universidade de sÃo paulo faculdade de filosofia, … · monografia apresentada ao departamento de...

37
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE RIBEIRÃO PRETO DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA ‘’A relação entre os movimentos epistêmicos de professores em formação inicial e os argumentos construídos pelos alunos em uma sequência didática investigativa sobre Biodiversidade’’ Gabriel Henrique de Camargo Monografia apresentada ao Departamento de Biologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, como parte das exigências para a obtenção do título de Licenciado em Ciências Biológicas. RIBEIRÃO PRETO – SP 2016

Upload: ngophuc

Post on 25-Jan-2019

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE RIBEIRÃO PRETO

DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA

‘’A relação entre os movimentos epistêmicos de professores em formação inicial e os

argumentos construídos pelos alunos em uma sequência didática investigativa sobre

Biodiversidade’’

Gabriel Henrique de Camargo

Monografia apresentada ao Departamento de Biologia da

Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da

Universidade de São Paulo, como parte das exigências para a

obtenção do título de Licenciado em Ciências Biológicas.

RIBEIRÃO PRETO – SP

2016

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE RIBEIRÃO PRETO

DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA

‘’A relação entre os movimentos epistêmicos de professores em formação inicial e os

argumentos construídos pelos alunos em uma sequência didática investigativa sobre

Biodiversidade’’

Gabriel Henrique de Camargo

Monografia apresentada ao Departamento de Biologia da

Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da

Universidade de São Paulo, como parte das exigências para a

obtenção do título de Licenciado em Ciências Biológicas.

Nome do orientador: Prof. Dr. Marcelo Tadeu Motokane

RIBEIRÃO PRETO – SP

2016

A todos que de alguma forma contribuíram para a realização

deste trabalho.

AGRADECIMENTOS

À minha família, por ter me apoiado durante todos os anos de graduação em Ribeirão

Preto e por ter sido grandemente responsável para a construção do meu eu.

A todos os professores que já tive, por terem me permitido conhecer e ser.

Em especial ao Prof. Marcelo Tadeu Motokane, que além do papel de orientador deste

trabalho, me ensinou a pensar sobre o pensar e refletir sobre a construção do

conhecimento, me modificando no processo.

Aos alunos da E.E. Alberto Santos Dumont, por terem me acolhido como bolsista

participante do PIBID e me reconhecido como professor, ajudando a construir e moldar

minha identidade como tal.

Ao professor Uriel Assan que cedeu suas aulas, tornando possível a coleta de dados para

este trabalho.

A todos os integrantes do Laboratório de Ensino de Biologia (LEB) e do grupo de

pesquisa de Linguagem e Ensino de Biologia (LINCE), em especial ao Tiago, Brucce

Tereza, Rafael e Marcelo, pelas diferentes contribuições a este trabalho. Agradeço ainda

mais fortemente ao Rafael, por ter cedido seus dados para a realização desta pesquisa e

principalmente por ter sido a pessoa que mais me inspirou a trilhar esse caminho.

A Bruna, Yasmin, Pedro e Tuan, pela companhia na viagem que ampliou e modificou

minha visão de mundo e do belo. E pelas inúmeras aventuras que nunca deixarei de

lembrar.

A todos meus amigos da graduação, em especial a Marcela, Beatriz, Tuan e Pedro, por

todos os bons momentos e por terem conseguido conviver com todas minhas apomorfias

por tanto tempo.

À CAPES pela bolsa do PIBID e a oportunidade de participar desse projeto.

A qualquer um que por lapso de minha memória não foi citado. Se esse é seu caso, peço

minhas sinceras desculpas e rogo sua compreensão.

[...] E se de alguma coisa me arrependo é provável que seja do

meu bom comportamento. Que diabo se apossou de mim para

que me comportasse tão bem? [...] (THOREAU, 1984)

RESUMO

Partindo-se da concepção de que o desenvolvimento de habilidades argumentativas

é importante em aulas de biologia e ciências e que as ações do professor em sala de

aula podem constituir uma etapa importante deste processo. Assim, este trabalho

identifica os argumentos coletivos e seus elementos produzidos por dois grupos de

estudantes do segundo ano do ensino médio a partir do padrão proposto por Toulmin

(2006), ao longo de três episódios de uma Sequência Didática Investigativa e os

relaciona com os movimentos epistêmicos (SILVA, 2015) de professores em

formação inicial. Durante a análise individual de cada um dos episódios constatamos

a necessidade do uso de diferentes Movimentos para a construção de um argumento

conceitualmente correto e capaz de solucionar de forma adequada os problemas

propostos. Ainda, a análise conjunta dos episódios nos permitiu averiguar o maior

esforço dos bolsistas para a construção de um argumento que envolve um problema

mais complexo, bem como, o maior esforço necessário para a construção do

elemento Conclusão do padrão de Toulmin.

Palavras – Chave: Movimentos epistêmicos, Argumentação, Argumento,

Sequência Didática Investigativa, Biodiversidade.

ABSTRACT

Assuming that the development of argumentative skills is important in biology and

science classes and that the teacher’s action can be an important step during this process.

This work identifies the collective arguments and their elements produced by two groups

of students as proposed by Toulmin (2006), during three selected episodes of an Inquiring

Didatic Sequence, then the arguments are related with the epistemic movements (SILVA,

2015) of teachers in inicial training. During the analysis of each episode we saw that

different epistemic movements were needed to the construction of an argument that was

conceptualy right and that was able to solve the given problem. Analysing the three

episodes together allowed us to verify that a more conceptually complex argument needed

a higher effort from the teachers to be done and that the Claim element needed a higher

effort to be constructed as well.

Key – Words: Epistemic Movements, Argumentation, Argument, Inquiring Didatic

Sequence, Biodiversity

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1

FERRAMENTAS ANÁLITICAS .................................................................................... 5

METODOLOGIA ............................................................................................................. 7

RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................... 9

1.1. Primeira atividade investigativa ......................................................................... 9

1.2. Segunda atividade investigativa ....................................................................... 11

1.3. Terceira atividade investigativa ....................................................................... 14

1.4. Análise do conjunto de atividades investigativas ............................................ 16

CONCLUSÃO ................................................................................................................ 20

APÊNDICE .................................................................................................................... 24

1

INTRODUÇÃO

Desde o início do século XX as concepções acerca da educação veem sofrendo

mudanças significativas que acompanharam as modificações que ocorreram na sociedade.

Nesse sentido, as concepções da escola como instituição que tem como objetivo

direcionar os alunos a conhecer o que já foi historicamente produzido pelas gerações

passadas e como local onde esses conhecimentos são pensados como produtos finais a

serem transmitidos pela exposição do professor, também foram atingidas por estas

mudanças (CARVALHO, 2013).

Essas alterações se deram, uma vez, que houve um aumento exponencial dos

conhecimentos gerados, não sendo mais possível ensinar a todos os inúmeros

conhecimentos científicos produzidos, passando-se a valorizar mais o processo de

obtenção dos conhecimentos e a qualidade dos mesmos em detrimento da quantidade, a

partir de uma abordagem problematizadora para o início da construção dos saberes

(CARVALHO, 2013).

Dentro desse contexto, o Ensino de Ciências por Investigação é uma alternativa às

antigas concepções sobre educação se adequando aos pressupostos atuais descritos acima.

Consideramos esta modalidade de ensino, concordando com Sasseron e Carvalho (2008),

como aquela em que se busca a criação de um ambiente investigativo dentro da sala de

aula onde se torna possível que o professor, tomando o papel de mediador, possa ensinar

o aluno as bases do trabalho científico, permitindo que os mesmos ampliem sua cultura

científica. Ainda, o Ensino de Ciências por Investigação se constituí como:

Um ensino de Ciências capaz de fornecer aos alunos não somente noções e

conceitos científicos, mas também a possibilidade de “fazer ciência”, sendo

defrontados com problemas autênticos nos quais a investigação seja condição

para resolvê-los (SASSERON; CARVALHO, 2008, p. 335).

