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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA TAÍS SOARES FRANCISCO Simulação de uma etapa de pré-tratamento fúngico de cavacos de madeira para a produção industrial de polpa celulósica Lorena - SP 2014

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

TAÍS SOARES FRANCISCO

Simulação de uma etapa de pré-tratamento fúngico de cavacos de madeira

para a produção industrial de polpa celulósica

Lorena - SP

2014

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TAÍS SOARES FRANCISCO

Simulação de uma etapa de pré-tratamento fúngico de cavacos de madeira

para a produção industrial de polpa celulósica

Lorena - SP

2014

Monografia apresentada à Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de

São Paulo como requisito para a conclusão de Graduação do Curso de Engenharia

Industrial Química

Orientador: Prof. Dr. André Luis Ferraz

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. André Luis Ferraz que muito me ensinou e orientou durante o

período de elaboração deste trabalho.

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RESUMO

FRANCISCO, T. S. Simulação de uma etapa de pré-tratamento fúngico de

cavacos de madeira para a produção industrial de polpa celulósica. 2014. 39 f.

Trabalho de Conclusão de Curso - Escola de Engenharia de Lorena, Universidade

de São Paulo, Lorena, 2014.

O presente trabalho verificou a viabilidade econômica da implantação de uma

planta piloto de biotratamento fúngico de cavacos de Eucalyptus grandis em escala

industrial. Esse pré-tratamento que antecede a polpação termomecânica (TMP) e

quimiotermomecânico (CTMP) tem o potencial de melhorar importantes

propriedades mecânicas da polpa e de reduzir o consumo de energia necessária

para o seu refino, foco do biotratamento. Um modelo de planta industrial para a

biopolpação, baseado na planta piloto implantada em Caieiras com adaptações para

inibir o crescimento de contaminates, foi desenvolvido no programa de simulação

Aspen Plus® que permitiu a obtenção do balanço de massa e energia para o

biotratamento. Tais parâmetros foram fundamentais na determinação do custo final

do biotratamento, que no melhor dos cenários abordados foi de R$33,00 por

tonelada de cavaco tratado.

Palavras-chave: Biopolpação. Simulação de bioprocessos.

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ABSTRACT

FRANCISCO, T. S. Simulation of a fungal pretreatment of wood chips for the

industrial production of pulp. 2014. 39 f. Final Project - Escola de Engenharia de

Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena, 2014.

This final project verified the economic feasibility of implementing a fungal

bioprocessing pilot plant that treats Eucalyptus grandis chips on an industrial scale.

This pretreatment acts prior to thermomechanical pulping (TMP) and

chemithermomechanical (CTMP) and has the potential to improve relevant

mechanical properties of the pulp and to reduce the energy consumption required for

its refining, focus of the biotreatment. An industrial plant model for biopulping, based

on pilot plant established in Caieiras with some adaptations to inhibit the growth of

contaminants, was developed in the software Aspen Plus® that afforded the mass

and energy balance for the biotreatment. These parameters were fundamental in

determining the final cost of biotreatment, which in the best of scenarios discussed

was R$ 33.00 per ton of treated chips.

Keywords: Biopulping, Bioprocess simulation

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Layout de montagem do equipamento para construção da pilha de

cavaco ............................................................................................................. 14

Figura 2 - Consumo de energia nos discos de refinação (MWH) durante

processos de TMP e CTMP, utilizando cavaco controle e cavaco

biopolpado de madeira Eucalyptus grandis .............................................. 15

Figura 3 - Consumo de energia na refinação do cavaco controle e do cavaco

biotratado para os processos de TMP e BioTMP; CTMP e BioCTMP 16

Figura 4 - Fluxograma simplificado do processo de pré-tratamento fúngico de

descontaminação ........................................................................................... 18

Figura 5 - Processo de pré-tratamento fúngico de cavacos de madeira para a

produção industrial de polpa celulósica desenvolvido no Aspen Plus® 22

Figura 6 - Etapa de descontaminação.......................................................................... 23

Figura 7 - Estrutura de um tanque agitado.................................................................. 24

Figura 8 - Centrifuga de decantação ............................................................................ 25

Figura 9 - . Etapa de inoculação ........................................................................................ 26

Figura 10 - Estrutura de um misturador – cone duplo rotativo ..................................... 26

Figura 11 - Etapa de inoculação ........................................................................................ 27

Figura 12- Rosca transportadora ...................................................................................... 27

Figura 13- Esteira transportadora ..................................................................................... 28

Figura 14- Composição do custo da biopolpação nos diferentes cenários, sem o

reciclo de água ............................................................................................... 32

Figura 15 -Benefício econômico devido ao emprego da biopolpação 1. Custo de

energia elétrica a R$ 164,00/MWh; 2. Custo de energia elétrica a

R$249/MWh cavacos de madeira (sem o reciclo de água) .................... 33

Figura 16- Composição do custo da biopolpação nos diferentes cenários, com o

reciclo de água ............................................................................................... 34

Figura 17 -Benefício econômico devido ao emprego da biopolpação 1. Custo de

energia elétrica a R$ 164,00/MWh; 2. Custo de energia elétrica a

R$249/MWh cavacos de madeira (com o reciclo de água) .................... 35

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Preços de algumas utilidades e materiais usados no biotratamento .... 28

Tabela 2 - Tarifas médias de água e eletricidade praticadas em São Paulo no

ano de 2014 ................................................................................................... 29

Tabela 3 – Custo do biotratamento excluindo os gastos com água e eletricidade 30

Tabela 4 – Custo com água e eletricidade utilizados no biotratamento que não

inclui o reciclo de água..................................................................................... 30

Tabela 5 - Custo final em R$/h do biotratamento de cavaco de madeira a uma

produção de 2,2 ton/h (sem reciclo de água)............................................... 30

Tabela 6 - Custo final do pré tratamento fúngico nos diferentes cenários

(sem reciclo de água)....................................................................................... 31

Tabela 7 - Redução no custo de produção de polpas dependo da economia de

energia gerada pela biotramento ................................................................ 32

