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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES ALINE ALVES DA SILVA ROSANA ALVES DA SILVA A ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DA DEPRESSÃO PÓS - PARTO MOGI DAS CRUZES 2012

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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES

ALINE ALVES DA SILVA ROSANA ALVES DA SILVA

A ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DA DEPRESSÃO PÓS - PARTO

MOGI DAS CRUZES 2012

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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES

ALINE ALVES DA SILVA ROSANA ALVES DA SILVA

A ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DA

DEPRESSÃO PÓS - PARTO

Monografia apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Universidade de Mogi das Cruzes, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Especialista em Acupuntura.

Orientadores: Profª. Luiz B. Leonelli e

Profº. Bernadete Nunes Stolai

MOGI DAS CRUZES 2012

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ALINE ALVES DA SILVA

ROSANA ALVES DA SILVA

ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DA DEPRESSÃO PÓS-PARTO

Monografia apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Universidade de Mogi das Cruzes, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Especialista em Acupuntura.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________________

Profº Luíz B. Leonelli Universidade de Mogi das Cruzes

Profª Bernadete Nunes Stolai

Universidade de Mogi das Cruzes

Profª Romana Souza Franco

Universidade de Mogi das Cruzes

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AGRADECIMENTOS

A “Deus” por estar sempre presente na nossa vida, e tornar tudo possível,

por ter renovado nossas forças a cada dia, para ultrapassarmos os obstáculos e

conquistar mais essa vitória em nossas vidas.

Aos nossos pais que nos incentivaram e apoiaram em todos os momentos

difíceis.

Aos nossos professores pelo apoio, amizade e contribuições de grande valia

para o desenvolvimento deste trabalho.

“É graça divina começar bem. Graça maior persistir na caminhada certa. Mas

graça das graças é não desistir nunca” (Dom Hélder Câmara).

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RESUMO

A Depressão Pós-Parto (DPP) é o segundo transtorno pós-parto com prevalência de 12 a 19% de acordo com trabalhos nacionais. A terapêutica baseia-se em psicoterapia, medicamentos, acupuntura, massoterapia, eletroconvulsoterapia entre outros. Porém a acupuntura tem sido utilizada para o tratamento da depressão com resultados favoráveis, pois aumenta os níveis de serotonina e evita efeitos colaterais dos antidepressivos tricíclicos. Além disso, estudos demonstram que a acupuntura reage fisiologicamente no organismo liberando substâncias como endorfina no cérebro. Este estudo buscou através de levantamento de dados uma revisão bibliográfica científica por meio de revistas, artigos, livros e dissertações de mestrado, com os objetivos de compreender os tratamentos da DPP, identificar os efeitos da acupuntura e revisar os motivos que levam a DPP. Esta patologia corresponde a um transtorno mental importante e muito recorrente nas puérperas. Para a Medicina Tradicional Chinesa (MTC), a DPP esta relacionada a uma deficiência de sangue causada pelo esforço e perda de sangue durante o parto. Quando a deficiência de sangue se prolonga outras condições podem aparecer como a predisposição de yin e ao vazio do coração levando a uma depressão e ansiedade mais severa e se apresentar além de depressão, comportamento obsessivo ou psicótico, o padrão é sangue estagnado. Através desta pesquisa pode-se visualizar melhor os benefícios da acupuntura como tratamento na DPP, pois trata corpo e mente, sendo um tratamento muito promissor. Palavras-chave: acupuntura, depressão pós-parto.

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ABSTRACT

Postpartum Depression (PPD) is the second postpartum disorder with a prevalence of 12 to 19% according to national studies. The therapy is based on the psychotherapy, medication, acupuncture, massage therapy, electroconvulsive therapy among others. However acupuncture has been used for the treatment of depression with favorable results, it increases the levels of serotonin and avoids side effects of tricyclic antidepressants. Furthermore, studies show that acupuncture reacts physiologically in the body by releasing chemicals like endorphins in the brain. This study sought to survey data through a literature review by scientific journals, articles, books, dissertations and master's degrees, in order to understand the treatment of PPD, to identify the effects of acupuncture and review the reasons why the DPP. This condition corresponds to a mental disorder important and recurrent in postpartum women. For Traditional Chinese Medicine (TCM), the DPP is a deficiency of blood caused by stress and blood loss during delivery. When the blood deficiency extends other conditions may appear as the predisposition of yin and emptiness of the heart leading to a more severe depression and anxiety and perform as well as depression, obsessive behavior or psychotic, the default is stagnant blood. Through this study we can better see the benefits of acupuncture as a treatment in the DPP, as this body and mind, being a very promising treatment.

Keywords: acupuncture, postpartum depression

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.............................................................................................. 9

2 METODOLOGIA.......................................................................................... 11

3 TEORIA DA MEDICINA CHINESA.............................................................. 12

3.1 DEFINIÇÃO DE ACUPUNTURA........................................................... 12

3.2 TEORIA YIN E YANG............................................................................ 13

3.3 CINCO ELEMENTOS............................................................................ 14

3.4 TEORIA DOS ZANG FU........................................................................ 18

3.5 CANAIS DE ENERGIA PRINCIPAIS..................................................... 18

4 BASES CIENTÍFICAS DA ACUPUNTURA................................................. 20

5 DEPRESSÃO PÓS-PARTO......................................................................... 22

5.1 ETIOLOGIA............................................................................................ 23

5.2 EPIDEMIOLOGIA................................................................................... 24

5.3 QUADRO CLÍNICO................................................................................ 24

5.4 A ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DA DPP.................................... 25

5.5 TRATAMENTOS PELA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA............ 27

6 CONCLUSÃO............................................................................................... 32

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 33

ANEXO........................................................................................................... 36

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AGRADECIMENTOS

A “Deus” por estar sempre presente na nossa vida, e tornar tudo possível,

por ter renovado nossas forças a cada dia, para ultrapassarmos os obstáculos e

conquistar mais essa vitória em nossas vidas.

Aos nossos pais que nos incentivaram e apoiaram em todos os momentos

difíceis.

Aos nossos professores pelo apoio, amizade e contribuições de grande valia

para o desenvolvimento deste trabalho.

“É graça divina começar bem. Graça maior persistir na caminhada certa. Mas

graça das graças é não desistir nunca” (Dom Hélder Câmara).

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1 INTRODUÇÃO

Tornar-se mãe é um ritual de transição e envolve uma reorganização interna,

ruptura de vínculos e de papéis, podendo resultar em quadros de depressão

puerperal, sendo o puerpério um período no qual a autoconfiança da mulher

encontra-se em crise (MERIGHI et al., 2006).

