universidade de brasilia faculdade de tecnologia ... · considerando modelos elÁsticos e de...

147
UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL MODELAGEM NUMÉRICA DO COMPORTAMENTO DE SOLOS NÃO SATURADOS CONSIDERANDO MODELOS ELÁSTICOS E DE ESTADOS CRÍTICOS GILSON DE FARIAS NEVES GITIRANA JUNIOR ORIENTADOR: PROF. JOSÉ HENRIQUE FEITOSA PEREIRA, PhD DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM GEOTECNIA PUBLICAÇÃO G.DM - 63A/99 BRASILIA / DF: AGOSTO / 1999

Upload: vodiep

Post on 21-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

UNIVERSIDADE DE BRASILIA

FACULDADE DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL

MODELAGEM NUMÉRICA DO COMPORTAMENTO DE SOLOS NÃO SATURADOS

CONSIDERANDO MODELOS ELÁSTICOS E DE ESTADOS CRÍTICOS

GILSON DE FARIAS NEVES GITIRANA JUNIOR

ORIENTADOR: PROF. JOSÉ HENRIQUE FEITOSA PEREIRA, PhD

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM GEOTECNIA PUBLICAÇÃO G.DM - 63A/99

BRASILIA / DF: AGOSTO / 1999

Page 2: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

ii

UNIVERSIDADE DE BRASILIA

FACULDADE DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL

MODELAGEM NUMÉRICA DO COMPORTAMENTO DE SOLOS NÃO SATURADOS

CONSIDERANDO MODELOS ELÁSTICOS E DE ESTADOS CRÍTICOS

GILSON DE FARIAS NEVES GITIRANA JUNIOR

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E

AMBIENTAL DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE.

APROVADA POR:

_______________________________ JOSÉ HENRIQUE FEITOSA PEREIRA, PhD, UnB (ORIENTADOR)

______________________________

LUCIANO MENDES BEZERRA, PhD, UnB (CO-ORIENTADOR)

_______________________________ MÁRCIO MUNIZ DE FARIAS, PhD, UnB (EXAMINADOR INTERNO)

_______________________________

SANDRO LEMOS MACHADO, DSc, UFBa (EXAMINADOR EXTERNO)

Page 3: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

iii

FICHA CATALOGRÁFICA

GITIRANA JR, GILSON DE FARIAS NEVES

Modelagem Numérica do Comportamento de Solos Não Saturados Considerando Modelos

Elásticos e de Estados Críticos.

xxi, 126 p., 297 mm (ENC/FT/UnB, Mestre, Geotecnia, 1999)

Dissertação de Mestrado - Universidade de Brasília.

Faculdade de Tecnologia. Departamento de Engenharia Civil e Ambiental

1. Solos Não Saturados 2. Modelagens Constitutivas

3. Estados Críticos 4. Métodos Numéricos

I. ENC/FT/UnB II. Título (série)

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA GITIRANA JR, G.F.N.; 1999. Modelagem Numérica do Comportamento de Solos Não Saturados Considerando Modelos Elásticos e de Estados Críticos. Dissertação de Mestrado, Publicação G.DM - 63A/99, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Brasília, Brasília, DF, 126 p. CESSÃO DE DIREITOS NOME DO AUTOR: Gilson de Farias Neves Gitirana Junior TÍTULO DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO: Modelagem Numérica do Comportamento de Solos Não Saturados Considerando Modelos Elásticos e de Estados Críticos. GRAU: Mestre ANO: 1999 É concedida à Universidade de Brasília a permissão para reproduzir cópias desta dissertação de mestrado e para emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte desta dissertação de mestrado pode ser reproduzida sem a autorização por escrito do autor. _____________________________ Gilson de Farias Neves Gitirana Junior Rua 5 Q/D No 18 Conj. Barra Bella, Bairro Parque 10 69054-410 Manaus/AM – Brasil

Page 4: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

iv

DEDICATÓRIA

Este trabalho é dedicado à minha mãe, Amélia Machado de Vasconcelos

e à memória dos meus avós,

Terezinha Machado de Vasconcelos e Genes Darles Gitirana

Page 5: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

v

AGRADECIMENTOS

Acima de tudo obrigado Deus, por todas as benções concedidas. Peço que continue

iluminando meu caminho.

Gostaria de agradecer as seguintes pessoas:

À toda minha família, em particular à minha mãe, que me dá forças para atingir meus objetivos.

Ao meu orientador, Professor José Henrique Feitosa Pereira, pela amizade, confiança, conhecimentos transmitidos e por ter me presenteado com este tema.

À família Ribeiro Barroncas, no nome do Sr. Joaquim e da Sra. Deusa. Sem seu apoio esse trabalho teria sido muito mais difícil.

À Professora Consuelo Alves da Frota, pelo apoio, amizade e por ter me incentivado a fazer pós-graduação.

À Alessandra Lionço, pela amizade e dedicação. À Ronny Peixoto, pela amizade e por ter cedido os resultados experimentais de sua

dissertação, para que fossem utilizados nas análises numéricas deste trabalho. Aos Professores do Programa de Pós-Graduação em Geotecnia da UnB, em especial

aos professores André Pacheco de Assis, Ennio Marques Palmeira, José Camapum de Carvalho e Márcio Muniz de Farias.

À todos os colegas da UnB, pelo alegre e agradável convívio. Aos amigos de Manaus, que mesmo de longe continuaram sempre me dando força. Ao Colégio Militar de Manaus, à Universidade do Amazonas e à Universidade de

Brasília. Me orgulho e sou grato por ter passado por essas Instituições, responsáveis pela minha formação.

À CAPES (Comissão de apoio à formação de pessoal de nível superior), pelo suporte financeiro durante à execução desse trabalho.

Page 6: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

vi

RESUMO

Neste trabalho é apresentada a modelagem numérica do comportamento mecânico de

solos não saturados e são analisadas modelagens constitutivas para a estrutura de solos não

saturados. É avaliada a performance do modelo elástico incremental de Fredlund e do modelo

de estados críticos para solos não saturados de Alonso. São efetuadas simulações analíticas e

numéricas, com base em ensaios oedométricos em solos colapsíveis, sob trajetórias de

molhagem. Com esse fim, foi implementado um programa para a simulação analítica de

trajetórias de tensão utilizando o modelo de Alonso, denominado de CRISMUS e foi

implementado no programa COUPSO o modelo de Alonso. Os parâmetros constitutivos

utilizados nas análises correspondem à argila porosa e colapsível, típica do Distrito Federal.

Com base nas análises realizadas, considerando o modelo elástico incremental de

Fredlund, verifica-se que com a aplicação de coeficientes de anisotropia variáveis o

comportamento do solo em trajetórias de molhagem é melhor reproduzido, quando

comparado à utilização de coeficientes constantes.

Em relação às simulações utilizando o modelo de Alonso, verifica-se, utilizando o

programa CRISMUS, que as deformações axiais e radiais são muito influenciadas pela

utilização da lei de fluxo associada ou da lei de fluxo não associada proposta originalmente.

Observa-se que, para a trajetória simulada, utilizando uma le i de fluxo associada o

comportamento do solo é melhor reproduzido. As simulações numéricas utilizando o modelo

de Alonso evidenciaram a necessidade de maiores investigações, em relação aos

procedimentos numéricos.

Page 7: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

vii

ABSTRACT

This work deals with the numerical modelling for the mechanical behaviour of

unsaturated soils and the analysis of the performance of Fredlund’s elastic incremental and

Alonso’s critical state constitutive models for unsaturated soils. Analytical and numerical

modelling, by us ing back-analyses of oedometer tests were performed on collapsing soils

under wetting paths. A computer code, named CRISMUS, based on Alonso’s critical state

model was developed. The subroutines of this code were added into the finite element

program COUPSO. Back analyses of oedometer tests were performed by using experimental

results on a typical natural collapsing soil of the Federal District.

In terms of Fredlund’s elastic incremental modelling, is shown that the use of variable

anisotropic stress induced coefficients produces better results as compared to using constant

values, when simulating wetting stress paths.

In terms of Alonso’s model, it is verified, by using the code CRISMUS, that the radial

and axial strains do suffer a strong influence of the flow law adopted. A better reproduction of

the experimentally observed behaviour is obtained when using an associated flow law, for the

stress path reproduced. The use of numerical modelling to reproduce soil behaviour, by using

Alonso’s model, has shown the need of additional research on numerical procedures.

Page 8: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

viii

ÍNDICE

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 1

1.1 RELEVÂNCIA DA PESQUISA.......................................................................................... 1

1.2 OBJETIVOS DA DISSERTAÇÃO ..................................................................................... 2

1.3 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO ............................................................................. 3 2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................... 4

2.1 CONCEITOS BÁSICOS PARA SOLOS NÃO SATURADOS.......................................... 4

2.1.1 VARIÁVEIS DE TENSÃO PARA SOLOS NÃO SATURADOS................................... 4

2.1.2 RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DE SOLOS NÃO SATURADOS.................... 6

2.2 MODELOS PARA A ESTRUTURA DOS SOLOS NÃO SATURADOS.......................... 7

2.2.1 MODELO ELÁSTICO INCREMENTAL DE FREDLUND (1979).................................7

2.2.1.1 MODIFICAÇÕES PROPOSTAS POR PEREIRA (1996)........................................... 10

2.2.2 GENERALIDADES DA RELAÇÃO CONSTITUTIVA ELASTOPLÁSTICA............ 14

2.2.3 MODELO DE ESTADOS CRÍTICOS DE ALONSO ET AL. (1990)............................18

2.2.4 MODELO DE ESTADOS CRÍTICOS DE BALMACEDA (1991)................................ 24

2.2.5 OUTROS ESTUDOS EM TORNO DE MODELOS DE ESTADOS CRÏTICOS..........27

2.3 MODELOS CONSTITUTIVOS PARA AS FASES ÁGUA E AR....................................30

2.3.1 LEIS DE MOVIMENTO................................................................................................. 31

2.3.2 VARIAÇÃO VOLUMÉTRICA.......................................................................................33

2.4 RESUMO............................................................................................................................ 34

3 MODELAGEM MECÂNICA E NUMÉRICA..................................................................36

3.1 DESCRIÇÃO GERAL DA MODELAGEM E HIPÓTESES BÁSICAS ADOTADAS....36

3.2 EQUAÇÕES BÁSICAS QUE REGEM A MECÂNICA DO PROBLEMA......................38

3.2.1 EQUAÇÕES EM COORDENADAS CARTESIANAS..................................................38

3.2.2 EQUAÇÕES EM COORDENADAS CILÍNDRICAS.................................................... 40

3.3 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS FINAIS DO PROBLEMA................................................42

3.3.1 EQUAÇÕES PARA A CONDIÇÃO DE DEFORMAÇÕES PLANAS......................... 42

3.3.2 EQUAÇÕES PARA A CONDIÇÃO AXISSIMÉTRICA............................................... 44

3.4 SOLUÇÃO NUMÉRICA DAS EQUAÇÕES.................................................................... 45

3.4.1 DISCRETIZAÇÃO ESPACIAL PARA A CONDIÇÃO

DE DEFORMAÇÕES PLANAS..................................................................................... 46

Page 9: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

ix

3.4.2 DISCRETIZAÇÃO ESPACIAL PARA A CONDIÇÃO AXISSIMÉTRICA................ 48

3.4.3 DISCRETIZAÇÃO TEMPORAL DAS EQUAÇÕES.................................................... 49

3.5 SOLUÇÃO DAS EQUAÇÕES CONSIDERANDO A NÃO-LINEARIDADE FISÍCA.. 51

3.6 RESUMO............................................................................................................................ 54

4 IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA CRISMUS E DA NOVA VERSÃO DO

PROGRAMA COUPSO E VALIDAÇÕES.......................................................................... 55

4.1 PROGRAMA CRISMUS................................................................................................... 55

4.1.1 DESCRIÇÃO GERAL DO PROGRAMA...................................................................... 55

4.1.2 VALIDAÇÃO DO PROGRAMA CRISMUS................................................................. 59

4.1.2.1 SIMULAÇÃO DE UMA TRAJETÓRIA COM O DESENVOLVIMENTO DE

TENSÕES CISALHANTES......................................................................................... 59

4.1.2.2 SIMULAÇÃO DE TRAJETÓRIAS DE MOLHAGEM SOB TENSÕES TOTAIS

LÍQUIDAS DIFERENTES........................................................................................... 61

4.1.2.3 SIMULAÇÃO DE TRAJETÓRIAS DE AUMENTO DA TENSÃO TOTAL

LÍQUIDA MÉDIA SOB DIFERENTES SUCÇÕES................................................... 62

4.1.2.4 SIMULAÇÃO DE UMA TRAJETÓRIA COM ESCOAMENTO DEVIDO A

AUMENTO DE SUCÇÃO........................................................................................... 63

4.2 PROGRAMA COUPSO..................................................................................................... 64

4.2.1 DESCRIÇÃO GERAL DO PROGRAMA...................................................................... 64

4.2.2 ORGANIZAÇÃO DO PROGRAMA.............................................................................. 65

4.2.3 APLICAÇÃO DO NEWTON-RAPHSON NA INTEGRAÇÃO DA RELAÇÃO

CONSTITUTIVA DE ESTADOS CRÍTICOS................................................................ 70

4.2.4 VALIDAÇÃO DO PROGRAMA COUPSO................................................................... 73

4.2.4.1 SIMULAÇÃO DE ADENSAMENTO COM CONFINAMENTO LATERAL........... 73

4.2.4.2 SIMULAÇÃO DE CARREGAMENTO UNIFORME COM CONFINAMENTO

LATERAL.....................................................................................................................76

4.3 RESUMO............................................................................................................................ 77

5 SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE ENSAIOS OEDOMÉTRICOS.................................... 78

5.1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 78

5.2 RESULTADOS EXPERIMENTAIS DE PEIXOTO (1999) E SUPERFÍCIES

AJUSTADAS AOS RESULTADOS.................................................................................. 79

5.2.1 SUPERFÍCIE DE ESTADOS DE ÍNDICE DE VAZIOS............................................... 79

5.2.2 SUPERFÍCIE DE ESTADOS PARA GRAU DE SATURAÇÃO.................................. 81

Page 10: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

x

5.2.3 SUPERFÍCIE DE ESTADOS PARA CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA.................. 82

5.2.4 SUPERFÍCIE DE VARIAÇÃO DO COEFICIENTE DE POISSON............................. 84

5.2.5 EVOLUÇÃO DAS TENSÕES HORIZONTAIS DURANTE A MOLHAGEM............ 85

5.3 TRAJETÓRIA DE TENSÕES SIMULADA, GEOMETRIA DO PROBLEMA E

DETALHES DA SOLUÇÃO NUMÉRICA....................................................................... 86

5.4 SIMULAÇÃO DE ENSAIOS OEDOMÉTRICOS DE MOLHAGEM

UTILIZANDO O MODELO ELÁSTICO INCREMENTAL............................................ 88

5.4.1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES.......................................................................... 88

