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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
CENTRO DE EDUCAÇÃO DA UNIVALI-BIGUAÇU
CURSO DE PSICOLOGIA
JANINE CHIARELO
“PROAJ - PROGRAMA DO ADOLESCENTE JOSEFENSE:
UMA REFLEXÃO ACERCA DE UM PROGRAMA DE
ASSISTÊNCIA SOCIAL”
BIGUAÇU
2008
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JANINE CHIARELO
“PROAJ - PROGRAMA DO ADOLESCENTE JOSEFENSE:
UMA REFLEXÃO ACERCA DE UM PROGRAMA DE
ASSISTÊNCIA SOCIAL”.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para obtenção do título de Bacharel em Psicologia, na Universidade do Vale do Itajaí – Centro de Educação Biguaçu.
BIGUAÇU 2008
3
JANINE CHIARELO
“PROAJ - PROGRAMA DO ADOLESCENTE JOSEFENSE: UMA
REFLEXÃO ACERCA DE UM PROGRAMA DE ASSISTÊNCIA
SOCIAL”
O presente Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado aprovado, atendendo os
requisitos parciais para obter o grau de Bacharel em Psicologia na Universidade do Vale do
Itajaí no curso de psicologia.
Biguaçu, 2008
Banca Examinadora
____________________________________
Prof. Msc. Ana Paula Balbueno Karkotli – Orientadora.
_____________________________________
Prof. Dr. Leandro Castro Oltramari– Membro.
_____________________________________
Prof. Dr. Marcelo José Oliveira– Membro
4
Dedico a presente monografia aos meus pais Jane e Vilson, que
através de muito esforço me proporcionaram este momento; a minha
amiga Renata, que sempre esteve ao meu lado em todos os momentos
com muita paciência; a Tia Adri, por estar sempre disponível para me
auxiliar; e, ao meu namorado Ernani, que me apoiou e ajudou direta e
indiretamente para conclusão deste trabalho. A estas pessoas, meu
amor e agradecimento por fazerem parte da minha vida.
5
AGRADECIMENTOS
À Universidade do Vale do Itajaí por fazer parte da minha formação acadêmica.
À minha orientadora Ana Paula Balbueno Karkotli por se fazer sempre presente, com
competência e profissionalismo, respeitando a pontualidade e as dificuldades com
compreensão.
À banca examinadora, Marcelo José Oliveira e Leandro Castro Oltramari, por se
fazerem presentes em contribuir com seus conhecimentos para o andamento desse trabalho.
À Franciéle Winter, assistente social do Programa do Adolescente Josefense –
PROAJ, por deixar a pesquisadora à vontade e a auxiliando em todo o processo.
Aos colegas que sempre se mostraram presentes em todos os momentos da minha
vida acadêmica, sendo prestativos e sempre auxiliando quando necessário, mostrando um
pouco da parceira que nosso curso sempre busca.
Aos sujeitos da pesquisa, pois só com a participação deles o trabalho pode ser
concluído.
E, por fim, a todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para andamento
desta pesquisa.
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“Já vivi tanta coisa, tenho tantas a viver, Tô no meio da estrada e nenhuma derrota vai me vencer...
Hoje eu acordei livre: não devo nada a ninguém, Não há nada que me prenda...”.
Humberto Gessinger
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RESUMO
O Programa do Adolescente Josefense (PROAJ) é uma das oportunidades oferecidas aos adolescentes do município de São José que faz parte como um dos Programas de Assistência Social proporcionados pela Secretaria da Ação Social. O PROAJ visa auxiliar a inserção profissional de jovens em situação de vulnerabilidade social, com a condição de que os mesmos freqüentem a escola. A presente pesquisa visou compreender quais seriam as percepções desses adolescentes frente ao programa de assistência social na busca de seu primeiro emprego. A metodologia utilizada para pesquisa se deu através da pesquisa participante, a qual se caracteriza pela relação direta do pesquisador com seus sujeitos e local pesquisados. Percebeu-se, através deste estudo, que os adolescentes acreditavam no programa como um auxílio real para sua entrada no mercado de trabalho da melhor forma possível, levando em conta o apoio de suas famílias, bem como atendendo suas expectativas para crescimento pessoal e profissional através desta oportunidade de participação no PROAJ. Palavras-chave: assistência social; adolescência; primeiro emprego.
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ABSTRACT
The Program for Adolescents from São José (PROAJ) is one of the opportunities offered to teenagers from São José city amongst other Social Assistance Programs provided by the Social Work Department. PROAJ is intended to help professional inclusion of youngsters considered to be social vulnerable. Having in mind that PROAJ intends to avoid the loss of an important stage in people’s lives (the adolescence), such help is provided as long as teenagers attend school. The present research aimed at understanding the teenagers perceptions towards the social assistance program in the search of their first jobs. The methodology was founded on participant research, which is characterized by the direct relationship of the researcher with the subjects and places studied. Through this study we realized that teenagers believed in the program as a real support for their entrance in the job market, as the program reached their expectations for personal and professional growth and would take into consideration the support from their families.
Key-words: social assistance; adolescence; first job.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 10
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................ 132.1 CIDADANIA: ALGUNS CONCEITOS..................................................................... 132.2 CIDADANIA: DIREITOS E DEVERES DO CIDADÃO.......................................... 152.3 A ASSISTÊNCIA SOCIAL COMO GARANTIA DE DIREITOS – A CONSTITUIÇÃO DE 1988............................................................................................... 162.4 FAMÍLIA COMO FOCO............................................................................................ 182.5 A ADOLESCÊNCIA E A FAMÍLIA.......................................................................... 212.6 POLÍTICAS SOCIAIS PARA JOVENS............................................................................................................................. 23 3 METODLOGIA ...................................................................................... 273.1 ASPECTOS ÉTICOS ................................................................................................. 29 4 PROAJ: UMA POSSIBILIDADE PARA ADOLESCENTES DE BAIXA RENDA............................................................................................ 304.1 UMA APROXIMAÇÃO: A PESQUISADORA EM AÇÃO...................................... 314.2 UMA ANÁLISE RELFEXIVA APARTIR DA PERCEPÇÃO DOS ADOLESCENTES INSERIDOS NO PROAJ................................................................... 33 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................. 45 REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 47 APÊNDICES ................................................................................................................... 51
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1 INTRODUÇÃO
As alterações nas políticas econômicas sofridas no Brasil nas últimas décadas
trouxeram mudanças na vida da população, o que influenciou não apenas o lado cultural e
social, mas principalmente o aspecto econômico, fato este gerador de índices de desigualdade
elevados nas rendas das famílias, e voltando-as a contar com o apoio dos serviços públicos. A
família que já era considerada de baixa renda sofre mais com a situação do desemprego, ou
até a miséria, ficando em situação de vulnerabilidade perante a sociedade (GOMES, 2005).
Neste caso, vulnerabilidade social, por um lado que não é incorreto, mas insuficiente,
os grupos sociais caracterizados como vulneráveis poderiam ser classificados como aqueles
conjuntos ou subconjuntos da população brasileira estabelecidos na linguagem popular,
pertencentes da linha de pobreza, e que também é assim marcada em muitos trabalhos na
literatura brasileira e na internacional (OLIVEIRA, 1995, apud SILVA et al, 2004, p. 287-
288).
Mas deve-se considerar que a vulnerabilidade social não diz respeito apenas ao
aspecto econômico, mas também a questões discriminativas socialmente, pois certos grupos
tornam-se vulneráveis por ação de outros agentes sociais (SILVA et al, 2004).
Com isso, os adolescentes dessa classe, começam a trabalhar mais cedo, de forma a
ajudar nas despesas da família, e, muitas vezes, fazendo de seu trabalho, a única fonte de
renda da casa, tornando-se o “chefe” da família. Perdendo então, uma fase da vida em que as
oportunidades devem ser formadas, os sonhos estão se construindo e que, mesmo sabendo que
a escola é fundamental para que isto ocorra, ela é deixada de lado, quebrando assim um
capítulo da sua vida. Assim, “em relação aos adolescentes em situação de risco, este marco no
ciclo desenvolvimental nem sempre ocorre da mesma maneira, pois o trabalhar geralmente se
inicia na infância, e antes mesmo do primeiro contato da criança com a escola”, aponta Neiva-
Silva & Koller (2002 apud BARDAGI et al, 2005, p. 4).
Em estudos sobre as fases do ser humano, entende-se a adolescência como, o período
que se situa, psicológica e culturalmente, entre a meninice e a vida adulta, ao invés de uma
faixa etária específica, a qual varia de acordo com cada cultura, durando, em nossa sociedade
dos 12 aos 18 anos (BEE, H., 1997). Pode-se considerar então que é nesta fase onde ocorrem
as maiores decisões, mudanças e oportunidades para crescimento pessoal, no que diz respeito
a qualificações profissionais e/ou principalmente no crescimento pessoal, e, a preocupação de
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como torná-lo um cidadão, respeitado e que respeita, com direitos e obrigações para a vida na
sociedade.
Como forma de garantir as práticas na área da promoção, controle e defesa dos
direitos das crianças e dos adolescentes, o Brasil conta, desde 1990, conforme Lei n° 8069/90
– com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Que em seu artigo 4°, afirma que:
[...] é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e a convivência familiar e comunitária (BRASIL, 1990).
De acordo com a Política Nacional de Assistência Social, configurada no SUAS -
Sistema Único de Assistência Social, a Secretaria da Ação Social de São José, com base nessa
política, oferece programas voltados a crianças, adolescentes e famílias que se encontram em
situação de risco e vulnerabilidade social.
O SUAS se organiza em uma rede de serviços, de diferentes complexidades, que se
dividem em níveis de proteção social: Proteção Social Básica (serviços operacionalizados
pelo Centro de Referência de Assistência Social – CRAS) e Proteção Social Especial
(serviços operacionalizados pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social -
CREAS), que se subdivide em Média e Alta Complexidade. Essa nova proposta demonstra
forte preocupação com a família, onde aqui temos como foco o adolescente, os entendendo
como seres no auge de seu desenvolvimento e por isso, tendo-os como prioridade absoluta de
atendimento e investimento de políticas públicas1.
Conforme consta também no projeto do programa, seguindo os pressupostos da
Constituição Federal, do Sistema Único de Assistência Social e do Estatuto da Criança e do
Adolescente, o Executivo Municipal da Cidade de São José - SC, gestão 2005-2008,
preocupado em resgatar acima de tudo a cidadania dos adolescentes do município, feridos por
omissão da família, de seus direitos, da sociedade e do Estado, como proposta para
oportunizar alternativas para seu futuro, por meio da Secretaria da Ação Social, implantar o
Programa do Adolescente Josefense (PROAJ).
1 Projeto do Programa do Adolescente Josefense (PROAJ), Elaboração: Psicóloga Karla Andrea Erdmann. Revisado pelo setor de projetos: Advogada Fernanda Ostroski e Assistente Social Válbia Campos Pereira. São José, Junho de 2007.
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Esse programa visa combater à exclusão social e a promoção do exercício da
cidadania, é de grande importância para o município de São José, pois vai ao encontro da
demanda em situação de vulnerabilidade social, atendendo adolescentes entre 14 a 18 anos.
Neste sentido, o presente trabalho visa oportunizar reflexões dos adolescentes em
relação ao Programa do Adolescente Josefense (PROAJ), bem como, verificar como as
atividades sócio-educativas interferem nas oportunidades deste jovem no mercado de
trabalho, assinalando a importância da família para os adolescentes participantes do PROAJ,
e, identificando quais são as expectativas dos jovens frente ao PROAJ.
