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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - CAMPUS I CURSO DE PEDAGOGIA Neilza Souza Lopes EDUCAÇÃO INCLUSIVA: OS IMPASSES NA ATUAÇÃO PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES DE ALUNOS COM NEE (NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS) INSERIDOS EM CLASSES REGULARES, NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO Salvador 2011

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - CAMPUS I CURSO DE PEDAGOGIA

Neilza Souza Lopes

EDUCAÇÃO INCLUSIVA: OS IMPASSES NA ATUAÇÃO

PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES DE ALUNOS COM NEE

(NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS) INSERIDOS EM

CLASSES REGULARES, NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO

Salvador 2011

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NEILZA SOUZA LOPES

EDUCAÇÃO INCLUSIVA: OS IMPASSES EXISTENTES NA ATUAÇÃO

PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES COM ALUNOS COM NEE

(NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS) INSERIDOS EM

CLASSES REGULARES, DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção da graduação em Pedagogia do Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia, sob orientação da Profª. Drª. Isnaia Junquilho Freire.

Salvador 2011

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NEILZA SOUZA LOPES

EDUCAÇÃO INCLUSIVA: OS IMPASSES EXISTENTES NA ATUAÇÃO

PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES COM ALUNOS COM NEE

(NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS) INSERIDOS EM

CLASSES REGULARES, DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção da graduação em Pedagogia do Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia, sob orientação da Profª. Drª. Isnaia Junquilho Freire.

Salvador, 24 de março de 2011. ___________________________________________________________

Profª. Drª. Isnaia Junquilho Freire- Orientadora - UNEB. ___________________________________________________________

Profª. Janeide Medrado Ferreira- UNEB.

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Dedico esse trabalho aos meus pais Aurenita e Nourival, pela dedicação diária, incentivo, apoio e confiança que tiveram e mantêm em mim.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por me proteger, guiar e iluminar sempre meus caminhos. Agradeço a meus pais, pelo apoio e incentivo que dedicaram a mim. Ao meu afilhado, familiares e amigos pela compreensão e respeito. Aos mestres que se fizeram presentes em minha jornada acadêmica desde a educação infantil até os mestres da Universidade, todos foram e são importantes para a minha formação. Em especial a minha orientadora Prof.ª Dr.ª Isnaia Junquilho Freire.

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Os homens nascem iguais, mas também nascem diferentes. (Erich Fromm)

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RESUMO

O presente trabalho busca uma reflexão sobre uma visão mais atualizada sobre a inclusão de pessoas com Necessidades Educacionais Especiais na rede regular de ensino Municipal, visando uma melhora na qualidade do ensino destinado aos alunos com necessidades educacionais especiais. Buscando facilitar, incentivar, apoiar e compreender, a partir da reflexão sobre a inclusão dos alunos com necessidades educativas especiais em um ambiente regular de ensino inclusivo, o trabalho dos professores que atuam com esses alunos e os principais impasses encontrados por esses educadores. O trabalho trará sobre o significado dos termos inclusão e necessidades educacionais especiais, embasado em vários teóricos, o trabalho trará também um detalhamento sobre o que a grade curricular dos cursos de Pedagogia prioriza na formação dos Pedagogos, para que sintam-se preparados para atuar em um ambiente educacional inclusivo. E por fim, vamos verificar através da análise das entrevistas realizadas com professoras que atuam com alunos com necessidades educacionais especiais, quais impasses encontrados e enfrentados pelas professoras em um ambiente regular de ensino inclusivo e quais as inquietações desses educadores.

Palavras – chave: necessidades educacionais especiais, professores, impasses.

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ABSTRACT

This paper seeks to reflect on a more updated about the inclusion of people with special needs in regular school hall, seeking an improvement in the quality of education for pupils with special educational needs. Seeking to facilitate, encourage, support and understanding from the discussion on the inclusion of pupils with special educational needs in an inclusive regular school environment, the work of teachers who work with these students and the main problems encountered by these educators. The work will bring about the meaning of the terms inclusion and special educational needs, based on various theoretical work will also bring a breakdown of what the curriculum of Pedagogy focuses on training of Educators, to feel prepared to work in an inclusive educational environment. Finally, we check through the analysis of interviews with teachers who work with pupils with special educational needs, which found and impasses faced by teachers in an inclusive regular school environment and what the concerns of these educators. Key - words: special educational needs, teachers, impasses.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................................10 2 SURGIMENTO DO TERMO NEE( NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS) E REFLEXÕES ACERCA DA ADOÇÃO DA TERMINOLOGIA NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS...................................................................................................14 2.1 TIPOS DE NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS E SEUS CONCEITOS................................................................................................................................19 2.2 A INCLUSÃO E SEU IMPACTO NO AMBIENTE ESCOLAR.....................................................................................................................................24 3 METODOLOGIA .....................................................................................................................31 3.1 Sujeitos da Pesquisa..................................................................................................................31 3.2 Os Instrumentos da Pesquisa 3.3 Procedimentos de Utilização dos Instrumentos da Pesquisa ...................................................31 4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS...................................................33 4.1 Apresentação e Discussão das Entrevistas...............................................................................33 4.2 Análise das Matrizes Curriculares dos Cursos de Pedagogia da Instituições de Ensino Superior Públicas e Privadas..........................................................................................................49 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................................54 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................56 APÊNDICE...................................................................................................................................60 ANEXOS ......................................................................................................................................78

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1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo detalharemos sobre o porquê do tema escolhido e sua relevância dentro do

âmbito educacional. Portanto, iniciarei explicitando que, diante das novas políticas

educacionais, que proclamam a inclusão de alunos com NEE (Necessidades Educacionais

Especiais) em classes regulares de ensino, faz-se necessária uma discussão sobre as

dificuldades enfrentadas por professores que atuam com alunos que necessitam de educação

inclusiva na rede municipal de ensino. Abordaremos questões relativas ao apoio pedagógico

para atuar com esse alunado, e materias pedagógicos que os auxiliem no seu trabalho com

alunos com Necessidades Educativas, visando o desenvolvimento e aprendizado do aluno.

Discutiremos ainda acerca da formação acadêmica do pedagogo, sobre o preparo para atuar

em sala de aula com alunos “modelos”, ou seja, uma classe homogênea, sobre as dificuldades

pedagogo em formação, para trabalhar em uma sala heterogênea, que o habilite a realidade do

mundo atual exige: um profissional que esteja apto para atuar em um ambiente misto, que

exige do pedagogo um conhecimento amplo e diversificado.

O assunto da vez é a inclusão de alunos com NEE (Necessidades Educacionais Especiais) em

classes regulares e a Lei já está sendo executada. Porém, antes da execução da Lei, faz- se

necessário prepararmos o professor de forma efetiva para que o mesmo, tenha a oportunidade

de conhecer de fato as especificidades que os alunos com necessidades educativas precisam

para um real desenvolvimento escolar e de formação pessoal.

Neste trabalho, foram realizadas entrevistas com professores com o intuito de:

• Conhecer as concepções dos professores sobre o que é educação inclusiva.

• Conhecer a prática pedagógica adotada pelos professores que trabalham com os alunos

com Necessidades Educacionais Especiais.

• Identificar dificuldades no preparo dos professores que atuam em salas de aulas com

os alunos que possuem necessidades educacionais especiais na rede municipal de

ensino.

• Identificar como a comunidade escolar é organizada para acolher dar assistência e

respeitar os alunos com NEE

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Sabe-se que, de maneira geral o pedagogo não é contemplado com cursos que o leve a

conhecer melhor a realidade de seu aluno com necessidade educativa. Alguns professores

buscam por si próprios uma maior capacitação através de cursos que o possibilite conhecer

mais sobre as especificidades de cada aluno Necessidade Educacional Especial.

Conhecimento este que através das falas das professoras verificamos que poderia ser de

bastante significância, se estivesse aliado às instituições que assistem a alunos com

Necessidades Educacionais Especiais, para que as educadoras das escolas regulares possam

aprender junto a essas instituições formas pedagógicas. Para trabalhar com seus alunos e

conhecer também em alguns casos específicos, outras linguagens. Para que possa se

comunicar com seus alunos.

A relevância do tema se mostra na medida em que aborda os impasses no cotidiano de

professores que trabalham em classes regulares que acolhem crianças com Necessidades

Educativas. Esse questionamento, partiu de um incomodo surgido durante estágio em que

exercia a função de regente em sala de aula, em uma instituição de ensino municipal. Em

minha sala haviam alunos em diferentes níveis da fase de alfabetização, um aluno autista e

deficiente mental e outro aluno hiperativo, era uma sala com 31 alunos matriculados. Destes

freqüentavam 23 alunos. Fui informada, pela diretora da escola, sobre a diversidade da minha

turma. Sabia do desafio que teria que enfrentar, pois teria que fazer um planejamento

diversificado, para que todos os meus alunos avançassem em termos de aprendizado.

Para um professor às vezes fica difícil elaborar e aplicar um planejamento que atenda às

necessidades de seu alunado em uma classe tão mista. Por falta de tempo e, muitas vezes, por

falta de recursos, às vezes a escola não possuem material para disponibilizar ao professor para

que o mesmo possa aplicar as atividades necessárias para que seu trabalho seja efetivado com

sucesso.

Percebi que essa inquietação, de realizar um trabalho pedagógico eficaz em uma classe com

alunos com Necessidades Educacionais Especiais, não era somente minha. Uma colega

também estava estagiando em uma escola inclusiva e tinha alunos com Necessidade

Educacional Especial em sua classe e não se sentia totalmente segura e preparada para

trabalhar pedagogicamente com alunos com Necessidades Educacionais Especiais. A

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principal insegurança era por conta de fazer realmente um trabalho que possibilitasse que o

aluno com Necessidades Educativas tivesse um real desenvolvimento.

Apesar de já ter refletido em trabalhos na disciplina Inclusão de Pessoas com Necessidades

Educacionais Especiais , que somente discutir sobre o assunto não nos prepara para lidar com

a realidade de uma sala inclusiva, somente agora tendo que lidar com isso, na prática, pude ter

a real dimensão de que a disciplina de Inclusão de Pessoas de Necessidades Educacionais

Especiais oferecida na universidade, passou todo um conteúdo sobre as diversas deficiência

através de seminários, porém somente isso não basta para que estejamos capacitados para

trabalhar em classe regular inclusiva. Requer, além disso, bastante conhecimento sobre cada

deficiência e suas necessidades, além de uma atenção e sensibilidade do professor para

perceber o que seu aluno necessita e o seu real potencial de aprendizado.

O professor precisa de uma capacitação que a universidade algumas vezes não disponibiliza

que são cursos como LIBRAS, Braile, para que possa interagir com os alunos que precisem

usar esses dois recursos para se comunicar. Além de um contato maior com crianças com

Necessidades Educativas Especiais em instituições que atendam somente a esses alunos para

conhecer um pouco mais do trabalho que é exercido com os alunos nessas instituições para

que possamos a partir desse conhecimento fazer um planejamento que atenda às necessidades

desses alunos. Além do professor, toda a comunidade escolar tem que estar capacitada para

atender aos alunos com Necessidades Educativas Especiais, tem que haver uma integração

total. As escolas deveriam fazer um trabalho articulado com instituições mais experientes em

atender pessoas com Necessidades Educacionais Especiais, além de propiciar um ambiente

que assista às necessidades dos alunos.

Por esse motivo, persisto em dizer que é relevante abordar esse tema, para que seja revelada a

visão dos professores sobre o que é inclusão e como percebem o seu trabalho em classes

inclusivas e para os professores que ainda não tiveram oportunidades de trabalhar em uma

sala de aula inclusiva, pensar, analisar e refletir sobre como imaginam que realizariam o seu

trabalho pedagógico nessas classes. Além de ser um trabalho de análise de um real

desenvolvimento dos alunos com Necessidades Educacionais Especiais nas classes regulares e

de investigação: há esse desenvolvimento? Ou esse desenvolvimento é mínimo. Como fazer

para que seja melhorado?

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No segundo capítulo, abordaremos teóricos que contribuem com um conhecimento sobre o

significado e amplitude da palavra inclusão, sobre o surgimento da termologia necessidades

educacionais especiais, uma analise sobre que os currículos das Universidades priorizam na

formação dos futuros pedagogos, em relação à inclusão de alunos com Necessidades

Educacionais Especiais.

No terceiro capítulo, veremos como foi realizada a metodologia que é de base qualitativa,

para que o trabalho trouxesse de fato um real detalhamento e visão sobre todo o panorama

vivenciado pelo educador dentro de um ambiente educacional inclusivo.

No quarto capítulo, verificaremos através da análise das entrevistas com as professoras, quais

impasses, angústias e dificuldades encontradas por educadores em sala de aula inclusiva. E

análise das Matrizes Curriculares de seis instituições de ensino superior, públicas e privadas

de Salvador, com a finalidade de verificar que disciplinas as matrizes dessas instituições

contemplam que favoreça posteriormente a atuação do futuro pedagogo em sala de aula

inclusiva.

No capítulo cinco, das considerações finais, onde são destacados e esclarecidos os impasses

enfrentados pelos professores e possíveis encaminhamentos para que se torne mais eficaz o

trabalho pedagógico e que de fato a Educação Inclusiva atenda as necessidades dos alunos

com Necessidades Educativas Especiais, para que consigam avanços, tornado assim a

educação de fato comum a todos, sem exceção.

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2 SURGIMENTO DO TERMO NEE ( NECESSIDADES EDUCACIONAIS

ESPECIAIS) E REFLEXÕES ACERCA DA ADOÇÃO DA TERMINOLOGIA

NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS .

O termo alunos com NEE (Necessidades Educacionais Especiais) surge para amenizar o

impacto do termo deficiente, o que dá uma idéia de incapacidade. A pessoa “deficiente” ou

com Necessidade Especial, é capaz de fazer qualquer atividade, seja essa atividade em que

campo for dentro de suas possibilidades. Portanto, o termo Necessidades Educacionais

Especiais constrói uma visão de um aluno que é capaz de obter um rendimento escolar e

avanço escolar, se for auxiliado pedagogicamente em função de sua necessidade educacional.

Contudo, para que esse aprendizado ocorra, efetivamente, a instituição escolar deve possuir

materiais e orientações pedagógicas voltadas para que o aluno possa alcançar o objetivo que

lhe é proposto pelo professor.

BRASIL (2006) defende que a escola deve garantir às pessoas com necessidades educacionais

especiais uma educação de qualidade e com adaptações que atendam às suas necessidades

quando afirma que:

Nas décadas de 80 e 90, teve início a proposta de inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais, numa perspectiva inovadora em relação a proposta de integração da década de 70, cujos resultados não modificaram muito a realidade educacional de fracasso desses alunos. A proposta de inclusão, propõe que os sistemas educacionais passem a ser responsáveis por criar condições de promover uma educação de qualidade para todos e fazer adequações que atendam às necessidades educacionais especiais dos alunos com deficiência. (BRASIL, 2006, pag. 13.)

Ferreira e Ferreira (2007) revelam a incorporação do termo Necessidades Educacionais

Especiais com forma de quebrar estigmas relacionados às pessoas com deficiência. Porém,

foca sua visão para o que essa terminologia pode vir a trazer de negativo no aspecto

pedagógico, por ser uma visão generalizada da deficiência: não especificando a deficiência

que o aluno possui pode criar métodos pedagógicos únicos sem focalizar a atenção no que

cada deficiência necessita, de fato, em termos pedagógicos, correndo o risco de tratar as

necessidades educacionais de forma homogênea. Os autores citados acima expressam a sua

visão sobre as conseqüências pedagógicas que o emprego do termo necessidade educacional

especial pode trazer quando expõem que:

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(...) A adoção da terminologia necessidades educacionais especiais, que pressupõe que as questões referentes aos alunos com deficiência seriam remetidas para o campo mais amplo da prática pedagógica, apresentando-se como menos estigmatizante e mais orientada para as ações de ensino. Na realidade vamos ver que o uso do conceito de necessidades educacionais especiais sem valorizar – ao menos em tese- a distinção de tipos ou graus de dificuldades pode levar a posturas pedagógicas generalizantes, reforçando os processos de constituição da identidade das pessoas com deficiência tem sido vividos no contexto social. (FERREIRA E FERREIRA, 2007, pág.36)

Carvalho (2007) refere-se à termologia Necessidades Educacionais especiais ou Necessidades

Especiais, como merecedoras de uma discussão mais ampla em seu sentido, mesmo sendo

uma termologia muito recorrente e na atualidade bastante usada inclusive em documentações

oficiais nacionais e internacionais, carece de maior esclarecimento sobre o que realmente

representa, discussão essa que deve evitar rotulações, ainda que disfarçadas com outras

denominações.

A expressão mais plausível para ser usada em relação às pessoas com deficiências ainda gera

confusão e discussão, já que as terminologias como é o exemplo de NEE (Necessidades

Educacionais Especiais), foram adotadas no sentido de tentar amenizar a discriminação em

torno das pessoas deficientes, desfocar o olhar sobre a deficiência e voltar à atenção para as

potencialidades que cada indivíduo possui.

Diniz (2007), em seu livro, O que é deficiência, afirma que: expressões ofensivas foram

abandonadas em torno das pessoas deficientes. Porém ainda hoje, não há consenso sobre quais

os melhores termos descritivos, estando entre esses termos “pessoas portadoras de

deficiência”, “pessoas com deficiência” e “pessoas com necessidades especiais.”

O conceito ainda é tema de debate até entre as pessoas que constituem o movimento

organizado das “pessoas portadoras de deficiência”, neste sentido Pinheiro (2003) traz que:

A conceitualização acerca da denominação das “pessoas portadoras de deficiência” também é matéria de discussões; várias têm sido as tentativas de obter-se a melhor caracterização, sendo que o próprio movimento organizado das “pessoas portadoras de deficiência”, o único que tem legitimidade para isso, ainda não chegou a um consenso quanto a essa questão. (PINHEIRO, 2003, pág. 111).

Segundo o programa de EAD/FESP RJ- Educação Especial (1998): A terminologia que

designa o excepcional vem sofrendo, ao longo dos anos, mudanças. Na verdade, a primeira

terminologia adotada foi excepcional, depois pessoa deficiente, pessoa portadora de

deficiência, pessoa portadora de necessidades especiais e hoje pessoa portadora de

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necessidades educativas especiais. Tais designações restringem-se muito ao âmbito da

Educação. (...) a grande preocupação é a inserção dessas pessoas na sociedade; portanto tais

mudanças podem ter ocorrido no sentido de minimizar a questão do preconceito junto à

sociedade. O termo deficiente implica não ser eficiente: esta conotação é muito forte,

principalmente numa sociedade como a nossa, onde o modo de produção capitalista, em que é

muito exigida a eficiência e a produtividade.

A terminologia Necessidades Educacionais Especiais foi introduzido e alcançou repercussão

no âmbito educacional e social, originando a elaboração de Lei promovendo a educação de

todos em um ambiente educacional regular, ou seja, uma educação “inclusiva”, a partir da

Declaração de Salamanca (1994), que proclama o respeito às individualidades de cada

individuo em um ambiente educacional que permita a interação entre os alunos, admitir que

todos participem dos atos educativos com a mesma igualdade. Possibilitando e

disponibilizando para que isso seja viável mecanismos e materiais necessários para que

efetive o real aprendizado de todos os discentes.