5.4.2 RESULTADO DAS SIMULAÇÕES NUMÉRICAS UTILIZANDO O MODELO

ELÁSTICO INCREMENTAL......................................................................................... 90

5.5 SIMULAÇÕES DE ENSAIOS OEDOMÉTRICOS DE MOLHAGEM

UTILIZANDO O MODELO DE ALONSO ET AL. (1990).............................................. 95

5.5.1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES...........................................................................95

5.5.2 ANÁLISES PARAMÉTRICAS DE φ‘ e k...................................................................... 97

5.5.2.1 ANÁLISES PARAMÉTRICAS VARIANDO k.......................................................... 98

5.5.2.2 ANÁLISES PARAMÉTRICAS VARIANDO φ‘......................................................... 99

5.5.3 RESULTADO DAS SIMULAÇÕES NUMÉRICAS UTILIZANDO O MODELO DE

ALONSO ET AL. (1990)...............................................................................................101

5.6 RESUMO.......................................................................................................................... 103 6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS...............................105

6.1 CONCLUSÕES.................................................................................................................105

6.2 SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS............................................................... 107

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................ 109

A. TERMOS DA RELAÇÃO ELASTOPLÁSTICA PARA O

MODELO DE ALONSO ET AL. (1990)............................................................................... 113

B. SOLUÇÃO POR ELEMENTOS FINITOS DAS EQUAÇÕES

DE EQUILÍBRIO E FLUXO.................................................................................................. 120

B.1 CASO DE DEFORMAÇÕES PLANAS EM COORDENADAS CARTESIANAS....... 120

B.2 CASO AXISSIMÉTRICO EM COORDENADAS CILÍNDRICAS............................... 123

Page 11: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Superfície de estado de variação volumétrica da estrutura do solo........................ 9

Figura 2.2 – Deformações em trajetórias de redução da sucção............................................... 11

Figura 2.3 – Variação do coeficiente de Poisson adotada por Pereira (1996).......................... 13

Figura 2.4 – Gráficos de compressibilidade em relação às variações da tensão média p......... 18

Figura 2.5 – Gráficos de compressibilidade em relação às variações de sucção mátrica s.......19

Figura 2.6 – Influência do parâmetro β na forma da curva de variação de λ(s)....................... 20

Figura 2.7 – Superfícies de escoamento para o modelo de Alonso et al. (1990) e algumas

trajetórias de tensão.............................................................................................. 21

Figura 2.8 – Forma de evolução da superfície LC para o modelo de Alonso et al. (1990)...... 22

Figura 2.9 – Forma de evolução da superfície LC para o modelo de Balmaceda (1991)......... 26

Figura 2.10 – Curva de variação da condutividade hidráulica com as variáveis de tensão...... 32

Figura 2.11 – Superfície de estado de variação volumétrica da estrutura do solo.................... 33

Figura 3.1 – Sistema de coordenadas cartesianas..................................................................... 39

Figura 3.2 – Sistema de coordenadas cilíndricas...................................................................... 40

Figura 3.3 – Método de Newton-Raphson................................................................................ 53

Figura 4.1 – Simulação 1: (a) trajetória de tensões no espaço p:q; (b) tensões desviatórias

por deformações cisalhantes; (c) volume específico por tensão total média;

(d) volume específico por deformação cisalhante.................................................60

Figura 4.2 – Simulação 2: (a) trajetórias de tensão; (b) volume específico : tensão total

média..................................................................................................................... 62

Figura 4.3 – Simulação 3: (a) trajetórias de tensão; (b) volume específico : tensão total

média..................................................................................................................... 62

Figura 4.4 – Simulação 4: (a) trajetórias de tensão; (b) volume específico : tensão total

média..................................................................................................................... 63

Figura 4.5 – Fluxograma do programa COUPSO..................................................................... 69

Figura 4.6 – Problema de adensamento para uma camada de solo homogênea e saturada...... 74

Figura 4.7 – Distribuição de excesso de pressão de água no caso de adensamento

unidimensional de uma camada de solo saturado e homogêneo.......................... 75

Page 12: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

xii

Figura 4.8 – Variação do índice de vazios com a tensão efetiva durante o adensamento.........75

Figura 4.9 – Problema de carregamento uniforme e infinito.................................................... 76

Figura 4.10 – Variação do índice de vazios com a tensão efetiva durante o carregamento......76

Figura 5.1 – Dados experimentais de compressibilidade da estrutura do solo (Peixoto, 1999)

e curvas ajustadas: (a) índice de vazios por tensão total líquida média sob

várias sucções; (b) volume específico por logaritmo natural da tensão

total líquida média para várias sucções................................................................ 79

Figura 5.2 – Curvas de compressibilidade da estrutura do solo ajustadas aos resultados de

Peixoto (1999): (a) índice de vazios por sucção para várias tensões totais

líquidas médias; (b) volume específico por logaritmo natural da sucção

para várias tensões totais líquidas médias............................................................ 80

Figura 5.3 – Curva característica para os resultados de Peixoto (1999)................................... 82

Figura 5.4 – Curvas arbitradas de condutividade hidráulica para o solo estudado por Peixoto

(1999): (a) curvas de condutividade hidráulica em função do logaritmo

da sucção; (b) curvas de condutividade hidráulica em função da sucção............ 83

Figura 5.5 – Superfície de variação do coeficiente de Poisson................................................. 84

Figura 5.6 – Variação das tensões horizontais obtidas por Peixoto (1999) e curvas

ajustadas: (a) tensões horizontais líquidas por tensões verticais líquidas

para várias sucções; (b) tensões horizontais líquidas por sucção para

várias tensões verticais líquidas............................................................................ 85

Figura 5.7 – Geometria e malha do ensaio oedométrico...........................................................86

Figura 5.8 – Avanço típico da molhagem nas simulações........................................................ 87

Figura 5.9 – Índice de vazios por sucção.................................................................................. 91

Figura 5.10 – Índice de vazios por tensão total líquida média.................................................. 91

Figura 5.11 – Tensão horizontal por sucção............................................................................. 92

Figura 5.12 – Coeficiente de anisotropia horizontal por sucção............................................... 92

Figura 5.13 – Segundo invariante do tensor desviatório de tensões totais líquidas por

sucção.................................................................................................................. 93

Figura 5.14 – Trajetórias de tensão total líquida....................................................................... 94

Figura 5.15 – Ajuste da superfície LC aos resultados de Peixoto (1999): (a) variação de λ(s);

(b) superfície LC................................................................................................. 96

Figura 5.16 – Superfícies de escoamento variando a taxa de ganho de coesão com a

sucção, k............................................................................................................. 97

Page 13: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

xiii

Figura 5.17 – Superfícies de escoamento variando o ângulo de atrito, φ’................................ 97

Figura 5.18 – Deformações para vários valores de k, considerando lei de fluxo associada:

(a) deformações específicas em x e y; (b) variação do índice de vazios............. 99

Figura 5.19 – Deformações para vários valores de k, considerando lei de fluxo não associada:

(a) deformações específicas em x e y; (b) variação do índice de vazios............. 99

Figura 5.20 – Deformações para vários valores de φ’, considerando lei de fluxo associada: (a)

deformações específicas em x e y; (b) variação do índice de vazios................100

Figura 5.21 – Deformações para vários valores de φ’, considerando lei de fluxo não associada:

(a) deformações específicas em x e y; (b) variação do índice de vazios........... 100

Figura 5.22 – Índice de vazios por sucção.............................................................................. 102

Figura 5.23 – Tensão horizontal líquida por sucção............................................................... 102

Page 14: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

xiv

LISTA DE TABELAS

Tabela 4.1 – Dados de entrada do programa CRISMUS.......................................................... 56

Tabela 4.2 – Parâmetros utilizados na simulação 1.................................................................. 60

Tabela 4.3 – Parâmetros utilizados nas simulações 2, 3 e 4..................................................... 61

Page 15: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

xv

LISTA DE SÍMBOLOS, NOMENCLATURA E ABREVIAÇÕES

A Módulo plástico

A Matriz do modelo numérico final

Acr Módulo plástico crítico

B Matriz do modelo numérico final

bx, by, bz Forças de massa nas direções x, y e z respectivamente

br, by, bθ Forças de massa nas direções r, y e θ respectivamente

c’ Coesão

cv Coeficiente de adensamento

CW Matriz de acoplamento

CW1, CW2 Sub-matrizes da matriz de acoplamento

d Incremento

D Matriz constitutiva que relaciona tensões totais líquidas com deformação

D11, D12, D13,

D21, D22, D23,

D31, D32, D33

Termos da matriz constitutiva que relaciona tensões totais líquidas com

deformação

dυep Variação elástica de volume específico devido à variação de tensão total

dυes Variação elástica de volume específico devido à variação de sucção

dυpp Variação plástica de volume específico devido à variação de tensão total

dυps Variação plástica de volume específico devido à variação de sucção

De Matriz constitutiva elástica que relaciona tensões totais líquidas com

deformação

Dep Matriz constitutiva elastoplástica que relaciona tensões totais líquidas com

deformação

DK Matriz de rigidez

DK11, DK12,

DK21, DK22

Sub-matrizes da matriz de rigidez

duw Pressão de água desequilibrada

e Índice de vazios

e Erro

E Módulo de Young

Page 16: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

xvi

e0 Índice de vazios inicial

et al. et alli (e outros)

etc. et cetera (e assim por diante)

F Vetor de força relacionado com a estrutura do solo

F Superfície de escoamento

F1 Superfície de escoamento LC

F2 Superfície de escoamento SI

FW Vetor de força relacionado com a fase água

G Módulo cisalhante

G1 Potencial plástico relacionado com escoamento pela superfície LC

G2 Potencial plástico relacionado com escoamento pela superfície SI

g(θ) Inclinação da linha de estados críticos

H Módulo elástico para variações de sucção

H Vetor constitutivo que relaciona deformações com sucção

h1, h2, h3 Termos do vetor constitutivo que relaciona tensões totais líquidas e sucção

H1, H2, H3 Termos do vetor constitutivo que relaciona deformações com sucção

he Vetor constitutivo elástico que relaciona tensões totais líquidas com sucção

He Vetor constitutivo elástico que relaciona deformações com sucção

hep Vetor constitutivo elastoplástica que relaciona tensões totais líquidas com

sucção

Hp Vetor constitutivo plástico que relaciona deformações com sucção

Hs Vetor de termos constitutivos que relacionam deformações com sucção

HW Matriz de massa de água

J Segundo invariante do tensor de tensões totais líquidas desviatórias

J3 Termo auxiliar do terceiro invariante do tensor de tensões totais líquidas

desviatórias

k Taxa de ganho de resistência ao cisalhamento com o aumento de sucção

k kilo (x 103)

K0 Coeficiente de empuxo em repouso

kw Condutividade hidráulica

kra, ky

a, kθa Condutividade da fase ar, nas direções r, y e θ respectivamente

krw, ky

w, kθw Condutividade da fase água, nas direções r, y e θ respectivamente

kxa, ky

a, k za Condutividade da fase ar, nas direções x, y e z respectivamente

Page 17: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

xvii

kxw, ky

w, k zw Condutividade da fase água, nas direções x, y e z respectivamente

LC Superfície de escoamento para carga e molhagem, “Loading Colapse”

m Metro

m Função auxiliar do modelo de Balmaceda (1991)

MHz Mega Hertz

Mb Mega Bites

m1s Compressibilidade da estrutura do solo em relação à variações de tensões

totais líquidas

m1w Compressibilidade da fase água em relação à variações de tensões totais

líquidas

m2s Compressibilidade da estrutura do solo em relação à variações de sucção

m2w Compressibilidade da fase água em relação à variações de sucção

n Porosidade

N Newton

p Primeiro invariante do tensor de tensões totais líquidas desviatórias

p Tensão total líquida média

p0 Tensão total líquida média de escoamento em trajetórias isotrópicas de

tensão para sução s

p0* Tensão total líquida média de escoamento em trajetórias isotrópicas de

tensão para sução nula

Pa Pascais

patm Pressão atmosférica

pc Tensão média de referência

pc Parâmetro de ajuste da superfície LC

pp. entre páginas

p(s) Tensão total líquida média de escoamento em trajetórias isotrópicas de

tensão para sução s

p0*máx Tensão total líquida média para a qual tem-se máximo colapso em trajetória

de molhagem

q Segundo invariante do tensor de tensões totais líquidas desviatórias para

condições axissimétricas de tensão (σ2=σ3)

r Coordenada na direção r

r Parâmetro de ajuste de λ(s)

Page 18: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

xviii

RAM “Random access memory”, memória de acesso aleatório

s Sucção

s0 Sucção que delimita o domínio elástico para aumentos de sucção

SI Superfície de escoamento para aumento de sucção, “Suction Increase”

SMOB Razão entre a resistência ao cisalhamento mobilizada e a disponível

Sr Grau de saturação

t Tensão de superfície

t Variável tempo

tol Tolerância para convergência do método Newton-Raphson

TW Matriz de condutância

u Deslocamento na direção x

u Deslocamento na direção r

u& Taxa de deslocamento com o tempo na direção x

u& Taxa de deslocamento com o tempo na direção r

ua Pressão de ar

ua0 Pressão de ar inicial

ua - uw Sucção

uw Pressão de água

wu& Taxa de variação da pressão de água com o tempo

uw0 Pressão de água inicial

v Deslocamento na direção y

v& Taxa de deslocamento com o tempo na direção y

V0 Volume total inicial

Va Volume de ar

vra, vy

a, vθa Velocidades do ar no sentido da lei de Darcy, nas direções r, y e θ

respectivamente

vrw, vy

w, vθw Velocidades da água no sentido da lei de Darcy, nas direções r, y e θ

respectivamente

Vv Volume de vazios

vxa, vy

a, v za Velocidades do ar no sentido da lei de Darcy, nas direções x, y e z

respectivamente

vxw, vy

w, v zw Velocidades da água no sentido da lei de Darcy, nas direções x, y e z

respectivamente

Page 19: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

xix

Vw Volume de água

w Umidade

w Deslocamento na direção z

w Deslocamento na direção θ

w1, w2, w3 Funções peso

w Vetor de incógnitas do modelo numérico

WK Matriz de acoplamento

WK1, WK2 Sub-matrizes da matriz de acoplamento

x Coordenada na direção x

y Coordenada na direção y

y Elevação

z Coordenada na direção z

α Tamanho do incremento de tensões

α Parâmetro do modelo de Balmaceda (1991)

β Tamanho do incremento de tensões corrigido

β Inclinação da superfície do maciço

β Parâmetro de ajuste da variação de λ(s)

