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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE LETRAS CLÁSSICAS E VERNÁCULAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS CLÁSSICAS Contra os Sofistas e Elogio de Helena de Isócrates: tradução, notas e estudo introdutório Ticiano Curvelo Estrela de Lacerda versão corrigida Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras Clássicas do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo para a obtenção do título de Mestre em Letras Clássicas Orientador: Prof. Dr. Daniel Rossi Nunes Lopes São Paulo 2011

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  • UNIVERSIDADE DE SO PAULO

    FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CINCIAS HUMANAS

    DEPARTAMENTO DE LETRAS CLSSICAS E VERNCULAS

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM LETRAS CLSSICAS

    Contra os Sofistas e Elogio de Helena de Iscrates:

    traduo, notas e estudo introdutrio

    Ticiano Curvelo Estrela de Lacerda

    verso corrigida

    Dissertao apresentada ao Programa de

    Ps-Graduao em Letras Clssicas do

    Departamento de Letras Clssicas e Vernculas da

    Faculdade de Filosofia, Letras e Cincias Humanas da

    Universidade de So Paulo

    para a obteno do ttulo

    de Mestre em Letras Clssicas

    Orientador: Prof. Dr. Daniel Rossi Nunes Lopes

    So Paulo

    2011

  • 1

    RESUMO

    Esta dissertao de mestrado versa sobre dois discursos do ateniense

    Iscrates: Contra os Sofistas e Elogio de Helena, compostos por volta de 390 a. C. O

    estudo do primeiro trata da filosofia de Iscrates; o do segundo, da maneira como o

    gnero epidtico utilizado pelo autor. H ainda um ltimo comentrio sobre o uso de

    moldes discursivos presente na estruturao de seus discursos. Segue-se, ao final, a

    traduo em portugus acompanhada de notas de ambos os discursos.

    Palavras-chave

    1. Iscrates 2. Filosofia 3. Retrica 4. Gnero Epidtico

    ***

    ABSTRACT

    This dissertation deals with two speeches of the Athenian Isocrates: Against the

    Sophists and Helen, composed around 390 a. C. The analysis of the first speech deals

    with the "philosophy" of Isocrates; the second, the way the epideictic genre is used by

    the author. There is also a comment on the use of certain discursive molds that belong to

    the structure of his speeches. Finally, is presented a translation into Portuguese with

    notes of both speeches.

    Key-words

    1. Isocrates 2. Philosophy 3. Rhetoric 4. Epideictic Genre

  • 2

    A meus pais,

    a meus avs

    e memria de Seu Neco e Dona Lia

  • 3

    Agradecimentos

    FAPESP, pelo auxlio que a bolsa concedida me proporcionou;

    Ao Prof. Dr. Daniel Rossi Nunes Lopes, por esses anos de confiana, cuidado e

    pacincia. Sou grato a ele no s pela orientao e sapincia de um grande professor e

    pesquisador, mas tambm pela amizade singular demonstrada ao longo de todo o tempo

    de pesquisa;

    Aos Profs. Drs. Marcos Martinho dos Santos e Flvio Ribeiro de Oliveira (IEL-

    UNICAMP), por terem aceitado o convite para a arguio, no Exame de Qualificao e

    na Defesa de Mestrado. Suas intervenes e crticas foram importantes e decisivas para

    toda a confeco de meu trabalho. Ao primeiro, agradeo tambm pelas aulas de

    Introduo aos Estudos Clssicos, quando ingressei na FFLCH em 2004. Foram elas

    que, no incio, me motivaram a entrar para a rea e para a vida acadmica;

    Aos Profs. Drs. Jaa Torrano, Adriane da Silva Duarte, e Paula da Cunha Corra,

    pelas disciplinas de graduao, ministradas entre 2005 e 2008, e pelas de ps-

    graduao, entre 2009 e 2010. A contribuio deles para minha formao foi, sem

    dvida, de extrema importncia. ltima, agradeo tambm pela orientao em minha

    Iniciao Cientfica, entre 2006 e 2007, quando passei por uma valiosa etapa de meu

    percurso acadmico;

    Aos outros professores da rea de Letras Clssicas que tambm ministraram

    disciplinas em minha graduao: Prof. Dr. Adriano Machado Ribeiro, Prof. Dr. Andr

    Malta Campos, Prof. Dr. Christian Werner, Profa. Dra. Giuliana Ragusa, Prof. Dr.

    Fernando Rodrigues Jnior, Prof. Dr. Adriano Scatolin, Prof. Dr. Alexandre Pinheiro

    Hasegawa e Prof. Dr. Ricardo da Cunha Lima. A contribuio de todas as suas aulas

    para a minha formao foi imensurvel;

    Aos professores de outras reas: Prof. Dr. Hlder Garmes, pela beleza do

    romance portugus; Prof. Dr. Joo Adolfo Hansen, pela retrica de Machado de Assis;

    Prof. Dr. Jaime Ginzburg, pela Arte Romntica; Prof. Dr. Alcides Celso Oliveira

    Villaa, pela melhor poesia brasileira de Bandeira e Drummond; Prof. Dr. Antonio

    Dimas, pela destreza da literatura colonial; Prof. Dr. Jos Miguel Soares Wisnik, pela

    arte de Guimares Rosa; Prof. Dr. Horcio Costa, pela verdade de Fernando Pessoa;

    Prof. Dr. Ataliba Teixeira de Castilho, pela Sintaxe rdua, pungente e fascinante. Todos

    esses valiosos ensinamentos foram inesquecveis para a minha formao em Lngua

    Portuguesa e Literatura.

  • 4

    A Artur Costrino e caro Francesconi Gatti, pela amizade fraterna e

    incomparvel dos ltimos anos e, principalmente, pelo apoio mpar que sempre me

    deram em minha vida acadmica e pessoal;

    A Bruno Meng, Ana Carolina Correa Guimares Neves, Mana Machado, Felipe

    Augusto Caetano Matos, Henrique Namorato, Juliana Borges, Lgia Ferreira Barison,

    Ana Carolina Morais, Carolina Carrion, Ana Paula Santana Bezerra, Luze Rocha,

    Vanessa Gomes, dentre muitssimos outros, pelo companheirismo, parceria e amizade,

    em diferentes momentos, que tornaram a minha vida uspiana ainda mais alegre;

    USP e FFLCH, por ter me dado a base para ser quem me tornei;

    A Rafael Alcntara, Danilo Bonato, Vincius Lacerda, Amanda Lacerda, Felipe

    Curvelo e Vanessa Parrela, pela melhor amizade de toda a vida, e por ocuparem o lugar

    de irmos;

    A todos os meus familiares, tios, tias, primos e primas, pelo amor, carinho e

    preocupao de sempre; em especial, a meus tios Gilmar Curvelo, Francisco Lcio de

    Lacerda e Maria do Socorro de Lacerda, pelas memrias de ontem e de hoje;

    A meus pais, Jos Srgio de Lacerda e Elza Gomes Curvelo Lacerda, e a meus

    avs, Jos Curvelo, Antnia Gomes Curvelo, Manuel Estrela de Lacerda, e Lia Paulino

    de Lacerda, por absolutamente tudo, por ser quem sempre fui, em detrimento do infinito

    e inesgotvel amor que me deram. Por causa dos inumerveis esforos que fizeram, nas

    batalhas sofridas que travaram, devo a eles muito mais do que seria possvel dizer

    nessas palavras.

    Elogio de Helena, 67.

    http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=polu%5C&la=greek&prior=%5dhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=de%5C&la=greek&prior=polu/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=plei%2Fw&la=greek&prior=de/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=ta%5C&la=greek&prior=plei/whttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=paraleleimme%2Fna&la=greek&prior=ta/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tw%3Dn&la=greek&prior=paraleleimme/nahttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=ei%29rhme%2Fnwn&la=greek&prior=tw=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=e%29sti%2Fn&la=greek&prior=ei)rhme/nwn

  • 5

    ndice

    Apresentao...............................................................................................................p.06

    Captulo 1 - A filosofa de Iscrates em Contra os Sofistas..................................p.07

    Captulo 2 - O Elogio de Helena: o gnero epidtico e a unidade do discurso...........p.29

    Captulo 3 A relao entre Contra os Sofistas e Elogio de Helena: frmula fixa

    e estrutura dos discursos..............................................................................................p.46

    Traduo de Contra os Sofistas................................................................................. p. 55

    Traduo de Elogio de Helena...................................................................................p. 64

    Bibliografia.................................................................................................................p. 84

  • 6

    Apresentao

    O presente trabalho o resultado final de dois anos e meio de minha pesquisa de

    Mestrado, desde o meu ingresso no Programa de Ps-Graduao em Letras Clssicas,

    em Maro de 2009, e, contando, em seguida, com a concesso da bolsa FAPESP, em

    maio do mesmo ano. Ele conta com a traduo anotada e o estudo introdutrio de dois

    discursos, a saber, Contra os Sofistas e Elogio de Helena, do ateniense Iscrates (436-

    338 a. C.).

    As tradues1 de ambos os discursos foram feitas procurando seguir o rigor

    filolgico necessrio, com especial ateno aos termos-chave do pensamento isocrtico,

    bem como tambm, quando possvel, adequando a Lngua Portuguesa ao estilo do autor.

