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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA Davi Éber Sanches de Menezes Desenvolvimento de filmes poliméricos à base de hidrogel biocompatível e sensível a estímulos de poli(N- vinilcaprolactama-co-ácido itacônico) e quitosana Lorena 2014

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

Davi Éber Sanches de Menezes

Desenvolvimento de filmes poliméricos à base de hid rogel

biocompatível e sensível a estímulos de poli( N-

vinilcaprolactama- co-ácido itacônico) e quitosana

Lorena

2014

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DAVI ÉBER SANCHES DE MENEZES

Desenvolvimento de filmes poliméricos à base de hid rogel

biocompatível e sensível a estímulos de poli( N-

vinilcaprolactama- co-ácido itacônico) e quitosana

Trabalho de conclusão de curso

apresentado à Escola de Engenharia

de Lorena da Universidade de São

Paulo como requisito para graduação

em Engenharia Química.

Orientadora: Profa. Dra. Simone de

Fátima Medeiros

Lorena 2014

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Dedico este trabalho a Deus, à minha

família e aos meus amigos. Agradeço a

eles pela força, incentivo e compreensão

durante a elaboração desse trabalho.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela sua graça.

À Profa. Dra. Simone de Fátima Medeiros pela orientação e ensinamentos

transmitidos durante o desenvolvimento deste trabalho. Ao Prof. Dr. Sergio Paulo

Campana Filho pela co-orientação e disposição de materiais utilizados, e ao seu

aluno de doutorado Danilo Martins pelas informações que foram essenciais para o

desenvolvimento dos filmes.

Aos membros do LabPol, pelo compartilhamento de conhecimentos e

favores prestados. Em especial, à Gizelda e ao Rodrigo pela atenção e sugestões

que valorizaram o trabalho.

Ao Laboratório Associado de Sensores e Materiais (LAS) do Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), especialmente ao João Paulo, pelas

análises de difratometria de raios X.

Ao Eduardo, mestrando do DEMAR, pela boa vontade demonstrada

durante as análises de microscopia eletrônica de varredura.

Ao Prof. Dr. Carlos Yujiro Shigue, pelo treinamento e disposição do

equipamento de DSC para análises de calorimetria exploratória diferencial.

Àqueles que me apoiaram e me desejaram sucesso.

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“O importante é isso: Estar pronto para, a qualquer momento,

sacrificar o que somos pelo que poderíamos vir a ser”

(Charles Dubois)

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RESUMO

MENEZES, D.E.S. Desenvolvimento de filmes poliméricos à base de hidrogelbiocompatível e sensível a estímulos de poli(N-vinilcaprolactama-co-ácidoitacônico) e quitosana. 2014. 81 f. Monografia de Graduação em EngenhariaQuímica – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena,2014.

Existe um crescente interesse pela síntese e caracterização de hidrogéis (micro enano) poliméricos, sensíveis a múltiplos estímulos externos, principalmenteaqueles que estão diretamente relacionados com o funcionamento do organismovivo, como a temperatura e o pH, na área da biomedicina. Tanto para aplicaçõesin vitro quanto in vivo, essa propriedade dos hidrogéis sensíveis, tambémconhecidos como “materiais inteligentes”, pode viabilizar sua aplicação tanto emdiagnósticos quanto para fins terapêuticos, como na liberação controlada defármacos. Os sistemas de liberação controlada visam aumentar o tempo de açãoterapêutica de um fármaco dentro do organismo, sem a necessidade de altasdoses periódicas. Nesse sentido, o estudo de hidrogéis como agentesencapsulantes vem ganhando destaque, devido à sua alta capacidade deabsorver água, permitindo que tais materiais possam variar consideravelmente emvolume e, assim, reter ou liberar um fármaco encapsulado. Hidrogéis à base depoli(N-vinilcaprolactama-co-ácido itacônico) (poli(NVCL-co-AI)) se apresentam,comumente, na forma de nanopartículas esféricas reticuladas, cujo grau dehidratação e intumescimento dependem da temperatura e pH do meio. Se por umlado esses hidrogéis adquirem um estado contraído em pH ácido, ointumescimento pode ser significativo em pH básico. O objetivo principal dessetrabalho consiste, portanto, no desenvolvimento de filmes poliméricos constituídosde um hidrogel de poli(NVCL-co-AI) e quitosana pelo método de evaporação dosolvente (“casting”). Tais filmes podem representar potenciais ferramentas emestudos de regeneração de tecidos lesionados e liberação controlada de princípiosterapêuticos por administração transdérmica. Adicionalmente, foram preparadosfilmes utilizando agentes de reticulação química e física (glutaraldeído etripolifosfato de sódio, respectivamente) e plastificante (glicerina) e suaspropriedades térmicas, grau de intumescimento e perda de massa, foramcomparados com os filmes preparados na ausência desses aditivos. Além depromissores, os resultados obtidos no estudo desses filmes poliméricos tambémindicam a viabilidade de uso de hidrogéis biocompatíveis e sensíveis a estímulosde poli(NVCL-co-AI) e quitosana em outros sistemas de liberação controladacomo, por exemplo, nanopartículas do tipo “core-shell” para administração oral ouinjetável de princípios ativos.

Palavras-chave: filmes de quitosana, hidrogéis, sensibilidade à estímulos,liberação controlada.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1.1 Representação esquemática do sistema polimérico à base depoli(NVCL-co-AI) e quitosana.

Figura 2.1 Estrutura molecular da quitosana: a) unidade com grupo amino livre(glicosamina) b) unidade com grupo amino acetilado, característicoda quitina (N-acetil-glicosamina) (adaptado de KUMAR, 2000).

Figura 2.2 Esquema de preparação dos filmes: (a) Suspensão aquosa de NPsde PEG-b-PLA carregadas com insulina (b) Quitosana e gliceroldiluídos em ácido acético (gel) (c) Gel de quitosana com dispersãode NPs (d) Filme de quitosana impregnado com NPs (adaptado deGIOVINO et al., 2012).

Figura 4.1 Efeito da temperatura no diâmetro hidrodinâmico do hidrogel à basede poli(NVCL-co-AI) disperso em pH 10.

Figura 4.2 Efeito do pH no diâmetro hidrodinâmico (A) e potencial zeta (B) dohidrogel à base de poli(NVCL-co-AI). Todas as medidas foram feitasa 25°C.

Figura 4.3 Interações preferenciais dos grupos carboxílicos presentes naestrutura do AI: A) ph abaixo do pka e B) pH acima do pka.

Figura 4.4 Micrografia de TEM das nanopartículas de Poli(NVCL-co-AI).

Figura 4.5 Aspecto dos filmes preparados com diferentes proporções entre aquitosana e as nanopartículas de poli(NVCL-co-AI).

Figura 4.6 Micrografias obtidas por MEV do filme constituído de quitosana pura:A) aproximação de 10 KX e B) aproximação de 20KX.

Figura 4.7 Micrografias obtidas por MEV do filme F4, preparado com 25 mg dequitosana e 1 mL da dispersão de NPs: A) aproximação de 10 KX eB) aproximação de 20KX.

Figura 4.8 Micrografias obtidas por MEV do filme F5, preparado com 25mg dequitosana e 3 mL da dispersão de NPs: A) aproximação de 10 KX eB) aproximação de 20KX.

Figura 4.9 Micrografias obtidas por MEV do filme F6, preparado com 25mg dequitosana e 5 mL da dispersão de NPs: A) aproximação de 10 KX eB) aproximação de 20KX.

Figura 4.10 Micrografias obtidas por MEV do filme F10 (com a adição deglicerina): A) aproximação de 10 KX e B) aproximação de 20KX.

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Figura 4.11 Micrografias obtidas por MEV do filme F11 (com a adição de TPP):A) aproximação de 10 KX e B) aproximação de 20KX.

Figura 4.12 Micrografias obtidas por MEV do filme F12 (com a adição deglutaraldeído): A) aproximação de 10 KX e B) aproximação de 20KX.

Figura 4.13 Espectros de infra vermelho (FTIR) dos filmes à base de quitosana,poli(NVCL-co-AI) e aditivos.

Figura 4.14 Curvas de TGA (A) e DTG (B) da quitosana e dos filmes à base dequitosana e poli(NVCL-co-AI).

Figura 4.15 Diagramas de DSC do filme F4: A) Sem aquecimento prévio e B)Com aquecimento prévio até 160°C.

Figura 4.16 Diagramas de DSC do hidrogel de poli(NVCL-co-AI), do filmes dequitosana puro e do filme F4, constituído de quitosana e poli(NVCL-co-AI).

Figura 4.17 Representação esquemática da estrutura do hidrogel de poli(NVCL-co-AI), de acordo com o grau de reticulação e cristalinidade.

Figura 4.18 Diagramas de DSC dos filmes de quitosana e poli(NVCL-co-AI)preparados na presença de aditivos.

Figura 4.19 Difratogramas de raios X do hidrogel de poli(NVCL-co-AI) e daquitosana puros e dos filmes à base de quitosana, poli(NVCL-co-AI),na presença e ausência de aditivos.

Figura 4.20 Intumescimento das amostras de F4 em função do tempo e do pH.

Figura 4.21 Grau de intumescimento (GI) dos filmes de quitosana-poli(NVCL-co-AI), com diferentes proporções de hidrogel, imersos em pH 5,8.

Figura 4.22 Grau de intumescimento (GI) dos filmes de quitosana-poli(NVCL-co-AI), com diferentes proporções de hidrogel, imersos em pH 7,4.

Figura 4.23 Grau de intumescimento (GI) dos filmes de quitosana-poli(NVCL-co-AI), com diferentes proporções de hidrogel, imersos em pH 9.

Figura 4.24 Grau de intumescimento (GI) dos filmes de quitosana e poli(NVCL-co-AI), preparados na presença de aditivos.

Figura 4.25 Perda de massa (PM), em função do pH, dos filmes preparados comdiferentes proporções entre a quitosana e o hidrogel de poli(NVCL-co-AI).

Figura 4.26 Perda de Massa (PM), em função do pH, dos filmes de quitosana epoli(NVCL-co-AI), preparados na presença de aditivos.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 Estrutura química dos reagentes utilizados na síntese do hidrogel àbase de poli(NVCL-co-AI) e na preparação dos filmes.

Tabela 3.2 Condições utilizadas no preparo dos filmes à base de quitosana,poli(NVCL-co-AI) e aditivos.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AcOH Ácido acéticoAI Ácido itacônicoDh Diâmetro hidrodinâmicoDLS Espalhamento dinâmico de luz

(Dinamic Light Scattering)DMTA Análise termodinâmico-mecânicaDRX Difratometria de raios XDSC Calorimetria exploratória diferencialEGDMA Dimetacrilato de etilenoglicolFTIR Espectrometria de infra vermelho por transforma de

fourierGI Grau de intumescimentoGD Grau de desacetilaçãoKPS Persulfato de potássioMBA N,N’-metileno-bis-acrilamidaMEV Microscopia Eletrônica de VarreduraMF Massa finalMO Massa inicialMU Massa úmidaNaHCO3 Bicarbonato de sódioNPs Nanopartículas de poli(NVCL-co-AI)NVCL N-vinilcaprolactamaPM Perda de massaPNVCL Poli(N-vinilcaprolactama)Poli(NVCL-co-AI) Poli(N-vinilcaprolactama-co-ácido itacônico)SDS Dodecil sulfato de sódioTEM Microscopia eletrônica de transmissãoTg Temperatura de transição vítreaTGA Análise termo-gravimétricaTm Temperatura de fusão cristalinaTPP Tripolifosfato de sódioVPTT Temperatura de transição de fase volumétrica

(Volumetric Phase Transition Temperature)

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SUMÁRIO

1 introdução ....................................................................................................... 12 Revisão Bibliográfica ..................................................................................... 6

2.1 Biopolímeros .............................................................................................. 6

2.1.1 Biocompatibilidade .............................................................................. 6

2.1.2 Biodegradabilidade.............................................................................. 7

2.2 Quitosana como biomaterial ...................................................................... 7

2.2.1 Aplicações da quitosana...................................................................... 9

2.3 Membranas e filmes de quitosana ............................................................. 9

2.3.1 Reticulação de filmes de quitosana ................................................... 10

2.3.2 Filmes de quitosana plastificados...................................................... 11

2.3.3 Aplicações de filmes à base de quitosana......................................... 12

2.3.4 Incorporação de hidrogéis nanoparticulados em filmes de quitosana ...

.......................................................................................................... 13

2.4 Hidrogéis biocompatíveis à base de poli(N-vinilcaprolactama-co-ácido

itacônico) (poli(NVCL-co-AI)) ................................................................... 15

3 Materiais e Métodos ..................................................................................... 17

3.1 Materiais .................................................................................................. 17

3.2 Síntese do hidrogel à base de poli(NVCL-co-AI) ..................................... 17

3.3 Preparação de filmes poliméricos constituídos de hidrogel de poli(NVCL-

co-AI) e quitosana.................................................................................... 19

3.4 Caracterização do hidrogel à base de poli(NVCL-co-AI) e dos filmes à

base de quitosana e poli(NVCL-co-AI)..................................................... 20

3.4.1 Espalhamento dinâmico de luz (DLS) e potencial zeta ..................... 20

3.4.2 Morfologia.......................................................................................... 21

3.4.3 Espectrometria de infra vermelho (FTIR) .......................................... 21

3.4.4 Análise termogravimétrica (TGA) e Termogravimetria derivada (DTG).

.......................................................................................................... 21

3.4.5 Calorimetria exploratória diferencial (DSC) ....................................... 22

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3.4.6 Difratometria de raios X..................................................................... 22

3.4.7 Sensibilidade à temperatura e ao pH ................................................ 22

3.4.8 Testes de Perda de Massa................................................................ 23

4 Resultados e Discussão .............................................................................. 24

4.1 Hidrogel à base de poli(NVCL-co-AI) ....................................................... 24

4.1.1 Diâmetro das nanopartículas e potencial zeta................................... 24

4.1.2 Morfologia das nanopartículas de poli(NVCL-co-AI).......................... 27

4.2 Filmes poliméricos preparados com quitosana e nanopartículas de

poli(NVCL-co-AI) ...................................................................................... 27

4.2.1 Características Morfológicas dos Filmes ........................................... 29

4.2.2 Espectrometria de FTIR .................................................................... 38

4.2.3 Análise termogravimétrica (TGA) e Termogravimetria derivada (DTG).

.......................................................................................................... 41

4.2.4 Calorimetria Diferencial Exploratória (DSC) ...................................... 42

4.2.5 Difratometria de raios X..................................................................... 47

4.2.6 Intumescimento dos filmes em função do tempo............................... 48

4.2.7 Sensibilidade à temperatura e ao pH em função da concentração de

nanopartículas. ............................................................................................... 50

4.2.8 Grau de intumescimento dos filmes preparados na presença de

aditivos .......................................................................................................... 54

4.2.9 Perda de massa dos filmes ............................................................... 55

5 Conclusões ................................................................................................... 596 Sugestões para trabalhos futuros .............................................................. 61

Referências Bibliográficas........................................................................... 63

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1

1 INTRODUÇÃO

Considerações iniciais

A incorporação de um agente ativo em estruturas poliméricas consiste

em uma tarefa de grande interesse para sistemas de liberação controlada de

drogas. A liberação da droga a partir de uma estrutura polimérica se faz de

maneira controlada e mantém a concentração do agente ativo dentro da faixa

de efeito ótimo. Além disso, sistemas de liberação controlada podem levar a

uma redução na frequência de administração do fármaco em cerca de 50 – 80%

(WANG et al., 2006).

