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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA RAFAEL OLIVIO MARTINS COMPARAÇÃO DA EFICÁCIA DA AMITRIPTILINA EM RELAÇÃO À NIMESULIDA ASSOCIADO AO BLOQUEIO NERVOSO, NO TRATAMENTO AGUDO DA CAPSULITE ADESIVA IDIOPÁTICA: ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO Tubarão 2011

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

RAFAEL OLIVIO MARTINS

COMPARAÇÃO DA EFICÁCIA DA AMITRIPTILINA EM RELAÇÃO À

NIMESULIDA ASSOCIADO AO BLOQUEIO NERVOSO, NO TRATAMENTO

AGUDO DA CAPSULITE ADESIVA IDIOPÁTICA:

ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO

Tubarão

2011

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RAFAEL OLIVIO MARTINS

COMPARAÇÃO DA EFICÁCIA DA AMITRIPTILINA EM RELAÇÃO À

NIMESULIDA ASSOCIADA AO BLOQUEIO NERVOSO, NO TRATAMENTO

AGUDO DA CAPSULITE ADESIVA IDIOPÁTICA:

ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Ciências da Saúde da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito à obtenção do título de Mestre em Ciências da Saúde

Orientador(a): Profa. Anna Paula Piovezan, Dra.

Tubarão

2011

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RAFAEL OLIVIO MARTINS

COMPARAÇÃO DA EFICÁCIA DA AMITRIPTILINA EM RELAÇÃO À

NIMESULIDA ASSOCIADA AO BLOQUEIO NERVOSO, NO TRATAMENTO

AGUDO DA CAPSULITE ADESIVA IDIOPÁTICA:

ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO

Esta dissertação foi julgada adequada à obtenção do título de Mestre em Ciências da Saúde e aprovada em sua forma final pelo Curso de Mestrado em Ciências da Saúde da Universidade do Sul de Santa Catarina

Tubarão, 3 de setembro de 2011.

______________________________________________ Professora e orientadora: Anna Paula Piovezan, Dra.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________ Prof. Jefferson Luiz Traebert, Dr.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________ Profa. Alcíbia Helena de Azevedo Maia, Dra.

Universidade Federal de Santa Catarina

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A todos aqueles que de alguma forma

contribuíram para a realização

desta pesquisa.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, que me deram a vida e me ensinaram a vivê-la com dignidade.

A minha esposa e meus filhos, que sempre estiveram ao meu lado me apoiando

em todos os momentos.

Aos professores, Dr. Jefferson e Dra. Alcíbia Helena que aceitaram o convite para

compor a Banca Examinadora.

A minha orientadora, profa. Dra. Anna Paula, pela orientação e amizade, o meu

imensurável e sincero obrigado!

Aos pacientes que aceitaram participar desta pesquisa.

Ao Thiago Sakae, pela valiosa ajuda.

A professora Dra. Rosemeri Maurici da Silva, coordenadora do Mestrado em

Ciências da Saúde, pela dedicação e competência frente a coordenação do Programa.

Enfim, a todos aqueles que de forma direta e indireta contribuíram para esta

pesquisa.

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RESUMO

O propósito deste estudo foi comparar a eficácia da amitriptilina em relação à nimesulida

utilizadas por via oral e associadas ao bloqueio nervoso, em pacientes com diagnóstico de

capsulite adesiva idiopática. Realizou-se um ensaio clínico randomizado com 40 pacientes da

Clínica Ortoimagem (Tubarão/SC) que atenderam os seguintes critérios de inclusão: pacientes

maiores de 18 anos, de ambos os sexos, com diagnóstico clínico de capsulite adesiva

idiopática fase II, com dor no ombro por um período mínimo de três meses, limitação da

elevação anterior do ombro até 130 graus, imagem do manguito rotador intacto a ressonância

magnética, perda mínima de 50 graus da rotação externa do ombro quando comparada com o

lado contralateral e aceitação dos pacientes em participar do estudo. As variáveis de desfecho

foram dor e incapacidade de mobilidade do ombro acometido, que foram levantadas pelo

questionário Shoulder Pain and Disability Index –SPADI-, antes e após 14 dias de tratamento

dos sujeitos em um dos dois grupos estudados. Os dados foram obtidos em escala contínua

(escore) ou categórica (melhora ou não-melhora), utilizando-se teste t de Student ou teste t

pareado e teste Qui-quadrado ou Prova Exata de Fisher, respectivamente (p< 0,05). Entre os

40 pacientes incluídos no estudo, seis pacientes não completaram o protocolo, sendo quatro

do grupo controle e dois do grupo experimental. As características dos sujeitos não diferiram

entre os dois grupos. Após o tratamento, tanto a nimesulida (p= 0,019) quanto a amitriptilina

(p= 0,029) reduziram os escores de dor em relação àquele apresentado antes do tratamento;

enquanto apenas a amitriptilina foi capaz de produzir este efeito sobre o desfecho de

incapacidade (p <0,001). Após o tratamento, não houve diferença estatística entre os

resultados obtidos nos dois grupos de tratamento tanto quanto à dor como à incapacidade (p=

0,592, p=588). Os resultados obtidos sugerem que a amitriptilina apresenta a mesma eficácia

da nimesulida no tratamento agudo da capsulite adesiva idiopática fase II, sem promover

efeitos indesejáveis significativos.

Palavras-chave: Capsulite Adesiva; Amitriptilina; Nimesulida; Ensaio Clínico; Doenças

Inflamatórias.

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ABSTRACT

The aim of this study was to compare the efficacy of amitriptyline in relation to nimesulide,

administered orally and associated to nerve block in patients with a clinical diagnosis of

primary adhesive capsulitis. It was performed a randomized clinical trial with 40 patients of

Clínica Ortoimagem (Tubarão/SC) that met the following inclusion criteria: patients older

than 18 years, both genders, with clinical diagnostic of primary adhesive capsulitis phase II,

with shoulder pain during at least a period of three months, limitation of anterior elevation of

shoulder for up to 130 degrees, intact rotator cuff to magnetic resonance, minimum loss of

50% of external rotation when compared to the contralateral side and patients' acceptance of

take part in the study. The outcome endpoints were pain and inability to move the wounded

shoulder, which were raised by the Shoulder Pain and Disability Index –SPADI-, before and

after fourteen days of treatment of subjects in one of the two studied groups. The data were

collected using continuous scale (score) or categorical (improvement our no improvement),

using student t-test or matched-pair t-test and Chi-square test or Fisher´s Exact test,

respectively (p< 0.05). Of the 40 patients included in the study, six patients did not complete

the protocol, being four from de control group and two from the experimental group. The

subject´s characteristics did not differ between the two groups. After the treatment, to the

same extent nimesulide (p= 0.019) and amitriptyline (p= 0.029) reduced the pain score in

relation to that presented before the treatment; while only amitriptyline was able to produce

this effect over the disability outcome (p <0.001). After the treatment, there was no statistical

differences between the two treatment groups for the pain and inability results (p= 0.592 e

p=588, respectively). The obtained results suggest that amitriptyline presents the same

efficacy of nimesulide in the acute treatment of primary adhesive capsulitis fhase II, without

promoting significant adverse effects.