    O estudo de cada um dos discursos, por sua vez, versa sobre questes centrais em

    Iscrates dentro do que j foi e, principalmente, do que ainda debatido entre os

    estudiosos arrolados na bibliografia. No estudo de Contra os Sofistas, procurei tecer

    comentrios sobre (i) o movimento sofista, (ii) os termos basilares do pensamento

    isocrtico presentes no discurso, e (iii) o modo como o termo filosofa utilizado por

    Iscrates. No do Elogio de Helena, dissertei sobre (i) o gnero epidtico, luz de

    Aristteles e autores modernos, (ii) questes relativas (no) unidade temtica do

    discurso e (iii) suas relaes com outros discursos do prprio autor. Ao final, redigi

    ainda um terceiro captulo conclusivo, o qual identifica determinadas semelhanas de

    ordem discursiva e metodolgica na composio de Contra os Sofistas e Elogio de

    Helena, e, por fim, propondo um reposicionamento e uma reinterpretao de Iscrates

    no cenrio poltico do perodo clssico ateniense.

    1 A edio utilizada para a traduo foi a de Drerup, E., 2004.

  • 7

    Captulo 1

    A filosofa de Iscrates em Contra os Sofistas

    2.1 Primeira parte do discurso (1-13): A crtica aos sofistas

    O discurso Contra os Sofistas, segundo o prprio Iscrates2, foi escrito e

    publicado3 no incio de sua carreira como professor, imediatamente aps a fundao de

    sua escola, e apresenta, em linhas gerais, os princpios de seu mtodo de educao4, os

    quais foram mais bem explanados ao longo de seus discursos posteriores. Contra os

    Sofistas pode ser dividido em duas partes principais: os pargrafos de 1 a 13, em que

    Iscrates critica os sofistas, e os pargrafos de 14 a 22, em que exposta parte de suas

    ideias propostas como metodologia para o ensino daquilo que ele chamar de filosofia, a

    educao baseada no discurso (paidea lgwn5

    ).

    To importante, ento, quanto os pargrafos do texto dedicados formulao de

    seu programa pedaggico, so os primeiros pargrafos em que o autor critica

    veementemente outros mtodos de ensino existentes em seu tempo, e,

    consequentemente, muitos daqueles homens que promoviam essas prticas. Por esse

    motivo, o discurso chamado de Contra os Sofistas, uma vez que as crticas de

    Iscrates so direcionadas queles chamados genericamente de sofistas, professores

    do final do sc. V e comeo do sc. IV que, em Atenas, cobravam de jovens

    determinada quantia em dinheiro para ensin-los, dentre outras coisas, a discursar bem

    em diferentes ocasies, sobretudo no ambiente poltico democrtico da plis6. Iscrates

    inicia assim seu discurso:

    1. Se todos os que querem educar tentassem dizer a verdade ao invs de fazer maiores promessas

    do que aquelas que podem cumprir, no seriam difamados pelos cidados comuns. Ao contrrio, aqueles

    que tm a imensa ousadia de se vangloriar disso indiscriminadamente fizeram com que os que preferem

    ser indolentes parecessem melhor deliberar do que aqueles que dedicam seu tempo filosofia.

    2 Cf. Antdosis, 193. 3 Por volta de 390 a. C. 4 Norlin, G., in: Isocrates, vol ii, The Loeb Classical Library, 1929. 5 Cf. Antdosis, 180. 6 necessrio salientar, no entanto, que havia tambm nesse perodo sofistas os quais no se dedicavam

    apenas ao ensino de discursos, ou outros que inclusive nada ensinavam para a prtica poltica. Cf.

    Protgoras de Plato (316c-e).

  • 8

    1. ,

    , :

    .

    Segundo Iscrates, tais educadores so homens difamados porque no podem

    cumprir o que prometem. Alm disso, dentro do que se segue nos pargrafos de 1 a 8,

    h injrias contra os que se dedicam s disputas verbais, ou seja, os ersticos, pois,

    mentem por no ensinarem o que prometem a busca pela verdade (1); intentam

    saber sobre o futuro, conhecimento esse impossvel aos homens (2); dizem que a

    convivncia com eles prprios tornar os jovens atenienses mais felizes, e, para isso,

    cobram certa quantia em dinheiro (3); professam enormes vantagens por causa desse

    dinheiro, a ponto de s faltar prometer que seus discpulos possam se tornar imortais

    (4); no do crdito e desconfiam de seus prprios alunos (5 e 6); preocupam-se mais

    com os discursos do que com as aes (7); e, por fim, proclamam deter o conhecimento

    - pistmh - e no fazem uso das opinies dxai; por essa razo, seus ensinamentos

    no tem valor algum, no sendo eles o zelo pela alma (8).

    A partir do nono pargrafo, as crticas so direcionadas aos sofistas que

    prometem ensinar a compor discursos polticos: escrevem discursos piores do que os

    improvisados por homens comuns e, ainda assim, prometem fazer de seus alunos,

    oradores (9); no levam em considerao a experincia e a natureza de seus discpulos;

    no so capazes de descobrir o que de fato h em cada uma das artes que prometem

    ensinar, mas simplesmente se vangloriam das enormes promessas que fazem, e que, s

    por causa delas, sero admirados e seus ensinamentos sero de grande valor (10); a

    filosofia no tem tanto poder quando eles dizem, e, por isso, necessrio acabar com

    esses discursos (11); e, por fim, eles no percebem a diferena que h entre essa arte dos

    discursos e a das letras, imaginando que so de mesma natureza (12): a primeira deve

    compartilhar do que oportuno, novo e conveniente, ao passo que a segunda no

    precisa de nada disso; consequentemente, esses homens deveriam pagar, e no receber

    dinheiro, uma vez que necessitam muito mais de aprendizado do que seus prprios

    alunos (13).

    http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=ei%29&la=greekhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=pa%2Fntes&la=greek&prior=ei)http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=h%29%2Fqelon&la=greek&prior=pa/nteshttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=oi%28&la=greek&prior=h)/qelonhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=paideu%2Fein&la=greek&prior=oi(http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=e%29pixeirou%3Dntes&la=greek&prior=paideu/einhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=a%29lhqh%3D&la=greek&prior=e)pixeirou=nteshttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=le%2Fgein&la=greek&prior=a)lhqh=http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=kai%5C&la=greek&prior=le/geinhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=mh%5C&la=greek&prior=kai/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=mei%2Fzous&la=greek&prior=mh/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=poiei%3Dsqai&la=greek&prior=mei/zoushttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=ta%5Cs&la=greek&prior=poiei=sqaihttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=u%28posxe%2Fseis&la=greek&prior=ta/shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=w%28%3Dn&la=greek&prior=u(posxe/seishttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=e%29%2Fmellon&la=greek&prior=w(=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=e%29pitelei%3Dn&la=greek&prior=e)/mellonhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=ou%29k&la=greek&prior=e)pitelei=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=a%29%5Cn&la=greek&prior=ou)khttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=kakw%3Ds&la=greek&prior=a)/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=h%29%2Fkouon&la=greek&prior=kakw=shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=u%28po%5C&la=greek&prior=h)/kouonhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tw%3Dn&la=greek&prior=u(po/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=i%29diwtw%3Dn&la=greek&prior=tw=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=nu%3Dn&la=greek&prior=i)diwtw=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=d%27&la=greek&prior=nu=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=oi%28&la=greek&prior=d'http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tolmw%3Dntes&la=greek&prior=oi(http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=li%2Fan&la=greek&prior=tolmw=nteshttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=a%29periske%2Fptws&la=greek&prior=li/anhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=a%29lazoneu%2Fesqai&la=greek&prior=a)periske/ptwshttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=pepoih%2Fkasin&la=greek&prior=a)lazoneu/esqaihttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=w%28%2Fste&la=greek&prior=pepoih/kasinhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=dokei%3Dn&la=greek&prior=w(/stehttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=a%29%2Fmeinon&la=greek&prior=dokei=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=bouleu%2Fesqai&la=greek&prior=a)/meinonhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tou%5Cs&la=greek&prior=bouleu/esqaihttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=r%28a%7Cqumei%3Dn&la=greek&prior=tou/shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=ai%28roume%2Fnous&la=greek&prior=r(a|qumei=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tw%3Dn&la=greek&prior=ai(roume/noushttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=peri%5C&la=greek&prior=tw=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=th%5Cn&la=greek&prior=peri/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=filosofi%2Fan&la=greek&prior=th/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=diatribo%2Fntwn&la=greek&prior=filosofi/an

  • 9

    Tais crticas arroladas, portanto, censuram os sofistas ersticos e os que ensinam

    discursos polticos, seus mtodos pedaggicos, e, principalmente, o fato de explorarem

    seus discpulos e engan-los quanto a essa prtica. No entanto, Iscrates, com receio de

    no parecer apenas criticar sem mostrar o seu prprio plano pedaggico, prope uma

    educao denominada filosofia, a qual, por sua vez, superaria as deficincias de tudo

    aquilo que foi criticado, de todas as prticas sofsticas que estavam erradas em seu

    tempo. Em outras palavras, o autor demonstra sua desconfiana com o mal que,

    segundo ele, aqueles ensinamentos faziam aos jovens de Atenas, sobretudo atravs do

    ensino de discursos polticos da maneira como eram feitos e das promessas dos ersticos

    mencionadas inicialmente.

