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1 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE PSICOLOGIA O processo de aposentadoria de um grupo participante do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical no Município de Brusque. JULIANE CRISTINE CERVI ITAJAÍ 2009

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE PSICOLOGIA

O processo de aposentadoria de um grupo participant e do

Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da

Força Sindical no Município de Brusque.

JULIANE CRISTINE CERVI

ITAJAÍ

2009

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JULIANE CRISTINE CERVI

O processo de aposentadoria de um grupo participant e do

Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da

Força Sindical no Município de Brusque.

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do titulo de Bacharel em Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí Orientadora: Profa. Dra. Elizabeth Navas Sanches

ITAJAÍ

2009

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Saint-Exupéry

DEDICATÓRIA

Às minhas Avós,

"Foi o tempo que dedicaste à tua rosa que fez tua rosa tão importante”.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, minha fonte de fé e fortaleza.

Aos meus pais, Ademir e Bernadete, pela confiança e dedicação ao longo destes

22 anos.

Ao meu irmão, Diogo, pela paciência e companheirismo, amor que não se

compara.

Ao meu noivo, André, pelo amor, carinho e respeito todos os dias, e por acreditar

em mim mesmo quando eu achava que não podia mais.

À minha amiga, Manoela, pelos momentos de alegrias, tristezas e acima de tudo,

de amizade verdadeira.

À professora Maria Isabel do Nascimento André, por mostrar que sempre é

possível, basta querer.

À minha amiga e futura colega de profissão Luzia Meurer, pelo carinho e ajuda na

minha caminhada universitária.

Agradeço ao Sindicato Nacional dos Aposentados e Pensionistas da Força

Sindical, onde esta pesquisa teve a chance de concretização.

À professora Elizabeth Navas Sanches, pelo exemplo de pessoa, professora e

acima de tudo amiga, por seu auxílio e dedicação durante esta etapa.

A todas as pessoas que fizeram este trabalho possível, as amizades feitas ao

longo de minha trajetória, meu eterno agradecimento.

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SUMÁRIO

LISTA DE QUADROS ........................................................................................... 6

RESUMO .............................................................................................................. 7

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 8

2 EMBASAMENTO TEÓRICO ............................................................................ 14

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS .................................................................... 23

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................ 28

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 44

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 47

7 ANEXOS ........................................................................................................... 53

7.1 Anexo I ................................................................................................... 53

7.2 Anexo II .................................................................................................. 60

8 APÊNDICES ...................................................................................................... 67

8.1 Apêndice I.................................................................................................67

8.2 Apêndice II ...............................................................................................68

8.3 Apêndice III...............................................................................................69

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 01. Categorias e subcategorias de análise.......................................... 26

QUADRO 02. Dados de identificação ................................................................. 28

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O PROCESSO DE APOSENTADORIA DE UM GRUPO PARTICIPANT E DO SINDICATO NACIONAL DOS APOSENTADOS, PENSIONISTAS, E IDOSOS DA FORÇA SINDICAL NO

MUNICÍPIO DE BRUSQUE

Acadêmico: Juliane Cristine Cervi. Orientadora: Profa. Dra. Elizabeth Navas Sanches Defesa: Junho de 2009 Resumo A aposentadoria é um tema de suma importância na trajetória profissional e pessoal, pois é uma etapa onde ocorrem mudanças significativas que influenciam varias dimensões da vida do indivíduo. Pode-se entender por encerramento de um ciclo e começo de novas descobertas e diferentes modos de se viver. É também neste ciclo que se cria uma nova identidade pessoal, familiar e social. Neste trabalho, buscou-se investigar como ocorreu o processo de aposentadoria de um grupo participante do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical no Município de Brusque. Pretendeu-se ainda, identificar se no início da vida laboral o aposentado imaginava/pensava sobre a aposentadoria, ou seja, se houve um planejamento pessoal para a aposentadoria; identificar se o aposentado participou de um programa de preparação para a aposentadoria na organização em que trabalhava; investigar quais foram as etapas do processo de preparação para a aposentadoria dos participantes; investigar se a aposentadoria trouxe mudanças nas diferentes esferas da vida (financeiras, sociais e familiares) e como foram superadas. Para tanto, foi realizada uma pesquisa exploratória, descritiva e de abordagem qualitativa. Foi elaborado um instrumento com roteiro de entrevista semi-estruturado e aplicado em um grupo de aposentados que participam do sindicato de aposentados. A amostra foi definida por saturação dos dados, que foram estudados pela análise de conteúdo. Com os resultados, foi possível compreender a falta de conhecimento e preparo frente à questão de aposentadoria. Os entrevistados revelaram não terem participado de um programa formal de preparação para a aposentadoria e não se prepararam em vários aspectos para esta nova fase. Palavras-chaves: Velhice; Aposentadoria; Trabalho e Psicologia

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1 INTRODUÇÃO

A vida está em contínua mudança, desde a infância até o envelhecimento

passa-se por várias etapas. Cada etapa tem características, interesses,

possibilidades e limitações próprias. Cada passagem das etapas pode ocorrer de

maneiras diferentes, sendo assim, vivenciadas como crises ou transformações

(ZANELLI e SILVA, 1996).

Ao começar a falar de aposentadoria o que vem em mente é a terceira

idade, porém deve-se ter muito cuidado neste assunto, pois o planejamento de

carreira deve ser feito desde o início da vida profissional. “O indivíduo tem sua

vida dividida em três grandes etapas – preparação para o trabalho, trabalho-

emprego e pós-trabalho ou pós-emprego” (TEIXEIRA, 2002, p.595).

A sociedade chinesa, os incas e os astecas consideravam os longevos

como pessoas de características e poderes especiais. Os romanos reconheciam

os mais velhos como chefes de família e pessoas com poder de tomada de

decisão. Entre os hebreus eram vistos como chefes naturais do povo devido ao

conhecimento acumulado. A velhice era considerada por Platão como a etapa da

prudência e sensatez. Na Grécia a juventude e a beleza eram idealizadas, e a

velhice era vista como um castigo irremediável. Aristóteles caracterizava os

anciãos como melancólicos, desconfiados; e a juventude e a velhice como pólos

opostos. O período do cristianismo oferecia uma imagem indesejável da velhice,

considerando-a como a parte da dolorosa herança de Adão, que optou pelo

sofrimento e a morte ao paraíso e a vida eterna (BARRETO e SILVA, 2004)

Na língua portuguesa, o termo aposentar-se prende-se etimologicamente a

hospedagem, abrigar-se em seus aposentos. Considerando que podemos

reconhecer aposento sendo o mesmo que quarto, alcova, o sentido do termo

remete à noção de acolher-se nos aposentos, no interior da habitação. Em inglês

e francês (retired e retraité) também remetem ao significado de retirar-se, afastar-

se da vida ativa, sendo que no século XVI, retraité significava, também, o lugar

onde as pessoas se retiravam para escapar dos perigos dos tempos modernos

(BERND, 1996).

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Sempre que surge o tema aposentadoria, volta-se o pensamento para o

aspecto econômico, pois é o nosso investimento financeiro que garantirá um futuro

seguro neste quesito. Porém não é o único aspecto com o qual se deve

preocupar, existem outros muito importantes como família, saúde e qualidade de

vida.

A aposentadoria segundo Zanelli e Silva (1996), é um processo de

desenvolvimento da identidade pessoal. O indivíduo necessita criar sua existência

individual, ser único e assim criar sua identidade social. A vivência de uma pessoa

supõe necessariamente a existência de uma sociedade que a influenciou em sua

formação. A identidade da pessoa é formada ao longo de seus anos de trabalho,

toda construção desta identidade é subjetiva. Ao longo da sua existência o ser

humano, cria raízes e sua própria história individual.

Segundo França (2008) algumas pessoas construíram sua identidade em

apenas uma área de interesse: o trabalho. Elas podem estar, sem querer,

contribuindo para uma adaptação à aposentadoria muito difícil. Suas identidades e

o modo como se apresentam estão invariavelmente atrelados às empresas, bem

como ao tipo de trabalho que desenvolvem.

Alguns países da Europa foram os primeiros a apresentar a idéia de

proteção estatal ao indivíduo vítima de infortúnios. Estabeleceram um sistema de

garantia aos trabalhadores, mediante sua colaboração, o direito a uma renda em

caso de perda da capacidade de trabalho, doença ou invalidez, velhice, ou a

pensão por morte, sendo esta, direito dos dependentes (CASTRO e LAZZARI,

2001).

Foi a Alemanha que em 1883 adotou o primeiro ordenamento legal para

auxiliar e proteger dos riscos por acidente de trabalho; foi neste país também que

instituiu-se o seguro doença, e em 1889 entrou em vigor a lei que criou o seguro

invalidez e por velhice (CASTRO e LAZZARI, 2001).

No Brasil vários decretos começaram a organizar o sistema previdenciário,

com início no ano de 1923, com a Lei Elói Chaves. (Anexo I) Esta lei criou a Caixa

de Aposentadoria de Pensões para empregados de empresas ferroviárias,

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estabelecendo assistência médica, aposentadoria e pensões. Três anos depois a

lei beneficiou também os trabalhadores marítimos e portuários.

Getulio Vargas nos anos 30 reestrutura a Previdência Social, onde os

trabalhadores urbanos quase na sua totalidade foram contemplados. No mesmo

período surge a expressão “Seguridade Social”, que era uma nova concepção de

seguro social total, que procurava abranger toda a população na luta contra as

misérias e as necessidades.

Em 26 de agosto de 1960 com a Lei Orgânica da Previdência Social todos

os trabalhadores urbanos já tinham direito à previdência, em seguida no ano de

1963 foi a vez dos trabalhadores rurais obterem o direito à previdência (BRASIL,

2008).

O Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), que é uma

indenização para o trabalhador que foi demitido, foi instituído em 1966. Em 1974

foi criado o Ministério da Previdência Social e Assistência Social, por fim, em 1988

houve a extensão do benefício da previdência para todos os trabalhadores pela

Constituição Federal de 1988. No ano de 1998, foram definidas novas regras para

a aposentadoria: aposentadoria por tempo de serviço: 35 anos para os homens e

30 anos para a mulher; aposentadoria por idade (INSS urbano): 65 anos para os

homens e 60 anos para a mulher; aposentadoria por idade (INSS rural): 60 anos

para os homens e 55 anos para a mulher; aposentadoria proporcional: após 30

anos para os homens e 25 anos para a mulher. (Por uma gestão democrática e

inclusiva da previdência social pública, 2007).

Segundo Monteiro (2008), nos dias atuais a previdência brasileira beneficia

20,7 milhões de cidadãos, sendo aproximadamente 15,5% cidadãos do setor

público e 84,5% do setor privado. Entre os benefícios gerados pelo sistema

previdenciário estão inclusos, aposentadorias, serviços como auxílio-doença ou

salário família.

Como a expectativa de vida está aumentando e a taxa de natalidade

diminuindo, o processo de aposentadoria se constrói em um extraordinário desafio

para todos os paises no século XXI (FRANÇA 2008). Segundo a Organização

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Mundial da Saúde (OMS) a população de idosos no Brasil passará de 7% para

14% em 19 anos. Com o aumento da longevidade “iniciar-se-á o novo século com a

população idosa crescendo proporcionalmente quase oito vezes mais que os

jovens e quase duas vezes mais que a população em geral.” (VERAS, 1997, p

122). É necessário refletir sobre essa citação de Veras, pois num país aonde a

população idosa vem crescendo consideravelmente e a discriminação por parte

dos jovens e da própria sociedade é bastante visível e comum, como não se

preocupar com essas pessoas que serão a maioria entre nós?

Segundo Veras (1997), a questão básica foi: em que medida a relação

estabelecida entre indivíduo e trabalho seria fator determinante da relação entre

indivíduos e a velhice? A aposentadoria nem sempre significa que o indivíduo

deve afastar-se do mundo do trabalho, muitos indivíduos mesmo depois de

aposentados continuam com seu alto cargo em determinada empresa, ou com seu

trabalho sendo desempenhado de uma maneira digna e bem feita.

O tema aposentadoria levanta várias questões sobre o ser ativo e não ativo.

Segundo Ferreira (1986, p.146), aposentadoria é o "estado de inatividade de

funcionário público ou de empresa particular, ao fim de certo tempo de serviço,

com determinado vencimento". Convém refletir sobre esta afirmação,

questionando o termo inatividade: para que o homem seja ativo não

necessariamente ele tem que estar trabalhando. A pessoa só é ativa em função do

vínculo empregatício?