De acordo com a publicação de 2008 da revista CIBEC/ MEC, revista de educação especial

do MEC:

O conceito de necessidades educacionais especiais, que passa a ser amplamente disseminado a partir dessa Declaração, ressalta a interação das características individuais dos alunos com o ambiente educacional e social. No entanto, mesmo com uma perspectiva conceitual que aponte para a organização de sistemas educacionais inclusivos, que garanta o acesso de todos os alunos e os apoios necessários para sua participação e aprendizagem, as políticas implementadas pelos sistemas de ensino não alcançaram esse objetivo. Na perspectiva da educação inclusiva, a educação especial passa a integrar a proposta pedagógica da escola regular, promovendo o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Nestes casos e outros, que implicam em transtornos funcionais específicos, a educação especial atua de forma articulada com o ensino comum, orientando para o atendimento às necessidades educacionais especiais desses alunos. (BRASIL, 2008, pág. 15)

O conceito de Necessidades Educacionais Especiais pela Declaração de Salamanca (1994),

não se reporta somente às pessoas com deficiência mas a todos os indivíduos que necessitam

de uma atenção educativa especial dirigindo o conceito para o âmbito educacional e focando o

olhar para as necessidades individuas das pessoas e seu potencial de aprendizado.

A expressão necessidades educativas especiais refere-se a todas as crianças e jovens cujas necessidades decorrem de superdotação / alta habilidade ou de suas

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dificuldades de aprendizagem. (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994, pág.18 apud BERGAMO, 2010, pág. 44)

Freitas, (2008) relata a trajetória da educação especial, onde contextualiza desde a sua

inserção na escola regular até o surgimento da nomenclatura Pessoas com Necessidades

Educacionais, afirmando que: no ano de 1986, surgiu a proposta de integração educativa e que

o ensino dos alunos portadores de necessidades educativas especiais poderia ser realizado no

contexto da escola regular. (...) Os portadores de Necessidades Educativas Especiais passam a

ser vistos como cidadãos, com direitos e deveres de participação na sociedade. A educação de

pessoas portadoras de Necessidades Educativas Especiais trilhou um caminho que, em uma

fase inicial foi eminentemente assistencial, até chegar ao que hoje se denomina de educação

inclusiva. Freitas, (2008) também explica que a partir desses direitos, no Brasil, mudanças

começaram a ocorrer na nomenclatura: de "alunos excepcionais" evoluiu para "alunos com

necessidades educativas especiais", o que ocorreu em 1986, pela Portaria CENESP/MEC, nº

69 (BRASIL, 1986), ainda que efetivamente não houvesse um avanço expressivo na inserção

destes alunos no ensino regular.

Ferreira (2009) reporta a aspectos legais como o da LDB – Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional enfatizando que a LDB, traz inovações em seu artigo V, que trata

especificamente dos direitos dos “educandos portadores de necessidades especiais” (Art. 58) à

educação “preferencialmente” nas escolas regulares, e institui o dever do Estado em

estabelecer os serviços, os recursos e os apoios necessários para garantir escolarização de

qualidades para esses estudantes, assim como determina como dever das escolas responderem

a tais necessidades desde a educação infantil (Art. 3º).

Ferreira (2009) também aborda o quanto esse termo é bastante polêmico, pois traz diferentes

opiniões a seu respeito, fazendo um esclarecimento sobre o termo que pode direcionar a

posicionamentos excludentes por parte dos sistemas educacionais e das escolas, pois no Art.3º

consta que os alunos com necessidades educacionais especiais têm direito a educação

“preferencialmente nas escolas regulares, Ferreira revela esse aspecto quando cita que:

O problema, contudo, esta no fato de que o termo preferencialmente possibilita a perpetuação da exclusão de qualquer criança, jovem e adulto com deficiência com base na lei, isto é, ele pode ser usado como justificativa pelas escolas para recusar, suspender, procastinar, cancelar ou fazer suspender (Lei nº 7.853/89) a matrícula do(a) aluno(a) com deficiência, uma vez que há “falta de preparo dos docentes” e “inexistência de recursos” para educar esses estudantes, como ainda acontece com

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freqüência no país. O termo preferencialmente permite as escolas afirmarem que é “preferível” que este (a) educando (a) estude em uma escola segregada apropriada “ para ele(a)” ! Tanto o termo como o procedimento ferem o princípio democrático da inclusão, porque violam o direito de as pessoas com deficiência estudarem – como todos! – nas mesmas escolas que seus irmãos, colegas e vizinhos. (FERREIRA, 2009, pags. 35 - 36)

Analisando as idéias de Ferreira (2009), o uso do termo “preferencialmente”, a falta de

“preparo dos professores” para trabalhar com alunos com necessidades educacionais especiais

e os “recursos que são inexistentes” e que de certa forma inviabiliza em parte o trabalho

pedagógico com os alunos com necessidades educacionais especiais, pode ser motivo de

desculpas para a não aceitação ou mesmo negação dos alunos com necessidades educativas

em escolas regulares, privando tais alunos do convívio com outros que não possuem

necessidades educacionais especiais. Fazendo com que a escola passe de um ambiente

inclusivo para um ambiente de “exclusão”, e negando o papel de ambiente socializador e

transformador que é atribuído à escola.

Vimos que assim como o significado de inclusão, a terminologia portador de necessidade

educacional especial gera muitos questionamentos sobre qual seria a melhor denominação e

sobre a amplitude que a utilização desse termo pode trazer tanto no nível social e educacional,

se tais conceituações podem trazer mais preconceitos em relação aos deficientes ou ao invés

de proclamar uma “inclusão” mascarar a exclusão.

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2.1 TIPOS DE NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS E SEUS CONCEITOS.

A necessidade Educacional Especiais não se refere somente as pessoas com deficiência física,

visual, auditiva ou deficiência múltipla, mas a todas as pessoas que necessitam de um apoio

especial para que seja obtido um real aprendizado e desenvolvimento escolar e pessoal.

Nesse momento, é importante iniciar uma conceituação, conhecimento e detalhamento sobre

as Necessidades Educacionais Especiais.

• Deficiência Mental:

De acordo com a Associação Americana de Deficiência Mental (1992) apud Ministério da

Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Especial (1998), Deficiência Mental é um

funcionamento mental abaixo da média, que se origina no período de desenvolvimento,

existindo concomitantemente com limitações associadas a duas ou mais áreas da conduta

adaptativa ou de capacidade do indivíduo em responder adequadamente às demandas da

sociedade, nos seguintes aspectos: comunicação, cuidados pessoais, habilidades sociais,

desempenho na família e comunidade, independência na locomoção, saúde e segurança,

desempenho escolar, lazer e trabalho.

Monteiro (1998), traz os estudos de Vygotsky sobre deficiência mental que indicam que

embora as funções mentais superiores ( percepção, atenção,memória) encontrem uma barreira

para seu desenvolvimento, isso não acontece de forma mecânica, porque o desenvolvimento

encontra vias de realização nas relações sociais. Acrescenta ainda que na deficiência mental,

nem todas as funções psicológicas estão comprometidas no mesmo nível. No processo de

compensação, cada função mental influi de modo particular, de modo qualitativo. O

desenvolvimento das funções psicológicas, (...) é influenciados pelo contato da criança com

signos culturalmente construídos (a linguagem, os gestos e outros) que, uma vez

internalizados, também auxiliam a criança a estimular a si própria.

A conceituação de deficiência mental empregada pelos principais membros da Associação

Americana de Deficiência Mental (AAMD) trazida por Grossman (1977) apud Kirk (1996) é

a seguinte:

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A deficiência mental refere-se ao funcionamento intelectual geral significativamente abaixo da média, que coexiste com falhas no comportamento adaptador e se manifesta durante o período de desenvolvimento (GROSSMAN, 1977, apud KIRK, 1996, pag. 121).

• Deficiência Visual

A deficiência visual é atribuída ao individuo que possui sua capacidade de ver diminuída ou à

perda por completo, o que, no entanto, não o impede de buscar outras formas de enxergar o

mundo. Muito pelo contrário, aprende a estimular e utilizar os outros sentidos a seu favor, o

que um indivíduo que não possui deficiência visual não percebe: o valor e benefícios de

utilizar os outros sentidos. O deficiente visual utiliza inclusive o tato, como uma linguagem,

uma forma de ver e interpretar o mundo ao qual pertence.

BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Especial (1998) conceitua a deficiência visual como sendo: “Redução ou perda total da capacidade de ver com o melhor olho e após correção ótica.” (p. 34).

Kirk (1996) traz a definição de deficiência visual conforme pensamento de Baterman (1967),

o grau de deficiência estaria definida a partir dos métodos de aprendizagem e comunicação

utilizados pelas pessoas com deficiência visual, sendo assim na visão de Baterman, define

criança cega como sendo:

Definiu criança cega aquela com visão parcial em termos do método que utilizam para aprender a ler. Ela afirma: “Em termos educacionais, crianças cegas são as que empregam o braile, e crianças com visão parcial são aquelas que usam material impresso”. (BATERMAN, 1967, pág. 258, apud KIRK, 1996, pág. 258).

• Deficiência Auditiva

Assim como o deficiente visual utiliza o tato como forma de comunicação no meio social. O

deficiente auditivo tem como instrumento de interação social a LIBRAS (Língua Brasileira de

Sinais), além da leitura labial com a qual pode interpretar o que os ouvintes os informam.

BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Especial (1998) explicita que: a deficiência auditiva: “É a perda total ou parcial, congênita ou adquirida, da capacidade de compreender a fala através do ouvido.”pág.34.

FRISINA (1974) apud Kirk (1996), dá uma definição parecida com a da EAD/FESP RJ-

Educação Especial para deficiência auditiva, sendo que específica a pessoa que é surda da que

tem a audição reduzida:

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Uma pessoa surda é aquela cuja audição é tão falha (geralmente de 70 decibéis ou mais) que não consegue entender, sem ou com a utilização de um aparelho auditivo, a fala através do ouvido. Uma pessoa com audição reduzida é aquela cuja audição é tão deficiente (geralmente entre 35 e 69 decibéis) que dificulta, mas não impede a compreensão da fala sem ou com a utilização de um aparelho auditivo, através do ouvido. (FRISINA, 1974, pág.3 apud KIRK, 1996, pág. 230).

Marchesi (2004) explicita sua visão sobre surdez e destaca a surdez de acordo com a

classificação médica revelando que: uma surdez ou deficiência auditiva é qualquer alteração

produzida tanto no órgão da audição como na via auditiva. A classificação mais habitual do

ponto de vista médico foi feita em função do lugar onde se localiza a lesão, o que levou a

destacar três tipos diferentes: a surdez condutiva ou de transmissão, a surdez neurossensorial

ou de percepção e a surdez mista.

• Deficiência Física

A deficiência física é a perda parcial ou total de uma ou várias funções do ser humano, que o

impossibilita de exercer determinadas atividades por um breve período ou de forma

permanente.

Referente a deficiência física, BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de

Educação Especial (1998) revela que:

Variedade de condições não sensoriais que afetam o indivíduo em termos de mobilidade, de coordenação motora geral ou da fala, como decorrências de lesões, sejam neurológicas, neuromusculares, ortopédicas, ou ainda, de mal formação congênitas ou adquiridas. (BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Especial, 1998, pág. 34)

Bersch e Machado (2007) trazem outra definição de deficiência física que surge do

documento “Salas de Recursos Multifuncionais. Espaço do Atendimento Educacional

Especializado de publicação do MEC, Ministério da Educação afirmando que:

A deficiência física se refere ao comprometimento do aparelho locomotor que compreende o sistema Osteoarticular, o Sistema Muscular e o Sistema Nervoso. As doenças ou lesões que afetam quaisquer desses sistemas, isoladamente ou em conjunto, podem produzir grandes limitações físicas de grau e gravidades variáveis, segundo os segmentos corporais afetados e o tipo de lesão ocorrida.( MEC, 2006,pág. 28 apud BERSCH e MACHADO, 2007, pág. 23).

As demais necessidades educacionais especiais como: a deficiência múltipla, condutas típicas

e alta habilidade, não são muito discutidas e conhecidas. Apresentaremos, no entanto, material

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encontrado para esse levantamento, talvez pelo fato de que quando se fala em NEE, associar

instantaneamente aos indivíduos com deficiência mental, deficiência visual, deficiência

auditiva e deficiência física, essas outras necessidades talvez não sejam vistas como uma

necessidade ou são esquecidas, por ser em menor amplitude o número de alunos com tais

necessidades, nas escolas regulares. Porém, faremos uma conceituação sobre cada uma delas.

Veremos abaixo o conceito de cada uma dessas necessidades de acordo com Ministério da

Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Especial (1998):

• Deficiência Múltipla:

“Associação, no mesmo indivíduo, de duas ou mais deficiências primárias (mental, visual,

auditiva e física) com comprometimentos que acarretam atrasos no desenvolvimento global e

na capacidade adaptativa”. (BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de

Educação Especial, 1998, pág. 34)

• Condutas Típicas:

“Manifestações comportamentais típicas de portadores de síndromes e quadros psicológicos,

neurológicos ou psiquiátricos que ocasionam atrasos no desenvolvimento e prejuízos no

relacionamento social, em grau que requeira atendimento educacional especializado”.

(BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Especial, 1998,

pág. 34-35)

• Alta Habilidade:

“Notável desempenho e elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos isolados

ou combinados: capacidade intelectual geral, aptidão acadêmica específica, pensamento

criativo ou produtivo, capacidade de liderança, talento especial para artes e capacidade

psicomotora”. (BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação

Especial, 1998, pág. 35)

Kirk (1996) expõe a definição de superdotados criada pelo antigo diretor do Departamento de

Educação dos Estados Unidos, Sidney Marland (1972) que diz:

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Crianças superdotadas e talentosas são aquelas identificadas por pessoal profissionalmente qualificado como as que, em virtude de suas capacidades notáveis, conseguem um desempenho elevado. São crianças que exigem programas educacionais diferenciados e serviços além dos normalmente oferecidos pelo programa regular para contribuir para si mesmas e para a sociedade. (KIRK, 1996, págs. 66-67)

No que se refere aos alunos com altas habilidades, os chamados superdotados, também se faz

necessário um conhecimento sobre o trabalho pedagógico a ser realizado com esses alunos.

Alunos considerados “gênios”, mas que também precisam de estímulos e atenção especial por

parte do professor. Pois, esse estereótipo relacionado aos alunos com altas habilidades, não os

ajuda em seu desempenho no contexto educacional. É preciso uma melhor percepção e

esclarecimento, por parte dos pais e professores das crianças com altas habilidades, para

atentar que os alunos superdotados não são gênios, mas são crianças que tem um

desenvolvimento elevado se comparado aos das crianças na mesma fase de desenvolvimento

que elas, e por isso requerem um olhar especial por parte do professor sobre qual a forma

pedagógica mais adequada para trabalhar com essas crianças.

Fleith (2009) relata o pensamento de Gallagher (2006), sobre a visão que os educadores

possuem sobre o aprendizado das crianças com altas habilidades:

Muitos educadores se opõem à implementação de um atendimento às necessidades do superdotado em função de idéias preconceituosas e desatualizadas que possuem acerca deste aluno. Além disso, uma vez que muitos educadores acreditam que o aluno com altas habilidades vai se sair bem independente do contexto educacional em que esteja inserido, ele pode se tornar “invisível” na sala de aula, ou seja, não é considerado um aluno com necessidades educacionais especiais e, consequentemente, não é necessário pensar e implementar estratégias de inclusão para este educando.( GALLAGHER, 2006,apud FLEITH,2009, págs.199-200)

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2.2 A INCLUSÃO E SEU IMPACTO NO AMBIENTE ESCOLAR

Proponho para um conhecimento e entendimento mais amplo do tema a ser discutido, um

levantamento sobre o termo inclusão. O que é o termo inclusão? A inclusão é uma questão

bastante ampla e polêmica, que precisa ainda de uma análise detalhada para que se chegue a

uma definição sobre o que de fato é inclusão/ incluir.

O termo incluir no Dicionário Aurélio, (1988) significa: “Estar incluído ou compreendido;

fazer parte” (FERREIRA, 1988). Portanto, se considerarmos o significado obtido no

dicionário a inclusão é fazer com que uma pessoa ou grupo que vive uma situação excludente,

sinta-se inserido, ou seja, faça parte, seja compreendido e esteja incluso no meio social em

que vive, livre de qualquer tipo de preconceito, sendo respeitados os seus valores.

Incluir é garantir ao indivíduo, que seus direitos como cidadão sejam atendidos. E, isso,

envolve a criação de meios, que possibilitem a locomoção de qualquer cidadão que esteja por

um breve período ou período permanente acometido de alguma deficiência, e que precise de

mecanismos para agir com autonomia. Incluir é também oportunizar, que os cidadãos com

necessidades especiais tenham além de seus direitos de locomover-se garantidos, o direito ao

trabalho, estudo e lazer, etc. de forma igualitária, a todos os outros cidadãos.

Um consenso social pessimista, fundamentado essencialmente na idéia de que a condição de “incapacitado”, “deficiente”, “ inválido” é uma condição imutável, leva à completa omissão da sociedade em relação à organização de serviços para atender às necessidades individuais específicas dessa população. (MAZZOTTA, 1982, pág. 03).

As pessoas com deficiência sempre foram tratadas de maneira preconceituosa e discriminadas

ao longo da história, e foram criadas ideologias em torno dessas pessoas, levando a acreditar

que a deficiência seria uma forma de punição. Preconceitos e discriminações que permanecem

até hoje.

Assim, a inclusão busca desmitificar qualquer tipo de preconceito com referência às pessoas

deficientes e que por conseqüência deste fato, possuem necessidades especiais, pois as

mesmas possuem limitações para exercer ou praticar determinadas atividades, mais podem e

têm o direito de exercer e praticar tais atividades dentro dos seus limites e de forma eficaz

como outro cidadão qualquer. Para isso, necessita de adaptações que o possibilite

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desempenhar o seu trabalho e atividades cotidianas de maneira digna. Portanto, não é a

deficiência em si que as torna “incapazes” de exercer sua cidadania, Porém, é o meio social

que as enxergam dessa forma e não fornece mecanismos para que possam agir de forma

autônoma dentro da sociedade. Neste sentido, Bersch e Machado (2007) revelam sua visão

sobre o que é deficiência como enxergam o indivíduo com “deficiência”, destacam que:

A deficiência, vale lembrar é marcada pela perda de uma das funções do ser humano, seja ela física, psicológica ou sensorial. O indivíduo pode, assim, ter uma deficiência, mais isso não significa necessariamente que ele seja incapaz; a incapacidade poderá ser minimizada quando o meio lhe possibilitar acessos. (BERSCH e MACHADO, 2007, pág. 21).

O meio social não garante as pessoas com deficiência essa acessibilidade e autonomia, apesar

de terem seus direitos reivindicados e atendidos através de leis, as pessoas com necessidades

especiais ainda encontram obstáculos para a sua locomoção no dia –a –dia: os prédios

públicos e particulares que não permitem que tenham acesso a outros andares, pois não

possuem elevadores, banheiros adaptados, meios de transporte para que possam ir e vir de um

local para o outro, e rampas nas calçadas e em outros locais para facilitar a vida da pessoa

com necessidade especial. As instituições educacionais também não fogem a essa regra

muitas não possuem um ambiente adequado para atender às especificidades das crianças com

NEE (necessidades educacionais especiais). Além da não preparação do quadro de

professores para receber os alunos com necessidades educacionais especiais.

O termo inclusão faz referência também aos grupos que sempre foram negligenciados,

marginalizados e que sofreram preconceito do meio social, por segregação de gêneros, origem

étnica, religiosidade, classe econômica grupos que tiveram seus direitos por um determinado

tempo negado, mas que lutaram e conquistaram seus direitos de cidadãos e liberdade para

exercer e praticar o que acredita ser correto, sem ser coagido ou discriminado por outrem.

