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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – UnB
Centro de Excelência em Turismo
Pós-graduação Lato Sensu Gestão de Negócios em Turismo
A RELAÇÃO ENTRE CLIMA ORGANIZACIONAL E EXCELÊNCIA NO
ATENDIMENTO: UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE O QUALITY
RESORT LAKESIDE E O METROPOLITAN FLAT
Por
RICARDO CAIAFA
Orientador: Professor Dr. Gilson Borda
Brasília-2007
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – UnB
Centro de Excelência em Turismo
Pós-graduação Lato Sensu em Gestão Empreendedora
A RELAÇÃO ENTRE CLIMA ORGANIZACIONAL E EXCELÊNCIA NO
ATENDIMENTO: UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE O QUALITY
RESORT LAKESIDE E O METROPOLITAN FLAT
Por
Ricardo Caiafa
Orientador: Professor Dr. Gilson Borda
Monografia apresentada ao Centro de Excelência em Turismo - CET, da
Universidade de Brasília – UnB, como requisito parcial à obtenção do grau de Especialista em Gestão de Negócios em Turismo.
Brasília-2007
CAIAFA, Ricardo. A relação entre clima organizacional e excelência no atendimento: um estudo comparativo entre o Quality Resort Lakeside e o Metropolitan Flat / Ricardo Caiafa – Brasília-2007. xv, 106f.: il. Monografia (especialização) – Universidade de Brasília, Centro de Excelência em Turismo, 2007. Orientador: Professor Gilson Borda.
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – UnB
Centro de Excelência em Turismo
Pós-graduação Lato Sensu
Curso de Especialização em Gestão de Negócios em Turismo
RICARDO CAIAFA
Aprovado por:
Monografia apresentada ao Centro de Excelência em Turismo - CET, da Universidade de Brasília – UnB, como requisito parcial à obtenção do grau de
Especialista em Gestão de Negócios em Turismo.
Brasília, 27 de Agosto de 2007.
Orientador: Dr. Professor Gilson Zehetmeyer Borda
Professor(a): MSc Shirley Pontes
Professor(a): MSc Walter Eustáquio Ribeiro
DEDICATÓRIA
Aos meus pais pelo estímulo e compreensão.
A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para conclusão de mais esta
etapa em minha vida.
AGRADECIMENTOS
A Deus, aos meus familiares, aos professores e amigos, sem os quais não
teríamos conseguido cumprir este desafio. Em especial ao meu orientador, que tanto
contribuiu na concretização deste trabalho.
"O futuro é construído pelas nossas decisões diárias, inconstantes e mutáveis, e cada evento influencia todos os outros."
Alvin Tofller
RESUMO
O presente trabalho tem como objeto de estudo a relação entre o Clima Organizacional e a qualidade do atendimento no Quality Resort Lakeside e no Metropolitan Flat, ambos administrado pela Rede Atlantica Hotels. O foco principal da pesquisa são os caracteres de satisfação com o trabalho, incidentes sobre o clima organizacional no ambiente de trabalho. Parte-se do pressuposto que o índice de satisfação do cliente dos hotéis pesquisados esteja relacionado diretamente com a qualidade do clima organizacional. Acredita-se que o funcionário bem disposto e motivado para o trabalho influencia positivamente o clima organizacional da empresa e, dessa forma, determina tanto a qualidade dos serviços realizados e a produtividade como também a qualidade do atendimento ao cliente. O estudo realiza uma incursão no conceito do Clima Organizacional buscando entender essa prática e suas respectivas características. Interpretar os aportes teórico-metodológicos concebidos pelos principais autores que buscam compreender o Clima Organizacional na sua origem e nos seus aspectos práticos. O estudo identifica e evidencia, por meios quantitativos, fundamentados em pesquisa bibliográfica e avaliação do clima organizacional do Quality Resort Lakeside e Metropolitan Flat, algumas especificidades dessa prática, como por exemplo, seus principais conceitos, os objetivos dessa disciplina e sua eficácia na aplicação prática de seus princípios. Nesse sentido, foi realizada uma pesquisa com 34 funcionários do hotel Lakeside e com 24 funcionários do Hotel Metropolitan, em cargos e funções variados, no intuito de equacionar as variáveis mais elementares e, assim, poder apreciar até que ponto o clima organizacional tem influenciado a qualidade do atendimento nos hotéis pesquisados. Portanto, foi aplicado um questionário de avaliação do clima organizacional e os resultados demonstraram nível satisfatório de clima organizacional nos dois hotéis pesquisados, sugerindo influência do clima organizacional sobre a qualidade no atendimento. A pesquisa, portanto, revelou que o clima organizacional do Lakeside e do Metropolitan se deve, sobretudo, aos benefícios oferecidos aos colaboradores, aos treinamentos e programas de incentivo, bem como uma política de recursos humanos voltada para a satisfação dos colaboradores no ambiente de trabalho. A partir dessas ações, os colaboradores motivados e satisfeitos, aparentemente, interagem de forma satisfatória com os clientes dos hotéis, influenciando positivamente a percepção dos hóspedes em relação à qualidade no atendimento. Palavras-chaves: Excelência em atendimento. Motivação. Clima Organizacional.
ABSTRACT
The present work has as study object the relationship between the Organizational Climate and the quality of the service in Quality Resort Lakeside and in Metropolitan Flat, both administered by the Atlantic Net Hotels. The main focus of the research is the satisfaction characters with the work, incidents on the organizational climate in the work atmosphere. He breaks of the presupposition that the index of the customer's of the researched hotels satisfaction is related directly with the quality of the organizational climate. It is believed that the very willing employee and motivated for the work influences the organizational climate of the company positively and, in that way, it determines the quality of the accomplished services and the productivity as well as the quality so much of the service to the customer. The study accomplishes an incursion in the concept of the Organizational Climate looking for to understand that practice and their respective characteristics. He interprets the theoretical-methodological contributions become pregnant by the main authors that look for to understand the Organizational Climate in his origin and in their practical aspects. The study identifies and it evidences, for quantitative means, based in bibliographical research and evaluation of the organizational climate of Quality Resort Lakeside and Metropolitan Flat, some specificities of that practice, as for instance, their main concepts, the objectives of that discipline and his effectiveness in the practical application of their beginnings. In that sense, a research was accomplished with 34 employees of the hotel Lakeside and with 24 employees of the Hotel Metropolitan, in positions and functions varied, in the intention of setting out the most elementary variables and, like this, to identify to what extent the organizational climate has been influencing the quality of the service in the researched hotels. Therefore, a questionnaire of evaluation of the organizational climate was applied and the results demonstrated satisfactory level of organizational climate in the two researched hotels, suggesting influence of the organizational climate on the quality in the service. The research, therefore, he revealed that the organizational climate of Lakeside and of Metropolitan he is due, above all, to the benefits offered to the collaborators, to the trainings and incentive programs, as well as a politics of human resources gone back to the collaborators' satisfaction in the work atmosphere. Starting from those actions, the motivated collaborators and satisfied interact in a satisfactory way with the customers of the hotels, influencing the perception of the guests positively in relation to the quality in the service. Word-key: Excellency in service. Motivation. Organizational climate.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Principais conceitos em Marketing. ............................................................65
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Evolução histórica do turismo. ................................................................25
Quadro 2 – Caracteres de identificação de satisfação no trabalho ...........................86
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Satisfação do cliente por categoria de serviços / Lakeside...................104
Gráfico 2 – Satisfação do cliente por categoria de serviços / Metropolitan. ............104
Gráfico 3 – Satisfação do cliente em interação com colaboradores Lakeside.........105
Gráfico 4 – Satisfação do cliente em interação com colaboradores Metropolitan. ..105
Gráfico 5 – Satisfação dos clientes em situações que não exigem interação direta com o cliente Lakeside............................................................................................106
Gráfico 6 – Satisfação dos clientes em situações que não exigem interação direta com o cliente Metropolitan.......................................................................................106
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Respondentes por gênero .......................................................................82
Tabela 2 – Respondentes por idade .........................................................................82
Tabela 3 – Respondentes por tempo de serviço .......................................................83
Tabela 4 – Respondentes por escolaridade..............................................................83
Tabela 5 – Respondentes por estado civil ................................................................84
Tabela 6 – Grau de satisfação: Apropriação .............................................................86
Tabela 7 – Grau de satisfação: Camaradagem.........................................................87
Tabela 8 – Grau de satisfação: Credibilidade............................................................87
Tabela 9 – Grau de satisfação: Imparcialidade .........................................................88
Tabela 10 – Grau de satisfação: Orgulho..................................................................88
Tabela 11 – Grau de satisfação: Respeito ................................................................89
Tabela 12 – Indicadores de clima organizacional nos dois hotéis.............................90
Tabela 13 – Indicadores de satisfação do cliente......................................................91
Tabela 14 – Indicadores de satisfação do cliente em itens que não exigem interação direta com o cliente ............................................................................................92
Tabela 15 – Indicadores de satisfação do cliente em itens que exigem interação direta com o cliente ............................................................................................93
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ......................................................................................................16
1 TURISMO: HISTÓRICO E FUNDAMENTOS.........................................20
1.1 História do Turismo: Conceitos ...................................................................20
1.2 Evolução histórica do turismo .....................................................................24
1.2.1 O turismo no mundo..........................................................................26
1.2.2 O turismo no Brasil............................................................................29
2 O MERCADO DA HOSPITALIDADE NO BRASIL...............................35
2.1 Origens e conceitos do termo hospitalidade ...............................................35
2.2 O histórico da hotelaria no mundo ..............................................................36
2.3 O histórico da hotelaria no Brasil ................................................................38
2.4 A força do mercado.....................................................................................41
3 GESTÃO ESTRATÉGICA: CLIMA ORGANIZACIONAL E EXCELÊNCIA NO ATENDIMENTO ................................................................45
3.1 Origem, conceitos e relações entre clima organizacional e qualidade do atendimento ...........................................................................................................45
3.1.1 A origem do termo ...............................................................................46
3.1.2 Evolução histórica do termo.................................................................47
3.1.3 Clima organizacional............................................................................49
3.1.4 Avaliação do clima organizacional .......................................................50
3.1.5 Requisitos para propiciar o melhor clima organizacional .....................61
3.2 Qualidade e clima organizacional ...............................................................61
3.3 O atendimento como diferencial competitivo ..............................................64
3.3.1 Necessidades, desejos e demandas. ..................................................65
3.4 A motivação como fator importante em gestão de pessoas........................70
4 ORGANIZAÇÕES ESTUDADAS ..............................................................72
4.1 A Rede Atlantica Hotels ..............................................................................72
4.2 Caracterização do Quality Resort Lakeside ................................................75
4.3 Caracterização do Metropolitan Flat ...........................................................76
5 METODOLOGIA............................................................................................78
5.1 Tipo de pesquisa.........................................................................................79
5.2 Instrumentos de coleta de dados ................................................................79
5.3 Procedimento de análise de dados.............................................................80
6 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS .....................................82
6.1 Perfil dos colaboradores respondentes.......................................................82
6.2 Avaliação do clima organizacional ..............................................................84
6.3 Índice de satisfação dos clientes ................................................................90
CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................95
REFERÊNCIAS ....................................................................................................97
ANEXO I Questionário de Avaliação de Clima Organizacional Quality Resort Lakeside e Metropolitan Flat ..............................................................101
ANEXO II Gráfico de satisfação dos clientes Lakeside e Metropolitan Flat 104
16
INTRODUÇÃO
O tema do presente trabalho é A Relação Entre Clima Organizacional e
Excelência no Atendimento verificado empiricamente em dois hotéis de Brasília-DF:
o Quality Resort Lakeside e o Metropolitan Flat, cujo objetivo geral foi analisar a
relação da qualidade do clima organizacional e a qualidade do atendimento
oferecido pelos colaboradores.
Ao realizar a pesquisa sobre relação entre o clima organizacional e a
qualidade de seu atendimento em ambos os hotéis, buscou-se contemplar alguns
aspectos importantes, por meio dos seguintes objetivos específicos: a) Pesquisar os
autores da área; b) Descrever os serviços e a infra-estrutura dos hotéis estudados;
c) Desenvolver pesquisa de campo relativa a clima organizacional e a satisfação no
atendimento, D) Correlacionar a teoria da área com a prática das organizações
pesquisadas.
Contudo, foram pesquisados os fatores de motivação e desmotivação no
ambiente de trabalho que cooperam para a composição da satisfação pessoal dos
funcionários tanto com o ambiente e condições de trabalho quanto com relação à
equipe que o integra, pois o problema que se pretende pesquisar é: Qual a relação
entre clima organizacional e qualidade no atendimento?
Se o bom atendimento é um dos requisitos de sucesso das empresas
modernas, e atender bem envolve uma disposição pessoal de quem atende, então o
clima organizacional se constitui fator importante, haja vista afetar diretamente a
disposição das pessoas em um ambiente de trabalho. Portanto, parece haver uma
relação positiva entre o clima organizacional e a disposição dos colaboradores na
satisfação dos clientes. Dessa forma, se deduz que quanto melhor for o clima
organizacional de uma empresa, melhor será a disposição de seus colaboradores e
isso refletirá na satisfação do cliente, em função da qualidade do atendimento
recebido.
Como o segmento da economia enfocado no presente trabalho é o turismo,
mais especificamente o mercado de hotelaria, buscou-se fazer um embasamento
teórico sobre a história do turismo, bem como sua evolução no mundo e no Brasil,
pois foi a partir da demanda gerada nesse segmento que surgiu o conceito de
hospitalidade, partindo da receptividade familiar para os variados tipos de
17
hospedagens e, então, suscitando melhor desempenho na qualidade do
atendimento.
Para conhecer as teorias dos principais autores sobre atendimento ao cliente
optou-se pela realização de pesquisa bibliográfica, facilitando a compreensão da
correlação entre clima organizacional e excelência no atendimento. Dessa forma, a
pesquisa bibliográfica foi associada à avaliação do clima organizacional dos hotéis
Quality Resort Lakeside e Metropolitan Flat, além da pesquisa documental sobre os
índices de satisfação dos clientes nas duas empresas. Os dados coletados foram
comparados no intuito de verificar a procedência da influência do clima
organizacional sobre a qualidade do atendimento, conforme teoria pesquisada.
Para proceder à avaliação do clima organizacional nas duas empresas, foi
elaborado um questionário contendo 34 afirmativas positivas, com cinco opções de
respostas: 1) Discordo totalmente; 2) discordo parcialmente; 3) indiferente; 4)
Concordo parcialmente; e 5) Concordo totalmente. O modelo de questionário
elaborado segue os princípios utilizados pela empresa de consultoria Great Place to
Work Institute, por ser esse modelo um dos mais utilizados no Brasil para pesquisa
de avaliação de clima organizacional, inclusive para subsidiar a publicação das 100
melhores empresas para se trabalhar, veiculada por revista de grande circulação no
país. O modelo criado por Livering reúne variáveis de outros cinco modelos,
destacados no referencial teórico. Em seguida, comparou-se os resultados do clima
organizacional de cada hotel, aferidos na pesquisa, com os respectivos índices de
satisfação do cliente, com base em registros de avaliação realizado por cada uma
das empresas.
Nesse sentido, para a realização do presente trabalho, abordou-se no
primeiro capítulo os conceitos sobre turismo e agentes econômicos, sua evolução
histórica, o mercado turístico e os efeitos da globalização, pois com a acirrada
concorrência, as empresas precisam não apenas melhores produtos, mas também
prestar o melhor atendimento possível. Com base nesse princípio, o presente estudo
faz uma incursão teórica sobre o mercado de hospitalidade para compreender suas
raízes históricas, bem como seus principais conceitos.
O segundo capítulo trata da origem e os conceitos do termo hospitalidade,
pois entende-se que essa é uma das características mais marcantes no setor de
hotelaria e que compõem os princípios do bom atendimento no segmento de
18
turismo. Portanto, para se empreender melhorias na qualidade do atendimento como
diferencial competitivo, se fez necessário observar certos aspectos do clima
organizacional como recurso da gestão estratégica.
Para tanto, no terceiro capítulo foram abordados os princípios da Gestão
Estratégica com foco na excelência no atendimento, utilizando-se dos principais
conceitos de endomarketing, disciplina que trata do “cliente interno” e suas relações
no ambiente do trabalho, cujas variáveis determinam a qualidade da vivência no
ambiente de trabalho, conhecida por clima organizacional, bem como o impacto
desse fenômeno sobre a qualidade do atendimento. Nesse mesmo capítulo, foram
destacados os principais conceitos sobre clima organizacional e a relação que
alguns autores fazem com a qualidade do atendimento e sua aplicação enquanto
diferencial competitivo.
O quarto capítulo descreveu as organizações estudadas: Quality Resort
Lakeside e Metropolitan Flat, por meio de suas respectivas caracterizações. Na
seqüência, é feita uma comparação entre o clima organizacional e o índice de
satisfação dos clientes dos hotéis pesquisados, cuja finalidade é apenas analisar o
real impacto do clima organizacional sobre a qualidade do atendimento.
O quinto capítulo descreve a metodologia utilizada e o sexto capítulo faz
uma análise e interpretação dos dados coletados.
Abordar o clima organizacional como fator de qualidade no atendimento,
especificamente em atividades que exijam níveis elevados de qualidade, como é o
caso dos serviços oferecidos pela Rede Hoteleira Atlantica Hotels International
(Rede que tutela a bandeira ‘’Quality’’), pode trazer à tona soluções simples para
questões elementares, que nem sempre são percebidas pelo grupo ou mesmo pelos
gestores. De posse dessas informações, a elaboração de um plano de Gestão
Empreendedora pode ser um passo significante para toda a força de trabalho que
compõe a Rede.
Consciente dos benefícios dessa laboriosa e gratificante tarefa resta fazer
uma breve reflexão sobre o desafio maior deste trabalho, que foi a observância do
atendimento em seu aspecto qualitativo tanto na realização dos serviços quanto na
relação com o cliente dos hotéis pesquisados. Tão importante quanto manter a
produtividade, para atender um número cada vez maior de clientes em um espaço
19
de tempo cada vez menor, é zelar pela qualidade desse atendimento, pois a revisão
literária especializada tem demonstrado que a qualidade do atendimento é o fator de
maior importância quando o assunto é conquistar e manter clientes.
Nesse aspecto, o segmento de hotelaria deve preocupar-se duas vezes com
a qualidade do atendimento, pois não se pode conceber em qualquer empresa - que
dependa de seus clientes para realizar suas metas financeiras - a hipótese de não
atender bem seus clientes, quanto mais em um hotel com serviços para um público
seleto e exigente.
Diante das demandas em relação à qualidade no atendimento é preciso
conhecer a percepção e opinião de cada pessoa envolvida com as atividades da
empresa para, só então, traçar um plano de ação rumo às condições idealizadas.
Neste processo, considerou-se que a avaliação do clima organizacional é o método
mais indicado e adequado para colher, analisar e avaliar as informações sobre as
condições reais dos membros da equipe, e assim proceder à comparação com as
expectativas de seus clientes e efetivar as ações necessárias para adequar às
condições de trabalho ideais e que, imagina-se, jamais serão fixas e imutáveis, pois
a cada alteração do grupo, quer seja em quantidade ou em qualidade, novas
expectativas surgem e trazem consigo novas demandas que exigirão dos
empreendedores e gestores, novos e diferentes tipos de avaliações e tomadas de
decisões.
A importância da pesquisa da relação entre o clima organizacional e a
qualidade do atendimento do hotel Lakeside e Metropolitan Flat se justifica pelo fato
de que muitas informações importantes, às vezes, despercebidas pelos gestores, ou
mesmo informações novas, possam ser buscadas e trazidas à apreciação e
discussão das partes interessadas, promovendo a melhoria qualitativa na
produtividade e no atendimento, incentivando a adoção de medidas de recursos
humanos diversificadas, com vistas à promoção do bem-estar das pessoas que
trabalham nos hotéis e, conseqüentemente, com influência positiva na qualidade
final dos serviços prestados.
20
1 TURISMO: HISTÓRICO E FUNDAMENTOS
1.1 História do Turismo: Conceitos
Para Ferreira (1993, p.553), Turismo significa “viagem ou excursão, feita por
prazer, a locais que despertam interesse”.
De acordo com Andrade (2000, p.9) “turismo é fenômeno social anterior às
viagens que os jovens aristrocatas ingleses faziam, acompanhados de seus
competentes e ilustrados preceptores”.
Segundo Padilla (1997, p.33), o turismo é um fenômeno social caracterizado
pelo deslocamento “voluntário e temporário de indivíduos ou grupos de pessoas”.
Dentre as várias motivações para esse deslocamento o autor cita “recreação,
descanso, cultura ou saúde”, entre outras atividades em que as pessoas deixam
suas residências e se dirigem a outros locais para promoverem múltiplas
interrelações de cunho social, econômico ou cultural.
A ênfase sócio-cultural dada por Padilla ao Turismo é atualmente adotada
também pela Organização Mundial do Turismo, pois tal atividade possibilita a
geração de benefícios para todos os envolvidos.
Contudo, Ruschmann (1997, p.13) afirma que a palavra turismo é
relativamente recente e surgiu no século XIX. No entanto, as práticas de turismo
remontam às mais antigas civilizações. Após a segunda guerra mundial, a evolução
da prática do turismo se deu com maior velocidade, determinando novas
metodologias de estudo e novas práticas como conseqüência dos aspectos
relacionados à produtividade empresarial, e também impulsionados pelo poder de
compra das pessoas e ao bem-estar resultante do restabelecimento da ordem e da
tranqüilidade relativa no mundo, ocasionados pelo cessar guerra.