Tabela 8 - Custo final do pré tratamento fúngico nos diferentes cenários (com o

reciclo de água).............................................................................................. 34

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 9

1.1 Contextualização............................................................................................................9

1.2 Justificativa ................................................................................................................... 10

1.3 Objetivo ......................................................................................................................... 10

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................ 11

2.1 Polpação ....................................................................................................................... 11

2.2 Polpação mecânica..................................................................................................... 11

2.2.1 Polpação termomecânica (TMP) e quimiotermomecânica (CTMP) ................ 12

2.3 Biopolpação ................................................................................................................. 12

2.3.1 Inoculação da madeira............................................................................................ 13

2.3.2 Planta piloto de biopolpação .................................................................................. 13

2.3.3 Descontaminação do cavaco................................................................................. 16

2.4 Simulador Aspen Plus® .............................................................................................. 17

3. METODOLOGIA ................................................................................................................... 18

3.1. Parâmetros para simulação no Aspen Plus®......................................................... 18

3.2. Avaliação econômica................................................................................................. 20

4. RESULTADOS ..................................................................................................................... 21

4.1 Etapa de descontaminação ....................................................................................... 23

4.2. Etapa de inoculação .................................................................................................. 25

4.3. Etapa de incubação ................................................................................................... 26

4.4. Avaliação econômica................................................................................................. 28

4.4.1. Biotratamento sem o reciclo de água .................................................................. 29

4.4.2. Biotratamento com reciclo de água ..................................................................... 34

5 CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 36

REFERÊNCIAS........................................................................................................................ 37

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1. INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização

Atualmente, o Brasil é o quarto maior produtor de celulose do mundo e o nono

na produção de papel. Apesar das posições de destaque, o Centro de Gestão e

Estudos Estratégicos (CGEE) afirma que a performance do Brasil poderia ser melhor

devido às condições edafoclimáticas muito favoráveis, terras disponíveis e

tecnologia florestal que o país possui (SANTOS, 2013).

Parte significativa da produção de celulose e papel nacional é destinada à

exportação. De acordo com dados da Bracelpa, em 2013, 62,3% da produção

nacional de pasta de celulose foi destinado à exportação e 17,9% do papel

produzido teve o mesmo destino (BRACELPA, 2014).

Os principais desafios da indústria de celulose e papel no Brasil são:

manter a liderança mundial na produção e exportação de celulose

branqueada de fibra curta; aumentar a competitividade na produção de

papel; modernizar as fábricas que produzem papel a partir de aparas e

melhorar a atual estrutura de suprimento desse insumo; aumentar a

produção de produtos de maior valor agregado; incrementar sua

imagem, no Brasil e no exterior, como uma indústria verde que se

preocupa em minimizar seus impactos ambientais negativos e consumir

o máximo possível de fontes renováveis de energia ao longo de toda a

sua cadeia produtiva; e expandir a área de florestas plantadas do setor

para fomentar o potencial subotimizado da produção de celulose e papel

do Brasil para atender a demanda maior gerada no cenário de

biorrefinaria (SANTOS, 2013, p 42).

O custo da energia elétrica nesse tipo de indústria é elevado, logo, ganhos de

eficiência energética podem propiciar reduções significativas de custos. Dentre as

ações e tecnologias que podem propiciar ganhos de eficiência energética será

abordado nesse trabalho o processo de biopolpação, ou seja, o pré-tratamento

microbiológico do cavaco de madeira utilizado na polpação. Esse pré-tratamento tem

o potencial de reduzir o consumo de energia necessária durante o desfibramento e

refinamento dos cavacos de madeira, e ainda melhorar importantes propriedades

mecânicas (PAVAN, 2008).

O trabalho empregou simulações de planta de biotratamento em ambiente

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Aspen Plus® para avaliar a viabilidade econômica desse tratamento na etapa de

polpação mecânica.

1.2 Justificativa

Sabe-se que a biopolpação reduz o custo energético na etapa de refino,

porém não é conhecido o custo total desse pré-tratamento fúngico (PAVAN, 2008). A

criação de um modelo para o processo de pré-tratamento através de um programa

computacional propiciou estimar o custo operacional do biotratamento, valor ainda

desconhecido.

1.3 Objetivo

O objetivo deste trabalho foi simular no programa de computador Aspen Plus®

uma estação de biotratamento de cavacos de madeira que atenda a demanda de

produção em escala industrial e analisar sua viabilidade econômica.

Para atingir este objetivo, o trabalho foi dividido nas seguintes etapas:

a) Simular um processo de biotratamento com inoculação por aspersão;

b) Simular um processo de biotratamento com inoculação por "semente";

c) Com base nas simulações, avaliar o custo da etapa de pré-tratamento

biológico, biotratamento (a) e (b);

d) Avaliar a viabilidade financeira da polpação termomecânica e

quimiotermomecânica que emprega madeira biotratada como insumo.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Polpação

Polpação é a técnica de conversão de madeira em polpa celulósica, através

da separação de suas fibras. A polpação pode ser realizada basicamente por

processos químicos e/ou mecânicos. Contudo, para se obter uma polpa com as

características adequadas para a sua futura aplicação, indústrias adotam processos

de polpação mais avançados ou a combinação de diferentes processos, sendo que

a escolha depende da matéria-prima a ser utilizada e do produto final que se

pretende obter (BLECHSHMIDT; HEINEMANN, 2006).

O presente trabalho está principalmente baseado na operação de uma planta

piloto para biotratamento de cavacos, desenvolvida por Pavan (2008), que antecede

a polpação termomecânica (TMP) e quimiotermomecânico (CTMP) de obtenção de

polpa celulósica em escala industrial. Logo, faz-se necessário entender melhor os

processos de polpação mecânica.