Portanto, como podemos verificar, o termo inclusão é muito denso e precisa, apesar das leis

estabelecidas e que estão sendo aplicadas, uma conscientização social e respeito sobre o que é

inclusão e do real significado da palavra inclusão.

A discussão sobre inclusão dos alunos com necessidades educacionais especiais, não é

novidade, apesar de ganhar maior destaque nos últimos anos, vamos ver como ocorreu este

percurso.

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A Constituição de 1988 trouxe benefícios às pessoas com deficiência, com relação ao direito a

saúde, trabalho, assistência além do acesso a educação, ressalvando que todos tem direitos

iguais perante a Lei, sem qualquer tipo de discriminação. Logo em seguida, a Lei 7.853 de

1989 assinada pelo Presidente da República da época que reafirmou a obrigatoriedade da

oferta de educação especial nos sistemas públicos de ensino, e definiu como crime qualquer

ato de recusa, suspender, sem justificativa plausível, a matrícula aos educandos com

deficiência, em estabelecimentos de ensino, de qualquer curso público ou privado, por

motivos provenientes da deficiência dos alunos sendo punível com pena de 1(um) a 4(quatro)

anos e multa. O decreto-lei que regulamenta a lei, dez anos após (n.3.298,1999), dispõe que:

As escolas públicas ou privadas deverão oferecer “programas de apoio para o aluno integrado no sistema regular de ensino, ou em escolas especializadas exclusivamente quando a educação das escolas comuns não puder satisfazer as necessidades educativas ou sociais do aluno ou quando necessário ao bem estar do educando”. (decreto-lei n.3.298,1999 apud FERREIRA E FERREIRA, 2007, pág. 22)

A Declaração de Salamanca (1994), elaborada a partir de diversas discussões, debates e

encontros nacionais, com a função de promover a educação para todos, incluindo

implementações de políticas para proporcionar uma educação inclusiva, e que capacite as

instituições para atender todas as crianças, principalmente as que possuem necessidades

educacionais especiais. Na Declaração de Salamanca apud Laplane, 2007, consta que:

Reafirmando o direito de todas as pessoas à educação conforme a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, e, renovando o empenho da comunidade mundial, na Conferência Mundial sobre Educação para Todos, de 1990, de garantir esse direito a todos, independentemente de suas diferenças particulares; Recordando as diversas declarações das Nações Unidas, que culminaram nas Normas Uniformes sobre a Igualdade de Oportunidades para as Pessoas com Deficiência, nas quais os estados são instados a garantir que a educação de pessoas com deficiência seja parte integrante do sistema educativo [...].

Cremos e proclamamos que:

• Todas as crianças, de ambos os sexos, têm direito fundamental à educação e que a elas deve ser dada a oportunidade de obter e manter um nível aceitável de conhecimentos;

• Cada criança tem características, interesses, capacidades e necessidades de aprendizagem que lhes são próprios;

• Os sistemas educativos devem ser projetados e os programas aplicados de modo que tenham em vista toda a gama dessas diferentes características e necessidades;

• As escolas comuns, com essa orientação integradora, representam o meio mais eficaz de combater atitudes discriminatórias, de criar comunidades acolhedoras, construir uma sociedade integradora e dar educação para todos; além disso, proporcionam uma educação efetiva à maioria das crianças e melhoram a eficiência e, certamente,

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a relação custo-benefício de todo o sistema educativo . (Declaração de Salamanca apud Laplane, 2007, págs 13-14.)

Face à exposição até aqui desenvolvida, o que significa inclusão/ incluir no ambiente escolar?

Pensar e colocar em práticas leis que garantam às crianças com NEE em classes regulares de

ensino, não garante às mesmas, uma qualidade no ensino que receberam ou avanços em seu

desenvolvimento.

A criação da Lei é de extrema importância para a não exclusão dessas crianças, para que

sejam vistas de maneira não preconceituosa pela sociedade, porém junto com a Lei deveriam

ser pensadas medidas de investimento para a formação de professores, de forma a habilitá-los

para atuar com os alunos com NEE.

Incluir uma criança com NEE abrange muito mais que inserí - la em uma classe de criança

ditas “normais”, é atender a todas as especificidades que a criança precise para que a mesma

possa desenvolver-se de acordo com as suas potencialidades.

Sobre o atendimento às especificidades dos alunos com necessidades educacionais especiais,

tanto em ambiente escolar regular, quanto em um ambiente educacional especial, visando o

desenvolvimento de seu aprendizado, SASSAKI apud BRASIL ( 2006) , explicita que:

(...) Esse paradigma é o da inclusão social – as escolas (tanto comuns como especial) precisam ser reestruturadas para acolherem todo espectro da diversidade humana representado pelo alunado em potencial, ou seja, pessoas com deficiências físicas, mentais, sensoriais ou múltiplas e com qualquer grau de severidade dessas deficiências, pessoas sem deficiências e pessoas com outras características atípicas, etc. É o sistema educacional adaptando-se às necessidades de seus alunos (escolas inclusivas), mais do que os alunos adaptando-se ao sistema educacional (escolas integradas)” (SASSAKI, 1998, pg.09, apud BRASIL, 2006, pág. 13).

Referente ao que foi citado acima a inclusão de alunos com necessidades educativas em que

seja valorizado a qualidade do ensino para as crianças em classes regulares visando o

desenvolvimento da mesma Montoan (2007) destaca que:

A inclusão é um desafio que, ao ser devidamente enfrentado pela escola comum, provoca a melhoria da qualidade da educação básica e superior, pois para que os alunos com e sem deficiência possam exercer o direito à educação em sua plenitude, é indispensável que essa escola aprimore suas práticas, a fim de atender às diferenças. Esse aprimoramento é necessário, sob pena de os alunos passarem pela experiência educacional sem tirar dela o proveito desejável, tendo comprometido um

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tempo que é valioso e irreversível em suas vidas: o momento do desenvolvimento. (MONTOAN, 2007, pág.45).

O professor que trabalha com alunos com deficiência, assim como professores de alunos de

classe normal deve está atento nas metas que seus alunos podem atingir e na percepção dos

seus do que já foi atingindo, ou seja, os avanços de seus alunos, pois até em classe

considerada normal tem alunos que possuem maior dificuldade de aprendizado que outros,

portanto o educador deve focar seus trabalhos com referência no que o aluno tem de

potencial, no que pode favorecer seu aprendizado, e não no que ele tem de deficitário.

As escolas inclusivas são escolas para todos, implicando num sistema educacional que reconheça e atenda às diferenças individuais, respeitando as dificuldades de qualquer dos alunos. Sob essa ótica, não apenas portadores de deficiência seriam ajudados e sim todos os alunos que, por inúmeras causas, endógenas ou exógenas, temporárias ou permanentes, apresentem dificuldades de aprendizagem ou no desenvolvimento. (CARVALHO, 2007, pág.29).

Para que seja possível o professor trabalhar as potencialidades existentes em seus alunos é

necessário primeiro que as conheça, para que possa analisar a melhor forma de atuação

pedagógica, para que seus alunos obtenham o desenvolvimento, de acordo com os objetivos

que o professor esperava que os alunos atingissem. Assim como em um curso de pedagogia

que nos “prepara”, para atuar com alunos ditos normais e suas especificidades em relação ao

aprendizado, deveriam ser oferecidos ao pedagogo em formação nos cursos de pedagogia

atualmente uma maior proximidade de alunos com NEE, em instituições que atendam

somente a esse alunado, para que o pedagogo em formação tenha uma maior visibilidade das

necessidades de seus alunos e como trabalhar de forma pedagógica com eles auxiliando no

seu aprendizado, na sua formação como individuo autônomo.

A escola deve está preparada para receber os alunos com Necessidades Educacionais

Especiais, tanto na parte pedagógica, como nas instalações físicas da unidade escolar,

equipamentos e materiais didáticos necessários para que ocorra o aprendizado desses alunos

de forma plena. Não somente o corpo docente deve está habilitado a receber os alunos com

NEE, mas toda a comunidade escolar deve está empenhada a participar da inclusão desses

alunos.

O conceito de escolas inclusivas pressupõe uma nova maneira de entendermos as respostas educativas que se oferecem, com vistas à efetivação do trabalho na diversidade. Está baseado na defesa dos direitos humanos de acesso, ingresso e permanência com sucesso em escolas de boa qualidade ( onde se aprende a aprender,

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a fazer, a ser e a conviver ), no direito de integração com colegas e educadores, de apropriação e construção do conhecimento, o que implica, necessariamente, em previsão e provisão de recursos de toda a ordem. (CARVALHO, 2007, pág. 37).

Ribeiro, 2003, aborda a inclusão escolar, como sendo a escola um ambiente que respeite a

todos em suas especificidades, oportunizando aprendizagens. E explicita que essa

preocupação deve está evidenciada no projeto pedagógico da escola, sendo o currículo

flexível para possibilitar ajuste à particularidade de cada aluno.

O pressuposto da inclusão é que a escola ofereça oportunidades de aprendizagem a todos indistintamente, respeitando a diversidade de sua clientela. Essa intenção deve no Projeto Pedagógico da escola, de modo que o currículo proposto seja dinâmico e flexível, permitindo o ajuste do fazer pedagógico às peculiaridades de cada aluno. (RIBEIRO, 2003, págs. 48-49).

Segundo Bassalore, 2006 o principal objetivo da educação para os estudantes portadores de

necessidades educacionais especiais é o de reduzir as condições impeditivas que os

impossibilitam de participar de modo pleno na sociedade, possibilitando-lhes o exercício da

cidadania. Afirmando que nesse sentido, a educação inclusiva é um passo decisivo rumo a

essa inclusão mais ampla do portador de deficiência, pois busca promover tanto uma

aprendizagem factual quanto o desenvolvimento de suas potencialidades.

No RCNEI, consta a educação inclusiva como sendo a que oportunize a todas as crianças,

inclusive as que necessitam de uma educação especializada, um ambiente que proporcione o

convívio com a diversidade, respeitando o próximo, sem atitudes discriminatórias.

A Escola Inclusiva é uma tendência internacional deste final de século. É considerada Escola Inclusiva aquela que abre espaço para todas as crianças, abrangendo aquelas com necessidades especiais. O principal desafio da Escola Inclusiva é desenvolver uma pedagogia centrada na criança, capaz de educar a todas, sem discriminação, respeitando suas diferenças; uma escola que dê conta da diversidade das crianças e ofereça respostas adequadas às suas características e necessidades, solicitando apoio de instituições e especialistas quando isso se fizer necessário. É uma meta a ser perseguida por todos aqueles comprometidos com o fortalecimento de uma sociedade democrática, justa e solidária.(RCNEI, 1998, pág. 36)

Percebo que a inclusão é um tema que necessita de promover uma discussão mais detalhada,

por sua amplitude. No que diz respeito a inclusão de pessoas com NEE na classes regulares de

ensino, é um tema que é complexo e requer um olhar especial por parte dos órgãos que

institucionalizaram a educação inclusiva, pois necessita de uma mudança de base política,

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estrutural, social , comportamental e pedagógica, visando uma melhoria na integração dos

alunos com NEE em classes regulares.

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3. METODOLOGIA A pesquisa realizada é de base qualitativa, pois leva o pesquisador a uma aproximação direta

com o objeto e/ ou sujeitos de sua pesquisa e o ambiente de pesquisa, possibilitando ao

investigador um estudo com maior riqueza de detalhes. Porém, o pesquisador deve manter-se

imparcial durante a coleta de dados, para que não interfira na resposta do pesquisado, e

consequentemente no resultado de sua pesquisa.

A pesquisa qualitativa segundo Biklen e Bogdan apud André e Ludke (1986) apresenta como

característica o contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação em

que está sendo investigada, via de regra através do trabalho intensivo de campo. Como os

problemas são estudados no ambiente em que eles ocorrem naturalmente, sem qualquer

manipulação intencional do pesquisado esse tipo de estudo é também chamado de

“naturalístico”. Para esses autores, portanto, todo estudo qualitativo é também naturalístico.

3.1 Sujeitos:

A pesquisa foi realizada com 12(doze) professoras da Rede Regular de Ensino Municipal, que

atuam em classes de educação inclusiva. Destas 12(doze), 03 (três) são graduadas em

Pedagogia e pós graduadas em Psicopedagogia, 07 ( sete) possuem graduação em Pedagogia,

1 (uma) magistério e 1(uma) Licenciatura em Filosofia .

3.2 Instrumentos da Pesquisa:

Entrevistas semiestruturadas com as professoras da Rede Municipal de Ensino . Análise das

Matrizes Curriculares das Instituições de Ensino Superior.

3.3 Procedimentos de Utilização dos Instrumentos da Pesquisa:

A coleta de dados foi realizada através de entrevistas semiestruturadas. As entrevistas

duraram em média de 10 minutos a 24 minutos, gravando uma única vez com cada professora

por causa da disposição de tempo de cada professora.

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A elaboração das entrevistas foi feita através de perguntas que viessem a perceber trazer à

tona a compreensão das entrevistadas sobre o que é inclusão, sobre suas angústias dentro de

uma sala de aula “inclusiva” e impasses que encontram para a realização e sucesso de seu

trabalho pedagógico com os alunos com Necessidades Educacionais Especiais. Algumas

perguntas surgiram no decorrer das entrevistas e foram incluídas nas demais. A organização

das entrevistas foi realizada da seguinte forma: gravação das entrevistas, escuta do conteúdo

coletado e digitação dos mesmos.

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4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.1 Apresentação e Discussão das Entrevistas

A partir das entrevistas realizadas com 12(doze) professoras da rede regular de ensino

Municipal que atuam em classe inclusiva, será feita uma análise sobre quais são os impasses

que os (as) professores (as), enfrentam ao ensinar alunos com necessidades educacionais

especiais em classe regular do sistema Municipal de ensino, além de saber suas concepções

sobre a inclusão dos alunos com NEE (Necessidades Educacional Especial) na rede regular de

ensino e o que os esses profissionais entendem sobre inclusão e educação inclusiva e

Necessidades Educacionais Especiais e assim buscar compreender quais impasses o docente

enfrenta diante de um ambiente educativo inclusivo.

Questionamento 01: Que ideia você tem acerca de Educação Inclusiva?

“A escola ou ambiente que irá receber esses alunos, esta atendendo as necessidades desses alunos com rampas com salas e banheiros com portas alargadas, alem de material pedagógico essencial para a educação dessas crianças.” (P1) “Acesso ao aluno que não tem muita oportunidade acredito que é acesso a ele na escola normal, dita normal pra que ele venha a se enquadrar no ambiente.” (P 2)

“Educação Inclusiva, olhar diferenciado pra educação no sentido de ter que envolver nesse conjunto pessoas que antes eram vistas como aquelas rejeitadas pela sociedade no sentido de um aluno com educação especial como o meu e hoje mostrar que ele também é um cidadão que pode fazer parte de um espaço com pessoas “ditas normais” então pra mim educação inclusiva é esse olhar o todo, olhar a diversidade e poder atender a todos de acordo com as suas dificuldades.” (P3)

“Um momento de aproximação de pessoas com deficiências de um grupo considerado normal, o qual irá favorecer o seu desenvolvimento pessoal e talvez cognitivo”. (P4)

“É a integração do aluno com necessidade educacional especial no sistema regular de ensino, visando o seu desenvolvimento pleno dentro de suas potencialidades e a socialização com as outras pessoas ditas “normais”. (P5) “É o processo de inclusão dos portadores de necessidades especiais ou de distúrbios de aprendizagem na rede comum de ensino em todos os seus graus.” (P6)

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“Inclusão arte de incluir, sendo muito mais além do que possamos imaginar, sendo a escola também excludente. Existe a quebra da questão da igualdade”. (P7) “Incorpora o aluno deficiente em sala de aula regular integrando o mesmo a sociedade”. (P8) “É uma iniciativa essencial para os portadores de necessidades especiais, porém ainda muito difícil para os educadores devido a falta de mecanismos e subsídios para lidar com esses educandos.”(P9) “É a educação que amplia a participação de todos os estudantes nos estabelecimentos de ensino regular.É uma reestruturação da cultura da prática e das políticas públicas vivenciadas nas escolas, de modo que estas respondam à diversidade de alunos, ou seja, as escolas precisam ser transformadas para atender às necessidades individuais de todos os educandos, com ou sem necessidades especiais.”(P10) “Atualmente percebemos a necessidade de promover a “igualdade” e “ participação de todos” aqueles que vivem excluídos da sociedade, porém é difícil criar as oportunidades na educação, trabalho, laser, habitação quando a própria sociedade não prepara, não propícia as condições de estrutura, não informa etc. a lei por si só não basta como medida legal para as adaptações uma vez que as pessoas especiais sentem-se inválidas, quando são negadas as oportunidades.”(P11) “Seria uma educação para todos portadores de necessidades de aprendizagem, afetiva psicossocial, orgânica, em que pudesse futuramente, disputar uma vaga em um concurso público para deficiente, mas isso na realidade não ocorre, e faltam escolas especializadas.” (P12)

As professoras entrevistadas têm uma visão sobre educação inclusiva como sendo uma

maneira de “incluir” os alunos com necessidades educacionais especiais em sala de aula

regular, criando oportunidade dos alunos com Necessidades Educacionais Especiais, de se

socializarem com os alunos ditos ”normais”, uma educação que possibilite aos alunos com

necessidades especiais, uma formação plena, e o desenvolvimento de seu aprendizado dentro

dos limites que podem atingir. Uma forma de garantir aos mesmos o exercício de cidadão

como outro qualquer que tem seus direitos efetivados.

Porém, as professoras concordam que a integração desses alunos vai muito além de integrar

em um ambiente escolar regular, mas sim fornecer subsídios para a sua real integração

(Questionamentos 01 e 02). A inclusão, integração desse aluno em classe regular, sem atender

às suas especificidades, pode vir a permitir outra forma de “exclusão” que seria a escola

negligenciando esse aluno dentro de um local que tem como função, socializar e integrar a

todos de forma igualitária.

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Não fazendo referência a uma “exclusão” proposital, mas a uma “exclusão” por falta de

conhecimento do professor em trabalhar com o aluno com necessidade educacional especial,

por falta de estrutura física que a escola não possui e por falta de materiais necessários e

específicos para atender as necessidades dos alunos, esses são uns dos vários impasses

enfrentados pelos professores em um ambiente escolar “inclusivo”.

Questionamento 02: O que significa inclusão para você?

