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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LUCIANE RANK ANÁLISE DO ACIDENTE COM O VOO 447 DA AIR FRANCE QUANTO AO TUBO DE PITOT: CONTRIBUIÇÕES PARA MELHORIAS NA SEGURANÇA OPERACIONAL Palhoça 2018

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Page 1: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LUCIANE RANK

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

LUCIANE RANK

ANÁLISE DO ACIDENTE COM O VOO 447 DA AIR FRANCE QUANTO AO

TUBO DE PITOT: CONTRIBUIÇÕES PARA MELHORIAS NA SEGURANÇA OPERACIONAL

Palhoça

2018

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

LUCIANE RANK

ANÁLISE DO ACIDENTE COM O VOO 447 DA AIR FRANCE QUANTO

AO TUBO DE PITOT:

CONTRIBUIÇÕES PARA MELHORIAS NA SEGURANÇA OPERACIONAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de graduação em Ciências Aeronáuticas, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial à

obtenção do título de Bacharel em Ciências

Aeronáuticas.

Orientadora: Prof. Dra. Conceição Aparecida Kindermann

Palhoça

2018

Page 3: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LUCIANE RANK

LUCIANE RANK

ANÁLISE DO ACIDENTE COM O VOO 447 DA AIR FRANCE QUANTO

AO TUBO DE PITOT:

CONTRIBUIÇÕES PARA MELHORIAS NA SEGURANÇA OPERACIONAL

Este trabalho de conclusão de curso foi julgado adequado à obtenção do título de Bacharel em Ciências

Aeronáuticas e aprovado em sua forma final pelo Curso de Graduação em Ciências Aeronáuticas da

Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, 23 de novembro de 2018

____________________________________________

Profa. Orientadora Conceição Aparecida Kindermann, Dra.

Universidade do Sul de Santa Catarina

____________________________________________

Prof. Avaliador: Cleo Marcus Garcia, Dr.

Universidade do Sul de Santa Catarina

Page 4: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LUCIANE RANK

AGRADECIMENTOS

À minha família e amigos.

Page 5: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LUCIANE RANK

RESUMO

O objetivo geral da pesquisa é analisar o acidente com o voo 447, a fim de trazer contribuições

à segurança operacional. A metodologia usada quanto a coleta de dados, foi a pesquisa

bibliográfica e documental com abordagem qualitativa. O tubo de pito foi o grande responsável

pela má ou nenhuma indicação nos painéis da aeronave, e isso deixou os pilotos muito confusos

em relação aos parâmetros. Foi observado vários acontecimentos que também fizeram parte do

acidente da Air France, e esses mesmos também analisamos e verificamos a fim de agregar cada

vez mais, que a segurança faz parte de todo o tempo do trabalho do piloto. A base teórica usada

foi a partir do relatório oficial final do acidente ocorrido, também alguns artigos relacionados a

este fato como também em sites como o da Agência Nacional de Aviação Civil a ANAC, a BEA

Bareau d’Enquêtes et d’Analyses pour la Sécurité de l’Aviation Civile (Escritório de

Investigações e Análises para a Segurança da Aviação Civil) agência do governo francês que

tem a missão de investigar acidentes aéreos, documentos da OACI Organização de Aviação

Civil Internacional, Manual de Gerenciamento de Segurança Operacional (MGSO), e site do

DECEA (Departamento de Controle do Espaço Aéreo) que aborda a segurança operacional. A

partir da análise dos dados, foi possível ter um maior entendimento não só sobre o ocorrido

com o avião da Air France como também compreender o quão importante é a segurança nas

operações das aeronaves em todo o mundo. Desta forma, o profissional da aviação deve estar

sempre em boas condições para o voo e sempre observar a padronização imposta pelo

fabricante das aeronaves, manuais, boletins da empresa.

Palavras-chave: Tubo de pitot. Segurança operacional. Aeronave. Aviação.

Page 6: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LUCIANE RANK

ABSTRACT

The purpose of the analysis is to analyze the outcome of Flight 447, a flight safety arbitration

process. As a methodology of data collection, it was a bibliographical and documentary

research with a qualitative approach. The whistle tube was the largest in the indication of any

of the aircraft's plates, and this left the pilots very confused about the parameters. Air France,

the United States and the United States have verified that safety is part and parcel of all the

pilot's work. The theoretical basis was an official report on the subject of the contract, also

some related articles as an event as well as the National Civil Aviation Agency of ANAC, a

BEA Bareau d'Eneaktes et d'Analyzes pour la Sécurité Civil Aviation Agency, Handbook

Operational Safety Management (MGSO), International Civil Aviation Organization (ICAO),

Bureau of Civil Aviation Investigations and Analyzes, and the DECEA (Airspace Control

Department) website that addresses operational safety. From the analysis of the data, it was

possible to have a greater degree of understanding about what happened with the Air France

aircraft as an important whole for the safety of operations around the world. In this way, the

aviation professional should always be focused on the flight and always observe a

standardization imposed by the aircraft manufacturer, manuals, company bulletins.

Keywords: Pitot tube. Flight safety. Aircraft. Aviation.

Page 7: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LUCIANE RANK

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - funcionamento geral Tubo de Pitot ........................................................... 11

Figura 2 - quatro forças aerodinâmicas ........................................................................ 12

Figura 3 - voo normal x voo em condição de estol ................................................... 13

Figura 4 - Investigação pelos peritos na França ......................................................... 14

Figura 5 - nuvem cumulonimbus ................................................................................... 20

Figura 6 - capa protetora do Tubo de Pitot ....................................................................... 20

Figura 7 - tubo de pitot ...................................................................................................... 21

Figura 8 - a asa que gera a sustentação do avião ........................................................ 21

Figura 9 - Airbus 330 Air France .................................................................................... 22

Figura 10 – estol .................................................................................................................. 23

Figura 11 - Pouso no aeroporto de Brisbane ............................................................... 24

Figura 12 - programas de incentivo para o bem-estar dos funcionários ............. 26

Figura 13 - Cultura de segurança de voo ..................................................................... 26

Figura 14 - CRM Crew Resource Management ......................................................... 27

Figura 15 - radar meteorológico ...................................................................................... 30

Figura 16 - o percurso do voo AF 447 ......................................................................... 30

Figura 17 - Cabine do piloto e no centro o auto thrust ............................................. 31

Figura 18 - auto thrust ....................................................................................................... 31

Figura 19 - como funciona o sensor de velocidade.. ................................................. 32

Figura 20 - Tecnologia Fly-by-wire .............................................................................. 36

Figura 21 - Cabine de comando do Concorde/Analógico ....................................... 37

Figura 22 - informações meteorológicas ...................................................................... 38

Figura 23 - tipos de nuvens.............................................................................................. 40

Figura 24 - turbulência de céu claro ............................................................................... 41

Figura 25 - gelo formado na asa da aeronave .............................................................. 42

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LISTA DE TERMOS

Security

Cápsula aneroide

Ângulo de ataque

Corda do aerofólio

Horizonte artificial

Velocímetro

Voo IFR

Interferência ilícita

Flaps

Auto thrust

Segurança

contém vácuo no seu interior, que se expande ou se achata

dependendo da pressão atmosférica

ângulo formado pela corda do aerofólio, e a direção ao ar

é uma linha que corta, a asa em duas partes iguais

instrumento que determina o ângulo de um corpo em relação

ao horizonte

instrumento que mede a velocidade do avião

voo Instruments Flight Rules, por instrumentos

ato que coloca em risco a aviação civil

são dispositivos hipersustentadores, na parte de trás da asa

acelerador automático

Page 9: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LUCIANE RANK

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................................... 10

1.1 PROBLEMA DA PESQUISA.............................................................................................. 15

1.2 OBJETIVOS......................................................................................................................... 15

1.2.1 Objetivo Geral................................................................................................................. 15

1.2.2 Objetivos Específicos...................................................................................................... 15

