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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA ENGENHARIA QUÍMICA ROBINSON LEITE DE MATTOS NETO MACRO VISÃO DA LOGÍSTICA DE DISTRIBUIÇÃO DE HIDROCARBONETOS DO PETRÓLEO NO BRASIL Declaro que esta monografia foi revisada e encontra-se apta para avaliação e apresentação perante a banca avaliadora Data: ___/___/2014 _________________________________ ASSINATURA DO ORIENTADOR LORENA 2014

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

ENGENHARIA QUÍMICA

ROBINSON LEITE DE MATTOS NETO

MACRO VISÃO DA LOGÍSTICA DE DISTRIBUIÇÃO DE HIDROCARBONETOS

DO PETRÓLEO NO BRASIL

Declaro que esta monografia foi revisada e encontra-se apta

para avaliação e apresentação perante a banca avaliadora

Data: ___/___/2014

_________________________________

ASSINATURA DO ORIENTADOR

LORENA

2014

ROBINSON LEITE DE MATTOS NETO

MACRO VISÃO DA LOGÍSTICA DE DISTRIBUIÇÃO DE HIDROCARBONETO

DO PETRÓLEO NO BRASIL

Projeto de monografia apresentado à Escola

de Engenharia de Lorena – Universidade de

São Paulo como requisito para obtenção de

título de Engenheiro Químico

Área de Concentração: Logística

Orientador: Dr. Humberto Felipe da

Silva

LORENA

2014

DEDICATÓRIA

À minha família que sempre acreditou em

mim.

AGRADECIMENTO

Agradeço a minha família, em especial à minha mãe, pelo amor, carinho e apoio que me

foi dado nesses anos de estudos.

Agradeço aos meus amigos, que foram minha família em Lorena e me propiciaram

momentos incríveis durante esses seis anos.

Agradeço ao meu orientador pelo suporte para que eu concluísse a minha monografia.

Agradeço a toda equipe da EEL, professores e servidores, que tornaram possível minha

formação.

RESUMO

MATTOS, R. L. N Macro visão da logística de distribuição de hidrocarbonetos do

petróleo no Brasil. 2014. 37 f. Projeto de monografia (Trabalho de conclusão de curso) –

Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena, 2014.

Apesar das empresas distribuidoras de derivados de petróleo terem chegado ao

Brasil em 1910, foi a partir da década de 90 que foi rompido o monopólio estatal criado

pela Petrobrás e assim a comercialização dos hidrocarbonetos foi feito com mais liberdade

no território brasileiro. Neste mercado altamente competitivo e de grande extensão

geográfica a qual possuímos, com números aproximadamente de 130 milhões de

quilômetros a serem percorridos nas estradas, carregando cerca de 22 bilhões de litros de

combustíveis, a empresa que conseguir se mantiver estável e com tendências a progressão

anual é aquela que possui uma cadeia de suprimentos integrada, pautada em uma logística

de distribuição eficiente e ágil. E para que as funções e atividades logísticas iniciem seu

fluxo de forma mais precisa, são necessários dois fatores: primeiramente uma harmonia

dos setores de upstream e downstream, que representam a cadeia como um todo, e uma

acuracidade nas etapas da obtenção da demanda, que compreende a pesquisa de mercado,

análise e desenvolvimento de produtos, aquisição de insumos, entre outras; no atendimento

posterior a esta demanda está o transporte, a distribuição, a armazenagem e o atendimento

do pedido no prazo pré-determinado. É a partir dessas informações que este projeto visa

identificar e mapear as operações logísticas de distribuição de hidrocarbonetos do petróleo

no Brasil, abordando seus impactos socioeconômicos e ambientais no país; um estudo de

caso, de uma grande empresa distribuidora de derivados, contextualizará a realidade deste

mercado competitivo, a qual se ganha espaço aquela que tiver a melhor cadeia de

suprimentos e uma logística integrada.

Palavras chave: Hidrocarbonetos, Petróleo, Distribuição, Logística, Brasil.

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 ESQUEMA DE DESTILAÇÃO A 3 ESTÁGIOS ....................................................................................... 07

FIGURA 2 MARKET SHARE DAS DISTRIBUIDORAS BRASILEIRAS ....................................................................... 25

FIGURA 3 SEGMENTOS BÁSICOS DA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO ...................................................................... 29

FIGURA 4 MAPA LOGÍSTICO DE DISTRIBUIÇÃO DE HIDROCARBONETOS ........................................................ 37

FIGURA 5 CENÁRIO DE LD&T ........................................................................................................................... 06

FIGURA 6 GRÁFICO REPRESENTATIVO DE CUSTO DE ESTOQUE ...................................................................... 48

FIGURA 7 FÓRMULA MÍNIMO CUSTO DE ESTOQUE ........................................................................................ 49

FIGURA 8 PREVISÃO DE DEMANDA DE DERIVADOS NO BRASIL ...................................................................... 50

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - PERCENTUAL DE EMISSÃO DE CO2 POR MODALIDADE DE TRANSPORTE ------------------------------41

TABELA 2 – KPI DE SSMA ANO SAFRA 2013/2014----------------------------------------------------------------------------51

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 9

1.1 Objetivo ....................................................................................................................... 9

1.2 Justificativa .................................................................................................................. 9

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 10

2.1 Hidrocarbonetos ......................................................................................................... 10

2.1.1 Propriedades físicas ............................................................................................ 11

2.1.2 Processos de Separação ...................................................................................... 14

2.2 HISTÓRIA DA COMERCIALIZAÇÃO DE HIDROCARBONETOS .................... 21

2.2.1 O Petróleo e seus derivados no mundo ............................................................... 21

2.2.1 O Petróleo e seus derivados no brasil ................................................................. 22

2.3 LOGÍSTICAS DE DISTRIBUIÇÃO DE HIDROCARBONETO DO PETRÓLEO 26

2.3.1 Ambiente Downstream na cadeia de Suprimentos ............................................. 30

2.3.2 Classificação dos Modais de Transporte ............................................................ 32

2.4 IMPACTOS AMBIENTAIS DECORRENTE DA DISTRIBUIÇÃO DE

HIDROCARBONETOS DO PETRÓLEO ...................................................................... 37

2.4.1 Derramamento de petróleo e derivados nas águas e solos. ................................. 39

2.4.2 Emissão de gases para atmosfera ........................................................................ 40

2.4.3 Impactos ambientais decorrentes da construção de dutos .................................. 41

3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................. 43

3.1 tipo e metodologia da pesquisa .................................................................................. 43

4 ESTUDO DE CASO DA EMPRESA OBJETO DE ESTUDO ....................................... 46

4.1 Coleta de Dados ......................................................................................................... 46

4.2 Composição do Preço Final ....................................................................................... 47

4.4 Impacto Financeiro .................................................................................................... 49

4.5 Segurança, saúde e meio ambiente (SSMA) .............................................................. 50

5 CONCLUSÃO .................................................................................................................. 52

6 REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 53

9

1 INTRODUÇÃO

1.1 OBJETIVO

Este projeto tem como objetivo mostrar, em uma macro visão, a cadeia de

suprimentos de uma empresa distribuidora de hidrocarbonetos do petróleo. Serão objetos

desse trabalho a contextualização histórica da comercialização dos derivados de petróleo

no Brasil e no mundo, bem como o detalhamento de toda logística envolvida na

distribuição dos combustíveis nas demais modalidades por todo Brasil. Para dimensionar a

grandiosidade do negócio, serão abordados números próximo dos reais de uma grande

empresa distribuidora de hidrocarbonetos do petróleo, fazendo uma analogia aos métodos

de estudo de caso e validando a proposta temática da monografia.

1.2 JUSTIFICATIVA

Há cerca de dois séculos o mundo é movido por petróleo. Esse produto, conhecido

como ouro negro, é formado da deposição de animais e vegetais mortos ao longo de

milhares de anos no fundo de mares, lagos e solo rochosos. Sua importância na garantia da

matriz energética no mundo é bem relevante e o seu grau de aproveitamento é alto, tendo

não somente seus produtos principais utilizados, mas também seus subprodutos. Assim

sendo, nota-se que a atividade petrolífera, tanto no Brasil quanto no mundo, é de extrema

importância e não há como negar o quão rentável e eficiente é a sua utilização.

Os hidrocarbonetos que derivam do petróleo são comercializados por distribuidoras

que tem a função de entregar esses produtos ao mercado varejista com um atendimento

exemplar que o mercado altamente competitivo oferece. É alinhado com essa visão

logística de atendimento que este trabalho irá mensurar a cadeia de suprimentos de uma

empresa distribuidora de derivados de petróleo, oferecendo uma macro visão do negócio

como um todo.

10

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 HIDROCARBONETOS

Hidrocarbonetos são compostos cujas moléculas contém apenas átomos de carbono

e hidrogênio. Os alcanos são um dos subgrupos dos hidrocarbonetos cujos membros não

possuem ligações múltiplas entre os átomos de carbono. Os alcanos são todos apolares,

desse modo, são insolúveis em solventes fortemente polarizados, como a água, porém são

solúveis em solventes apolares, como o benzeno, e em solventes fracamente polarizados,

como o álcool (SOLOMONS, 2001).

A partir do conhecimento das normas de nomenclatura dessa função podemos

prever a nomenclatura das demais funções orgânica. Os hidrocarbonetos são muito

importantes cotidianamente, pois constituem combustíveis e derivam polímeros com

múltiplas utilizações. Conforme Voguel (1989), os hidrocarbonetos podem ser

subdivididos em:

• Parafinas – possuem cadeia aberta e saturada. (CnH2n+2)

• Olefinas - possuem cadeia aberta e insaturada por dupla ligação. (CnH2n)

• Acetilênicos - possuem cadeia aberta e insaturada por tripla ligação.

(CnH2n-2)

• Alcadienos ou dienos - possuem cadeia aberta e insaturada por duas duplas

Ligações. (CnH2n-2)

• Compostos naftênicos – possuem cadeia fechada saturada. (CnH2n)

• Ciclenos – possuem cadeia fechada insaturada por dupla ligação. (CnH2n-2)

• Aromáticos – possuem pelo menos um anel benzênico em sua estrutura.

O petróleo é originário da decomposição de material orgânico que foi transformado

no interior da superfície terrestre, sob alta pressão e temperatura, num fluido geralmente

escuro e viscoso (KALICHEVSKY, 1956).

Ele é constituído por uma complexa mistura de diferentes substâncias químicas,

no mínimo de 200 a 300 compostos, dentre estes nitrogênio (0% a 0,5%), enxofre (0% a

6%), oxigênio (0% a 3,5%), alguns metais em concentrações traço (principalmente níquel e

11

vanádio) e os hidrocarbonetos (50% a 98%), sendo os hidrocarbonetos, o nitrogênio, o

enxofre e o oxigênio os principais compostos (CETESB, 2002).

O refino do petróleo consiste em separar as centenas de hidrocarbonetos que estão

misturados em grupos menores, que tenham uma aplicação comercial definida. A gasolina,

o diesel, a nafta e os demais produtos que resultam do refino são chamados derivados de

petróleo. Conforme (PETROBRÁS, 2011) cada barril de petróleo fornece, em média o

seguinte:

• óleo combustível 17%

• óleo diesel 33%

• querosene 5%

• óleo lubrificante e parafina 1%

• gasolina 15%

• naftas e solventes 12%

• GLP (gás liquefeito de petróleo, ou gás de cozinha) 9%

• outros derivados 6%

2.1.1 PROPRIEDADES FÍSICAS

Os hidrocarbonetos do petróleo apresentam propriedades físicas semelhantes e

normalmente, não reagem quimicamente ou apresentam dificuldades de reação com

agentes oxidantes ou redutores, com isso, eles não apresentam ação reativa ou corrosiva

(SOLOMONS, 2001). Na sequência, iremos analisar propriedades físicas como densidade,

viscosidade, ponto de fluidez, ponto de inflamação e solubilidade.