2.2 Polpação mecânica

Na polpação mecânica, o desfibramento da madeira é causado pelo atrito de

troncos contra uma superfície abrasiva em rotação ou pelo desfibramento de

cavacos em refinadores de disco que também giram a altas velocidades. Isso causa

o colapso da lignina e consequente rompimento da estrutura lamelar, liberando as

fibras da madeira. Como grande parte da lignina permanece retida na polpa, o

rendimento de polpa nestes processos é elevado, usualmente entre 90% e 95%

(CUNHA, 2012).

São considerados como processos mecânicos de polpação:

1) Processos de moagem: SGW (Stone groundwood) - Moagem com pedra;

TGW (Thermo groundwood) – Moagem com pedra sob alta temperatura;

PGW (Pressure groundwood) - Moagem com pedra sob pressão.

2) Processos de refino: RMP (Refiner mechanical pulp) - Polpação mecânica por

refinamento; TMP (Thermo-mechanical pulp) - Polpação termomecânica;

CMP (Chemimechanical pulp) - Polpação quimiomecânica; CTMP

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(Chemithermomechanical pulp) - Polpação quimiotermomecânica

(BIERMANN, 1993; BLECHSHMIDT; HEINEMANN, 2006; EK;

GELLERSTEDT; HENRIKSSON, 2009).

2.2.1 Polpação termomecânica (TMP) e quimiotermomecânica (CTMP)

Na polpação termomecânica (TMP) a madeira, sob forma de cavacos, sofre

um aquecimento com vapor (em tomo de 140°C), sob pressão, provocando na

madeira e na lignina uma transição do estado rígido para um estado plástico,

seguindo para o processo de desfibramento em refinador a disco. A pasta obtida

desta forma tem um rendimento um pouco menor do que no processo mecânico (85

a 90%), mas resulta em celulose para a produção de papéis de melhor qualidade, ou

seja, com maior resistência mecânica e melhor imprimabilidade (NAVARRO, 2004).

A polpação quimo-termomecânica (CTMP), derivada da TMP, resulta do

desfibramento, em desfibrador de disco, sob pressão, de cavacos, serragem de

madeira ou resíduos agrícolas, previamente tratamento com sulfito de sódio ou

álcali. Seu rendimento é cerca de 90% (BERNI, 2010).

2.3 Biopolpação

A biopolpação da madeira é utilizada como uma etapa prévia à polpação

mecânica ou química. Enzimas ou fungos, que degradam lignina seletivamente, são

aplicados sobre cavaco de madeira facilitando o processo de polpação subsequente.

Esse pré-tratamento biológico tem sido bastante estudado nos últimos anos devido

aos benefícios que ele pode proporcionar (PAVAN, 2008).

Na biopolpação, após a aplicação de enzimas ou fungos sobre cavaco de

madeira, este deverá ser incubado cerca de 15 a 30 dias. O resíduo biodegradado

obtido é rico em celulose e possui um baixo teor de lignina, que permite uma maior

facilidade de desfibramento na polpação mecânica ou no caso de polpação química,

uma maior facilidade de penetração dos licores de polpação (JARDINE, 2012).

Qualquer fração de deslignificação da madeira já proporciona à obtenção de polpas

com melhores qualidades e facilidade de polpação mecânica (LIEW et al., 2011).

Os fungos aplicados no pré-tratamento devem ser capazes de degradar a

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lignina e não a celulose, para não afetar o rendimento do processo (LIEW et al.,

2011). Dentre as várias espécies de fungos estudadas para o processo de

biopolpação, uma tem se destacado, trata-se do basidiomiceto Ceriporiopsis

subvermispora (AKHTAR et al., 1998; FERRAZ et al., 2008).

Esse pré-tratamento fúngico tem sido avaliado não somente em escala de

laboratório, mas também em 2 plantas piloto (uma em Madison, WI, USA e outra em

Caieiras, SP, Brasil).

2.3.1 Inoculação da madeira

A inoculação da madeira corresponde ao início do processo de biopolpação.

Como já citado, este trabalho abordou processos que envolvem inoculação por

aspersão ou por “semente”.

A inoculação por aspersão consiste em irrigar o cavaco de madeira com

micélio fúngico suspenso em água, enquanto que a inoculação por “semente” é feita

pela transferência do cavaco previamente colonizado para o cavaco virgem,

mantendo-os em condições para que o fungo se desenvolva e colonize a madeira.

Se a fase de crescimento do micélio não ocorrer com rapidez suficiente, outros

organismos podem estabelecer-se no composto e interferir em seu crescimento. A

quantidade de inoculante a utilizar é um dos fatores que definirá a velocidade de

crescimento do micélio no composto (BRAGA, 1999).

2.3.2 Planta piloto de biopolpação

Pavan (2008) desenvolveu uma planta piloto para o processo de biopolpação

de eucalipto com dois sistemas de inoculação, por aspersão e por “semente”. A

planta foi instalada em Caieiras, SP, Brasil e tentou reproduzir o processo realizado

na planta construída em Madison (WI, USA) em meados dos anos 90. A Figura 1

ilustra a instalação principal da planta piloto brasileira. A planta americana validou as

práticas técnicas e econômicas da época em uma polpação termomecânica (TMP).

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Figura 1 – Layout de montagem do equipamento para construção da pilha de cavaco.

Fonte: PAVAN, 2008

Na planta piloto, o cavaco previamente picado presente no silo alimenta uma

esteira que o conduz para a etapa de descontaminação, realizada em uma rosca

transportadora. O cavaco é aquecido a 80ºC através do contato direto com vapor

fluindo em contra corrente no interior da rosca. Para estar em temperatura adequada

à inoculação, igual ou menor que 45ºC, o cavaco é resfriado em uma segunda rosca

com ar. Em seguida, este passa por uma unidade onde recebe o inóculo por spray e

cai na esteira que o leva para a formação da pilha, onde ocorrerá a incubação. A

planta tratava 2,2 toneladas de cavacos por hora até a formação de uma pilha com

50 toneladas, esta era então mantida com ventilação forçada por 30 dias.

