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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE EDUCAÇÃO DA UNIVALI EM SÃO JOSÉ CURSO DE ADMINISTRAÇÃO – HABILITAÇÃO COMÉRCIO EXTERIOR SHEYENNE RIBEIRO GRISALT O INGRESSO DE UMA EMPRESA NO MERCADO INTERNACIONAL: UM ESTUDO DE CASO NA MAXIGUMZ RAÇÕES LTDA São José 2007

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE EDUCAÇÃO DA UNIVALI EM SÃO JOSÉ

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO – HABILITAÇÃO COMÉRCIO EXTERIOR

SHEYENNE RIBEIRO GRISALT

O INGRESSO DE UMA EMPRESA NO MERCADO INTERNACIONAL: UM ESTUDO DE CASO NA MAXIGUMZ

RAÇÕES LTDA

São José 2007

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SHEYENNE RIBEIRO GRISALT

O INGRESSO DE UMA EMPRESA NO MERCADO

INTERNACIONAL: UM ESTUDO DE CASO NA MAXIGUMZ

RAÇÕES LTDA

Trabalho de Conclusão de Curso – projeto de aplicação –

apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de

Bacharel em Administração da Universidade do Vale do

Itajaí.

Professor Orientador: Júlio César Schmitt Neto

São José

2007

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SHEYENNE RIBEIRO GRISALT

O INGRESSO DE UMA EMPRESA NO MERCADO

INTERNACIONAL: UM ESTUDO DE CASO NA MAXIGUMZ

RAÇÕES LTDA

Este Trabalho de Conclusão de Estágio foi julgado adequado e aprovado em sua forma final

pela Coordenação do Curso de Administração – Habilitação Comércio Exterior da

Universidade do Vale do Itajaí, em 04 de julho de 2007.

Profa. MSc Luciana Merlin Univali – CE São José

Coordenador (a) do Curso

Banca Examinadora:

Prof. MSc. Júlio César Schmitt Neto

Univali – CE São José Professor Orientador

Profa. MSc. Suzi Mary H. Ipiranga

Univali – CE São José Membro

Prof. MSc. Deonir José Tomaselli

Univali – CE São José Membro

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A Carlos e Sara, meus pais.

A Tainá, minha irmã.

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Agradeço ao meu orientador, Professor Júlio César

Schmitt Neto, por sua paciência e dedicação ao conduzir e

orientar este trabalho e a minha supervisora de estágio,

Professora Dannielly Freitas Voges, pelo apoio recebido, e

pelas sugestões e contribuições que ajudaram no

desenvolvimento do estudo.

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Não há crescimento

sem autoconhecimento.

Autor desconhecido.

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RESUMO

GRISALT, Sheyenne Ribeiro. O Ingresso de uma empresa no mercado internacional: um estudo de caso na Maxigumz Rações Ltda. 2007. 60 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação)-Curso de Administração Ênfase em Comércio Exterior, Universidade do Vale do Itajaí, São José, 2007.

Com a globalização em ascensão, muitas empresas sentiram a necessidade de adentrarem o mercado internacional em busca de novos clientes para ganhar competitividade. Porém, a inserção de uma empresa no mercado internacional demanda uma série de ações. O Objetivo do presente trabalho é estudar a inserção da empresa Maxigumz Rações Ltda no mercado internacional de ração animal. Para tanto se fez necessário realizar a habilitação da empresa junto aos órgãos intervenientes no comércio exterior brasileiro, selecionar os produtos para o mercado externo, apresentar os elementos necessários para a formação de um preço mínimo para cada um deles, verificar a necessidade de adaptações no produto, além de identificar possíveis mercados potenciais, as barreiras e acordos desses mercados e por fim sugerir estratégias de entrada para cada um dos mercados potenciais. Para alcançar tal objetivo foi necessário realizar uma pesquisa de campo, qualitativa, de forma participativa, na qual o pesquisador esteve sempre envolvido com os profissionais das empresas. A Maxigumz foi habilitada perante todos os órgãos intervenientes necessários. Dentre os produtos fabricados pela empresa, selecionou-se cinco para a exportação. Realizou-se então a formação do preço FOB mínimo para os cinco produtos, bem como identificou-se e realizou-se as adaptações necessárias em cada produto para a exportação. Foram identificados possíveis mercados potenciais na América Latina, tendo se destacado a Argentina, o Chile, o México e a Venezuela. Para cada mercado selecionado investigou-se as barreiras existentes para a exportação dos produtos da Maxigumz, bem como os acordos internacionais que possam contribuir para as exportações da empresa. Por fim, sugeriu-se estratégias de entrada em cada um dos mercados, sendo que o desenvolvimento de parcerias com representantes e distribuidores foi predominante.

Palavras-chave: Exportação. Ração. Empresa Iniciante.

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ABSTRACT

GRISALT, Sheyenne Ribeiro. The admission of a company into the internacional market: a study of case in the Maxigumz Rações Ltda. 2007. 60 f. Graduation Monograph – Business Course Emphasis on International Trade, Universidade do Vale do Itajaí, São José, 2007.

Following the rise of globalization, many companies felt the need to join international markets in search for new clients to increase competitivety. However, the insertion of a company in to the international market demands a series of actions. The aim of the present essay is to study the insertion of the company Maxigumz Rações Ltda in to the international market of industrialized animal food. In order to do that it was necessary to register the company at intervenient institutions of the brazilian foreign trade, select products for the external market and calculate a minimum price for each one of them, check the need to adapt the product, further identification of possible potential markets, commercial barriers and agreements of these markets and finally suggesting strategies for the entrance to each one of the potential markets. To reach this aim it was necessary to do a qualitative camp research, in a participative way, in which the researcher has always been involved with company professionals. Maxigumz has been qualified by all the intervenient institutions needed. Among the manufactured products of the company, five were selected to export. Then the calculation of the minimum FOB price was done, as well as the adaptations of each product have been found and corrected to exportation. Potential markets have been identified at Latin America, with special attention to Argentina, Chile, Mexico and Venezuela. For each selected market was verified the existence of barriers for the exportation of Maxigumz products, as well as international agreements that may contribute to the exportations of the company. Finally, suggestions have been made for the entrance in to each one of the markets, being the development of partnerships with representatives and distributors predominant.

Key words: Exportation. Industrialized Animal Food. Starter Company.

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Lista de Ilustrações

Figura 1 – Formação de preço de produto para o mercado externo..........................................15

Figura 2 – Sugestão de embalagem para BABAGULA...........................................................40

Figura 3 – Sugestão de embalagem para BABAGULA FILHOTES........................................40

Figura 4 – Sugestão de embalagem para BABADOG..............................................................41

Figura 5 – Sugestão de embalagem para ROSCÃO.................................................................41

Figura 6 - Embalagem MAXIGATO traduzida .......................................................................42

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................1

1.1 DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA.......................................................................2

1.2 OBJETIVOS.................................................................................................................2

1.2.1 Objetivo geral ...............................................................................................2

1.2.2 Objetivos específicos....................................................................................2

1.3 JUSTIFICATIVA ...........................................................................................................3

1.4 APRESENTAÇÃO GERAL DO TRABALHO......................................................................4

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.....................................................................................5

2.1 O COMÉRCIO INTERNACIONAL ..................................................................................5

2.2 ACORDOS COMERCIAIS..............................................................................................6

2.2.1 Zona de Preferência Tarifária .......................................................................7

2.2.2 Zona de Livre Comércio...............................................................................7

2.2.3 União Aduaneira...........................................................................................8

2.2.4 Mercado Comum ..........................................................................................8

2.2.5 União Econômica e Monetária .....................................................................9

2.3 MERCOSUL ............................................................................................................9

2.4 ALADI....................................................................................................................10

2.5 EXPORTAÇÃO ..........................................................................................................11

2.5.1 Modalidades de Exportação........................................................................12

2.5.1.1 Exportação Direta .......................................................................................13

2.5.1.2 Exportação Indireta.....................................................................................13

2.5.2 Formação de preço na exportação ..............................................................14

2.5.3 Habilitação do Exportador no SISCOMEX ...............................................16

2.5.4 Barreiras à Exportação................................................................................17

2.6 MODALIDADES DE PAGAMENTO...............................................................................17

2.6.1 Remessa Antecipada...................................................................................18

2.6.2 Remessa sem saque ....................................................................................18

2.6.3 Cobrança.....................................................................................................19

2.6.4 Carta de Crédito..........................................................................................19

2.7 MODALIDADES DE COMPRA E VENDA EM COMÉRCIO EXTERIOR (INCOTERMS).......20

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2.7.1 EXW - Ex Works (Local de Produção) ......................................................20

2.7.2 FCA – Free Carrier (Transportador Livre) .................................................21

2.7.3 FAS – Free Alongside Ship (Livre no Costado do Navio).........................22

2.7.4 FOB - Free on Board (Livre a Bordo) ........................................................22

2.7.5 CFR – Coast and freight (Custo e Frete) ....................................................23

2.7.6 CIF – Coast, Insurance and Freigh (Custo, Seguro e Frete).......................23

2.7.7 CPT – Carriage Paid To (Transporte Pago Até).........................................24

2.7.8 CIP – Carriage and Insurance Paid to... (transporte e seguro pagos até…)24

2.7.9 DAF – Delivered at Frontier (Entregues na fronteira) ...............................24

2.7.10 DES – Delivered Ex Ship (Entregue a partir do navio)..............................25

2.7.11 DEQ – Delivered Ex Quay Duty Paid ( Entregue no Cais Direitos Pagos)25

2.7.12 DDU – Delivered Duty Unpaid (Entregue Direitos Não Pagos)................25

2.7.13 DDP – Delivered Duty Paid (Entregue Direitos Pagos).............................26

2.8 MARKETING INTERNACIONAL .................................................................................26

2.8.1 Mercados internacionais .............................................................................27

2.8.2 Embalagem .................................................................................................28

3 DESCRIÇÃO DO MÉTODO..........................................................................................30

4 RESULTADOS DA APLICAÇÃO.................................................................................32

4.1 EMPRESA.................................................................................................................32

4.2 CADASTRO DA MAXIGUMZ JUNTO AOS ÓRGÃOS INTERVENIENTES.........................34

4.3 ELABORAÇÃO DE PREÇO PARA EXPORTAÇÃO..........................................................36

4.4 ALTERAÇÕES NO PRODUTO .....................................................................................38

4.5 IDENTIFICAÇÃO DE MERCADOS POTENCIAIS NA AMÉRICA LATINA ..........................42

4.6 BARREIRAS E ACORDOS COMERCIAIS......................................................................45

4.7 SUGESTÃO DE ESTRATÉGIAS DE ENTRADA PARA CADA MERCADO............................49

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................................52

REFERÊNCIAS .....................................................................................................................55

APÊNDICES.............................................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.

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1 INTRODUÇÃO

Hoje em dia os países contam com maior facilidade no que diz respeito a

comercialização internacional de bens e serviços, com mais agilidade e maior fluxo. Tudo isso

se dá devido a globalização internacional da economia que traz consigo o desenvolvimento

dos países. Exportar é abrir as portas do país para o mundo, gerando divisas, absorvendo

tecnologia, superando desafios e gerando empregos.

No início da década de 90, o Brasil e sua economia passaram por um grande processo

de liberação comercial. Barreiras tarifárias e não-tarifárias foram eliminadas, resultando em

um aumento das exportações e importações em relação ao PIB (Produto Interno Bruto)

brasileiro. A liberação comercial foi então rápida, extensa e afetou quase todos os setores da

economia.

De acordo com informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio

Exterior (2007), o Brasil alcançou o recorde nas transações comerciais no ano de 2006,

totalizando US$ 228,9 bilhões. Desse total, US$ 137,5 bilhões são referentes as transações de

exportação e US$ 91,4 bilhões de importação.

O estado de Santa Catarina chegou a marca de U$6,94 bilhões das exportações do

país. A cidade de Itajaí, grande pólo do comércio internacional devido ao porto de Itajaí, foi a

cidade que mais exportou, sendo responsável por mais de U$1,88 bilhões desse montante.

(MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR,

2007)

A Sphaera, empresa onde foi realizada o estágio, percebeu que a Maxigumz, empresa

produtora de ração animal poderia ter uma fatia nesse bolo. Então, a Sphaera entrou em

contato com tal empresa a fim de oferecer o serviço de agenciamento, e é sua missão explorar

o mercado mundial e começar a exportar o produto, podendo assim aumentar os índices de

exportação do estado e a gama de clientes do produtor.

Nesse contexto, esse trabalho procura estudar as etapas que a empresa Maxigumz irá

percorrer para adentrar o mercado internacional de rações para animais.

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1.1 Descrição da situação problema

A Sphaera Negócios Internacionais LTDA é uma empresa constituída em 2005 com o

intuito de fornecer alguns serviços relacionados ao comércio exterior. Se propôs a trabalhar

com agenciamentos comerciais, consultoria e treinamento, dentre outros serviços.

É formada por quatro pessoas, dois fundadores e dois colaboradores. Ambos os

fundadores são altamente competentes para realizarem as tarefas propostas pela empresa.

Quanto a isso não enfrentam nenhuma dificuldade. Saber a real absorção do novo mercado

quanto ao produto desejado é tarefa que exige um longo estudo.

Considerando a crescente representatividade do setor pet em todo o mundo, a diretoria

da empresa Sphaera Negócios Internacionais resolveu iniciar as atividades de comercialização

internacional de produtos relacionados com tal mercado. Após uma visita em uma feira de

produtos pet realizada em São Paulo, decidiu-se então iniciar as atividades de exportação

comercializando alimentos para cães e gatos. Realizou-se uma pesquisa de possíveis

produtores que pudessem estar interessados em se inserir no mercado internacional, e após o

contato com algumas empresas, decidiu-se então realizar o trabalho de agenciamento

comercial com a empresa Maxigumz Rações LTDA.

Assim, a empresa Sphaera decidiu em analisar o mercado de alimentação animal e sua

absorção, objetivando exportar os produtos da Maxigumz para alguns países. Juntamente com

os responsáveis pela Sphaera, a acadêmica resolveu realizar esse estudo para tornar possível a

exportação desses produtos, procurando potenciais compradores de ração animal, empresas

que poderiam precisar desse tipo de produto, os canais de distribuição do mesmo, dentre

outros fatores.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

Estudar a inserção da empresa Maxigumz no mercado internacional de ração animal.

1.2.2 Objetivos específicos

− Realizar a habilitação da empresa junto aos órgãos intervenientes no comércio

exterior brasileiro.

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− Apresentar os elementos necessários a formação do preço de exportação para

cada um dos produtos da empresa.

− Verificar as necessidades de adaptação no produto.

− Identificar os mercados internacionais potenciais na América Latina;

− Verificar as barreiras e os acordos comerciais em cada um dos mercados

potenciais;

− Sugerir estratégias de entrada para cada mercado.

1.3 Justificativa

Este trabalho visa estudar a inserção da empresa no mercado internacional. Saber as

etapas que devem passar uma empresa ao iniciar suas atividades comerciais exteriores é algo

estritamente necessário para qualquer profissional de Comércio Exterior.

O referido problema foi escolhido pela acadêmica devido seu interesse pelas questões

da área de comércio exterior, e para que pudesse confrontar o aprendizado teórico com a

prática na empresa.

