universidade de sÃo paulo eel -...

42
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA ALICE YOSHIE TANIGAKI KOJIMA Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos visando diminuir o tempo de processo do produto LORENA - SP 2014

Upload: dohuong

Post on 07-Nov-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14030.pdf · 2 Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos

1

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

EEL - ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

ALICE YOSHIE TANIGAKI KOJIMA

Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos

farmacêuticos visando diminuir o tempo de processo do produto

LORENA - SP

2014

Page 2: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14030.pdf · 2 Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos

2

Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos

farmacêuticos visando diminuir o tempo de processo do produto

Monografia apresentada a Escola de

Engenharia de Lorena da Universidade de São

Paulo visando atender os requisitos para a

obtenção do título de Engenheira Química.

Áreas suportes para a realização deste

trabalho: métodos industriais, logística,

garantia da qualidade e produção.

Orientador: Prof. Dr. Gustavo Aristides

Santana Martínez.

LORENA – SP

2014

Page 3: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14030.pdf · 2 Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos

3

Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste

trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins

de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

Catalogação da publicação

Escola de Engenharia de Lorena

Universidade de São Paulo

Kojima, Alice Yoshie Tanigaki. 1987

Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos visando

diminuir o tempo de processo do produto

40 f.: il. Color

Orientador: Prof. Dr. Gustavo Aristides Santana Martínez.

Monografia apresentada a Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de

São Paulo visando atender os requisitos para a obtenção do título de Engenheira

Química.

1. Lean Manufacturing. 2. Tempo de ciclo. 3. Mapeamento do fluxo de valor. 4. Indústria

farmacêutica. 5. Produção puxada

Page 4: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14030.pdf · 2 Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos

4

Dedico este trabalho ao meu pai Shiro,

à minha mãe Ayko, à minha irmã

Glória e a amiga Luciana.

Page 5: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14030.pdf · 2 Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos

5

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço aos meus pais Shiro e Ayko que sempre me incentivaram

a fazer engenharia e me proporcionaram condições para estudar mesmo com grandes

dificuldades e perdas, e que infelizmente não cheguei a possuir o título de Engenheira

antes de sua partida meu querido pai.

À minha irmã Glória, que foi umas das pessoas que eu escolhi desde pequena

como exemplo, porém não cheguei ser como ela, pelo menos eu tentei e não me

arrependo disso. Agradeço por sempre me apoiar e me ensinou a encontrar erros e

aprender com eles. E espero conseguir vê-la novamente.

Aos meus amigos da faculdade e da minha cidade Joyce, Nathalia, Susan, Karina,

Karen, Erica, Lígia, Cinthia, Carmem, Hiromi, Yuri, Carlos e Kim que me apoiaram na minha

vida em várias etapas dela.

Aos professores da USP – Lorena, prestando apoio e também demonstrando que

engenharia não é fácil, principalmente na USP.

Ao Sr. Vinicius Vilas Boas que confiou em mim delegando projetos que me

ajudaram a possuir um olhar crítico, ensinou a importância da calma para avaliar cada

detalhe do sistema e também me passou um grande conhecimento técnico sobre a

indústria farmacêutica.

Ao Sr. Renan Cardoso Rego que me orientou de maneira clara que sempre deve

haver uma maneira para aperfeiçoar o processo e o próprio trabalho e que devemos ser

duros com os problemas não com as pessoas.

Ao Eduardo Terciotti e Italo Hilário Feal pelo apoio na resolução das minhas

dúvidas que apareciam no cotidiano.

Á Sílvia Massarenti que compartilhou sua experiência de vida e na área de

Desenvolvimento de Embalagens.

Ao Sr. Webster Baroni que me deu a oportunidade de fazer parte do

departamento de métodos industriais, na medida do possível apresentando feedbacks

Page 6: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14030.pdf · 2 Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos

6

sobre mim e me orientou sobre atitudes comportamentais pessoais e no ambiente de

trabalho.

E aos amigos e colegas da Sanofi que me ajudaram sempre que precisei.

Aos amigos da minha mãe pelo apoio prestado, Sra. Avelina e Sr. Paulo, Família

Tamura e Todo e minha cunhada Hiromi pela sinceridade e carinho, Luciana por sempre

ter acompanhado a minha mãe e torcendo por mim.

Á Luanda Brandino por ter me resgatado. E á Sra. Naomi minha professora do

Kumon.

Page 7: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14030.pdf · 2 Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos

7

“Somente obedecendo, somente tendo o

orgulho humilde, mas sagrado, de obedecer, é

que se conquista então o direito de

comandar.” (Benito Mussolini)

“Talvez não tenha conseguido fazer o

melhor, mas lutei para que o melhor fosse

feito. Não sou o que deveria ser, mas

Graças a Deus, não sou o que era antes”.

(Marthin Luther King)

“O único lugar onde o sucesso vem antes do

trabalho é no dicionário.” ( Albert Einstein)

Page 8: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14030.pdf · 2 Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos

8

RESUMO

Kojima, A. Y. T. Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos

farmacêuticos visando diminuir o tempo de processo do produto. 2014, 40 f.: il. Color.

Trabalho de Conclusão de curso (Graduação) – Escola de Engenharia de Lorena,

Universidade de São Paulo, Lorena, 2014.

Na indústria farmacêutica o processamento dos produtos consiste basicamente

nas etapas de fabricação do produto, processo de embalagem do produto e análise do

produto juntamente com a garantia da qualidade, seguindo as normas da ANVISA

(Agencia Nacional de Vigilância Sanitária) e GQA (Global Quality Assurance). Assim, para

atender os indicadores de uma empresa farmacêutica, o cumprimento do planejamento

da produção, a crescente demanda do mercado e consequentemente visando diminuir o

tempo de ciclo e as perdas durante o processo. Foram utilizados conceitos e ferramentas

do Lean Manufacturing na linha de produtos hormonais. As ferramentas utilizadas foram:

VSM - Value Stream Map (mapa do fluxo de valor), PDCA –Plan, Do, Check, Act,

Supermercados e Kanbans. Assim, primeiramente, foi mapeado o fluxo antigo do

processo de fabricação, embalagem, análise e garantia da qualidade do produto,

juntamente com a movimentação de materiais e ao longo da realização deste

mapeamento foram identificados gargalos nos processos, possibilidade de diminuição em

tempo de espera e de ciclo. Os departamentos envolvidos neste projeto de mapeamento

são os mesmos que possuem contato com o processo, cada departamento levantou

melhorias, eles também forneceram suporte para realização do novo fluxo de processo

que foi reconhecido como produção puxada da linha de hormônios. Com isso, deu-se o

inicio da realização do projeto, treinamentos dos envolvidos, melhor distribuição de

atividades respeitando o tempo de cada etapa e padronização das tarefas que estão

envolvidas no processo. E após o novo fluxo ter sido implementado, foram colhidos bons

resultados que impactaram diretamente os indicadores e atendimento a demanda do

mercado, sem contar com o sentimento de satisfação dos envolvidos pelo sucesso do

projeto.