Keywords: Adhesive Capsulitis; Amitriptyline; Nimesulide; Clinical Trial; Inflammatory

Diseases

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Fluxograma do Estudo ............................................................................................ 24

Figura 2 – Fluxograma de alocação dos sujeitos...................................................................... 27

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Perfil demográfico e características clínicas dos pacientes incluídos no estudo,

distribuídos nos diferentes grupos de tratamento (n=34) ......................................................... 27

Tabela 2 – Resultado da comparação entre as médias dos escores obtidos para os desfechos de

dor e incapacidade nos diferentes grupos, antes e após o tratamento (n=34)........................... 28

Tabela 3 – Resultado da comparação entre as médias dos escores obtidos para os desfechos de

dor e incapacidade entre os dois grupos (n=34) ....................................................................... 29

Tabela 4 – Resultado da comparação entre as diferenças médias obtidasdas para os desfechos

de dor e incapacidade entre os grupos, após os diferentes tratamentos (n=34)........................ 29

Tabela 5 – Resultado geral da comparação entre proporções, obtido para os desfechos de dor e

incapacidade após o tratamento nos diferentes grupos (n=34)................................................. 30

Tabela 6 – Medidas de efeitos gerais obtidas para o desfecho de dor e incapacidade no grupo

tratado com amitriptilina em comparação ao grupo tratado com nimesulida (n=34)............... 30

Tabela 7 – Resultado da comparação entre proporções obtidas para o desfecho de dor e

incapacidade nos diferentes grupos antes e após o tratamento, por Intenção de Tratar (n=34)31

Tabela 8 – Medidas de efeito obtidas para o defecho de dor e de incapacidade no grupo

tratado com amitriltilina em comparação ao grupo tratado com nimesulida por Intenção de

Tratar (n=34) ............................................................................................................................ 31

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LISTA DE SIGLAS

AMUREL – Associação dos Municípios da Região de Laguna

AINES – Anti-inflamatórios não-esteroidais

ITT – Intention To Treat

NNT – Número Necessário para Tratar

RAR – Redução Absoluta de Risco

RR – Risco Relativo

SPADI – Shoulder Pain and Disability Index

SUS – Sistema Único de Saúde

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 11

2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 17

2.1 OBJETIVO GERAL........................................................................................................... 17

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................. 17

3 METODOLOGIA................................................................................................................ 18

3.1 TIPO DE ESTUDO ............................................................................................................ 18

3.2 POPULAÇÃO .................................................................................................................... 18

3.3 GRUPOS DE TRATAMENTO ......................................................................................... 19

3.4 PESQUISADORES ENVOLVIDOS NA ABORDAGEM AO PACIENTE .................... 20

3.5 MEDIDAS DE INTERESSE ............................................................................................. 20

3.5.1 Variáveis Dependentes .................................................................................................. 20

3.5.2 Variáveis Independentes ............................................................................................... 21

3.6 TAMANHO DA AMOSTRA ............................................................................................ 21

3.7 ALOCAÇÃO DOS PACIENTES ...................................................................................... 22

3.8 CEGAMENTO ................................................................................................................... 22

3.9 FLUXOGRAMA DO ESTUDO ........................................................................................ 22

3.10 ANÁLISE ESTATÍSTICA............................................................................................... 23

3.11 ASPECTOS ÉTICOS ....................................................................................................... 25

4 RESULTADOS.................................................................................................................... 26

5 DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 32

6 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 36

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 37

APÊNDICE ............................................................................................................................. 42

APÊNDICE A - Cadastro do paciente.................................................................................. 43

ANEXO.................................................................................................................................... 44

ANEXO A - Instrumento de avaliação ................................................................................. 45

ANEXO B – Comprovante Aprovação Projeto CEP-UNISUL.......................................... 46

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1 INTRODUÇÃO

A capsulite adesiva ou ombro congelado foi a denominação inicialmente utilizada

por Codman (1984), para definir uma condição clínica caracterizada por dor no ombro de

instalação insidiosa com perda progressiva da mobilidade ativa e passiva da articulação

glenoumeral. É uma síndrome dolorosa freqüente, sem definição quanto à sua etiopatogenia,

história natural ou características clínicas (BRUE et al., 2007; FILHO, 2005). É considerada

uma doença autolimitada, na qual o tratamento conservador tem como objetivo diminuir o

tempo de evolução da doença, porém existe a possibilidade de 10% dos pacientes não

responderem adequadamente ao tratamento, permanecendo com dor residual (HEBERT e

XAVIER, 2009).

A cintura escapular é composta por quatro articulações: a glenoumeral, a

acromioclavicular, a esternoclavicular e a escapulotorácica. Este conjunto de articulações

permite um amplo movimento da cintura escapular, maior de todas as articulações,

possibilitando movimentar o braço para permitir maior alcance da mão (BROX, 2003).

A articulação glenoumeral é formada pela cavidade glenóide da escápula e pela

cabeça do úmero e exige uma complexa formação estrutural para a estabilidade da

articulação. Os movimentos de elevação anterior, rotações e abduções ocorrem nos vários

planos da escápula e as estruturas ligamentares, capsulares e musculares são responsáveis pela

harmonia desta mobilidade (BROX, 2003).

É importante a função destas estruturas tanto na estabilidade estática quanto

dinâmica. A cápsula articular e estruturas ligamentares atuam nesta estabilidade, e têm a

característica de permanecerem frouxas até mesmo no limite da amplitude articular. Uma

contratura de qualquer grau é capaz de limitar a amplitude de movimento tanto passiva quanto

ativa (HEBERT e XAVIER, 2009; BROX, 2003).

Percebe-se que ao longo do tempo, diferentes correntes de pensamentos tentaram

estabelecer a etiopatogenia da doença, assim como as estruturas envolvidas na capsulite

adesiva.

Neviaser (1945) descreveram as alterações histológicas inflamatórias que causam

retração da cápsula articular, propondo pela primeira vez o termo de capsulite adesiva,

enquanto De Palma (1951) relacionou a doença à tenosinovite biciptal.

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Por sua vez, Steinbrocker (1947) relacionou à síndrome ombro-mão e à distrofia

simpático reflexa, sendo que mais recentemente Bunker e Anthony (1995) afirmaram que a

doença é similar em aparência histopatológica à doença de Dupuytren, com ausência de

inflamação ou envolvimento sinovial. Entretanto, Muller et al. (1998) referenciaram em seu

artigo vários estudos que sustentam a hipótese da doença estar relacionada a um processo

algoneurodistrófico, ou seja, resultante de uma perturbação neurovegetativa regional.

Apesar do conhecimento acumulado ao longo do tempo sobre a capsulite adesiva,

e de existirem teorias mais recentes sobre a patologia específica da doença, quanto à presença

de células inflamatórias e a proliferação de fibroblastos na região afetada, sua etipatogenia

ainda permanece pouco esclarecida (HAND et al., 2007; MULLET et al, 2007).

A progressiva rigidez articular glenoumeral que ocorre na capsulite adesiva está

associada a uma retração capsular, o que determina a dor e a perda da mobilidade,

principalmente passiva, caracterizando esta condição. Esta pode ainda, estar associada ao

desuso ou a patologias que envolvem o ombro, bem como possuir também características de

evolução espontânea para a cura (TAURO e PAULSON, 2008).

Discute-se que determinados pacientes, por razões desconhecidas, apresentam

uma “predisposição constitucional” sugerindo um perfil de personalidade associado com

resposta inadequada ao estresse, servindo como fator predisponente ou precipitante para o

desenvolvimento da capsulite adesiva. Por outro lado, uma combinação de fatores do

hospedeiro (predisposição) e fatores extrínsecos (trauma, alterações hormonais,

colagenovasculares e diabetes mellitus) poderia contribuir para a síndrome do ombro

congelado (MILGRON et al, 2008; FILHO, 2005).

Zucherman (1993) propôs uma classificação da capsulite adesiva da seguinte

forma: capsulite adesiva primária, ou idiopática, quando não existe causa aparente ou

comorbidades associadas; capsulite adesiva secundária, quando uma causa ou outras doenças

associadas podem ser identificadas, podendo esta última ainda ser intrínseca (causada por

lesões do ombro), extrínseca (decorrente de comprometimento de membro superior ou outros

órgãos como sistema nervoso ou cardio-pulmonar), ou finalmente, sistêmica, quando

associada à doenças como o diabetes ou relacionadas à alterações da tireóide.