A aposentadoria está em todas as classes sociais, e no Brasil, as pessoas

em variadas idades esperam pela tão desejada “renda” vinda ao final de sua

colaboração durante anos. Santos (1990) aponta que a aposentadoria pode

significar uma possível perda do papel profissional, porém, mantém-se um vínculo

simbólico com o trabalho através da identidade de trabalhador, pois não se

rompem os modelos de identificação construídos no passado e apropriados como

representativos da própria pessoa.

A falta de compreensão, principalmente dos jovens/adultos e das

organizações ajuda a aumentar a discriminação em relação aos aposentados. Nos

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dias contemporâneos este tema ainda não tem seu devido valor perante a

sociedade. Este trabalho se justifica pela escassez de literatura disponível nesta

área do conhecimento, pela necessidade de uma preparação para esta nova

etapa e pela discriminação em relação à situação dos aposentados.

É necessário que as empresas tenham projetos de preparação para os

trabalhadores, sejam eles trabalhadores do nível operacional ou mesmo

executivos, o importante é que seja um processo gradativo de afastamento e o

menos traumático possível (TEIXEIRA, 2002). Contudo não é preciso que o

indivíduo deixe de trabalhar, mas sim que ocupe seu tempo com outras atividades

que lhe dê prazer e novas idéias de vida. Faz-se necessário também alertar as

diferenças no processo de significação e enfrentamento para os indivíduos que

alcançam a aposentadoria.

Baseado em Butler (2002), que aponta cinco aspectos dirigidos ao bem

estar dos aposentados, pode-se relevar importantes tópicos a serem discutidos no

momento do pedido da aposentadoria como: os aspectos financeiros, social e

físico, objetivos de vida (projeto pessoal) e relacionamento interpessoal.

Este trabalho tem o intuito de investigar como ocorreu o processo de

aposentadoria de um grupo participante do Sindicato Nacional Dos Aposentados,

Pensionistas e Idosos Da Força Sindical. Especificamente pretendeu investigar se

no inicio da vida laboral o aposentado imaginava/pensava sobre a aposentadoria

sendo assim, se houve um planejamento pessoal para a aposentadoria; identificar

se participou de algum programa de preparação para a aposentadoria na

organização em que trabalhava, e se houve, quais foram as etapas deste

processo; investigar se a aposentadoria trouxe mudanças nas diferentes esferas

da vida (financeiras, sociais e familiares) e como foram superadas.

Para que fossem alcançados estes objetivos, o trabalho está estruturado da

seguinte forma: o capitulo 1, corresponde à introdução e apresentação do tema,

bem como apresentação dos objetivos de pesquisa; o capitulo 2 consta o

embasamento teórico e no capítulo 3 são apresentados os aspectos

metodológicos divididos em: tipo de pesquisa, - local de estudo, - participantes da

pesquisa, - instrumento, - coleta Dos dados, - análise dos dados, - procedimento

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éticos. No capitulo 4 consta a apresentação e discussão dos resultados divididos

em: caracterização dos participantes, categorias e subcategorias de análise

trazendo as seguintes categorias e respectivas subcategorias: planejamento

pessoal (tempo de serviço, invalidez), processo de preparação; mudança após a

aposentadoria (aumento na renda financeira, baixa auto-estima), significado de ser

aposentado.

No capitulo 5 são apresentadas as considerações finais. O capítulo 6

corresponde as referências bibliográficas que foram utilizadas na realização da

pesquisa. No capitulo 7 estão os anexos. Por ultimo o capitulo 8 que consta os

apêndices com o roteiro de entrevista, carta de autorização e o termo de

consentimento livre e esclarecido.

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2 EMBASAMENTO TEÓRICO

“Honra-se a velhice, mas ela não é amada”

Diderot

O trabalho é compreendido como todo esforço humano que intervêm em

seu ambiente com certa finalidade, incluindo atividades realizadas como o lazer.

Este também é associado às atividades remuneradas, sendo a remuneração um

dos principais fatores pelo qual a pessoa trabalha, geralmente efetuadas sob

denominação de emprego, em contextos burocratizados, repletos de normas e

rotinas, em evidentes incompatibilidades com a vida familiar das pessoas

(ZANELLI e SILVA, 1996).

Toda pessoa durante sua vida necessita do trabalho, é ele que garante o

sustento das famílias, o lazer, a comida de cada dia. Cada trabalho corresponde a

um esforço diferente para cada ser humano, porém todos com a mesma

finalidade. A remuneração que se tem ao final é para garantir a sobrevivência. O

trabalho é a maneira que o trabalhador molda sua vida. Cada trabalho é diferente,

é necessário produzir algo para demonstrar eficiência, porém essa produção não é

para si e sim para outro. Pois o que é produzido para si próprio é a recompensa

final e é o que se chama de remuneração. A identidade pode ser entendida como

um processo histórico, social e subjetivo, o indivíduo é capaz de reconhecer a si

sendo ele mesmo em sua trajetória de vida.

“Nascemos e morremos dentro das organizações de trabalho” (ZANELLI e

SILVA, 1996 p.19). O trabalho delimita a pessoa ao que ela é, a rotina de horários,

tarefas a serem cumpridas, relacionamentos pessoais e a própria auto-estima da

pessoa, pois é necessário gostar do que se faz para que a satisfação total ocorra.

O trabalho é visto como a inserção obrigatória do indivíduo no sistema de

relações sociais e econômicas, além de ser uma fonte salarial, representa também

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seu lugar na hierarquia de uma sociedade, praticamente define quem será ao

longo de sua trajetória (VERAS, 1997).

Contudo, chega um momento em que é necessário fazer um desligamento

do trabalho mantido por tantos anos, o momento da aposentadoria. “Somos

educados dentro de uma cultura que valoriza o trabalho” (TEIXEIRA, 2002, p.596)

A sociedade não valoriza somente o trabalho em si, mas também qual o cargo que

o individuo exerce, remunerações e relações sociais.

Perder um emprego muitas vezes significa perder a identidade, a pessoa

fica sem rumo, com um sentimento de inutilidade. Por isso é interessante e

primordial que o indivíduo ao chegar à aposentadoria esteja psicologicamente

preparado e financeiramente organizado: para que continue vivendo com

dignidade e mantenha-se ocupado, estudando, aprendendo novas coisas, mesmo

que tenha novos hobbies, ou seja, outros interesses que o levem a sentir-se capaz

e em movimento. As atividades, esportivas, por exemplo, podem ser fundamentais

no auxílio e prevenção de doenças propensas à idade.

Os homens na qual as atividades profissionais eram fora de casa, estão

propensos a sofrer mais com a aposentadoria, pois, perdem o convívio e a rotina

do trabalho. Já no caso das mulheres, a casa e a família se tornam um

entretenimento, sendo mais fácil superar o vínculo que se tinha com o trabalho. Os

executivos e profissionais liberais têm a oportunidade de poder continuar na

atividade, mantendo assim seu papel social, auto-estima e renda financeira.

(BOTELHO, 1995).

“Na sociedade capitalista ser velho é sobreviver”. Sem projeto, impedido de lembrar e ensinar, sofrendo as adversidades de um corpo que se desagrega à medida que a memória vai-se tornando cada vez mais viva, a velhice, que não existe para si, mas somente para o outro. E este outro é um opressor” (BOSI, 1994, p.18-19).

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As transformações físicas decorrentes do envelhecimento normalmente

ocorrem coincidentemente com o momento onde a maioria dos indivíduos

alcançam uma posição de destaque dentro da organização. Estas transformações

porém, trazem um sentimento de baixa auto estima. (ROMANINI, XAVIER e

KOVALESKI, 2004)

Aspectos já estudados mostram que os elevados níveis de ansiedade

frente à aposentadoria foram analisados em pessoas com maiores dificuldades em

transições sociais, pessoas solitárias, tímidas ou sem controle sobre sua vida na

aposentadoria (FLETCHER e HANSON, 1991). A aposentadoria é uma etapa de

mudança na vida do individuo. A forma a ser encarada é de pessoa para pessoa e

depende da forma de como a vida foi organizada, os investimentos na vida

profissional, objetivos e necessidades.

Segundo Carlos (1999), verifica-se a ocorrência de uma “dupla

aposentadoria” no plano subjetivo: a primeira, legal, por tempo de serviço e a

segunda, dificilmente reconhecida oficialmente, porém, determinada pelos limites

do corpo (doenças ou idade) e pela etapa de exclusão do mundo do trabalho.

Homens e mulheres quando alcançam a aposentadoria se vêem frente a

uma nova proposta de vida, começam a realizar desejos e fazer coisas que

sempre quiseram, mas nunca tiveram tempo para tal (STEGLICH, 1992). Passam

os primeiros dias de “aposentados” aproveitando como nunca haviam feito antes,

por falta de tempo ou algum outro motivo. Porém alguns desses aposentados,

depois de algum tempo nessa situação acabam por sentir falta do trabalho e assim

vem à tona sentimentos de inutilidade, inquietações e baixa auto-estima.

Segundo dados do IBGE, referente ao ano de 2002, “a população de idosos

representa um contingente de quase 15 milhões de pessoas com 60 anos ou mais

de idade (8,6% da população brasileira). As mulheres são maioria, 8,9 milhões

(62,4%) dos idosos são responsáveis pelos domicílios e têm, em média, 69 anos

de idade e 3,4 anos de estudo. Com um rendimento médio de R$ 657, 00, o idoso

ocupa, cada vez mais, um papel de destaque na sociedade brasileira”.

No caso dos idosos homens, os rendimentos de aposentadoria

representavam o principal componente da renda (54,1%), enquanto o rendimento

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do trabalho respondia por apenas 36%. Já para as idosas, quase 80% da renda

era formada pelos rendimentos de pensão e aposentadoria.

Dentro das diversas “batalhas” que o idoso enfrenta, uma das mais difíceis

de ser enfrentada é a aposentadoria. Muitos indivíduos não se aceitam

aposentados para não se enquadrarem entre “os velhos”.

A velhice era caracterizada nas sociedades pré-industriais por experiência e

moral entre as pessoas. Porém com a chegada da sociedade capitalista os idosos

perderam seu lugar e são reconhecidos por muitos como “velhos”, considerados

“mortos” pela sociedade (BOTELHO, 1995).

Os estudos mostram que a realidade Brasileira é de que a população

envelheça 14% nos próximos anos. O envelhecimento é um processo natural e

biológico, porém muitas pessoas não o aceitam, por medo da morte, da aparência

ou enfermidades.

Em 1999 foi estabelecida a Política Nacional do Idoso, (Lei 8.842), (Anexo

II), que é responsável pela ocupação e integração do idoso no convívio e lugar na

sociedade, promovendo sua participação na política pública através de projetos e

planos destinados à determinada faixa etária. Suas diretrizes priorizam a

divulgação de estudos e pesquisas a respeito do envelhecimento e à terceira

idade; atendimento domiciliar e o estimulo à capacitação dos médicos e

profissionais da saúde na área da Gerontologia. (SILVA, 2005)

Magalhães (1989, p. 16) afirma que “a distribuição da velhice por classes e

grupos sociais mostra o perfil equivalente da concentração da riqueza e do poder

em nosso país. No meio rural e na periferia urbana os velhos excluídos, anônimos

e marginalizados. Nas classes médias, o isolamento, a perda de papéis familiares

e de trabalho, associados às perdas de poder aquisitivo, não compensado pela

aposentadoria”.

Aposentar-se tem um valor simbólico, pois coloca para o trabalhador a

possibilidade real de um mundo de não trabalho. Esta preparação para a

aposentadoria consiste em uma nova reorganização da vida na família, novas

relações afetivas, novos espaços de convívio e de relacionamento fora do mundo

do trabalho, novas rotinas e até diminuição gradativa da jornada laboral. Surgem

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os “trabalhos alternativos”, os hobbies, as experiências em artes e ofícios que

implicam em autonomia com relação à organização do trabalho (CARLOS et al,

1999).

Muitos profissionais abrem mão de suas realizações pessoais ou familiares

para se dedicar à carreira. Já dizia um ditado popular que “você está ficando velho

quando seus arrependimentos são maiores do que seus sonhos” (TEIXEIRA,

2002, p. 596). Alguns adiam seus sonhos para o futuro pressupondo que o

sucesso nas organizações satisfarão seus anseios. Esquecem ou até mesmo

fazem-se esquecer que é necessário um equilíbrio entre sucesso profissional e

qualidade de vida pessoal.

A sociedade ainda não se adaptou a esta nova fase em que todas as

pessoas passam ou algum dia passarão, acarretando em discriminação com os

aposentados, considerados velhos e inválidos.

