de enfermagem Edileis Rodrigues da Silva

(48) 9105-9082 - e-mail: [email protected]

_________________________________________

Acad. de enfermagem Jairdo Demezio da Costa

(48) 9624-7686 - e-mail: [email protected]

_________________________________

Acad. de enfermagem Viviane Orélo

(48) 9977-1915 - e-mail:[email protected]

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APENDICE E - TERMO DE ACEITE DA INSTITUIÇÃO

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE EDUCAÇÃO BIGUAÇU

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

TERMO DE ACEITE DA INSTITUIÇÃO

Declaro para os devidos fins, que autorizo a realização do Projeto de Monografia, cujo

tema é: a influência da organização do trabalho de uma emergência cardiovascular para

um atendimento eficaz durante a parada cardio cerebral, a fim de executar a pesquisa

com médicos e equipe da enfermagem.

O estudo será realizado pelos acadêmicos Edileis Rodrigues da Silva, Jairdo Demezio da

Costa e Viviane Orélo, do Curso de Graduação de Enfermagem da Universidade do Vale do

Itajaí – UNIVALI, sob a orientação da professora MSc. Marite Ines Argenta.

São José (SC) _____ de ___________ de 2010.

_______________________________________________

Assinatura e carimbo do responsável

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