Palavras chaves: Produção puxada, Lean Manufacturing, tempo de ciclo, tempo de

espera.

Page 9: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14030.pdf · 2 Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos

9

ABSTRACT

Kojima, A. Y. T. Application of pull planning production in a line of

pharmaceutical products to decrease the lead time of product. 2014, 40 f.: il. Color.

Monograph (Graduation) – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo,

Lorena, 2014.

In the pharmaceutical industry the processing the product primarily consists in the

steps of manufacturing the product, packaging process and analysis of the product along

with the quality assurance process, following the rules of ANVISA (Agencia Nacional de

Vigilância Sanitária) and GQA (Global Quality Assurance). Therefore, to achieve our

indicators, fulfillment of production planning, the growing market demand and

consequently to decrease the cycle time and losses during. The Lean Manufaturing

concepts and tools were used in the hormonal product line. The tools were used: VSM -

Value Stream Map (Mapa do Fluxo de Valor), PDCA –Plan, Do, Check, Act and Kanban.

Thus, first, the former was mapped flow of the manufacturing process, packaging,

analysis and quality assurance of the product, along with the movement of materials and

along this realization bottlenecks were identified in the mapping process, then have

possibility decrease in waiting time and lead time. The departments involved in this

mapping project are the same that have contact with the process, each department

raised improvements, they also provided support for achieving the new process flow has

been recognized as pull production of line of hormones. With that, there was the

beginning the realization of the project, training of participants, better distribution of

activities with respect the time of each stage and standardization of tasks that are

involved in the process. And after the new flow implemented, good results have been

collected, that directly impacted the indicators and responding to market demand,

addition to the feeling of satisfaction of those involved in the project 's success.

Key words: Pull planning, Lean Manufacturing, lead time, waiting time.

Page 10: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14030.pdf · 2 Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos

10

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Imagem básica do Sistema Toyota de Produção: a casa da Toyota Production

System ............................................................................................................................ ...17

Figura 2 – Os 6 passos do PDCA de acordo com Ishikawa ..................................................21

Figura 3 – Mapa do fluxo de valor atual de uma fábrica de peças .....................................24

Figura 4 – Mapa do fluxo de valor futuro de uma fábrica de peças....................................26

Figura 5 – Mapa do estado atual da produção de hormônios............................................34

Figura 6 – Mapa do estado futuro da produção de hormônios..........................................36

Figura 7 – Resultados após implementação da produção puxada linha hormônios...........37

Quadro 1 – Ícones do fluxo de materiais e informação para mapa do fluxo de valor.......25

Quadro 2 – Cronograma de desenvolvimento do projeto..................................................32

Page 11: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14030.pdf · 2 Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos

11

LISTA DE SIGLAS

SAP – Sistema de Acompanhamento de Processos

ANVISA – Agencia Nacional de Vigilância Sanitária

GQA – Global Quality Assurance

PDCA – Plan, Do, Check, Act

MASP – Método de Análise de Soluções de Problemas

TPS – Toyota Production System

VSM – Value Stream Map

JIT – Just in Time

T/C – Tempo de Ciclo

T/R – Tempo de Troca ou Set – up

TE – Tempo de Espera

VM – Visual Management

CHC – Consumer Health Care

Mcg – Micrograma

WIP – Work in Process

Page 12: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14030.pdf · 2 Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos

12

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................14

1.1 Contextualização........................................................................14

1.2 Justificativa.................................................................................14

1.3 Objetivos principal e específicos................................................14

1.3.1 Objetivos de curto à médio prazos...................................14

1.3.2 Objetivos à longo prazo....................................................15

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.....................................................................15

2.1 Lean Manufacturing...................................................................15

2.2 Pilares do Sistema Toyota de Produção.....................................16

2.3 Os sete desperdícios...................................................................17

2.4 Principais ferramentas do Lean Manufacturing.........................18

3. METODOLOGIA....................................................................................27

3.1 Método de pesquisa...................................................................27

3.2 Objeto de pesquisa.....................................................................27

3.2.1 Descrição da empresa......................................................27

3.2.2 Escolha do processo de pesquisa – ação..........................28

3.3 Cronograma e metas do projeto VSM – linha hormônios.........30

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES................................................................32

4.1. Cenário anterior a implementação do projeto produção

puxada............................................................................................32

4.2. Observações das etapas da implementação da produção puxada

– linha hormônios...........................................................................32

4.2.1 Primeira etapa: acompanhamento do processo..............32

4.2.2 Segunda etapa: reuniões, simulações e levantamento de

planos de ações..........................................................................33

4.2.3 Terceira etapa: treinamento operacional.........................36

4.2.4 Quarta etapa: implementação.........................................36

Page 13: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14030.pdf · 2 Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos

13

4.2.5 Quinta etapa: acompanhamento por meio de registros e

comparação de resultados...........................................................37

5. CONCLUSÃO....................................................................................38

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................39

Page 14: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14030.pdf · 2 Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos

14

1. INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização

Diante do mercado altamente competitivo, as indústrias farmacêuticas trabalham

com pesquisas e inovação de produtos, porém com a quebra de patentes dos

medicamentos as indústrias farmacêuticas estão sendo fortemente cobradas para a

produção que atenda e expanda o mercado sem perder a qualidade cobrada pela ANVISA

(Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e pela GQA (Global Quality Assurance).

Para isso os conceitos e ferramentas do Lean Manufacturing estão adquirindo

importância cada vez maior nos dias atuais.

1.2 Justificativa

A indústria farmacêutica é responsável pela produção de hormônios femininos

como terapia de reposição ou suplementação em pacientes com hipotireoidismo. E os

medicamentos envolvem uma posologia restrita a cada paciente, e no caso dos

medicamentos que envolvem reposição hormonal que possuem rigoroso controle de

qualidade já que cada micrograma do levotiroxina sódica (principal agente ativo do

medicamento) pode causar outras reações adversas ou efeitos colaterais. Por isso suas

apresentações são de 12,5mcg, 25mcg, 50mcg, 75mcg, 88mcg, 100mcg, 112mcg, 125mcg,

150mcg, 175mcg e 200mcg. Logo, o rigoroso controle da concentração deste produto era

inicialmente um desafio, assim deve-se realizar um novo fluxo atendendo o mercado e

garantindo a qualidade do produto.

