universidade de sÃo paulo escola de engenharia...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA
WELLINGTON DOS SANTOS INACIO DE SILVA
REDUÇÃO DE FALHAS NO SISTEMA DE TROCA DE PEÇAS NOS CENTROS
DE USINAGEM DE BLOCO DE MOTOR APLICANDO METODOLOGIA DMAIC
Lorena – SP
2015
WELLINGTON DOS SANTOS INACIO DE SILVA
REDUÇÃO DE FALHAS NO SISTEMA DE TROCA DE PEÇAS NOS CENTROS
DE USINAGEM DE BLOCO DE MOTOR APLICANDO METODOLOGIA DMAIC
Monografia apresentada à Escola de Engenharia de Lorena – Universidade de São Paulo como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro Industrial Químico.
Orientador: Prof. MSc. Antônio Carlos da Silva
Lorena – SP
2015
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIOCONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE
Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Automatizadoda Escola de Engenharia de Lorena,
com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
Silva, Wellington dos Santos Inacio de Redução de falhas no sistema de troca de peças noscentros de usinagem de bloco de motor aplicandometodologia DMAIC / Wellington dos Santos Inacio deSilva; orientador Antonio Carlos da Silva. -Lorena, 2015. 77 p.
Monografia apresentada como requisito parcialpara a conclusão de Graduação do Curso de EngenhariaIndustrial Química - Escola de Engenharia de Lorenada Universidade de São Paulo. 2015Orientador: Antonio Carlos da Silva
1. Dmaic. 2. Refugo. 3. Bloco do motor. I. Título.II. Silva, Antonio Carlos da , orient.
TERMO DE PERMISSÃO DE USO DE INFORMAÇÕES
Através deste termo, nós da empresa Peugeot Citröen do Brasil LTDA,
declaramos que estamos de acordo com a utilização das informações desta
empresa no Trabalho de Conclusão de Curso intitulado “Redução de falhas no
sistema de troca de peças nos centros de usinagem de bloco de motor aplicando
a metodologia DMAIC” desenvolvido pelo aluno Wellington dos Santos Inacio de
Silva, a ser apresentado na Escola de Engenharia de Lorena no segundo
semestre de 2015.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu pai
Valdemar I. da Silva, à minha mãe Maria
L. C. dos Santos, ao meu irmão William
S. I. Silva, que juntos me apoiaram em
todos os momentos, tornando possível a
realização desse sonho.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por permitir essa conquista.
Ao meu pai Valdemar Inacio da Silva, por incentivar e aconselhar para que
momentos difíceis fossem superados.
A minha mãe Maria Lucia Cesarino dos Santos, por estar sempre ao meu
lado, comemorando momentos felizes e me dando forças em momentos de
dificuldade.
Ao professor MSc. Antônio Carlos da Silva pela orientação e ajuda na
elaboração deste trabalho.
A todos os professores da Escola de Engenharia de Lorena que, direta e
indiretamente, contribuíram a minha formação acadêmica.
Aos amigos e pessoas especiais em minha vida, que em muitos momentos
ajudaram para que dificuldades fossem superadas e desafios fossem vencidos.
A empresa PSA Peugeot Citroën por ajudar em minha formação pessoal e
profissional, e também pelo reconhecimento ao longo dos anos.
A todos meus familiares e demais amigos e pessoas que não foram
mencionadas, e que agradeço pela contribuição.
RESUMO
SILVA, W. S. I. Redução de falhas no sistema de troca de peças nos centros
de usinagem de bloco de motor aplicando metodologia DMAIC, 2015
Monografia (Trabalho de graduação em engenharia industrial química) – Escola
de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena, 2015.
A indústria automobilística vive um cenário de incertezas, com gradativas
quedas nas vendas e consequente queda nos lucros. Nesse cenário, as
empresas do ramo se veem obrigadas a reduzir custos para se manterem
competitivas mediante as novas necessidades do mercado. A redução dos custos
passa pela redução de desperdícios, entre eles, as falhas. O presente trabalho
apresenta um projeto desenvolvido em uma montadora multinacional francesa, no
setor de manutenção, que visou redução de falhas no sistema de troca de peças
nos centros de usinagem do bloco do motor. Usando ferramentas da metodologia
DMAIC e usando históricos dos equipamentos fornecidos por softwares de gestão
da manutenção, teve-se por objetivo reduzir o índice de falhas e refugos na
produção de blocos.
Palavras chave: DMAIC, Refugo, Bloco de motor.
ABSTRACT
SILVA, W. S. I. Reduction of failures in parts exchange system in the engine
block machining centers applying methodology DMAIC, 2015. Monograph
(undergraduate work chemical industrial engineering) – Engineering School of
Lorena, University of São Paulo, Lorena, 2014.
The automobile industry is going through a scenario of uncertainty, with
gradual declines in sales an fall in profits. In this scenario, the branch companies
find themselves forced to cut costs to remain competitive by the new market
needs. The reduction of the costs shall by reducing waste, among them, the
failures. This paper presents a project developed in a French multinational
automaker, in the maintenance sector, which aimed at reducing failures in parts
exchange system in the engine block machining centers. Using the methodology
DMAIC tools and using historical data provide by the equipment maintenance
management software, if had it intended to reduce the scrap and failures rate in
blocks production.
Keywords: DMAIC, scrap, engine block.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Vendas de veículos no mercado brasileiro (1º semestre de 2015). ...... 14
Figura 2 - Evolução da qualidade. ......................................................................... 19
Figura 3 - Histórico do Seis Sigma. ....................................................................... 22
Figura 4 - Ciclo DMAIC. ........................................................................................ 23
Figura 5 - Exemplo de Project charter. .................................................................. 24
Figura 6 - Quadro resumo da etapa Medir. ........................................................... 25
Figura 7 - Quadro resumo da etapa Analisar. ....................................................... 26
Figura 8 - Quadro resumo da etapa Implementar. ................................................ 27
Figura 9 - Quadro resumo da etapa Controlar. ..................................................... 28
Figura 10 - Exemplo de gráfico de Pareto. ............................................................ 30
Figura 11 - Exemplo de diagrama de causa e efeito. ............................................ 31
Figura 12 - Exemplo de aplicação do cinco por quê. ............................................ 31
Figura 13 - Passos do brainstorming. ................................................................... 32
Figura 14 - Folha de verificação de um item de controle. ..................................... 33
Figura 15 - Folha de registro de defeitos e para localização dos defeitos ............ 33
Figura 16 - Plano de ação. .................................................................................... 36
Figura 17 - a) bloco de ferro fundido; b) cabeçote de alumínio. ............................ 40
Figura 18 - Layout simplificado da linha de usinagem do bloco. ........................... 41
Figura 19 - Layout da linha do cabeçote ............................................................... 42
Figura 20 - Centro de usinagem da fabricante GROB. ......................................... 43
Figura 21 - Desenho esquemático do trocador de peças. ..................................... 44
Figura 22 - Indicador de DP da linha de usinagem do bloco. ................................ 48
Figura 23 - Indicador de refugos por queda de peças. .......................................... 48
Figura 24 - Indicador MTTR. ................................................................................. 50
Figura 25 - Indicador MTBF. ................................................................................. 50
Figura 26 - Paradas corretivas 2011-2014. ........................................................... 51
Figura 27 - Pareto das falhas do sistema de transporte 2011-jun/2015. ............... 52
Figura 28 - Comparação volume de produção e quantidade de refugos. ............. 53
Figura 29 - Bloco com trinca na face de distribuição. ............................................ 53
Figura 30 - Pareto de refugos na linha de produção 2011-jun/2015. .................... 54
Figura 31 - Máquinas críticas. ............................................................................... 55
Figura 32 - Brainstorming das falhas no sistema de transporte. ........................... 56
Figura 33 - Correias danificadas antes do prazo de troca. .................................... 57
Figura 34 - Desgaste do alojamento do rolamento no esticador. .......................... 57
Figura 35 - Diagrama da Causa e Efeito. .............................................................. 58
Figura 36 - Análise das causas raízes - 5 Porquê. ................................................ 60
Figura 37 - Matriz GUT das causas raízes. ........................................................... 62
Figura 38 - Plano de ação (continua). ................................................................... 63
Figura 39 - Plano de ação (conclusão). ................................................................ 64
Figura 40 - Plano de ação para padronização. ..................................................... 67
Figura 41 - Árvore de falhas. ................................................................................. 68
Figura 42 - Método para verificar a tensão da correia. .......................................... 69
Figura 43 - Hastes do transportador das operações 200 e 210. ........................... 69
Figura 44 - Indicador de refugos e volume de produção. ...................................... 70
Figura 45 - Indicadores globais da linha de usinagem. ......................................... 71
Figura 46 - Acompanhamento do sistema de transporte de peça. ........................ 72
Figura 47 - Planilha gerada pelo SAP com os dados das intervenções. ............... 76
Figura 48 - Folha de Trabalho padronizado. ......................................................... 77
LISTA DE TABELAS
Tabela 1– Níveis sigma. ........................................................................................ 20
Tabela 2 – Quedas de peça. ................................................................................. 29
Tabela 3 – Modelo conceitual para a matriz GUT. ................................................ 34
Tabela 4 – Exemplo da aplicação da matriz de prioridades. ................................. 35
Tabela 5 - Metas dos indicadores. ........................................................................ 46
Tabela 6 - Resultados esperados. ........................................................................ 47
Tabela 7 - Investimento realizado. ........................................................................ 64
LISTA DE SIGLAS
CNC – Comando Numérico Computadorizado.
CTQ – Característica critica da qualidade.
DMAIC – Define, Measure, Analyze, Improve e Control.
FENABRAVE – Federação nacional da distribuição de veículos automotores.
GUT – Gravidade, urgência, tendência.
TAP – Termo de abertura do projeto.
PPM – partes por milhão.
DP – Disponibilidade própria.
MTTR – Mean Time To Repair.
MTBF – Mean Time Between Failure.