A Figura 1 ilustra o biotratamento com inoculação por aspersão, porém devido

à contaminação por outros fungos, que inibiam o crescimento do Ceriporiopsis

subvermispora, o processo foi modificado para inoculação por “semente”. No pré-

tratamento com inoculação por semente, o cavaco de madeira passava pelas

mesmas etapas de descontaminação e ao final era misturado com cavaco biotratado

previamente em laboratório.

Apenas o processo de pré-tratamento com inoculação por “semente” atingiu

resultados próximos aos estudos em laboratório com relação à economia de energia.

Pavan (2008) consolidou as técnicas de biopolpação com madeira Eucalyptus

grandis em processos de polpação termomecânicos (TMP) e quimiotermomecânicos

(CTMP), obtendo valores respectivamente de 18 e 27% de economia em

biotratamentos de TMP e CTMP, e utilizando a espécie Ceriporiopsis subvermispora

como fungo de decomposição.

Os resultados foram obtidos a partir do refino de uma pilha de 45 toneladas

Fluxo de madeira

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de cavaco de madeira, inoculada com 8 toneladas de cavaco de madeira pré-

cultivados usados como “semente” de inoculação, a qual foi obtida através de

contínuas ampliações de escala. Após 60 dias de biotratamento, com condições

adequadas para o crescimento do fungo, a caracterização da polpa apresentou

significativa redução no consumo de energia elétrica nos refinadores, conforme se

observa na Figura 2 (FERRAZ et al. 2008; PAVAN, 2008).

Para verificar a redução no consumo de energia proporcionada pelo

biotratamento do cavaco de madeira, cavacos com e sem o biotratamento foram

processados em refinadores industriais com capacidade de refinação aproximada de

6,6 ton/h. A Figura 2, que possui o consumo de energia durante a refinação, mostra

a redução energética durante a polpação termomecânica e quimiotermomecânica

com cavacos biotratados, BTMP e BCTMP, comparada com a polpação dos cavacos

sem o pré-tratamento, TMP e CTMP.

Figura 2 - Consumo de energia nos discos de refinação (MWH) durante processos de TMP e CTMP,

utilizando cavaco controle e cavaco biopolpado de madeira E. grandis.

Fonte: PAVAN, 2008

Em um experimento seguinte, utilizando o mesmo modo de ampliação de

escala, o cavaco semente foi misturado ao cavaco fresco recém picado, que não

havia passado pela etapa de descontaminação (roscas de aquecimento e

resfriamento). A Figura 3 demonstra a redução no consumo de energia obtida por

tonelada de cavaco seco ao ar (tsa) refinada. Apesar de significativa, a redução foi

inferior àquela observada utilizando-se cavacos descontaminados.

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Figura 3 - Consumo de energia na refinação do cavaco controle e do cavaco biotratado para os

processos de TMP e BioTMP; CTMP e BioCTMP.

Fonte: PAVAN, 2008

2.3.3 Descontaminação do cavaco

Os ensaios em escala piloto desenvolvidos em Caieiras mostraram que é

difícil estabelecer cultivos dos basidiomicetos de interesse livre de bolores

contaminantes. Isso porque não é simples controlar a assepsia durante a inoculação

e o biotratamento de cavacos em larga escala e em pilhas abertas (CUNHA, 2012;

FERRAZ et al., 2008; MASARIN; FERRAZ, 2008).

Para tentar eliminar esse problema da biopolpação, Cunha (2012) avaliou os

cultivos mistos de Ceriporiopsis subvermispora e Phanerochaete chrysosporium

sobre madeira de Eucalyptus grandis e Eucalyptus urograndis em regimes de

incubação em temperaturas variáveis e em condições não assépticas.

A estratégia adotada por Cunha (2012) foi de iniciar os cultivos em

temperatura mais elevada (37°C) e depois manter as culturas em temperaturas

variáveis de 27°C e 37°C. A ação se mostrou eficiente para inibir o crescimento de

contaminantes indesejáveis tanto nos cultivos mistos como nos individuais de cada

espécie avaliada.

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2.4 Simulador Aspen Plus®

O simulador Aspen Plus® é um programa de computador comercializado pela

empresa Aspen Tech que auxilia na simulação e modelagem de processos

químicos. Tais simulaçãos são realizadas através da especificação dos fluxos de

matéria, trabalho e calor, e das operações unitárias envolvidas no processo

(MAGNUSSON, 2005).

O programa disponibiliza blocos que simulam várias operações unitárias

empregadas em uma planta, entre eles consta: reatores, trocadores de calor,

separadores, bombas etc. Juntamente com a sua grande base de dados de

propriedades físicas de componentes puros, o processo é criado e os algoritmos de

convergência resolvem equações de balanço de massa e energia do processo

simulado (MAGNUSSON, 2005).

O Aspen Plus é largamente utilizado por indústrias de diversos segmentos,

porém o seu uso é restrito na indústria de celulose devido aos equipamentos

diferenciados que esta indústria emprega.

Muitos trabalhos de simulação de processos com o Aspen Plus®, utilizando

como matéria-prima biomassa, foram desenvolvidos pelo Laboratorio Nacional de

Energias Renovaveis do Estados Unidos (National Renewable Energy Laboratory –

NREL), sendo referência para trabalhos do gênero.

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3. METODOLOGIA

O presente trabalho foi desenvolvido para avaliar a viabilidade econômica de

operação de uma planta de biopolpação de cavacos de Eucalyptus grandis por

Ceriporiopsis subvermispora, através da inoculação por aspersão ou “semente”.

Foi adotado como base referencial o trabalho apresentado por Pavan (2008).

3.1. Parâmetros para simulação no Aspen Plus®

Um esquema simplificado do processo de pré-tratamento fúngico de cavacos

de madeira para a produção industrial de polpa celulósica a ser reproduzido no

programa de simulação Aspen Plus® versão 8.0 pode ser visto na Figura 4.

Figura 4 - Fluxograma simplificado do processo de pré-tratamento fúngico de cavacos de madeira

Fonte: Elaborada pela autora

O simulador disponibilizou o balanço de massa e energia do processo

simulado, auxiliando o cálculo do custo total da etapa de biotratamento.

