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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Programa de Pós-graduação em Ciência dos Alimentos Área de Bromatologia Atividade anti-inflamatória de extrato fenólico de tomate roxo (Solanum Lycopersicum L.) em camundongo em modelo de peritonite induzido pelo LPS Afonso Pinho da Silva Maia Dissertação para obtenção do grau de MESTRE. Orientador: Profa. Dra. Neuza Mariko Aymoto Hassimotto São Paulo 2015

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Page 1: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - USP · 4. CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE ANTIOXIDANTE DO TOMATE ROXO 40 4.1 MATERIAL E MÉTODOS 40 4.1.1 MATERIAL 40 4.1.1.1

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

Programa de Pós-graduação em Ciência dos Alimentos

Área de Bromatologia

Atividade anti-inflamatória de extrato fenólico de tomate roxo (Solanum Lycopersicum L.) em camundongo em modelo de peritonite induzido pelo

LPS

Afonso Pinho da Silva Maia

Dissertação para obtenção do grau de

MESTRE.

Orientador:

Profa. Dra. Neuza Mariko Aymoto Hassimotto

São Paulo 2015

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AFONSO PINHO DA SILVA MAIA

Atividade anti-inflamatória de extrato fenólico de tomate roxo (Solanum Lycopersicum L.) em camundongo em modelo de peritonite induzido pelo LPS

Versão corrigida

Tese apresentada ao Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo para obtenção do grau de MESTRE em Ciências dos Alimentos.

Área de Concentração: Bromatologia

Orientador: Profa. Dra. Neuza Mariko Aymoto Hassimotto

São Paulo 2015

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Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

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Afonso Pinho da Silva Maia

Atividade anti-inflamatória de extrato fenólico de tomate roxo (Solanum Lycopersicum L.) em camundongo em modelo de peritonite induzido pelo LPS

Versão corrigida

Comissão julgadora da

dissertação para obtenção do grau de Mestre

_____________________________________________ Profa. Dra. Neuza Mariko Aymoto Hassimotto

orientadora/presidente

_________________________________________ Prof. Tit. Jorge Mancini Filho - 1º examinador

_________________________________________ Prof. Dr. William Tadeu Lara Festuccia2º examinador

São Paulo, 11 de março de 2015

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Dedico este trabalho

aos meus queridos pais, Mário e Sandra, e à minha amada irmã, Bruna.

Família símbolo de união, força e amor.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais e irmã, sem minha família me apoiando em todos

os momentos que passei nessa jornada não teria dado um único passo a diante.

Foi mais suave a minha caminhada tendo-os ao meu lado.

Aos meus familiares, especialmente às minhas avós, que sempre me

desejaram o melhor e sempre me recebiam de braços abertos a cada visita à

minha cidade natal; e a meu primo Hugo agradeço por não deixar me sentir mais

um em alguns milhões em São Paulo e pelo abrigo sempre que precisei.

Aos meus amigos/irmãos de Resende, vocês sempre participaram da

minha vida de forma especial. Obrigado por me fazer lembrar os momentos bons

e nunca me esquecer das minhas origens, de quem eu sou.

A todos os profissionais que estiveram envolvidos no meu processo de

educação, em especial aos meus professores de graduação. Sem o

conhecimento dividido por vocês, hoje não estaria tão perto de ser semelhante

ao profissional que sempre me cativaram a ser.

Aos meus amigos de graduação saibam que a pessoa que me torno a

partir deste momento conta, e sempre contou, com a ajuda e lembrança de

vocês.

Agradeço imensamente ao Prof. Tit. Dr. Franco Maria Lajolo por,

primeiramente, ter lido um simples email que mudaria minha vida e

consequentemente ter enxergado em mim um potencial a ser lapidado e me

encaminhado à minha orientadora.

À Profa. Dra. Neuza Mariko Aymoto Hassimotto eu agradeço

profundamente à oportunidade me dada a fazer um sonho se tornar realidade. A

atenção e a paciência que teve em me ensinar e dividir todo seu conhecimento

científico, profissional e pessoal. Obrigado por me orientar a sempre procurar

acertar, mesmo que tenhamos as maiores dificuldades pelo caminho.

Aos professores do departamento Dra. Beatriz Cordenunsi, Dr. João

Paulo Fabi, Dr. Eduardo Purgatto e Dr. João Roberto Oliveira, agradeço as

oportunidades em que tive de observá-los e poder absorver aquilo que de melhor

tinham a me oferecer. Aos queridos técnicos; Márcia Moraes, Tânia Shiga, Elias

Araújo, Aline Santos e Lúcia Justino agradeço desde os abraços molhados aos

puxões de orelha. A todos os funcionários da secretaria do departamento,

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obrigado por me ajudarem auxiliando em todos os problemas e dúvidas que tive

durante esse período.

À minha família de laboratório divido minha vitória. Amigos, desde o

momento em que cheguei ao laboratório considero todos vocês como meus

irmãos. Agradeço a todos por sempre terem me escutado, por terem gargalhado

comigo mesmo quando não podíamos, agradeço por sempre ter alguém para

almoçar ao meu lado, agradeço pelos conhecimentos divididos, pelas piadas

contadas, pelas muitas caronas, agradeço por terem se importado comigo. Serei

eternamente agradecido: pelos carinhos/mimos das minhas menininhas Talita

Nascimento, Juliana Nunes e Renata Shitakubo; pelas caronas, abrigo e, por

que não, biritas do Victor Castro-Alves, Eric Tobaruela e Samira Prado; as ajudas

de Ana Sansone e a parceria de Marcelo Sansone; e as conversas sobre todos

os assuntos imagináveis com Florence Castelan, Lorenzo Saraiva, Maria

Fernanda Nobre, Gabriela Schmitz, Bruna Lima, Deborah DeFusco, Vanessa

Bonato, Fernanda Peroni e Roberta Guedini. Saibam que estão todos no meu

coração, guardo todos os momentos com muito carinho e amor. Muito obrigado

por terem feito tudo parecer mais fácil, por terem me incentivado a conquistar e

acreditar no que parecia distante e impossível.

Agradeço em especial às minhas colegas do grupo dos flavonoides,

Manuela Brito, Luciane Teixeira, Ana Marla Duarte, Mariana Souto, Regina

Stanquevis, Sara de Lima e Daniela Chaves. Sem o apoio de vocês sorrir todos

os dias seria bem mais difícil. Obrigado pelas ajudas profissionais e pessoais.

Agradeço à Universidade de São Paulo por toda infraestrutura a mim

ofertada para que me tornasse um profissional, e até mesmo, um “atleta” melhor.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

(CAPES) e ao Programa de Pós-graduação em Ciência dos Alimentos da

Universidade de São Paulo pela oportunidade e apoio financeiro.

A todos que, de alguma forma, tenham me ajudado em algum momento

que precisei.

E finalmente, agradeço a Deus e a Nossa Senhora Aparecida por terem

me guiado no caminho da paz e da sabedoria e me protegido de todos os

perigos.

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“O único verdadeiro fracasso é o de não haver tentado.

E o sucesso se mede pela forma como lidamos com as decepções.

É o que sempre devemos fazer.

Viemos aqui, e tentamos.

Cada um a sua maneira.

É nossa culpa achar que somos muito velhos para mudar?

Com medo da decepção para começarmos novamente?

Nós nos levantamos de manhã,

e fazemos o melhor que podemos.

Nada mais importa.”

Trecho de O Excêntrico Hotel Marigold.

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SUMÁRIO

Lista de abreviaturas

Lista de figuras

Lista de tabelas

Lista de quadros

Resumo

Abstract

1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA 18

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 20

2.1 FLAVONOIDES 20

2.1.1 Características estruturais 20

2.1.2 Biossíntese 24

2.1.3 Biodisponibilidade dos compostos fenólicos 26

2.2 PROPRIEDADES DOS FLAVONOIDES 29

2.2.1 Atividade antioxidante 29

2.2.2 Atividade anti-inflamatória 31

2.3 TOMATE ROXO 36

3. OBJETIVO 39

4. CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E AVALIAÇÃO

DA CAPACIDADE ANTIOXIDANTE DO TOMATE ROXO 40

4.1 MATERIAL E MÉTODOS 40

4.1.1 MATERIAL 40

4.1.1.1. Amostra 40

4.1.1.2. Preparo da amostra 40

4.1.2 MÉTODOS 40

4.1.2.1. Extração de compostos fenólicos 40

4.1.2.2. Determinação de fenólicos totais 41

4.1.2.3. Capacidade antioxidante 41

4.1.2.3.1. Método Oxygen radical assay capacity (ORAC) 41

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4.1.2.3.2. Método DPPH 42

4.1.2.4. Extração de flavonoides 42

4.1.2.5. Extração de fase sólida 43

4.1.2.6. Cromatografia líquida de alta eficiência - DAD 43

4.1.2.7. LC-ESI-MS/MS 44

4.1.2.8. Determinação de ácido ascórbico 45

4.1.2.9. Análise estatística 45

4.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO 46

5. ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA DO EXTRATO

FENÓLICO DE TOMATE ROXO 66

5.1 MÉTODOS 66

5.1.1 Preparo do extrato aquoso 66

5.1.2 Delineamento experimental 66

5.1.2.1. Estudo de inflamação 67

5.1.3 Reação em cadeia da polimerase (PCR) 68

5.1.4 Determinação da concentração de citocinas no exsudato

peritoneal 68

5.1.5 Estudo de absorção 69

5.1.6 Extração de flavonoides do fígado de camundongo 70

5.1.7 Análise estatística 70

5.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO 71

5.2.1 Influxo leucocitário 71

5.2.2 Expressão gênica de mRNA de COX-2 73

5.2.3 Concentração de citocinas no exsudato peritoneal 74

5.2.4 Absorção dos compostos fenólicos do tomate roxo 80

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 84

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 85

8. ANEXO 95

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LISTA DE ABREVIATURAS

AsA Ácido ascórbico

AAPH 2,2’- azobis (2-amidinopropano) dihidrocloreto

ABG Aubergine

AFT Anthocyanin fruit

AG Ácido gálico

ATV atroviolaceum

CAT Catalase

CHI Chalcona isomerase

CLAE Cromatografia líquida de alta eficiência

COX Ciclo-oxigenase

DCNT Doenças crônicas não transmissíveis

DNA Deoxyribonucleic acid / Ácido desoxirribonucleico

DPPH Radical α,α-difenil-β-picrilhidrazina

ERN Espécie reativa de nitrogênio

ERO Espécie reativa de oxigênio

FAO Food and Agriculture Organization

GPx Glutationa peroxidase

GST Glutationa S-transferase

ICAM-1 Intercellular cell adhesion molecule - 1 / Molécula de

adesão intracelular-1

IL Interleucina

iNOS Inducible oxide nitric synthase / Óxido nítrico sintetase

indutível

LOO• Radical peroxil

LOX Lipo-oxigenase

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LPS Lipopolissacarídeo

MCP-1 Monocyte chemoattractant protein-1 / Proteína quimiotática

de monócito-1

mKC murine keratinocyte-derived chemokine / Quimiocina

específica para neutrófico

NF-κB Fator de transcrição kappa B

NO Óxido Nítrico

OMS Organização Mundial de Saúde

ORAC Oxygen radical assay capacity

PGE-2 Prostaglandina E 2

SGLT-1 Sodium-dependent glucose transporter – 1 / Transportador

de glicose sódio-dependente

SOD Superóxido dismutase

SUS Sistema único de saúde

TNF-α Fator de necrose tumoral α

VCAM-1 Vascular cell adhesion molecule -1 / Molécula de adesão

de célula vascular-1

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Estrutura básica dos flavonoides. 20 Figura 2 Classificação dos flavonoides em subclasses. 22 Figura 3 Estrutura básica das principais antocianidinas

encontradas nos alimentos vegetais. 23

Figura 4 Rota biossintética dos flavonoides. 25 Figura 5 Via da absorção dos flavonoides. 29 Figura 6 Reação redox entre um flavonoide e um grupamento

peroxil. 30

Figura 7 Relação entre o processo inflamatório crônico e o

desenvolvimento de doenças crônicas. 33

Figura 8 Possível papel dos flavonoides nas vias de sinalização

da cascata inflamatória induzida por LPS/AGS. 35

Figura 9 Piramidação de genes para obtenção do tomate roxo. 37 Figura 10 Rota biossintética das antocianinas no tomate. 38 Figura 11 Cromatograma obtido por CLAE-DAD (270 nm) dos

flavonoides presentes na casca (A) e polpa (B) do tomate roxo.

50

Figura 12 Principais compostos fenólicos encontrados no tomate

roxo obtido por piramidação do genes Aft, Abg e atv. 51

Figura 13 Espectro de massas (MS2) de flavonoides

encontrados na casca do tomate roxo obtido por piramidação do genes Aft, Abg e atv obtidos por LC-ESI -MS/MS, em modo positivo.

54

Figura 14 Espectro de massas (MS2) de flavonoides

encontrados na casca do tomate roxo obtido por piramidação do genes Aft, Abg e atv obtidos por LC-ESI -MS/MS, em modo negativo.

57

Figura 15

Cromatograma obtido por CLAE-DAD (270 nm) dos flavonoides presentes na casca (A) e polpa (B) do tomate vermelho (MT).

58

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Figura 16 Espectro de massas (MS2) de flavonoides encontrados na casca do tomate vermelho (MT) obtidos por LC-ESI -MS/MS, em modo positivo.

61

Figura 17 Espectro de massas (MS2) de flavonoides

encontrados na casca do tomate vermelho (MT) obtidos por LC-ESI -MS/MS, em modo positivo.

63

Figura 18 Comparação entre tomate roxo obtido por piramidação

do genes Aft, Abg e atv (A) e tomate vermelho- MT (B). 64

Figura 19 Efeito do extrato fenólico de tomate roxo obtido por

piramidação do genes Aft, Abg e atv no influxo leucocitário em modelo de peritonite induzida por LPS.

72

Figura 20

Efeito do extrato fenólico de tomate roxo obtido por piramidação do genes Aft, Abg e atv na expressão de mRNA de COX-2 em modelo de peritonite induzida por LPS.

73

Figura 21 Efeito do extrato fenólico de tomate roxo obtido por

piramidação do genes Aft, Abg e atv na concentração de citocinas pró-inflamatórias no exsudato em modelo de peritonite induzida por LPS.

75

Figura 22 Efeito do extrato fenólico de tomate roxo obtido por

piramidação do genes Aft, Abg e atv na concentração de MCP-1 e mKC no exsudato em modelo de peritonite induzida por LPS.

76

Figura 23 Efeito do extrato fenólico de tomate roxo obtido por

piramidação do genes Aft, Abg e atv na concentração das citocinas anti-inflamatórias no exsudato em modelo de peritonite induzida por LPS.

77

Figura 24 Espectro de massas (MS2) de flavonoides

encontrados no fígado dos animais tratados com extrato fenólico de tomate roxo obtidos por LC-ESI -MS/MS, em modo positivo.

81

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1

Conteúdo de fenólicos totais e atividade antioxidante, avaliada pelos métodos DPPH e ORAC, de tomate roxo, obtido por piramidação dos genes Aft, Abg e atv, e de tomate vermelho-Micro Tom (MT)

46

Tabela 2 Conteúdo de ácido ascórbico de tomate roxo obtido por piramidação do genes Aft, Abg e atv e de tomate vermelho-MT.

48

Tabela 3 Conteúdo dos flavonoides e ácidos fenólicos do tomate roxo obtido por piramidação do genes Aft, Abg e atv.

49

Tabela 4

Composição de compostos fenólicos da casca do tomate roxo obtido por piramidação do genes Aft, Abg e atv identificados por LC-ESI-MS/MS, em modo positivo.

52

Tabela 5

Composição de compostos fenólicos da polpa do tomate roxo obtido por piramidação do genes Aft, Abg e atv detectados por LC-ESI-MS/MS, em modo negativo.

55

Tabela 6 Conteúdo dos flavonoides e ácidos fenólicos do tomate vermelho (MT).

59

Tabela 7 Composição de compostos fenólicos da casca do tomate vermelho (MT) identificados por LC-ESI-MS/MS, em modo positivo.

60

Tabela 8 Composição de compostos fenólicos da polpa do tomate vermelho (MT) identificados por LC-ESI-MS/MS, em modo positivo.

62

Tabela 9 Flavonoides encontrados no fígado dos animais tratados com extrato fenólico de tomate roxo obtidos por LC-ESI -MS/MS, em modo positivo.

80

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RESUMO

MAIA, A.P.S. Atividade anti-inflamatória de extrato fenólico de tomate roxo

(Solanum Lycopersicum L.) em camundongo em modelo de peritonite

induzido pelo LPS. 2015. 101p. (Dissertação de mestrado). Faculdade de

Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015.