• Densidade

A densidade permite determinar se um óleo tende a afundar ou flutuar na coluna

d’água após um vazamento. Desta forma pode-se dizer que a densidade mede o grau de

concentração de massa em determinado volume. O símbolo para a densidade é ρ e a

unidade no sistema internacional é quilograma por metro cúbico (kg/m³). A densidade do

óleo em relação à água doce é geralmente expressa em termos de densidade específica ou

densidade (API 1990).

12

• Densidade Específica

“Razão da massa de um dado material (por exemplo, óleo) em relação à massa da

água doce, para o mesmo volume e a uma mesma temperatura”. (A densidade da água do

mar é 1,025.) Os principais óleos brutos e derivados possuem uma gravidade específica

compreendida entre 0,78 e 1,00, indicando a flutuabilidade de tais substâncias. Quando

lançados no ambiente, geralmente permanecem sobrenadando até que se adsorvam a

partículas em suspensão e sedimento, passando por intemperização adicional, ou seja

consumidos por organismos vivos (API, 1999).

• Densidade API

“É uma escala para medição de densidades específicas de fluidos, criada pelo

“American Petroleum Institute”, obtidas pela fórmula: D API = (141,5 / DE) - 131,5 Onde:

D API = Densidade API; DE= Densidade Específica a 15ºC; esta escala, que varia de 0 a

60/62, foi desenvolvida para ampliar a escala de gravidade específica de forma que valores

maiores pudessem ser usados” (API, 1999).

Apresenta-se uma relação inversa quando se trata das propriedades físicas:

densidade específica e densidade API, pois uma substância com baixa densidade específica

(por exemplo, gasolina; DE= 0,73) terá uma alta densidade API (ºAPI= 62); inversamente,

uma substância com alta densidade específica (por exemplo, óleo cru pesado; DE= 0,98)

apresentará baixa densidade API (ºAPI= 13).

Essa relação inversa também se encontra para a viscosidade e volatilidade, em que,

hidrocarbonetos com elevados valores de densidade API têm baixa viscosidade e elevado

teor de voláteis, ou seja, maior teor de componentes leves. O teor de componentes

intermediários e pesados aumenta com o decréscimo da densidade API.

Quando a medida de API é feita na plataforma antes de refinar o petróleo, permite

verificar se o petróleo é pesado, extra pesado, etc. Se for constatado que se trata de um

petróleo extra pesado, é preciso então investir na exploração das jazidas, com novas

tecnologias e aparelhagem apropriada (bombas de sucção altamente potentes) para extrair

o óleo de viscosidade elevada (API, 1999).

• Ponto de Inflamação

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O ponto de inflamação é quando uma substância libera vapores que se inflamam,

em uma determinada faixa de temperatura, a partir de um contato com uma fonte de

ignição. Nos alcanos com até nove átomos de carbono, como por exemplo, a gasolina,

o ponto de inflamação encontra-se entre -55 ºC e -25 ºC; óleos leves e produtos refinados

são inflamados com mais facilidade do que os óleos pesados (CETESB, 2002).

• Ponto de Fluidez (Pour Point)

“Temperatura abaixo da qual o óleo não fluirá” (API, 1999), “devido a formação de

uma estrutura micro cristalina que amplia a viscosidade e tensão superficial do produto”

(CETESB, 2002).

Ponto de Fluidez é a menor temperatura na qual o óleo combustível flui quando

sujeito a resfriamento sob condições determinadas de teste. Ele estabelece as condições de

manuseio e estocagem do produto. Especificam-se limites variados para esta característica,

dependendo das condições climáticas das regiões, de modo a facilitarem as condições de

uso do produto (ANP 1999).

O ponto de fluidez dos petróleos brutos situa-se entre a temperatura inferior a -30ºC

para os mais fluidos e +30ºC para os mais ricos em parafina. Para os 64 refinados, o ponto

de fluidez pode variar entre -60ºC para combustíveis de avião e +46ºC para óleos

combustíveis (FRONAPE, 2002).

• Viscosidade

“Entende-se por viscosidade a resistência interna de um fluido ao escoamento,

devido às forças de atrito entre as moléculas”.

A viscosidade de um fluido é a medida da sua resistência ao escoamento a uma

determinada temperatura. É uma das características de maior importância do óleo

combustível, que determinará as condições de manuseio e utilização do produto (ANP,

1999).

A viscosidade é inversamente proporcional a temperatura, ou seja, ela aumenta

quando a temperatura diminui e vice-versa; varia com os teores dos componentes (leves,

intermediários, pesados) do petróleo ou dos refinados de forma que substâncias contendo

maior parte de compostos leves são menos viscosas que aquelas contendo mais compostos

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intermediários e estas, por sua vez, são menos viscosas que substâncias contendo maior

parte de componentes pesados.

Um óleo sob processo de intemperização tem sua viscosidade natural aumentada

com a perda de diversos componentes (CETESB, 2002).

• Tensão superficial

Constitui-se na força de atração (coesão) entre as moléculas na superfície de um

líquido. A tensão superficial apresenta uma relação inversa com a temperatura, sendo que

diminui com o aumento da temperatura e, juntamente com a viscosidade determinam a taxa

de espalhamento da substância na água ou no solo. Por causa da tensão superficial, alguns

objetos mais densos que o líquido podem flutuar na superfície, caso estes se mantenham

secos sobre a interface (CETESB, 2002).

• Solubilidade

É o processo através do qual uma substância (soluto) dissolve-se em outra

(solvente). Na solubilidade, a polaridade da substância influi diretamente na dissolução

deste em outra, sendo que, substâncias polares tendem a se dissolver em líquidos polares e

substâncias apolares, em líquidos apolares. A solubilidade do petróleo em água é

classificada como extremamente baixa e, dissolvem-se no meio aquático apenas uma

pequena parte dos hidrocarbonetos solúveis e dos vários sais minerais presentes no óleo

(POFFO, 2000).

2.1.2 PROCESSOS DE SEPARAÇÃO

De acordo com Perrone (2006), processos de separação são sempre de natureza

física e têm por objetivo desdobrar o petróleo em suas frações básicas, ou processar uma

fração previamente produzida, no sentido de retirar dela um grupo específico de

compostos.

Os agentes responsáveis por estas operações são físicos, por ação de energia (na

forma de modificações de temperatura e/ou pressão) ou de massa (na forma de relações de

solubilidade a solventes) sobre o petróleo ou suas frações.

15

Uma importante característica nos processos de separação é o fato dos produtos

obtidos poderem, exceto em situações de eventuais perdas ou contaminações, quando

novamente misturados, reconstituir a carga original, uma vez que a natureza das moléculas

não é alterada.

Como exemplos deste grupo de processos, podem ser citadas: Destilação (em suas

várias formas), Desasfaltação a Propano, Desaromatização a Furfural,

Desparafinação/Desoleificação a solvente (MIBC), Extração de Aromáticos e Adsorção de

N-parafinas.

• Destilação

A separação de misturas multicomponentes nos seus respectivos constituintes é

uma das principais operações unitárias das indústrias química e de petróleo, sendo a

destilação o método mais utilizado para alcançar este objetivo (RICHARDSON et al.,

2002).

Do ponto de vista das operações unitárias, a destilação pode ser definida como um

processo de separação de misturas de líquidos miscíveis baseada na diferença dos pontos

de ebulição ou volatilidades dos seus componentes individuais, realizada mediante

aquecimento, vaporização e condensação. Sua aplicação industrial, em larga escala, data

do início do século XIX, quando se buscavam tecnologias para a remoção de

hidrocarbonetos aromáticos do querosene. Desde então, esses processos tiveram grande

desenvolvimento na indústria, abrangendo os mais diversos setores. No entanto, foi na

indústria de refino de petróleo que eles obtiveram maior aplicação. A destilação é um

processo tão importante para uma refinaria de petróleo que é utilizada em quase todos os

processos de refino que passam o petróleo e seus derivados (PASSOS et al., 2006).

• Destilação Integral

Consiste na separação de uma mistura líquida em dois produtos: vapor e líquido.

É também conhecida como destilação de equilíbrio, auto vaporização ou “flash”. Uma

parte do líquido é vaporizada sob condições tais que todo o vapor produzido fica, durante a

vaporização, em contato íntimo com o líquido residual (ABADIE, 20-- apud ABADIE,

2002).

• Destilação Diferencial

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Consiste no aquecimento de um líquido até a formação da primeira bolha de

vapor, retirada do contato com o restante do líquido e condensada. O aquecimento

continua, então, retirando se do restante do líquido e condensando o vapor.

Nesta destilação um dos instrumentos que deve-se observar atentamente é o

termômetro durante todo o processo. A temperatura tem a tendência de estacionar

inicialmente no ponto de ebulição da substância mais volátil. Quando a temperatura voltar

a aumentar, deve-se pausar o aquecimento e recolher o conteúdo do receptor: o líquido

obtido é a tal substância mais volátil, que se separou da mistura original.

A destilação é intermitente. O destilador é carregado com uma mistura líquida

cada vez mais rica em componentes pesados. A temperatura do líquido no destilador sobe

continuamente durante a destilação, pois o líquido vai tornando-se mais pesado. O

destilado (vapor condensado) é coletado em porções separados chamadas de cortes. É

normalmente utilizada em laboratórios, para controle da qualidade dos produtos de

petróleo (PASSOS et al., 2006).

• Destilação atmosférica e a vácuo

Um dos fatores mais importantes na destilação atmosférica é a pressão com que a mistura

está sendo submetida. Sabe-se que a temperatura de ebulição de um determinado líquido é

função da pressão que sobre ele está exercendo o ambiente. Apresenta-se uma relação

proporcional entre a pressão e a temperatura, pois quanto maior for a pressão exercida,

maior será a temperatura de ebulição do líquido. E logicamente, baixando-se a pressão

reduz-se também a temperatura de ebulição do líquido em questão. A conjugação dos

parâmetros temperatura e pressão permitem que o petróleo seja separado em suas diversas

frações.

De um modo geral, todas as unidades de destilação de petróleo possuem os

seguintes equipamentos: torres de fracionamento, retificadores (“strippers”), fornos,

permutadores de calor, tambores de acúmulo e refluxo, bombas, tubulações e instrumentos

de medição e controle (PASSOS et al., 2006).

• Destilação Fracionada

Consiste na separação dos componentes por sucessivas vaporizações e

condensações proporcionando produtos com grau de pureza. A destilação fracionada pode

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ser vista como uma evolução da destilação integral ou por bateladas por meio de um

incremento que é a utilização de múltiplos estágios de condensação e vaporização

simplificadamente, destilando integralmente varas vezes para a obtenção de cortes

intermediários.

Com a finalidade de tornar o processo mais compacto e melhorar o fracionamento

na condensação, incorporou-se à destilação de multi-estágios, trazendo resultados como:

• Uma temperatura final intermediária entre as temperaturas do vapor e do líquido,

graças à troca de calor entre eles;

• Um vapor e um líquido de composições diferentes dos originais devido à

condensação preferencial do produto mais pesado presente no vapor e uma

vaporização preferencial do produto mais leve presente no líquido.

O vapor proveniente do estágio sai com temperatura menor do que o vapor

original e mais enriquecido em produto leve o líquido sai com temperatura maior e mais

enriquecido de produto pesado (ABADIE, 20-- apud ABADIE, 2002).

A Figura 1 representa o esquema de destilação em três estágios (Pré-flash,

atmosférica e a vácuo), mostrando o processo de refino desde o petróleo bruto até os

hidrocarbonetos finais.