O segundo transtorno pós-parto mais importante é a depressão de moderada

a severa, sendo o primeiro transtorno a psicose pós-parto. A depressão pós-parto

(DPP) se inicia insidiosamente depois da segunda ou terceira semana após o parto

(GUARIENTO, 2001, p.540).

O período gravídico puerperal envolve mudanças biológicas, psicológicas e

sociais, e a puérpera tem que reintegrar-se às funções de casa mesmo estando

vulnerável tanto física como psicologicamente, necessitando assim de ajuda dos

familiares e dos profissionais da saúde dando continuidade aos cuidados depois do

parto (MERIGHI et al., 2006).

Segundo Ruschi et al (2007), os sintomas psiquiátricos em mulheres após o

parto são freqüentes, pois este momento é marcado por alterações hormonais e

mudanças no caráter social, na organização familiar e na identidade feminina. Relata

ainda que a prevalência da DPP é de 12 a 19% segundo trabalhos nacionais.

O quadro clínico da DPP corresponde a um quadro de depressão maior com

início em quatro semanas após o parto, e os sintomas devem estar presentes no

mínimo por duas semanas e devem representar uma alteração do funcionamento

anterior da parturiente (GUARIENTO, 2001, p.540).

Vidal (2009), diz ainda que para a psiquiatria o parto atua como fator

desencadeante de transtornos de humor, que em nada diferem, quanto ao curso,

evolução e tratamento, daqueles que se iniciam fora desse período. E mesmo entre

os quadros psicóticos, a prevalência maior será a de síndromes depressivas e

maníacas, sendo mais raros o delírio, a esquizofrenia e os transtornos psicóticos

agudos e transitórios.

O tratamento deve ser preconizado para abreviar o sofrimento materno e

minimizar o impacto familiar (ANDRADE, 2006).

A terapêutica baseia-se em métodos semelhantes aos usados para

transtornos depressivos estes métodos são: psicoterapia, medicamento, acupuntura,

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massoterapia, eletroconvulsoterapia e internamento em casos especiais (SANTOS

et al. , 2009 e CAMACHO et al., 2006).

A acupuntura tem sido empregada no tratamento da depressão com

resultados favoráveis. Segundo um estudo feito por Manber et. al. (2004), o

tratamento realizado com acupuntura teve resultados positivos para o quadro

depressivo durante a gravidez.

As técnicas e recursos terapêuticos tradicionais utilizados na DDP como: a

psicoterapia, os fármacos, fitoterapia, DO IN, massoterapia, também trazem

benefícios no tratamento contra a DPP, também são amplamente utilizados.

Este trabalho tem como objetivos compreender os tratamentos da depressão

pós-parto, identificar os efeitos da acupuntura neste quadro clínico e revisar os

motivos que levam a depressão perinatal.

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2 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo realizado através de revisão bibliográfica da literatura

científica, disponível em livros e dissertações de mestrado de bibliotecas

universitárias, artigos científicos nacionais e internacionais de importantes revistas

científicas, em sites de confiança como Bireme, Scielo, Med Line, Lilacs, PubMed,

Cochrane Library, Web Science, entre outras.

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3 TEORIA DA MEDICINA CHINESA

A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) tem sua origem na Filosofia Taoísta,

considerada uma das colunas da cultura e civilização chinesa, junto ao

Confucionismo e do Budismo (DORIA, 2010).

Segundo a autora supracitada, é da concepção Taoísta certas regras e leis

que existem na natureza as quais nem sempre estão lineares, e que o ser humano

deveria estudá-las por fazer parte dela, e trazer para si a realidade mais essencial.

Esta filosofia diz que ou o ser humano se harmoniza com a natureza ou será

condenado a uma vida sem consciência.

A MTC tem suas concepções voltadas muito mais ao estudo dos fatores

causadores da doença, sua maneira de tratar, conforme os estágios da evolução do

processo de adoecer, e principalmente formas de prevenção da doença. Por isso a

MTC enfatiza os fenômenos precursores das alterações funcionais e orgânicas que

provocam o aparecimento de sintomas e sinais, sendo estes os fatores de

desequilíbrio da energia interna induzido pelo meio ambiente ou pela má

alimentação (origem externa), emoções, fadigas (origem interna) (YAMAMURA,

2009, p.LIV).

Sendo assim a MTC, vê o ser humano como um todo, ou seja, o seu aspecto

psicofisiológico. Em outras palavras busca sempre o equilíbrio entre o corpo e a

mente, sempre em harmonia para desta forma manter a saúde e a integridade do ser

humano (DORIA, 2010).

A MTC possui várias terapêuticas como a alimentação, ervas, massagem,

exercícios e a acupuntura, que serão descritas adiante (KUREBAYASHI et al. ,

2009).

3.1 DEFINIÇÃO DE ACUPUNTURA

A acupuntura é uma técnica desenvolvida na China há mais de cinco mil

anos, sendo que a mesma visa tratar doenças através do equilíbrio das energias

circulantes no corpo, pois acredita-se que um organismo equilibrado não adoece

(VECTORE, 2005).

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Segundo Kurebayashi et al (2009), a acupuntura é uma técnica antiga que

objetiva diagnosticar doenças e promover a cura pela estimulação de pontos de

acupuntura.

Esta técnica baseia - se na existência de acupontos, distribuídos ao longo de

doze linhas imaginárias, denominadas meridianos (coração, fígado, baço-pâncreas,

pulmão, estomago, rim, circulação - sexo, intestino delgado, vesícula biliar, intestino

grosso, bexiga e triplo aquecedor), que percorrem o corpo no sentido vertical e

quando são estimulados promovem benefícios à saúde (VECTORE, 2005).

Na MTC o universo e o ser humano estão submetidos às mesmas influências,

sendo partes integrantes do Universo como um todo. Esta teoria esta apoiada em

três pilares básicos: a teoria do Yang/Yin, dos Cinco Elementos, e dos Zang Fu

(YAMAMURA, 2009, p.XLIII).

3.2 TEORIA YIN E YANG

Este é o conceito mais importante na MTC, representa o desenvolvimento de

todos os fenômenos no universo, sendo o resultado de uma interação de dois

estágios opostos que contêm ambos os aspectos, em diferentes graus de

manifestação, num movimento cíclico e relativo (VECTORE, 2005).

Yamamura (2009, p.XLIV) relata que o Yang e Yin são os princípios

essenciais à existência de tudo o que existe no Universo. O Yang somente pode

existir na presença do Yin, e vice versa, e é esta dualidade que determina a origem

de tudo na Natureza, incluindo a vida.

A MTC baseia-se no equilíbrio dessas duas forças no corpo humano, sendo a

doença vista como um rompimento desse equilíbrio. Tal desequilíbrio destrói as

atividades fisiológicas normais do corpo, transformando se em processos

patológicos (DORIA, 2010).