    Percebe-se, ento, uma declarada preocupao do autor em defender sua

    filosofia como um melhor mtodo de preparao para a vida pblica de um jovem

    ateniense, usando o termo, talvez, como principal argumento para sua provvel inteno

    maior em Contra os Sofistas: marcar definitivamente seu distanciamento de tais

    professores. John Poulakos, em seu texto sobre a recepo de Iscrates da prtica

    sofstica, disserta sobre esse distanciamento que Iscrates faz. O crtico diz7:

    ...he critiques some oratorical practices without dismissing all orators, and without disparaging

    the art of rhetoric on account of the dubious practices of some. Next, he disassociates himself from

    orators in general and from those teachers of oratory whose program he considers unacceptable or

    unprofitable. Lastly, he speaks positively about rhetoric as he himself understands, practices, and teaches

    it.

    importante ressaltar, no entanto, que aquilo que Iscrates define por filosofia

    ser identificado como retrica por boa parte da crtica moderna, como ser visto mais

    adiante. Isso se deve ao fato de que a ideia de Filosofia que se tem mais comumente

    aquela consolidada pelo pensamento platnico-aristotlico. Nesse sentido, ento, a

    filosofia de Iscrates geralmente identificada com o ensino de retrica tal como

    praticada pelos sofistas, ainda que se preocupe com questes relativas moral e

    poltica. Alm disso, necessrio observar tambm que o posicionamento de Iscrates

    quanto sua filosofia se coloca contra os procedimentos comuns atribudos por ele

    aos sofistas, como vemos no incio de Contra os Sofistas. Essa discusso, porm, ser

    melhor explorada mais adiante, na ltima parte deste captulo.

    7 Poulakos, J.,1995, p. 123.

  • 10

    Por fim, preciso ressaltar que h ainda, ao final do discurso (pargrafos 19-20),

    outra crtica a uma terceira classe de sofistas: os que escreveram as chamadas Artes.

    Iscrates se refere aqui a antigos manuais de retrica, compostos pelos antigos

    sofistas do sc. V a. C, sobretudo Crax de Siracusa e seu discpulo Tsias. Aristteles

    (Retrica I.1 1354b24) tambm critica essas Artes por versarem apenas sobre os

    discursos de mbito judicirio. Grgias, Trasmaco e Polo, sofistas mais prximos

    historicamente de Iscrates, tambm compuseram tais tcnai8.

    1.2 Os Sofistas: acepes do termo e seu uso no perodo clssico

    Apesar de Iscrates fazer duras crticas aos sofistas de seu tempo, bem como

    Plato, o termo sofista, entretanto, no possua valor depreciativo antes do sc. IV

    a.C. Alm disso, mesmo nessa poca, no so todos os sofistas que se encaixam nas

    classes criticadas por Iscrates na primeira parte de Contra os Sofistas, i. e., os ersticos

    e os que se dedicavam aos discursos polticos. Deve-se ter sempre em mente que os

    sofistas desse tempo so, antes de tudo, professores das mais diversas reas: oratria,

    potica, cincias naturais, tica, dentre outras9. Cabe aqui, ento, nesta parte do captulo,

    verificar como o termo sofista polissmico, no s por suas diferentes nuances ao

    longo dos sculos, como tambm por sua caracterstica paradoxal no perodo clssico

    em Atenas.

    No dicionrio de Liddell & Scott10

    , encontra-se a seguinte definio para o

    verbete sofistj:

    sofistj, o, a master of ones craft, used of poets and musicians. 2. generally, one who is

    clever or shrewd in matters of life, a prudent man; so the Seven Sages are called sofista: hence a wise

    man, philosopher. II. At Athens, one who professed to make men wise, a Professor of arts and sciences, a

    Sophist: from their extravagant assumptions they fell into disrepute, esp. from being attacked by Socrates

    and Plato, as also by Aristophanes: hence, 2. a sophist, quibbler, cheat.

    8 Cf. Mirhady, D., e Too, Y., 2000, p. 65 e Jebb, R., 1899, p. 298. 9 Vickers, B., 1998, p. 149. 10 Liddell & Scott. Abridged from: Greek-English Lexicon. Oxford: Oxford University Press, 1996.

  • 11

    O dicionrio j pode nos fornecer uma ideia da transformao que o termo

    sofreu atravs do tempo, e o paradoxo que ele acabou se tornando por compreender

    sentidos to distintos. Certamente h motivos de ordem histrica, social e poltica para

    tal transformao, os quais sero decisivos para que se possa compreender a invectiva

    isocrtica contra os sofistas criticados em seu discurso.

    Do perodo arcaico at o sc. V, o termo possua um sentido muito mais

    genrico. Chama-se sofistj qualquer sbio, um profissional ou especialista em

    alguma habilidade artstica ou cientfica. Homero era um sofistj, assim como os

    outros poetas arcaicos e os filsofos pr-socrticos, por exemplo. O termo deriva do

    substantivo sofa (sabedoria), o que nos faz imaginar, a princpio, que o sofista

    aquele que detm o conhecimento sobre algum assunto. G. B. Kerferd, em seu livro O

    Movimento Sofista, mostra as diversas interpretaes que o termo sofistj sofreu com

    o tempo. Kerferd diz11

    :

    ...o termo sophists aplicado a muitos desses primeiros sbios a poetas, inclusive Homero e

    Hesodo, a msicos e rapsodos, adivinhos e videntes, aos Sete Sbios e a outros antigos sbios, aos

    filsofos pr-socrticos, e a personagens tais como Prometeu, sugerindo poderes misteriosos. No h nada

    de depreciativo nessas aplicaes, muito pelo contrrio. a essa respeitvel tradio que Protgoras

    deseja se incorporar na passagem do dilogo de Plato, Protgoras (316c5-e5).

    J no perodo clssico, entretanto, a partir da segunda metade do sc. V, com o

    surgimento da democracia em Atenas, o termo passou a determinar uma especfica

    classe de professores, sobretudo de oratria, que vieram de diversas partes da Grcia

    para atender a uma necessidade social e poltica que havia no perodo12

    :

    As instituies de uma cidade democrtica grega pressupunham, no cidado comum, a

    faculdade de falar em pblico, o que era indispensvel para quem quer que ambicionasse uma carreira

    poltica. Um homem que fosse arrastado ao tribunal por seus inimigos e no soubesse como falar era

    como um civil desarmado atacado por soldados. O poder de expressar ideias claramente e de maneira a

    persuadir seus ouvintes era uma arte a ser aprendida e ensinada. Mas no bastava adquirir domnio do

    vocabulrio; era necessrio aprender como argumentar, e exercitar-se na discusso de questes polticas e

    ticas. Havia uma procura de educao superior.

    11 Kerferd, G. B., 2003, p. 46. 12 Bury, J. B., 1975, p. 241, apud Kerferd, G. B., 2003, p. 35-6.

  • 12

    Os professores que pouco a pouco foram chegando a Atenas tinham ali um

    grande mercado devido demanda de homens, sobretudo jovens, que precisavam

    aprender a discursar bem em pblico para obter xito na vida poltica da democracia.

    Dentre eles, os mais clebres foram Protgoras, que veio de Abdera na Trcia, e

    Grgias, de Leontine na Siclia. No entanto, ainda que o termo sofistj passasse a

    designar algo mais especfico neste perodo, ele continuava tendo, evidentemente, um

    valor positivo, i.e., o sofista ainda era considerado um homem distinto por sua

    sabedoria.

    Por outro lado, a partir do sc. IV, alguns filsofos e pensadores, sobretudo

    Iscrates e Plato, passaram a fazer crticas a esses professores, na maior parte das vezes

    de maneira muito incisiva, devido ao mal que, segundo eles, faziam para seus

    discpulos, e, consequentemente, poltica ateniense. O discurso Contra os Sofistas de

    Iscrates pode ilustrar bem a maneira como essas crticas eram feitas e seus motivos,

    como j visto na primeira parte deste captulo. Yun Lee Too, em seu comentrio sobre o

    discurso Antdosis de Iscrates, disserta a respeito de como o termo passou a ter uma

    carga negativa a partir do sc. IV13

    :

    In the forth century, teacher (didaskloj) most immediately implies sophist, the

    professional teacher who makes unrealistic promises about his ability to pass on knowledge and skills in

    order to gain a personal fortune. [] According to the conventional stereotype of the period, the

    contemporary sophist is distasteful figure who encourages the sycophantic activity of the law courts.

    Isocrates earlier Oration 13, Against the Sophists, is a powerful polemic against current rhetorical

    pedagogy and its practitioners, and elsewhere in his speeches, individuals who would be perceived as

    sophists, because they participate in Athens verbal culture are criticized for their greed, ambition, and

    unscrupulousness (cf. also Helen, 2-6).

    Percebe-se, ento, que, no sc. IV, a viso sobre o sofista j era bem diferente

    por parte de alguns pensadores atenienses. No perodo, o termo passa a denotar aqueles

    que produzem uma prtica perniciosa, prometendo coisas impossveis para os jovens

    alunos. possvel notar todos esses aspectos em Contra os Sofistas, pois, a todo

    momento, como j foi arrolado na primeira parte, o autor se refere aos sofistas por essas

    qualificaes as quais Too descreve como sentidos do termo sofistj a partir do sc.

    13 Too, Y., 2008, p. 11-12.

  • 13

    IV. A autora ainda conclui falando a respeito do mal que a atividade sofstica acarretava

    no s para os atenienses, mas tambm plis14

    :

    The contemporary sophist is responsible for the misuse of language, but if this figure is

    caricatured as irresponsible and mean-spirited, his villainy should not be underestimated. Given that

    language is the basis of community, the sophist is necessarily the enemy of the city-state.

    1.3 Segunda parte do discurso (14-22): o trinmio Natureza, Experincia e

    Educao (fsij, mpeira, padeusij), e outros conceitos.

    No incio da segunda parte do discurso (14-22), Iscrates deixa por ora a crtica

    aos sofistas e inicia a defesa de sua filosofia. O autor diz:

    14. [...] muitos dos que se dedicaram filosofia continuaram sendo homens comuns, ao passo

    que alguns outros, mesmo sem jamais terem convivido com os sofistas, tornaram-se prodigiosos no

    discurso e na prtica poltica.

    14. ... ,

    ...