Quanto à sua possível evolução clínica, Reeves (1975) classifica a capsulite

adesiva em três fases: I) Fase Hiperálgica: na qual ocorre mobilidade dolorosa e perda rápida

da amplitude da articulação, com duração de dois a nove meses; II) Fase de Congelamento:

em que ocorre dor com menor intensidade, embora persistente, com ombro rígido e duração

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aproximada de 12 meses; III) Fase de Descongelamento: na qual não existe dor e ocorre

liberação progressiva dos movimentos, apresentando duração de nove a 24 meses.

De acordo com alguns autores (HEBERT e XAVIER, 2009; TAURO e

PAULSON, 2008), a síndrome do ombro congelado tende a ocorrer no período da quinta à

sétima década de vida, afetando as mulheres com mais frequência do que homens sem

predominância entre etnias. Ainda segundo estes autores, o envolvimento bilateral pode

ocorrer em 10 a 40% dos casos, sendo baixa a prevalência de recorrência da doença, a menos

que existam fatores predisponentes como a síndrome do impacto ou diabetes. Finalmente, a

incidência da doença é maior em indivíduos com doença neurológica, em uso de

anticonvulsivante, com acidente vascular cerebral, dislipidemia e doenças torácicas.

O diagnóstico é clínico baseado nos sintomas de dor no ombro mal localizada,

início espontâneo, geralmente sem relação com trauma. Geralmente a intensidade de dor é

maior à noite, mesmo ao repouso, é do tipo contínuo e piora com esforços. A restrição ativa e

passiva da elevação, rotação interna e externa do ombro também é progressiva (HEBERT e

XAVIER, 2009; TAURO e PAULSON, 2008; FILHO, 2005).

A imagem radiográfica pode ser normal ou revelar desmineralização óssea,

enquanto a artrografia (FILHO, 2005), embora seja um exame complementar em desuso,

demonstra redução acentuada do volume articular. A ressonância magnética é útil para a

avaliação de lesões anatômicas que podem estar associadas, porém uma vez que na capsulite

adesiva a anatomia do ombro não está alterada, estes exames são geralmente normais. Os

exames complementares são importantes para o diagnóstico diferencial de lesões, que causam

bloqueio anatômico da mobilidade do ombro como as luxações não reduzidas, ou as

síndromes dolorosas do ombro como as lesões do manguito rotador, tendinite calcária ou

tumores (HEBERT e XAVIER, 2009).

Diversos são os tratamentos propostos para a capsulite adesiva, desde a

observação do curso natural da doença ao uso de medicações. Estas incluem administração

oral de corticóides e anti-inflamatórios não-esteroidais (AINES), infiltração intra-articular de

anestésicos locais, bloqueios anestésicos do nervo supraescapular, ou ainda técnicas como

manipulação sob narcose, distensões hidráulicas e cirurgias artroscópicas para liberação de

estruturas cápsulo-ligamentares e tendinosas, associados ou não à fisioterapia (ELHASSAN et

al., 2010; ROOKMONEEA et al., 2010; HEBERT e XAVIER, 2009; TAURO e PAULSON,

2008; BERGHS, 2006; MACEDO et al., 2000; REEVES, 1975).

Muitos artigos discutiram a eficácia de diferentes procedimentos no quadro de

capsulite adesiva, tanto farmacológico quanto não-farmacológico (HSU et al., 2011; DIAS et

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al., 2005). As revisões sistemáticas a partir de ensaios clínicos sugeriram o benefício de

diferentes procedimentos.

Shah e Lewis (2007) levantaram trabalhos que investigaram a utilização de

injeções de corticóide no ombro de adultos com capsulite adesiva, associados ou não a

anestésicos. Os autores discutiram evidências sugerindo que múltiplas injeções de corticóides,

entre três a seis, podem melhorar a dor e a mobilidade dos pacientes, não existindo evidências

de benefício com a utilização de um número maior das mesmas. Estes estudos sobre o uso de

injeções de corticóides (LOBACH et al., 2010), bem como outros sobre demais

procedimentos para o tratamento da capsulite adesiva foram avaliados mais recentemente por

Rookmoneea et al. (2010) que sugerem evidências de que:

a) as múltiplas injeções de corticóides sejam, em curto prazo, mais efetivas do que

os procedimentos fisioterápicos;

b) o uso oral de corticóides por curto prazo pode ter benefícios, contudo, deve-se

pensar nos potenciais efeitos colaterais que devem ser analisados quanto ao risco-

benefício;

c) a distensão artrográfica pode ser efetiva, no entanto deve-se levar em

consideração que este achado é baseado em poucos (e de baixa qualidade) ensaios

clínicos randomizados;

d) faltam evidências para concluir sobre os benefícios da manipulação sob

anestesia, já que a mesma foi avaliada em apenas duas revisões sistemáticas;

e) existe alguma evidência sobre o benefício de técnicas fisioterápicas (laser) em

relação ao placebo.

Quanto à primeira afirmação, outra revisão sistemática realizada no mesmo ano

por Blanchard et al. (2010) reforça tais evidências.

Do ponto de vista do presente trabalho, o procedimento de bloqueio anestésico

seriado do nervo supraescapular é considerado como a melhor opção de tratamento da

capsulite adesiva por diferentes autores (HEBERT e XAVIER, 2009; CHECCHIA et al.,

2006; FRANCISCO-HERNÁNDEZ, 2006; TORO et al., 2005; MACEDO et al., 2000).

Desde a década de 90, Checcia et al. (1994) descrevem que a técnica dos bloqueios apresenta

vantagens por ser um procedimento ambulatorial, com baixo índice de complicações e baixo

custo, podendo atuar numa causa provável da etiopatogenia da doença. Esta técnica consiste

na injeção de anestésico na fossa supraespinal do ombro acometido sob condições técnicas

adequadas.

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A relação entre capsulite adesiva e sistema nervoso autônomo é descrita por

vários autores que destacam a presença de grande quantidade de fibras simpáticas e sensitivas

que o nervo supraescapular fornece à articulação do ombro, sendo acessível a infiltrações

percutâneas com agentes anestésicos puros ou associados a esteróides (FILHO, 2005;

CHECCHIA et al., 1994).

Quanto aos fármacos avaliados no presente estudo, discute-se que a medicação

utilizada na fase de congelamento da capsulite adesiva pode ser analgésica, anti-inflamatória

(como a nimesulida) ou sedativa (como a amitriptilina), e ser mantida de acordo com a

necessidade de cada caso (FILHO, 2005).

Portanto, o objetivo inicial do tratamento é a melhora da dor do paciente,

permitindo posteriormente o ganho da mobilidade articular do ombro, porém é discutível o

melhor modo terapêutico (LOVEDAY et al., 2009; ANDREWS, 2005; FILHO, 2005).

Com relação ao mecanismo de ação destes fármacos, a nimesulida pertence à

classe dos AINES, uma classe de medicações com estrutura química variada, exercendo efeito

analgésico tanto na dor aguda como crônica. Entre estes fármacos, o principal mecanismo de

ação é a inibição da biossíntese de prostaglandinas, sendo que esta também é a principal causa

de toxicidade, refletindo principalmente em alterações da função renal, hipertensão arterial e

úlcera péptica (SAKATA e ISSY, 2004).

Os fármacos AINES são indicados na capsulite adesiva, principalmente nas fases

hiperálgicas e de congelamento, e sua ação analgésica está baseada principalmente no fato de

estes causarem efeito analgésico e anti-inflamatório, que segundo alguns autores constitui a

etiopatogenia da doença.