1.3 Objetivos: Principal e Específicos

1.3.1 Objetivos de curto à médio prazos

Implementar o VSM – mapa de fluxo de valor para apresentar resultados

positivos do uso das ferramentas Lean Manufacturing em um linha hormonal de uma

indústria farmacêutica. E descrever nesta monografia que os possíveis resultados serão a

redução de desperdícios, diminuição do tempo de ciclo de transformação do produto,

diminuição do tempo de espera entre etapas e mantendo o atendimento do mercado

consumidor.

Page 15: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14030.pdf · 2 Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos

15

1.3.2 Objetivos à longo prazo

Atrás destes objetivos de curto à médio prazo, está o intuito de continuar

aprendendo com o Lean Manufacturing e aplica-los em outros setores industriais.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Lean Manufacturing

Surgiu na Toyota, no Japão, pós-Segunda Guerra Mundial. Seu criador foi Taiichi

Ohno, engenheiro da Toyota, e seus precursores: Sakichi Toyoda, fundador do Grupo

Toyoda em 1902; Kiichiro Toyoda, filho de Sakichi Toyoda, quem encabeçou as operações

de manufatura de automóveis entre 1936 e 1950; e Eiji Toyoda. Inicialmente, muitas

empresas enxergavam apenas a área de produção. Atualmente, é definido por Lean

Enterprise ou Lean Business System, ou seja, a filosofia Toyota aplicada a todas as

dimensões dos negócios de uma organização. (LEAN INSTITUTE BRASIL, 2009; OHNO,

1997).

O Sistema Toyota de Produção (TPS – Toyota Production System) é um conjunto

de conceitos e métodos para aumentar a vitalidade corporativa, um sistema de produção

desenvolvido pela Toyota Motor Corporation para proporcionar melhor qualidade, o

custo mais baixo e o tempo de ciclo mais curto mediante a eliminação do desperdício. O

TPS é um modo de pensar e um conjunto de métodos conseguido com os esforços de

muitas pessoas da Toyota ao longo de muitos anos (LEAN INSTITUTE BRASIL, 2009; OHNO,

1997; NARUSAWA; SHOOK, 2003).

Page 16: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14030.pdf · 2 Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos

16

2.2 Os pilares do sistema Toyota de Produção

Os pilares do sistema Toyota de Produção são o “Jidoka ou Automação”, “Just-in-

time ou Em-tempo”, “Goal ou Objetivo”, ”Standardized work ou Trabalho padronizado”,

”Stabilty ou Estabilidade” e “Involviment ou Envolvimento”, como mostrado na figura 1,

cada pilar possui o seguinte significado para o Lean Manufacturing (OHNO, 1997;

NARUSAWA; SHOOK, 2003):

“Jidoka ou Automação” – fornecer às maquinas e aos operadores a habilidade de

detectar falhas ou alguma anormalidade e assim que detectado interromper o

processo, para que não sejam produzidos mais peças com defeitos.

“Just-in-Time (JIT) ou Em-tempo” – Produzir somente o necessário, em tempo e

em quantidade necessária com finalidade de reduzir os estoques de materiais e

produtos.

“Goal ou Objetivo” – Atender o cliente com produtos com a melhor qualidade, o

menor custo e lead time mais curto.

“Standardized Work ou Trabalho padronizado” – Apresentar a forma mais

segura, eficaz e fácil de realizar um trabalho. Com a padronização é também

manter o conhecimento do trabalho mesmo que o funcionário mais experiente

saia.

“Stability ou Estabilidade” – Após a padronização ser implementada podemos

definir se o sistema possui estabilidade básica, sem estabilidade não é possível

definir metas tanto em quantidade como em qualidade.

“Involviment ou Envolvimento” – O envolvimento de todos os colaboradores é

essencial para a realização do trabalho e também é o que mantêm os outros

pilares do Sistema Toyota de Produção.

Page 17: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14030.pdf · 2 Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos

17

Figura 1–Sistema Toyota de Produção: a casa do Sistema Toyota de Produção.

FONTE: OHNO, 1997; NARUSAWA;SHOOK, 2003.

Após alinhamento para atender os requisitos dos clientes, o Sistema Toyota de

Produção definiu que deve ser eliminado qualquer desperdício, ou seja, remover tudo

que não agrega valor ao produto. (ROTHER; HARRIS, 2008)

2.3 Os sete desperdícios

Os setes desperdícios foram classificados da seguinte forma (OHNO, 1997;

SHINGO, 1996):

Superprodução: Superprodução gera estoques e que gera desperdícios de espaço,

custo para manter o local apropriado para o material a ser estocado, degradação

do material ao longo do período estocado.

Transporte desnecessário: O transporte deve ocorrer para quantidade certa de

materiais que serão utilizados no processo para evitar o gasto de energia e tempo

para transporte de materiais que não será utilizados, e na medida do possível

Page 18: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14030.pdf · 2 Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos

18

permitir que os processos sejam mais próximos entre si que também reduz o

desperdício do transporte.

Processamento: Desperdício de processamento gera gasto de mão-de-obra,

energia, materiais e manutenção que ocorrem por realização de etapas incorretas

ou desnecessária, equipamento com mau funcionamento ou planejamento ruim.

Estoque: O desperdício de estoque envolve a armazenagem de produtos ou

materiais desnecessários e ao ficarem acumulados gera gasto de manutenção,

armazenagem e espaço.

Tempo de espera: Desperdício por espera ocorre quando o produto está

aguardando a liberação para a próxima etapa do processo, gerando acumulo de

materiais inacabados, mas que já começaram o processo de fabricação, ou seja, o

tempo de ciclo destes produtos será mais alto.

Fabricação de produtos/ lotes defeituosos: Produtos defeituosos são aqueles que

não apresentam qualidade ou não cumprem com a sua função pré-determinada.

Este tipo desperdício pode acarretar em custo de manutenção para corrigir os

produtos, envolvendo mão-de-obra, materiais, transporte, em alguns casos

reembolso do produto e perda da credibilidade do cliente. Por isso deve-se

produzir corretamente a fim de evitar este tipo de desperdício.

Movimentação excessiva: Realizar movimentos desnecessários para executar

algum trabalho é considerado um desperdício, já que envolve perda de tempo e

gasto de transporte.

2.4 Principais ferramentas do Lean Manufacturing

As principais ferramentas do Lean Manufacturing foram criadas na Toyota para a

melhoria continua do processo. Dentre as inúmeras ferramentas podemos destacar:

Kanban: O sistema Kanban é uma ferramenta que permite autorizar a entrada do

material ou produto no processo seguinte, ou seja, o material para sofrer algum

processo haverá o envio de um sinal para permitir que ele seja processado, é uma

gestão visual de materiais e processos com o intuito de eliminar grandes estoques

e superproduções. (OHNO, 1997)

Page 19: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14030.pdf · 2 Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos

19

Supermercados: Os estoques intermediários entre os processos são organizados

pelos supermercados, que possuem uma quantidade controlada de peças para

programar o fluxo do processo de forma puxada por meio de Kanbans. Neste

sistema, quando um processo retira uma peça do estoque do processo anterior

para processá-la, um Kanban é enviado para este processo anterior avisando-o

que a peça foi retirada e precisa ser reposta no supermercado (DENNIS,

2008;SAIA, 2009).