FTP - Folha de Trabalho Padronizado.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 14
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ................................................................................... 14
1.2 OBJETIVOS ................................................................................................. 15
1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................. 15
1.4 JUSTIFICATIVA ............................................................................................ 15
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................... 17
2.1 QUALIDADE................................................................................................. 17
2.2 HISTÓRICO DA QUALIDADE ........................................................................... 17
2.3 SEIS SIGMA ................................................................................................. 19
2.3.1 HISTÓRICO DO SEIS SIGMA ................................................................. 20
2.4 MÉTODO DMAIC ........................................................................................ 22
2.4.1 ETAPA DEFINIR ( DEFINE) ................................................................... 23
2.4.2 ETAPA MEDIR (MEASURE) ................................................................... 25
2.4.3 ETAPA ANALISAR (ANALYZE) .............................................................. 26
2.4.4 ETAPA IMPLEMENTAR (IMPROVE) ......................................................... 27
2.4.5 ETAPA CONTROLAR (CONTROL) .......................................................... 28
2.5 FERRAMENTAS DA ESTATÍSTICA E DA QUALIDADE .......................................... 29
2.5.1 DIAGRAMA DE PARETO ....................................................................... 29
2.5.2 DIAGRAMA DE CAUSA E EFEITO ........................................................... 30
2.5.3 TÉCNICA DOS CINCO PORQUÊS ............................................................ 31
2.5.4 BRAINSTORMING ................................................................................ 32
2.5.5 FOLHA DE VERIFICAÇÃO ..................................................................... 32
2.5.6 MATRIZ DE PRIORIDADES OU MATRIZ GUT ........................................... 34
2.5.7 PLANO DE AÇÃO ................................................................................ 35
2.6 INDICADORES IMPORTANTES ......................................................................... 36
2.6.1 CONFIABILIDADE ................................................................................ 36
3 METODOLOGIA .............................................................................................. 38
3.1 PESQUISA-AÇÃO ......................................................................................... 38
3.2 A EMPRESA ................................................................................................. 39
3.2.1 FABRICA DE USINAGEM DE MOTORES ................................................... 40
3.2.2 CENTROS DE USINAGEM DO BLOCO DO MOTOR ..................................... 42
3.3 APLICAÇÃO DAS ETAPAS DA METODOLOGIA DMAIC AO PROBLEMA ................ 44
3.3.1 ETAPA DEFINIR .................................................................................. 44
3.3.2 ETAPA MEDIR .................................................................................... 45
3.3.3 ETAPA ANALISAR ............................................................................... 45
3.3.4 ETAPA IMPLEMENTAR ......................................................................... 45
3.3.5 ETAPA CONTROLAR ........................................................................... 45
3.4 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA ............................................................................ 46
3.4.1 DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS ................................................................. 46
3.4.2 BENEFÍCIOS OPERACIONAIS E FINANCEIROS ......................................... 46
3.4.3 FACILITADORES PARA IMPLEMENTAR AS AÇÕES ................................... 47
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................... 48
4.1 ETAPA DEFINIR ........................................................................................... 48
4.2 ETAPA MEDIR ............................................................................................. 49
4.2.1 FONTE DE DADOS ............................................................................... 49
4.2.2 DISPONIBILIDADE ............................................................................... 49
4.2.3 REFUGO ............................................................................................ 52
4.4 ETAPA ANALISAR ........................................................................................ 56
4.4.1 BRAINSTORMING ................................................................................ 56
4.4.2 DIAGRAMA DE CAUSA E EFEITO .......................................................... 57
4.4.3 ANÁLISE DOS 5 PORQUÊ .................................................................... 59
4.4.4 MATRIZ DE PRIORIDADE ...................................................................... 61
4.5 IMPLEMENTAR ............................................................................................. 63
4.5.1 PLANO DE AÇÃO ................................................................................ 63
4.6 CONTROLAR ............................................................................................... 66
4.6.1 PADRONIZAÇÃO ................................................................................. 66
4.6.2 ACOMPANHAMENTO DOS INDICADORES ................................................ 70
5 CONCLUSÃO .................................................................................................. 73
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 74
ANEXOS ............................................................................................................... 76
ANEXO 1: PLANILHA DO SOFTWARE SAP .......................................................... 76
ANEXO 2: FOLHA DE TRABALHO PADRONIZADO. ............................................... 77
14
1 INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização
O ano de 2015 apresentou um grande desafio para a indústria
automobilística brasileira, que enfrenta quedas constantes nas vendas e nos
lucros. No primeiro semestre, a Federação Nacional da Distribuição de Veículos
Automotores (FENABRAVE) divulgou o balanço (figura 1) indicando queda nas
vendas de veículos leves e pesados na margem de 17%, se comparado a mesmo
período de 2014.
Figura 1 - Vendas de veículos no mercado brasileiro (1º semestre de 2015).
Fonte: www.fenabrave.com.br, 2015.
A falta de perspectiva na melhora do mercado e, consequentemente, da
produção de veículos, faz com que as empresas tomem medidas a fim de reduzir
os custos de produção. No primeiro semestre de 2015, as montadoras já
reduziram em 9,6% sua força de trabalho no Brasil na comparação com o
registrado há um ano, quando o setor empregava 151,4 mil pessoas.
15
Como há um limite para redução da força de trabalho, as montadoras
buscam alternativas à redução de custo como, melhorias no processo interno,
redução de desperdícios entre outros.
A pesquisa proposta baseou-se na aplicação das ferramentas da
metodologia DMAIC objetivando melhorias nos indicadores de desempenhos das
máquinas de usinagem da linha de fabricação do bloco de motor, atuando
especificamente no dispositivo de troca de peças. Portanto, a pesquisa
apresentada vai ao encontro das necessidades das montadoras para redução de
custos, melhorando o processo.
1.2 Objetivos
Redução de falhas no sistema de troca de peças dos centros de usinagem
de bloco de motor aplicando a metodologia DMAIC.
1.3 Objetivos específicos
Reduzir tempos de intervenção;
Reduzir a geração de refugos.
Melhorar o desempenho medido através de indicadores utilizados pelo setor
da manutenção;
Aumentar a disponibilidade dos meios produtivos à fabricação.
1.4 Justificativa
O mercado automotivo brasileiro sofre forte retração nas vendas, fechando o
primeiro semestre de 2015 com queda próxima a 18%.
16
Já o desempenho nas vendas de veículos leves teve queda superior a 19%,
ramo do qual faz parte uma montadora de veículos francesa, localizada no
município de Porto Real – RJ. Atingida fortemente pela crise, fechou um turno de
produção e reduziu o número de equipamentos produtivos. Na linha de usinagem
do bloco do motor, antes com 19 máquinas ativas, atualmente conta com 15
centros de usinagem produzindo cerca de 320 peças diárias.
Essa redução de equipamentos fez com que ficasse perceptível a grande
quantidade de panes que vinha ocorrendo nos centros de usinagem, impedindo
muitas vezes de se atingir o objetivo diário de produção. Um ponto impactante é o
sistema de troca de peças dessas máquinas, onde foi detectado intervenções
diárias e de elevado tempo de reparo.
Portanto, aproveitando ferramentas da metodologia DMAIC utilizadas para
tratativas de problemas na empresa, juntamente a equipes multidisciplinares, será
avaliado que aspectos e partes do sistema de troca de peça estão impedindo o
bom desempenho dos equipamentos.
17
2 Fundamentação Teórica
2.1 Qualidade
A definição de qualidade é muito abrangente e existem diversas definições
dependentes de um ramo como qualidade de um produto, do trabalho, do
processo, da vida, etc. A definição que mais esclarece o objetivo deste trabalho
foi citada por Feingenbaun (1947) como sendo um conjunto de características do
produto ou serviço em uso, as quais satisfazem as expectativas do cliente.
Qualidade é a correção dos problemas e de suas causas ao longo de toda série
de fatores relacionados com marketing, projetos, engenharia, produção e
manutenção, que exercem influência sobre a satisfação do usuário. Esse conceito
vai de encontro com o objetivo do trabalho, atuando na para redução de panes
(qualidade na manutenção) e consequente satisfação do cliente (setor de
produção).
2.2 Histórico da qualidade
A origem exata da qualidade é praticamente impossível de se definir, já que
é muito antiga. Segundo Fernandes (2011), “A preocupação com a qualidade
existe desde os primórdios das civilizações”.
Sempre presente na vida do homem, na antiguidade, a sobrevivência era
condicionada a qualidade dos alimentos extraídos da natureza. A mesma
preocupação era usada para seleção de materiais para fabricação das armas e
ferramentas, úteis as atividades de caça e cultivo. Obviamente, a palavra
qualidade não existia na pré-história (FERNANDES, 2011).
Mais recentemente, segundo Fernandes (2011), nos séculos XVIII e XIX, a
qualidade era responsabilidade dos artesãos, associada ao conhecimento
individual de cada um. Na 1ª revolução industrial, a produção em massa entrou
18
em cena, fazendo com que os artesões fossem substituídos por mão de obra não
especializada. Essa substituição provocou uma diminuição na qualidade dos
produtos fabricados, já que a única preocupação era a fabricação em série.
Na Primeira Guerra mundial (1914-1918), o aumento da demanda de
materiais bélicos tornou evidente o crescente problema com a falta de qualidade
dos produtos. Cria-se a figura do inspetor, que assume o papel de supervisor da
qualidade. O objetivo dessa inspeção era evitar a saída de produtos não conforme
da fábrica. Essa estratégia cria uma imagem errônea da qualidade, já que os itens
não conforme eram totalmente descartados, gerando custos, elevação do preço
final e gargalo na produção (SCHUCHTER, 2004).
Já no início da segunda guerra mundial (1939-1945), houve grande
preocupação som os produtos bélicos, sendo exigida qualidade e prazo de
entrega. Este período foi considerado o ápice do controle estatístico da qualidade.
Segundo Fernandes (2011, p. 38).
A segunda guerra mundial consagrou o controle estatístico de processo através dos órgãos de controle da qualidade, criados por exigência dos organismos de compra das forças armadas das grandes potências mundiais.
Os antigos livros e artigo chamam de “Controle da Qualidade” o departamento que atualmente é conhecido como “Controle de Processo”. Durante os anos 1930 e 1940, muitas companhias implementaram métodos de controle estatístico da qualidade e renomearam seu tradicionais “departamentos de inspeção” como “departamentos de controle da qualidade”.
Após a segunda guerra mundial, em 1950, surgiu o método de controle
estatístico no Japão, necessidade nacional já que fora destruído pela guerra.