Para a elaboração de um sistema polimérico de liberação controlada de

um ativo, o mesmo pode ser uniformemente disperso na matriz polimérica ou

circundado por um revestimento polimérico. Em ambos os casos, a liberação

pode ocorrer, entre outros mecanismos, por difusão do ativo e/ou dissolução da

matriz. A liberação por difusão ocorre quando uma droga incorporada passa

através dos poros poliméricos (no caso de partículas poliméricas porosas) ou

através das cadeias poliméricas (UHRICH et al., 1999).

Outras vantagens dos sistemas de liberação de droga incluem: a redução

dos efeitos colaterais; a prevenção de ultrapassagem dos níveis tóxicos durante a

dosagem; a liberação localizada e contínua do princípio ativo e,

consequentemente, o aumento do conforto do paciente ao realizar um tratamento

médico (DIMITRIU, 1993).

Dentro desse contexto, destacam-se os “materiais inteligentes”, capazes de

variar uma ou mais de suas propriedades físico-químicas, tais como

permeabilidade, solubilidade, polaridade, rigidez, volume, etc, em resposta a um

estímulo externo, que pode ser temperatura, pH, luz, campo eletromagnético,

força iônica, ou ainda pela presença de componentes externos, tais como

moléculas biológicas, etc. Dentre esses materiais, os polímeros sensíveis à

temperatura e ao pH vêm ganhando especial atenção nas áreas biomédica e

farmacêutica, como por exemplo, em sistemas para liberação controlada de

fármacos (AGUILAR et al., 2007).

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Com relação à microestrutura dos polímeros inteligentes, especial destaque

vem sendo dado aos hidrogéis, que constituem redes tridimensionais formadas

por cadeias poliméricas reticuladas através de interações físicas ou químicas e

com apreciável capacidade de absorção de água. Em aplicações biomédicas,

esses materiais são amplamente estudados em liberação controlada de princípios

terapêuticos e na medicina regenerativa (ELISSEEFF, 2008). Hidrogéis sensíveis

a estímulos, principalmente temperatura e pH, podem liberar fármacos não só de

maneira controlada, mas também localizada. Além disso, no corpo humano, os

hidrogéis podem proteger o fármaco de ambientes hostis, como na presença de

enzimas e no pH baixo do estômago (QIU; PARK, 2001). Em relação à medicina

regenerativa e engenharia de tecidos, os hidrogéis normalmente utilizados são

biodegradáveis, processados em condições moderadas, com propriedades

estruturais e mecânicas similares às dos tecidos vivos e com propriedades físico-

químicas e biológicas apropriadas (DRURY; MOONEY, 2003; ASSIS et al., 2005).

Esses biomateriais podem ser aplicados como suportes a fim de fornecer

integridade estrutural para reconstrução de tecidos, na liberação controlada de

proteínas e princípios terapêuticos em tecidos e como adesivos ou barreiras entre

a superfície dos tecidos e materiais (SLAUGHTER et al. 2009).

Os hidrogéis sensíveis à temperatura possuem cadeias poliméricas termo-

sensíveis que sofrem uma transição de fases quando atingem a LCST

(Temperatura Crítica Inferior de Solubilização) ou UCST (Temperatura Crítica

Superior de Solubilização). Esta transição de fases é resultante da modificação

abrupta do balanço entre as interações hidrofílicas (polímero-solvente) e

hidrofóbicas (polímero-polímero). Essas interações levam a diferentes

conformações nas cadeias do polímero, passando de um estado estendido

(“coils”) para compactado (glóbulos). Em soluções aquosas de polímeros termo-

sensíveis que possuem LCST, abaixo deste valor, as interações do tipo pontes de

hidrogênio entre as moléculas de água e as macrocadeias são predominantes

em relação às interações do tipo polímero-polímero. Comportamento contrário é

observado para os polímeros termo-sensíveis que possuem UCST (MACKOVÁ;

HORÁK, 2006). Em se tratando de hidrogéis reticulados, o que se observa é um

deslocamento entre o equilíbrio dessas interações, em função da temperatura.

Com isso, a hidratação do hidrogel vai depender desse equilíbrio e, neste caso, as

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estruturas reticuladas passarão de um estado intumescido para um estado

contraído, ao invés de uma transição do tipo de “coil” - glóbulo (AGUILAR et al.,

2007).

A incorporação de comonômeros ácidos ou básicos em polímeros termo-

sensíveis resulta na obtenção de macrocadeias que variam sua conformação em

resposta, simultaneamente, tanto às variações de temperatura quanto de pH.

Dentre os comonômeros ácidos, destacam-se o ácido acrílico, o ácido itacônico e

o ácido metacrílico, que apresentam cargas negativas, principalmente em pH

acima dos respectivos pka’s. Nos hidrogéis para liberação controlada de

fármacos, os grupos ionizados conferem repulsão eletrostática entre as cadeias

em meios básicos, desfavorecendo as interações entre as macrocadeias e

levando ao intumescimento do material, com consequente liberação do fármaco

(ZHANG et al., 2007).

Por fim, a incorporação de nanopartículas em filmes de quitosana tem

atraído interesse na área da pesquisa por novos produtos farmacêuticos devido à

possibilidade de formação de filmes e membranas poliméricas com aplicação,

principalmente, na pele e nas mucosas. A quitosana é um biopolímero atóxico,

biodegradável e biocompatível que ocorre em algumas espécies de fungos e

algas, mas que é geralmente produzido a partir de quitina, polissacarídeo

encontrado abundantemente em animais, especialmente insetos, moluscos e

crustáceos. Assim, quitosana é produzida a partir de fonte renovável,

principalmente resíduos da indústria pesqueira, como cascas de camarões,

carapaças de caranguejos e gládios de lulas, que são ricos em quitina. Além de

suas boas propriedades de formação de filmes, a quitosana também apresenta

benefícios na cura de ferimentos, devido aos efeitos bacteriostáticos e à sua

bioaderência (SILVA et al., 2008). Entretanto, hidrogéis constituídos apenas de

quitosana são limitados pelas baixas propriedades mecânicas e elásticas,

facilidade em dissolver e inerente rigidez das cadeias. A quitosana vem sendo

amplamente usada em associação a outros hidrogéis, devido sua

biocompatibilidade, biodegradabilidade e baixa toxicidade. O uso desse polímero

natural tem levado a novos sistemas de liberação controlada com resposta a

estímulos (BHATTARAI et al., 2010).

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Justificativa e objetivo da pesquisa

Os métodos convencionais de administração de fármacos podem provocar

efeitos colaterais, pois os princípios ativos agem tanto nas células doentes quanto

nas células saudáveis do paciente. Além disso, o aumento do número de

dosagens pode superar o nível de toxicidade do medicamento (MEDEIROS,

2006). Os sistemas de liberação controlada visam aumentar o tempo de ação de

um princípio ativo dentro do organismo vivo, diminuindo, assim, o número de

doses requeridas e, consequentemente, os efeitos colaterais causados pelos

medicamentos. Além disso, os sistemas poliméricos sensíveis a estímulos podem

potencializar o efeito terapêutico em uma região específica, por meio da liberação

promovida pela aplicação de um determinado estímulo, comumente temperatura e

pH.

O objetivo principal desse trabalho consiste, portanto, no desenvolvimento

de um sistema constituído de um hidrogel de poli(N-vinilcaprolactama-co-ácido

itacônico)(poli(NVCL-co-AI)) e quitosana, com resposta a estímulos de pH e

temperatura (Figura 1.1). Os hidrogéis de poli(NVCL-co-AI) são comumente

sintetizados via polimerização por precipitação em meio aquoso, utilizando

dimetacrilato de etilenoglicol (EGDMA) como agente reticulante. Em meio ácido,

as nanopartículas de poli(NVCL-co-AI) contraem, dificultando a difusão de um

fármaco possivelmente incorporado entre as macrocadeias. Porém, em meio

básico, a repulsão eletrostática entre os grupos carboxílicos ionizados levam ao

intumescimento das nanopartículas e, consequentemente, à liberação acelerada

do princípio ativo. Partindo desse princípio, é interessante envolver esses

hidrogéis em um material que forneça uma resistência adicional à difusão do

fármaco quando em pH básico.

A quitosana é um polissacarídeo com grupos amino dispostos nas cadeias.

Quando em meio ácido, esses grupos são protonados e provocam repulsão

eletrostática entre essas cadeias. Porém, em meios básicos, prevalecem as

interações hidrofóbicas, e a quitosana permanece insolúvel. Considerando essas

propriedades, a incorporação do hidrogel de poli(NVCL-co-AI) em filmes de

quitosana, via evaporação do solvente (“casting”), é justificada por propiciar um

possível sistema de liberação controlada em uma extensa faixa de pH. Em um

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primeiro caso, o fármaco deve vencer a estrutura compactada dos hidrogel de

poli(NVCL-co-AI) para ser liberado, e deve difundir mais rapidamente entre a

matriz de quitosana hidratada. Por outro lado, em meio básico, o intumescimento

do hidrogel acelera o processo de difusão das moléculas do fármaco, mas a

quitosana ainda poderá oferecer resistência a essas, por estar insolúvel.

Portanto, os objetivos específicos deste trabalho são:

Desenvolver e caracterizar filmes poliméricos, preparados com diferentes

proporções de quitosana e do hidrogel de poli(NVCL-co-AI);

Estudar a sensibilidade dos filmes à temperatura e ao pH, assim como a

perda de massa em soluções-tampão;

Avaliar os efeitos de aditivos nas propriedades anteriores, sendo eles:

glicerina (plastificante), tripolifosfato de sódio (agente de reticulação física)

e glutaraldeído (agente de reticulação química);

Relacionar as propriedades térmicas à composição dos filmes.

Figura 1.1. Representação esquemática do sistema polimérico à base de poli(NVCL-co-AI) equitosana.

Fonte: o próprio autor.

Matriz de Quitosana

Nanopartículas de Poli(NVCL-co-AI)

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Biopolímeros

Os biomateriais são produtos de origem animal ou sintética, com potencial

aplicação na área biomédica. Em seres humanos, podem ser aplicados no

tratamento de uma enfermidade ou lesão, na substituição e modificação da

anatomia humana ou ainda de um processo fisiológico (FIDÉLES, 2010).

Abrangem, ainda, os materiais utilizados na instrumentação médica e cirúrgica

que podem ter contato com o organismo (APARECIDA, 2005). Dentre esses

materiais se destacam os biopolímeros, os quais, em sua maioria, são

biocompatíveis e/ou biodegradáveis (FERNANDES, 2009).

Devido à relativa facilidade de modificação estrutural, os biopolímeros

possibilitam a obtenção de uma vasta gama de materiais com diferentes

propriedades químicas, físicas e mecânicas, para diversas aplicações em

sistemas biológicos.

2.1.1 Biocompatibilidade

A biocompatibilidade é um fator essencial nos materiais cuja aplicação

envolve o contato com tecidos e sistemas do corpo humano. Isto implica na

habilidade de coexistir e interagir com o sistema biológico sem afetar suas funções

normais, isto é, sem provocar inflamações ou qualquer comportamento

indesejável no corpo (RATNER et al., 2004). Entretanto, não há uma definição

única ou medidas precisas para caracterizar um material como biocompatível, pois

não se trata de uma propriedade intrínseca do material, mas da sua habilidade em

responder adequadamente a uma aplicação específica (CHEN et al., 2008). Isso

significa que o local de implantação tem papel fundamental na biocompatibilidade,

já que o material pode ser biocompatível em determinada região ou tecido, porém

responder inapropriadamente em outro.

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2.1.2 Biodegradabilidade

Polímeros biodegradáveis são aqueles que podem ser degradados in vivo

de forma controlada e por tempo predeterminado após a sua implantação ou

administração, contribuindo na liberação de um fármaco ou amortecendo materiais

usados como implantes (MILLER, 1986). Dentre as vantagens desses

biomateriais, destacam-se a eliminação da necessidade de remoção do curativo e

a regeneração tecidual provocada pelo mesmo (FAMBRI et al., 2002). A

degradação acontece por ação de elementos biológicos que desintegram a

estrutura do material, gerando fragmentos absorvidos pelo organismo. No caso de

aplicações na regeneração de tecidos, a degradação acontece simultaneamente

com a formação de um novo tecido sobre a lesão (FISHER et al., 2007). Uma

série de fatores pode ajustar a taxa de degradação do material, entre eles: o grau

de reticulação entre as cadeias poliméricas, a massa molar, o tipo do material e

seu processo de fabricação.

2.2 Quitosana como biomaterial

A quitosana é um polissacarídeo de cadeia linear, composto por unidades

repetitivas de glicosamina e N-acetil-glicosamina, com ligações do tipo (1→4) 2-

amino-2-deoxi-D-glucosamina e (1→4) 2-acetamido-2-deoxi-D-glucosamina

(Figura 2.1). Quando a quantidade da primeira unidade citada supera a

quantidade da segunda (>50%), o biopolímero é denominado de quitosana. Do

contrário, quando a quantidade de unidades de N-acetil-glicosamina é maior,

denomina-se quitina (KHOR e LIM, 2003). Sendo assim, a quitosana é um

polímero derivado da desacetilação da quitina, embora também possa ocorrer de

forma natural. Comercialmente, e desacetilação da quitina é normalmente

realizada na presença de hidróxido de sódio e água (FIDÉLES, 2010).