No entanto, os antidepressivos têm sido uma opção no tratamento em quadros de

dor crônica onde existe um componente de origem nervosa. Este pode ser o caso da capsulite

adesiva se, considerarmos a ideia de Steinbrocker (1947) de que o componente

algoneurodistrófico contribui para a mesma. Dentre os fármacos da classe, a amitriptilina é

uma das primeiras opções (FILHO, 2005; SAKATA e ISSY, 2004; TEIXEIRA, 2003).

De acordo com Sakata e Issy (2004), o mecanismo de ação antidepressiva ocorre

por inibição da recaptação da noradrenalina e/ou serotonina para a terminação nervosa pré-

sináptica, outros mecanismos também podem contribuir para a sua ação, como o bloqueio de

canais de sódio e a atuação como bloqueadores do receptor H1 da histamina e bloqueio

simpático (SAKATA e ISSY, 2004). É coerente pensar que o efeito analgésico também se

estabeleça por meio destas ações, já que elas incluem neurotransmissores envolvidos com a

percepção dolorosa.

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Quanto aos principais efeitos colaterais da amitriptilina, estes ocorrem por

bloqueio dos receptores histaminérgicos: sonolência, tontura, fadiga, náusea e aumento de

peso. Outros efeitos anticolinérgicos incluem boca seca, constipação, sonolência, visão turva,

retenção uninária, tontura, sedação e alteração da memória; bem como decorrentes do

bloqueio dos receptores alfa-1 adrenérgicos como tontura, taquicardia, tremor, hipotensão

ortostática, sonolência, obstrução nasal e disfunção sexual (SAKATA e ISSY, 2004).

Também é sugerido que a utilidade da amitriptilina no tratamento da dor crônica

baseia-se no fato da mesma promover sensação de bem-estar e redução da dor, além de

regularizar o sono. Em geral, são bem tolerados e não provocam dependência química,

podendo ser eficazes mesmo em doses subterapêuticas (TEIXEIRA, 2003).

Diante do exposto, o presente trabalho se justifica pelo fato de que até o momento

não foram encontrados na literatura ensaios clínicos avaliando a eficácia da amitriptilina na

capsulite adesiva, nem comparando sua ação em relação aos AINES nesta condição

(MANSKE e PROHASKA, 2008; DIAS et al., 2005).

Além disso, os ensaios clínicos realizados sobre capsulite adesiva têm avaliado os

resultados de diferentes tratamentos em longo prazo. Estes foram realizados principalmente

com tratamento por bloqueios anestésicos, e geralmente não consideraram os aspectos de

melhora a curto prazo, desconsiderando ainda tratamentos adjuvantes como por exemplo, da

associação do bloqueio nervoso com medicação por via oral.

Assim, a avaliação destas formas de tratamento seria importante na medida em

que forneceria aos clínicos, novos dados sobre eficácia do tratamento agudo para esta

condição, bem como ajudaria a elucidar os aspectos da etiopatogenia da doença. Sobre este

último aspecto, até a última década Filho (2005) ainda destacava o absoluto desconhecimento

da etiopatogenia da capsulite adesiva, apesar de sua importância, pela frequência na

população e pela dor incapacitante e limitação prolongada da função que causa. Este autor

ainda destacava a dificuldade de se obter resultados satisfatórios e constantes com tratamentos

até então conhecidos, dando ênfase ao impacto social da doença.

Portanto, a comparação da eficácia de duas classes de fármacos que atuam em

alvos distintos da doença, como fazem os AINES, agindo sobre a inflamação, e os

antidepressivos tricíclicos, agindo sobre a função neuronal, pode tornar mais clara a

importância destes dois componentes nos diferentes estágios da doença, bem como na sua

evolução e/ou prognóstico.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Comparar a eficácia da amitriptilina em relação à nimesulida, administrados por via

oral, associadas ao bloqueio nervoso com anestésico no tratamento agudo de pacientes com

capsulite adesiva idiopática do ombro.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Comparar a eficácia entre dois fármacos de classes diferentes quanto à melhora da dor;

Comparar a eficácia entre dois fármacos de classes diferentes quanto à melhora da

função;

Identificar possíveis efeitos adversos relacionados ao tratamento medicamentoso.

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3 METODOLOGIA

Este capítulo aborda os aspectos metodológicos utilizados nesta pesquisa.

3.1 TIPO DO ESTUDO

Esta pesquisa se baseia em um ensaio clínico randomizado cego. Conforme

Fletcher (2006) este tipo de estudo é o mais adequado para testes de comparação de eficácia

entre diferentes tratamentos já que a randomização, isto é, alocação de um paciente em um

determinado grupo de estudo de maneira aleatória, evita determinados erros sistemáticos na

observação de um efeito.

3.2 POPULAÇÃO

Foram alvo desta pesquisa os pacientes da Clínica Ortopédica Ortoimagem, do

município de Tubarão, SC, que procuraram atendimento particular ou com encaminhamento

do Sistema Único de Saúde (SUS), durante o período de agosto de 2010 a julho de 2011. O

critério de representatividade da amostra foi considerado, já que na região da Associação dos

Municípios da Região de Laguna (AMUREL) a capsulite adesiva é uma doença cujo volume

de atendimento para tratamento por bloqueio nervoso é realizado apenas em consultório

privado, quase que exclusivamente na clínica envolvida no estudo.

Foram incluídos no estudo os pacientes atendidos nesta clínica privada, maiores

de 18 anos, de ambos os sexos, com diagnóstico clínico de capsulite adesiva idiopática fase II.

Estes apresentavam dor no ombro por um período mínimo de três meses, limitação da

elevação anterior do ombro até 130 graus, imagem do manguito rotador intacto a ressonância

magnética, perda mínima de 50 graus da rotação externa do ombro quando comparada com o

lado contralateral e aceitação dos pacientes em participar do estudo.

Considerou-se como critérios de exclusão do estudo a incapacidade de responder

ao instrumento de avaliação, a contra-indicação ao uso dos anestésicos locais ou dos

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medicamentos que seriam associados por via oral (AINES ou antidepressivos), estar grávida

ou amamentando, não seguir as orientações durante o período do estudo (ex.: não usar

medicação prescrita ou usar outros medicamentos ou procedimentos para melhora da dor),

lesão do manguito rotador, infecções ou outras artropatias, cirurgia prévia do ombro e piora

clínica durante o tratamento proposto.

3.3 GRUPOS DE TRATAMENTO

Tendo como hipótese a ideia de que o componente nervoso é tão importante no

desenvolvimento da capsulite adesiva quanto o componente inflamatório, dois grupos de

tratamento foram selecionados para comparar a eficácia da amitriptilina em relação à

nimesulida (ambos por via oral), associadas ao procedimento de bloqueio anestésicos do

nervo supraescapular:

• Grupo 1 (controle): indivíduos receberam bloqueio do nervo supraescapular

com agente anestésico local (novabupivacaína 0,25%, 10 ml, 1 vez por

semana) + nimesulida por via oral (anti-inflamatório não-esteroidal, 100 mg, 2

vezes por dia);

• Grupo 2 (experimental): indivíduos receberam bloqueio do nervo

supraescapular com agente anestésico local (novabupivacaína 0,25%, 10 ml, 1

vez por semana) + amitriptilina por via oral (antidepressivo tricíclico, 25 mg, 2

vezes ao dia).

O bloqueio anestésico do ombro é realizado com o paciente na posição sentada,

com os ombros relaxados. Os parâmetros anatômicos são uma linha imaginária da borda

posterior da clavícula com uma linha imaginária a borda anterior da espinha da escápula,

sendo o ponto de introdução da agulha o vértice formado por estas duas linhas. A agulha é

introduzida até a espinha da escapula e então é injetado 10 ml de cloridrato de

novabupivacaína 0,25% (CHECCHIA, 1994).