Segundo Pascal Bruckner (1997), não existe mais um limiar do qual o ser

humano estaria fora de uso. Hoje, pode-se recomeçar a vida aos 50 ou 60 anos,

mudar o destino até os últimos momentos, contrabalançar os lados nefastos da

aposentadoria, que põe no refugo pessoas intelectuais e fisicamente capazes.

A longevidade representa para a sociedade moderna o mesmo impacto do

avanço tecnológico, do controle de natalidade e da revolução feminina, ou seja, é

um desafio que deverá ser administrado. A longevidade caminha junto à

identidade, pois a partir do momento em que o indivíduo se aposenta ele pode

criar novas identidades, por exemplo, com um novo emprego, novo grupos sociais.

É fundamental que essas novas “atividades” não sejam somente para o

lazer, elas devem exigir algo do indivíduo, que o desafiem a novos objetivos, algo

que mostre quem ele é, ou sempre quis ser realmente (TEIXEIRA, 2002). Muitos

indivíduos após se aposentarem, continuam trabalhando na organização que

sempre trabalharam, seja pelo medo de criar novas rotinas e identidades ou pelo

sentimento de se sentir inútil.

Alguns indivíduos não se percebem como aposentado, pois ainda é visto

por muitos como algo distante principalmente por ser associado à velhice,

doenças e morte. A busca por uma identidade social na aposentadoria faz com

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que a pessoa crie novas expectativas de vida e tenha uma velhice confortável e

com qualidade de vida. Faz-se necessário alertar as diferenças no processo de

significação e enfrentamento para os indivíduos que alcançam a aposentadoria.

Quando o aposentado deixa a vida profissional, é necessário que ele se

torne um individuo útil como cidadão, tanto na vida social e familiar quanto na

política, cultural ou esportiva. Que ele possa gozar da aposentadoria compensado

pelo dever cumprido na vida profissional (VEIGA, 2005).

Na verdade, antecede a aposentadoria, um período de transição, no qual o

indivíduo passa a não saber exatamente o dia de amanhã, a menos que tenha

previamente se organizado para continuar trabalhando ou ainda estudando,

buscando novos campos e áreas de atividade. Algumas pessoas ficam perdidas, e

frente ao incerto e ócio se entrega à doenças e depressões.

De acordo com Zanelli (1996), incentivar a discussão de suposições tácitas,

como os deveres de organização frente ao empregado que se aposenta, provoca

uma transformação de valores no nível gerencial e ramifica-se até atingir uma

mudança maior, do bem estar daqueles que enfrentam a transição para a

aposentadoria.

O sucesso profissional está totalmente ligado ao sucesso (satisfação)

pessoal, é necessário que haja um equilíbrio entre a capacidade de trabalhar e de

desfrutar (TEIXEIRA, 2002). Diante desta afirmação, se faz necessário que as

organizações de trabalho implantem programas de preparação para o pós-

trabalho, ou seja, a aposentadoria.

A aposentadoria pode trazer o significado de recomeço, pois novas

escolhas de carreira e de qualidade de vida poderão ser exercitadas: novo

trabalho ou emprego, atividades voluntárias, lazer. Relacionado a estas escolhas

um programa de preparação para a aposentadoria nas organizações de trabalho

habilitará os indivíduos a buscarem seus objetivos de renovação dentro ou fora

das organizações. Este programa para a aposentadoria tem o intuito de orientar os

indivíduos em seus projetos tanto profissionais quanto de vida. Nota-se a

importância desses programas de preparação, pois a possibilidade dos indivíduos

empregados estarem na organização apenas esperando completar o tempo para o

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recebimento do beneficio da aposentadoria, gerando em alguns casos,

desmotivação com sua atividade empregatícia (CARVALHO e MAGALHÃES,

2008).

Para que seja elaborado um programa de preparação para a aposentadoria

é necessário, que seja realizado um diagnóstico referente à: aspectos sociais e

psicológicos, estrutura e relacionamento familiar, ocupação de tempo, trabalho e

saúde, da população a ser trabalhada em determinada organização (SILVA e

ZANELLI, 1996). Estes mesmos autores afirmam a importância desse programa

para re-socialização do pré-aposentado à família, sociedade e demais modos de

vida.

A preparação para a aposentadoria vem como uma aliada ao individuo que

vivenciará o processo de aposentadoria. Fornece maneiras e meios para que os

aposentados possam transitar por esta etapa de uma maneira saudável e correta.

Quando se tem uma preparação para a aposentadoria as pessoas estão mais

conscientes do processo que passarão e mais preparadas para enfrentá-lo.

Quando se fala em programas de preparação para a aposentadoria

relaciona-se o idoso ao aposentado. Porém este fato mudou e a aposentadoria

esta acontecendo mais precocemente (MUNIZ, 1997).

Os líderes, ou seja, as pessoas de alto nível dentro das organizações são

as que mais se deparam com a aposentadoria de uma forma negativa. A solidão e

a depressão aparecem depois que estes perdem seu lugar de poder (VRIES,

2003)

Foi nos Estados Unidos, aproximadamente nos anos 50 que surgiram os

primeiros registros sobre programas de preparação para a aposentadoria (PPA).

No começo eram limitados à informações sobre o sistema de aposentadoria e

pensões. Ao longo do tempo com o desenvolvimento e crescimento das

organizações, os programas (PPA) foram abrangendo novos conteúdos, assim

contemplam os vários aspectos que envolvem a ruptura com o trabalho formal.

(MONTEIRO, 2008).

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Os programas de preparação para a aposentadoria vêm para ajudar o

indivíduo a cultivar ou criar novas identidades e principalmente ajudá-lo a

minimizar o impacto provocado pela passagem para o pós-carreira

(aposentadoria). Esses programas têm também a finalidade de despertar

interesses de como será o pós-carreira, as mudanças familiares e sociais,

descobrimento de novos talentos, capacidades e relacionamentos (TEIXEIRA,

2002). Os programas de preparação para a aposentadoria devem ocorrer em

várias etapas, dependendo do grupo alvo, de suas dúvidas, preocupações,

objetivos e disponibilidade. “A aposentadoria não deve ser vista apenas sob a

perspectiva da questão financeira” (TEIXEIRA, 2002, p.603). São inúmeros os

fatores que envolvem o processo de aposentadoria, como emocional, psicológico,

jurídico e previdenciário.

Estes programas de preparação para a aposentadoria devem ser

desenvolvidos tanto no fim da carreira, como também no início e durante o tempo

de trabalho. Assim ocorrerá um planejamento de carreira bem elaborado e com

consciência para que no pós-trabalho o indivíduo não sofra tanto impacto com o

desligamento de seu trabalho.

A implantação de um programa de preparação para a aposentadoria requer

várias etapas. Num primeiro momento é necessário realizar uma pesquisa sobre

os objetivos e anseios dos trabalhadores frente ao trabalho e a aposentadoria. É

necessário também a colaboração dos gestores, trabalhadores, empregados e

membros da comunidade. Os indivíduos devem ser informados com palestras e

outros meios sobre questões previdenciárias, saúde, investimentos,

relacionamento social e afetivo e qualidade de vida. É muito importante a

realização de sessões de grupos de discussão sobre o trabalho, novas carreiras,

sentimentos vindos com o afastamento do trabalho entre outros. O momento de

aposentadoria deve ser acompanhado através de encontros e entrevistas nos

primeiros anos e após a aposentadoria.

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Para Zanelli (1994) o papel do psicólogo como um profissional de Recursos

Humanos, seria o de orientar a organização a pensar em condições de trabalho

que visassem à promoção de qualidade de vida dos trabalhadores.

Os problemas psicológicos da aposentadoria ocorrem devido à ligação

entre trabalho e reconhecimento (ROMANINI, XAVIER e KOVALESKI, 2004). O

papel do psicólogo nas organizações deve estar centrado na melhoria de

qualidade de vida, e no contexto da aposentadoria dar essa assistência através de

programas de preparação e reflexão para alternativas de enfrentamento desta

fase.

O psicólogo nas organizações não deve se limitar às áreas tradicionais de

treinamento, recrutamento e seleção. O profissional de RH deve conhecer o

mercado em que a instituição está inserida, as áreas e demandas dos clientes

internos e criar vínculo com os gestores. O foco principal do psicólogo deve ser as

pessoas, uma boa percepção e escuta deve ser utilizada para que o trabalho seja

efetuado com sucesso (MION, 2007).

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3 ASPECTOS METODOLÓGICOS

3.1 . Tipo de Pesquisa

A pesquisa desenvolvida foi de caráter exploratório, descritiva de

abordagem qualitativa. Segundo Triviños (2006), a pesquisa exploratória permite

que o investigador aumente sua experiência de determinado problema, pois, o

pesquisador planeja um estudo exploratório para assim, em contato com a

população estudada, obter os resultados na qual procura. O estudo descritivo

busca um maior conhecimento sobre a população estudada através de

informações sobre a mesma. Este tipo de estudo descreve com exatidão os fatos

e fenômenos de algumas realidades. “Na pesquisa qualitativa busca-se captar não

somente a aparência do fenômeno, mas também a sua essência, as causas de

existência dele, para assim explicar sua origem, relações e mudanças”

(TRIVIÑOS, 2006, p.129).

3.2. Local de Estudo .

O Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força

Sindical foi criado no dia 15 de junho de 2000 com o objetivo de defender e buscar

direitos e interesses e principalmente a dignidade dos aposentados brasileiros. A

idéia surgiu baseada em uma Central Italiana (Uil Pensionatti) que representa

milhões de aposentados organizados e respeitados pelo governo e pela

sociedade, e visa uma melhor qualidade de vida aos aposentados. O sindicato

oferece aos associados planos de saúde, convênios com farmácias, palestras e

cursos, colônias de férias, lazer e assessoria jurídica. Para ser associado é

necessário pagar uma mensalidade estipulada pelo Sindicato, sendo que esta é

descontada no próprio beneficio.

Em 2006 o Sindicato dos Aposentados foi reconhecido por sua qualidade

no trabalho pelos Parlamentares do Brasil, recebendo o prêmio Top of Quality

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2006.

Um dos objetivos do Sindicato é de recuperar o poder aquisitivo dos

beneficiados e resgatar a dignidade do idoso. O sindicato, em Brusque, possui em

média 700 associados.

3.3. Participantes da pesquisa

A amostra foi constituída por sete participantes do Sindicato Nacional dos

Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical no Município de Brusque,

indicados pela responsável e encerrada pela saturação de dados. O critério para

seleção da amostra era de que estes fossem aposentados e participantes do

Sindicato. Após o inicio da análise de dados sentiu-se a necessidade de retornar

aos participantes para mais uma pergunta que não estava incluída inicialmente no

roteiro da entrevista e desta forma quatro indivíduos participaram somente da

ultima pergunta.

3.4 Instrumento

O instrumento de coleta de dados foi constituído por um roteiro semi-

estruturado, composto por questões abertas (Apêndice I), para a entrevista

individual.

Esta técnica de coleta de dados é muito importante, pois valoriza ao

mesmo tempo a presença do investigador e oferece perspectivas para que o

entrevistado alcance a liberdade e a espontaneidade necessárias enriquecendo a

investigação. Este tipo de entrevista parte de questionamentos básicos, apoiados

em hipóteses e teorias referentes à pesquisa, que em seguida, oferecem amplo

campo de interrogativas, resultantes de novas idéias que vão surgindo à medida

que se recebem respostas do entrevistado (TRIVINOS, 2006).

Sendo assim, buscou-se através da entrevista saber sobre os participantes

como foi sua preparação para a aposentadoria, quais seus anseios em relação à

esta etapa.

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3.5 Coleta dos Dados

Num primeiro momento foi apresentado o objetivo do trabalho e solicitado a

autorização da organização para efetuar a pesquisa (Apêndice II). Com a

autorização em mão a pesquisadora foi até o Sindicato para marcar as entrevistas

conforme a disponibilidade dos participantes. No primeiro momento a responsável

pelo Sindicato disponibilizou uma sala para que fossem realizadas as entrevistas.

Cada participante foi convidado pela pesquisadora e após lerem a assinarem o

TCLE (Termo de consentimento livre e esclarecido), (Apêndice III) foi dado início a

entrevista gravada em fita cassete. As entrevistas duraram cerca de 15 minutos

cada uma. Foi necessário voltar num segundo momento para novas entrevistas e

aprofundamento. Houve necessidade de uma terceira entrevista para conclusão

da pesquisa. As entrevistas foram gravadas e transcritas. Esta etapa ocorreu no

inicio do ano de 2009 nos meses de janeiro e fevereiro.