Visando a produção de um alimento que possua elevados teores de compostos bioativos, a piramidação de genes é uma técnica capaz de estimular o acúmulo e a expressão de novas classes de flavonoides em tecidos vegetais, como por exemplo, o tomate roxo, rico em antocianinas. As antocianinas podem atenuar o processo inflamatório através da modulação da cascata de sinalização e da expressão de enzimas, sendo este um dos possíveis mecanismos de ação que leva a promoção da saúde, atribuído a esta classe de compostos. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a ação anti-inflamatória do extrato de tomate roxo, obtido por piramidação dos genes Anthocyanin Fruit (Aft), Aubergine (Abg) e atroviolaceum (atv), em camundongos submetidos ao modelo de peritonite induzida por lipopolissacarídeo (LPS). O fruto tomate vermelho - Micro Tom (MT) e o transformado foram caracterizados quanto ao seu perfil de compostos fenólicos. A casca do tomate roxo, rica em antocianinas, apresentou conteúdo de fenólicos totais dez vezes maior quando comparado à casca do MT, apresentando também maiores quantidades de ácido ascórbico e capacidade antioxidante avaliado nos métodos DPPH e ORAC; em relação à polpa e casca do tomate vermelho e a polpa do tomate roxo. Os principais flavonoides identificados na casca do tomate roxo, por CLAE-DAD, foram: as antocianidinas petunidina (86,5 mg/100 g b.u.), delfinidina (6,85 mg/100 g b.u.), principalmente na forma acilada, e o flavonol rutina (106,26 mg/100 g b.u.). A propriedade anti-inflamatória dos compostos fenólicos foi avaliada através de um modelo de peritonite, em camundongos, induzida por LPS. O extrato aquoso do tomate roxo, rico em antocianinas (2 e 4 mg petunidina eq./100 g peso corpóreo) foi administrado, por via oral, 30 minutos antes do estímulo inflamatório. No exsudato peritoneal, coletado após 3h do estímulo, foi observada, no grupo que recebeu 4 mg quando comparado ao grupo estimulado com LPS, uma redução significativa (p<0,05) de cerca de 37% no número de leucócitos totais e de 64% na expressão gênica de mRNA de COX-2 e na produção de citocinas pró-inflamatórias (TNF-α, IL-1β, IL-2, IL-6 e MCP-1), assim como um aumento significativo da citocina anti-inflamatória IL-10. Em estudo de absorção, os metabólitos: delfinidina aglicona (m/z 303) e malvidina aglicona (m/z 331) foram detectados, por cromatografia líquida – ESI-MS/MS, nas amostras de fígado dos animais eutanasiados após 30 minutos de administração do extrato do tomate roxo. Portanto, os resultados demonstram que as antocianinas presentes no tomate roxo, por meio dos metabólitos encontrados no fígado dos animais, apresentam atividade anti-inflamatória através do controle do influxo leucocitário, da modulação da expressão gênica de COX-2 e da produção citocinas. Palavras-chave: antocianinas, tomate roxo, petunidina, atividade anti-

inflamatória.

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ABSTRACT

MAIA, A.P.S. Anti-inflammatory activity of phenolic extract of purple tomato (Solanum lycopersicum L.) in mouse model of peritonitis induced by LPS. 2015. 101p. (Dissertação de mestrado). Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015.

Aiming to produce a food having high contents of bioactive compounds, the gene pyramiding is a technique capable of stimulating the expression and accumulation of new classes of flavonoids in plant tissues, such as purple tomato, rich in anthocyanins. Anthocyanins may attenuate the inflammatory process by modulating the signaling cascade and expression of enzymes, which is one of the possible mechanisms of action that leads to health promotion, assigned to this class of compounds. The objective of this study was to evaluate the anti-inflammatory action of the purple tomato paste, obtained by pyramiding of genes Fruit Anthocyanin (Aft), Aubergine (Abg) and atroviolaceum (atv) in mice submitted to peritonitis model induced by lipopolysaccharide (LPS). The tomato fruit - Micro Tom (MT) and the transformed were characterized according to their profile of phenolic compounds. The purple tomato peel, rich in anthocyanins, phenolics content presented ten times higher compared to the shell of the MT, and also provides increased amounts of ascorbic acid and antioxidant activity in the DPPH rated and the ORAC methods; than the pulp and peel the tomato pulp and purple tomatoes. The main flavonoids identified in tomato peel purple, by HPLC-DAD were: petunidin the anthocyanidins (86.5 mg / 100 g wb), delphinidin (6.85 mg / 100 g wb), especially in the acylated form, and flavonol rutin (106.26 mg / 100 g bu). The anti-inflammatory properties of the phenolic compounds was evaluated through a model of peritonitis in mice induced by LPS. The extract of purple tomato, rich in anthocyanins (2 and 4 petunidin mg eq. / 100 g body weight) was administered orally 30 minutes before the inflammatory stimulus. In the peritoneal exudate collected after 3 h of stimulation was observed in the group receiving 4 mg as compared to the LPS stimulated group, a significant reduction (p <0.05) of about 37% in the number of total leukocytes and 64 % mRNA gene expression of COX-2 and production of proinflammatory cytokines (TNF-α, IL-1β, IL-2, IL-6 and MCP-1), as well as a significant increase of the anti-inflammatory cytokine IL-10. In a study of absorption, the metabolites: aglycone delphinidin (m / z 303) and malvidin aglycone (m / z 331) were detected by HPLC - ESI-MS / MS, in liver samples from animals euthanized 30 minutes after administration the purple tomato extract. Therefore, the results show that anthocyanins present in the purple tomato, through the metabolites found in animal liver, exhibit anti-inflammatory activity by controlling the leukocyte influx, the modulation of gene expression of COX-2 and production cytokines. Keywords: anthocyanins, purple tomatoes, petunidin, anti-inflammatory activity.

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18

1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

A realidade mundial revela que grande parte da população sofre de algum

tipo de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). De acordo com dados da

Organização Mundial da Saúde (OMS), no ano de 2008, cerca de 63% das 57

milhões de mortes ocorridas no mundo foram decorrentes das DCNT,

caracterizando-se uma importante questão de saúde pública, tanto nos países

desenvolvidos quanto nos países em desenvolvimento (OMS, 2011; OLIVEIRA

et al., 2009).

O Brasil que passa por uma significativa transição demográfica, nutricional

e epidemiológica, desde os anos 60, segue a tendência mundial. De acordo com

estudos atuais as DCNT são responsáveis por 74% das causas de mortes e por

75% dos gastos com atenção à saúde no Sistema Único de Saúde (SUS), além

de atingirem prioritariamente os estratos mais pobres e grupos vulneráveis da

população (OMS, 2011; BRASIL, 2011).

Uma maior oferta dietética de alimentos vegetais juntamente com

escolhas de vida saudáveis e práticas regulares de exercícios físicos pode

auxiliar na redução do risco de desenvolvimento das DCNT, tais como o câncer,

a diabetes, a hipertensão arterial sistêmica e a hipercolesterolemia. A

recomendação da OMS para ingestão diária de frutas, verduras e legumes é de

400 g fracionados em 5 porções, já que em suas projeções recentes é

demonstrado que uma dieta inadequada no que se diz respeito ao consumo de

vegetais é um dos fatores primordiais para o desenvolvimento de doenças em

todo mundo (BRASIL, 2010).

Os vegetais possuem, além de nutrientes, compostos bioativos que

podem atuar auxiliando na promoção à saúde através de diversos mecanismos,

tais como antioxidantes, ação antiproliferativa e anti-inflamatória. Entre estes

compostos os flavonoides despertam o interesse de diversos estudos que visam

investigar o seu papel no organismo humano (GARCÍA-LAFUENTE et al., 2009).

O tomate (Solanum lycopersicum L.) é uma das hortaliças mais

importantes no mundo, sua produção mundial em 2011 foi de cerca de 159

milhões de toneladas (FAO, 2014) (MES et al., 2008).

O vegetal é reconhecido pelo seu alto teor de licopeno, um carotenoide

vermelho com diversos efeitos benéficos relacionados à saúde. Além disso, o

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fruto contém teores significativos de compostos fenólicos, tais como os

flavonoides e ácidos fenólicos, sendo comumente encontrados na forma de

glicosídeos de quercetina, campferol e naringenina (SLIMESTAD & VERHUEL,

2009; GONZALI et al., 2009).

Entretanto, é possível obter-se frutos com teores significativos de outros

compostos bioativos, tais como as antocianinas, através de processos de

cruzamentos interespecíficos, ou piramidação, de algumas cultivares selvagens

de tomate, originando frutos que possuem genes que aumentam a expressão do

flavonoide, tais como o gene Anthocyanin Fruit (Aft), Aubergine (Abg) e

atroviolaceum (atv) (MES et al., 2008).

Portanto, tendo em vista que os alimentos vegetais contêm, além dos

nutrientes básicos, compostos bioativos, destacando os flavonoides, que podem

contribuir para a manutenção e promoção da saúde e, consequentemente,

auxiliar na prevenção de DCNT e que o melhoramento convencional de plantas,

através da piramidação de genes, pode ser uma ferramenta para o

enriquecimento de alimentos largamente consumidos pela população,

aumentando assim suas propriedades funcionais, o presente estudo avaliou as

características físico-químicas do tomate roxo obtido por piramidação e a

atividade anti-inflamatória do seu extrato fenólico em camundongo em modelo

de peritonite induzido pelo lipopolissacarídeo (LPS).

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20

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. FLAVONOIDES

2.1.1. Características estruturais

Estudos outorgam que os benefícios desempenhados pelos compostos

bioativos estão relacionados com propriedades biológicas promotoras de saúde,

tais como a ação anti-inflamatória, hipocolesterolêmica e antioxidante,

destacando-se as vitaminas A, E e C, bem como os compostos fenólicos

(GARCÍA-TIRADO et al., 2012).

Os compostos fenólicos são moléculas amplamente distribuídas entre os

vegetais, tais como frutas, hortaliças e cereais, cujas funções nas plantas são de

pigmentação, fotoproteção e defesa contra agentes externos. Estes compostos

constituem um grande grupo de moléculas que contribuem por uma parte

considerável da dieta humana. Dentro deste grande grupo estão os ácidos

fenólicos, os estilbenos, os taninos e os flavonoides (DORNAS et al., 2007).

Os flavonoides são compostos polifenólicos caracterizados por

apresentarem 15 carbonos no seu núcleo fundamental, constituídos por dois

anéis aromáticos unidos por uma cadeia de três átomos de carbono que pode

ou não formar um terceiro anel (C6-C3-C6) (Figura 1) (DORNAS et al., 2007).

Figura 1: Estrutura básica dos flavonoides. Fonte: DORNAS et al., 2007.

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As principais subclasses dos flavonoides podem ser diferenciadas com

base na oxidação do anel pirano central e também pela posição do anel B em

flavonols, flavonas, flavanol ou flavan-3-ol, flavanonas, antocianidinas e

isoflavonas (Figura 2) (CROZIER et al., 2009).

Os flavonoides são encontrados na forma aglicona ou conjugado à

molécula de carboidrato (forma glicosilada). Em decorrência da glicosilação os

flavonoides apresentam menor reatividade e maior solubilidade em água

(SANTOS, 2009). Por mais que todos os grupos hidroxila possam ser

glicosilados, as posições 3, 5 e 7 são as mais comumente encontradas, uma vez

que correspondem às hidroxilas mais ácidas (CROZZIER et al., 2009).

A ingestão diária de flavonoides começou a ser debatida na década de 60

em vários países, variando de 3mg/dia na Finlândia a 65mg/dia no Japão

(ARABBI et al., 2004). Já em 1976, nos Estados Unidos foi considerada uma

ingestão diária de aproximadamente 1g, sendo que 160-175 mg seriam de

flavonas, flavonona e flavonols, entretanto estes valores não podem ser

considerados fidedignos, pois utilizaram técnicas hoje avaliadas como

imprecisas e inadequadas. Atualmente, a ingestão diária de flavonoides totais,

estimada para adultos americanos e espanhóis, é de 189,7 mg/dia

(principalmente flavan-3-ol) e 313,26 mg/dia (principalmente procianidina),

respectivamente (CHUN et al., 2007, ZAMORA-ROS et al., 2010). Com base em

uma análise sobre o consumo de flavonols e flavonas em hortaliças e bebidas

na população holandesa, realizado no período de 1987-1988, este foi estimado

em 23mg/dia (ROSS & KASUM, 2002).

No Brasil, a ingestão média diária de flavonoides pela população foi

estimada entre 60 a 106 mg/dia, quando considerada a divisão por sexo esta foi

de 79 mg/dia para mulheres e 86 mg/dia para homens, sendo a maior parte

glicosídeos de quercetina (ARABBI et al., 2004).

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Flavonol

quercetina,

kaempferol, miricetina

Cor: amarelo

Alimentos: couve,

cebola e brócolis

Flavan-3-ol

catequina, epicate-quina, galocatequina

Cor: incolor

Alimentos: chá verde,

cacau e maçã

Flavona

apigenina, luteolina, diomestina

Cor: incolor

Alimentos: salsa, aipo,

tomilho

Flavanona

naringenina, hesperidina

Cor: incolor ou

amarelo

Alimentos: cítricos

Antocianidina

cianidina, malvidina, petunidina

Cor: azul

Alimentos: uva,

morango e berinjela

Isoflavona

genisteína, daidzeína

Cor: incolor

Alimentos: soja, feijões

e legumes

Chalcona

floretina

Cor: incolor

Alimentos: frutas

Figura 2. Classificação dos flavonoides em subclasses.

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As antocianinas correspondem ao maior grupo de pigmentos naturais e

possuem alta solubilidade em água. Até o momento, foram identificados mais de

635 tipos de antocianinas na natureza, sendo responsáveis pela pigmentação de

vegetais, frutas e flores nas tonalidades de azul, roxo e vermelho. Nas plantas,

apresentam função protetora contra os raios UV e atrativa para os animais

dispersores de sementes e polinizadores (HE e GIUSTI, 2010).

As antocianinas podem ser encontradas na forma aglicona, nomeada

antocianidina, ou na forma glicosilada. Em sua forma aglicona, as antocianidinas

apresentam coloração acentudada quando em pH ácido e absorção máxima no

espectro visível entre 465 e 550 nm. As antocianidinas mais comumente

encontradas em frutas e hortaliças são: cianidina, peonidina, pelargonidina,

petunidina, delfinidina e malvidina (Figura 3) (JAGNATH & CROZIER, 2010).

Figura 3. Estrutura básica das principais antocianidinas encontradas nos alimentos vegetais.

Diferentes tipos de açúcares podem ser conjugados às antocianidinas,

sendo os principais, a glicose e ramnose, além disso, são encontrados

glicosilados à galactose, arabinose, xilose, entre outros, podendo também, ser

encontradas aciladas a ácidos orgânicos (TALL et al., 2003).

As antocianinas possuem efeitos no organismo humano. Em decorrência

de sua atividade antioxidante, anti-inflamatória e anti-proliferativa, diversos

estudos apontam que o consumo dietético de antocianinas presentes nos

alimentos pode exercer efeitos positivos no controle a diversas DCNT, como o

diabetes, doenças cardiovasculares e câncer (BASSOLINO et al. 2013).

2.1.2. Biossíntese

Antocianidinas R1 R2 R3

Cianidina OH OH H

Peonidina OCH3 OH H

Delfinidina OH OH OH

Malvidina OCH3 OH OCH3

Petunidina OCH3 OH OH

Pelargonidina H OH H

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24

Os flavonoides são produtos do metabolismo secundário dos vegetais,

decorrente das vias do ácido chiquímico e do acetato-malonato, a síntese dos

flavonoides pode ser dividida de acordo com a interação de duas vias

metabólicas distintas, a formação do anel aromático B se dá por uma unidade de

um fenilpropanóide, sintetizado a partir do ácido p-cumárico, enquanto o anel A

é um produto da condensação de três unidades de acetato (Figura 4) (CROZIER,

et al 2009, SCHREIBEIR et al., 2011).

Através da união dos produtos da via do ácido chiquímico e acetato-

malonato é formada a chalcona, principal precursor dos flavonoides. A junção do

ácido chiquímico com uma molécula de fosfoenolpiruvato forma o ácido

corísmico, responsável pela formação de aminoácidos aromáticos, como a

fenilalanina, que por sua vez, através da enzima fenilalanina amônio liase (PAL),

responsável por retirar uma amônia da fenilalanina, forma o ácido cinâmico, que

ao ser transformado em ácido para-cumárico, este por sua vez é alongado com

três moléculas de malonil-CoA. O fechamento da estrutura, catalisada pela

chacolna sintase (CHS), dá origem a chalcona (KARAM et al., 2013).

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Figura 4. Rota biossintética dos flavonoides. PAL: fenilalanina amônio liase, CHS: chalcona sintetase.

