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Universidade de São Paulo Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto Programa de Reabilitação e Desempenho Funcional EMANUELA JUVENAL MARTINS Análise comparativa da força, potência e fadiga muscular de crianças e adolescentes saudáveis e com mielomeningocele Ribeirão Preto 2016

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Universidade de São Paulo

Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto

Programa de Reabilitação e Desempenho Funcional

EMANUELA JUVENAL MARTINS

Análise comparativa da força, potência e fadiga muscular de crianças

e adolescentes saudáveis e com mielomeningocele

Ribeirão Preto

2016

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EMANUELA JUVENAL MARTINS

Análise comparativa da força, potência e fadiga muscular de crianças

e adolescentes saudáveis e com mielomeningocele

Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão

Preto da Universidade de São Paulo para a obtenção do título de

Mestre em Reabilitação e Desempenho Funcional.

Área de concentração: Fisioterapia

Orientadora: Profª. Drª Ana Claudia Mattiello Sverzut

Colaboradora: Profª Drª Stela M. Mattiello

“Versão corrigida. A versão original encontra-se

disponível tanto na Biblioteca da Unidade que aloja o

Programa, quanto na Biblioteca Digital de Teses e

Dissertações da USP (BDTD)”)

Ribeirão Preto

2016

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO,

POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E

PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

FICHA CATALOGRÁFICA

Martins, Emanuela Juvenal.

Análise comparativa da força, potência e fadiga muscular de crianças e

adolescentes saudáveis e com mielomeningocele.

Ribeirão Preto, 2016. 124f. 30cm.

Dissertação (Mestrado – Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde

Aplicadas ao Aparelho Locomotor. - Área de concentração: Fisioterapia) Faculdade

de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

1. fadiga 2. força muscular 3. isocinético 4. mielomeningocele.

Orientadora: Mattiello-Sverzut, Ana Claudia.

Data da defesa: 19/04/2016.

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FOLHA DE APROVAÇÃO

MARTINS, Emanuela Juvenal. Análise comparativa da força, potência e fadiga muscular

de crianças e adolescentes saudáveis e com mielomeningocele.

Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina de

Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo para a

obtenção do título de Mestre em Reabilitação e

Desempenho Funcional.

Área de concentração: Fisioterapia

Aprovada (o) em: _____ / ______ / ______

Banca examinadora

Prof. Dr. ____________________________________________________________________

Instituição: __________________________ Assinatura: ____________________________

Prof. Dr. ____________________________________________________________________

Instituição: __________________________ Assinatura: ____________________________

Prof. Dr. ____________________________________________________________________

Instituição: __________________________ Assinatura: ____________________________

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Dedicatória

Às pessoas mais importantes da minha vida, minha

família, pois independente da circunstância, estarão

sempre ao meu lado.

“A única maneira de fazer um grande trabalho é amar o

que você faz”.

Steve Jobs

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Agradecimentos

À Deus, meu protetor e guia, em todos os momentos.

Aos meus pais, Edmário e Lêda, pelo amor incondicional e pelos maiores presentes que eu

poderia receber: minha vida e minha educação.

À minha querida irmã Flávia, pelo grande incentivo e por acreditar no meu potencial.

À Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, pela oportunidade de realização do curso de

mestrado.

À minha querida orientadora Profa. Dra. Ana Cláudia Mattiello Sverzut, pela oportunidade,

exemplo, atenção e amizade durante a orientação; por ter me ensinado a nunca desistir quando

os obstáculos aparecem.

Às Profas. Dra. Stela Márcia Mattiello e Dra. Paula Serrão do Laboratório de Análise da

Função Articular – LAFAR, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) pela valiosa

colaboração na elaboração do projeto de pesquisa e análise dos dados.

À Profa Ms. Marisa Maia Leonardi Figueiredo, que trabalhou junto comigo desde o início no

desenvolvimento desta pesquisa. Sou muito grata a você.

À Letícia Sanches Ravanelli, aluna de iniciação científica, que muito auxiliou na avaliação

dos participantes deste estudo.

Ao Ft. Felipe Serenza e à Ft. Bruna Xavier Freitas pelo apoio técnico e amizade, favorecendo

a realização deste trabalho.

À todas do Laboratório de Estrutura e Função do Musculoesquelético pela grande parceria e

por tornar o ambiente de trabalho incrível, em especial à Profa Ms. Cyntia Rogean de Jesus

Alves de Baptista.

Aos meus amigos (as) Aline Minharro Gambin, Carlos Lyra, Fabio Sousa, Iresneile Dias

Barbosa, Lucas Soman de Medeiros, Poliane Freitas, Renê Abrileri Chiari, Rita Carolina

Rodrigues de Almeida Bueno, Rodrigo Nicolau, Thais Canola e Thiago Buchler pelo apoio e

incentivo sempre.

Às Profas. Dras. Carla Medalha e Cláudia Sobreira pelas importantes sugestões para o

resultado final deste trabalho.

À Profa. Dra. Vanilde Castro pela contribuição no tratamento dos dados estatísticos.

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À Drª Carla Caldas, por me permitir acompanhar o atendimento multiprofissional dos

pacientes com mielomeningocele no ambulatório NRI, e assim sendo fundamental para

ampliar a minha experiência.

Aos funcionários Samuel e Marília do Programa de Pós-graduação em Reabilitação e

Desempenho Funcional, sempre prestativos.

À ONG Pró-esporte, pela parceria na seleção dos voluntários.

Aos participantes e seus familiares que se disponibilizarem para este estudo. Muito obrigada!

À todos os amigos e familiares que contribuíram para a realização desta etapa da minha

formação profissional.

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Resumo

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Resumo

MARTINS, E. J. Análise comparativa da força, potência e fadiga muscular de crianças e

adolescentes saudáveis e com mielomeningocele. 2016. 124 f. Dissertação (Mestrado) –

Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto.

Introdução: A mielomeningocele (MMC) ou espinha bífida cística é causada pelo defeito do

fechamento do tubo neural, resultando da falha de fusão dos elementos posteriores da coluna

vertebral e displasia da medula espinhal, com paralisia sensitivo-motora nos membros

inferiores. O baixo nível de atividade física das crianças e adolescentes com MMC pode

resultar em complicações secundárias, como alterações respiratórias, ortopédicas,

cardiovasculares, obesidade e fadiga, podendo afetar a independência e a qualidade de vida.

São importantes os estudos que agregam informações acerca da relação que existe entre a

hipocinesia e a performance de membros superiores em crianças e adolescentes não-

deambuladores. Objetivo: Verificar potenciais diferenças na força, potência e fadiga

muscular de crianças e adolescentes com MMC, comparando com controles saudáveis.

Métodos: Participaram deste estudo transversal 33 crianças e adolescentes de ambos os

gêneros, com idades entre 10 e 16 anos, separados em: Grupo Não-Deambuladores (GND) -

11 voluntários com MMC, usuários de cadeira de rodas e Grupo Controle (GCT) - 22

voluntários saudáveis, pareados ao GND pela idade e gênero. Foram obtidos dados

antropométricos e composição corporal (bioimpedância elétrica); nível de atividade física

(Questionário Internacional de Nível de Atividade Física - IPAQ); nível de maturação sexual

(estágios de Tanner); nível de lesão medular (Hoffer et al., 1973); força muscular isométrica

dos movimentos de ombros e cotovelos (dinamômetro handheld - DHH); força de preensão

palmar (dinamômetro de bulbo) e avaliação isocinética (em 60°s-¹ e 120°s-¹) para os grupos

musculares abdutores, adutores, flexores e extensores de ombro e cotovelo dominante, por

meio do dinamômetro isocinético Biodex Mult Joint System 4®. As variáveis analisadas

foram: picos de torques isométrico (PTI) e isocinético (PT), torque relativo (TR= PT/PTI),

trabalho (W), potência (P), tempo para atingir o pico de torque (tPT) e fadiga. Para análise

estatística foram utilizados os testes t-Student, Wilcoxon-Mann-Whitney e MANOVA,

considerando o nível de significância de 5%. Resultados: As crianças e adolescentes com

MMC e seus pares mostraram homogeneidade estatística quanto a dominância, massa

corporal, estatura, massa gorda, massa magra, níveis de maturação sexual e de atividade física

(p>0,05). Não houve diferença entre os grupos para força de preensão palmar (p>0,05),

porém, houve diferença na força muscular isométrica obtida pelo DHH para os músculos

flexores do ombro e cotovelo, bilateralmente (p˂0,05). Na avaliação isocinética, alguns

voluntários do GND, principalmente, não atingiram as velocidades mínimas pré-estabelecidas

para os movimentos de abdução, flexão do ombro e do cotovelo. A análise estatística somente

mostrou diferença entre os grupos para TR60 (flexores de ombro) e TR120 (extensores do

ombro e cotovelo), com o GND apresentando maiores valores; e tPT60 (extensores de ombro)

e tPT120 (flexores e extensores do cotovelo), com o GND apresentando menores valores

(p˂0,05). A análise dos dados de fadiga mostrou diferença estatística quando foi comparada a

evolução entre as repetições intergrupo para os adutores do ombro e flexores e extensores do

cotovelo, e quando foram comparadas as repetições intragrupo para os flexores do cotovelo

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no GCT (p˂0,05). Conclusão: As crianças e adolescentes com MMC, restritos à cadeira de

rodas, têm dificuldade na execução de movimentos em velocidade moderada, afetando a

potência muscular de membros superiores, no entanto, o torque em baixa velocidade não

mostrou diferença com relação aos pares saudáveis. Há a necessidade de estudos que

investiguem a fadiga muscular na MMC.

Palavras-chave: fadiga, força muscular, isocinético, mielomeningocele.

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Abstract

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Abstract

MARTINS, E. J. Comparative analysis of strength, power and fatigue muscle in healthy

children and adolescents with myelomeningocele. 2016. 124 f. Thesis - School of

Medicine, University of São Paulo, Ribeirão Preto.

Introduction: The myelomeningocele (MMC) or cystic spina bifida is caused by the defect

of the neural tube, resulting from the merger failure of the posterior elements of the spine and

spinal cord dysplasia, with sensory-motor paralysis of the lower limbs. The low level of

physical activity of children and adolescents with MMC may result in secondary

complications such as respiratory, orthopedic and cardiovascular disorders, obesity and

fatigue, which may affect the independence and quality of life. The studies that aggregate

information about the relationship between the hypokinesia and performance of upper limbs

in nonambulatory children and adolescents are important. Objective: To assess potential

differences in strength, power and muscle fatigue in children and adolescents with MMC,

compared to healthy controls. Methods: 33 children and adolescents of both genders, ages 10

and 16 years old, participated in this study, separated into: Non-ambulatory Group (NAG) -

11 volunteers with MMC, wheelchair users; and Control Group (CTG) - 22 healthy

volunteers, matched with GND by age and gender. In the evaluation were obtained:

anthropometric data and body composition (bioelectrical impedance analysis); level of

physical activity (International Physical Activity Questionnaire - IPAQ); level of sexual

maturation (Tanner stages); level of spinal cord injury (Hoffer et al., 1973); isometric muscle

strength of the shoulders and elbows (handheld dynamometer - HHD); handgrip strength

(bulb dynamometer); and isokinetic evaluation (at 60°s-¹ and 120°s-¹) to the muscle groups

abductors, adductors, flexors and extensors of the shoulder and elbow dominants by

isokinetic dynamometer Biodex Mult Joint System 4®. The variables analyzed were:

isometric torque peaks (PTI) and isokinetic (PT), relative torque (TR = PT / PTI), work (W),

power (P), time to reach peak torque (TPT) and fatigue. In the statistical analysis was used t-

Student's, Wilcoxon-Mann-Whitney and MANOVA tests, considering the significance level

of 5%. Results: The children and adolescents with MMC and their control group peers

showed statistical homogeneity in dominance, body weight, height, fat body mass, lean body

mass and in the levels of sexual maturation and physical activity (p>0.05). There was no

difference between groups for grip strength (p>0.05), however, there were differences in

isometric muscle strength obtained by HHD to the flexor muscles of the shoulder and elbow,

bilaterally (p˂0.05). In isokinetic evaluation, some volunteers, of the NAG mainly, did not

reach the pre-set minimum speeds for the movements of abduction and flexion of the shoulder

and elbow. The statistical analysis only showed difference between the groups for TR60

(shoulder flexors) and TR120 (shoulder and elbow extensors), where NAG presented higher

values; and tPT60 (shoulder extensors) and tPT120 (flexors and elbow extensors), where

NAG presented lower values (p˂0.05). The analysis of fatigue data showed statistical

differences when the evolution of the intergroup repetitions for shoulder adductors were

compared with the elbow flexors and extensors, and when it was compared with the

intragroup repetitions for the elbow flexors in CTG (p˂0.05). Conclusion: The children and

adolescents with MMC, who are restricted to wheelchair, have difficulty in carrying out

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movements at moderate speed, affecting the muscle power of the upper limbs, however, the

torque at low speed showed no difference compared to healthy peers. There is need for studies

for investigate muscle fatigue in MMC.

Keywords: fatigue, muscle strength, isokinetic, myelomeningocele.

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Lista de figuras

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Lista de figuras

Figura 1. Mielomeningocele....................................................................................................34

Figura 2. Equipamento de bioimpedância elétrica...................................................................54

Figura 3. Dinamômetro handheld...........................................................................................58

Figura 4. Dinamômetro de Bulbo............................................................................................60

Figura 5. Dinamômetro isocinético..........................................................................................61

Figura 6. Representação gráfica do torque isométrico dos músculos extensores do cotovelo

dominante no dinamômetro isocinético....................................................................................63

Figura 7. Representação gráfica do torque isocinético dos músculos flexores e extensores do

cotovelo dominante na velocidade de 60°s-¹............................................................................63

Figura 8. Desempenho muscular dos abdutores do ombro dominante durante a avaliação

isocinética na velocidade de 120°s-1

para os GND e GCT........................................................75

Figura 9. Desempenho muscular dos adutores do ombro dominante durante a avaliação

isocinética na velocidade de 120°s-1

para os GND e GCT........................................................76

Figura 10. Desempenho muscular dos flexores do ombro dominante durante a avaliação

isocinética na velocidade de 120°s-1

para os GND e GCT........................................................77

Figura 11. Desempenho muscular dos extensores do ombro dominante durante a avaliação

isocinética na velocidade de 120°s-1

para os GND e GCT........................................................78

Figura 12. Desempenho muscular dos flexores do cotovelo dominante durante a avaliação

isocinética na velocidade de 120°s-1

para os GND e GCT........................................................79

Figura 13. Desempenho muscular dos extensores do cotovelo dominante durante a avaliação

isocinética na velocidade de 120°s-1

para os GND e GCT........................................................80

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Lista de quadros

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Lista de quadros

Quadro 1. Classificação do nível funcional na MMC.............................................................42

Quadro 2. Instituições visitadas no município de Ribeirão Preto - SP e quantidade de

voluntários envolvidos no estudo..............................................................................................52

Quadro 3. Classificação do nível de atividade física, segundo a versão curta do IPAQ.........55

Quadro 4. Características dos estágios de maturação sexual...................................................57

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Lista de tabelas

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Lista de tabelas

Tabela 1. Características clínicas individuais, média e desvio padrão dos GND e GCT........69

Tabela 2. Força muscular isométrica dos GND e GCT...........................................................71

Tabela 3. Médias do PTI (em %) do membro dominante dos GND e

GCT...........................................................................................................................................72

Tabela 4. Variáveis de desempenho muscular dos voluntários estudados na velocidade de

60°s-1

.........................................................................................................................................72

Tabela 5. Voluntários do GND que alcançaram velocidade ≥115°s-1

em pelo menos 8

contrações..................................................................................................................................73

Tabela 6. Variáveis de desempenho muscular dos voluntários estudados na velocidade de

120°s-1

.......................................................................................................................................74

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Lista de apêndices

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Lista de apêndices

APÊNDICE I. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Dirigido aos Sujeitos com

Mielomeningocele...................................................................................................................108

APÊNDICE II. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Dirigido às Crianças do Grupo

Controle (sem a doença).........................................................................................................112

APÊNDICE III. Ficha de Avaliação Fisioterapêutica...........................................................116

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Lista de anexos

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Lista de anexos

ANEXO I. Questionário Internacional de Atividade Física – IPAQ (versão curta)..............119

ANEXO II. Escala de TANNER - sexo feminino..................................................................121

ANEXO III. Escala de TANNER - sexo masculino..............................................................122

ANEXO IV Valores mínimos e máximos das variáveis de desempenho muscular...............123

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Lista de abreviaturas e siglas

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Lista de abreviaturas e siglas

MMC Mielomeningocele

DHH Dinamômetro handheld

GND Grupo não-deambuladores

GCT Grupo controle

NRI-HCFMRP Ambulatório Neurológico Infantil do

Hospital das Clínicas da Faculdade de

Medicina de Ribeirão Preto da

Universidade de São Paulo

TCLE Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido

IPAQ Questionário Internacional de Nível de

Atividade Física – versão curta

ABO Abdutores do ombro

ADO Adutores do ombro

FLO Flexores do ombro

EXO Extensores do ombro

FLC Flexores do cotovelo

EXC Extensores do cotovelo

PT Pico de torque

TR Torque relativo

W Trabalho

Pot Potência

tPT Tempo para alcançar o pico de torque

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Sumário

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 29

2 REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................................... 34

2.1 Mielomeningocele...................................................................................................... 34

2.1.1 Definição ...................................................................................................... 34

2.1.2 Incidência...................................................................................................... 35

2.1.3 Etiologia........................................................................................................ 35

2.1.4 Diagnóstico ................................................................................................... 36

2.1.5 Manifestações clínicas .................................................................................. 36

2.1.6 Classificação do nível funcional na MMC ................................................... 41

2.1.7 Prognóstico ................................................................................................... 42

2.1.8 Uso da cadeira de rodas na MMC ................................................................ 43

2.2 Força e fadiga muscular ............................................................................................. 44

2.2.1 Mensuração da força e fadiga muscular ....................................................... 45

3 OBJETIVOS .................................................................................................................. 48

3.1 Objetivo Geral ............................................................................................................ 48

3.2 Objetivos Específicos................................................................................................. 48

4 MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................................... 50

4.1 Caracterização da pesquisa ........................................................................................ 50

4.2 Aspectos Éticos .......................................................................................................... 50

4.3 Voluntários ................................................................................................................. 50

4.3.1 Critérios de Inclusão e Exclusão .................................................................. 50

4.3.2 Recrutamento dos voluntários ...................................................................... 51

4.4 Procedimentos de avaliação ....................................................................................... 52

4.4.1 Massa corporal e estatura ............................................................................. 53

4.4.2 Composição corporal .................................................................................... 53

4.5 Classificação do nível funcional da MMC................................................................. 54

4.6 Classificação do nível de atividade física .................................................................. 55

4.7 Classificação do nível de maturação sexual............................................................... 55

4.8 Avaliação articular dos ombros ................................................................................. 58

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4.9 Avaliação da força muscular isométrica (DHH) ........................................................ 58

4.10 Avaliação da força muscular de preensão palmar...................................................... 59

4.11 Avaliação isocinética ................................................................................................. 60

4.12 Resumo das etapas do protocolo da pesquisa ............................................................ 64

4.13 Análise dos dados isocinéticos................................................................................... 64

4.14 Análise estatística....................................................................................................... 65

5 RESULTADOS ............................................................................................................. 68

5.1 Características clínicas da amostra ............................................................................ 68

5.2 Força muscular isométrica (DHH e dinamômetro de bulbo) ..................................... 71

5.3 Avaliação Isocinética ................................................................................................. 71

5.4 Fadiga muscular ......................................................................................................... 74

6 DISCUSSÃO ................................................................................................................. 82

6.1 Variáveis antropométricas e níveis de maturação sexual, atividade física e lesão

medular ................................................................................................................................. 82

6.2 Força muscular isométrica (DHH e dinamômetro de bulbo) ..................................... 84

6.3 Avaliação isocinética ................................................................................................. 86

6.4 Fadiga muscular ......................................................................................................... 90

7 CONCLUSÃO ............................................................................................................... 94

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 96

9 APÊNDICES ............................................................................................................... 108

10 ANEXOS ..................................................................................................................... 119

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Introdução

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29

1 INTRODUÇÃO

A mielomeningocele (MMC) ou espinha bífida cística é a forma mais frequente de um

grupo de doenças caracterizadas por defeito no fechamento do tubo neural (BOTTO, 1999;

PIANETTI et al., 2011). Estas doenças são resultado de uma anomalia congênita, de etiologia

desconhecida, que ocorre entre a 3ª e 4ª semanas de vida intrauterina (HINDERER;

HINDERER; SHURTLEFF, 2006) e têm em comum a falta de fusão dos elementos

posteriores da coluna vertebral, que produz a malformação das lâminas e processos

espinhosos do canal vertebral, com consequente protrusão das meninges e displasia da medula

espinhal e das raízes nervosas (HENRIQUES, 2006; ADZICK, 2010).

Em 2005, a taxa de MMC foi de 18 para cada 100.000 nascidos nos Estados Unidos

(Centers for Disease Control Prevention, 2007), representando, desta forma, o terceiro defeito

congênito mais comum após a fissura de lábio e de palato e

anomalias das extremidades (AKBAR et al., 2010).

A MMC é uma morbidade complexa que afeta vários sistemas do corpo. Os déficits

funcionais primários são paraglegia e perda sensorial dos membros inferiores, disfunção da

bexiga e do intestino e alteração cognitiva associada à hidrocefalia (BRUSTROM et al.,

2010).

Segundo Hoffer et al. (1973), as crianças com MMC são classificadas funcionalmente em

quatro grupos distintos de lesão neurológica (torácico, lombar alto, lombar baixo e sacral).