    Neste trecho, importante perceber uma inteno sutil do autor em se afastar

    dos sofistas, demonstrando como seus ensinamentos no eram necessrios para que os

    atenienses pudessem obter xito ao discursarem nas instituies democrticas. John

    Poulakos comenta o pargrafo 14 do discurso, falando a respeito da vida de Iscrates

    afastada da poltica15:

    ...most of those who pursue rhetoric opt for a life in the public arena. Although this last

    observation may seem innocent, it is difficult not to see its critical tone, especially if we recall Isocrates

    commitment to the improvement of public life.

    Por ter se dedicado apenas carreira de professor, Iscrates no praticou

    ativamente a poltica em Atenas. Essa crtica a qual John Poulakos faz meno diz

    respeito ao fato de Iscrates ter se dedicado exclusivamente ao ensino de sua filosofia,

    14 Too, Y., p. 12. 15 Poulakos, J., 1995, p. 130.

    http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=polloi%5C&la=greek&prior=o(/tihttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=me%5Cn&la=greek&prior=polloi/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tw%3Dn&la=greek&prior=me/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=filosofhsa%2Fntwn&la=greek&prior=tw=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=i%29diw%3Dtai&la=greek&prior=filosofhsa/ntwnhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=diete%2Flesan&la=greek&prior=i)diw=taihttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=o%29%2Fntes&la=greek&prior=diete/lesanhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=a%29%2Flloi&la=greek&prior=o)/nteshttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=de%2F&la=greek&prior=a)/lloihttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tines&la=greek&prior=de/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=ou%29deni%5C&la=greek&prior=tineshttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=pw%2Fpote&la=greek&prior=ou)deni/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=suggeno%2Fmenoi&la=greek&prior=pw/potehttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tw%3Dn&la=greek&prior=suggeno/menoihttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=sofistw%3Dn&la=greek&prior=tw=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=kai%5C&la=greek&prior=sofistw=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=le%2Fgein&la=greek&prior=kai/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=kai%5C&la=greek&prior=le/geinhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=politeu%2Fesqai&la=greek&prior=kai/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=deinoi%5C&la=greek&prior=politeu/esqaihttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=gego%2Fnasin&la=greek&prior=deinoi/

  • 14

    afastado das assemblias ou de qualquer outra atividade de natureza poltica, ainda que

    tivesse uma evidente preocupao em preparar seus discpulos para tal atividade.

    Em seguida, Iscrates passa a expor sua concepo do que seria para ele a

    verdadeira educao, o ensino de sua filosofia. Para tanto, encontram-se a os preceitos

    fundamentais isocrticos para a transformao de um jovem ateniense em um bom

    homem poltico, requisitos fundamentais para o ensino de sua paideia: Natureza (a

    habilidade ou talento natural em praticar a oratria poltica, fsij), Educao (a

    paideia isocrtica j mencionada, padeusij, ou, algumas vezes, descrita

    genericamente como conhecimento, pistmh) e Experincia (mpeira, e seu treino

    por parte do discpulo, com a finalidade de aprimor-la). Esse trinmio encontra-se

    adiante, no pargrafo 15:

    [...] o poder dos discursos e de todos os outros ofcios surge naqueles que tm boa natureza e

    so treinados na experincia, 15. enquanto a educao os torna mais habilidosos e mais engenhosos na

    atividade de investigao, pois, quando eles por acaso se encontram errantes em determinadas situaes,

    ela os ensina a capt-las de prontido; por outro lado, os que tm uma natureza inferior, ela no poderia

    torn-los bons competidores ou compositores de discursos, embora poderia faz-los progredir e torn-los

    homens mais inteligentes em muitas coisas.

    14. ...

    15.

    ,

    ,

    ,

    .

    H ao menos trs passagens significativas de Contra os Sofistas em que esse

    trinmio aparece de maneira evidente a fim de explicitar o que ele considera essencial

    prtica oratria. Alm do trecho acima, o autor j fizera meno ao trinmio no

    pargrafo 10, ainda na crtica aos sofistas:

    10. E nenhuma parte deste poder eles atribuem s experincias e natureza do discpulo, mas

    dizem que podem transmitir o conhecimento dos discursos da mesma forma que o das letras.

    http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=ai%28&la=greek&prior=gego/nasinhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=me%5Cn&la=greek&prior=ai(http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=ga%5Cr&la=greek&prior=me/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=duna%2Fmeis&la=greek&prior=ga/rhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=kai%5C&la=greek&prior=duna/meishttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tw%3Dn&la=greek&prior=kai/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=lo%2Fgwn&la=greek&prior=tw=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=kai%5C&la=greek&prior=lo/gwnhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tw%3Dn&la=greek&prior=kai/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=a%29%2Fllwn&la=greek&prior=tw=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=e%29%2Frgwn&la=greek&prior=a)/llwnhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=a%28pa%2Fntwn&la=greek&prior=e)/rgwnhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=e%29n&la=greek&prior=a(pa/ntwnhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=toi%3Ds&la=greek&prior=e)nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=eu%29fue%2Fsin&la=greek&prior=toi=shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=e%29ggi%2Fgnontai&la=greek&prior=eu)fue/sinhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=kai%5C&la=greek&prior=e)ggi/gnontaihttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=toi%3Ds&la=greek&prior=kai/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=peri%5C&la=greek&prior=toi=shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=ta%5Cs&la=greek&prior=peri/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=e%29mpeiri%2Fas&la=greek&prior=ta/shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=gegumnasme%2Fnois&la=greek&prior=e)mpeiri/ashttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=h%28&la=greek&prior=%5dhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=de%5C&la=greek&prior=h(http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=pai%2Fdeusis&la=greek&prior=de/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tou%5Cs&la=greek&prior=pai/deusishttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=me%5Cn&la=greek&prior=tou/shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=toiou%2Ftous&la=greek&prior=me/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=texnikwte%2Frous&la=greek&prior=toiou/toushttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=kai%5C&la=greek&prior=texnikwte/roushttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=pro%5Cs&la=greek&prior=kai/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=to%5C&la=greek&prior=pro/shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=zhtei%3Dn&la=greek&prior=to/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=eu%29porwte%2Frous&la=greek&prior=zhtei=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=e%29poi%2Fhsen&la=greek&prior=eu)porwte/roushttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=oi%28%3Ds&la=greek&prior=e)poi/hsenhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=ga%5Cr&la=greek&prior=oi(=shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=nu%3Dn&la=greek&prior=ga/rhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=e%29ntugxa%2Fnousi&la=greek&prior=nu=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=planw%2Fmenoi&la=greek&prior=e)ntugxa/nousihttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tau%3Dt%27&la=greek&prior=planw/menoihttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=e%29c&la=greek&prior=tau=t'http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=e%28toimote%2Frou&la=greek&prior=e)chttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=lamba%2Fnein&la=greek&prior=e(toimote/rouhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=au%29tou%5Cs&la=greek&prior=lamba/neinhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=e%29di%2Fdacen&la=greek&prior=au)tou/shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tou%5Cs&la=greek&prior=e)di/dacenhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=de%5C&la=greek&prior=tou/shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=katadeeste%2Fran&la=greek&prior=de/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=th%5Cn&la=greek&prior=katadeeste/ranhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=fu%2Fsin&la=greek&prior=th/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=e%29%2Fxontas&la=greek&prior=fu/sinhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=a%29gwnista%5Cs&la=greek&prior=e)/xontashttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=me%5Cn&la=greek&prior=a)gwnista/shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=a%29gaqou%5Cs&la=greek&prior=me/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=h%29%5C&la=greek&prior=a)gaqou/shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=lo%2Fgwn&la=greek&prior=h)/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=poihta%5Cs&la=greek&prior=lo/gwnhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=ou%29k&la=greek&prior=poihta/shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=a%29%5Cn&la=greek&prior=ou)khttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=a%29potele%2Fseien&la=greek&prior=a)/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=au%29tou%5Cs&la=greek&prior=a)potele/seienhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=d%27&la=greek&prior=au)tou/shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=a%29%5Cn&la=greek&prior=d'http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=au%28tw%3Dn&la=greek&prior=a)/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=proaga%2Fgoi&la=greek&prior=au(tw=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=kai%5C&la=greek&prior=proaga/goihttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=pro%5Cs&la=greek&prior=kai/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=polla%5C&la=greek&prior=pro/shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=fronimwte%2Frws&la=greek&prior=polla/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=diakei%3Dsqai&la=greek&prior=fronimwte/rwshttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=poih%2Fseien&la=greek&prior=diakei=sqai

  • 15

    10.

    , ...

    Nesse momento do discurso, Iscrates critica os sofistas por no se utilizarem

    desses conceitos da mesma forma como ele os concebe. Pode-se entender que, de algum

    modo, j temos a certo prenncio do trinmio que viria a ser melhor explanado nos

    pargrafos 14 e 15. Ainda nesse dcimo pargrafo, nota-se que Iscrates se utiliza do

    termo pistmh para referir-se padeusij. importante ressaltar que, neste

    momento, o que est sendo entendido por conhecimento no tem de forma alguma

    relao com o mesmo da dicotomia entre dxa X pistmh, a qual ser discutida na

    prxima parte deste captulo. L, o termo se refere ideia platnica sobre o

    conhecimento, em contrapartida dxa defendida por Iscrates em outro momento.

    Aqui, em Contra os Sofistas (10), pode-se dizer que pistmh utilizada de uma

    maneira muito mais genrica, o que se refere a apenas um dos elementos de sua

    tricotomia (padeusij), i.e., simplesmente, o conhecimento de aspectos relativos

    sua educao.

