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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES ELIZABETH REYMI RODRIGUES BIOTECNOLOGIA EM SAÚDE: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE PROFESSORES DE BIOLOGIA Mogi das Cruzes, SP 2006

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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES ELIZABETH REYMI RODRIGUES

BIOTECNOLOGIA EM SAÚDE: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE PROFESSORES DE BIOLOGIA

Mogi das Cruzes, SP 2006

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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES ELIZABETH REYMI RODRIGUES

BIOTECNOLOGIA EM SAÚDE: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE PROFESSORES DE BIOLOGIA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós - Graduação da Universidade de Mogi das Cruzes como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Biotecnologia.

Orientador: Dr.Moacir Wuo

Mogi das Cruzes, SP 2006

Financiamento: Projeto Bolsa Mestrado, integrado ao Programa de Formação Continuada da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo.

“É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática.”

Paulo Freire

AGRADECIMENTO

Em especial ao Colegiado do programa de Pós-Graduação em Biotecnologia da Universidade de Mogi das Cruzes, pelo incentivo, pela competência do corpo docente, pela atenção às minhas inquietações teóricas, epistemiológicas, educacionais e emocionais. Ao Professor Doutor Moacir Wuo, pelo seu conhecimento que me auxiliou desde o Ensino Médio, na Graduação em Biologia e na orientação desta dissertação de Mestrado em Biotecnologia. À Secretaria de Estado da Educação de São Paulo, pelo auxílio financeiro concedido pelo Projeto Bolsa Mestrado, que integra o Programa de Formação Continuada de educadores da Secretaria da Educação. À Dirigente Regional de Ensino - Região Suzano, Maria da Penha Gelk, pelo incentivo e apoio para a realização desta pesquisa. À Prof.ª Mestre Sonia Regina Martins Gonçalves, pela avaliação e juízo efetuados na categorização elaborada nesta pesquisa. À excelência e competência da Banca Examinador, Profa.Dra. Rosália Maria Neto Prados, Prof.Dr. Wagner Wuo e Prof.Dr. Luiz Roberto Nunes pelas contribuições. À amizade e ao apoio demonstrados pelos colegas da Diretoria de Ensino Região – Suzano, nas trocas de conhecimentos, pelas horas de estudos, pelo comprometimento e dedicação ao desenvolvimento da educação e também pela motivação e sabedoria dos colegas do curso de Mestrado em Biotecnologia. À minha família, em especial aos meus pais, Seda e Valdir Rodrigues. A Darwin Pinto Soares Filho, pelo carinho, amizade e apoio tecnológico. A todos os professores que compartilharam discussões e estudos sobre a educação, em especial àqueles que participaram desta pesquisa aceitando serem entrevistados.

RESUMO

Os acontecimentos ocorridos nos últimos anos pelo mundo globalizado, foram marcados por mudanças no âmbito social, político, econômico e principalmente pelo tecnológico. O progresso na área da ciência tem levado as Organizações Institucionais, Educacionais e Sociais a se adaptarem a este contexto. O presente estudo teve como objetivo explorar e analisar as Representações Sociais de professores de Biologia do Ensino Médio da Rede Pública Estadual de São Paulo sobre a Biotecnologia com enfoque na Biotecnologia em Saúde. Foi elaborado um questionário constituído por 18 questões abertas e 10 questões fechadas, versando sobre o perfil dos professores tanto em sua formação e atuação profissional, sobre suas Representações Sociais quanto ao entendimento da Biotecnologia e suas aplicações, como de seu conhecimento e compreensão dos Parâmetros Curriculares Nacionais. Utilizou-se o teste do qui-quadrado para as análises estatísticas, considerando p≤0,05 para significância. Dentre os resultados, pode-se destacar que não há Representação Social definida entre os professores sobre a Biotecnologia, há divergências e contradições quanto à compreensão dos processos que envolvem a Biotecnologia, seus produtos e aplicações em Saúde. Verifica-se que a maior restrição quando à Biotecnologia é aplicada nos seres humanos, seguida dos alimentos e medicações, porém há indecisão quando se refere ao consumo por alimentos vacina. As conclusões remetem que a ausência ou divergência na compreensão de técnicas e aplicações da Biotecnologia, a falta de informação, por acesso a divulgação-científica elaborada pelo meio científico, bem como a pouca discussão e estudos sobre a história da ciência e das diretrizes educacionais nacionais na sua atuação profissional.

Palavras-chave: Biotecnologia-Representação Social, Biotecnologia, Biologia-professores.

ABSTRACT

The events that have occurred in the last few years in our globalized world have been marked by changes in the social, political, economic scope, and mainly by the technological advance with the progress of science. The Institutional, Educational and Social Organizations have to adapt to this context. The present study aims to analyze data provided by Sao Paulo State Public High School Biology teachers about their academic background, professional profile, knowledge, opinions and their of information about the use of Biotechnology in Health. The participants answered a questionnaire with eighteen open and ten closed questions on their professional profile and performance, their social representation, as well as their knowledge about Biotechnology and its applications and understanding of the National Curriculum. The test of the qui-square for the statistical analyses was used, considering p≤0,05 for significance. The results show that there is no defined social representation among the Biology teachers, and that there are divergences and contradictions in their understanding of the processes that involve Biotechnology and its products and application in Health. According to the results, the teachers show more restraints when it refers to Biotechnology applied in humans, followed by food and medicines. However, some were undecided when the subjects were consumption of vaccine food. The conclusions are that there is an absence and divergence in the understanding of techniques and applications of Biotechnology, lack of information about scientific research, as well as lack of discussion and study about the history of science and the national educational directions. Keywords: Biotechnology-Social Representation, Biotechnology, Biology teachers

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Participantes segundo idade e sexo ...................................................... 43

Tabela 2 - Participantes segundo o ano da Graduação .......................................... 44

Tabela 3 - Distribuição ano da conclusão Pós-Graduação “Latu-Senso” ou “Scrito-Senso”..................................................................................

45

Tabela 4 - Distribuição dos professores segundo Tempo atuação no Magistério... 46

Tabela 5 - Distribuição dos professores segundo Tempo no Ensino Médio........... 46

Tabela 6 - Distribuição dos professores segundo período em que lecionam......... 47

Tabela 7 - Aquisição de informações sobre Parâmetros Curriculares Nacionais 50

Tabela 8 - Entendimento dos participantes sobre a Biotecnologia ......................... 53

Tabela 9 - Distribuição de categorias sobre aplicações da Biotecnologia .............. 55

Tabela 10 - Biotecnologia e benefícios para a Saúde............................................. 57

Tabela 11 - Biotecnologia e problemas com a Saúde............................................. 58

Tabela 12 - Restrições às aplicações da Biotecnologia na produção alimentos... 61

Tabela 13 – Biotecnologia na produção de alimentos............................................. 62

Tabela 14 - Biotecnologia aplicada na agricultura................................................. 63

Tabela 15 - Fontes de informação sobre Biotecnologia em Saúde ........................ 66

Tabela 16 - Representações Sociais sobre a Clonagem ......................................... 70

Tabela 17 - Consumo de alimentos transgênicos com rotulagem.......................... 72

Tabela 18 - Não consumo de alimentos transgenicos com rotulagem................ 72

Tabela 19 – Concordância com a aplicação da Biotecnologia em medicamentos.. 74

Tabela 20 – Consumo de alimento vacina, com tecnologia DNA recombinante ...

75

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ATP Assistente Técnico Pedagógico

BID Banco Interamericano de Desenvolvimento

C & T Ciência e Tecnologia

CNMT Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias

CTNBio Comissão Técnica Nacional de Biotecnologia

DCNEM Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio

DNA Ácido Dessoxiribonucleico

EMR Ensino Médio em Rede

HTPC Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo

LDB Lei de Diretrizes e Bases

LDBEN Lei de Diretrizes e Bases do Ensino Nacional

MEC Ministério da Educação e Cultura

OGM Organismo Geneticamente Modificado

PC Professor Coordenador

PCN Parâmetros Curriculares Nacionais

PCNEM Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio

PR Professor Representante

PROMED Programa de Melhoria e Expansão do Ensino Médio

RNA Ácido Ribonucléico

SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO ....................................................................................................... 11

2 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 15 2.1 VISÃO GERAL DA BIOTECNOLOGIA ............................................................................ 16 2.1.1 IMPORTÂNCIA SOCIAL, ECONÔMICA E POLÍTICA DA BIOTECNOLOGIA ................... 20

2.2 A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL, OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS E O ENSINO DE BIOLOGIA............ 23

2.2.1 O PAPEL DO PROFESSOR NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM ............................ 27 2.2.2 O PROFESSOR E SUA PRÁTICA PREDAGÓGICA ................................................................ 28 2.2.3 FONTE DE PESQUISA DO PROFESSOR EM SUA PRÁTICA PEDAGÓGICA ..................... 30 2.3 REPRESENTAÇÃO SOCIAL ............................................................................................. 33

3 OBJETIVOS ................................................................................................................. 37

4 MÉTODO ................................................................................................................................ 38

4.1 PARTICIPANTES ............................................................................................................... 38

4.2 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS...................................................................... 38 4.3 PROCEDIMENTOS ............................................................................................................ 40

4.4 ANÁLISE DOS DADOS...................................................................................................... 41

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................... 42

5.1 PERFIL DOS PROFESSORES DE BIOLOGIA PESQUISADOS..................................... 43 5.1.1 DADOS PESSOAIS...................................................................................................................... 43 5.1.2 ANO DE CONCLUSÃO DO CURSO SUPERIOR LICENCIATURA EM BIOLOGIA............ 44 5.1.3 DADOS DE FORMAÇÃO CURRICULAR APÓS A GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA............ 45 5.1.4 DADOS SOBRE A ATUAÇÃO NO MAGISTÉRIO................................................................... 46 5.1.5 DADOS SOBRE CURSO DE FORMAÇÃO CONTINUADA DURANTE ATUAÇÃO NO MAGISTÉRIO ....................................................................................................................... 47

DISCUSSÃO DO PERFIL DOS PROFESSORES DE BIOLOGIA NO MAGISTÉRIO...................... 48

5.2 CONHECIMENTO DOS PROFESSORES SOBRE OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS ....................................................................................... 49

5.2.1 CONHECIMENTO DOS TEMAS ESTRUTURADORES PROPOSTOS NOS PARÂMETRO CURRICULARES NACIONAIS ........................................................................ 51

DISCUSSÃO SOBRE A ANÁLISE DOS PROFESSORES JUNTO AOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS E OS TEMAS ESTRUTURADORES ............................................. 51

5.3 ANALISE DA REPRESENTAÇÃO SOCIAL DOS PROFESSORES DE BIOLOGIA SOBRE A BIOTECNOLOGIA............................................................................................ 52

5.3.1 O CONTATO DO PROFESSOR DE BIOLOGIA COM A BIOTECNOLOGIA........................ 52 5.3.2 O ENTENDIMENTO DO PROFESSOR DE BIOLOGIA POR BIOTECNOLOGIA..... ........... 53 5.3.3 CONHECIMENTO DE APLICAÇÕES DA BIOTECNOLOGIA............................................... 55 DISCUSSÃOSOBRE A REPRESENTAÇÃO SOCIAL QUE OS PROFESSORES POSSUEM QUANTO AO ENTENDIMENTO E A APLICAÇÃO DA BIOTECNOLOGIA ................................ 56

5.4 A BIOTECNOLOGIA APLICADA À SAÚDE .................................................................. 57 DISCUSSÃO SOBRE A BIOTECNOLOGIA APLICADA À SAÚDE ............................................... 57

5.5 A REPRESENTAÇÃO SOCIAL PROFESSORES BIOLOGIA QUESTIONADOS SOBRE ENUNCIADOS COM APLICAÇÕES DA BIOTECNOLOGIA ......................... 60

DISCUSSÃO SOBRE AS REPRESENTAÇÕES QUANTO À INFLUENCIA DOS ENUNCIADOS....................................................................................................................................... 64

5.6 DADOS REFERENTES À FONTES DE INFORMAÇÃO SOBRE A BIOTECNOLOGIA.............................................................................................................. 65

5.6.1 INTERESSE DE INFORMAÇÕES CIENTÍFICAS SOBRE A BIOTECNOLOGIA ................ 65 5.6.2 FONTE DE INFORMAÇÃO SOBRE A BIOTECNOLOGIA ................................................... 66

DISCUSSÃO SOBRE A FONTE DE INFORMAÇÃO DOS PROFESSORES ............................... 67

5.7 REPRESENTAÇÃO SOCIAL DA BIOTECNOLOGIA - TEMAS EMERGENTES.......... 69 5.7.1 CLONAGEM ................................................................................................................................ 69 5.7.2 TRANSGÊNICOS ........................................................................................................................ 71 5.7.3 APLICAÇÃO DO DNA RECOMBINANTE ............................................................................... 73 5.7.3.1 EM MEDICAMENTOS .......................................................................................................... 73 5.7.3.2 EM ALIMENTOS “ALIMENTOS VACINA” ....................................................................... 74

DISCUSSÃO DAS RS BIOTECNOLOGIA QUANTO AOS TEMAS EMERGENTES ................... 76

5.8 CONSIDERAÇÕES PESSOAIS DOS PROFESSORES EM RELAÇÃO À PARTICIPAÇÃO NA PESQUISA...................................................................................... 77

6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES.................................................................................. 78

REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 82

APÊNDICES............................................................................................................................... 87

ANEXOS........................................................................................................................... 94

11

APRESENTAÇÃO

Os últimos anos têm sido marcados por mudanças significativas no âmbito social,

econômico, político e tecnológico, levando as Organizações Institucionais, Educacionais e

Sociais a se adaptarem a este contexto.

No progresso observado nas últimas décadas na área das Ciências Biológicas, destaca-

se o desenvolvimento da genética, em que se demonstra a universalidade dos princípios

básicos de estrutura e funcionamento dos seres vivos, principalmente pela investigação e pelo

deciframento do código genético, que promoveu um avanço vertiginoso de conhecimentos na

convergência das disciplinas biológicas junto a outras áreas, dentre as quais a humana e a

social, como é o caso do desenvolvimento da Biotecnologia.

A biotecnologia, principalmente a partir do século XIX até a atualidade, tem

proporcionado acúmulo e diversificação de informação, por meio da multiplicação das

diferentes esferas de comunicações.

As alterações aceleradas de globalização no contexto mundial, refletida principalmente

no âmbito da economia, da política, na área ambiental e pelo desenvolvimento das Ciências &

Tecnologias, refletem consideravelmente sobre a educação. O ensino no Brasil, diante das

mudanças no contexto mundial, alterou suas políticas educacionais, por meio de Leis de

Diretrizes e Bases Nacionais e dos Parâmetros Curriculares Nacionais.

Frente ao atual contexto escolar e sócio-histórico, com a velocidade acelerada de

informações, da globalização, da exploração dos recursos naturais e em especial, do

desenvolvimento da ciência, além da observação da própria prática pedagógica e dos colegas

de trabalho, decidiu-se aprofundar os conhecimentos no curso de Mestrado em Biotecnologia,

para então fomentar e proporcionar junto ao sistema educacional a análise e os rumos do

ensino da Biologia, principalmente no Ensino Médio.

Como lidar com a Biologia contemporânea na escola de maneira que esses

conhecimentos, em especial o da pesquisa científica, façam diferença na vida de todos os

estudantes, independentemente do caminho profissional que vão seguir, de suas aptidões ou

preferências intelectuais? Como trazer essas temáticas para a sala de aula de tal forma que

representem conjunto de situações que podem ser vivenciadas, analisadas, reinventadas,

problematizadas e interpretadas? Tais indagações originaram o início do desenvolvimento

desta pesquisa.

12

Durante esse processo, a pesquisadora passou a atuar na Rede Pública do Estado de

São Paulo como Assistente Técnico Pedagógico de Ciências e Biologia. Por meio do contato

com os professores de Biologia em Orientações Técnicas, observou-se o quanto era

divergente a organização curricular entre as séries do Ensino Médio. Foram efetuadas

discussões e socializações das decisões estabelecidas em o quê e como ensinar Biologia no

Ensino Médio. Verificou-se a semelhança na estrutura organizacional, em que o currículo se

padroniza como uma lista de tópicos em detrimento da outra, ora por manutenção tradicional,

ora por inovação arbitrária, mas muitas vezes de forma independente e descontextualizada. Os

conteúdos são definidos por escolhas pessoais dos professores, privilegiando os conteúdos

que consideram de seu domínio de conhecimento, próprios de sua formação ou de seus

saberes pessoais.

Há ainda ausência na descrição das estratégias e metodologias em que se relatam os

critérios de planejamento no que compete à Biologia pelos objetivos educacionais,

estabelecidos pelo Conselho Nacional de Educação CNE/98 para a área das Ciências da

Natureza, Matemática e suas Tecnologias, como também de integrar os aspectos da Biologia

com a construção de uma visão de mundo, seja ela prática ou instrumental, que permita a

compreensão da linguagem científica para a formação de conceitos, de análise, de avaliação e

de tomada de posição cidadã.

Na busca de promover o diálogo para a construção de um aprendizado ativo, que

transcenda à memorização de nomes de sistemas e processos, os conteúdos devem interagir

com temáticas de relevância científica, social e cultural. Procurou-se, então, partir para a

análise dos temas estruturadores, como o da Biotecnologia, propostos nos Parâmetros

Curriculares Nacionais do Ensino Médio, sob a ótica dos professores.

Compreender a Biotecnologia e integrá-la ao contexto escolar e curricular é papel

relevante do professor, como mediador e transmissor da informação e também responsável

pelo desenvolvimento de competências e habilidades dos alunos no processo ensino-

aprendizagem. Há necessidade do professor acompanhar e entender as questões que envolvem

a Biotecnologia, uma vez que esta tem influência direta nas questões econômicas, sociais e

políticas.

As disciplinas do mestrado, o contato com especialistas e pesquisadores da área das

ciências, em especial da área da genética, revelaram a importância de acompanhar o

desenvolvimento da história da ciência e da tecnologia, em especial a Biotecnologia, na

compreensão dos conceitos e eventos elaborados por essa nova ciência. Concomitantemente,

ampliou-se visão sobre a história da educação por meio da reflexão dos aspectos do fazer e

13

conhecer o conhecimento científico, destacando-se a importância da divulgação científica na

esfera educacional.

As leituras e as discussões recomendadas pelo Orientador sobre as Representações

Sociais, a análise de conteúdo, as leituras sobre os gêneros do discurso e sua análise,

paralelamente em curso de formação continuada promovida pela Secretaria de Estado da

Educação de São Paulo - Programa Ensino Médio em Rede foram fundamentais para

subsidiar a realização desta pesquisa. Ficou patente que a leitura é o reflexo tanto da

interpretação de algo já construído como também do presente, influenciada pelas esferas de

comunicação, muitas vezes gestadas pelo senso comum das condições sociais e pelas

conjecturas históricas dos momentos emergentes.

Diante destes estudos, delimitei minha questão de pesquisa: Qual o entendimento e o

posicionamento dos professores de Biologia do Ensino Médio no atual contexto educacional e

sócio-histórico-cultural sobre os avanços da ciência, como da Biotecnologia?

Meu enfoque foi então para a análise de conteúdos que os professores de biologia

possuem sobre a Biotecnologia, em especial, em saúde.

Analisar a Biotecnologia junto à área da saúde leva à constatação de que o tema

transversal “saúde” já é parte comum no currículo, por meio da educação em Saúde, tratado

de forma multidisciplinar e interdisciplinar nas unidades escolares, objetivando a discussão

para melhoria da qualidade de vida tanto da população como do meio ambiente.

Integrar a Biotecnologia com a educação em Saúde é mais que necessário num projeto

educativo, pois além de proporcionar uma discussão e análise crítica, resultará em

conhecimentos de fatos, levando ao estímulo, à busca de novas fontes e saídas ou, ainda, ao

resgate de valores e posições contraditórias, visando à compreensão da realidade em seus

diferentes níveis, do pessoal ao social.

Pelo panorama traçado pelas considerações realizadas nos parágrafos anteriores,

configurou-se a proposta de investigação de dados pessoais e profissionais dos professores de

biologia, atuantes no ensino médio com a elaboração da presente dissertação de mestrado,

dentre os quais:

- averiguar qual o perfil dos professores atuantes em sua formação profissional;

- identificar quais conceitos nominativos estão presentes em suas representações sobre a

Biotecnologia;

- verificou quais são suas fontes de informação dos professores de Biologia que subsidiam a

Biotecnologia;

- observar a influência do enunciado na análise de sua representação social;

14

- verificar a posição dos professores diante da legislação do sistema educacional em relação

ao Ensino da Biologia.

Investigou-se o discurso dos professores de Biologia da Diretoria de Ensino-Região

Suzano, em que a pesquisadora atua, a fim de identificar conteúdos e conceitos neste ramo do

conhecimento, proporcionando discussões e providências na elaboração de planejamentos e

aplicação de metodologias, para um trabalho com os temas estruturadores da Biologia, como

o da Biotecnologia e da educação em Saúde.

