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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE BELAS-ARTES Antena: Sistema Integrado de Apoio à Mobilidade Urbana Diogo Marques Dias MESTRADO EM ARTE E MULTIMÉDIA Ambientes Interactivos Dissertação Orientada pela Prof. ª Associada Maria João Gamito 2010

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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE BELAS-ARTES

Antena: Sistema Integrado de Apoio à Mobilidade Urbana

Diogo Marques Dias

MESTRADO EM ARTE E MULTIMÉDIA

Ambientes Interactivos

Dissertação Orientada pela Prof.ª Associada Maria João Gamito

2010

2

Resumo

A presente dissertação tem por objectivo a definição de um Sistema Integrado

de Apoio à Mobilidade Urbana, composto por um dispositivo móvel e por uma

plataforma online de geo-referenciação denominado Antena. Este sistema pretende

responder às necessidades de obter informação e orientação no espaço urbano, à

necessidade de documentar experiências e vivências do utilizador e à necessidade de

organizar e exibir esta documentação para que possa à posteriori ser visualizada e

contextualizada. Este sistema é pensado sob a ideia que Aldous Huxley defende,

quando afirma que o único guia útil, será aquele que o próprio utilizador possa criar.

É neste sentido que o dispositivo coloca ao dispor todas as ferramentas para que o

utilizador possa documentar as experiências e criar o seu próprio guia com desenhos,

textos, imagens, vídeos ou sons.

A possibilidade que o utilizador tem em aceder à informação que recolheu e

poder partilhá-la permite, de certa forma, eternizar memórias e acaba por influenciar a

percepção e a imagem que cada um tem de espaços da cidade.

Este processo de construção da imagem da cidade é uma preocupação

constante nesta dissertação, em que toda a proposta do sistema Antena, se relaciona

com o processo anterior acabando por influenciar e modificar a imagem que

construímos da cidade.

Palavras-chave: Diário geo-referenciado, mobilidade urbana, mancha pedonal,

Realidade Aumentada, imagem da cidade.

3

Abstract

This dissertation aims at the definition of an Integrated System to Support

Urban Mobility, consisting of a mobile device and an online platform for geo-

referencing called Antena. This system aims to meet the needs for information and

guidance in urban areas, the need to document the user’s life experiences as well as

other types of experiences and the need to organize and display these documents so

that they can subsequently be viewed in full context. This system is designed on the

idea that Aldous Huxley defended by affirming that the only useful guide is the one

the user can create. Therefore, the device has at anyone’s disposal all the tools, for the

user to document the experiences and create his own guidebook with drawings, text,

images, videos and sounds.

The possibility that the user has on accessing the information he gathered and

to be able to share it with others, allows eternizing memories and consequently

influences the perception and image that each one of us has of city spaces.

This process of building the city's image is a constant concern in this

dissertation in which all the proposed Antena System, related to the previous process

eventually influences and changes the image that built the city.

Key-words: geo-referenced diary, urban mobility, pedestrian track, Augmented

Reality, city image.

4

Lista de Siglas e Abreviaturas

2D Duas dimensões

3D Três dimensões

DoD Department of Defense

EUA Estados Unidos da América

GPS Global Positioning System

HTML Hyper Text Markup Language

OMT Organização Mundial do Turismo

ONU Organização das Nações Unidas

PIB Produto Interno Bruto

RA Realidade Aumentada

SIG Sistema de Informação Geográfica

SNIG Sistema Nacional de Informação Geográfica

TI Tecnologia de Informação

WebGIS Geographic Information Systems in Web

Wi-Fi Wireless Fidelity

WTO World Tourism Organization

WTTC World Travel and Tourism Council

WWW World Wide Web

5

Índice

Introdução 7

1. Mobilidade Urbana 9

1.1. A Percepção da Morfologia Urbana 9

2. Recursos existentes de Apoio à Mobilidade Urbana 12

2.1. Sistema de Posicionamento Global 13

2.2. A Realidade Aumentada e a geo-referenciação 14

2.3. Sistemas de Informação Geográfica 16

2.4. Mapas Dinâmicos 17

2.5. Guias de Viagem online e Programas Televisivos 20

2.6. Guias de Viagem em papel 21

2.7. Diários, cadernos e agendas 22

2.8. Locative Media Art 23

3. Sistema Integrado de Apoio à Mobilidade Urbana - Antena 26

3.1. O dispositivo móvel Antena 26

3.2. Serviços do dispositivo móvel Antena 27

3.2.1. Mancha Pedonal 27

3.2.2. GPS pop-up 28

3.2.3. Localizador de Grupo 29

3.2.4. Diário geo-referenciado 30

3.2.5. Guia temático 31

3.3. Plataforma online de geo-referenciação Antena 33

3.3.1. Funcionamento da Plataforma online de geo-referenciação Antena 33

3.4. Utilizadores – registo e personalização 34

3.5. Características do Dispositivo Móvel Antena 35

Conclusão 38

Bibliografia 39

Glossário 42

Anexos 43

6

Índice de Quadros

Quadro 1

em Apêndice

Comparação entre iPhone 3GS, Google Nexus One e Antena 43

Quadro 2

em Anexo

Aplicação dos SIG ao Turismo 44

Índice de Figuras

Figura 1 Layar 3.0 Destinos e locais visitados pelos Beatles 15

Figura 2 Tipos de Mapas 18

Figura 3 Photosynth – Câmara Municipal de Lisboa 20

Figura 4 Google Street View, Rua do Capelo 20

Figura 5 GPS Drawing, Jeremy Wood 25

Figura 6 Mancha Pedonal 27

Figura 7 GPS pop-up – Reconstrução do Convento do Carmo, Lisboa 28

Figura 8 Localizador de Grupo – Identificação dos elementos do

grupo

29

Figura 9 Localizador de Grupo – Identificação do percurso a um dos

elementos do grupo

29

Figura 10 Diário geo-referenciado 30

Figura 11 Guia Temático – Jardins da Cidade de Lisboa 32

Figura 12 Guia Temático – Jardins da Cidade de Lisboa 32

Figura 13 Guia Temático – Jardins da Cidade de Lisboa 32

Figura 14 Desenho do equipamento do dispositivo móvel Antena 37

Figura 15 Cores das capas do dispositivo móvel Antena 37

7

Introdução

A presente dissertação visa o desenvolvimento de recursos computacionais

que possam contribuir para uma compreensão de certa forma holística dos espaços

urbanos e das cidades em particular. Compreensão essa, que sendo uma construção

colectiva, tem elementos determinantes que estão intimamente ligados a cada

indivíduo. No entanto, o processo de construção da imagem que um individuo tem de

uma cidade que habita, difere do processo de construção da imagem por um indivíduo

que acaba de conhecer a cidade.

No sentido de ter um entendimento mais completo sobre os processos de

concepção da imagem da cidade teremos em consideração a obra de Kevin Lynch1

onde descobrimos as bases de uma compreensão sistematizada da percepção visual da

cidade. Para este autor, a percepção faz parte de um processo complexo onde a

memória é um factor fundamental. Esse processo defende a legibilidade e a orientação

como indispensáveis para a construção da imagem da cidade, que é na verdade a

imagem que cada indivíduo pode criar e a partir da qual se pode definir a identidade, a

estrutura e o significado de cada elemento do lugar.

Lynch explora estas relações entre memórias e a percepção que cada indivíduo

faz de uma cidade. Enquanto que no caso do cidadão habitante, “Todo o cidadão

possui numerosas relações com algumas partes da sua cidade e a sua imagem está

impregnada de memórias e significações.” (Lynch, 2002: 11), por outro lado quando

um indivíduo está a conhecer uma cidade, isto é, um visitante, “na maior parte das

vezes, a nossa percepção da cidade não é integral, mas sim bastante parcial,

fragmentária, envolvida noutras referências. Quase todos os sentidos estão envolvidos

e a imagem é um composto resultante de todos eles.” (Lynch, 2002: 12).

Com este processo de concepção da imagem relacionamos o processo de

mobilidade urbana, que nos parece estarem claramente associados. O objectivo desta

dissertação é entender de que forma um conjunto de recursos computacionais podem

auxiliar um indivíduo na sua mobilidade, de forma a complementar e modificar o

entendimento e a percepção do espaço, factos que iram consequentemente alterar a

imagem da cidade que cada um de nós constrói.

É neste sentido que a ideia de Aldous Huxley sobre os guias turísticos nos

parece ganhar uma importância relevante, na medida em que este autor reconhece a

perspectiva individual quando afirma que “para cada viajante que tenha gosto próprio,

o único guia útil de viagem será aquele que ele próprio terá escrito”2.

1 Kevin Lynch (1918-1984) nasceu em Cambridge-Ma, USA, estudou no Massachusetts Institute of

Tecnology Planeamento Urbano e os seus livros publicados são ainda hoje de grande importancia no

dominio do urbanismo e da percepção da cidade. A sua obra mais conhecida publicada em 1960, The

Image of the City, The Massachusetts Institute of Tecnology Press, Cambridge. 2 “For every traveller who has any taste of his own, the only useful guidebook will be the one which he

himself has written” (Huxley, 1925: 23).

8

É neste contexto que identificamos a necessidade de desenvolvimento de um

dispositivo que tenha um papel importante neste processo de construção da imagem

da cidade, por parte dos seus habitantes ou visitantes, processo esse que está em

constante mutação. Este dispositivo pretende ser um suporte de memórias que

possibilite ao utilizador referenciá-las temporal e geograficamente.

Neste contexto as questões relativas com a personalização revelam-se

particularmente consistentes.

De forma resumida, o projecto é composto por dois elementos principais: por

um dispositivo móvel de informação e orientação e por uma Plataforma online de

geo-referenciação, que estão integrados e interligados em tempo real.

O dispositivo móvel de interacção entre o utilizador e o espaço envolvente, é

particularmente orientado para contextos urbanos. Este dispositivo móvel denominado

Antena além de ter as funções de um diário, de um guia e de um mapa móvel

interactivo, conjuga estas funcionalidades com outras construídas no próprio acto do

percurso, como a Mancha Pedonal, Localizador de Grupo, GPS pop-up, Diário geo-

referenciado e guias temáticos. Tem como principal função facultar e armazenar

diferentes tipos de informações para qualquer utilizador num determinado espaço e

tempo. Esta função pode ter por base a memória do próprio dispositivo ou da

plataforma online ao qual este está ligado.