É importante ressaltar, que as duas abordagens terapêuticas planejadas neste

estudo atualmente são aceitas como medidas eficazes de tratamento da capsulite adesiva, e

que atualmente não existem consensos e/ou protocolos que direcionem a decisão clínica sobre

o melhor tratamento nas diferentes fases da mesma. Portanto, nenhum dos grupos de estudo

estaria em desvantagem em relação ao outro quanto ao tratamento proposto.

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A decisão de não realizar um grupo controle recebendo apenas bloqueio do nervo

supraescapular com agente anestésico local (novabupivacaína 0,25%, 10 ml, 1 vez por

semana), deve-se ao fato de que, na experiência clínica do pesquisador 1 a complementação

do bloqueio com medicação oral é mais eficiente. Visto que, também tem relevância quanto

ao atendimento das questões éticas, de não deixar o paciente sem a melhor opção de

tratamento; isto é, não deixar o paciente sem o medicamento de uso oral, quando se acredita

que este pode trazer um benefício maior ao paciente do que quando ele não o receba.

3.4 PESQUISADORES ENVOLVIDOS NA ABORDAGEM AO PACIENTE

Os seguintes pesquisadores foram envolvidos diretamente na abordagem dos

pacientes:

a) Pesquisador 1 (médico ortopedista): responsável pelo diagnóstico, avaliação das

variáveis independentes, alocação, tratamento e acompanhamento de possíveis efeitos

colaterais dos pacientes.

b) Pesquisador 2 (examinador): responsável pela mensuração das variáveis

dependentes (dor e incapacidade) dos pacientes, pelo preenchimento do questionário

SPADI.

Como forma de validar a aferição realizada pelo pesquisador 2 em relação àquela

realizada pelo pesquisador 1, foi testado o coeficiente de correlação intra-classe entre as

medidas do SPADI para os mesmos num grupo pequeno de pacientes, obtendo-se um valor de

0,93 para a dor e 0,98 para incapacidade.

3.5 MEDIDAS DE INTERESSE

3.5.1 Variáveis Dependentes

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Obtiveram-se como variáveis dependentes os desfechos de dor e de incapacidade

levantados pelo questionário Shoulder Pain and Disability Index - SPADI. Este questionário é

específico para o ombro e foi validado para a língua portuguesa por Martins et al. (2010).

A partir deste instrumento de avaliação (Anexo A), os dados são apresentados de

duas maneiras, sendo a primeira delas na forma de escore médio para os dois desfechos, estes

foram obtidos em dois momentos, sendo o primeiro no dia da consulta inicial com o

pesquisador 1 (ANTES do tratamento), ou depois de 14 dias de tratamento (APÓS o

tratamento) em um dos dois braços do estudo.

Assim, para facilitar a descrição e a leitura ao longo do texto adiante, neste

trabalho os termos ANTES e APÓS serão empregados para designar estes dois momentos da

obtenção destas variáveis.

Os dados foram também agrupados em escala categórica, como “melhora” ou

“não-melhora”, adotando-se o seguinte critério de classificação: os pacientes que APÓS o

tratamento apresentaram valores de escore para dor e incapacidade menor do que os

observados ANTES foram classificados como “melhora”. Do contrário, foram classificados

como “não-melhora”.

3.5.2 Variáveis Independentes

Foram registrados no Cadastro do Paciente (Apêndice A) os dados referentes ao

sexo, idade, membro afetado (dominante ou não-dominante), tempo de evolução dos sintomas

(em meses) e possíveis efeitos colaterais decorrentes dos tratamentos a que foram submetidos.

3.6 TAMANHO DA AMOSTRA

O estudo previu a comparação de médias antes e após um tratamento, sendo

necessário o cálculo da amostra para um teste pareado. Nesta situação, considerando-se o

poder do teste de 80%, o nível de confiança de 95% e a diferença mínima a ser detectada pelo

teste correspondendo a um desvio-padrão, obteve-se como valor o número de 17 indivíduos

em cada grupo.

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Por outro lado, para verificar se ocorreu diferença de eficácia entre os dois

tratamentos, ou seja, comparação dos dois grupos após o tratamento calculou-se também a

amostra para um teste de hipóteses, obtendo-se um valor de 12 indivíduos por grupo.

Desta forma, adotou-se o maior valor de amostra, ou seja, 34 indivíduos divididos

entre os dois grupos.

3.7 ALOCAÇÃO DOS PACIENTES

Os pacientes foram alocados em cada um dos grupos de maneira randomizada. A

randomização foi gerada por programa de computador Epiinfo 6.04 através da ferramenta

Random Number Table.

3.8 CEGAMENTO

Neste estudo o procedimento de cegamento foi realizado para o pesquisador 2,

responsável pela mensuração das variáveis dependentes, que desconhecia o tratamento ao

qual cada um dos pacientes estava sendo submetido.

3.9 FLUXOGRAMA DO ESTUDO

Na primeira consulta dos pacientes, após a avaliação clínica que os tornou

elegíveis, para a entrada no estudo, foi solicitado aos mesmos sua colaboração em participar

da pesquisa. Conforme o aceite, os pacientes preencheram um Termo de Consentimento Livre

e Esclarecido (TCLE), segundo normas de exigência do CEP-UNISUL.

O pesquisador 1 realizou o preenchimento dos dados no Cadastro do Paciente

(variáveis independentes) e os encaminhou para a primeira mensuração da dor e da

incapacidade pelo pesquisador 2, utilizando o Questionário SPADI (variáveis dependentes).

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O pesquisador 1 realizou então o primeiro bloqueio do nervo supraescapular

(conforme descrição acima) e prescreveu o tratamento oral medicamentoso (conforme

alocação nos grupos), orientando seu uso e encaminhando para acompanhamento após sete e

14 dias de tratamento.

No sétimo dia o paciente recebeu novo bloqueio do nervo supraescapular e foi

monitorado quanto a possíveis efeitos colaterais, mas não houve avaliação das medidas

primárias. No décimo quarto dia, realizou-se a segunda mensuração da dor e da incapacidade

(variáveis dependentes) pelo pesquisador 2, utilizando o Questionário SPADI.

Depois destes 14 dias, a continuidade do tratamento foi individualizada segundo

as necessidades terapêuticas de cada paciente (Figura 1).

3.10 ANÁLISE ESTATÍSTICA

As variáveis independentes foram analisadas de maneira descritiva, por

percentagens e proporções.

As variáveis dependentes (dor e incapacidade) coletadas a partir do questionário

SPADI em escala contínua (escore) foram analisadas por teste t de Student (diferença entre

dois grupos) ou teste t pareado (diferença entre antes e após o tratamento).

Quando agrupados de maneira categórica “melhora” ou “não-melhora”, utilizou-

se também as medidas de efeito Risco Relativo (RR), Redução Absoluta de Risco (RAR) e

Número Necessário para Tratar (NNT) para análise dos indivíduos que completaram o estudo

e Intention To Treat (ITT) para todos os indivíduos alocados nos dois grupos de tratamento.

Estas últimas variáveis foram analisadas pelos testes Qui-quadrado ou Prova Exata de Fisher.

O nível de significância estabelecido no trabalho foi de p< 0,05.

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A figura 1 oferece uma ilustração esquemática do fluxograma de procedimentos

obedecido no estudo.

Figura 1- Fluxograma do estudo. Fonte: Elaboração do autor, 2010.

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3.11 ASPECTOS ÉTICOS

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa-UNISUL sob protocolo

número 10.023.4.01.III (Anexo B).

O estudo foi registrado no banco de dados de ensaios clínicos Clinical Trials sob

registro: identifier NCT01306708.

Os pacientes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Os resultados do estudo foram apresentados à diretoria e corpo clínico da Clínica

Ortoimagem,Tubarão/SC.

