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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CARLOS ALBERTO MELLO DA SILVA MULLER RELAÇÕES PÚBLICAS E A CONFIGURAÇÃO DA IMAGEM DO ARTISTA DA MÚSICA ATRAVÉS DA PERCEPÇÃO DOS FÃS Caxias do Sul 2016

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

CARLOS ALBERTO MELLO DA SILVA MULLER

RELAÇÕES PÚBLICAS E A CONFIGURAÇÃO DA IMAGEM DO ARTISTA DA MÚSICA ATRAVÉS DA PERCEPÇÃO DOS FÃS

Caxias do Sul 2016

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL HABILITAÇÃO EM RELAÇÕES PÚBLICAS

CARLOS ALBERTO MELLO DA SILVA MULLER

RELAÇÕES PÚBLICAS E A CONFIGURAÇÃO DA IMAGEM DO ARTISTA DA MÚSICA ATRAVÉS DA PERCEPÇÃO DOS FÃS

Monografia do Curso de Comunicação Social, apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social, habilitação em Relações Públicas, na Universidade de Caxias do Sul. Orientador(a): Profª. Dra. Ana Cristina

Fachinelli

Caxias do Sul 2016

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CARLOS ALBERTO MELLO DA SILVA MULLER

RELAÇÕES PÚBLICAS E A CONFIGURAÇÃO DA IMAGEM DO ARTISTA DA MÚSICA ATRAVÉS DA PERCEPÇÃO DOS FÃS

Monografia do Curso de Comunicação Social, apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social, habilitação em Relações Públicas, na Universidade de Caxias do Sul. Aprovado em: ____/____/____

Banca Examinadora

________________________________________________

Profª. Dra. Ana Cristina Fachinelli

Universidade de Caxias do Sul – UCS

________________________________________________

Profª. Ms. Fiorenza Zandonade Carnielli

Universidade de Caxias do Sul – UCS

________________________________________________

Prof.ª Dr.ª Ivana Almeida da Silva

Universidade de Caxias do Sul – UCS

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RESUMO

O presente trabalho explora a temática do profissional de relações públicas e a configuração de imagem de artistas da música a partir da percepção dos fãs. Tem como objetivo geral o de analisar a imagem do cantor Justin Timberlake segundo a percepção dos fãs, e como objetivos específicos: identificar os atributos de imagem do artista segundo a percepção dos fãs; analisar a imagem, levando em consideração as dimensões que a constituem e os níveis da imagem; e criar uma representação gráfica dos resultados. Por meio de pesquisa exploratória descritiva com estudo de campo e do Método de Configuração de Imagem, chegou-se aos resultados de que a imagem do artista analisado, segundo a percepção dos seus fãs no Brasil, é positiva, favorável e inspiradora. O vínculo criado entre os fãs e o cantor possui, principalmente, aspectos de dimensão emocional, que se desmembram em atributos como de felicidade, amorosidade, determinação, inteligência e família. Palavras-chave: Relações Públicas; Imagem; Representações Sociais; Artista; Música.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 6

2 A MÚSICA E O ARTISTA, IMAGEM E MERCADO .............................................. 10

2.1 A CULTURA DA CELEBRIDADE ........................................................................ 15

3 CONCEITOS DE IMAGEM .................................................................................... 18

3.1 REPRESENTAÇÕES MENTAIS ......................................................................... 20

3.2 REPRESENTAÇÕES SOCIAIS .......................................................................... 21

3.3 TEORIA DO NÚCLEO CENTRAL ....................................................................... 22

3.4 TEORIA DE DEFINIÇÃO DE ATRIBUTOS E TEORIA DE ATRIBUTOS

CARACTERÍSTICOS ................................................................................................ 23

4 RELAÇÕES PÚBLICAS ........................................................................................ 24

4.1 RELAÇÕES PÚBLICAS E A GESTÃO DE IMAGEM DE ARTISTAS DA MÚSICA

.................................................................................................................................. 27

5 MÉTODO ................................................................................................................ 31

5.1 IDENTIFICAÇÃO DOS PÚBLICOS QUE FAZEM PARTE DO CAMPO DE

ATUAÇÃO DO ARTISTA MUSICAL OU BANDA ...................................................... 32

5.2 ESCOLHA DO PÚBLICO A SER PESQUISADO ................................................ 32

5.3 SELEÇÃO DE UMA AMOSTRA REPRESENTATIVA PARA A FASE

QUALITATIVA DA PESQUISA .................................................................................. 32

5.4 REALIZAÇÃO DA FASE QUALITATIVA DA PESQUISA .................................... 33

5.5 REALIZAÇÃO DA FASE QUANTITATIVA DA PESQUISA ................................. 34

5.6 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DOS RESULTADOS ......................................... 35

6 PESQUISA COM FÃS DO ARTISTA JUSTIN TIMBERLAKE .............................. 37

6.1 FASE QUALITATIVA E DE CONFIGURAÇÃO DE CONTEÚDO ........................ 38

6.1.1 Elaboração do questionário qualitativo ....................................................... 38

6.1.2 Seleção da amostra para aplicação da pesquisa qualitativa ...................... 39

6.1.3 Aplicação da pesquisa qualitativa com a amostra selecionada ................ 40

6.1.4 Análise de conteúdo e agrupamento por categorias .................................. 41

6.2 FASE QUANTITATIVA E DE CONFIGURAÇÃO DE AGRUPAMENTOS ........... 42

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6.2.1 Elaboração do questionário quantitativo ..................................................... 42

6.2.2 Definição da amostra para aplicação da pesquisa quantitativa ................. 43

6.2.3 Aplicação da pesquisa quantitativa .............................................................. 43

6.2.4 Tratamento dos dados coletados ................................................................. 43

6.2.5 Montagem do mapa de configuração da Imagem........................................ 44

7 RESULTADOS E ANÁLISES ................................................................................ 46

7.1 IDENTIFICAÇÃO DOS ATRIBUTOS DA IMAGEM DO ARTISTA ....................... 46

7.2 ANÁLISE DAS DIMENSÕES E NÍVEIS DA IMAGEM ......................................... 46

7.3 ANÁLISE UNIVARIADA ...................................................................................... 49

7.4 ANÁLISE MULTIVARIADA .................................................................................. 52

7.4.1 Análise de correlação .................................................................................... 52

7.4.2 Análise fatorial ................................................................................................ 53

7.5 MAPA DA CONFIGURAÇÃO DA IMAGEM ......................................................... 56

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 59

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1 INTRODUÇÃO

Ampliar a compreensão sobre os conceitos de imagem representa um desafio

para a pesquisa em comunicação. A natureza subjetiva do objeto exige do

pesquisador a capacidade de observação e análise de dados concretos e abstratos,

e cautela para que não ocorra uma generalização dos resultados da investigação

científica. Existe uma carência de suporte teórico exclusivamente dedicado aos

estudos sobre imagem, de uma ciência própria da imagem, uma imagologia.

(SANTAELLA, 2001). A imagem segue como objeto visado pelas mais diversas

áreas do conhecimento como a filosofia, a psicologia cognitiva, psicologia social,

semiótica, marketing, comunicação social entre outras. (JOLY, 2002).

De Toni (2005) menciona dois conceitos de imagem que ajudam a

compreender os fundamentos de sua linha de pesquisa: 1) da imagem enquanto

representação mental: quando ela está associada ao processo de aprendizagem do

indivíduo e resulta numa interpretação intelectual e particular; e 2) da imagem

enquanto representação social: quando ela se manifesta como resultado da

influência da interação do sujeito com o seu meio social, da soma de crenças e

ideologias de um determinado grupo de pessoas. A correlação entre os conceitos de

representação mental e representação social indica a maneira como o sujeito cria

suas representações de mundo e atribui significado a elas.

Para Kotler (1998), a imagem representa um importante ativo para as

organizações, pois, em geral, as pessoas consomem imagens, e não, produtos.

Marcas fortes são lembradas pelos seus valores e benefícios, por atributos positivos

como personalidade e identificação com os seus consumidores. (KOTLER, 1999). A

percepção negativa de uma imagem, com repercussão pública, pode gerar uma

crise de imagem, situação que pode ocorrer tanto com organizações quanto com

figuras públicas como políticos, artistas e celebridades. (ROSA, 2001).

Compreender a imagem da forma tal qual ela é percebida pelo público é uma

informação fundamental para manter a carreira do artista musical em ascensão,

atendendo ou superando as expectativas dos fãs e, assim, deixar a sua marca

pessoal registrada na história. O valor de mercado de um artista da música está

vinculado à sua imagem e à relação do público para com essa imagem. A disputa

por espaço de relevância na mente das pessoas na contemporaneidade leva o

artista musical a tomar atitudes que podem resultar na decisão de gerenciar sua

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carreira por conta própria, sem objetivos bem definidos ou conhecimento claro sobre

seus públicos. Essa atitude traz grandes riscos à sua imagem por falta de

habilidades específicas sobre comunicação, ou por falta de conhecimento técnico

para lidar com a mídia e a opinião pública. (BARROS, 2015).

A construção de uma marca vai além do gerenciamento de sua imagem. Ela

requer a gestão de todo o ponto de contato que possa existir entre a marca e o

consumidor. (KOTLER, 1999). O profissional de relações públicas possui preparo

adequado para realizar uma gestão de imagem estratégica e eficiente, através do

mapeamento de públicos, da aplicação de pesquisas, do desenvolvimento,

implantação e avaliação de planos de comunicação alinhados aos objetivos de

carreira do artista. (BARROS, 2015).

Assim, definiu-se a imagem como objeto de pesquisa, levando-se em

consideração a atuação do profissional de relações públicas no mercado artístico

musical, em busca de responder à questão norteadora: quais são os atributos que

constituem a imagem de um músico ou banda, segundo a percepção dos seus fãs?

Conforme observado por Barros (2015), existe um número restrito de

bibliografia direcionada à temática. O pouco que existe se baseia em informações

coletadas a partir de entrevistas realizadas com profissionais do meio musical, mas

quase nada em termos acadêmicos e científicos. Portanto, ressalta-se a importância

de auxiliar na fundamentação desse campo de estudo e destacar as possíveis

contribuições do profissional de relações públicas para com a gestão da imagem de

artistas da música.

Nesse propósito, determinou-se como objetivo geral do trabalho o de analisar

a imagem de um artista musical ou banda segundo a percepção dos seus fãs. E

como objetivos específicos: 1) Identificar os atributos relacionados à imagem do

artista musical ou banda na percepção dos fãs; 2) Analisar a imagem, levando em

consideração as dimensões que a constituem e os níveis da imagem (Núcleo

Central e Periferias); 3) Criar uma representação gráfica, um mapa organizado dos

resultados.

Para delimitação do trabalho, definiu-se o artista Justin Timberlake como

proposição de pesquisa junto aos seus fãs no Brasil. A escolha do artista tem

relação com a grande exposição midiática de sua carreira, que transita entre o

mercado musical e o mercado cinematográfico. Artista pop da atualidade, vencedor

de várias premiações da música, marido, pai, cantor, ator, empreendedor e garoto

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propaganda, Justin Timberlake é considerado “o príncipe do pop”, em comparação

ao “rei do pop”, Michael Jackson. (JUSTIN TIMBERLAKE, 2016).

Com base nos objetivos e procedimentos, a presente investigação se

identifica como pesquisa exploratória descritiva com estudo de campo. Exploratória

devido à necessidade do pesquisador em conhecer melhor o problema, torná-lo

mais específico e familiar para si. Assim, foi utilizado o levantamento de referencial

teórico relacionado ao tema de pesquisa e realizada a análise de exemplos que

permitiram melhor compreensão acerca do problema. (GIL, 2007 apud GERHARDT;

SILVEIRA, 2009). Descritiva porque se propõe a observar e descrever as

características do fenômeno para análise, classificação, interpretação e

compreensão da relação entre as variáveis, por meio de questionário específico

aplicado junto aos fãs do artista. (PRODANOV; FREITAS, 2013). Estudo de campo

por conta da investigação bibliográfica (teórica) realizada em paralelo à coleta de

dados a partir de um público específico (prática). Por meio da aplicação de

pesquisas de opinião (qualitativa e quantitativa), foi possível obter dados que

permitiram o aprofundamento, registro e análise das relações com o problema de

pesquisa. (PRODANOV; FREITAS, 2013).

Quanto à abordagem do problema, a investigação apresenta caráter

qualitativo e quantitativo, segundo as características apontadas por Prodanov e

Freitas (2013). Qualitativo porque o pesquisador manteve contato direto com o

ambiente e o objeto de estudo, realizando a coleta, descrição e classificação de

informações (atributos) que dizem respeito à percepção individual (subjetiva,

simbólica) dos entrevistados (fãs) em relação ao ídolo. Quantitativo porque visa

agrupar as informações similares como forma de quantificar e traduzir em números a

opinião dos entrevistados, utilizando-se de técnicas estatísticas que permitiram

aplicar uma escala de valores às informações coletadas (atributos).

A obtenção de dados qualitativos e quantitativos permitiu a análise da imagem

percebida pelos fãs do artista Justin Timberlake através do Método de Configuração

de Imagem (MCI), seguindo os procedimentos descritos por Schuler (2000,

SCHULER et al., 2004 apud DE TONI, 2005), adaptados à realidade do campo de

estudo. Os procedimentos indicados são: a) a identificação dos públicos envolvidos

no campo de atuação do artista musical ou banda; b) a escolha de um desses

públicos para ser pesquisado (no caso, os fãs); c) a seleção de uma amostra

representativa para realização da etapa qualitativa; d) a realização da pesquisa

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qualitativa junto à amostra, quando ocorre o levantamento dos atributos relacionados

à imagem do artista musical ou banda, além da identificação do Núcleo Central da

imagem; e) a realização da etapa quantitativa da pesquisa, para mensurar a

importância e a satisfação percebida em cada atributo da imagem, e agrupamento

dos atributos em fatores; e f) a elaboração da representação gráfica dos resultados.

O Método de Configuração de Imagem se mostra promissor no que tange a

identificação da imagem que os consumidores e clientes constroem a respeito de um

produto ou organização. (MILAN, 2013). Da mesma forma, ele pode auxiliar as

atividades de relações públicas, permitindo acesso a informações que servirão como

base para análise da atual imagem percebida pelos fãs do artista da música e para

planejamento de ações para uma gestão de imagem adequada, favorável e

duradoura ao artista.

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2 A MÚSICA E O ARTISTA , IMAGEM E MERCADO

A música acompanha o ser humano desde os seus primórdios. Não há,

porém, artefato histórico que indique com exatidão o momento em que a música

passou a integrar a rotina humana. Os primeiros indícios arqueológicos de existência

da música na vida do homem são pinturas rupestres e alguns objetos que remetem

ao período pré-histórico. Pesquisadores afirmam que essas pinturas representam

instrumentos musicais e algumas danças do período, indicando a presença da

música. Os objetos encontrados seriam os próprios instrumentos musicais da época.

Na teoria, a música tem sua origem nos ruídos da natureza (chuvas, ventos,

chiados, entre outros) que foram convertidos pelo homem através de sua oralidade e

a utilização de objetos ressoantes. Assim, a música representa um dos primeiros

instrumentos utilizados pelo ser humano para se comunicar com o outro, para atrair

a atenção dos demais, para se aproximar e compartilhar conhecimentos e

sentimentos que antes lhe eram particulares. (MORAES, 1985 apud SOUZA, 2014;

MONTANARI, 2001; LORD, 2008). Na Antiguidade, o músico era visto como um

sábio, respeitado e, até mesmo, poupado de guerras. (CANDÉ, 2001).

A música está inserida em um processo de evolução constante em reflexo às

transformações sociais e à influência de diversos povos. Passou de geração para

geração como legado cultural: da Mesopotâmia (sumérios e assírios) para o Egito,

do Egito para a Grécia, da Grécia para Roma, do Oriente para o Ocidente. Assim, a

música foi utilizada para realização de ritos, cerimônias religiosas, festividades,

reverência aos deuses, confraternizações, processos educativos e disciplinares,

entretenimento, entre outros. (CANDÉ, 2001).

Tame (1990, p.17) explica que as civilizações antigas possuíam ampla

compreensão em relação ao poder de influência da música, diferente do que se vê

nos dias atuais, quando as pessoas entendem a música “como sendo apenas uma

forma intangível de arte de escassa importância prática”.

A música representava para os chineses um guia social e espiritual, extremamente valorizado pelos sábios e filósofos que viam o som como algo divino que tinha influência direta no caráter do sujeito e, por conseguinte, na estrutura de toda a Nação. (SOUZA, 2014, p.35).

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Na Índia, a música foi inserida no contexto religioso e direcionada,

fundamentalmente, para transmissão de princípios éticos. (CANDÉ, 2001).

É na Grécia Antiga que a música ganha status de arte e passa a ser tema

defendido por filósofos como Platão, Aristóteles e Pitágoras. Como arte, a música

criou vínculos com a filosofia e a literatura, ganhou reconhecimento educativo e

influenciou o surgimento de escolas de música. (CANDÉ, 2001). A palavra música

tem origem no grego mousike tekhne, que significa “a arte das musas”, remetendo

ao apelo místico da época. “Musas” eram “consideradas divindades celestiais, que

inspiravam as artes e as ciências”. (MONTANARI, 2001, p.15).

Enquanto arte, a música aderiu a diversos movimentos culturais. No período

medieval (800-1400), recebeu forte influência religiosa com a ascensão da igreja

católica. No período renascentista (1400-1600), com a redescoberta e a retomada

de valor às referências culturais da antiguidade clássica humanista e naturalista.

Com o movimento Barroco (1600-1750), ganhou elementos e tom de exuberância,

realidades e emoções de bastante contrastante entre si. No período Classicista

(1750-1800), tempo de Mozart e Beethoven, vem a música clássica, erudita, que

resgata o rigor e pureza formal das artes tidas como clássicas. Com o Romantismo

(1800-1900), a música toma uma dimensão mais intimista e emotiva, de expressão

de sentimentos pessoais, particulares. (BENNET, 1998; LORD, 2008).

Para Albin (2015), a música é um importante instrumento de auxílio no

desenvolvimento cognitivo do ser humano. Desde o seu nascimento, a criança

aprende o significado da confiança através do canto de ninar de sua mãe. Imita a

voz, o ritmo, a entonação. Através da música, o indivíduo toma consciência da sua

cultura, crenças, da própria história. O sujeito entra em contato com novos ritmos,

outras culturas, e maneiras de pensar. Interage com o outro, aprende a se

movimentar e a acompanhar o ritmo da canção. A música é arte como qualquer

outra, pois expressa sentimentos, desejos, mitos e verdades que transmitem

mensagens ao ser humano. Visões de mundo. É utilizada até mesmo com finalidade

terapêutica. O artista da música tem certa responsabilidade na construção de

significados e na formação intelectual do sujeito.

A música representa uma das manifestações artísticas que integram o contexto cultural de cada sociedade. [...] Dessa forma, cabe aos artistas da música a missão de entrelaçar emoções, unir as pessoas por meio de lembranças e de momentos vividos ou que ainda serão vividos. (BARROS, 2015, p. 48-49).

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A música estabelece uma relação entre sujeitos para comunicar algo e torná-

lo comum, portanto, a música é considerada um meio de comunicação social.