Além de indicar os tradicionais ou os mais mediáticos percursos turísticos, o

dispositivo Antena considera também os trajectos alternativos ou desconhecidos, de

modo a incentivar a (re)visitar os locais da cidade onde habitualmente não se vai,

principalmente os lugares abandonados, em ruínas ou a periferia da cidade. Revela-

nos o exterior/interior de monumentos ou edifícios através de visualizações

tridimensionais e da Realidade Aumentada, acompanhadas de textos descritivos e

permite ao utilizador registar geograficamente o seu percurso na cidade podendo ser

construída uma mancha gráfica relativa a um dia, uma semana, um mês ou um ano.

Visa, portanto, ser um dispositivo multimédia de bolso que facilite a

mobilidade do utilizador pela cidade e lhe faculte, de forma interactiva, a

personalização e datação de qualquer tipo de informação aí recolhido.

Por outro lado, a Plataforma online de geo-referenciação, consiste num

contentor de informação onde os utilizadores podem actualizar o seu dispositivo

móvel, descarregar percursos, informações, vídeo e fotografias. O utilizador pode

inclusive contribuir para o crescimento da plataforma, através do upload de vídeos,

fotografias, desenhos, sons ou notas informativas, do seu dispositivo móvel para a

plataforma. À medida que o utilizador envia dados para a plataforma online contribui

assim para o seu crescimento. Neste sentido esta Plataforma tem por objectivo

documentar o globo terrestre através de legados dos utilizadores sob a forma de

fotografias, textos, desenhos ou vídeos.

9

1. Mobilidade Urbana

1.1. A Percepção da Morfologia Urbana

A cidade é uma construção em grande escala no espaço, que é entendida ao

longo do tempo, onde nada é vivenciado isoladamente, mas onde tudo assenta numa

relação com os contextos, com as sequências de elementos e com as memórias de

experiências passadas.

A imagem do espaço urbano é fundamental na definição da relação que cada

ser humano tem com o meio que o rodeia. “O espaço urbano é por excelência o

espaço do exercício do direito à cidadania. É um espaço que se vive cada dia, pelo

que, em cada dia criamos desse espaço uma imagem, que se grava na nossa memória

em acordo ou desarmonia com as imagens passadas e guardadas no fundo de cada

um.” (Moutinho; Primo, 2010: 11)

A cidade não é apenas um objecto percebido, ela está sempre a modificar-se.

Kevin Lynch afirma que “a cidade é uma construção no espaço, mas uma construção

em grande escala, algo apenas perceptível no decurso de longos períodos de tempo.”

(Lynch, 2002: 11).

No sentido de formar um melhor entendimento sobre a morfologia urbana

estudamos em particular dois autores, Gordon Cullen3 e Kevin Lynch, que possuem

uma visão distinta sobre a percepção da cidade. Na medida em que são

complementares, estes autores sustentam a sua obra na capacidade individual da

percepção visual da cidade, considerando não só o ponto de vista do habitante, mas

especialmente a relação entre a percepção, o reconhecimento, no sentido de

orientação espacial e a escala humana que na verdade é um elemento essencial e a

medida padrão em todas as situações.

Kevin Lynch centrou-se essencialmente sobre a imagem da cidade

relativamente aos efeitos dos elementos físicos perceptíveis, no sentido de descobrir a

importância da forma, mas o seu estudo não aborda outros factores que podem

influenciar a imagem da cidade, como o significado social de uma área, a sua função,

a história ou até a toponímia. Lynch distingue cinco tipos de elementos relativos a

formas físicas da cidade: vias, limites, bairros, cruzamentos e elementos marcantes.

“1. Vias: são os canais ao longo dos quais o observador se move, usual, ocasional ou

potencialmente. Podem ser ruas, passeios, linhas de trânsito, canais, caminhos-de-ferro. Para

muitos estes são os elementos predominantes na sua imagem. As pessoas observam a cidade à

medida que nela se deslocam e os outros elementos organizam-se e relacionam-se ao longo

destas vias.

2. Limites: os limites são os elementos lineares não usados nem considerados pelos habitantes

como vias. São as fronteiras entre duas partes, (...) costas marítimas ou fluviais, cortes do

caminho de ferro, paredes (...) Estes elementos limites são, para muitos, uma relevante

característica organizadora.

3 Gordon Cullen (1914 – 1994) nasceu em Bradford-Yorkshire UK sendo a sua obra mais conhecida,

publicada em 1961, Townscape, Architectural Press, Londres.

10

3. Bairros: os bairros são regiões urbanas de tamanho médio ou grande, concebidos como

tendo uma extensão bidimensional, regiões essas em que o observador penetra mentalmente e

que reconhece como tendo algo de comum e identificável. (...)

4. Cruzamentos: os cruzamentos são pontos, locais estratégicos de uma cidade, através dos

quais o observador nela pode entrar e constituem intensivos focos para os quais e dos quais ele

se desloca. Podem ser essencialmente junções, locais de interrupção num transporte, um

intercruzar ou convergir de vias, momentos de mudança de uma estrutura para a outra. (...).

5. Pontos marcantes: são outro tipo de referência mas, neste caso, o observador não está dentro

deles, pois são externos. São normalmente representados por um objecto físico, definido de

um modo simples: edifício, sinal, loja ou montanha. (...) Podem situar-se dentro da cidade ou a

uma tal distância que desempenham a função constante de símbolo de direcção.” (Lynch,

2002: 58).

Gordon Cullen admite as questões da percepção visual como base para

qualquer observação e refere a memória do observador para defender que “a visão

tem o poder de invocar as nossas reminiscências e experiências, com todo o corolário

de emoções” (Cullen, 1993: 10). Neste sentido Cullen apresenta três campos de

reflexão que têm a ver com a descoberta, com a localização e com a especificidade de

cada lugar. Assim, a descoberta baseia-se na ideia de percurso através do qual é

mencionada uma sucessão de imagens, as quais são sempre sustentação para apelo à

memória. Este conceito é designado pelo autor de visão serial, que conduz por sua vez

a outro elemento fundamental da percepção do lugar, que é a possibilidade do

observador poder orientar-se, ou seja a capacidade de se localizar física e

psicologicamente, num espaço.

Desta localização depende de facto a possibilidade de apropriação do espaço,

num primeiro tempo desconhecido mas de seguida já identificado, vivido, relacionado

com a memória de cada um e neste sentido personificado. Para Cullen a percepção da

visão não é uma simples fotografia, mas um processo de relacionamento do

observador, habitante ou não, com cada lugar.

Para este autor há três aspectos principais a considerar:

“1. Óptica: (...) a paisagem urbana surge na maioria das vezes como uma sucessão de

surpresas ou revelações súbitas. É o que se entende por visão Serial.

2. Local: Uma vez que o nosso corpo tem o hábito de se relacionar instintivamente e

continuamente e com o meio-ambiente, o sentido de localização não pode ser ignorado (...)

Essa sensação de identificação ou sintonia com o meio ambiente, esse sentido de localização

perante s posição que se ocupa numa rua ou num largo que faz pensar “Estou aqui” ou “vou

entrar para alí”, mostra claramente que ao postular-se a existência de um Aqui se pressupõe

automaticamente a de um Além, pois não se pode conceber um sem o outro”.

3. Conteúdo: este último aspecto relaciona-se com a própria constituição da cidade: a sua cor,

textura, escala, o seu estilo, a sua natureza, a sua personalidade e tudo o que a individualiza.”

(Cullen, 1996: 9-13).

Ao procurarmos compreender a percepção que fazemos da morfologia urbana

teremos certamente que considerar, como propõe Rudolf Arnheim, que “longe de ser

um registo mecânico de elementos sensoriais, a visão prova ser uma apreensão

verdadeiramente criadora da realidade – imaginativa, inventiva, perspicaz e bela.

11

Toda a percepção é também pensamento, todo o raciocínio é também intuição, toda a

observação é também invenção. A forma de um objecto que vemos, contudo, não

depende apenas da sua projecção retiniana num dado momento. Estritamente falando,

a imagem é determinada pela totalidade das experiências visuais que tivemos com

aquele objecto ou com aquele tipo de objecto durante toda a nossa vida” (Arnheim,

1994:40). Neste sentido, entender a cidade, é um processo que envolve a percepção

visual, mas também resulta da articulação com a memória de cada indivíduo.

O contributo destes autores esclarece a vivência e a construção das possíveis

imagens de cidade tendo por base a percepção visual a qual pressupõe a ideia de

percurso/descoberta e é fruto da relação que se estabelece entre o olhar, a memória de

situações anteriores e uma outra memória, a da referenciação espacial.

A presente dissertação desenvolve um conjunto de recursos computacionais

composto por um dispositivo móvel e uma Plataforma online de geo-referenciação

para informação e orientação num espaço urbano, procurando assim disponibilizar um

recurso computacional, que irá permitir ter acesso a informação sobre partes da cidade

com visualização em Realidade Aumentada, a documentação de experiências e

vivências, a respectiva documentação geo-referenciada e a possibilidade de organizar

e exibir estes conteúdos

Esta questão do utilizador ter acesso à posteriori a informação que foi

capturada durante o momento em que o utilizador vivenciou algo, permite de certa

forma eternizar estas memórias e conseguir contextualizá-las, o que acaba por alterar

a imagem e a própria percepção que cada indivíduo tem sobre essas vivências.

12

2. Recursos existentes de Apoio à Mobilidade Urbana

No processo de mobilidade urbana, identificámos três tipos de necessidades

com que um utilizador, quer seja visitante ou habitante, se pode deparar, no

quotidiano: a necessidade de obter informações e orientações num determinado local,

a necessidade de documentar experiências e vivências de um utilizador e a

necessidade de organizar e disponibilizar toda a documentação previamente recolhida.