1.3 JUSTIFICATIVA......................................................................................................... ....... 16

1.4 METODOLOGIA................................................................................................................ 16

1.4.1 Natureza e tipo da pesquisa........................................................................................... 17

1.4.2 Material e método............................................................................................... 17

1.4.3 Procedimentos de coleta de dados........................................................................ 17

1.4.4 Procedimentos de Análise dos dados.................................................................... 17

1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO........................................................................... 17

2 OS PROBLEMAS QUE OCASIONARAM O ACIDENTE................................................... 19

2.1 O TUBO DE PITOT E SUA IMPORTÂNCIA ...................................................... .23

2.2 CONSCIÊNCIA SITUACIONAL..................................................................... ................. 25

3 ENTENDENDO O ACIDENTE DO VOO 447....................................................................... 29

3.1 ANALISANDO MOMENTOS ANTES DO ACIDENTE ................................................. 29

3.2 DESCOBRINDO O QUE OCORREU NO VOO 447................................................33

4 SISTEMA COMPUTADORIZADO DE VOO...................................................................... 36

5 ENFRENTANDO A METEOROLOGIA............................................................................... 38

5.1 COMO DRIBLAR UMA GRANDE FORMAÇÃO........................................................... 39

5.2 GELO: INIMIGO DAS AERONAVES.............................................................................. 41

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................ 44

REFERÊNCIAS................................................................................................................ 48

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1 INTRODUÇÃO

A segurança operacional é definida pela Organização de Aviação Civil

Internacional - OACI como sendo o "estado no qual o risco de ferir pessoas ou causar danos

em coisas se limita a, ou está mantido em ou abaixo de, um nível aceitável, através de um

processo contínuo de identificação de perigos e gerenciamento de riscos" (Doc. 9859/OACI).

“A segurança aérea depende de uma doutrina ou filosofia de trabalho, baseada em atitude

pessoal preventiva e que leva em conta três elementos: o Homem, a Máquina e o Meio

(Ambiente)”1.

E essas ocorrências podem ser provocadas por vários motivos, e entre eles,

problemas de manutenção de aeronaves ou até a falta de treinamento adequado para os

profissionais envolvidos na operação aérea. As aeronaves devem estar com sua manutenção

impecável, a fim de contribuir para a boa operação do voo, e o pleno funcionamento de todas

as suas partes.

Uma aeronave parada e que não tem vento relativo, a pressão que entra pelo orifício

do tubo de pitot2 é uma pressão atmosférica normal e a velocidade indicada é igual a zero. Em um

outro momento, com a aeronave em voo, o vento relativo causa um aumento na pressão, fazendo

uma cápsula aneroide se expandir. Os ponteiros do velocímetro se movimentam, indicando ao

piloto a velocidade do avião. E alguns problemas podem aparecer se este orifício de entrada de ar

estiver obstruído seja por gelo, objetos estranhos, esquecimento de remover a capa protetora, e

assim as indicações que deveriam ser mandadas para os instrumentos, não são passadas de

forma correta. (Sociedade Brasileira da Física, 2006).

1 Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Seguran%C3%A7a_a%C3%A9rea >. Acesso: 20 out. 2018.

2 Tubo de pitot é um instrumento de medição de velocidade muito utilizado para medir a velocidade de fluídos, segundo físicos.

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Os tubos de pitot têm um sistema de aquecimento e dreno, porém muitas vezes

mesmo estando operantes, dentro de grandes nuvens em estado de água super congelante,

pode se adentrar e congelar dentro dos tubos. Infelizmente esse não é o único problema que é

causado quando ocorre o bloqueio do tubo. Quando a velocidade para ele ocorre com o piloto

automático, e obriga os pilotos a assumirem o voo de forma manual.

[...] o mal funcionamento deste aparelho aliado a falta de preparo de alguns pilotos

podem ser fatais. O acidente do voo Air France 447, ocorrido em junho de 2009 no

Oceano Atlântico, quando voava do Rio de Janeiro para Paris é um exemplo. A

aeronave apresentou diversas falhas de indicação de velocidade. Como a aeronave

atravessava formações de cumulo-nimbus (nuvens densas e enormes que só podem

ser vistas por inteiro a longas distâncias) muito pesadas, seus tubos de pitot foram

obstruídos por gelo causado por água em estado de sobre fusão. (CRISTINE et al.

2013)3.

Figura 1 – funcionamento geral Tubo de Pitot

Fonte: blogspot cultura aeronáutica

Forças aerodinâmicas são quatro forças básicas que o avião necessita para se manter

em voo.

3 Disponível em: http://www.sorocaba.unesp.br/Home/Extensão/Engenhocas/projeto-tubo-de-pitot.pdf. Acesso em: 19 de set. 2018.

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Figura 2 – quatro forças aerodinâmicas

Fonte: blog hangar 33

Se essas forças estiverem em equilíbrio, o voo se mantém reto e nivelado (voo de

cruzeiro), sustentação igual ao peso e tração igual ao arrasto. As quatro forças aerodinâmicas

são: sustentação, peso, tração e arrasto.

A sustentação é a força que puxa para cima e mantém no ar, isto é, é a

componente da força aerodinâmica produzida pelo ar que passa pela asa do avião. E esta deve

compensar o peso para se manter em voo maior ou igual. Em um avião, algumas pequenas

partes contribuem para a força de sustentação, porém a maior parte é gerada pela asa do avião.

Existem diversos fatores que contribuem para a sustentação do avião, sendo eles a

velocidade de voo, a altitude em que o avião está voando, porém, os mais importantes são as

dimensões da asa e o formato do perfil da asa. (Sociedade Brasileira da Física, 2006).

O arrasto é o que deve ser reduzido no máximo, pois ele segura o avião, ao invés

de tornar mais livre de obstáculos para o voo. Depende também muito do perfil do aerofólio

da asa. Oposto ao sentido do voo. A tração é a produzida pelo motor do avião, e tem por

objetivo manter o avião no ar e em movimento, e pode ser gerado por hélices ou motores a

jato. (Sociedade Brasileira da Física, 2006).

Peso é uma força que está sempre na vertical e é consequência da força da

gravidade, que atrai todos os corpos para o centro da terra. Para uma aeronave voar ela precisa

gerar mais tração para ser maior que o peso.

Como um avião se mantém no ar? Através da diferença da velocidade na passagem de

ar faz com que a pressão na parte de cima da asa seja menor que na parte de baixo. E isso faz com

que a força do peso fica menor que a força de empuxo (que atua para cima) e assim o

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avião se mantém no ar. No caso do voo 447, a ar simplesmente não estava mais passando pela

parte de cima da asa, que também chamamos tecnicamente de extradorso. E isso fez com que

o ar não se “prendesse” na asa e isso ocasionou o que todos os pilotos temem, o estol. (BEA,

2012).

A força que surge em virtude do diferencial de pressão entre o intradorso e o extradorso

do aerofólio e tende a empurrá-lo para cima, auxiliada pela reação do ar, é a resultante

aerodinâmica, conforme Newton.

Figura 3 – voo normal x voo em condição de estol

Fonte: site Anac

A recuperação só é possível se houver a realinhamento dos filetes de ar que

passam pelas asas. Em caso de estol de baixa velocidade, o ângulo de elevação das asas em

relação à linha do horizonte deve ser diminuído e a velocidade aumentada. Caso contrário, se

for um estol da alta velocidade, precisa ser diminuída e o nariz do avião tem que se alinhar o

máximo possível com a linha do horizonte, mas para que ocorra dessa maneira não tem outro

jeito do que o piloto tomar uma atitude. (Revista Eletrônica Aero Design, 2010).

O estol pode ocorrer em qualquer altitude, mas quanto mais alto for o voo, menor é

a margem antes que seja atingida a velocidade mínima para manter-se voando o maior tempo

necessário para a recuperação das características, pela menor densidade do ar. E também

como ocorreu com o voo 447, quanto mais baixo, maior o risco de colisão como solo ou água.

