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Universidade de São Paulo - USP
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” - ESALQ Departamento de Economia, Administração e Sociologia
Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas - PECEGE
Coordenação: CARLOS EDUARDO OSÓRIO XAVIER
DANIEL YOKOYAMA SONODA JOÃO HENRIQUE MANTELLATTO ROSA
PEDRO VALENTIM MARQUES
Equipe técnica: ALINE BIGATON
ANA MARIA COVOLAM ANDRÉ FELIPE DANELON ESTHER ROCHA SANTOS
GEIZIANE AMÉLIA MENDES HAROLDO JOSÉ TORRES DA SILVA
HENRIQUE ROSA ANTUNES JEAN JAQUES CALAMARI CORDEIRO
JULIANO MANTELLATTO ROSA MAURICIO FANTON
RAONI SATO TEIXEIRA RICARDO DE CAMPOS BULL RUAN RICHARD D’ARAGONE
PECEGE. Custos de produção de cana-de-açúcar, açúcar e etanol no Brasil: Fechamento da safra 2012/2013. Piracicaba: Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas/Departamento de Economia, Administração e Sociologia. 2013. 67 p. Relatório apresentado à Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA.
ISSN 2177-4358
CUSTOS DE PRODUÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR, AÇÚCAR E ETANOL NO BRASIL: FECHAMENTO DA SAFRA 2012/2013
1ª Edição
Setembro de 2013
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AGRADECIMENTOS
O PECEGE/CNA agradece a participação e apoio das instituições e empresas destacadas. Todas elas
colaboraram com este trabalho e aceitaram a divulgação de seus nomes.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 7
PRIMEIRA PARTE – CUSTOS DE PRODUÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR DOS
FORNECEDORES: FECHAMANTO DA SAFRA 2012/13 ............................................... 9
1. FORNECEDORES ................................................................................................................... 11
1.1. Atualizações na metodologia de cálculo de custos .............................................................. 11
1.2. Resultados da safra 2012/13 ................................................................................................ 13
1.2.1. Indicadores técnicos ............................................................................................................. 13
1.2.2. Custos de produção .............................................................................................................. 15
SEGUNDA PARTE – CUSTOS DE PRODUÇÃO DE CANA DE AÇÚCAR, AÇÚCAR E
ETANOL NO BRASIL NA SAFRA 2012/13 ..................................................................... 23
2. USINAS .................................................................................................................................... 25
2.1. Metodologia de cálculo dos custos ...................................................................................... 26
2.1.1. Cálculo do custo de produção industrial (açúcar e etanol) .................................................. 28
2.2. Indicadores Técnicos de Produção ...................................................................................... 29
2.2.1. Estimativa de preço da cana do fornecedor para cada perfil de produção ........................... 31
2.3. Custos de Produção Agroindustrial ..................................................................................... 32
2.3.1. Custos de Produção Agrícola ............................................................................................... 32
2.3.2. Custos Agroindustriais ......................................................................................................... 39
2.4. Evolução dos Custos ............................................................................................................ 42
2.5. Conclusões ........................................................................................................................... 43
2.6. Referências Bibliográficas ................................................................................................... 44
TERCEIRA PARTE – CÁLCULOS DE ÍNDICES DE PREÇOS DO SETOR
SUCROALCOOLEIRO ....................................................................................................... 45
3. INFLAÇÃO .............................................................................................................................. 47
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3.1. Atualizações Metodológicas ................................................................................................ 48
3.1.1. Geração das cestas de manutenção agrícola e industrial ................................................... 48
3.1.2. Metodologia da coleta das variações de serviços ............................................................... 49
3.1.3. Índice de Preços Recebidos pelos Produtores (IPRP) ........................................................ 51
3.1.4. Índice de Relações de Troca ................................................................................................ 53
3.2. Resultados e discussões ....................................................................................................... 54
3.2.1. Evolução dos indicadores .................................................................................................... 54
3.2.2. Relações de Troca do Setor Sucroalcooleiro ...................................................................... 58
3.2.3. Preços dos Insumos ............................................................................................................. 62
3.3. Referências Bibliográficas ................................................................................................... 67
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INTRODUÇÃO
Em 2013, o Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas
(PECEGE) apresenta o 9º Relatório de Custos de Produção do Setor Sucroenergético, desenvolvido
em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e fomentado por
instituições que, desde 2011, são assinantes do portal sucroenergético.
O objetivo do relatório é apresentar os custos agroindustriais do setor canavieiro para os
sistemas de produção de fornecedores de cana e usinas produtoras de cana, açúcar e etanol na safra
2012/13. Os dados foram coletados nacionalmente e agregados em três regiões: Centro-Sul
Tradicional (SP e PR), Centro-Sul Expansão (MG, GO, MS e MT) e Nordeste (AL, PE, PB).
Esse relatório sintetiza os resultados da pesquisa iniciada em abril e concluída em setembro
de 2013, período em que as usinas, fornecedores de cana-de-açúcar e representantes de classe de
todo Brasil puderam consolidar os custos e indicadores referentes à safra analisada.
Esse documento está organizado em três capítulos: o primeiro apresenta as principais
questões metodológicas, resultados e análises do levantamento feito com os fornecedores, seguido
por um capítulo que contempla análise relativa aos resultados das usinas, por fim, é feito um
detalhamento dos resultados da pesquisa de inflação do setor.
Os resultados detalhados dos levantamentos contendo análises tecnológicas, indicadores de
produção e evolução desses fatores ao longo das seis últimas safras, podem ser acessados pelos
participantes dessas pesquisas do PECEGE através do Portal de Informações Sucroenergéticas
disponível em www.pecege.esalq.usp.br/portal.
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PRIMEIRA PARTE – CUSTOS DE PRODUÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR DOS FORNECEDORES: FECHAMENTO DA SAFRA 2012/13
Gestor:
João Henrique Mantellatto Rosa Doutorando em Engenharia de Sistemas Agrícolas pela ESALQ-USP [email protected] Pesquisadores: Ana Maria Covolam Graduanda em Engenharia Agronômica pela ESALQ-USP [email protected] Juliano Mantellatto Rosa Graduando em Engenharia Agronômica pela ESALQ-USP [email protected]
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1. FORNECEDORES
A amostra da produção de cana dos fornecedores agrupada pelas três macrorregiões
produtoras, Centro-Sul Tradicional, Centro-Sul Expansão e Nordeste, é detalhada pelo nome e
participações relativas1 de cada painel apresentado na Tabela 1.
Tabela 1 - Localidades e participações relativas dos painéis na safra 2012/2013
Macrorregião Painel UF Participação relativa no modelo - %2
Centro-Sul Tradicional
Assis SP 22% Catanduva SP 12% Jacarezinho PR 3%
Jaú SP 20% Piracicaba SP 12% Porecatu PR 3%
Sertãozinho SP 27%
Centro-Sul Expansão
Goiatuba GO 17% Maracaju MS 24%
Nova Olímpia MT 10% Quirinópolis GO 16%
Uberaba MG 33%
Nordeste João Pessoa PB 13%
Maceió AL 55% Recife PE 32%
1.1. Atualizações na metodologia de cálculo de custos A metodologia utilizada pelo estudo segue os procedimentos delineados por Matsunaga et al.
(1976), cujas definições se baseiam nos custos operacionais de produção. Além disso, conforme
detalhamentos realizados em relatórios anteriores3 a este, particularidades da produção de cana
foram identificadas ao decorrer dos levantamentos, e incorporados como ajustes metodológicos.
1 As participações relativas indicam a representatividade de determinado painel na composição do modelo macrorregional, este calculado por meio de ponderação a partir das observações individuais. 2 Elaborado a partir de dados disponibilizados pela União da Indústria de Cana-de-açúcar (UNICA) por meio da plataforma UNICADATA (http://www.unicadata.com.br/). 3 Para maiores informações, acesse: www.pecege.esalq.usp.br/portal
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Nos levantamentos passados o modelo de custos determinava, a partir do número de cortes e
percentual de cana de ano-e-meio, a área disponível para colheita, que por sua vez, quando
relacionada à produtividade média do canavial, resultava na produção colhida na safra. A partir
deste levantamento, um novo aspecto foi considerado para essa determinação: área e quantidade de
cana direcionada para o plantio (mudas).
Posto de outra forma, notou-se nos levantamentos que geralmente os fornecedores utilizam
de mudas próprias para a formação do canavial, o que reduz, consequentemente, a quantidade de
matéria-prima entregue na safra. Duas informações, portanto, foram consideradas para tal ajuste
“quantidade de mudas utilizada no plantio – t/ha” e “origem das mudas (própria ou comprada) - %”.
Feitas as devidas ponderações, a consideração das mudas acarretou em reduções de até 6%
na quantidade de cana produzida, conforme exemplo da Figura 1, resultando em aumentos em torno
de 3% nos custos de produção de cana pelos fornecedores.
Utilização de mudas - toneladas/hectare
13 14 15 16 17 18 19 20 21 22
Ori
gem
(%) d
as m
udas
Pr
ópria
- Co
mpr
a
0 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 10 -0,32% -0,34% -0,37% -0,39% -0,41% -0,44% -0,46% -0,49% -0,51% -0,54% 20 -0,64% -0,68% -0,73% -0,78% -0,83% -0,88% -0,93% -0,98% -1,03% -1,08% 30 -0,95% -1,03% -1,10% -1,17% -1,25% -1,32% -1,39% -1,47% -1,54% -1,62% 40 -1,27% -1,37% -1,47% -1,57% -1,66% -1,76% -1,86% -1,96% -2,06% -2,15% 50 -1,59% -1,71% -1,83% -1,96% -2,08% -2,20% -2,32% -2,45% -2,57% -2,69% 60 -1,91% -2,06% -2,20% -2,35% -2,50% -2,64% -2,79% -2,94% -3,08% -3,23% 70 -2,23% -2,40% -2,57% -2,74% -2,91% -3,08% -3,25% -3,43% -3,60% -3,77% 80 -2,54% -2,74% -2,94% -3,13% -3,33% -3,52% -3,72% -3,92% -4,11% -4,31% 90 -2,86% -3,08% -3,30% -3,52% -3,74% -3,96% -4,18% -4,41% -4,63% -4,85% 100 -3,18% -3,43% -3,67% -3,92% -4,16% -4,41% -4,65% -4,89% -5,14% -5,38%
Figura 1 - Impacto da utilização das mudas (t/ha) e de sua origem (própria ou comprada) na quantidade de cana produzida
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1.2. Resultados da safra 2012/13
1.2.1. Indicadores técnicos
Os principais indicadores técnicos de produção são evidenciados na Tabela 2. Os resultados
para o Centro-Sul canavieiro se mostraram bastante semelhantes aos apresentados no relatório de
acompanhamento de safra divulgado em dezembro de 2012, com sensíveis alterações produtividade
agrícola, teor de ATR e preços praticados no arrendamento. Na sequência da tabela é realizado uma
abordagem dos principais pontos a serem observados.
Tabela 2 - Indicadores de produção na safra 2012/13 para os modelos macrorregionais
Indicador Und Tradicional Expansão Nordeste
Área total ha 170 550 143
Área arrendada % 9% 22% 8%
Produtividade média t/ha 77 81 50
Produção total t 10.792 35.521 5.601
Cortes n 5 5 5
Teor de ATR kg/t 136,11 135,48 136,77
Raio médio km 25 22 23
Colheita mecanizada % 67% 100% 0%
Plantio mecanizado % 0% 73% 0%
Arrendamento t/ha 21 13 8
Preço do ATR R$/kg ATR 0,4728 0,4728 0,5327
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Centro-Sul Tradicional
i) Em relação a safra 2011/12, aumento da produtividade agrícola em torno de 4%,
sendo que um dos fatores apontados para tal é a maior taxa de renovação dos
canaviais, refletida, no caso dos fornecedores, pelo retorno do indicador “número de
cortes” ao nível de 5 cortes;
ii) Os valores de qualidade de matéria-prima (ATR), por sua vez, apresentaram sensível
queda em relação à safra 2011/12, com redução em torno de 2,5%;
iii) Os índices de colheita mecanizada seguem aumentando, chegando a 67% na safra
2012/13, ou seja, um aumento de 9 pontos percentuais em relação ao valor apurado
na safra 2011/2012. O plantio mecanizado, entretanto, ainda não é verificado junto
aos fornecedores da região Tradicional;
iv) Os valores de arrendamento praticados seguem em patamares bem mais elevados,
demonstrando, sobretudo, maior competição por terras.
Centro-Sul Expansão
i) Maior escala de produção;
ii) Semelhante às variações da região Tradicional, a produtividade agrícola teve aumento
de 3,85% e a qualidade da cana (ATR) queda de 3,47%.
iii) Elevados níveis de mecanização, com colheita sendo realizada totalmente por
máquinas e o plantio mecanizado avançando, já atingindo patamares em torno de
70%.
Nordeste
i) Em relação a safra 2011/12, expressiva queda de produtividade, em torno de 14%,
ocasionada por questões climáticas, no caso, seca;
ii) Apesar de não compensar as perdas na produção, os índices de ATR aumentaram em
torno de 3% em relação a safra 2011/12;
iii) Intensiva utilização de mão-de-obra, não sendo verificados ainda índices de colheita e
plantio mecanizado.
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1.2.2. Custos de produção
Os custos de produção de cana-de-açúcar para fornecedores na safra 2012/2013 bem como o
detalhamento dos valores que os compõe são evidenciados no Quadro 1, enquanto que na Figura 2,
Figura 3 e Figura 4, de modo a facilitar a compreensão, as mesmas informações são ilustradas em
nível relativo, respectivamente para os modelos Centro-Sul Tradicional, Centro-Sul Expansão e
Nordeste.