β Compressibilidade da fase ar

β1rw, β1y

w, β1θw Parâmetros constitutivos de acoplamento entre equilíbrio e fluxo para a

formulação em coordenadas cilíndricas

β1xw, β1y

w, β1zw Parâmetros constitutivos de acoplamento entre equilíbrio e fluxo para a

formulação em coordenadas cartesianas

χ Parâmetro constitutivo da equação de Bishop

χx, χy, χz Coeficientes de anisotropia nas direções x, y e z respectivamente

∆t Variação de tempo

∆εvpmáx Máxima Deformação volumétrica possível em trajetória de molhagem

~ε Vetor de deformações

e

~ε Vetor de deformações elásticas

p

~ε Vetor de deformações plásticas

εr, εy, εθ Deformação nas direções r, y e θ respectivamente

Page 20: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

xx

εv Deformação volumétrica

εvp Deformação volumétrica plástica

εx, εy, εz Deformação nas direções x, y e z respectivamente

φ Função interpoladora

φ’ Ângulo de atrito

φb Ângulo de atrito em relação à sucção

γa Peso específico da fase ar

γxy Deformação cisalhante no plano x, e na direção y

γxz Deformação cisalhante no plano x, e na direção z

γyz Deformação cisalhante no plano y, e na direção z

γw Peso específico da fase água

Γ Parâmetro de endurecimento

ϕ Número muito pequeno

κ Coeficiente de compressibilidade elástico para variações isotrópicas de

tensões totais líquidas

κs Coeficiente de compressibilidade elástico para variações de sucção

λ Coeficiente de compressibilidade elástoplástico para variações isotrópicas

de tensões totais líquidas

Λ Constante de proporcionalidade da lei elastoplástica

λ(0) Coeficiente de compressibilidade elástoplástico para variações isotrópicas

de tensões totais líquidas com sucção nula

λ(s) Coeficiente de compressibilidade elástoplástico para variações isotrópicas

de tensões totais líquidas com sucção s

λs Coeficiente de compressibilidade elástoplástico para variações isotrópicas

de sucção

µ Coeficiente de Poisson

µf Coeficiente de Poisson para o solo saturado

µs Coeficiente de Poisson para o solo saturado

µu Coeficiente de Poisson para o solo com elevada sucção

θ Coordenada na direção θ

θ Terceiro invariante do tensor desviatório de tensões totais líquidas

θ Valor utilizado na integração no tempo das equações diferenciais

Page 21: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

xxi

ρw Densidade da água

σ Tensão

σ’ Tensão efetiva

*

~σ Vetor de tensões totais líquidas

σ1 Tensão principal maior

σ2 Tensão principal intermediária

σ3 Tensão principal menor ou tensão de confinamento

σc Tensão total de confinamento

σf Tensão total normal no plano de ruptura, na ruptura

σh Tensão total horizontal

σméd Tensão total média

σr, σy, σθ Tensões normais totais nas direções r, y e θ respectivamente

σv Tensão total vertical

σx, σy, σz Tensões normais totais nas direções x, y e z respectivamente

σx0, σy0, σz0 Tensões normais totais iniciais nas direções x, y e z respectivamente

(σ - ua) Tensão total líquida

τff Tensão cisalhante no plano de ruptura, na ruptura

τry Tensão cisalhante no plano r, e na direção y

τrθ Tensão cisalhante no plano r, e na direção θ

τxy Tensão cisalhante no plano x, e na direção y

τxz Tensão cisalhante no plano x, e na direção z

τyz Tensão cisalhante no plano y, e na direção z

τyθ Tensão cisalhante no plano y, e na direção θ

τxy0 Tensão cisalhante inicial no plano x, e na direção y

τxz0 Tensão cisalhante inicial no plano x, e na direção z

τyz0 Tensão cisalhante inicial no plano y, e na direção z

υ Volume específico

ω Parâmetro de desassociação do modelo de Alonso et al. (1990)

ζx, ζy Funções auxiliares do modelo de Balmaceda (1991)

Page 22: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

1

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO

1.1 RELEVÂNCIA DA PESQUISA

Nos últimos anos tem crescido muito o interesse pelo estudo de solos não saturados

em todo o mundo. A importância econômica dos problemas geotécnicos que envolvem solos

colapsíveis e solos expansivos, que são por natureza materiais não saturados, justifica o

aprofundamento das pesquisas em torno desses solos. Tem-se, por exemplo, que um dos

problemas mais importantes envolvendo solos não saturados no Distrito Federal e em outras

regiões do país refere-se à execução de obras de engenharia que envolvem solos colapsíveis.

Estes solos sofrem considerável e brusca redução de volume e de resistência ao cisalhamento,

quando submetidos a determinadas variações em seu estado de tensões, como por exemplo,

em trajetórias de molhagem (redução de sucção), sob certa faixa de tensões.

O entendimento do comportamento mecânico dos solos não saturados requer o

desenvolvimento e aprimoramento de recursos experimentais específicos para esses materiais

e avanços em outras duas direções. A primeira consiste na elaboração de modelagens

constitutivas que reproduzam, de forma adequada, observações experimentais. A segunda

compreende a implementação das modelagens constitutivas em soluções numéricas,

permitindo a aplicação desses modelos em problemas de valor de contorno e valor inicial.

Baseadas na utilização de duas variáveis de tensão, foram apresentadas diversas

modelagens constitutivas para a compressibilidade e resistência da estrutura de solos não

saturados. A mais simples consiste na modelagem elástica incremental baseada na superfície

de estado de índice de vazios (Matyas & Radhakrishna, 1968 e Fredlund, 1979), combinada

com um critério de ruptura que consiste na extensão do critério de Mohr-Coulomb (Fredlund

et al., 1978). Como avanços mais recentes, tem-se as pesquisas em torno da extensão dos

conceitos de estados críticos para solos não saturados, destacando-se o trabalho de Alonso et

al. (1990).

Lawton et al. (1991) e Pereira (1996) verificaram, para solos colapsíveis em trajetórias

de molhagem, que a relação entre as variáveis de tensão e as deformações é anisotrópica.

Apesar dos modelos constitutivos elástico incremental e de estados críticos citados se

proporem a reproduzir o comportamento de solos não saturados, não se sabe até que ponto o

comportamento anisotrópico observado para solos colapsíveis, em trajetória de molhagem,

Page 23: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

2

pode ser reproduzido por essas modelagens. Assim, torna-se necessária uma investigação em

relação à tais aspectos dos modelos.

A avaliação da performance desses modelos em simulações numéricas de ensaios de

laboratório pode ser uma grande contribuição no sentido de aferir a resposta desses modelos

em tais situações, onde é conhecida a resposta correta que as análises devem reproduzir.

Realizando este tipo de análise, pode-se determinar como esses modelos simulam o

comportamento do solo e quais suas qualidades e limitações. Além disso, com a

implementação desses modelos em soluções numéricas, possibilita-se futuras simulações de

problemas de campo.

1.2 OBJETIVOS DA DISSERTAÇÃO

Inserido no contexto apresentado, este trabalho tem dois objetivos principais:

• Implementar modelos constitutivos para solos não saturados em um programa que

permita a solução numérica de problemas de contorno e valor inicial;

• Analisar a performance, em trajetórias de molhagem, do modelo elástico

incremental e do modelo de Alonso et al. (1990), por meio de simulações

analíticas de trajetórias de molhagem e por meio de simulações numéricas de

ensaios oedométricos de molhagem;

O motivo da escolha do modelo de Alonso et al. (1990) deveu-se ao fato desse modelo

ser um dos mais referenciados na bibliografia e se tratar de uma proposta de simulação do

comportamento de solos colapsíveis pouco ou não expansivos.

Para permitir simulações analíticas de trajetórias de tensão utilizando o modelo de

Alonso et al. (1990), foi escrito um programa em linguagem FORTRAN, batizado de

CRISMUS (“CRItical State Model for Unsaturated Soil”). Esse programa calcula as

deformações produzidas por uma trajetória de tensões imposta qualquer, permitindo a

simulação de quaisquer trajetórias de tensões desejadas.

De forma a permitir a simulação numérica de ensaios oedométricos, foi utilizado o

programa de Elementos Finitos COUPSO (Pereira, 1996). Neste programa, que foi

desenvolvido em sua versão original para casos de deformação plana utilizando um modelo

elástico incremental, foi incluído o modelo de estados críticos de Alonso et al. (1990) e foi

feita a extensão para o caso axissimétrico, permitindo análises trid imensionais.

Page 24: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

3

Os ensaios oedométricos com controle de sucção sob trajetórias de molhagem

simulados foram baseados nos resultados experimentais de Peixoto (1999). Tratam-se de

ensaios realizados em amostras naturais da argila porosa e colapsível, típica do Distrito

Federal. Nesses ensaios oedométricos foram feitas medidas das tensões horizontais, o que será

fundamental para a análise da performance dos modelos constitutivos.

1.3 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO

Esta dissertação é dividida em seis capítulos, da seguinte forma:

• no presente capítulo são apresentados a relevância e os objetivos da pesquisa;

• no Capítulo 2 são apresentados os modelos constitutivos analisados neste trabalho,

bem como uma revisão de outras propostas de modelagens constitutivas baseadas

na teoria de estados críticos;

• no Capítulo 3 é apresentada a modelagem do comportamento mecânico de solos

não saturados e a solução numérica das equações obtidas;

• no Capítulo 4 são apresentados o programa de simulação de trajetórias impostas de

tensões CRISMUS e o programa de Elementos Finitos COUPSO, bem como a

validação desses programas;

• no Capítulo 5 são apresentadas simulações analíticas utilizando o programa

CRISMUS e simulações numéricas de ensaios oedométricos utilizando o programa

COUPSO. É apresentada também a análise dos resultados obtidos nessas

simulações;

• no Capítulo 6 são apresentadas as conclusões do trabalho, bem com sugestões para

pesquisas futuras.

Em relação à simbologia matemática adotada, convencionou-se representar escalares

com fonte normal e matrizes e vetores utilizando negrito. Foi feita exceção aos vetores de

termos dos tensores de tensões e deformações, que serão representados com os símbolos ~

σ e

~ε , respectivamente.

Page 25: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

4

CAPÍTULO 2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo são apresentadas e discutidas algumas propostas existentes na literatura

de modelos constitutivos de solos não saturados. São abordadas relações constitutivas para a

estrutura do solo, ou seja, modelos para a relação entre tensões e deformações e conceitos

envolvidos na modelagem constitutiva das fases ar e água.

Os modelos para as fases ar, água e da estrutura do solo formam o conjunto de

relações constitutivas requerido para a modelagem do comportamento mecânico de solos não

saturados. Será dada maior atenção à análise de modelos para a relação entre tensões e

deformações, principal foco deste trabalho.

Antes da abordagem dos modelos propriamente ditos, será feita uma breve

apresentação de alguns conceitos básicos da teoria dos solos não saturados. Será apresentada a

discussão em torno da definição de variáveis de tensão adequadas e a modelagem da

resistência ao cisalhamento.

2.1 CONCEITOS BÁSICOS PARA SOLOS NÃO SATURADOS

2.1.1 VARIÁVEIS DE TENSÃO PARA SOLOS NÃO SATURADOS

Algumas das primeiras tentativas de explicar o comportamento mecânico de solos não

saturados foram apresentadas por Bishop (1959), em relação à resistência ao cisalhamento e

Blight (1965) em relação à compressibilidade. A preocupação desses autores era definir uma

equação para uma única variável de tensões, que seria a tensão efetiva em solos não saturados.

Assim, seria possível a modelagem do comportamento mecânico de solos não saturados de

forma semelhante à que é feita para solos saturados. A equação proposta é conhecida como

equação de Bishop:

)(' waa uuu −+−= χσσ (2.1)

onde:

χ é um parâmetro constitutivo assumido como função da saturação do solo;

Page 26: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

5

σ é a tensão normal total em qualquer direção;

ua é a pressão de ar;

uw é a pressão de água.

Jennings & Burland (1962) e Burland (1965) mostraram que a equação de tensões

efetivas proposta por Bishop não tem completa validade. No caso de solos colapsíveis, por

exemplo, essa equação não se adequa bem à modelagem da resistência ao cisalhamento e da

mudança de volume. Os autores enfatizaram a importância de separar duas variáveis de

tensões: o excesso de tensões totais do solo em relação à pressão de ar, aqui chamado

simplesmente de tensões totais líquidas (σ–ua), e o excesso de pressão de ar no solo em

relação à pressão de água, ou seja, a sucção mátrica (ua–uw).

Coleman (1962), de forma semelhante, sugeriu o uso das variáveis (σ1–ua), (σ3–ua) e

(ua–uw) para representar as tensões axial e confinante e a poro pressão, respectivamente, em

ensaios de compressão triaxial. Além disso, Blight (1967), reconhecendo os problemas em

relação à equação de Bishop, apontou dificuldades de obtenção do parâmetro χ,

principalmente devido às diferentes formas como poderiam ser interpretados os resultados dos

ensaios realizados para sua determinação.

Baseados no fato de que para conhecer o estado de um solo não saturado é necessário

conhecer o índice de vazios e a umidade w (ou o grau de saturação Sr) e reconhecendo a

necessidade de utilizar duas variáveis de tensão, Mathias & Radhakrishna (1968)

introduziram o conceito de superfícies de estado. Os autores estabeleceram que o estado de

um solo não saturado é completamente descrito por duas superfícies: a superfície que

representa a variação do índice de vazios com as variáveis de tensão (σ–ua) e (ua–uw) e a

superfície que representa a variação do grau de saturação com as variáveis de tensão (σ–ua) e

(ua–uw). Os autores ressaltaram também as restrições que a abordagem por superfícies de

estado podem ter, no caso de solos que apresentam histerese, limitando a unicidade das

superfícies de estado a trajetórias de tensão com grau de saturação não decrescente e a casos

em que o solo não apresenta expansão.

Fredlund & Morgenstern (1976, 1977) apresentaram uma teoria geral para solos não

saturados, baseada em uma abordagem do ponto de vista da mecânica do contínuo. O solo não

saturado foi considerado como um sistema composto por quatro fases: ar, água, esqueleto

sólido e película contráctil. Os autores mostraram teórica e experimentalmente que o

comportamento mecânico dos solos não saturados pode ser adequadamente descrito, quando

baseado em qualquer par de variáveis de tensão escolhido utilizando as três variáveis

Page 27: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

6

seguintes: (σ–ua), (σ–uw) e (ua–uw). Na prática, prefere-se trabalhar com (σ–ua) e (σ–uw), pois

assim separam-se os efeitos de mudanças na tensão total dos efeitos de mudanças na pressão

de água. Foi apontada uma incompatibilidade conceitual em relação à utilização da equação

de Bishop, argumentando que a introdução de um parâmetro constitutivo na equação que

define tensões efetivas está em desacordo com princípios da mecânica dos meios contínuos.

Após os trabalhos de Mathias & Radhakrishna (1968) e de Fredlund & Morgenstern

(1976, 1977), a discussão em torno do estabelecimento de variáveis de tensão adequadas

parece ter atingido razoável consenso. A partir daí, a maior parte dos avanços em modelagem

constitutiva de solos não saturados seguiu a linha de utilização das variáveis (σ–ua) e (ua–uw).

Todos os modelos estudados neste trabalho, tanto o elástico incremental quanto os

modelos de estados críticos, utilizam as variáveis de tensão (σ–ua) e (ua–uw). A variável de

tensão (ua–uw), conhecida como sucção mátrica do solo, será chamada neste trabalho

simplesmente de sucção.