Até recentemente, a participação no turismo estava restrita a uma elite que dispunha de tempo e de dinheiro para realizar suas viagens. Atualmente, a maioria das pessoas dos países desenvolvidos, e um número significativo daquelas dos países em desenvolvimento, têm realizado viagens turísticas uma ou várias vezes ao ano (RUSCHMANN, 1997, p.13).
Se o turismo era vantagem de uma elite privilegiada, a popularização de
suas atividades tornou-se acessível à grande maioria das pessoas, e constitui-se
21
atualmente parte integrante do estilo de vida das pessoas, pois se apresenta sob as
mais variadas formas.
Com o advento da industrialização e a expansão dos grandes centros
urbanos, as condições de vida urbana têm perdido qualidade e esse fator, por si só,
deflagra uma demanda considerável na busca da população por momentos de lazer
e descontração durante as férias, feriados prolongados e até mesmo nos fins de
semana.
Segundo Sauer (1975, apud RUSCHMANN, 1997, p.14) outros fatores
contribuíram para o crescimento no setor, entre eles o autor destaca:
• o aumento do tempo livre como conseqüência da racionalização e do aumento da produtividade nas empresas. A jornada de trabalho – diária, semanal e anual – diminuiu, aumentando o tempo livre para atividades de lazer e turismo;
• a evolução técnica, que conduziu a um aumento na produtividade e à redução dos custos da produção. A produção em massa de veículos aumentou o grau de movimentação das pessoas, que se utilizam cada vez mais dos automóveis para viajar em férias;
• o aumento na renda de amplas camadas da população contribuiu para que parcelas crescentes dos rendimentos fossem direcionadas para os gastos com viagens e turismo;
• o desenvolvimento de empresas prestadoras de serviços que organizam e comercializam viagens de férias;
• a liberação das formalidades aduaneiras, a eliminação de vistos, a unificação de documentos de viagem, entre outros fatores, estimularam as viagens internacionais;
• o aumento da urbanização como conseqüência da industrialização; e,
• a falta das características do campo, nos grandes centros urbanos, incentivam as viagens de férias e de fim de semana.
As facilidades inerentes ao mundo moderno potencializaram a demanda por
atividades turísticas e abriu espaço para que, cada vez mais, pessoas pudessem
conhecer novas regiões, novas cidades, novos países e até o mundo todo, por meio
22
de viagens emocionantes quer seja em outros grandes centros urbanos ou em
regiões com recursos naturais e diferentes culturas.
Ruschmann (1997, p.15) explica que os anos de 1950 a 1970 foram
marcados pela “[...] massificação da atividade; quando os vôos charters e os
‘pacotes turísticos’ conduziram milhares de pessoas às partes mais remotas do
planeta, além de conduzi-las a localidades nos próprios países emissores”.
[...] Sabe-se que a competitividade e a rentabilidade das empresas turísticas estarão baseadas na economia de escala, nos sistemas de lucro, na segmentação dos mercados e na finalidade dos clientes. Além disso, o turismo impessoal e de massa deverá ceder lugar ao high tech. (RUSCHMANN, 1997, p.17).
A autora (op. Cit) descreve que nos países desenvolvidos, o valor
socioeconômico das atividades turísticas já se consolidou e, com o passar dos anos,
se caracterizou como “o direito ao lazer”.
Um detalhe importante entre conceituação de turismo e aquilo que se
considera como prática turística exige um entendimento mais flexível do que sugere
alguns autores.
De acordo com Lage (1991, p.25) algumas idéias podem definir o que seria
turismo, entre essas idéias o autor destaca:
• para muitos especialistas, turismo são as viagens para regiões que distam mais de 50 milhas dos locais de residência;
• outros especialistas, ao conceituar turismo , exigem que os viajantes permaneçam mais de 24 horas nos locais visitados;
• algumas definições mais tradicionais incluem somente viagens de férias e de outras motivações como, por exemplo: de estudo, de eventos, de esportes, de saúde, de religião, de compras, de visitas a amigos e parentes. Algumas dessas definições incluem as viagens de negócio como uma variação de turismo. Mas qualquer que seja o motivo da viagem, sob o aspecto econômico, é importante ressaltar que o indivíduo que viaja para um país ou região não venha exercer, nessa localidade, uma ocupação remunerada;
23
Mathieson e Wal (apud Lage, 1991, p.25) definem o turismo como:
• o movimento temporário de pessoas para locais de destinos externos aos seus lugares de trabalho e de moradia;
• as atividades exercidas durante a permanência desses viajantes nos locais de destino; e,
• as facilidades criadas para prover suas necessidades.
Embora sejam vários os conceitos e características que especificam e
distinguem o Turismo, sabe-se que tal atividade assume importante papel na
sociedade. O Turismo é uma das áreas promissoras quanto à estruturação da
economia brasileira e, desde que foi descoberto, vem assumindo cada vez mais
destaque no mercado globalizado.
A globalização possibilitou a expansão do turismo que se tornou fenômeno
social, proporcionando a inter-relação entre várias classes e possibilitando a um
número cada vez maior de pessoas conhecer outros povos, outras culturas em
qualquer lugar do planeta, quer seja por meio de caminhadas ou qualquer meio de
transporte disponível. O objetivo de tanta versatilidade é oferecer ao cidadão
moderno a satisfação de suas necessidades, quer elas sejam de ordem acadêmica,
financeira, social ou simplesmente lazer.
Para Andrade (1999, p.38), portanto, o Turismo é o conjunto de atividades
para diversos fins e interesses que envolvem desde a assessoria para a escolha de
um roteiro, deslocamentos, transportes, acomodações, alimentação, comercialização
de produtos regionais, além das atividades relacionadas aos movimentos culturais,
diversão e lazer.
Contudo, a Organização Mundial do Turismo - OMT (2007, p. 38), tem uma
definição mais atualizada para Turismo, sendo:
todas as atividades que os indivíduos realizam durante suas viagens e permanência nos lugares fora de costume, por um período consecutivo inferior a um ano, com finalidade de lazer, negócios ou outras.
24
1.2 Evolução histórica do turismo
Segundo a OMT (2007), a história do Turismo teve inicio quando o
sedentarismo do homem deu lugar às suas viagens, em especial, motivadas pelas
relações comerciais entre os povos. Nesse aspecto, compreende-se que o turismo
de negócios é antecessor do turismo de lazer, embora este último caracterize melhor
o significado genérico de turismo.
Para Beni (1997, p. 382), turismo de negócios pode ser caracterizado pelo
“deslocamento de executivos e homens de negócios, portanto turistas potenciais,
que afluem aos grandes centros empresariais e cosmopolitas a fim de efetuarem
transações e atividades profissionais, comerciais e industriais”.
De acordo com Ruschmann (1997, p. 22), o Turismo nasceu no Século XIX
como atração, cuja finalidade principal é o lazer, descanso, cultura, saúde, negócios
ou relações familiares. Estas atrações se diferenciam por sua intenção dos outros
tipos de viagens motivadas por guerras, movimentos migratórios, conquista,
comércio e outros. Mesmo assim o turismo tem uma história bem definida.
Conforme assevera Menezes (2007), foi a partir 1945 que o turismo ganhou
novo espaço na economia mundial e determinou o seu futuro na sociedade. Antes
dessa época, hotéis, operadores de transporte, agências de viagens e as agências
de turismo trabalhavam de forma individual e não integrada. Visto antigamente como
alguém que precisava apenas de acomodação, o turista despertou a atenção dos
empresários do setor para outras necessidades.
Nessa perspectiva, as grandes redes de hotéis começaram a oferecer outros
serviços, produtos e passaram a disponibilizar na sua estrutura física, lojas, spas,
clínicas de estética, salão de beleza, entre outros, no intuito de oferecer mais
comodidade e conforto ao turista, além de ampliar o tempo de permanência de seus
clientes que, conseqüentemente geravam mais receitas para a empresa.
Menezes (2007) leciona que os conhecidos pacotes turísticos tiveram seu
início na década de 80, inclusive com o incremento da locação de veículos. Além de
facilitar a visita do turista a outras regiões, os pacotes turísticos integram os mais
variados tipos de serviço, possibilitando a redução de custos e, assim viabilizando a
utilização por um maior contingente de pessoas de outras camadas sociais, além
25
das classes ditas privilegiadas economicamente.
Molina (1994, p. 40) apresenta uma síntese da evolução turística,
objetivando um panorama mais abrangente. Ele classifica a evolução turística em
três grandes fases: Pré-turismo, Turismo Industrial e Pós-turismo, descritos no
quadro a seguir:
Evolução histórica do Turismo
Pré-turismo Corrente no século XVII na Europa, onde os filhos dos
comerciantes ricos viajavam para lugares de elevado nível
cultural e comercial.
Turismo
industrial
O Turismo Industrial Inicial - ocorrente no século XIX
até o início da segunda Guerra Mundial com o surgimento dos
grandes hotéis;
O Turismo Industrial Maduro - a grande explosão a
partir dos anos 60 e fundamentada no sistema "operadora-
avião-hotel-praia";
O Turismo Pós-industrial - que surge a partir dos anos
80 e é baseado na diferenciação dos produtos/serviços e
também na desmassificação dos mercados, atendimento
personalizado e o ecoturismo que deriva as estratégias de
crescimento sustentável.
Pós-turismo O deslocamento se torna desnecessário, podendo-se
realizar turismo na própria cidade aonde se vive, recorrendo à
mega-hotéis que têm por características: um nulo contato com
indivíduos das comunidades locais; contato com cenários
naturais adaptados, aplicando a alta tecnologia; substituição da
mão-de-obra pela tecnologia, e, não se produz coma os
recursos naturais ou culturais da região.
Quadro 1 - Evolução histórica do turismo. Fonte: MOLINA, Sérgio. El Pós Turismo: de los centros turísticos industriales a las ludópolis. México: MOLINA, 1998. p 98.
É interessante observar que não necessariamente uma etapa substitui a
26
outra. Ocorre que as mudanças são tão rápidas que pode-se perceber a interação
entre as fases destacadas por Molina . A verdade é que a evolução do turismo
acontece de forma gradual e constante, não havendo portanto uma mudança
abrupta e repentina como insinua a síntese no quadro 2.
Ruschmann (1997, p. 113) se refere a evolução do Turismo como:
[...] um processo de transformação no qual a exploração de recursos, a direção dos investimentos, a orientação da evolução tecnológica e mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações humanas (Ruschmann, 1997, p.113).
1.2.1 O turismo no mundo
Levando em consideração as idéias de Padilla (1997), Ruschmann (1997),
Beni (1997) e OMT (2007) onde afirmam que o turismo é definido como atividade
social, econômica e cultural, cuja finalidade é a integração dos povos para fins de
vivências e trocas de experiências entre as pessoas e, portanto, uma atividade
globalizada por excelência, o turismo representa uma das principais atividades
sócio-econômicas mundiais, com força de trabalho equivalente a 10,7% da mão de
obra em todo o planeta, ou seja, um em cada 10 trabalhadores no mundo prestam
serviços no segmento de turismo, demonstrando assim, o poder desse segmento na
geração de renda e emprego.
Para Lage (1991, p. 7), nos últimos anos, a importância do turismo vem
crescendo significativamente no mundo, cujas empresas do ramo vêem
apresentando os maiores índices de viabilidade econômica em relação a outros
setores como a indústria automobilística, por exemplo.
Coriolano (1998, p.9) reforça a idéia de Lage (1991) quando assevera que:
[...] a importância e o significado do turismo no mundo tem crescido de forma tão expressiva que vem dando a esta atividade lugar de destaque na política geoeconômica e na organização espacial, vislumbrando-se como uma das atividades mais promissoras para o futuro milênio.
De modo geral, a população mundial parece estar inserida em um mesmo
contexto de desenvolvimento tecnológico e modernização de porcessos, cuja
dinâmica é invarialvelmente estressante e desgastante, não importando a
27
nacionalidade das pessoas envolvidas nessa dinâmica. Portanto, é natural que as
pessoas procurem cada vez mais atividades que lhe proporcionem melhoria na
qualidade de vida. Dessa forma, o turismo deixa de ser considerado luxo de pessoas
privilegiadas e passa a ser uma necessidade de todas as pessoas que precisam, de
alguma forma, melhorar sua qualidade de vida.
Conforme Castelli (2001), o turismo tem proporcionado aos indivíduos não
apenas o contato com outras civilizações, culturas e costumes, mas principalmente a
quebra da rotina, por meio de divertimento e momentos de descanso ao tempo em
que a pessoa também pode conhecer lugares novos. Nesse sentido, a internet tem
cooperado significativamente, pois tem possibilitado aos futuros viajantes a
oportunidade de ver o local de destino sem mesmo sair de casa, dando origem a um
novo tipo de cliente, mais exigente e com maior quantidade de informações.
De acordo com Hazin (2001) a era da informação tem oportunizado encurtar
as distâncias. Esse fenômeno tem suas vantagens e desvantagens. Como o dia a
dia está sendo transformado gradativamente pelas engenhosidades modernas na
área de comunicação, um novo perfil de cliente surge, determinando mudanças em
todos os setores da atividade comercial.
Por meio da internet e da TV, as pessoas recebem notícias instantâneas do
mundo todo e ficam a par do que ocorre em todo o planeta, em tempo real. As
barreiras de comunicação em todo o globo terrestre foram derrubadas e o acesso às
informações se tornou tão fácil quanto clicar um mouse. Esse fator possibilita a
interação com quase todos os tipos de pessoas espalhadas pelo mundo. A
tecnologia proporcionou às pessoas a oportunidade de “viajarem” sem sair de casa.
O intercâmbio por meio das tecnologias disponíveis tem estabelecido trocas de
experiências e informações que, ao longo do tempo, transformarão a vida das
pessoas de modo geral.
A televisão foi, talvez, um dos primeiros instrumentos de globalização, pois
mostrava ao cidadão comum continentes, países e cidades que jamais poderia
conhecer não fosse por meio de um passeio virtual, devido a dispendiosidade do
programa. Canais de televisão especializados, fornecem dados completos sobre os
principais pontos turísticos no mundo todo.
Atualmente, assim como a TV, a internet tem oferecido oportunidades
28
interativas para se conhecer lugares em qualquer parte do planeta. No entanto, a
vantagem da internet sobre a televisão é que a internet possibilita ao usuário
escolher o lugar e selecionar as informações que mais lhe interessa.
Se por um lado o passeio virtual pode “trazer” lugares até as pessoas, por
outro essa degustação turística suscita a vontade de conhecer o lugar assistido ou
pesquisado. Isso tem aflorado nas pessoas o interesse por conhecer lugares
diferentes.
A idéia de viajar vem penetrando de tal forma na mente do homem moderno que, cada vez mais, se fortalece como uma conquista, um direito, uma possibilidade, um consumo. Pode-se afirmar que a viagem é hoje um dos grandes consumos criados no contexto da sociedade através dos meios de propagação coletiva, sobretudo os meios de comunicação de massa eletrônicos (CORIOLANO, 1998, p.30).
Acredita-se que a influência da globalização na rotina das pessoas irá
promover importantes alterações no ser humano impulsionando-os a adotar a
viagem como alternativa de lazer. O princípio do capitalismo, associado a essa
transformação mundial, tem popularizado e facilitado o turismo.
A necessidade imperiosa de viajar é fabricada, sendo incorporada mercadologicamente ao rol das necessidades básicas do homem. É o homem urbano que constitui o chamado Homo turísticus ou Homo viajor (Rodrigues, 1997: 26).
Para Hazin (2000, p1) “[...] o início da movimentação turística coincide com o
desenvolvimento da sociedade industrial, mas o surgimento de um ‘turismo de
massas’ ou um ‘turismo moderno’ foi observado a partir da década de cinqüenta”
Beni (1998, p.37) leciona que antes da revolução industrial a sociedade
demonstrava preocupação com os aspectos da mundialização do turismo e, em
1937, a Comissão Estatística da Liga das Nações previa a definição do conceito de
turista internacional toda “pessoa que visita um país que não seja o de sua
residência por um período de, pelo menos, vinte e quatro horas”.
Entretanto, Trigo (1998, p. 65) assevera que, com a aceleração do processo
de globalização, o segmento de turismo tem superado todas as expectativas e
previsões estatísticas, apresentando desenvolvimento extraordinário, com
movimentação de recursos da ordem de centenas de milhares de dólares a cada
29
ano. Para o autor, "a atividade turística passou a ser um espaço privilegiado da
produção, na medida em que se tornou uma das ocupações sofisticadas do setor
terciário".
Muitos fatores contribuíram, nos países ocidentais, para o crescimento do que alguns insistem em identificar como "a indústria sem chaminé" (Lago, 1996:63; Lemos, 1999:207). Além da estabilidade política de muitos países, do crescimento econômico (com a formação das classes médias), da melhoria das condições de vida de uma parcela da população (com a redução das horas de trabalho), dos avanços tecnológicos (com o transporte mais rápido e a comunicação facilitada), o acesso `a cultura e à educação por um maior número de pessoas despertou o interesse em conhecer outras manifestações culturais, outros lugares (HAZIN, 2001).
É notório o impulso econômico que a globalização oportunizou ao turismo,
tornando-se um fenômeno mundial. A Organização Mundial de Turismo registrou, só
em 1980, um volume de US$ 105,3 bilhões e, em 1997, registrou a cifra de US$
443,8 bilhões para o movimento decorrente dessa atividade em todo o planeta
(GALINDO apud GUIMARÃES, 1999, p. 5).
Hazin (2001) afirma que no ano de 1991, segundo essa mesma
organização, “o setor ocupava 101 milhões de pessoas e os investimentos alocados
correspondiam a 7% dos investimentos mundiais”.
Segundo Carvalho (1994, p. 2) o produto bruto estimado para 2003 no
segmento de Turismo foi de US$ 8 trilhões, “com investimentos no setor estimado
em US$ 1,7 trilhão e devendo empregar, segundo essa projeção, 350 milhões de
pessoas que gerarão na atividade US$ 1,5 trilhão em impostos”.
Para Molina (1994), apesar dos aspectos econômicos serem exorbitantes,
eles não são os únicos a beneficiarem o setor. O autor destaca ainda o aspecto da
“[...] comunicação entre as pessoas que viajam ou, até mesmo, o contato direto com
a natureza e a cultura do lugar visitado. Essa experiência permite ao homem
contemporâneo uma alternativa de ‘ser-ter’ uma outra realidade”.
1.2.2 O turismo no Brasil
Trigo (1998, p.113) afirma que, em termos de Turismo, o Brasil “dorme em
berço esplêndido”. Segundo o autor, no ano de 1990 “entraram 1,08 milhão de
30
turistas estrangeiros no país e o Rio de Janeiro teve uma queda de 397,9mil para
257,7 mil, de 1989 para 1990, devido à precariedade da estrutura urbana e à farta
propaganda sobre a violência”.
Soares (2000, p.81) considerou “ridículo” o Brasil ocupar o 29º lugar no
ranking da OMT, ficando atrás de países como a Argentina, Malásia, Hungria e
Irlanda.
Sicoli (2005, p.1) também comentou a esse respeito no ano de 2005:
O Brasil ocupa o 26º lugar no ranking da Organização Mundial de Turismo, apesar de ter uma variedade impressionante de atrativos: belezas naturais, cachoeiras, praias, florestas, cidades históricas, cidades modernas, centros industriais, um rico calendário de festas e eventos, culinária diversificada, festivais de música e arte, eventos esportivos, ritmos musicais diversos, que poderia em pouco tempo nos alavancar para as primeiras posições do ranking. A população bastante miscigenada, com várias cores, sotaques e origens étnicas, chama bastante atenção dos visitantes, pois apesar de toda as diferenças, convive alegremente e pacificamente com diversas vertentes religiosas,étnicas e culturais, e unida por uma só língua falada em todo seu território, o português.
De acordo com notícia da BBC Brasil, publicada em 19/12/2006 pelo
CET/UnB, o Brasil saiu da lista dos 10 destinos preferidos pelos europeus e passou
do 2º para o 14º entre a lista dos “próximos destinos”. Uma das causas citadas pelo
responsável pela edição do Guia atribui à distância e às constantes notícias de
violência divulgadas pela mídia internacional.
Riqueza natural exuberante, povo hospitaleiro, cultura diversificada e uma
produção musical reconhecida mundialmente fazem do Brasil um pólo turístico
excepcional, entretanto o país “não está preparado para a invasão provocada pelo
turismo de massas. E, apesar do despreparo, ele virá” (Santos, 1997, p.5).
Santos (1997) afirma que “a globalização favorece a divulgação das belezas
das nossas matas, praias e grutas que vão sendo ‘descobertas’ pelos viajantes
alternativos”. Para o autor, são esses atrativos que abrem caminho para uma
exploração desregrada, indisciplinada e devastadora.
Para Santos (1997, p.5) “o Brasil não decidiu entrar na globalização, apenas
deixou entrar a globalização, é de se esperar que a produção da desordem se
acelere, gerando pobreza, desemprego, desigualdade”.
31
Nessa perspectiva, o Instituto Brasileiro do Turismo - EMBRATUR,
implementou e ampliou ações diversificadas para tratar desses problemas e,
principalmente, em decorrência do aumento da importância do turismo na economia
nacional.