Dependendo da fonte e do processo de preparação, a quitosana pode

apresentar massa molar entre 50 e 2000 kDa e o grau de desacetilação (GD)

entre 40 e 98%. Esses parâmetros influenciam nas propriedades físicas e

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químicas da quitosana, e consequentemente, ainda mais nas propriedades

biológicas (HEJAZI e AMIJI, 2003).

Figura 2.1. Estrutura molecular da quitosana: a) unidade com grupo amino livre (glicosamina)b) unidade com grupo amino acetilado, característico da quitina (N-acetil-glicosamina).

Fonte: Adaptado de KUMAR, 2000.

O estudo da quitosana tem sido de grande interesse por vários grupos de

pesquisa, devido às suas propriedades biológicas, disponibilidade e relativa

facilidade de modificação físico-química. É atraente como biomaterial por ser

biodegradável, antibacteriana, com toxicidade relativamente baixa e por exercer

papel relevante em atividades biológicas como na afinidade com proteínas, na

aceleração de formação de fibroblastos e na ação anticoagulante do sangue (KIM

et al. 2008).

Em sua forma cristalina, a quitosana é normalmente insolúvel acima de pH

7. Entretanto, pode se tornar solúvel em ácidos diluídos (pH < 6), condição em

que ocorre a protonação dos grupos amino livres (MADIHALLY; MATTHEW,

1999). Como já citado, a quantidade desses grupos está relacionada com o grau

de desacetilação (GD) e influencia nas interações eletrostáticas repulsivas e

hidratação da molécula (SANTOS et al., 2003).

Devido à constante busca por materiais poliméricos biodegradáveis,

seguros, de baixo custo e impacto ambiental, a quitosana vem sendo uma

alternativa de grande interesse, principalmente em pesquisas nas áreas da

biomedicina e alimentícia. Suas propriedades, adicionadas à sua sensibilidade ao

pH, permitem o uso desse biomaterial nas mais variadas formas, como grânulos,

micro e nanoesferas e filmes.

CH2OH

O

CH2OH

NH2 (a)

OH 1

NHCOCH3 (b)

O1

OO4 O 4 OH

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2.2.1 Aplicações da quitosana

Com relação às aplicações da quitosana, Gavhane et al. (2013) descrevem

os diversos usos da quitosana em diferentes setores farmacêuticos,

farmacológicos e comerciais. No primeiro, a quitosana se destaca devido à sua

biocompatibilidade e baixa toxicidade. Algumas das aplicações farmacêuticas

citadas por esses autores são:

Como diluente em comprimidos e cápsulas, adicionados ao princípio ativo;

Na síntese de filmes para liberação controlada de fármacos;

Como carregadores de fármacos em sistemas de micro e nanopartículas;

Na preparação de hidrogéis;

Polímeros bioaderentes e biodegradáveis;

Liberação controlada e localizada de fármacos.

Em setores farmacológicos, são estudados os efeitos da quitosana em

microrganismos e na saúde humana, enquanto que, comercialmente, suas

aplicações se estendem às áreas da agricultura, tratamento de água e resíduos e

indústrias de alimentos e bebidas.

Aydm e Pulat (2012) sintetizaram nanopartículas de quitosana a fim de

encapsular 5-fluorouracil, um fármaco utilizado no tratamento de câncer. Além de

controlada, a liberação da droga foi mais significativa em condições similares às

das regiões doentes, devido à sensibilidade da quitosana ao pH.

2.3 Membranas e filmes de quitosana

Em geral, os hidrogéis são redes tridimensionais macromoleculares de

polímeros hidrofílicos, unidas por meio de ligações covalentes ou interações

físicas, sensíveis a estímulos, como temperatura e pH. Esses materiais são

capazes de absorver uma quantidade significativa de água, podendo permanecer

insolúveis dependendo do tipo de reticulação das cadeias poliméricas

(BERGER et al., 2004). Quando se trata de síntese de filmes e membranas

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para aplicação na pele, essa hidratação do material é relevante, tornando os

hidrogéis uma alternativa interessante aos materiais mais comumente

empregados, como cremes, pomadas e adesivos. Neste cenário, o uso da

quitosana apresenta boas propriedades de formação de filmes, benefícios na

cura de ferimentos, efeitos bacteriostáticos e bioaderência (SILVA et al.,

2008).

Entretanto, hidrogéis constituídos apenas de quitosana são limitados

pelas baixas propriedades mecânicas e elasticidade, facilidade em se

dissolver em meio ácido e inerente rigidez das cadeias. Além disso, eles não

apresentam características que permitam que a liberação do fármaco seja

efetivamente controlada, podendo perder suas propriedades conforme as

alterações físico-químicas do ambiente, como pH e temperatura (BERGER et

al., 2004). Esse problema pode ser resolvido através da adição de agentes de

reticulação e plastificantes, que melhoram as propriedades finais dos filmes

poliméricos.

2.3.1 Reticulação de filmes de quitosana

Agentes reticulantes são moléculas utilizadas a fim de evitar ou retardar a

dissolução das matrizes poliméricas. Em sistemas de liberação controlada de

princípios ativos, eles visam possibilitar um controle adicional da liberação do

principio ativo. Além disso, embora o intumescimento em biomateriais seja um

fator relevante para haver a transferência de nutrientes entre o material e os

fluidos biológicos, este pode se tornar indesejável a taxas elevadas, podendo levar

ao rompimento da estrutura da matriz e ruptura do filme (THEIN-HAN;

KITIYANANT, 2007). A adição de um agente de reticulação pode controlar esse

efeito, desde que em proporção suficiente para não afetar a flexibilidade do filme.

Portanto, as propriedades dos hidrogéis reticulados por esses aditivos, como por

exemplo, o intumescimento e as propriedades mecânicas, dependem

principalmente da densidade de reticulação (REMUÑAN-LÓPEZ; BODMEIER,

1997).

Alguns tipos de agentes de reticulação empregados nas sínteses de

hidrogéis de quitosana são chamados de ordem química ou física, capazes de

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formar redes poliméricas tridimensionais através de ligações covalentes e iônicas,

respectivamente (TIWARY; RANA, 2010). No primeiro, a reticulação é realizada

por reações químicas, do tipo ligações covalentes, e podem fornecer boas

propriedades mecânicas e tornar o hidrogel insolúvel, mesmo em condições

extremas de pH, nas quais outros tipos de hidrogéis poderiam se desfazer.

Entretanto, muitos desses agentes são tóxicos ou não biocompatíveis, limitando a

aplicação dos mesmos (HAMIDI et al., 2008) Outra desvantagem, em relação ao

objetivo proposto por este trabalho, é que a quitosana reticulada quimicamente

pode apresentar menor intumescimento também em condições básicas, podendo

afetar a liberação controlada nesses meios. Já o segundo tipo de reticulação é

realizado por interações físicas, tipo iônicas, e permitem controlar a liberação do

fármaco em meio ácido sem comprometer o intumescimento em meio básico.

Entre algumas desvantagens desse tipo de reticulação, pode-se destacar a

possível perda da estabilidade mecânica e risco de dissolução dos hidrogéis,

devido a um alto intumescimento em resposta a um pH extremo ou em caso de

filmes com baixo grau de reticulação (BERGER et al., 2004).

Tiwary e Rana (2010) estudaram o intumescimento de filmes de quitosana

reticulada fisicamente com tripolifosfato de sódio (TPP) e citrato de sódio. Os

resultados reforçam a relação inversamente proporcional entre a capacidade dos

hidrogéis em absorver água e a densidade de reticulação no filme.

2.3.2 Filmes de quitosana plastificados

A adição de plastificantes no processo de formação de filme a partir de

polímeros dissolvidos em solução aquosa pode influenciar a estrutura e superfície

do filme. Esses aditivos não devem diminuir a aderência do filme, mas podem

contribuir, de forma significativa, com a presença de grupos funcionais ou

interações que melhoram a elasticidade e facilitam a manipulação dos mesmos.

Segundo Bajdik et al. (2009), as moléculas de glicerol formam pontes de

hidrogênio com a quitosana e, simultaneamente, impedem que interações físicas

sejam formadas entre as próprias cadeias de quitosana. Essa desintegração inter-

e intramolecular gera filmes plastificados. Esses autores estudaram a influência do

glicerol e do polietilenoglicol 400 em algumas propriedades dos filmes, tais como

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absorção de água e polaridade. Os resultados indicaram que a molhabilidade,

hidratação e polaridade dos filmes aumentaram quando o glicerol foi adicionado.

Com isso, obtiveram-se filmes mais flexíveis e com maiores espessuras,

facilitando a manipulação dos mesmos sem afetar a estrutura.

Remuñán-López e Bodmeier (1997) estudaram o comportamento físico-

mecânico de filmes à base de glutamato de quitosana com diferentes quantidades

de tripolifosfato de sódio (TPP), como agente reticulante. Os hidrogéis

demonstraram permeabilidade ao vapor d’água, com taxa linear e inversamente

proporcional à quantidade de agente reticulante adicionada. Em pH ácido, a

dissolução do filme também foi influenciada pelo grau de reticulação, o que indica

um possível controle na liberação de princípios ativos. Segundo os autores, o

aumento do grau de reticulação pode tornar os filmes quebradiços e menos

flexíveis. A fim de melhorar as propriedades físicas, glicerina foi adicionada como

plastificante, resultando em filmes mais flexíveis. Uma possível explicação

sugerida no trabalho está na solubilidade da glicerina em água, que pode ter

levado à extração desse aditivo ao submergirem-se os filmes em meio aquoso,

aumentando a porosidade do filme e a difusão do princípio ativo.

2.3.3 Aplicações de filmes à base de quitosana

Como anteriormente mencionado, as propriedades bioquímicas da

quitosana permitem obter um excelente material bioadesivo, que se destaca na

administração de fármacos via liberação transdérmica, oral, ocular e subcutânea

(MUZZARELLI; MUZZARELLI, 2005). No caso de filmes e membranas à base de

quitosana, as aplicações são voltadas principalmente para sistemas de liberação

transdérmica e cicatrização de feridas. Esses sistemas, além de possibilitar uma

liberação contínua, reduzem a dosagem e facilitam a interrupção terapêutica,

quando necessária, através da remoção do material. Outra vantagem da aplicação

de hidrogéis na administração transdérmica é a capacidade de absorção de água

no interior dessas matrizes poliméricas, fornecendo uma sensação confortável na

pele do paciente, que tende a comprometer-se mais facilmente ao tratamento

(THOMAS; FINNIN, 2004).

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Filmes à base de quitosana têm mostrado acelerar o processo de

recuperação de ferimentos. Esse material é interessante, especialmente em casos

de tratamento de queimaduras, por aumentar o crescimento gradual do tecido

lesionado. Outra vantagem desse tipo de tratamento é a permeabilidade ideal de

oxigênio nos tecidos e dos líquidos corporais (CÁRDENAS et al., 2008).

2.3.4 Incorporação de hidrogéis nanoparticulados em filmes de quitosana

A encapsulação de princípios ativos em hidrogéis pode ser possível via

reticulação das cadeias poliméricas na presença do fármaco, proteína ou

macromolécula, ou ainda por difusão desses através dos poros do hidrogel já

reticulado (KIM et al., 1992). Por outro lado, o processo de liberação dessas

moléculas pode não ser devidamente controlado. O perfil de liberação típico

mostra um aumento acentuado no inicio da expansão do hidrogel, seguido pela

liberação controlada do restante do fármaco encapsulado (BHATTARAI et al.,

2010). O grau de reticulação pode modelar esse comportamento, todavia também

afeta as características físico-químicas e mecânicas do material.

Dessa forma, caso a reticulação do hidrogel não seja suficiente para

diminuir a taxa de liberação do fármaco em aplicações de longo prazo (casos em

que a liberação deve ser contínua durante semanas, por exemplo), ou ainda, só

seja eficaz em condições específicas (somente em pH básico, por exemplo),

outros sistemas de liberação podem ser incorporados ao hidrogel, tais como micro

e nanopartículas (LEACH; SCHMIDT, 2005).

Giovino et al. (2012) desenvolveram uma nova plataforma com potencial

para liberação de macromoléculas na mucosa e transmucosa bucal. Esses

autores sintetizaram filmes muco-adesivos à base de quitosana, incorporados em

nanopartículas de metil éter polietilenoglicol–b–poli(ácido lático) (PEG-b-PLA)

carregadas com insulina. Os filmes foram produzidos pelo método de evaporação

do solvente (Figura 2.2) e apresentaram distribuição homogênea das

nanopartículas na matriz de quitosana e excelentes propriedades físico-

mecânicas. Em um trabalho posterior Giovino et al. (2013) discutem tanto a

liberação da insulina quanto das nanopartículas através da quitosana,

mergulhando o filme em solução tampão (pH 6,8, 37°C). A taxa de liberação das

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nanopartículas foi controlada por erosão da matriz de quitosana a partir de 6 horas

de incubação e a liberação da insulina mostrou ser controlada em até 15 dias.

Outro sistema de liberação de fármacos através de nanopartículas

incorporadas em filmes de quitosana foi estudado por Tada et al. (2010). Neste

caso, nanopartículas de poli(D,L-lático-co-ácido glicólico) foram carregadas com

Paclitaxel, um fármaco hidrofóbico. Um segundo fármaco, Carboxifluoresceína,

hidrofílico, foi incorporado diretamente na matriz de quitosana. A liberação de

ambos os fármacos mostrou ser um processo bifásico com a cinética controlada

pela difusão das moléculas através do filme e também pela degradação do

mesmo. Neste trabalho, o diâmetro médio das nanopartículas, obtido por

espalhamento de luz, foi próximo a 517 nm, com potencial Zeta de -16 mV.

Figura 2.2. Esquema de preparação dos filmes: (a) Suspensão aquosa de NPs de PEG-b-PLAcarregadas com insulina (b) Quitosana e glicerol diluídos em ácido acético (gel) (c) Gel de

quitosana com dispersão de NPs (d) Filme de quitosana impregnado com NPs.

(a) (b) (c) (d)

Fonte: adaptado de GIOVINO et al, 2012.

