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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO AMBIENTAL SIENNE CUNHA DE OLIVEIRA RESPONSABILIDADE ESTATAL POR DANOS AO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO DO PROFESSOR: O ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO NA REDE ESTADUAL DE ENSINO NA CIDADE DE MANAUS MANAUS 2016

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS

ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO AMBIENTAL

SIENNE CUNHA DE OLIVEIRA

RESPONSABILIDADE ESTATAL POR DANOS AO MEIO AMBIENTE DO

TRABALHO DO PROFESSOR: O ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO NA REDE

ESTADUAL DE ENSINO NA CIDADE DE MANAUS

MANAUS

2016

SIENNE CUNHA DE OLIVEIRA

RESPONSABILIDADE ESTATAL POR DANOS AO MEIO AMBIENTE DO

TRABALHO DO PROFESSOR: O ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO NA REDE

ESTADUAL DE ENSINO NA CIDADE DE MANAUS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

graduação em Direito Ambiental da

Universidade do Estado do Amazonas, como

requisito para obtenção do título de Mestre em

Direito Ambiental.

Linha de Pesquisa: Dano ao Meio Ambiente

do Trabalho.

ORIENTADOR: Prof. Dr. Sandro Nahmias

Melo

MANAUS

2016

SIENNE CUNHA DE OLIVEIRA

Responsabilidade Estatal por danos ao meio ambiente do trabalho do professor: O ensino

fundamental e médio na rede estadual de ensino na cidade de Manaus

Dissertação aprovada pelo Programa de Pós-

Graduação em Direito Ambiental da

Universidade do Estado do Amazonas pela

Comissão Julgadora abaixo identificada.

Manaus, 23 de agosto de 2016.

_________________________________________

Presidente: Professor Dr. Sandro Nahmias Melo

Universidade do Estado do Amazonas

_________________________________________

Membro: Professor Dr. Erivaldo Cavalcanti e Silva Filho

Universidade do Estado do Amazonas

_________________________________________

Membro: Professor Dr. Sebastião Marcelice Gomes

Universidade Federal do Amazonas

Ao meu Pai Celestial, toda honra e toda glória a ti, pai

amado, pelas oportunidades que me tens concedido de

novas conquistas e de poder ajudar o semelhante de

alguma maneira.

AGRADECIMENTOS

Agradeço de todo meu coração a Deus - que palavras poderiam brotar de meus

lábios para demonstrar o meu agradecimento e minha alegria por honrar minha fé. Foram

tantas bênçãos recebidas e muitos livramentos que fizeste durante toda minha caminhada no

mestrado, confesso que não foi fácil, em alguns momentos tive desânimo, mas o Senhor

renovou minhas forças. Por tudo que sou e tenho, por tua infinita misericórdia em minha vida,

por seu amor que é sem limites, te rendo graças, SENHOR, e hoje prostrada aos Teus pés só

tenho muito a agradecê-Lo meu amado PAI celestial.

A Rosumiro Trindade Junior, meu amado esposo, pela paciência e incentivo, a

meus filhos, Samir, Saulo e Selton pelo carinho e estímulo, a minha neta Sara, pelos

beijinhos e abraços.

Agradeço, imensamente aos professores que foram membros da banca de seleção

para o mestrado em Direito Ambiental do ano de 2014, Prof. Dr. Erivaldo Cavalcanti e Silva

Filho, Prof. Maria Nazareth da Penha Vasques Mota e Prof. Dr. Edson Damas,

instrumentos usados por Deus para abençoar minha aprovação.

Ao meu orientador Professor Dr. Sandro Nahmias Melo pelas pertinentes

considerações ao trabalho.

A todos os maravilhosos e competentes professores, do mestrado da Universidades

do Estado do Amazonas – Programa de Pós-graduação em Direito Ambiental, que tive a

honra de ter para aprimorar meus conhecimentos.

A Seduc/Am na pessoa da gestora da E. E. Ruy Araújo, Francinete Serrão do

Nascimento, pelo apoio em todos os momentos durante minha caminhada no mestrado.

Aos docentes que se permitiram fazer parte desse estudo, por fornecer dados

preciosos que fundamentaram este trabalho e que sonham em ter um meio ambiente de

trabalho digno.

Aos colegas da turma de 2014 do mestrado que tive a honra de conhecer e que se

solidarizaram ao longo dessa jornada, pelo salutar convívio, bem como pelas inestimáveis

trocas de experiências e conhecimentos.

Enfim, a todos que por algum momento contribuíram direta ou indiretamente para a

realização deste trabalho que fiz com muito orgulho e amor...

Muito obrigada!!!

“Provérbios de Salomão, filho de Davi, rei de Israel; eles

ajudarão a experimentar a sabedoria e a disciplina; a

compreender as palavras que dão entendimento; a viver

com disciplina e sensatez, fazendo o que é justo, direito e

correto; ajudarão a dar prudência aos inexperientes e

conhecimentos e bom senso aos jovens. Se o sábio lhes

der ouvidos, aumentará o seu conhecimento, e quem tem

discernimento obterá orientação. Para entender os

provérbios e sua interpretação; as palavras dos sábios e os

seus enigmas. O temor do Senhor é o princípio do

conhecimento; os insensatos desprezam a sabedoria e a

instrução.”

(Provérbios 1:1-7)

RESUMO

O mal-estar docente é um fato real e complexo que é proveniente de múltiplas situações,

como: problemas emocionais, psíquicos, orgânicos e situacionais que estão relacionados ao

meio ambiente laboral inadequado, essa problemática ambiental contemporânea revela o

descaso com o meio ambiente do trabalho do professor em nível nacional e internacional. A

presente dissertação tem como tema a responsabilidade estatal por danos ao meio ambiente do

trabalho do professor do ensino fundamental e médio na rede estadual de ensino na cidade de

Manaus. Seu objetivo foi analisar as causas do mal-estar docente do professor da rede pública

de ensino da cidade de Manaus relacionando-as a responsabilidade estatal. Adotou-se a

pesquisa teórica-bibliográfica, consolidando-se com a pesquisa quali-quantitativa, fez-se uso

do conhecimento bibliográfico, utilizando-se para o seu desenvolvimento obras já publicadas

como: teses jurídicas, jurisprudências, artigos, dissertações, revistas, livros e os sites

especializados, enfocando multidisciplinarmente, de forma mais intensa, o Direito Ambiental,

o Direito Ambiental do Trabalho, Direito Constitucional, Consolidação das Leis Trabalhistas,

Leis infraconstitucionais e específicas, além das outras áreas multidisciplinares, como obras

da Ciência da Saúde. Quanto aos meios para obter-se as informações utilizou-se tanto a

pesquisa bibliográfica quanto a pesquisa de campo. O resultado da pesquisa de campo trouxe

a confirmação que os professores da SEDUC/Am da cidade de Manaus possuem diversas

doenças ocupacionais provenientes de riscos biológicos, físicos, químicos, psíquicos e

ergonômicos adquiridos em seu meio ambiente laboral, e com isso as causas de absenteísmo

do professor do ensino médio e fundamental da rede estadual de ensino da cidade de Manaus

é elevado. Esse resultado confirma que um “bem” ambiental está sendo infligido e o poder

público está inerte na aplicação das sanções pertinentes, pois a legislação brasileira rege que

quando ocorre dano ambiental a responsabilidade é objetiva e deve ser indenizado a vítima ou

a coletividade lesada, segundo a interpretação sistemática e teleológica do § 3º do art. 225, §

6º e caput do art. 37 da CF/88, § 1º do art. 14 da Lei nº 6.938/81 e o parágrafo único do art.

927 do Código Civil. Assim, mesmo com existência de leis subsidiando os professores,

nenhuma delas trazem leis específicas de promoção a higidez de seu ambiente de trabalho,

bem como o reconhecimento de suas doenças ocupacionais adquiridas em seu meio ambiente

laboral ou em razão dele. Urge, que não se olvide, assim, o reconhecimento de um meio

ambiente sadio para os profissionais que se dedicam ao trabalho intelectual.

Palavras-chave: Meio Ambiente do Trabalho. Danos Ambientais. Doenças Ocupacionais do

Professor. Responsabilidade Estatal.

RESUMEN

El malestar docente es un hecho y compleja que viene de muchas situaciones, tales como

problemas emocionales, psicológicos, orgánicos y de situación que están relacionados con el

ambiente de trabajo apropiado, estos temas ambientales contemporáneos revela el descuido

del medio ambiente de trabajo maestro a nivel nacional e internacional. Esta tesis está sujeto a

la responsabilidad del Estado por los daños al medio ambiente de trabajo de la maestra de

escuela intermedia y secundaria en las escuelas públicas en la ciudad de Manaus. Su objetivo

fue analizar las causas del malestar docente de las escuelas públicas de maestros en la ciudad

de Manaus relacionándolos con la responsabilidad del Estado. Se hizo la literatura teórica y la

consolidación de la investigación cualitativa y cuantitativa se adoptó el uso del conocimiento

bibliográfico, utilizando para su desarrollo publicó obras como legales doctrina, la

jurisprudencia, artículos, disertaciones, revistas, libros y sitios especializados, centrándose en

multidisciplinaria, con mayor intensidad, Derecho Ambiental, legislación Ambiental, Derecho

Constitucional, Consolidación de las leyes del Trabajo, infra y leyes específicas, además de

otras áreas multidisciplinares, como obras de Ciencias de la Salud. el los medios para obtener

la información se utilizó tanto en la literatura como un campo de investigación. El resultado

de la investigación de campo trajo la confirmación de que los maestros SEDUC / AM de

Manaus tienen varias enfermedades profesionales de biológicos, físicos, químicos,

psicológicos y ergonómico adquirida en su medio ambiente de trabajo, y que las causas de

absentismo media maestro y la escuela primaria en los colegios públicos de la ciudad de

Manaus es alta. Este resultado confirma que un "buen" medio ambiente está siendo infligido y

el gobierno es inerte en la aplicación de las sanciones pertinentes, porque la ley brasileña

regula que cuando hay responsabilidad de los daños ambientales es objetiva y debe ser

indemnizado a la víctima o la colectividad heridos, de acuerdo interpretación sistemática y

teleológica del § 3 del art. 225, § 6 y el primer párrafo del art. 37 CF / 88, § 1 del art. 14 de la

Ley Nº 6.938 / 81 y el párrafo único del art. 927 del Código Civil. Así que incluso con la

existencia de leyes que subvencionan los profesores, ninguno de ellos que las leyes

específicas de promoción de la salubridad de su escritorio, así como el reconocimiento de sus

enfermedades profesionales adquiridas en su lugar de trabajo o medio a causa de ella. Instar a

que no se ha olvidado de este modo el reconocimiento de un ambiente saludable para los

profesionales que se dedican al trabajo intelectual.

Palabras clave: Medio Ambiente Medio de Trabajo. Daños al Medio Ambiente. Los Maestros

Enfermedades Derivadas del Trabajo. La Responsabilidad del Estado.

LISTAS DE FIGURAS E ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Motivo dos afastamentos de professores da rede paulista comparado à sua

incidência na população.........................................................................................85

Figura 2 – Acústica arquitetônica adequada para a sala dos professores.............................110

Figura 3 – Resultado da Síndrome de Burnout – Sintomas físicos nas escolas públicas

estaduais de Manaus dos níveis fundamental e médio......................................125

Figura 4 – Resultado da Síndrome de Burnout – Sintomas psíquicos - escolas públicas

estaduais de Manaus dos níveis fundamental e médio.......................................128

Figura 5 – LER ou DORT – Síndrome do túnel de carpo (parte das mãos).........................131

Figura 6 – LER ou DORT – Síndrome do manguito rotativo (parte do ombro)..................131

Figura 7 – LER ou DORT – Epicondicites (região lateral do cotovelo)...............................132

Figura 8 – LER ou DORT – Bursites (doença no ombro) ..................................................132

Figura 9 – LER ou DORT – Renites....................................................................................133

Figura 10 – LER ou DORT – Sinusites..................................................................................134

Figura 11 – LER ou DORT – Faringites crônicas..................................................................135

Figura 12 – LER ou DORT – Lombalgia (ou dor lombar baixa) ..........................................135

Figura 13 – Frequências das principais LER e DORT relatadas pelos docentes das escolas

públicas estaduais de Manaus dos níveis fundamental e médio.......................136

Figura 14 – Resultado das Doenças da Voz – escolas públicas estaduais de Manaus dos

níveis fundamental e médio..............................................................................141

Figura 15 – Resultado das Doenças Psíquicas das escolas públicas estaduais de Manaus dos

níveis fundamental e médio..............................................................................143

Figura 16 – Panorama dos níveis de doenças ocupacionais dos docentes das escolas públicas

estaduais de Manaus dos níveis fundamental e médio....................................145

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Principais legislações – Direitos do Trabalho dos professores da rede privada e

pública..................................................................................................................73

Quadro 2 – Alguns artigos da CLT direcionados aos direitos dos professores, inclusive os

específicos sobre o ofício do professor (317 a 323)............................................76

Quadro 3 – L ei de Diretrizes e Base da Educação (LDB) 9.394/96......................................78

Quadro 4 – Principais legislações – Meio Ambiente do Trabalho.........................................79

Quadro 5 – Conceitos das principais doenças do meio ambiente laboral do professor..........88

Quadro 6 – Quantitativo de escolas por coordenadoria distrital de educação da rede pública

estadual de Manaus/2016.....................................................................................99

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Doenças diagnósticas dos professores paulistas..................................................86

Tabela 2 – Acidentes do trabalho no Brasil – Dados oficiais – período 2010 a 2013...........90

Tabela 3 – Acidentes de Trabalho com e sem CAT registrados no Brasil- período 2010 a

2013.....................................................................................................................90

Tabela 4 – Excluídos do mundo do trabalho no Brasil por acidente do Trabalho ou doença

ocupacional período 2010 a 2013........................................................................90

Tabela 5 – Sociodemográficos e profissionais – Distribuição dos docentes quanto ao

gênero.................................................................................................................102

Tabela 6 – Sociodemográficos e profissionais – Distribuição dos docentes quanto sua média

da faixa etária.....................................................................................................103

Tabela 7 – Sociodemográficos e profissionais – Distribuição dos docentes quanto a média

do grau de escolaridade dos docentes................................................................104

Tabela 8 – Sociodemográficos e profissionais – Distribuição dos docentes quanto a média

de tempo de serviço na docência.......................................................................105

Tabela 9 – Sociodemográficos e profissionais – Distribuição dos docentes quanto a média

de tempo de serviço na atual escola...................................................................105

Tabela 10 – Sociodemográficos e profissionais – Distribuição dos docentes quanto a média

da jornada de trabalho........................................................................................106

Tabela 11 – Sociodemográficos e profissionais – Distribuição dos docentes quanto ao

Distribuição dos docentes quanto ao vínculo no trabalho.................................106

Tabela 12 – Condições Ergonômicas – Boas condições físicas (móveis e instrumentos) de

trabalho nas escolas públicas estaduais de Manaus dos níveis fundamental e

médio.................................................................................................................108

Tabela 13 – Condições Ergonômicas – Em relação ao ruído, como você classificaria o

seu ambiente de trabalho?..................................................................................108

Tabela 14 – Condições Ergonômicas – Em relação à agradabilidade do conforto térmico

(temperatura) como você classificaria o seu ambiente de trabalho?..................109

Tabela 15 – Condições Ergonômicas – Em relação as condições ergonômicas do seu ambiente

de trabalho contribuem para que você tenha estresse ocupacional?...................109

Tabela 16 – Condições Ergonômicas – A sala de aula possui acústica?.............................109

Tabela 17 – Condições Ergonômicas – A sala de aula possui os recursos pedagógicos

e multimídia, quais?...........................................................................................110

Tabela 18 – Situações Funcionais – Carga horária de trabalho dos professores................111

Tabela 19 – Situações Funcionais – Falta de material de apoio didático-pedagógico.......112

Tabela 20 – Situações Funcionais – Superlotação das salas ..............................................113

Tabela 21 – Situações Funcionais – Desvalorização do professor .....................................113

Tabela 22 – Situações Funcionais – Formação continuada dos professores.......................114

Tabela 23 – Situações Funcionais – Reajuste salarial dos professores...............................115

Tabela 24 – Situações Funcionais – Modernização tecnológica ........................................116

Tabela 25 – Situações Funcionais – Ritmo acelerado de trabalho .....................................116

Tabela 26 – Situações Funcionais – Barulho constante no ambiente de trabalho...............117

Tabela 27 – Situações Funcionais – Ambiente fechado com má circulação de ar .............118

Tabela 28 – Situações Funcionais – Fica muito tempo em pé?...........................................118

Tabela 29 – Doenças Ocupacionais – Você já foi acometido por alguma doença

ocupacional?....................................................................................................119

Tabela 30 – Doenças Ocupacionais – Você já trabalhou doente?.......................................119

Tabela 31 – Doenças Ocupacionais – Você tem oportunidade de atividade de lazer e

descanso?...........................................................................................................120

Tabela 32 – Doenças Ocupacionais – Você sente algum tipo de cansaço?.........................120

Tabela 33 – Doenças Ocupacionais – Você trabalha em um ambiente de trabalho

saudável?.........................................................................................................120

Tabela 34 – Doenças Ocupacionais – Você possui plano de saúde particular?...................121

Tabela 35 – Doenças Ocupacionais – Síndrome de Burnout – Dores de cabeça

constante............................................................................................................123

Tabela 36 – Doenças Ocupacionais – Síndrome de Burnout – Tonturas.............................123

Tabela 37 – Doenças Ocupacionais – Síndrome de Burnout – Alterações do sono............123

Tabela 38 – Doenças Ocupacionais – Síndrome de Burnout – Problemas digestivos.........124

Tabela 39 – Doenças Ocupacionais – Síndrome de Burnout – Faltas de ar........................124

Tabela 40 – Doenças Ocupacionais – Síndrome de Burnout - Excesso de cansaço............125

Tabela 41 – Doenças Ocupacionais – Síndrome de Burnout – Ansiedade.........................127

Tabela 42 – Doenças Ocupacionais – Síndrome de Burnout – Dificuldade em concentrar-

se......................................................................................................................127

Tabela 43 – Doenças Ocupacionais – Síndrome de Burnout – Variações de humor...........127

Tabela 44 – Síndrome de Burnout – Perda de motivação no emprego................................128

Tabela 45 – Síndrome de Burnout – Ficar isolado dos colegas de trabalho........................128

Tabela 46 – LER ou DORT – Postura inadequada..............................................................130

Tabela 47 – LER ou DORT – Excesso no trabalho..............................................................130

Tabela 48 – LER ou DORT – Síndrome do túnel de carpo (parte das mãos)......................130

Tabela 49 – LER ou DORT – Síndrome do manguito rotatório (parte do ombro).............131

Tabela 50 – LER ou DORT – Epicondicites (região lateral do cotovelo)...........................132

Tabela 51 – LER ou DORT – Bursites (doença no ombro)................................................132

Tabela 52 – LER ou DORT – Tendinites (doença no ombro).............................................133

Tabela 53 – LER ou DORT – Rinites.................................................................................133

Tabela 54 – LER ou DORT – Sinusites...............................................................................134

Tabela 55 – LER ou DORT – Faringites crônicas..............................................................134

Tabela 56 – LER ou DORT – Alergias...............................................................................135

Tabela 57 – LER ou DORT – Lombalgia (ou dor lombar baixa).........................................135

Tabela 58 – Doença da Voz – Rouquidão com mais de 10 dias..........................................140

Tabela 59 – Doença da Voz – Nódulos................................................................................140

Tabela 60 – Doença da Voz – Pólipos ................................................................................140

Tabela 61 – Doença da Voz – Edemas nas pregas vocais....................................................141

Tabela 62 – Doença da Voz – Câncer..................................................................................141

Tabela 63 – Doenças Psíquicas – Estresse Ocupacional......................................................142

Tabela 64 – Doenças Psíquicas – Ansiedade.......................................................................143

Tabela 65 – Doenças Psíquicas – Depressão........................................................................143

Tabela 66 – Doenças Psíquicas – Síndrome do pânico........................................................143

Tabela 67 – Situações de riscos – Constrangimento por não acompanhar as inovações

tecnológicas.....................................................................................................147

Tabela 68 – Situações de riscos – Ritmo de trabalho intenso..............................................147

Tabela 69 – Situações de riscos – Violência física ............................................................147

Tabela 70 – Situações de riscos – Violência verbal.............................................................148

Tabela 71 – Situações de riscos – Assédio moral.................................................................148

Tabela 72 – Situações de riscos – Assédio sexual................................................................148

Tabela 73 – Direitos – Você já teve algum afastamento médico por doença......................150

Tabela 74 – Direitos –Tirou várias licenças e foi readaptado(a). Qual foi a doença que o(a)

levou a readaptação? .........................................................................................151

Tabela 75 – Direitos – Você ajuizou alguma ação judicial contra o Estado pelo motivo de

doenças ocupacionais? ......................................................................................151

Tabela 76 – Direitos – Você sabia que as doenças ocupacionais dos professores não são

reconhecidas como doenças ocupacionais no ordenamento jurídico?...............151

Tabela 77 – Prevenção – Você recebeu alguma palestra de prevenção à saúde do professor

no início de sua carreira de professor?...............................................................153

Tabela 78 – Prevenção – É oportunizado prevenção contra as doenças ocupacionais pela

Instituição de ensino que trabalha?....................................................................153

Tabela 79 – Prevenção – Você é feliz com sua profissão? ...................................................153

Tabela 80 – Prevenção – Você já pensou em mudar de profissão? ....................................154

Tabela 81 – Prevenção – Você faz exames periódicos solicitados pela Instituição de ensino

que trabalha?......................................................................................................154

LISTA DE SIGLAS

AJUFESP Associação dos Juízes Federais do Estado de São Paulo.

AMATRA Associações dos Magistrados da Justiça do Trabalho.

APAMAGIS Associação Paulista de Magistratura.

CAT Comunicação de Acidente de Trabalho.

CCT Convenção Coletiva do Trabalho.

CDC Código de Defesa do Consumidor.

CDE Cooperação e Desenvolvimento Econômico.

CEV Centro de Estudos da Voz.

CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes.

CLT Consolidação das Leis do Trabalho.

CNTE Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação.

CNPq Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente.

COP Conferência do Clima.

CPC Código de Processo Civil.

CSJT Conselho Superior da Justiça do Trabalho.

CT-SST Comissão Tripartite de Saúde e Segurança no Trabalho.

DORT Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho.

ECA Estatuto da Criança e Adolescente.

EIA Estudo de Impacto Ambiental.

EIU Economist Intelligente Unit.

FGTS Fundo de Garantia do Tempo de Serviço.

FUNDEB Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de

Valorização dos Profissionais da Educação.

FUNDEF Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de

Valorização do Magistério.

GECAP Gerência de Cadastro e Aposentadoria.

GEE Gases de Efeito Estufa.

HTP Hora de Trabalho Pedagógico.

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

IES Instituição de Ensino Superior.

IIPE Instituto Internacional de Planeamiento de la Educación.

ILO International Labour Organization.

INSS Instituto Nacional do Seguro Social.

IPCC Intergovernmental Panel on Climate Change / Painel Intergovernamental

sobre Mudanças Climáticas.

ISO Organização Internacional de Padronização.

LDB Lei de Diretrizes e Base da Educação.

LER Lesão por Esforço Repetitivo.

MEC Ministério de Educação e Cultura.

MP Medida Provisória.

MTE Ministério do Trabalho e Emprego.

NR Norma Regulamentadora.

OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.

OIT Organização Internacional do Trabalho.

OMS Organização Mundial da Saúde.

ONG Organização Não-Governamental.

ONU Organização das Nações Unidas.

ORTNs Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional.

OSHA Occupational Safety and Health Administration/ Serviços de Avaliação de

Segurança e Saúde Ocupacional.

PAPSE Programa de Acompanhamento Psicossocial dos Servidores da Educação.

PCMSO Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional.

PIACT Programa Internacional para Melhora das Condições e Meio Ambiente do

Trabalho.

PISA Programa Internacional de Avaliação de Estudantes.

PGRs Programa de Gerenciamento de Riscos.

PNSST Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho.

PSQI-BR Índice de Qualidade do Sono de Pittsburg.

PUC Pontifícia Universidade Católica.

SBFa Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia.

SEDUC Secretaria de Estado de Educação e Qualidade do Ensino.

SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente.

SST Segurança e Saúde no Trabalho.

STF Supremo Tribunal Federal.

STJ Superior Tribunal de Justiça.

STMC Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Municipal de Campinas.

TACA Termo de Ajustamento de Conduta Administrativo.

TERI Instituto de Energia e Recurso.

TFT Tribunal Federal do Trabalho.

TJ Tribunal de Justiça.

TRT Tribunal Regional do Trabalho.

TST Tribunal Superior do Trabalho.

UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.

UNFCCC Convenção - Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................26

2 O MEIO AMBIENTE DO TRABALHO................................................................29

2.1 ASPECTOS DO MEIO AMBIENTE.........................................................................30

2.2 MEIO AMBIENTE DO TRABALHO: AMPLITUDE CONCEITUAL....................34

2.3 NATUREZA JURÍDICA...........................................................................................36

2.4 AUTONOMIA DO DIREITO AMBIENTAL DO TRABALHO..............................38

2.5 TEORIA DO DIREITO AMBIENTAL: ANTROPOCENTRISMO.........................40

2.6 RELEVÂNCIA DOS PRINCÍPIOS NO DIREITO AMBIENTAL...........................43

2.7 PRINCÍPIOS ESTRUTURANTES DO DIREITO AMBIENTAL............................45

2.7.1 Princípio do desenvolvimento sustentável...............................................................46

2.7.2 Princípio da Prevenção.............................................................................................49

2.7.3 Princípio da Precaução.............................................................................................51

3 MEIO AMBIENTE DO TRABALHO DO PROFESSOR...................................54

3.1 EVOLUÇÃO DO TRABALHO DO PROFESSOR.................................................54

3.2 PECULIARIDADES DAS LESÕES AO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO DO

PROFESSOR..............................................................................................................57

3.2.1 A profissão do professor na sociedade de risco......................................................59

3.3. O DIREITO À SADIA QUALIDADE DE VIDA NO MEIO AMBIENTE DE

TRABALHO...............................................................................................................68

3.3.1 Direitos trabalhistas e o Meio Ambiente do Trabalho...........................................71

3.4 PROTEÇÃO JURÍDICA AO MEIO AMBIENTE LABORAL DO

PROFESSOR..............................................................................................................80

3.4.1 Direito à saúde e segurança no meio ambiente do trabalho..................................82

3.4.2 A qualidade no meio ambiente do trabalho: principais doenças e

disfunções...................................................................................................................87

3.5 VISÃO DOS TRIBUNAIS.........................................................................................89

3.5.1 Levantamento de processos julgados com o nexo causal reconhecido de 2005 a

2015.............................................................................................................................92

4 RELAÇÃO ENTRE MEIO AMBIENTE DE TRABALHO E CAUSAS DE

ABSENTEÍSMO DO PROFESSOR DO ENSINO MÉDIO E FUNDAMENTAL

DA REDE ESTADUAL DE ENSINO NA CIDADE DE MANAU......................95

4.1 A REVISÃO DA LITERATURA SOBRE O CONCEITO DE

ABSENTEÍSMO.........................................................................................................96

4.2 MAPEAMENTO DOS PROFESSORES DA REDE ESTADUAL DE ENSINO NA

CIDADE DE MANAUS/AM - NÍVEIS FUNDAMENTAL E MÉDIO...................97

4.3 METODOLOGIA APLICADA..................................................................................98

4.4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS........................................101

4.4.1 Sociodemográficos e profissionais..........................................................................102

4.4.2 Condições Ergonômicas..........................................................................................107

4.4.3 Situações Funcionais...............................................................................................111

4.4.4 Doenças Ocupacionais............................................................................................118

4.4.4.1 Síndrome de Burnout................................................................................................122

4.4.4.2 LER (Lesões por Movimento Repetitivo) /DORT – Distúrbios Osteomoleculares

Relacionados ao Trabalho.........................................................................................129

4.4.4.3 Doença da Voz.........................................................................................................138

4.4.4.4 Doenças Psíquicas.....................................................................................................142

4.4.5 Prevenção no meio ambiente do trabalho.............................................................146

4.4.5.1 Situações de riscos que ocorrem no meio ambiente do trabalho..............................146

4.4.5.2 Direitos......................................................................................................................150

4.4.5.3 Prevenção..................................................................................................................152

4.5 Resultado geral da pesquisa de campo..................................................................155

5 ASPECTOS GERAIS DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO........159

5.1 A EVOLUÇÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO......................160

5.2 RESPONSABILIDADE CIVIL DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA....................166

5.3 A RESPONSABILIDADE ESTATAL POR OMISSÃO E COMISSÃO................168

5.4 CAUSAS EXCLUDENTES E ATENUANTES.......................................................171

5.5 RESPONSABILIDADE AMBIENTAL ..................................................................173

5.5.1 Responsabilidade pelo meio ambiente....................................................................174

5.5.2 Responsabilidade por dano ambiental...................................................................174

5.5.3 Âmbito de Responsabilidade no Direito Ambiental.............................................176

5.5.3.1 Responsabilidade no âmbito Administrativo............................................................177

5.5.3.2 Responsabilidade no âmbito Civil.............................................................................180

5.5.3.3 Responsabilidade no âmbito Penal............................................................................181

5.5.4 Responsabilidade do Estado por danos ao meio ambiente do trabalho.............184

6 CONCLUSÕES.......................................................................................................190

REFERÊNCIAS......................................................................................................196

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO DA PESQUISA DE CAMPO....................213

APÊNDICE B – CARTA DE SOLICITAÇÃO DA PESQUISA – JUNTA

MÉDICA PERICIAL DO ESTADO DO AMAZONAS....................................217

APÊNDICE C – OFÍCIO N. 165/2016 – JUNTA MÉDICA PERICIAL DO

ESTADO DO AMAZONAS – RESPOSTA........................................................218

APÊNDICE D – CARTA RESPOSTA DA SECRETARIA DE ESTADO DE

EDUCAÇÃO E QUALIDADE DE ENSINO – SEDUC/AM............................219

26

1 INTRODUÇÃO

No contexto atual, o meio ambiente é um dos temas de preocupação da sociedade de

todo o mundo, questões de ordem global vem sendo objeto de estudo e de muita discussão,

pois a falta de consciência humana vem ocasionando várias ações predatórias no meio

ambiente natural ao ponto de ameaçar a própria sobrevivência de todos.

A maioria dos danos ambientais são irreversíveis e precisam de medidas preventivas

e precaucionais urgentes que tragam proteção ao meio ambiente e equilíbrio para o homem

usufruir de uma sadia qualidade de vida. Cabe ao poder público e a sociedade o dever de

caminharem juntos para minimizar esses problemas, uma vez que, trata-se de um tema que

interessa a todos indistintamente.

Ressalta-se que a proteção ambiental deve alcançar qualquer espécie de vida, porém

a visão antropocêntrica das normas ambientais justifica-se pelo homem ser considerado centro

do universo, logo centro das preocupações com as questões ambientais uma vez que busca-se

preservar a vida humana.

Como o conceito de meio ambiente é amplo buscou-se tutelar, na Constituição

Federal de 1988, art. 225, quatro aspectos ambientais: (natural, artificial, cultural e do

trabalho) para facilitar a compreensão e estudos específicos de cada um, assim temos: Físico:

flora, fauna, solo, água, ecossistemas, atmosfera, etc. (art. 225, §1º, I,VII); Cultural:

patrimônio cultural, artístico, arqueológico, paisagístico, manifestações culturais populares

etc. (art. 215, §1º e §2º); Artificial: É o conjunto de edificações particulares ou públicas,

principalmente urbanas, (art.182, art. 21, XX art. 5º, XXIII); Trabalho: É o conjunto de

condições ou existentes no local de trabalho relativos à qualidade de vida do trabalhador (art.

200, inciso VIII).

Apesar de todos os aspectos ambientais serem importantes, optou-se analisar nesta

dissertação sobre o meio ambiente do trabalho, por ser interessante e indispensável na vida de

todos, pois trabalhar é condição essencial, não somente pela manutenção financeira, mas pela

dignificação da vida, logo, compreender a relação saúde-trabalho é necessário para que sejam

analisados seus hábitos diários a fim de que ocorra o reconhecimento jurídico do seu processo

produtivo em todas as profissões, e com isso a identificação dos riscos ambientais que cada

profissão enfrenta em seu meio ambiente laboral ou em razão dele.

O meio ambiente do trabalho possui características peculiares e diferentes do Direito

do Trabalho, sua caracterização baseia-se numa reorientação da tutela ambiental, esse direito

27

propõe uma reflexão sobre a proteção jurídica do trabalhador no seu meio ambiente laboral

diante de uma perspectiva de dignidade da pessoa humana. Para delimitar esse estudo

contemplou-se em estudar sobre o meio ambiente do trabalho do professor.

Sabe-se que a preservação do meio ambiente do trabalho do professor é alvo de

preocupação em nível nacional e internacional em todos os níveis de ensino, porém mesmo

com as mudanças ocorridas nos aspectos sociais, econômicos, políticos, culturais e

tecnológicos pouco avanço jurisdicional houve no que concerne a regulamentação de leis

específicas sobre a saúde e segurança no meio ambiente laboral dos professores do Brasil.

Embora a Organização Internacional do Trabalho1 (OIT), em 1981 tenha classificado

a “profissão de professor numa atividade de risco físico e mental” e em 1983 mencionado que

a atividade de professor é o segundo lugar das profissões que mais apresentam doenças

ocupacionais, tal fato não chamou a atenção do poder público brasileiro.

Mediante essa situação, investigações científicas em outras áreas do conhecimento

estão sendo feitas, buscando compreender melhor o mal-estar docente, porém na pesquisa

científica do Direito pouco é o avanço sobre o referente tema, contudo o Direito Ambiental

tem buscado numa perspectiva interdisciplinar e transdisciplinar com as outras ciências do

conhecimento, principalmente com a Ciência da Saúde, a sinergia necessária para suas

pesquisas científicas jurídicas fundamentações concretas sobre o mal-estar do professor, para

que no futuro próximo, possa contribuir na aplicação prática desses estudos para a solução dos

problemas desses trabalhadores.

Diante da relevância do tema, nos dias atuais, esta dissertação teve como objetivo

analisar as causas do mal-estar docente do professor da rede pública de ensino da cidade de

Manaus relacionando-as à responsabilidade estatal. Sua metodologia fundamentou-se na

pesquisa teórica-bibliográfica consolidando-se com a pesquisa quali-quantitativa, fez-se uso

do conhecimento bibliográfico, utilizando-se para o seu desenvolvimento obras já publicadas

como: teses jurídicas, jurisprudências, artigos, dissertações, revistas, livros e os sites

especializados, enfocando multidisciplinarmente, de forma mais intensa, o Direito Ambiental,

o Direito Ambiental do Trabalho, Direito Constitucional, Consolidação das Leis Trabalhistas,

Leis infraconstitucionais e específicas, além das outras áreas multidisciplinares, como obras

da Ciência da Saúde. Quanto aos meios para obter-se as informações utilizou-se tanto a

pesquisa bibliográfica quanto a pesquisa de campo.

1 OIT Emploi et conditions de travail dês enseignants. Genebra: Bureau Internationale Du Travail, 1981.

28

Para melhor compreensão da temática, o trabalho foi desenvolvido em seis capítulos,

sendo que o primeiro e o segundo fornecem uma abordagem sobre o meio ambiente e meio

ambiente do trabalho em geral, com destaque para a relevância de seus princípios e a visão

antropocêntrica do meio ambiente.

O terceiro enfoque apresenta o meio ambiente do trabalho do professor, destacando

as peculiaridades das lesões no seu meio ambiente do trabalho, sua proteção jurídica, quadro

das doenças ocupacionais, seu direito à sadia qualidade de vida no meio ambiente de trabalho

hígido e seguro e visões dos tribunais sobre o referido tema.

O quarto ponto apresenta o resultado de uma pesquisa de campo sobre a relação entre

meio ambiente de trabalho e causas de absenteísmo do professor do ensino médio e

fundamental da rede pública estadual de ensino na cidade de Manaus, com destaque para o

mapeamento de professores da rede estadual na cidade de Manaus/Am - níveis fundamental e

médio; principais causas de absenteísmo diagnosticados no ano de 2015 e o resultado geral da

pesquisa de campo.

O quinto capítulo destina-se a analisar sobre os aspectos gerais da responsabilidade

civil do estado, em especial, destaque para a responsabilidade ambiental do estado do

Amazonas frente aos danos infligidos do meio ambiente do trabalho.

Finalmente, na conclusão, visou-se destacar algumas reflexões sobre o resultado da

pesquisa de campo realizada nas escolas da rede pública estadual de ensino de Manaus devido

o adoecimento silencioso desses profissionais decorrentes das doenças ocupacionais que

precisam estar, oficialmente reconhecidas, nas relações da Previdência Social, seja ela doença

profissional ou doença de trabalho.

29

2 O MEIO AMBIENTE DO TRABALHO

Meio ambiente é um dos temas que está em pauta há algumas décadas na sociedade

de todo o mundo, questões de ordem global, bem como de ordem local ou regional vem sendo

objeto de estudo e de muita discussão na atualidade, pois a falta de consciência humana vem

ocasionando várias ações predatórias do meio ambiente natural ao ponto de ameaçar a própria

sobrevivência de todos.

Silva (2013, p. 30) defende que:

A ação predatória do meio ambiente natural manifesta-se de várias maneiras, quer

destruindo os elementos que o compõem, como a derrubada das matas, quer

contaminando-os com substâncias que lhes alterem a qualidade, impedindo seu uso

normal, como se dá com a poluição do ar, das águas, do solo e da paisagem...

A Lei n. 6.938/81 (Lei de Política Nacional do Meio Ambiente), art. 3º, inciso I

conceitua meio ambiente como sendo “o conjunto de condições, leis, influências e interações

de ordens física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas

formas”. Nota-se que ele pode ser considerado como um conjunto de condições naturais e de

influências que agem sobre os organismos vivos e sobre os seres humanos.

Com tantas catástrofes ambientais que alguns países estão enfrentando, inclusive o

Brasil, o homem tem buscado respostas imediatas, entre os diversos segmentos da sociedade,

que ajudem a minimizar tanta destruição ambiental.

Bonavides (2010, p. 23) ressalta que “Sem aprofundar a investigação acerca da

função dos princípios no ordenamentos jurídico não é possível compreender a natureza, a

essência e os rumos do constitucionalismo contemporâneo”.

Os termos principiológicos que delimitam zonas comuns entre diversos ramos do

Direito são normas que devem ser obedecidas por todos, pois podem ser utilizados para o

saneamento e resolução de eventuais conflitos decisórios em aspectos que envolvam o meio

ambiente.

O homem vem colocando em risco a natureza com suas ações predatórias, ela aos

poucos vem apresentando sinais de degradação, comprometendo até as condições de vida

planetária. Tal problemática traz diversas discussões e estudos sobre o tema entre os vários

profissionais das diversas áreas do saber, todos com uma visão diferenciada, mas com um

mesmo objetivo, a preservação do planeta. Assim, observou-se a necessidade da integralidade

dos saberes, ou seja, de se adotar a forma interdisciplinar e transdisciplinar.

Diante dessa necessidade de integralização dos saberes, em especial com a Ciência

da Saúde, o Direito Ambiental tem buscado a sinergia necessária para fundamentar o nexo de

30

causalidade das doenças com as atividades desenvolvidas pelos professores, porém ressalta-se

que existem divergências na seara jurídica sobre o tema, pois ainda não há regulamentação

jurídica específica que a assegure. Desde logo, salienta-se que não há pretensão de esgotar o

assunto, o que por si não seria possível neste estudo, ante a problemática do tema.

2.1 ASPECTOS DO MEIO AMBIENTE

Como o meio ambiente é um tema amplo e também possuir muitas peculiaridades

houve a necessidade de ser enquadrado em diferentes aspectos: meio ambiente natural, meio

ambiente artificial, meio ambiente cultural e meio ambiente do trabalho. Vale ressaltar que

embora o meio ambiente tenha sido dividido em quatro, ele possui unicidade, pois o maior

objeto a ser tutelado é a vida saudável em todas as suas formas.

Buscou-se, assim, com tal classificação facilitar a identificação do aspecto ambiental

no que concerne o objeto de estudo, pois cada um possui suas peculiaridades que será

apresentado de forma mais minuciosa nos parágrafos seguintes:

O meio ambiente natural ou físico é caracterizado pela originalidade da criação da

natureza (água, solo, ar atmosférico, fauna e flora), sem nenhuma contribuição da ação

humana, porém juridicamente existem casos que o meio ambiente natural recebe interferência

humana e mesmo assim continua pertencendo a essa classificação, o que é restringido é que

não seja alterada sua substância pelo homem.

Sua tutela é encontrada no artigo 225, parágrafo §1º, incisos I, II, IV, V, VII e § 2º,

da Constituição Federal:

Art. 225 Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de

uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder

Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e

futuras gerações.

§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo

ecológico das espécies e ecossistemas;

II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do país e

fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;

IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente

causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto

ambiental, a que se dará publicidade;

V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e

substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio

ambiente;

VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem

em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os

animais a crueldade. (...)

§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio

ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público

competente, na forma da lei.

31

Apesar de serem elementos diferentes possuem pontos em comum, todos provêm da

natureza e são responsáveis por seu equilíbrio. Para Melo (2013, p. 28) “O meio ambiente

natural ou físico é constituído pelo solo, água, flora e fauna, representando o equilíbrio

dinâmico entre os seres vivos na terra e o meio em que vivem”.

O meio ambiente artificial é o inverso do meio ambiente natural, é resultado da

interferência direta do homem (modificado ou trabalhado pela ação humana), ressalta-se que

nem todas as ações de interferências são assim consideradas, pois se não há mudança na sua

substancialidade prevalece a classificação de meio ambiente natural.

Segundo Fiorillo (2012, p. 79):

Cuida salientar, ainda, que o meio-ambiente artificial alberga, ainda, ruas, praças e

áreas verdes. Trata-se, em um primeiro contato, da construção pelo ser humano nos

espaços naturais, isto é, uma transformação do meio-ambiente natural em razão da

ação antrópica, dando ensejo à formação do meio-ambiente artificial. Além disso,

pode-se ainda considerar alcançado por essa espécie de meio-ambiente, o plano

diretor municipal e o zoneamento urbano.

Melo (2013, p. 28) afirma que “O meio ambiente artificial é o espaço urbano

habitável, constituído pelo conjunto de edificações feitas pelo homem, estando ligado ao

conceito de cidade, embora não exclua os espaços rurais artificiais criados pelo homem”.

Nesse diapasão, nota-se que a definições são pacíficas entre os doutrinadores da

seara do Direito Ambiental sobre o meio ambiente artificial, sendo assim aceita a ação

substancial do homem no meio ambiente natural, pois agora será o homem a modificar ao seu

modo o que foi oferecido pela natureza.

Nota-se que esse aspecto ambiental não é regido apenas pelo art. 225 da Constituição

Federal/88, ele possui outros dispositivos legais que o disciplinam também, destaca-se:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,

garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade

do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos

seguintes:

XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;

(...)

Art. 21 Compete à União:

XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação,

saneamento básico e transportes urbanos;

(...)

Art. 182 A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público

municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o

pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus

habitantes. (Regulamento)

§ 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com

mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento

e de expansão urbana.

§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências

fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.

32

§ 3º As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa

indenização em dinheiro.

§ 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área

incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo

urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado

aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:

I - parcelamento ou edificação compulsórios;

II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;

III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão

previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos,

em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os

juros legais.

Esses dispositivos disciplinam a política urbana de forma mediata e imediata o que o

faz está intrinsecamente ligada à dinâmica das cidades. Eles normatizam os espaços fechados

e equipamentos públicos para proteger o meio ambiente artificial e com isso possa preservar o

meio ambiente saudável para que possa se obter a sadia qualidade de vida.

O meio ambiente cultural são bens também criados pelo homem como o meio

ambiente artificial, porém possuem características e finalidades próprias. O patrimônio

cultural brasileiro é composto do patrimônio artístico, paisagístico, arqueológico, histórico e

turístico que constitui o Meio Ambiente Cultural.

Silva (2013, p. 21) conceitua Meio Ambiente Cultural como “integrado pelo

patrimônio histórico, artístico, arqueológico, paisagístico, turístico, que, embora artificial, em

regra, como obra do homem, difere do anterior, que também é cultural, pelo sentido de valor

especial”. Melo (2013, p. 28) corrobora ao afirmar “O meio ambiente cultural diz respeito à

história, formação e cultura de um povo”.

Sua fundamentação constitucional está no art. 216:

Art. 216 Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e

imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à

identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade

brasileira, nos quais se incluem:

I - as formas de expressão;

II - os modos de criar, fazer e viver;

III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;

IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às

manifestações artístico-culturais;

V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico,

arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.

§ 1º O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o

patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância,

tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação.

§ 2º Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação

governamental e as providências para franquear sua consulta a quantos dela

necessitem. (Vide Lei nº 12.527, de 2011)

§ 3º A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens e

valores culturais.

§ 4º Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma da lei.

§ 5º Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências

históricas dos antigos quilombos.

33

§ 6º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a fundo estadual de

fomento à cultura até cinco décimos por cento de sua receita tributária líquida, para

o financiamento de programas e projetos culturais, vedada a aplicação desses

recursos no pagamento de: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de

19.12.2003)

I - despesas com pessoal e encargos sociais; (Incluído pela Emenda Constitucional

nº 42, de 19.12.2003)

II - serviço da dívida; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos

ou ações apoiados. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003).

A importância dada pelo ordenamento jurídico ao meio ambiente cultural é singular,

pois sua existência está relacionada a manter viva a memória coletiva, preservar os bens de

valor material e imaterial ligados a identidade e as ações do povo brasileiro. Assim, pode-se

afirmar que a preservação do patrimônio cultural possui uma relação com o direito de

personalidade, pois a memória a identidade do homem, modificador da ordem original).

O meio ambiente do trabalho é um dos aspectos ambientais que busca salvaguardar

a pessoa do trabalhador do interesse econômico concorrentes, pois a perspectiva da

diminuição dos riscos das doenças ocupacionais e acidentes de trabalho ainda são, para

algumas profissões, alvos importantes a conseguir. Vejamos alguns conceitos de meio

ambiente do trabalho:

Fiorillo (2012, p. 211):

É o local onde as pessoas desempenham suas atividades laborais, sejam remuneradas

ou não, cujo equilíbrio está baseado na salubridade do meio e na ausência de agentes

que comprometam a incolimidade físico-psíquica dos trabalhadores, independente

da condição que ostentem (homens ou mulheres, maiores ou menores de idade,

celetistas, servidores públicos e autônomos.

Silva (2013, p. 23):

É um meio ambiente que se insere no artificial, mas digno de tratamento especial,

tanto que a Constituição o menciona explicitamente no art.200, VII, ao estabelecer

que uma das atribuições do Sistema Único de Saúde consiste em colaborar na

proteção do ambiente, nele compreendido o do trabalho.

Nesse sentido Santos (2010, p. 24) corrobora:

De fato, a qualidade do meio ambiente do trabalho influi consideravelmente na

própria qualidade de vida do trabalhador. Tal ambiente pode ser satisfatório e

atrativo, e ensejar o desenvolvimento daquele que vende a própria força de trabalho

para garantir o sustento de si e de sua família.

Nota-se que todos os conceitos possuem a mesma visão geral de proteger a saúde e

segurança do trabalhador e desenvolver o meio ambiente laboral digno onde cada ofício é

realizado. Essas conceituações estão voltadas para preservação da saúde e bem estar dos

trabalhadores.

34

Foram criadas normas regulamentadoras na legislação brasileira direcionadas ao

meio ambiente geral que apesar de estar implícito a palavra “do trabalho” estão

intrinsecamente voltadas à saúde, higiene e segurança do trabalhador, como: art. 3º, inciso I

da Lei nº 6.938/ 81 que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, conceitua meio

ambiente “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e

biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.

Diferentemente do artigo supracitado a palavra “do trabalho” está explícito no art.

200, VIII da Constituição Federal que regulamenta o Sistema Único de Saúde cita que

compete ao SUS, nos termos da lei: “colaborar na proteção do meio ambiente, nele

compreendido o do trabalho”.

Na concepção de Melo (2013, p. 29) o conceito de meio ambiente do trabalho,

ultrapassa os limites físicos do local de trabalho:

O meio ambiente do trabalho estrito do trabalhador. Ele abrange o local de trabalho,

os instrumentos de trabalho, o modo de execução das tarefas e a maneira como o

trabalhador é tratado pelo empregador ou tomador de serviço e pelos próprios

colegas de trabalho. Por exemplo, quando falamos em assédio moral no trabalho,

nós estamos nos referindo ao meio ambiente do trabalho, pois em um ambiente onde

os trabalhadores são maltratados, humilhados, perseguidos, ridicularizados,

submetidos a exigências de tarefas abaixo ou acima da sua qualificação profissional,

de tarefas inúteis ou ao cumprimento de metas impossíveis de atingimento,

naturalmente haverá uma deterioração das condições de trabalho, com o

adoecimento do ambiente e dos trabalhadores, com extensão até para o ambiente

familiar. Portanto, o conceito de meio ambiente do trabalho deve levar em conta a

pessoa do trabalhador e tudo que o cerca.

Com o aumento de abusos contra o estado de saúde e os elevados riscos ocupacionais

dos trabalhadores houve a necessidade de rever judicialmente alguns aspectos que viessem

normatizar o tema.

2.2 MEIO AMBIENTE DO TRABALHO: AMPLITUDE CONCEITUAL

É importante traçar alguns conceitos sobre o meio ambiente do trabalho e o meio

ambiente do trabalhador docente, embora eles ainda sejam temas complexos e pouco

estudados no âmbito jurídico, possuem uma importância singular para o meio ambiente.

A Constituição Brasileira de 1988 em seu art. 225, caput e o art. 3º, item I, da Lei nº

6.938/81 citam os direitos dos trabalhadores, porém num contexto restrito de meio ambiente.

A proteção deles é considerada importante pelo Direito do Trabalho por considerar o

trabalhador a parte mais frágil da relação de emprego.

35

Acredita-se que o meio ambiente de trabalho merece lugar de destaque devido ser o

lugar onde muitos trabalhadores, remunerados ou não, passam a maior parte de seu dia

durante quase toda a sua vida desenvolvendo suas atividades produtivas.

Melo (2001, p. 70) justifica a importância do meio ambiente do trabalho:

[...] Justifica-se porque, normalmente, o homem passa a maior parte de sua vida útil

no trabalho, exatamente no período da plenitude de suas condições físicas e mentais,

razão pela qual o trabalho, habitualmente, determina o estilo da vida, interfere no

humor do trabalhador, bem como no de sua família.

Silva corrobora (2013, p. 23) afirmando que meio ambiente do trabalho “é o local

em que se desenrola boa parte da vida do trabalhador, cuja qualidade de vida está, por isso,

em íntima dependência da qualidade daquele ambiente”.

Como o meio ambiente do trabalho é integrante do meio ambiente geral, logo, direito

fundamental, precisa oferecer uma qualidade de vida digna, adequada e equilibrada aos

trabalhadores.

Melo (2013, p. 30-31) conceitua “Meio ambiente do trabalho adequado e seguro é

um dos mais importantes e fundamentais direitos do cidadão trabalhador, o qual, se

desrespeitado, provoca agressão a toda a sociedade, que, no final das contas, é quem custeia a

Previdência Social.”

Nota-se que os conceitos supracitados não receberam a devida importância pelo

Poder Público brasileiro, pois o descaso é histórico com os cuidados com a saúde e com o

bem estar do trabalhador, pelo Estado brasileiro, como podemos observar no Decreto

Legislativo n. 3.724/1919: “[...] parte da Medicina Legal que estuda os infortúnios ou riscos

industriais, sejam agudos, físicos e químicos, propriamente acidentes do trabalho, sejam

subagudos ou crônicos, tóxicos ou biológicos, as doenças profissionais”. Hoje, o que vigora

são normas jurídicas contidas na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) em seus arts. 154

e seguintes que tratam da Segurança e da Medicina do Trabalho e regulam os problemas

decorrentes de agentes físicos, químicos e biológicos, porém não regulamentam as doenças

psicológicas dos trabalhadores.

Com a preocupação voltada para o objeto de estudo desta dissertação, ou seja, o meio

ambiente de trabalho do professor, buscou-se conceitos sobre o mesmo. Para Lemos e Cruz

(2005, p. 20-21) “A profissão docente é uma das mais antigas da humanidade e, com o

passar dos tempos, os professores foram obrigados a adquirir diferentes competências

daquelas exigidas no início da profissão” (grifo nosso).