(SEINCMAN, 2008). Composta de um sistema próprio de significação e de trocas

simbólicas, a música é considerada uma linguagem que media a comunicação entre

sujeitos através de signos. (MORAES, 1985 apud SOUZA, 2014). Ela aciona cada

sujeito de maneira particular, a partir de sua própria interpretação e interiorização de

significados. (SEINCMAN, 2008).

Machado Neto (2006) explica que o artista, por definição, quando cria algo, o

faz querendo se expressar e agradar a si mesmo. Essa atitude segue uma direção

contrária à filosofia de marketing, que se preocupa em atender às necessidades dos

outros, procurando agradá-los. Nesse espaço de conciliação e alinhamento de

interesses é que se encaixam as qualificações do profissional de relações públicas,

para que haja convergência na relação entre artista e público. A falta de uma gestão

de relacionamento adequada pode coincidir em um ruído entre identidade e imagem

e gerar conflitos entre o artista e seus públicos. (BARROS, 2015).

Segundo Lord (2008), o século XX foi marcado por uma série de

circunstâncias que levaram a música, e a arte como um todo, a ser difundida de

forma massificada. O período pós-guerra, o avanço da tecnologia e dos meios de

comunicação possibilitou o acesso da classe média ao mundo das artes. Isso trouxe

mudanças significativas na forma da arte ser produzida, distribuída e acessada pelas

pessoas das mais diferentes classes sociais, o que justifica o número crescente de

novos artistas, tendências e estilos musicais disponíveis no mercado.

É preciso compreender como funciona o cenário econômico na atualidade,

pois ele é conduzido por duas forças poderosas: a tecnologia e a globalização.

(KOTLER, 1999). A sociedade pós-moderna está passando por uma transformação

antropológica cultural, onde são privilegiadas as imagens geradas pelos meios de

comunicação. Essas mídias têm influenciado a formação de representações de

mundo. “As pessoas entendem o mundo [...] através da mídia.” (CASTRO;

CHIATTONE, 2008, p. 421). A maneira das pessoas consumirem música foi

transformada. Tudo é digital hoje em dia. Qualquer novidade pode ser acessada de

forma rápida e prática através de diferentes dispositivos como smartphones, tablets,

notebooks etc, “disseminando a música e a cultura em qualquer lugar do mundo”.

(BARROS, 2015, p. 55). Essa nova realidade amplia os espaços de interação com o

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público, estimula a difusão de novos gêneros musicais e o surgimento de novas

frentes de negócio. Também aumenta a disputa por espaço de relevância entre os

artistas, sem limites ou parâmetros que regulem uma competição justa em termos de

qualidade técnica. “O indivíduo faz uma música, publica na internet e, agradando ao

gosto da massa, toma proporções imensuráveis.” (BARROS, 2015, p. 56).

Em situações de mercados de alta competitividade, se faz necessário

concentrar os esforços como um todo, de forma integrada, para a conquista da

preferência do consumidor. (KOTLER, 1999). É imprescindível conhecer

profundamente o público-alvo e encontrar maneiras de estabelecer relacionamento

duradouro com esse público. (FREITAS; MACHADO NETO, 2015). A decisão de

esperar uma resposta do público ou de realizar uma pesquisa em busca de

oportunidades diferencia as marcas que são dirigidas pelo mercado daquelas que

dirigem o mercado e criam demandas. O balizador entre marcas reativas ou

proativas. (KOTLER, 1999).

Kotler (2000) afirma que as organizações não medem esforços para formar

uma imagem de marca forte e favorável. O valor de mercado de uma marca é

considerado como um mecanismo estimulante para atrair investimentos e negócios.

Esse valor está atrelado à imagem da marca perante a opinião de seus

consumidores e do próprio mercado-alvo. Conforme Freitas e Machado Neto (2015),

a mensuração de valor de marca pode ser realizada de duas maneiras: 1)

quantitativa: atribuindo valor monetário à marca; e 2) qualitativa: observando-se a

lealdade das pessoas em relação à marca, qualidade percebida, associações

exercidas, conhecimento e comportamento de mercado. O artista precisa tomar

consciência e definir o seu objetivo com a arte, seja ele prazer e realização pessoal,

a busca por fama ou o desejo de ganhar dinheiro com ela. Em seguida, definir o seu

planejamento. O valor de mercado do artista depende diretamente da relação que o

público estabelece com o próprio artista e na maneira como sua imagem está

configurada na mente das pessoas. (BARROS, 2015). A habilidade comunicacional

pode ser um diferencial para alcançar o favoritismo e a preferência do público.

(Marken, 1990).

Para Bender (2009), as pessoas possuem marcas, assim como as empresas

e produtos. Características próprias que permitem o rápido reconhecimento pelos

outros. Essa marca pessoal necessita de atenção e deve ser administrada e

posicionada de acordo com os objetivos que o profissional pretende atingir com a

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sua carreira. A esse modelo de gestão, o autor atribuiu o nome de personal

branding. O controle e o gerenciamento da marca pessoal ajudam o indivíduo a

evoluir profissionalmente e a se destacar em seu mercado de trabalho. Imagem e

carreira mal gerenciadas resultam em marcas pessoais sem valor de mercado, sem

relevância. É possível construir valor de marca pessoal através de redes de contato

e de relacionamento.

Quando se fala de ‘imagem de si’ ou de ‘imagem de marca’ ainda se está aludindo a operações mentais, individuais ou coletivas que desta vez insistem mais no aspecto construtivo e identitário da representação do que em seu aspecto visual de semelhança. [...] De fato, trabalhar a ‘imagem’ da empresa, a ‘imagem’ de determinado homem político, a ‘imagem’ de determinada profissão [...] tornou-se a expressão mais comum no vocabulário do marketing, da publicidade ou dos ofícios da comunicação sob todas as formas: imprensa, televisão, comunicados de empresas ou de coletividades locais, comunicados políticos e assim por diante. Estudar a ‘imagem de...’, modificá-la, construí-la, substituí-la etc., é o termo-chave da eficácia comercial ou política. (JOLY, 2002, p. 21).

O sucesso do artista depende da qualidade de sua relação com a mídia, com

a equipe técnica, com os produtores e empresários envolvidos com o seu trabalho. A

decisão de gerenciar sua carreira de forma independente pode gerar riscos à

imagem do artista. (BARROS, 2015). Quanto maior o sucesso e a visibilidade,

maiores serão as chances de ocorrerem crises de imagem. (ROSA, 2001).

Na visão de Rosa (2001), as crises de imagem podem atingir a qualquer um,

desde grandes empresas, celebridades, até pessoas com rotinas comuns. As crises

de imagem ganham dimensão por conta da repercussão pública. Numa sociedade

interconectada, tudo aquilo que diz respeito a um problema local, pode ganhar

repercussão midiática a nível mundial. Vivemos em um ambiente de sistemas cada

vez mais complexos e interligados que tornam impossível o controle sobre todos os

pontos que nos conectam ao mundo social. As crises de imagem são sempre

simbólicas e isso faz com que, muitas vezes, elas atinjam um contexto global, onde

haja causas e valores comuns. Esse tipo de crise ganha atenção especial da mídia

graças ao seu potencial de audiência. Segundo Rosa, as crises são “a arena da

mídia”. O tipo de acontecimento que ajuda os veículos de comunicação a saírem da

rotina de fatos e atividades corriqueiras. O momento oportuno para disputar a

preferência na mente do público. Cada nova informação veiculada sobre o caso de

crise antes dos veículos concorrentes, representa a conquista da atenção do

espectador e certa autoridade ao veículo informante. Essa competição, geralmente,

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acarreta numa série de equívocos e desencontro de informações, cenário típico de

crises de imagem. (ROSA, 2001).

É importante saber identificar oportunidades e transformar cada momento em

uma experiência valiosa. Fazer uma autoavaliação e conhecer as próprias

habilidades e competências. O sujeito que gera valor para si mesmo potencializa a

imagem de sua marca pessoal, destacando-se pelos seus atributos. Isso fica mais

claro à medida que o profissional desenvolve os seus objetivos e estabelece um foco

para sua marca pessoal. Uma direção para sua carreira. Precisa ainda criar uma

diferenciação em relação aos concorrentes e fugir do comum. (BENDER, 2009).

O artista da música, portanto, não pode prescindir de uma assessoria de

imagem e produção cultural para sobreviver em um cenário tão complexo, que se

reinventa a cada dia. A construção de uma relação afetiva com os fãs, a mídia e o

mercado em geral é fundamental para que o músico atinja os seus objetivos de

carreira. (BARROS, 2015). É necessário construir um plano estratégico para sua

marca pessoal. (BENDER, 2009). A percepção de imagem que se tem a respeito de

figuras públicas está sempre associada a valores de uma sociedade. Não apenas a

fatos. Por isso, é importante averiguar os elementos que constituem uma imagem,

principalmente quando vistos sob a ótica dos públicos. (ROSA, 2001).

2.1 A CULTURA DA CELEBRIDADE

Rojek (2008) atribui ao capitalismo o surgimento do desejo abstrato, a

compulsão pela substituição de bens de consumo por outros mais novos, recentes e

atuais. Segundo o autor, esse desejo foi estimulado através da força de influência da

mídia impressa no século XVIII. A cultura da celebridade só se faz possível graças

ao desejo abstrato. As celebridades transformam a si próprias em mercadorias ao

despertarem nos fãs (consumidores) o desejo de possuí-las.

A cultura da celebridade é um dos mecanismos mais importantes para mobilizar o desejo abstrato. Ela personifica o desejo num objeto animado, que admite níveis mais profundos de apego e identificação do que com mercadorias inanimadas. [...] A cultura da celebridade é, portanto, em parte a expressão de um eixo cultural organizado em torno do desejo abstrato. É uma ferramenta essencial de transformação em mercadoria, visto que personifica o desejo. Em particular, ela proporciona aos consumidores padrões atraentes de emulação. Por outro lado, a distância entre celebridade e fã e a constante inovação na cultura da celebridade redobram a qualidade abstrata no desejo de massa. (ROJEK, 2008, p. 201).

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A relação entre admiradores e celebridade se desenvolve por meio de

representações, sejam elas fotos, propagandas, anúncios, vozes, entre outros. A

distância entre ídolo e fã estimula ainda mais a busca por possuir o objeto desejado

ou até mesmo de sê-lo. Pois “o mercado inevitavelmente transformou o rosto público

da celebridade num bem de consumo”. (ROJEK, 2008, p. 16).

O excesso de representação produzido pela mídia personifica o ídolo em um

modelo a ser seguido. De certa forma, o ídolo aprecia o assédio do público, já que,

na sociedade contemporânea, sobressai-se a necessidade de diferenciação, de ser

reconhecido como um ser único e especial. De outro lado, os fãs estão em busca de

uma referência para seguir. A admiração que se estabelece nesse caso específico é

de longo alcance, abstrata e superficial.

Historicamente, Rojek (2008) explica que os grandes estúdios de Hollywood

se desenvolveram em torno da criação do chamado star system - o sistema de

fabricação de estrelas de cinema e televisão que provocam encanto no público.

Essas personalidades hollywoodianas têm suas imagens exibidas em telas de

cinema e em toda área coberta pelo show business. Esse campo é comandado pela

mídia de massa, como jornais e revistas que obtém lucro ao divulgar informações

detalhadas sobre a vida privada dos famosos.

Para o autor, existe uma confusão no mercado entre os termos celebridade,

notoriedade e renome. Explica que celebridade é um reconhecimento pela

admiração, pela fantasia pública construída em cima do desejo de fama e sucesso.

Notoriedade seria o reconhecimento por algo negativo, de natureza transgressiva

(como o caso de terroristas). Ambos não pressupõem contato próximo ou físico. O

renome se refere ao sujeito que se destaca dentro de um grupo, por atributos como

beleza, competência, coragem, e assim por diante. Esse último implica contato

social, pessoal ou direto.

Rojek (2008) aponta para três maneiras de o sujeito alcançar o status de

celebridade: conferida, adquirida e atribuída. O status de celebridade é conferido

quando tem origem na linhagem do indivíduo, na sua procedência, na descendência

biológica. É adquirido quando obtido através de resultados conquistados, seja em

realização de provas ou competições, onde haja demonstração de empenho do

sujeito. É atribuído quando relacionado a um talento, a uma desenvoltura e,

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17

principalmente, quando construído de forma midiática, gerando maior valor ao novo,

ainda mais quando envolvido em meio de escândalos.

De fato, as celebridades humanizam desejos e são constantemente

transformadas e renovadas. Mesmo quando envelhecem, permanecem sendo

transformadas em mercadoria pela indústria cultural, pois se tratam de “fabricações

culturais”. Nem mesmo a morte é capaz de conter os anseios do público. Os

registros ficam disponíveis através de meios físicos e eletrônicos. As celebridades e

suas imagens podem ser lembradas para sempre. (ROJEK, 2008).

Se as celebridades são fabricadas pela indústria da cultura, pode-se dizer que

suas imagens também são. Portanto, para realização de qualquer trabalho sobre

imagem, é necessário compreender como as imagens são formadas nas mentes das

pessoas.

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3 CONCEITOS DE IMAGEM

A palavra “imagem” tem origem no latim imaginari, que significa “formar uma

imagem mental de algo”. Derivado de imago, ou seja, “imagem, representação”. Da

mesma raiz de imitari, que quer dizer “copiar, fazer semelhante”. (ORIGEM DAS

PALAVRAS, 2016).

Joly argumenta que a palavra “imagem” é empregada com tantas variações e

significados que é difícil atribuir uma definição simples a ela. “Material ou imaterial,

visual ou não, natural ou fabricada, uma ‘imagem’ é antes de mais nada algo que se

assemelha a outra coisa.” (2002, p. 38). Mental ou concreta, a imagem depende

sempre da ação de alguém para ser criada.

Diferentes correntes de pensamento buscaram explicar o objeto imagem, bem

como compreender o seu processo de formação. Platão (1991) e Descartes (s.d.)

explicam a imagem sob a perspectiva da razão, sendo vista como uma ideia. As

ideias nasciam da alma do homem racional, eram expressas através da escrita e,

assim, ganhavam dimensão de imagem (eikon), como algo que pode ser visto,

observado. As ideias eram produzidas de forma independente à experiência em

relação ao objeto imaginado. Paradigmas de pensamento como o criticismo, o

construtivismo e o pluralismo defendem a lógica de que as imagens são construídas

tanto pelo conhecimento racional quanto pelo experimental e emocional. Nessa

perspectiva, sujeito e objeto se interrelacionam. (PIAGET, 1971; MOSCOVICI, 1978;

SIEGAL, 1988; VIGOTSKI, 1998; KANT, 1991 apud DE TONI 2005).

De fato, a imagem pode ser analisada sob dois aspectos: 1) visual: quando

um objeto, suas formas e elementos são captados através do olhar humano, e 2)

mental: como o resultado de um processo intelectual e individual, por meio do qual o

sujeito interpreta e define um objeto do mundo ao seu redor, formulando visões,

esquemas ou representações mentais. Ambos os aspectos (visual e mental) estão

intimamente ligados e dependem, um do outro, para existir. (SANTAELLA; NÖTH,

2001).

Não há imagens como representações visuais que não tenham surgido de imagens na mente daqueles que as produziram, do mesmo modo que não há imagens mentais que não tenham alguma origem no mundo concreto dos objetos visuais. (SANTAELLA; NÖTH, 2001, p. 15).

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Observando as diferentes concepções de imagem, desde contextos

históricos, míticos, religiosos, psíquicos, tecnológicos e científicos, Joly (2002)

identifica um ponto convergente entre elas: todas prescrevem a imagem como algo

análogo, semelhante. Logo, a imagem se encaixa na categoria das representações:

algo que se parece com outro, mas não o é de fato. Amparada pela abordagem

semiótica de imagem, Joly explica que:

Se ela parece é porque ela não é a própria coisa: sua função é, portanto, evocar, querer dizer outra coisa que não ela própria, utilizando o processo da semelhança. Se a imagem é percebida como representação, isso quer dizer que a imagem é percebida como signo. (JOLY, 2002, p. 39).

A polissemia do conceito de imagem se deve, em partes, às suas

características de semelhança. Por isso, ora “imagem” se refere ao objeto em si

(referente), ora à interpretação mental acerca do objeto (significado) e ora ao

representante (aquilo que está no lugar do objeto original), que pode ser

materializado através de uma figura, uma fotografia ou outra forma. (SANTAELLA;

NÖTH, 2001).

“Imagem tem a ver com o imaginário das pessoas, com as percepções. É

uma visão intangível, abstrata das coisas, uma visão subjetiva de determinada

realidade.” (KUNSCH, 2003, p. 170). A imagem resulta de conhecimentos adquiridos

com a experiência do sujeito em relação ao objeto. Valores culturais, morais, éticos,

religiosos influenciam a forma como uma imagem é assimilada por um grupo social.

(ROSA, 2001). “[...] a imagem pode ser compreendida como um todo indivisível, que

reúne elementos (atributos, aspectos) de diferentes naturezas (categorias,

dimensões), e seu entendimento se dá pela compreensão dos distintos

componentes ou elementos que a formam, em íntima interação e influência mútua.”

(MILAN; DE TONI; SCHULER, 2015, p. 2).

Gombrich (1981 apud SANTAELLA; NÖTH, 2001) explica que, ao contrário

dos animais, o processo de evolução do ser humano, naturalmente, o levou a

selecionar aquilo que lhe parece mais vantajoso no mundo para viver e sobreviver.

Ensinou a categorizar aquilo que é necessário (interessante, atraente) ou prejudicial

(desinteressante). A tornar relevantes as coisas que carreguem significado para ele

e que possuam configurações que o agradem.

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3.1 REPRESENTAÇÕES MENTAIS

As representações mentais (ou modelos mentais) são atividades psíquicas.

Uma impressão, quase que alucinatória, como o sonho, que carrega atributos

relacionados àquilo que foi visto ou sentido pelo sujeito. (JOLY, 2002). Trata-se de

um processo individual e subjetivo de pensamento e memória que influencia as

ações do ser humano, pois afeta a interpretação daquilo que ele vê. (SANTAELLA;

NÖTH, 2001; DE TONI, 2005).

Na perspectiva de Kenneth Craik (1943 apud DE TONI, 2005), o sujeito atribui

sentido a elementos do seu ambiente quando cria modelos mentais a partir de

características que representem esses elementos. Os modelos mentais são

construídos com base na percepção do sujeito, sua imaginação, seu conhecimento

de mundo e compreensão do discurso. A formulação de modelos mentais faz parte

de um processo dinâmico, evolutivo e contínuo que mexe com as representações

simbólicas do sujeito e resulta em uma simulação mental de mundo. A imagem,

portanto, é uma percepção da realidade, não a realidade em si. Com apoio nessa

percepção é que o indivíduo decide suas ações. (SIMÕES, 1995).

A Teoria dos Esquemas estuda as formas como os conceitos são organizados

na mente do indivíduo e ajudam a criar modelos mentais. Esquemas mentais (ou

conexões) são estruturas cognitivas complexas que ajudam o indivíduo a organizar

(acomodar) as informações em sua mente, relacionando-as com outras informações

de mundo. (DE TONI, 2005). A primeira função ativada pelo sistema cognitivo é a

percepção, a compreensão de todo e qualquer material que chega até a memória. A

memória, por sua vez, é ativada quando o processo de representação mental se

inicia, vasculhando por informações de todos os sentidos e do conhecimento geral

do sujeito. Isso só é possível quando essas informações estão de alguma maneira,

integradas. (CRAIK, 2001).