Kaizen: Esta ferramenta visa à melhoria continua, sempre que possível eliminando

desperdícios e agregando valor com menor investimento possível. (NARUSAWA;

SHOOK, 2003)

Redução de Set-up: O setup é o tempo que o equipamento leva para ser ajustado

para o próximo pedido, ou seja, reduzir o setup tem como objetivo diminuir o

tempo não produtivo do equipamento durante seus ajustes, sempre com

segurança e praticidade. (NARUSAWA; SHOOK, 2003).

Padronização: A padronização é essencial para manter o processo estável, pois

promove métodos para que as atividades sejam realizadas sempre da mesma

forma e com determinada sequência e em determinado tempo de execução. A

padronização evita os desperdícios e não conformidades e também mantém o

fluxo organizado tanto de materiais e informações. A partir da padronização

podemos garantir um produto com elevada qualidade. (HARRIS; HARRIS; WILSON,

2008).

5S: É uma ferramenta que visa reduzir desperdícios, utilizando apenas o

necessário e melhorar o desempenho das pessoas e processos, através da

manutenção de condições adequadas dos locais de trabalho.(NARUSAWA; SHOOK,

2003). O 5S possui os seguintes significados:

1. SEIRI – Senso de utilização: separar os itens de acordo com a frequência de

utilização e eliminar os itens desnecessários para reduzir perdas por procura

de ferramentas;

2. SEITON – Senso de organização: separar e guardar os itens de forma

organizada e em locais definidos para facilitar sua busca;

3. SEISO – Senso de limpeza: manter os instrumentos e locais de trabalho limpos;

Page 20: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14030.pdf · 2 Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos

20

4. SEIKETSU – Senso de padronização: garantir que os sensos de limpeza,

organização e utilização sejam mantidos, a partir da padronização de hábitos,

normas e procedimentos;

5. SHITSUKE – Senso de disciplina: manter com disciplina, o funcionamento dos

outros sensos citados, ou seja, manter tudo o que leva à melhoria do local de

trabalho, da qualidade e da segurança do colaborador.

PDCA – Plan, Do, Check, Act: É uma ferramenta de melhorias constituída por

etapas.

1. Plan - O ciclo tem início com a definição de um plano, baseado em

diretrizes ou políticas da empresa. A fase plan do ciclo PDCA é subdividida

em cinco sub-etapas, as quais são elencadas a seguir (CAMPOS, 2004):

Identificação do problema

Estabelecer meta

Análise do fenômeno

Análise do processo (causas)

Plano de ação.

2. Do - Execução do plano que consiste no treinamento dos envolvidos no

método a ser empregado, a execução propriamente dita e a coleta de

dados para posterior análise. Essa etapa se subdivide em duas (CAMPOS,

2004; ISHIKAWA, 1985):

Treinamento

Execução da Ação

3. Check - O terceiro passo do PDCA é a análise ou verificação dos resultados

alcançados e dados coletados. Ela pode ocorrer concomitantemente com a

realização do plano quando se verifica se o trabalho está sendo feito da

forma devida, ou após a execução quando são feitas análises estatísticas

dos dados e verificação dos itens de controle. Nesta fase podem ser

detectados erros ou falhas (CAMPOS, 2004).

4. Act - Último módulo do ciclo PDCA é caracterizado pela realização das

ações corretivas, ou seja, a correção das falhas encontradas no passo

anterior e pelo processo de padronização das ações executadas, cuja

Page 21: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14030.pdf · 2 Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos

21

eficácia foi verificada anteriormente. É nessa fase que se inicia novamente

o Ciclo levando ao processo de melhoria contínua (CAMPOS, 2004).

Ishikawa (1985) ampliou os 4 passos do Ciclo PDCA para 6, como na Figura 2:

Figura 2 – Os 6 passos do PDCA de acordo com Ishikawa

FONTE: ISHIKAWA, 1985.

Os 6 passos de Ishikawa no módulo ciclo PDCA são:

1. Definir metas e objetivos;

2. Definir métodos para atingir as metas;

3. Educar e treinar;

4. Executar a tarefa;

5. Verificar resultados da implementação;

6. Atuar corretivamente (realizar a ação de forma apropriada).

VM – Visual Management: Podemos definir Visual Management ou

Gestão Visual como um sistema de planejamento, controle e melhoria contínua

que integra ferramentas visuais simples que possibilitam que se entenda, através

Page 22: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14030.pdf · 2 Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos

22

de uma rápida “olhada”, a situação atual e que apóia o trabalho padrão da

liderança para garantir a aderência dos processos aos padrões e viabilizar as

melhorias permanentes. A Gestão Visual deve permitir que todos possam ver e

entender a mesma coisa, tornando a situação transparente, ajudando a focalizar

nos processos e não nas pessoas, além de priorizar o que realmente é necessário.

Deve fornecer informação que gere ações no ponto da comunicação. E ainda,

deve ser mantido pelos que realmente fazem o trabalho, que devem ser os

primeiros a perceber as anormalidades. E finalmente deve ser conectada aos

objetivos do negócio. Para a Gestão Visual ter o seu papel de ferramenta é

necessário que todos os componentes estejam presentes, ou seja, pessoas que

estão envolvidas nos processos. (NARUSAWA; SHOOK, 2003; WOMACK; JONES,

2011).

VSM - Value Stream Map: O Value Stream Map ou Mapa de Fluxo de Valor é uma

ferramenta que permite o mapeamento de todos os processos de transformação

do material até a liberação do produto para o consumidor, de maneira detalhada

é recolhidos todas as informações para desenhar um mapa do fluxo atual e

desenhar um mapa com o fluxo futuro, visando melhoria no fluxo com redução de

materiais, movimentações com qualidade e produtividade, tornando o fluxo mais

robusto, eficiente e enxuto. (NARUSAWA; SHOOK, 2003).

Podemos elaborar um VSM seguindo os seguintes passos (ROTHER; HARRIS,

2008):

1. Começando: Escolher o produto ou família de produtos para ser mapeado.

2. Mapear o fluxo do produto, movimentações e o tempo de cada processo

que o material sofre para ser transformado em produto final.

3. Identificar melhorias a serem adicionadas e desperdícios a serem

eliminados.

4. Propor os planos de ação para atender os objetivos e prazos para o fluxo

futuro.