Descrição Tradicional Expansão Nordeste
R$/ha R$/t R$/ha R$/t R$/ha R$/t
Preparo de solo 248,61 3,23 200,95 2,48 242,73 4,85 Hectare cultivado* 1.201,08 - 961,35 - 1.140,85 -
Plantio 676,40 8,78 745,70 9,21 730,23 14,60 Hectare cultivado 3.267,79 - 3.567,39 - 3.432,10 -
Tratos planta 72,14 0,94 97,57 1,20 130,19 2,60 Hectare cultivado 348,52 - 466,78 - 611,88 -
Formação do canavial** 997,15 12,95 1.044,23 12,89 1.103,15 22,06 Hectare cultivado 4.817,39 - 4.995,52 - 5.184,82 -
Tratos soca 863,83 11,22 997,09 12,31 934,32 18,69 Hectare cultivado 1.043,33 - 1.192,51 - 1.097,82 -
Colheita 1.896,25 24,63 1.887,30 23,30 1.433,26 28,67
Remuneração da terra 1.339,30 17,39 738,52 9,12 597,60 11,95
Outros 906,36 11,77 725,85 8,96 720,01 14,40 Arrendamento 129,61 1,68 201,72 2,49 49,80 1,00 Despesas administrativas 237,87 3,09 167,18 2,06 201,96 4,04 Capital de giro 0,00 0,00 0,69 0,01 11,49 0,23 Benfeitorias e irrigação (D)*** 31,39 0,41 16,42 0,20 56,96 1,14 Remuneração do proprietário 423,83 5,50 278,88 3,44 280,74 5,61 Remuneração do capital 83,66 1,09 60,96 0,75 119,06 2,38
TOTAL 6.002,89 77,96 5.392,99 66,58 4.788,34 95,77 * Real montante gasto em um hectare cultivado num determinado estágio de de produção; ** Resultado do somatório dos estágios preparo de solo, plantio e tratos planta; *** Depreciação relativa à benfeitorias e equipamentos de irrigação. Quadro 1 - Detalhamento dos fatores de formação dos custos de produção de cana-de-açúcar para os
modelos macrorregionais na safra 2012/2013
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Considerando os fatores propostos, pode-se realizar as seguintes análises:
i) PREPARO DE SOLO: Na região Centro-Sul Expansão, os custos com preparo de solo
são em torno de 20% menores quando comparados aos outros modelos macrorregionais.
A principal razão para isso é a utilização mais intensiva de práticas conservacionistas,
como preparo reduzido e rotação de culturas.
ii) PLANTIO: Em nível de Centro-Sul, observa-se que o plantio na região de Expansão é
cerca de 300,00 R$/hectare mais caro que na região, “compensando” a economia gerada
no preparo. Tal fato está relacionado principalmente a maior utilização de mudas na
região de Expansão, tendo em vista o maior índice de plantio mecanizado. Na região
Nordeste, o ponto que determinada um maior gasto no plantio é a utilização da mão-de-
obra em determinadas operações, como por exemplo, sulcação e cobrição.
iii) TRATOS PLANTA: Apesar de especificidades na cesta de defensivos utilizados, os
custos com tratos culturais de cana planta se mostram numa mesma faixa para o Centro-
Sul canavieiro. A região Nordeste, por sua vez, apresenta custos mais elevados,
relacionados, principalmente, a maior utilização de inseticidas.
iv) TRATOS SOCA: Assim como nos tratos planta, apesar de diferenças intrínsecas
regionais, observa-se certa homogeneidade nos tratos culturais de soca, com valores em
torno de 1.100,00 R$/hectare.
v) COLHEITA: Figura como a maior parcela na distribuição de custos, correspondendo
por cerca de 30% do total gasto na produção de cana. Em valores unitários, destacam-se
os maiores custos da região Nordeste, cuja colheita é realizada 100% de forma manual.
vi) REMUNERAÇÃO DA TERRA: Considerado como sendo um custo de oportunidade,
tal item é significativo principalmente para a região Tradicional (onde os valores
praticados nos contratos de arrendamento são mais elevados - Tabela 2), sendo,
relativamente, a segunda maior parcela dos custos.
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vii) OUTROS: Dentre os componentes de parcela, a remuneração do proprietário e as
despesas administrativas são os itens mais significantes. Em cada estrutura de produção,
tais itens são considerados como despesas fixas na atividade, estando sujeitos, portanto, a
um efeito de escala. Esse efeito pode-se ser visualizado na análise do presente fator, onde
a região de Expansão (maior escala de produção) possui os menores custos unitários com
remuneração do proprietário e despesas administrativas, enquanto que a região Nordeste
(menor escala de produção), apresenta os maiores valores.
* Outros – Somatório dos fatores: arrendamento, despesas administrativas, capital de giro, depreciação com benfeitorias e equipamentos de irrigação, remuneração do proprietário e remuneração do capital
Figura 2 - Distribuição relativa dos fatores de custos de produção de cana-de-açúcar na safra 2012/13 sob a perspectiva de estágios de produção: Centro-Sul Tradicional
Remuneração da terra; 22,31%
Tratos soca; 14,39%
Colheita; 31,59%
Administrativo; 3,96%
Outros; 15,10% Preparo de solo;
4,14%
Plantio; 11,27%
Tratos planta; 1,20%
Formação do canavial; 16,61%
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* Outros – Somatório dos fatores: arrendamento, despesas administrativas, capital de giro, depreciação com benfeitorias e equipamentos de irrigação, remuneração do proprietário e remuneração do capital
Figura 3 - Distribuição relativa dos fatores de custos de produção de cana-de-açúcar na safra 2012/13 sob a perspectiva de estágios de produção: Centro-Sul Expansão
* Outros – Somatório dos fatores: arrendamento, despesas administrativas, capital de giro, depreciação com benfeitorias e equipamentos de irrigação, remuneração do proprietário e remuneração do capital
Figura 4 - Distribuição relativa dos fatores de custos de produção de cana-de-açúcar na safra 2012/13 sob a perspectiva de estágios de produção: Nordeste
Remuneração da terra; 13,69%
Tratos soca; 18,49%
Colheita; 35,00%
Administrativo; 3,10%
Outros; 13,46% Preparo de solo; 3,73%
Plantio; 13,83%
Tratos planta; 1,81%
Formação do canavial; 19,36%
Remuneração da terra; 12,48%
Tratos soca; 19,51%
Colheita; 29,93%
Administrativo; 4,22%
Outros; 15,04% Preparo de solo; 5,07%
Plantio; 15,25%
Tratos planta; 2,72%
Formação do canavial; 23,04%
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Na distribuição sob a perspectiva de insumos de produção, ou seja, maquinário, mão-de-obra
e insumos propriamente ditos, fica evidente as disparidades quanto aos sistemas de produção
utilizados, principalmente na relação maquinário e mão-de-obra, que caracterizam os modelos.
Na região Expansão, como destacado na Tabela 2, os índices de colheita e plantio
mecanizados são elevados, o que resulta, consequentemente, em uma expressiva participação do
grupo “maquinário” nos custos, em torno de 42%, ao passo que a parcela “mão-de-obra” representa
apenas 5%. Em contrapartida, a região Nordeste é caracterizada pela intensiva utilização de mão-de-
obra no processo produtivo, sendo que esta assume praticamente ¼ dos custos atrelados à produção.
A região Tradicional, por fim, assume um papel intermediário nessa relação, ainda que o
fator “remuneração da terra” acabe por suprimir as participações. Essa posição intermediária é
definida basicamente pelos índices de colheita e planto mecanizado.
* Outros – Somatório dos fatores: arrendamento, despesas administrativas, capital de giro, depreciação com benfeitorias e equipamentos de irrigação, remuneração do proprietário e remuneração do capital
Figura 5 – Distribuição relativa dos fatores de formação dos custos de produção de cana-de-açúcar para os modelos macrorregionais na safra 2012/2013 sob a perspectiva de insumos de produção
29%
42%
22%
13%
5%
25%
21%
26%
25%
22%
14%
12%
15%
13%
15%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Tradicional
Expansão
Nordeste
Maquinário Mão-de-obra Insumos Remuneração da terra Outros*
20
20
Na Figura 6 é realizada a alocação dos fatores de formação sob a ótica de custos
operacionais, COT (Custo operacional total) e CT (Custo total), que se diferenciam basicamente
quanto a incorporação dos custos de capital, bem como a relação destes com os preços praticados,
cuja interpretação é complementada quando se analisa a Figura 7.
Considerando o custo operacional de produção (não considera capital), nota-se que a região
Centro-Sul apresentou margens positivas para a atividade – 5,12 R$/t ou 7,96% na região
Tradicional e 7,51 R$/t ou 11,72% na região Expansão – visto que os custos ficaram abaixo dos
preços praticados, podendo-se verificar, inclusive, certa semelhança entre os modelos Tradicional e
Expansão, esta com valores mais baixos devido a maior a produtividade agrícola. Na região
Nordeste, apesar dos preços praticados ficarem em patamares mais elevados, tendo em vista os
maiores preços do ATR em função do mercado açucareiro, os mesmos não foram suficientes para
cobrir os custos operacionais de produção (81,14 R$/t), que se mostraram em patamares bastante
elevados, principalmente, devido aos baixos níveis de produtividade agrícola registrados.
Na análise dos custos totais, indicador este que considera além dos custos operacionais de
produção os custos atrelados ao capital, a situação é de prejuízo para todos os modelos analisados.
Na região Tradicional, como já destacado, os altos valores praticados em contratos de arrendamento
implicam em altos custos de oportunidade ao produtor (remuneração da terra), acarretando em
prejuízos expressivos (-13,61 R$/t ou -21,14%) quando se analisa a atividade no longo prazo. Na
região de Expansão, a situação é a mesma, porém em menor dimensão, visto a “lucratividade” de -
2,53 R$/t ou -3,94%. Por fim, na região Nordeste, a incorporação dos custos de capital acaba por
agravar ainda mais a situação do fornecedor, cujas margens ficaram em torno de -23 R$/t ou -31%.
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* RT – Remuneração da terra; RC – Remuneração do capital; CT – Custo total; ** Os preços da cana foram determinados a partir dos respectivos valores para qualidade da cana (ATR) e preço do ATR, evidenciados na Tabela 2 Figura 6 - Custos de produção e preços da cana na safra 2012/13 para os modelos macrorregionais
* Margem líquida: Preço – COT; Lucro: Preço - CT Figura 7 - Indicadores de rentabilidade da cana na safra 2012/13 para os modelos macrorregionais
Tradicional Expansão Nordeste Tradicional Expansão Nordeste
Custo operacional total (COT) Custo total (CT)
RT + RC 18,73 10,03 14,62 COT 59,23 56,55 81,14 59,23 56,55 81,14 CT 77,96 66,58 95,77 PREÇO 64,35 64,05 72,86 64,35 64,05 72,86
0
20
40
60
80
100
120 R
$/t
Tradicional Expansão Nordeste Tradicional Expansão Nordeste
Margem líquida Lucro
R$/t 5,12 7,51 -8,29 -13,61 -2,53 -22,91 % 7,96% 11,72% -11% -21,14% -3,94% -31%
-35% -30% -25% -20% -15% -10% -5% 0% 5% 10% 15%
-25
-20
-15
-10
-5
0
5
10
%
R$/
t
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SEGUNDA PARTE – CUSTOS DE PRODUÇÃO DE CANA DE AÇÚCAR, AÇÚCAR E ETANOL NO BRASIL NA SAFRA 2012/13
Gestor: Carlos Eduardo Osório Xavier Doutorando em Economia Aplicada pela ESALQ-USP. [email protected] Pesquisadores: Aline Bigaton Graduanda em Engenharia Agronômica pela ESALQ-USP. [email protected] Ana Maria Covolam Graduanda em Engenharia Agronômica pela ESALQ-USP. André Felipe Danelon Graduando em Economia pela ESALQ-USP. [email protected] Esther Rocha Santos Graduanda em Economia pela ESALQ-USP. [email protected] Geiziane Amélia Mendes Graduanda em Economia pela ESALQ-USP. [email protected] Henrique Rosa Antunes Graduando em Economia pela ESALQ-USP Ricardo de Campos Bull Engenheiro Agrônomo e Especialista em Engenharia de Software [email protected]
24
2�
25
2. USINAS
O levantamento de informações com as usinas na safra 2012/13 manteve o objetivo de
coletar dados confiáveis, adequados às especificações dos questionários de pesquisa e livre de
vieses. O processo de coleta de dados foi realizado à distância com o intenso uso do Portal de
Informações Sucroenergéticas, canal por onde os dados foram submetidos pelas usinas,
automaticamente pré-avaliados considerando históricos de resultado, para, em seguida, serem
analisados pelos pesquisadores do PECEGE e confirmados com as usinas.
É fundamental destacar que cada pesquisador do PECEGE foi responsável pelo
relacionamento com um grupo de participantes da pesquisa, estabelecendo com eles um cronograma
de atividades, esclarecendo dúvidas, analisando e interpretando todas as informações preenchidas de
cada questionário antes que esses fossem agrupados no banco de dados do Portal Sucroenergético.
Esse banco de dados, em seguida, foi tratado estatisticamente para a compilação dos resultados
médios regionais. A organização de atividades centrada em cada pesquisador manteve o controle de
qualidade e confiabilidade sobre as informações da pesquisa. No levantamento da safra 2012/13,
todos os questionários que atingiram nível excelente na qualidade de preenchimento foram
utilizados para o desenvolvimento de resultados detalhados sobre os custos de cada usina. Dessa
forma, além desse relatório e dos indicadores de benchmarking, cada empresa com tal nível de
participação receberá um relatório de análise individual sobre sua empresa, disponível no portal.
Na safra 2012/13, todas as usinas brasileiras foram convidadas a participar da pesquisa.
Como resultado, 98 usinas, responsáveis pelo processamento de 194 milhões de toneladas de cana,
ou seja, um terço da produção nacional, preencheram os questionários da pesquisa de custos. Dois
terços dos pesquisados disponibilizaram detalhamentos completos de informações agroindustriais. A
Tabela 1 apresenta a distribuição regional e representatividade da produção e número de empresas
participantes, enquanto a Figura 1 apresenta a distribuição das respostas por subdivisão das regiões
analisadas. Destaca-se a importante contribuição institucional dos sindicatos estaduais da indústria
de açúcar e etanol para promoção da pesquisa.