De acordo com Boulding (1961), a imagem se trata de um conhecimento

subjetivo. Uma abstração. Nunca é real ou falsa. A imagem que se tem a respeito de

algo ou de alguém só pode ser comparada à outra imagem do mesmo objeto. Ou

seja, pela contestação frente a novas percepções referentes àquele objeto. Assim, o

mais importante não é investigar se uma imagem é verdadeira ou não, mas

compreender seus atributos essenciais como consistência, coerência, estabilidade,

capacidade de organização e capacidade de sobrevivência. A imagem enquanto

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representação mental é o resultado do processamento de informações que o sujeito

guarda para si mesmo em relação a um objeto, sejam elas características físicas ou

uma sensação adquirida a partir de uma experiência vivida. (DE TONI, 2005).

3.2 REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

Enquanto representação social, a imagem equivale ao conjunto de conceitos,

mitos e crenças que o sujeito formula graças à sua interação com o outro, com o seu

meio social. Através de representações, o sujeito estabelece sentido ao seu próprio

conhecimento sobre as coisas do mundo. (DE TONI, 2005).

Na Teoria das Representações Sociais (TRS), Moscovici (1978 apud DE

TONI, 2005) trabalha a questão da imagem sob o viés da existência do

conhecimento consensual, construído por meio da interação social, do senso

comum. Diferencia-se, portanto, das representações mentais, que dizem respeito ao

processo de significação subjetivo. As representações sociais podem ser

modificadas com o passar dos anos, conforme a troca de ideias e a produção

simbólica entre indivíduos. A partir daí, cria-se um consenso. (GUARESCHI; LIMA,

2000; MACHADO, 2012). O consenso é fruto da internalização de valores sociais.

“Novos valores têm o poder de mudar velhas imagens.” (ROSA, 2001, p. 86).

Breakwell (2001 apud MILAN 2013, p. 88) diz que a Teoria das

Representações Sociais “é uma das principais teorias que explicam os processos de

influências sociais e como os indivíduos adquirem e organizam seus modelos

mentais.” Para compreender as representações de mundo de uma sociedade é

preciso conhecer o seu contexto social e não, o individual. Essas representações

comandam as decisões e ações do sujeito socialmente integrado. (MILAN, 2013).

[...] boa parte daquilo que chamamos de realidade são, na verdade, valores que adquirimos ou nos foram transmitidos através do ‘conhecimento’, do ‘saber’. Trata-se de convenções, mensagens que convencionamos julgar ser a expressão de verdade, porque as aceitamos como tais. [...] o ser humano não precisa viver uma realidade para se convencer da imagem a ela associada. O conhecimento, o saber, o estudo, a tradição, a cultura permitem que o homem construa uma imagem do mundo, aceitando como verdades premissas que ele não pôde checar pessoalmente. (ROSA, 2001, p. 86-87).

A dupla função exercida pelas representações sociais são de: 1) organizar o

conhecimento de mundo para torná-lo mais compreensível ao sujeito, e 2) permitir a

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comunicação entre membros de um grupo social por meio da elaboração de códigos

(representações como a língua e a escrita) estabelecidos por consenso.

(JOVCHELOVITCH, 1998). Assim, por mais que um objeto seja percebido,

processado e descrito de forma única e singular pelo indivíduo, algumas

características são comuns aos demais integrantes do seu grupo social. (MILAN,

2013).

3.3 TEORIA DO NÚCLEO CENTRAL

Para compreender as representações é preciso conhecer a organização

interna do seu conteúdo e identificar quais atributos são centrais e mais resistentes à

mudança. (DE TONI, 2005).

Jean Claude Abric (1993) explica que o indivíduo constrói suas

representações em volta de um núcleo central, formado pelo sistema central e pelo

sistema periférico. O sistema central é estável, coerente e resistente à mudança

porque é construído a partir do histórico do sujeito em relação ao objeto, enraizado

na sua cultura social. Já o sistema periférico é funcional e responde às condições do

momento, das novas experiências vividas pelo sujeito, portanto, é suscetível a

mudanças. O sistema periférico serve de interface com o sistema central. Através

dele, as informações são recebidas do ambiente externo. Ele permite a formulação

de representações sociais individualizadas, que se organizam em torno do núcleo

central. Segundo a Teoria do Núcleo Central, a evolução de uma representação

começa por uma modificação nos elementos periféricos antes de chegar ao núcleo

central. (DE TONI, 2005).

Guareschi (2000) afirma que:

(As Representações Sociais) [...] podem possuir aparentes contradições na sua superfície, mas nos seus fundamentos elas formam um núcleo mais estável e permanente, baseado na cultura e na memória dos grupos e povos. E somente através duma pesquisa cuidadosa que se pode identificar esses fundamentos mais duradouros.

O núcleo central organiza as informações recebidas de forma dinâmica e

evolutiva. (ABRIC, 1993). A função do sistema periférico é de permitir a adaptação

das informações à realidade concreta, a diferenciação do conteúdo e proteger o

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sistema central. A função do sistema central é gerar significação à representação e

orientar sua organização.

Figura 1 - Características do sistema central e sistema periférico de uma representação

Sistema Central Sistema Periférico

Ligado à memória coletiva e à história do grupo Permite a integração das experiências e das histórias individuais

Consensual, define a homogeneidade do grupo Suporta a heterogeneidade do grupo

Estável, coerente, rígido Flexível, suporta as contradições

Resistente a mudanças Evolutivo

Pouco sensível ao contexto imediato Sensível ao contexto imediato

Funções: gera a significação da representação, determina sua organização

Funções: permite adaptação à realidade concreta, permite a diferenciação do conteúdo, protege o sistema central

Fonte: Abric (1993); Sá (1996).

3.4 TEORIA DE DEFINIÇÃO DE ATRIBUTOS E TEORIA DE ATRIBUTOS

CARACTERÍSTICOS

Segundo a Teoria de Definição de Atributos, existem alguns atributos que constituem a definição básica de um conceito. Assim, cada conceito tem um núcleo conceitual, constituído de atributos que são essenciais e suficientes para evocar este conceito. A Teoria dos Atributos Característicos identifica que existem atributos com diferentes pesos ou diferentes graus de importância dentro de um conceito. Neste sentido, as coisas são agrupadas em categorias porque elas têm alguns atributos em comum, ou seja, com características semelhantes. (EYSENCK; KEANE, 1994 apud DE TONI, 2005, p. 41).

Ou seja, a Teoria de Definição de Atributos indica que, dentre uma série de

atributos, é possível identificar alguns atributos com semelhanças entre si e que

pertençam a um mesmo núcleo conceitual. Por exemplo: frio, chuva e estação do

ano são atributos que podem indicar inverno (o núcleo conceitual). E a Teoria de

Atributos Característicos indica que, em meio aos atributos de um conceito, existem

alguns atributos que são semelhantes aos atributos constituintes de outros

conceitos, e que, portanto, eles devem ser agrupados em categorias.

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4 RELAÇÕES PÚBLICAS

Em essência, pode-se dizer que, relações públicas é:

[..] uma atividade administrativa de gestão de relacionamentos, que utiliza a comunicação, prioritariamente, para cuidar da qualidade dos relacionamentos estabelecidos entre as organizações e seus públicos de interesse, visando a formação e manutenção de uma imagem pública favorável. (CHAMUSCA; CARVALHAL, 2016).

A prática profissional de relações públicas surgiu nos Estados Unidos, no

início do século XX, com o propósito de auxiliar grandes corporações e

departamentos de governo a se posicionarem de forma favorável perante a opinião

pública e a sociedade. Até então, essas organizações não se preocupavam em

conversar com os seus públicos, o que acabou gerando ruídos comunicacionais,

conflitos de interesses e crises de imagem. (KUNSCH, 2009). Esse contexto está

ligado ao fato de que Estados Unidos foi o primeiro país da América (fora da Europa)

a se tornar industrial, o que acarretou uma série de mudanças nas relações de

trabalho e de mentalidade nas organizações. A época foi marcada por uma

desestruturação econômica, aceleração da taxa de desemprego, greves e o

enrijecimento dos movimentos sindicais. Escândalos de corrupção, tanto na esfera

política quanto na privada, tornaram-se frequentes. Pinho (2008) assinala que as

atividades de relações públicas surgiram da necessidade de empresários (como

William Vanderbilt) e políticos (como Roosevelt) de acalmar os ânimos da sociedade

civil e de persuadir a opinião pública a favor de causas e princípios privados.

É importante frisar que a profissão de Relações Públicas tem seus fundamentos ligados ao fenômeno da opinião pública. Somente numa sociedade democrática, onde a opinião pública assume papel preponderante no processo político, haverá a devida importância à atividade profissional das Relações Públicas. Necessariamente, numa democracia, há que se estabelecer o diálogo, o consenso, a ausculta aos diversos grupos e movimentos sociais. (PINHO, 2008, p. 21).

No Brasil, a prática de relações públicas teve início em 1914. Eduardo

Pinheiro Lobo, patrono da profissão no país, foi o responsável por implantar as

atividades na empresa canadense The São Paulo Tramway Light and Power

Company Limited, conhecida hoje como Eletropaulo. Mas o desenvolvimento da

profissão só veio acontecer quarenta anos mais tarde. (KUNSCH, 1997). Em 1954, é

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criada a Associação Brasileira de Relações Públicas (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA

DE RELAÇÕES PÚBLICAS SP, 2016).

Spinola (2008) menciona as atividades desenvolvidas por duas profissionais

de referência no mercado de relações públicas e responsáveis pelo pioneirismo da

profissão no meio artístico musical brasileiro. Edy Silva1, que assume em 1963 a

direção de relações públicas da gravadora CBS e em 1964 é incumbida a gerenciar

a divulgação de imagem do cantor Roberto Carlos, administrando todas as ações

relacionadas à execução das músicas do artista nas rádios, participação em

programas de televisão, entrevistas e matérias na imprensa. E Ivone Kassu2, que

trabalhou na divulgação de artistas como Chico Buarque, Paulinho da Viola e Wilson

Simonal. Em 1968, Kassu se tornou “a primeira profissional na área da música

popular brasileira a criar e oferecer pautas de seus artistas para a imprensa. Criando

um modelo de atuação no mercado da música seguido até hoje.” Kassu se intitulava

assessora de imprensa. (SPINOLA, 2008, p. 460).

Em 1967, surge o primeiro curso de relações públicas no país, pela Escola de

Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA). No mesmo ano, realiza-

se o IV Congresso Mundial de Relações Públicas, que ajudou a estabelecer o

conjunto de funções dirigidas ao profissional da área. Em 1968, é regulamentada a

Lei Nº 5.377, de 11 de dezembro de 1967, que disciplina a Profissão de Relações

Públicas no Brasil. Uma conquista excepcional para a área, que teve seu exercício

diminuído a poucas atividades devido ao momento de ápice da ditadura militar no

Brasil e suas restrições políticas e autoritárias. (BALDISSERA; SÓLIO, 2008).

Segundo o Artigo 4º, do Decreto de Lei Nº 63.283, são atividades específicas de

Relações Públicas as que se referem:

a) à orientação de dirigentes de instituições públicas ou privadas na formulação de políticas de Relações Públicas; b) à promoção de maior integração da instituição na comunidade; c) à informação e a orientação da opinião sôbre objetivos elevados de uma instituição; d) ao assessoramento na solução de problemas institucionais que influam na posição da entidade

1 Edy Silva não possuía formação específica em qualquer área da comunicação. Seu gosto pela

música levou a profissional a começar desde cedo o trabalho em rádios de São Paulo e Rio de Janeiro. Atuou em radionovelas, locução de programas de rádio e foi divulgadora de discos, sendo a primeira mulher a trabalhar nessa função de grande prestígio na época. (SPINOLA, 2008). 2 Ivone Kassu formou-se em secretariado e sempre teve como objetivo ser jornalista. Começou a

carreira como secretária em um escritório artístico. No mesmo escritório, passou a trabalhar na área de divulgação e, logo mais, assumiu o setor de relações públicas. Teve sua própria empresa de comunicação, Kassu Produções & Promoções Artísticas. Assim como Edy Silva, trabalhou na assessoria do cantor Roberto Carlos. (SPINOLA, 2008).

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perante a opinião pública; e) ao planejamento e execução de campanhas de opinião pública; f) à consultoria externa de Relações Públicas junto a dirigentes de instituições; g) ao ensino de disciplinas específicas ou de técnicas de Relações Públicas, oficialmente estabelecido. (CONSELHO FEDERAL DE PROFISSIONAIS DE RELAÇÕES PÚBLICAS, 2016).

A transformação conceitual e histórica das relações públicas elevou a

profissão de uma função técnica/operacional a uma função estratégica

imprescindível às organizações na contemporaneidade. (KUNSCH, 2003). As

conclusões do Parlamento Nacional de Relações Públicas – movimento da categoria

organizado pelo Conselho Federal de Profissionais de Relações Públicas – propõem

uma revisão à Lei que regulamenta a profissão em busca de atualização disciplinar

mais compatível com as funções e atividades exercidas pelos profissionais de

relações públicas na atualidade. As conclusões do Parlamento foram formalizadas

em documento datado de 1997 e foram encaminhadas às Universidades brasileiras.

Suas diretrizes vêm sendo implantadas, gradativamente, através dos novos

currículos. (CABESTRÉ, 2008). Assim, as funções das relações públicas na

contemporaneidade, e contexto nacional, passam a ser:

1. Diagnosticar o relacionamento das entidades com seus públicos; 2. Prognosticar a evolução da reação dos públicos diante das ações das entidades; 3. Propor políticas e estratégias que atendam às necessidades de relacionamento das entidades com seus públicos; 4. Implementar programas e instrumentos que assegurem a interação das entidades com seus públicos. (SINDICATO DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DE RELAÇÕES PÚBLICAS NO ESTADO DE SÃO PAULO, 2016)

O texto especifica ainda as devidas atividades profissionais como:

1. diagnósticos e auditorias de opinião e imagem; 2. pesquisas de opinião e imagem; 3. planejamento estratégico de comunicação institucional; 4. programas que caracterizem a comunicação estratégica para a criação e manutenção do relacionamento das instituições com seus públicos de interesse; 5. ensino de disciplinas de teorias e técnicas de Relações Públicas; 6. acompanhamento e avaliações das ações acima descritas. (SINDICATO DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DE RELAÇÕES PÚBLICAS NO ESTADO DE SÃO PAULO, 2016)

O campo profissional e acadêmico de relações públicas cresceu de forma

exponencial nos últimos anos, a ponto de favorecer o surgimento de novas frentes

de atuação e pesquisa. A assessoria para profissionais autônomos, artistas, atletas,

políticos, entre outros, tornou-se uma necessidade emergente que carece de

profissionais especializados e preparados para os desafios da contemporaneidade.

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As técnicas e instrumentos de relações públicas podem e devem ser aplicadas

também para as indústrias culturais. Um trabalho de relações públicas voltado para

o setor artístico musical exige do profissional uma adequação de postura e

ajustamentos específicos que estejam alinhados à personalidade do artista,

seus objetivos de carreira, público-alvo e contexto de figura pública.

(KUNSH, 2015).

4.1 RELAÇÕES PÚBLICAS E A GESTÃO DE IMAGEM DE ARTISTAS DA MÚSICA

O profissional de relações públicas pode auxiliar o artista na construção de

sua identidade, imagem e reputação. (BARROS, 2015). “Imagem é o que passa na

mente dos públicos, no seu imaginário, enquanto identidade é o que a organização

é, faz e diz.” (KUNSCH, 2003, p. 170). A identidade é algo tangível, visível, legível.

Ela expressa uma personalidade. Por exemplo, um logotipo, um texto institucional. A

reputação é algo conquistado sempre em longo prazo, um ativo desenvolvido a partir

da coerência entre imagem, ação e discurso, um conjunto de percepções construído

da consistência e repetição de comportamentos e atitudes. (KUNSCH, 2003;

BARROS, 2015). Para Bender (2009), reputação é o que há de mais valioso para

uma marca.

A reputação de uma empresa ou pessoa está intimamente ligada à percepção

de sua imagem pelos outros, assim como a sua imagem está ligada à sua

reputação. São fatores que se relacionam entre si, embora seus conceitos sejam

diferentes. A confiança do público regula e dimensiona a reputação atrelada a uma

entidade ou figura pública. (ROSA, 2001). A identidade, a reputação e a imagem do

artista são atributos que devem ser preservados para que ele possa sobreviver no

mercado e para garantir a sustentação de sua carreira. (BARROS, 2015). A

constante veiculação de mensagens favoráveis ou contra artistas na internet e nas

mídias digitais exige um planejamento cauteloso por parte de personalidades

públicas e de seus assessores. Não há, portanto, profissional mais preparado para

gerenciar a percepção de imagem e para construir reputação do que o relações-

públicas. (KUNSCH, 2005). Suas atividades essenciais são dirigidas por funções

administrativas, estratégicas, mediadoras e políticas. (KUNSCH, 2003). O

profissional de relações públicas possui perfil adequado às possíveis demandas de

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comunicação e produção cultural que o artista possa ter na busca de estabelecer

relacionamento duradouro com o seu público-alvo. (MACHADO NETO, 2006).

Sobre o uso de instrumentos de comunicação para construção de “imagem”,

Joly reflete que:

Todos compreendem que se trata de estudar ou provocar associações mentais sistemáticas (mais ou menos justificadas) que servem para identificar este ou aquele objeto, esta ou aquela pessoa, esta ou aquela profissão, atribuindo-lhes um certo número de qualidades socioculturalmente elaboradas. (2002, p. 21).

O profissional de relações públicas possui qualidade estratégica. O

planejamento é parte fundamental do seu trabalho. Através dele, o profissional

consegue subsídios para prever determinadas situações, comportamentos e reações

do público, dentro de uma cadeia de relacionamentos. Adquire informações de

opinião pública que ajudam a exercer uma postura proativa, através de projeções e

prognósticos. Este profissional pode desenvolver, basicamente, dois tipos de

planejamento: 1. Projeto global ou um plano estratégico de comunicação e 2.

Projetos e programas específicos como eventos, publicações, ações de interação

com públicos, comunicação de crises, projetos socioculturais, comunicação interna,

comunicação através de mídias etc. O processo de planejamento em relações

públicas segue um roteiro divido em quatro etapas: 1. Pesquisa, 2. Planejamento, 3.

Implantação e 4. Avaliação. (KUNSCH, 2003).

Barros (2015) propõe um roteiro para obtenção de informações que sirvam de

subsídio aos profissionais de relações públicas no momento da elaboração do

planejamento de assessoria de artistas da música. Os levantamentos desse roteiro

são: 1) Auditoria e diagnóstico do artista e mercado; 2) Verificação de materiais de

apresentação; 3) Entendimento sobre a identidade e a imagem do artista; 4)

Definição de públicos; 5) Análise do histórico de imagem na internet; 6) Análise da

comunicação e da postura do artista em “shows” e aparições públicas; 7)

Esclarecimento de dúvidas sobre comportamento, comunicação e marketing pessoal

que o artista possa ter; 8) Definição de ações estratégicas e 9) A formalização do

Plano de Comunicação.