36

Com a evolução da profissão do professor foi obrigatório que todos eles tivessem

nível superior para lecionarem desde o ensino infantil à pós-graduação (Lei 9.394/96 – LDB),

também tiveram que aprender outras habilidades e diferentes competências, pois foram

necessárias para eles acompanharem o avanço tecnológico.

Para Nahas (2010, p. 298) o bem estar do trabalhador docente:

Altera-se por meio dos problemas enfrentados pelos professores, como: a

indisciplina, a violência e as péssimas condições de trabalho, baixo controle do

estresse, má alimentação entre outros fatores. As dificuldades apresentadas pelos

professores podem auxiliar o docente a apresentar um sentimento de mal estar.

Nesse contexto, o meio ambiente laboral do docente não está limitado ao local

físico laboral do professor, mas sim na integração de todos os elementos norteadores que

ofereçam proteção e prevenção contra os agentes que comprometem sua saúde física ou

mental, a qualidade de seu ambiente de trabalho está intrinsecamente ligado ao controle dos

limites de tolerância dos padrões de condições ambientais eficazes estabelecidos pelos órgãos

competentes brasileiros no que concerne às normas de saúde, higiene e segurança.

2.3 NATUREZA JURÍDICA

A natureza jurídica do meio ambiente do trabalho pertence ao Direito difuso. Seu

surgimento e sua classificação foram alvos de muita discussão ao longo do tempo, porém, nos

tempos atuais, é considerada por muitos doutrinadores e jurisprudência pátria como sendo um

Direto que extrapola a esfera individual, passando a pertencer a toda uma coletividade, res

omnium (ou seja, coisa de todos).

O Direito difuso, nova categoria intermediária entre o público e privado, também é

conhecido como os interesses ou direitos metaindividuais. Assim, sua natureza jurídica é

reafirmada por vários doutrinadores, como sendo difusa. Para Mancuso (2011, p. 70-71) são:

“compreensivos dos interesses que perpassam a órbita da atuação individual, para se

projetarem na ordem coletiva, vale dizer: sua finalidade é altruística”.

Nessa perspectiva Manus (1995, p. 157) define a natureza jurídica como sendo

“aquele que transcende o direito individual, sendo indivisível e cujos titulares não podem ser

individualizados”.

Outra classificação sobre o meio ambiente do trabalho como de natureza difusa é de

Rocha (1997, p. 32):

Quanto ao meio ambiente laboral, quando considerado como interesse de todos os

trabalhadores em defesa de condições da salubridade do trabalho, ou seja, o

equilíbrio do meio ambiente do trabalho e a plenitude da saúde do trabalhador,

constituem direito essencialmente difuso, inclusive porque sua tutela tem por

37

finalidade a proteção da saúde, que, sendo direito de todos, de toda a coletividade,

caracteriza-se como um direito eminentemente metaindividual.

Pode-se, também, traduzir a natureza jurídica do meio ambiente do trabalho pelo

conceito de Melo (2001, p. 33):

O Direito ao meio ambiente equilibrado, aí incluído o do trabalho surge dentre os

novos padrões de conflituosidade, como direito de todos e de ninguém - termos

exclusivos - ao mesmo tempo, ou seja, difuso de titulares indetermináveis.

Nesse diapasão, aponta Fiorillo (2012, p. 66) “A salvaguarda do homem trabalhador,

enquanto ser vivo, das formas de degradação e poluição do meio ambiente onde exerce seu

labuto, que é essencial à sua sadia qualidade de vida, é, sem dúvida, um direito difuso”.

O marco da nova regulamentação no ordenamento jurídico com visão peculiar

voltada a preservação da sadia qualidade de vida do homem-trabalhador está baseado em

elementos contextuais concretos, porém negativos, que vem afetando o seu meio ambiente do

trabalho, assim o Direito Difuso surge nesse novo contexto para atender os anseios da

sociedade pós-moderna. Assim, o Direito positivo ficou dividido em: público, privado e

difuso.

Esse marco na formação de novos direitos, possibilitou a elaboração de uma nova

classificação no Direito Positivo Brasileiro, principalmente os direitos das sociedades de

massa que foram o Direito do consumidor e o Direito Ambiental.

No inciso I, art. 81 da Lei 8.078/90 do Código de Defesa do Consumidor – CDC

define Direito Difuso todo aquele “interesse transindividual, de natureza indivisível, cujos

titulares sejam pessoas indeterminadas, ligadas por circunstâncias de fato”.

No artigos 2º, 3º e I alínea "c", V, § 3º do art. 6º da Lei nº 8.080/90 (Lei Orgânica da

Saúde):

Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover

as condições indispensáveis ao seu pleno exercício.

Art. 3o Os níveis de saúde expressam a organização social e econômica do País,

tendo a saúde como determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a

moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a

atividade física, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais.s

indispensáveis ao seu pleno exercício.

[...]

Art. 6º Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema Único de Saúde

(SUS):

I - a execução de ações:

c) de saúde do trabalhador

V - a colaboração na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho;

§ 3º Entende-se por saúde do trabalhador, para fins desta lei, um conjunto de

atividades que se destina, através das ações de vigilância epidemiológica e vigilância

sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim como visa à

recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e

agravos advindos das condições de trabalho, abrangendo:

38

A legislação brasileira atribuiu a saúde pública os meios e políticas de ações para a

defesa do meio ambiente laboral e da saúde do trabalhador, a conscientização da sociedade

que o bem tutelado é coletivo, pertence a toda a comunidade.

Assim, tendo o meio ambiente do trabalho natureza de Direito difuso teremos um

direito de labor ambiental equilibrado, pois sua finalidade consiste em proteger bem jurídico

substanciado na saúde de trabalhadores com medidas preventivas eficazes que venha garantir

a plenitude da saúde a todos os trabalhadores.

2.4 AUTONOMIA DO DIREITO AMBIENTAL DO TRABALHO

O Direito, na sua essência, vive em constante mutação, assim como toda atividade

humana, ele caminha paralelo a história, porém precisa ser compreendido e adequado às

exigências das circunstâncias históricas atuais.

Capella (1995, p. 85):

Sem a capacidade para adotar a perspectiva histórica, você terá poucas defesas

contra a tergiversação e a mentira, pois lhe faltará um critério e um modo de ver

fundamental para avaliar o mundo social em que vivemos. Sem perspectiva

histórica, o terrível de nosso mundo lhe parecerá natural, como um terremoto ou um

acidente. A história lhe ensinará que houve sociedades que algum aspecto eram

melhores que a nossa e também por que se produzem certas calamidades sociais e o

que pessoas como você fizeram, em outras circunstâncias, para lutar contra elas,

para não as ficar observando passivamente, acreditando que o horror não chegaria

até onde nós estamos.

As aglomerações de grupos e o crescimento populacional tornou-se necessária a

sistematização do direito para impor limites e manter o convívio social, trouxe direitos e

deveres individuais, mas que aceita pelo coletivo.

Milaré (2001, p.153):

Como ocorreu no passado, em situações cruciais, ou de mudanças profundas, a

Questão Ambiental sacudiu também a estrutura do direito. A velha árvore da

Ciência Jurídica recebeu novos enxertos. E assim se produziu um ramo novo e

diferente, destinado a embasar novo tipo de relacionamento das pessoas individuais,

das organizações e, enfim, de toda a sociedade com o mundo natural. O Direito

Ambiental ajuda-nos a explicar o fato de que, se a Terra é um imenso organismo

vivo, nós somos a sua consciência. O espírito humano é chamado a fazer às vezes da

consciência planetária. E o saber jurídico ambiental, secundado pela Ética e

municiado pela Ciência, passa a co-pilotar os rumos desta nossa frágil espaçonave.

O meio ambiente do trabalho equilibrado e seguro também surgiu da necessidade de

proteção do trabalhador. A industrialização surgida na Inglaterra no século XVIII foi um

marco na vida dos trabalhadores, pois com as péssimas condições de trabalho, eles

começaram uma organização de movimentos grevistas em busca do reconhecimento

39

trabalhista que compensasse as condições inadequadas laborais que enfrentavam, como: as

lesões à saúde, baixos salários e jornada diária elevada entre outros problemas sociais. A

exploração era muito grande, chegando a se equiparar com o trabalho escravo, porém com

outra nomenclatura.

Derani (2001, p. 80):

Como todo novo ramo normativo que surge, o direito ambiental responde a um

conflito interno da sociedade, interpondo-se no desenvolvimento dos seus atos.

Dührenmatt já nos lembrava que quando uma sociedade entra em conflito com seu

presente produz leis. É exatamente o que ocorre com as normas chamadas de

proteção ao meio ambiente. São elas reflexo de uma constatação social paradoxal

resumida no seguinte dilema: a sociedade precisa agir dentro de seus pressupostos

industriais, porém estes mesmos destinados ao prazer e ao bem-estar podem

acarretar desconforto, doenças e miséria. Para o solucionamento deste conflito,

desenha-se todo um novo cabedal legislativo, que, uma vez parte do ordenamento

jurídico, produzirá efeitos em todos os seus ramos.

Discussões sobre o meio ambiente, em especial o meio ambiente de Trabalho já

vinha ocorrendo há alguns anos. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) através do

Programa Internacional para Melhora das Condições e Meio Ambiente do Trabalho (PIACT)

e a Convenção da OIT nº 155 passaram a discutir questões referentes ao ambiente do trabalho.

Para Rocha (1997, p. 146):

[...] Desenvolveram-se legislações provindas do poder público, consagradas pelas

leis e regulamentos; por outro lado, surgiu o direito advindo das negociações entre

empregados e empregadores. Como resultado, abriu-se um campo alternativo para a

determinação de condições de trabalho e proteção a saúde dos trabalhadores.

A legislação e a doutrina construíram um sistema protetivo ao trabalhador, pois a

classe operária precisava garantir a manutenção das conquistas trabalhistas adquiridas ao

longo da história.

Rocha (1997, p. 147) ressalta que:

[...] Os ambientes de trabalho têm atravessado profundas modificações, repercutindo

na forma e tipo de proteção legal estabelecidos pelo poder público. Após a

constitucionalização dos direitos sociais, observa-se progressivamente, surgimento

de normas de saúde ocupacional e segurança industrial, em resposta as mudanças

nos processos produtivos e aprimoramento das relações de trabalho.

Várias modificações e evoluções internacionais e nacionais repercutiram na nova

forma legal regulamentada pelo Direito. No Brasil teve a Consolidação das Leis do Trabalho

(CLT) em 1943 que trouxe, em seu capítulo V, uma regulamentação sobre “higiene e

segurança do trabalho”, que posteriormente foi alterada pela Lei 6.514/77 para “DA

SEGURANÇA E DA MEDICINA DO TRABALHO”, que rege em seu art. 154:

A observância, em todos os locais de trabalho, do disposto neste Capitulo, não

desobriga as empresas do cumprimento de outras disposições que, com relação à

matéria, sejam incluídas em códigos de obras ou regulamentos sanitários dos

40

Estados ou Municípios em que se situem os respectivos estabelecimentos, bem como

daquelas oriundas de convenções coletivas de trabalho.

O Ministério do Trabalho recebeu também a incumbência de estabelecer normas

(regulamentadoras), com base nas especificidades de cada atividade ou setor das relações

trabalhistas.

O Direito Ambiental possui particularidades e princípios próprios, que o sustentam

como o novo ramo da ciência. Não há dúvidas de que o Direito Ambiental é um direito

Autônomo da Ciência Jurídica, pois sua finalidade basilar é proteger a vida e garantir a sua

sadia qualidade a todos os seres humanos de geração a geração. Para Antunes (2005, p. 31)

“O primeiro e mais importante princípio do Direito Ambiental é que “o direito ao ambiente é

um direito humano fundamental”.

Essa autonomia jurídica no meio ambiente do trabalho visa proteger e preservar a

vida do trabalhador, ou seja, ela delimita seu público alvo e o objeto a ser tutelado.

No entanto, salienta Farias (2009, p. 225):

Que admitir que a conceituação de meio ambiente do trabalho se resume ao objeto

do Direito do Trabalho implica dizer que o legislador escreveu algo de forma

aleatória ou sem propósito, o que definitivamente não faz sentindo. Se a

hermenêutica jurídica ensina que não existem palavras desnecessárias na lei, isso é

ainda mais verdadeiro em se tratando do constituinte originário, tendo em vista que

o inciso VII, do artigo 200, da CF/88, determina expressamente a proteção ao meio

ambiente do trabalho.

Deve ser esclarecido que apesar de o Direito do Trabalho e o meio ambiente do

Trabalho terem as nomenclaturas parecidas ambos possuem suas características diferenciadas.

O primeiro vincula-se às relações empregatícias com vínculo de subordinação, enquanto a

segunda tem que garantir a saúde e segurança do trabalhador.

Diante de um novo direito metaindividual de natureza difusa, o Direito Ambiental do

Trabalho deve ser compreendido como novo ramo da ciência jurídica que tem o Direito

Ambiental e o Direito do Trabalho como “aliados” na busca de adequações preventivas à

eliminação dos riscos à saúde do trabalhador e às responsabilidades legais pelos riscos de

acidentes e doenças do trabalho, considerando assim, suas especificidades do ambiente do

trabalhador e suas relações humanas.

2.5 TEORIA DO DIREITO AMBIENTAL: ANTROPOCENTRISMO

Umas das principais Teorias do Direito Ambiental que fundamentam a ética

ambiental é o antropocentrismo que tem o homem como o centro das preocupações

ambientais (relação entre homem & natureza). Para melhor entendimento desse vocábulo, a

41

etimologia esclarece seu significado através da análise dos elementos que as constituem. Para

Milaré (2004, p. 9) infere sobre a origem da palavra “antropocentrismo”:

Etimologicamente, antropocentrismo é um vocábulo híbrido de composição greco-

latina, surgido na língua francesa, em 1907, que significa: anthropos (do grego) = o

homem (como ser humano, como espécie) + centrum, centricum (do latim) = o

centro, o cêntrico, o centrado.

A teoria sobre a proteção do meio ambiente antropocêntrica é importante para o

Direito Ambiental, pois valoriza a vida.

O primado, por conseguinte, dos valores antropológicos sobre os ecológicos tem

como base o valor primordial da pessoa humana, o único ser vivo que tem

consciência do que é e do que deve ser. Somente ela é dotada da faculdade que os

juristas italianos denominam consapevolezza, que poderíamos traduzir por

conscienciabilidade, ou seja, o poder de ter ciência de si mesmo e de deliberar em

razão dela. Não se trata de um antropocentrismo que coloque o ser humano no

centro do universo, pois essa é uma das várias teses relativas à posição do homem

como cosmo, havendo pensadores ilustres que se limitam a considerá-lo um ente

finito que se distingue dos demais por sua autoconsciência. O humanismo tem

múltiplas e variadas dimensões, como o sabe qualquer leitor atento mesmo de

compêndios elementares de Filosofia”. (REALE 2004)

Dentro do panorama do antropocentrismo o homem é o centro de tudo, sua

capacidade de pensar o torna superior a tudo e a todos. No Direito Ambiental essa visão nega

autonomia aos bens naturais, sendo que apenas receberá proteção tudo que tenha utilidade ou

seja necessária ao homem.

Nesse sentido Fiorillo (2012, p. 132-133) assevera: “Não há, por assim dizer, como

não se ver que o direito ambiental possui uma necessária visão antropocêntrica. Necessária

pelo motivo de que, como único animal racional que é, só o homem tem possibilidades de

preservar todas as espécies, incluindo a sua.”

No Direito Ambiental o antropocentrismo traz regras que beneficiam somente a

qualidade de vida do homem, mesmo havendo lei que proteja as outras formas de vida, seja

no meio ambiente natural, artificial, cultural ou do meio ambiente do trabalho, será sempre

voltado para assegurar o destinatário direto, ou seja, o homem.

Para Araújo (2008, p. 19-20) o “Antropocêntrico vem a ser o pensamento ou a

organização que faz do homem o centro do Universo, em cujo redor (ou órbita) gravitam os

demais seres, em papel meramente subalterno e condicionado.” Corrobora Waldman (2006, p.

36) quando aduz que “O ser humano é definitivamente o animal que mais transforma o seu

ambiente”.

A atividade humana é a maior responsável pelos impactos ambientais negativos que

acometem o desequilíbrio ambiental do planeta, mas ele pode mudar essa realidade através de

42

um processo participativo consciente. Quanto a isso, Antunes (2005, p. 5) escreve que: “O

Homem é o único dos seres vivos dotado de capacidade para alterar conscientemente o „status

quo’ do mundo natural.”

Milaré e Coimbra (2004, p. 13) afirmam que:

Os seres naturais não-humanos não são capazes de exercer deveres e reivindicar

direitos de maneira direta, explícita e formal, embora o ordenamento natural lhes

assegure alguma sorte de direitos, visto que cumprem um papel no equilíbrio do

mundo. São constituintes do ecossistema planetário, tanto quanto o é a espécie

humana. A Ciência não tem força impositiva ou de coação; por isso exige que o

Direito tutele o ecossistema planetário, de modo a prover à sua subsistência e

garantir-lhe a perpetuação, notadamente no que concerne aos componentes da

biosfera. Esta exigência não procede apenas da Ciência, mas principalmente da

Sabedoria.

A evolução da humanidade trouxe uma produção destrutiva nas bases da vida

terrestre mediante a degradação ambiental, assim tal situação tornou-se uma preocupação

comum a todos. Logo o homem precisa da natureza para usufruir uma sadia qualidade de

vida.

Fiorillo (2012, p. 16):

De acordo com esta visão, um bem que não seja vivo, material ou imaterial, assim

como uma vida que não seja humana, poderá ser tutelado pelo direito ambiental na

medida em que for relevante para a garantia da sadia qualidade de vida do ser

humano, visto ser este o único animal racional e por isto, destinatário das normas

jurídicas. Cabe ao homem a preservação das espécies, incluindo a espécie humana.

Percebe-se que na visão antropocêntrica no direito ambiental o homem tem o livre

arbítrio de destruir ou preservar a natureza, porém cabe ao homem decidir em viver

harmonicamente com a natureza para garantir a sua própria existência.

Sirvinskas (2007, p. 65):

Do ponto de vista jurídico, antropocentrismo e biocentrismo não se excluem, mas

atuam de modo complementar. Basicamente sustenta que no direito a natureza tem

sido considerada ora bem, ora sujeito. Enquanto objeto a proteção é da

biodiversidade, no caso do direito ambiental, independentemente de sua utilidade

para o homem.

É ato de cidadania a preservação ambiental, assim é importante a participação de

toda a sociedade dos diversos países e em todos segmentos, como: nas políticas públicas,

cultural, social, político, educacional entre outros.

Antunes (2005, p. 76):

Entendo que o Direito Ambiental pode ser definido como um direito que se

desdobra em três vertentes fundamentais, que são constituídas pelo direito ao meio

ambiente, direito sobre o meio ambiente e direito do meio ambiente. Tais vertentes

existem, na medida em que o Direito Ambiental é um direito humano fundamental

que cumpre a função de integrar os direitos à saudável qualidade de vida, ao

desenvolvimento econômico e proteção dos recursos naturais. Mais do que um

43

direito autônomo, o Direito Ambiental é uma concepção de aplicação da ordem

jurídica que penetra, transversalmente, em todos os ramos do Direito. O Direito

Ambiental, portanto, tem uma dimensão ecológica e uma dimensão econômica que

se devem harmonizar sob o conceito de desenvolvimento sustentado.

As teorias são importantes para o Direito Ambiental, pois umas não excluem as

outras, buscam uma visão holística e global entre o homem e a natureza que mantenha a

preservação da natureza. Araújo (2008, p. 21):

Para o direito ambiental, o desenvolvimento sustentável que visa atender às

necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras

atenderem as suas próprias necessidades não escapa ao antropocentrismo. Ou seja, o

direito ambiental objetiva proteger o meio ambiente, nele inserido o meio ambiente

do trabalho, tão-somente à vista da necessidade do homem e, trazendo para o objeto

da presente dissertação, do homem enquanto trabalhador.

O equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a proteção da natureza tem sido o

objetivo que o Direito Ambiental tem almejado, pois o desenvolvimento econômico sem

sustentabilidade é o que tem preocupado a sociedade, pois a degradação ao meio ambiente é

grande, e muitas vezes irreversível causando devastação e redução dos recursos com isso a

dizimação de seres vivos.

Melo (2001, p. 36-37):

[...] A ideia de desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas,

transmitida pelo art. 225 e incisos da Constituição Federal, realça a necessidade de

interação do homem com o mundo natural, para que, num dado ecossistema, não se

perca de vista que o ser humano ali radicado tem tanto direito à vida quanto a fauna

e flora ali ocorrentes. Sucintamente, a necessária defesa do Tamanduá-Bandeira ou

do Mogno em determinada região do país, deve ser gerenciada de modo a que haja

igual preocupação com o homem ali vivente.

A teoria do Antropocentrismo possui na sua essência a preservação da vida, porém

há uma necessidade de interação com as demais teorias é importante. Deve existir uma

consciência que a relação entre os seres vivos e meio ambiente sadio permitirá a

sobrevivência de todas as espécies.

2.6 RELEVÂNCIA DOS PRINCÍPIOS NO DIREITO AMBIENTAL

O meio ambiente foi consagrado pela Constituição Federal de 1988 como um direito

humano fundamental, pois passou a tratar dos recursos ambientais de forma integrada e

holística. Com isso o Direito Ambiental ganhou sua devida relevância com sua gradativa

evolução ao ponto de ganhar autonomia como ramo da Ciência Jurídica ao nível de ter seus

próprios princípios.

Podemos encontrar os princípios do Direito Ambiental em diversas partes da

Constituição Federal, umas explícitas e outras implícitas. Eles prestam auxílio no

44

conhecimento do sistema jurídico no que concerne identificar formas eficazes para que haja

um sistema lógico, harmônico, racional e coerente das normas.

Conhecer os princípios é condição sine qua non para aplicar o direito de forma

correta e efetiva. São amplamente utilizados em diversas disciplinas de várias áreas do

conhecimento, porém no Direito Ambiental os princípios são importantes bases a serem

respeitadas pela sociedade. Assim, os princípios constituem mandamentos nucleares de

qualquer sistema a que se relacionam.

Para melhor entendimento vamos a alguns conceitos: A palavra “princípios” deriva

do latim principiu e significa o local ou trecho ou momento em que alguma coisa tem origem.

Já no conceito simples presente no dicionário da Língua Portuguesa, Ferreira (2011, p. 710)

dá os seguintes significados: “Causa primária; Origem; Preceito: regra; Antes de qualquer

consideração; Antes de mais nada”.

Mello o conceitua (2004, p. 451):

O princípio é um mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele,

disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhes o

espírito e servindo de critério para a sua exata compreensão e inteligência,

exatamente para definir a lógica e racionalidade do sistema normativo, no que lhe

confere a tônica de lhe dá sentido harmônico.

Nesse sentido, percebe-se a relevância ímpar dos princípios para o Direito, eles

devem conter informação, orientação e inspiração para as regras gerais, sua violação é

considerada gravosa para quem o faz, pois ofende todo o sistema.

Nunes (2002, p. 37) define os Princípios Constitucionais:

Os princípios constitucionais são o ponto mais importante de todo o sistema

normativo, já que estes são os alicerces sobre os quais se constrói o Ordenamento

Jurídico. São os princípios constitucionais que dão estrutura e coesão ao edifício

jurídico.

Nesse sentido, Ataliba (2001, p. 6-7) aduz:

[...] Princípios são linhas mestras, os grandes nortes, as diretrizes magnas do sistema

jurídico, apontam os rumos a serem seguidos por toda a sociedade e

obrigatoriamente a perseguidos pelos órgãos do governo (poderes constituídos).

Dessa maneira, observa-se que os princípios são o ponto de partida para que o

sistema jurídico seja interpretado de maneira coesa, lógica, harmônica e com uniformização

de entendimentos.

O Direito Ambiental no Brasil teve seu marco com a edição da Lei n. 6.938/81 que

trata sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, sendo que seus princípios foram essenciais

45

para seu reconhecimento como ramo autônomo da Ciência Jurídica, embora desempenhassem

as mesmas funções dos outros ramos do direito recebeu destaque devido a sociedade ter tido a

necessidade de desenvolver um “modelo” que não fosse ameaça à sustentabilidade do planeta.

Benjamin (1993, p. 227) aponta as quatro principais funções dos princípios do

Direito Ambiental no que diz respeito a sua compreensão e aplicação:

a) São os princípios que permitem compreender a autonomia do Direito Ambiental

em face dos outros ramos do Direito;

b) São os princípios que auxiliam no entendimento e na identificação da unidade e

coerência existentes entre todas as normas jurídicas que compõem o sistema

legislativo ambiental;

c) É dos princípios que se extraem as diretrizes básicas que permitem compreender a

forma pela qual a proteção do meio ambiente é vista na sociedade;

d) E, finalmente, são os princípios que servem de critério básico e inafastável para a

exata inteligência e interpretação de todas as normas que compõem o sistema

jurídico ambiental, condição indispensável para a boa aplicação do Direito nessa

área.

Nesse diapasão, Lorenzetti (1998, p. 286) conceitua os princípios:

Os princípios, tais como as regras, se inserem no campo do deve ser, delineando

comportamentos a serem seguidos pelos destinatários, possuindo inegável força

normativa. A diferença das regras e princípios baseia-se no fato de que estas

possuem uma generalidade mais ampla que aquelas. As regras podem se referir a

casos específicos conquanto os princípios possuem amplitude genérica.

Assim, sua autonomia como ramo da Ciência Jurídica foi importante para todos, pois

tem como finalidade a proteção à vida, e assim tentar propiciar as presentes e futuras gerações

uma vida digna com qualidade.

2.7 PRINCÍPIOS ESTRUTURANTES DO DIREITO AMBIENTAL

Encontramos os princípios do Direito Ambiental de forma explícita na Constituição

Federal e de forma implícita em diversos textos do ordenamento jurídico, ambos com

aplicabilidade no sistema jurídico brasileiro. Como parte desses princípios ambientais são de

caráter doutrinário, não há uniformidade entre os juristas de quantos e quais são os princípios

que regem o Direito Ambiental.

Milaré (2004, p. 136-152) enumera os seguintes princípios do Direito Ambiental:

Meio ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental da pessoa

humana, natureza pública da proteção ambiental, controle de poluidor pelo Poder

Público, consideração da variável ambiental no processo decisório de políticas de

desenvolvimento, participação comunitária, poluidor-pagador, prevenção, função

social da propriedade, desenvolvimento sustentável e cooperação entre os povos.

46

Para Machado (2007, p. 43-78) são estes os princípios que considera mais

importantes: “acesso equitativo aos recursos naturais, usuário-pagador e poluidor-pagador,

precaução, prevenção, reparação, informação e participação.”

Antunes (2005, p. 16-37) trabalha com os seguintes: “direito humano fundamental,

desenvolvimento, democrático, precaução, prevenção, equilíbrio, limite, responsabilidade,

poluidor-pagador.”

Percebe-se que não há um consenso doutrinário sobre os princípios do Direito

Ambiental devido as diferenças e divergências quanto a sua classificação principiológica.

Assim, a principiologia do Direito Ambiental é imprescindível para termos

conhecimento e compreensão do tema. De qualquer forma, serão analisados os princípios

gerais voltados ao tema central desta dissertação.

2.7.1 Princípio do Desenvolvimento Sustentável

O princípio do desenvolvimento sustentável ocorre quando o Direito Ambiental tem

interação com o Direito econômico-social, e há cooperação de todos na tarefa de dizimar a

pobreza e assegurar o crescimento econômico dos recursos naturais e não renováveis, porém

esse princípio enfrenta uma grande divergência de interesses.

Vianna (2011, p. 58):

Assim, a grande divergência entre economia e meio ambiente consiste no fato de

que a natureza é estruturada em eventos cíclicos, ao passo que a economia, e,

comportamento lineares. Enquanto no meio ambiente um determinado

comportamento humano pode gerar um impacto ambiental, seguindo-se-lhe um

efeito em cascata passível de afetar o próprio ser humano, ante a interdependência e

interconexão dos seres e elementos que compõem o globo terrestre, na economia o

que importa é a lei da oferta e da procura, a busca de novos mercados.

Veiga (2008, p. 187-188) relaciona três fundamentais âmbitos que se relacionam,

interagem e se sobrepõem no desenvolvimento sustentável:

a) A dos comportamentos humanos, econômico e sociais, que são objeto da teoria

econômica e das demais ciências sociais;

b) O da evolução da natureza, que é objeto das ciências biológicas, físicas e

químicas;

c) O da configuração social do território, que é objeto da geografia humana, das

ciências regionais e da organização do espaço.

Nos últimos anos, com o aumento dos problemas ambientais houve a necessidade de

estreitar a temática do crescimento econômico com o meio ambiente, o tema

“desenvolvimento sustentável” passou a ter muita importância no cenário mundial, para isso

buscou-se eixos de consolidação entre a necessária adequação do homem com a natureza.

47

Veiga (2008, p. 198) denomina como “área cinzenta” a questão do desenvolvimento

& sustentabilidade:

Mais de trinta anos depois, são imensos os obstáculos que precisariam ser

ultrapassados para que a ciência econômica venha dar conta da problemática

ambiental. (...) A valoração econômica dos elementos do meio ambiente tem sido

tentada como se fosse o único caminho possível para que se alcance um

planejamento de ações governamentais compatíveis com a aspiração a um

desenvolvimento sustentável (...) o elevado grau de incerteza a respeito das relações

da causa e efeito que podem estar associadas a certos ecossistemas.

Percebe-se que ajustes devem ocorrer tanto no aspecto da sustentabilidade ambiental

quanto em relação ao seu crescimento para se obter a melhoria da qualidade de vida, porém

são muitas as incertezas que o termo desenvolvimento sustentável nos traz, pois a solução é

complexa, embora exista uma legislação ambiental, a mesma não garante que sua aplicação

será totalmente segura.

Sachs (2004, p. 15):

[...] É baseada no duplo imperativo ético de solidariedade sincrônica com a geração

atual e de solidariedade diacrônica com as gerações futuras. Elas nos compele a

trabalhar com as escalas múltiplas de tempo e espaço, o que desarruma a caixa de

ferramentas do economista convencional. Ela nos impele ainda a buscar soluções

triplamente vencedora eliminando o crescimento selvagem obtido ao custo de

elevadas externalidades negativas, tanto sociais quanto ambientais. Outras

estratégias, de curto prazo, levam ao crescimento ambientalmente destrutivo, mas

socialmente benéfico, ou ao crescimento ambientalmente benéfico, mas socialmente

destrutivo.

A interligação entre direitos humanos e ambientais é imprescindível para que haja

uma medida mais consensual de sustentabilidade ambiental, pois a condição de vida está

ameaçada pela própria ação do homem.

Vianna (2011, p. 59):

No entanto, esse “desenvolvimento” há de ser “sustentável”, vale dizer, deve ser

implementado mediante uma visão holística e sistêmica, inserida no complexo

indissociável que homem e natureza, concretizando entre ambos um convívio sóbrio

e saudável, ecologicamente equilibrado, propiciando ao homem de hoje e ao de

amanhã uma sadia qualidade de vida.

Na legislação brasileira o princípio de desenvolvimento sustentável oferece vários

conceitos, como: Na legislação ambiental brasileira no art. 2º da lei 6.938/81 (Política

Nacional de Meio Ambiente):

A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e

recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no país,

condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança

nacional e à proteção da dignidade da vida humana.

48

E ainda no seu inciso I. art. 4º cita: “visará à compatibilização do desenvolvimento

econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio

ecológico”.

Na Constituição Federal/88 no art. 7º, incisos XXII e XXIII concretizam o

desenvolvimento sustentado dos trabalhadores: “XXII - redução dos riscos inerentes ao

trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança; XXIII - adicional de

remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;”.

Alguns de seus artigos regula a área de conflituosidade, como: Ainda em seu art. 170,

inciso IV cita: “A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre

iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça

social, observados os seguintes princípios: IV - livre concorrência”.

No art. 225 que rege que:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso

comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público

e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras

gerações.

A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1991, p. 46)

conceitua como sendo: “aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a

possibilidade das gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades.”

Na Declaração do Rio/92 sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, o 4º princípio

rege que: “Para alcançar o desenvolvimento sustentável, a proteção constituirá parte

integrante do processo de desenvolvimento e não pode ser considerada isoladamente em

relação a ele”.

Para Pachauri (2016, p. 5), Ex-Presidente do Painel intergovernamental sobre

mudanças climáticas no período de 2002-2015 e Diretor-Geral do Instituto de Energia e

Recursos (TERI), é extremamente preocupante o desenvolvimento sustentável:

O Acordo alcançado em dezembro de 2015 na 21ª Conferência das Partes (COP-21)

da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC),

realizada em Paris, é um importante avanço na forma de lidar com o desafio da

mudança climática. O fato de quase todos os países do Planeta terem assinado o

Acordo de Paris é um êxito importante, cujo crédito cabe em grande parte ao

Governo da França. (...) Todo acordo sobre mudança climática deve levar em conta

a avaliação científica dos impactos que o mundo enfrentará e dos riscos que deverá

suportar se não forem realizados esforços suficientes para mitigar as emissões de

Gases de Efeito Estufa (GEE). Também é preciso avaliação científica em nível de

mitigação que limite os riscos dos impactos consequentes a níveis aceitáveis. O

Quinto Informe de Avaliação (AR5) do Painel Intergovernamental sobre Mudanças

Climáticas (IPCC) fornece uma avaliação clara sobre o rumo que o Planeta seguirá

se não forem modificadas suas práticas habituais. O AR5 estabelece claramente que,

se não forem feitos esforços de mitigação adicionais aos existentes hoje em dia, e

inclusive com a adaptação, o aquecimento do Planeta no final do Século 21 gerará

49

riscos muito altos de consequências graves, generalizadas e irreversíveis em nível

mundial.

Assim, o princípio do desenvolvimento sustentável é um dos mais antigos ideais de

justiça, pois contempla as dimensões: humana, física, econômica, política, cultural e social em

harmonia com a proteção ambiental, apesar de toda a ambiguidade que ela carrega, pois não

se deve construir o desenvolvimento à custa do sacrifício ambiental e a diminuição das

possibilidades de vida planetária.

2.7.2 Princípio da Prevenção

O Princípio da Prevenção é considerado um dos mais importantes princípios para a

preservação do meio ambiente, pois é através de medidas preventivas que será evitado o dano

ambiental. A degradação ambiental afeta toda a natureza, é global, motivo de preocupação.

Camargo e Melo (2013, p. 63):

O princípio da prevenção, através de medidas preventivas, objetiva evitar danos ao

meio ambiente por atividades efetiva ou potencialmente causadoras de danos. Neste

caso, os riscos ou as causas de possíveis danos ambientais são bem conhecidos,

cabendo ao potencial poluidor e, de forma residual, ao Poder Público, adotar as

medidas preventivas cabíveis.

A prevenção se diferencia dos demais devido sua relação ser com o perigo concreto

que precisa ser evitado, logo orienta o Direito Ambiental à medida que é aplicável num dano

ambiental determinado.

Para Marchesan (2005, p. 30):

De maneira sintética, podemos dizer que a prevenção trata de riscos ou impactos já

conhecidos pela ciência, ao passo que a precaução se destina a gerir riscos ou

impactos desconhecidos. Em outros termos, enquanto a prevenção trabalha com o

risco certo, a precaução vai além e se preocupa com o risco incerto. Ou ainda, a

prevenção se dá em relação ao perigo concreto, ao passo que a precaução envolve

perigo abstrato.

Os riscos ou impactos ambientais conhecidos pela ciência leva a sociedade a

procurar conjuntamente com os outros ramos do saber medidas preventivas que não agrida a

natureza, pois a reparação de um dano ambiental muitas vezes é irreversível.

A proteção ambiental deve ser estendida também ao Direito do Trabalho para

garantir ao trabalhador um meio ambiente laboral digno que traga uma sadia qualidade de

vida.

50

Camargo e Melo (2013, p. 54-55) assevera que:

A prevenção significa adoção de medidas tendentes a evitar riscos ao meio ambiente

e ao ser humano. [...]. No que se refere ao meio ambiente do trabalho, o princípio da

prevenção não só é aplicado, como deve ser observado de forma mais rigorosa, pois

é o ambiente em que o homem sofre diretamente os efeitos do dano, enquanto

trabalhador.

No âmbito trabalhista o princípio da prevenção deve ser obedecido por todos os

sujeitos, pois assim como os empregadores têm o dever de informar os direitos e deveres a

seus empregados, esses indivíduos devem praticar esse princípio em sua vida diária no seu

ambiente laboral, a fim de se evitar riscos ambientais que ele possa sofrer, pois medidas

preventivas para elidir ou minimizar os riscos no ambiente do trabalho devem existir e o

empregado (maior interessado) deve contribuir na aplicação da lei.

Melo (2013, p. 58):

Nossa legislação, como se vê, não faz distinção entre prevenção e precaução,

cabendo à doutrina fazê-lo. Assim, aplica-se a prevenção quando se sabe das

consequências de determinado ato, pois o nexo causal já é cientificamente

comprovado e certo, decorrendo muitas vezes da lógica das coisas. Pelo princípio da

precaução, previne-se mesmo não sabendo quais serão as consequências decorrentes

do ato supostamente danoso, diante da incerteza científica. Isso porque os danos

ambientais, uma vez concretizados, como regra, não podem restituir o bem ao estado

anterior.

A ideia de reparação no dano ambiental é um fato que as leis buscam combater, pois

a reconstituição do meio ambiente ao estado quo é muitas vezes irreversível, e a prevenção

ainda é menos oneroso a todos.

No art. 225 da Constituição Federal/88 está explícito o dever de todos preservarem o

meio ambiente: [...] “impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e

de preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.(Grifo nosso)

A Resolução n. 237/97 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) é um

instrumento administrativo usado no estudo de impacto e licenciamento ambiental:

Considerando a necessidade de revisão dos procedimentos e critérios utilizados no

licenciamento ambiental, de forma a efetivar a utilização do sistema de

licenciamento como instrumento de gestão ambiental, instituído pela Política

Nacional do Meio Ambiente.

Na Consolidação das Leis Trabalhistas o Princípio da Prevenção surge em diversos

artigos, como:

Art. 154 - A observância, em todos os locais de trabalho, do disposto neste Capitulo,

não desobriga as empresas do cumprimento de outras disposições que, com relação à

matéria, sejam incluídas em códigos de obras ou regulamentos sanitários dos

Estados ou Municípios em que se situem os respectivos estabelecimentos, bem como

daquelas oriundas de convenções coletivas Art. 155 - Incumbe ao órgão de âmbito nacional competente em matéria de

segurança e saúde do trabalhador:

51

[...]

II - coordenar, orientar, controlar e supervisionar a fiscalização e as demais

atividades relacionadas com a segurança e a medicina do trabalho em todo o

território nacional, inclusive a Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do

Trabalho.

[...]

Art. 161 - O Delegado Regional do Trabalho, à vista do laudo técnico do serviço

competente que demonstre grave e iminente risco para o trabalhador, poderá

interditar estabelecimento, setor de serviço, máquina ou equipamento, ou embargar

obra, indicando na decisão, tomada com a brevidade que a ocorrência exigir, as

providências que deverão ser adotadas para prevenção de infortúnios de trabalho.

[...]

Art. 186 - O Ministério do Trabalho estabelecerá normas adicionais sobre proteção

e medidas de segurança na operação de máquinas e equipamentos, especialmente

quanto à proteção das partes móveis, distância entre estas, vias de acesso às

máquinas e equipamentos de grandes dimensões, emprego de ferramentas, sua

adequação e medidas de proteção exigidas quando motorizadas.

[...]

Art. 195 - A caracterização e a classificação da insalubridade e da periculosidade,

segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão através de perícia a cargo

de Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do

Trabalho.

[...]

Art. 200 - Cabe ao Ministério do Trabalho estabelecer disposições complementares

às normas de que trata este Capítulo, tendo em vista as peculiaridades de cada

atividade ou setor de trabalho.

Embora haja bastante dispositivos legais protetivos no ordenamento jurídico

brasileiro, sua aplicação por parte do Estado deve ser incansável e criativa de modo que

envolva toda a sociedade, deve informar os riscos ambientais graves que cada um está sujeito.

Melo (2013, p. 55) defende uma medida compensadora: “incentivos fiscais

conferidos às atividades que atuem em parceria com o meio ambiente e maiores benefícios às

empresas que utilizem tecnologias limpas”.

Todas as formas de desenvolvimento econômico levam a degradação ambiental

direta ou indireta, mesmo diante do desenvolvimento sustentável, pois é um “enigma”. Se as

liberações de licenças para construções de grandes obras serão ou não viáveis para o

verdadeiro desenvolvimento.

A visão holística ambiental traz à tona a necessidade de bases sólidas na aplicação

desses princípios a começar pela educação ambiental, fiscalização e sanção mais severas

direcionadas aos inimigos da natureza. A parceria do Poder Público, sociedade e os

empresários é uma estratégia para a prevenção ambiental.

2.7.3 Princípio da Precaução

O Princípio da Precaução surgiu nos meados da década de 30, primeiramente

desenvolvido e consolidado pelo direito alemão (Vorsorgeprinzip) que era centrando na ideia

52

do gerenciamento de um bom lar, mais tarde foi estabelecido nos outros países. O Estado

considerou que esse princípio seria um aliado no gerenciamento das mudanças ambientais do

futuro tanto na política quanto nas ações regulatórias, pois ajudaria a evitar os riscos

ambientais não previstos.

Para Melo (2013, p. 56): “Precaução em Direito Ambiental, tem a ver com risco, mas

diante da irreversibilidade dos prejuízos eventuais ao ser humano, devem-se adotar, medidas

preventivas, pois o aspecto humano prevalece em face do econômico”.

Consagrado pela doutrina internacional o princípio da precaução é considerado um

princípio basilar que age frente aos riscos imprevisíveis e desconhecidos. Sua aplicabilidade

está voltada à análise dos casos de incertezas científicas acerca de sua degradação, ficando

assim o ônus da prova para o proponente do empreendimento que deverá provar a ausência de

riscos ambientais.

Silva (2004, p. 84-86):

O princípio da precaução pode, portanto, ser definida como uma nova dimensão da

gestão do meio ambiente na busca do desenvolvimento sustentável e da

minimização dos riscos. Diante dos progressos tecnológicos das sociedades

contemporâneas, o princípio da precaução busca implementar uma lógica de

segurança suplementar que vai além da óptica preventiva e questiona a razão do

desenvolvimento das atividades humanas, em função de uma melhora qualitativa de

vida para o homem, no presente e no futuro. Ele constitui o fio condutor da lógica da

proteção ambiental, da defesa e da preservação do meio ambiente para as gerações

presentes e vindouras.

O Princípio da Precaução adota medidas acautelatórias que buscam o

desenvolvimento sustentável com o mínimo de risco possível, pois a aplicabilidade desse

princípio pode evitar possíveis ameaças à saúde e segurança do homem.

Houve um marco importante para o meio ambiente na Conferência das Nações

Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992, pois

foi construída a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento que trouxe

descrito em seus princípios 15 e 17 o princípio da precaução:

Princípio 15: Com o fim de proteger o meio ambiente, o princípio da precaução

deverá ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades.

Quando houver ameaça de danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza

científica absoluta não será utilizada como razão para o adiamento de medidas

economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental.

Princípio 17: A avaliação de impacto ambiental, como instrumento internacional,

deve ser empreendida para as atividades planejadas que possam vir a ter impacto

negativo considerável sobre o meio ambiente, e que dependem de uma autoridade

nacional competente.

53

É um princípio norteador das políticas ambientais, pois sua aplicabilidade serve para

evitar riscos de ocorrência de danos ambientais. Tanto é a sua importância que foi

incorporado no art. 4º, incisos, I e IV da Lei nº 6.938/81 (Lei de Política Nacional do Meio

Ambiente); art. 225, § 1º, Inc. IV da Constituição Federal de 1988/81; e no art. 54, § 3º da Lei

n. 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais).

O princípio da precaução é importante para a proteção do meio ambiente laboral

hígido. Como há interesse econômico, esse princípio é uma forma de proteção do trabalhador,

pois impõe limites e sua aplicabilidade deve estar respaldada de segurança jurídica para

salvaguardar os interesses dos trabalhadores considerados, pela lei, como parte frágil da

relação trabalhista.

Contudo, vale ressaltar que há diferença nas tutelas pretendidas pelo Direito do

Trabalho e o Direito Ambiental do Trabalho. Enquanto o primeiro tutela as relações

empregatícias com vínculo de subordinação, a segunda garante a saúde e segurança do

trabalhador.

Para Melo (2013, p. 57):

O princípio da precaução é a garantia contra os riscos potenciais que, de acordo com

o estado atual do conhecimento, não podem ser ainda identificada. Decorre desse

princípio que mesmo na ausência da certeza científica formal, a existência de um

risco de um dano sério ou irreversível requer a implementação de medidas que

possam evitar possível dano.

Interessante que o princípio da precaução que tutela o meio ambiente do trabalho

absorve temas que até então eram objetos de estudo exclusivo do direito do trabalho e do

direito da seguridade social.

Melo (2013, p. 57) sustenta que:

Como se observa no dia a dia da prática forense, há casos de grande e iminentes

riscos em que não se tem dúvida quanto à potencialidade de acidentes; mas em

outros, numa primeira análise, o juiz pode não se convencer do perigo para a

integridade física dos trabalhadores. Porém, como os danos à saúde são quase

sempre irreversíveis, o bom-senso aconselha maior prudência do magistrado

mediante priorização dos aspectos humanos e sociais em relação ao aspecto

econômico. O caso, o que se protege é a pessoa, “valor fonte de todos os valores”,

pelo que, em momento algum, se deve priorizar o aspecto econômico da atividade,

como se tem visto em algumas decisões judiciais que, com fundamento no prejuízo a

ser causado pela suspensão da atividade econômica, indeferem medidas de

interdições administrativas feitas pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

Como o meio ambiente faz parte do direito difuso, a responsabilidade é objetiva,

assim não precisa ter certeza sobre a ocorrência do dano ambiental, basta que o suposto dano

seja irreversível e irreparável para tomar as medidas legais cabíveis.

54

Nesse contexto, o princípio da precaução é considerado um instrumento da política

ambiental baseado na inversão do ônus da prova amparado pelo inciso VI art. 6º Código de

Defesa do Consumidor, pois antecede a manifestação de perigo precavendo-se do risco ainda

indefinido.

3 MEIO AMBIENTE DO TRABALHO DO PROFESSOR

Antes, porém, de ingressar no cerne do meio ambiente do trabalho do professor,

imperiosa se faz conceituar a profissão do docente: O professor é um facilitador no

desenvolvimento educacional, moral e intelectual do discente. Ele é o profissional primordial

na transmissão e aquisição de conhecimento de forma adequada, criativa e prazerosa, pois

possui estratégias que despertam a visão crítica do aluno frente a realidade em que vive a

sociedade. Visa o pleno desenvolvimento do alunado, preparando-os para o exercício da

cidadania e qualificando-os para o mercado de trabalho.

O meio ambiente de trabalho saudável é um direito de qualquer trabalhador, assim o

labor-ambiental do professor é constituído por condições específicas presentes na sua

profissão que vai além do local em que ele desenvolve suas atividades cotidianas e precisa

também ter higidez.

Diante disso, esta dissertação analisou neste capítulo sobre o meio ambiente do

trabalho do docente, ressaltando: A evolução do trabalho do professor; Peculiaridades das

lesões ao meio ambiente do trabalho do professor; O direito à sadia qualidade de vida no meio

ambiente de trabalho; Proteção jurídica ao meio ambiente laboral do professor; e Visão dos

tribunais.

3.1 EVOLUÇÃO DO TRABALHO DO PROFESSOR

A evolução do trabalho do professor começou de fato no início do Brasil Colônia,

onde a maioria dos professores eram os padres jesuítas, suas intenções não estavam voltadas,

exclusivamente para ensino, e sim para o domínio clerical. Nessa época, a profissão de

professor não existia, mas como eram os padres jesuítas que catequizavam a sociedade deu a

conotação equivocada de “sacerdócio”.

55

Carlotto (2002, p. 22):

[...] O próprio clero era responsável pela atividade docente. A necessidade de

convocar colaboradores leigos fez com que fosse instituída a realização de uma

profissão de fé e juramento de fidelidade aos princípios da Igreja, o que deu origem

ao termo professor: pessoa que professa a fé e fidelidade dos princípios da

instituição e se doa sacerdotalmente aos alunos.

Os jesuítas permaneceram no Brasil por 210 anos, após a chegada de Marquês de

Pombal, eles foram expulsos de Portugal e de suas Colônias, e com isso a Coroa escolhia

quem poderia ensinar. O descaso com a educação coexistiu por três séculos, formas dispersas

de ensino-aprendizagem foram utilizadas. Nessa época não havia a função de docente e sim só

uma função secundária sem qualificação alguma.

Para Nóvoa (1995, p. 15):

A função docente desenvolve-se de forma subsidiária e não especializada,

constituindo uma ocupação secundária de religiosos ou leigos das mais diversas

origens. A gênese da profissão de professor tem lugar no seio de algumas

congregações religiosas, que se transformaram em verdadeiras congregações

docentes.

Em 1835 é que a profissão de professor foi oficializada na cidade de Niterói no Rio

de Janeiro. Sabe-se que embora a República tivesse sido proclamada nos fins do século XIX

(1889), somente a partir dos anos 20 e 30 do século XX é que houve mudanças significativas

no campo educacional. Os ideais republicanos foram importantes na reivindicação da

ampliação das oportunidades educacionais.

Nagle (1990, p. 102) afirma:

A escolaridade era tratada por homens públicos e por intelectuais que, ao mesmo

tempo, eram “educadores”, num tempo em que assuntos educacionais não

constituíam, ainda, uma atividade suficientemente profissionalizada. Apenas na

década final da primeira república a situação vai ser alterada, com o aparecimento

do “técnico” em escolarização, a nova categoria profissional: este é que vai dar por

diante tratar, com quase exclusividade, dos assuntos educacionais.

O período republicano trouxe uma nova visão para educação brasileira. Foi oferecido

escolas preparatórias para quem quisesse ser professor. Nesse período quem mais trabalhava

no magistério eram as mulheres, com isso, surge mais uma vez o processo de

desprofissionalização do docente, alterna-se para “maternais” por associar as qualidades das

mulheres de serem mais amáveis e terem mais paciência.

Bassanesi (2000, p. 450):

[...] Tudo foi muito conveniente para que se construísse a imagem das professoras

como “trabalhadoras dóceis, dedicadas e pouco reivindicadoras”, o que serviria

56

futuramente para lhes dificultar a discussão de questões ligadas a salário, carreira,

condições de trabalho [...].

O que houve de fato, nessa época, foi que os homens optaram em buscar novas

profissões mais rentáveis nas indústrias, e com isso sobraram vagas de professores no

mercado de trabalho, assim houve a inserção das mulheres na docência.

Ferreira (2000, p. 79-87) informa que “Em 1931, foi publicada a lei que dá início à

regulamentação da profissão, com a criação do Registro Profissional, que se constituiu em

objeto de acentuadas discussões na sociedade, mobilizando sobretudo os professores”.

O surgimento das primeiras indústrias, a emergência das camadas médias e a

imigração tem efeitos sobre o campo educacional mudou o pensar de conquistar o

desenvolvimento intelectual para uma gestão científica do trabalho. Para os professores essa

mudança não trouxe uma melhor situação trabalhista, ao contrário ficou mais desgastante e

rígido.

Carlotto (2002, p.22), comenta:

Dentre as várias questões impostas pela nova organização do trabalho, algumas

foram especificamente formuladas aos professores: 1) desenvolver métodos eficazes

a serem seguidos pelos professores; 2) determinar, em função disso, qualificações

necessárias para o exercício da atividade; 3) capacitá-los em consonância com as

qualificações, ou colocar requisitos de acesso; 4) fornecer formação permanente que

mantivesse o professor à altura de suas tarefas durante a permanência na instituição;

5) dar-lhe instruções detalhadas sobre como realizar o trabalho; 6) controlar

permanentemente o fluxo do “produto parcialmente desenvolvido”, isto é, o aluno.

Desde o início do século XX, mudanças significativas vêm ocorrendo na sociedade

brasileira. No campo da educação o Manifesto dos Pioneiros foi um marco, pois trouxe

mudança no sistema educacional, sua defesa era oportunizar uma educação pública gratuita a

todos.

É fato que a profissionalização do magistério trouxe um avanço importante na vida

profissional dos professores, não que tal mudança melhorou sua vida completamente, mas

devido ter recebido o reconhecimento de sua profissão.

Com o crescimento populacional e o novo pensar educacional, aumentou a

quantidade de escolas gratuitas e consequentemente a quantidade de professores, porém com

baixa qualidade de ensino. A mercantilização do ensino surge a partir de novas políticas neo-

liberais e com isso gerou uma competitividade entre as escolas privadas.