Assim a MTC visa diagnosticar precocemente as alterações do equilíbrio

Yang e Yin, e a terapêutica é dirigida no sentido de restabelecer-se esse equilíbrio

energético no corpo humano (YAMAMURA, 2009 p. XLVI).

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3.3 CINCO ELEMENTOS

A teoria dos cinco elementos ou movimentos constitui a base da MTC, e foi

elaborada por filósofos chineses para explicar o comportamento da natureza e dos

seres vivos (VECTORE, 2005).

A concepção dos Cinco Movimentos baseia-se na evolução dos fenômenos

naturais, em como os vários aspectos que compõem a Natureza geram e dominam

uns aos outros (YAMAMURA, 2009 p. XLVI).

Os elementos sucedem-se ininterruptamente, cada um tendo origem no que

lhe sucede: Fogo dá origem a Terra, Terra dá origem ao Metal, Metal da origem a

Água, a Água da origem a Madeira que dá origem ao Fogo (DORIA, 2010).

Assim as leis da geração e da dominância são os dois princípios básicos dos

Cinco Elementos. A lei da geração estabelece que cada movimento gera o

movimento seguinte esta relação é conhecida como regra mãe-filho e a lei da

dominância estabelece que cada movimento apresenta dominância sobre o

movimento que sucede (Figura1), isto é, aquele que ele gerou, este principio é

conhecido como regra avô-neto (YAMAMURA, 2009, p.XLVII).

O processo de adoecimento que envolve os cinco elementos são

especificados como: princípio da contradominância e a dominação excessiva. A

contradominância é uma situação que ocorre quando um movimento se torna

excessivo e volta-se contra aquele que normalmente o domina: “o neto volta-se

contra o avô” (Figura 1). Na dominação excessiva das doenças, as relações

patológicas se instalam quando ocorrem desequilíbrios no ciclo da dominância. Uma

fase com excesso de energia pode exercer uma superdominância, enfraquecendo a

fase dominada, em lugar de apenas controla-la (YAMAMURA, 2009, p.XLIX).

Portanto, se as leis que regulam a relação entre os elementos forem

respeitadas, a saúde do organismo será mantida, e se houver ruptura ou

descontinuidade nesses relacionamentos que mantêm o sistema em equilíbrio,

ocorrerá a doença. A terapêutica da MTC oferece recursos para a regulação

energética (DORIA, 2010).

De acordo com a autora supracitada, na MTC os desequilíbrios são

decorrentes das emoções:

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Raiva: diz respeito a ressentimento, fúria contida, irritabilidade, frustração, ódio,

indignação, amargura, sendo que quaisquer desses sintomas podem afetar o

Fígado.

Alegria: pode ser interpretada como uma crise, pois não é um estado saudável,

exemplo: enxaqueca causada por boas notícias repentinas afetam o Coração.

Tristeza: representada pelo Pulmão (Zang), causando sintomas de Depressão.

Preocupação: estudo excessivo, pensar demais acaba debilitando o Baço

causando cansaço.

Medo: debilita o Qi (Energia) do Rim fazendo a descida do Qi (Energia), exemplo:

sensação de calor na face e a sudorese noturna (Quadro 1).

A autora supracitada ainda diz que cada um dos doze Meridianos Principais

relaciona-se a um dos cinco elementos. Quatro Meridianos estão associados ao

elemento Fogo, enquanto os outros elementos estão associados a dois Meridianos

cada um (Fig. 1).

O pensamento chinês não separa o corpo da mente, considerando o indivíduo

como um todo, de maneira global, onde as características psíquicas de indivíduo

orientam o terapeuta para o diagnóstico concomitante do estado físico e psíquico do

paciente. Por isso o tratamento do corpo físico repercute no estado psíquico

(DORIA, 2010).

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Cinco Movimentos

Elementos Água Madeira Fogo Terra Metal

Zang

(órgão)

Rins Fígado Coração Baço/Pâncreas Pulmão

Fu

(vísceras)

Bexiga Vesícula

Biliar

Intestino

Delgado

Estômago Intestino

Grosso

Relação

Yang/Yin

Yin

máximo

Yang do Yin

Yang

Máximo

Equilíbrio

Yang/yin

Yin do

Yang

Energia

Frio

Vento

Calor

Umidade

Secura

Estação /

Ano

Inverno Primavera Verão Centro Outono

Cores

Preto

Azul-

esverdeado

Vermelho

Amarelo

Branco

Sabor

Salgado

Ácido/Azedo

Amargo

Doce

Picante

Emoção

Medo

Raiva

Alegria

Preocupação

Tristeza

Órgãos

sent.

Orelhas

Olhos

Língua

Boca

Nariz

Função

Sensorial

Audição

Visão

Fala

Paladar

Olfato

Sons

Gemidos Grito Riso Cantoria Choro

Tecidos Ossos Tendões Vasos

Sanguíneos

Carne

(Músculos)

Pele

Quadro 1.Correspondência dos Cinco Elementos

Fonte: YAMAMURA (2009, p.LI).

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Geração

Dominância

Figura 1. Cinco elementos – Lei Geração e Dominância

Fonte: YAMAMURA (2009 p. XLVIII).

Contradominância

Figura 2. Superdominâcia e Contradominância respectivamente.

Fonte: JACQUES (2001).

FOGO

MADEIRA TERRA

METAL ÁGUA

FOGO

MADEIRA TERRA

METAL ÁGUA

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3.4 TEORIA DOS ZANG FU

A MTC denomina de Zang Fu o estudo dos Órgãos e Vísceras sob três

aspectos: energético, funcional e orgânico. As vísceras são estruturas tubulares e

ocas que têm função de receber, transformar, assimilar, alimentos e eliminar os

dejetos. Os órgãos têm a função de armazenar a essência dos alimentos

proporcionando o dinamismo físico, visceral e mental. Tal função gera a energia do

Shen que constitui no exterior a manifestação da energia do interior (YAMAMURA,

2009, p LIII,).

Os Órgãos (Zang) são: Coração (Xin), Pulmão (Fei), Fígado (Gan),

Baço/Pâncreas (Pi), e Rins (Shen). As Vísceras (FU) são: Bexiga (Pangguang),

Intestino Grosso (Da Chang), Intestino Delgado (Xiao Chang), Estômago (Wei) e

Vesícula Biliar (Dan) (YAMAMURA, 2009, p. LIII).