Cada grupo apresenta características distintas, sendo possível para cada um, traçar o

prognóstico do tipo de deambulação (terapêutica, domiciliar ou comunitária) e direcionar o

tratamento (SCHOENMAKERS et al., 2005). Nessa classificação as crianças que possuem

marcha comunitária distinguem-se daquelas com marcha domiciliar, baseando-se na

utilização ou não de cadeira de rodas ou outros dispositivos auxiliares de locomoção para

percorrer longas distâncias. Na maioria dos casos, a região da lesão medular é tóraco-lombar,

restando apenas a possibilidade de deambulação com uso de recurso auxiliar, como órteses e

muletas ou uso de cadeira de rodas para locomoção. Além disso, apenas 50% dos pacientes

com MMC com nível de lesão lombar alto permanecem deambulando na adolescência

(MOURA; SILVA, 2005).

O uso contínuo de cadeira de rodas pode ocasionar fraqueza muscular e deformidades

musculoesqueléticas diversas, as quais prejudicam as funções motora e respiratória. A

escoliose é frequentemente observada e caso progrida, ocasiona instabilidade postural, piora

da capacidade vital respiratória e dor lombar (JANSEN et al., 2010).

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Muitos pacientes com MMC, cadeirantes ou não, desenvolvem obesidade por causas

multifatoriais. Quando presente, a obesidade prejudica a reabilitação e acentua o grau de

deficiência do paciente, ao passo que dificulta o uso das órteses, o esvaziamento vesical e a

mobilidade (MOURA; SILVA, 2005). A baixa aptidão física associada à obesidade são

fatores de risco individuais para muitas condições patológicas e mortalidade de origem

cardiovascular (SUI et al., 2010; ZHANG, 2010). Portanto, a avaliação contínua da

composição corporal por bioimpedância elétrica pode ser bastante interessante para esta

população.

Na paraplegia, a hipocinesia é uma comorbidade que está associada à diminuição da força

muscular afetando negativamente a capacidade de independência funcional (NOREAU et al.,

1993; DALLMEIJER et al., 2001). Os baixos níveis de atividade física, como aqueles

observados em crianças e adolescentes não-deambuladores, podem levar a maior fraqueza e

atrofia dos músculos esqueléticos, o que provoca um ciclo vicioso de desuso e fraqueza, que

acarreta disfunções secundárias, tais como, alterações cardiovasculares, respiratórias e

musculoesqueléticas crônicas, aumenta os riscos para a saúde, e ainda, contribui para níveis

mais elevados de sensação de fadiga e, portanto, para uma qualidade de vida inferior

(McDONALD, 2002). Contudo, analisando a literatura científica, pouca atenção tem sido

dada às disfunções musculoesqueléticas que se manifestam nesta condição (GUARNIERI;

VINCHON, 2008; VINCK et al., 2010).

Em doenças neuromusculares observa-se remodelação contínua, não apenas no

comprimento e orientação das fibras musculares, mas também na forma como os neurônios

motores se reorganizam. A atrofia muscular observada nas doenças neuromusculares,

resultante do desuso progressivo, exige um aumento no recrutamento de unidades motoras, e

consequentemente, aumenta a probabilidade de geração de fadiga, que é um fator grave, pois

pode predispor a lesão das fibras musculares (EDGERTON et al., 2002). O treinamento

muscular pode promover benefícios no desempenho motor (BEHRINGER et al., 2011), na

adequação da composição corporal de crianças com sobrepeso ou obesidade (McGUIGAN et

al., 2009), na melhora em relação à autopercepção sobre a imagem corporal (LUBANS,

AGUIAR, CALLISTER, 2010), diminuir riscos cardiovasculares e de lesões, promover

melhora no bem-estar psicossocial (FAIGENBAUM et al., 2008), aumentar o tamanho do

músculo, a força e a resistência em indivíduos saudáveis (ANSVED, 2001) e ainda, poderia

opor-se a deterioração secundária de tecido muscular e à perda de habilidades funcionais,

como resultado de desuso (JANSEN et al., 2010). Estes temas têm sido discutidos em

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pacientes com disfunções periféricas como doenças neuromusculares e espinha bífida

(LINDEMAN et al., 1999; OLIVEIRA et al., 2010).

Do ponto de vista clínico, perfis de fadiga muscular são diferentes entre crianças

saudáveis e crianças com morbidades sistêmicas, portanto mais estudos são necessários para

elucidar os mecanismos implicados na origem, na progressão e no tratamento da fadiga

muscular (RATEL et al., 2006). A mensuração objetiva da força e fadiga muscular pode ser

obtida por intermédio de teste da força da contração voluntária isométrica, concêntrica ou

excêntrico, utilizando instrumentos, como os dinamômetros. Alguns dos equipamentos mais

utilizados são: o dinamômetro de medida da preensão palmar (dinamômetro de bulbo)

(MARTIN, 2006; TOLEDO, 2012), dinamômetro manual (dinamômetro handheld - DHH)

(HÉBERT et al., 2011) e o dinamômetro isocinético (KILMER et al., 1994; LINDEMAN et

al., 1995; BACK; MATTIELLO-SVERZUT, 2007).

A avaliação da força muscular em pessoas com disfunções motoras pode ser feita por

meio de teste manual (como indicado pela Medical Research Concil - MRC); contudo, o

resultado é considerado subjetivo (AYALON et al., 2000), porque essas medidas manuais se

limitam a alguns grupos musculares e são capazes apenas de obter uma medida discreta da

força máxima. Por outro lado, o dinamômetro isocinético permite a avaliação da ação

muscular no desempenho de movimentos monoarticulares em várias velocidades, mensurando

o torque, trabalho e a relação dos músculos agonista/antagonista de uma articulação, e ainda,

permitem controlar variáveis que podem subestimar ou superestimar os índices de força

(SCHNEIDER et al., 2002; BITTENCOURT et al., 2005). Essas medidas podem ser

realizadas para o acompanhamento e diagnóstico individual. Assim, o dinamômetro

isocinético pode ser utilizado em crianças e adolescentes, saudáveis ou com disfunções, na

avaliação dos diferentes tipos de força (isométrica e isocinética) (SCHNEIDER et al., 2002),

para o adequado diagnóstico e identificação de necessidades para um plano de treinamento ou

tratamentos específicos.

Muitos pesquisadores avaliaram a força de membros superiores de adultos saudáveis e

com lesão medular, usuários de cadeiras de rodas. A avaliação do torque isocinético dos

ombros foi verificada nos planos sagital, frontal e transversal, em diversas velocidades de

movimento (60, 180, 240 e 300°s-¹). Nenhuma diferença significativa foi observada na força

ou resistência do ombro entre os grupos. No entanto, o nível de lesão medular mostrou relação

com o torque, pois o grupo com nível de lesão medular mais baixo foi significativamente mais

forte (SOUZA et al., 2005). Quando foram avaliados atletas sobre cadeira de rodas, o torque

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máximo, a potência e a relação rotação interna/externa foram maiores do que para o grupo de

sedentários (BURNHAM et al., 1993; FERNANDES; SHINZATO, 1999; BERNARD;

CODINE; MINIER, 2004). Similarmente, quando foi avaliada a força dos flexores e

extensores do cotovelo nas velocidades isocinéticas 30, 60, 120, l50°s-¹, Calmels et al. (1992)

observaram maiores valores de pico de torque em paraplégicos atletas quando comparados

aos controles atletas.

Embora a literatura aponte um grande número de estudos que avaliaram aptidão física

em indivíduos saudáveis e/ou adultos, poucos trouxeram evidências relacionadas às crianças e

adolescentes com mobilidade reduzida. Sob o nosso melhor conhecimento, não foram

encontrados na literatura pesquisada, estudos que envolvam prioritariamente crianças e

adolescentes com MMC estritamente não-deambuladores e avaliação isocinética de membros

superiores.

Em meio aos dados acima destacados, e considerando que crianças e adolescentes não-

deambuladores com MMC apresentam mobilidade reduzida e são mais dependentes de seus

cuidadores, hipotetiza-se que este grupo apresente menores valores de força, potência e maior

fadigabilidade dos músculos de membros superiores que seus pares saudáveis. Assim, o

objetivo do presente estudo foi verificar se a restrição à cadeira de rodas, em crianças e

adolescentes com MMC, influencia o desenvolvimento de força, potência e fadiga de seus

membros superiores. Os resultados do presente estudo pleiteiam uma ação intervencionista

futura respaldada no potencial de reposta plástica neuromuscular e melhora na própria

qualidade de vida destes pacientes.

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Revisão de literatura

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Mielomeningocele

2.1.1 Definição

O sistema nervoso desenvolve-se no período embrionário a partir do folheto

ectoderma. Na região posterior do embrião tem-se a notocorda, com eixo crânio-caudal, que é

responsável pelo desenvolvimento da coluna vertebral e formação de um espessamento

denominado placa neural. Esta placa sofrerá uma invaginação que dará origem ao sulco

neural, o qual posteriormente se fecha formando o tubo neural; tal estrutura é responsável pela

formação do sistema nervoso central. O fechamento do tubo neural começa no local da futura

medula espinhal cervical e segue no sentido crânio-caudal, superiormente (neuroporo cranial)

e inferiormente (neuroporo caudal) (MENESES, 2006).

O defeito no fechamento do tubo neural (DFTN), entre a terceira e a quarta semanas

de gestação, pode levar a malformações (HINDERER; HINDERER; SHURTLEFF, 1994). A

mais frequente delas é a espinha bífida, classificada como espinha bífida oculta ou espinha

bífida cística. A espinha bífida oculta é a forma mais amena entre os dois tipos de espinha,

apesar de ser comum, não há muitos problemas pertinentes a ela. A espinha bífida cística

caracteriza-se pela protrusão sacular externa e suas duas principais formas são: meningocele e

mielomeningocele (MMC) (GAIVA; CORRÊA; SANTO, 2011). As meningoceles são

recobertas por pele e inicialmente não estão associadas com paralisia; já na MMC há um

defeito aberto da medula espinal que usualmente projeta-se dorsalmente. A MMC não é

recoberta por pele e está normalmente associada com paralisia dos nervos espinais (Figura 1)

(HINDERER; HINDERER; SHURTLEFF, 2006).

Figura 1. Mielomeningocele. (Fonte: Google)

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A malformação do tubo neural pode ocorrer ao longo da coluna vertebral, envolvendo

um ou mais segmentos, geralmente na região lombar, e os sinais clínicos característicos irão

se manifestar nas áreas abaixo do nível do defeito espinhal (EMAS, 2002).

2.1.2 Incidência

A recorrência de MMC varia entre raças e regiões do mundo. Os negros africanos têm

o menor índice (1 para cada 10.000). Os celtas (irlandeses orientais, escoceses ocidentais e

todos os galeses) registraram um índice de nascimento recorde (acima de 1 para 80)

(HINDERER; HINDERER; SHURTLEFF, 2006). Segundo Ulsenheimer et al. (2004)

acomete mais o sexo feminino e a raça branca.

Em 2005, a taxa de MMC foi de 18 para cada 100.000 nascidos nos Estados Unidos

(Centers for Disease Control Prevention, 2007), desta forma, representa o terceiro defeito

congênito mais comum após a fissura de lábio e de palato e anomalias das extremidades

(AKBAR et al., 2010) e a segunda causa de deficiência motora infantil (SHEPHERD, 1996).

Nos Estados Unidos nascem cerca de 1500 bebês com MMC por ano (JOAN; SHUBHRA,

2015). No Brasil, acomete aproximadamente 1,9 a cada 10.000 nascidos vivos

(BEVILACQUA; PEDREIRA, 2015). BIZZI e MACHADO (2012) relataram que o Brasil é o

quarto país com a maior incidência de espinha bífida entre os 41 países estudados, com taxa

de 1,139 a cada mil nascidos vivos.

2.1.3 Etiologia

A MMC é considerada uma condição clínica de etiologia desconhecida, com

evidências relacionadas aos fatores genéticos e ambientais. A MMC está frequentemente

associada com anormalidades genéticas, incluindo aberrações cromossômicas e outras

síndromes clássicas (HINDERER; HINDERER; SHURTLEFF, 2006).

O nível inadequado de ácido fólico na dieta torna a mulher mais propensa a ter filhos

afetados. Uma significante diminuição na incidência de MMC e de abortos foi observada, por

diagnóstico pré-natal no Reino Unido, durante um ensaio controlado com administração de

ácido fólico pré-natal para mulheres que tiveram uma gestação prévia de bebê com defeito do

tubo neural. Portanto, é recomendada a ingestão de ácido fólico, no mínimo 3 meses antes da

concepção, como reforço para reduzir casos recorrentes nas famílias e a ocorrência em

famílias sem um membro com MMC, uma vez que a chance de recorrência é 5% para o

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segundo filho, 10% para o terceiro e 25% para o quarto filho de um mesmo casal (ROCCO;

SAITO; FERNANDES, 2007).

Muitos estudos combinando detalhada história familiar, anatomia patológica e exames

físicos puderam determinar relativa contribuição dos teratógenos na formação da MMC, como

o excesso de ingestão alcoólica, drogas e ácido valpróico (anticonvulsivante) durante a

gestação. Muitos outros possíveis teratógenos têm sido estudados, mas descrições

inadequadas da patologia da lesão e a relativa frequência de sua ocorrência, tem resultado em

observações inconclusivas (SHURTLEFF, 1986).

2.1.4 Diagnóstico

O diagnóstico da MMC pode ocorrer no pré-natal por meio de ultrassonografia

morfológica, dosagem de alfafetoproteina e eletroforese de acetilcolinesterase do líquido

amniótico. A partir do segundo trimestre da gestação é possível detectar a malformação

(ROCCO; SAITO; FERNANDES, 2007).

A maior disponibilidade de triagem de alfafetoproteína materna e a alta resolução

ultrassonográfica de avaliação fetal favoreceram o diagnóstico pré-natal da MMC, permitindo

selecionar a cesárea e evitar o trauma do saco neural durante o parto vaginal. O resultado do

parto cesariano tem sido crianças com menos paralisia e com risco mínimo de infecção do

sistema nervoso central. A melhora dos cuidados médicos resultou em aumento da sobrevida

e secundariamente, aumento na prevalência de MMC (LIU et al., 1999).

2.1.5 Manifestações clínicas

As crianças e os adolescentes com displasia medular desafiam os fisioterapeutas

pediátricos a usar o seu conhecimento e capacidades. Mais do que um simples defeito na

medula espinal, os múltiplos sistemas do corpo afetados pela malformação congênita torna a

intervenção nestes pacientes complexa. É importante reconhecer as várias possibilidades de

manifestação nesta condição, conhecer os métodos de avaliação e a contribuição relativa de

cada manifestação para as limitações funcionais. Este conhecimento, combinado com a

habilidade de antecipar necessidades futuras e problemas potenciais, obriga o fisioterapeuta a

selecionar intervenções para otimizar as funções e prevenir o desenvolvimento de

complicações secundárias (HINDERER; HINDERER; SHURTLEFF, 2006).

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As manifestações clínicas decorrente da MMC dependerão do nível e da gravidade da

lesão medular e de problemas associados (RATLIFFE, 2002). As manifestações primárias

incluem: paralisia motora de membros inferiores (com presença de hipotonia, diminuição da

força muscular, atrofia muscular e diminuição ou abolição dos reflexos tendíneos), déficits

sensoriais, hidrocefalia e disfunção anal e vesical (MATUSHITA; PINTO, 2005). Como

consequência da hidrocefalia podem também apresentar espasticidade, alterações motoras nos

membros superiores, alterações cognitivas, visuais e de linguagem, paralisia de nervos

cranianos, convulsões e distúrbios respiratórios do sono (BARADARAN et al., 2008). Além

disso, as crianças com MMC podem desenvolver complicações como deformidades

musculoesqueléticas, osteoporose, obesidade, úlceras de decúbito e alterações vasomotoras

(SHEPHERD, 2002).

2.1.5.1 Paralisia motora

A manifestação óbvia da MMC é a paraplegia resultante da malformação da medula

espinal. A fraqueza no membro superior também pode ocorrer nessa população

independentemente do nível de lesão, e é frequente como sinal de disfunção neurológica

progressiva, como consequência do mau funcionamento da derivação ventricular ou

decorrentes da malformação de Arnold Chiari. Conhecer o nível de lesão motora é útil para

prever anormalidades associadas e traçar o prognóstico funcional (HINDERER; HINDERER;

SHURTLEFF, 2006).

O nível de lesão motora é definido como o mais baixo segmento neuromuscular funcional

intacto. O critério de avaliação do nível motor na MMC é o teste manual de força muscular

(IMSG, 1993). O envolvimento neuromuscular de indivíduos com MMC pode se manifestar

de 3 maneiras: 1) Lesões semelhantes a uma transecção completa da medula; 2) Lesões

incompletas; e 3) Lesões intercaladas. As lesões semelhantes a uma transecção completa da

medula manifestam-se com função normal até um determinado nível, a seguir há paralisia

flácida, perda de sensibilidade e ausência de reflexos. As lesões incompletas têm uma mistura

de manifestação de espasticidade e controle voluntário. Nas lesões intercaladas, segmentos

caudais estão normais apesar da presença de um ou mais segmentos não-funcionantes

entrepostos entre o segmento espinal cefálico mais intacto (Patient Data Management System,

1994).

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2.1.5.2 Deficits sensoriais

Os déficits sensoriais estão presentes, porém não estão bem definidos nesta população,

porque os níveis sensoriais frequentemente não se correlacionam com os níveis motores e

pode ser que em indivíduos com lesões medulares intercaladas falte essa sensação. Os

indivíduos com MMC podem depender fortemente da visão para compensar seus déficits

sensoriais (SHURTLEFF, 1986; CHRISTOFOLETTI et al., 2007).

2.1.5.3 Hidrocefalia

A hidrocefalia é o acúmulo excessivo de líquido cérebro-espinal nos ventrículos do

cérebro. Aproximadamente mais de 25% das crianças com MMC nascem com hidrocefalia.

Além disso, 60% desenvolvem após a cirurgia de fechamento da lesão nas costas (REIGEL,

1992). Se não for tratada, a expansão dos ventrículos continua podendo causar lesão do córtex

cerebral com prejuízo cognitivo e funcional. A hipoplasia cerebelar com o deslocamento

caudal do tronco encefálico através do forame magno, conhecida como malformação de

Arnold Chiari tipo II, está comumente associada com a hidrocefalia (CHRISTOFOLETTI et

al., 2007).

• A hidrocefalia ocasionalmente controla-se espontaneamente, contudo, de 80 a 90% das

crianças requerem uma derivação. Um catéter ventrículo-peritoneal deriva o excesso de

líquido dos ventrículos laterais do cérebro para o espaço peritoneal, onde ele será reabsorvido.

Devido à derivação ser um corpo estranho, pode causar um foco de infecção ou pode obstruir-

se, necessitando de intervenção neurocirúrgica. Repetidas ou disfunções prolongadas da

derivação e infecções frequentemente conduzem para um declínio adicional cognitivo e

funcional da criança. A disfunção da derivação resulta em aumento da pressão intracraniana

devido ao acúmulo de líquor, e é frequentemente graduada através de sintomas. Os terapeutas

devem se familiarizar com esses sintomas (abaulamento da fontanela anterior, vômitos,

alterações oculares, edema e eritema ao longo da extensão do dreno, choro excessivo,

irritabilidade, letargia, convulsões, crescimento anormal da circunferência da cabeça,

nistagmo ou estrabismo) para facilitar a detecção precoce e apropriada. A hidrocefalia persiste

ao longo da vida com consequente necessidade de acompanhamento por um médico que

esteja familiarizado com as complicações associadas à MMC (HINDERER; HINDERER;

SHURTLEFF, 2006).

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2.1.5.4 Deformidades musculoesqueléticas

As deformidades espinais e de membros inferiores e as contraturas articulares ocorrem

frequentemente em crianças com MMC. Elas afetam negativamente o posicionamento, a

imagem corporal, o suporte de peso (sentado e em pé), as atividades de vida diária, o gasto

energético e a mobilidade. Muitos fatores contribuem para a postura anormal, deformidade de

membros e contraturas articulares, incluindo o desequilíbrio muscular secundário a disfunção

neurológica, disfunção neurológica progressiva, posicionamento intrauterino, coexistência de

malformações congênitas, adoção de postura após o nascimento, redução ou ausência de

movimento articular ativo e deformidades após fraturas. Os membros superiores podem

também estar envolvidos como resultado da espasticidade (devido mau funcionamento da

derivação ventricular) ou hábitos posturais pobres. No membro superior provavelmente as

alterações de movimento estão na cintura escapular, devido ao uso excessivo dos braços nas

transferências posturais e hábitos posturais errados (MAYFIELD, 1991).

Há muitas razões para manter a ADM articular. A ADM limitada pode interferir nas

atividades de vida diária, na mobilidade deitado e nas transferências. A mobilidade deitada é

mais eficiente e o alto cuidado mais fácil para os indivíduos que tem flexibilidade. A restrição

da ADM combinado com fraqueza muscular pode resultar em hábitos posturais pobres e

desvio da marcha. A restrição da mobilidade articular pode resultar no aumento do

comprimento de músculos fracos, não permitindo que eles funcionem no seu nível ótimo da

curva comprimento-tensão. A limitação da ADM pode resultar em desconforto, especialmente

quando deitado (por exemplo, flexores do quadril encurtados na postura supina). As

contraturas severas também podem afetar negativamente a imagem corporal. As contraturas

que parecem insignificantes podem tornar-se funcionalmente limitantes uma vez que o

indivíduo assume proporções corporais do individuo adulto (por exemplo, a contratura de

extensão dos joelhos pode interferir na habilidade de manusear a cadeira de rodas). Em casos

extremos, a dificuldade no gerenciamento da paralisia dos membros em virtude das

contraturas articulares pode colocar o individuo em risco de lesões de pele e possíveis

amputações por causa do aumento da incidência de lesões. O impacto da limitação de ADM

no desempenho funcional deve ser considerado antes de decidir qual intervenção será

indicada (HINDERER; HINDERER, 1988).