Introduzido pelo americano Edwards Deming, o método de controle estatístico
treinou milhares de técnicos e engenheiros. Já em 1954, a evolução da qualidade
para os japoneses foi contribuição de Joseph Juran. Vários autores contribuíram
na formação do conceito de qualidade nas décadas de 70 e 80 (SCHUCHTER,
2004).
A partir daí, tornou-se absolutamente fundamental que organizações
mundiais implementassem modelos de gestão da qualidade, para atender a
demanda dos consumidores, que ser tornaram cada vez mais exigentes,
19
cobrando qualidade dos produtos, equipamentos, serviços e instalações
(SCHUCHTER, 2004). Na figura 2, um resumo das fases de evolução da
qualidade.
Figura 2– Evolução da qualidade.
Fonte: FERNANDES, 2011.
2.3 Seis sigma
Para Werkema (2010) o Seis Sigma é uma estratégia gerencial disciplinada
e altamente quantitativa que tem como objetivo aumentar drasticamente a
lucratividade das empresas, por meio da melhoria da qualidade de produtos e
processos e do aumento da satisfação de clientes e consumidores.
Em um sentido mais amplo, o Seis Sigma é um sistema de gestão
totalmente focado no cliente, atuando como uma forma de mudança cultural. A
filosofia seis sigma atinge na empresa setores além da qualidade e com objetivos
variados, refletidos diretamente na lucratividade de um negócio. Abaixo alguns
aspectos importantes do programa (WERKEMA, 2010):
20
Escala – nível de qualidade do processo convertido em nível sigma.
Quanto maior, melhor;
Meta – aproxima-se do zero defeito, 3,4 defeitos a cada milhão de
operações;
Benchmark – comparação entre qualidade do processo, produtos,
operações;
A estatística – avalia o desempenho do processo;
A filosofia – melhoria continua sempre;
Visão – o Seis Sigma leva a empresa a ser a melhor do ramo.
Financeiramente, a tabela 1 apresenta a comparação entre níveis sigma, os
defeitos e custo dos defeitos (WERKEMA, 2010).
Tabela 1– Níveis sigma.
Fonte: WERKEMA, 2010.
2.3.1 Histórico do Seis Sigma
O Seis Sigma nasceu na Motorola, na década de 80, com objetivo principal
focado na qualidade e assim ser capaz de enfrentar os grandes concorrentes
estrangeiros, já que vendiam produtos de menor preço e melhor qualidade.
Nível de qualidade
Defeitos por milhão (PPM)
Custo da não qualidade (percentual de
faturamento da empresa)
Dois Sigma 308537 Não se aplica
Três Sigma 66807 25% a 40% Quatro Sigma 6210 15% a 25%
Cinco Sigma 233 5% a 15%
Seis Sigma 3,4 <1%
21
Sofrendo com problemas de qualidade, a Motorola chegou a destinar quase 20%
dos investimentos para corrigir os defeitos gerados (WERKEMA, 2010).
Com a implantação do programa seis Sigma, em poucos anos a Motorola
conseguiu reverter esse quadro, obtendo ganhos da ordem de US$2 bilhões entre
final da década de 80 e inicio da década de 90. O grande sucesso do programa
na Motorola chamou atenção de outras grandes empresas, que passaram a
adotar tal metodologia (WERKEMA, 2010).
A seguir, Werkema (2010) destaca os resultados alcançados por empresas
que aplicaram o Seis Sigma:
Na ABB, houve ganhos de U$898milhões ao ano (no período de 3 anos),
reduzindo em 68% nos números de defeitos e em 30% nos custos produtivos.
Outros US$87milhões foi economizado com matéria prima (o Seis Sigma foi
extendido aos fornecedores da empresa);
Na AliedSignal, de 1994 até 1998, aplicando o programa Seis Sigma com foco
na redução de custos e aumento da produtividade, foi possível obter ganhos de
US$1,2 bilhões;
Com o caso de sucesso da AliedSignal, o CEO da GE, Jack Welch, implantou o
programa seis sigma na empresa em 1996, obtendo ganhos de US$1,5 bilhões
em 1999, compensando todo o capital investido em treinamentos;
No Brasil, a pioneira foi a empresa Brasmotor (1997) obtendo ganho de R$20
milhões em 1999.
Na figura 3, um resumo da história do Seis Sigma (WERKEMA, 2010).
22
Figura 3 – Histórico do Seis Sigma.
Fonte: WERKEMA, 2010.
2.4 Método DMAIC
O método DMAIC é utilizado em todas as aplicações da metodologia Seis
Sigma, como forma de padronizar sua aplicação. A sigla DMAIC contém as
iniciais das cinco etapas que constituem o método (WERKEMA, 2010):
Define (definir) – etapa de definição clara e objetiva do projeto;
Measure (medir) – etapa de coleta de dados do processo;
Analyze (Analisar) – etapa de análise dos dados coletados através de
gráficos, estatística;
Improve (melhorar) – seleção e implementação das melhorias
selecionadas;
Control (controlar) – medida do progresso das melhorias, quantificação
dos ganhos.
O método DMAIC é cíclico e fechado, figura 4, e foca na melhoria contínua do
processo, eliminando etapas não produtivas (WERKEMA, 2010).
23
Figura 4 – Ciclo DMAIC.
Fonte: Werkema (2012).
Existem diversas definições e roteiros para desenvolvimento do método
DMAIC, com ações e ferramentas pertinentes a cada etapa. Para
desenvolvimento do trabalho, será utilizado os conceitos descritos por Rotondaro
(2002) e Werkema (2012).
2.4.1 Etapa Definir ( Define)
Nesta etapa, é definido o objetivo do projeto com base em problemas
recorrentes em um determinado processo. De acordo com Rotondaro (2002) as
etapas pertinentes são:
Escolha da equipe qualificada para aplicação da ferramenta Seis Sigma;
Mapear os processos críticos com o objetivo de identificar os fatores
relacionados com as características críticas para qualidade (CTQ’s) do cliente;
Definir quais são os requisitos dos clientes e traduzir para as características
críticas para a qualidade (CTQ), definir quais os processos chave envolvidos,
interligar a visão do cliente com a visão da empresa;
24
Apresentar o projeto aos executivos da empresa para avaliação;
Realizar uma análise do retorno dos resultados que poderão ocorrer dos
esforços de melhoria, relacionando os esforços com os custos referentes a má
qualidade.
Todas as etapas podem ser resumidas em um Project charter ou TAP
(termo da abertura do projeto), figura 5 (WERKEMA, 2013).
Figura 5 – Exemplo de Project charter.
Fonte: WERKEMA, 2013.
25
2.4.2 Etapa Medir (measure)
Fase de coleta de dados, priorizando obtenção de dados focalizados ao
problema. Rotondaro (2002) descreve essa fase em 2etapas:
Desenhar o processo e os subprocessos envolvidos com o projeto, definindo
as entradas e saídas e estabelecer relações Y=f(x);
Analisar o sistema de medição e modo de ajustá-lo ás necessidades do
processo. Recolher os dados do processo por meio de um sistema que
produza amostras representativas e aleatórias simples.
De forma mais abrangente, Werkema resume a etapa measure na figura 6.
Figura 6 – Quadro resumo da etapa Medir.
Fonte: WERKEMA, 2012.
26
2.4.3 Etapa Analisar (analyze)
Fase crucial da metodologia (WERKEMA, 2012), na etapa Analisar, os
dados coletados na etapa Medir são tratados estatisticamente de modo a
identificar as causas raízes fundamentais do problema.
Na figura 7, segundo Werkema (2012), os itens descritos podem ser
usados como orientação para o sucesso desta etapa.
Figura 7 – Quadro resumo da etapa Analisar.
Fonte: WERKEMA, 2012.
27
2.4.4 Etapa Implementar (improve)
Fase de seleção e implementação das melhorias propostas que serão
capazes de eliminar as causas raízes ou reduzir os efeitos por elas causados.
Etapa voltada à experimentação das soluções propostas, com o objetivo de
avaliar os resultados obtidos e assim chegar a melhor solução. Na figura 8 é
possível observar a etapa de decisão caso a meta não seja alcançada
(WERKEMA, 2012).
Figura 8 – Quadro resumo da etapa Implementar.
Fonte: WERKEMA, 2012.
28
2.4.5 Etapa Controlar (control)
Segundo Werkema (2012), na fase Controlar são implementados diversos
mecanismos para monitorar continuamente o desempenho do processo. As
técnicas adotadas estão descritas na figura 9.
Figura 9 - Quadro resumo da etapa Controlar.
Fonte: WERKEMA, 2012.
29
2.5 Ferramentas da estatística e da qualidade
A aplicação do método DMAIC em um projeto só é possível através
utilização das ferramentas estatísticas e de qualidade. Serão abordadas
ferramentas específicas aplicadas a este trabalho.
2.5.1 Diagrama de Pareto
Criada por Joseph Juran a partir de estudos do italiano Vilfredo Pareto e do
americano Max Otto Lorenz, o diagrama de Pareto estabelece a importante
relação 20/80: 80% dos problemas têm origem em 20% das causas identificadas.
Ou seja, muitos defeitos se referem a poucas causas (SELEME; STADLER,
2010).
O Diagrama de Pareto é empregado quando se deseja priorizar quais
causas raiz são de maior impacto no processo em avaliação (SELEME;
STADLER, 2010). Na tabela 2 é fornecido os dados de um problema exemplo. Ao
plotar o gráfico, figura 10, fica evidente que os itens garfo empenado, correia
danificada e desalinhamento são os maiores causadores dos defeitos. Assim, se
concentrarmos as ações nesses 3 causas, estaremos resolvendo 73,3% da queda
de peças.
Tabela 2 – Quedas de peça.
Queda de peça do carregador Motivo Ano 2014
Garfo empenado 10 Desalinhamento 7
Correia danificada 5 Rolamento travado 2
Dimensional da peça 1 Peça sem usinagem 1 Falha operacional 1
Guia peça desalinhada 1 Batente fora de posição 1
Rolete travado 1
Fonte: Elaborado pelo autor.
30
Figura 10 – Exemplo de gráfico de Pareto.
Fonte: Elaborado pelo autor.