No sentido de construir um entendimento sobre a situação actual dos

diferentes tipos de recursos existentes, que respondam a estas necessidades, foi

realizado um levantamento. Relativamente à primeira necessidade, identificámos

vários recursos que têm por base diferentes tipos de tecnologias. Actualmente existe

uma grande profusão de dispositivos com recurso à tecnologia do Sistema de

Posicionamento Global (GPS) integrados nos mais diversos contextos como em

transportes de guias turísticos, dispositivos móveis, sistemas de transporte ou sistemas

de segurança; por outro lado, existem bancos de dados compostos por imagens

retiradas no próprio local ou por satélite que permitem uma visualização a duas

dimensões ou simulação de três dimensões do globo terrestre, disponíveis em

plataformas independentes ou acessíveis por um browser, sites institucionais com

guias online, blogs pessoais, programas televisivos e os tradicionais guias de viagem,

roteiros temáticos e diários de viagem.

Relativamente à necessidade de documentar as experiências do utilizador,

existem alguns suportes dispersos como a câmara fotográfica, a câmara de vídeo, o

gravador de som, diários pessoais e agendas; actualmente existem alguns dispositivos

móveis que conjugam num único dispositivo todas estas funcionalidades.

Por fim, quanto à necessidade de organizar a documentação existem várias

aplicações multimédia que permitem criar álbuns e catalogar conteúdos por temas ou

datas, por outro lado, relativamente à exibição dos conteúdos, são frequentemente

utilizados sites e blogs pessoais ou plataformas como Facebook, Twitter e Hi5.

Desta análise concluímos que existe uma grande profusão de recursos que

respondem de forma independente a estas necessidades. Contudo entendemos que a

falta de coordenação entre estes vários dispositivos se torna um elemento inibidor na

exploração das potencialidades que, juntos, poderiam ter.

É neste sentido que esta dissertação procura desenvolver um sistema que

interligue os recursos referidos anteriormente mas que, principalmente, aborde as

necessidades de documentar, organizar e exibir informação segundo a introdução de

metadata, permitindo uma maior liberdade do utilizador para explorar a ideia de

Huxley, que o guia deverá ser aquele que o próprio utilizador cria (Huxley, 1925, 23),

é neste sentido que os documentos recolhidos pelo utilizador são a fonte principal de

conteúdo do guia pessoal.

13

2.1. Sistema de Posicionamento Global

Os recursos referidos anteriormente são em seguida apresentados com maior

detalhe e iremos começar com a tecnologia GPS, por se ter tornado uma ferramenta

de extrema importância, nas mais variadas áreas, desde os sistemas de transporte,

fornecendo orientação às operações terrestres, aéreas e marítimas, aos serviços de

emergência, optimizando as suas capacidades de salvamento, no contexto do turismo

e de orientação pessoal no espaço e em muitas outras áreas, mas que não são

relevantes para este estudo. Esta tecnologia permite que desempenhemos variadas

tarefas da forma mais eficiente, segura, económica e com precisão e de certa forma

tem introduzido um novo paradigma na mobilidade de qualquer utilizador que a ela

tenha acesso.

O Sistema de Posicionamento Global, conhecido por GPS, é um sistema de

posicionamento via satélite, utilizado para determinar a posição de um receptor na

superfície da Terra ou em órbita.

O GPS é um sistema de informação electrónico que fornece, via rádio, a um

aparelho receptor móvel a sua posição com referência às coordenadas terrestres.

Existem actualmente dois sistemas efectivos de posicionamento por satélite, o GPS

americano e o Glonass4 russo e ainda dois sistemas em implantação, o Galileu

europeu e o Compass chinês. Contudo, neste estudo iremos referir apenas o GPS

americano, por ser um sistema disponível e gratuito. O sistema americano foi

declarado totalmente operacional apenas em 1995 e é composto por um conjunto de

28 satélites sendo 4 sobressalentes em 6 planos orbitais. Este sistema foi criado e é

controlado pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América, DoD

(Department of Defense) e pode ser utilizado por qualquer pessoa, gratuitamente,

necessitando apenas de um receptor que capte o sinal emitido pelos satélites.

Com a criação e aperfeiçoamento do GPS, nas últimas décadas, houve um

avanço tecnológico significativo nas áreas de geodesia e cartografia. As técnicas de

posicionamento de um ponto na superfície terrestre, ou fora dela, em relação a um

referencial têm melhorado. A grande vantagem do GPS é a capacidade de integração

com outros sistemas, sendo importante ressaltar a sua relação com os Sistemas de

Informação Geográfica (SIG), capaz de produzir mapas digitais em tempo real com

alta precisão. A relação entre os dois sistemas permite uma maior velocidade na

obtenção e tratamento dos dados geo-referenciados. O GPS é fundamental, pois

permite inicialmente a aquisição dos dados, os quais constituirão a base geométrica

para a posterior análise espacial pelos SIGs. Deste modo pode-se obter grande

velocidade e precisão na recolha de dados, o que determina uma significativa

melhoria nos mapeamentos geológicos, geodésicos e ambientais.

4 Glonass (Global Navigation Satellite System) é um sistema de posicionamento geográfico,

semelhante ao GPS. É composto por um conjunto de 24 satélites divididos em três órbitas, pertence à

Federação Russa. O primeiro satélite GLONASS foi lançado em 12 de Outubro de 1982, mas tinha

apenas objectivos militares, em 1993 surgiu a versão comercial do sistema.

14

O desenvolvimento da navegação espacial e o surgimento do GPS, tem vindo

a promover um interesse científico na criação de bancos de dados geo-referenciados

com extremo rigor, pois o sistema GPS é uma ferramenta importante para estudos

geodésicos, devido à sua precisão, além de permitir em tempo real o posicionamento

em 3 dimensões (3D).

Neste sentido, o GPS e a Realidade Aumentada (RA) são duas ferramentas

que conjugadas podem ser muito úteis em dispositivos móveis, pois com a precisão

do GPS, permite introduzir conteúdos relacionados com a posição que o GPS

identifica e desta forma facilita a informação em tempo real assim como o seu

entendimento por ser apresentada no próprio contexto. O GPS possibilita também o

acesso a mapas de alta precisão e com extrema rapidez em dispositivos móveis de

reduzidas dimensões.

2.2. A Realidade Aumentada e a geo-referenciação

A Realidade Aumentada é uma tecnologia, que combina elementos do mundo

real com elementos virtuais em 3D, permitindo a interactividade entre objectos (reais

e virtuais) em tempo real. Mais especificamente consiste na sobreposição de objectos

virtuais a três dimensões, num ambiente real através de um dispositivo tecnológico

Por outro lado, a geo-referenciação proporcionada pela tecnologia GPS pode

ser caracterizada como a definição da posição de algo, através da latitude, longitude e

altitude, num determinado espaço físico. A relação entre a RA e a geo-referenciação

permite apresentar informação contextualizada, de acordo com a posição do

utilizador.

Enquanto que a Realidade Virtual (RV), transporta o utilizador para o

ambiente virtual, a Realidade Aumentada mantém o utilizador no seu ambiente físico

e transporta o ambiente virtual para o seu espaço, permitindo a interacção com o

mundo virtual, de maneira mais natural e sem necessidade de treino ou adaptação.

A Realidade Aumentada é uma tecnologia que surgiu apenas na década de

1990, no entanto, apenas no início da década de 2000 foi possível ter acesso a

aplicações de RA devido à convergência de técnicas de visão computacional, software

e dispositivos com melhor relação de custo-benefício (Kierner; Siscoutto, 2007).

Existem várias definições de Realidade Aumentada; no entanto para um

melhor entendimento seleccionamos apenas três: segundo Seth Insley, a RA é uma

melhoria do mundo real com textos, imagens e objectos virtuais, gerados por

computador (Insley, 2003), por outro lado, Paul Milgran afirma que a RA consiste

numa mistura de mundos reais e virtuais num ponto da realidade/virtualidade

contínua, que conecta ambientes completamente reais a ambientes completamente

virtuais (Milgran, 1994); por fim, Ronald Azuma afirma que RA é um sistema que

suplementa o mundo real com objectos virtuais gerados por computador, de forma a

parecer coexistir no mesmo espaço e apresentar as seguintes propriedades: combina

15

objectos reais e virtuais no ambiente real; executa interactivamente em tempo real;

alinha objectos reais e virtuais entre si e aplica-se a todos os sentidos, incluindo

audição, tacto e cheiro (Azuma, 2001).

A RA tem por base três componentes básicos: o objecto real com algum tipo

de marca de referência, que possibilite a interpretação e criação do objecto virtual, a

câmara ou dispositivo capaz de captar e transmitir a imagem do objecto real e o

software capaz de interpretar o sinal transmitido pela câmara ou dispositivo.

Recentemente, com o aparecimento de telemóveis com elevadas capacidades

computacionais e equipados com um conjunto de acessórios avançados, como a

câmara fotográfica, a câmara de filmar, o GPS, possibilitaram a RA móvel, a qual não

é mais que a combinação da RA com tecnologia móvel de computação com acesso à

internet (ver fig.1).

A relação entre a RA e a capacidade de geo-referenciar locais e objectos

possibilita apresentar informações adicionais sobre os locais por onde os utilizadores

passam, como informações temáticas sobre determinadas atracções (edifícios, pontos

naturais, comércio).

Fig.1 - Layar 3.0 Destinos e locais visitados pelos Beatles. Imagem retirada do site:

http://www.engadget.com/2009/12/03/layar-3-0-reunites-the-beatles-in-3d-augmented-reality/. Acedido a 15 de

Agosto de 2010.

O aparecimento do sistema operativo para telemóveis apoiado pela Google o

Android, está a impulsionar várias aplicações da RA móvel, entre as quais se

destacam: Point&Find da Nokia5 e Sky Map da Google

6.

O principal obstáculo da Realidade Aumentada é alcançar uma coordenação

perfeita entre objectos reais e virtuais, pois o mínimo erro pode provocar um

desalinhamento visível entre estas duas realidades. No entanto, a determinação da

orientação e da localização rigorosa do utilizador é fundamental nestas aplicações,

para que pareçam “reais”. Neste sentido o papel de um Sistema de Posicionamento

5 http://europe.nokia.com/services-and-apps/nokia-point-and-find. Acedido a 10 de Setembro de 2010.