[...] as práticas não devem limitar-se apenas ao trabalho de assessoria de imprensa, como normalmente se faz. Pressupõem-se um trabalho muito mais amplo de gestão de imagem artística no âmbito da música e no

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contexto de manifestações da sociedade, em que se busca perceber e analisar cenários, bem como as demandas da população e oferecer oportunidades de acesso à cultura e às artes a todos indistintamente. (KUNSH, 2015, prefácio).

Como parâmetro das atividades que o profissional de relações públicas está

acostumado a realizar no seu cotidiano, pode-se mencionar o serviço de consultoria

de alto nível; planejamento, organização e execução de eventos; relações com a

mídia (assessoria de imprensa); coordenação de publicações institucionais como

jornais, revistas, livros especiais, relatórios, boletins etc; pesquisa de opinião pública;

pesquisa institucional; auditoria de opinião; auditoria de imagem; auditoria de

comunicação organizacional; edição e distribuição de publicações institucionais;

realização de projetos e ações sociais; balanço social; relatórios de responsabilidade

social; serviço de atendimento ao consumidor; atividades em apoio ao marketing;

propaganda institucional; organização de “mailing” e segmentação de públicos

estratégicos; marketing político; marketing de relacionamento; marketing cultural;

marketing social. (KUNSCH, 2003, p. 128).

Machado Neto (2013) propõe os 4 Rs como composto das relações públicas

em analogia aos 4 Ps do marketing. Explica que o conceito surgiu a partir das

demandas mais comuns de organizações e pessoas necessitadas de visibilidade

quando analisadas por profissionais da área. São elas o reconhecimento, o

relacionamento, a relevância e a reputação. Para cada demanda, indica o uso de

quatro táticas distintas possíveis de serem trabalhadas. Para reconhecimento,

sugere a construção de identidade, o uso de “branding” (gestão de marca),

construção de imagem de marca (testemunhos e associações) e a realização de

propaganda institucional. Para o relacionamento, sugere o aprimoramento da

comunicação interna, o pronto atendimento ao público, a implantação de ouvidoria e

a mediação de conflitos. Para relevância, sugere a aplicação de pesquisa de

opinião, o uso de patrocínio, a produção de eventos e a construção do marketing

social. Para reputação, sugere o estudo dos públicos, a realização de comunicação

institucional, a divulgação de informações sobre o assessorado, gestão de crise de

imagem pública.

É preciso transmitir claramente os valores éticos e sociais aos quais uma

imagem pública está associada. Os valores cultivados pelos indivíduos que

compõem um determinado grupo social influenciam diretamente a maneira como

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uma imagem é assimilada e a proporção que uma possível crise de imagem pode

ganhar. Uma imagem para ser sustentada deve seguir uma postura de prevenção e

de planejamento. Crises de imagem são inevitáveis, mas podem ser previstas,

administradas e amenizadas. Em meio à crise, as pessoas costumam perder sua

capacidade de discernimento e tomada de decisão devido ao alto nível de estresse e

preocupação envolvidos. As crises atingem a credibilidade, confiabilidade e a

reputação de entidades e pessoas. (ROSA, 2001).

Em vista das informações de referência obtidas durante a revisão

bibliográfica, propôs-se a utilização do Método de Configuração de Imagem (MCI)

como instrumento para compreensão e análise da composição da imagem do artista

da música. Assim como o método se mostra eficiente em pesquisas de imagem de

produtos, marcas e organizações para áreas da administração e de marketing, ele

pode ser adaptado para uso e benefício de profissionais de relações públicas que

pretendam atuar na gestão de imagem de músicos, bandas, celebridades, figuras

públicas e similares. A partir da análise de dados coletados por meio de pesquisas

de opinião junto a públicos específicos como fãs, formadores de opinião, produtores

e imprensa, é possível obter informações valiosas para adequação e manutenção da

imagem do assessorado, bem como para elaboração de um plano de prevenção de

crises de imagem.

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5 MÉTODO

O uso do Método de Configuração de Imagem (MCI) se mostrou bastante

oportuno para que fosse possível alcançar os objetivos definidos no início da

investigação. “A técnica considera a formação de imagem como um evento holístico,

que envolve várias dimensões do ser humano, tratando-a, no seu processo de

gestão, como tal. [...] O resultado de sua aplicação é a revelação dos atributos da

imagem de um objeto”. (MILAN; DE TONI; SHULER, 2015, p. 1). De Toni (2005) se

aventura na tentativa de construir uma tese que possibilite a configuração da

imagem, no intuito de auxiliar as atividades de marketing no campo da gestão de

imagens de produtos. Milan (2013) afirma que o Método de Configuração de

Imagem se mostra um importante aliado às atividades de marketing com foco em

marcas, produtos/serviços, organizações ou empreendimentos. Os conceitos

originados na filosofia, na psicologia cognitiva e psicologia social são utilizados por

De Toni para fundamentar o uso do Método da Configuração de Imagem (MCI),

construído a partir de métodos já desenvolvidos e validados para compreender a

formação das imagens na mente de consumidores. O MCI também se propõe a

identificar os atributos que constituem o Núcleo Central de uma imagem e quais

constituem o seu sistema periférico.

A presente tese se enquadra em um esforço seqüencial de pesquisa, que vem desenvolvendo, desde 1998, com o trabalho de vários autores [...] O primeiro trabalho desta linha foi desenvolvido no quadro de uma dissertação de mestrado, concluída por Eunice Sampaio (1998) que, partindo de dois métodos já existentes, sugeriu um novo procedimento para a configuração da imagem de uma organização junto a seu público interno. (DE TONI, 2005, p. 117).

O Método de Configuração de Imagem conta com a realização de entrevista

semi-estruturada. As duas primeiras questões permitem a livre associação de

significados por parte dos entrevistados. As perguntas sequenciais “propõem

estímulos semi-conduzidos, levando o respondente a evocar a imagem do objeto

pesquisado a partir de outros pontos de vista (dimensões de realidade e

percepção)”. (MILAN; DE TONI; SHULER, 2015, p. 6). A pesquisa pode ser

aplicada de forma oral (face a face ou por telefone) ou escrita (pessoalmente, por

correio ou Internet). Deve-se arquivar as respostas para condução da análise

posterior.

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O Método de Configuração de Imagem foi utilizado como guia desta pesquisa,

com base nos procedimentos propostos por Schuler (2000, SCHULER et al., 2004

apud DE TONI, 2005). Sendo eles:

a) a identificação dos públicos envolvidos no campo de atuação do artista

musical ou banda;

b) a escolha de um desses públicos para ser pesquisado (neste caso, os fãs);

c) a seleção de uma amostra representativa para realização da etapa

qualitativa;

d) a realização da pesquisa qualitativa junto à amostra, quando ocorre o

levantamento dos atributos relacionados à imagem do artista musical ou banda,

além da identificação do Núcleo Central da imagem;

e) a realização da etapa quantitativa da pesquisa, para mensurar a

importância e a satisfação percebida em cada atributo da imagem, e o agrupamento

dos atributos em fatores;

f) representação gráfica dos resultados.

5.1 IDENTIFICAÇÃO DOS PÚBLICOS QUE FAZEM PARTE DO CAMPO DE

ATUAÇÃO DO ARTISTA MUSICAL OU BANDA

Cada público possui características, gostos e comportamentos distintos. A

identificação e a divisão dos públicos oferecem ao profissional de relações públicas

uma tomada de decisão mais direcionada. Permite uma configuração de imagem

mais simples e precisa de se apresentar.

5.2 ESCOLHA DO PÚBLICO A SER PESQUISADO

Recomenda-se a escolha de um público específico, com base no problema de

pesquisa, a fim de focalizar e recortar a investigação. É possível optar por uma

abordagem de todos os públicos, porém, o trabalho seria exaustivo e difícil de

administrar.

5.3 SELEÇÃO DE UMA AMOSTRA REPRESENTATIVA PARA A FASE

QUALITATIVA DA PESQUISA

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Nessa etapa, recomenda-se o uso do modelo de amostragem não

probabilística, do tipo por conveniência. Do universo do público escolhido,

selecionam-se de doze a quinze pessoas (uma amostra) de maneira aleatória para

participarem da entrevista.

5.4 REALIZAÇÃO DA FASE QUALITATIVA DA PESQUISA

A partir da amostra de público, levantam-se os atributos que representam a

imagem do artista musical ou banda. O entrevistador utiliza um atributo (nome,

logotipo, etc.) relacionado ao artista, que serve como Termo Indutor para estimular a

manifestação de sensações e de ideias espontâneas dos entrevistados a respeito do

artista. Assim, são realizadas perguntas como:

Além das questões apresentadas, são identificadas, na entrevista, informações de natureza demográfica tais como idade, gênero (sexo), grau de escolaridade e nível de renda, bem como de natureza comportamental (ex.: frequência de uso, compra ou consumo do produto). Estas informações serão escolhidas e determinadas de acordo com a natureza do estudo que se deseja realizar. Elas podem tratar de identificar respondentes de diferentes caracterizações e inúmeras outras contextualizações que o pesquisador entender necessárias para complementar seu estudo, sempre cuidando de obedecer à lei da parcimônia. (MILAN; DE TONI; SCHULER, 2015, p. 8).

Armazenadas as respostas, posteriormente, elas são tratadas em duas fases.

Na primeira fase, o pesquisador deve analisar o conteúdo de cada resposta

obtida e resumi-lo em poucas palavras, formando atributos (palavras-chave)

relativos à essência da ideia expressa pelo entrevistado, sem repeti-los.

Na segunda fase, os atributos formulados na análise de conteúdo são

dispostos em uma tabela para verificação de frequência, ordem de aparição e

atribuição de valores. “Quando um atributo foi citado em primeiro lugar, ele recebe

um valor 5. Quando ele foi citado em quinto lugar, ele recebe o valor 1. Depois do

quinto lugar de aparição, ele não recebe mais pontos.” (DE TONI, 2005, p. 126). A

soma dos valores obtidos na linha de cada atributo representará uma ordem de

citação. Outra coluna representará a frequência de citação, com o total de vezes que

o atributo é citado.

Os atributos que se destacam por uma alta Freqüência de Citação (VF) e por um alto Valor de Ordem (VO), e portanto, por um alto Valor Total (VT),

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são considerados como candidatos a compor o Núcleo Central da Imagem. Esta composição do Núcleo Central da Imagem é avaliada através da fase quantitativa da pesquisa, que é realizada a partir dos dados obtidos nesta listagem dos atributos. Na pesquisa de teste do instrumento, foi adotada a sua divisão simples em quatro segmentos iguais, considerando os atributos presentes no segmento de mais alto valor os maiores candidatos a pertencer ao Núcleo Central da Imagem. Esta decisão foi tomada por falta de outro critério de corte para os Valores Totais, corte este que teria a finalidade de determinar quais os atributos deveriam ser considerados como pertinentes ao Núcleo Central do conceito da organização. Os demais atributos são considerados como pertencentes a periferias cada vez mais distantes deste Núcleo (DE TONI, 2005, p. 126).

O próximo passo é agrupar os atributos em uma escala de valores (de 1 a

100), dividida em quatro partes iguais, para identificar suas proximidades com o

Termo Indutor.

O segmento de atributos com valores totais que forem de 1 a 25 será

elencado na coluna “Periferia”. De 26 a 50, na “Segunda Periferia”. De 51 a 75, na

“Primeira Periferia”. De 76 a 100, na “Imagem Central”.

5.5 REALIZAÇÃO DA FASE QUANTITATIVA DA PESQUISA

Esta etapa se baseia nos seguintes procedimentos:

a) montagem dos questionários de importância e de satisfação, com base nos

atributos apontados na primeira fase de entrevistas (conforme modelo disposto

abaixo);

b) aplicação do questionário à nova amostra selecionada (número maior de

respondentes);

c) tratamento e análise dos dados obtidos nessa nova pesquisa;

d) representação gráfica dos resultados;

e) conclusões.

O tratamento dos dados é realizado em duas etapas: 1) tabelar os resultados

e apresentar a soma dos valores e a média de importância e satisfação (termos que

precisam ser analisados quanto a sua adequação ao contexto de pesquisa

relacionada à imagem de artista musical) e; 2) analisar de forma fatorial exploratória,

identificando relações mais fortes entre os atributos, quando será obtida a formação

de fatores de importância e satisfação. “A razão pela qual se optou pela utilização da

análise fatorial [...] é o seu amplo conhecimento e utilização entre os profissionais

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das áreas de Administração de Empresas e de Marketing.” (DE TONI, 2005, p. 162).

Inclusive, pela comodidade de ser realizada por meio de softwares populares como

o Microsoft Excel, já que a ideia é amplificar o uso do MCI por entidades e

organizações de qualquer porte. A técnica de análise fatorial permite reconhecer as

estruturas internas e comparativas entre um conjunto extenso de variáveis. Auxilia

na compreensão de contexto das variáveis em relação ao problema de pesquisa

(SAMPIERI et al.,1991; HAIR et al, 1998).

De Toni (2005) explica a diferença entre os atributos salientes – aqueles que

são rapidamente lembrados pelo consumidor – dos atributos considerados

importantes pelo consumidor na hora da compra. Porém, esses dados não bastam

para compreender os atributos determinantes na decisão de compra.

São chamados de atributos determinantes aqueles que permitem discriminar as marcas, funcionando como determinantes em uma eleição de compra. São os atributos situados entre os atributos importantes que o consumidor examina como capazes de influenciar positivamente a compra. São estes os atributos cuja existência e percepção se apresentam para o consumidor como a melhor resposta na satisfação de seus desejos em um determinado produto ou marca. (ALPERT, 1971 apud DE TONI, 2005, p.50).

Para identificar os atributos determinantes é preciso analisar as relações entre

os atributos através de técnicas estruturadas, como a análise multivariada.

5.6 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DOS RESULTADOS

Fase de elaboração do mapa conceitual de disposição dos resultados.

Quando ocorre a distinção entre os atributos que formam a Imagem Central e os

atributos que constituem sua periferia. Consideram-se os setores dedicados a cada

fator, segundo os Valores Totais e proximidade com os atributos.

A primeira destas informações é a da proximidade que têm os atributos formadores da imagem desta organização com o seu termo indutor. Nesta etapa, foram considerados os atributos que se localizaram no círculo mais próximo ao termo indutor como sendo os mais fortes candidatos à composição do Núcleo Central da Imagem. A segunda informação importante é a que permite a visualização dos atributos que foram considerados como altamente importantes (dispostos nas cores amarela ou cinza) e os que são altamente satisfatórios (dispostos com sombra) para o público pesquisado. Pode ser concluído que o conjunto de atributos considerados como importantes, enquanto elementos do conceito da organização, são aqueles que correspondem à imagem idealizada da organização, para o público pesquisado. É o conjunto de atributos

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desejados, pelo público, para aquela organização. Através da consciência desta disposição de atributos, podem ser tomadas várias decisões sobre as ações de comunicação, visando a melhoria da imagem. (DE TONI, 2005).

O Método de Configuração de Imagem se mostra promissor no que tange a

identificação da imagem que os consumidores e clientes constroem a respeito de um

produto ou organização. (MILAN, 2013). Da mesma forma, ele pode auxiliar as

atividades de relações públicas, permitindo o acesso a informações que servirão

como base para análise da atual imagem percebida pelos fãs de um artista musical

e para planejamento de ações para uma gestão de imagem adequada, favorável e

duradoura ao artista.

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6 PESQUISA COM FÃS DO ARTISTA JUSTIN TIMBERLAKE

Para aplicação do método de pesquisa, definiu-se o artista Justin Timberlake

para direcionamento dos trabalhos. A escolha se deve ao fato do músico ser

considerado como uma celebridade da música pop contemporânea, em ascensão de

carreira, com repercussão na imprensa a nível mundial. O uso de multimídias para

divulgação de sua marca pessoal e a atuação em cinema, música e televisão fazem

do artista uma referência midiática interessante de se estudar através da perspectiva

de relações públicas e das ciências sociais.

Justin Randall Timberlake nasceu em 31 de janeiro de 1981, em Memphis,

Tennessee, Estados Unidos. Participou do Mickey Mouse Club em 1989, ao lado de

Britney Spears, Christina Aguilera, J.C. Chasez, entre outras crianças que se

tornaram famosas na atualidade. Foi integrante da banda de música pop chamada

NSYNC, surgida em 1998. A boy band lançou três álbuns na época, NSYNC, No

Strings Attached e Celebrity, até encerrar as atividades no ano de 2002. Justin

lançou seu primeiro álbum solo, Justified, em 2002; O segundo álbum,

FutureSex/LoveSounds, em 2006; O terceiro álbum, The 20/20 Experience, veio

apenas em 2013. O cantor é vencedor de várias edições e categorias do Emmy,

Grammy e outros awards. Atuou em filmes como “Edison” (2005), “Alpha Dog”

(2006), “A Rede Social” (2010), “Amizade Colorida” (2011), “O Preço do Amanhã”

(2011), entre outros. Casado com a atriz Jessica Biel, desde 2012, com quem teve

filho, Silas Randall Timberlake, nascido em abril de 2015.

Justin Timberlake se apresentou no Brasil apenas duas vezes até a presente

data de pesquisa. A primeira vinda ao país aconteceu em 18 de janeiro de 2001,

quando fazia parte da banda NSYNC; A segunda apresentação foi em carreira solo,

no dia 15 de setembro de 2013. Ambas as apresentações integravam a

programação do Rock In Rio. Ainda em 2013, Justin foi intitulado “O Presidente do

Pop”, graças a uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, quando foi perguntado

às pessoas sobre em qual artista norte-americano elas votariam para presidir o país.

Garoto propaganda de marcas como o perfume Givenchy Play, da grife de

roupas William Rast e da tequila Sauza 901, sendo sócio das duas últimas.

As referências musicais do artista vão desde o cantor Prince ao “rei do pop”,

Michael Jackson.

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Justin contabiliza ainda inúmeras participações em talk shows como “The

Ellen DeGeneres Show”, comandado pela atriz e comediante Ellen DeGeneres, e

“The Tonight Show”, do apresentador e comediante Jimmy Fallon. (JUSTIN

TIMBERLAKE, 2016).

Por meio da aplicação de pesquisas qualitativa e quantitativa, foi possível

coletar dados para identificar e compreender os atributos que compõem a imagem

do artista segundo os seus fãs brasileiros e também analisar essa imagem em suas

dimensões e níveis de imagem, apresentando o resultado de forma gráfica e

objetiva.

A utilização do Método de Configuração de Imagem foi dividida em dois

grandes momentos: a fase de configuração de conteúdo e a fase configuração de

agrupamentos, conforme apresentados a seguir.

6.1 FASE QUALITATIVA E DE CONFIGURAÇÃO DE CONTEÚDO

Parte fundamental da investigação, durante a qual o pesquisador pode ter

acesso aos pensamentos dos fãs em relação ao ídolo. Foi possível conhecer um

pouco a respeito do comportamento dos fãs, suas visões de mundo, expectativas,

associações e lógica de produção de significados, noções que auxiliaram na

interpretação dos dados coletados no momento de transformá-los em atributos. A

fase qualitativa foi concretizada no período de 17 a 18 de outubro de 2016.

As etapas iniciais de identificação dos públicos e escolha do público a ser

pesquisado foram eliminadas devido aos critérios pré-estabelecidos pelo problema

de pesquisa, quando foi determinado o uso da percepção do público de fãs do

artista. Em vista da definição, deu-se continuidade aos procedimentos do método a

partir da elaboração do questionário qualitativo.