Caio Luiz de Carvalho, presidente da Embratur, em discurso realizado no Seminário sobre competitividade do turismo e luta contra a pobreza, realizado em Natal-RN, em junho de 2001, realça a necessidade de reverter as condições sócio-econômicas do país através do turismo, enfatizando que esse setor tem a capacidade de transformar "tradições, manifestações espontâneas da música, da dança e da cultura de um povo, transformar suas montanhas, florestas, desertos, rios e praias em riqueza" . Tal afirmação torna, ainda mais urgente, a elaboração de medidas que visem a preservação da identidade cultural, já que constitui um diferencial de peso na escolha do destino de uma parcela significativa de visitantes (HAZIN, 2001, p.1).
Hazin (2001) leciona que as políticas de marketing mais agressivas têm
vendido o “Nordeste turístico, tanto dentro do Brasil como em outros países, vêm
trazendo resultados visíveis no incremento do número de visitantes à região”. Por
essas razões, a autora ressalta a “necessidade urgente de monitoramento científico
do fenômeno, uma vez que o turismo justapõe culturas e identidades, ressalta
diferenças”.
Com o objetivo de intensificar o uso turístico de seus territórios, os governos
dos estados da federação, com o aval do poder público federal, vem implementando
duas políticas regionais para a atividade: uma voltada para os grandes projetos e a
outra, mais diversificada, procura injetar recursos nas áreas com comprovado
potencial turístico (HAZIN, 2001, p.1).
Entretanto, para Cruz (2000, p.131)
[...] não basta a aplicação dos recursos gerados a partir desses dois programas. Para que se obtenham os resultados esperados, é necessário que ocorra uma articulação em rede, das diversas políticas ligadas à atividade turística, inclusive "nas respectivas capitais dos estados, lugares estratégicos para o processo de expansão territorial do turismo, como nós de uma rede mundialmente organizada”.
Já Coriolano (1998, p.18) ressalta que o preparo na participação desse
processo de intensificação turística no Brasil “[...] implica não apenas modernizar,
produzir e competir, mas encontrar os meios para distribuição de renda, dando
32
prioridade ao homem”.
Nessa perspectiva, percebe-se a importância de atenção à população
hospedeira que participa diretamente na acolhida ao visitante. É preciso valorizar e
preparar os moradores da região que se pretende atrair turistas, pois sem o preparo
adequado, a questão da hospitalidade pode se tornar um elemento negativo ao
invés de funcionar como atrativo.
Robinson (1999, p.22) leciona que:
“O conflito entre turista e anfitrião talvez seja o mais evidente. Ele nasce em parte de uma divergência radical de objetivo: o primeiro entrega-se a uma atividade de prazer, o segundo trabalha. O turista chega com muitas expectativas; os anfitriões, com muita freqüência, não têm a menor idéia do que devem esperar dele”
Castelli (2001, p.36) assevera que “Embora o progresso tecnológico tenha
trazido inovações e aperfeiçoamentos no seio das empresas hoteleiras, o elemento
humano continua sendo a peça fundamental”.
Dentre todas as atividades econômicas praticadas no Brasil, o turismo tem
se destacado de forma especial. Em vários países os governos despertaram para os
benefícios econômicos encontrados na prática do turismo, pois o potencial de
geração de emprego e renda é muito elevado e tem sido constatado de forma
significativa, a ponto de receber atenção especial por parte de políticos, empresários
entres outros grupos de interesse (LEMOS, 1999, p.9).
Devido à demanda crescente pelas atividades turísticas, esse segmento da
economia está entre as quatro principais atividades econômicas do mundo,
conforme afirma Lemos (1999, p.10):
[...] de fato, este setor está entre as quatro principais atividades econômicas do mundo. Gera empregos em grande quantidade e receitas gigantescas para os países que optam por essa alternativa de crescimento. Soma-se o fato da probabilidade de que seja a principal atividade econômica do mundo na virada do milênio.
Segundo Lemos (1999, p.19) As ciências econômicas estudam dois
importantes campos: a microeconomia e a macroeconomia, onde define a primeira
como sendo o campo responsável por estudar o comportamento individual dos
33
agentes econômicos, tais como: consumidores e empresas; e a segunda como
sendo a compreensão mais ampla dos sistemas econômicos, como por exemplo: a
renda nacional, o nível de emprego e dos preços, bem como as circunstâncias em
que o governo pode operar para intervir ou influenciar essas variáveis.
De acordo com Lage (1991, p.30), os agentes econômicos mais importantes
são os consumidores e as empresas, sendo que os consumidores buscam o melhor
de seus interesses pessoais e as empresas buscam multiprodução de bens e
serviços, visando melhores lucros.
Dentre as muitas ofertas e procura por bens e serviços econômicos, uma
que se destaca é o serviço de turismo, que tem como alvo satisfazer a necessidade
de lazer das pessoas, bem como vários grupos que fazem parte e interagem,
fazendo o turismo existir e crescer como um todo, conforme exemplifica Lage
(Op.Cit):
• os turistas: têm como objetivo suprir necessidades
psíquicas e físicas, fazendo o melhor de suas viagens o
que fará as escolhas do destino, transporte,
hospedagem e o que fazer de lazer.
• as empresas turísticas: visando melhores lucros,
buscam multi produção de bens e serviços, conforme a
demanda do mercado turístico.
• o governo: recebem o turismo como aumento da
economia que é motivado pela receita e arrecadação
dos impostos gerados pelo mercado de turismo.
• a comunidade anfitriã: formada pelas pessoas nativas da
região turística que têm o turismo como cultura. Para
eles o mais importante sendo o resultado das inter-
relações entre os residentes e os visitantes.
Sendo que o mais importante motivo para o crescimento do turismo é a
interação de alvos e trabalhos dos quatro grupos de agentes que fazem parte
dessas atividades turísticas.
34
Uma outra importante segmentação do setor econômico é a divisão por
setores. Lemos (1999, p.23) destaca essa segmentação dos setores da economia
como:
• Setor primário: que envolve agricultura, a pecuária, a pesca, a extração de minérios e de vegetais, a horticultura e outros;
• Setor secundário: que engloba as empresas industriais, por exemplo: máquinas e equipamentos, automóveis, autopeças, plásticos, móveis, construção civil, alimentos industrializados, tecidos e diversos outros; e,
• Setor terciário: que envolve atividades de serviços como: educação, transporte, comunicação, saúde, bancos, lazer e entretenimento, serviços de hospedagem, eventos, fornecimento de energia, água, esgoto e outras.
As atividades de turismo, portanto, pertencem ao setor terciário, pois
envolvem a prestação de serviços por meio de empresas e agências. Destarte,
pode-se perceber a influência do turismo nas atividades dos outros dois setores,
uma vez que demanda uma série de consumo dos chamados bens intermediários.
Bahl (Org, 2004, p.3) informa que, segundo a Embratur, já em 1994 o Brasil
havia recebido 1,7 milhões de turistas estrangeiros e, em 2000, em apenas 6 anos,
esse número havia triplicado, tendo evoluído para 5,3 milhões. No mesmo ano,
foram registrados 38,2 milhões de turistas domésticos, tendo movimentado US$ 25,8
bilhões na economia interna brasileira, somente no ano de 2000.
Com base nas perspectivas anunciadas à respeito do turismo de modo
geral, percebe-se um campo crescente e cada vez mais promissor para o mercado
de hospitalidade, pois quanto maior for o número de pessoas se deslocando de suas
casas para conhecer ou visitar novos lugares, maior será a demanda por
modalidades de hospedagem, fomentando ainda mais o mercado de hotelaria em
todo o mundo.
A tendência de crescimento do setor de serviços em hospitalidade coloca a
indústria hoteleira como uma das principais atividades de geração de renda e
emprego, além de ser considerada uma indústria ecologicamente correta,
demonstrando o quanto este setor pode contribuir com a sociedade de modo geral.
35
2 O MERCADO DA HOSPITALIDADE NO BRASIL
2.1 Origens e conceitos do termo hospitalidade
A hospitalidade, de modo geral, é um costume de origem familiar que se
estendeu para a área comercial, tomando proporções industriais como é o caso das
grandes redes hoteleiras. Entretanto, as características peculiares da hospitalidade
requerem muito mais do que simplesmente oferecer e cobrar por um espaço onde a
pessoa possa descansar e fazer sua higiene.
De acordo com Dias (2002, p.13) as atividades de hospitalidade abordam:
[...] desde a satisfação de necessidade de ordem psicológica, passando pelas trocas culturais, até as relações socioeconômicas, chegando à discussão sobre os aspectos atuais da indústria da hospitalidade e serviços de alimentação.
Portanto, percebe-se que a hospitalidade não se limita aos serviços
oferecidos pelos hotéis, mas indica a participação de toda a população de uma
determinada localidade, pois desde a chegada ao aeroporto ou a rodoviária, o turista
entra em contato com diversas pessoas que trabalham em setores da cadeia
turística. Nesse aspecto, a hospitalidade começa no desembarque, continua no hotel
e termina na partida do cliente. O resultado sobre a qualidade da hospitalidade
dependerá da leitura que o turista fizer durante sua permanência na localidade
visitada, estando além das limítrofes da hotelaria.
De acordo com Castro (2004, p.1) “a hospitalidade tem sido estudada por
vários pesquisadores do mundo inteiro. Com isso, existem diferentes tendências em
sua análise” e aponta algumas linhas de pensamento no meio acadêmico mundial.
O estudo francês possui uma tendência sobre a hospitalidade pública, já o estudo americano aborda a hospitalidade comercial, para nós brasileiros seria o equivalente ao estudo da hotelaria [...] e tem a pretensão de identificar uma análise ampla da hospitalidade, abordando todos os espaços da hospitalidade, inclusive a hospitalidade comercial onde existem análises sobre o que percebemos “além dos contratos mercantis” sob a forma de doação incondicional e que podemos nos remeter ao estudo da “dádiva”, discutido por Jacques Godbout (1999) em o “espírito da dádiva” (CASTRO, 2001, p.1).
36
De acordo com Watanabe (2007) “a hospitalidade é um conceito tão antigo
quanto às formas mais remotas de atividade social, desde as mais arcaicas, tanto no
Ocidente como no Oriente; considerada como um atributo de pessoas e de
espaços”.
Segundo Ferreira (1993, p.290) hospitalidade se refere à hospedagem e é a
qualidade de quem é hospitaleiro. Para hospitaleiro, Aurélio define como aquele “que
dá hospedagem por bondade ou caridade; ou que acolhe com satisfação
(hóspedes)”.
A origem desta palavra vem do latim e que tem significado de acolhimento.
Nesse sentido, hospitalidade indica a atribuição de valor ao tratamento dispensado
às pessoas.
Atualmente, estudiosos de administração de serviços relacionam a
hospitalidade como valor e princípio para ser cultivado pelas empresas. O objetivo é
antecipar-se às necessidades dos clientes nessa era onde o cliente é o foco
principal.
2.2 O histórico da hotelaria no mundo
A análise e o entendimento do mercado da hospitalidade no mundo, significa
abordar a conhecer conceitos de receptividade turística, atendimento, presteza,
encantamento, gastronomia e uma arrojada gestão de pessoas.
De acordo com Campos (2003, p.11), com a chegada do século XX, o
segmento da hotelaria ganhou um novo rumo, com direção, organização e
padronização, ganhando assim, importância semelhante à adotada pela indústria
tradicional da época.
Segundo Lattin, (1998 apud CAMPOS, 2003, p.12) entre 1750 e 1820, a
Nova Inglaterra, diversificou conceitos, inovou e melhorou serviços, conquistando
assim, a reputação de serem os melhores hospedeiros da época, ainda com
pequenas e medias estruturas.
A cidade de Nova York, em 1794, oficializa a abertura de seu primeiro
projeto especialmente construído para ser um hotel: o City Hotel, com 73 quartos.
37
Essa estrutura tornou-se uma referencia empresarial e social para os nova-iorquinos
bem-sucedidos. O City Hotel foi o primeiro grande passo para a evolução da
hotelaria nos Estados Unidos. (LATTIN 1998).
Conforme Campos, (2003) o segmento da hotelaria nos Estados Unidos foi
marcada por três grandes movimentos:
• Na metade do século XIX, com a construção de prédios próprios para hotéis nas grandes cidades do Leste, que possuíam camas para duas ou três pessoas, chaves na porta e bacia com jarro de água para higiene simples.
• No mesmo período, quando a corrida para o Oeste propiciou não somente a expansão das ferrovias, como também a instalação de hotéis nas cidades em desenvolvimento do Meio-Oeste em direção ao Pacifico. Esses hotéis ofereciam ainda, refeições e banho. Outros agregavam também o jogo e a prostituição, resultando nas primeiros hotéis-cassinos de Oeste.
• Entre 1930 e 1940, com a expansão da industria automobilística e da malha viária americana, surgiram os primeiros motéis, sendo que em 1963, os Estados Unidos já contabilizavam 36 mil motéis à beira das rodovias.
Abbey (1989 apud CAMPOS, 2003) afirma que no começo dos anos 50, a
hotelaria mundial, principalmente a americana, evoluiu em função de diversos
fatores, onde entre eles, os principais foram:
• Crescimento populacional;
• Maior longevidade da população;
• Aumento da renda familiar;
• Crescimento do tempo destinado ao lazer;
• Expansão das grandes rodovias;
• Desenvolvimentos das zonas suburbanas;
• Crescimento das viagens aéreas.
Percebe-se uma evolução histórica e estrutural da hotelaria mundial. O
crescimento populacional, a evolução cultural e as necessidades naturais do ser
humano foram fundamentais para a afirmação da hotelaria.
38
2.3 O histórico da hotelaria no Brasil
Para Campos (2003, p.11), “a grande dificuldade de conhecer e analisar o
mercado da hospitalidade no Brasil decorre do fato de que os serviços hoteleiros em
nosso país foram tratados [...] como um negócio agregado à família”.
Outro aspecto sobre as origens da hospitalidade brasileira, diz respeito às
instituições religiosas como é o caso do Colégio de Jesus de Salvador, que possuía
em sua estrutura uma casa de hóspedes, cujo objetivo era hospedar pessoas
recomendadas por autoridades, às vezes pagantes ou até mesmo por questões de
caridade (CAMPOS, 2003, p.15).
Com a demanda crescente de negócios, cultura e recreação no Brasil do
século XIX, as estruturas de hospedaria tiveram que se adaptarem para receber os
visitantes. Dessa forma, houve um processo de massificação do turismo, exigindo,
entre outras coisas, a evolução dos meios de transportes para tornar as viagens
mais acessíveis às classes menos abastadas financeiramente, possibilitando que
mais pessoas usufruíssem dos serviços nesse setor, conforme afirma Badaró
(2007).
Segundo a Confederação Nacional do Comércio (2007, p. 21), no Brasil, “Os
hotéis de melhor categoria começaram a surgir em antigas mansões, como o Hotel
Ravot [...] ou fora do centro do Rio, alguns deles em bairros afastados”. Além de
oferecerem maior conforto aos seus hóspedes, as suntuosas e espaçosas mansões
preservavam seus hóspedes dos inconvenientes de qualquer grande centro urbano,
como barulho, o movimento contínuo e a ausência de infra-estrutura de saneamento
na capital daquela época. Outro atrativo eram as belas paisagens, peculiares ao
campo.
De acordo com Caldeira (1995, apud CAMPOS, 2003, p. 16) em meados do
século XIV, havia no Rio de Janeiro duas centenas de estabelecimentos de
hospedagem, em sua maioria de propriedade estrangeira e apenas um terço
empreendido por brasileiros. No entanto, em termos de hotelaria, “o grande marco
foi o Hotel Avenida, inaugurado em 1908 com 220 quartos e salas tidas como
magníficas”.
39
Belchior e Poyares (1987, p. 40) relatam que o desenvolvimento hoteleiro no
Brasil, a partir da Capital Federal, na época o Rio de Janeiro, incentivou o comércio
e a utilização de muitas novidades tecnológicas, além de inserir o hotel na vida
social colaborando para a transformação dos costumes próprios da sociedade
colonial, a exemplo das festas e exposições artísticas promovidas pela Corte
portuguesa, promovendo inclusive shows com artistas internacionais, fomentando a
taxa de ocupação nos hotéis da cidade. Desde então os hotéis passaram a fazer
parte do roteiro de diversões da cidade, promovendo bailes e festas de carnaval,
oferecendo um ambiente alternativo e mais requintado para os foliões mais elitizados
que queriam se divertir sem os inconvenientes das ruas.
Dados da Confederação Nacional do Comércio (2005, p. 24) revelam que o
turismo seguiu crescendo em outras regiões do país, a partir da segunda metade do
século XIX, a exemplo do Rio Grande do Sul, onde a cidade de Porto Alegre passou
a contar, em 1870, com o Hotel del Siglo, localizado na Praça da Alfândega.
Também no Estado de Minas Gerais, foi inaugurado em 1881 o Hotel Caxambu e o
Grand Hotel Pocinhos, instalado na Cidade de Poços de Caldas. Tais hotéis se
constituem os mais antigos ainda em funcionamento no Brasil.
Os hotéis eram procurados, sobretudo, por imigrantes, conforme relata a
Confederação Nacional do Comércio (2005, p. 24):
Nessa época, nada foi mais impactante para o turismo no Brasil do que a imigração, não apenas pela exigência de acomodações para os imigrantes, mas também pela experiência que traziam nos serviços de hotelaria europeu. No Rio Grande do Sul, por exemplo, de 1859 a 1875, o Governo da Província registrou o número de 12.563 estrangeiros, das seguintes nacionalidades: alemães (8.412), austríacos (1.452), italianos (729), franceses (648), suíços (263) e outros (105).
Com a revolução industrial e a necessidade de mão de obra qualificada e
experiente nos ramos que se expandiam no Brasil, inclusive o ramo hoteleiro, muitas
empresas contratava mão de obra estrangeira e com isso o número de imigrantes
que chegavam ao Brasil não parava de crescer (BADARÓ, 2007).
A Confederação Nacional do Comércio (2005, p. 26) confirma o relato de
Badaró (2007), ao registrar que “[...] em apenas cinco anos, de 1895 a 1900, a
população da paulicéia saltou de 130 mil habitantes para 240 mil. Enquanto isso, a
atividade hoteleira crescia incessantemente na cidade”.
40
Segundo Campos (2003, p. 17), “o crescimento da rede hoteleira no Brasil
está ligado ao desenvolvimento das formações urbanas do começo do século XX
atrelado aos caminhos das ferrovias”. Nesse sentido, as regiões mais desenvolvidas,
a exemplo da Região Sudeste, foram mais beneficiadas pela cultura cafeeira e a
abertura das grandes fazendas.
Com as demandas da produção rural para os grandes centros urbanos, o
fluxo de pessoas era intenso entre essas localidades, aumentando
consideravelmente a oferta hoteleira.
Além da área produtiva e comercial, as atividades de lazer e entretenimento
também mantinham suas demandas em alta escala. Entretanto, com a proibição do
jogo no governo de Eurico Gaspar Dutra, em 1946, os hotéis que mantinham suas
taxas de ocupação em função do jogo, quase vão à bancarrota e precisaram investir
em atividades alternativas como as fontes termais, por exemplo, muito difundido
para cura de diversas doenças orgânicas (CAMPOS, 2003).
Com a entrada da indústria farmacêutica no Brasil, oferecendo
medicamentos para cura e controle das doenças que eram objeto do termalismo,
mais uma vez os hotéis se vêem desafiados a sobreviverem a uma baixa taxa de
ocupação, afetando inclusive os hotéis urbanos.
Com a decadência das grandes redes hoteleiras da época, os investimentos
migraram para o setor imobiliário. Dessa forma, hotéis eram demolidos e davam
lugares a edifícios com salas comerciais ou residenciais (CONFEDERAÇÃO
NACIONAL DO COMÉRCIO, 2005).
Com a construção da nova Capital Federal, passa a prevalecer o governo
militar que privilegiaria a modernização dos transportes e a expansão das
comunicações. Com isso, houve um surto desenvolvimentalista, promovendo a
indústria automobilística, ao tempo em que sucateavam a malha ferroviária,
enfraquecendo ainda mais três setores de negócios: as ferrovias, os hotéis e os
cinemas.
41
2.4 A força do mercado
Segundo a Confederação Nacional do Comércio (2005), com a crise no
segmento de turismo por efeito da proibição dos cassinos no País e da decadência
da hotelaria por conta dos prejuízos que se abatia sobre esse setor da economia,
surgiu a união de representantes de agências de viagens e criaram, em 1953, a
ABAV – Associação Brasileira das Agências de Viagens.
Não obstante as mudanças políticas do fim do século XIX terem feito
sucumbir os investimentos turísticos e, em especial, o setor hoteleiro no Brasil, o
turismo tem se mostrado como um dos segmentos da economia que oferecem a
melhor relação custo benefício.
Para Wille (2007, p.1) o mercado de turismo “[...] é uma das atividades
econômicas mais promissoras para o novo milênio”. Segundo a autora, essa
afirmativa é muito mais do que uma simples afirmação otimista à respeito do
segmento, ao afirmar:
Empreendedores nacionais e estrangeiros, os diversos setores da economia que estão envolvidos com a área de Eventos, Lazer e Turismo, as entidades representativas (EMBRATUR, ABAV, ABIH, etc.), além das instituições governamentais, já perceberam essa realidade. Da mesma forma, perceberam também, que muitas ações podem e devem ser feitas para melhorar o mercado do Turismo no Brasil.
De acordo com números do IBGE (2007), o Brasil recebeu em 2001 cerca de
4.773 milhões de estrangeiros, sendo que 28% dessas pessoas foram para o Rio de
Janeiro.