Para Marques de Lima (2009, p. 31):

Em época de flexibilização dos direitos trabalhistas, com as instituições de ensino

privado despontando sob a ótica empresarial, vem crescendo numericamente a cada

ano, precarizando as condições laborais do professor e seus salários, ante a visão

comercial, especulativa, o Direito do Trabalho necessita ser retomado. Ele é o

57

instrumento que liberta o trabalhador e lhe resgata a dignidade [...]. Na crise que se

instala, mais uma vez o corpo docente será chamado para fazer sacrifícios, sob o

pretexto de colaborar com o mantenedor a manter o emprego.

Logo, a evolução do trabalho do professor não trouxe a valorização dos direitos e

garantias fundamentais, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização

Mundial da Saúde (OMS) inferem que as relações de trabalho do professor predominarão as

doenças ocupacionais, logo um futuro desalentador.

3.2 PECULIARIDADES DAS LESÕES AO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO DO

PROFESSOR

A preservação do meio ambiente laboral do professor é alvo de preocupação em

nível nacional e internacional, assim apesar das regulamentações de leis ambientais existentes

no que concerne a preservação do meio ambiente saudável e equilibrado, pouco foi feito para

efetivá-lo no meio ambiente laboral do professor.

Dentro dessa preocupação, os países estão estudando o desconforto do exercício do

magistério para tentar encontrar formas de assegurar melhores condições de trabalho a todos

esses trabalhadores, uma vez que passam muito tempo de seu dia e a maioria de sua vida em

seus empregos.

Esteve (1999, p. 8) avalia o problema em nível internacional:

O fenômeno do “mal-estar docente” não é, de maneira alguma, uma peculiaridade

do sistema educacional espanhol, mas se trata de um fenômeno internacional, cujo

sintomas começam a fazer-se evidentes no início da década de oitenta nos países

mais desenvolvidos, a exemplo do que se verificou e se publicou na Suécia (1983),

França (1984) e Reino Unido (1989-90).

.

A degradação do meio ambiente de trabalho dos docentes é um problema que está

ocorrendo em vários países com dados estatísticos e também de relatórios que indicam

problemas concretos feitos por organizações oficiais como a IIPE – UNESCO a OIT entre

outros.

Os profissionais da área da educação estão adquirindo doenças ocupacionais devido

estarem expostos, acima do limite permitido por lei, a agentes nocivos à saúde, isso devido à

falta de precaução e prevenção da maioria das instituições educacionais públicas ou privadas

de todo o país.

O meio ambiente laboral dos docentes tem sido objeto de investigação científica em

outras áreas do conhecimento que estão buscando compreender melhor o mal-estar docente,

porém o Direito Ambiental numa perspectiva interdisciplinar e transdisciplinar tem buscado a

58

sinergia necessária da pesquisa jurídica com as outras ciências do conhecimento,

principalmente com a Ciência da Saúde.

O adoecimento do docente é um fenômeno mundial que o acomete com várias

doenças ocupacionais que o faz se abster ou abandonar a profissão de professor. A OIT (1981,

p. 124) cita que “a intensificação da tensão nervosa é igualmente assinalada na Bélgica,

Canadá, Escócia e Nova Zelândia, especialmente, entre as razões que levam os educadores a

buscar outra profissão.”

Esteve (1999, p. 40):

A profissão de mestre nas escolas de ensino em todos os níveis na Suécia não só

deixou de ser atrativa, como está ameaçada de uma progressiva deserção dos

quadros docentes. A principal razão disso é o esforço psíquico a que estão

submetidos os docentes como consequência do clima dominante nos centros de

ensino. Uma quarta parte dos professores de Estocolmo pensa em mudar de

atividade, se já não fez [...]. Durante o último ano, 264 mestres mudaram de

atividade e os pedidos de emprego em arquivos, museus e outros lugares mais

tranquilos aumentaram nesse setor. Várias centenas de docentes tiveram de recorrer

aos serviços de psicoterapia do departamento de educação.

Zambom, F; Behlau (2009, p. 3) citam uma pesquisa de campo sobre a saúde vocal

em nível internacional:

Um grupo de fonoaudiólogos da Universidade de Utah realizou em 2004 uma

importante pesquisa epidemiológica nos Estados Unidos que mostrou alta incidência

de sinais e sintomas vocais em professores quando comparados com a população

geral (a pesquisa americana foi realizada nos estados de Utah e Iowa e investigou

1243 professores e 1158 sujeitos da população geral). Verificou também que

professores faltam mais o trabalho devido a problemas vocais e consideram mais a

necessidade de mudar de ocupação no futuro devido a um transtorno de voz.

O perfil de adoecimento e morte entre a população em geral advindos de algumas

doenças ocupacionais relacionadas ao uso inadequado de suas cordas vocais, que exercem ou

exerceram, ou pelas condições adversas em que seu trabalho é ou foi realizado é uma

realidade comum na profissão de professor. No entanto, no Brasil ainda não há

regulamentação jurídica reconhecendo os problemas da voz como doença ocupacional do

professor.

Apesar dos profissionais da área de educação desenvolverem umas das mais

importantes atividades na sociedade desde o início de nossa história, ainda hoje, com todas as

mudanças ocorridas, seja nos aspectos sociais, políticos, econômicos, políticos, culturais e

tecnológicos, que trouxeram muitas mudanças significativas no seu meio laboral, eles não

receberam reconhecimento jurídico no ordenamento brasileiro em relação a suas doenças

ocupacionais.

59

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura -

UNESCO2 (2004, p. 12) revelou que:

O Brasil é um país onde, nos últimos anos, ocorreu uma expansão muito rápida,

tanto de sua matrícula escolar, como de seu corpo docente. Os resultados desta

pesquisa permitem a compreensão, com muita clareza, da significativa

heterogeneidade dos docentes do país e a complexa variedade de situações que

existem, do ponto de vista da subjetividade dos mestres.

Esse crescimento foi apenas quantitativo da oferta escolar que gerou modificações na

gestão educacional para acompanhar tal “avanço”. Contudo, os resultados não são

satisfatórios nem no resultado do ensino-aprendizagem do discente e nem na melhoria da

sadia qualidade de vida do professor.

Pesquisa feita pelo Economist Intelligente Unit3 sobre o sistema de ensino no mundo

mostra o baixo desempenho do Brasil.

A pesquisa de uma das mais respeitadas consultorias sobre sistemas de ensino no

mundo, Economist Intelligence Unit, coloca o Brasil em penúltimo lugar em um

ranking sobre a qualidade da educação. A consultoria analisou habilidades

cognitivas e desempenho escolar dos alunos em 40 países. A Finlândia e Coréia do

Sul aparecem em primeiros lugares e o Brasil e a Indonésia em últimos lugares.

Também no último relatório elaborado pela Organização das Nações Unidas para a

Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), sobre o índice de desenvolvimento da

Educação, feito em 128 países, o Brasil aparece na 88ª posição. Países menos

desenvolvidos apresentam uma posição melhor. O Brasil aparece ao lado de

Honduras (87ª), Equador(81ª), Bolívia(79ª); mas está muito aquém de nossos

vizinhos e parceiros comerciais como Argentina (38ª), Uruguai (39ª) e Chile (51ª).

O desconforto no exercício do magistério no mundo é real, e isso traz consequências

negativas para todos os sujeitos envolvidos, como: para o aluno baixo nível de aprendizado,

para o docente mal-estar na profissão e para o Brasil o baixo nível de avanço no

desenvolvimento socioeconômico.

3.2.1 A profissão do professor na sociedade de risco

Os profissionais da área de educação estão suscetíveis a iminência de acidentes de

trabalho como qualquer outro profissional, pois à aquisição de doenças em razão da presença

de riscos ocupacionais são diversos, como: estressores psicossociais, ambientais, situacionais

e comportamentais, desse modo espera-se o cumprimento do art. 225 da Constituição de 1988

2 UNESCO. O Perfil dos professores brasileiros: o que fazem, o que pensam, o que almejam. São Paulo.

2004, p. 12. 3 É um negócio dentro do grupo Economist prestação de serviços de previsão e de aconselhamento por meio de

pesquisa e análise, tais como relatórios mensais de cada país, previsões econômicas do país de cinco anos,

relatórios de serviços de risco-país, e relatórios da indústria.

60

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, [...]”, na vida desses

profissionais.

As discussões sobre os riscos ambientais do trabalho do docente nos trazem uma

expectativa criada em torno da profissão do professor, pois se desconhece o motivo da

distância entre o discurso sobre sua função e o reconhecimento que ele verdadeiramente

merece.

Uma das peculiaridades das lesões ao meio do trabalho do professor ocorre com o

risco ambiental que é tema relevante para sociedade, porém pouco conhecido, tanto é a

preocupação que existem programas nacionais e internacionais preocupados com a saúde,

segurança e o meio ambiente, os mais conhecidos em nível internacional são: ISO (para a

qualidade e meio ambiente) e a da OHSAS (para questões de saúde e segurança).

No Brasil, atualmente, existe o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGRs) que

regulamenta as normas preventivas para a proteção do meio ambiente, mas de forma ampla.

Devido isso, os programas internacionais são utilizadas para suprir lacunas do ordenamento

jurídico brasileiro no que concerne um programa de riscos ambientais direcionadas ao meio

ambiente do trabalho.

A OHSA4 (Occupational Safety and Health Administration/ Serviços de Avaliação

de Segurança e Saúde Ocupacional) de origem britânica, incube-se de dar orientações de

como implantar e avaliar as relações dos procedimentos de saúde e segurança do trabalho

integrado ao sistema de gerenciamento ambiental e também ao sistema de qualidade, em sua

apostila de norma (OHSAS 18001, 2007, p. 4) conceitua que: “Risco é uma combinação da

probabilidade de ocorrência de um evento perigoso com a gravidade da lesão, doença ou

perda que pode ser causada pelo evento”.

Em 2008 foi firmado um acordo de cooperação técnica entre o Instituto de Pesquisa

Econômica aplicada (Ipea) e aFundação Jorge Deprat Figueiredo de Segurança e Medicina do

Trabalho objetivando a implementação de ações conjuntas que assegurassem a realização de

estudo e de pesquisa sobre temas concernentes às políticas de Segurança e Saúde no Trabalho

(SST).

Segundo a Segurança e Saúde no Trabalho (2002, p. 12-13):

Registre-se a sua inserção contributiva no cenário atual, quando o país busca

formular e implementar a sua Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho

(PNSST) visando, sobretudo, “a promoção da saúde e a melhoria da qualidade de

4 A OHSAS 18001 foi desenvolvida para ser compatível com as normas de gestão ISO 9001:2000 (Qualidade) e

ISO 14001:2004 (Ambiente), a fim facilitar a integração dos sistemas de gestão da saúde e segurança do

trabalho, com os sistemas de gestão ambiental e com os sistemas de gestão da qualidade, caso as organizações o

pretendam fazer.

61

vida do trabalhador, a prevenção de acidentes e de danos à saúde advindos ou

relacionados ao trabalho ou que ocorram no curso dele”, preconizando, nesta

direção, a “eliminação ou redução dos riscos nos ambientes de trabalho”, conforme

o documento da Comissão Tripartite de Saúde e Segurança no Trabalho (CT-SST),

elaborado em 2010. Seus princípios são os seguintes: “a universalidade; a

prevenção; a precedência das ações de promoção, proteção e prevenção sobre as de

assistência, reabilitação e reparação; o diálogo social; a integralidade.

O risco de um acidente ou contrair doenças no ambiente de trabalho é uma realidade

que qualquer profissional está sujeito. Tanto que algumas profissões até são classificadas

como insalubres, ou perigosas, ou penosas e possuem regulamentação jurídica, normas de

proteção e recebem adicionais. Contudo, a profissão de professor não está inclusa nesse rol de

profissões, o que existem são as leis do sistema educacional, e não das doenças ocupacionais

dos professores. Vieira (2007, p. 45):

Para Moreno, Garrosa e González os docentes foram uma categoria especialmente

exposta aos riscos psicossociais. Estes se defrontam com situações nas quais se

desequilibram as expectativas individuais do profissional e a realidade do trabalho

diário. Diante desta situação, é possível o recurso as estratégias de enfrentamento

não adaptativas que vão esgotando seus recursos emocionais levando-os ao

deterioramento pessoal e profissional.

Os riscos trabalhistas dos professores são diários e doenças podem ser contraídas em

seu ambiente laboral, e nada é feito para reverter a situação. As condições de trabalho e a

situação social dos professores são importantes para que eles desenvolvam suas atividades

laborais com qualidade, porém desde o início da profissão de docente já havia o descaso com

esses profissionais, que infelizmente se perdura até hoje, muitas vezes até complexo, pois

querem qualidade de ensino, mas não dão condições para tanto.

A Organização Internacional do Trabalho (OIT), em 1981 tenha classificado a

“profissão de professor numa atividade de risco físico e mental”, os governantes brasileiros

não deram a devida importância.

Pereira (2000, p. 5) ao comentar sobre atividade de risco do professor, aduz, com

base no estudo sobre “Stress na profissão docente: prevalência e fatores de risco[...] um em

cada três professores sente que a sua profissão é estressante e um em cada seis docentes

encontra-se em estado de exaustão emocional ou com esgotamento cerebral”.

Nesse diapasão Marques de Lima (2009, p. 112) afirma que:

Professores, médicos, enfermeiros, psicólogos, terapeutas de reabilitação, assistentes

sociais, policiais, sacerdotes e advogados estão entre as categorias mais expostas e

condições de stress, por serem categorias profissionais de ajuda, “nas quais é muito

grande a carga emotiva de responsabilidade em relação ao cliente ou usuário, pois

do próprio trabalho pode depender o bem-estar ou ruína dos outros.

62

Nota-se que a exposição ao risco do professor é bem maior devido atender ao mesmo

tempo em média entre 30 a 45 alunos por sala, se ele tiver que cumprir 15 horas/aula por

turno, terá em média de 90 a 135 alunos, pois terá que lecionar em três turmas, como ele sofre

desvalorização salarial, precisará trabalhar os outros dois turnos, assim terá então uma média

de 270 a 405 alunos por ano letivo, são poucas as profissões que têm uma realidade parecida a

essa.

A Convenção 155 da OIT, em seu art. 3º, estabelece:

Que a expressão “local de trabalho” abrange todos os lugares onde os trabalhadores

devem permanecer ou onde têm que comparecer, e que esteja sob o controle, direto

ou indireto, do empregador e que o termo “saúde”, com relação ao trabalho, abrange

não só a ausência de afecção ou de doenças, mas também os elementos físicos e

mentais que afetam à saúde e estão diretamente relacionados com a segurança e a

higiene no trabalho.

As condições ambientais inapropriadas das escolas ou universidades trazem

desequilíbrio à saúde dos docentes, o contato direto com tantos alunos trazem diversas

enfermidades, e essa situação os levam a solicitação dos pedidos de licença para tratamento de

saúde ou para afastamento definitivo de sua função.

Vieira (2007, p. 91) tenta explicar que:

O trabalho docente é complexo, abarcando inúmeras problemáticas que envolvem

destes aspectos macros, como a globalização, as transformações no mundo do

trabalho, entre outros até questões do cotidiano. Podemos nos questionar, então, o

motivo de tão excepcionais indivíduos trabalharem num dos piores ambientes

profissionais. Uma hipótese pode ser aventada, a de que o motivo é tão somente o da

satisfação. Mesmo nessas condições adversas, não falta o fundamental: o sentido e o

significado daquilo que se faz. Ter reconhecimento do produto final do seu trabalho

mesmo que subjetivamente - fortalece a identidade do trabalhador.

A profissão de professor é uma atividade complexa, paradoxal e desvalorizada, mas,

mesmo assim, têm pessoas que são apaixonadas por ela, para esse professor, sua maior

recompensa é ver o fruto de seu trabalho, ou seja, ver seus alunos formados e preparados para

a vida, assim apesar de ser uma escolha pessoal, não é sinônimo que lecionará somente por

amor.

Vieira (2007 p. 37) cita os riscos que o professor enfrenta:

a) Desmotivação dos alunos

b) Comportamento indisciplinado dos alunos

c) Falta de oportunidade de ascensão na carreira profissional

d) Baixos salários

e) Más condições de trabalho

f) Pressão de tempo e prazo

g) Baixo reconhecimento e pouco prestígio social da profissão

h) Conflitos com colegas e superiores

i) Rápidas mudanças nas exigências de adaptação dos currículos.

63

Esses casos supracitados são alguns riscos de saúde que o professor enfrenta. Assim,

ser professor, hoje, transformou-se em uma atividade de risco que desafia sua resistência,

emoções, saúde, capacidade de mediar conflitos e transmitir seus conhecimentos de forma

criativa e eficaz.

Esteve (1999, p. 76) evidencia que:

[...] São muitas as doenças ocupacionais que acometem o professor, nos mais

diferentes níveis do ensino, e, por estar sua atividade dissociada do trabalho braçal,

ignoram-se seus direitos, o que representa, inclusive, prejuízo ao tratamento

igualitário a que todos fazem jus.

A profissão do professor na sociedade de risco merece uma reflexão crítica no que

concerne os riscos ambientais, situacionais e comportamentais adquiridos no ambiente laboral

de trabalho ou no seu exercício, como também decorrente da violência nas escolas que vem

crescendo a cada dia.

Existem muitos riscos da docência, porém serão citados apenas os que trazem para

ele maior exaustão. Primeiramente vale ressaltar a diferença de doenças profissionais ou

ocupacionais de doenças do trabalho, a primeira é adquirida ou desencadeada pelo exercício

do trabalho específico de cada profissão ou função, e a segunda está relacionada ao meio

ambiente do trabalho, ou seja, onde o trabalho é exercido.

Há doenças dos docentes que estão relacionadas ao meio ambiente do trabalho,

como: problemas ergonômicos, problemas funcionais, acústica arquitetônica, estresse

ocupacional (síndrome de Burnout), assédio moral, violência, mercantização do ensino e

as doenças vocais.

Desse modo, as principais causas de afastamento dos docentes de seu trabalho são as

condições inadequadas em seu meio ambiente laboral.

Paranhos (2002, p. 21), embasa esta afirmação quando aponta que:

[...] Deve ser apontado que o meio ambiente do trabalho é composto, além dos bens

móveis e imóveis, pelos métodos de trabalho, agentes agressores (tanto internos

como externos) e os tempos de exposição em que fica submetido o trabalhador.

Os Problemas Ergonômicos que acometem os docentes estão associados a postura

inadequada, ao excesso no trabalho e estresse. Sua má postura ao escrever no quadro em

ângulo superior a noventa graus trazem problemas tanto para coluna quanto para voz, sua

postura ao sentar para preparar as aulas, ficar por muito tempo escrevendo o assunto no

quadro traz sérios adoecimentos, como: síndrome do túnel do carpo, síndrome do manguito

rotatório, epicondilites, bursites do ombro, tendinites, rinites, sinusites e faringites crônicas e

64

alérgicas. Doenças que estão também relacionadas aos músculo-esqueléticos, conhecidas

como LER (lesões por esforços repetitivos) e DORT (distúrbios osteomoleculares

relacionados ao trabalho).

Existem vários problemas funcionais que trazem doenças ao professor, como: carga

horária de trabalho, falta de material de apoio didático-pedagógico, superlotação das salas,

desvalorização do professor, formação continuada, reajuste salarial, modernização

tecnológica, reforma no ensino entre outros.

O Comitê Técnico em Acústica Arquitetônica da Sociedade Americana de Acústica

(2002, p. 2) trouxe informações importantes sobre como criar ambientes de aprendizagem

com condições acústicas favoráveis, seu objetivo é fornecer uma fonte complementar para

arquitetos, educadores e administradores escolares, para ser utilizada na construção e

renovação de instalações escolares:

Desenvolve-se atualmente nos Estados Unidos uma das maiores campanhas de

construção e renovação escolar da história. Com a crescente ênfase na educação, nós

temos que aproveitar a oportunidade para acabar com uma antiga prática americana:

a construção de salas de aula com baixa qualidade acústica. Este problema invisível

tem sérias implicações para o aprendizado, mas é facilmente resolvido.

A falta de acústica da sala de aula e de recursos pedagógicos de multimídia, como:

projetor multimídia (data show), microfone, caixa de som, computador, etc., trazem

problemas para a saúde vocal do professor.

Outra doença frequente do profissional da educação é a fadiga vocal, pois o

professor ao desempenhar suas funções em condições não saudáveis, como: falar em locais

barulhentos (salas com mais de quarenta alunos), mudanças bruscas de temperatura,

ambientes com muita poeira, mofo, cheiros fortes, são acometidos de lesões (laringite, pólipo,

cistos, leocoplasia e até câncer de laringe).

O professor sente desconforto ao usar a voz nos lugares inadequados, pois ocasionam

irritações na garganta, rouquidão e cansaço ao falar. Com isso, aparecem outras doenças do

aparelho respiratório, decorrentes da exigência do professor falar mais alto, esforço extra da

laringe, podendo causar disfonias.

Esses distúrbios vocais (disfonia), ou seja, doenças relacionadas a voz, trazem

enfermidades em muitos profissionais que a utilizam como instrumento de trabalho, e que

também enfrentam um público diferenciado todos os dias, esses problemas acometem

principalmente alguns professores que labutam nos três turnos diariamente.

O adoecimento vocal dos profissionais da área de educação tem sido uma

preocupação dessa categoria, pois tal doença silenciosa (nódulos, pólipos, edemas das pregas

65

vocais e até câncer) não está prescrita no prisma da saúde pública de higiene e saúde vocal no

campo da fonoaudiologia relacionadas a esses trabalhadores.

O problema relacionado à voz é ainda pouco percebido pelos docentes, porém é real,

e seu uso inadequado pode trazer consequências irreversíveis, assim ações de conscientização

a esses trabalhadores sobre essa problemática se faz necessária.

Outro tipo de doença ocupacional é a Síndrome de Burnout, ela acomete o docente

com o esgotamento profissional a tal ponto dele chegar a total desmotivação de continuar na

profissão, tudo causado pelo estresse laboral diário.

A Síndrome foi definida por Herbert J. Freudenberger (1974, p. 154) como:

Um esgotamento físico e mental intimamente ligada à vida profissional. O

pesquisador descobriu com sua própria experiência vivência que, tal sintoma tinha

um „psíquico depressivo‟, verificou que seu conflito de estresses tinha mais

intensidade sobre as profissões que realizavam seus trabalhos em contato direto com

várias pessoas ao mesmo tempo, como a atividade de professores.

Tal síndrome é considerada uma resposta emocional do organismo físico e mental do

professor ao meio ambiente laboral inadequado que trabalha, tal problema é uma preocupação

de vários países, pois vem acometendo muitos profissionais que trabalham com público

diariamente, com morte, morbidade e problemas mentais.

O assédio ou abuso moral contra o professor ocorre no ambiente laboral de forma

repetitiva e prolongada durante a jornada de trabalho ou no exercício de suas funções, o

sujeito agressor pode ser: o aluno, pais, colegas de trabalho, gestor, entre outras pessoas da

comunidade escolar.

Acerca do assédio moral, Menezes (2003, p. 20) relaciona os comportamentos e

formas que o agressor utiliza-se na hora que comete o crime:

A exteriorização do harcèlement5 moral, portanto, ocorre por meio de gestos,

comportamentos obsessivos e vexatórios, humilhações públicas e privadas,

amedrontamento, ameaças, ironias, sarcasmos, difamações, exposição ao ridículo,

sorrisos, suspiros, trocadilhos, jogos de palavras de cunho sexista, indiferença à

presença do outro, silêncio forçado, sugestão para pedido de demissão, ausência de

serviço e tarefas impossíveis ou de dificílima realização, controle de tempo no

banheiro, divulgação pública de detalhes íntimos, agressões e ameaças etc.

Loguércio (2008, p. 45) também comenta sobre o assédio nas escolas:

O tema assédio moral nas relações de trabalho na escola ganha relevo e importância.

O professor está submetido ao crivo de muitas expectativas. Da direção, do lucro, do

pai, da mãe, do aluno, da sociedade em geral. A escola, de outro lado, nas últimas

décadas transformou-se num espaço de consumo. Ela reflete as transformações

sociais e políticas mais recentes, sem conseguir entender e reelaborar seu papel. O

estresse emocional do professor decorre da sensação de impotência de transformar a

sala de aula, preso que está às políticas quantitativas da aprovação ou reprovação

5 Perseguição atualmente conceitua-se assédio.

66

numérica; do número de trabalhos publicados, do número de conferências

realizadas, do número de artigos, bancas, teses, e outros indicadores de

produtividade.

Assédio e abuso moral no ambiente laboral são crimes que trazem danos a saúde

física e psíquica ao trabalhador. O interessante é que mesmo tendo uma pena de reclusão de

dois anos conforme está descrito no art. 136-A do Código Penal do Brasil os agressores agem

como se estivessem imunes à lei.

Marques de Lima (2009, p. 111) cita alguns exemplos de assédio moral ao

professor:

- Pressões psicológicas sobre professor, especialmente frente aos alunos, expondo a

instituição;

- Quando a instituição obriga ou pressiona o professor a aprovar aluno ou a que

fique de frente a ele para justificar a nota atribuída, sendo manifesta a intenção de

coagi-lo a alterar a pontuação ou a rever, indevidamente, a frequência;

- Quando retira a autoridade do professor, negando-lhe o direito de lecionar

livremente desfazendo com frequência seus atos, retirando as faltas dos alunos e

chamando-o constantemente a intenção por fatos irrelevantes;

- Mudança de disciplina a ser lecionada, mediante imposição de matérias e

conteúdos que não são domínio do professor, o que pode expô-lo ao público e

comprometer sua reputação acadêmica;

- Alterações nos horários do professor, durante o curso do período letivo,

inviabilizando que ele desenvolva outras atividades ou assuma outros compromissos

pessoais ou de qualquer outra natureza (cursos, elaboração de projetos específicos,

aulas em outras instituições...). A boa fé, princípio que reside às relações contratuais,

orienta em que as partes facilitem a vida da outra, mutuamente;

- Imposição de perfil ideológico ao magistério, ditando a linha política como a

matéria que deva ser lecionada, ofendendo a liberdade de cátedra;

- Tratamento rigoroso na condução do processo ensino-aprendizagem, exigindo do

professor conduta indelével, exageradamente (rigor excessivo);

- A reiteração frequente de determinadas mensagens tirânicas, opressoras, que

traduzam excesso de cobrança funcional, via e-mail, pela coordenação ou por outro

órgão da administração da escola pode consistir em pressão psicológica, a

caracterizar o assédio moral pelo abalo emocional que criou. O ponto fulcral é que

retira a tranquilidade do lar do professor, afetando-o no seio familiar, levando para

casa problemas do trabalho contra a vontade do empregado.

O professor ao sofrer esse dano desenvolve sentimentos negativos, como:

desvalorização, revolta, mágoa, vergonha, tristeza, entre outros sentimentos que fazem mal à

sua saúde, ao ponto dele não querer voltar mais a trabalhar, o quadro pode evoluir chegando

até mesmo a morte do trabalhador.

A mercantização da educação acompanha o movimento da economia capitalista,

logo está sendo transformada em uma mercadoria com o propósito da obtenção de lucro. O

Estado não consegue administrar direito o ensino público, imagina fiscalizar essa exploração

do ensino privado, o resultado desse descaso são os resultados nos ranking educacionais em

nível internacional, sempre o Brasil está entre os piores do mundo.

67

Por conta da mercantilização, Lima (2010, p. 1) aduz:

Assistimos os professores resistindo às péssimas condições de trabalho, baixos

salários, contratos de trabalho precarizados, temporários e por vezes até sem

registro, sem falar dos ambientes antidemocráticos que predominam na maior parte

das IES privadas. Além disso, temos as classes numerosas, ausência de estímulo e

incentivo acadêmico com ausência de planos de carreira estruturados, e quando

existem, são maquiados, chegando ao extremo do maquiavelismo de algumas dessas

IES demitirem os seus mestres e doutores após a visita do MEC para

credenciamento ou re-credenciamento das instituições.

As Instituições de Educação de Ensino (IES) cresceu no Brasil devido a educação ter

o valor de mercadoria, o lucro é o objetivo, e o aluno é o cliente, jamais ele estará errado.

Com a competitividade entre as escolas em ter cada vez mais cliente, o professor recebe uma

carga de trabalho inadequada, uma responsabilidade que afeta seu psicológico, com isso fica

impossibilitado de exercer suas atividades laborais com autonomia de educador, isso afeta

diretamente seu meio ambiente laboral.

Outro risco na profissão do professor é a violência nas escolas, pois os fatores são

complexos e multifatoriais, reflexo da crise da educação familiar brasileira. Sabe-se da

importância da educação escolar para o desenvolvimento do país, mas com o crescente índice

de violência nas escolas e universidades entre os membros da comunidade escolar, em

especial o professor, estudos e discussões em nível pedagógico estão sendo feitos sobre o

tema, porém ainda sem soluções eficazes para prevenir e proteger a comunidade escolar

desses atos de violência.

Bourdieu (1998, p. 39) reconhece que:

Os conflitos na escola, como a indisciplina e a violência, corroboram com a

qualidade da educação ofertada, principalmente quando os problemas não são

resolvidos a partir de uma perspectiva jurídica e pedagógica.

A violência é considerada crime ou contravenção penal previsto no Código Penal

(Brasil, 1940) para os maiores de idade, caso seja praticado por adolescente é considerado ato

infracional segundo o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA). Para Schilling (2004, p. 33-

35) “A violência é conceito multidimensional. Ela implica diversos atores e sujeitos, além de

acontecer sob formas diferentes (violência física, psicológica, emocional, simbólica).”

Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade

incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. Parágrafo

único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às

pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade” (BRASIL, 1990). Inclusive, o ato

infracional deve ser resolvido autor do ato ilícito penal, devem ser aplicadas a ele

medidas socioeducativas (BRASIL, 1990, art.112). Mas quando forem crianças,

bastam às medidas de proteção previstas no artigo 101 (BRASIL, 1990), uma vez

que tanto os adolescentes quanto as crianças são penalmente inimputáveis (BRASIL,

1940, art. 27; 1990, art. 104).

68

Segundo a pesquisa realizada pela Organização Internacional para Cooperação e

Desenvolvimento Econômico (OCDE) em 2013 apontou o Brasil como o país que apresenta o

maior número de casos de violência contra os professores. Assim, a violência na escola pode

ser considerada como um problema a ser resolvido de forma imediata e eficaz.

Para a segurança do trabalho e saúde os fatores de riscos são considerados os agentes

agressivos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes, os que podem trazer ou

ocasionar danos à saúde do trabalhador, nos ambientes laborais, em função de sua natureza,

concentração, intensidade e tempo de exposição ao agente.

São de grande importância para a Medicina do Trabalho e para o Direito Ambiental o

diagnóstico das doenças ocupacionais, pois enquanto a Medicina do Trabalho nomeia várias

enfermidades que causam alterações na saúde do trabalhador provocadas por fatores

relacionados ao meio ambiente do trabalho, o Direito Ambiental usa o resultado desses

diagnósticos para a resolução de lides na seara jurídica.

Diante do exposto, os riscos na docência podem estar relacionados ao conjunto de

fatores sociais e psicológicos. Pode-se dizer que as doenças ocupacionais que sofrem os

profissionais da educação são multifatoriais e o reconhecimento delas como doença

ocupacional se faz necessária, pois a prevenção para essa categoria não iria dizimar o

sofrimento vivido por esses trabalhadores, mas com certeza iria fazer justiça a essa classe de

profissionais.

3.3 O DIREITO À SADIA QUALIDADE DE VIDA NO MEIO AMBIENTE DE

TRABALHO

A sadia qualidade de vida tem sido alvo de discussões históricas devido ao alto

índice de enfermidades quem tem acometido os trabalhadores do mundo todo. Assim, o dever

de defesa do meio ambiente de trabalho equilibrado vem alcançando força no mundo jurídico,

por ser aspecto integrante do meio ambiente geral é considerado um direito fundamental.

Antunes (2005, p. 25), aduz que “o primeiro e mais importante princípio do Direito

Ambiental é que: o direito ao ambiente é um Direito Humano Fundamental”.

Nesse contexto, Silva (1997, p. 176-177) afirma que “são direitos fundamentais do

homem no sentido de que a todos, por igual, devem ser, não apenas formalmente

reconhecidos, mas concreta e materialmente efetivados.”

Não existe regulamentação expressa na legislação brasileira sobre o meio ambiente

de trabalho equilibrado, o art. 5º, § 2º da Constituição Federal de 1988 declara: “Os direitos

e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos

69

princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do

Brasil seja parte.” Porém no seu inciso VIII do art. 200 que compete ao Sistema único de

saúde, rege: “colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.” Já

no seu art. 225, caput, temos que “todos têm direito a um meio ambiente equilibrado (...)”.

Para Melo (2001, p. 70):

A essencialidade da proteção ao meio ambiente de trabalho, como etapa importante

para o equilíbrio do meio ambiente geral, justifica-se porque, normalmente, o

homem passa a maior parte de sua vida útil no trabalho, exatamente no período da

plenitude de suas condições físicas e mentais, razão pela qual o trabalho,

habitualmente, determina o estilo de vida, interfere no humor do trabalhador, bem

como no de sua família.

A atividade laboral, que é uma das formas honestas de sustento da grande maioria da

população, deve ter qualidade e equilíbrio no seu ambiente do trabalho, pois é nesse lugar que

o trabalhador passa a maior parte de sua vida, não para lazer e sim por questão de

sobrevivência e sustento para sua família.

Granzieira (2009, p. 7): ,

O equilíbrio ou o atributo de qualidade do meio ambiente possui um valor – objeto

da tutela legal – que se caracteriza pelos resultados que produz: a garantia da saúde,

a manutenção dos ecossistemas, o bem-estar social, a segurança, a preservação das

condições de equilíbrio atuais, a possibilidade de as gerações futuras usufruírem

desses elementos.

Para termos um meio ambiente saudável aliado ao desenvolvimento sustentável a

participação de todos é fundamental para garantir diversos direitos, como: a inclusão social, a

diversidade de abordagens, o respeito à diversidade cultural, a reflexão entre a geração atual e

a futura, entre tantos outros aspectos a serem considerados.

Para Melo (2001, p. 70) “[...] não há como se falar em qualidade de vida se não haver

qualidade de trabalho, nem se pode atingir o meio ambiente equilibrado e sustentável,

ignorando-se o aspecto do meio ambiente do trabalho”.

Para Mancuso (2002, p. 57):

O conceito de meio ambiente se expandiu para além do mundo da natureza, para

alcançar outras dimensões onde o homem vive, se relaciona e desenvolve suas

potencialidades. Quer dizer, o homem, enquanto „ser vivente‟, integra, como tal o

„mundo da natureza‟, e, nesse prisma, tem tanto direito à vida quanto tudo o mais

que compõe os reinos animal e vegetal. Todavia, é inegável que os horizontes do

homem vão muito além do mero instinto de sobrevivência, dado que sua alma revela

uma natural tendência ao progresso e ao desenvolvimento.

A dignidade de usufruir uma vida social saudável, na atualidade e no futuro, está

intrinsecamente ligado a sua qualidade de vida, assim constata-se a importância do quarto

aspecto do meio ambiente, ou seja, o meio ambiente do trabalho.

70

Segundo Harb (1998, p. 78):

Em síntese, o respeito ao direito do meio ambiente equilibrado implica,

necessariamente, na defesa do direito à vida, que é o mais básico dos direitos

fundamentais, nele se inserindo por visar diretamente à qualidade de vida (artigo

225, caput, da CF/88) como meio de atingir a finalidade de preservação e proteção à

existência, em qualquer forma que esta se manifeste, bem como condições dignas de

existência à presente e às futuras gerações.

No Meio Ambiente do Trabalho deve haver equilíbrio ambiental, pois todos têm o

direito de exercer com plenitude o direito à vida, portanto não importa qual é sua profissão, o

trabalhador terá esse direito. Assim, pelo tempo diário que ele passa trabalhando ao longo de

sua vida é justo que haja também um equilíbrio no seu meio ambiente laboral.

Melo (2001, p. 71): “Na marcha evolutiva dos direitos do trabalhador, especialmente

os relacionados às condições de trabalho, o observador atento pode vislumbrar, em sintonia

fina, fatores diversos até então ignorados ou simplesmente relegados”.

O “capitalismo selvagem” e a falta de humanidade fizeram a grande maioria dos

empregadores (privado ou público) não se importarem com o bem-estar de seus subordinados.

E mesmo com a evolução histórica na seara trabalhista, que trouxe um avanço simplório em

relação ao meio ambiente do trabalho, não resguardou a sadia qualidade de vida dos

trabalhadores.

O Estado brasileiro conseguiu ampliar com sua inércia jurídica uma legião de

trabalhadores acometidos com diversos tipos de doenças adquiridos no meio ambiente do

trabalho. Para Nalini (1997, p. 349) “Se limitar o limite é tornar o homem mais consciente de

suas responsabilidades”.

Melo (2001, p. 72):

A exigência da dignidade das condições de trabalho, consignada na Constituição de

1988, inverte uma ordem de prioridade histórica, colocando o homem como valor

primeiro a ser preservado, em função do qual trabalham os meios de produção. Esta

dignidade prevista no art. 1º, inc. III, da Constituição Federal, tendo o enfoque o ser

humano-trabalhador, é essencial, assim como as condições de trabalho saudáveis,

para que o próprio art. 170 da Constituição, que trata sobre a ordem econômica,

deixa clara a prevalência do homem sobre os meios de produção, na medida em que

preconiza a valorização do trabalho humano.

Nesse diapasão Oliveira (2010, p. 63) afirma que:

Chega a ser paradoxal a postura do homem nos dias atuais. Cresceu a preocupação

com o meio ambiente, com o salvamento de animais em extinção, com a

preservação do ecossistema, mas não houve avanço, com a mesma intensidade, na

melhoria do meio ambiente do trabalho.

Quando há satisfação dos interesses humanos ao uso espontâneo da autonomia

individual quanto a liberdade e vontade, ultrapassando os limites legais, o Estado possui leis

71

punitivas para intervir na situação, porém na elaboração e aprovação de leis há uma lentidão

histórica que prejudica milhares de trabalhadores.

Na legislação brasileira não há leis específicas que regulamentem diretamente sobre

o meio ambiente do trabalho, embora o tema seja motivo de preocupação da sociedade, o que

há são leis que regulamentam o Direito do Trabalho e o Direito Processual do Trabalho, que

embora imprescindíveis para os trabalhadores não oferecem segurança e saúde no ambiente

laboral que proporcione o desenvolvimento da atividade produtiva em um meio ambiente de

trabalho equilibrado.

Para Melo (2001, p. 86) “Infelizmente temos de reconhecer que, o Brasil, o primado

da “sadia qualidade de vida” (art. 225, caput, da CF/88), com relação às condições de

trabalho, nem sempre é observado”.

Outra situação interessante que merece uma análise é o desconhecimento dos

professores em relação aos seus direitos trabalhistas e previdenciários. A inércia, da maioria

dos professores, na reivindicação de seus direitos é grande, e isso é um problema que também

prejudica o avanço do reconhecimento de seus direitos.

Lima (2009, p. 18-19):

Após uma experiência de duas décadas no magistério superior, como Professor de

Cursos universitários em geral, de Universidades Públicas e Privadas, de cursinhos

preparatórios para concursos e escolas de magistratura, desempenhando funções de

coordenador e integrando colegiados acadêmicos, tanto no mestrado e em

especializações, quanto na Graduação, cheguei a algumas conclusões preocupantes

sobre os professores, sobretudo nos estado do Nordeste do Brasil, como: a) Os

professores, mesmo os do ensino superior (e, ainda por cima, muitos do ensino

jurídico!), não conhecem seus direitos trabalhistas; b) Eles não têm a esperada

consciência política de se organizarem em sindicatos batalhadores nem de exigirem

das respectivas entidades representativas a real defesa da categoria; c) Não tem

consciência eficaz do seu papel global no ensino nem da sua função no

empreendimento educacional; d) Têm muito medo de retaliações e represálias. Tudo

isto pode ser sintetizado assim: os professores estão desorganizados e, no ensino

superior, alijados das decisões educacionais tomadas pela Direção [...]

No Brasil não se tem registro do quantitativo de escolas em nível nacional que

possuem um meio ambiente de trabalho saudável, e nem um quantitativo macro de quantas

escolas não oferecem um meio ambiente de trabalho inadequado. O Poder Público não

demonstra interesse nenhum com a efetiva proteção com o meio ambiente laboral do

professor.

3.3.1 Direitos trabalhistas e o Meio Ambiente do Trabalho

O Direito do Trabalho e o Meio Ambiente do Trabalho possuem nomenclaturas

parecidas, porém com significados diferentes. O primeiro tutela as relações de trabalho

72

subordinado ou equiparado, protege o trabalhador que é considerado o hipossuficiente da

relação, já o segundo excede os limites do espaço interno do local onde são executadas as

atividades produtivas, sua tutela jurídica normatiza o direito à dignidade dos trabalhadores

para que os mesmos possam desempenhar suas atividades de forma hígida e salubre.

Embora o Direito do trabalho em sua divisão tenha diferentes sentidos, como: Direito

Material do Trabalho: Direito Coletivo e do Direito Individual do Trabalho; Direito Público

do Trabalho: Direito Processual do Trabalho, Direito Administrativo do Trabalho, Direito

Previdenciário e Acidentário do Trabalho; e Direito Internacional do Trabalho, todos diferem

do Meio Ambiente do Trabalho. Como podemos constatar nas definições a seguir:

Delgado (2008, p. 49-52) define o Direito do Trabalho:

O Direito do Trabalho é ramo jurídico especializado, que regula certo tipo de relação

laborativa na sociedade contemporânea. Seu estudo deve iniciar-se pela

apresentação de suas características essenciais, permitindo ao analista uma imediata

visualização de seus contornos próprios mas; o Direito Individual do Trabalho

define-se como: complexo de princípios, regras e institutos jurídicos que regulam,

no tocante às pessoas e matérias envolvidas, a relação empregatícia de trabalho,

além de outras relações laborais normativamente especificadas.[...] o Direito

Coletivo do Trabalho pode ser definido como o complexo de princípios, regras e

institutos jurídicos que regulam as relações laborais de empregados e empregadores,

além de outros grupos jurídicos normativamente especificados, considerada sua ação

coletiva, realizada autonomamente ou através das respectivas associações.

Corroborando Nascimento (2009, p. 119) traz um conceito contemporâneo de direito

do trabalho, enfatizando que o “Direito do Trabalho tem sido mais vivido do que

conceituado”, e afirma que existem várias formas de trabalho surgidas com a superação dos

contratados padronizados da sociedade industrial. Já na seara jurídica do meio ambiente do

trabalho ambiental temos:

Fiorillo (2012, p. 21):

O meio ambiente laboral é o local onde as pessoas desempenham suas atividades

laborais, sejam remuneradas ou não, cujo equilíbrio está baseado na salubridade do

meio e na ausência de agentes que comprometam a incolumidade físico-psíquica dos

trabalhadores, independentemente da condição que ostentem (homens ou mulheres,

maiores ou menores de idade, celetistas, servidores públicos, autônomos, etc.).

Com a crescente preocupação da sociedade com a proteção jurídica ao meio

ambiente laboral, o tema começou a ocupar lugar nas legislações, doutrinas e nas

jurisprudências, chegando a adquirir sua autonomia.

Rocha (2002, p. 3) comenta sobre diferenças peculiares sobre Direito do Trabalho e

Meio Ambiente do Trabalho:

De certo modo, essas disciplinas possuem postulados e princípios bastante

peculiares, que revelam pressupostos e ideários em determinado tempo-espaço

73

(dimensão) de produção jurídica. O Direito do Trabalho objetiva primordialmente a

regulação das relações laborais e a proteção do ser humano trabalhador; o Direito

Ambiental, a proteção do meio ambiente e a proteção do ser humano tomado na sua

generalidade. Por conseguinte, o Direito Ambiental dificilmente penetra no Direito

do Trabalho, e vice-versa, na medida em que uma disciplina não é absorvida pela

outra, já que possuem racionalidades e princípios bastante específicos, resultado de

uma circunstância social e histórica determinada.

Contudo, ressalta-se que mesmo sendo direitos diferentes, ambos são importantes

para proteger a vida do trabalhador brasileiro e, possuem pontos semelhantes quanto a

originalidade e pioneirismo. Esses direitos foram privilegiados pela garantia dos direitos

humanos contemporâneos, mas que ainda buscam eficácia em sua aplicação.

O Direito do Trabalho foi pioneiro em adotar uma ação coletiva. Assim, o dissídio

coletivo trouxe a possibilidade da legitimidade adequada, ou seja, referida a um grupo, uma

classe, uma categoria. Temos no ordenamento jurídico a Lei da Ação Popular (Lei nº

4.717/65) e da Ação Civil Pública (Lei nº 7.347/85).

Contudo, com o processo de coletivização dos direitos houve o acolhimento do

reconhecimento dos direitos difusos no Brasil, assim foi contemplado na seara jurídica uma

nova forma diferenciada de direito, conhecida como direitos metaindividuais, na qual o direito

ao meio ambiente faz parte.

Portanto, tanto o Direito do Trabalho quanto o Meio Ambiente do Trabalho nasce de

uma necessidade. O primeiro para defender o trabalhador hipossuficiente. E o segundo surge

para proteger o meio ambiente laboral dos trabalhadores.

Vejamos exemplos de alguns Direitos do Trabalho direcionados aos professores da

rede privada e pública e outro com dispositivos legais que tutelam o Meio Ambiente do

Trabalho:

Quadro 1 – Principais legislações - Direitos do Trabalho dos professores da rede privada e pública PRINCIPAIS LEGISLAÇÕES- DIREITOS DO TRABALHO DOS PROFESSORES DA

REDE PRIVADA E PÚBLICA

CONSTITUIÇÃO FEDERAL/88

DIREITOS SOCIAIS

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o

lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos

desamparados, na forma desta Constituição.

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua

condição social:

I Relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei

complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;

II Fundo de garantia do tempo de relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou

sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória,

dentre outros direitos; serviço;

III Salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades

vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário,

74

higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder

aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;

IV Piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho

V Irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;

VI Garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável;

VII Décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria

VIII Remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;

XIX Proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;

X Participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente,

participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;

XI Salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei

(redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98);

XII Duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,

facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção

coletiva de trabalho;

XIII Jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo

negociação coletiva;

XIV Repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;

XV Remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento a do

normal;

XVI Gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal

XVII Licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias

XVIII Licença-paternidade, nos termos fixados em lei

XIX Proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei

XX Aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de

XXI Trinta dias, nos termos da lei

XXII Redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança

XXIII Adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei

XXIV Aposentadoria

XXV Assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até seis anos de idade em

creches e pré-escolas

XXVI Reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho

XXVII Proteção em face da automação, na forma da lei

XXVIII Seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que

este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;

XXIX Ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco

anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do

contrato de trabalho (redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000);

XXX Proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo

de sexo, idade, cor ou estado civil

XXXI Proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador

portador de deficiência;

XXXII Proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais

respectivos

XXXIII Proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer

trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos

(redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)

XXXIV Igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador

avulso.

DOS SERVIDORES PÚBLICOS

Art. 40 Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de

caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos

servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio

financeiro e atuarial e o disposto neste artigo.

§ 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de que trata este artigo serão aposentados,

calculados os seus proventos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º e 17:

I Por invalidez permanente, sendo os proventos proporcionais ao tempo de contribuição, exceto

se decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou

75

incurável, na forma da lei[...]

III Voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de dez anos de efetivo exercício no

serviço público e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria, observadas as

seguintes condições:

a) Sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição, se homem, e cinquenta e cinco anos de

idade e trinta de contribuição, se mulher;[...]

§ 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos

abrangidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos em leis

complementares, os casos de servidores:

I Portadores de deficiência;

II Que exerçam atividades de risco;

III Cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a

integridade física.

§ 5º Os requisitos de idade e de tempo de contribuição serão reduzidos em cinco anos, em

relação ao disposto no § 1º, III, "a", para o professor que comprove exclusivamente tempo

de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino

fundamental e médio”. (grifo nosso)

EDUCAÇÃO

Art. 206º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:[...]

V Valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de

carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes

públicas;

VIII Piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos

de lei federal

Parágrafo

único

A lei disporá sobre as categorias de trabalhadores considerados profissionais da educação básica

e sobre a fixação de prazo para a elaboração ou adequação de seus planos de carreira, no âmbito

da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.[...]

Art. 207 As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira

e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.

§ 1º É facultado às universidades admitir professores, técnicos e cientistas estrangeiros, na forma da

lei

§ 2º O disposto neste artigo aplica-se às instituições de pesquisa científica e tecnológica.[...]

Art. 211 A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração

seus sistemas de ensino.

§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios, financiará as instituições de

ensino públicas federais e exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e supletiva,

de forma a garantir equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade

do ensino mediante assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos

Municípios. [...]

Fonte: Constituição Federal de 1988.

Elaboração: OLIVEIRA, Sienne C. de.

É aplicado a todos os trabalhadores os Direitos Sociais contidos na Constituição

Federal/88 do arts. 6º e 7º, direcionados a educação a CF/88 trouxe nove artigos (205 a 214),

mas somente três artigos regem sobre os direitos dos professores: incisos V e VIII do art. 206;

§ 1º, § 2º do art. 207; § 1º do art. 211, uma parte do texto dedicado à educação sobre a

valorização dos diversos profissionais da área da educação. No art. 40 trata sobre a

aposentadoria do professor, é considerada especial e tem seus requisitos expressos da CF/88.

76

Quadro 2 – Alguns artigos da CLT direcionados aos direitos dos professores, inclusive os específicos sobre

o ofício do professor (317 a 323) Alguns artigos da CLT direcionados aos direitos dos professores, inclusive os específicos sobre o ofício

do professor (317 a 323)

Art. 3º Definição de empregado

Art. 14 Carteira Profissional

Art. 18 Carga horária do professor

Art. 29 Anotações na Carteira de Trabalho

Art. 59 Hora extra

Art. 71 Intervalo para descanso

Art. 73 Hora noturna- prestada após as 22 horas. Deve ser acrescida de, no mínimo, 20% a mais que

a hora normal. Arts. 130,

134, 140 Férias

Art. 142 Pagamento das férias

Art. 145 Prazo para o pagamento das férias

Art. 157 Cabe às empresas:

I Cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho;

II Instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às precauções a tomar no

sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais

III Adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo órgão regional competente

IV Facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade competente

Art. 158 Cabe aos empregados:

I Observar as normas de segurança e medicina do trabalho, inclusive as instruções de que trata

o item II do artigo anterior;

II Colaborar com a empresa na aplicação dos dispositivos deste capítulo

§ único - Constitui ato faltoso do empregado a recusa injustificada:

a) À observância das instruções expedidas pelo empregador na forma do item II do artigo

anterior;

b) Ao uso dos equipamentos de proteção individual fornecidos pela empresa

Art. 317 Exercício do magistério

Art. 318 Carga horária do professor

Art. 319 Proibição do trabalho aos domingos

Art. 320 Remuneração do professor

Art. 321 Remuneração das aulas excedentes

Art. 322 Remuneração de férias

Art. 323 Penalidade pela falta de pagamento do salário

Art. 373ª Proibição do exame de gravidez pré-admissional

Art. 389 Creche

Art. 392 Licença-maternidade

Art. 444 Relações contratuais

Art. 445 Contrato de experiência

Art. 451 Contrato de trabalho

Art. 458 Benefícios

Art. 465 Prazo para pagamento do salário

Art. 468 Alteração no contrato de trabalho

Art. 473 Faltas

Art. 475 Licença médica

Art. 477 Rescisão do contrato de trabalho Arts. 479,

480, 481 Demissão sem justa causa

Art. 482 Demissão por justa causa

Art. 501 Força maior

Art. 503 Redução salarial - força maior

Art. 511 Categoria profissional

Art. 611§1º Convenção Coletiva de Trabalho é o acordo de caráter normativo, pelo qual dois ou mais

77

da CLT Sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam condições de

trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais do

trabalho

§ 1º É facultado aos Sindicatos representativos de categorias profissionais celebrarem Acordos

Coletivos com uma ou mais empresas da correspondente categoria econômica, que estipulem

condições de trabalho, aplicáveis no âmbito da empresa ou das empresas acordantes às

respectivas relações de trabalho.

Art. 617 Acordos coletivos de trabalho - participação do Sindicato

LEI No 9.876/1999

Dispõe sobre a contribuição previdenciária do contribuinte individual, o cálculo do benefício, altera

dispositivos das Leis nos 8.212 e 8.213, ambas de 24 de julho de 1991, e dá outras providências.