2.1.2 RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DE SOLOS NÃO SATURADOS

Fredlund et al. (1978) apresentaram uma equação para a resistência ao cisalhamento de

solos não saturados baseada nas duas variáveis de tensão, (σ–ua) e (ua–uw):

( ) ( ) bfwafafff uuuc φφστ tan'tan' −+−+= (2.2)

onde:

τff é a tensão cisalhante no plano de ruptura, na ruptura;

c’ é o intercepto da envoltória de ruptura com o eixo de tensões cisalhantes, para o solo na

condição saturada;

(σf – ua)f é a tensão total líquida normal ao plano de ruptura, na ruptura;

φ’ é o ângulo de atrito interno associado com a variável de tensão (σ–ua);

(ua – uw)f é a sucção mátrica na ruptura;

φb é o ângulo que indica a taxa de aumento de τff com a variável de tensão (ua–uw).

Evidências experimentais têm demonstrado que para solos que possuem estrutura

estável, os parâmetros c’ e φ’ são razoavelmente constantes, enquanto que o parâmetro φb

pode ser não constante (Escario & Saez, 1986 e Fredlund, Rahardjo & Gan, 1987). Para solos

Page 28: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

7

altamente colapsíveis, parece ser necessário idealizar um comportamento não linear para os

três parâmetros: c’, φ’ e φb (Pereira, 1996).

A idéia implícita na equação proposta por Fredlund et al. (1978), de que a resistência

ao cisalhamento pode ser representada pelos parâmetros c’, φ’ e φb, quer constantes ou não,

permite uma modelagem adequada da resistência ao cisalhamento de solos não saturados. Por

esse motivo esta proposta tem grande aceitação.

2.2 MODELOS PARA A ESTRUTURA DOS SOLOS NÃO SATURADOS

Neste item são apresentados modelos para a estrutura dos solos não saturados. Todos

os modelos apresentados neste item seguem a linha de utilização das duas variáveis de tensão

(σ–ua) e (ua–uw). Serão apresentados em detalhe o modelo elástico incremental de Fredlund

(1979) e os modelos de estados críticos de Alonso et al. (1990) e de Balmaceda (1991).

Após a apresentação dos três modelos citados, será feito um breve relato de outros

estudos em torno de modelos de estados críticos para solos não saturados, dando uma visão

geral de quão validados têm sido esses modelos e mostrando que tipos de aperfeiçoamentos

têm sido propostos.

2.2.1 MODELO ELÁSTICO INCREMENTAL DE FREDLUND (1979)

Fredlund (1979) sugeriu uma relação constitutiva elástica, baseada em observações

semi-empíricas. Trata-se da equação de Hooke generalizada, estendida para o caso de solos

não saturados por meio da utilização de duas variáveis de tensão: (σ–ua) e (ua–uw). No caso de

um solo isotrópico tem-se:

)()()( waazyaxx uudH

udE

udE

d −+−+−−=1

21

σσµ

σε (2.3)

)()()( waazxayy uudH

udE

udE

d −+−+−−=1

21

σσµ

σε (2.4)

)()()( waayxazz uudH

udE

udE

d −+−+−−=1

21

σσµ

σε (2.5)

onde:

dε i são incrementos de deformações normais nas direções i;

Page 29: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

8

dσi são incrementos de tensões normais nas direções i;

E é o módulo de Young;

µ é o coeficiente de Poisson;

H é o módulo de elasticidade para variações de sucção.

As relações entre tensões e deformações cisalhantes são admitidas independentes do

estado das fases ar e água, assim como é feito para solos saturados. Desta forma, tem-se:

xyxy dG

d τγ1

= (2.6)

xzxz dG

d τγ1

= (2.7)

yzyz dG

d τγ1

= (2.8)

onde:

dγij são incrementos de deformações cisalhantes nos planos cuja normal é i e nas direções j;

dτij são incrementos de tensões cisalhantes nos planos cuja normal é i e nas direções j;

G é o módulo cisalhante ( )1(2 µ−= EG ).

Reconhecendo que a relação entre tensões e deformações de solos não saturados pode

ser não linear, admite-se que as Eqs. 2.3 a 2.8 são válidas apenas para pequenos incrementos.

Os parâmetros da relação entre tensões e deformações podem ser obtidos por meio da

superfície de estado de índice de vazios, ou equivalentemente por meio da superfície de

estado de variação volumétrica (Fig. 2.1). Pode-se modelar a variação volumétrica do solo

simulando os carregamentos em pequenos incrementos, onde para cada incremento tem-se

novos módulos, que variam conforme caminha-se sobre a superfície de estados de índice de

vazios.

Para relacionar os parâmetros das Eqs. 2.3, 2.4 e 2.5 com a superfície de estado de

índice de vazios, primeiramente deve-se observar que partindo de um ponto qualquer sobre a

superfície (Fig. 2.1), tem-se que a variação volumétrica é função das inclinações nas direções

de (σ–ua) e (ua–uw). Essas inclinações representam os parâmetros de compressibilidade do

solo em relação à tensão total líquida e em relação à sucção. Os parâmetros de

compressibilidade são definidos de acordo com as Eqs. 2.9 e 2.10:

Page 30: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

9

)()( amédaméd

vs

udde

eudd

m−+

=−

=σσ

ε

01 1

1 (2.9)

)()( wawa

vs

uudde

euudd

m−+

=−

=0

2 11ε

(2.10)

onde:

m1s representa a compressibilidade da estrutura do solo em relação a variações de tensões

totais líquidas;

m2s representa a compressibilidade da estrutura do solo em relação a variações de sucção;

d representa incremento;

εv é a deformação volumétrica específica (εv= εx+ εy+ εz);

σméd é a tensão normal total média ( 3)( zyxméd σσσσ ++= );

e0 é o índice de vazios inicial;

de é a variação de índice de vazios.

m1s

m2s

(ua - uw)

(σméd - ua)

∆Vv /V0

Figura 2.1 – Superfície de estado de variação volumétrica da estrutura do solo.

Por outro lado, das relações elásticas (Eqs. 2.3, 2.4 e 2.5), tem-se que:

)()( waamédvv uud

Hud

Ed

VdV

−+−

==321

30

σµ

ε (2.11)

Page 31: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

10

Comparando a Eq. 2.11 com as Eqs. 2.9 e 2.10, obtém-se as relações entre as

compressibilidades, os módulos de elasticidade (E e H) e o coeficiente de Poisson (µ):

Em s )( µ213

1−

= (2.12)

Hm s 3

2 = (2.13)

Pode-se observar que a Eq. 2.12 é insuficiente para a obtenção dos módulos requeridos

pela relação elástica. Uma opção é arbitrar um valor constante para o coeficiente de Poisson e,

juntamente com o valor de sm1 , calcular o módulo E. No entanto, nos casos em que as

variações de µ são grandes, como no caso de solos que sofrem mudança em sua estrutura

(solos colapsíveis, por exemplo), este tipo de simplificação pode ser inadequado, pois a

avaliação correta da variação de µ passa a ser mais importante. Para obter a variação de µ são

necessários ensaios nos quais se tenha controle das tensões e deformações em todas as

direções, como ensaios triaxiais com medidas de deformações radiais ou ensaios

oedométricos com medidas de tensões horizontais.

2.2.1.1 MODIFICAÇÕES PROPOSTAS POR PEREIRA (1996)

Uma interessante aplicação do modelo incremental de Fredlund (1979) foi apresentada

por Pereira (1996). Analisou-se o comportamento mecânico de barragens de terra colapsíveis

durante o primeiro enchimento do reservatório. O solo utilizado foi uma areia argilosa

residual de gnaisse compactada com um teor de umidade abaixo da umidade ótima e com

massa específica seca em torno de 90% da obtida com a energia de compactação do Proctor

normal. Como tratava-se da análise do primeiro enchimento de barragens, o problema

estudado consistia do estudo de trajetórias monotônicas de molhagem. Os parâmetros da

modelagem da estrutura do solo foram provenientes de uma superfície de estado de índice de

vazios obtida para trajetórias de molhagem em ensaios em uma célula de compressão

isotrópica com controle de sucção. Esses resultados foram combinados com dados de ensaios

oedométricos e retroanálises numéricas.

Pereira (1996) propôs uma modificação do modelo elástico incremental de Fredlund,

baseado em seus resultados experimentais e em observações de Lawton et al. (1991), de que

sob trajetórias de molhagem o colapso volumétrico do solo é uma função da tensão total

Page 32: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

11

média. Lawton et al. (1991) observou também que pode ocorrer compressão nas direções

submetidas às maiores tensões totais líquidas e expansão nas direções submetidas às menores

tensões totais líquidas. Em outras palavras, foi observada uma anisotropia induzida pelo

estado de tensões, em trajetórias de molhagem (Fig. 2.2).

O mesmo padrão de comportamento de solos colapsíveis submetidos à trajetórias de

molhagem foi observado por Daylac (1994), Oliveira (1998) e Peixoto (1999). Estes autores,

utilizando células oedométricas com controle de sucção e instrumentação para a obtenção das

tensões laterais, obtiveram aumento do valor da razão ( ) ( )avah uuK −−= σσ0 com a redução

da sucção, o que tem o mesmo significado físico dos resultados de Lawton et al. (1991).

σx

σy

σx = σyσx

σy

σx < σy

Figura 2.2 – Deformações em trajetórias de redução da sucção.

Para modelar a anisotropia induzida pelo estado de tensões, a modificação introduzida

por Pereira (1996) consistiu em uma alteração nos módulos H, da seguinte forma:

)()()( wax

azyaxx uudH

udE

udE

d −

+

+−+−−=χ

σσµ

σε1

21

(2.14)

)()()( way

azxayy uudH

udE

udE

d −

++−+−−=

χσσ

µσε

12

1 (2.15)

)()()( waz

ayxazz uudH

udE

udE

d −

+

+−+−−=χ

σσµ

σε1

21 (2.16)

onde χi são os fatores de anisotropia.

É necessário que os fatores χi sejam tais que se tenha χx +χy +χz = 0. Assim, garante-

se que o efeito da inclusão dos fatores de anisotropia não altere a deformação volumétrica,

ocorrendo mudança apenas nas componentes de deformações individuais.

Na falta dos dados experimentais necessários (medidas de tensões e deformações

Page 33: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

12

laterais), Pereira (1996) obteve os fatores de anisotropia em um processo de tentativa e erro.

Procurou-se os valores de χx, χy e χz constantes para os quais a simulação numérica de ensaios

oedométricos em trajetórias de molhagem, sob tensão vertical constante, reproduzisse o

colapso obtido em ensaios oedométricos deste tipo. Foram adotados iguais valores de χ nas

duas direções horizontais. O autor reconheceu que no caso de análises de deformações planas,

como era o caso da barragem analisada, a utilização de fatores χi iguais para as duas direções

horizontais é conservativa, porque valores menores na direção horizontal fora do plano

perfeitamente confinado deveriam diminuir os deslocamentos verticais induzidos pela

molhagem. Outro problema em relação à forma como foram obtidos os fatores χi é que os

coeficientes de anisotropia não são necessariamente constantes ao longo da trajetória de

molhagem.

Para obter a variação dos fatores χi, o ideal seria obter experimentalmente uma relação

dos χi com o estado de tensões. Caso sejam disponíveis resultados de ensaios oedométricos

com medidas de tensões laterais, pode-se obter tal relação utilizando as Eqs. 2.14, 2.15 e 2.16,

contanto que se arbitre o valor do coeficiente de Poisson. O fato é que a obtenção simultânea

de µ e dos fatores χi utilizando as equações disponíveis não é possível, pois existem mais

incógnitas do que equações.

Além da inclusão dos fatores χi, outro detalhe interessante do trabalho de Pereira

(1996) foi a forma alternativa de avaliação do coeficiente de Poisson, µ. Como não haviam

disponíveis ensaios com medidas de tensões e deformações laterais, foi necessário fazer uma

avaliação relativamente arbitrária. A variação de µ na condição saturada foi obtida

relacionando o resultado de ensaios oedométricos e de ensaios de compressão isotrópica.

Considerando que iguais deformações volumétricas correspondem a iguais tensões médias

(Lawton et al, 1991), chega-se à seguinte expressão:

cv

vcs σσ

σσµ

33

+−

= (2.17)

onde:

µs é o coeficiente de Poisson para o solo saturado;

σc é a tensão total de confinamento em um ensaio de compressão isotrópica, para um dado

índice de vazios;

σv é a tensão vertical em um ensaio oedométrico, para o mesmo índice de vazios.

Page 34: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

13

Para a variação de µ com a sucção, Pereira (1996) adotou uma função que obedece aos

limites obtidos para o solo saturado e ao limite arbitrado de 0,3 para o solo na condição não

saturada de compactação. Para a forma da função entre esses limites, arbitrou-se uma equação

semelhante à obtida pelo autor para a variação do índice de vazios, ou seja, proporcional ao

colapso volumétrico do solo. A equação adotada foi a seguinte:

+

−+=

dwa

ufu

cuu

1

µµµµ (2.18)

)ln( amédf uba −+= σµ (2.19)

322

1 cucucc amédaméd +−+−= )()( σσ (2.20)

21

daméd udd )( −= σ (2.21)

onde a, b, c1, c2, c3, d1, d2, e µu são parâmetros constante obtidos a partir dos dados

experimentais, utilizando técnicas de ajuste através de regressão.

Utilizando os dados de Pereira (1996), a Eq. 2.18 gera a seguinte variação do

coeficiente de Poisson para o solo estudado:

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

0,35

0,40

0,45

0,50

30 60 90 120 150 180 210 240

(σméd - ua) - kPa

Coe

f. de

Poi

sson

- µ

0 kPa50 kPa

100 kPa

150 kPa

400 kPa

sucção

Figura 2.3 – Variação do coeficiente de Poisson adotada por Pereira (1996).

Conforme foi mostrado no trabalho de Pereira (1996), a modelagem elástica

incremental de Fredlund (1979) baseada em superfícies de estado pode ser adequadamente

aplicada no caso de trajetórias de variação de sucção monotônicas. Os resultados obtidos

puderam ser adequadamente ajustados, com a inclusão dos fatores χi. No entanto, no caso de

Page 35: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

14

ciclos de molhagem e secagem, a superfície de estado não pode mais ser considerada única

(Mathias & Radhakrishna, 1968), o que prejudica a modelagem.

Neste trabalho, será comparada a performance da modelagem elástica incremental de

Fredlund (1979) com e sem os coeficientes de anisotropia, com um modelo de estados críticos

para solos não saturados. As comparações serão feitas considerando trajetórias de molhagem.

2.2.2 GENERALIDADES DA RELAÇÃO CONSTITUTIVA ELASTOPLÁSTICA

Para compreender os modelos de estados críticos que serão apresentados a seguir, é

importante abordar algumas generalidades em torno dos modelos elastoplásticos com

endurecimento isotrópico. As expressões apresentadas neste item têm por objetivo demonstrar

quais os componentes de um modelo elastoplástico e suas funções na formulação.

Adicionalmente, apresenta-se uma forma adequada de escrever estes modelos, objetivando

sua implementação em uma solução numérica.