6 http://www.google.com/mobile/skymap/. Acedido a 10 de Setembro de 2010.

16

Global é imprescindível para o sucesso de uma aplicação de RA que pretenda

funcionar com base em posições específicas.

2.3. Sistemas de Informação Geográfica

Para o desenvolvimento de conteúdos para as aplicações de um dispositivo

móvel de orientação no espaço é necessário o recurso aos Sistemas de Informação

Geográfica, que permitem a identificação de locais, a elaboração e gestão de

itinerários turísticos, a elaboração de mapas, a determinação de padrões de ocorrência

e distribuição de fenómenos e banco de dados geográficos com funções de

armazenamento e recuperação de dados (informação espacial).

Os SIG7 são um conjunto de técnicas, métodos, hardware e software, que

incorporam a estruturação, o arquivo, o manuseamento e a gestão digital de

informação referenciada geograficamente (geo-referenciada), organizados em base de

dados e utilizados e desenvolvidos por técnicos especializados (Sousa; Fernandes,

2007).

Os domínios de aplicação de um SIG são tão numerosos como variados, desde

o Marketing, o Planeamento Urbano, a Protecção Civil, os Transportes, a Rede

hidrológica, as Florestas, a Geologia, a Biologia ou o Turismo. No entanto, neste

estudo é abordada a relação entre os SIG e o Turismo, como sendo uma base de

análise importante, em que as mesmas metodologias podem ser aplicadas e estendidas

ao contexto do dispositivo Antena, que é apresentado no capítulo 3. Segundo a

Comissão de Estatísticas da ONU “o turismo compreende as actividades das pessoas

que viajam e permanecem em locais fora do seu ambiente habitual, por não mais do

que um ano consecutivo, por motivos de lazer, negócios ou outros fins” (United

Nations, 1994) quer seja turismo entre países ou em cada país. Contudo, apesar de

existir esta vertente da prática turística, os SIG também auxiliam na documentação,

monitorização, avaliação de outras actividades que envolvem o relacionamento entre

o utilizador e o espaço.

Deste modo, ao combinar conceitos de Geografia, nomeadamente a ocupação

do território e a sua relação com o ser-humano, com as tecnologias de informação

(TI), constitui um domínio que abrange múltiplas áreas e disciplinas.

Não tendo como foco principal a actividade do Turismo, neste projecto esta

actividade é inserida por ser uma das funcionalidades que o tipo de utilizador –

7 Existem diferentes definições do conceito SIG, entre as quais destacamos algumas: "Um conjunto

manual ou computacional de procedimentos utilizados para armazenar e manipular dados geo-

referenciados" (Aronoff, 1989: 249); "Conjunto poderoso de ferramentas para colectar, armazenar,

recuperar, transformar e visualizar dados sobre o mundo real" (Burrough, 1986: 193); "Um sistema de

suporte à decisão que integra dados referenciados espacialmente num ambiente de respostas a

problemas" (Cowen, 1988: 1551) e "Um banco de dados indexados espacialmente, sobre o qual opera

um conjunto de procedimentos para responder a consultas sobre entidades espaciais" (Smith et al.,

1987: 149)

17

visitante tem interesse em executar. Contudo estamos cientes da importância do

turismo como sendo um dos pilares da economia mundial. As previsões da OMT

apontam para que este sector cresça a um ritmo significativamente superior ao da

economia mundial, levando a que o turismo se torne rapidamente na maior indústria

do mundo (WTO, 1999).

Por esta razão, apesar do público-alvo (do dispositivo Antena que é

apresentado no capítulo 3) não ser apenas o conjunto de visitantes, temos consciência

que num primeiro momento, ele poderia ser o grupo a aceitar mais rapidamente este

dispositivo.

Os SIG são úteis no planeamento de roteiros e facilitam esta actividade na

determinação de zonas com potencial interesse turístico (ver quadro 2, em anexo). O

planeamento é uma actividade multidimensional que contempla a análise integrada de

factores sociais, económicos, políticos, sociológicos, antropológicos e tecnológicos,

em termos passados, presente e futuros. O planeamento de roteiros/percursos

pressupõe a existência de dados e informação sobre recursos naturais, atracções

culturais e patrimoniais, sobre a maneira como os recursos são usados pelos

utilizadores. O planeamento de itinerários de interesse/temáticos implica a localização

dos diferentes recursos, identificação dos percursos possíveis, análise das distâncias,

tempos e custos, determinação do percurso final, implementação e monitorização.

2.4. Mapas Dinâmicos

Os tradicionais mapas em papel encontram-se geralmente introduzidos nos

guias de viagem ou nos diários de cidades, no entanto os mapas dinâmicos são um

recurso importante e com muitas potencialidades, que são implementados num

contexto computacional, quer em aplicações específicas ou apresentadas num

browser8.

Os mapas, para além de serem o suporte de grande parte da informação geo-

referenciada e um meio de representação dos resultados da análise espacial, são

frequentemente utilizados como metáfora, servindo como índice, através de

hiperligações, para outro tipo de informação como fotografias, texto ou vídeos

(Kraak, 2004). Os serviços de mapas dinâmicos podem incorporar, não só, as

representações cartográficas mais comuns, que são decorrentes de modelos abstractos

e simplificados da superfície terrestre, como mapas temáticos, aerofotogramas,

fotografias ortorrectificadas e modelos 3D ou de realidade virtual, como ilustra a

figura 2.

8 Browsers como o Internet Explorer, o Firefox ou o Safari.

18

Fig. 2 – Tipos de Mapas: a) Imagem Satélite, b) Ortofotomapa, c) aerofotografia, d) Mapa histórico, e) Mapa

virtual de simulação 3D, f) Mapa da rede viária, g) Mapa Topográfico.

As imagens ou fotografias aéreas são interpretadas mais intuitivamente,

especialmente quando se conseguem observar a 3D ou através de realidade virtual. Os

serviços de mapas dinâmicos, com diferentes tipos de representação cartográfica,

estimulam os utilizadores a serem participantes activos no processo de comunicação

cartográfica e permitem que estes percepcionem melhor os fenómenos e as

características da realidade (Furtado, 2006).

A representação da altitude numa superfície bidimensional tem sido um dos

grandes desafios da cartografia. A leitura do relevo nas cartas 2D é bastante

condicionada, quer pelas limitações da representação, quer pela dificuldade de

interpretação por parte dos utilizadores. Outra das profundas alterações associadas à

cartografia automática e aos SIG prende-se com as novas possibilidades de

representar a terceira dimensão. Na cartografia actual é comum recorrer-se a três

grandes formatos para representar o relevo: 2D através de curvas de nível9, cores ou

sombreado, modelos digitais de elevação com visualização a 2,5D10

ou a 3D, com

recurso à visualização através de realidade virtual.

O Google Earth tornou-se num dos mais importantes serviços de mapas

dinâmicos globais ao disponibilizar um serviço gratuito, com cobertura de todo o

globo terrestre e com níveis de navegação e visualização muito avançados,

contribuindo definitivamente para a promoção dos serviços de mapas aos utilizadores

da Internet. Para além do Google, outras empresas têm vindo a desenvolver

9 Ver Figura 2, g).

10 Também designado por pseudo-3D. Um exemplo de visualização em 2,5D ocorre quando uma

imagem concebida a 3D é visualizada em 2D, conseguindo manter-se alguma aparência do 3D, ver

Figura 2, e).

19

aplicações concorrentes, nomeadamente a Microsoft com a Virtual Earth e a ESRI

com o ArcGIS.

Em relação aos serviços de mapas disponíveis através de browsers destacam-

se: o Google Maps da Google, o Maps Live da Microsoft e o Via Michelin, da

Michelin.

É importante ter em consideração que a expansão dos serviços de mapas para

a rede móvel associada à geo-referenciação é um fenómeno recente. A 5 de Dezembro

de 2007, as multinacionais responsáveis pelo Google Maps e pelo sistema de

navegação TomTom tornaram compatíveis os dois serviços, passando a ser possível

enviar para o dispositivo de navegação informação pesquisada no Google Maps,

exportada como favoritos (TOMTOM, 2007b)11

. A 21 de Outubro de 2008 a Google

lançou a primeira versão do Android, um sistema operativo específico para a rede

móvel, baseado em código aberto e de acesso gratuito.

Actualmente existem alguns exemplos de aplicações que utilizam imagens

geo-referenciada como o Photosynth12

, Google Earth Street View ou Flickr.

A Photosynth é um software que analisa fotografias digitais e a partir delas

gera um modelo tridimensional. Recolhe fotografias de várias pessoas e posiciona-as

de modo a recriar um cenário 3D, permitindo-nos explorar detalhes de lugares e

objectos. Esta aplicação permite navegar num cenário onde é possível visualizar em

pormenor monumentos, edifícios, objectos, de qualquer ângulo, aproximar ou afastar

a visualização de uma imagem e ver os locais onde as fotografias foram capturadas.

Este software foi desenvolvido inicialmente com base na fotografia turística (ver

fig.3).

O Google Street View13

é um recurso da Google Maps e do Google Earth que

disponibiliza vistas panorâmicas de 360° na horizontal e 290° na vertical e permite

que os utilizadores visualizem detalhadamente várias ruas no mundo (ver fig.4).

11

TOMTOM (2007b). The Shortest rout between Google Maps and TomTom. Acedido a 23 de Abril

de 2010 em http://www.tomtom.com/page/tomtom-on-google-maps?Lid=1. 12

Photosynth é um software desenvolvido pela Microsoft Live Labs e pela Universidade de

Washington. Este software compara partes das fotografias e cria pontos de referência. Estes pontos

determinam as várias possibilidades de visualização. Http://photosynth.net/, acedido a 5 de Abril de

2010. 13

O Google Street View foi lançado a 25 de Maio de 2007 pela Google Incem

Http://www.google.com/intl/en_us/help/maps/streetview/. Acedido a 5 de Abril de 2010

20

Fig. 3 – Photosynth. Câmara Municipal de Lisboa

visualizada com 11 fotografias, 2008.14

Fig. 4 – Google Street View, Rua do Capelo, Lisboa.

