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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIA E BIOTECNOLOGIA ELISABETH HAFNER FACIN VALIDAÇÃO DE MODELOS MATEMÁTICOS APLICADOS AO CRESCIMENTO DE MICROALGAS NA FICORREMEDIAÇÃO DE DEJETOS SUÍNOS EM DIFERENTES CONDIÇÕES DE LUMINOSIDADE Videira 2015

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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA

MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIA E BIOTECNOLOGIA

ELISABETH HAFNER FACIN

VALIDAÇÃO DE MODELOS MATEMÁTICOS APLICADOS AO CRESCIMENTO

DE MICROALGAS NA FICORREMEDIAÇÃO DE DEJETOS SUÍNOS EM

DIFERENTES CONDIÇÕES DE LUMINOSIDADE

Videira

2015

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ELISABETH HAFNER FACIN

VALIDAÇÃO DE MODELOS MATEMÁTICOS APLICADOS AO CRESCIMENTO

DE MICROALGAS NA FICORREMEDIAÇÃO DE DEJETOS SUÍNOS EM

DIFERENTES CONDIÇÕES DE LUMINOSIDADE

Orientadora: Prof. Dra. Melissa Paola Mezzari

Co-orientador: Márcio Luís Busi da Silva

Área: Biotecnologia Ambiental

Linha de Pesquisa: Caracterização e Tratamento de Águas, Efluentes e Resíduos

Videira

2015

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação Mestrado Acadêmico em

Ciência e Biotecnologia da Universidade do

Oeste de Santa Catarina como requisito a

obtenção do título de Mestre em Ciência e

Biotecnologia.

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Ficha Catalográfica

Vanessa Pereira – CRB: 14/1446

F141v Facin, Elisabeth Hafner

Validação de modelos matemáticos aplicados ao crescimento de microalgas na ficorremediação de dejetos suínos em diferentes condições de luminosidade / Elisabetn Hafner Facin – 2015.

88 f. : ils. figs. tabs.

Orientadora: Profa. Dra. Melissa Paola Mezzari.

Dissertação (Mestrado em Ciência e Biotecnologia) – Programa de Pós-Graduação Mestrado Acadêmico em Ciência e Biotecnologia, Universidade do Oeste de Santa Catarina, Campus Videira – UNOESC, 2015.

Inclui índice de ilustrações e tabelas.

1. Microalgas. 2. Chlorella vulgaris. 3. Digestato Suíno. 4.

Intensidade Luminosa. I. Título. II. Autor. III Orientador.

CDD: 628.35

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ELISABETH HAFNER FACIN

VALIDAÇÃO DE MODELOS MATEMÁTICOS APLICADOS AO CRESCIMENTO DE

MICROALGAS NA FICORREMEDIAÇÃO DE DEJETOS SUÍNOS EM DIFERENTES

CONDIÇÕES DE LUMINOSIDADE

Aprovada em:

BANCA EXAMINADORA

Orientadora: Prof. Dra. Melissa Paola Mezzari

Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC

Dr. Márcio Luís Busi da Silva

Pesquisador da Embrapa Suínos e Aves – Concórdia - SC

Prof. Dra. Sabrina Pinto Salamoni

Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC

Prof. Dr. Jean Carlo Salomé dos Santos

Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC

Videira

2015

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação Mestrado Acadêmico em

Ciência e Biotecnologia da Universidade do

Oeste de Santa Catarina como requisito a

obtenção do título de Mestre em Ciência e

Biotecnologia.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à Deus, pelo dom da vida e pela existência de pessoas maravilhosas ao meu lado.

Aos meus filhos Sarah e Pedro e ao meu marido Libamar, razões da minha existência! Muito

obrigada por toda paciência nesta fase em que estive tão perto fisicamente, mas tão longe

mentalmente...

Aos meus pais Angelo e Ursula, aos meus sogros Maria e Alcides; obrigada por ajudar a

cuidar das crianças, sem vocês com certeza tudo seria mais difícil.

A minha orientadora Melissa Paola Mezzari, exemplo de profissional. Dedicada e muito

presente em todas as etapas do meu estudo. Muito crítica e ética, os políticos do país

deveriam aprender com você. Obrigada por fazer parte da minha história.

Ao meu irmão Angelo A. Hafner, pelas ótimas sugestões e auxílio com os softwares.

Ao Engenheiro Jean Michel Prandini, pela coleta dos dados experimentais e por estar sempre

pronto a ajudar.

Ao meu colega de serviço e ex-aluno o Engenheiro e Professor Kleyton Hoffmann pelo

auxílio com o Matlab.

Aos meus colegas de serviço da ACET de Joaçaba, em especial a Eduarda Frinhani, ao José

Carlos Azzolini, a Cátia e a Gislaine pela paciência, disponibilidade e pelo ombro amigo.

A colega Adrina Januário, pela companhia durante os componentes curriculares que

cursamos juntas e pela troca de ideias durante a elaboração do trabalho.

A Unoesc e a Embrapa pelos recursos cedidos ao mestrado e à pesquisa, respectivamente.

Aos meus colegas e amigos que fizeram parte desta jornada.

MUITO OBRIGADA!

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“Talvez não tenha conseguido fazer o melhor,

mas lutei para que o melhor fosse feito.

Não sou o que deveria ser,

mas Graças a Deus,

não sou o que era antes”.

(Marthin Luther King)

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RESUMO

Atualmente, as microalgas são importantes meios de remoção de poluentes como CO2 e de

nutrientes como nitrogênio e fósforo de águas residuárias de indústrias, agroindústrias e

esgotos domésticos. Elas aliam a esta capacidade de mitigação dos efeitos nocivos ao meio

ambiente à geração de biomassa com elevado valor econômico, que podem ser direcionados à

indústria alimentícia, têxtil (corantes), farmacêutica, de alimentação animal ou a produção de

biocombustíveis. O presente trabalho teve como objetivo principal estabelecer modelos

cinéticos de crescimento da Chlorella sp com base nos propostos por Pérez, Molina-Grima,

Muller-Feuga e Garcia-Malea, que trazem a influência da intensidade luminosa como

principal parâmetro das suas equações. As microalgas foram cultivadas com fotoperíodo de

12 horas em fotobiorreator de vidro à temperatura média de 23ºC e tendo como meio de

cultura o digestato suíno diluído. O crescimento das microalgas foi comparado em sistemas

iluminados com lâmpadas LED vermelhas e Fluorescentes. Considerando as médias de

crescimento e de remoção de nutrientes desenvolvidas entre estes dois ciclos durante as 96

horas de experimento, verificou-se que o sistema de iluminação de LED influenciou

positivamente no crescimento das microalgas. A iluminação LED vermelha promoveu uma

maior produção de biomassa de microalgas e, consequentemente, uma maior remoção de

amônia (N-NH3+); 45% de remoção frente a 37% da FLU. Com relação à remoção de fosfato

(P-PO4-3) o resultado final ficou muito similar; 85% para LED e 83% para FLU. Entretanto a

remoção de 77% do fósforo foi atingida em 40 h de experimento para a iluminação LED,

enquanto a FLU só atingiu este limite com 63 h de experimento. Também foram estabelecidas

equações de regressão envolvendo o consumo de nutrientes em função do tempo e o aumento

da concentração de clorofila a em função de dois parâmetros: tempo e iluminância.

Palavras-chave: Modelagem matemática. Chlorella vulgaris. Digestato suíno. Intensidade

luminosa. LED.

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ABSTRACT

Currently, microalgae are important means of removing pollutants such as CO2 and nutrients

such as nitrogen and phosphorus from wastewater industries, agro-industries and domestic

sewage. They combine this mitigation capacity of the harmful effects on the environment to

the generation of biomass with high economic value, which can be directed to the food

industry, textile (dyes), pharmaceuticals, animal feed or biofuels. This study aimed to

establish kinetic models of growth of Chlorella sp. based on the proposed models by Pérez

Molina-Grima, Muller-Feuga and Garcia-Malea, bringing the influence of light intensity as

the main parameter of their equations. Microalgae were grown in a photoperiod of 12 hours in

a glass photobioreactor at room temperature (23ºC) fed with diluted swine digestate.

Microalgae growth was compared in systems with red LED and fluorescent lamps.

Considering the average growth and nutrient removal over the 96 hour experiment, it was

found that the LED lighting system positively influenced microalgae growth. Red LED

lighting promoted increased biomass production of microalgae and consequently, greater

ammonia removal (N-NH3+); 45% removal against 37% at FLU conditions. Regarding

phosphate (P-PO4-3) removal, the final result was very similar; 85% and 83% for LED and

FLU, respectively. However, the removal of 77% of the phosphorus was achieved within 40

hours of experiment for LED lighting, against 63 h for FLU. Also, regression equations were

established for the consumption of nutrients as a function of time and chlorophyll a

concentration as a function of time and illuminance.

Keywords: Mathematical modeling. Chlorella vulgaris. Swine digestion. Light intensity.

LED.

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LISTA DE ABREVIATURAS

A e B - Fatores de frequência (h-1)

ATP - Adenosina trifosfato

C - Concentração de biomassa (g L−1)

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente

DBO - Demanda Bioquímica de Oxigênio

DQO - Demanda Química de Oxigênio

Ea - Energia de ativação do crescimento (mol L-1)

Eb - Energia de ativação da degradação celular (mol L-1)

FBR - Fotobiorreator

FLU - Fluorescente.

GEE - Gás de Efeito Estufa

GRG - Gradiente Reduzido Generalizado

I - Intensidade de luz média na cultura (Lux)

Io - Intensidade luminosa (Lux)

K - Parâmetro da equação

K1 e K2 - Constantes cinéticas (mol L-1)

Ks - Constante de meia saturação

L - Comprimento do caminho óptico (cm)

LED - Diodo emissor de luz.

Lux - Iluminância (lm m-2)

NADPH - Nicotinamida adenina dinucleotídio fosfato reduzido

PSI - Fotossistema I

PSII - Fotossistema II

R - Constante universal dos gases (kcal mol-1)

S - Concentração de substrato limitante

T - Temperatura (K)

t - Tempo de duração (d)

t - Tempo final do processo (d)

to - Tempo inicial do processo (d)

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UASB - Reator anaeróbico de manta de lodo (Upflow Anaerobic Sludge

Blanket)

X - Concentração celular final (g)

X0 - Concentração celular inicial (g)

t - Variação do tempo (h)

ak - Coeficiente de extinção (litro g-1 cm-1)

][ H - Concentração de prótons (mol.L-1)

𝑋1 - Intensidade de luz ( 12)( smfótonsmol )

𝑋2 - Temperatura (ºC)

𝑏𝑜 - Variável independente

𝛼

𝐾 - Rendimento no período sem luz

𝜇𝑚 - Velocidade máxima de crescimento (h-1)

S - Concentração final de substrato (N ou P) (mg L-1)

0S - Concentração inicial de substrato (N ou P) (mg L-1)

PXY - Fator de conversão de fósforo em célula (mg X mg N)

NXY - Fator de conversão de nitrogênio em célula (mg X mg N)

- Taxa ou velocidade específica de crescimento (h-1)

max - Velocidade máxima de crescimento (h-1)

𝛽 - Máximo rendimento possível na presença de luz de elevada

intensidade

sr - Velocidade de consumo de substrato (mg d-1)

Ps - Velocidade de consumo do substrato de fosfóro (d-1)

Ns - Velocidade de consumo do substrato de nitrogênio (d-1)

s - Velocidade específica de consumo de substrato por microalga (d-1)

x - Velocidade específica de crescimento (d-1)

Iav - Intensidade luminosa média calculada (Lux)

n - parâmetro da equação, sem significado físico (adimensional)

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Reator de sistema aberto (tipo Raceway) .................................................................. 22

Figura 2: Reator de sistema fechado (tipo placas) .................................................................... 23

Figura 3: Fotobiorreator contínuo em sistema fechado ............................................................ 24

Figura 4: Fotobiorreator de batelada em sistema fechado ........................................................ 25

Figura 5: Fotobiorreator de batelada em sistema aberto........................................................... 25

Figura 6: Formatos dos fotobiorreatores. ................................................................................. 26

Figura 7: Coeficientes específicos de absorção (m²mg-1) de pigmentos primários de clorofila

a, b e c; carotenóides fotossintéticos (PSC) e fotoprotetores (PPC) na faixa espectral

de 400 a 750 nm. ...................................................................................................... 30

Figura 8: Ordem de crescimento de biomassa da microalga S. obliquos em função da cor da

lâmpada LED. .......................................................................................................... 32

Figura 9: Representação esquemática do crescimento de microalgas em um cultivo de

batelada. ................................................................................................................... 34

Figura 10: Gráfico de superfície da máxima concentração celular (Xm) em função da

intensidade luminosa (X1) e da temperatura (X2) ..................................................... 39

Figura 11: Microalga Chlorella Vulgaris aumentada 1000 vezes. ........................................... 44

Figura 12: Representação esquemática dos fotobiorreatores utilizados no experimento. ........ 45

Figura 13: Pontos de medição da iluminância dentro do FBR para determinação do Iav. ........ 46

Figura 14: Fotobiorreatores durante a fase clara FBR LED (esquerda), FBR FLU (direita) ... 46

Figura 15: Curva de calibração para determinação da massa seca para o FBR LED (massa

seca versus densidade ótica) .................................................................................... 48

Figura 16: Curva de calibração para determinação da massa seca para o FBR FLU (massa

seca versus densidade ótica) .................................................................................... 48

Figura 17: Modelo de representação dos intervalos da intensidade luminosa em função da taxa

de crescimento da microalga. ................................................................................... 54

Figura 18: Gráfico normal de probabilidades por tratamento. ................................................. 56

Figura 19: Box plot para os fotobiorreatores LED e FLU ........................................................ 58

Figura 20: Resumo dos dados do alisamento para FLU e LED: (A) Intensidade luminosa

média (Iav) versus tempo; (B) Concentração de clorofila a versus tempo ; (C)

Velocidade específica de crescimento de clorofila a versus tempo. ........................ 61

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Figura 21: Curvas de representação dos quatro modelos propostos e dos dados experimentais

(LED). ...................................................................................................................... 65

Figura 22: Curvas de representação dos quatro modelos propostos e dos dados experimentais

(FLU). ...................................................................................................................... 66

Figura 23: Gráfico comparativo entre as equações elaboradas com o modelo de García-Malea

e Muller Feuga para as iluminações FLU (à esquerda) e LED (à direita). .............. 68

