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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE QUÍMICA Derivados Aromáticos de Selênio e Telúrio. Aplicação da Biocatálise na Preparação de Selenetos e Teluretos Aromáticos Enantiomericamente Enriquecidos. Álvaro Takeo Omori Tese de Doutorado Orientador: Prof. Dr. João Valdir Comasseto São Paulo 2005

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

INSTITUTO DE QUÍMICA

Derivados Aromáticos de Selênio e Telúrio. Aplicação da Biocatálise na Preparação de Selenetos e Teluretos

Aromáticos Enantiomericamente Enriquecidos.

Álvaro Takeo Omori

Tese de Doutorado

Orientador: Prof. Dr. João Valdir Comasseto

São Paulo

2005

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1

Índice

Abreviações .................................................................................................................................................4 Resumo ........................................................................................................................................................5 Abstract .......................................................................................................................................................8 1 CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO...................................................................................................12

1.1 Métodos de preparação de compostos aromáticos contendo átomos de selênio ou telúrio. ....13 1.1.1 Orto-metalação ..............................................................................................................19 1.1.2 Troca metal-halogênio ...................................................................................................22 1.1.3 teluretos aromáticos a partir de Tricloretos de Ariltelúrio .............................................23 1.1.4 Preparação de calcogenetos usando sais de diazônio e nucleófilos de selênio e telúrio 24

1.2 Aplicações de teluretos e selenetos aromáticos .......................................................................26 1.2.1 Selenetos e teluretos aromáticos aquirais.......................................................................26 1.2.2 Selenetos e teluretos aromáticos contendo grupos quirais .............................................29

1.3 Biocatálise em síntese orgânica...............................................................................................36 1.3.1 Definições de termos usados em transformações com microrganismos ........................39 1.3.2 Fontes de enzimas e manipulação..................................................................................40 1.3.3 Vantagens e desvantagens de usar biocatalisadores.......................................................45 1.3.4 Mecanismos de reação biocatalisadas............................................................................46 1.3.5 Levantamento bibliográfico sobre biotransformações envolvendo compostos de Selênio e Telúrio............................................................................................................................................ 51

2 CAPÍTULO 2 - PREPARAÇÃO DE SELENETOS E TELURETOS AROMÁTICOS .........56

2.1 Orto-metalação........................................................................................................................57 2.2 Troca metal-halogênio.............................................................................................................61 2.3 Reação de tetracloreto de telúrio com compostos aromáticos ativados na ausência de solvente..................................................................................................................................................64 2.4 Preparação de teluretos e selenetos arílicos pela reação entre cloretos de aril-diazônio substituídos e disselenetos e diteluretos orgânicos. ...............................................................................68 2.5 Conclusão ................................................................................................................................76

3 CAPÍTULO 3 - APLICAÇÃO SINTÉTICA DOS TELURETOS AROMÁTICOS .................77

3.1 Reações de acoplamento envolvendo o telureto 3f..................................................................78 3.2 Oxidação do telureto 3f ...........................................................................................................80 3.3 Troca telúrio-lítio ....................................................................................................................83 3.4 Conclusão ................................................................................................................................85

4 CAPÍTULO 4 - REAÇÕES BIOCATALISADAS DE SUBSTRATOS SEM SELÊNIO OU TELÚRIO .................................................................................................................................................86

4.1 Resoluções enzimáticas ...........................................................................................................87 4.1.1 Resolução de feniletanóis substituídos ..........................................................................87

4.2 Redução biocatalítica de cetonas pró-quirais ..........................................................................89 4.2.1 Reduções com células íntegras de fungos......................................................................90 4.2.2 redução de acetofenonas com raízes de plantas .............................................................97

4.3 Desracemização de feniletanóis ............................................................................................102 4.4 Conclusão ..............................................................................................................................107

5 CAPÍTULO 5 – REAÇÕES BIOCATALISADAS DE SUBSTRATOS CONTENDO SELÊNIO E TELÚRIO .........................................................................................................................108

5.1 Redução de organosselenoacetofenonas................................................................................109 5.1.1 Células inteiras de fungos ............................................................................................109 5.1.2 Biotransformações de selenoacetofenonas usando fermento de pão como biocatalisador.. ................................................................................................................................113 5.1.3 Redução de selenoacetofenonas usando partes de cenoura como biocatalisador.........115

5.2 Desracemização de organocalcogeno- -metibenzil álcoois usando fungos .........................118 5.3 Resoluções enzimáticas de organocalcogeno feniletanóis.....................................................121

5.3.1 Resolução de organosseleno feniletanóis utilizando fungos ........................................121 5.3.2 Resolução de organocalcogeno feniltanóis usando enzimas imobilizadas (Novozyme 435)............. ....................................................................................................................................123

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5.3.3 Resolução enzimática de teluretos aromáticos.............................................................127 5.4 Atribuição da configuração absoluta dos calcogenetos aromáticos.......................................128 5.5 Inatividade das orto-organosselenoacetofenonas frente à redução enzimática .....................129 5.6 Conclusão ..............................................................................................................................131

6 CAPÍTULO 6 – PARTE EXPERIMENTAL .............................................................................132

6.1 Introdução..............................................................................................................................133 6.2 Preparação dos materiais de partida / padrões racêmicos......................................................135

6.2.1 Feniletanóis substituídos racêmicos.............................................................................135 6.2.2 Acetatos de ariletila racêmicos ....................................................................................136 6.2.3 Preparação dos acetais 6a, 6c, 6f e 6g40 .......................................................................138

6.3 Compostos orgânicos contendo Selênio ou Telúrio ..............................................................139 6.3.1 Tetracloreto de Telúrio5 ...............................................................................................139 6.3.2 Ditelureto de dibutila5 ..................................................................................................141 6.3.3 Diseleneto de difenila ..................................................................................................141 6.3.4 Preparação dos disselenetos 2a-c via orto-metalação ..................................................142 6.3.5 Preparação dos selenetos de aril butila por redução dos correspondentes disselenetos seguida de alquilação. .....................................................................................................................144 6.3.6 Preparação dos calcogenetos de aril alquila via ortometalação do feniletanol.............145 6.3.7 Preparação das organosselenoacetofenonas e da metilteluroacetofenona (7g) a partir dos acetais das o,m,p bromoacetofenonas .............................................................................................148 6.3.8 Preparação dos acetatos dos organosselenoálcoois 4a-c..............................................151 6.3.9 Preparação dos organosseleno feniletanóis racêmicos 3i-l ..........................................153 6.3.10 Preparação dos tricloretos de aril telúrio na ausência de solventes..............................155 6.3.11 Preparação dos teluretos de aril butila 9a-i via tricloretos de aril telúrio.....................156 6.3.12 Preparação de teluretos de aril butila por reação de ditelureto de dibutila com cloretos de aril diazônio................................................................................................................................161

6.4 Aplicações sintéticas dos calcogenetos aromáticos...............................................................165 6.4.1 Acoplamentos do telureto 3f com alcinos terminais ....................................................165 6.4.2 Troca Telúrio-Lítio dos teluretos aromáticos seguida da captura com benzaldeído ....167

6.5 Reações biocatalisadas ..........................................................................................................170 6.5.1 Reações com enzimas imobilizadas.............................................................................170 6.5.2 Reações de redução de selenoacetofenonas com fermento de pão...............................171 6.5.3 Reações de redução de acetofenonas com células inteiras de fungos ..........................172 6.5.4 Reações de redução de acetofenonas com partes de plantas* ......................................173

7 BIBLIOGRAFIA ..........................................................................................................................175 8 ESPECTROS SELECIONADOS..................................................................................................180

Curriculum Vitae..............................................................................................................................221

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3

Índice de Figuras

Figura 1.1 - Algumas rotas sintéticas para obtenção de teluretos de alquil arila ........................................14 Figura 1.2 - Algumas rotas sintéticas para obtenção de selenetos de alquil arila .......................................16 Figura 1.3 - Reações utilizadas para obtenção de calcogenetos substituídos. ............................................18 Figura 1.4 - Estrutura regular tetraédrica do n-BuLi e a sua coordenação com TMEDA. .........................19 Figura 1.5 - Selenetos e teluretos preparados por orto-metalação..............................................................21 Figura 1.6 - Selenetos e teluretos preparados por reação de troca metal-halogênio ...................................22 Figura 1.7 - (A) Aplicação de nucleófilos de selênio quirais na abertura de epóxidos...............................30 Figura 1.8 ...................................................................................................................................................33 Figura 1.9 - Complexos diastereoméricos Te*- substrato ..........................................................................34 Figura 1.10 - Preços (em dólares) da acetofenona e dos enantiômeros do 1-feniletanol ............................35 Figura 1.11 - Diferenças de atividades entre isômeros ópticos de alguns compostos orgânicos ................36 Figura 1.12 - Efeito de um catalisador químico (A) e de uma enzima (B) na energia de ativação.............37 Figura 1.13 - Características da Biocatálise ...............................................................................................38 Figura 1.14 Ilustração de fermentação e biotransformação com microrganismos......................................40 Figura 1.15 - Fontes de biocatalisadores naturais mais utilizados..............................................................41 Figura 1.16 - Procedimento de reação biocatalítica com microrganismos inteiros ....................................42 Figura 1.17 - Procedimento experimental de uma reação biocatalisada por pedaços de cenoura. .............44 Figura 1.18 - Mecanismo de redução de cetona por desidrogenase e estrutura do NADH ........................47 Figura 1.19 - Quatro vias possíveis (E1-E4) de transferência do hidreto do NADH à cetona pró-quiral...48 Figura 1.20 - Diagrama de energia de uma reação enantiosseletiva catalisada por enzima .......................49 Figura 1.21 - Efeito do solvente (A) e do suporte usado na imobilização da PSL (B) na resolução do

(R,S)-1-fenilselanil-propano-2-ol. .....................................................................................................54 Figura 2.1 - Espectro de massas (ES-MS) da reação envolvendo p-cloroanilina de ditelureto de dibutila 71 Figura 2.2 - Espectro MS/MS do fragmento 12 (m/z = 408,9)...................................................................72 Figura 2.3 - Espectro MS/MS do fragmento 13 (m/z = 482,9)...................................................................72 Figura 2.4 - Espectro de massas (ES-MS) da reação envolvendo anilina e ditelureto de dibutila..............73 Figura 2.5 - Espectro de massas (ES-MS) da reação envolvendo anilina e ditelureto de difenila..............73 Figura 3.1 - Dois estereoisômeros do oxatelurol 18 a partir do telureto (R)-(+)-3f ...................................81 Figura 3.2 - Espectro de RMN 125Te do oxateluróis 18 ..............................................................................82 Figura 3.3 - Projeção de ORTEP do diastereoisômero (R,STe)-(+)-18........................................................82 Figura 4.1- Cromatograma de CG quiral do 1-feniletanol racêmico (1a)e do produto bruto obtido da

reação com Novozyme 435 após 3horas. ..........................................................................................88 Figura 4.2 - Cromatograma de CG quiral do 1-feniletil acetato racêmico (21a) e do produto bruto obtido

da reação com Novozyme 435 após 3horas.. ....................................................................................89 Figura 4.3 - Cromatogramas das reduçôes das orto-, meta- e para-fuoroacetofenonas com A.terreus

CCT3320...........................................................................................................................................92 Figura 4.4 - Redução da p-nitroacetofenona (20c) com A. terreus CCT3320 após 24horas em pH=4,0. ..96 Figura 4.5 - (A) Esquema de desracemização de (±)-1g com células inteiras de A. terreus CCT 3320. ..104 Figura 4.6 - Cromatogramas da desracemização do p-nitrofeniletanol (1c). ............................................106 Figura 5.1 - Cromatogramas de CG do seleneto 7b com A terreus CCT 3320 e R. oryzae......................111 Figura 5.2 - Cromatogramas do p-telurometilacetofenona 7g com R. oryzae CCT 4964 ........................112 Figura 5.3 - Cromatogramas da redução da 1-(4-Metilselanil-fenil)-etanona 7a com diferentes agentes

redutores. ........................................................................................................................................115 Figura 5.4 - (A) Esquema de racemização do organosselenofeniletanol 3j com células de A. terreus CCT

3320. (B) Cromatograma da desracemização do composto 3j........................................................120 Figura 5.5 - Cromatograma da hidrólise de 4a com A. terreus CCT3320 após 2 horas de reação. ..........122 Figura 5.6 - Resolução enzimática do composto 3e com CCT3320 após 2 horas de reação. ...................123 Figura 5.7 - Taxa de conversão do acetato formado em função do tempo em diferentes solventes .........124 Figura 5.8 - Em A: Cromatogramas obtidos após 17 horas de reação sob condição A. Em B:

cromatogramas obtidos após 10 horas de reação com o quantidade maior de enzima....................125 Figura 5.9 - Cromatogramas da resolução do 1-(2-metilselanil)fenil)etanol (3a). .................................126 Figura 5.10 - Cromatogramas da resolução do 1-(2-metilselanil)fenil)etanol (3f). ..................................127 Figura 5.11 - Interação do átomo de Selênio com o átomo de oxigênio...................................................130 Figura 6.1 - Esquema da aparelhagem utilizada para a preparação de TeCl4 ...........................................140

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4

ABREVIAÇÕES

Ar = grupo arila APTS = ácido p-toluenosulfônico Bu = grupo butila c. ou conv. = conversão CAL-B = Candida antarctica lipase B

cat. = quantidade catalítica CCT = cultura de células Tropical DMF = dimetilformamida DMSO = dimetilsulfóxido DOM = orto-metalação e.e. ou ee = excesso enantiomérico ES-MS= Electrospray Ionization Mass Spectrometry Et = grupo etila GC-MS = Cromatografia gasosa acoplada ao espectrômetro de massas GDM = grupo dirigente de metalação Me = grupo metila Nu = nucleófilo Ph = grupo fenila PPTS = p-toluenosulfonato de piridínio t.a. = temperatura ambiente t-BME = tert-butil metil éter TEA = trietilamina THF = tetraidrofurano

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5

RESUMO

A primeira parte desta tese consiste na preparação de compostos aromáticos

contendo átomos de selênio e de telúrio. Quatro metodologias foram utilizadas para essa

finalidade, a saber: orto-metalação de compostos contendo oxigênio, troca metal-

halogênio em haletos aromáticos substituídos, reação de substituição eletrofílica

aromática entre tetracloreto de telúrio e compostos aromáticos ativados e reação de sais

de diazônio com disselenetos e diteluretos orgânicos (esquema 1).

ESQUEMA 1

60%

35 ~ 70%

OH

X

n-BuLi / TMEDA

OLi

LiX

Y + CH3I

ou PhYYPh

OH

YRX

Y = S, SeR = CH3, Ph

X = H, 4-CH3, 4-Ph

BuTeTeBu

OH

TeBu

o,m,pY = Se, Te

R = CH3, Ph

1) t-BuLi, THF

2) Se(Te), CH3I

ou PhSeSePh3) H

+ RY

O

Br

O O

15 ~ 66%

orto-metalação de feniletanóis

troca metal-halogênio em aromáticos substituídos

60 ~ 89%

20 ~ 71%

+1. NaHCO3

2. RYYR / THF

X

Y

X

X

YR

N2+ Cl -

XY = Se, TeR = Bu,CH3, Ph

TeCl4

sem solvente

120o

C

R = 4-CH3; R1

= H (77%)

R = 4-Ph; R1

= H (35%)R, R

1 = Ph (35%)

R = 4-CH3O; R1

= H (76%)

R = 4-C2H5O; R1

= H (70%)

R = 4-CH3O; R1

= 3-CH3O (71%)

R = 4-CH3O; R1

= 3-CH3 (50%)

THF, BuBr

NaBH4 / H2O

0o

C t.a, 1h

RTeBu

R1

R TeCl3

R1

R

R1

Reação de substituição eletrofílica aromática entre tetracloreto de telúrio e aromáticos ativados

reação de sais de arildiazônio com dicalcogenetos orgânicos

X = H; m,p-NO2; m-CH3

o,m,p-COCH3; m,p-Cl; m-OCH3

Alguns dos teluretos preparados foram usados em reações de acoplamento com

alcinos terminais catalisada por Paládio, em reações de troca telúrio-lítio e em reações

de oxidação de Te (II) a Te(IV) (esquema 2).

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6

ESQUEMA 2

OH

TeBu

OH

R

benzeno0oC

18

- HClO

Te

Cl Bu

OH

TeBu

SO2Cl2 OH

Te

Cl

Bu

Cl

3f

72%

, CH3OH, t.a.RC CH

PdCl2 (20 mol%), CuI, TEA

3f

Acoplamento com alcinos terminais catalisada por paládio

Oxidação de Te (II) a Te(IV)

n-BuLi, THF

-78o

C, 10 min.

PhCHO, 0o

C

1h

R1

TeBuR

R1

LiR

R1

OH

R

R = 4-CH3; R1

= H

R = 4-Ph; R1

= H

R, R1 = Ph

R = 4-CH3O; R1 = H

R = 4-C2H5O; R1

= H

R = 4-CH3O; R1 = 3-CH3O

R = 4-CH3O; R1 = 3-CH3

68~82%

Troca Te-Li

40~76%

A segunda parte da tese consiste no uso de calcogenetos de arila em reações

biocatalisadas. Inicialmente foram estudadas biotransformações em substratos não

contendo átomo de selênio e de telúrio. Reações de redução de carbonila e de

desracemização de álcoois foram observadas por ação de fungos e de raízes de plantas

(esquema 3).

ESQUEMA 3

Células de fungos

até 99% e.e.

(Redução)

(Oxidação)

X = 2-F, 3-F, 4-NO2, 4-Br,

4-Cl, 4-OCH3, 4-CH3

+X

O

XX

OH

*

OH

0 ~ 99% conv.0 ~ 99% e.e.

X = H, Br, CH3, OCH3, NO2

Raízes de plantas*

H2O

O

X

OH

X

*Mandioquinha, beterraba, nabo, bardana, etc.

Desracemização de ariletanóis

Redução de acetofenonas com plantas

Meta e para organosseleno acetofenonas foram reduzidas aos organosseleno

feniletanóis correspondentes por ação de fermento de pão, células íntegras de fungos e

por Daucus carota com conversões e excessos enantioméricos que chegaram a >99%.

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7

Orto organosseleno e metiltio feniletanóis foram resolvidos em seus isômeros R e S por

ação de lipase imobilizada (Novozyme 435) em presença de acetato de vinila com

excessos enantioméricos acima de 99% (esquema 4).

ESQUEMA 4

Resolução enzimática de orto-organocalcogeno-feniletanóis

Biorredução de organoselenoacetofenonas

88 ~ 99% ee 50 ~ 53% conv.

99 ~ > 99% ee

CAL-B / Hexano

(R)(S)

OH

YR

OH

YR

OAc

YR

acetato de vinila24h / 32oC

R = Me, Bu, PhY = S,Se

m, pm, p Cenoura (D. carota)

Fermento de pão

SeR

O

R= Ph, Me

células de fungos

OH

*

SeR 55 ~ 99% e.e.

9 ~ 99% conv.

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8

ABSTRACT

The first part of this thesis shows the preparation of organic compounds

containing selenium or tellurium. For this purpose, four methodologies were applied:

ortho-metallation of 1-phenylethanol, metal-halogen exchange involving aromatic

halides, electrophilic aromatic substitution using tellurium tetrachloride and reactions

with aryldiazonium salts and diselenides or ditellurides (scheme 1).

SCHEME 1

60%

35 ~ 70%

OH

X

n-BuLi / TMEDA

OLi

LiX

Y + CH3I

or PhYYPh

OH

YRX

Y = S, SeR = CH3, Ph

X = H, 4-CH3, 4-Ph

BuTeTeBu

OH

TeBu

o,m,pY = Se, Te

R = CH3, Ph

1) t-BuLi, THF

2) Se(Te), CH3I

or PhSeSePh3) H

+ RY

O

Br

O O

15 ~ 66%

ortho-metallation of phenylethanol

metal-halogen exchange in aromatic halides

60 ~ 89%

20 ~ 71%

+1. NaHCO3

2. RYYR / THF

X

Y

X

X

YR

N2+ Cl -

XY = Se, TeR = Bu,CH3, Ph

TeCl4

no solvent

120o

C

R = 4-CH3; R1 = H (77%)

R = 4-Ph; R1

= H (35%)R, R

1 = Ph (35%)

R = 4-CH3O; R1 = H (76%)

R = 4-C2H5O; R1

= H (70%)

R = 4-CH3O; R1 = 3-CH3O (71%)

R = 4-CH3O; R1 = 3-CH3 (50%)

THF, BuBr

NaBH4 / H2O

0oC r.t., 1h

RTeBu

R1

R TeCl3

R1

R

R1

electrophilic aromatic substitution between TeCl4 and activated aromatic compounds

reactions with aryldiazonium salts and dichalcogenides

X = H; m,p-NO2; m-CH3

o,m,p-COCH3; m,p-Cl; m-OCH3

Next, the aryl tellurides were applied in Palladium catalyzed coupling reactions

with terminal alkynes, tellurium-lithium exchange reactions and oxidation of Te(II) to

Te(IV) (scheme 2).

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SCHEME 2

OH

TeBu

OH

R

benzene0oC

18

- HClO

Te

Cl Bu

OH

TeBu

SO2Cl2 OH

Te

Cl

Bu

Cl

3f

72%

, CH3OH, r.t.RC CH

PdCl2 (20 mol%), CuI, TEA

3f

Palladium catalyzed coupling reaction with terminal alkynes

Oxidation of Aromatic Te (II) to Te(IV)

n-BuLi, THF

-78o

C, 10 min.

PhCHO, 0o

C

1h

R1

TeBuR

R1

LiR

R1

OH

R

R = 4-CH3; R1 = H

R = 4-Ph; R1

= H

R, R1

= Ph

R = 4-CH3O; R1 = H

R = 4-C2H5O; R1

= H

R = 4-CH3O; R1 = 3-CH3O

R = 4-CH3O; R1 = 3-CH3

68~82%

Tellurium-lithium exchange

40~76%

The second part of this thesis consists in the inverstigation of biocatalyzed

reactions. Biotransformations of substrates without Se or Te atoms were initially

investigated. Carbonyl reduction reactions and deracemization of secondary alcohols

were observed by means of whole fungal cells and plants (scheme 3).

SCHEME 3

bioreduction using plants

Deracemization

*Arracacha, beetroot, turnip, burdock, etc.

OH

X

O

X

Plant root*

H2O

X = H, Br, CH3, OCH3, NO2 0 ~ 99% conv.0 ~ 99% e.e.

OH

*

OH

X X

O

X

+

X = 2-F, 3-F, 4-NO2, 4-Br,

4-Cl, 4-OCH3, 4-CH3

(Oxidation)

(Reduction)

até 99% e.e.

Whole fungal cells

Meta and para organoseleno acetophenones were then reduced with baker´s

yeast, whole fungal cells and Daucus carota, yielding the corresponding organoseleno

phenylethanols optically pure with enantiomeric excess up to >99%. Ortho

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10

organoseleno e methylthio phenylethanols were resolved in both enantiomeric forms by

reacting them with immobilized lipase (Novozyme 435) and vinyl acetate in hexane.

High values of enantiomeric excess (>99%) were obtained (scheme 4).

SCHEME 4

9 ~ 99% conv.

55 ~ 99% e.e.SeR

*

OH

whole fungal cells

R= Ph, Me

O

SeR

Baker´s Yeast

Carrot (D. carota)m, p m, p

R = Me, Bu, PhY = S,Se

24h / 32oC

vinyl acetate

OAc

YR

OH

YR

OH

YR (S) (R)

CAL-B / Hexane

99 ~ > 99% ee

88 ~ 99% ee 50 ~ 53% conv.

Bioreduction of organoseleno acetophenones

Enzymatic resolution of ortho-organochalcogen phenylethanols

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11

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12

1 CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

Nesta parte da tese serão apresentados os métodos de preparação de compostos

aromáticos contendo átomos de selênio e de telúrio descritos na literatura. Como nosso

estudo envolverá apenas os derivados não simétricos, nesta introdução nos limitaremos

aos métodos de preparação apenas dessa classe de calcogenetos aromáticos. Aplicações

sintéticas dos mesmos também serão apresentadas.

Tendo em vista a importância atual da síntese assimétrica, atenção será dedicada à

obtenção de selenetos e teluretos aromáticos em sua forma enantiomericamente pura.

Para tal faremos uso de uma técnica até aqui muito pouco usada em química orgânica de

selênio e telúrio, a biocatálise. De forma a localizar o leitor, faremos nesta introdução

um breve comentário sobre essa importante metodologia sintética.

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13

1.1 MÉTODOS DE PREPARAÇÃO DE COMPOSTOS AROMÁTICOS

CONTENDO ÁTOMOS DE SELÊNIO OU TELÚRIO.

Observando a disposição dos elementos da tabela periódica, é de se esperar que

a química dos compostos de selênio e telúrio tenha semelhança com a química de

enxofre. A química dos compostos sulfurados é bem conhecida. Por outro lado, os

compostos de selênio e telúrio, comparados aos de enxofre, tendem a ser mais custosos,

às vezes menos estáveis e são geralmente conhecidos como sendo mais tóxicos e por

possuírem um odor também desagradável. Independente dessas circunstâncias, o motivo

de se estudar a química dos selenetos e teluretos está no fato dos mesmos apresentarem

diversas particularidades quanto às suas reatividades.1

Em geral, o odor desagradável dos compostos orgânicos contendo selênio ou

telúrio pode ser minimizado trabalhando-se com derivados aromáticos, os quais são

caracterizados por apresentar uma baixa pressão de vapor. Além disso, selenetos e

teluretos aromáticos são relativamente menos sensíveis à decomposição por ação da luz,

calor ou oxigênio.2 Em vista dessa estabilidade, diversos métodos de preparação dos

mesmos podem ser encontrados na literatura, e encontram-se resumidos em artigos de

revisão3 e em monografias.4,5,6 A figura 1.1 mostra as principais rotas sintéticas usadas

na obtenção de teluretos de alquil arila (ArTeR).

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14

ArTeRNa2Te ArTeTeAr

ArTeTeAr

ArTeTeAr

ArTeTeAr

RTeBr3

ArTeCl3

1. ArI

2. RX

2. RX

Te

1. NaBH4

2. RX

1. NaBH4

2. RX

1. ArB(OH)2 2. NaHSO3

R2Hg 1.X2

2. RMgX

RM (M = MgX, Li)

(M = MgX, Li) 1. ArM

ArTeTeAr

R3B, O2

RTeTeR

ArN2+Cl-

ArTeTeAr

1. SmI22. RX

(2)

(3)

(4)

(5)

(6)

(7)

(8)

(9)

(10)

(11)(1)

Figura 1.1 - Algumas rotas sintéticas para obtenção de teluretos de alquil arila (em vermelho: reações estudadas neste trabalho).

Analisando a figura 1.1, observamos que a maioria das preparações de teluretos

de alquil arila envolve reações entre ariltelurolatos (ArTe-M+), preparados in situ, e

haletos de alquila [rotas (1), (4), (6), (8) e (9)]. Outro tipo de reação de preparação de

teluretos de alquil-arila consiste na reação entre eletrófilos de telúrio (ArTe+X-) com

reagentes organometálicos.5

Espécies nucleofílicas de telúrio podem ser gerados por ação de agentes

redutores, notadamente o hidreto de boro e sódio, sobre telúrio elementar (Te),

diteluretos de diarila (ArTeTeAr) e também sobre trihaletos de ariltelúrio (ArTeX3)7

(esquema 1.1).

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15

ESQUEMA 1.1

ArX

ArTeNa

ArTeNa

RTeNaRTeTeR

ArTeX3

NaBH4

Te

ArTeTeAr

Na2Te

ArTeR

RX

RX

RX

A geração de eletrófilos de telúrio pode ser efetuada por reação de Br2 ou I2 com

diteluretos de diarila, gerando-se espécies do tipo [ArTeX] (X = Br ou I), os quais

reagem in situ com reagentes de Grignard (RMgX), levando aos teluretos desejados

(esquema 1.2).

ESQUEMA 1.2

ArTeTeAr

X2THF/benzeno

[ArTeX]RMgX

ArTeR(>90%)

Ar = Ph, p-Me, p-MeO, p-EtOC6H4R = Ph, n-Bu, cicloexila, PhC=CH, PhC C,X = Br, I

Outro método esquematizado na figura 1.1 envolve o uso de compostos

orgânicos de mercúrio.5 Apesar deste método ser geral, seu uso está praticamente

abandonado, em vista da alta toxicidade dos compostos de organomercúrio.

Mais recentemente, outras metodologias foram desenvolvidas para a síntese de

teluretos de aril-alquila. Dentre elas, uma utiliza iodeto de samário para clivar

diteluretos de diarila, gerando espécies nucleofílicas de samário e telúrio os quais

reagem com haletos de alquila, acila ou arila levando aos correspondentes teluretos e

teluroésteres [rota (6) – figura 1.1].8 A utilização de reagentes de samário, segundo os

autores, permite o uso de condições mais brandas de reação, tanto na geração do

telurolato de samário como na reação de substituição nucleofílica. Bons rendimentos

também foram obtidos para os análogos de selênio. Outra metodologia recente para a

síntese de teluretos de aril-alquila utiliza ácidos arilborônicos em reação de condensação

com tribrometos de ariltelúrio (esquema 1.3).9 Por esta metodologia, é possível a

preparação de teluretos de diarila contendo o grupo nitro. Os rendimentos obtidos na

preparação de teluretos não simétricos são moderados.

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16

ESQUEMA 1.3

B

OH

OH

R R

TeR"

Br Br

TeR"

R

CH3NO2

refluxo, 24hBr3TeR"

NaHSO3+

(R, R") = (2-NO2, 3,5-dimetilfenila); (3-NO2, 3,5-dimetilfenila)

46% 54%

No caso dos selenetos de alquil arila, os métodos de preparação clássicos

assemelham-se aos utilizados na preparação de teluretos de aril-alquila (figura 1.2).

RX, OH- ou

ROH, Bu3P

RX NaOH

ROAcZnI2

ArN2+Cl-

PhSeSnBuX3 ArSeR ArSeSeAr

ArSeCN

ArSeSeAr

ArSeSeAr

PhSeSePh

PhSeNa

RX

Pd(PPh3)4

2. RX

Se

RNTs2

1. NaBH4

2. RX

2 R4N+BH4-

1.X2

2. RMgX

RM (M = MgX, Li)

(M = MgX, Li) 1. ArM

ArSeH

RSeSeR

PhSeSi(CH3)3

(1)

(2)

(3)

(4)

(5)

(6)

(7)

(8)

(9)

(10)

(11)

Figura 1.2 - Algumas rotas sintéticas para obtenção de selenetos de alquil arila (em vermelho: reações utilizadas neste trabalho)

Analisando a figura 1.2, observamos novamente que a maioria das preparações

de selenetos de alquil arila envolve reações entre nucleófilos de selênio e haletos de

alquila [rotas (1), (4), (8), e (11)]. O fenilselenol (PhSeH) , ao contrário do análogo de

telúrio, é relativamente estável e pode ser usado na geração do nucleófilo do tipo

PhSe-M+ sob ação de bases [rota (11)].

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17

Entre os métodos mais recentes de preparação de selenetos de aril-alquila,

podemos citar aquele desenvolvido por Sonoda e colaboradores e que utiliza um

catalisador de paládio na formação de ligações carbono-heteroátomo. O seleneto de

fenil tributilestanila é estável ao ar e reage com haletos de alquila na presença de

quantidades catalíticas de Pd(PPh3)4, levando aos selenetos de aril alquila (esquema

1.4).10

ESQUEMA 1.4

PhSeSnBu3 + C8H17I5 mol% Pd(PPh3)4 cat.

PhSeC8H17

PhSeBu10 mol% Pd(PPh3)4 cat.

+BuSeSnBu3 PhI

62%

79%

Tolueno, 80oC, 3h

Tolueno, 80oC, 30min

Disseleneto de difenila reage com haletos de alquila na presença de iodeto de

índio, levando a selenetos de fenil alquila (esquema 1.5).11

ESQUEMA 1.5

X = Cl, Br, I

52-97% R = (PhCH2, PhCH2CH2, p-ClC6H4CH2,

p-OCH3C6H4CH2, PhCHCH3, H2C=CHCH2, t-Bu, PhCO, CH3CO)

R SePhInI

CH2Cl2, t.a.+ PhSeSePhR X

Salvatore e colaboradores desenvolveram um método de obtenção de selenetos

de alquil fenila reagindo fenilselenol com haletos de alquila na presença de hidróxido de

césio e peneira molecular em DMF (esquema 1.6).12

ESQUEMA 1.6

RX+

CsPhSe-CsOH

peneira molecular,

DMF, 23 o

C

PhSeH R SePh

77-100%RX = haletos de alquila

primários e secundários

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18

Essa reação não foi eficiente quando outros hidróxidos de metais alcalinos

(NaOH, LiOH, KOH e RuOH) foram utilizados.

Estes dois últimos métodos, apesar dos bons rendimentos e das condições

brandas de reação, são pouco atraentes devido ao acesso restrito dos compostos

inorgânicos de índio e de césio.

Neste trabalho utilizamos quatro métodos de obtenção de teluretos e selenetos

aromáticos, a saber, a orto-metalação, a troca metal-halogênio em haletos de arila,

reação de sais de diazônio com disselenetos e diteluretos orgânicos e reação de

substituição eletrofílica aromática de tetracloreto de telúrio com compostos aromáticos

ativados. Explorando estes quatro métodos preparamos diversos calcogenetos contendo

grupos substituintes nas posições orto, meta e para. Na figura 1.3 apresentamos as rotas

utilizadas para cada tipo de calcogeneto preparado.

X

G

troca metal-halogênio

X

G

YR

G

YR

G

G

ortometalação

G

XG

NH2

troca metal-halogênio

Li

G

sais de diazônio

YR

G

troca metal-halogênio

Li

G

G

G

NH2

calcogenetoorto substituído

calcogenetopara substituído

sais de diazônio

YCl4

Y = (Se, Te)R = alquila ou arila

Y = (Se, Te)R = alquila ou arila

calcogenetometa substituído

Li

G

NH2

G

sais de diazônio

Y = (Se, Te)R = alquila ou arila

Figura 1.3 - Reações utilizadas neste trabalho para obtenção de calcogenetos substituídos.

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19

Passamos a apresentar com mais detalhes as principais reações utilizadas neste

trabalho na obtenção dos teluretos e selenetos aromáticos.

1.1.1 ORTO-METALAÇÃO

Este tipo de reação é bem descrito na literatura e vários artigos já foram

publicados.13,14 A reação, descoberta por Gilman (1939) e Wittig (1940), consiste

basicamente na desprotonação de um sítio orto a um heteroátomo contendo um grupo

dirigente de metalação (GDM) (esquema 1.7).

ESQUEMA 1.7

RLiGDM GDM

RLi

H

- RHGDM

Li

GDM

E

Numa primeira etapa ocorre a coordenação do organolítio com o heteroátomo do

GDM, em seguida ocorre a desprotonação, levando à espécie orto-litiada. Esta

desprotonação é feita por uma base forte, normalmente um reagente de alquil-lítio. A

adição do reagente eletrofílico nestas espécies litiadas leva aos produtos 1,2

dissubstituídos.13

Os compostos de alquil lítio, mesmo em solução, formam agregados

tetraméricos, conforme mostrado na figura 1.4. O uso de solventes bidentados, como a

N,N,N’,N’-tetrametiletilenodiamina (TMEDA), serve para desfazer esses agregados, por

coordenação dos sítios básicos dos mesmos com o átomo de lítio, com isso aumentando

a reatividade da espécie de alquil-lítio.15

CLi

C Li

C

Li C

Li

Bu Li

N

N

Figura 1.4 - Estrutura regular tetraédrica do n-BuLi e a sua coordenação com TMEDA.

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20

Embora a orto-metalação de compostos aromáticos seja usada na preparação de

vários compostos orgânicos há bastante tempo, essa aplicação para a síntese de

derivados organocalcogênios é mais recente. Os grupos de Wirth16 e Singh17 foram os

que mais se dedicaram a esses estudos.

No esquema 1.8 é mostrada a rota utilizada na preparação de disselenetos e

diteluretos orgânicos pela metodologia de orto-metalação (DOM – Direct ortho-

metallation). É importante destacar que disselenetos e diteluretos orgânicos são

precursores tanto de espécies nucleofílicas quanto de espécies eletrofílicas de selênio e

telúrio, como já comentado anteriormente (item 1.1).