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26

2.1.3. Biodisponibilidade dos compostos fenólicos

O termo biodisponibilidade inicialmente era utilizado na área da

farmacologia com a finalidade de estimar a quantidade que uma substância ativa

era absorvida e alcançava seu sítio de ação. No decorrer da década de 1980

novas definições foram propostas, e gradativamente utilizada referindo-se à

nutrição. Em 1984, O’Dell definiu biodisponibilidade como “a proporção do

nutriente nos alimentos que é absorvida e utilizada nos processos de transporte,

assimilação e conversão à forma biologicamente ativa” (COZZOLINO, 2011).

A ingestão diária de compostos fenólicos é de cerca de 1g/dia, sendo que

1/3 é correspondente à ingestão de flavonoides. Diversos fatores parecem

influenciar na biodisponibilidade dos flavonoides, como a matriz alimentar,

processamento ou interação com outros nutrientes, porém o fator de maior

importância é a estrutura química apresentada pelo flavonoide (GEORGIEV et

al., 2014).

As formas glicosiladas dos flavonoides são as mais comumente

encontradas nos alimentos vegetais, geralmente conjugados aos açúcares

glicose e ramnose. Em algumas classes de flavonoides, a deglicolisação é

necessária para que o composto seja absorvido pela borda em escova das

vilosidades intestinais, uma vez que somente a forma aglicona e os conjugados

à glicose podem ser absorvidos no intestino delgado (KUMAR e PANDEY, 2013).

A Figura 5 esquematiza a via de absorção dos compostos fenólicos no

organismo humano.

De acordo com recentes estudos, o metabolismo dos flavonoides pode

ser iniciado já na cavidade oral, através de proteínas e enzimas presentes na

saliva, como a β-glicosidase proveniente de bactérias e células epiteliais. Porém,

a importância do papel da cavidade oral ainda é difícil de mensurar, uma vez que

os alimentos tem um tempo curto de permanência no local. Uma vez no

estômago, os flavonoides em sua forma aglicona são absorvidos por transporte

passivo, enquanto os glicosilados podem ser absorvidos pela ação

bilitranslocase expressa no epitélio estomacal (FERNANDES, et al., 2014).

Já na borda em escova do intestino delgado os glicosídeos podem ser

absorvidos através de mecanismos que podem envolver transporte de

membrana, associado ao transportador de glicose sódio-dependente (SGLT-1),

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ou sofrem hidrólise pela ação da enzima lactase florizina hidrolase (LPH)

liberando então as agliconas para serem absorvidas. Os glicosídeos resistentes

às enzimas do intestino delgado, principalmente os ligados à ramnose, seguem

para o cólon. (HRIBAR & ULRICH, 2014).

A microbiota colônica desempenha papel primordial na absorção dos

flavonoides. Os glicosídeos que alcançam o cólon sofrem a ação de enzimas

provenientes da microbiota local, como a β-glucoronidase, sofrem degradação e

são absorvidos na forma de seus metabólitos (aglicona ⁄ ácidos fenólicos), via

sistema porta-hepática (THILAKARATHNA & RUPASINGHE, 2013).

No enterócitos e/ou hepatócitos, os flavonoides e seus metabólitos

(ácidos fenólicos) absorvidos podem sofrer o processo de conjugação. Tal

processo pode ser por meio de metilação, sulfatação e/ou glucuronidação

(conjução ao ácido glucurônico), reações comuns aos xenobióticos a fim de

aumentar sua hidrofilicidade e, por consequência, facilitando sua excreção

(CROZIER et al., 2009).

Na corrente sanguínea os flavonoides são ligados às proteínas de

transporte, como a albumina. Essa característica é fundamental no transporte

plasmático, já que ao ligar-se à proteína, o flavonoide é distribuído por todo

sistema. Entretanto, o modo no qual funciona o mecanismo de interação entre

flavonoide-proteína ainda não é totalmente esclarecido (BOLLI et al., 2010).

A excreção pode ser realizada por meio da bile ou pelo sistema urinário.

No rim, os flavonoides também podem também sofrer conjugação e serem

excretados pela urina. Já a excreção biliar pode contribuir pela reabsorção

intestinal devido à ação enzimática bacteriana, alterando a meia vida dos

flavonoides (BOHN, 2014).

Usualmente é atribuída às antocianinas uma baixa biodisponibilidade,

sabe-se que cerca de 1% dos compostos absorvidos são encontrados na

corrente sanguínea. Todavia, a maior parte dos estudos sobre a absorção de

antocianinas envolvia apenas os compostos conjugados como metabólitos no

sangue. Entretanto, os estudos mais recentes sugerem que os metabólitos das

antocianinas possivelmente provenientes da fermentação microbiana, dentre

eles os ácidos fenólicos (ácido protocatecuíco, ferúlico, vanílico), podem ser

encontrados no sangue (FERRARS et al. 2014).

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Figura 5. Via da absorção dos flavonoides. SGLT-1: transporte de glicose sódio dependente-1. LPH: enzima lactase florizina hidrolase. (Adaptado de THILAKARATHNA & RUPASINGHE, 2013 e HRIBAR & ULRICH, 2014).

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29

2.2. PROPRIEDADES DOS FLAVONOIDES

Estudos epidemiológicos apontam que o consumo de frutas e hortaliças

assume efeito positivo na redução do risco de desenvolvimento de diversas

doenças, como por exemplo, o câncer e doenças cardiovasculares. Este efeito

protetor constatado é usualmente atribuído a uma diversidade de constituintes

vegetais, como os compostos bioativos, dentre eles, os flavonoides; destacando-

se a ação antioxidante e anti-inflamatória, porém, há escassez de informações

que fundamentem tais mecanismos de ação no organismo humano (HOLDT &

KRAAN, 2011).

2.2.1. Atividade antioxidante

A função das células depende do metabolismo oxidativo haja vista que os

processos envolvidos possuem um papel fundamental no esquema de fluxo de

elétrons e, por conseguinte, na obtenção de energia na forma de ATP

(ROBARDS et al.,2002). Como seguimento a este processo metabólico se dá a

produção de radicais livres, espécies que possuem um ou mais elétrons não

pareados, e outras espécies reativas de oxigênio/nitrogênio (ERO/ERN) que

podem provocar danos oxidativos à macromoléculas, tais como o DNA ou

lipídeos,. A formação intensa das EROs podem conduzir a saturação das

enzimas antioxidantes endógenas tais como a superóxido dismutase (SOD),

catalase (CAT) e glutationa peroxidase (GPx), levando a injúria e possível morte

celular (ABRAHIM et al., 2012).

Os compostos antioxidantes são elementos que, em pequena

concentração, quando relacionados a um substrato oxidável pode inibir ou

retardar a oxidação deste. Os antioxidantes dividem-se em primários, ou

interruptor de cadeia, e secundários, ou preventivos (VEIGA, 2008). Os

antioxidantes primários são caracterizados por compostos que podem agir

diminuindo ou inibindo a fase inicial da reação em cadeia da oxidação lipídica ao

reagir com radicais lipofílicos, ou inibindo a fase de propagação ao reagir com

radicais peroxila ou alcoxila. Já os secundários, como o sulfito e fosfito, são

aqueles que diminuem a velocidade da oxidação (ROBARDS et al.,2002).

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30

Dentre os elementos naturais que possuem potencial antioxidante

encontram-se os flavonoides. Estes compostos apresentam capacidade de

capturar e neutralizar espécies oxidantes como radical superóxido, radical

hidroxila e radical peróxido (SAHREEN et al., 2010).

Suas características físico-químicas lhes atribuem capacidade

antioxidante. O átomo de hidrogênio do grupamento hidroxila presente na

estrutura dos flavonoides pode ser doado ao radical livre, neutralizando-o (Figura

6). (ROSS e KASUM, 2002; HASSIMOTO, 2005).

Figura 6. Reação redox entre um flavonoide e um grupamento peroxil.

A participação dos flavonoides de maneira direta nos processos de

oxirredução acarreta na conservação das enzimas antioxidantes endógenas e,

consequentemente, incrementando o sistema antioxidante do organismo ao

deixá-las livres para participar de processos posteriores. Além disso, os

flavonoides podem se complexar a íons metálicos, tal como ferro, formando

quelatos. (KUMARAPPAN , THILAGAM & MANDAL, 2012).

Deste modo, os flavonoides podem ser capazes de agir na neutralização

dos radicais livres, reduzindo os danos sobre o DNA e outras macromoléculas,

e através do controle de ERO/ERN auxiliam na expressão de genes que atuam

nas vias sinalização celular (FERNADEZ-PANCHÓN et al., 2008;

KUMARAPPAN, THILAGAM & MANDAL, 2012).

Estudos clínicos em humanos e em animais apontam que o consumo de

alimentos ricos ou a forma isolada de compostos fenólicos podem aumentar a

proteção antioxidante do organismo, também, de maneira indireta, através da

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modulação das enzimas antioxidantes (KRAJKA-KUZNIAK et al., 2008;

SARVESTANI et al., 2013; QUIRANTES-PINÉ et al., 2013).

Por exemplo, ao induzir a expressão da enzima glutationa S-transferase

(GST), os flavonoides podem mitigar o estresse oxidativo ao preservar as células

de possíveis danos causados pelos radicais livres, em especial o peróxido de

hidrogênio (ROSS e KASUM, 2002).

Logo, acredita-se que o aumento do suporte ao sistema antioxidante pela

modulação da expressão de enzimas antioxidantes ou, diretamente, pela

neutralização de EROs, acarretaria em diminuição a danos em macromoléculas,

e por consequência o risco de desenvolvimento de condições que favoreçam o

surgimento de DCNT (DENIS et al., 2013).

2.2.2. Atividade anti-inflamatória

O processo inflamatório pode ser definido como o conjunto de

modificações bioquímicas, fisiológicas e imunológicas decorrentes de estímulos

adversos ao organismo. Na fase aguda, cujo início se dá rapidamente após a

agressão, há aumento do fluxo sanguíneo e da permeabilidade vascular, com

recrutamento de leucócitos no foco da lesão e liberação de mediadores

inflamatórios. A passagem para a fase crônica é configurada pelo

desenvolvimento da resposta humoral específica e da resposta imune celular

(SILVA & MACEDO, 2011).

Em ambas as fases, os mediadores inflamatórios atuam localmente ou

sistemicamente, ativando outras células relacionadas com o processo

inflamatório, aumentando a resposta inicial ao agente danoso. A maneira pelo

qual tais mediadores pró-inflamatórios conduzem à manifestação das DCNT

aparenta englobar a diminuição da atividade insulínica, mobilização de gorduras,

disfunção endotelial e estresse oxidativo (LAHOZA & MOSTAZAA, 2007).

Dentre os principais mediadores da inflamação, destacam-se as citocinas,

os metabólitos do ácido araquidônico (prostaglandinas, tromboxanos e

leucotrienos), a histamina, o fator de ativação plaquetária, a bradicinina, o óxido

nítrico e os neuropeptídios (CALDER, 2009; COUTINHO et al., 2009; SILVA,

2012).

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O ácido araquidônico é liberado pelos fosfolipídios das membranas

celulares por meio de estímulos físicos/mecânicos, químicos ou através de

outros mediadores, pela via de ativação da enzima fosfolipase A. Em sua forma

livre, o ácido araquidônico pode ser metabolizado por duas classes principais de

enzimas: pelas ciclo-oxigenases (COX), na forma COX-1 e COX-2, sendo que a

isoforma COX-2 está estritamente relacionada à inflamação, iniciando a

biossíntese de prostaglandinas e tromboxanos (prostanoides); e pelas lipo-

oxigenases (LOX), originando a síntese de leucotrienos (MARKWORTH &

CAMERON-SMITH, 2012).

O óxido nítrico (NO), sintetizado pelas células endoteliais do tecido

lesionado, apresenta potente atividade vasodilatadora, ocasionando uma maior

permeabilidade vascular. Além disso, tem ação regulatória no recrutamento de

leucócitos e função citotóxica contra micro-organismos. É produzido pela NO

sintase (NOS), enzima que apresenta três isoformas, sendo a forma indutível

(iNOS) a relacionada às reações inflamatórias (FÖRSTERMANN & SESSA,

2012).

As citocinas são liberadas de forma a controlar a ação das células imunes

e inflamatórias. Dentre as citocinas pró-inflamatórias destacam-se o Fator de

Necrose Tumoral α (TNF-α) e a interleucina-1 (IL-1), que são liberadas por

macrófagos ativados. Tais citocinas contribuem para a aderência leucocitária ao

endotélio, aumento da síntese de prostaciclina e iniciam uma cascata de

citocinas secundárias (quimiocinas). Já as citocinas secundárias atraem e ativam

as células inflamatórias móveis, tais como o linfócito T (COUTINHO et al., 2009).

Diversos mediadores inflamatórios vêm sendo utilizados na prática clínica

e em estudos associados à patogênese das DCNT como marcadores

específicos do processo inflamatório, destacando-se as moléculas de adesão

solúveis (E-selectina, P-selectina, molécula de adesão intracelular-1 (ICAM-1),

molécula de adesão de célula vascular-1 (VCAM-1)), e as citocinas TNF-α e as

interleucinas (IL-1-beta, -6, -8, -10) (GERALDO & ALFENAS, 2008).

Estudos recentes demonstram que os flavonoides podem agir de forma

anti-inflamatória, inibindo de maneira eficaz a expressão de citocinas pró-

inflamatórias, tais como TNF-α e a interleucina6 (IL-6) (XIE et al., 2012).

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33

Diversos estudos apontam que o consumo de flavonoides pode estar

associado com a prevenção das DCNT, dentre elas, as doenças inflamatórias,

como por exemplo, a aterosclerose (PALAFOX-CARLOS et al., 2011). A relação

entre o processo inflamatório crônico e o desenvolvimento de doenças crônicas

está exemplificada na Figura 7.

Figura 7. Relação entre o processo inflamatório crônico e o desenvolvimento de doenças crônicas (Adaptado de GERALDO & ALFENAS, 2008). TNF-α = fator de necrose tumoral α; IL = interleucina; ICAM-1 = molécula de adesão intracelular-1; VCAM-1 = molécula de adesão de célula vascular-1; MCP-1 = proteína quimiotática de monócito-1.

Segundo pesquisas recentes, algumas antocianinas têm demonstrado

inibir o crescimento de células cancerosas, diminuir os níveis hiperglicêmicos e

promover os efeitos antiobesidade. Além disso, as antocianinas possuem

propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. Tais compostos tem

demonstrado ação modulatória no processo de inflamação, dependente de COX-

2, tanto em modelos experimentais in vitro quanto in vivo (HASSIMOTTO et al.,

2012; LU et al., 2012; HWANG et al., 2011; BACHOUAL et al., 2011; ISHIMOTO

et al., 2011; ROSILLO et al., 2012; HASSIMOTO et al., 2013).

A atividade anti-inflamatória dos flavonoides consiste em modular células

relacionadas com a inflamação (coibindo a proliferação de linfócitos T),

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34

diminuindo a produção de citocinas pró-inflamatórias (TNF-α e IL-1, IL-6, IL-8),

modulando a atividade das enzimas da via do ácido araquidônico, tais como

fosfolipase A2, COX e LOX, além de regularem a iNOS, enzima formadora de

NO (COUTINHO et al., 2009; TSAO et al., 2012).

Outro fator relacionado à ação anti-inflamatória dos flavonoides seria a

regulação da cascata de inflamação por meio de bloqueio da via de sinalização

NF-κB. A presença de agentes inflamatórios, tais como ácidos graxos saturados

(AGS) e o lipopolissacarídeo (LPS) bacteriano, induz a via de sinalização do fator

nuclear kappa B, enquanto a presença de TNF-α induz tanto a via da proteína

ativadora-1 (AP-1) quanto do NF-κB. Ambas as vias resultam na ativação de

genes que iniciam a produção de citocinas e enzimas pró-inflamatórias. Sugere-

se que os flavonoides atuem bloqueando a fosforilação do IκBα e AP-1 e

consequentemente controlando a inflamação, conforme demonstrado na Figura

8 (QUILLIOT et al., 2005).

Assim, os flavonoides estão intimamente ligados ao processo de

regulação dos sistemas oxidativos e inflamatórios através da estimulação do

complexo enzimático e no controle da expressão de citocinas pró-inflamatórias.

(GARCÍA-LAFUENTE et al., 2009) e a modulação destes processos poderia ser

um dos mecanismos para a ação protetora à saúde, principalmente da redução

do risco de desenvolvimentos de DCNT.

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35

Figura 8. Possível papel dos flavonoides nas vias de sinalização da cascata inflamatória induzida por LPS/AGS.