Esta pesquisa, portanto, tem como objetivo realizar o estudo das Representações

Sociais de professores de Biologia da Rede Pública do Estado de São Paulo sobre

Biotecnologia em Saúde, assim como analisar a aquisição dos conhecimentos e sua utilização

no processo de ensino-aprendizagem em seu campo de atuação profissional.

Espera-se que este estudo venha a contribuir para a educação, com um direcionamento

no processo de Ensino deste ramo da ciência, que é a Biotecnologia.

As Representações Sociais dos professores de Biologia e seus elementos constitutivos

podem ser os pontos de partida para o entendimento, a proposição e a eficiência do trabalho

pedagógico.

15

2 INTRODUÇÃO

Esta pesquisa realiza uma investigação no contexto educacional com professores de

Biologia do Ensino Médio da Rede Pública Estadual de São Paulo, quanto à Representação

Social sobre a Biotecnologia, para posterior análise e proposta de encaminhamentos

necessários à compreensão desta ciência interdisciplinar, aplicada no âmbito escolar.

Cientes da importância em conhecer a Representação Social do grupo sobre a

Biotecnologia, citado como Tema Estruturador na disciplina de Biologia nos Parâmetros

Curriculares Nacional do Ensino Médio, e pela importância de sua análise para discussões e

planejamentos de procedimentos pedagógicos em sua atuação como Professor Mediador em

sala de aula, todos os professores foram solícitos em contribuir com esta pesquisa.

O texto está organizado em três partes:

1) Abordagem dos aspectos históricos, teóricos e técnico-científicos do

desenvolvimento da Biotecnologia e descrição de algumas de suas aplicações em saúde;

2) Abordagem dos aspectos históricos, teóricos, metodológicos e conteúdos

estruturantes da disciplina Biologia, até seus objetivos atuais no Ensino Médio;

3) Descrição da fundamentação teórica da Representação Social, na qual esta pesquisa

se apóia.

16

2.1 VISÃO GERAL DA BIOTECNOLOGIA

A Biotecnologia é um conjunto de técnicas que utiliza o ser vivo e suas funções

biológicas para alterar, transformar ou modificar materiais vivos para o desenvolvimento de

processos e produtos, produzindo bens e serviços de interesse econômico ou social, tendo em

vista atividades ligadas à saúde, agricultura, indústria e meio ambiente (SERAFINI, BARROS

& AZEVEDO, 2002).

O termo Biotecnologia foi empregado pela primeira vez no início dos anos 60, cuja

importância na época se relacionava principalmente aos processos fermentativos. Na

produção de antibióticos, apresentou um notável e rápido desenvolvimento, graças à

introdução de novas tecnologias que vieram revolucionar a moderna Biologia, incluindo aí a

fusão de protoplastos e as tecnologias do DNA recombinante, conhecidas popularmente como

Engenharia Genética (AZEVEDO, 1999).

Muito antes mesmo que o homem entendesse a biologia há mais de 10.000 anos, desde

as antigas civilizações gregas e egípcias, processos e produtos como os da técnica da

fermentação, são desenvolvidos e utilizados na elaboração e fabricação de vinhos, queijos,

cervejas e produtos lácteos. Embora no contexto atual a fermentação não seja uma técnica da

biotecnologia, foi e é até hoje fundamental no desenvolvimento de determinados processos e

ou produtos da biotecnologia (BOREM, 2005).

A primeira grande contribuição que formou a base para o desenvolvimento da

genética, foi descrita em 1865 por Gregor Mendel, decorrente as suas experiências por meio

de cruzamentos com linhagens de ervilhas, que citou as características hereditárias como

correspondentes a unidades discretas, separadas e recombinadas de diversas maneiras em cada

geração. Essas unidades foram subsequentemente chamadas de genes (BOREM, 2005).

Durante o século XX, em 1944, Avry MacLeod e McCarty identificaram o DNA como

material genético. Na década de 50, em 1956, com a elucidação do código genético e da

estrutura dos ácidos nucléicos por Watson e Crick, foi possível compreender a estrutura em

dupla hélice do DNA e entender como as informações genéticas são duplicadas e como elas

são passadas de geração para geração (ODA e SOARES, 2000).

Os conhecimentos sobre os genes foram reformulados, as descobertas de certas

enzimas, principalmente as nucleases de restrição ou enzimas de restrição, foram passos

importantes para que se chegassem à Tecnologia do Ácido Desoxirribonucléico

Recombinante ou a Moderna Biotecnologia (SERAFINI, BARROS & AZEVEDO, 2001).

17

A partir da década de 70, com o desenvolvimento da Engenharia Genética ou

Tecnologia do DNA recombinante, foi possível a manipulação genética de microorganismos,

plantas e animais, por meio de modificações diretas na estrutura do DNA, de maneira a alterar

precisamente características definidas do organismo vivo ou introduzir novas características

de interesse específico (SERAFINI, BARROS & AZEVEDO, 2002).

Segundo Azevedo (1999), o que possibilitou a compreensão dos mecanismos de

recombinação foi o estudo da mola mestra da biodiversidade, as mutações, ou seja, processos

de modificações no material genético dos seres vivos que são transmitidas aos descendentes,

além dos mecanismos clássicos sexuais e parassexuais de recombinação, que envolvem

permuta genética. Novos processos naturais foram descobertos, como os mediados por

elementos transponíveis, os transposons, que conseguem transferir genes dentro e entre

espécies distintas, permitindo o desenvolvimento da tecnologia do DNA recombinante por

processos artificiais, que rompem as barreiras entre espécies, gêneros ou mesmo reinos

distintos.

A Tecnologia do DNA Recombinante ou Moderna Biotecnologia implica,

inicialmente, no conhecimento e isolamento de seqüências de DNA que correspondem a

genes responsáveis em conferir a característica desejada, o fenótipo. Ela consiste em unir

DNA de diferentes origens em um veículo ou vetor e transferi-lo para uma célula hospedeira

que vai assim receber novas expressões (AZEVEDO, 1998).

O isolamento dos genes de interesse é conduzido por meio de técnicas de clonagem

molecular, que consiste em induzir um organismo vivo a amplificar a seqüência de DNA de

interesse, em sistemas que permitem uma fácil purificação e recuperação do referido

fragmento de DNA. Para que um segmento ou gene seja clonado, ele é introduzido em uma

célula viva, os chamados vetores de clonagem, onde é ligado a um sistema de duplicação do

DNA, sendo este multiplicado, dando cópias exatamente iguais (SERAFINI, BARROS &

AZEVEDO, 2001).

São utilizados vetores de clonagem, plasmídeos ou vírus, nos quais a seqüência de

DNA de interesse é inserida, utilizando a enzima DNA ligase. Quando necessário, o

fragmento de DNA de interesse pode ser liberado do vetor por meio de enzimas de restrição.

Uma vez isolado o gene de interesse, este fragmento de DNA é incorporado por meio da

Engenharia Genética no genoma do organismo alvo, resultando em um organismo

geneticamente modificado (OGM), cuja característica adquirida passa a ser hereditária

(SERAFINI, BARROS & AZEVEDO, 2002).

18

Para Mae-Wan Ho (2003), a Engenharia Genética é um conjunto de técnicas para

isolar, modificar, multiplicar e recombinar genes de diferentes organismos.

O desenvolvimento de tecnologias que utilizam células e moléculas biológicas ao

invés de organismos multicelulares permite tirar vantagens da especificidade das interações

celulares e moleculares, em que as ferramentas e técnicas utilizadas são desenvolvidas para

operar de forma conhecida e previsível, buscando solucionar ou desenvolver produtos úteis a

nossa vida e a nossa relação com a natureza (CANDEIAS, 1991).

A biotecnologia é um conjunto de ferramentas poderosas e muito flexíveis, que

oferecem e vêm possibilitando a pesquisa e o desenvolvimento de diversos produtos de uso

comum e sustentável no mundo, facilitando processos de obtenção na área da saúde como os

fármacos e incrementando a produtividade agrícola, além de possibilitar a elevação da

qualidade ambiental (SILVEIRA, 2002).

No mundo contemporâneo, novos desenvolvimentos da biologia molecular e da

engenharia genética, resultantes da revolução introduzida pela biotecnologia, estão rompendo

com concepções científicas, reestruturando a ciência e a tecnologia em direção a novos

paradigmas e desdobrando-se em processos e produtos diversos, com fantástico potencial em

diversas áreas da atividade humana, envolvendo saúde humana, animal, agricultura e o meio

ambiente (SILVEIRA, 2004).

Os primeiros produtos resultantes de modificações genéticas foram os de aplicações

farmacêuticas, como a insulina humana no início dos anos 80 para o tratamento de diabetes. A

partir daí foram intensificadas as pesquisas com plantas e animais transgênicos (POSSAS,

1995).

Entre as aplicações da Biotecnologia, destacam-se: 1) na área da Saúde os processos e

formas de diagnosticar, tratar e prevenir doenças. 2) Na Agricultura, o desenvolvimento e

técnicas que envolvem desde o plantio das sementes até a produção de alimentos para

consumo, controle de pragas e tratamento do solo. 3) Em relação ao Meio Ambiente, o

desenvolvimento de fontes novas e mais limpas de energia reciclável, desenvolvimento de

novos métodos de detectar e tratar contaminações ambientais, desenvolvimento para se obter

novos produtos e processos menos danosos ao ambiente do que os anteriormente utilizados

(GARCIA, 1995).

Os desenvolvimentos recentes no campo da biologia molecular abrem novas

perspectivas para o estudo diagnóstico e terapêutico das grandes endemias que afetam,

sobretudo, as nações em desenvolvimento (GOLDENBERG, 2002).

19

Os produtos dessas biotecnologias, como vacinas, fármacos, medicamentos, kits para

diagnóstico e monitoramento baseados na tecnologia do DNA recombinante, já estão sendo

crescentemente incorporados às rotinas médicas em todo o mundo, na prevenção, no

diagnóstico e na terapêutica de doenças diversas, inclusive em países em desenvolvimento

como o Brasil (SERAFINI, BARROS & AZEVEDO, 2002).

Garcia (1995) refere-se à Biotecnologia em saúde como qualquer exploração

tecnológica da biodiversidade para resolver problemas da saúde dos seres humanos.

As principais aplicações no âmbito da biotecnologia moderna são: o uso da engenharia

genética para a produção de biofármacos, como a insulina e hormônios de crescimento,

vacinas recombinantes como a contra hepatite B e os estudos genômicos para prevenção e

cura de diversas doenças, as terapias gênicas e farmacogenômicas (SILVEIRA, 2004).

As técnicas de manipulação de genes permitem a expressão de antígenos de patógenos

em larga escala, com potencial para utilização como reagentes para diagnósticos ou

imunógenos, essas técnicas poderão levar à obtenção de novas vacinas vivas atenuadas

(GOLDENBERG, 2002).

Em 2003, ano que se comemorou 50 anos da elucidação do código genético, a ciência

alcança outro grande marco em nossa história: o seqüenciamento do genoma humano. O

genoma é a totalidade do material genético de um indivíduo ou de uma espécie (BANDEIRA,

2006).

Segundo Schartzmayr (2003), com base nas pesquisas moleculares sobre o genoma e

proteínas, novas vacinas virais poderão ser produzidas pela importância de sua estrutura

científica e tecnológica. O Brasil deve aumentar a participação nos processos de

desenvolvimento de novas vacinas e na avaliação de sua eficácia, envolvendo maior número

de pesquisadores e tecnologistas, com o incremento de investimentos nessas atividades.

As técnicas de manipulação de genes permitem a expressão de antígenos de patógenos

em larga escala, com potencial para utilização como reagentes para diagnósticos ou

imunógenos, essas técnicas poderão levar à obtenção de novas vacinas vivas atenuadas

(GOLDENBERG, 2002).

Outro exemplo de convergência tecnológica entre os setores da saúde humana, animal

e a agricultura é o desenvolvimento de plantas com propriedades diversas imunizantes e

terapêuticas, como o desenvolvimento de “plantas vacina”. Essas plantas contêm vacinas

recombinantes que asseguram imunização contra doenças diversas, como exemplo as

"Batatas-vacinas", que evitam doenças como a hepatite B; "bananas-vacinas" contra doenças

infantis. Assim também como já há produção de frutas e vegetais fortalecidos com vitaminas

20

C e D; canola com óleo enriquecido com betacaroteno, o qual é convertido em vitamina A.

Esses são exemplos do potencial de aplicação dessas técnicas (DE COSA, 2000).

Atualmente, alguns antígenos para produzir vacinas contra doenças que atacam os

seres humanos já são expressos em plantas geneticamente modificadas, como é o caso do

rotavírus, do antígeno VP7 que provoca a diarréia severa em crianças e causa de um milhão

de mortes anualmente no mundo, expresso na batata. Pesquisadores chineses inseriram em

batata o gene VP7 que codifica uma proteína deste vírus, seus resultados provaram que o gene

foi expresso corretamente na planta, demonstrando ser um sistema adequado para promover e

conduzir uma resposta imune em ratos, indicando o potencial de utilizar em plantas para a

produção de vacinas comestíveis contra o rotavírus (WU, Y.-Z.,LI, J.-T,MOU, Z.-R, FEI, L.,

NI, B., GENG, M., JIA, Z.-C., ZHOU, W., ZOU, L.-Y., TANG, Y.,2003)

Entretanto, esses avanços só estarão à disposição dos países em desenvolvimento se

houver um programa contínuo de investimento e de formação e valorização de recursos

humanos competentes nessas novas tecnologias (GOLDENBERG, 2002).

O desafio está em conseguir uma coexistência sustentável entre biodiversidade,

biotecnologia e saúde, que reflita a relação e a integração da natureza com a sociedade, de

maneira que esse promova interatividade a cooperação e o inter-relacionamento entre as áreas

científicas e educacionais, para que ocorra de fato um maior debate com a sociedade para a

construção de suas políticas públicas (GARCIA, 1996).

2.1.1 Importância Social, Econômica e Política da Biotecnologia

A biotecnologia abrange diferentes campos do conhecimento sendo, portanto,

considerada uma área inter e até multidisciplinar, pois seus produtos e processos são obtidos

pela junção do conhecimento e do esforço de diferentes especialistas e profissionais das áreas

das ciências biológicas e biomédicas, tais como: geneticistas, biologistas moleculares,

bioquímicos, microbiologistas, engenheiros químicos, assim como de áreas que incluem as

ciências humanas e sociais (SERAFINI, BARROS & AZEVEDO, 2002).

A questão da biodiversidade, além de ser uma questão ecológica, ou científico-

tecnológica, passa a assumir também a dimensão geopolítica, no caso das biotecnologias, a

diversidade biológica identificada pela genética é matéria-prima básica para os avanços que se

observam nessa área, sendo transformada de mero recurso natural em recurso informacional

(ALBAGLI, 1998).

21

Há necessidade de substituir o pensamento reducionista, por uma atitude

interdisciplinar, pela qual especialistas de diferentes áreas possam integrar e gerar novos

conhecimentos, que incluem as áreas da Biotecnologia, biodiversidade e interações bióticas.

(AZEVEDO, 1998)

As novas tecnologias, principalmente quando interferem na vida humana, é lenta e,

muitas vezes, difícil. Isso aconteceu com a vacinação contra a varíola, no fim do século XVII,

cujo procedimento de infectar pessoas sadias, com material coletado de pústulas de gado

doente, parecia uma insanidade. No entanto, essa vacinação, tão criticada e de aceitação

complicada, resultou na erradicação universal de um vírus causador de uma enfermidade

temida (AZEREDO, 2003).

A regulamentação da biotecnologia foi pela primeira vez considerada em 1970,

quando foi solicitada moratória para aplicação dessa tecnologia até que maiores estudos

relacionados à biossegurança fossem realizados. Durante a Conferência de Asilomar a partir

dessa época, vários regulamentos foram estabelecidos por diversos países, visando ao controle

do uso desta tecnologia, considerados os aspectos de segurança para o homem, animais e o

meio ambiente (ODA e SOARES, 2000).

Na agricultura, entretanto, a primeira liberação de um Organismo Geneticamente

Modificado (OGM) no ambiente só ocorreu em 1986 na Inglaterra. Atualmente, cerca de 40

milhões de hectares no mundo são plantados com variedades agrícolas geneticamente

modificadas. Dentre essas variedades destacam-se a soja, o milho, a canola, a batata e o

algodão, entre outras, cujas modificações conferem tolerância a herbicidas, resistência a

insetos ou ambas (ODA e SOARES, 2000).

Na Europa, a diretiva 219/90 e 220/90 da União Européia, estabelecem

respectivamente procedimentos para o trabalho em contenção e liberação controlada no meio

ambiente de OGMs. Nos Estados Unidos, não existe regulamentação específica para o

controle do uso da tecnologia do DNA/RNA recombinante, mas os OGMs liberados no meio

ambiente são regulados por três agências governamentais, no âmbito da agricultura, do meio

ambiente e da saúde (ODA e SOARES, 2000).

No Brasil a Lei Federal 8.974 de janeiro de 1995, e o Decreto Federal 1.752/95

estabelecem as regras para as atividades com engenharia genética, incluindo aí os requisitos

para o trabalho em contenção e liberações ambientais de OGM. Essa regulamentação

possibilitou a incorporação da biotecnologia aos processos agrícolas no país. A Comissão

Técnica Nacional de Biossegurança – (CTNBio) Orgão do Governo Federal, é responsável

desde junho de 1996 pelo controle da Biotecnologia no país,cabe ao CTNBio tomar decisões

22

de riscos, assim como estabelecer requisitos e inspeções dos processos tecnológicos ou

Biotecnológicos (ODA e SOARES, 2000).

No Brasil é obrigatória a rotulagem dos produtos trangênicos ou geneticamente

modificados e a realização de estudo de impacto ambiental (EIA) para que possam ser

comercializados (ODA e SOARES, 2000).

No tocante às patentes, a concessão nas áreas biológicas e biotecnológicas envolvem

outros aspectos de ordem moral, política e econômica, mobilizando diferentes grupos de

interesse e levantando distintos pontos de vista (POSSAS, 2001).

De acordo com Programa de Biotecnologia e Recursos Genéticos, implementado em

fevereiro de 2002, pelo Ministério da Ciência e Tecnologia do Governo Federal do Brasil,

Secretaria de Políticas e Programas de Ciência e Tecnologia e o Departamento de Programas

Temáticos, a Biotecnologia destaca-se como base produtiva de diversos setores da economia,

que representam parte considerável do Produto Interno Bruto e das exportações. O processo

de ajuste estrutural da economia brasileira tem influenciado a demanda de inovações

tecnológicas nos principais setores usuários de Biotecnologia, combinando a estabilização

macroeconômica com a reformulação de políticas setoriais (SILVEIRA, 2004).

Nos países em desenvolvimento, notadamente no Brasil, há a necessidade de

promoção da Biotecnologia por meio de políticas que orientem o aprendizado, o investimento

e o financiamento, compartilhados por meio da organização e da manutenção das instituições

ou empresas de interesse pela promoção a pesquisa e produção científica (BONACELLI &

SALLES - FILHO, 2000).

A comunidade científica que desenvolve processos biotecnológicos encontra-se na

posição de maior competência e responsabilidade para expor o assunto ao público em geral,

devendo ser capaz de explicar em linguagem acessível os resultados de seus trabalhos, assim

como é necessário que a mídia lhe dê espaço e oportunidade para fazê-lo. O mesmo se aplica

os contatos com políticos e representantes de órgãos governamentais e não governamentais,

pois quanto mais a sociedade toma conhecimento dos fatos, maior a necessidade da

divulgação científica para a compreensão dos estudos e processos elaborados pelos cientistas.

(AZEREDO, 2003).

A posição de profissionais e da população não deve ser tomada com base em

depoimentos alarmistas e emocionais, mas sim ditada pela isenção de idéias preconcebidas,

pelo conhecimento e pela busca de informações (AZEREDO, 2003).

23

As novas tecnologias sempre estarão sujeitas a um segmento da população que lhes

oferece resistência, a posição costuma ser altamente influenciada pelas linguagens usadas nas

discussões da biotecnologia (AZEREDO, 2003).

Somente com informações acuradas e com a interação e a comunicação entre

especialistas da área científica e educacional, produtores, consumidores e autoridades

políticas, é que o desenvolvimento da biotecnologia será realmente harmônico e benéfico para

a sociedade (AZEREDO, 2003).

2.2 A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL

(LDB), OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (PCN) E O

ENSINO DE BIOLOGIA

Segundo Krasilchik (2004), a Biologia, incluída no ensino das Ciências, até a década

de 50 no Brasil era subdividida em botânica, zoologia e biologia geral, na disciplina história

natural. Neste período, o ensino era livresco, teórico, memorístico, estimulando a passividade.