6.1.1 Elaboração do questionário qualitativo

Foi criado um formulário eletrônico através da plataforma digital Google

Forms e gerado um link de acesso para ser enviado aos fãs do artista, no intuito de

coletar dados que indicassem os atributos ligados à imagem do cantor. O termo

indutor utilizado para as perguntas foi Justin Timberlake. O formato de questões

abertas permitiu aos respondentes um relato livre e espontâneo, usando palavras e

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frases que mais rapidamente lhes viessem à cabeça. Os respondentes foram

incentivados a isso, com frases explicativas inseridas no cabeçalho do questionário.

Quanto mais dados espontâneos fossem coletados como resposta, mais elementos

estariam disponíveis para identificação de atributos. O roteiro básico de questões foi

desenvolvido com base na indicação descrita por Milan, De Toni e Schuler (2015),

para envolver as diferentes dimensões da imagem, tais como afetiva, emocional,

racional, sensorial, simbólica, visionária, axiológica e de projeção.

Quadro 1 - Roteiro básico de questões

Dimensão da Imagem Roteiro Básico de Questões

Atributos “Top of Mind”

1. Quando eu digo Justin Timberlake, qual a primeira coisa que lhe vem à cabeça?

2. Que outras ideias lhe vêm à mente sobre o Justin Timberlake?

Afetiva 3. Quais os sentimentos que lhe vêm à mente sobre o Justin Timberlake?

Emocional 4. Do que você gosta no Justin Timberlake?

5. Do que você não gosta no Justin Timberlake?

Racional 6. Qual a utilidade do Justin Timberlake para você?

Sensorial 7. De quais sensações físicas o Justin Timberlake lembra você (imagens, sons, odores, sabores, vibração, temperatura, peso)?

Simbólica 8. O que o Justin Timberlake representa para você?

Visionária 9. O que você espera do Justin Timberlake, no futuro?

Axiológica 10. Quais princípios ou valores de vida o Justin Timberlake ajuda você a praticar?

Comparativa 11. Como você compara o Justin Timberlake com o Michael Jackson?

Projeção

12. Se o Justin Timberlake fosse um animal, que bicho seria?

13. Como é esse bicho?

Fonte: Elaborado pelo pesquisador

6.1.2 Seleção da amostra para aplicação da pesquisa qualitativa

De acordo com os objetivos da investigação científica, definiu-se o público de

fãs brasileiros do músico Justin Timberlake para aplicação do Método de

Configuração de Imagem. O tamanho da amostra foi estipulado de acordo com as

instruções descritas por De Toni (2005), com indicação do modelo de amostragem

não probabilística do tipo por conveniência. Segundo Gil (1999), a amostragem não

probabilística é usada quando não se conhece o tamanho exato do universo a ser

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pesquisado e não se tem acesso a todos os elementos da população. Os critérios de

escolha da amostra são submetidos à análise subjetiva do pesquisador.

Recomenda-se cuidado quanto à generalização dos resultados. O tipo de

amostragem por conveniência não adota rigor estatístico. Selecionam-se os

elementos limitados, a que o pesquisador tem acesso, para representar o universo

por uma questão de conveniência. Os respondentes participaram da pesquisa de

forma voluntária, atendendo ao convite do pesquisador. Os modelos propostos são

utilizados em pesquisas onde não se busca alta precisão nos resultados. São

indicados para fases preliminares da investigação e estudos qualitativos.

Neste trabalho, foi utilizado como amostra representativa o total de quinze

(15) fãs do artista Justin Timberlake, os quais foram convidados pelo pesquisador de

maneira individual e aleatória para participar da pesquisa acadêmica.

6.1.3 Aplicação da pesquisa qualitativa com a amostra selecionada

O Facebook – plataforma digital de relacionamento social – foi o veículo

utilizado para localizar fãs do artista da música dispostos a participar da pesquisa. A

escolha pela rede social se deve ao fato de não existir um fã clube brasileiro

organizado e estruturado, a ponto de ter seus membros mapeados através de

formas de contato e localização. O fato de o artista não vir com frequência ao Brasil

dificulta a realização da pesquisa durante shows ou turnês. A maneira mais lógica de

viabilizar a investigação e de colocar o pesquisador em contato com os fãs, foi de

utilizar a plataforma de relacionamento digital. Os respondentes foram encontrados

em grupos fechados, tais como Justin Timberlake – Brasil, Justin Timberlake no

Brasil, Justin Timberlake Mania e Britney Spears & Justin Timberlake; Duas páginas

públicas, ambas com nome Justin Timberlake Brasil, e na página de um evento, com

data para acontecer no mês de abril de 2017, chamada Justin Timberlake no Brasil,

todos, espaços organizados e criados por fãs/usuários dentro da rede social.

Todo o relacionamento com os entrevistados, desde o convite ao

agradecimento pela participação, foi conduzido por meio da internet. Ao final de

cada pesquisa respondida, outra mensagem padrão era enviada ao respondente em

forma de agradecimento. Nessa mensagem, era solicitado ao respondente que

indicasse o “link” da pesquisa a mais dois ou três amigos que também fossem fãs do

cantor.

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Em média, a cada cinco convites registrados via Facebook, um fã aceitava

contribuir com a pesquisa. Ao atingir-se a marca de quinze (15) respondentes, a

pesquisa qualitativa foi encerrada. Os dados coletados foram exportados da

plataforma Google Forms para uma planilha de Excel (.xlsx) para prepará-los para a

próxima fase da pesquisa.

6.1.4 Análise de conteúdo e agrupamento por categorias

A análise de conteúdo foi dividida em duas partes.

Na primeira parte, foi necessário interpretar as respostas descritas pelos fãs

para resumi-las em poucas palavras, formando atributos. Por indicação de De Toni,

foi utilizado o modelo de análise lógico-semântico, método que não se preocupa com

as formalidades do texto, estilo, organização estética ou sentido oculto, mas sim

com o conteúdo e significado ligeiramente explícitos. (QUEZADA, 1992 apud DE

TONI, 2005). Em algumas questões, por exemplo, dois ou mais atributos foram

mencionados como resposta. Foi preciso numerar os atributos de acordo com a

ordem em que eles foram citados em cada resposta, para mantê-los organizados

para a próxima etapa da análise. Palavras com significados semelhantes foram

agrupadas em atributos chaves.

Na segunda parte da análise de conteúdo, os atributos identificados

anteriormente foram dispostos em coluna, em uma tabela, sem que fossem

repetidos. A partir da nova organização, foi possível identificar atributos com

significado e características semelhantes, ligadas a um mesmo conceito. Esses

atributos foram agrupados e dispostos em categorias conceituais, de acordo com as

indicações de Milan, De Toni e Schuler (2015). Também pela relação entre as

respostas obtidas e as dimensões da imagem descritas na Tabela 1.

Foram atribuídos valores aos atributos de acordo com a sua ordem de

citação. Atributos citados em primeiro lugar, receberam valor 5, enquanto aqueles

citados em quinto lugar, receberam valor 1. Os demais seguiram essa lógica. Após o

quinto lugar, os atributos não recebiam mais pontuação. O resultado da soma dos

valores obtidos na linha de cada atributo foi adicionado como valor de ordem de

citação. Em outra coluna, foi verificada a frequência de citação dos atributos. Numa

próxima coluna, foram somados os valores de ordem e de frequência, que

resultaram no valor total do atributo.

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42

Foi realizado o teste do instrumento por meio de uma escala elaborada a

partir da regra estatística de divisão em quartis para demonstrar os atributos

candidatos a compor a imagem central. Para chegar ao resultado da divisão em

quartis, foi utilizado o software Microsoft Excel. “O resultado do uso desta escala é,

então, dispor os atributos da imagem em diferentes relações de proximidade com a

ideia representada pelo termo indutor.” (DE TONI, 2005, p. 127). Assim, na primeira

coluna, da esquerda para a direita, foram dispostos os atributos com Valores Totais

(VT) correspondentes ao intervalo de 6 (menor valor total encontrado) a 20. Na

segunda coluna, os atributos com Valores Totais de 21 a 26. Na terceira coluna, os

atributos com Valores Totais de 27 a 37,5. E na quarta coluna, os atributos com

Valores Totais de 37,6 a 82 (maior valor total encontrado).

6.2 FASE QUANTITATIVA E DE CONFIGURAÇÃO DE AGRUPAMENTOS

Identificados os atributos de imagem do cantor, foi realizada a fase

quantitativa da pesquisa, com objetivo de analisar o grau de importância e satisfação

que os fãs atribuem a cada elemento. Também para reunir dados mais concretos

para analisar a composição de dimensões, atributos e suas relações, por meio da

representação gráfica da imagem do artista, tal como ela é percebida pelos fãs no

Brasil.

6.2.1 Elaboração do questionário quantitativo

A partir dos atributos identificados na primeira fase da investigação, foi

organizado o novo questionário, quantitativo, com emprego da técnica de escala de

Likert. Para montagem do questionário foi utilizada novamente a plataforma digital

Google Forms e gerado “link” de acesso para envio aos fãs. O termo indutor utilizado

para as perguntas foi Justin Timberlake.

Quanto à formatação, basicamente, o questionário foi dividido em três partes:

1) Título e apresentação; 2) Grau de satisfação e 3) Grau de importância. Na

primeira parte, recebeu o título de Pesquisa de Imagem Sobre Justin Timberlake e

um pequeno texto de apresentação do pesquisador enquanto estudante de relações

públicas e seus objetivos acadêmicos com a pesquisa. Na segunda parte,

identificada com o subtítulo Grau de satisfação, foi utilizada a pergunta: “Qual o seu

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grau de satisfação em relação a Justin Timberlake no quesito:”, seguida da lista de

atributos, dispostos em coluna, com a possibilidade do respondente marcar as

opções: 1 – Não Satisfatório; 2 – Pouco Satisfatório; 3 – Mais ou Menos Satisfatório;

4 – Bastante Satisfatório e 5 – Muito Satisfatório para cada atributo do cantor. A

mesma lógica foi utilizada na terceira parte, denominada Atribua um grau de

importância. A pergunta: “Qual a importância que você atribui a essas palavras

quando pensa em Justin Timberlake?” foi seguida da lista de atributos, com as

opções de resposta: 1 – Sem Importância; 2 – Pouco Importante; 3 – Mais ou Menos

Importante; 4 – Bastante Importante e 5 – Muito Importante. (Apêndice A).

6.2.2 Definição da amostra para aplicação da pesquisa quantitativa

Para a fase quantitativa da investigação, utilizou-se o total de 131

respondentes, fãs do cantor Justin Timberlake, convidados de forma individual e

aleatória através das mesmas páginas e grupos fechados da rede social Facebook

utilizadas na fase de Configuração de Conteúdo (Ver item 6).

6.2.3 Aplicação da pesquisa quantitativa

Para convidar os fãs do cantor para participar da pesquisa, foram utilizadas

quatro estratégias diferentes: 1) contato individual com visibilidade pública aos

integrantes dos grupos e seguidores das páginas criadas na rede social; 2) contato

individual através de mensagens privadas para outra seleção de integrantes e

seguidores; 3) elaboração de um post – uma arte gráfica e uma chamada com o link

para quem quisesse participar da pesquisa –, que foi divulgado nos grupos

fechados; 4) a criação de um anúncio patrocinado através do próprio Facebook, com

um investimento total de trinta reais. (Apêndice B).

A coleta de dados quantitativos foi realizada no período de 19 de outubro a 13

de novembro de 2016.

Houve casos de abstenção para perguntas sobre a satisfação do fã em

relação aos atributos do artista. No caso de importância, as perguntas foram 100%

respondidas.

6.2.4 Tratamento dos dados coletados

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44

Primeiro, os dados coletados foram transferidos da plataforma Google Docs

para uma planilha de Excel (.xlsx). As respostas organizadas em formato apenas de

números, de acordo com a técnica adotada pela escala de Likert.

O segundo passo foi a soma total de valores obtidos para cada atributo de

importância e de satisfação, bem como o cálculo de suas médias.

O terceiro passo foi a realização da análise fatorial exploratória através do

software IBM SPSS. Assim, foi possível identificar a organização dos atributos em

fatores, agrupamentos, para uma análise de suas relações e proximidades.

Em proveito ao uso do IBM SPSS, foram geradas outras técnicas de análises

complementares ao trabalho, tais como: 1) a análise descritiva univariada, para

análise das médias e desvios padrões de cada variável, de forma isolada; e 2) a

análise multivariada de correlação.

A análise descritiva univariada busca caracterizar e descrever como estão

compostas as distribuições de uma única variável, permitindo a análise individual da

mesma. (HAIR JR. et al., 2009). Nela foram realizadas as análises de média e

desvio padrão. Média é o resultado da soma total dos valores de um conjunto de

dados (variável) dividido pelo número de valores obtidos. Desvio padrão é o

resultado positivo da raiz quadrada da variância. Esse dado mostra o quanto de

variação ou dispersão (diferença) existe em relação à média. (FERREIRA, 2005,

p.27-32).

Hair et al. (200 , p. 23) e plicam que “qualquer análise simultânea de mais do

que duas variáveis pode ser considerada, a princípio, como multivariada”. O objetivo

da análise multivariada é e plicar o grau de relação entre variáveis estatísticas. A

análise multivariada de correlação indica a existência e força de relação entre duas

variáveis. Através da correlação de Pearson, que mede a intensidade de associação

linear entre duas variáveis métricas, é possível analisar essa medida por meio do

coeficiente de correlação.

6.2.5 Montagem do mapa de configuração da Imagem

A disposição gráfica da composição da imagem do artista foi concebida a

partir da integração de resultados da fase de Configuração de Conteúdo e da fase

de Configuração de Agrupamentos.

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Da Configuração de Conteúdo, foi utilizada a relação de atributos identificados

na pesquisa qualitativa e a posição de cada qual na tabela de proximidade com o

termo indutor (Justin Timberlake).

Da Configuração de Agrupamentos, foram utilizados os resultados obtidos da

análise fatorial dos atributos de importância. Esse critério foi adotado em acordo com

as indicações propostas por De Toni no presente trabalho (Ver itens 5.1.5 e 5.1.6).

Em consequência, foi possível verificar a proximidade e a distância dos

atributos de imagem em relação ao termo indutor; mapear os atributos considerados

de maior importância para os fãs e, também, dispor os atributos em subgrupos

(fatores) de relação.

O gráfico final foi criado com uso do software Adobe Photoshop CS5.

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7 RESULTADOS E ANÁLISES

O apontamento de resultados e análises foi realizado conforme as etapas

definidas no item 5.1 Método de Configuração de Imagem (MCI). De maneira

complementar, foram adicionadas também as técnicas de análise descritiva

univariada (média e desvio padrão) e multivariada de correlação.

7.1 IDENTIFICAÇÃO DOS ATRIBUTOS DA IMAGEM DO ARTISTA

De acordo com o primeiro objetivo específico da investigação, foram

identificados os atributos relacionados à imagem do artista segundo a percepção

dos fãs. O resultado se encontra disposto no Quadro 3:

Quadro 3 – Atributos identificados na etapa de análise de conteúdo

Amorosidade (amor, romantismo, carinho) Humildade (empatia, reconhecimento, bondoso)

Artista (músico, cantor) Inspiração (Influência, motivação)

Audácia (valente, empreendedor, ágil, feroz) Inteligência (ideias, decisões, astúcia)

Autenticidade (transparência) Música (som, álbum)

Cinema (filmes) Pausas da Música (lançamentos, intervalos)

Comportamento (postura, paciência, bom humor) Performance (dança, leveza, banda)

Dedicação (trabalho) Perfume

Determinação (foco, perseverança) Polêmica

Discrição (reservado) Proximidade com os fãs (distância, bairrismo)

Emoção (comoção, nostalgia) Qualidade (técnica, falsetes)

Estética Visual (beleza, sexy, charme, roupa, alto) Reflexão

Estilo Musical (referências musicais) Relaxante (entretenimento, lazer)

Evolução Artística Repetição (temática, letras, parcerias)

Excitação (euforia, vibração, calor) Respeito (seriedade)

Expectativa (mistério, desejo, surpresa) Símbolo/Referência (ídolo, favorito, único)

Família (pai, filho) Sucesso (fama, celebridade)

Felicidade (alegria, satisfação, prazer, diversão) Talento (multi instrumentista, criativo)

Figura Masculina (homem, masculino)

Fonte: Elaborado pelo pesquisador

7.2 ANÁLISE DAS DIMENSÕES E NÍVEIS DA IMAGEM

O segundo objetivo específico era de analisar a imagem do artista, levando

em consideração as dimensões que a constituem e os níveis da imagem. Para tanto,

apresentam-se os seguintes resultados:

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Tabela 1 - Resultado final da análise de conteúdo

Categoria Dimensão

Atributo Valor de Ordem (VO)

Frequência de

Citação (VF)

Valor Total

(VT) VO + VF

% Soma

%

Afetiva

Amorosidade 44 9 53 5,00%

19,06%

Expectativa 32 7 39 3,68%

Felicidade 29 7 36 3,40%

Família 21 5 26 2,45%

Respeito 20 5 25 2,36%

Emoção 19 4 23 2,17%

Axiológica

Comportamento 24 6 30 2,83%

5,38% Humildade 17 4 21 1,98%

Reflexão 5 1 6 0,57%

Comparativa Estilo Musical 33 8 41 3,87% 3,87%

Emocional

Música 50 11 61 5,75%

39,72%

Estética Visual 50 10 60 5,66%

Performance 45 10 55 5,19%

Artista 43 9 52 4,91%

Inteligência 25 6 31 2,92%

Talento 21 5 26 2,45%

Pausas da Música 20 4 24 2,26%

Cinema 18 5 23 2,17%

Determinação 17 4 21 1,98%

Proximidade com os fãs 17 4 21 1,98%

Dedicação 15 4 19 1,79%

Discrição 13 3 16 1,51%

Polêmica 10 2 12 1,13%

Projeção Audácia 22 5 27 2,55% 2,55%

Racional

Inspiração 40 9 49 4,62%

11,98% Relaxante 28 6 34 3,21%

Qualidade 27 6 33 3,11%

Repetição 9 2 11 1,04%

Sensorial Excitação 20 5 25 2,36%

2,92% Perfume 5 1 6 0,57%

Simbólica

Símbolo/Referência 68 14 82 7,74%

10,75% Autenticidade 13 3 16 1,51%

Figura Masculina 13 3 16 1,51%

Visionária Sucesso 23 5 28 2,64%

3,77% Evolução Artística 10 2 12 1,13%

Total

866 194 1060 100%

Fonte: Elaborada pelo pesquisador

Verifica-se que 39,72% dos atributos de imagem do artista Justin Timberlake

foram manifestados pelos fãs ao responderem questões de dimensão emocional,

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mostrando-se como a dimensão de maior relevância até aqui; 19,6% de dimensão

afetiva; 11,98% de dimensão racional; 10,75% de dimensão simbólica; 5,38% de

dimensão axiológica; 3,87% de dimensão comparativa; 3,77% de dimensão

visionária; 2,92% de dimensão sensorial; e 2,55% em dimensão de projeção.

A relação de proximidade dos atributos de imagem do artista Justin

Timberlake com o núcleo central da imagem é apresentada no Quadro 4. Essa

relação foi desenvolvida com base nos Valores Totais (VT) de cada atributo.