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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 CIDADANIA: ALGUNS CONCEITOS
Cidadania é um tema que se torna mais conhecido quando os indivíduos, ainda
jovens, começam a freqüentar o ambiente escolar, pois escutam diversas vezes que estão ali
por terem o direito ao estudo, a educação como qualquer cidadão. Mas como entender o que
significa esse processo de ser cidadão?
Como norma, os cidadãos são os portadores de direitos. E, é o conjunto desses
direitos que dá à pessoa a oportunidade de participar na vida do governo e de seu povo de
forma mais ativa. Quem não dispõe de cidadania adquire um caráter de inferioridade dentro
do grupo a que pertence, pois está excluído da vida em sociedade. Em conseqüência, a
cidadania pode marcar o conjunto das pessoas que desfrutam de todos aqueles diretos
(DALLARI, 1998, apud SANDRINI, 2006, p. 31-32).
Assim, “resgatada pelos ideais da Revolução Francesa no final do século XVIII, a
idéia de cidadania vem sendo usada até hoje como referência ao direito à igualdade política e
à participação” (SILVEIRA, 1999, p.100).
A origem da palavra Cidadania provém do latim civita, assim como Política vem do
grego polis, ambas significando cidade. A primeira atribuída a um indivíduo para inseri-lo no
campo público. Política, se referindo à produção e a distribuição de poder, Gallo (1997, apud
SILVEIRA et al, 1999, p. 100).
Silveira et al (1999, p. 107), aponta que, “[...] a cidadania pode ser definida
simplesmente como o gozo de diretos civis e o cumprimento de deveres de acordo com as leis
de determinada sociedade”. Este é um conceito que pode parecer confuso, não somente por
ser de difícil entendimento, mas também por seu uso, pois se sabe que em algumas
sociedades, nem o direito à alimentação, uma necessidade básica, é totalmente suprido, como
no caso do Brasil (SILVEIRA et al, 1999).
Conforme Covre (1995) pode-se afirmar então que ser um cidadão implica em ter
direito e deveres, e que essa situação se acha descrita na Carta de Direitos da Organização das
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Nações Unidas (ONU), de 1948, que tem suas primeiras matrizes definidas nas cartas de
Direito dos Estados Unidos (1776) e da Revolução Francesa (1798).
Nestas propostas sobre cidadania fica entendido como direitos, que todos os homens
devem ser iguais perante a lei, sem ser discriminado por raça, credo ou cor. Sendo que, a
todos os homens cabe o comando sobre sua vida e corpo, tendo acesso a um salário que seja
condizente para a promoção da própria vida, direito à educação, saúde, habitação e ao lazer.
Podendo se expressar livremente lutando por seus valores. Além de buscarem seus direitos, os
cidadãos devem buscar conhecer seus deveres, que podem ser vistas como ter
responsabilidade pela coletividade e cumprir as propostas desenvolvidas por ela, se integrar
ao governo, seja direta ou indiretamente, votando, participando de assembléias, em bairros,
partidos ou escolas (COVRE, 1995).
Com base nisto, Covre (1995, p.11), define cidadania no seguinte aspecto:
[...] cidadania é o próprio direito à vida no sentido pleno. Trata-se de um direito que precisa ser construído coletivamente, não só em termos do atendimento às necessidades básicas, mas de acesso a todos os níveis de existência, incluindo o mais abrangente, o papel do(s) homem(s) no Universo.
Para uma melhor compreensão do tema, apenas para análise, a cidadania será aqui
dividida em temas que se inter-relacionam, que são: direitos civis, políticos e sociais.
Para a evolução sobre esses direitos, Marshall (1949), analisa a evolução desses
conceitos juntamente com a expansão da cidadania na Inglaterra. Sobre isto, o autor ressalta
os momentos da história onde surgem os conceitos, que no século XVII, reconhecem-se os
direitos civis, os políticos no século XIX, e, no século XX, os direitos sociais. O mesmo autor
classifica como direitos civis, os que dizem respeito à posição do indivíduo na sociedade, de
acordo com a liberdade pessoal, de pensamento, de religião, de reunião e econômica. Os
direitos públicos se referindo à participação do indivíduo na política, tendo a liberdade de se
organizar em partidos políticos, direito de votar e também ser votado. E, os direitos sociais
sendo referentes às condições gerais de vida, como o direito ao trabalho, à saúde, à educação,
à proteção contra miséria, entre outras. (MARSHALL, 1949 apud KARKOTLI, 2005, p. 19-
20).
Estes três conjuntos de direitos do cidadão se encontram um vinculado ao outro e
dependem de suas relações para compor os direitos do cidadão (COVRE, 1995).
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2.2 CIDADANIA: DIREITOS E DEVERES DO CIDADÃO
A cidadania se relaciona ao surgimento da vida em cidades, na sociedade, e nela os
cidadãos desempenham seus deveres e direitos. Para cada uma dessas atuações existe uma
esfera privada (particular), e uma esfera pública (comum a todos os cidadãos). Na pólis grega,
essa esfera pública era relativa à particular, os homens eram livres pelas suas
responsabilidades tanto jurídicas quanto pelas públicas. Portanto, tudo era decidido no
verdadeiro espírito de democracia, mas crianças, mulheres e escravos eram excluídos, mas
mesmo não aceitando a opinião destes, e mesmo sendo escravistas, as sociedades Grega e
Romana promoviam a cidadania a seu modo (COVRE, 1995).
Do século V ao XIII surge a sociedade Feudal (que era rural), mas, só com o início
da sociedade capitalista (em torno do século XV), e com o aumento da burguesia lutando
contra o feudalismo, se retorna aos poucos exercício da cidadania como parte dos homens que
vivem coletivamente nos centros urbanos. Com as revoluções da burguesia, em particular à
Revolução Francesa, se estabelecem as Cartas Constitucionais, que discordam de normas da
sociedade feudal e às normas do regime monárquico ditatorial, e, assim, proclamando uma
relação jurídica centralizada, chamada de Estado de Direito. Este tem por objetivo instituir
direitos iguais para todos, assim, perante a lei, todos os homens passariam a ser considerados
como iguais pela primeira vez. (IBIDEM, 1995).
No Brasil, tem-se que o Estado de Direito, a prática da cidadania, parece ainda muito
recente, já que é marcada pela Constituição de 1988. O povo brasileiro, rumoroso por
constantes situações de falta de postura dos dirigentes, e isso em mais de cem anos de
República, nesse sentido, precisa amadurecer na busca da defesa de seus direitos. Os cidadãos
precisam lutar, por seus direitos em uma realidade em que os direitos sejam realmente
considerados como tal e não tidos como favores daqueles que ocupam os cargos de
superiores. (RADÜNZ, 2003, apud KARKOTLI 2005, p. 21)
Com base nisso, Sandrini (2006, p. 33) afirma que:
Assim, Cidadania e direitos da Cidadania dizem respeito a uma determinada ordem político-jurídica de um país, de um Estado, no qual uma Constituição define quem é cidadão, que direitos e deveres ele terá em razão de uma série de variáveis como a idade, estado civil, a condição de sanidade física ou mental, entre outras.
Com a Constituição de 1988, a cidadania deixa de ser apenas um sinônimo da
nacionalidade, passa a representar um indivíduo que além de deter direitos políticos, passa a
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ser senhor da sua totalidade de direitos e obrigações diante do Estado. Por destacar a
prevalência dos Direitos Humanos, a Constituição de 1988, admite que esses direitos são de
interesse e preocupação da comunidade a nível global (SANDRINI, 2006).
Apresentam-se os Direitos Humanos de acordo com a Constituição Federal de 1988:
Título II DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS - Capítulo I - DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS. Art: 5° - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade nos termos seguintes... (SANDRINI, 2006, p. 72)
De acordo com isso, e com as reorganizações das constituições vigentes no país,
chegou-se à Constituição de 1988, apresentando como foco a garantia de direitos.
2.3 A ASSISTÊNCIA SOCIAL COMO GARANTIA DE DIREITOS – A CONSTITUIÇÃO DE 1988.
Com a Constituição de 1988, e a publicação, em 1993, da Lei Orgânica de
Assistência Social (LOAS), ocorre a transição, o rompimento do assistencialismo de “ajuda
moral” para a assistência social como direto do cidadão.
O assistencialismo vem de encontro com o que se tem vivido na história brasileira ao
longo do tempo. Diz respeito à área de assistência social, e se deu como forma de ajuda,
favor, de tal forma que deixou marcas sobre o é realmente a assistência social brasileira. Isto
trouxe problemas nos setores da sociedade, deixando de realizar as articulações com as áreas
de assistência social, igualando assim o assistencialismo à assistência social, e assim, não a
compreendendo como uma conquista de direito (ROSA, 2006).
A assistência social é assegurada pela Constituição de 1988 como direito, que marca
a quebra do assistencialismo e garante a execução das políticas de assistência social. A
assistência social como direitos sociais pertencentes ao cidadão, se dá como um marco
histórico. Isso significa que, “[...] do ponto de vista formal, a assistência social se converte em
direito reclamável pelo cidadão, devendo ser encarada não mais como concessão de favores,
mas sim como prestação devida de serviços”. Com isso, a assistência passa ser o dever de
garantia de serviços sociais, acabando com a “ajuda” do dever moral. (ROSA, 2006).
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Com base no MPAS2 (1995) a autora afirma:
[...] A assistência social tem um corte horizontal, isto é, atua ao nível de todas as necessidades de reprodução social dos cidadãos excluídos, enquanto as demais políticas sociais têm um corte setorial (educação, saúde[...]). Em outras palavras, é possível dizer que à assistência social compete processar a distribuição das demais políticas sociais e também avançar no reconhecimento dos direitos sociais dos excluídos brasileiros (MPAS, 1995: 20 apud ROSA, 2006).
A Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, de 1993, consolida a assistência
social como direito nas seguintes diretrizes, que de acordo com a mesma autora, traz o artigo
5°: Art. 5° A organização da assistência social tem como base as seguintes diretrizes: I – descentralização político-administrativa para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e comando único das ações em cada esfera de governo; II – participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis; III – primazia da responsabilidade do Estado na condução da política de assistência em cada esfera de governo (LOAS 1993, apud ROSA, 2006).
Fica importante, neste contexto, de acordo com Rosa (2006), o registro das Normas
Operacionais Básicas (NOB) de 2005, que reafirma a assistência social como direito e aponta
um regime para a assistência social no Brasil, o Sistema Único de Assistência Social, o
SUAS. De acordo com isto, o SUAS, PNAS3, visa materializar o conteúdo da LOAS,
exercendo e reivindicando a realização dos objetivos e resultados que precisam atender os
direitos de cidadania e da inclusão social. Resolve e prepara os elementos para a execução da
política de assistência social permitindo a padronização nos serviços, qualidade de
atendimento, avaliação e resultado, nomenclatura da rede socioassistencial, bem como dos
serviços e dos eixos estruturantes e de subsistemas. (PNAS, 2004, apud ROSA, 2006).
Portanto, de acordo com Rosa (2006), é preciso um do comando único, mas com a
participação da sociedade nos processos decisórios da política da assistência social, e que haja
a descentralização e as propostas do art. 5° realmente aconteçam.
2 MPAS – Instrumento para implantar a política de descentralização da assistência social. Brasília: MPAS, SAS, 1995. 3 PNAS – Política Nacional de Assistência Social. 2004.
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2.4 FAMÍLIA COMO FOCO
O trabalho com famílias sempre representou inquietação no que diz respeito às
políticas públicas no Brasil. Isso se justifica, pois, a família representa a construção básica da
sociedade e, o Estado tem por objetivo garantir seus direitos fundamentais, bem como de
todos seus integrantes (SILVA et al, 2004).