Os aspectos energéticos dos Órgãos e Vísceras, conhecidos como Zang Fu

são reconhecidos pela integridade do corpo ou seja, para a MTC uma alteração do

estado mental significa um desequilíbrio energético do Órgão correspondente, por

isso para adequar o tratamento energético, é necessário achar a origem da

alteração energética. Com a intensificação das alterações energéticas vão surgindo

alterações funcionais sendo detectadas por exames laboratoriais e complementares

(YAMAMURA, 2009, p. LIV).

O conceito de Órgãos e Vísceras da MTC difere daquele da medicina

ocidental, pois, representam além dos conceitos da fisiologia ocidental , a integração

dos fenômenos energéticos que agem tanto nas manifestações somáticas como

psíquicas (YAMAMURA, 2009, p. LVII).

3.5 CANAIS DE ENERGIA PRINCIPAIS

Os canais de energia ou meridianos estão diretamente relacionados aos Zang

Fu, sendo que por ele circulam o Qi e o Xue, ligando o interior ao exterior e exterior

ao interior. Durante a gestação o embrião forma-se à custa da Energia Ancestral

Essencial, que origina os esboços energéticos dos Zang Fu (Órgãos e Vísceras).

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Neste período fetal, o Qi dos Órgãos e das Vísceras se exteriorizam formando os

Canais de Energia ou Meridianos (YAMAMURA, 2009, p.3,).

Os canais de Energia são divididos em três categorias: Principais, Curiosos e

Distintos. Os canais Principais são formados por doze Canais, sendo 6 canais Yin e

6 Yang ou seja 12 Meridianos: Pulmão (P), Intestino Grosso (IG), Estômago (E),

Baço-Pancrêas (BP), Coração (C), Intestino Delgado (ID), Bexiga (B), Rins (R),

Circulação – Sexo (CS), Triplo Aquecedor (TA), Vesícula Biliar (VB), Fígado (F)

(DORIA, 2010).

Os canais de Energia Curiosos são oito onde, 4 canais são Yang : Du Mai,

Daí Mai, Yang Mai e Yin Wei e 4 canais são Yin: Ren Mai, Chong Mai, Yin Qiao Mai

e Yin Wei. Estes canais estão relacionados com as Vísceras Curiosas (útero,

medulas óssea e espinal e encéfalo) (YAMAMURA, 2009, p. 4).

Já os canais de Energia Distintos estão relacionados com os canais de

Energia Principais e distribuem Yong Qi e o Wei Qi (YAMAMURA, 2009, p. 4).

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4 BASES CIENTÍFICAS DA ACUPUNTURA

No séc. XX a técnica de acupuntura começou a ser investigada

cientificamente, buscando explicar seu mecanismo de ação. Em 1972, Han Jisheng

descobriu que acupuntura induzia o encélafo e a medula espinhal a produzir uma ou

mais substâncias capazes de modificar o limiar da dor (aumentando os níveis de

serotonina (VECTORE, 2005).

Segundo Yamamura (2009, p. LIX), a escola científica procura descrever que

o estímulo dos pontos de acupuntura sistêmica ou auricular transmite-se por via

nervosa ou fibra A delta e C, isso ocorre porque os pontos situam-se próximos a

nervos periféricos.

Vectore (2005) diz ainda que o efeito da acupuntura pode ser explicado por

que ao estimular os pontos de acupuntura as fibras C reagem a estímulos mais

suaves e as fibras A delta reagem a estímulos mais fortes, esse estímulo chega ao

sistema nervoso central. Da medula espinhal, o estímulo vai para a região reticular

acima do tronco cerebral dirigindo-se a várias regiões do cérebro, principalmente ao

hipocampo (área da memória) e hipotálamo (área que controla o Sistema Nervoso

Autônomo e Sistema Hormonal). Ao realizar todo este trajeto ocorre a liberação de

endorfina (analgésico) pelo cérebro. A substância precursora da beta endorfina, a

pró opiome lanocortina, libera o cortisol (antiinflamatória).

Para Yamamura (2009), os efeitos combinados da ação do Qi nos canais de

energia quando estimulados, agem sobre o sistema autônomo e sobre o sistema

nervoso central, desencadeando várias reações como: analgésicas, hipoalgicas,

hiper ou hipofunção das estruturas orgânicas.

A pesquisa sobre a reação fisiológica da acupuntura mais realizada, é sobre a

liberação de substâncias de endorfinas no cérebro, que e um subtipo de

neuropeptídio chamado opióide, substância capaz de promover analgesia. Esta

descoberta ocorreu na década de 70, e vem avançando no entendimento dos seus

efeitos no cérebro (MENEZES et al., 2010).

Segundo Medeiros et al (2009), estudos histológicos mostraram que os

pontos de acupuntura possuem uma concentração fibrilar neural, uma rede capilar

vem desenvolvida e uma concentração aumentada de mucopolissacarídeos. Tais

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dados demonstraram a diferença na estrutura dos pontos de acupuntura, mostrando

sua especificidade no tratamento.

Segundo Vectore (2005), estudos têm mostrado a capacidade da acupuntura

em modificar neuroquimicamente o sistema límbico (relacionado às emoções),

aumentando o nível de serotonina, por isso a acupuntura é indicada para o

tratamento de depressões e alguns quadros de esquizofrenia, evitando os efeitos

colaterais dos antidepressivos tricíclicos.

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5 DEPRESSÃO PÓS-PARTO

O período puerperal tem início após o parto, sendo dividido em três fases: o

imediato, o tardio e o remoto. A primeira fase correspondente ao período do 1º ao

10º dia pós-parto, durante o qual se desenrolam todas as modificações necessárias

ao retorno do funcionamento do organismo da mulher ao estado anterior à gravidez,

o tardio que vai do 11º dia ao 25º dia onde se desenrolam todas as manifestações

involutivas de recuperação e regeneração da genitália materna, seguindo do remoto,

com término impreciso, na dependência da lactação, normalmente em torno de 6

semanas, permeados por processos físicos, sociais e psicológicos, inerentes à

maternidade (ALMEIDA, 2005).

O parto é uma experiência marcada por sentimentos de ansiedade,

expectativas, realizações e projeções. Esta fase é denominada puerpério, momento

em que a instabilidade emocional e a vulnerabilidade feminina estão susceptíveis a

síndromes psiquiátricas como a depressão (SANTOS et al., 2009).

Segundo Guariento (2001), a passagem do período gravídico para o

puerperal exige adaptações às mudanças fisiológicas, psicológicas e socioculturais

da mulher, e a depressão é especificada como transtorno do humor.

Para Ruschi et al. (2007), os sintomas psiquiátricos pós parto ocorrem por

alterações hormonais e mudanças no caráter social, na organização familiar e na

identidade feminina.