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2.1.5.5 Osteoporose

A diminuição da densidade mineral óssea, secundária a hipotonia ou flacidez muscular

combinada com diminuição do suporte de peso nos ossos, devido à alteração da mobilidade, é

frequentemente observada em crianças com MMC e frequentemente resulta em fraturas

osteoporóticas (HINDERER; HINDERER; SHURTLEFF, 2006).

2.1.5.6 Disfunção anal e vesical

Menos de 5% das crianças com MMC desenvolvem controle dos esfíncteres vesical e

anal. A função dos segmentos S2 até S4 ausentes ou anormais é a razão primária para a

incontinência. O esfíncter anal pode ser flácido, hipotônico ou espástico, causando diferentes

manifestações da disfunção durante a defecação. A sensibilidade anorretal é frequentemente

afetada, privando o indivíduo de receber informação sensorial do movimento intestinal. Além

da incontinência, a constipação também pode ocorrer (REIGEL, 1992). Felizmente, os

programas de treinamento podem ter resultados efetivos, minimizando os problemas de

incontinência e constipação (KING et al., 1994).

Assim como os nervos que controlam a defecação, os nervos que controlam a bexiga

são afetados. Vários tipos diferentes de disfunção podem ocorrer dependendo da tonicidade

do músculo detrusor na parede da bexiga e do esfíncter externo da bexiga. As estratégias de

intervenção na bexiga são direcionadas aos pontos da disfunção. O objetivo é a continência,

livre de infecção e com preservação da função renal. O fluxo retrógrado de urina da bexiga

em direção aos ureteres e depois para os rins, denominado refluxo vesico-ureteral, pode

ocorrer sem sinais ou sintomas, não sendo evidente até o último estágio irreversível de

falência renal. O inadequado esvaziamento da bexiga com retenção de urina residual fornece

um meio de cultura para bactérias, causando recorrentes infecções urinárias e, possível sepse.

A adequada intervenção na bexiga é um componente essencial na longevidade de pessoas com

MMC, além de ser uma importante questão social (REIGEL, 1992; HINDERER;

HINDERER; SHURTLEFF, 2006).

2.1.5.7 Obesidade

A obesidade é um problema de causa multifatorial comum na criança com MMC.

Contribuem para este problema a hidrocefalia, que pode levar a uma disfunção do centro da

fome; os problemas emocionais, que culminam no aumento da ingestão de alimentos mais

calóricos; e a diminuição da mobilidade, causada pela paralisia motora, o que dificulta a gasto

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energético. A obesidade nestas crianças prejudica o uso das órteses e a postura na cadeira de

rodas, e pode afetar a independência e a eficiência das transferências, mobilidade e as

atividades de autocuidado. As crianças com mobilidade reduzida, deambuladoras ou não-

deambuladoras, podem ficar constrangidas ao participarem de atividades físicas, fazendo com

que diminuam sua participação. Assim, a obesidade desenvolve-se, piorando a autoimagem e,

criando o ciclo vicioso que perpetua o ganho de peso (MOURA; SILVA, 2005).

2.1.5.8 Cognição e Linguagem

O fechamento precoce da lesão medular, com intervenção antibiótica para prevenir

meningites, e a melhora da derivação da hidrocefalia tem aumentado a expectativa da função

cognitiva de crianças com MMC. A maioria das crianças sem hidrocefalia ou sem

complicações da hidrocefalia terão diminuição intelectual dentro da média normal nos testes

de inteligência. Os scores de inteligência tendem a ser mais altos em grupos com nível de

lesão lombar e sacral do que grupos com nível de lesão torácica. A pontuação de testes

verbais geralmente excede a pontuação de testes de desempenho, essas diferenças podem ser

explicadas pela falta de coordenação do membro superior e déficits de memória (SHAFFER

et al., 1986).

2.1.6 Classificação do nível funcional na MMC

O principal comprometimento motor da MMC é a paraplegia, no entanto, devido o

envolvimento neuromuscular destes indivíduos poder se manifestar de maneiras distintas,

foram propostas classificações com o objetivo de agrupar indivíduos com semelhante nível

neurológico de lesão, e desta forma, determinar o grau de função motora que a criança terá

nos membros inferiores, sua independência na mobilidade e locomoção e direcionar a

abordagem terapêutica (BARTONEK et al., 1999; RATLIFFE, 2002). A classificação

proposta por Hoffer et al. (1973) é a mais utilizada na prática clínica e consiste na avaliação

funcional do nível de lesão neurológica realizando o exame motor, sendo caracterizado em

quatro grupos (Quadro 1).

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Quadro 1. Classificação do nível funcional na MMC.

Nível funcional na MMC Características

Torácico Ausência de musculatura ativa dos

quadris para baixo

Lombar alto

Presença de atividade muscular de

flexores e adutores de quadris, e

eventualmente, extensores de joelhos

Lombar baixo

Presença de atividade muscular de

flexores e adutores de quadris, flexores e

extensores de joelhos, e eventualmente,

abdutores dos quadris e/ou dorsiflexores

dos tornozelos

Sacral

Presença de atividade muscular de

flexores, extensores, abdutores e adutores

de quadris, flexores e extensores de

joelhos, dorsiflexores dos tornozelos, e

eventualmente, flexores plantares

Fonte: Adaptado de BERGAMASCHI et al. (2012).

2.1.7 Prognóstico

O prognóstico da MMC está relacionado ao nível da lesão medular, isto é, quanto mais

alta for a lesão pior será o prognóstico relativo à morbidade e mortalidade. Ele pode tornar-se

ainda pior se houver hidrocefalia, deformidades da coluna ou ainda lesões adicionais somadas

ao quadro (POUNTNEY; MCCARTHY, 2000).

O prognóstico da MMC foi drasticamente modificado nos últimos 60 anos, passando

de uma situação onde a sobrevivência era rara, antes do desenvolvimento da derivação

ventricular, para uma época na qual o aprimoramento do tratamento, de métodos diagnósticos

e técnicas cirúrgicas têm diminuído as lesões neurológicas presentes ao nascimento e reduzido

a incidência de complicações que resultam em óbito (BIZZI; MACHADO, 2012).

Atualmente os indivíduos com espinha bífida vivem mais tempo por causa dos

avanços da ciência médica e, pelo menos, 60 a 75% das crianças nascidas com espinha bífida

podem chegar a idade adulta (KONDO; KAMIHIRA; OZAWA, 2009). Apesar disso, há uma

descontinuidade dos cuidados com o passar dos anos. Estudos prospectivos forneceram

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informações sobre os tipos de comorbidades apresentadas por adultos com espinha bífida, tais

como, problemas associados com a derivação ventricular, síndrome da medula presa,

escoliose, alergias, convulsões, incontinência urinária (YOUNG et al., 2014), infecção do

sistema nervoso central, complicações respiratórias e cardíacas (BOWMAN et al., 2001).

A preparação para a vida adulta deve ter início na infância, com o aprendizado para

realização do cateterismo vesical pelo próprio paciente, incentivo a educação, formação

acadêmica e profissional, atividade física e orientação sexual (BIZZI; MACHADO, 2012).

2.1.8 Uso da cadeira de rodas na MMC

Apenas em 20% das crianças com MMC a lesão medular ocorre no nível sacral,

permitindo maior possibilidade de deambulação independente (GROOT et al., 2010); na

maioria dos casos, a região da lesão medular é tóraco-lombar, restando apenas a possibilidade

de deambulação com uso de recurso auxiliar, como órteses e muletas ou uso de cadeira de

rodas para locomoção. Além disso, apenas 50% dos pacientes com MMC com nível de lesão

lombar alto permanecem deambulando na adolescência (MOURA; SILVA, 2005). Bowman

et al. (2001) encontraram um declínio de 95% (0 a 5 anos de idade) para 45% (20 a 25 anos

de idade) da deambulação como o principal forma de locomoção em pacientes com espinha

bífida.

Portanto, existe uma tendência de piora da deambulação nos indivíduos com MMC na

passagem da infância para a vida adulta, com uma taxa de dependência de cadeira de rodas de

20-50% para aqueles que deambulavam na infância. A ocorrência de deformidades ósseas,

ganho de peso e falta de atividade física são fatores contribuintes para que isso ocorra (BIZZI,

MACHADO, 2012).

A dependência da cadeira de rodas pode causar alterações de formas variadas entre os

indivíduos. A hipoatividade apresentada pelos usuários de cadeira de rodas gera a síndrome

do imobilismo ou síndrome da inatividade, caracterizada por alterações no funcionamento dos

sistemas musculoesquelético, cardiovascular, tegumentar, respiratório, geniturinário,

gastrointestinal e nervoso (McDONALD, 2002). As possíveis alterações causadas são: ganho

excessivo de peso, alterações posturais (como escoliose), dor, fraqueza muscular, contraturas,

atrofia por desuso, deformidades, escaras, diminuição da resistência cardiovascular,

osteoporose, calcificação heterotópica, depressão e até dependência psicológica (SILVA,

2009).

Foi relatado que para adultos paraplégicos, o uso diário desse equipamento leva também a

altas incidências de dor no ombro, pois, em média são realizadas 14 a 18 transferências por

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dia (ALONSO et al., 2010). A propulsão da cadeira de roda ocasiona instabilidade da

musculatura do manguito rotador e, principalmente, lesão no músculo supra-espinhal,

existindo alta prevalência de dor na articulação glenoumeral, prejudicando a independência

funcional, que é tão essencial. As dores ou instabilidades geradas no ombro acarretam certas

limitações, implicando negativamente na realização das atividades diárias, profissionais ou

esportivas.

2.2 Força e fadiga muscular

A fadiga muscular pode ser uma resposta normal ao esforço físico ou um dos sintomas de

uma doença. Existe uma grande variedade de definições para a fadiga muscular. Em sua

maioria, elas descrevem a fadiga como uma dificuldade para iniciar ou sustentar as atividades

motoras voluntárias ou a incompatibilidade entre o esforço realizado e o real desempenho

(FINSTERER; MAHJOUB, 2014).

O processo de fadiga inclui mudanças fisiológicas importantes, que ocorrem antes e

durante a falha mecânica. Segundo Boyas e Guével (2011), não há um fator único que

provoque a fadiga, mas um complexo mecanismo que pode incluir alterações no sistema

nervoso central (fadiga central) ou no sistema nervoso periférico (fadiga periférica). Na fadiga

central ocorre diminuição da taxa de ativação das unidades motoras no início da contração

muscular, ao passo que, na fadiga periférica há uma diminuição na força contrátil das fibras

musculares e modificações nos mecanismos subjacentes a transmissão de potenciais de ação

ao músculo nas terminações nervosas e junção neuromuscular (ABD-ELFATTAH;

ABDELAZEIM; ELSHENNAWY, 2015).

A fadiga neuromuscular tem sido descrita como um decréscimo ou falha no rendimento

muscular durante a execução de determinada tarefa motora. A produção de força, por sua vez,

depende da concentração de Ca²⁺ no mioplasma, da sensibilidade das proteínas miofibrilares a

este íon e da produção de força durante a ativação máxima das pontes cruzadas. Com menos

Ca²⁺ para ligar-se à troponina, devido a queda na concentração de Ca²⁺ ou sensibilidade

reduzida das proteínas contráteis a uma dada concentração de Ca²⁺, ocorre redução da

capacidade de produção de força pela musculatura, portanto essa parece ser as bases

fisiológicas que explicam o desenvolvimento da fadiga (PEREIRA, 2010).

As consequências da fadiga muscular são: declínio da força muscular durante e após

exercícios submáximos e máximos; incapacidade de manter uma determinada intensidade de

exercício no tempo; diminuição da velocidade de contração e aumento do tempo de

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relaxamento muscular; alteração de alguns parâmetros eletromiográficos durante contrações

musculares isométricas e dinâmicas, máximas e submáximas e variação das concentrações

intra e extracelulares de alguns metabólitos e íons (ASCENSÃO et al., 2003). No entanto, os

músculos das crianças saudáveis respondem de forma diferente do indivíduo adulto, quando

submetidos a treinamento muscular. As crianças são capazes de resistir à fadiga melhor do

que os adultos, durante uma ou várias repetições de exercício de alta intensidade (BAR-OR;

ROWLAND, 2004). Este melhor desempenho pode ser explicado pelas características dos

músculos das crianças, que são quantitativamente e qualitativamente diferentes dos adultos.

As crianças têm menos massa muscular do que os adultos e, portanto, podem gerar valor

absoluto de energia inferior durante o exercício de alta intensidade (LEXELL et al., 1992;

JANSSON, 1996). Alguns pesquisadores também mostraram que as crianças são mais

preparadas para um padrão oxidativo do que glicolítico, o que levaria a um menor acúmulo

dos subprodutos do músculo, além disso, a baixa capacidade das crianças para ativar as fibras

musculares do tipo II, também explicaria sua maior resistência à fadiga durante contrações

isométricas máximas (KACZOR et al., 2005). O menor acúmulo muscular de subprodutos

observado em crianças pode ser sugestivo de sinal metabólico reduzido, que induz menores

níveis de fadiga. Fatores como rápida ressíntese de fosfocreatina, maior capacidade oxidativa,

melhor equilíbrio ácido-básico, maior velocidade em reestabelecer as funções

cardiorrespiratórias e maior remoção de subprodutos metabólicos nas crianças, também

poderiam explicar sua recuperação mais rápida após exercício de alta intensidade (RATEL et

al., 2006).

2.2.1 Mensuração da força e fadiga muscular

Quando mensurada de maneira adequada, a força muscular é um excelente indicador da

saúde geral (DANNESKIOLD-SAMSOE et al., 2009).

A mensuração objetiva da força e fadiga muscular pode ser obtida por intermédio de teste

da força da contração voluntária isométrica, concêntrica ou excêntrica, utilizando

instrumentos, como o dinamômetro. Ambos os tipos de contração podem ser realizadas de

forma máxima (100% da força), chamada de contração voluntária máxima (CVM), ou de

forma submáxima, ou seja, uma porcentagem da CVM. Verifica-se a presença de fadiga

quando ocorre declínio da CVM no decorrer do tempo. Alguns dos equipamentos mais

utilizados são: o dinamômetro de medida da preensão palmar (dinamômetro de bulbo)

(MARTIN, 2006; TOLEDO, 2012; SOUZA et al., 2014), dinamômetro manual (handheld) e

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o dinamômetro isocinético (KILMER et al., 1994; LINDEMAN et al., 1999; BACK;

MATTIELLO-SVERZUT, 2007).

Dentre os dinamômetros manuais, o handheld (DHH) é um equipamento de fácil

manuseio e permite uma medição rápida e objetiva da força isométrica, podendo ser uma

alternativa para o uso frequente em clínicas, laboratórios, cuja aplicabilidade pode se estender

às diversas populações. Quando comparado com padrão ouro (dinamômetro isocinético), o

DHH possui baixo custo e, por ser portátil, é de fácil manuseio (HÉBERT et al., 2011). Nosso

grupo de pesquisa está desenvolvendo o projeto intitulado “Confiabilidade intra e

interexaminador da avaliação pelo dinamômetro handheld em escolares de 5 a 15 anos” e até

o presente momento, os resultados mostraram que diferentes examinadores podem utilizar o

DHH Lafayette® na prática clínica e na pesquisa pediátrica com excelente confiabilidade

entre as respostas.

O dinamômetro de preensão palmar é um aparelho portátil, de baixo custo financeiro, que

permite obter os valores de CVM de forma rápida e segura. Também apresenta elevada

confiabilidade, sendo bastante utilizado no meio clínico e científico (HAWARD, GRIFFIN,

2002).

A atividade isocinética, que teve seus primeiros conceitos elaborados em 1967, pode ser

conceituada como uma contração muscular na qual a velocidade angular é constante,

independentemente da vontade do indivíduo acelerar o movimento, e que possui acomodação

da resistência de acordo com o arco de movimento (DROUIN et al., 2004). Assim que o

membro atinge a velocidade angular pré-determinada, a resistência do mecanismo se adapta

automaticamente à força exercida para manter a velocidade constante, permitindo 100% de

recrutamento das unidades motoras. Alguns sistemas de exercício isocinético foram

elaborados tanto para teste quanto para treinamento da musculatura de membros ou tronco.

Este equipamento permite o estudo de variáveis do desempenho muscular que envolve força,

potência, resistência e fadiga muscular. A avaliação isocinética fornece o valor de pico de

torque em relação ao peso (do membro avaliado), sendo que as velocidades de treino e teste

disponíveis variam, sendo que, velocidades mais baixas (como 60ºs-¹) são utilizadas para

mensurar força e velocidades mais altas (como 120ºs-¹) para mensurar potência (PERRIN,

1993; DVIR, 2002; MARTINS; ESTEVES; PASSOS, 2006). Para que a potência aumente, o

exercício deve sofrer influência tanto da velocidade com que o músculo se contrai quanto da

relação existente entre velocidade-força (DUFOUR; GENOT; LEROY, 1998, KISNER;

COLBY, 1998).

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Objetivos

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3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

O objetivo geral do estudo foi identificar potenciais diferenças dos valores de força,

potência e fadiga de músculos dos membros superiores de crianças e adolescentes não-

deambuladores com MMC, utilizando-se diferentes recursos de avaliação quantitativa, em

relação aos valores obtidos em crianças e adolescentes saudáveis, pareados pela idade e

gênero.

3.2 Objetivos Específicos

Identificar e comparar valores de força isométrica por meio de teste realizado em

dinamômetro handheld em crianças e adolescentes saudáveis e não-deambuladores

com MMC;

Identificar e comparar valores de força de preensão palmar, por meio de teste

isométrico realizado em dinamômetro de bulbo em crianças e adolescentes saudáveis e

não-deambuladores com MMC;

Identificar e comparar valores de força, potência, trabalho e fadiga muscular por meio

de teste realizado em dinamômetro isocinético em crianças e adolescentes saudáveis e

não-deambuladores com MMC.

Identificar e comparar os níveis de maturação sexual e de atividade física em crianças

e adolescentes saudáveis e não-deambuladores com MMC.

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Materiais e Métodos

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4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Caracterização da pesquisa

Trata-se de um estudo caso-controle de corte transversal.

4.2 Aspectos Éticos

O estudo atendeu as prerrogativas da resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de

Saúde, quanto aos parâmetros de pesquisa em seres humanos, sendo aprovado pelo Comitê de

Ética em Pesquisa junto a Plataforma Brasil (parecer nº 551.115/2014).

4.3 Voluntários

O cálculo do tamanho amostral de indivíduos foi feito considerando um desenho de

estudo do tipo caso-controle, seguindo a metodologia de determinação do tamanho amostral

proposta por Schlesselman (1982), que necessita da proporção exposta entre os casos (alvo de

atenção) e da quantidade de controles (sujeitos saudáveis) para cada caso. Este estudo

considerou a proporção de pacientes com diagnóstico de MMC exposta no Ambulatório

Neurológico Infantil (NRI) da Universidade de São Paulo - HCFMRP (número de pacientes

atendidos). De um total de 44 crianças e adolescentes com mielomeningocele em

acompanhamento, 20 são não-deambuladores e usuários de cadeira de rodas (valor

equivalente: 45% do total). Para cada caso com MMC, associado à ausência de marcha

comunitária ou domiciliar, foi ponderada uma quantidade de dois controles. Com base nestas

informações obteve-se um tamanho mínimo amostral de 15 indivíduos para o grupo não-

deambuladores e 30 indivíduos para o grupo controle.

Para a determinação da idade mínima dos voluntários (estabelecida em 8 anos) e do

protocolo experimental, que será descrito adiante, foram realizados testes piloto com a

participação de crianças saudáveis.

Participaram deste estudo 33 crianças e adolescentes, com idade entre 10 e 16 anos,

distribuídos em dois grupos: Grupo não-deambuladores (GND) e Grupo controle (GCT).

Todas as crianças e adolescentes participaram de forma voluntária na pesquisa e foram

capazes de compreender as tarefas motoras solicitadas.

4.3.1 Critérios de Inclusão e Exclusão

O GND foi composto por 11 crianças e adolescentes com MMC, com nível de lesão

medular torácico, lombar alto ou lombar baixo (segundo critérios estabelecidos por Hoffer et

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al., 1973), que fazem uso de cadeira de rodas e que estão em acompanhamento no

Ambulatório Neurológico Infantil (NRI) do HCFMRP da Universidade de São Paulo (amostra

de conveniência). Os critérios de inclusão do GND foram: pacientes que frequentam o Centro

de Reabilitação (CER) HCFMRP-USP, residentes ou não do município de Ribeirão Preto,

com diagnóstico confirmado de MMC, obrigatoriamente cadeirantes, ou seja, que não

apresentavam marcha independente ou assistida por dispositivos auxiliares, mesmo que por

curta distância. Os critérios de exclusão incluíram: deambulação independente ou assistida,

alterações cardiovasculares, disfunções respiratórias crônicas ou causadas por deformidades

na coluna vertebral, histórico de hidrocefalia que comprometesse a compreensão para

execução dos testes.