A NOB 2005 define o SUAS como: “um sistema público não contributivo,
descentralizado e participativo que tem por função a gestão do conteúdo específico da
assistência social no campo da proteção social brasileira...”. (ROSA, 2006).
Com base nisso, o SUAS apresenta em seus eixos uma centralidade na família que
propõe analisá-la em todos os aspectos. Isso se afirma na NOB quando expõe que:
Essa centralidade presente no SUAS, traz em sua base, a concepção de que todas as outras necessidades e públicos de assistência social estão, de alguma maneira, vinculados à família, quer seja no momento da utilização dos programas, projetos e serviços de Assistência, quer seja, no início do ciclo que gera necessidade do indivíduo vir a ser alvo da atenção da política. A família é o núcleo básico de acolhida, convívio, autonomia, sustentabilidade e protagonismo social. (NOB, 2005, apud ROSA, 2006).
Ao se falar de centralidade na família nas políticas da assistência social, antes de
qualquer passagem, é importante entender de que família está se falando e qual o papel dela
para os indivíduos que convivem juntos.
Pelo menos nos últimos vinte anos, acorreram diversas mudanças socioeconômicas e
culturais, que teve como propulsor o processo de globalização da economia capitalista, que
acaba por interferir e modificar as organizações familiares, tirando-as do seu padrão
tradicional, passando a existir, nesse sentindo, “famílias”, para que assim possa se entender a
diversidade de relações que ela pode se encontrar na sociedade. Como senso comum, a
família seria constituída por um grupo de indivíduos ligados por laços consangüíneos vivendo
na mesma casa, sendo constituída por um grupo social de indivíduos que se relacionam
diariamente e com um relacionamento que provoque as mais diversas emoções (GOMES,
2005).
Sendo constituída por base nos laços de parentescos culturais, a família se inclui
entre as instituições sociais básicas. É apontada não só como fator de sobrevivência, mas
também para a socialização de seus membros, transmissão de valores culturais, relações de
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gênero e também de solidariedade, o que representa a transmissão de valores culturais e dos
seus integrantes entre as gerações, produzindo recursos para satisfazer as necessidades de
todos componentes (CARVALHO, 2003).
Mas, há várias definições sobre família, mas que aqui pode ser entendida de um
modo geral considerado, restrito na visão de Carvalho (2003):
No sentido mais restrito, ele se refere ao núcleo familiar básico. No mais amplo, ao grupo de indivíduos vinculados entre si por laços consangüíneos, consensuais ou jurídicos, que constituem complexas redes de parentesco atualizadas de forma episódica por meio de intercâmbios, cooperação e solidariedade, com limites que variam de cultura, de uma região e classe social a outra (Salles, 1999; 2002; Tuirán, 2002, apud CARVALHO, 2003, p. 111).
Idealiza-se um modelo de família, que normalmente nos é apresentado nos livros
durante a infância, em alguns filmes e nos comercias da televisão, é a chamada família
nuclear, onde os papéis são bem definidos, a mãe cuida dos filhos e das tarefas da casa, e o
pai é tido como o chefe da família. Essa família é tida como um “sistema de controle”, que
pode gerar preconceito e categorizações (ROSA, 2006).
Segundo Santos e Oliveira (2006), essa família é entendida como “nuclear
burguesa”, e é tomada como referência na sociedade, deixando-se subentendido que esse
modelo de família seria o único existente e que acaba por guiar as condutas diárias, e, por
vezes as práticas profissionais. As mesmas autoras chamam a família nuclear, ideal, como
família “em fotografia”, pois, “ela circula no social e serve como referencial para orientar
comportamentos, práticas sociais e profissionais” (SANTOS; OLIVEIRA, 2006, p. 59).
Por isso, ao se falar em família atualmente a maioria das pessoas tende a pensar na
forma já idealizada pela sociedade, sem pensar em outros modelos que sofrem influências em
sua constituição, que podem ser sociais, econômicas, culturais.
Considera-se, de acordo com Szymansky (2002, apud RABAIOLLI, 2004) a família
entre nove tipos de composições: a família nuclear, que inclui duas gerações (com filhos
biológicos); as famílias extensas, que inclui três a quatro gerações; as famílias adotivas
temporárias; as famílias adotivas; os casais; famílias monoparentais; chefiadas pelo pai ou
pela mãe; casais homossexuais com ou sem crianças; famílias reconstituídas após o divórcio;
e as famílias com várias pessoas vivendo juntas, sem laços legais, mas com forte
compromisso mútuo. Por essa diversa classificação, percebe-se o porquê se encontra na
literatura vários conceitos que pretendem esclarecer esse complexo sistema que se denomina
família.
20
Analisando a família pelo seu ciclo de vida, permite- nos perceber, com o passar do
tempo, sua trajetória, como etapas de seu desenvolvimento. E, ainda perceber que cada uma
das etapas do ciclo se compõe de forma distinta, no que diz respeito à idade e número de
membros, e, em conseqüência, construindo estratégias diferentes para que utilizem os
recursos necessários para seu bem-estar e sobrevivência (RIBEIRO, 1994).
De acordo com Carter (1995), assenta que, com as mudanças que ocorreram na
geração passada, mudaram de forma drástica os padrões de ciclos familiares, o índice de
natalidade menor, a expectativa de vida mais longa, as mudanças dos papéis femininos e os
números de divórcio e recasamento foram os fatores que marcaram tal mudança.
Antigamente, a criação dos filhos ocupava os adultos durante todo seu período ativo de vida,
agora, ocupa menos da metade da vida adulta.
A mudança central nos padrões dos ciclos familiares foi no papel feminino, pois as
mulheres sempre responderam pelo ponto central da família, por estarem sempre identificadas
pelos papéis de esposa e mãe. E, atualmente, as mulheres mudaram de forma radical, a
presente geração veio, pela primeira vez, insistir em seus direitos a primeira fase do ciclo
famílias, a fase que o jovem adulto sai da casa dos pais, estabelecendo seus objetivos pessoais
e profissionais. Essa fase já foi negada às mulheres, que eram apenas “passadas” dos pais para
os maridos. A segunda fase do ciclo é a do casal recém-casado, essa etapa representa a
mudança de dois sistemas inteiros que se sobrepõem formando um terceiro subsistema. O
terceiro ciclo é a das famílias com filhos pequenos, onde os adultos avançam uma geração e
se tornam cuidadores da geração mais nova (IBIDEM, 1995).
A mesma autora refere que próximo ciclo é o sistema familiar com filhos
adolescentes, onde é marcada por uma nova época de definição dos filhos e da família. Os
adolescentes abrem a família para uma nova visão e valores. O quarto ciclo é chamado de
“lançando os filhos”, sendo esse o ciclo mais novo e com maior duração, sendo a fase com
maiores problemas. Por fim, o quinto e último ciclo é o estado tardio da vida, nessa etapa
estão os ajustamentos, a aposentadoria, que pode além de criar um vazio, traz uma tensão no
casamento, que pode não ter sido vivida nos estágios anteriores.
Em famílias de baixa renda, os estágios do ciclo de vida são diferentes das
apresentadas. Por muitas vezes ela apresenta-se como uma família de “progenitor único”.
Aponta ainda que, nesses casos, “a unidade familiar básica é, mais comumente, uma rede
familiar ampliada de três ou quatro gerações” (CARTER, 1995, p. 479).
Percebe-se então que com o passar do tempo, a família vai construindo sua história,
que varia de acordo com o contexto econômico, social e político que a cerca. E, com as
21
transformações desses três aspectos, colaboraram para a entrada das mulheres no mercado de
trabalho, mexendo com as convenções sociais e pessoais, alterando as relações familiares, o
que de fato aumentou o número de famílias chefiadas por mulheres e também do número de
pessoas que passaram a viver sozinhas (ROSA, 2006).
De acordo com esses aspectos, na visão da mesma autora, é necessário observar
como a mudança nesses contextos em que a família está se construindo é afetada. Em famílias
carentes, o modelo de família nuclear se distancia, pois nelas a ausência da figura paterna é
uma constante, além de viverem em habitações inadequadas, com muitas pessoas convivendo
juntas sem privacidade. É com base nessa concepção de família que este trabalho foi
realizado.
2.5 A ADOLESCÊNCIA E A FAMÍLIA
O significado da palavra “adolescência” vem do latim adolescere, quer dizer,
crescer. Indicando todas as mudanças, a explosão de fenômenos que envolvem esta fase, tanto
biológicos quanto psicológicos. O ponto de partida para essas mudanças é a chamada
puberdade, momento esse onde as mudanças biológicas começam e as transformações são
percebidas no até então corpo de criança (LACERDA, 1998).
A adolescência é uma fase típica do desenvolvimento do ser humano, onde se
constitui todo o processo biopsicossocial do indivíduo. E que, não se pode compreender essa
etapa sem levar em conta aspectos biológicos, psicológicos, sociais ou culturais, pois
conferem a unidade ao que se chama adolescência. E, mesmo sendo um fenômeno de ordem
mundial, apresenta características distintas de acordo cm o ambiente sócio-cultural do
indivíduo, por isso, é difícil determinar um início para isso, com base em um único aspecto
(OSÓRIO, 1989).
Entretanto, Aberastury (1992), aponta que a adolescência é a fase entre a puberdade e
o total desenvolvimento do corpo, situado, geralmente, entre os 13 aos 23 anos no homem,
podendo se prolongar até os 27 anos.
22
Costuma-se generalizar a adolescência em ambos os sexos entre 13 aos 21 anos, mas
nas meninas esse período estende-se dos 12 aos 21 anos, já, nos meninos, em termos gerais, é
compreendido dos 14 aos 25 (ABERASTURY, 1992).
Como ponto de transição para a vida adulta aponta-se:
A característica da adolescência é que a criança, queira ou não, vê-se obrigada a entrar no mundo do adulto; e poderíamos dizer que primeiro entra através do crescimento e das mudanças do seu corpo e, muito mais tarde, através de suas capacidades e de seus afetos (ABERASTURY, 1992, p. 89).
Essa transformação, muitas vezes pode se dar de um modo “mais dinâmico, mutável,
imprevisível”, podendo ser também um pouco mais confuso, devido às transformações do
corpo, das idéias, das emoções, que também não são as mesmas, e, de um comportamento que
pode surpreender até o próprio adolescente e, por isso, para que as alterações ocorram, muitas
vezes, o adolescente deixa de se relacionar como antes com o mundo que o cerca para se
fechar em si mesmo, e tentar conhecer mais a ele próprio, e assim perceber suas mudanças.
(BECKER, 1999).
A fase da adolescência se caracteriza por grande crescimento, mas também de
perdas, o jovem precisa se tornar autônomo dos pais, que até então, eram as figuras mais
importantes em sua vida, e, essa separação, muitas vezes se dá destruindo a imagem de
perfeição que tem sobre seus pais. Por isso o adolescente pode se opõe a eles de forma
sistemática por uma necessidade da fase de desenvolvimento, pois ele precisa de uma quebra
com os pais (seus ídolos), para então crescer e se tornar independente, mas, não porque é
contra a família (ZAGURY, 2000).
Por isso, o papel da família na construção do sujeito é fundamental. É por intermédio
dela, na maioria das vezes, que se constituem desde a infância, os modelos de vínculo que irão
nortear o indivíduo nas suas relações posteriores com a sociedade a que pertence. Sendo que
podem ser nessas relações que o indivíduo irá construir sua subjetividade, de acordo com as
figuras significativas que o cerca, com isso o grupo da família, que o adolescente faz parte,
torna-se um modelo de preparação do indivíduo para sua inserção social. Isso pode explicar a
importância da família na constituição do sujeito (SILVA et al, 2004).