Figura 1: Esquema de destilação a 3 estágios

(PETROBRÁS – Apostila Refino do Petróleo, 2002)

18

• Desasfaltação a propano

Este processo tem por objetivo extrair, por ação de um solvente (propano líquido

em alta pressão), um gasóleo, que seria impossível obter por meio da destilação. O

subproduto dessa extração é o resíduo asfáltico, que, conforme o tipo de resíduo de vácuo

processado e a severidade operacional, pode ser enquadrado como asfalto ou como óleo

combustível ultra viscoso.

O principal produto do processo é o óleo desasfaltado, o qual pode ter dois

destinos, de acordo com o interesse no refino:

1. Obtenção de combustíveis, o óleo desasfaltado deverá incorporar-se ao gasóleo

pesado (GOP) e ambos seguirão para a unidade de craqueamento catalítico, para

sua conversão em nafta e GLP.

2. Produção de lubrificantes, então o óleo desasfaltado irá gerar, em função de sua

viscosidade, o óleo básico Brightstock ou o óleo de cilindro.

Em ambos os casos, estes lubrificantes inacabados irão passar por outros processos para

melhoria de qualidade (PASSOS, et al, 2006).

• Desaromatização a furfural

De acordo com Frah (2002), a desaromatização a furfural é o processo típico da

produção de lubrificantes, que consiste na extração de compostos aromáticos polinucleados

de altas massas molares por meio de um solvente específico, no caso o furfural. Pode-se

trabalhar com um óleo lubrificante em condições de alta e baixa temperatura, esperando

um comportamento mais uniforme em relação à viscosidade. Os aromáticos são os

compostos causadores das maiores flutuações de viscosidade. Assim sendo, quando os

aromáticos são retirados de um corte lubrificante, assegura-se uma menor variação da

viscosidade com a temperatura. A propriedade que mede o inverso da variação da

viscosidade com a variação da temperatura é chamada de índice de viscosidade (IV) e sua

relação com a temperatura se da de forma inversa, pois quanto maior o IV, menor a

variação da viscosidade com a temperatura.

O objetivo principal da desaromatização a furfural é aumentar o índice de

viscosidade de óleos lubrificantes. O subproduto desse processo é o extrato aromático, um

óleo pesado e viscoso, que pode ser utilizado como óleo extensor de borracha sintética, ou

19

pode ser adicionado ao “pool” de óleo combustível da refinaria. O produto principal, o óleo

desaromatizado, é estocado para seu posterior processamento, na unidade de

desparafinação a Metil-Isobutil-Cetona (MIBC).

• Desparafinação a MIBC (Metil-Isobutil-Cetona)

A desparafinação a MIBC tem o objetivo de eliminar as ceras parafínicas pesadas

que impedem um ponto de fluidez baixo, característica indispensável quando se pensa em

lubrificantes que podem atuar em baixas temperaturas.

A remoção das n-parafinas é feita com o auxílio de um solvente que, em baixas

temperaturas, solubiliza toda a fração oleosa, exceto as parafinas, que permanecem em fase

sólida. O óleo desparafinado é enviado à estocagem intermediária, de onde seguirá para o

processo de hidroacabamento, enquanto a parafina oleosa será também estocada, podendo

ter dois destinos. Caso exista no conjunto de lubrificantes uma unidade de desoleificação

de parafinas, ela deve ser aí processada, com o propósito de produzir parafinas comerciais.

Se essa opção não existir, o destino será sua adição ao gasóleo, que será processado no

craqueamento catalítico.

O solvente utilizado, atualmente, é a Metil- Isobutil-Cetona (MIBC). Já foram

usados, no passado, a mistura de Metil-Etil-Cetona (MEC) e tolueno, e, mais remotamente,

o propano líquido. A desparafinação é, certamente, a mais cara das unidades de conjunto

de lubrificantes, em função, principalmente, do grande número de equipamentos existentes

no processo (FRAH, 2002).

• Desoleificação a MIBC (Metil-Isobutil-Cetona)

A desoleificação a MIBC é um processo idêntico à desparafinação, apenas realizada

em condições mais severas, visando remover o óleo contido na parafina, de forma a

enquadrá-la como produto comercial, o que seria impossível sem essa unidade.

A parafina oleosa, é desmembrada em duas correntes: primeiramente obtém-se a

parafina mole, fruto da fração oleosa, removida pela ação do solvente e da filtração, e, por

tratar-se de um gasóleo, normalmente é enviada ao craqueamento, depois de ter a MIBC

removida. A parafina mole pode ser também aproveitada para a produção de geléias, óleos,

vaselinas e outros produtos farmacêuticos, embora seu mercado seja bem restrito.

20

O produto comercial, conhecido como parafina dura, depois desta operação, é

estocado para posterior processamento na unidade de hidrotratamento onde finalmente é

especificada (FRAH, 2002).

• Extração de aromáticos

A extração de aromáticos, também conhecida como recuperação de aromáticos

(URA), é uma unidade que tem um objetivo semelhante à Desaromatização a Furfural,

embora carga, solvente, produtos e condições operacionais sejam bem distintas. O objetivo

principal de ambos processos é extrair os aromáticos da carga por meio de um solvente. A

carga é uma nafta proveniente de uma unidade de reforma catalítica, bastante rica em

aromáticos leves, como benzeno, tolueno e xilenos (BTXs). Estes hidrocarbonetos têm um

alto valor no mercado, uma vez que são importantes matérias- primas para a indústria

petroquímica, podendo atingir preços duas a três vezes superiores à nafta.

Os solvente utilizados na extração podem ser o Tetra-Etileno-Glicol (TEG), a N

Metil- Pirrolidona (NMP) associada ao Mono-Etileno- Glicol (MEG), ou o Sulfolane. O

uso de um deles é feito em função das condições do processo escolhido. Os aromáticos

extraídos, depois da remoção do solvente, são fracionados e destinados à estocagem para

futura comercialização, os não aromáticos, depois também da remoção do solvente, são

enviados ao “pool” de gasolina (BRAGA, 2001).

• Adsorção de n-parafinas

De acordo com Abadie (20-- apud ABADIE, 2002, a unidade de adsorção de n-

parafinas é própria para a remoção de cadeias parafínicas lineares contidas na fração do

querosene. A remoção desses hidrocarbonetos causam efeitos contrários nos tipos de

querosene analisados, embora confiram excelente qualidade ao querosene iluminante, são

extremamente prejudiciais em se tratando do querosene de aviação, por elevarem seu ponto

de congelamento quando presentes em concentrações razoáveis. As n-parafinas removidas,

por outro lado, são valiosas matérias-primas para a indústria petroquímica, especificamente

para a produção de detergentes sintéticos biodegradáveis.

Em relação ao processo, as cadeias parafínicas são extraídas do querosene, através

de sua passagem em fase gasosa num leito de peneiras moleculares. O leito captura as n-

parafinas, permitindo a passagem dos demais compostos presentes no querosene. Mais

21

tarde, numa outra etapa, os hidrocarbonetos absorvidos são removidos do leito com auxílio

de um diluente, separados deste, fracionados e estocados para o futuro envio à indústria

petroquímica.

A adsorção de n-parafinas, em face do grande número de equipamentos e da alta

complexidade, é uma unidade de elevado investimento e longo tempo para retorno, não

sendo de grande atratividade econômica. Apenas quando existem fábricas consumidoras

das n-parafinas produzidas, colocadas a preços aceitáveis, tal unidade pode ser

economicamente viável.

2.2 HISTÓRIA DA COMERCIALIZAÇÃO DE HIDROCARBONETOS

2.2.1 O PETRÓLEO E SEUS DERIVADOS NO MUNDO

Há cerca de dois séculos o mundo é movido a petróleo. O primeiro poço perfurado

for na Pensilvânia, Estados Unidos, em 1859, pelo coronel Drake e a partir daí a busca

incessante pelo “ouro negro” não parava. Os hidrocarbonetos do petróleo (gasolina, óleo

diesel, óleo combustível, querosene de aviação e outros) põem em movimento pelo mundo

todo milhões de automóveis, indústrias, aviões e assim por diante. A busca pelo petróleo

levou a importantes descobertas nos Estados Unidos, Venezuela, Trinidad, Argentina,

Bornéu e Oriente Médio. Os Estados Unidos era o maior detentor do petróleo até 1945,

seguido da Venezuela, México, Rússia, Irã e Iraque (THOMAS, 2001).

Boy de la torre (1987), afirma que o auge do petróleo se deu na primeira Guerra

Mundial (1914-1918) devido ao fato da mecanização das armas bélicas. Esses anos de

guerra foram marcados pela supremacia dos navios movidos à óleo combustível e dos

caminhões (na época movidos à gasolina) para o transporte das tropas. Também se viu a

aparição dos tanques, dos primeiros aviões, dos submarinos, enfim, de diversos meios de

transporte movidos a derivados de petróleo.

Na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), encontramos outro contexto geopolítico

e econômico onde vê se claras mudanças na indústria do petróleo, onde as companhias

americanas controlam metade das jazidas exploradas e metade das reservas efetivas do

mundo, sem contar as que têm em casa; e sua ameaça de expansão se intensifica contra a

potência inglesa em defensiva. Passados quinze anos, já na década de sessenta, o mercado

22

fica saturado de petróleo disponível a um preço muito baixo. O ritmo de consumo chegou a

níveis inimagináveis e quanto mais rápido crescia o consumo, mais rápido aumentava a

disponibilidade de oferta. Nessa época também ficou clara a queda na participação norte-

americana na produção total mundial. O motivo desse declínio foi o deslocamento para o

Oriente Médio com a conseqüente ascensão da produção naquela região (YERGIN, 1991).

Ainda na década de sessenta, foi criada a Organização dos Países Exportadores de

Petróleo, OPEP, em Bagdá, que reuniram os países: Arábia Saudita, Venezuela, Kuait, Irã

e Iraque a qual compunham um cartel de produtores que passaram a ditar o preço do barril

de petróleo no mundo. Essa nova organização foi fundada para desmontar o esquema

americano de controle de preços, pois por cerca de cinqüenta anos de estabilidade dos

preços do barril e segurança de fornecimento, as maiores empresas petrolíferas norte-

americanas resolveram unilateralmente e sem aviso prévio reduzir o preço do barril de

petróleo, desestabilizando as economias mundiais e as demais empresas do ramo.

(BARRETO, 2005).

2.2.1 O PETRÓLEO E SEUS DERIVADOS NO BRASIL

A primeira tentativa de encontrar petróleo no Brasil foi feita a partir da perfuração

de um poço em Bofete, no estado de São Paulo, em 1897. A partir daí houve outras

tentativas, sem relevância, até que em 1953, foi instituído o monopólio estatal do petróleo

com a criação da Petrobras. Desde seu surgimento, a empresa estatal descobriu petróleo em

diversos estados brasileiros, mas foi na década de setenta que se deu a descoberta mais

importante: a Bacia de Campos, no estado do Rio de Janeiro, a qual ainda hoje é a maior

província petrolífera brasileira (THOMAS, 2001).

As grandes empresas distribuidoras com a Shell, Esso, e Texaco entraram no

mercado brasileiro na década de 1910. A partir de 1912 a distribuição de querosene e

gasolina em latas e tambores foi a primeira atividade do setor. Para atender as indústrias e

aos estabelecimentos comerciais a entrega era feita por caminhões-tanques, o qual

transportavam volumes que duravam um bom tempo, vista a oferta de hidrocarbonetos

naquela época. Nos primeiros tempos do automóvel, a gasolina era vendida a granel no

mesmo armazém em que se faziam as compras da casa; mais tarde, ela saiu da prateleira

para a calçada e quando era necessário abastecer um veículo, o dono saía do balcão para

manipular a bomba (GAZETA MERCANTIL, 1999).