O GCT foi composto por 22 crianças e adolescentes saudáveis selecionados

aleatoriamente na cidade de Ribeirão Preto – SP e região. Os critérios de inclusão do GCT

envolveram crianças e adolescentes pareados com GND, quanto a idade e gênero. Os critérios

de exclusão compreenderam distúrbios psiquiátricos, doenças neuromusculares, neurológicas,

disfunções cardiorrespiratórias crônicas, síndromes genéticas ou metabólicas, desnutrição,

diminuição das amplitudes de movimento dos ombros e/ou qualquer teste especial positivo

para instabilidade da articulação do ombro.

4.3.2 Recrutamento dos voluntários

O recrutamento dos voluntários para composição do GND foi realizado a partir de um

convite aos pais no NRI-HCFMRP. Abaixo, segue o fluxograma de exclusão destes

participantes no presente estudo.

A seleção dos voluntários do GCT foi realizada em instituições públicas e privadas,

como escolas e organizações não-governamentais, do município de Ribeirão Preto - SP. Os

diretores, coordenadores e/ou responsáveis por tais instituições autorizaram a pesquisa, após

16 Participantes com MMC elegíveis

11 Participantes com MMC incluídos

e analisados no estudo

Recusaram participar do estudo (n=3) Realizou cirurgia recente (n=1) Apresentava escoliose severa (n=1)

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entrega de uma cópia do projeto e esclarecimentos sobre o estudo. Foram distribuídos Termos

de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) aos potenciais voluntários e agendada a

primeira fase da coleta dos dados (nome, idade, gênero, peso, altura e telefone), ou seja, foi

criado de um banco de dados. O Quadro 2 apresenta as instituições participantes e número de

potenciais voluntários. Em seguida, as avaliações fisioterapêuticas foram agendadas para

aqueles que se encaixassem no desenho do estudo (pareamento com o GND) e cujos

responsáveis consentissem em participar desta presente pesquisa.

Quadro 2. Instituições visitadas no município de Ribeirão Preto - SP e quantidade de

voluntários envolvidos no estudo.

Instituição

Quantidade de

indivíduos

avaliados

Quantidade de

indivíduos

pareados ao GND

e convidados para

participar do

estudo

Quantidade de

voluntários que

consentiram participar

do estudo (GCT)

E.E. Prof.

Romualdo

Monteiro de

Barros

213 10 1

Colégio Anchieta 178 12 6

Colégio Ideal 34 5 4

ONG´s, Igrejas e

comunidade em

geral

91 16 11

TOTAL 516 43 22

4.4 Procedimentos de avaliação

Após a seleção dos voluntários, segundo os critérios de inclusão e exclusão, o termo

de consentimento livre e esclarecido (TCLE) (Apêndice I) foi lido e assinado pelos

responsáveis, em seguida, iniciaram-se as avaliações. A coleta dos dados pessoais foi efetuada

junto aos pais e a partir da ficha de cadastro.

Todas as avaliações nos indivíduos dos GND e GCT foram realizadas no Centro de

Reabilitação (CER) do HCFMRP – USP e no prédio da Fisioterapia e Terapia Ocupacional –

USP, contendo os recursos específicos, em sala apropriada. Todos os dados avaliados foram

registrados em uma ficha individual de avaliação (Apêndice II).

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53

Previamente à realização do protocolo experimental de avaliação, foram fornecidas

informações pertinentes de cada técnica e esclarecidas quaisquer dúvidas que as crianças,

adolescentes e seus pais pudessem ter durante a realização do estudo. Foi realizada uma

entrevista com as crianças, adolescentes e seus responsáveis para coleta das informações, tais

como: idade, lado dominante do corpo, complicações clínicas e/ou doenças associadas, além

de medicamentos utilizados.

A avaliação física das crianças e adolescentes aconteceu uma única vez e foi composta

pelos procedimentos descritos a seguir.

4.4.1 Massa corporal e estatura

Nos voluntários do GCT a massa corporal foi mensurada por meio de uma balança

antropométrica eletrônica da marca Welmy® W200/5 com capacidade para 180 quilogramas

(Kg) e resolução de 0,1 Kg. Os valores foram registrados em Kg e frações de 0,1 Kg de

acordo com a resolução da balança. A estatura foi obtida por meio de estadiômetro da marca

Tonelli®, fixado à parede, graduado em milímetros, com total de 2 metros. O valor foi

registrado em centímetros (cm), com precisão de 0,1 cm. As mensurações ocorreram com o

voluntário na posição ortostática, minimamente encostado no estadiômetro, com roupa e sem

calçados.

Para os voluntários do GND, a massa corporal foi obtida indiretamente, em balança

própria para cadeirantes, através da subtração do peso da cadeira da massa corporal de cada

voluntário em sua cadeira de rodas; os valores foram registrados em Kg e frações de 0,1 Kg

de acordo com a resolução da balança. A estatura foi obtida pela envergadura (comprimento

entre a ponta do dedo médio de uma mão à outra), utilizando uma fita métrica. O valor

registrado foi em centímetros (cm), com precisão de 0,1 cm.

4.4.2 Composição corporal

A avaliação da composição corporal pode ser utilizada para avaliar o crescimento e o

desenvolvimento em crianças e adolescentes. A bioimpedância elétrica é um método de

avaliação não-invasivo, indolor, livre de radiação, rápido, seguro e simples, capaz de estimar

a composição do organismo, através da passagem pelo corpo de uma corrente elétrica de

baixa amplitude e alta frequência (CÔMODO et al., 2009). Assim, se baseia no nível de

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hidratação de cada tecido, sendo a massa magra um bom condutor de energia e a massa gorda

um mau condutor (SANT’ANNA et al., 2009).

A composição corporal foi avaliada por meio de equipamento de bioimpedância

elétrica do tipo tetrapolar do fabricante Biodynamics® (modelo 450), seguindo as

recomendações do fabricante (Figura 2). Este aparelho estima massa livre de gordura, ou

massa magra, por medir a resistência dos tecidos do corpo a uma corrente elétrica alternada

50 kHz de 800 mA. O teste foi realizado estando voluntário em decúbito dorsal sobre uma

superfície não condutora, com pés e mãos ligeiramente afastados da linha média. O local de

colocação dos eletrodos foi previamente higienizado com álcool. Os eletrodos foram

posicionados no pé direito (eletrodo distal na base do 3° dedo e eletrodo proximal na linha

articular entre os maléolos medial e lateral) e na mão direita (eletrodo distal na base do 3°

dedo e eletrodo proximal na linha articular próximo ao processo estiloide).

Como a bioimpedância é sensível às variações hídricas da pessoa avaliada, para uma

boa precisão do teste, as seguintes recomendações foram dadas aos voluntários da pesquisa:

- evitar consumo de cafeína (café, chá, chocolate), 24h antes do teste;

- não realizar atividade física intensa e evitar refeição pesadas, 4h antes do teste;

- realizar o esvaziamento vesical antes do teste.

4.5 Classificação do nível funcional da MMC

O nível funcional, apenas para os participantes de GND, foi avaliado segundo

protocolo de Hoffer et al. (1973). Foi solicitado ao voluntário que realizasse a movimentação

ativa dos grupos musculares dos membros inferiores; em seguida, era determinada a

classificação do nível neurológico.

Figura 2. Equipamento de bioimpedância

elétrica (Biodynamics® - modelo 450)

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4.6 Classificação do nível de atividade física

O nível de atividade física foi determinado por meio da aplicação do Questionário

Internacional de Nível de Atividade Física (IPAQ) – versão curta (Anexo I). Este questionário pode

ser aplicado na forma de entrevista, com auxílio do pesquisador. Para o GND foi aplicado o mesmo

questionário, porém com adaptação para cadeirantes (KAWANISHI, 2012). O nível de atividade

física foi classificado conforme descrito no Quadro 3.

Quadro 3. Classificação do nível de atividade física, segundo a versão curta do IPAQ.

Classificação do nível de atividade

física

Descrição

Sedentário Ausência de atividade física por pelo

menos 10 minutos contínuos durante a

semana

Insuficientemente ativo Realização de atividade física por pelo

menos 10 minutos por semana, porém

insuficiente para ser classificado como

ativo

Ativo Realização de exercícios vigorosos três

ou mais dias por semana/20 minutos

por sessão, ou realização de atividades

moderadas ou caminhadas cinco dias

ou mais por semana/30 minutos por

sessão, ou realização de caminhada

mais atividade moderada, mais

atividade vigorosa cinco dias ou mais

por semana (somando 150 minutos por

semana)

Muito Ativo Realização de atividades vigorosas

mais de cinco dias por semana/20

minutos por sessão ou realização de

atividades vigorosas três dias por

semana/20 minutos por sessão mais

atividades moderadas ou caminhadas

cinco dias na semana/30

minutos/sessão.

Fonte: KAWANISHI, 2012.

4.7 Classificação do nível de maturação sexual

A puberdade é um período de 3 a 4 anos de maturação biológica na adolescência,

caracterizado pelo aparecimento de caracteres sexuais secundários e crescimento pondero

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estatural importante, como o ganho de aproximadamente 20% da estatura e 50% do peso

adultos (CHIPKEVITCH, 2001).

Os adolescentes de mesma idade podem estar em fases diferentes da puberdade, uma

vez que esta progride de forma muito variável (VAN BUUREN, 2013). Desta forma, a idade

cronológica não é o parâmetro mais seguro para a caracterização de um adolescente e o

estadiamento da puberdade se torna a medida mais adequada para a caracterização do grau de

maturação.

Atualmente o método mais utilizado de estadiamento da maturação sexual é o

padronizado por Tanner, através da avaliação das mamas e dos pêlos pubianos no sexo

feminino, e dos genitais e pêlos pubianos no sexo masculino (TANNER, 1962). Leva-se em

consideração para as mamas e os genitais masculinos, tamanho, forma e características; e para

os pêlos pubianos, quantidade e distribuição. O estadiamento deve ser sempre realizado

separadamente: mamas (M) e pêlos (P) para o sexo feminino, e, genitais (G) e pêlos (P) para o

sexo masculino (Quadro 4), pois a maturação destas regiões do corpo segue mecanismos

hormonais e genéticos diferentes, portanto, adolescentes poderão estar em fases diferentes

para cada uma destas (CHIPKEVITCH, 2001).

Para o sexo masculino, as medidas são desenvolvimento genital (5 fases: G1-G5) e

pêlos pubianos (6 fases: P1-P6). Para o sexo feminino, as medidas incluem o

desenvolvimento da mama (5 fases: M1-M5) e pêlos pubianos (6 fases: P1-P6) (Quadro 4).

(VAN BUUREN, 2013).

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Quadro 4. Características dos estágios de maturação sexual.

Genitais (sexo masculino)

G1 Pênis, testículos e saco escrotal de tamanho e proporções infantis.

G2 Aumento inicial do volume testicular (> 4mL). Pele escrotal muda de

textura e torna-se avermelhada. Aumento do pênis mínimo ou ausente.

G3 Crescimento peniano, principalmente em comprimento. Maior crescimento

dos testículos e do saco escrotal.

G4

Continua o crescimento peniano, principalmente em diâmetro, e com maior

desenvolvimento da glande. Maior crescimento dos testículos e do saco

escrotal, com maior pigmentação da pele.

G5 Desenvolvimento completo da genitália, que assume tamanho e forma

adulta.

Mamas (sexo feminino)

M1 Mama infantil, com elevação somente da papila.

M2

Broto mamário com aumento inicial da glândula mamária, com elevação da

aréola e papila, formando uma pequena saliência. Aumenta o diâmetro da

aréola, com modificação de sua textura.

M3 Maior aumento da mama e da aréola, mas sem separação dos contornos.

M4 Maior crescimento das mamas e da aréola, sendo que esta agora forma uma

segunda saliência acima do contorno da mama.

M5 Mamas com aspecto adulto. O contorno aerolar é novamente incorporado ao

contorno da mama.

Pêlos pubianos (ambos os sexos)

P1 Ausência de pêlos pubianos. Pode haver uma leve penugem semelhante à

observada na parede abdominal

P2

Aparecimento de pêlos longos e finos, levemente pigmentados, lisos ou

pouco encaracolados, principalmente na base do pênis ou ao longo dos

grandes lábios.

P3 Maior quantidade de pêlos, agora mais grossos, escuros e encaracolados,

espalhando-se esparsamente pela sínfise púbica.

P4 Pêlos do tipo adulto, cobrindo mais densamente a região púbica, mas ainda

sem atingir a face interna das coxas.

P5 Pilosidade pubiana igual a do adulto, em quantidade e distribuição,

invadindo a face interna das coxas.

P6 Extensão dos pêlos para cima da região púbica.

Fonte: Taylor et al. (2001).

Os estágios de maturação sexual ou estágios de Tanner compreendem 5 estágios: o

estágio 1 corresponde à fase infantil ou impúbere; os estágios 2, 3 e 4 caracterizam o período

puberal e o estágio 5 à fase pós-puberal ou adulta (CHIPKEVITCH, 2001).

As técnicas mais utilizadas para a avaliação da evolução das características sexuais

secundárias são a observação (exame clínico) e a auto-avaliação. No entanto, a utilização do

exame clínico implica na invasão da privacidade do sujeito avaliado (VEIGA, 2009).

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58

Utilizando-se os critérios estabelecidos por Tanner, através de um questionário auto-

aplicável, é possível determinar a maturidade sexual de crianças e adolescentes, sem, no

entanto, requerer métodos invasivos, como a dosagem sérica de níveis hormonais (TAYLOR

et al., 2001).

O nível de maturação sexual foi obtido pela aplicação de um questionário (Anexos II e

III) sobre a evolução das características sexuais secundárias de acordo com os estágios

propostos por Tanner (1962) e adaptada de Taylor et al. (2001): estágio 1 - corresponde à fase

infantil ou impúbere; estágios 2, 3 e 4 - caracterizam o período puberal e estágio 5 - fase pós-

puberal ou adulta. Os avaliadores explicaram previamente, com o máximo de detalhes e com

linguagem acessível aos voluntários, os critérios de classificação dos diferentes estágios de

maturação sexual mediante a apresentação da ficha de avaliação com figuras acompanhadas

de uma descrição por escrito. As crianças com idade inferior a 10 anos responderam este

questionário com a ajuda dos pais ou responsáveis. Este documento foi preenchido em um

ambiente mais reservado e na presença de apenas um profissional da saúde, salvaguardando a

privacidade da criança ou adolescente e evitando possível constrangimento.

4.8 Avaliação articular dos ombros

A avaliação articular dos ombros foi realizada utilizando-se testes especiais, afim de,

identificar estruturas envolvidas em algum quadro patológico. Foram considerados sinais

positivos para estes testes: presença de dor, apreensão, subluxação e incapacidade funcional.

4.9 Avaliação da força muscular isométrica (DHH)

A força muscular durante os movimentos de abdução, flexão e extensão de ombro e

flexão e extensão cotovelo foi mensurada pelo DHH (Lafayette Instrument®, Lafayette, UK)

(Figura 3).

Figura 3. Dinamômetro handheld

(Lafayette Instrument®)

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59

Durante as mensurações, o dinamômetro foi posicionado perpendicular e distalmente

ao segmento testado. Foram coletadas 3 medidas para cada movimento e para cada membro

superior, com intervalo para descanso de 20 segundos entre cada uma das medidas. Para a

avaliação dos grupos musculares citados anteriormente, foram adotados os seguintes

posicionamentos:

abdutores de ombro (ABO): criança ou adolescente em posição supina, ombro

abduzido 45°, cotovelo flexionado a 90° e punho neutro e o dinamômetro foi

posicionado próximo ao epicôndilo lateral do úmero (BEENAKKER et al., 2001)

flexores de ombro (FLO): criança ou adolescente sentado, ombro flexionado a 90°,

cotovelo em extensão e antebraço pronado; o dinamômetro foi posicionado na

superfície dorsal do antebraço, próximo ao processo estilóide (GAJDOSIK, 2005).

extensores de ombro (EXO): criança ou adolescente em supino, ombro flexionado a

90° e cotovelo flexionado; o dinamômetro foi posicionado próximo aos epicôndilos do

úmero (ANDREWS et al., 1996).

flexores (FLC) e extensores de cotovelo (EXC): criança ou adolescente em supino,

cotovelo flexionado a 90°, ombro em posição neutra e antebraço supinado; o

dinamômetro foi posicionado no punho (BEENAKER et al., 2001; HEBERT et al.,

2011).

Para análise de dados foi considerada a média dos valores de força muscular para cada

movimento e para cada membro superior, registrado na unidade de kilograma-força (Kgf).

4.10 Avaliação da força muscular de preensão palmar

A força muscular de preensão palmar foi adquirida por meio do dinamômetro de bulbo

(North Coast – NC70154) (Figura 4). As crianças e adolescentes permaneceram na postura

sentada com encosto, pés apoiados no chão, membro superior com o ombro aduzido, em

rotação neutra, cotovelo em 90º de flexão, antebraço neutro e punho entre 0º e 30º de extensão

e entre 0º e 15º de desvio ulnar, conforme recomendações da American Society of Hand

Therapists (ASHT). A preensão palmar foi desenvolvida de forma contínua. O aparelho foi

suportado pela fisioterapeuta, logo abaixo do mostrador, a fim de impedir queda acidental. O

mostrador do dinamômetro permaneceu voltado para a fisioterapeuta, durante as aferições de

medida, a fim de que o voluntário não se preocupasse com o seu desempenho. O

procedimento compreendeu a coleta de três medidas de preensão palmar com a mão direita e

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60

três medidas com a mão esquerda, durante 3 segundos, com intervalo para descanso de 10

segundos entre cada uma delas. Para representar a tensão isométrica máxima, utilizamos a

média entre dos três valores coletados para cada mão.

4.11 Avaliação isocinética

A avaliação isocinética foi realizada utilizando-se um dinamômetro isocinético

(Biodex Multjoint System 4®) (Figura 5). O equipamento foi calibrado segundo orientação do

fabricante. Os dados coletados foram adquiridos e armazenados em um computador para

posterior análise. Previamente às avaliações isométricas e isocinéticas, as crianças e

adolescentes receberam orientações com relação à realização do teste, e realizaram

aquecimento por meio de movimentos do membro superior em cicloergômetro, sem carga,

durante 3 minutos (DVIR, 2002).

Figura 4. Dinamômetro de

Bulbo (North Coast®)

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61

Todas as crianças e adolescentes foram submetidas a uma avaliação isocinética quanto

ao torque e potência muscular para os movimentos de abdução de ombro (ABO), adução de

ombro (ADO), flexão de ombro (FLO), extensão de ombro (EXO), flexão de cotovelo (FLC)

e extensão de cotovelo (EXC). Estes movimentos foram escolhidos devido a necessidade de

se avaliar o desempenho dos músculos proximais e distais do membro superior dos indivíduos

com MMC, além de serem músculos amplamente utilizados em atividades funcionais, tal

como a propulsão da cadeira de rodas (MULROY et al., 1996; QI et al., 2014).

As crianças e adolescentes foram posicionadas na cadeira do dinamômetro isocinético

com ângulo de encosto fixado em 90°, estabilizadas na cadeira com cintos de contenção

adequadamente colocados em diagonal sobre o tórax, pelves e braços, afim de, se evitar

possíveis compensações. Apenas o membro dominante foi avaliado e para as mensurações do

ombro foi utilizado o acessório pediátrico da marca Biodex®.

Para os movimentos de abdução e adução de ombro, o eixo mecânico de rotação do

dinamômetro foi alinhado próximo à articulação acrômioclavicular, o punho permaneceu em

posição neutra, o cotovelo em extensão completa, e a amplitude de movimento foi de abdução

de 0°- 90° (adaptado de DANNESKIOLD-SAMSOE et al., 2009).

Para os movimentos de flexão e extensão de ombro, o eixo mecânico de rotação do

dinamômetro foi alinhado com o tubérculo maior do úmero, o punho permaneceu em posição

neutra, o cotovelo em extensão completa e, a amplitude de movimento foi de flexão de 0°-

90° (adaptado de WIDMAN et al., 2007).

Já para os movimentos de flexão e extensão de cotovelo, o eixo mecânico de rotação

do dinamômetro foi alinhado com o epicôndilo lateral do úmero, o ombro foi posicionado em

30° no plano da escápula, 30° de abdução no plano frontal, 0° de flexão e o antebraço em

Figura 5. Dinamômetro isocinético (Biodex

Multjoint System 4®)

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62

supinação, e a amplitude de movimento foi de flexão de 0°- 90°. Este posicionamento de

ombro foi escolhido para que o bíceps braquial atue principalmente na flexão do cotovelo, já

que sua porção longa participa dos movimentos de flexão e abdução do ombro (KAPANDJI,

2000). O antebraço foi mantido em supinação, pois, segundo Basmajian e De Luca (1985), é

nesta posição que o bíceps braquial é mais ativo durante a flexão do cotovelo. O voluntário

realizava preensão da parte distal do dispositivo de resistência (BACK; MATTIELLO-

SVERZUT, 2013).

Previamente a obtenção de dados foi realizada a correção da gravidade e para

familiarização das crianças e adolescentes com o equipamento e o teste, foram realizadas 3

contrações submáximas em cada velocidade de teste e para cada tipo de contração.

Para avaliação dos torques isométricos, as crianças e adolescentes realizaram três

contrações isométricas máximas dos ABO, ADO, FLO, EXO, FLC e EXC, sustentadas por 5

segundos, com intervalo de 20 segundos entre cada uma delas e período de repouso de 90

segundos entre cada movimento. A escolha da posição articular para as avaliações isométricas

foi feita de acordo com o pico de ação muscular, segundo KAPANDJI (2000), sendo elas: 45º

de abdução de ombro para os músculos abdutores e adutores de ombro; 90º de flexão do

ombro para os músculos de flexores e extensores de ombro e 90º de flexão do cotovelo para

os músculos de flexores e extensores de cotovelo.