ESQUEMA 1.8

Na figura 1.5 são mostrados alguns exemplos de disselenetos e diteluretos

orgânicos preparados pela metodologia DOM. Cabe salientar que alguns desses

dicalcogenetos orgânicos apresentam um centro estereogênico, o que é importante

quando os mesmos são usados em reações que geram centros estereogênicos, resultado

em transformações enantiosseletivas.

GDM

YLi

GDM

Li

GDM RLi Y = Se, Te

GDM

Y

GDM

Y

[O] / H2O

redução

Oxidação

GDM

Y-M+

GDM

Y+X-

Dicalcogeneto

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21

Se)2

R

OH

OCH3

R = CH3 (63%)

C2H5 (47%)

Wirth, 199818

Se)2

Et

OH

61%

Wirth, 199619

Se)2

N(CH3)2

66%

Wirth, 199520

Se)2

N(CH3)2

79%

Singh, 199621 Se)2

NHPh

O

79%

Engman, 198922

Se)2

N

O

60%

Singh, 199823

Se)2

N(CH3)2

Fe

77%

Uemura, 199424

Se)2

N(CH3)2

60%

Singh, 199823

Se)2

S

p-Tol

O

Fe

*

10%

Uemura, 199625

N

STe)2

55%

Singh, 199026

Te)2

N(CH3)2

44%

Singh, 199627

Te)2

N(CH3)2

50%

Singh, 199529 Te)2

N

O

35%

Singh, 200256a

Fe

Te)2

N(CH3)2

42%

Uemura, 199528

Figura 1.5 – Disselenetos e diteluretos preparados por orto-metalação.

Ainda sobre os calcogenetos mostrados na figura 1.5, observa-se que os

teluretos, em geral, são formados em rendimentos inferiores aos selenetos. Além disso,

foi observada uma maior dificuldade na obtenção de teluretos relativamente aos

análogos selenetos.17

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22

1.1.2 TROCA METAL-HALOGÊNIO

A desprotonação não é a única rota possível para gerar um organometálico

arílico utilizando um organometálico alquílico comercial. Os compostos de organolítio

são capazes também de efetuar a troca metal-halogênio em haletos de arila. Um

exemplo dessa transformação está representado no esquema 1.9.

ESQUEMA 1.9

+ Bu Br

Li

Bu Li+

Br

O átomo de halogênio (no caso do esquema 1.9, bromo) troca de posição com

lítio. Como em muitos dos processos envolvendo organometálicos, o mecanismo não é

tão claro, mas pode ser representado pelo ataque nucleofílico no bromo pelo organolítio.

A reação é governada pelo pKa, pois o organolítio gerado (no caso, um aril lítio) é

menos básico (ou mais estável) do que o organolítio de partida (alquil lítio).30 Uma

revisão sobre este tipo de reação foi recentemente publicada.48 Esta técnica também foi

utilizada na preparação de teluretos e selenetos aromáticos.31,32 Alguns exemplos desses

compostos preparados por essa técnica estão mostrados na figura 1.6.

Se)2

O

O

20%

Singh, 200133

Se)2

SCH3

76%

Tiecco, 200032

OH

TeBu

60%

Minkin, 199634

R = H, CH3, C2H5,

t-Bu, EtOMe

Se)2

R'

OR

50-80%

R' = CH3, C2H5

Wirth, 199535

Se)2

OEt

OEt76%

Déziel, 199331

47%

CH2

Te

Praefcke, 198136

Figura 1.6 – Disselenetos e teluretos preparados por reação de troca metal-halogênio

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23

A principal vantagem desta reação em comparação com a reação de orto-litiação,

é a possibilidade da litiação em qualquer posição do anel substituído.17 No entanto, a

aplicação desta metodologia está limitada à disponibilidade do composto aromático

halogenado precursor do aril-lítio.

1.1.3 TELURETOS AROMÁTICOS A PARTIR DE TRICLORETOS DE

ARILTELÚRIO

Até o presente momento, mostramos métodos de preparação de calcogenetos

aromáticos substituídos, sempre fazendo uso de reagentes organometálicos arílicos,

gerados ou pela metodologia DOM ou pela troca metal-halogênio.

Curiosamente, entre as várias aplicações sintéticas de teluretos arílicos (ver item

1.2), podemos destacar sua utilização na geração de organometálicos aromáticos, como

compostos de aril-lítio37 e mais recentemente na geração de cupratos arílicos,38 os quais

podem ser empregados na formação de ligações carbono-carbono. Em vista dessa

aplicação, é conveniente preparar teluretos arílicos evitando-se o uso de compostos

organometálicos, pois não faria sentido preparar teluretos arílicos via compostos aril-

metálicos, para em seguida transformá-los novamente em um organometálico por troca

telúrio-metal. Um método de obtenção de teluretos aromáticos desenvolvido em nosso

grupo, e que não usa um organometálico arílico com precursor, consiste na reação de

substituição eletrofílica aromática de compostos aromáticos ativados com tetracloreto

de telúrio,4 seguida de redução e alquilação in situ.39 Esse método leva ao telureto para-

substituído o qual é um equivalente sintético de um composto organometálico para-

substituído (esquema 1.10).

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24

ESQUEMA 1.10

88-95%RX = EtBr, CH3I, CH3(CH2)2CH(CH3)Br

G

TeCl4CCl4

refluxo12h

G

TeCl3

NaBH4 / H2O

RX / THF

0oCG

TeR

+

G = OCH3, OPh

G

M

M = metal

Como pode ser visto no esquema 1.10, essa sequência reacional fornece os

teluretos de aril alquila para-substituídos em bons rendimentos. A sequência, no

entanto, foi aplicada a apenas dois compostos aromáticos ativados. Ao mesmo tempo, as

reações de substituição eletrofílicas aromáticas com tetracloreto de telúrio, utilizam

tetracloreto de carbono ou clorofórmio como solventes, os quais, por causarem

problemas ambientais, devem ser evitados, sendo que o primeiro encontra-se banido dos

processos químicos. Outro aspecto dessa reação, consiste no longo tempo reacional sob

aquecimento. Essas limitações foram equacionadas neste trabalho, conforme será

relatado no item 2.3.

1.1.4 PREPARAÇÃO DE CALCOGENETOS USANDO SAIS DE DIAZÔNIO E

NUCLEÓFILOS DE SELÊNIO E TELÚRIO

Outro método utilizado para obtenção de teluretos arílicos sem fazer uso de

reagentes organometálicos, emprega sais de arildiazônio. Os precursores dos sais de

arildiazônio - as anilinas - são comercialmente disponíveis, além de terem um custo

acessível. Além disso, este método permite obter teluretos aromáticos substituídos nas

três posições possíveis seja orto, meta ou para. O esquema 1.11 mostra algumas

metodologias já desenvolvidas para a obtenção de teluretos aromáticos fazendo uso de

sais de diazônio.5 Alguns desses métodos e outros mais recentes também são aplicados

na obtenção dos correspondentes selenetos.6,40

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25

ESQUEMA 1.11

1) NaNO2 / HCl

2) NaBF4

ArNH2

(25-48%)

(41-47%)

(59-72%)

RTeAr

Ar´TeAr

ArTeAr

RTeTeR

CHCl3 (CH2Cl2)

KOAc18-crown-6

Ar´TeNa

KTeCN

DMSO, t.a.-N2, -KBF4

Na2Te

DMF, 0-5o

C30 min

[ArN2+]BF4

-

ArTeAr + 1/2 Te(CN)2

1/2

Este método de preparação de teluretos aromáticos apresenta algumas

limitações. Para a maioria dos casos, os rendimentos são relativamente baixos e

empregam-se sais de arildiazônio secos, os quais são conhecidos por serem sensíveis ao

choque. Além disso, tetrafluorboratos de aril diazônio contendo o grupo nitro costumam

se decompor rapidamente sob aquecimento.41 Em alguns casos, selenolatos ou

telurolatos metálicos (sensíveis ao ar), bem como cianeto de potássio para gerar seleno42

ou telurocianatos43 são empregados, os quais requerem manipulação cuidadosa.

Até o momento, apenas dois métodos de preparação de diarilteluretos44 ou

diarilselenetos40 em bons rendimentos via sais de diazônio foram publicados. O

primeiro consiste na reação de tetrafluoroboratos de aril diazônio com telurofosfato de

sódio, preparado a partir de telúrio elementar, hidreto de sódio e dietilfosfito num reator

do tipo Schlenk sob atmosfera de nitrogênio (esquema 1.12).44 Embora os rendimentos

sejam bons (64-94%), o método não é atrativo para reações em escala preparativa em

vista das condições experimentais empregadas.

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26

ESQUEMA 1.12

(64-94%)

Te + (EtO)2PH

ONaH/EtOH

t.a. 30min.(EtO)2P

O

TeNa2 ArN2

+BF4-

DMF, t.a. ArTeAr

Ar = Ph, 4-MeC6H4, 4-MeOC6H4, 4-ClC6H4,

3-ClC6H4, 4-BrC6H4, 4-IC6H4, 4-AcC6H4

Selenetos de diarila foram preparados em 85-98% de rendimento pela reação de

sais de arildiazônio com PhSeSnBu3, preparado a partir de (Bu3Sn)2 e disseleneto de

difenila em um reator Schlenk (esquema 1.13).40 Novamente, as condições

experimentais são o fator limitante, quando uma maior quantidade de seleneto é

requerida.

ESQUEMA 1.13

1.2 APLICAÇÕES SINTÉTICAS DE TELURETOS E SELENETOS

AROMÁTICOS

1.2.1 SELENETOS E TELURETOS AROMÁTICOS AQUIRAIS

Muitas aplicações de teluretos e selenetos aromáticos podem ser encontrados na

literatura.5,6 A seguir comentaremos algumas delas.

Uma aplicação clássica envolve reações de ciclização. Tal reação ocorre com a

adição de um eletrófilo aromático contendo átomo de calcogênio em olefinas contendo

grupos nucleofílicos em posições adequadas. A captura intramolecular da espécie de

telurônio5 ou selenônio6 gerada, resulta na formação de uma estrutura cíclica contendo

um grupamento contendo o grupo aril calcogênio ligado ao anel. Podemos representar

esta reação da seguinte maneira (esquema 1.14).

N2X

Y Y

SePhBu2SnSePh

Solvente, t.a.

X = BF4- , ZnCl4

2-

Solvente = DMF, Acetona, CH3CN, CH3OH

Y = H, 4-NO2, 4-I, 4-CH3O, 4-N2+

85-98%

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27

ESQUEMA 1.14

NuH NuH

ArY+

Y = Se, Te

Y

Ar

Nu

ArY-H+

Uma outra aplicação de teluretos e selenetos aromáticos, já mencionados

anteriormente (item 1.1.3), consiste na reação de troca metal-metalóide. Além da troca

entre telúrio com sódio, potássio, cálcio e magnésio,45 existem trabalhos envolvendo a

troca telúrio com lítio,37,46 zinco47, e cobre.38 O esquema 1.15 ilustra o emprego dos

teluretos arílicos na transmetalação com lítio e cobre.

ESQUEMA 1.15

R

TeBu

n-BuLi

R1R

2Cu(CN)Li2

Li

R

R

CuCNLi2R2

Aplicações

- Adições 1,2- Acoplamentos catalisadas por metal

- Adições 1,4- Dimerização

Os compostos aril-lítio mostrados no esquema 1.15 possuem uma vasta

aplicação em síntese orgânica, tanto que uma revisão exclusivamente dedicada aos

compostos aril-lítio foi recentemente publicada.48 No caso dos compostos orgânicos de

selênio foram encontrados alguns trabalhos de troca selênio-lítio,49 principalmente do

grupo de Krief.49b-d

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28

Teluretos e selenetos aromáticos também são usados em reações de formação de

ligações carbono-carbono via reações de acoplamento. Até o presente momento,

teluretos vinílicos50 foram bastante explorados para essa finalidade levando a eninos e

enediinos de maneira estereoespecífica em reações de acoplamento, enquanto que

poucos exemplos de acoplamentos envolvendo teluretos aromáticos foram relatados.51,52

Em uma tentativa de acoplamento com teluretos aromáticos, Marino e colaboradores

observaram rendimentos moderados na formação do produto desejado quando

compostos de alquinilzinco foram acoplados com telureto de fenilbutila (esquema 1.16).

Além da reação ser mais lenta, foi observada a formação do produto de

homoacoplamento.52

ESQUEMA 1.16

50%

65%

(CH3)2C(OH)CC C)2Zn

(CH3)2NCH2C CZnEt

TeBu

N

OH

Pd(PPh3)4 (5mol%)/CuI

DMF

Pd(PPh3)4 (5mol%)/CuI

DMF

+

OH

HO 42%

Em outro trabalho,51 teluretos aromáticos foram submetidos a reação de

acoplamento com alcenos terminais catalisada por sais de paládio (esquema 1.17).

ESQUEMA 1.17

R=Ph,CO2Me,CO2Et,

CN,CHO,C(O)Me

(40-99%)

++

R PdCl2 (10mol%) / AgOAc

Et3N / MeOH, t.a.

20h

2

2

X

X

R

X=H,CH3,CH3O,Br

TeX

Nesse caso, foi necessária a adição de acetato de prata para a regeneração do

catalisador. Os alcenos aromáticos foram obtidos em bons rendimentos e apenas traços

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29

do produto de homoacoplamento foram observados. Um exemplo de acoplamento com

compostos aromáticos contendo selênio está representado no esquema 1.18. Nesta

reação, o seleneto de fenil metila foi submetido à reação de acoplamento com brometo

de metil magnésio catalisada por NiCl2(dpp).53

ESQUEMA 1.18

SeCH3 C4H9

NiCl2(dpp) (3mol%)C4H9MgBr�

Et2O

95%(dpp=Ph2PCH2CH2CH2PPh2)

Mais recentemente, selenetos não quirais tambm foram utilizados como

catalisadores em reações de α-halogenação de cetonas.54

Além das aplicações sintéticas, selenetos33,55 e teluretos56 aromáticos têm sido

usados para outras finalidades, tais como agentes contra danos aos organismos causados

por radicais livres e como inibidores de protease.57

1.2.2 SELENETOS E TELURETOS AROMÁTICOS CONTENDO GRUPOS

QUIRAIS

Reagentes eletrofílicos ou nucleofílicos quirais contendo selênio foram usados

em transformações enantiosseletivas, 58 conforme mostrado na figura 1.7.

Ar*Se-M+

O

R2

R3R1

R4

R2

R3R1

OH

SeAr*

R4**

R2

R1 R3

R4

R3

R4R2

R1

OH

R2

R3R1R4

Se

Ar*

*(A)

+

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30

(C)Ar*Se)2 (cat.)

Et2ZnR CHO

OH

R *

*

*

*

*

exo

endo

Nu

R2

R3R1

Se

Ar*

Nu

R2

R3R1

Se

Ar*

-Nu

R2

R3R1

Se

Ar*

-HX

**R2

R3R1R4

Se

Ar*

Nu

Nu-

- X-

X-

(B)R2

R3R1R4

Se

Ar*

R2

R3R1

R4

Ar*Se+X

-

R2

R3R1

HNu

+

+

Figura 1.7 - (A) Aplicação de nucleófilos de selênio quirais na abertura de epóxidos.

(B) Aplicação de eletrófilos de selênio na adição em olefinas.

(C) Aplicação de disseleneto aromático quiral em quantidades catalíticas.

Os reagentes nucleofílicos de selênio podem ser introduzidos numa variedade de

compostos orgânicos, como na reação de abertura de epóxidos (figura 1.7 A).28 Os β-

hidróxi selenetos gerados podem ser utilizados em várias transformações subseqüentes.

Podemos gerar alcenos, álcoois alílicos e o íon cíclico selenirônio, o qual pode ser

clivado de forma inter- ou intra- molecular levando a compostos funcionalizados. Um

exemplo do uso de nucleófilos de selênio quirais consiste na reação de abertura de

epóxidos mostrada no esquema 1.19.60

ESQUEMA 1.19

O

OHAr*Se

Ar*Se-M+

Ar*Se-M+ = Fe

SeAlH3- Li+

N(CH3)2

SeB(OEt)3- Na+

N(CH3)2SeB(OEt)3

-Na+

69% e.d. 11% e.d. 50% e.d.

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31

Selenolatos quirais mostrados no esquema 1.19 mostraram razoável

estereosseletividade na abertura do óxido de cicloexeno, e levando a um excesso

diastereomérico de até 69%. Foi observado que nucleófilos de selênio contendo eixos

estereogênicos são mais eficientes na abertura estereosseletiva de epóxidos.

Já os eletrófilos de selênio (figura 1.7 B) são reativos frente a duplas ligações,

gerando, após adição ou ataque do nucleófilo, produtos de adição ou de ciclização.59,60

Estas reações exibem uma estereosseletividade anti com o nucleófilo atacando

usualmente o carbono mais substituído (regiosseletividade Markownikoff). Além da

estereosseletividade anti e da regiosseletividade Markownikoff, o ataque da espécie de

selênio eletrofílica a uma das faces do sistema π pode ser favorecida (seletividade

facial). Para que isso ocorra é preciso que o eletrófilo de selênio contenha um

grupamento quiral. Esses reagentes podem ser preparados a partir dos respectivos

disselenetos, como os mostrados na figura 1.5 e 1.6.

A presença de um ambiente quiral nestes reagentes resulta na diferenciação entre

as duas faces de alcenos não simétricos. O ataque à dupla ligação pela face Re ou pela

face Si é diferente no ponto de vista estérico e eletrônico, resultando na formação de

íons cíclicos diastereoisoméricos em diferentes proporções (esquema 1.20).

ESQUEMA 1.20

+

R4R2

R3R1

Se

Ar*

R3R1

R4R2Se

Ar*

+ +

R1

R2

R3

R4

Ar*Se+X-+

Um exemplo desta aplicação é apresentado no esquema 1.21. Ciclização de uma

amina insaturada protegida, leva a uma tetrahidroisoquinolina em 90% de excesso

diastereomérico. Este composto serviu de precursor na síntese da (-)-salsolidina.58

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32

ESQUEMA 1.21

(-)-salsolidina85% e.d.(66%)

H3CO

H3CONH

H3CO

H3CONBoc

SeAr*

SeOTf

OH

H3CO

H3CONHBoc

Et2O

-100oC

Nos dois exemplos citados anteriormente são utilizadas quantidades

estequiométricas do reagente quiral de selênio. Conforme mostrado na figura 1.7 C,

disselenetos podem ser utilizados em quantidades catalíticas (1 mol %) na adição de

dietilzinco em aldeídos, gerando álcoois secundários com elevados excessos

enantioméricos (esquema 1.22).58

ESQUEMA 1.22

G = H, m-CF3, p-t Bu,

2,3,4,5-tetrafluoro

GG

1,25 eq. Et2Zn

1 mol % L *

OHO

H

97~98% e.e.67-98% rend.

L = N

Se)2

De acordo com Wirth, uma investigação mais aprofundada da reação mostrada

no esquema 1.19 revelou que o disseleneto L atuou como pró-catalisador na reação de

adição de dietilzinco a aldeídos. Análise por RMN revelou a formação de selenolato de

zinco cataliticamente ativo gerado a partir da rápida clivagem da ligação Se-Se quando

o composto de zinco é adicionado. Esse agregado está representado na figura 1.8.

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33

Se NR2

Zn Zn

SeR2N

Figura 1.8

No caso dos compostos quirais contendo átomo de telúrio, foram encontradas

apenas aplicações de teluretos quirais derivados do ferroceno em síntese assimétrica

(esquema 1.23).61

ESQUEMA 1.23

O

Ph2SiH2+

catalisador de Rh+ ligante quiral

OSiH

Ph

Ph

H

*

H+

HO H

*

ligante quiral = Y)2

N(CH3)2

Fe

Y = Se, Te

85% e.e. / 31% rend.Y = Se :

Y = Te : 50% e.e. / 67% rend.

O esquema 1.23 mostra a hidrossililação da acetofenona catalisada por complexo

de ródio e com auxílio de ligante quiral de selênio ou telúrio. O ligante de telúrio, no

entanto, mostrou uma atividade apenas moderada, enquanto que o de selênio foi mais

efetivo na reação enantiosseletiva de hidrossililação.

Recentemente nosso grupo de pesquisa obteve resultados preliminares indicando

que teluroferrocenos quirais também podem ser utilizados como agentes de

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34

deslocamento em ressonância magnética nuclear, pois formam complexos

diastereoméricos com diferentes substratos contendo centros estereogênicos, o que leva

a um desdobramento do sinal do 125Te no espectro de RMN (figura 1.9).62

FeNO Te

RMe

Me

NO Te

RMe

Me

Fe

X

R2

R1

H

X

R1

R2

H

Figura 1.9 - Complexos diastereoméricos Te*- substrato

A integração dos sinais desdobrados e comparação dos resultados com os

excessos enantioméricos determinados por cromatografia líquida de alta pressão em fase

quiral mostraram que o método é viável.62

Até o presente momento, foi observado em todos os exemplos de compostos

quirais contendo selênio ou telúrio que sua preparação geralmente consiste na inserção

do átomo de calcogênio em um substrato já contendo um grupo quiral. A preparação de

compostos quirais contendo selênio ou telúrio se depara com o custo elevado dos

precursores quirais. A figura 1.10 mostra o custo em dólares dos enantiômeros do

feniletanol e da acetofenona, substrato pró-quiral do feniletanol. Por esse motivo seria

interessante a preparação desses compostos a partir de precursores não quirais,

utilizando metodologias baratas e ambientalmente benignas.

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35

OH

O

OH

(S)-(-)-1-feniletanol (R)-(+)-1-feniletanol

Acetofenona

1ml = $ 91,50 1ml = $ 103,75

5ml = $ 8,70 aprox.

Fonte: Catálogo Aldrich 2004

Figura 1.10 – Preços em dólares da acetofenona e dos enantiômeros do 1-feniletanol

Dessa maneira, buscamos neste trabalho explorar uma alternativa

ambientalmente mais branda, de baixo custo e pouco usada na química de

organometálicos e organometalóides visando a obtenção de compostos aromáticos

enantiomericamente puros: a biocatálise.

Através da biocatálise, avaliaremos a possibilidade de gerar precursores quirais

por métodos ambientalmente benignos e de baixo custo na obtenção de compostos

contendo selênio ou telúrio enantiomericamente puros. De modo a situar o leitor quanto

ao uso da biocatálise, no item 1.3 faremos breves comentários sobre essa importante

técnica sintética.

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36

1.3 BIOCATÁLISE EM SÍNTESE ORGÂNICA

A construção de compostos orgânicos contendo um ou mais centros de

quiralidade é certamente uma das áreas mais atraentes e de suma importância na

química orgânica contemporânea. Atualmente, muitos químicos orgânicos têm se

preocupado em desenvolver métodos sintéticos capazes de fornecer compostos nas

formas enantiomericamente puras. A importância de se obter compostos quirais está

atrelada à relação entre a atividade biológica e estereoisomerismo. Vários exemplos

desta relação estão mostradas na figura 1.11.

O

OH

NH O

OH

NH

NH

N

O

O

O

O

(R)-(+)-limoneno(odor de laranja)

(S)-(+)-limoneno(odor de limão)

NH

N

O

O

O

O

(R)--talidomida(sedativo e antináusea)

(S)-talidomida(teratogênico)

(R)-Propanolol(100 vezes menos eficiente que o S)

(S)-Propanolol(anti-hipertensivo)

COOH COOH

(S)-Ibuprofeno(analgésico)

(R)-Ibuprofeno(inativo e não tóxico)

Figura 1.11 – Diferenças de atividades entre isômeros ópticos de alguns compostos orgânicos

O limoneno é um exemplo clássico da diferença de características em relação à

configuração. Enquanto a forma R apresenta o odor de laranjas, a forma S apresenta o

odor de limão. A atividade de fármacos também depende da quiralidade: a talidomida

causou a má formação de milhares de fetos, quando administrada, na década de 1960, a

várias gestantes. Descobriu-se que apenas o enantiômero (S), entretanto, causava a má

formação congênita, enquanto que o (R) não era prejudicial. No caso do ibuprofeno,

apenas o isômero S possui atividade, sendo este fármaco comercializado na forma

racêmica, já que o outro enantiômero não é tóxico. O enantiômero (S) do propanolol

possui uma eficiência 100 vezes maior que o enantiômero (R). O propanolol mais ativo

(S) é administrado em doses menores.63

A preparação de compostos quirais pode ser feita utilizando substratos quirais

de fontes naturais (por exemplo: aminoácidos, monossacarídeos, terpenos, dentre

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37

outros) ou realizando uma reação estereoespecífica numa certa etapa de síntese quando

utilizamos substratos opticamente inativos. Neste último caso geralmente são utilizados

um auxiliar quiral ou um catalisador quiral.63

Complexos de metais de transição com ligantes quirais são bastante utilizados

como catalisadores. No entanto, o custo elevado e a toxidade dos metais são os

principais obstáculos para sua utilização.

Diante das questões da “tecnologia quiral” e da preocupação ambiental, mais

intimamente relacionada à “química verde”, recorre-se à biocatálise como ferramenta na

obtenção de compostos opticamente puros.

A biocatálise consiste em reações químicas catalisadas por enzimas isoladas ou

contidas em microrganismos e são essencialmente iguais àquelas encontradas na

química convencional. As diferenças estão basicamente no catalisador utilizado, as

enzimas.

As enzimas são proteínas naturais responsáveis por catalisar reações químicas

que ocorrem no metabolismo de organismos vivos. Como em toda reação catalítica, as

enzimas aceleram diversas reações, diminuindo a energia de ativação (figura 1.12).64

∆∆∆∆G

Coordenada de Reação

Catalisada

Não-catalisadaA B

Não-catalisada

Catalisada por enzima

Coordenada de Reação

∆∆∆∆G

E + SES

EPE = enzimaS = substratoES = complexo enzima-substratoEP = complexo enzima-produtoP = produto

EPESE + S E + P

E + P

Figura 1.12 – Efeito de um catalisador químico (A) e de uma enzima (B) na energia de ativação.65

Essa aceleração é atribuída à estabilização do estado de transição da reação pela

enzima, assumindo que o catalisador liga-se mais fortemente ao estado de transição do

que o estado fundamental do substrato. O comportamento do processo enzimático difere

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38

de uma reação catalisada quimicamente, pois envolve várias etapas, desde a formação

dos complexos até a liberação do produto.

Enzimas podem ser usadas como catalisadores em reações químicas tanto na

forma isolada como fazendo parte de microrganismos vivos. As razões pelas quais as

enzimas são amplamente empregadas em síntese estereosseletiva são inúmeras. Elas são

catalisadores muito mais eficientes, podendo ser empregados em concentrações de

porcentagem molar de 10-3 a 10-4 % enquanto são necessários de 0,1 a 1 mol% para os

catalisadores químicos. Ao contrário dos metais pesados, as enzimas são biodegradáveis

e, em alguns casos, as transformações podem ocorrer em meio aquoso, evitando o uso

de solventes poluentes. As enzimas exercem um papel importante na seletividade,

podendo ser quimiosseletivas, regiosseletivas e/ou enantiosseletivas (figura 1.13).104

Figura 1.13 – Características da Biocatálise

Atualmente são conhecidos inúmeros processos catalisados por enzimas,

equivalentes a várias reações orgânicas. Por exemplo:

• Hidrólise-síntese de ésteres, amidas, lactonas, lactamas, éteres, anidridos

ácidos, epóxidos e nitrilas;

• Oxidação-redução de alcanos, alcenos, aromáticos, álcoois, aldeídos e

cetonas, sulfetos e sulfóxidos;

• Adição-eliminação de água, amônia, cianeto de hidrogênio

• Halogenação e desalogenação, alquilação e dealquilação, isomerização,

reações aldólicas e até reações de adições de Michael

Tecnologia Quiral

Biocatálise

Química Verde

Catalisador biodegradável

H2O como solvente

Alta seletividade

Alta especificidade

Alta Eficiência

Catalisam várias reações

Condições brandas de pH e T

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39

1.3.1 DEFINIÇÕES DE TERMOS USADOS EM TRANSFORMAÇÕES COM

MICRORGANISMOS

Muitos artigos e monografias sobre biocatálise já foram publicados.63,66,67,73,74,104

No entanto, muitos termos específicos podem parecer confusos tanto para um químico

orgânico sintético como para um bioquímico. A tabela 1.1 mostra algumas definições

para os termos mais utilizados nesta área.

Tabela 1.1– Definições de termos usados em transformações microbiais. 67

Termo Definição

BIOTRANSFORMAÇÃO Qualquer transformação biológica de um composto exógeno

BIODEGRADAÇÃO Biotransformação de um composto tóxico a um atóxico

BIOCATÁLISE Biotransformação com propósito de preparar um composto mais

útil

BIORREMEDIAÇÃO Aplicação prática de uma reação de biodegradação de um ou mais

compostos

BIOSSÍNTESE É usado para denotar as reações nas quais novas moléculas são

geradas por organismos vivos, tipicamente com estruturas mais

complexas.

Um outro conceito relacionado à produção de compostos orgânicos por

microrganismo é a fermentação. Entretanto, biotransformação e fermentação são

processos diferentes. Na fermentação, o produto é obtido do metabolismo complexo do

microrganismo usando fontes baratas de carbono e nitrogênio, necessitando células

vivas ou em crescimento. Na biotransformação, por outro lado, requer um substrato

mais complexo (natural ou não) e necessita de células vivas apenas para a produção de

enzimas usadas na transformação do substrato.64 A figura 1.10 ilustra as diferenças

essenciais entre os dois processos.

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40

Figura 1.14 Ilustração de fermentação e biotransformação com microrganismos.

1.3.2 FONTES DE ENZIMAS E SUA MANIPULAÇÃO

O tempo de reprodução de um microrganismo, comparado com outros seres

vivos, é relativamente baixo. Isso permite que uma grande quantidade de biomassa

possa ser produzida rapidamente quando microrganismos são cultivados. Por isso,

fungos, leveduras e bactérias são os biocatalisadores mais empregados (figura 1.15)

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41

Figura 1.15 - Fontes de biocatalisadores naturais mais utilizados

Além disso, os microrganismos formam um grupo de organismos vivos com

inúmeras espécies diferentes, com propriedades diversas e grande variedade de

processos metabólicos. Dessa maneira, os mesmos contêm muitas enzimas distintas

ainda a serem exploradas em biotransformações.

O uso de células inteiras em biocatálise não é muito complexo. As etapas

experimentais esquematizadas na figura 1.16 representam procedimentos de pouca

dificuldade,68 podendo ser efetuadas rotineiramente em um laboratório de química

orgânica equipado com recursos mínimos de assepsia.

FONTES DE BIOCATALISADORES

Leveduras

Enzimas Isoladas

Plantas

Fungos

Bactérias

Animais

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42

Figura 1.16 - Procedimento de reação biocatalítica com microrganismos inteiros

Nas reações com fungos realizadas neste trabalho foram feitas apenas reações

com células íntegras em repouso.

Paralelamente, na última década, surgiram trabalhos utilizando células de plantas

em biocatálise. O seu uso, comparado com células microbianas, é ainda restrito, porém

o reino vegetal contém enzimas únicas, não existentes em outros organismos69. Já foram

Reativação em tubo inclinado

(2)

Massa de células úmidas (em repouso)

Microrganismo em meio de cultura

sólido (1)

Filtração (4)

O

R

Substrato

Ressuspensão das células em solução tampão fosfato e

adição do substrato (5)

Agitador Rotativo

(6) Avaliação da atividade enzimática

por análise de CG quiral

Sobrenadante (meio de cultura)

Crescimento em meio de cultura líquido

(3)

Tampão

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43

utilizadas desde células imobilizadas de cenoura70 até de tabaco71 na redução de cetonas

pró-quirais.

Para evitar o tempo gasto na preparação de meios de culturas para células de

plantas, alguns grupos já investigam a possibilidade do uso direto de partes da planta

como biocatalisadores.72 Baldassarre e colaboradores113a realizaram os primeiros

estudos de reduções catalíticas de cicloexanonas substituídas utilizando raiz de Daucus

carota em condições brandas (esquema 1.24). Ambos diastereoisômeros foram

completamente reduzidos, levando a uma mistura de 1:1 de álcoois enantiomericamente

puros.

ESQUEMA 1.24

(1g substrato / 200g cenoura)

2 dias

50% (99% e.e.)50% (99% e.e.)

+

OH

CH3

OH

CH3

Daucus carota

O

CH3

Outra aplicação da raiz de cenoura como biocatalisador pode ser encontrada no

trabalho de Yadav e colaboradores.113b Neste trabalho, azidocetonas para-substituídas

foram reduzidas seletivamente aos respectivos álcoois de configuração (R). Estes

álcoois são precursores de substâncias com atividade biológica, como a tembamida,

denopamina e a aegelina (esquema 1.25).

ESQUEMA 1.25

O

RO

N3

OH

RO

N3Daucus carota

H2O, t.a.

R = CH3, TBDMS 85-92% (>99% ee)

OH

HO

NH OCH3

OCH3

OH

H3CO

NH

O

OH

H3CO

NH

O

(R)-Denopamina

(R)-Tembamida

(R)-Aegelina

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44

Apesar dos poucos casos no emprego da raiz da Daucus carota em biocatálise,

este sistema sugere uma série de vantagens, como baixo custo e a disponibilidade do

biocatalisador, bem como a facilidade de isolamento do produto, a dispensa do cofator e

condições benignas de reação. A figura 1.17 mostra o procedimento experimental

resumido dessas reações biocatalisadas por plantas.

Figura 1.17 - Procedimento experimental de uma reação biocatalisada por pedaços de cenoura.

A figura 1.17 mostra que o procedimento usando plantas como biocatalisador é

bem mais simples quando comparado com o uso de microrganismos, pois estes últimos

requerem condições assépticas para manipulação.

Assim, tendo em vista essas vantagens, este novo sistema biocatalítico usando

plantas pode-se tornar um método bastante promissor.

(5) No fim da reação é feita a extração do produto quiral

Aquisição em um mercado local

(1)

(2) A raiz é cortada em fatias

O

R

(3) Os pedaços são ressuspensos em água destilada e o substrato é adicionado

Substrato

Agitador rotativo

Avaliação da atividade enzimática (4)

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45

1.3.3 VANTAGENS E DESVANTAGENS DE USAR BIOCATALISADORES

A principal vantagem do uso de enzimas está relacionada à seletividade.

Enquanto alguns desses biocatalisadores são utilizados para aumentar a

quimiosseletividade ou a regiosseletividade de uma dada reação, a sua maior vantagem

está na diferenciação entre enantiômeros. Usando-se enzimas, produtos com excesso

enantiomérico acima de 99% podem ser obtidos facilmente. Este fato é muito

importante quando é necessário preparar fármacos ou intermediários sintéticos, pois as

agências reguladoras exigem testes toxicológicos para toda impureza que comprometa

com 1% do conteúdo. Tal impureza pode ser atribuída ao outro enantiômero, por

exemplo.

Nos dias de hoje, o fato das enzimas serem ativas em condições brandas de pH,

temperatura e preferencialmente em meio aquoso pode ser considerado mais como uma

vantagem ao invés de um entrave. Muitos processos industriais visam conceitos como

“desenvolvimento sustentável”, “química verde” ou “processo ambientalmente

benigno”, condições limitantes e importantes para atividade industrial em grande parte

do mundo. Sem a disponibilidade dos biocatalisadores, estas metas seriam mais difíceis

de serem atingidas.

Além disso, as enzimas são capazes de catalisar uma gama crescente de reações.

Esta grande variedade reflete-se em um crescente número de aplicações de

biocatalisadores em processos industriais.73

Tabela 1.2 – Vantagens e desvantagens dos biocatalisadores73

Vantagens Desvantagens

Alta enantiosseletividade Instabilidade em condições extremas de pH e

temperatura

Alta regiosseletividade Disponibilidade em certas reações específicas

Transformação em condições brandas Longos períodos na descoberta de novas enzimas

Uso de meio aquoso como solvente Work-up após o término da reação

As principais desvantagens apontadas atualmente com relação ao uso de

biocatalisadores são as seguintes:

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46

1. Nunca são suficientemente estáveis no meio desejado, pois qualquer mudança

conformacional causada por interações ou por forças físicas pode causar um

declínio na atividade enzimática.