O principal objetivo foi o de investigar como ocorreu o processo de

aposentadoria de um grupo participante do Sindicato Nacional dos Aposentados,

Pensionistas e Idosos da Força Sindical no Município de Brusque.

3.6 Análise dos Dados

Para a análise e discussão optou-se pela análise de conteúdo, mais

especificamente a análise temática. A noção de tema remete-se a um determinado

assunto, que pode estar apresentado por uma palavra, frase ou resumo. A análise

temática do conteúdo divide-se em etapas (MINAYO, 2004).

As informações foram analisadas através da identificação de unidades de

registro, categorias e subcategorias de análise.

A primeira etapa é a pré-análise que consiste na seleção dos dados por

meio da leitura flutuante que consiste na aproximação com o conteúdo, a

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exploração do material, na qual se realiza a transformação dos dados brutos para

assim alcançar o núcleo de compreensão do texto, o tratamento dos resultados

obtidos com a descrição analítica e interpretação inferêncial (MINAYO, 2004).

CATEGORIAS SUBCATEGORIAS Planejamento pessoal tempo de serviço Invalidez Processo de preparação

Mudanças após a aposentadoria aumento na renda financeira

baixa auto estima manter-se ativo Significado de ser aposentado dificuldades financeiras Gerenciar tempo livre preconceitos

Quadro 01: Categorias e Subcategorias de Análise. Fonte: Entrevistas realizadas com participantes do Sindicato Nacional dos

Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical,elaborado pela autora em 2009.

3.7 Procedimentos Éticos

Esta pesquisa e seus instrumentos de coleta de dados foram balizados

pelas resoluções CNS - 196/1996, do Conselho Nacional de Saúde, quanto às

diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos.

Também foi seguida a resolução CPF n-016/2000 referente à realização de

pesquisa em Psicologia com seres humanos. O projeto foi analisado e aprovado

pelo Comitê de Ética da UNIVALI com parecer n°538/0 8.

A participação dos entrevistados foi espontânea. Primeiramente foi

explicado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, no qual estavam

descritos os objetivos e metodologia da pesquisa, e foram requeridas as

assinaturas antes do início da coleta dos dados.

A pesquisadora comprometeu-se em garantir o sigilo, assegurando que as

informações não serão utilizadas com o objetivo de prejudicar os participantes.

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Também foi garantido a estes que os dados apenas serão utilizados com

finalidade acadêmica, e possível publicação em revistas especializadas. O acesso

livre dos participantes às suas informações será garantido, assim como a garantia

da não ocorrência de danos ou prejuízos com a participação na pesquisa.

A organização receberá um documento como devolutiva do resultado final do trabalho.

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4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Desde a idealização do projeto de pesquisa, buscou-se através de uma

visão holística, verificar a situação das pessoas que seriam envolvidas e ouvidas

na pesquisa, com objetivo de analisar os dados coletados para melhor

compreender a realidade dos aposentados.

A seguir, serão apresentados os dados de caracterização dos voluntários.

Idade Sexo Escolaridade Tempo de aposentadoria Tipo de

Aposentadoria Tempo de Contribuição

S1 48 Masc

Ensino fundamental

completo 5 anos Especial (Insalubridade) 29 anos

S2 50 Masc Ensino Médio

Incompleto 2 anos Tempo de

Serviço 36 anos

S3 81 Masc

Ensino Fundamental Incompleto 28 anos

Tempo de Serviço Não informado

S4 60 Masc

Ensino fundamental

completo 3 anos Invalidez Não informado

S5 51 Fem

Ensino fundamental

completo 11 anos Tempo de

Serviço 25 anos

S6 52 Masc

Ensino Fundamental Incompleto 12 anos

Tempo de Serviço 25 anos

S7 62 Masc

Ensino fundamental

completo 9 anos Tempo de

Serviço 25 anos Quadro 02 – Dados de identificação. Fonte – Entrevistas realizadas com participantes do Sindicato Nacional Dos Aposentados, Pensionistas e Idosos Da Força Sindical, elaborado pela autora, em 2009.

Foram entrevistados sete participantes, sendo um do sexo feminino e seis

do sexo masculino. Blanco (2006) afirma que muitas mulheres deixam o trabalho

para cuidar dos filhos ou da família e por isso tem menos tempo de contribuição

para um plano de aposentadoria. E também as mulheres vivem, em média, sete

anos mais que os homens, sendo assim elas precisam de mais fundos para se

protegerem contra o esgotamento de fonte de renda.

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Em relação à escolaridade, quatro dos participantes tem o ensino

fundamental completo, três ensino fundamental incompleto e um com ensino

médio incompleto. A média de idade dos voluntários foi de aproximadamente 50

anos. O voluntário mais jovem estava com 48 anos e o participante com mais

idade apresentava 81 anos. O tempo de contribuição variou entre 25 a 30 anos,

sendo que um dos participantes apresenta mais tempo que os outros ficando nos

36 anos de contribuição. De acordo com o artigo 201, 7°, da Constituição Federal,

com redação dada pela Ementa Constitucional n° 20/9 8, para que se tenha direito

à aposentadoria por tempo de contribuição é necessário que o individuo comprove

no mínimo, 30 anos de contribuição, no caso do sexo feminino e 35 anos de

contribuição, quando for do sexo masculino (RIBEIRO, 2008)

Um dos casos foi ressaltado a aposentadoria especial. Segundo Ribeiro

(2008) a aposentadoria especial é o beneficio previdenciário que compensa o

individuo que tenha trabalhado em condições prejudiciais à saúde ou a integridade

física. É necessário que o individuo comprove se ocorreu realmente a existência

de exposição a agentes químicos, físicos e biológicos, ou, também a existência de

outros agentes prejudiciais, durante no mínimo, 15, 20 ou 25 anos. Não existe

limite de idade para requerer a aposentadoria especial, sendo esta irreversível e

irrenunciável.

A aposentadoria por invalidez também é vista em um dos casos, sendo que,

esta ocorre quando há incapacidade laboral permanente do individuo, que devido

a um agravante físico ou psíquico fica impossibilitado de realizar suas funções

específicas. Para que se comprove a aposentadoria por invalidez, é necessário

realizar uma perícia no INSS (art. 42, 1°, da Lei 8 .213/91) (RIBEIRO, 2008).

Os participantes estão aposentados entre dois à 12 anos sendo que um

deles está a 28 anos. Sabe-se que com o avanço tecnológico e a expectativa de

vida elevada, as pessoas vivem mais e com mais saúde. A aposentadoria está

ocorrendo entre pessoas mais jovens, e assim ainda capacitadas ao trabalho. Os

idosos estão cada vez mais permanecendo como membros ativos na sociedade,

mesmo já com idade para a aposentadoria (CARVALHO e MAGALHÃES, 2008)

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4.1 CATEGORIAS E SUBCATEGORIAS DE ANÁLISE

Para análise dos resultados, estes foram divididos em categorias e sub

categorias (Quadro 01) favorecendo a compreensão do estudo.

As categorias planejamento pessoal; processo de preparação; mudanças

após a aposentadoria e significado de ser aposentado estão relacionadas

respectivamente às subcategorias, tempo de serviço e invalidez; aumento na

renda financeira, baixa auto estima e mantém atividade; dificuldades financeiras,

gerenciar tempo livre e preconceito.

Categoria: Planejamento Pessoal

Alguns indivíduos planejam a aposentadoria de forma a ter mais autonomia,

e qualidade de vida. “A preparação para a aposentadoria deve ser encarada como

um projeto estratégico de vida, uma oportunidade para se dedicar aquilo que você

sempre sonhou” (CARDOZO, 2009). Porém na maioria dos casos não ocorre

planejamento, como se nota na pesquisa. As pessoas vêem a aposentadoria

como um acontecimento natural da vida. Algumas pessoas se acomodam e

esperam completar o tempo de contribuição de acordo com a legislação atual,

conforme apresentado nas subcategorias a seguir:

Subcategoria: Tempo de Serviço

S1 [...] o trabalho prejudicando a saúde [...] comecei a correr atrás para ver se

eu tinha o direito de me aposentar [...]. Eu trabalhava com fundição, eu cuidava do

forno, daí o calor a fumaça e a poeira estavam me prejudicando [...] isso me fez

buscar a aposentadoria.

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Segundo Ribeiro (2008) Para adquirir a aposentadoria especial ou por

insalubridade é necessário que haja uma verificação do tempo de duração da

exposição para constatar se há ou não o direito a aposentadoria, é também

verificado o grau de nocividade do agente em questão.

“Desta forma, o que determina o direito ao beneficio é a exposição do trabalhador ao agente nocivo presente no ambiente de trabalho e no processo produtivo, em nível de concentração superior aos limites de tolerância estabelecidos” (RIBEIRO, 2008, pg 152).

S2 Não (teve planejamento) [...] quando faltavam uns dois anos eu já fazia

os meus cálculos. [...] Me aposentei com 36 anos de serviço. [...] minha

aposentadoria é assim, [...] atividade comum, 4 anos de tempo rural e depois

atividade especial. [...] Peguei o tempo de atividade rural, fui somando. Houve uma

mudança na Lei 9032, que dizia que dirigente sindical não era considerado

atividade especial, ai a lei mudou e eu aproveitei o embalo e fiz a aposentadoria.

S5 Foi bem tranqüilo, eu fui atrás.

S6 [...] deu o tempo e eu pedi aposentadoria.

S7 [...] deu o tempo [...] fui atrás de informações entrei no INPS e pronto.

O processo de preparação para a aposentadoria ainda é desconhecido por

muitas pessoas. Os indivíduos vêem a aposentadoria como algo natural da vida e

não como uma nova etapa a ser vivida.

A aposentadoria é um marco na vida do trabalhador e está vinculada ao

envelhecimento, causando muitas discussões sobre este processo. No mesmo

tempo em que a aposentadoria representa um momento de realização e

possibilidade de desenvolvimento pessoal, também é atribuído efeitos nefastos

como fonte de doenças e declínio geral da saúde. Por isso aposentar-se pode ser

bom ou mau em função de variáveis relacionadas ao trabalho em si, como,

desgaste físico e mental; interesse pela atividade; satisfação profissional;

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remuneração, rede de amizades e conseqüentemente à vida do individuo de modo

geral, saúde, segurança, economia e projetos futuros (Veiga, 2005).

Dos participantes, quatro declararam terem feito um planejamento pessoal

para a aposentadoria sendo que, pode-se perceber um equívoco, pois na verdade

não houve um planejamento, apenas o tempo de contribuição foi cumprido e

buscou-se o direito a aposentadoria, como nos casos de S2,S6 e S7.

Nos casos S2,S6 e S7 a aposentadoria ocorreu devido ao tempo de serviço

exigido ter sido cumprido. Como já citado no trabalho, as regras de idade para

aposentadoria são: aposentadoria por tempo de serviço: 35 anos para os homens

e 30 anos para a mulher; aposentadoria por idade (INSS urbano): 65 anos para

os homens e 60 anos para a mulher; aposentadoria por idade (INSS rural): 60

anos para os homens e 55 anos para a mulher; aposentadoria proporcional: após

30 anos para os homens e 25 anos para a mulher.

Subcategoria: Invalidez

Ribeiro (2008) afirma que a invalidez pode ser física ou mental. Acontece

quando o individuo sofre algum tipo de acidente ou gera alguma doença devido as

condições de trabalho. A autora afirma que a incapacidade ao trabalho não condiz

a todo tipo de atividade, sendo assim, somente para aquela exercida

habitualmente. Essa incapacidade deve ser julgada pelo perito do INSS como

temporária, passível de recuperação; caso isto não ocorra o beneficio que poderá

ser concedido será a aposentadoria por invalidez.

A responsabilidade da previdência social devido a incapacidade é de apenas

uma espécie, denominada incapacidade laboral ou econômica. Esta consiste na

impossibilidade gerada por uma doença ou enfermidade, sendo total ou parcial,

em praticar uma atividade profissional (RIBEIRO, 2008).

A verificação da incapacidade é realizada pela Previdência Social, através de

exame médico pericial. No caso da aposentadoria por invalidez, o direito ao

benefício está condicionado ao afastamento do individuo do trabalho, o qual deve

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submeter-se, bienalmente, à perícia médica, sob pena de suspensão de benefício,

caso não o faça (RIBEIRO, 2006).