2.5.2 Diagrama de causa e efeito
Também conhecido por diagrama de Ishikawa (Kaoru Ishikawa, criou a
ferramenta em 1943) e diagrama de espinha de peixe, o diagrama de causa e
efeito permite estabelecer as possíveis causas que podem levar a um defeito
(SELEME; STADLER, 2010).
Essa análise é feita considerando 6 causas de problemas chamados de
6M’s (SELEME; STADLER, 2010):
Matéria prima: aspectos relativos ao material como dimensão, dureza,
aspecto etc.;
Máquina – aspectos da operação e funcionamento do equipamento;
Método - forma de aplicação do método de trabalho;
Meio ambiente - tudo relacionado ao ambiente, infraestrutura;
Mão de obra - aspectos da mão de obra aplicada (treinada, qualificada,
habilitada, etc.);
Medida – aspectos relativos aos instrumentos de medidas, valores etc.
Na figura 11, um exemplo de aplicação do diagrama de causa e efeito.
33%
57% 73%
80% 83% 87% 90% 93% 97% 100%
0
2
4
6
8
10
12Queda de peças
31
Figura 11–Exemplo de diagrama de causa e efeito.
Fonte: Elaborado pelo autor.
2.5.3 Técnica dos cinco porquês
Ferramenta bastante usada na análise de problemas. Consiste na pergunta
sistemática e sucessiva de “por quê?”, até que se encontre a causa raiz ou
causas potenciais de um problema (SELEME; STADLER, 2010). Não é
necessário que se responda todos os porquês, já que muitos problemas são
superficiais e a resposta pode ser encontrada no 2º, 3º ou 4º. Na figura 12 é
apresentado um exemplo de aplicação dos cinco porquês.
Figura 12 - Exemplo de aplicação do cinco por quê.
Fonte: Elaborado pelo autor.
32
2.5.4 Brainstorming
É uma ferramenta utilizada em reuniões no qual os integrantes têm liberdade total para expor suas ideias, por mais absurdas que pareçam, sem se preocupar uns com os outros, dos quais recebem ou não influências. Tais ideias são classificadas e avaliadas de acordo com as expectativas da organização (SELEME; STADLER, 2010).
Na figura 13 estão representados os passos para realização de uma
sessão de brainstorming (SELEME; STADLER, 2010).
Figura 13 - Passos do brainstorming.
Fase Passo Descrição
1
1 Escolhe-se um facilitador para o processo que definirá o objetivo.
2 Formam-se grupos de até dez pessoas.
3 Escolhe-se um lugar estimulante para a geração de ideias.
4 Os participantes terão um prazo de até 10 minutos para fornecer suas ideias, que não devem ser censuradas.
2
5 As ideias deverão ser consideradas e revisadas, disseminando-se entre os participantes.
6 O facilitador deverá registrar a ideia em local visível (quadro, flipchart etc.), esclarecendo novamente o propósito.
3
7 Deverão ser eliminadas as ideias duplicadas.
8 Deverão ser eliminadas as ideias fora do propósito delimitado.
9 Das ideias restantes devem ser selecionadas aquelas mais viáveis (se possível, por consenso entre os participantes)
Fonte: SELEME; STADLER, 2010.
2.5.5 Folha de verificação
A mais simples das ferramentas de qualidade, a folha de verificação é um
documento que serve à coleta de dados, facilitando a classificação e organização
do item de controle. Pode ser apresentada em três tipos (SELEME; STADLER,
2010):
Para distribuição de um item de controle;
Para registro de itens defeituosos;
Para classificação de características de interesse e categorias.
33
A folha de verificação de um item de controle (figura 14) serve para avaliar a
distribuição dos dados coletados em função do processo avaliado. Normalmente a
avaliação dos dados é realizada através de histogramas (SELEME; STADLER,
2010).
Figura 14- Folha de verificação de um item de controle.
Especificação Desvio Verificações
Frequência 5 10 15 20
8.300
-7
-6
-5
-4 X 1
-3 X X X 3
-2 X X X X X X 6
-1 X X X X X X X X X 9
X X X X X X X X X X X
11
1 X X X X X X X X 8
2 X X X X X X X 7
3 X X X 3
4 X X 2
5 X 1
6
7
Total 51
Fonte: SELEME; STADLER, 2010.
A folha para registro e para a classificação dos defeitos é usado para que
se identifique a frequência e localização dos defeitos no produto, exemplificados
na figura 15 (SELEME; STADLER, 2010).
Figura 15 - Folha de registro de defeitos e para localização dos defeitos
Fonte: www.datalyzer.com.br, 2015.
34
2.5.6 Matriz de prioridades ou matriz GUT
A matriz de prioridades ou matriz GUT (referência as palavras Gravidade,
Urgência e Tendência) é uma ferramenta que ajuda a priorizar alternativas, seja
para problemas, projetos, etc.
A gravidade diz respeito à importância do problema examinado em relação a outros apresentados; a urgência implica a idéia de quão importante é a ação temporal; a tendência indica o sentido da gravidade do problema, se ele tende a crescer ou diminuir com a ação do tempo (Seleme; Stadler, 2010).
A priorização permite elaborar planos de implementação e resolução de
problemas mais robustos, pois auxiliará equipes na aplicação de esforços em
causas mais impactantes e graves (SELEME; STADLER, 2010).
A matriz de prioridades considera, além da gravidade, urgência e
tendência, a relação entre os três fatores de análise caracterizando, assim, a
matriz (SELEME; STADLER, 2010). Sua configuração é mostrada na tabela 3.
Tabela 3 – Modelo conceitual para a matriz GUT.
Valor (nota) Gravidade Urgência Tendência G.U.T
5 Gravíssima Ação imediata Agravar rapidamente 125
4 Muito grave Ação rápida Agravar no curto prazo 64
3 Grave Ação normal Agravar no médio prazo 27
2 Pouco grave Ação lenta Agravar no longo prazo 8
1 Menor gravidade Pode esperar Acomodar 1
Fonte: SELEME; STADLER, 2010.
A matriz de prioridades estabelece pesos e nível de importância a cada
fator, permitindo direcionar esforços a ações com maior impacto na resolução do
problema. Como exemplo, para um problema gravíssimo é atribuído nota 5; se
necessitar de ação imediata, o peso 5 será atribuído à urgência e, se a tendência
do problema é se agravar rapidamente, será atribuído valor 5. Então, o valor da
35
matriz GUT do exemplo será (G)5 * (U)5 * (T)5, totalizando 125 pontos (SELEME;
STADLER, 2010).
A tabela 4 mostra um exemplo de aplicação em uma empresa que está
com problemas no setor de atendimento ao cliente. Segundo os critérios da
matriz, o problema a ser priorizado é o que somar maior pontuação (SELEME;
STADLER, 2010).
Tabela 4 – Exemplo da aplicação da matriz de prioridades.
Problema G U T G .U . T
Tempo de atendimento elevado 2 3 4 24
Falta de motivação dos atendentes 3 5 3 45
Informações contraditórias fornecidas pelos atendentes, causando demora 4 4 3 48
Má qualificação dos atendentes 5 5 3 75
Informações incompletas fornecidas pelo cliente que impedem o atendimento 1 1 2 2
Fonte: SELEME; STADLER, 2010.
2.5.7 Plano de ação
Plano de ação, também chamado matriz “5W2H”, é uma ferramenta
fundamentada na utilização de perguntas que iniciam, em inglês, com letras W e
H. As perguntas tem objetivo de gerar respostas que esclareçam o problema e
organizem as ideias propostas na solução do problema (GUERREIRO, 2012).
As perguntas, do inglês, são (GUERREIRO, 2012):
What (O quê?): a ação ou meta;
Who (Quem?): a pessoa ou responsável;
Where (Onde?): é o local onde se executa a ação;
When (Quando?): é o prazo limite para executar a ação;
36
Why (Por quê?): Justificativa da ação;
How (Como?): é o método para desenvolver a ação;
Na figura 16 , um exemplo de plano de ação baseado no 5W2H.
Figura 16 - Plano de ação.
Fonte: Adaptado de GUERREIRO, 2012.
2.6 Indicadores importantes
Nesta seção serão abordados conceitos, terminologias e expressões úteis
ao tratamento probabilísticos de falhas em equipamentos produtivos.
2.6.1 Confiabilidade
É a probabilidade de um sistema não falhar em um determinado período de
tempo (DE PAULA, 2011). A confiabilidade pode ser expressa por três
indicadores: Disponibilidade (DP), tempo médio entre falhas (MTBF – Mean Time
Between Failure) e tempo médio de reparo (MTTR – Mean Time To Repair).
2.6.1.1 Disponibilidade
37
O índice de disponibilidade representa a relação existente entre o tempo total disponível do equipamento, dependendo do período de análise que pode ser diário, semanal ou mensal, também chamado de tempo de carga, com o tempo em que o equipamento ficou efetivamente em operação (CHIRADIA, 2004).
O cálculo da Disponibilidade (DP) é feito pela equação 1.
(1)
2.6.1.2 Tempo médio entre falhas - MTBF
O MTBF é definido como o tempo médio de operação de um equipamento
entre uma falha e outra (Cardin, Cardoso, Chaves, 2006). Calculado pela equação
2. Normalmente expressa em horas.
(2)
2.6.1.3 Tempo médio de reparo – MTTR
Tempo médio para reparo Esse indicador nos aponta o tempo que a equipe de manutenção demanda para reparar e disponibilizar a máquina ou equipamento para o sistema produtivo. Nesse período estão todas as ações envolvidas no reparo, sejam elas da equipe de compras, de laboratório ou qualquer outra equipe de trabalho (Cardin, Cardoso, Chaves, 2006).
A equação 3 é usada para determinar o MTTR de um equipamento ou instalação, normalmente expressa em minutos. (3)
38
3 Metodologia
A execução do trabalho foi conduzida na forma de pesquisa-ação, no qual
as ações encontradas poderão ser implementadas na empresa, usando as
ferramentas da metodologia DMAIC para reduzir a quantidade de refugos gerados
na produção do bloco do motor.
Seguindo as etapas da metodologia DMAIC, foi elaborado um TAP, que
permitiu definir um objetivo claro e expectativas de retorno, com soluções efetivas,
que foram implementadas através de um plano de ação.