2. Muito poucos biocatalisadores existem para certas reações. Apesar de haver

biocatalisadores para várias reações, a maioria ainda não foi totalmente

caracterizada ou nem mesmo comercializada.

3. Demanda muito alta de tempo para a descoberta de novos biocatalisadores.

O desenvolvimento de um processo biocatalítico leva em torno de 10 a 20 anos.

4. Outras desvantagens podem estar relacionadas ao longo tempo de reação,

work-up e baixas concentrações reacionais.74

1.3.4 MECANISMOS DE REAÇÃO BIOCATALISADAS

Faremos neste item uma breve descrição das duas principais reações

biocatalisadas utilizadas neste trabalho: a biorredução de cetonas pró-quirais e a

resolução enzimática utilizando lipases. Estas duas reações estão ilustradas no esquema

1.26.

ESQUEMA 1.26

Desidrogenase

NAD(P)H NAD(P)+

O

R'R

OH

R'R

OH

R'R

ou

OH

R'R

OH

R'R

OAc

R'RLipase +

O

OR" HO

R"

A redução clássica de cetonas pró-quirais utilizando, por exemplo, boroidreto de

sódio (NaBH4), leva à formação de uma mistura racêmica do álcool correspondente. Por

outro lado, a mesma reação usando enzimas permite a formação de apenas um dos

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47

enantiômeros. Assim, podemos obter teoricamente uma conversão de 100% ao

enantiômero desejado. Esta reação é efetuada por desidrogenases, enzimas responsáveis

por catalisar reações de oxidação-redução. Porém a desidrogenase, por si só, não é

capaz de realizar tal transformação sem a presença de um cofator (coenzima). Como não

existe nenhuma cadeia lateral de aminoácido que atue como agente oxidante, este papel

é feito pelo cofator, no caso, os mais conhecidos são o NADH ou NADPH.

A figura 1.18 ilustra o mecanismo simplificado de redução e a estrutura do

NADH (nicotinamida adenosina dinucleotídeo).

N

O

NH2

O

+

BO

R2

R1

H

H

redução do substrato

oxidação da coenzima

H B+

R2 O

R1

N

O

NH2

O

O

PHO

O O

P

OHO

O

O

HOOH

HO OH

N

N

N

NH2

H H

NADH

NAD+

Figura 1.18 - Mecanismo de redução de cetona por desidrogenase e estrutura do NADH

O papel da desidrogenase é juntar o substrato (cetona) e o cofator (NADH) para

que a reação se processe. O NADH não é capaz de doar o íon hidreto à cetona sem a

presença da enzima.75

Outra função da desidrogenase está associada à seletividade da reação. Quando

o cofator está ligado no sítio específico da enzima, esta última acaba bloqueando uma

das faces do cofator, diferenciando os hidrogênios da posição 4 do anel piridínico. Além

disso a transferência seletiva do hidreto do NADH pode ocorrer na face re ou na face si

da cetona pró-quiral. Assim sendo, há quatro maneiras diferentes de transferir o hidreto

(figura 1.19)..

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48

Figura 1.19 - Quatro vias possíveis (E1-E4) de transferência do hidreto do NADH à cetona pró-quiral

Para muitos casos, a seletividade da reação de biorredução pode ser mais

dependente das propriedades estéricas do substrato. Em vista disso, um modelo foi

criado por Prelog, mais conhecido como “regra de Prelog” (esquema 1.27).104

ESQUEMA 1.27

O

PG G

P

OH

GP

Regra de Prelog

Desidrogenase

NAD(P)H NAD(P)+P = pequenoG = grandePrioridade G>P

(S)

Esta regra é baseada na esteroquímica de reduções utilizando células de

Curvularia falcata e foi observado que o hidreto é transferido preferencialmente pela

face re da cetona. A maioria das desidrogenases comerciais segue esta regra.

A resolução cinética enzimática, por sua vez, consiste na transformação química

preferencial de um dos enantiômeros de um racemato catalisada por uma enzima (como

uma lipase, por exemplo). A lipase diferencia os enantiômeros de um substrato

racêmico. Devido à quiralidade do sítio ativo da enzima, um dos enantiômeros

acomoda-se melhor no sítio ativo da enzima e então este é convertido numa maior

velocidade, resultando numa resolução. Essa diferenciação pode ser explicada mais

detalhadamente por razões termodinâmicas (figura 1.20).104

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49

= diferença das

energias de ativação

rápida

lenta

E = enzima

A e B = par de enantiômeros

[EA] e [EB] = complexo enzima-substrato

P e Q = produtos

+ A

+ B

E

E + Q

E + P

E + A + B

[EB]

[EA]

Coordenada de Reação

∆∆∆∆G

∆∆∆∆∆∆∆∆G E + QE + P

[EB]

[EA]

∆∆∆∆∆∆∆∆G

Figura 1.20 – Diagrama de energia de uma reação enantiosseletiva catalisada por enzima

A figura 1.20 mostra uma reação enantiosseletiva na qual dois substratos

enantioméricos A e B competem pelo sítio ativo da enzima. Devido ao ambiente quiral

do sítio ativo da enzima, complexos diastereoisoméricos enzima-substrato [EA] e [EB]

são formados e estes contêm diferentes valores de energia livre (∆G) para seus

respectivos estados de transição [EA]≠ e [EB]≠. O resultado é uma diferença na energia

de ativação (∆∆∆∆∆∆∆∆G≠) para ambos os enantiômeros. Como conseqüência, um enantiômero

irá ser transformado mais rapidamente que o outro. O valor de ∆∆∆∆∆∆∆∆G≠ é uma medida

direta para a seletividade da reação, pois este determina a pureza óptica do produto.

Uma diferença de ∆∆∆∆∆∆∆∆G≠ de 2,17 kcal/mol leva a um considerável excesso do produto

(~ 90%). No entanto, quando uma alta pureza enantiomérica é desejada, o valor de

∆∆∆∆∆∆∆∆G≠ deve ser consideravelmente maior (> 4,50 kcal/mol).

Em contraste com a biorredução, uma resolução cinética enzimática de um

racemato pode atingir no máximo 50% de rendimento. Em um caso ideal, a diferença

das velocidades de reação de ambos os enantiômeros seria alto o suficiente para que

apenas um deles fosse convertido rapidamente e o outro não seja transformado. Então a

reação enzimática iria cessar “automaticamente” quando a conversão atingisse 50%,

momento em que não restaria nenhum enantiômero reativo.

As lipases contêm o que chamamos de “tríade catalítica”. Esta tríade é composta

por serina, histidina e aspartato (Ser, His e Asp) e é a principal responsável pela

transformação química do substrato. O mecanismo pode ser dividido em quatro etapas:

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50

1. Ativação interfacial: o sítio ativo da lipase possui uma “tampa” a qual,

dependendo do sistema de solvente, controla o acesso ao sítio ativo. Quando a

enzima entra em contato com a interface de um sistema bifásico ou em solventes

orgânicos, este sítio ativo se torna disponível, ou seja, a “tampa” é aberta.

2. Ligação do substrato à enzima

3. Reação química: o esquema 1.28 ilustra a ação da tríade catalítica. O grupo

carboxilato no ácido aspártico está ligado à histidina por ponte de hidrogênio

assim como o nitrogênio da histidina está ligado ao álcool da serina. O primeiro

passo na reação é tornar mais nucleofílico o álcool da serina. Esta tarefa é feita

pela histidina, a qual retira o próton do álcool, formando um oxiânion. Este

oxiânion ataca o carbono carbonílico do doador de acetato, formando um

intermediário tetraédrico (A). Os elétrons do oxiânion criado convergem para o

carbono carbonílico e o próton que estava situado na histidina é transferido para

o diglicerídeo, no qual é liberado em seguida. Como utilizamos acetato de vinila

para as resoluções, é formado o enol, o qual é rapidamente tautomerizado a

acetaldeído. Isso favorece a resolução, pois a reação torna-se irreversível.

ESQUEMA 1.28

N N

H H O

Ser

O

OAsp

His

N N

HO

OAsp

His

O

O

O

O

N N

H H O

Ser

O

OAsp

His

-

O

H

O

H

Acetaldeído

O

Ser

O

- -

-

-

(Enzima livre)

IntermediárioTetraédrico A

IntermediárioTetraédrico B

(Complexo Acil-enzima)

*

O

O

N N

H H O

Ser

O

OAsp

HisOH

O

O

+

+

-

Produto

Substrato

Doador de acetato

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51

4. Liberação do produto: o intermediário acil-enzima formado reage com o álcool

completando a transesterificação. O álcool ataca o carbono carbonílico e o

oxiânion gerado é estabilizado por pontes de hidrogênio (intermediário

tetraédrico B), os elétrons são regenerados e o éster é formado. O oxigênio da

serina então captura o hidrogênio da histidina para restabelecer a rede de pontes

de hidrogênio. O ácido aspártico serviu para atrair a carga positiva da histidina

quando é protonada.

1.3.5 LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO SOBRE

BIOTRANSFORMAÇÕES ENVOLVENDO COMPOSTOS DE SELÊNIO

E TELÚRIO.

Encontramos poucos artigos relatando o uso de enzimas envolvendo selenetos e

teluretos orgânicos. O foco dos estudos de biotransformação dos artigos até agora

publicados sobre esse tema, consiste na oxidação do átomo de selênio, levando aos

respectivos selenóxidos quirais. Os selenóxidos obtidos seriam aplicados em reações de

eliminação syn76 e em rearranjos sigmatrópicos, visando principalmente a preparação de

álcoois alílicos quirais (equações 1 e 2 – esquema 1.29).

ESQUEMA 1.29

R'RSe

R"

R'

HR"

HR'RSe

R"

O

oxidação eliminação*

(2)

(1)

Hidrólise

R1

HO

R2

R1

O

R2

SeR

rearranjo [2,3] sigmatrópico

RSe

R1

R2

O

RSe

R1

R2

oxidação

*

*

1

A quiralidade do átomo selênio seria transferida para outros sítios da molécula,

como o carbono carbinólico do composto 1 da equação (2) ou na produção de olefinas

com geometria definida na equação (1).58

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52

O primeiro exemplo de oxidação enzimática bem sucedida de seleneto a

selenóxido foi realizada por Walsh e colaboradores.77 Utilizando uma cicloexanona

oxigenase isolada de bactérias, foi observada a oxidação do átomo de selênio do

seleneto de fenil metila (esquema 1.30).

ESQUEMA 1.30

+ H+

+ O2

oxygenase (Acinetobacter NCIB 9871)

Se Se

O

+ H2O

NADPH NADP+

A questão da estereoquímica do selenóxido obtido não foi abordada por

Walsh, pois já era conhecida a rápida racemização na presença de traços de água

(esquema 1.31).

ESQUEMA 1.31

RSe

Ar

OH

OH H3O+

H3O+

Se

O

Ar

RSe

O

Ar

R

O mesmo autor investigou a oxidação de outros selenetos, contendo grupos

alílicos, visando a obtenção de álcoois alílicos, como o hex-1-en-3-ol mostrado no

esquema 1.32.78

ESQUEMA 1.32

hex-1-en-3-ol

HO

**transferência

de quiralidade?

SeOrearranjo [2,3] sigmatrópico

oxigenase

NADPH, O2

Se

O

Se

Hidrólise

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53

O composto hex-1-en-3-ol foi detectado, mas análises sobre estereoquímica

mostraram que o álcool em questão era racêmico. Segundo o autor, o resultado sugere

que há a possibilidade da racemização do selenóxido ser mais rápida que a eliminação

syn. Mesmo assim, ainda não se sabe se a oxidação inicial do átomo de selênio esteja

ocorrendo de forma enantiosseletiva.

Outro trabalho de revisão envolvendo microrganismos com selênio ou telúrio

está relacionado apenas às espécies inorgânicas dos calcogênios, tratando especialmente

de reações de biometilação.79 Essa reação de biometilação envolve a transformação de

espécies inorgânicas dos metalóides por ação de fungos ou plantas em espécies voláteis

de selênio ou telúrio. Esta reação é de grande importância sob o ponto de vista prático,

pois pode ser utilizada em biorremediação ou fitorremediação.

Atualmente, nosso grupo vem estudando outra reação biocatalisada em

compostos contendo selênio: a resolução enzimática de organosselenoálcoois (esquema

1.33).80

ESQUEMA 1.33

R"Se

R

R'

OH

R"Se

R

R'

OH

R"Se

R

R'

OAc

OAc

lipase, solvente+

R = CH3, Ph

R' = H, SePhR" = CH3, C3H7, C6H13, CH(CH3)2, Ph

33 ~ 99% ee41 ~ 99% ee

Neste trabalho, foi feita uma série de resoluções enzimáticas de β-hidróxi

selenetos utilizando diversas lipases, a saber, PPL (lipase de pâncreas de porco), PSL

(lipase de Pseudomonas sp.) e CAL-B (lipase imobilizada de Candida antarctica –

NOVOZYME 435®). Foram feitos também estudos comparativos envolvendo o efeito

da temperatura, do solvente, da imobilização da enzima e da estrutura do substrato

(figura 1.21).

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54

lipase, solvente

OAcSe

OH

Se

OH

Se

OAc

+

(R,S)-1-fenilselanil-propano-2-ol

Figura 1.21 – Efeito do solvente (A) e do suporte usado na imobilização da PSL (B) na resolução do (R,S)-1-fenilselanil-propano-2-ol.

Analisando a figura 1.21, obesrva-se que a melhor condição para a resolução do

(R,S)-1-fenilselanil-propano-2-ol consiste no uso da enzima CAL-B (Novozyme 435)

em hexano como solvente. Além disso, foi observado em um outro experimento que a

imobilização da PSL em PEO (óxido de polietileno) levou a um aumento na atividade

enzimática, comparada com a ação da enzima livre. A temperatura ótima para a

resolução encontrada pelos autores foi de 32ºC.

Um exemplo isolado sobre esse tipo de resolução enzimática em compostos de

selênio já havia sido relatado na literatura. Ferraboschi e colaboradores mostraram a

resolução do (R,S)-2-metil-4-fenilseleno-1-butanol (esquema 1.34). Este seleneto

resolvido pode ser utilizado como precursor de derivados do 2-metil-1,3-propanodiol.81

A

B

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55

ESQUEMA 1.34

HO OP

36% rend. (40% conv.)

>98% ee

38% rend.(60% conv.)

>98% ee

, CHCl3

+

OAc

Lipase (Pseudomonas fluorescens)

PhSe OAcPhSe OH

PhSe OH

Os dados da literatura sobre biocatálise ou biotransformação envolvendo

compostos orgânicos de selênio ou telúrio limitam-se aos exemplos acima. Isso mostra

que esta ainda é uma área muito pouco explorada e que merece atenção, dada a

importância crescente da utilização dos compostos organocalcogênios quirais em síntese

orgânica.35,17

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56

2 CAPÍTULO 2 - PREPARAÇÃO DE SELENETOS E TELURETOS

AROMÁTICOS - RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste capítulo estão descritos os resultados por nós obtidos no aperfeiçoamento

ou desenvolvimento de métodos de acesso a derivados aromáticos de selênio e de

telúrio. Vários dos compostos cuja preparação encontra-se descrita neste capítulo foram

usados em estudos de biocatálise, visando a obtenção de compostos aromáticos de

selênio e de telúrio enantiomericamente puros. Esses estudos serão descritos no capítulo

5.

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57

2.1 ORTO-METALAÇÃO

Iniciamos nossos estudos pela reação de orto-metalação do 1-feniletanol (1a)

racêmico adaptando o método desenvolvido por Wirth et al.82 Essa rota levou ao

disseleneto de diarila 2a. Tentativa de adaptação da mesma metodologia para preparar o

análogo de telúrio não teve sucesso. O telúrio elementar não foi consumido (esquema

2.1).

ESQUEMA 2.1

2 eq. n-BuLi, TMEDA*

Te

Te

OH

HO

OH OLi

Li

Se

Se

OH

HO

1) Te2) ar

1) Se2) ar

46%

1a

2a

Pentano

* TMEDA = NN

Como a falta de reatividade do telúrio poderia estar associada à granulometria,83

utilizamos telúrio com alto mesh (300), mas também não houve reação. Irradiação por

ultra-som também não levou ao produto desejado. Resultados semelhantes foram

obtidos por Singh e colaboradores.84

Tendo em vista o sucesso da reação de orto-metalação com selênio, estendemos

a reação de orto-litiação dos (+)1-feniletanóis 1a-f, os quais possuem substituintes na

posição para (esquema 2.2). Os produtos desejados foram obtidos apenas com os

substratos 1b e 1f.

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58

ESQUEMA 2.2

1a (X = H)

1b (X = CH3)

1c (X = NO2)

OH

X

Se

Se

X

OH

HO

X

1) 2 eq. n-BuLi, TMEDA

2) Se3) ar

1d (X = Br)

1e (X = Cl)

1f (X = C6H5)

2a (X = H)

2b (X = CH3)

2c (X = C6H5)

Tabela 2.1 Tentativa de formação do disseleneto 2 com diferentes substituintes X.

Composto X Solvente Rendimento (%)

1a H Pentano 46 (2a)

1b CH3 Éter 30 (2b)

1c NO2 THF N.H.R.

1d Br Éter mistura

1e Cl Éter mistura

1f C6H5 Éter/THF (5/1) 34 (2c)

Na reação com o composto 1f foi utilizada uma mistura de éter e THF (5:1)

como solvente devido à baixa solubilidade do substrato em éter. Em THF puro a

reação não ocorreu. No caso das acetofenonas halogenadas houve competição entre a

orto-litiação e a troca lítio-halogênio, observando-se uma mistura de produtos. De

acordo com os espectros de RMN dos disselenetos 2a-c, observa-se uma mistura dos

diastereoisômeros (R,R/S,S e R,S/S,R), já que partimos de um composto racêmico. A

redução dos disselenetos 2a-c, seguida de alquilação com iodometano levou aos

selenetos de aril metila 3a-c (esquema 2.3, tabela 2.2).

Essa transformação foi feita de modo a podermos efetuar análise por

cromatografia gasosa acoplada ao espectrômetro de massas (GC-MS), uma vez que

os disselenetos de diarila apresentaram pontos de ebulição muito altos, sendo

possível sua análise apenas por injeção direta. A análise por GC-MS é fundamental

para os estudos de biocatálise dos compostos de selênio, conforme será relatado no

capítulo 5. Os selenetos 3a-c foram acetilados com anidrido acético e piridina,

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59

conforme mostrado no esquema 2.3. Essa transformação foi feita também visando

aos estudos de biocatálise (item 5.3.2).

ESQUEMA 2.3

N

O

O O

OH

Se Se

OH

X X NaBH4

CH3I

OH

SeCH3X

OAc

SeCH3X

2a (X=H)

2b (X=CH3)

2c (X=Ph)

3a (X=H)

3b (X=CH3)

3c (X=Ph)

4a (X=H)

4b (X=CH3)

4c (X=Ph)

Tabela 2.2 Rendimento de 3 para diferentes grupos X.

Composto X Rendimento de 3(%)

2a H 76 (3a)

2b CH3 71 (3b)

2c C6H5 61 (3c)

Foi observado posteriormente que o seleneto 3a pode ser preparado numa

seqüência “one-pot”. Após adição do selênio elementar, há a formação do

arilselenolato de lítio, o qual pode ser alquilado com iodo metano ou sulfato de

dimetila in situ, sem necessidade de isolar o disseleneto de diarila. Esta reação

também foi usada para a preparação de sulfetos, que serão usados nos estudos

biocatalíticos (item 5.3.2) (esquema 2.4).

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60

ESQUEMA 2.4

1) S

2)CH3I

OH

SCH3

OH

SeCH3

1) Se

2)CH3IOH

n-BuLi / TMEDA

pentano refluxo 12h

OLi

Li

(60%)

(50%)

1a

3a

3d

Numa tentativa de obter outros selenetos, a acetofenona protegida na forma

de acetal 6a foi tratada com n-BuLi em éter etílico e TMEDA, seguida por reação

com selênio elementar e iodometano (esquema 2.5). O seleneto não foi formado,

obtendo-se apenas o produto de metilação do anel 6b.85

ESQUEMA 2.5

OOO

OHOH

Amberlyst 15C6H6

1) 2 eq. n-BuLi, TMEDA, Et2O

2) Se3) CH3I

OO

SeCH3

OO

M.M.=178 g/mol

CH3

5a 6a

6b

Em vista dos insucessos parciais de inserção tanto de telúrio como de selênio

elementar descritos anteriormente, investigamos a possibilidade de funcionalização do

anel aromático por orto-litiação seguida por reação com dicalcogenetos de diorganoíla.

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61

A orto-litiação do feniletanol da maneira usual, seguida por reação com

disselenetos e diteluretos de diorganoíla levou aos derivados de Se e Te esperados em

rendimentos moderados (Esquema 2.6, Tabela 2.3).

ESQUEMA 2.6

OH

n-BuLi / TMEDA

pentano refluxo 12h

OLi

Li

OH

YR

RYYR

Y = Se, TeR = n-Bu, Ph

1a 3e-h

Tabela 2.3 Rendimentos dos orto-organocalcogenofeniletanóis

Composto R Y Rendimento 3e n-Bu Se 55% 3f n-Bu Te 60% 3g Ph Te 40% 3h Ph Se 35%

2.2 TROCA METAL-HALOGÊNIO

Outra abordagem utilizada na preparação de calcogenetos aromáticos envolveu a

troca metal-halogênio. O esquema 2.7 mostra a rota seguida para a obtenção do

composto 7a, o qual será usado como substrato nas reações biocatalisadas (item 5.1).

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62

ESQUEMA 2.7

6c

7a 6e 6d65%>95%

80%

42%

Amberlyst 15C6H6

OHOH

Br

OOO

Br

NaBH4

CH3I, THFPPTSEtOH

O

SeCH3 SeCH3

O O

OO

LiSe

1) t-BuLi

2) Se

Se)2

O O

ArCH3I

5b

35%

O primeiro passo envolveu a proteção da p-bromo acetofenona 5b seguindo o

mesmo procedimento usado na preparação da 2-metil-2-fenil-1,3-dioxolana (6a). O

composto 6c foi purificado por destilação horizontal. Em seguida, usando o

procedimento descrito por Wirth,82 foi feita a troca metal-halogênio, seguida de inserção

de selênio e oxidação, o que levou ao disseleneto 6d com 42% de rendimento. As etapas

seguintes envolveram redução do disseleneto de diarila ao selenolato correspondente

seguido de alquilação e desproteção com p-toluenosulfonato de piridínio (PPTS), o que

levou à p-metilselenoacetofenona (7a).86

Foi observado posteriormente que 7a pode ser obtido diretamente a partir da

alquilação do selenolato intermediário derivado do haleto 6c com iodeto de metila

(esquema 2.7).

Tendo em vista o sucesso na obtenção do composto 7a, novos selenetos 7b-f

foram preparados a partir das acetofenonas substituídas com bromo nas posições orto,

meta e para (esquema 2.8).

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63

ESQUEMA 2.8

1) t-BuLi, THF

2) Se, CH3I3) H

+

o, m, p = Br

OO

BrBr

O

OH OH

C6H6, refluxo

2) PhSeSePh3) H

+

O

CH3Se

1) t-BuLi, THF

PhSe

O

7c = o-CH3Se (15%)

7a = p-CH3Se (27%)

7b = m-CH3Se (30%)

7d = p-PhSe (66%)

7e = m-PhSe (55%)

7f = o-PhSe (56%)

6c (p-Br)6f (o-Br)6g (m-Br)

As bromoacetofenonas foram protegidas com etilenoglicol41 da forma descrita

anteriormente, levando ao respectivo acetal 6. Usando procedimento já descrito,82 o

acetal foi submetido a uma troca metal-halogênio com t-BuLi em THF, seguida da

adição de selênio. Os selenolatos de lítio intermediários foram capturados com

iodometano, e os produtos obtidos foram desprotegidos por hidrólise ácida, formando os

selenetos 7a-c com rendimentos variando entre 15% e 30%. Outra rota foi adotada,

desta vez utilizando disseleneto de difenila como eletrófilo para a obtenção dos

selenetos 7d-f. Por essa rota os rendimentos foram maiores, ficando entre 55% e 66%.

Teluretos análogos à teluroacetofenona 7g já foram preparados por Piette e

colaboradores,87 usando lítio elementar ou n-BuLi na etapa de formação do aril-lítio.

Neste trabalho utilizamos t-BuLi na etapa de litiação, pois o uso de n-BuLi levou ao

produto de alquilação do anel. Inserção de telúrio elementar, seguida de alquilação

levou a uma mistura de 6i e 6h, sendo este último separado de 6i antes da etapa de

hidrólise do acetal. A hidrólise de 6h foi feita com APTS em acetona e água, pois o uso

das condições clássicas que envolvem HCl aquoso levou a decomposição do substrato.

Mesmo assim, o telureto 7g foi obtido em baixo rendimento. Como veremos mais

adiante (item 2.4) as teluroacetofenonas do tipo 7g foram preparadas por um método

mais direto e eficiente, envolvendo sais de diazônio.

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64

ESQUEMA 2.9

6c

Acetona/H2O

O O

Te

OO

Te

+

(17 %)

6h

APTS

OO

H3CTe

1) t-BuLi, THF

2) Te, CH3I

O

H3CTeOO

Br

7g (24 %)6i

2.3 REAÇÃO DE TETRACLORETO DE TELÚRIO COM COMPOSTOS

AROMÁTICOS ATIVADOS NA AUSÊNCIA DE SOLVENTE

Conforme comentado no item 1.1.3, tricloretos de ariltelúrio podem ser

preparados pela reação de tetracloreto de telúrio com compostos aromáticos ativados. O

grande inconveniente dessa reação consiste no uso de solventes clorados, como

tetracloreto de carbono e clorofórmio. Entretanto, existem relatos na literatura dessa

reação sem uso de solvente.88 O inconveniente do método consiste na possível formação

de mistura de produtos, uma vez que os tricloretos de ariltelúrio inicialmente gerados

reagem com excesso do composto aromático, levando aos correspondentes dicloretos de

diariltelúrio (esquema 2.10).

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65

ESQUEMA 2.10

120oC

excesso

H3CO

+

H3CO

TeCl3

H3CO

TeCl4+

Te

CH3O OCH3

Cl Cl

Uma forma que encontramos para contornar o problema foi pré-aquecer o

tetracloreto de telúrio a 120oC e a seguir adicionar o composto aromático em

quantidades estequiométricas ao sistema. Em um teste preliminar, reagimos tetracloreto

de telúrio com anisol. Após 3 minutos de reação o tricloreto de p-anisoiltelúrio foi

obtido em 98% de rendimento (esquema 2.11).

ESQUEMA 2.11

+ TeCl4H3CO H3CO

TeCl3120

oC

1 : 1 98%

Tendo em vista nosso objetivo de desenvolver métodos práticos de síntese de

teluretos de aril-alquila, submetemos os tricloretos de ariltelúrio, obtidos conforme

descrito no esquema 2.11, diretamente à redução com boroidreto de sódio na presença

de bromobutano em THF e água. Os teluretos de aril-butila foram obtidos em bons

rendimentos, conforme mostrado na tabela 2.4 (esquema 2.12).

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66

ESQUEMA 2.12

TeCl4

sem solvente

120oC

THF, BuBr

NaBH4 / H2O

0oC t.a, 1hR1

R TeCl3

R1

R TeBu

R1

R

8a (R = OCH3, R1 = H)

8b (R = OC2H5, R1 = H)

8c (R = OCH3, R1 = OCH3)

8d (R = OCH3, R1 = CH3)

8e (R = CH3, R1 = H)

8f (R = C6H5, R1 = H)

8g(R = Naftil = R1)

8h (R = OC6H5, R1 = H)

8i (R = OH, R1 = H)

9a-i

Os rendimentos descritos na tabela 2.4 se referem ao rendimento isolado do

telureto 9 a partir do composto aromático 8 utilizado. Nos casos dos substratos mais

fortemente ativados 8a-d e 8h-i obtivemos bons rendimentos e o tempo médio das

substituições eletrofílicas com TeCl4 ficou por volta de 3 minutos. A reação com

tolueno (8e) necessitou refluxo dos reagentes em quantidade equimolares por 12 horas

para que o tricloreto fosse formado. Para os substratos menos ativados (8f e 8g) o tempo

de reação com TeCl4 ficou por volta de 10 minutos e os rendimentos foram menos

satisfatórios. Entretanto, de acordo com a literatura, a preparação destes tricloretos de

aril telúrio usando solventes também exibiu baixo rendimento.4 No caso do naftaleno

(8g) um excesso do substrato foi necessário e a reação foi feita pela fusão inicial do

substrato num balão em um banho de óleo a 120oC, seguida pela adição de tetracloreto

de telúrio.

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67

Tabela 2.4 - Teluretos de aril butila preparados a partir de aromáticos ativados

Composto aromático Telureto Rendimento OCH3

8a

OCH3

BuTe 9a

76%

OC2H5

8b

OC2H5

BuTe 9b

70%

OCH3

OCH3 8c

OCH3

OCH3BuTe 9c

71%

OCH3

CH3 8d

OCH3

CH3BuTe 9d

50%

CH3

8e

CH3

BuTe 9e

77%a

8f

Ph

BuTe 9f

35%

8g

BuTe

9g

35%b

O

8h

OPh

BuTe 9h

55%

OH

8i

OH

BuTe 9i

72%

a O tricloreto de aril telúrio derivado do tolueno foi obtido após 12 horas de refluxo. b Usou um pequeno excesso de naftaleno para gerar o tricloreto de aril telúrio correspondente.

Os resultados descritos acima, mostram que tricloretos de aril telúrio podem ser

preparados evitando-se o uso de solventes danosos e que os mesmos podem ser

transformados num mesmo balão em teluretos de aril butila 9a-i.

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68

2.4 PREPARAÇÃO DE TELURETOS E SELENETOS ARÍLICOS PELA

REAÇÃO ENTRE CLORETOS DE ARIL-DIAZÔNIO SUBSTITUÍDOS E

DISSELENETOS E DITELURETOS ORGÂNICOS.

Conforme descrito no item 1.1.4, sais de aril diazônio reagem com espécies de

selênio e de telúrio, levando a teluretos orgânicos. Os sais de diazônio mais comumente

empregados são os tetrafluoroboratos de aril diazônio, compostos sensíveis ao choque

quando secos, os quais são empregados em solventes de alto custo como

dimetilformamida (DMF).44 As espécies usadas como fontes de Se e Te são usualmente

nucleófilos sensíveis ao ar.89 Os rendimentos na maioria dos casos são baixos.

Na tentativa de evitar os problemas acima, preparamos cloretos de aril diazônio,

da maneira usual em meio aquoso e adicionamos à suspensão aquosa dos mesmos,

NaHCO3 até o meio reacional tornar-se básico.90 A seguir ditelureto de dibutila em THF

foi adicionado à temperatura ambiente.

Num experimento preliminar preparamos o cloreto de fenildiazônio a partir da

anilina e a seguir adicionamos ditelureto de dibutila. Após 5 horas de reação foi

observada a formação de telureto de fenil butila (PhTeBu) e telureto de difenila

(PhTePh), sendo que todo o ditelureto de dibutila foi consumido (esquema 2.13). No

entanto, devido à baixa solubilidade do ditelureto de dibutila no meio reacional aquoso,

a reação foi relativamente lenta.

ESQUEMA 2.13

+

1. NaHCO3

2. BuTeTeBu / THF

Te

1. HCl/H2O

2. NaNO2

TeBu

N2+ Cl -NH2

5h

Repetimos o experimento adicionando um solvente solúvel em água,

tetrahidrofurano (THF), e observamos um aumento significativo na velocidade da

reação. Neste caso, todo o ditelureto de dibutila foi consumido em menos de uma hora

de reação.

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69

Tendo em vista o sucesso da reação com cloreto de fenildiazônio, utilizamos

uma série de anilinas substituídas (10a-i) na preparação dos sais de diazônio, seguida da

adição de ditelureto de dibutila em THF (esquema 2.14 – tabela 2.5).

ESQUEMA 2.14

NH2

X X

N2+ Cl -

TeBu

X1. HCl/H2O

2. NaNO2

X

Te

X

1. NaHCO3

2. BuTeTeBu / THF +

10a (X = H)

10b (X = m-NO2)

10c (X = p-NO2)

10d (X = p-CH3, o-NO2)

10e (X = p-COCH3)

11a-f,i

11g-h, j

10f (X = m-CH3)

10g (X = m-Cl)

10h (X = p-Cl)

10i (X = m-OCH3)

Dois procedimentos foram utilizados. O primeiro (Método A), consistiu na

adição do ditelureto de dibutila à solução aquosa do cloreto de arildiazônio. Nesse caso,

teluretos de aril butila (11a-c) foram obtidos preferencialmente. O segundo

procedimento (Método B) consistiu na adição da solução aquosa do cloreto de

arildiazônio à uma solução do ditelureto de dibutila em THF à temperatura ambiente.

Cabe salientar a formação de teluretos de aril butila contendo grupos nitro (11b e

11c). Os rendimentos obtidos para esses dois compostos foram superiores ao método

recentemente publicado, no qual foram empregados ácidos arilborônicos.9 Além disso,

esses teluretos não poderiam ser formados caso utilizássemos tetrafluorborato como

contra-íon do sal de diazônio, pois, os tetrafluorboratos de arildiazônio contendo grupos

nitro são conhecidos por se decompor espontaneamente e com violência sob

aquecimento.41

Os produtos da reação do cloreto de arildiazônio derivado da m-anisidina (10i) os

teluretos 11i e 11j, foram separados por cromatografia em coluna. Nos demais casos,

houve a formação preferencial de apenas um dos teluretos, enquanto que o outro

produto foi detectado apenas em pequenas quantidades.

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70

Tabela 2.5 Teluretos obtidos a partir de anilinas via formação de sal de diazônio

Anilina Telureto principal Rendimento* NH2

10a

TeBu

11a

66%a

NH2

NO2

TeBu

NO2

58%a

NH2

O2N 10c

TeBu

O2N 11c

59%a,b

NH2

NO2H3C

10d

TeBu

NO2H3C 11d

36%c

NH2

O

TeBu

O

62%c

NH2

CH3

TeBu

CH3

43%c

NH2Cl

TeCl Cl

89%c

NH2

Cl

Te

ClCl

67%c

20%c

NH2

OCH3 10i

TeBu

OCH3

+

TeH3CO OCH3

60%c

* Rendimento calculado considerando 1 equivalente de ditelureto fornecendo 1 equivalente do produto. a Preparado pelo método A; b CH2Cl2 foi utilizado ao invés de THF; c Preparado pelo método B.

10e 11e

11f 10f

10b 11b

10g 11g

10h 11h

11i

11j

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71

Em alguns casos, os teluretos de diarila 11g-h, 11j foram formados como

produtos principais. Um estudo mecanístico foi feito com o objetivo de explicar a

formação desses teluretos de diarila.i Através das análises por espectrometria de massas

com ionização por electrospray (ES-MS) foram identificados os principais

intermediários carregados nesta reação. Cabe salientar que foi estudado apenas o

mecanismo heterolítico, já que na literatura91 é mencionada a possibilidade de

competição ou coexistência do mecanismo radicalar.

Neste estudo de ES-MS no modo positivo, foram analisadas as reações de

formação do telureto 11a, 11h e novamente 11a com ditelureto de difenila como

nucleófilo. O espectro mostrado na figura 2.1 se refere à reação do cloreto de p-

clorofenil diazônio com ditelureto de dibutila. Os fragmentos de razão massa/carga

iguais a 409 e 483, mostram padrão isotópico característico de compostos contendo um

e dois átomos de telúrio, respectivamente (cátions 12 e 13).

Figura 2.1 - Espectro de massas (ES-MS) da reação envolvendo p-cloroanilina de ditelureto de dibutila

Para confirmar a estrutura dos intermediários detectados, foram feitas análises de

ES-MS/MS destes fragmentos (figuras 2.2 e 2.3).

i Experimento realizado em colaboração com o Professor Doutor Marcos N. Eberlin da UNICAMP - SP

Cl

TeTe

C4H9

C4H9

13Cl

TeC4H9

Cl

12

N2

Cl

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72

Figura 2.2 - Espectro MS/MS do fragmento 12 (m/z = 408,9)

Figura 2.3 - Espectro MS/MS do fragmento 13 (m/z = 482,9)

Nos outros casos também foi possível identificar os cátions intermediários. Na

seqüência de figuras 2.4 e 2.5 estão os espectros de massas com os fragmentos

sugeridos.