Art. 29 O salário-de-benefício consiste:” (NR)

§ 9º Para efeito da aplicação do fator previdenciário, ao tempo de contribuição do segurado serão

adicionados

II Cinco anos, quando se tratar de professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo

exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio

III Dez anos, quando se tratar de professora que comprove exclusivamente tempo de efetivo

exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio

LEI 8.112/90

Regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas

federais

LEI N. 1.762/86 ATUALIZADA ATÉ 07.12.2000

Estatuto dos funcionários públicos civis do Estado do Amazonas

RESOLUÇÃO nº. 122/2010 - CEE/AM aprovada em 30.11.2010

Regimento Geral das Escolas Estaduais do Amazonas Art. 251 São direitos específicos do corpo docente:

I Condições ambientais condizentes com o trabalho;

IV tratamento condigno e com urbanidade;

V segurança a sua integridade física, respeito e liberdade em suas ações didático-pedagógicas;

LEI Nº 1.118/71 Estatuto dos Servidores Públicos do Município de Manaus

Fonte: Consolidação das Leis do Trabalho – CLT.

Elaboração: OLIVEIRA, Sienne C. de.

Em ambas instituições, seja pública ou privada, os professores são tutelados pelas

leis e legislação educacional, ou seja, de forma macro são regidos pela Constituição

Federal/88, Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional (LDB).

As instituições públicas possuem leis específicas, são regidos pela Lei 8.112/90 que

dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das

fundações públicas federais, em nível estadual é regido pela Lei n. 1.762/86 atualizada até

07.12.2000 que dispõe sobre o estatuto dos funcionários públicos civis do Estado do

Amazonas e em nível municipal é regido Lei nº 1.118/71 que dispõe sobre o Estatuto dos

Servidores Públicos do Município de Manaus.

78

Quadro 3 – Lei de Diretrizes e Base da Educação (LDB) 9.394/96

Lei de Diretrizes e Base da Educação (LDB) 9.394/96

Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

VII - Valorização do profissional da educação escolar;

Art. 57 Nas instituições públicas de educação superior, o professor ficará obrigado ao mínimo de

oito horas semanais de aulas.

Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso

de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação,

admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nos 5

(cinco) primeiros anos do ensino fundamental, a oferecida em nível médio na modalidade

normal:

§ 1º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios, em regime de colaboração, deverão

promover a formação inicial, a continuada e a capacitação dos profissionais de magistério

§ 2º A formação continuada e a capacitação dos profissionais de magistério poderão utilizar

recursos e tecnologias de educação a distância

§ 3º A formação inicial de profissionais de magistério dará preferência ao ensino presencial,

subsidiariamente fazendo uso de recursos e tecnologias de educação a distância

§ 4o A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios adotarão mecanismos facilitadores

de acesso e permanência em cursos de formação de docentes em nível superior para atuar na

educação básica pública.

§ 5o A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios incentivarão a formação de

profissionais do magistério para atuar na educação básica pública mediante programa

institucional de bolsa de iniciação à docência a estudantes matriculados em cursos de

licenciatura, de graduação plena, nas instituições de educação superior.

Parágrafo

único

Garantir-se-á formação continuada para os profissionais a que se refere o caput, no local de

trabalho ou em instituições de educação básica e superior, incluindo cursos de educação

profissional, cursos superiores de graduação plena ou tecnológicos e de pós-graduação.

Art. 67 Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais da educação,

assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério

público:

I Ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos;

II Aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento periódico

remunerado para esse fim

III Piso salarial profissional

IV Progressão funcional baseada na titulação ou habilitação, e na avaliação do desempenho

V Período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluído na carga de trabalho

VI Condições adequadas de trabalho.(Grifo nosso)

§ 2o Para os efeitos do disposto no § 5º do art. 40 (Os requisitos de idade e de tempo de

contribuição serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto no § 1º, III, "a", para o

professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de

magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio) e no § 8o do art. 201 da

Constituição Federal, são consideradas funções de magistério as exercidas por professores e

especialistas em educação no desempenho de atividades educativas, quando exercidas em

estabelecimento de educação básica em seus diversos níveis e modalidades, incluídas, além

do exercício da docência, as de direção de unidade escolar e as de coordenação e

assessoramento pedagógico

Art. 70 Considerar-se-ão como de manutenção e desenvolvimento do ensino as despesas realizadas

com vistas à consecução dos objetivos básicos das instituições educacionais de todos os

níveis, compreendendo as que se destinam a

I Remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docente e demais profissionais da educação;

II Aquisição, manutenção, construção e conservação de instalações e equipamentos necessários

ao ensino;

III Uso e manutenção de bens e serviços vinculados ao ensino

Fonte: Lei de Diretrizes e Base da Educação.

Elaboração: OLIVEIRA, Sienne C. de.

79

A Lei de Diretrizes e Base da Educação (LDB) 9.394/96 e o Decreto n. 5.773/2006

(dispõe sobre as instituições de ensino superior) são instrumentos normativos que regulam o

trabalho do professor, porém prescrevem mais sobre a educação do que os direitos dos

profissionais de educação. Ressaltamos que o art. 67 da LDB dispõe sobre a valorização dos

profissionais da educação e o direito de possuírem condições adequadas de trabalho nos

sistemas de ensino público federais, estaduais e municipais.

Quadro 4 – Principais legislações - Meio Ambiente do Trabalho

MEIO AMBIENTE DO TRABALHO

CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA

Art. 170 A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa,

tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social,

observados os seguintes princípios:

I Soberania nacional;

IV Defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o

impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e

prestação;

DA ORDEM SOCIAL

Art. 193. A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a

justiça sociais.

DA SAÚDE

Art. 196 A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e

econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso

universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

Art. 197 São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor,

nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua

execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou

jurídica de direito privado.

Art. 200 Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei:

II Executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do

trabalhador;

VIII Colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.(grifo

nosso)

DO MEIO AMBIENTE

Art. 225 Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do

povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade

o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

VI Promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública

para a preservação do meio ambiente;

§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores,

pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da

obrigação de reparar os danos causados.

LEI Nº 6.938/81 POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

Art. 3º Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:

I Meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física,

química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.

III Poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou

indiretamente:

80

a) Prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

IV Poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou

indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental;

Art. 14 Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e municipal, o

não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes

e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores:

§ 1º Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado,

independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao

meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e

dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por

danos causados ao meio ambiente.

§ 2º No caso de omissão da autoridade estadual ou municipal, caberá ao Secretário do Meio

Ambiente a aplicação das penalidades pecuniárias prevista neste artigo.

5o A execução das garantias exigidas do poluidor não impede a aplicação das obrigações de

indenização e reparação de danos previstas no § 1o deste artigo

Fonte: Constituição Federal de 1988.

Elaboração: OLIVEIRA, Sienne C. de.

Diante do exposto, o silêncio dos profissionais da educação acerca da reivindicação

de seus direitos a um meio ambiente de trabalho saudável é notório, embora tenham muitos

dispositivos legais direcionados aos direitos dos trabalhadores, pode-se observar a ausência de

uma lei especifica que regulamente as doenças ocupacionais da profissão de professor que

garanta seus direitos em relação ao meio ambiente do trabalho equilibrado trazendo a

existência o adicional de penosidade aos professores dos níveis fundamentais ao superior, pois

urge que os docentes sejam considerados como trabalhadores igualmente como os demais,

apenas se diferenciando na sua especialidade.

Não é justo ter uma aposentadoria diferenciada, considerada como “especial”, onde a

mulher poderá aposentar-se com 25 e o homem com 30 anos de serviços prestados a

educação, se muitos têm morrido antes disso, pois o índice de professores acometidos com

problemas de saúde é muito grande, deixando em evidência a baixa qualidade de vida que

estão usufruindo.

3.4 PROTEÇÃO JURÍDICA AO MEIO AMBIENTE LABORAL DO DOCENTE

A educação brasileira bem como a desvalorização do professor possui uma formação

histórico-social fundamentada na exclusão, clientelismo e descompromisso governamental

desde o início de sua história. Com todas as previsões legais existentes no país, essa situação

de descaso pouco se alterou.

Teixeira (2000, p. 15) defende que: “a degradação ambiental coloca em risco o direto

à vida e à saúde das pessoas, individual e coletivamente consideradas, bem como a própria

perpetuação da espécie humana”. Assim, surge o Direito Ambiental como ramo autônomo da

81

ciência jurídica, após várias discussões voltadas à preservação do meio ambiente equilibrado e

saudável para todos.

Nesse contexto, ratificando o que já foi dito no segundo capítulo deste trabalho

temos o conceito jurídico sobre meio ambiente disposto no art. 3º, I, da Lei nº. 6.938/81, que

dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, que cita: “é o conjunto de condições,

leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a

vida em todas as suas formas”.

Nesse diapasão, temos ainda o meio ambiente do trabalho, previsto no art. 200, VIII,

da Constituição Federal de 1988 com a seguinte redação: “Ao sistema único de saúde

compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: colaborar na proteção do meio

ambiente, nele compreendido o do trabalho”.

Oliveira (2010, p. 129) cita que “[...] jamais pode ser obtido uma sadia qualidade de

vida sem que tenha qualidade de trabalho, nem se pode alcançar um meio ambiente

equilibrado e sustentável, ignorando o meio ambiente do trabalho”.

O direito à saúde e garantias de um meio ambiente saudável para todos também

consta na CF/88, em seu art. 7º, inciso XXII, nos Direitos Sociais impõem “São direitos dos

trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:

redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança”,

como foi explorado no item 3.3 desta dissertação.

No inciso seguinte desse artigo, inciso XXIII cita sobre “adicional de remuneração

para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;”, porém somente foram

regulamentados os adicionais de insalubridade e periculosidade, ficando esquecida até hoje a

regulamentação do adicional de penosidade.

Embora com diversas normatizações no instituto jurídico contemplem os direitos dos

trabalhadores de modo generalizado em leis, decretos, consolidação das leis do trabalho,

constituições estaduais e municipais, leis infraconstitucionais, normas internacionais do

trabalho, normas regulamentares, seguridade social, decretos, etc., pouco interesse houve em

normatizar os direitos e deveres, de maneira especifica, dos profissionais da educação

brasileira, como ocorre em outras categorias profissionais, com vista à assistência à saúde e

bem-estar desses docentes.

82

3.4.1 Direito a saúde e segurança no meio ambiente do trabalho

O direito à saúde do trabalhador é definida pela OMS – Organização Mundial da

Saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não somente a

ausência de doenças e enfermidades”. Para Silva (2008, p. 84) o ideal seria que na saúde física

e funcional fossem incluídas a saúde mental ou psíquica. Ele afirma ainda que:

Que o direito à vida e suas projeções exteriores, as referidas integridade física e

moral, convergem com o direito à saúde do trabalhador, no extenso conteúdo

essencial deste, a ser em breve examinado. Aí está claramente a interdependência

entre os direitos à saúde laboral, à vida, à integridade, porque não há vida digna se o

trabalhador perdeu sua saúde ou se a teve debilitada, principalmente se isso decorre

de descumprimento das obrigações negativas ou positivas impostas ao empregador

ou ao Estado. Não há muito sentido em se proteger os seus direitos materiais

trabalhistas ou os direitos de liberdade da esfera laboral (de sindicalização, de

associação, de greve etc.), quando o trabalhador já não tem mais saúde para

continuar a prestação de serviços ou para a procura de novo emprego.

O meio ambiente laboral precisa ser equilibrado. Devem ser oferecidas medidas

protetivas e de segurança aos trabalhadores colocando em prática o direito à saúde para que

eles possam desenvolver suas atividades de forma produtiva, porém usufruindo de uma sadia

qualidade de vida.

Para Chiavenato (1999, p. 376):

Uma maneira de definir saúde é a ausência de doenças. Contudo, os riscos de saúde

como riscos físicos e biológicos, tóxicos e químicos, assim como condições

estressantes, podem provocar danos às pessoas no trabalho. O ambiente de trabalho

em si também pode provocar doenças. Uma definição mais ampla de saúde é um

estado físico, mental e social de bem-estar. Essa definição enfatiza as relações entre

corpo, mente e padrões sociais.

O meio ambiente do trabalho abrange tanto o lugar onde os trabalhadores

desenvolvem suas atividades quanto os fatores sociais e psicológicos que esse ambiente

oferece, pois as influências físicas e mentais são importantes para o bem estar de qualquer

trabalhador.

Na Convenção n. 161/85 que tratou dos Serviços de Saúde do Trabalho da OIT

observou-se várias normatizações que foram basilares para a busca da sadia qualidade de vida

do trabalhador:

A Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho;

Convocada em Genebra pelo Conselho Administrativo da Repartição Internacional

do Trabalho e tendo ali se reunido a 7 de junho de 1985, em sua septuagésima

primeira sessão; Observando que a proteção dos trabalhadores contra as doenças

profissionais e as doenças em geral e contra os acidentes de trabalho constitui uma

das tarefas da Organização Internacional do Trabalho em virtude da sua

Constituição; Observando as Convenções e Recomendações Internacionais do

Trabalho sobre a Matéria, em particular a Recomendação sobre a Proteção da Saúde

83

dos Trabalhadores, 1953; a Recomendação sobre os Serviços Médicos no Trabalho,

1959; a Convenção Relativa aos Representantes dos Trabalhadores, 1971, bem como

a Convenção e a Recomendação sobre a Seguridade da Saúde dos Trabalhadores,

1981, documentos que estabelecem os princípios de uma política nacional e de uma

ação em nível nacional.

Essa fundamentação supracitada dá a certeza da existência da preocupação com o

meio ambiente de trabalho equilibrado, da busca incansável de se preservar o elemento

essencial, à vida, dos trabalhadores que é direito fundamental. Logo no art. 1º, alínea “a”,

inciso I da Convenção n. 161/85 reza “os requisitos necessários para estabelecer e manter um

ambiente de trabalho seguro e salubre, de molde a favorecer uma saúde física e mental ótima

em relação com o trabalho.”

No Brasil a Constituição Federal de 1988 normatizou sobre o meio ambiente de

trabalho, mas sobretudo sobre a proteção à vida dos trabalhadores.

Art. 7º, XXII sobre a proteção ao meio ambiente de trabalho: “a redução dos riscos

inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança”, e em seu

inciso III, art. 1º: “A República Federativa do Brasil, formada pela união

indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado

Democrático de Direito e tem como fundamentos: III- a dignidade da pessoa

humana.

Com o desenvolvimento econômico-industrial houve a necessidade de melhorar não

só o salário dos trabalhadores, mas o meio ambiente como um todo, pois a exploração da mão

de obra trouxe a preocupação em buscar efetivar o direito à vida, e o princípio da dignidade

da pessoa humana vem nortear a atividade desenvolvida pelo homem.

Na intenção de proteger a vida do trabalhador surge a saúde ocupacional que é o

ramo da saúde preocupada com a prevenção contra os riscos ocupacionais e também em

promover uma saúde digna aos trabalhadores.

Assim, o Ministério do Trabalho por meio da portaria n.º 24/1994 no uso de suas

atribuições legais considerou todas estas ordenações jurídicas para instituir o Programa de

Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) e aprovar o texto da Norma

Regulamentadora n.º 7 – Exames médicos:

o artigo 2º da Portaria n.º 3.214, de 08 de junho de 1978, que aprovou as Normas

Regulamentadoras - NR, sobre Segurança e Medicina do Trabalho; a Resolução n.º

1.246, de 08 de janeiro de 1988, do Conselho Federal de Medicina, aprovou o Código

de Ética Médica; nos artigos 19 a 23 da Lei n.º 8.213, de 24 de julho de 1991;

Regulamentado dos Benefícios da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n.º 611,

de 21 de julho de 1992, Capítulo III, Seção II a IV, art. 139 e 143; o relatório final da

Comissão Interministerial; conclusões Grupo Técnico de Trabalho instituído para

estudar a revisão da Norma Regulamentadora n.º 7 - EXAMES MÉDICOS, após

análise das contribuições recebidas de toda a comunidade, objeto da Portaria SSST n.º

12, de 13 de outubro de 1994, publicada no D.O.U, de 14 de outubro de 1994.

84

Corroborando Melo (2013, p. 42) comenta sobre a importância do PCMSO:

Todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados,

qualquer que seja o número, têm a obrigação de elaborar e implementar um

Programa de Saúde Ocupacional (PCMSO) para sua empresa, com o objetivo de

promover e preservar a saúde dos seus trabalhadores[...] Os exames médicos são

obrigatórios na admissão, na demissão, periodicamente, de retorno ao trabalho, por

mudanças de função e de forma complementar, de acordo com a atividade exercida

pelo trabalhador.

Nota-se que o PCMSO é um programa fundamental para qualquer trabalhador, pois

possui diretrizes norteadoras de proteção e preservação da saúde, bem como obriga

elaboração e implementação por parte de todos os empregadores e instituições. A fiscalização

por parte do Estado deve ser mais eficaz, pois o alto índice de trabalhadores acometidos de

doenças ocupacionais vem crescendo a cada dia, e no que concerne aos professores o quadro

caótico é crescente em nível nacional e internacional.

O descumprimento das normas de proteção à saúde e segurança dos trabalhadores

traz consequências negativas diretas para o trabalhador e indireta ao Estado que tem que

indenizar as pessoas acidentadas ou com doenças ocupacionais.

A visão moderna do meio ambiente laboral contempla primeiramente o homem para

só depois relacionar tudo que o cerca, como: as novas tecnologias, máquinas, rotinas de

trabalho entre outros, pois para Bom Sucesso (1997, p. 177) “Raiva, medo, tristeza,

frustrações adoecem as pessoas, reduzem a sua criatividade, reduzem a produtividade e o

prazer de trabalhar”.

Bento e Lima (2013, p. 1) destacam as principais obrigações dos empregadores em

relação a proteção à saúde e segurança do trabalho:

São diversas as obrigações dos empregadores vinculadas à segurança do trabalho.

Destacam-se as seguintes, previstas na Consolidação das Leis do Trabalho:

I - cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho;

II - instruir os empregados, por meio de ordens de serviço, quanto às precauções a

tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais;

III - adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo órgão regional competente

(Delegacia Regional do Trabalho e outros);

IV - facilitar o exercício da fiscalização pela Delegacia Regional do Trabalho;

V - manter serviços especializados em segurança e em medicina do trabalho;

VI - constituir Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA);

VII - fornecer gratuitamente equipamento de proteção individual adequado ao risco

e em perfeito estado de conservação e funcionamento;

VIII - realizar exame médico (admissional, demissional e periódico);

IX - manter material necessário à prestação de primeiros socorros médicos de acordo

com o risco da atividade;

X - notificar as doenças profissionais e as produzidas em virtude de condições

especiais de trabalho comprovadas ou objeto de suspeita (BRASIL, 2013a).

85

Os professores do Estado do Amazonas são regidos pela Lei n. 1.762/86 atualizada

até 7 de dezembro de 2000, que possui 213 artigos que dispõe sobre o estatuto dos

funcionários públicos civis do Estado do Amazonas, porém não contempla em nenhum

dispositivo legal sobre o meio ambiente de trabalho do professor e nem sobre sua proteção e

prevenção à sadia qualidade de vida. E não tramita nenhum projeto ema nível estadual que

contemple tal assunto.

Desse modo, como o estudo é recente e ainda não existem leis especificas sobre o

meio ambiente do trabalho do professor, o que se tem como uma “bússola” é a Constituição

Federal/88 que interliga o meio ambiente do trabalho aos valores norteadores do princípio da

dignidade da pessoa humana, que evidencia como objeto maior a tutela ambiental trabalhista,

ou seja, a busca da proteção do homem trabalhador enquanto ser vivo, denotando uma

humanização no meio ambiente onde desenvolve o seu labuto.

No Brasil são crescentes os índices de afastamento do trabalho, porém têm alguns

estados buscando soluções para amenizar tal problema, como é o caso de São Paulo. Segundo

a publicação da Revista Escola Pública (edição 35 de 2013) a imprensa noticiou na época:

Que cada professor da rede estadual de São Paulo falta, em média, 21 aulas por ano

utilizando licenças de saúde. São quase mil aulas que deixam de ser dadas por dia.

Na rede municipal de São Paulo, o problema não é diferente: cálculos de 2013

apontam para 1,8 milhão de faltas, metade por problemas médicos [...].

Figura 1 – Motivo dos afastamentos de professores da rede paulista comparado

à sua incidência na população

Fonte: Revista Pública de São Paulo

(http://revistaescolapublica.com.br/textos/35/mal-estar-docente-300042-1.asp).

86

Em 2012 o sindicato já tinha divulgado um levantamento importante sobre o meio

ambiente do trabalho dos professores de São Paulo:

Segundo o levantamento, divulgado com exclusividade para o R7, entre as pessoas

que sofrem depressão, 57% acabam se afastando das aulas. A pesquisa mostra que,

além da depressão, os transtornos de ansiedade, também interferem na probabilidade

de afastamento do professor. O estudo com 2.500 professores da rede revelou que

23% deles sofrem de ansiedade ou síndrome do pânico.

Tabela 1 – Doenças diagnosticadas dos professores paulistas

Doenças Percentual

Rinite/alergia 33%

Hipertensão arterial 30%

Tendinite, bursite ou dor muscular no último ano 29%

Transtorno de ansiedade ou pânico no último ano 23%

Laringite/rouquidão 21%

Depressão no último ano 18%

Artrose 14%

Diabetes 10%

Doença do coração 8%

Doenças respiratórias 7%

Acidente Vascular Encefálico (AVE) 2% Fonte: Revista Pública de São Paulo

(http://revistaescolapublica.com.br/textos/35/mal-estar-docente-300042-1.asp).

Diante do quadro caótico o governo do estado de São Paulo instituiu uma Política

Estadual de Prevenção às Doenças Ocupacionais do Educador que entrou em vigor no ano de

2005, Projeto de lei n. 577/96:

Faço saber que a Assembleia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte lei:

Artigo 1º - Fica instituída, no âmbito do Estado, a "Política Estadual de Prevenção

às Doenças Ocupacionais do Educador".

Parágrafo único - A Política a que se refere o "caput" dirige-se aos professores e

outros profissionais da área da educação.

Artigo 2º - A "Política Estadual de Prevenção às Doenças Ocupacionais do

Educador" tem por objetivo:

I - informar e esclarecer os professores e outros profissionais da área da educação

sobre a possibilidade da manifestação de doenças decorrentes do exercício

profissional, tais como faringite, bursite, dermatite e outras;

II - orientar sobre os métodos e formas preventivas de combate a referidos males;

III - encaminhar o profissional enfermo para o adequado tratamento das moléstias de

que seja vítima em virtude da profissão.

Artigo 3º - O Poder Executivo regulamentará o disposto nesta lei no prazo de 90

(noventa) dias, a contar de sua publicação.

Artigo 4º - As despesas decorrentes da aplicação desta lei correrão à conta de

dotações próprias consignadas no orçamento vigente.

Artigo 5º - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Diante do exposto, cabem as instituições de Ensino público e privado a obrigação

jurídica de cuidar dos direitos fundamentais do trabalhador no que concerne a saúde e

integridade física e mental. Existem algumas normas protetivas sedimentadas em leis

87

expressas que cuidam da segurança do trabalho, porém não existe lei específica que

regulamente a saúde ocupacional do professor em nível nacional e nem em nível estadual em

alguns estados, como é o caso do Amazonas.

3.4.2 A qualidade no Meio Ambiente do Trabalho: principais doenças e disfunções

Como foi estudado anteriormente, o Meio Ambiental do Trabalho possui

características peculiares e diferentes do Direito do Trabalho, sua caracterização baseia-se

numa reorientação da tutela ambiental propondo uma reflexão sobre a proteção jurídica do

trabalhador no seu meio ambiente do trabalho diante de uma perspectiva de dignidade da

pessoa humana.

A sadia qualidade de vida dos trabalhadores tem sido alvo de discussões históricas

devido ao alto índice de enfermidades que os têm acometido em seu ambiente laboral ou em

razão dele.

Assim, o equilíbrio ambiental laboral é um direito fundamental garantido por lei,

pois todos têm o direito de exercer com plenitude o direito à vida, independente da profissão

que desenvolva. Assim, constata-se a importância do quarto aspecto do meio ambiente, ou

seja, o meio ambiente do trabalho, que merece destaque por ser o lugar onde os trabalhadores

permanecem a maior parte de seu dia para desenvolver suas potencialidades produtivas.

A dignidade da pessoa humana não se afasta do ambiente do trabalho, o que se quer

tutelar é a vida do trabalhador e não a estrutura física onde ele trabalha. Assim, como o

trabalho traz dignidade ao homem, o Meio Ambiental do Trabalho garante o direito dele

desenvolver suas atividades num ambiente laboral saudável e mais humano.

Para Melo (2001, p. 70) “[...] não há como se falar em qualidade de vida se não

houver qualidade de trabalho, nem se pode atingir o meio ambiente equilibrado e sustentável,

ignorando-se o aspecto do meio ambiente do trabalho”. Afirma também Mancuso (2002, p.

57):

O conceito de meio ambiente se expandiu para além do mundo da natureza, para

alcançar outras dimensões onde o homem vive, se relaciona e desenvolve suas

potencialidades. Quer dizer, o homem, enquanto „ser vivente‟, integra, como tal o

„mundo da natureza‟, e, nesse prisma, tem tanto direito à vida quanto tudo o mais

que compõe os reinos animal e vegetal. Todavia, é inegável que os horizontes do

homem vão muito além do mero instinto de sobrevivência, dado que sua alma revela

uma natural tendência ao progresso e ao desenvolvimento.

Constata-se, assim, a importância do Meio Ambiente do Trabalho, pois seu

equilíbrio está baseado na proteção e prevenção contra os agentes que comprometem a

88

incolumidade física ou mental dos trabalhadores. Sua visão holística de reorientação da

tutela ambiental é o diferencial desse direito.

A seguir são demonstrados alguns conceitos de doenças ocupacionais mais comuns,

que acometem os professores no seu meio ambiente laboral no Brasil, segundo pesquisa

bibliográfica realizada neste trabalho:

Quadro 5 - Conceitos das principais doenças do meio ambiente do professor TIPOS DE DOENÇAS CONCEITOS/DESCRIÇÕES

Neuroses (transtornos de

ansiedade)

“Neuroses são quadros patológicos psicogênicos (ou seja, de origem psíquica),

muitas vezes ligados a situações externas na vida do indivíduo, os quais

provocam transtornos na área mental, física e/ou da personalidade”.

Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Neurose>. Acesso em: 13/03/

2016.

Estresse Ocupacional

“Estresse Ocupacional é o quadro de respostas pouco adequadas à estimulação

física e emocional decorrente das exigências do ambiente de trabalho, das

capacidades exigidas para realizá-lo e das condições do trabalhador”.

Disponível em: http://brasilescola.uol.com.br/psicologia/stress-

ocupacional.htm>. Acesso em: 13/03/ 2016.

Depressão

“A depressão é um distúrbio afetivo que acompanha a humanidade ao longo de

sua história. No sentido patológico, há presença de tristeza, pessimismo, baixa

autoestima, que aparecem com frequência e podem combinar-se entre si. É

imprescindível o acompanhamento médico tanto para o diagnóstico quanto

para o tratamento adequado”. Disponível em:

http://www.minhavida.com.br/saude/temas/depressao>. Acesso em: 13/03/

2016.

Ansiedade

“Ansiedade é um sentimento humano normal, imprescindível para a vida

cotidiana. Até uma certa intensidade ela é útil pois permite que a pessoa possa

levar adiante seus projetos e anseios, impulsionando-a para a frente. Ela se

torna uma doença quando sua intensidade é tal que começa a prejudicar o

desempenho da pessoa em suas atividades.”

Disponível em: http://www.saudemental.net/ansiedade.htm>. Acesso em:

13/03/ 2016.

Síndrome do pânico

“A síndrome do pânico é um tipo de transtorno de ansiedade no qual ocorrem

crises inesperadas de desespero e medo intenso de que algo ruim aconteça,

mesmo que não haja motivo algum para isso ou sinais de perigo iminente”.

Disponível em: http://www.minhavida.com.br/saude/temas/sindrome-do-

panico>. Acesso em: 13/03/ 2016.

Transtorno afetivo

bipolar

O Transtorno Bipolar, também conhecido como doença maníaco-depressiva, é

um transtorno mental que causa mudanças incomuns do humor, energia, níveis

de atividade e da habilidade de realizar as tarefas do dia-a-dia.

Disponível em: <

https://www.lilly.com.br/Areas_Terapeuticas/Transtorno_Bipolar: >. Acesso

em: 13/03/ 2016.

Lesões por Esforços

Repetitivos (LER)

“Lesão por Esforço Repetitivo ou LER são lesões nos sistemas músculo-

esquelético e nervoso causadas por tarefas repetitivas, esforços vigorosos,

vibrações, compressão mecânica (pressionando contra superfícies duras) ou

posições desagradáveis por longos períodos.É um tipo de Distúrbio

Osteomuscular Relacionado ao Trabalho (DORT)”.

Disponível em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Les%C3%A3o_por_esfor%C3%A7o_repetitivo>.

Acesso em: 13/03/ 2016.

Distúrbios da voz “Entende-se por distúrbio de voz relacionado ao trabalho qualquer alteração

vocal diretamente relacionada ao uso da voz durante a atividade profissional

que diminua, comprometa ou impeça a atuação e/ou a comunicação do

89

trabalhador”. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1808-

86942015000200202&script=sci_arttext&tlng=pt>. Acesso em: 13/03/ 2016.

Síndrome de Burnout

“Síndrome de Burnout é um distúrbio psíquico de caráter depressivo,

precedido de esgotamento físico e mental intenso”. Disponível em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADndrome_de_burnout>. Acesso em:

13/03/ 2016.

Fonte: OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

3.5 VISÕES DOS TRIBUNAIS

A proteção dos trabalhadores vai além das normas jurídicas, nas últimas décadas, a

Justiça do Trabalho através de suas orientações jurisprudenciais vem reafirmando o direito do

trabalhador de ter um meio ambiente equilibrado e seguro onde sejam respeitadas sua

segurança através da responsabilidade dos empregadores em garantir um meio ambiente do

laboral saudável.

Contudo, no Brasil é crescente o número de acidentes e doenças ocupacionais,

pesquisa da revista Anuário Brasileiro de Proteção 2013 / Estatísticas de Acidentes Brasil

divulgou o resultado de uma pesquisa sobre o referido tema:

Houve um acréscimo de 616.377 empregados em 2012 para 644.411 em 2013

(4,55%).[...] O estado do Amazonas é o 16º em acidentes ocupacionais e o 20º em

óbitos. De 2012 a 2013 foi registrada uma queda de 32 para 29 (-9,37%) no número

de mortes ocupacionais e a mortalidade a cada 100 mil trabalhadores manteve-se em

5.

A justiça ao demonstrar a sociedade o resultando de seu trabalho e o que ela está

efetivamente realizando para proteger juridicamente a saúde dos trabalhadores é de caráter

louvável, porém a justiça brasileira não consegue ser mais célere devido a grande demanda

das ações trabalhistas para a baixa quantidade de juízes.

Segundo o Juiz Sebastião Geraldo de Oliveira (2010, p. 21):

Na labuta diária do exercício da magistratura trabalhista observamos, intrigados, o

volume expressivo de reclamações dos ex-empregados, postulando horas “extras

habituais”, adicional noturno, adicionais de insalubridade ou de periculosidade,

ficando as agressões à saúde dos trabalhadores reduzidas a uma simples expressão

monetária, transacionável, do período não prescrito. Ao percorrer os corredores da

Justiça Comum, percebemos as marcas indeléveis das agressões: deparamos com

enfermos, mutilados, órfãos e viúvas, buscando benefícios previdenciários ou

reparações civis decorrentes de acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais,

ocasionados pelo descaso e indiferença de muitos empregadores no cumprimento

das normas de segurança, higiene e saúde no trabalho.

Nesse contexto, ações inovadoras e necessárias estão ocorrendo, como as campanhas

da conciliação de lides trabalhistas e metas individuais para os juízes, porém é crescente

número de processos, cabe uma ação conjunta para tentar minimizar tal situação e atingir o

90

principal interessado dessa questão, o trabalhador, pois medidas preventivas precisam ser

efetivadas e fiscalizadas pelos órgãos competentes junto as empresas e instituições para evitar

os acidentes e as doenças ocupacionais.

O Tribunal Superior do Trabalho divulgou sua estatística sobre os acidentes do

trabalho no Brasil do período de 2010 a 2013:

Tabela 2 – Acidentes do trabalho no Brasil – Dados oficiais – período 2010 a 2013

Anos Total de

acidentes

Acidentes

típicos

Acidentes

trajeto Doenças Mortes

2010 529.793 417.295 95.321 17.177 2.753

2011 543.889 426.153 100.897 16.839 2.938

2012 546.222 426.284 103.040 16.898 2.768

2013 559.081 432.254 111.601 15.226 2.797

Fonte: http://www.tst.jus.br/documents/1199940/1207004/Estat%C3%ADstica.

Tabela 3 – Acidentes de Trabalho com e sem CAT registrados no Brasil - período 2010 a 2013 Ano Acidentes com CAT

registradas

Acidentes sem CAT

registradas

Soma

2010 529.793 179.681 709.474

2011 543.889 176.640 720.629

2012 546.222 167.762 713.984

2013 559.081 158.830 717.911

Fonte: www.tst.jus.br/documents/1199940/1207004/Estat%C3%ADstica.

Tabela 4 – Excluídos do mundo do trabalho no Brasil por acidente do Trabalho ou doença

ocupacional período 2010 a 2013

Ano Invalidez temporária:

Mais de 15 dias

Invalidez

permanente

Mortes Soma Média por

dia

2009 325.027 14.605 2.560 17.165 47

2010 309.827 15.942 2.753 18.695 51

2011 306.503 16.658 2.938 19.596 54

2012 288.063 17.047 2.768 19.815 54

2013 271.314 14.837 2.797 17.634 48

Fonte: www.tst.jus.br/documents/1199940/1207004/Estat%C3%ADstica.

A evolução da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça em matéria de Direito

Ambiental vem alcançando seu lugar de destaque devido ser um tema de interesse coletivo.

Com a visão preventiva de acidentes e doenças ocupacionais algumas associações de

91

magistrados têm organizado congressos, palestras e ações para discutir soluções que

amenizem os problemas ambientais, como aconteceu em São Paulo com as associações:

Associação Paulista de Magistratura (Apamagis), Associação dos Juízes Federais do Estado

de São Paulo (Ajufesp) e pelas Associações dos magistrados da 2ª e 15ª Regiões (Amatra-2 e

Amatra 5) que promoveram o 1º Congresso Interinstitucional, assim teve como resultado a

criação do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos Coletivos

(Ato, GP n. 05/2013), outra atividade multidisciplinar dos magistrados do Tribunal Superior

do Trabalho (TST) e do Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT) envolveu a

Comissão de Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho resultou na criação do

Programa Trabalho Seguro – Programa Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho.

Nota-se que têm muitos julgados que envolvem casos com danos ambientes macros

com grande impacto ambiental de repercussão em nível nacional e internacional, como por

exemplo o rompimento da barragem em Mariana (MG) que liberou em média 50 cúbicos de

rejeitos que se misturaram ao Rio Doce.

Miranda e Marques (2016, p. 1) comenta sobre o dano ambiental:

O colapso da barragem de rejeitos de Fundão, em Mariana (Minas Gerais, Brasil)

iniciou uma enorme tragédia humana e, provavelmente, o mais grave desastre

ambiental da história recente do Brasil. A barragem continha rejeitos do

processamento de minério de ferro de minas de propriedade da Samarco, uma

empresa controlada pela brasileira Vale S.A.

O que chama a atenção da sociedade são os grandes impactos ambientais, o que a

mídia televisiva mostra, porém há outros aspectos (comentados no primeiro capítulo) que

também trazem prejuízos ao ser humano, destacamos entre eles o meio ambiente do trabalho,

pois apesar de “silencioso” vem matando muita gente ou deixando muitos trabalhadores com

doenças graves para o resto de suas vidas. Os danos ambientais, sejam eles de grande

proporção ou não, sempre trouxeram consequências negativas para a sociedade, pois, em

regra, são irreversíveis, ou de difícil reversibilidade.

O art. 9º, IV da Lei 6.938/81 que trata da Política Nacional do Meio Ambiente

(PNMA) regulamenta sobre a importância da eficácia dos seus instrumentos ambientais para

prevenir futuros danos ambientais, sejam eles em que dimensão for, assim tais procedimentos

fiscalizatórios preventivos precisam ocorrer em todos os aspectos ambientais, inclusive o do

meio ambiente do trabalho.

Segundo Oliveira (2010, prefácio):

Nós órgãos previdenciários, verificamos as aposentadorias especiais, como consolo

pelo desgaste acelerado do trabalhador, que, para ganhar a vida, apressa a própria

morte, e conhecermos as estatísticas constrangedoras dos acidentes do trabalho e

92

doenças ocupacionais, que levaram o Brasil a figurar como campeão mundial nesse

torneio de tragédias.

Diante desse quadro sombrio, começamos a questionar o papel da ciência jurídica

na busca de soluções (GRIFO NOSSO), especialmente porque a Constituição da

Republica de 1988 no art. 196: consagra solenemente que “a saúde é direito de todos

e dever do Estado” e no art. 7º, XXII que o empregado tem direito à “redução dos

riscos inerentes ao trabalho por meio de normas de saúde, higiene e segurança”.

A inércia da justiça diante desses fatos só representa sua cômoda cumplicidade e

omissão, pois uma vez que são chamados a lide e passam a ter conhecimento dos danos

causados ao meio ambiente pouco fazem para mudar o plano normativo brasileiro para

reverter o quadro caótico que os trabalhadores vivem.

O que se espera do Poder Público e dos empregadores é que ofereçam um meio

ambiente do trabalho ao professor saudável e equilibrado. E que a Ciência Jurídica faça

estudos sobre o tema, pois se ele é objeto preocupação em outras áreas do saber, como o da

Medicina do Trabalho, da Engenharia de Segurança, da Psicopatologia da Ergonomia entre

outros, cabe um questionamento: o que está acontecendo com a área jurídica? Está

adormecida ou é descaso mesmo. No Amazonas não tem transparência de informações sobre

o quadro de saúde dos profissionais da área de educação, segundo informações da própria

Junta Médica de Manaus (apêndice “C”). Em alguns estados como São Paulo, Minas Gerais,

Mato Grosso entre outros há transparência de dados e o quadro é alarmante. No Brasil não há

normatização jurídica que assegure o reconhecimento das doenças ocupacionais ou em razão

dela aos professores. Espera-se que este presente trabalho contribua, de alguma forma, para

trazer uma reflexão sobre esse fato, que saia do plano estático para um progressivo

reconhecimento jurídico e faça a devida justiça a esses trabalhadores.

3.5.1 Levantamento de processos julgados com o nexo causal reconhecido de 2005 a 2015

O Superior Tribunal do Trabalho através do Programa de Prevenção de Acidente de

Trabalho publicou dados estatísticos oficiais por região sobre acidentes e doenças

ocupacionais até o ano de 2013, assim temos: “No âmbito do Tribunal Regional do Trabalho

da 11ª Região,[...] no estado do Amazonas, houve 8.375 acidentes de trabalho, com 29

fatalidades.”

Pesquisa realizada por meio da jurisprudência do STJ cujo tema selecionado foi a

responsabilidade estatal por danos ao meio ambiente do trabalho dos professores e o

reconhecimento das doenças ocupacionais decorrentes do exercício do magistério obteve um

resultado mediano de ações trabalhistas, no período da pesquisa foi de 2005 a 2015.

93

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal publicou em 11 de março de 2016 a

Apelação Cível APC 20110111948602 (TJ-DF) que teve como relatora Maria de Lourdes

Abreu, e trouxe uma ação de reconhecimento envolvendo professor de rede pública de ensino.

“Ementa: DIREITO ADMINISTRATIVO. AÇÃO DE

CONHECIMENTO. PROFESSOR. REDE PÚBLICA DE ENSINO.

READAPTAÇÃO. DOENÇA OCUPACIONAL. PERÍCIA NÃO REALIZADA.

DESISTÊNCIA. ÔNUS PROBATÓRIO. IMPROCEDÊNCIA. VERBA

HONORÁRIA. REDUÇÃO. 1. Sobre o autor recai o ônus quanto à realização de

prova referente a fato constitutivo de seu direito. Se ele expressamente desiste da

comprovação a seu cargo, tem-se por improcedente o respectivo pedido. 2. Por se

tratar de doença alegadamente ocupacional é imprescindível a realização de perícia

médica tendente a demonstrar a sua efetiva ocorrência, o nexo de causalidade e o

grau correspondente. Ausente essa demonstração, resultam inviabilizados os pedidos

daí decorrentes. 3. Se o valor da verba honorária não condiz com algumas

circunstâncias da causa, notadamente aquelas previstas no § 3º do artigo 20 do

Código de Processo Civil, merece acolhida o pedido de redução. 4. Recurso

conhecido e parcialmente provido.”

No Tribunal Superior do Trabalho foi publicado em 10.10.2014 um Agravo de

Instrumento em Recurso de Revista n. 787920115150029 que entre outros pedidos requer o

reconhecimento de sua doença ocupacional.

“Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA -

DESCABIMENTO. 1. DESCONTOS SALARIAIS. Interposto à deriva dos

requisitos do art. 896 da CLT, não merece processamento o apelo. 2. REDUÇÃO DA

CARGA HORÁRIA. PROFESSOR. Não demonstrada a diminuição do número de

alunos, impossível a aplicação da OJ 244 da SBDI-1 desta Corte. 3. NORMAS

COLETIVAS APLICÁVEIS. Incabível o recurso de revista para reexame de fatos e

provas (Súmula 126/TST). 4. ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA. Ao decidir com

base na interpretação de normas coletivas, o Tribunal Regional fixa moldura fática

que não pode ser dilatada com o reexame da prova por meio de recurso de revista

(Súmula 126 do TST). 5. DOENÇA OCUPACIONAL. Comprovada a existência de

nexo de concausalidade entre a patologia desenvolvida e o trabalho desempenhado,

caracteriza-se o dano moral. Cabível, assim, a indenização respectiva, a cargo do

empregador. Agravo de instrumento conhecido e desprovido.”

Ainda no Tribunal Superior do Trabalho foi publicado em 09 de maio de 2014 O

Recurso de Revista n. 638002720105170010 teve como relator Maurício Godinho Delgado:

“Ementa: RECURSO DE REVISTA. 1. DOENÇA OCUPACIONAL. DISFONIA.

RESPONSABILIDADE CIVIL. NEXO CONCAUSAL. INDENIZAÇÃO POR

DANOS MORAIS E MATERIAIS. 2. DANOS MORAIS. VALOR DA

INDENIZAÇÃO. APELO DESFUNDAMENTADO. 3. PENSÃO MENSAL

VITALÍCIA. VALOR ARBITRADO. 4. AFASTAMENTO PARA PERCEPÇÃO

DE AUXÍLIO-DOENÇA NÃO ACIDENTÁRIO EM RAZÃO DE DISFONIA.

NEXO CONCAUSAL RECONHECIDO EM JUÍZO. SUSPENSÃO DO

94

CONTRATO DE TRABALHO. OBRIGAÇÃO DE REALIZAR OS DEPÓSITOS

DO FGTS. O pleito de indenização por dano moral e material resultante de acidente

do trabalho e/ou doença profissional ou ocupacional supõe a presença de três

requisitos: a) ocorrência do fato deflagrador do dano ou do próprio dano, que se

constata pelo fato da doença ou do acidente, os quais, por si sós, agridem o

patrimônio moral e emocional da pessoa trabalhadora (nesse sentido, o dano moral,

em tais casos, verifica-se pela própria circunstância da ocorrência do malefício físico

ou psíquico); b) nexo causal, que se evidencia pela circunstância de o malefício ter

ocorrido em face das circunstâncias laborativas; c) culpa empresarial, a qual se

presume em face das circunstâncias ambientais adversas que deram origem ao

malefício. Embora não se possa presumir a culpa em diversos casos de dano moral -

em que a culpa tem de ser provada pelo autor da ação -, tratando-se de doença

ocupacional, profissional ou de acidente do trabalho, essa culpa é presumida, em

virtude de o empregador ter o controle e a direção sobre a estrutura, a dinâmica, a

gestão e a operação do estabelecimento em que ocorreu o malefício. Registre-se que

tanto a higidez física como a mental, inclusive emocional, do ser humano são bens

fundamentais de sua vida, privada e pública, de sua intimidade, de sua autoestima e

afirmação social e, nesta medida, também de sua honra. São bens, portanto,

inquestionavelmente tutelados, regra geral, pela Constituição (art. 5º, V e X). Assim,

agredidos em face de circunstâncias laborativas, passam a merecer tutela ainda mais

forte...”

No Tribunal Regional do Trabalho foi publicado em 18 de março de 2011 o Recurso

Ordinário Trabalhista n. 21682010506 que teve como relator Nelson Soares Junior.

“Ementa: DANO MORAL. LESÃO DECORRENTE DE ESFORÇOS

REPETITIVOS (EPICONDILITE LATERAL). CARACTERIZAÇÃO.

PRECEDENTES. Em se tratando - a epicondilite lateral adquirida no curso do

contrato de trabalho - de doença que tem como agente etiológico ou fator de

risco ocupacional posições forçadas e gestos repetitivos, conforme se verifica do

Grupo XIII, do Anexo II, do Regulamento da Previdência Social aprovado pelo

Decreto nº. 3.048 , de 6 de maio de 1999 (classificada, portanto, como LER/DORT),

não se há de negar à recorrente o direito à reparação do dano moral, da dor psíquica

advinda, uma vez que - na descrição da professora e pesquisadora do Departamento

de Psicologia Social e do Trabalho do Instituto de Psicologia da USP Leni Sato - (...)

os portadores (...) expressam sentimentos de desvalia, insegurança quanto ao futuro

profissional, inconformismo por não poder realizar os afazeres domésticos e praticar

autonomamente a higiene pessoal, além de conviverem com a incerteza e a

morosidade...

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal publicou em 20 de outubro de 2010 a

Apelação Cível n. 218489820058070001 cujo relator foi Romeu Gonzaga Neiva:

“Ementa: AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. DANOS MORAIS E MATERIAIS -

ACIDENTE DE TRABALHO - DOENÇA OCUPACIONAL (LER/DORT) -

NEXO CAUSAL COMPROVADO - RESPONSABILIDADE CIVIL

CARACTERIZADA - VALOR INDENIZATÓRIO - razoabilidade. I - os

acometimentos associados à condição relatada pela periciada à respeito de seu

trabalho, onde ocorria posição forçada associada e gestos repetitivos - escrever no

95

quadro negro, datilografar/digitar, perfuração de papel no reflete com pião para

reparar a escrita em braile - caracterizando os fatores de risco de

natureza ocupacional 57.8 constituem, segundo o decreto 6.042 , de 12 de fevereiro

de 2007, patologia relacionada ao seu mister de professora, do tipo ler/dort.' II -

comprovada a negligência do órgão empregador, ao não proporcionar ao funcionário

os meios de recuperação da doença ocupacional a que foi acometida em razão das

atividades laborais exercidas, e bem assim, o nexo de causalidade entre o dano

sofrido (LER/DORT) e a conduta da instituição/ré, cumpre seja reconhecida sua

responsabilidade civil pela reparação do dano. III - com relação a responsabilidade

civil, a obrigação de indenizar é expressa no artigo 927 , do CC , quando diz: "aquele

que, por ato ilícito (arts. 186 e 187) causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo".

IV - o ônus da demonstração da culpa e do nexo causal é sempre do acidentado, pois

representam os fatos constitutivos de seu alegado direito ( CPC , art. 333 , I ).' (in

responsabilidade civil acidente de trabalho, 2001, ed. Saraiva, pág. 15) (g.n.). V -

restando claramente demonstrado que a instituição/ré foi negligente, pois descumpriu

seu dever legal de dar efetividade aos comandos da lei, denota-se o seu

comportamento culposo, como responsável pelo surgimento e agravamento

da doença profissional adquirida pela autora. VI - a relação de causalidade entre a

moléstia de que a parte é portadora, a atividade laboral e a conduta culposa do réu,

também se mostram indene de dúvidas, consoante os elementos analisados...”

4 RELAÇÃO ENTRE MEIO AMBIENTE DE TRABALHO E CAUSAS DE

ABSENTEÍSMO DO PROFESSOR DO ENSINO MÉDIO E FUNDAMENTAL DA

REDE ESTADUAL DE ENSINO NA CIDADE DE MANAUS

Os fundamentos elaborados e sistematizados nesta pesquisa versam sobre as relações

entre as causas de absenteísmo do professor da rede estadual de ensino da cidade de Manaus

nos níveis fundamental e médio em seu meio ambiente laboral.

Sabe-se que o absenteísmo é considerado um fenômeno mundial que atinge muitos

docentes, porém seu estudo é complexo, pois são várias causas/hipóteses que podem levar o

docente ao afastamento por curto, longo tempo do trabalho, ou até mesmo ao abandono da

profissão.

A falta de assiduidade ao trabalho do professor pode ser um alerta, tanto para o

próprio profissional quanto para o Poder Público, pois o absenteísmo por sua complexidade

precisa ser revisto de forma emergencial, pois essa situação, segundo essa pesquisa realizada,

tem infligido o meio ambiente do trabalho dos professores ao ponto de chegar ao extremo

mal-estar desses profissionais.

96

Assim, para explorar a relação entre Meio Ambiente de Trabalho e causas de

absenteísmo do professor do ensino médio e fundamental da rede estadual de ensino na cidade

de Manaus o processo investigativo exigiu:

1) a revisão da literatura especializada sobre o conceito de absenteísmo e suas

implicações;

2) Mapeamento dos professores da rede estadual de ensino na cidade de Manaus/Am -

níveis fundamental e médio;

3) A explicitação de um percurso metodológico que foi realizado através do

mapeamento dos professores da rede estadual na cidade de Manaus/Am - níveis

fundamental e médio que possibilitasse o entrelaçamento das informações coletadas na

pesquisa de campo;

4) Resultado e análise dos dados coletados dos 920 professores a partir de questionário

com perguntas fechadas a fim de constituir e explorar diferentes aspectos que

envolvessem dilemas dos docentes imersos no seu dia a dia profissional;

5) A proposição de algumas considerações diante da complexidade e amplitude do

tema.

A pesquisa foi realizada no Amazonas, região Norte do Brasil que possui 62 municípios

que o compõe, entre eles está Manaus que é sua capital e que possui a maior população com

2.057.711 na região, segundo o IBGE, em 2015.

Manaus é um município brasileiro, capital do estado do Amazonas e o principal

centro financeiro, corporativo e econômico da Região Norte do Brasil. É uma

cidade histórica e portuária, localizada no centro da maior floresta tropical do

mundo. Situa-se na confluência dos rios Negro e Solimões, sendo uma das cidades

brasileiras mais conhecidas mundialmente, principalmente pelo seu potencial

turístico e pelo ecoturismo, o que faz de Manaus o décimo maior destino de turistas

no Brasil. Pertence à mesorregião do Centro Amazonense e à microrregião

homônima, e destaca-se pelo seu patrimônio arquitetônico e cultural, com notáveis

museus, teatros, templos, palácios e bibliotecas. Está localizada no extremo norte do

país, a 3 490 quilômetros da capital nacional, Brasília. (WIKIPÉDIA, a enciclopédia

livre).

4.1 A REVISÃO DA LITERATURA SOBRE O CONCEITO DE ABSENTEÍSMO

Absenteísmo é um fenômeno multifatorial, pois pode decorrer de várias causas,

como: o absenteísmo voluntário, absenteísmo compulsório, absenteísmo legal, absenteísmo

por patologias profissionais e absenteísmo por doenças ocupacionais. Assim, seu significado

faz-se necessário esclarecer, segundo o Wikipédia, a enciclopédia livre:

O absenteísmo é um padrão habitual de ausências no processo

de trabalho, dever ou obrigação, seja por falta ou atraso, devido a algum motivo

97

interveniente. É usado também para designar a soma dos períodos de ausência de um

funcionário de seu ambiente de trabalho. (WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre).

A complexidade do absenteísmo no meio ambiente laboral do professor tem causas

diversas, porém suas consequências são visíveis na saúde desses profissionais, sendo assim

um fator importante a qualidade do meio ambiente do trabalho desses profissionais, pois seu

adoecimento ocasionará afastamento temporário ou definitivo do trabalho.

Para Esteve (1999, p. 63): “Recorre-se, então, aos pedidos de licenças trabalhistas ou,

simplesmente, à ausência do estabelecimento escolar por períodos curtos, que exigem não

mais do que justificativas.”