No caso de se resolver pelo Método dos Elementos Finitos as equações de equilíbrio

expressas em termos de deslocamentos, é conveniente escrever a relação constitutiva

elastoplástica para solos não saturados em função das variáveis de tensão (σ–ua) e (ua–uw), da

seguinte forma:

dsdd epep hD*~~−= εσ (2.22)

onde:

d representa incremento;

*~

σ é o vetor de tensões totais líquidas: yzxzxyazayaxT uuu τττσσσ −−−=

~*σ ;

~ε é o vetor de deformações: yzxzxyzyx

T γγγεεε=~ε ;

s é a sucção mátrica: wa uus −= ;

Dep é uma matriz de termos constitutivos;

hep é um vetor de termos constitutivos.

Para obter as expressões dos termos constitutivos de Dep e hep, deve-se primeiramente

assumir que incrementos de deformação total ~ε podem ser divididos em uma parcela elástica,

e

~ε , e em uma plástica, p

~ε . O limite que divide os domínios elástico e plástico, ou seja, a

superfície de escoamento, pode ser postulada como sendo função do estado de tensões e de

Page 36: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

15

um parâmetro de endurecimento, Γ :

0 =Γ ),*,(~

sF σ (2.23)

No caso dos modelos de estados críticos analisados neste trabalho, considera-se apenas

endurecimento plástico isotrópico, sendo este controlado pela deformação volumétrica

plástica. O endurecimento plástico isotrópico significa variações no tamanho da superfície de

escoamento. Outro tipo de endurecimento, não considerado nestes modelos, é o

endurecimento cinemático, representado por translações da superfície de escoamento.

Enquanto a superfície de escoamento não é atingida (F<0), as deformações são

admitidas recuperáveis, puramente elásticas, podendo ser expressas da seguinte forma:

dsddsdd eeeeee H*DhD*D~~~

+=+=−−−

σσε111

(2.24)

onde De é a matriz elástica, dependente do módulo de Young (E) e do coeficiente de Poisson,

(µ) e o vetor He armazena os termos constitutivos que levam em conta incrementos de sucção.

Uma vez atingido o escoamento, as deformações passam a ser definidas em função do

potencial plástico. Nos modelos de Alonso et al. (1990) e Balmaceda (1991) existe uma

superfície de escoamento (F1) que possui a forma elíptica apresentada na Fig. 2.7. As

deformações relacionadas com o escoamento nessa superfície são obtidas com uma lei de

fluxo não associada (G1). Nestes modelos existe também outra superfície de escoamento para

incrementos de sucção (Fig. 2.7), assumida como sendo um plano (F2). Para obter as

deformações relacionadas com escoamento nesta superfície, esses modelos utilizam uma lei

de fluxo associada (G2), de forma que a derivada total do potencial plástico em relação à

sucção torna-se igual à unidade. Assim, tem-se que as deformações plásticas podem ser

escritas conforme a equação:

dsG

d p p

~~

H*

+∂∂

Λ=σ

ε 1 (2.25)

onde Λ é uma constante de proporcionalidade e o termo Hpds fornece as deformações

produzidas quando ocorre escoamento na superfície planar (F2).

Se a lei de escoamento G2 não fosse tão simples, ter-se-ia que expressar a Eq. 2.25

Page 37: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

16

utilizando duas constantes de proporcionalidade e as deduções destas duas constantes de

proporcionalidade resultariam em uma relação entre deformações e variáveis de tensão mais

complexa.

Pelo princípio da aditividade, deformações totais podem ser escritas como a soma das

parcelas dadas pelas Eqs. 2.24 e 2.25, resultando em:

dsG

dsdddd p p

~

e

~

1e

~

e

~~H

*H*D +

∂∂

Λ++=+=σ

σεεε− 1 (2.26)

Para tornar a Eq. 2.26 completamente definida, a constante de proporcionalidade Λ

precisa ser obtida. Considerando a lei de consistência em relação à superfície F1, pode-se

escrever:

01111 =Γ

Γ∂∂

+∂

∂+

∂∂

= dF

dssF

dF

dF

T

** ~

~

σσ

(2.27)

ou, de outra forma:

0111 =Λ−

∂∂

+

∂∂

= AdssF

dF

dF

T

** ~

~

σσ

(2.28)

onde:

*~~

~

~σε

ε

ε ∂∂

∂Γ∂

Γ∂∂

−=Λ

∂Γ∂

Γ∂∂

−=ΛΓ

Γ∂∂

−= 1111 GFdFdFA

T

p

pT

p (2.29)

Na Eq. 2.29, verifica-se que A é zero no caso de modelos perfeitamente plásticos.

O próximo passo para a definição de Λ é pré multiplicar a Eq. 2.26 por

( ) eTF D*~σ∂∂ 1 , obtendo:

( )dsFGF

dF

dF e

T

e

T

e

TT

pe

~~~~

~~

~

HHD**

D*

D*

**

+

∂∂

−Λ∂∂

∂∂

∂∂

=

∂∂

σσσε

σσ

σ11111 (2.30)

Page 38: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

17

Finalmente, substituindo a Eq. 2.30 na Eq. 2.28 e rearranjando, obtém-se a expressão

buscada para Λ, conforme definido abaixo:

( )

∂∂

−+

∂∂

∂∂

−=Λ ds

sFF

dF

AAe

T

e

T

cr

1111 pe

~~

~

HHD*

D* σ

εσ

(2.31)

onde:

*D

*~~

σσ ∂∂

∂∂

−= 11 GFA e

T

cr (2.32)

A partir da definição de uma relação para Λ, pode-se escrever uma equação final para

a relação elastoplástica procurada. Substituindo a Eq. 2.31 na Eq. 2.26, tem-se:

( ) ( ) dsG

AAsFF

dFG

AAdsdd

cr

p

T

p

T

cr

epep

∂∂

∂∂

++

∂∂

−++−

∂∂

∂∂

−−=−=

*DHHD

*HHD

D**

DDhD*

~

eee

~

ee

~

e

~~

ee

~~

σσ

εσσ

εσ

111

11

1

1

(2.33)

Usualmente faz-se algumas simplificações na relação constitutiva dada pela Eq. 2.33,

baseadas em aspectos fenomenológicos, idealizando o comportamento físico do solo. Como

simplificação, assume-se que deformações cisalhantes não geram tensões normais, tensões

cisalhantes não geram deformações normais e deformações cisalhantes em uma direção geram

tensões cisalhantes apenas nesta mesma direção (Chou & Pagano, 1967). Assume-se também

que variações de sucção mátrica resultam em incrementos de deformação normal, mas não

produzem deformações cisalhantes (Alonso, 1993). Desta forma, tem-se que admitir que

certos termos da matriz Dep e do vetor hep são nulos.

Levando em conta a forma dos termos obtidos para a relação elastoplástica

apresentados no Apêndice A e as simplificações assumidas, pode-se escrever a seguinte

relação constitutiva genérica:

dsdd H*D~~

+= − σε 1 (2.34)

dsddsdd hDDHD*~~~−=−= εεσ (2.35)

Page 39: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

18

sendo:

=

=

=

000

e

000

,

000000000000000000000000

3

2

1

3

2

1

66

55

44

332313

322212

312111

hhh

HHH

DD

DDDDDDDDDD

hHD (2.36)

Não foram colocados índices nas matrizes constitutivas das Eqs. 2.34 a 2.36, para

ressaltar que tratam-se de equações gerais, que abrangem todos os modelos analisados neste

trabalho. Tanto os modelos elastoplásticos de estados críticos assumindo a simplificação

mencionada, quanto o elástico incremental, produzem matrizes constitutivas que são casos

particulares ou coincidentes com as Eqs. 2.34 a 2.36.

2.2.3 MODELO DE ESTADOS CRÍTICOS DE ALONSO ET AL. (1990)

Alonso et al. (1987) apresentaram uma extensão qualitativa a solos não saturados do

conceito de estados críticos. Partindo do modelo qualitativo, Alonso et al. (1990)

apresentaram uma modelagem quantitativa, baseada em resultados de ensaios oedométricos

com controle de sucção em solos compactados pouco ou não expansivos. O modelo elaborado

consiste basicamente em uma extensão do modelo Cam-Clay modificado para solos não

saturados. Detalhes sobre o modelo Cam-Clay modificado podem ser vistos em Wood (1990).

De acordo com o modelo, as variações de volume específico (υ=1+e) podem ser

produzidas por variações de sucção, s = ua – uw, ou da tensão normal líquida média, p.

Admite-se para a forma desta variação linhas retas em relação ao valor do logaritmo natural

de p ou s, conforme ilustram as Figs. 2.4 e 2.5.

κ

λ(s2)λ(s1)

λ(0)

p0(s2)p0(s1)p0*

υ = e+1

ln p

Figura 2.4 – Gráficos de compressibilidade em relação às variações da tensão média p.

Page 40: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

19

κs

λs

s0

υ = e+1

ln s

Figura 2.5 – Gráficos de compressibilidade em relação às variações de sucção mátrica s.

No caso de variações de p, o parâmetro κ corresponde às deformações recuperáveis e

λ(s), às deformações elastoplásticas, sendo que o limite do domínio elástico é dado por p0(s).

Para variações de s, o parâmetro κs corresponde às deformações recuperáveis e λs, às

deformações elastoplásticas, sendo que o limite do domínio elástico é dado por s0. As

equações a seguir correspondem às retas descritas:

pdp

d ep κυ −= (2.37)

( )atms

es ps

dsd

+−= κυ (2.38)

( )p

dpsd p

p λυ −= (2.39)

( )atms

ps ps

dsd

+−= λυ (2.40)

Nas Eqs. 2.37 e 2.39 foi adicionada a pressão atmosférica, patm, para evitar divisão por zero.

Os parâmetros de compressibilidade κ, κs e λs foram admitidos constantes, por simplicidade e

por falta de evidências experimentais suficientes para definir seus padrões de variação. Como

demonstra a simbologia adotada e conforme é ilustrado na Fig. 2.4, o parâmetro de

compressibilidade λ(s) é admitido função da sucção mátrica. Para tal, adotou-se uma relação

assintótica:

]r)sexp()r)[(()s( +−−= βλλ 10 (2.41)

onde:

Page 41: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

20

λ(0) é a compressibilidade do solo saturado;

r é uma constante que indica a máxima variação de compressibilidade do solo;

β é uma constante que controla a forma de variação da compressibilidade do solo.

A Figura 2.6 mostra o aspecto da função de variação de λ(s) e o papel dos parâmetros

r e β . Alonso et al. (1990) limitaram r a valores inferiores a 1, pois seus resultados

experimentais indicam que a compressibilidade do solo diminui com o aumento da sucção.

Este tipo de comportamento foi observado por outros autores, para amostras compactadas

submetidas à trajetórias de compressão (Rico & Del Castillo citado por Alonso et al., 1990,

Vicol citado por Alonso et al., 1990 e Oliveira, 1998). No entanto, outros autores têm

observado aumento da compressibilidade associado ao aumento de sucção (Wheeler &

Sivakumar, 1995 e Futai, 1997), o que se contrapõe ao padrão de comportamento que é

reproduzido pelo modelo de Alonso.

0.15

0.20

0.25

0.30

0.35

0.40

0.45

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450sucção - s

λ(s)

0.10

0.06

0.03

0.02

0.01

r = λ(0)/λ(s=>oo) = 0,20/0,40 = 0,5

β

Figura 2.6 – Influência do parâmetro β na forma da curva de variação de λ(s).

Considera-se que o limite do domínio elástico é dado por duas superfícies de

escoamento: um elipsóide chamado superfície LC (“Load Collapse”), e um plano chamado

superfície SI (“Suction Increase”). As superfícies de escoamento são mostradas na Fig. 2.7.

As equações que definem as superfícies de escoamento LC (F1) e SI (F2), em função

dos invariantes de tensões p, J e θ, são dadas a seguir:

ss

*

pppp

)pp)((gJ

)p,s,,J,p(F+−

−+

= 022

2

01 θθ (2.42)

Page 42: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

21

02 ss)s(F −= (2.43)

κλκλ

−−

=

)()(

* s

cc

pp

pp

0

00 (2.44)

ksp s = (2.45)

onde:

p, J e θ são invariantes de tensões definidos no Apêndice A;

s0 indica a posição da superfície SI (F2);

p0* é a tensão média de escoamento para sucção zero;

pc é uma tensão de referência, obtida por ajuste dos resultados experimentais;

g(θ) corresponde à inclinação da linha de estados críticos (critério de Mohr-Coulomb).

k corresponde à taxa de ganho de resistência ao cisalhamento com o aumento da sucção.

q

p

s

SI

LC

p0*

arc tan(k)

s0

1

3a2

4

3b

M

MM

Figura 2.7 – Superfícies de escoamento para o modelo de Alonso et al. (1990) e algumas

trajetórias de tensão.

No caso de se ter σ2=σ3, os invariantes p, J e θ se reduzem a: ( ) aup −+= 32 31 σσ ,

( ) 331 σσ −== qJ e 6πθ −= . Tem-se também que ( ) ( ) ( )φφθ sensen −== 363Mg .

O modelo de Alonso reproduz importantes aspectos do comportamento dos solos não

saturados pouco ou não expansivos. O modelo prevê o aumento da pressão de escoamento

Page 43: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

22

com a sucção, dado pela Eq. 2.44, e o aumento da coesão do solo com a sucção mátrica, dado

pela Eq. 2.45. Graficamente, tais características do modelo são evidenciadas pela forma do

elipsóide de escoamento, cuja seção cresce com o aumento da sucção (Fig. 2.7).

Além do modelo reproduzir a existência de deformações plásticas induzidas por

variações da tensão total líquida média e da tensão cisalhante (trajetórias 1 e 2 da Fig. 2.7), o

modelo prevê também a possibilidade de ocorrerem deformações plásticas induzidas por

variação de sucção (trajetórias 3a e 4 da Fig. 2.7). O nível de colapso modelado em trajetórias

de molhagem depende da tensão total média. Para baixos valores de p, tem-se apenas

expansão elástica (trajetória 3b da Fig. 2.7) e, a partir de certo valor de p, começa a ocorrer

colapso, reproduzido pelo escoamento (trajetória 3a da Fig. 2.7).

Em trajetórias de molhagem, o comportamento reproduzido pelo modelo mostra, para

maiores tensões totais médias, maiores colapsos, de forma indefinida. Portanto, o modelo não

permite a correta modelagem de solos que apresentam máximo colapso. Na Fig. 2.8 é

apresentada a forma de evolução da superfície LC para parâmetros arbitrários, no plano q=0,

conforme aumenta p0* (endurecimento). O fato da superfície se tornar indefinidamente mais

inclinada é o que produz um colapso maior para tensões maiores, de forma indefinida.

0

100

200

300

400

500

0 200 400 600 800 1000 1200tensão total líquida média - p

sucç

ão -

s

p0*= 20

p0*= 40p0*= 60

p0*=100

Figura 2.8 – Forma de evolução da superfície LC para o modelo de Alonso et al. (1990).

O modelo de Alonso et al. (1990) relaciona a expansão das superfícies LC e SI, ou

seja, o endurecimento do solo, com a deformação volumétrica plástica, pυε (subscrito υ indica

volumétrica e sobrescrito p indica plástica), da seguinte forma:

( )pd

pdp

υεκλ

υ−

=00

0*

*

(2.46)

Page 44: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

23

p

ssatm

dps

dsυε

κλυ−

=+0

0 (2.47)

Assim, deformações plásticas induzidas por secagem produzem também expansão da

superfície LC, ou seja, é reproduzido o aumento da “pressão de pré adensamento” induzido

por secagem. Da mesma forma, deformações plásticas induzidas por variação de tensões

totais induzem também expansão da superfície SI. De acordo com a lei de endurecimento

apresentada na Eq. 2.29, o termo Γ deve ser substituído por p0*.

Para escoamento na superfície LC (F1), a lei de fluxo adotada (G1) é a seguinte:

~~~~**** σσσσ ∂

∂∂∂

+∂∂

∂∂

+∂∂

∂∂

=∂∂ θ

θω 1111 FJ

JFp

pFG

(2.48)

onde ω é um parâmetro de desassociação.