Estudavam-se os vários grupos de organismos e suas relações filogenéticas separadamente.

Na década de 60, três fatores orientaram a estruturação no ensino de ciências: 1) o

progresso da biologia; 2) a constatação internacional e nacional da importância do ensino de

ciências como fator de desenvolvimento e 3) a Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional (LDB) nº 4.024, de 2 de dezembro de 1961, que descentralizou as decisões

curriculares. A tradicional divisão de botânica e zoologia passou do estudo das diferenças

para a análise dos fenômenos comuns a todos os seres vivos, desde a constituição molecular

até a comunidade. Passam a ser incluídas a ecologia e genética das populações, a genética

molecular e a bioquímica, dando importância ao método científico e a preocupação com a

formação do cidadão (KRASILCHIK, 2004).

Na década de 70, as questões ambientais decorrentes da industrialização

desencadearam nova visão sobre o ensino de Ciências. Passou-se a discutir as implicações

sociais do desenvolvimento científico. O sistema de ensino brasileiro sofreu mudanças

significativas com a promulgação da LDB, Lei 5.692/71, a escola secundária direciona não

mais a servir na formação do futuro cientista ou profissional liberal, mas principalmente ao

trabalhador, para responder às demandas do desenvolvimento industrial (KRASILCHIK,

1987).

24

A década de 80 no Brasil foi marcada por uma crise econômica e mudanças

significativas nas esferas sociais e políticas, que levaram a uma nova estruturação em diversos

setores do país, visando à transformação da ditadura Militar em uma construção de sociedade

democrática.

Em 1988 foi promulgada a nova Constituição Federal do Brasil, em vigor até a

presente data, que reorienta a estrutura educacional, notadamente para o sistema de ensino, e

regulamentou o Ensino Fundamental e Superior, não fazendo o mesmo para o Ensino Médio.

Esta modalidade, a partir de então, foi permeando entre a preparação para o trabalho e a

preparação para a continuidade dos estudos, perdendo sua identidade.

Na década de 90, é promulgada a nova LDB, Lei 9394/96, que reorganiza o sistema de

Ensino, o qual passa a ser organizado em Educação Básica (Educação Infantil, Ensino

Fundamental e Ensino Médio) e o Ensino Superior. O Ensino Médio, passa a ter finalidades

específicas, sendo etapa final da Educação Básica e de consolidação e aprofundamento de

conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental, bem como, de conhecimentos

tecnológicos e de formação profissional.

Em 1998, para normatização da LDB, foram regulamentadas as Diretrizes Curriculares

Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM), publicam-se então os Parâmetros Curriculares

Nacionais (PCN), que propiciam aos sistemas de ensino, particularmente aos professores,

subsídios à elaboração e/ou reelaboração do currículo, visando à construção do projeto

pedagógico, em função da cidadania do aluno.

Os PCN se propõem a orientar na organização dos subsídios teóricos e metodológicos,

com os referenciais estabelecidos pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) para cada

etapa dos ensinos fundamental e médio no Brasil.

O ensino passou a ser organizado por áreas de conhecimento, ficando a Biologia

inserida na área de Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias, integrado às

disciplinas de Física, Química e Matemática.

A proposta dos PCN é garantir a crianças e jovens brasileiros, mesmo em locais com

condições socioeconômicas desfavoráveis, o direito de usufruir do conjunto de conhecimentos

reconhecidos como necessários para o exercício da cidadania. Não possuem caráter de

obrigatoriedade e, portanto, pressupõe-se que serão adaptados às peculiaridades locais.

Os PCN organizam o Ensino de Ciências e Biologia para a compreensão e

investigação de linguagens para a representação e sistematização do conhecimento de

fenômenos, processos naturais e tecnológicos que compõem a cultura científica e tecnológica

da evolução social e econômica, na atualidade e ao longo da história.

25

Os PCN elegem o desenvolvimento de competências e habilidades, em detrimento de

uma abordagem profunda dos conteúdos e saberes historicamente acumulados pelos

diferentes campos do conhecimento, e têm como princípios a interdisciplinaridade e a

contextualização dos conteúdos.

Entre as competências propostas nos PCN na Área das Ciências da Natureza

Matemática e suas Tecnologias (CNMT), no âmbito da Representação e Comunicação, o

professor deverá proporcionar condições para que o aluno possa: 1) Reconhecer e utilizar

adequadamente, na forma oral e escrita, símbolos, códigos e nomenclatura da linguagem

científica; 2) Consultar, analisar e interpretar textos e comunicações de ciência e tecnologia

veiculadas por diferentes meios; 3) Elaborar comunicações orais e escritas para relatar,

analisar e sistematizar eventos, fenômenos, questões, entrevistas, visitas e correspondências;

4) Analisar, argumentar e posicionar-se criticamente em relação a temas de ciência e

tecnologia. Para tanto é imprescindível que os conhecimentos se apresentem como desafios

cuja solução envolve mobilização de recursos cognitivos, investimento pessoal e perseverança

para uma tomada de decisão.

Para o desenvolvimento de competências no âmbito da Investigação e Compreensão

no PCN-CNMT, o professor deverá proporcionar ao aluno condições para que o mesmo

possa: 1) Identificar em cada situação-problema as informações ou suas variáveis relevantes e

as possíveis estratégias para resolvê-la; 2) Estabelecer relações e identificar regularidades,

variantes e transformações; 3) Selecionar e utilizar instrumentos de medição e cálculo,

representar dados e utilizar escalas, fazer estimativas, elaborar hipóteses e interpretar

resultados; 4)Reconhecer, utilizar, interpretar e propor modelos explicativos para fenômenos

naturais ou tecnológicos.

As competências no âmbito da Contextualização Sociocultural do PCN-CNMT o

professor deverá propiciar condições para que seus alunos possam: 1) Compreender o

conhecimento científico e o tecnológico como resultados de uma construção humana,

inseridos em um processo histórico e social; 2) Compreender a ciência e a tecnologia como

partes integrantes da cultura humana contemporânea; 3) Reconhecer e avaliar o

desenvolvimento tecnológico contemporâneo, suas relações com as ciências, seu papel na

vida humana, sua presença no mundo cotidiano e seus impactos na vida social; 4) reconhecer

e avaliar o caráter ético do conhecimento científico e tecnológico e utilizar esses

conhecimentos no exercício da cidadania.

Os PCN no campo da Biologia incluem em suas finalidades o domínio de

conhecimentos biológicos para compreender os debates contemporâneos e deles participar,

26

assim como ser capaz de enfrentar questões com sentido prático, visando à manutenção de sua

própria existência e no que diz respeito à saúde, à produção de alimentos, à produção

tecnológica e ao modo como interage com o seu meio. A biotecnologia é citada como tema

estruturador para este processo de ensino-aprendizagem.

Introduzir uma temática como a Biotecnologia exige do professor a correlação com o

contexto sócio-histórico-cultural, quanto ao conceito ou à discussão que se pretenda fazer com

a temática, com as diferentes áreas do conhecimento e ou por meio da apresentação da

história da ciência para a sua contextualização.

Um trecho do documento aborda uma questão mais abrangente e importante para a

utilização da história e filosofia da ciência no ensino das disciplinas já existentes, como a

Biologia.

Estudos na História e Filosofia da Ciência é um desafio para o professor, uma vez que raramente sua formação inicial contemplou estes campos de conhecimentos dedicados à natureza da Ciência. São estudos que proporcionam consistência à visão de Ciência do professor e uma distinção mais clara entre Ciência e natureza. [...] Ao mesmo tempo, o professor adquire subsídios para entender e dar exemplos da mútua dependência entre o desenvolvimento científico e tecnológico e da grande influência do conhecimento científico na modelagem das visões de mundo. (BRASIL.MEC/SEF, 1998. p. 89)

Os PCN, além das orientações sobre o ensino, fazem recomendações aos professores e

escolas, quanto à importância dos mesmos para orientações relativas à capacitação ou

formação continuada.

Um fator determinante talvez esteja na formação do professor. O fato de os cursos de

licenciatura em Ciências Naturais, na maioria dos casos, não contemplarem reflexões de

ordem filosófica e epistemológica acerca do empreendimento científico parece ser um dos

mais imponentes obstáculos à utilização da história da ciência em sala de aula pelo professor.

Desprovido muitas vezes de um conhecimento mais amplo sobre essas discussões, o professor

geralmente recorre às suas próprias vivências e interpretações, que servirão como base para a

atuação em sala de aula.

Essas recomendações são pertinentes, uma vez que a característica do atual

conhecimento científico, tecnológico e profissional exige contínua atualização profissional e a

contínua produção do conhecimento através da investigação, reflexão e conversação com uma

situação concreta, que se manifesta complexa, única e conflituosa. O professor precisa

produzir conhecimentos profissionais na e em sua ação profissional (MALDANER, 1999).

27

Trata-se, portanto, de inverter o que tem sido a tradição de ensinar Biologia como

conhecimento descontextualizado, independentemente de vivências, de referências a práticas

reais, e colocar essa ciência como “meio” para ampliar a compreensão sobre a realidade,

recursos graças aos quais os fenômenos biológicos podem ser percebidos e interpretados,

instrumento para orientar decisões e intervenções.

2.2.1 O papel do professor no processo ensino-aprendizagem

Um aspecto relevante no processo ensino-aprendizagem é o papel do professor.

Segundo Garcia (1992), o professor deve dominar competências e desenvolver habilidades

“cognitivas e metacognitivas” para atuar não somente como transmissor de informações, mas

sim como articulador e mediador na compreensão de conceitos relevantes da ciência, nos

assuntos polêmicos, assim como o de destreza de condutas.

No contexto educacional, entende-se a mediação como intervenção do professor para

desencadear o processo de construção do conhecimento de maneira intencional, sistemática e

planejada, potencializando ao máximo as capacidades do aluno.

O aprimoramento da capacidade do aluno para comunicar-se também é um dos alvos a

serem atingidos pelo professor, na medida em que o aluno é solicitado a verbalizar e a

expressar o seu pensamento, ou seja, deve se estabelecer uma relação dialógica de

reciprocidade com o professor.

O diálogo entre e com os discentes coloca o professor numa posição de flexibilidade, e

sua atenção volta-se para três aspectos fundamentais: 1) as necessidades do aluno; 2) as

exigências do conteúdo e 3) as próprias limitações do professor. Essa postura mais flexível do

professor contribuirá para a constituição de um aluno também mais flexível na relação com o

outro, com o conhecimento e consigo mesmo.

Schon, Perrenoud e Nóvoa (1993) propuseram o conceito de “ação na reflexão”. Este

processo é definido como aquele no qual o professor se supervisiona com base na análise e na

interpretação da sua própria prática profissional. Assim os conhecimentos construídos pelo

professores constituem-se em instrumentos para a sua prática. A escola deve ser considerada

como espaço de produção de conhecimento pedagógico (CARVALHO, 1993).

Na abordagem de Schon, é dada ênfase a duas categorias de reflexão: a reflexão-na-

ação e a reflexão-sobre-a-ação. A primeira possibilita a reformulação da ação do professor

enquanto ela está acontecendo. A segunda se refere à análise que o professor faz de sua

28

própria ação depois de realizá-la. De acordo com esse autor, os dois tipos de reflexões são

imprescindíveis para o professor analisar efetivamente sua prática – e reformulá-la, se for o

caso (PRADO, 1998).

2.2.2 O professor e sua prática-pedagógica

No processo de formação do professor exige-se uma pesquisa-ação sobre a prática

pedagógica: o professor deve tomar a própria ação educativa como objeto de pesquisa e

investigar seus erros e acertos, levantando possibilidades de melhorar sua intervenção

(MALDANER, 1999).

Ele deve ser crítico em sua prática e também promover objetivamente a capacidade de

pensar em seus alunos a sua prática e, conjuntamente, ser um mediador nas suas escolhas de

planejamento didático, que possibilitem a construção de competências tanto para o professor

como para o aluno fazer inúmeras e inusitadas relações às aplicações no contexto atual.

(SHÖN, PERRENOUD e NÓVOA,1993)

Os PCN no Ensino da Biologia propõem, entre os temas estruturadores, a

Biotecnologia. O Estudo da Biotecnologia exige a compreensão dos avanços científicos e de

suas implicações éticas e morais, assim como seu processo de desenvolvimento sócio-

histórico, para que professor e seus alunos possam discutir questões como nutrição, saúde,

emprego e preservação e manutenção dos seres vivos e do ambiente.

A partir da ativação do conhecimento prévio, da análise das Representações Sociais

dos envolvidos, é possível fazer a interpretação das situações vividas e assim redirecionar o

planejamento para a introdução de temáticas, como os conceitos e aplicações da

Biotecnologia.

A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, em parceria com a Fundação

Vanzolini, desenvolve atualmente o Programa de Formação Continuada em horário de

trabalho, Ensino Médio em Rede (EMR) iniciado em 2004, destinado aos Assistentes

Técnicos Pedagógicos (ATP), Supervisores de Ensino, Professores Coordenadores (PC) e

Professores de Educação Básica nível II que atuam no Ensino Médio regular.

O EMR é financiado pelo Programa de Melhoria e Expansão do Ensino Médio

(PROMED), tem por objetivos melhorar a qualidade e a eficiência do ensino médio, expandir

sua cobertura e garantir maior eqüidade social. Dentre as metas estabelecidas destacam-se

aquelas voltadas para apoiar o programa de reforma curricular e estrutural do Estado de São

29

Paulo, assegurando a formação continuada de docentes e gestores de escolas desta modalidade

de ensino, através Ministério da Educação (MEC) e o Banco Interamericano de

Desenvolvimento (BID).

Os temas propostos pelo EMR estão voltados para o desenvolvimento curricular no

Ensino Médio, nas áreas de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, Ciências da Natureza,

Matemática e suas Tecnologias e Ciências Humanas e suas Tecnologias.

O EMR realiza discussões sobre as especificidades curriculares do Ensino Médio, a

partir de subsídios teórico-metodológicos, para fazer um diagnóstico da realidade das escolas

e regiões e avaliando o projeto político-pedagógico proposto para cada uma delas. Visa ao

trabalho do currículo de modo interdisciplinar, principalmente por meio da leitura e da escrita,

o que poderá trazer mudanças para as práticas pedagógicas, fortalecendo as ações das equipes

escolares, por meio da articulação e da integração, no cotidiano, dos aspectos ligados à gestão

educacional e à gestão didático-pedagógica, além de desenvolver a competência como leitor e

produtor de textos e recebendo subsídios para desenvolver essas competências nos alunos.

A articulação do Programa é desenvolvida pelos professores no Horário de Trabalho

Pedagógico Coletivo (HTPC) e na própria sala de aula, sob a orientação dos Professores

Coordenadores (PC) e auxílio de Professores Representantes (PR) de cada área do

conhecimento. O PC é mediado pelos Assistentes Técnico-Pedagógicos, nas Diretorias de

Ensino, nas Unidades escolares e nos ambientes da Rede do Saber, através de:

teleconferências, videoconferências, atividades pela Internet, atividades presenciais, oficinas

de leitura e escrita e vivências educadoras.

Dentre os tópicos de estudos estabelecidos pelo programa, o EMR destaca e

fundamenta a importância da Representação Social, como referencial para análise de sua

prática pessoal e profissional, junto a sua realidade e contexto do mundo atual.

O conteúdo do programa EMR se compõe da leitura e estudos, subsidiados por

referencias teóricos, impressos em CR-rom com publicações de artigos e produções

científicas da área da educação, material de apoio, com Vivências Formativas e Educadoras

para discussões dos referencias com propostas de atividades práticas, apresentando:

- Visão histórica e perspectivas atuais do Ensino Médio, focalizando as mudanças

exigidas pela sociedade para ampliar as finalidades desse nível de ensino em direção à

formação cidadã, à preparação para o mundo do trabalho e ao prosseguimento dos estudos

(LDB e DCNEM).

- A organização curricular (PCNEM e PCN+):

• A articulação entre as disciplinas de uma mesma área do conhecimento;

30

• A articulação entre as diferentes áreas de conhecimento;

• Interdisciplinaridade e contextualização como princípios;

• Competências e habilidades para o exercício da cidadania.

- Alternativas metodológicas que contemplam a iniciativa do aluno, sua reflexão sobre

o objeto de conhecimento e a resolução de problemas.

- Aprofundamento do estudo dos princípios e pressupostos teórico-metodológicos da

formação de professores.

O Programa EMR, em sua segunda fase propõe o trabalho com gêneros do discurso e

capacidades de leitura e escrita nas áreas curriculares, em que defende que a escola é o

ambiente para a ampliação do letramento, e que a mesma deve possibilitar que a seus alunos a

participação em várias práticas sociais que se utilizam da leitura e escrita.

Os gêneros do discurso são formas de dizer sócio-historicamente cristalizadas,

oriundas de necessidades produzidas em diferentes esferas de comunicação humana, como a

cotidiana, a artística, a jornalística, a publicitária, a científica, utilizadas pelos indivíduos de

acordo com seus interesses individuais, porém todas elas podem e devem ser incluídas na

esfera escolar, que também possuem gêneros próprios e estes se integram numa esfera mais

abrangente que é a política (EMR, 2006).

O Programa EMR destaca para a área CNMT a reflexão e a análise de se compreender

os gêneros discursivos que costuma se utilizar, como os textos didáticos, os verbetes e,

sobretudo os artigos de divulgação científica, destacando que se compreendam as

propriedades desses gêneros, tirando deles o melhor proveito, de acordo com as finalidades de

sua leitura, para que de fato se perceba o sentido da informação.

2.2.3 Fonte de pesquisa do professor em sua prática-pedagógica

A rápida evolução do conhecimento nas áreas de biologia molecular e de suas

tecnologias tem gerado uma lacuna na formação acadêmica dos atuais professores. Por outro

lado, os alunos demandam esse conhecimento por influência de fontes de informação como,

por exemplo, a imprensa escrita e falada, onde esses temas têm ocupado um espaço regular.

Assim, percebe-se que os professores têm a necessidade premente de atualização e

aperfeiçoamento nesses assuntos (BOSSOLAN, SANTOS & MORENO, 2005)

31

Portanto, o intuito de estudar as Representações Sociais dos professores de Biologia

neste segmento da pesquisa é explorar como ele entende a Biotecnologia, como analisa,

adquire e pensa as informações e conhecimentos no processo ensino-aprendizagem atual.

O fazer ciência, isto é, pensar sobre o funcionamento das coisas da natureza e do ser

humano e transmitir ensinamentos a respeito dessa reflexão, são atividades simultâneas desde

a Grécia Antiga. Mas houve muitas modificações, ao longo do tempo, no público que tem

acesso a esses conhecimentos, nas finalidades do ensinamento e na forma como ele se dá.

Por várias razões, mudanças sócio-históricas, interesses na qualificação dos

trabalhadores, mudanças na dinâmica política e nas classes dominantes, a ciência, tal como as

artes e os ofícios, sempre foi um bem cultural cobiçado. A idéia de “di-vulg-ação”, isto é, a

ação de dar ao vulgo (à plebe, aos pobres, aos trabalhadores, aos que falam a língua vulgar, o

povo) os bens do conhecimento, ganhou força e foi incentivada pelos intelectuais da

Revolução Francesa – os Iluministas, que levariam as luzes (da ciência) ao século XVII. O

tipo de texto e de discurso, o livro didático e de divulgação científica, nasceram justamente

desta vontade política de dar ao vulgo os bens culturais da ciência e do conhecimento (ROJO

e LASTÓRIA, 2006).

ROJO e LASTÓRIA (2006) destacam que a maior ação de impacto em divulgar os

achados da ciência fora da escola, já que estes eram compilados ao ensino da Filosofia,

História e das sete Artes Liberais, foi a organização da Encyclopédie por Denis Diderot

(1713-1784) e Jean Lê Rond d`Alembert (1717-1783), esse empreendimento tomou a seus

organizadores e colaboradores mais de vinte anos e resultou de 28 volumes, com verbetes

sobre temas e conceitos científicos, organizados pela primeira vez em ordem alfabética, deu

origem ao formato de enciclopédia que hoje conhecemos. Esta obra foi concluída em 1772,

popularizou e defendeu a idéia de liberdade individual, liberdade de pensar, escrever e

publicar; liberdade comercial e industrial; e declarou guerras às idéias religiosas e ao

absolutismo político, considerados obstáculos para a liberdade.

Podemos dizer que as metas modernas e burguesas do Iluminismo foram alcançadas,

hoje encontramos nas salas de aulas, nas bancas de jornal, na internet e também nas

bibliotecas textos de divulgação científica, confiáveis ou não por interesses culturais e

políticos e atualizados em forma de notícias, matérias, artigos, resenhas e resumos.

Cabe aos professores, como articuladores na discussão dos saberes científicos em sua

divulgação de conhecimentos, analisar e mediar esses textos e gêneros discursivos,

destacando a origem da publicação, suas finalidades, assim como identificar o tipo de leitor ao

32

qual os textos se destinam, seus organizadores e autores, assim como reconhecer e

compreender as linguagens neles expressos.