Para a avaliação isocinética foi realizada contração concêntrica de abdução, adução,

flexão e extensão de ombro e flexão e extensão de cotovelo em duas velocidades, 60°s-¹ (5

repetições) e 120°s-¹ (10 repetições). O intervalo de repouso entre a realização dos testes

isométrico e isocinético e entre as duas velocidades isocinéticas foi de 10 minutos. Durante os

testes as crianças e adolescentes foram encorajadas verbalmente para que realizassem o

máximo de força durante as contrações.

A seguir estão as representações gráficas dos torques, isométrico e isocinético, dos

músculos do cotovelo dominante obtidas no dinamômetro isocinético.

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63

0 100 200 300 400 500 600 700 8000

5

10

15

20

25

30

35

Tempo (ms)

Torq

ue (

Nm

)

torque

pico de torque

Figura 7. Representação gráfica do torque isocinético dos músculos flexores e extensores do cotovelo dominante na velocidade de 60°s-¹.

Fonte: MatLab® (versão 7.14.0)

Figura 6. Representação gráfica do torque isométrico dos músculos

extensores do cotovelo dominante no dinamômetro isocinético.

Fonte: MatLab® (versão 7.14.0)

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64

4.12 Resumo das etapas do protocolo da pesquisa

4.13 Análise dos dados isocinéticos

Os dados dos testes isocinéticos foram exportados em formato.txt e processados

utizando rotina elaborada em ambiente MatLab® (versão 7.14.0, MathWorks Inc., Natick,

MA, EUA).

Inicialmente foi verificado se as velocidades programadas (60°s-¹ e 120°s-¹) tinham sido

atingidas durante cada avaliação. Os dados de cada avaliação dos indivíduos que atingiram a

velocidade ≥ 55°s-¹ e ≥ 115°s-¹ foram considerados válidos.

Além disso, os primeiros e os últimos 10° de ADM (10-80º), para cada movimento

avaliado, foram descartados, afim de, evitar o viés daqueles voluntários que não conseguiram

chegar até o final da ADM.

Para a análise dos dados foi considerado o mínimo 3 contrações para a velocidade de

60°s-¹ e mínimo 8 contrações para a velocidade de 120°s-¹, em cada um dos movimentos. Foi

atribuído valor 0,0 (zero) para as variáveis nas quais o voluntário não atingiu a velocidade

pré-definida, com número mínimo de contrações (tal metodologia de inclusão foi adotada

neste estudo com objetivo de impedir a pré-seleção da amostra).

Para cada indivíduo foi analisado: a média dos picos torque obtidos durante as séries

de repetições, corrigido pelo peso corporal, denominado médias dos picos de torque (PT)

isométrico (PTI) e isocinéticos a 60°s-¹ (PT60) e 120°s-¹ (PT120) (em porcentagem), a partir

da obtenção destes dados, foram calculados os torques relativos (TR): valores dos picos de

torque obtidos isocineticamente pelo obtido isometricamente (em porcentagem), ou seja,

PT60°s-¹/PTI (TR60) e PT120°s-¹/PTI (TR120), e também foi calculado o trabalho (W) a

60°s-¹. Foram também determinadas outras variáveis da performance muscular na velocidade

120°s-¹, tais como: potência, trabalho e fadiga. A potência e o trabalho foram obtidos pela

média do desempenho nas dez repetições. Para verificar a ocorrência de fadiga foi analisado o

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desempenho muscular entre as 10 repetições. Além disso, foi obtido o tempo para alcançar o

pico de torque a 60°s-1

(tPT60) e tempo para alcançar o pico de torque a 120°s-1

(tPT120).

Os resultados de fadiga muscular foram compostos da seguinte forma: (1) intragrupo: (i)

comparações entre as médias considerando todas as repetições: foi comparada a média do PT

da repetição 1 com a média do PT da repetição 2; na sequencia, comparada a média do PT da

repetição 1 com a média do PT da repetição 3; comparada a média do PT da repetição 1 com a

média do PT da repetição 4, e assim sucessivamente, até haver a comparação entre a média do

PT da repetição 9 com a média do PT da repetição 10. Esta análise foi realizada para os

grupos GND e GCT; (ii) evolução das repetições intragrupo: foi comparada a média do PT da

repetição 1 com a média do PT da repetição 2; comparada a média do PT da repetição 2 com a

média do PT da repetição 3; comparada a média do PT da repetição 3 com a média do PT da

repetição 4, e assim sucessivamente, para o GND e para o GCT. (2) intergrupo: (i)

comparação entre grupos - tipo ponto a ponto: foi comparada a média do PT da repetição 1 do

GND com a média do PT da repetição 1 do GCT; comparada a média do PT da repetição 2 do

GND com a média do PT da repetição 2 do GCT; comparada a média do PT da repetição 3 do

GND com a média do PT da repetição 3 do GCT, e assim sucessivamente; (ii) comparações

entre curvas dos grupos: foi analisada a diferença das médias do PT entre os grupos.

4.14 Análise estatística

Os dados obtidos nesta pesquisa foram armazenados em um banco de dados e

posteriormente analisados pelos pesquisadores. Os dados referentes às características físicas

das crianças foram apresentados em uma tabela, em relação ao número e porcentagem dos

achados e também foram expressos por meio de estatística descritiva (média, desvio padrão).

Para a análise estatística dos resultados foi utilizado o software IBM SPSS Statistics®

(versão 20). Após a verificação da normalidade dos dados (testes Kolmogorov-Smirnov e

Shapiro-Wilk), foram aplicados os seguintes testes: testes de hipóteses t (Student), Wilcoxon-

Mann-Whitney e métodos gráficos de descrição e comparação. Neste caso, as comparações

feitas entre os grupos foram relacionadas às variáveis antropométricas, força muscular

isométrica (DHH e dinamômetro de bulbo) e variáveis isocinéticas (PTI, PT, TR, W, Pot e

tPT).

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66

Com relação a análise da fadiga, considerando as 10 repetições na velocidade de 120°s-¹,

inicialmente foi aplicado o teste de normalidade multivariado Doornik-Hansen e, em seguida,

para análise multivariada utilizou-se o teste MANOVA. Em todas as análises considerou-se

um nível de significância de 5%.

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Resultados

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68

5 RESULTADOS

5.1 Características clínicas da amostra

A Tabela 1 apresenta as características clínicas dos 33 voluntários, 11 do GND e 22 do

GCT. A análise estatística não mostrou diferença entre os grupos com relação à dominância,

massa corporal e estatura (p > 0,05).

Considerando os valores normativos apresentados pelo National Center for Health

Statitics (2000) para percentis de massa corporal e estatura relacionados à idade, no GND, 2

voluntários apresentaram valores de massa corporal abaixo e 1 voluntário apresentou valor

acima do esperado para a idade; com relação a estatura, 3 voluntários apresentaram valores

abaixo do esperado para a idade. No GCT, 5 voluntários apresentaram valores de massa

corporal acima do esperado para a idade; 1 voluntário apresentou estatura abaixo e outro

acima do esperado para a idade.

As variáveis massa gorda, massa magra, nível de maturação sexual e nível de

atividade física não apresentaram diferença estatística entre os grupos GND e GCT (p > 0,05).

Com relação às variáveis qualitativas, observou-se maior exposição do gênero

masculino (54,5%) e dominância para hemicorpo direito (87,9%). Com relação ao nível de

maturação sexual, a maioria dos voluntários encontrava-se na fase púbere (69,7%) e

apresentaram nível de atividade física classificada em insuficientemente ativo (39,4%). Em

relação a classificação do nível de lesão medular dos voluntários do GND, 36,4%

apresentaram nível torácico, 45,4% nível lombar alto e 18,3% nível lombar baixo (Tabela 1).

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69

Tabela 1. Características clínicas individuais, média e desvio padrão dos GND e GCT.

Grupo Identificação Idade

(anos) Gênero Dominância

Massa

corporal (kg)

Estatura

(m)

Massa

gorda

(kg)

Massa

magra

(kg)

Nível de

lesão Maturação

Atividade

física

GN

D (

n=

11

)

A 10 F D 25,8 1,12 9,6 16,2 T PP S

B 10 M E 35,2 1,32 10,3 24,7 LA PP IA

C 10 F E 27,0 1,31 8,1 18,9 LB P S

D 11 F E 29,4 1,40 5,7 23,8 LA P IA

E 12 F D 52,5 1,56 20,3 32,2 LB P S

F 12 M D 28,7 1,31 6,6 22,1 LA PP IA

G 13 M D 61,9 1,65 19,8 41,2 T P A

H 13 F D 51,3 1,41 19,1 32,2 LA P IA

I 15 M D 34,7 1,67 4,9 29,8 T P A

J 15 M D 90,0 1,71 27,2 62,8 LA P A

K 16 M D 68,15 1,79 7,9 60,1 T P A

Média (DP)

12,45

(2,16) - -

45,89

(20,82)

1,47

(0,21)

12,68

(7,52)

33,09

(15,66) - - -

GC

T (

n=

22

)

A' 10 F E 52,8 1,42 19,2 33,6 - PP IA

A" 10 F D 42,2 1,45 10,1 32,1 - PP IA

B' 10 M D 32,4 1,38 7,0 24,0 - PP A

B" 10 M D 23,5 1,23 3,8 19,7 - PP A

C' 10 F D 52,4 1,45 35,5 16,9 - PP IA

C" 10 F D 29,4 1,42 3,6 25,8 - PP IA

D' 11 F D 56,6 1,56 16,7 38,9 - P IA

D" 11 F D 42,6 1,43 9,4 33,2 - P IA

Legenda: A – K: voluntários do grupo não deambuladores (GND); A’ – K’ e A”- K”: voluntários do grupo controle (GCT); n: número de participantes

considerados para a análise; Gênero (M: masculino; F: feminino); Dominância (D: direito; E: esquerdo); Nível de lesão (T: torácica; LA: lombar alto; LB:

lombar baixo); Maturação (PP: pré-pulbere; P:púlbere); Atividade física (S: sedentário; IA: insuficientemente ativo; A: ativo; MA: muito ativo).

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70

Continuação da Tabela 1. Características clínicas individuais, média e desvio padrão dos GND e GCT.

Grupo Identificação Idade

(anos) Gênero Dominância

Massa

corporal

(kg)

Estatura

(m)

Massa

gorda

(kg)

Massa magra

(kg)

Nível

de

lesão

Maturação Atividade

física

GC

T (

n=

22

)

E' 12 F D 53,2 1,54 11,4 41,1 - P IA

E" 12 F D 58,1 1,61 16,0 42,1 - P IA

F' 12 M D 33,4 1,43 6,2 26,8 - PP A

F" 12 M D 76,5 1,56 31,3 45,2 - P A

G' 13 M D 48,5 1,60 3,5 35,0 - P MA

G" 13 M D 77,0 1,75 14,8 57,6 - P A

H' 13 F D 51,3 1,53 15,2 37,3 - P IA

H" 13 F D 43,8 1,50 8,7 34,3 - P A

I' 15 M D 64,1 1,77 10,4 53,7 - P A

I" 15 M D 68,8 1,71 9,6 59,2 - P MA

J' 15 M D 70,9 1,66 19,4 51,5 - P MA

J" 15 M D 70,0 1,66 14,4 55,6 - P MA

K' 16 M D 92,1 1,72 29,5 62,6 - P S

K" 16 M D 68,0 1,65 10,9 57,1 - P A

Média (DP) 12,45

(2,10) - -

54,89

(17,44)

1,54

(0,13)

13,93

(8,77)

49,96

(44,41) - - -

Legenda: A – K: voluntários do grupo não deambuladores (GND); A’ – K’ e A”- K”: voluntários do grupo controle (GCT); n: número de participantes

considerados para a análise; Gênero (M: masculino; F: feminino); Dominância (D: direito; E: esquerdo); Nível de lesão (T: torácica; LA: lombar alto; LB:

lombar baixo); Maturação (PP: pré-pulbere; P:púlbere); Atividade física (S: sedentário; IA: insuficientemente ativo; A: ativo; MA: muito ativo).

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71

5.2 Força muscular isométrica (DHH e dinamômetro de bulbo)

Os valores médios e desvio padrão da força muscular isométrica dos músculos FLO,

EXO, ABO, FLC e EXC e da força de preensão palmar dos grupos GND e GCT estão

apresentados na Tabela 2.

A análise estatística dos valores da força muscular isométrica dos músculos FLO,

EXO, ABO, FLC e EXC não indicou diferença entre os lados dominante e não-dominante (p

> 0,05) e mostrou diferença entre grupos GND e GCT para a força isométrica dos FLO direito

(p=0,03) e esquerdo (p=0,05) e FLC direito (p=0,01) e esquerdo (p=0,01), com maiores

valores para GCT (Tabela 2).

Para os valores da força de preensão palmar, a análise estatística indicou diferença

entre os lados dominante e não-dominante (p=0,02), porém sem diferença entre os grupos

GND e GCT (p > 0,05).

Tabela 2. Força muscular isométrica dos GND e GCT.

Handheld

(Kgf)

Bulbo

(psi)

Grupos FLO EXO ABO FLC EXC

GND

(n=11)

D 4,42 (2,64)* 10,98 (6,06) 9,26 (4,17) 8,78 (3,55)* 9,35 (5,09) 7,02 (5,92)

E 5,33 (4,96)* 9,09 (4,16) 8,11 (4,00) 8,67 (4,61)* 9,52 (4,76) 6,08 (4,94)

GCT

(n=22)

D 5,94 (2,52) 14,16 (5,56) 11,05 (4,31) 14,37 (4,97) 10,12 (3,47) 8,69 (4,36)

E 5,76 (2,17) 14,20 (5,26) 10,75 (4,10) 13,23 (5,26) 9,97 (3,84) 7,73 (4,11)

Legenda: Média (Desvio-padrão); GND: grupo não-deambuladores; GCT: grupo controle; FLO:

flexores do ombro; EXO: extensores do ombro; ABO: abdutores do ombro; FLC: flexores do

cotovelo; EXC: extensores do cotovelo n: número de participantes considerados para a análise; D: direito; E: esquerdo; *p≤ 0,05 quando comparado com grupo controle (GCT).

5.3 Avaliação Isocinética

Os valores médios relacionados ao PTI (corrigido pelo peso corporal) do membro

dominante dos GND e GCT são apresentados na Tabela 3. A análise estatística dos dados não

mostrou diferença do PTI obtido para ABO, ADO, FLO, EXO, FLC e EXC quando

comparados os grupos GND e GCT (p > 0,05).

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72

Tabela 3. Médias do PTI (em %) do membro dominante dos GND e GCT.

Grupo Variáveis ABO ADO FLO EXO FLC EXC

GND

(n=11)

Média 66,7 68,7 50,4 65,5 42,8 43,0

DP 20,4 25,6 16,1 24,5 18,7 19,9

GCT

(n=22)

Média 58,3 76,2 52,0 64,4 50,7 35,7

DP 22,1 30,9 19,2 21,3 16,3 12,7

Legenda: GND: grupo não-deambuladores; GCT: grupo controle; DP: desvio-padrão; ABO:

abdutores do ombro; ADO: adutores do ombro; FLO: flexores do ombro; EXO: extensores do ombro;

FLC: flexores do cotovelo; EXC: extensores do cotovelo; n: número de participantes considerados

para a análise.

Duas voluntárias do GND não atingiram velocidade ≥ 55°s-¹ em pelo menos 3 contrações

para o movimento de flexão do ombro e flexão de cotovelo dominante, respectivamente. Para

a análise estatística, nos referidos movimentos, foi atribuído valor 0,0 (zero) para os dados

destas voluntárias.

A análise das variáveis (PT, TR, W e tPT) do membro dominante dos GND e GCT na

velocidade de 60°s-1

estão descritas na Tabela 4. A análise estatística dos dados mostrou

diferença apenas para as variáveis TR60 para os flexores de ombro (FLO; p=0,03) e tPT60

para os extensores de ombro (EXO; p=0,04) quando comparados os grupos GND e GCT.

Os valores mínimos e máximos das variáveis funcionais (PT, TR, W e tPT) na velocidade

de 60°s-1

dos GND e GCT foram expostos no Anexo IV (Tabela A).

Tabela 4. Variáveis de desempenho muscular dos voluntários estudados na velocidade de

60°s-1

.

Grupo

Grupo

muscular PT60 (%) TR60 (%) W60 (J) tPT60 (s)

GND

(n=11)

ABO 70,5 (24,0) 1,0 (0,3) 160,2 (137,6) 0,5 (0,3)

ADO 55,5 (30,1) 0,7 (0,3) 169,8 (139,6) 0,5 (0,2)

FLO 59,9 (25,9) 1,10 (0,4)* 144,5 (134,7) 0,4 (0,2)

EXO 48,0 (24,4) 0,7 (0,2) 135,3 (127,2) 0,4 (0,1)*

FLC 29,3 (17,6) 0,7 (0,3) 100,1 (94,5) 1,0 (0,8)

EXC 30,2 (14,5) 0,8 (0,4) 89,1 (88,2) 0,6 (0,1)

GCT

(n=22)

ABO 57,3 (17,1) 0,9 (0,1) 117,1 (102,5) 0,5 (0,2)

ADO 63,3 (22,8) 0,8 (0,1) 202,7 (136,0) 0,7 (0,1)

FLO 50,4 (16,3) 0,9 (0,2) 160,0 (85,5) 0,5 (0,2)

EXO 57,1 (22,5) 0,8 (0,2) 182,9 (116,3) 0,5 (0,3)

FLC 34,6 (12,9) 0,7 (0,2) 120,1 (76,4) 1,0 (0,3)

EXC 31,8 (9,8) 0,9 (0,1) 96,8 (54,1) 0,7 (0,3)

Legenda: Média (desvio-padrão); GND: grupo não-deambuladores; GCT: grupo controle; ABO: abdutores do ombro; ADO: adutores do ombro; FLO: flexores do ombro; EXO: extensores do

ombro; FLC: flexores do cotovelo; EXC: extensores do cotovelo; n: número de participantes

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73

considerados para a análise; PT60: pico de torque a 60°s-1

(em %); TR60: torque relativo a

60°s-1

(%); W60: trabalho a 60°s-1

(em Joules); tPT60: tempo para alcançar o pico de torque a

60°s-1

(em segundos - s); *p≤ 0,05 quando comparado com grupo controle (GCT).

A Tabela 5 apresenta os voluntários do GND e os movimentos avaliados por meio do

dinamômetro isocinético nos quais a velocidade mínima de 115°s-1

, em pelo menos 8

contrações, foi atingida. Quarenta e seis por cento (46,0%) dos voluntários deste grupo não

atingiram a velocidade mínima para a abdução do ombro (ABO; n = 5); 10% (n =1) para

adução do ombro (ADO); 63,7% (n=7) para flexão de ombro (FLO); 27,3% (n= 3) para

extensão de ombro (EXO); 46,0 % (n= 5) para flexão de cotovelo (FLC) e 36,4% (n= 4) para

extensão de cotovelo (EXC). Com relação ao GCT, a velocidade mínima de 115°s-1

não foi

atingida, em pelo menos 8 contrações, por 50% dos voluntários para abdução do ombro

(ABO; n=11); 9,1% (n=2) para adução (ADO) e extensão do ombro (EXC) e flexão do

cotovelo (FLC). Portanto, na análise estatística, foi atribuído valor 0,0 (zero) para estas

variáveis.

Tabela 5. Voluntários do GND que alcançaram velocidade ≥115°s-1

em pelo menos 8

contrações.

Grupo

muscular

Identificação dos voluntários

A B C D E F G H I J K

ABO

X

X

X

X X X

ADO X X X

X X X X X X X

FLO

X

X X X

EXO

X X

X

X X X X X

FLC

X

X

X

X X X

EXC X X X X X X X

Legenda: A – K: voluntários do grupo não-deambuladores (GND); ABO: abdutores do ombro;

ADO: adutores do ombro; FLO: flexores do ombro; EXO: extensores do ombro; FLC: flexores do

cotovelo; EXC: extensores do cotovelo.

As variáveis funcionais (PT, TR, W, Pot e tPT) do membro dominante dos GND e GCT

na velocidade de 120°s-1

estão descritas na Tabela 6. A análise estatística dos dados mostrou

diferença entre os grupos GND e GCT para as variáveis TR120 para extensores do ombro

(EXO; p=0,02) e extensores do cotovelo (EXC; p=0,02) e tPT120 para os flexores (FLC;

p=0,01) e extensores do cotovelo (EXC; p=0,02).

Os valores mínimos e máximos das variáveis funcionais (PT, TR, W, Pot e tPT) na

velocidade de 120°s-1

dos GND e GCT foram expostos no Anexo IV (Tabela B).

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74

Tabela 6. Variáveis de desempenho muscular dos voluntários estudados na velocidade de

120°s-1

.