Segundo dados da Associação Brasileira de Viagens, atualmente o turismo
movimenta, no mundo, aproximadamente U$ 3,5 trilhões, representando quase 10%
do PIB da terra. A Embratur informa que a indústria do turismo no Brasil movimenta
mais de R$ 30 bilhões, o que representa algo em torno de 3,5% do PIB nacional,
sendo que o turismo interno responde por, aproximadamente, 80% deste total.
(REVISTA TURISMO, 2007).
Para justificar esse crescimento, Martin (2003, p.183) cita a “[...] estabilidade
monetária do real, a queda da taxas de juros, o crescimento da economia brasileira e
a modernização da infra-estrutura como formas fundamentais para estimular a vinda
42
de capital estrangeiro”.
Para Martin (2003, p.183), a vantagem em se investir no turismo é devido ao
fato do turismo requerer baixo investimento, se comparado a outros setores da
economia, fato que também contribui muito para o crescimento acelerado no setor.
Ela exemplifica a facilidade de geração de emprego e faz uma comparação entre a
indústria do turismo e a indústria automobilística dizendo que: “[...] bastam R$10.000
para gerar um emprego em restaurante e R$ 40.000 para a mesma vaga em hotel.
Na indústria automobilística, são necessários R$170.000”.
Apesar de o turismo mostrar toda essa potencialidade, por meio de números
expressivos, seu desenvolvimento depende de outros fatores como, por exemplo, a
conscientização da responsabilidade de todos, em promover ações sociais e
envolver a comunidade nos aspectos de preservação do meio ambiente e dos
recursos naturais, bem como o setor empresarial destinar recursos para
investimentos nas comunidades receptoras dos turistas, com vista a otimizar o
receptivo turístico.
Neste sentido, Martin (2003, p.183) informa a necessidade em se conhecer
os componentes do turismo e a dinâmica entre esses elementos para poder
potencializar a procura por um determinado destino turístico.
Por destino turístico Martin (2003, p.184) considera alguns elementos
importantes, tais como:
• Atrativos: Museus, galerias, locais históricos, parques e jardins, parques de diversões, cultura local, indústria e agro-turismo, artesanato, boates, clubes e instituições;
• Aventura e divertimento: Parques, pesca esportiva, esportes e aventuras, náutica e esportes ao ar livre;
• Alimentação: Restaurantes, refeições, café, comida típica, bares e serviços de abastecimento;
• Comércio de viagens: Agência de viagens e operadoras de turismo;
• Eventos: Eventos especiais, encontros, conferências, convenções, festivais, mostras comerciais, feiras e exposições;
• Hospedagem: Hotéis, motéis, estâncias, campings, pensões, quartos, hotéis de lazer, lodges, hotéis-residência, flats, albergues e pousadas;
43
• Serviços turísticos: Departamentos turísticos oficiais, centros de informação, serviço de reserva, guias de turismo, associações profissionais, consultores, educadores de turismo, serviços básicos e segurança; e,
• Transportes: Companhias aéreas, ônibus, ferrovias, marítimo e fluvial, locadoras de veículos, veículos recreativos, táxis, postos de gasolina e oficinas mecânicas.
Contudo, dados da OMT divulgados pelo Sebrae (2007) revelam que desde
o atentado ao World Trade Center, em 2002, e também devido aos conflitos recentes
entre países do Oriente Médio com envolvimento dos EUA, alguns lugares sofrem
retração:
[...] no ano de 2003, foram realizadas no mundo 649 milhões de viagens, representando uma queda de 1,2% em relação a 2002, queda esta motivada pelos conflitos globais. Apesar dos números negativos, a América do Sul vem tendo aumentos significativos de procura, haja vista, ser uma região localizada fora das zonas de conflito. O Brasil é um dos países da América Latina que mais demonstram este crescimento, no ano de 2000, o país recebeu 5,3 milhões de turistas estrangeiros, atingindo um recorde histórico. Este índice ainda é pequeno se comparado aos apresentados por países como a França, Estados Unidos e Espanha e se levarmos em consideração a diversidade de atrativos que o país apresenta. Hoje, o Brasil possui infra-estrutura e projetos turísticos que atestam a sua vocação na área de uma forma mais concreta e consistente do que na última década.
Como visto, apesar de alguma retração no setor, o turismo não pára de
crescer e tem recebido muitos investimentos em praticamente em todo o mundo e
no Brasil esse fato é uma realidade, onde empresários e principalmente o governo
brasileiro, demonstram interesse na geração de empregos e distribuição de renda,
em especial no mercado de entretenimento e, por conseqüência, em hotelaria.
Campos (2003, p. 32) revela que apenas no mercado brasileiro de hotelaria
se concentram cerca de um milhão de trabalhadores, que prestam serviços em pelo
menos 19 mil meios de hospedagem. O faturamento no ramo de hotelaria, no país
alcançou, em 2000, um volume de 10 bilhões de reais e 75 bilhões em atrativos
fixos, conforme dados da Associação Brasileira da Industria de Hotéis – ABIH.
Segundo Stilpen (2007, p.1) a expansão do turismo, em especial do
mercado de hotelaria no Brasil tem sido responsável pela geração de empregos
diretos e indiretos em diversos setores da economia. Segundo o autor, o efeito
44
multiplicador do turismo repercute em, pelo menos, 52 ramos de atividade. Esse fato
por si só demonstra a força do mercado de turismo no Brasil.
Além da geração de emprego e renda, Stilpen (2007) destaca que a
construção em ritmo acelerado de hotéis, resorts, pousadas, entre outras
modalidades de hospedagem, em diversas localidades no Brasil, tem beneficiado a
população local tanto do ponto de vista econômico quanto sócia. Dentre os efeitos
deste setor, o autor destaca “[...] maior arrecadação de impostos, preservação do
meio ambiente, conservação do patrimônio histórico, geração de empregos
desestimulando, inclusive a migração”.
Nesse sentido, o turismo tem se estabelecido cada vez mais como excelente
fonte de rentabilidade para o Brasil, recebendo investimento de um número
crescente de empresários e investidores em diversos segmentos do comércio e da
indústria, inclusive na modalidade de franquias.
45
3 GESTÃO ESTRATÉGICA: CLIMA ORGANIZACIONAL E
EXCELÊNCIA NO ATENDIMENTO
3.1 Origem, conceitos e relações entre clima organizacional e qualidade do
atendimento
Não se pode conceber a qualidade sem um agente motivador. Os
trabalhadores têm seus objetivos e metas pessoais que estão condicionados e
subordinados aos objetivos e metas profissionais. Dessa forma, as pessoas sabem
que para alcançarem os objetivos pessoais precisam realizar antes suas tarefas
profissionais de forma satisfatória.
Salgado (2005, p. 41) assevera que quando se fala em motivação, não se
pode deixar de falar em liderança. Nesse sentido, Uma das teorias mais conhecidas
para definir o comportamento individual e o modo de agir de cada pessoa ou grupo
diante de determinada situação parte da investigação dos traços da personalidade.
Definida por Allport (1966, p. 50) como: “organização dinâmica no indivíduo
dos sistemas psicofísicos que determinam seu comportamento e seu pensamento
característicos” a personalidade se distingue, na opinião do autor, de caráter e
personalidade. Para o autor, o caráter associa-se mais aos hábitos, atitudes e
interesses apresentados pelo sujeito, enquanto temperamento está relacionado aos
fenômenos de natureza emocional do indivíduo, incluindo a estimulação, intensidade
e situações que predispõem a manifestação destes fenômenos.
A importância de se diferenciar personalidade, caráter e temperamento faz-
se fator necessário, pois muitas vezes tidos como semelhantes percebe-se que de
fato tratam de características intrínsecas do ser humano, entretanto, a personalidade
está muito mais ligada à essência do indivíduo, enquanto caráter e temperamento
em algum momento relacionam-se com fatores externos.
Nos estudos sobre motivação, a teoria dos traços de personalidade mantém
maior aceitação sobre os estudos acerca de caráter ou de temperamento. Uma das
hipóteses que provavelmente envolve esta questão pode ser explicada devido ao
fato de que líderes historicamente reconhecidos mantinham traços semelhantes em
sua personalidade e tinham um fator motivacional bastante destacado.
46
Evidentemente não se tem uma personalidade definida para esta ou aquela
pessoa, mesmo porque é a combinação de diversos traços que irá delinear a
personalidade de cada ser humano. Entretanto, segundo Stogdil (apud PIETRI JR,
MOSLEY e MEGGINSON, 1998, p.379), teórico desta linha de pesquisa, as pessoas
que mais se destacam no cumprimento de suas metas, apresentam um conjunto de
traços encontrados em sua personalidade, não apenas no caráter ou temperamento.
Dentre os traços encontrados pelo pesquisador encontram-se: habilidade
pessoal e interpessoal, habilidade técnica, habilidade administrativa e espírito de
liderança eficaz, o que não significa dizer que a pessoa motivada nasça com gens
de motivação.
3.1.1 A origem do termo
Semanticamente, o termo “Clima” foi emprestado da climatologia e aplicado
em outras áreas do conhecimento por sua analogia em relação à “temperatura” de
um determinado lugar. A palavra “clima” vem do grego “Klima”, quer dizer inclinação,
tendência; que na Climatologia refere-se à incidência dos raios solares sob um
determinado lugar ou região, entre outras influências de fatores atmosféricos, a qual,
determinam a diferença de temperatura e as estações em cada parte do planeta
(BRESCANCINI, 2007).
Clima organizacional é semântica e analogamente definido por especialistas
em lingüística como “a atmosfera do ambiente de trabalho”, ou seja, as expectativas
e percepções mantidas por colaboradores em relação a vários fatores profissionais,
tais como: membros da equipe, condições de trabalho, plano de salário, plano de
carreira, sentimento de realização e produtividade, entre outros, que determinam as
características do ambiente profissional (BRESCANCINI, 2007).
O estudo sobre clima organizacional tem chamado a atenção de
especialistas de diversas áreas, em especial da Administração, por meio da
disciplina de Marketing/Endomarketing e da Psicologia, por meio da Psicologia
Organizacional.
47
3.1.2 Evolução histórica do termo
Levando em consideração o trabalho realizado por Forehand e Gillmer
(1964), comparado com os estudos apresentados por James e Jones (1974),
Palácios (2006) conclui que “[...] houve uma grande mudança na compreensão do
clima organizacional, em relação à apresentada por Forehand e Gillmer (1964)”.
Palácios, (2006) salienta que a mudança observada, diz respeito ao
reconhecimento da dinâmica entre a organização e seus colaboradores, corrigindo o
papel de “fornecedores de informação” para “[...] responsáveis pela construção do
clima a partir do significado que outorgam àquilo que percebem”.
Nesse sentido, James e Jones (1974 apud PALACIOS, 2006) influenciam
com seus estudos a construção de uma nova visão sobre o clima organizacional,
deslocando seu sentido com base em um fato isolado para reconstruí-lo a partir do
significado global que o indivíduo atribui à organização.
Em 1983, Scheneider e Reichers (apud PALÁCIOS, 2006, p. 6) publicam
artigo tratando da etiologia do termo clima organizacional, onde descrevem uma
síntese das três abordagens identificadas:
a) a abordagem estrutural: essa abordagem é similar à abordagem de
mensuração organizacional de atributos múltiplos apresentada por James e Jones
(1974). Tal definição explica o surgimento do clima organizacional a partir de
aspectos objetivos da organização como tamanho, centralidade ou descentralidade,
número de níveis hierárquicos, tipo de tecnologia utilizada na produção e grau em
que as políticas são obstáculos para o comportamento;
b) a abordagem da seleção via atrito-atração: está sustentada nas
percepções individuais. A similaridade dessas percepções seria o resultado de um
processo de seleção realizado tanto pela organização como pelos indivíduos que a
ela se vinculam. Este processo de mútua escolha explicaria a relativa
homogeneidade entre os membros da organização e, portanto, a similaridade das
suas percepções sobre os aspectos organizacionais e sobre o clima; e,
c) a abordagem interativa: é denominada interacionismo simbólico e constitui
uma nova proposta, realizada por Schneider e Reichers, para a compreensão da
etiologia do clima organizacional. Tem como fundamento, segundo os autores, os
48
trabalhos sobre o interacionismo simbólico, realizados por Mead em 1934.
Pode-se perceber que a mudança fundamental no conceito de clima
organizacional, apresentada pelos autores citados, diz respeito à ênfase dada no
aspecto social dos relacionamentos internos.
Para Palácios (2006) “[...] o clima deixa de ser concebido como um evento
que ocorre dentro do indivíduo, para ser analisado à luz de uma perspectiva social”.
Portanto a definição do termo clima organizacional é relativo e variável, pois leva em
consideração a percepção de um determinado grupo, com base nos significados
atribuídos e sustentados socialmente pelos membros desse grupo aos eventos que
ocorrem no meio organizacional.
Moran e Volkwein (1992 apud PALACIOS, 2006, p.8) definem em seus
estudos (1992) os termos mais recentes sobre conceito de clima organizacional,
bem como as suas diversas abordagens. Para eles a perspectiva sobre o termo diz
respeito à forma de conceber o clima organizacional, com ênfase na abordagem
cultural, onde afirmam:
[...] o clima organizacional é fortemente influenciado pela cultura da organização na qual os indivíduos estão inseridos. Esta abordagem está relacionada com a nova corrente teórica conhecida como paradigma interpretativo, segundo o qual os grupos nas organizações moldam o senso comum em relação à história, valores, intencionalidade e propósito das ações organizacionais, por meio da interpretação coletiva. A este respeito, os autores comentam que há uma mudança do foco psicológico primário inerente à abordagem interacionista, para um foco sociológico. O centro da análise deixa de ser o indivíduo que percebe e passa a ser o grupo de pessoas que “vive” a organização.
No entanto, Palácios (2006, p.8) reitera:
[...] A diferença fundamental entre a abordagem interativa e a apresentada por Moran e Volkwein (1992) radica na compreensão que padrões de comportamento não constituem somente reflexos de processos cognitivos aprendidos num processo de estímulo e resposta. Esses comportamentos, segundo os autores, estão sustentados na cultura da organização, a qual, por sua vez, está baseada em um sistema de significados compartilhados pelo grupo. Assim, a cultura não está presente apenas nos processos cognitivos de indivíduos, mas nos processos de interação que ocorrem entre indivíduos.
49
3.1.3 Clima organizacional
Em Psicologia Organizacional, o Clima Organizacional é um tema estudado
há pelo menos quatro décadas, no entanto, segundo Palácios (2006, p.1) “[...] a falta
de clareza a respeito do seu significado e extensão continuam sendo uma
constante”.
Segundo a autora (op. Cit) Forehand e Gillmer foram os primeiros a
organizarem as publicações existentes sobre o conceito de clima organizacional.
Ambos estudaram, em 1964, 104 obras divulgadas entre os anos de 1939 e 1963
sobre o tema, onde concluem que clima e ambiente organizacional são
considerados sinônimos. A partir daí, surgia então mais uma nova disciplina: a
Psicologia Organizacional.
A ênfase de estudo dessa escola da Psicologia é o comportamento
organizacional, cujos interesses científicos se referem “[...] aos impactos que
mudanças ocorridas no seio das organizações, tinham sobre o clima” (PALACIOS,
2006).
Clima organizacional é definido como “a qualidade do envolvimento afetivo
entre os membros de uma equipe, que buscam objetivos comuns” (ALVES, 2000,
p.1).
Fourgous e Iturralde (1991, apud ALVES, 2000) entendem o fenômeno
como:
[...] o conjunto de características objetivas e relativamente permanentes da organização, percebidas pelos indivíduos pertencentes à organização, que servem para lhe dar uma certa personalidade e que influenciam o comportamento e as atitudes de seus membros.
Forehand e Gillmer (1964) definem o clima organizacional como:
[...] o conjunto de características que descrevem uma organização e que: a) a distinguem de outras, b) são relativamente duradouras ao longo do tempo; e c) influenciam no comportamento das pessoas na organização. Em relação à mensuração do construto, afirmam, os problemas são semelhantes aos enfrentados por estudiosos do comportamento individual, pois a personalidade seria para o indivíduo o que o clima seria para a organização. A partir da revisão de literatura, identificaram, como metodologias de mensuração do clima, a observação intensiva em situação
50
de campo, a avaliação das percepções dos membros sobre a organização, a observação de propriedades organizacionais objetivas e a manipulação experimental das propriedades organizacionais.
Por sua vez, Abbey & Dickson (1983) lecionam que clima organizacional é “a
qualidade de um ambiente interno de uma organização, que resulta do
comportamento e conduta dos seus membros”. Para os autores, a condição do clima
no ambiente de trabalho serve como referência na interpretação das situações com
impacto direto sobre as atividades, direcionando-as de forma positiva ou negativa.
Já Campbell et al. (1970, apud PALÁCIOS, 2006) asseveram que o clima
organizacional pode ser visto como:
[...] um conjunto de atributos específicos de uma organização em particular, que pode ser influenciado pela forma como esta organização lida com seus membros e seu ambiente. Para cada indivíduo dentro da organização, o clima assume a forma de um conjunto de atitudes e expectativas estáticas (tal como o grau de autonomia), como variáveis comportamentais de resultado ou eventos de saída.
Em uma perspectiva filosófica, Luz (1996) diz que: “clima organizacional é o
reflexo do estado de espírito ou do ânimo das pessoas, que predomina numa
organização em um determinado período” e salienta a importância de se considerar
o fator tempo na interpretação do conceito, pois o clima do ambiente interno de uma
organização é instável e se modifica conforme a interferências de inúmeras
variáveis.
Dessa forma, entende-se que clima organizacional é o resultado da
percepção de uma realidade objetiva que os trabalhadores constroem de acordo
com o que vivenciam e sentem em relação ao grupo em que trabalham e à
organização de um modo geral, e que se modifica de forma dinâmica e constante em
função de diversas variáveis.
3.1.4 Avaliação do clima organizacional
Posteriormente, com base nos princípios e conceitos citados, vários modelos
de avaliação do clima organizacional foram surgindo. Dentre os principais, Pereira
(2003, p.20-25) destaca os seguintes:
51
a) Modelo de Litwin e Stringer
O modelo proposto por Litwin e Stringer (SANTOS apud PEREIRA, 2003)
apresenta sete fatores:
Conflito: é o sentimento de que os membros da organização, em todos os
níveis, aceitam opiniões contrárias e não temem enfrentar e solucionar problemas
tão logo estes surjam
Cooperação: é o sentimento dos membros da organização sobre a
existência de um espírito de ajuda tanto por parte das lideranças quanto dos demais
colegas, dando ênfase no apoio mútuo;
Desafio: corresponde à percepção dos membros da organização quanto aos
desafios impostos pelo trabalho;
Estrutura: representa a percepção dos membros da organização sobre a
quantidade de regras, procedimentos e outras limitações enfrentadas para a
realização dos trabalhos;
Recompensa: corresponde à percepção dos membros sobre a adequação
da recompensa por um trabalho bem feito. Essa recompensa serve como reforço
positivo sobre uma atitude ou sobre um resultado esperado do colaborador;
Relações: é a percepção dos membros da organização acerca da existência
de um ambiente de trabalho gratificante e de boas relações sociais, tanto entre os
pares quanto entre chefe e subordinados; e,
Responsabilidade: é o sentimento dos membros da organização a respeito
da sua autonomia nas decisões relacionadas ao seu trabalho. Leva em
consideração se a supervisão que recebem é do tipo mais geral, ou seja, o
sentimento de ser seu próprio chefe.
b) Modelo de Kolb
Conforme descreve Pereira (2003, p. 21) o modelo de Kolb (1986),
apresenta a definição de oito fatores, tornado-o uma ampliação do modelo de Litwin
e Stringer:
Clareza organizacional: percepção dos membros da organização de que os
52
padrões e as rotinas de trabalho estão organizados, assim como as metas
claramente definidas;
Conformismo: sentimento de que há muitas limitações impostas pela
organização; com inúmeras regras, políticas e procedimentos. Determina que o
indivíduo deve se amoldar e não fazer à sua maneira;
Padrões: é a percepção dos membros acerca da ênfase que a organização
coloca nos padrões de desempenho e se esses são objetivos desafiadores;
Recompensa: mede o nível de reconhecimento por um trabalho bem feito.