23

Alguns fatos históricos marcaram o progresso da comercialização dos derivados do

petróleo no Brasil, como por exemplo, na década de trinta, onde entrou-se em

funcionamento a Destilaria Rio Grandense S.A.,em Uruguaiana (RGS), processando pela

primeira vez no Brasil, em escala industrial, 400 barris/dia de gasolina, óleo diesel e óleo

combustível. Esta destilaria deu origem, em 1937, à criação da Ipiranga e da primeira

refinaria de petróleo no País, em Rio Grande, RS, com capacidade para processar 1500

barris/dia. No ano seguinte, a Ipiranga abria o seu primeiro posto para venda de derivados

na sua cidade de origem (REVISTA EXAME, 2000).

Um dos personagens marcantes na história do Brasil foi o nosso presidente Getúlio

Vargas, que instituiu, por decreto, o Conselho Nacional do Petróleo (CNP) com o objetivo,

dentre outros, de regular e fiscalizar as atividades de exploração, refino, importação,

distribuição de petróleo e seus derivados. Por ter um governo pautado no protecionismo de

mercado, Getúlio impunha também no decreto, que, a partir daquela data, somente

brasileiros natos tinham o direito de ser acionistas de refinarias de petróleo no Brasil

(GAZETA MERCANTIL, 1999). Com o lema “O Petróleo é nosso”, em 3 de outubro de

1953, Getúlio Vargas sancionou a lei 2004 tornando monopólio da União a pesquisa e

lavra de jazidas de petróleo em território nacional bem como o refino de petróleo nacional

e importado. A Petrobrás foi então criada para exercer o monopólio em nome da União

(VALOIS, 2000).

Em se tratando de “market share”, em 1957, a Esso detinha quase 70% do mercado

de refino e distribuição, a qual foram separadas pelo Conselho Nacional de Petróleo

(CNP). O Repórter Esso e a chancela publicitária da copa de 1962 marcaram o auge da sua

popularidade. Sanca, Sabbá, Argos, Minas, São Paulo (criada em 1963), Hudson, e Gulf

Oil foram bandeiras presentes à época, sendo a maioria de caráter regional. Devido a

elevação do número de empresas regionais, houve uma grande mudança no quadro do

setor, havendo uma série de fusões e aquisições. Em decorrência disso, a Shell comprou a

Sanca na Bahia e a Petróleo Sabbá na Amazônia, ampliando sua atuação pelo interior do

País, que até então era mais urbana (PETROLEUM FINANCE COMPANY, 2000).

O período da ditadura militar, marcada pela revolução de 64, teve como fator

histórico o fechamento do mercado de distribuição. As multinacionais imaginaram que os

militares iriam implementar uma política liberal de abertura de mercado, porém, o que

ocorreu foi o inverso, visto que apoiada pela ideologia militar, a Petrobras foi fortalecida.

A BR Distribuidora entrou no mercado brasileiro em 1971, onde o Brasil já comportava

um número de doze mil postos. Assegurada pela década do “milagre brasileiro”, a

24

participação da BR rapidamente atingiu 25% do mercado através da criação de novos

postos por todo o país e da conquista de postos de outras distribuidoras. Sua missão era

levar combustíveis às regiões mais distantes do interior do País, e assim ela o teve m 1994,

cumprindo sua função social. A partir daí ela passou a concentrar seus investimentos na

duplicação do número de postos nas regiões metropolitanas do Nordeste e Sudeste do

Brasil (PETROLEUM FINANCE COMPANY, 2000).

Uma das poucas atividades que não estiveram diretamente ligada ao monopólio

estatal, ou seja, foram liberadas para distribuição, foi a comercialização de hidrocarbonetos

do petróleo. Entretanto, o funcionamento das empresas e a abertura dos postos dependiam

do extinto Conselho Nacional do Petróleo (CNP) e, posteriormente do Departamento

Nacional de Combustíveis, DNC. O CNP limitou por décadas a expansão do número de

postos no país. A primeira grande crise do petróleo acontecida em 1973, tornou o CNP um

órgão capaz de executar medidas de racionalização de combustíveis. Em 1975, proibiu a

criação de novos postos e criou a equalização dos preços dos combustíveis em todo o país.

Como resultado, houve uma enorme valorização dos postos existentes e os registros de

novos postos eram objeto de favores políticos. Além disso, o sistema de ressarcimento de

fretes, criado pela equalização, deu margem a fraudes, desperdícios e distorções (MEGA

PETRÓLEO, 2002).

No final da década de oitenta, com a reforma constitucional, consagrou-se o

monopólio da União sobre petróleo e derivados. O Programa Federal de

Desregulamentação em 1990 foi criado com o intuito de promover o processo de

redemocratização do país, onde o CNP termina por ser extinto e substituído pelo

Departamento Nacional de Combustíveis (DNC), que iniciou a redução das restrições do

setor. Neste mesmo ano, são estabelecidos critérios de preços máximos nos postos

revendedores e liberados os preços do querosene iluminante e dos lubrificantes

automotivos. É com esse cenário político que se via uma maior liberdade para a abertura de

postos e novas distribuidoras. Já a partir de 1992, os revendedores tiveram permissão de

praticar descontos nas vendas ao consumidor em relação aos preços máximos autorizados

pelo governo (REVISTA EXAME, 2000).

O cenário de “market share” em 1993 apontava uma participação da Ipiranga com

uma fatia de 19,5% do mercado de distribuição, isso após a mesma ter adquirido a Atlantic,

sendo que esta foi totalmente incorporada em 1995; com isso a Ipiranga formava a segunda

rede de postos no País, com 5600 estabelecimentos (GAZETA MERCANTIL, 1999).

25

Até o final da década de noventa, as distribuidoras de combustíveis eram impedidas

de atuar diretamente como operadoras dos postos de abastecimento. Com este

impedimento os vínculos entre os postos e as distribuidoras eram estabelecidos através de

Contratos de Venda Mercantil (CVM) ou contratos de bandeira. Com a liberação do

vínculo através de portaria do DNC, em 1997, os postos passaram a poder comprar das

distribuidoras que desejassem. Esta medida propiciou um aumento de 1000% na abertura

de novas distribuidoras, passando de 14 para 171 unidades, no ano de 1998 (GAZETA

MERCANTIL, 1999).

Abaixo tem-se a Figura 2 representando a fatia do mercado de distribuição de

hidrocarbonetos por empresas do ramo. Observa-se o domínio expressivo da BR

Distribuidora com uma participação de 19,7% no mercado brasileiro e um ótimo

atendimento pelas regiões do país; Em segundo lugar encontra-se a Ipiranga, com uma

fatia de 13,6% do mercado nacional, com destaque para região sul, onde ela lidera em

“share”; em terceiro lugar encontra-se a Raízen, fundada em 2011 através da junção das

empresas Shell e a Cosan, a qual prospecta uma fatia de 10,4% do mercado brasileiro.

Figura 2: Market Share das distribuidoras brasileiras

(Agência Nacional do Petróleo, 2011)

26

Contudo, tanto no Brasil como em todo o mundo, há a preocupação com o

abastecimento de energia no futuro próximo. Os cenários prospectivos são muito

divergentes quanto à questão de até quando haverá petróleo; estima-se que o pico de

produção mundial seja alcançado por volta de 2050 e que, na fase de transição, crescerá o

consumo de gás natural (SCIENTIFIC AMERICAN BRASIL, 2003).

De outro modo, poder-se pensar em uma solução com a substituição total tanto do

petróleo quanto do gás natural, combustíveis fósseis, logo, fontes energéticas não-

renováveis. No Brasil é crescente o uso do álcool combustível - o etanol - fonte energética

renovável que resolveria dois grandes problemas do século XXI: a escassez do petróleo (e,

por conseguinte, do gás natural) e o efeito estufa (provocado pela emissão de gases tóxicos

por conta da queima de derivados de petróleo). Fora o fato de que, nos últimos anos,

constantes e progressivos aumentos no preço do petróleo, principal produto da matriz

energética global, tem levado o mundo a buscar alternativas. Por enquanto o Brasil é

praticamente monopolista na produção de álcool combustível o que causa desconfiança no

comércio internacional e dificulta convencer os países desenvolvidos a misturar o etanol na

gasolina, como é feito aqui (EXAME, 2006).

2.3 LOGÍSTICAS DE DISTRIBUIÇÃO DE HIDROCARBONETO DO PETRÓLEO

O final da década de noventa representou, para o setor petrolífero, grandes

mudanças em seu quadro institucional, onde a flexibilização do monopólio do petróleo

permitiu que atividades antes sob o domínio da União pudessem ser realizadas por outras

empresas, além da Petrobrás. Esta flexibilização começou a ser regulamentada pela Lei

Nº9.478, de 06.08.97 (Lei do Petróleo). A partir de então, qualquer empresa, independente

da origem do seu capital, pode realizar atividades de exploração, produção, transporte,

refino, importação e exportação de petróleo. A abertura total do mercado se concretizou

em janeiro de 2002 quando esta se estendeu ao setor downstream, onde as distribuidoras

começaram também a poder usufruir da flexibilidade de importação de derivados de

petróleo (GAZETA MERCANTIL, 1999).

Esta abertura do mercado vem provocando uma mudança organizacional nas

empresas do setor que, para se manterem no mercado, necessitam de competitividade em

27

mercados globais. A eficiência operacional tanto na produção quanto na distribuição, com

metas de redução de custos, torna-se essencial para a obtenção da vantagem competitiva

(EXAME, 2006).

Para entendermos melhor sobre a vantagem competitiva que as empresas

necessitam para se manterem no mercado, devemos entender o conceito de logística,

cadeia de suprimentos e suas atuações no negócio. “Logística é a função sistêmica de

otimização do fluxo de materiais e de informações de uma organização, integrando duas ou

mais atividades gerenciais e operacionais, planejando, implementando e controlando o

fluxo eficiente de materiais do ponto de origem ao ponto de destino, com o propósito de

adequá-lo às necessidades dos fornecedores e clientes” (CARDOSO, 2004).

O termo “Gestão da Cadeia de Suprimentos” é relativamente novo, tendo sido

introduzido por Cooper, Lambert e Pagh na década de 80. Apesar disto apenas na década

de 90 que apareceram empresas que envidaram esforços para superar a visão tradicional e

fomentar melhores relações com as empresas que compunham a total cadeia de

suprimentos. Conforme Council of Supply Chain Management Professionals, “supply

chain management abrange o planejamento e o gerenciamento de todas as atividades

envolvidas no suprimento, compras, transformação e logística. Em particular, inclui

também a coordenação e a colaboração com parceiros de canal, que podem ser

fornecedores, intermediários, operadores logísticos e clientes. Em suma, Supply Chain

Management integra o gerenciamento do abastecimento e da demanda dentro das empresas

e entre elas” (CSCMP 2009).

A seguir encontram-se descritos os principais pressupostos de gerenciamento da

cadeia de suprimento, são eles: ambiente competitivo, alinhamento estratégico das

organizações e à repartição de ganhos, estrutura da cadeia, relações entre as empresas na

cadeia.

• Ambiente competitivo

O primeiro dos pressupostos, e considerado o mais importante, fala de uma

reconfiguração do ambiente competitivo, de forma que a competição passou a ocorrer entre

cadeias inteiras, e não mais entre empresas isoladamente.

• Alinhamento estratégico e repartição de ganhos

28

O segundo pressupostos decorre imediatamente do primeiro. Se a competição agora

ocorre entre cadeias de suprimentos, segue que as empresas devem ter suas estratégias

alinhadas, de modo que as ações individuais produzam ganhos para toda a cadeia. A

contrapartida do alinhamento estratégico seria, então, uma repartição dos ganhos equânime

entre as empresas, conforme o esforço e o investimento de cada uma. Internamente à

cadeia, haveria então um jogo de soma positiva e não um jogo de soma zero, em que uma

empresa ganha apenas quando a outra perde.