(Revista Eletrônica Aero Design, 2010).

Diretor do BEA, (órgão que investiga acidentes aeronáuticos), Jean-Paul Troadec, em

Paris, falou que o ponto crucial foi realmente a perda dos indicadores de altitude os altímetros, pois

sem eles não se tem “controle da aeronave”, e assim ainda somando com a falta de atenção dos

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pilotos, foram acontecendo falhas irreparáveis, que depois era muito tarde para entender e

voltar atrás, pois o avião já tinha perdido a sustentação.

Figura 4 - Investigação pelos peritos na França

Fonte: Marinha da França

Combinação de fatores são os que são as causas de acidentes aéreos e não

somente um fator isolado.

Para entender melhor como que é uma investigação aeronáutica, como funciona

e como é baseada, vamos ilustrar como o Cenipa que é o órgão oficial no Brasil, funciona. A

investigação do Cenipa no Brasil é baseada no trinômio “Homem, Meio e Máquina”, o qual se

refere aos fatores Humanos, Operacionais e Materiais, respectivamente. (FAB, 1971)

O Fator Humano compreende uma análise dos aspectos médico e psicológico,

considerando as características fisiológicas, ergonômicas, psicológicas, organizacionais e

sociais relativas aos recursos humanos envolvidos no acidente.

A investigação do Fator Operacional alcança todas as circunstâncias da operação,

manutenção da aeronave e infraestrutura aeronáutica, incluindo o controle do espaço aéreo. A

investigação do Fator Material analisa fabricação da aeronave, manuseio de material, projeto e

certificação, por exemplo.

A questão da desorientação espacial também é um ponto importante. No que se

refere aos acidentes aeronáuticos, a desorientação é definida como ocorrência em que o piloto

entra em processo de confusão na interpretação dos parâmetros de voo, entrando ou não em

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atitude anormal. A desorientação pode ser causada por fatores como terreno homogêneo, com

carência de referências visuais, e excesso de atuação da força gravitacional (força G) sobre o

piloto. “Não importa a experiência do piloto, qualquer um estar suscetível à desorientação”,

explica o Coronel Moreno, da Força Aérea Brasileira. (FAB, 2018).

Há vários tipos de desorientação espacial na aviação em geral, e entre 5 a 10% dos

acidentes, são resultantes de uma má interpretação do voo e 90% acabam de forma trágica. E

os pilotos voando em condições IFR, estão muito propensos a passar. O olho é o principal por

manter o equilíbrio do corpo humano, e a orientação do piloto durante o voo, pois os órgãos

de equilíbrio nos ouvidos, não são muito eficazes. (FAB, 2018).

A fim de prevenir riscos de desorientação, a concentração nos instrumentos da

aeronave é primordial, e se manter quieto sem movimentos com a cabeça, pois assim o corpo

recupera a sensação de equilíbrio.

1.1 PROBLEMA DA PESQUISA

Com base no ocorrido com o voo 447 da Air France, quais contribuições

poderiam suscitar desse acidente para a segurança do voo?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Analisar o acidente com o voo 447 a fim de trazer contribuições à segurança de voo.

1.2.2 Objetivos Específicos

Discorrer sobre fatores humanos, consciência situacional, sistema de

gerenciamento de riscos;

Identificar os fatores contribuintes que ocorreram naquele voo da Air France;

Discorrer sobre Gerenciamento de Recursos de Cabine (CRM) e comparar com as

possíveis falhas com o voo 447;

Descrever as funções do tubo de Pitot e relacionar ao acidente ocorrido;

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Verificar, a partir da legislação aeronáutica, as principais causas do acidente com o

voo 447;

Comparar os fatores humanos que podem ter contribuído para o acidente do voo

447;

Apresentar os procedimentos para o gerenciamento de uma pane, e comparar com

o descrito no acidente que foram executados pelos pilotos;

Colaborar com o futuro da aviação, de forma consciente, mantendo sempre o

CRM presente nas operações, com foco e atenção em todos os procedimentos feitos na cabine

das aeronaves.

1.3 JUSTIFICATIVA

De acordo com o site do SAC, sobre Segurança da Aviação Civil (2014), todos

os envolvidos com a aeronave são responsáveis pela segurança da aviação, e é muito

importante que o piloto no exercício da sua função seja realmente ciente da sua

responsabilidade e saiba o que pode acontecer em caso de transgredir ou violar alguma regra

prevista no CBA e nos regulamentos.

Este trabalho se justifica pela contribuição à segurança da aviação em geral,

refletindo sobre as possíveis ações que podemos tomar, a fim de tornar a aviação cada vez

mais segura. Essa contribuição pode ser de maneira direta ou indireta, através dos ASR (AIR

SAFETY REPORT), que estão disponíveis nas empresas aéreas ou não, pois ele é um

documento muito importante que informa quando algo está fora do comum, podendo ser um

objeto na pista de um aeródromo fora do lugar. Mostra-se também importante para o futuro da

aviação, para que se mantenha de forma consciente, sempre o CRM presente nas operações,

com foco e atenção em todos os procedimentos feitos na cabine das aeronaves.

A prevenção sempre será algo imprescindível e importantíssimo para a

segurança, por isso a realização desse trabalho acerca do tema, relacionado a uma peça do

avião, o Tubo de Pitot, e a consciência situacional.

1.4 METODOLOGIA

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1.4.1 Natureza e tipo da pesquisa

A metodologia apresentada é de carácter descritiva, pois iremos descrever sobre o

tema em questão, o acidente com o voo 447, e trazer contribuições para a segurança

operacional. Quanto à natureza da pesquisa, classifica-se como qualitativa.

1.4.2 Material e método

O trabalho é bibliográfico e documental, a partir de artigos, documentos oficiais,

manuais, e o Relatório Final, que vão explanar mais ainda as condições para que ocorresse o

acidente, entre outros, e o aspecto psicológico que estava presente, e abriu portas para uma

consciência situacional falha.

1.4.3 Procedimentos de coleta de dados

Nesta pesquisa, a coleta de dados foi feita através de pesquisa bibliográfica e

documental, utilizando-se, por exemplo, publicações e o Relatório Final, apontando todos os

detalhes do acidente em estudo, e assim contribuiu para a realização desse trabalho.

1.4.4 Procedimentos de Análise de Dados

A análise dos dados foi feita através do aprofundamento e estudo dos materiais

coletados, em relação ao acidente, focado em um instrumento importantíssimo da aeronave o

Tubo de Pitot, suas funções e as falhas em relação ao acidente já citado anteriormente.

1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Este trabalho está organizado em seis capítulos. No primeiro capítulo, apresenta-se a

introdução, problema da pesquisa, justificativa, objetivos, metodologia e a organização da

pesquisa. No segundo capítulo, são apresentados o Tubo de Pitot, sua importância e a consciência

situacional e os fatores que fazem parte desta. No terceiro capítulo, temos a análise geral do

acidente do voo 447. O quarto capítulo fala do sistema computadorizado de voo

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presentes nas aeronaves atuais e explica como o sistema fly-by-wire funciona. O quinto capítulo

é sobre como enfrentar a meteorologia em condições adversas de voo. Foi verificado também

através de livros meteorológicos os procedimentos a seguir quando se depara com uma grande

formação de nuvens. E, por último, o sexto capítulo, apresentam-se as considerações finais,

seguidas das referências.

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2 OS PROBLEMAS QUE OCASIONARAM O ACIDENTE

Neste capítulo abordaremos os problemas que antecederam ao acidente da Air

France.

Tudo o que aconteceu na noite em que ocorreu o acidente foram várias opções

equivocadas da tripulação, aliada a problemas técnicos e até problemas da tripulação.

