universidade do vale do itajaÍ – univali · 2017. 6. 9. · 1.1 direitos fundamentais: conceito...
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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI VICE-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO, EXTENSÃO E CULTURA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM CIÊNCIA JURÍDICA – PPCJ CURSO DE MESTRADO EM CIÊNCIA JURÍDICA – CMCJ ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: FUNDAMENTOS DO DIREITO POSITIVO
AS RESTRIÇÕES AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NO CONTEXTO
DE CRISE DO ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL
RAFAEL DO NASCIMENTO
Itajaí-SC, março de 2016
1 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI VICE-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO, EXTENSÃO E CULTURA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM CIÊNCIA JURÍDICA – PPCJ CURSO DE MESTRADO EM CIÊNCIA JURÍDICA – CMCJ ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: FUNDAMENTOS DO DIREITO POSITIVO
AS RESTRIÇÕES AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NO CONTEXTO DE CRISE
DO ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL
RAFAEL DO NASCIMENTO
Dissertação submetida ao Curso de Mestrado
Acadêmico em Ciência Jurídica da Universidade do
Vale do Itajaí – UNIVALI, como requisito parcial à
obtenção do título de Mestre em Ciência Jurídica.
Orientador: Professor Doutor Luiz Magno Pinto Bastos Junior
Co-orientador: Professor Doutor Gabriel Real Ferrer
Itajaí-SC, março de 2016
2
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus amigos, Alisson, André, Bruno, Diogo, Loreno,
Rodrigo e Ronan, por, ao longo dos últimos anos, materializarem o significado da
palavra amizade.
Agradeço à Procuradoria Geral do Estado de Santa Catarina, na pessoa
do Procurador Geral, Doutor João dos Passos Martins Neto, por ter me incentivado a
buscar novos desafios, desde o primeiro instante que ingressei na instituição.
Agradeço, por fim, ao meu orientador, Professor Doutor Luiz Magno Pinto
Bastos Junior, pelas lições a mim ensinadas e pela paciência apresentada diante
das minhas falhas enquanto pesquisador.
3
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à Juliana, minha querida esposa, por estar ao meu
lado de forma incondicional e por transmitir sempre bons sentimentos sobre a vida.
Dedico mais este momento aos meus pais, por terem sempre privilegiado
os meus sonhos.
4 TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE
Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte
ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale do
Itajaí, a Coordenação do Curso de Mestrado em Ciência Jurídica, a Banca
Examinadora e o Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.
Itajaí-SC, 10 de março de 2016
Rafael do Nascimento
Mestrando
5 PÁGINA DE APROVAÇÃO
(A SER ENTREGUE PELA SECRETARIA DO PPCJ/UNIVALI)
6 ROL DE CATEGORIAS
Direitos fundamentais: posições jurídicas básicas reconhecidas por determinado
texto constitucional, com a finalidade de proteger valores e interesses relevantes ao
indivíduo ou à coletividade.
Crise: momento de desequilíbrio que afeta as premissas de um determinado Estado,
podendo comprometer a continuidade do seu processo evolutivo.
Estado de Bem-Estar Social: modalidade de Estado que garante patamares
mínimos de prestações sociais a todos os cidadãos, de forma universal e gratuita.
Direitos sociais: direitos fundamentais que exigem do Poder Público uma atuação
positiva na implementação da igualdade social entre os cidadãos.
Retrocesso social: involução no oferecimento das prestações sociais já
consolidadas no patrimônio jurídico da Sociedade por meio de leis
infraconstitucionais.
Sustentabilidade social: extensão do princípio de bem-estar universalista no
tempo, de tal maneira que o bem-estar seja um direito não apenas para os cidadãos
presentes, mas também para todas aquelas pessoas que constituirão a Sociedade
no futuro.
Sustentabilidade econômico-financeira: cláusula de regulação da alocação dos
recursos financeiros no tempo, o que implica limitações ao aproveitamento destes
recursos no presente para assegurar a sua disponibilidade no futuro.
Estado Social garantidor: representa uma nova concepção de Estado, que
garante, regula e incentiva a colaboração dos privados na realização das tarefas de
interesse público, bem como remodela a efetivação dos direitos sociais aos cidadãos
que precisam e na medida em que precisam das prestações sociais.