Segundo Camacho et al. (2006), o afastamento ou separação da criança, pela

necessidade de que seja cuidada por outro, pode dificultar ainda mais o

estabelecimento de vínculos afetivos e fortalecer a sensação de inadequação

materna. E diz ainda que a história pregressa de depressão, presença de sintomas

depressivos na gravidez e história familiar de transtornos do humor e de ansiedade

também têm sido identificadas como fatores de risco para transtornos no puerpério.

O tratamento deve ser preconizado para abreviar o sofrimento materno e

minimizar o impacto familiar (ANDRADE, 2006).

Depressão no uso habitual pode significar tanto um estado afetivo normal,

quanto um sintoma ou síndrome que inclui alterações de humor, cognitivas,

psicomotoras e vegetativas. A DPP é um transtorno mental que provoca alterações

emocionais, cognitivas, comportamentais e físicas (SANTOS et al, 2009).

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A tristeza materna é um transtorno autolimitado, com início nas duas

primeiras semanas após o parto, com incidência de 50% a 80%, podendo ser

considerada um fator de risco para depressão no primeiro ano após o parto

(RUSCHI et al. ,2007)

O Ministério da Saúde relata a presença de impulsos suicidas em mães com o

diagnóstico de DPP e que levou a 97 mortes por suicídio associado à patologia em

questão (ARRAIS, 2005).

5.1 ETIOLOGIA

A etiologia da Depressão Pós-Parto é multideterminada, com uma

combinação de fatores psicológico, psicossocial, obstétrico, hormonal e hereditário

(SANTOS et al.,2009).

Os níveis de estrógeno e progesterona são maiores em mulheres em período

gestacional, podendo ocorrer alterações de humor comum nesta fase. A queda

destes hormônios no pós-parto estaria envolvido na etiologia da depressão

puerperal (CAMACHO et al., 2006).

Alguns riscos também são citados por Santos et al. (2009), como

prematuridade, intercorrências neonatais, má formação congênita do bebê,

complicações gravídicas com partos de risco podem levar ao quadro de DPP.

A depressão pós-parto tem uma etiologia multifatorial e certos fatores

preditores devem ser destacados como: historia familiar de depressão, gravidez não

desejada, depressão perinatal prévia, alterações do sono no periparto entre outros,

devem aumentar a vigilância e se necessário recomendar terapia preventiva nos

casos mais graves, como história de negligência grave, ideação suicida e infanticida

(VERAS et al., 2008).

Camacho et al. (2006), aponta também os fatores: idade inferior a 16 anos,

história de transtorno psiquiátrico prévio, conflitos conjugais, estado civil e posição

social. Outros fatores de risco também foram apontados como personalidade

vulnerável (pouco responsáveis ou organizadas), sexo do bebê (oposto ao

desejado), suporte emocional deficiente, entre outros.

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5.2 EPIDEMIOLOGIA

Trabalhos nacionais apontam a prevalência de depressão pós-parto com uma

variação entre 12 e 19% de casos. Esses dados são compatíveis com a literatura

internacional, de 10 a 20% (RUSCHI et al., 2007).

Camacho et al. (2006), relata que um estudo detectou 17% das gestantes

com sintomas na gestação tardia, 18% no puerpério imediato e 13% entre a sexta e

a oitava semanas do puerpério e também no sexto mês do puerpério.

A DPP ocorre em 10% a 15% das puérperas em países desenvolvidos

ocidentais e a maioria dos casos se resolve espontaneamente em 3 a 6 meses, mas

o tratamento deve ser preconizado para abreviar o sofrimento materno (ANDRADE

et al, 2006).

No Brasil encontrou-se uma frequência de 13,4% de DPP em uma amostra de

puérperas de nível socioeconômico elevado e em São Paulo a prevalência de DPP é

de 37,1% em média (ARRAIS, 2005).

5.3 QUADRO CLÍNICO

A depressão pode ser de moderada a severa, sendo que o quadro clínico da

DDP corresponde a um quadro de depressão maior com início em quatro semanas

após o parto. Os sintomas devem permanecer no mínimo por duas semanas

afetando a vida da puérpera. Os sintomas são: humor deprimido, insônia ou

hipersônia, fadiga ou perda de energia, sentimento de inutilidade, culpa excessiva,

pensamento recorrente de morte, dificuldade de concentração e tentativa de suicídio

(SANTOS et al., 2009 e GUARIENTO, 2001).

Segundo Ruschi et al (2007), para ser diagnosticada como DDP a puérpera

deve ter no mínimo cinco sintomas: humor deprimido, anedonia, mudança de peso

ou apetite ou outro já citados.

Camacho et al. (2006), chama a atenção para o fato de que muitas mulheres

com depressão perinatal não revelam seus sintomas com receio de possível

estigmação, diz ainda que as mulheres sentem-se culpadas por não estarem felizes

num momento de alegria.

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Em casos mais graves pode ocorrer ideação suicida, envolvendo

pensamentos obsessivos de violência contra o bebê e agitação psicomotora intensa

(CAMACHO et al, 2006 e ANDRADE et al., 2006).

O diagnóstico pode ser efetivado através da Escala de Depressão Pós Parto

de Edimburgo (Anexo A), a mais utilizada para identificar os sintomas depressivos

manifestados após o parto, traduzida em 24 idiomas (RUSCHI et al, 2007).

5.4 A ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DA DPP

A DPP geralmente tem início lento e a investigação clínica deve ser realizada,

pois episódios não tratados podem se tornar severos. Por isso são indicados

tratamento tanto farmacológico quanto psicoterapêutico (GUARIENTO, 2001).

Vectore (2005) mostra que abordagens alternativas em quadros de DPP

apresentou a acupuntura como tratamento alternativo, mostrando que a técnica tem

sido importante aliada ao tratamento.

Santos et al. (2009) também cita que a acupuntura no tratamento da DPP tem

sido utilizada como forma terapêutica, onde são empregados técnicas da MTC onde

não só a acupuntura sistêmica é empregada e sim todo um conjunto como: a

massagem, orientação nutricional e a farmacopéia chinesa. Esta terapêutica pode

estimular um processo auto-regulatório corporal gerando equilíbrio energético,

promovendo a cura.

Estudos científicos atuais envolvendo a acupuntura evidenciam três fatores

essenciais na técnica: as reações imunes e inflamatórias são mobilizadas quando

qualquer área da pele é suficientemente estimulada; a estimulação periférica neural

ocorre quando os pontos são estimulados mecanicamente, eletricamente,

quimicamente ou termicamente; e por último o componente psicológico é um fator

importante no tratamento com acupuntura (VECTORE, 2005).

A DPP responde muito bem ao tratamento com Acupuntura e ervas chinesas

em um curto período. Na perspectiva chinesa o estado deprimido do Qi e do Sangue

após o parto pode ter uma correspondência em nível mental com alguma depressão

(MACIOCIA, 2000, p.535-536).