Grupo Grupo

muscular PT120 (%)

TR120

(%) W120 (J) Pot120 (W) tPT120 (s)

GND

(n=11)

ABO 40,0 (38,8) 0,5 (0,5) 125,6 (163,7) 26,2 (31,9) 0,1 (0,1)

ADO 53,1 (28,7) 0,7 (0,3) 124,7 (120,2) 33,2 (27,6) 0,2 (0,1)

FLO 26,7 (37,4) 0,4 (0,5) 110,5 (163,6) 20,7 (30,7) 0,1 (0,1)

EXO 41,4 (30,8) 0,5 (0,3)* 131,3 (133,3) 27,4 (26,2) 0,1 (0,1)

FLC 19,9 (21,3) 0,3 (0,3) 89,3 (106,3) 14,3 (17,4) 0,2 (0,3)*

EXC 24,0 (23,5) 0,4 (0,4)* 88,8 (109,3) 17,0 (20,7) 0,2 (0,1)*

GCT

(n=22)

ABO 29,2 (31,2) 0,3 (0,4) 112,9 (132,0) 22,0 (25,0) 0,1 (0,1)

ADO 55,3 (31,0) 0,7 (0,3) 187,7 (136,4) 41,1 (26,9) 0,3 (0,1)

FLO 30,5 (9,4) 0,6 (0,1) 104,7 (49,2) 19,9 (9,9) 0,2 (0,2)

EXO 28,4 (14,5) 0,4 (0,1) 115,2 (70,2) 19,9 (13,4) 0,2 (0,2)

FLC 28,4 (14,5) 0,5 (0,2) 115,2 (70,2) 19,9 (13,4) 0,6 (0,3)

EXC 30,5 (9,4) 0,8 (0,2) 104,7 (49,2) 19,9 (9,9) 0,3 (0,1)

Legenda: Média (desvio-padrão); GND: grupo não-deambuladores; GCT: grupo controle; ABO: abdutores do ombro; ADO: adutores do ombro; FLO: flexores do ombro; EXO: extensores do

ombro; FLC: flexores do cotovelo; EXC: extensores do cotovelo; n: número de participantes

considerados para a análise; PT120: pico de torque a 120°s-1

(em %); TR120: torque relativo a

120°s-1

(%); W120: trabalho a 120°s-1

(em Joules); Pot120: potência a 120°s-1

(em Watts);

tPT120: tempo para alcançar o pico de torque a 120°s-1

(em segundos - s); *p≤ 0,05 quando

comparado com grupo controle (GCT).

5.4 Fadiga muscular

Para verificar a ocorrência de fadiga foi analisado o desempenho muscular dos ABO,

ADO, FLO, EXO, FLC e EXC do membro superior dominante, dos 33 voluntários, na

velocidade 120°s-1

, considerando as médias dos PT120 das 10 repetições, para os GND e

GCT (Figuras 8 a 13).

A análise do desempenho muscular dos abdutores do ombro não mostrou diferença

estatística quando foram feitas comparações entre as médias considerando todas as repetições

(p=0,86), quando foram feitas comparações entre os grupos (p= 0,89), quando foi comparada

a evolução das repetições intergrupo (p=0,67) e quando foram comparadas as repetições

intragrupo (p=0,59)

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75

A análise do desempenho muscular dos adutores do ombro não mostrou diferença

estatística quando foram feitas comparações entre as médias considerando todas as repetições

(p=0,50) e também quando foram feitas comparações entre os grupos (p= 0,69). Porém, foi

encontrada diferença estatística quando foi comparada a evolução entre as repetições

intergrupo (p=0,02), para todas as repetições (p˂0,05), exceto para a primeira. Apesar disso,

não houve diferença estatística quando foram comparadas as repetições intragrupo (p=0,46

para GND; p=0,23 para GCT).

Figura 8. Desempenho muscular dos abdutores do ombro dominante durante a

avaliação isocinética na velocidade de 120°s-1

para os GND e GCT.

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76

A análise do desempenho muscular dos flexores do ombro não mostrou diferença

estatística quando foram feitas comparações entre as médias considerando todas as repetições

(p=0,28), quando foram feitas comparações entre os grupos (p= 0,26), quando foi comparada

a evolução das repetições intergrupo (p=0,63) e quando foram comparadas as repetições

intragrupo (p=0,59).

Figura 9. Desempenho muscular dos adutores do ombro dominante durante a

avaliação isocinética na velocidade de 120°s-1

para os GND e GCT. §: p≤0,05 na

comparação entre grupos - tipo ponto a ponto (exceto para a repetição 1).

§

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77

A análise do desempenho muscular dos extensores do ombro não mostrou diferença

estatística quando foram feitas comparações entre as médias considerando todas as repetições

(p=0,91), quando foram feitas comparações entre os grupos (p= 0,90), quando foi comparada

a evolução das repetições intergrupo (p=0,42) e quando foram comparadas as repetições

intragrupo (p=0,79).

Figura 10. Desempenho muscular dos flexores do ombro dominante durante a

avaliação isocinética na velocidade de 120°s-1

para os GND e GCT.

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78

A análise do desempenho muscular dos flexores do cotovelo não mostrou diferença

estatística quando foram feitas comparações entre as médias considerando todas as repetições

(p=0,14), quando foram feitas comparações entre os grupos (p= 0,12). Porém, foi encontrada

diferença estatística quando foi comparada a evolução das repetições intergrupo (p=0,05) para

as repetições 1, 2, 5, 6 e 9 (p≤ 0,05) e quando foram comparadas as repetições intragrupo para

o GCT (p=0,005).

Figura 11. Desempenho muscular dos extensores do ombro dominante durante

a avaliação isocinética na velocidade de 120°s-1

para os GND e GCT.

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79

A análise do desempenho muscular dos extensores do cotovelo não mostrou diferença

estatística quando foram feitas comparações entre as médias considerando todas as repetições

(p=0,12) e também quando foram feitas comparações entre os grupos (p= 0,59). Porém, foi

encontrada diferença estatística quando foi comparada a evolução das repetições intergrupo

(p=0,01) para todas as repetições (p≤ 0,05). A análise intragrupo não mostrou diferença

estatística quando foram comparadas as repetições (p=0,53 para o GDN; e p=0,63 para o

GCT).

Figura 12. Desempenho muscular dos flexores do cotovelo dominante durante a

avaliação isocinética na velocidade de 120°s-1

para os GND e GCT. *: p≤0,05 na

evolução das repetições intragrupo; §: p≤0,05 na comparação entre grupos - tipo

ponto a ponto (repetições 1, 2, 5, 6 e 9).

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Figura 13. Desempenho muscular dos extensores do cotovelo dominante

durante a avaliação isocinética na velocidade de 120°s-1

para os GND e GCT.

§: p≤0,05 na comparação entre grupos - tipo ponto a ponto.

§

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Discussão

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82

6 DISCUSSÃO

6.1 Variáveis antropométricas e níveis de maturação sexual, atividade física e lesão

medular

Os voluntários que compuseram os grupos de estudo apresentaram homogeneidade

quanto aos parâmetros dominância, massa corporal, estatura, massa gorda, massa magra, nível

de maturação sexual e nível de atividade física. Dois voluntários do GND apresentaram baixo

peso e apenas um (com nível de lesão medular torácico alto), apresentou valor de massa

corporal acima do predito para a idade. Era esperado um número maior de crianças e

adolescentes do GND com sobrepeso, uma vez que, muitos estudos relataram tendência à

obesidade nos indivíduos com defeitos do tubo neural (NELSON et al., 2007; MCPHERSON

et al., 2013). Estudos que avaliaram a ingestão calórica de crianças com MMC mostraram que

ela deveria ser menor do que para seus pares obesos, pois nestas crianças, além da diminuição

da atividade física, ocorre diminuição da massa muscular nos membros inferiores e

consequentemente diminuição da taxa metabólica basal. Além disso, as crianças com nível de

lesão torácico e lombar alto têm maior predisposição à obesidade (HINDERER; HINDERER;

SHURTLEFF, 2006).

Os instrumentos e técnicas de medição para determinar a composição corporal

(estatura, massa corporal, gordura corporal) em indivíduos com espinha bífida ainda não estão

bem estabelecidos. Alguns pesquisadores utilizaram a espessura de dobras cutâneas (bíceps,

tríceps, subescapular e supra-ilíaca) e dual energy X-ray absorptiometry (DEXA) para avaliar

a composição corporal de indivíduos com espinha bífida. Nestes estudos, a espessura das

dobras cutâneas apresentaram valores entre 74,4 e 74,8 mm, o que corresponde

aproximadamente a 159% dos valores normativos (BUFFART; VAN DEN BERG-EMONS;

VAN WIJLEN-HEMPEL et al., 2008). A porcentagem de massa gorda variou entre 23,1% e

46,2% (valores normativos variam de 16,5-25,9% para mulheres e 9,2-20,6% para homens -

American College of Sports Medicine, 2009) e foi maior nos participantes do sexo feminino,

não-deambuladores e sedentários (BUFFART; ROEBROECK et al., 2008). Atenção especial

deve ser dada ao fato relatado por Bandini et al. (1991) que, em pessoas com espinha bífida,

há má distribuição de gordura corporal, com excesso nas extremidades inferiores, e,

consequentemente, a espessura da dobra cutânea nos membros superiores pode não ser um

bom indicador da gordura corporal. Portanto, existe controvérsia a respeito da confiabilidade e

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83

precisão da medida da composição corporal a partir da espessura de dobras cutâneas

(SHURTLEFF, 1986).

Widman et al. (2007) descreveram que a porcentagem de gordura corporal dos

indivíduos saudáveis com sobrepeso, com espinha bífida e com lesão medular, estimada pelo

DEXA, foi significativamente maior do que a porcentagem de gordura corporal dos

indivíduos do grupo controle do mesmo gênero, mas eles não foram significativamente

diferentes entre si. Alguns fatores podem contribuir para este resultado, tais como deficiência

hormonal e metabólica associada a MMC e diminuição dos níveis de atividade desportiva

(MITA et al., 1993; BUFFART, ROEBROECK, et al., 2008). Neste estudo, apesar do valor

médio da massa gorda ter sido maior no GCT quando comparado ao GND, a diferença entre

os grupos não foi significativa, semelhante ao estudo de Widman et al. (2007). Mesmo sendo

um instrumento seguro e simples capaz de estimar a composição corporal do organismo,

inclusive predizer a massa magra em crianças (PIETROBELLI et al., 2003), não foram

encontrados estudos que utilizaram a bioimpedância elétrica para avaliar a composição

corporal de indivíduos com MMC. Apesar disso, a bioimpedância tem sido utilizada em

estudos envolvendo crianças obesas (CLEARY et al., 2008; RUSH et al., 2009; COSTA

JUNIOR et al., 2016)

Com relação à estatura, 3 voluntários do GND apresentaram valores abaixo do esperado

para a idade. A avaliação da estatura nos voluntários do GND foi obtida pelo comprimento

dos braços (envergadura), pois, acredita-se que esta seja uma opção adequada da medida do

crescimento de crianças com MMC, uma vez que as frequentes deformidades espinais e as

contraturas articulares, advindas do desequilíbrio muscular secundário a disfunção

neurológica, disfunção neurológica progressiva, posicionamento intrauterino, coexistência de

malformações congênitas, artrogripose, adoção de postura errada após o nascimento, redução

ou ausência de movimento articular ativo e deformidades após fraturas, podem influenciar a

medida real (BELT-NIEDBALA et al., 1986; CRYTZER; DICIANNO; KAPOOR, 2013).

Embora a literatura mostre que crianças com espinha bífida atingem a puberdade e o

estirão de crescimento mais precocemente do que as crianças da mesma faixa etária

(HINDERER; HINDERER; SHURTLEFF, 1994), no presente estudo, os voluntários de

ambos os grupos estavam, em geral, na mesma fase de maturação sexual (fase púbere).

As pesquisas que descreveram e compararam a força muscular isométrica e isocinética em

meninos e meninas saudáveis, atletas e não-atletas, de diferentes graus maturacionais,

concluíram que existem diferenças entre grupos e que o grau maturacional influencia mais

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84

intensamente nos parâmetros de força muscular do que o gênero (SCHNEIDER et al., 2002;

SCHNEIDER et al., 2004). Widman et al. (2007) também utilizaram os critérios

estabelecidos por Tanner para avaliar a maturação sexual de adolescentes e adultos jovens

com lesão medular (níveis lombar e torácico), espinha bífida e controles, com e sem

sobrepeso e, concluíram, que a fase de desenvolvimento puberal não foi uma covariável

significativa para a análise comparativa de força muscular entre grupos.

Em geral, para os voluntários do GND e GCT, o nível de atividade física foi classificado

em insuficientemente ativo (atividade física era realizada por no mínimo 10 minutos por semana,

porém insuficiente para ser classificado como ativo). A lesão medular torna os indivíduos menos

ativos (BRATTEBY TOLLERZ et al., 2011). Além disso, há diminuição da massa

corporal livre de gordura (massa magra), achado este encontrado nos indivíduos do GND

quando comparados aos seus pares controles. O gasto energético necessário para o

desenvolvimento de função aeróbia torna-se alto nesta população, levando ao aumento de

fadiga e desconforto e, consequentemente, hipoatividade como hábito de vida (AGRE et

al., 1987; SHERMAN et al., 1997).

Nos voluntários do GND ocorreu predominância do nível lombar alto (45,4%). Como

relatado na literatura, a maioria dos casos de MMC apresenta lesão medular com nível tóraco-

lombar (MOURA; SILVA, 2005). Era esperada lesão medular alta, por se tratar de

voluntários exclusivamente não-deambuladores. Seria interessante comparar os resultados

desta pesquisa considerando os gêneros e grupos de níveis de lesão medular aos quais os

voluntários pertencem. No entanto, o número limitado de voluntários do GND classificados

nos diferentes níveis de lesão medular (torácico n=4; lombar alto n= 5; lombar baixo n=2)

impossibilitou a divisão dos voluntários em subgrupos para a análise dos dados.

6.2 Força muscular isométrica (DHH e dinamômetro de bulbo)

Na presente pesquisa era esperado que as crianças e adolescentes não-deambuladores com

MMC apresentassem menores valores de força muscular isométrica dos membros superiores,

quando comparados com crianças e adolescentes saudáveis, pareados por idade e gênero.

Acreditava-se que o ciclo vicioso de inatividade e desuso vivenciado pelos indivíduos com

MMC, afetaria negativamente a força muscular (McDONALD, 2002). Apesar de o GND

apresentar menores valores médios de força muscular isométrica para todos os grupos

musculares testados bilateralmente, os resultados deste estudo mostraram diferença entre

grupos GND e GCT apenas para a força isométrica dos músculos flexores do ombro direito e

esquerdo e, flexores de cotovelo direito e esquerdo (Tabela 2). Schoenmakers et al. (2009)

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85

utilizando teste manual de força e DHH, também encontraram nas crianças com espinha

bífida menores valores de força muscular isométrica dos abdutores de ombro e extensores do

punho em comparação com os valores de referência.

Buffart, Van den Berg-Emons et al. (2008) utilizaram o DHH para avaliar a força

muscular dos abdutores do ombro e extensores do cotovelo de adolescentes e adultos jovens

com MMC e concluíram que 54% dos participantes não-deambuladores e 79% dos

deambuladores comunitários tinham força muscular subnormal em pelo menos um dos grupos

musculares. O desempenho relativamente melhor dos não-deambuladores em comparação

com deambuladores pode ser explicado pela exigência relativamente mais elevada de força

muscular dos membros superiores para propulsão da cadeira de rodas. Além disso, ao

contrário do que ocorre com os músculos dos membros inferiores, o nível neurológico da

lesão medular não altera a inervação de músculos dos membros superiores, o que sugere que a

fraqueza dos membros superiores, encontrada nos voluntários não-deambuladores com MMC,

é devido a hipotrofia dos músculos como conseqüência do desuso.

Posteriormente, Buffart, Van der Ploeg et al. (2008) utilizaram a mesma metodologia para

avaliar os músculos abdutores do ombro e extensores do cotovelo. Eles relataram que a

porcentagem de adolescentes e adultos jovens com MMC com força muscular subnormal

tendeu a ser menor naqueles que praticavam esportes (52%) em comparação aos não

praticantes de atividade física (81%).

A análise estatística dos valores da força muscular isométrica, obtidos por meio do DHH,

dos músculos flexores, extensores e abdutores dos ombros e flexores e extensores de cotovelo

não indicou diferença entre os lados dominante e não-dominante. Este achado justifica a

avaliação isocinética ter sido realizada apenas no membro superior dominante. Além disso,

após a realização de testes piloto, observamos que a duração do protocolo experimental seria

muito extensa para as crianças, caso fosse realizado nos dois membros superiores, e, dessa

forma, poderia comprometer a concentração e o desempenho nos testes e consequentemente

afetar os resultados.

Igualmente, para a força de preensão palmar, os valores médios do GND foram menores

do que os valores médios do GCT, porém, a análise estatística não mostrou diferença entre os

grupos. A análise estatística indicou diferença entre os lados dominante e não-dominante,

estando de acordo com os relatos da literatura para indivíduos saudáveis (FERREIRA et al.,

2011; SOUZA et al., 2014).

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86

A força de preensão palmar de participantes com MMC avaliada em diferentes estudos

variou de 38 N a 686 N. A diminuição da força de preensão palmar já foi encontrada em

indivíduos com espinha bífida (BUFFART et al., 2008), independentemente da capacidade de

deambulação (OLIVEIRA, JÁCOME E MARQUES; 2014). Norrlin et al. (2003) verificaram

que a força de preensão palmar de participantes com MMC foi 71,03 ± 23,3% abaixo do

previsto. Kilburn et al. (1985) sugeriram que o declínio da força de preensão é um potencial

indicador precoce de disfunção neurológica, assim como o mau funcionamento da derivação

ou os sintomas da malformação de Arnold Chiari; portanto, deve ser constantemente

monitorada. Além disso, os membros superiores são essenciais para a realização das

atividades da vida diária de forma independente e a força de preensão é um poderoso preditor

de incapacidade e morbidade (BOHANNON, 2008).

Para o GCT os valores médios da força de preensão palmar estão de acordo com os

dados normativos (membro dominante= 9.2 (2.2) psi, para o gênero masculino e 8.4(2.0) para

o gênero feminino; e membro não-dominante= 8.6 (2.1) psi, para o gênero masculino e 7.8

(1.8) psi, para o gênero feminino), considerando a idade média dos voluntários de 12 anos

(SOUZA et al., 2014).

6.3 Avaliação isocinética

A análise da literatura indica que são poucos os estudos que utilizaram a dinamometria

isocinética para avaliar o desempenho muscular em crianças e adolescentes com MMC.

Quando utilizada, a única variável analisada nos estudos foi o pico de torque. Em sua maioria,

as pesquisas que buscam compreender resultados de força muscular utilizam métodos e

protocolos variados para avaliar a força muscular na MMC, tais como, testes musculares

manuais, teste de força de preensão palmar e teste de força isométrica por meio de

dinamometria. Os autores destes estudos relataram que os participantes com espinha bífida

apresentaram a força muscular dos membros superiores e inferiores, em geral,

significativamente menor em aproximadamente 64-90% das mulheres e em 58-77% dos

homens, quando comparados com seus pares saudáveis (OLIVEIRA, JÁCOME E

MARQUES; 2014). No presente estudo, devido ao tamanho pequeno da amostra, não

subdividimos os voluntários por gênero.

Além do pico de torque (PT), neste estudo, outras variáveis do desempenho muscular

também foram analisadas, tais como: torque relativo (TR), potência (Pot), trabalho (W),

tempo para alcançar o pico de torque (tPT) e fadiga a 60°s-1

e/ou 120°s-1

. Os valores médios

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87

absolutos de PT, W e Pot, em ambas as velocidades, não se mostraram diferentes entre os

casos controle e com MMC. As variáveis que mostraram alguma diferença foram TR e tPT.

O TR é utilizado principalmente para analisar grupos heterogêneos, uma vez que,

permite minimizar as diferenças entre os indivíduos em relação à orientação e posicionamento

das fibras musculares, às alavancas mecânicas formadas pela anatomia articular, à elasticidade

dos músculos e tendões e ao recrutamento das unidades motoras (GÜR et al., 2003; BACK et

al., 2008).

O W, a Pot e a fadiga são variáveis relacionadas ao torque médio durante a amplitude

de movimento, então são geralmente testados em velocidades isocinéticas altas e com um

maior número de repetições (BACK; MATTIELLO-SVERZUT, 2013).

Diversos estudos utilizaram diferentes velocidades de movimento para a avaliação

isocinética do membro superior em crianças e adolescentes saudáveis não-atletas (60°s-1

; 90°s

-

1) (SCHNEIDER et al., 2002; SCHNEIDER et al., 2004; KOTZAMANIDOU et al., 2005);

atletas (60°s-1

; 180°s

-1) (SILVA et al., 2006) e com paralisia cerebral (30°s

-1; 60°s

-1; 90°s

-1;

120°s-1

) (ROSS & ENGSBERG, 2002; FRANCIULLI et al., 2012). Apesar das velocidades

60°s-1

e 120°s-1

serem consideradas adequadas para a avaliação do ombro (DVIR, 2002),

alguns participantes do GND e GCT não alcançaram as velocidades mínimas estabelecidas

nos testes isocinéticos (Tabela 5). A velocidade mínima de 115°s-1

foi alcançada somente por

50% (n=11) dos voluntários do GCT para o movimento de abdução do ombro. Portanto, por

tratar-se de crianças e adolescentes saudáveis, pode ser inferido que 120°s-1

seja uma

velocidade alta para avaliar as contrações musculares.

Na velocidade de 60°s-1

os voluntários do GND atingiram, em geral, valores médios

inferiores quando comparados com voluntários do GCT (Tabela 4). Apesar disso, a análise

estatística mostrou diferença entre os grupos GND e GCT apenas para as variáveis TR60 de

flexores de ombro e tPT60 de extensores de ombro. No primeiro caso, a relação

concêntrico/isométrica de flexores de ombro dos voluntários com MMC apresentou-se mais

responsiva do que de seus controles. Este fato é decorrente dos valores médios de PTI e força

muscular isométrica pelo handheld que mostraram-se diminuídos nos voluntários com MMC

quando comparados com valores dos controle. Por outro lado, os valores de PT concêntrico

dos flexores de ombro dos voluntários com MMC foram superiores aos valores de seus

controles. Estes dados podem indicar que a habituação em cadeira de rodas favoreça

movimentos curtos e repetitivos associados à elevação do braço com algum grau de fixação

articular, diferentemente do que acontece em voluntários saudáveis. Os extensores de ombro

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88

dos pacientes com MMC mostraram menores valores para tPT do que seus controles. Esses

dados sugerem diferenças quanto à ativação neuromuscular e recrutamento de fibras desse

grupo muscular durante movimentos concêntricos, uma vez que o tPT correlaciona-se com a

velocidade isocinética e o tipo de fibra muscular (especialmente do tipo 2) (AAGAARD;

ANDERSEN, 1998; BACK; MATTIELLO-SVERZUT, 2013).