Nesse sentido, a investigação se torna um dos componentes centrais da construção

dos processos que levam ao conhecimento científico, sendo importante não somente para

o ensino de conteúdos científicos, bem como, para o ensino de componentes que fazem

parte da natureza deste conhecimento (SCARPA E SILVA, 2013), utilizando-se da

linguagem argumentativa.

2

Diferentes pesquisadores propõem distintas abordagens metodológicas para o

Ensino de Ciências por Investigação que, no entanto, possuem vários pontos congruentes

(ZÔMPERO E LABURÚ, 2011). Nessa perspectiva, este trabalho concorda com a

abordagem metodológica explicitada detalhadamente por Carvalho (2013) que propõe o

uso de Sequências de Ensino Investigativas (SEIs) para a implantação de atividades

investigativas:

[...] propomos as sequências de ensino investigativas (SEIs), isto é,

sequências de atividades (aulas) abrangendo um tópico do programa escolar

em que cada uma das atividades é planejada, sob o ponto de vista do material

e das interações didáticas [...]

[...]. Uma sequência de ensino investigativa deve ter algumas atividades

chaves: na maioria das vezes a SEI inicia-se por um problema, experimental

ou teórico, contextualizado, que introduz os alunos no tópico desejado e dê

condições para que pensem e trabalhem com as variáveis relevantes do

fenômeno científico central do conteúdo programático. É preciso, após a

resolução do problema, uma atividade de sistematização do conhecimento

construído pelos alunos. [...]. Uma terceira atividade importante é a que

promove a contextualização do conhecimento no dia a dia dos alunos, pois

nesse momento eles podem sentir a importância da aplicação do

conhecimento construído do ponto de vista social (CARVALHO, 2013, p. 9).

Considerando-se estes pressupostos, existem diversos trabalhos na literatura que

se utilizam de sequências de ensino investigativas como objeto de estudo. Sasseron e

Carvalho (2008), por exemplo, buscam indicadores de Alfabetização Cientifica em uma

SEI que trata de problemas ambientais. Yamada e Motokane (2013), propõem o uso de

uma sequência sobre ecologia para averiguar o uso da linguagem falada e escrita dos

alunos. E Sasseron e Carvalho (2011) utilizam-se da aplicação de uma Sequência de

Ensino Investigativa sobre ‘’ Navegação e Meio Ambiente’’ com o intuito de relacionar

o ciclo argumentativo construído pelos alunos com os Indicadores de Alfabetização

Cientifica encontrados na aula.

Durante a realização de atividades investigativas ou de SEIs o desenvolvimento

de habilidades argumentativas é defendido por diversos autores (DUSCHL E OSBORN,

2002; SASSERON E CARVALHO, 2011; DRIVER, NEWTON E OSBORN, 2000).

Nesse sentido, se destaca a importância da construção de argumentos dentro da sala de

3

aula. Jiménez – Aleixandre (2010), por exemplo, explicita que esta habilidade é

importante para a contemplação de objetivos relacionados com a formação de um cidadão

responsável capaz de pensar criticamente e com metas pertinentes com o

desenvolvimento de concepções acerca da natureza da ciência, proporcionando que o

aluno compreenda sua complexidade e aspectos da cultura relacionados com o fazer

cientifico.

Porém, a argumentação tem recebido pouca atenção nas salas de aula de ciências,

levando a lacunas importantes na educação científica fornecida aos estudantes (DRIVER

et al, 2000). Dentro desta perspectiva, essa omissão leva a falsa concepção de que a

ciência é uma coleção de fatos não problematizados acerca do mundo onde existem

respostas corretas e claras que não dão espaços para controvérsias, impedindo que os

alunos se apropriem da habilidade de avaliar criticamente alegações científicas e as

confrontem com suas próprias experiências de vida (DRIVER et al, 2000).

Por argumentação compreende-se a capacidade de avaliar enunciados com base

em indícios e reconhecer que as conclusões e os enunciados científicos devem estar

justificados, e sustentados por evidências (JIMÉNEZ-ALEIXANDRE, 2010). Para

Duschl e Osborn (2002) as habilidades argumentativas permitem o entendimento de como

as evidências são empregadas na ciência para a construção de explicações e os critérios

utilizados para avaliar a seleção de evidências e a construção de explicações científicas.

Segundo Driver et al (2000), o campo de estudo da argumentação tem se desenvolvido

ao longo de várias décadas e o modelo proposto por Toulmin (2006) que descreve os

elementos constitutivos dos argumentos e a relação existente entre os mesmos, tem sido

amplamente utilizado por pesquisadores da área da educação como um modelo para a

descrição dos argumentos dos estudantes. No padrão argumentativo proposto por

Toulmin (ou TAP), os argumentos se constituem pelos seguintes elementos:

Dado: É o fato que dá suporte para a conclusão;

Conclusão: É a tese a ser estabelecida;

Garantia: São as proposições que funcionam como a ponte entre o dado e a

conclusão, tendo papel explanatório;

Apoio: É o suporte teórico que fornece confiabilidade para a garantia;

Refutador: É a condição em que a garantia não se aplica;

Qualificador modal: São elementos que suportam as conclusões e as tornam

mais fortes, normalmente caracterizados como advérbio

4

Neste trabalho, consideramos a perspectiva vigotskiana de que as funções complexas

do pensamento são formadas principalmente pelas trocas sociais e, nessa interação, o fator

de maior peso é a linguagem, ou seja, a comunicação entre as pessoas (PALANGANA,

2015). Nesse sentido, Vigotski chama a atenção para a grande importância da fala em

situações sociais, como um precursor necessário ao aprendizado individual (MORTIMER

E SCOTT, 2003). Desse modo, a sala de aula pode ser percebida como um espaço

sociocultural sinalizando para a importância de compreender como os diversos processos

aí desenvolvidos são construídos discursivamente, o que faz as atenções se voltarem para

as interações e os diálogos que se estabelecem entre os sujeitos deste ambiente,

considerando-se os diferentes papéis que eles assumem (SILVA, 2015).

Diversos trabalhos na área de educação relacionadas ao ensino e aprendizagem tem

adotado essa linha de pesquisa, com enfoque nas interações e diálogos existentes entre os

alunos e o professor para a construção de diferentes conhecimentos (SILVA, 2015;

MORTIMER E SCOTT, 2003; JIMENZ – ALEIXANDRE et al, 1998; LIDAR et al,

2005; KELLY E TAKAO, 2002). Desses, pode-se destacar o trabalho de Silva (2015), no

qual conceito de Movimentos Epistêmicos é cunhado para a análise do discurso do

professor durante a aplicação de atividades de cunho investigativo.

Os Movimentos Epistêmicos se referem às intervenções do professor nas atividades

investigativas de um grupo de alunos, que podem ser percebidas como questionamentos,

sugestões e orientações significativas para o seu avanço intelectual, favorecendo a adoção

de determinadas práticas epistêmicas do aluno (SILVA, 2015).

As práticas epistêmicas, por sua vez, são compreendidas como formas específicas

com que membros de uma comunidade inferem, justificam, avaliam e legitimam

asserções de conhecimento (KELLY E DUSCHL, 2002). Assim, Silva (2015) argumenta

que este conceito:

[...] associa-se, assim, a uma mudança de sujeito epistêmico, que passa de um

conhecedor individual para uma comunidade de prática. Nessa perspectiva,

no contexto escolar, o foco analítico afasta-se de uma consciência individual

e volta-se para o processo social de investigação, em que são valorizadas as

interações discursivas entre alunos e professor e de alunos entre si quando

estes se envolvem na construção e na legitimação de conhecimentos (SILVA,

2015, p. 69).

5

A argumentação constitui-se como uma das práticas epistêmicas (SILVA, 2015) e

pode funcionar como uma ferramenta para o entendimento de processo de raciocínio do

estudante, do seu conhecimento em relação ao fazer cientifico, e do desenvolvimento de

entendimentos conceituais e epistêmicos (KELLY E TAKAO, 2002).