2�
26
Tabela 1 – Comparativo da amostra da pesquisa e a população pesquisada REGIÃO MOAGEM (mil toneladas) USINAS (quantidade)
AMOSTRA POPULAÇÃO¹ % AMOSTRA POPULAÇÃO² % Tradicional 119.644 371.103 32,2% 55 197 27,9% Expansão 59.296 162.008 36,6% 30 111 27,0% Nordeste 14.937 55.367 27,0% 13 79 16,5% TOTAL 193.877 588.478 32,9% 98 387 25,3%
Fonte: Elaborado pelos autores com base em ¹UNICA (2013), ²MAPA (2013)
Figura 1 – Distribuição das usinas participantes da pesquisa por sub-região analisada
2.1. Metodologia de cálculo dos custos
A cada pesquisa da série de levantamentos de custos realizados pelo PECEGE, a
metodologia de cálculo é aprimorada com o objetivo de representar com mais qualidade e
objetividade os critérios e padrões de detalhamento de custos utilizados pelas empresas do setor. As
modificações influenciaram tanto a forma de aplicação (questionários) quanto à forma de cálculo
dos custos de produção. As principais alterações realizadas no levantamento atual foram:
GO13%
PR10%
MG9%
AL7%
MS6%
PE3%
MT2%
PB2%
ES1%
Araçatuba14%
Sertãozinho9%
Jaú8%
Catanduva7%
Piracicaba4%
Assis3%
SP46%
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Tabela 1 – Comparativo da amostra da pesquisa e a população pesquisada REGIÃO MOAGEM (mil toneladas) USINAS (quantidade)
AMOSTRA POPULAÇÃO¹ % AMOSTRA POPULAÇÃO² % Tradicional 119.644 371.103 32,2% 55 197 27,9% Expansão 59.296 162.008 36,6% 30 111 27,0% Nordeste 14.937 55.367 27,0% 13 79 16,5% TOTAL 193.877 588.478 32,9% 98 387 25,3%
Fonte: Elaborado pelos autores com base em ¹UNICA (2013), ²MAPA (2013)
Figura 1 – Distribuição das usinas participantes da pesquisa por sub-região analisada
2.1. Metodologia de cálculo dos custos
A cada pesquisa da série de levantamentos de custos realizados pelo PECEGE, a
metodologia de cálculo é aprimorada com o objetivo de representar com mais qualidade e
objetividade os critérios e padrões de detalhamento de custos utilizados pelas empresas do setor. As
modificações influenciaram tanto a forma de aplicação (questionários) quanto à forma de cálculo
dos custos de produção. As principais alterações realizadas no levantamento atual foram:
GO13%
PR10%
MG9%
AL7%
MS6%
PE3%
MT2%
PB2%
ES1%
Araçatuba14%
Sertãozinho9%
Jaú8%
Catanduva7%
Piracicaba4%
Assis3%
SP46%
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a) Os custos de formação do canavial passaram a ser coletados como um indicador agregado, ou
seja, deixou-se de realizar a coleta de custos das operações de preparo de solo, plantio e tratos
culturais da cana-planta com o objetivo de simplificar o preenchimento dos questionários.
b) Os questionários de custos agrícolas passaram a utilizar detalhamento qualitativo e quantitativo
com objetivo de validar as informações de custos das operações agrícolas. Especificamente os
valores de cada fator ou conta de composição dos custos de mecanização agrícola e mão-de-
obra rurícola foram detalhados. Além disso, especificaram-se explicitamente os custos de
mudas utilizados no plantio de formação do canavial. Por fim, criou-se um detalhamento sobre a
participação da utilização dos serviços terceirizados de máquinas nas operações agrícolas.
c) Os questionários de coleta de dados de custos administrativos agrícolas e industriais foram
divididos em detalhamentos explícitos de materiais e serviços com objetivo de dar mais
especificidade a coleta de dados e, dessa forma, reduzir os desvios dos dados coletados.
d) Para definição dos dados de entrada dos modelos de cálculo de custos agroindustriais criou-se
um relação direta de equilíbrio entre a capacidade de processamento industrial e a capacidade de
produção agrícola. A capacidade de produção agrícola foi definida, por premissa, como valores
de área de produção de cana própria próximos a 24.000, 20.000 e 13.000 hectares nas regiões
Centro-Sul Expansão, Tradicional e Nordeste, respectivamente. A relação de equilíbrio entre a
capacidade de produção industrial e a capacidade de produção agrícola foi dada pela equação 1,
na qual, o valor de horas de moagem é a variável ajustada de forma ao resultado da função
convergisse para os valores de área de produção de cana própria definido por premissa.
(1)
e) Os indicadores de custos e de produção utilizados nos modelos regionais foram calculados
como média ponderada ou moda das observações informadas pelas usinas entrevistadas. Os
critérios de ponderação mais recorrentes para cálculos dos indicadores foram: moagem,
produção de cana própria e áreas de produção. Foram usados todos os dados validados pelos
pesquisadores do PECEGE/CNA com as usinas, ou seja, foi feita a remoção de valores outliers
apenas nos casos de valores discrepantes que não puderam ser confirmados em entrevistas.
28
28
2.1.1. Cálculo do custo de produção industrial (açúcar e etanol)
O cálculo dos custos de produção agroindustriais seguem os procedimentos metodológicos
desenvolvidos e descritos nos relatórios dessa série de pesquisa. As definições e premissas
fundamentais reiteradas nesse relatório são:
a) O Custo Operacional Efetivo (COE) refere-se à quantidade monetária efetivamente
desembolsada nas atividades de produção direta ao longo da safra, enquanto o Custo
Operacional Total (COT) incorpora a esses custos as estimativas de custos de depreciações e o
Custo Total (CT) adiciona custos de remuneração do capital e terra investidos na atividade de
produção. Reitera-se que os custos de formação de canavial são classificados como
investimentos depreciáveis a cada ano, ou seja, entram como componente de depreciação.
b) Para alocação dos custos de processamento agroindustrial da cana-de-açúcar para a formação de
custos do açúcar (cristal ou VHP) ou do etanol (anidro ou hidratado) adotou-se o critério de
rateio de custos de acordo com o percentual de Açúcares Redutores Totais – ART utilizados por
cada produto. Os fatores de transformação definidos para a produção de uma unidade (t açúcar
ou m³ de etanol) foram: açúcar branco 1,0474 t de ATR (Nordeste) e 1,0495 (Centro-Sul),
açúcar VHP 1,0442 t de ATR (Nordeste) e 1,0453 (Centro-Sul), etanol anidro 1,5357 t de ATR e
etanol hidratado 1,4575 t de ATR. Para cálculo da produtividade industrial da cana, aos fatores
de transformação se adicionam as perdas industriais e rendimentos de fermentação e destilação.
c) O valor de investimento industriais adotado foi de R$ 135,00 por tonelada de capacidade de
processamento industrial. Para estimativa de depreciação se utiliza o critério da depreciação
linear. A taxa real de juro considerada para custos de oportunidade é de 6% ao ano. O custo de
oportunidade da terra é definido pelos custos de arrendamento.
d) O custo de produção por unidade de produto, isto é, reais gastos em cada tonelada de açúcar
produzida ou R$/m³ de etanol, é estimado utilizando a equação 2:
(2)
Os indicadores de custos: cana de fornecedores e os custos de embalagem dos produtos
industriais são exceções que não podem utilizar o critério de transformação apresentado. Para
resolver a primeira exceção se calcula um preço pago pela cana diferente para cada produto
produzido. Já o custo de embalagem é calculado dividindo a equação 2 pelo mix de produção de
açúcar branco, e a definição de custos de embalagem nulos para os demais produtos.
2�
29
2.2. Indicadores Técnicos de Produção
Os principais indicadores técnicos agroindustriais necessários para a definição das premissas
dos cálculos de custos agrícolas das usinas são listados na Tabela 2, enquanto a Tabela 3 apresenta
os principais indicadores industriais.
Na safra 2012/13, os indicadores técnicos que causaram maior impacto para a variação dos
custos de produção foram o preço do ATR e produtividade da cana. Os preços do ATR caíram em
aproximadamente 9% na região Tradicional e Expansão, enquanto caiu em 2% na região Nordeste.
Já a produtividade da cana caiu em 14% no Nordeste, e cresceu em 5% na região Expansão e 9%
região Tradicional. Os ganhos de produtividade no Centro-Sul contribuíram para elevação
proporcional no nível de utilização da capacidade de processamento de cana, mas causam queda na
região Nordeste, a qual, pelo lado positivo observou aumento de 5% no teor de ATR médio da cana.
Tabela 2 – Principais indicadores de produção agrícola usina no modelo de custos das usinas regiões Centro-Sul Tradicional, Centro-Sul Expansão e Nordeste.
Descrição Regiões
Tradicional Expansão Nordeste Área de produção estimada¹ (ha) 19.992 23.999 12.995 Porcentagem de área colhida² na safra 90,1% 91,1% 91,5% Porcentagem de área plantada² na safra 18,0% 18,2% 18,3% Área Arrendada (ha) 56,3% 59,0% 32,6% Produtividade (t/ha) 76,12 71,93 53,39 Participação de Cana Própria³ 63,3% 76,0% 63,0% Processamento total de cana (t) 2.165.000 2.070.000 1.008.000 Número de cortes antes do replantio do canavial 5 5 5 Participação de cana de ano e meio 55% 49% 46% Participação de colheita mecanizada 79% 93% 13% Participação de plantio mecanizado 55% 81% 0% Utilização de mudas no plantio (t/ha) 15,4 17,6 13,3 ATR cana processada (kg/t) 133,11 134,61 135,41 ATR cana fornecedor (kg/t) 136,63 135,78 137,46 ATR padrão (kg/t cana) 121,97 121,97 114,09 Preço do ATR (R$/kg) 0,4853 0,4743 0,5531 Valor do Arrendamento (t/ha/ano) 18,9 11,8 7,7 Preço do arrendamento (R$/ha ano) 1.121,06 682,01 500,54
¹ Vide equação 1 ² Área teórica para manutenção da área do canavial em equilíbrio ³ Valor definido por premissa baseada em valores médios do histórico de pesquisas do PECEGE
�0
30
Tabela 3 – Principais indicadores de produção industrial utilizados nos modelos de custos.
Descrição Região
Tradicional Expansão Nordeste Nível de utilização da capacidade instalada 90,2% 86,3% 84,0%
Perdas industriais Perdas industriais comuns 7,8% 7,6% 9,8% Rendimento de fermentação 89,9% 90,0% 87,2% Rendimento de destilação 99,7% 99,7% 99,2%
Produtividade industrial¹ Açúcar branco (kg/t cana) 127,8 129,5 131,0 VHP (kg/t cana) 128,3 130,0 131,4 Etanol anidro (L/t cana) 78,3 79,4 77,2 Etanol hidratado (L/t cana) 82,5 83,7 81,4 Produção eletricidade (kWh/t)² 45,90 58,50 34,20
Mix Produção Açúcar 53,9% 32,4% 67,1% Branco 28,7% 34,3% 32,8% VHP 71,3% 65,7% 67,2% Etanol 46,1% 67,6% 32,9% Anidro 52,1% 41,1% 64,8% Hidratado 47,9% 58,9% 35,2% ¹ A produtividade industrial considerada é exclusiva, ou seja, a cana é usada para produção de apenas um produto ² Não é usado nos modelos de custos, é apenas indicador descritivo.
A Figura 2 apresenta um resumo dos níveis de produtividade agroindustrial do etanol
hidratado dentro da amostra da pesquisa. A dispersão dos valores de produtividade agroindustrial
apresentou amplitude de 157%, e coeficiente de variação da produtividade agroindustrial de 23%. A
usina com maior produtividade agroindustrial produziu 9,1 m³ de etanol hidratado para cada hectare
de cana colhido, enquanto a usina com menor produtividade produziu 3,5 m³/ha. Ambas as usinas se
localizam na região de Expansão. Entretanto a distribuição dos níveis de produtividade
agroindustrial das usinas é muito semelhante na região Tradicional e Expansão. No Nordeste, todas
as usinas tiveram classificação de produtividade agroindustrial muito baixa. Isso destaca, pelo
aspecto positivo, o potencial de convergência para práticas de produção mais eficientes, e,
consequentemente, custos menores. Pelo aspecto negativo, as empresas classificadas como de
produtividade agroindustrial muito baixa, podem sofrer dificuldades para continuidade no negócio.
��
31
Ressalta-se que a avaliação do indicador de produtividade agroindustrial do etanol hidratado
medido em m³/ha é uma forma simplificada de destacar os diferentes níveis de competitividade dos
custos das empresas do setor, uma vez que se resume em um único indicador, a produtividade do
produto mais comum do setor, a produtividade agrícola, teor de qualidade da cana e as perdas
industriais. Em média, a quantidade de etanol produzida por hectare de canavial colhido cresceu em
6,8% na região Tradicional e 5,3% na região de Expansão, e caiu 9,6% no Nordeste.
Figura 2 – Distribuição da produtividade agroindustrial do etanol hidratado na safra 2012/13
2.2.1. Estimativa de preço da cana do fornecedor para cada perfil de produção
Os preços pagos pela cana na safra 2012/13 por produto são apresentados na Tabela 4. Esses
preços foram calculados seguindo os mesmos procedimentos destacados em PECEGE (2012).
Tabela 4 – Preço pago pela cana (em R$/t) conforme sua alocação de produção e região.
Descrição Região
Tradicional Expansão Nordeste
Preço da cana para açúcar branco 69,85 70,54 76,03
Preço da cana para açúcar VHP 71,81 74,41 76,03
Preço da cana para Anidro 62,76 63,42 76,03
Preço da cana para Hidratado 58,10 58,05 76,03
ALTA : ↑ 7 m³/ha
18% das usinas 62% Tradicional 38% Expansão
REGULAR: entre 6 e 7 m³/ha
30% das usinas 59% Tradicional
41% Expansão
BAIXA: entre 5 e 6 m³/ha
28% das usinas 55% Tradicional 45% Expansão
MUITO BAIXA: ↓5 m³/ha
24% das usinas 41% Tradicional 29% Expansão 29% Nordeste
�2
32
2.3. Custos de Produção Agroindustrial
Os resultados dos custos agroindustriais das usinas são apresentados em duas partes:
primeiramente, são detalhados os custos de produção do departamento agrícola da usina, ou seja, os
custos de produção de cana própria e, em seguida, é feito o detalhamento dos custos agroindustriais
agregados em tonelada de cana e por produto final.
2.3.1. Custos de Produção Agrícola
A Tabela 5 apresenta os resultados finais de custos de cana-de-açúcar produzidos pela
própria usina, desagregando os principais grupos de custos constituintes do COE, COT e CT das três
regiões produtoras para a safra analisada.
Tabela 5 – Custos de produção de cana-de-açúcar de usinas das regiões Centro-Sul Tradicional, Centro-Sul Expansão e Nordeste para o fechamento da safra 2012/13.