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A circulação de energia nos diversos canais de energia pode ser dificultada

por fatores externos ou interno, ocorrendo bloqueios, estagnações de energia e de

Xue (sangue), dando origem a processos álgicos ou de mau funcionamento dos

Órgãos e Vísceras e dos tecidos. A acupuntura visa restabelecer a circulação da

Energia (Qi) nos canais de energia e dos Órgãos e das Vísceras e, com isso, levar o

corpo a uma harmonia de energia e de matéria (YAMAMURA, 2009, LVII).

Manber et al (2004), relata que mulheres gestantes com depressão

submetidas a acupuntura, tiveram uma resposta de 63% de melhora após 12

sessões de acupuntura comparadas a grupos - controle com tratamento não

direcionado aos sintomas de depressão, onde concluíram que a acupuntura contribui

para a melhora do quadro depressivo.

Um estudo realizado por Weier et al (2004), discute várias alternativas ou

terapias complementares para o tratamento de DPP. Entre as técnicas pesquisadas,

a acupuntura apresentou evidências positivas no tratamento.

Estudos realizados por Kurebayashi et al (2009), citam que o tratamento com

acupuntura em pacientes com depressão, ansiedade, insônia entre outros tiveram

resultados favoráveis.

A acupuntura tem um grande potencial terapêutico no tratamento da

depressão, onde em estudo realizado demonstrou redução significativa da patologia.

O mesmo autor relata que a eletroacupuntura de frequência baixa (4Hz) leva à

ativação do núcleo arqueado do hipotálamo anterior com um aumento de

proopiomelamelanocortine, um precursor de hormônios como o adrenocorticotrófico

e beta endorfina (VÁZQUEZ et al., 2011).

Vectore (2005), relata que um estudo feito com acupressão (Do In) no ponto

Extra 1 por dez minutos obteve uma redução nos escores relacionados ao stress

verbal e o efeito da inserção de agulhas no ponto C7 também foi satisfatório na

redução do stress psicológico.

Um estudo específico para tratamento da Depressão realizado com 33

pacientes indicou que 64% das pacientes que receberam acupuntura mostrou

remissão completa e melhoraram significante. O mesmo autor relata que o

mecanismo de ação em eletroacupuntura é a estimulação da liberação de

noripinefrina no sistema nervoso central, a concentração de norepinefrina foram

significante elevados em pacientes deprimidos e melhorou após um período de 6

semanas de eletroacupuntura (BENDA et al., 2008).

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A MTC explica a DPP como deficiência de sangue causado pelo esforço e a

perda de sangue no momento do parto. O coração abriga a mente e governa o

sangue, o sangue do coração fica deficiente, a mente fica sem residência e se torna

deprimida. No que diz respeito à mente, a mãe tem sensação de incapacidade em

reagir, chora em demasia, perde a libido e em seguida se sente culpada e com raiva

devido a esse comportamento instável (MACIOCIA, 2000, p. 528).

O mesmo autor refere que, quando a deficiência de sangue se prolonga

outras condições podem aparecer, em casos de predisposição de deficiência de yin,

em conjunto com a deficiência de sangue pode se iniciar uma deficiência de yin e ao

vazio do coração, sendo que esse estado pode levar a uma depressão e ansiedade

mais severa com manifestações como insônia, inquietude mental e agitação.

Em casos onde a mulher se apresenta além de deprimida, confusa, com

comportamento obsessivo, fóbico e (em casos extremos) psicótico, o padrão é

sangue estagnado, sendo assim um grande risco á mãe e a criança, pois

manifestações como agressividade, alucinações, desilusões, tendência ao suicídio e

pensamentos destrutivos contra a criança podem aparecer (MACIOCIA, 2000, p.

529).

5.5 TRATAMENTOS PELA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA

Como já foi relatado anteriormente a MTC é um conjunto de terapias, que

inclui técnicas de massagem como: Fitoterapia, Massoterapia, Do In, Tui-Na,

Shiatsu. Tai-Chi-Chuan e a Acupuntura com uma gama de técnicas de tratamento

(SANTOS, 2009).

A Fitoterapia ou medicina herbácea está relacionada ao uso das ervas

medicinais sobre diversas formas, tais como: chás, banho, compressas, óleos,

extratos, inalações, como também, suprir a necessidade de certas substâncias e

energias sutís que atuarão como princípios ativos para a harmonização psicofísica.

A fitoterapia foi descoberta pelos antigos egípcios, pelos gregos e mais tarde pelos

romanos, vigorando assim desde 2.300 aC (NUÑEZ, 2002).

Na DPP as ervas são usadas de acordo com o padrão encontrado por

exemplo:

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Deficiência de Sangue do Coração utiliza-se Fu Shen San: recomenda-se esta

fórmula para palpitações, ansiedade e comportamento confuso após o parto. Esta

fórmula é composta por Ren Shen e Huang Qi (tonificam o Qi e fortalecem o Qi

original); Shu Di Huang, Bai Shao, Dang Gui e Huai Niu Xi (nutrem o Sangue); Rou

Gui (esquenta o Interior, entra no Coração e encoraja a geração do Qi e do Sangue);

Fu Shen,Hu Po e Long Chi (acalmam a Mente).

Deficiência do Yin do Coração utiliza-se Ren Shen Dang Gui Tang: recomenda-se

esta fórmula para promover a geração de Sangue e Yin. É composta por Ren Shen

(tonifica o Qi Original), Dang Gui, Bai Shao e Shu Di Huang (nutrem o Sangue), Mai

Men Dong (nutre o Yin), Rou Gui (promove a geração do Qi e do sangue.

Estase do Sangue utiliza-se Xiao Tiao Jing Tang: recomenda-se esta formula para

o sangue que é tanto deficiente como estase rebelando para cima para incomodar o

coração, causando psicose pós-natal. É composta por Bai Shao e Dang Gui (nutrem

o sangue), Mo Yao e Hu Po (também acalma a mente), Rou Gui (promove a geração

do Qi e Sangue), Xi Xin (ajuda abrir orifícios da mente) e She Xiang (abre os orifícios

da mente) (MACIOCIA, 2000, p.530).

A Massoterapia consiste em toques aplicados pelo corpo, obtendo

relaxamento, equilíbrio energético e até mesmo, o aflorar de material psíquico

reprimido. As técnicas mais conhecidas são o Tui-Na, o Shiatsu e o Do-In. O Do-In é

uma forma de tratamento por pressão digital nos pontos de acupuntura e que pode

ser feita pela própria pessoa. Pode ser usada em qualquer lugar e por qualquer

pessoa que tenha conhecimento. Na prática este tratamento pode ser realizado

como um método de primeiros socorros, devido sua eficácia (NUÑEZ, 2002).