Vimala et al. (2010) estudaram a síntese de nanopartículas de

polietilenoglicol carregadas com íons de prata e incorporadas em filmes porosos

de quitosana. As propriedades antibacterianas e mecânicas desses filmes se

mostraram superiores àqueles não porosos ou ainda sintetizados na ausência das

nanopartículas. As aplicações sugeridas são em curativos de ferimentos e

purificação de água.

Sonicador

Estufa

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2.4 Hidrogéis biocompatíveis à base de poli(N-vinilcaprolactama-co-ácidoitacônico) (poli(NVCL-co-AI))

Os hidrogéis à base de poli(N-vinilcaprolactama-co-ácido itacônico)

(poli(NVCL-co-AI)) consistem em nanopartículas esféricas obtidas, comumente,

por polimerização por precipitação em meio aquoso. Os monômeros utilizados na

síntese dessas nanopartículas permitem obter um material sensível às variações

de temperatura e pH do meio externo. A poli(N-vinilcaprolactama) (PNVCL) é um

polímero termossensível cuja LCST (Temperatura Crítica Inferior de Solubilização)

é próxima à temperatura do corpo (~32 – 37°C) (PICH et al., 2003). Isso significa

que abaixo dessa temperatura as interações do tipo pontes de hidrogênio entre

as moléculas de água e as macrocadeias são predominantes em relação às

interações do tipo polímero-polímero. Dessa forma, as macromoléculas

encontram-se solvatadas no meio aquoso. Acima da LCST, a água é expelida da

matriz polimérica como resultado da ruptura das pontes de hidrogênio e do efeito

dominante das interações hidrofóbicas com as cadeias poliméricas vizinhas

(MACKOVÁ; HORÁK, 2006). Além de possuir uma temperatura de transição

próxima à temperatura fisiológica, o que torna a PNVCL interessante para

sistemas de liberação controlada de princípios ativos, ela também apresenta o

átomo de nitrogênio, presente em sua estrutura, diretamente ligado aos carbonos

subjacentes, impedindo, portanto, a liberação de grupos amino sob hidrólise.

A fim de associar a resposta ao pH à esses polímeros, moléculas que

apresentam grupos ionizáveis são normalmente adicionadas como co-

monômeros. Neste caso, o ácido itacônico se apresenta como um exemplo de

molécula atóxica, biocompatível e obtida a partir de fontes renováveis (TOMIC et

al., 2009). Além disso, esse monômero apresenta dois grupos carboxílicos,

possuindo, portanto dois pKas (3,85 e 5,45). A sua incapacidade de

homopolimerizar o torna interessante para a distribuição homogênea dessas

unidades através das macrocadeias. Nos hidrogéis a base de poli(NVCL-co-AI), o

ácido itacônico também têm grande importância na estabilidade coloidal das

partículas, dispensando o uso de surfatantes para garantir a sua dispersão em

meio aquoso.

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Como mencionado anteriormente, os hidrogéis são constituídos de redes

tridimensionais, formadas por macrocadeias hidrofílicas, unidas por um agente de

reticulação. Dessa forma, o reticulante também possui um papel fundamental na

elaboração dos hidrogéis e, no caso de materiais para aplicações biomédicas,

este também deve ser cuidadosamente escolhido e, obviamente, apresentar

biocompatibilidade. A grande maioria dos trabalhos na literatura descreve o uso da

N,N’-metileno-bis-acrilamida (MBA) como agente de reticulação na síntese de

hidrogéis o que se deve principalmente à alta solubilidade em água desta

molécula. No entanto, a presença de grupos amida tóxicos na molécula deste

agente reticulante limita seu uso em aplicações biomédicas. Dessa forma, alguns

trabalhos relatam a substituição deste agente de reticulação pelo dimetacrilato de

etileno glicol (EGDMA), após a descoberta de que esta molécula pode ser

enzimaticamente degradada em soluções aquosas de lípases, proteases e outras

enzimas presentes no organismo humano (TERIN; ELVAN, 2009). A

biocompatibilidade desse agente de reticulação também foi avaliada e reportada

por Devine et al. (2006).

Por fim, hidrogéis de poli(NVCL-co-AI) são constituídos de nanopartículas

esféricas, reticuladas, que apresentam transição volumétrica em resposta à

variações de temperatura e pH, o que aumenta seu interesse em sistemas de

liberação controlada de princípios ativos. As propriedades desses materiais

“inteligentes” foram mais profundamente analisadas em estudos recentes

realizados pelo autor desse trabalho, através de seu projeto de Iniciação

Científica, orientado pela Profa. Dra. Simone de Fátima Medeiros. A variação da

composição das nanopartículas e o estudo da sensibilidade ao pH e à temperatura

foram avaliados e publicados em forma de pôster no XIV Latin American

Symposium on Polymers/XII Ibero American Congress on Polymers. Estudou-se

também a incorporação de um fármaco hidrofóbico nessas matrizes poliméricas, o

cetoprofeno, e os resultados foram apresentadas no Simpósio Internacional de

Iniciação Científica e Tecnológica da USP – 2014.

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Materiais

A N-vinilcaprolactama (NVCL, 99%, gentilmente fornecida pela Basf-Brasil)

foi purificada por destilação a vácuo a 120°C e o ácido itacônico (AI, grau industrial,

cedido gentilmente pela Rhodia-Brasil) foi utilizado como recebido. O agente de

reticulação, dimetacrilato de etilenoglicol (EGDMA, 99%, Aldrich), o iniciador

persulfato de potássio (KPS, 99%, Synth) e o tampão bicarbonato de sódio

(NaHCO3, 99,9%, Synth) também foram utilizados como recebidos. A quitosana

(Mw de 1,2.106 Da e grau de desacetliação de 65%) foi sintetizada no Instituto de

Química de São Carlos (USP) e gentilmente cedida pelo Prof. Dr. Sérgio Paulo

Campana Filho. O ácido acético (AcOH, 99%, Synth), o glutaraldeído (Synth), o

tripolifosfato de sódio (TPP, 99%, Synth) e a glicerina (Synth) também foram

utilizados como recebido. Toda água utilizada foi deionizada. As estruturas dos

reagentes utilizados são apresentadas na Tabela 3.1.

3.2 Síntese do hidrogel à base de poli(NVCL-co-AI)

O hidrogel à base de poli(N-vinilcaprolactama-co-ácido itacônico)

(poli(NVCL-co-AI)) foi sintetizado via polimerização por precipitação em meio

aquoso, em regime semi-contínuo. Primeiramente, 2g de NVCL, 80 mg de AI, 60

mg de EGDMA e 20 mg de KPS foram dissolvidos em 140 ml de H2O deionizada e

a solução foi tamponada com bicarbonato de sódio até pH 4,5. Em seguida, 1/3 da

solução preparada foi transferida para um reator encamisado já com 50 mL de

H2O, sob agitação magnética e atmosfera de N2. O sistema foi aquecido a 70°C e,

logo em seguida, a solução restante foi adicionada ao reator a uma taxa de 1,33

mL/min. A reação prosseguiu por 5 horas e, em seguida, o produto foi purificado

por diálise na temperatura ambiente (SERVAPOR/dialysis tubing, MWCO 12000 –

14000). A dispersão de nanopartículas purificada foi armazenada para a posterior

incorporação desse material na etapa de formação dos filmes poliméricos.

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Tabela 3.1 Estrutura química dos reagentes utilizados na síntese do hidrogel à base de poli(NVCL-co-AI) e na preparação dos filmes.

Estrutura Reagentes Aplicação

Sínt

ese

do h

idro

gel d

ePo

li(N

VCL-

co-A

I)

N-vinilcaprolactama(NVCL) Monômero

Ácido Itacônico(AI) Monômero

DimetacrilatoEtilenoglicol(EGDMA)

Agente dereticulação química

Persulfato dePotássio

(KPS)Iniciador

Prep

araç

ão d

os fi

lmes

Quitosana Biopolímeroformador de filme

Glicerina Agente plastificante

Tripolifosfato deSódio (TPP)

Agente dereticulação física

Glutaraldeído Agente dereticulação química

Fonte: o próprio autor.

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3.3 Preparação de filmes poliméricos constituídos de hidrogel depoli(NVCL-co-AI) e quitosana

Os filmes poliméricos foram preparados pelo método de evaporação do

solvente, variando-se o teor de sólidos e a proporção de quitosana e

nanopartículas (NPs) de poli(NVCL-co-AI), conforme descrito na Tabela 3.2.

Inicialmente, alíquotas da dispersão de NPs (1,3 ou 5 mL, de acordo com a

composição do filme) foram colocadas em béqueres de 10 mL. Adicionou-se água

a esses recipientes, quando necessário, de modo a se obter um volume final de 5

mL em cada béquer. Em seguida, a quitosana em pó foi adicionada (15, 25 ou 35

mg, de acordo com a composição do filme) sob agitação magnética vigorosa. Após

3 minutos de agitação, acrescentou-se lentamente 0,1 mL de ácido acético (99%) e

mantiveram-se as soluções em agitação moderada por 15 minutos, na temperatura

ambiente. Após esse período, as soluções-géis foram submetidas à

homogeneização em um ultrassonicador por 15 minutos, a fim de obter uma

dispersão uniforme das nanopartículas. Em seguida, as soluções foram

despejadas em moldes de silicone de 3 cm de diâmetro, e estes foram colocados

em estufa a 37°C por 24 horas. Após esse período, os filmes foram retirados dos

moldes e armazenados em envelopes de alumínio.

A preparação dos filmes na presença de aditivos (F10, F11 e F12) seguiu,

praticamente, a mesma metodologia. No caso dos filmes com glicerina (F10) e

glutaraldeído (F12), o aditivo foi adicionado logo após a quitosana, na proporção

especificada na Tabela 3.1. Já para a reticulação física com TPP (F11), os filmes

de poli(NVCL-co-AI) e quitosana, previamente formados e secos, foram imersos

em uma solução aquosa desse aditivo (10% m/v) em pH ajustado em 5, por 45

minutos. Em seguida, os filmes foram novamente secos em estufa com circulação

de ar a 37°C durante 15 minutos.

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20

Tabela 3.2. Condições utilizadas no preparo dos filmes à base dequitosana, poli(NVCL-co-AI) e aditivos.

Filmes ProporçãoQuitosana (mg) : NPs (mL)

AditivosGlicerina(% m/m)A

TPP(% m/v)B

Glutaraldeído(% m/m)A

F1 15:1 - - -F2 15:3 - - -F3 15:5 - - -F4 25:1 - - -F5 25:3 - - -F6 25:5 - - -F7 35:1 - - -F8 35:3 - - -F9 35:5 - - -

F10 25:1 25 - -F11 25:1 - 10 -F12 25:1 - - 5

A Em relação à massa de quitosana.B Concentração da solução de TPP em água.

Fonte: o próprio autor.

3.4 Caracterização do hidrogel à base de poli(NVCL-co-AI) e dos filmes àbase de quitosana e poli(NVCL-co-AI)

3.4.1 Espalhamento dinâmico de luz (DLS) e potencial zeta

As medidas de diâmetro hidrodinâmico (Dh) do hidrogel de poli(NVCL-co-AI)

foram realizadas por espalhamento de luz em um equipamento da marca Malvern,

modelo Nano ZS – Zen3601, locado no Laboratório de Polímeros da EEL/USP.

Estas medidas foram realizadas após o processo de purificação por diálise.

A sensibilidade à temperatura do hidrogel também foi estudada através de

análises de espalhamento de luz, com medições de Dh em função da temperatura,

que variou entre 25 e 70°C, com intervalos de 2°C. Entre cada medida, o tempo

de estabilização das amostras foi equivalente a 2 minutos.

A sensibilidade ao pH do hidrogel foi estudada de duas formas distintas: por

meio de análises de espalhamento de luz, obtendo-se medidas de Dh em função

do pH, que variou entre 4 e 10; e por meio de medidas de mobilidade

eletroforética para obtenção do potencial zeta das nanopartículas em função do

pH, que também variou entre 4 e 10.

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3.4.2 Morfologia

A morfologia das nanopartículas de poli(NVCL-co-AI) foi caracterizada por

microscopia eletrônica de transmissão (TEM) em um equipamento da marca

Philips modelo Tecnai 10, operado a 80 KV, locado no Centro de Microscopia do

Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP, São Paulo. Já a

morfologia dos filmes poliméricos, com e sem aditivos, foi avaliada por

microscopia eletrônica de varredura (MEV) em um equipamento da marca LEO

modelo 1450VP, operado a 20KV, locado no Laboratório de Microscopia

Eletrônica da EEL/USP. A efeito de comparação, também foi preparada e

analisada uma amostra de filme de quitosana sem a incorporação do hidrogel de

poli(NVCL-co-AI). Todas as amostras analisadas por MEV foram metalizadas com

ouro.

3.4.3 Espectrometria de infra vermelho (FTIR)

A avaliação qualitativa da composição química dos filmes poliméricos

constituídos do hidrogel de poli(NVCL-co-AI) e quitosana foi realizada através de

espectrometria no infravermelho (FTIR), em um intervalo de onda de 400 – 4000

cm-1, utilizando um equipamento da marca Perkin Elmer modelo Spectrum GX,

locado no Laboratório de Biotecnologia da EEL-USP.

3.4.4 Análise termogravimétrica (TGA) e Termogravimetria derivada (DTG)

A estabilidade térmica dos filmes foi analisada pela técnica de

termogravimetria, utilizando-se um instrumento TG/DSC – NETZSCH, modelo

STA 449 F3 Jupiter, disponível no Departamento de Engenharia de Materiais

(EEL/USP). O intervalo de temperatura analisado foi de 25 a 900°C, com taxa de

aquecimento de 10°C/min.

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3.4.5 Calorimetria exploratória diferencial (DSC)

O estudo dos eventos térmicos, tais como as temperaturas de transição

vítrea (Tg) e de fusão (Tm) dos polímeros presentes nos filmes poliméricos, foi

realizado em um equipamento de calorimetria exploratória diferencial (DSC), da

marca TA Instruments, modelo Q10, locado no Laboratório de Análises Térmicas

de Polímeros do Departamento de Engenharia de Materiais (LOM) da Escola de

Engenharia de Lorena EEL/USP. As amostras, com massa entre 5 e 10 mg, foram

resfriadas a -80°C e aquecidas a 300°C, à taxa de 10°C/min. As amostras foram

encapsuladas em cadinhos de alumínio, sob atmosfera de nitrogênio seco a uma

vazão de 50 mL/min.