Te

Cl Cl

Bu

Te

Cl Cl

Te

Cl

Te

Cl

TeBu

Bu

Te

Cl

Bu

Te

Cl

Te

Cl

Te

Te

Cl

Te

Bu

Te

Cl

Te

Bu

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73

Figura 2.4 - Espectro de massas (ES-MS) da reação envolvendo anilina e ditelureto de dibutila

Figura 2.5 - Espectro de massas (ES-MS) da reação envolvendo anilina e ditelureto de difenila

Baseado nos espectros de massas, um possível mecanismo está proposto no

esquema 2.15. O ditelureto de dibutila atuaria como nucleófilo, atacando o sal de

diazônio, formando uma espécie carregada 14, identificada por ES-MS. Depois da perda

Te

Bu

15

TeTeBu

Bu

14

Te

16

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74

de um cátion butiltelurônio, o telureto de arilbutila 11a formado reagiria novamente

com outra molécula de cloreto de arildiazônio, gerando um intermediário carregado do

telureto de diarila 15. Este intermediário também foi identificado por ES-MS.

ESQUEMA 2.15

m/z = 338

m/z = 445

Bu+ (?)

Te

+ N2+Cl-

Te

Bu

N2+ Cl -

BuTe++

TeBu

Cl- + N2+

TeTeBu

Bu

BuTeTeBu

+

N2+ Cl -

11a

14

15

Com base nos resultados descritos acima, consideramos a possibilidade de

disselenetos também reagirem com cloretos de arildiazônio derivados de amino-

acetofenonas (esquema 2.16 – Tabela 2.6) sob condições semelhantes às utilizadas na

preparação de teluretos. O motivo principal de nosso interesse nesta reação com

disselenetos se deve ao fato das organosselenoacetofenonas serem preparadas por uma

rota sintética trabalhosa e de baixo rendimento (item 2.3).

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75

ESQUEMA 2.16

R= Ph, Me

1. NaHCO3

2. RSeSeR / THF

N2+ Cl -

O

1. HCl/H2O

2. NaNO2NH2

O O

SeR

7a,d-f10e (p-NH2)

10j (m-NH2)

10k (o-NH2)

Tabela 2.6 - Organosselenoacetofenonas obtidas a partir de aminoacetofenonas via sal de diazônio

Amino acetofenona Seleneto Rendimento* SeCH3

O 7a

60%b

NH2

O 10e

SePh

O 7b

69%a

NH2

O

10j

SePh

O

7e

71%c

NH2

O

10k

SePh

O

7f

40%c

a Preparado pelo método A; b Metilselenolato de lítio foi usado ao invés de diseleneto de dimetila ; c Preparado pelo método B; *Rendimento calculado considerando 1 equivalente de disseleneto fornecendo 1 equivalente do produto.

Pelos resultados mostrados na tabela 2.6, verificamos que este método é muito

mais simples e vantajoso, do que o método até agora utilizado para a preparação das

selenoacetofenonas, no qual empregavam-se compostos organometálicos (esquema

2.16). Isso porque pela rota do sal de diazônio foi possível preparar

organosselenoacetofenonas sem uso de grupos protetores de carbonila, sem solventes

secos, sem vidraria especial e sem atmosfera inerte. A reação foi feita em água e o

tempo reacional foi relativamente curto (aproximadamente 40 minutos). Além disso,

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76

para efeito de comparação, o esquema 2.17 mostra os rendimentos globais da

preparação das organosselenoacetofenonas a partir das matérias primas empregadas.

Pelo método que utiliza sais de diazônio o rendimento global é superior àquele que

envolve a troca metal-halogênio seguida de selenização.

ESQUEMA 2.17

O

SeR

O

NH2Br

Orendimento global

40-71%rendimento global

12-50%

2.5 CONCLUSÃO

Metodologias mais eficientes e mais brandas de preparação de selenetos e

teluretos aromáticos foram desenvolvidas. Conseguimos descartar o uso de tetracloreto

de carbono como solvente na preparação de tricloretos de aril telúrio, precursores de

teluretos aromáticos. Também foi possível estabelecer um método eficiente para a

preparação de orto-organocalcogeno feniletanóis por orto-metalação, utilizando

dicalcogenetos de diorganoíla como eletrófilos. Também foi desenvolvida uma rota

eficiente de preparação de teluretos e selenetos aromáticos utilizando sais de diazônio

em meio aquoso.

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77

3 CAPÍTULO 3 - APLICAÇÃO SINTÉTICA DOS TELURETOS

AROMÁTICOS – RESULTADOS E DISCUSSÃO

Este capítulo contém algumas aplicações sintéticas desenvolvidas para os

compostos aromáticos contendo átomo de Telúrio preparados no capítulo anterior.

Serão discutidos os resultados de reações de acoplamento de teluretos aromáticos

catalisadas por Paládio, oxidações de teluretos aromáticos levando a oxateluróis e por

fim uma extensão da reação de troca telúrio-lítio aplicadas a teluretos aromáticos.

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78

3.1 REAÇÕES DE ACOPLAMENTO ENVOLVENDO O TELURETO 3f

Como mencionado anteriormente (item 1.2.1) uma das aplicações encontradas

para o telureto 3f consiste numa reação desenvolvida recentemente no laboratório e que

foi largamente explorada nos últimos anos com teluretos vinílicos.50 Essa reação

consiste no acoplamento catalisado por metais de transição levando a formação de

ligações carbono-carbono.

Em vista disso, realizamos testes preliminares visando estabelecer as melhores

condições de reação para a obtenção de uma série de alcinos aromáticos. Estes alcinos

seriam obtidos por uma reação do tipo Sonogashira, catalisada por reagentes de paládio,

partindo-se de teluretos aromáticos ao invés de haletos de arila já descritos na

literatura92 (esquema 3.1).

ESQUEMA 3.1

OH

TeBu

OH

Ph

t.a.

PhC CH

"Pd", condições

3f 16a

Os testes iniciais foram realizados reagindo-se o telureto 3f racêmico com

fenilacetileno. Várias condições de reação como o tipo de catalisador, a base

empregada, quantidade dos reagentes e solventes foram testadas. Os resultados estão

reunidos na tabela 3.1.

Tabela 3.1 – Condições reacionais estudadas na obtenção do alcino 16a.

Catalisador Oxidante Base PhC≡CH Solv. temp. t (h) conv. ref.

Ni(PPh3)2Cl2 (5 mol%) CuI (5 mol%) Pirrolidina (excesso) 4 equiv. - t.a. 48h < 5% 50a

Pd(PPh3)2Cl2 (5 mol%) CuI (5 mol%) TEAa (excesso) 1,1 equiv. - Refluxo 12h < 10% 93b

Pd/C (5 mol%) CuI (5 mol%) TEA (excesso) 1,1 equiv. - Refluxo 12h 10% 93a

Pd(PPh3)4 (5 mol%) ZnBr2 (1,2 equiv.) TEA (4 equiv.) 1,2 equiv. THF t.a. 24h - 93c

PdCl2 (10 mol%) CuCl2 (2 equiv.) TEA (4 equiv.) 2 equiv. CH3OH t.a. 48h - -

PdCl2 (20 mol%) CuI (4 equiv.) TEA (4 equiv.) 2 equiv. CH3OH t.a. 24h 40% -

PdCl2 (20 mol%) CuI (4 equiv.) TEA (4 equiv.) 4 equiv. CH3OH t.a. 24h 46% -

PdCl2 (40 mol%) CuI (40 mol%) TEA (4 equiv.) 1,1 equiv. CH3OH t.a. 12h 60% 50b

aTEA (trietilamina)

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79

A melhor condição encontrada acha-se em negrito na tabela 3.1 Nesse caso,

foram utilizados 20 mol% de PdCl2, 4 equivalentes de CuI, 4 equivalentes de

trietilamina e 4 equivalentes do fenilacetileno em metanol, a temperatura ambiente. A

conversão foi melhor quando foram utilizados 40 mol% do catalisador. Entretanto, em

vista do custo elevado do sal de paládio, seu uso nessa proporção não se justifica.

Outros alcinos foram testados a fim de observar a generalidade da transformação usando

20 mol% de PdCl2. (esquema 3.2 – Tabela 3.2).

ESQUEMA 3.2

OH

TeBu

OH

R

CH3OH, t.a.

RC CH

PdCl2 (20 mol%)

CuI (4 equiv.), TEA (4 equiv.)

3f

(4 equiv.)

16a-d

Tabela 3.2 – Produtos de acoplamento entre o telureto 3f e diversos alcinos

Alcino Produto Rendimento Isolado

16a

OH

Ph

46%

16b

OH

C5H12

40%

HO

16c

OH

OH

76%

HO

OH

OH16d

45%

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80

Pelos resultados mostrados na tabela 3.2 podemos ver que a transformação pode

apresentar um caráter geral, embora os rendimentos sejam apenas razoáveis. Estudos

mais detalhados serão necessários para otimizar os rendimentos e eventualmente

diminuir a quantidade de catalisador usado.

O uso de teluretos aromáticos do tipo 3f enantiomericamente puros, resolvidos

conforme discutido no item 5.3.3, poderia levar a alquinos do tipo 16a-d quirais. Uma

possível aplicação sintética para os mesmos seria sua ciclização catalisada por paládio,94

levando a isocromenos ou benzofuranos quirais (esquema 3.3).

ESQUEMA 3.3

isocromenos

benzofuranos

Pd cat.Pd cat.

5-exo-dig 6-endo-dig* *

*O

R

O

R

OH

R16

Estes estudos não foram desenvolvidos nesta tese em vista da falta de tempo.

3.2 OXIDAÇÃO DO TELURETO 3f

O telureto 3f poderia ser usado na preparação de compostos de telúrio (IV), os

quais estão sendo estudados no laboratório como inibidores de proteases.95 Como o

composto 3f foi preparado em suas formas enantiomericamente puras, os compostos de

telúrio (IV) preparados a partir dele também apresentariam um centro estereogênico

definido no carbono carbinólico. Esses compostos seriam usados em testes com

proteases, com o objetivo de verificar a influência da configuração na atividade

inibitória do compostos de Telúrio (IV).i

i Esses estudos estão sendo desenvolvidos pelo doutorando Rodrigo L. O. R. cunha em sua tese de doutorado.

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81

Recentemente Minkin e colaboradores descreveram a transformação de

compostos do tipo 17 em oxateluróis 18 racêmicos, por reação de 3f com cloreto de

sulfurila, seguida por eliminação espontânea de HCl (esquema 3.4).34Error! Bookmark not

defined.

ESQUEMA 3.4

benzeno0oC

18

- HClO

Te

Cl Bu

OH

TeBu

SO2Cl2 OH

Te

Cl

Bu

Cl

3f 17

72%

Repetimos a seqüência reacional do esquema 3.4 usando o telureto 3f

enantiomericamente puro, preparado conforme descrito no item 5.3.3. Foram obtidos

dois compostos, conforme evidenciado por RMN. O rendimento bruto foi quantitativo e

o do produto recristalizado foi de 72%. Esses dois compostos são provavelmente os

diastereoisômeros (R,RTe)-18 e (R,STe)-18 (figura 3.1), uma vez que o átomo de telúrio

também pode apresentar quiralidade em compostos de Te (IV).

(R,STe)-18(R,RTe)-18

O

Te

Cl Bu

O

Te

Bu Cl

Figura 3.1 - Dois estereoisômeros do oxatelurol 18 a partir do telureto (R)-(+)-3f

Essa hipótese encontra suporte no espectro de ressonância magnética nuclear de 125Te em DMSO deuterado (Figura 3.2), o qual apresenta dois sinais, um 1204 ppm e

outro a 1191 ppm e também da análise de raio-X (figura 3.3).

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82

Figura 3.2 – Espectro de RMN 125Te do oxatelurol 18

Cl2

Te2

O2

C21 C212

C27

C22

C26C25C28

C29C210

C211

C24

C23

Figura 3.3 - Projeção de ORTEP do diastereoisômero (R,STe)-(+)-18.

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83

3.3 TROCA TELÚRIO-LÍTIO

Conforme comentado na introdução (item 1.2.1), a troca telúrio-metal foi

largamente explorada nos últimos anos, especialmente em teluretos vinílicos e

alquílicos.45,96 Existem poucos exemplos na literatura envolvendo a troca Te/Li em

compostos aromáticos.37,97

Além de verificar a generalidade dessa troca, submetemos os teluretos aromáticos

descritos no item 2.3 à reação com n-BuLi37 e capturamos os intermediários de aril-lítio

com benzaldeído (esquema 3.5) de modo a verificarmos a generalidade dessa reação. Os

resultados encontram-se descritos na tabela 3.3.

ESQUEMA 3.5

n-BuLi, THF

-78o

C, 10 min.

PhCHO, 0o

C

1h

R1

TeBuR

R1

LiR

R1

OH

R

9a-g 19a-g

Tabela 3.3 – Preparação de benzidróis a partir dos teluretos 9a-g

Telureto Benzidrol Rendimento

BuTe

OCH3

9a

OH

H3CO 19a

73%

BuTe

OC2H5

9b

OH

H5C2O 19b

76%

BuTe

OCH3

OCH3 9c

OH

H3CO

H3CO19c

72%

BuTe

OCH3

CH3 9d

OH

H3C

H3CO19d

82%

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84

Tabela 3.3 (cont.) Telureto Benzidrol Rendimento

BuTe

CH3

9e

OH

H3C 19e

69%

BuTe

Ph

9f

OH

Ph 19f

79%

BuTe 9g

OH

19g

68%

Como pode ser visto, esta reação é de caráter geral, levando aos álcoois

secundários em bons rendimentos.i

Como extensão desse trabalho, os teluretos descritos no item 2.3 estão sendo

transformados nos correspondentes cupratos de ordem superior e usados na abertura de

aziridinas (esquema 3.6).i

ESQUEMA 3.6

S

Cu(CN)Li2H3C

S

Cu(CN)Li2G

TeBu

G

15 min. t.a.

N Ts

R

G

NH

R

Ts

i Este trabalho foi realizado pelo aluno de Iniciação Científica Fabiano Travanca Toledo (Processo No. 04/00322-9).

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85

3.4 CONCLUSÃO

Neste capítulo mostramos que teluretos de arila podem ser úteis em reações de

acoplamento catalisadas por paládio, fornecendo precursores de importantes sistemas

heterocíclicos. A reação de troca Te-Li foi estendida a compostos funcionalizados e o

estudo da troca Te-Cu está sendo continuada, com vistas a obtenção de aminas

substituídas por grupos aromáticos na posição 2. Além disso, teluretos aromáticos

podem ser fontes de oxateluróis quirais, potenciais inibidores de proteases.

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86

4 CAPÍTULO 4 - REAÇÕES BIOCATALISADAS DE SUBSTRATOS SEM

SELÊNIO OU TELÚRIO

Nesta parte serão discutidos os resultados e reações biocatalíticas empregando

compostos que não contém átomos de selênio ou telúrio. O principal objetivo desta

parte do trabalho foi a familiarização com algumas técnicas de biocatálise, até então

desconhecidas pelo grupo. Resoluções cinéticas utilizando enzimas isoladas,

biorreduções e reações de desracemização usando microrganismos e plantas foram

efetuadas.

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87

4.1 RESOLUÇÕES ENZIMÁTICAS

4.1.1 RESOLUÇÃO DE FENILETANÓIS SUBSTITUÍDOS

Inicialmente utilizamos a enzima Novozyme 435 na resolução dos feniletanóis

racêmicos 1, provenientes da redução química das acetofenonas para-substituídas 20.

Além de verificar a capacidade da enzima em catalisar a acetilação dos substratos em

questão, havia o interesse em obter feniletanóis quirais, os quais poderiam ser usados

para preparar compostos aromáticos quirais contendo átomos de selênio ou telúrio por

orto-metalação. Os resultados da redução das acetofenonas e da resolução cinética dos

feniletanóis estão mostrados no esquema 4.1 e na Tabela 4.1.

ESQUEMA 4.1

(+)-1a-e

NaBH4 / NaOH

MeOH +

O

O

, t-BME

Novozyme 435OAc

X

OH

X

OH

X

O

X

1a-e

90 min20a (X = H)

20b (X = CH3)

20c (X = NO2)

20d (X = Br)

20e (X = Cl)

21a (X = H)

21b (X = CH3)

21c (X = NO2)

21d (X = Br)

21e (X = Cl)

_

Tabela 4.1 Rendimentos e excessos enantioméricos dos álcoois e acetatos para substituídos.

X Rend. (+)-1 Rend. 1+21 Conv.(%)b e.e. 21 (%)a e.e. 1 (%)a Ec

H (20a) 80% 97.5% 46 >99 86 (S)d >200

CH3 (20b) 73% 75% 32 >99 48 (S) >200

NO2 (20c) 73% 94% 25 >99 não calc. -

Br (20d) 80% 90% 33 >99 49 (S) >200

Cl (20e) 73% 76% 45 >99 80 (S) >200

(a)Os excessos enantioméricos foram calculados pela equação (ER-ES)/(ER+ES), onde ER e ES são as concentrações dos enantiômeros R e S , respectivamente. (b)A taxa de conversão foi calculada a partir da equação C = eeéster/(eeéster+eeálccol).

98 (c) Calculada de acordo com a referência.98 (d)Configuração absoluta atribuída por comparação dos sinais das medidas de rotação óptica com a literatura.99,100,101,102

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88

Pelos dados da tabela 4.1, observa-se a alta enantiosseletividade exercida pela

lipase Novozyme 435 na esterificação dos álcoois 1a-e. No entanto, os álcoois 1a-e

quirais, foram obtidos com excessos enantioméricos apenas razoáveis.

Analisando a influência do grupo substituinte, notou-se que o grupo nitro (1c)

exercia uma influência negativa. Com esse substrato, a resolução tornou-se mais lenta.

Após 90 minutos de reação, apenas 25% do álcool 1c foi convertido ao éster 21c.

O substrato (+)-1-feniletanol (1a) havia sido usado anteriormente em resoluções

com Novozyme 435 sob efeito de microondas.103 Observamos que sem irradiação por

microondas os resultados foram semelhantes (tabela 4.1). A fim de obter maiores

valores de excesso enantiomérico dos álcoois 1a-e, a reação deve ser efetuada até que a

taxa de conversão ultrapasse 50%.104

As reações foram acompanhadas por cromatografia gasosa quiral. Na figura 4.1

são mostrados os cromatogramas obtidos na resolução do 1-feniletanol (1a).

Figura 4.1- Cromatograma de CG quiral do 1-feniletanol racêmico (1a)e do produto bruto obtido da reação com Novozyme 435 após 3horas. Coluna β-ciclodextrina (Supelco). Condições: coluna 120oC, Fluxo (N2) 10 ml/min, Injetor 200oC, FID 250oC.

▬▬ Reação com Novozyme após 3 horas ▬▬ Fenil etanol racêmico

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89

Figura 4.2 - Cromatograma de CG quiral do 1-feniletil acetato racêmico (21a) e do produto bruto obtido da reação com Novozyme 435 após 3horas. Coluna β-ciclodextrina (Supelco). Condições: coluna 120oC, Fluxo (N2) 10 ml/min, Injetor 200oC, FID 250oC.

Os experimentos acima demonstram que a lipase Novozyme 435 catalisa a

resolução cinética de feniletanóis com diferentes substituintes no anel. Isso sugere que a

mesma possa também efetuar resoluções enzimáticas em compostos contendo átomo de

selênio ou telúrio.

4.2 REDUÇÃO BIOCATALÍTICA DE CETONAS PRÓ-QUIRAIS

Neste item, apresentamos a preparação de álcoois secundários quirais a partir da

redução biocatalítica de várias acetofenonas. Nosso objetivo principal foi a

familiarização com técnicas de manipulação de microrganismos. Além disso, iniciamos

no laboratório, o uso de partes inteiras de plantas como novas fontes de enzimas para

transformações químicas. Essa técnica ainda é pouco explorada pelos químicos

orgânicos.

▬▬ Reação com Novozyme após 3 horas ▬▬ Feniletil acetato racêmico

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90

4.2.1 REDUÇÕES COM CÉLULAS ÍNTEGRAS DE FUNGOS

As reações descritas neste item foram feitas com células de fungos em repouso

seguindo o protocolo esquematizado na figura 1.16 (página 42). Três fungos foram

utilizados nas reações descritas a seguir: Rhizopus oryzae CCT 4964, Aspergillus

terreus CCT3320 e Aspergillus terreus CCT 4083. Diferentes resultados foram obtidos

ao usarmos diferentes substratos. Por isso a discussão dos resultados será feita para cada

tipo de substrato empregado.

Fluoroacetofenonas

Inicialmente as reações com fungos foram efetuadas com fluoroacetofenonas

(esquema 4.2). Cabe salientar que a preparação de compostos opticamente ativos

contendo átomos de flúor possui uma grande importância em química orgânica.

Compostos quirais contendo átomos de flúor podem ter atividade biológica, sendo

usados como fármacos, ou então podem ser utilizados na área de cristais líquidos, dentre

outras aplicações.105,106

A tabela 4.2 mostra a taxa de conversão e o excesso enantiomérico dos álcoois

formados pela biotransformação das fluoroacetofenonas 20f-h com células de fungos

em diferentes tempos de reação.

ESQUEMA 4.2

1f (orto)

1g (meta)

1h (para)

20f (orto)

20g (meta)

20h (para)

R. oryzae CCT 4964

A. terreus CCT 4083

Fungos

FF

A. terreus CCT 3320

OHO

*

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91

Tabela 4.2 Redução Microbiana de fluoro-acetofenonas por células de fungos.

orto-fluoroacetofenona 20f

A. terreus CCT 3320 A. terreus CCT 4083 R. oryzae CCT 4964

t (dias) c (%) e.e. (%) c (%) e.e. (%) c (%) e.e. (%)

1 37 67 (S)* 58 60 (S) >98 98 (S)

2 57 68 (S) 85 59 (S) >98 99 (S)

3 69 65 (S) 91 57 (S) >98 99 (S)

4 63 53 (S) 92 53 (S)

5 60 35 (S) 92 46 (S)

6 61 25 (S) 93 43 (S)

7 63 07 (R) nc Nc

8 65 07 (R) nc Nc

10 71 40 (R) nc nc

11 75 55 (R) nc nc

17 98 72 (R) 94 66 (R)

meta-fluoroacetofenona 20g

A. terreus CCT 3320 A. terreus CCT 4083 R. oryzae CCT 4964

t (dias) c (%) e.e. (%) c (%) e.e. (%) c (%) e.e. (%)

1 19 38 (R) 33 2 (S) 91 57 (S)

2 32 58 (R) 57 6 (S) 92 61 (S)

3 45 76 (R) 63 26 (S) 92 62 (S)

4 69 90 (R) 65 46 (S)

5 90 >99 (R) 66 65 (S)

6 91 >99 (R) 67 72 (S)

7 71 79 (S)

8 75 83 (S)

para-fluoroacetofenona 20h

A. terreus CCT 3320 A. terreus CCT 4083 R. oryzae CCT 4964

t (dias) c (%) e.e. (%) c (%) e.e. (%) c (%) e.e. (%)

1 33 88 (S 40 82 (S) 23 76 (R)

2 42 95 (S) 58 78 (S) 34 77 (R)

3 35 94 (S) 52 70 (S) 48 76 (R)

4 30 95 (S) 44 58 (S) 57 75 (R)

5 28 96 (S) 37 42 (S) 68 74 (R)

6 28 96 (S) 36 33 (S) 70 74 (R)

7 28 95 (S) 33 20 (S) 79 69 (R)

8 29 97 (S) 31 22 (S) 84 69 (R)

* A configuração absoluta foi atribuída comparando-se os valores de rotação óptica dos produtos obtidos com os valores da literatura.101

Analisando a tabela 4.2 verificamos que o melhor resultado de biorredução da o-

fluoroacetofenona (20f) foi obtido quando células inteiras de R. oryzae CCT 4964 foram

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92

empregadas. A reação ocorreu rapidamente, levando ao álcool 1f de configuração S com

alta conversão (98%) e alto excesso enantiomérico (99%). Devido ao sucesso da reação,

a mesma foi repetida em escala preparativa usando 561 mg do material de partida. Após

3 dias de reação, o álcool (S)-1f foi obtido em 90% de rendimento e 99% de excesso

enantiomérico.

O fungo A. terreus CCT 3320 apresentou os melhores resultados na redução da

meta- (20g) e da para-fluoroacetofenona (20h) fornecendo o (R)-meta-fluorofeniletanol

(1g) com 91% de conversão e excesso enantiomérico acima de 99% e o (S)-para-

fluorofeniletanol (1h) com 30% de conversão e 97% e.e. (tabela 4.2). A figura 4.3

mostra alguns cromatogramas obtidos nessa série de reações.

Figura 4.3 - Cromatogramas das reduçôes das orto-, meta- e para-fuoroacetofenonas com A.terreus CCT3320.

OH

F

O

F

OH

F

OH

F

O

F

O

F

OH

F

4 dias em pH = 3,0

OH

F

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93

Um resultado atípico e muito interessante a ser considerado na tabela é a

inversão de configuração do produto ao longo da redução da orto-fluoroacetofenona

(20f) com células de Aspergillus terreus CCT 4083 e 3320. No caso da meta-

fluoroacetofenona (20g) houve, ao longo da reação, um aumento no valor do excesso

enantiomérico, até atingir o valor máximo. Essa variação para o composto 20f sugere

que haja um processo de óxido-redução quando células de A. terreus CCT 3320 e A.

terreus CCT 4083 são empregadas. Este processo consiste na rápida oxidação do álcool

(S)-1f da mistura inicialmente formada, regenerando a cetona de partida 20f, a qual

sofre uma nova redução, levando preferencialmente ao enantiômero (R)-1f. Este

mecanismo supõe que a oxidação do álcool (R)-1f não ocorre nestas condições ou é

muito lenta (esquema 4.3).

ESQUEMA 4.3

redução

OH

F(R)-(+)-1f

(S)-(-)-1f

OH

F

O

F

20f (rápida)

Oxidação

(lenta)

+

(rápida)

(muito lenta)

Este processo resulta em uma desracemização,107 reação que será discutida mais

adiante.

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94

Acetofenonas para-substituídas

Os bons resultados obtidos na biorredução de fluoroacetofenonas 20f-h nos

motivou a estender o estudo a outras acetofenonas para substituídas 20a-e,i disponíveis

no laboratório (esquema 4.4) . Os resultados obtidos estão na tabela 4.3.

ESQUEMA 4.4

*

O

X

OH

X

A. terreus CCT 3320

Fungos

A. terreus CCT 4083

R. oryzae CCT 4964

20a (X = H)

20b (X = CH3)

20c (X = NO2)

20d (X = Br)

20e (X = Cl)

20i (X = OCH3)

1a (X = H)

1b (X = CH3)

1c (X = NO2)

1d (X = Br)

1e (X = Cl)

1i (X = OCH3)

Tabela 4.3 Redução Microbiana de acetofenonas para-substituídas com células de fungos

acetofenona 20a

# A. terreus CCT 3320 A. terreus CCT 4083 R. oryzae CCT 4964

t (dias) c (%) e.e. (%) c (%) e.e. (%) c (%) e.e. (%)

1 13 (8*) 14 (S)a 57 (5*) 83 (S) 65 78 (S)

3 100* - - - 76 68 (S)

6 - - >98 (38*) 90 (S) - -

9 - - 98 (71*) >99 (S) - -

(*) Fenol

para-metilacetofenona 20b

# A. terreus CCT 3320 A. terreus CCT 4083 R. oryzae CCT 4964

t (dias) c (%) e.e. (%) c (%) e.e. (%) c (%) e.e. (%)

1 9 >99 (R) - - 16 >99 (S)

3 12 >99 8 >99 (R) 73 >99 (S)

6 - - 8 >99 (R) - -

7 - - - - - -

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95

Tabela 4.3 (cont.)

para-nitroacetofenona 20c

# A. terreus CCT 3320 A. terreus CCT 4083 R. oryzae CCT 4964

t (dias) c (%) e.e. (%) c (%) e.e. (%) c (%) e.e. (%)

1 - - 99 53 (R) - -

2 98 82 (R) 99 33 (R) 90 >99 (S)

3 98 92 (R) 99 2 (S) - -

4 - - - - 90 >99 (S)

5 99 97 (R) 99 37 (S) - -

7 - - 99 47 (S) - -

para-bromoacetofenona 20d

# A. terreus CCT 3320 A. terreus CCT 4083 R. oryzae CCT 4964

t (dias) c (%) e.e. (%) c (%) e.e. (%) c (%) e.e. (%)

1 90 63 (R) 97 91 (R) - -

2 - - - - 92 >99 (S)

3 51 79 (R) 94 75 (R) - -

para-cloroacetofenona 20e

# A. terreus CCT 3320 A. terreus CCT 4083 R. oryzae CCT 4964

t (dias) c (%) e.e. (%) c (%) e.e. (%) c (%) e.e. (%)

1 70 >99 (R) - - 38 >99 (S)

2 - - 69 88 (R) - -

4 - - 58 35 (R) 73 >99 (S)

7 54 >99 (R) - - - -

10 47 >99 (R) - - - -

para-metóxiacetofenona 20i

# A. terreus CCT 3320 A. terreus CCT 4083 R. oryzae CCT 4964

t (dias) c (%) e.e. (%) c (%) e.e. (%) c (%) e.e. (%)

1 - - - - 50 82 (S)

3 75 >99 (R) 19 >99 (R) 58 77 (S)

7 99 >99 (R) 99 > 99 (R) - -

a A configuração absoluta foi atribuída comparando os sinais dos valores de rotação óptica dos produtos obtidos com os valores da literatura99,100,101,102

Pelos dados da tabela 4.3, podemos observar que os melhores resultados foram

obtidos quando o fungo R. oryzae CCT 4964 foi utilizado. Para as acetofenonas

contendo grupamento nitro (20c), bromo (20d), cloro (20e) e metila (20b) bons valores

de conversão (70-90%) e elevado excesso enantiomérico (>99%) foram observados. A

enantiosseletividade neste caso está de acordo com a regra de Prelog.108 Realizamos o

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96

mesmo experimento com a p-cloroacetofenona (20e) em escala preparativa (12g de

células para 100µl de substrato) e obtivemos o (S)-(-)-(p-clorofenil)-etanol (1e) em 70%

de rendimento isolado com 99% de excesso enantiomérico. Com outras acetofenonas e

com outros fungos, observamos a formação do álcool com configuração R na maioria

dos casos, caracterizando uma seletividade anti-Prelog.

A figura 4.4 representa o cromatograma da reação da p-nitroacetofenona com

fungos Aspergillus terreus CCT 3320.

Figura 4.4 - Redução da p-nitroacetofenona (20c) com A. terreus CCT3320 após 24horas em pH=4,0.

As reações da p-nitroacetofenona (20c) e p-bromoacetofenona (20d) com o

fungo A. terreus CCT 4083 apresentaram comportamento semelhante ao observado com

a orto e meta-fluoroacetofenonas (20f e 20g respectivamente). No início, foi formado

predominantemente o produto anti-Prelog (enantiômero R) e, no decorrer da reação, o

excesso enantiomérico foi diminuindo até que, após algum tempo, o valor do excesso

enantiomérico estava aumentando novamente, mas associado ao outro enantiômero (S).

Um caso interessante a ser discutido envolveu a acetofenona (20a). Esta foi

convertida a fenol quando submetida às reações com as duas linhagens de A. terreus. A

formação do fenol provavelmente ocorreu via reação de oxidação promovida por outras

enzimas – monooxigenases – presentes também nas células dos fungos. A presença de

fenol foi confirmada por comparação do espectro do produto da reação com o espectro

do fenol existente na Base de Dados de Espectros de Massas (CLASS-5000/Wiley) e

O2N

OH

O2N

OH

O2N

O

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97

pela co-injeção com uma amostra autêntica. Uma seqüência proposta para a oxidação da

acetofenona está representada no esquema 4.5.

ESQUEMA 4.5

Fenol20a

O

O

O

OH

monooxigenase hidrólise

4.2.2 REDUÇÃO DE ACETOFENONAS COM RAÍZES DE PLANTAS

Conforme já comentado na introdução (item 1.3) partes de plantas estão sendo

usadas como fontes de enzimas para transformações químicas.100 Em vista disso

decidimos implantar essa técnica no grupo. Para tal, doze espécies de plantas foram

testadas frente à acetofenona, verificando-se a formação ou não de 1-feniletanol com

excesso enantiomérico (esquema 4.6 - Tabela 4.4).

ESQUEMA 4.6

1-feniletanolacetofenona

*Raízes de plantas

H2O, 32oC

20a 1a

O OH

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98

Tabela 4.4 – Plantas utilizadas visando a biorredução da acetofenona.

Feniletanol 1a Planta Tempo (dias)

Conversão (%) ee % (config.)a

Beterraba (Beta vulgaris)

6 83 87 (S)

Mandioquinha (A.xanthorrhiza)

4 58 89 (S)

Nabo (Brassica rappa)

3 40 97 (S)

Bardana (Arctium lappa)

6 33 18 (S)

Coentro (C. sativum)i

4 56 99 (S)

Inhame (C. esculenta)

3 21 99 (S)

Nabo japonês (R. sativus)

6 10 99 (S)

i Os nomes científicos completos das plantas utilizadas estão listados na seção 6.5.4

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99

Tabela 4.4 (cont.) Feniletanol 1a

Planta Tempo (dias) Conversão (%) ee % (config.)a

Cebolinha (A. schoenoprasum)i

4 5 99 (S)

Raiz de Lótus (N. nuciferal)

6 1 -

Gengibre (Z. officinale)

6 0 -

Batata Doce (I. batatas L.)

6 0 -

Yakon (P. sonchifolia)

6 0 -

aConfiguração absoluta atribuída por correlação com o produto da redução da acetofenona por Daucus carota.100

Esse estudo preliminar mostrou que, além da cenoura, outras raízes possuem

atividade biocatalítica na biorredução da acetofenona. Usando a proporção de 20g de

biocatalisador para 100 mg de substrato foram obtidos bons valores de excesso

enantiomérico e de conversão com beterraba (Beta vulgaris), mandioquinha, (Arracacia

xanthorriza), nabo (Brassica rappa), bardana (Arctium lappa) e coentro (C. sativum).

Dessas cinco espécies, quatro delas foram submetidas à reações com acetofenonas i Os nomes científicos completos das plantas utilizadas estão listados na seção 6.5.4

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100

substituídas, visando determinar o escopo desses biocatalisadores como redutores de

acetofenonas substituídas (esquema 4.7 - Tabela 4.5).

ESQUEMA 4.7

O

X

OH

X

*raiz de planta

H2O

X = CH3 (20b)

NO2 (20c)

Br (20d) OCH3 (20i)

20 1

condições experimentais: 25 °C, 70 ml H2O, 20 g de biocatalisador, 100 mg de substrato

Tabela 4.5 - Tentativa de redução de acetofenonas com raízes de plantas.

Raiz >

Beta vulgaris (beterraba)

Arracacia xanthorrhiza (mandioquinha)

t (dias) c 1 (%) ee (%) 1 t (dias) c 1 (%) ee (%) 1

O

H3C 20b

6 10 99 (S) 3 96 74 (S)

O

O2N 20c

6 - - 3 92 99 (S)

O

Br 20d

8* 33 90 (S) 3 99 50 (S)

O

H3CO 20i

6 - - 6 15 0

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101

Tabela 4.5 (cont.)

Raiz >

Brassica rappa (nabo)

Arctium lappa (bardana)

t (dias) c 1 (%) ee (%) 1 t (dias) c 1 (%) ee (%) 1

O

H3C 20b

6 - - 6 55 81(S)

O

O2N 20c

6 42 81 (S) 6 9 25 (S)

O

Br 20d

6 - - 6 - -

O

H3CO 20i

6 - - 6 30 53 (S)

* Outra fonte de raiz e utilizando 10g de raiz/100 mg de substrato (-) Não foi observado a redução

Pela tabela 4.5, pode-se observar que a Arracacia xanthorriza (mandioquinha)

apresentou uma maior abrangência quanto a estrutura do substrato, fornecendo na

maioria dos casos, feniletanóis substituídos com alto valor de conversão e com

moderados valores de excesso enantiomérico. Com as outras plantas empregadas, em

alguns casos, não foi observada a redução das acetofenonas.