Descrição Regiões
Tradicional Expansão Nordeste R$/t R$/ha R$/t R$/ha R$/t R$/ha
Mecanização 23,53 1.790,93 24,79 1.783,38 17,73 946,47 Mão de obra 5,31 403,82 4,01 288,43 22,15 1.182,43 Insumos 6,39 486,31 8,20 589,64 8,70 464,60 Arrendamentos 9,21 700,82 6,14 441,74 3,26 174,15 Despesas administrativas 3,75 285,49 3,78 271,85 6,01 320,81 Custo Operacional Efetivo (COE) 48,18 3.667,37 46,92 3.375,05 57,85 3.088,46 Depreciações 18,39 1.399,64 20,61 1.482,31 24,23 1.293,66
Formação do Canavial 14,65 1.115,18 17,09 1.229,26 21,08 1.125,70 Máquinas 3,29 250,30 3,18 229,00 1,73 92,25 Benfeitorias 0,29 22,27 0,17 12,22 0,66 35,22 Irrigação 0,16 11,88 0,16 11,83 0,76 40,49
Custo Operacional Total (COT) 66,57 5.067,01 67,53 4.857,36 82,08 4.382,12 Remuneração da Terra 7,15 544,02 4,26 306,61 6,73 359,51 Remuneração do Capital 7,01 533,80 7,57 544,18 8,73 466,21
Formação do Canavial 4,59 349,76 5,35 385,02 6,45 344,30 Máquinas e implementos 1,97 150,18 1,91 137,40 1,04 55,35 Benfeitorias 0,35 26,72 0,20 14,66 0,79 42,27 Irrigação/Fertirrigação 0,09 7,13 0,10 7,10 0,45 24,29
Custo Total (CT) 80,73 6.144,82 79,36 5.708,15 97,54 5.207,84
��
33
O custo total para a produção de cana-de-açúcar aumentou em relação à safra anterior em
todas as regiões pesquisadas. No Centro-Sul, mesmo o aumento da produtividade agrícola, não
conteve o crescimento do custo total de produção de cana, em função do impacto do aumento de
custo dos itens “formação do canavial” e “insumos”. O aumento do item “insumo” reflete os
aumentos dos custos nos tratos culturais da soqueira de cana. As magnitudes de variação de custos
destacam que além do aumento de preços, a safra 2012/13 contou também com aumento de
quantidades de insumos utilizadas com objetivo de recuperar os níveis de produtividade agrícola
para valores mais próximos aos seus valores médios históricos.
Mesmo com a redução dos preços de ATR e, consequentemente, dos custos de
“arrendamentos” e “remuneração da terra”, esses itens permaneceram como fatores de produção
relevantes. Na região Tradicional o custo com terra só foi menor que o item “mecanização”. A
“mecanização” representou cerca de 50% do COE na região Centro-Sul e 30% no Nordeste.
Arrendamentos e remuneração das terras próprias permaneceram como o principal fator de
diferenciação entre as regiões Tradicional e Expansão. Além disso, na safra atual destacou-se o
descolamento dos custos com “insumos” e “formação do canavial” entre região Expansão e
Tradicional. Na primeira região esses custos foram 28% e 16% maiores que na segunda destacando
o impacto da menor produtividade na região de Expansão, assim como, os maiores desafios para
consolidação e manutenção dos canaviais em áreas de produção mais novas.
Destaque deve ser dado as difíceis condições de produção agrícola da região Nordeste na
safra 2012/13 em função de problemas climáticos. Mesmo com a manutenção de bons preços do
ATR e melhor teor de ATR, as perdas econômicas chegaram a R$ 22,64 por tonelada de cana
produzida e o CT da cana ficou próximo a R$ 100/t. Mesmo o COT foi quase 10% superior ao preço
potencial da cana. A redução de produtividade agrícola evidenciou as dificuldades enfrentadas em se
diluir custos fixos em menores escalas de produção. Itens como “despesas administrativas” assim
como depreciação e remuneração de “formação do canavial”, “máquinas” e “benfeitorias” tiveram
variações de custos consideráveis. Além disso, chamou a atenção o forte aumento de 33% dos custos
do item “mecanização”, ou seja, 17 pontos percentuais acima da variação de produtividade agrícola.
Essa variação destaca o processo de substituição de mão-de-obra por máquinas agrícolas que tem
ocorrido no sistema de produção da região Nordeste em função das restrições de oferta de mão-de-
obra.
�4
34
Os custos totais de produção de cana-de-açúcar da usina típica de todas as regiões foram
superiores ao preço potencial pago pela cana, caso esta fosse remunerada pela respectiva quantidade
e preço do ATR (Figura 7) Isto é, para as usinas, a aquisição de cana foi uma atividade
economicamente mais atraente do que a sua produção.
* RT – Remuneração da terra; RC – Remuneração do capital; DEP – Depreciações; COE; CT – Custo total Figura 3 – Comparativo entre o custo de produção da cana própria e seu preço potencial
Outra forma de apresentar os resultados de custos discutidos até então é organizá-los em
função dos custos por estágio de produção agrícola, destacados nas Figuras 4 a 6. Esse padrão de
apresentação de resultados contribui para facilitar o processo de comunicação e análise dos
resultados dessa pesquisa ao destacar indicadores operacionais corriqueiramente utilizados no setor.
Destacaram-se os sensíveis aumentos dos custos de formação do canavial e tratos de cana
soqueira em todas as regiões. Na região Expansão, particularmente, esses aumentos de 36% e 26%,
respectivamente. Como se atingiu melhor confiabilidade do dado coletado com as usinas na safra
2012/13, os resultados das entrevistas qualitativas com os participantes do levantamento, é que,
além da importante variação de preços, forma corrigidos eventuais erros de sub-declaração de custos
de safras anteriores. Itens importantes nessa correção foram, por exemplo, custos das mudas,
aplicação de vinhaça, transporte e compostagem da torta de filtro, custos com oficinas mecânicas,
Tradicional Expansão Nordeste RT+RC 14,16 11,83 15,47 DEP 18,39 20,61 24,23 COE 48,18 46,92 57,85 Preço "potencial" 64,59 63,85 74,90 CT 80,73 79,36 97,54
0
20
40
60
80
100
120
R$/
t
COE DEP RT+RC Preço "potencial" CT
��
35
custos com construção e conservação de estradas, custos com sistematização de nova área de
canavial e apoio de campo as operações agrícola.
Em relação aos custos com fornecedores os custos dos estágios agrícolas das usinas são
significativamente mais alto devido as seguintes operações adicionais em cada estágio:
a) Formação do canavial: maiores custos na sistematização de terrenos, conservação de
estradas, dessecação de áreas para plantio, transporte e aplicação de torta de filtro e
vinhaça, assim como maior custo com CCT de mudas, aplicação de herbicidas e
maturadores nos tratos culturais de cana planta;
b) Tratos de cana soca: essencialmente são a aplicação de vinhaça que, geralmente, não é
utilizada por fornecedores, assim como maiores custos com cultivo em função,
principalmente, do maior uso de CCT mecanizado;
c) CCT: em geral as usinas fornecem os serviços de CCT aos fornecedores a preços fixados
e, geralmente, negociados de evitar oscilações drásticas de valores.
A variabilidade das informações de custos de cada estágio foi bastante alta, o desvio padrão
do custo de formação de canavial ficou próximo a R$ 850 por hectare em todas as regiões
analisadas. Nos tratos de cana soca, a variabilidade também foi alta e o desvio padrão da amostra foi
de cerca de R$ 250 em todas as regiões. O CCT, por outro lado, foi o indicador mais estável, com
15% de coeficiente de variação da amostra em cada região. Além disso, em função do aumento de
produtividade e a curva de aprendizado da colheita mecanizada, deixou de ser o vilão para os
aumentos de custos na safra atual uma vez que seus custos permaneceram praticamente estáveis no
Centro-Sul e crescerem de maneira razoável no Nordeste. É importante destacar que a percepção
cada vez mais comum da relação direta entre CCT competitivo e custos de formação do canavial
mais altos. Essa percepção é cada vez mais clara no Centro-Sul quando se observa que a
participação de cana de usinas colhida mecanicamente passou de 40% no primeiro levantamento de
custos do PECEGE, 6 safras atrás, para aproximadamente 85% no levantamento atual. Algumas
usinas sugeriram que a metodologia de cálculo de custos dessa pesquisa passasse a considerar
operações agrícolas como de sistematização de terrenos, construção e conservação de estradas e
carreadores como custos de investimentos, uma vez que são cuidados operacionais realizados com o
objetivo direto de permitir operações de CCT mais eficientes. Por ora as metodologias de cálculos
de custos de formação do canavial se mantém as mesmas descritas em Marques (2009).
��
36
Modelo agrícola da usina na região Centro-Sul Tradicional
Figura 4 – Fluxograma de custos de produção de cana própria por estágio e item de custo, para as usinas da região Centro-Sul Tradicional, na safra 2012/13. * Refere-se ao custo por hectare colhido ** O custo de depreciação não é totalmente utilizado no cálculo do COT e CT feito via custos de operações, uma vez que os custos de depreciação de máquinas e implementos já constituem parte dos custos de operações.
R$/ha* R$/ha cultivado
Formação do Canavial 1.165,87 5.829,36
%
Mecanização 43%
Mão de obra 17%
Insumos 40%
R$/ha* R$/ha cultivado
Tratos cana soca 961,20 1.201,50
%
Mecanização 36%
Mão de obra 13%
Insumos 51%
R$/t R$/ha* CCT 25,22 1.919,48
% Mecanização 86%
Mão de obra 14%
R$/t R$/ha*
Arrendamento 9,21 700,82
R$/t R$/ha*
Custos Administrativos 3,75 285,49
R$/t R$/ha*
Depreciação** 3,74 284,46
Máquinas e Implementos** 3,29 250,30
Benfeitorias 0,29 22,27
Irrigação / Fertirrigação 0,16 11,88
R$/t R$/ha*
Remune. Capital e da Terra 14,16 1.077,82
Remuneração Área Própria 7,15 544,02
Lavoura Fundada 4,59 349,76
Máquinas e Implementos 1,97 150,18
Benfeitorias 0,35 26,72
Irrigação / Fertirrigação 0,09 7,13Custo Operacional Total (COT) 66,57 5.067,01
Custo Total (CT) 80,73 6.144,82
36
Modelo agrícola da usina na região Centro-Sul Tradicional
Figura 4 – Fluxograma de custos de produção de cana própria por estágio e item de custo, para as usinas da região Centro-Sul Tradicional, na safra 2012/13. *O custo por hectare refere-se ao custo total dividido pela área de hectare colhido ** O custo de depreciação não é totalmente utilizado no cálculo do COT e CT feito via custos de operações, uma vez que os custos de depreciação de máquinas e implementos já constituem parte dos custos de operações.
R$/ha* R$/ha cultivado
Formação do Canavial 1.165,87 5.829,36
%
Mecanização 43%
Mão de obra 17%
Insumos 40%
R$/ha* R$/ha cultivado
Tratos cana soca 961,20 1.201,50
%
Mecanização 36%
Mão de obra 13%
Insumos 51%
R$/t R$/ha* CCT 25,22 1.919,48
% Mecanização 86%
Mão de obra 14%
R$/t R$/ha*
Arrendamento 9,21 700,82
R$/t R$/ha*
Custos Administrativos 3,75 285,49
R$/t R$/ha*
Depreciação** 3,74 284,46
Máquinas e Implementos** 3,29 250,30
Benfeitorias 0,29 22,27
Irrigação / Fertirrigação 0,16 11,88
R$/t R$/ha*
Remune. Capital e da Terra 14,16 1.077,82
Remuneração Área Própria 7,15 544,02
Lavoura Fundada 4,59 349,76
Máquinas e Implementos 1,97 150,18
Benfeitorias 0,35 26,72
Irrigação / Fertirrigação 0,09 7,13Custo Operacional Total (COT) 66,57 5.067,01
Custo Total (CT) 80,73 6.144,82
��
37
Modelo agrícola da usina na região Centro-Sul Expansão
Figura 5 – Fluxograma de custos de produção de cana própria por estágio e item de custo, para as usinas da região Centro-Sul Expansão na safra 2012/13. * Refere-se ao custo por hectare colhido ** O custo de depreciação não é totalmente utilizado no cálculo do COT e CT feito via custos de operações, uma vez que os custos de depreciação de máquinas e implementos já constituem parte dos custos de operações.
R$/ha* R$/ha cultivado
Formação do Canavial 1.283,40 6.416,98
%
Mecanização 47%
Mão de obra 13%
Insumos 40%
R$/ha* R$/ha cultivado
Tratos cana soca 1.090,47 1.363,08
%
Mecanização 37%
Mão de obra 9%
Insumos 54%
R$/t R$/ha* CCT 24,27 1.745,85
% Mecanização 89%
Mão de obra 11%
R$/t R$/ha*
Arrendamento 6,14 441,74
R$/t R$/ha*
Custos Administrativos 3,78 271,85
R$/t R$/ha*
Depreciação** 3,52 253,05
Máquinas e Implementos** 3,18 229,00
Benfeitorias 0,17 12,21
Irrigação / Fertirrigação 0,16 11,83
R$/t R$/ha*
Remune. Capital e da Terra 11,83 850,79
Remuneração Área Própria 4,26 306,61
Lavoura Fundada 5,35 385,02
Máquinas e Implementos 1,91 137,40
Benfeitorias 0,20 14,66
Irrigação / Fertirrigação 0,10 7,10Custo Operacional Total (COT) 67,53 4.857,36
Custo Total (CT) 79,36 5.708,15
37
Modelo agrícola da usina na região Centro-Sul Expansão
Figura 5 – Fluxograma de custos de produção de cana própria por estágio e item de custo, para as usinas da região Centro-Sul Expansão na safra 2012/13. *O custo por hectare refere-se ao custo total dividido pela área de hectare colhido ** O custo de depreciação não é totalmente utilizado no cálculo do COT e CT feito via custos de operações, uma vez que os custos de depreciação de máquinas e implementos já constituem parte dos custos de operações.