LPS: lipolissacarídeo; AGS: ácido graxo saturado; TRL4: receptor do tipo Toll-4; IκBα: inibidor de κB; NF-κB: fator nuclear kappa B; TNF-α: fator de necrose tumoral α; TNFR: receptor de fator de necrose tumoral α; AP-1: proteína-1 ativadora; COX: ciclo-oxigenase; LOX: lipo-oxigenase; iNOS: óxido nítrico sintetase indutível; IL-1: interleucina 1; IL-6: interleucina 6; IL-8: interleucina 8 .

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36

2.3. TOMATE ROXO

O tomate (Solanum Lycopersicum L.) é um dos vegetais mais consumidos

no Brasil e no mundo. Segundo dados recentes, a produção brasileira do fruto

em 2012 atingiu 3,8 milhões de toneladas, sendo os maiores produtores a China,

EUA e Turquia. (FAO, 2014). O fruto do tomateiro é caracterizado por sua cor

avermelhada, é rico em carotenoides, como o licopeno, mas também

apresentam outros compostos bioativos, como os flavonoides (SLIMESTAD e

VERHEUL, 2009)

Pertencente à família das solanáceas (berinjela, pimenta e batata-

inglesa), o tomateiro é capaz de produzir frutos de diversas colorações, do verde

ao amarelo, sendo o vermelho o mais reconhecido e apreciado. Todavia existem

algumas espécies de tomateiros capazes de produzir tomates arroxeados, como

por exemplo, o gênero Solanum chilense Dunal (GONZALI et al. 2009; JONES

et al., 2003).

Entretanto, em alguns frutos denominados como “pretos” ou “roxos” tal

coloração é decorrente de mutações que acarretam a degradação da clorofila e

dos carotenoides, e neste caso, tal coloração não está relacionada com a

produção pigmentos, tais como as antocianinas (MES et al.,2008; GONZALI et

al., 2009).

A crescente importância dos compostos bioativos nos alimentos

despertou o interesse dos pesquisadores sobre os mecanismos envolvidos na

produção de flavonoides no tomate. Logo, foram realizados experimentos

envolvendo duas linhas distintas: o melhoramento genético convencional

(piramidação), onde cruzamentos interespecíficos entre gêneros da mesma

espécie são cruzados com a finalidade de acumular uma característica desejada;

e a transgenia, processo no qual ocorre inserção de genes de outra espécie a

fim de que se obtenha um vegetal com características da espécie doadora

(GONZALI et al., 2009; SCHREIBER et al., 2011).

Os primeiros genes estudados na obtenção do tomate roxo, através da

piramidação, foram: Anthocyanin Fruit (Aft), Aubergine (Abg) e atroviolaceum

(atv). O gene dominante Aft, identificado na espécie S. chilense é responsável

pela pigmentação, principalmente da casca, quando o fruto é exposto à alta

incidência de luz, semelhante ao gene Abg, obtido através da espécie Solanum

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37

lycopersicoides Dunal. Já o gene recessivo atv, oriundo do Solanum

cheesmaniae (L. Riley) Fosberg, é capaz de pigmentar toda a planta, em

especial, os tecidos vegetativos (GONZALI et al. 2009; MES et al., 2008).

A piramidação de genes, ou cruzamentos interespecíficos, é um dos

principais meios de obtenção do tomate roxo. Este processo consiste em

cruzamento de tomates que possuam os genes interesse, resultando em um

fruto com acumulação das características desejadas. A Figura 9 mostra um

hipotético esquema de piramidação.

Figura 9. Piramidação de genes para obtenção do tomate roxo. Cada triângulo representa um tomate com gene interesse. Os tomates são cruzados para acúmulo das características desejadas, obtendo-se, no final do processo, o tomate roxo.

Certas enzimas podem estar relacionadas à expressão de antocianinas

no tomate. O conhecimento da biossíntese dos flavonoides no tomate foi

primordial na tentativa de identificar as enzimas de transcrição que auxiliam na

produção de antocianinas. Apesar de obscuro, especula-se que alguma mutação

genética no ancestral do tomate tenha ocasionado a não-expressão da enzima

chalcona isomerase (CHI), o que explicaria o acúmulo de naringenina chalcona

na casca do tomate (Figura 10) (POVERO et al., 2011; GONZALI et al. 2009).

Há duas classes de genes envolvidos na biossíntese de antocianinas: (1)

os que codificam as enzimas que participam nas diversas etapas do processo

(genes estruturais) e (2) os que regulam a expressão dos genes estruturais

(genes reguladores). Assim sendo, a manipulação genética leva a uma

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regulação dos genes responsáveis pela expressão de enzimas essenciais na

produção de antocianinas. Os genes inseridos no processo de obtenção do

tomate roxo piramidado atuam como genes reguladores acarretando na

expressão das enzimas responsáveis pela produção de antocianinas (LI et al.,

2011; GONZALI et al., 2009).

Figura 10. Rota biossintética das antocianinas no tomate roxo obtido por

piramidação dos genes Aft, Abg e atv. Nome dos compostos em itálico e nome das enzimas envolvidas em negrito. ANS, antocianidina sintase; CHI, chalcona isomerase; CHS, chalcona sintase; DFR, dihidroflavonol 4-redutase; F3H, flavanona 3-hidroxilase; FLS, flavonol sintase; PAL, fenilalanina amônio liase.

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39

3. OBJETIVO

Em virtude do crescente interesse sobre a relação entre os flavonoides e

seus benefícios à saúde humana o presente trabalho teve como:

3.1. Objetivo geral

Avaliar a ação anti-inflamatória do extrato de tomate roxo, rico em

antocianinas, obtido por melhoramento genético, em camundongos submetidos

ao modelo de peritonite induzida pelo lipopolissacarídeo (LPS).

3.2. Objetivos específicos

Caracterizar os compostos fenólicos do tomate roxo e do tomate vermelho

MicroTom (MT);

Avaliar a ação anti-inflamatória do extrato fenólico do tomate roxo (MT

piramidado) em processo inflamatório induzido por LPS em camundongo;

Correlacionar a absorção dos compostos fenólicos presentes no tomate

roxo com a atividade anti-inflamatória.

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40

4. CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E AVALIAÇÃO DA

CAPACIDADE ANTIOXIDANTE DO TOMATE ROXO

4.1. MATERIAL E MÉTODOS

4.1.1. MATERIAL

4.1.1.1. Amostra

O tomate vermelho (Solanum lycopersicon cv Micro Tom) e o tomate roxo,

MT piramidado com os genes Aubergine (Abg), Anthocyan fruit (Aft),

atroviolaceum (atv), foram fornecidos pelo Dr. Lázaro Eustáquio Pereira Peres,

Escola Superior de Agricultura ¨Luiz de Queiroz¨, da Universidade de São Paulo

(ESALq). O tomateiro foi mantido em estufa com irrigação automática (quatro

vezes por dia), a temperatura média de 28 °C, fotoperíodo de 11,5 h/13 h

(inverno/verão) e 250-350 mmol m-2 s-1 PAR irradiância (radiação natural

reduzida com um malha refletora). Para os ensaios, foram obtidos cerca de 550

g de tomate roxo e 550 g de tomate vermelho, colhidos em novembro de 2013.

4.1.1.2. Preparo da amostra

Os tomates foram primeiramente higienizados em água corrente, cada

fruto foi manualmente fracionado em polpa e casca, com auxílio de uma faca, e

congelado imediatamente em nitrogênio líquido. A proporção casca/polpa foi de

1/4. A casca e polpa do tomate roxo e vermelho foram trituradas em almofariz e

pistilo juntamente com nitrogênio líquido. As frações foram mantidas em ultra-

freezer à temperatura de -70ºC até análise.

4.1.2. MÉTODOS

4.1.2.1. Extração de compostos fenólicos

Quantidades de aproximadamente 0,5 g de amostra foram

homogeneizadas por um minuto utilizando Ultra-Turrax (Polytron-Kinematica

GmbH, Kriens-Luzern, Suíça) em metanol 70% (tomate MT) ou

metanol/água/ácido acético (70:30:5 v/v) (tomate MT piramidado) O extrato

assim obtido foi posteriormente mantido sob agitação a 300 rpm/30 min/4°C e

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41

filtrado, obtendo-se assim o extrato fenólico. Este extrato foi utilizado para as

análises de fenólicos totais e capacidade antioxidante. As extrações foram

realizadas em triplicata.

4.1.2.2. Determinação de fenólicos totais

A determinação de fenólicos totais foi realizada pelo método de Swain e

Hillis (1959), utilizando o reagente de Folin-ciocalteu e ácido gálico (AG) como

padrão. As leituras foram realizadas em espectrofotômetro (Hewlett Packard,

modelo 8453) no comprimento de onda de 765 nm. Os resultados foram

expressos como mg AG/g.

4.1.2.3. Capacidade antioxidante

A determinação da capacidade antioxidante foi realizada pelas

metodologias Oxygen radical assay capacity (ORAC) segundo protocolo descrito

por DAVALOS et al. (2004) e pelo método sequestro do radical α,α-difenil-β-

picrilhidrazina (DPPH) proposto por BRAND -WILLIAMS et al. (1995).

4.1.2.3.1. Método Oxygen radical assay capacity (ORAC)

No método ORAC todos os reagentes foram preparados em tampão

fosfato 75 mM, pH 7,1. Foram utilizadas: solução de fluoresceína 40 nM (Sigma

Chemical Co., St. Louis, EUA) e 2,2’-azobis 153 mM (2-amidinopropano)

dihidrocloreto AAPH (Sigma Chemical Co., St. Louis, EUA).

Aliquotas de 25µL de tampão (branco), ou 25µL de solução Trolox (curva

de calibração) ou 25µL de extrato, devidamente diluída quando necessário,

foram distribuídas em placa de 96 poços seguidas da adição automática de

150µL de solução de fluoresceína e incubada a 37°C por 30 minutos.

Posteriomente, a reação foi iniciada pela adição de 25µL de AAPH seguido de

agitação por 10 segundos. O decaimento da intensidade de fluorescência (485

nmex / 525 nmem) foi realizado a cada 1 minuto durante 60 minutos de reação. A

determinação de fluorescência foi realizada utilizando-se leitor de microplaca

multidetecção Synergy H1 (Biotek Instruments, Winooski, VT, USA).

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42

A capacidade antioxidante foi obtida através do cálculo da área abaixo da

curva de uma amostra subtraindo-se da área correspondente à do branco e

utilizando-se curva padrão de trolox, efetuada a cada ensaio, nas concentrações

de 12,5 a 100 μM. Os resultados foram expressos em µmol Trolox equivalente/g.

A análise foi realizada em triplicata.

4.1.2.3.2. Método DPPH

Para o método DPPH, foi preparada uma solução metanólica de DPPH

(0,05 mM) de modo que apresentasse absorbância aproximada de 0,4 em

comprimento de onda a 517 nm. As leituras foram realizadas em microplaca de

poliestireno com 96 cavidades para uso em comprimento de onda entre 340 e

800 nm, no qual cada cavidade foi preenchida com 200 µL da solução de DPPH,

40 µL de metanol como branco, ou o mesmo volume para a solução-padrão de

Trolox para a curva de calibração ou extratos das amostras, devidamente

diluídos, quando necessário. A leitura de absorbância foi realizada a 517 nm,

após 20 minutos de incubação ao abrigo da luz, utilizando-se espectrofotômetro

Benchmark Plus (Bio-Rad Laboratories, Hercules, CA).

A curva de calibração foi preparada com uma solução de Trolox em

diferentes concentrações (20 - 70µM) e suas respectivas porcentagens de

descoramento. Os cálculos utilizaram a seguinte fórmula:

% descoramento do DPPH = A(Branco) – A(Amostra) x 100

A(Branco)

onde, A (Branco) refere-se à absorbância do branco (metanol) A-

(Amostra) refere-se à absorbância da amostra. Os resultados foram expressos

em µmol Trolox equivalente/g amostra.

4.1.2.4. Extração de flavonoides

Quantidades de aproximadamente 1,5g para casca e 5g para polpa do

tomate foram homogeneizadas por um minuto utilizando Ultra-Turrax (Polytron-

Kinematica GmbH, Kriens-Luzern, Suíça) em 100 mL de metanol 70% (tomate

MT) ou metanol/água/ácido acético (70:30:5 v/v) (tomate MT piramidado),

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43

filtradas à vácuo em funil de buchner, utilizando papel de filtro de qualitativo de

80g/m². O sedimento foi recuperado e realizado mais duas reextrações com 50

mL de metanol ou metanol acidificado. Os extratos assim obtidos foram

agrupados obtendo-se e concentrados em rotaevaporador (Rotavapor® 120,

Büchi, Flawil, Suíca) à temperatura de 40 °C até a remoção do metanol para a

etapa de separação em fase sólida. As extrações foram realizadas em duplicata.

4.1.2.5. Extração de fase sólida

A amostra livre de metanol foi passada em coluna de 1 g de poliamida

(CC 6, Macherey-Nagel, Germany), preparada em seringa própria de 6 mL

(HPLC Technology) e pré-condicionada pela passagem de 20 mL de metanol e

60 mL de água destilada. Após aplicação do extrato, a coluna foi lavada com 20

mL de água e a eluição dos flavonoides foi feita com 50 mL de metanol

acidificado com ácido clorídrico 0,1% (PRICE et al., 1999). O fluxo através da

coluna foi controlado por meio de manifold (Visiprep 24 DL Supelco, Bellefonte,

PA).

Os eluatos assim obtidos foram secos completamente em rotaevaporador

a 40°C sob vácuo e ressuspendidos em 1 mL de metanol (grau HPLC) ou

metanol:ácido acético (95:5 v/v) para as amostras contendo antocianina, filtrados

com membrana de PDVF para análise por CLAE-DAD e LC-ESI-MS/MS.

4.1.2.6. Cromatografia Líquida de Alta Eficiência – DAD

A quantificação e a identificação parcial dos flavonoides foi realizada

através de cromatografia líquida de alta eficiência. O cromatógrafo utilizado foi o

da marca Agilent (modelo Infinity 1120), equipado com injetor automático de

amostras, bomba quaternária e detector com arranjo de diodo (DAD), controlado

pelo software próprio da Agilent. A coluna utilizada foi a Prodigy 5 ODS3 (250

x 4,60 mm) (Phenomenex Ltd., Reino Unido) com fluxo de 1 mL/min, 25 C, e a

eluição sendo realizada com gradiente de solventes constituído por A: ácido

fórmico 0,5 % em água e B:acetonitrila adicionado de 0,5% ácido fórmico. O

gradiente de concentração dos solventes consistiu em 8% de B no início, 10%

em 5 min, 17% em 10 min, 25% em 15 min, 50% a 25 min, de 90% em 30 min,

50% em 32 minutos, 8% em 35 minutos (tempo de corrida, 35 min). A corrida foi

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44

monitorada nos comprimentos de onda de 270 e 525 nm. A identificação dos

picos foi realizada por comparação do tempo de retenção e similaridade com

espectro de absorção de padrões comerciais e os espectros contidos na

biblioteca do próprio equipamento, previamente inseridos no método. Para

quantificação foram utilizados os padrões dos flavonoides petunidina, delfinidina

e rutina e do ácido fenólico ácido clorogênico (derivados do ácido

hidróxicinâmico) (Sigma, Chemical Co., St. Louis, EUA). Os resultados foram

expressos como mg de aglicona por 100 g de peso fresco.

4.1.2.7. LC-ESI-MS/MS

A identificação de flavonoides e outros compostos fenólicos foi conduzido

em aparelho de cromatografia líquida modelo Prominence (Shimadzu, Japão)

acoplado ao espectrômetro de massas do tipo íon trap, modelo Esquire HCT

(Bruker Daltonics, Alemanha) (LC-MS, do inglês LiquidChromatography – Mass

Spectrometry) e interface de ionização por electrospray (ESI, do inglês Electron

spray Ionization). As condições de separação foram as mesmas utilizadas para

a CLAEDAD, descrito no item 4.1.1.5. Após a passagem pelo DAD, o fluxo foi

alterado para 0,2 mLmin para a passagem no espectrômetro de massas. O ESI

foi mantido em modo positivo para antocianinas e modo negativo para os demais

flavonoides e ácidos fenólicos. O detector de massas foi programado para

realizar full scan entre m/z 100-1000. A energia de ionização para o modo

negativo foi de 3000 V e para o modo positivo de 3500 V.

A identidade dos compostos foi realizada pela comparação do espectro

de massas obtido com o de padrões comerciais e/ou dados de literatura. Para a

confirmação da identidade, comparou-se com o tempo de retenção de padrões

comerciais.