Segundo KRASILCHIK (2000), as definições dos conteúdos e dos temas incluídos nos

currículos das disciplinas refletem as idéias correntes sobre a Ciência. Na primeira geração

dos projetos científicos, a Ciência era considerada uma atividade neutra, isentando os

pesquisadores de julgamento de valores sobre o que estavam fazendo, como no fato da

produção da bomba atômica, os cientistas procuraram não assumir sua responsabilidade no

conflito bélico, pois se pretendia desenvolver a racionalidade, a capacidade de fazer

observações controladas, preparar e analisar estatísticas, respeitar à exigência de

replicabilidade dos experimentos.

Já entre 1960 e1980, as crises ambientais, o aumento da poluição, a crise energética e

a efervescência social manifestada em movimentos como a revolta estudantil e as lutas anti-

segregação racial determinaram profundas transformações nas propostas das disciplinas

científicas em todos os níveis do ensino. Simultaneamente às transformações políticas ocorreu

a expansão do ensino público, que não mais pretendia formar cientistas, mas também fornecer

ao cidadão elementos para viver melhor e participar do breve processo de redemocratização

ocorrido no período. A proposta seria a admissão das conexões entre a ciência e a sociedade e

que o ensino não se limitasse aos aspectos internos à investigação científica, mas à correlação

destes com os aspectos políticos, econômicos e culturais, surgindo aí os projetos que incluem

a interdisciplinaridade, com temas principalmente ligados a questões de saúde e meio

ambiente (KRASILCHIK, 2000).

Segundo KRASILCHIK (2000), concomitante aos processos de alteração curricular e

ao agravamento dos problemas sociais e econômicos, foi incorporada a competição

tecnológica, levando a exigir que professores e estudantes tivessem preparo para compreender

a natureza, o significado e a importância da tecnologia para a sua vida como indivíduos e

como membros responsáveis da sociedade. Esta reflexão nos faz confirmar a necessidade de

acompanhar e compreender os avanços da ciência nas discussões de temas relevantes e

polêmicos, como o da Biotecnologia, para que educadores e educandos tornem-se críticos

conscientes em suas responsabilidades como cidadãos, e de forma inteligente e informada

possam tomar decisões que afetem não somente sua comunidade mais próxima, mas as que

possam ter efeitos de amplo alcance.

Há, portanto, um novo componente no vocabulário e nas preocupações dos

educadores, a alfabetização científica, que traz novas exigências para compreensão da

interação estreita e complexa com problemas éticos, religiosos, ideológicos, culturais, étnicos

33

e as relações com o mundo interligado por sistemas de comunicação e tecnologias, cada vez

mais eficientes com benefícios e riscos no globalizado mundo atual.

2.3 REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

As Representações Sociais são produtos de determinações tanto históricas como do

aqui-e-agora e construções que têm a função de orientar, são conhecimentos sociais que

situam o indivíduo no mundo e, situando-o, definem sua identidade social e o seu modo de

ser em particular, que se constitui um dos produto de seu ser social (MOSCOVICI, 2004)

A Teoria das Representações Sociais foi proposta por Serge Moscovici no início dos

anos sessenta com sua tese de doutorado publicada no livro “La Psycanalyse, son image et

son public: étud sur la representation sociale de la psychanalyse”. Posteriormente, em 1976,

Moscovici reescreveu sua obra, seu estilo, reduzindo as indicações técnicas, destinado-a a um

público não mais de especialistas, como ocorrera com a primeira edição (MOSCOVICI, 1978)

Moscovici partiu dos conceitos de Durkheim sobre as Representações Coletivas. Para

Durkheim as representações coletivas diferenciam-se das representações individuais porque

enquanto as individuais transformam-se ininterruptamente, conforme a consciência de cada

pessoa, as representações coletivas se mantêm pelas bases já estabelecidas, partilhadas por

todos os membros de um grupo, ou de uma sociedade (MOSCOVICI, 1997).

Durkhein diz que através de símbolos as sociedades se reconhecem e demarcam os

limites do coletivo e do individual, e descreve que diferentes sociedades que representam

diferentemente o mundo habitam mundos diferentes. O indivíduo sofre as restrições das

representações dominantes na sua sociedade, o que conforma a sua mentalidade e prática.

(MOSCOVICI, 1997).

Moscovici (1978) renova o modo de análise tradicional da sociedade, realizado por

Durkheim, insistindo na especificidade dos fenômenos representativos que ocorrem nas

sociedades contemporâneas e se caracterizam pela intensidade e fluidez das trocas e

comunicações, pelo desenvolvimento da ciência e pela mobilidade social.

A Representação Social é tida como um legítimo objeto de estudo, devido a sua

importância na vida social, pelo conhecimento que ela traz sobre os processos cognitivos e as

transformações sociais, permitindo a compreensão dos sistemas simbólicos que, afetando os

34

grupos sociais e as instituições, também afetam as interações cotidianas na sociedade como

um todo e/ou em determinados segmentos dessa sociedade (MOSCOVICI,. 1997).

Segundo Moscovici (1978), as Representações Sociais são formas de conhecimento

socialmente elaborado e partilhado, têm uma visão prática e concorrem para a construção de

uma realidade comum a um conjunto social.

Moscovici(1978) conclui que as Representações Sociais são, ao mesmo tempo, um

"produto" do social e um "processo" de instituição desse social, tendo, entre outras, as funções

de elaboração de comportamentos e de comunicação entre indivíduos.

As Representações Sociais são elaboradas no âmbito dos fenômenos comunicacionais

que repercutem sobre as interações e mudanças sociais, a comunicação social é responsável

pelo modo como se forjam as Representações Sociais, assim como determina a formação do

processo representacional estruturado em três níveis: 1) O cognitivo, que se refere ao acesso

desigual das informações, interesses ou implicação dos sujeitos, necessidade de agir em

relação aos outros; 2) O da formação da Representação Social, estruturado pela objetivação e

ancoragem; 3) E pela edificação das condutas, elaboradas por opiniões, atitudes e

estereótipos (MOSCOVICI, 2004).

Para Abric (2001), a representação é um conjunto organizado de opiniões, atitudes, de

crenças e de informação referentes a um objeto ou situação. È determinada ao mesmo tempo

pelo próprio sujeito ( sua história, sua vivência), pelo sistema social e ideológico no qual ele

está inserido e pela natureza dos vìnculos que ele mantém com esse sistema social. Segundo

este autor, a Representação Social é organizada em torno de um núcleo central – que unifica e

dá sentido ao conjunto de uma representação, e de alguns elementos periféricos, que permitem

certa flexibilidade à mesma.

O núcleo central diz respeito àquelas representações construídas a partir de condições

históricas particulares de um grupo social, ou seja, representações construídas pelo grupo em

função do sistema de normas ao qual o sujeito se relaciona que, por sua vez, estão

relacionadas às condições históricas, sociológicas e ideológicas deste grupo ( ABRIC, 2001).

Os elementos periféricos dizem respeito às adaptações individuais destas

representações, em função da história de vida de cada membro desse mesmo grupo. Assim, o

núcleo central atua como elemento unificador e estabilizador das representações sociais

construídas por um determindao grupo, enquanto que elementos periféricos constituem-se em

verdadeiros sistemas qiue atuam no sentido de permitir certa flexibilidade às mesmas que,

diante de elementos novos, esses últimos é que são acionados para realizar as devidas

35

adaptações, evitando assim, que o significado central das representações, para aquele grupo,

seja colocado em questão (ABRIC, 2001).

Segundo Abric (2001), o sistema central é, portanto, estável, coerente, consensual e

historicamente definodo. O sistema periférico, por sua vez, contitui o complemento

indispensável do sistema central do qual ele depende. Isso porque o sistema central é

essencialemnte normativo, enquanto o sistema periférico, é funcional. Usto quer dizer que é

graças a ele que a representação pode ancorar na realidade do momento.

Enquanto processo, Moscovici (1978) observou que as Representações Sociais

dependem de dois elementos dialeticamente relacionados, denominados de "objetivação" e de

"ancoragem". A primeira consiste na transformação de um conceito ou idéia em algo concreto

que permita ao sujeito/grupo ter uma imagem facilmente exprimível do objeto representado.

Pelo processo de objetivação, nasce um "modelo figurativo" da atividade psíquica dos

sujeitos, a partir de uma série de informações parciais e selecionadas, que são convertidas em

supostos reflexos do real.

A objetivação condensa diferentes significados acerca de um novo objeto,

banalizando-o, tornando-o comum, familiarizando-o à vida do grupo, da sociedade,

concretizando-o.

Segundo Spink (1995), objetivar é descobrir a qualidade icônica de uma idéia ou ser

impreciosos para reproduzir um conceito em uma imagem, coisas que não são classificadas

nem denominadas, são estranhas, não existentes e ao mesmo tempo ameaçadoras.

No processo de ancoragem, o novo objeto, até então desconhecido, vincula-se a uma

realidade conhecida, institucionalizada, classificando, denominando, criando uma nova base

de objetos comuns, familiares, integrando-o cognitivamente ao sistema social já existente,

enquanto gera transformações no sistema de pensamento pré-existente, tornando-o um

mediador e um critério de relações entre grupos, facilitando a interpretação das relações

interpessoais e das condutas (SÁ, 1995).

Moscovici (2004) faz um comparativo entre ciência e representação social e diz que

ambas são tão diferentes entre si e ao mesmo tempo tão complementares, que se faz

necessário pensar e falar em ambos os registros. A ciência anterior a era do Iluminismo era

baseada no senso comum e fazia o senso comum menos comum; mas agora senso comum é a

ciência tornada comum, exigindo que se ponha em funcionamento os dois mecanismos de um

processo de pensamento baseado na memória e em conclusões passadas.

Os suportes pelos quais as Representações transitam no cotidiano dos grupos devem-

se não só aos discursos das pessoas pertencentes a esses grupos, aos seus comportamentos e

36

práticas sociais como também aos documentos e registros que institucionalizam esses

veículos, além de informações fornecidas pelos meios de comunicação de massa, que desse

modo se mantêm enquanto se transformam, e vice-versa (SPINK, 1998).

Segundo Moscovici (2004), categorizar, ou seja organizar significações, classificar ou

julgar alguém ou alguma coisa, significa escolher um dos paradigmas estocados em nossa

memória e estabelecer uma relação positiva ou negativa com ele.

A teoria das Representações Sociais constitui num suporte teórico valioso no estudo

do contexto escolar, sua contribuição reside principalmente na compreensão da formação e

consolidação de conceitos socialmente construídos e veiculados pelos sujeitos integrantes da

escola, que orientam seus comportamentos nas relações pedagógicas cotidianas (SHÖN,

PERRENOUD e NÓVOA, 1993).

As Representações Sociais, a partir de uma visão interdisciplinar, configura-se como

um produto de estudo, em áreas que buscam nessa disciplina elementos explicativos da

compreensão, como o da Biotecnologia, seja ela dentro de sua própria educação e de sua

condução na transmissão de informação e comunicação no contexto escolar (PRADO, 1998).

A Representação Social é uma forma de conhecer a sociedade atual, cuja velocidade

vertiginosa da informação obriga a um processamento constante do novo, porém ela não é

uma cópia nem um reflexo, uma imagem fotográfica da realidade: é uma tradução ou versão

desta. Assim também é a Representação que está em transformação como o objeto que tenta

elaborar ou compreender (ARRUDA, 2002).

37

3 OBJETIVOS

Explorar, analisar e realizar o estudo das Representações Sociais de professores de

Biologia do Ensino Médio da Rede Pública Estadual de São Paulo sobre a Biotecnologia em

Saúde, assim como analisar a aquisição dos conhecimentos e sua utilização no processo de

ensino-aprendizagem em seu campo de atuação profissional.

38

4 MÉTODO

4.1 PARTICIPANTES

A pesquisa foi realizada com a participação de 64 professores de Biologia da Rede

Pública Estadual de São Paulo, que atuam no Ensino Médio das escolas vinculadas à Diretoria

de Ensino – Região Suzano. Abrange os Municípios de Suzano e Ferraz de Vasconcelos, local

este onde a Autora da Pesquisa exerce a função de Assistente Técnico Pedagógico de

Biologia.

A Autora possui, entre as atribuições (Resolução da SE-12/2005, Art.4º), as de

articular e desenvolver ações centralizadas, a exemplo o EMR. Exerce desde 2004 essa

função como Mediadora, propondo discussões teórico-metodológica do Programa juntamente

com Especialistas, os PC e PR, descentralizadas de formação continuada na área de Ciências

da Natureza, em específico na área Biológica. Participa da elaboração, implementação,

acompanhamento e avaliação das atividades de natureza pedagógica presentes no Plano de

Trabalho da Diretoria, em consonância com as diretrizes da política educacional da Secretaria

de Estado da Educação de São Paulo. A partir da análise de indicadores, presta assistência e

apoio técnico-pedagógico às equipes escolares, estimula o estudo e a utilização de novas

tecnologias e metodologias na prática docente.

Para a Autora, é de fundamental relevância, no exercício de sua função profissional,

conhecer o perfil destes Professores de Biologia a partir da análise dos indicadores que esta

pesquisa objetiva para, posteriormente, prestar assistência e apoio técnico-pedagógico em

ações de formação continuada ao sistema educacional vigente.

Os perfis dos sujeitos da pesquisa estão indicados nas tabelas de 1 a 5.

4.2 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

Foi aplicado um questionário composto de questões abertas e fechadas. O questionário

buscou coletar dados e elementos de suas Representações Sociais, opiniões e percepções

sobre a Biotecnologia e de sua formação, além das fontes de informações de e para sua prática

docente. Foi destinado um espaço para comentários, sugestões e opiniões de assuntos não

tratados no questionário.

39

O questionário foi constituído por 28 questões, 18 questões com enunciados abertos,

dentre as quais 11 questões compostas de alternativas “sim”, “não” ou “concordo

plenamente”, “discordo plenamente” “concordo em parte”, “discordo em parte”, “não tenho

opinião”, para serem escolhidas e posteriormente justificadas pelos sujeitos. E 10 questões

com enunciados fechados.

O Quadro 1 apresenta as variáveis, os indicadores e o tipo de questão do questionário.

Quadro 1. Variáveis, indicadores e tipo de questão.

Questões Variáveis Indicadores Fechadas Abertas e com

Alternativas Abertas

Identificação Idade; sexo; Formação; Disciplina que leciona; Tempo de magistério; Vinculo com a escola;

1, 2, 4, 6, 7, 9, 10

3, 5, 8

Representação Social sobre a Biotecnologia com enfoque em Biotecnologia em Saúde

Conhecimento sobre a biotecnologia; Seu Conhecimento e opinião sobre Aplicações da biotecnologia e da biotecnologia em saúde; suas Fontes de informações;

11,12,19 15, 16, 17, 18, 21, 22, 23

13, 14, 20

Representação dos PCNEM, PCN+Saúde

Conhecimento dos Parâmetros Curriculares, utilização dos PCN, Se segue a Recomendação sugerida pelos PCN

24, 25, 26, 27

Manifestações Pessoais

Expectativas quanto à temática abordada na pesquisa

28

As variáveis definidas para compor este trabalho não esgotam o tema.

Outras variáveis seriam importantes para a caracterização das Representações Sociais

dos professores de Biologia sobre Biotecnologia, tais como informações de procedimentos

metodológicos, teóricos e práticos no desenvolvimento de seus conhecimentos em sua

vivência pedagógica e profissional em sala de aula. Mas, devido às limitações que encerram

uma dissertação, a Autora deixa de antemão registrada aqui a necessidade de continuidade de

trabalhos científicos que versem e complementem aspectos do processo ensino-aprendizagem

sobre a Biotecnologia.

40

4.3 PROCEDIMENTO

O questionário foi inicialmente submetido à Comissão de Ética da Universidade de

Mogi das Cruzes, para execução da pesquisa, aplicando-se, a princípio, como questionário

piloto.

O questionário piloto foi aplicado a um número restrito de quatro professores, para se

determinar as possíveis distorções, cronometrar o tempo utilizado para suas respostas nas

questões elaboradas, assim como verificar as possíveis dificuldades de compreensão dos

enunciados das questões.

As respostas dos professores voluntários serviram de parâmetro para socializar a

explanação e a compreensão das questões na aplicação oficial e organizar a possível

categorização da análise dos conteúdos organizados nesta pesquisa.

Foi solicitada a autorização, ressaltando os objetivos da pesquisa, à Dirigente de

Ensino da Diretoria de Ensino – Região Suzano, a qual permitiu a aplicação deste

questionário a todos os docentes de Biologia registrados nesta Diretoria, a fim de que este se

tornasse registro e referência quanto ao perfil docente, para socialização, estudos e

providências pedagógicas posteriores.

O convite para a participação da pesquisa foi efetuado durante a Orientação Técnica de

Biologia, promovida pela Oficina Pedagógica da Diretoria de Ensino - Região Suzano, sobre

o Ensino da Biologia no Ensino Médio, organizada e conduzida pela Autora.

Foram apresentados o objetivo da pesquisa e as instruções quanto preenchimento do

questionário, e solicitou-se autorização em Termos de Consentimento livre no uso de seus

dados e registros, sem a identificação nominal dos participantes para análise de conteúdo das

Representações.

O questionário foi aplicado em dois períodos, para contemplar professores de Biologia

que atuam somente no período diurno e ou somente no período noturno, com uma média de

duração de uma hora e meia.

Não houve restrições durante a execução da descrição de suas respostas ao

questionário.

41

4.4 ANÁLISE DOS DADOS:

As respostas dadas às questões abertas foram analisadas utilizando a Técnica de

Análise de Conteúdo (Bardin, 1997). Os argumentos apresentados nas respostas foram

agrupados em categorias, cujas freqüências foram apresentadas em porcentagens. Utilizou-se

o teste Qui-quadrado para analisar a significância das diferenças das freqüências entre as

categorias.

A análise de conteúdo pode ser entendida como um conjunto de técnicas de análise das

comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do

conteúdo das mensagens, indicadores qualitativos e que permite inferência de conhecimentos

relativos às condições de produção/recepção de mensagens e as variáveis que podem ser

inferidas. (BARDIN,1977).

Do ponto de vista analítico instrumental, este conceito foi fundamental para a

compreensão dos dados fornecidos nos questionários.

Segundo Bardin (1977), o Método de Análise de Conteúdo pretende tomar em

consideração a totalidade de um texto, passando-o pelo crivo da classificação e do

recenseamento, de acordo com a freqüência de presença ou de ausência de itens de sentido.

Isso pode constituir um primeiro passo, obedecendo ao princípio de objetividade e

racionalizando através de números e percentagem, uma interpretação que, sem ela, teria de ser

sujeita a aval.

A categorização é uma espécie de gaveta ou rubrica significativa, que permite a

classificação dos elementos de significação constitutivas da mensagem. É, portanto, um

método taxionômico concebido para introduzir uma ordem, segundo certos critérios, na

desordem aparente.

As categorias organizadas nesta pesquisa foram avaliadas pelo juízo da Professora

Sonia Regina Martins Gonçalves, que possui graduação em Licenciatura em Ciências pela

Universidade de Mogi das Cruzes (1985), graduação em Bacharelado em Letras pela

Universidade de São Paulo (1996), graduação em Licenciatura Plena em Língua Portuguesa

pela Universidade de São Paulo (1999), e Mestrado em Letras (Teoria Literária e Literatura

Comparada) pela Universidade de São Paulo (2001). Atualmente é professora titular da

Universidade Braz Cubas e Universidade Mogi das Cruzes, a qual não indicou discordância

na organização das categorias.

42

5 RESULTADOS e DISCUSSÃO

A análise dos resultados foi estruturada a partir das informações fornecidas por 64

professores de Biologia do Ensino Médio da Rede Pública Estadual de São Paulo, da Diretoria

de Ensino Região Suzano, o que representa em média 75% do total de professores atuantes

nesta Diretoria. Os resultados foram organizados, analisados e discutidos quantitativa e

qualitativamente, subsidiados pelo referencial teórico e pela análise de conteúdos de seus

registros sobre os dados pessoais, profissionais e pela Representação Social destes com suas

opiniões e conceitos sobre a Biotecnologia.

Os resultados estão organizados em itens seguidos de discussões em relação aos dados

coletados.

Na análise do perfil dos professores de Biologia pesquisados, verifica-se a idade e

sexo dos professores atuantes que lecionam a disciplina Biologia no ensino médio,

relacionados com o ano de conclusão de sua graduação e pós-graduação, com sua atuação no

magistério e, especificamente, no Ensino Médio, e a vigência das Leis de Diretrizes de Base

Nacional.

Na análise do conhecimento dos professores sobre Parâmetros Curriculares Nacionais,

verifica-se onde foram adquiridas as informações sobre os PCNEM, e como são discutidas e

planejadas as organizações do plano de ensino, com os temas estruturadores ou sobre as novas

tecnologias em sua prática-pedagógica.