Figura 24: Representação gráfica da expressão de Molina-Grima para iluminação FLU (à

esquerda) e LED (à direita). ..................................................................................... 69

Figura 25: Relação entre a intensidade luminosa média (Iav) versus a taxa de fotossíntese em

termos da taxa de crescimento de clorofila a para o FBR FLU, com indicação dos

limites da intensidade luminosa. .............................................................................. 70

Figura 26: Relação entre a intensidade luminosa média (Iav) versus a taxa de fotossíntese em

termos da taxa de crescimento de clorofila a para o FBR LED, com indicação dos

limites da intensidade luminosa. .............................................................................. 70

Figura 27: Decaimento da concentração fósforo em função do tempo. ................................... 72

Figura 28: Taxa de conversão de P-PO4 em biomassa para os fotobiorreatores LED e FLU. . 73

Figura 29: Decaimento da concentração de amônia em função do tempo para os

fotobiorreatores LED e FLU. ................................................................................... 73

Figura 30: Taxa de conversão de N-NH3 em biomassa para iluminação LED e FLU. ............ 74

Figura 31: Aumento da concentração de biomassa seca em função do tempo para iluminação

FLU e LED. ............................................................................................................. 76

Figura 32:Aumento da concentração de clorofila a em função do tempo para iluminação FLU

e LED. ...................................................................................................................... 77

Figura 33: Conc. de clorofila a em função do tempo e da intensidade luminosa (FLU). ........ 77

Figura 34: Conc. de clorofila a em função do tempo e da intensidade luminosa (LED). ........ 78

Figura 35: Organograma de auxílio na decisão entre a escolha da iluminação LED e FLU para

o desenvolvimento de microalgas em fotobiorreatores............................................ 79

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Comparação de algumas fontes de produção de biodiesel ...................................... 21

Tabela 2: Produção de biomassa (mg L-1 dia-1) das microalgas S. oblíquos CNW-N e FSP-3

para quatro condições de cor de LED diferentes. .................................................... 32

Tabela 3: Dados experimentais da variação de clorofila a e da intensidade luminosa média

com relação ao tempo. ............................................................................................. 55

Tabela 4: Teste t ....................................................................................................................... 56

Tabela 5: Dados FBR FLU após alisamento e cálculo da taxa de crescimento do teor de

clorofila a. ................................................................................................................ 59

Tabela 6: Dados FBR LED após alisamento e cálculo da taxa de crescimento do teor de

clorofila a. ................................................................................................................ 60

Tabela 7: Parâmetros dos modelos matemáticos obtidos graficamente e através do método

GRG não linear. ....................................................................................................... 63

Tabela 8: Representação dos modelos matemáticos propostos. ............................................... 64

Tabela 9: Erros quadráticos médios. ........................................................................................ 67

Tabela 10: Intervalos aproximados das intensidades luminosas ótima, de saturação e de

inibição da luz para os FBRs FLU e LED. .............................................................. 71

Tabela 11: Remoção de amônia e fósforo (%) para as iluminações LED e FLU ..................... 75

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 14

2 OBJETIVOS ............................................................................................................. 16

2.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................................. 16

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................... 16

3 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................... 17

3.1 ATIVIDADE SUINÍCULA E SEUS RESÍDUOS ..................................................... 17

3.2 ALTERNATIVAS PARA A REMOÇÃO DOS NUTRIENTES .............................. 18

3.3 MICROALGAS.......................................................................................................... 19

3.3.1 Alimentação e Biotecnologia.................................................................................... 19

3.3.2 Ficorremediação ....................................................................................................... 20

3.3.3 Microalgas na produção de biodiesel..................................................................... 21

3.4 CULTIVO DE MICROALGAS ................................................................................. 22

3.4.1 Fotobiorreatores (FBR) ........................................................................................... 26

3.5 FONTES DE LUMINOSIDADE PARA O CRESCIMENTO DAS MICROALGAS28

3.5.1 Fotossíntese ............................................................................................................... 28

3.5.2 Iluminação ................................................................................................................. 30

3.6 CINÉTICA DE CRESCIMENTO DE MICROORGANISMOS EM GERAL....... 33

3.7 CINÉTICA DA REMOÇÃO DE NUTRIENTES...................................................... 36

3.7.1 Remoção de Nitrogênio e Fósforo ........................................................................... 36

3.7.2 Fator de conversão de Nitrogênio e Fósforo em células........................................ 37

3.8 MODELOS MATEMÁTICOS CORRELATOS ....................................................... 38

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .......................................................... 43

4.1 OBTENÇÃO DO EFLUENTE .................................................................................. 43

4.2 OBTENÇÃO DE INÓCULO ..................................................................................... 44

4.3 PARÂMETROS DO CULTIVO NO FOTOBIORREATOR .................................... 44

4.4 DETERMINAÇÕES ANALÍTICAS ......................................................................... 47

4.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS EXPERIMENTAIS ................................ 49

4.6 CÁLCULOS QUE ANTECEDERAM À MODELAGEM MATEMÁTICA ........... 49

4.7 MODELAGEM MATEMÁTICA .............................................................................. 51

4.7.1 Modelo matemático, parâmetro do modelo e o método GRG não linear. .......... 52

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4.7.2 Determinação das intensidades luminosas limites ................................................. 53

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 55

5.1 RESULTADOS EXPERIMENTAIS DO TEOR DE CLOROFILA a E DA

INTENSIDADE LUMINOSA ................................................................................... 55

5.1.1 Análise Estatística dos dados Experimentais ......................................................... 55

5.2 TRATAMENTO DOS DADOS QUE ANTECEDEM À MODELAGEM ............... 58

5.3 MODELOS ................................................................................................................. 63

5.3.1 Determinação das intensidades luminosas limites através do modelo obtido pela

expressão de Muller-Feuga. ..................................................................................... 67

5.4 LED VERSUS FLU: REMOÇÃO DE NUTRIENTES ............................................. 72

5.5 LED VERSUS FLU: CRESCIMENTO CELULAR ................................................. 76

6 CONCLUSÕES ........................................................................................................ 80

7 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 82

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1 INTRODUÇÃO

O atual cenário mundial de escassez de água (RIJSBERMAN, 2006) tem relação

direta com os inúmeros anos de agressão desenfreada ao meio ambiente, em função do

desenvolvimento da economia global. O grande crescimento da população mundial gerou

fortes pressões sobre os setores industrial e agropecuário, forçando-os a produzirem cada vez

mais para atender à crescente demanda. As agroindústrias contribuem muito para o

agravamento dos impactos ambientais, visto que a atividade suinícola tem causado grande

ônus a este setor.

Os resíduos gerados pela suinocultura possuem grande potencial poluidor, pois

apresentam altas cargas de nutrientes, carga orgânica, sedimentos, patógenos, metais pesados

(cobre e zinco) e DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio) (KUNZ; HIGARASHI;

OLIVEIRA, 2005). Adicionalmente, a disposição inadequada dos resíduos causa a

contaminação dos aquíferos e gera problemas de odor (WU et al., 2015). Os principais

responsáveis pela degradação dos ambientes aquáticos de superfície são o fósforo, o

nitrogênio e a elevada DBO. O fósforo causa a eutrofização das águas e a DBO gera uma

redução do oxigênio dissolvido disponível, afetando a biodiversidade aquática

(MULKERRINS; DOBSON; COLLERAN, 2004). O nitrogênio oferece um risco maior em

função do processo de lixiviação do solo, contaminando águas subterrâneas (KRAPAC et al.,

2002).

Objetivando a remoção destes contaminantes, o tratamento de águas residuais da

suinocultura é composto de 3 etapas. O sistema primário é configurado para remover

materiais sólidos e sedimentáveis. O secundário irá efetuar a remoção da matéria orgânica

através de processos biológicos e/ou químicos e o terciário a remoção de nitrogênio (N) e

fósforo (P) do efluente (VON SPERLING, 2005).

Desta forma o setor necessita de tecnologias de baixo custo e que promovam a

remoção não só da matéria orgânica, mas também dos nutrientes como nitrogênio e fósforo.

Neste viés, surge o potencial das microalgas, que possuem a capacidade simultânea de

ficorremediação (MEZZARI et al., 2013) e geração de atividade econômica através da

biomassa gerada por estes micro-organismos.

A ficorremediação é um processo de biotransformação realizado pelas microalgas

em águas residuárias provenientes de efluentes industriais, agroindustriais ou esgotos

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domésticos (OLGUÍN, 2003; HANUMANTHA RAO et al., 2011). Através do processo de

fotossíntese, as microalgas vão efetuar a conversão de nutrientes como o nitrogênio e o

fósforo, bem como o gás carbônico (CO2) que é um dos principais gases geradores do efeito

estufa (GEE), em biomassa. Esta biomassa, dependendo das características da microalga de

origem, poderá ser utilizada para alimentação humana, alimentação animal, produção de

biocombustíveis, na indústria farmacêutica e na têxtil (corantes).

Uma vez que os processos fotossintéticos são dependentes da luz, o estudo das

variáveis que os afetam, como intensidade luminosa e seu comprimento de onda, são de

fundamental importância.

Dentre as diversas fontes luminosas existentes, uma merece destaque devido as

suas características: os diodos emissores de luz (LED’s). Estes são muito utilizados por

diversos autores, em função de possuírem espectros estreitos de emissão, baixo consumo de

energia e de emissão de calor, e alta eficiência de conversão de energia elétrica em energia

luminosa (KATSUDA et al., 2004; YAN; ZHENG, 2014; YAN; LUO; ZHENG, 2013).

Existem LED’s de diversas cores; contudo estudos apontam que o fotossistema II de

microalgas pode ser reforçado por uma luz de comprimento de onda vermelho (YOU;

BARNETT, 2004; PIERRE et al., 2008).

Desta forma nota-se a necessidade de estudos que aumentem a compreensão do

desenvolvimento das microalgas no que tange o seu crescimento, mas principalmente, a

remoção de nutrientes relacionados indiretamente com a intensidade luminosa. Assim, esta

dissertação de mestrado teve como objetivo estabelecer modelos cinéticos de crescimento

com a utilização de modelos propostos por Bitaubé Pérez, Molina Grima, Muler-Feuga e

García-Malea, que representassem o crescimento da Chlorella sp. em fotobiorreatores

alimentados com efluentes de uma estação de tratamentos de dejetos suínos (saída do UASB)

para duas situações distintas de iluminação; fluorescente e LED vermelha. Os resultados

obtidos serão utilizados para auxiliar no dimensionamento de fotobiorreatores iluminados

com lâmpadas LED em escala piloto e/ ou em sistemas de tratamento terciários.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Modelar matematicamente a cinética de crescimento da Chlorella sp. em

fotobiorreatores alimentados com efluentes de uma estação de tratamentos de dejetos suínos

(saída do UASB) utilizando modelos já existentes na literatura para duas situações distintas de

iluminação; fluorescente e LED vermelha.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Estabelecer modelos cinéticos de crescimento de microalgas com a utilização de

modelos propostos na literatura relacionando a influência da intensidade luminosa e

o comprimento de onda.

Comparar os resultados do modelo de crescimento com os dados experimentais de

fotobiorreatores com iluminação fornecida por lâmpadas LED (263,25 μmol m-2 s-1

) e lâmpadas fluorescentes (45,2 μmol m-2 s-1 ).

Estabelecer os intervalos de intensidade luminosa que envolvem a luz limitada, a

saturação de luz e a fotoinibição, para a ambos os fotobiorreatores

Avaliar a eficiência de remoção de nutrientes e a incorporação destes no

crescimento das microalgas.

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3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 ATIVIDADE SUINÍCULA E SEUS RESÍDUOS

A atividade suinícola brasileira concentra-se principalmente nos estados do Sul –

Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (CORRÊA et al., 2008). A poluição causada

pelos dejetos da suinocultura é uma das principais fontes poluidoras existentes nesta região

devido à produção de uma diversidade de gases tóxicos, poluentes ou odorosos e a geração de

grandes volumes de resíduos líquidos e sólidos (KUNZ; HIGARASHI; OLIVEIRA, 2005).

Estes poluentes, quando inadequadamente manejados, podem causar grandes

impactos aos recursos hídricos e solos. O nitrogênio apresenta grande potencial de

contaminação dos lençóis de água subterrâneos, através do processo de lixiviação (ANAMI et

al., 2008).

O íon fosfato apresenta baixo potencial de contaminação das águas subterrâneas

em função da sua alta reatividade (ANAMI et al., 2008), mas pode causar eutrofização em

águas de superfície com consequente morte celular e decadência microbiana. O processo de

eutrofização ainda pode estimular o crescimento e a multiplicação de algas e de outros

vegetais aquáticos e, desta forma, propiciar a formação de toxinas, morte de peixes, efeitos

nocivos à saúde humana, diminuição da concentração de oxigênio dissolvido, dificultando a

autodepuração do corpo receptor.

As resoluções do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente), fixam

valores máximos da concentração de nutrientes para o lançamento nos corpos receptores.

Para os efluentes de uma forma geral (tanto os industriais como os da agroindústria), o nível

de nitrogênio amoniacal não pode superar 20 mg L-1, segundo a resolução 430/2011. A

mesma resolução, assim como as anteriores 357/2005 e 397/2008, não estabelecem limite

deste nutriente para o esgoto doméstico. Para o fósforo ainda não existe limite de lançamento

para nenhum dos tipos de esgotos citados.

Os sistemas de tratamento de dejetos exigidos pela atual legislação ambiental

(esterqueiras e lagoas), nem sempre são garantia de eliminar o impacto ambiental causado

pela suinocultura (CORRÊA et al., 2008). Entretanto, os sistemas de cultivo de algas são uma

alternativa para o controle da poluição e da produção de biomassa por reciclagem dos

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nutrientes disponíveis nas águas residuárias da suinocultura (HU et al., 2012; CHEUNG;

WONG, 1981; CAI; PARK; LI, 2013).

3.2 ALTERNATIVAS PARA A REMOÇÃO DOS NUTRIENTES

O cultivo de microalgas pode ser considerado uma solução sustentável para fins

de mitigação de gases de efeito estufa, bem como a ficorremediação de águas residuárias ricas

em nutrientes, como é o caso das águas provenientes de práticas suinícolas (WANG et al.,

2015). Esta prática de cultivo não é recente e está se tornando mais freqüente devido aos

resultados econômicos diretos e a sustentabilidade do agronegócio (MEZZARI et al., 2013).