Corroborando Silva (2014, p. 39) afirma:

Sabemos todos da complexidade do trabalho do professor envolvido em muitas

atribuições e exigências; algumas próprias da profissão, outras das novas demandas

da atualidade. Sabemos também que a atividade é tão multifacetada que dificilmente

o professor consegue cumprir com todas as suas obrigações, por isso, acaba

adoecendo emocional, psíquica e organicamente, sendo necessário afastar-se

periodicamente.

É importante ainda destacar que as diversas patologias trazem doenças ocupacionais

que afastam os docentes de suas atividades profissionais, tais ausências trarão prejuízos no

aprendizado dos alunos, ao erário público que precisará substitui-lo e, principalmente, ao

próprio professor, pois além de ser descontado do seu salário, caso não tenha atestado que

comprove sua ausência, tem que cuidar da doença adquirida em seu ambiente laboral sem

qualquer ajuda de custo do poder público.

4.2 MAPEAMENTO DOS PROFESSORES DA REDE ESTADUAL DE ENSINO NA

CIDADE DE MANAUS/AM - NÍVEIS FUNDAMENTAL E MÉDIO.

A Secretaria de Estado de Educação e Qualidade do Ensino – SEDUC por meio do

Departamento de Planejamento e Gestão Financeira – Gerência de Pesquisa e Estatística –

dados gerais/ Rede Estadual/2015 informou que, em 2015, o Estado do Amazonas

disponibilizou um total geral de 5.492 escolas entre pública, federal e privada a população.

Com isso oportunizou 51.296 vagas de empregos aos professores de todas as redes de ensino.

Desse quantitativo 720 escolas são estaduais (incluindo capital e interior) que possuem em seu

quadro funcional um total de 18.679 professores, sendo que 7.144 na capital e 11.535 no

interior.

98

Devido o grande número de escolas estaduais, a presente dissertação foi

desenvolvida somente na região metropolitana de Manaus - nas escolas estaduais de níveis

médio e fundamental que totalizaram uma média de 230 escolas. Embora tenha essa

quantidade de escolas, o estado oferece em uma mesma escola diferentes níveis de ensinos em

turnos distintos ou no mesmo turno, diante desse quadro é disponibilizado 4.482 escolas com

ensino médio e 591 com nível fundamental.

A Secretaria de Estado de Educação e Qualidade do Ensino – SEDUC descentralizou

sua responsabilidade da administração criando as Coordenadorias Distritais de Ensino por

meio da Lei Delegada n. 3642/2011, baseado nos princípios da administração pública

contemporânea cuja existência pressupõe uma melhor organização administrativa onde haja

uma gestão democrática, porém que obedeça as diretrizes e normas estabelecidas no

ordenamento jurídico.

Para Libâneo (2004, p. 87): “a participação é o principal meio de assegurar a gestão

democrática, possibilitando o envolvimento de todos os integrantes da escola no processo de

tomada de decisões e no funcionamento da organização escolar” .

A efetividade da implementação das sete coordenadorias distritais é o desafio que o

Estado do Amazonas enfrenta para atingir seus objetivos de oferecer uma educação de

qualidade a todos.

4.3 METODOLOGIA APLICADA

Para estruturar esta pesquisa, o procedimento metodológico foi desenvolvido da

seguinte forma:

Quanto à natureza este trabalho embasou-se na pesquisa teórica-bibliográfica

consolidando-se com a pesquisa quali-quantitativa, devido a pesquisa qualitativa preocupa-se

com o aprofundamento dos danos ambientais da classe dos professores e quantitativamente

por demonstrar os dados estatísticos de quantos professores foram acometidos por doenças

ocupacionais adquiridas no ambiente laboral.

Quanto aos fins aplicou-se a pesquisa exploratória e descritiva. Para a pesquisa

exploratória fez-se uso do conhecimento bibliográfico, utilizando-se para o seu

desenvolvimento obras já publicadas como: teses jurídicas, já sedimentada na Justiça do

Trabalho, cujas regras que cuidam da saúde, segurança e higiene do trabalho são garantidas

por normas de ordem pública; jurisprudências, artigos, dissertações, revistas, livros e os sites

especializados, enfocando multidisciplinarmente, de forma mais intensa, o Direito Ambiental,

99

o Direito Ambiental do Trabalho, Direito Constitucional, Consolidação das Leis Trabalhista,

Leis infraconstitucionais e específicas, sempre primando pela legislação específica que regula

a matéria, além das outras áreas multidisciplinares, como obras da Ciência da Saúde que

possui uma vasta publicação pertinentes sobre o tema em questão. Assim, todas elas

acrescentaram sobremaneira a progressão desta pesquisa científica.

Já a abordagem descritiva foi motivada pelos profissionais da área da educação

estarem suscetíveis à aquisição de doenças em razão da presença de riscos ocupacionais

diversos, como os biológicos, físicos, químicos, psíquicos e ergonômicos adquiridos por eles

no exercício de suas atividades diárias ou adquiridas em função de suas condições de trabalho.

E por isso tiveram algum problema de saúde que resultou em afastamento do trabalho.

Quanto aos meios para obter-se as informações, utilizou-se tanto a pesquisa

bibliográfica quanto a pesquisa de campo. Esses meios trouxeram novas perspectivas sobre o

meio ambiente do trabalho do professor, pois foram basilares para a construção desta

pesquisa, ressaltando que o apoio multidisciplinar da área da saúde foi importante para a

fundamentação técnica-científica para diagnosticar o nexo causalidade e o dano ambiental

existentes.

A população de professores da rede estadual de ensino da cidade Manaus/Amazonas

é composta é 7.144 que fazem parte das 230 escolas que foram distribuídas em sete

coordenadorias Distritais:

Quadro 6 – Quantitativo de escolas por coordenadoria distrital de educação da

rede pública estadual de Manaus/2016 COORDENADORIA DISTRITAL DE EDUCAÇÃO DA REDE

PÚBLICA ESTADUAL DE MANAUS/2016

TOTAL

DE

ESCOLAS

Distrito 1 – ZONA SUL 36

Distrito 2 – ZONA SUL 36

Distrito 3 – ZONA CENTRO SUL 36

Distrito 4 – ZONA OESTE 34

Distrito 5 - ZONA LESTE 32

Distrito 6 – ZONA NORTE 26

Distrito 7 – ZONA NORTE 28

Fonte: OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Assim, a presente dissertação foi realizada com uma amostra de 1099 professores

pertencentes a duas escolas de cada Distrito Educacional Estadual de Manaus/Am que

oferecem os níveis fundamental e médio. Desse quantitativo 920 docentes participaram

100

efetivamente respondendo o formulário da pesquisa, o que corresponde a 83,71% da amostra

pesquisada. O critério de inclusão utilizado foi o vínculo que o professor tem com a escola da

rede pública de ensino. E o critério da escolha das duas escolas pesquisadas por Distrito foram

aquelas que oferecessem os dois níveis de ensino ao mesmo tempo.

O instrumento utilizado na prática a pesquisa de campo para a coleta de dados foi um

questionário com oitenta e uma perguntas fechadas6 de múltipla escolha que contemplaram o

objetivo do trabalho, houve o cuidado na aplicação das mesmas para que não fossem

exaustivas e nem desanimassem os pesquisados. Para tanto foi aplicado um pré-teste (piloto)

por meio da aplicação de vinte questionários, logo em seguida foram efetuados alguns ajustes.

Para a realização do estudo foram enviadas duas solicitações de liberação da

pesquisa de campo, uma à Secretaria de Estado de Educação e Qualidade do Ensino –

SEDUC e outra à Junta Médica Pericial do Estado do Amazonas, porém somente foi deferida

a realização da pesquisa junto à SEDUC, pois o indeferimento da Junta Médica dos dados

estatísticos sobre quais tipos de doenças ocorrem no meio ambiente do professor, bem como o

número exato de licenças médicas com mais de três dias médicas dos professores da rede

estadual de ensino foi um obstáculo para a pesquisa. A alegação da presidente em exercício

desse órgão, ofício n. 165/20167, foi que “é impossível atender a solicitação em tela posto que

todo nosso material é de sigilo médico”. Assim, o levantamento das principais doenças que

causam o absenteísmo dos professores em seu ambiente laboral foi parcialmente prejudicado,

pois o órgão em questão é o responsável em atender todos os professores da rede pública

quando estão acometidos de doenças que precisem de afastamento por mais de três dias. Pode

ser observado o descaso sobre o tema na Audiência Pública – Comissão de Educação,

realizado em 2014, pela Câmara Municipal de Manaus uma vez que o representante da

SEDUC/Am não demonstrou nenhum dado estatístico sobre os afastamentos dos professores

de seu ambiente laboral.

Para assegurar os aspectos éticos da pesquisa todos os professores participantes

assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Por ser impossível uma pesquisa

científica abranger todo um universo, essa pesquisa fez um levantamento de informações

apenas numa parte pré-determinada da população. Assim, para esta pesquisa, o universo foi

6Quanto às perguntas fechadas são aquelas de ordem objetiva, que apresentam alternativas para respostas.

Quanto às perguntas abertas são aquelas de ordem subjetiva, onde o informante expõe livremente a sua opinião:

As vantagens da utilização dos questionários é o fato de abranger a amostra do universo pesquisado e também a

rapidez de se obter informações. Porém, existem também desvantagem, pois nem sempre e possível confiar na

verdade das informações. 7 Ofício n. 165/2016 – JMPE expedido pela Junta Médica Pericial do estado do Amazonas, documento no

apêndice C , p. 236

101

composto por 1099 professores efetivos e contratados que estão efetivos em regência de

classe nos níveis fundamental e médio.

4.4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Após coleta e análise dos dados coletados nas catorze escolas estaduais selecionadas,

sendo duas de cada Coordenadoria Distrital de Educação da cidade de Manaus, que oferecem

os níveis de ensino fundamental e médio foi iniciada a análise dos dados, mas, antes de lançar

à pesquisa, houve a necessidade de formar a base do conhecimento, que foi feito através de

perguntas aos professores se eles tinham solicitado algum afastamento por motivo de doença

durante sua vida profissional como docente.

Para uma melhor sistematização da apresentação dos resultados os questionários

foram divididos em seis partes, porém com um desdobramento individual. Assim, na primeira

parte ficou a pesquisa sobre os dados sociodemográficos e profissionais que teve seis

perguntas a serem aplicadas. Na segunda parte analisou-se sobre as Condições Ergonômicas e

foram aplicadas seis perguntas. Na terceira parte foi tratado sobre a situação funcional do

professor e foram aplicados onze perguntas. Na quarta parte foi tratado sobre as doenças

ocupacionais e foram aplicados seis perguntas. Já na quinta parte foram envolvidas algumas

doenças ocupacionais que acometem o professor, como: Síndrome de Burnout (físicas ou

psíquicas), LER (Lesões por Movimento Repetitivo) DORT (Distúbios Osteomoloculares

Relacionados ao Trabalho, doença da voz, doenças psíquicas, foram aplicadas trinta e duas

perguntas, e para finalizar na sexta parte foram analisadas as situações de riscos que ocorrem

no meio ambiente do trabalho & direito &prevenção que tiveram dezesseis perguntas.

Os resultados dos questionários foram tabulados de forma que houvesse praticidade

no trato e análise da pesquisa de campo, assim foram apresentados seus percentuais em forma

de tabelas.

Na última parte do trabalho foram feitas as considerações e verificações se os

objetivos propostos por esta pesquisa de campo foram alcançados e, por fim, foi realizada

uma reflexão de forma geral sobre sua contribuição para o meio ambiente de trabalho do

professor saudável.

102

4.4.1 Sociodemográficos e profissionais

Como o panorama da atual situação sociodemográfica dos professores da cidade de

Manaus já foi apresentado, será ressaltado apenas para demonstração desse resultado a

população de professores da rede estadual de ensino da cidade Manaus/Amazonas que é

composta de 7.144 professores que integram as 228 escolas que foram distribuídas em sete

coordenadorias Distritais.

Em relação ao perfil dos professores foram quantificadas as seguintes variáveis nas

tabelas: Tabela 5 – Distribuição dos docentes quanto ao gênero; Tabela 6 – Distribuição dos

docentes quanto sua média da faixa etária; Tabela 7 – Distribuição dos docentes quanto a

média do grau de escolaridade dos docentes; Tabela 8 – Distribuição dos docentes quanto a

média de tempo de serviço na docência; Tabela 9 – Distribuição dos docentes quanto a média

de tempo de serviço na atual escola; Tabela 10 – Distribuição dos docentes quanto a média da

jornada de trabalho; Tabela 11 – Distribuição dos docentes quanto a média da jornada de

trabalho. Ressalta-se que essas variáveis servem para caracterizar a amostra em relação aos

participantes.

Tabela 5 – Sociodemográficos e profissionais - Distribuição dos docentes quanto ao gênero

1. Resposta N. de Professores Percentual

Feminino 555 60,3%

Masculino 365 36,7%

Total 920 100,00%

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

De forma macro, segundo o MEC/INEP/SEDUC/DPGF/GEPES, dos 18.679

professores no Amazonas, desses 6.872 são do gênero masculino e 11.807 do gênero

feminino. Em relação ao gênero, em Manaus, 2.411 são homens e 4.733 são mulheres.

Como resultado da presente pesquisa, o gênero feminino representou 60,3% da

amostra e o masculino 36,7%. O que afirma que em Manaus tem mais professoras na rede

pública de ensino.

103

Tabela 6 – Sociodemográficos e profissionais - Distribuição dos docentes quanto sua média da faixa etária

Resposta N. de Professores Percentual

20 – 30 111 12,1%

31- 40 147 16,0%

41 – 50 442 48,0%

51 – 60 220 23,9%

Total 920 100,00%

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

O resultado da média da faixa etária dos professores que mais destacou-se foi dos

docentes que têm entre 41-50 anos, pois representou 48,0%, e o segundo que se destacou foi

dos professores que possuem uma faixa etária entre 51-60 representando 23,90%.

São vários os aspectos importantes que envolvem a idade do professor, como a

experiência que adquire na profissão ao longo do tempo, ingresso em concurso público,

aposentadoria, entres outros.

Ressaltamos que no Amazonas em 2015, segundo a gerência do GECAP/SEDUC–

Gerência de cadastro e aposentadoria, 1.325 professores foram aposentados. Assim, no

Direito Previdenciário a idade é um fator importante para o docente, está intrinsecamente

ligado a sua aposentadoria, que pode ser por tempo de contribuição, por idade ou por “tempo

especial”.

A aposentadoria por tempo de contribuição há carência para sua concessão,

conforme o artigo 235, inciso I, Instrução Normativa/INSS nº 77 DE 21.01.2015, é de 35

anos de contribuição para homens e de 30 anos para mulheres.

Entretanto, para o professor que exerce uma profissão considerada “cansativa”, há

uma diminuição nesse tempo, dos homens passa para 30 anos e para as mulheres 25 anos, se

eles contribuíram, independentemente, de suas idades, contudo precisam comprovar que

durante seu tempo de docência exerceram de forma exclusiva sua função de professor na

educação fundamental I, ou educação fundamental II, ou nível médio. Foi expresso, a partir

da alteração do art. 40, § 5º da Constituição Federal de 1988, trazida pela Emenda

Constitucional nº 20.

§ 5º - Os requisitos de idade e de tempo de contribuição serão reduzidos em cinco

anos, em relação ao disposto no § 1º, III, "a", para o professor que comprove

exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação

infantil e no ensino fundamental e médio.

Essa criação da modalidade “aposentadoria especial” para o professor trouxe uma

discussão sobre a aplicabilidade ou não do fator redutor conhecido como fator previdenciário,

104

observou-se que ao aplicá-lo não há vantagem nenhuma para o beneficiário nesse tipo de

aposentadoria, pois há redução no valor do benefício. O INSS mesmo sabendo nunca

modificou seus cálculos. Devido muitas divergências nos Juizados houve uma uniformização

que não deve ser aplicado o fator previdenciário nas aposentadorias da modalidade B57

(aposentadoria por tempo de contribuição professor).

A Lei nº 13.183, de 4 de novembro de 2015 trouxe novidades em seu art. 29-C:

Art. 29 - C. O segurado que preencher o requisito para a aposentadoria por tempo de

contribuição poderá optar pela não incidência do fator previdenciário no cálculo de

sua aposentadoria, quando o total resultante da soma de sua idade e de seu tempo de

contribuição, incluídas as frações, na data de requerimento da aposentadoria, for:

I - igual ou superior a noventa e cinco pontos, se homem, observando o tempo

mínimo de contribuição de trinta e cinco anos; ou

II - igual ou superior a oitenta e cinco pontos, se mulher, observado o tempo mínimo

de contribuição de trinta anos.

§ 1º Para os fins do disposto no caput, serão somadas as frações em meses

completos de tempo de contribuição e idade.

2º As somas de idade e de tempo de contribuição previstas no caput serão

majoradas em um ponto em:

I - 31 de dezembro de 2018;

II - 31 de dezembro de 2020;

III - 31 de dezembro de 2022;

IV - 31 de dezembro de 2024; e

V - 31 de dezembro de 2026.

§ 3º Para efeito de aplicação do disposto no caput e no § 2º, o tempo mínimo de

contribuição do professor e da professora que comprovarem exclusivamente tempo

de efetivo exercício de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e

médio será de, respectivamente, trinta e vinte e cinco anos, e serão acrescidos cinco

pontos à soma da idade com o tempo de contribuição.

Nesse diapasão, a nova lei trouxe grande justiça nesta modalidade de benefício aos

professores, uma vez que a “aposentadoria especial”, na realidade, nunca beneficiou o

professor, pois ao aposentasse o valor do benefício era baixo e o professor tinha que recorrer a

justiça para tentar receber uma aposentadoria digna.

Tabela 7 – Sociodemográficos e profissionais - Distribuição dos docentes quanto a média do grau de

escolaridade Resposta N. de Professores Percentual

Graduação 368 40,0%

Especialização 516 56,1%

Mestrado 36 3,9%

Doutorado - 0,0%

Total 920 100,00%

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

A pesquisa mostra que em Manaus todos os professores possuem o nível superior e

56,1% têm especializações em sua área de conhecimento, pois, em 2014, a SEDUC

105

oportunizou para todos os professores da rede estadual de ensino especialização direcionada à

sua área de conhecimento, porém observa-se um índice de apenas 3,9% de professores com

mestrado e 0,0% no doutorado. O que está demonstrado nessa pesquisa que o Amazonas

pouco tem investido na continuação da vida acadêmica de seus professores em nível de

mestrado e doutorado.

Tabela 8 – Sociodemográficos e profissionais - Distribuição dos docentes quanto a média de tempo de

serviço na docência Resposta N. de Professores Percentual

1 – 10 anos 294 32,0%

11 - 20 anos 369 40,1%

21- 30 anos 257 27,1%

31 – 35 anos - 0,0%

Total 920 100,00%

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Os resultados mostram que a maioria dos professores possuem mais de onze anos de

docência, ou seja, esse tempo de labuta confere a esses profissionais mais experiência na

docência e também uma maior probabilidade de serem acometidos por doenças ocupacionais.

Nota-se que sua exposição direta e diária com os alunos podem trazer riscos à sua saúde, pois

o mal-estar docente é complexo e decorre de várias causas, inclusive de doenças infecto

contagiosas transmitidas pelos próprios alunos, como: hepatite A, catapora, doenças

respiratórias, escabiose, sarna, pediculose (piolhos), entre outras.

Tabela 9 – Sociodemográficos e profissionais - Distribuição dos docentes quanto a média de tempo de

serviço na atual escola

Resposta N. de Professores Percentual

1 – 5 anos 554 60,1%

6- 10 anos 257 27,9%

11- 15 anos 36 3,9%

16 – 20 anos 73 7,9%

21 – 25 anos - 0,0%

Total 920 100,00%

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Segundo o resultado da pesquisa 60,1% são de professores que têm entre 1 a 5 anos

na mesma escola, isso indica o alto grau de rotatividade dos professores nas escolas, seja, por

término do contrato, ou por pedido de remoção, ou por alguns professores terem sido

readaptados, ou por aposentadoria, ou por desistência da profissão ou por morte, o fato é que

106

tal situação pode ser uma situação que cause estresse nos professores que já passaram por tal

situação.

Para Oliveira (2004, p. 1140):

O aumento dos contratos temporários nas redes públicas de ensino, havendo, em

alguns estados, os numerosos correspondentes aos trabalhadores efetivos, o arrocho

salarial, respeito a um piso salarial nacional, a inadequação ou mesmo ausência, em

alguns casos, de planos de cargos e salários, a perda de garantias trabalhistas e

previdenciárias oriundas dos processos de reforma do aparelho do Estado têm

tornado cada vez mais agudo o quadro de instabilidade e precarização de emprego o

magistério público.

Tabela 10 – Sociodemográficos e profissionais - Distribuição dos docentes quanto a média da jornada de

trabalho

Resposta N. de Professores Percentual

20h 520 56,5%

40h 364 39,6%

60h 36 3,9%

Total 920 100,00%

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Em relação à jornada de trabalho houve uma prevalência das 20h semanais com

56,5%, seguida dos docentes que trabalham 40h semanais. Quanto maior a carga de trabalho

vinculado aos anos de trabalho observa-se o desgaste na maioria dos professores, doenças

silenciosas que trarão sequelas, muitas vezes irreversíveis.

Tabela 11 – Sociodemográficos e profissionais - Distribuição dos docentes quanto ao vínculo no trabalho

7. Resposta N. de Professores Percentual

Efetivo 811 88,2%

Contratado 73 7,9%

Substituto 36 3,9%

Total 920 100,00%

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Nas escolas selecionadas as pesquisas mostram que o maior percentual de

professores na regência de classe são os efetivos com 88,2%.

107

4.4.2 Condições Ergonômicas

A ergonomia são provenientes de um grande tempo de exposição do trabalhador na

realização de atividades repetitivas, ou pela ausência de mobiliários, ou pela falta de recursos

ou recursos inadequados , ou pela falta de pausas regulares entre outros.

Moraes (2011, p. 193):

Ergonomia (do grego ergon = trabalho + normas = normas, regras, leis) é o estudo

da adaptação do trabalho às características dos indivíduos, de modo a lhes

proporcionar um máximo de conforto, segurança e bom desempenho de suas

atividades no trabalho

No que concerne ao meio ambiente do trabalho, Melo (2001, p. 76) acentua que:

A mera observância das normas de ergonomia, luminosidade, duração da jornada de

trabalho, previstas em lei, não autoriza – por si só – a conclusão por higidez no meio

ambiente do trabalho. Um trabalho realizado em condições extremas, estressantes

poderá ser tão ou mais danoso ao meio ambiente do trabalho que o labor realizado

em condições de potencial perigo físico. O dano à saúde psíquica – por suas

peculiaridades- dificilmente tem seu perigo imediato.

O órgão responsável para fiscalizar a ergonomia é o Ministério do Trabalho e do

Emprego, é ele que emite as Normas regulamentadoras (NRS) que visa melhorar as condições

laborais de todos os trabalhadores, ressalta-se, porém, que no Amazonas essa fiscalização não

ocorre, pois os índices de doença ocupacional proveniente do meio ambiente laboral

inadequado é grande.

Para Oliveira e Silva Filho (2016, p. 7): “Os problemas ergonômicos que acometem

os professores estão associados a postura inadequada, ao excesso de trabalho e estresse”

Em relação aos dados relacionadas ao Meio Ambiente do Trabalho - Condições

Ergonômicas dos professores foram quantificadas as seguintes variáveis nas tabelas: Tabela

08: Boas condições físicas (móveis e instrumentos) de trabalho; Tabela 09 – Em relação ao

ruído, como você classificaria o seu ambiente de trabalho; Tabela 10 – Em relação à

agradabilidade do conforto térmico ( temperatura) como você classificaria o seu ambiente de

trabalho?; Tabela 11 – Em relação as condições ergonômicas do seu ambiente de trabalho

contribuem para que você tenha estresse ocupacional?; Tabela 12 – A sala de aula possui

acústica?; Tabela 13 – A sala de aula possui os recursos pedagógicos e multimídia, quais?

Ressalta-se que essas variáveis servem para caracterizar a amostra em relação aos

participantes.

108

Tabela 12 – Condições Ergonômicas - Boas condições físicas (móveis e instrumentos) de trabalho nas

escolas públicas estaduais de Manaus dos níveis fundamental e médio

Resposta N. de Professores Percentual

Sim 369 40,1%

Não - 0,0%

Parcialmente 551 59,9%

Total 920 100,00%

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Segundo o resultado da pesquisa 59,9% responderam que seu meio ambiente do

trabalho possui parcialmente condições físicas para o desempenho das atividades.

Silva (2013, p. 115):

As condições físicas do ambiente de trabalho do professor também afetam a sua

saúde. Estas condições de trabalho englobam aspectos como ruído, ventilação,

umidade, temperatura, arranjo físico e segurança. Além disso, os problemas de

postura decorrentes da posição do quadro-negro, dos degraus nas escolas, da cadeira

incorreta, entre outros, acabam por ocasionar problemas sérios à saúde do professor

O professor necessita de um ambiente laboral equilibrado. Mesmo a ergonomia

possuindo uma Norma Regulamentadora – NRs 17 que “estabelece parâmetros que permitem

a adaptação das condições psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um

máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente” na prática essa condição de trabalho

é ineficiente ao ponto de ocasionar doenças ocupacionais.

Nas Recomendações n. 108 da OIT que rege sobre o Estatuto dos Professores está

regulamentado as normas para as construções dos edifícios escolares.

Tabela 13 – Condições Ergonômicas - Em relação ao ruído, como você classificaria o seu ambiente de

trabalho?

Resposta N. de Professores Percentual

Ruim 74 8,0%

Regular 630 68,5%

Bom 216 23,5%

Ótimo - 0,0%

Total 920 100,00%

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

A pesquisa revela 68,5% a situação do ruído no meio ambiente do professor é regular

e 23,5% dos entrevistados acham o conforto térmico bom, esses fatores são importantes para a

proteção do trabalhador, principalmente em se tratando de Manaus que o clima é tropical

úmido e a temperatura máxima média Cº varia de 30.4 a 32,92.

109

Tabela 14 – Condições Ergonômicas - Em relação à agradabilidade do conforto térmico ( temperatura)

como você classificaria o seu ambiente de trabalho?

Resposta N. de Professores Percentual

Ruim 111 12,1%

Regular 368 40,0%

Bom 441 47,9%

Ótimo - 0,0%

Total 920 100,00%

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Para 47,9% dos professores pesquisados a agradabilidade do seu conforto térmico no

seu meio ambiente laboral é “Bom”, porém em contrapartida houve 52,1% (40% “Regular” e

12,1% “Ruim”) que estão insatisfeitos com o desconforto térmico recebido em seu ambiente

de trabalho.

Tabela 15 – Condições Ergonômicas - Em relação as condições ergonômicas do seu ambiente de trabalho

contribuem para que você tenha estresse ocupacional?

Resposta N. de Professores Percentual

Sim 111 12,1%

Não 73 7,9%

Parcialmente 700 76,1%

Não respondeu 36 3,9%

Total 920 100,00%

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Os professores confirmam com o percentual de 88,2% (76,1% “Parcialmente”,

12,1% “Sim”) que as condições ergonômicas do seu ambiente de trabalho contribui para que

tenha estresse ocupacional.

Tabela 16 – Condições Ergonômicas - A sala de aula possui acústica? Resposta N. de Professores Percentual

Sim 111 12,0%

Não 515 56,0%

Parcialmente 294 32,0%

Não respondeu - 0,0%

Total 920 100,00%

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

110

O resultado sobre a acústica na sala de aula foi preocupante: 56% dos pesquisados

responderam que a sala “Não” possui acústica, porém 44% (32% “Parcialmente”, 12% “Sim”)

dos professores responderam que têm problemas acústicos arquitetônicos na sala de aula. Esse

resultado negativo contribui significativamente para o aumento de doenças relacionadas à

voz.

A Revista Proteção, em outubro de 2006, editou em sua revista n. 178 sobre a Saúde

do Professor– acústica arquitetônica na sala de aula:

Grande parte dos problemas relacionados à voz do Professor, dizem respeito aos

detalhes acústicos da sala de aula. O tempo de reverberação é influenciado pelo

volume da sala (tamanho e altura do teto), suas proporções (paredes paralelas) e a

capacidade dos materiais usados nas paredes, piso e teto, absorverem a energia

sonora. A relação Fonte- Ruído diz respeito à capacidade do timbre e potência da

voz do Professor serem capazes de ultrapassar o ruído existente na sala de aula. E

finalmente, a Distância Professor-Aluno que, quanto maior, mais difícil fica para o

aluno entender o que o Professor está falando.

O Tempo de Reverberação, definido como o tempo necessário para o abaixamento

da intensidade sonora de 60 decibéis (dB), já é conhecido para vários ambientes

escolares. O "reflexo" das ondas sonoras (representadas na figura abaixo como

setas) nas paredes, piso e teto, aumentam o nível de ruído na sala a tal ponto, que

podem tornar impraticável a lecionação nesse ambiente.

Figura 2 – Acústica arquitetônica adequada para a sala dos professores

Fonte: A saúde do professor – Acústica arquitetônica Disponível em:

http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/voz5.htm. Acesso em:

10.05.2016

Tabela 17 – Condições Ergonômicas - A sala de aula possui os recursos pedagógicos e multimídia, quais? Resposta N. de Professores Percentual

data show 404 43,9%

microfone 73 7,9%

caixa de som 73 7,9%

computador 111 12,1%

Outros : tablet

259 28,2%

Total 920 100,00%

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

111

As escolas possuem alguns recursos pedagógicos, porém o destaque na presente

pesquisa foi que 43,9% das escolas possuem data show. Em 2014 a SEDUC distribuiu tablets

para todos os professores da rede estadual de ensino e alunos do terceiro ano do ensino médio.

4.4.3 Situações Funcionais

A boa situação funcional do professor contribui para que seu meio ambiente de

trabalho seja adequado. Existem vários problemas funcionais que trazem, direta ou

indiretamente, doenças aos docentes.

A Revista Proteção n. 178/2006 fez uma reportagem sobre a saúde do professor,

entre os assuntos abordados foi contemplado sobre as situações funcionais dos professores

brasileiros:

Os principais Problemas Funcionais que afetam, direta ou indiretamente, a saúde do

Professor são os seguintes:falta de reajuste salarial, carga horária de trabalho

docente, melhoria das condições de trabalho (a superlotação das salas de aula é uma

das mais comuns), e reforma do ensino. Essas são, segundo a reportagem de capa

da Revista Proteção (a que já nos referimos), algumas das mais conhecidas pautas

discutidas pelos professores em nosso País.

Nas questões relacionadas ao Meio Ambiente do Trabalho – Situações Funcionais dos

professores foram quantificadas as seguintes variáveis nas tabelas: Tabela 18 – Carga horária

de trabalho dos professores; Tabela 19 – Falta de material de apoio didático-pedagógico;

Tabela 20 – Distribuição da superlotação das salas; Tabela 21 – Distribuição da

desvalorização do professor; Tabela 22 – Formação continuada; Tabela 23 – Distribuição do

reajuste salarial; Tabela 24 – Distribuição da modernização tecnológica; Tabela 25 –

Distribuição do ritmo acelerado de trabalho; Tabela 26 – Barulho constante no ambiente de

trabalho; Tabela 27 – Distribuição do Ambiente fechado com má circulação de ar; Tabela 28

– Fica muito tempo em pé? Ressalta-se que essas variáveis servem para caracterizar a amostra

em relação aos participantes.

A pergunta feita nessa pesquisa foi: Existem várias situações funcionais que ocorrem

no meio ambiente do trabalho, analise e responda se acontece ou aconteceu com você?

Tabela 18 – Situações Funcionais - Carga horária de trabalho dos professores

Resposta N. de Professores Percentual

20 h 480 52,2%

40h 367 39,9%

Outro:_60h____ 73 7,9%

Total 920 100,00%

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

112

Segundo o resultado 52,2% dos professores da amostra da pesquisa trabalham

somente 20h, seguidos de 39,9% de professores que trabalham 40h semanais, e finalizando

com 7,9% dos professores que trabalham 60h.

Uma das formas que o Direito tem de resguardar a integridade física do trabalhador

são, em regra, por meio de leis, e uma delas é por meio da duração do tempo de trabalho do

professor Lei 11.738/2008.

Essa Lei traz no § 1º do art. 2º a regulamentação da duração do tempo de trabalho do

docente:

§ 1o - O piso salarial profissional nacional é o valor abaixo do qual a União, os

Estados, o Distrito Federal e os Municípios não poderão fixar o vencimento inicial

das Carreiras do magistério público da educação básica, para a jornada de, no

máximo, 40 (quarenta) horas semanais. (Grifo Nosso)

Ainda no § 4º desse art. 2º é regulamentado a Hora de Trabalho Pedagógico – HTP:

“Na composição da jornada de trabalho, observar-se-á o limite máximo de 2/3 (dois terços) da

carga horária para o desempenho das atividades de interação com os educandos”.

Essa lei trouxe muitas divergências dos governantes dos estados do Ceará, Mato

Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul que acreditavam que essa lei era

inconstitucional. Assim, em abril de 2011, o Supremo Tribunal Federal (STF) a julgou

constitucional, porém quantificou a reserva de 1/3 no mínimo, da carga horária de professores

destinadas ao desenvolvimento de suas atividades extraclasses relacionadas a sua atividade

laboral.

Embora o governo do Amazonas não tenha entrado na justiça, somente aplicou a

referida lei junto a seus professores em 2014 e com um índice um pouco abaixo do

estabelecido pelo STF nas suas escolas pertencentes a SEDUC/Am.

Tabela 19 – Situações Funcionais - Falta de material de apoio didático-pedagógico Resposta N. de Professores Percentual

Sim 515 56,0%

Não 36 3,9%

Às vezes 369 40,1%

Total 920 100,00%

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

A falta de material de apoio didático-pedagógico nas escolas públicas estaduais de

Manaus como pode ser analisado: total de 96,1% (56,0 “Sim”, 40,1% “Às vezes”) respostas

113

negativas. Logo, a falta desse apoio é motivo de estresse tanto para o professor quanto para o

aluno.

Tabela 20 – Situações Funcionais - Superlotação das salas Resposta N. de Professores Percentual

Acima de 50 alunos - 0,0%

De 30 a 40 alunos 920 100,0%

Até 30 alunos - 0,0%

Total 920 100,00%

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Com 100% das respostas dos professores afirmando que as salas de aula possuem um

excesso de alunos entre 30 a 40 alunos, fica comprovado a superlotação das salas de aula.

Essa superlotação das salas acomete o professor de várias doenças ocupacionais, como: o

cansaço, o esgotamento físico e psíquico, doença da voz entre outros. Que o leva ao

absenteísmo. Existe o Projeto de Lei . 597/2007 da Câmara dos deputados que está, até a

presente data, aguardando a apreciação pelo Senado Federal, ou seja, irá esperar toda a

tramitação legal para que assim possa entrar em vigor e assegurar ao professor um ambiente

de trabalho adequado, pois tal projeto traz uma modificação art. 25 da LDB:

- Crianças até um ano de idade: máximo de cinco alunos por professor

- Crianças de um a dois anos: máximo de oito alunos por professor

- Crianças de dois a três anos: máximo de treze alunos por professor

- Crianças de três a quatro anos: máximo de quinze alunos por professor

- Crianças de quatro a cinco anos: máximo de vinte alunos por professor

- Nos cinco primeiros anos do Ensino Fundamental: máximo de 25 alunos por

professor

- Nos anos finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio: máximo de 35 alunos

por professor

Tabela 21 – Situações Funcionais - Desvalorização do professor Resposta N. de Professores Percentual

Sim 369 40,1%

Não 293 31,8%

Às vezes 111 12,1%

Em proc. de melhoramento 147 16,0%

Total 920 100,00%

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Com o percentual de 52,2% (40,1% “Sim”, 12,1% “Às vezes”) a desvalorização do

professor é fator preocupante para todos, pois a desvalorização profissional ocorre de várias

114

maneiras, como: o desprestígio, baixo salário, falta de respeito por parte dos alunos e

superiores, entre outros. Tal situação não atrai muitos interessados para a carreira de

professor. É pertinente citar Esteve (1999, p. 105): “paralelamente à desvalorização salarial

produziu-se uma desvalorização social da profissão docente”.

A desvalorização do professor no Brasil é um fato histórico e possui diversas

realidades por todo o país, mas o que é um axioma basilar é que a excelência do ensino está

intrinsecamente ligada à valorização do professor. Sabe-se que toda mudança não é fácil e

nem rápida, mas requer um começo.

Para Nóvoa (2007): “De fato, o número de alunos aumentou e isso é um grande

avanço. Mas outros entraves persistem: a valorização do magistério não aconteceu; o

resultado em termos de aprendizagem é pífio.”

Essa situação de desconforto no exercício do magistério traz o mal-estar docente e

com ele consequências negativas para todos os sujeitos envolvidos, para o aluno um baixo

nível de aprendizado e para o docente desgastes físico e mental.

Tabela 22 – Situações Funcionais - Formação continuada dos professores das escolas públicas estaduais

de Manaus níveis dos níveis fundamental e médio Resposta N. de Professores Percentual

Ruim 332 36,1%

Regular 369 40,1%

Bom 219 23,8%

Ótimo - 0,0%

Total 920 100,00%

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

O resultado da pesquisa foi de 40,1% “Regular” seguido de 36,1% “Ruim” e somente

23,8% “Bom”.

Esteve (1999, p.142-143) comenta sobre a formação do docente:

A formação permanente dos professores deve supor a constante disponibilidade de

uma rede de comunicação, que não deve reduzir-se ao âmbito dos conteúdos

acadêmicos, mas, além disso, incluir também os problemas metodológicos,

organizacionais, pessoais, sociais que, continuamente misturam-se às situações do

magistério. A inovação educativa (que resgata o professor do “mal-estar”) ocorre

sempre com a presença de equipes de trabalhos; a professores que, embora

trabalhem individualmente, compartilham com os outros colegas seus êxitos e suas

dificuldades, adaptando e melhorando continuamente, nessa comunicação, os

métodos, objetivos e conteúdos

115

Tabela 23 – Situações Funcionais - Reajuste salarial dos professores Resposta N. de Professores Percentual

Ruim 662 72,0%

Regular 258 28,0%

Bom - 0,0%

Ótimo - 0,0%

Total 920 100,00%

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

O resultado aponta 72% “Ruim” para o reajuste salarial, seguido de 28,0% regular. O

que comprova um resultado negativo sobre o assunto.

Em 2009, a OIT e a UNESCO publicaram o resultado de uma pesquisa que concluiu

que o docente do Brasil do nível fundamental recebe o terceiro pior salário do mundo, e

concluiu também que as salas de aula têm o maior número de discentes.

Assim, numa tentativa de valorizar o professor surgiu o FUNDEF – Fundo de

Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização dos Profissionais

de Educação - com uma intervenção institucional na educação que depois foi transformado

em FUNDEB – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de

Valorização dos Profissionais da Educação – que abrange desde a Pré-Escola até o Ensino

Médio, mas de nada adiantou. E em 2008 é regulamentado o piso salarial do professor em

nível nacional, Lei 11.738/2008.

Observa-se no caput e inciso X do art. 37 da Constituição Federal/88 rege sobre a

Administração Pública no que concerne o tema:

A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos

Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios...

X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39

somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa

privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem

distinção de índices; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998).

A lei regulamentou um piso nacional salarial de R$ 2.135,64, mas essa base foi para

os professores que trabalham 40h e possuem a formação de nível médio em início de carreira,

para os demais níveis de carreira dos docentes precisam de uma negociação com o ente

federativo.

No Amazonas, especialmente em Manaus, onde foi realizado a pesquisa, todos os

professores possuem o nível superior e o salário atual, em 2016, é de R$ 3.269,49 para os

professores que trabalham 40h, sem as gratificações. A Lei Ordinária nº 3.951/2013 de

04/11/2013 que instituiu o plano de cargos, carreiras e remuneração dos servidores da

116

Secretaria de Estado de Educação e Qualidade do Ensino – SEDUC não trouxe satisfação aos

seus servidores, como pode ser observado no resultado desse item da pesquisa. Assim numa

tentativa de minimizar tal situação de descontentamento foi disponibilizado pelo Governo do

Estado, desde 2014, um auxílio alimentação no valor de R$ 220,00 a todos os professores da

rede estadual de ensino, que não mudou em nada a opinião dos professores pesquisados.

Mesmo com a regulamentação da lei, o valor do piso só confirma a desvalorização

nacional do professor, pois o salário não condiz com a realidade da economia nacional.

Tabela 24 – Situações Funcionais - Modernização tecnológica Resposta N. de Professores Percentual

Ruim 216 23,5%

Regular 520 56,5%

Bom 184 20,0%

Ótimo - 0,0%

Total 920 100,00%

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Em relação a modernização tecnológica o resultado foi 56,5% “regular”, seguido de

23,5% de “Ruim”, e apenas 20% “Bom”.

Segundo Webber e Vergani (2010, p. 8809):

O modelo globalizado e neoliberal definiu um novo perfil ao trabalho. As inovações

tecnológicas e os novos métodos gerenciais implicaram ritmo acelerado, maior

responsabilidade e complexidade das tarefas, e modificam, inclusive, os fatores

determinantes da saúde desses 37 trabalhadores, e a relação da instituição, e, por

conseguinte, dos professores com os alunos.

Tabela 25 – Situações Funcionais Ritmo acelerado de trabalho dos professores das escolas públicas

estaduais de Manaus dos níveis fundamental e médio Resposta N. de Professores Percentual

Ruim 257 27,9%

Regular 479 52,1%

Bom 184 20,0%

Ótimo - 0,0%

Total 920 100,00%

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Os professores apontam 52,1% “Regular” e 27,9% “Ruim” para o ritmo acelerado de

trabalho, e apenas 20,0% considera “Bom”.

117

Tabela 26 – Situações Funcionais - Barulho constante no ambiente de trabalho Resposta N. de Professores Percentual

Ruim 331 36,0%

Regular 589 64,0%

Bom - 0,0%

Ótimo - 0,0%

Total 920 100,00%

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

O barulho constante no ambiente de trabalho recebeu 64% “Regular” e 36,05%

“Ruim”. Logo o resultado é preocupante, pois os barulhos podem causar danos a audição não

somente do professor, mas de todo o alunado, e ocasionar estresse.

Tabela 27 – Situações Funcionais - Ambiente fechado com má circulação de ar nas escolas públicas

estaduais de Manaus dos níveis fundamental e médio Resposta N. de Professores Percentual

Ruim 147 16,0%

Regular 589 64,0%

Bom 184 20,0%

Ótimo - 0,0%

Total 920 100,00%

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Com resultado de 64% “Regular” seguido de 16% “Ruim” e somente 20,0% “Bom”

da má circulação do ar, é um alerta para todos em relação sobre o meio ambiente de trabalho

do professor que está sendo infligido.

A ventilação artificial é necessária quando não exista ventilação natural, e se tratando

de uma sala de aula é condição básica para ter um meio ambiente de trabalho digno para todos

os sujeitos envolvidos. O item 17.5.1 e 2 da NR-17:

17.5. Condições ambientais de trabalho. 17.5.1. As condições ambientais de trabalho devem estar adequadas às

características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser

executado. 17.5.2. Nos locais de trabalho onde são executadas atividades que exijam solicitação

intelectual e atenção constantes, tais como: salas de controle, laboratórios,

escritórios, salas de desenvolvimento ou análise de projetos, dentre outros, são

recomendadas as seguintes condições de conforto.

118

Tabela 28 – Situações Funcionais - Fica muito tempo em pé?

Resposta N. de Professores Percentual

Ruim 405 44,0%

Regular 331 36,0%

Bom 148 16,1%

Ótimo 36 3,9%

Total 920 100,00%

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Dos professores pesquisados 44,0% responderam que é “Ruim” ficar muito tempo

em pé em seu meio ambiente laboral, seguido de 36,0% “Regular”, contudo 16,1% dos

entrevistados acham “Bom” ficar em pé e somente 3,9% professores demonstraram satisfação

em ficar em pé, pois responderam “Ótimo”.

4.4.4 Doenças Ocupacionais

A degradação do meio ambiente de trabalho dos docentes é um problema que está

ocorrendo em vários estados brasileiros, já algum tempo, os profissionais da área da educação

estão adquirindo doenças ocupacionais devido estarem expostos, acima do limite permitido

por lei, a agentes nocivos à saúde.

A definição exposta por Costa (2009, p. 72) é que as “Doenças ocupacionais são as

moléstias de evolução lenta e progressiva, originárias de causa igualmente gradativa e

durável, vinculadas às condições de trabalho”

Nota-se que os professores adoecem de forma silenciosa em seu meio ambiente

laboral devido a existência de alguns agentes agressores de natureza ambientais, situacionais e

comportamentais.

No Brasil, atualmente, existe o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGRs) que

regulamentam as normas preventivas para a proteção do meio ambiente, mas como é de forma

ampla, não contemplou as especificidades das doenças ocupacionais dos professores. Nota-se

que implantar e avaliar os procedimentos de saúde e segurança do trabalho nas escolas é

importante como forma preventiva contra o elevado número de doenças ocupacionais que têm

acometido os professores de Manaus.

Nas questões relacionadas ao Meio Ambiente do Trabalho – Doenças Ocupacionais

dos professores foram quantificadas as seguintes variáveis nas tabelas: Tabela 29 – Você já

119

foi acometido por alguma doença ocupacional?; Tabela 30 – Você já trabalhou doente?;

Tabela 31 – Você tem oportunidade de atividade de lazer e descanso?; Tabela 32 – Você sente

algum tipo de cansaço?; Tabela 33 – Você trabalha em um ambiente de trabalho saudável?;

Tabela 34 – Você possui plano de saúde particular? Ressalta-se que essas variáveis servem

para caracterizar a amostra em relação aos participantes.

Tabela 29 – Doenças Ocupacionais - Você já foi acometido por alguma doença ocupacional?

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

As doenças ocupacionais são uma realidade na vida de muitos docentes da rede

pública estadual de ensino de Manaus, como se pode perceber no resultado foram 80%

(47,9% “Às vezes”, 27,9% do “Raramente”, 4,2% “Sempre”) dos professores que foram

acometidos de alguma doença ocupacional.

Tabela 30 – Doenças Ocupacionais - Você já trabalhou doente?

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Observa-se que 80,1% dos docentes responderam “Às vezes”. Esse resultado

expressivo é negativo no que concerne à saúde e bem-estar desses trabalhadores, pois ir

trabalhar doente só vem comprovar o descaso com as doenças ocupacionais desses

trabalhadores, uma situação até desumana. Acredita-se que essa questão só irá melhorar após

esclarecimentos e conclusões completas na seara jurídica sobre esse tema.

120

Tabela 31 – Doenças Ocupacionais - Você tem oportunidade de atividade de lazer e descanso?

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Dos professores pesquisados observa-se que só 19,9% “Sempre” têm a oportunidade

de ter uma atividade de lazer e descanso, os outros 80,1% (52,0% “Às vezes”, 16%

“Raramente”, 12,1% do “Nunca”) dos professores são sedentários com grandes possibilidades

de adoecerem.

Tabela 32 – Doenças Ocupacionais - Você sente algum tipo de cansaço?

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Com 83,6% (50,4% responderam que sentem cansaço físico e mental, 10,4% só

sentem cansaço mental e 22,8% sentem cansaço só físico) de professores que sentem algum

tipo de cansaço, já é um alerta para futuros casos de absenteísmo na SEDUC/Am.

Tabela 33 – Você trabalha em um ambiente de trabalho saudável?

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

121

Nessa questão que envolveu o meio ambiente de trabalho dos professores teve 72%

(56% “Parcialmente”, 15,5% ”Não”) de docentes que responderam que não estão satisfeitos

com seu ambiente laboral, logo não é saudável.

Tabela 34 – Doenças Ocupacionais - Você possui plano de saúde particular ?

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

A maioria dos professores da pesquisa, uma média de 68,5%, “Não” possuem plano

de saúde particular. Somente 31,5% responderam que “Sim”. A saúde brasileira, na

atualidade, enfrenta dificuldades para atender toda a população, com isso, o professor da rede

pública de ensino não dispõe de tempo para enfrentar a fila de espera nas consultas de rotina

que ele necessite realizar para prevenir qualquer doença. A SEDUC/Am nunca realizou os

exames periódicos para a categoria, o único exame que é realizado é o admissional obrigatório

que é custeado com recursos próprios do professor.

Têm doenças ocupacionais dos professores adquiridas no Meio Ambiente de

Trabalho ou em razão dele que é objeto de estudo em nível nacional e internacional em

diversas áreas do saber, porém ressalta-se que no Brasil já foram inscritas muitas obras

científicas sobre as doenças que acometem os professores em seu ambiente laboral, uma delas

é da Rosiete Pereira da Silva que em sua dissertação de mestrado intitulado „Absenteísmo

docente: um estudo exploratório‟, analisou o significado, causas e consequências do

absenteísmo na vida do professor, dos últimos dez anos, por meio de exposições de diferentes

autores de teses, dissertações e artigos que podem ser obsevados em sua obra.

Para Bittar (2006, p. 76): “Os direitos da personalidade protegem a integridade física

da pessoa contra lesões ao seu corpo e à sua mente, consistindo na manutenção da higidez

física e mental do ser, opondo-se a qualquer atentado que venha a atingir essa pessoa.”

Como as doenças ocupacionais são diversas, conforme estudos da área da Ciência à

Saúde, foram selecionadas as mais comuns que ocorrem com os professores para análise:

Síndrome de Burnout (Sintomas Físicos e Mentais); LER (Lesões por Movimento Repetitivo)

/DORT – Distúrbios Osteomoleculares Relacionados ao Trabalho; Doenças da Voz; e

Doenças Psíquicas.

122

4.4.4.1 Síndrome de Burnout

A Síndrome de Burnout é também conhecida como Síndrome do esgotamento

profissional. Essa síndrome tem sido observada em todas as partes do mundo, pois seus

impactos são sobre os profissionais que trabalham com algum tipo de público, como é o caso

do professor, ela independe da idade e do sexo.

Para Sleegers (1999, p. 255) essa Síndrome nos professores merece uma reflexão:

Acredita que burnout deve ser analisado a partir das perspectivas sociológica,

psicológica e organizacional. Burnout em professores pode ser conceitualmente

definido dentro de uma abordagem interacional e considerado o resultado da

interação entre intenções e ações individuais do professor e suas condições de

trabalho.

Nessa pesquisa a Síndrome de Burnout recebeu uma divisão para melhor

acompanhamento do resultado da pesquisa, assim no primeiro momento foi pesquisado a

Síndrome de Burnout (sintomas físicos) e depois Síndrome de Burnout (sintomas psíquicos).

Na Síndrome de Burnout (SINTOMAS FÍSICOS) o ritmo acelerado leva muitos

trabalhadores a terem problemas de saúde, a Síndrome de Burnout é uma consequência disso,

essa doença ocasiona desgastes físicos e emocionais nos trabalhadores.

Essa síndrome é uma preocupação mundial, pois está aumentado e vem acometendo

muitos profissionais que trabalham com o público diariamente, pois ela se difere do stress

ocupacional, é resultante de um prolongado processo de desgaste físico e emocional, traz uma

sensação de desânimo em relação ao trabalho, ocorre de forma silenciosa, gradual, lenta e

imperceptível.

Em relação aos dados relacionados às questões sobre a Síndrome de Burnout Físico

foram quantificadas as seguintes variáveis nas tabelas: Tabela 35 – Dores de cabeça

constantes; Tabela 36 – Tonturas; Tabela 37 – Alterações no sono; Tabela 38 – Problemas

digestivos; Tabela 39 – Falta de ar; Tabela 40 – Excesso de cansaço. Ressalta-se que essas

variáveis servem para caracterizar a amostra em relação aos participantes.

A pergunta realizada para essa síndrome foi: Você tem ou já teve um destes

SINTOMAS FÍSICOS da Síndrome de Burnout, qual?

123

Tabela 35 – Síndrome de Burnout - Dores de cabeça constantes

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

A pesquisa demonstrou que 72,1% (47,9% “Às vezes”,12.1% “Sempre”, 12,1%

“Raramente”) dos professores entrevistados já foram acometidos de dores de cabeça em seu

ambiente laboral.

As dores de cabeça constante dos professores tem várias origens, porém como

trabalha diariamente com classes que têm entre 30 a 50 alunos a tendência é adoecer.

Tabela 36 – Síndrome de Burnout - Tonturas

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Dos professores pesquisados 52,1% responderam que “Nunca” tiveram tontura no

meio ambiente escolar, porém, os outros percentuais totalizaram 47,9% (20,5% “Raramente”,

23,5% “Às vezes”, 3,9% “Sempre”) de professores que já sentiram tonturas em seu meu

ambiente laboral.

Tabela 37 – Síndrome de Burnout - Alterações no sono

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

124

Em relação às alterações no sono houve um total de 76,2% (40,2% “Às vezes”,

20,0% “Raramente”, 16%) de professores que já foram acometidos por essa doença, ou seja,

não dormem normalmente.