• Estrutura da cadeia

Neste terceiro grupo, podem-se incluir aspectos relacionados a como os papéis das

empresas ou unidades produtivas estão distribuídos nas cadeias. Com a introdução das

modernas práticas de gerenciamento, como o Just In Time e o TQM – Total Quality

Management –, passou a ser fundamental o estabelecimento de relações mais estreitas com

os fornecedores, para que os produtos pudessem ser entregues com qualidade assegurada e

nas quantidades e prazos corretos. Para permitir tais relações, a perspectiva da gestão da

cadeia de suprimentos promove a redução do número de fornecedores (Lummus et al,

1998). Tal redução deve permitir e estimular uma cooperação que, segundo Mchug et al,

(2003), será tão mais intensa quanto maior for a participação do custo do produto fornecido

no produto final.

• Relações entre empresas

Para que haja alinhamento estratégico, integração de processos e funções é

necessário haver relações cooperativas entre as empresas que constituem as cadeias de

suprimentos. Segundo Ballou (2001), a busca por relacionamentos mais estáveis tem

ocorrido em função da impossibilidade de uma única empresa exercer controle sobre o

fluxo produtivo, desde a fonte de matéria-prima até o ponto de consumo final. Desta

forma, é necessário que tais relacionamentos de longo prazo sejam pautados pela

cooperação e pela parceria, e não pela competição ou por relacionamentos conflituosos,

para que todas as empresas pertencentes à cadeia possam alcançar vantagens competitivas.

De acordo com ANP (2014), o conjunto de atividades que segmentam a indústria

do petróleo é: exploração, desenvolvimento, produção, refino, processamento, transporte,

29

importação, exportação de petróleos, gás natural, outros hidrocarbonetos e seus derivados.

A distribuição de hidrocarbonetos do petróleo é um dos pilares para a garantia do

abastecimento nacional. Mais de 300 agentes econômicos autorizados pela Agência atuam

nos segmentos de combustíveis líquidos, solventes, GLP, asfaltos e combustíveis de

aviação. Desde 2004 o mercado experimenta crescimento constante. Em 2012, as

distribuidoras venderam quase 130 milhões de metros cúbicos, 6% a mais que no ano

anterior. As vendas de gasolina C e óleo diesel representam mais de 70% deste volume.

A estrutura logística desse setor reflete esse conjunto de atividades, podendo ser

subdivida em dois grandes grupos: o setor upstream e o setor downstream. O primeiro

engloba todas as atividades de exploração e produção de petróleo, enquanto que o segundo

trata da aquisição, armazenagem, comercialização e distribuição de derivados. A Figura 3,

a seguir, retrata bem as atividades citadas acima, bem como mostra a divisão dos grupos

upstream e downstream.

Figura 3: Segmentos básicos da indústria do petróleo.

(PETROBRÁS Apostilas, 2002)

30

2.3.1 AMBIENTE DOWNSTREAM NA CADEIA DE SUPRIMENTOS

Abordando mais a fundo a subdivisão de downstream e interpretando melhor a

cadeia logística do mercado de distribuição de hidrocarbonetos do petróleo, há de se

entender o papel das bases de distribuição. Os centros de distribuição são representados

pelas bases de distribuição, que armazenam os produtos das distribuidoras e suas funções é

receber, armazenar, misturar, embalar e distribuir, podendo ser classificados em bases de

distribuição primária, secundária ou terciária em função da origem dos produtos. A base

primária recebe produto de uma refinaria ou terminal de armazenagem, enquanto a base

secundária tem como origem a base primária e a terciária, por sua vez, tem a base

secundária como fonte. Além da diferenciação pela origem, também há uma diferenciação

em relação à localização da base. As bases primárias ficam perto de sua fonte supridora, já

as bases secundárias e terciárias se localizam perto dos mercados que atendem (BALLOU,

2001).

A atividade de distribuição e comecialização podem ser descrita como o ato de

comercializar os derivados do petróleo com o mercado dito como varejo, a qual abrange os

postos e grandes consumidores, e o business to business (B2B), representado pelas

indústrias e empresas, como por exemplo, os Transportadores Revendedores Retalhista

(TRRs), empresas especializados em distribuir diesel principalmente para clientes finais

em áreas rurais (CAMPOS, 2007).

Todos os derivados do petróleo possuem um índice de octanagem (IAD), que mede

a relação de equivalência à resistência de detonação de uma mistura percentual

de hidrocarbonetos. Assim, uma gasolina de octanagem 87 apresenta resistência de

detonação equivalente a uma mistura de 87% de isoctano e 13% de n-heptano. A seguir é

apresentado os combustíveis comercializados e distribuídos no Brasil (SINDICOM, 2014):

• Gasolina A: é uma gasolina pura, produzida nas refinarias, centrais petroquímicas

ou importada. É importante frisar que as especificações de gasolina brasileira pura

são distintas da internacional, devido aos tipos de petróleo destilado.

• Gasolina C: é uma mistura de gasolina do tipo A com etanol anidro. O governo

brasileiro estipula que a quantidade de etanol a ser adicionada a gasolina tipo A

deve estar entre 18% a 25%, atualmente a porcentagem fixa está em 20%. Toda

31

gasolina automotiva revendida nos postos de serviço deve ser do tipo C;

Octanagem (IAD) = 87.

• Gasolina C Aditivada: Distribuidoras acrescentam aditivos (detergentes etc.) para

manter limpos e limpar os sistemas de alimentação e combustão dos motores.

• Gasolina C Premium: Octanagem (IAD) = 91; é uma gasolina tipo A de maior

octanagem, fornecida pelas refinarias com acréscimo de etanol anidro e mais

aditivos pelas distribuidoras.

• Gasolina de Aviação (AvGas): é uma gasolina especial, usada em pequenos aviões

com motores a pistões; não tem acréscimo de etanol anidro e sua octanagem é maio

que 100. Como aditivo é introduzido chumbo tetra-etila.

• Anidro (Etanol Anidro Combustível): muito usado na mistura com Gasolina A,

chegando a ter um teor alcoólico maior que 99,3% massa

• Hidratado (Etanol Hidratado Combustível): combustível consumido puro em

motores a etanol ou flex; seu teor alcoólico mínimo é de 92,5% massa.

• Gás Natural Veicular (GNV): é o gás metano, hidrocarboneto mais simples,

extraído juntamente com petróleo ou isoladamente; ele é fornecido ao posto em

baixa pressa e é comprimido nos postos a elevada pressão (220 bar ou 3000 psi).

• Diesel: combustível produzido nas refinarias ou importado; possui três tipos,

diferindo apenas no teor de enxofre no mesmo. Diesel S500, Diesel S1800 , Diesel

S10.

• Biodiesel: combustível produzido a partir de óleos vegetais ou gorduras animais,

pelo processo de “transesterificação”, em indústrias especializadas; possui tipos

como o B100 (biodiesel puro) e o B5 (mistura de óleo diesel + 5% biodiesel, desde

janeiro de 2010)

32

• Diesel Marítimo: combustível usado para embarcações; possui um ponto de fulgor

mais elevado.

• Óleos Combustíveis (OC’s): é produzido pelas refinarias e são mais utilizados para

queima em processos industriais ou geração de energia; possui cor escura (preto),

viscosidade elevada, relativamente denso e é menos nobre (“resíduo” da destilação

de petróleo).

• Bunker: Combustível para navios; é uma mistura de OC e óleo diesel. No Brasil

somente a Petrobrás detém a logística do mesmo.

• Querosene Iluminante (QI): uso reduzido.

• Querosene de Aviação (QAV): combustível para aeronaves.

A cadeia de transporte de hidrocarbonetos do petróleo no país vincula-se a três

funções: o escoamento da produção dos campos de exploração para instalações de

armazenamento e de processamento, a importação e exportação de petróleo bruto e

derivados e a distribuição dos produtos processados. Para que tais objetivos sejam

atendidos e possa manter as métricas do “lean management”, torna-se imprescindível a

combinação de meios de transporte e instalações aumentando a performance do processo.

Tem-se, então, a integração de dutos, terminais e navios petroleiros e, de forma

complementar os transportes ferroviários e rodoviários (NOVAES, 2001).

2.3.2 CLASSIFICAÇÃO DOS MODAIS DE TRANSPORTE

Cada modal possui suas características próprias e atende, da melhor maneira,

interesses distintos. Por exemplo, para pequenas distâncias o transporte rodoviário é

imbatível; já em distâncias médias o modal ferroviário mostra-se o mais adequado e o

navio é o mais indicado para o transporte a longas distâncias. (LEAL; SOARES, 2003)

De acordo com Leal e Soares (2003), a rodovia, embora represente o modal com

maior custo, é bastante utilizada na transferência de produtos entre as bases primárias e

33

secundárias, principalmente para a distribuição de gás liquefeito de petróleo, que é feita

exclusivamente por este modal de transporte. A ferrovia também é utilizada na

transferência de produtos entre bases, principalmente para a distribuição de diesel e

gasolina e os navios – tanques são muito utilizados para transporte de cabotagem,

principalmente para a região nordeste.

A partir do incentivo estatal dado à construção de rodovias na década de cinquenta,

pode-se dizer que o Brasil é o país rodoviário e com isso, a matriz de transportes,

englobando todos os tipos de carga transportadas no país entre 1996 e 2013, mais da

metade das cargas transportadas no país segue por rodovias. A participação dos outros

modais de acordo com o percentual de carga transportada é: ferroviário > aquaviário >

dutoviário. (BALLOU 2001).

Alvarenga (2001) diz que para coordenar uma cadeia de transportes é preciso ter

uma visão sistêmica, que envolve planejamento e conhecimento amplo do negócio que se

está traçando, pontos como: fluxos nas diversas ligações da rede, nível de serviço atual,

nível de serviço desejado, características ou parâmetros sobre a carga, tipos de

equipamentos disponíveis e suas características (capacidade, fabricante, etc); e os sete

princípios ou conhecimentos, referentes à aplicação do enfoque sistêmico para parâmetros

de carga são: peso e volume, dimensão da carga, dimensão do veículo, grau de fragilidade

da carga, grau de perecibilidade e estado físico.

Sendo assim, pode-se observar que no transporte de produtos, vários parâmetros

precisam ser observados para que se tenha um nível de serviço desejável pelo cliente.

Dependendo das características do serviço, será feita a seleção de um modal de transporte

ou do serviço oferecido dentro de um modal. Segundo BALLOU (2001), a seleção de um

modal de transporte pode ser usada para criar uma vantagem competitiva do serviço. Para

tanto, destaca-se a seguir as características dos modais de transporte.

• Rodoviário

No Brasil é o mais expressivo no transporte de cargas, atingindo praticamente todo

território nacional, isso se deve, pois desde a década de cinquenta com a implantação da

indústria automobilística e a pavimentação das rodovias, esse modal se expandiu de tal

forma que hoje é o mais procurado. Sua maior diferença para o modal ferroviário é que ele

se destina principalmente ao transporte a curtas distâncias de produtos acabados e semi-

acabados. Por via de regra, apresenta preços de frete mais elevados do que os modais

34

ferroviário, dutoviário e aquaviário, portanto sendo recomendado para mercadorias de alto

valor agregado ou perecíveis.

Em relação aos serviços, além da distinção entre transportadoras regulares e frota

privada, existem também transportadores contratados e isentos, ditos como “spot”. Quando

os clientes desejam obter um serviço mais adequado as suas necessidades, isentando-se de

despesas de capital ou problemas administrativos associados à frota própria, estes se

utilizam de transportadores contratados, estes podem adotar fretes na forma CIF (Coast

Insurance Freight), que é o frete por conta do destinatário, ou FOB (Free On Board), que é

o frete por conta do remetente. Os transportadores contratados são utilizados por um

número limitado de usuários em contratos de longa duração, em média cinco anos. Já os

transportadores isentos são aqueles livres de regulamentação econômica, como por

exemplo, veículos operados e contratados por fazendeiros ou cooperativas agrícolas.