“A escola ou ambiente que irá receber esses alunos, esta atendendo as necessidades desses alunos com rampas com salas e banheiros com portas alargadas, alem de material pedagógico essencial para a educação dessas crianças. (Idem a resposta do questionamento 01, pois a professora já havia respondido sobre inclusão escolar dentro da pergunta inclusão)” (P1) “Acesso ao aluno que não tem muita oportunidade acredito que é acesso a ele na escola normal, dita normal pra que ele venha a se enquadrar no ambiente.” (P2) “Incluir, sempre busco está diferenciando, incluir não é integrar, incluir é reconhecer cada um nas suas particularidades e dentro dela tentar não só ajudar, mas como ver nessa diversidade potenciais, capacidades, habilidades e nesse ato de incluir , não ter somente para fazer de conta que estou com aquela pessoa, mais ver aquela pessoa passar por sua vida e fazer algo por ela de necessário”(P3) “Uma oportunidade de crescimento das crianças com deficiências.” (P4) “É possibilitar a pessoa com necessidade especial, ou que sofrem preconceito seja de que tipo for: racial, religioso, de gênero ou por uma opção sexual diferente dos padrões sociais, o direito de exercer suas atividades como qualquer cidadão e ser livre para defender suas idéias, criando meios para que o mesmo consiga fazer isso de forma autônoma, respeitando as diferenças existentes em todas as pessoas.” (P5) “Está longe de ser o que acontece na maioria das escolas, que são apenas um depósito de crianças com Necessidades Educacionais Especiais sem apoio nem orientação alguma.” (P6) “Tudo, lição de vida, transformação, é aceitar o outro como ele é, ninguém pede para ser diferente.” (P7) “A incorporação de alunos deficientes numa sala de aula regular.” (P8) “É a forma de percebermos e aceitar que o diferente também é capaz, e que pode ser reconhecido.” (P9) “Inclusão vem de incluir. no caso, todos independente de sua cultura, seu modo de ser e ver as coisas, respeito às diferenças e atendimento à uma diversidade.”(P10)

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“Existem hoje no mundo milhões de pessoas com deficiências, que vivem excluídas devido às diversas barreiras criadas pela sociedade, porém temos que assumir, cada um de nós, o seu papel como educador e buscar incluir de forma natural a participação dos PNE’s.”(P11) “È um faz de conta é empurrar com a barriga, na linguagem comum. Pois incluir é inserir, envolver, participar, mobilizar, relocar essa criança no estágio deficitário que ela que ela se apresenta? Mas Estado/ Prefeitura ainda estão distantes de apresentar esta proposta.” (P12)

Uma das entrevistadas (questionamento 02) explicita a sua visão sobre o que é inclusão,

revelando a preocupação em enxergar a inclusão como um meio de auxiliar esse aluno,

reconhecendo suas diferenças e perceber que o aluno tem capacidades e que podem ser

desenvolvidas. Ela vê a inclusão como sendo a aceitação do outro, aceitação de suas

diferenças e não a sua negação. Portanto, ela destaca que:

“Incluir, sempre busco estar diferenciando, incluir não é integrar, incluir é reconhecer cada um nas suas particularidades e dentro dela tentar não só ajudar, mas como ver nessa diversidade potenciais, capacidades, habilidades e nesse ato de incluir , não ter somente para fazer de conta que estou com aquela pessoa, mais ver aquela pessoa passar por sua vida e fazer algo por ela de necessário”.( Pedagoga graduada com especialização em psicopedagogia ).

Relembrando o capitulo II, verificamos que autores como Motoan (2007), Carvalho (2007),

Ribeiro (2003) pensam a educação inclusiva pela mesma visão que as professoras

descreveram, como devendo ser de forma que respeite os direitos de todos e atenda às

especificidades de cada um como ser único, além de promover a socialização e o

desenvolvimento pleno do aluno.

Questionamento 03: O que você entende por NEE (necessidade educacional especial)?

“É dar uma atenção especial a criança, para que ela possa atingir um avanço escolar” (P1). “É criar meios para que meu aluno alcance as habilidades propostas dentro de suas possibilidades.” (P2) “A necessidade não é uma dificuldade da aprendizagem, mas sim olhar aquele ser que precisa ser direcionado no seu desenvolvimento cognitivo, como alguém em tantos, em meio a uma turma tem um ritmo de aprendizado diferenciado.” (P3) “Um trabalho que deve ser desenvolvido por professores com desejo de ajudar o aluno em sua deficiência. a partir do desejo ele buscará meios de conhecer a

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deficiência e caminhos para trabalhar com o aluno em sua limitação, para que ele avance, de acordo com a sua possibilidade.” (P4) “Necessidade Educacional Especial, é um auxílio que o aluno necessita para que consiga atingir os objetivos propostos dentro da sala de aula, permitindo assim o seu desenvolvimento.” (P5) “É o processo educativo onde todas as crianças portadoras de necessidades especiais e de distúrbios de aprendizagem têm o direito a escolarização o máximo possível do normal.” (P6) “Na verdade, essa é uma quebra, questão de nomenclatura”. (P7) “Entendo como um sistema de educação voltada para deficientes, com planejamento de cursos adequados ao tipo de irregularidade do aluno.” (P8) “São todos os educandos crianças, jovens, adultos e idosos que tem alguma ou várias limitações, dificultando assim a sua locomoção ou acesso em determinadas atividades ou localidades.” (P9) “São necessidades relacionadas aos alunos que apresentam elevada capacidade ou dificuldade de aprendizagem, quando exigem respostas específicas adequadas.” (P10) “É ter um outro olhar, porém com ações em comuns para todos, pois se trata de ações inclusivas e portanto, não se deve modificar a rotina e condições de trabalho, apenas devemos ampliar essas condições ou redirecioná-las.”(P11) “É uma assistência psicossocial as crianças que possuem necessidades em déficit desde afetiva, aprendizagem e até mesmo orgânica. E que na Educação Inclusiva as escolas regulares precisariam adequar-se a essas novas medidas educacionais.” (P12)

Portanto, quando a pergunta é referida ao que se entende por necessidades educacionais

especiais percebo que algumas das entrevistadas têm uma visão errônea ou equivocada em

relação sobre o que são necessidades educativas: que é garantir aos estudantes, um

atendimento e recursos que possibilitem o aprendizado significativo e de qualidade para os

mesmos a depender de suas especificidades. Reportando ao capitulo 2 veremos a opinião de

Ferreira sobre necessidades educacionais especiais.

(...) A adoção da terminologia necessidades educacionais especiais, que pressupõe que as questões referentes aos alunos com deficiência seriam remetidas para o campo mais amplo da prática pedagógica, apresentando-se como menos estigmatizante e mais orientada para as ações de ensino. Na realidade vamos ver que o uso do conceito de necessidades educacionais especiais sem valorizar – ao menos em tese- a distinção de tipos ou graus de dificuldades pode levar a posturas pedagógicas generalizantes, reforçando os processos de constituição da identidade

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das pessoas com deficiência tem sido vividos no contexto social. (FERREIRA E FERREIRA, 2007, pág.36)

Uma professora respondeu a esta pergunta fazendo referência ao termo necessidades

educacionais especiais, somente como uma questão de nomenclatura. (questionamento 03) O

que me faz reafirmar que deveria ser proporcionado ao docente um conhecimento maior sobre

o que é necessidade educativa e sobre cada tipo de necessidade.

Questionamento 04: Em sua opinião como deveria ser uma sala de educação inclusiva?

“Que disponibilizasse de materiais pedagógicos adaptados a esse público, o meu aluno mesmo com deficiência mental, precisa usar diz de cera especial alargado, grosso, alongado, materiais manuais para que ele possa manipular como argila, como massa de modelar.” (P1) “Adaptável e hoje em dia não se tem, com cadeiras especiais, especializadas para aqueles que têm deficiência motora, alfabeto de surdo e mudo, braile para aqueles que são cegos, adaptável. Aqui se coloca os alunos na escola sem antes preparar até os próprios alunos ditos normais para aquela turma para aquele aluno, mesmo assim a gente abraça eles, os alunos abraçam eles o professor abraça ele sem ter uma formação, um aperfeiçoamento melhor sobre a sua deficiência.” (P2) “A principio cheia de recursos necessários para atender cada um em suas necessidades, e outra coisa com a parceria de fato, com uma equipe multidisciplinar não só a escola dá conta do trabalho, mas uma equipe outra pudesse esta interferindo no caso de meu aluno tem um atendimento, uma rede, um órgão, 2 anos com ele, já esta comigo na turma a gente luta pra que a pessoa tenha um contato conosco, ela deseja ter esse contato e nunca pode. Então a gente precisa para ter uma escola que inclua trabalhar com pessoas outras de especialidades devida pra o caso de meu aluno e também tem um olhar pra esta orientando o professor, que uma base interpedagógica ou orientações psicológicas.” (P3) “Normal. Com professor e alunos, todos ajudando-se mutuamente.”(P4) “Uma sala com matérias didáticos disponíveis que permitisse ao professor fazer um trabalho pedagógico de qualidade com os alunos com Necessidades Educacionais Especiais, além de um profissional especializado em atender a esses alunos para acompanhar o professor em sala de aula, orientando sobre a melhor didática para esses alunos e a maneira de avaliação, além de uma auxiliar de classe.” (P5) “Com ambientes educacionais flexíveis – os ambientes educacionais tem que visar o processo de ensino-aprendizagem do aluno.”(P6) “Primeiramente, a instituição deveria dar uma preparação para o professor, ou seja, um suporte, salas ambientadas.” (P7) “Deveria ser dotada de materiais e condições adequadas à deficiência do aluno.” (P8)

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“Muitas precisam melhorar o acesso para os portadores das diversas modalidades de necessidades físicas e oftálmicas (cegos). E com recursos onde todos tivessem acesso para haver ajuda mútua.” (P9) “Deveria ser uma sala que se adequasse às diversidades existentes. Deve ser um ambiente estimulador, prazeroso que propicie a troca de experiências e um aprendizado efetivo, de todas as partes envolvidas.” (P10) “Possuir recursos lúdicos variados alguns específicos para síndrome do aluno e um monitor.” (P11) “Não só a sala de aula, mais a forma estrutural, escola, professores, funcionários especializados para o tratamento orgânico em salas de aula desses alunos. Formação acadêmica para os professores, assistência a saúde psicossocial desses alunos.” (P12)

A inquietação em trabalhar em um ambiente educacional inclusivo (questionamento 04) fica

explícito principalmente, nas falas das professoras sobre como deveria ser uma sala de aula

inclusiva, pois como já havia destacado acima, a maioria das escolas inclusivas, não foram

preparadas para receber e integrar os alunos com Necessidades Educacionais Especiais, o que

dificulta o trabalho do professor, por precisar de ambientes de ensino- aprendizagem

adaptados, e, em alguns casos auxiliares que ajudem a dar uma atenção maior aos alunos com

Necessidades Educativas. Sem esse auxilio, fica inviável o professor dispor de um tempo

maior com seus alunos com Necessidades Educativas.

Questionamento 05: Quais os recursos didáticos que utilizava com seus alunos com Necessidades Educacionais Especiais? A escola disponibiliza os matérias necessários para que você realize o seu trabalho com os alunos com nee? Se não como você dispõe desses materiais?

“Utilizo argila, giz de cera, para que eles possam manipular. Comprei alguns materiais, já que nem a Prefeitura nem a escola me disponibilizaram os matérias, outros materiais construí de sucata, a exemplo do brinquedo vai-e-vem que desenvolve bastante a motricidade deles.” (P1) “No caso dos surdos e mudos é o falar a leitura labial, eles faziam tudo em cima da leitura labial e utilizava também muitos objetos para eles verem, o ver e o fazer no caso quadro, tudo com eles era muito manual, tinha que manusear eles tinham que ver, usei com eles um alfabeto de animais que era tipo um álbum, ali tinha figura e embaixo a palavra, eles viam, eu falava o que era o animal que era e eles escreviam, era super interessante e outros recursos que a própria coordenação da ABAEDA nos oferecia.”(P2) “O que a escola tem é para todos, com os ditos não especiais e com o especial.” (P3)

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“Não. Todo material que utilizo (E.V.A. , jogos, etc.) Compro com os meus recursos.”(P4) “Visuais e atividades como jogo de memória, tento fazer algo dinâmico. A escola não disponibiliza de materiais necessários não. Alguns materiais consigo por conta própria.”(P5) “Não existe material especial na escola. Uso o mesmo material que é usado com os outros alunos.” (P6) “A escola não fornece suporte, pois as atividades são diferenciadas. Os recursos especiais são em relação a limitação deles, por exemplo o aluno com deficiência mental possui limites tendo que trabalhar dentro da realidade.”(P7) “Jogos. Na falta de outros recursos ministrava as aulas de acordo com a minha experiência.” (P8) “Na maioria das vezes não tem, mas é necessário buscar adaptar, criar, construir, usar a imaginação. Papéis, cola, tinta, massa de modelar, livros, revistas, jornais, encartes, instrumentos diversos.”(P9) “Jogos diversos, livros de história, atividades de recorte, colagem. Infelizmente ainda é precária a quantidade e a disponibilidade desse tipo de material.” (P10) “Como busco interagir o aluno especial com os “ditos normais” utilizo os mesmo recursos como: alfabeto móvel, quebra-cabeças, jogos, etc. Mas sinto a necessidade de outros materiais mais específicos para o aluno especial.” (P11) “Não, a escola não disponibiliza. É com muito material reciclado e fazendo o que posso em sala de aula.” (P12)

Os materiais didáticos utilizados para proporcionar um aprendizado de qualidade aos alunos

com Necessidades Educacionais Especiais por muitas vezes são produzidos pelos professores

ou até mesmo comprados pelos mesmos. Poucos têm a oportunidade de lecionar em uma

escola que possua os recursos básicos para o desenvolvimento dos alunos, que necessitam de

recursos didáticos diferenciados, para atender às suas necessidades.

Questionamento 06: Já fez algum curso de capacitação que auxilie no trabalho com alunos

com NEE (necessidades educacionais especiais)? Quais? Onde? Com que carga horária? O

que você achou do curso?

“Não fiz nenhum curso de capacitação e nem a Prefeitura ofereceu nenhum curso. Somente fiz algumas leituras sobre a deficiência de meus alunos, leituras que não são suficientes para que faça um bom trabalho pedagógico.” (P1)

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“Fiz sim. Curso de Educação Inclusiva em Vera Cruz , curso proporcionado pela Prefeitura de Vera Cruz, com carga horária de 120 hs. O curso foi ótimo me auxiliou muito na época que eu trabalhava com deficiente auditivo, me auxiliou, muito foi de muita valia.” (P2) “Não. A única coisa que me dá o direito de poder trabalhar com meu aluno, com consciência do que é possível foi a especialização que eu fiz psicopedagogia uma formação própria minha.” (P3) “Participei e participo de todos os que estão ao meu alcance. Hoje, sou aluna de um curso de Especialização em Atendimento Educacional Especializado, oferecido pelo MEC em consonância com a Universidade Federal do Ceará. Duração de um ano e meio.” (P4) “Não.” (P5) “Sim. APAE, 20 horas e na nacpc 8 horas. O tempo foi muito curto.” (P6) “Pós-graduação na FACEBA que não finalizei em Educação Inclusiva para Portadores de Necessidades Especiais para turma regulares, 400horas ou 60 horas).O curso era despreparado, pois, tudo ainda era novidade até mesmo para corpo docente.”(P7) “Sim. Deficiência mental, deficiência auditiva e deficiência visual através da Secretaria de Educação do Estado da Bahia, carga horária 250 horas. O resultado foi ótimo devido a qualificação.”(P8) “Sim. APAE (portadores de síndrome de down ), 20 horas e NAAPC ( portadores de paralisia cerebral), 20horas.”(P9)

“Não, nunca participei. O que é muito triste é claro.” (P10) “Fiz dois cursos da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, no SENAI com carga horária cada um de 40 horas.” (P11) “Não, pois acredito que a necessidade de rever essas questões junto ao professor e a gestão são muito intensas, mas nem toda instituição vê essa possibilidade de mudanças, transformações.”(P12)

Apesar da maioria das entrevistadas relatar, ter participado e participar de cursos de

capacitação que os auxiliam no trabalho com seus alunos com necessidades educativas,

03(três) fizeram cursos oferecidos por órgãos públicos e 04(quatro) participaram de curso por

iniciativa própria (quadro 6). Porém, 04 (quatro) não fizeram nenhum curso, e se queixam do

“preparo” que não foi dado a elas antes de incluir os alunos especiais nas classes inclusivas, as

professoras relatam que uma qualificação seria de grande auxilio ao trabalho pedagógico das

docentes junto às crianças com Necessidades Educacionais Especiais.

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O que se percebe na fala das entrevistadas é que as autoridades pensaram na Lei de

“inclusão”, porém não perceberam que a Lei exigia muito mais que colocar os alunos que

necessitam de uma atenção educacional especial em sala de aula regular. Exigia o

atendimento às suas particularidades, tanto na parte estrutural das instituições escolares

quanto na parte dos materiais utilizados pelos alunos para que tenham um real

desenvolvimento em seu aprendizado e a preparação dos professores para trabalhar com os

mesmos.

As professoras se queixam também da falta de uma assistente em sala de aula para auxiliá-las

com os alunos em classe, o que beneficiaria, e muito, não somente o seu trabalho como o

aprendizado dos alunos. Questionadas sobre se houvesse um elo entre as instituições que já

trabalham com as pessoas com necessidades especiais e as professoras da rede regular de

ensino que estão começando a trabalhar com as pessoas especiais seria favorável ao trabalho

pedagógico das professoras, 11(onze) professoras responderam que seria um grande apoio,

somente 1(uma) questionou que não havia necessidade dessa ligação.

Os questionamentos 7(sete), 8(oito) e 9 (nove) a seguir estão interligados pois fazem

referência a participação dos pais na vida escolar dos filhos com necessidades educacionais

especiais.

Questionamento 07: Como é a participação da família na vida escolar dos alunos com Necessidades Educacionais Especiais?

“Algumas mães não aceitam a deficiência do filho. Tenho um aluno que a mãe não aceita a deficiência dele, não dá os medicamentos a ele, o que o deixa muito agressivo, deixa o aluno na escola e só vai buscar no horário de 11h30min. A escola que tem que arcar com os prejuízos que o aluno tiver. Quando era comunicada sobre a situação do filho era como se não a interessasse.” (P1) “O professor ele não anda sozinho ele precisa do apoio da família.A família no município onde eu trabalhava ela estava junto, era a escola a família e o professor, era todo mundo junto em prol daquele aluno, não era só deixe ele aí vamos fazer de conta que ele esta na sala.”(P2) “Família precisaria participar mais, uma reconhecendo que ele é capaz, apesar do que ele tem do atraso no desenvolvimento dele, é capaz, acreditar que ele pode ir além e hoje quem pontua isso é a gente, que ela não enxerga isso. E quando a gente pede a ela essa atenção é como se levasse de uma forma banal, não entendesse, não aceitasse muito distante do necessário a ajuda dela.” (P3)

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“Muito presente, por isto estou tendo este sucesso. O mérito não é só meu, é uma parceira que dar certo: família x aluno x escola especial x escola comum.” (P4) “A mãe do autista era participativa, o que trazia benefícios ao meu trabalho. Porém a mãe do hiperativo só aparecia quando era solicitada.” (P5) “Mínima, só vi o pai uma vez e mãe umas três vezes durante dois anos, nunca me procuraram para falar nada a respeito da criança, sempre me comunico é com a avó dele.” (P6) “A família tenta ao máximo omitir que a criança é especial, a aceitação é difícil.” (P7) “Algumas famílias participavam de reuniões, demonstrando acompanhamento do aluno, enquanto outras não compareciam.” (P8) “São raros os casos em que a família abraça a parceria, o que facilita muito.” (P9) “Eles são presentes no sentido de estarem levando seus filhos todos os dias à escola. Mas no que diz respeito ao desenvolvimento pedagógico ainda se faz necessária uma participação mais ativa e efetiva.” (P10) “Existe a preocupação da família apenas a nível de proteção e comportamento do aluno com os . Sinto falta do acompanhamento pedagógico. Muitas vezes o dever de casa é retornado sem fazer.”(P11) “Quase nenhuma, a família responsável por esta criança desconhece e fica as vezes impotente de lutar e dar assistência devida à essa criança.”(P12)

Outro fator gerador dos impasses que as professoras encontram atuando com os alunos com

necessidades educacionais especiais em classe regular de ensino Municipal é a não presença

dos pais no acompanhamento dos avanços obtidos pelos filhos na escola, o seu

desenvolvimento tanto em termos de aprendizado didático, quanto nas conquistas em alguns

casos específicos de necessidades da autonomia e formação pessoal. Os pais, por via de regra,

não aceitam a deficiência ou necessidade que seus filhos possuem, atribuindo toda a

responsabilidade da formação da criança à escola, e, consequentemente, à professora, essa é

uma das várias reclamações dos docentes.