Seguindo essa linha de pensamento, sabemos que a tripulação sabia das condições

meteorológicas, e, mesmo assim, decidiram seguir em frente, em direção a uma grande

tempestade com turbulências. Outros voos estavam desviando, como é comum, pois nuvens

carregadas e grandes cumulo-nimbus estão carregados de gelo, e a temperatura é baixíssima, e

as turbulências são muito acentuadas e desconfortáveis. (BEA, 2012).

A probabilidade de entupimento dos tubos obviamente é maior, mesmo que em

todas as aeronaves que operam em grandes altitudes, tenham um sistema de aquecimento a

fim de evitar o congelamento, pois através deste tubo o avião capta o vento e ele é responsável

em enviar informações para dar aos pilotos parâmetros de voo como altitude, velocidade etc.

(DECEA, 2017)

Mas os pilotos mesmo assim, decidiram seguir caminho, sendo uma decisão que

iniciou todo o processo em que resultou na tragédia.

Podemos hoje analisar nossos atos, e pensar se realmente estamos pensando no

bem de todos. Às vezes, estamos no “automático” do dia a dia, e não prestamos atenção em

tudo a nossa volta, faltando, muitas vezes até pensar na nossa própria segurança.

O entupimento ocorreu nesse momento, pois eles adentraram em nuvens

supercarregadas de gelo, gotas super-congelantes que entram no tubo e já congelam, e não

demorou muito para eles perderem o controle de altitude da aeronave e outros parâmetros

importantes para um controle necessário do Airbus. (BEA, 2012).

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Figura 5 – nuvem cumulonimbus

Fonte: Site: Wordpress

É de grande importância que o tubo de Pitot nunca esteja obstruído, pois através

dele temos as indicações mais importantes para o voo. Quando em solo ou em pernoites, as

aeronaves devem estar com a capa protetora dos tubos de Pitot, pois assim evita que outros

detritos possam adentrar no orifício. Chegamos à conclusão de quão importante é a

manutenção do tubo de pitot livre de qualquer obstrução. (NAKAMOTO, 2013).

Figura 6 - capa protetora do Tubo de Pitot

Fonte: Blog Hangar 33

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Figura 7- tubo de pitot

Fonte: blogspot cultura aeronáutica

Os Tubos de Pitot são instalados estrategicamente para evitar qualquer

interferência que possa causar pela passagem do fluxo do ar, e são instalados geralmente na

parte da frente das asas das aeronaves. O velocímetro é um dos principais instrumentos de

voo, e mostra ao piloto a velocidade indicada da aeronave. (UNESP, 2013).

O que ocorreu no acidente do voo 447 foi que, o instrumento não estava

transmitindo corretamente aos pilotos a velocidade 4 da aeronave, e esta é de extrema

importância, pois tem certas velocidades que a aeronave não deve atingir dependendo de

vários parâmetros de voo. E essa velocidade se chama velocidade de estol. (UNESP, 2013).

Figura 8 - a asa que gera a sustentação do avião

Foto: Aviation for all

4 Velocidade de perda; velocidade de pouso; velocidade de aterrissagem; velocidade de sustentação máxima; velocidade mínima de sustentação; velocidade inferior limite; velocidade crítica (site da ANAC).

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Velocidade de estol é aquela que te permite se manter com a mínima velocidade

possível, em voo reto e nivelado. E se ultrapassado esse limite, ocorre a perda da sustentação

da aeronave, algo que nenhum piloto tem a pretensão de passar, principalmente em um avião

comercial com muitas toneladas embarcadas e pessoas. Essa manobra é realizada em

acrobacias aéreas ou até mesmo no curso para pilotos, pois é importante perceber como o

avião reage de acordo com a velocidade e o ângulo de ataque. (UNESP, 2013).

Figura 9 - Airbus 330 Air France

Foto: airplane-pictures.net

Infelizmente no voo da Air France, ocorreu o entupimento desses tubos, no qual

resultou em indicações totalmente errôneas para os pilotos, que combinando com outros

fatores resultou no acidente.

Os pilotos não sabiam se a aeronave estava subindo ou descendo, pois tudo estava

fora de controle, horizonte artificial, velocímetro, e então ficaram sem atitudes. Nos voos

atuais, os pilotos contam com dispositivos GPS 5 que não são acoplados na aeronave, sendo

algo independente. Hoje em dia tem dispositivos que o piloto pode melhorar e aumentar o

grau de segurança em relação ao seu voo.

No momento do acidente, eles ao menos sabiam o que poderiam fazer para

reverter a situação, os três indicadores de velocidades estavam mostrando valores diferentes,

porém com este dispositivo, talvez pudesse ter auxiliado pelo menos na manutenção da

altitude do avião, ou ao menos ter realizado um pouso forçado no mar.

5 O uso do Ipad em voo, e através dele tem acesso a tabelas, cartas, procedimentos IFR, instalações dos aeroportos, meteorologia, planejamento do voo, flight tracking, etc., aumentando mais a segurança. (Site Cultura Aeronáutica).

Page 23: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LUCIANE RANK

23

O avião quando atinge a altitude crítica (estol), perde a sustentação e

simplesmente despenca, e para recuperar o piloto deve pelo menos saber a que velocidade se

encontra e a “atitude” que o avião está mantendo.

Figura 10 - estol

Fonte: Wings Escola de Aviação

O que aconteceu no dia do acidente foi a combinação de vários fatores que

resultaram na queda do avião, fatores estes muito relevantes para os peritos que investigam

acidentes aéreos. A aeronave simplesmente não tinha mais como se sustentar no ar, e o avião

do voo 447 caiu de barriga no oceano atlântico. Quando ocorre algo parecido ou o início do

estol, todo piloto deve ao invés de colocar para cima o nariz do avião, colocar para baixo, pois

isso gera sustentação, e o avião sobe, devido a força aerodinâmica de sustentação.

2.1 O TUBO DE PITOT E SUA IMPORTÂNCIA

Neste ano de 2018, no dia 19 de julho, um avião da empresa aérea Malaysia

Airlines, teve que fazer um pouso de emergência no aeroporto de Brisbane, devido à falha dos

equipamentos, e com isso eles não tinham ideia dos parâmetros de voo. (ABC NEWS, 2018).

E tudo isso foi devido ao esquecimento da capa protetora que evita o

entupimento do Tubo de Pitot. E como eles estavam próximo ao aeroporto, resolveram

realizar o pouso de emergência.

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Figura 11 – Pouso no aeroporto de Brisbane

Fonte: ABC net

Grande parte dos acidentes ocorrem devido a falhas como estas citadas, mas

felizmente, em muitos casos, o único jeito é pousar a aeronave em emergência, e assim

evitando catástrofes, por conta de motivos primários, e ainda tendo como resultado, uma

grande despesa, que é repassada para a companhia aérea.

Quem trabalha no meio aéreo deve ter muita responsabilidade e saber que uma

vez tomada a decisão, não será muitas vezes possível poder voltar atrás.

A grande importância que o tubo de pitot tem sobre uma aeronave é gigantesca, pois

é a partir deles que a aeronave se mantém no ar, através da velocidade. O piloto necessita dos

parâmetros de voo para poder controlar a aeronave e isso leve em consideração de onde e

como acontece todos os controles do avião.

Em 1732 foi criado o tubo de pitot pelo francês Henri Pitot, pois ele queria ver a

velocidade do rio Sena, em Paris, e foi a partir daí que foram evoluindo as evoluções.

O tubo de Pitot funciona basicamente como um medidor de pressão diferencial,

necessitando para isso, possuir duas pressões bem definidas e comparadas. A primeira fonte

de pressão do sistema é a pressão total tomada na extremidade do tubo de Pitot através de sua

entrada frontal principal, relativa ao fluxo de dado fluido. O tubo de Pitot mede não somente a

pressão do ar, mas de todos os possíveis fluidos. (EBAH, 2009).