7 SUMÁRIO
RESUMO..................................................................................................................... 9
RESUMEN ................................................................................................................ 10
RIASSUNTO ............................................................................................................. 11
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 12
1. LIMITES E RESTRIÇÕES AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS AUTORIZADOS E
NÃO AUTORIZADOS PELA CONSTITUIÇÃO ......................................................... 14
1.1 DIREITOS FUNDAMENTAIS: CONCEITO E DIMENSÕES ................................ 15
1.2 LIMITES E RESTRIÇÕES AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS ............................ 19
1.2.1 A doutrina dos limites imanentes ...................................................................... 24
1.2.2 As restrições legislativas .................................................................................. 30
1.2.3 O conflito inevitável entre os direitos fundamentalizados ................................. 35
1.3 O RESPEITO AO CONTEÚDO ESSENCIAL: LIMITES À RELATIVIZAÇÃO DOS
DIREITOS SOCIAIS .................................................................................................. 39
2. O PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DE RETROCESSO SOCIAL .............................. 49
2.1 ANTECEDENTES HISTÓRICOS NO DIREITO ALEMÃO E PORTUGUÊS ........ 49
2.2 CONCEITO E REQUISITOS PARA A CONFIGURAÇÃO DO RETROCESSO
SOCIAL ..................................................................................................................... 55
2.3 DEBATE SOBRE A POSITIVAÇÃO DO PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DE
RETROCESSO SOCIAL NA ORDEM CONSTITUCIONAL BRASILEIRA ................. 60
2.3.1 Fundamentos de aceitação do princípio da proibição de retrocesso em matéria
de direitos sociais ...................................................................................................... 60
2.3.2 Delineamentos para a objeção ao reconhecimento do princípio da proibição de
retrocesso social ....................................................................................................... 68
2.4 O CONTROLE JUDICIAL ORIENTADO PELA PROIBIÇÃO DE RETROCESSO
SOCIAL ..................................................................................................................... 75
3. AS RESTRIÇÕES AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS E A OCORRÊNCIA DO
RETROCESSO SOCIAL VISTAS NO CONTEXTO DE CRISE DO ESTADO DE
8 BEM-ESTAR SOCIAL ............................................................................................... 85
3.1 A CRISE DO ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL ............................................... 86
3.2 A EFETIVIDADE MITIGADA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS SOCIAIS:
SUSTENTABILIDADES SOCIAL E ECONÔMICO-FINANCEIRA E O PARADIGMA
DO ESTADO SOCIAL GARANTIDOR ....................................................................... 94
3.2.1 Sustentabilidade social ..................................................................................... 94
3.2.2 Sustentabilidade econômico-financeira ............................................................ 97
3.2.3 Sustentabilidades e equidade intergeracional ................................................ 100
3.2.4 Uma proposta de Estado Social de garantia .................................................. 102
3.3 AS RESTRIÇÕES AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS E A JURISPRUDÊNCIA DA
CRISE ..................................................................................................................... 105
CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 114
REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS................................................................. 116
9
RESUMO
A presente Dissertação está inserida na linha de pesquisa Constitucionalismo e
Produção do Direito e tem por objetivo estudar a restrição aos direitos fundamentais
e sua relação com o princípio da proibição do retrocesso social, para,
posteriormente, inserir essas matérias no contexto de crise do Estado de Bem-Estar
Social. Para tanto, o trabalho está dividido em três capítulos. O primeiro versa sobre
a delimitação dos direitos fundamentais sociais, bem como destaca o limite da
relativização, que, na presente pesquisa, é representado pelo respeito ao núcleo
essencial dos direitos sociais. O segundo capítulo, basicamente, apresenta o
conceito do princípio da proibição do retrocesso social, expõe os argumentos
favoráveis e contrários à sua aplicação e destaca o entendimento jurisprudencial
sobre o assunto. O terceiro capítulo trabalha o momento de crise do Estado de Bem-
Estar Social e apresenta as sustentabilidades social e econômico-financeira como
uma sugestão para a readequação desse modelo de Estado ao atual cenário. Além
disso, para encerrar o capítulo, discorre-se acerca das decisões dos Tribunais
Constitucionais espanhol e português, que modificaram os parâmetros de controle
de medidas restritivas de direitos sociais, em razão da escassez de recursos
públicos naqueles países. Ao final da pesquisa, é possível perceber que o Estado
Social passa por um esgotamento parcial de seu modelo, razão pela qual as suas
premissas devem ser revistas, readequando, inclusive, o nível de concretização dos
direitos prestacionais, sem que isso implique retrocesso social. Para a realização da
pesquisa, são utilizados os métodos analítico no tratamento de dados e indutivo no
relatório da pesquisa.