2.5. Guias de Viagem online e Programas Televisivos

Cada vez mais observamos um público viajante mais alternativo que já não se

desloca a agências de viagens e programa toda a sua viagem e efectua reservas através

de diferentes sites disponíveis.

Muitos viajantes optam pela leitura de romances ou ensaios sobre os locais

que pretendem conhecer, outros estudam estes locais através de programas televisivos

ou mesmo através de sites e blogs. Este género de turismo, permite uma experiência

mais personalizada, pois o viajante escolhe os locais que vão ao encontro dos seus

interesses.

No que diz respeito a sites com guias online, seleccionamos a Wikitravel e a

Via Michelin. A Wikitravel15

é um projecto que visa criar um guia mundial de

viagens gratuito, completo, actualizado e amplamente difundível. O seu

funcionamento é semelhante ao da Wikipédia, pelo qual os artigos podem ser criados

e editados por qualquer pessoa, embora o Wikitravel obedeça a regras e políticas

específicas. Os assuntos cobertos são principalmente destinos e itinerários de viagem,

que de forma detalhada informam o utilizador dos aspectos mais importantes sobre o

local de que deseja obter informação. No entanto, o site da ViaMichelin16

é um guia

online completo para os viajantes que queiram conhecer a Europa. Indicado para

percorrer longas distâncias ou trajectos curtos e para adquirir informações sobre um

ponto turístico ou sobre áreas próximas da cidade na qual vivem. O site disponibiliza

serviços gratuitos como a elaboração de itinerários, mapas rodoviários europeus

Michelin e novos mapas de cidades, informações sobre o trânsito e meteorologia,

14

Acedido a 5 de Abril de 2010 em: http://photosynth.net/view.aspx?cid=305f4135-12c9-4d3a-a779-

c20d1c974530 15

O Wikitravel surgiu em julho de 2003, no Canadá. Em 2006 surgiu a versão em português e

actualmente tem mais de 24.000 guias de diferentes destinos. Em 20 de abril de 2006, o projecto foi

adquirido pela companhia americana Internet Brands, Inc, tornando-se um empreendimento comercial,

embora mantendo a plataforma MediaWiki, as políticas comunitárias e a independência editorial. 16

www.viamichelin.com

21

hotéis e restaurantes, serviços turísticos, novidades entre outros. Abrange mais de 40

países e está disponível em 5 idiomas: francês, inglês, alemão, italiano e espanhol.

Existem ainda vários blogs que relatam experiências pessoais de viagens nos

mais variados locais, ou blogs como GoLisbon17

, que disponibilizam muita

informação útil e actualizada com informações sobre alojamento, restauração, eventos

ou locais a visitar na cidade.

Relativamente aos programas televisivos foram seleccionados o canal

televisivo Travel Channel e o programa televisivo Low Cost.

O Travel Channel18

consiste num canal televisivo dedicado exclusivamente ao

roteiro turístico, que passou a transmitir a sua emissão em 18 idiomas para 117 países

da Europa, Médio Oriente e África. Apresenta-se como um projecto de

entretenimento que transmite conhecimento e informações para um público-alvo que

pretende experienciar o mundo e satisfazer as suas curiosidades. O Travel Channel

exibe programas sobre a experiência de viajar, em vários locais do globo terrestre em

diferentes formatos, como aventuras de mochila às costas, roteiros de culinária, férias

ecológicas e retiros de luxo.

Por outro lado, o programa Low Cost mostra o desafio de um jovem que passa

um fim-de-semana com 200 euros num destino europeu. O orçamento limitado terá de

dar para estadia, transportes, refeições, compras, museus, visitas culturais e diversão

nocturna. É composto por uma série de 13 episódios com 25 minutos cada nas

seguintes cidades: Lisboa, Madrid, Valência, Paris, Londres, Nápoles, Roma,

Budapeste, Berlim, Atenas, Helsínquia, Viena e Amesterdão.

2.6. Guias de Viagem em papel

Relativamente aos guias tradicionais de viagem, seleccionámos o American

Express, Lonely Planet, Footprint, Rough Guide e WallpaperCity Guide, que

apresentam informações ao utilizador sobre uma cidade ou um país.

Estes tipos de guias, de uma forma genérica, apresentam a história da cidade, a

sua localização geográfica, o seu calendário de actividades e eventos ao longo do ano,

são compostos de descrições detalhadas destas diferentes componentes, com textos

informativos acompanhados de fotografias, ilustrações, plantas que simulam 3D de

edifícios e sugestões de percursos pedonais/transportes. São geralmente compostos

por um capítulo com indicações ao turista, isto é, refere os locais onde ficar,

restaurantes, cafés, bares, compras, entretenimento e informações para as crianças,

assim como informações de como chegar à cidade, como circular na cidade, guias das

ruas com índice e mapas da rede ferroviária ou metropolitana.

17

Blog GoLisbon http://www.golisbon.com/blog/2010/08/09/lisbons-top-5-summer-rooftop-terraces/ 18

O Travel Channel surgiu nos Estados Unidos da América em 1987, como um negócio turístico a ser

explorado na plataforma televisiva. Em 1999 esta empresa expandiu-se a nível internacional com a

Travel Channel International Limited com sede em Londres.

22

Os guias da American Express podem ser considerados os guias de viagem

mais emblemáticos e tradicionais e têm uma cobertura quase mundial. Encontram-se

traduzidos para várias línguas e são bastante explicativos, quer por de texto ou

imagens que descrevem os destinos. Estes guias dão muito ênfase à imagem e menos

ao texto. Os locais são apresentados de forma sintética, mas com recursos a pequenos

apontamentos históricos que os tornam mais ricos.

Os guias Lonely Planet são roteiros de referência para a maioria dos viajantes.

A variedade de guias é vasta e destina-se também a quem gosta de fazer viagens com

maior poupança. Apresenta boas alternativas aos roteiros mais tradicionais e

turísticos, contendo informações úteis para programas diferentes. Destaca-se por

incluir normalmente dois ou três cadernos com fotografias de alta qualidade.

Os guias Footprint estão essencialmente virados para as viagens que envolvem

caminhadas. Por enquanto, ainda não fazem cobertura de todo o território a nível

mundial.

Os guias Rough Guide são guias essencialmente vocacionados para os

viajantes mais aventureiros. Apresentam roteiros bem organizados a locais menos

conhecidos como bairros e vilas, com óptimos resumos. Publicam livros de quase

todos os destinos mundiais, com algumas hipóteses diferentes, como a «First time

in…», ou guias mais sintetizados de alguns destinos.

Por fim, os Wallpaper City Guides são pequenos livros em formato de bolso,

focam o lado mais trendy de uma cidade. Estão muito ligados ao design e artes

gráficas e são procurados principalmente pelos estetas da viagem, ou seja, alguém que

gosta de viajar com elegância. São bastante rigorosos nos pormenores de restaurantes,

bares e hotéis (chegando mesmo a sugerir que quarto reservar).

2.7. Diários, cadernos e agendas

Outro recurso disponível que possibilita alguma orientação e possível

documentação gráfica e textual numa perspectiva mais pessoal e intimista são, por

exemplo, os Moleskine Cities.

O diário é um dos géneros da literatura autobiográfica, que permite o registo

das vivências. O diário é o testemunho quotidiano, por vezes com algumas

descontinuidades, do quotidiano de alguém que fixa, através da escrita e desenhos,

diversos acontecimentos, experiências e memórias.

Segundo Robert A. Fothergill19

o modelo de diário íntimo evoluiu a partir de

quatro formas de proto ou pré-diários: diários públicos, diários de viagem, diários de

registo pessoal, análogos aos livros comunitários (commonplace books) e diários de

consciência ou espirituais.

19

Robert A. Fothergill autor de Private Chronicles: A Study of English Diaries, publicado pela Oxford

University Press, em 1974, é pioneiro, na Inglaterra, no estudo crítico do desenvolvimento da tradição

do diarismo.

23

2.8. Locative Media Art

A tecnologia GPS que tem sido amplamente referenciada pelos diversos

recursos de apoio à mobilidade urbana referida anteriormente, surge neste momento

relacionada com o contexto artístico, no sentido em que permite ao artista escrever e

desenhar o espaço urbano, criando autoria nos espaços públicos e levantar questões

como mobilidade, lugar, espaço, público, vigilância, controle e monitorização.

Este tipo de manifestação artística que utiliza tecnologias e serviços baseados

na localização, denomina-se “Locative Media Art”, que segundo Drew Hemment

“Locative art’s focus on digital authoring within the environment, on a dynamic

relationship between database and the world, offers the chance to take art out of the

galleries and off the screen.” (Hemmet, 2006: 3).

Drew Hemment realça o impacto que estas tecnologias e serviços baseados

na localização como o GPS, tem tido na expressão artística, “artists are responding to

the technical possibilities of location-aware, networked media by asking what can be

experienced now that could not be experienced before, in some cases producing more-

or-less conventional artistic representations using location data, in others playing with

the possibilities of the media itself. The exploratory movements of locative media

lead to a convergence of geographical and data space, reversing the trend towards

digital content being viewed as placeless, only encountered in the amorphous and

other space of the internet.” (Hemment, 2006: 1).

Os primeiros projectos artísticos datam do final da década de 1990 e

procuravam escrever e desenhar o espaço urbano com GPS. Hemmet fez um

levantamento dos principais projectos que têm sido desenvolvidos neste contexto,

como Murmur20

, Urban Tapestries21

, Uncle Roy All Around You de Blast Theory22

,

InterUrban de Jeff Knowlton, Naomi Spellman e Jeremy Hight23

, Come Closer de

squidsoup24

, Field-Works de Masaki Fujihata25

, Choreography of Everyday

Movement de Teri Rueb26

, Stefan Schemat27

, Amsterdam Realtime de Ester Polak28

,

workshop at Karosta in Latvia29

, RIXC30

, MILK de Ieva Auzina e Esther Polak31

,

Chris Byrne32

, Michelle Kasprzak33

, Area Code de centrifugalforces e Jen Southern34

,

20

http://murmurtoronto.ca/ 21

http://urbantapestries.net/ 22

http://www.uncleroyallaroundyou.co.uk/ 23

http://interurban.34n118w.net/ 24

http://squidsoup.org/comecloser/ 25

http://www.field-works.net/ 26

http://userpages.umbc.edu/~rueb/ 27

http://www.schemat.de/ 28

http://realtime.waag.org/ 29

http://locative.x-i.net/report2.html 30

http://rixc.lv/ 31

http://locative.x-i.net/piens/ 32

http://www.mediascot.org/

24

Geograffiti35

, Biomapping de Christian Nold36

, Oscillating Windows de Katherine

Moriwaki37

.walk de Wilfried Houjebek38

, Hlemmur em C de Pall Thayer39

, Aura de

Steve Symons40

e Sound Mapping de Iain Mott41

.