Pode não ser perceptível para as famílias dos alunos com ou sem necessidades educativas,

mas para um bom desempenho do aluno e um trabalho eficiente do professor e da instituição

educacional, é necessário que haja uma interligação entre família e unidade escolar. Assim

como uma articulação entre pais e professores. Somente quem está envolvido na dinâmica

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educacional, percebe que a integração entre pais, escola e professores, é de extrema

importância para que o aluno tenha um aprendizado eficiente e pleno.

Os pais devem ter a consciência de que a escola, depois da família é o segundo lócus de

educação da criança, é na escola que a criança permanece, a maior parte do seu dia (no caso

de uma educação integral) ou pelo menos a metade do dia, e que no ambiente escolar são

reforçados as noções de moral, respeito, higiene que a criança aprende no ambiente familiar,

além de proporcionar a interação com seus pares e a demonstração de sentimentos

internalizados. Portanto, é necessária a aproximação entre pais e professores para que a

criança tenha um real rendimento escolar. O envolvimento entre pais e mestres, deve ir muito

além do que o simples contato durante a entrada da criança e a saída da criança da escola. No

entanto, os pais e professores podem aproveitar esses momentos para uma troca de

informações, por mais rápida que seja.

Sobre a colaboração da família e aceitação da necessidade de seu filho, a compreensão de que

seu filho é uma criança com potencial aprendizado dentro das limitações dele, o MEC destaca

que:

A posição da família do aluno com necessidades educacionais especiais é apontada como um obstáculo do processo de inclusão educacional, quando esta “dificulta a inclusão por não reconhecer as possibilidades da criança”. Sabe-se que o nascimento de um filho com deficiência traz uma série de impasses às relações familiares, seguidos de sentimentos de frustração, culpa, negação do problema, entre tantos outros. Os anos iniciais da criança abrangem o período de suas mais férteis aquisições, as quais podem ser prejudicadas se a família não tiver a ajuda necessária para reconhecer seu filho como um sujeito que apresenta diversas possibilidades. A escola, como segundo espaço de socialização de uma criança, tem um papel fundamental na determinação do lugar que a mesma passará a ocupar junto a família e, por consequência, no seu processo de desenvolvimento. ( MEC, 2007, pág. 28).

É responsabilidade dos pais, o interesse pela vida escolar do filho, como está o seu

aprendizado e desenvolvimento escolar, verificar as atividades do filho, participar de reunião

de mestres, conversar com a professora sempre que possível sobre como está o desempenho

de seu filho na escola, se a criança apresenta alguma característica diferente dos

comportamentos habituais da mesma, pois a professora é depois da família, a pessoa que tem

maior contato com o aluno.

Para enfatizar, o que foi relatado pelas professoras, trago Magalhães e Rodrigues, que

explicitam que o contato distanciado entra professores e pais, não é suficiente para que sejam

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discutidas e compartilhadas informações em relação ao aluno, pelos dois grupos que

compartilham de sua ação educativa.

O simples fato de manterem um contato rápido, no contato, não determina que, em verdade, estejam sendo estabelecidas as trocas de informações necessárias à globalização de esforços e à identidade de atitudes, desejáveis entre dois grupos que compartilham de uma ação educativa. (RODRIGUEZ & MAGALHÃES, 1973, pág. 13)

É papel do professor, sempre que possível, manter os pais informados sobre a vida escolar da

criança. Às vezes, esse diálogo pode estar sendo impedido pela falta de tempo dos pais, mas a

escola deve criar mecanismos para que os pais e professores possam reunir-se para unir as

informações que têm sobre a criança e através das mesmas, o professor e os pais encontrem

um denominador comum para que a criança, que é o ser mais importante nesse processo, seja

favorecida.

(...) A falta de tempo é apontada como uma desculpa. Deve-se estimular o comparecimento por todos os meios ao nosso alcance. Um dos principais recursos será fazer um levantamento, escolhendo dia e hora que atendam a maioria dos pais. (RODRIGUEZ & MAGALHÃES, 1973, pág.50).

Questionamento 08: Como você faz para a família participar?

“A escola promove reuniões mensais e convida os pais a participar.” (P1) “Tinham encontros na escola relacionados aos próprios alunos, a coordenação da ABAEDA acompanhava nas casas ia de casa em casa a psicóloga chamava na escola especializada pra que fossem ouvidos os pais.a questão da falta, se o aluno faltasse eles estavam lá pra procurar saber , tinha o interesse voltado para os alunos.” (P2) “A escola conversa, a escola busca está acompanhado, perguntando por esses especialistas, a escola ganhou essa realidade de ter ele nas mãos, mas é visível que a escola ainda não estava pronta para acolhê-lo, a escola está tentando conquistar esse espaço de escola inclusiva agora ela está se descobrindo como escola inclusiva, está em processo de construção de identidade de escola inclusiva, precisamos muito ainda, para entender e ajudar não só a família, mais como nós mesmo educadores como atuar com esses que tem essas dificuldades, como sempre digo não é só ter a criança na sala e dizer que está na escola, é ter na sala e também compartilhar dos sentimentos, das dores, das emoções, o professor que tem um aluno como esse, que é um grande desafio.” (P3) “Converso claramente sobre a necessidade de ajudar o seu filho (a) e falo da importância de um acompanhamento familiar e médico. Tenho conseguido com quase todos. Algumas famílias não aceitam, mas outras sim.” (P4) “A escola convida os pais dos alunos a comparecer a escola para uma conversa com eles. Pede que sejam participativos e sempre os comunicamos algo de diferente no aluno ou o avanço atingido pelo mesmo.” (P5)

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“A família simplesmente não participa ignora o assunto.” (P6) “Quando percebo a necessidade, comunico a escola, posteriormente a família pedindo para que os pais procurem atendimento especializado.” (P7) “Através de convites para reuniões mensais.” (P8) “Convido-a de forma amigável a fazermos uma parceria e dividir-mos os desafios de forma responsável.” (P9) “A escola promove atividades de integração. Este ano contamos com o projeto: primavera da família, onde todos os familiares foram convidados a participar e assistir as atividades que são realizadas.” (P10) “Sempre que percebo algo diferente, chamo a família para conversar e quando possível passo algumas orientações de como proceder.” (P11) “Quando a gestão não consegue trazer ou envolver a família, recorro ao Conselho Tutelar e apresento o problema para ter parceria e resolver a priori a situação.” (P12)

Os professores devem aproveitar as reuniões escolares para conscientizar a família sobre a

importância de um contato maior com a vida escolar dos filhos, em qualquer âmbito

educacional que a criança se encontre. Essa participação efetiva da família na vida escolar dos

filhos é muito significativa, e na educação dos alunos com NEE a integração entre família –

escola e professores se torna ainda mais relevante e significativa. Não somente com a

finalidade de auxiliar na boa evolução do trabalho pedagógico do professor, mas também

como forma de beneficiar o avanço do aluno que é a pessoa mais importante nessa dinâmica.

Os pais através do diálogo com o professor poderão compreender melhor como é estabelecido

o processo de ensino – aprendizagem de seu filho. Sobre esse aspecto Paniagua, destaca que:

O intercâmbio de informação é tanto mais necessário quanto menor ou mais afetada for a criança com necessidades educativas especiais; nesses casos, são imprescindíveis sistemas de comunicação permanentes entre a família e a escola, mediantes contatos diários ou informações freqüentes por escrito que supram, em alguma medida, as dificuldades de expressão das próprias crianças. A escolha de uma ou de outra via deve ser feita levando em conta as peculiaridades da família e as possibilidades da escola. (PANIAGUA, 2004, págs. 344-345).

É evidente, que não é possível uma educação escolar plena, sem que estejam integrados:

família, escola e professores. E que o elo família e professores é parte significativa nesse

processo. Portanto a escola deve proporcionar uma maior aproximação entre as duas partes.

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Família e professores devem ter consciência do papel que cada um exerce na formação dos

discentes.

Questionamento 09: Você acha importante a participação da família? Por quê?

“Sim, porque se a mãe se propõe a fazer o papel dela facilita o trabalho do professor em sala de aula com esse aluno. A parceria da família dos alunos também ajudaria nesse processo, pois algumas mães de meus alunos ficam receosas de o filho sofrer alguma agressão por parte do aluno com Necessidades Educativas. A escola poderia oferecer a esses pais dos alunos com Necessidades Educativas e para os demais pais, dentro da própria instituição um curso para que eles tivessem conhecimento sobre a deficiência do aluno com Necessidades Educacionais Especiais.” (P1) “Muito importante sem a família não anda. Porque muitas vezes a família se recusa a dizer que o filho é deficiente e fica muito difícil quando ela se recusa, porque o aluno não avança e se a família incentiva ele vai embora.”(P2) “A família é tudo. Porque se você investe na escola e a família, no caso a gente passa 4 horas com a criança, a família passa muito mais são 20 horas, a família também entendendo que esse ser é capaz de desenvolver muito mais, se ela operasse diante das orientações que a escola dá, que o especialista dá, será que não desenvolveria mais? Então a família é muito mais do que necessário.”(P3) “Por que ela é a base de sustentação de toda criança, com deficiência ou não.”(P4) “Claro. É de essencial importância para que o trabalho do professor flua e para o desenvolvimento do aluno.” (P5) “Sim. Porque os pais são os parceiros essenciais no processo de inclusão da criança na escola para se ter um bom resultado, mas não é sempre que podemos contar com a participação dos pais.” (P6) “É fundamental essa parceria, sendo a criança bem amada, bem orientada não apresentará dificuldades.” (P7) “Sim. Através da participação da família há um desenvolvimento do aluno.” (P8) “Sim. É um suporte especial e se falarmos a mesma linguagem é mais interessante, pois, o incentivo e elogio ajuda a diminuir as dificuldades.” (P9) “Sim. No que diz respeito a educação a participação da família é de fundamental importância no sentido da parceria, de resultados positivos em relação ao desenvolvimento do educando.”(P10) “Com toda certeza que sim. A proteção exagerada prejudica o aluno que ao perceber, utiliza como forma de defesa, ou seja, ele se faz de “coitadinho” para a família, pois na escola ele tem atitudes e comportamentos iguais aos demais na sua maioria das vezes. ”(P11)

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“Ela é a principal e o fator primário dessa criança. Na verdade o tratamento e acompanhamento de assistência a saúde desta criança teria também que ser com os pais.” (P12)

No que diz respeito aos alunos com necessidades educacionais especiais o envolvimento da

família na vida escolar dos filhos como foi descrito pelas professoras é de essencial

relevância, pois a família traz uma segurança à criança e está com ela a maior parte de seu

tempo. O apoio e integração da família, junto à unidade escolar vêm a beneficiar e muito os

avanços dos alunos com necessidades educacionais, pois o que a família observa em seu

contato com o aluno, e traz para o conhecimento da escola vai auxiliar bastante o trabalho

pedagógico do professor em relação a esse aluno.

O questionamento abaixo reforça o que já foi descrito nas análises das entrevistas realizadas

com as professoras de ensino regular inclusiva da Rede Municipal.

Questionamento 10: Que impasses você vivência quando se vê tendo que atuar em uma sala de aula com alunos com Necessidades Educacionais Especiais?

“Impasse de um sistema que não vê um professor que tem uma aluno com necessidade especial e precisa de uma ajuda e impasses dentro de um contexto de pessoas que ainda não compreendam o que é uma educação inclusiva, é fácil colocar um aluno com necessidade especial dentro de uma escola e dizer que inclui e não se inclui se integra, porque quando a gente bota numa escola um rótulo de escola inclusiva todo o contexto dela tem que ser inclusivo e não só o professor em sala de aula, então são esses os impasses as compreensões legais que admitem enxergar aquele que tem a necessidade especial como alguém que tem direito a uma educação, porém quando a gente vai e mergulha dentro dos recursos possíveis para trabalho, ele não existe.” “Nenhum. Trabalho com eles normalmente. Dando regras e cobrando limites, como faço com qualquer outro.” “Falta de recursos pedagógicos, que é essencial para a evolução do trabalho dentro de sala de aula e a não aceitação por parte de alguns pais de que os filhos necessitam uma assistência pedagógica diferenciada e que o apoio e a participação dos pais junto a escola e na vida escolar dos filhos é imprescindível para o desenvolvimento desses alunos e de qualquer outro aluno.” “Apesar de ser um só é muito difícil, pois ele não entende as solicitações, quer sair da sala a todo momento e eu não posso deixar a turma para sair atrás dele.” “Vários. Ganho lições para vida enquanto ser humano e enquanto profissional, valores morais e etc.” “É preciso se ter paciência, estar disposto a aceitar, ter equilíbrio e determinação principalmente com os surdos- mudo e hiperativos.”

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“Adquirir material necessário e específico para o aluno especial. Falta de um monitor.” “O primeiro é explicar e informar a família sobre essa necessidade que o aluno tem. Não tem material didático e até mesmo humano para trabalhar em sala de aula. O segundo conseguir inserir esse aluno na sala de série regular e apresentar resultados.”

Pelo que foi descrito pelas professoras em suas falas, pode-se perceber que as escolas não

receberam suporte dos órgãos responsáveis em promover a inclusão dos alunos com

necessidades educacionais especiais na rede regular de ensino: tanto na parte de infraestrutura,

de recursos de materiais didáticos, de auxílio aos professores para saberem como atuar com

esses alunos e na parte de acolhimento não somente dos alunos com necessidades

educacionais como também de seus familiares. São esses, exatamente, os fatores que

impedem às docentes de atuarem de uma forma mais segura e terem um trabalho mais eficaz,

no que diz respeito ao seu trabalho junto aos alunos com educativas especiais.

4.2 ANÁLISE DAS MATRIZES CURRICULARES DOS CURSOS DE PEDAGOGIA DE

INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR PÚBLICAS E PRIVADAS

Quais disciplinas referentes ao aprendizado e entendimento do futuro pedagogo sobre as

necessidades educacionais que as universidades e faculdades prestigiam na Matriz Curricular

dos cursos de Pedagogia? Veremos neste momento a descrição de 06(seis) Matrizes

Curriculares de 06(seis) instituições de Ensino Superior Públicas e Privadas.

Disciplinas das Matrizes Curriculares das Instituições Privadas que Contemplam a Educação

de Alunos com Necessidades Educativas Especiais:

Instituição 01- Disciplina: LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais

Disciplina Obrigatória

Carga Horária: 60 horas Semestre: 7º

Instituição 02- Disciplina: Língua Brasileira de Sinais

Disciplina Obrigatória

Carga Horária: 60 horas Semestre: 6º

Disciplina: Educação Especial

Disciplina Obrigatória

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Carga Horária: 60 horas Semestre: 7º

Instituição 03- Disciplina: Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS)

Disciplina Obrigatória

Carga Horária: 60 horas Semestre: 6º

Disciplina: Educação Inclusiva

Disciplina Obrigatória

Carga Horária: 60 horas Semestre: 8º

Instituição 04- Disciplina: Educação Inclusiva

Disciplina Obrigatória

Carga Horária: 80 horas Semestre: 7º

Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS

Disciplina Obrigatória

Carga Horária: 100 horas Semestre: 8º

Por não ter obtido acesso as matrizes Curriculares das instituições privadas não posso fazer

um detalhamento mais aprofundado, porém o que percebi é que as disciplinas que

contemplam o a Inclusão Educacional são obrigatórias com carga horária de 60 horas

variando somente o semestre. Somente a instituição 04 traz uma carga horária mais extensa

tanto para a disciplina de Educação Inclusiva quanto para LIBRAS, o que pressupõe que no

que diz respeito a LIBRAS deve ser dado uma ênfase ao aprendizado da Língua Brasileira de

Sinais

Disciplinas das Matrizes Curriculares das Instituições Públicas que Contemplam a Educação

de Alunos com Necessidades Educativas Especiais:

Instituição 01- Disciplina: Educação das Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais

Disciplina Obrigatória

Carga Horária: 68 horas Semestre: 5º

Ementa Relacionada à Disciplina Educação das Pessoas com Necessidades Especiais EMENTA: Estudo crítico de questões conceituais (filosóficas-éticas-politícas) relativas às necessidades especiais no contexto da educação inclusiva, refletindo sobre as relações entre necessidades educacionais especiais e contexto social, caracterizando os seus diferentes tipos e analisando alternativas pedagógicas para o atendimento educacional

Instituição 02- Disciplina: Educação Inclusiva e LIBRAS

Disciplina Obrigatória

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Carga Horária: 60 horas Semestre: 7º

Ementa Relacionada à Disciplina Educação Inclusiva e LIBRAS EMENTA: Abordagem de conceitos de educação especial e aspectos ético-político-social e educacional quanto à inclusão da pessoa com necessidades especiais; reflexão crítica na ação do educador e outros agentes sociais, grupos da população e suas necessidades. Discussão sobre a língua brasileira de sinais e o seu uso.

As instituições privadas acima possuem em suas ementas questões sobre os aspectos políticos,

éticos e sociais referentes às Necessidades Educacionais Especiais. Porém a instituição 01

trata de um aspecto essencial para a formação do futuro pedagogo que é caracterizar cada uma

das necessidades e analisar alternativas pedagógicas para realizar com os alunos com

Necessidades Educativas Especiais. Já a instituição 02 traz em sua matriz a disciplina de

LIBRAS, mas somente como discussão da LIBRAS e seu uso, não cita a aprendizagem da

Língua Brasileira de Sinais que é muito mais favorável e proveitoso para o futuro pedagogo,

pois é o que vai permitir ao mesmo comunicar-se com seu aluno.

As Matrizes Curriculares e Ementas dos Cursos de Pedagogia de Instituições de Ensino

Superior Públicas e Privadas, investigadas nesse estudo, contemplam disciplinas referentes à

inclusão de pessoas com necessidades educativas com nomenclaturas como: Educação

Especial, Educação Inclusiva, Educação de Pessoas com Necessidades Especiais.

Existem também, em algumas instituições, disciplinas que focam em uma necessidade

educacional especial específica como: Libras - Língua Brasileira de Sinais, que proporciona

ao profissional ou futuro profissional de educação o aprendizado da linguagem utilizada pelos

surdos.

Vemos que as Instituições de Ensino Superior pesquisadas atentam em parte de seu currículo

para as questões das pessoas deficientes, que estão “inclusas” em rede regular de ensino e

merecem uma atenção educacional de qualidades, que esteja atento as suas necessidades, e

possibilidades de um real aprendizado dentro do que sua deficiência permite.

Porém, tratar a deficiência de forma genérica em uma disciplina e explicitar ao pedagogo

sobre conteúdos que retratem a História da Educação Especial, reflexões sobre a deficiência, a

interação e inclusão de pessoas com Necessidade Educativa Especial no contexto escolar e

social, e incluir disciplinas que possibilitem o aprendizado da Libras - Língua Brasileira de

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Sinais não basta para que o profissional tenha um conhecimento mais detalhado sobre a

deficiência. Essa metodologia de ensino permite ao futuro pedagogo, o conhecimento e

reflexão de todo o contexto pelo qual a pessoa com Necessidade Educativa passou até os dias

atuais, formas de linguagens e avaliação dos alunos com Necessidades Educacionais

Especiais, o que não deixa de ser relevante. Mas, o professor necessita, além disso, de

disciplinas que permitam ao mesmo conhecer um pouco sobre as especificidades de cada

deficiência, como trabalhar com tais especificidades, processos educacionais de aprendizagem

das pessoas com Necessidades Educativas e formas de avaliação e entendimento do que são

necessidades educacionais especiais e quais são as necessidades educacionais.