Embora a adolescência represente uma insegurança de forma geral, a sua relação
social também se faz muito presente. Apresenta-se uma busca de identidade, para qual o
adolescente precisa de um tempo, pois, ao mesmo tempo em que isso ocorre, sentimentos
23
como a angústia, confusão, dificuldades nos relacionamento e medo aparecem (ZAGURY,
2000).
Becker (1999, p. 59) afirma que “as desigualdades e a injustiça social se refletem
profundamente na adolescência”. Aponta que o jovem de baixa renda chega à adolescência
com desvantagens, atravessando essa fase com dificuldades, sem, muitas vezes, poder pensar
em problemas familiares, sexuais e em nas mudanças que ocorrem em seu corpo, pois ele tem
necessidades básicas mais urgentes para resolver, como a roupa e comida; limitando também
suas perspectivas para o futuro.
A convivência entre os membros das famílias de baixa renda se dá de forma mais
difícil, sendo garantida pela sobrevivência material e emocional, esta, tendendo a se agravar
cada vez mais, fazendo com que os pais dessas famílias procurem por alternativas diversas
para a sobreviverem, como o mercado informal, para que consiga dar o sustento necessário,
mas sem garantias trabalhistas. Visto isso, as crianças e adolescentes dessa família, crescem
com esse tipo de trabalho como estímulo para garantia de suas necessidades (MATOS, 2005).
2.6 POLÍTICAS SOCIAIS PARA JOVENS
Nos últimos tempos, pesquisas, estudos e a mídia deram mais espaço para a
discussão a respeito da juventude, isso acabou por se chamar “onda jovem”, e com base na
SEADE - Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados, (1998, apud MATHEUS, 2003),
aponta que, ao iniciar a década de 70, o crescimento da população jovem não causou tanto
impacto, visto que a situação econômica era favorável e o mercado absorvia a maior parte
dessa população. Na década de 80, com a crise econômica, houve também uma diminuição
significativa dessa população juvenil.
Mas, no final do século, ocorre um novo aumento dessa população, mas encontram
um mercado recessivo, com desemprego acentuado e vários problemas urbanos, o que torna
as condições de vida, do povo como um todo, ainda mais problemáticas. Com isso, os jovens
que entram no mercado de trabalho, sofrem influência desse passado, seja direta ou
indiretamente, e, a partir disso constroem sua caminhada na busca da independência
profissional e inserção social (MATHEUS, 2003).
24
O primeiro emprego para o jovem significa uma situação que decide sua trajetória na
sua colocação no mercado de trabalho. O autor aponta que quanto melhores as condições de
acesso ao primeiro emprego, mais fácil e realizada será toda sua vida profissional, e que, a
difícil entrada nesse mundo pode marcar desfavorável será seu desempenho profissional
(POCHMANN, 2000).
A inserção do jovem no mercado de trabalho brasileiro não deixa de expressar direta
ou indiretamente as condições da sua vida familiar, quanto à raça, origem e a aspectos
socioeconômicos. O mesmo autor assinala que o mercado de trabalho, do modo como
funciona, é desfavorável aos jovens, pois mesmo com a estável presença excedente de mão-
de-obra, esse jovem se encontra em condições piores de competição com relação aos adultos,
tendo que, na maioria das vezes, assumir funções de qualidade inferior nas empresas
(POCHMANN, 2000).
Nesse sentido, de acordo com Matheus (2003), a preocupação com a adolescência
não é deixada de lado, sendo apresentada nas gerações precedentes quando defrontadas com
aspectos que as afetam, direta ou indiretamente, seja por problemas sociais que envolvem
todos os indivíduos, como o desemprego, seja pela representação da nova geração frente às
posteriores.
Segundo Souza (1998) com a redemocratização do Brasil na década de 80, o governo
passou a sofrer pressão para que providências fossem tomadas diante da situação da infância
carente que se agravava, pois o menino de rua passava a representar a situação da infância e
juventude no país. Assim, a sociedade civil se envolve com a organização de grupos como o
Movimento nacional de Meninos e Meninas de Rua, Pastoral do Menor, entre outros.
Destarte, essa mobilização resultou no artigo 227 da Constituição Brasileira de 1988, que
divide entre família, sociedade e Estado a responsabilidade de garantir os direitos universais
às crianças e adolescentes, com irrestrita prioridade. Esse artigo compõe a lei 8.069/90 que
dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Com essas definições, segundo Lopes (2006) no que diz respeito às leis, o ECA
representou uma reviravolta, criando condições legais para a formulação das políticas
públicas em favor da infância e da juventude. Assim, as políticas assistenciais passaram a ser
dirigidas a todas as crianças e adolescentes que deles necessitassem. O ECA estabeleceu
mudanças significativas para a cidadania brasileira, pois realizou uma profunda transformação
de princípios e de metodologia de intervenção, definindo responsabilidades e modificando a
gestão político-administrativa das questões ligadas à infância e à adolescência.
Em outras palavras, o ECA passou a exigir:
25
[...] a formulação de política de proteção integral a todas as crianças e adolescentes (através de políticas sociais básicas – saúde, educação, lazer, habitação), a ser desenvolvida pelos municípios: a existência de políticas assistenciais para atendimentos compensatórios; a implantação de assistência médica, psicossocial e jurídica à criança e ao adolescente vitimizados; e, finalmente, a defesa jurídico-social dos envolvidos em situações com implicações legais (LOPES, 2006, p. 120).
O mesmo autor afirma que, foi deliberado que a gestão da questão da infância e da
adolescência deve ser dirigida pela descentralização político-administrativa, pela participação
da população, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis
(Municipal, Estadual e Federal), e que as necessidades das crianças e adolescentes devem ser
aceitas pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, que tem o mando
da efetivação dos programas deliberados a partir das políticas públicas infanto-juvenis
instituídas por alguma lei municipal e pelo Conselho Tutelar de Direitos (órgão que aplica as
medidas de proteção).
Lopes (2006) afirma que apesar de todos esses avanços descritos acima, faz-se
necessário ressaltar que hoje, passados mais de quinze anos da aprovação do ECA, ainda resta
muito a fazer.
As políticas públicas aqui, resumidamente, são entendidas como palco do
conhecimento que procura, ao mesmo tempo, colocar o governo em ação e/ou analisá-la, e,
quando necessário, sugerir mudanças no curso dessas ações e/ou perceber o por que e como as
ações tomaram certo rumo em lugar de outro. Assim, dito de outra forma “o processo de
formulação de política pública é aquele através do qual os governos traduzem seus propósitos
em programas e ações, que produzirão resultados ou as mudanças desejadas no mundo real”
(SOUZA, 2003, p. 13).
Mas, esse conceito por vezes acaba ficando apenas no papel, o que interfere nas
ações dos municípios, onde funcionam secretarias especializadas em programas de assistência
social, por exemplo.
Desde o ano de 2007 o projeto do Programa do Jovem Josefense (PROAJ) estava na
Assembléia Legislativa de São José para aprovação, sendo que, quando contatada para saber o
rumo que o projeto estaria tomando, a informação era que “ele está em vias de ser aprovado”,
dizia a atendente. Devido a esses transtornos burocráticos, o programa foi sendo adiado o
quanto foi possível, e mesmo assim, posto por Assistentes Sociais e pelo conselho Tutelar que
não estavam podendo aproveitar um programa que é seu por direito.
26
Outro fator que interferiu para o andamento do PROAJ foi o funcionamento da
Secretaria da Ação Social, pois devido a questões de ordem política, o diretor afastou-se do
comando da Secretaria, ficando projetos, como esse, com dificuldades de serem
implementados. A assistente social responsável pelo PROAJ fica responsável e se divide no
cuidado de dois programas, pois decorrente das mudanças no quadro de pessoal permeadas
pelas questões políticas desta Secretaria as atividades e planejamentos de todos os programas
da Secretaria não andaram conforme o esperado, e apesar último concurso público ocorrer em
2007, nem todos profissionais foram chamados ainda. Mesmo assim, ao assumir o PROAJ, a
assistente social se preocupa em manter, da melhor forma possível, o que lhe foi
encaminhado.
27
3 METODOLOGIA
O presente estudo foi realizado por meio da pesquisa qualitativa que, na Psicologia,
de acordo com Rey (2002, p.1), a pesquisa qualitativa, “constitui a via de acesso a dimensões
do objeto inacessíveis ao uso que em nossa ciência se tem feito do quantitativo”. Isso favorece
a interação com objeto de pesquisa, fazendo desse, um processo com contato entre os
indivíduos, favorecendo o processo reflexivo do pesquisador.
Segundo Minayo (2007), a pesquisa pelo método qualitativo, responde questões
muito particulares, se preocupando, nas ciências sociais, com um grau de realidade que não
pode ser quantificado. Trabalhando assim, com uma vasta gama de significados, que
correspondem ao espaço mais profundo das relações, de processos e fenômenos que não
podem ser restringidos à operacionalização de variáveis.
Ainda sobre esse ponto Minayo (2007), ressalta que, enquanto os cientistas sociais
visam a criar modelos abstratos ou a descrever e explicar fenômenos que produzem
regularidades sendo repetitivos e externos aos sujeitos, a abordagem qualitativa se aprofunda
no mundo dos significados.
A pesquisa qualitativa deve provocar o desenrolar de um diálogo progressivo e bem
organizado por ser a fonte produtiva para colher informação. E, “nesse diálogo “se criam
climas de segurança, tensão intelectual, interesse e confiança, que favorecem níveis de
conceituação da experiência que raramente aparecem de forma espontânea na vida cotidiana”
(REY, 2002, p. 56).
A pesquisa se caracterizou pela pesquisa participante, que de acordo com Haguete
(2000), esta aparece mais facilmente caracterizada do que definida na literatura especializada.
Percebe-se que esta pesquisa envolve um processo de investigação, de educação e de ação,
apesar de alguns autores ressaltarem a organização como um componente essencial da
pesquisa participante.
A pesquisadora utilizou-se de duas técnicas, a observação participante e a entrevista
semi-estruturada. A observação participante, que é tida como parte essencial em um trabalho
de campo na pesquisa qualitativa. É considerada tão importante que alguns estudiosos
acreditam que ela é “[...] não apenas uma estratégia no conjunto da investigação das técnicas
28
de pesquisa, mas como um método que, em si mesmo, permite a compreensão da realidade”
(MINAYO, 2007, p. 70).
A observação participante é compreendida quando o observador acaba ficando com
uma relação direta com os sujeitos e com o local que estão sendo pesquisado, nos momentos
que forem possíveis, participando tanto da vida social e do cenário cultural, mas apenas com o
objetivo de recolher dados e entendimento daquele contexto para a pesquisa. Com isso, o
observador acaba fazendo parte daquele contexto e, modifica não só o contexto, mas interfere
o pesquisador mesmo, pessoalmente (Minayo, 2007).
A pesquisadora utilizou dois instrumentos para coletar dados. Em um primeiro
momento foi aplicada uma questão aberta (APÊNDICE E) com 20 (vinte) participantes, e, em
um segundo momento foram realizadas 5 (cinco) entrevistas individuais (APÊNDICE F).
A entrevista semi-estruturada é caracterizada por perguntas “(...) em que o
entrevistado tem a possibilidade de discorrer sobre o tema em questão sem se prender à
indagação formulada” (MINAYO, 2007, p. 64). Assim, na entrevista semi-estruturada o
entrevistador tem uma participação ativa, e mesmo seguindo um roteiro previamente
elaborado, pode adicionar questões para esclarecer ou compreender melhor o discurso do
entrevistado.
O total da população de sujeitos foi de 20 adolescentes, onde, destes, 5 (cinco)
realizaram entrevista individual.