Na parte superior do VSM, na figura 3 está desenhado o fluxo de informação e na

parte inferior, o fluxo de material. A demanda do produto com as necessidades do cliente

Page 23: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14030.pdf · 2 Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos

23

está localizada no canto direito em uma caixa de dados (ROTHER; SHOOK, 2003). Abaixo

de cada etapa do processo, deve conter uma caixa de dados com informações

relacionadas ao processo produtivo, como por exemplo: tempo de ciclo (T/C), tempo de

trocas ou Set-up (T/R), disponibilidade (tempo disponível por turno no processo) e

número de operadores necessários. Deve-se também identificar a localização e a

quantidade média de estoque (NAZARENO; SILVA; RENTES, 2003).

Este mapeamento é uma representação simples e de fácil compreensão por meio

de desenhos representativos, não sendo necessária a utilização de computadores ou

softwares especializados (MOREIRA; FERNANDES, 2012). Alguns desses ícones do fluxo de

materiais, fluxo de informações e ícones gerais são mostrados no Quadro 1.

Para elaborar Mapa de Fluxo de Valor com o fluxo futuro, na figura 4, deve se

listar todos os pontos de melhorias que deverão ser aplicados. E para isso, podemos

seguir os seguintes procedimentos (ROTHER; HARRIS, 2008):

1. Calcular o Takt Time, ou seja, definir o ritmo de produção para que a empresa

consiga atender a demanda do cliente. O Takt Time é calculado pela razão entre o

tempo de trabalho disponível e a demanda. O objetivo do Takt Time é alinhar a

produção à demanda, evitando desperdícios pelo excesso de estoques

intermediários entre os processos e favorecendo os fluxos contínuos;

2. Definir locais onde se pode estabelecer um fluxo contínuo de materiais (one piece

flow) evitando desperdícios, como superprodução e estoques;

3. Usar supermercados e Kanbans para controlar a produção e tornar o fluxo

puxado, de forma que o próximo processo determine o quanto será produzido;

4. Definir processo puxador, de maneira que o controle de produção nesse processo

defina o ritmo para todos os processos anteriores;

5. Distribuir a produção de diferentes produtos uniformemente no decorrer do

tempo no processo puxador, ou seja, nivelar o mix de produção para que a

resposta às diferentes solicitações de clientes seja mais eficiente;

6. Nivelar o volume de produção, ou seja, estabelecer um ritmo de produção

consistente e nivelado, criando um fluxo previsível que facilite a tomada rápida de

ações corretivas frente aos problemas;

Page 24: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14030.pdf · 2 Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos

24

7. Desenvolver a habilidade de fazer “toda peça todo dia” nos processos de

produção anteriores ao processo puxador por meio da redução dos tempos de

troca e dos tamanhos de lotes, esses processos serão capazes de responder as

mudanças da produção mais rapidamente.

Figura 3 - Mapa do Fluxo de Valor Atual de uma fábrica de peças

FONTE: ROTHER; HARRIS, 2008.

Page 25: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14030.pdf · 2 Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos

25

Quadro 1 - Ícones do fluxo de materiais e informação para Mapa do Fluxo

de Valor

FONTE: SANTOS;GOHR; SANTOS, 2011

Page 26: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14030.pdf · 2 Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos

26

Figura 4 - Mapa do Fluxo de Valor Futuro de uma fábrica de peças

FONTE: ROTHER; HARRIS, 2008

Page 27: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14030.pdf · 2 Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos

27

3. METODOLOGIA

3.1 Método de pesquisa

A condução adequada de procedimentos de desenvolvimento de trabalhos

científicos torna-se de grande importância porque gera trabalhos melhor estruturados,

que então podem ser aprimorados e replicados por outros pesquisadores visando,

sobretudo, a busca do desenvolvimento da teoria por meio de sua extensão ou

refinamento. Em último caso, novas teorias podem ser propostas através de trabalhos

bem desenvolvidos, contribuindo então para a geração de conhecimento. Desta maneira,

inúmeras alternativas de propostas metodológicas podem ser utilizadas, sendo que as

mais empregadas podem ser categorizadas em: levantamentos tipo survey, modelagem e

simulação, pesquisa-ação e estudo de caso (MIGUEL, 2007).

Neste trabalho pode-se contar como um método de pesquisa-ação com

abordagem quantitativa experimental, essa metodologia visa análise do universo de

amostragem e a quantidade de lotes produzidos; sem perder qualidade, ou seja, os lotes

não devem ser reprovados; visa também coleta e análise de dados com a aplicação da

produção puxada e seus impactos positivos e negativos, em uma indústria farmacêutica

de grande escala. Para isso é importante o engajamento de todos os departamentos da

fábrica que estão diretamente em contato com a fabricação do produto.

Nesta fábrica não houve realização da implementação da produção puxada, isso

não quer dizer que em outras fábricas do mesmo grupo SANOFI não houve a

implementação da produção puxada. Por isso a linha de produtos hormonais será a linha

piloto do experimento de produção puxada nesta fábrica e é previsto que após a

implementação poderão ser feitos ajustes para melhoria continua do processo e sempre

visando à qualidade do produto.

3.2 Objeto de pesquisa

3.2.1 Descrição da empresa

A pesquisa foi realizada dentro da planta industrial farmacêutica SANOFI que

possui sede na França e está localizada no polo industrial de Suzano, no estado de São

Paulo.

Page 28: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14030.pdf · 2 Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos

28

Este polo industrial oferece a seus clientes, no Brasil e Exterior, medicamentos

CHC (Consumer Health Care – podemos definir como: medicamentos com isenção de

prescrição) e medicamentos que não são CHC. O segmento CHC corresponde a 30% do

mercado farmacêutico no Brasil, sendo que a SANOFI é vice-lider nesse segmento. Por

conta disso, além da Inovação dos produtos, há grande incentivo para o aumento da

produtividade sem perder a qualidade já estabelecida nos seus produtos.

Dentro do polo industrial está dividido por áreas nomeadas de acordo com o tipo

de produto a ser comercializado: área de sólidos (comprimidos e capsulas), área de

líquidos (xaropes, vitamínicos, enxaguantes bucais, sabonetes para higiene intima e

nutracêuticos), área de semissólidos (pomadas e cremes) e injetáveis (ampolas e colírios).

A empresa SANOFI possui mais 110000 colaboradores, presente em mais de 100

países, possui 112 sites industriais (82 sites para produção de produtos farmacêuticos, 12

sites para produção de vacinas e 18 sites para produção de produtos para saúde animal),

é líder mundial nos segmentos de produção de vacinas, de produtos para saúde animal e

de medicamentos para diabéticos.

3.2.2 Escolha do processo de pesquisa - ação

Foi escolhida a linha de produtos da área de sólidos conhecida como “Hormônios”.

Na área “Hormônios” são fabricados e embalados os produtos hormonais, já que

necessita de uma área especial e restrita para não haver contaminações entre matérias-

primas. A linha de produtos hormonais possui crescente demanda do mercado e assim foi

necessário empregar a metodologia Lean Manufacturing para atender à demanda e ao

cronograma da produção.