    Por fim, a terceira meno ao trinmio aparece no pargrafo 17, como

    estipulao dos deveres dos jovens discpulos:

    17. [...] E necessrio que o discpulo, alm de ter a natureza como ela deve ser, aprenda as

    formas dos discursos e exercite o uso delas, enquanto o professor tem de ser capaz de dissertar com

    preciso de modo a no deixar de lado nenhuma das coisas que podem ser ensinadas,[...]

    17. ...

    , ,

    ,...

    Nessa passagem, Iscrates se utiliza de outros dois termos para se referir ao

    trinmio: aprender as formas dos discursos (edh...maqen) retoma educao, e

    exercitar seu uso (gumnasqnai) retoma experincia, verbo que j aparecera ao

    final do pargrafo 14 acompanhando mpeiraij, sob a forma do particpio perfeito

    (gegumnasmnoij). Aqui, o trinmio explicitado de maneira gradativa:

    primeiramente, ter talento natural para os discursos; segundo, obter a educao por

    http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=kai%5C&la=greek&prior=%5dhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tau%2Fths&la=greek&prior=kai/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=th%3Ds&la=greek&prior=tau/thshttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=duna%2Fmews&la=greek&prior=th=shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=ou%29de%5Cn&la=greek&prior=duna/mewshttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=ou%29%2Fte&la=greek&prior=ou)de/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tai%3Ds&la=greek&prior=ou)/tehttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=e%29mpeiri%2Fais&la=greek&prior=tai=shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=ou%29%2Fte&la=greek&prior=e)mpeiri/aishttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=th%3D%7C&la=greek&prior=ou)/tehttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=fu%2Fsei&la=greek&prior=th=|http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=th%3D%7C&la=greek&prior=fu/seihttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tou%3D&la=greek&prior=th=|http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=maqhtou%3D&la=greek&prior=tou=http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=metadido%2Fasin&la=greek&prior=maqhtou=http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=a%29lla%2F&la=greek&prior=metadido/asinhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=fasin&la=greek&prior=a)lla/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=o%28moi%2Fws&la=greek&prior=fasinhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=th%5Cn&la=greek&prior=o(moi/wshttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tw%3Dn&la=greek&prior=th/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=lo%2Fgwn&la=greek&prior=tw=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=e%29pisth%2Fmhn&la=greek&prior=lo/gwnhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=w%28%2Fsper&la=greek&prior=e)pisth/mhnhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=th%5Cn&la=greek&prior=w(/sperhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tw%3Dn&la=greek&prior=th/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=gramma%2Ftwn&la=greek&prior=tw=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=paradw%2Fsein&la=greek&prior=gramma/twnhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=kai%5C&la=greek&prior=ei)=naihttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=dei%3Dn&la=greek&prior=kai/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=to%5Cn&la=greek&prior=dei=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=me%5Cn&la=greek&prior=to/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=maqhth%5Cn&la=greek&prior=me/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=pro%5Cs&la=greek&prior=maqhth/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tw%3D%7C&la=greek&prior=pro/shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=th%5Cn&la=greek&prior=tw=|http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=fu%2Fsin&la=greek&prior=th/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=e%29%2Fxein&la=greek&prior=fu/sinhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=oi%28%2Fan&la=greek&prior=e)/xeinhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=xrh%5C&la=greek&prior=oi(/anhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=ta%5C&la=greek&prior=xrh/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=me%5Cn&la=greek&prior=ta/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=ei%29%2Fdh&la=greek&prior=me/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=ta%5C&la=greek&prior=ei)/dhhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tw%3Dn&la=greek&prior=ta/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=lo%2Fgwn&la=greek&prior=tw=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=maqei%3Dn&la=greek&prior=lo/gwnhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=peri%5C&la=greek&prior=maqei=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=de%5C&la=greek&prior=peri/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=ta%5Cs&la=greek&prior=de/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=xrh%2Fseis&la=greek&prior=ta/shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=au%29tw%3Dn&la=greek&prior=xrh/seishttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=gumnasqh%3Dnai&la=greek&prior=au)tw=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=to%5Cn&la=greek&prior=gumnasqh=naihttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=de%5C&la=greek&prior=to/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=de%5C&la=greek&prior=to/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=ta%5C&la=greek&prior=dida/skalonhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=me%5Cn&la=greek&prior=ta/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=ou%28%2Ftws&la=greek&prior=me/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=a%29kribw%3Ds&la=greek&prior=ou(/twshttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=oi%28%3Do%2Fn&la=greek&prior=a)kribw=shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=t%27&la=greek&prior=oi(=o/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=ei%29%3Dnai&la=greek&prior=t'http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=ei%29%3Dnai&la=greek&prior=t'http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=dielqei%3Dn&la=greek&prior=ei)=naihttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=w%28%2Fste&la=greek&prior=dielqei=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=mhde%5Cn&la=greek&prior=w(/stehttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tw%3Dn&la=greek&prior=mhde/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=didaktw%3Dn&la=greek&prior=tw=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=paralipei%3Dn&la=greek&prior=didaktw=n

  • 16

    intermdio de um professor; e, por fim, exercitar o que aprendeu para tornar-se cada vez

    mais experiente.

    Para a discusso sobre o trinmio isocrtico em questo, h um importante

    trabalho de doutorado de Laura Christian Ford16

    . Em primeiro lugar, como j visto nos

    trs trechos citados de Contra os Sofistas, a autora demonstra como cada um dos

    elementos pode aparecer no texto sob a forma de outros termos gregos, mas denotando

    as mesmas ideias. Por exemplo, a mpeira aparece no pargrafo 17 como

    gumnasqnai, enquanto padeusij aparece no pargrafo 10 como pistmh, e no 17

    como edh...maqen. Ainda, no pargrafo 21, as ideias de experincia e educao so

    descritas sob a forma de pimleia e tcnh, como ser citado mais adiante17

    .

    Alm dessa variao terminolgica para as mesmas ideias do trinmio, Ford

    disserta, na ltima parte de sua tese, sobre os motivos pelos quais Iscrates seleciona e

    fundamenta cada um dos elementos desse trinmio, relacionando-o a uma tradio

    sofstica do uso desses princpios. Assim, para o conceito de natureza, o requisito

    primordial em Iscrates para a formao oratria, Ford afirma que ele pode ser

    observado melhor nos discursos em que o autor demonstra seu pensamento pan-

    helnco. notrio em Iscrates a maneira como a superioridade helnica destacada,

    ao fazer um elogio ptria, em discursos como Panatenaico, Panegrico, Sobre a Paz e

    Areopagtico. Neles, Iscrates sempre trata os gregos como um povo superior a todos os

    demais, e tambm os atenienses como superiores a todos os outros povos helncos. Ford

    diz18

    :

    Isocrates was a strong believer in the natural superiority of some people over others.

    The racial superiority of Greeks over barbarians and of Athenians over other Greeks is a

    frequent theme in Isocrates, his almost obsessive effort to unite the Greeks in a campaign against the

    barbarian are the best known aspects of his political career.

    16 FORD, Laura Christian. The Sophistic Trichotomy of Natural Hability, Practice and Knowledge in the

    Educational Philosophy of Isocrates. Tese de Doutorado, Princeton University, 1984. 17 Idem. Cf. p. 81-2. 18 Idem. Cf. p. 163-4.

  • 17

    Em seu pensamento poltico, Iscrates defensor da unio de todos os povos

    helnicos contra os brbaros, e, mais especificamente, contra o domnio macednico, o

    que ir torn-lo adversrio de outros oradores, como Demstenes. Se os gregos so,

    para o autor, naturalmente superiores aos brbaros, e, do mesmo modo, os atenienses

    superiores aos outros gregos, a partir desse raciocnio, ento, tambm entre os

    atenienses Iscrates acredita haver uns superiores a outros por natureza (fsij),

    justamente aqueles que estariam mais preparados para aprender a arte oratria. Ford

    diz19

    :

    Isocrates is convinced that there is variation in natural ability among individuals of the same

    race, nationality, and even family, and that the number of the truly superior is small.

    Para o conceito de experincia do trinmio, Ford diz que as ideias de Iscrates

    sobre mpeira ou gumnasqnai, esto associadas s noes gregas de imitao e

    repetio que se tornam importantes na educao retrica posterior. Os seguintes

    trechos ilustram bem essa associao que a autora prope20

    :

    Isocrates use of an elaborate analogy between instruction in gymnastics and instruction in

    rhetoric (at Antidosis 180-185), ... , brings out the connotation of imitation and repetition.

    The notions of nurturing, imitation, and habituation are prevalent in IsocratesAt Against the

    Sophists 18, Isocrates says that the teacher must in himself set an exampleAt Antidosis 206, he

    observes that students of the same teacher will have similar qualities making it evident that they shared

    the same training;

    Isocrates gave the element of practice very high ranking in the trichotomy, just behind natural

    abilityThe notion of practice/exercise/training is central to Isocrates basically disciplinary

    philosophy of education. He puts a great deal of emphasis on the development of intellectual strength

    through repetitive exercise, usually in imitation of a master whose influence is said to be crucial.

    De fato, no pargrafo 18 de Contra os Sofistas, Iscrates demonstra o quanto a

    presena do professor importante como modelo para o aluno. O conceito de

    experincia est intimamente ligado ao de imitao:

    19 Ford, L. C. p. 168. 20 Idem, p. 177, 179 e 187.

  • 18

    [o professor deve...] 18. ... , por fim, mostrar-se de tal forma como modelo, que os discpulos, os

    quais so moldados por ele e tm a capacidade de imit-lo paream imediatamente mais exuberantes e

    graciosos do que outros quando discursam.

    18. ... ,

    .