Palavras-chave: Restrições aos direitos fundamentais. Princípio da proibição de
retrocesso social. Estado de Bem-Estar Social.
10 RESUMEN
Esta tesis se inserta en la línea de investigación Constitucionalismo y Producción del
Derecho y tiene como objetivo estudiar la restricción de los derechos fundamentales
y su relación con el principio de la prohibición de regresividad social, para, después,
insertar estos materiales en el contexto de la crisis del Estado del bienestar. Así, el
trabajo se divide en tres capítulos. El primero trata de la delimitación de los derechos
sociales fundamentales y destaca los límites de la relativización, que, en este
estudio, es representado por el respeto al núcleo esencial de los derechos sociales.
El segundo capítulo, básicamente, introduce el concepto del principio de prohibición
de regresividad, establece los argumentos a favor y en contra de su aplicación y
destaca el entendimiento jurisprudencial del sujeto. El tercer capítulo trabaja el
momento de la crisis del Estado de bienestar y presenta las sostenibilidades sociales
y económicas como una sugerencia para el reajuste de este modelo de Estado con
el escenario actual. Además, para cerrar el capítulo, se habla sobre las decisiones
de los tribunales constitucionales de España y Portugal, que modificaron los
parámetros de control de las medidas restrictivas de los derechos sociales, debido a
la escasez de recursos públicos en esos países. Al final de la investigación, se
puede ver que el estado de bienestar está pasando por un agotamiento parcial de su
modelo, que es por eso que sus supuestos deben ser revisados, reajustando,
incluso, el nivel de concretización de los derechos prestacionales, sin incurrir en la
prohibición de regresividad. Para la investigación, se utilizan los métodos analíticos
en el procesamiento de datos e inductivo en el informe de investigación.
Palabras claves: Restricciones de los derechos fundamentales. Prohibición
de regresividad social. Estado de Bienestar Social.
11 RIASSUNTO
Questa tesi è inserita nella linea di ricerca Costituzionalismo e Produzione Diritto e si
propone di studiare le restrzioni ai diritti fondamentali e la loro relazione con il
principio del divieto di regressione sociale, per poi inserire queste materie nel
contesto di crisi dello Stato sociale. Così, il lavoro è suddiviso in tre capitoli. Il primo
riguarda la definizione dei diritti fondamentali sociali e mette in evidenza i limiti della
relativizzazione, che, in questo studio, viene rappresentata dal rispetto al nucleo
essenziale dei diritti sociali. Il secondo capitolo introduce, sostanzialmente, il
concetto del principio del divieto di regressione sociale, espone gli argomenti a
favore e contro la sua attuazione e sottolinea la comprensione giurisprudenziale in
materia. Il terzo capitolo prende in esame il momento di crisi dello Stato sociale e
suggerisce la sostenibilità sociale, economica e finaziaria come una possibilità per
l’adeguamento di tale modello di stato nello scenario attuale. Si parla, inoltre, delle
decisioni delle corti costituzionali spagnole e portoghese, che hanno modificato i
parametri di controllo delle misure restrittive dei diritti sociali, in ragione della scarsità
di risorse pubbliche nei suddetti Paesi. Nel concludere la ricerca, si può vedere che
lo Stato sociale sta attraversando un esaurimento parziale del suo modello, ed è per
questo che le sue premesse devono essere riviste, anche a livello di concretizazione
dei diritti sociali, senza incorrere in regressione sociale. Nello svolgimento della
ricerca sono stati utilizzati metodi di analisi di elaborazione dei dati e induttivo nel
rapporto.
Parole chiave: Restrizioni ai diritti fondamentali. Principio del divieto di regressione
sociale. Stato sociale.