R$/ha* R$/ha cultivado
Formação do Canavial 1.283,40 6.416,98
%
Mecanização 47%
Mão de obra 13%
Insumos 40%
R$/ha* R$/ha cultivado
Tratos cana soca 1.090,47 1.363,08
%
Mecanização 37%
Mão de obra 9%
Insumos 54%
R$/t R$/ha* CCT 24,27 1.745,85
% Mecanização 89%
Mão de obra 11%
R$/t R$/ha*
Arrendamento 6,14 441,74
R$/t R$/ha*
Custos Administrativos 3,78 271,85
R$/t R$/ha*
Depreciação** 3,52 253,05
Máquinas e Implementos** 3,18 229,00
Benfeitorias 0,17 12,21
Irrigação / Fertirrigação 0,16 11,83
R$/t R$/ha*
Remune. Capital e da Terra 11,83 850,79
Remuneração Área Própria 4,26 306,61
Lavoura Fundada 5,35 385,02
Máquinas e Implementos 1,91 137,40
Benfeitorias 0,20 14,66
Irrigação / Fertirrigação 0,10 7,10Custo Operacional Total (COT) 67,53 4.857,36
Custo Total (CT) 79,36 5.708,15
�8
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Modelo agrícola da usina na região Nordeste
Figura 6 – Fluxograma de custos de produção de cana própria por estágio e item de custo, para as usinas da região Nordeste na safra 2012/13. * Refere-se ao custo por hectare colhido ** O custo de depreciação não é totalmente utilizado no cálculo do COT e CT feito via custos de operações, uma vez que os custos de depreciação de máquinas e implementos já constituem parte dos custos de operações.
R$/ha* R$/ha cultivado
Formação do Canavial 1.147,68 5.738,40
%
Mecanização 28%
Mão de obra 28%
Insumos 44%
R$/ha* R$/ha cultivado
Tratos cana soca 1.062,03 1.327,54
%
Mecanização 28%
Mão de obra 28%
Insumos 44%
R$/t R$/ha* CCT 30,00 1.601,75
% Mecanização 45%
Mão de obra 55%
R$/t R$/ha*
Arrendamento 3,26 174,15
R$/t R$/ha*
Custos Administrativos 6,01 320,81
R$/t R$/ha*
Depreciação** 3,15 167,96
Máquinas e Implementos** 1,73 92,25
Benfeitorias 0,66 35,22
Irrigação / Fertirrigação 0,76 40,49
R$/t R$/ha*
Remune. Capital e da Terra 15,47 825,72
Remuneração Área Própria 6,73 359,51
Lavoura Fundada 6,45 344,30
Máquinas e Implementos 1,04 55,35
Benfeitorias 0,79 42,27
Irrigação / Fertirrigação 0,45 24,29Custo Operacional Total (COT) 82,08 4.382,12
Custo Total (CT) 97,54 5.207,84
38
Modelo agrícola da usina na região Nordeste
Figura 6 – Fluxograma de custos de produção de cana própria por estágio e item de custo, para as usinas da região Nordeste na safra 2012/13. *O custo por hectare refere-se ao custo total dividido pela área de hectare colhido ** O custo de depreciação não é totalmente utilizado no cálculo do COT e CT feito via custos de operações, uma vez que os custos de depreciação de máquinas e implementos já constituem parte dos custos de operações.
R$/ha* R$/ha cultivado
Formação do Canavial 1.147,68 5.738,40
%
Mecanização 28%
Mão de obra 28%
Insumos 44%
R$/ha* R$/ha cultivado
Tratos cana soca 1.062,03 1.327,54
%
Mecanização 28%
Mão de obra 28%
Insumos 44%
R$/t R$/ha* CCT 30,00 1.601,75
% Mecanização 45%
Mão de obra 55%
R$/t R$/ha*
Arrendamento 3,26 174,15
R$/t R$/ha*
Custos Administrativos 6,01 320,81
R$/t R$/ha*
Depreciação** 3,15 167,96
Máquinas e Implementos** 1,73 92,25
Benfeitorias 0,66 35,22
Irrigação / Fertirrigação 0,76 40,49
R$/t R$/ha*
Remune. Capital e da Terra 15,47 825,72
Remuneração Área Própria 6,73 359,51
Lavoura Fundada 6,45 344,30
Máquinas e Implementos 1,04 55,35
Benfeitorias 0,79 42,27
Irrigação / Fertirrigação 0,45 24,29Custo Operacional Total (COT) 82,08 4.382,12
Custo Total (CT) 97,54 5.207,84
38
Modelo agrícola da usina na região Nordeste
Figura 6 – Fluxograma de custos de produção de cana própria por estágio e item de custo, para as usinas da região Nordeste na safra 2012/13. *O custo por hectare refere-se ao custo total dividido pela área de hectare colhido ** O custo de depreciação não é totalmente utilizado no cálculo do COT e CT feito via custos de operações, uma vez que os custos de depreciação de máquinas e implementos já constituem parte dos custos de operações.
R$/ha* R$/ha cultivado
Formação do Canavial 1.147,68 5.738,40
%
Mecanização 28%
Mão de obra 28%
Insumos 44%
R$/ha* R$/ha cultivado
Tratos cana soca 1.062,03 1.327,54
%
Mecanização 28%
Mão de obra 28%
Insumos 44%
R$/t R$/ha* CCT 30,00 1.601,75
% Mecanização 45%
Mão de obra 55%
R$/t R$/ha*
Arrendamento 3,26 174,15
R$/t R$/ha*
Custos Administrativos 6,01 320,81
R$/t R$/ha*
Depreciação** 3,15 167,96
Máquinas e Implementos** 1,73 92,25
Benfeitorias 0,66 35,22
Irrigação / Fertirrigação 0,76 40,49
R$/t R$/ha*
Remune. Capital e da Terra 15,47 825,72
Remuneração Área Própria 6,73 359,51
Lavoura Fundada 6,45 344,30
Máquinas e Implementos 1,04 55,35
Benfeitorias 0,79 42,27
Irrigação / Fertirrigação 0,45 24,29Custo Operacional Total (COT) 82,08 4.382,12
Custo Total (CT) 97,54 5.207,84
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39
2.3.2. Custos Agroindustriais
Os resultados dos custos regionais agroindustriais serão inicialmente apresentados em função
dos custos por tonelada de cana e, em seguida, por tonelada de açúcar ou metro cúbico de etanol.
A Tabela 6 apresenta os resultados do custo de processamento agroindustrial da cana de
cana-de-açúcar na última safra. Na região Centro-Sul as variações de custos foram mínimas e
seguiram um equilíbrio de aumento produtividade agroindustrial balanceado por aumento de preços
dos fatores de produção. Exceto por mão-de-obra e administração industrial, todos os demais itens
de custos industrial e administrativo sofreram redução de custos. No Nordeste, em função da queda
de produtividade, a observação foi o contrário, ou seja, todos os itens de custos subiram já que tanto
produtividade como preços dos fatores induzirem a essa tendência. Na região Tradicional, inclusive
o custo médio da matéria-prima caiu, em razão da queda dos preços do ATR observados na safra.
Tabela 6 – Custo de produção agroindustrial de processamento da cana (R$/t), por região
Descrição Região
Tradicional Expansão Nordeste Custo Agrícola 75,43 75,77 89,58 COE 54,83 51,12 64,57 cana de fornecedores 24,33 15,46 28,13 COE cana própria 30,50 35,66 36,44 Depreciações 11,64 15,66 15,26 Remuneração do capital e terra 8,96 8,99 9,74 Custo Industrial 26,93 27,72 30,89 Operação industrial (COE) 13,96 14,16 16,96 Mão de obra 5,17 5,18 5,90 Insumos 2,43 2,52 4,51 Químico 1,28 1,35 2,06 Diversos¹ 0,82 0,74 1,39 Embalagem 0,33 0,43 1,06 Manutenção. 5,10 5,32 5,60 Administração 1,26 1,14 0,95 Depreciação 3,99 4,17 4,29 Custo de remuneração do Capital 8,98 9,39 9,64 Custo Administrativo 7,30 7,25 7,96 Mão de obra 3,69 3,40 3,96 Insumos e serviços 2,49 2,24 3,66 Capital de giro 1,12 1,61 0,34 Custo Total 109,66 110,74 128,43
¹ Agrupamento dos itens de custos com eletrodos de preparo e extração, combustíveis, lubrificantes e eletricidade.
40
40
A alocação dos custos de produção agroindustriais considerando seus principais fatores de
formação de custos é mostrada na Tabela 7. O fator “cana” refere-se aos custos com aquisição de
cana dos fornecedores; os fatores “maquinário” e “manutenção de serviços de reparo” referem-se às
despesas com peças, insumos (incluindo diesel no caso agrícola), serviços (incluindo custos com
operadores das máquinas agrícolas) de manutenção e reparo de máquinas agrícolas e industriais
assim como itens de depreciação de máquinas e equipamentos agrícolas e da instalação industrial. O
fator “mão de obra” se refere a todos os gastos com salários diretos e indiretos, exceto os salários
dos operadores de máquinas agrícolas, enquanto que o fator “terra” inclui custos com arrendamentos
e custos de oportunidade da terra. Já o fator “custos de remuneração de capital”, relaciona-se aos
custos de oportunidade do capital imobilizado e de giro nas atividades agroindustriais.
A análise da Tabela 7 ilustra a percepção geral sobre os sistemas de produção de cana no
país. No Nordeste, prevalece a importância dos fatores mão de obra (21,5%) e cana (21,9%),
indicando um sistema de produção intensivo em mão de obra. Já na região de Expansão, observa-se
o contrário, isto é, um sistema de produção intensivo em capital, como destacam seus dois principais
fatores de custos, “maquinário e manutenção” e “custos de remuneração do capital” os quais
respondem sozinhos por 48,4% do custo total agroindustrial. Na região Tradicional também se
destaca os custos de capital complementado pelo alto impacto do fator terra.
Tabela 7 – Distribuição dos custos agroindustriais de cada região por fatores na safra 2012/13
Fator de custo Região
Tradicional Expansão Nordeste Cana 22,2% 14,0% 21,9% Maquinário, Manutenção e Serviços de reparo 27,2% 33,0% 20,0% Custo de remuneração de capital 13,5% 15,4% 12,8% Mão de obra 12,6% 12,1% 21,5% Insumos agroindustriais 11,7% 14,8% 15,3% Terra 9,4% 7,1% 4,9% Outros 3,3% 3,6% 3,7%
A Figura 7 detalha os custos de produção, preços e margens econômicas dos produtos finais
da produção de açúcar e a Figura 8 os mesmos indicadores da produção de etanol. Os resultados
deixam evidentes os maiores custos do Nordeste assim como a melhor atratividade da produção de
açúcar, a qual apresentou margem econômica positiva, fato não observado para a produção de
etanol. No Nordeste, nem mesmo o COT do etanol hidratado foi remunerado.
4�
41
Figura 7 – Custos de produção, preços e margens do açúcar por região na safra 2012/13
Figura 8 – Custos de produção, preços e margens do etanol por região na safra 2012/13
Tradicional Expansão Nordeste Tradicional Expansão Nordeste BRANCO VHP
DEP 122,29 153,21 149,24 121,80 152,60 148,79 RT+RC 140,38 141,97 147,98 139,81 141,40 147,54 COE 619,71 597,87 711,97 606,10 573,10 673,00 COT 742,00 751,08 861,20 727,89 725,70 821,79 CT 882,38 893,05 1.009,19 867,71 867,10 969,33 Preço 901,73 916,34 1.109,75 923,31 962,70 996,19 Margem 2,2% 2,6% 10,0% 6,4% 11,0% 2,8%
-
200
400
600
800
1.000
1.200 R
$/t a
çúca
r
Tradicional Expansão Nordeste Tradicional Expansão Nordeste ANIDRO HIDRATADO
DEP 199,69 249,81 253,16 189,53 237,09 240,27 RT+RC 229,23 231,48 251,03 217,56 219,70 238,25 COE 951,32 904,99 1.145,09 882,13 843,51 1.086,79 COT 1.151,02 1.154,80 1.398,25 1.071,65 1.080,60 1.327,06 CT 1.380,25 1.386,29 1.649,28 1.289,22 1.300,30 1.565,31 Preço 1.292,26 1.313,84 1.460,66 1.135,30 1.141,35 1.291,48 Margem -6,4% -5,2% -11,4% -11,9% -12,2% -17,5%
- 200 400 600 800
1.000 1.200 1.400 1.600 1.800
R$/
m³ e
tano
l
42
42
2.4. Evolução dos Custos
Os resultados dos custos totais de produção agroindustrial seguindo a metodologia atualizada
são apresentados nas Tabelas de 8 a 13. As Tabelas apresentam os valores anuais das últimas seis
safras, a tendência de variação anual e a variação acumulada desde a safra 2007/08.
Nas últimas seis safras, os custos de produção tiveram uma tendência de variação anual
acima de 10% a.a em todas as regiões, valores superiores índices de inflação, como, por exemplo, o
IPA – Índice de Preço Por Atacado, que foi de aproximadamente 7% a.a. no período.