Antes da aplicação do uso da metodologia, deve-se primeiro ter conhecimento do

processo de fabricação do produto. Observa-se toda transformação da matéria prima

sendo transformada em produto acabado e liberada para comercialização. E em paralelo

deve observar características do produto, por ser um produto que contém levotiroxina

sódica (princípio ativo do produto) e suas doses devem ser administradas por

concentrações em micrograma, ou seja, milésima parte de um miligrama. Suas

apresentações são 12,5mcg, 25mcg, 50mcg, 75mcg, 88mcg, 100mcg, 112mcg, 125mcg,

150mcg, 175mcg e 200mcg. Portanto neste caso a limpeza de toda área que houve

contato com as matérias-primas ou o produto é rigorosa para não haver contaminações

Page 29: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14030.pdf · 2 Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos

29

entre as próprias concentrações deste medicamento, seria muito grave um paciente

receitado com dose de 75mcg acabe ingerindo 175mcg.

A produção do produto é feita por campanhas de lotes sequenciados com setups

completos, incluindo limpeza dos equipamentos envolvidos, da sala de fabricação e das

salas de embalagem.

Descrição das etapas da transformação da matéria prima ao produto acabado:

Pesagem: Etapa da pesagem das matérias primas que serão usadas para a

fabricação do produto

Granulação: Etapa para formar grânulos do principio ativo.

Mistura: Etapa que consiste em misturar os grânulos com os outros componentes

que garantem a estabilidade do produto.

Compressão: É a etapa que forma os comprimidos por compressão do material

que saiu da mistura.

Embalagem: Etapa em que os comprimidos serão agrupados por unidades de

produto em um recipiente ou envoltura, neste caso os comprimidos são

emblistados (embalagem primária), depois colocados em cartuchos (embalagem

secundária) e em seguida colocados nas caixas de embarque (embalagem

terciária).

Essas são as 5 etapas principais de transformação do produto, porém ainda temos

as etapas que garantem a qualidade do produto:

Análise de matérias primas: São análises feitas antes do inicio da pesagem para

assegurar que todas as matérias primas estão prontas para serem utilizadas.

Análises do produto acabado: São análises que garantem a funcionalidade do

comprimido no corpo humano e se as taxas de concentração do produto estão de

acordo com o especificado.

Análise do material de embalagem: São análises realizadas para garantir que o

produto não será contaminado ou degradado enquanto está dentro da

embalagem e se o material de embalagem está conforme especificado pelo

fornecedor.

Page 30: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14030.pdf · 2 Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos

30

Garantia da Qualidade do produto: É a aprovação/reprovação do uso do

medicamento para o consumidor, dentro desta etapa são checadas e validadas

todas as informações, processos e análises que garantem a qualidade do produto.

E também temos etapas que não agregam valor ao produto e que podem ser

reduzidas ou eliminadas:

Espera da matéria prima;

Espera do material de embalagem;

Espera da fabricação;

Espera para embalagem;

Espera da entrega da amostra para análise;

Espera dos resultados analíticos;

Espera da aprovação do produto.

3.3 Cronograma e metas do projeto produção puxada – linha hormônios

A produção puxada – linha hormônios é uma adaptação do VSM comum, a

adaptação está nas 3ª etapas e 4ª (treinamento e implementação do novo fluxo

de produção) onde o novo fluxo de produção deve ser validada pelo

departamento de validação de processos por se tratar de um medicamento

controlado.

Acompanhamento do processo por todos os envolvidos no processo: Parece

incoerente os envolvidos do processo acompanhar o processo que eles já estão

inseridos há algum tempo desde a etapa inicial até a final, teoricamente eles já

conhecem o processo e não há necessidade de estuda-lo novamente. Porém, foi

observado que este acompanhamento ajuda a criar um olhar crítico onde os

envolvidos sugerem melhorias no seu próprio processo. Isso permite que não há

necessidade de impor melhorias e a resistência a elas é menor. E neste processo é

desenhado o VSM - Mapa de Fluxo de Valor atual, sem as melhorias sugeridas.

Reuniões, Simulações e Levantamento de Planos de Ações: Após

acompanhamento do processo todos os envolvidos ajudam a criar o VSM – Mapa

de Fluxo de Valor Futuro, com as melhorias sugeridas e logo em seguida são feitas

simulações para perceber se as melhorias são válidas ou não. A parte importante

Page 31: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14030.pdf · 2 Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos

31

desta etapa é o engajamento dos envolvidos como uma única equipe, que não

está dividida em “etapas do processo”, como equipe da pesagem, equipe da

logística ou equipe de produção e sim como uma única equipe que está focada em

melhoria do fluxo. Assim o levantamento de planos de ações para melhoria do

fluxo é feitas durante essa etapa.

Treinamento: Após a decisão do VSM – Mapa de Fluxo de Valor Futuro, é

estabelecida uma padronização de tarefas com as novas metas de Takt Time e

também aplicação dos planos de ações para que o VSM – Mapa de Fluxo de Valor

Futuro seja implementado, como uso de Kanbans e supermercados.

Implementação: Após a etapa de treinamento e os planos de ações já cumpridas

pode-se implementar o novo fluxo.

Acompanhamento por meio de registros e comparação de resultados: É

importante acompanhar o processo por meio dos registros técnicos, já que o fluxo

deve fluir naturalmente após o treinamento e implementação. Se alguma

ocorrência perturbou o fluxo, deve-se registra-lo e imediatamente estabelecer

planos de ações para que o fluxo volte ao estabelecido pelo VSM – Mapa de Fluxo

de Valor Futuro. E também é feito um comparativo de dados do processo do antes

e depois do VSM – Mapa de Fluxo de Valor Futuro.

Page 32: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14030.pdf · 2 Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos

32

Desta forma, temos o seguinte Cronograma de 12 semanas como mostrado no

Quadro 2. Lembrando que a etapa final de acompanhamento é parte do processo após a

implementação do VSM:

Quadro 2 - Cronograma de desenvolvimento do Projeto

Etapas Semanas

1 e 2 Semanas

3 e 4 Semanas

5 e 6 Semanas

7 e 8 Semanas

9 e 10 Semanas 11 e 12

1-Acompanhamento do processo

2-Workshop, Simulações e Levantamento de Planos

de Ações

3-Treinamento

4-Implementação

5-Acompanhamento por meio de registros e

comparação de resultados

FONTE: Do próprio autor do Trabalho de Conclusão.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1. Cenário anterior à implementação do projeto produção puxada

De acordo, com relatos dos funcionários que trabalhavam diretamente com a

produção de hormônios, já existia um fluxo para a produção mensal dos lotes, que

possuía um tempo de ciclo de aproximadamente de 23 a 30 dias. Porém quando

aplicamos a 1ª etapa da produção puxada – linha hormônios, percebemos que o tempo

de ciclo desde a pesagem da matéria – prima até a liberação do produto acabado era alto

por conta de vários tempos de espera, ou seja, tempos em que o produto não adquire

nenhum valor agregado de processo. E tempo de espera é considerado um desperdício no

conceito do Lean Manufacturing.