Segundo Gens & Potts citado por Alonso et al. (1990), os modelos de estados críticos

convencionais freqüentemente superestimam valores de K0. Procurando evitar esse problema,

foi adotada a sugestão de Ohmaki citado por Alonso et al. (1990), de adoção de um valor de ω

tal que a lei de fluxo preveja deformação lateral nula em trajetórias K0. Analiticamente,

obtém-se:

( ) ( )[ ] ( )[ ]

( )[ ] ( )011

3627

3933λκθ

θθθω

−−

−−=

g

ggg (2.49)

Quando ocorre escoamento na superfície SI (F2), a lei de fluxo adotada (G2) é

associada. Assim, tem-se:

122 =∂

∂=

∂∂

sF

sG

(2.50)

No total, o modelo de Alonso et al. (1990) requer 10 parâmetros: λ(0), κ, λs, κs, r, β ,

pc, µ ou G, φ, k. No caso de trajetórias em que não ocorre aumento de sucção mátrica

atingindo a superfície SI, o parâmetro λs é dispensado, sendo necessários neste caso um total

de 9 parâmetros. De qualquer forma, é um número de parâmetros bem maior do que os 4

requeridos pelo Cam-Clay para solos saturados, que são: λ, κ, µ ou G e φ.

Page 45: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

24

Para a obtenção dos parâmetros do modelo são requeridos ensaios em diversas

trajetórias. São necessários ensaios em trajetória de aumento e redução de sucção, sob tensão

total líquida constante, para a obtenção de κs e λs e ensaios em trajetórias de compressão

isotrópica ou confinada sob várias sucções, para a obtenção de λ(0), κ , r, β e pc.

Adicionalmente, são necessários ensaios em trajetórias de cisalhamento levando à ruptura sob

várias sucções e tensões totais, para a obtenção de φ, φb e G ou µ.

No Apêndice A são apresentados detalhes adicionais da formulação matemática do

modelo, demonstrando a forma de obtenção dos termos da relação constitutiva elastoplástica.

2.2.4 MODELO DE ESTADOS CRÍTICOS DE BALMACEDA (1991)

O modelo de Balmaceda (1991) foi desenvolvido com base no modelo de Alonso et al.

(1990). Este modelo possui como principais modificações novas leis para as curvas (υ, p), de

forma que se prevê um máximo colapso para determinado valor de p. Para tal, propôs-se uma

nova equação para a variável p0 da superfície LC, que passou a depender de um maior número

de variáveis e de funções mais complexas. Manteve-se para a superfície de escoamento LC a

forma elipsóide e para a superfície SI a forma planar proposta por Alonso et al. (1999). As

variações de volume específico produzidas por variações no estado de tensões são dadas pelas

equações a seguir, no domínio elástico e plástico, respectivamente:

υκυp

dpd e

p −= (2.51)

( )υκυatm

ses ps

dsd

+−= (2.52)

( ) υλυ*

*

0

00p

dpd p

p −= (2.53)

( )υλυatm

sps ps

dsd

+−= (2.54)

Como pode-se observar, uma das diferenças em relação ao modelo de Alonso et al.

(1990) é que estas equações são hipérboles, ou seja, são representadas por retas em gráficos

bi- log. Neste caso, a representação gráfica das Eqs. 2.51 a 2.54 é idêntica à mostrada nas Figs.

2.4 e 2.5, a menos da substituição do eixo de υ por ln(υ). Balmaceda (1991) considera essas

Page 46: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

25

equações mais adequadas que as linhas retas em escala mono-log adotadas no modelo de

Alonso et al. (1990).

A equação escolhida para p0 é uma função exponencial:

)]me)m[(p)pp(p scc* +−+−= −α100 (2.55)

onde pc é uma tensão de referência e α controla a forma da função p0.

Os parâmetros pc e α são obtidos por ajuste da superfície LC aos valores obtidos

experimentalmente de pressões de escoamento, em trajetórias de compressão para diferentes

sucções. A função m controla a forma de evolução da inclinação da função p0 e foi escolhida

de forma a permitir a modelagem do máximo colapso. A equação escolhida de m é dada a

seguir:

)p(

)p(

c*c

x

y cx

*x

e)pp()p(

)(m −

−−−

+= ζ

ζ

ζζ 0

0

11 (2.56)

onde ζx e ζy são constantes que são obtidas em função de outros parâmetros.

Aplicando 2.56 em 2.55, obtém-se:

]e)pp)(e()p(

)(p[pp )p(

)p(

c*sc

x

yc* cx

*x

− −−−−

+= ζ

ζ

α

ζζ 0

000 11

(2.57)

Os princípios básicos seguidos no desenvolvimento da formulação para a função p0 e

para a função m baseiam-se em que deve-se ter um endurecimento com o aumento de sucção

limitado (função p0 assintótica) e que deve-se ter uma função p0 convexa, de forma a respeitar

a condição de irreversibilidade de Prager. Além disso, a função m foi escolhida de forma a

permitir que a função p0 apresente um aumento em sua inclinação até certo ponto e, em

seguida uma diminuição nesta inclinação, simulando o máximo colapso. A forma de evolução

da LC pode ser vista na Fig. 2.9.

A formulação de Balmaceda (1991) prevê um máximo colapso porque a deformação

volumétrica plástica é maior para maiores valores da razão *pp 00 , ou seja, a deformação

volumétrica plástica é maior quanto mais inclinada é a superfície LC.

Page 47: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

26

0

2

4

6

8

10

12

14

16

2.0 7.0 12.0 17.0 22.0 27.0p

s

p0* p0*máx p0oo

máx

Figura 2.9 – Forma de evolução da superfície LC para o modelo de Balmaceda (1991).

As constantes ζx e ζy são obtidas em função de dois parâmetros que possuem

significado físico mais claro: pvmaxε∆ , que é a máxima deformação volumétrica em trajetórias

de molhagem, partindo da máxima sucção possível, e ∞máxp0 , que é a tensão média para a qual

ocorreu o máximo colapso. As expressões de ζx e ζy são as seguintes:

2

0 21

43

−−=

c

máxcc

xp

pp

p *ζ (2.58)

( )42

1

21

43

2

000

2

0

2

00

421

11

cc

máxc

c

máxc

c

máx

ppp

p

pp

pp

p

cc

máxcscmáx

y epp

ppep

pp −

−−−

−−

−=*

**

**

αζ (2.59)

( )

−∆

−∞= κλ

ε0

00

pv

epp máxmáx

max

* (2.60)

Apesar de ser um parâmetro que possui significado físico mais evidente, a máxima

deformação volumétrica plástica não é obtida de forma direta. O que se faz é uma estimativa

baseada na máxima deformação volumétrica total ocorrida partindo de uma sucção mátrica

que normalmente não é a máxima possível. A sucção normalmente não é a máxima possível

devido a limitações experimentais.

Balmaceda (1991) sugere a existência de uma superfície de escoamento para reduções

de sucção, de forma a reproduzir o comportamento de solos expansivos. Esta superfície não é

Page 48: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

27

considerada neste trabalho, pois interessa aqui analisar apenas o potencial destes modelos em

reproduzir o comportamento de solos colapsíveis em trajetórias de molhagem. Por fim, as leis

de fluxo e de endurecimento do modelo de Balmaceda (1991) são iguais às utilizadas no

modelo de Alonso et al. (1990).

Para se obter um modelo mais geral, Balmaceda (1991) teve que incluir um parâmetro

a mais. Apesar da diferença entre os modelos de Alonso et al. (1990) e Balmaceda (1991) não

ser tão evidente, a reformulação da função p0 e das funções para a variação volumétrica

implicam em sensíveis diferenças entre as previsões dos modelos.

2.2.5 OUTROS ESTUDOS EM TORNO DE MODELOS DE ESTADOS CRÍTICOS

Nos itens 2.2.3 e 2.2.4 foram apresentados em detalhe os modelos elastoplásticos para

solos não saturados de Alonso et al. (1990) e Balmaceda (1991). Estes dois modelos são

extensões do modelo Cam-Clay modificado.

Além desses modelos, surgiram muitas outras propostas e estudos em torno de

modelagens constitutivas elastoplásticas de solos não saturados. A maioria desses estudos

utilizam as variáveis de tensão, (σ–ua) e (ua–uw). Apesar disso, encontra-se também na

literatura alguns poucos trabalhos que procuram estender a teoria de estados críticos para

solos não saturados, utilizando equações para as tensões efetivas, como Modaressi & Abou-

Bekr (1994) e Bolzon et al. (1996). Trabalhos que tentam utilizar conceitos de tensões

efetivas não são tratados neste trabalho.

Após a modelagem qualitativa utilizando o teoria de estados críticos proposta por

Alonso et al. (1987), Karube & Kato (1989) apresentaram uma modelagem quantitativa para

solos não saturados, baseada nas variáveis de tensão (σ–ua) e (ua–uw). Foi proposta uma

superfície de escoamento semelhante à superfície do modelo Cam-Clay original (função da

equação de dissipação de trabalho plástico). A forma de crescimento da superfície de

escoamento com o aumento de sucção foi admitida linear. Foi proposta uma lei de fluxo

associada. Resultados de ensaios triaxiais com sucção controlada em uma argila caolinítica

compactada mostraram pouca concordância com a superfície de escoamento proposta.

Toll (1990), baseado em resultados de ensaios triaxiais com sucção controlada em um

solo laterítico compactado colapsível, mostrou que a extensão dos conceitos de estado crítico

utilizando uma única variável de tensão é inadequada. O autor sugeriu para tal a utilização das

duas variáveis de tensão: (σ–ua) e (ua–uw). O trabalho de Toll (1990) tem o mérito de

Page 49: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

28

acrescentar novos dados experimentais que mostram que a teoria de estados críticos pode ser

aplicada a solos não saturados, muito embora não tenha sido sugerida nenhuma proposta

inovadora em seu trabalho.

Wheeler & Sivakumar (1995) elaboraram um modelo semelhante ao modelo de

Alonso et al. (1990). Os autores realizaram ensaios triaxiais em uma caulinita compactada em

condições que favoreciam o colapso, no ramo seco da curva de compactação. As amostras

foram submetidas a trajetórias de compressão isotrópica e de cisalhamento. Nestes ensaios

observou-se aumento da compressibilidade com aumento da sucção, contrariando o

comportamento que o modelo de Alonso et. al. (1990) procura reproduzir. Para modelar esse

comportamento diferenciado, a equação proposta para a superfície LC recebeu algumas

modificações que a tornaram mais flexível, porém mais complicada. Em relação à modelagem

do efeito de tensões desviatórias, foram incluídas modificações na forma da superfície de

escoamento, que passou a possuir uma área à esquerda da linha de estados críticos reduzida

em relação à elipse do Cam-Clay modificado.

Maâtouk et al. (1995) realizaram ensaios de compressão isotrópica e triaxiais com

sucção controlada em um silte compactado e colapsível. Os resultados apresentados

mostraram, assim como trabalhos anteriores, que a teoria de estados críticos pode ser

estendida a solos não saturados, utilizando as variáveis de tensão (σ–ua) e (ua–uw). Foi

observada uma forma para a superfície de escoamento no espaço (p:q) bem diferente da

proposta por Alonso et al. (1990). A forma encontrada se aproxima mais da forma observada

para argilas naturais com elevado ângulo de atrito (Diaz-Rodriguez citado por Maâtouk et al.,

1995). Os autores ressaltam que esta forma da superfície de escoamento reflete, além de um

elevado ângulo de atrito, uma anisotropia adquirida pelo solo, devido ao processo de

compactação.

Cui & Delage (1996) realizaram ensaios triaxiais com sucção controlada

osmoticamente em um silte colapsível, compactado por energia estática. As trajetórias

escolhidas incluíram ensaios com σ3 constante e ensaios com razões entre tensões (η=σ3/σ1)

constantes, iguais a 1 e 0,5. Os autores observaram que os conceitos introduzidos pelo modelo

de Alonso et al. (1990) em relação à superfície LC se aplicaram bem. Foi observado

decréscimo de λ(s) e aumento de p0(s) com o aumento da sucção mátrica. Constatou-se

também expansão acoplada de todas as superfícies de escoamento qua ndo aplicado um

aumento da sucção mátrica além do máximo valor já imposto, s0. As superfícies de

escoamento no espaço (p,q) obtidas possuem uma forma elíptica inclinada, que se estende em

Page 50: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

29

torno da linha K0. Essa inclinação foi atribuída ao estado de tensões anisotrópico aplicado

durante o processo de compactação. Foi observada uma lei de fluxo claramente não associada,

sendo que a direção de fluxo foi aproximadamente radial. Como resultado dessas observações

experimentais, Cui & Delage (1996) propuseram um modelo que adota uma superfície de

escoamento elíptica inclinada e uma lei de fluxo baseada na relação de Nova-Wood (Nova &

Wood citados por Cui & Delage, (1996), elaborada para areias dilatantes.

Futai (1997) realizou ensaios oedométricos com sucção controlada em amostras

indeformadas de um latossolo argiloso altamente colapsível, com o objetivo de estudar o

colapso do solo. O autor avaliou a aplicabilidade de alguns modelos elastoplásticos aos

resultados experimentais obtidos. Não foram discutidos os aspectos dos modelos que dizem

respeito a q ≠ 0.

Em suas análises foi considerado p como sendo igual à tensão vertical, pois não havia

instrumentação de tensões laterais disponível. Sabe-se no entanto que podem ocorrer

variações sensíveis de K0 em trajetórias de redução da sucção (Daylac, 1994, Pereira, 1996,

Oliveira, 1998 e Peixoto, 1999), fazendo com que a variação de tensão vertical não reflita a

variação de tensão média. Na hipótese de que o colapso seja função da tensão média (Lawton

et al., 1991), tem-se que a utilização da tensão vertical na obtenção dos parâmetros dos

modelos é inadequada.

Futai (1997) obteve aumento de λ(s) com a aumento da sucção. Com base nisto e em

outros aspectos dos resultados obtidos, observou-se que o modelo de Alonso et. al. (1990) não

se adaptou aos resultados experimentais e que os modelos de Balmaceda (1991) e de Wheeler

e Sivakumar (1995) se ajustaram melhor.