Para análise da Representação Social foram coletados dados sobre o contato do

professor de Biologia com a Biotecnologia, seu entendimento e seu conhecimento sobre as

aplicações da Biotecnologia.

Para análise da Representação Social do conhecimento da Biotecnologia aplicada à

saúde, foi analisada a opinião dos professores questionados sobre os enunciados, com

aplicações da Biotecnologia em animais, vegetais, em medicamentos para os seres humanos.

Para verificar a fonte de aquisição pela qual a informação e os conhecimentos da

biotecnologia são construídos, foram coletados dados do interesse, da fonte de pesquisa pela

qual a informação da Biotecnologia é adquirida.

Verificou-se a Representação social da Biotecnologia em temas emergentes, como a

Clonagem, os Transgênicos, as aplicações do DNA recombinante, em Medicamentos e em

alimentos.

43

Reservou-se também um espaço para considerações pessoais dos professores em

relação à participação na pesquisa.

5.1 Perfil dos professores de Biologia pesquisados

As questões de 1 a 10 buscam informações sobre dados do perfil do professor que

leciona a disciplina de Biologia, assim como os dados de sua formação e de sua atuação

profissional na Rede Estadual de São Paulo, como professores da disciplina de Biologia do

Ensino Médio.

5.1.1 Dados pessoais

Referente a idade e sexo dos professores participantes nesta pesquisa, os dados foram

registrados na Tabela 1.

Tabela 1 – Participantes segundo idade e sexo

Dos 64 professores, 03 deles não indicaram sua idade. Na tabela 01, foi registrada

apenas a freqüência dos professores que indicaram idade e sexo. Observa-se que (80,32%) dos

professores de Biologia encontram-se na faixa etária entre 26 a 45 anos.

Sexo

Feminino Masculino Totais

Faixas Etárias

(anos) F % F % F %

20 a 25 4 9,09 1 5,88 5 8,20

26 a 30 9 20,45 7 41,18 16 26,23

31 a 35 12 27,28 2 11,76 14 22,95

36 a 40 6 13,64 3 17,65 9 14,75

41 a 45 6 13,64 4 23,53 10 16,39

46 a 50 4 9,09 0 0 4 6,56

51 a 55 3 6,81 0 0 3 4,92

Totais 44 100 17 100 61 100

44

Com relação à indicação sobre o sexo, observou-se que 46 (72%) são do sexo

feminino e 18(28%) do sexo masculino.

5.1.2 Ano de Conclusão do Curso Superior Licenciatura em Biologia

Entre os 64 professores pesquisados, 01 participante não concluiu a Graduação, atua

na Rede Estadual como professor eventual e 02 professores não responderam a questão, estes

03 professores não estão relacionadas na Tabela 2.

Tabela 2 – Participantes segundo o ano da conclusão da Graduação

Com relação ao ano de Conclusão do Curso de Licenciatura em Biologia ou Ciências

Biológicas, observou-se que 40 (65,57%) concluíram entre 1997 a 2006, 14 (22,95%) dos

participantes concluíram entre 1987 a 1996, 5(8,20%) concluíram entre 1977 a 1986 e 2

(3,28%) concluíram em 1973 e 1975, respectivamente.

Dos 64 participantes da pesquisa, 61 (95%) concluíram sua graduação em Instituição

particular, entre eles 74% dos professores concluíram a graduação em Mogi das Cruzes,

cidade vizinha da Diretoria de Ensino – Região Suzano, a qual pertence todos os pesquisados,

42% na Universidade Braz Cubas (UBC) e 32% na Universidade de Mogi das Cruzes (UMC).

Entre os demais participantes, 18% concluíram a graduação em Instituições, todas no Estado

de São Paulo, 8% não indicaram o nome de sua Instituição. Apenas 02 participantes

concluíram Graduação em Instituição Pública, na Universidade de São Paulo.

Ano de Conclusão F %

1972 a 1976 2 3,28

1977 a 1981 1 1,64

1982 a 1986 4 6,56

1987 a 1991 6 9,84

1992 a 1996 8 13,11

1997 a 2001 25 40,98

2002 a 2006 15 24,59

Totais 61 100

45

5.1.3 Dados de formação curricular após a Graduação em Biologia

Dos 64 professores participantes na pesquisa, 05 (8%) realizaram após a Graduação

em Biologia, outro Curso de Graduação. Entre eles, 03 concluíram o Curso de Pedagogia, 01

em Gestão de Educação Especial e 01 em Psicologia Clínica.

Dos 64 professores de Biologia, 46(72%) não realizaram Curso de Pós-Graduação

“Scrito Senso” ou “Latu Senso”, 02 (3%) estão a concluir respectivamente, Curso Superior de

Gestão de Políticas Públicas e Especialização “Latu Senso” em Psicobiologia na Universidade

Federal de São Carlos.

Verifica-se que, 11(17%) concluíram Curso de Pós Graduação, cujos dados estão

representados na tabela 3.

Tabela 3 - Distribuição ano da conclusão Pós-Graduação “Latu-Senso” ou “Scrito-Senso”

Entre os 11(17%), concluíram Curso de Pós Graduação, 5 (45%) realizaram

Especialização “Latu Senso” na área Educacional, entre os cursos realizados são citados.

Didática do Magistério(1980), Ensino Lúdico de Física(1995), Psicopedagogia (2001),

Informática na área Educacional (2002) e Administração Escolar(2005), 5 (45%) concluíram

Especialização “Latu Senso” na Área Biológica, entre os cursos realizados são citados a

Microbiologia(2000), Ecologia(1974), Aracnídeos/Imunoquímica(2004) e Administração

Ambiental(2005). Apenas uma professora concluiu o “Scrito Senso”, possui os títulos de

Mestre e Doutora em Ciências, na área de Zoologia, pela Universidade de São Paulo (2005).

Ano de Conclusão F %

1972 a 1976 1 9,09

1977 a 1981 1 9,09

1982 a 1986 0 0

1987 a 1991 0 0

1992 a 1996 1 9,09

1997 a 2001 3 27,28

2002 a 2006 5 45,45

Totais 11 100

46

5.1.4 Dados sobre a atuação no Magistério:

Tabela 4 – Distribuição dos professores segundo Tempo de Atuação no Magistério

Dos 64 professores de Biologia que participaram da pesquisa, observou-se que 35

(54,69%) iniciaram sua carreira no Magistério nos últimos dez anos, sendo que entre estes, 15

(42,8%) possuem o cargo na Rede Pública como professor efetivo. Os demais professores

pesquisados, 29 (45,31%), atuam no magistério há mais de dez anos, sendo que 09 destes

possuem o cargo de professor efetivo na Rede Pública, uma das professoras pesquisadas após

sua aposentadoria, retornou ao Magistério.

Os professores participantes desta pesquisa, em 2006, lecionam a disciplina de

Biologia no Ensino Médio, embora uma professora dentre os participantes atua como

professora eventual, ou seja, não possui classe atribuída na Rede Estadual de Ensino.

Tabela 5 – Distribuição dos professores segundo Tempo de Atuação no Ensino Médio

Dos 64 participantes, 79,69% atuam no Ensino Médio como professores de Biologia

há menos de 10 anos; 20,31% atuam no Ensino Médio há mais de 11 anos.

Tempo no Magistério

(anos) F %

31 a 40 1 1,56

21 a 30 3 4,69

11 a 20 25 39,06

1 a 10 35 54,69

Totais 64 100

Tempo Atuação no EM (anos)

F %

31 a 40 1 1,56

21 a 30 2 3,13

11 a 20 10 15,62

1 a 10 51 79,69

Totais 64 100

47

Entre os professores que atuam no Ensino Médio há menos de dez anos, 25% atuam

no Magistério há mais de 11 anos. Verifica-se que anteriormente estes professores lecionavam

como Professores no Ensino Fundamental.

Tabela 6 - Distribuição dos participantes segundo período em que lecionam

Com relação à freqüência dos participantes segundo o Período em que lecionam, 40

(47,06%) dos participantes lecionam no período da manhã, 7 (8,23%) no período da tarde e 38

(44,71) lecionam no período noturno. O Ensino Médio na Rede Pública da Diretoria de

Ensino de Suzano é oferecido principalmente nos períodos da manhã e da noite.

Dos 64 professores participantes, apenas um professor leciona nos três períodos,

34,37% lecionam em dois períodos: 72,72% lecionam no período na manhã e noite, 18,18%

lecionam no período da manhã e tarde e 9,09% lecionam no período da tarde e noite. Três

professores lecionam na Rede Estadual e na Rede particular de Ensino e três professores

lecionam na Rede Pública Estadual e Municipal de Ensino.

5.1.5 Dados sobre curso de formação continuada durante atuação no

Magistério

Parte da pesquisa buscou coletar dados para verificar se os professores de Biologia do

Ensino Médio participam de Cursos de Formação Continuada, oferecidos pela Rede Estadual

e ou Particular de Ensino, como indicado na LDB 9394/06.

Do total de professores da pesquisa, 31(48,43%) nunca participaram de Programas de

Formação Continuada. Os demais professores, que representam 33(51,56%), já participaram

ou participam de programas de Formação Continuada, entre estes 81,81% participam do

Programa Ensino Médio em Rede, um Programa de Formação Continuada em serviço,

realizada durante o Horário de Trabalho Coletivo na Escola, 11(33,33%) realizaram o Curso

Período que lecionam F %

Manhã 40 47,06

Tarde 7 8,23

Noite 38 44,71

Totais 85 100

48

de Formação Continuada fora do horário de Serviço, e citaram os Cursos oferecidos pela Teia

do Saber.

� Discussão do Perfil dos professores de Biologia no Magistério

Por meio da análise de dados sobre o perfil de formação e atuação profissional dos

professores de Biologia, verifica-se que durante o processo de formação acadêmica para

atuarem como licenciados a lecionarem nas disciplinas de Ciências e Biologia, parte dos

professores receberam formação pela LDB 5.692/71 e parte pela LDB 9394/96.

A LDB expressa a política e o planejamento educacional do país. Essas diretrizes são

embasadas na Constituição Federal. A finalidade da LDB é ajustar os princípios enunciados

no texto constitucional para a sua aplicação a situações reais que envolvem várias questões,

entre elas: o funcionamento das redes escolares, a formação de especialistas e docentes, as

condições de matrícula, aproveitamento da aprendizagem e promoção de alunos, os recursos

financeiros, materiais, técnicos e humanos para o desenvolvimento do ensino, a participação

do poder público e da iniciativa particular no esforço educacional, a superior administração

dos sistemas de ensino, as peculiaridades que caracterizam a ação didática nas diversas

regiões do país.

É de extrema relevância que o professor atuante como profissional da educação

compreenda Lei de Diretrizes e Bases e o histórico da educação nacional.

Nesta pesquisa entre os 64 professores de Biologia, 21 (22.95%) realizaram a sua

Graduação através da LDB 5.692/71.

Segundo Krasilchik (1987), em virtude desta LDB o Conselho Federal de Educação

(CFE), pela Resolução nº30/74, tornou obrigatória a unificação das Licenciaturas da área de

Ciências Físicas e Biológicas e de Matemática, convertendo-as em uma única Licenciatura de

Ciências com habilitação específica para o 1º grau ou para o 1º e 2ºgraus. Essa situação gerou

conflito entre as Instituições superiores, comprometendo o sistema de formação de

professores, desde sua adaptação em estrutura, até a composição de um corpo docente

qualificado. As aulas práticas foram reduzidas e muitos acadêmicos não as tiveram em sua

formação, consequentemente adotaram para suas aulas uma metodologia teórica que utilizava

livros-texto, os quais não apresentavam um nível adequado ao ensino pretendido.

Esta mesma LDB, por um lado considerava o ensino de Ciências importante

componente para a preparação de um corpo qualificado de trabalhadores, por outro, estipulava

49

uma série de disciplinas que pretendiam ligar o aluno ao mundo do trabalho, sem que os

estudantes tivessem base para aproveitá-las, sem um correspondente benefício para a

profissionalização (KRASILCHIK, 2004).

Os demais professores da pesquisa 40 (65,57%) realizaram a graduação através da

Nova LDB 9394/96, a qual em 1998, para sua normatização, foi regulamentada pelas

Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM), ano da publicação dos

Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN).

Estes dados fomentam a discussão desta pesquisa em relação à compreensão e à

utilização que os professores fazem da LDB e dos PCN em sua atuação profissional,

principalmente em relação às propostas junto a inclusão das novas tecnologias e dos temas

estruturadores, entre eles a Biotecnologia.

5.2 CONHECIMENTO DOS PROFESSORES SOBRE OS

PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS

Parte da pesquisa buscou coletar dados sobre o que os professores de Biologia do

Ensino Médio conhecem sobre os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio,

documento este apresentado como Proposta Pedagógica, a partir da Lei de Diretrizes e Bases

da Educação Nacional n° 9394, de 20/12/1996, e que se propõem a orientar na organização

dos subsídios teóricos e metodológicos, como referencial estabelecido pelo Ministério da

Educação e Cultura (MEC) para cada etapa do ensino fundamental e médio no Brasil.

Ao verificar os professores que estudaram e analisaram os Parâmetros Curriculares

Nacional do Ensino Médio em Biologia, observou-se que 18(28,12%) dos professores não

conhecem os PCNEM, um professor não respondeu a questão e 45 (70,31%) citam ter

conhecimento sobre os PCNEM.

Ao descreverem em que situação ocorreu o contato com o documento, observou-se

que dentre os que não conhecem o PCNEM, três deles revelaram apenas ouvir citações sobre,

no Horário de Trabalho Coletivo da escola, porém sem aprofundamento, discussões ou

estudos.

Dos 45 professores, 3 (6,66%) não citaram as condições em que a leitura foi adquirida.

As condições em que os professores citam conhecer os PCNEM foram organizadas em

categorias na Tabela 07.

50

Tabela 07 – Aquisição de informações sobre os Parâmetros Curriculares Nacionais

Categorias F %

Durante o Planejamento Escolar 12 21,05

Durante a Graduação/ Disciplinas Didática e Práticas de Ensino

9 15,79

Elaboração de Planos de Ensino 8 14,04

Para Concurso Público 8 14,04

Para atualização e conhecimento 7 12,28

Durante as HTPC/ Programa EMR/ Elaboração Projetos Interdisciplinares

6 10,52

Elaboração de Planos de Aula 4 7,02

Possui pouco conhecimento e leitura 3 5,26

Totais 57 100

Estatisticamente as diferenças entre as freqüências das categorias representadas na

Tabela 07 são significativas. (p= 2,65 para p≤0,05)

Entre os professores que registraram estudar ou ler os PCNEM, observa-se que

52,63% recebem as informações através do Ambiente Escolar, 12(21,05%) citam a discussão

sobre o assunto no Planejamento Escolar, 8(14,04%) na Elaboração do Plano de Ensino e

6(10,52%) no HTPC, ações estas planejadas no coletivo da equipe pedagógica escolar,

discutindo elaboração de Projetos Interdisciplinares ou o Programa Ensino Médio em Rede,

4(7,02%) citam o contato durante a elaboração do Plano de Aula.

Observa-se que 26,32% afirmam buscar informações dos PCNEM para conhecimento

próprio, 14,04% leram para Concurso Público e 12,28% por curiosidade e ou para atualização

de informações, 5,26% citam possuir pouca leitura para discutir a proposta.

Embora os PCN se proponham a orientar na organização dos subsídios teóricos e

metodológicos, verifica-se que o documento é pouco utilizado e as discussões se processam

somente em ocasiões específicas de trabalho coletivo, como nos planejamentos anuais e ou

semestrais de planos e projetos de ensino.

51

5.2.1 Conhecimento dos temas estruturadores propostos nos Parâmetro

Curriculares Nacionais

A pesquisa solicitou que os professores descrevessem se há discussão na escola sobre

os PCN e suas novas Tecnologias, indicando se possível quais os temas são discutidos.

Dos 64 professores participantes, 35 (54,68%) citam nunca ter discutidos os PCN

sobre as novas Tecnologias e 29 afirmam discutir o assunto na escola, mas não justificaram

seus procedimentos, apenas citaram os temas que incluem em seus planos de aulas, como a

Clonagem, os Transgênicos, as Células-Tronco, Substâncias produzidas por Microorganismos

e a Biotecnologia aplicada no Meio Ambiente.

Ao solicitar que os professores descrevessem se os PCN atendem às necessidades de

sala de aula, 22 (34,37%) não responderam à questão, apenas 40% destes justificaram não ter

informações para comentar a questão. 21(32,81%) citam que os PCN não atendem às

necessidades de sala de aula, entre eles 9% apontam que os PCN são de difícil interpretação,

14,28% citam que o número de aulas oferecidas pela disciplina de Biologia no Ensino Médio

é reduzido, em algumas escolas possui apenas 1 aula semanal, as demais citações descrevem

comentários de que os PCN deveriam oferecer, como proposta de metodologia de ensino,

sugestões de elaboração de projetos, de aula práticas. Estas, como outras descrições, não

foram tabuladas por não serem pertinentes à questão solicitada.

� Discussão da análise dos professores sobre os Parâmetros

Curriculares Nacionais e os temas estruturadores

Verifica-se que não há discussões no ambiente escolar sobre a necessidade de incluir

no plano curricular as novas tecnologias, os temas estruturadores, como o da Biotecnologia.

Esta análise explica as divergências nos currículos de uma unidade escolar para a

outra, detectada por estes mesmos professores durante a socialização, explanação e

comparação de conteúdos e temáticas definidas em planejamento escolar por cada membro

das unidades escolares presentes.

Não somente pela divergência sobre os aspectos de escolhas de objetivos específicos

ou gerais da grade curricular, como também na organização de um currículo a desenvolver

competências e habilidades em detrimento de conteúdos e saberes historicamente acumulados

pelos diferentes campos do conhecimento, como também pela não compreensão da aplicação

52

dos princípios de interdisciplinaridade e contextualização dos conteúdos em sua prática

pedagógica.

A indagação para esta questão remete a outros questionamentos necessários nas

discussões do contexto escolar, se não há compreensão, estudos e discussão da proposta da

LDB, dos PCN e dos PCNEM. É necessária a investigação e a análise de como a disciplina

Biologia está sendo aplicada e qual o resultado irá contemplar na construção de saberes

desenvolvido pela ciência e suas tecnologias, e a análise do quê, como e de que forma estão

sendo construídos os saberes científicos no contexto escolar.

Entre a formação continuada oferecida aos professores da Rede Pública Estadual de

São Paulo, o Programa Ensino Médio em Rede, em sua segunda fase, organiza a reflexão e o

estudo das áreas de conhecimento articuladas no enfoque da importância da leitura e da

escrita, na compreensão e na construção dos diferentes gêneros do discurso, que concorrem e

circulam pelas esferas escolares, científicas e sociais de comunicação nas quais professores e

alunos perpassam ou irão eventualmente perpassar.

5.3 ANÁLISE DA REPRESENTAÇÃO SOCIAL DOS PROFESSORES DE

BIOLOGIA SOBRE A BIOTECNOLOGIA

Para a análise desta pesquisa, o enfoque sobre o tema estruturador proposto nos PCN a

ser integrado no currículo da Biologia foi o da Biotecnologia. Tema polêmico do campo

interdisciplinar, que envolve a Biologia no que diz respeito ao seu entendimento quanto ao

conceito e quanto ao seu desenvolvimento e sua aplicação junto aos recursos naturais, assim

como a sua utilização por tecnologias que implicam em intensa intervenção humana e no

ambiente, levando em conta a dinâmica dos ecossistemas e dos organismos, ou seja, no modo

como a natureza se comporta e como a vida se processa.

A pesquisa organizou 13 questões referentes à análise da Representação Social dos

professores de Biologia sobre a Biotecnologia.

5.3.1 O contato do professor de Biologia com a Biotecnologia

A questão de número 11 busca informação sobre que momento a Biotecnologia é

tratada como tema ou disciplina dentro do Curso de Graduação.

53

Como um professor não respondeu a questão, entre 63 professores, observa-se que 23

(36,50%) receberam informações do tema em disciplinas de sua grade curricular, estes

concluíram a sua graduação a partir de 1997. Uma professora obteve os conhecimentos da

biotecnologia durante sua Pós-Graduação “Scrito Senso” concluída em 2005, os demais 39

(61,90%) que concluíram sua graduação até o ano de 1996, indicam não ter obtido acesso ao

conteúdo de Biotecnologia durante sua Graduação.

A questão de número 12 refere-se ao conhecimento da Biotecnologia, todos os 64

professores da pesquisa, registraram ter ouvido falar em Biotecnologia.

5.3.2 O Entendimento do professor de Biologia por Biotecnologia

As questões de números 13 e 14 foram elaboradas com enunciado do tipo aberto não

contextualizado, ou seja, são questões que não trazem na sua descrição parâmetros

explicativos para o posicionamento em foco específico, o que exige do leitor a mobilização de

seus diferentes conhecimentos internalizados de forma global para então se posicionar em sua

resposta, revelando ali marcas de sua Representação Social.