Os tipos de Necessidades educacionais Especiais são: deficiência mental, deficiência visual,

deficiência auditiva, deficiência física, deficiência múltipla, condutas típicas, alta habilidade e

cada uma merece atenção especial do pedagogo. Portanto, os currículos de Pedagogia

deveriam possibilitar um enfoque maior sobre o conhecimento de cada tipo de Necessidade

Especial Educacional, além de possibilitar o contato do futuro professor com instituições que

façam trabalho pedagógico com alunos com necessidade educacionais especiais.

Percebo através da análise sobre das Matrizes Curriculares a preocupação em levar

conhecimento ao futuro pedagogo, de todo um contexto teórico sobre a história da pessoa

deficiente, a importância da família para o desenvolvimento desse aluno no âmbito social e

educacional, as reflexões sobre as idéias que são enraizadas historicamente sobre as pessoas

“deficientes”, o conhecimento sobre as deficiências e as necessidades e adaptações (quando

necessárias) especificas para cada uma delas, dentre outras coisas. Porém, o que sinto falta

dentro desse currículo é a prática, que junto com toda a teoria aprendida na universidade seria

de grande beneficio para o professor quando diante de uma classe inclusiva.

Essa prática seria referente a uma articulação entre as Instituições de Ensino Superior que

possuem o curso de Pedagogia e as escolas especializadas em trabalhar com alunos especiais.

Escolas essas que já possuem todo um conhecimento pedagógico em atuar com as pessoas

com necessidades especiais. Seria uma articulação que valorizaria a participação do futuro

pedagogo junto a esses alunos e não somente visitas de observação, para que o professor

possa estar “preparado” para atuar com esses alunos.

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Refiro-me a preparado entre aspas, porque apesar do conhecimento e trabalho com os alunos

com necessidades educacionais especiais, assim como os alunos ditos “normais” não há uma

única metodologia e conhecimento que leve o professor a concluir que já aprendeu sobre tudo.

O professor, como qualquer outra pessoa, é um ser em constante aprendizado e, além disso,

cada aluno é um indivíduo único e possibilita ao professor aprender cada vez mais e estar

sempre buscando ser dinâmico em seu trabalho.

As Matrizes Curriculares e algumas das ementas das instituições analisadas, estão

disponíveis neste trabalho, em anexo.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A educação inclusiva não diz respeito somente aos educadores, é uma problemática que

envolve desde as instituições que criaram e executaram a Lei de Educação Inclusiva. Assim

como a família dos alunos, comunidade escolar e sociedade como um todo. Pois a educação

inclusiva que vemos hoje e que ficou explícita através das falas das professoras, não é a ideal,

sobrecarrega o professor de responsabilidades que não cabem somente ao educador.

Existem alguns impasses como: falta de recursos didáticos e estrutura física não adequada

(como portas alargadas, rampas), para uma melhor locomoção e autonomia do aluno, apoio

dos familiares, cursos preparatórios oferecidos pela Rede Municipal de Ensino. Para que o

professor de sala de aula inclusiva realize o seu trabalho de uma maneira satisfatória, é

preciso a cooperação de todos os envolvidos no processo de Inclusão Escolar.

Mas, para que isso aconteça, é preciso perceber que a finalidade da educação inclusiva, não é

somente discutir o que é inclusão ou garantir o acesso aos alunos com necessidades

educativas na rede regular de ensino. Mas, fazer uma reestruturação de base tanto na parte

física da escola, quanto nos recursos utilizados pelos professores e que são de extrema

importância no desenvolvimento e aprendizado dos alunos com necessidades especiais, e

pensar na necessidade de garantir ao professor, auxílio para desempenhar sua atividade com

qualidade sem causar frustração ao mesmo, por não saber como lidar com seus alunos de

forma que atinjam avanços dentro de suas possibilidades.

As instituições de formação de pedagogos devem prestigiar em suas Matrizes Curriculares,

disciplinas que contemplem as Necessidades Educativas, de forma individualizada e

possibilitando ao futuro educador, através de estágios e visitas a instituições de ensino

especializadas em atender pessoas com Necessidades Educacionais Especiais um contato

maior com esses alunos, permitindo através da prática um conhecimento sobre as

necessidades e suas práticas pedagógicas.

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Enfim, pensar e implementar a Educação Inclusiva, é garantir ao professor auxílio em forma

de cursos para que possa obter maiores informações sobre a necessidade de seus alunos, qual

a melhor forma de trabalhar com esse aluno para que realmente este aluno sinta-se dentro de

um ambiente que já o pertence por ser cidadão que nem todos os outros, e não fique a margem

de outro tipo de “exclusão”, por falta de mecanismos que permitam o seu desenvolvimento, e

assim criar um rótulo de “incapaz” e reforçar o preconceito, já existente e que a adoção da

educação inclusiva quer extinguir ou tentar diminuir. Percebendo com isso, que a Educação

Inclusiva não é tão simples quanto parece, e que o professor não pode abarcar sozinho, com

todo processo da Educação Inclusiva, mesmo que tenha vontade para tentar realizar esse

intento.

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APÊNDICE

Entrevistas com professoras da Rede Municipal de Ensino P= Professora

Que ideia você tem acerca de Educação Inclusiva? A escola ou ambiente que irá receber esses alunos, esta atendendo as necessidades desses alunos com rampas com salas e banheiros com portas alargadas, alem de material pedagógico essencial para a educação dessas crianças.(P1) Acesso ao aluno que não tem muita oportunidade acredito que é acesso a ele na escola normal, dita normal pra que ele venha a se enquadrar no ambiente.(P 2) Educação Inclusiva, olhar diferenciado pra educação no sentido de ter que envolver nesse conjunto pessoas que antes eram vistas como aquelas rejeitadas pela sociedade no sentido de um aluno com educação especial como o meu e hoje mostrar que ele também é um cidadão que pode fazer parte de um espaço com pessoas “ditas normais” então pra mim educação inclusiva é esse olhar o todo, olhar a diversidade e poder atender a todos de acordo com as suas dificuldades. (P3) Um momento de aproximação de pessoas com deficiências de um grupo considerado normal, o qual irá favorecer o seu desenvolvimento pessoal e talvez cognitivo.(P4) É a integração do aluno com necessidade educacional especial no sistema regular de ensino, visando o seu desenvolvimento pleno dentro de suas potencialidades e a socialização com as outras pessoas ditas “normais”.(P5) É o processo de inclusão dos portadores de necessidades especiais ou de distúrbios de aprendizagem na rede comum de ensino em todos os seus graus.(P6) Inclusão arte de incluir, sendo muito mais além do que possamos imaginar, sendo a escola também excludente.Existe a quebra da questão da igualdade.(P7) Incorpora o aluno deficiente em sala de aula regular integrando o mesmo a sociedade.( P8) É uma iniciativa essencial para os portadores de necessidades especiais, porém ainda muito difícil para os educadores devido a falta de mecanismos e subsídios para lidar com esses educandos.(P9) É a educação que amplia a participação de todos os estudantes nos estabelecimentos de ensino regular.É uma reestruturação da cultura da prática e das políticas públicas vivenciadas nas escolas, de modo que estas respondam à diversidade de alunos, ou seja, as escolas precisam ser transformadas para atender às necessidades individuais de todos os educandos, com ou sem necessidades especiais.(P10) Atualmente percebemos a necessidade de promover a “igualdade” e “ participação de todos” aqueles que vivem excluídos da sociedade, porém é difícil criar as oportunidades na educação, trabalho, laser, habitação quando a própria sociedade não prepara, não propícia as condições de estrutura, não informa etc. a lei por si só não basta como medida legal para as adaptações uma vez que as pessoas especiais sentem-se inválidas, quando são negadas as oportunidades.(P11) Seria uma educação para todos os portadores de necessidades de aprendizagem, afetiva psicossocial, orgânica, em que pudesse futuramente, disputar uma vaga em um concurso público para deficiente, mas isso na realidade não ocorre, e faltam escolas especializadas. ( P12)

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Qual foi o seu primeiro impacto ao saber que iria assumir uma turma inclusiva? Senti insegurança e despreparo porque não tive esse preparo inicial na universidade e tive que aprender sozinha a lidar com esse público. (P1)

Foi horrível pra mim, nunca tinha trabalhado, eu me rejeitei de uma certa forma eu me rejeitei, porque eu me sentia impotente você sabe o que é uma pessoa sem pode fazer nada por aquele aluno, eu não me sentia preparada, pra ser capaz de administrar uma turma inclusiva até porque ainda não tinha passado por curso nenhum, me sentia muito mal.(P2)

Na verdade, não tenho como mover como impacto, como digo as minhas colegas eu tenho todos os anos a graça divina de ter um aluno especial na minha turma desde quando entrei, então assim a gente não tem direito de poder escolher turma e quando cai nas nossas mãos tem que tirar de letra o grande desafio de mostrar o que é fazer educação com pessoas no caso especial de meu aluno.(P3) Susto.(P4) No primeiro momento fiquei assustada, por ter que trabalhar em uma turma inclusiva e não saber como lidar com a deficiência do meu aluno de forma que ele conseguisse atingir o desenvolvimento dentro do que sua necessidade permite como trabalhar com esse aluno, como fazer para que ele não ficasse esquecido “excluído” dentro da sala de aula.(P5)

Fiquei apreensiva e muito preocupada pois sabia que não tinha ( e não tenho) nenhum preparo para trabalhar com esse tipo de aluno.(P6)

Nenhum. O professor sabe, descobrindo no dia-a-dia muitas vezes devido a omissão da família.Você percebe pela dificuldade do aluno, tendo muitas vezes que pesquisar, buscar conhecimento, sendo o professor ainda despreparado, sendo um desafio.(P7) Não houve qualquer impacto, vez que já possuía experiência com alunos portadores de deficiência.(P8) Criou-se toda uma expectativa em torno da classe como iria reagir normais e especiais e a partir da reação conjunta estabelecer os combinados para trabalhar com as diferenças.(P9)

Em primeiro lugar veio uma apreensão, no sentido de não conseguir dar conta de tamanha responsabilidade, pois a falta de capacitação e de condições adequadas para este tipo de prática ficam sempre a desejar.(P10)

Conhecer sobre essa síndrome, enviei e-mail para a associação dos portadores de síndrome de moebius solicitando maiores informações e como trabalhar com esse aluno, visando potencializar suas habilidades.(P11) Pela experiência em educação, o impacto foi apriore de insatisfação, incoerência, pois as escolas estão se tornando depósito de crianças, jovens e adolescentes com transtornos psicológicos e orgânicos em salas de aula, sem acompanhamento psicossocial para o próprio aluno e o professor.(P12)

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Em sua opinião como deveria ser uma sala de educação inclusiva?

Que disponibilizasse de materiais pedagógicos adaptados a esse público, o meu aluno mesmo com deficiência mental, precisa usar diz de cera especial alargado, grosso, alongado, materiais manuais para que ele possa manipular como argila, como massa de modelar. (P1) Adaptável e hoje em dia não se tem, com cadeiras especiais, especializadas para aqueles que têm deficiência motora, alfabeto de surdo e mudo, braile para aqueles que são cegos, adaptável. Aqui se coloca os alunos na escola sem antes preparar até os próprios alunos ditos normais para aquela turma para aquele aluno, mesmo assim a gente abraça eles, os alunos abraçam eles o professor abraça ele sem ter uma formação, um aperfeiçoamento melhor sobre a sua deficiência. (P2)

A principio cheia de recursos necessários para atender cada um em suas necessidades, e outra coisa com a parceria de fato, com uma equipe multidisciplinar não só a escola dá conta do trabalho, mas uma equipe outra pudesse esta interferindo no caso de meu aluno tem um atendimento, uma rede, um órgão, 2 anos com ele, já esta comigo na turma a gente luta pra que a pessoa tenha um contato conosco, ela deseja ter esse contato e nunca pode. Então a gente precisa para ter uma escola que inclua trabalhar com pessoas outras de especialidades devida pra o caso de meu aluno e também tem um olhar pra esta orientando o professor, que uma base interpedagógica ou orientações psicológicas. (P3) Normal. Com professor e alunos, todos ajudando-se mutuamente.(P4) Uma sala com matérias didáticos disponíveis que permitisse ao professor fazer um trabalho pedagógico de qualidade com os alunos com Necessidades Educacionais Especiais, além de um profissional especializado em atender a esses alunos para acompanhar o professor em sala de aula, orientando sobre a melhor didática para esses alunos e a maneira de avaliação, além de uma auxiliar de classe.(P5) Com ambientes educacionais flexíveis – os ambientes educacionais tem que visar o processo de ensino-aprendizagem do aluno.(P6) Primeiramente, a instituição deveria dar uma preparação para o professor, ou seja, um suporte, salas ambientadas.(P7)

Deveria ser dotada de materiais e condições adequadas à deficiência do aluno.(P8)

Muitas precisam melhorar o acesso para os portadores das diversas modalidades de necessidades físicas e oftálmicas (cegos). E com recursos onde todos tivessem acesso para haver ajuda mútua.(P9) Deveria ser uma sala que se adequasse às diversidades existentes. Deve ser um ambiente estimulador, prazeroso que propicie a troca de experiências e um aprendizado efetivo, de todas as partes envolvidas.(P10)

Possuir recursos lúdicos variados alguns específicos para síndrome do aluno e um monitor.(P11)

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Não só a sala de aula, mais a forma estrutural, escola, professores, funcionários especializados para o tratamento orgânico em salas de aula desses alunos. Formação acadêmica para os professores, assistência a saúde psicossocial desses alunos.(P12)

O que você entende por NEE (necessidade educacional especial)?

É dar uma atenção especial a criança, para que ela possa atingir um avanço escolar (P1).

É criar meios para que meu aluno alcance as habilidades propostas dentro de suas possibilidades. (P2) A necessidade não é uma dificuldade da aprendizagem, mas sim olhar aquele ser que precisa ser direcionado no seu desenvolvimento cognitivo, como alguém em tantos, em meio a uma turma tem um ritmo de aprendizado diferenciado. (P3)

Um trabalho que deve ser desenvolvido por professores com desejo de ajudar o aluno em sua deficiência. a partir do desejo ele buscará meios de conhecer a deficiência e caminhos para trabalhar com o aluno em sua limitação, para que ele avance, de acordo com a sua possibilidade.(P4)

Necessidade Educacional Especial, é um auxílio que o aluno necessita para que consiga atingir os objetivos propostos dentro da sala de aula, permitindo assim o seu desenvolvimento.(P5) É o processo educativo onde todas as crianças portadoras de necessidades especiais e de distúrbios de aprendizagem têm o direito a escolarização o máximo possível do normal.(P6) Na verdade, essa é uma quebra, questão de nomenclatura. (P7)

Entendo como um sistema de educação voltada para deficientes, com planejamento de cursos adequados ao tipo de irregularidade do aluno.(P8)

São todos os educandos crianças, jovens, adultos e idosos que tem alguma ou várias limitações, dificultando assim a sua locomoção ou acesso em determinadas atividades ou localidades.(P9)

São necessidades relacionadas aos alunos que apresentam elevada capacidade ou dificuldade de aprendizagem, quando exigem respostas específicas adequadas. (P10)

É ter um outro olhar, porém com ações em comuns para todos, pois se trata de ações inclusivas e portanto, não se deve modificar a rotina e condições de trabalho, apenas devemos ampliar essas condições ou redirecioná-las.(P11)

É uma assistência psicossocial as crianças que possuem necessidades em déficit desde afetiva, aprendizagem e até mesmo orgânica. E que na Educação Inclusiva as escolas regulares precisariam adequar-se a essas novas medidas educacionais.(P12)

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Já fez algum curso de capacitação que auxilie no trabalho com alunos com nee (necessidades educacionais especiais)? Quais? Onde? Com que carga horária? O que você achou do curso?

Não fiz nenhum curso de capacitação e nem a Prefeitura ofereceu nenhum curso. Somente fiz algumas leituras sobre a deficiência de meus alunos, leituras que não são suficientes para que faça um bom trabalho pedagógico.(P1)

Fiz sim. Curso de Educação Inclusiva em Vera Cruz , curso proporcionado pela Prefeitura de Vera Cruz, com carga horária de 120 hs. O curso foi ótimo me auxiliou muito na época que eu trabalhava com deficiente auditivo, me auxiliou, muito foi de muita valia. (P2)

Não. A única coisa que me dá o direito de poder trabalhar com meu aluno, com consciência do que é possível foi a especialização que eu fiz psicopedagogia uma formação própria minha. (P3)

Participei e participo de todos os que estão ao meu alcance. Hoje, sou aluna de um curso de Especialização em Atendimento Educacional Especializado, oferecido pelo MEC em consonância com a Universidade Federal do Ceará. Duração de um ano e meio. (P4) Não.(P5)

Sim. APAE, 20 horas e na NACPC, 8 horas. O tempo foi muito curto.(P6)

Pós-graduação na FACEBA que não finalizei em Educação Inclusiva para Portadores de Necessidades Especiais para turma regulares, 400horas ou 60 horas).O curso era despreparado, pois, tudo ainda era novidade até mesmo para corpo docente.(P7)

Sim. Deficiência mental, deficiência auditiva e deficiência visual através da Secretaria de Educação do Estado da Bahia, carga horária 250 horas. O resultado foi ótimo devido a qualificação.(P8) Sim. APAE (portadores de síndrome de down ), 20 horas e NAAPC ( portadores de paralisia cerebral), 20horas.(P9) Não, nunca participei. O que é muito triste é claro.(P10)

Fiz dois cursos da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, no SENAI com carga horária cada um de 40 horas.(P11)

Não, pois acredito que a necessidade de rever essas questões junto ao professor e a gestão são muito intensas, mas nem toda instituição vê essa possibilidade de mudanças, transformações.(P12)

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Você acha que uma articulação entre unidades especializadas em trabalhar com pessoas com Necessidades Educacionais Especiais e as unidades de ensino regular, favoreceriam o trabalho pedagógico do professor das classes regulares para atuar com alunos com Necessidades Educativas?