Um fator a ser considerado nessas reações é a reprodutibilidade. Por isso, o

estudo foi feito com raízes adquiridas de três fontes diferentes, ou melhor, de três

mercados diferentes. No entanto, em alguns casos não observamos reprodutibilidade

para uma mesma espécie de planta proveniente de diferentes fontes. Vários argumentos

são cabíveis para explicar a pouca reprodutibilidade. Fatores como a amostragem (que

deveria ser maior), a procedência do biocatalisador (que estaria influenciado pelo

método e pelas condições de cultivo), os possíveis contaminantes e a composição do

solo devem ser considerados.

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102

Atualmente, este trabalho está sendo desenvolvido por um aluno de mestrado,

com o objetivo de detalhar essas variáveis nas biotransformações catalisadas por partes

de plantas.

4.3 DESRACEMIZAÇÃO DE FENILETANÓIS

O comportamento diferenciado dos fungos A. terreus CCT 3320 e CCT 4083 nas

reduções de acetofenonas sugeriu a aplicação dos mesmos numa outra reação conhecida

em biocatálise – a desracemização. Esta reação consiste na transformação de uma

mistura racêmica em um único enantiômero. A reação de desracemização leva

teoricamente a 100% de conversão, o que não acontece numa resolução enzimática,

onde o máximo de conversão é de 50%. No presente caso usamos uma mistura racêmica

de álcoois secundários e tentamos enriquecê-la em um dos enantiômeros através de um

ciclo de oxidação-redução.

Para confirmar a ocorrência de tal mecanismo, inicialmente os fluorofeniletanóis

racêmicos (±)-1f-h foram postos em contato com células de A. terreus, conforme

mostrado no esquema 4.8. Os resultados encontram-se na tabela 4.6.

ESQUEMA 4.8

OH

F

(+) ou (-) 1f-h

OH

F

*

F

A. terreus

( + ) 1f (orto)

( + ) 1g (meta)

( + ) 1h (para)

F

O

F

+

20f (orto)

20g (meta)

20h (para)___

condições experimentais: 32 °C, 170 rpm, 5 g de células úmidas, 20 µL de substrato

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103

Tabela 4.6 – Desracemização dos fluorofeniletanóis com células íntegras de A.terreus.

A. terreus CCT 3320 A. terreus CCT 4083 feniletanol

t (dias) conv 20 (%) ee (%) 1 t (dias) conv 20 (%) ee (%) 1 OH

F 1f

3 8

4 2

21 (S) 61 (S)

3 8

0 0

14 (S) 52 (S)

OH

F 1g

3 7

18 12

68 (R) 99 (R)

3 7

14 16

75 (S) 97 (S)

OH

F 1h

-* - - -* - -

* não houve desracemização com o p-fluorofeniletanol

Os dados da tabela 4.6 sugerem novamente a existência de um complexo

enzimático de óxido-redução presente no fungo A. terreus, que faz com que ocorra uma

resolução dos orto e meta-fluorofeniletanóis racêmicos.107 A desracemização do meta-

fluorofeniletanol (1g) pelo fungo A. terreus CCT 3320 foi a mais eficiente.

Deve ser enfatizado que são poucas as desracemizações descritas na literatura

realizadas por apenas um único microorganismo109 ou sem auxílio de agentes

químicos110. Esse fenômeno constitui um fato extremamente interessante de ser

observado em biocatálise. A figura 4.5 representa as etapas envolvidas nesse processo,

bem como os cromatogramas ao longo da transformação.

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104

(+)

(+)

(B)(A)

120h

96h

(-)

(-)

(rápida)

Oxidação

Reducão

Redução (rápida)

(S)-(-)-1g

OH

F

OH

FO

F

(R)-(+)-1g

20g

c 91%e.e. >99%

(lenta)

(lenta)

+

0h

(+)

(+)

(-)

Figura 4.5 - (A) Esquema de desracemização de (±)-1g com células inteiras de A. terreus CCT 3320. (B) Cromatogramas da desracemização de (±)-1g ao longo do tempo.

A partir da mistura racêmica o álcool (S)-(-)-1g é rapidamente oxidado à cetona

20g. Esta cetona é reduzida preferencialmente ao álcool (R)-(+)-1g, cuja oxidação

pressupõe-se que seja muito lenta.

Devido ao sucesso da reação de desracemização com fluorofeniletanóis

empregamos os mesmos fungos em tentativas de desracemização de outros feniletanóis,

preparados pela redução das respectivas acetofenonas com NaBH4 (esquema 4.9). Os

resultados estão listados na tabela 4.7.

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105

ESQUEMA 4.9

+

O

X20

(+) 1

A. terreus *

OH

X

(+) ou (-) 1

OH

X

1a (X = H)

1b (X = CH3)

1c (X = NO2)

1d (X = Br)

1e (X = Cl)

1i (X = OCH3)

20a (X = H)

20b (X = CH3)

20c (X = NO2)

20d (X = Br)

20e (X = Cl)

20i (X = OCH3)

Tabela 4.7 – Desracemização de feniletanóis para-substituídos

A. terreus CCT 3320 A. terreus CCT 4083 feniletanol

t (dias) c 20(%) c 1 (%) ee (%) 1 t (dias) c 20 (%) c 1 (%) ee (%) 1

OH

1a

2 4 6

8* 19* 26*

92 81 74

3 (S) 7 (S) 14 (S)

3 6

12

8* 27* 42*

92 72 49

12 (S) 41 (S) 66 (S)

OH

H3C

1b

2 6

75 87

25 13

>99 (R) >99 (R)

2 4 6

71 98 11

29 2 2

- - -

OH

O2N 1c

3 4 6

93 98

100

7 2 0

- - -

3 5 6 7

1 18 15 14

99 82 85 86

23 (S) 84 (S) 95 (S)

>99 (S)

OH

Br1d

- - - - 3 5

17

12 12 21

88 88 79

6 (S) 8 (S)

>99 (S)

OH

Cl 1e

1 7

21 35

79 65

38 (R) >99 (R)

2 6

27 14

73 86

15 (S) 12 (S)

OH

H3CO 1i

3 4 6 7

64 32 37 18

36 68 63 82

77 (R) 70 (R) 74 (R)

>99 (R)

3 7 9

79 64 48

21 36 52

2 (R) 82 (R) 98 (R)

*Fenol

Os resultados mostrados na tabela 4.7 indicam que as misturas racêmicas dos

álcoois 1c, 1i e 1d foram efetivamente desracemizadas. A mistura racêmica do p-

nitrofeniletanol (1c) em contato com células de A. terreus CCT 4083 levou ao

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106

enantiômero (S)-1c em 99% de excesso enantiomérico e 86% de conversão. A figura 4.6

mostra os cromatogramas desta reação ao longo do tempo.

Figura 4.6 - Cromatogramas da desracemização do p-nitrofeniletanol (1c).

Analisando os cromatogramas da figura 4.6, observamos que o enantiômero R

do p-nitrofeniletanol (1c) foi inicialmente oxidado à p-nitroacetofenona (20c), enquanto

que o enantiômero S manteve-se intacto. A acetofenona assim formada foi então

reduzida enantiosseletivamente ao enantiômero S. Nesse ciclo, ao final da reação,

obteve-se uma mistura enriquecida no enantiômero S.

Comportamento semelhante foi observado com o p-metoxifeniletanol (1i).

Obtivemos o álcool 1i com elevado excesso enantiomérico (>99%) e alta conversão

1c

20c

R S

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107

(>80%), porém com a estereoquímica R. O p-Bromofeniletanol (1d) também forneceu

valores similares de conversão (79%) e de excesso enantiomérico (>99%). A

desracemização do p-metilfeniletanol (1b) foi bastante seletiva (e.e. >99%), mas

apresentou baixa conversão (25%). Já o feniletanol (1a) sofreu novamente a ação das

monooxigenases, levando ao fenol, comprometendo o desempenho da desracemização.

4.4 CONCLUSÃO

As discussões sobre as reações biocatalíticas desta parte serviram para selecionar

as melhores condições a serem utilizadas nas biotransformações envolvendo compostos

de selênio e telúrio (capítulo 5). Além disso, algumas conclusões acerca destas reações

catalisadas por enzimas puderam ser levantadas. Primeiro, descobrimos que a

Novozyme 435 é uma excelente enzima imobilizada para reações de resolução de

feniletanóis. Foi observado também que os fungos isolados no Brasil testados neste

estudo possuíram tanto atividade redutora, para reações de biorredução, como atividade

oxidante, capazes de realizar reações de desracemização. Por fim, foram descobertos

novos biocatalisadores de fontes vegetais capazes de realizar reações de redução de

cetonas pró-quirais, com destaque para a mandioquinha (Arracacia xanthorrhiza).

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108

5 CAPÍTULO 5 – REAÇÕES BIOCATALISADAS DE SUBSTRATOS

CONTENDO SELÊNIO E TELÚRIO

Neste capítulo serão abordadas as reações biocatalíticas envolvendo compostos de

Selênio e Telúrio. Células inteiras de fungos, enzimas isoladas, pedaços de cenoura (D.

carota) e fermento de pão foram os biocatalisadores utilizados.

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109

5.1 REDUÇÃO DE ORGANOSSELENOACETOFENONAS

5.1.1 CÉLULAS INTEIRAS DE FUNGOS

As organosselenoacetofenonas descritas nos itens 2.2 e 2.4 foram submetidas às

condições biocatalíticas, inicialmente com células de fungos, já utilizadas em reações

anteriores com acetofenonas monossubstituídas (item 4.2). Soluções das cetonas 7a-f

em etanol foram adicionadas à células de fungos em suspensão de solução tampão

fosfato e incubadas em agitadores rotativos a 32oC (esquema 5.1). O progresso da

biotransformação foi monitorado por cromatografia gasosa equipada com coluna quiral.i

Os resultados estão mostrados na tabela 5.1.

ESQUEMA 5.1

7a (p-CH3Se)

7b (m-CH3Se)

7c (o-CH3Se)

7d (p-PhSe)

7e (m-PhSe)

7f (o-PhSe)

RSe RSe

Fungos

O

7 3

OH

*

3a (p-CH3Se)

3h (p-PhSe)

3i (m-CH3Se)

3j (o-CH3Se)

3k (m-PhSe)

3l (o-PhSe) condições experimentais: 32 °C, 170 rpm, 5 g de células úmidas, 20 mg de substrato

i Esses ensaios foram feitos em conjunto com os pesquisadores Dr. Leandro Helgueira de Andrade e Dr. André Meleiro Porto.

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110

Tabela 5.1 – Biorredução de organosselenoacetofenonas com fungos

Substrato Fungo t (dias) conv. (%) e.e. 3 (%)

O

H3CSe

7a

R. oryzae CCT 4964

A. terreus CCT 4083

A. terreus CCT 3320

E. nidulans CCT 3119

3

2

10

5

91

86

75

99

96 (S)

55 (R)

95 (R)

99 (R)

SeCH3

O

7b

R. oryzae CCT 4964

A. terreus CCT 4083

A. terreus CCT 3320

E. nidulans CCT 3119

2

2

2

3

99

76

75

9

94 (S)

90 (S)

86 (S)

67 (S)

O

SeCH3

7c

R. oryzae CCT 4964

A. terreus CCT 4083

A. terreus CCT 3320

E. nidulans CCT 3119

7

7

7

7

-

-

-

-

-

-

-

-

O

PhSe

7d

R. oryzae CCT 4964

A. terreus CCT 4083

A. terreus CCT 3320

E. nidulans CCT 3119

7

9

7

7

85

12

-

-

71 (S)

45 (S)

-

-

SePh

O

7e

R. oryzae CCT 4964

A. terreus CCT 4083

A. terreus CCT 3320

E. nidulans CCT 3119

7

9

7

10

90

21

41

-

87 (S)

47 (S)

99 (S)

-

O

SePh

7f

R. oryzae CCT 4964

A. terreus CCT 4083

A. terreus CCT 3320

E. nidulans CCT 3119

7

7

7

7

-

-

-

-

-

-

-

-

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111

Duas das seis selenoacetofenonas testadas – a orto-metilselenoacetofenona (7c)

e a orto-fenilselenoacetofenona (7f) – não foram reativas frente aos fungos testados.

Mesmo após sete dias de reação nenhuma conversão foi observada. Cabe salientar que

estas mesmas linhagens foram capazes de reduzir a acetofenona contendo átomo de

flúor na posição orto (item 1.3.2).

O fungo R. oryzae CCT 4964 reduziu com alta eficiência a meta-

metilselenoacetofenona (7b), levando ao álcool esperado com alta conversão (99%) e

excesso enantiomérico (94%). Resultados similares também foram obtidos com a para-

metilselenoacetofenona (7a). Um dado interessante é que alguns fungos levaram aos

produtos de redução com seletividade anti-Prelog (R).

Foi observado que a natureza do grupo ligado ao átomo de selênio interfere na

atividade dos microrganismos, já que as metilselenoacetofenonas reagiram mais

rapidamente do que as arilselenoacetofenonas. Para ilustrar os resultados comentados

acima, apresentamos na figura 5.1 alguns cromatogramas selecionados das reações

listadas na tabela 5.1.

Figura 5.1 - Cromatogramas de CG com coluna quiral. Em vermelho, o álcool racêmico, em azul, a cetona e em preto, a reação biocatalisada. (A) cromatograma do seleneto 7b com A. terreus CCT 3320. (B) Cromatograma do seleneto 7d com R. oryzae.

A meta-selenometilacetofenona (7b) ao reagir com os fungos Aspergillus terreus

CCT 3320, 4083 e Emericella nidulans CCT 3119 levou à formação de um subproduto

após um tempo de reação prolongado. O álcool 3i foi gradativamente biotransformado

para o composto 22 (esquema 5.2).

OH

SeCH3

O

SeCH3

O

SePh

OH

SePh

(A) (B)

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112

ESQUEMA 5.2

98% conv. (para A. terreus CCT 3320)

O

SeCH3

OH

SeCH3

A. terreus ouE. nidulans

7b 3i

*

CH3

SeCH3

2 a 3 dias

+ 8 dias

22

O único teste realizado com teluretos com fungos envolveu o composto 7g, o

qual foi posto em contato com células de Rhizopus oryzae CCT 4964 (esquema 5.3),

levando ao álcool 3m com excelentes valores de conversão (92%) e de excesso

enantiomérico (acima de 99%). Entretanto, a reação não foi efetuada em escala

preparativa, a fim de determinar o rendimento isolado. A figura 5.2 mostra os

cromatogramas de CG com coluna quiral obtidos na reação de 7g com R. oryzae CCT

4964.

ESQUEMA 5.3

2 dias 92% conv.>99% e. e.

OH

CH3Te

3m

R. oryzae CCT 4964

O

CH3Te

7g

*

condições experimentais: 32 °C, 170 rpm, 5 g de células úmidas, 20mg de substrato

Figura 5.2 - Cromatogramas do p-telurometilacetofenona 7g com R. oryzae CCT 4964 (B)

B

A OH

CH3Te O

CH3Te

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113

Apesar da alta conversão observada na biorredução do composto 7g, não

descartamos a possibilidade de estar ocorrendo simultaneamente a degradação do

calcogeneto. Como teluretos orgânicos são conhecidos pela pouca estabilidade na

presença de oxigênio, pode estar havendo a oxidação do átomo de telúrio, levando a

geração do teluróxido, não detectável por cromatografia gasosa. Esta parte do trabalho

deverá ser explorada por outros membros do grupo, na tentativa de elucidar as partes

ainda não esclarecidas, bem como estabelecer sua generalidade.

5.1.2 BIOTRANSFORMAÇÕES DE SELENOACETOFENONAS USANDO

FERMENTO DE PÃO COMO BIOCATALISADOR

Inicialmente aventamos à possibilidade de observar a decomposição dos

compostos contendo selênio ou telúrio em reações biocatalisadas, uma vez que as

mesmas são efetuadas em meio aquoso e na presença de oxigênio. Ao mesmo tempo, as

enzimas presentes nesses microrganismos poderiam causar a oxidação dos átomos de

selênio e de telúrio.

Considerando o sucesso das reações relatadas no item anterior, decidimos

investigar as reduções dos mesmos compostos usando fermento de pão em água, uma

vez que esse biocatalisador já se encontra em uso há muito tempo, sendo já considerado

de uso rotineiro em síntese orgânica.111 Adaptamos para os nossos compostos o

procedimento descrito por Nakamura (esquema 5.4).112 Os resultados encontram-se na

tabela 5.2 a seguir.

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114

ESQUEMA 5.4

7a (p-CH3Se)

7b (m-CH3Se)

7c (o-CH3Se)

7d (p-PhSe)

7e (m-PhSe)

7f (o-PhSe)

RSe

Fermento de pão

O

7 3

OH

*

3a (p-CH3Se)

3h (p-PhSe)

3i (m-CH3Se)

3j (o-CH3Se)

3k (m-PhSe)

3l (o-PhSe)

RSe

Condições: 0,1 mmol – 4g de Fermento – 40 ml H2O

Tabela 5.2 - Acompanhamento da redução dos selenetos com fermento de pão

Substrato t (dias) conv. 3 (%) e.e. (%)

p-SeCH3 (7a) 12 58 93 (S)

m-SeCH3 (7b) 2 24 96 (S)

o-SeCH3 (7c) 7 - -

p-SePh (7d) 10 18 99 (S)

m-SePh (7e) 10 11 99 (S)

o-SePh (7f) 10 - -

A reação com fermento de pão mostrou uma conversão mais lenta quando

comparada à redução com Aspergillus terreus CCT3320. Além disso, observou-se que

as acetofenonas orto substituídas novamente não sofreram redução enzimática.

Pelos cromatogramas mostrados na figura 5.3, observamos que o fermento de

pão leva ao álcool com a configuração inversa daquela obtida por redução com

Aspergillus terreus CCT 3320.

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115

Figura 5.3 - Cromatogramas da redução da 1-(4-Metilselanil-fenil)-etanona 7a com diferentes agentes redutores.

Essa observação é de grande interesse prático, uma vez que diferentes

biocatalisadores levaram um mesmo substrato a produtos de configuração inversa.

5.1.3 REDUÇÃO DE SELENOACETOFENONAS USANDO PARTES DE

CENOURA COMO BIOCATALISADOR

Conforme já mencionamos (item 4.2.2), partes de plantas efetuam

transformações química em substratos orgânicos contendo grupos pró-quirais, levando

aos produtos quirais com elevados excessos enantioméricos em alguns casos. Pelo que

sabemos, até iniciarmos nossos trabalhos nessa área, não existiam relatos na literatura

CCT 3320

Fermento de pão O

Se

O

Se

OH

Se

OH

Se

OH

Se

O

Se

O

Se

OH

Se

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116

de transformações de substratos orgânicos contendo selênio realizados por sistemas

enzimáticos contidos em plantas.

A raiz da Daucus carota (cenoura) é um dos sistemas mais bem sucedidos em

promover transformações químicas em substratos orgânicos.113 Em vista disso,

decidimos submeter as selenoacetofenonas preparadas no item 2.2 à reação com

pedaços de cenoura, em analogia com relatos da literatura para outros substratos.100 As

reações foram efetuadas adicionando-se uma solução da organosselenoacetofenona (20

mg) em etanol (0,5 ml) em erlenmeyers contendo água destilada (100 ml) e cenoura em

pedaços (10 g) (esquema 5.5 – tabela 5.3). O sistema foi mantido em agitador orbital a

30 oC pelo tempo indicado na tabela 5.3. Após esse tempo filtrou-se a cenoura e extraiu-

se a fase aquosa com acetato de etila, obtendo-se os produtos com bons rendimentos e

excessos enantioméricos.

ESQUEMA 5.5

7a (p-CH3Se)

7b (m-CH3Se)

7c (o-CH3Se)

7d (p-PhSe)

7e (m-PhSe)

7f (o-PhSe)

RSe RSe

O

7 3

OH

*

3a (p-CH3Se)

3h (p-PhSe)

3i (m-CH3Se)

3j (o-CH3Se)

3k (m-PhSe)

3l (o-PhSe)

Daucus carota

Condições: 20 mg substrato – 10g de cenoura – 100 ml H2O

Tabela 5.3 - Acompanhamento da redução das selenoacetofenonas com pedaços de cenoura

Substrato t (dias) conv. 3 (%) e.e. (%) Rendimento* (%)

p-SeCH3 (7a) 2 83 >99 (S) 74

m-SeCH3 (7b) 2 96 >99 (S) 86

o-SeCH3 (7c) 3 - - -

p-SePh (7d) 3 72 >99 (S) 52

m-SePh (7e) 3 95 >99 (S) 60

o-SePh (7f) 3 - - -

* Rendimento isolado (escala de 100 mg)

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117

Como podemos observar pelos dados da Tabela 5.3, mais uma vez as

acetofenonas orto-substituídas não forneceram os álcoois quirais desejados por ação do

sistema enzimático da cenoura. As acetofenonas meta e para substituídas foram

reduzidas aos correspondentes organosselenofeniletanóis quirais com excelente

enantiosseletividade (e.e. >99%) e alta taxa de conversão. Reações na escala de 100 mg

de substrato também foram realizadas e bons valores de rendimento isolados foram

observados (tabela 5.3).

O uso de pedaços de cenoura como biocatalisador se mostrou uma excelente

opção em reações de redução de selenoacetofenonas. Comparando o seu emprego com

fermento de pão e/ou com células de fungos, o uso da cenoura apresentou uma série de

vantagens: não requer manipulação cuidadosa, possui baixo custo, tem alta

disponibilidade, podendo ser adquirida em qualquer mercado local e não requer

condições assépticas, ao contrário dos microrganismos. Além disso, o fato de

utilizarmos a cenoura em pedaços facilita o processo de filtração e extração do produto.

O uso do vegetal na forma “ralada” a fim de aumentar a superfície de contato do

biocatalisador com o substrato não apresentou aumento significativo da atividade

enzimática. Pelo contrário, encontramos dificuldades quanto à filtração e extração do

produto. Ainda, devido ao tamanho menor, a decomposição da planta no meio reacional

tornou-se mais rápida.

O telureto 7g também foi empregado na tentativa de redução com pedaços de

cenoura (Daucus carota),100 porém o álcool 3m não foi obtido (esquema 5.6).

ESQUEMA 5.6

2 dias

OH

CH3Te

3m

O

CH3Te

7g

*Cenoura

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118

5.2 DESRACEMIZAÇÃO DE ORGANOCALCOGENO- -METIBENZIL

ÁLCOOIS USANDO FUNGOS

No item anterior foram apresentados resultados de redução assimétrica de uma

série de organosselenoacetofenonas utilizando, entre outros biocatalisadores, células

íntegras de fungos. Lembrando que alguns destes fungos mostraram bons resultados em

reações de desracemização, principalmente com fluoroacetofenonas (item 4.3),

aventamos a possibilidade dos organocalcogeno- -metibenzil álcoois também sofrerem

tal reação (esquema 5.7). Para verificar essa possibilidade submetemos os álcoois

racêmicos 3a,h,j,n a ação de fungos. Os resultados encontram-se na tabela 5.4.

ESQUEMA 5.7

73

+

RSe

O

RSe

OH OH

RSe

*Células de fungos

3a (o-CH3Se)

3h(o-PhSe)

3j (p-CH3Se)

3n (p-C2H5Se)

R ou S(R+S)

7c (o-CH3Se)

7f (o-PhSe)

7a (p-CH3Se)

7n (p-C2H5Se)

condições experimentais: 32 °C, 170 rpm, 5 g de células úmidas, 20 mg de substrato

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119

Tabela 5.4 – Tentativa de desracemização dos organosselenofeniletanóis 3 com células íntegras de fungos

Aspergillus terreus CCT 3320 Aspergillus terreus CCT 4083 Organosseleno-feniletanol

t (dias) % 3 % 7 ee 3 (%) t (dias) % 3 % 7 ee 3 (%)

OH

SeCH3 3a

2

4

6

100

100

100

0

0

0

0

0

0

2

4

6

100

100

100

0

0

0

0

0

0

OH

H3CSe 3j

2

4

6

8

10

59

66

72

73

69

41

33

28

27

31

> 95

> 95

> 95 (R)

> 95

> 95

2

4

6

80

83

78

20

17

22

9

2

2

OH

SePh 3h

2

4

6

100

100

100

0

0

0

0

0

0

2

4

6

100

100

100

0

0

0

0

0

0

OH

H5C2Se 3n

2

4

6

8

10

14

76

77

83

80

76

60

24

22

17

20

24

40

0

0

5

15

47

>90 (R)*

2

4

6

84

11

0

16

87

100

4

>95

0

*a configuração absoluta foi correlacionado com o composto 1b

Pelos dados da tabela 5.4 percebe-se que os álcoois 3a e 3h contendo átomo de

selênio na posição orto não sofreram nenhuma transformação pela ação das duas

linhagens de A. terreus. O melhor resultado de desracemização foi obtido com o álcool

3j quando em contato com células íntegras de A. terreus CCT 3320. Podemos observar

nos primeiros dias de reação, o enantiômero (S) do álcool 3j já estava preferencialmente

convertido na cetona 7a e parte desta cetona formada foi preferencialmente reduzida

para o enantiômero (R) do composto 3j, justificando os altos valores de excesso

enantiomérico. No entanto, esperava-se que, no decorrer da reação, a cetona formada 7a

fosse totalmente convertida ao álcool, o que não ocorreu. A Figura 5.4 ilustra melhor o

esquema de desracemização do seleneto 3j.

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120

6 dias72% conv.>95% ee

(rápida)

Oxidação

Reducão

Redução (rápida)

(S)-(-)-3j

(R)-(+)-3j

7a

(lenta)

(lenta)

+

O

SeCH3

OH

H3CSe

OH

H3CSe

28%

(A)

(B)

Figura 5.4 - (A) Esquema de racemização do organosselenofeniletanol 3j com células de A. terreus CCT 3320. (B) Cromatograma da desracemização do composto 3j.

Apesar de diferir do composto 3j apenas pelo grupamento etila ligado ao átomo

de selênio, o organosselenoálcool 3n apresentou um comportamento distinto frente às

células de A. terreus CCT 3320. Neste caso, a transformação foi mais lenta e houve um

aumento no excesso enantiomérico de zero para 90% no decorrer da reação. O último

dado coletado (após 14 dias de reação) indicou a presença de 40% da cetona 7

correspondente.

Pelos resultados relatados acima, percebe-se que há a necessidade de estudos mais

detalhados quanto à desracemização destes organocalcogeno-α-metibenzil álcoois.

Variação de condições experimentais como pH e/ou temperatura poderiam contribuir

para um melhor resultado de desracemização.

OH

H3CSe(R)-(+)-3j

O

SeCH3

OH

H3CSe

(+)-3j

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121

5.3 RESOLUÇÕES ENZIMÁTICAS DE ORGANOCALCOGENO

FENILETANÓIS

Uma vez que não foi possível obter orto-organosselenofeniletanóis quirais via

redução enzimática das orto-selenoacetofenonas, procuramos uma rota alternativa para

a obtenção dos mesmos. Exploramos o uso de lipases através de resolução enzimática

das misturas racêmicas dos organocalcogenofeniletanóis. Para essa finalidade

exploramos o uso de lipases contidas em fungos e da Novozyme 435, que como já

vimos no início (item 4.1) apresentou bons resultados na resolução de feniletanóis

substituídos.

5.3.1 RESOLUÇÃO DE ORGANOSSELENO FENILETANÓIS UTILIZANDO

FUNGOS

O complexo multi-enzimático contido nos microrganismos possibilita uma gama

de reações, dependendo da funcionalidade do substrato. Dessa maneira utilizamos o

fungo Aspergillus terreus CCT3320 na tentativa de efetuar a hidrólise seletiva do

acetato 4a (esquema 5.8). Neste trabalho realizamos apenas um teste preliminar. Após a

adição do composto racêmico 4a às células íntegras de A. terreus CCT 3320 em pH 7,2,

retiramos uma alíquota após 2 horas e observamos que a conversão já se encontrava

acima de 50% (figura 5.5).

ESQUEMA 5.8

O

SeCH3

O

O

SeCH3

O

SeCH3

OH

+A. terreus CCT 3320

pH = 7,2

2 h

c = 68%ee = 46%

( + )-4a 3a 4a

* *

Condições experimentais: 5 g de células úmidas, 30 mg de substrato a 32 oC

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122

Figura 5.5 - Cromatograma da hidrólise de 4a com A. terreus CCT 3320 após 2 horas de reação.

Comportamento similar foi observado quando o acetato de 1-(4-Metil-2-

metilselanil-fenil)-etila (4b) foi posto em contato com células de A. terreus CCT 3320

(esquema 5.9).

ESQUEMA 5.9

**

4b3b( + )-4bc = 55%ee = 58%

A. terreus CCT 3320

pH = 7,22 h

+SeCH3

OH O

SeCH3

O

O

SeCH3

O

Condições experimentais: 5 g de células úmidas: 30 mg de substrato a 32 oC

Pela figura 5.6 podemos observar que a conversão levou a um excesso

enantiomérico semelhante ao do composto 4a.

O

Se

O

Se

OH

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123

Figura 5.6 - Resolução enzimática do composto 3e com CCT 3320 após 2 horas de reação.

A seletividade da lipase contida nas células de A. terreus CCT 3320 não é muito

alta, conforme atesta o baixo valor de excesso enantiomérico dos dois casos analisados.

Novas linhagens deveriam ser testadas, a procura de microrganismos mais eficientes.

Esse trabalho deverá ser continuado por outros estudantes do grupo.

5.3.2 RESOLUÇÃO DE ORGANOCALCOGENO FENILTANÓIS USANDO

ENZIMAS IMOBILIZADAS (NOVOZYME 435)

Tendo em vista os resultados poucos satisfatórios da hidrólise enzimática dos

ésteres 4a e 4b com Aspergillus terreus CCT 3320, resolvemos testar a

transesterificação do composto 4a com enzima imobilizada, na tentativa de conseguir

melhores valores de excesso enantiomérico do álcool desejado (esquema 5.10).

O

Se

O

Se

OH

Se

OH

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124

ESQUEMA 5.10

+

OAc

SeCH3

OH

SeCH3

O

O

Novozyme 435

OH

SeCH3

( + )-3a

3a

4a

*

*

solvente orgânico

,

Para isso procedemos à otimização das condições de reação. Estudos visando

selecionar o melhor solvente foram feitos. Diferentes solventes, a saber, t-butil metil

éter, diispropil éter e hexano foram usados em duas condições diferentes de reação (A e

B, figura 5.7), nas quais foram utilizadas diferentes quantidade de enzima e de doador

de acetato (acetato de vinila).

0 200 400 600 800 1000 1200

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60 t-butilmetil éter

diisopropil éter

hexano

convers

ão (

% d

e a

ceta

to)

tempo de reação (minutos)

Figura 5.7 - Gráfico A –. Taxa de conversão do acetato formado em função do tempo em diferentes solventes. Condição A (70 mg de 3a, 8 ml de solvente, 30 mg de Novozyme, 46µl de acetato de vinila). Gráfico B - Taxa de conversão do acetato formado em função do tempo em diferentes solventes. Condições B (64 mg de 3a, 8 ml de solvente, 66 mg de Novozyme, 30µl de acetato de vinila).

0 200 400 600 800 1000 1200

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

t-butilmetil éter

diisopropil éter

hexano

convers

ão (

% a

ceta

to)

tempo de reação (minutos)

A B B

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125

Figura 5.8 - Em A: Cromatogramas obtidos após 17 horas de reação sob condição A. Em B: cromatogramas obtidos após 10 horas de reação com o quantidade maior de enzima (condição B).

O melhor resultado para essa reação foi obtido usando-se hexano como solvente

no método B. Após 5 horas de reação observou-se uma conversão de 56% com excesso

enantiomérico do álcool de 91%. Isso indica que a resolução com Novozyme 435 é mais

eficiente do que a resolução usando células íntegras de Aspergillus terreus CCT 3320

discutida acima.

Uma vez selecionado o solvente a ser utilizado nessas resoluções, otimizamos as

quantidades de acetato de vinila e de enzima para uma melhor resolução do álcool 3a.

Dessa forma apresentamos novos resultados da resolução, não só do composto 3a como

também dos álcoois 3d, 3e e 3h utilizando a lipase Novozyme 435 (esquema 5.11 –

Tabela 5.5). O sulfeto 3d foi submetido à resolução com Novozyme 435 a fim de

explorar o potencial desta enzima frente a compostos análogos de enxofre.

ESQUEMA 5.11

24h / 32oC

acetato de vinila

OAc

YR

OH

YR

(RS)-3a: RY = MeSe

(RS)-3h: RY = PhSe

(RS)-3e: RY = BuSe

(RS)-3d: RY = MeS

OH

YR(S)-3 (R)-4

Novozyme 435

Hexano

condições experimentais: 32 °C, 170 rpm, 0,20 mmol de substrato, 0,25 ml de acetato de vinila e 3 ml de hexano

Hexano Hexano

t-BME

diisopropiléter

t-BME

diisopropiléter

A B

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126

Tabela 5.5 – Resolução dos orto-organocalcogenofeniletanóis após 24h de reação

Substrato conv. (%) ee de 3 (%) ee de 4 (%) E

3a (o-SeMe) 51 >99 (S) 97 (R) > 200

3h (o-SePh) 53 >99 (S) 88 (R) 81

3e (o-SeBu) 50 99 (S) 99 (R) > 200

3d (o-SMe) 50 >99 (S) 98 (R) > 200

Os dados da tabela 5.5 mostram que a resolução cinética dos álcoois 3a, 3d, 3e e

3h utilizando a enzima Novozyme 435 é uma boa alternativa para obter estes compostos

enantiomericamente puros. Tanto o acetato 4 quanto o álcool 3 foram obtidos com alta

pureza enantiomérica. O fator E, mostrado na tabela 5.5, ilustra quantitativamente esta

alta seletividade da lipase em esterificar preferencialmente o enantiômero R dos álcoois

utilizados. Segundos dados da literatura,104 uma resolução que apresenta um valor de E

acima de 30 é considerada bastante eficiente. No nosso caso, algumas resoluções

apresentaram um valor de E > 200. As condições otimizadas levaram aos resultados

mostrados na tabela 5.5 após 24 horas de reação. As figuras 5.9 e 5.10 ilustram a

resolução cinética enzimátca de orto-organocalcogenofeniletanóis através dos

cromatogramas das misturas racêmicas e dos produtos enantiomericamente enriquecidos

após 24 horas de reação.

Figura 5.9 - Cromatogramas da resolução do 1-(2-metilselanil)fenil)etanol (3a). █ 3a racêmico. █ resolução após 24 horas. █ (R)-(+)-3a após hidrólise do acetato (R)-(+)-4a cuja separação não foi possível.

(R)-(+)-4a

OAc

Se CH3

(S)-(-)-3a

OH

Se CH3

(R)-(+)-3a

OH

Se CH3

(+)-3a

OH

Se CH3

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127

Figura 5.10 - Cromatogramas da resolução do 1-(2-metilselanil)fenil)etanol (3f). █ 3f racêmico. █ resolução após 24 horas. █ (R)-(+)-3f após hidrólise do acetato (R)-(+)-4f

Os cromatogramas representados nas figuras 5.9 e 5.10 mostram a

compatibilidade da lipase frente a compostos contendo átomo de calcogênio, seja

selênio ou enxofre, levando a álcoois orto-substituídos em elevados excessos

enantioméricos.

5.3.3 RESOLUÇÃO ENZIMÁTICA DE TELURETOS AROMÁTICOS

Foram feitas tentativas de resolução cinética enzimática dos

organotelurofeniletanóis. Infelizmente, não foi possível separar os enantiômeros pelos

métodos cromatográficos disponíveis no laboratório (esquema 5.12).

ESQUEMA 5.12

CAL-B / Hexano

(R)-4f(S)-3f

OH

TeBu

(RS)-3f

OH

TeBu

OAc

TeBu

acetato de vinila24h / 32oC

(S)-(-)-3f

OH

S CH3

(+)-3f

OH

S CH3

OH

S CH3

(R)-(+)-3f

OAc

S CH3

(R)-(+)-4f

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128

Apesar de detectarmos a formação do acetato por GC-MS, não foi possível obter

valores de excesso enantiomérico. Análises, tanto por cromatografia gasosa quiral

quanto por HPLC quiral, não mostraram uma separação eficiente dos padrões

racêmicos.