O Taí-Chi-Chuam consiste em uma arte marcial chinesa que alia gestos

suaves e respiração especiais à filosofia orienta e desse modo, promove o bem estar

e a manutenção da saúde. O Lian Gong foi criado pelo médico ortopedista Dr

Zhuang Yuen Ming, na China, em 1919, é uma ginástica terapêutica individualizada,

de origem chinesa, que movimenta a energia Ki em 18 terapias, tanto para o

tratamento e prevenção de dores no corpo, como também para a longevidade

(NUÑEZ, 2002).

Tais terapias provocam estimulação de partes do corpo responsáveis pela

produção dos nossos próprios remédios internos (SANTOS et al., 2009).

As técnicas de inserção de agulhas têm a finalidade de promover a

mobilização, a circulação e o fortalecimento das energias humanas, bem como a

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expulsão de Energias Perversas que acometem o indivíduo (YAMAMURA, 2009, p.

LVII).

De acordo com o padrão, já mencionado, de cada paciente pode-se fazer a

escolha da terapêutica a ser aplicada. No caso de acupuntura sistêmica a escolha

de pontos para o tratamento da DPP deve ser feito a partir do fechamento do

padrão. Os padrões são: Deficiência do sangue do coração é marcado com

manifestações clínicas como: depressão pós-natal, fadiga, ansiedade moderada,

insônia, choro fácil, sensação de culpa, perda da libido, memória pobre, palpitações.

Língua pálida e fina, pulso rugoso e fraco no lado esquerdo, especialmente nas

posições média e frente. O princípio do tratamento é nutrir o sangue, fortalecer o

coração e levantar o ânimo. Utilização dos Pontos: C5 e B15 tonificam o Qi do

coração; C7, VC14 e VC15 nutrem o coração e acalmam a mente; VG20 levanta o

ânimo e alivia a depressão; F8 nutre o sangue do fígado; VC4, com cones de moxa,

nutre o sangue e fortalece o útero; E36 e BP6 nutrem o sangue; VG19 acalma a

mente (mais eficaz junto com o VC15); CS6 acalma a mente e levanta o ânimo.

Deficiência do yin do coração é marcado por manifestações clínicas como

depressão pós-natal, insônia (acordando frequentemente durante a noite),

inquietude mental, sensação de culpa, exaustão, hipogalactia, palpitações, perda da

libido, sensação de calor à noite, sudorese noturna. Língua vermelha sem

revestimento, com uma rachadura do Coração e pulso flutuante – vazio. O principio

do tratamento é nutrir yin, tonificar o coração e acalmar a mente. Utilização dos

Pontos: C7, CS7, VC14 e VC15 acalmam a mente e nutrem o coração; C5 tonifica o

coração; VC4, F8 e BP6 nutrem o yin; VG19 e VG24 acalmam a mente.

Estase do sangue do coração é marcado por manifestações clínicas como:

depressão pós-natal, comportamento maníaco, xingar pessoas, comportamento

agressivo, desilusões, alucinações, pensamentos suicidas, destrutivos, falta de

vínculo com o bebê. Língua púrpura e pulso em corda e ou rápido. O princípio do

tratamento é revigorar o sangue, eliminar a estase, dominar o Qi rebelde no canal

Chong mai, acalmar a mente e abrir os orifícios da mente. Utilização dos Pontos:

CS7 e VC14 acalmam a mente, abrem os orifícios da mente e nutrem o coração;

BV17 e VB18 abrem os orifícios da mente; VG24 acalma a mente; B15 limpa o

coração e acalma a mente; BP4 e CS6 regulam o canal Chong mai revigorar o

sangue e dominam o Qi rebelde; F3 revigora o sangue, domina o Qi rebelde e o

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sangue no canal Chong mai; R1 acalma a mente e domina o Qi rebelde; B17 e BP10

revigoram o sangue e eliminam a estase (MACIOCIA, 2000, p. 530).

Um estudo realizado por Vázquez et al. (2011), em um grupo de pacientes

com depressão, utilizou os pontos Shen men (C7), Shen Shu (B23), Xin Shu (B15),

Nei Guan (CS6), San Yin Jiao (R6) e Tai Yang (M CP 9) bilaterais. Estes pontos

foram estimulados com eletroacupuntura de baixa frequência (4Hz) por 30 minutos

duas vezes por semana, durante seis semanas. Os resultados foram favoráveis

porque mostrou uma redução significativa na sintomatologia depressiva.

Manber et al. (2004), realizaram estudo em pacientes com depressão durante

a gravidez, onde utilizaram pontos de acupuntura específicos para depressão

segundo o padrão de desarmonia de cada paciente, de acordo com a MTC. As

sessões tinham duração de 25 minutos e realizadas duas vezes por semana,

durante quatro semanas e foram excluídos pontos proibidos ou não recomendados

durante a gravidez. As taxas observadas revelou uma redução significadamente

maior na severidade dos sintomas de depressão em relação ao grupo controle. Tal

estudo comprovou que a acupuntura levou a resultados favoráveis na sintomatologia

da depressão e houve poucos efeitos colaterais.

Pesquisadores investigaram o tratamento da depressão com acupuntura e

outras desordens emocionais, mostrando eficácia do tratamento em episódios

depressivos e ansiedade generalizada por meio do agulhamento em pontos como

CS6, C7, VC6 e B62 (VECTORE, 2005).

Em estudo realizado por Manber et al. (2002), o tratamento de acupuntura

específico produziu uma redução significativa do sintoma no final do tratamento, bem

como a redução da gravidade dos sintomas, independentemente avaliada por uma

entrevista clínica e por auto-avaliação, foi significativamente maior para o grupo

específico do que para o grupo não específico. A redução da depressão na

pontuação de observada no grupo específico, no entanto, não foi significativamente

maior do que no grupo de controle sem tratamento nesta pequena amostra.

Outros autores afirmam que o tratamento com acupuntura levou a redução

dos sintomas da depressão. Neste estudo a seleção dos pontos de acupuntura,

juntamente com freqüência e modalidade de tratamento foram bastante variável ou

seja, de acordo com o padrão de cada paciente. Em sete pacientes foram

empregados acupuntura corporal, enquanto dois utilizaram uma combinação de

acupuntura auricular e corporal. A estimulação elétrica foi empregada em três

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estudos, a estimulação manual em um. O número de pontos de acupuntura

selecionados por sessão variou de 2 a 13, com uma média de 5,7 pontos, porém

não foram mencionados pelos autores (LEO, 2006).