O processo de tratamento de águas residuárias da suinocultura normalmente é

dividido em três etapas. O sistema primário de tratamento tem por objetivo a remoção de

materiais sólidos e sedimentáveis. O processo secundário é responsável pela remoção da

matéria orgânica através de processos biológicos e/ou químicos. E como os dois processos

anteriores possuem baixa eficiência na remoção do nitrogênio e do fósforo, é necessário um

terceiro sistema de tratamento para a remoção destes dois poluentes do efluente, além de

carbonatos e amônio (VON SPERLING, 2005).

Na década de 70 os projetos de tratamento de águas, com a utilização de

microalgas na fase terciária, começaram a ser difundidos. O efluente servia como fonte de

nutrientes e através da fotossíntese as microalgas efetuavam a conversão dos mesmos em

biomassa útil (DE LA NOUE; DE PAUW, 1988).

As microalgas podem assimilar poluentes orgânicos em componentes celulares

como lipídios e carboidratos, com aplicações comerciais, sem gerar subprodutos danosos ao

meio ambiente. Elas ainda podem auxiliar na redução de bactérias presentes, redução de DBO

e da DQO (Demanda Química de Oxigênio) e metais pesados (ABDEL-RAOUF; AL-

HOMAIDAN; IBRAHEEM, 2012).

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3.3 MICROALGAS

As microalgas são micro-organismos unicelulares e fotossintetizantes (BORGES-

CAMPOS; BARBARINO; LOURENÇO, 2010), onipresentes em sistemas aquáticos,

envolvendo enorme diversidade de formas e funções ecológicas. Para o seu desenvolvimento

necessitam de poucos nutrientes; como luz, açúcares, CO2, N, P, e K e podem produzir

lipídios, proteínas e carboidratos em grandes quantidades, durante curtos períodos de tempo

(BRENNAN; OWENDE, 2010).

O cultivo das microalgas pode ser realizado com águas marinhas, de estuários ou

ainda com águas provenientes de diversos processos de produção como agropecuária,

indústria, dejetos domésticos, entre outros. O ciclo de vida de microalgas se completa em

poucas horas, favorecendo a seleção das cepas e o melhoramento genético das espécies

(DERNER et al., 2006).

A cultura comercial de microalgas conta com alguns gêneros principais como

Chlorella e Spirulina para utilização na alimentação, Dunaliella salina para β-caroteno e

Haematococcus pluvialis para astaxantina (BOROWITZKA, 1999).

3.3.1 Alimentação e Biotecnologia

As microalgas, em função de sua biodiversidade, apresentam uma grande

variabilidade na composição química de sua biomassa. Esta diversidade, quando

acompanhada do emprego de melhoramento genético e do estabelecimento de tecnologia de

cultivo em grande escala, permite que determinadas espécies sejam comercialmente utilizadas

(DERNER et al., 2006). Nesse sentido, cultivos de microalgas têm sido realizados visando à

produção de biomassa tanto para uso na elaboração de alimentos quanto para a obtenção de

compostos naturais com elevado valor no mercado mundial. Dentre os inúmeros compostos

extraídos, podem ser relacionados ácidos graxos poli-insaturados, carotenóides, ficobilinas,

polissacarídeos, vitaminas, esteróis e diversos compostos bioativos naturais como

antioxidantes e redutores do colesterol. Tais compostos podem ser empregados no

desenvolvimento de alimentos funcionais, em função de suas propriedades nutricionais e

farmacêuticas (DERNER et al., 2006; MULITERNO et al., 2005).

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As microalgas são uma fonte promissora de proteínas, lipídios e carboidratos para

alimentação humana e animal (VANTHOOR-KOOPMANS et al., 2013). Com o atual cenário

mundial de escassez de alimentos, existe espaço para óleos de microalgas em substituição ou

em complementação aos óleos vegetais tradicionais, possivelmente trazendo diversos

benefícios à saúde humana. No entanto, antes dos compostos das microalgas tornarem-se

verdadeiramente sustentáveis, são necessários grandes avanços na tecnologia de produção, em

biorefinarias e na comprovação sobre a segurança alimentar (DRAAISMA et al., 2013).

3.3.2 Ficorremediação

A ficorremediação é definida como a utilização de algas para remoção ou

biotransformação de poluentes das águas residuais (HANUMANTHA RAO et al., 2011)

oriundas da criação de animais e que apresentam elevada carga orgânica (OLGUÍN, 2003),

bem como no tratamento de esgotos urbanos e efluentes agroindustriais. A demanda por

tratamentos eficientes e de baixo custo neste setor é grande, considerando que as massas de

água superficiais e subterrâneas em várias regiões do mundo estão sofrendo eutrofização

(OLGUÍN, 2003).

Algas verdes unicelulares, tais como Chlorella sp. e Scenedesmus sp. têm sido

amplamente utilizadas no tratamento de águas residuais, pois muitas vezes elas colonizam as

lagoas naturalmente. Estes micro-organismos possuem alta capacidade de remoção de

nutrientes e têm taxas de crescimento rápido (HANUMANTHA RAO et al., 2011), o que

controla direta e indiretamente a remoção de nitrogênio e fósforo (OLGUÍN, 2003). As

microalgas utilizam o CO2 da atmosfera como fonte de carbono, não sendo geralmente

necessária a adição extra desta substância, pois podem crescer fotoautotroficamente

(HANUMANTHA RAO et al., 2011).

As microalgas assimilam uma quantidade significativa de nutrientes porque

requerem grandes quantidades de nitrogênio e fósforo para a síntese de proteínas (45-60% de

peso seco de microalgas), ácidos nucleicos e fosfolipídeos. Oferecem um tratamento eficiente

e de baixo custo, quando comparadas aos métodos físico-químicos convencionais, na remoção

de nutrientes e outros contaminantes. São normalmente utilizadas na fase terciária do

tratamento de águas residuárias, produzindo biomassa potencialmente valiosa, devido a sua

alta capacidade de absorção de nutrientes inorgânicos (HANUMANTHA RAO et al., 2011).

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3.3.3 Microalgas na produção de biodiesel

A produção de biocombustíveis através da utilização de microalgas, representa

maior sustentabilidade ambiental e viabilidade econômica quando comparado com as

matérias-primas da primeira geração (cana-de-açúcar, beterraba, milho, colza), por apresentar

maiores taxas de crescimento e teor de lipídios mais elevados, aumentando o rendimento de

bio-óleo (CONCAS et al., 2012). Conforme a tabela 1 percebe-se ainda que a demanda por

área útil necessária ao cultivo das microalgas é consideravelmente inferior à outras culturas;

comprovando um rendimento superior.

Tabela 1: Comparação de algumas fontes de produção de biodiesel

Cultura Rendimento de óleo (L.ha-1)

Microalgaa 136 900

Microalgab 58 700

Óleo de palma 5950

Jatropha (pinhão manso) 1892

Canola 1190

Soja 446

Milho 172

a70% (m / m) de rendimento de óleo na biomassa; b30% (m / m) de rendimento de óleo na biomassa.

Fonte: Adaptado de (LUQUE et al., 2008)

Através da tabela 1 percebe-se que a cultura de microalgaa possui um rendimento

de óleo praticamente 796 vezes maior que a cultura de milho, por hectare plantado. As

microalgas, assim como as oleaginosas, utilizam a luz solar para produzir óleo, mas fazem

isto de forma mais eficiente.

As matérias primas utilizadas para produção de biocombustíveis, derivadas de

culturas terrestres (ex.: cana-de-açúcar e milho), têm pressionado o mercado de alimentos,

pois aumentam a escassez da água e o processo de desmatamento das florestas (BRENNAN;

OWENDE, 2010). Com a utilização de microalgas para produção de biodiesel, a produção de

alimentos, forragens e outros produtos, não serão comprometidos; pois além de necessitar de

menores extensões de área; também não demandam terra de qualidade, diminuindo assim a

exploração de terras aráveis. Desta forma, as microalgas são uma fonte de biodiesel mais

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viável, que tem o potencial para substituir o diesel fóssil; pois são ricas em gordura (podem

ultrapassar 80% sobre o peso de massa seca) e a produção da biomassa dobra a cada 24h

(CHISTI, 2008).

3.4 CULTIVO DE MICROALGAS

O cultivo das microalgas pode ser realizado em dois tipos de reatores: abertos ou

fechados. A figura 1 representada abaixo representa um reator aberto; já a figura 2,

representada na sequência, é correspondente a um exemplo de reator fechado.

Figura 1: Reator de sistema aberto (tipo Raceway)

Fonte: Marcus Rohrer, 2010.

Disponível em: <http://www.oilgae.com/club/users/tomcatino/blogs/page/100 >

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Figura 2: Reator de sistema fechado (tipo placas)

Fonte: <Disponível em: http://www.nopatio.com.br/tag/energia-limpa/page/2/>

As três formas principais de cultivo das microalgas são lagoas de crescimento,

raceway ponds (figura 1) e fotobiorreatores.

As lagoas de crescimento são formas naturais de criação de microalgas que

exigem grandes áreas de cultivo e são dependentes da incidência natural de raios solares, que

é variável a cada estação do ano e também da região geográfica onde se situam. Apresentam

uma mistura gás-líquido deficitária, ausência de controle da temperatura, elevado risco de

contaminação e baixa densidade final de microalgas. Entretanto, este tipo de sistema,

apresenta fácil operação e boa produtividade para algumas espécies (JORQUERA et al.,

2010; RICHMOND, 2004).

As do tipo “Raceway” são lagoas de fluxo contínuo agitadas por pás, o qual

facilita a mistura ar-água, aumentando a oxigenação do sistema. Estas lagoas são rasas (entre

10 e 50 cm de profundidade), para permitir a iluminação adequada (JORQUERA et al., 2010).

O meio de cultura é diretamente exposto à atmosfera, permitindo que o líquido evapore com

facilidade, auxiliando no processo de controle térmico. Esses sistemas são tipicamente usados

em escala comercial para a cultura de microalgas e cianobactérias, tais como Arthrospira

platensis, Dunaliella salina, Anabaena sp., Phaeodactylum tricornotum, Pleurochrysis

carterae, Chlorella sp. e Nannochloropsis (JORQUERA et al., 2010; JIMENEZ, 2003).

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A terceira técnica é o uso de fotobiorreator, que pode ser definido como um reator

em que ocorre o processamento de reações bioquímicas na presença de luz e que apresentam

características eminentemente operacionais para produções em larga escala. Neste tipo de

equipamento os cultivos normalmente são realizados em sistemas fechados, em painéis de

forma achatada ou em serpentinas, espirais ou cilindros, podendo ser construídos com

diferentes materiais como plástico, vidro ou policarbonato (DERNER et al., 2006), facilitando

a passagem de luz para a cultura. Nestas condições, é possível controlar condições como

quantidade de nutrientes, temperatura, iluminação, pH, otimizando o processo produtivo com

elevadas taxas de produção de biomassa e gerando um produto com maior pureza

(REDAELLI; MARCILIO; RECH, 2010).

As figuras (3), (4) e (5) apresentam imagens de fotobiorreatores fechados e

abertos, de fluxo contínuo e de batelada.

Figura 3: Fotobiorreator contínuo em sistema fechado

Disponível em: http://www.hielscher.com/pt/algae_reactor_cleaning_01.htm

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Figura 4: Fotobiorreator de batelada em sistema fechado

Disponível em: < http://arqbrasil.net/arqmercado/2013/07/25/pesquisa-utiliza-microalgas/>

Figura 5: Fotobiorreator de batelada em sistema aberto

Fonte: Prandini, 2013. (PRANDINI, 2013)

As microalgas podem ser cultivadas em diversos sistemas de produção com

capacidade variando de poucos litros até bilhões, com mecanismos pouco sofisticados

(tanques abertos sob condições naturais de iluminação e temperatura, e com baixo ou nenhum

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controle de parâmetros), até os mais sofisticados, como é o caso de fotobiorreatores

(BOROWITZKA, 1999) .

Os tanques utilizados no cultivo de microalgas podem possuir os seguintes

formatos: circular, retangular ou cilíndrico de tal modo que a configuração assegure

movimentação conveniente ao cultivo, melhor aproveitamento de espaço e da radiação

luminosa (LOURENÇO, 2006). A superfície interna dos tanques não pode ser rugosa a fim de

evitar danos por atrito das células às paredes e ainda para permitir maior reflexão da luz

(LOURENÇO, 2006; BOROWITZKA, 1999).

3.4.1 Fotobiorreatores (FBR)

Um fotobiorreator típico é um sistema constituído de três fases: a líquida que

representa o meio de cultura; a sólida, composta pelas células e a gasosa. Por vezes a luz, é

denominada de quarta fase (POSTEN, 2009).

Atualmente existe uma variedade de fotobiorreatoes para as mais diversas

aplicações. Placa plana, coluna de bolhas e tubular (POSTEN, 2009; XU et al., 2009), são

algumas das principais configurações. Ainda podem ser utilizadas configurações air-lift e

projetos modificados dos três modelos citados anteriormente, como o reator de coluna de

bolhas anular e o reator de placa em forma de domo (POSTEN, 2009).

Figura 6: Formatos dos fotobiorreatores.

A – Reator de placa plana; B – Reator anular; C – Reator tubular.

FONTE: (POSTEN, 2009)

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Os reatores de placas planas (figura 6 – A) são os que apresentam o design mais

robusto. Simplificadamente são compostos de duas folhas, coladas uma frente à outra, a fim

de obter o reator com comprimento de percurso de luz compreendido na faixa de alguns

milímetros até 7 cm (POSTEN, 2009). Neste modelo de reator a mistura e abastecimento de

gás carbônico é realizada por aspersão com ar enriquecido com CO2.

Colunas de bolhas são frequentemente utilizadas em escala de laboratório, para

experimentos que requerem grande volume, onde o diâmetro do reator poderá superar 20 cm.

Quando o diâmetro da coluna é elevado ocorre geração de uma zona escura no centro do

reator, prejudicando a produtividade das microalgas. Para sanar este problema, pode ser

instalado uma coluna anular (Figura 6 – B). Esta superfície interna pode não contribuir muito

para a radiação global, mas para aplicações interiores ou períodos de escuridão, o reator pode

ser equipado com lâmpadas adicionais, minimizando os problemas citados anteriormente

(POSTEN, 2009).