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4 RESULTADOS

No período do presente estudo, 40 pacientes que se dirigiram às consultas com o

pesquisador 1 na clínica envolvida foram diagnosticados com capsulite adesiva idiopática.

Neste sentido, todos os pacientes aceitaram participar da pesquisa e foram alocados, segundo

procedimento de randomização descrito anteriormente, em um dos grupos de tratamento (n=

20 em cada grupo).

Durante os 14 dias de desenvolvimento da pesquisa, contudo, seis pacientes não

completaram o protocolo estabelecido, sendo quatro do grupo controle (os quatros do sexo

masculino) e dois do grupo experimental (um do sexo masculino e um do sexo feminino),

resultando em seis perdas de seguimento. Os motivos das perdas foram: dois pacientes não

retornaram para a segunda consulta/procedimento; dois pacientes interromperam tratamento

por apresentarem efeitos colaterais da medicação; um paciente não utilizou a medicação de

acordo com as orientações do pesquisador 1; um paciente utilizou outro medicamento

analgésico associado ao medicamento estabelecido dentro do protocolo de estudo (Figura 2).

Os efeitos adversos encontrados foram aumento da pressão arterial e náuseas em

um paciente que utilizou a nimesulida, enquanto três pacientes relataram sonolência com o

uso da amitriptilina.

Com relação às características dos pacientes estudados, a Tabela 1 demonstra os

resultados encontrados. De acordo com análise das variáveis, pode ser observado que não

foram encontradas diferenças estatisticamente significantes entre os indivíduos distribuídos

nos dois grupos de tratamento, evidenciando-se a homogeneidade entre estes.

Para a variável sexo, contudo, observou-se uma tendência à diferença entre os

grupos (p= 0,060), com predominância do sexo masculino (75,0%) no grupo tratado por via

oral com amitriptilina, em relação ao grupo tratado com nimesulida (25,0%). Este fato pode

ser explicado pelas perdas de quatro sujeitos do sexo masculino no grupo controle. Além

disso, quando analisadas as médias dos escores de dor (80,6 ± 21,9) e de incapacidade (64,4 ±

24,6) antes do tratamento com nimesulida nestes pacientes que não completaram o estudo,

observou-se que os valores não diferiram estatisticamente daqueles observados nos pacientes

que permaneceram no estudo (Tabela 2; p=0,441 ou p=0,614, respectivamente).

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Figura 2- Fluxograma de alocação dos sujeitos Fonte: Elaboração do autor, 2011.

Tabela 1: Perfil demográfico e características clínicas dos pacientes incluídos no estudo,

distribuídos nos diferentes grupos de tratamento (n=34).

Variável Nimesulida (n= 16)

Amitriptilina (n= 18)

p†#

Idade média ± S.E.M. 52,2 ± 8,1 53,3 ± 6,9 0,675†

Sexo

Masculino (%) 25,0 75,0

Feminino (%) 59,1 40,9

0,060#

Ombro dominante

Sim (%) 55,0 35,7 0,224#

Tempo médio de dor (meses) ± SEM 4,5 ± 1,4 6,1 ± 3,3 0,095†

Fonte : Elaboração do autor, 2011. †Teste t de Student # Qui-quadrado

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A Tabela 2 apresenta os resultados da comparação entre as médias dos escores de

dor e de incapacidade obtidos dos pacientes submetidos ao tratamento por 14 dias, por via

oral, com nimesulida ou amitriptilina, associados ao bloqueio nervoso. Quando comparadas as

respostas, num mesmo grupo, no período antes e após o tratamento, pode ser observado, que

tanto a nimesulida quanto a amitriptilina reduziram significativamente o escore para o

desfecho de dor. Por outro lado, apenas a amitriptilina foi capaz de produzir este efeito sobre

o desfecho de incapacidade.

Tabela 2 – Resultado da comparação entre as médias dos escores obtidos para os desfechos de

dor e incapacidade nos diferentes grupos, antes e após o tratamento (n= 34).

Desfecho Tratamento Média ± SEM

antes após

p†

nimesulida 81,5 ± 3,4 74,2 ± 4,6 0,019*

Dor amitriptilina 79,7 ± 4,7 70,4 ± 5,4 0,029*

nimesulida 71,0 ± 3,7 65,2 ± 4,6 0,113

Incapacidade amitriptilina 74,1 ± 4,4 61,5 ± 4,7 <0,001*

Fonte: Elaboração do autor, 2011. † Teste t pareado

Com relação à principal pergunta de pesquisa do estudo, a Tabela 3 apresenta os

resultados da comparação entre as médias dos escores de dor e de incapacidade obtidos APÓS

o tratamento oral dos pacientes com nimesulida ou amitriptilina. Pode ser visto que, dentro

das condições avaliadas neste estudo, os tratamentos não promoveram efeitos distintos em

relação à dor ou à incapacidade, uma vez que as médias dos escores não diferiram

estatisticamente entre os dois grupos.

Uma outra forma de analisar este efeito foi realizada por meio da análise das

diferenças médias obtidas para os desfechos de dor e incapacidade entre os grupos (Tabela 4).

Ou seja, subtraiu-se o escore obtido APÓS o tratamento em relação ao obtido ANTES para

cada indivíduo, obtendo-se posteriormente a média destas diferenças em cada grupo.

Como pode ser observado, nos dois grupos foi analisada a redução dos escores no

APÓS em relação ao ANTES sem, contudo, ter sido encontrada diferença entre os dois tipos

de tratamento, reforçando os resultados apresentados no parágrafo anterior.

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Tabela 3 – Resultado da comparação entre as médias dos escores obtidos para os desfechos de

dor e incapacidade entre os grupos, após o tratamento (n= 34).

Desfecho Tratamento Média ± SEM (após tratamento)

p†

nimesulida 74,2 ± 4,6 Dor

amitriptilina 70,4 ± 5,4

0,592

nimesulida 65,2 ± 4,6 Incapacidade

amitriptilina 61,5 ± 4,7

0,588

Fonte: Elaboração do autor, 2011. † Teste t de Student

Tabela 4 – Resultado da comparação entre as diferenças médias obtidas para os desfechos de

dor e incapacidade entre os grupos, após os diferentes tratamentos (n= 34).

Desfecho Tratamento Diferença média ± SEM (após tratamento)

p†

nimesulida -7,2 ± 10,9 Dor

amitriptilina -9,3 ± 16,6

0,672

nimesulida -5,9 ± 14,0 Incapacidade

amitriptilina -12,5 ± 14,0

0,178

Fonte:Elaboração do autor, 2011. † Teste t de Student

Nas tabelas 5 a 8 são apresentados os resultados das análises realizadas a partir

dos dados agrupados de forma categórica.

A Tabela 5 mostra o resultado da análise bivariada para os desfechos de dor e

incapacidade em função dos diferentes tratamentos. Conforme pode ser visto na mesma, a

partir deste tipo de análise também não foram encontradas diferenças entre os dois grupos,

quanto à proporção de indivíduos que apresentou melhora APÓS os tratamentos avaliados no

estudo.

Por sua vez, a Tabela 6 apresenta as medidas de efeito gerais obtidas no grupo

tratado com amitriptilina em comparação ao grupo tratado com nimesulida. A partir desta,

pode ser observado que assim como sugerido pela análise anterior, os valores de Risco

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Relativo (RR) obtidos para os desfechos de dor e incapacidade [(1,33 IC95% 0,87-2,05);

(1,11 IC95% 0,78-1,58)], respectivamente, sugerem que os dois tratamentos não diferiram

quanto à incapacidade e dor.

Além disso, os valores de Redução Absoluta de Risco (RAR) e Número

Necessário para Tratar (NNT) sugerem que, apesar de não significativa, a redução absoluta de

risco da amitriptilina em relação à nimesulida foi consideravelmente maior.