Este quesito está relacionado também com o nível de crítica e das punições;
Relações: sentimento de que as relações entre seus membros são positivas,
que existe confiança entre eles;
Responsabilidade: grau com que os trabalhadores podem tomar decisões e
resolver problemas sem consultar seus superiores em cada etapa;
Cooperação: existência de um espírito de ajuda mútua entre os membros da
organização; e,
Liderança: a disposição dos membros da organização em aceitar a liderança
e a direção de pessoas qualificadas.
c) Modelo de Sbragia
O modelo aplicado por Sbragia (1983), é constituído de um instrumento de
coleta de dados privilegiando vinte fatores (PEREIRA, 2003, p. 22-23):
Adequação da Estrutura: descreve o quanto o esquema organizacional
facilita as ações das pessoas, em termos de normas e canais de comunicação
consistentes com os requisitos do trabalho;
Apoio logístico proporcionado: indica o quanto a organização provê às
pessoas os recursos necessários para um desempenho adequado;
Atitude perante conflitos: descreve o grau com que as pessoas estão
dispostas a considerar opiniões diferentes e a explicitar os conflitos existentes;
Autonomia presente: reflete o grau de liberdade que as pessoas têm para
tomar decisões;
53
Clareza percebida: descreve o quanto a organização informa seus membros
sobre os assuntos relevantes para eles;
Condições de progresso: descreve o grau com que a organização
disponibiliza oportunidades e estimula o crescimento profissional;
Conformidade exigida: grau de flexibilidade que os membros têm dentro do
contexto organizacional;
Consideração humana: indica o grau de humanização com que a
organização trata seus membros;
Cooperação existente: descreve o grau de confiança entre os membros da
organização e o quão boa é a relação entre eles;
Ênfase na Participação: grau de envolvimento dos membros da organização
no processo decisório e da aceitação de idéias e sugestões;
Estado de tensão: grau com que as pessoas agem e decidem de forma
lógica e racional;
Forma de controle: descreve o grau com que a organização usa indicadores
de performance para melhorias ao invés de usá-los para punições;
Justiça predominante: explicita o grau com que os critérios de habilidade e
desempenho são considerados nas decisões da organização;
Padrões enfatizados: descreve a ênfase que é dada nas metas e os padrões
de desempenho;
Prestígio obtido: indica a percepção dos membros da organização de como
são vistos pelos agentes externos;
Proximidade da supervisão: indica como o controle é exercido pelo
supervisor e qual o grau de autonomia que o empregado tem para definir os
métodos de trabalho;
Recompensas proporcionais: descreve como as pessoas são
recompensadas pelo trabalho e quão justas são a política de remuneração e os
planos de carreira;
Reconhecimento proporcionado: descreve o quanto o desempenho
diferenciado é valorizado e reconhecido pela organização;
54
Sentimento de identidade: deixa claro sobre as pessoas sentirem que
pertencem a organização; e,
Tolerância Existente: indica como os erros das pessoas são tratados pela
organização.
d) Modelo de Coda
De acordo com Pereira (2003, p. 23-24) o modelo de Coda (1997) foi
aplicado em diversas pesquisas de clima organizacional realizadas em empresas
públicas e privadas no Brasil. Este modelo comporta dez fatores de análise:
Acesso: grau de acesso a outros tipos de trabalho ao longo da carreira;
Colaboração entre áreas funcionais: descreve o grau de respeito e
colaboração entre as diversas áreas para atingir os objetivos da organização;
Compensação: descreve o equilíbrio do pacote de remuneração, ou seja,
amplitude dos benefícios, relatividade com mercado, concessão de promoções por
desempenho;
Identificação com a empresa: sentimento de pertencer a uma grande equipe
em busca de objetivos mútuos;
Liderança: descreve o grau de feedback e orientação fornecido ao
subordinado sobre seu desempenho;
Maturidade empresarial: compreensão dos membros da organização sobre o
mercado, concorrentes e expectativa dos clientes; valorização de altos padrões de
desempenho;
Política global de Recursos Humanos: apoio fornecido pelas políticas de RH
e importância desta área;
Processo de comunicação: rapidez na comunicação de decisões,
informações necessárias ao bom desempenho das pessoas são disponibilizadas de
forma clara;
Sentido de Trabalho - importância do trabalho realizado para os objetivos da
organização; e,
Valorização profissional: estímulo ao desenvolvimento e crescimento
55
profissional; disponibilização de oportunidades de crescimento e promoção.
e) Modelo de Kozlowski
O modelo proposto por Kozlowski (I989), conforme pontua Pereira (2003, p.
24-25), destaca onze fatores relevantes para proceder à avaliação do clima
organizacional conforme descrito a seguir:
Apropriação: indica como é percebido o grau com que o empregado é
responsabilizado por suas ações;
Comunicação: é o grau de suficiência na comunicação em termos de
receptividade, abertura e fluxo;
Cooperação: mede a percepção de que existe cooperação entre as diversas
áreas da organização;
Ênfase de supervisão: indica como é percebida a pressão de trabalho feita
pelo supervisor;
Entendimento do trabalho: indica se os objetivos das empresas estão bem
claros para os membros da organização;
Estrutura do trabalho: indica como são percebidas a organização e a
estrutura do trabalho;
Gerenciamento consciente: indica a percepção do grau em que os gerentes
estão preocupados com as necessidades dos empregados;
Participação: indica o grau de incentivo por parte do supervisor em relação a
participação dos empregados nos processos de decisão;
Responsabilidade: indica como é percebido o grau de autonomia para tomar
decisões;
Suporte: indica como são percebidos o grau de apoio, confiança e respeito
demonstrados pelo supervisor; e,
Trabalho em equipe - indica a percepção de que existe um ambiente de
cooperação e amizade na equipe.
56
f) Modelo The Great Place to Work Institute
Este último modelo destacado por Pereira (2003, p. 25-26) foi elaborado pelo
escritório de consultoria americana GPTW-Great Place to Work lnstitute, desde1997.
Segundo Pereira (2003, p.25), a proposta desse modelo não é avaliar
diretamente o clima organizacional, mas “[...] estabelecer um conjunto de fatores que
permita a comparação do grau de satisfação dos empregados em diversas
organizações empresariais”.
Neste sentido, Pereira (2003, p.26) afirma que o objetivo do modelo GPTW é
verificar a existência de correlação entre a satisfação funcional e o desempenho
financeiro da empresa e destaca que dentre os fatores de impacto no desempenho
da empresa no mercado econômico, as pesquisas que a empresa de consultoria
GPTW vem realizando desde 1997, concluiu-se que “[...] um excelente lugar para se
trabalhar é onde o individuo confia na organização, tem orgulho do que faz e gosta
das pessoas com quem trabalha”.
O autor deste modelo é Levering, (fundador do instituto) e possui seis
caracteres de identificação transcritos a seguir:
Apropriação: indica como é percebido o grau com que o empregado é
responsabilizado por suas ações;
Camaradagem: qualidade da hospitalidade, intimidade e comunidade no
ambiente de trabalho, senso de equipe.
Credibilidade: grau de acesso e abertura nas comunicações, competência
em coordenar os recursos humanos e materiais, integridade e consistência das
decisões;
Imparcialidade: eqüidade, ou seja, tratamento equilibrado para todos em
termos de recompensas, bem como ausência de favoritismo em recrutamento e
promoção, não discriminação e possibilidade de apelação;
Orgulho: no trabalho realizado pelo indivíduo, no resultado alcançado por um
membro ou pelo grupo, e nos produtos e serviços oferecidos pela empresa; e,
Respeito: suporte aos empregados em decisões relevantes, tratar os
empregados como indivíduos com vida pessoal, apoiar o desenvolvimento
profissional;
57
Esse último modelo é o mais utilizado pelas empresas no Brasil, das quais a
maioria se destaca no Guia Exame das 100 melhores empresas para se trabalhar.
[...] comparando os diversos modelos de pesquisa de clima organizacional, observa-se que os modelos mais abrangentes são o modelo de Sbragia e o modelo do Greate Place to Work Institute”. Os dois modelos juntos conseguem abranger algo em torno de 80% de todos os itens pesquisados em todos os outros modelos (PEREIRA, 2003, p. 26).
De acordo com informações do GPTW (2007), a metodologia de avaliação
utilizada pela empresa foi criada por Robert Levering, fundador do Instituto, como
resultado de anos de pesquisas e entrevistas efetuadas em mais de 200 empresas
nos EUA. “A metodologia de Levering demonstrou-se aplicável a empresas de
diferentes setores e tamanhos, presentes em países com culturas distintas”, e,
portanto, se tornou o modelo mais utilizado pelas empresas quando o assunto é
avaliação da satisfação de seus funcionários e do clima organizacional.
A metodologia de Levering vem sendo aplicada desde 1997 com o objetivo
de elaborar as listas de “Melhores Empresas para Trabalhar”. Segundo a empresa,
a primeira lista brasileira foi publicada 1997, sendo o processo repetido nos Estados
Unidos e publicada pela primeira vez em 1998. A partir dessas duas publicações
principais, o Great Place to Work Institute desenvolve e publica listas de “Melhores
Empresas” nas Américas do Norte e do Sul; na Europa e na Ásia.
Segundo informações do Instituto, as pesquisas realizadas têm demonstrado
crescente interesse empresarial em melhorar a qualidade do ambiente de trabalho,
pois permite inúmeras empresas, compararem sua política de gestão de pessoas e
proceder as melhorias necessárias, indicando influência do clima organizacional com
o desempenho financeiro das empresas, ou seja, quanto melhor o clima
organizacional, melhor a relação com o cliente e, conseqüentemente, o desempenho
financeiro das empresas.
Segundo Sehn (2005, p.33) “o Great Place to Work Institute já pesquisou o
equivalente a um universo de mais de 10 milhões de funcionários em todo o mundo,
em mais de 5000 empresas, o que torna uma referência mundial” e complementa:
Através do apoio à transformação dos ambientes de trabalho nas empresas o Institute espera construir uma sociedade melhor, disponibilizando ferramentas de diagnóstico e subsídios para implementação de ações de
58
melhorias. Em 20 anos de atuação o Great Place to Work Institute vem avançando seus conhecimentos para se trabalhar nos Estados Unidos, Brasil e pelo mundo.
De acordo com Levering (apud SEHN, 2005, p.34) um excelente lugar para
se trabalhar deve merecer a sua credibilidade em relação às pessoas que você
trabalha, além de manter orgulho em relação ao local de trabalho e estar satisfeito
com a equipe que integra.
Nesse aspecto o modelo GPTW privilegia o relacionamento entre chefes e
subordinados; o relacionamento entre funcionários e a empresa onde trabalha; e a
relação entre membros de uma equipe. Essas três perspectivas sobre o ambiente do
trabalho devem estar em nível satisfatório para poder representar um clima
organizacional ideal, ou seja, um clima propício à produtividade e ao desempenho
pessoal de cada membro (SEHN, 2005, p. 35).
A autora (op. cit) cita a revista Fortune e destaca alguns resultados positivos
com relação ao modo como as pessoas são tratadas em uma organização. Segundo
ela, a disposição pessoal dos colaboradores “melhoram significativamente as
vantagens competitivas disponíveis na organização”, com destaque para as
seguintes vantagens:
• recebem profissionais mais qualificados em seus processos de recrutamento;
• conseguiram um menor turnover, ou seja, há menor rotatividade no quadro funcional, representando menores despesas com novas contratações e treinamento desses novos funcionários;
• diminuíram custos com saúde, pois os funcionários ficam menos estressados e assim gozam de melhor disposição;
• alcançaram altos índices de satisfação e lealdade dos consumidores;
• promovem maior inovação e criatividade nos produtos e serviços, bem como nas soluções para processos de rotina;
• outros benefícios em decorrência da maior produtividade e lucratividade.
Segundo dados divulgados no site da empresa de consultoria Great Place to
59
Work Institute (2007), os diversos estudos realizados pela empresa ao longo de seus
20 anos de atuação comprovam que as empresas que entram para a lista de
“melhores empresas para se trabalhar” têm retorno imediato de seus investidores,
concluindo que as empresas que investem em seus colaboradores, na realidade
estão investindo nas próprias organizações.
Sehn (2005, p. 38) cita um estudo do Departamento de Trabalho dos
Estados Unidos, comprovando o fenômeno de retorno descrito pela empresa de
consultoria Great Place to Work Institute, e destaca:
A relação positiva entre treinamento, motivação com os funcionários resulta em aumentos da produtividade, satisfação interna e desempenho financeiro;
Quando você desenvolve e implementa uma estratégia de pessoas com progressivas práticas, a combinação de práticas é mais que uma prática em particular;
O impacto das práticas progressivas é maior no longo prazo (3 anos ou mais), indicando que as práticas precisam ser integradas ao ambiente de trabalho para prover benefícios.
De acordo com Vassalo (2004, p.26 e 27) o modelo Great Place to Work
Institute proposto por Levering é um sucesso. Sobre a eficácia do modelo sugerido
para avaliação de clima organizacional e, conseqüentemente, o investimento nas
áreas deficitárias, diagnosticada pelo sistema de avaliação, a autora firma que as
empresas que se dispõem a investir em seus funcionários, sentem significativa
diferença na evolução da produtividade de modo geral, resultando no aumento da
rentabilidade, inclusive.
Portanto, o que se pode concluir é que apesar do modelo GPTWI ser
referência em termos de avaliação de clima organizacional, o fato de haver apenas
clientes motivados não garante o sucesso da empresa. Entretanto, o presente
estudo não contempla a avaliação mais ampliada sobre o sucesso das empresas
pesquisadas, mas se limita a relacionar a condição do clima organizacional com a
qualidade do atendimento, na opinião dos clientes das empresas pesquisadas.
Visando uma melhor qualidade no atendimento e uma melhor relação com
seus clientes externos, as organizações têm investido em treinamento dos
colaboradores no intuito de alcançar maior satisfação interna. Essa técnica é
60
conhecida na administração como endomarketing.
O surgimento do endomarketing se deu a partir da década de 70, oriundo da
necessidade de se trabalhar as questões próprias do marketing como retratam as
principais teorias sobre o tema. O objetivo primeiro era encantar os clientes internos
das empresas e, como conseqüência, conquistar os clientes externos.
Com o ressurgimento da indústria japonesa, principalmente na área
automobilística e eletrônica, e com o advento da globalização e a concorrência cada
vez mais acirrada, gerou-se a necessidade das empresas alcançarem níveis de
produtividade e qualidade cada vez mais elevados. Tais mudanças trouxeram
reflexos diretos na forma de administrar que passou a buscar diferenciação pelo
serviço e fidelização do cliente. Só que para fidelizar o cliente era preciso dar o
melhor atendimento possível a esse cliente.
Juntamente com novas ferramentas para a Nova Administração, tais como:
Reengenharia, Benchmarking e Qualidade Total, surge o Endomarketing como uma
promessa para elevar o nível de competição através da melhoria da comunicação
interna das organizações.
Os japoneses foram os pioneiros no desenvolvimento do Endomarketing e
os americanos perceberam que a chave do sucesso japonês estava na valorização
dispensada ao fator humano. Não bastava somente a qualificação técnica, pois a
qualidade humana do comportamento e da iniciativa se constituíam a força motriz
que levava à vantagem competitiva e à liderança eficaz.
Um dos executivos pioneiros na prática do endomarketing foi Saul Faingaus
Bekin. Ele percebeu a necessidade de se trabalhar a comunicação entre
departamentos, pois essa era uma área crítica na empresa. Além disso, Bekin
constatou a ausência de visão dos colaboradores a respeito da empresa em que
atuavam, o que dificultava o entendimento do papel e importância de cada um no
contexto organizacional. Bekin percebeu que as ferramentas de marketing que
precisava já existiam, o que faltava era adaptá-las à realidade interna da empresa.
Dessa forma, e graças à necessidade de uma ferramenta para promover a
harmonia e a reordenação interna da empresa, surge o Endomarketing como
importante instrumento interno para melhoria da ambiência de trabalho . Para
agradar o cliente externo são necessários, primeiramente, atentar para os valores de
61
cooperação no trabalho e envolver o cliente interno nos programas e objetivos da
organização.
De acordo com Levitt apud Bekin (2004, p.5) “se a empresa espera atingir
objetivo lá fora, precisa se certificar que todos nela estão comprometidos com esse
objetivo”.
3.1.5 Requisitos para propiciar o melhor clima organizacional
Não é difícil perceber que as exigências para a satisfação dos clientes estão
cada vez mais presentes no dia a dia das empresas. Oferecer mais comodidade,
facilidade e agilidade na transação de produtos ou serviços tem sido uma das
principais preocupações das empresas realmente competitivas no mercado.
Entretanto, a intensidade com que essas exigências avançam causam certo
desconforto nos trabalhadores, pois nem todas as pessoas conseguem acompanhar
e implementar tais reclamações do mercado consumidor. O resultado é o estresse
no ambiente do trabalho e a conseqüente queda na qualidade do clima
organizacional (GPTWI, 2007).
Segundo o Instituto MVC (2007), há pesquisas na área de clima
organizacional indicando que trabalhadores insatisfeitos e com baixo índice de
motivação, tendem a utilizar apenas 8% de sua capacidade de produção. Na mesma
pesquisa, ficou comprovado que trabalhadores motivados utilizam até 60% de sua
capacidade de produção.
Nesse sentido, o Instituto MVC (2007) afirma que fatores como ambiência de
trabalho, salário, programas de valorização do colaborador, entre outros aspectos
associados às condições de trabalho; compensação justa e adequada; uso e
desenvolvimento de capacidades; chances de crescimento e segurança
permanente; integração social na empresa; o constitucionalismo na organização do
trabalho; comunicações e programação dos serviços são considerados como
requisitos para a melhoria do clima organizacional.
3.2 Qualidade e clima organizacional
62
Embora uma das variáveis do foco da pesquisa não seja a produtividade,
mas sim a qualidade dos serviços oferecidos pelo Lakeside, torna-se relevante a
abordagem sobre esse tema devido à relação entre produtividade e clima
organizacional. Entende-se que a produtividade não contempla apenas a questão da
quantidade produzida, mas a qualidade daquilo que se produz. Nessa perspectiva,
faz-se sugestivo, observar alguns conceitos.
Segundo a Progestão Consulting (2007) produtividade pode ser interpretada
como “a relação entre os resultados obtidos e os recursos disponíveis consumidos”.
Para a Progestão Consulting, alguns fatores essenciais estão contidos no termo
produtividade, transcritos a seguir. Entre eles:
[...] Produzir cada vez mais e melhor, com máxima satisfação das necessidades dos clientes; o termo vem do latim productivus, que significa fértil, rendoso, proveitoso, profícuo; é diferente de produção que é simplesmente quantidade produzida, sem valor e uso e pode-se generalizar que a produtividade existe quando a produção tiver qualidade.
Como se percebe, o termo produtividade é mais amplo e abarca outros
elementos tão importantes quanto à questão da quantidade produzida apenas, ou
seja, também pressupõe, entre outras variáveis:
- conformidade com os requisitos, ou, adaptabilidade ao uso, adequação ao
cliente e/ou usuário;
- atendimento perfeito de forma confiável (sem defeitos), acessível (baixo
custo), segura e no tempo certo às necessidades do cliente; e,
- ausência de desperdício, é ‘atitude’.
“[...] qualidade, produtividade e competitividade caminham juntos e estão interligados e interdependentes, pois a competitividade decorre da produtividade, e esta da qualidade” (PROGESTÃO CONSULTING, 2007).
De acordo com o Sebrae (2007), quando se estuda as questões alusivas à
produtividade, busca-se “identificar, analisar e minimizar a influência de fatores que,
de uma forma direta ou indireta, interferem para que algo indesejado distorça os
resultados esperados”.
Produtividade é minimizar cientificamente o uso de recursos materiais, mão-
63
de-obra, máquinas, equipamentos etc., para reduzir custos de produção, expandir
mercados, aumentar o número de empregados, lutar por aumentos reais de salários
e pela melhoria do padrão de vida, no interesse comum do capital, do trabalho e dos
consumidores. (JAPAN PRODUCTIVITY CENTER FOR SOCIAL - ECONOMICS
DEVELOPMENT apud SEBRAE, 2007).
Essas idéias sobre produtividade certamente começaram com a teoria das
tarefas de Frederick Taylor, original criador e participante mais destacado do
movimento da Administração Científica no início do século XX.
Taylor trabalhava na empresa Midvale, e preocupou-se em analisar os
problemas apresentados durante as operações. Quase um século depois, os
mesmos problemas que despertaram a atenção de Taylor em 1911, ainda podem
ser encontrados, com facilidade, nas empresas atuais. Dentre eles, Taylor (Apud
MAXIMIANO 2000, p.47), cita os seguintes:
· a administração não tinha noção clara da divisão de suas responsabilidades com o trabalhador;
· havia conflitos entre capatazes e operários a respeito da quantidade da produção.
· não havia incentivos para melhorar o desempenho do trabalhador;
· não havia integração entre os departamentos da empresa;
· os gerentes pareciam ignorar que a excelência no desempenho significava recompensas tanto para eles próprios quanto para a mão-de-obra; e,
· os trabalhadores eram colocados em tarefas para as quais não tinham aptidão;
Como se vê, a lista acima parece ter sido feita recentemente. No entanto, o
que importa para efeito de corroborar as idéias propostas neste trabalho é
demonstrar que alguns problemas relativamente simples podem prejudicar
significativamente a produtividade de uma organização, em todos os sentidos.
Um outro importante conceito sobre produtividade, surgiu da mente de Henri
Fayol, considerado o fundador da Teoria Clássica da Administração. Fayol teve a
64
oportunidade de demonstrar suas idéias em sua famosa publicação, datada de 1916
sob o título de “Administration Industrielle et Générale”. Com o mesmo afinco de
Taylor, Fayol defendia suas teorias como sendo a “coisa certa a fazer” para elevar
os níveis de produção. Na mesma época em que Taylor e Fayol apostavam em suas
idéias e esforçavam-se para aumentar a produtividade industrial, o psicólogo Elton
Mayo dirigia uma pesquisa muito interessante e com foco no bem estar dos
trabalhadores da Western Electric Company, visando determinar qual a relação
existente entre a intensidade da iluminação e a produtividade dos operários.
(PARANHOS, 2006, p.12).
3.3 O atendimento como diferencial competitivo
Há um equívoco com relação ao conceito de bom atendimento. Muitas
pessoas consideram que atender bem um cliente é prestar um bom serviço. No
entanto, atender bem é tão obrigatório e óbvio para uma empresa quanto a
honestidade deve ser para um funcionário.
Para uma melhor compreensão do que seja o bom atendimento e,
conseqüentemente, sua aplicação como diferencial competitivo, destacam-se alguns
princípios do marketing.
Os principais conceitos de marketing podem ser melhor visualizados e
entendidos no esquema a seguir:
65
Figura 1: Principais conceitos em Marketing.