    Por fim, a educao (padeusij) designada por Iscrates, segundo Ford, como

    o ltimo elemento do trinmio em grau de importncia. De acordo com o autor, o

    ensino promovido pela educao no ser totalmente proveitoso para os alunos que no

    possuirem, de antemo, os outros dois elementos do trinmio, ou seja, uma propenso

    natural s tcnicas oratrias e o exerccio dessas mesmas tcnicas21

    . Isso, de outro

    modo, significa dizer que, se os alunos so naturalmente bons para a oratria e a

    praticam tornando-se cada vez mais experientes, a educao pode vir a colaborar de

    maneira complementar para essa prtica. Ford diz22

    :

    His response was to relegate padeusij to the third rank in importance There [Against the

    Sophists 15] Isocrates asserts that, if men are well-endowed by nature and trained by practical experience,

    padeusij can make them more skilful and more resourceful in their research

    he denies [Against the Sophists 21] that any art exists which can implant moderation and

    justice in depraved natures, he nevertheless maintains that the study of political discourse is most

    efficacious in helping to stimulate and form such moral qualities.

    Retomando o primeiro elemento do trinmio, a fsij, h juntamente com ela

    uma tambm pr-requisitada virtude (ret) moral por parte do discpulo para o

    aprendizado das habilidades oratrias. James Jerome Murphy e Richard A. Katula falam

    a respeito da questo da virtude presente no pensamento isocrtico para criticar os

    sofistas. Os autores dizem23

    :

    Due partly to his belief in natural ability, Isocrates attacked those sophists who accepted anyone

    into their classes and promised them skill in oratory. In his treatises, Against the Sophists and Antidosis,

    Isocrates condemned those who claimed to teach wisdom to their students strictly through training in

    21 No entanto, mesmo para os que possuem natureza inferior, Iscrates diz que a educao poder

    melhor-los, tornando-os homens mais inteligentes. Cf. Contra os Sofistas, 15. 22 Ford, L. C. p. 198, 199. 23 Murphy, J. J. & Katula, R. A., 2003, p. 53.

    http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=peri%5C&la=greek&prior=paralipei=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=de%5C&la=greek&prior=peri/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tw%3Dn&la=greek&prior=de/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=loipw%3Dn&la=greek&prior=tw=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=toiou%3Dton&la=greek&prior=loipw=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=au%28to%5Cn&la=greek&prior=toiou=tonhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=para%2Fdeigma&la=greek&prior=au(to/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=parasxei%3Dn&la=greek&prior=para/deigmahttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=w%28%2Fste&la=greek&prior=%5dhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tou%5Cs&la=greek&prior=w(/stehttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=e%29ktupwqe%2Fntas&la=greek&prior=tou/shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=kai%5C&la=greek&prior=e)ktupwqe/ntashttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=mimh%2Fsasqai&la=greek&prior=kai/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=duname%2Fnous&la=greek&prior=mimh/sasqaihttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=eu%29qu%5Cs&la=greek&prior=duname/noushttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=a%29nqhro%2Fteron&la=greek&prior=eu)qu/shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=kai%5C&la=greek&prior=a)nqhro/teronhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=xarie%2Fsteron&la=greek&prior=kai/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tw%3Dn&la=greek&prior=xarie/steronhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=a%29%2Fllwn&la=greek&prior=tw=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=fai%2Fnesqai&la=greek&prior=a)/llwnhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=le%2Fgontas&la=greek&prior=fai/nesqai

  • 19

    public speaking. For Isocrates, moral virtue and knowledge were a prerequisite to instruction in rhetoric;

    speech training was a way to activate virtue not a way to acquire it.

    Na primeira parte de Contra os Sofistas, Iscrates critica os sofistas por

    aceitarem quaisquer discpulos indiscriminadamente, uma vez que o que mais visavam

    era o dinheiro deles. Por conseguinte, no h critrio por parte desses sofistas para

    selecionar aqueles que possuem de antemo virtude moral e habilidade natural, de modo

    que no deveriam prometer ensinar tcnica oratria a todos. Segundo Iscrates, sem

    esses pr-requisitos no seria possvel aprender a arte dos discursos, pois ela serviria

    apenas como um meio para aprimorar a virtude moral e o talento natural dos discpulos,

    mas no poderia fazer com que aqueles que no as possuem pudessem adquiri-las. Uma

    das passagens em que Iscrates menciona a ret sob esse aspecto o pargrafo 21:

    21. [...] Pois eu considero em absoluto que no h nenhuma arte tal que poderia ser capaz de

    infundir temperana e justia nos que so naturalmente ruins com relao virtude.[...]

    21. ... ,

    ...

    Desse modo, necessrio no perder de vista que, antes de tudo, a preocupao

    maior de Iscrates est no domnio da moral e da virtude de seus alunos, muito antes do

    ensino propriamente das tcnicas oratrias. Nesse sentido, a ret para o autor poderia

    ser um valor em seu pensamento to importante quanto qualquer outro dos elementos do

    trinmio.

    Entre os pargrafos 16 e 18, Iscrates trata das dai, formadoras de seu mtodo

    pedaggico:

    16. [...]deter o conhecimento das formas, a partir das quais falamos e compomos todos os

    discursos, no tarefa das coisas mais difceis em absoluto, desde que o sujeito se entregue no para os

    que fazem promessas com facilidade, mas para aqueles que conhecem alguma coisa sobre elas. Mas,

    dentre cada um dos assuntos, escolher as formas devidas, mistur-las umas s outras e orden-las sob um

    determinado critrio, e ainda no se equivocar quanto s situaes oportunas para us-las, como tambm

    ornar convenientemente o discurso inteiro com raciocnios e proferi-lo melodicamente com palavras bem

    ritmadas, 17. so essas coisas que precisam de muito cuidado e que so trabalho para alma viril e

    opinativa [...] o professor tem de ser assim capaz de dissertar com preciso de modo a no deixar de lado

    http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=o%28%2Flws&la=greek&prior=didakto/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=me%5Cn&la=greek&prior=o(/lwshttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=ga%5Cr&la=greek&prior=me/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=ou%29demi%2Fan&la=greek&prior=ga/rhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=h%28gou%3Dmai&la=greek&prior=ou)demi/anhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=toiau%2Fthn&la=greek&prior=h(gou=maihttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=ei%29%3Dnai&la=greek&prior=toiau/thnhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=te%2Fxnhn&la=greek&prior=ei)=naihttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=h%28%2Ftis&la=greek&prior=te/xnhnhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=toi%3Ds&la=greek&prior=h(/tishttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=kakw%3Ds&la=greek&prior=toi=shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=pefuko%2Fsi&la=greek&prior=kakw=shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=pro%5Cs&la=greek&prior=pefuko/sihttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=a%29reth%5Cn&la=greek&prior=pro/shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=swfrosu%2Fnhn&la=greek&prior=a)reth/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=a%29%5Cn&la=greek&prior=swfrosu/nhnhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=kai%5C&la=greek&prior=a)/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=dikaiosu%2Fnhn&la=greek&prior=kai/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=e%29mpoih%2Fseien&la=greek&prior=dikaiosu/nhn

  • 20

    nenhuma das coisas que podem ser ensinadas, 18. e, por fim, mostrar-se de tal forma como modelo, que

    os discpulos, os quais so moldados por ele e tm a capacidade de imit-lo paream imediatamente mais

    exuberantes e graciosos do que outros quando discursam. E, quando todas essas coisas se fundirem,

    aqueles que se dedicam filosofia estaro completos; porm, se algo do que foi elencado no for levado

    em conta, os discpulos permanecero necessariamente inferiores neste aspecto.

    16. ... , ,

    ,

    , ,

    ,17.

    [...]

    , 18.

    ,

    .

    ,

    .

    Segundo Ford, as dai s quais Iscrates se refere podem significar

    simplesmente as tcnicas retricas utilizadas na composio dos discursos24

    . Pode-se

    perceber, sintetizados nesses trs pargrafos, os preceitos isocrticos para um bom

    orador. Para Iscrates, mais importante do que o simples aprendizado de tais dai

    formadoras do conhecimento e instrumentos para a composio dos discursos, saber

    como us-las. Nesse sentido, a aquisio das dai no , necessariamente, condio

    para o bom uso da retrica. Takis Poulakos faz consideraes sobre os pargrafos

    citados acima25

    :

    What lies beyond paideia is the kind of learning that results not from the acquisition of

    knowledge but from the uses to which knowledge is put. Again using the art of oratory as a case in point,

    Isocrates distinguishes knowledge from uses. [] The two domains of learning, the acquisition of

    knowledge and the uses to which it may be put, are distinguished in terms of their relative degree of

    difficult [] Acquisition of knowledge designates a cognitive activity that makes possible without

    being a part of another activity that pertains to the uses and application of knowledge. Because

    knowledge itself cannot suggest the uses to which it can be put, it follows that instruction in a field of