A forma de análise foi a análise de conteúdo. Sobre isso Chizzotti (2006, p. 98),
aponta que “o objetivo da análise de conteúdo é compreender criticamente o sentido das
comunicações, seu conteúdo manifesto ou latente, as significações explícitas ou ocultas”.
Esta técnica, reduz o amplo volume de informações que se encontram em uma
comunicação em algumas características particulares ou conceituais que permitem a passagem
dos elementos descritos da entrevista à interpretações ou investigações dos “atores” sociais no
contexto em que estão inseridos e que produzem informações, verificando assim a influência
do contexto cultural no conteúdo da comunicação (CHIZZOTTI, 2006).
As entrevistas foram gravadas e transcritas de forma integral, com autorização dos
participantes. Nessa pesquisa o grau de interação entre pesquisador e sujeito, bem como no
ambiente a ser pesquisado se deu de forma interativa, onde os sujeitos estavam cientes de
todos os processos da pesquisa o que pode ter favorecido a troca de informações entre os
mesmos. A identidade do pesquisador foi revelada, como também os objetivos do presente
estudo, facilitando assim a aceitação e entrega dos participantes na qualidade maior nas
respostas da pesquisa.
29
3.1 ASPECTOS ÉTICOS
Nesta pesquisa, todos os indivíduos envolvidos foram informados quanto aos
aspectos éticos, de acordo com a resolução da CFP n° 016/2000, bem como que é apontado no
código de ética profissional do Psicólogo.
A presente pesquisa foi realizada com o conhecimento e esclarecimento sobre os
termos de consentimento aos sujeitos, e, sempre visando, de acordo com os termos, o respeito
e o comprometimento da pesquisadora frente os indivíduos participantes para a realização da
pesquisa de forma a poder concretizá-la da melhor forma possível (APÊNDICE C). E,
comprometendo-se a colocá-los a par dos objetivos da pesquisa. Sendo que ao final da
pesquisa será feita uma devolutiva dos resultados aos participantes, bem como para a
Secretaria da Ação Social e para a Assistente Social responsável pelo programa (APÊNCICE
D).
30
4 PROAJ: UMA POSSIBILIDADE PARA ADOLESCENTES DE BAIXA
RENDA
Neste capítulo serão abordadas, respectivamente, as características gerais do
programa PROAJ e a inserção da pesquisadora no campo. Após apresentam-se os dados
obtidos através da pesquisa, a interlocução dos autores pesquisados, assim como, a análise do
material coletado.
O Programa do Adolescente Josefense teve seu projeto e desenvolvimento da
proposta no ano de 2007, e, iniciou suas atividades no ano de 2008 na Secretaria da Ação
Social. O perfil da população atendida é caracterizada por adolescentes do município de São
José em situação de vulnerabilidade social.
Muitos jovens de baixa renda buscam entrar no mercado de trabalho, sendo ele
informal ou não, para ajudar no sustento da casa, através do trabalho infantil, mesmo sendo
ilegal no Brasil. Mas alguns desses jovens têm a oportunidade de se inserir em um programa
social que o auxilie nessa busca de qualificação profissional. Esses projetos oferecem a
oportunidade ao adolescente para a conquista de um emprego no mercado de trabalho formal,
sem que isso interfira em seu desenvolvimento, aproveitando a oportunidade sem perder essa
etapa da vida. Para adolescentes economicamente carentes, o trabalho exerce duas
características principais, a primeira diz respeito a manter o jovem longe do crime e da
marginalidade, realizando um processo disciplinador, e em segundo plano, a busca de sustento
econômico (BARDAGI et al, 2005).
Nesse sentido, o auxílio de programas sociais como o que a Secretaria da Ação
Social de São José oferece, está voltado à qualificação de jovens de baixa renda, e tem o
objetivo de contribuir para a sua formação, sem que abandonem a escola, sendo de grande
ajuda para sua inclusão não só no mercado de trabalho, mas também para seu crescimento
pessoal, pois com o passar do tempo os jovens poderão perceber a importância dos estudos e
da oportunidade que lhes é oferecida gratuitamente.
Com a procura dos adolescentes pelo programa, percebeu-se que o adolescente
acompanhado pelo Centro de Referência Especializado de Assistência (CREA), em São José,
vem demonstrando que eles não acreditam ter muitas expectativas em relação aos seus
projetos para o futuro pessoal e profissional, já que as oportunidades que aparecem da
sociedade para essa demanda são muito poucas.
31
Porém, a partir da participação dos sujeitos com as atividades propostas pelo
programa e a participação nesse estudo, foi identificado perspectivas/expectativas quanto a
relações de trabalho futuras.
Logo, os adolescentes que participam de algum programa social podem apresentar
interação com as diferentes realidades da sociedade que convive e, sendo apresentada nos
seus diferentes contextos. Tendo a oportunidade de desenvolver de forma saudável e
interagindo com todos ao seu redor, aproveitando todas as oportunidades que aquele programa
pode oferecer.
Assim, pensando nos benefícios que um programa social pode oferecer para
adolescentes de baixa renda, a Secretaria da Ação Social de São José, disponibiliza aos jovens
do município o PROAJ. Portanto, o programa procura oferecer oportunidades para que o
jovem busque, também, autonomia e inclusão social.
4.1 UMA APROXIMAÇÃO: A PESQUISADORA EM AÇÃO
O primeiro contato da pesquisadora com o Programa do Jovem Josefense (PROAJ)
deu-se em junho de 2007 na Secretaria da Ação Social, através do projeto de extensão da
Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, cujo título era: Família e Cidadania: Saúde e
Gestão do Trabalho nas Práticas de Assistência.
A partir disso, o interesse pelo PROAJ surgiu, pois, por ser um programa que estava
em fase de reformulação, de mudança na proposta, foi algo que despertou interesse para saber
como um programa de assistência para os jovens em situação de vulnerabilidade social de São
José é entendido pelos participantes.
O programa tinha inicialmente o nome “Programa Jovem Aprendiz”, mas,
descontente com a proposta deste, a Psicóloga responsável na época pelo programa
desenvolveu uma nova visão para o mesmo, que passou a se chamar “Programa do Jovem
Josefense – PROAJ”.
Desde março de 2008, o programa se encontra a cargo de uma Assistente Social, que
é responsável por outro programa também. Por ser um programa novo, os adolescentes que
tinham interesse em estar participando deste, foram previamente chamados para uma reunião
para cadastrá-los e passar as informações gerais sobre o processo, bem como, para a entrega
32
da documentação necessária. Isso ocorreu no dia 08/04/08, no auditório da Secretaria,
contando com a presença de aproximadamente 30 adolescentes.
Mesmo com a maioria dos adolescentes não tendo entregado a documentação
completa, foram convidados a participar da capacitação oferecida para a preparação de
entrada no campo de estágio realizada no dia 18/04/08, onde deveriam entregar os
documentos que faltavam. Nessa capacitação, 20 (vinte) adolescentes compareceram, onde
foram tratados assuntos como: como se comportar, vestir, agir, entre outras atitudes referentes
a postura em seus locais de estágio, para que já se percebessem as primeiras responsabilidades
que o estágio envolve.
Naquele mesmo dia da capacitação, a pesquisadora entregou aos adolescentes uma
questão aberta tendo como objetivo, levantar dados a fim de enriquecer a pesquisa, bem como
para proveito futuro do programa. Após terem respondido a referida questão, os participantes
que se mostraram dispostos a contribuir para a pesquisa, escreveram seus nomes e telefone
para posterior contato. Dos interessados, 3 (três) foram sorteados para uma entrevista
individual, após, os mesmos foram contatados via telefone para marcar a entrevista, sendo
esta realizada na sexta-feira, dia 25/04/08, na Secretaria da Ação Social.
No dia, dos três adolescentes apenas um dos contatados apareceu, sendo que os
outros dois iriam começar em seus estágios naquela tarde, sendo avisados pela manhã, o que
inviabilizou a entrevistas com eles. Como alguns dos participantes do programa iniciaram
seus estágios na Secretaria da Ação Social mesmo, foram convidados a participar das
entrevistas no lugar dos que não puderam comparecer. Os adolescentes aceitaram
prontamente a realizar a entrevista. Assim, no dia 25/04/08 foram realizadas as três entrevistas
que foram propostas.
Após essas três entrevistas, a pesquisadora acreditou ser necessário acrescentar mais
duas entrevistas para enriquecer os dados da pesquisa. Sendo assim, as entrevistas foram
marcadas para o dia 06/04/08, com duas adolescentes, que já estavam trabalhando na
Secretaria da Ação Social.
A entrevista foi composta por 8 (oito) questões abertas, que, devido à necessidade,
poderiam sofrer modificações durante a conversa. As entrevistas tiveram duração aproximada
de 5 (cinco) minutos cada.
Devido a mudança de foco no decorrer da pesquisa, a entrevista com as famílias dos
adolescentes não pode ser realizadas, devido ao novo formato da pesquisa bem como o tempo
escasso para a obtenção de dados suficientes para a análise.
33
4.2 UMA ANÁLISE RELFEXIVA: A PERCEPÇÃO DOS ADOLESCENTES INSERIDOS
NO PROAJ
Para iniciar as análises, partimos do primeiro momento, onde responderam a uma
questão aberta 20 adolescentes de ambos os sexos, com idades variando entre 14 e 17 anos.
Quanto à análise da questão aberta, tida como questão norteadora para identificar as
expectativas dos jovens em relação ao programa, foram encontradas as 4 (quatro) categorias,
sendo elas: oportunidade, aprendizagem, futuro e família, que aparecem ao decorrer deste
capítulo a partir dos quadros 01, 02, 03, e 04.
Quadro 01: referente à categoria oportunidade.
• “vai melhorar muito a minha vida”
• “boa oportunidade de trabalho”
• “essa é uma ótima oportunidade para os jovens”
• “oportunidade de aprendizagem e conhecer novas coisas para a vida”
• “oportunidade de vida para crescer como pessoa”
O
p o
r t u
n i
d a
d e
Em geral os entrevistados, quanto a oportunidades, expressam desejo
de crescimento, expectativas pessoais e profissionais levando em conta
oportunidades apresentadas pelo programa, como pode ser representada na fala:
“oportunidade de aprendizagem e conhecer novas coisas para a vida”,
acreditando que com esse auxílio possam apresentar resultados futuros,
aproveitando essa oportunidade, que pode ser única.
34
Quadro 02: referente à categoria aprendizagem.
Com base em Bardagi et al (2005) é grande o número de jovens que o caminho é
marcado pela procura de sobrevivência e não por oportunidades de escolhas, e que para
esses adolescentes, a relação estabelecida com o trabalho, na procura, na experiência ou na
perda de emprego, estabelece um dos principais obstáculos para os desenvolvimentos de
projetos pessoais.
Quadro 03: referente à categoria futuro.
Se esses jovens estão realmente interessados na participação de um programa que
auxilie na entrada no mercado de trabalho, tem que tomar a atitude de se responsabilizar
pela decisão tomada e tendo-a, muitas vezes como única, pois, de acordo com Bardagi et al
• “aprender fazer novas coisas”,
• “conhecimento para aprender cada vez mais”
• “aprender coisas novas para ter capacidade”
• “vou estar aprendendo alguma coisa”
A
p r
e n
d i z
a g
e m
No que diz respeito a aprendizagem, percebe-se nesse momento o
interesse pelo novo, para realizar novas tarefas, ou seja: “aprender fazer novas
coisas”, que oportunizem crescimento que até então está fora de seu alcance,
acreditam que o programa possa dar a eles “coisas novas” para se ocuparem e
pensarem em seu futuro, - “conhecimento para aprender cada vez mais”.