Sim. Porque as unidades especializadas em atender os alunos com Necessidades Educacionais têm uma maior prática em lidar com esse público e elas dariam uma orientação para as professoras que ainda não trabalharam com esse público, esses profissionais poderiam ficar na sala como auxiliares de classe dando o suporte que o professor necessita e podendo até avaliar melhor o desenvolvimento dos alunos do que eu que não tenho essa capacitação.(P1) Sim. As instituições especializadas, já tem todo um conhecimento sobre os alunos com Necessidades Educativas e poderá auxiliar e muito o professor.(P2)

Concerteza. Chega um momento que a gente, não se ver impotente, chega um momento que a gente não consegue mais andar porque a gente não sabe, até onde aquele corpo, aquele ser vai me dá mais garantia de avanço. Então se tivesse um trabalho conjunto entre essas assistências, entre essas especificidades dele, no caso especialista que esta acompanhado ele, neurologista, fonoaudióloga se eles estivessem junto comigo, terapeuta ocupacional estaria fácil, enxergar a coisa maior de forma melhor, é mais do que necessário essa articulação.(P3)

Sim. Muitos professores se sentem despreparados para atuar em sala de aula com aluno considerado de inclusão, no entanto, se houver alguém para lhes dar um suporte, acredito que o trabalho irá fluir com mais naturalidade.(P4) Concerteza. Pois as unidades especializadas em trabalhar com os alunos com Necessidades Educacionais Especiais, já possuem toda uma experiência e que não pode ser descartada. A integração entre as duas unidades permitiria um trabalho pedagógico mais eficiente.(P5)

Sim. Iria propiciar aos professores da classe comum um suporte técnico.(P6)

Claro.(P7)

Não. As necessidades haverão até que haja um entrosamento dos alunos, aliado ao fato de que deverá haver suporte com relação as condições da sala de aula e o fornecimento de materiais.(P8)

Sim. Muito, porque as instituições que dão suporte aos professores destes educandos ou multiplicadores de unidades viabiliza mais o trabalho do professor auxilia o educando.(P9)

Com toda certeza, favoreceria nosso trabalho. Pois, essas unidades especializadas nos favoreceria a capacitação e o entendimento necessário para que a atuação com alunos com Necessidades Educativas se desenvolvesse de uma forma mais adequada e positiva. Não ficaríamos nos “ achismos” ou “ testes” com os alunos.(P10)

Sim. Seria um ganho para o professor e principalmente para a criança especial, uma vez que educação não se reduz a uma simples transmissão de conhecimentos, trata – se da interação entre sujeitos, relação de troca.(P11)

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Sim, claro essas medidas mesmo de forma gradual elas precisam ser elaboradas, implantadas, para auxiliar o profissional que trabalha efetivamente com esse público.(P12)

Como é o trabalho pedagógico que realiza com seus alunos com Necessidades Educacionais Especiais?

Tento contemplar os alunos em diferentes níveis silábicos, pré- silábicos, silábico alfabéticos, inclusive os com deficiência e faço atividades em que eles possam participar, não faço atividades lúdicas para não excluí-los. (P1)

Trabalho muito com recursos visuais com eles, utilizo gestos e trabalho de forma que meu aluno possa me compreender fazendo leitura labial . (P2)

No caso de meu aluno, da necessidade dele hoje lendo o contexto de aprendizado dele, esta tendo noções de alguns conceitos básicos,as atividades rotineiras com escovar os dentes, lavar as mãos o simples fato de ter que ter a mobilidade motora para abrir uma mochila são as coisas que a gente vai admitindo no aprendizado dele, o socializar com o grupo esta entre colegas naquele espaço ele ter que participar estando ouvindo um colega, ouvindo uma história que ele tem dificuldade pra isso, hoje que ele esta chegando pra gente pra conseguir participar de um grupo, ele sempre era aquele que ficava a parte por ele não falar então ele não se vê integrado naquele grupo, hoje ele já chama alguns nomes e ele sente como aquela coisa assim eu participo porque eu já consigo falar o nomes deles então ele vai se envolvendo, então são essas atividades que eu vou buscando, trabalhar conceitos, demonstrar pra ele determinadas coisas que ele esta conceituando. Hoje ele já consegue falar mochila, merenda lavar a mão, ele já entende os comandos daquilo que a gente esta pedindo, exemplo: pegue tal coisa pra mim, já consegue está entendendo isso, em cima de tal coisa, ele não tinha essa noção, hoje a escola trabalha nesse sentido é muito desenvolvimento da linguagem oral, porque escrita ele não tem a mobilidade adequada pra isso e, na mobilidade motora a gente está tentando na coordenação trabalho de rasgar, de colar, de cortar, mas ainda necessitando de uma ajuda porque não tem esse movimento tão articulado.(P3) Procuro desenvolver um trabalho mais visual. Eles sentem dificuldades em escrever textos longos. Diminuo os textos e procuro trabalhar através de desenhos e colagens.(P4) No caso do autista utilizo recursos visuais e o hiperativo tento fazer uma aula mais dinâmica, sempre coloco ele para fazer alguma atividade porque o mesmo não consegue ficar parado. (P5) Faço o trabalho normal, porém procuro dar uma atenção maior para ele.(P6)

Tento ao máximo aproximar a minha prática com a realidade deles.(P7)

Através de atividades adequadas.(P8)

Como uma regular, o que preciso é direcionar o que eu quero que o meu planejamento contemple e que fique próximo ao objetivo desejado de forma igual.(P9)

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Tento realizar esse trabalho da maneira que compreendo ser mais adequado, de acordo com o que acho ser “correto”, pois disse anteriormente não nos é dado a capacitação devida e nem há uma articulação entre unidades especializadas nesse tipo de trabalho. A palavra chave seria ludicidade.(P10)

Desenvolvo ações e atividades que proporcione a descoberta de seu potencial e de suas habilidades independente de suas limitações físicas ou sensoriais.(P11)

Através de muito material reciclado, vídeos e palestras. Pois até mesmo o pedagógico junto aos coordenadores ficam distantes desses meninos. Localização das escolas em bairros periféricos, sem material suficiente, etc. (P12)

Como você planeja suas atividades?

Planejo minhas atividades de forma natural tentando contemplar a todos. (P1)

Em cima de uns módulos que que foram oferecidos nesse curso,onde a gente planejava as aulas só que nós tínhamos orientação psicológica da escola de deficientes auditivos que existe em vera cruz especial para isso a ABAEDA, mandavam a coordenadora da escola para acompanhar aquele aluno na sala e um psicólogo. (P2)

Na realidade da escola a gente tem um planejamento e esse planejamento é trabalhado com o todo, não tem algo tão direcionado pra ele, mas a partir das atividades desenvolvidas em sala eu tenho que buscar dentro daquele espaço, algo que tenha sentido na compreensão dele, então nem tudo que a gente trabalha atinge a ele, mas eu tento trazer coisas dentro do contexto de trabalho pra tocar na aprendizagem dele. (P3) Do mesmo modo que todo mundo. Elencando as habilidades e os conteúdos e tendo um olhar diferenciado na hora de expor e cobrar dos meus alunos, de inclusão ou não, os assuntos abordados em sala.(P4) Normalmente, o conteúdo é aplicado de forma igualitária, somente adaptando as atividades para atender as necessidades dos alunos com Necessidades Educacionais Especiais.(P5) Normalmente não ouve alterações.(P6) Faço o planejamento de acordo com as habilidades que desejo que meus alunos atinjam. (P7) O planejamento comum a todos, somente adaptando para os alunos com Necessidades Educacionais Especiais.(P8)

Pensando a realidade do meu aluno, pois, a minha turma é mista.(P9)

De forma que possa atender a classe, de maneira uniforme. Só tenho que analisar como é que está sendo aceito e se está atendendo os requisitos da classe.(P10)

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Tenho uma classe com apenas um aluno especial, por isso planejo a aula dentro dos padrões do ano da escolarização, propiciando a interação entre os alunos e quando necessário promovo a intervenção junto ao aluno especial.(P11) Planejo conforme a realidade cultural local, dos alunos procurando adequar o conhecimento prévio deles com as novas competências e habilidades que o século atual propicia.

Que impasses você vivência quando se vê tendo que atuar em uma sala de aula com alunos com Necessidades Educacionais Especiais?

Impasse de um sistema que não vê um professor que tem uma aluno com necessidade especial e precisa de uma ajuda e impasses dentro de um contexto de pessoas que ainda não compreendam o que é uma educação inclusiva, é fácil colocar um aluno com necessidade especial dentro de uma escola e dizer que inclui e não se inclui se integra, porque quando a gente bota numa escola um rótulo de escola inclusiva todo o contexto dela tem que ser inclusivo e não só o professor em sala de aula, então são esses os impasses as compreensões legais que admitem enxergar aquele que tem a necessidade especial como alguém que tem direito a uma educação, porém quando a gente vai e mergulha dentro dos recursos possíveis para trabalho, ele não existe. Nenhum. Trabalho com eles normalmente. Dando regras e cobrando limites, como faço com qualquer outro. Falta de recursos pedagógicos, que é essencial para a evolução do trabalho dentro de sala de aula e a não aceitação por parte de alguns pais de que os filhos necessitam uma assistência pedagógica diferenciada e que o apoio e a participação dos pais junto a escola e na vida escolar dos filhos é imprescindível para o desenvolvimento desses alunos e de qualquer outro aluno. Apesar de ser um só é muito difícil, pois ele não entende as solicitações, quer sair da sala a todo momento e eu não posso deixar a turma para sair atrás dele.

Vários. Ganho lições para vida enquanto ser humano e enquanto profissional, valores morais e etc. É preciso se ter paciência, estar disposto a aceitar, ter equilíbrio e determinação principalmente com os surdos- mudo e hiperativos.

Adquirir material necessário e específico para o aluno especial. Falta de um monitor. O primeiro é explicar e informar a família sobre essa necessidade que o aluno tem. Não tem material didático e até mesmo humano para trabalhar em sala de aula. O segundo

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conseguir inserir esse aluno na sala de série regular e apresentar resultados.

Quais os recursos didáticos que utilizava com seus alunos com Necessidades Educacionais Especiais? A escola disponibiliza os matérias necessários para que você realize o seu trabalho com os alunos com nee? Se não como você dispõe desses materiais?

Utilizo argila, giz de cera, para que eles possam manipular. Comprei alguns materiais, já que nem a Prefeitura nem a escola me disponibilizaram os matérias, outros materiais construí de sucata, a exemplo do brinquedo vai-e-vem que desenvolve bastante a motricidade deles. (P1) No caso dos surdos e mudos é o falar a leitura labial, eles faziam tudo em cima da leitura labial e utilizava também muitos objetos para eles verem, o ver e o fazer no caso quadro, tudo com eles era muito manual, tinha que manusear eles tinham que ver, usei com eles um alfabeto de animais que era tipo um álbum, ali tinha figura e embaixo a palavra, eles viam, eu falava o que era o animal que era e eles escreviam, era super interessante e outros recursos que a própria coordenação da ABAEDA nos oferecia.(P2)

O que a escola tem é para todos, com os ditos não especiais e com o especial. (P3)

Não. Todo material que utilizo (E.V.A. , jogos, etc.) Compro com os meus recursos.(P4) Visuais e atividades como jogo de memória, tento fazer algo dinâmico. A escola não disponibiliza de materiais necessários não. Alguns materiais consigo por conta própria.(P5) Não existe material especial na escola. Uso o mesmo material que é usado com os outros alunos. (P6)

A escola não fornece suporte, pois as atividades são diferenciadas. Os recursos especiais são em relação a limitação deles, por exemplo o aluno com deficiência mental possui limites tendo que trabalhar dentro da realidade.(P7) Jogos. Na falta de outros recursos ministrava as aulas de acordo com a minha experiência.(P8) Na maioria das vezes não tem, mas é necessário buscar adaptar, criar, construir, usar a imaginação. Papéis, cola, tinta, massa de modelar, livros, revistas, jornais, encartes, instrumentos diversos.(P9)

Jogos diversos, livros de história, atividades de recorte, colagem. Infelizmente ainda é precária a quantidade e a disponibilidade desse tipo de material.(P10)

Como busco interagir o aluno especial com os “ditos normais” utilizo os mesmo recursos como: alfabeto móvel, quebra-cabeças, jogos, etc. Mas sinto a necessidade de outros materiais mais específicos para o aluno especial. (P11)

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Não, a escola não disponibiliza. É com muito material reciclado e fazendo o que posso em sala de aula. (P12)

Como percebe o desenvolvimento / avanço do seu aluno com Necessidades Educacionais Especiais?

Vejo melhoras no desenvolvimento deles em relação à socialização não gostavam que os colegas se aproximassem agora já conseguem interagir com os outros colegas, o aluno com paralisia cerebral já conseguiu atingir o nível silábico, o nível pré – silábico o aluno com deficiência mental porque não freqüenta muito a aula, pois faz tratamento com psiquiatra. (P1) Eles tiveram muitos avanços, inclusive um que não falava nada, nada, nada, nada, porque a gente acha que um mudo e surdo nunca vai falar, ele pode não escutar mas falar ele vai e se você começar com ele a criar o hábito de todo dia ele ler o seu lábio e você perguntando a ele vai chegar um momento que ele vai falar, ele não vai falar como nós falamos, mas você vai entender o que ele esta falando. Eles chegavam do zero e saíam praticamente falando, não falando normal como nós falamos normais, mas balbuciando palavras que davas pra entender o que eles estavam falando, o avanço era ótimo mesmo.(P2) Os avanços são a socialização com o grupo, o reconhecimento dos colegas de estar sempre olhando que ele é diferente, mas o diferente não rejeitado, diferente que eles querem integrar, que eles querem ajudar, se você vê na sala é demonstração de carinho e ele não acompanha o trabalho escrito como o colega acompanha, mas ele tem o desejo e quando você dá uma folha a ele que é diferente da do colega ele quer igual e consegue ler, não ler propriamente dito mas ele vê e compara e vê que o dele não é igual, ele quer igual, mesmo que ele não acompanhe, então são as habilidades que a gente vai percebendo, o falar, o conceituar determinadas coisas que antes não existia, a resolver problemas dele do dia-a-dia, como está no lugar e precisar que ele pegue tal coisa e ele mesmo hoje tem a garantia de estender a mão pegar que antes ele não tinha esse desejo de se resolver diante de algumas situações entre os colegas, colega pegar brinquedo e ele ir lá e defender no parque tomar o espaço que é dele então são esses avanços que a gente está vendo.(P3) Muito bom, melhor do que alguns alunos considerados “normais”. Meus alunos estão com níveis de escrita silábicos, o com Deficiência Intelectual, está com valor sonoro. Já consegue ler algumas palavras.(P4) O aluno autista e deficiente mental conseguia fazer algumas atividades, sendo auxiliado, mas como não freqüentava constantemente por causa do tratamento que fazia em outra instituição que atende ao tipo de “deficiência” que ele tem, não pude acompanhar seu desenvolvimento plenamente. Já o hiperativo fazia as atividades que eram solicitadas a ele, em matemática tinha um ótimo desempenho.(P5)

Através de atitudes e das atividades.(P6) Através do comportamento, da fala, da participação, da interação com o outro tudo depende da forma do olhar do outro.(P7)

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Através dos exercícios.(P8) A partir do constante diagnostico comparando cada atividade desenvolvida, comportamento, sequência e aceitação.(P9)

O desenvolvimento desses alunos são vistos a longo prazo no âmbito pedagógico. O que se percebe nitidamente é a socialização com os outros que vai acontecendo de uma forma significativa.(P10)

Através das atividades solicitadas. Muitas vezes o aluno especial com apenas uma orientação realiza a atividade de forma correta sozinho.(P11)

Através da escrita, o comportamento diário e a fala. (P12)

Como é a participação da família na vida escolar dos alunos com Necessidades Educacionais Especiais?

Algumas mães não aceitam a deficiência do filho. Tenho um aluno que a mãe não aceita a deficiência dele, não dá os medicamentos a ele, o que o deixa muito agressivo, deixa o aluno na escola e só vai buscar no horário de 11h30min. A escola que tem que arcar com os prejuízos que o aluno tiver. Quando era comunicada sobre a situação do filho era como se não a interessasse.(P1) O professor ele não anda sozinho ele precisa do apoio da família.A família no município onde eu trabalhava ela estava junto, era a escola a família e o professor, era todo mundo junto em prol daquele aluno, não era só deixe ele aí vamos fazer de conta que ele esta na sala.(P2) Família precisaria participar mais, uma reconhecendo que ele é capaz, apesar do que ele tem do atraso no desenvolvimento dele, é capaz, acreditar que ele pode ir além e hoje quem pontua isso é a gente, que ela não enxerga isso. E quando a gente pede a ela essa atenção é como se levasse de uma forma banal, não entendesse, não aceitasse muito distante do necessário a ajuda dela. (P3) Muito presente, por isto estou tendo este sucesso. O mérito não é só meu, é uma parceira que dar certo: família x aluno x escola especial x escola comum. (P4) A mãe do autista era participativa, o que trazia benefícios ao meu trabalho. Porém a mãe do hiperativo só aparecia quando era solicitada.(P5) Mínima, só vi o pai uma vez e mãe umas três vezes durante dois anos, nunca me procuraram para falar nada a respeito da criança, sempre me comunico é com a avó dele.(P6) A família tenta ao máximo omitir que a criança é especial, a aceitação é difícil.(P7)

Algumas famílias participavam de reuniões, demonstrando acompanhamento do aluno, enquanto outras não compareciam.(P8)

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São raros os casos em que a família abraça a parceria, o que facilita muito.(P9)

Eles são presentes no sentido de estarem levando seus filhos todos os dias à escola. Mas no que diz respeito ao desenvolvimento pedagógico ainda se faz necessária uma participação mais ativa e efetiva.(P10)

Existe a preocupação da família apenas a nível de proteção e comportamento do aluno com os . Sinto falta do acompanhamento pedagógico. Muitas vezes o dever de casa é retornado sem fazer.(P11) Quase nenhuma, a família responsável por esta criança desconhece e fica as vezes impotente de lutar e dar assistência devida à essa criança.(P12)

Você acha importante a participação da família? Por quê?

Sim, porque se a mãe se propõe a fazer o papel dela facilita o trabalho do professor em sala de aula com esse aluno. A parceria da família dos alunos também ajudaria nesse processo, pois algumas mães de meus alunos ficam receosas de o filho sofrer alguma agressão por parte do aluno com Necessidades Educativas. A escola poderia oferecer a esses pais dos alunos com Necessidades Educativas e para os demais pais, dentro da própria instituição um curso para que eles tivessem conhecimento sobre a deficiência do aluno com Necessidades Educacionais Especiais. (P1) Muito importante sem a família não anda. Porque muitas vezes a família se recusa a dizer que o filho é deficiente e fica muito difícil quando ela se recusa, porque o aluno não avança e se a família incentiva ele vai embora.(P2)

A família é tudo. Porque se você investe na escola e a família, no caso a gente passa 4 horas com a criança, a família passa muito mais são 20 horas, a família também entendendo que esse ser é capaz de desenvolver muito mais, se ela operasse diante das orientações que a escola dá, que o especialista dá, será que não desenvolveria mais? Então a família é muito mais do que necessário.(P3) Por que ela é a base de sustentação de toda criança, com deficiência ou não.(P4) Claro. É de essencial importância para que o trabalho do professor flua e para o desenvolvimento do aluno. (P5) Sim. Porque os pais são os parceiros essenciais no processo de inclusão da criança na escola para se ter um bom resultado, mas não é sempre que podemos contar com a participação dos pais.(P6)

É fundamental essa parceria, sendo a criança bem amada, bem orientada não apresentará dificuldades.(P7)

Sim. Através da participação da família há um desenvolvimento do aluno.(P8) Sim. É um suporte especial e se falarmos a mesma linguagem é mais interessante, pois, o incentivo e elogio ajuda a diminuir as dificuldades.(P9)

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Sim. No que diz respeito a educação a participação da família é de fundamental importância no sentido da parceria, de resultados positivos em relação ao desenvolvimento do educando.(P10)

Com toda certeza que sim. A proteção exagerada prejudica o aluno que ao perceber, utiliza como forma de defesa, ou seja, ele se faz de “coitadinho” para a família, pois na escola ele tem atitudes e comportamentos iguais aos demais na sua maioria das vezes.(P11) Ela é a principal e o fator primário dessa criança. Na verdade o tratamento e acompanhamento de assistência a saúde desta criança teria também que ser com os pais.(P12)

Como você faz para a família participar? A escola promove reuniões mensais e convida os pais a participar. (P1)

Tinham encontros na escola relacionados aos próprios alunos, a coordenação da ABAEDA acompanhava nas casas ia de casa em casa a psicóloga chamava na escola especializada pra que fossem ouvidos os pais.a questão da falta, se o aluno faltasse eles estavam lá pra procurar saber , tinha o interesse voltado para os alunos. (P2)

A escola conversa, a escola busca está acompanhado, perguntando por esses especialistas, a escola ganhou essa realidade de ter ele nas mãos, mas é visível que a escola ainda não estava pronta para acolhê-lo, a escola está tentando conquistar esse espaço de escola inclusiva agora ela está se descobrindo como escola inclusiva, está em processo de construção de identidade de escola inclusiva, precisamos muito ainda, para entender e ajudar não só a família, mais como nós mesmo educadores como atuar com esses que tem essas dificuldades, como sempre digo não é só ter a criança na sala e dizer que está na escola, é ter na sala e também compartilhar dos sentimentos, das dores, das emoções, o professor que tem um aluno como esse, que é um grande desafio.(P3) Converso claramente sobre a necessidade de ajudar o seu filho (a) e falo da importância de um acompanhamento familiar e médico. Tenho conseguido com quase todos. Algumas famílias não aceitam, mas outras sim.(P4) A escola convida os pais dos alunos a comparecer a escola para uma conversa com eles. Pede que sejam participativos e sempre os comunicamos algo de diferente no aluno ou o avanço atingido pelo mesmo.(P5) A família simplesmente não participa ignora o assunto.(P6) Quando percebo a necessidade, comunico a escola, posteriormente a família pedindo para que os pais procurem atendimento especializado.(P7)

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Através de convites para reuniões mensais.(P8) Convido-a de forma amigável a fazermos uma parceria e dividir-mos os desafios de forma responsável.(P9)

A escola promove atividades de integração. Este ano contamos com o projeto: primavera da família, onde todos os familiares foram convidados a participar e assistir as atividades que são realizadas.(P10)

Sempre que percebo algo diferente, chamo a família para conversar e quando possível passo algumas orientações de como proceder.(P11)

Quando a gestão não consegue trazer ou envolver a família, recorro ao Conselho Tutelar e apresento o problema para ter parceria e resolver a priori a situação. (P12)

O que significa Inclusão para você?