Quanto ao setor, foi escolhido pela grande representatividade que tem no mercado

nacional e internacional. Segundo a ANFAL PET (2007) o Brasil, como grande produtor e

exportador de carnes e cereais, é o país com maior potencial do mundo nas exportações de

alimentos industrializados para os pets. Apesar disso, sua participação é de apenas 1% da

movimentação internacional desse mercado que movimentou no ano de 2005 9,7 milhões de

toneladas chegando a 5,7 bilhões de dólares.

Além do potencial produtivo brasileiro, o setor se mostra importante devido ao grande

aumento do consumo de alimentos destinados aos pets. Estima-se que existam cerca de 800

milhões de cães e gatos criados como “membro da família” em todo o mundo. É um

fenômeno internacional que está diretamente ligado com o aumento da expectativa de vida da

sociedade ocasionando o aumento do número de idosos, a redução do número de filhos nas

famílias, a falta de segurança e até mesmo a carência afetiva. Tais fatores mostram o grande

potencial do setor em se desenvolver internacionalmente. (ANFAL PET 2007)

A empresa, por sua vez, possui a necessidade de avaliar o mercado de alguns países

quanto a sua aceitação ração animal. Juntamente com isso, a Sphaera disporá de uma mão-de-

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obra que poderá ser aproveitada no futuro de acordo com o desenvolvimento, habilidades e

posturas demonstradas durante o estágio.

Comércio Exterior é uma área que exige do profissional longo estudo. Por esse

motivo, o trabalho se faz importante servindo como mais um trabalho para consulta sobre o

tema na comunidade acadêmica.

Hoje em dia as organizações vêm enfrentando uma grande mudança quanto à

globalização, o aumento da concorrência e as crescentes mudanças sofridas pela tecnologia.

Isso as obriga a se desenvolver cada vez mais para ganhar vantagem competitiva perante as

outras organizações. Uma boa alternativa para conferir à organização essa competitividade é

ganhar reconhecimento internacional através da exportação.

1.4 Apresentação geral do trabalho

O presente trabalho está estruturado da seguinte maneira. O capítulo 1 apresenta a

introdução, os objetivos, geral e específicos, e a justificativa, que mostra a importância que o

trabalho representa para a sociedade acadêmica, para suprir necessidades da empresa e para a

própria autora, devido seu interesse por temas da área.

Já o capítulo 2, apresenta a fundamentação teórica abordando temas como o comércio

internacional, conceitos de exportação, as modalidades de exportação direta, indireta e via

trading company, as modalidades de pagamento em uma exportação, conceituando remessa

antecipada, remessa sem saque, cobrança e carta de crédito, e ainda conceituando também

todas as 13 modalidades de vendas existentes no comercio exterior (Incoterms).

O capítulo 3 apresenta a descrição do método que será utilizado para desenvolver o

trabalho, apresentando também os instrumentos de coleta de dados e as etapas para o

desenvolvimento do trabalho.

O capitulo 4 tece considerações iniciais sobre a empresa, seguido de como fazer o

cadastro da empresa nos órgãos intervenientes, a elaboração do preço para exportação,

alterações no produto, mostra os mercados potenciais na América Latina, as barreiras e

acordos comerciais entre tais países e o Brasil e por fim sugere estratégias de entrada nos

países identificados como potenciais. Já o capítulo de número 5 tece as considerações finais

do trabalho.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo se concentra na apresentação do marco teórico que servirá como base

para a realização da pesquisa. São abordados temas como o comércio internacional de

produtos, acordos comerciais, exportação, modalidades de pagamento e tipos de integração,

MERCOSUL, ALADI, exportação, Incoterms e por fim, marketing internacional.

2.1 O Comércio Internacional

Muitos países foram terrivelmente afetados com a II Guerra Mundial. Com isso, ficou

clara a necessidade de reconstrução desses países, no que diz respeito a sua estrutura física,

sua política e também sua economia. Assim, novas propostas foram impostas, objetivando a

eliminação da rivalidade, integração das economias e o desejo de união. (LUDOVICO, 2002)

Com a globalização da economia, as negociações internacionais começaram a ganhar

grande volume, e se tornar ferramenta indispensável para crescimento da atividade econômica

de grande parte das nações, assumindo destaque muito maior do que o imaginado no final do

século.

Segundo Ludovico (2002, p.1), “A atuação das empresas em nível internacional vem

sofrendo grandes alterações, em função de uma série de aspectos que caracterizam o novo

mercado globalizado”. O mesmo autor diz que as empresas de hoje apresentam um modelo de

transição caracterizado por alguns aspectos como redes internacionais de contato, mentalidade

internacionalizada, busca de conhecimentos novos e pesquisas com relação ao comércio

internacional.

Hoje, a economia está altamente globalizada, estando presente no dia-a-dia das

pessoas, devido à facilidade de entrada de produtos estrangeiros no mundo inteiro. Para que

esses diversos produtos circulem pelo mundo, é necessário que o profissional de comércio

internacional tenha experiência no setor econômico em que atua, e também em muitas outras

disciplinas do conhecimento científico.

De acordo com Soares (2OO4), o comércio internacional é uma atividade

multidisciplinar, pois aborda diversas áreas do conhecimento. Por esse motivo, sua

conceituação se torna tarefa difícil. O mesmo autor explica que “[...] podemos conceituar uma

operação de compra e venda internacional como aquela em que dois ou mais agentes

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econômicos sediados e/ou residentes em países diferentes negociam uma mercadoria que

sofrerá uma operação de câmbio”. (SOARES, 2004, p.13)

Esse conceito deixa evidente a característica multidisciplinar do comércio exterior. O

profissional que desejar atuar nessa área deve ter conhecimento em direito, pois o ato de

compra e venda internacional está sujeito a legislação de mais de um país. Terá de conhecer

ainda áreas como administração e logística, pois desde o processo de produção, passando pelo

transporte na fronteira até a sua utilização em outro país exige cuidados. Deve entender

também de economia, pois as trocas internacionais envolvem moedas de países diferentes

com taxas de câmbio diferentes.

Com toda essa dificuldade, atuar no mercado internacional se faz necessário para

proporcionar a empresa ganho de vantagem competitiva. Uma empresa decide importar ou

exportar: a) para buscar mercados maiores e assim expandir seus negócios; b) comercializar

internamente produtos, máquinas ou serviços não existentes no país; c) por enfrentar

dificuldades no mercado interno; d) para melhorar a imagem da empresa tanto interna quanto

externamente; e) para comprar insumos mais baratos. (MINERVINI, 2005)

Apesar de tantas vantagens, atuar no mercado internacional é bastante complexo,

exigindo da empresa exportadora um certo know-how na área. Tal conhecimento pode facilitar

bastante o processo de comercialização com o exterior. Dentre os conhecimentos importantes,

encontra-se a questão dos acordos internacionais, que será abordada no item a seguir.

2.2 Acordos Comerciais

A partir da segunda metade do século passado até 1914, no período do Liberalismo

Clássico, as relações comerciais internacionais se caracterizavam pelo livre comércio, quando

os Estados não intervinham e as iniciativas ficavam por conta dos agentes privados. Após as

duas grandes guerras mundiais, uma nova ideologia passa a regular o comércio internacional,

visando uma maior liberação das trocas de mercadorias. Nessa época então, surgem os

acordos comerciais internacionais, que limitavam a intervenção do Estado na

comercialização. (JESUS, 1993)

Acordos comerciais são convenções em consenso comum entre países. Quando

envolve dois paises é chamado acordo bilateral, e quando envolve um número maior de países

chama-se acordo multilateral. Seu principal objetivo é orientar as relações comerciais entre as

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nações para priorizar o intercâmbio entre elas. Assim, os países aumentam o acesso de seus

produtos no mercado externo através da redução do imposto de importação no mercado do

parceiro. (LOPEZ; GAMA, 2002)

De acordo com Keedi (2004), a integração, é o processo de união entre países em

caráter econômico, objetivando o desenvolvimento dos participantes mediante diversos

acordos que facilitam o comércio, o trânsito de pessoas, capitais, bens, serviços, dentre outros.

Para Lopez e Gama (2002, p.115), a integração esta dividida em etapas diferentes, [...]

“classificadas de acordo com a complexidade das normas governamentais que são eliminadas

ou harmonizadas para a livre circulação de fatores econômicos (bens, serviços, capital e mão-

de-obra) entre as nações”. De acordo com estes autores, pode-se classificar as etapas em zona

de preferência tarifária, zona de livre comércio, união aduaneira, mercado comum e união

econômica, que serão apresentadas a seguir.

2.2.1 Zona de Preferência Tarifária

Zonas de Preferências Tarifárias são acordos realizados com o fim de reduzir as tarifas

alfandegárias na comercialização de produtos entre os países membros, através da concessão

de preferências tarifarias. (KEEDI, 2004)

Segundo Lopez e Gama (2002), são adotadas tarifas relativamente menores entre as

nações envolvidas no acordo em relação às adotadas para os demais países que não fazem

parte do acordo.

Um exemplo é a Associação Latino-Americana de Integração, ALADI, acordo no qual

o Brasil faz parte juntamente com mais 11 países. É o acordo comercial no qual as

mercadorias comercializadas entre os países membros recebem uma redução do imposto de

importação, variando de acordo com a mercadoria e o país. (KEEDI, 2004)

2.2.2 Zona de Livre Comércio

Zonas de Livre Comércio são acordos onde as barreiras tarifárias e não-tarifárias no

comércio entre os países membros são totalmente eliminadas. Para Keedi, (2004) essa é a

união em que os países concordam em permitir o transito de mercadorias entre os países

envolvidos sem a cobrança do imposto de importação. Assim, a mercadoria entra no país

comprador como se tivesse circulando internamente e, na maioria das vezes, com menor valor

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do que se importada de terceiros, incentivando o comércio, provocado o crescimento e

gerando emprego.

Os autores Lopez e Gama (2002) dão como exemplo de Zona de Livre Comércio o

Nafta, Acordo de Livre Comércio da América do Norte, formado pelo Canadá, Estados

Unidos e México. O bloco econômico ainda está em processo, mas prevê a liberação total dos

direitos alfandegários sobre as mercadorias transacionadas entre os três países.

2.2.3 União Aduaneira

A União Aduaneira é sucessiva a Zona de Livre Comércio, pois inclui as

características dessa zona, acrescida de algumas outras. Para Lopez e Gama (2002, p.115), a

União Aduaneira “implica na adoção de uma tarifa externa comum e de políticas comerciais

comuns face a terceiros países”.

Nesse acordo, todas as compras realizadas pelos países que fazem parte do acordo,

quando importadas de terceiros, terão tratamento alfandegário único e tarifa uniforme do

imposto de importação. Assim, os países da união não dão preferência a países isolados,

adotando uma tarifa externa comum. (KEDDI, 2004)

2.2.4 Mercado Comum

O Mercado Comum é um tipo de integração que segundo Lopez e Gama (2002, p.115)

pode ser caracterizada “pela livre circulação de bens, serviços e de fatores de produção, bem

como pela coordenação de políticas macroeconômicas (política cambial, monetária e fiscal).

Não existe, atualmente, nenhum modelo de integração que possa ser perfeitamente

enquadrado como mercado comum”.

A mão-de-obra também é livre para circular entre os países nesse tipo de acordo

comercial. Assim é possível encontrar uma colocação ou um empregado em outro país,

suprindo falhas e balanceando procura e oferta. (KEEDI, 2004)

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2.2.5 União Econômica e Monetária

A União Econômica e Monetária é a fase mais avançada dentre as uniões dos países

em blocos. Para Lopez e Gama (2002), nessa integração, os países adotam política monetária

e moeda única, conduzida por um banco central único.

Assim, é como se todos os países juntos representassem apenas um economicamente,

mantendo apenas sua soberania e independência política. Um exemplo dessa integração é a

União Européia, bloco mais avançado do mundo, onde os países envolvidos possuem moeda

única.

O presente trabalho será realizado com foco no mercado Latino-Americano. Por esse

motivo, apresenta-se a seguir os acordos internacionais, firmados pelo Brasil, mais

importantes em termos comerciais.

2.3 MERCOSUL

O Mercado Comum do Sul (Mercosul) é um acordo comercial formado pelo Brasil,

Paraguai, Uruguai e Argentina. Segundo Keedi (2004), esse é um exemplo de União

Aduaneira, pois entre os quatro países envolvidos, há a livre circulação de mercadorias e uma

tarifa de importação única para países terceiros – TEC, Tarifa Externa Comum.

O Mercosul tem como principal objetivo

[...] a livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos entre os países membros, através, entre outros, da eliminação de direitos alfandegários e de restrições não-tarifarias a circulação de bens e serviços. Ou seja, o Mercosul é, antes de mais nada, uma zona de livre comércio, que é o substrato comum de todos os processos de integração econômica. (ALMEIDA, 1998, p. 13)

Foi criado em 1991 para incrementar a economia dos países membros, promovendo

também o desenvolvimento científico, tecnológico e comercial dos mesmos. (JESUS, 1993).

A partir de 1995, o Mercosul estabeleceu uma política conjunta gradativa de comércio

dos países membros com relação à terceiros. Estabeleceu uma Tarifa Externa Comum (TEC),

para estipular um tratamento alfandegário único e uma tarifa uniforme do imposto de

importação. Para Almeida (1998) as vantagens do Mercosul são:

• Aumento na eficiência da produção através da especialização crescente dos

agentes econômicos.

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• Aumento do nível de produção pelo maior aproveitamento das economias de

escala.

• Uma maior posição de barganha em âmbito internacional, resultando em

melhores termos de intercâmbio.

• Mudanças na eficiência econômica resultante da maior concorrência.

• Transformações na qualidade e quantidade dos fatores de produção em virtude

de avanços tecnológicos.

Tais vantagens não costumam ser apenas teóricas. Segundo Barbosa (1991), a

integração regional, do ponto de vista econômico, gera estabilidade de acessos a mercados

ampliados tornando-se um poderoso fator de racionalidade econômica.

Com relação ao comércio intra-bloco, o Mercosul se mostra muito vantajoso, pois há a

eliminação de barreiras tarifárias e não-tarifárias, alem da livre circulação de bens e serviços.

(VAZQUEZ, 2006)

2.4 ALADI

A Associação Latino-Americana de Integração (ALADI) veio como sucessora da

ALALC (Associação Latino-Americana de Livre Comércio). A ALALC foi criada a partir do

Tratado de Montevidéu, de 1960, a fim de se tornar um mercado comum regional. Era

integrado, inicialmente, por sete países, sendo eles Argentina, Brasil, México, Paraguai, Peru

e Uruguai. O objetivo inicial era ampliar mercados e liberar o intercâmbio, através da redução

de medidas tarifárias e eliminação de restrições não-tarifárias. (BARBOSA, 1991)

Para Magnoli e Araújo (1994, p. 23), a Associação Latino-Americana de Livre

Comércio refletiu o percurso de industrialização por substituição de importações. “A lógica

implícita no acordo era a da ampliação, para o plano regional, das políticas de proteção

alfandegárias adotadas nos mercados nacionais.” Os objetivos ambiciosos da ALALC sempre

se chocaram com as desigualdades econômicas internas. Havia muitas divergências entre os

três grandes (Brasil, Argentina e México) e os demais integrantes, resultando em sabotagens

nas metas de integração.