Tabela 5 - Resultado geral da comparação entre proporções, obtido para os desfechos de dor e

incapacidade após o tratamento nos diferentes grupos (n= 34).

Variáveis Melhora

Sim (%) Não (%)

Total (n) p†

Dor

Nimesulida

Amitriptilina

10 (62,5)

15 (83,3)

6 (37,5)

3 (17,7)

16

18

0,249

Incapacidade

Nimesulida

Amitriptilina

12 (75,0)

15 (83,3)

4 (25,0)

3 (17,7)

16

18

0,681

Fonte: Elaboração do autor, 2011. † Teste do Qui-quadrado ou Prova exata de Fisher.

Tabela 6 – Medidas de efeito gerais obtidas para o desfecho de dor e incapacidade no grupo

tratado com amitriptilina em comparação ao grupo tratado com nimesulida (n= 34).

Fonte: Elaboração do autor, 2011. * Intervalo de confiança; † Teste do Qui-quadrado ou Prova exata de Fisher.

Dor Incapacidade Medida

Valor p† Valor p†

Risco Relativo (RR): RR (IC*) 1,33

(0,87 – 2,05)

1,11

(0,78 – 1,58)

Redução Absoluta do Risco (RAR)

20,8% 8,3%

Número Necessário para Tratar

(NNT)

4,8

0,249

12,0

0,681

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As Tabelas 7 e 8 mostram o resultado da análise por Intention to Treat (ITT).

Estas demonstram que, por meio deste tipo de análise houve uma tendência em aumentar a

melhora da dor no grupo amitriptilina, apesar de ainda não ser revelada diferença estatística

(p=0,106).

Tabela 7 – Resultado da comparação entre proporções, obtido para os desfechos de dor e

incapacidade nos diferentes grupos antes e após o tratamento, por Intenção de Tratar (n= 40).

Variáveis Melhora

Sim (%) Não (%)

Total (n) p†

Dor

Nimesulida

Amitriptilina

10 (50,0)

15 (75,0)

10 (50,0)

5 (25,0)

20

20

0,106

Incapacidade

Nimesulida

Amitriptilina

12 (60,0)

15 (75,0)

8 (40,0)

5 (25,0)

20

20

0,317

Fonte: Elaboração do autor, 2011. † Teste do Qui-quadrado ou Prova exata de Fisher.

Tabela 8 - Medidas de efeito obtidas para os desfechos de dor e de incapacidade no grupo

tratado com amitriptilina em comparação ao grupo tratado com nimesulida, por Intenção de

Tratar (n= 40).

Fonte: Elaboração do autor, 2011. † Teste do Qui-quadrado ou Prova exata de Fisher.

Dor Incapacidade

Medida Valor p† Valor p†

Risco Relativo (RR): RR (IC*) 1,5 (0,90 – 2,49)

1,25 (0,80 – 1,92)

Redução Absoluta do Risco (RAR)

25,0% 15,0%

Número Necessário para Tratar (NNT)

4,0

0,106

6,7

0,317

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5 DISCUSSÃO

O presente estudo avaliou a eficácia do uso oral de amitriptilina, associada ao

bloqueio anestésico supraescapular, em comparação com a nimesulida (também por via oral)

no tratamento agudo da capsulite adesiva idiopática fase II. Nas condições avaliadas, não

foram encontradas diferenças entre os dois tratamentos, ou seja, ambos foram igualmente

eficazes na redução dos escores de dor e de incapacidade após 14 dias de tratamento.

As características dos indivíduos incluídos neste estudo são semelhantes às

encontradas em alguns estudos, como o ensaio clínico realizado por Watson et al. (2000). A

idade média dos mesmos foi de 52,8 ± 7,4 anos, com tempo médio de evolução de 4 a 6

meses, sem predominância quanto ao ombro dominante, e acometendo equitativamente

homens e mulheres. Os primeiros achados são semelhantes aos encontrados por Checcia et al.

(2006), que registraram em seu estudo sobre a avaliação do tratamento com bloqueio

anestésico na capsulite adesiva, abordando 136 indivíduos, uma média de idade de 47 anos e a

ausência de predominância de sexo ou de membro dominante. Contudo, com relação à

diferenciação por sexo, alguns estudos sugerem que a capsulite adesiva acomete

principalmente mulheres, inclusive com maior intensidade dos sintomas (KINDLER et al.,

2010; ORTIZ-LUCAS, 2010).

Neste trabalho, a escolha por pacientes em fase II da doença deveu-se ao fato

de que este é um estágio em que o diagnóstico clínico é facilitado pela exacerbação das

características clínicas da doença (HSU et al, 2010; BUNKER e ANTHONY, 1995). Ou seja,

enquanto na fase I os pacientes podem ter uma melhora considerável após um curto período

de tratamento, ou até mesmo evoluírem para a cura sem o uso de medicação, na fase III os

pacientes podem apresentar respostas insignificantes ao tratamento medicamentoso (FILHO,

2005). Além disso, o tempo mínimo de evolução da doença de três meses adotado como

critério de inclusão dos pacientes neste estudo também visou reduzir erros de diagnóstico, já

que não existe um consenso sobre a faixa de perda de mobilidade exigida para classificação

do paciente quanto à capsulite adesiva (BRUE et al., 2007).

Com relação à escolha do tempo de 14 dias para comparação dos dois

tratamentos, também foi considerado o fato de não existir um consenso quanto à melhor

forma e o tempo ideal para tratar a doença, sendo que normalmente este é diferenciado de

acordo com a sintomatologia de cada paciente. Em uma revisão sistemática, Van der Windt et

al. (1995) levantaram trabalhos que avaliaram a eficácia de diferentes medicamentos da classe

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dos AINES em diferentes desordens dolorosas do ombro, mostrando a partir de trabalhos

considerados de alta qualidade que em curto prazo, estes foram superiores ao placebo; no

entanto, entre eles não foi avaliada a condição da capsulite adesiva. Assim, o uso de uma

terapêutica que se mostrasse eficaz num curto período de tempo nesta condição poderia

facilitar aspectos de adesão do paciente ao tratamento.

Sobre os fármacos avaliados, embora se conheça a melhora dos sintomas da

doença que é promovida com os bloqueios anestésicos (CHECCIA et al., 2006; TORO et al.,

2005; MACEDO et al, 2000), também é sabido que o uso de medicação oral suplementar

pode acelerar a melhora clínica promovida pelos mesmos e, por esta razão, também aumentar

a taxa de permanência dos indivíduos no esquema de tratamento.

A nimesulida é uma droga amplamente utilizada na prática clínica diária para o

tratamento de doenças ortopédicas, inclusive da capsulite adesiva (MACEDO et al., 2000). Já

a amitriptilina foi selecionada para a comparação com a nimesulida pela sua conhecida

capacidade de reduzir os quadros de dor associada a um componente neural, apesar de o

mecanismo de ação analgésica permanecer não esclarecido (SADEGHI et al, 2011;

RYBICKA e PLAZNIK, 1997).

Considerando os níveis de evidência científica, além do trabalho de Van der

Windt et al. (1995) citado acima, não existem revisões sistemáticas avaliando o benefício dos

AINES na capsulite adesiva. Um ensaio clínico realizado por Pallazo e Revel (2010)

comparou o tratamento simplificado, incluindo uso de analgésicos (AINES), fisioterapia ou

infiltrações, com o tratamento complexo, incluindo artrodistensão, mobilização sob anestesia

geral ou capsulotomia artrosocópica. Os autores concluem sugerindo que inicialmente devam

ser utilizados os primeiros, e destacam as vantagens de um protocolo especial de tratamento e

reabilitação intensiva quando aplicado tratamentos mais complexos. Ainda, estudo

retrospectivo a partir de prontuários médicos de 234 pacientes com capsulite adesiva tratados

entre 1997 a 2005 em instituições de saúde norte-americanas demonstrou o sucesso do

tratamento não-cirúrgico da doença, consistindo de terapia física, uso de AINES por via oral

ou injeção intra-articular de corticóides (LEVINE et al., 2007).