Dentro desta perspectiva teórica, este trabalho tem como pretensão relacionar os

Movimentos Epistêmicos de bolsistas, considerados como professores em formação

inicial, do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) na condução

de atividades investigativas e a argumentação oral construída pelos estudantes no

contexto de uma sequência sobre biodiversidade, tendo os seguintes objetivos geral e

específicos (QUADRO 1)

Quadro 1: Objetivos geral e específicos da pesquisa

FERRAMENTAS ANÁLITICAS

A seguir serão apresentadas as ferramentas analíticas utilizadas neste trabalho.

Movimentos Epistêmicos

OBJETIVO GERAL

Relacionar os movimentos epistêmicos de bolsistas participantes do PIBID que auxiliaram

na construção de elementos do argumento durante a mediação de uma sequência didática

investigativa.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1. Identificar os argumentos orais produzidos durante os três episódios

considerados.

2. Identificar os movimentos epistêmicos dos bolsistas do PIBID que auxiliaram na

construção de argumentos.

3. Relacionar os elementos do argumento com os movimentos epistêmicos dos

bolsistas.

6

Neste trabalho consideramos os movimentos epistêmicos como as intervenções

do professor nas atividades investigativas de um grupo de alunos que favorecem a adoção

da argumentação como prática epistêmica. As seguintes categorias propostas por Silva

(2015) foram utilizadas na análise.

Elaboração: corresponde às ações do professor que possibilitam aos alunos, em

geral por meio de questionamentos, construir um olhar inicial sobre o fenômeno.

São os questionamentos expressos nos roteiros de atividade ou mesmo proferidos

oralmente pelo professor, os quais geram espaço para que os alunos reflitam

segundo determinada perspectiva e exponham seus pontos de vista sobre os

objetos e os eventos investigados.

Reelaboração: corresponde às ações do professor que instigam os alunos, por

questionamentos ou breves afirmações, a observarem aspectos desconsiderados

ou a trazerem à tona novas ideias, favorecendo uma modificação ou uma

problematização do pensamento inicial apresentado.

Instrução: quando o professor apresenta explicitamente novas informações para

os alunos.

Confirmação: quando o professor concorda com as ideias apresentadas pelos

alunos e/ou permite que eles executem determinados procedimentos planejados.

Correção: quando o professor corrige explicitamente as afirmações e os

procedimentos dos alunos.

Síntese: quando o professor explicita as principais ideias alcançadas pelos alunos.

Compreensão: quando o professor busca apenas compreender por meio de

questionamentos determinados procedimentos e ideias apresentadas pelos alunos.

Argumentação

O argumento oral e coletivo desenvolvido pelos estudantes durante as atividades

da sequência didática investigativa considerada foram enquadrados no layout proposto

por Toulmin (QUADRO 2).

Ainda, os elementos do padrão argumentativo de Toulmin (ou TAP), quando

presentes, foram identificados em cada turno de fala do grupo de alunos analisado.

7

Quadro 2: Layout adaptado do padrão argumentativo proposto por Toulmin (2006)

D Assim C, Q

A menos que

R

Uma vez que

G

Por conta de

A

Nota: D (dado), C (conclusão), Q (qualificador modal), G (garantia), A (apoio) e R (refutador).

METODOLOGIA

Este trabalho pretende relacionar a argumentação oral de um grupo de estudantes

do 2° ano do ensino médio pertencente a uma escola pública estadual do interior do estado

de São Paulo durante a realização de três atividades investigativas com os movimentos

epistêmicos realizados pelo bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à

Docência (PIBID) durante suas intervenções em cada uma das atividades.

As três situações investigativas consideradas para análise são um recorte de uma

Sequência Didática Investigativa, validada pelo grupo de pesquisa LINCE (Linguagem e

Ensino de Ciências), que busca retratar os níveis hierárquicos da biodiversidade a partir

da problemática da construção da usina hidrelétrica de Belo Monte.

Por Sequência Didática Investigativa, o grupo, concordando com a estrutura

proposta por Carvalho (2013), compreende uma sequência de aulas em que é criado um

contexto para a apresentação de um problema científico. Este problema visa instigar,

estimular e provocar os alunos para que eles o resolvam. Ainda, ao longo do

desenvolvimento da Sequência são propostas atividades de sistematização por meio do

material de apoio. Muitas vezes, durante as atividades, o professor retoma as perguntas

para serem resolvidas (MOTOKANE, 2015).

8

A primeira atividade se deu no período de uma aula dupla na qual o professor

regular da disciplina de biologia atuou como supervisor dos bolsistas do PIBID. Essa

atividade investigativa era introdutória tendo como temática principal o estudo da

biodiversidade em nível genético e foram consideradas a discussão de um grupo de cinco

alunos e as intervenções de um bolsista para a análise. As duas outras atividades diziam

respeito a diversidade em nível genético de forma mais aprofundada e ecossistêmico,

respectivamente. Essas se deram nas mesmas condições que a primeira, porém o bolsista

e o grupo de cinco alunos tomados para análise são distintos dos dessa atividade. Vale

ressaltar, que em todas as situações o bolsista considerado manteve-se com o grupo

durante todo o momento da realização da atividade investigativa.

A coleta dos dados se deu pela gravação em áudio da discussão do grupo

considerado entre si e com o bolsista durante a realização das atividades. Os pontos de

interesse da gravação foram selecionados e transcritos segundo Preti (1999) e mapeados

em episódios e turnos para que melhor se percebesse o ritmo de ocorrência dos

movimentos epistêmicos na fala do bolsista e dos elementos do TAP na dos alunos

considerados. Por episódio esse trabalho considera cada atividade investigativa, ao

considera-las como um segmento do discurso com fronteiras claras em termos de

conteúdo temático, fase didática ou tarefas desenvolvidas (MORTIMER et al, 2007). Já

por turno consideramos as falas sequenciais (CARVALHO, 2006). Ou seja, como o

período de fala de cada interlocutor, elucidando as mudanças da fala no decorrer de um

diálogo.

O argumento oral e geral produzido pelos estudantes durante a realização de cada

atividade investigativa foi enquadrado no modelo argumentativo proposto por Toulmin

(2006) e os movimentos epistêmicos do bolsista e os elementos do TAP presentes na fala

dos estudantes foram determinados, quando presentes, nos turnos de fala de cada episódio

considerado.

Ainda, durante a análise e discussão dos diferentes episódios o número do turno a

que nós estamos nos referindo é apresentado entre parênteses. E, na transcrição das falas

dos bolsistas os trechos que apresentam diferentes tipos de movimentos epistêmicos

foram preenchidos por fontes de cores distintas para facilitar a observação dos mesmos.

9

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A seguir cada atividade investigativa considerada será descrita e rapidamente analisada

individualmente com enfoque em alguns pontos de destaque, então será feita uma análise

em conjunto das mesmas tendo em conta as ferramentas analíticas consideradas.

1.1.Primeira atividade investigativa

Essa atividade se deu no período de uma aula dupla e tinha como meta o estudo

introdutório da biodiversidade em nível genético. O principal objetivo, segundo as

diretrizes da SDI, era verificar se o grupo de alunos, a partir da análise de diferentes

imagens de indivíduos da mesma população de peixes, compreendia a existência de

diferenças entre eles. Nesse sentido, se esperava que os alunos somente descrevessem as

possíveis diferenças fenotípicas desses indivíduos (alguns poderiam ter a nadadeira

relativamente maior, outros poderiam ter sofrido danos corporais pela competição por

fêmea, ou até mesmo fugindo de predadores, etc.), não sendo necessário que fosse dado

ênfase na existência da diversidade genética dos mesmos, pois se tratava de uma fase de

sondagem.