Na década de 60, até a década de 80, os países da América Latina passaram por uma

série de regimes militares e autoritários que dificultaram o progresso da integração regional.

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Os países foram ficando cada vez mais protecionistas e os desentendimentos eram mais

freqüentes. Com o processo integracionista quase parado, já na década de 80, os países

decidem negociar um novo tratado de Montevidéu que instituiu a Associação Latino-

Americana de Integração (ALADI), com objetivos e compromissos reestruturados.

(ALMEIDA, 1998)

O novo tratado, com metas menos pretensiosas e mais flexíveis, preserva o princípio

multilateralista de criação de um mercado comum, porém sem prazos ou cronogramas a serem

atingidos. (MAGNOLI; ARAUJO, 1994)

Segundo site da ALADI (2007), a integração é benéfica para seus membros por

promover uma preferência tarifária aplicada sobre os produtos originários dos países-

membros frente às tarifas em vigor para terceiros países; acordos comuns entre os países

membros; e acordos com a participação de dois ou mais países da área.

Hoje, a ALADI é composta por doze países que são classificados de distintas formas.

Foram atribuídos a três categorias, de acordo com as características econômico-estruturais de

cada país. A primeira categoria é a de Menor Desenvolvimento Econômico Relativo –

PMDER composto pela Bolívia, Equador e Paraguai. A segunda categoria é a de

Desenvolvimento Intermediário – PDI que compreende o Chile, a Colômbia, o Peru, o

Uruguai, a Venezuela e Cuba. A última categoria é formada pelos demais países, Argentina,

Brasil e México.

2.5 Exportação

Do ponto de vista econômico nacional, exportar é importante pois é desta forma que se

geram recursos destinados a compra de produtos não produzidos no país, equipamentos de

tecnologia avançada e até para importar produtos por motivos estratégicos. É desse modo

também que a nação obtém divisas internacionais para demais despesas. A exportação abre as

portas do país para o mundo, trabalha sua imagem no exterior, qualifica o produtor e gera

riquezas.

No âmbito empresarial, são muitos os motivos que fazem a organização querer

adentrar o mercado internacional e começar a exportar. Minervini (2001), explica que pode-

se começar a exportar em busca de maior quantidade de vendas, garantindo uma maior

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dimensão industrial para a empresa, utilizando melhor suas instalações e desenvolvendo a

empresa.

A alta competitividade e as oscilações do mercado nacional trazem dificuldades de

vendas internas. Por isso a empresa pode começar a exportar objetivando diluir seus riscos,

diversificando a carteira de clientes da empresa e prolongando o ciclo de vida do produto. A

sazonalidade interna impossibilita um padrão de vendas durante todo o ano. Exportando, a

empresa pode aumentar seu leque de compradores selecionando-os no exterior, não perdendo

sua receita e até aumentando o lucro. (VAZQUEZ, 2006)

Exportar também garante maior prestígio e status perante fornecedores, bancos e

clientes, pois o produto destinado para a venda externa, com certeza, apresenta excelente

condições para o consumidor, representando veiculo para a competitividade. (MINERVINI,

2005).

Ao decidir exportar, muitas empresas se deparam com diversas dificuldades

agregadas a esse ato. Por esse motivo, devem prestar atenção na hora de direcionar seu

produto ao mercado internacional. Para Vazquez (2006), devem ser tomados alguns cuidados

pela empresa antes de exportar como, verificar se o produto atende as necessidades do novo

mercado, se apresenta vantagens para o mercado alvo, pesquisar se o produto é compatível

com o clima do país, se não fere costumes locais, examinar o idioma da embalagem dentre

outros. Deve-se ater também ao canal de distribuição que será utilizado. A seguir serão

apresentadas as modalidades de exportação.

2.5.1 Modalidades de Exportação

O canal de distribuição que a empresa deve utilizar para exportar é decidido baseado

em algumas características como o tipo de produto, o conhecimento do mercado que a

empresa quer atingir, as prioridades comerciais, a estrutura administrativa da empresa, dentre

outros. (LOPEZ E GAMA, 2002)

Segundo Castro (2005), duas são as modalidades de exportação: a) exportação direta;

b) exportação indireta.

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2.5.1.1 Exportação Direta

A modalidade Exportação Direta, segundo Lopez e Gama (2002 condiz com o próprio

nome, pois a venda é feita direta de um vendedor a um comprador em outro pais, não

importado se a negociação foi feita envolvendo um agente ou representante do exportador,

mesmo que este receba uma comissão pelo serviço.

Para Castro (2005), esse canal de distribuição possui uma grande dificuldade, que é a

identificação de potenciais importadores dos exatos produtos que a empresa deseja exportar.

Assim o autor sugere, para vencer essa dificuldade, contatar câmaras de comércio,

embaixadas, consulados, entre muitas outras entidades que atuam no comércio exterior como

auxílio, contratar agentes de exportação no exterior, divulgar seu produto no país alvo,

construir filiais no exterior, dentre outras ações que podem ajudar o exportador a obter êxito

na comercialização.

É muito importante que a empresa, ao se utilizar dessa modalidade de exportação,

detenha alguns conhecimentos básicos

[...] que compreendem desde a apuração de custos e riscos próprios da atividade, como também a forma de proceder quanto aos aspectos anteriormente definidos; países aos quais poderá destinar seus produtos; formas de negociação internacional; documentos necessários; particularidades a serem respeitadas quanto à apresentação, prazo de entrega, embalagem e outras próprias da atividade exportadora, com vistas ao normal desenvolvimento da operação. (GARCIA, 1997, p. 36)

O agenciamento internacional pode ser enquadrado em exportação direta. De acordo

com Murta (2005), isso ocorre pois o contrato de agente internacional se assemelha muito

com uma operação de compra e venda internacional. Porém essa transação não é feita

diretamente entre importador e exportador, e sim por um interveniente. O agente contratado

não apenas vende o produto, mas também divulga e representa-o no mercado externo.

2.5.1.2 Exportação Indireta

A exportação Indireta, segundo Castro (2005), é a modalidade de exportação utilizada,

em sua maioria, por empresas de pequeno e médio porte industriais e que, normalmente, não

possuem estrutura suficiente para adentrarem sozinhas o mercado internacional. Porém,

empresas produtoras de grande porte eventualmente também exportam indiretamente, mas

através de empresas também de maior porte operacional, comercial e financeiro.

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A exportação indireta envolve um interveniente. De acordo com Lopez e Gama

(2002), esse é responsável por cuidar da comercialização do produto no mercado externo,

podendo ser classificados em diferentes tipos como: empresa comercial, onde sua atividade

exclusiva é a exportação; empresa comercial mista, que atua no mercado externo e também

interno; cooperativas; indústria que vende produtos de terceiros com o intuito complementar

seu comércio de exportação; e importadores que exportam no país de origem.

O interveniente é aquela empresa que, no mercado interno, compra com o fim

específico de exportar. Quando ocorre essa operação, o produtor especifica nas notas fiscais

de venda do produto essa particularidade. (GARCIA 1999)

Utilizar uma Trading Company é uma forma de exportar indiretamente. Nesse caso,

uma venda feita pelo produtor a esse tipo de empresa se compara uma operação de exportação

em termos fiscais. Essa operação concede ao produtor todos os benefícios que a ele seriam

atribuídos se o produto fosse vendido diretamente no exterior. Assim, essa venda feita com

fins de exportação, possui características de exportação indireta. (GARCIA, 1997)

O autor explica também que, quando um fabricante resolve vender a uma Trading, o

faz em busca de alguns aspectos como: eliminar custos envolvidos na detecção de novos

mercados, identificação de novos importadores e negociação da operação; suspender a

necessidade de conhecer outros idiomas e as particularidades de outros países; eliminar custos

na elaboração de documentos próprios para movimentação e embarque da mercadoria para o

exterior; extinguir riscos advindos da movimentação internacional das mercadorias.

2.5.2 Formação de preço na exportação

O preço de exportação do produto é aspecto fundamental para ganho de

competitividade por parte da empresa. Por esse motivo, a formação do preço para o mercado

internacional deve constituir uma detalhada análise dos itens de custo do produto e das

características do mercado a que se destina.

Cada mercado externo possui suas próprias particularidades em razão do seu poder

aquisitivo, de seu nível de concorrência, sua estrutura tributaria, dentre outros fatores. Assim,

o preço praticado no mercado interno de cada país são diferentes mesmo se tratando do

mesmo produto. Tomar conhecimento antecipado dessas particularidades proporciona

melhores condições para a empresa elaborar o preço de exportação, com maiores

possibilidades de êxito. (CASTRO, 2005)

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PREÇO DE VENDA NO MERCADO INTERNO

Tributos agregados ao preço do mercado interno:

(-) IPI

(-) ICMS

(-) PIS e COFINS

(-) Lucro

(-) Comissão de venda no mercado interno

(-) despesas financeiras para obtenção de capital de giro a taxas de mercado

(+) Embalagem especial

(+) Transporte e seguro interno até o porto de embarque

(+) Despesas consulares (se necessário)

(+) Despesas com despachante

(+) Comissão de agente (se foro caso)

(+) Despesas portuárias

(+) Despesas financeiras para obtenção de capital de giro à exportação

esperado

(+) Seguro de crédito a exportação (opcional)

(+) Lucro

(=) IGUAL PREÇO FOB MÍNIMO DE VENDA DO PRODUTO NO

MERCADO EXTERNO

Segundo Garcia (1997) a elaboração do preço de exportação tem representado, em

grande parte dos casos, o maior desafio da empresa ao iniciar sua atividade internacional. O

preço no mercado internacional sofre não por controle de órgãos governamentais, mas sim

pela concorrência e competitividade.

A figura 1 foi elaborada com o intuito de organizar o raciocínio da formação de

preço de venda ao exterior, com base no preço do produto no mercado.

Figura 1 – Formação de preço de produto para o mercado externo

Fonte: adaptado de Castro (2005) e Vazquez (2006)

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O preço FOB dos produtos podem ainda variar de acordo com outras variáveis do

mercado alvo. Após a formação do preço, toda empresa brasileira que deseja iniciar suas

atividades no mercado internacional deve, primeiramente, estar habilitado junto ao governo

federal através do SISCOMEX.

2.5.3 Habilitação do Exportador no SISCOMEX

O SISCOMEX é um sistema de integração de atividades relacionadas com o comércio

exterior desenvolvido por determinação do Governo Federal, para uniformizar o que se refere

à orientação, acompanhamento e controle das diferentes etapas das operações de importação e

exportação. (VAZQUEZ, 2006)

São usuários do SISCOMEX os importadores, exportadores, transportadores e

depositários, além dos órgãos anuentes e secretarias da fazenda, instituições financeiras

autorizadas pela SECEX e instituições financeiras autorizadas a operar em câmbio como o

BACEN. Este sistema permite simplificar e padronizar operações de comércio exterior,

reduzir tempo para liberação de mercadorias e eliminar diversos documentos e formulários de

controle paralelo. (RATTI, 2004)

Também chamada de habilitação no Radar, a habilitação no Siscomex é dada por uma

unidade da Receita Federal, através de um exame prévio daqueles que desejam realizar

operações de Comércio Exterior.

De acordo com informações da Receita Federal (2007), existem hoje 4 modalidades de

habilitação: a) ordinária, destinada a pessoa jurídica que atue no comércio exterior

frequentemente, estando a empresa sujeita ao acompanhamento da Receita Federal com base

na análise da sua capacidade econômica e financeira. É a modalidade mais completa e permite

aos operadores realizar qualquer tipo de operação; b) simplificada, para pessoas físicas,

empresas públicas ou sociedades de economia mista, entidades sem fins lucrativos e, também,

para as pessoas jurídicas que atuem no comércio exterior com valores pequenos, mais

especificamente, cento e cinqüenta mil dólares americanos (ou o equivalente em outra moeda)

a cada 6 meses; c) especial, para órgãos da administração pública direta, autarquia e fundação

pública, órgão público autônomo, e organismos internacionais; e d) restrita, para pessoa física

ou jurídica que tenha operado anteriormente no comércio exterior, exclusivamente para

realização de consulta ou retificação de declaração.

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O comércio exterior é dotado de grandes dificuldades. O próximo tópico abordará as

barreiras mais comuns no comércio exterior.

2.5.4 Barreiras à Exportação

A globalização ressaltou o comércio exterior, proporcionando ganhos mútuos para

países vendedores e compradores. Porém existem algumas medidas que restringem a livre

circulação de mercadorias.

Políticas protecionistas à indústria e ao mercado interno vêm desde o século XVIII, e

variaram muito de acordo com o período de crescimento ou recessão econômica. “O

protecionismo se refere a adoção de medidas que visem proteger os produtores nacionais, seja

pela utilização de barreiras tarifarias ou não tarifarias, contrapondo-se à idéia de eficiência

oriunda da livre concorrência.” (BARRAL, 2004, p. 166)

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

(2007) são três os grupos mais comuns de barreiras ao comércio exterior:

-Barreiras Tarifárias (tarifas de importação, outras taxas e valoração

aduaneira).

-Barreiras Não-Tarifárias (restrições quantitativas, licenciamento de

importações, procedimentos alfandegários, medidas antidumping e

compensatórias).

-Barreiras Técnicas (normas e regulamentos técnicos, regulamentos sanitários,

fitossanitários e de saúde animal).

As barreiras à exportação podem representar grandes empecilhos para o exportador.

Por isso é oportuno que o vendedor conheça as barreiras e as dificuldades que irá enfrentar,

para aumentar a possibilidade de passar por cima delas, enfrentá-las e superá-las.

2.6 Modalidades de pagamento

Para conquistar clientes, é fundamental para a empresa exportadora a concessão de

prazos e condições de pagamento adequadas ao produto comercializado. Para garantir o

sucesso na exportação é necessário que o exportador defina bem a modalidade e a forma de

pagamento da operação.

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Castro (2005) relata que deve-se estar ciente de que a concessão de crédito está

proporcionalmente vinculada ao nível de risco corrido pelo exportador. Para avaliar esse risco

deve ser analisado com bastante critério um conjunto de fatores que terão influência direta na

escolha da condição de pagamento como: a situação econômico-financeira do importador;

aspectos econômicos, políticos e sociais do país importador; a natureza, características e

peculiaridades do produto; conceito e tradição do país importador; posições da balança

comercial, do balanço de pagamentos e das reservas cambiais do país importador; dentre

outros fatores. A avaliação desses itens permite que o exportador tenha uma visão clara do

risco que a operação oferece, estando em condições de definir o prazo e a modalidade de

pagamento a ser proposta ao importador.

Segundo Ratti (2004), existem quatro modalidades de pagamento distintas utilizadas

no comércio exterior: a) remessa antecipada; b) remessa sem saque; c) cobrança; d) carta de

crédito.

2.6.1 Remessa Antecipada

Na modalidade de pagamento Remessa Antecipada, o importador efetua o pagamento

parcial ou integral da comercialização antes do embarque ou até mesmo antes do início da

comercialização, dependendo do anteriormente acordado. (CASTRO, 2005)

Para Ratti (2004), essa modalidade de pagamento coloca o importador em risco, pois

este depende do recebimento da mercadoria para ter certeza do cumprimento regular da

operação por parte do exportador, motivo pelo qual não é um processo muito freqüente.