Assim, com o objetivo descrito no TAP atingido, as ações executadas
foram padronizadas através das alterações de procedimentos internos
(manutenção, fabricação e parâmetros de máquina) a fim de manter os resultados
e padronizar as melhorias.
3.1 Pesquisa-ação
A pesquisa-ação é uma abordagem interpretativa que abarca um processo metodológico empírico, cuja metodologia compreende a identificação do problema dentro de um contexto institucional, o levantamento de dados relativos à situação problemática, à análise e significação dos dados levantados pelos colaboradores ou participantes do projeto, a identificação da necessidade de mudança, o levantamento de possíveis soluções e, por fim, a intervenção ou ação propriamente considerada no sentido de aliar pesquisa e ação, simultaneamente (FEITOR, FILHO, SOUZA, 2013).
O objetivo da pesquisa-ação é encontrar soluções para problemas práticos,
compreendendo metodologias de pesquisa, buscando mudança através da ação
e melhor entendimento da própria investigação (FEITOR, FILHO, SOUZA, 2013).
A pesquisa-ação apresenta as seguintes características:
É orientada a ação;
39
Possui dois principais objetivos: resolução dos problemas e contribuição para o
desenvolvimento teórico;
Não restringe método de coleta de dados (dados impressos, dados históricos,
entrevistas, questionários, observações etc.);
Requer interação e cooperação dos envolvidos.
A pesquisa-ação também assume importante papel nas organizações,
como instrumento de aprendizagem, permitindo sua aplicação em diversos
contextos organizacionais como: melhoria organizacional, cultura organizacional,
projetos e entre outros (FEITOR, FILHO, SOUZA, 2013).
3.2 A empresa
Fabricante Mundial de veículos, com sede na França, a PSA Peugeot
Citroën está presente comercialmente em mais de 160 países e com mais de
200anos de história. Em 2014 comercializou 2.939 milhões de veículos, com forte
crescimento no mercado europeu (2ª maior montadora) e chinês.
No Brasil, está o presente desde 1991, quando importava veículos da
Europa. Já em 2001 foi inaugurado o centro de produção de Porto Real, no
estado do Rio de Janeiro, iniciando assim sua participação industrial. No início
produzia dois modelos de veículos: O hatch 206 e o monovolumexsara Picasso,
que contabilizou um volume produzido de 18000 unidades no fim do mesmo ano.
Em 2002 foi inaugurada a fábrica de motores e em 2008 foi inaugurada a
usinagem de motores.
Alguns fatos marcantes do grupo em 2014:
Venda de 2.939 milhões de veículos (4,3% de crescimento em relação a
2013);
A China tornou-se o primeiro mercado do grupo, com 734000 veículos
vendidos (crescimento de 31,9%);
Elevação das vendas na Europa (crescimento de 8,1%);
40
No Brasil, fechou 2014 com 94300 unidades vendidas (queda de 23,9 %
devida forte retração do mercado nacional);
No centro de produção de Porto Real emprega 3000 funcionários diretos,
produzindo quatro modelos de veículos e 4 tipo de motores (208, C3,
Aircross, C3 picasso e motores TU5, EC5, TU4 e TU3);
Capacidade de produção de 27 veículos/hora e 51 motores/hora, em dois
turnos.
3.2.1 Fabrica de usinagem de motores
Inaugurada em 2008 com investimento de 40 milhões de Euros, a usinagem
de motores da PSA Peugeot Citroën ocupa uma área de 6.312 m2 e possui
capacidade de produzir 100.000 blocos de ferro fundido/ano e 80.0000 cabeçotes
de alumínio/ano. Os blocos e cabeçotes produzidos (figura 17a e 17b) são
utilizados para fabricação dos motores que equipam os carros da marca.
Figura 17 – a) bloco de ferro fundido; b) cabeçote de alumínio.
Fonte: Arquivo pessoal.
A linha de usinagem do bloco é constituído de 19 centros de usinagem
GROB, além de 7 máquinas especiais (brunidora, lavadora e prensas especiais),
41
mostrados no layout simplificado na figura 18. Os centros de usinagem realizam
as operações de desbaste/acabamento no bloco bruto (operações 10, 20, 30, 40,
50, 60, 70, 80, 90, 100, 110, 120, 130, 170, 180, 190, 200, 210 e 220), que após
passa pela brunidora (acabamento dos cilindros do bloco), lavadora (limpeza
externa e interna do bloco, eliminado resíduos de óleo e cavacos), prensas e
estanqueidade. Ao final do processo, a peça passa por um posto chamado posto
de qualidade garantida (PQG) que confere 100% das peças quanto à presença de
defeitos.
Figura 18–Layout simplificado da linha de usinagem do bloco.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Já a linha de usinagem do cabeçote é constituído de 9 centros de
usinagem COMAU e 10 máquinas especiais (lavadoras e prensas). Distribuída de
maneira similar à linha de fabricação do bloco (figura 19), as peças passam pelos
centros de usinagem para realizar o desbaste/acabamento (Operações 10, 20, 30,
40, 70, 80, 90,130 e 140). Terminada as operações de usinagem, as peças
passam por uma lavadora e após por prensas especiais. Ao final, as peças são
inspecionadas 100% no PQG.
42
Figura 19 - Layout da linha do cabeçote
Fonte: Elaborado pelo autor.
3.2.2 Centros de usinagem do bloco do motor
Principal componente dos motores automotivos, o bloco é responsável por
conferir a estrutura do motor. Dá suporte aos demais componentes como pistões,
bielas, virabrequins etc. Seu processo de fabricação é complexo e se dá em
várias etapas de usinagem.
Na fábrica da PSA Peugeot Citroën, o processo de fabricação do bloco é
realizado por 19 centros de usinagem da marca GROB (figura 20). O centro de
usinagem é uma máquina ferramenta operada via CNC (comando numérico
computadorizado), e que utiliza ferramentas como broca, fresas, alargadores,
machos, barras de mandrilar etc.
43
Figura 20 – Centro de usinagem da fabricante GROB.
Fonte: Arquivo pessoal.
Além da parte que envolve a usinagem do bloco, as máquinas da fábrica em
questão são equipadas com um sistema de troca de peças automático, o qual
retira a peça pronta e carrega a peça a trabalhar (figura 21).
Essa troca é realizada por um subconjunto composto por 2 eixos,
denominados eixo WL (movimento linear) e CL (movimento rotativo), que
trabalham de forma sincronizada e comandada por motores e sensores.
44
Figura 21 – Desenho esquemático do trocador de peças.
Fonte: Adaptado do diagrama da máquina GROB, 2008.
3.3 Aplicação das etapas da metodologia DMAIC ao problema
3.3.1 Etapa Definir
Na fase inicial da proposta de projeto deve ser o escopo, obedecendo às
metas traçadas. Será seguido as etapas sugeridas por Rotondaro (2002):
Escolher uma equipe multidisciplinar (envolvendo manutenção, fabricação,
qualidade e engenharia);
Definir os objetivos;
Apresentar o projeto a todos da equipe, junto a sua aprovação;
Realizar análise do retorno dos resultados.
Área de preparação Área de trabalho
Garfos de transporte
45
3.3.2 Etapa Medir
Devem ser definidos os dados que serão coletados obedecendo aos
objetivos do projeto, que serão registrados em folhas de verificação, e após,
avaliados em histogramas e diagrama de Pareto. Os pontos chaves desta etapa
serão (WERKEMA, 2012):
Coletar novos dados ou usar dados já existentes;
Planejar a coleta de dados;
Analisar o impacto dos problemas e identificar os problemas prioritários;
Estabelecer a meta de cada problema prioritário.
3.3.3 Etapa Analisar
Os dados coletados na etapa Measure foram avaliados pela equipe do
projeto, usando reuniões de brainstorming, propondo possíveis causas com base
nos dados coletados. Foram priorizadas as causas de maior impacto e estudadas
até suas causas fundamentais ou causas raízes.
3.3.4 Etapa Implementar
Depois de definido a causa raiz ou causas potenciais, foi proposto um
plano de ação, usando a matriz de priorização (matriz GUT) para direcionar
esforços as causas de maior impacto. Foram testadas as ações em escala
controlada a fim de determinar se os resultados são compatíveis com os objetivos
do projeto.
3.3.5 Etapa Controlar
46
Concluído os testes e as ações da etapa Improve, foram acompanhados os
resultados através dos indicadores do processo, garantindo a eliminação da
causa raiz ou causas potenciais.
Também foi elaborado/alterado padrões e procedimentos de execução das
atividades da manutenção, padronizando as ações da etapa Improve e garantindo
manutenção dos resultados obtidos.
3.4 Definição do problema
Em fevereiro de 2015, a gerência de manutenção da fábrica de usinagem
solicitou um estudo para entender as causas que levam a diminuição dos valores
de disponibilidade (DP) dos equipamentos e ao aumento do número de refugo no
sistema de troca de peças. É importante deixar claro as metas para os
indicadores de performance dos equipamentos, na tabela 5.
Tabela 5 - Metas dos indicadores.
Indicador Meta
REFUGO (PPM) 750
DP (%) 95
MTTR (minutos) 30
MTBF (minutos) 300
Fonte: Elaborado pelo autor.
3.4.1 Definição dos objetivos
Reduzir o número de refugos por quedas em 60% e reduzir o número de
falhas no sistema de troca de peças em 50% até 15 de novembro de 2015.
3.4.2 Benefícios operacionais e financeiros
47
No ano de 2014, foi registrado um total de 36 refugos devido a quedas do
transportador. Com redução do número de queda de peças, se atingido o objetivo,
haverá economia de R$7700,00/ano, usando como base o ano de2014. O cálculo
simplificado está descrito na tabela 6.
Tabela 6 - Resultados esperados.
Custo do bloco acabado Nº peças refugo Desperdício
Antes da melhoria R$ 350.00
36 R$ 12,600. 00
Depois da melhoria 14 R$ 4,900. 00
Economia R$ 7,700. 00
Fonte: Elaborado pelo autor.
Com relação às falhas no transportador, em 2014 ocorreram 48 falhas,
totalizando 53 horas de intervenção, e reduzindo a DP da linha de produção.
Assim, o objetivo é reduzir para no máximo 25 horas/ano de intervenção no
transportador de peças.