Durante a realização da atividade, no entanto, notou-se que o grupo de estudantes

tomou as diferenças fenotípicas existentes entre os diferentes indivíduos da mesma

população de peixes como a um Dado e extrapolaram o objetivo inicial da atividade

chegando à Conclusão de que tais dessemelhanças se davam devido a existência de

diferenças em nível genético em cada indivíduo. Isso pode ser verificado de acordo com

o Dado e a Conclusão contidas no enquadramento do argumento oral e coletivo realizado

pelo grupo de estudantes no layout de Toulmin (2006), apresentado no QUADRO 3.

10

Quadro 3: Enquadramento do argumento oral produzido pelo grupo durante a

realização da primeira atividade investigativa de acordo com o layout de Toulmin

(2006)

Assim,

Uma vez que,

Nota: os seguintes elementos estão presentes: D (dado), C (conclusão), G (garantia)

Acreditamos que isso tenha ocorrido, uma vez, que ainda no início da atividade o

bolsista percebe que os alunos já resolveram o problema inicialmente proposto e, a partir

disso, como pode ser visualizado a partir do QUADRO 4, promove um movimento

epistêmico de Síntese (7) para retomar a explicação fornecida pelos estudantes, seguido

de um movimento de Elaboração (7) no sentido de que eles passem a refletir acerca do

porque essas diferenças fenotípicas existem. Após a necessidade de outro movimento de

Síntese (10) e um de Reelaboração (10) do problema proposto, os alunos alcançam a

Conclusão de seu argumento (13,15,16).

D, seres vivos da mesma

espécie possuem

características diferentes.

G, a genética de cada

indivíduo determina suas

características.

C, seres vivos da mesma

espécie possuem genéticas

diferentes.

11

Quadro 4: Movimentos epistêmicos e elementos do TAP encontrados nos turnos de

fala destacados durante a realização da primeira atividade investigativa

1.2.Segunda atividade investigativa

Essa atividade também se deu no tempo de uma aula dupla e tinha como meta o estudo

mais aprofundado da biodiversidade em nível genético. Nela, os estudantes deveriam

analisar como a alteração dos caminhos disponíveis para a rota migratória de uma

determinada população de peixes afetaria a constituição genética desta população ao

longo do tempo, sendo, que segundo as diretrizes propostos pela SDI, o principal objetivo

era que os alunos compreendessem que ao longo do tempo os peixes que apresentavam

maior capacidade de armazenamento de gordura teriam mais chances de se reproduzirem;

TURNO LOCUTOR FALA MOVIMENTO

EPISTÊMICO

ELEMENTO

DO TAP

7

B2

É muito parecido (...). Então ... eles apresentam essas

características diferentes ... E o que que gera essas

características diferentes? Porque ... se fosse gêmeo

teoricamente era pra ser tudo igual mas tipo veio diferente ...

os peixes são diferentes ... vocês viram características neles

que os diferem um dos outros (...) E o que que faz com que

essas características sejam diferentes?

Síntese

Elaboração

8 A2 Tá complicando.

9 A3 Ah ...não sei... pra mim é natural.

10

B2

Porque ... vocês já me responderam aqui ... olha: Será que todos

os peixes da mesma espécie são iguais? Vocês falaram que não

.... Certo? Beleza .... Aí vocês não podem colocar só não pra

mim aí... eu tenho que saber por que ... e aí? Por que que não

são iguais? Porque eles apresentam algumas características né

diferentes ..., mas o que leva a aparecer essas características

diferentes? Vocês têm alguma explicação para tipo ... nossa ...

porque eles não são idênticos? (...) Tipo por que eles não são

idênticos se eles são da mesma espécie... DEVIA SER

idêntico..., mas porque (...)

Síntese

Reelaboração

11 A1 Porque nem todos... nem todos... ah não sei explicar certo.

12 A2 Ah ... não sei.

13 A3 As células também é diferente ... sei lá. Conclusão

14 B2 Todo mundo ouviu?

15 A3 A genética delas é diferente. Conclusão

16 A2 A genética é diferente.

Conclusão

12

e que tal ocorre devido a questões relacionadas ao ambiente físico e à diversidade genética

de organismos da mesma população. A partir do argumento oral e coletivo formulado

pelo grupo durante a realização da atividade investigativa (QUADRO 5) podemos

observar que este objetivo foi contemplado.

Quadro 5: Enquadramento do argumento oral produzido pelo grupo durante a

realização da segunda atividade investigativa de acordo com o layout de Toulmin

(2006)

Assim,

A menos que,

Uma vez que,

Nota: os seguintes elementos estão presentes: D (dado), C (conclusão), G (garantia), R

(refutador)

Nessa atividade é válido ressaltar que além dos elementos básicos de um

argumento como proposto por Toulmin (2006), que é caracterizada pela presença de Dado

(D), Garantia (G) e Conclusão (C), o elemento Refutação (R) também se encontra

presente. Jiménez – Aleixandre (2010), considera este elemento como o reconhecimento

das exceções que se aplicam a conclusão, ou seja, as circunstâncias em que a conclusão

não seria validada. Nesse sentido, além de apresentar garantias para sustentar as

D, existem peixes da mesma

população com genes que

conferem maior armazenamento

de gordura corporal,

armazenamento intermediário ou

baixo armazenamento; e que esse

armazenamento é de grande

importância durante a migração

no período reprodutivo

G, o maior armazenamento de

gordura vai propiciar mais

reserva energética para os peixes

C, o peixe com marcação azul

(maior armazenamento de

gordura) terá mais chances de

chegar ao oceano e se reproduzir

R, exista um caminho mais curto

13

conclusões, ele deve considerar as hipóteses alternativas. Segundo a autora, um bom

argumento leva em conta essas circunstâncias. À luz do exposto, consideramos o

elemento refutação presente no argumento destacado como um indicador da qualidade do

mesmo, uma vez, que evidencia que o grupo não só compreendeu e contemplou a

realização da atividade considerada, como propôs uma condição em que o argumento

formulado não é válido.

Este elemento surge, como pode ser visualizado no QUADRO 6, associado ao

esforço do bolsista na realização de um movimento epistêmico de Reelaboração (21), no

qual espera que os alunos passem a refletir acerca do que aconteceria com os indivíduos

da população que apresentavam menor capacidade de armazenamento de gordura se

houvesse um caminho menor para o local de reprodução. No turno seguinte (22), A5

interpreta de forma incorreta o significado do armazenamento de gordura para a

reprodução da população de peixes, criando um elemento refutação conceitualmente

errôneo. A seguir (23), A1 a corrige e o bolsista Confirma a correção desta e realiza outro

movimento de Reelaboração com o mesmo objetivo que o inicial (24). Então, A1 faz uma

asserção conceitualmente válida em relação ao problema proposto, porém incompleta

(25). O bolsista, por sua vez, Confirma essa asserção e mais uma vez Reelabora a questão

(26) de peixes considerada. A partir deste movimento, A1 (27) elabora uma Refutação

completa e conceitualmente correta ao problema inicialmente proposto pela atividade.

Quadro 6: Movimentos epistêmicos e elementos do TAP encontrados nos turnos de

fala destacados durante a realização da segunda atividade investigativa

TURNO LOCUTOR FALA MOVIMENTO

EPISTÊMICO

ELEMENTO

DO TAP

21 B3 Mas e se um que tiver menos armazenamento de

gordura passar por um caminho menor?

Reelaboração

22 A5 Aí vai ser o menor porque ele vai poder nadar mais

rápido.

Refutação

23 A1 Não, o menor não é de tamanho, o menor é menor

capacidade de armazenamento.

24 B3 Sim. E se o que tiver menor capacidade de

armazenamento passar pelo caminho menor?

Confirmação

Reelaboração

25 A1 Aí dá certo. Refutação

26 B3 Dá certo. Mas, o que acontece com a população? Qual

é a chance desses peixes chegarem para se

reproduzirem?

Confirmação

Elaboração

27 A1 Não, quando tem dois caminhos é maior. Se tem um

caminho só grande, só passa os com capacidade

grande. Se tem um caminho menor e um maior vai ser

mais chance.