“Outra particularidade que deve ser levada em consideração pelo exportador é o fato

de a operação envolver sempre um banco”. (GARCIA, 1997, p. 100).

2.6.2 Remessa sem saque

Na Remessa sem Saque, “o importador recebe diretamente do exportador os

documentos de embarque (sem saque), promove o desembaraço da mercadoria na alfândega e,

posteriormente, providencia a remessa da quantia respectiva para o exterior.” (RATTI, 2004 p

84) É uma transação baseada na confiança do exportador quanto à honestidade do importador.

Por esse motivo, não é uma modalidade muito utilizada.

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As vantagens dessa forma de pagamento, quando há confiança entre comprador e

vendedor, são: os documentos vão direto do exportador para o importador, sendo a maneira

mais rápida de envio dessa documentação; é mais barato, pois os bancos cobram taxas

menores nessa forma de pagamento do que nas outras. Isso ocorre, pois tais bancos já se

sentem satisfeitos com o que lucram na venda da moeda estrangeira. (RATTI, 2004)

2.6.3 Cobrança

A cobrança é a modalidade onde o exportador entrega os documentos referentes à

exportação no banco negociador remetente logo após o embarque da mercadoria para o

exterior. Esse banco imediatamente envia tais documentos ao banco cobrador, que são

entregues para o importador mediante pagamento ou aceite do saque. Essa modalidade de

pagamento é a cobrança à vista. (CASTRO, 2005)

Segundo Ratti (2004), há também a cobrança à prazo. Nessa, juntamente com os

documentos, há um saque com vencimento futuro. Nesse saque à prazo, o banco remetente

instrui o banqueiro cobrador a entregar documentos contra aceite. Assim, o exportador

financia o importador, que terá a posse da mercadoria de imediato, mas poderá efetuar o

pagamento no vencimento do saque.

2.6.4 Carta de Crédito

Também chamada de crédito documentário, a carta de credito é a modalidade de

pagamento que mais oferece garantias, tanto para o exportador como para o importador.

É emitido um documento pelo qual o banco (o banco emitente), por instruções de um cliente (o tomador de crédito), ou em seu próprio interesse, compromete-se a efetuar um pagamento a um terceiro (o beneficiário) ou à sua ordem, ou deve pagar ou aceitar saques emitidos pelo beneficiário, contra entrega de documentos estipulados, desde que os termos e condições do crédito sejam cumpridos. (RATTI, 2004 p.93)

Cabe ao banco analisar os documentos e certificar-se que as particularidades impostas

pelo crédito foram cumpridas. Não havendo nenhuma “discrepância ou incorreção, procederá

a sua liquidação face ao cumprimento por parte do beneficiário (exportador) das condições

por ele estipuladas.” (GARCIA, 1997, p.109)

Apesar de ser a modalidade mais segura, emitir uma carta de crédito tem um custo.

Castro (2005) explica que esse custo é pago pelo importador e pode variar de acordo com

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aspectos como a capacidade financeira do importador, as garantias oferecidas por este, o

prazo para o pagamento, as condições internas do país importador, dentre outros fatores.

2.7 Modalidades de Compra e Venda em Comércio Exterior (Incoterms)

Com a função de dar precisão, uniformizar e universalizar os termos utilizados em

transações internacionais de mercadorias, além de evitar confusões quanto a responsabilidade

de exportadores e importadores, foram criados os Incoterms – International Comercial Terms

ou Termos de Comércio Internacional. (CASTRO, 2005)

Vazquez (2006) explica que, publicados pela primeira vez em 1936 pela Câmara de

Comércio (ICC), os Incoterms nasceram para superar as mais graves causas de atrito e

facilitar a vida dos que operam em comércio exterior.

“A principal função dessas fórmulas é deixar claro o exato momento em que o

exportador cumpriu suas obrigações, de modo que se possa dizer que, do ponto de vista legal,

as mercadorias foram entregues ao importador e que o exportador tem direito a receber o

pagamento estipulado.” (RATTI, 2004 p.383)

Para Castro (2005, p. 83),

ao adotar os INCOTERMS, os exportadores e importadores têm a certeza de que estão definindo suas respectivas responsabilidades nas transações comerciais, com simplicidade e segurança, reduzindo ou mesmo eliminando a possibilidade de mal-entendidos, desavenças e disputas judiciais que representam desgastes para as partes envolvidas, alem de acarretar perda de tempo e dinheiro.

Através de 13 siglas, são utilizados os Incoterms, tendo sua linguagem

reconhecimento internacional por importadores e exportadores de todo o mundo, evitando

dúvidas e até a inviabilidade da operação comercial. Seu uso é facultativo, mas assim mesmo,

são utilizados na maioria das transações internacionais. (CASTRO, 2005)

2.7.1 EXW - Ex Works (Local de Produção)

O Incoterm EXW (Ex Works) é a condição de venda onde

o vendedor cumpre sua obrigação de entrega da mercadoria quando as coloca disponível em sua propriedade (instalações), isto é, fábrica, armazém, indústria, usina, plantação etc., ao comprador. O vendedor não fica responsável pelo carregamento do produto a não ser que seja acordado o contrário. O comprador assume todos os riscos e custos envolvidos em retirar as mercadorias das instalações do vendedor até o destino convencionado. (VAZQUEZ, 2006, p.49)

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Cabe ao exportador, nessa cláusula, entregar a mercadoria ao comprador no seu

próprio estabelecimento, sem se responsabilizar por custos ou riscos no transporte da

mercadoria. Ao importador, fica a responsabilidade pelas despesas com direitos de exportação

e, se houver, com a licença de exportação no país do vendedor. “Uma venda Ex Works é

considerada uma venda no país de exportação. Assim, o comprador estrangeiro tem, em

princípio, naquele país, a mesma posição de um comprador nacional.” (RATTI, 2004 p.387)

Para Castro (2005), a condição de venda EXW constitui obrigação mínima para o

exportador. Assim sendo deve ser utilizado somente quando o importador se mostrar em

condições de atender, direta ou indiretamente, as formalidades requeridas para a realização da

exportação no país de origem.

Segundo Vazquez (2006) algumas obrigações são submetidas ao vendedor, tais como

a) o fornecimento das mercadorias em conformidade com o contrato; b) a assistência para a

obtenção de qualquer licença de exportação ou qualquer autorização governamental oficial

necessária para a exportação das mercadorias; c) contratos de transportes e seguros mesmo

não sendo obrigatórios; d) colocar a disposição do comprador, no local de entrega designado,

na data ou dentro do período estipulado, as mercadorias; e) notificar o comprador a respeito

de quando e onde as mercadorias serão postas a sua disposição.

O autor relata também as obrigações do comprador nessa modalidade de pagamento.

São elas a) pagar o preço estipulado no contrato de venda; b) retirar a mercadoria assim que

posta a sua disposição; c) pagar os custos relativos à mercadoria a partir do momento em que

esta for colocada a sua disposição pelo vendedor como impostos ou formalidades aduaneiras;

d) assumir a entrega e notificar o vendedor a esse respeito; e) pagar a inspeção da mercadoria.

2.7.2 FCA – Free Carrier (Transportador Livre)

Na modalidade de venda FCA o exportador se encarrega de entregar no local

designado a carga desembaraçada e livre, nas mãos do transportador que geralmente é

indicado pelo importador. Esse deve assumir seu controle, assumindo também qualquer perda

ou dano que possa ocorrer com a carga a partir daí. (CASTRO, 2005)

Segundo Ratti (2004 p. 387), “essa fórmula pode ser utilizada para qualquer

modalidade de transporte, inclusive para transporte multimodal também denominado

intermodal, que é aquele que utiliza, de maneira combinada, diferentes meios (rodoviário,

ferroviário, marítimo, aéreo, fluvial, lacustre etc.).”

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Vazquez (2006) define as obrigações do vendedor como fornecer a mercadoria de

acordo com o contrato, assumir licenças de exportação, autorizações oficiais e formalidades

alfandegárias, entregar a mercadoria para o transportador indicado pelo comprador, pagar os

custos de conferência da mercadoria, dentre outros. Já as obrigações conferidas ao comprador

são: pagar o preço estipulado no contrato, assumir os riscos de perdas e danos bem como

pagar os custos relacionados à mercadoria a partir da hora em que estiver a sua disposição,

etc.

2.7.3 FAS – Free Alongside Ship (Livre no Costado do Navio)

O Incoterm FAZ – Free Alongside Ship, para Castro (2005), é de uso exclusivo no

transporte marítimo, designa que a responsabilidade do exportador é apresentar a mercadoria

no costado do navio, em um porto anteriormente designado pelo importador em uma data

também anteriormente acordada.

Assim, corre por conta do vendedor, com base no preço do contrato, as despesas até

que a mercadoria esteja liberada para exportação no cais do porto de embarque e também a

responsabilidade pó qualquer perda ou dano causados à mercadoria até sua colocação no cais.

(RATTI, 2004)

Vazquez (2006) explica que algumas obrigações são submetidas ao vendedor como

fornecer a mercadoria de acordo com todos os termos do contrato, obter a licença de

exportação e cumprir com as formalidades alfandegárias para exportação da mercadoria,

entregar a mercadoria no costado do navio no porto de embarque e pagar por todos os custos

até esse momento, notificar o comprador que a mercadoria foi colocada no local acordado

entre outros. Ao comprador também são submetidas algumas obrigações, como pagar o preço

estabelecido no contrato de venda, obter a licença de importação e cumprir as formalidades

alfandegárias para importação da mercadoria, contratar por sua conta o transporte da

mercadoria a partir do porto de embarque etc.

2.7.4 FOB - Free on Board (Livre a Bordo)

Dentre os 13 Incoterms, o FOB é um dos mais usado nas exportações brasileiras. Para

Ratti (2004), todas as despesas e riscos por perdas e danos são por conta do vendedor até a

colocação da mercadoria a bordo do navio no porto de embarque.

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Assim, o importador somente assume as despesas e os riscos de perda ou dano à mercadoria a partir do momento em que ela cruzar a amurada do navio. [...] Também é de responsabilidade do importador a contratação do transporte e o pagamento do frete da mercadoria desde o porto de embarque, bem como informar ao exportador o nome do navio e a data de entrega da mercadoria. CASTRO (2005, p. 87)

Segundo Vazquez (2006), nessa condição de venda o vendedor se obriga a: fornecer a

mercadoria de acordo com o contrato; obter as licenças de exportação; entregar a mercadoria

a bordo do navio acordado; pagar os custos de transporte da mercadoria até a amurada do

navio; dentre outras. Já o comprador se obriga a: pagar o preço estabelecido no contrato; obter

licenças de importação; contratar o transporte da mercadoria a partir do local de embarque;

arcar com os riscos de perdas e/ou danos e custos sofridos à mercadoria a partir do momento e

que passaram da murada do navio de embarque; dentre outras.

2.7.5 CFR – Coast and freight (Custo e Frete)

Na modalidade de venda CFR Castro (2005) explica que o exportador tem a

responsabilidade por contratar o transporte e arcar com os custos do frete internacional e

demais custos para levar a mercadoria até o porto de destino designado. Porém essa

responsabilidade se encerra a partir do momento em que a mercadoria cruza a murada do

navio no porto de embarque.

Assim, o comprador assume os custos de desembarque da mercadoria incluindo todos

os impostos do lugar de destino. “Isto porque, embora o vendedor seja responsável pelo

transporte até o destino, não o é, entretanto, por risco de perda ou dano da mercadoria,

responsabilidade essa que já se transfere ao comprador no próprio porto de embarque”.

(RATTI, 2004, p.391)

2.7.6 CIF – Coast, Insurance and Freigh (Custo, Seguro e Frete)

Na condição de pagamento CIF – Cost Insurance and Freight, é por conta do

vendedor, seguindo o contrato, todas as despesas de frete, incluindo seguro marítimo, até que

a mercadoria chegue no porto de desembarque combinado. (RATTI, 2004)

“Em outras palavras, na modalidade CIF o exportador tem como obrigação a

colocação da mercadoria sobre o navio, no porto de destino, com frete e seguro pagos,

arcando ainda com os custos de carregamento na origem.” (CASTRO, 2005, p.89) O autor

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comenta ainda, que a apólice de seguro deve tem de ser transferível, podendo assim o

importador ou qualquer outra pessoa credenciada reclamar com o segurador caso haja alguma

perda ou dano na carga.

Cabe ao vendedor fornecer a mercadoria, contratar transporte e seguro e entregar a

mercadoria a bordo do navio de embarque. Já ao comprador, cabe pagar o preço acordado,

pagar os custos relativos à mercadoria a partir do momento em que foram entregues no porto

de embarque, dentre outras. (VAZQUEZ, 2006)

2.7.7 CPT – Carriage Paid To (Transporte Pago Até)

Carriage Paid to – CPT, pode ser aplicada a todas as modalidades de transporte,

incluindo multimodal. Nessa, o vendedor além de ser responsável por contratar o transporte

para a mercadoria, também o é pelo pagamento do frete da mercadoria até seu o destino.

Porém, sua responsabilidade acaba quando a mercadoria é entregue para o transportador no

país de origem, passando a responsabilidade por perdas e danos alem de custos com a

mercadoria para o comprador. (CASTRO, 2005)

Ao exportador cabe fornecer a mercadoria como estipulado em contrato e contratar o

transporte, enquanto o importador paga o preço estipulado e assume a carga ainda no país de

origem. (VAZQUEZ, 2006)

2.7.8 CIP – Carriage and Insurance Paid to... (transporte e seguro pagos até…)

Na modalidade de pagamento CIP, segundo Ratti (2004), as responsabilidades são as

mesmas descritas na clausula CPT, acrescendo o pagamento de um seguro até o destino,

permanecendo as responsabilidades do comprador as mesmas.

E sua obra, Castro (2005, p.90) explica que esse seguro “deve ser feito na mesma

moeda estrangeira da transação comercial, em favor do importador e cobrindo o mínimo de

110% do valor da operação”.

2.7.9 DAF – Delivered at Frontier (Entregues na fronteira)

O incoterm DAF é a condição de venda onde o vendedor fica responsável por entregar

a mercadoria em algum ponto anteriormente combinado na fronteira, porém antes da divisa

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aduaneira do país limítrofe. Pode ser utilizado em qualquer modalidade de transporte, mas é

principalmente aplicado em transportes rodoviários e ferroviários. (RATTI, 2004)

Segundo Vazquez (2006) é de suma importância que seja bem definido a fronteira em

questão, sempre determinando o ponto e o local de entrega. Assim, o exportador se obriga a

fornecer as mercadorias no ponto estipulado no contrato, e o importador assume os riscos por

perdas e danos a partir do momento em que forem entregues.

2.7.10 DES – Delivered Ex Ship (Entregue a partir do navio)

Na condição de venda DES, o vendedor deve dispor a mercadoria a bordo do navio,

porem não desembaraçada, ainda no porto de embarque estipulado no contrato. Assim fica

responsável por perdas e danos causados a mercadoria em todo o transporte ate que a mesma

esteja dentro do navio. A partir daí, fica por conta do comprador todas as responsabilidades

sobre a carga. (RATTI, 2004)

Assim, fica por conta do importador desembaraçar a mercadoria e pagar todos os

tributos aduaneiros referentes à transação. Fica também por sua conta, a partir desse

momento, a responsabilidade por perdas e danos além dos custos envolvidos com a

mercadoria. (CASTRO, 2005)

2.7.11 DEQ – Delivered Ex Quay Duty Paid ( Entregue no Cais Direitos Pagos)

O termo DEQ é utilizado exclusivamente em transações onde o transporte se é

marítimo ou por vias aquáticas interiores. Segundo Vazquez (2006) no DEQ, é obrigação do

exportador entregar a mercadoria não desembaraçada para importação no porto de destino

designado. Deve arcar com todos os custos e riscos envolvidos em transportar tal mercadoria

e desembarcá-la no cais do porto estipulado no contrato. Cabe ao importador desembaraçar a

mercadoria e arcar com os custos de impostos, taxas e outros relacionados à importação.