• “é um bom começo que está ajudando alguém a ter um futuro melhor”
• “depois no futuro vai me ajudar”
• “as portas se abrirão para nós”
F u
t u
r o
Percebem-se nos apontamentos sobre futuro, como uma fase de
mudanças na vida dos jovens, onde eles parecem agarrar a oportunidade como
única, acreditando em um futuro diferente e realizador para eles, levando-nos
pensar que irão segurar essa chance com toda sua força, que pode ser percebido
na fala: “é um bom começo que está ajudando alguém a ter um futuro melhor”;
“depois no futuro vai me ajudar”.
35
(2005) na maioria das vezes, os adolescentes que se encontram em situação de
vulnerabilidade social não tem a oportunidade de decidir pela própria ocupação.
• “poderei ajudar meus pais com minhas despesas”
• “poder ajudar a família”
A
poio
da
F a
m í
l i a
Em falas voltadas para a família, compreende-se que a preocupação é
garantir um futuro para eles, devido às atividades que irão desenvolver, ao
crescimento que terão e as atividades que estarão realizando para seu
crescimento pessoal e profissional, e, se possível, a ajuda, decorrente da bolsa-
auxílio, será dada à família, - “poderei ajudar meus pais com minhas
despesas”. Sendo esse auxílio, em primeiro momento, não sendo como
principal motivo para a participação no programa. Quadro 04: referente à categoria família.
Mas, de acordo com Bardagi et al (2005) passado o limite da infância, entra-se na
adolescência, e com ela surge a indispensável garantia ou auxílio da própria manutenção ou,
em vários casos, a sustento de toda a família. Nesse momento o possível “sustento” da
família foi deixado de lado na fala dos participantes, mas sabe-se também que é um auxílio
indispensável para a permanência dos mesmos no programa.
Partimos agora para o segundo momento da análise, que se destina as entrevistas
com os 5 (cinco) participantes do PROAJ, que responderam também a questão aberta. Nas
entrevistas percebeu-se que algumas categorias se mantiveram. Ao longo do texto, as falas
dos adolescentes participantes da pesquisa serão aqui denominadas de A1, A2, A3, A4 e A5.
“Eu vejo o programa PROAJ como um ótimo auxílio e que traz
oportunidades para os adolescentes de São José, e que, às vezes, muitos não sabem aproveitar, eu quero aproveitar e ter um pouco mais de responsabilidade” (fala do adolescente 01 em resposta a questão aberta).
Tratando-se de adolescentes entre 14 e 17 anos, deve-se considerar, conforme o
ECA, que o limite de idade é de 12 anos para o trabalho de aprendiz e de 14 anos para a
entrada no mercado de trabalho efetivamente, portanto esses adolescentes encontram-se
legalmente aptos para trabalhar (OLIVEIRA, 2001).
36
Deve-se levar em conta também que os jovens da pesquisa não são desprovidos de
lar ou família (independente do modelo familiar), e, necessariamente freqüentam a escola.
Quanto à categoria de oportunidade, parte-se da fala acima, onde pode-se
perceber o interesse do adolescente na participação no programa, bem como o pensamento
de que, sabendo aproveitar tal oportunidade traga ganhos futuros, trazendo a oportunidade
de escolha na permanência no programa, como ele mesmo sendo responsável pela suas
escolhas, e que pode ir em busca de algo por sua própria vontade. Nesse sentido pode-se
entender a oportunidade de inserção no programa visando suas primeiras decisões na vida,
buscando assim sua Independência. Independência, aqui, no que diz respeito a escolha de
entrada e permanência no programa.
Os adolescentes que vivem em situação de vulnerabilidade social, geralmente, não
são educados no sentido de preocupação de escolha de um curso de nível superior, e nem
encontram, em seu dia-a-dia, oportunidades para refletir sobre projetos profissionais tão
pensados e estruturados quanto no caso de adolescentes típicos (NEIVA E SILVA, 2003,
apud BARDAGI et al 2005, p. 2).
Porém, é na perspectiva no surgimento de programas sociais, como neste sentido, o
PROAJ, que surge a possibilidade de vislumbrar oportunidades futuras para esses jovens.
De acordo com um participante o PROAJ é uma “oportunidade muito boa
para jovens que estão na rua”. Pois, o contexto onde esses adolescentes crescem, é marcado
por crenças e valores próprios, comumente diferentes de boa parte da sociedade. As
oportunidades de educação sistematizada de qualidade são restritas e, como conseqüência à
inserção competitiva no mercado de trabalho formal (BARDAGI et al, 2005).
Analisando quanto as oportunidades decorrentes da participação no PROAJ é
colocada a fala do A4: “garantir um emprego melhor”. Onde percebe-se que após a
passagem pelo programa, a busca vai ser no sentido de continuar a ter um emprego, uma
ocupação, tendo este primeiro contato com um programa de assistência social, uma marca
para oportunidades de empregos futuros, A2: “quero trabalhar e tentar achar outro serviço
depois”, a oportunidade, que os adolescentes sabem que é passageira, será aproveitada como
uma “carta de recomendação”, mostrando que caminho foi trilhado em seus anos de vida
para buscar por uma vida melhor através do trabalho.
De acordo com Guimarães (2002), no local de trabalho, mesmo estando submetido
a autoridade de seus superiores nas atividades laborais, o adolescente também tem a
oportunidade de freqüentar ambientes com iguais, aprendendo a ordenar suas maneiras de
37
sociabilidade e suas representações, ampliando suas experiências e contribuindo para seu
amadurecimento psicológico e intelectual.
Alguns adolescentes em situação de vulnerabilidade social conseguem o privilégio
de entrar no mercado de trabalho através de oportunidades oferecidas por projetos sociais,
que de acordo com um jovem, “é uma oportunidade para adquirir experiência no mercado
de trabalho”, e que tem como objetivo a preparação do jovem para a entrada no mercado
formal, sem que interfira no seu processo de desenvolvimento, permitindo assim, a vivência
da fase da adolescência enquanto trabalham (BARDAGI, et al 2005). E, assim sendo, “nem
todo jovem tem uma chance dessas”, aponta um adolescente em relação às oportunidades
que o PROAJ oferece.
Mas, segundo a mesma autora, alguns programas sociais destinados a adolescentes
de baixa renda, esquecem de promover uma reflexão sobre as escolhas profissionais do
jovem e o papel que o trabalho tem na construção da identidade. Deixando claro que, sem
esses aspectos, a simples existência de um programa social passa a ser considerada
insuficiente.
Assim, desconsiderar esses aspectos na vida de um jovem que está em busca de
oportunidades em um programa de assistência social, que deveriam ser no sentido de
crescimento, bem como, descobrindo as possibilidades que os jovem de baixa renda possam
desenvolver, tem-se apenas ações superficiais, caindo em assistencialismo puro.
Para mim isso é bom por que hoje em dia nem todo o jovem tem uma chance dessas, eu acho bom para mim que trabalhei com várias coisas, até com drogas eu já mexi, mas eu percebi que isso não leva a nada. Agradeço muito por essa chance que me deram no programa” (fala do adolescente 02 em resposta a questão aberta).
A partir disso, compreende-se que os adolescentes estão buscando no PROAJ não
uma oportunidade de trabalho somente, mas uma chance para mudar de vida. “Um ótimo
auxílio que traz oportunidades para os adolescentes”. Assim, as oportunidades oferecidas
pelo programa devem ser pensadas no sentido das expectativas dos adolescentes, para que
de fato os programas sociais saiam do assistencialismo puro e trabalhe sim com a assistência
social como direito. Isso significa que, a assistência social deve se converter em direito
reclamável pelo cidadão, não devendo ser encarada como concessão de favores, mas sim
como prestação devida de serviços (ROSA, 2006).
O interessante seria que todos os programas, obedecendo a um projeto pedagógico,
tivessem reais condições para inserir os jovens no mercado de trabalho, senão qualificados
38
inteiramente, pelo menos pré-qualificados, sendo essa qualificação quase sempre
acompanhada de promoção da cidadania (SILVA, 1999).
Destarte, retomando a questão da cidadania já discutida neste trabalho, cabe aqui
fazer referência a idéia de Demo (1995, apud KARKOTLI, 2005, p. 23) no que diz respeito
a três formas de cidadania. Como primeira, a cidadania tutelada, é o tipo de cidadania que a
direita (entendida pela elite econômica e política) cultiva ou suporta, a saber, aquela que se
tem por donativo ou concessão superior. Pela reprodução da pobreza política das maiorias,
não ocorre consciência suficiente crítica e aptidão política para balançar a tutela.
Apontando para a segunda cidadania, a cidadania assistida, é a forma mais afável
de pobreza política, porque já permite a preparação de um embrião da noção de direito que é
o direito à assistência, integrante de toda democracia. Todavia, ao eleger a assistência à
emancipação, faz também na reprodução da pobreza política, à medida que, mantendo
intocado o sistema produtivo e passando ao largo das relações do mercado, não se
compromete com a necessária equalização de oportunidades. A vinculação da população a
um sistema sempre precário de benefícios estatais é sua principal ilusão. Esse sistema
disfarça a marginalização social não se confrontando com ela (DEMO, 1995 apud
KARKOTLI, 2005, p. 23).
Então, o que se deseja é apontado na terceira idéia do autor, a cidadania
emancipatória, que visa ser buscada de outras formas de política social, incluindo as não
estatais, como promoção à educação básica de qualidade que seja incluído manejo crítico do
conhecimento, capacitação de organização política da sociedade, exercício do mando
democrático, e assim por diante (DEMO, 2001 apud KARKOTLI, 2005, p. 23-24).
Apontando para a categoria aprendizagem, o programa oferece atividades sócio-
educativas, que auxiliam na qualificação para a oferecer qualidade de vida e conhecimentos
para a vida profissional do adolescente.
Bardagi et al (2005) ressalta que, a partir do ECA, iniciativas surgiram, propondo
programas que têm por objetivo a educação pelo trabalho e, não, educação para o trabalho.
Esse trabalho de atividades que visam aprendizagem-trabalho, apesar de ainda não
muito claros no entendimento dos adolescentes, pois até a presente entrevista houve apenas
uma capacitação, é transparecida nas falas de A3: “espero aprender bastante”;
“conhecimento para aprender cada vez mais”.
É importante que os projetos sociais fiquem atentos as realidades de seus contextos
ocupacionais, no que se refere ao tipo de atividade que vai ser ensinada ou estimulada aos
jovens, sabendo que, esta atividade não necessariamente se cultivará como profissão futura
39
dos adolescentes, mas que, neste momento, deve ter um impacto positivo, relacionando-a co
outras oportunidades profissionais (BARDAGI et al, 2005).
Segundo Jenschke (2003, apud BARDAGI et al, 2005, p. 13) afirma que um bom
desenvolvimento de carreira implica em um processo contínuo de aprendizagem que
“combina aspectos como a autoconsciência, a percepção das oportunidades e características
do mundo do trabalho, a aquisição de habilidades de tomada de decisão e a capacidade de
fazer transições”.
Algumas falas dos adolescentes sugerem o interesse para manter o desenvolvimento
de aprendizagem descrito acima, apontam que desejam como A1:“aprender coisas novas
para ter capacidade” (aquisição de habilidades), mas, para isso, A4 refere: “tem que se
esforçar também” (autoconsciência), e com isso conseguir “aprender algo a mais”
(oportunidade/aprendizagem).
O programa oferece atividades complementares, denominadas pela assistente social
responsável de “capacitações”, que fazem parte da proposta sócio-educativa do programa.
Essa proposta acontece uma vez por mês, na Secretaria da Ação Social com todos os
adolescentes que estiverem com sua situação em dia, ou seja, freqüentando regularmente o
local de trabalho e a escola.