S4 Tive três hérnias de disco para operar [...] por causa do meu trabalho [...]

carregava peso. [...] fiquei cinco anos encostado. [...] Me aposentei por

necessidade, hoje em dia eu fico chateado [...] fico em casa e minha mulher vai

trabalhar. [...] a gente que trabalhou toda a vida [...] agora fica em casa.

Conforme o manual de doenças relacionadas ao trabalho (2001) os fatores de

risco para a segurança e saúde dos trabalhadores, presentes ou relacionados ao

trabalho, podem ser classificados em cinco grandes grupos: físicos: ruído,

vibração, radiação ionizante e não-ionizante, temperaturas extremas (frio e calor),

pressão atmosférica anormal, entre outros; químicos: agentes e substâncias

químicas, sob a forma líquida, gasosa ou de partículas e poeiras minerais e

vegetais,comuns nos processos de trabalho); biológicos: vírus, bactérias,

parasitas, geralmente associados ao trabalho em hospitais, laboratórios e na

agricultura e pecuária; ergonômicos e psicossociais: decorrem da organização e

gestão do trabalho, como, por exemplo: da utilização de equipamentos, máquinas

e mobiliário inadequados, levando a posturas e posições incorretas; locais

adaptados com más condições de iluminação, ventilação e de conforto para os

trabalhadores; trabalho em turnos e noturno; monotonia ou ritmo de trabalho

excessivo, exigências de produtividade, relações de trabalho autoritárias, falhas no

treinamento e supervisão dos trabalhadores, entre outros; mecânicos e de

acidentes: ligados à proteção das máquinas, arranjo físico, ordem e limpeza do

ambiente de trabalho, sinalização, rotulagem de produtos e outros que podem

levar a acidentes do trabalho.

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Categoria: Processo de Preparação

Nesta etapa buscou-se saber se o entrevistado preparou-se não só

financeiramente como nas questões relacionadas à saúde, familiar e social e

também se a organização em que o individuo trabalhou fornecia processo de

preparação para a aposentadoria. Bruns e Abreu (1997) realizaram uma pesquisa

que reforça a falta de planejamento como causadora da angustia e solidão na pós

aposentadoria. As pessoas deparam-se com uma insegurança em lidar com uma

vida sem ocupação profissional mesmo que esta tenha ocorrido com insatisfação.

Os participantes da pesquisa revelaram que as organizações em que

atuaram não mantinham um programa formal de preparação para a aposentadoria

e os que afirmaram ter se preparado indicam que foi por iniciativa própria.

S1 - Eu me preparei [...] Não, cada um tinha que buscar por si próprio né.

Eles nunca incentivaram.

S2 - Não. Eu comecei na roça, criando porco. [...] fui pra uma indústria com

17 anos até 1994, e em 94 eu assumi a presidência do Sindicato.

S3 Eles falavam. É falavam já tinham gente idosas que já tavam na época

pela idade de aposentar. Mas eles não tinham , a industria não tinha, vamos dizer

anos de contribuição. Mas eles tinham anos de idade.

S4 Eu me preparei né[...] Foi sempre por minha conta. Eu fui no médico [...]

e eu fui num advogado para provar que eu não podia trabalhar. Demorou seis

meses, ai eu fiz uma perícia no médico da Federal, ai saiu a aposentadoria.

S5 Não. [...] Por trabalhar no Sindicato eu sempre estava por dentro das

leis. [...] todo trabalhador que começa a contribuir já esta pensando em ter uma

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aposentadoria mais tarde. Comigo não foi diferente. Estava esperando o retorno

da contribuição.

S6 Não, eu trabalhei de funileiro e soldador numa empresa.

S7 Eu trabalhei no estado [...] depois trabalhei em mais duas firmas, ai deu

o tempo, um amigo meu disse que eu tinha tempo para me aposentar e eu fui

atrás.

No caso de S4, a preparação para aposentadoria que ele reconhece não

condiz com a literatura. Não houve uma preparação psicológica e financeira neste

caso.

Em nenhum dos casos entrevistados foi evidenciado a ocorrência do

processo de preparação para a aposentadoria. Todos buscaram por conta própria,

sem levar em conta a importância do processo e sua influência na vida pessoal. A

chegada da aposentadoria é enfrentada por muitos como um momento de difícil

passagem, vale ressaltar a importância das organizações frente aos trabalhadores

para enfrentamento desta difícil etapa. A preparação para a aposentadoria deve ser

um processo continuado e deve estar relacionado ao planejamento da vida

(FRANÇA, 2008).

Sabe-se que a preparação para a aposentadoria é responsabilidade

individual, porém, os setores da sociedade devem fornecer apoio e estímulo ao

trabalhador em relação ao seu planejamento para o futuro (FRANÇA, 2002). O

apoio e, ou, estímulos devem vir com objetivos de despertar o indivíduo para suas

capacidades de alcançar metas e garantir sua qualidade de vida. A aposentadoria

poderá ser vista como um renascimento, tanto no mundo de trabalho quanto no

pessoal.

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Categoria: Mudanças Após Aposentadoria

A aposentadoria é um período de reestruturação da atividade e valores. A

vida deixada de lado volta a ser realidade e a família é de suma importância neste

período. A aposentadoria pode ser um momento de retomada dos vínculos

familiares e afetivos (ROMANINI, 2004). O modo na qual a reestruturação de vida

será enfrentada pode variar entre os indivíduos. Quando não ocorre um

planejamento pessoal o período pré-aposentadoria pode vir a ser angustiante para

o individuo e para a sua família, pois as preocupações com saúde e financeiro se

tornam evidentes. (RODRIGUES, 2005)

No entanto, as mudanças após a aposentadoria somente poderão ocorrer

de forma positiva se houver um preparo do individuo e da organização na pré

aposentadoria. Elaborar uma estratégia saudável e financeiramente viável tornará

a aposentadoria uma etapa agradável de ser vivida.

Subcategoria: Aumento na renda financeira

É necessário um planejamento financeiro pessoal para garantir um padrão

de vida auto sustentável cobiçado pela maioria das pessoas, um planejamento

pensado e elaborado anos antes da aposentadoria. O individuo que busca garantir

uma renda para sua sobrevivência deve estar consciente de que necessita poupar

de uma maneira correta e assim alcançar a renda almejada (GARCIA, 2005).

S2 [...] o meu padrão de vida aumentou [...] porque eu continuei

trabalhando tenho dois salários[...]. Eu vou ficar mais um mandato e [...] vou voltar

a criar porco, [...].

S6 [...] porque aumentou o salário um pouquinho, porque eu continuei a

trabalhar, a gente não pode parar.

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S7 Na verdade eu não parei de trabalhar, eu me aposentei e fiquei só um

mês parado, [...] Melhorou o orçamento familiar.

Os participantes S2, S6 e S7 não pararam de trabalhar. Nota-se a

necessidade de uma renda extra para garantia de uma melhor qualidade de vida,

que se tivesse ocorrido um processo de preparação, talvez não gerasse tanta

angustia e ansiedade.

A sociedade atual é movida pelo consumo, este que vai alem da

necessidade de cada um, pois os consumidores movem-se em direção ao topo da

Pirâmide de Maslow: a auto-realização.

“O consumo não é apenas um meio de sobrevivência ou um fenômeno econômico. É uma forma de estabelecer relações sociais, é uma forma de comunicar um estilo de vida, mais ou menos vitorioso. É também uma forma de se sentir mal por perceber que a maior parte da humanidade não tem esse poder de escolha, muitas vezes nem sequer o poder para comprar os bens necessários para sobreviver” (GONÇALVES , pg 285).

Subcategorias: Mantém atividades

S1 Na verdade eu não quis ficar em casa parado [...] Eu comecei a

trabalhar como voluntário, [...] lá na igreja da nossa comunidade.[...] no ano

passado eu fui convidado para trabalhar aqui no sindicato dos aposentados né,

daí eu acabei aceitando, [...] eu me sinto mais alegre do que estar em casa [...].

Ressalta-se dentre os entrevistados que apenas um buscou uma nova

atividade, sendo esta o trabalho voluntário. Entre os idosos, particularmente os

aposentados, o trabalho voluntário é uma prática comum e em crescente

expansão, este serve como mecanismo para se manterem socialmente ativos e

afastarem-se do preconceito advindo com a aposentadoria, entre outros benefícios

(SOUZA e LAUTERT, 2008).

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S5 Não houve muitas mudanças [...]. A única coisa foi que reduzi meu horário de

trabalho para quatro horas. Na minha família não houve mudança [...] nunca vivi

como aposentada, não me considero aposentada, pretendo trabalhar muito tempo

ainda.

A fala de S5 reforça o quanto o trabalho é uma confirmação de auto-estima

e utilidade em relação a sociedade, e também é o principal organizador da vida

humana” (KOVALESKI, ROMANINI e XAVIER, 2004). Como já foi colocado nesta

pesquisa, o trabalho é visto como a inserção obrigatória do indivíduo no sistema

de relações sociais e econômicas, além de ser uma fonte salarial, representa

também seu lugar na hierarquia de uma sociedade, praticamente define quem

será ao longo de sua trajetória (VERAS, 1997). O trabalho é compreendido como

todo esforço humano que intervêm em seu ambiente com certa finalidade,

incluindo atividades realizadas como o lazer.

Subcategoria: Baixa auto estima

S4 Muitas (mudanças)[...] fiquei 4 anos encostado e não ganhava nada. A

minha vida está diferente [...]. A gente pensa que sou inútil [...]. Meus filhos e

esposa brigam comigo se eu faço algo. Eu não posso trabalhar em nada [...]. A

gente fica preso. Eu acho que os outros olham pra gente e pensam aquele

malandrão lá. É uma situação chata, a gente se sente um nada [...].

A aposentadoria para S4 ocorreu por invalidez, sendo assim, não pode

trabalhar em nenhuma atividade, por risco de perder a aposentadoria. O

assegurado que recebe aposentadoria especial poderá ter o beneficio suspenso

se retornar ou permanecer em atividade sob condições especiais. (art.69,

parágrafo único do decreto n° 3.048/99)” (RIBEIRO, 2008).

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Percebe-se ainda que o individuo não tem uma relação saudável com o

ambiente em que vive. “o velho sente-se um individuo diminuído, que luta para

continuar sendo homem” (BOSI, 1994, p 79).

Categoria: Significado de ser aposentado

Subcategoria: Dificuldades financeiras

A subcategoria dificuldades financeiras revela uma das principais mudanças que

ocorreram na vida dos aposentados, conforme falas a seguir.

S2 - Ser aposentado é esperar apreensivo o valor da aposentadoria e

chegar no final do mês e ver se consegue pagar as contas.

S6 – Ser aposentado deveria ser uma grande realização [...]. Mas o que

acontece na realidade é que depois de se aposentar se torna uma frustração, pois

o salário não corresponde com a necessidade.

Ao analisar as falas dos sujeitos S2 e S6 nota-se uma contradição a

respeito da renda financeira, pois os dois relataram a insatisfação em relação à

renda, porém na categoria mudanças após a aposentadoria os mesmos sujeitos

relataram “ o meu padrão de vida aumentou”(S2), aumentou o salário (S6). Estas

contradições podem ser devido à expectativa que tiveram em relação ao período

pós -aposentadoria. A renda que o indivíduo terá na aposentadoria deveria ser

pensada desde o inicio de sua vida laboral, a incerteza do valor do benefício da

aposentadoria gera frustração, como visto no sujeito S6, pois não é possível saber

se o valor poderá manter o padrão de vida e consumo vivido antes da

aposentadoria. A renda, consumo e poupança do individuo estão interligados, pois

a renda do o individuo na fase inativa dependerá do seu ganho anterior e do

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quanto conseguiu poupar no seu consumo para garantir um futuro seguro fina

nceiramente (GARCIA,2005).

S8 – [...] lutando conseguimos deixar uma previdência melhor para nossos

filhos ou netos.

S10 – Ser aposentado, querendo ou não significa uma segurança.

Um dos participantes relata a segurança em ser aposentado, pois a renda

da aposentadoria é garantida todo mês e gera tranquilidade em saber que o

dinheiro virá.

S11 – [...] ser aposentado é ter pago ao longo dos anos sua contribuição

para o INSS para ter um salário digno para suprir suas necessidades básicas [...]

mas este privilégio fica só para um terço da população no Brasil. [...] continuar

trabalhando meio período seria o ideal, mas como sua aposentadoria vai

diminuindo ao longo dos anos, fica inviável ficar sem trabalhar período integral [...]

a idade chega e as doenças também. [...] será que teremos um dia uma

aposentadoria digna neste pais? Como eu ainda não sei a resposta vou continuar

trabalhando período integral para poder pagar [...] necessidades.