Outro estudo prospectivo de longo prazo acompanhou 54 indivíduos com

capsulite adesiva por um tempo médio de cerca de nove anos, sugerindo que o tratamento

conservador, baseado em terapia física e uso de AINES, pode ser melhor do que a artroscopia

ou outros procedimentos cirúrgicos de maior risco (DUDKIEWICS et al., 2004).

Finalmente, em revisões de literatura destacou-se a importância do uso de AINES

(HSU et al., 2011; FILHO, 2005) e da amitriptilina (FILHO, 2005) na fase hiperálgica da

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doença, enquanto Andrews (2005) registrou que o efeito do tratamento combinado com

terapia física e AINES foi tão efetivo quanto o tratamento combinado de metilprednisolona e

anestésicos locais quanto à redução da dor e melhora da mobilidade da articulação.

Nenhuma revisão sistemática ou ensaio clínico avaliando o uso de antidepressivos

tricíclicos na capsulite adesiva foi encontrado. Assim, apesar de não ter sido encontrada

diferença para os desfechos de dor e incapacidade entre os dois grupos de tratamentos

avaliados neste estudo, não deixa de ser interessante a demonstração de que os efeitos

promovidos pela amitriptilina foram estatisticamente semelhantes aos observados para a

nimesulida quando associadas ao bloqueio nervoso.

O tratamento da capsulite adesiva com a primeira parece promover efeito por

reduzir o progresso da reação inflamatória, levando à melhora relativamente rápida dos

sintomas (PILOWSKY et al, 1982). O mecanismo de ação analgésica da amitriptilina em

geral, e particularmente para a capsulite adesiva, não está totalmente compreendido, sabe-se

que a noradrenalina e a serotonina possuem papel na transmissão nociceptiva tanto em nível

medular quanto supraespinhal. Assim, a inibição da recaptação pré-sináptica dos mesmos,

promovidas por este antidepressivo pode ser um mecanismo associado com sua atividade

sobre estes dois desfechos (SAKATA e ISSY, 2004; VAN et al, 2004; TURA e TURA,

1990). Também é interessante o fato de observar-se tal efeito para a mesma num período de

14 dias, já que o efeito antidepressivo geralmente é mais tardio (TEIXEIRA, 2003). Este

resultado está em acordo com os achados obtidos por Jaeschke et al., (1991) e Eija et al.,

(1995), que em humanos demonstraram efeito analgésico para a amitriptilina dentro de duas

semanas de tratamento em diferentes condições. Efeitos condizentes com a instalação de

atividade analgésica em curto prazo também são observadas em estudos experimentais com

animais (BERROCOSO et al., 2011). Coletivamente, estes dados a partir de estudos

laboratoriais e de observações clínicas podem indicar que estes neurotransmissores possam

ser moduladores dos processos de dor e incapacidade articular durante a capsulite adesiva,

fortalecendo também a ideia sobre o envolvimento de um componente nervoso na etiologia

desta condição (MULLER et al., 1998; WASSEF, 1992).

Estes dados se somam ainda a resultados anteriores que, demonstraram resultados

benéficos para terapêuticas manuais como a fisioterapia, além dos bloqueios com anestésicos

no tratamento desta condição (GOLDMAN et al, 2010; JACOBS et al, 2009; KIVIMAKI et

al., 2007), os quais interferem no componente nervoso.

A comprovação da eficácia semelhante para o tratamento com amitriptilina em

relação ao da nimesulida, quando associada ao bloqueio do nervo supraescapular, sugerem a

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importância da primeira substância como alternativa de tratamento para a capsulite adesiva

em pacientes com contra-indicação à última. Isto principalmente se considerarmos a taxa

relativamente baixa de manifestação de efeitos adversos observados nos sujeitos tratados com

a mesma.

Os resultados das medidas de efeito gerais comparando o grupo tratado com

amitriptilina em relação à nimesulida também fortalecem esta ideia já que os valores de risco

relativo obtidos para os desfechos de dor e incapacidade entre os dois grupos não diferiram

estatisticamente. Por outro lado, os valores de redução absoluta de risco sugerem que, apesar

de não significativa, a redução dos escores de dor e incapacidade no grupo amitriptilina em

relação aos observados no grupo nimesulida foi consideravelmente maior. Estes dados

também são corroborados por meio da análise ITT, na qual houve uma tendência em aumentar

a melhora da dor no grupo amitriptilina, apesar de ainda não ser revelada diferença estatística

(p=0,106). Esta tendência talvez pudesse se mostrar estatisticamente significativa com um

aumento da amostra.

A sonolência, principal efeito colateral da amitriptilina encontrado neste estudo,

foi o mesmo encontrado por Goldman et al. (2010), num trabalho que avaliou dor persistente

por uso repetitivo em braço, mesmo tratando pacientes utilizando baixa dosagem de

amitriptilina. Além disso, deve ser considerado que a amitriptilina, associada ao bloqueio

nervoso, promoveu redução da dor após os 14 dias de tratamento, quando comparado ao

início do tratamento. Enquanto isso, o estudo citado acima observou apenas melhora da

função, sem melhora da dor em pacientes que apresentavam lesões de aspecto inflamatório

por esforço repetitivo.

Quanto às medidas tomadas para reduzir a possibilidade de viés, no presente

estudo realizou-se alocação randomizada dos sujeitos, além do cegamento do pesquisador

responsável pela mensuração das variáveis e a utilização de um protocolo para a aplicação do

instrumento de avaliação, que foi específico para ombro e validado para a língua portuguesa.

Por outro lado, o curto período de avaliação adotado pode representar uma

limitação, podendo ter sido o motivo pelo qual não foi observada melhora da incapacidade

com a nimesulida. Este tempo poderia ser insuficiente para a implantação dos efeitos da

substância responsáveis pela melhora da mobilidade, diferentemente do que ocorre com a dor.

Outra possível limitação foi o não cegamento do pesquisador 1 quanto à

medicação utilizada para cada paciente, bem como do paciente sobre a medicação a ser

utilizada. Neste último caso, isto poderia introduzir um viés, já que as medidas de interesse

primário do estudo são levantadas a partir das respostas do paciente a um questionário.

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6 CONCLUSÃO

Este estudo demonstrou que a amitriptilina foi igualmente eficaz à nimesulida,

quando associadas ao bloqueio do nervo supraescapular, no tratamento agudo da capsulite

adesiva idiopática fase II. Os dois tratamentos promoveram semelhante redução nos

parâmetros de dor e de incapacidade, medidos por meio do questionário SPADI.

Investigações futuras que avaliem o uso crônico da substância ou ainda comparem a

mesma a outras substâncias podem ser úteis para fornecer maiores evidências da sua

utilidade no tratamento de indivíduos que apresentem esta condição.

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APÊNCICE

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APÊNDICE A - Cadastro do Paciente

Nome:____________________________________________________________

Idade:___________________________ Sexo:_____________________________

Data de início deste tratamento: ______________________________________

Ombro acometido (direito, esquerdo ou ambos):

( ) dominante ( ) não dominante

Tempo de evolução da doença: __________________________________________________

Presença de sinais ou sintomas que possam ser associados como efeito colateral do

medicamento?

________________________________________________________________

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ANEXO

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ANEXO A - Perguntas do Questionário SPADI

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ANEXO B – Comprovante de Aprovação do Projeto pelo

Comitê de Ética em Pesquisa-UNISUL.

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