De acordo com isso Silva (1999) afirma que todo o adolescente precisa passar por
uma fase que a autora denomina “iniciação ao trabalho”, que na visão jurídica pode se
classificar como atípica, pois não é de experiência nem de aprendizagem propriamente ditas,
sem deixando de reconhecer que existe um trabalho verdadeiro e como isso ser
juridicamente tratado. A autora aponta que esse não é um período de experiência de
qualificações técnicas, porque os adolescentes não as têm, mas de experiência por parte do
empregador e do jovem sobre qualidades pessoais, sobre as condições e adaptação ao
trabalho. Adquire-se então prática de tarefas simples, se adequando as competências
individuais, mas não sendo classificadas como sujeitas à aprendizagem propriamente dita.
Outra classe trazida é quanto à categoria futuro, os adolescentes trazem o
programa como tendo importância significativa com relação a suas expectativas com o
mercado de trabalho, pois apontam que “é um bom começo que está ajudando alguém a ter
um futuro melhor”.
No mundo adulto a preocupação é buscar melhores condições de trabalho na
sociedade em que vivem, desenvolvem habilidades, transmitem informações, modificam
atitudes e ampliam conceitos nas organizações. Mas, é na adolescência que todo esse
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processo começa, suas expectativas de futuro vão sendo pensadas conforme as diferentes
trajetórias dos indivíduos. (BARDAGI et al, 2005).
A autora assinala ainda que se torna importante levar em conta que é necessário
lidar com o adolescente que trabalha como um adolescente comum, que tem expectativas de
futuro grandiosas, e, que quer obter reconhecimento e poder social pela sua profissão.
Principalmente com os adolescentes que entram no mercado de trabalho precocemente,
existe uma concorrência entre as responsabilidades de ser trabalhador e do cotidiano da
infância, sem regras rígidas. Além disso, esses jovens estão em um contexto de aceleração
de escolha, onde muitas vezes, não há tempo para amadurecer interesses, valores e
expectativas que estão vinculadas aos projetos de vida baseados na realidade.
Isso fica claro na fala de A4: “quando eu sair daqui quero saber fazer bastante
coisa pra garanti um emprego melhor”, que aponta sua participação no programa como algo
que vai agregar algum conteúdo em seu futuro, mas que, após a participação no programa,
irá em busca de algo, que ainda não sabe dar nome, que tipo de emprego melhor seria esse?
A oportunidade de exercer diversas atividades que podem estar presentes na
participação de um projeto social é muito benéfica, desde que não esteja direcionando o
adolescente para um afunilamento ocupacional e permita troca de papéis. Sendo necessária a
estimulação de planos quanto a expectativas profissionais, permitindo que os jovens possam
perceber as diferentes oportunidades de inserção no mercado de trabalho, mesmo fora do
projeto social, para que assim não se reduzam seus projetos profissionais futuros às
atividades que desenvolveram no projeto (BARDAGI et al, 2005).
Assim, os adolescentes poderão ter conhecimento sobre o que podem e querem
realmente fazer, quanto à escolha profissional, no seu futuro. Levando em conta que, a
entrada em um programa de assistência social, que procure oferecer suporte para os jovens,
só vem a contribuir para projetos futuros, e que assim A2: “vai ta abrindo caminhos
melhores”, para os participantes que souberem aproveitar as oportunidades do programa.
Assim, Bardagi et al (2005) escreve que as experiências de trabalho normalmente
são importantes para a os conhecimentos vocacionais, podendo auxiliar na formação da
identidade profissional, mas é possível pensar também, existir um conflito entre as
preferências vocacionais e a necessidade real de sustento ou meramente que a inserção ao
trabalho acabe impondo uma concorrência entre as preferências profissionais entre os jovens
trabalhadores.
Com referência a categoria apoio da família, em relação à inserção no programa,
as falas dos adolescentes apontam no sentido de apoio e incentivo, como afirma A4:“a
41
minha mãe me apóia bastante”, levando com que o jovem tenha um apoio a mais para
participar do PROAJ.
As famílias dos adolescentes participantes, em sua maioria, não se apresentam
como integrantes de famílias nucleares, mas se caracteriza, em sua maioria, em famílias
monoparentais fraternas, onde a mulher, mãe, é tida como provedora, chefe do lar.
Apontam a importância do auxílio à família para levar neste primeiro momento, de
iniciação ao trabalho, um apoio necessário que dê suporte, conseguindo assim mais
tranqüilidade, pois vêem nela, um referencial para que sintam o apoio indispensável para a
realização de seus objetivos. Isso pode ser abrangido na fala de A4: “se a família diz, vai
que tu consegue, tu vai conseguir tudo o que tu quiser”.
Nas famílias de baixa renda, é na adolescência, ou em alguns casos, desde a
infância, que os filhos são inseridos no mercado de trabalho, pela família passar por
dificuldades. (MAURO, 1995, apud GUIMARÃES, 2002, p. 119).
Para as famílias em situação de vulnerabilidade social, a inserção dos filhos em
projetos que podem oferecer qualificação aos jovens, é uma garantia de uma vida fora das
ruas e a concretização de todas as esperanças de mudança social e de melhoria financeira
também, portanto, nesse caso, os pais podem vir a exercer uma cobrança excessiva sobre os
filhos em relação ao seu comportamento com o programa (BARDAGI et al, 2005).
Com o apoio da família, o jovem parece manifestar mais interesse em estar
participando do programa por vontade própria, sem se sentir obrigado, A2: “minha mãe me
apóia trabalhar, é um incentivo”.
Mas, nem todos os adolescentes podem contar com esse apoio fundamental, onde
os pais oferecem o suporte que o adolescente precisa para que consiga aproveitar uma
oportunidade que visa conhecimento e crescimento, onde pode ser percebido de acordo com
a fala de A5:“sinto bastante falta do apoio da família, queria uma família mais reunida”.
Nestes casos, levando em conta as famílias em situação de vulnerabilidade social, os pais
freqüentemente exercem atividades das quais não escolheram e nas quais não tem nenhuma
expectativa de crescimento ou no desenvolvimento de potencialidades, e, assim, não
incentivando seus filhos a buscarem satisfação por meio do trabalho e, às vezes, até
desvalorizando esta preocupação (BARDAGI et al, 2005).
Além das categorias já expostas anteriormente, outras duas emergiram das análises
das entrevistas, são elas: crescimento pessoal e auxílio financeiro.
42
No que diz respeito à categoria crescimento pessoal, os adolescentes buscam
auxílio quanto ao descobrimento de qualidades que ainda estão encobertas neles, buscando,
com o PROAJ, uma tentativa de enriquecimento pessoal.
O sujeito que trabalha é valorizado pelas crianças, além de que, a entrada no
mercado de trabalho muda o status do indivíduo a quem acabam sendo atribuídos valores
positivos como respeito e obediência. Outro fator, é que o trabalho confere sentimento de
utilidade aos jovens trabalhadores, em oposição ao não-trabalho associado ao sentimento de
inutilidade (BONAMIGO, 1996 apud BARDAGI et al, 2005, p. 7).
Isso fica claro na fala de A5:“relação melhor com a comunidade, com a
sociedade”, percebe-se como o trabalho pode ser visto como forma de ganho para os
adolescentes em situação de vulnerabilidade social, pois através dele, pode haver mudanças
de comportamento com todo o contexto, toda sociedade que o jovem está inserido e se
constituindo como sujeito. Sugerindo assim, uma busca por identidade social, um “ser
notado” pela sociedade em que esses adolescentes vivem.
Bardagi et al (2005) afirma que se torna necessário que os projetos sociais fiquem
atentos às realidades de seu contexto ocupacional no momento em que for definir o tipo de
atividade a ser ensinada ou estimulada, pois, mesmo se essa atividade não venha a se manter
como profissão dos adolescentes, deverá ter um impacto positivo neste momento, e estar
relacionada também com outras possibilidades profissionais, sendo criada uma rede
reflexiva de formação.
Nesse contexto, no que diz respeito à importância do programa no crescimento
pessoal dos adolescentes, percebe-se que o PROAJ terá papel importante para incentivar a
responsabilidade na participação, como de acordo com a fala de A5:“não pode fica
dependendo de algumas pessoas me ajudando e eu não querer me ajudar”. Compreende-se
aqui, a tomada de decisão em querer participar de um programa, não tido aqui como um
programa de assistencialismo puro, mas sim, entendido como uma relação entre programa e
adolescente, onde um irá complementar o outro, visando o crescimento de ambos, sem que
nenhum saia prejudicado.
Ao iniciar em um projeto social ou em alguma atividade de iniciação profissional,
muitas vezes os adolescentes que se encontram em situação de vulnerabilidade social não
estão respondendo a uma demanda própria de conhecimento ou experiência, nem se
preocupando em realizar uma escolha profissional para direcionar seu futuro ou mesmo em
administrar de forma adequada todas as informações que seriam relevantes para a
construção de um projeto de vida (BARDAGI et al, 2005). Propondo estar em busca de algo
43
que faltou em seu desenvolvimento como pessoa, algumas vezes por falta de estímulo por
parte da escola ou até mesmo da família e, assim, acreditam que o programa pode contribuir
para sua educação como pessoa, como afirma A2: “eu acho que vai dar mais educação”.
Educação aqui trazido no sentido de como se comportar e se portar com as pessoas de forma
geral em uma sociedade.
No que diz respeito à categoria auxílio financeiro, o ECA, em seu artigo 64, limita
que o trabalho entre 12 e 14 anos a um estágio profissionalizante, sendo assegurado, porém,
o recebimentos de uma “bolsa aprendizagem”. Esse termo “bolsa aprendizagem”, é um
termo técnico que tem como significado a remuneração que o jovem estagiário pode receber
por sua entrada no processo produtivo. Sendo que, de acordo com o Art. 64, essa bolsa
aprendizagem não é facultativa, apenas, seu valor fica a critério das partes envolvidas
(SILVA, 1999).
“É bom participar de um programa como esse porque vou estar aprendendo alguma coisa, e, ainda irei ganhar uma bolsa-auxílio, para não ficar só dependendo da minha mãe para comprar roupa, calçados e outras coisas” (fala do adolescente 03 em resposta a questão aberta).
No caso dos participantes do PROAJ, todos os adolescentes participantes, com
idades entre 14 e 17 anos, recebem como denominado pelo programa, uma bolsa-auxílio.
Os adolescentes que recebem a bolsa apontam que, algumas vezes, passam a não
apenas garantir suas próprias necessidades, como aponta A3: “vou poder adquirir minhas
próprias coisas”, mas também para contribuir com as despesas de toda a família, mas não
no sentido de sustento pleno, sugerindo A2: “poder ajudar a família”.
As atividades que podem gerar renda para os adolescentes, seja na forma de
programas ou instituições que façam essa mediação para o mercado de trabalho, ao mesmo
tempo em que facilitam, exigem disciplina, controle e a aceitação do menor trabalhador pela
sociedade (OLIVEIRA, 2001).
A autora aponta também que, um fator contextual, complexo e muito compreensivo
que acaba determinando o trabalho do jovem, é a concentração de renda no país, que pode
ser consideradas um das piores distribuições de renda, com salários baixos, altos indicadores
de desemprego, nos excluídos vivendo a margem da sociedade, na educação, saúde, mas,
principalmente no número de crianças e jovens trabalhando.
Com isso, a relação feita é que o trabalho precoce se dá na medida em que, com a
precariedade das relações e condições de trabalho, com salários baixos e custo de vida alto,
44
as famílias de baixa renda tomam como tática mais conhecida e aceita pela sociedade, a
entrada do maior número de membros da família no mercado de trabalho (OLIVEIRA,
2001).