A aposentadoria é um direito de todos os trabalhadores. É necessário que

o indivíduo pague a previdência social que é o seguro social para a pessoa que

contribui. A previdência social é uma instituição pública e seu objetivo é

reconhecer e conceder direitos aos seus segurados. A renda fornecida pela

Previdência Social é utilizada para substituir a renda do trabalhador contribuinte,

isto ocrre quando ele perde a capacidade de trabalho, seja por determinados

fatores como doença, invalidez, idade avançada, morte e desemprego

involuntário, ou mesmo a maternidade e a reclusão (POLÍTICAS DE

PREVIDÊNCIA SOCIAL, 2009).

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Subcategoria: gerenciar o tempo livre

A subcategoria gerenciar o tempo livre denota a alguns participantes

conseguirem se envolver em outros fazeres.

S1 - Ser aposentado e estiver com saúde é um tempo mais tranqüilo na

vida e com muitas historias para contar.

S9 - Para mim ser aposentado é no meu caso, estar a disposição para

realizar muitas atividade em prol da minha comunidade, realizando com toda

minha experiências acumuladas os projetos sociais - para no serviço voluntário -

ajudar minha comunidade ser um modelo de atendimento aos idoso, jovens e

crianças. Todos os dias trabalho voluntariamente de 8 a 10 horas com muita

alegria no atendimento aos moradores da comunidade como presidente de uma

associação de moradores.

S11 – Ser aposentado é ter mais tempo livre para fazer o que você gosta

Para os aposentados a administração do tempo livre se torna um desafio,

principalmente para aqueleS que tinham como foco único o trabalho. Gerenciar o

tempo para projetos desejados que antes não podiam ser executados são formas

de ter uma aposentadoria ativa. Saber administrar o tempo livre requer para

alguns uma nova adaptação, sendo que para outros em que houve o equilíbrio

entre trabalho e vida pessoal torna mais fácil ver a aposentadoria como algo

prazeroso (FRANÇA, 2008).

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Subcategoria: Preconceito

A falta de compreensão das pessoas sobre o que é ser aposentado gera

um falso significado sobre esta nova etapa que afeta a identidade social e pessoal

de cada indivíduo. Leon (2000) relata que o comprometimento da aparência

pessoal, da saúde e do desempenho em relação à execução de algumas tarefas,

mesmo que não atinja todos indivíduos, pode reforçar alguns preconceitos em

relação aos aposentados, podendo assim a aposentadoria ser visualizada como

um demarcador temporal do envelhecimento.

S1 - Ser aposentado é um sinal de um longo tempo de trabalho e luta

incansável. Melhor ainda seria se o aposentado fosse melhor reconhecido pelos

nossos políticos.

S8 - Ser aposentado é sempre estar lutando para que os governantes não

nos deixem a míngua.

S10 – Tem um significado contrario também que é um sinal de velhice para

algumas pessoas o que gera preconceito.

É comum relacionar aposentadoria á velhice e também a perda do papel

produtivo. Segundo França, (2002a) a aposentadoria pode trazer questões

psicológicas e existências, como também descobertas e realizações de interesses

antes desconhecidos.

Uma pesquisa realizada em 1996 pelo Instituto Gallup e pela empresa de

investimentos Paine Webber mostra que 85% dos americanos economicamente

ativos querem continuar trabalhando depois da aposentadoria. Em 1999, outra

pesquisa reve-la que 62% dizem que permaneceram trabalhando porque gostam,

26% permaneceram trabalhando porque precisam do dinheiro e apenas 12%

pensam em aproveitar mais a família, amigos, viagens e não querem continuar

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trabalhando. Todavia, nem sempre é possível continuar no mercado de trabalho.

(KOVALESKI, ROMANINI e XAVIER, 2004).

França (2004) afirma que os programas de preparação para a

aposentadoria trazem muitos benefícios quando desenvolvem um

autoconhecimento dos trabalhadores e suas aspirações para o futuro. A

produtividade e satisfação do empregado pré-aposentado não serão afetadas

devido a motivação e segurança adquirida com estes programas.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O futuro do individuo é incerto, todas as pessoas passam por etapas na vida

e a aposentadoria é uma delas. A busca por uma aposentadoria plena em vários

fatores da vida como, familiar, financeiro e saúde, é almejada pela maioria das

pessoas. A presente pesquisa remete a investigação se há processo de

preparação para a aposentadoria e como este ocorre em determinado grupo.

Como apresentado no embasamento teórico deste trabalho a população

idosa representa 15 milhões de pessoas, ou seja, 15 milhões de aposentados e

tende a aumentar nos próximos anos, por isso friso a relevância dos programas de

preparação para a aposentadoria para que os indivíduos possam manter-se

seguros nesta etapa.

Foi possível por meio deste trabalho perceber a falta de informações aos

pré-aposentados e a influência da aposentadoria na vida de cada um. Em nenhum

momento foi relatado a ocorrência de um planejamento para a aposentadoria

propiciado pelas organizações onde cada participante trabalhou. Foram relatados

diferentes tipos de mudanças ocasionadas pela aposentadoria, sendo estas

financeiras, sociais e familiares. Uma das mudanças mais significativas foi a do

trabalho voluntário e este vem como fator positivo frente a aposentadoria, os

indivíduos se mostram satisfeitos com o trabalho voluntário. Constatou-se também

que muitos dos indivíduos após a aposentadoria não deixaram de trabalhar, em

alguns casos isto ocorre para que haja um acréscimo na renda financeira e em

outros para não deixar de ser ativo na sociedade.

O preconceito enfrentado pelo fato de aposentadoria estar ligado a velhice

também aparece na pesquisa. Na sociedade em que vivemos é comum as

pessoas excluírem os “velhos” por terem o pensamento de estes serem um peso

para a sociedade. Com isso a auto estima do individuo acaba sendo afetada esta

etapa de aposentadoria que deveria ser de prazer acaba sendo de exclusão.

Quanto ao fator planejamento pessoal foi possível identificar o

desconhecimento do significado deste para a aposentadoria dentre os

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participantes, verificou-se que os indivíduos apenas esperam completar o tempo

de contribuição e assim receber o beneficio, sem haver qualquer planejamento. O

processo de preparação também aparece como desconhecido, pois sendo

somente esperado o tempo de contribuição os indivíduos não tem a consciência

da importância de um preparo para garantia de conseguir um futuro almejado.

Constatou-se também a dificuldade financeira que os indivíduos enfrentam

na aposentadoria, o padrão de vida mantido durante anos é neste momento causa

de preocupação, pois somente a renda obtida somente pelo beneficio da

aposentadoria não é capaz de manter padrões tidos antes, por isso a maioria dos

indivíduos continuam trabalhando mesmo depois de aposentados.

Diante de uma realidade em que a aposentadoria gera mudanças sociais,

pessoais e angustias na perda do papel na sociedade gerado pelo “desligamento”

do trabalho, vê-se a importância de criar programas de preparação para a

aposentadoria capazes de orientar e auxiliar os indivíduos no período de pré-

aposentados. Pretende-se despertar as organizações para a importância da

implantação de programas de preparação para a aposentadoria, é necessário que

as organizações caminhem junto ao indivíduo em todas as esferas da vida, para

que assim, possa haver melhor enfrentamento frente a aposentadoria.

Espera-se que esta pesquisa venha a contribuir com os pré-aposentados e

possa reeducá-los para questões financeiras, sociais, saúde, familiar que são

influenciadas por esta fase. Objetiva-se que os pré-aposentados tenham mais

conhecimento sobre seus direitos e deveres como aposentados, e que, a vida

ativa não acaba nesta etapa.

Salienta-se que houve dificuldades para definir uma população alvo e o

local de estudo para o desenvolvimento do projeto. Algumas das organizações

contatadas nem sequer sabiam o que era um programa de preparação para a

aposentadoria.

Como sugestões recomenda-se um estudo mais aprofundado sobre os

benefícios do programa de preparação para a aposentadoria e novas pesquisas

referentes ao tema. Estendem-se as sugestões às empresas, que podem fazer

com baixo custo um trabalho de preparação para aposentaria com seus

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colaboradores e com isso manter a motivação com os funcionários desde o início

da vida empregatícia até o desligamento desta, criando assim um

comprometimento com a organização.

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psicólogo frente a esta questão.

http://www.sindicatodosaposentados.org.br/sindicato/institucional.htm?menu=1

Acessado em 14 de abril de 2009.

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7 ANEXOS

7.1 ANEXO I

DECRETO Nº 4.682 - DE 24 DE JANEIRO DE 1923 - DOU DE 28/01/1923 - LEI ELOY CHAVES O PRESIDENTE DA REPÚBLICA dos Estados Unidos do Bra sil: Faço saber que o Congresso Nacional decretou e eu s anciono a lei seguinte:

Art. 1º Fica creada em cada uma das empresas de estradas de ferro existentes no paiz uma Caixa de Aposentadoria e Pensões para os respectivos empregados.

Art. 2º São considerados empregados, para os fins da presente lei, não só os que prestarem os seus serviços mediante ordenado mensal, como os operarios diaristas, de qualquer natureza, que executem serviços de caracter permanente.

Paragrapho único. Consideram-se empregados ou operarios permanentes os que tenham mais de seis mezes de serviços continuos em uma mesma empresa.

Art. 3º Formarão os fundos da Caixa a que se refere o art. 1º: a) uma contribuição mensal dos empregados, correspondente a 3% dos respectivos vencimentos; b) uma contribuição annual da empresa, correspondente a 1% de sua renda bruta; c) a somma que produzir um augmento de 1,5% sobre as tarifas da estrada de ferro; d) as importancias das joias pagas pelos empregados na data da creação da caixa e pelos admitidos posteriormente, equivalentes a em mez de vencimentos e pagas em 24 prestações mensaes; e) as importancias pagas pelos empregados correspondentes à diferença no primeiro mez de vencimentos, quando promovidos ou aumentados de vencimentos, pagas tambem em 24 prestações mensaes; f) o importe das sommas pagas a maior e não reclamadas pelo público dentro do prazo de um anno; g) as multas que attinjam o público ou o pessoal; h) as verbas sob rubrica de venda de papel velho e varreduras; i) os donativos e legados feitos à Caixa; j) os juros dos fundos accumulados.

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Art. 4º As empresas ferroviárias são obrigadas a fazer os descontos determinados no art. 3º, letras "a", "d" e "e" nos salarios de seus empregados, depositando-os mensalmente, bem como as importancias resultantes das rendas creadas nas letras "c", "f", "g" e "h" do mesmo artigo, em banco escolhido pela administração da Caixa sem dedução de qualquer parcella.

Art. 5º As empresas ferroviárias entrarão mensalmente para a Caixa, por conta da contribuição estabelecida na letra "b", do art. 3º, com uma somma equivalente à que produzir o desconto determinado na letra "a" do mesmo artigo. Verificado annualmente quanto produziu a renda bruta da estrada, entrará esta com a differença se o resultado alcançado pela quota de 1% for superior ao desconto nos vencimentos do pessoal. Em caso contrario, a empresa nada terá direito a haver da Caixa, não sendo admissível, em caso algum, que a contribuição da empresa seja menor que a de seu pessoal.

Art. 6º Os fundos e as rendas que se obtenham por meio desta lei serão de exclusiva propriedade da Caixa e se destinarão aos fins nella determinados.

Em nenhum caso e sob pretexto algum, poderão esses fundos ser empregados em outros fins, sendo nullos os actos que isso determinarem sem prejuizo das responsabilidades em que incorram os administradores da Caixa.

Art. 7º Todos os fundos da Caixa ficarão depositados em conta especial no Banco, escolhido de acordo com o art. 4º, salvo as sommas que o Conselho de Administração fixar como indispensáveis para os pagamentos correntes, e serão applicados, com previa resolução do Conselho de Administração para cada caso na acquisição de títulos de renda nacional ou estadual, ou que tenha a garantia da Nação ou dos Estados.

Paragrapho único. Não serão adquiridos títulos de Estado que tenha em atrazo o pagamento de suas dívidas.

Art. 8º Os bens de que trata a presente lei não são sujeitos a penhora ou embargo de qualquer natureza.

Art. 9º Os empregados ferroviários, a que se refere o art. 2º desta lei, que tenham contribuido para os fundos da Caixa com os descontos referidos no art. 3º letra "a" terão direito:

1. a socorros médicos em casos de doença em sua pessoa ou pessoa de sua família, que habite sob o mesmo tecto e sob a mesma economia; 2. a medicamentos obtidos por preço especial determinado pelo Conselho de Administração; 3. aposentadoria; 4. a pensão para seus herdeiros em caso de morte.