Quadro 4 - Atributos e proximidade com o termo indutor

Periferia

(VT de 6 a 20)

Segunda Perferia

(VT de 21 a 26)

Primeira Periferia (VT de 27 a 37,5)

Núcleo Central

(VT de 37,6 a 82)

Dedicação (19)

Autenticidade (16) Discrição (16)

Figura Masculina (16) Evolução Artística (12)

Polêmica (12) Repetição (11)

Perfume (6) Reflexão (6)

Família (26) Talento (26)

Excitação (25) Respeito (25)

Pausas da Música (24) Cinema (23) Emoção (23)

Determinação (21) Humildade (21)

Proximidade c/ fãs (21)

Felicidade (36) Relaxante (34) Qualidade (33) Inteligência (31)

Comportamento (30) Sucesso (28) Audácia (27)

Símbolo/Referência (82)

Música (61) Estética Visual (60) Performance (55) Amorosidade (53)

Artista (52) Inspiração (49)

Estilo Musical (41) Expectativa (39)

Fonte: Elaborado pelo pesquisador

Verifica-se que os atributos que compõem o nível do Núcleo Central da

Imagem, portanto mais próximos do termo indutor, são: símbolo/referência com VT

de 82; música com VT de 61; estética visual com VT de 60; performance com VT de

55; amorosidade com VT de 53; artista com VT de 52; inspiração com VT de 49;

estilo musical com VT de 41; e expectativa com VT de 39. Por estarem dispostos no

nível do Núcleo Central, esses atributos são considerados mais sólidos que os

listados em áreas mais distantes e, por isso, são mais difíceis de serem alterados na

mente dos fãs. São os principais atributos do artista na percepção de seus fãs no

Brasil. Através desses atributos, o artista é rapidamente reconhecido e lembrado

pelos respondentes da pesquisa. São atributos que sinalizam a presença de trocas

simbólicas e de consenso em relação a determinados gostos e preferências do

grupo. Pode-se dizer que são atributos relacionados à reputação do artista.

Em outra perspectiva, atributos como dedicação (VT19), autenticidade (VT

16) e evolução artística (VT 12) se encontram a uma distância bastante considerável

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do Núcleo Central. Representam pontos importantes a serem trabalhados pelo

artista para que haja valorização do seu trabalho, de maneira que esses atributos

sejam melhor percebidos pelos fãs brasileiros. Um artista com uma imagem que

quase não representa dedicação, evolução e autenticidade, tende a perder espaço

para os concorrentes ao passar do tempo.

7.3 ANÁLISE UNIVARIADA

Com a técnica de análise univariada foi possível verificar as distribuições de

uma única variável por vez, permitindo a análise individual dos atributos de imagem

do músico Justin Timberlake, como vemos a seguir.

Tabela 1 - Análise univariada dos dados de grau de satisfação

Univariada Descritiva - Grau de Satisfação

Atributo N Valid N Missing Mean Std. Deviation

Talento 130 1 4,82 0,64

Perfume 129 2 4,81 0,56

Excitação 130 1 4,80 0,64

Artista 131 0 4,79 0,61

Sucesso 131 0 4,72 0,75

Evolução Artística 130 1 4,72 0,66

Determinação 131 0 4,66 0,73

Dedicação 131 0 4,58 0,77

Autenticidade 130 1 4,56 0,74

Música 130 1 4,56 0,85

Símbolo/Referência 130 1 4,55 0,84

Estilo Musical 131 0 4,52 0,84

Expectativa 131 0 4,50 0,84

Família 131 0 4,50 0,85

Figura Masculina 131 0 4,47 0,86

Reflexão 131 0 4,47 0,88

Polêmica 129 2 4,41 1,09

Inspiração 130 1 4,41 1,03

Inteligência 130 1 4,39 0,98

Repetição 130 1 4,29 0,96

Comportamento 131 0 4,29 0,93

Felicidade 130 1 4,28 1,07

Discrição 129 2 4,25 1,05

Estética Visual 130 1 4,25 1,15

(continua)

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50

Univariada Descritiva - Grau de Satisfação

Atributo N Valid N Missing Mean Std. Deviation

Relaxante 131 0 4,24 1,06

Audácia 131 0 4,23 1,00

Respeito 129 2 4,22 1,11

Amorosidade 131 0 4,18 1,07

Humildade 130 1 4,08 1,34

Performance 131 0 4,05 1,33

Qualidade 131 0 4,04 1,30

Cinema 131 0 3,99 1,02

Pausas da Música 130 1 3,98 1,23

Emoção 130 1 3,62 1,29

Proximidade com os fãs 131 0 3,57 1,40

Fonte: Elaborada pelo pesquisador

Pelo grau de satisfação, verifica-se que o atributo talento atingiu a média de

4,82, sendo a maior média das respostas. Apenas uma pessoa deixou de responder

à questão. O desvio padrão nesse caso foi de 0,64.

O segundo atributo melhor posicionado na tabela foi perfume, com média de

4,81 e desvio padrão de 0,56.

O atributo proximidade com os fãs atingiu a média de 3,57, sendo a menor

média das respostas. O percentual de participação e respostas foi de 100%. Este foi

o caso que atingiu também o maior valor de desvio padrão de 1,40.

Tabela 2 - Análise univariada dos dados de grau de importância

Univariada Descritiva - Grau de Importância

Atributo Válidos Abandono Média Desvio Padrão

Perfume 131 0 4,82 0,65

Artista 131 0 4,75 0,67

Talento 131 0 4,72 0,75

Excitação 131 0 4,70 0,70

Autenticidade 131 0 4,61 0,76

Determinação 131 0 4,58 0,82

Dedicação 131 0 4,57 0,83

Símbolo/Referência 131 0 4,53 0,95

Figura Masculina 131 0 4,53 0,89

Sucesso 131 0 4,52 0,93

Estilo Musical 131 0 4,51 0,88

(continua)

(conclusão)

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Univariada Descritiva - Grau de Importância

Atributo Válidos Abandono Média Desvio Padrão

Música 131 0 4,50 0,91

Reflexão 131 0 4,44 0,97

Família 131 0 4,44 0,92

Evolução Artística 131 0 4,40 0,93

Inteligência 131 0 4,40 0,97

Expectativa 131 0 4,37 0,97

Estética Visual 131 0 4,36 1,11

Inspiração 131 0 4,36 1,07

Comportamento 131 0 4,34 0,93

Polêmica 131 0 4,28 1,24

Felicidade 131 0 4,16 1,19

Audácia 131 0 4,13 1,08

Relaxante 131 0 4,11 1,18

Amorosidade 131 0 4,09 1,21

Pausas da Música 131 0 4,09 1,17

Performance 131 0 4,06 1,29

Discrição 131 0 3,98 1,12

Repetição 131 0 3,96 1,21

Respeito 131 0 3,92 1,35

Cinema 131 0 3,89 1,07

Emoção 131 0 3,81 1,32

Humildade 131 0 3,72 1,46

Qualidade 131 0 3,63 1,62

Proximidade com os fãs 131 0 3,33 1,59

Fonte: Elaborada pelo pesquisador

Pelo grau de importância, verifica-se que o atributo perfume atingiu a média

de 4,82, sendo a maior média das respostas. Nenhuma pessoa deixou de responder

à questão. O desvio padrão nesse caso foi de 0,65.

O segundo atributo melhor posicionado na tabela foi artista, com média de

4,75 e desvio padrão de 0,67.

O atributo proximidade com os fãs atingiu a média de 3,33, sendo a menor

média das respostas. Nenhuma pessoa deixou de responder à questão.

O maior valor de desvio padrão foi de 1,62 para o atributo qualidade.

Percebe-se que o atributo perfume aparece bem posicionado em resposta às

duas análises, de satisfação e de importância. Porém, é relativamente impossível

afirmar que a maioria dos fãs brasileiros pesquisados tenha tido contato tão próximo

(conclusão)

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52

com o cantor a ponto de sentir o seu perfume e ter registrado isso na memória.

Portanto, chega-se à conclusão que esse resultado específico possa ter relação com

o fato de o músico ter protagonizado anúncios e propagandas da marca de perfume

Givenchy Play. (JUSTIN TIMBERLAKE, 2016). Essa análise confirma a associação

de ideias e significados em relação ao atributo e o impacto comercial na mente dos

fãs através da mídia.

Proximidade com os fãs também aparece em resposta às duas análises,

porém, com valores baixos de média. Esse atributo precisa ser revisado e melhor

trabalhado pelo artista, pois ele foi identificado a partir das respostas dos fãs

brasileiros que apontaram situações como distância, bairrismo (o artista estabelece

sua carreira com ênfase no país de origem, os Estados Unidos) e, principalmente,

pela falta da realização de shows no Brasil. Essa distância está presente na mente

dos respondentes.

7.4 ANÁLISE MULTIVARIADA

A seguir, apresentam-se os resultados das análises multivariadas.

7.4.1 Análise de correlação

A análise apresentou uma correlação linear positiva ao integrar os dados de

satisfação e importância coletados na investigação. (Ver Apêndice C).

O coeficiente de Pearson revelou uma correlação forte de 0,921 no

cruzamento de dados de satisfação entre os atributos dedicação (S_DED) e de

determinação (S_DET), sendo que a correlação é significativa ao nível de 0,01. Esse

resultado pode estar relacionado à trajetória ascendente do artista, representação

presente na mente dos fãs, segundo o histórico do músico e às respostas analisadas

na fase qualitativa da pesquisa. Os termos podem estar ligados às representações

de valores sociais dos respondentes.

O cruzamento de dados de importância de dedicação (I_DED) e de

determinação (I_DET) apresentou correlação de valor 0,893. Mais uma vez, os

termos aparecem na análise, reforçando as interpretações descritas anteriormente.

Portanto, há uma valorização maior sobre esses quesitos na opinião dos

respondentes.

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53

O cruzamento de dados de importância de inspiração (I_INS) e de inteligência

(I_INT) apresentou correlação de valor 0,813. Esse resultado pode representar de

maneira mais clara umas das razões pelas quais, talvez, os fãs imaginem o artista

como uma inspiração: a sua representação de inteligência.

O cruzamento de dados de satisfação de família (S_FAM) e de felicidade

(S_FEL) apresentou correlação de valor 0,805. Esse resultado pode significar uma

relação com valores pessoais, sociais e recordações afetivas, onde família e

felicidade se complementam e criam significado. Inclusive, o músico é casado desde

2012 e teve filho em 2015, constituindo, assim, uma família. O fato de o cantor

sempre realizar aparições públicas com bom humor, brincadeiras e sorridente pode

levar os fãs a uma representação de felicidade.

O resultado sugere que o instrumento de pesquisa apresenta um resultado

com boa consistência interna em relação à classificação dos atributos de imagem do

cantor Justin Timberlake. A análise multivariada de correlação apontou para uma

relação forte entre atributos ligados a valores sociais e emocionais, tais como

família, felicidade, dedicação, determinação, inspiração e inteligência. A correlação

entre as variáveis dedicação e determinação aparece tanto em resposta à satisfação

quanto à atribuição de importância pelos fãs. Isso pode ser um forte indicativo de

que, hoje, o cantor representa um modelo de pessoa exemplar para os fãs, e que

atende aos seus pré-requisitos de comportamento.

7.4.2 Análise fatorial

Em busca de analisar os atributos determinantes (Ver item 5.1.5) no processo

de consumo do trabalho do artista Justin Timberlake pelos seus fãs, foi realizada a

análise fatorial que resultou na formatação da Tabela 4.

Tabela 4 - Análise fatorial dos dados de importância dos atributos de imagem do artista Justin Timberlake

KMO and Bartlett's Test

Kaiser-Meyer-Olkin Measure of Sampling Adequacy: ,929

Bartlett's Test of Sphericity

Approx. Chi-Square: 4116,429

df: 595, Sig.: 0,000

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54

Rotated Component Matrixa

Component (fator)

1 2 3 4 5

Felicidade (alegria, satisfação, prazer, diversão) ,762

Determinação (foco, perseverança) ,760

Inspiração (Influência, motivação) ,755

Dedicação (trabalho) ,718

Inteligência (ideias, decisões, astúcia) ,713

Relaxante (entretenimento, lazer) ,713

Expectativa (mistério, desejo, surpresa) ,683

Reflexão ,665

Amorosidade (amor, romantismo, carinho) ,654

Emoção (comoção, nostalgia) ,635

Família (pai, filho) ,609

Comportamento (postura, paciência, bom humor) ,598

Humildade (empatia, reconhecimento, boa pessoa) ,596

Símbolo/Referência (ídolo, favorito, admirável, único) ,591

Proximidade com os fãs (distância, bairrismo) ,582

,526

Autenticidade (transparência) ,574

Pausas da Música (lançamento de álbuns, intervalos) ,554

Performance (dança, leveza, estrutura de banda)

,863

Estilo Musical (referências musicais)

,777

Artista (músico, cantor)

,712

Talento (multi instrumentista, criativo)

,704

Excitação (euforia, vibração, calor)

,588

Estética Visual (beleza, sexy, charme, roupa, alto)

,578

Qualidade (técnica, falsetes)

,835

Música (som, álbum)

,705

Figura Masculina (homem, masculino)

,693

(continua)

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55

Rotated Component Matrixa

Component (fator)

1 2 3 4 5

Respeito (seriedade)

,657

Evolução Artística

,608

Cinema (filmes)

,687

Audácia (valente, empreendedor, ágil, feroz)

,684

Discrição (reservado)

,571

Sucesso (fama, celebridade)

,559

Polêmica

,676

Repetição (temática, letras, parcerias)

,553

Extraction Method: Principal Component Analysis. Rotation Method: Varimax with Kaiser Normalization.

a. Rotation converged in 8 iterations.

Reliability Statistics

Cronbach's Alpha: ,965 N of Items: 35

Fonte: Elaborada pelo autor

Na análise fatorial dos atributos da imagem do artista em relação à

importância atribuída pelos fãs, foram gerados cinco fatores (subgrupos) diferentes.

De modo geral, o primeiro e mais expressivo fator parece corresponder às

cadeias de significados de valores sociais e comportamentos que causam diferentes

emoções nos fãs. O segundo fator parece corresponder a gostos e escolhas

estéticas. O terceiro fator parece corresponder ao sentimento paternal, a uma

carência ou demonstração de respeito à figura masculina, como a de um pai. O

quarto fator parece salientar o apreço dos fãs em relação à dinâmica de trabalho do

artista, que divide o tempo entre a música, o cinema, talk shows, amigos e família. O

quinto fator parece relatar pontos preocupantes em relação à imagem do artista, que

poderiam afetar sua relação com os fãs.

A análise fatorial mostrou uma concentração maior de atributos do artista no

primeiro fator, onde temos a felicidade (alegria, satisfação, prazer, diversão) em

(conclusão)

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primeira posição na tabela. Só depois é que surgem fatores relacionados a

elementos mais tangíveis, de qualidade técnica ou racional.

7.5 MAPA DA CONFIGURAÇÃO DA IMAGEM

A partir dos resultados apresentados nas etapas de identificação dos atributos

de imagem do artista segundo os fãs, análise de dimensões e níveis de imagem e

análise fatorial a partir do grau de importância dos atributos para os fãs, foi possível

desenvolver o gráfico que apresenta a estrutura de composição da imagem do

artista Justin Timberlake na perspectiva dos seus fãs.

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Fonte: Elaborado pelo autor

A divisão dos dez atributos apontados com maior média de importância pelos

fãs em diferentes fatores mostra que, símbolo/referência (4,53), determinação (4,58),

Figura 1 - Mapa da configuração da imagem do artista musical

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dedicação (4,57) e autenticidade (4,61) são considerados os atributos de imagem

determinantes da preferência dos fãs pelo artista. Portanto, merecem maior atenção

porque são determinantes na sustentação da carreira do músico. Estão relacionados

com a reputação do músico, pois são mais sólidos. Lembrando que, dedicação e

autenticidade são atributos analisados anteriormente como pontos preocupantes,

que precisam ser melhor trabalhados a nível de comunicação e imagem na

percepção dos fãs brasileiros do Justin Timberlake.

A partir da análise geral dos resultados da investigação, é possível constatar

que a perspectiva emocional, ligada a valores e comportamentos sociais, influencia

de forma significativa as representações que os fãs brasileiros formulam a respeito

do ídolo Justin Timberlake. A qualidade técnica musical e performática se encaixa

em um segundo nível (periferias) das prioridades de significância para os fãs.

Ao mesmo tempo em que a distância física entre o artista e os fãs do Brasil

precisa ser melhor trabalhada, ela parece, pela média, quase insignificante. Talvez

isso se deva ao esforço do cantor em estar presente em multimeios como rádio,

televisão, internet, turnês, jornais e revistas. (JUSTIN TIMBERLAKE, 2016). De todo

modo, a proximidade com os fãs pode ser vista como um atributo que reforça a

conexão emocional entre o artista e o público pesquisado. Enquanto atributos como

símbolo/referência, música, estética visual, performance, amorosidade, artista,

inspiração, estilo musical e expectativa se manifestam como pertencentes ao núcleo

central da imagem do músico, fica claro que a relação de proximidade e sentido para

os fãs está alicerçada em valores simbólicos e emocionais. Esse é o ponto de

equilíbrio que precisa ser mantido para o artista gerir cada vez melhor a sua imagem

perante os fãs brasileiros.

Cabe ao profissional de relações públicas utilizar esse conjunto de análises e

informações para desenvolver um plano de comunicação adequado ao artista, com

foco em manter uma percepção positiva e favorável da imagem do músico;

desenvolver e dar maior visibilidade aos atributos apontados como preocupantes a

nível de imagem e carreira; bem como esclarecer a análise realizada, assessorar o

artista em sua progressão de mercado e monitorar continuamente a percepção de

sua imagem dentre os mais diversos públicos, para além dos fãs brasileiros.

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8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se este trabalho de modo satisfatório ao responder à questão

norteadora de pesquisa: “Quais são os atributos que constituem a imagem de um

artista musical, segundo a percepção dos seus fãs?”. Também, pelas contribuições

teóricas e práticas para com a área de relações públicas. Ao apresentar o Método de

Configuração de Imagem (MCI), foi possível perceber melhor as oportunidades de

trabalho de análise e de gestão de imagem de músicos, cantores, bandas, artistas e

figuras públicas de maneira geral, constatação que fortalece ainda mais o campo

teórico e profissional de relações públicas.

A escolha pelo método de pesquisa exploratória descritiva com estudo de

campo foi fundamental para focalizar a investigação, pois a temática da gestão de

imagem de músicos e artistas ainda é pouco discutida em bibliografias específicas

de relações públicas. Esse campo de atuação se mostra bastante promissor e

adequado ao perfil do profissional. O que falta então é maior incentivo teórico e

técnicas específicas para domínio desse mercado. Nesse quesito, o Método de

Configuração de Imagem se mostra um instrumento em potencial para servir aos

propósitos da atividade, assim como já o faz com eficiência para pesquisas de

imagem executadas por profissionais de marketing, administração e comunicação

organizacional.

Como foi possível verificar, o assunto imagem chama atenção de diversas

áreas do conhecimento como a psicologia social, a psicologia cognitiva, o marketing,

a semiótica, a filosofia e a própria comunicação social. Todas tentam se apropriar

dos conceitos e aprofundar os estudos relacionados aos processos de produção e

formação de imagens, como é o caso da teoria das representações mentais, da

teoria das representações sociais e da teoria do núcleo central das imagens. Essas

linhas de pesquisa tratam da imagem como um objeto abstrato, inteligível, resultante

de um processo subjetivo de formação de representações. Esse processo interno é

influenciado pelo conhecimento que se tem a respeito dos elementos do mundo.