As taxas de aeração nos FBR de colunas de bolhas e de placas planas são

suficientemente elevadas a fim de evitar o acúmulo de sedimentação e de oxigênio, o que

caracteriza uma vantagem, frente a outros fotobiorreatores (POSTEN, 2009). Além disso, os

reatores de colunas verticais são compactos, de baixo custo e fácil de operar assepticamente

(PIERRE et al., 2008).

Entre os fotobiorreatores existentes, um sistema denominado airlift é muito

utilizado quando a cultura de microalgas é frágil, com o objetivo de assegurar a mistura da

cultura, sem afetar a estrutura dos microrganismos (PIERRE et al., 2008).

Reatores tubulares (figura 6 – C) consistem de tubos transparentes dispostos em

linhas paralelas, acoplados através de coletores, denominados coletores solares. Os tubos

individuais podem ser retos, seguindo um curso sinuoso tanto no chão, quanto dispostos em

painéis ou bobinas. A escolha de cada um destes modelos vai depender de alguns cálculos

com o objetivo de obter as melhores condições de incidência de luz. Têm diâmetros de 10 a

no máximo 60 mm, e comprimentos que podem ir até centenas de metros (POSTEN, 2009).

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3.5 FONTES DE LUMINOSIDADE PARA O CRESCIMENTO DAS

MICROALGAS

3.5.1 Fotossíntese

A radiação solar representa a fonte de energia motriz da atividade metabólica dos

microrganismos fotossintéticos (LEE; HENG; PILON, 2013). No processo da fotossíntese, os

organismos fotoautótrofos utilizam a energia luminosa para promover a conversão de

compostos inorgânicos em compostos orgânicos. Eles utilizam a energia da luz para extrair

prótons e elétrons a partir de uma variedade de moléculas, tais como doadores de H2S, para

reduzir o CO2 e formar moléculas orgânicas. Direta ou indiretamente, salvo os micro-

organismos quimiossintetizantes, quase todas as formas de vida dependem da fotossíntese

para suprimento de energia do seu crescimento e metabolismo (RICHMOND, 2004).

A fotossíntese é o processo pelo qual a planta sintetiza compostos orgânicos

(glicose) a partir da presença de luz (radiação eletromagnética), água (doadora de

elétrons) e gás carbônico. Ela pode ser representada pela seguinte equação de oxirredução:

OHCO 22 126 energia luminosa OHOOHC 226126 66 (1)

A reação de fotossíntese abrange dois processos: as reações luminosas, que

ocorrem na presença de luz e as reações de fixação do carbono (NELSON; COX, 2006). Na

primeira etapa, a clorofila e outros pigmentos absorvem a energia solar e a conservam na

forma de ATP (Adenosina Trifosfato) e NADPH (Nicotinamida Adenina Dinucleotídeo

Fosfato Reduzido); simultaneamente o O2 é produzido e liberado. Na segunda etapa, o ATP e

o NADPH são usados para reduzir o O2, que ocorre apenas na presença de luz, e a redução do

CO2, que não requer luz, sendo assim os dois processos são distintos (RICHMOND, 2004).

As reações de captação da luz ocorrem nas membranas internas dos cloroplastos,

conhecidas como tilacóides, onde são encontradas a clorofila e outros pigmentos, como

carotenóides e ficobilinas (TAIZ; ZEIGER, 2004; RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2007). A

série de reações nas quais a energia captada da luz é utilizada para a síntese de compostos

contendo carboidratos ocorre no estroma, material que envolve os tilacóides.

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Fazem parte da fotossíntese dois complexos fotoquímicos denominados de

fotossistemas I e II (PSI e PSII) que operam em série para realizar as reações de

armazenamento de energia (TAIZ; ZEIGER, 2004). O PSI absorve preferencialmente luz na

faixa do vermelho distante (comprimento de onda > 680 nm) e o PSII na faixa do vermelho

(680nm) sendo pouco estimulado por comprimentos de onda maiores.

A energia luminosa só pode ser utilizada depois de absorvida pelos pigmentos

fotossintéticos na faixa do espectro de luz que compreende de 400 a 700 nm (RAVEN;

EVERT; EICHHORN, 2007). O PSI e o PSII quando iluminados promovem a passagem dos

elétrons da água para o NADPH, ocorrendo uma sequência de reações nos tilacóides dos

cloroplastos. Desde o momento da absorção da luz pelo PSI, muitas transferências de elétrons

acontecem, passando por proteínas e coenzimas até que ocorra a redução para a formação do

NADPH. A perda de elétrons faz com que estes sejam transferidos ao PSII por uma cadeia

transportadora de elétrons. Quando os elétrons são extraídos da água e são dissociados em

prótons e O2, ocorre o processo de fotoxidação da água. Com a formação de uma bomba de

prótons, induz-se a passagem de H+ pela membrana até que o ATP seja formado (L. C.;

CARNEIRO, 2005). A etapa escura é caracterizada pelo processo de assimilação do carbono,

formando as moléculas de carboidratos. Estas são formadas a partir do ciclo de Calvin, ou

seja, uma série de reações químicas onde o CO2 é fixado e seus átomos são usados na

composição de moléculas maiores. Neste processo há gasto de ATP e NADPH obtidos na fase

clara (L. C.; CARNEIRO, 2005). Durante este processo, a ribulose bi-fosfato é responsável

pela produção de duas moléculas de fosfoglicerato a partir da reação com o CO2. Com os

produtos formados na etapa anterior, uma das moléculas de fosfoglicerato usada para produzir

as moléculas de carboidratos e a outra retornará ao ciclo e será usada para restabelecer a

molécula de ribulose bifosfato gasta no seu início (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2007; L.

C.; CARNEIRO, 2005).

Os principais pigmentos necessários para a fotossíntese oxigenada são

denominados de clorofilas. São denominadas de clorofila a e b, tendo dois picos de absorção

de luz; um situado no azul e outro no vermelho, partes do espectro visível. A clorofila a

absorve a luz na faixa que compreende 430 e 680 nm enquanto que a b possui uma faixa um

pouco mais estreita, situa-se entre 450 e 660 nm (LEE; HENG; PILON, 2013).

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A figura 7, extraída de Lee et al. (2013) representa as taxas de absorção para as

clorofilas a, b e c presentes nas células fotossintéticas, carotenoides fotossintéticos (PSC) e

carotenoides fotoprotetora (PPC), na região espectral compreendida entre 400 e 750 nm.

Figura 7: Coeficientes específicos de absorção (m²mg-1) de pigmentos primários de clorofila

a, b e c; carotenóides fotossintéticos (PSC) e fotoprotetores (PPC) na faixa espectral de 400 a

750 nm.

Fonte: (LEE; HENG; PILON, 2013)

Através da figura 7, percebe-se claramente que o pico de absorção de clorofila a

se dá entre 435 e 450 nm e outro, levemente menor entre 650 e 700 nm. Já a clorofila b tem

seu pico situado entre 465 e 485 nm.

3.5.2 Iluminação

No cultivo das microalgas, o projeto dos fotobiorreatores deve atender as

demandas de iluminação de maneira eficiente e homogênea a fim de reduzir o custo de

produção. Enquanto a luz solar é a fonte de luz de menor custo disponível, a sua intensidade

luminosa oscila no período diurno e sazonalmente, e sua capacidade energética é limitada.

Com o objetivo de atingir condições de cultivo controlado e produtividade nos FBR, é

Comprimento de onda (nm)

Co

efic

iente

s es

pec

ífic

os

de

abso

rção

(m

²/m

g)

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necessária, a utilização de dispositivos elétricos de iluminação que convertem a energia para

iluminar com alta eficiência e que emitem luz com efeitos fisiológicos favoráveis sobre

células fotossintéticas (KATSUDA et al., 2004).

Entretanto, deve-se dosar adequadamente a iluminação dos FBR; pois a eficiência

deste sistema afeta significativamente o processo global de produção de microalgas, enquanto

que a irradiância excessiva inibe a fotossíntese nestes microrganismos. Desta forma, as

microalgas requerem uma quantidade de iluminação ideal - comprimento de onda e

intensidade da luz - para atingir a taxa máxima de fotossíntese, de maneira economicamente

viável (YAN; LUO; ZHENG, 2013; PIERRE et al., 2008; YOU; BARNETT, 2004).

Os diodos emissores de luz (LEDs) têm espectros estreitos de emissão de luz, de

alta eficiência de conversão (KATSUDA et al., 2004; YAN; ZHENG, 2014), baixo consumo

de energia (YAN; LUO; ZHENG, 2013) e de baixa emissão de calor, o que é altamente viável

para a produção de microalgas, uma vez que a qualidade e intensidade da luz vão afetar a

concentração celular, sua produtividade e também o teor de pigmentos gerados (PIERRE et

al., 2008).

A luz azul e a luz vermelha podem ser utilizadas para melhorar a eficiência da

fotossíntese e aumentar a produção de polissacarídeo extracelular (YOU; BARNETT, 2004).

Yan et al. (2013) em seu estudo utilizando a Chlorella vulgaris na purificação de suspensão

de processo de digestão anaeróbia, concluiu que o LED vermelho resultou em maior

eficiência de remoção de nutrientes, pois as microalgas verdes têm como característica uma

boa absorção de luz vermelha em função do seu pigmento verde.

Ho et al. (2014), testaram quatro diferentes cores de LED - vermelho, azul, verde

e branco - para verificar o efeito do comprimento de onda de luz sobre a formação de

biomassa e produção de luteína de S. obliquos CNW-N e FSP-3 com as seguintes condições

de operação: concentração de CO2, 2,5%; taxa de fluxo de CO2, 0,4 %; intensidade da luz,

150 𝜇mol.m-2.s-1)(HO et al., 2014). Na tabela 2 estão representados os resultados da formação

de biomassa perante estas quatro cores.

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32

Tabela 2: Produção de biomassa (mg L-1 dia-1) das microalgas S. oblíquos CNW-N e FSP-3

para quatro condições de cor de LED diferentes.

Cepas de microalgas Cor do LED Produção total de

biomassa (mg L-1 dia-1)

S. obliquos CNW-N

Vermelho (600-690 nm) 31325

Azul (435-515 nm) 19283

Verde (480-580 nm) 27307

Branco (410-610 nm) 24362

S. obliquos FSP-3

Vermelho (600-690 nm) 18243

Azul (435-515 nm) 21223

Verde (480-580 nm) 24238

Branco (410-610 nm) 16240

Os dados mostram os valores médios de três experimentos desvio padrão.

Fonte: Adaptado de (HO et al., 2014)

Ho et al. (2014) ainda verificaram que o crescimento de biomassa ocorreu na

sequencia demonstrada na figura 8.

Figura 8: Ordem de crescimento de biomassa da microalga S. obliquos em função da cor da

lâmpada LED.

Fonte: a autora.

Azul Verde

BrancoVermelho

S. obliquos

FSP-3

S.

obliquos

CNW-N

Branco Vermelho

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Percebe-se, através da figura 8, que a iluminação LED vermelha teve maior

representatividade no desenvolvimento da biomassa para a microalga S. oblíquos CNW-N. O

fotossistema II de microalgas pode ser reforçado por uma luz comprimento de onda vermelho,

enquanto que o fotossistema I pode ser induzido pela luz azul (YOU; BARNETT, 2004;

PIERRE et al., 2008).

3.6 CINÉTICA DE CRESCIMENTO DE MICROORGANISMOS EM GERAL

A taxa de crescimento de micro-organismos pode ser influenciada por alguns

fenômenos que podem interferir no processo produtivo, como limitações e inibições por

substratos, tipo do produto gerado, inibidores, entre outros (SCHMIDELL et al., 2001).

Para cultivos em batelada ou estanques, como é o caso do presente estudo, a

composição do meio durante o cultivo é alterada constantemente. Neste tipo de cultivo

existem cinco fases de crescimento celular, bem distintas: (a) fase lag, (b) fase exponencial,

(c) fase de redução, (d) fase estacionária, (e) fase de declínio. A fase lag representa o período

de adaptação do micro-organismo ao meio de cultivo. Na fase exponencial ou também

denominada de logarítmica, inicia o crescimento e a multiplicação como em uma função

exponencial do tempo. A fase de redução do crescimento ou de transição é marcada pelo

decréscimo relativo da taxa de crescimento, pela redução dos nutrientes dissolvidos e

normalmente pelo efeito do autossombreamento.

A fase estacionária representa a fase em que se atinge o rendimento final máximo,

a taxa de crescimento torna-se estável. A fase de declínio ou de morte é marcada pela morte e

lise de muitas células, a taxa de crescimento torna-se negativa (LOURENÇO, 2006). A figura

(10) representa um esquema destas cinco fases.

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Fonte: Adaptado de (LOURENÇO, 2006)

É possível utilizar a equação de balanço de massa para calcular a velocidade

específica de crescimento celular:

)()( ConsumidoGeradoSaiEntraAcúmulo (2)

Em fotobiorreatores de batelada, não existe acúmulo, não ocorrendo entrada e

saída de células, sendo que as mesmas são apenas geradas a partir da reprodução das

microalgas e não são consumidas. Assim, a expressão (2) passa a ser:

000 Xdt

dXx

(3)

Onde:

x = velocidade específica de crescimento (d-1).

X = concentração celular (g).

t = tempo de duração (d).

Figura 9: Representação esquemática do crescimento de microalgas em um cultivo de batelada.

(a)

(b)

(c)

(d)

(e)

Tempo (dias)

Conce

ntr

açã

o (

célu

las.

ml-1

)

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Organizando os termos da expressão (3):

X

X

t

t

x dtXX

dX

0 0

(4)

Integrando ambos os lados da equação (4) e aplicando os limites:

tX

Xx

0

ln (5)

Reagrupando os termos e isolando x na expressão (5), fica-se:

t

XX

x

0

ln

(6)

Onde:

X0 = concentração celular inicial (g).

A velocidade específica de crescimento celular também pode ser calculada através

da expressão de Monod:

SK

S

s

máxx

.

(7)

Onde:

𝜇𝑚á𝑥 = velocidade máxima de crescimento (h-1).

Ks = constante de meia saturação (mesma unidade da variável S).

S = concentração de substrato limitante (unidade depende do substrato considerado).

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3.7 CINÉTICA DA REMOÇÃO DE NUTRIENTES

3.7.1 Remoção de Nitrogênio e Fósforo

A dedução das equações para remoção dos nutrientes de nitrogênio e fósforo está

representada na equação (8):

X

rss

(8)

Onde:

sr = velocidade de consumo de substrato (mg.d-1).

s = velocidade específica de consumo de substrato de cada microalga (d-1).