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Art. 10. A aposentadoria será ordinária ou por invalidez.

Art. 11. A importância da aposentadoria ordinária se calculará pela média dos salarios percebidos durante os últimos cinco annos de serviço, e será regulada do seguinte modo:

1. até 100$000 de salario, 90/100; 2. salario entre 100$000 e 300$000, 90$000 mais 75/100 da differença entre 101 e 300$000; 3. salario de mais de 300$000 até 1:000$000, 250$000 e mais 70/100 da differença entre 301$000 e a importância de 1:000$000; 4. salario de mais de 1:000$000 até 2:000$000, 250$000 e mais 65/100 da differença entre 301$000 e a importância de 2:000$000; 5. salario de mais de 2:000$000, 250$000 e mais 60/100 da differença entre 301$000 e a importância do salario.

Art. 12. A aposentadoria ordinária de que trata o artigo antecedente compete: a) completa, ao empregado ou operario que tenha prestado, pelo menos, 30 annos de serviço e tenha 50 annos de idade; b) com 25% de reducção, ao empregado ou operario que, tendo prestado 30 annos de serviço, tenha menos de 50 annos de idade; c) com tantos trinta avos quanto forem os annos de serviço até o máximo de 30, ao empregado ou operario que, tendo 60 ou mais annos de idade, tenha prestado 25 ou mais, até 30 annos de serviço.

Art. 13. A aposentadoria por invalidez compete, dentro das condições do art. 11, ao empregado que, depois de 10 annos de serviço, for declarado physica ou intellectualmente impossibilitado de continuar no exercício do emprego ou de outro compativel com a sua actividade habitual ou preparo intellectual.

Art. 14. A aposentadoria por invalidez não será concedida sem previo exame do médico ou médicos designados pela administração da Caixa, em que se comprove a incapacidade allegada, ficando salvo à administração proceder a quaesquer outras averiguações que julgar convenientes.

Art. 15. Nos casos de acidente de que resultar para o empregado incapacidade total permanente, terá elle direito à aposentadoria, qualquer que seja o seu tempo de serviço.

Paragrapho único. Quando a incapacidade for permanente e parcial, a importância da aposentadoria será calculada na proporção estabelecida pela tabella annexa ao regulamento baixado com o Decreto nº 13.498, de 12 de março de 1919.

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Art. 16. Nos casos de acidente de que resultar para o empregado incapacidade temporária, total ou parcial, receberá o mesmo da Caixa indenização estabelecida pela Lei número 3.724, de 15 de janeiro de 1919.

Art. 17. Não se concederá aposentadoria, em nenhum caso, por invalidez, aos que a requeiram depois de ter deixado o serviço da respectiva empresa.

Art. 18. Os empregados ou operarios que forem declarados dispensados por serem prescindiveis os seus serviços ou por motivo de economia, terão direito de continuar a contribuir para a Caixa, se tiverem mais de cinco annos de serviço, ou a receber as importancias com que para ella entraram.

Art. 19. As aposentadorias por invalidez serão concedidas em caracter provisorio e ficarão sujeitas à revisão.

Art. 20. O direito de pedir aposentadoria ordinária se extingue quando se completarem cinco annos da sahida do empregado ou operario da respectiva empresa.

Art. 21. A aposentadoria é vitalícia e o direito a percebe-la só se perde por causa expressa nesta lei.

Art. 22. O aposentado por incapacidade permanente e parcial, cujos serviços tenham sido utilizados em outro emprego, perceberá, além do salario, a fracção da aposentadoria. Se alcançar os annos de serviço para obter a aposentadoria ordinária ser-lhe-á concedida aposentadoria definitiva, igual ao total da ordinária que corresponda ao salario do seu novo emprego mais a fracção da aposentadoria por invalidez que tenha percebido.

Art. 23. Para os effeitos da aposentadoria só se levarão em conta os serviços effectivos, ainda que não sejam continuos, durante o número de annos requeridos e prestados em uma ou em mais de uma emprêsa ferroviária. Quando a remuneração do trabalho for paga por dia, calcular-se-á um anno de serviço para cada 250 dias de serviço effectivo e se tiver sido por hora dividir-se-á por oito o número de horas para estabelecer o número de dias do trabalho effectivo.

Art. 24. A fracção que no prazo total de antiguidade exceder a seis mezes será calculada por um anno inteiro.

Art. 25. Não poderão ser aposentados os que forem destituídos dos seus logares por mão desempenho de seus deveres no exercício dos seus cargos. A elles serão, porém, restituidas as contribuições com que entraram.

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Art. 26. No caso de fallecimento do empregado aposentado ou do activo que contar mais de 10 annos de serviços effectivos nas respectivas empresas, poderão a viúva ou viúvo inválido, os filhos e os paes e irmãs enquanto solteiras, na ordem da successão legal, requerer pensão à Caixa creada por esta lei.

Art. 27. Nos casos de acidente de trabalho têm os mesmos beneficiarios direito à pensão, qualquer que seja o número de annos do empregado fallecido.

Art. 28. A importancia da pensão de que trata o art. 26 será equivalente a 50% da aposentadoria percebida ou a que tinha direito o pensionista, e de 25% quando o empregado falecido tiver mais de 10 e menos de 30 annos de serviço effectivo. Paragrapho único. Nos casos de morte por acidente, a proporção será de 50%, qualquer que seja o número de annos de serviço do empregado fallecido.

Art. 29. Por fallecimento de qualquer empregado ou operario, qualquer que tenha sido o número de annos, em trabalho prestado, seus herdeiros terão direito de receber da Caixa, immediatamente, um peculio em dinheiro de valor correspondente à somma das contribuições com que o fallecido houver entrado para a Caixa, não podendo esse peculio exceder o limite de 1.000$000.

Art. 30. Não se accumularão duas ou mais pensões ou aposentadorias. Ao interessado cabe optar pela que mais lhe convenha, e, feita a opção, ficará excluido o direito às outras.

Art. 31. As aposentadorias e pensões serão concedidas pelo Conselho de Administração da Caixa, perante o qual deverão ser solicitadas, acompanhadas de todos os documentos necessários para a sua concessão. Da decisão do Conselho contrária à concessão da aposentadoria ou pensão haverá recurso para a juiz de direito do civil da comarca onde tiver séde a empresa. Onde houver mais de uma Vara, competirá à primeira. Esse processos terão marcha summaria e correrão independente de quaesquer custas e sellos.

Art. 32. Logo que seja creado o Departamento Nacional do Trabalho, competirá ao respectivo director o julgamento de quaesquer recursos das decisões do Conselho de Administração das Caixas de pensões e aposentadorias.

Art. 33. Extingue-se o direito à pensão: 1. para a viúva ou viúvo, ou paes quando contrahirem novas núpcias;

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2. para os filhos desde que completarem 18 annos; 3. para as filhas ou irmãs solteiras, desde que contrahirem matrimônio; 4. em caso de vida deshonesta ou vagabundagem do pensionista. Paragrapho único. Não tem direito à pensão a viúva que se achar divorciada ao tempo do fallecimento.

Art. 34. As aposentadorias e pensões de que trata a presente lei não estão sujeitas a penhora e embargo e são inalienáveis. Será nulla toda a venda, cessão ou constituição de qualquer onus que recahia sobre ellas.

Art. 35. As empresas ferroviárias são obrigadas a fornecer ao Conselho de Administração da Caixa todas as informações que lhes forem por esta solicitadas sobre o pessoal.

Art. 36. As empresas ferroviárias que não depositarem no devido tempo, ou pela forma estatuida nesta lei, as quantias a que estão obrigadas a concorrer para a creação e manutenção da Caixa incorrerão na multa de 1:000$000 por dia de demora, até que effectuem o depósito. O Conselho de Administração da Caixa terá autoridade para promover perante o Poder Executivo ou perante o Poder Judiciário e effectivação dessas obrigações.

Art. 37. O Conselho de Administração publicará, annualmente, até o dia 30 de março de cada anno, um relatorio e balanço dando conta do movimento da Caixa no anno anterior.

Art. 38. A Caixa organizará um recenseamento dos empregados comprehendidos na presente lei e um estudo documentado sobre as bases technicas em que estiver operando dentro dos tres primeiros annos da sua vida, de modo a poder propor as modificações que julgar convinientes.

Art. 39. As aposentadorias e pensões poderão ser menores do que as estabelecidas nesta lei se os fundos da Caixa não puderem suportar os encargos respectivos e enquanto permaneça a insufficiencia desses recursos.

Paragrapho único. Nos casos de acidente, quando os fundos da Caixa não forem sufficientes para o pagamento da aposentadoria ou pensão, conforme as taxas estabelecidas na presente lei, poderão sempre o empregado ou seus sucessores optar pelo recebimento das indemnizações estabelecidas na lei nº 3.724, de 15 de janeiro de 1919, que, nesses casos, ficarão a cargo das empresas ferroviárias.

Art. 40. O Conselho de Administração da Caixa de Aposentadorias e Pensões nomeará o pessoal necessário aos serviços da mesma e marcará os respectivos vencimentos.

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Os membros do Conselho de Administração, desempenharão as suas funções gratuitamente.

Art. 41. A Caixa de Aposentadorias e Pensões dos ferroviários será dirigida por um Conselho de Administração, de que farão parte o superintendente ou inspector geral da respectiva empresa, dois empregados do quadro - o caixa e o pagador da mesma empresa - e mais dois empregados eleitos pelo pessoal ferroviário, de tres em tres annos, em reunião convocada pelo superintendente ou inspector da empresa ferroviária. Será presidente do Conselho o superindentende ou inspector geral da empresa ferroviária. Paragrapho único. Se for de nacionalidade estrangeira o superintendente ou inspector geral da empresa, será substituido no Conselho pelo funcionário de categoria immediatamente inferior que seja brasileiro.

Art. 42. Depois de 10 annos de serviços effectivos, o empregado das empresas a que se refere a presente lei só poderá ser demitido no caso de falta grave constatada em inquerito administrativo, presidido por um engenheiro da Inspectoria e Fiscalização das Estradas de Ferro.

Art. 43. As empresas a que se refere a presente lei fornecerão a cada um dos empregados uma caderneta de nomeação, de que, além da identidade do mesmo empregado, constarão a natureza das funções exercidas, a data de nomeação e promoções e vencimentos que percebe.

Art. 44. Os aposentados e pensionistas que residirem no estrangeiro só perceberão a sua pensão se forem especialmente autorizados pela Administração da Caixa.

Art. 45. Aos empregados chamados ao serviço militar serão pagos pelas empresas mencionadas no art. 1º, 50% do respectivo vencimento, pelo periodo em que durar aquelle serviço.

Art. 46. São, para os fins da presente lei, considerados empregados funcionários os funcionários das contadorias centraes das estradas de ferro.

Art. 47. A partir da entrada em execução da presente lei e para os fins nella visados ficam augmentadas de 1½% as tarifas das estradas de ferro.

Art. 48. Se dentro de sessenta dias após a sua publicação não for regulamentada a presente lei, entrará ella em vigor independente de regulamentação.

Art. 49. Revogam-se as disposições em contrario.

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Rio de Janeiro, 24 de janeiro de 1923; 102º da Independência e 35º da Republica.

ARTHUR DA SILVA BERNARDES Miguel Calmon du Pin e Almeida Francisco Sá

7.2 ANEXO II

LEI Nº 8.842, DE 4 DE JANEIRO DE 1994.

Regulamento Mensagem de veto

Dispõe sobre a política nacional do idoso, cria o Conselho Nacional do Idoso e dá outras providências..

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:

CAPÍTULO I Da Finalidade

Art. 1º A política nacional do idoso tem por objetivo assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade.

Art. 2º Considera-se idoso, para os efeitos desta lei, a pessoa maior de sessenta anos de idade.

CAPÍTULO II Dos Princípios e das Diretrizes

SEÇÃO I Dos Princípios

Art. 3° A política nacional do idoso reger- se-á pelos seguintes princípios:

I - a família, a sociedade e o estado têm o dever de assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania, garantindo sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar e o direito à vida;

II - o processo de envelhecimento diz respeito à sociedade em geral, devendo ser objeto de conhecimento e informação para todos;

III - o idoso não deve sofrer discriminação de qualquer natureza;

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IV - o idoso deve ser o principal agente e o destinatário das transformações a serem efetivadas através desta política;

V - as diferenças econômicas, sociais, regionais e, particularmente, as contradições entre o meio rural e o urbano do Brasil deverão ser observadas pelos poderes públicos e pela sociedade em geral, na aplicação desta lei.