Adicionalmente, ele possui uma ferramenta, Activated Economics Analysis, cujo

banco de dados contém características dos principais equipamentos industriais

comercializados que permite identificar os equipamentos mais adequados ao

propósito ou mais similares aos empregados na planta piloto. A ferramenta

possibilita utilizar pelo Aspen Plus® as aplicações do Aspen ICARUS®, produto da

Descontaminação

Inoculação

Cavaco

Água Fungo

Ventilação forçada

Cavaco

biotratado

Resfriamento

Pilha de incubação dos cavacos

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Aspen Technology destinado à realização de estimativas de custo de capital e

operação na implantação de processos através do mapeamento e dimensionamento

dos equipamentos nele utilizados.

Para o desenvolvimento do modelo de processo no programa Aspen Plus®,

algums parâmetros foram definidos:

Pacote termodinâmico:

NRTL - Non-Random-Two Liquid

Trabalhos desenvolvidos pelo Laboratorio Nacional de Energias Renovaveis

do Estados Unidos (National Renewable Energy Laboratory – NREL) indicam que o

pacote termodinâmico NRTL é o mais apropriado quando se utiliza biomassa.

Lista de componentes:

Cavaco: 100% Celulose (C6H10O5)n

Inóculo: 94% água (H2O); 5% glicose (C6H12O6); 1% uréia (CH4N2O)

Ar: 79% nitrogênio e 21% oxigênio (O2)

Água (H2O)

Outros componentes do cavaco de madeira como hemicelulose e lignina não

estão disponiveis na base de dados do simulador. Logo, a composição do cavaco foi

assumida como sendo formada apenas por celulose. Para uma maior precisão das

propriedades termo-fisicas do cavaco, lignina e hemicelulose podem ser criadas no

simulador através da base de dados desenvolvida pelo Laboratorio Nacional de

Energias Renovaveis do Estados Unidos. As diretrizes para a construção desta base

estão disponiveis no documento “Development of an ASPEN PLUS Physical

Property Database for Biofuels Components”.

O inóculo representa a mistura de fungo Ceriporiopsis suvermispora e

milhocina em água. A composição da milhocina inclui vários carboidratos,

aminoácidos, peptídeos, compostos orgânicos, metais e íons inorgânicos (PAVAN,

2008). Para simplificação, a milhocina é representada no simulador como tendo

composição exclusivamente de glicose e uréia, na proporção mássica de 9:1.

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Classe de corrente:

A classe de corrente selecionada no simulador foi MIXCISLD, que permite

duas possíveis subcorrentes: a subcorrente CISOLID (Conventional Inert Solid) e a

subcorrente MIXED. Juntas elas permitem a utilização de componentes

convencionais em todas as fases (sólida, líquida ou gasosa).

Seleção dos equipamentos necessários e sua configuração quando

necessária;

Determinação das correntes de entrada e/ou saída, que inclui:

Taxa de alimentação das correntes de entrada (cavaco, água de

cozimento, água de resfriamento, inóculo e ar pré-condicionado)

Temperatura e pressão das correntes;

Umidade do cavaco nas correntes de saída.

.

3.2. Avaliação econômica

Pavan (2008) indicou que a premissa inicial para uma análise econômica

deveria considerar que a economia obtida com a redução do gasto em energia

elétrica deveria ser, no mínimo, suficiente para custear os gastos da etapa de

biotratamento que incluem:

a) produção do inóculo;

b) aditivos de crescimento rápido (e.g. milhocina);

c) mão-de-obra para construção e manutenção da pilha;

d) utilidades (água, vapor, energia elétrica) necessárias na construção e

manutenção da pilha;

e) perda de biomassa (madeira 5%);

f) custo de capital.

As simulações forneceram os gastos com vapor, água e ar para ventilação

utilizados no processo. Outros custos necessários foram obtidos da literatura e

através de agências reguladoras, para o custo de compra da água e eletricidade.

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4. RESULTADOS

O processo elaborado através do programa de simulação Aspen Plus®,

apresentado na Figura 5, busca simular o processo da etapa de pré-tratamento

fúngico de cavacos de madeira para a produção industrial de polpa celulósica

desenvolvido por Pavan (2008), incluindo algumas alterações baseadas na pesquisa

de Cunha (2012) que buscam inibir o crescimento de contaminantes durante o

período de incubação. Para um maior detalhamento e compreensão do processo,

ele foi dividido em 3 principais unidades: descontaminação, inoculação e incubação.

Foram simuladas diversas taxas de produtividade de cavaco pré-tratado

utilizando esse modelo e, como esperado, verificou-se que a demanda de materiais

e energia são diretamente proporcionais à produtividade. Em função disso, optou-se

por apresentar os dados de simulação apenas com os valores obtidos para uma

produção de 2,2 ton/h, em base úmida, pois foi a escala realizada na planta piloto

desenvolvida por Pavan (2008). De qualquer forma, esta escala permite a

compreensão da origem dos custos do biotratamento, gerando dados extrapoláveis

para custo final do processo em R$/ton.

A seguir, será apresentado o detalhamento operacional de cada unidade do

processo, juntamente com a descrição dos equipamentos sugeridos para a

implantação real da planta.

Todos os materiais foram considerados disponíveis em temperatura ambiente,

25ºC e sob pressão atmosférica, 1 atm.

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Figura 5 - Processo de pré-tratamento fúngico de cavacos de madeira para a produção industrial de polpa celulósica desenvolvido no Aspen Plus®

Fonte: Elaborada pela autora

Descontaminação Inoculação Incubação

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4.1 Etapa de descontaminação

A etapa de descontaminação consiste no aquecimento do cavaco seguido

pelo seu resfriamento com água. Para uma produção de 2,2 ton/h de cavaco

biotratado, contendo umidade de 75%, é necessária uma corrente inicial de 1,3 ton/h

de cavaco seco (CAVACO), cuja umidade é de aproximadamente 11%, e 14473,12

L/h de água (AGUA1). Os valores foram calculados a partir da proporção entre

cavaco e água utilizada em laboratório para a descontaminação, que é de 2kg de

cavaco e água suficiente para completar um biorreator com capacidade de 18L. O

tratamento do cavaco com água ocorre à temperatura de 80ºC durante 30 minutos

em um tanque agitado (MIXER1). O simulador informou a necessidade de 1491,29

kg de vapor/h para manter a temperatura de cozimento.