2.7.12 DDU – Delivered Duty Unpaid (Entregue Direitos Não Pagos)

Podendo ser aplicada a qualquer modalidade de transporte, a condição de venda DDU

determina a responsabilidade do vendedor como sendo desembaraçar e arcar com todos os

custos e riscos para colocar a mercadoria no local de destino indicado pelo comprador no

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contrato. A isso não se incluem os gastos com direitos e tributos aduaneiros de importação,

obrigação do comprador. (RATTI, 2004)

Caso haja, no desembaraço da mercadoria, custos adicionais com atraso no

fornecimento de documentos, ou omissão, por exemplo, esse valor deverá ser assumido pelo

importador. (CASTRO, 2005)

2.7.13 DDP – Delivered Duty Paid (Entregue Direitos Pagos)

Essa condição de venda é caracterizada por ser contrária a condição EXW, pois

representa a máxima responsabilidade do exportador. Para Ratti (2004, p.395), “competirá ao

vendedor colocar a mercadoria desembaraçada à disposição do comprador, no ponto

designado no país de importação. Compete-lhe, portanto, assumir todos os riscos e custos,

incluindo direitos, impostos e outros encargos até a entrega da mercadoria”.

Assim, é de responsabilidade do vendedor arcar com as despesas de desembarque da

mercadoria, cumprir as formalidades aduaneiras desembaraçando a carga, pagar tributos

alfandegários e também contratar e pagar o frete interno do local de desembarque até onde

deseja o importador.

2.8 Marketing Internacional

O marketing diz respeito à orientação da empresa para o consumidor. Para Pipkin

(2000), todas as decisões tomadas na empresa devem levar em conta as necessidades e desejos

do consumidor, através de planejamento e controle das variáveis estratégicas de maketing:

produto, preço, distribuição e promoção.

O marketing internacional é a realização das atividades mercadológicas que gerenciam os fluxos de bens ou de serviços desde uma empresa até aos seus consumidores ou usuários, em mais do que um país para se obter um benefício. A única diferença entre as definições de marketing nacional e marketing internacional, é que neste último, as atividades de marketing ocorreram em mais de um país, situando-se esta diferença num ambiente dentro do qual os planos de marketing deverão se implantar. (CATEORA, 1995, apud PALACIOS; SOUZA, 2004, p. 20)

A seguir o trabalho abordará as formas de escolha do mercado alvo, seguido das

peculiaridades da embalagens.

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2.8.1 Mercados internacionais

A escolha do mercado alvo é de fundamental importância e pode significar o sucesso

das exportações da empresa. Segundo Viana e Hortinha (1997), para identificar os melhores

países para iniciar as atividades exteriores é necessário fazer uma seleção dos mercados com

base em alguns fatores como as vendas nesse mercado, a taxa de crescimento do mesmo, a

produção nacional, as importações, dentre outros relacionados com a macroeconomia do novo

mercado.

Já para Palácios e Souza (2004) para a escolha do mercado alvo ser bem sucedida,

deve-se fazer uma pesquisa de mercado partindo das seguintes determinantes: a)

concorrência: apontar quem ela é, como ela atua, quais seus pontos fortes e fracos, qual o

preço que pratica, etc ; b) demanda: definir qual o tamanho do mercado em análise, se existe

segmentação desse mercado, comportamento do consumidor, etc.; c) ambiente econômico:

analisar índices como Produto Interno Bruto, rendimento per capita, desemprego, programas

de emprego, inflação, taxas de juros, políticas cambiais, acesso a créditos, etc.; d) ambiente

cultural; determinar quais fatores culturais poderão afetar o produto, impacto das atitudes

religiosas, língua, valores familiares, atitudes laborais, etc.; e) ambiente legal; verificar as

eventuais restrições legais que possam afetar os produtos.

Todas essas determinantes que auxiliam a escolha do mercado alvo devem levar em

conta a análise de informações concretas. Segundo Carnier (2004), tais informações podem

ser encontradas nas seguintes Fontes de Informação:

• Secex – Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior, que

expõe dados sobre volume de exportações brasileiras por produto, país ou

empresa exportadora;

• Ministério das Relações Exteriores, que apresenta oportunidades comerciais no

exterior;

• Câmaras de Comércio no Brasil, que oferecem dados estatísticos do comércio

entre seu país e o Brasil;

• Embaixadas Estrangeiras no Brasil com estatísticas diversas, leis e

regulamentação de importação em seus respectivos países;

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• Radar Comercial possuindo informações sobre mercados e produtos de grande

potencialidade para o incremento das exportações brasileiras;

Quando se tem a intenção de comprar um produto, algumas perguntas são inevitáveis

como: qual a origem do produto; qual o prazo de validade; se há contra-indicações, etc.

Assim, uma embalagem bem feita e atraente pode contribuir para o sucesso das vendas

exteriores.

2.8.2 Embalagem

Uma embalagem, por si só, pode promover o produto que nela está contido. De acordo

com Carnier (2004) a embalagem diminui a incidência de sinistros no transporte

internacional, roubos em aduanas, e protege seu interior contra deterioração e contaminação

de agentes estranhos ao produto. A embalagem, mesmo a de transporte, pode ser um grande

veículo de promoção da empresa, e muitas vezes pode representar até mais que o valor do seu

conteúdo.

As informações que devem constar na embalagem dependem da legislação do país

com relação aquele tipo de produto. Geralmente as embalagens contêm informações sobre o

fabricante, o país de origem, nome comercial do produto, ingredientes, quantidade, peso,

volume, instruções de uso e conservação, data de fabricação e vencimento, e muitas vezes

informações sobre o importador. No entanto, deve-se estar bastante atento às normas vigentes

no país para não correr o risco de o produto ser barrado na alfândega por questões normativas

com relação às informações necessárias na embalagem. (MINERVINI, 2005)

Segundo Garcia (1997) existem dois desdobramentos com relação à embalagem: a)

embalagem de apresentação; e b) embalagem de transporte. Ao elaborar as embalagens de

apresentação deve-se ter atenção especial, visto que esta em determinados casos garante a

conservação do produto acondicionado, e muitas vezes é responsável por gerar o “desejo de

compra”. Tal embalagem protege a integridade do produto até o momento da concretização da

venda ao consumidor final, e por isso deve conter as exigências legais do país importador,

adaptando o produto as exigências daquele mercado. Já as embalagens de transporte, são

aquelas que protegem o produto durante sua movimentação nacional e internacional, desde a

saída do local de produção até o estabelecimento do importador. Esta embalagem varia

bastante de acordo com o tipo de transporte utilizado, e deve informar particularidades como

sua dimensão, peso e volume, e também o material empregado na sua confecção.

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Deve-se destacar também que a falta de critérios na elaboração das embalagens pode

resultar no atravancamento da operação internacional, além de gerar resultados negativos com

relação ao item a ser promovido no exterior.

Tendo sido apresentada a revisão da literatura, contemplando os assuntos necessários

para o devido embasamento do trabalho, apresenta-se, a seguir a metodologia empregada na

pesquisa.

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3 DESCRIÇÃO DO MÉTODO

Foi realizada uma pesquisa de campo, de caráter qualitativo. No que se refere aos

objetivos, a pesquisa pode ser considerada exploratória, pois segundo Gonsalves (2001, p.65),

“a pesquisa exploratória é aquela que se caracteriza pelo desenvolvimento e esclarecimento de

idéias, com objetivo de oferecer uma visão panorâmica, uma primeira aproximação a um

determinado fenômeno que é pouco explorado”.

Considerando os procedimentos de coleta de dados, foi realizada uma pesquisa

participativa. Nesse tipo de pesquisa, há uma efetiva participação da população pesquisada no

processo de geração de conhecimento, que é considerado processo formativo. (GONSALVES,

2001).

O trabalho pode ser considerado também do tipo pesquisa-ação, pois de acordo com

Thiollent (1985 apud GIL, 1999, p. 46) esse,

[...] é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos do modo cooperativo ou participativo.

Inicialmente foi efetuado um trabalho de cadastro da empresa nos órgãos que intervém

no comércio exterior através da entrega dos documentos necessários em sedes dos respectivos

órgãos, bem como contatos através de telefonemas.

A elaboração do preço dos produtos destinados a exportação foi elaborado pela

acadêmica juntamente com a Maxigumz com base no valor do produto no mercado interno,

reduzindo-se desse valor despesas internas e acrescentando as externas. É necessário contatar

os prestadores de serviço utilizados numa operação de exportação para orçar as despesas

externas.

Quanto ao produto, são necessárias algumas alterações que foram pesquisadas

principalmente com base em dois outros fabricantes de produtos similares para se ter

conhecimento de quais alterações deverão ser feitas, e também serão analisadas e

implementadas mudanças no produto e embalagem de acordo com as exigências do cliente

internacional.

Juntamente com os profissionais da empresa Sphaera Negócios Internacionais, a

acadêmica realizou pesquisas em órgãos governamentais como o Ministério do

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Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Câmaras de Comércio, Embaixadas, site do

Braziltradenet, para localizar os mercados potenciais de compra dos produtos desejados além

de documentos, normas e sites direcionados para buscas do tema, para verificar as barreiras

existentes bem como os acordos comerciais em cada um dos mercados.

Por fim sugeriu-se estratégias de entrada em cada mercado selecionado como

potencial. Tais estratégias foram sugeridas após realizadas pesquisas dos tipos de canais de

distribuição em sites de cada país e no site do Braziltradenet.

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4 RESULTADOS DA APLICAÇÃO

Esse capítulo apresenta uma breve introdução da empresa, bem como todos os

procedimentos necessários para chegar ao objetivo final deste trabalho, como: modo como é

feito o cadastro de empresas nos órgãos que intervém no comércio exterior brasileiro, a

elaboração do preço para o mercado externo, alterações necessárias no produto, a

identificação de mercados potenciais na América Latina, barreiras e acordos comerciais em

tais países, e por fim a sugestão de estratégias de entradas nos mercados potenciais.

4.1 Empresa

A Sphaera Negócios Internacionais LTDA foi fundada no dia 07 de julho de 2005 por

Julio César Schmitt Neto e Dannielly Freitas Voges. Foi criada após identificarem uma lacuna

no mercado de comércio exterior. O objetivo principal da empresa é desempenhar funções

como: fazer a identificação, contato e negociação com compradores e fornecedores de

produtos destinados à importação e exportação; preparar outras organizações para exportar;

terceirizar o departamento de exportação das empresas; exportar em nome próprio e promover

cursos de capacitação em comércio exterior.

Os donos da Sphaera Negócios Internacionais LTDA são ambos profissionais com

Know-How na área de comércio exterior. Um, mestre em administração e bacharel em

comércio exterior e o outro, especialista em gestão de negociações internacionais. Por isso,

antes de abrirem a empresa, fizeram uma análise detalhada do mercado de empresas de

comércio exterior, verificando o que ofereciam, com o que trabalhavam e onde se

encontravam. Baseados nisso, fundaram a Sphaera, que consideram conter um diferencial em

relação à prestação de serviços em comércio exterior na área.

Dentre as diversas atividades que foram planejadas para serem desenvolvidas pela

Sphaera, a que mais se destacou foi o trabalho de agenciamento comercial. Atualmente a

Sphaera atua como agente comercial de três empresas produtoras.

Uma delas é a Matupá Indústria e Comércio LTDA, empresa que atua no setor

madeireiro com manejo, corte e venda de madeiras e derivados. Além de exportar, a Matupá

também atende o mercado interno. A empresa se encontra em Balneário Camboriú, e seus

principais clientes internacionais são dos Estados Unidos da América e Europa.

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Outra empresa que a Sphaera atua como agente comercial é a Frigorio Frigorífico Rio

Cerro LTDA. Tal empresa tem como especialização a criação, abate e comercialização de

Marrecos, Patos e Coelhos. Está atuando diretamente no mercado internacional há poucos

meses, por isso seu foco maior ainda é o mercado interno. Seus principais produtos para o

mercado interno são: pato inteiro, asa, coxa e sobre coxa de pato. Já para o mercado externo,

os itens mais cotados são: pé, miúdos, asa e pato inteiro. Atualmente, os mercados mais

atuantes nas exportações da Frigorio são o Chinês e o Sul Africano.

A terceira empresa é o foco principal desse trabalho. Fundada em 1982, a Maxigumz

Rações LTDA teve início no ramo agroindustrial na linha de suinocultura para frigoríficos

parceiros de Jaraguá do Sul. Com o passar do tempo e a crise na suinocultura, a Maxigumz

sentiu a necessidade de diversificar seus produtos para poder permanecer no mercado.

Lançaram então novas linhas de produtos, atendendo o mercado mais abrangentemente, com

rações para outras raças de animais. O nicho de mercado que mais chamou atenção da

Maxigumz foi a linha PET, devido a sua alta ascensão na época. Os produtos mais

comercializados internamente pela Maxigumz estão direcionados para a alimentação de cães,

gatos, peixes, suínos, bovinos, eqüinos e aves.

Para iniciar as exportações da empresa foram escolhidos quatro produtos utilizados

para alimentação de cães e um produto utilizado para alimentação de gatos. Dentre os

direcionados para os cães, um deles é o BABAGULA, um alimento completo para cães

adultos que oferece a nutrição completa que o cão precisa, equilibrando proteínas, minerais,

vitaminas e aminoácidos. Esse é, dentre os três escolhidos para a alimentação de cães adultos,

o de maior valor agregado. Outro é o BABAGULA FILHOTES, que segue a mesma linha do

BABAGULA, porém foi desenvolvido para cães com menos de um ano de vida. Seus

nutrientes priorizam o desenvolvimento e o crescimento do animal. BABADOG é outro

produto dentre os escolhidos para iniciar as atividades exportadoras da empresa. Também é

utilizado na alimentação de cães adultos. ROSCÃO é um alimento também para cachorros

com mais de um ano de vida. Possui em sua composição alta quantidade de fibras e por esse

motivo é considerado de menor valor agregado. O único produto destinado à exportação que é

utilizado na alimentação de gatos é o MAXIGATO. Tal produto é um alimento elaborado com

matérias primas da alta digestilibidade, e pode ser administrado em todas as fases da vida do

gato.

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A Maxigumz conta com aproximadamente 30 colaboradores diretos e uma força de

vendas composta por distribuidores, atacadistas e representantes principalmente nos mercados

de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

A empresa atua apenas no mercado interno, mas é de seu extremo interesse iniciar

suas atividades internacionais. É nesse ponto que entra a empresa Sphaera e o objetivo

principal desse trabalho. Como primeiro passo, foi necessário cadastrar a empresa nos órgãos

que intervêm no comércio exterior do Brasil.