O transporte rodoviário apresenta custos fixos baixos (rodovias estabelecidas e

construídas com fundos públicos), porém seu custo variável (combustível, manutenção,

etc.) é médio.

As vantagens deste modal estão na possibilidade de transporte integrado porta a

porta e de adequação aos tempos pedidos, assim como freqüência e disponibilidade dos

serviços. Apresenta como desvantagem a possibilidade de transportar somente pequenas

cargas (BALLOU, 1993).

• Transporte Ferroviário

A principal característica do modal ferroviário é a capacidade de transportar

grandes volumes, com elevada eficiência energética, principalmente a médias e grandes

distâncias. Além disso, quando comparado ao transporte rodoviário, apresenta maior

segurança registrando menor índice de acidentes, de furtos e roubos.

A malha ferroviária brasileira é a maior da América Latina, de acordo com a ANTT

aproximadamente 30 mil quilômetros de extensão, em termos de carga transportada

chegando, em 2001, a 162,2 bilhões de TKU (Tonelada Quilômetro Útil). As regiões de

maior concentração são: Sul, Sudeste e Nordeste e atende parte do Centro-Oeste e Norte do

país, totalizando 29.706 quilômetros de extensão. Os derivados de hidrocarbonetos são

muito utilizados no modal ferroviário, bem como cargas de produtos siderúrgicos, grãos,

minério de ferro, cimento e cal, adubos e fertilizantes, calcário, carvão mineral e

contêineres.

35

Com relação aos custos, ele apresenta uma distinção no fixo e variável,

apresentando altos custos fixos em equipamentos, terminais e vias férreas entre outros,

oorém, seu custo variável é baixo. Embora o custo do transporte ferroviário seja inferior ao

rodoviário, este ainda não é amplamente utilizado no Brasil, isto se deve a problemas de

infra-estrutura e a falta de investimentos nas ferrovias (ANTT, 2003).

• Transporte Dutoviário

“Dentre os meios de transporte terrestre: rodoviário, ferroviário e dutoviário, têm-se

este último como o mais econômico para grandes volumes e de alta eficiência energética,

pois somente a carga se move” (RIBEIRO, 2000).

A utilização do modal dutoviário é ainda muito limitada no Brasil, apresentando

uma malha dutoviária de 21 mil quilômetros de extensão, muito atrás dos Estados Unidos,

que possuem 440 mil quilômetros de dutos; teve se poucos investimentos na infra-estrutura

do mesmo até então, mas esse cenário encontra-se iminente a um grande progresso. De

acordo com a PETROBRÁS (2014), esta, juntamente com as grandes distribuidoras,

entraram em parceria para expandir a malha dutoviária, mais precisamente nos trechos de

São Paulo, Santa Catarina e Paraná, com o OSBRA (Poliduto São Paulo-Brasília), OSPAR

(Poliduto São Paulo-Paraná) e OPASC (Poliduto São Paulo-Santa Catarina), com o

objetivo do aprimoramento da logística de abastecimento. Esse modal destina-se

principalmente ao transporte de líquidos e gases em grandes volumes e materiais que

podem ficar suspensos (petróleo bruto e derivados, minérios). A movimentação via dutos é

lenta, sendo contrabalançada pelo fato de que o transporte opera dia e noite sem

interrupções. Em relação aos custos fixos e variáveis, este é o mais baixo, pois não

apresenta nenhum custo com mão de obra de grande importância. É portanto, o segundo

modal com mais baixo custo, ficando atrás apenas do modo de transporte hidroviário.

A principal vantagem do transporte dutoviário é que ele se apresenta como o mais

confiável de todos, pois existem poucas interrupções para causar variabilidade nos tempos

e os fatores meteorológicos não são significativos. Além disso, os danos e perdas de

produtos são baixos. Sua desvantagem é a lentidão na movimentação dos produtos, o que

inviabiliza seu uso para o transporte de perecíveis.

Os dutos podem ser classificados como sendo de transferência ou de transporte de

acordo com a função desempenhada nas operações. Com isso, pode-se dizer que dutos de

transporte têm vários clientes como destino, um exemplo são as linhas de derivados e

36

álcool, pois podem atender às bases dos distribuidores operantes; já os dutos de

transferência interessam somente a uma mesma entidade ou, eventualmente, a duas

entidades distintas (as linhas de petróleo são de transferência quando só interessam a

Petrobrás) (BRASIL ENERGIA, 2000).

• Transporte Aquaviário

“Entende-se por transporte aquaviário aquele que se utiliza de uma via aquática

para a navegação, seja esta interior, costeira (cabotagem) ou destinada a percursos de longo

curso cruzando os oceanos” (RIBEIRO, 2000).

Esse modal registrou uma forte tendência de crescimento, principalmente na

navegação de cabotagem (marítima) devido à concentração da atividade econômica na

região costeira. Essa constatação referencia muito o transporte de hidrocarbonetos do

petróleo, representando cerca de 80% do total de cargas transportadas por este modal.

Os custos fixo e variável desse modal apresentam-se relativamente baixos, para

parâmetro até então analisados, onde o transporte hidroviário apresenta custo fixo médio

(navios e equipamentos) e custo variável baixo (capacidade para transportar grande

quantidade de tonelagem).

Suas duas principais vantagens são a capacidade de transportar mercadoria

volumosa e pesada em um custo benefício melhor; e o fato dos custos de perdas e danos

serem considerados baixos comparados com outros modais. Já suas principais

desvantagens são a existência de problemas de transporte no porto; a lentidão, uma vez que

o transporte hidroviário é, em média, mais lento que a ferrovia; e a forte influência do

clima fazendo com que sua disponibilidade e confiabilidade sejam afetadas pelas

condições meteorológicas (BALLOU, 1993).

A Figura 4, a seguir, representa o mapa logístico de distribuição de hidrocarbonetos

referente a empresa em estudo nesta monografia. Com ela podemos ter uma visão completa

da cadeia de suprimentos, bem como enxergar toda a parte de downstream (aquisição,

armazenagem, comercialização e distribuição de derivados) do setor de petróleo.

37

Figura 4: Mapa logístico de distribuição de hidrocarbonetos.

(Empresa em estudo, 2014)

2.4 IMPACTOS AMBIENTAIS DECORRENTE DA DISTRIBUIÇÃO DE

HIDROCARBONETOS DO PETRÓLEO

Os hidrocarbonetos do petróleo são classificados como altamente poluentes, pois

são capazes de alterar física, química e biologicamente o meio ambiente provocando danos

ao ecossistema geral. Cada produto derivado de petróleo agride a natureza de forma

diferente, por causa, da composição química. A seguir são mostrados alguns derivados do

petróleo e sua capacidade de agressão ao meio ambiente (CARDOSO, 2004).

• Diesel: possui densidade inferior ao da água, por isso sua capacidade de flutuar

sobre a mesma; consegue evaporar parcialmente da água e da superfície do solo,

porém uma quantidade significativa permanecerá depois de um dia. Possui o grande

risco de penetrar no solo e contaminar os lençóis freáticos. Não é um produto

biodegradável; oxida-se rapidamente por reações fotoquímicas no ar. Tem potencial

para bioacumulação. Pode causar infecções a peixes e crustáceos.

38

• Gasolina: extremamente prejudicial aos organismos aquáticos, podendo causar

efeitos adversos de longo prazo nos mesmo. Possui o grande risco de penetrar no

solo e contaminar os lençóis freáticos. Contém componentes que permanecem no

meio ambiente e que possui o potencial de bioacumulação.

• Querosene: grande poluente para espécies aquáticas, podendo levar à mortalidade

em massa dos animais e transmitir qualidades indesejáveis a água. Seus

componentes aromáticos são, geralmente, os mais tóxicos, dentre os citados. Pode

afetar o solo e, por percolação, degradar a qualidade das águas e do lençol freático.

Poffo (2000) define poluição como uma descarga para o meio ambiente de matéria

ou energia originado pelas atividades humanas, cuja quantidade altera negativa e

significativamente a qualidade do meio receptor, resultando em efeitos adversos, como

danos aos recursos vivos e à saúde e atividades humana, causando a uma perda da

qualidade de vida.

Relacionando os modais de transporte e seus impactos ao meio, pode-se citar que o

modal aquaviário juntamente com o ferroviário são os menos energo-intensivos, ou seja,

consomem menos energia por tonelada de carga transportada por quilômetro rodado, com

isso, menos impacto a natureza devido ao baixo despejo de materiais tóxicos para

atmosfera. Calcula-se que, para movimentar cerca de 14% das cargas, o modal aquaviário

consome apenas 1,15% do óleo diesel gasto em transporte (STOCKER, 1981).

A poluição em si já é uma forma de agressão a natureza e ao ecossistema local; a

agressão por óleo combustível destaca-se como sendo uma das mais impactantes à

sociedade, mesmo diante de atividades rotineiras que geram efeitos em longo prazo sobre o

meio ambiente e a economia, como o desenvolvimento desestruturado em áreas costeiras e

a pesca comercial. Um derramamento de óleo pode gerar uma série de impactos sobre os

organismos, que lá residem, e as atividades costeiras, prejudicando não só as ações de lazer

(banho de praia, mergulho e esportes marinhos) como também tendo efeitos na economia

da região (pescadores, hotéis, restaurantes, turismo, indústrias, etc) (KHANNA et al,

2001).

39

2.4.1 DERRAMAMENTO DE PETRÓLEO E DERIVADOS NAS ÁGUAS E SOLOS.

Os impactos ambientais decorrentes de derrames de petróleo e de derivados podem

ser classificados como agudos ou crônicos. Impactos agudos são aqueles que causam

efeitos letais aos organismos, geralmente decorrentes de um evento acidental que os expõe

ao agente contaminante por um curto período de tempo, sendo as frações tóxicas solúveis

em água rapidamente diluídas, procedendo à recuperação da área atingida a partir do

recrutamento de organismos oriundos de regiões não atingidas (RAND, 1995).

A poluição crônica é caracterizada pela exposição prolongada ao agente

contaminante, fazendo com que as frações tóxicas persistam no ambiente, dificultando ou

mesmo inviabilizando a recuperação do mesmo. Os impactos crônicos geram efeitos

duradouros aos organismos, o qual ele vai carregar para o resto da sua vida, afetando

estágios como crescimento, reprodução e o desenvolvimento larval do mesmo. Esses

impactos decorrem de atividades desenvolvidas ao longo dos anos com aporte constante de

poluentes – normalmente em baixas concentrações – no meio ambiente. Esse tipo de

poluição é considerado mais grave do que a aguda, pois além disso, a contínua exposição

ao poluente pode levar ao acúmulo deste no sedimento permitindo, mediante revolvimento,

a contínua liberação de frações tóxicas mesmo após interrupção da fonte poluidora,

retardando ainda mais o início da recuperação do ambiente atingido. No caso do transporte

de petróleo e de derivados, a poluição marinha por hidrocarbonetos de petróleo ocorre de

forma crônica como resultado de uma ação rotineira de manutenção dos navios e

constantes descargas nos portos e terminais, e de forma aguda como resultado de eventuais

derrames no meio ambiente em função de acidentes com petroleiros (RAND, 1995).

As transformações que um derramamento de combustíveis pode causar em um

ambiente são alterações físicas e químicas dos habitats naturais, resultante, por exemplo,

da incorporação do óleo ao sedimento, recobrimento físico da fauna e flora, efeitos letais

ou sub-letais nos organismos, e mudanças nas comunidades biológicas resultantes dos

efeitos do óleo sobre organismos-chave (DICKS, 1998).