SEÇÃO II Das Diretrizes

Art. 4º Constituem diretrizes da política nacional do idoso:

I - viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e convívio do idoso, que proporcionem sua integração às demais gerações;

II - participação do idoso, através de suas organizações representativas, na formulação, implementação e avaliação das políticas, planos, programas e projetos a serem desenvolvidos;

III - priorização do atendimento ao idoso através de suas próprias famílias, em detrimento do atendimento asilar, à exceção dos idosos que não possuam condições que garantam sua própria sobrevivência;

IV - descentralização político-administrativa;

V - capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria e gerontologia e na prestação de serviços;

VI - implementação de sistema de informações que permita a divulgação da política, dos serviços oferecidos, dos planos, programas e projetos em cada nível de governo;

VII - estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de informações de caráter educativo sobre os aspectos biopsicossociais do envelhecimento;

VIII - priorização do atendimento ao idoso em órgãos públicos e privados prestadores de serviços, quando desabrigados e sem família;

IX - apoio a estudos e pesquisas sobre as questões relativas ao envelhecimento.

Parágrafo único. É vedada a permanência de portadores de doenças que necessitem de assistência médica ou de enfermagem permanente em instituições asilares de caráter social.

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CAPÍTULO III Da Organização e Gestão

Art. 5º Competirá ao órgão ministerial responsável pela assistência e promoção social a coordenação geral da política nacional do idoso, com a participação dos conselhos nacionais, estaduais, do Distrito Federal e municipais do idoso.

Art. 6º Os conselhos nacional, estaduais, do Distrito Federal e municipais do idoso serão órgãos permanentes, paritários e deliberativos, compostos por igual número de representantes dos órgãos e entidades públicas e de organizações representativas da sociedade civil ligadas à área.

Art. 7º Compete aos conselhos de que trata o artigo anterior a formulação, coordenação, supervisão e avaliação da política nacional do idoso, no âmbito das respectivas instâncias político-administrativas.

Art. 7o Compete aos Conselhos de que trata o art. 6o desta Lei a supervisão, o acompanhamento, a fiscalização e a avaliação da política nacional do idoso, no âmbito das respectivas instâncias político-administrativas. (Redação dada pelo Lei nº 10.741, de 2003)

Art. 8º À União, por intermédio do ministério responsável pela assistência e promoção social, compete:

I - coordenar as ações relativas à política nacional do idoso;

II - participar na formulação, acompanhamento e avaliação da política nacional do idoso;

III - promover as articulações intraministeriais e interministeriais necessárias à implementação da política nacional do idoso;

IV - (Vetado;)

V - elaborar a proposta orçamentária no âmbito da promoção e assistência social e submetê-la ao Conselho Nacional do Idoso.

Parágrafo único. Os ministérios das áreas de saúde, educação, trabalho, previdência social, cultura, esporte e lazer devem elaborar proposta orçamentária, no âmbito de suas competências, visando ao financiamento de programas nacionais compatíveis com a política nacional do idoso.

Art. 9º (Vetado.)

Parágrafo único. (Vetado.)

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CAPÍTULO IV Das Ações Governamentais

Art. 10. Na implementação da política nacional do idoso, são competências dos órgãos e entidades públicos:

I - na área de promoção e assistência social:

a) prestar serviços e desenvolver ações voltadas para o atendimento das necessidades básicas do idoso, mediante a participação das famílias, da sociedade e de entidades governamentais e não-governamentais.

b) estimular a criação de incentivos e de alternativas de atendimento ao idoso, como centros de convivência, centros de cuidados diurnos, casas-lares, oficinas abrigadas de trabalho, atendimentos domiciliares e outros;

c) promover simpósios, seminários e encontros específicos;

d) planejar, coordenar, supervisionar e financiar estudos, levantamentos, pesquisas e publicações sobre a situação social do idoso;

e) promover a capacitação de recursos para atendimento ao idoso;

II - na área de saúde:

a) garantir ao idoso a assistência à saúde, nos diversos níveis de atendimento do Sistema Único de Saúde;

b) prevenir, promover, proteger e recuperar a saúde do idoso, mediante programas e medidas profiláticas;

c) adotar e aplicar normas de funcionamento às instituições geriátricas e similares, com fiscalização pelos gestores do Sistema Único de Saúde;

d) elaborar normas de serviços geriátricos hospitalares;

e) desenvolver formas de cooperação entre as Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal, e dos Municípios e entre os Centros de Referência em Geriatria e Gerontologia para treinamento de equipes interprofissionais;

f) incluir a Geriatria como especialidade clínica, para efeito de concursos públicos federais, estaduais, do Distrito Federal e municipais;

g) realizar estudos para detectar o caráter epidemiológico de determinadas doenças do idoso, com vistas a prevenção, tratamento e reabilitação; e

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h) criar serviços alternativos de saúde para o idoso;

III - na área de educação:

a) adequar currículos, metodologias e material didático aos programas educacionais destinados ao idoso;

b) inserir nos currículos mínimos, nos diversos níveis do ensino formal, conteúdos voltados para o processo de envelhecimento, de forma a eliminar preconceitos e a produzir conhecimentos sobre o assunto;

c) incluir a Gerontologia e a Geriatria como disciplinas curriculares nos cursos superiores;

d) desenvolver programas educativos, especialmente nos meios de comunicação, a fim de informar a população sobre o processo de envelhecimento;

e) desenvolver programas que adotem modalidades de ensino à distância, adequados às condições do idoso;

f) apoiar a criação de universidade aberta para a terceira idade, como meio de universalizar o acesso às diferentes formas do saber;

IV - na área de trabalho e previdência social:

a) garantir mecanismos que impeçam a discriminação do idoso quanto a sua participação no mercado de trabalho, no setor público e privado;

b) priorizar o atendimento do idoso nos benefícios previdenciários;

c) criar e estimular a manutenção de programas de preparação para aposentadoria nos setores público e privado com antecedência mínima de dois anos antes do afastamento;

V - na área de habitação e urbanismo:

a) destinar, nos programas habitacionais, unidades em regime de comodato ao idoso, na modalidade de casas-lares;

b) incluir nos programas de assistência ao idoso formas de melhoria de condições de habitabilidade e adaptação de moradia, considerando seu estado físico e sua independência de locomoção;

c) elaborar critérios que garantam o acesso da pessoa idosa à habitação popular;

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d) diminuir barreiras arquitetônicas e urbanas;

VI - na área de justiça:

a) promover e defender os direitos da pessoa idosa;

b) zelar pela aplicação das normas sobre o idoso determinando ações para evitar abusos e lesões a seus direitos;

VII - na área de cultura, esporte e lazer:

a) garantir ao idoso a participação no processo de produção, reelaboração e fruição dos bens culturais;

b) propiciar ao idoso o acesso aos locais e eventos culturais, mediante preços reduzidos, em âmbito nacional;

c) incentivar os movimentos de idosos a desenvolver atividades culturais;

d) valorizar o registro da memória e a transmissão de informações e habilidades do idoso aos mais jovens, como meio de garantir a continuidade e a identidade cultural;

e) incentivar e criar programas de lazer, esporte e atividades físicas que proporcionem a melhoria da qualidade de vida do idoso e estimulem sua participação na comunidade.

§ 1º É assegurado ao idoso o direito de dispor de seus bens, proventos, pensões e benefícios, salvo nos casos de incapacidade judicialmente comprovada.

§ 2º Nos casos de comprovada incapacidade do idoso para gerir seus bens, ser-lhe-á nomeado Curador especial em juízo.

§ 3º Todo cidadão tem o dever de denunciar à autoridade competente qualquer forma de negligência ou desrespeito ao idoso.

CAPÍTULO V Do Conselho Nacional

Art. 11. (Vetado.)

Art. 12. (Vetado.)

Art. 13. (Vetado.)

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Art. 14. (Vetado.)

Art. 15. (Vetado.)

Art. 16. (Vetado.)

Art. 17. (Vetado.)

Art. 18. (Vetado.)

CAPÍTULO VI Das Disposições Gerais

Art. 19. Os recursos financeiros necessários à implantação das ações afetas às áreas de competência dos governos federal, estaduais, do Distrito Federal e municipais serão consignados em seus respectivos orçamentos.

Art. 20. O Poder Executivo regulamentará esta lei no prazo de sessenta dias, a partir da data de sua publicação.

Art. 21. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 22. Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 4 de janeiro de 1994, 173º da Independência e 106º da República.

ITAMAR FRANCO Leonor Barreto Franco

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8 APÊNDICES

APENDICE I

Roteiro de entrevista

Dados de identificação :

Idade;

Sexo;

Escolaridade;

Tempo de aposentadoria;

Motivo da aposentadoria;

1- Como ocorreu o processo de planejamento pessoal para a aposentadoria?

2- Na organização em que você trabalhou houve algum tipo de processo de

preparação para a aposentadoria?

3- Relate sobre o processo.

4 - Quais foram as etapas do processo de preparação para aposentadoria?

5- Que tipo de mudanças ocorreram em sua vida após a aposentadoria?

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APENDICE II

Autorização da organização:

Carta de Autorização

Prezado Sr (a)

Cumprimento-o cordialmente, venho por meio desta, solicitar seu

consentimento para a realização da pesquisa de TCC intitulada: O processo de

aposentadoria de um grupo participante do Sindicato dos Aposentados no

município de Brusque. A pesquisa tem por objetivo investigar como ocorreu

processo de aposentadoria de um grupo participante do Sindicato dos

Aposentados no município de Brusque.

Como instrumento para a coleta de dados será utilizado uma entrevista

semi-estruturada, e contará com a participação voluntária dos aposentados. Os

dados serão analisados pelo método de análise de conteúdo e será realizada uma

devolutiva para esta instituição.

Cabe ressaltar que a referida pesquisa esta sob a supervisão da professora

Elizabeth Navas Sanches, docente do curso de Psicologia da Universidade do

Vale do Itajaí.

Sem mais para o momento,

Atenciosamente,

Juliane Cristine Cervi Responsável da organização

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APENDICE III

Termo de consentimento livre e esclarecido

Você está convidado(a) para participar, como voluntário(a), em uma pesquisa.

Após ser esclarecido(a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer

parte do estudo, assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma

delas é sua e a outra é do pesquisador responsável.

Informações sobre a pesquisa:

Título da pesquisa: O processo de aposentadoria de um grupo participante do

Sindicato dos Aposentados no município de Brusque

Pesquisador: Elizabeth Navas Sanches

Telefone para contato: 47 33417542

Acadêmico: Juliane Cristine Cervi

Telefone para contato: 47 3351 23 45

Esta pesquisa constitui um trabalho de conclusão de curso de Psicologia

da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, intitulado: O processo de

aposentadoria de um grupo participante do Sindicato dos Aposentados no

município de Brusque A referida pesquisa tem por objetivo geral investigar como

ocorreu processo de aposentadoria de grupo participante do Sindicato dos

Aposentados no município de Brusque. Sua participação consistirá em responder

a uma entrevista semi-estruturada com questões relacionadas aos objetivos do

trabalho. Para maior fidelidade dos conteúdos, a entrevista será gravada e após a

transcrição os dados serão apagados. A participação não oferece riscos e

contribui para aproximação da acadêmica ao mercado de trabalho, bem como na

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preparação dos acadêmicos para a inserção no mesmo. Após o término da

pesquisa, será realizada a devolutiva. Cabe ressaltar ainda que seus dados

pessoais serão mantidos em sigilo, sendo garantido seu anonimato. Os resultados

desta pesquisa serão utilizados somente para fins acadêmicos. Em caso de

dúvidas, o sujeito poderá entrar em contato com a pesquisadora, a fim de obter as

explicações devidas. Você poderá, ainda, retirar o consentimento a qualquer

momento, sem conseqüências negativas para o mesmo.

- Nome do Pesquisador: Elizabeth Navas Sanches

Assinatura do Pesquisador: ____________________

CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DO SUJEITO E OU RESPONSÁVEL

Eu, _______________________________________________, RG,

_________________, fui devidamente informado e esclarecido sobre a pesquisa,

os procedimentos nela envolvidos, e as condições decorrentes de minha

participação. Foi me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer

momento, sem que isto acarrete qualquer penalidade.

Local e data: __________________________________________________

Nome: _____________________________________________________

Assinatura do Sujeito ou Responsável: _______________________________

Telefone para contato: ___________________________________________