A escola ou ambiente que irá receber esses alunos, esta atendendo as necessidades desses alunos com rampas com salas e banheiros com portas alargadas, alem de material pedagógico essencial para a educação dessas crianças. (P1)

Acesso ao aluno que não tem muita oportunidade acredito que é acesso a ele na escola normal, dita normal pra que ele venha a se enquadrar no ambiente.(P2)

Incluir, sempre busco está diferenciando, incluir não é integrar, incluir é reconhecer cada um nas suas particularidades e dentro dela tentar não só ajudar, mas como ver nessa diversidade potenciais, capacidades, habilidades e nesse ato de incluir , não ter somente para fazer de conta que estou com aquela pessoa, mais ver aquela pessoa passar por sua vida e fazer algo por ela de necessário(P3)

Uma oportunidade de crescimento das crianças com deficiências.(P4) É possibilitar a pessoa com necessidade especial, ou que sofrem preconceito seja de que tipo for: racial, religioso, de gênero ou por uma opção sexual diferente dos padrões sociais, o direito de exercer suas atividades como qualquer cidadão e ser livre para defender suas idéias, criando meios para que o mesmo consiga fazer isso de forma autônoma, respeitando as diferenças existentes em todas as pessoas.(P5) Está longe de ser o que acontece na maioria das escolas, que são apenas um depósito de crianças com Necessidades Educacionais Especiais sem apoio nem orientação alguma.(P6)

Tudo, lição de vida, transformação, é aceitar o outro como ele é, ninguém pede para ser diferente.(P7)

A incorporação de alunos deficientes numa sala de aula regular.(P8)

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É a forma de percebermos e aceitar que o diferente também é capaz, e que pode ser reconhecido.(P9)

Inclusão vem de incluir. no caso, todos independente de sua cultura, seu modo de ser e ver as coisas, respeito às diferenças e atendimento à uma diversidade.(P10)

Existem hoje no mundo milhões de pessoas com deficiências, que vivem excluídas devido às diversas barreiras criadas pela sociedade, porém temos que assumir, cada um de nós, o seu papel como educador e buscar incluir de forma natural a participação dos PNE’s.(P11) È um faz de conta é empurrar com a barriga, na linguagem comum. Pois incluir é inserir, envolver, participar, mobilizar, relocar essa criança no estágio deficitário que ela que ela se apresenta? Mas Estado/ Prefeitura ainda estão distantes de apresentar esta proposta.(P12)

Depois de ter a experiência de trabalhar em uma sala inclusiva você senti-se mais preparada para atuar com alunos com Necessidades Educacionais Especiais? Por quê? Não me sinto preparada , mas sinto sede de melhoras, porque agora que vivenciei o trabalho em uma sala inclusiva, sei dos problemas e das necessidades de uma sala de aula inclusiva e me sinto insatisfeitas e adequar a realidade. Eu sei as dificuldade e tenho que procurar sozinhas, sem nenhum auxílio formas de educar as crianças com Necessidades Educacionais Especiais.(P1) Não. Ainda me sinto despreparada , porque cada aluno é um ser único e cada necessidade requer um atendimento diferenciado. (P2)

A gente nunca está preparada. Porque todo ano é uma necessidade especial bem diferenciada, quem falar que é doutor em inclusão, após mil alunos que passou na sua vida, eu acho que é um tremendo mentiroso, porque a gente ganha outras coisas, outras habilidades, outro olhar pra educação, porém cada indivíduo é único a gente não sabe o que é que vem por aí pela frente.(P3) Sim. Por que quando se tem experiência, tudo fica mais fácil.(P4) Não. Estarei sempre disposta a aprender sobre o assunto, para auxiliar o meu aluno em suas necessidades. Mas como são várias as necessidades e cada indivíduo é um ser único, digo que estou preparada para tentar atender as necessidades de meu aluno, pra aprender cada vez mais sobre os tipos de necessidades, a enfrentar esse desafio.(P5) Não. Foi uma coisa imposta e não tenho a menor vocação, nem preparo para desempenhar tal função.(P6) Sim. Quando você recebe o desafio, o dom. Você muda todo o seu processo, ficando mais receptivo.(P7)

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Sim. Devido aos cursos e reciclagens e até mesmo pela permanência em sala de aula.(P8) Nunca se está, eu acho totalmente preparado para atuar nessas classes, pois, portadores da mesma necessidade tem comportamentos diferentes, familiares e comunidades diferentes.(P9)

Ainda sinto falta de recursos, de salas adequadas para esse tipo de atuação, capacitação, quantidade de alunos, parceria entre a escola, unidades especializadas e a família.(P10)

Não posso dizer que estou preparada, pois não fui preparada para tal. Mas, estou aprendendo com a prática e isso nos deixa um pouco mais segura.(P11)

Não, estou muito decepcionada e sensível para essa atrocidade, irresponsabilidade que o governo faz com as escolas, professores, mães, alunos se ausentando da real responsabilidade social.(P12)

O que é fonte de angústia para você quando diante de alunos portadores de Necessidades Educacionais Especiais?

Olhar que eles chegam pra nós cheios de capacidades e potencialidades e a gente ter uma sala com 22 alunos, seria 25 alunos, temos a garantia de menos 1(um)aluno porque ele é especial e não ter tempo, ter não condições de ter um atendimento individualizado com aquela criança, em função de um coletivo que é agitado, não temos auxiliares em sala pra dar conta dessa criança também. Então assim a fonte de angústia é essa, ter o contexto de uma escola inclusiva, não só aqui mais em outras, derrepente está incluindo com uma gama de recursos outros que não existem, é angustiante, colocar na escola para incluir por colocar , e o demais que é que vai fazer por nós, então é fonte de muita angústia, mas não admite dizer que não se trabalhar em função disso dessa angústia, o trabalho acontece mas poderia render melhor. A ausência da família. A não aceitação do problema. Quando não encontro apoio por parte da escola e dos órgãos que criaram a lei, mais não deram preparação, recursos e suporte ao professor, deixando todo o peso em cima do professor e quando não encontro auxílio por pais dos alunos.

É está diante uma situação que para você é um problema, mas você não sabe como resolver, nem para quem pedir ajuda.

A participação da família, pois não é fácil aceitar que a criança é especial.

Quando a família não aceita, não o reconhece e faz de conta que não faz parte desse processo.

A falta desse preparo com as diferentes síndromes, pois cada caso é um caso e insisto em afirmar que é necessário um monitor juntamente com o professor, para atuarem juntos numa classe de ensino regular inclusiva.

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Tristeza em não puder fazer muito mais com essas famílias. Pois, elas estão dormindo na ebulição da globalização.

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ANEXOS Anexos das Matrizes Curriculares dos Cursos De Pedagogia De Instituições de Ensino Superior Públicas e Privadas MATRIZ CURRICULAR 01 Teologia Metodologia do Trabalho Científico Filosofia e Educação Sociologia e Educação História da Educação no Ocidente Bases Epistemológicas das Ciências da Educação Psicologia do Desenvolvimento Biologia e Educação Sociedade Brasileira e Educação História da Educação Brasileira Antropologia e Educação Leitura e Produção de Textos Psicologia da Aprendizagem Fundamentos da Didática Relações Humanas Pesquisa e Prática Pedagógica I Políticas da Educação Básica e Organização do Ensino Psicologia Social e Educação Planejamento da Prática Docente Fund. Prát. Pedagógica da Língua Port. nas Séries Inic. do Ens. Fund. Pesquisa e Prática Pedagógica II Fundamentos da Gestão Educacional Política da Educação Superior Fundamentos e Prática Pedagógica na Alfabetização Fund. e Prática Pedagógica da Hist. nas Séries Inic. do Ens. Fund. Fund. e Prática Pedagógica de Geog. nas Séries Inic. do Ens. Fund. Educação e Ludicidade Pesquisa e Prática Pedagógica III Gestão da Educação Fundamentos e Prática Pedagógica na Educação Infantil Estatística Aplicada à Educação Fund. e Prática Pedagógica de Ciências nas Séries Inic. do Ens. Fund. Fund. e Prática Pedagógica de Matemática nas Séries Inic. do Ens. Fund. Teoria e Prática de Currículo Estágio Supervisionado em Gestão da Educação Fundamentos e Prática Pedagógica da Educação de Jovens e Adultos Pesquisa em Educação LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais Educação e Arte Linguagem e Educação Avaliação Educacional Estágio Supervisionado em Docência I

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Educação e Tecnologias TCC – Trabalho de Conclusão de Curso Estágio Supervisionado em Docência II Tópicos Diversos MATRIZ CURRICULAR 2 Aspectos Sócio-Antropológicos Comunicação e Expressão Estudos Dirigidos I Filosofia e Ética Fundamentos da Educação História da Educação Metodologia da Ciência Didática I Economia e Gestão Estudos Dirigidos II Filosofia da Educação Língua Portuguesa I Literatura Infantil Psicologia do Desenvolvimento Arte e Educação Didática II Estudos Dirigidos III Língua Portuguesa II Linguística Ludicidade na Educação Infantil Psicologia da Aprendizagem Avaliação Cultura e Cidadania Educação das Relações Étnicos-Raciais Estudos Dirigidos IV Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa Metodologia do Ensino da Matemática Tecnologia da Informação Alfabetização e Letramento Estágio Supervisionado I Estudos Dirigidos V Metodologia do Ensino das Ciências Metodologia do Ensino de Geografia Metodologia do Ensino de História Relações Inteperssoais Tópicos Integradores I Corpo e Movimento Estágio Supervisionado II Estudos Dirigidos VI Língua Brasileira de Sinais Pedagogia Organizacional Planejamento e Projetos Educacionais

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Políticas Públicas e Educação Responsabilidade Social Currículos e Programas Educação a Distância Educação de Jovens e Adultos Educação Especial Estágio Supervisionado III Estudos Dirigidos VII Projeto de Diplomação I Tópicos Integradores II Diversidade Cultural Ecopedagogia Estágio Supervisionado IV Estudos Dirigidos VIII Financiamento da Educação Gestão Pedagógica Projeto de Diplomação II Tópicos Especiais em Educação MATRIZ CURRICULAR 3 Filosofia Historia da Educação I Sociologia Comunicação, Linguagem e Educação Arte e Educação Relações Humanas Leitura e Produção de Texto Científico Historia da Educação II Sociologia da Educação Filosofia da Educação I Psicologia da Educação Ética e Educação Antropologia Metodologia Cientifica Didática I Psicologia do Desenvolvimento Filosofia da Educação II Alfabetização e Letramento I Pesquisa em Educação I Alfabetização e Letramento II Didática II Organização e Legislação do Sistema Educacional Currículo da Educação Infantil I Psicologia da Aprendizagem Pesquisa em Educação II Currículo da Educação Infantil II Avaliação Educacional

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Estatística Aplicada à Educação Gestão de Educação I Currículo dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental Prática Educativa I Metodologia da Língua Portuguesa Metodologia da História e Geografia Língua Brasileira de Sinais (Libras) Gestão de Educação II Prática Educativa II Estágio I – Educação Infantil Música na Educação Metodologia da Matemática Metodologia das Ciências Naturais Elaboração de Projetos I (TCC) Educação das Relações Étnicas Planejamento e Gestão de Projetos Educacionais Estágio II – Anos Iniciais do Ensino Fundamental Políticas Públicas da Educação Básica Ludicidade e Educação Elaboração de Projetos II (TCC) Educação e Tecnologia Educação Inclusiva Educação de Jovens e Adultos Estagio III – Gestão Educacional MATRIZ CURRICULAR 4 Sociedade e Tecnologia . Oficina de Leitura e Escrita . Estudos Filosóficos e Educação. Sociologia da Educação. Linguagem, Sociedade e Educação. Práticas Investigativas Interdisciplinares I . Psicologia da Educação. Leitura, Escrita e Ensino. Políticas e Gestão da Educação Básica. Aspectos Fisiológicos do Desenvolvimento Humano. Estudos Biográficos e Docência. Práticas Investigativas Interdisciplinares II. História da Educação. Psicologia da Aprendizagem. Educação em Espaços Não Escolares. Corporeidade e Ludicidade. Metodologia da Pesquisa. Práticas Investigativas Interdisciplinares III. Educação Matemática. Alfabetização I. Fundamentos da Educação Infantil I.

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Currículo e Avaliação. Práticas Investigativas Interdisciplinares IV. Estudos Culturais . Estudo e Ensino de Matemática I. Alfabetização II. Fundamentos da Educação Infantil II. Estágio I (reconhecimento da escola). Estudo e Ensino de Ciências Naturais. Metodologia do Ensino de Geografia. Estudo e Ensino de Matemática II. Produções e Projetos Sociais I. Metodologia da Educação Física. Estágio II (Ed. Infantil). Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa. Metodologia do Ensino de História. Educação Inclusiva. Produções e Projetos Sociais II. Estágio III (Ens. Fund. I). Gestão e Administração Escolar. Educação de Jovens e Adultos. Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS. Desenvolvimento de Trabalho de Pesquisa. Estágio IV (Outros espaços). MATRIZ CURRICULAR 5 Organiz.ação da Educação Brasileira Psicologia da Educação I Filosofia da Educação Sociologia da Educação História da Educação Brasileira Iniciação ao Trabalho Acadêmico Linguagem e Educação Psicologia da Educação II Didática Currículo Avaliação da Aprendizagem Educação Física no Ensino Fundamental Língua Portuguesa no Ensino Fundamental Fundamentos de Matemática Elementar III Ciências Naturais no Ensino Fundamental História da Civilização Brasileira Geografia no Ensino Fundamental Seminário Interdisciplinar I Estágio I Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa Metodologia do Ensino da Matemática

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Metodologia do Ensino das Ciências Naturais Metodologia do Ensino da História Metodologia do Ensino da geografia Arte Educação Estágio II Educação das Pessoas com Necessidades Especiais Educação de Jovens e Adultos Educação Profissional Educação Infantil Alfabetização e Letramento Seminário Interdisciplinar II Estágio III Gestão Educacional Organização e Gestão do Trabalho Pedagógico Educação e Tecnologias Contemporânea Pesquisa em Educação Estágio IV Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso Seminário Interdisciplinar III Trabalho de Conclusão de Curso

Ementa Relacionada à Disciplina Educação das Pessoas com Necessidades Especiais EMENTA: Estudo crítico de questões conceituais (filosóficas-éticas-politícas) relativas às necessidades especiais no contexto da educação inclusiva, refletindo sobre as relações entre necessidades educacionais especiais e contexto social, caracterizando os seus diferentes tipos e analisando alternativas pedagógicas para o atendimento educacional MATRIZ CURRICULAR 6 Educação e Pesquisa História da Educação I Prát. de Leitura e Produção de Textos Sociologia e Educação Antropologia e Educação Introdução à Filosofia História e Educação II Organ. Educac. e Escolar I Fundamentos de Psicologia Literatura e Educação Arte e Educação Pesquisa e Prát. Pedagógica I Estudos Ling. e Educação I Didática I Psicologia do Desenvolvimento e Educação História e Cultura Afro-Brasileira Organ. Educac. e Escolar II Seminários Temáticos de Educação I Pesquisa e Prática Pedagógica II Psicologia da Aprendizagem e Educação Currículo e Educação

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Estudos Ling. e Educação II Didática II Educação de Jovens e Adultos Pesquisa e Prática Pedagógica III Ludicidade e Educação Gestão Escolar e Educacional Epistemologia e Metodologia da Alfabetização e Letramento Referenciais Teórico-Metodológicos do Ensino da Matemática Referenciais Teórico-Metodológicos do Ensino da Geografia Referenciais Teórico-Metodológicos do Ensino de Artes Referenciais Teórico-Metodológicos do Ensino das Ciências Naturais Estágio Supervisionado I Referenciais Teórico-Metodológicos do Ensino da Matemática na Educação Infantil* ou no Ensino Fundamental* ou Referenciais Teóricos Metodológicos da Educação de Jovens e Adultos* (Aprofundamento).

Referenciais Teórico-Metodológicos do Ensino da História no Ensino Fundamental ou Referenciais Teórico-Metodológicos de Ciências Sociais em Educação Infantil (Aprofundamento). Referenciais Teórico-Metodológicos do Ensino da Geografia no Ensino Fundamental ou Gestão de Projetos Educacionais e do Trabalho Pedagógico* (gestão) (Aprofundamento) Referenciais Teórico-Metodológicos do Ensino das Ciências Naturais na Educação Infantil* ou no Ensino Fundamental* ou Planejamento da Educação e da Escola* (gestão) (Aprofundamento) Avaliação Educacional Estágio Supervisionado II Estágio Supervisionado III Educação Inclusiva e Libras Educação e Tecnologia da Comunicação e Informação Trabalho de Conclusão de Curso I Referenciais Teórico- Metodológicos do Ensino de Língua Portuguesa Seminários Temáticos de Educação II Trabalho de Conclusão de Curso II Estágio Supervisionado IV* (Aprofundamento) Seminários Temáticos de Educação III Ementa Relacionada à Disciplina Educação Inclusiva e LIBRAS EMENTA: Abordagem de conceitos de educação especial e aspectos ético-político-social e educacional quanto à inclusão da pessoa com necessidades especiais; reflexão crítica na ação do educador e outros agentes sociais, grupos da população e suas necessidades. Discussão sobre a língua brasileira de sinais e o seu uso.