“Os efeitos de um derrame à vida marinha podem resultar tanto da natureza física

do produto derramado como dos componentes químicos e também das operações de

limpeza, quando não adequadas” (KHANNA et al, 2001).

Os efeitos podem, então, ser divididos em dois grupos:

40

• Efeitos visíveis, como a morte de organismos (aves, mamíferos marinhos, peixes,

etc), o gosto de óleo nos recursos pesqueiros e sujeira nas praias, redes de pesca e

embarcações.

• Efeitos não visíveis, que representam interferências nos diversos níveis de

organização de um sistema, desde as funções celulares e fisiológicas até a estrutura

ecológica das comunidades aquáticas (FIGUEIREDO, 1993).

De efeitos visíveis em curto prazo podemos citar redução da luminosidade,

diminuição do oxigênio dissolvido, danos às aves aquáticas, morte ou até extinção de

cardumes de peixes pela toxicidade do produto derramado. Os efeitos em longo prazo não

são tão aparentes e alguns compostos podem ser bioacumulados ao longo da cadeia trófica

podendo trazer efeitos nocivos ao homem (STOCKER et al, 1981).

A irreversibilidade de um derramamento de hidrocarbonetos no mar, mesmo que

sendo de pequeno porte, afeta a biodiversidade local como um todo, e esses danos

aumentam drasticamente em função da proximidade com a costa litorânea (ITOPF, 1986

apud Poffo, 2000).

2.4.2 EMISSÃO DE GASES PARA ATMOSFERA

A emissão de gases para atmosfera, por conta dos combustíveis fósseis, pode

contribuir para o agravamento do efeito estufa, maior decorrência de chuvas ácidas e vários

outros a males à sociedade. Em termos de emissões atmosféricas, as maiores contribuições

advém das rodovias. Os gases que agridem o meio ambiente por esse tipo de transporte são

os óxidos de nitrogênio (NOx), de 7 a 13% do total emitido anualmente, seguido dos

óxidos de enxofre (SOx), de 4 a 7%; posteriormente tem-se compostos orgânicos voláteis

(VOC), de 2 a 3% e por último o dióxido de carbono (CO2), 1,5%. Dentre os impactos

destaca-se a contribuição de 5 a 10% para a chuva ácida (NOx e SOx) (ULLRING, 1997).

A Tabela 1 representa a emissão de CO2 por tipo de modal analisado. Pode-se

observar que o transporte rodoviário representa 90% das emissões de gases advindos dos

hidrocarbonetos do petróleo para atmosfera; considerando o Brasil e sua grande extensão

territorial, a qual uma grande distribuidora percorre entregando seus produtos em uma

41

malha rodoviária de 130 milhões de quilômetros nas estradas brasileiras, este efeito pode

ser considerado um impacto bem relevante as questões socioambientais do país.

Tabela 1: Percentual de emissão de CO2 por modalidade de transporte.

Modal Emissão de CO2 (%) Rodoviário 90

Aéreo 7,6 Ferroviário 0,4 Hidroviário 2

(RIBEIRO, 2000)

2.4.3 IMPACTOS AMBIENTAIS DECORRENTES DA CONSTRUÇÃO DE DUTOS

Os impactos ambientais provenientes da construção de dutos estão relacionados,

direta ou indiretamente, ao meio físico: solos, ar e clima, água e geologia/geomorfologia.

Os impactos são resultantes da abertura de estradas para acesso ao traçado, abertura de

clareiras para heliportos, acampamentos e alojamentos de trabalhadores do

empreendimento, áreas para armazenamento de tubulações, pontos de descarregamento de

máquinas, veículos e equipamentos. É relevante ressaltar que embora existam impactos

negativos decorrentes da implantação e operação normal do gasoduto, também é observado

impactos positivos nesse empreendimento, como melhora nas condições físicas para que

mais pesquisas científicas sejam desenvolvidas na área, devida à pré-urbanização gerada.

A seguir, são citadas as possíveis conseqüências ambientais da construção de dutos

(CANTER, 1996):

• Compactação do solo: A compactação do solo eleva a densidade do terreno, reduz a

porosidade e a capacidade de infiltração de água no mesmo, favorecendo o

escoamento superficial da água gerando desastres como: erosão de terras,

deslocamento do campo e assoreamentos de canais fluviais. O assoreamento

provoca alteração nos habitats aquáticos e, em casos extremos, pode levar ao

comprometimento de cursos d’água; todo processo se inicia com a retirada da

cobertura vegetal e conseqüente exposição do solo às ações da erosão hídrica.

42

Ainda poderá ocorrer redução da fertilidade química das áreas impactadas

diretamente, devido às perdas de nutrientes e de matéria orgânica.

• Mudanças na topografia: Este tipo de impacto é ocasionado pela eliminação da

cobertura vegetal, eventual destruição de sítios arqueológicos e, principalmente,

pelo impacto estético de recursos cênicos locais.

• Modificação no habitat da fauna local: A remoção de áreas com habitats campestres

fará uma realocação, da fauna que sobreviver a está modificação, para outras áreas

secundárias, afetando principalmente em seus ciclos biológicos na sua cadeia de

sobrevivência. A população de animais dessas áreas exóticas são pequenos

mamíferos (roedores, marsupiais), répteis ofídios (colubrídeos), répteis lacertílios e

insetos em geral.

• Supressão da vegetação de manguezal: Este impacto ocorre em virtude da abertura

da faixa para implantação dos dutos terrestres sobre os bosques das áreas de

manguezais que por ventura estiverem localizadas no traçado da dutovia. A

supressão de vegetação terrestre para implantação do empreendimento ocasionará

descaracterização da fisionomia e da paisagem atual, promovendo a redução de

espécies e na ausência de conectividade entre remanescentes florestais nativos.

• Impactos sobre a qualidade das águas subterrâneas: Considerando que a água é

fundamental para a sobrevivência de qualquer espécie, este tipo de impacto é o

mais relevante no quesito de sobrevivência humana. A contaminação por

hidrocarbonetos emitido pelo empreendimento está relacionada essencialmente às

falhas humanas, como, a concepção do projeto, o emprego de materiais de

qualidade especificada e elementos relacionados à construção; a manutenção e a

operação constituem as principais variáveis de erro, além de eventos indesejados

que liberem hidrocarbonetos para o meio ambiente, na forma de acidentes ou

vazamentos.

43

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 TIPO E METODOLOGIA DA PESQUISA

O objetivo desse trabalho é dar uma macro visão da cadeia logística de distribuição

de hidrocarbonetos no Brasil, com isso, para demonstrar o quão grande é o negócio, e a

responsabilidade que ele tem perante o mercado econômico, seja pelas transações

monetárias ou pela capacidade empregatícia do ramo, serão expostos alguns números de

mercado de uma grande empresa distribuidora de derivados do petróleo; os resultados

obtidas pela empresa serão analisados a partir dos estudos de casos propostos; está análise,

próxima da real, terá a finalidade de validar todo o estudo feito nesta monografia

decorrentes das bibliografias apresentadas.

A obtenção dos dados referentes ao estudo de caso foi auferida através de

entrevistas com gerentes, coordenadores e analistas intimamente ligados à área da cadeia

de suprimentos da empresa. Os dados serão divulgados através desse trabalho respeitando

se a escala de suas proporções, porém não será permitida a divulgação de dados reais da

empresa bem como o nome da empresa e de seus funcionários. Por oito meses estive

presente nesse ambiente empresarial descrito em toda monografia e pude obter os dados

para a elaboração deste trabalho. As entrevistas foram realizadas ao longo de dois meses,

de acordo com a disponibilidade dos funcionários da empresa.

Yin (1989) afirma que "o estudo de caso é uma inquirição empírica que investiga

um fenômeno contemporâneo dentro de um contexto da vida real, quando a fronteira entre

o fenômeno e o contexto não é claramente evidente e onde múltiplas fontes de evidência

são utilizadas". Esta definição, nos ajuda, segundo ele, a entender e diferenciar o método

de estudo de caso de outras estratégias de pesquisa como o método histórico e a entrevista

em profundidade, o método experimental e o survey.

A pesquisa empírica realizada neste trabalho é de natureza qualitativa, de caráter

exploratório, onde se contextualiza o cenário logístico de distribuição de hidrocarbonetos

do petróleo, bem como os fatores históricos. Segundo Strauss e Corbin (1990), pesquisas

qualitativas “são qualquer tipo de pesquisa que chega a suas conclusões por meios distintos de

procedimentos estatísticos ou outros meios de quantificação”. As conclusões desse trabalho

serão quantificadas a partir de alguns resultados coletados de um caso real de uma grande

empresa distribuidora de derivados do petróleo.

44

Segundo McClintock et al. (1983), os objetivos do método de estudo de caso, são

“(1) capturar o esquema de referência e a definição da situação de um dado participante (2)

permitir um exame detalhado do processo organizacional e (3) esclarecer aqueles fatores

particulares ao caso que podem levar a um maior entendimento da causalidade”. Com essa

definição consegue-se dimensionar o ambiente e ter uma visão macro da situação do

contexto de onde vai trabalhar. Traçando um paralelo com o método de McClintock et al.

(1983), o referencial, neste caso, é o Brasil; o participante é a empresa distribuidora de

hidrocarbonetos do petróleo; seu processo organizacional é feito com cerca de quarenta mil

funcionários, o que representa 40% de uma cidade considerada de pequeno porte no Brasil

(IBGE 2014); os fatores particulares a serem esclarecidos estão no âmbito econômico, com

pagamentos de salários e bonificações aos funcionários, que chegam a parâmetros de

milhões de reais por mês.

Saber gerenciar uma movimentação monetária é fundamental para o negócio ter

bons resultados. Bonoma (1985) diz que o "estudo de caso é uma descrição de uma

situação gerencial". A empresa estudada gerencia o dispêndio de elevados capitais na

terceirização de serviços, como por exemplo, na logística de transportes. O produto

acabado quando não entregado pelo modal dutoviário ou ferroviário ao mercado (varejo ou

business to business) é entregue por rodovia, carregado em caminhões tanque e com inteira

responsabilidade da distribuidora na contratação de fretes para os determinados locais de

venda.

Coletar dados sobre segurança e saúde de uma empresa, é de extrema importância

para observar e analisar o quanto que a companhia está se preocupando com seus

profissionais, e a partir daí, fazer algumas inferências e observações sobre quais pontos

deve-se focar. Nachmias (1989) descreve o projeto de pesquisa como sendo “uma planta

que guia o investigador no processo de coleta, análise e interpretação das observações. É

um modelo lógico que conduz o pesquisador a formular inferências a respeito das relações

causais entre as variáveis em observação e define se as interpretações obtidas podem ser

generalizadas para a população maior ou para situações diferentes". Esse método de

pesquisa descrito determina a situação-problema e busca dados concretos para avaliar e

interpretar a questão original da pesquisa.

Segundo Yin (1989), projeto de pesquisa é "a seqüência lógica que conecta os

dados empíricos às questões iniciais de estudo da pesquisa e, por fim, às suas conclusões”.

A questão inicial apresentada como método de pesquisa foi a visão logística da cadeia de

suprimentos de uma empresa distribuidora de hidrocarbonetos do petróleo; seu objetivo

45

final, como qualquer empresa capitalista, é o lucro e maiores dividendos. No último ano

safra a distribuidora conseguiu um lucro líquido acima do seu alvo esperado e planeja

crescimento de ativo patrimonial de 100% para os próximos cinco anos. Para a

contribuição desse lucro líquido citado a empresa registrou um saving no seu opex

(operational expenditure), bens físicos da empresa, e elevou o seu ebtida (earnings before

interests, taxes depreciation and amortization), análise de desempenho. Retornando a Yin

(1989), a conectividade se mostrou alinhada com o projeto de pesquisa, com a macro visão

determinada e o sucesso do empreendimento estudado.