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45

4.1.2.8. Determinação de ácido ascórbico

O conteúdo de ácido ascórbico foi determinado após extração com ácido

metafosfórico 0,3% e adicionado de ditiotreitol (DTT) para a redução do ácido

dehidroascórbico (PASTERNAK et al. 2005). A quantificação foi realizada por

CLAE (Hewlett-Packard 1100, Agilent), em coluna μBondpack C18 (300mm x 3.9

mm i.d., Waters, Milford, MA). A fase móvel foi constituída de tampão KCl 2 mM,

pH 2,5 com fluxo de 1,5 mL/min e a detecção realizada em 262 nm. O ácido

ascórbico foi identificado a partir do tempo de retenção e identidade de espectro.

O ácido dehidroascórbico foi calculado pela diferença entre o conteúdo de ácido

ascórbico total (extrato tratado com DTT) e o conteúdo de ácido ascórbico

reduzido (sem DTT).

4.1.2.9. Análise estatística

Os resultados foram expressos como média ± desvio padrão (DP). Para

verificação da normalidade da distribuição dos dados foi utilizado o teste de

Shapiro-Wilk (SHAPIRO; WILK, 1965) e homogeneidade das variâncias o teste

de Levene (LEVENE, 1960). Para análise dos dados foi realizada Análise de

Variância simples (One way ANOVA) e teste de Tukey para comparação de

médias. As análises foram realizadas com auxílio do programa GraphPad Prism

5.0 (Graph Pad Software®, La Jolla, CA, EUA) sendo estabelecido p<0,05 para

significância estatística.

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46

4.2. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As frações, polpa e casca, do tomate roxo piramidado e tomate vermelho-

MT foram analisadas quanto ao seu conteúdo de fenólicos totais e capacidade

antioxidante, avaliada pelos métodos DPPH e ORAC (Tabela 01).

Tabela 01. Conteúdo de fenólicos totais e atividade antioxidante avaliada pelos métodos DPPH e ORACde tomate roxo, obtido por piramidação dos genes Aft, Abg e atv, e de tomate vermelho-Micro Tom.

Fenólicos

totais¹ DPPH² ORAC²

Tomate roxo

casca 38,16A ± 0,68 13,27A ± 0,29 128,12A ± 5,80

polpa 1,71C ± 0,06 2,18C ± 0,09 13,55C ± 0,24

Tomate vermelho

casca 3,85B ± 0,21 4,37B ± 0,31 29,99B ± 1,64

polpa 1,65C ± 0,05 2,84C ± 0,21 11,18C ± 0,84

1 Expresso como mg AG eq./g, 2 Expresso como μmol Trolox eq./g. Resultados expressos como média ± DP, ANOVA e Teste de Tukey como post-hoc. A/B(p < 0,05) quando comparados com os valores correspondentes da casca do tomate vermelho e roxo. C/D (p < 0,05) quando comparados com os valores correspondentes da polpa do tomate vermelho e roxo.

Em relação ao conteúdo de fenólicos totais, o maior concentração foi

apresentado na casca do tomate roxo, 38,16 mg AG eq./g, teor dez vezes maior

(p < 0,05) quando comparado com a casca do tomate vermelho, 3,85 mg AG

eq./g. Já em relação à polpa, os valores apresentados são estatisticamente

iguais em ambos os tomates.

O mesmo padrão é destacado quando observados os resultados de

capacidade antioxidante da casca do tomate roxo, onde os valores de 13,27 μmol

Trolox eq/g e 128,12 μmol Trolox eq/g avaliados pelos métodos DPPH e ORAC

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47

respectivamente, foram significativamente maiores (p < 0,05) quando

comparado à capacidade antioxidante da casca do tomate vermelho.

Novamente, não se observou diferença significativa para a capacidade

antioxidante da polpa do tomate vermelho e tomate roxo.

Considerando que a proporção de casca/polpa do tomate roxo piramidado

é de 1/4, os valores da Tabela 01 ajustados para ORAC (42,19 μmol Trolox eq./g)

e fenólicos totais (10,82 mg AG eq./g) foram inferiores e superiores,

respectivamente, quando comparados aos resultados encontrados por Li et al.

(2011), nos quais os valores descritos para uma variedade diferente de tomate

roxo foram de 6,59 mg AG eq./g para fenólicos totais e 323,23 μmol Trolox eq./g

para ORAC, valores representados em base seca .

Em relação ao conteúdo de ácido ascórbico (AsA), a casca e a polpa do

tomate roxo apresentaram valores superiores quando comparado ao do tomate

vermelho (p < 0,05) (Tabela 02). Por conseguinte, a piramidação dos genes pode

ter, também, ocasionado acúmulo de ácido ascórbico no tomate roxo.

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48

Tabela 02. Conteúdo de ácido ascórbico de tomate roxo obtido por piramidação do genes Aft, Abg e atv e de tomate vermelho-Micro Tom.

ácido

ascórbico reduzido

ácido ascórbico oxidado

Total

Tomate roxo

casca 12,51 ± 0,31 2,60 ± 0,16 15,11A# ± 0,02

polpa 10,41 ± 0,23 1,50 ± 0,04 11,91D# ± 0,24

Tomate vermelho

casca 6,25 ± 0,28 1,74 ± 0,10 7,99B* ± 0,29

polpa 6,3 ± 0,15 0,56 ± 0,003 6,86C* ± 0,16

Valores expressos como mg/100g. Resultados expressos como média ± DP, ANOVA e Teste de Tukey como post-hoc. A/B(p < 0,05) quando comparados com os valores correspondentes da casca do tomate vermelho e roxo. C/D (p < 0,05) quando comparados com os valores correspondentes da polpa do tomate vermelho e roxo. # (p < 0,05) quando comparados com os valores correspondentes da casca e polpa do tomate roxo. * (p < 0,05) quando comparados com os valores correspondentes da casca e polpa do tomate vermelho.

Os valores de AsA total apresentado pelo tomate roxo e vermelho-, estão

abaixo dos valores apresentados pela Tabela Brasileira de Composição de

Alimentos – Unicamp, para tomate comercial, que foi de 21,2 mg/100g; e 34,3

mg/100g apresentados pela e Tabela de Composição Nutricional de Hortaliças

– EMBRAPA. A inferioridade dos valores apresentados pelo tomate MT poderia

ser explicada pela diferença na escolha da amostra, uma vez que, as variedades

utilizadas como amostras para confecção das tabelas são de uma cultivar

diferente da MT.

No que concerne aos flavonoides presentes no tomate roxo, os principais

flavonoides identificados na casca, por CLAE-DAD, foram as antocianidinas

petunidina, delfinidina e o flavonol quercetina. Já os compostos detectados na

polpa foram a quercetina e derivado do ácido hidroxicinâmico, não sendo foi

possível quantificar o conteúdo de antocianidinas na polpa (Tabela 03).

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49

Tabela 03. Conteúdo dos flavonoides e ácidos fenólicos do tomate roxo obtido por piramidação do genes Aft, Abg e atv.

petunidina delfinidina quercetina ácido

hidroxicinâmico

casca 86,5 ± 4,91 6,85 ± 0,5 106,25A ± 10,08 ND

polpa Tr ND 1,22B ± 0,08 1,86 ± 0,07

Resultados expresso como mg/100g, média ± DP, ANOVA e Teste de Tukey como post-hoc. A/B(p < 0,05) quando comparados com os valores correspondentes da casca e polpa do tomate roxo. Tr: traço, nd: não identificado.

Nota-se que o flavonoide mais abundante é a quercetina, representando

mais de 50% do conteúdo total dos flavonoides da casca Entretanto, a

concentração de antocianidinas na casca é sensivelmente superior ao da polpa.

Os cromatogramas com os perfis dos flavonoides da casca e polpa do

tomate roxo piramidado estão apresentados na Figura 11.

Na casca foram encontrados dois derivados de delfinidina, um derivado

de petunidina e um de derivado de quercetina, enquanto na polpa foram

encontrados um derivado de petunidina, um derivado de quercetina e um

derivado do ácido hidroxicinâmico.

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50

Figura 11. Cromatogramas obtidos por CLAE-DAD (270 nm) dos flavonoides presentes na casca (A) e polpa (B) do tomate roxo. Picos: 1A – Delfinidina, 1B- Petunidina, 2 - Petunidina, 3 – Quercetina, 4 – Ácido hidroxicinâmico, 5 e 6 – Ácido cafeico, 7 – ácido feruloilquínico, 8 – Malvidina.

A composição de antocianinas da casca de tomate roxo foi caracterizada

pela presença de três agliconas, entre elas a petunidina (m/z 317), delfinidina

(m/z 303) e malvidina (m/z 331), além de um flavonol, a quercetina (m/z 303)

(Figura 12). As antocianinas se apresentaram principalmente na forma acilada e

ácidos fenólicos (Tabela 04).

3

2

1 A/B

3 2 4 5

6 7

A

B

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51

Figura 12. Principais compostos fenólicos encontrados no tomate roxo obtido por piramidação do genes Aft, Abg e atv.

Tabela 04. Composição de compostos fenólicos da casca do tomate roxo obtido por piramidação do genes Aft, Abg e atv

identificados por LC-ESI-MS/MS, em modo positivo.

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52

Pico RT (min) Íon molecular MS² (m/z) Composto proposto

1A 16,8 933 771/479/317

petunidina-

(p-coumaroil)-rutinosideo-

hexosideo

1B 16,8 919 757/465/303

delfinidina 3-O-

(p-coumaroil)-rutinosídeo-5-O-

glicosídeo

2B 18,4 933 771/479/317/301

petunidina-

(p-coumaroil)-rutinosideo-

hexosideo

2C 18,8 963 801/625/479/317/301 petunidina 3-O-(cafeoil)-

rutinosídeo-5-O-glicosídeo

3 19,9 611 465/303 *quercetina-3-O-rutinosídeo

8 20,0 947 785/493/331

malvidina 3-O-

(p-coumaroil)-rutinosídeo-5-O-

glicosídeo

*Identidade confirmada pela co-eluição com padrão comercial.

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53

A Figura 13 apresenta os compostos fenólicos da casca do tomate roxo

juntamente com seus fragmentos identificados em LC-ESI-MS/MS.

A antocianidina predominante na casca (pico 2B) foi identificada como

petunidina-(p-coumaroil)-rutinosideo-hexosideo, apresentando íon molecular a

m/z 933 e fragmentos MS2 771 [M-162]+ , 479 [H-454]+ e 317 [H-454-162]+. Neste

caso, a perda do fragmento 162 u e 454 u, respectivamente, corresponde a uma

unidade de hexose e uma unidade de coumaroil-rutinosideo (146 u + 308 u), e o

fragmento a m/z 317 é característico da aglicona petunidina. O mesmo padrão

de fragmentação foi observado para o pico 1A (Figura 12 A e C, respectivamente),

provavelmente um isômero.

O segundo composto majoritário encontrado na casca (pico 3) foi

identificado como quercetina 3-rutinosídeo, apresentando íon molecular a m/z 611

e fragmento MS2 a m/z 465 e m/z 303 (Figura 12 E). Neste caso a perda do

fragmento 146 u e 162 u corresponde a um resíduo de ramnose e hexose,

respectivamente. Este flavonol teve sua identidade confirmada pela co-eluição

com o padrão comercial.

Os compostos identificados como pico 1A e 1B se apresentaram co-eluídos.

O mesmo ocorrendo para os compostos 3 e 8.

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54

479.0

771.1

317.0

+MS2(933.7), 16.8min #1047

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

5x10

Intens.

200 400 600 800 1000 1200 1400 m/z

465.1

757.2

921.2

303.1

+MS2(919.8), 16.8min #1046

0.0

0.5

1.0

1.5

6x10

Intens.

200 400 600 800 1000 1200 1400 m/z

479.1

625.2

801.2

965.2

317.2

+MS2(963.5), 18.8min #1146

0

1

2

3

4

55x10

Intens.

200 400 600 800 1000 1200 1400 m/z

479.0

771.2

935.1

317.2

+MS2(933.7), 18.4min #1126

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

7x10

Intens.

200 400 600 800 1000 1200 1400 m/z

464.9

302.9

+MS2(611.0), 19.9min #1202

0.00

0.25

0.50

0.75

1.00

7x10

Intens.

200 400 600 800 1000 1200 1400 m/z

A B

C D

F E

493.1

785.3

949.2

331.2

+MS2(947.7), 20.0min #1208

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

6x10

Intens.

200 400 600 800 1000 1200 1400 m/z

Figura 13. Espectro de massas (MS2) de Flavonoides encontrados na casca do tomate roxo obtido por piramidação do genes Aft, Abg e atv obtidos por LC-ESI-MS/MS, em modo positivo. Sendo: petunidina- (p-coumaroil)-rutinosideo-hexosideo (A

delfinidina 3-O-(p-coumaroil)-rutinosídeo-5-O-glicosídeo (B), petunidina- (p-coumaroil)-rutinosideo-hexosideo (C), petunidina 3-O-(cafeoil)-rutinosídeo-5-O-glicosídeo (D), quercetina-3-O-rutinosídeo (E) e malvidina 3-O-(p-coumaroil)-rutinosídeo-5-O-glicosídeo (F).

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55

Os compostos identificados na polpa através de CL-MS foram derivados do

ácido cafeico (m/z 179/529/734), ácido feruoilquinico (m/z 367).

Tabela 05. Composição de compostos fenólicos da polpa do tomate roxo obtido

por piramidação do genes Aft, Abg e atv detectados por LC-ESI-MS/MS, em modo

negativo.

Pico RT

(min)

Íon

molecular

Fragmentos dos

íons negativos

(m/z)

Composto

proposto

4 7 683 341/179 ácido cafeico

(dímero)

5A 11,4 179 - ácido cafeico

5B 12,1 771 609/301

quercetina-3-O-

rutinosídeo-

hexosídeo

6 15,6 529 367/179 ácido cafeico-

hexosídeo

7 17,2 367 161 ácido

feruloilquínico

3 19,9 609 301/179 *quercetina-3-O-

rutinosídeo

*Identidade confirmada pela co-eluição com padrão comercial.

A Figura 14 apresenta os compostos fenólicos da polpa do tomate roxo

juntamente com seus fragmentos identificados em LC-ESI-MS/MS.

O composto majoritário encontrado na polpa (pico 4) foi identificado como

um dímero de ácido cafeico-hexosídeo, apresentando íon molecular a m/z 683 e

fragmento MS2 a m/z 341 [M-341]- e m/z 179 (Figura 14 A), correspondendo a

fragmento 162 u e 179 u, respectivamente, corresponde a uma unidade de hexose

e uma unidade de íon de ácido cafeico, respectivamente. Sendo os derivados

caracterizados com íon de ácido cafeico (pico 5) (Figura 14 B) e um ácido cafeico

glicosilado (pico 6) (Figura 14 D).

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56

Assim como na casca, o segundo composto majoritário encontrado na

polpa (pico 3) foi identificado como quercetina 3-O-rutinosídeo, apresentando íon

molecular a m/z 609 e fragmento MS2 a m/z 301 e m/z 179 (Figura 14 E).

Os compostos identificados como pico 5A e 5B se apresentaram co-eluídos.

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57

177.8

134.9

-MS2(179.0), 11.4min #718

0

1000

2000

3000

Intens.

200 400 600 800 1000 1200 1400 m/z

300.8

609.1

-MS2(771.5), 12.2min #763

0

1

2

34x10

Intens.

200 400 600 800 1000 1200 1400 m/z

178.8 424.5496.9

367.0

-MS2(529.5), 15.7min #995

0.0

0.5

1.0

1.5

4x10

Intens.

200 400 600 800 1000 1200 1400 m/z

366.9

160.9

-MS2(367.1), 17.3min #1100

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

5x10

Intens.

200 400 600 800 1000 1200 1400 m/z

178.8

609.0

300.7

-MS2(609.3), 19.9min #1264

0

2

4

4x10

Intens.

200 400 600 800 1000 1200 1400 m/z

Figura 14. Espectro de massas (MS2) de Flavonoides encontrados na polpa do tomate roxo obtidos por LC-ESI-MS/MS, em modo negativo. Sendo: ácido cafeico dímero (A), ácido cafeico (B), quercetina-3-O-rutinosídeo-hexosídeo (C), ácido cafeico-hexosídeo (D), ácido feruloilquínico (E) e quercetina-3-O-rutinosídeo (F).

A B

C D

F E

340.8

-MS2(682.9), 7.0min #433

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

4x10

Intens.

200 400 600 800 1000 1200 1400 m/z

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58

A Figura 15 apresenta os cromatogramas obtidos da casca e polpa do tomate MT.

Figura 15. Cromatogramas obtidos por CLAE-DAD (270 nm) dos flavonoides presentes na casca (A) e polpa (B) do tomate vermelho. Picos: 1 – Quercetina dihexose, 2 - Quercetina, 3 – Luteolina, 4 – Naringenina-glicosídeo, 5 Naringenina-glicosideo-ramnosideo, 6 – Ácido cafeico, 7 – Naringenina chalcona, 8 – Ácido feruloilquínico.