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2.2 CONSCIÊNCIA SITUACIONAL

Consciência situacional é caracterizada pela percepção dos elementos no ambiente

de trabalho dentro de um volume de tempo e espaço, a compreensão do significado desses

elementos e a projeção dessa situação em um futuro. (ANAC, 2012).

Vários fatores como preocupação com falhas mecânicas pequenas, liderança

inadequada, falha em estabelecer prioridades, falha em comunicar planos e ações e muitos

outros, fazem com que a consciência situacional não esteja presente, e assim falhas podem

ocorrer. E estamos falando sobre o trabalho em equipe, o trabalho que não depende

diretamente só da máquina (avião), mas sim da equipe que está trabalhando. (ANAC, 2012).

Ao desempenhar nossas atividades diárias, o cuidado sempre deve estar presente,

principalmente em uma atividade que exige muita atenção, muitas vezes em situações

adversas, a assertividade deve ser o ponto alto para o bom andamento do trabalho.

Dentro da cabine, o piloto deve estar muito bem em relação ao seu descanso,

alimentação, e outros, pois é um trabalho que não tem certa e não tem rotina. Portanto, o

tripulante é responsável pelo seu próprio bem-estar, e se não se sentir apto para o voo, melhor

não ir. Há estatísticas que apontam que a maioria dos acidentes estão relacionados ao Fator

Humano, erro humano, e este erro está diretamente ligado à consciência situacional.

(DECEA,2013).

A capacidade de perceber o que está ao seu redor, e o julgamento para determinar

a relevância das informações obtidas, é o que falamos que a consciência situacional afirma.

Muitos profissionais passam por muitas situações estressantes todos os dias, até por conta da

escala, ou até mesmo por conta da correria do dia a dia, a falta de sono, uso de remédios que

não são permitidos durante a execução dos voos entre muitos outros, influenciam muito na

carga mental. (PSICOLOGIA VIVA, 2017).

Por isso as empresas aéreas mantêm ativos programas de incentivo, contra a

fadiga mental e psicológica, muito importante para os todos os profissionais.

Em relação ao ocorrido no voo 447, os pilotos estavam em uma emergência, em que

muitos alarmes estavam soando, e o avião se comportando de uma maneira totalmente

desconhecida e realmente não sabiam o que estava acontecendo. Houve momentos em que a

tripulação não se atentou com alguns sinais que o avião enviava, por conta do estresse passado

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durante os últimos quatro minutos de suas vidas e os mais difíceis. A dificuldade estava

presente mesmo diante da experiência profissional dos pilotos, e sim poderiam ter contornado

a situação de outra maneira, se o desespero não tomasse conta dos pilotos. Isso foi

comprovado em um simulador durante as investigações do acidente, e podemos concluir que

diante de panes e emergências o melhor a se fazer e tentar manter calmo e manter a

consciência situacional em alerta sempre, durante absolutamente todo o voo. (BEA, 2012).

Como tripulante de voo, a manutenção da saúde é de extrema importância, tanto

física quanto mental, pois isso a necessidade de manter-se bem, mantendo sempre consultas

médicas em dia.

Figura 12 - programas de incentivo para o bem-estar dos funcionários

Fonte: Portal da indústria

Figura 13– Cultura de segurança de voo

Fonte: blogspot

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Isso foi comprovado em um simulador durante as investigações do acidente, e

podemos concluir que diante de panes e emergências o melhor a se fazer e tentar manter

calmo e manter a consciência situacional em alerta sempre, durante absolutamente todo o voo.

(AERO MAGAZINE, 2014).

Pode-se aprender com a ocorrência do acidente e levar para a vida profissional e

até pessoal, para que possa estar sempre alerta, com o julgamento e a capacidade de visualizar

e tomar decisões de forma muito objetiva. Na aviação, a importância de sempre “estar voando

à frente da aeronave”, torna-nos bem mais cientes e prontos para qualquer acontecimento que

possa vir, estar sempre pronto para qualquer pane ou adversidade, isso é algo que o piloto

deve ter em mente.

A observação de pequenos problemas e a forma como evitamos eles, pode sim

resultar em possibilidades positivas e evitar desastres como este.

Nas outras áreas também, mas principalmente na aviação, são atitudes erradas e

mal pensadas que desencadeiam em resultados muitas vezes não esperados, e com grandes

consequências, pois a dinâmica do voo é muito rápida, e por esse motivo também que há mais

de um piloto na cabine, para que todos pensem juntos, para resolver os problemas que

aparecem, e até muitas vezes pequenas panes. Isso se chama CRM Corporate Resources

Management. (AEROCLUBE DE CAMPINAS, 2017).

Figura 14 - CRM Crew Resource Management

Fonte: site rottaativa.com

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Resumindo é o trabalho em equipe que hoje em dia, todas as companhias aéreas

são obrigadas a oferecer aos seus tripulantes, e todo o pessoal envolvido com a operação de

aeronaves, incluindo pessoal de cargas, comissários, despachantes e outros.

Os procedimentos devem ser seguidos à risca como manda o operador da

aeronave e o MGO Manual Geral de Operações, que é um manual em que está todos os

procedimentos, políticas e sistemas relativos a área de operações de voo.

O CRM é usado desde o momento em que a equipe entra na sala da tripulação até

o final do dia e constantemente no meio. Das decisões pré-voo na sala da tripulação, até o táxi

para ficar após o pouso, como a equipe interage com os outros e percebe seu ambiente é

fundamental para a segurança do voo. Promover essa autoconsciência e perceber que os seres

humanos são suscetíveis ao erro são elementos críticos para o CRM (AEROCLUBE DE

CAMPINAS, 2017).

Na aviação, o CRM é um treinamento e exercício obrigatório internacionalmente

para todas as empresas aéreas que transportem passageiros, seja companhia de transporte

regular, ou táxi aéreo. Os países signatários da ICAO ou OACI – Organização da Aviação

Civil Internacional, é órgão da ONU responsável pela regulação internacional e o Brasil é

membro fundador.

No Brasil, na aviação civil a ANAC é a responsável por regulamentar a norma

IAC 061-1002, que traduzida para o português ficou como “Treinamento em gerenciamento

de recursos de equipes “.

Podemos dizer que, grande parte de prevenção de acidentes e incidentes que

ocorrem, podem ser evitados, se houver mais consciência situacional nos profissionais

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3 ENTENDENDO O ACIDENTE DO VOO 447

Neste capítulo, apresenta-se a análise do acidente com o voo 447 da Air France e

apresenta-se também como é o sistema dos computadores dos aviões.

3.1 ANALISANDO MOMENTOS ANTES DO ACIDENTE

Nas primeiras horas do dia 1 de junho de 2009, o voo 447 faz sua última

transmissão de rádio com o controle aéreo brasileiro, às 19:29. O moderno Airbus 330 da Air

France decola do aeroporto do Galeão Rio de Janeiro para Paris na França, com 216

passageiros e 12 tripulantes entre eles 3 pilotos. Na última vez que eles se comunicaram com

o controle brasileiro, foram instruídos a manter o nível de voo 350 (10.700 metros).

O Airbus do voo 447 estava em segurança no piloto automático, ao cruzar o

oceano Atlântico. De acordo com as caixas pretas, a aeronave fazia ajustes contínuos para

manter-se na rota, rumo à Paris. Três horas depois, após decolar do Rio de Janeiro, a aeronave

continuava na trajetória prevista. Mas às 01:35 da manhã, todas as comunicações cessaram. A

última posição conhecida foi a 563 km da costa brasileira. Por mais 35 minutos de voo, o

computador continuava enviando relatórios automáticos de posição via satélite. O último sinal

foi às 02:10 da manhã à 112 km de distância de onde foram encontrados os destroços.