A questão de número 13 buscou informações referentes às Representações Sociais

sobre a Biotecnologia. Foram identificados 35 argumentos, 6 argumentos não foram

categorizados, pois a resposta não atendia à pergunta solicitada, os demais argumentos foram

organizados em 5 categorias, contidas na tabela 08.

Tabela 08 – Entendimento dos participantes sobre a Biotecnologia

Categorias F %

Procedimentos tecnológicos 23 27,71

Modificação/ Manipulação 17 20,48

Estudos para melhoria da qualidade da vida 17 20,48

Avanços da Biologia 16 19,28

Área de pesquisa 10 12,05

Totais 83 100

Estatisticamente as diferenças entre as freqüências das categorias representadas não é

significativa. (p=0,18 para p≤0,05)

54

Na categoria Procedimentos Tecnológicos, destacam-se 23 (27,71%) argumentos, em

que 30% representam a Biotecnologia como uso de técnicas e procedimentos em materiais

genéticos, 14% como técnica de melhoramento genético, 52% como técnica e procedimentos

que visam ao aperfeiçoamento dos seres vivos e 4% por técnica e procedimentos que curam

doenças.

Na categoria Modificação/Manipulação, ocorreu a freqüência de 17 (20,48%), em que

53% representam que essas modificações e alterações acontecem no material genético ou

DNA. Os demais 35% representam que a Biotecnologia promove modificações ou alterações

em características de algo ou de elementos nos seres vivos, sem indicar o local onde estas

possam ocorrer, e 12% que através de modificações e alterações genéticas a Biotecnologia

obtém produtos de interesse humano.

Na categoria Estudo para melhoria de Qualidade de Vida, observa-se a freqüência de

17(20,48%) argumentos. Nesta categoria, 42% dos professores representam a Biotecnologia

como um estudo que visa à qualidade de vida de modo geral, sem indicar em que áreas de

atuação esta se aplica; 18% que a melhoria é em relação à saúde; 12% na melhoria de

produtos alimentícios; 18% em produzir seres com características desejáveis; 5 % na melhoria

de medicamentos e 5% na melhoria do meio ambiente.

Na categoria Avanços da Biologia, observa-se a freqüência de 16(19,28%), em que

62,5% referem-se à Biotecnologia como um avanço da Biologia na utilização de tecnologia

aplicada aos seres vivos; 37,55% indicam a Biotecnologia como um avanço da Biologia,

como uma área de estudo mais aprofundada e com comprovação científica.

Na categoria Área de Pesquisa, ocorreu a freqüência de 10 (12,05%), em que 20%

representam a Biotecnologia como área de pesquisa envolvendo conhecimento do DNA, dos

genes e do funcionamento celular; 20% apenas como Área de pesquisa, não especificam a

área de atuação; 20% como Área de pesquisa na observação e estudo metodológicos de

procedimentos biológicos,; 10% como área de pesquisa envolvendo tecnologia; 10% como

área de pesquisa da saúde e 20% como uma área de pesquisa ainda não consolidada, sendo

apenas testada em animais e vegetais.

Observa-se que não foi registrada nenhuma restrição negativa no entendimento do

conceito Biotecnologia.

55

5.3.3 Conhecimento de aplicações da Biotecnologia

A questão de número 14 buscou informações sobre Aplicações da Biotecnologia

conhecidas pelos professores participantes.

Entre as aplicações apresentadas pelos professores, 8% não se referiam às aplicações

da Biotecnologia, entre elas foram citados exames, procedimentos técnicos e cirúrgicos

utilizados pela medicina, como ressonância magnética, ultra-som e técnicas de reprodução

como o PCR, teste de paternidade e a produção de armas biológicas, estas não foram

categorizadas em Tabela.

Entre as aplicações da Biotecnologia que os professores indicaram, foram registradas

140 citações, que foram organizadas em 14 categorias, conforme Tabela 09.

Tabela 09 - Distribuição de categorias sobre as aplicações da Biotecnologia

Categorias F %

Transgênicos/OGM 34 27,2

Clonagem 32 25,6

Genoma 15 12

Células-tronco 11 8,8

Melhoramento genético 10 8

Fabricação de vacinas 8 6,4

Produção de fármacos 8 6,4

Controle de pragas na agricultura 3 2,4

Produção de animais produtores de órgãos/tecidos para transplante humano

3 2,4

DNA recombinante 1 0,8

Totais 125 100

Estatisticamente as diferenças entre as freqüências das categorias representadas são

significativas. (p=5,12 para p≤0,05)

Observa-se considerável freqüência de representatividade a aplicação da Biotecnologia

entre clonagem (26,56%) e em transgênicos/OGM (25%), foram indicadas estas aplicações

em animais e vegetais.

56

É considerável também a freqüência citada na importância da identificação do

Genoma e do Estudo das Células-Tronco.

Na categoria Genoma, os professores descreveram a importância do conhecimento do

genoma no sequenciamento do DNA dos diversos seres vivos, no registro da biblioteca

genômica e para a manipulação gênica dos diversos seres vivos.

Na categoria Melhoramento Genético, 60% referem-se ao melhoramento em plantas,

20% ao melhoramento genético em seres humanos e 20% nos seres vivos em geral.

Da freqüência total categorizada, 16(12,50%) indicam a aplicação da Biotecnologia na

fabricação de fármacos; 50% destes referem-se à produção de vacinas; 3(2,35%) ao controle

de pragas na agricultura e 3(2,35%) à produção de animais produtores de órgãos/tecidos para

transplantes de órgãos humanos.

� Discussão sobre a Representação Social que os professores possuem

quanto ao entendimento e a aplicação da Biotecnologia

Verifica-se que os professores em sua Representação Social quanto ao entendimento

sobre a Biotecnologia, pela análise de conteúdos em seu discurso, posicionam-se de acordo

com o referencial da etmologia da palavra “bio-tecno-logia”. As referência e descrição de

conceitos e procedimentos do que de fato vem a ser a Biotecnologia no aspecto de aplicação

biológica, com conceitos nominativos da ciência, são citados por um número muito pequeno

de professores.

Percebe-se que um número não representativo cita em suas justificativas o uso de

conceitos e terminologias específicas da Biotecnologia, com precisão na descrição de acordo

com embasamento de referencial científico, não somente indicando posicionamento pessoal.

Estes professores são os que informam participar de palestras ou cursos de atualização sobre

as novas tecnologias em Universidades ou Institutos Especializados em Pesquisa Científica.

Observa-se que 48,19% referem-se à Biotecnologia como procedimentos tecnológicos

com modificações e manipulações, parte dos professores citam que estes procedimentos se

aplicam em material genético, outros não especificam o local. Há aqueles que citam a

Biotecnologia como estudo ou avanço da Biologia. A Biologia é considerada uma ciência

positiva que visa à compreensão no processo da vida, porém 10% dos pesquisados indicam a

Biotecnologia como ciência nova em fase de avaliação e experimentação.

57

5.4 A BIOTECNOLOGIA APLICADA À SAÚDE

Parte da pesquisa ocupou-se de informações referentes às Representações que os

professores de Biologia possuem sobre a Biotecnologia aplicada à Saúde.

A questão de número 15 buscou informação sobre a opinião dos professores quanto a

Biotecnologia causar problemas à saúde humana.

Dos 64 participantes, 10 (15,62%) não indicaram posicionamento sobre a questão,

onde 2 professores responderam que talvez a Biotecnologia possa causar problemas à saúde

humana, pois depende do fim com que esta será utilizada, onde referem-se que como toda

inovação não se conhecem suas variáveis; 5 professores não opinaram sobre a questão.

Verifica-se que 50% alegam não saber opinar sobre o assunto, 25% dizem que nada é dado

como certo e 25% diz que há prós e contras.

Entre os professores que indicaram posicionamento na questão solicitada, suas

Representações Sociais foram organizadas em duas tabelas, as respostas “Não” foram

categorizadas na Tabela 10 e as respostas “Sim” foram organizadas na Tabela 11.

A Tabela 10 contém o registro de 32(50%) professores que responderam que a

Biotecnologia não causa problemas à saúde humana, entre estes, dois professores não

justificaram sua escolha, as demais justificativas foram organizadas em 5 categorias.

Estatisticamente, as diferenças entre as freqüências das categorias representadas são

significativas. (p=1,38 para p≤0,05)

Tabela 10 – Biotecnologia e benefícios para a Saúde

Categorias F %

Biotecnologia visa ao bem 13 41,94

Testes experimentais 6 19,35

Questão de ética 5 16,13

Desconhecem malefícios 4 12,90

Fatores de risco sempre existem 3 9,68

Totais 31 100

Entre os argumentos com maior freqüência está a categoria Biotecnologia visa ao bem,

em que 13(41,94%) justificam que a Biotecnologia visa à saúde dos seres humanos, 15,38%

58

referem-se ao uso da Biotecnologia em benefícios aos alimentos e outros 15,38% em

benefícios no aperfeiçoamento e no melhoramento genético dos seres vivos em geral.

Na categoria Testes experimentais, 6 (19,35%) dos professores representam que a

Biotecnologia não causa problemas à saúde humana, 66,66% afirmam que os produtos da

Biotecnologia lançados no mercado são extremamente testados, os outros 33,34% dizem que

os produtos da biotecnologia não causam problemas desde que testados.

A questão da ética é citada com a freqüência de 5(16,13%), estes destacam a

necessidade da responsabilidade à integridade dos seres vivos, principalmente ao humano.

Na quarta categoria ocorreram com a freqüência de 4(12,90%) justificam que

desconhecem informações de malefícios divulgados por produtos ou processos da

Biotecnologia em seres humanos, assim como 9,68% indicaram que todo produto da ciência

pode possuir fatores de risco à humanidade.

A Tabela 11 contém o registro de 24(37,5%) professores que responderam que a

Biotecnologia causa problemas à saúde humana, um dos participantes não se justificou, as

demais justificativas foram organizadas em 8 categorias na Tabela 11.

Tabela 11 – Biotecnologia e problemas com a Saúde

Categorias F %

Biotecnologia possui poucos estudos/metodologias 8 23,53

Existem variáveis negativas em pesquisas 8 23,53

Podem desencadear reações alérgicas 6 17,65

Podem gerar seres resistentes/ agentes patógenos 4 11,77

Podem gerar armas biológicas 3 8,82

Quando objetivo não é divulgado/informado pela mídia 3 8,82

Conclusões só com mais utilizações/testadas 1 2,94

Se não utilizar da ética 1 2,94

Totais 34 100

Estatisticamente, as diferenças entre as freqüências das categorias representadas são

significativas. (p=2,52 para p≤0,05)

Entre as justificativas com maior freqüência, 23,53% apontam que a Biotecnologia é

recente, seus estudos e metodologias não estão definidos; 23,53% representam que toda

59

pesquisa científica possui variáveis que podem ser negativas aos seres humanos e 17,65%

representam que os produtos da Biotecnologia podem desencadear reações alérgicas nos seres

humanos.

Entre as demais freqüências registradas, 11,77% representam que a Biotecnologia

pode gerar seres resistentes ou até mesmo patológicos aos humanos; 8,82% representam que a

Biotecnologia pode ser utilizada como armas biológicas; outros 8,82% representam que

quando o objetivo não é divulgado ou informado pela mídia pode causar problemas aos

humanos; 5,88% dizem não a aceitarem se não utilizarem a ética ou não forem utilizadas e

testadas com conclusões mais precisas.

� Discussão sobre a Biotecnologia aplicada à Saúde

O enfoque de conhecer a Representação de Biotecnologia aplicada à Saúde está no

fato que a Educação em Saúde tem por objetivo comum a melhoria da qualidade de vida da

população de modo geral.

Ao falarmos em saúde, buscamos a compreensão ampla do que seja “ser saudável” e

com qualidade de vida, que nos remete à articulação entre as condições nas quais esta se

aplica.

JUNIOR, SOUZA & BROCHIER (2004) destacam que uma das questões em

representações sociais da educação em saúde e de temas ligados a questões ambientais é a

obtenção de algo que a própria educação não detecta sem a reflexão de sua concepção, que é a

de estabelecer uma linguagem única, ou seja, buscar entendimento consensual da realidade e,

em última análise, uma conduta social mais favorável para a sobrevivência do planeta e a

promoção de saúde coletiva.

Nesta referência, verifica-se que 50% dos sujeitos desta pesquisa se posicionaram de

forma positiva, porém se justificaram indicando algumas observações e restrições como a

ética e testes de segurança.

Os professores que preferiram não se posicionar, que correspondem a 15%,

justificaram-se que não têm opinião sobre o assunto, por falta de informação.

Alguns professores destacaram que a Biotecnologia causa problemas à saúde, embora

não tenham registrado nenhuma restrição quanto à Biotecnologia em si, justificaram que a

mesma visa ao bem e à qualidade dos seres vivos, mas também apontaram que a

Biotecnologia pode desencadear reações alérgicas nos seres humanos.

60

5.5 A REPRESENTAÇÃO SOCIAL DOS PROFESSORES DE

BIOLOGIA, QUESTIONADOS SOBRE ENUNCIADOS COM

APLICAÇÕES DA BIOTECNOLOGIA

As questões de número 16 e 17 foram elaboradas com enunciado do tipo fechado, ou

seja, o enunciado leva o pesquisado a se posicionar perante à descrição de um fato específico,

no caso, sobre algumas das aplicações da Biotecnologia.

As respostas dadas para esta questão foram organizadas e separadas em sua análise, de

acordo com suas justificativas nos seguintes itens:

- os que não possuem uma opinião sobre as aplicações citadas;

- os que discordam em parte das aplicações;

- os que discordam totalmente das aplicações;

- os que concordam sem restrições às aplicações citadas;

- os que concordam em parte, porém com restrições as aplicações.

A questão de número 16 buscou informações sobre as Representações Sociais dos

professores quanto à opinião que possuem no tocante á “Usar a Biotecnologia moderna na

produção de alimentos, por exemplo, aumentando seu teor de proteínas, tornando-os maiores

ou mudando o seu gosto”.

Entre os 64 professores, 7(10,945%) ainda não têm opinião sobre o assunto, entre eles

57,14% consideram o assunto polêmico, não possuem informações sobre sua segurança.

Entre os professores que discordam ou os que possuem restrições a esta aplicação, 4

(6,25%) discordam em parte sobre o uso da Biotecnologia para este fim; 50% justificam que

não concordam com a aplicação imediata da Biotecnologia pela indústria do alimento, por não

terem acompanhamento das provas científicas, os demais não responderam à questão.

Verificou-se que 4(6,25%) discordam totalmente. Entre estes professores, embora

tenham citado que a biotecnologia visa à melhoria da qualidade dos seres vivos, 50% foram

assertivos “Alimentos modificados não faz bem à saúde.” e “Não se deve alterar e sim cuidar

do meio para se ter bom frutos”; os demais 50 % responderam: “O problema dessa tecnologia

está no que ela vai dar ou onde vai chegar, o que está bom não deve ser modificado.”; “Gosto

do gosto dos alimentos como são”. Estes responderam como opinião pessoal, sem restrições A

aplicação da Biotecnologia.

61

Dos 64 professores que responderam a esta questão, 28(43,75%) concordam em parte

as justificativas estão categorizadas na Tabela 12; 12(18,75%) concordam totalmente e as suas

justificativas estão categorizadas na Tabela 13.

Entre os participantes, 8 (22,22%) se posicionaram favoráveis a essa aplicação da

biotecnologia, mas por não justificarem seu posicionamento, não foram categorizados na

tabela 12.

Tabela 12 – Restrições às aplicações da Biotecnologia na produção de alimentos

Categorias F %

Não conhece as variáveis futuras 11 44

Não deveria mudar o gosto dos alimentos 3 12

Desde que não interfira nas gerações futuras 3 12

Pode ocorrer monopólio da indústria alimentícia 2 8

A manipulação genética pode diminuir diversidade 2 8

Pode causar alergias ou resistência a antibióticos 2 8

Deve-se um estudo por período maior 2 8

Totais 25 100

Estatisticamente, as diferenças entre as freqüências das categorias representadas são

significativas. (p=7,25 para p≤0,05)

Na categoria com maior freqüência, 11(44%) dos professores representam que

concordam em parte com esta aplicação por não conhecerem as variáveis futuras.

Entre as demais freqüências registradas, 12% representam que a Biotecnologia não

deveria mudar o gosto dos alimentos; 12% concordam com a aplicação, desde que não

interfiram nas gerações futuras; 8% citam que aplicação na agricultura pode promover um

monopólio, beneficiando somente a indústria alimentícia e não os consumidores em si.

Nas demais categorias com menor freqüência, os professores argumentam que esta

aplicação da Biotecnologia pode causar alergias ou resistência a antibióticos, diminuir a

diversidade biológica impedindo trocas de material genético ao acaso, deve-se promover um

estudo por maior período.

62

Tabela 13 - Biotecnologia na produção de alimentos

Categorias F %

Avanço tecnológico para seleção de variedades 4 40

Melhora aproveitamento agrícola 3 30

É a favor do melhoramento genético 1 10

Há programa de segurança experimental 1 10

Ajuda minimizar a fome mundial 1 10

Totais 10 100

A tabela 13 refere-se à Representação Social de 12 professores que concordam

totalmente com o uso desta tecnologia..

Estatisticamente, as diferenças entre as freqüências das categorias representadas são

significativas. (p=4,32 para p≤0,05)

Dos 12 (18,75%) professores que concordam totalmente com esta aplicação da

Biotecnologia, é considerável a freqüência de 40% na categoria dos professores que

consideram a aplicação da Biotecnologia um avanço da ciência para a seleção de variedades

de espécies alimentícias para a humanidade; 30% representam que esta aplicação proporciona

melhor aproveitamento agrícola, aumentando a produtividade e a qualidade dos alimentos.

Nas demais categorias 10% dos sujeitos manifestam-se favoráveis à aplicação,

justificando-se a favor do melhoramento genético por confiar no programa de segurança

alimentar existente, e que o aumento de propriedades no alimento pode contribuir para

minimizar a fome mundial.

A questão de número 17 buscou informações nas Representações dos Professores

sobre a opinião que os mesmos possuem quanto à aplicação de “Retirar genes de espécies

vegetais e transferir para plantas cultivadas, para torná-las mais resistentes a pragas”.

Entre os participantes da pesquisa que se posicionaram em relação à questão, 6

professores discordam dessa aplicação e 53 concordam. Foram apresentados 26 argumentos,

que foram organizados em 12 categorias, representados na Tabela 14.

Entre os 59 participantes que se posicionaram sobre a questão, 53(82,81%) dos

professores que concordam com esta aplicação da Biotecnologia, apontam restrições, 3

professores não justificaram sua opinião e 6 professores não concordam com a aplicação.

63

Estatisticamente, as diferenças entre as freqüências das categorias representadas são

significativas. (p=2,68 para p≤0,05)

Tabela 14 - Biotecnologia aplicada na agricultura

Categorias F %

Aumenta a produtividade e qualidade dos alimentos/diminui o preço

16 26,23

Desde que não gere problemas futuros 8 13,12

Deve ter ética/ segurança/ser testada 8 13,12

Pode alterar o meio ambiente 6 9,83

Há poucas informações sobre sua segurança 5 8,20

Discordam da aplicação 5 8,20

Promove proteção, preservação e resistência à espécie vegetal.

4 6,55

Pode gerar monopólios em agronegócios 3 4,91

Pode criar resistência às pragas 2 3,28

Reduz o uso de inseticida/agrotóxicos 2 3,28

Há outros métodos naturais de seleção 1 1,64

Pode diminuir a variabilidade genética 1 1,64

Totais 61 100

A categoria que apresenta maior freqüência refere-se aos professores que concordam

com a aplicação sem demonstrar restrições, 25,93% representam que esta aplicação visa ao

aumento da produtividade e da qualidade das espécies cultivadas, diminuindo seu preço aos

consumidores.

As categorias que apresentam freqüência considerável referem-se aos professores que

citam as condições de segurança e ética, 13,12% representam concordar desde que não gere

problemas futuros; 13,12% alegam que esta aplicação deve ser testada, com segurança e com

ética.

Duas categorias apresentam a freqüência de 8,03% e fazem representações ao meio

ambiente, argumentam que a Biotecnologia pode alterar o meio ambiente, mas possuem

poucas informações sobre a segurança desta aplicação para o meio e para os seres vivos.

64

Na categoria dos que discordam da aplicação encontram-se 5 (8,20%) dos sujeitos,

sendo que 40% afirmam possuir poucas informações sobre segurança, 40% justificam–se pelo

possível surgimento de seres resistentes, causando desequilíbrio ao meio ambiente. Uma

professora afirma que a Biotecnologia não deve alterar os seres vivos, porém está mesma

professora cita que a Biotecnologia visa à saúde dos seres vivos.