No tomate vermelho MT, os principais flavonoides identificados na casca,

por CLAE-DAD, foram os flavonols quercetina e luteolina. Já os compostos

apresentados na polpa foram quercetina e derivado do ácido hidroxicinâmico

(Tabela 06).

B

6

2

8

7

3

1

4

2

5

A

B

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59

Tabela 06. Conteúdo dos flavonoides e ácidos fenólicos do tomate vermelho MT.

luteolina naringenina quercetina ácido

hidroxicinâmico

casca 5,62 ± 0,19

10,48 ± 0,41 73,3A ± 2,26 ND

polpa Tr Tr 0,57B ± 0,05 0,79 ± 0,83

Resultados expresso como mg/100g, média ± DP, ANOVA e Teste de Tukey como post-hoc. A/B(p < 0,05) quando comparados com os valores correspondentes da casca e polpa do tomate roxo. Tr: traço, nd: não identificado.

Assim como no tomate roxo piramidado, a quercetina foi o flavonoide mais

abundante no tomate MT.

A Figura 16 apresenta os espectros de massas dos flavonoides da casca

do tomate vermelho identificados em CL-MS.

Os flavonoides predominantes na casca do tomate vermelho foram

identificada como: naringenina chalcona, com íon molecular a m/z 273, miricetina

aglicona, com íon molecular a m/z 319 e glicosídeos de luteolina e naringenina

(Tabela 07).

Sendo que o luteolina-glicosídeo-ramnosídeo apresentou íon molecular a

m/z 595 e fragmentos MS2 287 [M-146-162]+. Neste caso, a perda do fragmento

146 u e 162 u, respectivamente, corresponde a uma unidade de ramnose e uma

unidade de hexose.

Já a naringenina-O-hexosídeo, apresentou íon molecular a m/z 435 e

fragmentos MS2 273 [M-162]+. Representando nesse caso, a perda do fragmento

162 u correspondendo a uma unidade de hexose.

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60

O segundo composto majoritário encontrado na casca, assim como no

tomate roxo, também foi identificado como quercetina 3-rutinosídeo, apresentando

íon molecular a m/z 611 e fragmento MS2 a m/z 465 e m/z 303. Sendo a perda do

fragmento 146 u e 162 u corresponde a um resíduo de ramnose e hexose,

respectivamente.

Tabela 07. Composição de compostos fenólicos da casca do tomate vermelho

detectados por LC-MS em modo positivo.

Pico RT

(min)

Íon

molecular MS² (m/z)

Composto

proposto

1 12 771 465/303 Quercetina dihexose

2 15,9 273 - Naringenina

chalcona

3 19,9 611 465/303 Quercetina 3-

rutinosídeo

4 22,8 595 449/287

Luteolina-

glicosídeo-

ramnosídeo

5 25,4 435 273 Naringenina-

hexosídeo

9 40,1 579 417/273

Naringenina-

hexosideo-

ramnosideo

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61

Figura 16. Espectro de massas (MS2) de flavonoides encontrados na casca do tomate vermelho obtidos por LC-ESI-MS/MS, em

modo positivo. Sendo: Quercetina dihexose (A), Quercetina 3-rutinosídeo (B), Naringenina chalcona (C), Luteolina-glicosídeo-

ramnosídeo (D), Naringenina-hexosideo-ramnosideo (E) e Naringenina-hexosídeo (F).

303.2 627.1

465.3

+MS2(773.1), 12.1min #815

0.0

0.5

1.0

1.5

5x10

Intens.

200 400 600 800 1000 1200 1400 m/z

449.0

287.1

+MS2(595.2), 22.8min #1498

0.0

0.5

1.0

1.5

5x10

Intens.

200 400 600 800 1000 1200 1400 m/z

465.0

303.1

+MS2(610.4), 19.9min #1330

0

1

2

3

4

5x10

Intens.

200 400 600 800 1000 1200 1400 m/z

1344.3

273.1

+MS2(435.2), 25.4min #1634

0.0

0.5

1.0

4x10

Intens.

200 400 600 800 1000 1200 1400 m/z

A B

C D

F E

149.7

273.6

393.3459.2 584.7

693.9 786.9 960.0 1440.1

+MS, 15.9min #1071

0.0

0.5

1.0

4x10

Intens.

200 400 600 800 1000 1200 1400 m/z

273.2

561.2

417.4

+MS2(579.5), 40.1min #2455

0.0

0.5

1.0

1.5

4x10

Intens.

200 400 600 800 1000 1200 1400 m/z

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62

Tabela 08. Composição de compostos fenólicos da polpa do tomate vermelho

detectados por LC-MS em modo positivo.

Em relação à polpa do tomate vermelho, os principais compostos fenólicos

identificados foi o ácido cafeico (m/z 181), sendo os compostos que se

diferenciaram da casca do tomate vermelho. Também foram identificados na polpa

naringenina chalcona e o glicosídeo de luteolina (Tabela 08).

Os mesmos compostos identificados no tomate roxo, sendo um derivado

de ácido feruloylquínico e um de quercetina, foram encontrados no MT.

Pico RT

(min)

Íon

molecular MS² (m/z)

Composto

proposto

6 11,4 181 - Ácido cafeico

7 15,9 273 - Naringenina

chalcona

8 17,3 369 163 Ácido feruloilquínico

2 19,9 611 465/303 Quercetina 3-

rutinosídeo

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63

181.5

365.3

684.9

+MS, 11.4min #766

2000

3000

4000

5000

Intens.

200 400 600 800 1000 1200 1400 m/z

351.1

163.1

+MS2(369.6), 17.3min #1156

0

2

4

4x10

Intens.

200 400 600 800 1000 1200 1400 m/z

465.0

303.0

+MS2(610.9), 19.9min #1317

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

4x10

Intens.

200 400 600 800 1000 1200 1400 m/z

A B

C D

Figura 17. Espectro de massas (MS2) de flavonoides encontrados na polpa do tomate vermelho obtidos por LC-ESI-MS/MS, em

modo positivo. Sendo: ácido cafeico (A), ácido feruloilquínico (B), naringenina chalcona (C) e quercetina-3-O-rutinosídeo (D).

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64

A Figura 18 mostra o comparativo entre os dois tipos de tomate

analisados. Nota-se uma maior concentração de antocianinas na casca em

relação ao tomate vermelho.

Figura 18. Comparação entre tomate roxo obtido por piramidação do genes Aft, Abg e atv (A) e tomate vermelho- MT (B).

De acordo com os resultados obtidos, o gene atv não se mostrou eficiente

em acumular antocianinas na polpa, visto que só foi detectado em quantidade

traços. Entretanto, estudo anterior, como o de Sestari et al. (2014), demonstrou

que uma variante de tomate piramidado somente com os genes Aft/Abg

apresentou menor teor de antocianinas total em relação ao tomate piramidados

com os três genes, logo, a adição do gene atv parece também contribuir para o

aumento do conteúdo de antocianinas. Também neste estudo, o perfil fenólico

encontrado foi semelhante, tanto para o tomate roxo piramidado, quanto para o

MT.

O aumento da concentração das antocianinas, principalmente na casca,

corrobora com a não detecção de naringenina no tomate roxo, uma vez que na

rota biossintética desta classe nos fruto do tomateiro a flavonona serve como

substrato para a produção das antocianinas, como demonstrado na Figura 10.

Estudos que envolvem a manipulação genética para obtenção de tomate

roxo, embora escassos, apontam que a inserção de genes no fruto provoca

A

B

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65

acúmulo de antocianidinas, principalmente na casca. Dentre as antocianinas

comumente encontradas estão: petunidina, delfinidina e malvidina (JONES et al.,

2003; MES et al., 2008; WILLITS et al., 2005; GONZALI et al., 2009;

SCHREIBER et al., 2011; LI et al., 2011).

O total de antocianinas presentes no tomate roxo piramidado,

considerando a proporção casca/polpa, é de 23,34 mg/100g de fruto, sendo a

petunidina 3-O-(p-coumaroyl)-rutinosídeo-5-O-glicosídeo a principal fonte. O

tomate roxo apresenta valores inferiores de antocianinas totais quando

comparados com outros frutos, como, por exemplo, o mirtilo que apresenta 28,2

mg/100g (NICOUÉ et al., 2007). Porém, o tomate roxo pode ser considerado

como uma potencial fonte de petunidina, pois possui teores semelhantes ao do

mirtilo (29 mg/100g) (Phenol-Database). Segundo He e Giusti (2010), a

petunidina corresponde a cerca de 5% do total de antocianinas ingeridas uma

vez que não é comumente encontrada nos alimentos vegetais, porém podem ser

encontradas em na uva, no vinho e na cranberry (Phenol-Database).

Entretanto, ponderando que o consumo de tomate é maior quando

comparado ao de frutas sazonais, a produção em escala comercial de um

alimento frequentemente consumido que apresente características que possam

trazer benefícios à saúde é uma estratégia atraente quando pretendido um

aumento no consumo de compostos bioativos.

Logo, pode-se inferir que a inserção dos genes Aft, Abg e atv no processo

de obtenção do tomate roxo foi responsável por aumentar o conteúdo de

antocianinas, principalmente na casca, quando comparado com o tomate

vermelho-MT.

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66

5. ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA DO EXTRATO FENÓLICO DE

TOMATE ROXO

5.1. MÉTODOS

5.1.1. Preparação do extrato aquoso

A amostra (cerca de 5 g, respeitando a proporção de 3 partes de polpa

para 1 de casca) foi extraído três vezes com 100 mL de metanol : água : ácido

acético (70:30:5, v:v:v) com auxílio de um Ultra-Turrax (Polytron-Kinematica

GmbH, Kriens-Luzern, Suíça). O extrato foi filtrado sob pressão reduzida através

de papel de filtro (Whatman número 06), sendo o extrato metanólico obtido

concentrado, sob vácuo, utilizando um evaporador rotativo (Rotavapor RE 120,

Buchi , Flawil , Suécia ) e ressuspendido em 50 mL com água destilada. Na etapa

seguinte, 25 mL do extrato foram passados em coluna de 10g de poliamida (CC-

6 , acherey - Nagel , Alemanha ) em uma seringa de 60 mL, previamente

condicionado com 50 mL de metanol e 100 mL de água destilada. As impurezas

foram lavadas com água destilada e os flavonoides remanescentes foram

eluidos com 120 ml de metanol acidificado com ácido clorídrico a 0,1%. O eluato

resultante foi evaporado até secura, sob pressão reduzida, a 40ºC e dissolvido

em água destilada (EA), antes de administração aos animais.

5.1.2. Delineamento experimental

Foram utilizados camundongos Balb C machos, de peso compreendido

entre 18 e 20 gramas (6 semanas de idade), obtidos do Biotério da FCF. Os

camundongos foram mantidos sob condições padronizadas, em salas com

temperatura entre 23 a 25C e ciclo de claro escuro de 12 h, com alimentação e

água ad libitum. Protocolo n 430 na Comissão de Ética do Uso de Animais, FCF-

USP.

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67

5.1.2.1. Estudo de inflamação

Para estudo de inflamação, os animais (n=10/grupo) foram mantidos em

jejum por 6 h e submetidos aos tratamentos abaixo:

Grupo 2mg (G2): Os animais receberam 200 μL de EA (concentração 2

mg petunidina eq./100 g peso corpóreo), por via oral 30 min antes da injeção

intraperitoneal de 500 L de LPS (0,2 μg).

Grupo 4mg (G4): Os animais receberam 200 μL de EA (concentração 4

mg petunidina eq./100 g peso corpóreo), por via oral 30 min antes da injeção

intraperitoneal de 500 L de LPS (0,2 μg).

Grupo Salina (GS): Os animais receberam 200 μL solução salina por via

oral 30 min antes da injeção intraperitoneal de 500 L de LPS (0,2 μg).

Grupo Salina controle (GSC): Os animais receberam 200 μL de solução

salina por via oral 30 min antes da injeção intraperitoneal de 500 L de salina.

Grupo Controle (GC): Os animais receberam 200 μL de dexametasona

(40 μg/20 g de peso corpóreo) por via oral 30 min antes da injeção intraperitoneal

de 500 L de LPS (0,2 μg).

Três horas após a injeção de LPS, os animais foram submetidos à

eutanásia pela exposição a CO2 e a cavidade peritoneal lavada com 2 mL de

salina estéril. Após a coleta do exsudato e homogeneização do líquido de

lavagem, uma alíquota foi diluída em solução de Turk (1:20; v/v), para a

contagem do número total de leucócitos, em câmara de Neubauer e microscopia

de luz.

Duas outras alíquotas de 1x106 células foram centrifugadas a 800 g/6

min/22 C. O precipitado de leucócitos foi usado na análise de expressão de

COX-2 por Real Time-PCR. O sobrenadante foi acondicionado em ultrafreezer -

70ºC e será utilizado para a quantificação de citocinas.

Para a contagem de células diferenciais, uma alíquota foi concentrada em

cytospin (Tharmac) e corada com hematoxilina e eosina. A contagem diferencial

foi realizada através da contagem de pelo menos 100 células, que foram

classificadas como polimorfonucleares ou mononucleares, com base em critérios

morfológicos convencionais em microscópio óptico.

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68

5.1.3. Reação em cadeia da polimerase (PCR)

As células (3 x 106) foram lavadas uma vez com solução salina estéril e

então misturadas a 500 μL de reagente Trizol (Invitrogen, Rockville, MD, EUA) e

o RNA foi extraído de acordo com as instruções do fabricante.

O DNA complementar (cDNA) foi sintetizado utilizando um sistema

Improm-II de Transcrição Reversa (Promega, Madison, WI, EUA) de acordo com

as instruções do fabricante e conduzidos a um termociclador Gene Amp (PCR

System 2400, Applied Biosystems). A PCR foi realizada por desnaturação a 94°C

durante 60 s, emparelhamento a 57°C (COX-2) e 60°C (GADPH) durante 1 min

e, por extensão, a 72°C durante 60 s.

Foram utilizados para a amplificação do cDNA trinta ciclos adicionais para

COX-2 e 25 ciclos para a GADPH. Os pares de iniciadores usados para análise

foram: 5'-TTTGTTGAGTCGTTCGCCGGACGGA-3' e 5'-

CGGTATTGAGGAGAAGAGATGGGATT-3' para os iniciadores sense e anti-

sense do gene da COX-2, respectivamente, 5'-

TGGAATCCTGTGGCGTCCGTGAAAC-3' e

5'TAAAACGCGGCTCGGTAACGGTCCG-3' para os iniciadores com sense e

anti-sense do gene GADPH, respectivamente, utilizado como um controle

interno.

5.1.4. Determinação da concentração de citocinas do exsudato peritoneal

As concentrações das citocinas (IL-1β, IL-2, IL-4, IL-6, IL-10, IL-12, IL-17,

MCP-1, MKC e TNF-α) foram quantificadas por meio do kit Milliplex (Millipore

Ltd., Bedford, EUA). O kit constitui-se em imunoensaio e na tecnologia Luminex

TM MAGPIx no qual anticorpos de captura específicos para cada analito estão

fixados à microesferas (beads) através de ligações covalentes não reversíveis.

Estas microsferas são coradas com proporções diferentes de dois fluoróforos,

atribuindo códigos de cores distintos. Após que o analito se agrega aos

anticorpos de captura situados na superfície das microesferas, a fixação final é

feita por meio de um terceiro marcador fluorescente, ficoeritrina (PE) conjugada

ao anticorpo de detecção. Então, o equipamento Luminex 200 move as esferas

em fila única por meio de feixes de dois lasers diferentes em citômetro de fluxo.

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69

O primeiro feixe de laser detecta e classifica a microsfera (o código de cor para

o ensaio) e o segundo laser quantifica o sinal transmitido por cada microesfera.

5.1.5. Estudo de absorção

Já para o estudo de absorção, o seguinte modelo de estudo foi realizado

para avaliar a absorção dos compostos fenólicos presentes no tomate roxo.

Os animais foram mantidos em jejum por 6 h e submetidos aos

tratamentos abaixo:

Grupo 0: os animais (n=5) foram imediatamente eutanasiados após receberem

200 μL de solução salina por via oral.

Grupo 30 minutos: os animais (n=8) foram eutanasiados 30 minutos após

receberem 200 μL de EA (concentração 4 mg petunidina eq./100 g peso

corpóreo) por via oral.

Grupo 1 hora: os animais (n=8) foram eutanasiados 1 hora após receberem 200

μL de EA (concentração 4 mg petunidina eq./100 g peso corpóreo) por via oral.

Grupo 3 horas: os animais (n=8) foram eutanasiados 3 horas após receberem

200 μL de EA (concentração 4 mg petunidina eq./100 g peso corpóreo) por via

oral.