    24 Ford, L. C., p. 197. 25 Poulakos, T., 1997, p. 95-6.

    http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tw%3Dn&la=greek&prior=e)gw/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=me%5Cn&la=greek&prior=tw=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=i%29dew%3Dn&la=greek&prior=me/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=e%29c&la=greek&prior=i)dew=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=w%28%3Dn&la=greek&prior=e)chttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tou%5Cs&la=greek&prior=w(=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=lo%2Fgous&la=greek&prior=tou/shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=a%28%2Fpantas&la=greek&prior=lo/goushttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=kai%5C&la=greek&prior=a(/pantashttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=le%2Fgomen&la=greek&prior=kai/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=kai%5C&la=greek&prior=le/gomenhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=sunti%2Fqemen&la=greek&prior=kai/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=labei%3Dn&la=greek&prior=sunti/qemenhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=th%5Cn&la=greek&prior=labei=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=e%29pisth%2Fmhn&la=greek&prior=th/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=ou%29k&la=greek&prior=e)pisth/mhnhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=ei%29%3Dnai&la=greek&prior=ou)khttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tw%3Dn&la=greek&prior=ei)=naihttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=pa%2Fnu&la=greek&prior=tw=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=xalepw%3Dn&la=greek&prior=pa/nuhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=h%29%2Fn&la=greek&prior=xalepw=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tis&la=greek&prior=h)/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=au%28to%5Cn&la=greek&prior=tishttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=paradw%3D%7C&la=greek&prior=au(to/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=mh%5C&la=greek&prior=paradw=|http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=toi%3Ds&la=greek&prior=mh/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=r%28a%7Cdi%2Fws&la=greek&prior=toi=shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=u%28pisxnoume%2Fnois&la=greek&prior=r(a|di/wshttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=a%29lla%5C&la=greek&prior=u(pisxnoume/noishttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=toi%3Ds&la=greek&prior=a)lla/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=ei%29do%2Fsi&la=greek&prior=toi=shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=ti&la=greek&prior=ei)do/sihttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=peri%5C&la=greek&prior=tihttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=au%29tw%3Dn&la=greek&prior=peri/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=to%5C&la=greek&prior=au)tw=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=de%5C&la=greek&prior=to/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tou%2Ftwn&la=greek&prior=de/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=e%29f%27&la=greek&prior=tou/twnhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=e%28ka%2Fstw%7C&la=greek&prior=e)f'http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tw%3Dn&la=greek&prior=e(ka/stw|http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=pragma%2Ftwn&la=greek&prior=tw=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=a%28%5Cs&la=greek&prior=pragma/twnhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=dei%3D&la=greek&prior=a(/shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=proele%2Fsqai&la=greek&prior=dei=http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=kai%5C&la=greek&prior=proele/sqaihttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=mi%3Dcai&la=greek&prior=kai/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=pro%5Cs&la=greek&prior=mi=caihttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=a%29llh%2Flas&la=greek&prior=pro/shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=kai%5C&la=greek&prior=a)llh/lashttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=ta%2Fcai&la=greek&prior=kai/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=kata%5C&la=greek&prior=ta/caihttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tro%2Fpon&la=greek&prior=kata/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=e%29%2Fti&la=greek&prior=tro/ponhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=de%5C&la=greek&prior=e)/tihttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tw%3Dn&la=greek&prior=de/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=kairw%3Dn&la=greek&prior=tw=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=mh%5C&la=greek&prior=kairw=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=diamartei%3Dn&la=greek&prior=mh/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=a%29lla%5C&la=greek&prior=diamartei=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=kai%5C&la=greek&prior=a)lla/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=toi%3Ds&la=greek&prior=kai/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=e%29nqumh%2Fmasi&la=greek&prior=toi=shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=prepo%2Fntws&la=greek&prior=e)nqumh/masihttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=o%28%2Flon&la=greek&prior=prepo/ntwshttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=to%5Cn&la=greek&prior=o(/lonhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=lo%2Fgon&la=greek&prior=to/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=katapoiki%3Dlai&la=greek&prior=lo/gonhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=kai%5C&la=greek&prior=katapoiki=laihttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=toi%3Ds&la=greek&prior=kai/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=o%29no%2Fmasin&la=greek&prior=toi=shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=eu%29ru%2Fqmws&la=greek&prior=o)no/masinhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=kai%5C&la=greek&prior=eu)ru/qmwshttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=mousikw%3Ds&la=greek&prior=kai/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=ei%29pei%3Dn&la=greek&prior=mousikw=shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tau%3Dta&la=greek&prior=%5dhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=de%5C&la=greek&prior=tau=tahttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=pollh%3Ds&la=greek&prior=de/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=e%29pimelei%2Fas&la=greek&prior=pollh=shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=dei%3Dsqai&la=greek&prior=e)pimelei/ashttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=kai%5C&la=greek&prior=dei=sqaihttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=yuxh%3Ds&la=greek&prior=kai/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=a%29ndrikh%3Ds&la=greek&prior=yuxh=shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=a%29ndrikh%3Ds&la=greek&prior=yuxh=shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=docastikh%3Ds&la=greek&prior=kai/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=e%29%2Frgon&la=greek&prior=docastikh=shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=ei%29%3Dnai&la=greek&prior=e)/rgonhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=to%5Cn&la=greek&prior=gumnasqh=naihttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=de%5C&la=greek&prior=to/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=de%5C&la=greek&prior=to/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=ta%5C&la=greek&prior=dida/skalonhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=me%5Cn&la=greek&prior=ta/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=ou%28%2Ftws&la=greek&prior=me/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=a%29kribw%3Ds&la=greek&prior=ou(/twshttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=oi%28%3Do%2Fn&la=greek&prior=a)kribw=shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=t%27&la=greek&prior=oi(=o/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=t%27&la=greek&prior=oi(=o/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=dielqei%3Dn&la=greek&prior=ei)=naihttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=w%28%2Fste&la=greek&prior=dielqei=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=mhde%5Cn&la=greek&prior=w(/stehttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tw%3Dn&la=greek&prior=mhde/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=didaktw%3Dn&la=greek&prior=tw=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=paralipei%3Dn&la=greek&prior=didaktw=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=peri%5C&la=greek&prior=paralipei=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=de%5C&la=greek&prior=peri/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tw%3Dn&la=greek&prior=de/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=loipw%3Dn&la=greek&prior=tw=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=toiou%3Dton&la=greek&prior=loipw=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=au%28to%5Cn&la=greek&prior=toiou=tonhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=para%2Fdeigma&la=greek&prior=au(to/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=parasxei%3Dn&la=greek&prior=para/deigmahttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=w%28%2Fste&la=greek&prior=%5dhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tou%5Cs&la=greek&prior=w(/stehttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=e%29ktupwqe%2Fntas&la=greek&prior=tou/shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=kai%5C&la=greek&prior=e)ktupwqe/ntashttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=mimh%2Fsasqai&la=greek&prior=kai/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=duname%2Fnous&la=greek&prior=mimh/sasqaihttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=eu%29qu%5Cs&la=greek&prior=duname/noushttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=a%29nqhro%2Fteron&la=greek&prior=eu)qu/shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=kai%5C&la=greek&prior=a)nqhro/teronhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=xarie%2Fsteron&la=greek&prior=kai/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tw%3Dn&la=greek&prior=xarie/steronhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=a%29%2Fllwn&la=greek&prior=tw=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=fai%2Fnesqai&la=greek&prior=a)/llwnhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=le%2Fgontas&la=greek&prior=fai/nesqaihttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=kai%5C&la=greek&prior=le/gontashttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tou%2Ftwn&la=greek&prior=kai/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=me%5Cn&la=greek&prior=tou/twnhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=a%28pa%2Fntwn&la=greek&prior=me/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=sumpeso%2Fntwn&la=greek&prior=a(pa/ntwnhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=telei%2Fws&la=greek&prior=sumpeso/ntwnhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=e%28%2Fcousin&la=greek&prior=telei/wshttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=oi%28&la=greek&prior=e(/cousinhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=filosofou%3Dntes&la=greek&prior=oi(http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=kaq%27&la=greek&prior=filosofou=nteshttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=o%28%5C&la=greek&prior=kaq'http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=d%27&la=greek&prior=o(/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=a%29%5Cn&la=greek&prior=d'http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=e%29lleifqh%3D%7C&la=greek&prior=a)/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=ti&la=greek&prior=e)lleifqh=|http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tw%3Dn&la=greek&prior=tihttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=ei%29rhme%2Fnwn&la=greek&prior=tw=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=a%29na%2Fgkh&la=greek&prior=ei)rhme/nwnhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tau%2Fth%7C&la=greek&prior=a)na/gkhhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=xei%3Dron&la=greek&prior=tau/th|http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=diakei%3Dsqai&la=greek&prior=xei=ronhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tou%5Cs&la=greek&prior=diakei=sqaihttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=plhsia%2Fzontas&la=greek&prior=tou/s

  • 21

    study will always be incomplete unless it cultivates the aptitude to know what to do with and how to use

    acquired knowledge.

    Takis Poulakos corrobora o ideal isocrtico de que o esforo penoso para o aluno

    no apenas obter o conhecimento, mas muito maior a dificuldade em aprender a usar

    este mesmo conhecimento ao qual Iscrates se refere como dai, utilizadas na

    composio dos discursos. Desse modo, o autor restringe os jovens que poderiam ser

    seus alunos e especifica ainda mais sua concepo pedaggica de ensino. Para que o

    aluno possa se tornar um bom orador, alm dos j mencionados pr-requisitos da

    habilidade natural (fsij) e da virtude moral (ret) , no basta que ele aprenda com

    Iscrates apenas o conhecimento (padeusij) daquilo que necessrio na composio

    do discurso (dai), mas necessrio, alm disso, aprender tambm como usar este

    conhecimento e onde exatamente aplic-lo oportunamente em determinadas situaes.

    Assim, ao mencionar tais dai, Iscrates est, portanto, retomando o segundo aspecto

    do trinmio, i.e., o domnio da mpeira, visto que a importncia dada ao uso que se faz

    das tcnicas oratrias est relacionada experincia e ao treinamento dessas tcnicas

    por parte dos discpulos do autor. Ainda sobre as dai, Andrew Ford diz26

    :

    For Isocrates, the rhetorical ideai seem to be the elements from which all speeches are made,

    incluing indiscriminately not only what we would call figures of speech and figures of thought but also

    the types of speech and their funtions (Panathenaicus 2 and Antidosis 45f.).