4.2. Observações das etapas da implementação da produção puxada –

linha hormônios

4.2.1 Primeira etapa: acompanhamento do processo

Na primeira e segunda semana houve um acompanhamento do processo, no caso,

foi acompanhada a produção do lote de 25mcg, acompanhamento é um mapeamento

Page 33: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14030.pdf · 2 Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos

33

do processo que deve ser iniciado pela ultima etapa do processo até a sua primeira

etapa de transformação do produto que é a pesagem.

São cinco etapas de processo que geram valor agregado ao produto: pesagem,

fabricação do produto, embalagem do produto, análise do produto e decisão do uso

do produto.

A última etapa do processo é a decisão de uso para a liberação do produto para

venda, essa etapa só é realizada quando documentos importantes sobre a fabricação,

embalagem e laudo do controle de qualidade do produto estão disponíveis, nesta

etapa é feita a conferência e se o lote está apto a ser comercializado. E durante o

acompanhamento encontramos desperdícios como o lote já terminou todos os

processos de transformação, mas por algum motivo os documentos não eram

entregues para a etapa da realização da decisão de uso da liberação do lote.

As etapas análise do produto e embalagem do produto acabam sendo realizadas

paralelamente, porém já nas duas etapas possuem tempo de espera, como o tempo

de espera para embalagem do produto, já que existe uma fila de embalagem de

outros lotes fabricados anteriormente que acaba gerando estoques e o tempo de

espera da amostra para ser enviada ao controle de qualidade e realizar as análises.

Na fabricação, é composta por granulação, mistura e compressão, houve uma

espera entre as etapas intermediárias e gerou estoques, por conta do processo de

granulação ser mais lenta que o material que acabou de ser pesado gerando fila para

granulação e a compressão é um processo mais lento que a mistura e também gerou

espera e estoque.

Na pesagem foi encontrado um acumulo de matérias-primas já pesadas e estavam

esperando inicio da fabricação.

4.2.2 Segunda etapa: reuniões, simulações e levantamento de planos de

ações

Após a primeira etapa de acompanhamento, foram pontuados os desperdícios em

uma reunião na terceira semana para levantar planos de ações e simulações.

Na figura 5 percebe-se que existem muitas variações de tempos de processos por

conta dos desperdícios encontrados durante o mapeamento.

Page 34: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14030.pdf · 2 Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos

34

Figura 5 – Mapa do estado atual da produção de hormônios.

FONTE: Arquivos da produção de hormônios, 2013.

Optou-se que na etapa da decisão de uso do produto, obrigatoriamente deve-se

finalizar os documentos corretamente e entregá-los para garantia da qualidade

(observação: para diferenciar o departamento e a função, será considerada neste

texto toda palavra em itálico e negrito como departamento. Exemplo: fabricação é a

equipe que é responsável pela fabricação do produto) logo após o termino do

processo de transformação, por exemplo, folhas de fabricação devem ser entregues

preenchidas e revisadas pelo líder da área para que a folha não retorne a área de

fabricação para correção de algum erro ou falta de preenchimento que a garantia da

qualidade constatou na hora de conferir os dados. Foi estipulado para esta etapa um

prazo de dois dias.

Para o tempo de processo de embalagem foi estipulado como meta de quatro

dias, por conta da troca de lote e limpeza do produto hormonal e que teria um

supermercado para não gerar acumulo de lotes aguardando embalagem, e este

supermercado possui o limite de três lotes. Foi verificado que pode ter um tempo de

espera para embalagem de um dia com a justificativa de movimentação da área de

fabricação para embalagem.

Page 35: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14030.pdf · 2 Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos

35

Foi acordado com a fabricação que a entrega da amostra para a realização de

análises ao controle de qualidade seria logo após o término do processo de

fabricação, para análise ser programada e analisada o mais rápido possível. Foi

estipulado um tempo de análise e preenchimento do laudo do controle de qualidade

de quatro dias.

Para a fabricação foi sugerido supermercados entre os sub-processos de

fabricação para não haver um acumulo de lotes parados aguardando a etapa seguinte

e também para não haver consumo de espaço sem necessidade na área da fabricação,

pois quando não há espaço para guardar o granel do produto na área, o granel deve

se movido para o deposito e isso acaba gerando outro desperdício de movimentação.

A mesma sugestão foi inserida na pesagem, adicionar um supermercado para não

haver grande fila para o processo de fabricação. Totalizando junto com a etapa da

pesagem e fabricação de oito dias de processo.

Após serem estabelecidos os planos de ações para melhoria do fluxo de processo

foi desenhado um novo mapa como apresentado na figura 6. E na quarta semana,

houve uma nova reunião com simulações para testar se o novo fluxo é viável com os

supermercados, usando caixinhas como lotes e seus tempos de processo foram

moldados proporcionalmente para a simulação em pequena escala, e foi constatado

que o novo fluxo não irá prejudicar o sistema e, pelo contrário irá melhorar o fluxo de

materiais, diminuir estoque, diminuir espaço ocupado de maneira ociosa e o tempo

de processo.

Page 36: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14030.pdf · 2 Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos

36

Figura 6 – Mapa do estado futuro da produção de hormônios.

FONTE: Arquivos da produção de hormônios, 2013.

4.2.3 Terceira etapa: treinamento operacional

Seguindo com o cronograma, a terceira etapa é o treinamento operacional e

utilizando os materiais e ferramentas para o controle do fluxo como quadros

simbolizando os supermercados e cartões - Kanbans simbolizando os lotes.

Demonstrou-se a simulação em escala pequena para todos os operadores que fazem

parte do processo de produção e ao longo do treinamento insistiu-se na ideia de parar

o processo quando o limite de lotes na fila de espera for maior que o estabelecido em

cada supermercado, pois isso é resultado de que houve algum problema durante o

processamento do lote que estava à frente, por exemplo, uma máquina da fabricação

obteve alguma avaria no ferramental, resultando em uma interrupção do processo e

gerando acúmulo de lotes que já estavam pesados e iriam utilizar esta máquina, assim

a partir do momento que o acúmulo atingiu o limite do supermercado é para

interromper o processo anterior, no caso, a pesagem, assim não haverá acúmulo

grande de material e tempo de espera entre as etapas.