A Revista Profissão Mestre publicou em setembro de 2013 uma reportagem de

Raphaella Ribas cujo título foi „Sono: um aliado que pode se tornar vilão‟:

Um estudo realizado pela psicóloga Luiza Elena Ribeiro do Valle, pesquisadora em

Medicina do Sono do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP),

aponta que há uma relação entre as noites mal dormidas com o estresse da rotina do

professor. A pesquisa, realizada no ano passado com 165 professores da rede pública

de Poços de Caldas, em Minas Gerais, mostra que 59% dos entrevistados

apresentavam estresse e 46,7% eram maus dormidores. Para se chegar ao resultado,

foi aplicado um inventário do sono, o PSQI-BR (Índice de Qualidade do sono de

Pittsburg), reconhecido internacionalmente como instrumento de avaliação do sono.

A maioria dos docentes da amostra é do sexo feminino (88,5%) e casada (59%).

A pesquisa só vem corroborar na comprovação que a Síndrome de Burnout traz

alterações no sono aos professores.

Tabela 38 – Síndrome de Burnout - Problemas digestivos

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Em relação aos problemas digestivos houve um total de 79,9% (48,0% “Às vezes”,

24,0% “Raramente”, 7,9% “Sempre”) dos professores que já tiveram algum problema

digestivo decorrente de problemas oriundos do meio ambiente escolar.

Tabela 39 – Síndrome de Burnout - Falta de ar

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

125

Dos professores pesquisados 52,2% responderam que “Nunca” tiveram falta de ar no

seu meio ambiente laboral, porém, 47,8% (27,9% “Raramente”, 16,0% dos “Às vezes”,

3,9%“Sempre”) que foram acometidos desse problema em seu ambiente laboral.

Tabela 40 – Síndrome de Burnout - Excesso de cansaço

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Em relação ao excesso de cansaço 88,6% (68,5% “Às vezes”, 12,10% “Raramente” ,

8% “Sempre”) dos professores sofreram e alguns ainda sofrem com esse problema na escola

em que trabalham.

Figura 3 – Resultado da Síndrome de Burnout – Sintomas Físicos - escolas públicas estaduais de Manaus

dos níveis fundamental e médio

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Assim, os resultados proporcionais dos Sintomas Físicos da Síndrome de Burnout

que estão acometendo de doenças os professores nas escolas estaduais públicas de Manaus

foram: 1º) Excesso de trabalho com 21%; 2º) Problemas digestivos com 19,0%; 3º)

Alterações do sono com 18%; 4º) Dores na cabeça teve 18,0%; 5º) Tonturas 12,0%; 6º) Faltas

de ar 12,0%.

Já a Síndrome de Burnout (SINTOMAS PSÍQUICOS) traz diversos sintomas que

prejudicam bastante a saúde desse profissional, pois desencadeia vários sintomas

Excesso de trabalho

21%

Problemas Digestivos

19%

Alteração do sono18%

Dores na cabeça18%

Tonturas12%

Falta de ar12%

SÍNDROME DE BURNOUT - SINTOMAS FÍSICOS

126

desagradáveis. Tal doença apareceu com a implantação das transformações no contexto

trabalhista, pois a crescente competitividade na reestruturação produtiva trouxe a ansiedade,

depressão, variedades no humor, perda da motivação pelo trabalho entre outras doenças

graves.

A Revista Profissão Mestre publicou em junho de 2013 uma reportagem de Yannik

D‟ Elboux cujo título foi „Professor em exaustão máxima‟:

Estudos revelam que os profissionais das áreas de saúde e educação são mais

vulneráveis à síndrome de burnout. Entretanto, é difícil encontrar dados

abrangentes sobre a incidência do problema entre os professores brasileiros. Um dos

estudos com maior amostragem foi realizado em 1999 pela Confederação Nacional

dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e pelo Laboratório de Psicologia da

Universidade de Brasília (UnB), coordenado pelo doutor em Psicologia Social

Wanderley Codo, com 39 mil profissionais de diversas redes estaduais. Atualizada

em 2002, segundo informações de Chafic Jbeili, a pesquisa incluiu professores de

redes municipais e particulares e demonstrou que 46% dos educadores de todos os

sistemas de ensino de nível básico enfrentam exaustão emocional, seja moderada ou

alta, e 32% têm baixo envolvimento no trabalho, fatores considerados relevantes

para o diagnóstico do burnout. Em um estudo com 499 professores de escolas

públicas e particulares do interior do Estado do Paraná e da região metropolitana de

Curitiba, coordenado pela professora Ana Benevides-Pereira, com dados coletados

em 2004 e divulgados em 2010, constatou-se que 43,8% dos docentes apresentavam

elevada exaustão emocional, sendo que 23,8% também revelaram altos níveis de

desumanização e 31,4% não se sentiam realizados com suas atividades laborais.

Nesse grupo, 65,9% dos participantes relataram o desejo de mudar de profissão.

No Brasil há divergências judiciais sobre o nexo causal entre o transtorno mental e o

trabalho, uma vez que não existe regramento específico sobre a Síndrome de Burnout e o

meio ambiente laboral do professor para responder adequadamente às demandas judiciais

submetidas à Justiça do Trabalho. Assim, esse tópico da presente pesquisa abordou as

seguintes questões sobre o tema supracitado usando as seguintes variáveis: Tabela 41 –

Ansiedade; Tabela 42 – Dificuldade em concentrar-se; Tabela 43 – Variações de humor;

Tabela 44 – Perda de motivação no emprego; Tabela 45 – Ficar isolado dos colegas de

trabalho. Ressalta-se que essas variáveis servem para caracterizar a amostra em relação aos

participantes.

A pergunta realizada para essa síndrome foi: Você tem ou já teve um

destes SINTOMAS PSÍQUICOS da Síndrome de Burnout, qual?

127

Tabela 41 – Síndrome de Burnout - Ansiedade

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

A pesquisa demonstrou que 80,6% (40,2% “Às vezes”, 16,0% “Sempre”, 23,8%

“Raramente”) dos professores entrevistados já foram acometidos de ansiedade.

Tabela 42 – Síndrome de Burnout - Dificuldade em concentrar-se

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Em relação àa dificuldade do professor concentrar-se houve um total de 76,2%

(48,2% “Às vezes”, 28,0% “Raramente” 16,0%) dos que já tiveram algum problema de

concentração em sala de aula.

Tabela 43 – Síndrome de Burnout - Variações de humor

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

A variação de humor no meio ambiente escolar pode ser um alerta de futuras doenças

mais graves no meio ambiente laboral dos professores. Na pesquisa houve 68,2% (52,2% “Às

vezes”, 16%“Raramente”) dos docentes que responderam ter vivido essa situação.

128

Tabela 44 – Síndrome de Burnout - Perda de motivação no emprego

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Nesta pesquisa 88,0% (52,1%“Às vezes”, 23,8%“Raramente”, 16,0% “Sempre”) dos

professores responderam que já ficaram desmotivados, em algum momento, no emprego.

Tabela 45 – Síndrome de Burnout - Ficar isolado dos colegas de trabalho

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Ficar isolado dos colegas de trabalho teve um total de 54.9% (15,2% “Às vezes”,

31,8%“Raramente”, 7,9% “Sempre) de professores que sofreram com tal problema, segundo o

resultado da pesquisa.

Figura 4: Síndrome de Burnout – Sintomas psíquicos - escolas públicas estaduais de Manaus dos níveis

fundamental e médio

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Perda de motivação (emprego)

24%

Ansiedade22%Dificuldade de

concentração21%

Variação do humor

18%

Isolamento dos colegas de trabalho

15%

SÍNDROME DE BURNOUT - SINTOMAS PSÍQUICOS

129

Assim, os resultados proporcionais dos Sintomas Psíquicos da Síndrome de Burnout

que estão acometendo de doenças os professores nas escolas estaduais públicas de Manaus

foram: 1º) Perda de motivação no emprego 24,0%. 2º) Ansiedade 22,0%. 3º) Dificuldade em

concentrar-se teve 21,0%. 4º) Variações de humor houve 18,0%. 5º) Ficar isolado dos colegas

de trabalho teve um total de 15,0%.

O resultado teve a “Perda de motivação no emprego” com a maior percentagem

24,0% das respostas dos educadores que se declararam desmotivados, sabe-se que essa

desmotivação está relacionada a vários fatores que podem ser constatados nesta pesquisa.

Esse resultado da Síndrome de Burnout com sintomas psíquicos contribuiu para o alto índice

de absenteísmo dos professores pesquisados em Manaus, aparecendo como uma forma do

docente buscar um alívio que o permita escapar das tensões trazidas pelo exercício da

profissão.

Jesus (2004 apud WARR, 1982) descreve um estudo realizado com professores:

Um estudo realizado na Inglaterra, em que participaram 3.555 professores,

verificou-se que cerca de 67% deixariam de trabalhar como docentes se tivessem

dinheiro para viver confortavelmente durante o resto da vida. De acordo com esse

posicionamento, nota-se que atualmente, a imagem do professor está em declínio

(OLIVER et al, 1988; SACRISTÁN, 1991).

4.4.4.2 LER (Lesões por Movimento Repetitivo) /DORT – Distúrbios Osteomoleculares

Relacionados ao Trabalho

O professor no seu cotidiano escolar realiza alguns movimentos necessários para

executar suas atividades laborais, porém quando essas atividades são realizadas de maneira

repetitiva ou com postura inadequada podem prejudicar sua saúde.

Há uma diferença entre a LER e DORT. A LER não é ocasionada

necessariamente no ambiente de trabalho ao passo que a DORT são lesões

relacionadas ao trabalho profissional realizado no cotidiano, no caso do professor.

Corroborando Osvaldo Michel (2001, p. 262) cita:

Doença ocupacional comum e grave na classe trabalhadora, cujo sintomas

apresentados são inflamação do músculos, dos tendões, dos nervos e articulações

dos membros superiores (dedos, mãos, ombros, braços, ante-braços e pescoço)

causada pelo esforço repetitivo exigido na atividade laboral que requer do

trabalhador o uso forçado de grupos musculares, como também, a manutenção de

postura inadequada.

Em relação aos dados relacionados as LER (Lesões por Movimento Repetitivo)

/DORT – (Distúrbios Osteomoleculares Relacionados ao Trabalho) foram quantificadas as

seguintes variáveis nas tabelas: Tabela 46 – Postura inadequada; Tabela 47 – Excesso no

130

trabalho; Tabela 48 – Síndrome do túnel de carpo (parte das mãos); Tabela 49 – Síndrome do

manguito rotatório (parte do ombro); Tabela 50 – Epicondicites (região lateral do cotovelo);

Tabela 51 – Bursites (doença no ombro); Tabela 52 – Tendinites (doença no ombro); Tabela

53 – Rinites; Tabela 54 – Sinusites; Tabela 55 – Faringites crônicas; Tabela 56 – Alergias;

Tabela 57 – Lombalgia (ou dor lombar baixa). Ressalta-se que essas variáveis servem para

caracterizar a amostra em relação aos participantes.

A pergunta realizada para essas doenças foi :Você tem ou já teve problemas de LER

(Lesões por Movimento Repetitivo) ou DORT (Distúrbios Osteomoleculares Relacionados ao

Trabalho)?

Tabela 46 – LER ou DORT - Postura inadequada

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Tabela 47 – LER ou DORT - Excesso no trabalho

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Tabela 48 – LER ou DORT - Síndrome do túnel de carpo ( parte das mãos)

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

131

Figura 5: : LER ou DORT - Síndrome do túnel de carpo ( parte das mãos)

Fonte: Centro de Ortopedia e imagem - Ortoimagem Disponível em:

<http://www.ortoimagemtb.com.br/noticias/sindrome-do-tunel-do-carpo-doenca-comum-em-consultorio-

de-ortopedia>. Acesso em: 15.02.2016

Tabela 49 – LER ou DORT - Síndrome do manguito rotatório (parte do ombro)

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Figura 6: LER ou DORT - Síndrome do manguito rotatório (parte do ombro)

Fonte: Artroscopia no Ombro - Dr. Rafael Patrocínio Disponível em:

<http://rafaelpatrocinio.site.med.br/areadopaciente/index.asp?PageName=Rupturas-20do-20Manguito-

20Rotador>. Acesso em: 15.02.2016

132

Tabela 50 – LER ou DORT - Epicondicites (região lateral do cotovelo)

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Figura 7: LER ou DORT - Epicondicites (região lateral do cotovelo)

Fonte: Ortopedia ombro e cotovelo/ Esporte – Dr. Leonardo Canivatto Disponível em:

<http://www.dornoombro.com/problemascomuns/>. Acesso em: 15.02.2016

Tabela 51 – LER ou DORT - Bursites (doença no ombro)

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Figura 8: LER ou DORT - Bursites (doença no ombro)

Fonte: Quick massagem Disponível em: <http://quickmassagepassoapasso.com.br/tendinite/> Acesso em:

15.02.2016

133

Tabela 52 – LER ou DORT - Tendinites (doença no ombro)

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Tabela 53 – LER ou DORT - Rinites

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Figura 9 – LER ou DORT - Rinites

Fonte: Sepam – Clínica e Cirurgia. Disponível em: <http://www.clinicasepam.com.br/site/?page_id=72>.

Acesso em: 15.02.2016

134

Tabela 54 – LER ou DORT - Sinusites

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Figura 10 – LER ou DORT - Sinusites

Fonte: SaudeMedicina.com. Disponível em: http://www.saudemedicina.com/remedios-naturais-para-

sinusite/. Acesso em: 15.02.2016.

Tabela 55 – LER ou DORT - Faringites crônicas

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

135

Figura11 – LER ou DORT - Faringites crônicas

Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em:< https://pt.wikipedia.org/wiki/Faringite>. Acesso

em: 15.02.2016

Tabela 56 – LER ou DORT - Alergias

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Tabela 57 – LER ou DORT - Lombalgia (ou dor lombar baixa)

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Figura 12 – LER ou DORT - Lombalgia (ou dor lombar baixa)

Fonte: IPC- Instituto de Patologia da Coluna. . Disponível em:

http://patologiadacoluna.com.br/lombalgia/. Acesso em: 15.02.2016.

136

O número de professores acometidos por lombalgia é alto como está demonstrando a

pesquisa, tal doença causa o absenteísmo nas escolas públicas estaduais de Manaus. Notou-se

ao longo desse trabalho que as pesquisas epidemiológicas sobre o lombalgia e o meio

ambiente de trabalho do professor ainda são escassas, pois quando o professor está doente, na

maioria das vezes, não são emitidos a Comunicação de Acidente de Trabalho – CAT à

Previdência Social dos acidentes do trabalho ou de trajeto bem como de uma doença

ocupacional.

O art. 169 da CLT e o art. 22 da Lei 8.213/91 regem sobre a notificação que deve

ocorrer da CAT, caso não ocorra é considerado crime conforme consta no art. 29 do Código

Penal. Sua emissão precisa ocorrer no prazo até um dia útil após o fato.

Figura 13 – Frequências das principais LER e DORT relatadas pelos docentes das escolas públicas

estaduais de Manaus dos níveis fundamental e médio

Frequências das Principais LER e DOT relatadas pelos Docentes das escolas públicas

estaduais da cidade de Manaus – níveis fundamental e médio

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Ficou evidenciado no quadro sobre as LER (Lesões por Movimento Repetitivo)

/DORT – Distúrbios Osteomoleculares Relacionados ao Trabalho que os professores das

escolas públicas estaduais de Manaus estão sendo acometidos das doenças supracitadas e que

elas são uma realidade no seu meio ambiente do trabalho.

137

1º) Lombalgia (ou dor lombar baixa) foi a doença que mais prejudicou os

professores com um percentual: 82,9% ;

2º) O Excesso de trabalho, Alergias, Rinites e Faringites crônicas tiveram o

mesmo índice de 76,2%;

3º) Sinusites teve 72,0% ;

4º) Bursites (doença no ombro) teve 59,9%;

5º) Duas patologias tiveram 52,1%: Postura inadequada e a Síndrome do

manguito rotatório (parte do ombro);

6º) Epicondicites (região lateral do cotovelo) teve 43,80% ;

7º) Tendinites (doença no ombro) teve 48,9%;

8º) Síndrome do túnel de carpo(parte das mãos) teve 43,8%.

Segundo o pesquisador da Fiocruz Codo (2005, p. 2) o professor está vulnerável a

doenças diversas :

É uma categoria acometida por diversas patologias que do ponto de vista da

medicina do trabalho podem ser enquadradas como ocupacionais, em especial a

laringite, mas entre os professores, ela não é tratada como doença ocupacional pela

grande parte dos empregadores. Fica evidente que os professores são profissionais

que têm no seu aparelho fonador um dos elementos fundamentais para o exercício

de seu trabalho.

Para corroborar com esse entendimento há uma decisão judicial noticiada pelo

Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Municipal de Campinas (STMC):

Sindicato ganha na Justiça ação que indeniza professor com LER

Indenização arbitrada em 40 (quarenta) salários mínimos por danos morais

Um servidor, professor da rede municipal de ensino, procurou a Diretoria do STMC

com uma situação de LER (Lesão por Esforços Repetitivos). Ao identificar a

situação, o STMC, por meio de seu departamento jurídico, entrou com ação e obteve

sentença favorável, em que o juiz reconhece que devido às atividades exercidas, o

professor sofreu lesão caracterizada como doença ocupacional, isso devido aos

excessos realizados no desempenho de suas atividades.

A doença profissional do servidor era incontroversa, pois há vários diagnósticos

onde a PMC informa que o problema era crônico e apresenta-se nos membros

superiores. Antes de ingressar no serviço público, o servidor não tinha problemas de

saúde. Na sentença dada pelo juiz está descrito que, “periciado, o requerente foi

diagnosticado como portador de "osteoartrose acrômio clavicular e tendinopatia

supra espinhal a direita e espondilose cervical" (fls. 64). O nexo causal com o

trabalho está assim estabelecido: "as alterações no tendão supra espinhal direito,

pelas características dos sintomas e relato das funções laborais como sendo condição

clínica multicausal, precipitada por acúmulo de influências (atividades músculo -

esqueléticas) que ultrapassam a capacidade de adaptação dos tecidos moles

envolvidos, normalmente relacionado à força muscular empreendida, postura

incorreta, repetitividade dos movimentos e compressão dos membros envolvidos,

podendo a osteoartrose acrômio-clavicular direita e o trabalho terem contribuído

138

como fatores de agravo." (fls. 64)”.A sentença inda declara que “a própria

Prefeitura, ora requerida, reconheceu através de parecer médico ocupacional que o

requerente deveria evitar esforços físicos, movimentos repetitivos e elevar os braços

acima dos ombros, reconhecendo, naquele momento, a incapacidade laborativa

parcial (fls. 11).”O juiz considerou então adequada a fixação da indenização em

quarenta 40 salários mínimos, valor hoje equivalente a R$ 24.880,00, condenando a

Prefeitura Municipal de Campinas a pagar o trabalhador. Fonte: STMC- Sindicato

dos Trabalhadores do Serviço Público Municipal de Campinas

Diante dessa realidade, os professores são expostos à realização de atividades em

condições desfavoráveis e contínuas que trazem essas enfermidades.

4.4.4.3 Doença da Voz

A voz é uma característica humana que possui uma importância singular no processo

de comunicação. Todos que a usam com mais intensidade e maior tempo em situações

adversas sem prevenção tende a ter problemas vocais. A alteração da voz desperta maiores

cuidados quando o problema compromete a qualidade de vida do indivíduo, como toda

doença.

Wikipédia, a enciclopédia livre8 encontramos:

A voz é uma característica humana intimamente relacionada com a necessidade do

homem de se agrupar e se comunicar. Ela é produto da sua evolução, um trabalho

em conjunto do sistema nervoso, respiratório e digestivo, e

de músculos, ligamentos e ossos, atuando harmoniosamente para que se possa obter

uma emissão eficiente.

A voz é o instrumento de trabalho de alguns profissionais que a usam em suas

atividades laborais no dia a dia, como é o caso do professor, e por isso está vulnerável a

distúrbios em suas cordas vocais que, quando não tratadas, podem levá-lo à morte.

Os problemas vocais dos professores é um problema de caráter nacional e

internacional, e já vem despertado a atenção de alguns países, já a algum tempo, devido o alto

índice de docentes que têm sido acometidos de distúrbios vocais.

Zambom e Behlau (2009, p. 5) apresentaram no 17º Congresso Brasileiro de

Fonoaudiologia e 1º Congresso Ibero-Americano de Fonoaudiologia suas pesquisas sobre o

Panorama epidemiológico sobre a voz do professor no Brasil:

Em 2004, um grupo da Universidade de Utah (EUA) publicou em uma conceituada

revista científica na área de voz (Journal of Voice) a maior pesquisa já realizada

8Wikipédia, a enciclopédia livre . Disponível em:< https://pt.wikipedia.org/wiki/Voz_humana>. Acesso em:

29.04.2016

139

sobre a voz dos professores. O estudo investigou 1243 professores das cidades de

Utah e Iowa (EUA) e os comparou com um grupo de 1279 indivíduos da população

em geral, que não eram e nunca tinham sido professores. Esse grande estudo

epidemiológico pode comprovar que professores sofrem mais de problemas vocais

relacionados ao trabalho, quando comparado com a população geral.Verificou

também que professores faltam mais ao trabalho devido a problemas vocais e

consideram mais a necessidade de mudar de ocupação no futuro devido a um

transtorno de voz.

O docente deve cuidar de sua voz desde o início de sua carreira, pois ela é frágil e

quando usada de forma inadequada por longo tempo traz consequências irreversíveis, como:

limitações físicas, emocionais e profissionais.

Outras áreas de conhecimento vêm estudando, a algum tempo, com maior

profundidade sobre as doenças relacionadas àas cordas vocais dos professores. Desde 2004, o

Comitê de Voz Profissional do Departamento de Voz da Sociedade Brasileira de

Fonoaudiologia (SBFa) tem feito um levantamento sobre essa temática. Com isso, as

Doutoras: Maria Lúcia Suzigan Dragone9, Susana Pinto Pimentel Giannini

10, Léslie Piccolotto

Ferreira11

, a Mestre Bruna Mateus Rocha de Andrade12

e a mestranda Érika Sousa

Ditscheiner13

publicaram um levantamento intitulado „A voz do Professor‟ que reuniu 900

obras científicas publicadas no período compreendido entre 2008-2012. Desse levantamento

vem explícito, no quadro 1. 347 fontes bibliográficas sobre a saúde da voz do professor.

A VOZ DO PROFESSOR

Resumo: o Comitê de Voz Profissional do Departamento de Voz da Sociedade

Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa) tem realizado desde 2004 um levantamento da

produção sobre voz profissional. Esse levantamento tem sido frequentemente

atualizado e considerado importante para a própria área conhecer sua produção,

assim como auxiliar novos pesquisadores na busca por pesquisas sobre a temática.

Objetivo: atualizar o levantamento de publicações referentes à voz do professor no

período de 2008 a 2012. Método: procurou-se levantar publicações indexadas em

bases de dados; consultar bibliotecas e sites de instituições; levantar anais de

congressos de Fonoaudiologia; buscar referências bibliográficas citadas em artigos

da área; rastrear currículo de pesquisadores na Plataforma Lattes do Conselho

Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) que demonstraram

produção efetiva sobre o tema. Todas as produções foram categorizadas quanto ao

ano de publicação, tipo de divulgação, e número de autores. Resultados: foram

computadas 347 produções de fontes referentes à voz do professor no período

analisado, com registro de média/ano de 69,4 fontes. Mais uma vez, a divulgação em

anais foi a forma utilizada em maior número pelos fonoaudiólogos (217-62,5%),

seguido por artigos (66 - 19%). As fontes contaram com a participação de 1 a 9

autores, com registro de 3 em média. Conclusão: na somatória das atualizações

sobre a temática, observa-se que a área conta com mais de 900 publicações, fato

que evidencia que a voz do professor permanece como objeto priorizado nas

pesquisas dos fonoaudiólogos, interessados em compreender as condições de

produção da voz no contexto de trabalho. (Grifo nosso)

9 Fonoaudióloga. Doutora em Educação pela UNESP

10 Fonoaudióloga. Doutora em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da USP

11 Fonoaudióloga. Doutora em Distúrbios da Comunicação Humana pela UNIFESP

12 Mestrado em Fonoaudiologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo .

13 Mestranda no Programa de Pós-graduação em Fonoaudiologia da PUC-SP

140

Diante desse estudo percebe-se que a doença da voz é preocupante, pois vem

acometendo vários professores de lesões vocais, e esse quadro é agravado devido a

inobservância da higidez do meio ambiente laboral desses profissionais e pela falta de

prevenção.

Em relação às Doenças da Voz foram quantificadas as seguintes variáveis nas

tabelas: Tabela 58 – Rouquidão com mais de 10 dias; Tabela 59 – Nódulos; Tabela 60 –

Pólipos; Tabela 61 – Edemas nas pregas vocais; Tabela 62 – Câncer. Ressalta-se que essas

variáveis servem para caracterizar a amostra em relação aos participantes.

A pergunta realizada para início dessa pesquisa sobre as doenças da voz foi: Você

tem ou já teve doenças relacionadas à voz?

Tabela 58 – Doença da Voz - Rouquidão com mais de 10 dias

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Tabela 59 – Doença da Voz - Nódulos

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Tabela 60 – Doença da Voz - Pólipos

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

141

Tabela 61 – Doença da Voz - Edemas nas pregas vocais

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Tabela 62 – Doença da Voz - Câncer

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Figura 14 – Resultado das Doenças da Voz - escolas públicas estaduais de Manaus dos níveis fundamental

e médio

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

O Resultado da pesquisa sobre as doenças da voz:

1º) Rouquidão com mais de 10 dias teve 88,0%;

2º) Duas patologias tiveram 70,8% :Edemas nas pregas e Nódulos;

3º) Pólipos com 40,1%;

4º) Câncer teve 0,0% de respostas “Não”, logo nenhum professor com câncer.

Observa-se que esse item poderia ser melhor explorado junto à Junta Médica do

Amazonas, pois essa doença é complexa e de difícil cura, mas a pesquisa foi

indeferida nesse órgão.

142

O estudo pôde concluir que os professores da rede estadual de Manaus apresentam

múltiplos sinais e sintomas vocais, com destaque para a rouquidão com mais de 10 dias,

seguido dos nódulos e edemas nas pregas vocais.

O expressivo resultado negativo sobre as doenças vocais nesta pesquisa só vem

confirmar a doença e o descaso no Estado do Amazonas, pois pesquisas internacionais e

nacionais de outras regiões mais aprofundadas já tinham sido feitas e medidas protetivas,

mesmo que isoladas, foram tomadas, como aconteceu em São Paulo.

4.4.4.4 Doenças Psíquicas

O entendimento do adoecer psíquico dos docentes, por se tratar de um tema relevante

e com a alta incidência de ocorrência nessa classe, principalmente nas escolas públicas,

tornou-se preocupante para a sociedade de vários países. As doenças psíquicas do educador é

complexa e envolve problemas internos (oriundos de sua personalidade) e externos

(provenientes do meio ambiente do trabalho, familiares, e conjunturas político-sociais).

Nunes Sobrinho (2008, p. 82) diferencia estresse de estresse ocupacional:

O estresse é um estado geral de tensão também fisiológica e que tem uma relação

direta com as demandas do ambiente. O estresse ocupacional constitui-se em

experiência individual, extremamente desagradável, associada a sentimentos de

hostilidade tensão, ansiedade, frustração e depressão, desencadeados por estressores

localizados no ambiente de trabalho.

Em relação às Doenças Psíquicas foram quantificadas as seguintes variáveis nas

tabelas: Tabela 63 – Estresse Ocupacional; Tabela 64 – Ansiedade; Tabela 65 – Depressão;

Tabela 66 – Síndrome do pânico. Ressalta-se que essas variáveis servem para caracterizar a

amostra em relação aos participantes.

O questionamento inicial das doenças psíquicas foi: Você apresenta algum problema

de saúde mental relacionado ao seu trabalho?

Tabela 63 – Doenças Psíquicas - Estresse Ocupacional

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

143

Tabela 64 – Doenças Psíquicas - Ansiedade

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Tabela 65 – Doenças Psíquicas - Depressão

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Tabela 66 – Doenças Psíquicas - Síndrome do pânico

Fonte: Dados da pesquisa

Figura 15 – Resultado das Doenças Psíquicas das escolas públicas estaduais de Manaus dos níveis

fundamental e médio

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

432379

36 73111

257

441

111

384 389

147

0

185

662

730

0

100

200

300

400

500

600

700

Sim Não As Vezes Não, já tive

Doenças Psíquicas dos professores das escolas públicas estaduais de Manaus - níveis médio e

fundamental

Estresse Ocupacional Ansiedade Depressão Sindrome do Pânico

144

O Gráfico acima apresenta o resultado sobre as doenças psíquicas relatadas pelos 920

professores das escolas da rede pública de Manaus demonstra:

1º) Ansiedade teve 72,1%;

2º) Estresse Ocupacional com 58,8%;

3º) Depressão com 57,7%;

4º) Síndrome do pânico com 20,1% “Sim”.

O resultado do estudo apontou a existência de doenças psíquicas nos professores

pesquisados. Houve um destaque de 72,1% para a ansiedade seguida de estresse ocupacional,

tais resultados são preocupantes. Essas doenças psíquicas trazem mal-estar ao professor

causando o esgotamento emocional, vale ressaltar que sua experiência é muito pessoal, porém

suas consequências atingem os demais membros da comunidade escolar.

Para a OMS (1993) “estamos na Era da Ansiedade, decorrente da turbulência

resultante da competição, das dificuldades relacionais, do consumismo desenfreado, das

atrocidades e discrepâncias sociais, das injustiças e da corrupção generalizada, entre outros”.

Nota-se que são tantas transformações que se processam no mundo, e com isso os

seus reflexos, seara do trabalho do professor, são inevitáveis. Assim, a saúde mental do

docente tem sido objeto de estudo em outras ciências, já algum tempo, pois é crescente o

aumento de casos de professores com transtornos mentais.

Para exemplificar Both (2011, p. 15) cita:

Entre os problemas enfrentados na profissão docente, alguns investigadores tanto

nacionais (GATTI, 1997; LAPO e BUENO, 2003; DELCOR et al., 2004; LÜDKE e

BOING, 2004; BRAGGER et al., 2005; CHIU et al., 2006; CHIU e LAM, 2007)

quanto internacionais (ANDREWS, 1993; DORMAN, 2003; NILAN, 2003;

SOUSA, 2004; BRAGGER et al., 2005; CHIU et al., 2006; CHIU e LAM, 2007)

têm analisado o alto índice de doenças detectadas oriundas do meio ambiente

desfavorável a saúde desses trabalhadores.

Constatou-se que as doenças psíquicas levam o sujeito a um nível de desequilíbrio

emocional que traz consequências negativas ao professor, assim o maior bem que precisa ser

tutelado é a vida, através da prevenção do meio ambiente laboral.

Na obra de Strieder e Schacker (2010, p 13): „Depressão e ansiedade em professores:

implicações educacionais e profissionais‟ foi desenvolvida uma pesquisa em Santa Catarina

que mostrou a existência de significativos índices de ansiedade e depressão dos professores:

Após as reflexões realizadas, tanto com base em referenciais teóricos quanto aquela

a partir dos resultados da pesquisa de campo, podemos dizer que a ansiedade define

um estado de alerta, que amplia o estado de atenção diante de uma situação de

perigo real ou imaginário. Ela está presente como uma sensação difusa,

desagradável, de apreensão, acompanhada por sensações físicas como mal-estar

gástrico, palpitações, sudorese excessiva e cefaleia.

145

A elevada prevalência de doenças psíquicas nos professores da rede pública estadual

de Manaus precisa ser foco de ações que melhorem as condições de seu meio ambiente

laboral.

Diante do exposto, pode-se obsevar o resultado geral das doenças ocupacionais mais comuns

que motivaram os afastamentos dos professores da rede pública da cidade de Manaus/Am:

Figura 16 – Panorama dos níveis de doenças ocupacionais dos docentes das escolas públicas estaduais de

Manaus dos níveis fundamental e médio

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

No resultado geral das doenças ocupacionais foi demonstrado que os professores da

rede pública estadual de Manaus estão sendo lesados, pois seu direito constitucional à sadia

qualidade de vida está sendo infligido, em especial, em seu direito à vida e à sua integridade

física.

Verificou-se nesse resultado que em todas as doenças apresentadas o resultado foi

expressivo e preocupante, porém a Síndrome de Burnout (físico) teve maior destaque com

88,6%, seguido da Síndrome de Burnout (psíquico) e as Doenças da voz que tiveram 88,0%.

A LER/DORT tiveram um resultado de 82,9% e por último ficou a Doença Psíquica com

72,1%.

Sabe-se da existência de leis ambientais que protegem o meio ambiente, e como o

meio ambiente do trabalho é um de seus aspectos merece também igual atenção, contudo,

apesar das regulamentações dessas leis no que concerne a preservação do meio ambiente

saudável e equilibrado, pouco foi feito para efetivá-la no meio ambiente laboral do professor

no estado do Amazonas.

LER/DORT; 82,9%

Psíquica; 72,1%

Voz; 88,0%

Sindrome de Burnout (físico);

88,6%

Sindrome de Burnout (psíquico);

88,0%

0,0%10,0%20,0%30,0%40,0%50,0%60,0%70,0%80,0%90,0%

100,0%

LER/DORT Psíquica Voz Sindrome de Burnout (físico)

Sindrome de Burnout (psíquico)

PANORAMA DOS NÍVEIS DE DOENÇAS OCUPACIONAIS DOSDOCENTES DA E.E. DE MANAUS

146

A inércia da sociedade e do Poder Público diante de tal situação de mal-estar do

professor do Amazonas precisam de uma reflexão crítica, pois as doenças são reais e estão

atingindo uma categoria de trabalhadores. Urge, que medidas protetivas sejam criadas e

verdadeiramente aplicadas para combater esses reais problemas.

4.4.5 Prevenção no meio ambiente de trabalho

Acredita-se que nunca existirá risco zero nas atividades trabalhistas, pois é utopia,

mas medidas preventivas pode minimizar o caos que está o meio ambiente laboral do

professor no estado do Amazonas. Para Luhmann (1992, p. 72): “não existe nenhuma conduta

livre de risco”. O meio ambiente de trabalho saudável vai muito além de uma estrutura física

perfeita.

Para Bessa (2009, p. 4):

Sabe-se que o risco tem aumentado com o crescimento econômico e com isso são

ampliados os direitos de proteção do trabalhadores em geral, porém o que se busca é

a aplicabilidade da lei no concerne a proteção e a prevenção do meio ambiente do

trabalho dos professores.

O que se espera do Poder Público e dos empregadores são o cumprimento das leis

preventivas existentes no ordenamento jurídico brasileiro para que o professor possa usufruir

de um meio ambiente de trabalho digno e saudável.

4.4.5.1 Situações de riscos que ocorrem no meio ambiente do trabalho

As situações de riscos que ocorrem no meio ambiente do trabalho do professor é fato

notório no Brasil, pois seu trabalho é com público de diferentes faixas etárias e de diferentes

níveis de ensino diariamente, eles estão expostos a diversos riscos, entre eles os riscos

psicossociais, pois a realidade de seu trabalho necessita está em sintonia com suas

expectativas profissionais.

Segundo Arantes (2008, p. 91):

Alguns trabalhadores estão mais expostos a riscos de doenças em razão do trabalho.

Assim ocorre com os bancários, com os professores e empregados no setor da

educação. São categorias consideradas, hoje, dentre as que mais expõem ao risco de

doença ocupacional, em razão do trabalho que executam.

Diante disso, percebe-se a fragilidade do meio ambiente laboral do professor, esse

desequilibrado com o passar dos anos traz seu esgotamento físico e mental e os leva a

contraírem lesões e doenças ocupacionais diante da situação dessa vulnerabilidade.

147

Desde 1981 a Organização Internacional do Trabalho OIT considerou a profissão de

professor como uma atividade de risco, e pouco foi feito no Brasil para reverter o quadro. É

interessante que a maioria dos professores nada fazem para melhorar essa situação, ficam

inertes, mesmo em movimento de greve, situação paradoxal e mais preocupante ainda, pois

sofrem em silêncio.

Em relação as situações de riscos que ocorrem no Meio Ambiente do Trabalho foram

quantificadas as seguintes variáveis nas tabelas: Tabela 67 – Constrangimento por não

acompanhar as inovações tecnológicas; Tabela 68 – Ritmo de trabalho intenso; Tabela 69 –

Violência física; Tabela 70 – Violência verbal; Tabela 71 – Assédio moral; Tabela 72 –

Assédio sexual. Ressalta-se que essas variáveis servem para caracterizar a amostra em relação

aos participantes.

A pergunta realizada para início dessa pesquisa: Você já sofreu algum desses tipos de

riscos no meio ambiente de trabalho?

Tabela 67 – Situações de riscos - Constrangimento por não acompanhar as inovações tecnológicas

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Tabela 68 – Situações de riscos - Ritmo de trabalho intenso

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Tabela 69 – Situações de riscos - Violência física

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

148

Tabela 70 – Situações de riscos - Violência verbal

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Tabela 71 – Situações de riscos - Assédio moral

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Tabela 72 – Situações de riscos- Assédio sexual

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

O resultado das Situações de riscos que ocorrem no meio ambiente do trabalho:

1º) Ritmo de trabalho intenso 64% (16,1% “Sim”, 47,9% “Às vezes”);

2º) Violência verbal 59,9% “Sim”;

3º) Assédio moral 39,0% “Sim”;

4º) Constrangimento por não acompanhar as inovações tecnológicas 26,0%

“Sim”;

5º) Assédio sexual 3,9%“Sim”.

Ao analisar o resultado supracitado observa-se que o ritmo de trabalho acelerado dos

professores destacou-se com 64% na presente pesquisa, logo esse excesso está cansando e

adoecendo os professores da rede pública estadual de ensino da cidade de Manaus, tal excesso

de trabalho pode ter várias causas, mas a mais clara está nas políticas públicas ineficientes que

não acompanham as mudanças constantes na sociedade.

Na seara jurídica esse excesso de trabalho é conhecida como jornada de trabalho,

possui peculiaridades do Direito do Trabalho, porém quando infligidos direitos de uma

categoria muda-se a tutela para o Direito Ambiental, pois passa a ser um Direito Difuso.

149

Cabe esclarecer uma diferença entre jornada de trabalho e horário de trabalho. Para

Zenni e Rafael (2009, p. 130):

O horário de trabalho representa o momento inicial e terminal do trabalho, e a

jornada todo o espaço de tempo à disposição do empregador, compreendendo, ainda,

intervalos, disponibilidades, paralisações, extraordinárias, etc.

Existem dois tipos de violências: a física e a verbal, ambas causam danos ao

trabalhador. Como resultado desta pesquisa não houve violência física contra os professores

pesquisados, porém a Violência Verbal destacou-se com 59,9% do percentual, essa violência,

às vezes, atinge a alma, pois seus danos demandam de tempo para serem tratados, pois as

situações humilhantes e constrangedoras que ocorrem diariamente no ambiente escolar é o

alimento para o desencadeamento para as doenças ocupacionais.

O Assédio Moral teve 39,0% “Sim”, logo vem ocorrendo no ambiente escolar e

nada está sendo feito. Sabe-se que o assédio moral também é conhecido como abuso de poder

e está dividido em: vertical e paritário. No assédio vertical surge de duas maneiras: o assédio

descendente e o ascendente.

Assim nesta pesquisa houve o assédio moral vertical ascendente, ou seja, de alunos

para os professores (ocorre frequentemente quando há o desrespeito ao docente) e também de

forma descendente entre superior hierárquico e professor (humilhações frequentes e, às vezes,

em público). Não houve o paritário, pois não há o isolamento de nenhum professor causado

por algum grupo de outros professores.

O Constrangimento por não acompanhar as inovações tecnológicas teve 26,0%

“Sim”, logo o avanço nas inovações tecnológicas estão acontecendo em todas as áreas do

conhecimento em nível mundial, e acompanhá-la passou a ser uma necessidade de qualquer

profissional, porém precisa ser oportunizado treinamentos pelo empregador dentro do horário

de trabalho.

Barreto (1996, p. 4) reforça a necessidade de uma formação aos professores de

maneira que venha se cumprir os Parâmetros Curriculares Nacionais:

Não é mais possível em mais uma proposta de governo ser "esquecida" a obrigação

dos dirigentes da nação com a formação sólida e continuada dos principais

formadores de mentalidade do país.

Segundo a pesquisa, em Manaus, o governo do Estado, ao longo do anos, não

conseguiu acompanhar os avanços tecnológicos, pois embora tenha se “modernizado” não

ofereceu cursos preparatórios para o uso das poucas tecnologias oferecidas. Outro obstáculo,

150

segundo eles, é a falta do wi-fi14

em sala de aula, pois em pleno século 21 a internet no

Amazonas ainda é lenta, pois o seu sinal não é de qualidade.

4.4.5.2 Direitos

Ter o direito a um meio ambiente de trabalho hígido é o que estabelece a

Constituição Federal de 1988, pois esse aspecto ambiental estar interligado intrinsecamente à

vida, pois o reconhece como o maior bem a ser tutelado pelo Direito Ambiental.

Ter um meio ambiente do trabalho saudável é um Direito Constitucional como já foi

estudado no segundo capítulo deste trabalho. Assim, buscou-se nesse item da pesquisa

aprofundar a relação do direito dos professores de Manaus em alguns pontos específicos,

como: o quantitativo de afastamento por licenças médicas, o direito do professor readaptado,

o ajuizamento de ações contra sua instituição empregadora e a efetividade do direito à

informação de seus direitos sobre suas doenças ocupacionais.

Em relação aos Direitos foram quantificadas as seguintes variáveis nas tabelas:

Tabela 73 – Você já teve algum afastamento médico por doença; Tabela 74 – Tirou várias

licenças e foi readaptado(a). Qual foi a doença que o(a) levou à readaptação?; Tabela 75 –

Você ajuizou alguma ação judicial contra o Estado pelo motivo de doenças ocupacionais?;

Tabela 76 – Você sabia que as doenças ocupacionais dos professores não são reconhecidas

como doenças ocupacionais no ordenamento jurídico? Ressalta-se que essas variáveis servem

para caracterizar a amostra em relação aos participantes.

Tabela 73 – Direitos - Você já teve algum afastamento médico por doença

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

14

Wi-fi é um termo que designa a tecnologia que permite transmitir dados via internet sem a utilização de

cabos. O termo vem do nome da empresa que desenvolveu a tecnologia a Wi-Fi Alliance, sendo que wi-fi é uma

denominação popular, o nome original dessa tecnologia é IEEE 802.11. Disponível em:

https://www.significadosbr.com.br/wi-fi. Acesso em: 20.05.2016.

151

Tabela 74 – Direitos -Tirou várias licenças e foi readaptado(a). Qual foi a doença que o(a) levou à

readaptação?

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Tabela 75 – Direitos - Você ajuizou alguma ação judicial contra o Estado pelo motivo de doenças

ocupacionais?

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Tabela 76 – Direitos - Você sabia que as doenças ocupacionais dos professores não são reconhecidas como

doenças ocupacionais no ordenamento jurídico?

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

O resultado dos supracitados direitos:

1º) Afastamento médico por doença foram 75% “Sim”, com destaque para licença

médica até três dias 62,91% e a licença médica com mais de 3 dias teve 12, 1%;

2º) Informação sobre o não reconhecimento das doenças ocupacionais dos

professores 97,5% “Não”;

3º) Readaptação 8,0 “Sim”;

4º) Ajuizamento de Ação 0,0% “Não”.

Pelos resultados, pode-se perceber que os 75% dos professores adoeceram em

decorrência da atividade laboral desenvolvida e tiveram de licenciar-se, e com isso o

absenteísmo em Manaus é um fator preocupante.

Neste diapasão, observa-se também nesta pesquisa um elevado número de

professores - 97,5% que responderam “Não” saber do não reconhecimento legal das doenças

152

ocupacionais dos professores. A falta de conhecimento é um mal, da maioria do povo

brasileiro, pois saber dos direitos e deveres de cidadão é um mínimo que o indivíduo precisa

saber para que possa reivindicá-los.

Para Sodré (1975, p. 52):

Se educar consiste em ministrar conhecimento valorativo, impossível se torna

exercer a profissão desconhecendo-a, ou seja, abstraindo-se dos deveres,

prerrogativas, normas de conduta e direitos que lhe são tradicionalmente

assegurados.

Esse resultado da pesquisa supracitada nos faz refletir: se os professores que são

formadores de opinião não sabem seus direitos, imagina o restante do povo brasileiro com

menos estudo.

O resultado de 0,0% de “Não” ajuizamentos de nenhuma ação judicial contra o

Estado pelo motivo de doenças ocupacionais só demonstra que os professores pesquisados

estão inertes quanto a reivindicação de seus direitos, porém almejam melhores condições de

trabalho para a categoria.

Em relação aos professores readaptados houve 8,0% que responderam “Sim”. Eles

foram lesionados e adoeceram em seu meio ambiente laboral e agora foram considerados

inválidos para exercerem sua função de professor na qual fizeram alto investimento para tal.

4.4.5.3 Prevenção

Sabe-se que existe uma preocupação em nível nacional e internacional com a

preservação do meio ambiente do trabalho. No Brasil, o aspecto do meio ambiente do trabalho

trouxe em seu art. 225, caput da Constituição Federal de 1988, expressamente, que é “dever

do Poder Público e da coletividade de proteger e preservar o meio ambiente”, pois todos os

trabalhadores precisam ter condições adequadas em seu ambiente laboral para que seja

assegurado o seu direito à sadia qualidade de vida, tutelando assim o seu direito à vida

saudável.

Bessa (2009, p. 4):

No que diz respeito à eficácia e exigibilidade dos direitos sociais, questionar o "não

fazer" ou atitudes proibitivas ou repressivas contra ações praticadas pelo Estado é

comum e simples, no entanto, a grande dificuldade está no "dever fazer" as atitudes

que o Estado deveria praticar e não pratica, as omissões do Estado quanto aos

direitos sociais.

Em relação a Prevenção foram quantificadas as seguintes variáveis nas tabelas:

Tabela 77 – Você recebeu alguma palestra de prevenção à saúde do professor no início de sua

153

carreira de professor?; Tabela 78 – É oportunizado prevenção contra as doenças ocupacionais

pela Instituição de ensino que trabalha?; Tabela 79 – Você é feliz com sua profissão?; Tabela

80 – Você já pensou em mudar de profissão?; Tabela 81 – Você faz exames periódicos

solicitados pela Instituição de ensino que trabalha? Ressalta-se que essas variáveis servem

para caracterizar a amostra em relação aos participantes.

Com o intuito de obter mais dados sobre a prevenção no âmbito escolar foram

direcionadas todas as perguntas desta pesquisa que tratassem sobre o tema:

Tabela 77 – Prevenção - Você recebeu alguma palestra de prevenção à saúde do professor no início de sua

carreira de professor?

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Tabela 78 – Prevenção - É oportunizado prevenção contra as doenças ocupacionais pela Instituição de

ensino que trabalha?

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Tabela 79 – Prevenção - Você é feliz com sua profissão?

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

154

Tabela 80 – Prevenção - Você já pensou em mudar de profissão?

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

Tabela 81 – Prevenção - Você faz exames periódicos solicitados pela Instituição de ensino que trabalha?

Fonte: Dados da pesquisa. OLIVEIRA, Sienne C. de (2016).

O resultado sobre as medidas preventivas realizadas pela SEDUC/Am junto aos

professores de Manaus:

1º) Você faz exames periódicos solicitados pela Instituição de ensino que

trabalha? - 100,0% “ Nunca”;

2º) É oportunizado prevenção contra as doenças ocupacionais pela Instituição

de ensino que trabalha? 96,1% - “Não”;

3º) Você recebeu alguma palestra de prevenção à saúde do professor no início

de sua carreira de professor? 96,4% “Não”;

4º) Você é feliz com sua profissão? 72,0% “ Sim” e 28,0% “Parcialmente”;

5º) Você já pensou em mudar de profissão? 48,0%“ Sim”, 16,0% “Parcialmente” e

36,0%” Nunca”.

A análise referente à prevenção dos professores nos mostra que não há prevenção

nenhuma contra as doenças ocupacionais dos professores, pois conforme os dados da pesquisa

100,0% “Nunca” fizeram os exames periódicos obrigatórios. E não receberam palestra de

prevenção à saúde no início de sua carreira, inclusive até agora. A SEDUC/Am não

disponibilizou nenhum programa preventivo aos professores contra doenças ocupacionais.

155

Oliveira e Silva Filho (2014, p. 311) afirmam:

A prevenção e precaução na defesa dos interesses coletivos ou difusos em prol de

um bem jurídico a ser protegido (a sadia qualidade de vida) busca a superação dos

problemas existentes, e assim posa, se não resolver, pelo menos minimizar as

doenças ocupacionais do profissional da área de educação.

Na pesquisa 72% dos professores são felizes com a carreira que escolheram e

somente 28,0% são “Parcialmente”, porém mesmo amando a profissão somente 36% nunca

deixaria a docência.

Há na SEDUC/AM programas de prevenção desde 2014, como Programa de

Acompanhamento Psicossocial dos Servidores da Educação (PAPSE), Ginástica Laboral e

Campanha de Avaliação Física, que conforme o resultado das pesquisas nunca chegaram nas

escolas e nunca foram informados sobre eles, só funciona na Sede da Seduc.

4.5 Resultado geral da pesquisa de campo

Diante dos resultados apresentados constatou-se que as causas de absenteísmo do

professor dos ensinos médio e fundamental da rede estadual de ensino na cidade de Manaus

são provenientes do adoecimento emocional, psíquica, orgânico e situacional decorrentes do

Meio Ambiente de Trabalho inadequado.

Os resultados dos dados sociodemográficos e profissionais demonstraram que as

escolas públicas estaduais de Manaus possuem mais professoras que professores, todos

possuem nível superior (graduação), contudo, somente 3,9% possuem mestrado e nenhum

deles têm doutorado. Os 67,2% dos professores possuem mais de onze anos de experiência na

docência. Na atual escola um quantitativo de 60,1% têm menos de cinco anos na atual escola,

logo o índice de rotatividade é preocupante. A média de jornada de trabalho deles variou entre

20h e 40h semanais, e 88% deles são efetivos.

As Condições Ergonômicas do meio ambiente do trabalho do professor de Manaus

não possuem boas condições físicas (móveis e instrumentos) de trabalho adequado, e os

recursos pedagógicos e multimídia são insuficientes e limitados. A agradabilidade do conforto

térmico variou entre bom e regular, o que mostra descontentamento com a situação. Segundo

eles a acústica não é a ideal para as salas. Esses resultados só vêm confirmar que as condições

ergonômicas inadequadas contribuem para que eles tenham estresse ocupacional.

A situação funcional dos professores é desanimadora, pois o resultado da pesquisa é

um indicador de um descaso com o professor da rede pública estadual de ensino da cidade de

Manaus: Falta de material de apoio didático-pedagógico, há superlotação das salas, ritmo

156

acelerado de trabalho, o barulho constante no ambiente de trabalho, o ambiente é fechado com

má circulação de ar, e o professor fica muito tempo em pé e ainda não há uma modernização

tecnológica que atenda às necessidades do professor e do aluno. Na questão salarial houve um

percentual de 100,0% negativo variando entre 72,0% “Ruim” e 28% “Regular”. Também há

baixo investimento na educação continuada do docente, e 40% dos professores afirmam que

são desvalorizados.

No que concerne ao Meio Ambiente do Trabalho – Doenças Ocupacionais dos

professores houve um índice de 80% de docentes que já foram acometidos por alguma doença

ocupacional, e 72% deles responderam que não trabalham num ambiente de trabalho

saudável. Segundo 80,1% deles responderam que “às vezes” já trabalharam doentes. Dos

80,1% (52,0% “às vezes”, 16% “raramente, 12,1% do “Nunca”) não têm oportunidade de

realizarem atividades de lazer e descanso, logo esses professores são sedentários com grandes

possibilidades de adoecerem. Esse resultado é confirmado com 83,6% das respostas positivas

dos docentes que responderam que têm algum tipo de cansaço físico ou mental, sendo que

desse total 50,4% são acometidos com esses dois tipos de cansaço. Dos 920 professores

pesquisados 68,5% informaram que não possuem plano de saúde.

Diante desse resultado, cabe uma reflexão crítica e um novo repensar, do Poder

Público e da coletividade, de modo geral, sobre a preservação do meio ambiente laboral do

professor do estado do Amazonas. A regulamentação de leis ambientais trouxe uma

“segurança” generalizada no que concerne a preservação do meio ambiente saudável e

equilibrado, porém onde está sua aplicabilidade no meio ambiente laboral do professor?