Para Vázquez et al. (2011), dentro da perspectiva da acupuntura, a

depressão é tratada como método de nutrir o coração e acalmar a mente, regulando

a energia e o sangue. Ele diz ainda que a acupuntura é uma alternativa para a

sintomatologia da depressão por sua ação sobre os sistemas monoaminérgico no

cérebro que age como antidepressivo, e que o efeito da acupuntura e

eletroacupuntura na depressão maior têm resultados semelhantes ao uso de drogas

antidepressivas. A relação de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) e cortisol

sugerem que a eletroacupuntura ativa o eixo hipotalâmico hipofisário adrenal (HPA)

e passar por este mecanismo pode modular o efeito sobre o sistema de depressão e

estresse, bem como a influência da acupuntura em diferentes sistemas de

neurotransmissores, tais como β-endorfinas, monoaminas noradrenalina e

serotonina.

A importância da compreensão pela própria paciente sobre sua doença e

suas causas para chegar a um diagnóstico correto foi apontado por Eisenbrueh

(1983), para que haja uma intervenção correta no tratamento. Segundo este autor a

acupuntura obteve melhor resultado que a medicina ocidental.

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6 CONCLUSÃO

O objetivo deste estudo foi compreender os tratamentos da depressão

puerperal, identificar os efeitos da acupuntura e rever os motivos a DPP. A partir

desses objetivos foram analisadas publicações científicas onde observou-se que a

DPP tem grande prevalência, cerca de 12 a 19% segundo dados nacionais. Os

motivos que levam a DPP pode ser uma combinação de fatores psicológicos,

psicossocial, obstétrico, hormonal e hereditário. A DPP pode ser de moderada a

severa e os sintomas são: humor deprimido, insônia ou hipersonia, fadiga, culpa e

até tentativa de suicídio.

A acupuntura segundo dados levantados, tem mostrado resultados favoráveis

no tratamento da DPP. Sendo assim, a acupuntura tem grande potencial terapêutico

no tratamento, levando a redução significativa da patologia. Estudos mostram que a

estimulação dos pontos de acupuntura específicos para depressão liberam

noripinefrina no Sistema Nervoso Central, que em pacientes depressivos tem altas

concentrações. Houve redução significativa na sintomatologia da depressão quando

efetuado eletroacupuntura de baixa frequência (4hz) por 30 minutos nos pontos C7,

B23, B15, CS6, R6 e Tai Yang (M CP9), durante seis semanas e duas vezes por

semanas.

A depressão, segundo a MTC, é tratada através dos métodos de nutrir o

coração e acalmar a mente, regulando a energia e o sangue. Assim, age sobre os

sistemas monoaminérgicos no cérebro que como antidepressivo. Além disso, a

relação de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) e cortisol sugerem que a

eletroacupuntura ativa o eixo hipotalâmico hipofisário adrenal (HPA), também

interfere nos sistemas de neurotransmissores, tais como B- endorfinas,

monoaminas, noradrenalina e serotonina.

Através desta pesquisa pode-se visualizar melhor os benefícios da

acupuntura como tratamento na DPP, pois trata corpo e mente, sendo um

tratamento muito promissor.

Este estudo permitiu agregar novas informações e entender o potencial da

acupuntura no tratamento da DPP, mesmo havendo dificuldade de levantamento

bibliográfico sobre o assunto e protocolos de tratamentos, sugerindo futuras

pesquisas de campo.

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ANEXO A- Escala de Edimburgo

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Instruções. Você teve há pouco tempo um bebê e nós gostaríamos de saber como

você está se sentindo. Por favor, marque a resposta que mais se aproxima do que

você tem sentido NOS ÚLTIMOS SETE DIAS, não apenas como você está se

sentindo hoje.

Aqui está um exemplo já preenchido:

Eu tenho me sentido feliz:

Sim, todo o tempo.

Sim, na maior parte do tempo.

Não, nem sempre.

Não, em nenhum momento.

Esta resposta quer dizer: "Eu me senti feliz na maior parte do tempo" na última

semana.

Por favor, assinale as questões seguintes do mesmo modo.

Nos últimos sete dias:

1. Eu tenho sido capaz de rir e achar graça das coisas.

Como eu sempre fiz.

Não tanto quanto antes.

Sem dúvida menos que antes.

De jeito nenhum.

2. Eu sinto prazer quando penso no que está por acontecer em meu dia-a-dia.

Como sempre senti.

Talvez menos do que antes.

Com certeza menos.

De jeito nenhum.

3. Eu tenho me culpado sem necessidade quando as coisas saem erradas.

Sim, na maioria das vezes.

Sim, algumas vezes.

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Não muitas vezes.

Não, nenhuma vez.

4. Eu tenho me sentido ansiosa ou preocupada sem uma boa razão.

Não, de maneira alguma.

Pouquíssimas vezes.

Sim, alguma às vezes.

Sim, muitas vezes.

5. Eu tenho me sentido assustada ou em pânico sem um bom motivo.

Sim, muitas vezes.

Sim, algumas vezes.

Não, muitas vezes.

Não, nenhuma vez.

6. Eu tenho me sentido esmagada pelas tarefas e acontecimentos do meu dia-a-dia.

Sim. Na maioria das vezes eu não consigo lidar bem com eles.

Sim. Algumas vezes não consigo lidar bem como antes.

Não. Na maioria das vezes consigo lidar bem com eles.

Não. Eu consigo lidar com eles tão bem quanto antes.

7. Eu tenho me sentido tão infeliz que tenho tido dificuldade de dormir.

Sim, na maioria das vezes.

Sim, algumas vezes.

Não, muitas vezes.

Não, nenhuma vez.

8. Eu tenho me sentido triste ou arrasada.

Sim, na maioria das vezes.

Sim, muitas vezes.

Não muitas vezes.

Não, de jeito nenhum.

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9. Eu tenho me sentido tão infeliz que tenho chorado.

Sim, quase todo o tempo.

Sim, muitas vezes.

De vez em quando.

Não, nenhuma vez.

10. A idéia de fazer mal a mim mesma passou por minha cabeça.

Sim, muitas vezes, ultimamente.

Algumas vezes nos últimos dias.

Pouquíssimas vezes, ultimamente

Nenhuma vez.

As respostas são classificadas com 0, 1, 2 e 3 pontos, de acordo com a

severidade crescente dos sintomas. As perguntas assinaladas com (*) são

classificadas do modo inverso (3, 2, 1 e 0). O resultado final é obtido pela soma da

classificação obtida em cada questão. A somatória dos pontos perfaz escore de 30,

sendo considerado de sintomatologia depressiva valor igual ou superior a 12, como

definido na validação da escala.