Foram coletadas amostras de sangue e fígado de todos os animais. O

sangue foi coletado em microtubos contendo EDTA através de punção

submandibular causando a eutanásia dos animais por hipovolemia. Os

microtubos foram armazenados em gelo até posterior processamento. Após

eutanásia, os animais foram fixados em uma superfície de isopor onde tiveram

a cavidade torácica aberta com auxílio de tesoura cirúrgica para retirada do

fígado, sendo este lavado em solução salina estéril, pesado em papel alumínio

previamente identificado e imediatamente congelado em nitrogênio líquido.

5.1.6. Extração de flavonoides do fígado de camundongo

O fígado de cada animal foi homogeneizado por um minuto utilizando

Ultra-Turrax (Polytron-Kinematica GmbH, Kriens-Luzern, Suíça) em 100 mL de

metanol/água/ácido acético (70:30:5 v/v), centrifugadas em 500 rpm/1 min/22 C.

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70

O sedimento foi recuperado e realizado mais duas reextrações com 50 mL de

metanol ou metanol acidificado. Os extratos assim obtidos foram agrupados

obtendo-se e concentrados em rotaevaporador (Rotavapor® 120, Büchi, Flawil,

Suíca) à temperatura de 40 °C até a remoção do metanol para a etapa de

separação em fase sólida, semelhantes ao item 4.1.2.5. As condições de análise

por CLAE-DAD e LS-MS/MS foram as mesmas dos itens 4.1.2.6. e 4.1.2.7.,

respectivamente.

5.1.7. Análise estatística

Os resultados foram expressos como média ± desvio padrão (DP). Para

verificação da normalidade da distribuição dos dados foi utilizado o teste de

Shapiro-Wilk (SHAPIRO; WILK, 1965) e homogeneidade das variâncias o teste

de Levene (LEVENE, 1960). Para análise dos dados foi realizada Análise de

Variância simples (One way ANOVA) e teste de Tukey para comparação de

médias. As análises foram realizadas com auxílio do programa GraphPad Prism

5.0 (Graph Pad Software®, La Jolla, CA, EUA). Sendo estabelecido p<0,05 para

significância estatística.

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71

5.2. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.2.1. Influxo leucocitário

De acordo com os resultados obtidos na caracterização do tomate roxo,

foi proposto um estudo de atividade anti-inflamatória do extrato fenólico,

utilizando um modelo de peritonite, em camundongos, induzida pelo LPS; sendo

o extrato fenólico administrado, por via oral, nas concentrações de 2 e 4 mg

petunidina eq./100 g peso corpóreo.

A Figura 19 apresenta o comportamento do influxo leucocitário na

cavidade peritoneal dos animais tratados.

A administração intraperitoneal de LPS resultou em um incremento na

permeabilidade vascular dos capilares, ocasionando em acréscimo de 65%

neutrófilos no infiltrado celular, já que o influxo leucocitário no grupo salina (com

estímulo de LPS-GS) apresentou média 115,63 ± 10,84 x 105 células/mL e o

grupo salina controle (sem estímulo de LPS-GSC) 69,38 ± 9,8 x 105 células/mL.

Observou-se uma redução significativa (p < 0,05) de aproximadamente

37% no número de leucócitos totais no exsudato peritoneal no grupo que

recebeu 4 mg (G4) quando comparado ao grupo estimulado com LPS (GS). O

mesmo efeito não foi observado para o grupo de 2 mg (G2).

Em relação ao grupo tratado com dexametasona (controle anti-

inflamatório-GC) não houve diferença estatística, quando comparado ao grupo

estímulo LPS. Porém ao comparar o grupo tratado com 4 mg do extrato aquoso

de tomate com o grupo dexametasona observa-se uma diferença de 17%, não

significativa, no influxo leucocitário.

Na contagem diferencial de células (poliformonuclear e mononucleares) o

grupo 4 mg apresentou queda nas células PMN. Quando comparado a

quantidade de células PMN do grupo 4mg (27,32 ± 5,83 x 105 células/mL) com

o grupo salina com estímulo (63,84 ± 9,37 x 105 células/mL) observa-se uma

redução significativa (p < 0,05) de 57%. Já ao relacioná-lo ao grupo salina sem

estímulo (24,03 ± 3,1 x 105 células/mL) não se observa diferença estatística.

Para células mononucleares foi notada redução significativa de 20% entre o

grupo salina controle em relação ao grupo 4 mg.

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72

Figura 19. Efeito do extrato fenólico de tomate roxo obtido por piramidação do genes Aft, Abg e atv no influxo leucocitário em

modelo de peritonite induzida por LPS. Grupos: GSC: salina + salina (salina sem estímulo), GS salina + LPS (salina com estímulo),

Grupo 2 e 4 mg petunidina equivalente/100 g de peso corporal) e GC dexametasona (4 mg/100 g de peso corporal). # (p < 0,05)

diferente quando comparado com o grupo com estímulo com LPS (GS) (n=10 animais/grupo). * (p < 0,05) diferente quando

comparado com o grupo sem estímulo com LPS (GSC) (n=10 animais/grupo).

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73

5.2.2. Expressão gênica de mRNA de COX-2

A Figura 20 apresenta a expressão gênica da enzima COX-2 dos grupos

tratados com extrato fenólico de tomate roxo.

Figura 20. Efeito do extrato fenólico de tomate roxo obtido por piramidação do genes Aft, Abg e atv na expressão de mRNA de COX-2 em modelo de peritonite induzida por LPS. Grupos: GSC: salina + salina (salina sem estímulo), GS salina + LPS (salina com estímulo), Grupo 2 e 4 mg petunidina equivalente/100 g de peso corporal) e GC dexametasona (4 mg/100 g de peso corporal). # (p < 0,05) diferente quando comparado com o grupo com estímulo com LPS (GS) (n=10 animais/grupo). * (p < 0,05) diferente quando comparado com o grupo sem estímulo com LPS (GSC) (n=5 animais/grupo).

Em relação à expressão gênica de RNA mensageiro da enzima COX-2, o

grupo 4 mg apresentou uma redução significativa (p < 0,05) de 64% na expressão

gênica de COX-2 quando comparado ao grupo salina (salina + LPS) e redução de

10% em relação ao grupo controle (dexametasona). Enquanto o grupo 2 mg

apresentou redução não significativa de 35% em comparação ao grupo salina.

O mesmo padrão foi observado em estudo realizado por Li et al. (2014),

onde extrato de framboesa também apresentou redução significativa na

expressão gênica de COX-2 tanto em modelo de colite de inflamação quanto em

modelo de macrófagos ativados (RAW 264.7). Esta diminuição pode ser explicada

pelo eventual controle das antocianinas na cascata de sinalização do NF-ĸB, por

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74

meio do bloqueio da fosforilação e ativação das proteínas envolvidas, tais como

IKK, IĸBα e JNK, no processo de liberação do fator de transcrição.

5.2.3. Concentração de citocinas no exsudato peritoneal

A concentração das citocinas pró-inflamatórias no exsudato peritoneal dos

animais tratados estão apresentadas na Figura 21.

Observa-se que a concentração do fator de necrose tumoral alfa (TNF-α,

sigla em inglês) no exsudato peritoneal do grupo 4 mg apresentou uma

concentração de 5,7 ± 3,5 pg/mL da citocina, sendo então oito vezes menor (p <

0,05) em relação ao grupo salina (50,8 ± 21,5 pg/mL) e 7% menor do que o grupo

controle (6,1 ± 6,9 pg/mL).

Para interleucina-1β (IL-1β) o do grupo tratado com 4 mg de extrato fenólico

apresentou diminuição de 52% na concentração no exsudato peritoneal ao

compará-lo ao grupo salina. A IL-1β está intimamente ligada ao processo

inflamatório uma vez que ativa a produção de COX-2, NO (através da ativação da

iNOS), moléculas de adesão e PGE2 (DINARELLO, 2007).

Já para IL-2 nota-se que o G4 apresentou (2,7 ± 0,55 pg/mL) concentração

33% menor da citocina em relação ao grupo salina (4,1 ± 1,46 pg/mL). A IL-2 é

produzida por linfócitos T CD4+ e atua na ativação de células do sistema imune

como as células natural killer (NK).

A interleucina IL-6 também apresentou o mesmo comportamento,

apresentando decréscimo significativo (p < 0,05) de 87% ao comparar com o grupo

salina positivo. Esta citocina é um dos principais mediadores do processo

inflamatório, pois pode controlar a síntese de proteínas de fase aguda (proteína C

reativa) e da ativação de neutrófilos (diferenciação de linfócitos T citotóxicos e

maturação de macrófagos) (HEINRICH et al., 2003).

Igualmente as citocinas anteriores, IL-12 e IL-17, também apresentaram

diminuição na concentração no lavado peritoneal do grupo 4 mg de 28 e 50%,

respectivamente, em relação ao grupo salina. Ambas citocinas apresentam papel

pró-inflamatório, por exemplo, a IL-17 ocasiona incremento da produção de IL-6 e

IL-8, para a IL-17; enquanto o estímulo para produção de IFN-γ e TNF-α nas

células NK e linfócitos T, pode ser proveniente da ação da IL-12 (VENKATESHA

et al. 2015).

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75

Figura 21. Efeito do extrato fenólico de tomate roxo obtido por piramidação do genes Aft, Abg e atv na concentração de citocinas pró-inflamatórias no exsudato em modelo de peritonite induzida por LPS. Grupos: GSC: salina + salina (salina sem estímulo), GS: salina + LPS (salina com estímulo), Grupo 2 e 4 mg (petunidina equivalente/100 g de peso corporal) e GC: dexametasona (4 mg/100 g de peso corporal). # (p < 0,05) diferente quando comparado com o grupo com estímulo com LPS (GS) (n=10 animais/grupo). * (p < 0,05) diferente quando comparado com o grupo sem estímulo com LPS (GSC) (n=10 animais/grupo).

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76

A Figura 22 apresenta as concentrações de proteína quimiotática para

monócito -1 (MCP-1) e da quimiocina específica para neutrófico (mKC) nos

grupos.

Ambos os valores obtidos para as concentrações da MCP-1 e da mKC

apresentaram redução significativa (p < 0,05) no grupo 4 mg de extrato em

comparação ao grupo salina, destacando-se redução de 62% para mKC.

Figura 22. Efeito do extrato fenólico de tomate roxo obtido por piramidação do genes Aft, Abg e atv na concentração de MCP-1 e mKC no exsudato em modelo de peritonite induzida por LPS. Grupos: GSC: salina + salina (salina sem estímulo), GS: salina + LPS (salina com estímulo), Grupo 2 e 4 mg petunidina equivalente/100 g de peso corporal) e GC: dexametasona (4 mg/100 g de peso corporal). # (p < 0,05) diferente quando comparado com o grupo com estímulo com LPS (GS) (n=10 animais/grupo). * (p < 0,05) diferente quando comparado com o grupo sem estímulo com LPS (GSC) (n=10 animais/grupo).

MCP-1 é responsável pela migração de linfócitos T e monócitos presentes

no sangue e pela diferenciação de macrófagos em células espumosas

(CARDOSO et al, 2011). Já a mKC contribui para o aumento do estado

inflamatório, pois está relacionada com migração de leucócitos (ZERFAOUI, et

al., 2009).

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77

A Figura 23 apresenta o efeito dos tratamentos nas concentrações das

citocinas anti-inflamatórias analisadas no exsudato peritoneal dos animais.

Figura 23. Efeito do extrato fenólico de tomate roxo obtido por piramidação do genes Aft, Abg e atv na concentração das citocinas anti-inflamatórias no exsudato em modelo de peritonite induzida por LPS. Grupos: GSC: salina + salina (salina sem estímulo), GS: salina + LPS (salina com estímulo), Grupo 2 e 4 mg petunidina equivalente/100 g de peso corporal) e GC: dexametasona (4 mg/100 g de peso corporal). # (p < 0,05) diferente quando comparado com o grupo com estímulo com LPS (GS) (n=10 animais/grupo). * (p < 0,05) diferente quando comparado com o grupo sem estímulo com LPS (GSC) (n=10 animais/grupo).

A concentração de IL-4 apresentada pelo grupo 4 mg foi de 1,1 ± 0,64

pg/mL, 15% menor em relação ao grupo salina positivo (1,3 ± 0,39 pg/mL),

entretanto, foi 24% maior do que o grupo controle (dexametasona).

Entretanto, para a IL-10, importante citocina anti-inflamatória, a

concentração no grupo 4 mg apresentou um aumento significativo (p < 0,05) de

seis e vinte e três vezes ao compararmos com o grupo salina e grupo controle,

respectivamente.

A IL-4 é conhecida pelo seu papel anti-inflamatório por regular

negativamente a produção de IL-1β, TNF-α, IL-6 e IL-8; além de estimular o

peristaltismo (OLIVEIRA et al, 2011). Por outro lado, a IL-10 está relacionada ao

bloqueio da produção de IFN-γ pelas células NK, aumento da proliferação de

mastócitos e diminuição na produção de TNF-α, IL-6 e IL-1 em macrófagos e

monócitos ativados (MITTAL & ROCHE, 2015).

Muito é estudado em relação ao papel das antocianinas, e seus

metabólitos, no controle do processo inflamatório. Sabe-se que esta classe dos

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flavonoides pode atuar exercendo controle da via de sinalização do fator de

transcrição NF-ĸB, controlando assim, a expressão das citocinas inflamatórias,

do mesmo modo que eleva a síntese de mediadores anti-inflamatórios

(SPECIALE et al., 2014; KAKKAR & BAIS, 2014). Mykkänen et al. (2014), em

estudo sobre atividade anti-inflamatória do mirtilo, observou que em

camundongos (C57BL) submetidos a uma dieta rica do fruto as concentrações

séricas de IL-1β, IL-6, MCP-1 e TNF-α diminuíram após três meses de consumo.

No presente estudo, a diminuição na expressão gênica de COX-2

observada pode estar diretamente associada com a diminuição das

concentrações de citocinas com ação pró-inflamatória, em especial a IL-1β e

TNF-α, Uma vez que essa diminuição está intimamente relacionada com

supressão da via de sinalização do NF-ĸB.

Considerando as funções exercidas pela IL-10 no processo inflamatório,

o aumento observado na concentração desta citocina no grupo de 4 mg estaria

modulando negativamente a ativação do NF-ĸB, corroborando com a diminuição

de IL-1β, IL-6 e TNF-α. Assim como a redução dos níveis de mKC e MCP-1 está

fortemente relacionada com a diminuição no influxo de células

polimorfonucleares (neutrófilo) e mononucleares (monócito) na cavidade

peritoneal dos animais tratados com 4 mg petunidina eq/100 g peso corpóreo.

Sendo assim, ao considerarmos as citocinas analisadas, observa-se que,

de modo geral, houve uma diminuição na concentração de todas as citocinas

consideradas pró-inflamatórias, destacando-se o fator de necrose tumoral alfa

(TNF-α) e interleucina 6 (IL-6), assim como aumento na citocina IL-10,

considerada como anti-inflamatória, no grupo que recebeu 4 mg de extrato

fenólico. O mesmo padrão de comportamento não foi observado no grupo tratado

com 2 mg de extrato, podendo-se inferir que esta dosagem não apresentou

atividade sobre a síntese de citocinas. O grupo salina controle (sem estímulo de

LPS) demonstrou não aumentar a concentração de nenhuma das citocinas

analisadas.

Em vista disso, ao ponderarmos que as citocinas pró-inflamatórias, NO e

aminas vasoativas, produzidas por células do sistema imune (mastócito e

macrófago), células endoteliais, bem como os leucócitos migrados, são

responsáveis pelo recrutamento de células da circulação sanguínea para locais

de inflamação, pode-se inferir que a diminuição desses fatores quimiotáticos

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através da ação dos flavonoides presentes no extrato de tomate roxo pode ter

auxiliado no decréscimo no influxo leucocitário no grupo 4 mg.

Estudos realizados para avaliar a atividade anti-inflamatória de extratos

fenólicos ricos em antocianinas de diversos vegetais também observaram uma

diminuição semelhante no recrutamento leucocitário e consequentemente na

resposta inflamatória. Hassimotto et al. (2013), observou uma redução

significativa do influxo peritoneal de leucócitos em camundongos tratados com

extrato de amora silvestre. Desta forma, as antocianinas podem então atuar

suprimindo a produção de citocinas pró-inflamatórias, TNF-α e IL-8, mediadores

inflamatórios, NO e PGE2, do mesmo modo que diminuir a expressão dos genes

iNOS e COX-2, através do bloqueio da cascata de ativação do via de sinalização

NF-κB. (KARLSEN et al., 2007; KHAN et al., 2012; ROSILLO et al., 2012;

ISHIMOTO et al., 2011, HWANG et al., 2011; TALL et al., 2004; MIN et al, 2010).