3.4.3 Facilitadores para implementar as ações
Eduardo Luiz de Moraes – Supervisor da manutenção equipe A.
Everton Barreto – Gerente de manutenção e métodos.
Thiago Guimarães – Confiabilista de manutenção.
48
4 Resultados e discussão
4.1 Etapa Definir
Os resultados esperados com a implementação do projeto foram definidos
no item 3.4, e foram baseados nos resultados dos indicadores de processo da
linha de usinagem do bloco, mostrados na figura 22 e figura 23.
Figura 22 – Indicador de DP da linha de usinagem do bloco.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Figura 23 – Indicador de refugos por queda de peças.
Fonte: Elaborado pelo autor.
95.09% 89.92% 90.42% 87.03%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
2011 2012 2013 2014
123 212
448
685
0
200
400
600
800
2011 2012 2013 2014
PP
M
49
4.2 Etapa Medir
4.2.1 Fonte de dados
Todos os valores apresentados são dados históricos. Para avaliação do
problema da DP, foi usada a base de dados do software de gestão empresarial
SAP. No SAP são registrados, diariamente, todos os tipos de intervenções que
ocorrem nos equipamentos, sejam elas corretivas ou preventivas (trecho da
planilha de dados gerados pelo SAP está no anexo 01). Os dados relativos aos
refugos foram extraídos de planilhas eletrônicas de controle exclusivo do setor da
qualidade, que são atualizados diariamente.
Parte dos dados que foram usados para elaboração dos gráficos estão no
anexo.
4.2.2 Disponibilidade
Na definição, DP é calculada através dos índices de MTTR e MTBF. A alta
disponibilidade é o principal objetivo da manutenção. Ela é definida como sendo a
probabilidade de uma máquina ou equipamento poder ser operado
satisfatoriamente em qualquer instante em determinadas condições (SILVEIRA,
2012).
Na figura 24 e figura 25 os dados do indicador MTTR e MTBF dos
equipamentos da linha de usinagem do bloco.
50
Figura 24 – Indicador MTTR.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Figura 25 – Indicador MTBF.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Valores maiores de MTBF elevam o índice de DP, já valores maiores de
MTTR diminuem o índice de DP. Comparando o gráfico com a tabela de metas,
fica evidente que o índice de MTTR apresenta uma tendência de crescimento, o
que leva a uma DP menor. Já o índice de MTBF apresenta tendência a diminuir,
mas dentro do objetivo em todos os períodos.
Pode-se concluir que a causa principal da redução da DP é o índice de
MTTR, que apresenta valores acima da meta nos 4 dos 5 períodos avaliados.
27.4
45.4 44.6 50.11
50.70 50.80
70.60
50.47 55.91
47.90
77.25
0.0
10.0
20.0
30.0
40.0
50.0
60.0
70.0
80.0
90.0
2011 2012 2013 2014 2015(acum.)
Jan Fev Mar Abr Mai Jun
Min
uto
MTTR
529.0
405.0 421.0
336.00 333.68
287.40 334.20
300.60 287.40 321.00
198.60
0.0
100.0
200.0
300.0
400.0
500.0
600.0
2011 2012 2013 2014 2015(acum.)
Jan Fev Mar Abr Mai Jun
Min
uto
MTBF
51
Avaliando os tipos e tempos de reparo no período 2011-2014, foi elaborado
o gráfico da figura 26.
Figura 26 - Paradas corretivas 2011-2014.
Fonte: Elaborado pelo autor.
No gráfico, é observado a existência de 3 falhas principais, que
correspondem a 60% do total: falhas no dispositivo de fixação, falha no eixo WL e
falha no eletrofuso. A falha no sistema de transporte (eixo WL), correspondente a
22% (213,12 horas) das falhas, ocorre principalmente nos equipamentos de
acabamento do bloco, destacado no gráfico de Pareto da figura 27.
19.20, 2%
23.72, 2% 26.4, 3%
27.2, 3% 28, 3%
28.8, 3%
33.52, 4%
35.72, 4%
41.84, 4%
42.64, 4%
45.6, 5%
143.2, 15%
213.12 h, 22% (falhas do eixo wl)
225.2, 23%
26, 2.7%
TEMPO DE PARADAS (h) E PARTICIPAÇÃO (%) FALHA NO SERVOMOTR DO EIXO Z
FALHA NO CABEÇOTE 4
FALHA DE MONITORAÇÃO DECONTORNO EIXO Y
FALHA DE LIMITE DE TEMPERATURA
FALHA NO MÓDULO DA APERTADEIRA
FALHA DE HARDWARE DO ENCODERATIVO EIXO Z
FALHA DE ALTA PRESSÃO
FALHA NO FREIO DO EIXO Y1
FALHA NA GRAVADORA
FALHA DE REDE ASI
FALHA NA GARRA DE CARGA EDESCARGA
FALHA NO DISPOSITIVO DE FIXAÇÃO
FALHA NO EIXO WL
FALHA NO ELETROFUSO
OUTROS
52
Figura 27 – Pareto das falhas do sistema de transporte 2011-jun/2015.
Fonte: Elaborado pelo autor.
4.2.3 Refugo
Em virtude da crise no mercado nacional, foi adequado o volume de
produção de bloco de motores. Comparando o volume de produção com a
quantidade de refugos ocorridos, figura 28, é evidente que o a quantidade de
refugos não seguiu a mesma tendência, indicando a existência de um problema
nos sistema de transporte de peças.
14%
26% 36%
45% 54%
60% 66%
71% 75% 78% 81% 84% 87% 90% 93% 95% 98% 100%
0
5
10
15
20
25
30
35
Qu
anti
dad
e
Distribuição das falhas
53
Figura 28 - Comparação volume de produção e quantidade de refugos.
Fonte: Elaborado pelo autor.
No sistema de transporte de peças, a ocorrência de refugo tem uma única
causa: a queda do bloco do transportador. A queda é prejudicial ao produto, pois
imprime marcas e causa trincas em faces já acabadas. Mesmo peças com
possibilidade de retrabalho (marcas superficiais) não são liberadas pelo setor da
qualidade, sob o pretexto de proteção ao cliente, pois existe o risco de
ocorrências de trincas internas e externas de difícil detecção (figura 29).
Figura 29 - Bloco com trinca na face de distribuição.
Fonte: Arquivo pessoal.
54
Os refugos estão distribuídos em operações específicas, grande parte nas
máquinas do final do processo produtivo, mostrado no Pareto da figura 30.
Figura 30 – Pareto de refugos na linha de produção 2011-jun/2015.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Ações a serem tomadas
Ao baixo desempenho da DP, identificado 3 causas principais: Falha no
eletrofuso, falha no dispositivo de fixação e falha no eixo WL (transporte de
peças). Será priorizado tratativas ao sistema de transporte de peças, objetivo
do estudo, correspondendo a 22% de todas as falhas e responsável por todas
as quedas de peça.
As ações prioritárias serão direcionadas as máquinas críticas (identificadas
nos gráficos de Pareto apresentados), destacadas na figura 31.
23%
39%
53%
64% 73%
79% 83% 86% 88% 91% 93% 95% 97% 98% 98% 99% 100%
0
5
10
15
20
25
30
Qu
anti
dad
e
Distribuição dos refugos
55
Figura 31 - Máquinas críticas.
Fonte: Elaborado pelo autor.
56
4.4 Etapa Analisar
O objetivo da fase é identificar a causa-raiz ou causas fundamentais do
problema.
Primeiramente, será usado da análise qualitativa, através da abordagem da
ferramenta brainstorming com os envolvidos no projeto, produzindo o máximo de
ideias ou sugestões.
4.4.1 Brainstorming
As ideias sugeridas no brainstorming estão descritas na figura 32.
Figura 32 - Brainstorming das falhas no sistema de transporte.
Problema: falhas no sistema de transporte de peças
Possíveis causas
Ausência do furo de referência na peça Operador não posicionou a peça corretamente Deslocamento da peça durante usinagem na OP10 Garfos de transporte da peça pouco resistente Temperatura externa elevada Temperatura do fluído de corte fora do especificado Dimensões do bloco bruto fora do especificado em desenho Material de fabricação dos garfos pouco resistente Dimensões dos garfos não compatíveis com o peso do bloco Variação de medida dos furos de referência Bloco sem usinagem da OP anterior Não realização das manutenções preventivas Falha no sistema de medição do motor do eixo CL/WL Troca prematura da correia do transportador Variação do posicionamento do eixo CL Variação do posicionamento do eixo WL Quebra/falta de aperto do acoplamento do motor do eixo WL/CL Esticadores da correia avariados Peça com folga na área de carregamento manual Alta velocidade de descida do elevador da área de preparação Desalinhamento das hastes do transportador Parâmetros do backup desatualizado durante coletivas
Folga entre peça e guia na área de carregamento
Fonte: Elaborado pelo autor.
57
Algumas ideias sugeridas foram baseadas nos problemas detectados
durante intervenções no transportador de peças, mostrado nas figuras 33 e 34
Figura 33 - Correias danificadas antes do prazo de troca.
Fonte: Arquivo pessoal.
Figura 34 - Desgaste do alojamento do rolamento no esticador.
Fonte: Arquivo pessoal.
4.4.2 Diagrama de Causa e Efeito
O diagrama de Ishikawa ou diagrama de Causa e Efeito, figura 35, fornece
uma visão clara das ideias sugeridas no brainstorming. Algumas sugestões foram
eliminadas, pois não havia nenhuma evidência da ocorrência. As demais
possíveis causas foram numeradas e foram tratadas no 5 Porquê, identificando as
causas fundamentais.
Outro ponto importante no diagrama é a grande concentração de possíveis
causas localizadas em máquina.
58
Figura 35- Diagrama da Causa e Efeito.
Fonte: Elaborado pelo autor.
59
4.4.3 Análise dos 5 Porquê
O 5 porquê permite visualizar relações de causa e efeito. Através de
suscetíveis perguntas “por quê?”, encontra-se uma causa raiz ou causas
potenciais.
No 5 porquê das falhas do conjunto de transporte de peça, figura 36, foi
lançado os itens numerados do diagrama de causa e efeito e, após
desenvolvimento, determinado 11 causas raízes (alguns itens identificados no
diagrama de causa e efeito compartilham causa raízes em comum). Para cada
problema foi determinado sua causa raiz, identificado por letras sequenciais, que
foram usadas para definir ações no plano de ações.