O relatório meteorológico oficial, tinha uma tempestade naquela região, na

trajetória do voo. A tempestade tinha 400 km de extensão, e isso deixa uma questão muito

difícil de entender, e foi o que os investigadores ficaram muito surpresos pela atitude dos

experientes pilotos. Por que pilotos experientes entrariam em uma área de tempestade e

turbulência? Sendo que qualquer piloto desvia de áreas de turbulência a fim de tornar mais

seguro e mais confortável o voo. Essa questão deixava todos muito curiosos. Para descobrir

por que isso aconteceu, foi chamado um especialista em meteorologia aeronáutica no Centro

Nacional de Pesquisas Atmosféricas no Colorado, John Willians.

Willians usou as imagens de satélites de meia em meia hora para analisar o

desenvolvimento da tempestade, enquanto o voo 447 se aproximava e se podia ver um grande

sistema de turbulência e tempestade. (BEA, 2012).

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A bordo tem o radar meteorológico e assim permite que os pilotos desviem de

qualquer nuvem que possa causar problema. De acordo com os relatórios oficiais, vários

outros aviões seguiram a mesma rota do voo 447 na mesma noite, mas todos os pilotos viram

a tempestade se aproximando e fizeram desvios de até 140 km para evitá-la. O voo 447 fez

apenas uma correção de curso. (BEA, 2012).

Figura 15 – radar meteorológico

Fonte: site monolitonimbus

A figura 16, em anexo, mostra um radar dentro da parte dianteira da aeronave,

e esta é responsável em captar formações meteorológicas significativas.

Esse pequeno desvio levou o especialista a uma grande descoberta. Ele achou que o

voo 447 foi enganado por uma peculiaridade do clima. Tinha uma tempestade menor na frente da

gigante e talvez bloqueou a de trás para o radar a bordo. Segundo Willians, uma outra tripulação

afirmou que isso aconteceu também, porém eles aumentaram a sensibilidade do radar, e assim

observaram a tempestade maior que estava oculta no radar, pela menor a frente.

Figura 16 – o percurso do voo AF 447

Fonte: defesa.net

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Assim que começaram a entrar pela grande tempestade, o sinal de atar cintos para

passageiros foi ligado. E como padrão e medida de segurança, os pilotos diminuem a

velocidade para diminuir a tensão sobre a aeronave, e assim o sistema automático auto thrust

assume o controle.

Figura 17 - Cabine do piloto e no centro o auto thrust

Fonte: http://aviationtroubleshooting.blogspot.com

O auto thrust é um sistema específico da Airbus, o computador dos motores tem a

potência variada, vinda do computador de bordo, o piloto coloca em pontos determinados, por

exemplo para decolagem, arremetida ou voo normal, e o computador assume.

Figura 18 – Auto thrust

Fonte: http://aviationtroubleshooting.blogspot.com

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Devido à grande turbulência que estavam passando, a aeronave estava se

ajustando sozinha através do piloto automático, e o Auto Trust vai compensando os grandes

jatos de vento atingindo a aeronave, e mantendo a aeronave em uma faixa de velocidade

segura, juntamente com o Auto Pilot, que também desempenha a atividade de manter a

aeronave na altitude desejada pelos pilotos e controladores. E tudo o que os pilotos devem

sempre fazer é monitorar os instrumentos, agindo sozinhos.

Figura 19 - como funciona o sensor de velocidade

Fonte: no tempo dos araujos

Os investigadores ficaram muito surpresos ao verificar que passado das 2:10 da

manhã, o computador de voo envia uma série de mensagens de erros a Air France, em Paris.

As chamadas mensagens Eicras foram o foco central da investigação, que são uma espécie de

testamento final da aeronave. E eles viram que o voo 447 sofreu 27 falhas críticas em apenas

4 minutos e 16 segundos. A primeira mensagem foi que o Auto Pilot, piloto automático, se

desligou sozinho e com alerta de áudio geral dentro da cabine, e obrigou o piloto a manter o

controle do avião manualmente. Logo após o Auto Trust também se desliga automaticamente,

o que indica que os sistemas que mantém o avião voando na condição automático, pararam de

funcionar e os pilotos devem manter o controle, velocidade e altitude. (BEA, 2012).

E uma mensagem mais ameaçadora foi a mensagem final que apareceu para os

pilotos “Advisory Cabin Vertical Speed” significa que a cabine pressurizada está descendo em

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alta velocidade, ou seja, a aeronave estava caindo. Mas o que poderia ter causado este defeito

repentino em todos os sistemas automáticos vitais da aeronave?

3.2 DESCOBRINDO O QUE OCORREU NO VOO 447

Os investigadores verificando todas as panes ocorridas, observam que todas

apontam para uma só. As mensagens da sonda Pitot são muito importantes, é um parâmetro

bem básico para o avião. E os sistemas automáticos não podem funcionar sem elas. E no voo

447 aparecia mensagem sobre o tubo de pitot, dizendo que os três estavam apresentando

defeito. (YOUTUBE, 2013).

Mesmo estando em condições de formação de gelo, os tubos de pitot, tem um

sistema poderoso de aquecimento, que supostamente é capaz de enfrentar qualquer situação

de gelo em altitude. Segundo os investigadores, na hora do acidente eles estavam voando a 40

graus negativos, e chegaram à conclusão de que nessas condições, era muito possível haver

água líquida super congelada, na altitude da aeronave. A água super congelada é uma estranha

peculiaridade da física, e o investigador em 30 anos de carreira nunca a viu de perto. Quando

atingido por água super congelada, um tubo de pitot pode congelar em segundos. E sem os

dados de velocidade, os sistemas automáticos do voo 447 entram em colapso, um após o

outro. (BEA, 2012).

A tripulação se obrigou a retomar o voo de forma manual, e depois de mais de 3

horas de voo no automático, os pilotos sofrem uma sobrecarga de informação, e a dificuldade

de se orientarem a partir das informações que estavam chegando uma após a outra era muito

difícil. O maior problema de todos era o maior desafio dos pilotos: manter a velocidade da

aeronave para não perder o controle, e ainda em meio a grande turbulência, havia a

possibilidade de entrar em estol. De alguma forma os pilotos tinham que controlar o avião, e

evitar que aumentasse 10 kts a velocidade, o que não era nada difícil naquelas condições,

principalmente por que eles não tinham a velocidade, pois quem mede a velocidade são os

tubos de pitot, e estes estavam congelados. Um problema complexo foi para os pilotos tentar

saber a que velocidade estavam, mas seria impossível. Para isso os investigadores tentaram

reviver o que aconteceu no voo 447 através de um simulador. No simulador eles também

fizeram igual e desativaram os indicadores de velocidade. E os sistemas automáticos se

desligaram. (BEA, 2012).

Estavam voando sem piloto automático e sem auto trust, ainda o piloto manteve o

empuxo de exatamente 85%. E então elevou o profundor para elevar um pouco o nariz do avião

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para aproximadamente 5 graus. E assim a velocidade segura se manteve constante, a

inclinação e a potência são as prioridades do piloto. Eles ignoraram todas as mensagens de

erro, até que tudo estivesse em segurança. E assim resolveram a emergência simulada,

provando que a velocidade pode ser mantida, mesmo que nenhum tubo de pitot funcione. Mas

esses parâmetros padrões de emergência foram aplicados pela tripulação do voo 447, e por

que eles não recuperaram o controle? Um detalhe crucial foi identificado no procedimento

padrão. Se eles estivessem entrando em uma área de instabilidade, eles possivelmente iriam

desacelerar o avião. Mas no Airbus, as alavancas não se movem quando diminui a velocidade

como acontece em outras aeronaves, mas sim tem que observar os indicadores de velocidade

no painel de controle central, mas na hipótese dos investigadores o piloto não deu atenção,

pois a eles estavam com muitas panes e nem sequer notaram a potência. Estava

sobrecarregado pelos alertas soando a toda hora, e o indicador de potência estava baixa. Em

meio a toda investigação eles se atentam para um padrão preocupante que sustentava a teoria

de outro investigador. Em 10 acidentes anteriores com falha na medição de velocidade, a

tripulação não aumentou a potência imediatamente. (BEA, 2012).