Como a velocidade pode matematicamente ser representada pelo quociente entre a

derivada do substrato e a derivada do tempo; a equação (8) pode ser escrita como:

Xdt

dSs

1.

(9)

Isolando o termo dt

dSna equação (9):

Xdt

dSs .

(10)

Efetuando a separação das variáveis na equação (10):

dtXdS s .. (11)

0S = concentração inicial de substrato (N ou P) (mg L-1).

S = concentração final de substrato (N ou P) (mg L-1).

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0t = tempo inicial do processo (d).

t = tempo final do processo (d).

Integrando os dois membros da equação (11) e aplicando os limites:

t

ts

S

SdtXdS

00

.. (12)

A equação (12) passa a ser:

00 .. ttXSS s (13)

Isolando a variável s :

tX

SS

ttX

SSs

..

0

0

0 (14)

Desta forma a equação 14 representa a fórmula de cálculo da velocidade do

consumo de substrato de Nitrogênio (amônio, nitrito e nitrato) e Fósforo (fosfato).

3.7.2 Fator de conversão de Nitrogênio e Fósforo em células

Para mensurar a quantidade de nitrogênio (15) e fósforo (16) que foi incorporado

na biomassa; deve ser calculado o fator de conversão através dos resultados obtidos pelas

fórmulas do balanço de massa, conforme representado abaixo:

Ns

x

NXY

(15)

Ps

x

PXY

(16)

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Onde:

NXY = fator de conversão de nitrogênio em célula (mg X mg N).

PXY = fator de conversão de fósforo em célula (mg X mg N).

Ns = velocidade de consumo do substrato de nitrogênio (d-1).

Ps = velocidade de consumo do substrato de fosfóro (d-1).

3.8 MODELOS MATEMÁTICOS CORRELATOS

A Cinética de crescimento dos micro-organismos pode ser descrita por diversos

modelos matemáticos, dependendo dos fatores necessários e/ou disponíveis para o estudo.

Godoy Danesi et al. (2011), desenvolveram diversos modelos matemáticos que

envolviam os efeitos da intensidade de luz e temperatura no cultivo da Spirulina platensis,

utilizando nitrato de prata e ureia como fontes de nitrogênio. Através de regressão múltipla, os

autores efetuaram a modelagem de diversas equações (com o auxílio do programa S-PLUS

2000) que envolviam:

máxima concentração celular (mg L-1);

produção celular (mg L-1);

produção de clorofila.

Todas em função da temperatura e da intensidade luminosa.

O modelo matemático inicial proposto por Godoy Danesi et al. (2010) foi:

2112

2

222

2

11122110 ...... XXbXbXbXbXbbY (17)

Onde:

𝑋1 = intensidade de luz 12)( smfótonsmol .

𝑋2 = temperatura (ºC).

𝑋1. 𝑋2= efeito da interação entre essas duas variáveis.

𝑏𝑜 = variável independente.

𝑏1, 𝑏2, 𝑏11, 𝑏22, 𝑏12 = demais coeficientes da equação.

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A figura 10 representa um exemplo dos gráficos de superfície criados por Godoy

Danesi et al. (2010) para a posterior elaboração do modelo matemático. As letras A e B

identificam o tipo de fonte de nitrogênio (A = KNO3; B = uréia).

Figura 10: Gráfico de superfície da máxima concentração celular (Xm) em função da

intensidade luminosa (X1) e da temperatura (X2)

Fonte: (GODOY DANESI et al., 2011)

As modelagens realizadas através de análises de regressão, a partir da figura 10

ficaram:

Para o KNO3:

2

21 .8,166.7,3903,1159 XXX m (18)

Para a Ureia:

2

2

2

11 .9,226.4,189.2,3438,1500 XXXX m

(19)

Bitaubé Pérez et al. (2008) desenvolveram estudos em batelada com o objetivo de

elaborar um modelo cinético para estudar a taxa específica de crescimento da Phaeodactylum

tricornutum. No seu estudo avaliaram fatores como pH, temperatura e irradiância. As

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equações 20 e 21 apresentam o efeito destes parâmetros para o micro-organismo citado.

(BITAUBÉ PÉREZ; CARO PINA; PÉREZ RODRÍGUEZ, 2008)

][

][1 2

1

max

H

K

K

H

(20)

Onde:

= taxa ou velocidade específica de crescimento (h-1).

][ H = concentração de prótons (mol L-1).

K1 e K2 = constantes cinéticas (mol L-1).

RT

E

RT

E ba

BeeA.

(21)

Onde:

Ea = energia de ativação do crescimento (mol L-1).

Eb = energia de ativação da degradação celular (mol L-1).

R = constante universal dos gases (kcal mol-1).

T = temperatura (K).

A e B = fatores de frequência (h-1).

Bitaubé Pérez et al. (2008) ainda utilizaram em seus estudos a expressão de

Monod (equação 7), representada abaixo pela equação 22, onde o substrato limitante foi a

intensidade luminosa.

avi

avmáxx

IK

I

.

(22)

Onde:

avI = média da irradiância ( mol de fótons m-2 s-1).

iK = parâmetro da equação de Monod ( mol de fótons m-2 s-1) (intensidade luminosa

correspondente à quantidade de luz que atinge as microalgas quando a taxa de crescimento é

igual à metade da taxa máxima).

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Shaw et al. (2013), não trabalharam com intensidade luminosa, mas com Monod

verificando se a taxa de meia saturação (K), que aparece como parâmetro da equação (22),

corresponde à uma constante ou se o seu valor é variável em função de alguma outra

grandeza. Concluíram que para o seu estudo o parâmetro varia em função da taxa de

desnitrificação. (SHAW et al., 2013)

Martínez et al. (1997) trabalhou com a modelagem matemática sobre a influência

da intensidade de luz nos parâmetros cinéticos e de rendimento de Chlorella pyrenoidosa em

crescimento mixotrófico. Para o autor a variação nos valores médios de rendimento

(biomassa/substrato) com a intensidade de luz pode ser ajustada para uma função do tipo:

(MARTÍNEZ et al., 1997)

0

0

IK

IY

(23)

A função 23 pode ser transformada em uma função linear se K >>>I0:

0IKK

Y

(24)

Onde:

𝛼

𝐾= rendimento no período sem luz.

𝛽 = máximo rendimento possível na presença de luz de elevada intensidade.

Io = intensidade luminosa (Lux).

K = parâmetro da equação.

Martínez et al. (1997) ainda desenvolveu a equação (25) para a fase de

crescimento exponencial de crescimento autotrófico:

CLk

a

aeCLk

II

..0 1..

(25)

Onde:

I = intensidade de luz média na cultura (lux).

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ak = coeficiente de extinção (litro g-1 cm-1).

L = comprimento do caminho óptico (cm).

C = concentração de biomassa (g L−1).

Molina Grima et al. (1994) propuseram um modelo matemático de crescimento de

microalgas na cultura Chemostat com intensidade de luz limitada. Utilizaram microalgas da

estirpe Isochrysis galbana. A formulação proposta segue uma linha de raciocínio similar ao

modelo de Monod. (MOLINA GRIMA et al., 1994)

n

av

n

i

n

avmáxx

IK

I

.

(26)

Outro modelo que correlaciona à cinética de crescimento das microalgas com a

intensidade luminosa é o modelo proposto por García-Malea, et al. (2006), representado pela

equação (27). Para desenvolver este modelo, os autores estudaram a influência da irradiância

e da taxa de diluição sobre o desempenho das culturas contínuas de H. pluvialis em

laboratório, mas simulando condições ao ar livre (GARCÍA-MALEA et al., 2006).

).().(

0

).(

00

0

.Iba

av

Iba

Iba

avmáxx

IdIc

I

(27)

Onde:

0I = intensidade luminosa incidente (Lux).

a, b, c e d são parâmetros da equação.

Conforme os autores, os parâmetros a, b, c e d, existentes na equação (27), devem

ser obtidos através de métodos de regressão não linear.

Muller-Feuga (1999) propôs uma função de três parâmetros, baseado no

crescimento em função do racionamento, aplicados a peixes (Oncorhynchus nerka) e

microalgas (Porphyridium cruentum).

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22

1

.1

.2

s

e

s

av

s

e

s

e

s

av

s

e

máx

I

I

I

I

I

I

I

I

I

I

I

I

(28)

Onde:

Ie = irradiância média mínima (Lux).

Is = irradiância de saturação (Lux).

A modelagem da taxa de crescimento representa a resposta dos micro-organismos

a irradiância recebida e dá informações fisiológicas adicionais úteis, como a irradiância média

mínima ( eI ) que uma célula fotoautotrófica precisa para começar a crescer e ganhar peso por

captação de energia da luz (MULLER-FEUGA, 1999).

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O experimento e todas as análises foram realizados no laboratório de análises

físico-químicas da Embrapa Suínos e Aves que está localizado no município de Concórdia,

Santa Catarina. Toda a parte laboratorial deste trabalho foi realizada pelo Engenheiro Jean

Michel Prandini e a parte do desenvolvimento matemático e estatístico pela autora.

4.1 OBTENÇÃO DO EFLUENTE

O efluente utilizado foi coletado na Estação de Tratamento de Dejeto Suíno

(ETDS), na lagoa facultativa de tratamento de dejetos suínos da Embrapa Suínos e Aves,

localizada no município de Concórdia, Santa Catarina. O dejeto foi trazido em garrafas de

plástico de 5 L e mantido na temperatura de -10 ºC, até o momento de sua utilização. Por esse

dejeto apresentar cor escura, foi utilizado somente o sobrenadante de cor mais clara para que

houvesse menor intervenção possível da cor escura do dejeto na luminosidade das microalgas

nos FBR’s.

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4.2 OBTENÇÃO DE INÓCULO

O inóculo de microalgas utilizado no experimento, foi submetido a um

peneiramento em uma tela de aço de abertura de 0,088 mm para retenção de material

grosseiro. Em seguida, passou por um período de aclimatação nos fotobiorreatores com

iluminação fornecida por lâmpadas fluorescentes com adição de 5% de dejeto digerido e a

temperatura média de 22ºC. A predominância da microalga Chlorella vulgaris no inóculo foi

verificada com auxílio de microscópio óptico aumentado 1000 vezes.

Figura 11: Microalga Chlorella Vulgaris aumentada 1000 vezes.

Fonte: Prandini (2013)

4.3 PARÂMETROS DO CULTIVO NO FOTOBIORREATOR

O cultivo das microalgas foi realizado mixotroficamente em dois recipientes

idênticos de vidro e de forma cilíndrica com 18,6 cm de diâmetro interno, 60 cm de altura e

capacidade de 16,47 L espessura do vidro de 0,5 cm cada, sendo que o experimento teve um

volume útil de 12 L em cada cilindro (figura 12). Cada FBR continha agitação mecânica

constante que era realizada por bomba de aquário “aquarium pump” (S300, Sarlobetter®,

BR).

O FBR LED teve iluminação fornecida por dois painéis de lâmpadas LED (PGL-

RBC 2500, Parus) que emitem luz de comprimento de onda de 630 nm com 120 W de

potência cada painel. Já o FBR FLU foi provido de iluminação fornecida por duas lâmpadas

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fluorescentes tipo luz do dia, com potência de 20 W cada e comprimento de onda na faixa da

luz visível (aproximadamente entre 380 e 740 nm). A iluminância foi medida com luxímetro

no centro do cilindro vazio a uma distância da fonte luminosa de 20 centímetros.

Figura 12: Representação esquemática dos fotobiorreatores utilizados no experimento.

Fonte: Prandini (2013)

Para determinar a intensidade luminosa média ( avI ) a iluminância foi medida em

três pontos do reator no decorrer do experimento: a 10, 30 e 60 mm da borda do reator,

conforme apresentado na figura 13.

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Figura 13: Pontos de medição da iluminância dentro do FBR para determinação do Iav.

Fonte: a autora.

A temperatura do local do experimento foi controlada por aparelho de ar

condicionado ajustado a 23ºC ± 2. As concentrações das inoculações foram as mesmas para o

dois FBRs: 30% (v / v) de inóculo, 10% (v / v) de dejeto e 60% (v / v) de água destilada. O

tempo de cultivo foi de 4 dias (96 horas) e o fotoperíodo foi de 12h.

Figura 14: Fotobiorreatores durante a fase clara FBR LED (esquerda), FBR FLU (direita)

Fonte: Prandini (2013)

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4.4 DETERMINAÇÕES ANALÍTICAS

A determinação de Nitrogênio amoniacal utilizada no experimento baseia-se na

metodologia padrão 4500-NH3 D, que utiliza eletrodo seletivo a amônia (Standard Methods

for the Examination of Water and Wastewater).

Para obtenção dos resultados de fosfato, utilizou-se o sistema de cromatografia de

íons Thermo Scientific Dionex ICS-1500, com amostrador automático ASDV da Thermo

Scientific, com detecção por condutividade elétrica a 35°C.

A determinação da clorofila a foi realizada através da metodologia descrita por

Porra et al. (1989). As amostras foram coletadas diariamente em duplicata e armazenadas a -

20ºC em ambiente escuro, para que não houvesse degradação da clorofila pela luz. As

amostras foram centrifugadas por 2 minutos a 5000 rpm, e o sobrenadante foi utilizado para

diluição com metanol grau puro (1:1, v/v). As amostras foram homogeneizadas e lidas em

espectrofotômetro (VARIAN, INC. Cary® 50 UV-Vis) à 665 e 652 nm:

nmnm ABSABSmlgClorofila 652665

1 54,829,16.

(29)

A determinação da biomassa microalgácea foi obtida através da densidade ótica

analisada no espectrofotômetro HACH DR/2000 ajustado no comprimento de onda de 570

nm. Para a obtenção da relação massa seca e densidade ótica, foi desenvolvida uma curva de

calibração para cada FBR (fotobiorreator); representados nas figuras 15 e 16.

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Figura 15: Curva de calibração para determinação da massa seca para o FBR LED (massa

seca versus densidade ótica)

Fonte: Prandini (2013)

Figura 16: Curva de calibração para determinação da massa seca para o FBR FLU (massa

seca versus densidade ótica)

Fonte: Prandini (2013)

y = 471,78x - 0,4046

R² = 0,9972

0

50

100

150

200

250

300

350

0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45 0,5 0,55 0,6 0,65 0,7

Mas

sa S

eca

(mg L

-1)

Absorbância (570 nm)

y = 436,77x + 7,8467

R² = 0,991

0

30

60

90

120

150

180

210

240

0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45 0,5

Mas

sa S

eca

(mg L

-1)

Absorbância (570nm)

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Para determinação do peso seco, foram coletadas amostras em triplicata em

diferentes tempos do experimento.