No estudo de Widman et al. (2007), o pico de força dinâmica foi obtido por meio do

dinamômetro LIDO (Loredan Biomedical, West Sacramento, CA) em adolescentes e adultos

saudáveis com e sem sobrepeso, com espinha bífida e com lesão medular. Especificamente

para os voluntários com espinha bífida, foram encontrados valores de força significativamente

menores nos músculos flexores do ombro (10 - 23%) e extensores do ombro (23 - 34%) do

que em seus pares saudáveis. Em relação aos músculos do cotovelo, estes autores não

verificaram diferenças na comparação do pico de força dinâmica, entre voluntários

adolescentes e adultos com espinha bífida e seus pares saudáveis, assim como aconteceu com

os dados do presente estudo (DANNESKIOLD-SAMSOE et al., 2009). Por outro lado,

aumento da força de extensão do ombro (aumento de 23% no pico de torque) e tendência para

o aumento da força de flexão do ombro (aumento de 15% no pico de torque) foi obtida após

programa de intervenção de 16 semanas, consistindo de uma abordagem comportamental para

mudança de estilo de vida, exercícios (aeróbicos e de fortalecimento) e nutrição em 20

adolescentes com deficiência de mobilidade, devido lesão da medula espinhal e MMC

(LIUSUWAN et al., 2007). Para os músculos flexores e extensores do cotovelo, a força não se

alterou de forma significativa pós-treinamento. Estes resultados são interessantes, ao se pensar

que o fortalecimento dos músculos do ombro é eficaz para a redução da elevada incidência de

dor no ombro e síndrome do impacto entre os usuários de cadeira de rodas (SABICK;

KOTAJARVI; AN, 2004). Novas pesquisas poderiam investigar a relação existente entre

déficits de força, as limitações funcionais e propostas de intervenção na MMC.

Como destacado anteriormente, a velocidade de 120°s-1

foi adotada para o teste

isocinético com objetivo de identificar características de potência e fadigabilidade musculares

em crianças e adolescentes saudáveis e naqueles usuários de cadeira de rodas. Este estudo é

pioneiro neste aspecto, uma vez que, nenhum outro estudo avaliou as variáveis de

desempenho em crianças e adolescentes com MMC por meio de dinamometria isocinética em

velocidades acima de 60°s-1

. Por outro lado, esse fato limita a discussão dos resultados. Ainda

assim, muitos voluntários do GND não atingiram a velocidade mínima de 115°s-1

em pelo

menos 8 repetições dos movimentos avaliados no ombro e cotovelo dominante (Tabela 5),

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89

principalmente para os movimentos realizados contra a força da gravidade (ABO, FLO e

FLC). Estes voluntários eram, em sua maioria, mais jovens e do gênero feminino. Schneider

et al., (2002), mensuraram a força isométrica de flexão do cotovelo nos ângulos de 60˚ e 90˚ e

de extensão do joelho em 45˚e 60˚, e, a força isocinética nas velocidades de 60°s-1

e 90°s-1

em

57 crianças e adolescentes saudáveis não-atletas. Posteriormente fizeram comparações entre

gênero e grau de maturação. Os resultados deste estudo mostraram que os meninos foram

sempre mais fortes do que as meninas, em todos os testes, independente da fase de maturação

sexual. Como pode ser observado, o estudo anterior utilizou velocidades isocinéticas de 60˚ e

90°s-1

. Deste modo, não é possível hipotetizar se nos indivíduos com MMC, há interferências

causadas por alteração no recrutamento das fibras musculares, alterações na morfologia do

músculo (mudança de fibras musculares) provocadas pela hipoatividade, ou ainda, mudanças

no metabolismo energético, que afetariam o desempenho muscular principalmente quando

realizado contra a gravidade. Nenhum dos estudos incluídos na revisão sistemática de

Oliveira, Jácome e Marques (2014) avaliaram aptidão neuromotora dos indivíduos com

espinha bífida.

Considerando apenas dados dos voluntários que conseguiram atingir a velocidade mínima

estabelecida, a análise estatística dos valores médios das variáveis de desempenho do membro

dominante do GND, avaliadas na velocidade de 120°s-1

, mostrou que o TR120 dos extensores

do ombro encontrava-se significativamente maior para voluntários do GND e que extensores

do cotovelo encontravam-se significativamente menores para voluntários do GND; o tPT120

dos flexores e extensores do cotovelo encontravam-se significativamente menor para

voluntários do GND. Estes dados indicam que os voluntários com MMC apresentam déficit

de força e de ativação neuromuscular dos extensores de cotovelo em velocidades que

requerem rapidez. Novamente, o fato do rotineiro posicionamento dos pacientes em cadeira

de rodas talvez minimize a demanda dessa articulação nos quesitos velocidade e amplitude,

prejudicando a sinergia de ativação das unidades motoras dos grupos musculares envolvidos

nesta função. Existe um efeito interativo entre a ativação diária e a capacidade de um músculo

em determinar sua mecânica e suas propriedades fenotípicas (EDGERTON et al., 2002).

Dependendo da atividade funcional que é realizada, um tipo preferencial de fibra muscular

será ativado ou, ao longo do tempo, as características das fibras musculares podem se

modificar (BACK; MATTIELLO-SVERZUT, 2013), como acontece, por exemplo, nas fibras

tipo 1 de sujeitos com síndrome pós-pólio (TOLLBACK et al., 1992). Desta forma, um

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90

estudo morfológico e eletroneuromiográfico (ENMG) dos músculos em questão, poderia

justificar tais apontamentos.

6.4 Fadiga muscular

A ocorrência de fadiga muscular foi estudada por meio da resposta de PT durante a

evolução das 10 repetições na velocidade 120°s-1

. Os mecanismos centrais e periféricos da

fadiga têm sido examinados durante contrações musculares isoladas, envolvendo CVM’s

máximas ou submáximas. Ao longo das sucessivas contrações, o torque progressivamente

desce, até que o indivíduo já não é capaz de produzir o torque necessário, pois a taxa de

recrutamento das unidades motoras diminui durante o teste de fadiga (ABD-ELFATTAH;

ABDELAZEIM; ELSHENNAWY, 2015).

Os resultados do estudo indicaram que somente os músculos flexores de cotovelo dos

voluntários controles mostraram queda significativa entre as repetições ao longo do

procedimento experimental. Os demais resultados indicaram diferença intergrupo na evolução

entre as repetições para adutores, flexores e extensores de cotovelo, sendo que, com exceção

dos abdutores e extensores do ombro, todos os demais grupos musculares dos cadeirantes

apresentaram valores de PT120 inferiores do que seus controles. Diversos aspectos podem

justificar tais achados: (1) tipo de fibra do músculo bíceps dos voluntários saudáveis deve

seguir as condições controle onde há predomínio de fibras tipo 2, glicolíticas, que portanto,

são mais fadigáveis que as oxidativas (mais expressas nos músculos antigravitacionais como

tríceps braquial) (MATTIELLO-SVERZUT et al., 2003); (2) a velocidade de execução do

movimento proposta para esta população, 120°s-1

, parece não ter sido apropriada, uma vez

que, a maioria dos voluntários teve dificuldade de atingir o valor desejado (ou parcialmente

desejado); (3) o número de repetições pode ter sido insuficiente para alcançar a fadiga

muscular periférica; (4) os grupos musculares testados não responderiam de maneira uniforme

já que a distribuição dos subtipos de fibras varia com idade, sexo e doença de base; e

finalmente, (5) número reduzido de sujeitos do grupo MMC, desfavorecendo o poder

estatístico de identificação de diferenças entre os grupos.

Um estudo paralelo realizado pelo nosso grupo de pesquisa com as crianças e adolescentes

não-deambuladores com MMC que realizaram o teste ergoespirométrico em cicloergômetro

de membros superiores, foi observado que as mesmas interromperam o teste antes de ocorrer

alta do RER (trocas respiratórias) ou estabilização da frequência cardíaca, subestimando os

reais valores do teste cardiopulmonar, cuja justificativa mais provável parece ser fadiga

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91

muscular periférica. Ainda que a presente metodologia não tenha se mostrado adequada para a

população analisada, tanto para análise ergoespirométrica quanto para performance

isocinética, o índice de fadiga parece ser um quesito importante a ser investigado nestes

indivíduos, para um melhor entendimento das comorbidades e também para a proposição de

intervenções adequadas.

A prevalência da fadiga é particularmente aumentada entre as disfunções neurológicas,

tais como, esclerose múltipla, esclerose lateral amiotrófica, doença de Parkinson, lesão

cerebral traumática, acidente vascular encefálico e doenças neuromusculares (FINSTERER;

MAHJOUB, 2014). No entanto, no que diz respeito à forma como as doenças

neuromusculares afetam tanto a anatomia do músculo quanto a estratégia de recrutamento de

unidades motoras é pouco conhecido. Esta questão poderia ser relevante para compreender as

propriedades de fadiga em movimentos diários e a capacidade de sobrevivência de

motoneurônios em relação ao número de fibras inervadas e seu fenótipo (EDGERTON et al.,

2002).

Embora as pesquisas mostrem que a fraqueza muscular e fadiga sejam os fatores mais

significativos que influenciam negativamente a qualidade de vida em pessoas com doenças

neuromusculares, há pouca pesquisa sobre a relação entre a fadiga e atividade física nesta

população. Isto acontece em parte devido às dificuldades inerentes ao estudo objetivo da

fadiga, relacionadas ao desenho do estudo, que deve ser dependente de esforços físicos. Além

disso, a complexa relação entre fadiga primária e secundária, devido ao desuso, deve ser

considerada.

Oliveira, Jácome e Marques (2014) em uma revisão sistemática que teve como

objetivo descrever os componentes da aptidão física e os efeitos do treinamento físico sobre

os indivíduos com espinha bífida, concluíram que os mesmos têm menor resistência

cardiorrespiratória, força muscular, composição corporal e flexibilidade em comparação aos

seus pares saudáveis. O treinamento físico parece melhorar dois destes componentes

(resistência cardiorrespiratória e força muscular). No entanto, devido às limitações

metodológicas, a heterogeneidade dos métodos e instrumentos utilizados nas pesquisas, ainda

não é possível enumerar recomendações referentes ao tipo, duração, freqüência e intensidade

dos programas de treinamento físico para esta população. A realização de estudos controlados

que forneçam evidências a respeito dos efeitos do treinamento físico sobre o

condicionamento, mobilidade, independência e saúde dos indivíduos com espinha bífida é

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necessária (BUFFART; VAN DEN BERG-EMONS et al., 2008; OLIVEIRA, JÁCOME E

MARQUES, 2014).

Dentre as limitações deste estudo, são apontados: a) pequeno grupo amostral,

impossibilitando a subdivisão dos voluntários por gênero e nível neurológico de lesão

medular (é esperado que este fator seja minimizado futuramente com o aumento do tamanho

amostral, a partir da realização de um trabalho multicêntrico); b) ausência de escala pediátrica

para interpretação do nível de fadiga (sensação de fadiga), validada para o Brasil, que pudesse

ser aplicada imediatamente após a avaliação isocinética; c) muitos voluntários com MMC não

atingiram as velocidades do teste isocinético, portanto, a aptidão neuromotora destes

indivíduos precisa ser investigada, a partir de estudos que avaliem o desempenho muscular

das crianças e adolescentes com MMC em diferentes velocidades associado a instrumentos

que investiguem as características do recrutamento das fibras musculares. Por conseguinte,

estes dados poderão servir para determinar o índice de fadiga e parametrizar (carga e

periodização) o treinamento fisioterapêutico de fortalecimento muscular.

Propostas intervencionistas para os pacientes com MMC podem ser elencadas a partir

deste estudo pioneiro: estimular a velocidade de execução de movimentos, especialmente do

ombro e estimular a força de contração dos flexores e extensores de cotovelo e flexores e

adutores de ombro. Em associação com estudo ergoespirométrico descrito anteriormente, e

com dados da função pulmonar coletados, mas ainda não explorados, o desempenho aeróbio

também deverá ser focado terapeuticamente para proporcionar maior independência e redução

dos riscos secundários do imobilismo (estruturais e funcionais), tais como, alterações

posturais, hipotrofias/atrofias musculares, deformidades, complicações respiratórias e

obesidade, resultando em melhora da qualidade de vida.

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Conclusão

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7 CONCLUSÃO

Os resultados deste estudo mostraram que as crianças e adolescentes com MMC,

restritos à cadeira de rodas, têm dificuldade na execução de movimentos em velocidade

moderada, especialmente contra a gravidade, fato este que afeta o desenvolvimento de

potência muscular de membros superiores. Por outro lado, o desenvolvimento de torque em

baixa velocidade não mostrou diferença entre pacientes e saudáveis. Assim, a partir dos dados

obtidos neste estudo, algumas habilidades dormentes nestes pacientes, como a propulsão da

cadeira de rodas, poderão ser estimuladas pela intervenção terapêutica mais voltada aos

movimentos rápidos e repetitivos. Além disso, há a necessidade de estudos futuros que

investiguem a fadiga muscular em pacientes com MMC.

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Referências bibliográficas

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Apêndices

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108

Versão 3 Data: 12/01/15

9 APÊNDICES

APÊNDICE I

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Dirigido aos Sujeitos com

Mielomeningocele

Seu filho (a) está sendo convidado (a) para participar do estudo intitulado: “Análise

comparativa da força, potência e fadiga muscular de crianças e adolescentes saudáveis e

com mielomeningocele”, coordenado pela Profa. Dra. Ana Claudia Mattiello-Sverzut e

desenvolvido pela fisioterapeuta Emanuela Juvenal Martins, com a colaboração das

fisioterapeutas Cyntia Rogean de Jesus Alves de Baptista, Mariana Angélica de Souza e Marisa

Maia Leonardi Figueiredo.

Esse estudo tem como objetivo avaliar a força, potência (que é a velocidade que o

músculo contrai) e cansaço muscular dos pacientes com mielomeningocele que usam cadeira de

rodas, e que são atendidos no Ambulatório de Mielomeningocele do Centro de Reabilitação do

Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto.

Se você e seu filho (a) aceitarem participar deste estudo, será agendado um dia para a

avaliação, que será realizada no Centro de Reabilitação do Hospital das Clínicas de Ribeirão

Preto, com duração aproximada de 1 hora e 40 minutos, e seguirá a seguinte ordem:

A. Medida da altura e peso: a altura será medida através da distância entre a ponta do dedo

de um braço até a ponta do dedo do outro braço por uma fita métrica, e o peso será

medido em uma balança para pacientes que usam cadeira de rodas. Estes testes terão

duração aproximada de 10 minutos e não causam nenhum desconforto à criança ou

adolescente.

B. Avaliação do nível de lesão na medula: a criança ou adolescente ficará deitado e depois

sentado, e tentará fazer alguns movimentos com as pernas, pedidos pelo fisioterapeuta.

Este teste terá duração aproximada de 5 minutos e pode causar frustração ou vergonha,

se ele não conseguir realizar os movimentos.

C. Avaliação da quantidade de esforço físico realizado pela criança ou adolescente

durante uma semana: a criança ou adolescente responderá um questionário chamado

Questionário Internacional de Nível de Atividade Física (IPAQ), com a ajuda da

fisioterapeuta. Estas perguntas terão duração aproximada de 5 minutos e não causam

nenhum desconforto à criança ou adolescente.

D. Avaliação do nível de evolução sexual: a criança ou adolescente irá assinalar as

figuras de uma ficha que mais se parecem com sua região genital e/ou mamas.

Este teste terá duração aproximada de 5 minutos e poderá causar constrangimento ou

vergonha.

E. Composição corporal: este teste mede a quantidade de gordura que a criança ou

adolescente tem no corpo. A criança ou adolescente ficará deitado e serão colocados 4

eletrodos (são adesivos conectados a um fio, serão colocados 2 no pé direito e 2 na mão

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Versão 3 Data: 12/01/15

direita). O teste dura aproximadamente 4 minutos e não causa dor ou choque na criança

ou adolescente, mas ele poderá ficar ansioso ou com medo devido a colocação dos

eletrodos.

F. Força muscular dos braços que será medida por um aparelho chamado dinamômetro: o

fisioterapeuta segurará este equipamento e o participante deverá empurrá-lo com o

máximo de força, serão feitas 3 medidas da força em cada movimento a ser analisado

(num total de 3 movimentos para o lado esquerdo e direito). Este teste terá duração

aproximada de 15 minutos e pode causar cansaço muscular.

G. Força muscular da mão que será medida por um aparelho chamado dinamômetro: o

participante primeiro deverá apertar com a mão o aparelho, com a sua maior força,

serão feitas 3 medidas da força para cada mão.

H. Aquecimento dos músculos dos braços através do aparelho chamado cicloergômetro

(que é semelhante a uma bicicleta de braço): o participante deverá sentar-se e girar a

manivela da bicicleta de braço. Este teste terá duração aproximada de 3 minutos e pode

causar um pequeno cansaço muscular.

I. Força muscular dos braços que será medida por um aparelho chamado dinamômetro

isocinético: a criança ou o adolescente ficará sentado na cadeira do aparelho e para

permanecer na posição correta, serão colocados cintos no peito, quadril e braços.

Depois, o equipamento será ajustado no braço do participante. Não causa dor ou choque

na criança ou adolescente, mas ele poderá ficar ansioso ou com medo devido a

colocação dos cintos. O participante primeiro deverá fazer sua maior força com o braço

contra o aparelho que ficará parado, durante 5 segundos, 3 vezes e depois, descansará

por 90 segundos. Este teste será repetido para 2 movimentos diferentes do ombro e 2

movimentos diferentes do cotovelo: levantar o ombro, abaixar o ombro, dobrar o

cotovelo e esticar o cotovelo, logo após, a criança ou adolescente descansará por 10

minutos. Em seguida, o participante deverá fazer sua maior força com o braço contra o

aparelho que moverá de forma lenta, por 5 vezes. Este teste será repetido para 2

movimentos diferentes do ombro e 2 movimentos diferentes do cotovelo: levantar o

ombro, abaixar o ombro, dobrar o cotovelo e esticar o cotovelo, logo após, a criança ou

adolescente descansará por 10 minutos e depois, repetirá o mesmo teste de forma mais

rápida, por 10 vezes. Este teste será repetido para 2 movimentos diferentes do ombro e

2 movimentos diferentes do cotovelo: levantar o ombro, abaixar o ombro, dobrar o

cotovelo e esticar o cotovelo. Este teste terá duração aproximada de 35 minutos e pode

causar cansaço muscular.

Conforme descrito acima, este estudo poderá gerar um pequeno desconforto pela realização

de esforço máximo no exercício físico de braços nos aparelhos que medem a força, mas não

trará nenhum tipo de risco à saúde do participante. Os testes serão acompanhados por uma

fisioterapeuta. A equipe da pesquisa esclarecerá as dúvidas e explicará anteriormente cada

avaliação que será realizada. As informações deste estudo poderão ser utilizadas para fins

estatísticos ou científicos, e é assegurada total privacidade e anonimato do participante.

Os resultados deste estudo não farão com que seu filho tenha uma melhora imediata. Mas

ajudarão os profissionais da saúde a entender melhor esta doença. E assim, futuramente talvez

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Versão 3 Data: 12/01/15

poderão ser criados programas de tratamento que consigam diminuir o cansaço destes pacientes,

gerando maior independência e qualidade de vida.

Você tem o direito de interromper a participação da criança ou adolescente sob sua

responsabilidade a qualquer momento. E caso desista da participação, não haverá penalidade ou

prejuízo, e não comprometerá a continuidade de seguimento ou tratamento nesta instituição.

Caso você concorde que seu filho (a) participe como voluntário, desta pesquisa, favor assinar

abaixo.

Ribeirão Preto, ___ de ____________ de ______.

_____________________________ ____________________________

Nome do responsável Assinatura do responsável

Ribeirão Preto, ___ de ____________ de ______.

________________________________ ______________________________

Nome do pesquisador que obteve o termo Assinatura do pesquisador que obteve o termo

Para questões relacionadas a este estudo contate:

Emanuela Juvenal Martins ou Ana Cláudia Mattiello-Sverzut

Telefone: (63) 8135-7109

E-mail: [email protected]

Estrutura e Função do Músculo Esquelético - Laboratório de Pesquisa Científica - FMRP –

USP.

Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. Tel: (016) 3602-1000,

ramal 2228.

Termo de Assentimento

Você está sendo convidado (a) para participar, como voluntário (a), da pesquisa

chamada “Análise comparativa da força, potência e fadiga muscular de crianças e

adolescentes saudáveis e com mielomeningocele”.

Essa pesquisa avaliará a força, potência (que é a velocidade que o músculo contrai) e

cansaço muscular dos pacientes com mielomeningocele que usam cadeira de rodas.

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Versão 3 Data: 12/01/15

Se você concordar em participar desta pesquisa você deverá ir ao Hospital das Clínicas

da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, para fazer uma avaliação e fará os seguintes testes:

medida da altura e peso, avaliação dos movimentos das pernas, avaliação da quantidade de

esforço físico que você realizou em uma semana, avaliação da sua evolução sexual

marcando as figuras que mais se parecem com o seu corpo em uma ficha, medida da

quantidade de gordura que você tem no corpo, aquecimento dos músculos dos braços girando

uma manivela, avaliação da força dos seus braços e da sua mão. Durante os testes você poderá

sentir pequeno desconforto como cansaço.