Uma alternativa encontrada para obter teluretos na forma enantiomericamente

pura foi resolvendo inicialmente o 1-feniletanol e depois realizando a orto-metalação,

como mostrado no esquema 5.13. Aplicando esse método, preparamos os teluretos (R)-

(+)-3f e (S)-(-)-3f.

ESQUEMA 5.13

OH

CAL-B / Hexano

acetato de vinila7h, 32oC

OH

TeR

OH

TeBu

OH

OAc

orto-metalação

Hidrólise

BuTeTeBu

OH

BuTeTeBu

orto-metalação

(S)-(-)-3f

(R)-(+)-3f

1a

5.4 ATRIBUIÇÃO DA CONFIGURAÇÃO ABSOLUTA DOS

CALCOGENETOS AROMÁTICOS

Para atribuir a configuração absoluta de todos os produtos obtidos com excesso

enantiomérico, foi necessário preparar os selenoálcoois 9a,h-l a partir dos

bromofeniletanóis quirais, como mostra o esquema 5.14. Os bromofeniletanóis quirais

foram obtidos por redução da bromoacetofenona correspondente com borohidreto de

sódio, seguida da resolução enzimática com lipase imobilizada (Novozyme 435). Como

a configuração absoluta dos bromofeniletanóis quirais obtidos já está descrita na

literatura,101 a configuração dos compostos obtidos por nós foi atribuída por

comparação do sinal da medida da rotação óptica dos mesmos com aqueles descritos na

literatura.

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129

Após a troca lítio-halogênio, seguida de selenização, os selenoálcoois 9a,h-l

foram obtidos com o centro estereogênico definido. Comparando-se os cromatogramas

de CG quiral ou as rotações ópticas dos álcoois preparados pelos dois métodos distintos,

a configuração absoluta pôde ser determinada, conforme ilustra o esquema 5.14.

ESQUEMA 5.14

1)RLi, 2)Se, 3)MeI

ou PhSeSePh

(S)-(-)-o-bromofeniletanol(S)-(-)-m-bromofeniletanol(S)-(-)-p-bromofeniletanol

3a,h-l

Novozyme 435

NaBH4

OH

Br

biocatalisador

7a-f

O

RSe

R

S

S

OH

RSe3a,h-l

*

O

OH

bromoacetofenona

Comparação

CromatogramaCG quiral

Configuração absoluta de 9a,h-l

RSe

OH

CromatogramaCG quiral

Br

Br

5.5 INATIVIDADE DAS ORTO-ORGANOSSELENOACETOFENONAS

FRENTE À REDUÇÃO ENZIMÁTICA

Este comportamento distinto das orto-organosselenoacetofenonas em todas as

reações de biorredução testadas pode ser atribuído ao impedimento estérico criado pelas

interações intramoleculares entre o átomo de selênio e o heteroátomo (oxigênio

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130

carbonílico como mostra a figura 5.11). Essa interação não ligante pode estar gerando

uma espécie mais rígida, impedindo a formação do complexo enzima-substrato.

O

Se

R

Interação Se - Heteroátomo

Figura 5.11 - Interação do átomo de Selênio com o átomo de oxigênio

Esta interação intramolecular foi comprovada por várias técnicas. Dados

estruturais de raios-X de compostos similares, dados espectrais de RMN de alguns

reagentes e cálculos ab initio indicaram uma interação do par de elétrons isolado π do

heteroátomo (no caso, o átomo de oxigênio) com o orbital σ* da ligação selênio-R. Isto

induz a uma rigidez conformacional na molécula, como mostra a figura 5.11.60

Além disso, alguns microrganismos puderam reduzir outras acetofenonas orto-

substituídas, como as bromoacetofenonas, sendo a massa atômica do átomo do

halogênio próxima ao do selênio (Esquema 5.15– Tabela 5.6).

ESQUEMA 5.15

condições experimentais: 32 °C, 170 rpm, 5 g de células úmidas, 20 mg de substrato

Tabela 5.6 - Redução da orto-bromoacetofenona utilizando células de fungos.

Fungo t (dias) conv. (%) ee (%)

Rhizopus oryzae CCT 4964 2 16 >99

Geotrichum candidum 2 18 -

Aspergillus terreus CCT 1498 2 99 >99

O

Br

Células íntegras de fungos

OH

Br

*

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131

O fato dos microrganismos poderem reduzir acetofenonas orto-substituídas por outros

átomos, constitui mais uma indicação da existência da interação entre o átomo de selênio e o

heteroátomo.

5.6 CONCLUSÃO

As reações de biocatálise empregadas foram bem sucedidas com substratos

contendo o átomo de selênio. Uma série de organosseleno feniletanóis foi obtida a partir

das reações com microrganismos, com enzimas imobilizadas, com fermento de pão e

com pedaços de cenoura. No entanto, obtivemos dificuldades nas reações com

compostos análogos de telúrio. A separação cromatográfica quiral de alguns padrões

racêmicos contendo telúrio não puderam ser feitas, comprometendo o estudo dessas

espécies. As reações envolvendo compostos de telúrio efetuadas em meio aquoso e na

presença de ar requerem estudos mais detalhados em vista da susceptibilidade dos

compostos de telúrio ao oxigênio.

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132

6 CAPÍTULO 6 – PARTE EXPERIMENTAL

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133

6.1 INTRODUÇÃO

Os solventes foram convenientemente purificados e secados antes do seu uso. Os

reagentes comerciais também foram adequadamente purificados de acordo com a

literatura114.

O tetrahidrofurano (THF) e o éter etílico (Et2O) foram destilados sobre sódio e

benzofenona imediatamente antes do uso. Os reagentes de alquil-lítio foram titulados

com isopropanol seco na presença de fenantrolina. O telúrio (200 mesh) e o selênio

(99,9999%) utilizados foram adquiridos da Aldrich. As purificações por cromatografia

em coluna foram feitas utilizando sílica-gel Acros Organics (0,035-0,070 mm poro). E

as soluções orgânicas foram concentradas num evaporador rotativo BÜCHI operando a

pressão reduzida.

Os espectros de ressonância magnética nuclear dos produtos obtidos foram

registrados nos aparelhos DRX-300 e DRX-500 da Bruker. Os deslocamentos químicos

estão expressos em partes por milhão (ppm) em relação ao padrão interno. Para os

espectros de RMN de 1H foi usado tetrametilsilano e para os espectros de 13C foi usado

o pico central do tripleto de CDCl3 como padrões internos. Os espectros de massas

foram obtidos num aparelho Shimadzu GC-17A acoplado a uma interface GCMS-

QP5050A (quadrupolo). Os espectros no infravermelho foram adquiridos num

espectrofotômetro Bomem MB-100. Análises elementares foram obtidas na Central

Analítica do Insituto de Química da Universidade de São Paulo

As análises cromatográficas dos padrões racêmicos e dos compostos quirais foram

feitas em um cromatógrafo GC-17A Shimadzu equipado com colunas quirais BETA

DEX da Supelco e CHROMPACK da Varian, e também num cromatógrafo líquido de

alta performance LC-10AD Shimadzu com coluna quiral Cyclobond I 2000 Ac da Astec

(ciclodextrina acetilada). Foram obtidos comercialmente os compostos que não foram

descritos neste item.

Reações Biocatalíticas:

Todos os microrganismos utilizados neste trabalho, a exceção do fermento de

pão, foram adquiridos da Fundação Tropical André Tosello, situada em Campinas, SP.

Abaixo, segue a lista das origens dos microrganismos isolados, os quais foram

utilizados nas reações biocatalíticas.

Aspergillus terreus CCT 3320: isolado do solo. Mata Atlântica, Peruíbe, SP

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134

Aspergillus terreus CCT 4083: isolado do solo. Floresta Amazônica, Belém, PA.

Emericella nidulans CCT 3119: Chapadinha, MA.

Rhizopus oryzae CCT 4964: Chapadinha, MA.

Utilizou-se fermento de pão biológico instantâneo seco da marca MAURI. A

composição dos fermentos consiste em Saccharomyces cerevisiae e agente de

reidratação.

As enzimas isoladas, Novozyme 435 e Lipozyme, foram adquiridas através de

doações da filial brasileira da empresa NOVOZYMES, localizada no Paraná. A

Novozyme 435 é uma lipase expressada em células cujo gene é derivado da Candida

antartica, e a Lipozyme IM, codificada pelo gene do microorganismo Mucor miehei.

As raízes e os tubérculos utilizados nos ensaios com células de plantas foram

adquiridos num mercado local.

Todas as vidrarias, os meios de cultura e as soluções tampão foram devidamente

esterilizadas em auto-clave (120ºC por 15 minutos) para evitar a contaminação dos

experimentos. As manipulações dos microrganismos foram feitas em capela de fluxo

laminar e os experimentos em solução aquosa foi utilizada água destilada. As cepas são

conservadas em placas de petri (agar 20 g L-1 e extrato de malte 20 g L-1) sob

refrigeração (4oC). O repique, a inoculação dos fungos e a preparação dos experimentos

foram feitos em capela de fluxo laminar.

Os espectros de ressonância magnética nuclear de 1H e de 13C, de massas e no

infravermelho dos produtos obtidos foram registrados nos mesmos aparelhos

mencionados anteriormente. O mesmo se aplica para as análises cromatográficas dos

compostos quirais foram feitas também em um cromatógrafo GC-17A Shimadzu

equipado com colunas quirais BETA DEX da Supelco e CHROMPACK da Varian.

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135

6.2 PREPARAÇÃO DOS MATERIAIS DE PARTIDA / PADRÕES

RACÊMICOS

6.2.1 FENILETANÓIS SUBSTITUÍDOS RACÊMICOS

Procedimento geral:

A um balão de 2 ou 3 bocas (250 ml) munido com funil de adição contendo 0,7g

de NaBH4 dissolvido em 10 ml de solução 0,2M de NaOH, foram adicionados 0,05 mol

da acetofenona e 50 ml de metanol. Mantida a reação sob agitação magnética entre 18 e

25oC, foi feita a adição gota a gota do hidreto. Após a adição, HCl diluído foi

adicionado para eliminar o hidreto em excesso. O metanol foi removido e em seguida o

produto bruto foi dissolvido com 50 ml de água e extraído com éter. Após secagem e

evaporação, o produto foi purificado por destilação a pressão reduzida.

1-feniletanol (1a)

RENDIMENTO: 4,9g (80%)

OH

C8H10O MM: 122,17 CAS: [98-85-1]

RMN 1H (300 MHz, CDCl3): δ (ppm): 7,31(m, 5H); 4,81 (q, J = 6,6 Hz, 1H); 2,55 (s, 1H); 1,44 (d, J = 6,6 Hz, 3H). RMN 13C (75 MHz, CDCl3): δ (ppm) 146,1; 128,7; 127,7; 125,7; 70,6; 25,4. GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 122 (M+, 38); 107 (98); 79 (100); 51 (36); 43 (48)

1-(p-Nitrofenil)etanol (1c)

RENDIMENTO: 6,1g (73%)

OH

O2N C8H9NO3 MM: 167,16 CAS: [6531-13-1]

RMN 1H (300 MHz, CDCl3): δ (ppm) 8,15 (d, J = 8,8 Hz, 2H); 7,52 (d, J = 8,8 Hz, 2H); 5,00 (q, J = 6,33 Hz, 1H); 2,82 (s, 1H); 1,50 (d, J = 6,33 Hz, 3 H). RMN 13C (75 MHz, CDCl3): δ (ppm) 153,6; 147,3; 126,4; 123,9; 69,7; 25,6. GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 166 (M+, 1,3); 152 (100); 122 (18); 107 (56); 94 (26); 77 (69); 51 (37); 43 (79).

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136

4-Bromo-αααα-metilbenzil álcool (1d)

RENDIMENTO: 8,0g (80%)

OH

Br

C8H9BrO MM: 201,06 CAS: [5391-88-8]

RMN 1H (300 MHz, CDCl3): δ (ppm) 7,45 (d, J = 8,53 Hz, 2H); 7,21 (d, J = 8,53 Hz, 2H); 4,81 (q, J = 6,3 Hz, 1H); 2,36 (s, 1H); 1,43 (d, J = 6,3 Hz, 2H). RMN 13C (75 MHz, CDCl3): δ (ppm) 145,1; 131,8; 127,5; 121,4; 70; 25,5. GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 202 (M+2, 12); 200 (M, 13); 187 (59); 185 (66); 159 (12); 157 (21); 121 (13); 77 (89); 43 (100).

1-(p-Clorofenil)etanol (1e)

RENDIMENTO: 5,7g (73%)

OH

Cl

C8H9ClO MM: 156,61 CAS: [3391-10-4]

RMN 1H (300 MHz, CDCl3): δ (ppm) 7,2-7,4 (m, 4H); 4,82 (q, J = 6,33 Hz, 1H); 2,47 (s, 1H); 1,43 (d, J = 6,33 Hz, 2H). RMN 13C (75 MHz, CDCl3): δ (ppm) 144,5; 133,2; 128,8; 127,0; 69,9; 25,4. GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 158 (M+2, 10); 156 (31); 141 (96); 121 (16); 113 (34); 77 (100); 51 (25); 43 (64).

6.2.2 ACETATOS DE ARILETILA RACÊMICOS

Procedimento geral

O ariletanol substituído (4 mmol) foi dissolvido em 5 ml de piridina e 2 ml de

anidrido acético a 0oC num balão de 5 ml com tubo secante e agitado por 24 horas à

temperatura ambiente. A solução foi concentrada à secura sob pressão reduzida e o

resíduo foi purificado por cromatografia de coluna em sílica, utilizando como eluente

uma mistura de hexano e acetato de etila (9:1). Os rendimentos não foram calculados.

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137

Acetato de αααα-Metilbenzila (21a)

O

O

C10H12O2 MM: 164,20 CAS: [93-92-5]

RMN 1H (300 MHz, CDCl3): δ (ppm) 7,34 (m, 5H); 5,88 (q, J = 6,6 Hz, 1H); 2,07 (s, 3H); 1,53 (d, J = 6,8Hz, 3H). RMN 13C (75 MHz, CDCl3): δ (ppm) 170,6; 142,1; 128,8; 128,2; 126,5; 72,7; 22,6; 21,7. GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 164 (M, 20); 122 (87); 104 (81); 77 (37); 51 (21); 43 (100)

Acetato de 1-(p-Bromofenil)etila (21d)

O

O

Br

C10H11BrO2 MM: 243,10 CAS: [19759-23-0]

RMN 1H (300 MHz, CDCl3): δ (ppm) 7,22 (d, J = 8,3 Hz, 2H); 7,47 (d, J = 8,5 Hz, 2H); 5,81 (q, J = 6,6 Hz, 1H); 2,06 (s, 3H); 1,50 (d, J = 6,6 Hz, 3H). RMN 13C (75 MHz, CDCl3): δ (ppm) 170,5; 141,0; 132,0; 128,2; 122,1; 71,9; 22,4; 21,6. GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 244 (M+2, 10); 242 (M, 10); 202 (21); 200 (21); 184 (30); 182 (35); 104 (34); 77 (23); 51 (20); 43 (100).

Acetato de 1-(p-Clorofenil)etila (21e)

O

O

Cl

C10H11ClO2 MM: 198,65 CAS: [19759-43-4]

RMN 1H (300 MHz, CDCl3): δ (ppm) 7,33-7,26 (m, 4H); 5,83 (q, J = 6,6 Hz, 1H); 2,07 (s, 3H); 1,51 (d, J = 6,6 Hz, 3H). GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 200 (M+2, 5); 198,2 (21); 156 (41); 138 (79); 103 (51); 77 (23); 43 (100).

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138

6.2.3 PREPARAÇÃO DOS ACETAIS 6A, 6C, 6F E 6G41

Procedimento geral

A um balão de 100 ml sob agitação magnética foram adicionados a acetofenona

(10 mmol), benzeno (50 ml) e um cristal de ácido p-tolueno sulfônico. O sistema foi

acoplado a um Dean-Stark e refluxado até que não fosse mais observada a formação de

água (cerca de 5 horas). O solvente foi evaporado e o resíduo foi solubilizado com

diclorometano e rapidamente extraído com solução saturada de NaCl. A fase orgânica

foi separada, secada com MgSO4, filtrada e evaporada sob pressão reduzida. O óleo

obtido foi utilizado sem prévia purificação.

2-Metil-2-fenil-[1,3]dioxolano (6a)

RENDIMENTO: 1,3g (80%)

O O

C10H12O2 MM: 164,20 CAS: [3674-77-9]

RMN 1H (300 MHz, CDCl3): δ (ppm) 7,48 (m, 2H); 7,34 (m, 3H); 4,03 (m, 2H); 3,77 (m, 2H); 1,66 (s, 3H).

RMN 13C (75 MHz, CDCl3): δ (ppm) 28,0; 64,8; 109,2; 125,6; 128,2; 128,5; 143,6.

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 163 (M+2, 0,1); 149 (100); 133 (11); 105 (68); 87 (34); 77 (39); 51 (20); 43 (45).

2-(4-Bromo-fenil)-2-metil-[1,3]dioxolano (6c)

RENDIMENTO: 1,58g (65%)

O O

Br

C10H11BrO2 MM: 243,10 CAS: [4360-68-3]

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 244 (M+, 1); 242 (M, 1); 229 (93); 227 (100); 185 (50); 183 (53); 157 (13); 155(14); 87 (41); 76 (25); 50 (22); 43 (77).

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139

2-(2-Bromo-fenil)-2-metil-[1,3]dioxolano (6f)

RENDIMENTO: 2,1g (86%)

O O

Br

C10H11BrO2 MM: 243,10 CAS: [50777-64-5]

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 244 (M+, 1); 242 (M, 1); 229 (83); 227 (86); 185 (40); 183 (44); 157 (8); 155(9); 87 (74); 76 (19); 50 (18); 43 (100).

2-(3-Bromo-fenil)-2-metil-[1,3]dioxolano (6g)

RENDIMENTO: Não calculado

O O

Br

C10H11BrO2 MM: 243,10 CAS: [39172-32-2]

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 244 (M+, 1); 242 (M, 1); 229 (81); 227 (83); 185 (38); 183 (43); 157 (10); 155(11); 87 (76); 76 (21); 50 (20); 43 (100).

6.3 COMPOSTOS ORGÂNICOS CONTENDO SELÊNIO OU TELÚRIO

6.3.1 TETRACLORETO DE TELÚRIO5

Todo o processo de preparação e também de manipulação do TeCl4 exige

condições anidras. Utilizou-se a aparelhagem ilustrada na Figura 6.1. No balão foi

adicionado telúrio seco (127 g; 1 mol). O balão foi fechado e um pequeno fluxo de cloro

foi introduzido no sistema através de um tubo lateral, como mostrado na figura. Iniciou-

se um leve aquecimento com bico de Bunsen. Neste processo inicia-se a formação de

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140

TeCl2, caracterizado pela formação de um líquido escuro. Depois de alguns minutos,

passa a ocorrer a formação de TeCl4, cujo vapor é vermelho. Quando este ponto foi

atingido, o aquecimento e o fluxo de cloro foram aumentados (utilizando um bico de

Bunsen adicional), com o objetivo de destilar o produto e depositar nas paredes frias das

ampolas, precipitando cristais de cor branco-amarelada. Quando quase todo o

tetracloreto de telúrio havia destilado, interrompeu-se o aquecimento e o fluxo de cloro,

deixando o sistema esfriar. As ampolas foram desconectadas e os cristais de TeCl4

foram transferidos para um frasco escuro e seco.

Figura 6.1 - Esquema da aparelhagem utilizada para a preparação de TeCl4

RENDIMENTO: 234g (87%)

TeCl4

M.M. = 269,41 CAS: [10026-07-0]

Lã de vidro Cloreto de Cálcio

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141

6.3.2 DITELURETO DE DIBUTILA5

Em um balão de 1 litro munido de agitação magnética e sob atmosfera de

nitrogênio foi adicionado telúrio elementar (19,1g; 0,15 mol) e THF (400 ml). A

solução foi resfriada a 0oC e então n-BuLi (130 mmol; 93,0 ml de uma solução 1,4 M

em hexano) foi adicionado lentamente. O banho de gelo foi removido e a mistura foi

então agitada durante 1h a temperatura ambiente. Após este período adicionou-se uma

solução saturada de cloreto de amônio (150 ml) e a reação foi agitada durante 2h em

contato com o ar. A mistura foi diluída com acetato de etila (150 ml) e a fase orgânica

foi separada e lavada sucessivamente com água (2x100 ml) e solução saturada de NaCl

(2x100 ml). A fase orgânica foi secada com sulfato de magnésio, filtrada e o solvente

foi evaporado. O óleo obtido foi novamente filtrado em uma coluna contendo sílica

flash e hexano como eluente.

RENDIMENTO: 24 g (87 %) com 96% de pureza

TeTe

C8H18Te2 M.M. = 369,43 CAS: [77129-69-2]

6.3.3 DISELENETO DE DIFENILA115

Em um balão de 3 bocas de 3000 ml, munido de agitação mecânica, condensador

de refluxo e sob atmosfera de nitrogênio, foi adicionado magnésio (27,0 g; 1,1 mol),

alguns cristais de iodo e éter etílico anidro (1000 ml). Em seguida foi adicionada ao

sistema uma solução de bromo benzeno (26,0 g; 0,16 mol) em éter etílico (100 ml).

Depois de alguns minutos sob agitação, o restante do bromobenzeno (131,0 g; 0,83 mol)

foi adicionado com auxílio de um funil de adição e a velocidade da adição foi

controlada pelo refluxo. Após o magnésio ter sido consumido foi adicionado selênio

elementar (79,0 g; 1,0 mol) em pequenas porções num período de 1 hora. Quando todo

selênio foi adicionado deixou-se o sistema sob agitação por mais duas horas e no fim foi

adicionada uma solução de cloreto de amônio lentamente até se obter meio neutro. A

mistura foi mantida sob agitação e oxidado ao ar durante uma noite e em seguida a fase

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orgânica foi extraída com acetato de etila (4 x 300 ml), lavada com água (3 x 300 ml),

solução saturada de NaCl (3 x 300 ml) e depois secada com sulfato de magnésio. Após

filtração e evaporação do solvente, o resíduo foi recristalizado em hexano e o sólido

amarelo obtido foi secado sob vácuo.

RENDIMENTO: 124g (80%)

SeSe

C10H12Se2 M.M. = 312,13 CAS: [1666-13-3]

6.3.4 PREPARAÇÃO DOS DISSELENETOS 2A-C VIA ORTO-METALAÇÃO

Procedimento geral de orto-metalação82

A um balão de 3 bocas de 100 ml, munido de agitação magnética, condensador

de refluxo e atmosfera de nitrogênio, o feniletanol (5 mmol) foi dissolvido em pentano

(25 ml) e resfriado a 0oC. A seguir adicionou-se TMEDA (2,88 ml - 10 mmol). Ainda

sob banho de gelo foi adicionado gota a gota n-BuLi (10,1 ml de uma solução 1,04M

em hexano, 10,5 mmol). Após refluxo cuidadoso, a fim de não evaporar o pentano, por

24 horas, o meio reacional foi novamente levado a 0oC para a adição do calcogênio em

pó (5 mmol). Após agitação por 5 horas a t.a. a reação foi interrompida adicionando-se

HCl 1M (10 ml). O produto bruto foi extraído com acetato de etila, secado e o solvente

evaporado. O produto foi obtido após cromatografia flash em sílica, utilizando hexano e

acetato de etila como eluentes.

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(RS, RS)-Bis[2-(1-hidroxietil)fenil disseleneto (2a)

RENDIMENTO: 0,92g (46%)

OH

Se Se

OH

C16H18O2Se2 M.M. = 400,23

DI-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 400 (M+, 11); 199 (37); 182 (42); 157 (10); 102 (20); 91 (34); 77 (33); 65 (7); 43 (100).

(RS, RS)-Bis[2-(1-hidroxietil)-4-metil-fenil] disseleneto (2b)

RENDIMENTO: 645 mg (30%)

OH

Se Se

OH

C18H22O2Se2 M.M. = 428,29

DI/MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 430 (M+, 5); 215 (10); 213 (16); 199 (22); 195 (18); 182 (15); 115 (21); 105 (10); 91 (35); 77 (8); 65 (11); 43 (100).

(RS, RS)-Bis[2-(1-hidroxietil)-4-metil-fenil] disseleneto (2c)

RENDIMENTO: 941mg (34%) OH

Se Se

OH

C10H12Se2 M.M. = 552,43

DI/MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 554 (M+, 2); 275 (14); 261 (21); 232 (5); 178 (88); 165 (20); 152 (57);126 (4); 102 (7); 89 (4); 77 (8); 63 (5); 43 (100).

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144

6.3.5 PREPARAÇÃO DOS SELENETOS DE ARIL BUTILA POR REDUÇÃO

DOS CORRESPONDENTES DISSELENETOS SEGUIDA DE

ALQUILAÇÃO.

Procedimento geral:

A um balão de 1 boca de 25 ml a 0oC com THF (12 ml) foram adicionados o

disseleneto (0,5 mmol) e o iodometano (213 mg - 1,5 mmol). Em seguida, sob

ambiente de N2, o borohidreto de sódio (0,19 g – 5 mmol) dissolvido em H2O (5 ml) foi

adicionado gota a gota através de um funil de adição e o sistema foi agitado por 10

minutos. A mistura foi diluída com acetato de etila (13 ml) e lavada com solução

saturada de cloreto de amônio. A fase orgânica foi tratada com solução de cloreto de

sódio, seca com sulfato de magnésio, filtrada e concentrada. O produto foi purificado

por coluna de sílica flash usando hexano como eluente.

1-(2-Metilselanil-fenil)-etanol (3a)

RENDIMENTO: 163mg (76%)

OH

SeCH3

C9H12OSe M.M. = 215,15 CAS: [24845-01-0]

IR (filme) cm-1: 3380, 3057, 2971, 2926, 2887, 1587, 1464, 1432, 1197, 1129, 1088, 1069, 1056, 1006, 900, 755.

RMN 1H (300 MHz, CDCl3): δ (ppm) 7,51 (dd, Ja = 1,9 Hz Jb = 5,5 Hz, 1H); 7,39 (dd, Ja = 1,9 Hz Jb = 5,7 Hz, 1H); 7,24 (m, 2H); 5,23(q, J = 6,3 Hz, 1H); 2,78 (s, 1H); 2,33 (s, 3H); 1,48 (d, J = 6,6 Hz, 3H).

RMN 13C (75 MHz, CDCl3): δ (ppm) 145,6; 130,0; 129,9; 127,8; 126,5; 125,2; 68,6; 23,8; 7,4.

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 216 (M+, 40); 214 (19); 210 (21); 199 (14);183 (32); 157 (19); 117 (4); 105 (100); 91 (34); 77(52); 65 (10); 51 (28); 43 (77).

Análise Elementar: calculado p/ C10H14OSe: C, 50,24; H, 5,62; obtido C, 50,51; H, 5,56.

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1-(4-Metil-2-metilselanil-fenil)-etanol (3b)

RENDIMENTO: 163 mg (71%)

OH

SeCH3

C10H14OSe M.M. = 229,18

IR (filme) cm-1:3377, 2971, 2925, 2868, 1480, 1448, 1424, 901, 822.

RMN 1H (300 MHz, CDCl3): δ (ppm) 7,20 (m, 3H); 5,21 (q, J = 6,4 Hz, 1H); 2,32 (s, 3H); 2,31 (s, 3H), 2,00 (s, 1H); 1,48 (d, J = 6,4 Hz, 3H).

RMN 13C (75 MHz, CDCl3): δ (ppm) 142,8; 137,8; 131,0; 129,9; 127,6; 125,2; 68,7; 24,0; 21,0; 7,6.

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 230 (M+, 12); 212 (9); 194 (7); 182 (6); 119 (65); 105 (15); 91 (100); 89 (26); 77 (19); 65 (37); 50 (22); 43 (98).

Análise Elementar: calculado p/ C10H14OSe: C, 52,41; H, 6,16; obtido C, 52,70; H, 6,28.

1-(3-Metilselanil-bifenil-4-il)-etanol (3c)

RENDIMENTO: 178 mg (61%)

OH

SeCH3

C15H16OSe M.M. = 291,25

IR (filme) cm-1: 3270, 2967, 2924, 2887, 2704, 1948, 1902, 1595, 1471, 1095, 1071, 1045, 1011, 903, 762.

RMN 1H (300 MHz, CDCl3): δ (ppm) 7,56 (m, 4H); 7,43 (m, 4H); 5,26 (q, J = 6,6 Hz, 1H); 2,35 (s, 3H); 2,22 (s, 1H); 1,51 (d, J = 6,3 Hz, 3H).

RMN 13C (75 MHz, CDCl3): δ (ppm) 144,9; 141,3; 140,7; 130,9; 129,3; 129,1; 127,7; 127,4; 125,9; 125,8; 69,0; 24,3; 8,0.

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 292 (M+, 31); 277 (21); 259 (35); 232 (5); 196 (7); 181 (88); 178 (100; 154 (55); 152 (72); 126 (9); 115 (13); 102 (16); 89 (12); 76 (17); 63 (15); 43 (88).

6.3.6 PREPARAÇÃO DOS CALCOGENETOS DE ARIL ALQUILA VIA

ORTOMETALAÇÃO DO FENILETANOL

Procedimento para obtenção do 1-(2-Metilselanil-fenil)-etanol e do 1-(2-(Metiltio)

fenil)etanol:

Após geração do feniletanol litiado (item 2.5), o meio reacional foi novamente

levado a 0oC para a adição do calcogênio em pó (5 mmol de S ou Se). Após agitação

por 5 horas a t.a. foi adicionado o iodometano (10 mmol), e o sistema foi mantido sob

agitação por mais 1 hora. O produto bruto foi lavado com solução saturada de NaCl (2 x

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50 ml) e extraído com éter etílico (3 x 40 ml). A fase orgânica foi secada, filtrada e

evaporada. O produto foi obtido após cromatografia flash em sílica, utilizando hexano e

acetato de etila como eluentes.

1-(2-Metilselanil-fenil)-etanol (3a)

RENDIMENTO: 615 mg (60%)

OH

SeCH3

C9H12OSe M.M. = 215,15 CAS: [24845-01-0]

1-(2-(Metiltio)fenil)etanol (3d)

RENDIMENTO: 588 mg (70%)

OH

SCH3 C9H12OS

M.M. = 168,25 CAS: [30439-31-7]

IR (filme) cm-1: 3385, 3059, 2973, 2922, 1590, 1466, 1437, 1367, 1194, 1133, 1093, 1063, 1006, 897, 753, 684.

RMN 1H (300 MHz, CDCl3): δ (ppm) 7,54 (m; 1H); 7,27 (m; 3H); 5,32 (q; J = 6,35; 1H), 2,50 (s, 3H); 2,44 (s, 1H), 1,51 (d, J = 6,35, 3H).

RMN 13C (75 MHz, CDCl3): δ (ppm) 143,8; 135,0; 127,6; 126,2; 125.5; 125,0; 66,7; 23,5; 16,2.

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 168 (M+, 81%), 153 (75%), 135 (100%), 123 (15%), 105 (71%), 91 (53%), 77 (79%), 65 (21%), 43 (59%).

Procedimento para obtenção do 1-(2-Butilselanil)fenil)etanol (3e), 1-(2-

Fenilselanil)fenil)etanol (3h) e do 1-(2-butiltelanil)fenil)etanol (3f)

Após geração do feniletanol litiado (item 2.5), o meio reacional foi levado a 0oC

para a adição do dicalcogeneto de diarila ou dibutila (5 mmol) Após agitação por 5

horas a t.a. a reação foi interrompida. O produto bruto foi lavado com solução saturada

de NaCl (2 x 50 ml) e extraído com éter etílico (3 x 40 ml). A fase orgânica foi secada,

filtrada e evaporada. O produto foi obtido após cromatografia flash em sílica, utilizando

hexano e acetato de etila como eluentes.

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1-(2-Butilselanil)fenil)etanol (3e)

RENDIMENTO: 707 mg (55%)

OH

SeC4H9

C12H18OSe M.M. = 257,23

RMN 1H (500 MHz, CDCl3): δ (ppm) 7,50 (dd, Ja = 1,5 Hz Jb = 7,7 Hz; 1H); 7,45 (dd, Ja = 1,15 Hz Jb = 7,6 Hz; 1H); 7,25 (ddd, Ja = 1,15 Hz Jb = Jc = 7,5 Hz; 1H); 7,16 (ddd, Ja = 1,15 Hz Jb = Jc = 7,5 Hz; 1H); 5,28 (q, J = 6,45 Hz; 1H); 2,89 (t, J = 7,5 Hz; 2H); 2,35 (s, 1H); 1,67 (qn, J = 7,5 Hz , 2H); 1,46 (d, 3J = 6,5 Hz; 3H); 1,42 (sext, J = 7,5 Hz, 2H); 0,91 (t, J = 7,4 Hz, 3H).

RMN 13C (125 MHz, CDCl3): δ (ppm) 146.8, 132.6, 129.2, 127.9, 127.3, 125.5, 110.0, 69.1, 32.1, 28.3, 28.1, 27.8, 24.2, 23.0, 13.6. 77Se (95,4 MHz, CDCl3, ppm) δ 230,11.

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 258 (M+, 32%), 256 (M+- 2, 16%), 254 (M+- 4, 6%), 201 (40%), 199 (23%), 197 (12%), 183 (46%), 181 (25%), 179 (10%), 157 (5%), 105 (43%), 91 (21%), 77 (29%), 57 (10%), 43 (100%).

Análise elementar: calculado p/ C12H18OSe C 56.03, H 7.05; Obtido C 56,10; H 6,95.

1-(2-Fenilselanil)fenil)etanol (3h)

RENDIMENTO: 485 mg (35%)

OH

SePh

C14H14OSe M.M. = 277,22 CAS: [666743-38-0]

IR (filme) cm-1: 3374, 3059, 2971, 2923, 1576, 1468, 1438, 1368, 1337, 1291, 1196, 181, 1010, 898, 739, 691, 476.

RMN 1H (500 MHz, CDCl3): δ (ppm) δ 7,58 (dd, Ja = 1,5 Hz Jb = 7,7 Hz, 1H); 7,40-7,35 (m, 3H); 7,33 (dd, Ja = 1,3 Hz Jb = 6,9 Hz; 1H); 7,27-7,22 (m, 3H); 7,14 (dt, Ja = 1,5 Hz Jb = 7,7 Hz; 1H); 5,33 (q, J = 6,4 Hz; 1H); 1,89 (s, 1H); 1,44 (d, J = 6,4 Hz; 3H).

RMN 13C (125 MHz, CDCl3): δ (ppm) 147,1; 134,8; 132,5; 131,3; 129,4; 129,1; 128,4; 128,2; 127,2; 125,9; 69,3; 24,1.

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 278 (M+, 33%), 276 (M+- 2, 18%), 274 (M+- 4, 9%), 245 (10%), 200 (11%), 185 (20%), 183 (19%), 181 (10%), 157 (18%), 155 (12%), 153 (7%), 121 (7%), 105 (100%), 91 (16%), 77 (60%), 65 (10%), 43 (74%).

Análise elementar: calculado p/ C14H14OSe C 60,66; H 5,09; Obtido C 60,72; H 5,07.

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1-(2-butiltelanil)fenil)etanol (3f)

RENDIMENTO: 0,92g (60%)

OH

TeC4H9

C12H18OTe M.M. = 305,87 CAS: [163625-88-5]

IR (filme) cm-1: 3359, 2971, 2927, 2871, 1721, 1595, 1493, 1419, 1368, 1273, 1113, 1087, 900, 791, 581.

RMN 1H (500 MHz, CDCl3): δ (ppm) 7,72 (dd, Ja = 1,2 Hz Jb = 7,7 Hz, 1H); 7,47 (dd, Ja = 1,5 Hz Jb = 7,8 Hz ; 1H); 7,26 (ddd, Ja = 1,2 Hz

Jb =7,4 Hz Jc = 7,6 Hz; 1H); 7,07 (ddd, Ja = 1,5 Hz Jb = 7,5 Hz Jc =

7,6Hz; 1H); 5,10 (q, J = 6,1 Hz; 1H); 2,86 (td, Ja = 2,2 Hz Jb = 7,7 Hz; 2H); 2,35 (br, 1H), 1,76 (qn, J = 7,6 Hz; 2H); 1,46 (d, J = 6,5 Hz; 3H); 1,40 (sext, J = 7,35 Hz; 2H); 0,90 (t, J = 7,4 Hz; 3H).