A mistura de cavaco com água (M1) segue para a separação em uma

centrífuga de decantação (ROSCA1) que simula uma rosca desaguadora e estaria

preferencialmente posicionada na saída de fundo do tanque. O cavaco úmido

(CAVACO1) segue então para um segundo tanque (MIXER2) para ser resfriado com

água (AGUA2) em quantidade suficiente para reduzir a temperatura a 45ºC,

1850L/h, valor calculado pelo simulador.

A nova mistura de cavaco com água (M2) segue para separação em uma

segunda centrífuga de decantação (ROSCA2) onde o cavaco descontaminado

(CAVACO2) sai com umidade aproximada de 60%.

A Figura 6 indica os equipamentos pertencentes ao cozimento e resfriamento

separadamente.

Figura 6 – Etapa de descontaminação

Fonte: Elaborada pela autora

Cozimento Resfriamento

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A água descartada do processo (AGUA-R1 e AGUA-R2) poderá ser utilizada

em outras necessidades industriais. Este trabalho avaliou economicamente o

emprego do biotratamento nos casos em que há ou não a reutilização da água, itens

4.4.1 e 4.4.2.

Equipamentos sugeridos:

Tanque agitado (MIXER1)

O tanque, ilustrado na Figura 7, precisará ser encamisado para aquecer e

manter a mistura de cavaco e água a temperatura de tratamento, 80ºC, e ser agitado

para promover a dispersão do calor.

Figura 7 – Estrutura de um tanque agitado

Fonte: ASPEN, 2012

Centrífuga de decantação (ROSCA1 e ROSCA2)

A centrifuga de decantação, ilustrada na Figura 8, terá a finalidade de simular

uma rosca desaguadora, amplamente utilizada na indústria de produção de celulose

e inexistente no banco de dados de equipamentos do Aspen Plus®. Ela é constituída

por um rotor, formado por um cilindro com duas regiões (cilíndrica e cônica), e por

uma rosca central que rotaciona no interior do cilindro. O cilindro e e a rosca giram

com alta velocidade de rotação, porém com velocidades diferentes que propicia a

separação.

A mistura sólido/líquido entra no equipamento através de uma alimentação

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central no interior do eixo da rosca e flui para a área de separação, dentro da parte

cilíndrica, através de orifícios no corpo da rosca.

Devido a rotação, o líquido flui em espiral para a região de transbordamento

através dos canais formados pelas lâminas da rosca e em contra fluxo, o sólido é

transportado no sentido da região da região cônica para a sua descarga.

Figura 8 – Centrifuga de decantação

Fonte: ASPEN, 2012

4.2. Etapa de inoculação

A unidade de inoculação, destacada na Figura 9, poderá ser por aspersão ou

“semente”. Ela consiste da mistura do cavaco descontaminado com inóculo por

aspersão ou com uma fração de cavacos previamente tratados com o fungo.

A inoculação por aspersão consistirá na mistura do cavaco descontaminado

(CAVACO2) com o inóculo preparado (INOCULO). O inóculo possui uma vazão de

360L/h contendo 11 g/h do fungo Ceriporiopsis subvermispora, 22 kg/h de milhocina

e composição restante de água. Sugere-se a utilização de uma rosca transportadora

simples atuando como misturador (MIXER3) assim como foi empregado na planta

piloto.

Para o caso de inoculação por “semente”, a alimentação (INOCULO) será o

cavaco previamente tratado em laboratório ou originado por este modelo de

processo mas com inoculação por aspersão. Para este tipo de inoculação poderá

ser empregado um misturador do tipo cone duplo rotativo, MIXER3.

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Figura 9 – Etapa de inoculação

Fonte: Elaborada pela autora

Equipamento recomendado

Misturador - Cone duplo rotativo (MIXER2)

A Figura 10 demontra um misturador do tipo cone duplo rotativo, muito utilizado

na mistura de sólidos.

Figura 10 – Estrutura de um misturador – cone duplo rotativo

Fonte: ASPEN, 2012

4.3. Etapa de incubação

A incubação ocorre na pilha de cavaco formada, Figura 11. No simulador ela

é representada por um secador de sólidos para que se possa estimar o fluxo de ar

necessário para manter a sua temperatura entre 37ºC e 27ºC por 30 dias. A saída

CAVACO-P representa o cavaco biotratado, pronto para ir ao refino.

O cavaco inoculado (M3) é mantido na pilha com ventilação forçada de 1850

m³/h de ar pré-condicionado, valor calculado pelo simulador.

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Figura 11 – Etapa de inoculação

Fonte: Elaborada pela autora

Equipamentos adicionais

Durante todo o processo há a necessidade de transportar os cavacos de

madeira de um equipamento ou local para outro. Essa transferência poderá ser feita

através de roscas ou esteiras transportadoras.

Rosca transportadora

Esse tipo de rosca transporta sólidos na horizontal ou em um plano inclinado.

O equipamento inclui um motor e uma rosca helicoidal presente na calha em forma

de U. A capacidade de transporte do parafuso diminui à medida que o ângulo de

inclinação aumenta.

Com a rotação do parafuso, o material é movido para a frente. Roscas

transportadoras são baratas e de fácil manutenção. Sua estrutura está ilustrada na

Figura 12.

Figura 12 – Rosca transportadora

Fonte: ASPEN, 2012

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Esteira transpostadora

Esteiras transportadoras abertas são muito utilizadas no transporte de

materiais sólidos em longas distâncias. Uma vez que o material da esteira é

borracha, esta não é utilizada no transporte de materiais a temperaturas superiores

a 65 ° C. A estrutura básica de uma esteira transpostadora está presente na Figura

13.