Esta pesquisa poderá ajudar os terapeutas a entender melhor como é o funcionamento

dos músculos e assim, ajudar a pensar em melhores formas de tratamento na fisioterapia para as

crianças e adolescentes que tem a doença (mielomeningocele).

Caso você concorde em participar desta pesquisa, favor assinar abaixo.

Ribeirão Preto, ___ de ____________ de ______.

____________________________________ _____________________________

Nome do voluntário Assinatura do voluntário

Ribeirão Preto, ___ de ____________ de ______.

_________________________________ ________________________________________

Nome do pesquisador que obteve o termo Assinatura do pesquisador que obteve o termo

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APÊNDICE II

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Dirigido às Crianças do Grupo

Controle (sem a doença)

Seu filho (a) está sendo convidado (a) para participar do estudo intitulado: “Análise

comparativa da força, potência e fadiga muscular de crianças e adolescentes saudáveis e

com mielomeningocele”, coordenado pela Profa. Dra. Ana Claudia Mattiello-Sverzut e

desenvolvido pela fisioterapeuta Emanuela Juvenal Martins, com a colaboração das

fisioterapeutas Cyntia Rogean de Jesus Alves de Baptista, Mariana Angélica de Souza e Marisa

Maia Leonardi Figueiredo.

Esse estudo tem como objetivo avaliar a força, potência (que é a velocidade que o

músculo contrai) e cansaço muscular dos pacientes com mielomeningocele que usam cadeira de

rodas, e que são atendidos no Ambulatório de Mielomeningocele do Centro de Reabilitação do

Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto.

A mielomeningocele é uma doença causada por um problema na gravidez, durante a

formação do sistema nervoso, que altera a coluna vertebral (espinha), a medula e os nervos.

Estas alterações provocam perda da sensibilidade e da força nas pernas e perda do controle da

bexiga e do intestino. A maioria das crianças e adolescentes com esta doença não consegue

andar e utiliza cadeira de rodas. A pouca atividade física das crianças e adolescentes com

mielomeningocele pode levar a outras complicações como na respiração, nos ossos, no coração,

aumento do peso e sensação de cansaço, podendo afetar a independência e a qualidade de vida

destas pessoas. O seu filho não tem essa doença. Então vamos comparar a força, velocidade de

contração e cansaço muscular das crianças e adolescentes saudáveis com a força, velocidade de

contração e cansaço muscular das crianças e adolescentes que tem a doença.

Se você e seu filho (a) aceitarem participar deste estudo, será agendado um dia para a

avaliação, que será realizada no Centro de Reabilitação do Hospital das Clínicas de Ribeirão

Preto, com duração aproximada de 1 hora e 20 minutos, e seguirá a seguinte ordem:

A. Medida da altura e peso: a altura será medida por uma fita métrica, e o peso será

medido em uma balança. Estes testes terão duração aproximada de 10 minutos e

não causam nenhum desconforto à criança ou adolescente.

B. Avaliação da quantidade de esforço físico realizado pela criança ou adolescente

durante uma semana: a criança ou adolescente responderá um questionário

chamado Questionário Internacional de Nível de Atividade Física (IPAQ), com a

ajuda da fisioterapeuta. Estas perguntas terão duração aproximada de 5 minutos e

não causam nenhum desconforto à criança ou adolescente.

C. Avaliação do nível de evolução sexual: a criança ou adolescente irá assinalar

as figuras de uma ficha que mais se parecem com sua região genital e/ou

mamas. Este teste terá duração aproximada de 5 minutos e poderá causar

constrangimento ou vergonha.

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Versão 3 Data: 12/01/15

D. Composição corporal: este teste mede a quantidade de gordura que a criança ou

adolescente tem no corpo. A criança ou adolescente ficará deitado e serão colocados

4 eletrodos (são adesivos conectados a um fio, serão colocados 2 no pé direito e 2

na mão direita). O teste dura aproximadamente 4 minutos e não causa dor ou

choque na criança ou adolescente, mas ele poderá ficar ansioso ou com medo

devido a colocação dos eletrodos.

E. Força muscular dos braços que será medida por um aparelho chamado

dinamômetro: o fisioterapeuta segurará este equipamento e o participante deverá

empurrá-lo com o máximo de força, serão feitas 3 medidas da força em cada

movimento a ser analisado (num total de 3 movimentos para o lado esquerdo e

direito). Este teste terá duração aproximada de 15 minutos e pode causar cansaço

muscular.

F. Força muscular da mão que será medida por um aparelho chamado dinamômetro: o

participante primeiro deverá apertar com a mão o aparelho, com a sua maior força,

serão feitas 3 medidas da força para cada mão

G. Aquecimento dos músculos dos braços através do aparelho chamado cicloergômetro

(que é semelhante a uma bicicleta de braço): o participante deverá sentar-se e girar

a manivela da bicicleta de braço. Este teste terá duração aproximada de 3 minutos e

pode causar um pequeno cansaço muscular.

H. Força muscular dos braços que será medida por um aparelho chamado dinamômetro

isocinético: a criança ou o adolescente ficará sentado na cadeira do aparelho e para

permanecer na posição correta, serão colocados cintos no peito, quadril e braços.

Depois, o equipamento será ajustado no braço do participante. Não causa dor ou

choque na criança ou adolescente, mas ele poderá ficar ansioso ou com medo

devido a colocação dos cintos. O participante primeiro deverá fazer sua maior força

com o braço contra o aparelho que ficará parado, durante 5 segundos, 3 vezes e

depois, descansará por 90 segundos. Este teste será repetido para 2 movimentos

diferentes do ombro e 2 movimentos diferentes do cotovelo: levantar o ombro,

abaixar o ombro, dobrar o cotovelo e esticar o cotovelo, logo após, a criança ou

adolescente descansará por 10 minutos. Em seguida, o participante deverá fazer sua

maior força com o braço contra o aparelho que moverá de forma lenta, por 5 vezes.

Este teste será repetido para 2 movimentos diferentes do ombro e 2 movimentos

diferentes do cotovelo: levantar o ombro, abaixar o ombro, dobrar o cotovelo e

esticar o cotovelo, logo após, a criança ou adolescente descansará por 10 minutos e

depois, repetirá o mesmo teste de forma mais rápida, por 10 vezes. Este teste será

repetido para 2 movimentos diferentes do ombro e 2 movimentos diferentes do

cotovelo: levantar o ombro, abaixar o ombro, dobrar o cotovelo e esticar o cotovelo.

Este teste terá duração aproximada de 35 minutos e pode causar cansaço muscular.

Todos os testes explicados acima serão feitos no Centro de Reabilitação do Hospital das

Clínicas de Ribeirão Preto, uma única vez cada. Você será orientado a levar os documentos da

criança ou adolescente (RG, CPF e cartão SUS) no dia avaliação para que seja providenciado o

registro neste Hospital. As avaliações serão agendadas fora do período das aulas da criança ou

adolescente e, portanto, não haverá prejuízo ao cumprimento do calendário escolar.

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Versão 3 Data: 12/01/15

Conforme descrito acima, este estudo poderá gerar um pequeno desconforto pela realização

de esforço máximo no exercício físico de braços nos aparelhos que medem a força, mas não

trará nenhum tipo de risco à saúde do participante. Os testes serão acompanhados por uma

fisioterapeuta. A equipe da pesquisa esclarecerá as dúvidas e explicará anteriormente cada

avaliação que será realizada. As informações deste estudo poderão ser utilizadas para fins

estatísticos ou científicos, e é assegurada total privacidade e anonimato do participante.

Os dados obtidos neste estudo poderão aumentar as informações sobre a relação que existe

entre a menor movimentação do corpo e as atividades que as crianças e os adolescentes que

usam cadeira de rodas realizam no dia a dia, para podermos futuramente, criar um programa de

tratamento sem riscos para esses indivíduos, com exercícios que melhorem a força e velocidade

de contração dos músculos e reduzam o cansaço muscular e problemas trazidos pela falta de

movimentação do corpo, gerando maior independência e qualidade de vida.

Você tem o direito de interromper a participação da criança ou adolescente sob sua

responsabilidade a qualquer momento. E caso desista da participação, não haverá penalidade ou

prejuízo.

Caso você concorde que seu filho (a) participe como voluntário, desta pesquisa, favor

assinar abaixo.

Ribeirão Preto, ___ de ____________ de ______.

__________________________________________ ______________________________

Nome do responsável Assinatura do responsável

Ribeirão Preto, ___ de ____________ de ______.

_____________________________________ ____________________________________

Nome do pesquisador que obteve o termo Assinatura do pesquisador que obteve o termo

Para questões relacionadas a este estudo contate:

Emanuela Juvenal Martins ou Ana Cláudia Mattiello-Sverzut

Telefone: (63) 8135-7109

E-mail: [email protected]

Estrutura e Função do Músculo Esquelético - Laboratório de Pesquisa Científica - FMRP –

USP.

Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. Tel: (016) 3602-1000,

ramal 2228.

Termo de Assentimento

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Versão 3 Data: 12/01/15

Você está sendo convidado (a) para participar, como voluntário (a), da pesquisa

chamada “Análise comparativa da força, potência e fadiga muscular de crianças e

adolescentes saudáveis e com mielomeningocele”.

Essa pesquisa avaliará a força, potência (que é a velocidade que o músculo contrai) e

cansaço muscular dos pacientes com mielomeningocele que usam cadeira de rodas.

A mielomeningocele é uma doença causada por um problema na gravidez, durante a

formação do sistema nervoso, que altera a coluna vertebral (espinha), a medula e os nervos.

Estas alterações provocam perda da sensibilidade e da força nas pernas e perda do controle da

bexiga e do intestino. A maioria das crianças e adolescentes com esta doença não consegue

andar e utiliza cadeira de rodas. A pouca atividade física das crianças e adolescentes com

mielomeningocele pode levar a outras complicações como na respiração, nos ossos, no coração,

aumento do peso e sensação de cansaço, podendo afetar a independência e a qualidade de vida

destas pessoas. Você não tem essa doença, mas, está sendo convidado (a) para que os seus

resultados possam ser comparados com os de crianças e adolescentes que têm a doença.

Se você concordar em participar desta pesquisa você deverá ir ao Hospital das Clínicas

da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, para fazer uma avaliação e fará os seguintes testes:

medida da altura e peso, avaliação da quantidade de esforço físico que você realizou em

uma semana, avaliação da sua evolução sexual marcando as figuras que mais se parecem

com o seu corpo em uma ficha, medida da quantidade de gordura que você tem no corpo,

aquecimento dos músculos dos braços girando uma manivela, avaliação da força dos seus braços

e da sua mão. Durante os testes você poderá sentir pequeno desconforto como cansaço.

Esta pesquisa poderá ajudar os terapeutas a entender melhor como é o funcionamento

dos músculos e assim, ajudar a pensar em melhores formas de tratamento na fisioterapia para as

crianças e adolescentes que tem a doença (mielomeningocele).

Caso você concorde em participar desta pesquisa, favor assinar abaixo.

Ribeirão Preto, ___ de ____________ de ______.

___________________________________________ _____________________________

Nome do voluntário Assinatura do voluntário

Ribeirão Preto, ___ de ____________ de ______.

___________________________________ _____________________________________

Nome do pesquisador que obteve o termo Assinatura do pesquisador que obteve o termo

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116

APÊNDICE III

Ficha de Avaliação Fisioterapêutica

Data da avaliação: ___ / ___ / _____

ANAMNESE

Nome: _____________________________________________________________________

Responsável:________________________________________________________________

Endereço:___________________________________________________________________

Telefone:___________________ Idade: ________ Data de nascimento:__________________

Dominância nos membros superiores: ( ) Direito ( ) Esquerdo

Utiliza algum medicamento? Qual (ais)? ( ) sim ( ) não

___________________________________________________________________________

AVALIAÇÃO FÍSICA

A) Antropometria (Bioimpedância - Biodynamics 310 e)

Avaliador: ________________________________________________________

Peso: _______ Kg Estatura: _______ cm IMC:________

Massa Gorda: ____________ % Gordura Corporal: ___________

Água corporal total (L): ____________

Massa Magra: __________ Água Massa Magra (%): ____________

B) Nível de lesão (Protocolo de Hoffer et al., 1973)

Avaliador: ________________________________________________________

( ) nível torácico

( ) nível lombar alto

( ) nível lombar baixo

( ) nível sacral

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117

C) Força muscular (Dinamômetro Hand-Held Lafayette, UK)

Avaliador:________________________________________________________

Músculos Membro Superior Direito Membro Superior Esquerdo

1 2 3 Média 1 2 3 Média

Abdutores de

ombro

Flexores de

ombro

Extensores de

ombro

Flexores de

cotovelo

Extensores de

cotovelo

D) Dinamometria de Bulbo (North Coast – NC70154)

Avaliador: _____________________________________________________________

FORÇA Membro Superior Direito Membro Superior Esquerdo

1

2

3

MÉDIA

E) Avaliação Isocinética (Biodex System 4®)

F) Questionário IPAQ – versão curta

G) Escala de TANNER

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ANEXOS

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119

10 ANEXOS

ANEXO I

Questionário Internacional de Atividade Física – IPAQ (versão curta)

Nome: ________________________________________________________

Data: _____/_____/_____ Idade: ________ Sexo: F ( ) M ( )

Nós estamos interessados em saber que tipo de atividade física as pessoas fazem como parte

do seu dia a dia. As perguntas estão relacionadas ao tempo que você gasta fazendo atividade

física na ÚLTIMA semana. As perguntas incluem as atividades que você faz na escola, para ir

de um lugar para o outro, por lazer, por esporte, por exercício ou como parte das suas

atividades em casa. Suas respostas são MUITO importantes. Por favor, responda cada questão

mesmo que considere que não seja ativo. Obrigada pela sua participação!

Para responder as questões lembre-se que:

que fazem respirar MUITO mais forte que o normal

fazem respirar UM POUCO mais forte que o normal

Para responder as perguntas pense somente nas atividades que você realiza por pelo menos 10

minutos contínuos de cada vez.

1a Em quantos dias da última semana você CAMINHOU ou TOCOU CADEIRA DE

RODAS por pelo menos 10 minutos contínuos em casa ou na escola, como forma de

transporte para ir de um lugar para o outro, por lazer, por prazer ou como forma de exercício?

Dias ______ por semana ( ) Nenhum

1b Nos dias em que você caminhou ou tocou cadeira de rodas por pelo menos 10 minutos

contínuos quanto tempo no total você gastou caminhando ou tocando cadeira de rodas por

dia?

Horas: _____ Minutos: _____

2a Em quantos dias da última semana, você realizou atividades MODERADAS por pelo

menos 10 minutos contínuos, como, por exemplo, praticar handcycle, nadar, dançar, fazer

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120

ginástica aeróbica leve, jogar vôlei recreativo, carregar pesos leves fazer serviços domésticos

na casa, no quintal ou no jardim como varrer, aspirar, cuidar do jardim, ou qualquer outra

atividade que fez aumentar moderadamente sua respiração ou batimentos do coração (POR

FAVOR, NÃO INCLUA CAMINHADA E TOQUE DE CADEIRA DE RODAS).

Dias _____ por semana ( ) Nenhum

2b Nos dias em que você fez essas atividades moderadas por pelo menos 10 minutos

contínuos, quanto tempo no total você gastou fazendo essas atividades por dia?

Horas: ____ Minutos: _____

3a Em quantos dias da última semana, você realizou atividades VIGOROSAS por pelo menos

10 minutos contínuos, como por exemplo, tocar velozmente a cadeira de rodas, praticar

velozmente handcycle, fazer serviços domésticos pesados em casa, no quintal ou jardim,

carregar pesos elevados ou qualquer outra atividade que fez aumentar MUITO sua respiração

ou batimentos do coração.

Dias _____ por semana ( ) Nenhum

3b Nos dias em que você fez essas atividades vigorosas por pelo menos 10 minutos contínuos,

quanto tempo no total você gastou fazendo essas atividades por dia?

Horas: ____ Minutos: _____

Estas últimas questões são sobre o tempo que você permanece descansando.

4a Quanto tempo no total você gasta descansando durante um dia de semana?

Horas: ____ Minutos: _____

4b Quanto tempo no total você gasta descansando durante um dia de final de semana?

Horas: ____ Minutos: _____

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121

ANEXO II

ESCALA DE TANNER - sexo feminino

Nome:_______________________________________________________________

Idade: __________________________________Data da avaliação:______________

Controle ( ) Mielomeningocele ( )

Coloque um X na figura que mais parece com você agora:

Com relação aos seus seios: Com relação aos pêlos:

Modificado de Taylor et al., 2001

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ANEXO III

ESCALA DE TANNER - sexo masculino

Nome:_______________________________________________________________

Idade: __________________________________Data da avaliação:______________

Controle ( ) Mielomeningocele ( )

Coloque um X na figura que mais parece com você agora:

Com relação ao seu pênis e escroto: Com relação aos seus pêlos:

Modificado de Taylor et al., 2001

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123

ANEXO IV

VALORES MÍNIMOS E MÁXIMOS DAS VARIÁVEIS DE DESEMPENHO

MUSCULAR

Grupo Movimentos Valores PT60

(Nm)

TR60

(%) W60 (J)

tPT60

(s)

GND

(n=11)

ABO Mínimo 42,5 0,6 18,6 0,1

Máximo 107,8 1,5 443,9 1,2

ADO Mínimo 3,9 0,0 23,9 0,3

Máximo 105,0 1,3 407,0 0,9

FLO Mínimo 0,0 0,0 0,0 0,0

Máximo 92,5 1,5 409,1 0,9

EXO Mínimo 5,9 0,1 6,1 0,1

Máximo 84,9 1,1 378,7 0,6

FLC Mínimo 0,0 0,0 0,0 0,0

Máximo 65,5 1,3 271,7 2,8

EXC Mínimo 11,2 0,2 13,6 0,4

Máximo 58,2 1,9 269,4 1,0

GCT

(n=22)

ABO Mínimo 29,9 0,6 25,8 0,1

Máximo 88,4 7,1 423,5 1,0

ADO Mínimo 34,9 0,4 28,1 0,3

Máximo 117,2 6,0 513,0 1,0

FLO Mínimo 31,7 0,6 41,8 0,1

Máximo 81,2 1,6 309,8 0,8

EXO Mínimo 21,0 0,4 45,2 0,1

Máximo 99,9 1,5 422,8 1,2

FLC Mínimo 15,7 0,3 14,3 0,2

Máximo 64,4 1,4 261,3 1,6

EXC Mínimo 13,7 0,5 33,9 0,1

Máximo 54,0 1,2 211,5 1,5

Tabela A. Valores mínimos e máximos das variáveis funcionais (PT, TR, W e tPT) na velocidade de 60°s

-1 dos GND e GCT.

Legenda: GND: grupo não-deambuladores; GCT: grupo controle; ABO:

abdutores do ombro; ADO: adutores do ombro; FLO: flexores do ombro; EXO:

extensores do ombro; FLC: flexores do cotovelo; EXC: extensores do cotovelo;

n: número de participantes considerados para a análise; PT60: pico de

torque a 60°s-1

(em porcentagem - %); TR60: torque relativo a 60°s-1

(em

porcentagem - %); W60: trabalho a 60°s-1

(em Joules - J); tPT60: tempo

para alcançar o pico de torque a 60°s-1

(em segundos - s).

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Tabela B. Valores mínimos e máximos das variáveis funcionais (PT, TR, W, Pot e tPT) na

velocidade de 120°s-1

dos GND e GCT.

Grupo Movimentos Valores PT120

(Nm)

TR120

(%)

W120

(J)

Pot120

(W)

tPT120

(s)

GND

(n=11)

ABO mínimo 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

máximo 88,0 1,5 460,8 95,1 0,5

ADO mínimo 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

máximo 96,4 1,4 348,3 90,5 0,5

FLO mínimo 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

máximo 82,3 1,2 402,1 74,2 0,5

EXO mínimo 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

máximo 82,4 0,9 372,7 74,0 0,3

FLC mínimo 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

máximo 51,9 0,8 274,2 42,5 0,8

EXC mínimo 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

máximo 57,4 1,0 305,2 62,0 0,4

GCT

(n=22)

ABO mínimo 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

máximo 77,3 0,9 337,1 67,0 0,5

ADO mínimo 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

máximo 111,0 1,1 462,4 93,2 0,5

FLO mínimo 12,2 0,2 0,0 10,2 0,0

máximo 52,7 0,9 238,4 44,2 0,6

EXO mínimo 0,0 0,0 53,0 0,0 0,0

máximo 51,4 0,5 238,4 43,2 0,5

FLC mínimo 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

máximo 51,4 1,1 238,4 43,2 1,5

EXC mínimo 12,2 0,5 50,4 10,2 0,1

máximo 52,7 1,4 205,4 44,2 0,7

Legenda: GND: grupo não-deambuladores; GCT: grupo controle; ABO: abdutores do ombro; ADO: adutores do ombro; FLO: flexores do ombro; EXO: extensores do ombro; FLC: flexores

do cotovelo; EXC: extensores do cotovelo; n: número de participantes considerados para a

análise; PT120: pico de torque a 120°s-1

(em porcentagem - %); TR120: torque relativo a 120°s-1

(em porcentagem - %); W120: trabalho a 120°s-1

(em Joules - J); Pot120: potência a 120°s-1

(em

Watts - W); tPT120: tempo para alcançar o pico de torque a 120°s-1

(em segundos - s).