RMN 13C (125 MHz, CDCl3): δ (ppm) 149.1, 137.6, 128.1, 127.9, 125.3, 113.9, 73.0, 33.6, 25.1, 24.2, 13.4, 8.60. 127Te (157.85 MHz, CDCl3, ppm) δ 346.96.

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa) 306 (M+, 34%), 306 (M+- 2, 31%), 304 (M+- 4, 19%), 249 (20%), 247 (17%), 245 (10%), 234 (18%), 231 (11%), 229 (10%), 121 (16%), 104 (97%), 91 (11%), 77 (52%), 57 (25%), 43 (100%).

Análise elementar: calculado p/ C12H18OTe C 47,12; H 5,93; Obtido C 46,76; H 5,50.

6.3.7 PREPARAÇÃO DAS ORGANOSSELENOACETOFENONAS E DA

METILTELUROACETOFENONA 7G A PARTIR DOS ACETAIS DAS

o,m,p BROMOACETOFENONAS

Procedimento geral:

A um balão de duas bocas de 100 ml sob N2 e a –78oC foram adicionados o

bromoacetal 6c, 6f ou 6g (2,43 g; 10 mmol) e THF (50 ml). Em seguida foi adicionado,

gota a gota, t-BuLi (10,5 mmol; 11 ml de uma solução 0,92M em hexano). A

temperatura da reação foi elevada a 0oC e o sistema foi agitado por 30 minutos. Após

adição de selênio (988 mg; 12,5 mmol) o sistema foi agitado por mais 3 horas a 20oC.

Após esse tempo, iodometano (2,84 g; 20 mmol) foi adicionado, agitando por mais 10

minutos. No fim a reação foi lavada com solução saturada de cloreto de amônio e de

cloreto de sódio e extraída com éter etílico. A fase orgânica foi secada, filtrada e

evaporada, e o produto bruto foi hidrolisado com uma mistura de ácido clorídrico 1 M

(15 ml) e acetona (35 ml) num balão de 100 ml sob refluxo por uma hora.

Após evaporação da acetona, o produto foi extraído com diclorometano. A fase

orgânica foi secada, filtrada e evaporada e o produto foi isolado após coluna em sílica

flash usando mistura de hexano/acetato de etila (95/5) como eluente.

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149

Os selenetos 7d, 7e, 7f foram preparados pelo mesmo procedimento descrito

acima, substituindo selênio por disseleneto de difenila (3,9 g; 12,5 mmol) dissolvido em

THF.

O telureto 7g também foi obtido seguindo o mesmo procedimento acima, porém

substituindo o selênio pelo telúrio (1,58 g; 12,5 mmol). A hidrólise do acetal contendo o

telureto foi feita substituindo o HCl 1M por ácido p-toluenosulfônico (1 g):

1-(4-Metilselanil-fenil)-etanona (7a)

RENDIMENTO: 575 mg (27%)

H3CSe

O

C9H10OSe M.M. = 213,13 CAS: [1744-88-3]

IR (KBr) cm-1: 2996, 2959, 2922, 1669, 1564, 1424, 1394, 1356, 1273, 1184, 1081, 955, 911, 812, 745, 589.

RMN 1H (300 MHz, CDCl3): δ (ppm) 7,85 (d, J=8,5 Hz, 2H); 7,45 (d, J=8,5 Hz, 2H); 2,59 (s, 3H); 2,43 (s, 3H).

RMN 13C (75 MHz, CDCl3): δ (ppm) 197,3; 140,8; 134,4; 128,6; 128,5; 64; 26,4

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 214 (M+, 74); 212 (37); 199 (100); 184 (21); 171 (15); 156 (14); 130 (3); 117 (6); 91 (61); 76 (13); 63 (13); 43 (50).

Análise Elementar: calculado p/ C9H10OSe: C, 50,72; H, 4,73; obtido C, 50.75; H, 4,58.

1-(3-Metilselanil-fenil)-etanona (7b)

RENDIMENTO: 640 mg (30%)

O

SeCH3

C9H10OSe M.M. = 213,13 CAS: [666743-29-9]

IR (filme) cm-1:3057, 3003, 2928, 1684, 1567, 1470, 1416, 1356, 1252, 1070, 961, 907, 787, 686, 591.

RMN 1H (500 MHz, CDCl3): δδδδ (ppm) 7,995 (dt, Ja = 0,3 Hz, Jb = 1,7 Hz,1H); 7,765 (dq, Ja= 1,1 Hz, Jb = 1,7 Hz; Jc = 7,7 Hz, 1H); 7,605 (dq, Ja = 1,1 Hz, Jb = 1,7 Hz, Jc = 7,7, 1H); 7,352 (dt, Ja = 0,4 Hz, Jb = 7,7Hz); 2,611 (s, 3H); 2,403 (s, 3H).

RMN 13C (125 MHz, CDCl3): δδδδ (ppm) 197,6; 137,7; 134,6; 132,8; 129,7; 129,1; 126,1; 26,6; 7,2

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 214 (M+, 98); 212 (49); 210 (18); 201 (18); 199 (92); 197 (46); 195 (18); 184 (11); 171 (34); 169 (28); 156 (18); 153 (5); 130 (5); 117 (8); 91 (99); 76 (20); 63 (18); 50 (30); 43 (100).

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150

1-(2-Metilselanil-fenil)-etanona (7c)

RENDIMENTO: 640 mg (30%)

O

SeCH3

C9H10OSe M.M. = 213,13 CAS: [1441-98-1]

IR (filme) cm-1: 3050, 2995, 1654, 1582, 1553, 1458, 1429, 1360, 1289, 1260, 1025, 959, 762, 599.

RMN 1H (300 MHz, CDCl3): δδδδ (ppm) 7,97 (m, 1H); 7,47 (m, 2H); 7,27 (m, 1H); 2,66 (s, 3H), 2,34 (s, 3H).

RMN 13C (75 MHz, CDCl3): δδδδ (ppm) 198,8; 139,3; 134,8; 132,7; 132,1; 127,7; 124,3; 27,3; 6,54

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 214 (M+, 31); 212 (15); 199 (100); 169 (5); 156 (9); 130 (3); 117 (6); 91 (94); 77 (15); 63 (12); 43 (74).

1-(4-Fenilselanil-fenil)-etanona (7d)

RENDIMENTO: 1,81g (66%)

O

PhSe

C14H12OSe M.M. = 275,21 CAS: [85972-34-5]

IR (KBr) cm-1: 3055, 2995, 1677, 1580, 1468, 1433, 1392, 1268, 1057, 1004, 955, 819, 747, 691, 599, 475.

RMN 1H (500 MHz, CDCl3): δδδδ (ppm) 7,80-7,76 (m, 2H); 7,59-7,56 (m, 2H); 7,40-7,32 (m, 5H); 2,54 (s, 3H).

RMN 13C (125 MHz, CDCl3): δδδδ (ppm) 197,3; 140,2; 135,1; 135,0; 130,2; 129,6; 128,8; 128,5; 128,4; 26,4.

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 276 (M+, 100); 274 (46); 261 (77); 259 (38); 196 (1); 181 (68); 154 (19); 153 (23); 129 (20); 115 (7); 102 (4); 77 (46); 63 (10); 43 (81).

1-(3-Fenilselanil-fenil)-etanona (7e)

RENDIMENTO: 1,51g (55%)

O

SePh

C14H12OSe M.M. = 275,21 CAS: [666743-33-5]

IR (filme) cm-1:3056, 3003, 2961, 1686, 1570, 1474, 1435, 113, 1356, 1252, 1066, 997, 765, 739, 689, 590, 451.

RMN 1H (500 MHz, CDCl3): δδδδ (ppm) 8,031 (t, J = 1,7 Hz, 1H); 7,821 (dq, Ja = 1,1 Hz Jb =1,7 Hz Jc = 7,7 Hz, 1H); 7,592 (dq, Ja =

1,1 Hz Jb =1,7 Hz Jc = 7,7 Hz, 1H); 7,498 (m, 2H); 7,344 (t, J = 7,7 Hz, 1H)); 7,285 (m, 3H); 2,543 (s, 3H).

RMN 13C (125 MHz, CDCl3): δδδδ (ppm) 197,4; 137,9; 136,8; 133,5; 132,4; 132,1; 130,0; 129,5; 129,4; 127,8; 126,9; 26,5.

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 276 (M+, 69); 274 (34); 261 (26); 6); 91 (61); 76 (13); 63 (13); 43 (50).

Análise Elementar: calculado p/ C14H12OSe: C, 61,10; H, 4,39; obtido C, 61,10; H, 4,39.

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151

1-(2-Fenilselanil-fenil)-etanona (7f)

RENDIMENTO: 1,54g (56%)

O

SePh

C14H12OSe M.M. = 275,21 CAS: [666743-31-3]

IR (KBr) cm-1: 3058, 3002, 2964, 1664, 1582, 1556, 1456, 1432, 1358, 1297, 1250, 1137, 1026, 957, 747, 695, 598, 473.

RMN 1H (500 MHz, CDCl3): δδδδ (ppm) 7,945 (m, 1H); 7,693 (m, 2H); 7,419 (m, 3H); 7,201 (m, 2H); 6,978 (m, 1H); 2,677 (s, 3H).

RMN 13C (125 MHz, CDCl3): δδδδ (ppm) 198,7; 140,4; 137,3; 133,8; 132,4; 131,5; 129,6; 129,5; 129,4; 128,9; 124,6; 27,2

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 276 (M+, 100); 274 (46); 272 (18); 261 (39); 259 (20); 232 (37); 230 (21); 201 (13); 199 (69); 197 (35); 181 (14); 152 (52); 126 (4); 115 (6); 102 (6); 91 (27); 77 (37); 63 (10).

Análise Elementar: calculado p/ C14H12OSe: C, 61,10; H, 4,39; obtido C, 61,14; H, 4,66.

1-(4-Metiltelanil-fenil)-etanona (7g)

RENDIMENTO: 628 mg (24%)

O

H3CTe

C9H10OTe M.M. = 261,78 CAS: [32294-61-4]

RMN 1H (300 MHz, CDCl3): δδδδ (ppm) 7,67 (d, J = 8,3 Hz, 2H); 7,78 (d, J = 8,5 Hz, 2H); 2,60 (s, 3H); 2,28 (s, 3H).

RMN 13C (75 MHz, CDCl3): δδδδ (ppm) 197,3; 140,8; 134,4; 128,6; 128,5; 64; 26,4

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 264 (M+, 100); 262 (94); 260 (58); 249 (70); 247 (67); 245 (41); 234 (69); 232 (64); 230 (39); 221 (5); 219 (5); 206 (19); 204 (19); 145 (12); 143 (11); 129 (7); 124 (7); 105 (6); 91 (41); 89 (17); 76 (68); 63 (13); 51 (20); 43 (94).

6.3.8 PREPARAÇÃO DOS ACETATOS DOS ORGANOSSELENOÁLCOOIS

4a-c

Procedimento geral

A um balão de duas bocas sob N2 e agitação magnética, o seleno-álcool (3

mmol) foi dissolvido em piridina (5 ml) e anidrido acético (2 ml) a 0oC. A mistura foi

levada à temperatura ambiente. Após lavagens sucessivas com ácido clorídrico (10%) e

sulfato de cobre (sol. saturada) foi feita uma extração com acetato de etila. A fase

orgânica foi seca com sulfato de magnésio, filtrada e concentrada no rotaevaporador. O

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152

produto foi isolado após cromatografia flash em coluna de sílica, usando hexano e

acetato de etila (9:1) como eluentes. Os rendimentos não foram calculados.

1-(2-metilselanil-fenil)-etil acetato (4a)

O

SeCH3

O

C11H14O2Se M.M. = 257,19

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 258 (M+, 17); 215 (13); 197 (9); 183 (35); 181 (18);163 (24); 121 (39); 104 (24); 91 (22); 77 (22); 63 (6); 51 (13); 43 (100).

1-(4-Metil-2-metilselanil-fenil)-etil acetato (4b)

O

SeCH3

O

C12H16O2Se M.M. = 271,21

IR (filme) cm-1: 2980, 2929, 1742, 1483, 1448, 1428, 1370, 1237, 1070, 1046, 1022, 944, 819.

RMN 1H (300 MHz, CDCl3): δ (ppm) 7,27 (m, 2H); 7,05 (d, 1H); 6,19 (q, J = 6,6 Hz, 1H); 2,33 (s, 3H); 2,32 (s, 3H); 2,0 (s, 3H); 1,51 (d, J = 6,6 Hz, 3H).

RMN 13C (75 MHz, CDCl3): δ (ppm) 170,3; 139,9; 138,4; 132,3; 130,5; 128,0; 125,8; 71,7; 21,8; 21,5; 21,2; 8,2.

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 272 (M+, 27); 270 (13); 229 (15); 213 (12); 197 (39); 195 (23); 177 (23); 135 (58); 118 (32); 117 (35); 105 (11); 91 (33); 65 (12); 43 (100).

1-(3-Metilselanil-bifenil-4-il)-etil acetato (4c)

O

SeCH3

O

C12H16O2Se M.M. = 271,21

IR (filme) cm-1: 3060, 3029, 2980, 2930, 1739, 1596, 1550, 1474, 1232, 1072, 1046, 1021, 764, 699, 606, 539, 508.

RMN 1H (300 MHz, CDCl3): δ (ppm) 7,64(m, 1H); 7,54 (m, 2H); 7,46 (m, 5H); 6,25 (q, J = 6,6 Hz, 1H); 2,1 (s, 3H); 1,56 (d, J = 6,6 Hz, 3H).

RMN 13C (75 MHz, CDCl3): δ (ppm) 170,4; 141,8; 141,7; 140,6; 131,2; 130,4; 129,1; 127,8; 127,4; 126,2; 126,1; 71,7; 21,8; 21,5; 8,4.

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 334 (M+, 29); 291 (16); 275 (13); 259 (32); 239 (10); 197 (59); 192 (12); 178 (76); 165 (20); 152 (35); 128 (5); 115 (7); 102 (8); 89 (7); 76 (7); 63 (7); 43 (100).

Análise Elementar: calculado p/ C17H18O2Se: C, 61,26; H, 5,44; obtido C, 61,50; H, 5.35.

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153

6.3.9 PREPARAÇÃO DOS ORGANOSSELENO FENILETANÓIS

RACÊMICOS 3i-l

Procedimento geral

Os álcoois 3a e 3h-l foram obtidos pela redução com boroidreto de sódio (20.52

mg; 0.54 mmol) das correspondentes cetonas 7a-f (300 mg; 2,17 mmol) em metanol (10

ml). Após lavagem com solução aquosa de NH4Cl (4 ml), a fase orgânica foi extraída

com acetato de etila (3 x 50 ml), secada sob MgSO4 e o solvente foi evaporado. O

resíduo foi purificado numa coluna de sílica gel usando uma mistura de hexano e

acetato de etila (80/20) como eluente.

1-(3-(metilselanil)fenil)etanol (3i)

RENDIMENTO: 443 mg (95%)

OH

SeCH3

C9H12OSe M.M. = 215,15 CAS: [820242-12-4]

IR (filme) cm-1: 3375, 3054, 2972, 2927, 2872, 1590, 1571, 1474, 1420, 1368, 1273, 1202, 1110, 1072, 1011, 905, 785, 699, 442.

RMN 1H (500 MHz, CDCl3) δ (ppm) 7,46-7,42 (m, 1H); 7,31 (dt, Ja = 1,5 Hz Jb =7,6 Hz; 2H); 7,26-7,21 (m, 1H), 7,19-7,16 (m, 1H), 4,85 (q, J = 6,5 Hz; 1H); 2,35 (s, 3H); 1,88 (s, 1H); 1,48 (d, J = 6,5 Hz; 3H).

RMN 13C (125 MHz, CDCl3) δ (ppm) 146,7; 132,1; 129,3; 129,1; 127,3; 123,2; 70,1; 25,1; 7,1.

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa) 216 (M+, 49), 201 (20), 199 (12), 184 (2), 173 (17), 157 (40), 155 (20), 121 (3), 99 (11), 91 (26), 78 (43), 78 (43), 77 (34, 65 (8), 51 (21), 43 (100).

1-(4-(metilselanil)fenil)etanol (3j)

RENDIMENTO: 440 mg (95 %)

OH

H3CSe

C9H12OSe M.M. = 215,15 CAS: [666743-36-8]

IR (filme) cm-1: 3362, 2971, 2927, 2871, 1721, 1595, 1493, 1419, 1368, 1273, 1113, 1087, 900, 791, 581.

RMN 1H (500 MHz, CDCl3) δ (ppm) 7,40 (d, J = 8,3 Hz; 2H); 7,26 (d, J = 8,0 Hz; 2H); 4,85 (q, J = 6,3 Hz; 1H); 2,34 (s, 3H); 1,47 (d, J = 6,3 Hz; 3H); 1,30 (s, 1H).

RMN 13C (125 MHz, CDCl3): δ (ppm) δ 143.9, 130.5, 130.4, 126.1, 70.0, 25.1, 7.3.

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 216 (M+, 57), 214 (29), 201 (71), 183 (5), 173 (10), 157 (44), 153 (10), 121 (4), 100 (20), 91 (28), 78 (56), 51 (22), 43 (100). Análise Elementar: calculado p/ C9H12OSe: C, 50.24; H, 5.62; obtido C, 50.51; H, 5.86.

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154

1-(3-(fenilselanil)fenil)etanol (3k)

RENDIMENTO: 571 mg (95%)

OH

SePh

C14H14OSe M.M. = 277,22 CAS: [820242-13-5]

IR (filme) cm-1: 3354, 3055, 2972, 2925, 2871, 1573, 1473, 1440, 1416, 1370, 1298, 1200, 1069, 1015, 901, 789, 738, 695, 472.

RMN 1H (500 MHz, CDCl3) δ (ppm) 7,50-7,44 (m, 3H); 7,34 (dt, Ja = 1,6 Hz Jb = 7,2 Hz; 1H); 7,29-7,22 (m, 5H); 4,84 (q, J = 6,4 Hz; 1H); 2,85 (s, 1H); 1,46 (d, J = 6,4 Hz; 3H).

RMN 77Se (95,4 MHz, CDCl3) δ (ppm) 417,33

RMN 13C (125 MHz, CDCl3) δ (ppm)147,0; 133,1; 131,9; 131,4; 130,9; 129,8; 129,4; 129,3; 127,4; 124,4; 70,1; 25,2.

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 278 (M+, 70), 263 (9), 245 (2), 232 (6), 183 (18), 157 (74), 130 (28), 115 (4), 105 (27), 91 (9), 77 (72), 65 (9), 51 (53), 43 (100).

Análise Elementar calculado p/ C14H14OSe: C 60,66; H 5,09. Obtido C 60,41; H 5,10.

1-(4-(fenilselanil)fenil)etanol (3l)

RENDIMENTO: 553 mg (92%)

OH

PhSe

C14H14OSe M.M. = 277,22 CAS: [182357-44-4]

IR (filme) cm-1: 3355, 3064, 2972, 2925, 2874, 1576, 1478, 1439, 1401, 1370, 1296, 1201, 1084, 1069, 1013, 898, 825, 737, 691, 544.

RMN 1H (500 MHz, CDCl3) δ (ppm) 7,47-7,43(m, 4H); 7,29-7,24 (m, 5H); 4,87 (q, J = 6,4Hz; 1H); 1,57 (s, 1H); 1,48 (d, J = 6,4 Hz; 3H).

RMN 77Se (95,4 MHz, CDCl3) δ (ppm) 412,32

RMN 13C (125 MHz, CDCl3) δ (ppm)145,1; 133,2; 132,9; 131,2; 129,9; 129,3; 127,3; 126,4; 70,2; 25,2.

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 278 (M+, 71), 263 (61), 232 (7), 183 (27), 157 (79), 130 (15), 121 (5), 105 (13), 91 (8), 77 (77), 65 (10), 51 (56), 43 (100).

Análise Elementar calculado p/ C14H14OSe: C 60,66; H 5,09. Obtido C 60,49; H 5,37.

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155

6.3.10 PREPARAÇÃO DOS TRICLORETOS DE ARIL TELÚRIO NA

AUSÊNCIA DE SOLVENTES

Procedimento geral

Um balão de 15 ml contendo tetracloreto de telúrio (2,69 g, 10 mmol) sob

agitação magnética foi aquecido com um banho de óleo de silicone a 130oC. Após

atingir essa temperatura foi adicionado o composto aromático 8 (10 mmol). Após adição

do composto aromático houve a dissolução do tetracloreto de telúrio e liberação de HCl

gasoso. O término da reação foi evidenciado pela formação de um precipitado e quando

não houve mais liberação de HCl. Em seguida, o balão foi colocado sob vácuo para

retirar o HCl restante e seguir foi submetido sem prévia purificação à reação de redução

e alquilação (item 6.3.11).

6.3.10.1 Preparação do tricloreto de ariltelúrio derivado do tolueno (8e) A um balão contendo tetracloreto de telúrio (2,69g, 10 mmol), munido de

agitação magnética e equipado com condensador de refluxo, foi adicionado tolueno (1.1

ml, 11 mmol). A reação foi refluxada por 12 horas e um sólido amarelo foi formado. O

meio reacional foi levado à temperatura ambiente e o tricloreto formado foi submetido à

reação de redução e alquilação sem prévia purificação.

6.3.10.2 Preparação do tricloreto de ariltelútio derivado do naftaleno (8g) Um balão contendo naftaleno (5,15 g, 40 mmol), munido de agitação magnética,

foi aquecido à 120oC. Em seguida foi adicionado tetracloreto de telúrio (2,69 g, 10

mmol) de uma só vez ao sistema reacional. O término da reação foi evidenciado pela

formação de um precipitado e o fim da liberação de HCl. Em seguida, o balão foi

colocado sob vácuo a fim de retirar o HCl restante e a seguir foi submetido sem prévia

purificação à reação de redução e alquilação.

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156

6.3.11 PREPARAÇÃO DOS TELURETOS DE ARIL BUTILA (9A-I) VIA

TRICLORETOS DE ARIL TELÚRIO

Procedimento geral

O tricloreto de aril telúrio preparado previamente (item 5.3.10) foi dissolvido em

THF (80 ml) e transferido para um balão de 250 ml. Em seguida adicionou-se

bromobutano (2,80 g, 20 mmol) e o sistema foi resfriado a 0oC. Com auxílio de um

funil de adição, uma solução de borohidreto de sódio (1,6 g, 40 mmol em 40 ml de

H2O) foi adicionada gota a gota. O término da reação foi evidenciado pela mudança de

cor escura para amarelo claro. A mistura foi antes agitada por mais 20 minutos à

temperatura ambiente. A reação foi finalizada por adição de uma solução saturada de

NH4Cl (30 ml) e a mistura foi extraída com acetato de etila (2 x 40 ml) e lavada com

solução saturada de NaCl (2 x 30 ml). As fases orgânicas foram reunidas, secas com

MgSO4 e concentradas à pressão reduzida. O telureto foi purificado em coluna

cromatográfica contendo sílica gel e utilizando hexano/acetato de etila como eluente.

Butil(4-metoxifenil)telureto (9a)

RENDIMENTO: 2,21g (76%)

BuTe

OCH3

C11H16OTe M.M. = 291,84 CAS: [95849-63-1]

IR (filme) cm-1: 3000, 2957, 2926, 2865, 2840, 1879,1616, 1586, 1488, 1457, 1244, 1176, 1032, 818, 588, 514.

RMN 1H (200 MHz, CDCl3): δ (ppm) 7,68 (d, J = 8,8 Hz, 2H); 6,72 (d, J = 8,8 Hz, 2H); 3,79 (s, 3H); 2,82 (t, J = 7,5 Hz, 2H); 1,74 (qn, J = 7,3 Hz, 2H); 1,16 (sext, J = 7,3 Hz, 2H); 0,88 (t, J = 7,3 Hz, 3H).

RMN 13C (75 MHz, CDCl3): δ (ppm) 159,7; 140,9; 115,2; 100,6; 55,2; 33,9; 25,0; 20,1; 13,4; 8,69.

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 294 (M+, 13), 292 ((M+- 2), 12), 290 ((M+- 4), 7), 237 (7), 235 (7), 233 (5), 108 (100), 77 (9), 57 (15).

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157

Butil(4-etoxifenil)telureto (9b)

RENDIMENTO: 2,14g (70%)

BuTe

OC2H5

C12H18OTe M.M. = 305,87 CAS: [95849-64-2]

IR (filme) cm-1: 2976, 2957, 2926 , 2871, 1970, 1883, 1585, 1488, 1391, 1279, 1242, 1176, 1048, 821, 515.

RMN 1H (500 MHz, CDCl3) δ (ppm) 7,66 (d, J = 8,7 Hz, 2H); 7,75 (d, J = 8,7 Hz, 2H), 4,02 (q, J = 7,0 Hz, 2H); 2,82 (t, J = 7,5 Hz, 2H); 1,73 (qn, J = 7,5 Hz, 2H); 1,41 (t, J = 7,0 Hz, 3H); 1,37 (sext, J = 7,2 Hz, 2H); 0,88 (t, J = 7,4 Hz, 3H).

RMN 13C (125 MHz, CDCl3) δ (ppm) 159,3; 141,1; 115,9; 100,6; 63,6; 34,1; 25,2; 15,0; 13,7; 8,96.

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 308 (M+, 20), 306 ((M+- 2), 18), 304 ((M+- 4), 11), 251 (6), 249 (5), 247 (4), 223 (11), 221 (10), 219 (6), 122 (100), 94 (62), 57 (24).

Análise Elementar: calculado p/ C12H18OTe C, 47,12; H, 5,93; obtido C, 47,40; H, 6,04.

Butil(3,4-dimetoxifenil)telureto (9c)

RENDIMENTO: 2,28g (71%)

BuTe

OCH3

OCH3

C12H18O2Te M.M. = 321,87 CAS:[804499-46-5]

IR (filme) cm-1: 2997, 2965, 2927, 2836, 2052, 1898, 1843, 1731, 1576, 1500, 1250, 1228, 1139, 1026, 847, 802, 760, 588, 503, 460, 389.

RMN 1H (500 MHz, CDCl3) δ (ppm) 7,33 (dd, J = 8,1; 1,8 Hz, 1H); 7,26 (d, J = 1,5 Hz, 1H); 6,72 (d, J = 8,4 Hz, 1H); 3,88 (s, 3H); 3,87 (s, 3H); 2,86 (t, J = 7,7 Hz, 2H); 1,76 (qn, J = 7,7 Hz, 2H); 1,39 (sext, J = 7,4 Hz, 2H); 0,90 (t, J = 7,4 Hz, 3H).

RMN 13C (125 MHz, CDCl3): δ (ppm) δ 149,3; 149,0; 132,4; 122,5; 112,2; 100,4; 56,0; 55,8; 33,9; 25,0; 13,4; 8,95.

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 324 (M+, 18), 322 ((M+- 2), 16), 320 ((M+- 4), 10), 267 (12), 265 (11), 263 (7), 138 (100), 123 (15), 94 (34), 79 (22), 57 (15).

Análise Elementar: calculado p/ C12H18O2Te C, 44,78; H, 5,45; obtido C, 44,64; H, 5,45.

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158

Butil(4-metoxi-3-metilfenil)telureto (9d)

RENDIMENTO: 1,53g (50%)

BuTe

OCH3

CH3

C12H18OTe M.M. = 305,87

CAS:[804499-47-6]

IR (filme) cm-1: 2956, 2926, 2866, 2836, 1993, 1861, 1774, 1584, 1488, 1460, 1293, 1245, 1176, 1138, 1032, 883, 805, 699, 592, 500, 438.

RMN 1H (500 MHz, CDCl3): δ (ppm) 7,57-7,54 (m, 2H); 6,67 (d, J = 7,8 Hz, 1H); 3,81 (s, 3H); 2,82 (t, J = 7,6 Hz, 2H); 2,18 (s, 3H); 1,74 (qn, J = 7,5 Hz, 2H); 1,38 (sext, J = 7,4 Hz, 2H); 0,89 (t, J = 7,4 Hz, 3H).

RMN 13C (125 MHz, CDCl3): δ (ppm) 158,1; 142,0; 138,6; 128,1; 111,2; 100,5; 55,5; 34,2; 25,3; 16,2; 13,7; 8,90.

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 308 (M+, 16), 306 ((M+- 2), 15), 304 ((M+- 4), 10), 251 (9), 249 (9), 247 (6), 122 (100), 91 (11), 78 (21), 57 (11)

Análise Elementar: calculado p/ C12H18OTe C, 47,12; H, 5,93; obtido C, 47,12; H, 5,78.

Butil(p-toluil)telureto (9e)

RENDIMENTO: 2,12g (77%)

BuTe

CH3

C11H16Te M.M. = 275,84 CAS: [56950-02-8]

IR (filme) cm-1: 3062, 3015, 2957, 2924, 2865, 1631, 1588, 1563, 1486, 1457, 1181, 1162, 1013, 797, 480.

RMN 1H (300 MHz, CDCl3): δ (ppm) 7,61 (d, J = 8,1 Hz, 2H); 7,01 (d, J = 7,8 Hz, 2H); 2,86 (t, J = 7,5 Hz, 2H); 2,32 (s, 3H); 1,76 (qn, J = 7,3 Hz, 2H); 1,38 (sext, J = 7,4 Hz, 2H); 0,89 (t, J = 7,2 Hz, 3H).

RMN 13C (75 MHz, CDCl3): δ (ppm) 139,0; 137,7; 130,3; 107,8; 34,2; 25,3; 21,5; 13,7; 8,74.

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 278 (M+, 12), 276 ((M+- 2), 11), 274 ((M+- 4), 7), 221 (4), 219 (4), 217 (3), 92 (67), 91 (100), 57 (22).

Análise Elementar: calculado p/ C11H16Te C, 47,90; H, 5,85; obtido C, 48,02; H, 5,74.

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159

Butil(4-bifenil)telureto (9f)

RENDIMENTO: 1,18g (35%)

BuTe

Ph

C16H18Te M.M. = 337,91 CAS:[804499-48-7]

IR (filme) cm-1: 3060, 3026, 2957, 2925, 2866, 1947, 1902, 1801, 1751, 1663, 1622, 1596, 1477, 1003, 825, 756, 697, 491.

RMN 1H (500 MHz, CDCl3): δ (ppm) 7,70 (d, J = 8,1, 2H); 7,48 (dd, Ja = 1,5 Hz Jb = 7,2 Hz, 2H); 7,32 (dd, Ja = 6,3 Hz Jb = 8,1 Hz, 2H); 7,35-7,28 (m, 2H); 7,26-7,22 (m, 1H); 2,84 (t, J = 7,6 Hz, 2H); 1,74 (qn, J = 7,5 Hz, 2H); 1,34 (sext, J 7,4 Hz, 2H); 0,85 (t, J = 7,4 Hz, 3H).

RMN 13C (125 MHz, CDCl3): δ (ppm) 140,2; 139,9; 138,3; 128,5; 127,4; 127,1; 126,6; 110,7; 33,7; 24,9; 13,2; 8,33.

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 340 (M+, 15), 338 ((M+- 2), 14), 336 ((M+- 4), 8), 283 (6), 281 (5), 279 (4), 154 (100), 153 (19), 152 (41), 77 (6), 57 (31).

Análise Elementar: calculado p/ C16H18Te C, 56,87; H, 5,37;

obtido C, 57,15; H, 5,56.

Butil(naftalen-2-il)telureto (9g)

RENDIMENTO: 1,1g (35%)

BuTe

C14H16Te M.M. = 311,88 CAS: [95849-65-3]

IR (filme) cm-1: 3049, 2957, 2925, 2865, 1946, 1912, 1829, 1757, 1701, 1620, 1581, 1497, 1458, 1162, 811, 740, 625, 473.

RMN 1H (500 MHz, CDCl3): δ (ppm) 8,21 (s, 1H); 7,80-7,71 (m, 3H); 7,63 (d, J = 8,4 Hz, 1H); 7,47-7,43 (m, 2H); 2,96 (t, J = 7,6 Hz, 2H); 1,80 (qn, J = 7,5 Hz, 2H), 1,40 (sext, J = 7,2 Hz, 2H); 0,89 (t, J = 7,2 Hz, 3H).

RMN 13C (125 MHz, CDCl3): δ (ppm) 137,9; 135,3; 134,5; 132,8; 128,4; 128,0; 127,5; 126,5; 126,4; 109,6; 34,3; 25,4; 13,7; 8,92.

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 314 (M+, 12), 312 ((M+- 2), 11), 310 ((M+- 4), 7), 257 (6), 255 (5), 253 (4), 128 (100), 127 (35), 57 (14).

Análise Elementar calculado p/ C14H16Te C, 53,92; H, 5,17; obtido C, 54,01, H, 5,19.

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160

Butil(4-fenoxifenil)telureto (9h)

RENDIMENTO: 1,95g (55%)

BuTe

OPh

C16H18OTe M.M. = 353,91 CAS:[730896-96-6]

IR (filme) cm-1: 3065, 3068, 2957, 2926, 2869, 2029, 1957, 1888, 1777, 1721, 1651, 1576, 1483, 1239, 1166, 1009, 866, 751, 691, 486.

RMN 1H (500 MHz, CDCl3): δ (ppm) 7,68 (d, J 8,7 Hz, 2H); 7,34 (dd, Ja = 7,4 Hz Jb = 8,4 Hz; 2H); 7,12 (tt, Ja = 1,1 Hz Jb = 7,4 Hz, 1H); 7,02 (dd, Ja = 1,0 Hz Jb = 8,5 Hz, 2H); 6,84 (d, J = 9,0 Hz, 2H); 2,89 (t, J = 7,5 Hz, 2H); 1,76 (qn, J = 7,5 Hz, 2H); 1,39 (sext, J = 7,4 Hz, 2H); 0,90 (t, J = 7,4 Hz, 3H).

RMN 13C (125 MHz, CDCl3): δ (ppm) 157,5; 156,8; 140,5; 129,8; 123,6; 119,5; 119,2; 104,0; 33,8; 24,9; 13,4; 8,77.

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 356 (M+, 19), 354 ((M+- 2), 15), 352 ((M+- 4), 9), 299 (5), 297 (4), 295 (2), 170 (100), 141 (19), 115 (11), 77 (35), 57 (33).

Análise Elementar: calculado p/ C16H18OTe C, 54,30; H, 5,13; obtido C, 54,44; H, 5,33.

4-(Butiltelanil)fenol (9i)

RENDIMENTO: 2,0g (72%)

BuTe

OH

C10H14OTe M.M. = 277,82 CAS:[804499-49-8]

IR (filme) cm-1: 3355, 2957, 2926, 2869, 1998, 1883, 1640, 1576, 1486, 1375, 1243, 1171, 823, 695, 512.

RMN 1H (300 MHz, CDCl3): δ (ppm) 7,58 (d, J = 8,5 Hz, 2H); 6,70 (d, J = 8,5 Hz, 2H); 5,44 (s, 1H); 2,80 (t, J = 7,6 Hz, 2H); 1,72 (qn, J = 7,5 Hz , 2H); 1,36 (sext, J = 7,5 Hz, 2H); 0,87 (t, J = 7,3 Hz, 3H).

RMN 13C (75 MHz, CDCl3): δ (ppm) 156,3; 141,3; 117,1; 100,5; 34,1; 25,2; 13,7; 9,15.

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 280 (M+, 10), 278 ((M+- 2), 9), 276 ((M+- 4), 6), 223 (6), 221 (5), 219 (4), 94 (100), 57 (23).

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161

6.3.12 PREPARAÇÃO DE TELURETOS DE ARIL BUTILA POR REAÇÃO DE

DITELURETO DE DIBUTILA COM CLORETOS DE ARIL DIAZÔNIO

Método A

A um balão de uma boca de 10 ml munido de agitação magnética foram

adicionados a anilina (2 mmol), ácido clorídrico concentrado (1 ml) e água destilada (1

ml). A mistura foi levada a 0 oC com auxílio de banho de gelo. Em seguida foi

adicionada gota a gota uma solução aquosa de nitrito de sódio (3,7 mmol – 256 mg em

1 ml de H2O). Após 3 minutos, foi adicionada à mistura reacional uma solução saturada

de NaHCO3 até o meio reacional tornar-se básico, e logo em seguida foram adicionados

o ditelureto de dibutila (1 mmol – 369 mg) e THF (3 ml). A reação foi mantida sob

agitação até não haver mais formação de N2. A reação foi finalizada por adição de

solução saturada de cloreto de sódio e a fase aquosa foi extraída com acetato de etila (2

x 20 ml). As fases orgânicas foram combinadas, secadas sob MgSO4 e concentrada sob

vácuo. O telureto foi purificado em coluna cromatográfica contendo sílica gel,

utilizando hexano/acetato de etila como eluente. Os rendimentos foram calculados

considerando que 1 equivalente de dibutilditelureto fornece 1 equivalente de produto.