Mas aqui, a relação estabelecida entre a saída dos adolescentes para o mercado de
trabalho com apoio financeiro, é, na maior parte dos casos, vista mais como uma ocupação
para em obter seu próprio dinheiro é de A4:“vou ter meu dinheiro” e assim, A4:“vou dar
valor pras coisas que eu vou ter, porque eu vou ta batalhando”.
Com isso, nem todos os jovens participantes do programa estão ali para garantir o
sustento de toda a família, mas aproveitando a oportunidade para dar início a sua vida
produtiva, ocupando seu tempo livre com algo que eles estejam realizando por prazer e
como conseqüência obtendo os ganhos do mesmo, ganhos esses não apenas financeiros.
Assim, “(...) com o trabalho remunerado, o adolescente conquista mais autonomia e,
conseqüentemente, maior liberdade diante da autoridade dos pais ou responsáveis”
(GUIMARÃES, 2002, p. 120).
45
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do que foi explicitado no capítulo anterior, entende-se o quão necessário foi
esta pesquisa no sentido de possibilitar maior interação entre os adolescentes participantes
com um programa de assistência social em sua fase de implantação.
O PROAJ se mostra, até o presente momento da pesquisa, atendendo seus objetivos
com os adolescentes, realizando as atividades socioeducativas e com a participação ativa dos
jovens nesta etapa, mesmo considerando os impasses em sua fase de implantação.
Percebe-se que este espaço disponibilizado para os jovens está sendo organizado a
fim de que eles aproveitem a oportunidade, e para que se interessem o suficiente para seguir
as “regras” do programa, como participar de todas as capacitações (por meio das atividades
sócioeducativas) em detrimento ao abandono da escola.
Com relação à questão de pesquisa, foi identificado que os adolescentes participantes
do PROAJ vêem o programa como uma oportunidade para impulsionar sua inserção ao
mercado de trabalho de forma mais assertiva, considerando sua situação de vulnerabilidade
social.
Do mesmo modo, atingindo os objetivos deste estudo, foi possível refletir acerca das
relações dos adolescentes com suas famílias e, a importância desta, maioria dos casos, para
assegurar e transmitir apoio para a entrada e permanência dos jovens no programa. Sendo que,
esse apoio pode ter colaborando para que os jovens começassem a pensar em um futuro
diferente para eles, com mais expectativas e oportunidades através de sua participação no
PROAJ.
Através da pesquisa, venho ao encontro com os propósitos para o desenvolvimento
do PROAJ, onde, foi percebido que o adolescente de baixa renda é vulnerável frente ao
mercado de trabalho, pois muitos apresentam baixa escolaridade e praticamente nenhum
conhecimento profissional. A realidade social dos adolescentes demonstra que dos jovens
acompanhados pelo CREAS, no município de São José, não tem grandes expectativas com
relação a projetos para seu futuro, visto que as oportunidades proporcionadas pela sociedade
para essa demanda são inoperantes.
Por isso, ao se falar em programas de assistência social, o que deve ser buscado é a
assistência como direito de todo o cidadão, deixando claros os direitos e deveres dos
participantes neste processo de busca pela cidadania. Alguns programas, que permanecem
46
existindo ainda sobre a forma de assistencialismo puro, não oportunizam maiores benefícios
que agreguem para a vida das pessoas, e, acaba deixando-as dependentes daquele auxílio.
Mas, o que está sendo buscado com o PROAJ é a assistência como direito, com ações que
agreguem a vida dos sujeitos para que possam construir um caminho diferente e assim
valorizem esse direito que lhes cabe enquanto cidadãos de direito.
Silva (1999) escreve que no Brasil existe uma larga quantia de programas
governamentais e não-governamentais que buscam a inserção do adolescente no mercado de
trabalho. Excluem-se os que praticam apenas a mão-de-obra infanto-juvenil, os programas
nacionais têm como inspiração as mais diferentes filosofias, que vão de religiosas a leigas,
mas, no que diz respeito ao trabalho vão de um extremo, onde o foco principal é apenas tirar o
jovem da rua, ao outro, onde a ênfase é a um projeto primordialmente pedagógico e à
formação integral do cidadão.
É nesta segunda ênfase que o PROAJ direciona suas ações, com uma proposta que vai
além de promover crescimento pessoal e dar subsídios para um amadurecimento profissional,
mas sim, forme jovens que saibam reivindicar e buscar seus direitos, ou seja, um jovem
cidadão.
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ZAGURY, T. O adolescente por ele mesmo. 11ª edição. Rio de Janeiro: Record, 2000.
52
APÊNDICE A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidado(a) para participar, como voluntário, em uma pesquisa.
Após ser esclarecido(a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do
estudo, assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do
pesquisador responsável. Em caso de recusa você não será penalizado(a) de forma alguma.
INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA:
Título do Projeto: “PROAJ - Programa do Adolescente Josefense: Uma reflexão acerca de um programa de Assistência Social”.
Pesquisador Responsável: ________________________________
Telefone para contato: ___________________________
Pesquisadores Participantes:_______________________
Telefones para contato: ____________________________
O presente projeto tem como objetivo geral: Compreender como se dá a inserção dos
jovens do município de São José no primeiro emprego, através de um programa de assistência
social.
Não estão previstos riscos e desconfortos durante a realização da entrevista. Os
pesquisadores estarão disponíveis para qualquer informação e esclarecimento que a Sr(a).
tiver necessidade, antes e durante, a realização da pesquisa. Pelo fato desta pesquisa ter única
e exclusivamente interesse científico, a mesma foi aceita espontaneamente pela Sr(a)., que no
entanto poderá desistir a qualquer momento da mesma, inclusive sem nenhum motivo,
bastando para isso, informar da maneira que achar mais conveniente, a sua desistência. Por ser
voluntária e sem interesse financeiro, a Sra. não terá direito a nenhuma remuneração. Os
dados referentes a Sr(a). serão sigilosos e privados, e a divulgação do resultado visará apenas
mostrar os possíveis benefícios obtidos pela pesquisa em questão, sendo que a Sr(a) poderá
solicitar informações durante todas as fases desta pesquisa, inclusive após a publicação da
mesma.
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CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DO SUJEITO
Eu,_____________________________________,RG_____________,CPF _______________
abaixo assinado, concordo em participar do presente estudo como sujeito. Fui devidamente
informado e esclarecido sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como os
possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha participação. Foi-me garantido que posso
retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isto leve à qualquer penalidade ou
interrupção de meu acompanhamento/assistência/tratamento.
Local:____________________________
Data: _____________________________
Nome: ____________________________________________________
Assinatura do Sujeito ou Responsável: _____________________________
Telefone para contato: ___________________________________________
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APÊNDICE B
CARTA DE APRESENTAÇÃO DA PESQUISA
Florianópolis, maio de 2008.
Prezado Sr. ___________________________
Eu, Janine Chiarelo, aluna do Curso de Psicologia da UNIVALI – CE Biguaçu, sob a
orientação da professora Ana Paula Balbueno Karkotli, venho por meio deste, encaminhar o
meu projeto de Trabalho de Conclusão de Curso para sua análise e parecer a respeito da
viabilidade de estarmos desenvolvendo esta pesquisa com o Sro (a). A pesquisa tem como
título “PROAJ - Programa do Adolescente Josefense: Uma reflexão acerca de um programa
de Assistência Social”.
A referida pesquisa teve seu projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
UNIVALI. Conforme os preceitos éticos em pesquisa, informo que os dados coletados
durante o estudo serão utilizados exclusivamente para fins de pesquisa, sendo mantido sigilo
sobre a identidade dos profissionais participantes.
Comprometo-me também em fornecer uma cópia do relatório final do estudo.
Portanto, sua aprovação será de fundamental importância para esse estudo.
Atenciosamente,
______________________________ _______________________________
Janine Chiarelo Ana Paula Balbueno Karkotli Aluna Pesquisadora Professora Orientadora
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APÊNDICE C
TERMO DE COMPROMISSO DA PESQUISADORA
Nós, abaixo assinada, aluna pesquisadora e professora orientadora do Curso de
Psicologia da UNIVALI – CE Biguaçu, me comprometo em realizar a pesquisa do Trabalho
de Conclusão de Curso“PROAJ - Programa do Adolescente Josefense: Uma reflexão acerca
de um programa de Assistência Social”, desenvolvendo todas as atividades relacionadas à sua
concretização.
______________________________ _______________________________
Janine Chiarelo Ana Paula Balbueno Karkotli Aluna Pesquisadora Professora Orientadora
Florianópolis, _______ /_______ /________
56
APÊNDICE D
TERMO DE COMPROMISSO DE UTILIZAÇÃO DE DADOS
Nós, abaixo assinada, pelo presente “Termo de Compromisso de Utilização de
Dados”, em conformidade com a Instrução Normativa no 004/2002, autora do projeto de
pesquisa intitulado: “PROAJ - Programa do Adolescente Josefense: Uma reflexão acerca de
um programa de Assistência Social”, a ser desenvolvido no período de março a junho de
2008, na cidade de Florianópolis, comprometo-me em utilizar os dados coletados, somente
para fins deste projeto e divulgação científica através de Artigos, Livros, Resumos, Pôsteres.
Informo também, comprometer-me a retornar os resultados da pesquisa.
_____________________________ _______________________________
Janine Chiarelo Ana Paula Balbueno Karkotli Aluna Pesquisadora Professora Orientadora
Florianópolis, _______ /_______ /________.
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APÊNDICE E
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
CURSO DE PSICOLOGIA
QUESTIONÁRIO DE PESQUISA
Aluna-pesquisadora: Janine Chiarelo
Você está sendo convidado(a) para participar, como voluntário, em uma pesquisa
cujo título é: “PROAJ - Programa do Adolescente Josefense: Uma reflexão acerca de um
programa de Assistência Social”.
Os participantes desta pesquisa ficarão em total anonimato, sendo preservados
nomes, endereços, telefone.
Objetivo geral do PROAJ:
Oportunizar a ampliação do universo de conhecimentos e experiências, bem como a
melhoria da qualidade de vida dos adolescentes em vulnerabilidade social, através do tripé: 1-
concessão de bolsa auxílio, 2-estágio em setores públicos da municipalidade, organizações
não governamentais conveniadas e em empresas privadas mediante contrapartida estabelecida
através de convênio, 3- participação em atividades socioeducativas.
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Agora, tendo o conhecimento do objetivo do programa, responda:
• Como é para você fazer parte de um programa como o PROAJ? _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Para a continuação da pesquisa, gostaria de poder contar com voluntários para uma
entrevista individual na Ação Social. Sendo assim, os que se interessam em contribuir, favor
colocar o nome, idade, os dias e horários disponíveis, bem como telefone para contato.
OBS: As entrevistas devem ser feitas em horário combinado, em que os adolescentes
se encontrem na Secretaria da Ação Social para que o encontro de pesquisadora e sujeito seja
em local adequado.
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APÊNDICE F
ROTEIRO DA ENTREVISTA COM OS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
1. Como você chegou até este programa?
2. Você encontrou alguma dificuldade em conseguir a documentação necessária para realizar
seu cadastro? Quais foram elas?
3. Como foi o tempo para a entrega dos documentos aqui na secretaria?
4. Quais são as suas expectativas com relação ao programa?
5. Que tipo de conhecimento/experiência você acredita que o PROAJ vai contribuir para seu
futuro?
6. Como você vê a importância do apoio da família na permanência no programa? É
importante?
7. Como vê sua vida nesse momento com o auxílio deste tipo de programa?
8. O que você acha que o programa vai contribuir para seu futuro?