Dentro dessa preocupação, o meio ambiente do trabalho que é um aspecto do meio

ambiente geral surge para assegurar melhores condições de trabalho a todos, uma vez que

qualquer trabalhador passa muito tempo de seu dia e a maioria de sua vida em seus empregos,

o que não excluem os docentes, pois existem muitos projetos de lei em nível nacional sobre o

tema que estão esquecidos à espera de uma “aprovação”, em nível estadual no Amazonas não

há nenhum projeto de lei que contemple a preservação do meio ambiente laboral do professor

e em nível municipal no Amazonas há um Projeto de Lei n. 246/2014 que institui a política

municipal de prevenção às doenças ocupacionais do educador da rede municipal de ensino,

porém ainda não foi aprovada.

Deve-se refletir sobre o descaso histórico com a saúde e o mal-estar do docente.

Grandes empresas têm investido na qualidade de vida dos trabalhadores com o objetivo de

trazer satisfação e prevenir seus funcionários de doenças ocupacionais, através de

disponibilidade de plano de saúde, palestras educativas direcionadas para o início da carreira

157

profissional e no mínimo mais duas anuais, ginástica laboral semanal e exames periódicos

obrigatórios.

Dentre as doenças ocupacionais mais comuns que ocorrem no Meio Ambiente do

Trabalho dos professores as variáveis selecionadas foram: Síndrome de Burnout (Sintomas

Físicos e Mentais); LER (Lesões por Movimento Repetitivo) /DORT – Distúrbios

Osteomoleculares Relacionados ao Trabalho; Doenças da Voz; e Doenças Psíquicas.

A Síndrome de Burnout tanto físico quanto psíquica estão presentes no meio

ambiente laboral dos professores das escolas públicas estaduais de Manaus, constatou-se

índices preocupantes, que podem ser obsevadas na pesquisa. Seu reconhecimento pelo Poder

Público, como um problema sério com implicações psicossociais, precisa ser visto com

urgência, pois é uma doença silenciosa, mas com consequências desastrosas na vida do

professor.

Percebeu-se que as doenças LER (Lesões por Movimento Repetitivo) /DORT –

(Distúrbios Osteomoleculares Relacionados ao Trabalho) estão presente na vida dos

professores da rede estadual de ensino, com destaque para a Lombalgia com 82,9%, seguida

de Excesso de trabalho, Alergias, Rinites, Faringites crônicas que tiveram 76,2%, Sinusites

teve 72,0, Bursites (doença no ombro) teve 59,9%. Com 52,1%: Postura inadequada e a

Síndrome do manguito rotatório (parte do ombro), Epicondicites (região lateral do cotovelo)

teve 43,80%. Tendinites (doença no ombro) teve 48,9%, Síndrome do túnel do carpo(parte

das mãos) teve 43,8%. Essa doença traz muito sofrimento, e além disso, o professor tem a

sensação de inutilidade e sente-se incapaz para realizar suas atividades diárias. O professor

torna-se frágil, e essa doença, silenciosa aos olhos do Poder Público, mas dolorida no corpo e

na alma para quem a adquiriu, pois agora precisará deixar suas funções para ser readaptado

para uma função alheia a que ele escolheu.

O estudo pôde confirmar que os professores estaduais da rede pública de ensino de

Manaus apresentam múltiplos sinais e sintomas vocais. Os sinais e sintomas vocais que mais

se destacaram foram a rouquidão com mais de 10 dias, seguidos dos nódulos e edemas nas

pregas e para finalizar com os pólipos. Tal estudo tem relevância uma vez que pode ser um

parâmetro para melhorar as condições de bem-estar do docente.

Os problemas relacionados à educação são complexos e numerosos, assim o

resultado das Doenças Psíquicas confirmou a existência de significativo índice para a

Ansiedade nesta pesquisa. Seguido de Estresse Ocupacional com 58,8% e Depressão com

57,7%. Por último aparece a Síndrome do pânico com 20,1%. Ressalta-se, porém as causas

158

que os levaram a ter esse resultado precisa de estudos mais aprofundados na cidade de

Manaus, pois são vários os motivos que podem trazer tais doenças.

Situações de riscos que ocorrem no meio ambiente do trabalho do professor é uma

realidade desse profissional no Brasil, as mudanças sócio, política, econômica e tecnológica

trazem insegurança e consequências diretas a saúde dos trabalhadores. O avanço tecnológico

trouxe mais riscos à saúde do professor, um verdadeiro paradoxo, pois o professor precisa do

seu salário mesmo tendo que assumir alguns riscos.

Nesse diapasão, analisou-se que 64% dos professores responderam que ritmo de

trabalho acelerado em seu meio ambiente é real e complexo, pois possui várias causas, porém

destaca-se o descaso do Poder Público e da sociedade em relação a esse problema. O

professor convive em seu meio ambiente laboral com constantes violências verbais 59,9%,

assédio moral 39,0%, constrangimento por não acompanhar as inovações tecnológicas 26,0%

e ainda assédio sexual 3,9%.

O resultado da pesquisa referente à alguns direitos específicos dos professores

trouxe como resultado um índice elevado de absenteísmo de professores das escolas públicas

da rede de ensino, pois teve 75% de afastamentos médicos por doença. A falta de informação

sobre o não conhecimento de suas doenças ocupacionais no ordenamento jurídico brasileiro

foi de 97,5%. Do universo de 920 professores 8,0% foram readaptados, ou seja, tiveram de

abandonar suas funções de professor para exercer outra função que não é equivalente aquela

na qual foi selecionado no concurso público. E ao ser readaptado não recebe nenhuma

indenização do Estado, pois a lesão ocorreu, mas todos ficam inertes ao fato. Tal fato é

confirmado, pois não houve nenhuma ação judicial para reivindicar direito algum dos danos

infligidos no seu ambiente laboral.

O resultado desta pesquisa confirmou que os professores do estado do Amazonas não

possuem um meio ambiente de trabalho equilibrado. E quando questionados sobre prevenção

contra doenças ocupacionais, eles responderam que desde o início de suas carreiras até a data

da aplicação do questionário desta pesquisa nunca ocorreu. Os 100,0% dos professores

“Nunca” fizeram os exames periódicos obrigatórios, pois não foram oportunizados pela

SEDUC/Am. Devido à desvalorização da profissão 48% dos docentes já pensaram em mudar

de profissão. O maior paradoxo foi que 72% deles são felizes com a profissão que

escolheram.

Diante do exposto, os objetivos da pesquisa foram alcançados, pois conforme o

resultado geral da pesquisa confirma-se que os professores da SEDUC/Am da cidade de

Manaus possuem diversas doenças ocupacionais provenientes de riscos biológicos, físicos,

159

químicos, psíquicos e ergonômicos, e que seu meio ambiente do trabalho está sendo infligido,

e com isso as causas de absenteísmo do professor do ensino médio e fundamental da rede

estadual de ensino da cidade de Manaus é preocupante, pois com o índice elevado de doenças

e afastamentos de seu ambiente laboral é fator preocupante tanto para esse profissional quanto

para o Poder Público.

Considerando o grande percentual de licenças dos professores verificou-se que torna-

se necessário uma atenção especial na compreensão do adoecimento dessa categoria

profissional. Cabe uma intervenção do Poder Público a fim de encontrar soluções

emergenciais para tais problemas. Medidas preventivas eficazes devem ser adotadas para

garantir um meio ambiente laboral saudável para o docente desenvolver suas atividades.

5 ASPECTOS GERAIS DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

Antes de analisar o tema os „Aspectos gerais da responsabilidade civil do estado‟ faz-

se necessário saber o significado do instituto da Responsabilidade Civil, pois é uma base

importante para o estudo do direito devido não deixar a vítima de danos sem a devida

reparação moral ou patrimonial.

Diniz (2007, p. 40) conceitua Responsabilidade Civil:

Poder-se-á definir a responsabilidade civil como a aplicação de medidas que

obriguem alguém a reparar dano moral ou patrimonial causado a terceiros em razão

de ato do próprio imputado, de pessoa por quem ele responde, ou de fato de coisa ou

animal sob sua guarda (responsabilidade subjetiva), ou, ainda, de simples imposição

legal (responsabilidade objetiva).

Corroborando Amaral (1998, p. 531) aprofunda o conceito:

A expressão responsabilidade civil pode compreender-se em sentido amplo e em

sentido estrito. Em sentido amplo, tanto significa a situação jurídica em que alguém

se encontra de ter de indenizar outrem quanto a própria obrigação decorrente dessa

situação, ou, ainda, o instituto jurídico formado pelo conjunto de normas e

princípios que disciplinam o nascimento, conteúdo e cumprimento de tal obrigação.

Em sentido estrito, designa o específico dever de indenizar nascido do fato lesivo

imputável a determinada pessoa.

Nesse sentido, a responsabilidade civil é um instituto dinâmico e flexível que

caracteriza-se por aspectos patrimoniais: alguém que tenha prejudicado a outrem em razão de

sua ação ou omissão precisará responder pelos seus atos.

A Responsabilidade Civil do Estado é sempre um tema atual, pois caminha paralelo a

história, assim para compreendê-lo é importante a análise de sua evolução histórica.

160

5.1 A EVOLUÇÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

A responsabilidade civil do Estado, ao longo de sua história, passou por algumas

transformações importantes que ficaram conhecidas como teorias, as mais importantes foram:

as teorias da irresponsabilidade, teorias civilistas, teorias publicistas, teoria da culpa do

serviço e teoria do risco, e recebeu dois diferentes nomes: Responsabilidade da Administração

Pública e Responsabilidade Patrimonial do Estado.

A teoria da Irresponsabilidade é uma tese que surgiu nos meados da época do

absolutismo, o Estado não era penalizado por nenhum ato danoso que porventura seus agentes

causassem à população, o rei era a lei e exercia o poder de forma indiscriminada.

Arêas (2007, p. 3) destaca: “O Estado Moderno tal qual como conhecemos

atualmente, teve seu início a que os “monarcas julgavam-se estar acima da lei, o que originou

a expressão L’État cest moi traduzindo significa „o Estado sou eu‟.”

Com isso, diante do poder absoluto e déspota do rei, estabelecia-se a ligação entre a

figura do rei (que não cometia erros) com as ações do Estado, logo não havia a possibilidade

do súdito enquanto cidadão, ser ressarcido em caso de falha estatal.

No entanto, essa regra não valia para os criados que atuavam na administração do

feudo, que por sua vez pediam a “punição” do serviçal sob seu comando. O direito

administrativo começa a ser esboçado com a Revolução Francesa de 1789.

Cavalcanti (1905, p. 108):

O ato do funcionário seria, destarte, ato do Estado, mas tal teoria só se aplicava

enquanto o funcionário agisse dentro da lei. Ao cometer abusos, o funcionário não

comprometeria o Estado; por outro lado, enquanto agisse dentro da lei, não se

poderia responsabilizar o Estado pela prática de atos que estava ele obrigado a

praticar

Na ebulição política, cultural e intelectual advindas do Iluminismo, a ideia imputar a

responsabilidade administrativa por parte do Estado ganha força a partir da implantação das

teorias iluministas, favoráveis à separação dos poderes com a introdução do

constitucionalismo, da república e da democracia.

Com isso, fortaleceu-se a ideia de igualdade entre os homens, como forma de

pressionar a monarquia ao impor limites aos privilégios dos nobres e reconhecer o direito dos

demais cidadãos.

Entre esses direitos destacamos: a participação política e fiscal igualitária, normas

que garantissem a segurança da propriedade e do comércio, bem como a eliminação de

qualquer tipo de maus-tratos aos trabalhadores.

161

A Revolução Francesa traduz o discurso iluminista na qual a base do governo dá-se

pela lei. Nas palavras do Procurador e Mestre em Direito Processual e Cidadania Fernando

Menegueti Chaparro (2014, p. 3) “sai o monarca e entra a norma”.

Assim, regulamenta-se a vida social e estabelece-se as diretrizes para a resolução dos

conflitos interpessoais com princípios da generalidade e impessoalidade, onde a lei é válida

para todos: desta forma, todos seriam iguais perante a lei.

Contudo, o novo sistema pouco ou nada se diferencia da prática monárquica, senão

vejamos, embora revestido com argumentos humanistas e democráticos, a nova ordem sócio-

político procurava legitimar outra forma de poder, através da dominação do povo pela lei,

através do legislador soberano e impessoal.

Desta forma o princípio da lei estaria implantado como meio para solução de todos

os conflitos sociais, de forma perfeita e universal, trazendo com isso as mesmas

peculiaridades de onipresença e onipotência que a divindade representava no período arcaico,

romano e medieval.

A ideia da produção de leis pelo Estado, sem a influência dos governantes foi usada

como direcionador do sistema vigente na época, na qual essa atribuição caberia ao povo,

tomando ares de Estado Democrático.

Afirma Rousseau (1996, p. 48-52) que:

As leis não são, em verdade, senão as condições da associação civil. O povo

submetido às leis deve ser o autor delas; somente aos que se associam compete

regulamentar as condições da sociedade. Mas como regulamentarão? De comum

acordo ou por súbita inspiração? […] Eis de onde nasce a necessidade de um

legislador. [...]

Aquele que redige as leis não tem, portanto, ou não deve ter nenhum direito

legislativo, e nem o próprio povo pode, quando o quiser, despojar‐se desse direito

intransferível porque, segundo o pacto fundamental, somente a vontade geral obriga

os particulares, e só se pode assegurar que uma vontade particular está de acordo

com a vontade geral depois de submetê‐la aos sufrágios livres do povo. Já disse isso,

mas não é inútil repeti‐lo.

Com a emancipação política das colônias, principalmente no continente americano,

ocorridas no século XV e XVI, levaram essas ex-colônias a adotarem o mesmo sistema, com

base na Teoria da Irresponsabilidade.

Para Coelho (2001, p. 39):

As ideias iluministas influenciaram o pensamento e ações da sociedade por mais de

um século, repercutindo nos campos político, na medida em que instituiu o Estado

dotado de território, população, poder central; e na filosofia do direito, já que fez

predominar a dogmática jurídica, ou seja, a implementação do direito positivo, do

primado da lei e do dogma do Estado‐Legislador justo, onipresente e neutro.

162

Isso perdurou até 1946 nos Estados Unidos da América, onde através do Federal Tort

Claims Act aboliram essa prática, seguido no ano seguinte pela Inglaterra que aprovou lei

similar através do Crown Proceeding Act, de 1947. Momento em que novas reivindicações

sociais e jurídicas passaram a sustentar uma reformulação estrutural na sociedade, tal como

originou-se o pensamento iluminista. Isso foi motivado pelo uso do poder político-econômico

pela burguesia que influenciava a formação das leis do Estado.

Eram os impostos que sustentavam o Estado nessa época. Diante disso o Estado dava

legitimidade e legalidade à exploração da mão de obra dos trabalhadores dessa época.

O ordenamento jurídico brasileiro não adotou essa Teoria da Irresponsabilidade, pois

foi devidamente alterada pela conjuntura dos elementos liberais trazidos pela educação da

ideologia nacional.

A segunda teoria foi a Civilista, com o declínio da Teoria da Irresponsabilidade e a

superação dos Estados absolutos surge a Teoria Civilista, que à medida que houve

desenvolvimento da sociedade ocorreu a transfiguração de nomenclatura de Estado para

Estado Democrático de Direito. A partir dela é atribuído ao Estado a responsabilidade estatal,

apoiando-se na ideia de culpa.

Diante das mudanças históricas, ocorreu essa nova etapa da evolução da

responsabilidade estatal, onde o Estado passou a ser responsável pelas ações culposas de seus

agentes. Nessa condição, entende-se que uma vez que esses servidores atuam investidos de

autoridade outorgada pelo Estado, ele é o responsável direto da ação de seus outorgados.

Carvalho Filho (2009, p. 382):

Abolindo-se assim, a teoria da irresponsabilidade, com o estabelecimento das

Teorias Civilistas na qual permitiam a responsabilização do Estado por culpa. Para

fins de responsabilidade do Estado, era usual fazer-se distinção entre os atos

estaduais de gestão e os de império

Arêas (2007, p. 4) também discorre sobre responsabilização civil do Estado:

Devido ao caráter de ato regulamentado por normas essencialmente de direito

público e protetoras da figura estatal, o Estado não poderia se ver responsabilizado.

Assim, dadas as não raras dificuldades de se verificar na prática se determinado ato

seria de gestão ou de império.

A insatisfação dos administradores aliada à dificuldade de verificar se o ato era de

gestão ou de império, motivou alterações nos conceitos, pondo fim à distinção das

responsabilidades.

No âmbito do Direito Civil, era milenar paradigma, herdado do Direito Romano, que

não havia responsabilidade sem culpa provada. Nesse diapasão, a vítima, para obter

a correspondente reparação por um dano sofrido, deveria demonstrar – já que

tradicionalmente o ônus da prova pertence a quem alega o fato – que sofrera um

dano, que o autor do fato cometera um ilícito (delito) e que o dano decorria desse

163

delito: dano, conduta culposa e nexo causal, eis os grandes pressupostos da

responsabilidade. Sem tal demonstração, era-lhe recusada qualquer indenização

(JOSSERAND, 1941, p. 551)

A evolução trouxe algumas divergências. Com a mudança o Estado passou a ter

problemas jurídicos com o patrimônio público, pois se o poder não pertencia mais ao rei e

nem ao Estado soberano, seria de quem? Na época houve a contribuição alemã que trouxe a

teoria do fisco que classificou o Estado nas suas relações de ordem civil ou de direito público.

Mayer (1949, p. 61-62):

O Fisco seria, por sua natureza, encarado como o homem ordinário, que administra

seu patrimônio e está submetido ao direito civil e à jurisdição civil, sendo um súdito

do Estado, como os demais; enquanto o Estado propriamente dito não teria

patrimônio, mas se acha investido do poder público, do poder geral de mando.

Essa nova ideia não apresentou os resultados desejados em sua efetivação, pois

houve muitas divergências em identificar os atos de império com os atos de gestão, do Estado

ou do Fisco devido ao grande quantitativo de atividades e complexidade dos serviços.

Para Josserand (1941, p. 550):

O próprio direito civil já vinha abrandando suas rígidas concepções de culpa e ônus

da prova, uma vez que o evolver social e o progresso técnico tornaram cada vez

mais difícil a demonstração, pela vítima, do dano causado pela conduta culposa de

outrem, frustrando-lhe, em grande medida, o direito à reparação. Assim, em especial

por via jurisprudencial, passou-se a admitir mais facilmente a existência da culpa,

seja reconhecendo-a por presunção de existência em diversas situações, seja por

estender os domínios da responsabilidade contratual, para tornar mais facilitada a

situação da vítima. Em fim, houve o momento em que a culpa passou a ser

considerada desnecessária, substituindo-a pela noção de risco, em variadas matizes.

Diante desse diapasão, houve o declínio da teoria, uma vez que o desgaste da noção

de culpa tanto no Direito Civil quanto no Direito Público e os objetivos não foram alcançados.

Surge, assim, uma terceira fase da evolução, a Teoria Publicista, tal teoria é voltada

para a responsabilidade civil do Estado.

Dergint (1994, p. 38):

Essa terceira fase da evolução histórica da responsabilidade civil do Estado coincide

com a consagração do Estado Social. Nela, a responsabilidade do Poder Público

torna-se autônoma, como matéria específica do Direito Administrativo, o que se

logrou, sobretudo, a partir do labor do Conselho de Estado francês.

Essa teoria é consagrada com o famoso caso Blanco, fato ocorrido na França em

1873, na qual o Conselheiro do Tribunal de Conflitos decidiu pela competência do Conselho

de Estado da França, para decidir um conflito negativo de competência.

164

Essência do caso Blanco

Considerando que a responsabilidade que pode incumbir ao Estado os danos

causados aos particulares, causados pelas pessoas empregadas pelo serviço público,

não pode ser regida pelos princípios que são estabelecidos no Código Civil, para as

relações jurídicas de particular a particular; que esta responsabilidade não é plena

nem absoluta; que ela tem suas regras especiais que variam de acordo com as

necessidades do serviço e a necessidade de conciliar o direito do Estado (direito

público) com os direitos privados (direito civil). Arrêt Blanco du Tribunal des

Conflits sur Légifrance(www.legifrance.gouv.fr)

Serve-se portanto, da referida teoria chamada de publicista como fundamentos de

ordem política e jurídica, da responsabilidade objetiva do Estado como regra nos Estados

modernos, disciplinada pelo direito público.

Justificada pelo desequilíbrio real entre o Estado, dotado de maior poder e

prerrogativas tendo em vista o interesse público. Enquanto que o particular, em posição

antagônica ao Estado, permaneceu em situação de subordinação, mesmo em face da proteção

legislativa e constitucional.

A partir dessa teoria surgiram outras teorias, como: a Teoria da culpa do serviço,

culpa administrativa ou de falta do serviço e Teoria do Risco, que a princípio

despersonalizaram a culpa, que depois foi substituída pelo risco, e que mais tarde denominou-

se como responsabilidade objetiva do Estado.

Na Teoria da culpa do serviço ou culpa anônima, tinha como objetivo substituir a

culpa do funcionário pela função da culpa anônima. Ela surge decorrente de grande

insatisfação gerada pelas outras teorias, trouxe o pensamento que não era mais preciso a

distinção do agente causador do dano, só era necessário comprovar o dano causado pela

atividade estatal.

Para Duez (1938, p. 29-30):

Com relação ao não funcionamento do serviço, trata-se de situação na qual o Estado,

não agindo, comete uma falta, pois estava obrigado a agir. Nesse caso, deve reparar

as consequências de sua inação. Isto porque o exercício de uma competência

administrativa não é um privilégio, mas um dever para o agente que tem obrigação

funcional de ser vigilante. Valendo tal assertiva não só para os casos de competência

vinculada, trata-se de uma alternativa encontrada pelo Conselho de Estado para

controlar o poder discricionário da administração: apesar de não poder obrigá-la a

agir, por não haver, estritamente, ilegalidade, poderia declará-la responsável pelas

consequências na omissão.

A teoria da culpa administrativa adotada, como forma de equalizar as

responsabilidades sobre os atos, baseava-se na responsabilização de ordem subjetiva (por

culpa ou dolo do agente estatal), igual ao anterior, porém não fazia distinção para fins de

responsabilidade, entre os atos de gestão e de império praticados pelo Estado.

165

No Brasil os princípios da Teoria da Culpa Civil ou da Responsabilidade

Subjetiva, com bases na constatação da culpa, foi adotada através do Código Civil de 1916,

através do art. 15:

As pessoas jurídicas de direito público são civilmente responsáveis por atos dos seus

representantes que nessa qualidade causem danos a terceiros, procedendo de modo

contrário ao direito ou faltando a dever prescrito por lei, salvo o direito regressivo

contra os causadores do dano.

A base dessa decisão motivou a primeira teoria pública da responsabilidade do

Estado em detrimento as ideias civilistas. Com isso pondera Oliveira (2015, p. 4) que “o

ofendido, deveria comprovar, para fins de responsabilidade estatal, que o dano por ele

suportado decorreu do serviço público que: não funcionou; funcionou mal; ou funcionou

tardiamente.”

Barreto (2012, p. 7):

Como restou demonstrado, a culpa ainda é elemento nuclear dessa teoria publicista,

de modo que não é correto considerá-la vertente de responsabilidade objetiva. É, isto

sim, responsabilidade subjetiva, lastreada na culpa, ainda que redefinida segundo

critérios de direito público. Em diversas situações, nas quais ainda assim seria um

esforço desproporcional para o particular provar a culpa anônima, tal teoria

contempla uma presunção, o que, por dispensar o lesado dessa prova, faz parecer

que a culpa é irrelevante. Mas não é esse o caso, pois, tratando-se de verdadeira

inversão do ônus da prova, o Estado poderia se esquivar da reparação, bastando para

tanto provar que o seu serviço não padecia de culpa – o que demonstra que o

elemento subjetivo ainda permanecia subjacente à questão.

O conselho do Estado Francês passou a adotar a teoria do risco, porém não

abandonou a teoria da culpa do serviço, pois a nova teoria servia de base para a

responsabilidade objetiva do Estado.

Sobre a teoria do risco Júnior (2008, p. 325) afirma:

É a teoria do risco que serve de fundamento para a ideia de responsabilidade

objetiva ou sem culpa do Estado. Ela toma por base os seguintes aspectos: (1) o

risco que a atividade administrativa potencialmente gera para os administrados e (2)

a necessidade de repartir-se, igualmente, tanto os benefícios gerados pela atuação

estatal à comunidade como os encargos suportados por alguns, por danos

decorrentes dessa atuação.

O caso Blanco constitui uma das fontes que estabeleceu o direito jurídico-

administrativo no Brasil com a dificuldade do ofendido comprovar a culpa do serviço,

estabeleceu-se a teoria do risco integral ou do risco administrativo, existente desde 1978 na

Declaração dos Direitos do Homem (Artigo 13).

Assim, em suma, e como próprio nome sugere, essa teoria leva em conta o risco que

a atividade estatal gera para os administrados e na possibilidade de causar danos a

determinados membros da comunidade, impingindo-lhes um ônus não suportado

166

pelos demais. Para compensar essa desigualdade, todos os demais membros da

comunidade devem concorrer, através dos recursos públicos, para a reparação dos

danos.

No entanto, Carvalho Filho (2009, p. 524) propõe uma diferenciação acerca das

teorias desencadeadas pelo risco administrativo:

No risco administrativo, não há responsabilidade civil genérica e indiscriminada: se

houver participação total ou parcial do lesado para o dano, o Estado não será

responsável no primeiro caso e, no segundo, terá atenuação no que concerne a sua

obrigação de indenizar. Por conseguinte, a responsabilidade civil decorrente do risco

administrativo encontra limites. Já no risco integral a responsabilidade sequer

depende de nexo causal e ocorre até mesmo quando a culpa é da própria vítima.

Assim, por exemplo, o Estado teria que indenizar o indivíduo que se atirou

deliberadamente à frente de uma viatura pública. É evidente que semelhante

fundamento não pode ser aplicado à responsabilidade do Estado, só sendo

admissível em situações raríssimas e excepcionais. Em tempos atuais, tem-se

desenvolvido a teoria do risco social, segundo a qual o foco da responsabilidade

civil é a vítima, e não o autor do dano, de modo que a reparação estaria a cargo de

toda a coletividade, dando ensejo ao que se denomina de socialização dos riscos –

sempre com o intuito de que o lesado não deixe de merecer a justa reparação pelo

dano sofrido.

Merece destaque a aplicabilidade da Teoria do Risco Integral, no direito pátrio,

bem como os casos reconhecidos pela doutrina e suas críticas, o § 6º, art. 37 da Constituição

Federal de 1988 o fundamenta:

Art. 37, § 6º. As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado

prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa

qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o

responsável nos casos de dolo ou culpa.

No Brasil, como regra geral, a legislação geral civil adotou a responsabilidade

subjetiva, contudo a responsabilidade objetiva firmada na teoria do risco coexiste com a

subjetiva e está estabelecida no parágrafo único do art. 927 do Código Civil de 2002.

A culpa objetiva aqui tratada, substitui a ideia de culpa (subjetiva) em função do

nexo causal, na qual o prejudicado deve comprovar a culpa do Estado e vinculá-la a ação e/ou

omissão do Estado e o dano causado (objetivo).

5.2 RESPONSABILIDADE CIVIL DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

O vocábulo “responsabilidade”, segundo o dicionário Aurélio, é a “obrigação de

responder pelas ações próprias, pelas dos outros ou pelas confiadas,” já na seara jurídica

constitui uma obrigação de reparar ou executar ato jurídico que se tenha acordado.

Gonçalves (2010, p. 19) comenta: “existem várias acepções da palavra

responsabilidade. Dentre as várias existentes, algumas fundadas na doutrina do livre arbítrio,

167

outras em motivações psicológicas, destaca-se a noção de responsabilidade como aspecto da

realidade social”

A responsabilidade civil da administração pública após sua evolução histórica é

normatizada com algumas mudanças na Constituição Federal/88 e a criação da lei específica

nº 8.112, de 11/12/90 que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da

União, das autarquias e das fundações públicas federais e em nível estadual são

regulamentados por seus estatutos.

Na Constituição Federal/88 está prevista no § 6º e caput do art. 37:

A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos

Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de

legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao

seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998).

§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de

serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,

causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos

casos de dolo ou culpa.

Esse dispositivo confirma a responsabilidade objetiva do Estado que se fundamenta

na teoria do risco administrativo.

Os serviços são prestados pelo Poder Público de forma direta ou indireta (regime de

concessão ou permissão), como dispõe o dispositivo legal: art. 175 da CF/88:

Art. 175. Incumbe ao poder público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de

concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços

públicos.

Parágrafo único. A lei disporá sobre:

I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços

públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as

condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão;

II - os direitos dos usuários;

III - política tarifária;

IV - a obrigação de manter serviço adequado.

No estado democrático, o Estado é investido de Poder emanado do povo em função

do bem comum, com essa outorga popular cabe-lhe responder por suas próprias ações e/ou as

que lhe foram confiadas.

Assim, explica Pietro (2007, p. 638) sobre a responsabilidade do Estado:

Quando se fala em responsabilidade do Estado, está se cogitando dos três tipos de

funções pelas quais se reparte o poder estatal: a administrativa, a jurisdicional e a

legislativa. Fala-se, no entanto, com mais frequência, de responsabilidade resultante

de comportamentos da Administração Pública, já que, com relação aos Poderes

Legislativo e Judiciário, essa responsabilidade incide em casos excepcionais.

Ao infringir as regras estabelecidas na forma de lei, o Estado, pessoa jurídica de

direito público, responde pelo dano causado quer por seus próprios atos, quer pelos causados

168

por meio dos seus agentes. Havendo a culpabilidade estatal comprovada a penalidade é

aplicada nas três esferas do Poder Estatal: a administrativa, a jurisdicional e a legislativa.

Portanto, o ressarcimento na ordem civil é de forma pecuniária.

Lei nº 8.112, de 11/12/90:

Art. 121. O servidor responde civil, penal e administrativamente pelo exercício

irregular de suas atribuições.

Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou

culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros.

Art. 123. A responsabilidade penal abrange os crimes e contravenções imputadas ao

servidor, nessa qualidade.

Art. 124. A responsabilidade civil-administrativa resulta de ato omissivo ou

comissivo praticado no desempenho do cargo ou função.

Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas poderão cumular-se, sendo

independentes entre si.

Diante desse pressuposto, o Estado pode ser responsabilizado com base em duas

modalidades: contratual e extracontratual. Enquanto que na responsabilização contratual, é

caracterizada pelas relações negociais, de direito privado, sob a égide dos contratos

administrativos e fundamentada nos casos de inadimplência de uma obrigação.

Souza (2012, p. 2) afirma que: “a responsabilidade civil é um conceito vindouro

do direito privado, elencado no direito civil e se manifesta com a ocorrência do

descumprimento da obrigação, pelo não atendimento a uma regra contratual ou legal.”

Já na responsabilidade extracontratual do Estado, a sua responsabilidade origina-

se de qualquer serviço prestado por ele, independente da preexistência de um contrato, isto é,

uma responsabilidade resultante de atos ou comportamentos, lícitos ou ilícitos, que causem a

pessoas danos ou ônus maior do que os suportados pelos administrados.

Vale lembrar, conforme dispõe Carvalho Filho (2009, p. 382):

Que as normas jurídicas são autônomas entre si, por conseguinte os fatos resultantes

também o serão. Não há uma correlação direta entre elas, pois a responsabilidade

civil não necessariamente gera a responsabilidade penal ou administrativa.

O foco deste estudo dá-se na responsabilidade extracontratual, nesta conjetura os

elementos estruturais da responsabilidade aquiliana ou os pressupostos do dever de indenizar

são quatro: ação ou omissão, culpa ou dolo do agente, relação de causalidade e o dano, estes

serão descritos a seguir.

5.3 A RESPONSABILIDADE ESTATAL POR OMISSÃO E COMISSÃO

O Estado é sujeito abstrato, logo para existir é representado por seus agentes públicos

devidamente selecionados através de concurso. Eles têm leis específicas que regulam seus

169

direitos e deveres. Sendo eles subordinados ao Estado, quem responderá juridicamente pelos

danos que porventura causem a outrem será o próprio Estado, podendo este entrar,

posteriormente, com uma ação de regresso contra o agente.

Carvalho Filho (2009, p. 600) distingui os agentes:

Por ser o Estado um ente abstrato, sem vontade própria, como pessoa jurídica atua

através de seus agentes, que são pessoas físicas dotadas de vontade real [...] Deve

considerar‐se, por conseguinte, que na noção de agentes estão incluídas todas

aquelas pessoas cuja vontade seja imputada ao Estado, sejam elas dos mais elevados

níveis hierárquicos e tenham amplo poder decisório, sejam elas os trabalhadores

mais humildes da Administração, no exercício das funções por ela atribuídas. Diante

disso, são agentes do Estado os membros dos Poderes da República, os servidores

administrativos, os agentes sem vínculo típico de trabalho, os agentes colaboradores

sem remuneração, enfim todos aqueles que, de alguma forma, estejam juridicamente

vinculados ao Estado. Se, em sua atuação, causam danos a terceiros, provocam a

responsabilidade civil do Estado.

Assim, ressalta-se a diferença entre agente e servidor. O primeiro, (o agente) é toda

pessoa incumbida de um serviço público, em caráter permanente ou transitório, e o segundo, o

servidor, é aquele que tem relação de trabalho com o Estado. No caso de responsabilidade

estatal se o agente a serviço do Estado tiver envolvido no ato danoso o Estado responderá

juridicamente por esse agente.

Cavalieri Filho (2009, p. 236) “Não se faz mister, portanto, que o exercício da função

constitua a causa eficiente do evento danoso; basta que ela ministre a ocasião para praticar‐se

o ato. A nota constante é a existência de uma relação entre a função pública exercida pelo

agente e o fato gerador do dano”

Observa-se que na primeira constituição do Brasil em 1824, outorgada por D. Pedro

I, no início do Império, reconhecia a responsabilidade civil na Administração Pública, ou seja,

a responsabilidade civil ocorreu desde seus primórdios não havendo portanto período de

irresponsabilidade estatal. Tal fato é justificado no seu artigo 178, ao estabelecer que: "Os

empregados públicos são estritamente responsáveis pelos abusos e omissões praticados no

exercício de suas funções, e por não fazerem efetivamente responsáveis aos seus subalternos".

Tal fato repetiu-se na Constituição Republicana de 1891, que no art. 82, onde se

decreta que “os funcionários públicos são estritamente responsáveis pelos abusos e omissões

em que incorrerem no exercício de seus cargos, assim como pela indulgência ou negligência

em não responsabilizarem efetivamente seus subalternos”.

Observa-se que tanto a constituição de 1824 quanto a de 1891 não houve a previsão

da responsabilidade do Estado, atribuindo a responsabilidade do dano à ação do funcionário.

170

O primeiro dispositivo legal de responsabilização civil do Estado foi estabelecido

pelo Código de Processo Civil de 1916 em seu art. 15 que decreta:

As pessoas jurídicas de direito público são civilmente responsáveis por atos de

seus representantes que nessa qualidade causem danos a terceiros, procedendo de

modo contrário ao direito ou faltando a dever prescrito por lei, salvo o direito

regressivo contra os causadores do dano. (BRASIL, CÓDIGO CIVIL, 1916 (Grifo

Nosso).

Na Constituição de 1946 a responsabilidade civil estatal acontecia da seguinte

maneira: o terceiro comprovava a relação de causalidade entre conduta estatal e dano e

recebia a reparação civil.

Cavalieri Filho (2009, p. 235):

Destarte, a partir da Constituição de 1946, a responsabilidade civil do Estado

brasileiro passou a ser objetiva, com base na teoria do risco administrativo, onde não

se cogita da culpa, mas, tão‐somente da relação de causalidade. Provado que o dano

sofrido pelo particular é consequência da atividade administrativa, desnecessário

será perquirir a ocorrência de culpa do funcionário ou, mesmo, de falta anônima do

serviço. O dever de indenizar da Administração impor‐se‐á por força do dispositivo

constitucional que consagrou o princípio da igualdade dos indivíduos diante dos

encargos públicos.

Entende-se portanto que, há uma igualdade de responsabilidades jurídicas que se

refere às pessoas jurídicas de direito público e de direito privado prestadoras de serviços

públicos.

Para haver a responsabilidade civil, depende da presença do nexo de eventualidade

entre a atuação ou não do agente e o dano, além disso, é fundamental a prova dessa relação de

causalidade.

Para ocorrer dano, tem que haver relação entre a causa e o evento danoso, o que

chamamos de nexo ou vinculação de causalidade. Silva (2012, p. 2) aduz que nexo de

causalidade é “uma relação necessária entre o fato incriminado e o prejuízo. É necessário que

se torne absolutamente certo que, sem esse fato, o prejuízo não poderia ter lugar”

Conforme Pietro (2007, p. 1):

Podemos assentar que a responsabilidade extracontratual do Estado corresponde à

obrigação de reparar danos causados a terceiros em decorrência de comportamentos

comissivos ou omissivos, materiais ou jurídicos, lícitos ou ilícitos, imputáveis aos

agentes públicos.

A responsabilidade civil advém de um dano ou prejuízo suportado pelo terceiro

lesado. Sem dano, não existirá responsabilidade. Não imperiosamente esse prejuízo terá fundo

patrimonial. Hoje em dia, o preceito majoritário indica duas formas de danos: o material ou

patrimonial e o dano moral.

171

Silva, (2012, p. 2):

Dano material ou patrimonial, aquele que surge a partir de fato causador de efetiva

lesão ao indivíduo e o dano moral, que adentra a seara íntima do terceiro, causando-

lhe malefícios de ordem física e psíquica, com profundo sentimento de dor.

Nota-se para o fato de que a omissão só se configura como uma responsabilidade de

reparar quando a ação era vital para evitar o dano, o agente tinha o compromisso jurídico de

perpetrar determinado ato ou quando o servidor público realizou o ato de forma omissa,

negligente, leviana ou com incompetência trazendo adversidades ao particular.

A responsabilidade civil do Estado pode ocorrer por comissão (ação) ou por omissão.

Quando for por conduta comissiva praticada pelo agente a responsabilidade do Estado será

objetiva (dispensa-se a análise da culpa e o Estado terá que indenizar). Porém quando o

Estado gera o dano a terceiros a conduta é omissiva.

Assim, o Estado tem responsabilidade objetiva quando ocorre uma conduta

comissiva, e adotada a teoria do risco administrativo, contudo precisa ter os pressupostos

necessários: ação do Estado, dano e nexo causal entre ambos. Ressalta-se que pode ocorrer

excludente de responsabilidade ou atenuantes como será estudado no item a seguir.

5.4 CAUSAS EXCLUDENTES E ATENUANTES

A responsabilidade civil do Estado adotou a teoria do risco administrativo, esse risco

aceita dois tipos de causas: as excludentes e as atenuantes, ambas vinculadas à ideia de

causalidade.

Para não ser responsabilizado o Estado deve evidenciar a sua não participação e/ou

conduta do lesado para o dano e assim caracterizar a sua condição de vítima (excluindo sua

responsabilidade) ou que sua ação não foi a única causa do dano (atenuante), caso não consiga

provar sua inocência, o ente estatal virá a assumir toda a responsabilidade.

Para Bittar (1985, p. 81) “São princípios básicos: a necessidade de previsão legal da

excludente, a necessidade de prova no caso concreto e a elisão, para o imputado, da realização

do efeito da responsabilidade”.

Ressalta-se que nesse caso, o Estado fica liberado de ressarcir a vítima, ou seja, a

causa de excludente de responsabilidade deve ocorrer quando o próprio lesado foi o único

causador do dano (culpa exclusiva), caracteriza-se como de um caso de autolesão.

Em referência à culpa exclusiva da vítima, é certo que o Estado não tem o dever de

indenizar o prejudicado, se o lesionado deu causa à ocorrência, e o agente foi um simples

instrumento para tanto, excluindo assim o nexo causal

172

A observação do nexo de causalidade entre a atuação do agente no exercício de suas

funções e o dano ou prejuízo ocasionado à vítima constituem-se nas primícias a serem

observadas . Não existindo o vínculo subjetivo ou este é interrompido, originam as causas

excludentes da responsabilidade, enumeradas pela doutrina e construídas firmemente na

jurisprudência a saber: força maior, culpa da vítima e culpa de terceiro.

Di Pietro (2007, apud SILVA, 2012, p. 3) conceitua:

Conceitua força maior como o acontecimento imprevisível, inevitável e estranho à

vontade das partes, por exemplo, uma tempestade ou um raio. Este tipo de evento

não pode ser imputado ao Estado, pois independe de sua vontade. Ademais, não há

nexo de causalidade entre as ocorrências.

No parágrafo único do art. 393 do Código Civil de 2002 conceitua o caso fortuito e a

força maior: “O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos

não era possível evitar ou impedir”.

Porém, não está pacificado o entendimento do conceito de caso fortuito e de força

maior, pois vários autores conceituam de forma diferente em função de ponto de vista

variado, havendo ainda quem atribua que as expressões são sinônimas.

Diniz (2007, p. 53) assevera que “a força maior é decorrente de um fato da natureza

e sendo assim, é conhecido o motivo que deu origem ao fato danoso. Já no caso fortuito esse

motivo é desconhecido.”

Enquanto que Cavalieri Filho (2009, p. 235) “infere que caso fortuito é um evento

imprevisível e inevitável, já a força maior é inevitável, ainda que previsível, já que se refere a

fato superior às forças do agente.”

Cabe lembrar que existe uma exceção na responsabilidade do Estado no caso de

omissão nas prestações de serviços básicos que der causa ao dano.

Silva (2012, p. 6):

Entretanto, essa regra comporta exceção no caso de omissão do Estado. Se ocorrer

um motivo de força maior, o Estado poderá ser responsabilizado nos casos em que

se omitir em realizar um serviço. Exemplifiquemos: uma enchente destrói a cidade

de São Paulo – SP, caso reste comprovado que o Poder Público foi omisso em

realizar obras de hidrovia e limpeza de bueiros, o que ampliou os efeitos da

enchente, este deverá reparar.[...] um exemplo claro dessa situação é o tráfico de

drogas, situação amplamente conhecida pelo Poder Público, que quando não

combatida gera assaltos, assassinatos e outros ilícitos suportados pelo particular

quando desprotegidos.

A responsabilidade estatal estará caracterizada nos casos de ato de terceiros (culpa de

terceiro) ou ato de multidões, quando comprovadamente existir a omissão do Estado, em

proteger o patrimônio dos cidadãos e evitar os danos ocasionados pela multidão.

173

Entende-se por terceiro, qualquer pessoa que além do lesado ou vitimado e do

responsável pelo dado, também contribuiu para que o fato danoso ocorresse. Para que ocorra a

transferência de responsabilidade a terceiros faz-se necessário que exista uma quebra de nexo

de causalidade do agente, para que seja excluída sua responsabilidade. Com isso,

comprovando-se que o ato praticado pelo terceiro eliminou a relação de causalidade entre o

evento danoso e o ato do agente.

Em se tratando de nexo causal e não da culpa, há de se distinguir um fato exclusivo

da vítima da culpa exclusiva da vítima. O art. 945 Código de Processo Civil de 2002, traz a

luz do conhecimento apenas a culpa concorrente, “Se a vítima tiver concorrido culposamente

para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua

culpa em confronto com a do autor do dano.”

Caso o fato danoso tenha como autor, além do terceiro a colaboração da vítima, eles

são responsáveis solidários pela obrigação de indenizar, cabendo ao ofendido a possibilidade

de escolher quem vai ser acionado para pagamento da indenização.

O art. 942 do Código Civil de 2002 define:

Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam

sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos

responderão solidariamente pela reparação.

Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os coautores e as

pessoas designadas no art. 932.

Como foi visto no art. 945 no Código Civil as atenuantes estão presentes se houver

concurso parcial da vítima ou do ofendido, nesse caso, o Estado indenizará proporcionalmente

a sua concorrência para o evento danoso.

5.5 A RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

A responsabilidade ambiental ocorre para os bens que compõem o meio ambiente

que são divididos em quatro aspectos: meio ambiente natural, meio ambiente artificial, meio

ambiente cultural, e meio ambiente do trabalho, porém ressaltasse a importância da unicidade

que fazem parte, ou seja, todos eles são importantes para a preservação do meio ambiente

saudável, de forma que a degradação de um deles importará em consequências aos demais.

Para Pinheiro (2010, 114):

A responsabilização pelo meio ambiente constitui tema central na seara da proteção

ao bem ambiental. Por se tratar de uma responsabilidade o indivíduo ou a

coletividade é parte legítima para responder, de forma legítima ou remediadora, pela

tutela do referido bem que a sua proteção poderá efetivar-se.

174

Cabe o dever jurídico Constitucional de preservação para que se cumpra a

transmissão do patrimônio ambiental de geração a geração. Assim, no presente subcapítulo,

será tratado sobre a amplitude e especificidades da responsabilização pelo meio ambiente.

Serão abordados: Responsabilidade pelo meio ambiente, Responsabilidade por dano ao meio

ambiente, Âmbitos de Responsabilidade no Direito Ambiental: Administrativo, Civil e Penal,

e por fim Responsabilidade do Estado por danos ao meio ambiente do trabalho.

5.5.1 Responsabilidade pelo meio ambiente

O meio ambiente é considerado uma dimensão dos direitos fundamentais que se

caracteriza por pertencer a toda coletividade, é um direito autônomo e unitário, sua tutela

maior é proteger o direito à vida.

Como a vida é o bem mais precioso a ser preservado, o meio ambiente possui sua

tutela diferenciada dos demais direitos, sua responsabilidade é objetiva bastando uma mera

criação de risco com relação de causalidade entre o autor e o resultado para comprovar sua

existência.

O binômio dano-ressarcimento é critério da objetividade no Direito Ambiental,

ressalta-se que o dano nesse direito não opera como uma constante e sim como uma variável

em função de determinações legais que ligam os máximos e os mínimos com os prejuízos

juridicamente relevantes. É interessante essa variável do dano ambiental, pois se for acima do

limite pagamos todos, abaixo não pagamos nada.

Para o Direito Ambiental a função preventiva é a mais importante medida para evitar

a responsabilização pelos danos ambientais, pois o ressarcimento em dinheiro, na maioria das

vezes, não é relevante, pois os danos causados são irreversíveis.

Portanto, sabe-se que há uma vasta legislação de proteção ambiental, porém de nada

adianta se seu sistema funcional for precário. A prevenção torna-se uma espécie de

responsabilização que pode anteceder ao dano, o que se espera é que não ocorra piores

problemas ambientais no Brasil e no mundo, por falta da responsabilização antecipada ao

dano.

5.5.2 Responsabilidade por dano ambiental

Antes de adentrar na questão da responsabilidade por dano ambiental é necessário

que se defina dano ambiental:

175

No dizer de Antunes (2000, p. 181) ele define “ dano ambiental como sendo “a

poluição que, ultrapassando o limite do desprezível, causa alterações adversas ao ambiente”.

Segundo Édis Milaré (2001, p. 421-422) “dano ambiental é a lesão aos recursos

ambientais, com consequente degradação - alteração adversa ou in pejus - do equilíbrio

ecológico e da qualidade de vida”.

A Constituição Federal/88 não conceituou dano ambiental, todavia a Lei 6.938/81

trouxe características basilares em seu inciso III do art. 3º:

Art. 3º III – poluição é a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades

que direta ou indiretamente:

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem estar da população;

b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;

c) afetem desfavoravelmente a biota;

d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;

e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais

estabelecidos.(Grifo Nosso)

Observa-se no vocábulo “poluição”, e acredita-se que exista associação à ideia de

degradação ambiental, logo, dano ambiental. Assim, dano ambiental é toda lesão causada

diretamente ao meio ambiente, que cause dano ao direito difuso.

Por se tratar de uma responsabilidade por dano ambiental é imprescindível a

identificação do agente causador do dano para que o mesmo receba a sanção cabível da

responsabilização.

Para Pinheiro (2010, p. 115) “Quando a proteção preventiva não subsiste e a lesão ao

meio ambiente se produz, torna-se necessário que ocorra a responsabilização pelo dano

causado para que o bem ambiental afetado, na medida do possível, possa ser restabelecido”.

No Brasil, é recente a conscientização da relevância da proteção ao meio ambiente

bem como sua responsabilização. Embora no país tenha tido outras constituições, a

Constituição Federal de 1988 foi um marco na legislação ambiental brasileira, em seu caput

do art. 225 rege que “[...] impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de

defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.” (Grifo Nosso), porém a

responsabilização ambiental surge no § 1º do mesmo artigo “Para assegurar a efetividade

desse direito, incumbe ao Poder Público” (Grifo Nosso).

Diante disso, cabe a responsabilização ambiental, segundo a Constituição Federal/88,

a União, Estados, Distrito Federal e Municípios. E de forma inovadora, estabelece a proteção

do meio ambiente como princípio da ordem econômica, no art. 170.

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na

livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os

ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:

I - soberania nacional;

II - propriedade privada;

176

III - função social da propriedade;

IV - livre concorrência;

V - defesa do consumidor;

VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado

conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de

elaboração e prestação;

VII - redução das desigualdades regionais e sociais;

VIII - busca do pleno emprego;

IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as

leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País.

Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade

econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos

previstos em lei. (Grifo Nosso)

A lei nesse dispositivo constitucional traz fundamentos à valorização do trabalho

humano e a livre iniciativa privada assegurando a todos acesso à atividade econômica. Um

novo pensar sobre o desenvolvimento econômico está levando em conta a preservação

ambiental, porém uma visão estritamente econômica só vem prejudicar os impactos

ecológicos no processo produtivo e com isso deve existir a reparação dos danos.

5.5.3 Âmbito de Responsabilidade no Direito Ambiental

No Direito Ambiental a responsabilidade é tríplice, segundo dispõe o artigo 225, § 3º

da Constituição Federal: “As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente

sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,

independentemente da obrigação de reparar os danos causados”.

O dispositivo constitucional supracitado reconhece três modalidades de

responsabilidades que são independentes entre si, possuem sanções diferenciadas e têm

normas específicas: a administrativa, a criminal e a civil. Observa-se que esses tipos de

sanções não são uma exclusividade do Direito Ambiental, ou seja, essas sanções são adotadas

pelo poder público em outras situações que envolvam dano a bem de interesse público.

Mukai (2008, p. 1) comenta sobre os tipos de sanções existentes no Direito

Ambiental: “Quanto ao tipo de sanção, verifica-se que ela pode ser: de ordem moral

(advertência), patrimonial (multa ou a indenização decorrente da responsabilidade civil), ou a

limitação da liberdade”.

Essas responsabilidades geradas pelo dano ambiental ou ecológico têm as mesmas

sanções no tocante as outras repercussões jurídicas. Ressalta-se, que cada responsabilidade

supracitada possuem normas específicas, logo possuem suas próprias especificidades.

177

5.5.3.1 Responsabilidade no âmbito administrativo

É obrigação do Estado assegurar um meio ambiente equilibrado e saudável para

todos como rege a Constituição Federal/88, e para efetivar essa defesa precisa usar suas

medidas legais que ocorrem através do exercício do Poder de Polícia Ambiental.

Silva (2013, p. 325) conceitua a responsabilidade administrativa:

A responsabilidade administrativa resulta de infração a normas administrativas,

sujeitando-se o infrator a uma sanção de natureza também administrativa:

advertência, muito simples, interdição de atividade, suspensão de benefícios, etc.

Corroborando Américo Luís Martins da Silva (2004, p. 682) cita:

A responsabilidade por danos causados ao meio ambiente (...) diz respeito à

obrigação de determinada pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado,

responder por um fato ou ato omissivo que causa dano ou lesão ao meio ambiente e

reparar tal dano de maneira in natura ou pecuniária.

A responsabilidade administrativa no Direito Ambiental é imposta pelo poder de

polícia administrativo a todas as pessoas (físicas ou jurídicas) que venham causar danos ao

bem ambiental tutelado. Todos os entes federativos do Brasil dispõem desse poder, que deve

condicionar e restringir o uso e gozo dos bens, objeto da infração ou sanção, assim cada um

ente impõe seus limites obedecendo normas constitucionais estabelecidas, aplicando, assim,

as sanções nos casos concretos de desobediência às ordens legais.

As infrações administrativas e suas sanções estão previstas na Lei n. 9.605/98 bem

como as sanções penais e administrativas, elas dispõem sobre as condutas e atividades lesivas

ao meio ambiente. Essa lei esclarece pontos importantes sobre os direitos e obrigações dos

sujeitos envolvidos nesse tipo de infração que ocorre no meio ambiente, como: o conceito,

peça informativa equivalente, competência, representação, forma, prazos, sanções direitas e

por omissão, valor da multa, responsáveis direto e coautores, destinação do valor arrecado na

multa.