Refutação

14

1.3.Terceira atividade investigativa

Essa atividade, assim como as demais, também se deu no tempo de uma aula dupla

e tinha como objetivo o estudo da biodiversidade em nível ecossistêmico. Nela se

esperava que o grupo de alunos, a partir da análise de um gráfico que explicitava o número

da população de duas espécies de peixes (P1 e P4) ao longo do tempo em um mesmo

ambiente e de uma tabela contendo as características dos ambientes que cada uma dessas

populações poderia habitar, percebessem que houve declínio do número de indivíduos

de uma população ao longo dos anos (P4) e o aumento de outra (P1) e chegar a conclusão

de que a alteração na dinâmica de ambas as populações estaria relacionada a alteração do

ecossistema aquático habitado por elas. Ainda, se esperava que o grupo se apropriasse

dos seguintes conceitos biológicos: adaptação, valor adaptativo, ecossistema e seleção. A

partir do argumento oral e coletivo formulado pelos alunos durante a realização da

atividade investigativa (QUADRO 7) podemos observar que estes objetivos foram, em

sua maior parte, contemplados.

Quadro 7: Enquadramento do argumento oral produzido pelo grupo durante a

realização da terceira atividade investigativa de acordo com o layout de Toulmin (2006)

Assim,

Uma vez que,

Nota: Os seguintes elementos estão presentes: D (dado), C (conclusão), G (garantia)

D, P1 vive em correnteza lenta ou

rápida e P4 vive em correnteza

rápida ou torrencial; e que ambos

vivem no ambiente B e esse

ambiente teve sua correnteza

diminuída.

G, P1 tem maior preparação e P4

pode ficar sem comida

C, como P1 estava adaptado a

correnteza lenta, portanto, não é

afetado pela mudança na

velocidade da correnteza e tem

um aumento no seu número de

indivíduos. E P4 não vive em

correnteza lenta, portanto, é

afetado pela mudança da

velocidade da correnteza e tem

uma diminuição no seu número

de indivíduos.

15

Durante a realização desta atividade, por se tratar da que mais necessitava da

apreensão de novos conceitos pelo grupo de estudantes, nota-se que o bolsista realiza uma

maior quantidade dos movimentos epistêmicos Instrução (17,24,16) e Correção (4,7,24),

no sentido de introduzir essas novas informações ao grupo e de corrigir algum

entendimento conceitualmente incorreto. Como exemplo, no turno 24 (QUADRO 8), o

bolsista corrige explicitamente o uso da terminologia ‘’ ele tem mais preparação’’

utilizado por A3 (23) ao se referir a uma das populações de peixes e Instrui quanto a

terminologia e o conceito corretos a serem utilizados neste caso. Após essa instrução, no

entanto, o bolsista não busca averiguar se o grupo de alunos compreendeu o novo conceito

de forma explicita e encerra a atividade. Por esta razão, no argumento presente no

QUADRO 7, considerou-se a fala conceitualmente errada de A3 como parte da Garantia

fornecida pelo grupo para sustentar sua conclusão.

Ainda, é válido ressaltar, que os demais conceitos, mesmo que alguns implicitamente

presentes como ecossistema e seleção, são usados de forma correta para a construção do

argumento coletivo pelo grupo.

Quadro 8: Movimentos epistêmicos e elementos do TAP encontrados nos turnos de

fala destacados durante a realização da terceira atividade investigativa

TURNO LOCUTOR FALA MOVIMENTO

EPISTÊMICO

ELEMENTO

DO TAP

4 B3 Ele tava acostumado?

Correção

5 A1 É...

6 A3 Mas, os dois não vive no mesmo ambiente?

7 B3 Não, mas você pode usar um termo melhor

que acostumado?

Correção

8 A1 Adaptado.

9 A5 P1 é qual mesmo?

10 A1 P1 é o que tá com a correnteza lerda.

Correnteza lerda (risos)

Dado

11 A2 Qual que tava adaptado?

12 A1 O 4 Dado

13 A5 Não, o 1 é de correnteza pequena.

Dado

14

A1

O 1 tava adaptado a correnteza pequena, então

quando diminuiu a correnteza ele aumentou,

porque ele tava adaptado. Quando diminuiu a

velocidade da correnteza, ficou mais lentinho;

o P1 já tava adaptado a correnteza mais

Dado

Conclusão

16

1.4.Análise do conjunto de atividades investigativas

A seguir se encontra a relação entre os elementos do TAP e os movimentos epistêmicos

que estão conectados com a sua ocorrência em cada um dos episódios considerados

(QUADRO 9). Este quadro será inicialmente analisado em termos dos totais de

movimentos epistêmicos realizados em cada um dos episódios (Total 2) e, em seguida,

em relação aos totais de movimentos necessários para a construção de cada um dos

elementos do TAP durante os três episódios em conjunto (Total 1).

devagar, então ele sobreviveu; e o P4 que tava

acostumado a correnteza rápida.

15 A2 Não estava adaptado.

16 A1 É não estava adaptado.

17

B3

Vamos supor que devido a construção da

barragem, por algum motivo uma espécie

invasora entrou no ambiente com correnteza

rápida e tal. [...] então, vamos supor que esse

peixe aqui [...] esses dois peixes aqui vão se

alimentar do mesmo tipo de alimento. Vamos

supor que eles comem (inaudível). Mas esse

daquele vai estar mais adaptado... a espécie

invasora vai se adaptar muito bem ao

ambiente, ele vai ter uma vantagem muito

maior em relação a esse, o que você...vocês

acham que vai acontecer?

Elaboração

Instrução

18 A3 Com o que?

19 A2 Com que?

20 B3 Esse tá... esse invasor tá mais adaptado... esse

daqui que é o endêmico, ele tá adaptado mais...

Aí vai acontecer alguma coisa.

Elaboração

21 A1 Vai diminuir a população de laranja... Conclusão

22 A5 Porque eles vão ficar sem comida. Garantia

23 A3 Porque se ele tá mais adaptado ele tem mais

preparação.

Garantia

Dado

24 B3 Na verdade, não é uma preparação, tem um

nome pra isso, que a gente chama de valor

adaptativo da população.

Correção

Instrução

17

Quadro 9: Relação entre os diferentes movimentos epistêmicos para a construção dos

elementos do TAP

Nota: O Total 1 se refere ao total de movimentos epistêmicos relacionados com a construção de

cada elemento do TAP presente nos três episódios em conjunto; e o Total 2 está relacionado ao

EPISÓDIO 1

EPISÓDIO 2

EPISÓDIO 3

ELEMENTOS DO

TAP

MOVIMENTOS EPISTÊMICOS

TOTAL 1

Conclusão

Síntese (2)

Elaboração

Reelaboração (3)

Compreensão (2)

Compreensão

Confirmação (4)

Elaboração (3)

Reelaboração (2)

Correção (2)

Elaboração (2)

Instrução

23

Dado

Síntese

Elaboração

Elaboração (2)

Correção (2)

Elaboração (2)

Instrução

9

Garantia

Compreensão

Reelaboração

Confirmação

Síntese

Elaboração (2)

Instrução

7

Refutação

Reelaboração (2)

Confirmação (2)

Elaboração

5

TOTAL 2 11 20 13

18

total de movimentos epistêmicos relacionados com a construção dos elementos do TAP

presentes em cada episódio.

Nesse sentido, pode-se observar que o total de movimentos epistêmicos

relacionados aos diferentes elementos do TAP (ver Total 2) foram 11, 20 e 13, nos

episódios 1, 2 e 3, respectivamente. A partir desses resultados, constata-se que o segundo

episódio teve um maior número de movimentos necessários para a construção dos

elementos dos argumentos por parte do grupo de estudantes.