A temperatura e o oxigênio dissolvido foram medidos três vezes ao dia com o

equipamento portátil YSI Model 55, já o pH foi determinado uma vez ao dia com o aparelho

portátil Hanna Instruments HI 8424 pH/ORP.

4.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS EXPERIMENTAIS

Com o auxílio do Software Statistica, foram realizadas análises de

homogeneidade de variâncias, de igualdade de médias (teste – t) e foi gerado um box-plot,

com o intuito de comparar os dois grupos de dados: LED vermelho e FLU. Ainda fez parte da

análise estatística a verificação da normalidade dos dados e a escolha do melhor modelo

através do método do menor erro quadrático médio.

4.6 CÁLCULOS QUE ANTECEDERAM À MODELAGEM MATEMÁTICA

A remoção de nutrientes foi determinada a partir da expressão:

100.

i

fi

C

CC

(30)

Onde:

= rendimento da remoção do respectivo nutriente (%);

iC = concentração inicial do nutriente (mg L-1);

fC = concentração final do nutriente (mg L-1);

A velocidade de produção de clorofila a foi avaliada através da expressão 31:

t

XXP

if

(31)

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50

Onde:

P = produção de clorofila a (mg L-1h-1)

iX = concentração inicial de clorofila a (mg L-1)

fX = concentração final de clorofila a (mg L-1)

t = intervalo de tempo (h)

A velocidade de produção de biomassa foi obtida através da expressão 32:

t

XXM

if

(32)

Onde:

Xi = concentração inicial de biomassa (mg L-1).

Xf = concentração final de biomassa (mg L-1).

M = velocidade de produção de biomassa de microalgas (mg L-1 h-1).

A taxa de consumo de nitrogênio amoniacal e de fósforo (fosfato), foi obtida

através da equação (33):

t

CCV

fi

ts

/

(33)

Onde:

tsV / = velocidade de consumo do respectivo nutriente (N ou P) (mg L-1 h-1).

O fator de conversão de Nitrogênio e Fósforo em células foi obtido pelas

expressões 34 e 35, respectivamente:

N

xNXY

/

(34)

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P

xPXY

/

(35)

Onde:

NXY / fator de conversão de nitrogênio em célula.

PXY / fator de conversão de fósforo em célula.

N velocidade de consumo de nitrogênio (h-1).

P velocidade de consumo de fósforo (h-1).

x velocidade específica de crescimento de biomassa (h-1).

4.7 MODELAGEM MATEMÁTICA

Para elaborar os modelos matemáticos foi necessário desenvolver inicialmente o

“alisamento” dos dados conforme proposto por Schmidell et al. (2008). O alisamento consiste

em gerar gráficos com os dados experimentais e através deles estabelecer equações de

regressão, lineares ou não, que melhor se adequem a cada situação. O objetivo deste

instrumento é gerar tabelas com mais dados numéricos, que respeitem a tendência dos dados

experimentais, mas que apresentem uma variação constante para grandeza tempo. Para este

estudo o alisamento foi realizado para as grandezas: intensidade luminosa média ( avI (Lux))

versus tempo (h) e concentração de clorofila a versus tempo. O t escolhido foi de 3h; tanto

para os resultados da iluminação LED vermelha quanto para a FLU. Esta escolha foi

empírica, uma vez que estabelecendo tempos menores, não ocorreram mudanças

significativas nos resultados da modelagem.

O primeiro modelo a ser testado foi o mesmo utilizado por Perez et al. (2008)

(equação 22) que é o modelo de Monod (equação 7) utilizando como substrato limitante a

intensidade luminosa média. Para este modelo foi necessário estabelecer os valores de máx e

iK . A velocidade máxima foi obtida através da tabela de alisamento dos dados. O valor de iK

, como representa a Intensidade luminosa (Lux) quando a velocidade é igual à metade da

velocidade máxima

2

máx, foi determinado através da interpolação linear dos pontos

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imediatamente superior e inferior ao iK e , intensidade luminosa e da velocidade

respectivamente.

O modelo de Molina Grima (equação 26), também utiliza as variáveis iK e avI

como apresentado no modelo utilizado por Pérez et al. (2008). A diferença está no parâmetro

n da equação que aparece como um exponente nas grandezas iK e avI . Este parâmetro foi

determinado através do método de otimização de Gradiente Reduzido Generalizada (GRG)

não linear tendo como foco a minimização do erro médio quadrático entre a curva

experimental e a modelada.

O modelo de García-Malea (equação 27) necessitou dos parâmetros de velocidade

máxima ( máx ), intensidade luminosa média ( avI ) e intensidade luminosa incidente ( 0I ), tanto

para a iluminação LED vermelha quanto para a FLU. Os demais parâmetros da equação (a, b,

c e d) também foram obtidos através do método de otimização GRG não linear tendo como

foco a minimização do erro médio quadrático entre a curva experimental e a modelada, como

no modelo anterior.

O modelo de Muller-Feuga (equação 28) depende da velocidade máxima máx , da

intensidade luminosa média quando a velocidade é máxima ( sI ) e da intensidade luminosa

média avI . Os parâmetros eI e sI foram obtidos através do método de otimização GRG não

linear, como nos demais modelos.

4.7.1 Modelo matemático, parâmetro do modelo e o método GRG não linear.

Um modelo matemático consiste em um sistema de equações que representam de

forma quantitativa, as hipóteses que foram usadas na sua elaboração (SODRÉ, 2007). Tais

equações são resolvidas em função de valores conhecidos ou previstos experimentalmente e

podem ser testadas através de comparação com dados conhecidos (PIMENTA, 2014). A

técnica de regressão múltipla quando utilizada complementarmente ao planejamento de

experimentos, é muito eficiente para desenvolver modelos estatísticos que quantificam a

influência das variáveis de entrada do processo para predição das variáveis de saída

(BENYOUNIS; OLABI, 2008). A qualidade de um modelo depende de vários fatores

estatísticos, mas também de sua interpretabilidade, de sua consistência com outros e de sua

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plausibilidade global. Isso implica em julgamentos inerentemente subjetivos, mas não menos

importantes (PIMENTA, 2014).

Pode-se equivocadamente assumir que o melhor modelo é o que minimiza a soma

de quadrados do erro, mas não é assim tão simples, o problema é que um modelo mais

complexo (com maior número de parâmetros) geralmente produz uma curva mais flexível do

que uma curva definida por um modelo mais simples, podendo se ajustar melhor aos dados

(PIMENTA, 2014).

Um modelo matemático normalmente é dividido em duas partes, a função

objetivo e as restrições. Quando o algoritmo GRG é iniciado, ocorre a substituição das

restrições na função objetivo, reduzindo assim o número de variáveis e de gradientes

presentes. Ele, assim como tantos outros, é um método que consiste em iterações (PIMENTA,

2014). Uma solução inicial é substituída na função e a sua solução é determinada. Caso ainda

não seja o resultado que ofereça o menor erro quadrático médio, um novo resultado é testado.

Este processo é repetido inúmeras vezes até que a solução ótima seja atingida. Por isso a

necessidade de ferramentas computacionais para auxiliar neste processo.

4.7.2 Determinação das intensidades luminosas limites

Com o objetivo de estabelecer as fases de luz limitada, de saturação da luz e de

inibição da luz para o desenvolvimento da Chlorella vulgaris para as condições deste estudo,

foi necessário elaborar gráficos da intensidade luminosa versus a taxa de crescimento de

clorofila a (ux). Para isto foi utilizada a expressão obtida através do modelo de Muller-Feuga,

para os dois FBR. O valor do Ie obtido pelo modelo, retornou a intensidade luminosa mínima

que uma célula fotoautrófica precisa para começar a crescer e se desenvolver. O valor do Is

(também obtido pelo modelo) trouxe a informação da intensidade luminosa de saturação,

ponto que corresponde a intensidade luminosa limite, entrando na região de inibição da luz

como apresentado no gráfico através da figura 17.

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Figura 17: Modelo de representação dos intervalos da intensidade luminosa em função da taxa

de crescimento da microalga.

Fonte: a autora.

Utilizando apenas o modelo de Muller Feuga, ainda restou uma lacuna na

determinação das fases da intensidade luminosa. O dado faltante era aquele que finalizava a

fase de luz limitada e iniciava a fase de saturação da luz. Este ponto encerra a fase de maior

aceleração de crescimento, sendo muito importante para os processos produtivos de

microalgas. Este ponto foi denominado de Io sat, ou seja, o ponto onde inicia a fase de

saturação da luz.

Para determinação do Io sat, foi determinado com o auxílio do excel®, o ponto

exato onde o gráfico deixa de ser linear. Neste ponto, ocorre uma desaceleração do processo,

a velocidade continua a crescer, mas não mais com a mesma aceleração. O Io sat encerra a fase

de aceleração constante, entrando em uma fase de diminuição da aceleração e posteriormente

chegando a uma aceleração negativa refletindo em uma queda contínua na taxa de

crescimento celular (fase de inibição).

ux

(h-1

)

Iav (Lux)

Luz

lim

itad

a

Sat

ura

ção d

a lu

z

Inib

ição

da

luz

Ie Is Io sat

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 RESULTADOS EXPERIMENTAIS DO TEOR DE CLOROFILA a E DA

INTENSIDADE LUMINOSA

Na tabela 3 são apresentados os resultados experimentais do teor de clorofila a,

tempo e intensidade luminosa média, para ambos fotobiorreatores.

Tabela 3: Dados experimentais da variação de clorofila a e da intensidade luminosa média

com relação ao tempo.

FLU LED

Tempo (h) Clorofila a (mg L-1) LuxIav Clorofila a (mg L-1) LuxIav

0 2,06 1110 2,24 6387

15,25 2,02 980 2,72 5893

23,25 4,18 785 4,21 4076

39,25 4,39 673 5,26 4231

47,25 5,15 475 6,47 3288

63,25 5,92 470 8,33 3433

71,25 6,58 431 9,96 2689

87,25 7,20 401 10,32 2802

95,25 7,12 373 10,74 2345

Fonte: a autora.

5.1.1 Análise Estatística dos dados Experimentais

a) Teste de normalidade:

Inicialmente foi realizada uma pesquisa de normalidade dos dados da

concentração de clorofila a. Os resultados estão apresentados na figura 17 a seguir:

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Categ. Normal P-Plot: [clorof ila a]

Observ ed Value

Expecte

d N

orm

al V

alu

e

Tipo de lâmpada: A

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

-2,0

-1,5

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

Tipo de lâmpada: B

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Figura 18: Gráfico normal de probabilidades por tratamento.

Fonte: a autora.

Uma vez que para ambos FBR’s os dados aproximaram-se de uma reta, conforme

percebe-se na figura 18, a produção de clorofila a pode ser representada através de uma

distribuição normal como a maioria dos fenômenos naturais.

b) Teste de variâncias:

Para o teste de homogeneidade de variâncias foram considerados os seguintes

parâmetros:

Ho: 2

2

2

1 (significa que há homogeneidade nas variâncias)

H1: 2

1 > 2

2 (significa que não há homogeneidade de variâncias)

A tabela 4 apresenta os resultados obtidos no teste t.

Tabela 4: Teste t Variável Média

LED

Média

FLU

Valor

de t

P Desvio

padrão FLU

Desvio

padrão LED

Variância

(p)

Clorofila a (mg.L-1) 6,93 5,19 1,59 0,1251 3,30 1,85 0,066

Fonte: a autora

Clorofila a (mg L-1)

Val

or

no

rmal

esp

erad

o

LED

FLU

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O valor de p para um teste unilateral é: 033,02

066,0p . Assim, deve-se

rejeitar a hipótese nula e conclui-se que as variâncias podem ser consideradas heterogêneas.

c) Teste de médias:

Para o teste de médias as hipóteses testadas foram:

Ho: 21 significa que não há diferença entre as médias.

Ho: 1 2 significa que há diferença entre as médias.

Tipo do teste: bilateral.

A partir da tabela 4 conclui-se que t = 1,59 e p = 0,06. Sendo assim, não se pode

rejeitar a hipótese nula e conclui-se que não há diferença estatisticamente significativa entre

as médias dos dois grupos.

Com o objetivo de comparar os dois grupos de dados, LED e FLU, foi elaborado

um Box Plot lado a lado. Neste tipo de representação ficam em destaque os dados relativos a

mediana, quartis inferior e superior, e os limites máximos e mínimos dos valores

experimentais.

d) Box Plot:

Através da figura 19 é possível perceber a inexistência de pontos discrepantes

(outliers) nas duas distribuições. O fotobiorreator LED apresenta uma maior variabilidade de

dados; o que corrobora com os resultados obtidos na análise das variâncias. O teor mediano

de clorofila a para a iluminação LED é superior à FLU, assim como o 3º quartil,

demonstrando novamente a superioridade deste tipo de iluminação para o parâmetro

considerado.

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Figura 19: Box plot para os fotobiorreatores LED e FLU

Fonte: a autora.

5.2 TRATAMENTO DOS DADOS QUE ANTECEDEM À MODELAGEM

Fisicamente, a velocidade é a taxa de variação infinitesimal (derivada) de uma

grandeza, pelo tempo. Como o conceito de derivada está intimamente relacionado à taxa de

variação instantânea da grandeza em estudo, foi necessário realizar o alisamento dos dados, a

fim de trabalhar com intervalos de tempo menores e mais constantes.

A partir dos dados da tabela 3 foram gerados gráficos de correlação entre as

grandezas intensidade luminosa versus tempo e concentração de clorofila a versus tempo,

para cada tipo de iluminação. Foram determinadas as equações de correlação, para cada

situação objetivando atingir o melhor R²; concluindo-se a fase do alisamento.

Os resultados do alisamento estão apresentados nas tabelas 5 e 6 juntamente com

a velocidade (taxa) de crescimento de clorofila a que foi determinada pela expressão 6.