Então, ao suprimir a ativação via LPS da cascata de sinalização do NF-

ĸB, as antocianinas presentes no tomate roxo, e seus metabólitos, exercem

papel primordial no que se diz respeito aos mecanismos regulatórios da resposta

inflamatória. Uma vez que podem modular a expressão gênica de diversos

fatores pró-inflamatórios, tais como as citocinas/quimiocinas, receptores de

membrana e moléculas de adesão. Ou seja, as antocianinas podem diminuir a

expressão de iNOS e COX-2 acarretando em decréscimo nas concentrações de

NO e citocinas, que por sua vez ocasiona em menor adesão e influxo de

leucócitos, controlando assim, a resposta inflamatória.

Portanto, o extrato fenólico de tomate roxo parece ser responsável pela

redução do (1) influxo leucocitário na cavidade peritoneal, (2) concentração das

citocinas e (3) expressão gênica de COX-2, quando estimulado com LPS.

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5.2.4. Absorção dos compostos fenólicos do tomate roxo

Consideração o perfil do extrato fenólico do tomate roxo piramidado e sua

atividade biológica observada foi proposto um estudo de absorção dos

compostos visando correlacioná-los a atividade anti-inflamatória.

Os principais metabólitos identificados por LC-ESI-MS/MS no fígado dos

animais tratados estão descritos na Tabela 09 e os respectivos espectros de

massas apresentados na Figura 24.

Tabela 09. Composição dos metabólitos presentes no fígado dos animais

eutanasiados após 30 minutos de administração do extrato fenólico do tomate

roxo obtido por piramidação do genes Aft, Abg e atv. Detectados por LC-ESI-

MS/MS, em modo positivo.

RT (min) Íon

molecular

Fragmentos dos íons

negativos (m/z) Composto proposto

15,6 303 - Delfinidina aglicona

16,7 481 303 Delfinidina

glucurodinada

16,9 332 272 Malvidina

Os metabólitos detectados por LC-ESI-MS/MS, em modo positivo, no

fígado dos animais eutanasiados após 30 minutos de administração do extrato

fenólico do tomate (4 mg) foram: as antocianidinas delfinidina m/z 303 e uma

malvidina m/z 332 com fragmento MS2 272 [M-60]+. Neste caso, a perda do

fragmento 60 u, corresponde a perda de dois grupos metila. Também foi

detectada delfinidina glucurodinada, apresentando íon molecular a m/z 481 e

fragmento MS2 a m/z 303 [M-178]+, correspondendo a perda de um ácido

glucurônico.

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Não foram detectados metabólitos nas amostras de fígado dos animais

eutanasiados após 3 horas de administração oral do extrato fenólico. Do mesmo

que não foi possível detectar metabólitos nas amostras de plasma de nenhum

dos tratamentos realizados.

108.0

217.2

303.1

1185.11260.31303.2

1424.8

1488.5

+MS2(303.2), 15.6min #909

0

100

200

300

400

500

Intens.

200 400 600 800 1000 1200 1400 m/z

149.4

185.8

242.5

271.3

377.3490.9

561.5

620.7

689.5 741.3 801.9

873.0 918.6

999.11036.1 1085.2 1197.71241.1 1336.1 1446.7

332.3

+MS, 16.9min #975

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

4x10

Intens.

200 400 600 800 1000 1200 1400 m/z

+MS2(481.4), 16.6min #962

0

5

10

15

20

Intens.

300.0 302.5 305.0 307.5 310.0 312.5 315.0 317.5 320.0 m/z

Delfinidina glucuornidada

(m/z 481)

Delfinidina aglicona (m/z 303)

Malvidina aglicona (m/z 332)

Figura 24. Espectro de massas (MS2) dos metabólitos encontrados no fígado dos animais eutanasiados após 30 minutos de administração via oral do extrato fenólico de tomate roxo obtidos por LC-ESI-MS/MS, em modo positivo.

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As formas agliconas de delfinidina e malvidina detectadas no organismo

dos animais tratados podem ser provenientes dos compostos presentes no

extrato do tomate roxo oferecido. Já a forma glucuornidada de delfinidina

encontrada é condizente com o processo que compostos, tais como os

flavonoides, sofrem nos hepatócitos⁄enterócitos a fim de estabilizar e distribuir as

moléculas. Em estudo de biodisponibilidade realizado por Milbury et al. (2010),

os metabólitos de cranberry identificados no sangue e urina de humanos

portadores de doença coronariana após ingestão de uma dose de suco poderiam

influenciar a transdução de sinal e modulação de genes envolvidos na produção

de espécies reativas de oxigênio.

Sabe-se que antocianinas aciladas são menos absorvidas do que as não

aciladas. Uma das hipóteses mais aceitas para tal fato é de que as antocianinas

aciladas possuem baixa afinidade com transportadores de íons, como a

bilitranslocase (PRIOR & WU, 2006).

Estudos sugerem que as formas não aciladas são absorvidas em uma

porção maior do trato gastrointestinal (TG) diferentemente das aciladas que por

serem absorvidas em uma fração menor do TG apresentam tempo de

transferência menor, acarretando em redução na meia-vida no plasma

(NOVOTNY et al., 2012).

A presença de acilação na estrutura das antocianinas também influencia

a sua eliminação do organismo. Enquanto as estruturas aciladas são

rapidamente eliminadas do organismo; as não aciladas, por apresentarem maior

afinidade com os transportadores permanecem maior tempo no organismo.

Em estudo realizado por Charron et al. (2009) as antocianinas aciladas

presentes em suco de cenoura roxa foram menos absorvidas do que as não

aciladas, sendo a sua concentração plasmática 4 vezes menor. Enquanto Wu et

al. (2004) aponta que em porcos tratados com extrato de amora, a recuperação

urinária das antocianinas aciladas foi menor quando comparadas às não

aciladas.

Todavia, a absorção das antocianinas presentes no suco de laranja

vermelha não apresentou diferença entre as diferentes estruturações das

moléculas, como demonstra os resultados obtidos por Felgindes et al. (2006).

Logo, o fato de não ter sido encontrados rutina e petunidina e/ou

metabólitos nas amostras pode ser explicada pela presença de acilações em

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suas estruturas, uma vez que a relação estrutura/metabolismo parece ser

determinante para aumentar ou diminuir a absorção dos flavonoides.

Tendo em vista o conhecimento a respeito do metabolismo das

antocianinas, sabe-se que apenas uma pequena quantidade é considerada

biodisponível no organismo humano, pois apresenta rápida metabolização e

excreção. Portanto, tendo em vista da complexidade do metabolismo das

antocianinas, esta classe de flavonoides e seus metabólitos encontrados no

fígado dos animais tratados com extrato fenólico, parece ser o fator responsável

pelo controle da resposta inflamatória do presente estudo.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados alcançados nas diferentes etapas no presente estudo

auxiliam no entendimento das questões acerca da atividade anti-inflamatória dos

flavonoides presentes no tomate roxo. Destarte, foi possível formular hipóteses

que auxiliem o entendimento da manipulação genética para obtenção de

alimentos ricos em compostos bioativos, bem como os mecanismos que

envolvem os processos inflamatórios com base nas seguintes constatações:

- A piramidação dos genes Aft, Abg e atv para a obtenção do tomate roxo

acarretou em sensível acréscimo no conteúdo de antocianinas, majoritariamente

na casca, quando comparados aos valores apresentados pelo tomate vermelho-

MT. Tal característica é determinada pela inserção de genes específicos, via

piramidação, no tomate que aumentam a expressão de enzimas envolvidas na

biossíntese do pigmento.

- O extrato fenólico obtido do tomate roxo tem atividade anti-inflamatória,

uma vez que diminuiu o influxo leucocitário (PMN e mononuclear) no exsudato

peritoneal, a concentração de citocinas pró-inflamatórias e expressão gênica de

COX-2, nos animais tratados com extrato de 4 mg (petunidina eq./100 g peso

corpóreo) em modelo de peritonite em camundongo induzido pelo LPS. Desse

modo, a mitigação do processo inflamatório pode estar relacionada ao fato de

que as antocianinas, provenientes do cruzamento genético acarreta em um

fenótipo diferente de tomate roxo, que por meio dos seus metabóltios, podem

atuar no controle da cascata de sinalização do NF-ĸB e, consequentemente, do

processo inflamatório.

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ANEXO I - Informações para os Membros de Bancas Julgadoras de Mestrado/Doutorado

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ANEXO II – Parecer da Comissão de Ética no Uso de Animais

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ANEXO III - Ficha do aluno

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ANEXO IV - Currículo Lattes

Afonso Pinho da Silva Maia

Curriculum Vitae ____________________________________________________________________________

Dados pessoais

Nome Afonso Pinho da Silva Maia Nascimento 14/05/1988 - Volta Redonda/RJ - Brasil CPF 119.003.727-03 ___________________________________________________________________________

Formação acadêmica/titulação

2013 Mestrado em Ciências dos Alimentos. Universidade de São Paulo, USP, Sao Paulo, Brasil Título: Atividade anti-inflamatória de extrato fenólico de tomate roxo (Solanum

Lycopersicum L.) em camundongo em modelo de peritonite induzido pelo LPS Orientador: Neuza Mariko Aymoto Hassimotto 2007 - 2011 Graduação em Nutrição. Centro Universitário de Volta Redonda, UniFOA, Volta Redonda, Brasil Título: Uso de Prebióticos na Absorção de Ferro em Cirurgia Bariátrica Orientador: Alden dos Santos Neves ___________________________________________________________________________

Formação complementar

2012 - 2012 Curso de curta duração em Contagem de carboidratos. Centro Universitário de Volta Redonda, UniFOA, Volta Redonda, Brasil 2012 - 2012 Curso de curta duração em Mini-curso: Estratégias da Nutrição Esportiva. Centro Universitário de Volta Redonda, UniFOA, Volta Redonda, Brasil 2011 - 2011 Curso de curta duração em Suplementos e Fitoterápicos em Estética. Instituto de Pesquisas Ensino e Gestão em Saúde, IGPS, Brasil 2010 - 2010 Curso de curta duração em Nutrição e Adolescência. Centro Universitário de Volta Redonda, UniFOA, Volta Redonda, Brasil 2010 - 2010 Curso de curta duração em Nutrição e Fitoterapia. Centro Universitário de Volta Redonda, UniFOA, Volta Redonda, Brasil 2010 - 2010 Curso de curta duração em Aspectos Nutricionais do Envelhecimento. Centro Universitário de Volta Redonda, UniFOA, Volta Redonda, Brasil 2009 - 2009 Curso de curta duração em Interpretação de Exames Laboratoriais e

Semiologia. Centro Universitário de Volta Redonda, UniFOA, Volta Redonda, Brasil 2009 - 2009 Curso de curta duração em Nutrição Funcional Aplicado à Prática Clínica. Centro Universitário de Volta Redonda, UniFOA, Volta Redonda, Brasil 2008 - 2008 Curso de curta duração em Qualidade em Alimentação. Centro Universitário de Volta Redonda, UniFOA, Volta Redonda, Brasil 2008 - 2008 Curso de curta duração em Qualidade em Alimentação e Segurança

Alimentar. Centro Universitário de Volta Redonda, UniFOA, Volta Redonda, Brasil 2007 - 2007 Curso de curta duração em Mini-curso: Utilização Integral dos Alimentos. Centro Universitário de Volta Redonda, UniFOA, Volta Redonda, Brasil

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100

2007 - 2007 Curso de curta duração em Mini-curso: Alimentos Dietéticos e Lights. Centro Universitário de Volta Redonda, UniFOA, Volta Redonda, Brasil ____________________________________________________________________________

Atuação profissional

1. Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ __________________________________________________________________ Vínculo institucional 2010 - 2010 Vínculo: Colaborador , Enquadramento funcional: Colaborador ,

Carga horária: 4, Regime: Parcial

2. Centro Universitário de Volta Redonda - UniFOA __________________________________________________________________ Vínculo institucional 2011 - 2011 Vínculo: Estágio , Enquadramento funcional: Estagiário , Carga

horária: 6, Regime: Parcial 2010 - 2010 Vínculo: Estágio , Enquadramento funcional: Estagiário , Carga

horária: 6, Regime: Parcial 2009 - 2009 Vínculo: Monitor-Nutrição e Dietética , Enquadramento

funcional: Monitor , Carga horária: 4, Regime: Parcial 2009 - 2009 Vínculo: Monitor-Nutrição e Metabolismo , Enquadramento

funcional: Monitor , Carga horária: 2, Regime: Parcial 2009 - 2009 Vínculo: Monitor-Nutrição e Metabolismo , Enquadramento

funcional: Monitor , Carga horária: 2, Regime: Parcial 2008 - 2008 Vínculo: Monitor - Fisiologia Geral , Enquadramento funcional:

Monitor , Carga horária: 4, Regime: Parcial

3. Prefeitura Municipal de Volta Redonda - PMVR __________________________________________________________________ Vínculo institucional 2011 - 2011 Vínculo: Estágio , Enquadramento funcional: Estagiário , Carga

horária: 6, Regime: Parcial 2010 - 2010 Vínculo: Estágio , Enquadramento funcional: Estagiário , Carga

horária: 6, Regime: Parcial

4. Prefeitura Municipal de Pinheiral - PMP __________________________________________________________________ Vínculo institucional 2011 - 2011 Vínculo: Estágio , Enquadramento funcional: Estagiário , Carga

horária: 6, Regime: Parcial

5. SAMA - SAMA __________________________________________________________________ Vínculo institucional 2010 - 2010 Vínculo: Estágio , Enquadramento funcional: Estagiário , Carga

horária: 16, Regime: Parcial

Projetos

Projetos de pesquisaProjetos de pesquisa2010 - 2010 Perfil Antrompométrico e Estimativa do

Consumo de Antioxodantes pelos Adolescentes Escolares de Volta Redonda - RJ

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101

Situação: Concluído Natureza: Projetos de pesquisa Alunos envolvidos: Graduação (3); Integrantes: Afonso Pinho da Silva Maia; Margareth Lopes Galvao Saron (Responsável) 2010 - Atual Efeito dos ácidos graxos poliinsaturados em biomarcadores e estado de

depressão de idosos com síndrome metabólica genotipados para os polimorfismos C677T e A1298C no gene MTHFR

Situação: Em andamento Natureza: Projetos de pesquisa Alunos envolvidos: Graduação (5); Mestrado acadêmico (1); Integrantes: Afonso Pinho da Silva Maia; Ana Paula Alves Avelino (Responsável)

Producão

____________________________________________________________________________

Produção bibliográfica Artigos completos publicados em periódicos 1. MAIA, A. P. S., Neves,A.S. Uso de Prebióticos na Absorção de Ferro em Cirurgia Bariátrica. Cadernos UniFOA (Impresso). , v.ESP, p.51 - 59, 2011. Trabalhos publicados em anais de eventos (resumo) 1. MAIA, A. P. S., Neves,A.S. USO DE PREBIÓTICOS NA ABSORÇÃO DE FERRO EM CIRURGIA BARIÁTRICA In: Ganepão, 2013, São Paulo. Revista Brasileira de Medicina. São Paulo: RBM, 2013. v.70. p.1 - 152 2. MAIA, A. P. S. ESTADO NUTRICIONAL E A IMAGEM CORPORAL DOS ADOLESCENTES DE UMA ESCOLA PÚBLICA In: III Congresso Internacional de Especialidades Pediátricas, 2010, Curitiba. III Congresso Internacional de Especialidades Pediátricas. , 2010. 3. MAIA, A. P. S. ESTADO NUTRICIONAL E PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA DOS ADOLESCENTES DE UMA ESCOLA PÚBLICA In: III Congresso Internacional de Especialidades Pediátricas, 2010, Curitiba. III Congresso Internacional de Especialidades Pediátricas. , 2010. 4. MAIA, A. P. S., SARON, M. L. G. Perfil Antrompométrico dos Adolescentes Escolares no Município de Volta Redonda - RJ In: IV Colóquio Técnico-Científico do Unifoa, 2010, Volta Redonda. Cadernos UniFOA (Online). Volta Redonda: FOA, 2010. p.123 - 123 Demais produções bibliográficas 1. MAIA, A. P. S. Importância do Nutricionista em Unidades de Alimentação e Nutrição Hospitalares. Artigo. , 2010. (Outra produção bibliográfica) 2. MAIA, A. P. S., ARAUJO, D. R., LIMA, F. M., FLORENTINO, B. C. Implicações Nutricionais do Uso Abusivo de Antiácidos por Idosos. Artigo. , 2009. (Outra produção bibliográfica) 3. MAIA, A. P. S., ARAUJO, D. R. Aspectos Fisiológicos do Trato Gastrointestinal de Portadores de Bulimia Nervosa. Artigo. , 2008. (Outra produção bibliográfica) Página gerada pelo sistema Currículo Lattes em 03/02/2015 as 09:19:57