Tabela 8 – Evolução do preço pago na cana do fornecedor, em R$/t
Região Preço da safra Variação
anual Variação
acumulada 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 2011/12 2012/13
Expansão 35,50 35,97 46,81 57,95 72,85 64,41 15,2% 81,4% Tradicional 34,55 35,92 45,16 62,84 74,61 66,30 16,5% 91,9% Nordeste 38,11 45,13 61,68 66,76 74,12 76,03 14,3% 99,5%
Tabela 9 – Evolução dos custos de produção de cana própria da usina, em R$/t
Região Preço da safra Variação
anual Variação
acumulada 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 2011/12 2012/13
Expansão 47,94 45,51 48,07 49,92 71,62 79,36 11,2% 65,5% Tradicional 42,48 45,36 47,67 57,39 77,89 80,73 14,3% 90,1% Nordeste 54,58 59,89 58,83 65,68 74,70 97,54 10,5% 78,7%
Tabela 10 – Evolução dos custos de produção do açúcar branco, em R$/t
Região Preço da safra Variação
anual Variação
acumulada 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 2011/12 2012/13
Expansão 518,52 569,45 660,35 667,95 904,66 893,05 11,8% 72,2% Tradicional 498,01 545,33 713,25 716,79 946,39 882,38 12,9% 77,2% Nordeste 628,94 619,13 724,54 788,43 895,42 1.009,19 10,2% 60,5%
Tabela 11 – Evolução dos custos de produção do açúcar VHP, em R$/t
Região Preço da safra Variação
anual Variação
acumulada 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 2011/12 2012/13
Expansão 497,38 547,07 625,02 632,14 837,88 867,10 11,6% 74,3% Tradicional 471,57 519,57 626,48 668,66 870,58 867,71 13,3% 84,0% Nordeste 611,40 604,28 711,78 761,71 837,32 969,33 9,6% 58,5%
4�
43
Tabela 12 – Evolução dos custos de produção do etanol anidro, em R$/m³
Região Preço da safra Variação
anual Variação
acumulada 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 2011/12 2012/13
Expansão 838,86 944,00 1.029,08 1.023,95 1.371,05 1.386,29 10,4% 65,3% Tradicional 810,04 896,67 1.052,23 1.066,33 1.418,88 1.380,25 11,6% 70,4% Nordeste 1.031,97 1.053,39 1.198,36 1.262,73 1.423,59 1.649,28 9,4% 59,8%
Tabela 13 – Evolução dos custos de produção do etanol hidratado, em R$/m³
Região Preço da safra Variação
anual Variação
acumulada 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 2011/12 2012/13
Expansão 788,59 883,56 974,92 957,78 1.299,14 1.300,30 10,4% 64,9% Tradicional 757,02 832,92 976,56 1.000,05 1.332,67 1.289,22 11,7% 70,3% Nordeste 979,43 999,76 1.137,35 1.198,44 1.351,12 1.565,31 9,4% 59,8%
2.5. Conclusões
Os principais resultados do levantamento de custos de produção de cana-de-açúcar, açúcar e
etanol para a safra 2012/13 reiteram os resultados do levantamento de acompanhamento realizado
no final de 2012. Os principais pontos de destaque são:
i) Os resultados do levantamento da safra 2012/13 mostraram os custos totais agrícolas das
usinas proporcionalmente distribuídos e homogêneos na região Tradicional e Expansão;
ii) Os custos de cana produzida pela própria usina são superiores aos preços potenciais, e
destacam a vantagem das usinas que adquiriram mais cana de fornecedores nessa safra;
iii) Os custos dos estágios de produção agrícolas da cana própria das usinas sofreram elevações
superiores a 20% na formação do canavial e tratos de cana soca em todas as regiões
destacando o esforço para recuperação dos níveis de produtividade no Centro-Sul e a
tentativa de remediar os efeitos adversos do clima na região Nordeste;
iv) O aumento de produtividade da cana aumentou a oferta de matéria-prima, causando elevação
no nível de utilização da capacidade instalada;
v) O açúcar manteve atratividade maior que do etanol;
vi) Tanto etanol anidro como hidratado não alcançaram margem econômica em nenhuma região,
sendo observado resultados piores para o hidratado.
Comparativamente à safra 2011/12 o presente levantamento mostra uma redução da
competitividade de todos os produtos do setor sucroenergético em todas as regiões analisadas.
44
44
Mais uma vez, a publicação periódica feita pelo PECEGE/CNA sobre os custos de produção
da cana-de-açúcar, açúcar e etanol reforça o compromisso do trabalho em difundir indicadores,
ferramentas e métodos de cálculos de custos. Espera-se que os resultados e análises apresentados no
trabalho retribuam o apoio recebido dos participantes da pesquisa, que nesse momento, necessitam
de boas informações para apoiar ações para melhoria nas suas práticas de gestão e planejamento.
2.6. Referências Bibliográficas
CENTRO DE TECNOLOGIA CANAVIEIRA – CTC. Comunicação pessoal.
CEPEA. Indicadores de preço de açúcar e etanol. Disponível em: <http://www.cepea.esalq.usp.br>.
MARQUES, P. V. (Coord.) Custo de Produção Agrícola e Industrial de Açúcar e Álcool no Brasil na Safra 2007/2008. Piracicaba: Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas/Departamento de Economia, Administração e Sociologia. 2009. 194 p. Relatório Apresentando a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA.
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO – MAPA. Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/
PECEGE. Custos de produção de cana-de-açúcar, açúcar e etanol no Brasil: safra 2011/12. Piracicaba: Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas/Departamento de Economia, Administração e Sociologia. 2012. 72 p.
UNIÃO DA INDÚSTRIA DE CANA-DE-AÇÚCAR – ÚNICA (2013). Moagem de cana-de-açúcar e produção de açúcar e etanol - safra 2012/2013. Disponível em: www.unicadata.com.br.
4�
45
TERCEIRA PARTE – CÁLCULOS DE ÍNDICES DE PREÇOS DO SETOR SUCROALCOOLEIRO
Supervisor: Roberto Arruda de Souza Lima Professor Doutor do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da ESALQ-USP. Gestores: Haroldo José Torres da Silva Graduando em Economia pela ESALQ-USP. Ruan Richard D´Aragone Graduando em Administração pela ESALQ-USP. Pesquisadores: Jean Calamari Graduando em Engenharia Agronômica pela ESALQ-USP. Mauricio Fanton Graduando em Engenharia Agronômica pela ESALQ-USP. Equipe de Apoio Técnico: Carlos Eduardo Osório Xavier Doutorando em Economia Aplicada pela ESALQ-USP. Ricardo de Campos Bull Engenheiro Agronômico e Especialista em Engenharia de Software.
46
4�
47
3. INFLAÇÃO
Historicamente relevante para a economia brasileira desde o início da colonização, a cana-
de-açúcar tem adquirido importância crescente a partir dos anos 2000. O setor sucroalcooleiro é um
dos mais dinâmicos do país, mas carece de um indicador que mensure a relação existente entre os
preços dos insumos utilizados no âmbito agrícola e industrial.
A importância do setor sucroalcooleiro na economia brasileira é evidente. No que se refere à
inserção brasileira na produção mundial de cana-de-açúcar, o país representou em 2012, de acordo
com a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação - FAO (2013), 37,8% da
produção mundial. Internamente, o valor monetário vindo da produção brasileira de cana-de-açúcar
no ano 2011 constituiu 25,1% da produção total das lavouras temporárias, superando os R$ 39
bilhões nesse ano. Já no Estado de São Paulo, a cultura da cana-de-açúcar torna-se mais importante,
atingindo no mesmo ano 81,4% do valor da produção total das lavouras temporárias (SIDRA, 2013).
Devido à importância do setor na agroindústria brasileira e à falta de indicadores robustos
que permitam a produtores, industriais e pesquisadores acompanharem com maior acurácia a
tendência econômica do setor, apresenta-se no presente estudo um conjunto de índices que visam
mostrar quantitativamente as relações entre os preços dos insumos consumidos pela indústria
sucroalcooleira e os preços recebidos pela mesma indústria ao comercializar os bens finais da cadeia
(cana-de-açúcar, açúcar cristal, açúcar VHP, etanol anidro e etanol hidratado).
A análise é baseada nos dados oriundos do projeto “Cálculos de Índices de Preços do Setor
Sucroalcooleiro”4 iniciado em 2011 com objetivo de mensurar a inflação mensal dos preços dos
insumos mais representativos do processo de produção de cana-de-açúcar, açúcar e etanol das
unidades agrícolas e industriais deste setor.
Nesse sentido, pretende-se analisar o comportamento dos preços pagos pelos principais
insumos e serviços agrícolas e industriais utilizados à montante da cadeia produtiva durante o
período de novembro/2011 a julho/2013 focando, especificamente, entre abril/2012 e março/2013
(Safra 2012/2013), na região Centro Sul-Tradicional5.
4 Para maiores detalhes ver a terceira parte do relatório “Custos e índices de preços da produção de cana, açúcar e etanol na safra 2012/2013” do II Seminário de Informações Econômicas do Setor Sucroalcooleiro do PECEGE. 5 No âmbito deste trabalho a região Centro-Sul Tradicional é compreendida pelos Estados do Paraná e São Paulo (sendo representado pelas mesorregiões de Assis, Araçatuba, Catanduva, Jaú, Sertãozinho e Piracicaba).
48
48
3.1. Atualizações Metodológicas
3.1.1. Geração das cestas de manutenção agrícola e industrial
As duas cestas de produtos e serviços de manutenção, tanto agrícola quanto industrial, foram
geradas a partir dos bancos de dados6 disponibilizados por usinas da região Centro-Sul Tradicional.
O método utilizado como critério de agrupamento padronizado foi a lista de produtos e
serviços industriais definido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, PRODLIST
- Indústria disponível em IBGE (2007). O PRODLIST refere-se à relação detalhada de bens e
serviços industriais que tem como base a Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM), a
Classificação Nacional de Atividade Econômica (CNAE) e a Classificação Central de Produtos
(CPC) e que é utilizada na Pesquisa Industrial Anual-Produto (PIA-Produto) e na Pesquisa Industrial
Mensal (PIM–PF). A classificação do nível de relevância de cada item de custo foi definida por
meio da utilização da curva ABC. Segundo Carvalho (2002), a curva ABC define diferentes classes
de custos que identificam os níveis de importância relativa de cada item. As classes dessa curva são:
Classe A: Os principais itens que representem 20% da quantidade e 80% do custo;
Classe B: Compreendem aos itens de cuidados medianos que representem 30% da
quantidade e correspondam a 15% do custo;
Classe C: Estima-se que respondam por 50% da quantidade de itens e a 5% dos custos.
Como procedimentos de trabalho, inicialmente todos os registros listados no banco de dados
foram agrupados conforme parâmetros de descrição do PRODLIST mais adequado para sua
especificação. Depois de agrupados os dados foram classificados via aplicação da curva ABC dentro
de cada área de processamento industrial. Dessa forma, foi possível a identificação dos principais
itens de manutenção industrial de cada um dos setores. Além disso, a curva ABC também foi
utilizada para identificar as áreas e processos industriais mais relevantes da produção industrial. Para
a geração da cesta de manutenção agrícola, utilizou-se o mesmo método e procedimento, não
obstante ao invés do PRODLIST-Indústria disponível em IBGE (2007), baseou-se no PRODLIST-
agro/pesca disponível em IBGE (2010).
6 Os bancos de dados são referentes à safra 2011/2012 para os itens de manutenção agrícola e da safra 2009/2010 para os itens da manutenção industrial.
4�
49
3.1.2. Metodologia da coleta das variações de serviços
Os serviços no setor sucroalcooleiro são de extrema importância para o funcionamento desta
cadeia. Em uma economia industrializada, empresas especializadas podem prestar serviços a
empresas de manufatura de forma mais barata e eficiente do que as próprias empresas de manufatura
poderiam prestar a si próprias. Assim é cada vez mais comum que atividades como publicidade,
consultoria e outros ramos de serviços sejam fornecidas ao setor de manufatura por empresas de
serviços (FITZSIMMONS J.A., 2004, p. 29).
No âmbito do projeto “Cálculos de Índices de Preços do Setor Sucroalcooleiro”
desenvolvido pelo PECEGE/FAPESP, os serviços foram classificados de acordo com sua
representatividade dentro do setor. Estes serviços estão descritos na cesta que inclui todos os itens
em que são realizadas as coletas mensais para a geração do índice de inflação e estão divididos em
dois grupos (industrial e agrícola) que foram classificados de acordo com a Classificação Nacional
de Atividades Econômicas (CNAE), como mostrado na Tabela e Tabela 2.
Tabela 1 – Cesta de manutenção e serviços agrícolas. ID CESTA AGRÍCOLA CNAE
CAS01 Serviço colheita mecanizada de cana e transbordo 01.61-0 CAS02 Serviço de reparo automotivo 45.20-0 CAS03 Serviços de manutenção e reparo em trator 33.14-7 CAS04 Serviço de fretamento de transporte de operadores 49.29-9 CAS05 Serviço de fretamento de transporte para rurícolas 49.29-9 CAS06 Serviço de fretamento de transporte trabalhador da usina 49.29-9
Tabela 2 – Cesta de manutenção e serviços industriais. ID CESTA INDUSTRIAL CNAE
CIS01 Serviço de manutenção em Centrifuga 33.14-7 CIS02 Serviços de inspeções de balanceamento e vibração 33.14-7 CIS03 Serviços de manutenção em correntes transportadoras de bagaço 33.14-7 CIS04 Serviços de manutenção nas facas da moenda 33.14-7 CIS05 Serviços de manutenção em turbinas 33.11-2 CIS06 Serviço de refrizamento em camisa de moenda. 33.14-7 CIS07 Serviço de manutenção em trincas nos eixos da moenda 33.14-7 CIS08 Serviços de termografia 33.14-7 CIS09 Serviços de manutenção em geradores 33.13-9
�0
50
Para a coleta das variações dos preços dos serviços apresentados na Tabela 1 e 2, foram
considerados apenas os principais insumos que contribuem expressivamente para os custos, bem
como com mão-de-obra direta. Cabe lembrar que mão-de-obra refere-se ao pessoal diretamente
envolvido nas operações de produção, desde que seja possível a mensuração do tempo despendido e
a identificação de quem executou o trabalho, sem necessidade de qualquer apropriação indireta ou
rateio (Martins, 2003).
Neste aspecto, para a coleta da variação dos preços dos serviços são consideradas as
variações dos insumos e mão-de-obra que são despendidos para a realização do serviço. Em cada
serviço há a ponderação de representatividade de mão-de-obra e insumo destacada na Tabela 3, a
qual foi baseada nos valores médios históricos dos custos dos serviços de manutenção industrial das
pesquisas do PECEGE (2009 a 2011)
Tabela 3 – Exemplo hipotético de rateio para cálculo da formação do índice de inflação de um determinado serviço.
Serviço CIS06 Peso Mão de obra 70% Insumos (Eletrodo para revestimento) 30%
Esta metodologia foi elaborada, pois a prestação da maioria dos serviços é realizada via
contratos, dificultando a coleta das variações, devido ao sigilo das informações. A definição dos
itens que foram utilizados nos critérios de cálculo são provenientes de pesquisas realizadas com
empresas que fornecem estes serviços na região Centro-Sul Tradicional.
Na Tabela 4 e 5são apresentados alguns itens que compõem a cesta agrícola e industrial
acompanhados dos locais de coleta de mão-de-obra juntamente com o insumo que compõe o serviço
prestado para o cálculo das variações de preços.