0

2

4

6

8

10

12

LED FLU

Clo

rofi

la a

(mg.L

-1)

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Tabela 5: Dados FBR FLU após alisamento e cálculo da taxa de crescimento do teor de

clorofila a. Tempo (h) Clorofila a (mg L-1) LuxIav 1hx

15 2,83 913 0,0240

18 3,02 872 0,0223

21 3,22 833 0,0210

24 3,41 796 0,0199

27 3,61 760 0,0188

30 3,81 726 0,0177

33 4,01 693 0,0167

36 4,20 662 0,0158

39 4,39 633 0,0149

42 4,58 605 0,0140

45 4,77 579 0,0132

48 4,95 555 0,0124

51 5,12 532 0,0117

54 5,29 511 0,0109

57 5,46 491 0,0102

60 5,62 473 0,0095

63 5,77 457 0,0088

66 5,91 442 0,0081

69 6,04 429 0,0074

72 6,16 417 0,0067

Fonte: a autora.

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Tabela 6: Dados FBR LED após alisamento e cálculo da taxa de crescimento do teor de

clorofila a.

Tempo (h) Clorofila a (mg L-1) LuxIav 1hx

15 2,94 5267 0,0240

18 3,18 5059 0,0263

21 3,45 4863 0,0270

24 3,74 4679 0,0271

27 4,05 4507 0,0268

30 4,38 4345 0,0262

33 4,73 4195 0,0253

36 5,09 4053 0,0242

39 5,45 3922 0,0231

42 5,82 3798 0,0218

45 6,19 3683 0,0206

48 6,56 3576 0,0193

51 6,92 3475 0,0180

54 7,28 3381 0,0167

57 7,62 3293 0,0154

60 7,95 3210 0,0141

63 8,26 3132 0,0128

66 8,55 3058 0,0115

69 8,82 2988 0,0102

72 9,06 2920 0,0089

Fonte: a autora.

A figura 20 apresenta os dados das tabelas anteriores, 5 e 6, de forma gráfica.

Apresenta ainda equações lineares de correlação dos resultados do alisamento, para a

iluminação LED e FLU.

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Figura 20: Resumo dos dados do alisamento para FLU e LED: (A) Intensidade luminosa

média (Iav) versus tempo; (B) Concentração de clorofila a versus tempo ; (C) Velocidade

específica de crescimento de clorofila a versus tempo.

Fonte: a autora

y = -8,6925x + 997,07

R² = 0,9752

y = -41,362x + 5657,4

R² = 0,9748

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

Iav

(Lux

)

FLU LED

y = 0,0597x + 2,0134

R² = 0,9965

y = 0,1128x + 1,094

R² = 0,9983

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Clo

rofi

la a

(mg.L

-1)

y = -0,0003x + 0,0268

R² = 0,9874

y = -0,0003x + 0,0344

R² = 0,9178

0

0,005

0,01

0,015

0,02

0,025

0,03

0,035

0 10 20 30 40 50 60 70 80

ux

(h-1

)

Tempo (h)

A

B

C

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Os dados apresentados nas tabelas 5 e 6 e na figura 20, remetem apenas aos

valores da fase exponencial de crescimento das microalgas, que representa o intervalo onde se

mensura a taxa de crescimento do referido micro-organismo.

Observando a primeira parte (A) da figura 20, é possível perceber que a

iluminância fornecida pela iluminação LED é superior à FLU, mas que a taxa de decaimento

da iluminação também é elevada; - 41,36 Lux h-1 para LED enquanto que a FLU é - 8,69 Lux

h-1; ou seja, quase 5 vezes maior (em módulo). O que permite predizer que possivelmente a

taxa de produção também é mais elevada e está possivelmente ocorrendo um sombreamento

maior no interior do FBR LED, em função do aumento da concentração de biomassa.

Referente a segunda parte da figura 20 (B), o teor de clorofila a é o mesmo no

início do experimento, para ambos FBR. Entretanto, no decorrer do tempo as duas retas se

afastam, uma vez que a taxa de crescimento de clorofila a para o FBR LED (0,1128) é

praticamente o dobro da FLU (0,0597).

Com relação a terceira parte (C) da figura 20; percebe-se que as duas funções

geradas pela correlação entre o tempo e a taxa de crescimento (ux) possuem a mesma taxa de

decaimento (caso fossem consideradas mais casas decimais, seriam apenas muito

semelhantes). Este decaimento ocorre em função do sombreamento que as microalgas vão

gerando umas sob as outras à medida que se desenvolvem e a diminuição da concentração dos

nutrientes. A semelhança nas taxas faz com que as duas retas geradas sejam praticamente

paralelas, afastadas por uma distância constante e diretamente relacionada com o coeficiente

linear da reta. Tirando do foco as equações lineares geradas, percebe-se que os dados

“alisados” da iluminação LED, não apresentam um perfil perfeitamente linear, o que é

refletido no valor de R² que retornou 0,9178, frente ao R² = 0,9874 da FLU. Percebe-se um

ligeiro aumento da velocidade nas primeiras 24h de experimento (LED) e depois disto então o

decaimento, proporcional para ambos os FBRs.

A vantagem da iluminação LED frente a FLU possivelmente se deve ao fato do

comprimento de onda elevado fornecido pela LED vermelha associado a também elevada

iluminância (>2920 Lux); estarem interferindo positivamente no PSII, fazendo com que as

microalgas se desenvolvam mais rápido no início do experimento, quando ainda não há tanta

influência do sombreamento.

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63

5.3 MODELOS

Para a representação dos modelos foram estabelecidos inicialmente os parâmetros

demandados por cada uma das equações. A tabela 5 resume estas informações.

Tabela 7: Parâmetros dos modelos matemáticos obtidos graficamente e através do método

GRG não linear.

Parâmetros Valores Autores

FLU LED

1hmáx 0,02404 0,02714 Bitaubé Pérez (Monod)

LuxK i 542,6 3178,7

1hmáx

0,02404 0,02714

Molina Grima LuxK i 542,6 3178,7

n 5 8,04

1hmáx

0,02404 0,02714 García - Malea

I0 (Lux) 3348 19500

1hmáx

0,02404 0,02714

Muller - Feuga Ie (Lux) 371,7 2406,4

Is (Lux) 913 5267

Onde: máx = taxa de crescimento máximo; iK = intensidade luminosa quando 2

máx ;

Io = intensidade luminosa incidente; Ie = intensidade luminosa mínima que uma célula

fotoautrófica precisa para começar a crescer e se desenvolver; Is = intensidade luminosa de

saturação.

Fonte: a autora

Através dos parâmetros da tabela 7 foi possível representar os modelos para as

duas fontes de iluminação. Estes modelos estão representados na tabela 8.

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Tabela 8: Representação dos modelos matemáticos propostos.

Iluminação

Modelo LED FLU

Bitaubé Pérez

(Monod)

Molina-Grima

Garcia-Malea

Muller - Feuga

Fonte: A autora.

Através das equações é possível perceber que os modelos estabelecidos para a

iluminação LED retornam taxas de crescimento maiores do que para os modelos FLU, uma

vez que os primeiros apresentam coeficientes e/ou expoentes superiores.

Na expressão de Bitaubé Perez (Monod) a taxa de crescimento máxima é

aproximadamente 13% maior para LED que para FLU, sendo diretamente proporcional à

velocidade de crescimento.

A expressão de Molina Grima, como é similar ao modelo de Monod, corrobora

com o mesmo na questão da taxa de crescimento máximo e traz um fator extra que deixa o

FBR LED à frente do FLU novamente, que é potência de 8,04 e 5 respectivamente. Quando a

base está fora do intervalo compreendido entre (-1) e (+1); quanto mais positivo for o valor da

potência, tanto maior será o resultado numérico.

No modelo de García-Malea o fator mais impactante é a potência que se repete

três vezes na equação; sendo representada pelo número 8,46 para LED e 3,89 para FLU; ou

I

Ix

67,3178

.02714,0

I

Ix

6,542

.02404,0

04,804,8

04,8

67,3178

.02714,0

av

avx

I

I

55

5

6,542

.02404,0

av

avx

I

I

46,846,8

46,8

)41,3185(

.02714,0

Iav

Iavx

89,389,3

89,3

07,538

.02404,0

Iav

Iavx

22

5267

4,2406

52675267

4,24061

5267

4,2406

5267.

5267

4,24061.05428,0

Iav

Iav

x 22

913

7,371

913913

7,3711

913

7,371

913.

913

7,3711.04808,0

Iav

Iav

x

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65

seja, este parâmetro na iluminação vermelha ultrapassa o da iluminação fluorescente, mais do

que duas vezes. Mostrando a superioridade da LED frente à Fluorescente, novamente.

O parâmetro eI da equação de Muller - Feuga, retornou os valores: 4,2406 Lux

para iluminação LED e 7,371 Lux para FLU. Desta forma, tem-se uma informação importante

para a indústria de microalgas, que é a irradiância média mínima que uma célula

fotoautotrófica precisa para começar a crescer e ganhar peso por captação de energia da luz.

Abaixo foram gerados gráficos com o intuito de visualizar de forma mais didática

os resultados obtidos pelos modelos elaborados (figuras 21 e 22).

Figura 21: Curvas de representação dos quatro modelos propostos e dos dados experimentais

(LED).

Fonte: a autora

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Figura 22: Curvas de representação dos quatro modelos propostos e dos dados experimentais

(FLU).

Fonte: a autora

Visualmente, percebe-se que os modelos se ajustaram mais à iluminação LED que

a FLU, com exceção de Monod que não se ajustou à nenhuma das duas situações. Para a

iluminação LED os modelos se ajustaram mais aos dados experimentais pois os modelos

utilizados, com exceção de Monod, foram desenvolvidos para iluminâncias elevadas. Monod

não se ajustou a nenhuma das duas situações, isto pode ter ocorrido em função da constante de

meia saturação (K) não ser realmente uma constante para este estudo e sim uma variável em

função da intensidade luminosa média dentro do fotobiorreator, como também ocorreu no

estudo de Shaw et al. (2013).

Ainda observando as figuras 21 e 22, é possível perceber que durante um mesmo

período de tempo, enquanto a iluminação LED ultrapassa a taxa de crescimento de

0,025 h-1, a iluminação FLU fica inferior a este valor, caracterizando um maior crescimento

das microalgas expostas a LED vermelha.

Utilizando o método do erro médio quadrático, foi possível predizer qual dos

modelos foi o que apresentou um melhor ajuste à situação em estudo. A tabela 9 traz estes

resultados.

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67

Tabela 9: Erros quadráticos médios.

Modelo LED FLU

Bitaubé Pérez (Monod) 5,06.10-5 1,56.10-5

Molina Grima 6,18.10-7 7,24.10-7

García-Malea 2,36.10-7 6,92.10-7

Muller - Feuga 3,02.10-7 7,79.10-6

Fonte: a autora

Observando a tabela 9 percebe-se que os erros quadráticos médios da FLU foram

superiores aos da LED.

Para a iluminação LED os erros de ajuste das curvas geradas pelos três últimos

modelos (Molina Grima, García-Malea e Muller-Feuga) foram muito similares, e para a FLU

os modelos de Molina Grima e García-Malea ficaram praticamente iguais. É possível observar

estas duas situações nas figuras 21 e 22, respectivamente.

Entretanto o modelo que matematicamente melhor se ajustou a cada uma das

fontes de luz foi o mesmo: García-Malea.

5.3.1 Determinação das intensidades luminosas limites através do modelo obtido

pela expressão de Muller-Feuga.

O modelo de Muller-Feuga foi utilizado para determinar as faixas de intensidade

luminosa de luz limitada, de saturação da luz e de fotoinibição, por ser o único capaz de

retornar os valores das intensidades luminosas limitantes para cada intervalo.

Mesmo o modelo de García Malea tendo sido escolhido como melhor por

apresentar um menor erro quadrático médio para este estudo, ele não é tão rico em detalhes

quanto o modelo estabelecido por Muller-Feuga, como é possível perceber através da figura

23. Através da comparação das curvas geradas para os dois modelos, percebe-se que enquanto

à expressão de Muller-Feuga, já demonstra sinais de inibição luminosa, caracterizada pela

queda da velocidade, García-Malea entra em uma fase constante (platô), como se a

intensidade luminosa não interferisse mais na taxa de crescimento de clorofila a.

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Figura 23: Gráfico comparativo entre as equações elaboradas com o modelo de García-Malea

e Muller Feuga para as iluminações FLU (à esquerda) e LED (à direita).

Fonte: a autora.

Ribeiro et al. (2010), também visualizaram um problema similar a este (platô),

mas para a expressão de Molina-Grima, no seu estudo sobre a influência da temperatura e da

intensidade luminosa na produção de microalgas Phaeodactylum tricornutum. Desta forma

propuseram alterações no modelo inicial a fim de conseguir, através do modelo obtido,

determinar a temperatura e a intensidade luminosa ideal.(RIBEIRO et al., 2010)

0

0,005

0,01

0,015

0,02

0,025

0,03

400 750 1100 1450

ux

(h-1

)

Iav (Lux)

García-Malea Muller-Feuga

2000 5500 9000

Iav (Lux)

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Figura 24: Representação gráfica da expressão de Molina-Grima para iluminação FLU (à

esquerda) e LED (à direita).

Fonte: a autora.

Para este estudo a expressão de Molina-Grima não chegou a ser testada, para

determinação dos intervalos ótimos, uma vez que seus gráficos ficaram muito similares ao de

García-Malea, retratando a mesma tendência, conforme se observa na figura 24, e retornando

à mesma falta de informação a respeito do ponto de fotoinibição.

Desta forma, foram elaboradas as figuras 25 e 26, a partir dos modelos de Muller-

Feuga, apresentados na tabela 8, para os FBR LED e FLU.

0

0,005

0,01

0,015

0,02

0,025

0,03

400 900 1400

ux

(h-1

)

Iav (Lux)

Molina-Grima

2000 5500 9000

Iav (Lux)

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Figura 25: Relação entre a intensidade luminosa média (Iav) versus a taxa de fotossíntese em

termos da taxa de crescimento de clorofila a para o FBR FLU, com indicação dos limites da

intensidade luminosa.

Fonte: a autora.

Figura 26: Relação entre a intensidade luminosa média (Iav) versus a taxa de fotossíntese em

termos da taxa de crescimento de clorofila a para o FBR LED, com indicação dos limites da

intensidade luminosa.

Fonte: a autora.