3.4.6 Difratometria de raios X

As análises por difração de raios X foram realizadas no Laboratório

Associado de Sensores e Materiais (LAS) do Instituto Nacional de Pesquisas

AeroEspaciais (INPE), em um equipamento da marca Panalytical, modelo X’Pert

Powder. O intervalo da varredura foi de 2θ = 5 - 45°C, com tamanho do passo de

0,02° e a velocidade de varredura igual a 0,1 passo por segundo.

3.4.7 Sensibilidade à temperatura e ao pH

A sensibilidade à temperatura e ao pH dos filmes poliméricos foi avaliada

através da sua capacidade de absorção de água em diferentes pHs (1,2, 5,8, 7,4 e

9) e temperaturas (25 e 37°C). Amostras dos filmes secos foram pesadas (M0) e

colocadas em soluções tampão com pH e temperatura ajustados. Após 8 horas,

as amostras úmidas foram retiradas e novamente pesadas (MU). Antes da

pesagem, porém, o excesso de umidade na superfície dos filmes foi removido com

papel filtro. O grau de intumescimento (GI) foi, então, calculado através da

equação 1:

GI (%) = ( ) 100 (1)

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3.4.8 Testes de Perda de Massa

A perda de massa dos filmes em meio aquoso foi verificada através de

análise gravimétrica. Para tanto, amostras dos filmes secos foram pesadas (Mo) e,

em seguida, imersas em soluções tampão, variando o pH em 1,2, 5,8, 7,4 e 9, e a

temperatura em 25 e 37°C. Após 24 horas, os filmes foram retirados das soluções

e novamente secos em estufa com circulação de ar a 37°C, durante 20 minutos.

Finalmente, os filmes foram pesados (MF), a fim de determinar a perda de massa

(PM), segundo a equação 2:

PM (%) = ( ) x 100 (2)

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Hidrogel à base de poli(NVCL-co-AI)

4.1.1 Diâmetro das nanopartículas e potencial zeta

A Figura 4.1 apresenta o efeito da temperatura no diâmetro hidrodinâmico

(Dh) do hidrogel de poli(N-vinilcaprolactama-co-ácido itacônico). O pH da

dispersão foi ajustado em 10 a fim de garantir a ionização dos grupos carboxílicos

do ácido itacônico (COO-). Dessa forma, as partículas intumescem na temperatura

ambiente e a variação de Dh em função do aumento da temperatura é

evidenciada. Em meio ácido, as fortes interações entre unidades de NVCL e AI

dificultam a hidratação das partículas na temperatura ambiente e,

consequentemente, a sua termossensibilidade torna-se menos pronunciada

(PULAT; EKSI, 2006).

Figura 4.1. Efeito da temperatura no diâmetro hidrodinâmico do hidrogel à base depoli(NVCL-co-AI) disperso em pH 10.

Fonte: o próprio autor.

20 30 40 50 60 70220

240

260

280

300

320

340

360

380

400

420

Dh

Temperatura (°C)

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25

Na Figura 4.1 observa-se que o diâmetro das partículas diminuiu

continuamente com o aumento da temperatura, como esperado. Este

comportamento é atribuído à termossensibilidade da PNVCL. No caso de

polímeros reticulados e dispostos em redes tridimensionais, a temperatura de

transição de fases é conhecida como VPTT (Volumetric Phase Transition

Temperature). Neste estudo, a temperatura de transição não pôde ser claramente

determinada devido às pontes de hidrogênio entre os grupos carboxílicos do ácido

itacônico e a água. De fato, a diminuição do diâmetro das partículas se deu de

forma progressiva, o que permite assumir que existe um equilíbrio entre as

interações do tipo polímero-polímero entre as cadeias do hidrogel e as interações

polímero-solvente entre as macrocadeias e as moléculas de água. Esse equilíbrio

é deslocado conforme o incremento da temperatura, alterando a conformação e

volume das nanopartículas.

A Figura 4.2 apresenta o efeito do pH no diâmetro hidrodinâmico (Dh) e no

potencial zeta do hidrogel de poli(N-vinilcaprolactama-co-ácido itacônico).

Figura 4.2 Efeito do pH no diâmetro hidrodinâmico (A) e potencial zeta (B) do hidrogelà base de poli(NVCL-co-AI). Todas as medidas foram feitas a 25°C.

Fonte: o próprio autor

4 6 8 10150

200

250

300

350

400

450

pH

Dh

pH2 4 6 8 10

-60

-40

-20

0BA

Pot

enci

al Z

eta

(mV

)

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Como anteriormente mencionado, o ácido itacônico possui dois grupos

carboxílicos em sua estrutura, apresentando assim dois pKa’s, (3,85 e 5,45).

Dessa forma, as medidas de diâmetro do hidrogel foram tomadas a partir de pH 4,

considerando que em pH abaixo de 3,85 as nanopartículas perdem estabilidade,

levando à aglomeração do hidrogél. Através da Figura 4.2 (A), percebemos,

primeiramente, um ligeiro aumento de Dh entre pH 4 e 6, que se deve à repulsão

eletrostática criada pela geração de cargas negativas nos grupos carboxílicos

presentes nos segmentos de AI (Figura 4.3). A partir de 6, este aumento foi muito

mais significativo, pois este valor de pH é superior ao segundo pKa do AI,

ocasionando um aumento considerável da ionização dos grupos COOH. A

dissociação da maior parte dos grupos carboxílicos do ácido desfavorece as

interações entre as macrocadeias, levando ao intumescimento da partícula

(ZHANG et al., 2007). A partir de pH 8, observou-se, novamente, uma diminuição

de Dh, que pode estar relacionada com o aumento considerável da força iônica,

levando ao colapso e sedimentação das partículas maiores, fenômeno conhecido

como “charge screening”.

A Figura 4.2 (B) mostra maiores valores de potencial zeta, em módulo,

conforme o aumento do pH, confirmando maiores densidades de cargas aniônicas

geradas pela ionização do ácido itacônico. Entre o pH 4 e 6, o aumento do

potencial zeta foi significativamente maior, o que é explicado pela dissociação do

segundo grupo carboxílico do ácido itacônico que ocorre nesse intervalo (pka

5,45). Por fim, entre o pH 6 e 10 o aumento é menos expressivo, mas ainda assim

revela um aumento de cargas aniônicas na superfície das partículas.

Figura 4.3. Interações preferenciais dos grupos carboxílicos presentes na estrutura do AI: A) emph abaixo do pka e B) em pH acima do pka.

Fonte: o próprio autor.

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4.1.2 Morfologia das nanopartículas de poli(NVCL-co-AI)

A Figura 4.4 apresenta uma imagem das nanopartículas de poli(NVCL-co-

AI), obtida por microscopia eletrônica de transmissão (TEM). Através da imagem,

verificamos a morfologia esférica das nanopartículas constituintes do hidrogel à

base de poli(NVCL-co-AI), com diâmetro aproximado de 180 nm, em concordância

com o resultado obtido por espalhamento de luz. A aglomeração de algumas

partículas é consequência, principalmente, do processo de secagem utilizado no

preparo da amostra. Além disso, verifica-se baixa polidispersidade de tamanho de

partículas, confirmando a baixa PDI (0,016) obtida por espalhamento de luz (DLS).

Figura 4.4. Micrografias de TEM das nanopartículas de Poli(NVCL-co-AI)

Fonte: o próprio autor

4.2 Filmes poliméricos preparados com quitosana e nanopartículas depoli(NVCL-co-AI)

Inicialmente, filmes poliméricos de quitosana e nanopartículas de

poli(NVCL-co-AI) foram preparados sem a adição de qualquer aditivo. A Figura 4.5

apresenta o aspecto dos filmes preparados com diferentes proporções entre

quitosana e nanopartículas de poli(NVCL-co-AI) (filmes F1 – F9).

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Figura 4.5. Aspecto dos filmes preparados com diferentes proporçõesentre a quitosana e as nanopartículas de poli(NVCL-co-AI).

Fonte: o próprio autor.

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Uma vez que uma das aplicações propostas para os filmes sintetizados

neste estudo consiste na liberação de ativos via transdérmica, procurou-se obter

filmes com baixa espessura (na ordem de 10 μm). Entretanto, os filmes F1, F2 e

F3, constituídos por apenas 15 mg de quitosana, demonstraram fragilidade na

estrutura, indicando que a quantidade de quitosana utilizada nesses três casos

forneceu filmes de espessura muito fina e com baixa resistência mecânica (é

possível observar uma fratura em F1, na Figura 4.5).

Por outro lado, nas sínteses dos filmes F7, F8 e F9, a homogeneização das

soluções de quitosana contendo as NPs dispersas, tornou-se mais difícil, tanto via

agitação magnética quanto ultrasonicação, devido à maior proporção de

quitosana. Nestas sínteses, a alta massa molar da quitosana utilizada gerou

soluções muito viscosas, indicando a inviabilidade de uso de 35 mg de quitosana

para um volume de 5 mL. Estes filmes apresentaram grande quantidade de bolhas

na estrutura, confirmando a baixa eficiência de homogeneização das soluções de

quitosana com as nanopartículas dispersas.

Finalmente, os filmes preparados com 25 mg de quitosana (F4, F5 e F6)

apresentaram aspecto mais homogêneo, sem rupturas e com maior facilidade de

manipulação. Portanto, esses filmes foram selecionados para os estudos

posteriores de caracterização e sensibilidade à temperatura e ao pH. Nestes

filmes, aumentou-se a proporção de NPs em relação à massa de quitosana e

verificou-se que este aumento não influenciou no aspecto visual dos filmes.

4.2.1 Características Morfológicas dos Filmes

A Figura 4.6 apresenta a morfologia superficial, obtida por microscopia

eletrônica de varredura (MEV) de um filme quitosana, preparado na ausência das

nanopartículas. Nas figuras posteriores (4.7, 4.8 e 4.9), observa-se a morfologia

dos filmes F4, F5 e F6, preparados com 25 mg de quitosana e, respectivamente, 1

mL, 3 mL e 5 mL da dispersão de partículas de poli(NVCL-co-AI) (NPs). A coluna

à esquerda apresenta as imagens obtidas a uma magnitute de 10 KX, enquanto à

direita, são apresentadas a imagens obtidas a uma magnitude de 20 KX.

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30

Figura 4.6. Micrografias obtidas por MEV do filme constituído de quitosana pura:

A) aproximação de 10 KX

B) aproximação de 20KX

Fonte: o próprio autor.

A

B

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Figura 4.7. Micrografias obtidas por MEV do filme F4, preparado com 25 mg de quitosana e 1 mLda dispersão de NPs:

A) aproximação de 10 KX

B) aproximação de 20KX

Fonte: o próprio autor.

A

B

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32

Figura 4.8. Micrografias obtidas por MEV do filme F5, preparado com 25mg de quitosana e 3 mLda dispersão de NPs:

A) aproximação de 10 KX

B) aproximação de 20KX

Fonte: o próprio autor.

A

B

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33

Figura 4.9. Micrografias obtidas por MEV do filme F6, preparado com 25mg de quitosana e 5 mLda dispersão de NPs:

A) aproximação de 10 KX

B) aproximação de 20KX

Fonte: o próprio autor.

A

B

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34

As imagens da Figura 4.7, referentes ao filme preparado com 1 mL de NPs,

revelam um boa dispersão das nanopartículas de poli(NVCL-co-AI) na matriz de

quitosana. Os filmes sintetizados com 3 mL da dispersão de nanopartículas

(Figura 4.8) apresentam indícios de aglomerados, embora as imagens não sejam

tão nítidas quando comparadas àquelas contidas na figura anterior. Por fim, a

Figura 4.9 revela claramente a presença de aglomerados no filme, neste caso,

preparado com 5 mL da dispersão de NPs. Com a adição do ácido acético, as

nanopartículas deixam de estar ionizadas, pois o pH da solução se torna inferior

aos pKa’s do ácido itacônico. Dessa forma, as nanopartículas perdem estabilidade

coloidal e, dependendo da concentração, podem formar aglomerados. Como em

F6 (5mL de NPs) a concentração de nanopartículas é muito alta (cinco vezes a de

F4), provavelmente, houve a perda da estabilidade da dispersão, levando à

formação de grandes aglomerados. Ainda que o processo de agitação seguida de

ultrasonicação tenha sido capaz de dispersar efetivamente as nanopartículas em

F6, a aglomeração pode ter ocorrido durante a secagem.

Portanto, comparando os resultados obtidos por MEV, conclui-se que o

produto da síntese F4, onde se utilizou 1 mL da dispersão de nanopartículas de

poli(NVCL-co-AI), apresentou o melhor resultado em termos de homogeneidade

de distribuição das nanopartículas na matriz de quitosana. Sendo assim, essa

composição foi selecionada para prosseguir o estudo dos filmes, agora com a

avaliação do efeito da adição de aditivos nas sínteses. A seguir, são

apresentadas, então, as imagens obtidas por MEV para os filmes preparados na

presença dos aditivos: glicerina (Figura 4.10), tripolifosfato de sódio (TPP) (Figura

4.11) e glutaraldeído (Figura 4.12).

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35

Figura 4.10. Micrografias obtidas por MEV do filme F10 (com a adição de glicerina).

A) aproximação de 10 KX

B) aproximação de 20KX

Fonte: o próprio autor.

A

B

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36

Figura 4.11. Micrografias obtidas por MEV do filme F11 (com a adição de TPP):

A) aproximação de 10 KX

B) aproximação de 20KX

Fonte: o próprio autor

A

B

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37

Figura 4.12. Micrografias obtidas por MEV do filme F12 (com a adição de glutaraldeído).

A) aproximação de 10 KX

B) aproximação de 20KX

Fonte: o próprio autor

A

B

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38

Os filmes preparados com glicerina (Figura 4.10) apresentaram ondulações

e algumas fraturas na superfície. Os grupos OH presentes na estrutura da

glicerina são capazes de promover interações do tipo pontes de hidrogênio com a

matriz de quitosana. Além disso, a glicerina aumenta a porosidade do filme,

contribuindo, assim, na flexibilidade do material (LIANG et al., 2009). Entretanto,

essa mobilidade das cadeias provoca a diminuição da sua tensão de ruptura. Essa

última propriedade, associada à baixa espessura dos filmes, pode explicar as

fraturas observadas. Philip e Pathak (2008) desenvolveram membranas de

etilcelulose e reportaram que a concentração de plastificante (glicerol) interferiu

proporcionalmente na fragilidade das membranas, ocasionando, em alguns casos,

a ruptura do material. Por outro lado, os filmes com glicerina mostraram melhor

maleabilidade. Portanto, faz-se necessário um estudo aprofundando do efeito da

glicerina nos filmes constituídos de quitosana e hidrogel à base poli(NVCL-co-AI),

a fim de otimizar a sua flexibilidade sem comprometer as propriedades mecânicas.