60
Figura 36 - Análise das causas raízes - 5 Porquê.
Fonte: Elaborado pelo autor.
61
4.4.4 Matriz de prioridade
As causas raízes (11 ao total) possuem criticidades diferente, sendo
necessária a classificação conforme critérios do item 2.5.6, o que permitiu uma
ação mais robusta sobre o problema.
Os resultados da avaliação das causas raízes estão na figura 37, que
permitiu definir o ponto de partida a elaboração do plano de ação, desenvolvido
na próxima fase do DMAIC.
62
Figura 37 - Matriz GUT das causas raízes.
MATRIZ GUT
TABELA DE REFERÊNCIA DA MATRIZ GUT CAUSA RAIZ (NÚMERO
REFERENTE A CAUSA
POTENCIAL)
PROBLEMA:
G U T TOTAL FALHAS NO CONJUNTO DE TRANSPORTE DE PEÇA
Valor (nota)
Gravidade Urgência Tendência
5 Gravíssimo Ação imediata Agravar rapidamente
A OBSTÁCULO NO DISPOSITIVO DE FIXAÇÃO 3 3 1 9
4 Muito grave Ação rápida Agravar no curto prazo
B FALTA DE PROCEDIMENTO PARA BACKUP DOS DADOS DO NC 2 3 4 24
3 Grave Ação normal Agravar no médio prazo
C VARIAÇÃO DE MEDIDAS DEVIDO PROCESSO DE FUNDIÇÃO 1 4 2 8
2 Pouco grave Ação lenta Agravar no longo prazo
D TEMPO DE USO DO REDUTOR DO EIXO CL 2 2 2 8
1 Menor gravidade Pode esperar Acomodar
E CORROSÃO DA TRAMA METÁLICA PELO FLUÍDO DE USINAGEM 4 4 2 32 Observações:
F EXCESSO DE TENSÃO NA CORREIA 5 3 2 30 Para urgência, considerado: - Imediata - < 3 dias
G FALTA DE HASTES RESERVAS PARA SUBSTITUIÇÃO 4 2 2 16 - Rápida - 3 dias <prazo< 1 semana - Normal - 1 semanas <prazo< 2 semanas
H HASTES DESALINHADAS 5 4 5 100 - Normal - 2 semanas <prazo< 4semanas
- Lento - 4 semanas <prazo< 6 semanas I ALTA VELOCIDADE DO EIXO Y NA CARGA/DESCARGA DE PEÇA 5 5 5 125
- Pode esperar - >6semanas
J NÃO EXISTE PADRÃO DE VELOCIDADE PARA O ELEVADOR 3 3 2 18
K PADRÃO DE AJUSTE DEFICIENTE, NÃO ESPECIFICANDO VALOR
DA FOLGA PERMISSÍVEL 3 2 2 12
Fonte: Elaborado pelo autor.
63
4.5 Implementar
4.5.1 Plano de ação
O Plano de ação desenvolvido, figura 38 e figura 39, é uma adaptação da
versão apresentada no item 2.5.7, com a finalidade de padronizar ao modelo já
utilizado nas ferramentas de resolução de problemas na empresa PSA Peugeot
Citroën. As ações foram implantadas a partir de 1 de julho de 2015, priorizando as
de maior impacto, identificadas na matriz GUT.
Figura 38 - Plano de ação (continua).
Plano de ação
Nº DA CAUSA
LETRA DA CAUSA
RAIZ AÇÃO PRAZO RESP. DATA FECH.
SETOR RESPONSÁVEL
OBSERVAÇÕES
1 A Retirar/reduzir obstáculo do dispositivo de fixação 14/08/15 Wellington 11/08/15 Manutenção
Retirado obstáculos do dispositivo de fixação
nas OP’s200/210
1 A Fabricar hastes sem a
redução da secção transversal
30/08/15 Robson 28/08/15 Manutenção Fabricado hastes (4 pares).
1 A
Instalar hastes sem redução da secção
transversal nas OP’s 200/210
30/08/15 Wellington 30/08/15 Manutenção Instalado nas OP’s.
Realizado testes e não identificado anomalias
2 B
Criar procedimento para realizar backup dos
dados do NC nas férias coletivas
30/09/15 Thiago 10/09/15 Manutenção
Inserido procedimento no check-list das
paradas por férias coletivas
3 C Verificar se processo e capaz de absorver a variação do fundido
04/08/15 Pompeu 04/08/15 Métodos
Alterado profundidade de furação do furo de
referência, aumentando o chanfro
5 D Determinar folga máxima do eixo CL 21/07/15 Wellington 21/07/15 Manutenção Folga máxima de 1mm
( não gera falhas)
6 E Verificar disponibilidade no mercado de correia
com trama de inox/nylon 31/07/15 Eduardo
Moraes 28/07/15 Manutenção Adquirido 1 peça
(5,4m) de coreia com trama em inox
6 E Instalar correia com trama de inox 04/08/15 Arilson 04/08/15 Manutenção Instalado na OP 80
para teste.
6/7/8 F Inspecionar correia dos 18 centros de usinagem 15/06/15 Arilson 10/06/15 Manutenção
Ação realizada junto a inspeção das hastes
(item 9H)
6/7/8 F Revisar método para tensionar a correia na
troca 17/06/15 Wellington 20/06/15 Manutenção
Junto a fornecedor, definido instrumento para medir tensão na
correia.
6/7/8 F Adquirir instrumento para medir tensão da correia 20/07/15 Eduardo
Moraes 25/07/15 Manutenção Adquirido instrumento
do fornecedor brecoflex
64
Figura 39 - Plano de ação (conclusão).
Plano de ação
Nº DA CAUSA
LETRA DA
CAUSA RAIZ
AÇÃO PRAZO RESP. DATA FECH. SETOR
RESPONSÁVEL OBSERVAÇÕES
6/7/8 F Estudar possibilidade de reduzir tensão da correia 28/07/15 Wellington 28/07/15 Manutenção
Definido frequência em 40 Hz (antes 53 Hz). Redução de 24,5%
9 G Adquirir hastes reservas em número mínimo para troca nos equipamentos
16/09/15 Thiago 19/09/15 Manutenção Adquirido 16 peças (são 4 modelos de trocadores)
9 H Inspecionar alinhamento
das hastes dos trocadores de peça
10/06/15 Wellington 10/06/15 Manutenção -
9 I Reduzir velocidade do eixo Y durante troca de peça 06/06/15 Wellington 06/06/15 Manutenção
Reduzido velocidade de 5m/min para
2m/min nas OP’s 200/210/220
10 J Reduzir velocidade de descida do elevador 06/06/15 Arilson 06/06/15 Manutenção
Ação realizada junto ao item 9I. Reduzido velocidade das 18
máquinas. 3<tempo<5
11 K
Definir folga máxima permissível entre peça e
guias na área de preparação.
21/07/15 Wellington 21/07/15 Manutenção Folga máxima de 2mm
Fonte: Elaborado pelo autor.
As ações do plano de ação não tiveram restrições quanto a aplicação, já
que os recursos foram disponibilizados pelo setor de manutenção. Foram
definidas 17 ações, das quais três fechadas depois do prazo. As ações atrasadas
necessitaram de um prazo maior para implementação já que dependiam de outros
setores da fábrica (setor de compras) para adquirir materiais e equipamentos.
Duas ações demandaram investimentos, pois houve necessidade de
adquirir instrumento e peças reserva, descrito na tabela7.
Tabela 7 - Investimento realizado.
Material Fornecedor Custo (R$)
Universal belt tension meter - SM5 Brecoflex 1500,00
16 hastes do transportador de peça USIMEC 3200,00
Total 4700,00
Fonte: Elaborado pelo autor.
65
Do plano de ação, observado que 94% das ações são de responsabilidade
exclusiva do setor da manutenção, indicando grande correlação a problemas de
manutenção nos equipamentos, sejam por falta ou deficiência dos procedimentos
operacionais existentes ou degradação acelerada dos equipamentos.
Uma meta importante do plano de ação, além da redução de refugos e
falhas, foi o retorno às condições básicas de funcionamento dos equipamentos.
66
4.6 Controlar
Fase que busca manter os níveis dos resultados obtidos nas fases
anteriores do DMAIC, garantindo manutenção dos indicadores.
Na empresa PSA Peugeot Citroën, a manutenção dos indicadores ocorrerá
através da atualização/criação documentos utilizados para realização de
intervenções, conhecida como folha de trabalho padrão – FTP (Anexo3), a fim de
se manter o controle sobre as fontes de problema. Também será elaborado um
diagrama para auxiliar na resolução dos problemas, minimizando o tempo de
intervenções durante as paradas corretivas.
4.6.1 Padronização
Concluído as ações da fase implementar, foi necessário padronizar as
melhorias realizadas. Foi criado um plano de ação simplificado (figura 40), com o
principal objetivo de registrar os pontos de melhoria realizados nas instruções de
trabalho da manutenção (FTP). As FTP são documentos utilizados por todos que
executam as atividades nos equipamentos. Por ser um documento visual, permite
a rápida e precisa identificação dos pontos de controle, otimiza os tempos de
intervenção e nivela o conhecimentos dos profissionais de manutenção. As FTP
também passam por frequentes atualizações, definidas pelo sistema de gestão da
manutenção. Um exemplo de FTP está ilustrado no anexo 02.
67
Figura 40 - Plano de ação para padronização.
Padronização
ITEM AÇÃO PRAZO RESPONSÁVEL DATA
FECHAMENTO OBSERVAÇÃO
1 Atualizar desenho das hastes das OP200 e OP210 10/08/2015 Wellington 10/08/2015 -
2 Atualizar FTP00281 (área de preparação), inserindo tempo de descida do elevador. 14/08/2015 Wellington 14/08/2015 Item 4 da FTP00281
3 Atualizar FTP00036 (inspeção eixo CL/WL),
inserindo padrão de inspeção de folga do eixo CL
18/08/2015 Wellington 18/08/2015
4 Disponibilizar conjunto reserva de
esticadores para otimizar tempo de troca da correia
30/08/2015 Welington 30/08/2015 Conjunto reserva no armário de fusos de
esfera (2 peças)
5 Disponibilizar desenhos dos garfos no DOCINFO
11/08/2015 Wellington 11/08/2015
Desenho disponibilizado na
plataforma DOCINFO – manutenção usinagem
6 Atualizar FTP00035, inserindo novo método para tensionar correia.
30/08/2015 Wellington 30/08/2015
7 Elaborar árvore de falhas dos problemas do eixo WL. 15/09/2015 Wellington 12/09/2015
Disponibilizado diagrama na
plataforma DOCINFO – manutenção usinagem.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Outro documento importante, implantado recentemente no setor de
manutenção da usinagem, é a árvore de falha (item 7 do plano de ação).