4.2.4 Quarta etapa: implementação

Depois da etapa do treinamento operacional foram instalados os quadros para

utilização do sinal (cartão – kanban) como controle de lotes em espera para cada

Page 37: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14030.pdf · 2 Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos

37

supermercado. E acompanhando os operadores se tiveram dúvidas sobre o quão

importante é a informação do quadro, pois é muito mais fácil visualizar a fila de espera

simbolizada em uma escala menor utilizando um cartão do que em um buffer (área

onde são armazenados os lotes que já terminaram o processo de fabricação e estão

aguardando o processo de embalagem) com espaço 30 metros por 20 metros com

graneis guardados em barricas com numero incerto de barricas utilizadas por lote.

4.2.5 Quinta etapa: acompanhamento por meio de registros e comparação

de resultados

Percebe-se que eliminando ou diminuindo os tempos de espera, espaços

utilizados, e desperdício de materiais resultou em uma grande redução de tempo de

ciclo do processo, como mostrado na figura 7, pelas colunas do gráfico nota-se que a

média diária não ultrapassou o target (“meta” limite médio diário de tempo de ciclo do

processo de produção de hormônios) e por consequência gerou uma economia em

rendimento de produção e monetário considerável:

Figura 7 – Resultados após implementação da produção puxada linha hormônios.

FONTE: Do próprio autor do trabalho de conclusão de curso.

Média diária

Meses do ano

Page 38: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14030.pdf · 2 Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos

38

5 CONCLUSÃO

Nos registros técnicos da empresa estão localizados dados dos lotes dos produtos

hormonais. Nestes registros estão localizadas as informações do processo em termos de

desempenho, como tempos de etapas e velocidades dos equipamentos e em termos de

rendimento, por exemplo, se houve desperdício de materiais envolvidos.

Assim, antes de iniciar a produção puxada devemos ter já em mente as etapas e

metas a serem atingidas de acordo com o conceito teórico retirado dos próprios registros

técnicos da empresa, que é a fonte mais confiável sobre o processo, pois as metas devem

ser atingíveis. E após adquirir conhecimento e propriedade do processo, o projeto de

produção puxada poderá ser iniciado com todos os departamentos envolvidos no

processo de produção do medicamento.

O maior desafio foi apresentar utilizando as ferramentas do Lean Manufacturing à

obtenção de resultados positivos como de diminuição do tempo de ciclo, do desperdício

de material, do espaço utilizado e das movimentações desnecessárias. Tais expectativas

de obtenção de resultados positivos foram atendidas com sucesso após a execução do

projeto de produção puxada. Assim, efetuado a produção puxada na linha hormônios a

mentalidade enxuta (produzir o necessário com qualidade e menor desperdício possível)

foi inserida entre os departamentos envolvidos e esta experiência foi reconhecida e já

está sendo replicada em outras linhas de produtos por causa dos bons resultados obtidos

na linha piloto de hormônios.

Page 39: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14030.pdf · 2 Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos

39

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DENNIS, P. Produção Lean Simplificada. Porto Alegre: Bookman, 2008.

LEAN INSTITUTE BRASIL. Lean Thinking – O que é. Disponível em:

<http://www.lean.org.br>. Acesso em: 15 jul. 2014.

OHNO, T. O Sistema Toyota de Produção – além da produção em larga escala. Porto

Alegre: Artes Médicas, 1997.

ROTHER, M.; SHOOK, J. Aprendendo a enxergar: mapeando o fluxo de valor para agregar

valor e eliminar desperdício. São Paulo: Lean Institute Brasil, 2003.

SAIA, R. O Lean Manufacturing aplicado em ambientes de Engineer to Order. 2009. 81f.

Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Engenharia de Produção Mecânica) –

Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2009.

SHINGO, S. O Sistema Toyota de Produção: do ponto de vista da engenharia de

produção. Porto Alegre: Bookman, 1996.

MIGUEL, P.A.C;ANDRIETTA ,J.M. Aplicação do programa Seis Sigma no Brasil: resultados

de um levantamento tipo survey exploratório-descritivo e perspectivas para pesquisas

futuras. Gestão da Produção, v.14. UFSC 2007

CAMPOS, V. F. Gerenciamento da rotina do trabalho do dia-a-dia. 8. ed. Belo Horizonte:

Editora de Desenvolvimento Gerencial, 2004.

ISHIKAWA, K., (Lu. D. J. trans.). What is Total Quality Control?, Prentice-Hall Inc.,

Englewood Cliffs, NJ, 1985.

Page 40: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14030.pdf · 2 Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos

40

MIGUEL, P.A.C. Estudo de caso na engenharia de produção: estruturação e

recomendações para sua condução. Produção, v.17, UFSC 2007.

SANTOS, L. C.; GOHR, C. F.; SANTOS, E. J. Aplicação do mapeamento do fluxo de valor

para a implantação da produção enxuta na fabricação de fios de cobre. Revista Gestão

Industrial, Paraná, v. 07, n. 04, p. 118-139, 2011.

TAKAHASHI, K.H. Estudo de ferramentas para melhorar a produtividade em uma

Indústria Farmoquímica. 2013. 64f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em

Engenharia Química) – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo,

Lorena, 2013.

NARUSAWA, T.; SHOOK, J. Kaizen Express – Fundamentos para sua jornada Lean. São

Paulo: Lean Institute Brasil, 2009.

ROTHER, M.; HARRIS R. Criando Fluxo Continuo – um guia de ação para gerentes,

engenheiros e associados da produção. São Paulo: Lean Institute Brasil, 2008.

MOREIRA, M. P.; FERNANDES, F. C. F. Avaliação do mapeamento do fluxo de valor como

ferramenta da produção enxuta por meio de um estudo de caso. In: ENCONTRO

NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 21., 2001, Salvador. Anais eletrônicos...

Salvador: ENEGEP, 2001. Disponível em:

<http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2001_TR12_0358.pdf>. Acesso em:

11 jul. 2014.

WOMACK, J.; JONES, D. Enxergando o Todo – mapeando o fluxo de Valor estendido. São

Paulo: Lean Institute Brasil, 2011.

NAZARENO, R. R.; SILVA, A. L.; RENTES, A. F. Mapeamento do fluxo de valor para

produtos com ampla gama de peças. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE

PRODUÇÃO, 23., 2003, Ouro Preto. Anais eletrônicos... Ouro Preto: ENEGEP, 2003.

Page 41: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14030.pdf · 2 Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos

41

Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2003_tr0103_0769.pdf>.

Acesso em: 11 jul. 2014.

HARRIS, R.; HARRIS, C.; WILSON; E. Fazendo fluir os Materiais – Um guia Lean de

movimentação de materiais de operações, controle de produção e engenharia. V. 1.0.

São Paulo: Lean Institute Brasil, 2011

Page 42: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO EEL - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14030.pdf · 2 Aplicação da produção puxada em uma linha de produtos farmacêuticos

42