4.2 Cadastro da Maxigumz Junto aos Órgãos Intervenientes

Antes de realizar uma importação ou exportação por conta própria, as empresas, bem

como pessoas físicas ou internadores da Zona Franca de Manaus, são obrigados a se

cadastrarem no Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX), e fazerem o

credenciamento dos representantes para a prática de atividades relacionadas com o despacho

aduaneiro perante a Receita Federal do Brasil (SRF).

A acadêmica orientou a Maxigumz a solicitar, perante a SRF, a habilitação

simplificada no SISCOMEX. Tal habilitação se enquadrou melhor no caso da Maxigumz por

ser uma habilitação de pessoa jurídica que primeiramente atuará no comércio exterior, a cada

seis meses, com cobertura cambial inferior a cento e cinqüenta mil dólares norte-americanos

(ou o equivalente em outra moeda) para exportações FOB.

Para tal habilitação, foi necessário apresentar na SRF o requerimento de habilitação

devidamente preenchido pela empresa, constando seus dados, e os seguintes documentos

(BRASIL, 2007 b):

- cópia do RG do responsável pela pessoa física;

- cópia dos atos constitutivos da pessoa jurídica, ou de sua última consolidação, e

alterações realizadas nos últimos dois anos;

- certidão simplificada da Junta Comercial expedida há, no máximo, noventa dias;

- relativos aos imóveis onde funcionam o estabelecimento matriz e o principal

depósito da requerente: a) cópia da guia de apuração e lançamento do Imposto Predial e

Territorial Urbano (IPTU) ou Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural

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(DITR), com os dados cadastrais do imóvel; b) cópia da nota fiscal de energia elétrica ou de

telefone do mês anterior ao da protocolização do requerimento.

Após a entrega dos documentos na Receita Federal do Brasil, em poucos dias, houve o

contato por parte da mesma via telefone, para que o proprietário fosse até uma sede da Receita

e retire a senha necessária para acessar o SISCOMEX. Com posse da senha, a empresa está

apta a iniciar as suas atividades no mercado internacional.

No caso da Maxigumz, a acadêmica, juntamente com os outros funcionários da

Sphaera, buscou quais seriam os documentos necessários para o cadastro da empresa junto a

Receita Federal do Brasil e comunicou aos gerentes da Maxigumz. Estes se comprometeram

em reunir tais documentos e em poucos dias entregá-los na sede da SRF em Joinvile, que

responde pela jurisdição de Jaraguá do Sul.

Em poucos dias, os gerentes da Maxigumz receberam uma ligação da sede de Joinvile,

solicitando o comparecimento do responsável pela empresa para retirar a senha de acesso ao

sistema. Com a senha em mãos, estavam habilitados, perante a SRF, a iniciar as vendas

internacionais.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) é um órgão que

também intervém na exportação de alimentos para animais. Assim, foi necessário entrar em

contato com tal órgão para verificar quais seriam os procedimentos necessários para iniciar as

exportações de ração da empresa Maxigumz.

Foi feito então, contato por telefone com o responsável pelo setor SEFAG, dentro do

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento em Florianópolis que cuida da

exportação de alimentos destinados ao consumo animal. Com este contato, pode-se concluir

que é necessário apenas solicitar, tempos antes da exportação, que o MAPA emita o

certificado solicitado pelo importador. Cada país, com suas exigências específicas, solicita um

tipo de certificado diferente, que deve ser emitido pelo Ministério da Agricultura e enviado

para o importador, para que a carga seja aceita no novo país.

Não foi necessário cadastrar a Maxigumz no Ministério da Agricultura brasileiro por

esta já possuir o certificado SIF - Serviço de Inspeção Federal, para o mercado interno.

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Após resolver todas as questões relativas ao cadastro junto aos órgãos que intervém no

comércio exterior de produtos destinados a alimentação animal, é necessário que a empresa

defina os preços que serão vendidos seus produtos no mercado externo.

4.3 Elementos Necessários para a Formação do Preço de Exportação

Estando apta a exportar perante os órgãos regulamentadores do comércio exterior

brasileiro, a empresa pode focar sua atenção a outros pontos importantes. Um deles é a

formação de preço para exportação.

A empresa Maxigumz foi orientada pela acadêmica a formular seus preços com base

em seus próprios preços no mercado interno. Inicialmente a Maxigumz levantou todos os

custos da empresa para a fabricação de cada um dos cinco produtos escolhidos para exportar.

Tais custos incluíam matéria prima, mão-de-obra necessária para produzir e embalar os

produtos, custos com a linha de produção e com embalagens, custos para manter as

instalações da empresa e a parte administrativa, dentre outros. A Maxigumz acrescentou a

esses custos, a porcentagem que deseja obter de lucro em cima de cada produto.

Com o valor de custo mais a porcentagem desejada de lucro, deve-se incluir no preço

final do produto todos os custos de exportação. Tais custos foram pesquisados junto a

empresas que intervêm no com o comércio internacional.

Não serão apresentados os valores do preço de cada componente nem o valor total do

preço de cada produto atendendo ao pedido de sigilo por parte da empresa. Os custos de

movimentação internacional da mercadoria compreendem:

• Transporte interno da mercadoria até o porto: quando pronta, a mercadoria

deve ser transportada do local de produção até o porto de embarque. Caso a

modalidade de venda acordada implique que tal responsabilidade é de ordem

do exportador, este deverá assumir o pagamento do transporte. No caso da

Maxigumz, devido à proximidade com a fábrica, os portos mais viáveis para

realizar a exportação são o porto de Itajaí e o porto de São Francisco do Sul.

• Transporte internacional da mercadoria: depende da modalidade de venda

estipulada entre comprador e vendedor. Se for o caso, o exportador deve arcar

com os custos de transporte internacional, que, no caso da Maxigumz, poderá

ser feito via marítimo ou terrestre, dependendo da localidade do importador.

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• Custos para desembaraçar a mercadoria (despachante aduaneiro): é

necessário emitir documentos e legalizar a operação perante o SISCOMEX.

Para desenvolver tais atividades, é recomendado contratar uma pessoa

especializada no assunto (despachante).

• Custos para emitir o certificado de origem: esse certificado é emitido para

comprovar a origem do produto e é requisitado principalmente quando a

transação é feita entre dois países pertencentes de um mesmo bloco econômico.

• Pallet e filme: dependendo da solicitação do importador, a carga pode ser

embarcada em cima de pallets e embalada em papel filme. Esse custo também

fica por parte da Maxigumz.

• Armazenagem, estufagem e transporte até o porto: no caso da Maxigumz, a

empresa não possui empilhadeira. Por esse motivo, caso a carga seja

palletizada, será necessário levar a carga até um armazém contratado pela

exportadora, que se encarregará de palletizar e embalar com filme e todos os

sacos de ração.

• Expurgo: é a eliminação dos insetos que se encontram nas embalagens de

madeira. Tal custo também fica por conta da Maxigumz.

• Taxa para fechamento de câmbio: o pagamento da exportação é feito em outra

moeda e não em real. Todo pagamento é feito através de um banco credenciado

para efetuar transações internacionais de câmbio. Essa transação é cobrada pelo

banco e também ficará por conta da Maxigumz.

• Taxa de carta de crédito (Banco): Caso as condições de pagamento acordadas

entre importador e exportador sejam através de carta de crédito, deve-se

solicitar tal serviço ao banco, que cobra pelo serviço.

• THC (Capatazia) no porto de origem: a capatazia é o custo da atividade de

movimentação da mercadoria dentro do porto. Essa taxa varia de acordo com o

porto, e deve ser paga pelo exportador.

• Doc fee: taxa referente à emissão de documentos como o Bill of Lading, por

exemplo. Essa taxa é paga pelo exportador para o transportador internacional

na origem.

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• Envio de documentos via courier: há grandes chances de o importador solicitar

o envio de cópias dos documentos originais via correio logo após o embarque

da mercadoria. Esse valor também deve ser pago pelo exportador.

• Seguro Internacional: caso a condição de pagamento assim exija, fica por

conta do exportador contratar o seguro internacional da carga. Caso não exija,

comenda-se contratar o serviço de seguro.

• Etiquetas p/ embalagens: caso o novo mercado ou o novo cliente exija alguma

informação que não consta na embalagem dos produtos, a Maxigumz deverá

imprimir tais informações em etiquetas e colá-las na embalagem dos produtos

para se adequar às exigências.

• Comissão da Sphaera: a Sphaera cobra por seus serviços uma porcentagem

que também deve ser acrescentada como custo da exportação sendo paga pela

Maxigumz.

Depois de terminada a pesquisa de todos os custos é possível chegar a um preço final,

este que será praticado como mínimo, FOB, no mercado internacional. O preço a ser ofertado

pode variar dependendo de outras variáveis do mercado alvo, como o preço praticado pelos

concorrentes locais e internacionais, ou até da necessidade de financiamento do importador. O

próximo passo antes de iniciar as exportações da Maxigumz é verificar a necessidade de

adaptação do produto ao novo mercado internacional.

4.4 Alterações no Produto

A maior parte das empresas que desejam iniciar suas atividades internacionais,

primeiramente têm que realizar algumas alterações em seus produtos. Tais alterações podem

variar entre mudanças na linha de produção, na embalagem, nos componentes do produto

dentre outras necessárias para se adequar às exigências do novo mercado.

A Maxigumz produz rações que podem ser exportadas para muitos países. Porém,

existem alguns que possuem um nível de exigência muito alto, e a Maxigumz ainda não tem

capacidade de suprir tais requisições. Por esse motivo, a acadêmica sugeriu que a empresa

começasse suas vendas exteriores para a América Latina, pois esses países possuem um nível

de exigência muito similar ao Brasileiro, e assim não seria tão difícil fazer com que os

produtos da Maxigumz se adequassem a tais mercados.

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A Maxigumz possui uma linha variada de produtos que se destinam aos mais diversos

tipos de animais. Assim sendo, foi necessário escolher apenas alguns produtos para iniciar a

pesquisa de mercado internacional. Foram selecionados cinco produtos todos utilizados na

alimentação de animais PET, devido o grande crescimento da área e a grande competitividade

do país no setor.

Por se tratar então de exportação para os países latino-americanos, uma única alteração

teve que ser feita nos produtos da Maxigumz. Foi necessário traduzir as embalagens dos cinco

produtos destinados a exportação para o mesmo idioma dos países no qual a empresa tem

interesse em expandir seus negócios.

A tradução das embalagens foi feita pela acadêmica, primeiramente para a língua

espanhola, por ser o principal idioma falado na América Latina. Posteriormente, foi traduzido

para a língua inglesa, por se tratar do idioma mais falado em todo o mundo. Tais traduções

foram realizadas com ajuda de algumas ferramentas de tradução na internet e com a correção

final de profissionais especializados em línguas estrangeiras. Foram necessárias três semanas

de pesquisas e trabalho para que as embalagens estivessem todas traduzidas para inglês e

espanhol.

Após finalizar as traduções para os dois idiomas, a acadêmica montou uma sugestão

de layout para apresentar a Maxigumz. Tais sugestões foram fotografadas e serão

apresentadas a seguir.

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Figura 2 – Sugestão de embalagem para BABAGULA Fonte: Elaborado pela acadêmica

Figura 3 – Sugestão de embalagem para BABAGULA FILHOTES

Fonte: Elaborado pela acadêmica

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Figura 4 – Sugestão de embalagem para BABADOG

Fonte: Elaborado pela acadêmica

Figura 5 – Sugestão de embalagem para ROSCÃO

Fonte: Elaborado pela acadêmica

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Figura 6 – Embalagem MAXIGATO traduzida

Fonte: Cedido pela Maxigumz

No mercado interno, a Maxigumz vende sempre a carga solta em caminhões, que são

carregados manualmente. Assim, caso o cliente deseje a carga paletizada, será necessário

contratar uma empresa especializada no assunto. Após entrar em contato com algumas

empresas chegou-se a conclusão que, caso o importador prefira a carga em palets, será

necessário levar a carga já dentro dos sacos, porém solta no caminhão, até uma empresa que

terá a função de paletizar e passar filme nos produtos, preparando-os para a exportação.

O próximo passo para desenvolver o mercado internacional para a entrada da empresa

Maxigumz, foi fazer a identificação dos mercados que se mostram potenciais.

4.5 Identificação de mercados potenciais na América Latina

Identificar os mercados potenciais para a empresa Maxigumz adentrar o mercado

internacional significa escolher, baseado em alguns critérios, quais serão os países que a

empresa fará os primeiros contatos.

Primeiramente, para iniciar o trabalho, escolheu-se limitar o estudo apenas aos países

da América Latina devido a questões como proximidade física, similaridade cultural,

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facilidades com a língua e até pela semelhança entre as exigências desse mercado com relação

às exigências do mercado brasileiro.

Para se chegar a uma boa escolha referente aos países de entrada, foram coletados e

analisados alguns dados econômicos de cada país da América Latina. Para tanto, excluiu-se as

ilhas do mar do caribe (exceto Cuba), por se tratarem de países com baixo valor de

negociações internacionais. Por fim, foram analisados vinte países, sendo eles Argentina,

Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, El Salvador, Equador, Guatemala, Guiana,

Guiana Francesa, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai

e Venezuela.

Os dados econômicos básicos coletados foram PIB - Produto Interno Bruto, que é a

soma de todos os bens e serviços produzidos em uma determinada região, por um

determinado tempo, e serve para mensurar a atividade econômica; PIB per capita, que é a

divisão do PIB pelo número de habitantes do país; o crescimento do PIB, que é a variação

percentual de crescimento do Produto Interno Bruto de um período a outro; população, que é

a quantidade de habitantes do país; dívida externa, que é a soma dos débitos de um país

através de empréstimos e financiamentos, contraídos pelo próprio governo; e reservas

internacionais, que são depósitos feitos pelo banco central de cada país em moeda estrangeira

para o cumprimento de seus compromissos financeiros. (WIKIPÉDIA, 2007)

Foram coletados também dados referentes à atividade internacional dos vinte países.

Considerou-se os dados de exportação e importação geral dos produtos e também a balança

comercial dos países. Por fim, coletou-se dados de comércio entre esses países e o Brasil.

Primeiramente foram levantados os valores gerais das exportações do Brasil para os vinte

países e também os valores das importações do Brasil vindas desses países. Posteriormente,

foram coletados dados de comercialização com o Brasil, referente à Nomenclatura Comum do

Mercosul (NCM) de número 2309.90.10 (preparações destinadas a fornecer ao animal a

totalidade dos elementos nutritivos necessários para uma alimentação diária racional e

equilibrada - alimentos compostos completos).

Com os dados reunidos, pôde-se montar as três tabelas que se encontram no apêndice

do trabalho e a partir delas realizar uma análise de todos os indicadores, definindo assim quais

os quatro mercados mais atraentes dentre os vinte pesquisados.

No apêndice 1 foram reunidos dados básicos referentes à economia interna como PIB,

PIB per capita, crescimento do PIB, população total dos países, dívida externa e por fim as

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reservas internacionais dos mesmos. O segundo apêndice apresenta dados de importação e

exportação total dos países no ano de 2005 e também a balança entre esses dois valores. Já o

apêndice de número 3, mostra dados relacionados ao comércio com o Brasil, tanto no âmbito

geral quanto referente ao NCM desejado.