As demais categorias com freqüências menores, argumentam que a aplicação da

Biotecnologia pode gerar monopólios em agronegócios, pelo neoliberalismo de nosso sistema

globalizado, pode criar resistência às pragas, bem como podem diminuir a variabilidade

genética dos vegetais.

Dos 64 professores, 04 professores citaram ainda não ter opinião sobre o assunto, 50%

não se justificou e 50% descrevem não ter recebido informações sobre o assunto. Apenas um

professor não respondeu à questão. Estes não estão incluídos nos dados da tabela 14

� Discussão sobre as Representações Sociais quanto à influência dos

enunciados

Observa-se que os professores de modo geral possuem uma Representação Social

positiva da Biotecnologia, como avanço científico no âmbito de aplicações de processos e

produtos que visam ao bem estar e à qualidade de vida nos setores da saúde e do meio

ambiente.

Porém, não possuem clareza sobre as informações técnico-científico dos processos de

aplicações no desenvolvimento desta nova área do conhecimento que é a Biotecnologia.

Verificou-se que há contradições de posicionamentos dos professores em suas

Representações. Os mesmos professores que indicaram Representação positiva da aplicação

da Biotecnologia em saúde, quando questionados de forma aberta sem exemplificação de

aplicações, demonstraram restrições em suas representação, de acordo com o tipo e o ser vivo

que recebe ou sofre modificação pela aplicação da Biotecnologia.

Assim como os professores que não se posicionaram na questão aberta sobre a

opinião quanto à aplicação da Biotecnologia em saúde por não conhecerem o tipo de

aplicação possível, ao analisar a informação indicada no enunciado da questão, posicionaram-

se favoravelmente ou com algumas restrições, indicando a expressão “desde que”.

Segundo BERTRAND (2003), a enunciação individual não pode ser vista como

independente do imenso corpo de enunciações coletivas que a precederam e que a tornam

65

possível. A sedimentação das estruturas significantes resultante da história determina todo ato

de linguagem. Há sentido “já-dado”, depositado na memória cultural, arquivado, ou seja,

como Moscovici, na Teoria da Representação Social, a ancoragem se fez na língua e nas

significações lexicais, fixada nos esquemas discursivos, controlados pelas codificações dos

gêneros e das formas de expressões que o enunciador, no momento do exercício individual da

fala, convoca, atualiza, reintera, repete ou, ao contrário, revoga, recusa, renova e transforma.

Verifica-se também que os professores que se demonstraram favorável à aplicação da

Biotecnologia em saúde, salvo as restrições do tipo “desde que”, nas questões abertas sem

descrição da aplicação, de acordo com os enunciados, foram totalmente contrários a

aplicação.

Nas justificativas afirmativas, revelam marcas típicas dos anúncios como os das

manchetes destacadas nos diferentes gêneros da esfera jornalística não científica.

5.6 DADOS REFERENTES A FONTES DE INFORMAÇÃO SOBRE A

BIOTECNOLOGIA

Parte da pesquisa buscou coletar dados referentes às fontes de informação que os

professores de Biologia do Ensino Médio adquirem sobre a Biotecnologia em Saúde.

5.6.1 Interesse na busca de informações científicas sobre a Biotecnologia

Quanto à participação em eventos como palestras, cursos ou seminários sobre a

Biotecnologia em saúde, verifica-se que entre os 64 professores da pesquisa, 54 (84,37%) não

participou de curso, seminário ou palestra sobre o assunto Biotecnologia em Saúde.

Os demais 11(17,18%) já receberam informações em eventos que tratavam do assunto

Biotecnologia, todos foram realizados entre os anos de 2000 e 2005.

Quanto aos eventos sobre Biotecnologia de que os professores receberam informações

9(81,81%) foram organizados por Universidades, entre as Instituições citadas estão, a

Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) - organizados pelo Núcleo Integrado de

Biotecnologia (NIB), a Universidade Braz Cubas (UBC), a Universidade Guarulhos,

Universidade de São Paulo (USP), Fundação Santo André e Curso Santa Rita.

66

Dois participantes receberam as informações por palestras ministradas no Instituto

Butantã e no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e um dos professores no Hospital

Santa Catarina-SP.

Observa-se que não é representativa a participação de professores em atualização em

eventos oferecidos por Universidades ou Instituições de Pesquisas Científicas, os que

participaram de eventos em Universidades, o fizeram durante o período de sua graduação.

Estes 11(17,18%) são os professores que em suas mensagens descrevem com

afirmações os conceitos nominativos da Biotecnologia, como a manipulação, alteração e

modificações no material genético, citando procedimentos específicos desta ciência.

5.6.2 Fonte de Informação sobre a Biotecnologia

A pesquisa, na questão 19, solicitou aos participantes que indicassem a sua fonte de

informação sobre a Biotecnologia em Saúde em seu cotidiano. Apenas um professor não

respondeu a questão.

Tabela 15 – Fontes de informações sobre Biotecnologia em saúde

Categorias F %

TV 52 24,29

Revista do tipo Veja ou Época 34 15,88

Jornais 32 14,95

Revista do tipo Galileu, Super Interessante. 30 14,01

Livros didáticos 28 13,08

Internet 18 8,41

Livros especializados 13 6,07

Revistas (outras) 5 2,33

Não tenho informações 2 0,93

Totais 214 100

Estatisticamente, as diferenças entre as freqüências das categorias representadas são

significativas. (p=2,68 para p≤0,05)

67

A Televisão, os Jornais, as Revista de grande circulação e os Livros Didáticos foram

as categorias mais citadas pelos professores participantes da pesquisa.

Entre os professores que citaram a Televisão como fonte de informação, 9,61% não

indicaram a emissora; 65,38% recebem as informações de emissores de canal aberto, entre as

citadas estão a TV Globo, TV Cultura, Rede Bandeirantes e Sistema Brasileiro de Televisão

(SBT); 23,07% recebem a informação de emissoras de canal fechado, pago, entre as citadas

estão Discovery Channel, National Geographic Channel, Directv, TV Escola e TV Futura.

Quanto aos professores que citaram o jornal como fonte de informação, 56,26% lêem

o Jornal Folha de São Paulo, 21,87% lêem o Jornal Estado de São Paulo e 21,87% não

indicaram o jornal.

Verificou-se que, 15,88% dos professores citaram ler a Revista Veja ou Época,

14,21% citaram a Revista Super Interessante e Galileu. Também foram citadas leitura das

Revistas Cientific American, Nature, Jornal of Ethnopharmacology, e Cientific Scian e

Revista de Organizações não Governamentais, como o Greenpeace.

Entre os professores que citaram receber as informações sobre Biotecnologia em saúde

por Livros, 13,08% apontaram os Livros Didáticos, 6,08% informam ler Livros

Especializados, mas não indicaram as editoras.

As informações sobre pesquisa de informação pela Internet, foram citadas com a

freqüência de 8,41%, destacando-se os sites Scielo, Embrapa e M.Reserach.

� Discussão sobre a fonte de informação dos professores

A pesquisa revela que os professores não se utilizam de fontes produzidas na esfera

científica e sim de fontes de divulgação midiática, como a televisão de canal aberto e os

jornalísticos não especializados em publicações científicas, as fontes que estes professores

utilizam como parâmetros são impregnados de manipulações de interesse político, social e

econômico, o que pode levar professores e alunos a uma posição acrítica frente às

informações genéticas e éticas que estão sendo cada vez mais veiculadas fora do meio

acadêmico.

O papel dos formadores de professores é, entre outros, garantir o acesso, a apreensão e

a significação dos conceitos fundamentais da genética aos alunos, para que possam ancorar as

novas informações obtidas num conhecimento que lhes permita avançar na compreensão

desses novos fatos. Para que isso ocorra, deve-se trabalhar não apenas os conceitos científicos

68

fundamentais para se entender essas novas tecnologias, mas também os aspectos éticos,

sociais, econômicos e ambientais a eles relacionados. É preciso orientar para a análise dos

meios de comunicação, reconhecendo os diferentes discursos e gêneros do discurso

elaborados por essas esferas, principalmente entre professores e alunos. Conclui-se que é

preciso desmistificar a Genética e aproximá-la do cotidiano das pessoas, para subsidiar os

cidadãos nas decisões necessárias à sua vida prática.

Amorim (2001) reconhece, dentro dos resultados de sua pesquisa de mestrado, que os

elementos ciência e tecnologia (C&T), nas fontes de divulgação científica não são

contextualizados em uma específica sociedade, o que geralmente não leva a um

desenvolvimento da capacidade crítica dos alunos e também dos professores frente aos

diferentes papéis da C&T, a fim de lhes garantir tomadas de decisão mais conscientes.

Segundo Azeredo (2003), os Especialistas e Pesquisadores da Biotecnologia são os

indicados e competentes a transmitir a população em geral informações acuradas para a

compreensão do desenvolvimento da Biotecnologia.

A Biotecnologia nasceu de um processo de transformação histórica, influenciada pela

genética e bioquímica, a descoberta do DNA, a elucidação de sua estrutura, das possibilidades

da detecção e ou alterações em seu genoma, até o desenvolvimento de organismos

transgênicos, representam algumas das inúmeras questões que só foram esclarecidas através

das metodologias desenvolvidas para essas ciências.

Compreender e interagir nas decisões da utilização ou não da Biotecnologia em

organismos vivos, exige compreensão do conhecimento científico, pois somente partilhar as

descobertas e possibilidades pelos meios de comunicação como o jornalístico ou televisivo

gera polêmica, principalmente pelas formas como estas são divulgadas. Consequentemente,

professores e estudantes encontram dificuldades de compreender, ensinar e aprender tópicos

relacionados aos eventos da Biotecnologia.

Portanto, há uma necessidade urgente de divulgação de conceitos científicos como,

por exemplo, os básicos da Biologia Molecular. Assim, é relevante também compreender os

diferentes gêneros discursivos que circulam nas esferas sociais, em destaque os que circulam

nas mídias televisivas e jornalísticas e na internet, bem como nos livros didáticos e nas

publicações de divulgação científica.

Entre os temas que envolvem as novas tecnologias, os professores desta pesquisa

citaram que discutem temas como a Clonagem, os Transgênicos, as Células-Tronco,

Substâncias produzidas por Microorganismos e a Biotecnologia aplicada no Meio Ambiente.

69

Sobre os procedimentos metodológicos aplicados em sala de aula sobre assuntos da

Biotecnologia, somente 11 professores descreveram seus procedimentos metodológicos.

Observa-se que 16 (80%) deles realizam debates para análise de pontos de vistas,

através de matérias e publicações divulgadas em jornais, revistas ou na Mídia; 20% solicitam

pesquisas e relatórios de fontes como internet, livro didático e ou Revistas diversas, não

especificaram se analisam as fontes; 30% descrevem somente citar, de forma indireta,

exemplos de aplicações da Biotecnologia, nos estudos de Genética ou de Microorganismos.

A seleção e a escolha da adoção de livros didáticos – influenciados principalmente

pelos PCN – de abordagens históricas e de enfoques C&T, são imprescindíveis para uma

melhora no ensino de ciências. No entanto, sendo fontes que influenciam diretamente na

produção de leituras do professor sobre a história da ciência, os autores – tanto dos

documentos quanto dos livros didáticos – precisam ter o cuidado de deixar claro que existem

várias abordagens históricas e diferentes formas de se conceber as relações entre ciência,

tecnologia e sociedade. Assim, optar por uma delas passa a ser uma possibilidade de decisão

dos professores de ciências e biologia, e não um direcionamento do material didático.

5.7 REPRESENTAÇÃO SOCIAL DA BIOTECNOLOGIA - TEMAS

EMERGENTES

Parte da pesquisa buscou informações sobre as Representações Sociais que os

professores de Biologia possuem das aplicações da Biotecnologia sobre temas específicos

como a Clonagem, os Transgênicos e aplicação da Técnica do DNA Recombinante na área da

Saúde.

5.7.1 Clonagem

A questão de número 20 buscou informação sobre a Clonagem. Durante a aplicação do

questionário, foi solicitado verbalmente a todos os professores que os mesmos indicassem as

técnicas e ou procedimentos com que a clonagem é realizada.

Na descrição observa-se que 9 professores não fizeram comentários; entre estes, 3 não

responderam à questão e 6 professores justificaram não ter conhecimento sobre como ocorrem

as técnicas ou procedimentos da clonagem.

70

Entre os professores que justificaram sua opinião sobre a clonagem, ocorreram 21

descrições diferentes, citando conhecimentos as clonagens referentes a animal, vegetal, de

microorganismos e a terapêutica; 20% descreveram o processo utilizado para clonar a Ovelha

“Dolly”, sendo que este exemplo foi apresentado por 54,44% dos professores.

Quanto às informações sobre a Representação Social dos professores em relação à

Clonagem, foram identificados 20 argumentos, incluídos em 6 categorias, contidas na Tabela

16.

Estatisticamente, as diferenças entre as freqüências das categorias representadas são

significativas. (p=5,17 para p≤0,05)

Tabela 16 – Representações sociais sobre a Clonagem.

Categorias F %

Devem ser usados com ética 8 32

Favorável na produção órgão/tecidos para transplante 7 28

Não favorável, principalmente em humano. 4 16

É uma técnica nova, necessita se aperfeiçoar. 3 12

Favorável pelo resgate de espécies em extinção 2 8

Não possuem legalidade e legislação 1 4

Totais 25 100

Observa-se que a categoria com maior freqüência refere-se à condição apontada pelos

professores sobre o uso da Clonagem, 32% argumentam que a clonagem deve ser utilizada

com ética.

Nas categorias em que a freqüência de representatividade é considerável, 28%

argumentam ser favorável à clonagem por possibilitar a produção de órgãos e tecidos para

transplantes em humanos, mas 16% argumentam ser contra a clonagem humana.

Observa-se pelas argumentações que todos os participantes que foram contra a

clonagem citam questões da religião, 3(12%) argumentam que a clonagem é um processo

novo e necessita se aperfeiçoar com estudos; 2 (8%) são favoráveis pela possibilidade de

resgate de espécies em extinção, principalmente a vegetal e 1(4%) cita que a clonagem não

possui legalidade e legislação.

Foi apresentada entre as descrições a importância de se estudar as células-tronco no

processo de produção de tecidos ou órgãos de animais para transplantes em humanos.

71

Dentre as técnicas apresentadas pelos professores, destacam se os procedimentos com

o uso de enzimas de restrição, de vetores como os plasmídios, o Bombardeamento de ouro, o

Blotim.

5.7.2 Transgênicos

A questão de número 21 busca informações sobre a Representação Social dos

professores quanto aos Transgênicos. Perguntou-se aos professores de Biologia: “Caso você

pudesse escolher entre um alimento transgênico e um alimento não transgênico, pela

indicação na rotulagem, qual deles escolheria? Por quê?”.

Entre os 64 professores participantes da pesquisa, apenas um professor não respondeu

à questão, 19(29,68%) dos professores não sabem qual escolha fazer; 50% argumentam não

possuir informações de segurança sobre os benefícios e a forma como se faz o cultivo do

transgênico; 50% argumentam que o assunto é novo e, depende do momento, que não foi

categorizado.

As informações para a análise das Representações Sociais sobre a escolha do alimento

transgênico pela indicação da rotulagem foi dividida em dois grupos.

A Tabela 17 representa 10 professores que escolheriam o alimento transgênico pela

indicação na rotulagem.

Nas categorias que possuem freqüência considerável entre os professores favoráveis

aos alimentos transgênicos, 44,45% indicam que o Melhoramento Genético torna os alimentos

mais saudáveis e com melhor qualidade para os seres humanos.

As demais categorias argumentam ser favoráveis por diferentes condições, não

consideradas representativas.

Estatisticamente, as diferenças entre as freqüências das categorias representadas na

Tabela 17 são consideravelmente significativas. (p=9,72 para p≤0,05)

72

Tabela 17 – Consumo de alimentos transgênicos com rotulagem.

A Tabela 18 representa 34 professores que não escolheriam o alimento transgênico

pela rotulagem. Estatisticamente, as diferenças entre as freqüências das categorias

representadas na tabela 18 são consideravelmente significativas. (p=2,71 para p≤0,05)

Tabela 18 – Não consumo de alimentos transgênicos com rotulagem.

Categorias F %

Não possui informação segura/procedência/efeitos colaterais

20 60,60

Processo novo/em estudos 6 18,19

Alimento não transgênico é mais saudável 3 9,09

Menor risco à saúde 2 6,06

Vantagem só para o produtor 1 3,03

Não concorda com a Manipulação Genética 1 3,03

Totais 33 100

Entre o total de professores pesquisados, 34(53,12%) não escolheriam pela rotulagem

o alimento transgênico.

As categorias com maior freqüência registrada indicam que 60,60% representam que

não consumiriam o alimento transgênico por não possuirem informações seguras sobre

procedência e efeitos colaterais possíveis; 18,19% representam que os Transgênicos estão em

estudos, é um processo novo na ciência.

Categorias F %

Pelo melhoramento genético, são mais saudáveis com maior qualidade.

4 44,45

São testados e comprovada sua eficácia 1 11,11

Nada contra a Biotecnologia 1 11,11

Para fazer comparações 1 11,11

Deve ser melhor metabolizada pelo nosso organismo 1 11,11

Comemos vários alimentos sem saber sua origem 1 11,11

Totais 9 100

73

As demais categorias não possuem representatividade significativa, os seguintes

argumentos foram apresentados: não consumir transgênico terá menor risco à saúde, e só o

produtor tem vantagens com o transgênico, não concordam com a Manipulação Genética.

5.7.3 Aplicação do DNA recombinante

5.7.3.1 Em Medicamentos

A questão de número 22 buscou informações sobre a aplicação da Biotecnologia, na

produção de medicamentos com a tecnologia do DNA recombinante a pergunta foi: Na área

da Saúde, a Biotecnologia possibilitou a produção de insulina humana, utilizada em

diabéticos, que começou a ser gerada em massa, por bactérias ou leveduras modificadas com

um gene humano que codifica esta proteína. Antes a insulina era extraída do pâncreas de

bovinos e suínos. Qual sua opinião sobre o uso da biotecnologia na produção de

medicamentos com a tecnologia do DNA recombinante?

Dos 64 professores de Biologia, um professor (1,56%) discorda em parte do uso da

tecnologia do DNA recombinante, por falta de provas quanto à segurança dos procedimentos

e pela submissão da ética humana à ética do mercado; 10(15,62%) ainda não têm opinião

sobre o assunto, desses, 50% não responderam a justificativa e 50% alegam não possuir

informações para opinar sobre o assunto.

Apenas um professor (1,56%) discordou totalmente da utilização do DNA

recombinante na produção de medicamentos, porém em sua justificativa não apresentou

nenhuma objeção, argumentando que a Biotecnologia pode dar chance às pessoas com

problemas de saúde.

Estatisticamente, as diferenças entre as freqüências das categorias representadas na

Tabela 19 são significativas. (p= 2,08 para p≤0,05)

74

Tabela 19 – Concordância com a aplicação da Biotecnologia em medicamentos

Categorias F %

Aumenta a expectativa de vida 16 24,61

Necessita de tempo para comprovar sua eficácia 17 26,15

Biotecnologia utilizada com fins terapêuticos 8 12,30

Novos medicamentos são desenvolvidos /Diminui custo

9 13,84

Produz substâncias compatíveis ao organismo humano, sem efeitos colaterais.

5 7,7

Não fez objeções/ Não há informações sobre possível rejeição ao organismo

6 9,24

Ética 3 4,62

Não utiliza de cobaias para produzir medicamentos 1 1,54

Totais 65 100

Observa-se que 52 professores concordam com aplicação do DNA recombinante em

Medicamentos, destes 53,12% não apresentam em seus argumentos restrições; 18%

concordam em parte e apresentam condições de aceitação desde que passem pelo crivo da

segurança e da ética.

As categorias que possuem representatividades significativas, aceitam a Biotecnologia

para fins terapêuticos, pois acreditam que a expectativa de vida, traz em possibilidade de

alternativas de novos medicamentos compatíveis ao ser humano, pode diminuir o custo do

setor de saúde, desde que comprovada sua eficácia, passada pelo crivo de segurança,

envolvendo as questões éticas em sua aplicação.

5.7.3.2 Em Alimentos “Alimentos Vacina”

Na questão de número 23, buscou-se informações sobre a Representação Social que os

professores fazem da utilização do medicamento com a tecnologia do DNA recombinante em

um alimento, especificamente com um Alimento Vacina.

Dos 64 professores participantes na pesquisa, 49,20% descreveram que comeriam e

33,33% diz em que não comeriam um alimento vacina, um professor respondeu que talvez

comesse, dependeria da situação e do momento, e um professor não respondeu à questão.

75

Entre os professores que responderam que não comeriam um alimento vacina, 76,20%

citaram não ter opinião sobre o assunto, pois desconhecem informações sobre este tipo de

alimento, 9,52% não justificaram sua opção, 9,52% aguardariam resultados de testes para

comprovar sua eficácia e 4,76% comeriam dependendo do risco que estariam correndo.