Consideramos que o mesmo não se dá devido a diferença de quantidade de turnos

entre esse episódio (45) e os demais (29 no primeiro e 27 no segundo episódio), uma vez,

que todos ocorreram durante o mesmo espaço temporal de uma aula dupla. E sim, ilustra

a maior necessidade de movimentos epistêmicos do bolsista para a construção de um

argumento relativo ao escopo da biodiversidade em nível genético.

Nesse sentido, vários autores discorrem sobre as dificuldades no ensino de

conteúdos relacionados a genética no nível básico de ensino (CID e NETO, 2005;

JUSTINA E BARRADAS, 2003; GOLBDACH et al, 2009; BAHAR et al, 1999; WOOD-

ROBINSON, 2000; ÇIMER, 2012; BANET et al, 1995), por exemplo, Cid e Neto (2005)

argumentam que essa dificuldade pode ser proveniente da própria natureza deste conceito

que escapa as experiências quotidianas dos alunos, e ainda que a complexidade deste

aumenta quando os diferentes fatores da genética se aliam aos diferentes níveis de que

são necessários para se abordar este tema. Desse modo, esses níveis se dão pela

observação de características morfológicas dos seres vivos que ocorrem no nível macro e

no conceito de genes para explicar a ocorrência desta morfologia, levando os alunos ao

nível micro.

A partir do exposto, consideramos que os bolsistas necessitaram realizar um

número maior de movimentos epistêmicos para a gênese de um argumento no episódio 2,

pois, ao contrário das demais atividades investigativas consideradas, nessa os alunos

deveriam relacionar as diferentes características fenotípicas de uma mesma população

de peixes (macro) existentes devido a diversidade genética desta população (micro) com

a possível alteração da rota migratória desses peixes e o impacto que a mesma poderia

causar no perfil dessa população ao longo dos anos. Ainda, argumentamos que o elemento

Refutação contido somente nesse episódio também é um reflexo do maior esforço do

bolsista em transmitir este conteúdo ao grupo de estudantes e deles de entenderem a

situação transmitida.

19

É válido ressaltar que mesmo que a primeira atividade investigativa também esteja

relacionada a diversidade em nível genético, a mesma é introdutória e o grupo de alunos

somente necessitava compreender que determinadas diferenças na morfologia de

indivíduos de uma população de peixes poderiam estar relacionadas a genética dos

mesmos, sendo essa, portanto, uma atividade mais simples e que necessitou de menor

esforço do bolsista e dos estudantes. Já a terceira atividade investigativa estava

relacionada a diversidade em nível ecossistêmico e as diferenças fenotípicas explicitadas

se davam no nível de diferentes espécies, constituindo- se, então, de um conceito menos

complexo e que, por isso, também necessitou de menor esforço para os sujeitos.

Em relação aos totais de movimentos necessários para a construção dos diferentes

elementos do TAP durante os três episódios em conjunto, como pode ser visualizado no

QUADRO 9 (ver Total 1), foram necessários 23 movimentos para que as Conclusões

fossem geradas, 9 para a gênese de Dados, 7 para a de Garantias e 5 para o elemento

Refutação. Nota-se que além de maior número de elementos para a formação de

conclusões, foram também necessários mais tipos de movimentos diferentes para sua

gênese (Síntese, Elaboração, Reelaboração, Compreensão, Correção, Instrução e

Confirmação).

Nesse sentido propomos duas explicações não excludentes e possivelmente

complementares para explicar o maior esforço dos bolsistas na construção do elemento

conclusão em relação aos demais.

A inicial se dá no sentido de que a conclusão por se caracterizar como a tese a ser

estabelecida, está, portanto, intimamente interligada com os demais elementos do TAP.

Assim, dentro dos elementos encontrados nos argumentos dos grupos de estudantes,

temos que o dado é o fato que dá suporte para a conclusão, a garantia são as proposições

que funcionam como a ponte entre o dado e a conclusão (DRIVER et al, 2000) e a

refutação específica condições de quando a justificativa não dá apoio para a conclusão

(NASCIMENTO E VIEIRA, 2008).Desse modo, para a gênese deste e elemento, o

bolsista necessitou realizar variados e numerosos movimentos epistêmicos no sentido de

que os alunos construíssem uma conclusão que estava embasadas em Dados e Garantias

e , especificamente no episódio dois, que possuísse condições em que a mesma não se

aplica. Como exemplo, na segunda atividade investigativa (ver transcrição do segundo

episódio do APÊNDICE 1), os alunos alcançam a conclusão esperada já no turno 6, porém

as garantias e dados que a embasam ainda não haviam sido externalizadas pelo grupo de

estudantes. Assim, o bolsista realiza variados movimentos epistêmicos (elaboração,

20

confirmação, compreensão e reelaboração), com o objetivo de que a conclusão estivesse

devidamente embasada, o que só ocorre com o último aparecimento deste elemento na

fala dos alunos no turno 42.

A segunda explicação, se dá devido a própria natureza do elemento conclusão,

uma vez, que ele é planejado e tem uma resposta conhecida em termos conceituais e

esperada pelo professor. Ao propor o problema aos alunos o professor tem como objetivo

conduzir os estudantes a determinados conhecimentos já estabelecidos na ciência. Nesse

sentido, os bolsistas realizaram um maior e mais variado número de movimentos

epistêmicos justamente devido ao esforço de conduzir os estudantes ao objetivo a ser

alcançado em cada atividade.

CONCLUSÃO

A partir das análises realizadas neste trabalho reiteramos a relação existente entre

os Movimentos Epistêmicos realizados pelos bolsistas do PIBID e a construção da Prática

Epistêmica da Argumentação pelo grupo de estudantes durante os três episódios da SDI

sobre biodiversidade considerados. Nesse sentido, durante a análise individual de cada

um desses episódios pode-se constatar a necessidade do uso de diferentes movimentos

epistêmicos pelos bolsistas para que o grupo de estudantes construísse um argumento

conceitualmente correto e capaz de solucionar de forma adequada os problemas

propostos. Ainda, a análise conjunta dos episódios nos permite averiguar o maior esforço

dos bolsistas, ou seja, o maior número e tipos de movimentos epistêmicos empregados

para a construção de um argumento que envolvia um problema conceitualmente mais

complexo que dizia respeito a biodiversidade em nível genético e também o maior esforço

necessário pelos bolsistas do PIBID para a construção do elemento Conclusão do padrão

argumentativo de Toulmin.

Assim, a partir da relação existente entre os movimentos epistêmicos utilizados

pelos bolsistas e a construção de argumentos pelos grupos de estudantes considerados,

destacamos mais uma vez a grande importância da fala em situações sociais, como um

precursor necessário ao aprendizado individual (MORTIMER E SCOTT, 2003).

Por fim, consideramos que análises que se deram tanto em relação a aspectos

específicos de cada atividade investigativa quanto a generalizações do conjunto dessas

atividades, mostram a força da ferramenta analítica utilizada ao proporcionar

introspecções em diferentes níveis de abordagem de pesquisa.

21

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAHAR, M.; JOHNSTONE, A. H.; HANSELL, M. H. Revisiting learning difficulties in

biology. Journal Of Biological Education, [s.l.], v. 33, n. 2, p.84-86, mar. 1999.

BANET, E. & AYUSO, E. Introducción a la genética en la enseñanza secundaria y

bachillerato: I. Contenidos de enseñanza y conocimientos de los alumnos. Enseñanza de

las Ciencias, 13(2):137-153. 1999.

CARVALHO, A. M. P. O ensino de Ciências e a proposição de sequências de ensino

investigativas. In: ______. (org.) Ensino de Ciências por investigação: Condições para

implementação em sala de aula. Editora: Cengage Learning, 2013.

CARVALHO, A.M.P. Uma metodologia de pesquisa para estudar os processos de ensino

de aprendizagem em sala de aula. In: Santos, Flávia Maria Teixeira dos; Greca, Ileana

María (Org.). A pesquisa em ensino de ciências no Brasil e as suas metodologias. Ijuí:

Unijuí. p. 13-48. 2006.