Os filmes reticulados com TPP revelaram algumas saliências não esféricas,

conforme mostrado na Figura 4.11, indicando um possível acúmulo de sais de

TPP durante o processo de secagem. Finalmente, a adição de glutaraldeído

parece ter mascarado a presença das nanopartículas na superfície do filme (ver

Figura 4.12) se comparado com F4, preparado com a mesma composição de

quitosana e NPs sem a presença de aditivos. Esse efeito pode ter sido provocado

pelo aumento da rigidez da matriz de quitosana. Como anteriormente mencionado,

na revisão bibliográfica deste trabalho, os agentes de reticulação restringem a

mobilidade das cadeias, principalmente aqueles que promovem interações

covalentes. Sendo assim, durante a secagem do filme, as nanopartículas

presentes na interface da solução possivelmente foram impelidas para o interior

do filme, inibindo a evidência das nanopartículas na superfície, quando comparado

com o relevo apresentado nas micrografias da Figura 4.7, referente ao filme F4.

4.2.2 Espectrometria de FTIR

A investigação qualitativa da composição química dos filmes foi realizada

através de espectrometria no infravermelho. Nos espectros de FTIR (Figura 4.13),

avaliou-se, primeiramente, a presença dos picos característicos dos estiramentos

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39

presentes na quitosana pura e na amostra das NPs de poli(NVCL-co-AI) pura. Em

seguida, estes picos foram comparados com aqueles presentes nas amostras dos

filmes preparados na ausência e presença dos aditivos, conforme a composição

do filme.

A banda com pico próximo a 3400 corresponde à sobreposição dos

estiramentos de OH e N-H, presentes nos filmes de quitosana. Essa banda

também é observada, embora com menor intensidade, no espectro das

nanopartículas, proveniente da sobreposição dos grupos carboxílicos do AI (O-H)

e C-N da NVCL (ÇAVUS; ÇAKAL, 2012). As bandas em 2858 cm-1 e 2929 cm-1

são referentes às vibrações das sequências –CH2 e –CH, respectivamente, e são

evidenciadas nos espectros do hidrogel de poli(NVCL-co-AI) puro e nos filmes

incorporados com esses hidrogel. Os estiramentos dos grupos C=O e amida I são

observados em 1635 e 1556 cm-1, e estão presentes tanto na estrutura da

quitosana quanto do poli(NVCL-co-AI). O picos próximos a 1415, 1380 e 1315 cm-

1, correspondem à deformação axial de –CN da amida, deformação angular

simétrica de CH3 e axial de –CN de grupos amino, respectivamente, sendo que

este último não está presente na estrutura das nanopartículas. No espectro do

hidrogel de poli(NVCL-co-AI) existe, ainda, um pico em 1273 cm-1 que,

possivelmente, está relacionado ao estiramento C-O-C do agente reticulante

(EGDMA) (SANTOS et al., 2003; ZAKARIA et al., 2012). As demais bandas nos

filmes de quitosana, entre 900 e 1150 cm-1, pertencem às estruturas

polissacarídicas.

O espectro do filme F10, com glicerina, é muito semelhante ao do filme F4,

uma vez que esse aditivo não apresenta grupos funcionais distintos aos da blenda

quitosana-poli(NVCL-co-AI). Entretanto, observa-se uma diminuição na

intensidade das bandas com picos em 1635 e 1556 cm-1, possivelmente devido às

interações por ponte de hidrogênio entre a glicerina e os grupos carbonila e

amida, diminuindo assim as vibrações dos estiramentos C=O e CONH.

As bandas características do TPP foram realçadas no espectro do filme

F11, sendo elas presentes em: 1157 cm-1 (vibração do estiramento P=O), 1076

cm-1 (estiramentos simétricos e assimétricos do grupo PO2) e 1033 cm-1

(estiramentos simétricos e assimétricos do grupo PO3) (GIERSZEWSKA-

DRUŻYŃSKA; OSTROWSKA-CZUBENKO, 2010). Já a presença do glutaraldeído

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40

no filme F12 pôde ser confirmada com o aumento da intensidade dos picos em

2929 e 1562 cm-1, referentes à vibração de C-H e à ligação etilênica C=C,

respectivamente (MONTEIRO; AIROLDI, 1999).

Figura 4.13. Espectros de infravermelho (FTIR) dos filmes àbase de quitosana, poli(NVCL-co-AI) e aditivos.

Fonte: o próprio autor.

1076

1562

4000 3000 2000 1000 0

4000 3000 2000 1000 0

F12

(Glu

tara

ldeí

do)

F11

(TPP

)F1

0 (G

licer

ina)

F4

Número de onda (cm -1)

Nan

opar

tìcul

as d

eP(

NVC

L-co

-AI)

Film

e de

Qui

tosa

na

2929

1033

1157

2858

2929

3400

1380

1415

1315

1273

1635

1556

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41

4.2.3 Análise termogravimétrica (TGA) e Termogravimetria derivada (DTG)

A Figura 4.14 apresenta os resultados de TGA/DTG do filme de quitosana

puro, do filme de quitosana e poli(NVCL-co-AI) (F4) e dos filmes de quitosana e

poli(NVCL-co-AI), preparados na presença de aditivos: glicerina (F10), TPP (F11)

e glutaraldeído (F12). Em todos os casos, dois principais eventos de perda de

massa foram observados. O primeiro, com pico a 80°C, é atribuído à vaporização

da água, presente na estrutura polimérica através de interações com os grupos

amino e hidroxila. A temperatura de vaporização da água, nesse caso, é

relativamente baixa (menor que 100°C), indicando que a água está fisicamente

adsorvida às moléculas de quitosana e/ou interage por meio de ligações fracas de

hidrogênio (ZAWADZKI; KACZMAREK, 2010). O segundo evento é referente à

decomposição da quitosana, que acontece em duas etapas: a primeira, com pico

a 250°C, é relacionada à despolimerização da quitosana, enquanto que a segunda

é observada através de uma banda que se estende a partir da primeira, a uma

temperatura de 270°C. Essa segunda etapa de decomposição pode estar

relacionada à degradação de materiais reticulados, formados por reticulação

térmica durante o primeiro estágio de decomposição, em que ocorre a degradação

dos grupos amino (PEREIRA et al., 2013).

Outros eventos podem ser observados nos filmes F10 e F11, com máximos

em 195 e 170°C, podendo estar relacionados à decomposição dos aditivos:

glicerina e TPP, respectivamente. No caso do filme com glutaraldeído, a

decomposição do aditivo não é observada de forma isolada, possivelmente devido

à interação entre o aditivo e as cadeias poliméricas, neste caso, ser do tipo

covalente.

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42

Figura 4.14. Curvas de TGA (A) e DTG (B) da quitosana e dos filmes à base de quitosana epoli(NVCL-co-AI).

Fonte: o próprio autor.

4.2.4 Calorimetria Diferencial Exploratória (DSC)

As análises de DSC foram realizadas a fim de determinar os principais

eventos térmicos presentes nos filmes constituídos de quitosana e poli(NVCL-co-

AI). Em um primeiro momento, as análises foram realizadas sem nenhum

tratamento térmico prévio, variando-se a temperatura entre -80 a 300°C, com taxa

de aquecimento de 10°C/min. Posteriormente, um primeiro aquecimento a 160°C

foi realizado antes das análises, a fim de detectar possíveis eventos relacionados

à evaporação da água retida entre as cadeias poliméricas. Como se pode

observar na Figura 4.15, esse aquecimento prévio permitiu amenizar o pico

endotérmico entre 100 e 150°C, confirmando o efeito da presença de umidade nos

resultados, provocada pela grande capacidade dos hidrogéis em absorver água.

250°C

270°C

80°C

195°C

170°C

0 200 400 600 800 10000

25

50

75

1000

25

50

75

1000

25

50

75

1000

25

50

75

1000

25

50

75

100

Temperatura (°C)

A) TGA

Per

da d

e M

assa

(%)

F12

F11

F4

F10

Quitosana

0 200 400 600 800 1000

0.0

2.6

5.2

7.80.0

2.1

4.2

6.3

0.0

2.3

4.6

6.90.0

3.8

7.6

11.4

0.0

3.3

6.6

9.9

Temperatura (°C)

B) DTG

DTG

(mg.

min

-1)

F12

F10

F11

F4

Quitosana

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43

Figura 4.15. Diagramas de DSC do filme F4: A) Sem aquecimento prévio e B) Com aquecimentoprévio até 160°C

Fonte: o próprio autor

Figura 4.16. Diagramas de DSC do hidrogel de poli(NVCL-co-AI), do filme de quitosana puro e dofilme F4, constituído de quitosana e poli(NVCL-co-AI).

Fonte: o próprio autor

-100 -50 0 50 100 150 200 250 300 350

Flux

o de

Cal

or (W

/g)

A

Temperatura (°C)

-100 -50 0 50 100 150 200 250 300 350

B

3,6°C

4,4°C

174,8°C

242,6°C

-100 -50 0 50 100 150 200 250 300

Flux

o de

Cal

or (W

/g)

Temperatura (°C)

Nanopartículas de Poli(NVCL-co-AI) Filme de Quitosana Filme de Quitosana e Poli(NVCL-co-AI) - F4

241°C

Exo

Exo

Desidratação

Desidratação

10°C

-0,9°C

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44

Dessa forma, o processo de desidratação foi eliminado no primeiro

aquecimento e as análises a seguir foram realizadas durante o segundo

aquecimento das amostras.

Na Figura 4.16 são apresentados os diagramas de DSC do hidrogel de

poli(NVCL-co-AI), do filme de quitosana puro, e, por último, do filme F4,

constituído de quitosana e poli(NVCL-co-AI). Na rampa de aquecimento referente

às nanopartículas de poli(NVCL-co-AI) é possível observar uma inflexão, a 3,6°C e

outra, logo em seguida, a 10°C, referentes às transições vítreas (Tg) das

macrocadeias de poli(NVCL-co-AI). Como citado, esse hidrogel foi sintetizado via

processo semi-contínuo, com 1/3 dos reagentes colocados no reator antes do

início da reação (“pé de reação”). Acredita-se que esse procedimento tenha

levado à formação de partículas com um núcleo rico em EGDMA, devido à sua

alta reatividade (comparada com a NVCL e o AI), e uma camada externa menos

reticulada, como representado na Figura 4.17. Imaz e Forcada (2008) verificaram

resultado semelhante ao sintetizar partículas à base de PNVCL, utilizando N,N’-

metileno-bis-acrilamida (MBA), como agente reticulante, o qual também possui

reatividade superior à da NVCL. Os autores estudaram, de forma separada, a

influência da alimentação semi-contínua da NVCL, do MBA e do iniciador (KPS)

na estrutura das partículas. Verificou-se que quando o iniciador (KPS) foi

adicionado ao longo da polimerização, os radicais formados reagiram

preferencialmente com o agente reticulante (MBA) e formaram núcleos com alta

densidade de reticulação, envolvidos por uma camada externa mais rica em

cadeias termossensíveis, provenientes da PNVCL. Embora o grupo não tenha

publicado resultados referentes à transição vítrea do material, acredita-se que as

nanopartículas de poli(NVCL-co-AI) sintetizadas no presente trabalho também

apresentem esse tipo configuração, representado na Figura 4.17, podendo

justificar as duas transições vítreas (Tg) encontradas. A primeira Tg pode estar

relacionada às macrocadeias localizadas no núcleo da nanopartícula e a segunda,

àquelas presentes na região externa menos reticulada e, portanto, possivelmente

mais cristalina. McGrath (2007), por exemplo, descreveu a síntese de

nanopartículas à base de poli(estireno-co-N-ispropilacrilamida) (poli(pS-co-

NIPAm)) e verificou a presença de duas transições vítreas no material. Segundo o

autor, essas transições sugerem que a partícula foi composta por duas regiões

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45

poliméricas distintas, sendo uma rica de copolímero, cuja Tg é intermediária aos

valores do poliestireno e do PNIPAm puros, e a outra região rica em PNIPAm,

com Tg semelhante à deste polímero. Por fim, o pico exotérmico observado em

241°C representa a temperatura de fusão cristalina (Tm) do poli(NVCL-co-AI).

Figura 4.17. Representação esquemática da estrutura do hidrogel de poli(NVCL-co-AI), de acordocom o grau de reticulação e cristalinidade.

Fonte: o próprio autor

Em relação à quitosana observa-se uma inflexão em 174,8°C, porém, não é

possível afirmar que esse fenômeno retrate a transição vítrea do filme de

quitosana. Dong et al. (2004) encontraram eventos térmicos entre 140-150°C e

próximo a 200°C, e consideraram o primeiro sendo relativo a Tg da quitosana.

Outros trabalhos descrevem um evento endotérmico próximo a 180°C e o

relacionam com o processo de dissociação das ligações de hidrogênio entre as

cadeias da quitosana (EL-HEFIAN et al., 2010). Por outro lado, Skurai et al. (2000)

estimaram a Tg da quitosana como sendo próxima a 203°C. Santos et al. (2003)

analisaram diferentes quitosanas comerciais e apontaram a dificuldade de

visualizar a Tg por DSC, uma vez que o evento é fortemente dependente do teor

de água presente na amostra. Portanto, outros tipos de análises complementares,

como por exemplo, DMTA, devem ser realizados para ajudar na interpretação dos

resultados obtidos por DSC. Além disso, alguns parâmetros podem ser otimizados

a fim de evidenciar os eventos térmicos, como a massa das amostras, a taxa de

aquecimento ou um tratamento físico de envelhecimento, capazes de aumentar a

sensibilidade das medidas por DSC (DONG et al., 2004). Por fim, o pico

exotérmico em 242°C está relacionado com a decomposição da quitosana, o que

Cadeias mais ordenadas

(maior cristalinidade)

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46

pode ser confirmado pelos resultados das análises de TGA, mostrados no item

4.2.3.