Entre os 31 professores que comeriam um alimento vacina, observa-se

representatividade considerável entre os participantes, devido à função do nome vacina, que

se traduz em imunização; 53,85%, faz em menção ao conceito vacina.

Quanto ao conhecimento de um alimento ser modificado geneticamente por DNA

recombinante com propriedade da vacina, os professores em sua grande maioria demonstrou

não conhecer o produto, não podendo opinar o assunto.

Nas categorias que apresentam maior representatividade entre o que os professores

argumentam, 53,85% comeriam pela imunização e prevenção que a vacina proporciona contra

doenças e 19,23% por diminuir o uso de agulhas injetáveis, diminuindo também a dor e o

risco de contaminação por agulhas.

Os argumentos dos professores que comeriam um alimento vacina estão categorizados

na Tabela 20, 4(19,04%) não justificou sua opção.

Tabela 20 – Consumo de alimento vacina, com tecnologia do DNA recombinante

Categorias F %

Pela imunização /Prevenção contra doenças 14 53,85

Diminuiria uso agulhas 5 19,23

Desde que comprovada sua eficácia 2 7,69

Só se não houver outra opção, depende do risco. 2 7,69

Diminuiria o custo do setor Saúde 1 3,85

Forma mais agradável de prevenção 1 3,85

Preferência por vacina oral 1 3,84

Totais 26 100

Estatisticamente, as diferenças entre as freqüências das categorias representadas na

Tabela 20 são significativas. (p= 8,51 para p≤0,05)

Observa-se que 7,69% da freqüência não apresentam posicionamento favoráveis desde

que não houvesse outra opção de prevenção, 3,85% citaram que diminuiria o custo para o

76

Setor Saúde, 3,85% citaram ser uma forma mais agradável de prevenção e 3,84% preferem

por vacina oral.

� Discussão sobre a RS da Biotecnologia quanto aos temas emergentes

JUNIOR, SOUZA & BROCHIER (2004) destacam que uma das questões em

representações sociais de educação em saúde e de temas ligados a questões ambientais é a

obtenção de algo que a própria educação não detecta sem a reflexão de sua concepção, que é

estabelecer uma linguagem única, ou seja buscam um entendimento consensual da realidade

e, em última análise, de uma conduta social favorável para a sobrevivência do planeta e a

promoção de saúde coletiva.

Segundo SCHEID & PANSERA-DE-ARAUJO (2002), ao verificar a opinião de

graduandos em Ciências Biológicas sobre a transformação do genoma de plantas para criar

um alimento “melhorado” para consumo humano e a realização desse processo em

mamíferos, constatou-se a partir de questões semi-estruturada em entrevistas individuais e

coletivas, oral e escrita que as suas representações apresentam posições e admitiram

procedimentos diferentes em relação às tecnologias genéticas: um restritivo, com relação à

aplicação em seres humanos, e outro, não restritivo, em relação aos seres vivos não-humanos

e, nesse caso, ainda, se são ou não mamíferos.

Nesta pesquisa, o resultado da Representação Social sobre as aplicações da

biotecnologia também se confere a outras pesquisas, como a citada no parágrafo acima. Há

maior recusa dos sujeitos pesquisados quanto à restrição da aplicação da Biotecnologia

diretamente no genoma dos seres humanos, seguida em alimentos e maior aceitação em

produtos como medicamentos.

Esta constatação sugere novas questões sobre o estudo dos seres humanos,

principalmente, no que se refere à identificação do seu genoma e da sua constituição. Isto

porque o ser humano é visto como um ser vivo muito especial, cujas questões mexem com o

imaginário das pessoas sem estabelecer relação com as plantas ou até com outros animais.

Trata-se de uma decorrência da visão fragmentada (cartesiana) que domina a maior parte do

mundo científico e que nos legou uma posição de observadores externos, em que a visão

antropocêntrica é reforçada e amplificada (SCHEID & PANSERA-DE-ANDRADE, 2002).

77

5.8 CONSIDERAÇÕES PESSOAIS DOS PROFESSORES EM RELAÇÃO

À PARTICIPAÇÃO NA PESQUISA

A pesquisa ofereceu um espaço aberto para que os professores apresentassem sua

opinião, sugestões ou qualquer outro comentário relevante sobre a Biotecnologia em Saúde e

os PCN que não foram tratados no questionário. Observou-se que 42(66%) não registraram

comentários, 22(34%) registraram os seguintes comentários, divididos em três aspectos:

a) Citaram que há necessidade de divulgação e esclarecimento à população sobre o que

é a Biotecnologia e suas aplicações.

b) Quanto à Formação do Professor, citaram que há necessidade de Cursos de

Capacitação e ou Orientações Técnicas específicas para atualização do currículo de Biologia,

como a de temas como a Biotecnologia; que professores e alunos são carentes de recursos e

fontes de informações seguras, para discussão de temas como a Biotecnologia e que faltam

livros didáticos que abordem o tema biotecnologia.

c) Sobre os PCN, citou-se que há dificuldades para o professor promover a

contextualização e aplicar metodologias que desenvolvam competências e habilidades nos

alunos, posto que também recebeu formação tradicional, somente com transmissão de

conhecimento; que o professor necessita de articular e inovar conhecimentos e metodologias

junto ao grupo de educadores.

78

6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES

A Representação Social desta pesquisa foi analisada articulando os elementos pessoais

afetivos (sua escolha profissional, o de professores de Biologia no Ensino Médio), mentais

(opiniões) e sociais (suas práticas-pedagógicas) ao lado da cognição, da linguagem e da

comunicação – a consideração das relações sociais que afetam a representação e a realidade

material, social e ideativa sobre a Biotecnologia.

Verifica-se que há necessidade urgente de estruturar a formação do professor atual,

seja ela nas Instituições de Ensino Superior, como na formação continuada, em seu espaço

profissional, como no caso desta pesquisa, no espaço escolar, para atender às modalidades de

organização pedagógicas e espaços institucionais que favoreçam a sua constituição, para

formar e subsidiar docentes competentes para ensinar e fazer com que alunos aprendam, de

acordo com os objetivos e diretrizes pedagógicos traçados pela educação básica, buscando

tornar coerente a formação do professor com a simetria existente entre essa formação e o

exercício da profissão, ou seja, o professor deve ter condições para compreender, selecionar e

se informar do conhecimento científico com a prática social, relacionar teoria a prática, para

efetuar em si e em seus alunos a transposição didática do conteúdo, seja ele teórico ou prático,

com contextualidade e interdisciplinaridade para construção de significados desses

conhecimentos, com referencia à sua aplicação, sua pertinência em situações reais com

relevância para a vida pessoal e social, para a validade e para a análise de fatos reais da vida,

como da Biotecnologia.

Em relação às Representações Sociais dos professores de Biologia do Ensino Médio

sobre a Biotecnologia na esfera científica, as opiniões são positivas em apoio aos avanços

tecnológicos. Porém, os referenciais por meio da análise de conteúdos indicam que os

professores possuem Representações Sociais contraditórias sobre as finalidades e as

possibilidades de aplicações desta nova ciência.

Contraditórios e pouco representativos são a compreensão e o conhecimento tanto da

Lei de Diretrizes e Bases como de seus Parâmetros curriculares Nacionais do sistema

educacional vigente.

Esta ausência de compreensão e a falta de informação sobre a Biotecnologia em suas

Representações Sociais, leva a uma imagem idealizada e inacessível da ciência e dos

cientistas com a população em geral, prejudicial para a assimilação do que é o pensamento

científico e de como ele pode contribuir pra resolvermos os problemas do dia-a-dia.

79

Portanto, é lícito inferir que o contexto educacional no qual ocorrem os entendimentos

e conhecimentos sobre a ciência poderá contribuir, num processo mediado, para a construção

de um processo de ensino que permita tratar de temas emergentes e atuais, de maneira crítica

e ética no contexto sócio-histórico mundial.

No tocante às relações estabelecidas sobre o tema Biotecnologia no contexto escolar,

as ações pedagógicas que buscam informações e direcionamento em discussões junto ao

grupo de docente e ou de discentes não foram representativos, uma vez que os professores não

se sentem seguros a debater os conhecimentos científicos desta ciência. Os poucos que

utilizam as temáticas em sala de aula, restringem-se a debates por situações ou noticiários

divulgados pela mídia jornalística, sem aprofundamento dos conceitos e metodologias

científicas de produção.

Em relação à percepção dos professores quanto à busca de conhecimentos, é

significante a referência de suas informações através da mídia televisiva e jornalística de

comunicação e não por meio de instituições especializadas e ou registros produzidos no setor

de pesquisa científica ou educacional. Há manifestações de interesse e orientações e

atualização de formação continuada para sua profissionalização.

As fontes de informações das quais os professores se utilizam são precárias e

impregnadas de manipulações de interesse político, social, e econômico, o que pode levar

professores e alunos a uma posição acrítica frente às informações genéticas e éticas que estão

sendo cada vez mais veiculadas fora do meio acadêmico.

O professor como formador e mediador de conhecimentos científicos deve em sua

formação, garantir a si próprio e aos seus alunos, o acesso, a apreensão e a significação de

conceitos fundamentais e argumentações científicas, para que possa relacionar, explicar e

avançar na compreensão de novos fatos que surgem no dia-a-dia.

Para tanto, deve-se buscar aprimoramento e revisões constantes dos conceitos

científicos fundamentais para se entender essas novas tecnologia, mas também os aspectos

éticos, morais, sociais, econômicos e ambientais a eles relacionados, assim como orientar para

as análises dos meios de comunicações, reconhecendo os diferentes discursos e gêneros do

discurso elaborados pelas esferas de comunicação.

As Representações Sociais sobre a Biotecnologia em saúde são divergentes e há

contradições de posicionamento quando fazer uso ou não das aplicações da Biotecnologia,

dependendo do tipo de ser vivo. Há maior restrição dos sujeitos pesquisados quanto à da

aplicação da Biotecnologia, diretamente no genoma dos seres humanos, seguida em alimentos

e plantas.

80

Em relação à Biotecnologia ser aplicada com fins terapêuticos também há divergências

e contradições, percebe-se grande representação positiva de tal aplicação na produção de

vacinas, porém quando foi solicitada a opinião da vacina aplicada em alimentos para

consumo, houve por estes mesmos professores restrições negativas ao produto.

Em suas Representações Sociais, é freqüente a indicação de falta de conhecimento

científico e de falta de informação quanto à segurança e a ética.

Os dados revelaram que entre as aplicações da Biotecnologia a Representação Social

de temas como a Clonagem e Transgênicos estão presentes na totalidade dos participantes,

porém poucos descrevem em suas mensagens a compreensão de sues processos e produtos, as

informações destes se referem à divulgação da clonagem pela “ovelha Dolly” e sobre a

polêmica da produção de alimentos transgênicos.

Em relação à percepção sobre a esfera pessoal, que leva em conta valores humanos e

ético-profissionais, as suas condições físicas, intelectuais e de saúde, as Representações

Sociais indicam restrições negativas quanto ao uso e aplicação da Biotecnologia diretamente

nos seres humanos e menor em relação a aplicação nos alimentos, na agricultura, porém

possuem Representação social positiva na aplicação da Biotecnologia na produção de

fármacos.

Considera-se que é preciso desmistificar a Biotecnologia e aproximá-la do cotidiano

das pessoas, para subsidiar os cidadãos nas decisões necessárias à sua vida prática. Assim

como papel da ciência é a produção do conhecimento objetivo, o da escola é criar as formas

mais adequadas de transmitir esse conhecimento válido.

O avanço na área da Biotecnologia vem crescendo e, muitas vezes, o conteúdo de

ensino na escola não é acompanhado, o que pode provocar desatualização e erros conceituais

no aprendizado do aluno.

O conhecimento científico no ensino médio é fundamental para o desenvolvimento do

aluno crítico, porém deve ser orientada e mediada com proficiência pelo professor. Trabalhar

com textos, pesquisas e atividades científicas traz novos dados e novos saberes para o

contexto escolar, construindo conhecimentos que permitem substituir continuamente as

representações que se tem do mundo, lembrando que este saber está vinculado à esfera social,

que lhes dá significado e coerência para sua formação. Porém, o que se constata é o

distanciamento do professor com os produtores da ciência, por meio de artigos e publicações

científicas confiáveis; esse contato acontece pelos meios de comunicação televisivos,

jornalísticos e até da internet, sem a análise das condições gerais desta produção.

81

Mesmo que a investigação científica e o avanço tecnológico sejam do domínio de

poucos indivíduos da sociedade, todos os cidadãos em uma democracia devem estar

preparados para refletir sobre as questões sociais levantadas pela ciência e suas tecnologias

decorrentes. Cabe aos educadores buscar fontes seguras de informação por meio da

investigação de todas as instâncias envolvidas na compreensão do processo histórico, político

e social em que esta ciência vem se desenvolvendo.

Nesta pesquisa, as análises sobre as Representações Sociais dos professores de

Biologia do Ensino Médio demonstram as freqüentes contradições entre aquilo que os

docentes manifestam de forma geral quanto à compreensão da Biotecnologia, em mediante o

enunciado das questões utilizadas, como também na ausência de discussão e compreensão do

seu papel profissional, expressos na constituição, na Lei de Diretrizes e Bases Nacional

vigente no Sistema educacional vigente.

Assim como defendem os estudiosos da Representação Social, a pesquisa provoca o

caráter mutativo dessas Representações Sociais, pois quando o indivíduo e seu grupo social

têm de enfrentar um objeto social importante, mas desconhecido ou pouco familiar, inicia

uma operação complexa de redefinição, a fim de tornar o objeto mais compreensível e

compatível com seu sistema simbólico.

Esta pesquisa tem como intuito subsidiar e provocar a reflexão de educadores para a

análise, elaboração de discussões e propostas de encaminhamentos necessários à compreensão

das novas ciências, como da Biotecnologia em seus conteúdos, como em planejar e executar

inovações de metodologias e procedimentos pedagógicos em sua atuação como Professor

Mediador no âmbito escolar, assim como em sua atuação como cidadão crítico e atuante

conectado com o mundo hoje globalizado.

82

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87

APÊNDICE

88

APÊNDICE A – Questionário

89

Universidade de Mogi das Cruzes Mestrado em Biotecnologia

Agradeço sua participação nesta pesquisa. Meu interesse é obter informações sobre sua formação, sua carreira profissional e vínculo no Estado, sua formação pedagógica, seus interesses e opiniões sobre a Biotecnologia em Saúde no processo de ensino e aprendizagem.

Esta pesquisa faz parte de minha dissertação de Mestrado em Biotecnologia da Universidade de Mogi das Cruzes. Essas informações são muito importantes para que possamos analisar as Representações Sociais de professores de Biologia do Ensino Médio sobre sua formação e o assunto em questão.

Você não precisa se identificar, isto significa que ninguém saberá o que você está respondendo. Garanto absoluto anonimato e sigilo de suas respostas, as quais serão usadas somente com finalidades científicas. Após a tabulação das respostas os questionários individuais serão destruídos.

Sobre as respostas não existem questões certas ou erradas e não será atribuída nenhuma nota. Por favor responda todas as questões de maneira completa. Se você tiver alguma dúvida pergunte ao aplicador.

Muito obrigada.

Professora Mestranda Elizabeth Reymi Rodrigues Instruções: Algumas questões são de múltipla escolha e outras são para você escrever sua resposta. • Nas questões de múltipla escolha você deverá colocar um X no “quadrinho” ao lado da

alternativa que corresponde a sua opinião.

• Nas questões que você deve escrever use a linha imediatamente abaixo da questão.

• Não deixe nenhuma questão em branco, se você não souber responder escreva “não sei”.

• Quando você completar o questionário não assine.

Contato: Profª. Elizabeth Reymi Rodrigues

Email: [email protected] Cellular: 011 9956.1717

90

Não utilize estes quadros

01 .Atualmente estou com

Anos

02. Sou do sexo

Masculino

Feminino

03. Fiz curso de Licenciatura na: Em qual instituição?

_______________________________________________________

Conclui em Ainda Não conclui

04. Fiz o Curso de Licenciatura em: Em Faculdade Pública

Em Faculdade Particular

Predominantemente em Faculdade Pública

Predominantemente em Faculdade Particular

05. Fiz curso de especialização em: Qual especialidade?

_____________________________________________________

Conclui em Ainda Não conclui

06. Meu tempo de Magistério é:

Anos Meses

07. Meu tempo de Magistério no Ensino

Médio é:

Anos Meses

08. Atualmente estou lecionando na :

Série / EM

Período

Manhã

Tarde

Noite

09. Atualmente estou lecionando em :

Escola Pública

Escola Municipal

Escola Particular

10. Meu vinculo com a escola Estadual é OFA Efetivo

91

Saúde e Biotecnologia

11.Você teve Biotecnologia como conteúdo na sua Graduação? Sim Não

12. Você já ouviu falar em Biotecnologia? Sim Não

13. O que você entende por Biotecnologia?

14. Você poderia citar algumas aplicações da Biotecnologia ?

15. Na sua opinião a Biotecnologia pode causar problemas à Saúde dos seres humanos?

Sim Não

Por quê?

16.“Usar a biotecnologia moderna na produção de alimentos, por exemplo aumentando seu teor de proteínas, tornando-os maiores ou mudando o gosto” você:

concordo totalmente concordo em parte

discordo totalmente discordo em parte ainda não tenho opinião

Por quê?

17."Retirar genes de espécies vegetais e transferir para plantas cultivadas, para torná-las mais resistentes a pragas"

concordo totalmente concordo em parte

discordo totalmente discordo em parte ainda não tenho opinião

Por que?

18. Você já participou de algum evento como cursos, seminários ou palestras sobre Biotecnologia em

Saúde?

Sim Não

Caso tenha participado,indique onde e quando ocorreu.

92

19.. Normalmente, qual é sua fonte de

informação sobre a Biotecnologia em Saúde?

Pode assinalar mais de uma alternativa.

TV

Livros Especializados

Livros didáticos

Palestras, cursos

Revistas do tipo Galileu ou Super Interessante

Revistas do tipo Veja ou Época

Não tenho fontes de informações

Outras fontes .Quais?_________________________

_________________________________________

20. Você já leu ou teve contato sobre o assunto Clonagem?

Qual sua opinião sobre o assunto:

21. Caso você pudesse escolher entre um alimento transgênico, e um alimento não transgênico, pela indicação na rotulagem, qual deles escolheria? Alimento transgênico alimento não transgênico não sabe

Por quê?

22. Na área da Saúde, a biotecnologia possibilitou a produção de insulina humana, utilizada em diabéticos, que começou a ser gerada em massa por bactérias ou leveduras modificadas com um gene humano que codifica esta proteína, antes a insulina era extraída do pâncreas de bovinos e suínos. Qual sua opinião sobre o uso da biotecnologia na produção de medicamentos com a tecnologia do DNA recombinante?

concordo totalmente concordo em parte

discordo totalmente discordo em parte ainda não tenho opinião

Por quê?

23. Você comeria um alimento vacina? Sim Não

Por quê?

93

Em relação aos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs)

24. Você já teve oportunidade de ler ou teve um contato “mais direto” com os Parâmetros Curriculares

Nacionais do Ensino Médio de Biologia?

Sim Não

Caso você tenha tido contado mais direto indique em que situação ocorreu.

25. Você já discutiu na escola sobre os PCNs e as novas tecnologias? Sim Não

Quais?

26. As propostas do PCNs atendem as suas necessidades em sala de aula? Sim Não

Justifique?

27. Você tem participado de Cursos de Formação Continuada

Sim Não

Cite qual ou quais:

28. Este espaço foi reservado para você apresentar sua opinião,sugestões ou qualquer outro assunto que

você ache relevante sobre Biotecnologia em Saúde e os PCNs e que não foi tratado no questionário.

Muito Obrigada

94

ANEXOS

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ANEXO A – Termo de Consentimento

96

TERMO DE CONSENTIMENTO

Eu ................................................................................................................................................. RG ..........................................., autorizo a publicação dos dados oferecidos em questionário e declaro estar ciente do andamento da pesquisa intitulada: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE PROFESSORES DE BIOLOGIA SOBRE A BIOTECNOLOGIA EM SAÚDE sob a responsabilidade direta da aluna do curso de MESTRADO EM BIOTECNOLOGIA, ELIZABETH REYMI RODRIGUES, RG 16203543-3 SSP/SP e Orientação do Professor Dr. Moacir Wuo que visa explorar e analisar as Representações Sociais de Biologia sobre Biotecnologia em saúde. Ao colaborador são asseguradas as garantias do anonimato. O estudo, de maneira alguma representa algum tipo de risco ao participante. Suzano, .......... de ............................ de 2006. ____________________________ Assinatura do Pesquisado

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ANEXO B - Termo de Aprovação do Comitê de Ética

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