CID, M., NETO, A.J. Dificuldades de aprendizagem e conhecimento pedagógico do

conteúdo: o caso da genética. Enseñanza de las ciencias. número extra. vii

congreso.2005.

ÇIMER, A. What makes biology learning difficult and effective: students’ views.

Educational Research and Reviews. 7, 3, 61-71. 2012.

DUSCHL, R. A., & OSBORNE, J. Supporting and promoting argumentation discourse

in science education. Studies in Science Education, 38, 39-72. 2002.

DRIVER, R., NEWTON, P., & OSBORNE, J. Establishing the norms of scientific

argumentation in classrooms. Science Education, v.84, n.3, 287-312. 2000.

GOLDBACH, T.; SARDINHA, R.; DYZARS, F.; FONSECA, M. Problemas e desafios

para o ensino de genética e temas afins no ensino médio: dos levantamentos aos resultados

de um grupo focal. Anais do VII Encontro Nacional de Pesquisa em Ensino de Ciências.

Santa Catarina, 2009.

JIMÉNEZ-ALEIXANDRE, M. P. 10 Ideas clave: Competencias en argumentación y uso

de pruebas. Barcelona: Graó.2010.

JIMÉNEZ- ALEIXANDRE, M.P. Diseño curricular: indagación y razonamiento con el

lenguaje de las ciencias. Enseñanza de las ciencias.16 (2), 203-216.1998.

JUSTINA, L. A. D.; BARRADAS, C. M. As opiniões sobre o ensino de genética numa

amostra de professores de biologia no nível médio. Porto Alegre: ABRAPEC, 2004.

22

KELLY, G.J., TAKAO, A. Epistemic levels in argument: An analysis of university

oceanography students' use of evidence in writing. Science Education - Volume 86,

Issue 3.p. 314–342.2002.

KELLY,G.J. ; DUSCHL, R. A. Toward a research agenda for epistemological studies in

science education. In: Annual meeting of national association of research in science

teaching (narst), 75.New Orleans. Proceeding of the NARST Annual Meeting. Reston:

NARST, 2002.

LIDAR, M; LUNDQVIST, E. OSTMAN, L. Teaching and Learning in the Science

Classroom: The Interplay Between Teachers’ Epistemological Moves and Students’

Practical Epistemology.Wiley Periodicals, Inc.2005.

MORTIMER, E.F.; SCOTT, P.H. Meaning making in secondary science classrooms.

Open University Press Maidenhead · Philadelphia. Copyright © Eduardo Mortimer and

Phil Scott 2003.

MORTIMER, E.F. et al. Uma metodologia para caracterizar os gêneros de discurso

como tipos de estratégias enunciativas nas aulas de ciências. In: NARDI, R. (Org.). A

pesquisa em ensino de ciências no Brasil: alguns recortes. São Paulo: Escrituras, 2007.

MOTOKANE, M.T., Sequências Didáticas Investigativas e argumentação no ensino de

ecologia. Revista Ensaio | Belo Horizonte | v.17 n.especial | p. 115-137 | novembro | 2015

NASCIMENTO, S.S., & VIEIRA, R.D. Contribuições e limites do padrão de argumento

de Toulmin aplicado em ações argumentativas de sala de aula de ciências. Revista

Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências Vol. 8 No 2. 2008.

PALANGA, I.C. Desenvolvimento e aprendizagem em Piaget e Vigotski: a relevância

social /Isilda Campaner Palanga - [6.ed] – São Paulo: Summus.2015.

PRETI, D. O discurso oral culto. 2. Ed. São Paulo: Humanitas FFLCH/USP, 1999.

SASSERON, L.H., CARVALHO, A.M.P. Uma análise de referenciais teóricos sobre a

estrutura do argumento para estudos de argumentação no ensino de Ciências. Rev. Ensaio

.Belo Horizonte .v.13 . n.03. p.243-262. Set-dez. 2011

SILVA, Adjane da C. T. Interações discursivas e práticas epistêmicas em salas de aula de

ciências. Revista Ensaio. Belo Horizonte.v.17 n.especial . p. 69-96. Novembro 2015

SASSERON, L.H., CARVALHO, AMP. Almejando a alfabetização científica no ensino

funtamental: A proposição e a procura de indicadores no processo. Investigações em

Ensino de Ciências – V13(3), pp.333-352, 2008.

SCARPA, D. L.; SILVA, M. B. A Biologia e o ensino de Ciências por investigação:

dificuldades e possibilidades. In: CARVALHO, A. M. P. (org.). Ensino de ciências por

23

investigação: condições para implementação em sala de aula. São Paulo: Cengage

Learning, 2013.

TOULMIN, S. E. Os usos do argumento. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

ZOMPERO, A.F., LABURÚ, C.E. Atividades investigativas no ensino de ciências:

Aspectos históricos e diferentes abordagens. Ensaio Pesquisa em Educação em

Ciências, Vol. 13, No 3.2011.

WOOD-ROBINSON, C., LEWIS, J., AND LEACH, J. Young people’s understanding

of the nature of genetic information in the cells of an organism. J. Biol. Educ. 35(1), 29–

36.2000.

YAMADA, M.; MOTOKANE, M. T. Alfabetização Científica: apropriações

discursivas no desenvolvimento da escrita de alunos em aula de Ecologia. Revista

Práxis, Volta Redonda, v. 5, n. 10, p. 29-40.2013.

24

APÊNDICE

Transcrição de cada episódio considerado nesta pesquisa contendo os movimentos

epistêmicos dos bolsistas e os elementos do TAP dos estudantes.

Transcrição do primeiro episódio

TURNO LOCUTOR FALA MOVIMENTO

EPISTÊMICO

ELEMENTOS

DO TAP

1

B1

(...) será que todos os peixes da mesma

espécie são iguais? Então ... aqui vocês vão

ter a figura para analisar e eu gostaria que

vocês formassem os mesmos grupos da

aula passada ... se tiver faltando não tem

problema ...e a gente vai auxiliar vocês

novamente para fazer essa questão, depois

a gente vai discutir e fazer uma dinâmica.

Elaboração

2

B2

(...). Ah ... vocês tavam explicando que

dentro do tubarão martelo então ...tipo ...

eles não são todos iguais (...). Então que

nem você tava explicando dos gêmeos.

Síntese

3 A1 Gêmeos não são totalmente iguais.

4 A2 Eles têm características diferentes.

Dado

5 A1 Um é mais gordo... um é mais alto.

6

A3

Tem um amigo meu que são gêmeos você

olha pra eles são iguais ... só que quem

conhece sabe as características; um a

sobrancelha é mais assim [Inaudível] ...

agora de resto.

7

B2

É muito parecido (...). Então ... eles

apresentam essas características diferentes

... E o que que gera essas características

diferentes? Porque ... se fosse gêmeos

teoricamente era pra ser tudo igual mas

tipo veio diferente ... os peixes são

diferentes ... vocês viram características

neles que os diferem um dos outros (...) E

o que que faz com que essas características

sejam diferentes?

Síntese

Elaboração

8 A2 Tá complicando.

9 A3 Ah ...não sei... pra mim é natural.

25

10

B2

Porque ... vocês já me responderam aqui ...

olha: Será que todos os peixes da mesma

espécie são iguais? Vocês falaram que não

.... Certo? Beleza .... Aí vocês não podem

colocar só não pra mim aí... eu tenho que

saber por que ... e aí? Por que que não são

iguais? Porque eles apresentam algumas

características né diferentes ..., mas o que

leva a aparecer essas características

diferentes? Vocês têm alguma explicação

para tipo ... nossa ... porque eles não são

idênticos? (...) Tipo por que eles não são

idênticos se eles são da mesma espécie...

DEVIA SER idêntico..., mas porque (...)

Síntese

Reelaboração

11 A1 Porque nem todos... nem todos... ah não sei

explicar certo.