46

4 ESTUDO DE CASO DA EMPRESA OBJETO DE ESTUDO

4.1 COLETA DE DADOS

A empresa em estudo apresenta uma cadeia de suprimentos integrada pautada nos

pilares de Logística, Distribuição e Trading (LD&T). A logística fica responsável pela

interface desde o fornecedor até a entrega do produto em perfeitas condições ao cliente. A

distribuição está contida dentro da logística e fica responsável pelo movimento do produto.

O trading é responsável por captar as melhores oportunidades de negócio para a empresa, a

interface deste é com o cliente. Abaixo há o cenário descrito:

Figura 5: Cenário LD&T

(Centro de Inovação de Sistemas Logísticos, 2014)

Neste mercado de distribuição de hidrocarbonetos a empresa em estudo aparece

entre as quatro maiores companhias do segmento e está entre as cinco maiores em

faturamento no Brasil. Ela possui 60 terminais de distribuição de combustíveis, dispõe de

mais de 5200 postos de serviços para atendimento ao cliente final e apresenta mais de 900

lojas de conveniências.

Um dos seus grandes triunfos quanto à concorrência é a sua abrangência no

território brasileiro, chegando a estar presente em todas as regiões no Brasil. Seu market

47

share ultrapassa 20% do mercado o que a coloca numa posição favorável, ao fato de que

tem-se 108 distribuidoras ativas no mercado (SINDOM, 2014). Seus principais clientes

encontram-se no ramo de: aviação, agricultura, industrial, automotivo e de transportes.

4.2 COMPOSIÇÃO DO PREÇO FINAL

A obtenção do preço final do combustível é estabelecida por uma relação entre, o

custo total mais a margem de lucro requerida na específica região, a qual pode mudar em

pequenas variações devida a imposição do governo brasileiro, em função principalmente

de variáveis que compõe o custo total, mas também pela oferta e demanda do produto em

determinado período.

O custo total do produto possui variáveis como: custo de obtenção, custo

transferência e custo de estoque. Conforme o Instituto of Management of Accountants –

IMA (1989), custo de obtenção é incorporado aos materiais adquiridos; no Brasil, por

exemplo, os fornecedores embutem em seu preço os custos associados a embalagens,

inventário e transporte. O principal “stakeholder” da empresa em estudo é a Petrobrás; esta

divulga o preço lista do produto (isento de qualquer taxa) e a partir daí embute custos como

impostos (ICMS, substituição tributária, pis, cofins, PMPF, dentre outros), taxa utilização

de dutos e encargos diferenciados por modalidades de entrega. Em média a empresa em

estudo, apresenta um giro de compras de 150 milhões de reais por dia de derivados de

petróleo com a Petrobrás.

O custo de transferência é mais impactante para as bases localizadas longe do

litoral, ou seja, distante das refinarias; este custo dependerá muito da modalidade de

transporte utilizada, como citada anteriormente dutoviário, ferroviário e rodoviário exibem

diferentes gastos por metro cúbico de volume transportado. A empresa em estudo possui

cinco grandes transportadoras rodoviárias as quais carregam cerca de 10 bilhões de litros

de combustíveis em todo ano safra (Março a Abril) por todas as estradas brasileiras, o que

representa 700 mil caminhões tanques viajando anualmente pelas rodovias; o valor

despendido neste modal de transporte é estimado em 600 milhões de reais medido pelo

último ano safra.

No custo de estoque incluem-se, entre outros, custo de capital investido, custo com

pessoas envolvidas (salários e encargos sociais), custo de ocupação, custo do pedido, custo

48

de manutenção de estoque e custos de depreciação. Abaixo tem-se um gráfico

representando esta variável de custo.

Figura 6: Gráfico representativo de custo de estoque.

(Centro de Inovação de Sistemas Logísticos, 2014)

O time de Otimização e Performance (O&P) tem como uma das grandes

responsabilidades enxergar o crescimento na demanda dos derivados e assim viabilizar

estoques em pontos ótimos as quais possam atender a uma variabilidade na demanda dos

derivados em um certo período, como por exemplo o aumento na demanda de óleo diesel

S-10 em detrimento ao óleo diesel S-1800; nesses últimos anos, todo o time teve que

estudar cada caso para cada base o melhor custo de oportunidade para manter o

balanceamento da oferta e demanda para estes produtos, sendo que o aumento de um não

era linearmente a diminuição do outro, suas opções de ação eram: mudanças de produtos

em tanques de armazenagem ou construção de novos tanques armazenadores.

Todo mês há uma reunião entre o time de Otimização, o time de Abastecimento e o

time de Planejamento, para garantir a melhor performance de estoque no mês. Para isso

além de outras variáveis intrínsecas de cada região, os profissionais utilizam da fórmula

descrita abaixo para garantirem o ponto ótimo de estoque:

49

Figura 7: Fórmula mínimo custo de estoque

Q* = Mínimo de custo de estoque;

CP = Custo por pedido;

D = Consumo por período;

CE = Custo unitário de manutenção de estoque por

período.

(Centro de Inovação de Sistemas Logístico, 2014)

4.4 IMPACTO FINANCEIRO

É notável o impacto econômico que a empresa em estudo gera ao Brasil. Já dizia

Sun Tzu “Se não é vantajoso, nunca envie suas tropas; se não lhe rende ganhos, nunca

utilize seus homens; se não é uma situação perigosa, nunca lute uma batalha precipitada”

(A Arte da Guerra, Editora LPM, pág. 29). A empresa em estudo é movida em por metas

de crescimento agressivo no mercado, cada funcionário possui um objetivo a ser alcançado

e este está diretamente ligado ao aumento dos ativos financeiros da companhia.

A empresa estudada possui cerca de 40 mil funcionários o que representa 40% de

uma cidade considerada de pequeno porte no Brasil (IBGE 2014); no âmbito econômico,

ela movimenta em pagamentos de salários e bonificações cerca de 60 milhões de reais

mensais; possui dispêndios de CAPEX (capital expenditure) em torno de 28 milhões de

reias e OPEX (operational expenditure) 18 milhões, ambos mensais.

Mesmo a mercê deste cenário de gastos a empresa em estudo consegue um

excelente histórico de conquistas financeiras atingindo um lucro líquido na faixa de 4

bilhões de reais estimado no último ano safra. A projeção de crescimento da empresa é de

100% para os próximos cinco anos e isto se dá pelo fato de o mercado de derivados do

petróleo crescer acentuadamente, como visto no gráfico abaixo:

50

Figura 8: Previsão de Demanda de Derivados no Brasil.

(Empresa em estudo, 2013)

O gráfico aponta um crescimento de 700 mil barris de petróleo durante o período de

2016 a 2020 com maior destaque para o diesel; é um fator impactante para que empresas

de distribuição de derivados possam se preparar para este aumento de demanda e

consequentemente embarcar nos ganhos futuros.

4.5 SEGURANÇA, SAÚDE E MEIO AMBIENTE (SSMA)

Este nicho de mercado pode gerar vários impactos no meio ambiente e na

segurança dos funcionários, principalmente aqueles que pertencem às empresas terceiras

de transporte e viajam milhares de quilômetros por todo brasil. Já dizia Mahatma Gandhi

“A natureza pode suprir todas as necessidades do homem, menos a sua ganância" (Earth

Summit, 1992); a cada ano a política de preservação do meio ambiente, por parte do

governo, fica mais rígida, seja por parte da diminuição de eventos atenuantes a natureza ou

por políticas de diminuição de emissão de gases prejudiciais à atmosfera. Ou seja, para

permanecer no mercado deve adequar sua logística às normas de sustentabilidade atual.

A adequação as normas de sustentabilidade e preservação do meio ambiente foram

impostas pelo governo por meio da lei nº 9.478, artigo 1º, inciso IV, de 6 de Agosto de

51

1997, que fala das políticas nacionais para aproveitamento racional das fontes de energia

visando proteger o meio ambiente e promover a conservação da energia.

No último ano safra a empresa apresentou baixo histórico de acidentes envolvendo

funcionários e movimentação de produto. Este KPI de segurança mede números de

fatalidades, derramamento de produto, acidentes com a qualidade do produto e acidentes

de alto risco potencial.

Em relação a fatalidades, a empresa registrou zero caso, número excelente e que se

enquadra dentro do alvo esperado. Para derramamentos de produto a empresa registrou um

número de 7 casos, estes ligados a acidentes de carregamento dentro do terminal e outros

durante viagens rodoviárias. Acidentes que afetaram a qualidade do produto foram perto

dos 25 casos, estes devido a diferentes proporções de aditivos ou pelo fato de misturam

combustíveis no mesmo recipiente. Para acidentes de alto risco potencial ocorreram 12

casos, estes referem-se a acidentes com funcionários os quais aconteceram dentro de

terminais e em viagens rodoviárias. Abaixo segue tabela com os números comentados:

Tabela 3: KPI de SSMA ano safra 2013/2014

SSMA (Safra 2013/2014)

Eventos Números Alvo

Fatalidade 0

Derrames de produto 7

Acidentes de qualidade 25

Acidentes de alto risco potencial 12

(Empresa em estudo, 2013)

Importante citar que não houve registro de casos de extrema agressão, por parte da

empresa em estudo, a natureza, como o derramamento de combustível em rios e mares;

geralmente este fluxo é feita pela Petrobrás, que faz a entrega do produto nas bases

primárias. Mesma situação para a operação dutoviária, a qual a Petrobrás se responsabiliza

em transportar o produto até o local, ratificado pelo contrato.

52

5 CONCLUSÃO

Conclui-se que para permanecer nesse mercado altamente concorrido de

distribuição de hidrocarbonetos do petróleo precisa, além de ter uma cadeia de suprimentos

alinhada e trabalhando em conjunto, ter a disposição um alto giro de capital para compras

de produtos, para um intra investimento, para despesas operacionais e uma consciência

sustentável, que permita o crescimento alinhado as políticas sustentáveis.

É importante destacar o papel dos líderes na função de dividir os ativos e na

elaboração de estratégias de crescimento; este último dotado de inúmeras incógnitas

referentes ao fornecedor, especulações cambiais, percepção de crescimento do mercado e

análise de concorrência, todas feitas com uma antecedência de no mínimo um ano e assim

comunicada à equipe responsável para obtenção dos resultados.

A empresa de estudo nesta monografia forneceu resultados que dimensionaram

todo o estudo feito neste trabalho sobre a cadeia de suprimentos integrada de uma empresa

distribuidora de derivados de petróleo, detalhando todo o passo a passo desde a compra do

produto com o fornecedor, e este saindo da refinaria a caminho da base primária; seus

fluxos de transferências para bases secundárias, estas com todo planejamento logístico de

otimização de tempo e diminuição de custos, até a chegada do produto ao cliente final, seja

este referente ao business to business ou ao varejo. Além dos resultados fornecidos pela

empresa estudada, foi auferida sua posição no segmento de distribuição, apontando esta

como uma das maiores do Brasil e com um atendimento ao cliente muito significativo,

presente em todas as regiões do país.

Para um segmento de mercado com expectativas de crescimento de 5,4% ao ano, a

disputa por market share pelas empresas será impulsionada por inovações, seja elas no

atendimento ao cliente, trazendo conforto e bem estar; seja no preço final do produto,

oferecendo vantagens e promoções na venda; seja na composição final da mistura, com a

aditivação por substância que trarão maior desempenho ao motor do veículo; e por último

num marketing visual que impacte o consumidor a desejar comprar sempre na empresa em

questão.

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