No entanto no contexto desta dissertação analisamos apenas o projecto GPS

Drawing42

que tem por base “one technique that has already become common is to

generate line drawings from GPS data generated by people moving through the

physical environment,” (Hemment, 2006: 2), mas que ilustra o carácter da cartografia

pessoal e a possibilidade de construir um desenho e um registo no espaço mapeado

através da mobilidade de um indivíduo na cidade.

GPS Drawings são desenhos virtuais criados a partir dos traçados gravados

através de um GPS. A partir dos pontos definidos pelas coordenadas latitude e

longitude, alinha-se um desenho, ponto a ponto, de grandes dimensões, que pretende

explorar a ideia de transformar o planeta Terra numa tela de desenho.

Este tipo de criação surgiu no início da década 2000, quando os artistas ingleses

Jeremy Wood e Hugh Pryor definiram o termo de “GPS Drawing” para designar estas

linhas “gravadas” como traços digitais a partir dos satélites de comunicação, que podem

ser visualizadas em mapas na rede internet.

Estes desenhos são construídos através de percursos realizados por terra,

água ou ar. A figura 5 representa um desenho construído no espaço aéreo, pelo piloto

Ian Hackett, num percurso com 208.58 km. Jeremy Wood grava todos os seus

percursos diariamente e em cada viagem, constrói o seu mapa pessoal adicionando

mais um trabalho para a sua colecção.

O artista Jeremy Wood afirma “I collect all my journeys with GPS to map

where I have been and how I got there. It is a form of personal cartography that

documents my life as visual journal. This age of geographically organised information

it is becoming increasingly difficult to experience the feeling of being lost.” 43

33

http://michelle.kasprzak.ca/ 34

http://www.areacode.org.uk/ 35

http://www.gpster.net/geograffiti.html 36

http://www.softhook.com/biomap.htm 37

http://www.kakirine.com/windows 38

http://www.socialfiction.org/dotwalk/ 39

http://130.208.220.190/hlemmC/ 40

http://muio.org/ 41

http://www.reverberant.com/ 42

http://www.gpsdrawing.com/ 43

Citação retirada do site http://www.gpsdrawing.com/maps.html de Jeremy Woods. Acedido a 12 de

Junho de 2010.

25

Fig. 5 - GPS Drawing – Jeremy Wood. Local: Shoreham-by-Sea, E.Sussex e Ilha Wight, Reino Unido. Data:

10/08/01; distância do percurso: 208.58 km, método:PA 28 Warrier; piloto: Ian Hackett. Imagem retirada de

http://www.gpsdrawing.com/gallery/air/wight_flight.htm a 15 de Setembro de 2010.

26

3. Sistema Integrado de Apoio à Mobilidade Urbana – Antena

A componente prática deste Mestrado consiste no desenvolvimento de um

Sistema Integrado de Apoio à Mobilidade Urbana, composto por um dispositivo

móvel de informação e orientação que acompanha o utilizador no seu quotidiano e por

uma plataforma online de geo-referenciação, existente na forma de um site acessível

através da internet, que armazena todos os conteúdos que são disponibilizados no

dispositivo móvel, mas também funciona como uma plataforma independente que tem

por objectivo documentar o globo terrestre através de diferentes legados dos

utilizadores que podem ser fotografias, desenhos, vídeos, textos ou sons.

Este sistema surge como resposta às necessidades identificadas anteriormente,

relativas ao processo de mobilidade pela cidade, nomeadamente a necessidade de

obter orientações e informações sobre um determinado local, a necessidade de

documentar experiências e vivências do utilizador que se desloca pela cidade e a

necessidade de organizar e exibir toda a documentação previamente recolhida. Estas

necessidades que são respondidas de forma independente através dos diferentes

recursos existentes no mercado, que foram analisados no cap. 2, são respondidas

através de um único dispositivo e funcionam como um conjunto interdependente no

dispositivo Antena.

A denominação de Antena surge pela analogia que pode ser estabelecida com

a função principal das antenas de transmissão-recepção de informação.

3.1. O dispositivo móvel Antena

Antena é um dispositivo móvel que contém num único equipamento serviços

que existem dispersos e desligados em vários suportes, como um diário gráfico,

íntimo ou de viagem, um guia de turismo, um roteiro temático, cartografia simples de

navegar e interagir ou contentores de informação geo-referenciada; por outro lado

foram introduzidas outras componentes como o GPS pop-up, a Mancha Pedonal,

Localizador de Grupo, o Diário geo-referenciado e o Guia temático.

Antena é um dispositivo móvel que indica ou sugere locais, actividades ou

percursos durante uma visita ou estadia a uma cidade, é um dispositivo adaptável ao

tipo de registo de cada utilizador, porque se readapta e constrói um programa que

corresponde aos seus interesses. É também um contentor de informação das diferentes

temáticas numa cidade, no sentido de ir ao encontro de diferentes públicos, com

diferentes necessidades.

Este dispositivo é pensado para ser utilizado em espaços urbanos, porque pode

interagir directamente com os múltiplos elementos que constituem estes espaços, ao

nível da história, da geografia, do lazer, da cultura, da restauração, do património, da

população e dos costumes.

27

3.2. Serviços do dispositivo móvel Antena

De seguida, são descritos alguns dos serviços que fazem parte do dispositivo

Antena, como a Mancha Pedonal, o GPS pop-up, o Localizador de Grupo, o Diário

geo-referenciado e o Guia temático.

3.2.1. Mancha Pedonal

O serviço Mancha Pedonal possibilita localizar e registar o percurso do

utilizador no globo terrestre e permite a sua visualização por dias, semanas, meses ou

anos, apresentando-se na forma de ramificações que se intensificam nos locais onde o

utilizador mais esteve, criando manchas sobre um mapa. A figura 6 representa um

exemplo da Mancha Pedonal durante o período de um mês.

Permite ao utilizador visualizar os locais por onde passou, analisar a alteração

de percursos diários e consiste numa informação importante para alguém que deseja

conhecer o espaço onde outra pessoa esteve anteriormente.

Como refere Andy Schwerin no seu blog da Google Earth and Maps team

“Walking directions work well for short trips in urban areas, but we don't always

know if a street has a sidewalk, or if there's actually a special pedestrian bridge for

crossing a busy street. There are still a lot of pedestrian pathways we don't know

about, and they might save you some time if you find them.”44

. É neste sentido que a

Mancha Pedonal pode ser um serviço útil, inclusive quando permitir visualizar atalhos

que percorrem edifícios, isto é, edifícios que têm saídas para os dois lados de um

quarteirão e que permitem a um utilizador encurtar os seus percursos.

Fig. 6 – Mancha Pedonal. Diogo Marques Dias, 2010.

44

Citação de Andy Schwerin, Engenheiro de Software e membro da equipe de desenvolvimento de

software da Google Earth referiu no Blog Google Lat Long Blog “Pound the pavement” a Julho de

2008. http://google-latlong.blogspot.com/2008/07/pound-pavement.html. Acedido a 20 de Setembro

de 2010.

28

3.2.2. GPS pop-up

O serviço GPS pop-up45

, permite ao utilizador receber informações à medida

que se desloca na cidade. Este tipo de informação pode ser apresentada na forma de

imagem, texto, vídeo ou com recurso à Realidade Aumentada.

Sempre que as coordenadas do GPS (latitude e longitude) coincidirem com as

coordenadas definidas pela aplicação de uma determinada área (zona da cidade), ou

local específico (loja, museu, restaurante, hotel, monumento), a aplicação inicia um

pop-up com informação desse determinado local. A visualização através de texto,

vídeo ou imagem pode ser útil para informar o utilizador sobre eventos do local em

que se encontra, informações históricas ou de publicidade.

Por outro lado, a Realidade Aumentada permite ao utilizador enquanto filma,

visualizar em tempo real reconstruções na realidade existente. A Realidade

Aumentada como foi referido no Cap. 2.2 é uma tecnologia que possibilita um

entendimento mais fácil no processo de percepção da cidade, pois possibilita

visualizar in situ elementos históricos que existiram num determinado período de

tempo mas que foram destruídos, reconstruir visualmente elementos arquitectónicos

do património que sofreram alterações ao longo do tempo (ver fig.7), visualizar locais

por camadas cronológicas ou ainda entender processos de construção de arquitectura

através da visualização por camadas.

Esta aplicação pode ser útil e ir ao encontro dos interesses do utilizador, pois

apenas fornece informação de locais, promoções, eventos, acontecimentos históricos,

publicidade que o utilizador poderá ter interesse, segundo o seu perfil.

Fig. 7 – GPS pop-up, Reconstrução do Convento do Carmo, Lisboa. Diogo Marques Dias, 2010.

45

O pop-up é um conceito utilizado nos browsers da internet, surgindo inesperadamente facultando determinada

informação. Geralmente é associado a mensagens publicitárias

em sites.

29

3.2.3. Localizador de Grupo

O serviço Localizador de Grupo permite a identificação geográfica de um

grupo de pessoas. Cada elemento do grupo através do seu dispositivo Antena

consegue visualizar com exactidão a sua posição e a posição de todos os outros

elementos do grupo, quer estejam parados ou em movimento (ver fig.8). O utilizador

tem a opção de seleccionar um percurso até um dos elementos do grupo, escolhendo

qual o meio de transporte (ver fig.9).