0

0,005

0,01

0,015

0,02

0,025

0,03

300 450 600 750 900 1050 1200 1350

ux

(h-1

)

Iav (Lux)

Lu

z

lim

itad

a

Sat

ura

ção

da

luz

Inib

ição

da

luz

Iosat= 640

Lux

Is= 900

Lux

Ie= 372

Lux

0

0,005

0,01

0,015

0,02

0,025

0,03

1500 2600 3700 4800 5900 7000 8100

ux

(h-1

)

Iav (Lux)

Ie=2406,4

Lux

Lu

z

lim

itad

a

Sat

ura

ção d

a

luz In

ibiç

ão d

a

luz

Iosat=3870 Is=5267

Lux

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Através das figuras 25 e 26 foi possível estabelecer todos os intervalos luminosos

pretendidos para o desenvolvimento da Chlorella vulgaris, para este estudo. Os valores

críticos, ou seja, de mudança de fase da luz estão representados na tabela 10.

Tabela 10: Intervalos aproximados das intensidades luminosas ótima, de saturação e de

inibição da luz para os FBRs FLU e LED.

FLU LED

Taxa de luz ótima (Lux) 372 - 640 2406,4 - 3870

Saturação da luz (Lux) 640 - 913 3870 - 5267

Inibição pela luz (Lux) >913 >5267

Fonte: a autora.

Pela tabela 7 tem-se a informação da intensidade luminosa mínima (Ie) e máxima

(Is) que as microalgas necessitam para começar a crescer e se saturarem de luz,

respectivamente. Os gráficos apresentados nas figuras 25 e 26 reproduzem estas mesmas

informações e incrementam estes dados informando os intervalos que cada uma das distintas

fases de desenvolvimento da planta passam, com relação ao substrato intensidade luminosa.

Estas mesmas informações estão resumidas na tabela 10, através da qual se percebe

claramente que a taxa de luz deve ficar compreendida entre 372 e 640 Lux para iluminação

fluorescente e entre 2407 e 5300 Lux para a LED vermelha, caso o interesse seja a máxima

aceleração do crescimento. Entretanto se o objetivo for a taxa máxima de produção (h-1) o

valor da intensidade luminosa a ser utilizado é o que encerra o período de saturação da luz; ou

seja 913 Lux para FLU e 5267 Lux para LED. Caso estes limites sejam ultrapassados ocorrerá

um duplo desperdício de energia, uma vez que além do gasto com energia elétrica haverá uma

menor taxa de produção da microalga, ou ainda, caso seja ultrapassado o intervalo de

saturação e entre no intervalo de fotoinibição, iniciará um período de morte celular. Desta

forma, os dados da tabela 10 podem ser utilizados para o dimensionamento de fotobiorreatoes

iluminados artificialmente, para a microalga e meio de cultura em estudo.

O valor da saturação luminosa encontrado para iluminação LED, de 5,3 kLux, é

aproximadamente o mesmo encontrado por Godoy Danesi et al. (2010), para microalga

Spirulina platensis; o que reforça a legitimidade do método utilizado neste estudo.

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5.4 LED VERSUS FLU: REMOÇÃO DE NUTRIENTES

Os gráficos apresentados nas figuras 27 e 29 representam o consumo de fósforo e

de amônia através da queda da concentração de ambos os nutrientes no meio de cultura, para

as iluminações Fluorescente e LED.

Figura 27: Decaimento da concentração fósforo em função do tempo.

Fonte: a autora.

Pela figura 27 verifica-se que a iluminação FLU representou um melhor ajuste à

uma curva exponencial que a iluminação LED. Entretanto, visualizando os dados

experimentais, percebe-se um maior decaimento inicial de fósforo no FBR LED; ou seja, a

iluminação vermelha (de comprimento de onda maior e maior iluminância) atingiu uma maior

taxa de remoção em um menor período de tempo. Assim, é bastante viável às indústrias de

microalgas a utilização do LED vermelho se o objetivo for uma maior remoção de fósforo em

um menor tempo.

Em contrapartida, se o objetivo for um menor custo inicial da fonte luminosa, a

iluminação fluorescente também é indicada, uma vez que a taxa de conversão de P-PO4 em

biomassa teve um pico, às 62 horas de experimento (figura 28) o que retorna uma iluminância

de 473 Lux. Relacionando esta iluminância com as destacadas na tabela 10, percebe-se que

ela está localizada na área de intensidade luminosa limitada, entretanto esta fase é a que

apresenta a maior aceleração de crescimento, corroborando com a informação da figura 28.

y = 7,9502e-0,015x

R² = 0,6186

y = 13,284e-0,022x

R² = 0,9629

0

2

4

6

8

10

12

14

0 20 40 60 80 100

P -

PO

4(m

g L

-1)

Tempo (h)

LED FLU

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Ainda observando a figura 28, percebe-se que a iluminação LED possui um pico

de conversão de P-PO4 em biomassa, aproximadamente as 40 horas de experimento.

Relacionando este período com a iluminância estaremos na fase de saturação, com 4307 Lux.

Ou seja, avaliando este parâmetro, a iluminação FLU, demandaria menos intensidade

luminosa e consequentemente menos energia.

Figura 28: Taxa de conversão de P-PO4 em biomassa para os fotobiorreatores LED e FLU.

Fonte: a autora.

Figura 29: Decaimento da concentração de amônia em função do tempo para os

fotobiorreatores LED e FLU.

Fonte: a autora.

0

1

2

3

4

5

6

7

0 24 48 72 96

Yx/p

Tempo (h)

LED FLU

y = 141,84e-0,008x

R² = 0,7844

y = 142,89e-0,004x

R² = 0,5043

60

80

100

120

140

160

180

0 25 50 75 100

N -

NH

3(m

g L

-1)

Tempo (h)

LED FLU

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A figura 29 demonstra que para a remoção de nitrogênio, na tentativa de

estabelecer uma relação exponencial entre este parâmetro e a grandeza tempo, o FBR LED

teve uma melhor aproximação.

Para a amônia, percebe-se um decaimento maior na concentração quando a

iluminação é realizada pelas lâmpadas LED, demonstrando que para a microalga em estudo, a

remoção deste nutriente é influenciada por um comprimento de onda mais elevado. Este fato é

matematicamente comprovado através das equações exponenciais, onde o expoente da

equação LED é o dobro da FLU, em módulo (figura 29).

Figura 30: Taxa de conversão de N-NH3 em biomassa para iluminação LED e FLU.

Fonte: a autora.

A figura 30 representa a taxa de conversão de N-NH3 em biomassa. Novamente

existem dois picos de conversão máxima na figura. O primeiro, relacionado a iluminação

LED, ocorre no início do experimento e está relacionado a uma intensidade luminosa elevada

de aproximadamente 6200 Lux, correspondendo a fase de inibição pela luz. Já para a

iluminação FLU, o pico ocorre às 87 horas de experimento, com uma intensidade luminosa de

385 Lux, estando também na fase de luz limitada, como no caso da conversão de P-PO4, ou

seja, de maior aceleração de crescimento.

A necessidade de menor intensidade luminosa exigida pela iluminação FLU, para

conversão dos nutrientes à base de nitrogênio (amônia, nitrito e nitrato) e fósforo (fosfato) em

biomassa; é um fator economicamente importante para a indústria de microalgas. Pois um

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Yx

/N

Tempo (h)

LED FLU

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menor custo de produção gera um impacto em cadeia, iniciando no setor produtivo e

encerrando no consumidor final, uma vez que as mesmas podem ser utilizadas como fonte de

alimentação (CONCAS et al., 2012; BRENNAN; OWENDE, 2010), devido ao seu teor de

proteínas, lipídios e carboidratos (VANTHOOR-KOOPMANS et al., 2013), de alimentação

funcional (DERNER et al., 2006; MULITERNO et al., 2005) em função das suas

propriedades nutricionais e farmacêuticas e geração de energia (CONCAS et al., 2012), na

produção de biocombustíveis, entre outras aplicações.

A tabela 9 traz os resultados numéricos, em porcentagem, das remoções de

fósforo e nitrogênio, sem, entretanto, levar em consideração as intensidades luminosas

necessárias à cada uma delas.

Tabela 11: Remoção de amônia e fósforo (%) para as iluminações LED e FLU

Iluminação Nutriente %

FLU Amônia 37

Fósforo 83

LED Amônia 45

Fósforo 85

Fonte: a autora.

Para a amônia, percebe-se um decaimento maior na concentração quando a

iluminação é realizada pelas lâmpadas LED, demonstrando que para a microalga em estudo, a

remoção deste nutriente é influenciada por um comprimento de onda mais elevado. Este fato é

matematicamente comprovado através das equações exponenciais, onde o expoente da

equação LED é o dobro da FLU, em módulo.

A concentração final de fósforo foi um parâmetro que não apresentou diferença

significativa entre os FBR (85 % para LED e 83 % para FLU). Entretanto, a vantagem da

LED está no fato de atingir o limite de remoção em menos tempo do que a FLU. O FBR LED

vermelho conseguiu remover 77 % do fósforo em aproximadamente 40 h de experimento

enquanto que o FBR FLU necessitou de aproximadamente 63 h para isto; ou seja precisou de

um tempo 61% maior para atingir a mesma taxa de remoção.

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5.5 LED VERSUS FLU: CRESCIMENTO CELULAR

O desenvolvimento das microalgas foi plotado nos gráficos representados pelas

figuras 31 e 32, utilizando as grandezas biomassa e teor de clorofila a em função do tempo.

Após o período inicial de aclimatação das microalgas, verifica-se que o crescimento é

superior para a LED vermelha, que corrobora com o maior consumo de nutrientes para este

mesmo tipo de iluminação.

Figura 31: Aumento da concentração de biomassa seca em função do tempo para iluminação

FLU e LED.

Fonte: a autora.

Verifica-se pela figura 31 e pelas equações de regressão que a taxa de crescimento

em mg L-1 h-1 de biomassa é 73% maior para iluminação LED. A mesma taxa se repete para o

crescimento de clorofila a, apresentada na figura 32.

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Figura 32:Aumento da concentração de clorofila a em função do tempo para iluminação FLU

e LED.

Fonte: a autora.

As figuras 33 e 34, foram elaboradas em 3 dimensões. Elas apresentam a

concentração de clorofila a em função do tempo e da iluminância, para FLU e LED,

respectivamente.

Figura 33: Conc. de clorofila a em função do tempo e da intensidade luminosa (FLU).

Fonte: a autora.

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Figura 34: Conc. de clorofila a em função do tempo e da intensidade luminosa (LED).

Fonte: a autora.

Através das figuras 33 e 34, percebe-se uma relação linear entre as grandezas

concentração de clorofila a e iluminância ( x ) e também entre concentração de clorofila a e

tempo (y). As equações 36 (FLU) e 37 (LED) corroboram com esta informação uma vez que

são representadas através de funções do primeiro grau.

yxClorofila 0383,000025,04648,4

(36)

yxClorofila 1077,00002,0905,1 (37)

Através da linha de tendência das figuras 33 e 34, representada pelos marcadores,

percebe-se que o crescimento das células atinge seu limite de saturação nas intensidades

superiores a 1000 Lux (FLU) e 5250 Lux (LED), confirmando o efeito de saturação nesta

faixa de intensidade luminosa artificial, como verificado anteriormente (tabela 10), e

reforçado pelo resultado encontrado por Godoy Danesi et al. (2010), para microalga Spirulina

Platensis ( >5,3 kLux).

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Através deste estudo comparativo entre a iluminação LED e a FLU, percebe-se

que antes de finalizar a escolha é necessário saber qual é o objetivo principal a ser atendido,

no que tange à conversão de nutrientes. Desta forma a figura 35 descreve duas possibilidades:

Figura 35: Organograma de auxílio na decisão entre a escolha da iluminação LED e FLU para

o desenvolvimento de microalgas em fotobiorreatores.

Fonte: a autora.

É importante destacar que para efetuar uma verificação mais apurada da economia

real da iluminação FLU perante à LED, ou vice-versa, é necessário proceder um estudo mais

detalhado envolvendo todos os custos relacionados à ambos os tipos de produção, como

custos dos insumos como lâmpadas, energia elétrica, horas de trabalho, entre outros.

Possibilidades(Objetivo)

Agilidade (rapidez no processo)

LED

Menor intensidade luminosa

FLU

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6 CONCLUSÕES

Através das adaptações dos dados aos modelos existentes, foi possível incorporar

a intensidade luminosa média como um substrato limitante no desenvolvimento das

microalgas. Com os parâmetros determinados para as equações, pode-se perceber que a

iluminação LED apresenta uma maior taxa de crescimento de clorofila a, que varia de modelo

a modelo.

O modelo proposto por García-Malea foi o mais representativo para este estudo

em função de apresentar o menor erro quadrático médio, tanto para iluminação LED como

para FLU. Uma vez que o intervalo considerado para a escolha foi apenas o da fase

exponencial de crescimento, a falta de informações com relação aos intervalos da intensidade

luminosa, não foram importantes neste ponto de desenvolvimento do trabalho.

Com este estudo, através da expressão de Muller-Feuga, foi possível obter a

irradiância média mínima necessária para a microalga Chlorella vulgaris iniciar o seu

crescimento sob iluminação fluorescente (Ie = 371,7 Lux) e LED vermelha (Ie = 2406,4 Lux),

assim como os intervalos de saturação da luz (I (FLU) = 640 a 913 Lux e I (LED) = 3870 a 5267

Lux) e de inibição (Is(FLU) > 913 Lux e Is(LED) > 5267 Lux). Estes parâmetros representam

dados muito importantes para o dimensionamento de fotobiorreatores e que podem ser

utilizados pela indústria microalgas, trazendo um maior rendimento a seus processos, ainda

associado à economia de energia.

Para os nutrientes nitrogênio e fósforo as equações de regressão indicaram que a

iluminação LED é mais favorável que a FLU. Especificamente para a remoção de Nitrogênio

o FBR LED foi mais eficiente pois removeu 45% deste nutriente, frente aos 37% da

iluminação FLU. Já para a remoção de Fósforo, isto não se repetiu. A remoção final foi muito

similar, 83% FLU versus 85% LED. A vantagem da LED foi representativa apenas no quesito

tempo, enquanto que a FLU esteve pautada no consumo energético, por demandar uma menor

intensidade luminosa (FLU: 385 Lux versus LED: 6200 Lux) para efetuar a mesma conversão

final.

Existem duas variáveis que se sobressaem neste estudo, uma é a intensidade

luminosa (LED bem mais intensa), outra é o comprimento de onda (vermelho bem específico

para a ativação do fotossistema II), ambas presentes no FBR LED, não sendo limitantes para

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81

este fotobiorreator, mas sim para o FBR FLU que acaba refletindo em uma menor produção

de clorofila a e biomassa.(CONAMA, 2011)(CONAMA, 2005)(CONAMA, 2008)

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