Tabela 4 – Cesta de serviços agrícolas. ID Mão de Obra Insumo
CAS01 Sindicado dos condutores de veículos rodoviários ou rurais Diesel CAS02 Sindicato da alimentação Peças de Caminhões CAS03 Sindicado dos condutores de veículos rodoviários ou rurais Peças de Colhedoras
��
51
Tabela 5 – Cesta de serviços industriais. ID Mão de Obra Insumo
CIS01 Sindicato dos metalúrgicos Aço base para peças CIS03 Sindicato dos metalúrgicos Corrente para esteira de bagaço CIS04 Sindicato dos metalúrgicos Facas para moenda CIS05 Sindicato dos metalúrgicos Rotor da Bomba em aço inox CIS06 Sindicato dos metalúrgicos Eletrodo para revestimento
Fonte: PECEGE/FAPESP.
3.1.3. Índice de Preços Recebidos pelos Produtores (IPRP)
Os índices de preços recebidos pelos produtores dizem respeito aos valores obtidos na
transação de venda dos produtos oriundos do setor sucroalcooleiro. Tratam-se dos preços médios
recebidos e referentes aos negócios efetivados entre usinas e compradores na modalidade spot –
preços ao produtor (usina).
Cabe destacar que neste trabalho serão considerados dois produtos finais do setor
sucroalcooleiro que, a saber, são: açúcar e etanol. O IPRP para açúcar consiste num índice
ponderado de três produtos: açúcar branco de mercado interno (ABMI), açúcar branco de mercado
externo (ABME) e açúcar de mercado externo VHP7 (AVHP). O IPRP para etanol, por sua vez, é
formado pelos preços do: etanol hidratado carburante (EHC) e do etanol anidro carburante (EAC).
Adicionalmente, também será apresentado um IPRP agregado para o setor sucroalcooleiro, ou seja,
considerando ambos os produtos (açúcar e etanol). Os preços médios de cada produto
supramencionado são oriundos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da
ESALQ/USP (CEPEA).
O IPRP foi obtido com um índice de Divisia8 (equação 1), envolvendo um sistema de pesos
para a agregação dos preços dos diferentes produtos. Os pesos correspondem ao mix de produção de
cada produto em um determinado mês.
(1)
7 Trata-se de um açúcar bruto utilizado como matéria-prima para outros processos e destinado ao refino devido a sua alta polarização VHP (Very High Polarization). 8 O índice de Divisia é uma média geométrica ponderada dos preços relativos (Hoffmann, 2006).
�2
52
Em que:
= mix de produção do produto i no mês j;
= preço do produto i no mês t;
= preço do produto i no período-base (Base = Novembro/2011);
Com .
Estimou-se a variável a partir dos dados do mix9 de produção provisório e da curva de
comercialização fornecidos pelo Conselho de Produtores de Cana-de-açúcar, Açúcar e Etanol do
Estado de São Paulo (CONSECANA), bem como pelos dados do relatório de acompanhamento de
safra da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA).
Dado que os preços dos produtos do setor sucroalcooleiro são restritos ao Estado de São
Paulo, este trabalho restringe-se a uma análise do setor focado nesta região. Obteve-se também um
IPRP agrícola, neste caso considerando-se os Açúcares Totais Recuperáveis (ATR)10, em R$/kg de
ATR, cujo preço médio mensal é publicado nas circulares do CONSECANA, como proxy11 dos
preços recebidos pelos agricultores. Os preços médios publicados pelo CONSECANA são obtidos
tomando-se como base os mix médios de produção e de comercialização do Estado de São Paulo;
portanto, trata-se de uma média para o mencionado Estado, não refletindo a condição específica de
cada unidade produtora.
Podemos interpretar, segundo Monteiro (1994), o IPPP como um mensurador das variações
nos custos de produção ou dos preços dos insumos, ao passo que o IPRP reflete a receita bruta do
produtor ou do valor de sua produção.
9 O fator de ponderação foi obtido como sendo a participação de cada produto i no valor total de produção de cada período t. No entanto, alguns trabalhos ao utilizarem o índice de Divisia definiram como sendo a média aritmética das participações do produto no valor total nos dois períodos comparados. 10 Entende-se por qualidade da cana-de-açúcar a concentração total de açúcares (sacarose, glicose e frutose) recuperáveis no processo industrial, expressa em kg por tonelada de cana. 11 O sistema de pagamento ao fornecedor de cana-de-açúcar é pelo teor de Açúcar Total Recuperável (ATR).
��
53
3.1.4. Índice de Relações de Troca
Neste trabalho utiliza-se a definição de relação de troca12 apresentada por Melo (1992, p.
141), conforme se observa na equação 2, em que “a relação de troca é a relação entre os preços
recebidos pelos agricultores na venda dos produtos e os preços por eles pagos pelos insumos”.
Utiliza-se como premissa neste trabalho para o cálculo das relações de troca o fato da tecnologia ser
mantida constante durante o período de análise (entre novembro/2011 e junho/2013).
(2)
Em que:
= índice de relação de troca no mês t
= índice de preços recebidos pelos produtores no mês t;
= índice de preços pagos pelos produtores no mês t;
Cabe destacar que o efeito dos preços pagos pelos principais insumos e serviços em relação
aos preços recebidos pelo setor sucroalcooleiro pode ser entendido num contexto da integração entre
a demanda e a oferta neste mercado. Neste trabalho serão apresentados 4 índices de relações de troca
que, a saber são, três industriais (açúcar, etanol e agregado) e um agrícola.
Quando o índice de relações de troca (IRL) for maior do que 100, segundo Marques, 1992
apud Bialoskorski Neto e Ohira (2001), significa que o agricultor teve seu poder de compra
aumentado em relação ao período-base, pois a elevação de seus custos fora menor do que a elevação
de sua renda. Para o IRL menor do que 100, o inverso terá ocorrido, ou seja, terá havido uma
transferência de renda do setor agrícola para os outros setores da atividade econômica, em relação à
situação vigente no período-base. O mesmo autor ainda sugere que este indicador seja utilizado para
determinar preços de suporte em acordos de mercados agrícolas.
Pretende-se apresentar a seguir uma estrutura matemática, adaptada13 de Martins, Mafioletti
e Turra (2011), de modo a obter os efeitos das variações dos preços dos insumos e dos preços dos
produtos sobre as relações de troca.
12 É possível encontrar alguns autores que utilizem a denominação “índice de paridade”, no entanto “relação de troca” é o termo mais utilizado e será aquele empregado neste trabalho. 13 Martins, Mafioletti e Turra (2011) propõem uma análise inversa, afinal estes autores utilizam as relações de troca como sendo as relações entre preços pagos e preços recebidos.
�4
54
(3)
Em que:
índice de relação de troca no mês t+1
= índice de preços recebidos pelos produtores no mês t+1
= índice de preços pagos pelos produtores no mês t+1.
Rearranjando a equação 3 de forma a isolar os efeitos das variações de ambas as variáveis (x
e y) sobre as relações de troca.
(4)
O primeiro termo da equação 4, , corresponde à variação do índice de preços recebidos
sobre a relação de troca, ou seja, trata-se da contribuição parcial da variação dos preços dos produtos
finais do setor sucroalcooleiro. No entanto, a segunda parte refere-se ao efeito da
mudança dos preços dos insumos de produção sobre a relação de troca.
3.2. Resultados e discussões
3.2.1. Evolução dos indicadores
A inflação acumulada no setor sucroalcooleiro, de novembro de 2011 a julho de 2013
medida pelo índice geral PECEGE foi de 8,27%. O comportamento observado nos preços dos
principais insumos e serviços utilizados pelo setor segui a mesma tendência do índice geral de
preços da economia (medido pelo Índice Geral de Preços/Disponibilidade interna – IGP-DI14),
como pode ser observado na Figura 1.
¹¹ Calculado pela Fundação Getúlio Vargas, o IGP-DI é uma média ponderada de três índices: índices de preço ao consumidor, índice de preços ao produtor e índice de preços da construção.
��
55
Figura 1 – Evolução do índice geral de inflação do setor sucroalcooleiro e do IGP-DI (Índice Geral de preços – Disponibilidade Interna) de Novembro/2011 a Julho/2013. Fonte: PECEGE (2013) e FGV/Conj. Econ. – IGP (2013).
A inflação acumulada no índice agrícola, no período detalhado foi de 4,05% e no índice
industrial foi de 7,97% como pode ser observado na Figura 2 .
Figura 2 – Evolução do índice geral de inflação agrícola e industrial do setor sucroalcooleiro na safra 2012/2013 (de Abril/2012 a Março/2013).
440
450
460
470
480
490
500
510
520
90 92 94 96 98
100 102 104 106 108 110
IGP-
DI -
ger
al -
índi
ce (a
go. 1
994
= 10
0)
Índi
ce G
eral
(Nov
embr
o/11
= 1
00)
Índice Geral PECEGE IGP-DI
90
94
98
102
106
110
Índi
ce (N
oven
bro/
2011
= 10
0)
Agrícola Industrial
��
56
O índice industrial, conforme se observa na Figura 2, apresentou valores superiores ao índice
agrícola. Adicionalmente, podemos verificar que o setor agrícola possui uma maior sensibilidade as
sazonalidades de tempo e logística, pois grandes alterações climáticas como a seca em alguns
períodos (julho – setembro de 2012) e o excesso de chuva em outro período (março - maio 2013)
afetaram de uma forma significativa a série de preços, reduzindo o volume de comercialização em
algumas épocas e saturando estas vendas em outros períodos. Já no aspecto da logística podemos
destacar que a série de preços sofreu uma severa alteração na época de março a julho pelo fato de
que a ausência de caminhões, para o transporte de alguns produtos importados do Porto até seus
respectivos locais de redistribuição e venda, trouxe uma redução da série de preços e até mesmo
algumas regiões a paralisação das atividades devido à ausência de determinados produtos.
Para compreender melhor este aspecto dos produtos, a etapa subsequente seria a
compreender e identificar os subgrupos e itens de cada índice, de modo que podemos definir os
principais insumos e serviços responsáveis pelas variações de preços. Na Figura 3 pode-se
identificar uma subdivisão do grupo de insumos agrícolas em inseticidas, herbicidas, corretivos,
fertilizantes, mudas e outros.
Figura 3 – Inflação acumulada do subgrupo insumos agrícolas e dos seus itens na safra 2012/2013.
Os herbicidas e inseticidas apresentaram variações de cerca de 13,5% e 10,00%,
respectivamente. Podemos salientar que o uso do herbicida tem como função reduzir e eliminar
espécies de plantas diferentes da cana-de-açúcar que trazem consigo uma perda de potencialidade,
seja na disputa por água, luz, nutrientes presentes no solo ou no alojamento de nematoides e agentes
patogênicos (bactérias, fungos ou vírus). A maioria dos canaviais estão em seu 4 ou 5 corte, o que
traz para estas áreas uma incidência maior de plantas daninhas e assim um maior volume de vendas
Insumos Agrícolas 3,27%
Corretivos 1,46%
Fertilizantes -0,03%
Mudas 0,46%
Herbicidas 13,56%
Inseticidas 9,88%
Outros 8,01%
56
O índice industrial, conforme se observa na Figura , apresentou valores superiores ao índice
agrícola. Adicionalmente, podemos verificar que o setor agrícola possui uma maior sensibilidade as
sazonalidades de tempo e logística, pois grandes alterações climáticas como a seca em alguns
períodos (julho – setembro de 2012) e o excesso de chuva em outro período (março - maio 2013)
afetaram de uma forma significativa a série de preços, reduzindo o volume de comercialização em
algumas épocas e saturando estas vendas em outros períodos. Já no aspecto da logística podemos
destacar que a série de preços sofreu uma severa alteração na época de março a julho pelo fato de
que a ausência de caminhões, para o transporte de alguns produtos importados do Porto até seus
respectivos locais de redistribuição e venda, trouxe uma redução da série de preços e até mesmo
algumas regiões a paralisação das atividades devido à ausência de determinados produtos.
Para compreender melhor este aspecto dos produtos, a etapa subsequente seria a
compreender e identificar os subgrupos e itens de cada índice, de modo que podemos definir os
principais insumos e serviços responsáveis pelas variações de preços. Na Figura pode-se identificar
uma subdivisão do grupo de insumos agrícolas em inseticidas, herbicidas, corretivos, fertilizantes,
mudas e outros.
Figura 3 – Inflação acumulada do subgrupo insumos agrícolas e dos seus itens na safra 2012/2013.
Os herbicidas e inseticidas apresentaram variações de cerca de 13,5% e 10,00%,
respectivamente. Podemos salientar que o uso do herbicida tem como função reduzir e eliminar
espécies de plantas diferentes da cana-de-açúcar que trazem consigo uma perda de potencialidade,
seja na disputa por água, luz, nutrientes presentes no solo ou no alojamento de nematoides e agentes
patogênicos (bactérias, fungos ou vírus). A maioria dos canaviais estão em seu 4 ou 5 corte, o que
traz para estas áreas uma incidência maior de plantas daninhas e assim um maior volume de vendas
Insumos Agrícolas3,27%
Corretivos1,46%
Fertilizantes-0,03%
Mudas0,46%
Herbicidas13,56%
Inseticidas9,88%
Outros8,01%
��
57
na parte de herbicidas neste período. Dentro deste aspecto de renovação do canavial, o uso de
corretivos como o gesso e o calcário acaba sendo fundamental para a correção do solo para adquirir
condições favoráveis para o plantio e desenvolvimento da planta.
Figura 4 – Evolução dos índices de preços de fertilizantes, herbicidas, inseticidas e da taxa de câmbio (dólar paralelo) na safra 2012/2013.
No período referente à safra 2012/13, é possível se observar na Figura 4 há uma relação entre
os índices de preços dos insumos analisados e a cotação da taxa de câmbio, em especial no caso de
fertilizantes. De forma geral, com desvalorização do real frente à moeda norte americana acarreta
em um aumento dos preços em reais dos produtos. O comportamento dos herbicidas e dos
inseticidas estudados mostra uma forte semelhança, no início da safra estes sofreram um
significativo aumento, acompanhando a cotação do dólar. Com o andamento do período de
produção, mantiveram um crescimento constante, não sendo afetados pela ligeira valorização do real
registrada a partir do mês dezembro.