Os números referentes à comercialização do NCM 2309.90.10 com o Brasil, PIB, PIB

per capita, crescimento do PIB e população, foram os índices que tiveram maior peso na hora

da avaliação. Assim, destacaram-se a Argentina, o Chile, o México e a Venezuela.

A Argentina se destacou principalmente por possuir um dos PIBs mais altos dentre os

países pesquisados – 183,3 bilhões de dólares em 2005. Possui também um percentual alto de

crescimento do PIB – 9,2% em 2005, o que indica um crescimento na economia do país, com

geração maior de riquezas. A população da Argentina - 39,1 milhões de habitantes em 2005,

também foi um índice que colaborou para que o país se mostrasse atraente para a entrada da

dos alimentos destinados aos animais.

No caso do Chile, o principal motivo pelo qual ele se mostrou um mercado potencial,

foi o alto valor de importações do Brasil relacionadas ao NCM em questão. Com mais de um

milhão em importações de alimentos brasileiros destinados aos animais, o Chile foi o país que

mais importou esse produto do Brasil. Além disso, o Chile também possui um PIB alto –

115,2 bilhões de dólares em 2005 e um PIB per capita alto – 7.067 dólares também em 2005,

se comparados aos demais países da América Latina.

O México, em 2005, apresentou o mais alto Produto Interno Bruto da América Latina

dentre os paises pesquisados – 768,4 bilhões de dólares e a maior população – 106,2 milhões

de pessoas. Seu PIB per capita, no mesmo ano, também foi elevado - 7.235 dólares, o que

demonstra uma movimentação positiva da economia mexicana.

No caso da Venezuela, sua potencialidade com relação ao mercado de alimentos para

PET ficou evidente a partir da análise de seus elevados índices de PIB – US$ 148,2 bilhões,

PIB per capita – US$5.291, e crescimento do PIB - 9,3%. Todos os dados do ano de 2005.

Os quatro países selecionados apresentam algum tipo de acordo comercial com o país

de origem do produto que se deseja exportar. Assim se faz necessário analisar e descrever tais

acordos comerciais.

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4.6 Barreiras e Acordos Comerciais

Para se chegar aos acordos comerciais entre o Brasil e os quatro países que se

mostraram potenciais para a entrada das rações que serão produzidas pela Maxigumz, foi

necessário realizar uma pesquisa nos sites dos principais acordos de integração comercial da

América Latina. São eles Mercosul e ALADI.

A Argentina, dentre os quatro países selecionados, é o único que faz parte do

Mercado Comum do Sul juntamente com o Brasil. Os Estados que fazem parte do

Mercosul adotaram, a partir de 1995, a Tarifa Externa Comum (TEC) com base na

Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) com o objetivo de incentivar a

competitividade entre tais países. Assim, a acadêmica pôde pesquisar os direitos de

importação incidentes sobre o item desejado. (MINISTÉRIO DO DESENOLVIMENTO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR, 2007)

Tal pesquisa foi feita junto ao site do MDIC, que contém todas as informações

como NCM da mercadoria, valores de imposto de importação para os países do Mercosul,

dentre outras informações. Saber o valor do Imposto de Importação do produto se mostra

importante para o desenvolvimento do trabalho, pois esse imposto interfere diretamente no

preço que será vendido o produto para o cliente final no país em questão.

A pesquisa mostrou que o imposto de importação para alimentos compostos

completos destinados a animais, (NCM 2309.90.10) na Argentina é de 0%. Isso significa

que para adentrar o mercado argentino, o produto não será taxado com imposto de

importação por participar de parcerias com o Brasil através do Mercosul. (MINISTÉRIO

DO DESENOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR, 2007)

Os outros três países - Chile, México e Venezuela, não fazem parte do Mercosul,

mas são membros da ALADI. Para exportar para algum país da ALADI, o exportador

deve primeiramente, verificar a sua correspondente classificação em NALADI/SH

(classificação tarifária da ALADI).

A ALADI possui uma nomenclatura própria para a classificação dos produtos, a

Nomenclatura Aduaneira da Associação Latino-Americana de Integração – NALADI. A

NALADI foi criada com o objetivo de atender a todos os segmentos do comércio ou ainda

como instrumento gerador de dados para estatísticas de produção, comércio exterior e

transporte, dos paises membros. (MINISTÉRIO DO DESENOLVIMENTO, INDÚSTRIA

E COMÉRCIO EXTERIOR, 2007)

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Para chegar ao imposto de importação de alimentos destinados ao consumo animal,

dos três países em questão, foi necessário primeiramente que a acadêmica classificasse o

produto na NALADI. O produto se adequou a seguinte descrição: resíduos e desperdícios da

indústria alimentar; alimentos preparados para animais; preparações do tipo usadas para a

alimentação de animais; alimentos para cães ou gatos acondicionados para a venda a retalho;

outros. Código: 2309.10.90.

Com o produto devidamente classificado na NALADI, foi possível encontrar o

imposto de importação do Chile, México e Venezuela, através de pesquisas no site oficial do

bloco econômico ALADI.

O Chile e o México apresentaram ambos uma tarifa de importação para o produto em

questão de 10%. Como ambos fazem parte da ALADI, possuem margem de preferência

residual de 20% em negociações com o Brasil, o que resulta em um imposto de importação de

8%. A Venezuela tem como imposto de importação para os produtos do código 2309.10.90

uma tarifa de 20%. Por estar negociando esse produto com o Brasil, possui uma margem de

preferência residual de 27% para o ano de 2007. Isso resulta em um II de 14,6%, e se mostra,

dentre os quatro mercados potenciais para o produto em questão, o país com maior tarifa de

importação.

Para exportar, tanto para a ALADI, como para o Mercosul, o exportador terá que

providenciar a emissão do Certificado de Origem junto na uma entidade credenciada e enviá-

lo ao importador. O Certificado de Origem é emitido pelas Federações de Comércio, Indústria

e Agricultura e algumas Associações Comerciais habilitadas junto ao bloco de integração.

(ASSOCIAÇÃO LATINO-AMERICANA DE INTEGRAÇÃO, 2007). Em Jaraguá do Sul,

cidade onde se encontra a Maxigumz, os certificados de origem são emitidos pela CAMBRA

– Câmara de Comércio Exterior.

Foram pesquisadas também as barreiras que os produtos podem enfrentar para

adentrar nos quatro países. Para exportar os produtos da Maxigumz para os países

selecionados, deve-se anteriormente às exportações, emitir um Certificado de Livre Venda,

com a finalidade de registrar os produtos nos órgãos análogos ao Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento (MAPA) brasileiro, naqueles países. Tal certificado é emitido no

MAPA e informa que o produto em questão tem venda livre no Brasil. Deve-se encaminhar

ao ministério um requerimento para cada novo mercado, solicitando a emissão dos

certificados.

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Outra exigência comum a todos os mercados, é a emissão do Certificado Sanitário

Oficial, outorgado pela autoridade sanitária competente do país de origem do produto. No

caso do Brasil, esse órgão é o MAPA. Tal certificado deve conter dados do estabelecimento

de procedência do produto, identificação do produto, processo pelo qual o mesmo foi

submetido, quantidade a ser exportada, peso total, nome e dados do exportador e do destino

da carga e por fim a identificação do meio de transporte a ser utilizado.

Existem ainda algumas exigências internas de cada mercado. No caso da Argentina,

foram pesquisadas, junto à Câmara de Comércio Argentino Brasileira de São Paulo

(Camarbra). Segundo esta, há apenas uma proibição com relação a alimentos completos

destinados à alimentação animal, apresentada na resolução geral 2146/2006 AFIP. Tal

proibição se dá com relação à presença de uma substância chamada cloranfenicol – antibiótico

eficaz contra alguns tipos de bactérias. Consultando a Maxigumz, pode-se perceber que os

produtos selecionados não contêm tal substância, estando a empresa apta a exportar para esse

mercado.

O mercado Chileno faz as seguintes exigências: os alimentos destinados à alimentação

de animais de estimação, devem estar bem embalados e vedados, exibindo dados em espanhol

e data de validade do produto. Os alimentos que contenham ingredientes de origem animal

devem constar na certificação sanitária que:

• Os ingredientes provêm de países livres de Scrapie – doença que afeta o

sistema nervoso central do gado, e BSE – popularmente conhecida como

Doença das Vacas Loucas.

• As farinhas de carne e/ou osso de origem de ruminantes deverão ser reduzidas

a tamanho máximo de 50mm e ser submetida a um tratamento térmico em uma

atmosfera saturada a vapor, em que a temperatura chegue ao menos a 133ºC

durante vinte minutos.

• Os produtos foram submetidos a um tratamento que impeça o desenvolvimento

de qualquer agente patogênico que afete a saúde animal.

• O produto deve ter sido submetido a análises bacteriológicas cujos resultados

devem ser indicados no certificado sanitário.

• O conteúdo de aflatoxina não pode ultrapassar o limite máximo de 10ppb.

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• Os produtos, durante sua preparação, devem ser aquecidos até alcançar 90 ºC

no centro do produto.

Os produtos poderão ainda ser submetidos a análises ao chegarem no Chile, seguindo

a vontade do importador. Tais informações foram levantadas junto ao Serviço Agrícola e

Pecuário do Chile. Todas as exigências apresentadas pelo Chile podem ser cumpridas pela

Maxigumz.

No caso do México, a acadêmica entrou em contato, através de e-mail, com a

embaixada do Brasil no México. O assessor técnico da embaixada enviou por email a Norma

Oficial Mexicana (NOM – 061 – ZOO – 1999) com especificações zoossanitárias dos

produtos alimentícios para consumo animal. Consultando tal Norma Oficial, pode-se destacar

a seguintes especificações:

a) Suplementos lácteos, incluindo os substitutos do leite, devem ser pigmentados com

colorantes não tóxicos, aprovados no país de origem; No caso dos produtos da Maxigumz,

não há suplementos lácteos.

b) No caso de aditivos pró-bióticos elaborados com microorganismos produtores de

acido lático, deve-se constar gênero, espécie e concentração de tais microorganismos, em

Unidade Formadora de Colônias por Mililitro (UFC/ml). No caso da Maxigumz, existem

aditivos pró-bióticos em alguns produtos, porém os microorganismos não são extraídos

através de ácido lático.

c) Conter na embalagem os ingredientes de forma genérica e, em caso de substâncias

de origem animal, mostrar procedência. Nesse caso, a Maxigumz deverá então, providenciar

tais informações que serão impressas em etiquetas e coladas nas embalagens dos produtos,

para se enquadrar em tal exigência mexicana.

d) São proibidas as substâncias cloranfenicol, cristal violeta, cumarina, pigmentantes

sintéticos, clenbutenol, e demais substâncias nocivas à saúde pública ou que não contem com

suporte técnico correspondente para seu emprego na alimentação animal. Com relação a estas

substancias, os produtos da Maxigumz se mostram de acordo.

O mercado venezuelano se mostrou o menos exigente dentre os quatro escolhidos pra

a entrada da Maxigumz no mercado exterior. Segundo a Câmara de Comércio Brasil-

Venezuela, é apenas necessário que a empresa apresente junto com a carga, o certificado

sanitário emitido pelo órgão responsável no Brasil e o certificado de livre venda, emitido pelo

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mesmo órgão, para que produto possa adentrar a fronteira venezuelana. O produto pode ainda

ser submetido a uma análise, feita pelo importador para verificar a existência de alguma

substância que possa se mostrar prejudicial à saúde animal.

Verificadas as barreiras e acordos comerciais, sugere-se, no próximo item, algumas

estratégias de entrada nos mercados potenciais.

4.7 Sugestão de estratégias de entrada para cada mercado

Para sugerir estratégias de entrada em cada um dos mercados potenciais, foi necessária

a verificação, em cada país, do modo pelo qual está organizado o sistema de comercialização

de rações animais.

No Brasil, a venda de rações para o consumidor final acontece principalmente em Pet

Shops, supermercados e agropecuárias. A distribuição até esses pontos de venda se dá de duas

formas: através de representantes ou de distribuidores. A Maxigumz utiliza os dois meios de

distribuir seus produtos. Em regiões próximas à unidade fabril da empresa, a venda é feita

através de um representante que entrega diretamente para agropecuárias, pet shops, e demais

interessados no produto. Para regiões mais distantes, como os estados do Paraná e São Paulo,

a empresa utiliza distribuidores.

A integração econômica entre a Argentina e o Brasil possibilitou um incremento nas

relações de comércio entre ambos os países, aumentando progressivamente a presença de

produtos importados nos respectivos mercados internos. As atividades comerciais de

importação na Argentina se dão principalmente através da seguinte forma: por meio de

representantes de vendas, remunerados por comissões sobre o preço FOB, que procuram obter

exclusividade para os produtos que representam; através de distribuidores, que estão

vinculados ao comércio atacadista possuindo rede própria de vendedores, o que possibilita a

colocação do produto nas diversas regiões do país; atacadistas, que só se diferenciam dos

distribuidores por não possuir rede própria de vendedores; e por último os varejistas, que

mantêm contato direto com os consumidores. (BRAZILTRADENT, 2007)

Para a Maxigumz, a forma mais interessante de adentrar o mercado argentino seria

através de varejistas que, por possuírem contato direto com o consumidor final, podem vender

o produto com uma margem de lucro maior. No caso da ração animal, esses varejistas seriam

em sua maioria os supermercados e lojas especializadas no cuidado de animais, como clínicas

veterinárias, por exemplo. Porém, há uma dificuldade muito grande de exportar para

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varejistas, pois muitos deles são potenciais compradores, mas não são importadores, o que

impossibilita a negociação. A venda através de distribuidores também se mostra interessante,

pois, apesar da existência deste intermediário resultar em um preço um pouco maior do

produto final, essa é uma forma de o produto chegar às mais diversas regiões do país.

No mercado chileno a designação de agente ou representante local tem, em geral,

demonstrado ser o meio mais eficaz para conseguir um adequado posicionamento no

mercado. (BRAZILTRADENET, 2007)

Para tanto, aconselha-se que a Maxigumz designe um distribuidor, agente ou

representante local, de preferência instalado em Santiago ou nos centros comerciais de maior

importância. Tal agente, pode ser encontrado através de consultas ao SECOM – Santiago, que

pode fornecer informações preliminares, bem como lista de possíveis interessados, cabendo

evidentemente ao exportador a decisão final.

O México tem como característica a centralização das atividades comerciais. A maior

parte dessas atividades está concentrada em alguns mercados regionais, e dentre eles, o mais

importante para a comercialização de produtos é a Cidade do México. A Cidade do México é

a cidade mais populosa, com maior quantidade de negócios e melhor infra-estrutura de

comunicação e transporte. A maior parte dos produtos, nacionais e importados, é distribuída a

partir da Cidade do México para diferentes regiões do país, por meio de filiais ou

distribuidores. Concentrar as negociações em poucos lugares possui desvantagens, como o

aumento do custo final do produto devido ao alto custo no transporte, mas também possui

vantagens, como a maior variedade de produtos, concorrência e o maior mercado em um

único lugar. (BRAZILTRADENET, 2007)

Tendo em vista o número significativo de pessoas e empresas que realizam seus

negócios na Cidade do México, sugere-se que a Maxigumz inicie suas atividades de pesquisa

nesta cidade, procurando potenciais importadores de alimentos para animais. Tais

importadores, considerando as características do lugar, podem ser agentes especializados na

importação de produtos para animais, que repassam tais produtos para lojas especializadas ou

supermercados de todo o país. A negociação pode também ser feita diretamente com as lojas

de departamentos, reduzindo um intermediador e assim obtendo-se maior margem de lucro,

com a oferta de produtos mais competitivos.