Foi proposto por Futai (1997) um novo modelo, elaborado a partir dos modelos de

Alonso et al. (1990) e Wheeler & Sivakumar (1995), para o caso de estado de tensões

isotrópico (q=0). Neste novo modelo é adotada a mesma função de λ(s) utilizada por Alonso

et al. (1990). No entanto, é permitido ao parâmetro r assumir valores superiores a 1, o que não

é admitido no modelo de Alonso et al. (1990). Com isso, permite-se valores crescentes de λ(s)

com o aumento da sucção. Outra modificação introduzida é a adoção de valores variáveis de κ

com a sucção. Apesar do número de parâmetros ao final ser maior, o número de ensaios

necessários para sua obtenção é o mesmo do necessário para os outros modelos. O novo

modelo apresentou muito boa concordância com os resultados experimentais obtidos.

Machado (1998) realizou ensaios triaxiais com controle de sucção em amostras

indeformadas de um perfil de solo colapsível. Foi obtida boa concordância com a elipse do

Page 51: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

30

Cam-Clay modificado para ensaios em que o escoamento foi atingido à direita da projeção da

linha de estados críticos. Para o caso de ensaios em que o escoamento se deu à esquerda da

projeção da linha de estados críticos, observou-se que a utilização da superfície do Cam-Clay

modificado superestimaria o valor da tensão de escoamento. Este resultado pode ser

comparado aos obtidos para solos compactados por Wheeler & Sivakumar (1995), Maâtouk et

al. (1995) e Cui & Delage (1996), muito embora a anisotropia adquirida no processo de

compactação seja um fator a mais, não necessariamente presente no solo natural.

Machado (1998) obteve aumento de λ(s) com a aumento da sucção. Com base em seus

resultados experimentais, algumas modificações do modelo de Balmaceda (1991) são

propostas por Machado (1998), como a utilização de uma função hiperbólica que permite

valores crescentes de λ(s) e o emprego de um fator multiplicador utilizado para achatar a

superfície de escoamento do lado esquerdo da linha de estados críticos.

Esses são alguns dos principais trabalhos encontrados na literatura investigando

modelos de estados críticos para solos não saturados. Como pode-se observar, a principal

preocupação tem sido a validação da forma das superfícies de escoamento, deixando-se em

segundo plano a avaliação das respostas dos modelos em termos de componentes individuais

de deformações, ou seja, existem poucos trabalhos que apresentam avaliações das leis de

fluxo empregadas pelos modelos.

2.3 MODELOS CONSTITUTIVOS PARA AS FASES ÁGUA E AR

Conforme comentado anteriormente, a modelagem do comportamento mecânico de

solos não saturados requer, além da relação entre tensões e deformações e de um critério de

ruptura, leis constitutivas para as fases ar e água. Em um elemento de solo não saturado,

enquanto a estrutura do solo e a película contrátil entram em equilíbrio, as fases ar e água

fluem. Assim, são requeridas leis de movimento e leis para a variação volumétrica das fases ar

e água.

Tem-se também a relação de continuidade entre as fases de um solo não saturado,

deformando sob um dado gradiente de tensões aplicado. Desprezando o volume da película

contráctil, pode-se expressar a continuidade entre as fases da seguinte forma (Fredlund &

Rahardjo, 1993):

000 VV

VV

VV awv ∆

+∆

=∆

(2.61)

Page 52: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

31

onde Vv, Vw e Va são os volumes de vazios, água e ar, respectivamente, dentro do volume total

de controle, V0.

Essa relação mostra que apenas duas mudanças de volume precisam ser medidas,

enquanto que a terceira pode ser calculada. Na prática, mudanças do volume de vazios a do

volume da fase água são medidos e as mudanças de volume da fase ar são calculadas. A

seguir serão apresentadas leis de movimento e leis para a variação volumétrica das fases ar e

água em solos não saturados.

2.3.1 LEIS DE MOVIMENTO

O fluxo de água e ar em solos não saturados pode ser descrito utilizando uma

generalização da lei de Darcy (Bear et al., 1968). Em coordenadas cartesianas, tem-se para as

fases água e ar, respectivamente:

( ) ( ) ( )z

yukv

yyu

kvx

yukv www

zwz

wwwy

wy

wwwx

wx ∂

+∂−=

∂+∂

−=∂

+∂−=

γγγ e , (2.62)

( ) ( ) ( )z

yukv

yyu

kvx

yukv aaa

zaz

aaay

ay

aaax

ax ∂

+∂−=

∂+∂

−=∂

+∂−=

γγγ e , (2.63)

onde: wiv e a

iv são as velocidades da água e do ar, respectivamente, na direção i; wik e a

ik são os coeficientes de condutividade à água e ao ar, respectivamente, na direção i;

γw e γa são os pesos específicos da água e do ar, respectivamente;

y representa a elevação, adotada na direção “y” .

Os símbolos viw e vi

a representam as velocidades das fases no sentido considerado na

lei de Darcy. Tratam-se de vazões por unidade de área total de solo, e não pela área de vazios.

Em coordenadas cilíndricas, para a fase água e ar tem-se, respectivamente:

( ) ( ) ( )z

yukv

yur

kv

ryu

kv wwwz

wz

www

wwwwr

wr ∂

+∂−=

∂+∂

−=∂

+∂−=

γθγγ θ

θ e , (2.64)

( ) ( ) ( )z

yukv

yur

kv

ryu

kv aaaz

az

aaa

aaaar

ar ∂

+∂−=

∂+∂

−=∂

+∂−=

γθγγ θ

θ e , (2.65)

Page 53: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

32

onde novamente y representa a elevação, adotada como sendo na direção “y” .

Pode-se admitir as Eqs. 2.62 a 2.65 apenas quando a posição da base ortogonal

utilizada coincide com as direções principais de condutividade hidráulica, ou seja, quando as

direções x, y e z ou r, θ e z coincidem com as direções de máxima e mínima condutividade. Se

as direções não coincidirem, a velocidade em cada direção deverá ser relacionada com os

gradientes nas três direções, exigindo nove parâmetros de condutividade (Bear et al., 1968).

O peso específico da água (γw) normalmente é admitido constante. No entanto, o peso

específico do ar, γa, é muito variável e é função da pressão de ar absoluta. Pode-se admitir que

o ar se comporta como um gás ideal:

aa uβγ = (2.66)

sendo β ≅ 0,5x10-6 m2/kN.

Normalmente, os coeficientes de condutividade wik e a

ik são fortemente dependentes

do grau de saturação do solo e, em menor importância, do índice de vazios do solo. Para

determinar como variam os coeficientes de condutividade com o estado do solo, deve-se obter

a superfície de estado de condutividade hidráulica, que fornece seus valores para quaisquer

par de valores (σméd–ua) e (ua–uw).

A forma de variação da condutividade com a sucção segue um padrão razoavelmente

bem definido. Quanto maior a sucção, maiores os valores de aik . Em contrapartida, quanto

menor a sucção, maior os valores de wik . Um exemplo de como pode ser a variação da

condutividade hidráulica é mostrado na Fig. 2.10. Tratam-se de curvas obtidas por Pereira

(1996), para um solo compactado e colapsível.

1.0E-14

1.0E-13

1.0E-12

1.0E-11

1.0E-10

1.0E-09

1.0E-08

1.0E-07

1.0E-06

1.0E-050 50 100 150 200 250 300 350 400 450

Sucção - kPa

Con

dutiv

idad

e H

idrá

ulic

a -

m/s

25 kPa

50 kPa

200 kPa

tensão total líquida média

Figura 2.10 – Curva de variação da condutividade hidráulica com as variáveis de tensão.

Page 54: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

33

É importante ressaltar que a superfície de variação dos valores das condutividades com

as variáveis de tensão pode apresentar forte histerese para certos solos, como os colapsíveis.

A existência de histerese pode limitar a validade da utilização de tais superfícies em previsões

de casos em que ocorram trajetória com ciclos de secagem e molhagem. Para o caso de

trajetórias monotônicas esse problema não existe e a utilização de tais superfícies fornece

resultados muito bons (Pereira, 1996).

2.3.2 VARIAÇÃO VOLUMÉTRICA

A variação volumétrica das fases ar e água pode ser obtida utilizando superfícies de

estado. No caso da fase água, por exemplo, em um ponto qualquer sobre a superfície de

estado de volume de água (Fig. 2.11) tem-se que a variação volumétrica é função das

inclinações nas direções de (σ–ua) e (ua–uw):

( ))()()( amédamédaméd

ww

uddSr

ee

udde

eSr

udVVd

m−+

+−+

=−

=σσσ 00

01 11

(2.67)

( ))()()( wawawa

ww

uuddSr

ee

uudde

eSr

uudVVd

m−+

+−+

=−

=00

02 11

(2.68)

m1w

m2w

(ua - uw)

(σméd - ua)

∆Vw /V0

Figura 2.11 – Superfície de estado de variação volumétrica da estrutura do solo.

Essas inclinações representam a compressibilidade da fase água em relação a

variações de tensão total e em relação a variações de sucção. Assim, a variação volumétrica

Page 55: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

34

da fase água pode ser expressa pela seguinte equação:

)()( waw

amédw

o

w uudmudmVdV

−+−= 21 σ (2.69)

Utilizando um procedimento incremental, pode-se simular a variação volumétrica dada

pela superfície de estado. Da mesma forma que para a modelagem da estrutura do solo

baseada na superfície de estado de índice de vazios, a modelagem da variação volumétrica da

fase água possue a limitação de não se aplicar a solos que apresentam histerese, quando em

trajetórias cíclicas de molhagem e secagem.

2.4 RESUMO

Neste capítulo foram apresentadas algumas propostas de modelagens constitutivas da

estrutura de solos não saturados e das fases ar e água, dando-se ênfase aos modelos para a

estrutura do solo.

Verificou-se que o modelo elástico incremental de Fredlund (1979) é simples, de fácil

aplicação e que possui parâmetros que têm significados físicos claros e de imediata

interpretação. Estas são qualidades que tornam o modelo elástico incremental atraente. Além

disso, observou-se que com a inclusão de fatores de anisotropia proposta por Pereira (1996), a

modelagem elástica incremental de solos submetidos à trajetória de molhagem pode ser bem

ajustada aos resultados experimentais, tornando o modelo muito fiel ao comportamento real

do solo, pelo menos em termos de deformabilidade.

Pôde-se verificar que os modelos de estados críticos para solos não saturados, como os

de Alonso et al. (1990) e de Balmaceda (1991), teoricamente têm potencial para reproduzir de

forma mais realista o comportamento de solos não saturados, principalmente em se tratando

de aspectos como a dependência das trajetórias de tensões. No entanto, verificou-se que a

matemática por trás desses modelos é mais complexa e que o número de parâmetros

requeridos é maior, o que dificulta sua aplicação prática.

Em relação a outros estudos de modelos de estados críticos para solos não saturados,

viu-se que existe uma grande preocupação em validar a forma das superfícies de escoamento

e pouca preocupação em analisar as leis de fluxo dos modelos. Vários estudos evidenciam que

a adequabilidade da forma da superfície de escoamento do Cam-Clay modificado e da forma

como a superfície se estende com a sucção é muito dependente do tipo de solo. Enquanto para

Page 56: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

35

alguns solos os modelos propostos podem se ajustar bem, para outros pode-se verificar fortes

discrepâncias.

Por fim, surgem alguns questionamentos em relação aos modelos de estados críticos

para solos não saturados. É necessário, por exemplo, averiguar se a previsão do

comportamento do solo em trajetórias de molhagem seria adequada, considerando a existência

de uma anisotropia induzida pelo estado de tensões, tal com a observada por Lawton et al.

(1991) e Pereira (1996).

Page 57: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

36

CAPÍTULO 3 MODELAGEM MECÂNICA E NUMÉRICA

Neste capítulo apresenta-se a conceituação matemática do problema acoplado de

equilíbrio e fluxo transiente de água em solos não saturados e a solução numérica das

equações obtidas. Utiliza-se o Método dos Elementos Finitos para a discretização espacial e o

Método das Diferenças Finitas para a discretização temporal do fenômeno.

Inicialmente, apresenta-se as equações básicas que regem o problema sob análise. Em

seguida, partindo das equações básicas, desenvolve-se as equações diferenciais finais do

problema, utilizando uma relação constitutiva generalizada para a estrutura do solo e relações

constitutivas da fase água baseadas em módulos obtidos da curva característica e da superfície

de estado de condutividade hidráulica. Não serão considerados gradientes de pressão de ar,

dispensando a modelagem constitutiva da fase ar. Tal consideração reflete condições usuais

de avanço de saturação em solos porosos e colapsíveis.

As relações constitutivas generalizadas para a estrutura do solo utilizadas abrangem

todos os modelos analisados neste trabalho, ou seja, o modelo elástico incremental e o modelo

elastoplástico de estados críticos. Portanto, as equações diferenciais obtidas são compatíveis

com todos os modelos constitutivos estudados, o que é muito útil do ponto de vista da

implementação computacional. Preliminarmente serão apresentadas as hipóteses básicas que

delimitam a abrangência da modelagem mecânica aqui apresentada.

3.1 DESCRIÇÃO GERAL DA MODELAGEM E HIPÓTESES BÁSICAS ADOTADAS

A análise do comportamento mecânico de solos não saturados em condições

isotérmicas requer a consideração de três equações básicas: (i) as equações de equilíbrio; (ii) a

equação de conservação de massa da fase água e (iii) a equação de conservação da massa da

fase ar. A solução dessas equações requer a definição de uma série de relações constitutivas

para os materiais envolvidos.

É requerida, por exemplo, uma relação constitutiva entre tensões e deformações. No

Capítulo 2 foram apresentados alguns modelos para a relação entre tensões e deformações em

solos não saturados. São requeridas também uma relação entre o volume da fase água e as

tensões, uma relação entre o volume da fase ar e as tensões, uma lei de movimento para a fase

Page 58: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

37

água e uma lei de movimento para a fase ar.

Conforme apresentado no Capítulo 2, os modelos constitutivos estudados neste

trabalho relacionam o comportamento mecânico dos solos não saturados com as variáveis de

tensão (σ – ua) e (ua – uw). Tal proposição, apresentada por Matyas & Radhakrishna (1968) e

reforçada teórica e experimentalmente por Fredlund (1979), é uma alternativa muito bem

sucedida às tentativas de extensão aos solos não saturados do conceito de tensões efetivas.

Para a fase água utilizou-se uma modelagem constitutiva baseada no conceito de

superfícies de estado (Matyas & Radhakrishna, 1968). A modelagem constitutiva da fase ar

não foi necessária, pois considerou-se a condição de macrovazios interconectados, onde a

pressão de ar pode ser admitida constante e igual à pressão atmosférica. Desta forma, não

ocorrem gradientes de pressão de ar, o que elimina a equação de conservação da massa da

fase ar. De acordo com Barden (1965), essa situação se aplica aos solos compactados abaixo

da umidade ótima (com Sr < 90%), nos quais a fase ar se encontra predominantemente

contínua. Pereira (1996) utilizou esta consideração na análise numérica do comportamento

mecânico de barragens de terra em que o solo foi compactado em condição meta-estável.