A cor vermelha corresponde à localização do próprio dispositivo e todos os

outros elementos do grupo são representados a azul. O utilizador se quiser ter acesso à

informação sobre um elemento específico, apenas com um toque sobre a localização

deste consegue saber a quem corresponde, a morada, a distância geográfica a que se

encontra da sua posição, o caminho mais rápido para chegar a esse elemento, os tipos

de transporte e uma estimativa de tempo do percurso. Consegue visualizar todo o

percurso no mapa, mesmo o percurso do metro, a ligação com a paragem de autocarro

e o percurso pedestre.

Fig. 8 (acima) e Fig. 9 (abaixo) – Localizador de Grupo: Identificação dos elementos do Grupo e Localizador de

Grupo: Identificação do percurso a um dos elementos do grupo. Diogo Marques Dias, 2010.

30

3.2.4. Diário geo-referenciado

O serviço Diário geo-referenciado possibilita contextualizar temporal e

geograficamente toda a documentação que o utilizador elabora e recolhe das suas

experiências durante os seus percursos pela cidade. Este tipo de documentação

encontra-se sob a forma de texto, desenho, fotografia, vídeo que se encontra

relacionada com uma coordenada no mapa ou o utilizador pode desenhar directamente

no mapa, definindo várias camadas, a que o utilizador tem acesso através de um

sistema de multitoque que active as diferentes camadas (ver fig.10).

Embora todos os serviços do dispositivo móvel Antena sejam pensados com o

objectivo de desenvolver a ideia que Aldous Huxley defende, citada anteriormente, é

no serviço Diário geo-referenciado que esta ideia se encontra mais desenvolvida, ou

seja, o utilizador é livre de construir o seu diário com base nas memórias e nas

experiências vividas.

No contexto de um diário adaptado a um dispositivo móvel, concentramo-nos

no diário pessoal e no diário de viagem que tem como destinatário o utilizador que

utiliza o dispositivo no seu quotidiano ou o utilizador viajante. O diário pessoal é

íntimo e destina-se apenas a ser lido pelo seu autor. Por outro lado, o diário de

viagem46

é composto por relatos de experiências durante viagens e pode ser partilhado

na plataforma online de geo-referenciação descrita no capítulo 3.3.

Fig. 10 – Diário geo-referenciado. Diogo Marques Dias, 2010.

46

Os diários de viagem, foram muito comuns entre os séculos XV e XVIII. Reflectiam as viagens de

carácter exploratório ou não, trazendo informações sobre a geografia específica, terreno, possibilidade

de rotas, fauna e flora, mas também curiosidades sobre os povos nativos e a expressão do sentimento

associado a cada uma dessas experiências.

31

3.2.5. Guia temático

O serviço Guia temático permite ao utilizador personalizar a sua viagem e

escolher percursos e programas que lhe interessem directamente. O Guia temático

disponibiliza informações e actividades correspondentes à modalidade que o

utilizador seleccionar. O serviço Guia temático disponibiliza entre outras as seguintes

modalidades: religioso, cultural, gastronómico, lazer, rural, náutico, compras,

natureza, histórico e desporto.

O utilizador selecciona uma categoria e Antena responde com todas as

possibilidades disponíveis no local em que se encontra ou correspondente a outro

local previamente definido.

A pesquisa é uma ferramenta importante e visível constantemente no desktop

de Antena. A pesquisa pode ser interna (conteúdos no dispositivo) ou através da

internet. A pesquisa interna permite pesquisar diferentes conteúdos inseridos no

dispositivo móvel, como contactos, emails, calendário, locais anteriormente visitados,

percursos, conteúdos específicos ou encontrar imagens ou vídeos referentes a uma

localização específica. Por outro lado, também permite o acesso à internet e a

pesquisa nos vários motores de busca.

Em seguida é apresentado o Guia temático na categoria de Jardins na Cidade

de Lisboa. Neste guia é possível ver todos os jardins abertos ao público, divididos

pelas zonas da cidade nomeadamente zona oriental, zona ocidental, zona central, zona

norte e zona ribeirinha (ver fig.11 e 12). Sempre que o utilizador seleccionar qualquer

jardim, imediatamente acede à sua respectiva informação, desde horários, transportes

de acesso, acessibilidade a deficientes motores, zona de restauração e informação

sobre árvores e plantas existentes no jardim (ver fig.13).

Este serviço permite ao utilizador centrar-se numa única temática e saber tudo

o que o local disponibiliza, sem interferência de outras modalidades.

32

Figs. 11,12 e 13 – Guia Temático: Jardins da Cidade de Lisboa. Diogo Marques Dias, 2010.

33

3.3. Plataforma online de geo-referenciação Antena

A Plataforma online de geo-referenciação Antena, como referido

anteriormente, é um dos componentes do Sistema Integrado de Apoio à Mobilidade

Urbana Antena que, por um lado, é um elemento de apoio ao dispositivo móvel, no

sentido em que funciona como um contentor de informação, a que este tem acesso

sempre que necessita de descarregar conteúdos mas, por outro lado, todos os

conteúdos personalizados que os utilizadores descarregarem do dispositivo móvel

para a Plataforma online Antena, incrementam a base de dados dos legados de

experiências pessoais sobre locais específicos do globo terrestre. Por legados entende-

se todo o tipo de documentação que um utilizador tenha recolhido e construído, tal

como a sua mancha pedonal, locais visitados, fotografias, videos, ficheiros de som,

memórias textuais, desenhos, isto é, tudo o que o utilizador tenha vivenciado e

documentado num determinado espaço, durante um determinado período de tempo.

Todos os conteúdos disponibilizados têm informação em metadata sobre os

dados da localização, informação da data, hora e temperatura ambiente. O utilizador

que disponibiliza os conteúdos na plataforma pode sempre adicionar metatags

(palavras-chave) a cada conteúdo multimédia, de forma a possibilitar pesquisas

futuras.

3.3.1. Funcionamento da Plataforma online de geo-referenciação Antena

A Plataforma online de geo-referenciação Antena apresenta-se sob a forma

de um site com um modo de visualização de conteúdos acessível a todos os visitantes,

mas com a possibilidade de editar e descarregar conteúdos, disponível apenas para

utilizadores Antena registados. O registo é permitido para utilizadores que possuam

um dispositivo móvel Antena. Neste processo do registo o utilizador tem que

responder a um formulário de forma a direccionar o seu perfil de utilizador.

Ao entrar neste site, após o registo, o utilizador pesquisa por localização ou

por interesses (palavras-chave). No caso da localização, os seguintes recursos são

disponibilizados para o utilizador: um pacote geral da localização, área de fotografias,

área de vídeos, área de sons, área de desenhos, pinturas e desenhos de outros

utilizadores, área de GPS pop-up e Guias temáticos. O utilizador descarrega os

pacotes de informação consoante os seus interesses para o seu dispositivo móvel.

O utilizador, com o seu dispositivo móvel, pode fazer o download dos

conteúdos disponíveis e o upload dos seus ficheiros.

34

3.4. Utilizadores – registo e personalização

O dispositivo móvel Antena funciona mediante a definição de um perfil que é

registado na Plataforma online de geo-referenciação; contudo, após a inicialização do

dispositivo com um perfil, é possível criar outros perfis no próprio dispositivo.47

O nível de personalização que o sistema Antena atribui a cada utilizador tem a

ver com cruzamentos de informações existentes no formulário de registo com o

histórico de pesquisas efectuadas pelo utilizador na internet. Antena faz um perfil do

utilizador que está em constante construção. Contudo, existem dois modos de

utilização, que são: o modo em que o utilizador é o habitante e utiliza o dispositivo no

seu quotidiano ou modo utilizador viajante, em que o utilizador se encontra a viajar e

a conhecer novos locais. O utilizador pode alternar de modo sempre que desejar e o

dispositivo readapta-se propondo outro tipo de informação.

Este dispositivo pode ser igualmente útil tanto para um utilizador que faz a sua

rotina diária como o que se encontra a conhecer um novo espaço pois, como afirma

Kevin Lynch, o processo de construção da imagem da cidade é um processo em

constante mutação ao longo do tempo e diariamente, podem surgir acontecimentos e

eventos que o utilizador deseje memorizar em Antena para poder reviver mais tarde e

partilhar com outras pessoas.

Este dispositivo pode facilitar a estadia de um utilizador num local

desconhecido, onde, tanto a língua como os costumes não lhe são familiares. Neste

sentido, o dispositivo funciona como um motor de busca, que indica todos os locais

onde o utilizador deseja ir e, consoante o registo mais detalhado do utilizador, o

dispositivo pode sugerir locais de interesse. Por outro lado, o tradutor falante pode ser

útil se o utilizador quiser interagir com habitantes e não souber falar a mesma língua,

tendo apenas que escrever no dispositivo o que deseja comunicar e o dispositivo

traduz oralmente.

Tanto no serviço de Localizador de Grupo apresentado no cap. 3.2.3 como no

serviço Guia temático desenvolvido no cap. 3.2.5, o dispositivo ao sugerir o percurso

tem em consideração a informação que deverá ter sido inserida previamente no

registo do perfil, se o utilizador se desloca numa cadeira de rodas. Neste caso, o

sistema pode retirar dos percursos disponíveis todos os que tiverem obstáculos à

deslocação do utilizador, como escadas ou locais sem passeios.

Da mesma forma, este dispositivo é pensado para activar constantemente

lembretes de memória, em que relembra o utilizador de actividades ou locais onde

necessita de se deslocar. Este recurso pode ser de grande utilidade para utilizadores

com perdas de memória, temporárias ou permanentes, ou doentes com Alzheimer.

47

Esta obrigatoriedade existe como modo de controlo do próprio sistema Antena sob os seus

utilizadores.

35

Para utilizadores com deficiências auditivas, o dispositivo tem um

componente que permite ao utilizador escrever o que deseja que o dispositivo repete

oralmente, de forma a que as outras possam ouvir e interagir.

3.5. Características do dispositivo móvel Antena

O dispositivo móvel Antena consiste num equipamento composto por um ecrã

com sistema de identificação de capacitância48

, que permita o multitoque, uma câmara

digital, com um sistema de GPS e Bluetooth para a partilha de dados.