Fonte: McKENNA, Regis. Marketing de Relacionamento: estratégias bem-sucedidas para a
era do cliente. Rio de Janeiro: Elsevier, 1997:23.
O esquema acima, como se pode perceber, demonstra claramente que não
há uma hierarquia de importância entre as áreas estudadas em marketing, mas, o
que existe é uma relação interdinâmica e que deve ser harmoniosa para atingir os
objetivos a que se pretende, conforme McKenna (1997).
3.3.1 Necessidades, desejos e demandas.
Necessidades humanas estão relacionadas com algo imprescindível para a
sobrevivência biológica ou social do indivíduo como o alimento, vestuário, abrigo e
segurança, por exemplo. Essas necessidades podem resultar de um estado de
privação de origem indeterminada. Essa origem pode ser voluntária ou involuntária,
pode ainda ser de ordem intelectual, estética ou financeira, entre outras. O ser
humano tem inúmeras necessidades que podem ser de ordem física ou social e
essas necessidades precisam ser levadas em consideração na elaboração de
estratégias mercantis que envolvem processos desde a fabricação de um produto ou
oferta de um serviço até a aferição da satisfação e expectativas do cliente com
relação ao produto ou ao serviço adquirido (McKENNA, 2007, p. 23).
Principais
conceitos
de marketing
Necessidades,
Desejos e
Demandas
Mercados
Troca, Transações e Relacionamentos
Valor, Satisfação e
Qualidade
Produção e
Serviços
66
Segundo Kotler (1998, p.10)
produto é qualquer coisa que possa ser oferecida a um mercado para satisfazer uma necessidade ou desejo, sendo que o conceito de produto não se limita a objetos físicos e, qualquer coisa que satisfaça uma necessidade pode ser considerada como um produto.
Serviço, no entanto pode ser entendido como atividades ou benefícios
oferecidos para venda, os quais são essencialmente intangíveis e não resultam na
posse de nada. Alguns exemplos de serviços são bancos, companhias aéreas,
hotéis, escritórios contábeis e serviços domésticos. Neste rol de ‘prestadores de
serviços’ temos também o segmento de hotéis, objeto deste estudo (KOTLER,
1998).
Uma pessoa que compra uma furadeira, por exemplo, não precisa da
furadeira, mas do furo que ela vai fazer. Logo, o que o cliente quer saber é se a
furadeira vai fazer o furo do jeito que ele quer e do jeito que precisa (KOTLER,
1998).
Valor para o cliente, portanto, é a diferença entre o que ele ganha adquirindo
e utilizando um produto e o que gasta para fazer a aquisição. Ou ainda o que ganha
em termos de status ou valor de imagem. Geralmente os clientes não julgam o valor
e os custos do produto de maneira precisa ou objetiva. Eles agem de acordo com o
valor percebido (KOTLER, 1998).
A satisfação para o cliente depende do que ele percebe sobre o
desempenho do produto em relação às suas expectativas. Se esse desempenho
não corresponder às expectativas do cliente, o comprador ficará insatisfeito. Se
exceder as expectativas, ele ficará maravilhado. As empresas referência em
marketing se desdobram para manter seus clientes satisfeitos, pois clientes
satisfeitos repetem suas compras e contam aos outros suas boas experiências com
o produto (KOTLER, 1998).
Essa satisfação do cliente está estreitamente vinculada à qualidade do
produto ou serviço oferecido. Neste sentido cada vez mais empresas estão aderindo
a programas de gestão de qualidade total ou também conhecida pela sigla TQM
como meio de fidelizar e manter seus clientes no maior índice de satisfação possível,
pois gestão da qualidade representa melhoria constante dos produtos e serviços
67
oferecidos e evolução interna no processo de marketing.
Os melhores prestadores de serviços estabelecem padrões de qualidade
elevados. No site do SEBRAE pode-se ter acesso a artigos e estudos sobre a
insatisfação de consumidores onde aponta que os clientes ficam insatisfeitos com
suas compras cerca de 25% das vezes, mas apenas 5% deles reclamam. Os outros
95% acham que não vale a pena reclamar. Dos 5% dos consumidores que
reclamam, apenas 50% relatam que houve uma solução satisfatória do problema.
Supondo que, em média, um consumidor satisfeito fale a três pessoas sobre sua
satisfação com a aquisição de um determinado produto ou serviço, por outro lado
estima-se que o consumidor insatisfeito deva falar a pelo menos o dobro de
pessoas, e isso explica-se por sua indignação por uma eventual frustração em uma
relação de negócio (SEBRAE, 2007).
Por outro lado, os consumidores cujas reclamações foram satisfatoriamente
solucionadas, tendem a confiar na empresa prestadora do serviço e assim ficam
mais leais tornando constante suas relações de consumo, ao contrário do que
acontece com aqueles consumidores insatisfeitos e que nunca reclamam, mas
também não voltam a negociar com a empresa.
De acordo com Mckenna (1997) e Sebrae (2007), estima-se que 35% dos
clientes de bens e serviços que registram suas insatisfações nas relações de compra
tornam a adquirir o produto ou serviço reclamado, caso sejam atendidos. Nos casos
de pequenas reclamações esse número pode elevar para 53%. Isso significa que
caso o consumidor seja atendido satisfatoriamente em sua reclamação, e o
inconveniente ocorrido na relação de compra não chegue a abalar a confiança que
esse cliente esteja desenvolvendo pela empresa, é muito provável que o cliente
receberá um reforço positivo e voltará a fazer negócios com a mesma empresa.
Sugere-se que para aferir e administrar os índices de satisfação de seus
clientes as empresas precisam facilitar o processo de reclamações, críticas ou
sugestões, disponibilizando formulário adequado e de fácil acesso além de outros
recursos tais como e-mail de acesso direto ao gerente ou diretor geral e, se possível,
um departamento de atendimento ao cliente e até a disponibilidade de um
ombudsman, espécie de ‘ouvidor’ especialmente designado para ouvir as eventuais
queixas dos clientes e tomar as providências cabíveis em prazo hábil.
68
Outro fator importante é o treinamento constante dos funcionários da
empresa que recebem as reclamações com autonomia para resolver os problemas
dos consumidores de maneira rápida e satisfatória.
Para manter um padrão elevado de qualidade na prestação de um
determinado serviço a empresa deve primar não somente pela satisfação do cliente,
mas também cuidar da satisfação de seus funcionários que lidam diretamente com
os clientes - As empresas de serviços excelentemente administradas acreditam que
as relações com os funcionários refletirão sobre as relações com os consumidores
(SEBRAE, 2007).
Uma empresa deve zelar de forma equivalente pela satisfação de seus
clientes, seus funcionários e seus fornecedores. Esta dinâmica garantirá satisfação
entre todas as pessoas que têm a empresa como ponto comum de suas relações.
Juran (1990) define qualidade por meio de vários de seus aspectos
arrolados em: desempenho do produto ou serviço e ausência de deficiências.
Como a ausência de defeitos pode ser relativa, pois cada cliente tem uma
determinada expectativa, então Qualidade Total poderá ser definida como a
ausência de defeitos na ‘qualidade percebida’.
A qualidade percebida é a diferença entre a expectativa do cliente antes de
consumir o produto ou serviço e a satisfação do cliente após adquirir o produto ou
serviço.
O significado do termo qualidade possui várias interpretações, sendo importante sua compreensão e definição, pois uma definição equivocada pode gerar problemas sérios para a empresa. Por exemplo, se a qualidade for considerada como algo abstrato, não existirão técnicas que levam a ela, ou, se qualidade for considerada como a perfeição, nutre-se a sensação de que nunca será alcançada. As conseqüências dessas definições refletem na gestão da qualidade (PARANHOS apud JURAN, 1990).
Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, qualidade
pode ser definida como “grau no qual um conjunto de características inerentes
satisfaz a requisitos”. Uma coleção desses requisitos da qualidade pode conter,
entre outros itens:
69
Confiabilidade: envolve tratar com coerência o desempenho e procurar ao longo do tempo manter constância de proposta e atitude.
Competência: significa possuir as habilidades necessárias para o bem servir e o conhecimento necessário para a sua execução.
Cortesia: envolve tratar com boas maneiras, respeito, consideração e contato amigável do pessoal com o mercado como um todo.
Credibilidade: envolve a confiança necessária, o crédito, a honestidade e o envolvimento concreto como s interesses, antes de tudo, do cliente.
Compreender e Conhecer o Cliente: envolve fazer um efetivo esforço para compreender todas as necessidades do cliente e demonstrar isto aplicando no dia-a-dia do atendimento.
Rapidez de resposta: diz respeito à disposição e à rapidez dos empregados para fornecerem o serviço esperado.
Acesso: envolve facilidade de estar sempre disponível, acessáveis, pronto para ser abordado, disposto a manter contato.
Comunicação: significa manter constantemente os cliente informados numa linguagem compreensível por eles. Além disto, demonstrar claramente que está sempre disposto a ouvir sobre as necessidades dos clientes.
Segurança: significa não deixar dúvidas quanto ao que vai ser “servido”, não oferecer qualquer tipo de perigo ou risco.
Tangíveis: procurar tangibilizar os serviços através de evidências físicas que a qualificam o serviço desejado.
Neste sentido, considerando que a percepção do cliente é que determina o
nível de qualidade de um produto ou serviço, entende-se que um mesmo produto ou
um mesmo serviço pode ser avaliado de forma diferente por clientes distintos.
Assim, não é a ausência de falhas e sim a percepção de cada cliente que definirá o
nível de sua satisfação, conforme afirmam Kotler e Armstrong (1998b, p. 7) da
seguinte forma:
De maneira simplista podemos definir qualidade como ‘ausência de defeitos’. No entanto, muitas empresas voltadas para o cliente vão além dessa limitada definição de qualidade. Essas empresas definem qualidade em termos do nível de satisfação do cliente. Segundo a American Society for Quality Control qualidade é definida como sendo “o total de
70
características de um produto ou serviço voltadas para satisfazer as necessidades dos clientes”. Essas definições focalizadas no cliente sugerem que uma empresa alcança a qualidade total somente quando seus produtos ou serviços atendem às expectativas dos clientes ou as superam. (KOTLER e ARMSTRONG, 1998b, p.7).
A cada busca pela satisfação de uma necessidade, o cliente cria uma
expectativa relacionada ao processo na satisfação dessa busca. Assim, cada cliente
tem diferentes expectativas sobre um mesmo serviço ou produto. Nesse sentido, a
empresa precisa preparar seus funcionários para prever e satisfazer o maior número
possível de variações dessas expectativas dos clientes. Dessa forma, entende-se
que a empresa estará apta para oferecer ao cliente aquilo que ele espera receber. É
a avaliação do cliente, ao final da transação, que determinará a qualidade do serviço
prestado.
3.4 A motivação como fator importante em gestão de pessoas
Para Lopes (1980, p.23) e Ribeiro (1994, p.32) a motivação está
intrinsecamente relacionada com “sentimentos de realização e de reconhecimento
profissional”. Para os autores, essas sensações são manifestadas por meio de
atividades que apresentem desafio compatível com as capacidades individuais e,
necessariamente, façam sentido para o trabalhador.
[...] é o objetivo que se imagina possuído pelos outros e que em geral contamos encontrar em alguma meta imediata e notória, como ambição de dinheiro, desejo de segurança ou esforço para ter prestígio. No entanto, as metas pelas quais as pessoas parecem lutar, ao serem analisadas, freqüentemente são apenas meios de alcançar uma outra meta mais fundamental. Sendo assim, a riqueza, a segurança, a posição elevada e todas as demais metas, que supomos ser a "causa" do comportamento humano, não passam de instrumentos de que se serve o indivíduo para atingir seu verdadeiro objetivo, que é ter personalidade própria (BOSS, 1997, p.30).
Bergamini (1997, p. 45) leciona que o senso comum entendia a motivação
como sendo fruto de objetivos motivacionais genéricos, sem um alvo determinado.
Essa idéia fora amplamente difundida por Maslow, McGregor e, inclusive, por
Herzberg. De acordo com essa idéia, as pessoas precisam satisfazer certas
necessidades ou objetivos elementares para só então focarem outros, a exemplo da
71
teoria das necessidades humanas de Maslow. É indubitável que a consecução de
tais objetivos produzem satisfação ao indivíduo.
Entretanto, embora não discorde dessa teoria tradicional da motivação, é
importante o enfoque motivacional com base na psicodinâmica interna da pessoa.
(CHIAVENATO, 1991, p. 33).
72
4 ORGANIZAÇÕES ESTUDADAS
4.1 A Rede Atlantica Hotels
De acordo com informações postadas no site da Atlantica (2007), a
Barrington Hotels & Resorts BIH LTD, responsável pela administração de 68 hotéis
na Europa, em 1996, por meio de sua subsidiária Choice Hotels Empreendimentos
do Brasil, inicia operações no país. No início, atuava somente como franqueador das
bandeiras Choice: Sleep Inn, Comfort e Quality.
Em 1998, a entra em operação do primeiro hotel aberto pela Atlantica
Hotels, o Comfort Hotel Trianon Park, que depois passou a se chamar Comfort Hotel
Paulista. Em 1999, a rede inaugura o Sleep Inn Galeria na cidade de Campinas, São
Paulo, somando na época três empreendimentos.
Em 2000, outros três empreendimentos são lançados, entre eles: Sleep Inn
de Ribeirão Preto; Quality Suítes Metrópolis em São Paulo, capital e o Comfort Hotel
Ilha do Leite, em Recife.
Em 2001 a rede altera sua razão social para Atlantica Hotels International,
com o objetivo viabilizar a expansão da empresa para o segmento quatro e cinco
estrelas. A Atlantica Hotels International passe a liderar o segmento de
administradora hoteleira e se torna a maior empresa independente de administração
hoteleira da América do Sul. Sua estratégia principal foi o estabelecimento de
acordos preferenciais multimarcas.
Posteriormente, mas no mesmo ano, estabelece parceria com a master
franqueadora Starwood Hotels e inaugura o Four Points Sheraton na cidade de
Curitiba, e o Quality Resort Lins. Nesse período a expansão de empreendimentos
chega a marca de 19 hotéis. Dentre os empreendimentos, destaca-se o Quality
Resort Lakeside, em Brasília.
Na capital do País a rede incorpora no ano seguinte (2002) outros dois
grandes empreendimentos: O Metropolitan Flat e o Bonaparte Hotel.
Ainda em 2002 a rede lança o Cartão Preferencial Atlantica Gold, uma
iniciativa inédita no mercado hoteleiro com benefícios exclusivos para seus
73
investidores, que permite desconto nas diárias em qualquer empreendimento da
rede no Brasil, inclusive para seus familiares.
O ano de 2003 foi marcado pela criação do cargo de Vice Presidente de
Recursos Humanos com a promoção da diretora de RH, Dináurea Cheffins,
concomitante com a reestruturação dos canais de vendas e reformulação da Central
de Reservas. Em abril do mesmo ano, a Atlantica Hotels inova mais uma vez e lança
o Andar Feminino em toda a rede com bandeiras Quality, Clarion, Four Points By
Sheraton e Radisson.
O complexo hoteleiro adota o Programa "Selo Azul", para garantir o padrão
de qualidade internacional nos serviços e instalações em toda a rede e o Comfort
Suítes Campinas é nomeado um dos cinco finalistas para o prêmio "2003 Hotel of
The Year", promovido pela rede Choice Hotels International.
Em 2003 a Atlantica Hotels abriu 16 empreendimentos sendo a primeira
inauguração do ano o Quality Jardins em São Paulo e o último o Beach Class suítes
em Recife. A empresa fecha o ano de 2003 com 43 empreendimentos em plena
operação. Nesse ano, a Atlantica Hotels recebe o prêmio da revista Exame e Você
S/A por constar na lista das 150 melhores empresas para se trabalhar.
A implantação do serviço de andar feminino nas marcas Quality, Clarion,
Four Points e Radisson garantiu para a Atlantica Hotels o Prêmio de Inovação de
Serviços, concedido pela revista 4 Rodas da editora Abril. Na mesma época, a
empresa comemora o sucesso da campanha Final de Semana Inesquecível, tendo
cadastrado mais de 15.000 participantes em seu site.
O ano de 2004 foi marcado pela abertura do Comfort Inn, em Taguatinga e o
Comfort da cidade de Franca, interior de São Paulo. A Atlantica Hotels chega a 50
unidades em operação e entrega 47 prêmios Selo Azul, Selo Ouro e Gold Award, em
reconhecimento à qualidade das unidades, e o President's Award aos colaboradores
de destaque durante a VI Convenção Anual no Quality Resort & Convention Lins.
Radisson recebe o President's Award do Grupo Carlson pelo segundo ano
consecutivo.
Os resultados de 2004 conferiram aos Executivos da Atlantica prêmios por
reconhecimento e três unidades concorrem ao título de Melhor Hotel do Ano pela
Choice Hotels Internacional.
74
De acordo com informações no site oficial da Atlantica Hotels, em setembro
de 2004, Carlos Eduardo Santos, Roberto Bertino e Rachel Golfetto, executivos da
Atlantica Hotels recebem o Certified Hotel Administrator concedido pelo Educational
Institute of the American Hotel and Lodging Association (AH&LAs Educational
Institute) em reconhecimento à excelência profissional.
No mesmo ano, a Atlantica Hotels inova mais uma vez, agora com redução
de custos operacionais por meio do Data Inn, sistema inédito de tráfego de dados e
telefonia interna, desenvolvido pelo departamento de tecnologia de Informação da
Empresa, em parceria com a Linktel. A empresa fecha o ano com chave de ouro
patrocinando o evento da revista Forbes: As Mulheres mais Influentes do Brasil.
Em 2005 a Atlantica Hotels passa da 101ª para a 33ª posição no ranking das
empresas top em administração hoteleira no mundo, editado pela revista Lodging
Magazine. Iniciam-se as operações de restaurantes próprios pelo grupo, oferecendo
maior qualidade dos serviços.
Em novembro de 2005, a Atlantica Hotels é eleita como a Melhor
Empregadora da América Latina pela revista América Economia e em dezembro
conclui o ciclo de treinamento e reciclagem de todos os gerentes gerais da rede.
De acordo com informações institucionais, atualmente são 10 bandeiras
divididas em três segmentos, da seguinte forma: Econômico: Go Inn, Sleep Inn,
Comfort e Park Inn. Superior: Comfort Suites, Quality e Park Suites. Luxo: Clarion,
Four Points e Radisson.
Como diferencial competitivo, os empreendimentos administrados pela
Atlantica Hotels oferecem o mesmo conjunto de vantagens e atrativos, como:
• Programa 100% Satisfação Garantida, através do qual o dinheiro é devolvido caso haja algum problema que não possa ser corrigido durante a permanência do hóspede;
• Café da manhã cortesia em todas as categorias de hotéis da rede;
• Andar feminino, com exclusivo serviço e decoração disponíveis na maioria dos hotéis das categorias Superior e Luxo, para maior conforto e privacidade;
• Acesso à internet gratuito
A política de Recursos Humanos é arrojada e, entre os benefícios oferecidos
75
aos seus colaboradores, destacam-se: Alimentação; uniforme; assistência médica
inclusive para os dependentes; vale transporte; seguro de vida em grupo; custeio
total de viagens à serviço; celular para os colaboradores em cargos de gerência;
sistema de reconhecimento e desenvolvimento cujo objetivo é reconhecer o melhor
colaborador do mês ou bimestre. O colaborador premiado recebe uma bonificação
de 50% do salário nominal, no mês / bimestre e 100% do salário nominal como
Funcionário do ano. Além disso, o Lakeside oferece também programas de
treinamento e acompanhamento profissional, visando o desenvolvimento profissional
do colaborador e a viabilização de um plano de carreira dentro da empresa.
O Lakeside mantém Programa de pesquisa de satisfação do colaborador,
permitindo que seus funcionários expressem suas opiniões sobre a empresa,
revelando o seu nível de satisfação com relação à organização. Dentre os tópicos
abordados, destacam-se: Relacionamento, Comunicação, Treinamento &
Desenvolvimento, Reconhecimento e Condições de Trabalho, Plano de ação de
cada hotel para obter os resultados.
4.2 Caracterização do Quality Resort Lakeside
O Lakeside foi inaugurado em 2001. Fica às margens do Lago Paranoá, em
Brasília, Capital Federal e dispõe de 120 apartamentos, além de toda infra-estrutura
de esporte e lazer para seus hóspedes (ATLANTICA HOTELS, 2007).
Na qualidade de resort o Lakeside fica distante do centro de Brasília e, em
compensação, oferece a tranqüilidade peculiar dos empreendimentos construídos
com essas características, atraindo um público que busca mais o lazer do que os
negócios, embora o hotel tenha toda infra-estrutura para a realização de convenções
e outros eventos.
Dentre os itens que disponibiliza aos seus clientes cita-se: Piscina adulta e
infantil, oferece atividades náuticas, bar da piscina, bar molhado, business center,
centro de convenções, coffee shop, equipe de recreação, estacionamento, fitness
center, kids club, lavanderia, lobby bar, loja de conveniências, marina, quadra
poliesportiva, quadras de tênis, sala de massagem, sauna a vapor, solarium, spa,
traslado free - hotel / setor autarquias e hotel / setor comercial, andar para não-
76
fumante, apartamento conjugado, apartamento para não-fumante, long stay
equipados com mini-cozinha e geladeira, 02 apartamentos para portadores de
necessidades especiais, linha telefônica nos apartamentos, ar condicionado
individual, banheira, cofre eletrônico, dvd player, isolamento acústico, menu de
travesseiros, mesa de trabalho com conexão para internet banda larga, microondas,
mini-bar, pay per view, rádio-relógio, sacada, secador de cabelos, tv a cabo, tv tela
plana.