Os fertilizantes apresentam uma dependência mais direta da taxa cambial dado que o Brasil é
grande importador das matérias-primas utilizadas em sua composição, principalmente no que diz
respeito à fração fosfatada e potássica. Na safra 2012/13, houve uma resposta positiva do índice de
preços após a alta registrada no dólar nos meses iniciais, da mesma forma houve um decréscimo a
1,8
1,9
2
2,1
2,2
2,3
95
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Fertilizantes Herbicidas Inseticidas Dólar
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58
partir de dezembro de 2012, seguindo o comportamento do câmbio. A queda do índice de preços
registrada entre os meses de julho e outubro de 2012 pode ser relacionada com o atraso do início da
safra pela falta de matéria-prima em condições adequadas para o processamento pela indústria, o
que causou igual retardo nas operações subsequentes à colheita, tais como plantios e cultivos de
soqueira, com isso, a demanda de fertilizantes foi consideravelmente afetada nos períodos secos,
assim como seu pico, normalmente registrado a partir de setembro, foi postergado para os meses de
outubro e novembro, quando os índices voltaram a sofrer um aumento.
3.2.2. Relações de Troca do Setor Sucroalcooleiro
A Tabela 6 apresenta um exemplo ilustrativo da aplicação da equação 4. Entre os meses de
maio/13 e junho/13 o IPPP sofreu um aumento de cerca de 0,84 pontos, não obstante a sua
contribuição parcial sobre a variação das relações de troca no mesmo período foi de -0,56 pontos, ou
seja, cabe destacar que este índice constitui uma proxy para os itens de custos aos produtores
(usinas), assumindo na contabilidade sinal negativo.
Tabela 6 – Contribuições parciais das variações dos índices de preços pagos e recebidos sobre as relações de troca para açúcar.
Maio/2013 Junho/2013
Índice de preços recebidos (x) 74,606 77,655
Índice de preços pagos (y - índice industrial) 108,019 108,859
Relações de troca (z) 69,068 71,355
Variação das relações de troca entre maio/2013 e junho/2013 2,267
Contribuição parcial da variação dos preços dos insumos -0,555
Contribuição parcial da variação do preço do açúcar 2,822
De forma geral, pode-se dizer que um aumento no IPRP impacta positivamente nas relações
de trocas, entretanto ocorre uma situação inversa ocorre para o IPPP (o IPPP é o denominador da
equação 2. Se houver crescimento dos insumos e serviços pagos ou decréscimo dos preços dos
produtos comercializados pelo setor sucroalcooleiro, os termos de troca tendem a se deteriorar
para o produtor. Pode-se verificar que, entre os meses de análise da Tabela , houve uma variação
positiva nos termos de troca (2,27 pontos) impulsionados pelos preços recebidos pelo açúcar (2,82
pontos), mas arrefecidos pelos preços pagos aos fatores de produção (-0,56 pontos).
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59
Observa-se na Figura 5 a evolução das relações de troca para o setor sucroalcooleiro,
especificamente, para as usinas instaladas no Estado de São Paulo de novembro/2011 a junho/2013.
No período analisado os índices de relações de troca sempre foram menores do que 100, exceto no
mês de dezembro/2011 e maio/2012 para açúcar. Houve uma deterioração do poder aquisitivo do
produtor, desde então tem-se constatado uma trajetória descendente do poder de compra das usinas
paulistas, ou seja, pode-se dizer que a renda diminui com a deterioração dos termos de troca.
Figura 5 – Evolução das relações de troca do setor sucroalcooleiro de novembro/2011 a junho/2013 (Base = Nov/2011).
O mês de novembro/2012 é marcado pela inflexão entre os preços de açúcar e etanol.
Observa-se na Figura 5 que a partir deste mês houve uma recuperação das relações de troca para
etanol e uma situação antagônica para açúcar. De dezembro/2012 a abril/2013 constatou-se uma
profunda deterioração dos termos de troca para açúcar, em função dos preços recebidos pelo
produto. No mercado internacional este comportamento está associado ao fato da ofertada da
commodity ter superado a demanda durante a safra global 2012/13, mantendo o mercado com
pressão baixista (CEPEA, 2013). Adicionalmente, as perspectivas de uma safra volumosa no país
(principal produtor e exportador) pesaram sobre as cotações nos primeiros meses de 2013.
Nota-se na Figura 5 um comportamento similar do índice de relações de troca para cana-de-
açúcar e do índice de relações de troca agregado do setor sucroalcooleiro. O modelo de
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RT Açúcar RT Etanol RT Agregado RT Cana
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60
determinação do valor da tonelada da cana-de-açúcar considera a quantidade de Açúcar Total
Recuperável (ATR) contida na matéria-prima, entregue na unidade de processamento, e o preço do
quilograma do ATR. Entre novembro/2011 e junho/2013 o índice de preços recebidos pelos
produtores agrícolas, ou seja, considerando o preço do ATR, apresentou uma variação acumulada
negativa de 16,77%. Este processo está associado à redução dos investimentos em reforma do
canavial e tratos culturais, problemas climáticos e aumento do índice de perdas de sacarose com a
mecanização da colheita (EPE, 2013).
É possível observar na Tabela 7 que a taxa média geométrica15 de crescimento mensal do
índice de preços pagos (IPPP-Industrial), ou seja, o incremento médio mensal dos preços pagos, foi
de cerca de 0,43%, ao passo que este mesmo indicador para o índice de preços recebidos (IPRP)
para açúcar foi de -1,26%.
Tabela 7 – Taxa média geométrica de crescimento mensal, coeficiente de variação e variância dos índices (IPPP, IPRP e IRP).
Índice de Preços Pagos pelos
Produtores (IPPP)
Índice de Preços Recebidos pelos
Produtores (IPRP) Índice de Relações de Troca (IRP)
Agrícola Industrial Agregado Açúcar Etanol Agregado Cana Açúcar Etanol Agregado Cana
Tx. Geo. 0,09 0,43 0,17 -1,26 -0,45 -0,85 -0,91 -1,67 -0,87 -1,02 -1,00
CV 1,06 3,09 1,51 10,56 6,06 5,73 6,21 13,33 6,51 6,98 7,02
Var 1,15 10,12 2,33 87,62 30,39 26,34 31,02 132,38 33,07 38,23 39,19
Nota: Tx. Geo.: Taxa média geométrica de crescimento mensal em percentagem (%); CV: Coeficiente de variação em percentagem (%); Var: Variância amostral.
O índice mensal de preços recebidos pelas usinas no estado de São Paulo (IPRP) e o índice
de preços pagos pelas usinas (IPPP) em termos de taxa de crescimento, para o período analisado,
apresentaram comportamentos díspares. Enquanto o IPPP (agregado) cresceu 0,17% a.m., o IPRP
(agregado) apresentou taxa de crescimento negativa de 0,85% a.m. Portanto, é possível discutir e
aproximar a capacidade de geração de renda da atividade agrícola e o seu impacto na economia
regional, a partir da observação de séries históricas de flutuações de preços.
15 As estimativas de crescimento dos índices de preços foram realizadas pelo método geométrico. De acordo com
Hoffmann (2006), a taxa de crescimento (R) é dada por:
, em que será o índice de preços no
mês final (neste caso, junho/2013), será o índice de preços no mês inicial (novembro/2011) e n é igual ao número de meses que, nesta seção do trabalho, é igual a 20.
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61
Ribeiro (1997) observou que, de 1987 a 1996, o comportamento dos preços reais em nível de
produtor no Brasil apresentaram tendência decrescente. A situação para os períodos recentes parece
caminhar na mesma direção no caso do setor sucroalcooleiro, ou seja, tem-se constatado uma
situação desfavorável ao produtor, no caso as usinas como unidades representativas do setor
sucroalcooleiro, no período analisado.
Desprezando-se o efeito tecnológico, os resultados apontam uma tendência de deterioração
dos termos de troca do setor sucroalcooleiro no período analisado e, conforme se observa na Figura
6, em grande parte pelo comportamento dos preços recebidos pelos produtos finais do setor, no caso
reduções dos preços do açúcar e etanol.
Figura 6 – Variações nas relações de troca do setor sucroalcooleiro (agregado) e contribuição parcial dos custos dos insumos e dos preço recebidos pelos produtos.
Os termos de trocas beneficiaram o setor a montante setor sucroalcooleiro, principalmente os
vendedores de insumos e prestadores de serviços tal como manutenção. Constatou-se que os efeitos
dos preços recebidos foram mais acentuados para açúcar do que para etanol, no caso do primeiro
com maior taxa de redução dos seus preços, bem como preços mais voláteis comparativamente ao
etanol.
As inovações tecnológicas indutoras da expansão da produtividade desempenham um papel
importante no contexto do setor sucroalcooleiro, no entanto foram desconsideradas nesta análise.
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Efeito Preço Recebido Efeito Custo do Insumo Variação Total da RT
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62
Desta forma, o fator tecnológico pode compensar e amenizar o viés do efeito desfavorável das
relações de troca apresentado neste trabalho para o setor.
3.2.3. Preços dos Insumos
Nesta subseção serão apresentados a média dos preços dos principais insumos agrícolas e
industriais, coletados diretamente com os fornecedores, conforme metodologia apresentado na
terceira parte do relatório “Custos e índices de preços da produção de cana, açúcar e etanol na
safra 2012/2013”.
Tabela 8 – Preços (R$) dos principais insumos da região Centro –Sul Tradicional (Safras 2010/11 e 2011/12) – Fornecedor e Usina.
Safra
Insumo 2010/11 2011/1216
Mínimo Média Válida Máximo Mínimo Média
Válida Máximo
Fertilizantes - Plantio (t) 800,00 1.159,24 1800,00 1172,25 1270,74 1371,75 Fertilizantes - Tratos Cana Soca (t) 820,00 963,00 1.150,00 1126,56 1196,81 1255,29 Ametrina (l) 7,57 8,37 12,50 13,25 15,34 17,40 Calcário (t) 42,00 66,20 100,00 71,35 89,75 111,80 Combine (l) 22,79 26,41 48,00 32,74 32,74 32,74 Diuron (l) 8,50 8,55 9,00 10,15 12,10 15,20 Gesso (t) 45,00 65,50 80,00 62,40 98,12 140,00 Glifosato (l) 3,25 8,10 11,50 5,70 7,38 9,00 Regent 800 WG (Kg) 532,03 605,63 850,00 350,00 632,57 850,00 Velpar K (Kg) 13,35 22,06 33,00 19,80 25,32 31,90 Volcane (l) 8,64 8,77 9,30 8,64 12,02 14,35
16 Dados relativos ao período de outubro de 2011 a março de 2012.
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63
Tabela 9 – Preços (R$) dos principais insumos da região Centro–Sul Tradicional (Safras 2012/13 e 2013/14) – Fornecedor e Usina.
Insumo 2012/13 2013/1417
Mínimo Média Válida Máximo Mínimo Média
Válida Máximo
Fertilizantes - Plantio (t) 1.159,44 1.282,28 1.452,75 1.182,94 1.248,46 1.346,00 Fertilizantes - Tratos Cana Soca (t) 1.078,86 1.183,63 1.320,07 1.109,06 1.179,19 1.250,50 Ametrina (l) 14,75 16,96 17,65 16,75 17,21 17,65 Calcário (t) 74,40 91,83 113,47 70,72 88,40 103,84 Combine (l) 26,00 30,11 33,79 32,74 32,74 32,74 Diuron (l) 12,00 13,93 17,50 12,00 14,75 15,50 Gesso (t) 65,00 97,67 128,50 63,50 93,33 130,72 Glifosato (l) 5,93 7,75 11,51 6,65 9,41 11,74 Regent 800 WG (Kg) 560,00 714,07 870,00 610,00 725,48 880,00 Velpar K (Kg) 26,00 30,14 32,60 27,60 29,64 32,00 Volcane (l) 9,72 14,16 15,40 14,17 14,34 14,58
A taxa acumulada de crescimento da safra 2010/11 para a safra 2012/13 dos fertilizantes para
cana planta foi de 7,7%, enquanto variação dos fertilizantes para cana soca foi de 22,4%, no mesmo
período a taxa de câmbio apresentou uma variação de 27,8% de acordo com as informações do
Banco Central do Brasil (BC). O insumo que teve a maior variação no preço médio foi a Ametrina
com 105,66%, seguida pelo Diuron e Volcano com variações respectivas de 72,51% e 63,54%.
Na Tabela 10 são apresentados os preços médios dos principais insumos industriais, os itens
com maior variação foram o Ácido Fosfórico (31,22%), Soda Cáustica (28,81%) e o anti espumante
(23,71%), o lubrificante para turbinas e o saco de 50 kg foram os que mais mantiveram o preço
variando pouco mais de 2% e -2%, respectivamente. Na Tabela 11 pode ser observado o
crescimento dos preços médios dos insumos agrícolas desde a safra 2007/08 até a safra 2013/14
(preliminar).
Na Tabela 12 apresentam-se os preços mínimos, médios e máximos dos principais
produtos/insumos utilizados nas áreas de manutenção agrícola e industrial. Os valores são referentes
ao período de agosto/2012 a julho/2013. Trata-se do primeiro período de coleta de dados destes
produtos, inviabilizando uma comparação com outras safras tal como na Tabela 9 para os insumos
agrícolas.
17 Dados preliminares de abril 2013 a julho 2013.
�4
64
Tabela 10 – Evolução dos preços médios dos principais insumos industriais levantados na região Centro-Sul Tradicional (safras 2011/12 a 2013/14) – Fornecedores e Usinas.
Insumo 2011/12 2012/13 2013/14 Ácido Fosfórico (R$/kg) 1,66 1,91 2,18 Soda cáustica (R$/kg) 1,90 2,30 2,45 Anti Espumante (R$/l) 7,70 9,10 9,53 Antibiótico (R$/l) 166,18 193,11 190,58 Dispersante (R$/kg) 15,13 17,08 17,35 Cal Virgem (R$/ton) 337,47 350,43 354,93 Lubrificante para Turbinas (R$/l) 15,23 14,99 15,67 Saco de 50 kg (R$/Unidade) 1,65 1,61 1,61 Big-Bag (1250 kg) (R$/Unidade) 53,48 54,88 50,40 Eletrodo para (base) (R$/kg) 21,07 19,70 16,53 Eletrodo (picotes) (R$/KG) 18,87 15,63 14,40 Ácido Sulfúrico (R$/kg) 0,54 0,46 0,41 Enxofre (R$/kg) 1,07 0,91 0,75
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