Actualmente existem vários dispositivos móveis que contêm estas

características e muitas outras, como o iPhone 3GS49

ou o Nexus One50

. No entanto

consideramos que as dimensões deste dispositivo não são as mais adaptadas à

visualização de informação geo-referenciada. No sentido de definir as especificações

técnicas do dispositivo móvel Antena, foi realizada uma comparação entre o

dispositivo iPhone 3GS e o Nexus One, presente no quadro 1 em anexos.

De seguida são descritas algumas das tecnologias fundamentais para o

funcionamento do dispositivo móvel Antena. Nomeadamente o sistema multitoque, o

Bluetooth, o Wi-Fi, a bússola digital e a câmara digital.

O sistema multitoque determina o tipo de interacção entre o utilizador e o

dispositivo. O multitoque é um sistema de interacção ser-humano/computador que

necessita de uma superfície/ecrã táctil que reconhece múltiplos contactos em

simultâneo. A tecnologia que permite o multitoque em dispositivos de reduzidas

dimensões móveis, como Antena é a capacitância. Um ecrã multitoque permite

48

A capacitância é a tecnologia que possibilita o multitoque num ecrã de reduzidas dimensões. O

sistema é sensível apenas à capacitância da pele humana, sendo inútil utilizar uma caneta digital ou

luvas não-condutivas para interagir. O multitoque permite efectuar tarefas como folhear listas com o

deslizar do dedo e ampliar ou reduzir imagens com o movimento de pinça do polegar e indicador.

Existem dois métodos de capacitância: capacitância mútua ou auto-capacitância. Na capacitância

mútua, o circuito capacitador é composto por duas camadas distintas de material que são

perpendiculares entre si, sendo uma as linhas de condução que transportam a corrente e outra, as linhas

de sensores que detectam a corrente nos pontos de intersecção. A auto-capacitância usa apenas uma

camada de eléctrodos individuais inter-ligados com circuitos de sensores. As duas possíveis

configurações enviam e transformam a informação do toque em impulsos eléctricos.

O processador e o software do dispositivo são importantes para interpretar correctamente a informação

proveniente do ecrã sensível. O processo começa com o toque do dedo no ecrã a ser registado,

seguindo-se depois a captura dessa informação, a eliminação dos ruídos de fundo, a medição dos

pontos de pressão e finalmente a área de toque é estabelecida e as coordenadas exactas são calculadas. 49

O iPhone é um smartphone desenvolvido pela Apple Inc. com funções de iPod, câmara digital,

internet, mensagens de texto (SMS), voicemail visual e ligação GPS e wi-fi local. A interacção com o

utilizador é feita através de um ecrã sensível ao toque. 50

O Nexus One é um Smartphone desenvolvido pela Google e HTC, que tem o Android como Sistema

Operativo. Algumas das suas características permitem transcrever voz para texto, dois microfones que

reduzem ruídos de fundo e determina direcções de voz.

36

desenhar, arrastar, aumentar ou diminuir objectos, através do toque de um dedo, ou da

conjugação de toque de dois ou mais dedos num movimento predefinido.

Relativamente ao Bluetooth51

e ao Wi-Fi, permitem a partilha de dados, como

enviar mensagens com texto, vídeo, fotografias, áudio, localizações e informações de

contacto. Isto permite fazer uma actualização e um backup de todo o conteúdo

adquirido ao longo do percurso.

A partilha de dados permite actualizar páginas pessoais, Facebook, Hi5,

durante uma viagem ou incrementar o banco de dados geo-referenciados, partilhando

informações com outros utilizadores que queiram ver informações de determinados

locais.

Antena possibilita a partilha de informações entre utilizadores através do

Bluetooth ou cartões de memória (para dados mais pesados). A particularidade desta

aplicação reside na forma como os dados recebidos são inseridos no nosso

dispositivo, como se estivéssemos a abrir um ficheiro no programa Flash, Photoshop,

After Effects ou qualquer outro, em que pudéssemos aceder de forma integral aos

seus constituintes (layers, efeitos, acções, presets...). O utilizador receptor tem agora

ao seu alcance, uma forma interactiva de aceder ao registo completo do utilizador

emissor. A informação recebida pode ser adaptada de forma a que utilizadores futuros

possam usufruir da experiência do utilizador anterior.

No que diz respeito à orientação do dispositivo este contém uma bússola

digital integrada, que lhe permite reposicionar os mapas automaticamente para

corresponderem à direcção para a qual o utilizador está virado. Por outro lado, a

interacção com os cantos do dispositivo, ou a sua inclinação, permite estudar o

movimento do dispositivo. A introdução do sensor acelerómetro neste dispositivo

permite estudar o movimento do dispositivo, nomeadamente a sua posição (horizontal

ou vertical) ou a inclinação mais acentuada num canto específico.

A câmara digital é uma componente importante do dispositivo Antena, porque

permite capturar diferentes tipos de informação que são utilizados pelas aplicações

Antena, como imagem parada ou em movimento e som.

A captura de vídeo permite editar, partilhar e documentar o diário de bordo.

Permite introduzir no banco de dados online Antena, incrementando o contentor de

informação de vídeos geo-referenciados.

51

O Bluetooth é um sistema de comunicação de curto alcance que substitui os cabos dos dispositivos

electrónicos portáteis e fixos. Trata-se de uma ferramenta que estabelece a ligação entre dispositivos

como telemóveis, computadores e câmaras digitais para permitir o intercâmbio de ficheiros

informáticos através de uma frequência de rádio. O seu alcance de comunicação depende da sua

potência que pode atingir até 1m (classe 3), 10m (classe 2) ou 100 metros (classe 1) de distância. Os

aparelhos electrónicos não necessitam de ter contacto visual para poderem comunicar, apenas sendo

necessário assegurar que a transmissão via rádio seja suficientemente eficiente.

37

Este dispositivo móvel permite fotografar52

ou filmar o que o utilizador

desejar. O dispositivo automaticamente guarda em metadata informação da hora, data,

coordenadas geográficas e temperatura. O controlo por voz permite abrir aplicações

específicas como o diário de bordo, o roteiro dos percursos ou aceder ao banco de

dados geo-referenciado. O utilizador apenas tem que dizer o nome da aplicação em

voz alta.

Fig. 14 – Desenho do equipamento do dispositivo móvel Antena. Diogo Marques Dias, 2010.

Fig. 15 – Cores das Capas do dispositivo móvel Antena. Diogo Marques Dias, 2010.

52

No dispositivo Antena, a câmara de 5 megapixeis tira fotografias, com foco automático, que também

permite, através do toque no ecrã, focar algo ou alguém em específico. Cada fotografia fica com

metadata referente à hora, dia, posicionamento, local e pessoas presentes na fotografia.

38

Conclusão

A presente dissertação situa-se no campo particularmente activo da inovação

de serviços, assente em recursos computacionais e de geo-referenciação. A

abordagem usada tomou em consideração os recursos existentes de apoio à

mobilidade urbana e procurou dar uma resposta articulada com as questões de

personalização. Este processo assenta no entendimento dos processos de compreensão

da morfologia urbana e da sua relação com a memória das pessoas.

Assim, em conclusão, julgamos poder identificar duas áreas de investigação

particularmente prometedoras.

1. A questão da personalização de serviços computacionais articulada com a

construção de redes de troca de informação. (dispositivo móvel/plataforma

online de geo-referenciação)

2. A melhor integração entre hardware e software, relacionando os diferentes

tipos de escrita com a geo-referenciação

3. O aprofundamento dos mecanismos da memória e da percepção visual por

forma a sustentar uma conceptualização mais profunda que sustente a

inovação tecnológica correspondente

No sentido de ter um entendimento mais completo sobre os processos de

concepção da imagem da cidade tivemos em consideração a obra de Kevin Lynch

onde encontrámos as bases de um entendimento sistematizado da percepção visual da

cidade. O dispositivo móvel Antena pretende ser um suporte de memórias que

possibilite ao utilizador referenciar estas memórias temporal e geograficamente.

39

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42

Glossário

Aerofotografia, em termos técnicos, é considerada a fotografia obtida por meio de

câmara com uma vista aérea rigorosamente calibrada, (com distância focal,

parâmetros de distorção de lentes e tamanho de quadro de negativo conhecidos)

montada, com o eixo óptico da câmara próximo da vertical, num veículo aéreo

devidamente preparado e homologado para receber este sistema.

Ortofotomapa é um produto cartográfico que concilia a visualização proporcionada

pela fotografia aérea mas sobre a qual foram removidas as distorções causadas pela

inclinação da câmara e pelo relevo. A escala de um ortofotomapa é uniforme, razão

pela qual pode ser usado como um mapa.

Roteiro, itinerário; descrição de todos os acidentes marítimos e geográficos

necessários para se fazer uma viagem; livro onde se consignam todos os pormenores

de uma viagem importante; indicação dos caminhos ou ruas, de uma região ou

povoação.

43

Anexos

Quadro 1 – Comparação entre iPhone 3GS, Google Nexus One e Antena. Diogo Marques Dias, 2010.

44

Funcionalidades dos

SIG

Exemplos de questões que podem ser

investigadas

Aplicações ao turismo

Entrada de dados,

armazenamento e

manipulação

Localização

O que existem em...?

Inventário dos recursos

turísticos

Produção de mapas

Condição

Onde está...?

Identificar os locais mais

adequados para o

desenvolvimento, de acordo

com determinado critério

Integração de bases de

dados

Tendências

O que é que mudou...?

Medição e monitorização dos

impactos turísticos; registo de

evoluções

Pesquisa e inquisição

aos dados

Rotas Qual é o melhor

caminho...?

Gestão de visitantes e fluxos

Análise espacial Padrões Qual é o padrão...? Analisar relações associadas

com o uso dos recursos

Modelação espacial

Modelação

E se...?

Quantificar, qualificar e avaliar

os potenciais impactos do

desenvolvimento turístico;

estabelecer cenários possíveis

Quadro 2 - Aplicação dos SIG ao Turismo Comunicação integrada na I Conferência Nacional Turismo e

Tecnologias de Informação Geográfica, (Devile, Borges, Cravo; Lima, 2006).