A formalização das sanções por responsabilidade administrativas ambientais requer a

instauração de processo administrativo punitivo que observa os princípios processuais

presentes na constituição, como: precisa ter o nome do infrator, o fato da infração, local, hora

e data do fato, disposição legal do pedido, penalidade a ser aplicada, oportunidade do

contraditório com tempo para a defesa do infrator, entre outros.

Essa lei conceitua infração administrativa em seu art. 70 “Considera-se infração

administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo,

promoção, proteção e recuperação do meio ambiente.”

178

Em seu § 1º delimita as autoridades competentes para aplicá-la:

São autoridades competentes para lavrar auto de infração ambiental e instaurar

processo administrativo os funcionários de órgãos ambientais integrantes do Sistema

Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, designados para as atividades de

fiscalização, bem como os agentes das Capitanias dos Portos, do Ministério da

Marinha.

Em seu § 2º traz quem tem legitimidade de propor a ação: “Qualquer pessoa,

constatando infração ambiental, poderá dirigir representação às autoridades relacionadas no

parágrafo anterior, para efeito do exercício do seu poder de polícia.”

No § 3º estabelece sanção para a autoridade que for omissa frente à infração: “A

autoridade ambiental que tiver conhecimento de infração ambiental é obrigada a promover a

sua apuração imediata, mediante processo administrativo próprio, sob pena de

corresponsabilidade.”

O § 4º cita a forma legal, o procedimento a seguir nesse tipo de processo: “As

infrações ambientais são apuradas em processo administrativo próprio, assegurado o direito

de ampla defesa e o contraditório, observadas as disposições desta Lei.”

Estabelece os prazos no processo administrativo, em seu art. 71:

Art. 71. O processo administrativo para apuração de infração ambiental deve

observar os seguintes prazos máximos:

I - vinte dias para o infrator oferecer defesa ou impugnação contra o auto de

infração, contados da data da ciência da autuação;

II - trinta dias para a autoridade competente julgar o auto de infração, contados da

data da sua lavratura, apresentada ou não a defesa ou impugnação;

III - vinte dias para o infrator recorrer da decisão condenatória à instância superior

do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, ou à Diretoria de Portos e

Costas, do Ministério da Marinha, de acordo com o tipo de autuação;

IV – cinco dias para o pagamento de multa, contados da data do recebimento da

notificação. (Grifo Nosso)

A aplicabilidade do tempo no processo são pontos importantes a serem observados

em qualquer tipo de ação judicial, assim observa-se que os prazos máximos não deve

ultrapassar trinta dias, logo o processo é considerado célere na resolução da lide.

O art. 72 da Lei 9605/98 dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas

de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente:

As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções, observado o

disposto no art. 6º:

I - advertência;

II - multa simples;

III - multa diária;

IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos,

petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração;

V - destruição ou inutilização do produto;

VI - suspensão de venda e fabricação do produto;

VII - embargo de obra ou atividade;

179

VIII - demolição de obra;

IX - suspensão parcial ou total de atividades;

X - (VETADO)

XI - restritiva de direitos. (Grifo Nosso)

§ 1º Se o infrator cometer, simultaneamente, duas ou mais infrações, ser-lhe-ão

aplicadas, cumulativamente, as sanções a elas cominadas.

§ 2º A advertência será aplicada pela inobservância das disposições desta Lei e da

legislação em vigor, ou de preceitos regulamentares, sem prejuízo das demais

sanções previstas neste artigo.

§ 3º A multa simples será aplicada sempre que o agente, por negligência ou dolo:

I - advertido por irregularidades que tenham sido praticadas, deixar de saná-las, no

prazo assinalado por órgão competente do SISNAMA ou pela Capitania dos Portos,

do Ministério da Marinha;

II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do SISNAMA ou da Capitania dos

Portos, do Ministério da Marinha.

§ 4° A multa simples pode ser convertida em serviços de preservação, melhoria e

recuperação da qualidade do meio ambiente.

§ 5º A multa diária será aplicada sempre que o cometimento da infração se

prolongar no tempo.

§ 6º A apreensão e destruição referidas nos incisos IV e V do caput obedecerão ao

disposto no art. 25 desta Lei.

§ 7º As sanções indicadas nos incisos VI a IX do caput serão aplicadas quando o

produto, a obra, a atividade ou o estabelecimento não estiverem obedecendo às

prescrições legais ou regulamentares.

§ 8º As sanções restritivas de direito são:

I - suspensão de registro, licença ou autorização;

II - cancelamento de registro, licença ou autorização;

III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais;

IV - perda ou suspensão da participação em linhas de financiamento em

estabelecimentos oficiais de crédito;

V - proibição de contratar com a Administração Pública, pelo período de até três

anos.

Em seu art. 73 é esclarecido a destinação dos valores arrecadados das multas

ambientais:

Os valores arrecadados em pagamento de multas por infração ambiental serão

revertidos ao Fundo Nacional do Meio Ambiente, criado pela Lei nº 7.797, de 10 de

julho de 1989, Fundo Naval, criado pelo Decreto nº 20.923, de 8 de janeiro de 1932,

fundos estaduais ou municipais de meio ambiente, ou correlatos, conforme dispuser

o órgão arrecadador.

Ao estabelecer a base para o cálculo da multa foi escolhida a forma discricionária, ou

seja, dependerá do caso concreto e do objeto lesado art. 74: “A multa terá por base a unidade,

hectare, metro cúbico, quilograma ou outra medida pertinente, de acordo com o objeto

jurídico lesado”.

Em se tratando de valores da multa foi fixado valores no art.75: “O valor da multa de

que trata este capítulo será fixado no regulamento desta Lei e corrigido periodicamente, com

base nos índices estabelecidos na legislação pertinente, sendo o mínimo de R$ 50,00

(cinquenta reais) e o máximo de R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais).

180

E finalmente o art. 76 regulamenta sobre a incidência na cobrança: “O pagamento de

multa imposta pelos Estados, Municípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a multa

federal na mesma hipótese de incidência.

5.5.3.2 Responsabilidade Civil

A responsabilidade no âmbito civil está explícito na parte final do § 3º do art. 225 da

CF/88, porém com um sinônimo „reparar os danos causados‟, vejamos: “As condutas e

atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou

jurídicas, as sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar

os danos causados.”(Grifo Nosso). E também consta no art. 14, § 4º da Lei n. 6.938/81: “[...]

a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua

atividade.[...]”

Silva (2010, p. 335) conceitua:

A responsabilidade civil é a que impõe ao infrator a obrigação de ressarcir o

prejuízo causado por sua conduta ou atividade. Pode ser contratual, por

fundamentar-se em um contrato, ou extracontratual, por decorrer de exigência legal

(responsabilidade legal) ou de ato ilícito (responsabilidade por ato ilícito), ou até

mesmo por ato lícito (responsabilidade de risco).

Como já foi analisado no item 5.2 desta dissertação a responsabilidade civil é

objetiva, logo basta a existência do dano e do nexo com a fonte degradadora para que ela se

estabeleça.

Para Colombo (2006, p. 1): [...] “A responsabilidade civil impõe a obrigação de o

sujeito reparar o dano que causou a outrem. É o resultado de uma conduta antijurídica, seja de

uma ação, seja de uma omissão, que se origina um prejuízo a ser ressarcido.”

Existem dois tipos diferentes de reparações da responsabilidade civil ambiental

presentes nos dispositivos legais: a reparação in natura ou em pecúnia: art.14 § 1º da Lei

6.938/81, § 2º do art. 9º da Lei 6.902/81 e § 2º do Art. 225 CF/88:

No art.14 §1º da Lei 6.938/81:

Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado,

independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos

causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. (Grifo

Nosso).

§ 2º do art. 9º da Lei 6.902/81:

- Nas Áreas de Proteção Ambiental, o não cumprimento das normas disciplinadoras

previstas neste artigo sujeitará os infratores ao embargo das iniciativas irregulares, à

medida cautelar de apreensão do material e das máquinas usadas nessas atividades, à

obrigação de reposição e reconstituição, tanto quanto possível, da situação

181

anterior e a imposição de multas graduadas de Cr$ 200,00 (duzentos cruzeiros) a

Cr$ 2.000,00 (dois mil cruzeiros), aplicáveis, diariamente, em caso de infração

continuada, e reajustáveis de acordo com os índices das ORTNs - Obrigações

Reajustáveis do Tesouro Nacional.(Grifo Nosso)

§ 2º do Art. 225 CF/88:

Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente

degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente,

na forma da lei. (Grifo Nosso)

Assim, a responsabilização civil dos danos ambientes jamais irá fazer reintegrar o

bem ambiental ao status quo ante, mas seu ressarcimento existe e é complexo, pois o

beneficiário pode ser o meio ambiente ou uma pessoa. Quando for uma pessoa o

ressarcimento estará direcionado a ela, mas quando o beneficiário do ressarcimento for o meio

ambiente o valor pago será depositado no Fundo de Defesa dos Direitos Difusos criado pela

Lei n. 9008/1995.

O que se espera é que os valores do ressarcimento dos danos aplicados nesse Fundo

de Defesa dos Direitos Difusos retornem a quem é de direito, o povo, isso pode acontecer

através de benefícios que tragam bem-estar a toda sociedade lesada, e quando o bem lesado

afetar uma classe, como foi o caso do meio ambiente do trabalho dos professores das escolas

públicas da rede estadual de ensino do Amazonas que foram infligidos, o valor deve ser

aplicado em ações preventivas para elidir ou minimizar tal situação.

5.5.3.3 Responsabilidade Penal

A Constituição Federal de 1988 traz em seu art. 225 uma tutela ampla ao meio

ambiente e impõe ao poder público e a coletividade o dever de protegê-lo, assim o Direito

Penal Ambiental vem contribuir como parte integrante do Estado para efetivação de sua

defesa através de suas sanções.

Silva (2010, p. 330) declara:

A qualidade do meio ambiente é um valor fundamental, é um bem jurídico de alta

relevância, na medida mesma em que a Constituição o considera bem de uso comum

do povo, essencial à sadia qualidade de vida, que o Poder Público e a coletividade

devem defender e preservar.

Na esfera penal ambiental, a Constituição Federal de 1988 trouxe inovações: no § 3º

do art. 225 da Constituição Federal/88 que rege sobre as condutas e atividades lesivas ao meio

ambiente: “As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os

infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,

182

independentemente da obrigação de reparar os danos causados.”(Grifo Nosso). Esse artigo foi

regulamentado posteriormente pela Lei n. 9.605/98.

A inovação inclui a pessoa jurídica para responder juridicamente por lesões ao meio

ambiente, basta a conduta dolosa advinda de uma decisão de seu representante legal ou

contratual ou de seu órgão colegiado que tenha tido, com isso, algum benefício.

A Lei 9.605/98 que “dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de

condutas e atividades lesivas ao meio ambiente” sistematizou os crimes contra o meio

ambiente que antes estavam estabelecidos em legislações esparsas, recepcionando todos os

aspectos do meio ambiente (o meio ambiente natural, o artificial, o cultural e o do trabalho):

Nos art. 2º e 3º dessa lei pune a ação e a omissão das pessoas físicas ou jurídicas que

venham ter responsabilidade criminal ambiental:

Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos

nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem

como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o

auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da

conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir

para evitá-la.(Grifo Nosso)

Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e

penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja

cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão

colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.(Grifo Nosso)

Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas

físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato.

As infrações na responsabilidade penal são de ação pública incondicionada, cabendo

ao Ministério Público propor a ação penal cabível segundo os dispositivos presentes no

Código de Processo Penal.

O art. 22 dessa lei retrata as penas restritivas de direitos da pessoa jurídica:

I - suspensão parcial ou total de atividades;

II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade;

III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios,

subvenções ou doações. § 1º A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem

obedecendo às disposições legais ou regulamentares, relativas à proteção do meio

ambiente.

§ 2º A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver

funcionando sem a devida autorização, ou em desacordo com a concedida, ou com

violação de disposição legal ou regulamentar.

§ 3º A proibição de contratar com o Poder Público e dele obter subsídios,

subvenções ou doações não poderá exceder o prazo de dez anos.

Já no art. 23 da mesma lei estabelece as penas de prestação de serviços à comunidade

pela pessoa jurídica:

183

I - custeio de programas e de projetos ambientais;

II - execução de obras de recuperação de áreas degradadas;

III - manutenção de espaços públicos;

IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas.

A imposição e a gradação das penalidades estabelecidas estão presentes no art. 6º

dessa lei no item de aplicação da pena:

I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas consequências

para a saúde pública e para o meio ambiente;

II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse

ambiental;

III - a situação econômica do infrator, no caso de multa.

As circunstâncias atenuantes e agravantes da pena e às excludentes de ilicitude

seguem o modelo dos dispositivos destinados aos crimes em geral.

Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena:

I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;

II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou

limitação significativa da degradação ambiental causada;

III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental;

IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental.

Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou

qualificam o crime:

I - reincidência nos crimes de natureza ambiental;

II - ter o agente cometido a infração[...]

O art. 50-A dessa lei supracitada traz excludente de antijuridicidade direcionadas às

pessoas jurídicas de direito público:

Art. 50-A. Desmatar, explorar economicamente ou degradar floresta, plantada ou

nativa, em terras de domínio público ou devolutas, sem autorização do órgão

competente: (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006). Pena - reclusão de 2 (dois) a 4

(quatro) anos e multa. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)

§ 1o Não é crime a conduta praticada quando necessária à subsistência imediata

pessoal do agente ou de sua família. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)

§ 2o Se a área explorada for superior a 1.000 ha (mil hectares), a pena será

aumentada de 1 (um) ano por milhar de hectare. (Incluído pela Lei nº 11.284, de

2006)

Diante do exposto, acredita-se que a aplicação da norma penal ambiental trouxe a

efetiva proteção ao meio ambiente geral, pois leva em consideração o resultado material

danoso ao meio ambiente antes daquele relativo ao simples cumprimento do dever legal,

porém como instrumento normativo precisa de atualizações que atendam os quatro aspectos

ambientais, principalmente o meio ambiente do trabalho.

184

5.5.5 Responsabilidade do Estado por danos ao meio ambiente do trabalho

A responsabilidade do Estado por danos ao meio ambiente do trabalho pode ser

objetiva ou subjetiva. O Estado, através de seus entes federativos pode ser responsabilizado

pelos danos causados ao meio ambiente do trabalho e com isso reparar ou ressarcir os

prejuízos causados.

Essa ideia de responsabilização do Estado é paradoxal, o Estado estabelece as leis

para aplicar contra ele mesmo, ou o Estado vai indenizar o lesado com o próprio recurso da

vítima, é no mínimo estranho.

Como foi estudado no item 5.3.3, a legislação ambiental traz três tipos de sanções: a

administrativa, penal e civil conforme seu § 3º do art. 225 da CF/88. Contudo, quando se

trata de Estado não cabe a responsabilidade criminal.

Em comentário ao art. 225 da CF/88, Ferreira (1995, p. 296) ensina que:

O direito ambiental encerra um conjunto de normas de caráter preventivo, repressivo

e reparatório, porém a tutela do meio ambiente superou ultimamente o estágio

repressivo e reparatório, fundamentado em regras de responsabilidade penal e civil,

para preocupar-se também com a prevenção do dano ambiental.

Observa-se a responsabilidade objetiva sobre o meio ambiente do trabalho no art.

200 da CF/88, inc. VIII, como parte integrante desta tutela. Como também no art. 14 da Lei

6.938/1981 (Política Nacional de Meio Ambiente) quando aponta, em seu § 1º, que: “Sem

obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado,

independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao

meio ambiente e a terceiros afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos

Estados terão legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos

causados ao meio ambiente” (grifo nosso).

Os danos causados ao meio ambiente do trabalho afeta diretamente a saúde dos

trabalhadores, como não tem ainda um estudo sistêmico sobre o meio ambiente do trabalho,

acolhe-se o conceito de poluição, assim segundo a lei o empregador, inclusive o Estado, que

descumprir as normas de segurança e medicina do trabalho, que sujeitam o empregado à

condição de risco, é reconhecido como poluidor.

Celso Antônio Pacheco Fiorillo (2004, p. 45) bem define:

A responsabilidade civil pelos danos causados ao meio ambiente de trabalho é do

tipo objetiva, em decorrência de o art. 225, § 3º, da Constituição Federal preceituar

[....]. O art. 14, § 1º, da Lei 6.938/81 foi recepcionado pela Constituição, ao prever a

responsabilidade objetiva pelos danos causados ao meio ambiente [...] (grifo

nosso)

185

Quando for comprovada a negligência ou omissão do Estado nas cobranças de

estudos prévios constantes na lei, ou seja, não fiscalizou ou acompanhou as solicitações de

utilização do meio ambiente, e por ventura ocorra um dano ambiental ele será

responsabilizado.

Para Machado (2002, p. 51): “Deixar de buscar eficiência a Administração Pública

que, não procurando prever danos para o ser humano e o meio ambiente, omite-se no exigir e

no praticar medidas de precaução, ocasionando prejuízos pelos quais será corresponsável.”

Corroborando Sventnickas (2009, p. 43):

Além de preservar, compete à Administração Pública, restaurar o meio ambiente já

degradado por ela ou instigar os poluidores a recuperarem áreas degradadas, seja

através da promulgação de normas, seja por meio de ações judiciais. Destarte, a

União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, devem estar atentos as suas

obrigações, posto que a não observância das mesmas pode ensejar a

responsabilidade civil do Erário pelos danos aos meio ambiente, inclusive, ao meio

ambiente do trabalho.

A princípio tem-se a impressão de entendimentos dúbios entre a previsão legal e a

constitucional: pois, enquanto a Carta Política garante o direito à vida, saúde, segurança e

integridade física, a legislação ordinária admite uma espécie de permuta ou "barganha" com

questões relacionadas à segurança e à saúde ao regulamentar uma indenização ao trabalhador

por sua exposição a riscos.

O trabalhador diariamente é exposto a graus de riscos diferentes, apesar dos avanços

tecnológicos ocorridos nos últimos trinta anos. Salienta-se porém que, em algumas profissões

o risco é indiscutivelmente maior.

Alertam Ferreira e Figueiredo, que “o risco à vida existe não só em atividades

industriais, mas também em muitas das tidas como essenciais à sociedade”.

Anníbal Fernandes (1995, p. 248):

Há riscos nas sociedades modernas inconfundíveis com os riscos específicos

ocasionados pelo trabalho subordinado; essa distinção é do passado, do presente e,

até d‟onde se possa visualizar, alcança o futuro. Assim, prevenção e reparação

demandam medidas especiais para o infortúnio laboral, correspondendo a riscos

específicos.

Corroborando Leite (2000, p. 204) cita: “Pelos atos causadores de danos diretamente

ao meio ambiente do trabalho ou potencializem a criação de riscos ambientais laborais,

responde o Estado objetiva e solidariamente como qualquer outro particular”

Nesse diapasão Meirelles (1990, p. 550/553 ) cita que:

186

A Lei 6.938/81 e o parágrafo único do art. 225 da CF/88, reforça essa ideia do

disposto no § 6º do art. 37 da mesma constituição, que estabelece a responsabilidade

objetiva ao Estado e das pessoas prestadoras de serviços públicos pelos atos danosos

aos particulares.

Observa-se que a responsabilidade Estatal vai além do ato comissivo, o ato omisso

ocorre quando o poder público omite-se de um dever legal de obstar a ocorrência de tais

danos, ou seja, ele responde em virtude de sua omissão, posto que tinha o dever de impedir a

ocorrência do prejuízo por meio da fiscalização do cumprimento das normas ambientais do

trabalho e não o fez.

A responsabilidade será subjetiva quando for derivada da culpa anônima do serviço.

Como bem leciona Melo (2013, p. 311):

Essa responsabilidade, contudo, é subjetiva, embasada na culpa do Poder Público

pelo não exercício do poder fiscalizatório e de polícia administrativa. Em matéria de

danos decorrentes de condutas omissivas do Estado em geral, prevalece na doutrina

nacional o entendimento de que deve ser aplicado o princípio da responsabilidade

subjetiva, como afirma Nelson de Freitas Porfírio Júnior, embasado nos

ensinamentos de Celso Antônio Bandeira de Mello, que diz: “Quando o dano foi

possível em decorrência de uma omissão do Estado (o serviço não funcionou,

funcionou tardia ou ineficientemente) é de aplicar-se a teoria da responsabilidade

subjetiva. Com efeito, se o Estado não agiu, não pode, logicamente, ser ele o autor

do dano. E, se não foi o autor, só cabe responsabiliza-lo caso esteja obrigado a

impedir o dano. Isto é: só faz sentido responsabiliza-lo se descumprir dever legal

que lhe impunha obstar ao evento lesivo”.

Nessa responsabilidade subjetiva a omissão e falta de fiscalização do poder público

em procedimentos ambientais tem duas derivações denominadas objeto imediato e objeto

mediato, ambos são importantes. Assim, no poder mediato o poder público precisa aplicar

medidas futuras para que o problema não se repita, já aquele (objeto imediato) o poder

público precisa indenizar em dinheiro a manutenção do ambiente degradado para seu uso de

imediato.

Melo (2013, p. 313):

A responsabilidade do Estado surge, portanto, da ausência de serviço ou do seu mau

funcionamento e cuidadoso no vigiar, orientar e ordenar a saúde ambiental nos casos

em que as pessoas haja prejuízo ou potencialidade de riscos para o meio ambiente e

para as pessoas, respondendo, por isso, com o particular agente do dano.

A legislação brasileira estabelece em alguns de seus dispositivos que a União, por

meio do Ministério do Trabalho e Emprego é responsável pela fiscalização no meio ambiente

trabalho no que concerne a medicina e segurança do trabalho, como pode ser lido na CLT art.

155 e ss, Portaria n. 3.214/78, CF/88 art. 225 e art. 200, incisos II e III.

Caso não haja cumprimento dessas leis para efetivar a “segurança” dos

trabalhadores, ocorre a irresponsabilidade do poder público. Essa omissão dá legitimidade

187

para propositura de ações coletivas preventivas e reparatórias que podem ser propostas em

face do órgão público, isoladamente ou em litisconsórcio passivo com uma ou mais empresas,

que podem entrar com diversos pedidos (obrigação de fazer) que venha trazer bem estar aos

trabalhadores.

Melo (2013, p. 314) ainda assevera:

Cabe ao juiz, ao analisar a ação de responsabilidade por omissão do Estado, verificar

a conduta deste, ou seja, se ele realmente se omitiu do poder/dever específico de

cautela exigindo para aquela espécie de caso, sendo necessária a demonstração de

culpa por negligência, imprudência ou imperícia no serviço ou falta do serviço

ensejador do dano.

Quando o meio ambiente do trabalho não tem higidez pelo não cumprimento dos

dispositivos legais referentes à garantia da vida, de saúde e do bem estar do trabalhador por

parte dos empregadores, o poder público deve ser responsabilizado por isso, seu ato

comissivo ou omissivo traz consequências diretas aos lesionados e indireta à própria

sociedade, pois alguém precisa pagar (ônus) literalmente pelo erro. Está claro que o Estado

pode e deve ser responsabilizado por eventuais danos causados ao meio ambiente do trabalho

e à saúde do trabalhador.

O art. 225 da Constituição Federal/88 atribui ao Estado e à coletividade o dever de

defender e preservar o meio ambiente, e ainda compreende três espécies de ações que podem

ocorrer com a participação da sociedade:

a.1) Plebiscito (art. 14, I);

a) Iniciativas legislativas: a.2) Referendo (art. 14, II);

a.3) Iniciativa Popular (art. 14, III).

b.1) Direito de Informação (5°, XXXIII);

b) Medidas administrativas b.2) Direito de petição (5°, XXXIV, “a”);

b.3) Estudo prévio de impacto ambiental (225,

IV).

c) Medidas judiciais: c.1) Ação Popular (art. 5°, LXXIII);

. c.2) Ação Civil Pública (Lei 7347/85).

Existem diversos ordenamentos jurídicos que disciplinam o bem difuso, porém a lei

não possui eficácia sozinha, todos os segmentos da sociedade precisam participar, ter uma

consciência ética de proteção à vida, pois devem ocorrer mudanças significativas na política e

na economia onde o Poder Público tenha uma visão holística para a educação ambiental e o

povo se envolva na causa.

188

No que tange ao meio ambiente do trabalho, o legislador constitucional ainda no

artigo supracitado o incluiu na participação na divisão da responsabilidade pela proteção

ambiental, por acreditar que na relação trabalhista é impossível o Estado estar em todos os

lugares ao mesmo tempo, assim a participação dos interessados tornou-se mais eficaz e célere.

O Princípio da Participação no meio ambiente do trabalho envolve de três sujeitos

ativos: os empregados, com sua devida participação representativa dos trabalhadores

interessados (representação sindical ou comissão de interessados); os empregadores, e o

Estado (poderes Executivo, Legislativo, Judiciário e pelo Ministério Público do Trabalho).

Santos (2010, p. 138):

As questões do ambiente do trabalho devem ser tratadas adequadamente, com

participação representativa dos trabalhadores interessados.[...] significa o direito do

trabalhador de participar de tudo que se refira a sua saúde e segurança por meio de

representação sindical ou comissão de interessados.

O Estado, por meio do Ministério do Trabalho e Emprego encarrega-se pela

elaboração, orientação, fiscalização e punição pelas normas preventivas e de melhoria dos

ambientes de trabalho.

Melo (2013, p. 65):

Não obstante todo esse aparato legal de instrumentalização do meio ambiente ainda

figura o Brasil como um dos grandes produtores de acidentes de trabalho, o que

requer atuação conjunta, e forma tripartite entre Estado (representante pelos mais

diversos órgãos públicos), empregadores e empregados numa verdadeira força-tarefa

participativa na busca da melhoria das condições de trabalho.

Melo (2013, p. 64) transcreve a aplicação do princípio da participação do meio

ambiente do trabalho:

Com relação ao meio ambiente do trabalho, sabe-se que existe o Estado, por meio do

Ministério Público do Trabalho e Emprego, encarregado não somente de elaborar

normas de prevenção e melhoria dos ambientes de trabalho, como estabelece o art.

156 da CLT, mas também de orientar trabalhadores e empregadores quanto ao

cumprimento dessas normas e fiscalizá-las, imprimindo sanções administrativas pelo

seu descumprimento. Essas sanções vão desde a aplicação de multas pecuniárias

previstas no art. 201 da CLT até a interdição de estabelecimentos, setores de

serviços, maquinários e equipamento ou embargo de obra (CLT, art. 161).

Ao Sistema Único de Saúde – SUS, cabe importante tarefa de executar as ações de

vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador, e

colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho (CF, art.

200, incisos II e VIII). Essa tarefa deve ser executada em conjunto e harmonia com o

Ministério do Trabalho e Emprego, com os Centros de Referência de Saúde do

Trabalhador e outros órgãos incumbidos da tutela ambiental do trabalho.

De outro lado, incumbe aos sindicatos, como parte da sociedade organizada, a defesa

dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões

judiciais e administrativas (CF, art. 8º, III), o que inclui o meio ambiente do

trabalho. Também com a tarefa de prevenir riscos ambientais no trabalho existem as

Comissões Internas de Prevenção de Acidentes – CIPA‟s, cujos representantes

eleitos pelos trabalhadores têm garantia de emprego para bem cumprirem o seu

papel (ADCT, art. 10, inciso II, letra a).

189

Nesse diapasão, o princípio da participação traz formas diversificadas e não

excludentes da sociedade participar da preservação do meio ambiente, pois apesar do meio

ambiente receber destaque no ordenamento jurídico brasileiro, não garante total proteção ao

meio ambiente do trabalho, assim a participação da comunidade constitui um sustentáculo à

sustentabilidade ambiental, pois serão os “olhos” do Estado, podendo mudar efetivamente os

parâmetros da política pública ambiental.

190

6 CONCLUSÃO

Diante do crescimento desordenado e insustentável do planeta surge o Direito

Ambiental para regulamentar as questões relacionadas ao meio ambiente com foco na

proteção do maior bem que temos, a vida. Zelando pelos macros e micros (de forma isolada)

bens existentes. Sabe-se que devido a amplitude do Direito Ambiental, o mesmo possui

quatro aspectos importantes (natural, artificial, cultural e o do trabalho) que o integram.

No Brasil a Constituição Federal de 1988 foi um marco histórico na busca de

soluções para a preservação e o desenvolvimento sustentável do meio ambiente, tal fato deve-

se à quantidade de recursos naturais existentes no país. Buscou-se através de leis,

reconhecidamente avançada, proteger os macro bens, porém observa-se que lacunas ainda

estão abertas à espera de regulamentação específica, como é o caso do meio ambiente do

trabalho.

Dentro dessa preocupação ambiental, contemplou-se analisar dentre os quatro

aspectos do Direito Ambiental o meio ambiente do trabalho, por ser indispensável e relevante

para assegurar o art. 225 da CF/88, pois trabalhar é condição essencial, não somente pela

manutenção financeira, mas pela dignificação da vida. A partir do estudo desenvolvido,

delimitou-se a presente dissertação em analisar o meio ambiente do trabalho do professor da

rede pública estadual de ensino da cidade de Manaus.

A partir da década de 60 começaram alguns estudos sobre o mal-estar docente e a

recomendação de 1966 da OIT/UNESCO é um exemplo disso, pois desde aquela época

procurava-se proteger o meio ambiente laboral dos professores, porém no Brasil não obteve

muita evolução.

Ficou evidenciado nesta pesquisa que, o meio ambiente laboral dos professores da

rede estadual de ensino no estado do Amazonas é inadequado, logo um bem jurídico está

sendo lesado e o Poder Público está inerte, pois o descaso é histórico.

A pesquisa demonstrou que esse mal-estar docente é proveniente de problemas

ambientais diversos, como: problemas psicossociais, ergonômicos, situacionais e doenças

ocupacionais.

O meio ambiente antiergonômico é proveniente da não observância dos patrões

técnicos exigidos por lei. Assim, nos resultados obtidos percebeu-se que as escolas públicas

estaduais de Manaus não possuem boas condições físicas (móveis e instrumentos) de trabalho

adequado, e os recursos pedagógicos e multimídia são insuficientes e limitados. A

agradabilidade do conforto térmico variou entre bom e regular, o que mostra

191

descontentamento com a situação. Segundo eles, a acústica não é a ideal para as salas, pois

tem muito barulho. Esses fatores externos do trabalho dos professores são importantes para a

análise apurada sobre o meio ambiente de trabalho. Tais condições ergonômicas inadequadas

só contribuem para que eles tenham estresse ocupacional.

Em relação à situação funcional dos professores a pesquisa demonstrou um

descaso: Falta de material de apoio didático-pedagógico, há superlotação das salas, ritmo

acelerado de trabalho, a sala de aula tem má circulação de ar, e 80% deles trabalham muito

tempo em pé, e não há uma modernização tecnológica que atenda as necessidades do

professor e do aluno. Na questão salarial houve um percentual de 100,0% de insatisfação, ou

seja, descontentamento geral dos professores pesquisados. Também há baixo investimento na

educação continuada do docente, e 40% dos professores afirmam que são desvalorizados.

Nas doenças ocupacionais dos professores houve um índice de 80% de docentes que

já foram acometidos por alguma doença ocupacional, e 72% deles responderam que não

trabalham num ambiente de trabalho saudável. Segundo 80,1% deles responderam que “às

vezes” já trabalharam doentes. Os 87,9% desses professores não têm oportunidade de

realizarem atividades de lazer e descanso, logo esses professores são sedentários com grandes

possibilidades de adoecerem. Esse resultado é confirmado com 83,6% das respostas positivas

dos docentes que responderam que possuem algum tipo de cansaço físico ou mental, sendo

que desse total 50,4% possui os dois tipos de cansaço. Dos 920 professores pesquisados

68,5% informaram que não possuem plano de saúde.

Dentre as doenças ocupacionais mais comuns que ocorrem no Meio Ambiente do

Trabalho dos professores das escolas públicas estaduais de Manaus destacaram-se a Síndrome

de Burnout (Sintomas Físicos e Mentais), LER (Lesões por Movimento Repetitivo) /DORT –

Distúrbios Osteomoleculares Relacionados ao Trabalho, Doenças da Voz e Doenças

Psíquicas.

Na Síndrome de Burnout tanto física quanto psíquica constataram-se índices

preocupantes, porém na Síndrome de Burnout com sintomas físicos o destaque foi para o

elevado excesso de trabalho, e na Síndrome de Burnout com sintomas psíquicos o destaque

ficou para a ansiedade. Seu reconhecimento pelo Poder Público, como um problema sério

com implicações psicossociais, precisa ser visto com urgência, pois é uma doença silenciosa,

mas com consequências desastrosas na vida do professor.

Constatou-se que as doenças LER (Lesões por Movimento Repetitivo) /DORT –

(Distúrbios Osteomoleculares Relacionados ao Trabalho) estão presentes na vida dos

professores da rede estadual pública de ensino de Manaus, neste item destacou-se a lombalgia

192

com 82,9% de professores que tiveram ou têm a doença, seguida de excesso de trabalho,

alergias, rinites, faringites crônicas que tiveram 76,2%.

O estudo pôde confirmar que os professores da amostra apresentam múltiplos sinais

e sintomas vocais, com destaque para a rouquidão com mais de 10 dias, seguidos dos nódulos

e edemas nas pregas e para finalizar com os pólipos. Espera-se que tal estudo possa ter

relevância uma vez que pode ser utilizado pelo poder público como parâmetro para

oportunizar a saúde da voz a esses trabalhadores, logo condições de bem-estar ao docente.

Os problemas relacionados à educação são complexos e numerosos, assim o

resultado das Doenças Psíquicas confirmou a existência de significativo índice para a

ansiedade nesta pesquisa. Seguido de estresse ocupacional com 58, 8% e depressão com

57,7%.

Nesse diapasão, analisou-se que 64% dos professores responderam que o ritmo de

trabalho acelerado em seu meio ambiente é real e possui várias causas, porém destaca-se o

descaso do Poder Público e da sociedade em relação a esse problema. O professor convive em

seu meio ambiente laboral com constantes violências verbais 59,9%, assédio moral 39,0%,

constrangimento por não acompanhar as inovações tecnológicas 26,0% e ainda, assédio

sexual 3,9%.

Segundo o resultado da pesquisa as situações de riscos que ocorrem no meio

ambiente do trabalho do professor é uma realidade em Manaus, as mudanças sócio, política,

econômica e tecnológicas trazem insegurança e consequências diretas à saúde desses

trabalhadores.

O absenteísmo é considerado um fenômeno multifatorial, pois pode decorrer de

várias causas, como: voluntário, compulsório, legal, por patologias profissionais e o

absenteísmo por doença ocupacional, porém nas escolas públicas estaduais de Manaus o

destaque foi para o absenteísmo por doenças ocupacionais que teve 75% de afastamento do

trabalho por motivo de doença.

O desconhecimento dos professores em relação ao não reconhecimento de suas

doenças ocupacionais no ordenamento jurídico brasileiro foi de 97,5%. Com isso, percebe-se

que a falta de conhecimento é um dos males que a sociedade tem enfrentado, pois o Princípio

da Informação no estado contemporâneo recebeu a condição de direito fundamental e é

positivado à luz da Constituição Federal em vários dispositivos, como: inciso XIV, do art. 5º;

§ 2º do art. 5º, Art. 220 inciso VI, § 1°, do art. 225, também em textos esparsos e em diversos

documentos internacionais que reconhecem o direito à informação. Na seara ambiental do

trabalho existem bases legais que embasam a efetivação do direito à informação na atuação do

193

Estado na área das políticas públicas, como: O inciso VI, do art. 170 da Constituição Federal,

art. 2º, § 1º da Lei 8.080/90, Normas Regulamentadoras (NR). Contudo, de nada valerá tantas

leis se não há efetivação desse direito.

Os 100,0% dos professores pesquisados “Nunca” fizeram os exames periódicos

obrigatórios, pois não foram oportunizados pela SEDUC/Am. Contudo, as leis vigentes no

Brasil garantem a todos os trabalhadores, de forma generalizada, o direito de fazer os exames

admissionais, periódicos no curso do vínculo de trabalho e demissionais, sendo os custos de

responsabilidade do empregador, sua realização deve obedecer às condições e procedimentos

contidos nas disposições da NR – 7.

Os 96,1% dos professores pesquisados responderam que nunca receberam nenhum

tipo de prevenção e 96,4% deles confirmam que nem no início da carreira foi feita nenhuma

palestra sobre prevenção de doenças ocupacionais. Sendo que rege no art. 2º, § 1º da Lei

8.080/90 que, “dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde,

a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências”,

normas “que assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua

promoção, proteção e recuperação”.

Devido a desvalorização da profissão 48% dos professores já pensaram em mudar de

profissão. O maior paradoxo foi que 72% dos professores são felizes com a profissão que

escolheram.

O resultado desta pesquisa confirmou que os professores da rede pública estadual do

estado do Amazonas da cidade de Manaus não possui um meio ambiente de trabalho

equilibrado.

Diante do exposto, os objetivos da pesquisa foram alcançados, pois conforme o

resultado geral da pesquisa confirma-se que os professores da SEDUC/Am possuem diversas

doenças ocupacionais provenientes de riscos biológicos, físicos, químicos, psíquicos e

ergonômicos, e que seu meio ambiente do trabalho está sendo infligido, e com isso as causas

de absenteísmo do professor do ensino médio e fundamental da rede estadual de ensino da

cidade de Manaus é alarmante, pois com o índice elevado de doenças os afastamentos dos

professores de seu ambiente laboral é fator preocupante tanto para esse profissional quanto

para o Poder Público.

Deve-se refletir sobre o descaso histórico com a saúde e o mal-estar docente.

Grandes empresas têm investido na qualidade de vida dos trabalhadores, assim deve ocorrer

também com os professores, seguir com o objetivo de trazer satisfação e preveni-los contra

doenças ocupacionais, utilizando-se de palestras educativas sobre prevenções eficazes com

194

profissionais qualificados, observando o que rege a lei, em relação às medidas protetivas

ambientais, como: campanhas educativas, pelo menos duas vezes ao ano, sobre o meio

ambiente de trabalho equilibrado, ginástica laboral semanal, exames periódicos obrigatórios,

disponibilidade de plano de saúde particular a todos os professores, e treinamentos contínuos

para o uso das novas tecnologias e investimento nos cursos de mestrado e doutorado aos

professores direcionados a sua área do conhecimento.

Nota-se que embora o Direito Ambiental tenha uma legislação de excelência para a

normatização dos macro bens ambientais, as normas protetoras da saúde e segurança dos

professores não existem, o que existe são leis que regulamentam seus deveres e outros direitos

que não trazem proteção nenhuma à sua saúde e segurança. O que se espera é a integralização

do processo de construção do ordenamento jurídico com normas protetoras da saúde e

segurança aos professores e de implementação de políticas públicas. Em nível estadual no

Amazonas não há nenhum projeto de lei que contemple a preservação do meio ambiente

laboral do professor e em nível municipal no Amazonas há um Projeto de Lei n. 246/2014 que

institui a política municipal de prevenção às doenças ocupacionais do educador da rede

municipal de ensino, porém ainda não foi aprovado.

Ficou evidenciado que, as causas de absenteísmo do professor do ensino médio e

fundamental da rede estadual de ensino na cidade de Manaus são provenientes do adoecendo

emocional, psíquica, orgânico e situacional decorrentes do Meio Ambiente de Trabalho sem

higidez.

Percebe-se que o silêncio dos professores e dos empregadores acerca das doenças

ocupacionais (gerando a não emissão de CAT e com isso estatísticas não fidedignas),

acompanhada pela falta do reconhecimento jurídico das doenças e a inexistência de peritos na

justiça do trabalho capacitados para diagnosticar as patologias só vem contribuir para o caos

que se encontram esses profissionais.

Conclui-se no presente trabalho que existe nexo causal entre a doença do professor e

a atividade docente, conforme resultado da pesquisa, logo há responsabilidade estatal do

poder público do estado do Amazonas por danos ao meio ambiente do trabalho do professor

do ensino fundamental e médio na rede pública de ensino da cidade de Manaus. A lei no

Direito ambiental é clara no que concerne a reparação por danos ambientais, se não tem

higidez no meio ambiente do trabalho pelo não cumprimento dos dispositivos legais referente

a garantia à vida, à saúde e ao bem estar do trabalhador por parte dos empregadores, o Poder

Público deve ser responsabilizado por isso, seu ato comissivo ou omissivo traz consequências

195

diretas aos lesionados e indireta a própria sociedade, pois alguém precisa pagar (ônus)

literalmente pelo erro.

O objetivo maior deste estudo não é apenas revelar que o meio ambiente dos

professores da rede pública de ensino está sendo infligido, mas acordar a quem é de direito

para concretizar a proteção desses trabalhadores. Neste sentido, torna-se imperiosa a criação

de normas eficientes para a proteção desse bem jurídico mais precioso de todos, o direito à

vida.

Urge, que tenha uma regulamentação jurídica do meio ambiente do trabalho do

docente no estado do Amazonas, que traga uma proteção jurídica, principalmente com

medidas preventivas eficazes, coibindo condutas que tragam o descaso com os profissionais

de educação.

Diante dessa realidade demonstrada, a profissão de professor deve ser qualificada

juridicamente como penosa, pois há desconfortos e reais riscos como foi demonstrado nessa

pesquisa que são adquiridos em seu meio ambiente de trabalho ou em razão dele.

Salienta-se ainda, que o assunto não se esgota aqui com essa sugestão de proposta de

projeto de regulamentação de lei, pois se trata de um tema em evolução, ante o

desenvolvimento e avanço em busca de um meio ambiente digno a todos.

196

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CONCAUSAL. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. 2. DANOS

MORAIS. VALOR DA INDENIZAÇÃO. APELO DESFUNDAMENTADO. 3. PENSÃO

MENSAL VITALÍCIA. VALOR ARBITRADO. 4. AFASTAMENTO PARA PERCEPÇÃO

DE AUXÍLIO-DOENÇA NÃO ACIDENTÁRIO EM RAZÃO DE DISFONIA. NEXO

201

CONCAUSAL RECONHECIDO EM JUÍZO. SUSPENSÃO DO CONTRATO DE

TRABALHO. OBRIGAÇÃO DE REALIZAR OS DEPÓSITOS DO FGTS. Maurício

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213

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO DA PESQUISA DE CAMPO

DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS E PROFISSIONAIS

Nome (opcional):_______________________________________________________

Idade:____ Sexo: ( ) masculino ( ) feminino

Grau de escolaridade: ( ) graduação ( ) especialização ( ) mestrado ( ) doutorado

E- mail (caso queira receber o resultado da pesquisa):_______________________

Tempo total de serviço docente:_______ Tempo de serviço na atual escola:_______

Jornada de trabalho:______

Disciplina que leciona:________________________________________________

Nível de ensino que leciona:

( ) Fundamental I (1º ao 5º) ( ) fundamental II( 6º ao 9º) ( ) médio ( ) fundamental II e

médio

Tipo de vinculo: ( ) Efetivo ( ) Contratado ( ) em substituição ( ) outro:_________

Escola:___________________________Distrito:____

QUESTÕES RELACIONADAS AO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO

CONDIÇÕES ERGONÔMICAS

1. Você tem boas condições físicas (móveis e instrumentos) de trabalho?

( ) Sim ( ) Não ( )Parcialmente

2. Quanto ao ruído, como você classificaria o seu ambiente de trabalho?

( ) Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) ótimo

3. Quanto à agradabilidade do conforto térmico ( temperatura) como você classificaria o seu

ambiente de trabalho? ( ) Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) ótimo

4. As condições ergonômicas do seu ambiente de trabalho contribuem para que você tenha

estresse ocupacional? ( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente ( ) Não respondeu

5. A sala de aula possui acústica?( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente ( ) Não respondeu

6 A sala de aula possui os recursos pedagógicos e multimídia, quais?

( ) data show ( ) microfone ( ) caixa de som ( ) computador ( ) Outros:

SITUAÇÕES FUNCIONAIS

1. Existem várias situações funcionais que ocorrem no meio ambiente do trabalho, analise e

responda se acontece ou aconteceu com você?

a) Carga horária de trabalho ( ) 20 h ( ) 40h ( )outro:_____

b) Falta de material de apoio didático-pedagógico ( ) Sim ( )Não ( ) às vezes

c) Superlotação das salas ( )acima de 50 alunos ( ) de 30 a 40 alunos ( ) até 30 alunos

d) Desvalorização do professor ( )Sim ( ) Não ( ) Às vezes ( ) em proc. de melhoramento

e) Formação continuada ( ) Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) Ótimo

f) Reajuste salarial ( ) Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) Ótimo

214

g) Modernização tecnológica ( ) Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) Ótimo

h) Superlotação nas salas de aula ( ) Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) Ótimo

i) Ritmo acelerado de trabalho( ) Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) Ótimo

j) Barulho constante no ambiente de trabalho( ) Ruim( ) Regular ( )Bom ( )Ótimo

l ) Ambiente fechado com má circulação de ar( )Ruim ( )Regular ( )Bom ( )Ótimo

m ) Ficar muito tempo em pé ( ) Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) Ótimo

DOENÇAS OCUPACIONAIS:

1.Você já foi acometido por alguma doença ocupacional?

( ) Raramente ( ) Às vezes ( ) Sempre ( ) Nunca

2.Você já trabalhou doente? ( ) Raramente ( ) Às vezes ( ) Sempre ( ) Nunca

3. Você tem oportunidade de atividade de lazer e descanso?

( ) Raramente ( ) Às vezes ( ) Sempre ( ) Nunca

4. Você sente algum tipo de cansaço? ( ) físico ( ) mental ( ) físico e mental ( ) nenhum

5. Você trabalha em um ambiente de trabalho saudável?

( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente ( )Não respondeu

6.Você possui plano de saúde particular: ( ) Sim ( ) Não

SÍNDROME DE BOUNOUT (FÍSICAS OU PSÍQUICAS)

1. Você tem ou já teve um desses sintomas físicos da síndrome de burnout, qual?

a) Dores de cabeça constantes ( ) Raramente ( ) Às vezes ( ) Sempre ( ) Nunca

b) Tonturas ( ) Raramente ( ) Às vezes ( ) Sempre ( ) Nunca

c) Alterações no sono ( ) Raramente ( ) Às vezes ( ) Sempre ( ) Nunca

d) Problemas digestivos( ) Raramente ( ) Às vezes ( ) Sempre ( ) Nunca

e) Falta de ar ( ) Raramente ( ) Às vezes ( ) Sempre ( ) Nunca

f) Excesso de cansaço ( ) Raramente ( ) Às vezes ( ) Sempre ( ) Nunca

2. Você tem ou já teve um desses sintomas psíquicos da síndrome de burnout, qual?

a) Ansiedade ( ) Raramente ( ) Às vezes ( ) Sempre ( ) Nunca

b) Dificuldade em concentrar-se ( ) Raramente ( ) Às vezes ( ) Sempre ( ) Nunca

c) Variações de humor ( ) Raramente ( ) Às vezes ( ) Sempre ( ) Nunca

d) Perda de motivação no emprego ( ) Raramente ( ) Às vezes ( ) Sempre ( ) Nunca

e)Ficar isolado dos colegas de trabalho( ) Raramente ( ) Às vezes ( ) Sempre ( )Nunca

LER(LESÕES POR MOVIMENTO REPETITIVO) /DORT – DISTÚBIOS

OSTEOMOLECULARES RELACIONADOS AO TRABALHO. Nota: A diferença básica entre LER e DORT é que, a primeira, pode não necessariamente ocorrer em

ambiente de trabalho e, a segunda, refere-se ao dia a dia profissional.

1. Você tem ou já teve problemas de LER(Lesões por movimento repetitivo) ou DORT

(distúbios osteomoleculares relacionados ao trabalho)?

a) Postura inadequada ( ) Raramente ( ) Às vezes ( ) Sempre ( ) Nunca

b) Excesso no trabalho ( ) Raramente ( ) Às vezes ( ) Sempre ( ) Nunca

c) Síndrome do túnel de carpo ( parte das mãos) ( ) Raramente ( ) Às vezes ( ) Sempre ( )

Nunca

d ) Síndrome do manguito rotatório (parte do ombro) ( ) Raramente ( ) Às vezes ( )

Sempre ( ) Nunca

215

e) Epicondicites (região lateral do cotovelo) ( ) Raramente ( ) Às vezes ( ) Sempre ( )

Nunca

f) Bursites (doença no ombro) ( ) Raramente ( ) Às vezes ( ) Sempre ( ) Nunca

g) Tendinites (doença no ombro) ( ) Raramente ( ) Às vezes ( ) Sempre ( ) Nunca

h) Rinites ( ) Raramente ( ) Às vezes ( ) Sempre ( ) Nunca

i) Sinusites ( ) Raramente ( ) Às vezes ( ) Sempre ( ) Nunca

j ) Faringites crônicas ( ) Raramente ( ) Às vezes ( ) Sempre ( ) Nunca

l ) Alergias ( ) Raramente ( ) Às vezes ( ) Sempre ( ) Nunca

m) Lombalgia (ou dor lombar baixa) ( ) Raramente ( ) Às vezes ( ) Sempre ( ) Nunca

DOENÇA DA VOZ

1. Você tem ou já teve doenças relacionadas as voz?

a) Rouquidão com mais de 10 dias( ) Raramente ( ) Às vezes ( ) Sempre ( ) Nunca

b) Nódulos ( ) Sim ( ) Não

c) Pólipos ( ) Sim ( ) Não

d ) Edemas nas pregas vocais ( ) Sim ( ) Não

e ) Câncer ( ) Sim ( ) Não

DOENÇAS PSÍQUICAS

1. Você apresenta algum problema de saúde mental relacionado ao seu trabalho?

a) Estresse Ocupacional ( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes ( ) Não, mas já tive

b) Ansiedade ( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes ( ) Não, mas já tive

c) Depressão ( ) Sim ( ) Não ( ) Não, mas já tive

d) Síndrome do pânico ( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes ( ) Não, mas já tive

e) Outros _________________________________________________________

SITUAÇÕES DE RISCOS QUE OCORREM NO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO

& DIREITOS & PREVENÇÃO

1. Você já sofreu algum desses tipos de riscos no meio ambiente de trabalho?

a) Constrangimento por não acompanhar as inovações tecnológicas ( ) Sim ( ) Não

b) Ritmo de trabalho intenso ( ) Sim ( ) Não ( ) às vezes

c) Violência física ( ) Sim ( ) Não

d) Violência verbal ( ) Sim ( ) Não

e) Assédio moral ( ) Sim ( ) Não

f) Assédio sexual ( ) Sim ( ) Não

DIREITOS

1. Você já teve algum afastamento médico por doença:

( ) Nunca precisei

( ) Licença médica até três dias, quais foram os

motivos?____________________________________________________________________

_________________________________________________________________

216

( ) Licença médica com mais de 3 dias, quais foram os

motivos?____________________________________________________________________

_________________________________________________________________

( ) Tirou várias licenças e foi readaptado(a). Qual foi a doença que o(a) levou a readaptação?

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

( ) Você ajuizou alguma ação judicial contra o Estado pelo motivos de doenças ocupacionais?

( ) Não ( ) Sim, devido ter contraído a doença___________________

2 Você sabia que as doenças ocupacionais dos professores não são reconhecidas como

doenças ocupacionais no ordenamento jurídico?

( ) Sim ( ) Não

PREVENÇÃO

1. A prevenção e a precaução podem ajudar os professores a usufruírem de um meio

ambiente de trabalho saudável:

a). Você recebeu alguma palestra de prevenção à saúde do professor no início de sua carreira

de professor?

( ) sim ( ) não

b) É oportunizado prevenção contra as doenças ocupacionais pela Instituição de ensino que

trabalha?

( ) sim, semanalmente ( ) Sim, mensalmente ( ) Sim, anualmente

( ) Nunca

c) Você gosta de sua profissão, é feliz com o que faz?

( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente ( ) Não respondeu

d) Você já pensou em mudar de profissão?

( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente ( ) Não respondeu

e) Você faz exames periódicos solicitados pela Instituição de ensino que trabalha?

( ) Raramente ( ) Às vezes ( ) Sempre ( ) Nunca

Obrigada pela participação, você é muito especial.

Sienne C. Oliveira

217

APÊNDICE B – CARTA DE SOLICITAÇÃO DA PESQUISA – JUNTA MÉDICA

PERICIAL DO ESTADO DO AMAZONAS

218

APÊNDICE C – OFÍCIO N. 165/2016 – JUNTA MÉDICA PERICIAL DO ESTADO

DO AMAZONAS - RESPOSTA

219

APÊNDICE D – CARTA RESPOSTA DA SECRETARIA DE ESTADO DE

EDUCAÇÃO E QUALIDADE DE ENSINO – SEDUC/AM

OLIVEIRA, Sienne C. de; SILVA FILHO, Erivaldo Cavalcanti e. O meio ambiente laboral do

professor: os principais riscos da profissão na atualidade e as medidas legais protetivas (2016, p.13).

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