Esteiras são utilizadas para transportar sólidos horizontalmente ou em plano

inclinado. A cinta pode ser plana, mas tipicamente possui um vale, a fim de

aumentar a capacidade de transporte.

Figura 13 – Esteira transportadora

Fonte: ASPEN, 2012

4.4. Avaliação econômica

Estão presentes nas Tabelas 1 e 2 os preços dos materias utilizados no

processo de pré-tratamento.

Tabela 1 - Preços de algumas utilidades e materiais usados no biotratamento.

Material $/(ton de cavaco

processada)

$/(ton de material)

Cavaco* 80,00

Milhocina + Fungo * 2,00

Vapor **

4,16

Pré condicionamento do ar*** 0,72 Fonte: (*) (SCOTT et al., 2002)

(**) Dados obtidos no banco de dados do Aspen Plus V8.0 (***) (SCOTT et al., 1998)

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O tipo de vapor selecionado para a simulação foi o “LP Steam”, vapor com

baixa pressão, que aquece o agitador encamisado na etapa de descontaminação

com uma temperatura de entrada e saída de 125ºC e 124ºC, respectivamente.

Tabela 2 – Tarifas médias de água e eletricidade praticadas em São Paulo no ano de 2014.

Preço médio para uso industrial

Preço médio na venda por

atacado

Água (R$/m³)* 10,36 1,48

Eletricidade (R$/MWh)** 249,00 164,00 Fonte: (*) ARSESP, 2014

(**) ANEEL, 2014

Para o uso industrial de água e eletricidade, há duas opções de tarifas

utilizadas por fornecedores. A tarifa depende basicamente do tipo de venda

estabelecida, podendo ser por atacado, onde a indústria compra uma grande

quantidade por um preço fixo, ou por consumo, quando a indústria paga pela

quantidade consumida com preço tabelado do tipo “uso industrial”.

A seguir, o trabalho apresenta o custo final do biotratamento, com base nas

tarifas mencionados para o caso onde há ou não o reciclo da água utilizada no

bioprocesso. O custo final não inclui os custos envolvidos com o tratamento da água

para um apropriado descarte ou reutilização.

4.4.1. Biotratamento sem o reciclo de água

Desconsiderando a reutilização da água utilizada no processo, as Tabelas 3,

4 e 5 disponibilizam os custos parciais e totais relacionados ao processamento de

2,2 ton/h de cavaco de madeira. O item “cavaco” presente nas tabelas refere-se ao

custo da perda de biomassa (5%).

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Tabela 3 – Custo do biotratamento excluindo os gastos com água e eletricidade

Produtividade 2,2 ton/h

kg/h $/h $/ton

Cavaco 65,01 5,20 2,36

Milhocina 22 4,40 2,00

Fungo 0,011

Vapor 1491,29 6,20 2,82

Ar 2366,72 1,58 0,72

Total ($) 17,39 7,90

Total (R$) 43,47 19,76

Tabela 4 – Custo com água e eletricidade utilizados no biotratamento que não inclui o reciclo de água

Produtividade 2,2 ton/h

Custo médio em compra

com preço industrial (R$/h)

Custo médio em

compra por atacado (R$/h)

Água (m³/h) 16,66 172,61 24,61

Eletricidade (kWh) 112,2 27,94 18,40

1 ton (R$/ton) (R$/ton)

Água (m³/ton) 7,57 78,46 11,19

Eletricidade (kWh/ton) 51 12,70 8,36

Foi adotado o gasto energético de 51 kWh/ton de cavaco processado, como

estimativa para a eletricidade gasta com o uso dos equipamentos presentes no

processo. Tal valor foi empregado por Scott (1998) na avaliação econômica de sua

planta piloto de estudo.

Tabela 5 – Custo final em R$/h do biotratamento de cavaco de madeira a uma produção de 2,2 ton/h (sem reciclo de água).

Eletricidade

(Preço industrial)

Eletricidade

(Preço por atacado)

Água (Preço industrial) 244,02 234,49

Água (Preço por atacado) 96,02 86,48

Devido a diferença de tarifas cobradas pela água e eletricidade, 4 cenários

foram avaliados para mostrar como a diferença dessas tarifas afetam o custo final do

bioprocesso.

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Descrição dos cenários:

Cenário I – Água e eletricidade a preço de uso industrial;

Cenário II – Água a preço de uso industrial e eletricidade a preço de compra

por atacado;

Cenário III – Água a preço de compra por atacado e eletricidade a preço de

uso industrial;

Cenário IV – Água e eletricidade a preço de compra por atacado.

Adotando, como exemplo, as tarifas médias de água e eletricidade praticadas

em São Paulo, presentes na Tabela 2, o custo final do pré tratamento fúngico nos 4

cenários está apresentado na Tabela 6.

Tabela 6 - Custo final do pré tratamento fúngico nos diferentes cenários (sem o recilo de água).

Cenário

I II III IV

Cavaco 5,91 5,91 5,91 5,91

Fungo + Milhocina 5,00 5,00 5,00 5,00

Vapor 7,05 7,05 7,05 7,05

Ar 1,80 1,80 1,80 1,80

Água 78,46 78,46 11,19 11,19

Eletricidade 12,70 8,36 12,70 8,36

Custo do pré

tratamento fúngico

(R$/ton) 110,92 106,58 43,64 39,31

($/ton) 44,37 42,63 17,46 15,72

Verifica-se pela Tabela 6 a grande variação do custo final do biotratamento,

estando entre R$39,31/ton e R$110,92 R$/ton. Utilizando-se água a preço de

atacado, Cenário III e IV, o custo final do pré-tratamento fúngico aproximou-se do

valor estimado por Scott (2002) de U$ 14,76/ton. A Figura 14 auxilia na visualização

da participação de cada material ou utilidade na composição do preço final do

biotratamento.

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Figura 14 – Composição do custo da biopolpação nos diferentes cenários, sem o reciclo de água.