12 A2 Ah ... não sei.

13 A3 As células também é diferente ... sei lá. Conclusão

14 B2 Todo mundo ouviu?

15 A3 A genética delas é diferente. Conclusão

16 A2 A genética é diferente.

Conclusão

17 B2 Hum ... cada um tem uma genética

diferente?

Compreensão

18 A2 Nenhuma genética é igual à outra. Conclusão

19 A3 É ... porque senão cada um teria a mesma

digital.

Garantia

20 B2 E aí? Reelaboração

21 A2 É isso mesmo?

22 B2 Então ... o que vocês acham? É plausível

ou vocês têm mais alguma explicação?

Reelaboração

23 A2 Ah ... não sei.

24 A1 Se eu tenho característica diferente (...)

25 B2 Eles apresentam características diferentes

por? Por quê?

Compreensão

26 A2 Por causa da genética. Conclusão

27 B2 Por cada um apresentar...?

28 A1 Uma genética diferente. Conclusão

29 B2 Então...escrevam pra mim (...) Cada um

escreve o seu que aí eu ler.

26

Transcrição do segundo episódio

TURNO LOCUTOR FALA MOVIMENTO

EPISTÊMICO

ELEMENTOS

DO TAP

1 B3 Vocês entenderam o problema?

2 A1 Sim. O azul. Conclusão

3 B3 Por quê?

Elaboração

5 A2 Tem maior quantidade de armazenamento de

gordura.

Dado

6 A1 O azul, no caso.

Conclusão

7 A3 É, isso que cria...

8

A1

Porque ... é a maior .... Ele possui o maior

armazenamento de gordura e com a escassez

de alimento durante a viagem, ai ele

armazena gordura e vai ter.... gordura. Se

entendeu o que eu disse.

Dado

9 B3 Mas, tipo, o que a gordura propícia para

esses peixes?

Reelaboração

10 A1 Energia. Não é? Garantia

11 A5 Energia. Garantia

12

B3

Mas a gordura, ela funciona como? Ela....

Ela traz energia, realmente. Mas essa energia

é o que? Armazenada, concorda? Então o

armazenamento de gordura vai propiciar

energia para os peixes...

Confirmação

Síntese

13 A2 É tipo hibernação dos ursos. Parecido... Garantia

14 A1 Exato. É parecido, só que o urso dorme e o

peixe... nada. O peixe ...

Garantia

15 A5 Nada

16 A1 O peixe nada.

17

B3

Mas, vamos considerar... realmente os

peixes que tem maior quantidade de gordura

tem maior chance de atravessar, chegar no

lugar; mas e se a gente considerar dois

caminhos: um caminho mais curto e um

caminho mais longo. Então, eles podem

atravessar os dois caminhos, nesse caso,

quem tem mais chance de chegar?

Confirmação

Elaboração

18 A1 O azul, continua sendo o azul.

Conclusão

19 B3 Por que?

Elaboração

20 A1 Porque ele continua tendo mais gordura e … Dado

21 B3 Mas e se um que tiver menos armazenamento

de gordura passar por um caminho menor?

Reelaboração

27

22 A5 Aí vai ser o menor porque ele vai poder nadar

mais rápido.

Refutação

23 A1 Não, o menor não é de tamanho, o menor é

menor capacidade de armazenamento.

24 B3 Sim. E se o que tiver menor capacidade de

armazenamento passar pelo caminho menor?

Confirmação

Reelaboração

25 A1 Aí dá certo. Refutação

26 B3 Dá certo. Mas, o que acontece com a

população? Qual é a chance desses peixes

chegarem para se reproduzirem?

Confirmação

Elaboração

27 A1 Não, quando tem dois caminhos é maior. Se

tem um caminho só grande, só passa os com

capacidade grande. Se tem um caminho

menor e um maior vai ser mais chance.

Refutação

28 B3 Então, a chance de reproduzir de cada um

deles é o que?

Compreensão

29 A1 Em qual questão? Na questão que tem os

dois caminhos?

30 B3 Na questão dos dois caminhos. Confirmação

31 A1 Maior

Conclusão

32 B3 Ahan...Ahan. Se vocês quiserem responder

agora ((na apostila)). O que determina se um

peixe... ele vai chegar ou não até o local?

Confirmação

Elaboração

33 A1 Capacidade de armazenamento de gordura

dele.

Conclusão

34 B3 Que é uma característica...?

35 A5 Genética.

36 B3 E só isso ((capacidade de armazenamento))?

Reelaboração

37 A2 Não.

38 A5 A rapidez do peixe também Conclusão

39 A1 Não. O caminho também que ele vai passar.

Se não tiver escassez de comida todos eles

vão passar.

40 B3 Sim, e isso é o que?

Confirmação

Reelaboração

41 A1 Esqueci... é biodiversidade do local

Conclusão

42 A5 Da vida... Conclusão

43 B3 É uma característica ambiental, concorda?

Instrução

44 A1 Sim.

45 B3 Então, o que determina se vai atravessar é a

genética desse peixe e o ambiente.

Síntese

28

Transcrição do terceiro episódio

TURNO LOCUTOR FALA MOVIMENTO

EPISTÊMICO

ELEMENTO

DO TAP

1 A2 Então...

2 A5 Então...

3 A1 O P4 foi o que morreu ou... é o que morreu.

Que ele vivia na correnteza rápida. Aí o P1

tava acostumado com a correnteza lenta.

Dado

Conclusão

4 B3 Ele tava acostumado?

Correção

5 A1 É.…

6 A3 Mas, os dois não vive no mesmo ambiente?

7 B3 Não, mas você pode usar um termo melhor

que acostumado?

Correção

8 A1 Adaptado.

9 A5 P1 é qual mesmo?

10 A1 P1 é o que tá com a correnteza lerda.

Correnteza lerda (risos)

Dado

11 A2 Qual que tava adaptado?

12 A1 O 4 Dado

13 A5 Não, o 1 é de correnteza pequena.

Dado

14 A1 O 1 tava adaptado a correnteza pequena,

então quando diminuiu a correnteza ele

aumentou, porque ele tava adaptado. Quando

diminuiu a velocidade da correnteza, ficou

mais lentinho; o P1 já tava adaptado a

correnteza mais devagar, então ele

sobreviveu; e o P4 que tava acostumado a

correnteza rápida.

Dado

Conclusão

15 A2 Não estava adaptado.

16 A1 É não estava adaptado.

17 B3 Vamos supor que devido a construção da

barragem, por algum motivo uma espécie

invasora entrou no ambiente com correnteza

rápida e tal. [...]. Então, vamos supor que

esse peixe aqui [...]. Esses dois peixes aqui

vão se alimentar do mesmo tipo de alimento.

Vamos supor que eles comem (inaudível).

Mas esse daquele vai estar mais adaptado... a

espécie invasora vai se adaptar muito bem ao

ambiente, ele vai ter uma vantagem muito

maior em relação a esse, o que você...vocês

acham que vai acontecer?

Elaboração

Instrução

18 A3 Com o que?

19 A2 Com que?

29

20 B3 Esse tá... esse invasor tá mais adaptado... esse

daqui que é o endêmico, ele tá adaptado

mais... Aí vai acontecer alguma coisa.

Elaboração

21 A1 Vai diminuir a população de laranja... Conclusão

22 A5 Porque eles vão ficar sem comida. Garantia

23 A3 Porque se ele tá mais adaptado ele tem mais

preparação.

Garantia

Dado

24 B3 Na verdade, não é uma preparação, tem um

nome pra isso, que a gente chama de valor

adaptativo da população.

Correção

Instrução

25 A5 Meio complicado isso.

26 B3 Então, valor adaptativo é um grau sabe.

Então o valor adaptativo pode ser maior ou

menor... se ele tá mais adaptado o valor

adaptativo é maior... se ele tá menos

adaptado o valor adaptativo é menor. Quem

tem o valor adaptativo maior aqui?

Instrução

27 A1 O vestido ((laranja)).