O Hotel oferece ao público das classes A e B infra-estrutura em
hospitalidade e lazer. O hotel conta com todos os itens da categoria ‘’Superior’’ e
oferece ainda loja de conveniência, spa e academia, entre outros serviços.
De acordo com Sistare (2007, p.7), presidente da Atlantica Hotels
International, administradora da bandeira Lakeside, a organização “assume muitas
obrigações com seus colaboradores enquanto empregador”, e complementa:
[...] somente desta forma criaremos uma atmosfera de confiança e respeito mútuo. Sabemos que o crescimento da Empresa depende do envolvimento de pessoas competentes e motivadas. Desta forma, vamos incentiva-lo a crescer profissionalmente, para que juntos alcancemos o sucesso.
Outro programa realizado pela empresa é o de Prevenção de Acidentes no
Trabalho, aumentando o senso de segurança de seus colaboradores.
Atualmente o Lakeside conta com 110 colaboradores, cujo perfil pode ser
melhor detalhado, conforme pesquisa realizada com 34 desses funcionários, cuja
amostragem representa 31% do total do efetivo.
4.3 Caracterização do Metropolitan Flat
Ao contrário do Lakeside, o Metropolitan está localizado no centro de
Brasília, dentro do pólo comercial e político da Capital Federal e a quinze minutos do
aeroporto internacional JK. Enquanto a estrutura do Lakeside está disposta em uma
área mais ampla e, por isso, sua estrutura arquitetônica é horizontalizada, no
Metropolitan, a estrutura arquitetônica é verticalizada, por razões óbvias aos grandes
empreendimentos construídos no centro dos principais centros urbanos. Dessa
77
forma, mesmo oferecendo a mesma quantidade de apartamentos e mantendo a
mesma qualidade dos serviços, no Metropolitan o hóspede tem a opção de estar
próximo de shoppings, bancos, ministérios e do Congresso Nacional, enquanto no
Lakeside o hóspede tem outras opções como marina e centro de convenções, por
exemplo (ATLANTICA HOTELS, 2007).
Assim como no Lakeside, o Metropolitan também possui 120 apartamentos
(flats). Cada unidade é equipada com duas televisões, vídeo, TV a cabo,
conectividade (Internet), umidificador de ar, geladeira, microondas, tostadeiras, entre
outros equipamentos (ATLANTICA HOTELS, 2007).
A infra-estrutura do Metropolitan oferece aos seus hóspedes: sala de
reunião, internet, sala de ginástica, sala de jogos, piscinas e duas versões de um
dos mais tradicionais restaurantes de Brasília (ATLANTICA HOTELS, 2007).
Atualmente o Metropolitan conta com 78 colaboradores, cujo perfil pode ser
melhor detalhado, conforme pesquisa realizada com 24 desses funcionários, cuja
amostragem representa 31% do total do efetivo (ATLANTICA HOTELS, 2007).
78
5 METODOLOGIA
Silva (2005, p.33) define a metodologia como “um conjunto de
procedimentos intelectuais e técnicos utilizados para atingir determinado objetivo,
nesse caso, conhecimento”.
Gil (apud SILVA, 2005, p.33) diz que “existe uma diversidade de métodos
científicos” e classifica-os como gerais e específicos. Os métodos gerais
proporcionam a base lógica para a investigação e os métodos específicos são
métodos de raciocínio que indicam os procedimentos técnicos que serão adotados.
Portanto, a técnica sempre estará sujeita aos métodos.
Segundo Barros e Lehefeld (2000, p.2) a metodologia busca mostrar ao
pesquisador que se pode adquirir conhecimento por meio da pesquisa científica e o
autor se refere ao pesquisador como sujeito do processo.
Dentre os métodos de pesquisa, Silva (2005, p. 34) cita os seguintes:
a) Método Indutivo: aquele que parte das questões particulares para as
mais generalizadas.
Para Marconi e Lakatos (2000, p. 53), o método indutivo “[...] é um processo
mental por intermédio do qual, partindo de dados particulares, suficientemente
constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não contida nas partes
examinadas”.
Dessa forma, a finalidade da argumentação do método indutivo é extrair
conclusões “cujo conteúdo é muito mais amplo do que o das premissas nas quais se
basearam” (MARCONI e LAKATOS, 2000, p.53).
b) Método Dedutivo: aquele que pressupõe a existência de verdades
gerais, previamente afirmadas, no intuito de servirem como base para a
aquisição de novos conhecimentos (SILVA, 2005, p. 35).
c) Método Hipotético-dedutivo: aquele cujo raciocínio implica a dedução
de certas conclusões com base apenas nas hipóteses (SILVA, 2005, p.
37).
d) Método dialético: “que penetra o mundo dos fenômenos através de sua
ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno e da mudança
79
dialética que ocorre na natureza e na sociedade” (MARCONI e
LAKATOS, 2001, p. 106).
Dentre as variadas possibilidades, optou-se pelo método dedutivo, pois tal
abordagem tem como fundamentos teóricos os estudos já existentes sobre clima
organizacional e qualidade no atendimento, e realiza uma análise comparativa de
fenômenos específicos nos hotéis Lakeside e Metropolitan Flat.
5.1 Tipo de pesquisa
Dentre os tipos de pesquisa destacados por Silva (2005, p.36), cita-se:
a) Pesquisa Exploratória: aquela que busca aprimorar uma idéia pré-
existente com base em levantamento bibliográfico, além de entrevistas
e análises de exemplos similares.
b) Pesquisa Descritiva: Sua finalidade é descrever certos fenômenos ou
estabelecer relações entre variáveis. Neste tipo de pesquisa utiliza-se o
questionário como técnica de coletas de dados, além da observação
sistemática.
c) Pesquisa Explicativa: aquela que busca a identificação de fatores
determinantes ou que contribuem de certa forma para a consecução de
dado fenômeno.
Para a realização deste trabalho, optou-se pelo tipo de pesquisa descritiva,
pois tenta descrever um fenômeno de influência entre o clima organizacional e a
qualidade no atendimento, com base na utilização de um questionário de pesquisa.
5.2 Instrumentos de coleta de dados
Segundo Marconi e Lakatos (2001, p. 115) o procedimento de coleta dos
dados pesquisados pode ser a pesquisa bibliográfica, “[...] desenvolvida a partir de
material já elaborado: livros e artigos científicos”.
80
Para Denker (2004, p.125) a pesquisa documental também é um
instrumento de coleta de dados. Entretanto, sua característica se difere da pesquisa
bibliográfica, pois utiliza material sem tratamento analítico, possibilitando sua
reelaboração, a exemplo dos registros de hóspedes de formulários de avaliação de
satisfação de cliente, entre outros, conforme afirma o autor, nas seguintes palavras:
As fontes documentais podem ser documentos de primeira mão conservados em arquivos de instituições públicas e privadas (formulários da Embratur, registro de hóspedes) ou pessoais (diários, relatos de viagem). Além desses temos documentos de segunda mão: relatórios (de pesquisa, de empresas) e dados estatísticos (IBGE). DENCKER (2004, p. 125).
De acordo com Silva (2005, p.40), além das pesquisas bibliográfica e
documental, considera-se também como instrumento de coleta de dados a pesquisa
experimental, que por sua vez, “consiste em verificar as alterações causadas por
uma determinada variável no objeto escolhido para estudo”. A autora revela ainda
que há outras inúmeras possibilidades de coleta de dados, podendo inclusive sofrer
adaptações para atender as necessidades de cada pesquisador
Nesse sentido, para a realização do presente trabalho optou-se pela
aplicação de questionário (anexo I) aos funcionários do Quality Resort Lakeside e
Metropolitan flat, contendo 34 perguntas referentes às condições gerais de trabalho
do hotel, de acordo com o modelo adotado pela empresa de consultoria The Great
Place to Work Institute, além da pesquisa documental dos registros de satisfação do
cliente mantidos pela Atlantica Hotels.
5.3 Procedimento de análise de dados
Os dados coletados foram tabulados utilizando-se do programa Microsoft
Excel, possibilitando a disposição comparativa em tabelas. Ao comparar as
informações colhidas tanto na pesquisa de clima organizacional realizada com as
equipes dos dois hotéis com os resultados de satisfação dos clientes do Quality
Resort Lakeside e Metropolitan Flat, foi possível observar as variações de satisfação
nas atividades que demandam interação direta com o cliente.
Dessa forma, buscou-se conhecer a influência direta do clima organizacional
81
sobre a qualidade dos serviços prestados.
Ao identificar possíveis relações entre o clima organizacional e a qualidade
dos serviços, poderá ser sugerida algumas ações no sentido de potencializar a
qualidade dos serviços prestados pelos funcionários do Quality Resort Lakeside.
82
6 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
Para a realização da pesquisa foram escolhidos 34 funcionários do hotel
Lakeside e 24 do Metropolitan Flat, tendo sido distribuído o questionário de
pesquisa, conforme Anexo I, e solicitado o preenchimento consensual, sem que
fosse necessária a identificação pessoal. Os funcionários que aceitaram responder
os questionários foram instruídos a devolver o instrumento de pesquisa preenchido
em até 48 horas, sendo orientados a marcarem as questões que melhor se
adequavam à opinião dos respondentes.
6.1 Perfil dos colaboradores respondentes
Lakeside Metropolitan Gênero
Frequência % Frequência %
Masculino 24 71 4 17 Feminino 10 29 20 83
Totais 34 100 24 100 Tabela 1 – Respondentes por gênero Fonte: Pesquisa direta
Em relação ao gênero, embora não haja distinção por parte da
administração dos hotéis pesquisados para efeito de contratação, verificou-se que
do total de respondentes, a população de colaboradores femininos é maior no
Metropolitan do que no Lakeside, conforme demonstra a tabela 1.
Lakeside Metropolitan Faixa etária
Frequência % Frequência %
16 a 30 anos 26 76 18 75 31 a 45 anos 6 18 5 21 Acima de 45 anos 2 6 1 4
Totais 34 100 24 100 Tabela 2 – Respondentes por idade Fonte: Pesquisa direta
Com relação à idade, a maioria dos colaboradores dos dois hotéis pertence
à faixa etária jovem-adulto com idades entre 16 e 30 anos, representando 76% da
força de trabalho no Lakeside e 75% no Metropolitan; os respondentes com idade
entre 31 e 45 anos representam 18% do efetivo do Lakeside contra 21% no
Metropolitan e apenas 6% dos entrevistados possuem idade acima de 45 anos no
Lakeside, contra 4% no Metropolitan, conforme tabela 2.
83
Lakeside Metropolitan Tempo de serviço
Frequência % Frequência %
até 2 anos 24 70 20 83 de 3 a 5 anos 8 24 4 17 de 6 a 10 anos 0 0 0 0 acima de 11 anos 2 6 0 0
Totais 34 100 24 100 Tabela 3 – Respondentes por tempo de serviço
Fonte: Pesquisa direta
Na tabela 3 verifica-se que a maioria dos colaboradores do Lakeside, cerca
de 70%, têm até dois anos de serviço, enquanto 24% têm entre três e cinco anos de
serviço no hotel e apenas 6% têm mais de 11 anos de serviço. Quanto ao
Metropolitan, assim como no Lakeside, a maioria dos colaboradores, cerca de 83%,
têm até dois anos de serviço e 17% têm entre 3 e 5 anos de casa.
Lakeside Metropolitan Escolaridade
Frequência % Frequência %
Ensino Fundamental 0 0 0 0 Ensino Médio 4 18 2 0 Ensino Superior incompleto 10 58 20 84 Ensino Superior completo 3 24 2 8 Pós-graduação 0 0 0 8 Outro 0 0 0 0
Totais 34 100 24 100 Tabela 4 – Respondentes por escolaridade Fonte: Pesquisa direta
A tabela 4 revela que a escolaridade média dos colaboradores, em ambos
os hotéis, é de Ensino Superior Incompleto, representando 58% do efetivo no
Lakeside e 84% no Metropolitan.
Apesar da escolaridade de nível superior ser um dos requisitos para
contratação dos colaboradores da Rede Atlantica, não há estudos que comprovem a
influência da escolaridade sobre o clima organizacional ou mesmo sobre a
satisfação dos clientes.
84
Lakeside Metropolitan Estado civil
Frequência % Frequência %
Solteiro(a) 16 47 12 50 Separado(a) / Divorciado(a) 0 0 0 0 Casado(a) 14 41 8 33 Viúvo(a) 0 0 0 0 União estável 4 12 4 17
Totais 34 100 24 100 Tabela 5 – Respondentes por estado civil Fonte: Pesquisa direta
Com relação ao estado civil dos respondentes, a maioria dos colaboradores
nos dois hotéis pesquisados marcou a opção “solteiro”, representando 47% e 50%
no Lakeside e Metropolitan, respectivamente. Não houve registro de colaboradores
separados ou viúvos em ambos os hotéis, conforme se observa a tabela 5.
Com base nos dados coletados, observa-se diferença significativa na
composição das duas equipes em relação ao gênero, pois enquanto no Lakeside
predomina a população masculina de colaboradores, no Metropolitan é a população
feminina que predomina.
Não há qualquer razão específica e aparente para essa diferença no perfil
dos colaboradores. Contudo, os demais dados se mostraram proporcionalmente
eqüitativos em relação ao perfil dos respondentes.
Não se encontrou qualquer pesquisa ou estudo mais significativo sobre
diferenças qualitativas no atendimento e na qualidade do clima organizacional em
relação ao gênero dos colaboradores e, por isso, não se pode afirmar qualquer
vantagem tanto no atendimento aos clientes dos hotéis pesquisados, quanto na
qualidade do clima organizacional em função da predominância de um determinado
gênero na equipe.
6.2 Avaliação do clima organizacional
Para identificar o grau de satisfação dos funcionários dos hotéis Lakeside e
Metropolitan e, conseqüentemente, do clima organizacional para posteriormente
fazer uma comparação com a satisfação dos clientes de ambos os hotéis, procedeu-
se a aplicação de questionário contendo 34 afirmativas e cinco opções de respostas:
85
Discordo totalmente, discordo parcialmente, indiferente, concordo parcialmente, e
concordo totalmente.
A estrutura do questionário segue o modelo utilizado pela empresa de
consultoria The Great Place to Work Institute, por ser esse modelo o que melhor se
adequa a esse tipo de pesquisa, sendo inclusive eficaz instrumento utilizado para
verificar “As 100 melhores empresas para se trabalhar” divulgado periodicamente
pela revista Exame e Época.
O modelo sintetiza as principais teorias sobre clima organizacional e, para
efeito de representação gráfica, as afirmativas foram reagrupadas em seis
caracteres indicativos de satisfação laboral: Apropriação, camaradagem,
credibilidade, imparcialidade, orgulho e respeito.
Importante salientar que todas as afirmativas do questionário são positivas,
sugerindo uma situação ideal em relação às categorias pesquisadas e, dessa forma,
as respostas discordantes apontam insatisfação e as respostas concordantes
apontam a satisfação por parte do colaborador conforme os itens pesquisados.
Assim, quanto maior for o índice de respostas concordantes, maior será o grau de
satisfação do colaborador com o quesito pesquisado. Nesta mesma perspectiva,
quanto maior for o índice de respostas discordantes, maior será o grau de
insatisfação.
Categoria Descrição Afirmativas do questionário de pesquisa
Apropriação Indica como é percebido o grau com que o empregado é responsabilizado por suas ações
8, 16, 21, 27, 29 e 34
Camaradagem Qualidade da hospitalidade, intimidade e comunidade no ambiente de trabalho, senso de equipe
5, 14 e 25
Credibilidade Grau de acesso e abertura nas comunicações, competência em coordenar os recursos humanos e materiais, integridade e consistência das decisões
2, 3, 4, 7, 13, 22, 28 e 30
Imparcialidade Eqüidade, ou seja, tratamento equilibrado para todos em termos de recompensas, bem como ausência de favoritismo em recrutamento e promoção, não discriminação e possibilidade de apelação
1, 19, 20 e 33
86
Orgulho No trabalho realizado pelo indivíduo, no resultado alcançado por um membro ou pelo grupo, e nos produtos e serviços oferecidos pela empresa
9, 11, 12, 15, 17, 23 e 26
Respeito Suporte aos empregados em decisões relevantes, tratar os empregados como indivíduos com vida pessoal, apoiar o desenvolvimento profissional
6, 10, 18, 24, 31 e 32
Quadro 2 – Caracteres de identificação de satisfação no trabalho Fonte: The Great Place to Work Institute (PEREIRA, 2003, p.23).
A tabela a seguir, afere o grau de satisfação dos colaboradores no quesito
apropriação. Essa variável adotada pelo modelo GPTWI, é um dos tópicos
propostos no modelo de Kozlowski (1989) e também no modelo de Litwin e Stringer,
que representa o sentimento dos membros da organização a respeito da sua
autonomia nas decisões relacionadas ao seu trabalho. Leva em consideração se a
supervisão que recebem é do tipo mais geral, ou seja, o sentimento de ser seu
próprio chefe segundo Pereira (2003, p.24-25).
Lakeside Metropolitan Apropriação
% %
Discordo totalmente 4 3 Discordo parcialmente 4 0 Indiferente 3 3 Concordo parcialmente 32 58 Concordo totalmente 57 36
Totais 100 100 Tabela 6 – Grau de satisfação: Apropriação Fonte: Pesquisa direta
Com relação ao sentimento de apropriação, cujas afirmativas 8, 16, 21, 27,
29 e 34 do questionário avaliativo, se referem à satisfação do colaborador sobre sua
percepção de responsabilidade por suas ações, ficou constatado ao somar as
respostas concordantes que 89% dos respondentes do Lakeside demonstraram
satisfação com esse quesito e 94% no Metropolitan.
A tabela 7, a seguir, afere o grau de satisfação dos colaboradores no quesito
camaradagem, ou seja, o companheirismo dispensado pelos colegas de trabalho.
Essa variável adotada pelo modelo GPTWI, também pode ser encontrada no modelo
proposto por Kozlowski (1989), entretanto, sob o título “trabalho em equipe” e no
87
modelo de Sbragia (1983) sob o título “cooperação existente”. No mesmo sentido, o
modelo de Litwin e Stringer sugere que camaradagem é o sentimento dos membros
da organização sobre a existência de um espírito de ajuda tanto por parte das
lideranças quanto dos demais colegas (PEREIRA, 2003, p.24-25).
Lakeside Metropolitan Camaradagem
% %
Discordo totalmente 2 0 Discordo parcialmente 12 11,11 Indiferente 2 22,22 Concordo parcialmente 41 33,33 Concordo totalmente 43 33,33
Totais 100 100 Tabela 7 – Grau de satisfação: Camaradagem Fonte: Pesquisa direta
A variável camaradagem, segundo Pereira (2003), se refere à qualidade da
hospitalidade, intimidade e comunidade no ambiente de trabalho, bem como o senso
de equipe desenvolvido pelo grupo.
As respostas discordantes sobre o quesito camaradagem somaram 14% no
Lakeside contra 11,11% no Metropolitan e os respondentes que demonstraram estar
indiferentes a essa questão totalizam 2% no Lakeside contra 22,22% no
Metropolitan. Contudo, dos entrevistados que responderam as afirmativas 5, 14 e 25,
66,66% da equipe do Metropolitan concordaram com as afirmativas que sugerem
satisfação, ficando evidenciado que, assim como na equipe do Lakeside, a equipe
do Metropolitan também se mostrou satisfeita no aspecto camaradagem, conforme a
tabela 7.
Quanto ao quesito credibilidade, verificado pelas afirmativas 2, 3, 4, 7, 13,
22, 28 e 30, cuja abordagem afere satisfação no grau de acesso e abertura nas
comunicações, competência em coordenar os recursos humanos e materiais, assim
como integridade e consistência das decisões.
Lakeside Metropolitan Credibilidade
% %
Discordo totalmente 6 4 Discordo parcialmente 5 6 Indiferente 6 19 Concordo parcialmente 39 38 Concordo totalmente 44 33
Totais 100 100 Tabela 8 – Grau de satisfação: Credibilidade Fonte: Pesquisa direta
88
Os resultados sobre credibilidade somaram 71% no Metropolitan contra 83%
no Lakeside, indicando, alto índice de satisfação entre os colaboradores dos dois
hotéis, conforme tabela 8.
As afirmativas de número 1, 19, 20 e 33 aludem ao caractere
Imparcialidade, referente à eqüidade, ou seja, tratamento equilibrado para todos em
termos de recompensas, bem como ausência de favoritismo em recrutamento e
promoção, não discriminação e possibilidade de apelação por parte do colaborador.
Lakeside Metropolitan Imparcialidade
% %
Discordo totalmente 4 0 Discordo parcialmente 10 8 Indiferente 6 13 Concordo parcialmente 31 29 Concordo totalmente 49 50
Totais 100 100 Tabela 9 – Grau de satisfação: Imparcialidade
Fonte: Pesquisa direta
No aspecto imparcialidade, foi constatado mesmo nível de satisfação nas
duas equipes, haja vista que no Metropolitan os respondentes concordantes
somaram 79% contra 80% no Lakeside, evidenciando assim, equidade de satisfação
nesse quesito.
O próximo caractere avaliado pelas questões de número 9, 11, 12, 15, 17,
23 e 26 foi o Orgulho, referindo-se ao prazer no trabalho realizado pelo indivíduo, no
resultado alcançado por um membro ou pelo grupo, bem como nos produtos e
serviços oferecidos pela empresa.