Fica claro que na maioria deles, a tripulação demorou muito para iniciar a

operação manual do acelerador. Em 5 casos a tripulação demorou mais de 60 segundos para

assumir o controle manual da aceleração, no voo 447 resultaria em desaceleração rápida e o

risco de um estol repentino. A possibilidade de ter ocorrido um estol nos últimos 4 minutos de

voo é grande, devido ao modo que a aeronave estava sendo conduzida. Mesmo em um estol,

que é uma situação muito crítica para os pilotos, tem maneiras de sair dessa situação. Os

pilotos comerciais, diferentes dos pilotos de caça, não tem treinamento na parte prática para

saírem de um estol em parafuso, na verdade atualmente os pilotos mantêm o voo somente

observando os parâmetros somente, e não levam o avião de forma manual da decolagem até o

pouso. Com certeza a aviação ficaria muito mais segura na atualidade se houvesse uma prática

maior de voos manuais, talvez do momento em que se decola a aeronave até uma meia hora

depois, e um pouco antes do pouso, pois assim o piloto iria tornar a “pilotar “de novo, igual

no aeroclube. Em 2013, a FAA Administração Federal de Aviação dos EUA, concluiu que

pilotos não pilotam mais, e eles ficam sem habilidade de manualmente pilotar e conduzir a

aeronave, isso com base em relatórios que aconteceram incidentes, afirmando que os pilotos

envolvidos se tornaram relutantes ao ter que desligar os sistemas, em situação de risco. Isso

pode ajudar a explicar uma série de acidentes recentes em que aviões da Colgam Air, Air

France e Asiana Airlines caíram depois que os pilotos não conseguiram manter uma exigência

aerodinâmica básica: a velocidade suficiente para manter o avião no ar. (BEA, 2012).

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O que aconteceu com o voo da Air France, foi realmente um problema muito

grave de treinamento, com o aumento da automação. Quanto maior a automação, mais tem

que relembrar o básico de uma pilotagem. Os simuladores podem ajudar, porém não tem tanta

liberdade de movimento, para recriar situações extremas, a que aconteceu no voo. Os

destroços do Airbus 330 sugerem que os pilotos podem ter chegado muito perto de salvar a

vida dos passageiros. Com base no impacto o avião estava com o nariz para cima, as asas

quase niveladas e em alta velocidade vertical, quando caiu na água. Após um mês as caixas

pretas pararam de emitir sinais de localização, mas dois anos depois elas foram encontradas a

quatro mil metros de profundidade, durante uma operação de busca e recuperação de oito dias

que contou com robôs submarinos de alta tecnologia. (BEA, 2012).

Neste capítulo vimos momentos antes e depois do acidente com o voo da Air

France.

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4 SISTEMA COMPUTADORIZADO DE VOO

Neste capítulo vamos entender como funciona o sistema computadorizado do avião. O avião

da Airbus 330 é o maior orgulho da Airbus, tem quase 700 aeronaves do mesmo tipo, voando

no mundo todo, mas mereceu muita atenção por parte dos investigadores.

Figura 20 – Tecnologia Fly-by-wire

Fonte: aviation dictionary

Fly by wire é um sistema computadorizado e a automação aumenta a segurança. Em um

avião convencional o piloto manuseia alavancas mecânicas para operar um sistema de controle

hidráulico. Mas no fly-by-wire as engrenagens pesadas são substituídas por equipamento eletrônico.

Um computador de voo realiza aos desejos do piloto, o computador mantém a aeronave sobre um

controle preciso durante qualquer manobra, mesmo uma simples curva. Quando o piloto automático é

ligado, o avião praticamente voa sozinho. (HANGAR 33, 2015).

Nos voos, em 99 % do tempo de voo o avião está no piloto automático, atualmente, e

isso se tornou muito comum, principalmente em voos transoceânicos. Sistema de controle por

cabo elétrico, tipo de controle das superfícies móveis de um avião por computador. Com isso é

possível aumentar a velocidade de reação, aumentar a capacidade do avião de manobras e ainda

manter um nível de segurança para essas mesmas manobras. (AVIA-PRO, 2015).

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Na história da aviação, o primeiro avião a decolar com esse sistema foi em 1972,

um F8 Crusader Americano, só que era analógico, algo que atualmente não existe mais. Até o

Concorde também tinha essa tecnologia. (AVIÕES E MÚSICAS, 2010).

Figura 21 - Cabine de comando do Concorde/Analógico

Fonte: site obviousmag

Concorde foi uma aeronave supersônica de transporte de passageiros, produzido

em 1965, e foi operado somente pelas companhias British e Air France.

Vimos neste capítulo a teoria do acidente e como funciona a parte técnica da

cabine de comando.

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5 ENFRENTANDO A METEOROLOGIA

Este capítulo trata dos fenômenos naturais que afetam o voo das aeronaves.

Os pilotos desde o treinamento em aeroclubes, são orientados a desviar de nuvens,

pois dependendo do tipo de aeronave, pode enfrentar uma grande turbulência.

Há algumas nuvens que são até os grandes inimigos dos pilotos, e que nem podem

chegar perto, por exemplo as temidas Cumulonimbus, que tem grande extensão vertical, e são

gigantescas. As grandes Cúmulos também têm grande extensão, e estas nuvens têm muita

turbulência e gelo, devem ser evitadas.

Nas aeronaves modernas, há sistemas tecnológicos, o sistema de radar, que

oferece mais conforto e mais segurança para os voos. Antes de qualquer voo, os pilotos fazem

uma análise meteorológica, para verificar os desvios a serem feitos, e obviamente a

quantidade de combustível que será necessário para abastecer somando mais esse desvio.

Figura 22 – informações meteorológicas

Fonte: aviationforall.com

Nos aviões atualmente, pode-se fazer solicitação em tempo real, durante o voo,

através de um sistema de comunicação por rádio e de satélite, e os pilotos recebem os boletins

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meteorológicos, a fim de evitar grandes formações de nuvens. O serviço de controle de

tráfego aéreo também fornece as condições meteorológicas.

A causa principal do que aconteceu com o voo 447, foi o congelamento dos tubos

que captam o ar externo e, assim, fornece a velocidade para o avião, o que fez com que os

controles se tornassem ineficazes. Esse bloqueio foi causado pela grande tempestade de

grande extensão, muita turbulência e temperaturas baixíssimas. Infelizmente, o avião não

“captou” a grande tempestade, e somente viu a que estava na frente.

Uma turbulência não pode derrubar um avião, mas no caso do voo da Air France,

teve outras influências, que causaram a queda dele. Como o estol, devido a perda do controle

da velocidade do avião.

Felizmente, quando as aeronaves têm previsão de turbulências e chuva forte, elas

não passam perto, ou até no caso de pousos e decolagens, tem a suspensão destes. Os maiores

danos normalmente causados devido às grandes turbulências são só os ocupantes da aeronave

que estejam sem o cinto de segurança, assim como já aconteceu e sempre acontece

normalmente nos voos.

5.1 COMO DRIBLAR UMA GRANDE FORMAÇÃO DE NUVENS?

Há alguns tipos de nuvens que realmente os pilotos devem desviar, pois oferecem

riscos para todos os ocupantes da aeronave em relação a turbulências severas, e como também

o desconforto causado pelos movimentos bruscos da aeronave dentro de uma área de grande

movimento de ventos.

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Figura 23 - tipos de nuvens

Fonte: flight diary

A turbulência é uma agitação e uma grande desordem. Basicamente, a turbulência é

quando se existe uma grande mudança na temperatura, velocidade e na pressão do ar.

Mudanças na pressão do ar ocorrem a todo o momento durante todo o dia, e quando são

previsíveis, o comandante pode ajustar a potência dos motores e posição dos flaps. Quando

acontece uma mudança na velocidade do ar, em consequência, a sustentação também varia,

pois afinal, o avião depende do ar para se manter voando. (ANAC, 2014).