Finalmente, a Figura 4.16 mostra, ainda, a diminuição das Tg’s referentes

ao poli(NVCL-co-AI) no filme F4. As interações entre as macrocadeias contida no

hidrogel e a quitosana pode ter dificultado o empacotamento das cadeias. Vale

lembrar, porém, que essa transição não reflete o comportamento do filme em si,

mas das cadeias de poli(NVCL-co-AI).

Figura 4.18. Diagramas de DSC dos filmes de quitosana e poli(NVCL-co-AI) preparados napresença de aditivo.

Fonte: o próprio autor

A Figura 4.18, apresenta os diagramas de DSC dos filmes de quitosana e

poli(NVCL-co-AI), preparados na presença de aditivos. No filme F10, assim como

em F4, não foi possível identificar inflexão que pudesse ser atribuída à Tg das

cadeias de quitosana, mas somente àquelas referentes às de poli(NVCL-co-AI).

Para os filmes F11 e F12, preparados na presença de TPP e glutaraldeído,

respectivamente, observaram-se inflexões a 132 e 104,5°C. Assumindo que esses

eventos estejam relacionados à Tg da quitosana e comparando com os valores

encontrados na literatura para filmes de quitosana, citados anteriormente, esses

resultados indicam que os agentes de reticulação diminuíram a transição vítrea do

-100 -50 0 50 100 150 200 250 300

Flux

o de

Cal

or (W

/g)

Temperatura (°C)

F4 F11 (TPP) F10 (Glicerina) F12 (Glutaraldeído)

Exo

104,5°C

218,1°C

132°C

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47

material. Gierszewska-Drużyńska e Ostrowska-Czubenko (2010) reportaram que

os filmes reticulados são mais amorfos devido às mudanças na estrutura

molecular da quitosana, provocadas tanto pelas interações com o agente de

reticulação como pela quebra de ligações de hidrogênio intramoleculares.

Por último, o pico em 218°C no filme F11, com TPP, pode representar a

sobreposição de dois efeitos: a decomposição da quitosana e a Tm do poli(NVCL-

co-AI), sendo que a última pode ter diminuído devido às interações físicas entre o

TPP e o ácido itacônico, presente nas nanopartículas.

4.2.5 Difratometria de raios X

A Figura 4.19 apresenta os difratogramas de raios X obtidos para o hidrogel

de poli(NVCL-co-AI) e para o filme de quitosana puros, bem como para os filmes

constituídos de quitosana e poli(NVCL-co-AI), preparados na ausência (F4) e

presença dos aditivos glicerina (F10), TPP (F11) e glutaraldeído (F12).

Figura 4.19. Difratogramas de raios X do hidrogel de poli(NVCL-co-AI) e da quitosana puros e dosfilmes à base de quitosana, poli(NVCL-co-AI), na presença e ausência de aditivos

Fonte: o próprio autor

5 10 15 20 25 30 35 40 45

Quitosana

F4

F10 (Glicerina)

F11 (TPP)

F12 (Glutaraldeído)

Poli(NVCL-co-AI)

Inte

nsid

ade

(u.a

.)

39,2°

19,5°23,6°12,5°

9,5°

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48

O difratograma de raios X do hidrogel de poli(NVCL-co-AI) revela uma

estrutura predominantemente amorfa, como esperado. Já o difratograma do filme

de quitosana apresenta picos característicos em 9,5° e 19,5°, os quais são

atribuídos, respectivamente, aos cristais hidratados devido à integração de

moléculas de água na rede cristalina e às estruturas cristalinas regulares da

quitosana (EPURE et al., 2011). Entretanto, nota-se, ainda, a presença de picos,

com intensidades menores, em 12,5°, 23,6° e 39,2°. Vongchan et al. (2003)

também encontraram picos semelhantes no difratograma da quitina. Considerando

que a quitosana utilizada possui um grau de acetilação próximo a 35%, esses

picos podem estar relacionados aos cristais característicos da quitina.

No difratograma do filme F4, constituído de quitosana e poli(NVCL-co-AI),

na ausência de aditivos, a intensidade do pico em 9,5° diminuiu, apontando uma

menor hidratação dos cristais de quitosana devido a presença das nanopartículas

de poli(NVCL-co-AI). Esse resultado condiz com o apresentado no item 4.2.7, que

revela menor quantidade de água absorvida por esses filmes.

O difratograma do filme F10, preparado na presença de glicerina, mostra

um indício do aumento da cristalinidade. EPURE et al. (2011) indicam que a

presença de glicerina promove maior mobilidade entre as cadeias durante a

secagem do filme e favorece o processo de cristalização. Dessa forma, a adição

da glicerina pode ter favorecido a cristalização durante o processo de secagem,

embora isso não tenha sido possível confirmar por DSC, uma vez que a Tg da

quitosana não foi identificada em F10. Já os agentes de reticulação, TPP e

glutaraldeído, diminuíram a cristalinidade dos filmes (comparados com F4), uma

vez que esses aditivos alteram a estrutura da rede de quitosana, dificultando o

empacotamento das cadeias.

4.2.6 Intumescimento dos filmes em função do tempo.

O grau de intumescimento (GI) é, comumente, determinado

gravimetricamente, quando as massas das amostras úmidas (MU) passam a ser

constantes, isto é, quando atingem um estado de equilíbrio. A fim de avaliar o

intervalo de tempo necessário para se alcançar esse equilíbrio e prosseguir com o

estudo de intumescimento dos filmes nesse intervalo pré-determinado, realizou-se

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49

uma análise prévia do GI em função do tempo (Figura 4.20). Para tanto, amostras

de filme constituído de quitosana e poli(NVCL-co-AI), preparado em F4, foram

imersas em soluções tampão (pH 1,2, 5,8, 7,4 e 9) e a MU foi quantificada através

de análise gravimétrica, com medidas tomadas em duplicata.

Figura 4.20. Intumescimento das amostras de F4 em função do tempo e do pH.

Fonte: o próprio autor

Conforme esperado, não foi possível medir a MU da amostra imersa em pH

1,2, devido à alta solubilidade da quitosana em meio ácido, levando à dissolução

do filme em um intervalo de tempo inferior a 1 hora.

A Figura 4.20 também mostra que, em todos os pHs estudados, não foi

possível determinar claramente o intervalo de tempo necessário para o equilíbrio

no intumescimento dos filmes, ou seja, não foram obtidos valores constantes para

as medidas de MU no intervalo de 24 horas. Supõem-se, portanto, que há a

coexistência de dois fenômenos antagônicos que interferem na MU dos filmes: 1) o

ganho de massa pela absorção de água na matriz de quitosana e nas

nanopartículas; 2) a perda de massa pela dissolução da quitosana em pH ácido ou

pelo desprendimento das nanopartículas de poli(NVCL-co-AI) da matriz de

quitosana, em meio básico.

Em pH 5,8, nota-se um intumescimento crescente e progressivo, indicando

que esse pH contribuiu para as interações físicas entre a matriz de quitosana e as

1h 3h 5h 8h 24h150

200

250

300

350

400

450

GI (

%)

Tempo (h)

pH 5,8pH 7,4pH 9

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50

nanopartículas de poli(NVCL-co-AI) e, possivelmente, diminuiu a perda de massa

dos filmes. Os processos de intumescimento e perda de massa são discutidos nos

itens 4.2.7 e 4.2.9., respectivamente.

Em pH 7,4 e 9, o intumescimento dos filmes tendeu a diminuir com o

tempo, possivelmente devido à perda de massa provocada pelo desprendimento

das nanopartículas para o meio, já que o poli(NVCL-co-AI) passa a ter maior

afinidade com as moléculas de água quando em pH básico, em consequência da

ionização dos grupos carboxílicos do ácido itacônico.

4.2.7 Sensibilidade à temperatura e ao pH em função da concentração de

nanopartículas.

As sensibilidades à temperatura e ao pH foram avaliadas pela capacidade

dos filmes em absorver água quando imersos em diferentes situações de

temperatura e pH. Essa capacidade está relacionada ao grau de intumescimento

(GI) dos filmes. Para um melhor entendimento do efeito da concentração de

nanopartículas no GI, avaliaram-se os filmes F4, F5 e F6 (preparados com 1, 3 e 5

mL, respectivamente, da dispersão de nanopartículas). Nos três gráficos seguintes

(Figuras 4.21, 4.22 e 4.23), são apresentados os valores de GI obtidos para esses

filmes, bem como para o filme de quitosana puro. Para estas medidas, os filmes

foram imersos e mantidos em soluções com diferentes temperaturas (25° e 37°C)

e pHs (5,8, 7,4 e 9).

No primeiro caso, em que as amostras foram imersas em solução tampão

com pH igual a 5,8, (Figura 4.21) observa-se nitidamente o efeito da concentração

das nanopartículas de poli(NVCL-co-AI) no intumescimento dos filmes. À medida

que essa concentração aumentou, o GI dos filmes diminuiu, indicando que houve

um aumento da interação entre as nanopartículas e a matriz de quitosana. Neste

pH, a maior parte dos grupos carboxílicos do poli(NVCL-co-AI) se encontra

ionizada (COO-). Por outro lado, os grupos amino da quitosana (pka ~6,5) se

encontram protonados (NH3+). Sendo assim, a interação física entre esses dois

grupos é preferencial em relação à interação hidrofílica entre a matriz de

quitosana ou o hidrogel e as moléculas de água, tendo como consequência um

menor intumescimento dos filmes.

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51

Figura 4.21. Grau de intumescimento (GI) dos filmes de quitosana-poli(NVCL-co-AI), comdiferentes proporções de hidrogel, imersos em pH 5,8.

Fonte: o próprio autor

Em relação ao efeito da temperatura, os filmes imersos em solução tampão

com pH igual a 5,8 demonstraram um comportamento particular. A Figura 4.21

mostra que o aumento da temperatura favoreceu o intumescimento do filme de

quitosana pura e do filme F4 (preparado com 1 mL da dispersão de nanopartículas

de poli(NVCL-co-AI)). Entretanto, um efeito inverso foi observado para os filmes

F5 e F6 (preparados com 3 e 5 mL da dispersão de nanopartículas de poli(NVCL-

co-AI). Em relação ao filme de quitosana pura, sabe-se que a temperatura

também influencia na associação/dissociação de pontes de hidrogênio entre as

cadeias de quitosana. Em pH 5,8, o aumento da temperatura leva ao relaxamento

das cadeias e à dissociação dessas forças secundárias, permitindo maior difusão

de moléculas de água no interior da rede de quitosana (ROHINDRA et al., 2004).

Em vista disso, GI foi maior a 37°C, para os filmes preparados somente com

quitosana. Em relação ao hidrogel, o aumento da temperatura deve favorecer as

interações do tipo polímero-polímero entre as cadeias de poli(NVCL-co-AI),

levando à compactação das nanopartículas. Dessa forma, observa-se que o efeito

da temperatura no grau de intumescimento dos filmes altera à medida que a

concentração de poli(NVCL-co-AI) aumenta. Pode-se dizer, portanto, que nos

0

100

200

300

400

500

600

700

Quitosana (25:0) F4 (25:1) F5 (25:3) F6 (25:5)

GI (%

)

mg (quitosana) : mL (NPs)

25°C - 8h

37°C - 8h

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52

filmes preparados com quitosana e poli(NVCL-co-AI) há uma competição de

efeitos térmicos no grau de intumescimento dos filmes, quando em pH 5,8.

Em F4, com 1 ml de NPs, o efeito provocado pela temperatura nas cadeias

de quitosana ainda supera àquele nas cadeias de poli(NVCL-co-AI), levando a um

aumento no GI a 37°C. Em F5 (3 mL de NPs), assume-se que os dois efeitos

praticamente se anulam. Por fim, a elevada concentração de nanopartículas em

F6 (5 mL de NPs) fez com que o efeito do aumento da temperatura na

compactação das nanopartículas passasse a ser mais expressivo do que no

relaxamento das cadeias de quitosana, levando a uma menor absorção de água.

Essa competição de efeitos térmicos nos filmes só é observado em pH 5,8.

Conforme discutido no item 4.1.1, o hidrogel de poli(NVCL-co-AI) disperso em

meio ácido demonstra baixa sensibilidade ao aumento da temperatura, devido ao

grau de intumescimento reduzido das nanopartículas na temperatura ambiente,

provocado pelo domínio das interações polímero-polímero . A sensibilidade

térmica, portanto, só é evidenciada em pH básico, em que a maioria das

carboxilas estão ionizadas e a rede polimérica expandida, por efeito da repulsão

eletrostática. Isso significa que, em pH 5,8, os efeitos térmicos do hidrogel e da

quitosana puderam ser comparados. Por outro lado, enquanto o efeito do hidrogel

aumenta em pH 7,4 e 9, a quitosana se torna menos solúvel em pH básico e o

efeito da temperatura nas suas cadeias se torna irrelevante. Sendo assim, a

competição de efeitos térmicos não é observada em meios mais básicos.

As Figuras 4.22 e 4.23 revelam que o grau de intumescimento dos filmes

preparados com diferentes proporções de poli(NVCL-co-AI) apresentam

comportamento semelhante tanto em pH 7,4 quanto em pH 9. A influência da

proporção de hidrogel no intumescimento dos filmes ainda pode ser observada

nesses pHs, embora menos pronunciada se comparada com os resultados obtidos

em pH 5,8. Este resultado pode ser atribuído ao fato de que, em valores de pH

mais básicos, ainda que a grande maioria dos grupos carboxílicos da poli(NVCL-

co-AI) estejam ionizados, os grupos amino da quitosana não estão protonados.

Dessa forma, o aumento da concentração de poli(NVCL-co-AI) resulta em maiores

sítios de interação polímero-polímero, diminuindo assim o grau de intumescimento

dos filmes. Além disso, outro fator, não menos importante, que contribui para a

diminuição do GI é a perda de massa dos filmes conforme o aumento da

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53

concentração de nanopartículas. Esse fenômeno é comentado no item 4.2.9 e

acontece nas três situações de pH, principalmente em F5 e F6.

Figura 4.22. Grau de intumescimento (GI) dos filmes de quitosana-poli(NVCL-co-AI), comdiferentes proporções de hidrogel, imersos em pH 7,4.