Uma árvore de falha é um diagrama de sequência de eventos que permite
através da análise dedutiva chegar-se às causas-raiz de uma dada falha. Esse
documento foi elaborado para facilitar a análise inicial dos problemas que ocorrem
no sistema de transporte, reduzindo o tempo de intervenções corretivas e
realizando ações mais efetivas. Após elaboração e aprovação, a árvore de falhas
foi apresentada a todos da equipe através de reuniões, onde todos assinaram o
documento. Além de cópia física, também foi disponibilizado cópia eletrônica do
documento no servidor interno docinfo.
Na figura 41 é apresentada a árvore de falhas. Na versão eletrônica,
apresenta links para acesso direto aos padrões de manutenção para resolução
das panes.
68
Figura 41 - Árvore de falhas.
Fonte: Elaborado pelo autor.
69
Dois pontos importantes merecem destaque: modificação do procedimento
para tensionar correia (Item 06 do plano de ação) e alteração do desenho dos
garfos das operações 200 e 210 (item 1do plano de ação).
Antes realizada manualmente, o procedimento para esticar a correia
passou a ser realizada através do auxílio de instrumento eletrônico (figura 42),
garantindo a repetibilidade dos valores de tensão.
Figura 42 - Método para verificar a tensão da correia.
Fonte: Arquivo pessoal.
A alteração no desenho dos garfos das operações 200 e 210, na figura 43,
permitiu uma melhora no desempenho do conjunto de transporte (aumento da
resistência das hastes eliminando os rebaixos que existiam).
Figura 43 - Hastes do transportador das operações 200 e 210.
Fonte: Arquivo pessoal.
Antes
Depois
Antes
Depois
70
4.6.2 Acompanhamento dos indicadores
Após implementação das etapas anteriores do DMAIC, é necessário
acompanhar os indicadores de processo para garantir se os objetivos foram
atingidos. As ações de maior impacto foram realizadas no mês de junho e julho de
2015. Portanto, tem-se 4,5 meses de resultados para acompanhamento da
efetividade das ações realizadas.
A figura 44 mostra o comportamento da quantidade de refugos de 2015. No
acumulado do ano já foi atingido o objetivo (na figura 28 do item 4.2.3, o
acumulado até o mês de junho estava em 702 ppm), evidenciando que as ações
tomadas controlaram as fontes geradoras de problema.
Figura 44 - Indicador de refugos e volume de produção.
Fonte: Elaborado pelo autor.
441
835
0 257
1082 978
1994
689
0
227
0 0 0
500
1000
1500
2000
2500
Acum. Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov
PP
M
Refugos por queda de peça - 2015
45303
3593 4618 3884 4620 5115 1003
4352 5546 4414
4946 3212
0
10000
20000
30000
40000
50000
Acum. Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov
Qu
anti
dad
e
Volume de produção 2015
71
Apesar de não ter ocorrido melhoras nos indicadores globais (figura45),
houve redução significativa no número de falhas de sistema de transporte de
peças, objetivo do trabalho, onde se observa (figura 46) uma forte queda nos
meses subsequentes a melhoria. Em números, no primeiro semestre foi
contabilizado 35 falhas e no segundo semestre (exceto dezembro) foi
contabilizado 9 falhas. Houve uma redução de aproximadamente 74% na
quantidade de falhas.
Figura 45 - Indicadores globais da linha de usinagem.
Fonte: Elaborado pelo autor.
87.1 88.0 82.6 85.6 83.7 87.0
72.0
95.8 97.8 90.5 90.1 85.0
0.0
20.0
40.0
60.0
80.0
100.0
120.0
2015 (acum.) Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov
%
DP Obj.: 95
51.8 50.8
70.6
50.5 55.9
47.9
77.3
23.8 31.1 43.0 48.2
71.2
0.0
20.0
40.0
60.0
80.0
100.0
2015(acum.)
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov
Min
uto
MTTR
444.1 287.4 334.2 300.6 287.4 321.0 198.6
543.0
1360.2
411.6 436.8 403.8
0.0
500.0
1000.0
1500.0
2015 (acum.) Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov
Min
uto
MTBF
Obj.: 300
Obj.: 30
72
Figura 46 - Acompanhamento do sistema de transporte de peça.
Fonte: Elaborado pelo autor.
53
46
3
10
3.5 5
15
2.5 2 0.5 2 1.5 1
48 44
5 7 3 5
12
3 2 1 3 2 1 0
10
20
30
40
50
60
2014 2015acum.
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov
Qu
anti
dad
e
Acompanhamento do sistema de transporte de peças
Tempo de intervenção
Quantidade de falhas
73
5 Conclusão
A metodologia DMAIC permitiu uma abordagem ampla e aprofundada do
problema, elevando o nível de conhecimento sobre o sistema de transporte de
peças, obtendo assim o sucesso em sua aplicação.
O trabalho implementado permitiu reduzir em mais de 70% a quantidade de
falhas e em aproximadamente 50% a quantidade de refugos que ocorriam no
sistema de transporte de peças, trazendo resultados positivos ao setor de
manutenção da usinagem no segundo semestre de 2015. Tal resultado só foi
possível graças à integração dos profissionais da manutenção, o que permitiu
rápida implementação das ações aos pontos mais importantes, definidas nas
etapas do DMAIC. Melhores resultados são esperados para os próximos meses,
já que só foi possível avaliar o segundo semestre de 2015 (exceto dezembro).
Analisando os resultados fica evidente que mesmo aplicando ferramentas
estatísticas simples, a metodologia DMAIC é capaz de trazer resultados positivos
na redução de desperdício nas empresas.
74
Referências
CANDELORO, Raúl. Artigo sobre matriz de priorização. Disponível em
<http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/matriz-de-
priorizacao/25080/>. Acesso em 29 de julho de 2015.
CARDIN, Hudson. C.; CARDOSO, Álvaro. A.; Chaves, Carlos A. Análise da
lógica de Utilização das Ferramentas dos Pilares da TPM na Área de
Chaparia em uma Indústria Automobilística. In: Simpósio de Excelência e
Gestão em Tecnologia, 3., 2006. Disponível em
<http://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos07/1087_TPM_seget.pdf>. Acesso em
28 de julho de 2015
CHIARADIA, Áureo J. P. Utilização do Indicador de Eficiência Global de
Equipamentos na Gestão e Melhoria Contínua dos Equipamentos: Um
estudo de caso na indústria automobilística, 2004. 130 p. Dissertação
(Mestrado Profissionalizante em Engenharia). Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Rio Grande do Sul, 2004.
CUNHA, Joana C. S. A. Redução do refugo de uma fábrica de embalagens
plásticas com a aplicação da metodologia Seis Sigma, 2012. 145 p.
Dissertação mestrado (Mestrado em Engenharia e Gestão Industrial).
Universidade Nova de Lisboa (UNL), Lisboa, 2012.
FEIGENBAUM, Armand V. Controle da Qualidade Total: Métodos estatísticos
aplicados à qualidade. São Paulo: Makron books, 1994. 379 p. 3 v.
FEITOR, Carlos D. C.; FILHO, Roosevelt B. S.; SOUZA, Iêda I. L. A pesquisa-
ação Como Estratégia Metodológica para o Desenvolvimento da Abordagem
Seis Sigma, Natal, v. 10, n. 1, p. 75-97, 2013.
FERNANDES, Waldir A. O movimento da qualidade no Brasil. Instituto
Nacional de Metrologia, Qualidade e tecnologia – INMETRO. Disponível em
<www.inmetro.gov.br/barreirastecnicas/pdf/Livro_Qualidade.pdf>. Acesso em 6 de
junho de 2015.
75
GUERREIRO, Karen M. S. Qualidade e Produtividade. Apostila do instituto de
educação, ciência e tecnologia – IFPR, Paraná, 2012. Disponível em
<http://redeetec.mec.gov.br/images/stories/pdf/proeja/qualidade_produt.pdf>.
Acesso em 25 de junho de 2015.
História da PSA Peugeot Citroën. Disponível em <http://psa-peugeot-
citroen.com.br/>. Acesso em 30 de julho de 2015.
ROTONDARO, Roberto G. et al. Seis Sigma: Estratégia Gerencial para a
Melhoria de Processos, Produtos e Serviços. Primeira edição. São Paulo: Atlas
S.a, 2002. 376 p.
SCHUCHTER, Camila. As ferramentas de Comunicação Interna na gestão
para a Qualidade, 2004. 73 p. Dissertação (graduação em comunicação social).
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Juiz de fora, 2004.
SELEME, Robson; STADLER, Humberto. Controle da qualidade: as
ferramentas essenciais. Segunda edição. Curitiba: IBPEX, 2010. 181 p.
WERKEMA, Cristina. Lean Seis Sigma: Introdução às ferramentas do lean
manufacturing. Rio de Janeiro: Werkema, 2006. 120p. (Seis Sigma, V.4).
WERKEMA, Cristina. Métodos PDCA e DMAIC e suas ferramentas analíticas.
Primeira edição. Rio de Janeiro: Werkema, 2012. 208 p.
WERKEMA, Cristina. Seis Sigma: Criando a Cultura Seis Sigma. Primeira edição. Belo Horizonte: Werkema, 2010. 256 p. (Seis Sigma, V.1).
76
Anexos
ANEXO 1: Planilha do software SAP
Figura 47 - Planilha gerada pelo SAP com os dados das intervenções.
Fonte: SAP.
77
ANEXO 2: Folha de Trabalho Padronizado.
Figura 48 - Folha de Trabalho padronizado.
Fonte: Procedimento interno PSA, 2015.