Butil(3-nitrofenil)telureto (11b)

RENDIMENTO: 177 mg (58%)

BuTe

NO2

C10H13NO2Te M.M. = 306,81

IR (filme) cm-1: 2958, 2928, 2869, 1525, 1461, 1346, 1271, 1166, 864, 803, 728, 713, 670.

RMN 1H (300 MHz, CDCl3): δ (ppm) 8,50-8,49 (m, 1H); 8,11-8,07(ddd, Ja = 1,2 Hz Jb = 2,4 Hz Jc = 8,1 Hz, 1H); 7,99-7,96 (dt, Ja

= 1,2 Hz Jb = 7,5 Hz, 1H); 7,35 (t, J = 8,1 Hz, 1H); 3,01 (t, J = 7,8 Hz, 2H); 1,82 (qn, J = 7,8 Hz, 2H); 1,42 (sext, J = 7,5 Hz, 2H); 0,92 (t, J = 7,5 Hz, 3H).

RMN 13C (75 MHz, CDCl3): δ (ppm) 148,1; 143,2; 131,7; 129,5; 122,2; 113,2; 33,6; 24,9; 13,2; 9,4.

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 309 (M+, 14), 307 ((M+ - 2), 12), 305 ((M+ - 4),8), 253 (16), 251 (15), 206 (8), 107 (33), 77 (32), 76 (32), 57 (100), 50 (18), 41 (92).

Análise Elementar: calculado p/ C10H13NO2Te: C, 39,15; H, 4,27; N, 4,57; obtido C, 39,24; H, 4,06; N, 4,39.

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162

Butil(4-nitrofenil)telureto (11c)

RENDIMENTO: 181 mg (59%)

NO2

BuTe

C10H13NO2Te M.M. = 306,81

IR (filme) cm-1: 2958, 2928, 1592, 1572, 1515, 1471, 1341, 1182, 1107, 1051, 848, 837, 736, 455.

RMN 1H (300 MHz, CDCl3): δ (ppm) 8,00 (d, J = 9,0 Hz, 2H); 7,74 (d, J = 9,0 Hz, 2H); 3,03 (t, J = 7,5 Hz, 2H); 1,84 (qn, J = 7,5 Hz, 2H); 1,43 (sext, J = 7,5 Hz, 2H); 0,93 (t, J = 7,5 Hz, 3H).

RMN 13C (75 MHz, CDCl3): δ (ppm) 147,4; 136,4; 124,5; 123,5; 33,6; 25,1; 13,4; 9,3.

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 309 (M+, 8), 307 ((M+ - 2), 8), 305 ((M+ - 4),5), 107 (16), 77 (22), 57 (100), 55 (14), 41 (70).

Análise Elementar: calculado p/ C10H13NO2Te: C, 39,15; H, 4,27; N, 4,57; obtido C, 39,05; H, 4,20; N, 4,75.

Método B A preparação do sal de diazônio foi como descrito no método A, porém utilizando

maior quantidade de anilina (3,5 mmol). Após adição de NaHCO3 até o meio reacional tornar-se

básico, a mistura foi transferida gota a gota com auxílio de uma pipeta de Pasteur para um outro

balão de 10 ml, munido de agitação magnética e contendo uma solução de telureto de dibutila

em tetrahidrofurano (1 mmol – 369 mg em 3 ml de THF). A reação foi mantida sob agitação até

não haver mais liberação de N2. A purificação também foi feita como descrito no método A.

Butil(4-metil-2-nitrofenil)telureto (11d)

RENDIMENTO: 115 mg (36%)

BuTe

CH3O2N

C11H15NO2Te M.M. = 320,84

IR (filme) cm-1: 2947, 2921, 1549, 1500, 1453, 1308, 1288, 1259, 1148, 813, 508.

RMN 1H (300 MHz, CDCl3): δ (ppm) 8,19 (s, 1H); 7,53 (d, J = 8,1 Hz, 1H); 7,29 (d, J = 8,1 H, 1H); 2,80 (t, J = 7,5 Hz, 2H); 2,42 (s, 3H); 1,83 (qn, J = 7,5 Hz, 2H); 1,48 (sext, J = 7,5 Hz, 2H); 0,96 (t, J = 7,5 Hz, 3H).

RMN 13C (75 MHz, CDCl3): δ (ppm) 148,7; 136,8; 135,2; 133,0; 126,7; 31,9; 25,3; 20,4; 13,4; 9,2.

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 323 (M++ 2, 40), 321 (M+, 35), 319 (24), 264 (14), 250 (79), 220 (12), 207 (7), 120 (80), 105 (24), 92 (76), 89 (56), 78 (100), 65 (70), 55 (25), 41 (95).

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163

1-(4-(Butiltelanil)fenil)etanona (11e)

RENDIMENTO: 188 mg (62%)

O

BuTe

C12H16OTe M.M. = 303,86

IR (filme) cm-1: 2958, 2927, 2869, 1683, 1582, 1552, 1389, 1358, 1268, 1184, 1010, 956, 815, 598.

RMN 1H (300 MHz, CDCl3): δ (ppm) 7,76-7,70 (m, 4H); 2,98 (t, J

= 7,5 Hz; 3H); 2,57 (s, 3H); 1,82 (qn, J = 7,5 Hz, 2H); 1,41 (sext, J = 7,2 Hz, 2H); 0,92 (t, J = 7,2 Hz, 3H).

RMN 13C (75 MHz, CDCl3): δ (ppm) 197,9; 136,8; 136,1; 128,7; 121,1; 34,0; 26,7; 25,3; 13,6; 8,9.

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 306 (M+, 6), 304 (6), 250 (3), 234 (4), 206 (3), 105 (5), 76 (10), 57 (25), 43 (100).

Análise Elementar: calculado p/ C12H16OTe: C, 47,43; H, 5,31; obtido C, 47,72; H, 5,11.

Butil(m-toluil)telureto (11f)

RENDIMENTO: 118 mg (43%)

BuTe

CH3

C11H16Te M.M. = 275,84

IR (filme) cm-1: 2957, 2925, 2870, 1590, 1567, 1464, 1377, 1246, 1162, 992, 770, 688, 425.

RMN 1H (300 MHz, CDCl3): δ (ppm) 7,55-7,48 (m, 2H); 7,09-7,06 (m, 2H); 2,89 (t, J = 7.5 Hz, 2H); 2,30 (s, 3H); 1,78 (qn, J = 7,2 Hz, 2H); 1,39 (sext, J = 7,5Hz, 2H); 0,90 (t, J = 7,5 Hz, 3H).

RMN 13C (75 MHz, CDCl3): δ (ppm) 139,3; 139,1; 135,5; 129,2; 128,7; 112,1; 34,3; 25,4; 21,6; 13,8; 8,7.

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 278 (M++ 2, 12), 276 (M+, 11), 274 (6), 220 (5), 105 (4), 92 (65), 91 (100), 65 (26), 57 (21), 41 (36).

Análise Elementar: calculado p/ C11H16Te: C, 47,90; H, 5,85; obtido C, 48,05; H, 5,68.

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164

Bis(3-clorofenil)telureto (11g)

RENDIMENTO: 312 mg (89%)

TeCl Cl

C12H8Cl2Te M.M. = 350,70 CAS: [63212-72-6]

IR (filme) cm-1: 3051, 1562, 1456, 1394, 093, 876, 775, 740, 678, 425.

RMN 1H (500 MHz, CDCl3): δ (ppm) 7,67 (s, 2H); 7,54 (d, J = 7,8 Hz, 2H); 7,26 (d, J = 8,1 Hz, 2H); 7,13 (t, J = 7,8 Hz, 2H).

RMN 13C (125 MHz, CDCl3): δ (ppm) 137,9; 136,4; 135,5; 131,0; 128,8; 115,8.

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 352 (M++2, 38), 350 (M+, 29), 348 (16), 224 (72), 222 (100), 152 (38), 111 (46), 75 (89), 50 (35).

Análise Elementar: calculado p/ C12H8Cl2Te: C, 41,10; H, 2,30; obtido C, 40,94; H, 2,29.

Bis(4-clorofenil)telureto (11h)

RENDIMENTO: 234 mg (67%)

Cl

Te

Cl

C12H8Cl2Te M.M. = 350,70 CAS: [41923-50-6]

IR (filme) cm-1: 1470, 1381, 1091, 1083, 1006, 811, 721, 488, 472.

RMN 1H (500 MHz, CDCl3): δ (ppm) 7,59 (d, J = 8,4 Hz, 4H); 7,19 (d, J = 8,4 Hz, 4H).

RMN 13C (125 MHz, CDCl3): δ (ppm) 139,8; 135,1; 130,3; 112,4.

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 354 (M++2, 15), 352 (M+, 33), 350 (25), 348 (13), 241 (18), 224 (78), 222 (100), 152 (32), 113 (13), 111 (39), 75 (71), 50 (28).

Análise Elementar: calculado p/ C12H8Cl2Te: C, 41,10; H, 2,30; obtido C, 41,10; H, 2,43.

Butil(3-metoxifenil)telureto (11i)

RENDIMENTO: 58 mg (20%)

BuTe

OCH3

C11H16OTe M.M. = 291,84

IR (filme) cm-1: 2956, 2928, 2870, 1582, 1572, 1473, 1464, 1417, 1284, 1242, 1227, 1038, 826, 772, 687.

RMN 1H (500 MHz, CDCl3): δ (ppm) 7,29-7,24 (m, 2H); 7,10 (t, J = 8,4 Hz, 1H); 6,80 (ddd, Ja = 0,9 Hz Jb = 2,4 Hz Jc = 8,4 Hz, 1H); 3,79 (s, 3H); 2,92 (t, J = 7,8 Hz, 2H); 1,79 (qn, J = 7,8 Hz, 2H); 1,40 (sext, J = 7,5 Hz, 2H); 0,90 (t, J = 7,5 Hz, 3H).

RMN 13C (125 MHz, CDCl3): δ (ppm) 159,5; 130,7; 130,2; 123,9; 113,7; 113,0 ; 55,6; 34,3; 25,4; 13,8; 8,9.

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 294 (M++ 2, 12), 292 (M+,11), 290 (7), 237 (6), 220 (1), 194 (2), 121 (3), 108 (100), 92 (15), 77 (31), 57 (25), 41 (36).

Análise Elementar: calculado p/ C11H16OTe: C, 45,27; H, 5,53; obtido C, 45,13; H, 5,29.

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165

Bis(3-metoxifenil)telureto (11j)

RENDIMENTO: 205 mg (60%)

Te OCH3H3CO

C14H14O2Te M.M. = 341,86 CAS: [92720-49-5]

IR (filme) cm-1: 3056, 3001, 2956, 2936, 2902, 2833, 2061, 1581, 1572, 1472, 1415, 1284, 1240, 1230, 1179, 1034, 871, 853, 821, 774, 687, 562, 438.

RMN 1H (500 MHz, CDCl3): δ (ppm) 7,27-7,23 (m, 4H); 7,11 (t, J = 8.1 Hz, 2H); 6,80 (ddd, J = 8,2 Hz, 2H), 3,72 (s, 6H).

RMN 13C (125 MHz, CDCl3): δ (ppm) 160,1; 130,6; 130,5; 123,5; 115,6; 114,1; 55,5.

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 344 (M++ 2, 35), 342 (M+,32), 340 (21), 214 (100), 184 (8), 171 (20), 128 (12), 107 (10), 92 (39), 77 (70), 64 (39), 63 (39), 40 (15).

Análise Elementar: calculado p/ C14H14O2Te: C, 49,19; H, 4,13; obtido C, 48,89; H, 4,13.

6.4 APLICAÇÕES SINTÉTICAS DOS CALCOGENETOS AROMÁTICOS

6.4.1 ACOPLAMENTOS DO TELURETO 3f COM ALCINOS TERMINAIS

Procedimento geral

A um balão de duas bocas de 25 ml, munido de agitação magnética e sob

atmosfera de nitrogênio, contendo cloreto de paládio (0,035 g, 20 mmol%), iodeto de

cobre (0,76 g, 4 equiv.) e metanol seco (5 ml) foi adicionado o telureto 3f (0,305 g, 1,0

mmol). Após agitação por 15 minutos a temperatura ambiente, foi adicionado o alcino

(4 mmol) e trietilamina (0,6 ml – 4 equiv.). A reação foi mantida sob agitação a

temperatura ambiente por 24 horas. Então mistura reacional foi filtrada e o filtrado foi

tratado com solução saturada de NaCl (30 ml). A fase aquosa foi extraída com acetato

de etila (3 x 20 ml), e as fases orgânicas foram combinadas, secadas sob MgSO4 e

concentradas sob vácuo. O resíduo foi purificado em coluna cromatográfica contendo

sílica gel e utilizando hexano/acetato como eluente.

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166

1-(2-(2-Feniletinil)fenil)etanol (16a)

RENDIMENTO: 102 mg (46%)

OH

C16H14O M.M. = 222,28

IR (filme) cm-1: 33565, 3060, 2972, 2926, 2214, 1599, 1493, 1444, 1367, 1194, 1073, 1007, 900, 757, 691, 539.

RMN 1H (300 MHz, CDCl3): δ (ppm) 7,63-7.54 (m, 4H), 7.43-7,38 (m, 4H), 7,29 (m, 1H), 5,46 (q, J = 6,3 Hz; 1H) 2,31 (s, 1H), 1.61 (d, J = 6,3 Hz , 3H).

RMN 13C (75 MHz, CDCl3): δ (ppm) 14,7; 132,5; 131,7; 129,1; 128,7; 128,6; 127,3; 125,0; 123,3; 120,6; 94,6; 87,3; 68,7; 24,3.

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 222 (M+, 57%), 207 (86%), 178 (100%), 144 (37%), 131 (10%), 115 (17%), 103 (25%), 89 (41%), 76 (29%), 63 (14%); 51 (16%); 43 (16%).

1-(2-(Hept-1-inil)fenil)etanol (16b)

RENDIMENTO: 86 mg (40%)

OH

C5H11

C15H20O M.M. = 216,32

IR (filme) cm-1: 3420, 3065, 2958, 2931, 2861, 2230, 1743, 1712, 1463, 1285, 1075, 897, 760, 697, 515.

RMN 1H (200 MHz, CDCl3): δ (ppm)7,39 (d; J = 7,0 Hz; 1H); 7,29 (dd, 3

J = 7,5; 4J = 1,3 Hz; 1H); 7,25 (td; 3

J = 7,5; 4J = 1,3

Hz; 1H); 7,16 (td, 3J = 3

J = 7,2; 4J = 1,3 Hz; 1H); 5,20 (q; 3

J =

6,58 Hz; 1H); 2,35 (t; 3J = 6,7 Hz; 2H); 1,54 (q; 3

J = 6,7 Hz; 2H); 1,41 (d; 3

J = 6,58 Hz; 3H); 1,37-1,18 (m; 4H); 0,85 (t; 3J =

7,0 Hz; 3H).

RMN 13C (50 MHz, CDCl3): δ (ppm) 147,3; 132,2; 127,9; 126,8; 124,5; 121,1; 95,6; 86,2; 78,3; 68,4; 31,1; 29,6; 28,4; 23,7; 22,1; 19,4; 13,9.

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 216 (M+, 24%), 201 (20%), 183 (6%); 159 (49%); 145 (100%); 131 (35%); 115 (50%); 105 (8%); 91 (35%); 77 (13%); 43 (61%).

3-(2-(1-Hidroxietil)fenil)prop-2-in-1-ol (16c)

RENDIMENTO: 133 mg (76%)

OH

OH

C11H12O2 M.M. = 176,21

RMN 1H (200 MHz, CDCl3): δ (ppm)7,49 (d, 3J = 7,0 Hz; 1H); 7,39 (d, 3J = 7,9 Hz; 1H); 7,33 (ddd, 3J = 3J = 7,4; 4J = 1,3 Hz; 1H); 7,19 (ddd, 3J = 3J = 7,4; 4J = 1,3 Hz; 1H); 5,29 (q, 3J = 6,58 Hz; 1H); 4,47 (s, 2H); 2,75 (s, 2H); 1,49 (d, 3J = 6,58 Hz ; 3H).

RMN 13C (125 MHz, CDCl3): δ (ppm) 147,2; 132,2; 129,0; 127,0; 124,8; 120,0; 92,3; 83,1; 68,1; 51,1; 23,6.

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 176 (M+, 2%), 158 (71%), 143 (61%), 128 (24%), 115 (100%), 103 (22%), 91 (12%), 77 (38%), 63 (17%), 43 (48%).

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167

4-(2-(1-Hidroxietil)fenil)pent-1-in-3-ol (16d)

RENDIMENTO: 92 mg (45%)

OH

OH

C13H16O2 M.M. = 204,26

RMN 1H (300 MHz, CDCl3): δ (ppm)7,52 (d, J = 7,8 Hz; 1H); 7,42 (d, J = 7,5 Hz; 1H); 7,32 (dd, Ja = 7,2 Hz Jb = 7,5 Hz; 1H); 7,22 (dd, Ja = 7,2 Hz Jb = 7,5 Hz; 1H); 5,30 (q, J = 6,0 Hz; 1H); 4,55 (t, J = 5,7 Hz; 1H); 3,08 (s, 1H); 2,85 (s, 1H); 1,83 (qn, J = 7,5 Hz , 2H); 1,51 (d, J = 6,0 Hz; 3H); 1,08 (t, J = 7,5 Hz; 3H).

RMN 13C (75 MHz, CDCl3): δ (ppm) 147,3; 132,4; 128,8; 127,0; 124,7; 120,0; 95,1; 82,4; 68,2; 64,1; 30,9; 23,7; 9,5.

GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa): 204 (M+, 1%), 186 (51%), 171 (31%), 157 (61%), 145 (24%), 128 (100%), 115 (31%), 115 (31%), 103 (19%), 91 (12%), 77 (36%), 57 (30%), 43 (44%).

6.4.2 TROCA TELÚRIO-LÍTIO DOS TELURETOS AROMÁTICOS SEGUIDA

DA CAPTURA COM BENZALDEÍDO

Procedimento geral

Em um balão de duas bocas munido de agitação magnética e sob atmosfera de

nitrogênio previamente seco, foi adicionado o telureto (1 mmol) dissolvido em THF (5

ml). A temperatura foi levada à -78 oC, usando um banho de gelo seco e etanol. Em

seguida adicionou-se de uma só vez o n-BuLi (1,25 mmol; 1,06 ml de uma solução

1,18M em hexano) e a mistura foi mantida sob agitação por 15 minutos. Depois desse

tempo foi adicionado o benzaldeído (1,25 mmol – 0,1 ml) e o banho foi retirado

deixando-se o sistema atingir a temperatura ambiente. Depois o meio reacional foi

mantido sob agitação por mais 1 hora. A extração foi feita utilizando HCl 10% (30 ml) e

éter etílico (30 ml). O produto foi purificado em uma coluna cromatográfica com sílica

flash usando uma mistura de hexano e acetato de etila (95:5) como eluente.

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168

(4-metoxi-fenil)-fenil-metanol (19a)

RENDIMENTO: 156 mg (73%) p.f.: 63,7-63,8 OC

OH

OCH3

C14H14O2 MM: 214,26 CAS: [720-44-5]

IR (KBr) cm-1 3403 (br), 2950 (m), 2834 (m), 1610 (s), 1515 (s), 1447 (s), 1258 (s), 1175 (s), 1029 (s), 840 (m), 809 (s), 726 (m), 651 (m). RMN 1H (300 MHz, CDCl3): δ (ppm) 7,33-7,24 (m, 5H); 7,22 (d, J = 9.0 Hz, 2H); 6,81 (d, J = 9,0 Hz, 2H); 5,69 (s, 1H); 3,72 (s, 3H); 3,02 (s, 1H). RMN 13C (75 MHz, CDCl3): δ (ppm) 159,2; 144,3; 136,5; 128,7; 128,2; 127,6; 126,7; 114,1; 76,0; 55,5. GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa) 214 (M+, 26), 135 (47), 109 (100), 105 (58), 94 (15), 77 (71), 51 (22).

(4-etoxi-fenil)-fenil-metanol (19b)

RENDIMENTO: 173 mg (76%)

OH

OC2H5

C15H26O2 MM: 228,29 CAS: [34979-36-7]

IR (filme) cm-13408 (br), 3061 (w), 2980 (m), 1610 (m), 1511 (m), 1451 (m), 1393 (m), 1303 (m), 1249 (m), 1173 (m), 1115 (m), 805 (m), 741 (m), 700 (m), 594 (m), 558 (m). RMN 1H (300 MHz, CDCl3): δ (ppm) 7,32-7,21 (m, 5H); 7,23 (d, J = 13.1 Hz, 2H); 6,81 (d, J = 13.1 Hz, 2H); 5,71 (s, 1H); 3,97 (q, J = 10,5 Hz, 2H); 2,36 (br s, 1H); 1,36 (t, J = 10,5 Hz, 3H). RMN 13C (75 MHz, CDCl3): δ (ppm) 158,3; 144,1; 136,1; 128,4; 127,9; 127,3; 1264; 114,4; 75,7; 63,4; 14,8. GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa) 228 (M+, 42), 211 (6), 151 (33), 123 (100), 105 (77), 95 (62), 77 (81), 65 (22), 51 (24).

(3,4-dimetoxi-fenil)-fenil-metanol (19c)

RENDIMENTO: 175 mg (72%) p.f.: 95,2-95,5 oC

OH

OCH3

OCH3

C15H16O3 MM: 244,29 CAS: [56139-08-3]

IR (KBr) cm-13512 (br), 3009 (w), 2936 (m), 2873 (m), 2837 (m), 1598 (s), 1513 (s), 1449 (m), 1260 (s), 1231 (s), 1133 (s), 1024 (s), 803 (m), 738 (m). RMN 1H (300 MHz, CDCl3): δ (ppm) 7,35-7,23 (m, 5H); 6,88 (d, J 1,8 Hz, 1H); 6,84 (dd, J 8,2 Hz, 1,8 Hz, 1H); 6,77 (d, J 8,1 Hz, 1H); 5,71 (s, 1H); 3,81 (s, 3H); 3,79 (s, 3H); 2,89 (br s, 1H). RMN 13C (75 MHz, CDCl3): δ (ppm) 149,3; 148,7; 144,2; 136,9; 128,7; 127,7; 126,7; 119,2; 111,2; 110,1; 76,1; 56,1; 56,0. GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa) 244 (M+, 46), 227 (7), 165 (19), 139 (100), 124 (11), 105 (65), 77 (49), 51 (20).

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169

fenil-p-toluil-metanol (19e)

RENDIMENTO: 137 mg (69%) p.f.: 46,7-46,9 oC

OH

CH3

C14H14O MM: 198,26 CAS: [1517-63-1]

IR (KBr) cm-1 3353 (br), 3029 (w), 1510 (w), 1453 (w), 1270 (w), 1171 (w), 1038 (w), 1021 (w), 795 (w), 775 (w), 739 (m), 698 (m). RMN 1H (300 MHz, CDCl3): δ (ppm) 7,33-7,22 (m, 5H); 7,19 (d, J = 7,9 Hz, 2H); 7,09 (d, J = 7,9 Hz, 2H); 5,69 (s, 1H); 2,46 (br s, 1H); 2,29 (s, 3H). RMN 13C (75 MHz, CDCl3): δ (ppm) 144,3; 141,3; 137,5; 129,5; 128,7; 127,7; 126,9; 126,8; 73,3; 21,4. GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa) 198 (M+, 41), 183 (20), 165 (13), 152 (4), 119 (77), 105 (100), 92 (72), 77 (73), 65 (25), 51 (27).

(4-metoxi-3-metil-fenil)-fenil-metanol (19d)

RENDIMENTO: 187 mg (82%)

OH

OCH3

CH3

C15H16O2 M.M. = 228,29 CAS: [804499-51-2]

IR (filme) cm-1 3387 (br), 2950 (m), 2836 (w), 1609 (w), 1502 (m), 1457 (m), 1252 (m), 1130 (m), 1033 (m), 811 (m), 701 (w), 595 (w). RMN 1H (300 MHz, CDCl3): δ (ppm) 7,37-7,20 (m, 5H); 7,13-7,10 (m, 2H); 6,74 (d, J = 8,7 Hz, 1H); 5,71 (s, 1H); 3,78 (s, 3H); 2,40 (br s, 1H); 2,18 (s, 3H). 13C RMN 13C (75 MHz, CDCl3): δ (ppm) 157,5; 144,4; 136,0; 129,4; 128,6; 127,5; 127,0; 126,6; 125,4; 110,0; 76,1; 55,6; 16,6. GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa) 228 (M+, 33), 211 (6), 197 (4), 149 (38), 123 (100), 105 (60), 91 (25), 77 (54), 51 (19). Anal cald para C15H16O2 C 78,92; H 7,06; encontrados C 78,60; H 7,07.

bifenil-4-il-fenil-metanol (19f)

RENDIMENTO: 205 mg (79%) p.f.: 92,6-92,9 oC

OH

C19H16O MM: 260,33 CAS: [7598-80-3]

IR (KBr) cm-13270 (br), 3028 (w), 1486 (m), 1450 (w), 1028 (m), 762 (m), 727 (m), 696 (m). RMN 1H (300 MHz, CDCl3): δ (ppm) 7,57-7,53 (m, 4H), 7,43-7,38 (m, 6H); 7,36-7,21 (m, 4H); 5,84 (s, 1H); 2,38 (br s, 1H). RMN 13C (75 MHz, CDCl3): δ (ppm) 143,7; 142,8; 140,7; 140,4; 128,7; 128,5; 127,6; 127,3; 127,2; 127,0; 126,9; 126,5; 76,0. GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa) 260 (M+, 41), 181 (32), 155 (68), 152 (27), 105 (100), 91 (12), 77 (69), 51 (21).

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170

naftaleno-2-il-fenil-metanol (19g)

RENDIMENTO: 159 mg (68%) p.f.: 82,1-82,3 oC

OH

C17H14O MM: 234,29 CAS: [35060-38-9]

IV (KBr, cm-1) 3228 (br), 3056 (m), 1491 (m), 1452 (m), 1290 (m), 1189 (w), 1035 (s), 814 (s), 744 (s), 699 (m), 471 (m). RMN 1H (300 MHz, CDCl3): δ (ppm) 7,88-7,76 (m, 4H), 7,49-7,23 (m, 8H); 5,98 (s, 1H); 2,13 (br s, 1H). RMN 13C (75 MHz, CDCl3): δ (ppm) 143,5; 141,0; 133,1; 132,8; 128,4; 128,2; 128,0; 127,6; 127,5; 126,6; 126,1; 125,8; 124,9; 124,7; 76,2. GC-MS 70 eV m/z (intensidade relativa)234 (M+, 34), 215 (10), 202 (7), 155 (21), 129 (75), 105 (100), 94 (9), 77 (43), 51 (16).

6.5 REAÇÕES BIOCATALISADAS

6.5.1 REAÇÕES COM ENZIMAS IMOBILIZADAS

6.5.1.1 Resolução dos feniletanóis substituídos Procedimento geral

A um balão de 2 bocas de 100 ml munidos com um septo e com condensador de

refluxo foram adicionados 20 mmol do álcool, 50 ml de tert-butilmetil éter e 1g de

enzima imobilizada (Novozyme 435). Gota a gota adicionou-se 1 ml de acetato de

vinila. Antes de atingir 50% de conversão (acompanhado por CG quiral), a reação foi

interrompida filtrando-se a enzima. O solvente foi evaporado e os produtos foram

isolados por cromatografia em coluna com hexano:acetato (9:1) como eluente.

6.5.1.2 Resolução dos orto-organocalcogenofeniletanóis Procedimento Geral

Em frascos de 15 ml contendo a enzima Novozyme 435 (50 mg) foi adicionada

uma solução do (RS)-orto-organocalcogeno- -metibenzil álcool (0,20 mmol) e acetato

de vinila (0,25 ml) em hexano (3 ml). A mistura resultante foi tampada com rolha e

agitada num agitador rotativo (170 rpm) a 32°C. Depois de 24 horas a enzima foi

filtrada e lavada com diclorometano (20 ml). O solvente foi evaporado e o resíduo foi

purificado por cromatografia em coluna usando uma mistura de hexano e acetato de

etila (4:1) como eluente.

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171

OH

Se CH3

(S)-(-)-3a

Rend. 45%, ee 99%

[α]D25 –42,4°

(c 2,0; CHCl3)

CAS: [666743-40-4]

(S)-(-)-3h

OH

Se Ph

Rend. 45%, ee 99%

[α]D25 –63,5°

(c 1,37; CHCl3)

CAS: [666743-46-0]

(S)-(-)-3e

OH

Se C4H9

Rend. 41%, ee 99%

[α]D25 -32.6°

(c 1.84, CHCl3)

(S)-(-)-3d

OH

S C4H9

Rend. 48%, ee 99%

[α]D25 –68,3°

(c 1,58; CHCl3)

CAS: [666743-52-8]

OAc

Se CH3

(R)-(+)-4a

Rend. 50%, ee* 97%*

[α]D23 +44,7°

(c 2,35; CHCl3)

CAS: [666743-57-3]

(R)-(+)-4h

OAc

Se Ph

Rend. 52%, ee* 88%*

[α]D23 +43,2°

(c 2,33; CHCl3)

CAS: [666743-60-8]

OAc

Se C4H9

(R)-(+)-4e

Rend. 40%, ee* 99%*

[α]D25 +50°

(c 1.54, CHCl3)

OAc

S CH3

(R)-(+)-4d

Rend. 49%, ee* 98%*

[α]D23 +41,3°

(c 1,0, CHCl3)

CAS: [666743-63-1] OH

TeBu

(R)-(+)-3f

ee 99% [α]D22 = +12.9°

(CHCl3, c = 1.94)

OH

TeBu

(S)-(-)-3f

ee 99% [α]D22 = -10.3°

(CHCl3, c = 1.94)

*excesso enantiomérico calculado do respectivo álcool (R) após hidrólise de 2. Apenas os álcoois 1 foram separados em CG quiral

6.5.2 REAÇÕES DE REDUÇÃO DE SELENOACETOFENONAS COM

FERMENTO DE PÃO

Procedimento geral: num balão de 1 boca (50 ml) foram adicionados 20 ml de

hexano, 20 ml de água e 1,25 mmol da cetona. Aos poucos e sob agitação extremamente

vigorosa foram adicionados 6,5g de fermento de pão (MAURI). Depois de 72 horas a

reação foi filtrada e o fermento foi lavado três vezes com acetato de etila. As soluções

orgânicas foram reunidas, secadas com sulfato de magnésio e evaporadas. O álcool foi

isolado do material de partida através de uma coluna cromatográfica em sílica,

utilizando hexano e acetato de etila como eluentes.

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172

6.5.3 REAÇÕES DE REDUÇÃO DE ACETOFENONAS COM CÉLULAS

INTEIRAS DE FUNGOS

Inicialmente, os fungos foram cultivados em meio de cultura sólido ME (“Malt

Extract” – Extrato de malte 2%) e agar-ágar 2%, tanto em placas de Petri quanto em

tubos inclinados (“slantes”). Em seguida os fungos foram crescidos em meio de cultura

líquido (2g de extrato de malte em 100 ml de água destilada) contido em erlenmeyers de

250 ml. O crescimento foi feito na temperatura de 28 a 32oC em agitador rotativo pelo

período de 3 a 5 dias.

A etapa seguinte foi a filtração das células crescidas em funil de Buchner e a

ressuspensão em solução fosfato (Na2HPO4 e KH2PO4 - Para 1 litro de solução

dissolveu-se 7,8892g de Na2HPO4 e 9,078g KH2PO4),68 pH=7,0, 0,1M, já em

erlenmeyers de 125 ml (30 a 40 ml de solução tampão) ou em erlenmeyes de 250 ml

(100 a 150 ml de tampão). A seguir, foi adicionado o substrato 30 mg (sólido) ou 30µl

(líquido).

O acompanhamento da reação foi feito coletando-se com pipeta, pequenas

amostras (0,5 a 1 ml) e adicionando-se acetato de etila (0,5 ml) em tubos para

centrífuga. O tubo era então agitado para extração do substrato e centrifugado para

separação das células. A fase orgânica era então analisada por cromatografia gasosa

com coluna quiral.

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173

OH

O2N

(R)-(+)-1c

ee 93% [α]D20 +48,0°

(c 1,43; CHCl3)

CAS: [58287-18-6]

OH

H3CO

(R)-(+)-1i ee 74% [α]D

20 +48.3°

(c 2,03; CHCl3)

CAS: [1517-70-0]

OH

Br

(R)-(+)-1d

ee 95% [α]D20 +21,7°

(c 4,37; CHCl3)

CAS: [76155-78-7]

OH

Cl

(S)-(-)-1e

ee 70% [α]D20 –3,93°

(c 8,14; CHCl3)

CAS: [99528-42-4]

OH

H3C

(S)-(-)-1b

ee 59% [α]D20 –35,5°

(c 2,03; CHCl3)

CAS: [51154-54-2]

OH

F

(S)-(-)-1f

ee 99% [α]D20 -34,7°

(c 3,63; CH2Cl2)

CAS: [171032-87-4]

OH

F

(R)-(+)-1g ee 72% [α]D

20 +13,6°

(c 1,25; CH2Cl2)

CAS: [126534-33-6]

OH

F (S)-(-)-1g

ee 90% [α]D20 -26,3°

(c 7,0; CHCl3)

CAS: [126534-32-5]

OH

F (S)-(-)-1h

ee 96% [α]D20 -21,2°

(c 0,33; CH2Cl2)

CAS: [101219-73-2]

As configurações absolutas foram determinadas comparando os sinais das rotações ópticas com os valores da literatura.99,100,101,102

6.5.4 REAÇÕES DE REDUÇÃO DE ACETOFENONAS COM PARTES DE

PLANTAS*

*Plantas utilizadas: Daucus carota (cenoura) Raphanus sativus (nabo japonês) Beta vulgaris (beterraba) Allium schoenoprasum (cebolinha) Arracacia xanthorrhiza (mandioquinha) Nelumbo nucifera (raiz de Lótus) Colocasia esculenta (inhame) Zingiber officinale (gengibre) Coriandrum sativum (coentro) Ipomoea batatas L. (batata doce) Brassica rappa (nabo) Polymnia sonchifolia (Yakon) Arctium lappa (bardana)

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174

Procedimento para redução de acetofenonas para substituídas

Para aumentar o contato do substrato com o biocatalisador, a camada externa

(ou a casca) foi removida e o resto foi cortado em fatias quando possível. A acetofenona

(100 mg) foi adicionada numa suspensão contendo a raiz cortada (20 g) em 100 ml de

água em erlenmeyers de 250 ml. Essas misturas foram incubadas num agitador orbital

(150 rpm) à 32oC. O acompanhamento da reação foi feito coletando-se pequenas

amostras (0,5 a 1 ml) e extraindo-se com acetato de etila (0,5 ml) em tubos para

centrífuga. O tubo foi agitado para extração do substrato e centrifugado para separação

das fases. A fase orgânica foi então levada para análise de cromatografia gasosa com

coluna quiral (Chrompack – VARIAN).

Procedimento para redução de organocalcogenoacetofenonas com cenoura

Neste caso, realizamos o mesmo procedimento anterior só que utilizando 4g de

cenoura para 20 mg de substrato.

OH

SeCH3

(S)-(-)-3i Rend. 86%, ee 99%

[α]D26 –28,6°

(c 1,5; CHCl3)

CAS: [666743-42-6]

OH

H3CSe

(S)-(-)-3j Rend. 74%, ee 99%

[α]D26 –35,2°

(c 1,25; CHCl3)

CAS: [666743-44-8]

OH

PhSe

(S)-(-)-3l Rend. 52%, ee 99%

[α]D26 –12,1°

(c 1,5; CHCl3)

CAS: [666743-50-6]

OH

SePh

(S)-(-)-3k Rend. 60%, ee 99%

[α]D26 –14,2°

(c 2,4; CHCl3)

CAS: [66743-48-2]

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175

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