Conhecimento que, em grande parte, chega até o ser humano por meio de trocas

simbólicas e de maneira indireta. Ou seja, através do convívio com o outro. O

resultado dessa troca é um conhecimento consensual, semelhante, compartilhado,

que explica a base do conceito das representações sociais.

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O emprego desses conceitos, aliados aos procedimentos do Método de

Configuração de Imagem, permitiu analisar os atributos formadores da imagem do

artista Justin Timberlake a partir da percepção do seu público de fãs brasileiros.

Com base nisso, pode-se concluir que a imagem percebida pelos fãs é positiva,

favorável e inspiradora. O vínculo criado entre os fãs e o cantor possui,

principalmente, aspectos de dimensão emocional, que se desmembram em atributos

como, por exemplo: felicidade, amorosidade, determinação, inteligência e família,

valores que satisfazem às expectativas do público pesquisado. Graças ao método

proposto, foi possível dispor os principais resultados de análise em um mapa gráfico

e conceitual, que permitiu a visualização da lógica de composição da imagem do

músico. Também, verificar atributos que ficam aquém do esperado pelo mercado em

relação ao artista como dedicação, autenticidade e evolução artística. Atributos

distantes do núcleo central e que, se vistos pela percepção de um público técnico,

poderiam influenciar negativamente a imagem do cantor. Quesitos que precisam ser

otimizados a nível de comunicação para melhor percepção de imagem.

Recomenda-se o uso do Método de Configuração de Imagem como

instrumento adequado tanto para trabalhos de investigação científica quanto para

profissionais de mercado. Os seus procedimentos auxiliam o usuário na definição de

metas e objetivos, na escolha de públicos, na organização das etapas e lógicas de

trabalho, na compreensão de comportamentos dos respondentes, na coleta e forma

de tratamento de dados qualitativos e quantitativos, na análise geral dos atributos da

imagem e na formalização do mapa de configuração da imagem.

A única ressalva que se faz é no cuidado com a interpretação dos dados

coletados, pois o método incentiva o uso do raciocínio humano e subjetivo,

suscetível a erros de compreensão das respostas. Por isso, o contato direto do

pesquisador com os respondentes se faz necessário. Mesmo que de maneira

eletrônica, mas que seja ele, o pesquisador a conversar com os respondentes. Só

assim será possível compreender o público pesquisado e saber reconhecer seus

desejos, bem como prever comportamentos e descrições de atributos.

Com maior espaço de tempo para aplicação do método, sugere-se uma

pesquisa complementar e de teste, solicitando à mesma amostra da fase qualitativa

que analise em conjunto com o pesquisador se ela reconhece aqueles atributos

como formadores da imagem do artista. Ou até mesmo, selecionar fãs aleatórios

para que participem da fase qualitativa da investigação como intérpretes dos dados

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coletados em conjunto com o pesquisador, a fim de evitar decisões subjetivas e

alheias ao público pesquisado.

Por fim, os dados coletados na pesquisa em relação à satisfação dos fãs

também pode ser melhor explorado pelos profissionais de relações públicas, a fim

de tomar providências e ações de curto e médio prazo junto ao artista da música.

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ANEXO – PROJETO DE MONOGRAFIA I

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

CARLOS ALBERTO MELLO DA SILVA MÜLLER

RELAÇÕES PÚBLICAS E A CONFIGURAÇÃO DA IMAGEM ARTÍSTICA ATRAVÉS DA PERCEPÇÃO DOS FÃS

Caxias do Sul 2016

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL HABILITAÇÃO EM RELAÇÕES PÚBLICAS

CARLOS ALBERTO MELLO DA SILVA MÜLLER

RELAÇÕES PÚBLICAS E A CONFIGURAÇÃO DA IMAGEM ARTÍSTICA ATRAVÉS DA PERCEPÇÃO DOS FÃS

Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para aprovação na disciplina de Monografia I.

Orientador(a):

Profª. Dra. Ana Cristina Fachinelli

Caxias do Sul 2016

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 04 2 TEMA ................................................................................................................. 06 3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 07 4 QUESTÃO NORTEADORA ............................................................................... 08 5 OBJETIVOS ....................................................................................................... 09 5.1 OBJETIVO GERAL ......................................................................................... 09 5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................... 09 6 METODOLOGIA ................................................................................................ 10 6.1 MÉTODO DE CONFIGURAÇÃO DE IMAGEM (MCI) ...................................... 17 7 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 17 7.1 REPRESENTAÇÕES E O MÉTODO DE CONFIGURAÇÃO DE IMAGEM...... 17 7.2 RELAÇÕES PÚBLICAS E IMAGEM ................................................................ 19 8 ROTEIRO DOS CAPÍTULOS ............................................................................. 22 9 CRONOGRAMA ................................................................................................ 23 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 24

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1 INTRODUÇÃO

Ampliar a compreensão sobre imagem representa um desafio para a pesquisa

em comunicação. A natureza subjetiva do objeto exige do pesquisador a capacidade

de observação e análise de dados concretos e abstratos, e cautela na generalização

dos resultados da investigação científica. Segundo De Toni (2009), a imagem

enquanto representação mental é o resultado do processamento de informações que

o sujeito guarda para si mesmo em relação a um objeto, como características ou

uma experiência vivida. Enquanto representação social (resultado das impressões

de um grupo de indivíduos), a imagem equivale ao conjunto de conceitos, mitos e

crenças que o sujeito formula graças à sua interação com o outro. Sendo assim, um

mesmo objeto é percebido, processado e até mesmo descrito de forma única e

singular por cada indivíduo, ainda que haja características identificadas em comum

pelos outros. (MILAN, 2013).

No âmbito mercadológico, o valor de imagem de uma marca é reconhecido

por empresários e gestores de marketing como fonte para geração de negócios.

Kotler (2000) afirma que as organizações não medem esforços para formar uma

imagem de marca forte e favorável. Da mesma maneira, Marken (1990 apud.

MILAN, 2013) explica que a habilidade comunicacional de uma organização pode

criar o favoritismo na percepção do consumidor e colocá-la em primeiro lugar na

preferência do público. Logo, as pessoas consomem imagens, e não, produtos.

Porque marcas fortes são aquelas que lembram atributos positivos como benefícios,

valores, personalidade e identificação com os seus consumidores. (KOTLER,

1998,1999).

Entenda-se que, na percepção do público, a imagem pode carregar aspectos

positivos ou negativos. Em caso negativo, com repercussão pública, podem ocorrer

as crises de imagem, que atingem tanto organizações quanto figuras públicas como

políticos, artistas e celebridades. (ANDRADE, 1996; NEVES, 1998; ROSA, 2001

apud BARROS, 2015).

No caso específico do artista musical, a necessidade de compreender a

imagem percebida pelo público é fundamental para manter a sua carreira em

ascensão, atendendo ou superando as expectativas dos fãs para deixar a sua marca

na história. O valor de mercado de um artista da música está vinculado à relação do

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público com a imagem desse profissional, pois essa interação pode gerar ou

fortalecer negócios. (BARROS, 2015).

Kotler (1999) explica que é preciso compreender o cenário econômico na

atualidade, pois ele é conduzido por duas forças poderosas: a tecnologia e a

globalização. Essa nova realidade amplia os espaços de interação com o público,

estimula o surgimento de novos negócios (ou novos talentos) e aumenta a disputa

por relevância entre os competidores. Em situações de mercados de alta

competitividade, se faz necessário concentrar os esforços da organização como um

todo, de forma integrada, para a conquista da preferência do consumidor. O fato de

esperar uma resposta do público ou de pesquisar (explorar) oportunidades diferencia

as organizações que são dirigidas pelo mercado daquelas que dirigem o mercado.

Que criam demandas.

A disputa por espaço de relevância na mente das pessoas leva o artista

musical a tomar atitudes que muitas vezes podem resultar na decisão de gerenciar a

carreira por conta própria, sem objetivos bem definidos ou conhecimento claro sobre

seus públicos. Essa atitude traz grandes riscos à sua imagem por falta de

habilidades específicas sobre comunicação, ou por falta de conhecimento técnico

para lidar com a mídia e a opinião pública. (ROSA, 2001 apud BARROS, 2015).

Machado Neto (2006) explica que o artista, por definição, quando cria algo, o

faz querendo expressar-se, agradar-se, e essa atitude vai ao sentido contrário aos

conceitos de Marketing, que se traduzem na função de atender às necessidades dos

outros (do público-alvo), procurando agradá-los. Portanto, nesse espaço de

conciliação e alinhamento de interesses, para que haja convergência na relação

entre artista e público, é que se encaixam as qualificações do profissional de

relações públicas. Porque a construção de uma marca vai além do gerenciamento

da imagem da marca. Ela requer a gestão de todo o contato que possa existir entre

a marca e o consumidor. (KOTLER, 1999). Barros (2015) explica que o profissional

de relações públicas possui aptidão para gerenciar imagem, para mapear e

reconhecer públicos, para aplicar pesquisas de opinião e para desenvolver planos

de comunicação alinhados aos objetivos do artista.

Assim, este trabalho se detém a identificar abordagens adequadas aos

profissionais de relações públicas para identificar e analisar a imagem percebida

pelos fãs a respeito de um artista da música.

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2 TEMA

Relações públicas e a configuração da imagem artística através da percepção

dos fãs. Assim, definiu-se a imagem como objeto de pesquisa, levando-se em

consideração a atuação do profissional de relações públicas no mercado artístico

musical brasileiro.

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3 JUSTIFICATIVA

Esta pesquisa se propõe a explorar e analisar os conceitos de imagem

adotados pelas áreas da Psicologia Social, da Psicologia Cognitiva, do Marketing e

da Comunicação Social com o propósito de contribuir com as atividades de relações

públicas no tocante à gestão de imagem de artistas do cenário musical. Como

observado por Barros (2015), ainda existe pouca bibliografia direcionada a essa

temática, e o pouco que existe se baseia mais em informações coletadas a partir de

entrevistas com profissionais do meio musical do que em critérios científicos.

Machado Neto (2006) argumenta que na proposição do conceito contemporâneo de

Marketing Cultural, o profissional de relações públicas é o que se encontra melhor

preparado e apto a lidar com a dinâmica das atividades que envolvem um trabalho

desse porte: do Marketing para as artes. Portanto, ressalta-se a importância de

auxiliar na fundamentação desse campo de estudo para destacar as possíveis

contribuições da área de Relações Públicas para com a gestão da imagem de

artistas musicais.

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4 QUESTÃO NORTEADORA

Quais são os atributos que constituem a imagem de um artista musical,

segundo a percepção dos seus fãs?

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5 OBJETIVOS

5.1 OBJETIVO GERAL

Analisar a imagem de um artista musical ou banda segundo a percepção dos

seus fãs.

5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Identificar os atributos relacionados à imagem do artista musical ou banda na

percepção dos fãs.

Analisar a imagem, levando em consideração as dimensões que a constituem

e os níveis da imagem (Imagem Central, Primeira Imagem Intermediária, Segunda

Imagem Intermediária e Imagem Periférica).

Criar uma representação gráfica e organizada dos resultados por meio do

Gráfico de Configuração da Imagem (GCI).

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6 METODOLOGIA

Este trabalho será desenvolvido por meio da aplicação de técnicas inerentes

à pesquisa exploratória descritiva com estudo de campo. A obtenção de dados

qualitativos e quantitativos permitirá a análise da imagem percebida pelos fãs de um

artista musical ou banda através das orientações indicadas pelo Método de

Configuração de Imagem (MCI).

Com base nos objetivos dessa investigação, caracteriza-se a pesquisa como

exploratória, pois será necessário conhecer melhor o problema, torná-lo mais

específico e familiar ao pesquisador. Será utilizado o levantamento de referencial

teórico relacionado ao problema de pesquisa, além da realização de entrevistas com

pessoas que tiveram experiências relacionadas à questão de estudo e a análise de

exemplos que permitam a compreensão do problema. (GIL, 2007 apud GERHARDT;

SILVEIRA, 2009). Como pesquisa descritiva, pois se propõe a observar e descrever

as características do fenômeno para análise, classificação, interpretação e

compreensão da relação entre as variáveis, por meio de questionário específico (que

será aplicado junto aos fãs). (PRODANOV; FREITAS, 2013).

Em relação aos procedimentos, a pesquisa caracteriza-se como estudo de

campo, porque será utilizada a investigação bibliográfica (teórica) em conjunto à

coleta de dados a partir de um público específico (prática). Faz-se necessária a

definição de técnicas apropriadas para coleta de dados para aprofundamento,

registro e a análise em relação ao tema proposto. (PRODANOV; FREITAS, 2013).

Sobre a forma de abordagem do problema, segundo as características

apontadas por Prodanov e Freitas (2013), a pesquisa se enquadra como qualitativa

e quantitativa. Qualitativa porque o pesquisador manterá contato direto com o

ambiente e o objeto de estudo, realizando a coleta, descrição e classificação de

informações (atributos) que dizem respeito à percepção individual (subjetiva,

simbólica) dos entrevistados (fãs) em relação ao ídolo (artística musical ou banda).

Quantitativa porque agrupará as informações similares para quantificar e traduzir em

números a opinião dos entrevistados, aplicando-se técnicas estatísticas que

permitirão aplicar uma escala de valores quantitativos às informações coletadas

(atributos).

6.1 MÉTODO DE CONFIGURAÇÃO DE IMAGEM (MCI)

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O Método de Configuração de Imagem será utilizado como guia desta

pesquisa, com base nos procedimentos propostos por Schuler (2000, SCHULER et

al., 2004 apud DE TONI, 2005). Sendo eles:

a) a identificação dos públicos envolvidos no campo de atuação do artista

musical ou banda;

b) a escolha de um desses públicos para ser pesquisado (neste caso, os fãs);

c) a seleção de uma amostra representativa para realização da etapa

qualitativa;

d) a realização da pesquisa qualitativa junto à amostra, quando ocorre o

levantamento dos atributos relacionados à imagem do artista musical ou banda,

além da identificação do Núcleo Central da imagem;

e) a realização da etapa quantitativa da pesquisa, para mensurar a

importância e a satisfação percebida em cada atributo da imagem, e o agrupamento

dos atributos em fatores;

f) representação gráfica dos resultados.

6.1.1 Identificação dos públicos que fazem parte do campo de atuação do artista

musical ou banda

Cada público possui características, gostos e comportamentos distintos. A

identificação e a divisão dos públicos, oferece ao Gestor da Comunicação uma

tomada de decisão mais focada, e uma configuração de imagem mais simples e

precisa de se apresentar.

6.1.2 Escolha do público a ser pesquisado

Recomenda-se a escolha de um público específico, com base no problema de

pesquisa, a fim de focalizar e recortar a investigação. É possível optar por uma

abordagem de todos os públicos, porém, o trabalho seria exaustivo e difícil de

administrar.

6.1.3 Seleção de uma amostra representativa para a fase qualitativa da pesquisa

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Daquele universo do público escolhido, selecionam-se de doze a quinze

pessoas (uma amostra) aleatoriamente para participarem da entrevista.

6.1.4 Realização da fase qualitativa da pesquisa

A partir da amostra de público, levantam-se os atributos que representam a

imagem do artista musical ou banda. O entrevistador utiliza um atributo (nome,

logotipo, etc.) relacionado ao artista, que serve como Termo Indutor para estimular a

manifestação de sensações e de ideias espontâneas dos entrevistados a respeito do

artista. Assim, são realizadas perguntas como:

a) quando eu digo (Termo Indutor), qual a primeira coisa que lhe vem à

cabeça?

b) e que outras ideias lhe ocorrem quando você escuta (termo indutor)?

c) o que você gosta na (termo indutor)?

d) o que você não gosta na (termo indutor)?

e) como você compararia a (termo indutor) com (seu principal concorrente)?

f) de onde você recebe informações sobre a (termo indutor)?

Armazenadas as respostas, posteriormente, elas são tratadas em duas fases.

Na primeira fase, o pesquisador deve analisar o conteúdo de cada resposta

obtida e resumi-lo em poucas palavras, formando atributos (palavras chaves)

relativos à essência da ideia expressada pelo entrevistado, sem repeti-los.

Na segunda fase, os atributos formulados na análise de conteúdo são

dispostos em uma tabela para verificação de frequência, ordem de aparição e

atribuição de valores. “Quando um atributo foi citado em primeiro lugar, ele recebe

um valor 5. Quando ele foi citado em quinto lugar, ele recebe o valor 1. Depois do

quinto lugar de aparição, ele não recebe mais pontos.” (DE TONI, 2005, p. 126). A

soma dos valores obtidos na linha de cada atributo representará uma ordem de

citação. Outra coluna representará a frequência de citação, com o total de vezes que

o atributo é citado.

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Os atributos que se destacam por uma alta Freqüência de Citação (VF) e por um alto Valor de Ordem (VO), e portanto, por um alto Valor Total (VT), são considerados como candidatos a compor o Núcleo Central da Imagem. Esta composição do Núcleo Central da Imagem é avaliada através da fase quantitativa da pesquisa, que é realizada a partir dos dados obtidos nesta listagem dos atributos. Na pesquisa de teste do instrumento, foi adotada a sua divisão simples em quatro segmentos iguais, considerando os atributos presentes no segmento de mais alto valor os maiores candidatos a pertencer ao Núcleo Central da Imagem. Esta decisão foi tomada por falta de outro critério de corte para os Valores Totais, corte este que teria a finalidade de determinar quais os atributos deveriam ser considerados como pertinentes ao Núcleo Central do conceito da organização. Os demais atributos são considerados como pertencentes a periferias cada vez mais distantes deste Núcleo (DE TONI, 2005).

O próximo passo é agrupar os atributos em uma escala de valores (de 1 a

100), dividida em quatro partes iguais, para identificar suas proximidades com o

Termo Indutor.

Vale lembrar que a obtenção de informações através da pergunta “De onde

você recebe informações sobre a (termo indutor)?”, pode auxiliar na identificação da

relação entre o atributo e as fontes específicas de informações (canais ou veículos

Quadro 1 – Formulário de apresentação do primeiro resultado da fase qualitativa.

Fonte: Schuler (2000).

Figura 2- Escala para atribuição de zonas de proximidade com o termo indutor.

Fonte: Schuler (2000).

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de comunicação). De analisar como se dá a formulação de determinadas ideias na

mente do público (fãs).

6.1.5 Realização da fase quantitativa da pesquisa

Esta etapa se baseia nos seguintes procedimentos:

a) montagem dos questionários de importância e de satisfação, com base nos

atributos apontados na primeira fase de entrevistas (conforme modelo disposto

abaixo);

b) aplicação do questionário à nova amostra selecionada (número maior de

respondentes);

c) tratamento e análise dos dados obtidos nessa nova pesquisa;

d) representação gráfica dos resultados;

e) conclusões.

O tratamento dos dados é realizado em duas etapas: 1) tabelar os resultados

e apresentar a soma dos valores e a média de importância e satisfação (termos que

precisam ser analisados quanto a sua adequação ao contexto de pesquisa

Figura 3 - Modelo de questionário para a fase quantitativa.

Fonte: Schuler (2000).

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relacionada à imagem de artista musical) e; 2) analisar de forma fatorial,

identificando relações mais fortes entre os atributos, quando será obtida a formação

de fatores de importância e satisfação.