Lakeside Metropolitan Orgulho
% %
Discordo totalmente 4 5 Discordo parcialmente 5 7 Indiferente 3 7 Concordo parcialmente 40 45 Concordo totalmente 48 36
Totais 100 100 Tabela 10 – Grau de satisfação: Orgulho
Fonte: Pesquisa direta
Sobre o aspecto orgulho, constatou-se índice de satisfação próximo entre as
duas equipes dos dois hotéis, ficando a equipe do Metropolitan com 81% de
satisfação contra 88% de satisfação nas respostas concordantes da equipe do
89
Lakeside e apenas 9% nas respostas discordantes. O índice de indiferença sobre
esse aspecto ficou na casa de 3% no Lakeside, contra 7% no Metropolitan,
conforme ilustra a tabela a seguir.
O último caractere avaliado e ilustrado no gráfico a seguir, se refere ao
Respeito, indicando a satisfação dos respondentes quanto ao suporte oferecido aos
empregados em decisões relevantes, o tratamento dispensando aos colaboradores
como indivíduos com vida pessoal e o apoio no desenvolvimento profissional.
Lakeside Metropolitan Respeito
% %
Discordo totalmente 6 0 Discordo parcialmente 8 3 Indiferente 4 8 Concordo parcialmente 31 44 Concordo totalmente 51 44
Totais 100 100 Tabela 11 – Grau de satisfação: Respeito
Fonte: Pesquisa direta
No aspecto respeito registrou-se 88% de satisfação por parte da equipe do
Metropolitan contra 82% da equipe do Lakeside, representando elevado índice de
satisfação nas duas equipes.
De acordo com Pereira (2003) o modelo de Litwin e Stringer também prevê a
qualidade das relações entre os membros do grupo sob o título “relações” que é a
percepção dos membros da organização acerca da existência de um ambiente de
trabalho gratificante e de boas relações sociais, tanto entre os pares quanto entre
chefe e subordinados.
Com base nas seis variáveis propostas pelo GPTWI, que determinam o
clima organizacional de uma empresa, elaborou-se uma tabela com a média geral
dos resultados obtidos nos dois hotéis pesquisados, sendo que as perguntas
discordantes revelam insatisfação e as perguntas concordantes indicam a satisfação
dos colaboradores.
90
Lakeside Metropolitan Clima organizacional
% %
Discordo totalmente 4 2 Discordo parcialmente 7 6 Indiferente 4 12 Concordo parcialmente 36 41 Concordo totalmente 49 39
Totais 100 100 Tabela 12 – Indicadores de clima organizacional nos dois hotéis Fonte: Pesquisa direta
Os resultados apurados tanto no Lakeside quanto no Metropolitan apontam
bom nível de clima organizacional. Entre os dois hotéis pesquisados, o clima
organizacional do Lakeside se mostrou em melhor qualidade em relação ao
Metropolitan Flat, haja vista que 85% dos respondentes da equipe Lakeside optaram
pelas opções concordantes às afirmativas que aludem às condições ideais nos
fatores que interferem no clima organizacional, contra 80% dos respondentes da
equipe Metroplitan. Em uma escala de 0 a 100, pode-se dizer que 85 e 80
representam médias muito boas em termos de satisfação geral dos colaboradores.
Dessa forma, constatou-se que os resultados obtidos indicam níveis de clima
organizacional muito semelhante entre as duas equipes, conforme se pode observar
na tabela 12, restando comparar tais dados com os índices de satisfação dos
clientes dos dois hotéis e, assim, poder constatar se há indícios ou não na relação
entre o clima organizacional e a qualidade no atendimento, conforme propõe o
objetivo do presente trabalho.
6.3 Índice de satisfação dos clientes
A Atlantica Hotels realiza avaliação de satisfação de seus clientes por meio
de sistema informatizado, disponibilizado via internet, que se serve do Programa
Market Metrix onde o cliente responde, em alguns minutos, sobre suas percepções
com relação aos serviços e produtos utilizados durante o período em que ficou
hospedado em uma das unidades administradas pela Rede.
O sistema foi implantado a partir de junho de 2006 e tem demonstrado
eficácia na avaliação pretendida, oferecendo subsídios para a realização dos
91
treinamentos com funcionários e até mesmo modificações em suas estruturas,
visando sempre atender as expectativas de seu público-alvo. O sistema de score
utilizado na plataforma Market Metrix vai de 50 a 90 pontos, e faz uma comparação
instantânea com a média de toda rede.
Com relação à satisfação geral do cliente, com base na média simples
referente ao mês de março/2007, o Lakeside alcançou o score 73,43, enquanto o
Metropolitan alcançou o score 71,4, conforme demonstra a tabela a seguir:
Lakeside Metropolitan Itens avaliados
score score
Atmosfera atrativa e agradável 70 74 Serviço eficiente e amigável 72 78 Avaliação geral do restaurante 73 58 Apresentação da comida 74 63 Qualidade da comida 70 58 Variedade de opções 68 47 Limpeza e aparência das áreas comuns 68 80 Eficiência do chek-in 75 84 Amabilidade do agente de reservas 78 85 Serviços gerais e acessibilidade 67 72 Qualidade do atendimento telef 75 60 Amabilidade e atitude 80 83 Conhecimento do hotel 74 73 Avaliação geral da receptividade 77 78 Cordialidade 78 72 Disposição 76 78
Média geral 73,43 71,4 Tabela 13 – Indicadores de satisfação do cliente
Fonte: Atlantica Hotels: Dados referente mar/2007
Para efeito de relacionar a qualidade do clima organizacional com a
satisfação do cliente, separou-se os quesitos avaliados em duas tabelas distintas,
sendo a primeira tabela com os itens que não exigem a interação direta do
colaborador com o cliente e a segunda tabela contendo os itens que exigem a
interação do colaborador com o cliente. O objetivo desta distinção de itens é para
verificar se há registro de alteração na percepção da qualidade dos serviços por
parte do cliente em ambos os casos.
Dessa forma, observa-se na tabela 14, a seguir, os seguintes resultados:
92
Lakeside Metropolitan Itens avaliados
score score
Avaliação geral do restaurante 73 58 Apresentação da comida 74 63 Qualidade da comida 70 58 Variedade de opções 68 47 Limpeza e aparência das áreas comuns 68 80 Serviços gerais e acessibilidade 67 72 Conhecimento do hotel 74 73
Média 70,57 64,42 Tabela 14 – Indicadores de satisfação do cliente em itens que não exigem interação direta com o cliente
Fonte: Atlantica Hotels: Dados referente mar/2007
O programa Market Matrix utilizado pela Rede Atlantica para avaliação de
satisfação de seus clientes avalia de forma geral os serviços prestados, a qualidade
no atendimento ao cliente, bem como os aspectos mais importantes na rotina de
hospedagem. Entretanto, para o presente trabalho, considerou-se o ato de
atendimento ao cliente as atividades que requerem a interação direta entre
colaboradores e hóspedes, preterindo as atividades descritas na tabela 14 e
privilegiando as atividades descritas na tabela 15, pois, para efeito de checar a
influência da disposição pessoal do colaborador no momento em que interage com o
cliente se faz necessária tal distinção.
Para Ferreira (1993, p. 53) atender indica: 1) dar ou prestar atenção; 2)
atentar, observar; 3) acolher com atenção ou cortesia. Neste sentido, o ato do
atendimento exige a interação direta entre colaborador e cliente.
Segundo Kotler (1998), a satisfação para o cliente depende do que ele
percebe em relação ao desempenho dos prestadores de serviços em relação às
suas expectativas. Nesse sentido, o atendimento requer, necessariamente, o contato
direto entre o colaborador que presta um serviço e o cliente, pois a percepção do
cliente sobre a qualidade desse contato direto irá determinar o grau de satisfação do
cliente e, consequentemente, a qualidade geral do atendimento recebido.
Dentre os aspectos de atendimento da rotina diária dos hotéis Lakeside e
Metropolitan, destacaram-se aquelas atividades que exigem a interação direta entre
colaborador e cliente, no intuito de comparar a percepção dos hóspedes em relação
à disposição pessoal dos colaboradores dos dois hotéis. Parte-se da premissa que a
disposição pessoal dos colaboradores é uma conseqüência do clima organizacional
e quanto melhor for o clima organizacional, melhor será a disposição pessoal dos
93
colaboradores, influenciando a forma como o cliente percebe o atendimento
recebido.
Assim, apresentam-se os scores de satisfação do cliente nas atividades que
requerem interação direta entre colaborador e cliente:
Lakeside Metropolitan Itens avaliados
score score
Atmosfera atrativa e agradável 70 74 Serviço eficiente e amigável 72 78 Eficiência do chek-in 75 84 Amabilidade do agente de reservas 78 85 Qualidade do atendimento telefônico 75 60 Amabilidade e atitude 80 83 Avaliação geral da receptividade 77 78 Cordialidade 78 72 Disposição 76 78
Média geral 75,66 76,88 Tabela 15 – Indicadores de satisfação do cliente em itens que exigem interação direta com o cliente
Fonte: Atlantica Hotels: Dados referente mar/2007
Comparando os resultados contidos nas tabelas 14 e 15 percebe-se que
houve na segunda tabela um aumento significativo no score que mede a satisfação
do cliente em relação ao atendimento recebido em ambos os hotéis. Portanto,
presume-se que a qualidade do atendimento recebido pelo cliente nas atividades
que requerem interação direta, sofre uma variação positiva, enquanto que nos
quesitos que dispensam a interação do cliente com o colaborador, a variação é
negativa e o índice de satisfação tende a diminuir.
Esse resultado indica a possibilidade de interferência do clima
organizacional sobre a disposição pessoal do colaborador e, consequentemente, o
impacto dessa disposição sobre a percepção do cliente em relação à qualidade do
atendimento recebido.
Segundo o Sebrae (2007, p.1), a manutenção de um padrão elevado de
qualidade na prestação de um determinado serviço depende da satisfação dos
funcionários que lidam diretamente com os clientes. “[...] as empresas de serviços
excelentemente administradas acreditam que as relações com os funcionários
refletirão sobre as relações com os consumidores”.
Para Juran (1990) a empresa que quer agradar seus clientes precisa zelar
pela motivação de seus funcionários.
94
Neste sentido, Lopes (1980, p.23), Ribeiro (1994, p.32) e Chiavenato (1991,
p.33) defendem que a motivação está intrinsecamente relacionada com “sentimentos
de realização e de reconhecimento profissional”, interferindo na psicodinâmica
interna da pessoa. Tais sentimentos estão contidos no rol de variáveis que compõem
o clima organizacional de uma empresa.
Portanto, ao constatar indícios de influência do clima organizacional sobre a
qualidade do atendimento, confirma-se a importância do clima organizacional como
facilitador no processo de excelência no atendimento, devendo as empresas dedicar
esforços para promover o melhor clima organizacional possível, com vistas à
satisfação de seus clientes.
95
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho teve como objetivo analisar a relação da qualidade do
clima organizacional e a qualidade do atendimento oferecido pelos colaboradores
nos hotéis pesquisados. Embora possa parecer óbvia essa relação, nem sempre a
ambiência do trabalho é responsável exclusivamente pela satisfação do cliente.
Entretanto, ao se analisar o clima organizacional dos hotéis Lakeside e Metropolitan
Flat, pôde-se pressupor que a harmonia entre os caracteres que resultam no clima
organizacional satisfatório é importante para a satisfação geral do cliente.
Com base nas principais teorias sobre o turismo e sua evolução histórica no
mundo, buscou-se compreender a demanda do mercado de hospitalidade e, assim,
reunir importantes conceitos sobre gestão estratégica com foco no atendimento ao
cliente, pois este fator contribui para a competitividade entre empresas concorrentes,
determinando a preferência do cliente.
Os autores citados no capítulo 3 revelam em suas respectivas obras que a
qualidade no atendimento ao cliente depende em parte da disposição dos
colaboradores que interagem com esses clientes. Assim, buscou-se estudar no
referencial teórico sobre clima organizacional e atendimento ao cliente, uma
correlação entre estes dois fatores. Para testar a teoria, foram descritos os serviços
e a infra-estrutura dos hotéis estudados, no intuito de efetivar pesquisa de campo e
assim poder comparar as teorias citadas com os resultados obtidos, deduzindo
hipoteticamente que o clima organizacional exerce certa influência sobre a qualidade
no atendimento.
O desafio, portanto, foi estudar a relação direta entre a satisfação dos
clientes como reflexo da satisfação dos colaboradores. Tal fator pode indicar uma
correlação interessante de caracteres motivacionais, na busca pela excelência no
atendimento. O fator Orgulho alcançou o segundo lugar de satisfação entre os
respondentes tendo alcançado 88% dos respondentes nas afirmativas concordantes.
Assim, com base nas principais teorias sobre clima organizacional pôde-se
aplicar pesquisa de avaliação de clima organizacional, em um grupo representativo
de colaboradores do Quality Resort Lakeside e Metropolitan Flat, cuja amostragem
correspondeu a 31% do total de funcionários lotados em cada hotel pesquisado.
96
De acordo com a pesquisa realizada, pôde-se constatar, somando os itens
concordantes, que 85% dos respondentes do Lakeside estão satisfeitos com todos
os caracteres necessários ao clima organizacional satisfatório, contra 80%,
utilizando os mesmos critérios no Metropolitan, indicando leve vantagem no clima
organizacional do Lakeside em relação ao Metropolitan.
Reportando às principais teorias de clima organizacional estudadas neste
trabalho, conclui-se que a harmonia dos caracteres que constituem o clima
organizacional dos hotéis Lakeside e Metropolitan, por si só não poderia ser
responsável pelo alto índice de satisfação dos clientes. Contudo, a ênfase no senso
de apropriação e o orgulho de se trabalhar nos hotéis, potencializam
significativamente os resultados obtidos, quando se compara esses resultados aos
índices de satisfação do cliente quando os quesitos avaliados indicam interação
direta com os funcionários, eleva-se o score de satisfação, se comparados com os
quesitos que não exigem a interação direta com os funcionários, conforme
demonstrados nas tabelas de resultados.
Para efeito de comparação, projetou-se no hotel Metropolitan a mesma
pesquisa realiza no Lakeside, cujo objetivo foi verificar a reincidência dos aspectos
do clima organizacional sobre a qualidade no atendimento. Os resultados obtidos no
hotel Metropolitan indicaram equivalência com os resultados do Lakeside, inclusive
com relação ao índice de satisfação dos clientes nas atividades que exigem
interação entre os colaboradores e clientes.
Dessa forma, deduz-se que o clima organizacional exerce certa influência na
satisfação geral do cliente, devendo, portanto, serem observados os caracteres
apropriação, camaradagem, credibilidade, imparcialidade, orgulho e respeito como
fatores de motivação da equipe e, por conseqüência, elementos de importância
significativa na manutenção do clima organizacional da empresa como forma de se
promover a qualidade no atendimento ao cliente. Contudo, devido à leve vantagem
do clima organizacional do Lakeside sobre o Metropolitan, sugere-se à
administração do Metropolitan certa atenção nos quesitos camaradagem,
credibilidade e imparcialidade que foram os quesitos que obtiveram o maior índice
de insatisfação por parte dos colaboradores, apesar de satisfatórios. Acredita-se que
dessa forma, a administração do hotel Metropolitan possa aprimorar ainda mais a
satisfação de seus colaboradores e, assim, alcançar melhores resultados.
97
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101
ANEXO I
Questionário de Avaliação de Clima Organizacional
Quality Resort Lakeside e Metropolitan Flat
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – UnB
Centro de Excelência em Turismo
Prezado[a] Colega,
Esta pesquisa tem por finalidade dar subsídios técnicos à minha monografia
para obtenção do título de Especialista no Curso de Pós-Graduação em Gestão De
Negócios em Turismo, promovida pela Universidade de Brasília - UnB.
A sua aplicação está direcionada aos funcionários do Quality Resort
Lakeside.
As informações serão analisadas desconsiderando-se a identificação dos
respondentes, tendo em vista a manutenção do sigilo e do anonimato da pesquisa.
Obrigada por sua colaboração!
Ricardo Caiafa
102
Questionário de avaliação de clima organizacional
Informações Pessoais
Área de atuação [ ] Portaria [ ] Recepção [ ] Camareira [ ] Supervisão [ ] Gerência [ ] Cozinha [ ] Serviços gerais [ ] Outro: __________________________
Sexo [ ] Masculino [ ] Feminino
Estado civil [ ] Solteiro[a] [ ] Separado[a] ou divorciado[a] [ ] Casado[a] [ ] Viúvo[a] [ ] União estável
Idade [ ] de 16 a 30 anos [ ] de 31 a 45 anos [ ] acima de 45 anos
Tempo de serviço
[ ] até 2 anos [ ] de 3 a 5 anos [ ] de 6 a 10 anos [ ] acima de 11 anos
Grau de escolaridade
[ ] Ensino Fundamental (antigo 1º Grau) [ ] Ensino Médio (antigo 2º grau) [ ] Ensino Superior incompleto [ ] Ensino Superior completo [ ] Pós-graduação [ ] Outro _
Instruções para o Preenchimento 1 - Leia cuidadosamente cada questão antes de responder; 2 - Responda cada questão considerando a situação real do seu dia-a-dia de trabalho; 3 - Para responder as questões, marque um “X” na melhor alternativa que represente sua opinião. Sendo:
- Opinião número 1 – Discordo totalmente; - Opinião número 2 – Discordo parcialmente; - Opinião número 3 – Indiferente - Opinião número 4 – Concordo parcialmente; - Opinião número 5 – Concordo totalmente.
Discordo totalmente
Discordo parcialmente
Indiferente Concordo parcialmente
Concordo totalmente
1 2 3 4 5
N° Afirmações 1 2 3 4 5
1 Os trabalhos são distribuídos de forma justa e equilibrada entre todos os funcionários de um mesmo setor.
2 Meu salário é um atrativo para minha permanência no hotel.
3 Tenho possibilidade de progredir salarialmente.
4 O hotel oferece benefícios que atendem minhas necessidades e expectativas.
5 Existe cooperação entre os funcionários dos diversos setores do hotel.
6 Meu chefe sabe o que faz e conhece bem o seu serviço.
7 Meu chefe sempre me fala sobre o que ele pensa do meu trabalho.
103
8 Eu sei claramente o que o hotel espera do meu trabalho.
9 Existe um excelente relacionamento entre a chefia e os funcionários do hotel.
10 Tenho todas as ferramentas que preciso para realizar bem minhas tarefas.
11 As condições físicas de trabalho no hotel são satisfatórias [ruído, temperatura, higiene, mobiliário, material etc.].
12 Faço questão de estar envolvido e comprometido com os objetivos e resultados da empresa.
13 Sinto-me motivado para o trabalho.
14 O clima de trabalho no hotel é muito bom.
15 Conheço as metas e os objetivos da administração do hotel.
16 Sou extremamente envolvido e comprometido com os objetivos e resultados da empresa.
17 Meu trabalho é relevante e desafiador.
18 O hotel me oferece oportunidade para estudar e para me qualificar profissionalmente.
19 Tenho possibilidade de crescer profissionalmente e fazer carreira no hotel onde trabalho.
20 O hotel estimula e valoriza o trabalho em equipe na busca de oportunidades e inovações.
21 Tenho liberdade para executar meu trabalho.
22 Sempre busco formas de promover transformações que melhorem meu trabalho.
23 Sou extremamente comprometido com minhas atividades profissionais.
24 Em casos especiais posso contar com meu chefe.
25 Em casos especiais posso contar com meus colegas de trabalho
26 Valorizo mais o meu sucesso e o meu reconhecimento do que o meu salário.
27 Procuro atualizar-me profissionalmente.
28 Tenho capacidade de convencimento sobre outras pessoas.
29 Realizo qualquer tarefa para alcançar meu objetivo.
30 Tomo as decisões necessárias em tempo hábil.
31 Acredito que sempre há uma maneira melhor de fazer as coisas.
32 Tenho iniciativa para o desenvolvimento de quaisquer atividades.
33 Aprendo sempre com meus próprios erros e penso que é uma oportunidade de crescimento.
34 Necessito de liberdade para executar minhas tarefas.
104
ANEXO II
Gráfico de satisfação dos clientes Lakeside e Metropolitan Flat
A seguir, apresentam-se os índices de satisfação dos clientes do Lakeside e
Metropolitan Flat, conforme pesquisa interna, realizada pela administração do hotel.
Gráfico 1 – Satisfação do cliente por categoria de serviços / Lakeside. Fonte: Banco de dados Atlantica Hotel – Market Metrix (mar/2007).
Gráfico 2 – Satisfação do cliente por categoria de serviços / Metropolitan.
Fonte: Banco de dados Atlantica Hotel – Market Metrix (mar/2007).
105
Gráfico 3 – Satisfação do cliente em interação com colaboradores do hotel Lakeside. Fonte: Banco de dados Atlantica Hotel – Market Metrix (mar/2007).
Gráfico 4 – Satisfação do cliente em interação com colaboradores do hotel Metropolitan. Fonte: Banco de dados Atlantica Hotel – Market Metrix (mar/2007).
106
Gráfico 5 – Satisfação dos clientes em situações que não exigem interação direta com o cliente Lakeside Fonte: Banco de dados Atlantica Hotel – Market Metrix (mar/2007).
Gráfico 6 – Satisfação dos clientes em situações que não exigem interação direta com o cliente Metropolitan
Fonte: Banco de dados Atlantica Hotel – Market Metrix (mar/2007).