Fonte: Elaborada pela autora

Na Figura 14 é possível perceber como o custo com água e secundariamente

com eletricidade encarece o custo final do biotratamento. A quantidade de água

utilizada é empregada 87% na etapa de cozimento, 11% no resfriamento e 2% no

preparo do inóculo. Caso ela seja reciclada, o custo final do processo de pré-

tratamento será notoriamente reduzido, como mostra o item 4.4.2.

Sabendo que o consumo específico médio de energia elétrica de uma planta

industrial de polpação TMP com opção de funcionamento no regime CTMP é de 816

kWh/ton (Pavan, 2008), a Tabela 7 demonstra como poderá variar a economia em

energia de acordo com o preço da energia elétrica e o percentual de redução que o

biotratamento proporcionou.

Tabela 7 – Redução no custo de produção de polpas dependo da economia de energia gerada pela biotramento

Energia elétrica ao custo de R$

164/MWh

Energia elétrica ao custo de R$

249/MWh

Consumo de energia elétrica kWh/ton 816 816

Economia de energia elétrica 10 - 30% kWh/ton 81,6 244,8 81,6 244,8

Economia estimada (R$/ton) 13,38 40,15 20,32 60,96

,

,

,

,

,

,

,

- -

- -

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Para a implantação do pré-tratamento fúngico ser considerada lucrativa, este

deverá apresentar um benefício econômico, que pode ser simplesmente expresso

pela equação abaixo:

Beneficio econômico = Economia estimada – Custo da biopolpação

Considerando o custo de energia elétrica de R$164/MWh e R$249/MWh,

variou-se o percentual de economia de energia gerado pelo biotratamento, entre

10% e 30%, para identificar em que condições ele traria benefício econômico.

Curvas apresentadas na Figura 15.

Figura 15 - Benefício econômico devido ao emprego da biopolpação 1. Custo de energia elétrica a R$ 164,00/MWh; 2. Custo de energia elétrica a R$249/MWh (sem o reciclo de água).

Fonte: Elaborada pela autora

Através dos gráficos, pode-se afirmar que não haverá benefício econômico se

a planta de biotratamento utilizar água a preço industrial e não reutilizá-la. Beneficio

econômico ocorrerá apenas quando houver economia de energia gerada pelo

biotratamento acima de 28% e 22%, para o custo de energia elétrica de R$164/MWh

e R$249/MWh respectivamente.

1. 2.

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4.4.2. Biotratamento com reciclo de água

Para o caso em que a água é reutilizada no próprio processo ou em outra

necessidade industrial e desconsiderando eventuais perdas, apenas 5% da

quantidade inicial necessária para o biotratamento não será recuperável (0,37 ton/h),

pois ela compõe a umidade final da cavaco biotratado.

A Tabela 8 e Figura 16 mostram o custo final do biotratamento e sua

composição, respectivamente. Apenas o custo com água foi alterado para o cálculo

do custo final comparando com o biotratamento anterior.

Tabela 8 - Custo final do pré tratamento fúngico nos diferentes cenários (com o recilo de água).

Cenário

I II III IV

Cavaco 5,91 5,91 5,91 5,91

Fungo + Milhocina 5,00 5,00 5,00 5,00

Vapor 7,05 7,05 7,05 7,05

Ar 1,80 1,80 1,80 1,80

Água 3,80 3,80 0,54 0,54

Eletricidade 12,70 8,36 12,70 8,36

Custo do pré

tratamento fúngico

(R$/ton) 36,26 31,92 33,00 28,67

($/ton) 14,50 12,77 13,20 11,47

Figura 16 – Composição do custo da biopolpação nos diferentes cenários, com o reciclo da água.

Fonte: Elaborada pela autora

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Utilizando a mesma forma de cálculo de benefício econômico empregada no

biotratemento anterior, através da Tabela 7, porém com o novo custo para a

biopolpação, novos percentuais mínimos de economia de energia para a obtenção

de benefício econômico foram identificados e podem ser verificados nas curvas

apresentadas na Figura 17.

Figura 17 - Benefício econômico devido ao emprego da biopolpação 1. Custo de energia elétrica a R$ 164,00/MWh; 2. Custo de energia elétrica a R$249/MWh (com o recilclo da água).

Fonte: Elaborada pela autora

Através dos gráficos, nota-se que haverá benefício econômico em qualquer

um dos cenários apresentados. A implantação da etapa de tratamento fúngico

resultará em benefício econômico quando este biotratamento gerar uma economia

de energia de no mínimo 24% e 18%, para o custo de energia elétrica de

R$164/MWh e R$249/MWh respectivamente.

1. 2.

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5 CONCLUSÃO

O trabalho permitiu a criação de um modelo de planta para o processo de

biotratamento no programa Aspen Plus® como previsto, o qual permitiu pelo balanço

de massa e energia estimar o custo final do processo.

Foi observada a grande influência do preço da água no bioprocesso devido a

grande demanda necessária, já que esta é utilizada nas etapas de

descontaminação, resfriamento e preparo do inóculo. Logo, a sua possibilidade de

reutilização é determinante para o processo ser ou não considerado viável

economicamente.

Utilizando o modelo de processo apresentado neste trabalho, conclui-se que a

implantação do bioprocesso, que adere outros benefícios além da redução

energética, apresentará benefício econômico se o cavaco biotratado possibilitar a

redução energética de no minimo: 28%, quando não há reciclo de água e a tarifa de

sua compra for de no máximo R$1,48/m³; ou entre 18% e 24%, para o custo de

energia elétrica entre R$249/MWh e R$164/MWh respectivamente e havendo o

reciclo máximo de água.

No melhor cenário, o bioprocesso que contém o reúso da água e utiliza

energia elétrica ao custo de R$249/MWh, o custo do biotratamento é de R$33,00/ton

ou $13,20/ton.

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REFERÊNCIAS

AGÊNCIA REGULADORA DE SANEAMENTO E ENERGIA DO ESTADO DE SÃO

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