6.1.5 Representação gráfica dos resultados

Fase de elaboração do mapa conceitual de disposição dos resultados.

Quando ocorre a distinção entre os atributos que formam a Imagem Central e os

atributos que constituem sua periferia. Consideram-se os setores dedicados a cada

fator, segundo os Valores Totais e proximidade com os atributos.

A primeira destas informações é a da proximidade que têm os atributos formadores da imagem desta organização com o seu termo indutor. Nesta etapa, foram considerados os atributos que se localizaram no círculo mais próximo ao termo indutor como sendo os mais fortes candidatos à composição do Núcleo Central da Imagem. A segunda informação importante é a que permite a visualização dos atributos que foram considerados como altamente importantes (dispostos nas cores amarela ou cinza) e os que são altamente satisfatórios (dispostos com sombra) para o público pesquisado. Pode ser concluído que o conjunto de atributos considerados como importantes, enquanto elementos do conceito da organização, são aqueles que correspondem à imagem idealizada da organização, para o público pesquisado. É o conjunto de atributos desejados, pelo público, para aquela organização. Através da consciência desta disposição de atributos, podem ser tomadas várias decisões sobre as ações de comunicação, visando a melhoria da imagem. (DE TONI, 2005).

Tabela 3 - Formulário de apresentação do segundo resultado da fase quantitativa.

Fonte: Schuler (2000).

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O Método de Configuração de Imagem se mostra promissor no que tange a

identificação da imagem que os consumidores e clientes constroem a respeito de um

produto ou organização. (MILAN, 2013). Da mesma forma, ele pode auxiliar as

atividades de relações públicas, permitindo o acesso a informações que servirão de

base para análise da atual imagem percebida pelos fãs de um artista musical e para

planejamento de ações para uma gestão de imagem adequada, favorável e

duradoura ao artista. Como diria Guareschi (2000):

(As Representações Sociais) [...] podem possuir aparentes contradições na sua superfície, mas nos seus fundamentos elas formam um núcleo mais estável e permanente, baseado na cultura e na memória dos grupos e povos. E somente através duma pesquisa cuidadosa que se pode identificar esses fundamentos mais duradouros.

Figura 4 - Representação gráfica da Imagem Organizacional, a partir da importância dada aos

Fonte: Schuler (2000).

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7 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

7.1 REPRESENTAÇÕES E O MÉTODO DE CONFIGURAÇÃO DE IMAGEM

A imagem pode ser analisada sob dois aspectos: visual, quando um objeto,

suas formas e elementos são captados através do olhar humano; Ou mental, como o

resultado de um processo intelectual e individual, por meio do qual o sujeito

interpreta e define um objeto do mundo ao seu redor, formulando visões, esquemas

ou representações mentais. Esses dois aspectos (visual e mental) estão

intimamente ligados um ao outro. (SANTAELLA; NÖTH, 2001).

Na perspectiva de Kenneth Craik (1943 apud DE TONI, 2005, p. 26): “o ser

humano traduz os elementos do ambiente em modelos mentais [...] uma

representação dinâmica ou uma simulação do mundo.” A imagem resulta dos

conhecimentos adquiridos com a experiência do sujeito em relação ao objeto. Os

modelos mentais, (ou representações mentais), pertencem ao domínio subjetivo e

influenciam as ações do sujeito, porque afetam a interpretação daquilo que ele vê.

(JOHNSON-LAIRD, 1988; PARTEE, 1979 apud DE TONI, 2005). A imagem,

portanto, é uma percepção da realidade, não a realidade em si. Com apoio nessa

percepção é que o indivíduo decide suas ações. (SIMÕES, 1995).

Na Teoria das Representações Sociais (TRS), Moscovici trabalha a questão

da imagem sob o viés da existência do conhecimento consensual, construído por

meio da interação social, do senso comum. Essas representações podem parecer

contraditórias quando analisadas em sua superfície, mas possuem um núcleo

estável, enraizado na cultura e na memória de um grupo ou de um povo. As

representações sociais podem se modificar com o passar dos anos, conforme a

troca de informações entre indivíduos e o consenso a partir de novas experiências,

da produção simbólica do dia a dia. Diferencia-se, portanto, das representações

mentais, que dizem respeito ao processo de significação subjetivo. (GUARESCHI,

2000; LIMA, Andreza Maria de; MACHADO, Laêda Bezerra, 2012).

Breakwell (2001 apud MILAN 2013, p. 88) diz que a Teoria das

Representações Sociais “é uma das principais teorias que explicam os processos de

influências sociais e como os indivíduos adquirem e organizam seus modelos

mentais.” Ela diz que para compreender as representações de mundo de uma

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sociedade é preciso conhecer o seu contexto social e não o contexto indivídual.

(DURKHEIM, 1978; MINAYO, 1997 apud MILAN 2013).

As ações das pessoas são comandadas pelas representações que elas têm do mundo, e estas representações são, em parte, socialmente criadas dentro da cultura e da interação dos grupos sociais. Desta forma, a teoria das Representações Sociais busca analisar os fenômenos a partir do sujeito (causas internas) e do contexto social (causas externas). [...] Assim, uma representação social é tanto individual, pois necessita ancorar-se em um sujeito, quanto social. Desta forma, para Moscovici (1978), a representação social não é nem o coletivo, nem o inconsciente, mas o movimento de interação entre as pessoas, sendo uma forma de conhecimento individual que só ocorre na interação com "o outro", no mesmo momento em que se dá esta interação. O conceito de Representações Sociais coloca-se no centro do eixo individual-social, ligando as duas realidades (FARR, 1992; GUARESCHI, 2000; COSTA; ALMEIDA, s.d. apud DE TONI, 2005, p. 37).

A dupla função exercida pelas representações sociais é de organizar o

conhecimento de mundo para torná-lo mais compreensível ao sujeito e permitir a

comunicação entre membros de um grupo social por meio da elaboração de códigos

estabelecidos por consenso. (JOVCHELOVITCH, 1998).

Jean-Claude Abric (1984) explica que o indivíduo constrói suas

representações em volta de um núcleo central (formado pelo sistema central e pelo

sistema periférico), que organiza as informações recebidas de forma dinâmica e

evolutiva. O sistema central é estável, coerente e resistente à mudança porque é

construído a partir do histórico do sujeito em relação ao objeto. Já o sistema

periférico é funcional. Mais sensível às condições do momento, do dia a dia.

Portanto, mais propenso a mudanças. O sistema periférico serve de interface com o

sistema central. Através dele, as informações são recebidas do ambiente externo.

Ele permite a formulação de representações sociais individuais, que se organizam

em torno do núcleo central. A evolução de uma representação começa quando há

modificações nos elementos periféricos, antes mesmo de chegar ao núcleo central.

(ABRIC, 1984; SÁ, 1998).

Já a Teoria de Atributos Característicos identifica que existem atributos com diferentes pesos ou diferentes graus de importância dentro de um conceito. Neste sentido, as coisas são agrupadas em categorias porque elas têm alguns atributos em comum, ou seja, com características semelhantes. (EYSENCK; KEANE, 1994 apud DE TONI, 2005, p. 41).

De Toni (2005) se aventura na tentativa de construir uma tese que possibilite

a configuração da imagem, no intuito de auxiliar as atividades de Marketing no

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campo da gestão de imagens de produtos. Os conceitos originados na Filosofia, na

Psicologia Cognitiva e Psicologia Social são utilizados por De Toni para fundamentar

o uso do Método da Configuração de Imagem (MCI), construído a partir de métodos

já desenvolvidos e validados para compreender a formação das imagens na mente

de consumidores. Quais os atributos que constituem o Núcleo Central e quais

constituem o sistema periférico.

A presente tese se enquadra em um esforço seqüencial de pesquisa, que vem desenvolvendo, desde 1998, com o trabalho de vários autores [...] O primeiro trabalho desta linha foi desenvolvido no quadro de uma dissertação de mestrado, concluída por Eunice Sampaio (1998) que, partindo de dois métodos já existentes, sugeriu um novo procedimento para a configuração da imagem de uma organização junto a seu público interno. (DE TONI, 2005, p. 117).

Milan (2013) afirma que o Método de Configuração de Imagem se mostra um

importante aliado às atividades de Marketing com foco em marcas,

produtos/serviços, organizações ou empreendimentos. Sugere que as pesquisas

realizadas com o uso do MCI podem ser melhor exploradas, alternando-se as

variáveis de pesquisa e amostragem, aplicando-se comparativos entre

produtos/serviços similares e buscando-se formas de reduzir as interferências de

juízo subjetivo pelo pesquisador na apuração dos resultados e na análise da

pesquisa.

7.2 RELAÇÕES PÚBLICAS E IMAGEM

Ao falar sobre imagem de marcas, Kotler (1999) traduz as atividades de

relações públicas como investimentos planejados para se construir uma imagem

positiva na percepção do mercado. Pinho (2008) explica que a profissão de relações

públicas está atrelada ao fenômeno da opinião pública e que o surgimento da

profissão está relacionado à necessidade de defesa de imagem de instituições

políticas, grandes organizações e magnatas nos Estados Unidos, durante o século

XX - época marcada pelas consequências da Revolução Industrial, greves

trabalhistas, lutas de classes e movimentos sindicais. Nada se fazia sem o auxílio de

um assessor - profissional que orientava desde a escolha da roupa ao

comportamento adequado ao apresentar-se em público. Muitos políticos passaram a

utilizar esse serviço em prol de suas carreiras. (AMARAL In: DUARTE, 2011).

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Segundo Kunsh (2003), as relações públicas são responsáveis pela

construção de credibilidade, posicionamentos e identidade, aspectos fundamentais

na formação de imagem a respeito de uma organização ou produto. A imagem

envolve um conjunto de significados por meio dos quais o sujeito reconhece um

objeto, o descreve, o recorda e se relaciona com este. Esses significados são

resultado da interação entre crenças, ideias, sentimentos e impressões constituídas

pelas pessoas sobre determinado objeto.

Para Simões (2001), o principal objetivo da atividade de Relações Públicas é

o de estimular a ação favorável dos públicos em convergência ao propósito

organizacional (ou, no caso deste trabalho, ao propósito do artista musical). Pode-se

alcançá-lo através do planejamento e desenvolvimento de objetivos específicos

como o de formar imagem, criar a boa vontade, obter atitudes positivas e

estabelecer compreensão mútua. A matéria-prima a ser trabalhada para causar essa

transformação de comportamento e atitude, é a informação. Ela é o ponto de

equilíbrio entre as relações de poder e persuasão. Aquele que possui a informação,

o conhecimento, tem maiores chances de influenciar as decisões do outro.

Sempre há formação de imagem nas trocas entre empresas e públicos. Essa

imagem pode ser construída através da atividade de Relações Públicas, a fim de se

formar um conceito positivo. Esse conceito precisa condizer com a realidade, com a

prática organizacional, caso contrário, será um discurso vazio, sem valor ou

significado. A construção de um conceito depende da regularidade de ações e da

aquisição de credibilidade. (SIMÕES, 1995).

Sobre a área de Produção Cultural, Barros expõe as oportunidades de

trabalho para os profissionais de relações públicas, especificamente, na atuação

como gestores da imagem artística. A formação desses profissionais é direcionada à

aquisição de conhecimentos específicos para lidar com pesquisas de opinião,

planejamento de comunicação e execução de ações para gestão de

relacionamentos duradouros. “O que se nota, porém, é a carência de relações-

públicas aí envolvidos”. (BARROS, 2015, p. 25).

Baseada em pesquisas de James Grunig, Todd Hunt e Roberto Porto Simões,

Kunsh (2003) aponta as funções essenciais das relações públicas nas organizações,

sendo elas a função administrativa (da teoria interorganizacional), a função

estratégica (da teoria de gerenciamento), a função mediadora (da teoria da

comunicação) e a função política (da teoria de conflitos-resoluções).

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Até a recente criação dos cursos de graduação em Produção Cultural, o perfil do bacharel em Relações Públicas sempre foi o mais adequado para atuação na produção artístico-cultural. Dotado de um currículo abrangente, passando por conteúdos das demais habilitações da Comunicação Social (tais como Jornalismo, Propaganda e Produção Editorial), o egresso dos cursos de Relações Públicas, no Brasil, desenvolve habilidades e competências em muitas das atividades que compõem as diversas etapas da produção artísticocultural. Senão vejamos: assessoria de imprensa, administração de projetos, produção gráfica, produção áudiovisual, produção de eventos, pesquisa de opinião pública e mercadológica, marketing e planejamento de comunicação são disciplinas do bacharelado. (MACHADO NETO, 2006, p. 118).

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8 ROTEIRO DOS CAPÍTULOS

O Relatório Final pretendido para a pesquisa será formalizado em uma

Monografia de Graduação, que terá a seguinte estrutura básica:

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 00 2 METODOLOGIA DE PESQUISA ....................................................................... 00 3 CONCEITOS DE IMAGEM ................................................................................ 00 5.1 Imagem ........................................................................................................... 00 5.2 Representações Mentais ................................................................................. 00 5.3 Representações Sociais .................................................................................. 00 4 RELAÇÕES PÚBLICAS E IMAGEM ................................................................. 00 4.1 A profissão de Relações Públicas ................................................................... 00 4.2 Funções e Atividades de Relações Públicas ................................................... 00 4.3 Frentes de Atuação ......................................................................................... 00 4.4 Identidade, Reputação e Imagem ................................................................... 00 4.5 Opinião Pública ............................................................................................... 00 5 RELAÇÕES PÚBLICAS E A ARTE DA MÚSICA ............................................. 00 5.1 A música e o artista ......................................................................................... 00 5.1 O artista da música e o cenário atual: globalização e novas tecnologias ........ 00 5.1 O artista da música e o processo de formação de imagem ............................. 00 5.2 Gestão de imagem: pesquisa, análise e planejamento de ações .................... 00 5.1 Relações Públicas e o mundo das artes ......................................................... 00 5.3 Contribuições do profissional de relações públicas na construção de imagem de artistas da música ................................................................................................. 00 6 ESTUDO DE CAMPO E ANÁLISE .................................................................... 00 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 00 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 00 APÊNDICE (SE HOUVER) ................................................................................... 00 ANEXOS (SE HOUVER) ....................................................................................... 00

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9 CRONOGRAMA

Ano 2016

Atividades Jul Ago Set Out Nov Dez

Pesquisa Bibliográfica x x x

Análise e revisão do material x

Redação do terceiro capítulo x x

Redação do quarto capítulo x x

Redação do quinto capítulo x x

Estudo de Campo: coleta de dados x x

Configuração e análise de imagem x

Introdução e Considerações Finais x

Revisão x

Apresentação e defesa pública x

Entrega da redação final x

Registre-se que este cronograma pode ser alterado conforme o

desenvolvimento da pesquisa.

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REFERÊNCIAS

AMARAL, Luiz. Assessoria de Imprensa nos Estados Unidos. In DUARTE, Jorge (Org.). Assessoria de imprensa e relacionamento com a mídia: teoria e técnica. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2011. BARROS, Kátia Mendes. A imagem artística sob o olhar das relações públicas. Recife: Ed. da autora, 2015. DE TONI, Deonir. Administração da imagem de produtos: desenvolvendo um instrumento para configuração da imagem de produto. 2005. 268 f. Tese (Doutorado em Administração). Escola de Administração, UFRGS, Porto Alegre, 2005. FURNHAM, Adrian; PETROVA, Evgeniya. O corpo fala nos negócios: como decifrar as pessoas e transmitir mensagens eficazes com os segredos da linguagem corporal. 5. ed. São Paulo: Editora Gente, 2011. GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007. GUARESCHI, Pedrinho A. Os construtores da informação: meios de comunicação, ideologia e ética. Petrópolis: Vozes, 2000. GUARESCHI, Pedrinho A. Representações sociais e ideologia. Revista de Ciências Humanas, Florianópolis: EDUFSC, Edição Especial Temática, p.33-46, 2000. JOVCHELOVITCH, S. Representações sociais: para uma fenomenologia dos saberes sociais. Psicologia e Sociedade. Porto Alegre, v. 10, n. , p. 54-68, jan./jun. 1998. KOTLER, Philip. Administração de marketing: análise, planejamento, implementação e controle. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1998. KOTLER, Philip. Marketing para o século XXI: como criar, conquistar e dominar mercados. São Paulo: Futura, 1999. KOTLER, Philip. Administração de marketing. 10. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2000. KUNSCH, Margarida Krohling. Planejamento de relações públicas na comunicação integrada. 4. ed. São Paulo: Summus, 2003. LIMA, A. M.; MACHADO, L. B. O “bom aluno” nas representações sociais de professoras: o impacto da dimensão familiar. Psicologia & Sociedade, Belo Horizonte, v. 24 n. 1, p. 150-159, jan./abr. 2012.

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MACHADO NETO, Manoel Marcondes. Marketing para as artes: a evolução do conceito de marketing cultural e a importância desse campo de atuação para o profissional de relações públicas. Organicom, São Paulo, ano 3, n. 5, p. 109-119, 2º semestre. 2006. Métodos de pesquisa / [organizado por] Tatiana Engel Gerhardt e Denise Tolfo Silveira; coordenado pela Universidade Aberta do Brasil – UAB/UFRGS e pelo Curso de Graduação Tecnológica – Planejamento e Gestão para o Desenvolvimento Rural da SEAD/UFRGS. – Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009. Disponível em: <

http://www.ufrgs.br/cursopgdr/downloadsSerie/derad005.pdf> Acesso em: 10 jul. 2016. MILAN, Gabriel Sperandio; GASPARIN, Francieli Montanari; DE TONI, Deonir. A configuração da imagem de um shopping center na percepção de consumidores locais. REAd - Revista Eletrônica de Administração, Porto Alegre, ed.74, n.1, p. 83-114, jan./abr. 2013. PINHO, Júlio Afonso. O contexto histórico do nascimento das Relações Públicas. In: MOURA, Claudia Peixoto de (Org.). História das Relações Públicas: fragmentos da memória de uma área. Porto Alegre: EdipucRS, 2008. Disponível em:<

http://www.pucrs.br/edipucrs/historiarp.pdf>. Acesso em: 28 jun. 2016. POYARES, Walter. Imagem pública: glória para uns, ruína para outros. São Paulo: Globo, 1998. PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar de. Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico / Cleber Cristiano Prodanov, Ernani Cesar de Freitas. 2. ed. Novo Hamburgo: Feevale, 2013. SANTAELLA, Lúcia; NÖTH, Winfried. Imagem: cognição, semiótica, mídia. 3. ed. São Paulo: Iluminuras, 2001. SCHULER, Maria. Administração da imagem organizacional: um método de configuração da imagem organizacional. Porto Alegre: UFRGS/EA/PPGA, 2000. SIMÕES, Roberto Porto. Relações Públicas: função política. São Paulo: Summus, 1995. SIMÕES, Roberto Porto. Relações Públicas e micropolítica. 2. ed. São Paulo: Summus, 2001.

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APÊNDICE A – PESQUISA QUANTITATIVA DESENVOLVIDA NA PLATAFORMA

GOOGLE FORMS

Acesso em: DVD ROM

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APÊNDICE B – PRINTS DE TELA, CONVITES E ANÚNCIO

Acesso em: DVD ROM

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APÊNDICE C – ANÁLISE DE CORRELAÇÃO

Acesso em: DVD ROM