    1.4 - A concepo de filosofa em Iscrates

    Ao final do discurso, Iscrates retoma novamente o termo filosofa para se

    referir a seu modelo educacional proposto:

    21. ...os que anseiam por obedecer aos preceitos desta filosofia tirariam proveito muito mais

    rapidamente com relao idoneidade do que com relao eloquncia.

    21. ...

    .

    26 FORD, Andrew. The Price of Art in Isocrates: Formalism and the Scape From Politics. In:

    POULAKOS, T., 1993, p. 42.

    http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tou%5Cs&la=greek&prior=kai/toihttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=boulome%2Fnous&la=greek&prior=tou/shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=peiqarxei%3Dn&la=greek&prior=boulome/noushttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=toi%3Ds&la=greek&prior=peiqarxei=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=u%28po%5C&la=greek&prior=toi=shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=th%3Ds&la=greek&prior=u(po/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=filosofi%2Fas&la=greek&prior=th=shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tau%2Fths&la=greek&prior=filosofi/ashttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=prostattome%2Fnois&la=greek&prior=tau/thshttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=polu%5C&la=greek&prior=prostattome/noishttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=a%29%5Cn&la=greek&prior=polu/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=qa%3Dtton&la=greek&prior=a)/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=pro%5Cs&la=greek&prior=qa=ttonhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=e%29piei%2Fkeian&la=greek&prior=pro/shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=h%29%5C&la=greek&prior=e)piei/keianhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=pro%5Cs&la=greek&prior=h)/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=r%28htorei%2Fan&la=greek&prior=pro/shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=w%29felh%2Fseien&la=greek&prior=r(htorei/an

  • 22

    Ao longo de Contra os Sofistas, Iscrates tenta definir, como j exposto, que seu

    mtodo de ensino diferente daquele proposto pelos sofistas criticados por ele. Tal

    mtodo definido, enfim, como filosofia. Alm disso, habilidade natural e virtude

    moral so necessrias a um discpulo antes de aprender o conhecimento e o uso

    adequado, no momento oportuno, das palavras e das ideias na composio do discurso.

    Todavia, Iscrates no se prope a ensinar somente uma correta prtica de discursos, em

    resposta aos sofistas que ensinam os discursos polticos criticados entre os pargrafos

    9 e 15 , mas tambm a aprimorar moralmente o discpulo, em resposta aos que se

    dedicam s disputas verbais os ersticos criticados entre os pargrafos 1 e 8. nesse

    sentido que o autor contrasta os termos piekeia (idoneidade) e htorea

    (eloquencia), mostrando sua preocupao maior com a moral envolvida na prtica

    oratria do que com seus aspectos tcnicos.

    Entretanto, no mnimo curioso o uso do termo filosofa para designar aquilo

    que, em geral, entendemos hoje por retrica ou oratria, na medida em que a acepo

    platnico-aristotlica perpassou os sculos seguintes como o sentido prprio do termo.

    justamente em relao a esse aspecto do pensamento isocrtico que h maiores

    divergncias por parte da crtica contempornea. Especialistas no estudo de retrica

    clssica, como George A. Kennedy, tendem a ver a paideia de Iscrates de uma maneira

    mais convencional, seguindo uma linha terica mais voltada para a concepo platnica

    de filosofia. Kennedy diz27

    :

    Isocrates himself has often been thought of as a sophist: he resembles the sophists in accepting

    payment for teaching, in offering instruction in the skills needed for success in public life, and in writing

    speeches that were models for imitation by others.

    Mais adiante em seu texto, Kennedy reconhece que Iscrates entendido por

    muitos como distinto dos sofistas e de outros educadores da poca e que ele

    considera seu ensinamento como filosofia28

    . Entretanto, ao longo de suas

    consideraes sobre Iscrates, o autor tende a interpret-lo segundo as leituras mais

    convencionais que seguem a linha do pensamento platnico-aristotlico. Iscrates

    entendido por ele como algum que poderia ser definido como um sofista, aquele

    professor que promete ensinar a discursar bem, oferecendo instrues em habilidades

    27 Kennedy, G., 1994, p. 43. 28 Kennedy, G., 1994, p. 43-44.

  • 23

    necessrias ao sucesso na vida pblica, e escrevendo discursos modelos para imitao

    de seus discpulos, sem, contudo, ser verdadeiramente um grande mestre de alguma arte

    ou sabedoria, i.e., sem efetivamente transmitir uma verdadeira pistmh. Assim, se

    Iscrates diz ensinar tal arte do discurso, interessado em formar os jovens atenienses

    para a poltica, isso talvez j seja suficiente para alguns estudiosos, como Kennedy,

    classificarem Iscrates como um sofista.

    Outro estudioso que segue a mesma linha terica Brian Vickers. Em seu livro

    In Defense Of Rhetoric, o autor disserta sobre Iscrates chamando-o categoricamente de

    sofista29

    :

    ...for Isocrates, the leading representative of the Sophists (the rival tradition of Plato and

    Aristotle), rhetoric was the primary tool in education, and education was directed towards political

    activity and practicality.

    One of the targets of Platos criticism was the Sophist Isocrates, who replied to Plato in several

    works, but indirectly, never mentioning him by name.

    Although Isocrates regards himself as one of the Sophists (Antidosis, 220), he prefers to call his

    activity philosophia (Antidosis, 270)

    Vickers considera em muitos momentos Iscrates como sofista, segundo a

    perspectiva platnica. No entanto, as afirmaes do autor parecem inconsistentes no

    momento em que menciona o pargrafo 220 do discurso Antdosis para justificar o fato

    de Iscrates dizer-se sofista. Na passagem, Iscrates pode no estar se referindo a si,

    mas genericamente a qualquer sofista:

    220. Suponho que, sem dvida, todos sabem que a maior e mais bela recompensa para um sofista

    a de que alguns de seus discpulos tornem-se belos, bons, sensatos e bem reputados entre seus

    concidados. Pois tais discpulos instauram em muitos homens o desejo de participar da educao, ao

    passo que os discpulos ruins afastam-na dos que antes imaginavam estar junto dela. Por conseguinte,

    quem ignoraria o melhor, quando a diferena grande entre as duas coisas?

    220. ,

    ,

    29 Vickers, B., 1998, p. 8, 149 e 150.

    http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=oi%29%3Dmai&la=greek&prior=%5dhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=ga%5Cr&la=greek&prior=oi)=maihttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=dh%2Fpou&la=greek&prior=ga/rhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tou%3Dto%2F&la=greek&prior=dh/pouhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=ge&la=greek&prior=tou=to/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=pa%2Fntas&la=greek&prior=gehttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=gignw%2Fskein&la=greek&prior=pa/ntashttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=o%28%2Fti&la=greek&prior=gignw/skeinhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=sofisth%3D%7C&la=greek&prior=o(/tihttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=misqo%5Cs&la=greek&prior=sofisth=|http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=ka%2Fllisto%2Fs&la=greek&prior=misqo/shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=e%29sti&la=greek&prior=ka/llisto/shttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=kai%5C&la=greek&prior=e)stihttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=me%2Fgistos&la=greek&prior=kai/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=h%29%5Cn&la=greek&prior=me/gistoshttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tw%3Dn&la=greek&prior=h)/nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=maqhtw%3Dn&la=greek&prior=tw=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=tines&la=greek&prior=maqhtw=nhttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=kaloi%5C&la=greek&prior=tineshttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=ka%29gaqoi%5C&la=greek&prior=kaloi/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=kai%5C&la=greek&prior=ka)gaqoi/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=fro%2Fnimoi&la=greek&prior=kai/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=ge%2Fnwntai&la=greek&prior=fro/nimoihttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=kai%5C&la=greek&prior=ge/nwntaihttp://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=para%5C&la=greek&prior=kai/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=toi%3Ds&la=greek&prior=para/http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=poli%2Ftais&la=greek&prior=toi=s

  • 24

    : ,

    .

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    Alm disso, em textos como Contra os Sofistas, fica evidente que Iscrates

    busca se distanciar dos sofistas de seu tempo, utilizando o termo filosofia no apenas

    por preferncia, mas para legitimar sua paideia; mais ainda, para determinar que

    filosofia , por assim dizer, a sua paideia.

    John M. Cooper apresenta diversas consideraes acerca da educao e da

    filosofia em Plato e em Iscrates, em seu ensaio sobre a independncia da oratria em

    relao filosofia30

    . Em linhas gerais, Cooper faz uma defesa da concepo platnica

    de filosofia, descrita sobretudo na Repblica e no Fedro, a qual opor-se-ia ao que

    Iscrates concebia e defendia como filosofia. Cooper diz assim31:

    If speaking well means discovering the truth in some such matter and showing that it is true,

    Plato equips himself in the Republic with an elaborate theory claiming that that cannot be done without

    philosophical insight into the nature of certain forms, and that that insight cannot be acquired except

    precisely in the process of dialectic that Isocrates deprecates. And if speaking well means speaking so as

    to persuade others, who are not philosophically trained, that some decision or action in the right or the

    best one to take in their private or the communal life, then we have seen that Plato has in the Phaedrus an

    impressive theory maintaining that this too depends essentially on the kind knowledge of good and bad,

    right and wrong, that only dialectic can provide.

    Nesse excerto, Cooper expe a teoria platnica sobre a arte retrica presente no

    Fedro. Ao contrrio de Kennedy, o autor recorre a dilogos posteriores da carreira de

    Plato para demonstrar o que ele defendia ser a melhor maneira de discursar, como, por

    exemplo, o que no dilogo Fedro definido co