No mercado Venezuelano, a comercialização e distribuição de produtos é dominada

por redes de atacadistas e varejistas. Estão espalhadas pelas principais regiões metropolitanas

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do país. Porém, a capital da Venezuela, Caracas, é onde se concentra a maior movimentação

de entrada de produtos. Por ser um ponto geográfico privilegiado de acesso ao mercado

interno, muitas empresas instalam seus escritórios ali. No comércio atacadista, os

venezuelanos têm o costume de manter uma equipe de vendas para atender os varejistas ou o

importador-atacadista atua como representante da empresa estrangeira. Já no comércio

varejista as importações são dominadas pelos supermercados e hipermercados. Geralmente

esses compradores importam para si e completam sua gama de produtos comprando de

atacadistas. (BRAZILTRADENET, 2007)

Sugere-se então que, no caso da Venezuela, a procura por potenciais importadores seja

iniciada na região de Caracas e principalmente entrando em contato com supermercados e

hipermercados importadores. Achar um representante para revender a marca também seria

interessante para a Maxigumz, pois este provavelmente já teria um canal de distribuição

formado, se responsabilizando por vender em troca de uma comissão.

Encontrar bons parceiros em cada mercado é algo imprescindível para o crescimento

das exportações da Maxigumz. A pesquisa de importadores potenciais não se limita em

encontrar apenas empresas ou pessoas que importem os produtos. A pesquisa busca encontrar

parceiros que zelem pelo nome da empresa, que sejam sérios e que possam proporcionar a

continuidade das exportações da Maxigumz. Tais parceiros devem ter experiência na área, um

bom canal de distribuição, prestar um bom serviço nos pontos de venda, ter uma estrutura

logística adequada, dentre diversos outros fatores.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a globalização da economia, o volume de negociações em todo o mundo

começou a crescer, e a se tornar sinônimo de crescimento econômico. Nesse contexto, as

empresas buscam cada vez mais diversificar sua gama de clientes no mercado internacional

para expandir seus negócios e ganhar competitividade.

O objetivo principal deste trabalho foi desenvolver um estudo com base na inserção de

uma pequena empresa no mercado internacional de ração animal, a Maxigumz Rações Ltda.

Para alcançar tal objetivo, foi necessário realizar uma série de ações que tornassem possível a

exportação dos produtos da Maxigumz.

Primeiramente foi necessário que a empresa Maxigumz estivesse cadastrada nos

órgãos que intervém nas exportações de alimentos para animais. Foram reunidos todos os

documentos necessários para tal cadastro, segundo a Receita Federal do Brasil, e solicitado,

perante a mesma, o registro no Sistema Integrado de Comércio Exterior. O cadastro, poucas

semanas depois, havia sido efetuado com sucesso. Outro órgão que é responsável pela

fiscalização da exportação de ração animal no Brasil é o Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento. Com relação a este órgão, não foi necessário o cadastro, pois a empresa já é

cadastrada em tal órgão devido sua comercialização dos produtos no mercado interno.

O passo seguinte para a concretização do estudo, foi a elaboração do preço para

exportação. Foram selecionados cinco produtos que serão os responsáveis pelo início das

exportações da Maxigumz. Assim, fez-se um levantamento de quais seriam os custos para

exportar esses cinco produtos. Com todos os custos da movimentação internacional em mãos,

pôde-se adicioná-los ao custo interno de fabricação do produto fornecido pela empresa. A

soma dos custos internos com os custos externos mais a margem de lucro mínima estipulada

pela empresa, resultou no preço mínimo FOB dos produtos da Maxigumz. O preço não foi

apresentado no TCC atendendo a um pedido da empresa.

Com o preço mínimo formado, a próxima ação necessária para tornar possível a

exportação dos produtos da Maxigumz foi a adaptação dos produtos para adentrarem o

mercado internacional. Como o presente estudo se limitou aos mercados latino-americanos, as

exigências se resumiram apenas na tradução das embalagens para o espanhol. Aproveitou-se

para fazer a tradução também para o inglês, já pensando na expansão das exportações da

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Maxigumz. A tradução foi bastante complexa, pois nas embalagens constam termos técnicos

que são difíceis de traduzir. Após três semanas de trabalho intenso, sugeriu-se uma estrutura

de layout que poderia ser adotada pela empresa na nova embalagem.

Com todos os passos anteriores concluídos, fez-se necessária a identificação de

possíveis mercados que se mostrassem potenciais para que a Maxigumz iniciasse sua busca

por importadores. Para tanto, foram reunidos dados de indicadores econômicos de todos os

países da América Latina mais Cuba – exceto as outras ilhas do caribe. Os dados econômicos

coletados foram PIB, PIB per capita, crescimento do PIB, população, dívida externa, reservas

internacionais, dados de importação e exportação geral de cada país, além de dados de

comercialização geral com o Brasil e dados de comercialização de ração com o Brasil. Com a

análise devida dos dados destacaram se quatro países: Argentina, Chile, México e Venezuela.

Os quatro países selecionados como potenciais fazem parte de algum acordo comercial

com o Brasil. Assim foi necessário analisar esses acordos e quais seriam as barreiras para a

comercialização do produto em questão. Tais acordos proporcionam à comercialização de

ração com o Brasil, uma redução nas cargas tributárias. Levantar quais as barreiras à entrada

de alimentos para animais nos países selecionados foi uma das atividades mais difícies de

todo o trabalho. Essas informações foram pesquisadas em diversas câmaras de comércio,

embaixadas, consulados e sites especializados em cuidados com animais tanto no Brasil como

em cada um dos quatro países potenciais. Poucos foram os órgãos que auxiliaram na busca, o

que tomou bastante tempo de pesquisa. As restrições que cada país impõe para a entrada dos

produtos podem ser atendidas pela Maxigumz.

Algumas formas de entrada dos produtos da Maxigumz no mercado internacional

foram sugeridas. Tais sugestões foram dadas com base no sistema de comercialização de cada

um dos mercados potenciais selecionados. Após realizar a pesquisa dos principais canais de

distribuição de cada um dos países, pôde-se sugerir algumas formas de inserção no novo

mercado. A formação de parcerias com distribuidores e fornecedores de ração, foi a forma

mais sugerida.

Com a realização da pesquisa pôde-se concluir que muitas ações são necessárias antes

da realização da primeira exportação, e o próximo passo a ser seguido pela empresa Sphaera é

analisar a competitividade da Maxigumz em cada mercado referente a preço.

Pôde-se perceber também, que um estudo prévio do mercado se faz necessário, e

quanto mais aprofundado ele for, mais fácil será para encontrar potenciais importadores que

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possam dar continuidade nas vendas dos produtos da Maxigumz, formando uma parceria forte

e consolidada.

Sugere-se então, para a empresa Maxigumz, que caso inicie buscas por potenciais

compradores de ração animal em outros mercados fora da América Latina, realize

anteriormente, um estudo aprofundado dos indicadores econômicos desses novos mercados.

Com relação ao seu comportamento nas exportações, sugere-se que a Maxigumz preze sempre

pelo seu nome no mercado internacional, oferecendo produtos de qualidade e respeitando os

prazos de entrega dos produtos, além de apoiar sempre o desenvolvimento de mercado

internacional, com investimentos na área de comércio exterior.

Como pesquisas futuras, sugere-se estudar a inserção de uma empresa de outro ramo,

diferente de alimentos para animais, no mercado internacional.

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Apêndices APÊNDICE A – Dados Básicos

n.d.* Não Divulgado Fonte: Adaptado de Braziltradenet, Aliceweb e Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior

PIB PIB PER CAPITA CRESCIMENTO POPULAÇÃO

DÍVIDA EXTERNA

RESERVAS INTL.

PAÍS (US$ bilhões) US$ PIB (%) (milhões) (US$ bilhões) (US$ milhões) VALOR ANO VALOR ANO VALOR ANO VALOR ANO VALOR ANO VALOR ANO ARGENTINA 183,3 2005 2.688 2005 9,2 2005 39,1 2005 118,2 2005 27.200,0 2005 BOLÍVIA 9,7 2005 1.054 2005 4,1 2005 9,5 2005 6,2 2005 1.327,6 2005 CHILE 115,2 2005 7.067 2005 6,3 2005 16,3 2005 45,8 2005 16.900,0 2005 COLÔMBIA 122,3 2005 2.682 2005 4,8 2005 44,9 2005 37,7 2005 13.400,0 2005 COSTA RICA 19,9 2005 4.628 2005 4,1 2005 4,3 2005 5,8 2005 2.300,0 2005 CUBA 35,4 2005 3.161 2005 8,0 2005 11,20 2005 12,6 2005 n.d. n.d. EL SALVADOR 17,2 2005 2.493 2005 2,8 2005 6,9 2005 118,2 2005 8.100,0 2005 EQUADOR 36,2 2005 2.742 2005 13,2 2005 3,9 2005 17,9 2005 1.714,2 2005 GUATEMALA 32,7 2005 2.595 2005 3,2 2005 12,6 2005 5,5 2005 3.700,0 2005 GUIANA 0,8 2005 1.000 2005 -3,0 2005 0,8 2005 n.d n.d 251,9 2005 GUIANA FRANCESA n.d. n.d n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. HONDURAS 8,4 2005 11.667 2005 4,2 2005 7,2 2005 5,8 2005 23.272,0 2005 MÉXICO 768,4 2005 7.235 2005 3,0 2005 106,2 2005 136,0 2005 74.100,0 2005 NICARAGUA 4,9 2005 845 2005 4,0 2005 5,8 2005 3,1 2005 728,0 2005 PANAMÁ 15,7 2005 4.906 2005 6,4 2005 3,2 2005 9,8 2005 1.210,5 2005 PARAGUAI 7,4 2005 1.194 2005 2,9 2005 6,2 2005 3,6 2005 1.297,1 2005 PERU 78,4 2005 2.810 2005 6,7 2005 27,9 2005 30,1 2005 13.600,0 2005 SURINAME 1,3 2005 2.743 2005 5,0 2005 0,4 2005 0,2 2005 139,4 2005 URUGUAI 16,8 2005 5.091 2005 3,3 2005 9,2 2005 12,6 2005 3.074,1 2005 VENEZUELA 140,2 2005 5.291 2005 9,3 2005 26,5 2005 38,9 2005 23,9 2005

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APÊNDICE B – Indicadores Econômicos Internacionais

n.d.* Não Divulgado Fonte: Adaptado de Braziltradenet, Aliceweb e Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior.

TOTAL (US$ milhões) BALANÇA COMERC. PAÍS EXPORTAÇÃO IMPORTAÇÃO (US$ milhões líq FOB)

VALOR ANO VALOR ANO VALOR ANO ARGENTINA 41.297,0 2005 26.710,0 2005 14.588 2005 BOLÍVIA 2.053,0 2005 2.343,0 2005 -290 2005 CHILE 39.544,0 2005 32.321,0 2005 7.223 2005 COLÔMBIA 21.909,0 2005 20.441,0 2005 1.468 2005 COSTA RICA 63.697,0 2005 78.327,0 2005 -1.463 2005 CUBA 2.220,7 2005 4.662,2 2005 -2.442 2005 EL SALVADOR 1,3 2005 0,0 2005 -3.377 2005 EQUADOR 10.731,0 2005 9.701,0 2005 1.030 2005 GUATEMALA 3.275,0 2005 4.129,0 2005 -1.454 2005 GUIANA 630,0 2005 724,8 2005 -85 2005 GUIANA FRANCESA n.d n.d n.d n.d n.d n.d HONDURAS 2.410,0 2005 3.128,0 2005 -717 2005 MEXICO 192.506,0 2005 218.159,0 2005 -20.653 2005 NICARAGUA 1.733,0 2005 3.309,0 2005 -1.576 2005 PANAMÁ 762,0 2005 8.264,0 2005 -7.502 2005 PARAGUAI 2.123,0 2005 3.669,0 2005 -1.546 2005 PERU 17.269,0 2005 13.222,0 2005 4.048 2005 SURINAME 955,7 2005 910,9 2005 45 2005 URUGUAI 3.674,0 2005 4.511,0 2005 -837 2005 VENEZUELA 63.334,0 2005 24.029,0 2005 39.305 2005

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APÊNDICE C – Comércio com o Brasil

n.d.* Não Divulgado Fonte: Adaptado de Braziltradenet, Aliceweb e Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior.

TOTAL BRASIL (US$ milhões FOB) NCM 2309.90.10 (US$)

PAÍS EXPORTAÇÃO IMPORTAÇÃO EXPORTAÇÃO DO

BRASIL IMPORTAÇÃO DO

BRASIL

VALOR % ANO VALOR % ANO VALOR PESO (kg) ANO VALOR

PESO (kg) ANO

ARGENTINA 6.367,0 15,4 2005 9.267,0 34,7 2005 18.871 29.792 2006 15.248 34.569 2006 BOLÍVIA 815,0 41,6 2005 514,0 21,9 2005 373.921 223.819 2006 0 0 2006 CHILE 1.728,0 4,4 2005 3.782,0 11,7 2005 1.167.687 1.633.991 2006 66.128 75.000 2006 COLÔMBIA 161,0 0,7 2005 1.109,0 5,4 2005 0 0 2006 0 0 2006 COSTA RICA 10,1 0,2 2005 167,4 3,8 2005 129.961 192.976 2006 0 0 2006 CUBA 51,8 2,3 2005 156,8 3,6 2005 0 0 2006 1.884 1.118 2006 EL SALVADOR 1,3 0,0 2005 261,0 3,9 2005 0 0 2006 0 0 2006 EQUADOR 85,0 0,8 2005 585,0 6,0 2005 420.958 512.688 2006 0 0 2006 GUATMALA 0,6 0,0 2005 155,0 3,3 2005 0 0 2006 0 0 2006 GUIANA 0,0 0,0 205 17,1 2,4 2005 5.306 14.875 2006 0 0 2006 GUIANA FRANCESA n.d. n.d. n.d. n.d n.d n.d 0 0 2006 0 0 2006 HONDURAS 0,6 0,0 2005 46,2 1,5 2005 30.073 37.421 2006 0 0 2006 MEXICO 983,0 0,5 2005 5.456,0 2,5 2005 307.643 295.543 2006 0 0 2006 NICARAGUA n.d. n.d. n.d. 56,0 1,7 2005 0 0 2006 0 0 2006 PANAMÁ 0,0 0,0 2005 57,0 0,7 2005 412.727 455.037 2006 0 0 2006 PARAGUAI 330,0 15,6 2005 981,0 26,7 2005 263.097 454.761 2006 0 0 2006 PERU 457,0 2,6 2005 1.054,0 8,0 2005 286.119 227.378 2006 0 0 2006 SURINAME 0,8 0,1 2005 35,6 2,9 2005 0 0 2006 0 0 2006 URUGUAI 597,0 16,2 2005 838,0 18,6 2005 153.169 801.408 2006 5.382 448 2006 VENEZUELA 271,0 0,4 2005 1.552,0 6,5 2005 311.598 212.887 2006 0 0 2006