Fonte: o próprio autor

Figura 4.23. Grau de intumescimento (GI) dos filmes de quitosana-poli(NVCL-co-AI), comdiferentes proporções de hidrogel, imersos em pH 9.

Fonte: o próprio autor

Ainda nessas duas últimas figuras, é possível observar uma pequena

diminuição no GI, resultante do aumento da temperatura para todos os filmes

analisados. Em relação ao filme de quitosana pura, GI diminuiu com o aumento da

temperatura, em oposição ao resultado observado em pH 5,8. Com o aumento do

0

50

100

150

200

250

300

Quitosana (25:0) F4 (25:1) F5 (25:3) F6 (25:5)

GI (%

)

mg (quitosana) : mL (NPs)

25°C - 8h

37°C - 8h

0

40

80

120

160

200

Quitosana (25:0) F4 (25:1) F5 (25:3) F6 (25:5)

GI (%

)

mg (quitosana) : mL (NPs)

25°C - 8h

37°C - 8h

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54

pH, os grupos amina deixam de estar protonados, promovendo menor

espaçamento e mobilidade entre as cadeias e o aumento da temperatura favorece

as interações entre macrocadeias, diminuindo, assim, o grau de intumescimento.

Dessa forma, nos filmes constituídos de quitosana e poli(NVCL-co-AI) assume-se

que, em pH 7,4 e 9, prevalecem os efeitos termo-sensíveis do hidrogel de

poli(NVCL-co-AI).

4.2.8 Grau de intumescimento dos filmes preparados na presença de aditivos

Sabe-se que a presença de aditivos normalmente altera o comportamento

do filme, uma vez que modifica sua estrutura química. A Figura 4.24 mostra a

influência da glicerina, do TPP e do glutaraldeído no intumescimento dos filmes

F10, F11e F12 em função do pH, a 37°C. Para comparação, uma curva com os

resultados obtidos para o filme F4 também é apresentada nesta figura.

Figura 4.24. Grau de intumescimento (GI) dos filmes de quitosana e poli(NVCL-co-AI), preparadosna presença de aditivos

Fonte: o próprio autor

Era esperado que a glicerina aumentasse o GI, tendo em vista a

capacidade desta molécula de interagir com a água, através das hidroxilas livres.

0

100

200

300

400

500

600

700

800

1,2 5,8 7,4 9

GI (%

)

pH

F4: Sem aditivos

F10: Glicerina

F11: TPP

F12: Glutaraldeído

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55

Contudo, os valores de GI encontrados para o filme F10, em função do pH, foram

muito semelhantes àqueles encontrados para o filme F4. Provavelmente, esse

efeito não foi evidenciado devido à elevada perda de massa a ser discutida em

4.2.9, provocada pelo enfraquecimento mecânico do filme.

Por outro lado, a reticulação física provocada pela adição de TPP (F11)

evitou a dissolução da quitosana em pH 1,2 e diminuiu, consideravelmente, o grau

de intumescimento em pH 5,8. No entanto, com o aumento do pH para 7,4 e 9, o

efeito da reticulação diminuiu, quando comparado ao obtido em pH 5,8, devido à

menor disponibilidade de grupos NH3+ da quitosana, diminuindo a densidade das

interações físicas entre esses grupos e –PO3- do TPP. Como resultado, o grau de

intumescimento aumentou novamente em pH 7,4 e 9. Resultados semelhantes

foram reportados por Pieróg et al. (2009). Observa-se, ainda, menor GI para o

filme F11 quando comparado com F4, tanto em pH 5,8 quanto em 7,4 e 9, uma

vez que as interações entre a matriz polimérica e o TPP desfavoreceram as

interações do tipo polímero-solvente.

Por último, a reticulação promovida pelo glutaraldeído, do tipo covalente,

diminuiu o intumescimento dos filmes em todos os valores de pH. Neste caso, os

grupos amino e hidroxilas foram consumidos na reação com o glutaraldeído,

formando acetais e bases de Schiff (ALY, 1998). Dessa forma, as interações

hidrofílicas foram desfavorecidas, diminuindo o grau de intumescimento dos

filmes.

4.2.9 Perda de massa dos filmes

A perda de massa de cada filme (PM) foi calculada por análise gravimétrica

das amostras secas (MF), após 24 horas imersas nas respectivas soluções-

tampão a 37°C. A Figura 4.25 apresenta os resultados obtidos para cada

proporção estudada de quitosana e poli(NVCL-co-AI).

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56

Figura 4.25. Perda de massa (PM), em função do pH, dos filmes preparados com diferentesproporções entre a quitosana e o hidrogel de poli(NVCL-co-AI)

Fonte: o próprio autor

Os resultados apresentados revelaram que a PM aumentou em função do

aumento da proporção de poli(NVCL-co-AI) nos filmes. Conforme citado no item

4.2.1, as micrografias das amostras F5 e F6 revelaram possíveis aglomerados de

poli(NVCL-co-AI). Portanto, a perda de massa mais acentuada em F5 e F6 pode

estar relacionada ao desprendimento desses aglomerados presentes na matriz de

quitosana.

Observa-se ainda um ligeiro aumento da perda de massa em pH 7,4 e 9.

Considerando que o hidrogel de poli(NVCL-co-AI) é sensível ao pH, a repulsão

eletrostática dos grupos carboxílicos ionizados leva ao aumento do diâmetro das

nanopartículas. Porém, uma vez que as nanopartículas constituintes do hidrogel

estão aprisionadas na matriz de quitosana, é gerada uma força contrária à de

expansão, podendo levar à “expulsão” das nanopartículas dessa matriz. Dessa

forma, a perda de massa em pH básico pode ser consequência não só do

desprendimento de aglomerados de poli(NVCL-co-AI) como também de

nanopartículas isoladas.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Quitosana (25:0) F4 (25:1) F5 (25:3) F6 (25:5)

PM (%

)

mg (quitosana) : mL (NPs)

5,8

7,4

9

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A Figura 4.26, a seguir, mostra a perda de massa, em função do pH, dos

filmes preparados na presença de glicerina, TPP e glutaraldeído. Para

comparação, os resultados obtidos para o filme F4 também são apresentados

nesta figura.

Figura 4.26. Perda de massa (PM), em função do pH, dos filmes de quitosana e poli(NVCL-co-AI),preparados na presença de aditivos.

Fonte: o próprio autor

Em geral, os filmes preparados na presença de aditivos apresentaram

maior perda de massa do que F4, preparado sem a adição de qualquer aditivo.

Em relação a F10, a elevada PM condiz com o resultado obtido na microscopia

eletrônica de varredura, que revelou fraturas na superfície. A estrutura do filme foi

demasiadamente enfraquecida pela adição da glicerina, confirmando que a

proporção desse aditivo precisa ser ajustada. Nota-se que em pH 5,8 a PM foi

menos acentuada, o que é justificado pelo maior grau de interação entre os

grupos NH3+ da quitosana e COO- do poli(NVCL-co-AI). A maior densidade dessas

interações pode ter diminuído a dissolução do filme. Um segundo fator que explica

a maior perda de massa com a adição de glicerina é a solubilidade desse aditivo

em água. A imersão do filme em solução aquosa por 24 horas pode ter levado à

lixiviação da glicerina, isto é, a extração da glicerina presente no filme através da

dissolução desta no meio aquoso (REMUÑÁN-LÓPEZ; BODMEIER, 2009).

0

5

10

15

20

25

30

35

F4 F10 (Glicerina) F11 (TPP) F12 (Glutaraldeído)

PM (%

) 1,2

5,8

7,4

9

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58

A adição de TPP também aumentou a PM dos filmes, quando comparados

ao filme F4. Mais uma vez, conforme revelado pela análise microscópica,

possíveis resíduos de TPP formaram aglomerados durante a secagem. Dessa

forma, assim como a glicerina, esses sais podem ter sido dissolvidos nas soluções

aquosas, acentuando a perda de massa. Observa-se ainda que, em pH 1,2 e 5,8,

a PM foi menor que em pH 7,4 e 9, devido à eficiência de reticulação do TPP em

pH ácido, promovida por interações físicas entre o grupo NH3+ da quitosana e –

PO3- do TPP (PIERÓG et al., 2009). Nestes valores de pH (acima do pKa da

quitosana, ou seja, acima de 6,5) o grupo amino da quitosana deixa de estar na

forma protonada e, portanto, essas interações diminuem consideravelmente. A

menor perda de massa em pH 5,8 se deve, portanto, à existência dessas

interações (quitosana-TPP) somada à elevada densidade de interações entre os

grupos amino da quitosana e os carboxílicos das nanopartículas, ionizados nesse

pH.

Por último, o glutaraldeído apresentou PM mais elevada do que esperado,

considerando que a reticulação química deve evitar a dissolução e

desprendimento das cadeias poliméricas. Entretanto, os filmes preparados com

esse aditivo apresentaram fragilidade mecânica devido à elevada densidade de

reticulação, o que levou ao desprendimento de pequenos fragmentos durante a

manipulação e, consequentemente, influenciou no cálculo da perda de massa.

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59

5 CONCLUSÕES

Esse trabalho teve como objetivo principal a síntese de filmes poliméricos a partir

de materiais biocompatíveis com potencial aplicação na liberação controlada de

fármacos e regeneração de tecidos lesionados. A partir dos resultados obtidos,

pode-se concluir que:

Hidrogel constituído de nanopartículas sensíveis à temperatura e ao pH, à

base de poli(NVCL-co-AI), foi sintetizado com êxito, via polimerização por

precipitação. Imagens de TEM revelaram a morfologia esférica do hidrogel e

confirmaram o tamanho e polidispersidade obtidos por espalhamento de luz;

As nanopartículas de poli(NVCL-co-AI) foram incorporadas com sucesso em

filmes de quitosana, formados por extração de solvente (“casting”);

A concentração de quitosana nas soluções iniciais, utilizadas na preparação

dos filmes, foi ajustada experimentalmente. Soluções muito concentradas

afetaram a viscosidade e, consequentemente, a eficiência da homogeneização

dessas soluções, devido à alta massa molar e baixo grau de desacetilação da

quitosana utilizada. Por outro lado, concentrações baixas de quitosana levaram

a filmes com baixa resistência mecânica, apontada por fraturas na estrutura;

A proporção entre a massa de quitosana e o volume da dispersão de

poli(NVCL-co-AI) influenciou a homogeneidade de distribuição das

nanopartículas nos filmes e, consequentemente, o grau de intumescimento e a

perda de massa dos mesmos. Entre os filmes estudados, os resultados obtidos

para F4 indicam que esse filme apresenta a melhor proporção entre esses

materiais;

Os filmes apresentaram sensibilidade à temperatura e, principalmente, ao pH,

confirmando a possibilidade de seu uso em sistemas de liberação controlada e

localizada de fármacos;

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60

A adição de glicerina aumentou a maleabilidade dos filmes, mas prejudicou a

sua resistência mecânica, indicando a necessidade de otimização da

proporção deste aditivo em sínteses futuras;

A adição de agentes de reticulação demonstrou ser essencial para sistemas de

liberação em condições de pH muito baixo. Tanto o tripolifosfato de sódio

(TPP) quanto o glutaraldeído evitaram a dissolução da quitosana em pH 1,2;

As propriedades térmicas dos filmes foram pouco influenciadas pela

composição, demonstrando que a quitosana, sendo o principal constituinte, é a

maior responsável pela decomposição dos filmes. Entretanto, a cristalinidade

pôde ser amenizada com a adição do hidrogel de poli(NVCL-co-AI) e agentes

de reticulação, o que é interessante em se tratando de sistemas de liberação

de princípios ativos.

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61

6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Os resultados obtidos nesse trabalho permitem sugerir os seguintes estudos

posteriores:

Da purificação dos filmes, que é um procedimento essencial na preparação de

qualquer material em desenvolvimento. Esse procedimento não foi realizado

neste trabalho de modo a verificar a ocorrência de possíveis aglomerados de

nanopartículas. Além disso, os resultados dos filmes não purificados são dados

prévios para um estudo futuro sobre a influência da purificação na perda de

massa dos filmes. Vale lembrar que a rede polimérica de quitosana e os

hidrogel de poli(NVCL-co-AI) interagem entre si somente por meio de

interações físicas. Portanto, o processo de purificação deve ser estudado

cautelosamente, uma vez que o trabalho envolve filmes solúveis em ácido e

nanopartículas incorporadas que podem ser liberadas, de forma precoce e

expressiva, durante uma purificação neutra ou básica. De qualquer modo, os

resultados de intumescimento obtidos neste trabalho são essenciais para

efeitos comparativos com filmes purificados e para a seleção de uma

metodologia mais viável de purificação;

Do desenvolvimento de filmes com um fármaco encapsulado nas

nanopartículas de poli(NVCL-co-AI), assim como o estudo cinético da liberação

in vitro desse princípio ativo em diferentes condições de temperatura e pH;

Da biodegradabilidade dos filmes, uma vez que é um fenômeno que pode

colaborar na eficiência do processo de liberação do fármaco. Isso pode

significar que as moléculas do princípio ativo que ficam retidas na rede

polimérica, também poderão ser liberadas através da biodegradação das

macrocadeias. Além disso, esse fenômeno aumenta o conforto dos pacientes,

facilitando ou mesmo evitando a necessidade de remoção dos filmes. Por outro

lado, a biodegradação pode afetar a liberação controlada do fármaco, o que

prejudicaria na eficiência do tratamento. Portanto, é essencial estudar o

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62

comportamento dos filmes em soluções fisiológicas contendo as enzimas

responsáveis pela biodegradação das moléculas de quitosana e EGDMA;

Das propriedades mecânicas dos filmes. É fundamental em estudos

posteriores correlacionar os resultados deste trabalho com parâmetros

mecânicos tais como: alongamento e tensão na ruptura. Isso possibilitará uma

melhor compreensão dos efeitos do hidrogel de poli(NVCL-co-AI) e dos

aditivos na estrutura dos filmes de quitosana e permitirá ajustar a composição

segundo a aplicação;

Do teor do agente de reticulação adequado para diferentes faixas de pH, de

acordo com a taxa desejada de liberação do principio ativo. O efeito desses

aditivos, que é positivo em meios ácidos, pode se tornar prejudicial à liberação

em meios básicos, dependendo da densidade de reticulação. Portanto, uma

vez estipulada a taxa de liberação desejada, deve-se estudar o teor do agente

de reticulação mais apropriado para determinados intervalos de pH.

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