Ocorrem muitos casos de turbulências e que deixam muitos feridos a bordo,

inclusive tripulantes, que no momento da turbulência estavam nas suas funções, ou quando

uma turbulência de céu claro acontece, ou até mesmo aqueles passageiros que não usam o

cinto de segurança durante todo o voo. (ANAC, 2014).

Mas há nuvens que chamam a atenção pelo seu tamanho e extensão, e estas na

maioria das vezes são as nuvens de chuva, e elas têm muita variação de pressão. O ar fica

soprando para todos os lados, com intensidade e com isso a turbulência é inevitável. De

acordo com a explicação do professor Fernando Catalano, do curso de Engenharia

Aeronáutica da USP. (USP, 2016).

Esse tipo de turbulência é mais fácil de desviar, pois pode-se usar dos radares

meteorológicos para isso, e em alguns casos da visão do piloto. Mas a turbulência mais temida é a

de céu claro, pois ela chega e nenhum radar é capaz de visualizar e indicar aos pilotos.

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Figura 24 - turbulência de céu claro

Fonte: site aviation for all

Antes de se chocar com o oceano atlântico, o voo da Air France passou por uma

grande turbulência, pois estava entrando dentro de uma grande extensão de uma tempestade.

5.2 GELO: INIMIGO DAS AERONAVES

Além dos perigos da movimentação brusca anormal da aeronave, ainda temos um

outro agravante por entrar em uma formação de nuvens, o gelo. Podemos assim dizer que o

gelo é um dos maiores perigos para as aeronaves, pois as aeronaves que passam por zonas de

formação de gelo estão suscetíveis ao seu acúmulo em pontos críticos na sua superfície. Em

todos os lugares do mundo há condições da formação, mesmo nos locais mais quentes, pois de

acordo com estudos em meteorologia, quanto mais alto, mais frio fica. Mais ou menos de cada

300 metros de altitude decresce 2 graus. E a combinação de umidade no ar, a formação de

gelo nas aeronaves é inevitável. (ANAC, 2014).

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Figura 25- gelo formado na asa da aeronave

Fonte: blog hangar 33

Diversos acidentes já foram causados por acúmulo de gelo nas asas, motores e

diversos outros sistemas da aeronave. Felizmente as aeronaves são equipadas com sofisticados

sistemas anti-gelo, muitos dos quais hoje em dia atuam automaticamente, tornando cada vez

mais difícil a formação de gelo e novos problemas decorrentes disso, ajudando a forma como

os pilotos evitam o mau tempo. (ANAC, 2014).

O fator meteorológico mais importante é a presença de água em estado líquido,

pois o volume de gelo que se acumula na estrutura de uma aeronave é diretamente

proporcional ao volume de água sob a forma de gotas. Quando a água está em forma de vapor,

neve ou cristais de gelo, normalmente não ocorre aderência à estrutura da aeronave, reduzindo

bastante a probabilidade de formação de gelo. (ANAC, 2014).

A temperatura é outro fator importante. Grande dos eventos com gelo em aeronaves

ocorrem entre 0°C e -15°C. Quando a temperatura do ar externo está abaixo de -20°C, a

formação de gelo na aeronave passa a ser considerada um evento raro. Considerando-se um

gradiente padrão de perda de 2°C de temperatura do ar externo a cada 1.000ft em subida,

percebe-se que estas condições são normalmente encontradas próximo do FL200. Por esse

motivo, o evento é denominado pela comunidade aeronáutica como o freezing level ou nível

de congelamento. (ANAC, 2017).

Outro fator que também exerce influência na formação de gelo é o tamanho e a

velocidade das superfícies da aeronave. Pode-se dizer que, quanto mais espessa a superfície

de impacto, menor será a probabilidade de formação de gelo. (ANAC, 2017).

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Vale ressaltar também que componentes ou superfícies mais delgadas acumulam gelo com

mais facilidade. Por esse motivo, observa-se uma maior probabilidade de os bordos de ataque

da empenagem (deriva e estabilizadores horizontais) acumularem gelo antes do acúmulo

ocorrer nos bordos de ataque das asas. Quando acumulado na estrutura da aeronave em voo, o

peso do gelo é de aproximadamente 50 libras por pé cúbico, podendo reduzir o coeficiente

máximo de sustentação em até 30%. (ANAC, 2017).

A aviação cada vez mais está se adequando as necessidades atuais, em

consequência aos fenômenos naturais em que as aeronaves estão expostas todo dia, e os

profissionais da aviação simplesmente devem seguir o que está em manuais e boletins das

companhias aéreas de segurança.

Concluímos então, que devemos sim respeitar os fenômenos naturais, mas também

a tecnologia está cada vez mais tornando a aviação mais segura para enfrentar os fenômenos

atmosféricos.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo deste trabalho foi analisar o acidente com o voo 447 a fim de trazer

contribuições à segurança de voo. Quanto à metodologia utilizada, esta pesquisa classifica-se

como descritiva com abordagem qualitativa. Em relação à coleta de dados, trata-se de uma

pesquisa bibliográfica e documental.

O embasamento teórico foi principalmente o relatório final do acidente do voo

447 da Air France o BEA Escritório de Investigação e Prevenção da França (2013), como

também o CENIPA Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, o

DECEA Departamento de Controle do Espaço Aéreo (2012), ANAC Agência Nacional da

Aviação Civil, entre outros.

Em relação aos objetivos específicos:

a) discorrer sobre fatores humanos, consciência situacional, sistema de

gerenciamento de riscos, CRM, foi possível entender como são importantes para a prevenção

de acidentes e incidentes aeronáuticos, geralmente a maioria dos acidentes ocorrem pela falta

de um destes itens;

b) descrever as funções do tubo de pitot e relacionar ao acidente, foi estudado a

relação que teve o congelamento do tubo de pitot, e sendo a causa principal da perda de

controle da aeronave;

c) apresentar os procedimentos específicos para o gerenciamento de uma pane, e

comparar com o que foi feito pelos pilotos, constatou-se que CRM tem grande importância.

d) colaborar com o futuro da aviação, de forma consciente, mantendo sempre o

CRM presente nas operações, com foco e atenção em todos os procedimentos feitos na cabine

das aeronaves, também foi apresentado e mostrado que todo profissional da aviação deve

estar sempre em boas condições para o voo, e sempre focar na padronização imposta pelo

fabricante das aeronaves, manuais, boletins da empresa, etc

A pesquisa iniciou falando do próprio aparelho presente nas aeronaves, que foi a

causa principal do acidente e tema deste trabalho, entendendo como funciona e porque é tão

importante assim para o voo da aeronave.

Foram analisados os momentos que antecederam o ocorrido, e analisando até a

meteorologia daquela noite.

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O que temos que ter em mente é que não estamos livres de algum acontecimento

igual a este, mas devemos estar preparados a partir de treinamentos para emergências ou

qualquer pane que possa vir a acontecer.

Esta pesquisa se limitou em colher informações sobre o acidente do voo 447 da

empresa aérea Air France, tanto na parte do relatório final, quanto de manuais e outros, e pode

influenciar no que diz respeito á segurança de voo, em que todos podemos estar envolvidos.,

tendo como referência o relatório final da agência da França Bea. As limitações de pesquisa

foram em relação ao acidente do voo da empresa aérea Air France e á partir daí, as

contribuições para a segurança operacional.

Como sugestão para outras pesquisas sugere-se a leitura do Relatório final do voo

447.

Desta forma, encerro essa monografia, com uma vasta pesquisa em arquivos PDF,

artigos e pesquisa na Internet, que pode aprofundar o que aconteceu naquela data e o que hoje

a segurança de voo pode ajudar a desenvolver cada vez mais com segurança a operação da

aviação no mundo.

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