Apesar da condição de fluxo livre de ar ser muito freqüente, deve-se reconhecer que na

realidade essa condição pode em alguns casos não prevalecer. Segundo Barden (1965),

quando o solo é compactado em torno da umidade ótima, ocorre uma fase de transição, em

que o ar na condição contínua e na condição de bolhas de ar oclusas estão em proporções

consideráveis. Quando o solo é compactado acima da umidade ótima, a condição do ar em

forma de bolhas de ar oclusas passa a prevalecer. Neste caso, pode-se modelar o

comportamento do solo considerando a mistura ar-água como sendo uma fase única e

compressível (Biot, 1941, Chang & Duncan, 1983 e Santos Neto & Almeida, 1993).

Em relação à forma como as equações serão solucionadas, primeiramente deve-se

reconhecer que, devido à natureza complexa das equações, mesmo para condições de fronteira

simples, não existem soluções analíticas disponíveis. Portanto, deve-se recorrer a soluções

aproximadas das equações, utilizando técnicas numéricas. Apresenta-se neste capítulo a

solução numérica das equações diferenciais de equilíbrio e fluxo transiente de água em solos

não saturados, utilizando-se o Método dos Elementos Finitos para a discretização espacial e o

Método das Diferenças Finitas para a discretização temporal.

Outro aspecto da solução a ser adotada é o acoplamento das equações. Como o fluxo

de água e as deformações do solo são altamente interdependentes (Lloret & Ledesma, 1993),

a forma mais adequada de resolver as equações do fenômeno é acoplando-as, ou seja,

resolvendo-as em conjunto. A solução numérica apresentada neste trabalho resolve as

Page 59: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

38

equações do problema de forma acoplada, simulando de forma rigorosa a dinâmica iteração

entre estrutura do solo e fluxo de água.

A modelagem apresentada considera dois casos. O primeiro é o caso bidimensional de

deformações planas, utilizando coordenadas cartesianas. A condição de deformações planas é

uma simplificação utilizada em muitos problemas de engenharia. O segundo é o caso

axissimétrico, formulado utilizando coordenadas cilíndricas. No caso da simulação do

comportamento de uma fundação de seção circular, que é um exemplo de problema

axissimétrico, a utilização de coordenadas cilíndricas torna a aplicação das condições de

fronteira e dos carregamentos de superfície muito simples. Apesar de se tratar de uma

formulação em três dimensões, o problema axissimétrico não é mais complexo do que o

problema bidimensional de deformações planas, pois na condição axissimétrica existem

apenas duas componentes de deslocamento nas equações do problema.

3.2 EQUAÇÕES BÁSICAS QUE REGEM A MECÂNICA DO PROBLEMA

A seguir são apresentadas as equações básicas que regem o comportamento mecânico

de solos não saturados, considerando o caso em que não existem gradientes de pressão de ar.

As equações básicas da física dizem respeito ao equilíbrio da estrutura do solo e ao fluxo de

água. As equações estão colocadas em coordenadas cartesianas e em coordenadas cilíndricas.

3.2.1 EQUAÇÕES EM COORDENADAS CARTESIANAS

Nos casos em que se utiliza coordenadas cartesianas, adotou-se a direção do eixo y

coincidente com a direção que indica elevação, conforme ilustrado na Fig. 3.1. Utilizando

coordenadas cartesianas, a equação de conservação de massa da fase água considerando um

volume de controle fixo, em coordenadas fixas, pode ser escrita da seguinte forma:

0=∂

∂+

∂∂

+∂

∂+

∂∂

t)nS(

z)v(

y

)v(

x)v( rw

wzw

wyw

wxw ρρρρ

(3.1)

onde:

ρw é a densidade da água; wiv é a velocidade da água na direção i, no sentido físico considerado pela lei de Darcy;

Page 60: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

39

n é a porosidade do solo: ov VVn = ;

Sr é o grau de saturação do solo: vw VVSr = ;

V0 é o volume total, de controle;

Vw é o volume de água, dentro do volume de controle.

Vv é o volume de vazios, dentro do volume de controle.

z0

y0

z

x0

y

x

Figura 3.1 – Sistema de coordenadas cartesianas.

Considerando a água incompressível, a Eq. 3.1 pode ser reescrita da seguinte forma:

∂∂

−=∂

∂+

∂+

∂∂

0VV

tzv

y

v

xv w

wz

wy

wx (3.2)

A equação de equilíbrio é obtida considerando o equilíbrio linear de um elemento

infinitesimal. Para o caso de coordenadas cartesianas tem-se:

0=+∂

∂+

∂+

∂∂

xxzxyx bzyx

ττσ (3.3)

0=+∂

∂+

∂+

∂y

yzyxy bzyx

τστ (3.4)

0=+∂

∂+

∂+

∂∂

zzyzxz b

zyxσττ

(3.5)

onde σi e τij são as tensões totais normais e cisalhantes, respectivamente, e bi são as forças de

massa.

Page 61: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

40

O equilíbrio rotacional do elemento já está implícito nas equações 3.3, 3.4 e 3.5, pois

considerou-se o tensor de tensões simétrico. Para o caso de deformações planas, as equações

de equilíbrio se reduzem a apenas duas:

0=+∂

∂+

∂∂

xxyx byx

τσ (3.6)

0=+∂

∂+

∂y

yxy byx

στ (3.7)

As componentes de deformação e os deslocamentos, considerando coordenadas

cartesianas, se relacionam da seguinte forma:

yw

zv

xw

zu

xv

yu

zw

yv

xu

yzxzxy

zyx

∂∂

+∂∂

=∂∂

+∂∂

=∂∂

+∂∂

=

∂∂

=∂∂

=∂∂

=

γγγ

εεε

, ,

, ,

(3.8)

onde u, v e w são as componentes do deslocamento, nas direções x, y e z, respectivamente.

3.2.2 EQUAÇÕES EM COORDENADAS CILÍNDRICAS

Para coordenadas cilíndricas também adotou-se a direção do eixo y coincidente com a

direção que indica elevação, conforme ilustrado na Fig. 3.2. Em coordenadas cilíndricas a

posição de um ponto é definida pelas coordenadas nas direções r, y e θ .

θ

r0r

z0

y0

z

x0

y

x

Figura 3.2 – Sistema de coordenadas cilíndricas.

Page 62: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

41

Seguindo as mesmas considerações feitas para o caso de coordenadas cartesianas, em

coordenadas cilíndricas a equação de conservação de massa da fase água pode ser escrita da

seguinte forma:

∂∂

−=+∂∂

+∂

∂+

∂∂

0

1VV

trvv

ry

v

rv w

wr

wwy

wr

θθ (3.9)

As equações de equilíbrio para o caso de coordenadas cilíndricas são escritas

conforme apresentado a seguir:

01

=+−

+∂

∂+

∂+

∂∂

rrrryr b

rryrθθ σσ

θττσ

(3.10)

011

=++∂

∂+

∂+

∂yry

yyry brryr

τθ

τστ θ (3.11)

021

=++∂

∂+

∂+

∂∂

θθθθθ τ

θσττ

brryr r

yr (3.12)

Para o caso axissimétrico, as equações de equilíbrio se reduzem a apenas duas:

0=+−

+∂

∂+

∂∂

rrryr b

ryrθσστσ

(3.13)

01

=++∂

∂+

∂yry

yry bryr

τστ

(3.14)

Em coordenadas cilíndricas, tem-se as seguintes relações entre as componentes de

deformação e os deslocamentos:

θγγ

θγ

θεεε

θθ

θ

∂∂

+∂∂

=∂∂

+∂∂

=−∂∂

+∂∂

=

∂∂

+=∂∂

=∂∂

=

vry

wrv

yu

rw

rwu

r

wrr

uyv

ru

yryr

yr

1 , ,

1

1 , ,

(3.15)

onde u, v e w são os deslocamentos nas direções r, y e θ respectivamente.

Page 63: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

42

3.3 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS FINAIS DO PROBLEMA

A seguir é apresentada a obtenção das equações diferenciais finais da modelagem do

comportamento mecânico de solos não saturados. As equações estão colocadas em

coordenadas cartesianas e em coordenadas cilíndricas.

3.3.1 EQUAÇÕES PARA A CONDIÇÃO DE DEFORMAÇÕES PLANAS

As variáveis escolhidas para serem as incógnitas primárias são os deslocamentos e a

pressão de água. Para o caso de deformações planas, tem-se como incógnitas os

deslocamentos u e v e a pressão de água uw. Assim, são exigidas três equações para a solução

do problema. Essas equações devem ser obtidas partindo das equações básicas que regem o

fenômeno, colocando-as em termos das componentes de deslocamento e da pressão de água.

As duas primeiras equações diferenciais são obtidas a partir das equações diferenciais

de equilíbrio, considerando o caso de deformações planas (Eqs. 3.6 e 3.7). Com o auxílio da

relação genérica entre tensões e deformações (Eq. 2.35) e das relações entre componentes de

deformação e deslocamento (Eq. 3.8), pode-se colocar as tensões em função dos

deslocamentos. Desta forma, as equações de equilíbrio podem ser reescritas da seguinte

forma:

( ) 01442111 =+∂

∂+−

∂∂

∂∂

+∂∂

∂∂

+

∂∂

+∂∂

∂∂

xa

wa bx

uuu

xh

xv

yu

yD

yv

Dxu

Dx

(3.16)

( ) 02221244 =+∂∂

+−∂∂

∂∂

+∂∂

∂∂

+

∂∂

+∂∂

∂∂

ya

wa byu

uuy

hyv

Dxu

Dyx

vyu

xD (3.17)

A terceira equação diferencial é obtida a partir da equação de conservação de massa da

fase água. Uma das relações constitutivas requeridas pela equação de conservação de água é a

relação entre o volume da fase água e as variáveis de tensão. Exprimindo a variação de

volume da fase água em função de coeficientes de compressibilidade, conforme apresentado

no Capítulo 2, tem-se:

( ) ( ) ( ) ( )waw

az

w

ay

w

ax

ww uudmud

mud

mud

mVdV

−+−+−+−= 2111

0 333σσσ (3.18)

Essa relação é semelhante à Eq. 2.71, exceto pelo fato de que a tensão total média foi

Page 64: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

43

desmembrada, assumindo-se uma isotropia de variação de volume de água em relação à

variação das tensões totais líquidas. Utilizando a relação genérica entre tensões e deformações

(Eq. 2.35), a Eq. 3.18 pode ser reescrita da seguinte forma:

( ) ( )

( ) )()( wa

ww

z

w

y

w

x

ww

uudhhhm

mdDDDm

dDDDm

dDDDm

VdV

++−++++

+++++=

3211

23332311

2322211

1312111

0

33

33

ε

εε

(3.19)

Aplicando na equação de conservação de massa da fase água (Eq. 3.2) a generalização

da lei de Darcy (Eq. 2.62), a Eq. 3.19 e a relação entre componentes de deformação e

deslocamentos (Eq. 3.8), obtém-se a seguinte equação diferencial para a condição de

deformações planas:

( )

+∇∇=−

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

yu

kuuty

vtx

ut w

wwwa

wwy

wx γ

βββ 211 (3.20)

onde:

( )

( )

++−=

++=

++=

)( 3211

22

2322211

1

1312111

1

3

3

3

hhhm

m

DDDm

DDDm

www

wwy

wwx

β

β

β

(3.21)

As Eqs. 3.16, 3.17 e 3.20 são as equações que regem o problema de equilíbrio e fluxo

para a condição de deformações planas. Como pode ser verificado, a natureza acoplada do

equilíbrio e do fluxo de água no solo fica bem evidente na formulação matemática.

Observando as equações originadas das equações de equilíbrio (Eqs. 3.16 e 3.17), pode-se

verificar que deslocamentos podem ser produzidos por alterações na pressão de água. Por

outro lado, a equação originada da equação de conservação de massa de água (Eq. 3.20)

mostra que pressões de água podem ser produzidas por deslocamentos. Desta forma, tem-se

que, pelo fato das equações serem interdependentes, é necessário resolvê- las em conjunto, ou

seja, de forma acoplada.

3.3.2 EQUAÇÕES PARA A CONDIÇÃO AXISSIMÉTRICA

Page 65: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

44

Da mesma forma que foi feito para a condição de deformações planas, para o caso

axissimétrico as equações de equilíbrio (Eqs. 3.13 e 3.14) podem ser reescritas utilizando a

relação genérica entre tensões e deformações (Eq. 2.35) e as relações entre componentes de

deformação e deslocamento (Eq. 3.15). Desta forma, obtém-se as seguintes equações:

( )[ ]

( ) 013232133111331

1442111

=+−

−+

∂∂

−+

−+

∂∂

−+

+∂

∂+−

∂∂

∂∂

+∂∂

∂∂

+

∂∂

+

+

∂∂

∂∂

rwa

awa

buur

hhyv

rDD

ru

rDD

ru

rDD

ru

uuhrr

vyu

Dyy

vD

ru

ru

Dr

(3.22)

( )[ ] 02

4422231244

=+∂

∂+−

∂∂

∂∂

+∂∂

+

∂∂

++∂∂

∂∂

+

∂∂

+∂∂

∂∂

ya

wa byu

uuhy

rv

yu

rD

yv

Dru

Dru

Dyr

vyu

Dr

(3.23)

A terceira equação diferencial é obtida considerando a equação de conservação de

massa da fase água e as mesmas leis constitutivas mencionadas para o caso de deformações

planas. A relação entre o volume da fase água e as variáveis de tensão, por exemplo, é escrita

da seguinte forma:

( ) ( ) ( ) ( )waw

a

w

ay

w

ar

ww uudmud

mud

mud

mVdV

−+−+−+−= 2111

0 333 θσσσ (3.24)

Utilizando a relação genérica entre tensões e deformações (Eq. 2.35), a Eq. 3.24 pode

ser reescrita da seguinte forma:

( ) ( )

( ) )()( wa

ww

w

y

w

r

ww

uudhhhm

mdDDDm

dDDDm

dDDDm

VdV

++−++++

+++++=

3211

23332311

2322211

1312111

0

33

33

θε

εε

(3.25)

Aplicando na equação de conservação de massa da fase água (Eq. 3.9) a generalização

da lei de Darcy (Eq. 2.64), a Eq. 3.25 e a relação entre componentes de deformação e

deslocamentos (Eq. 3.15), obtém-se a seguinte equação diferencial para a condição de

Page 66: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

45

axissimetria:

( )

+

∂∂

+

+

∂∂

+

+

∂∂

=−∂∂

+

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

yu

yky

urr

ky

ur

k

uutr

uty

vtr

ut

w

wwy

w

wwr

w

wwr

wawww

ywr

γγγ

ββββ θ

2

2

2

2

2111

(3.26)

onde:

( )

( )

( )

++−=

++=

++=

++=

)( 3211

22

3332311

1

2322211

1

1312111

1

3

3

3

3

HHHm

m

DDDm

DDDm

DDDm

www

ww

wwy

wwr

β

β

β

β

θ

(3.27)

As Eqs. 3.22, 3.23 e 3.26 são as equações que regem o problema de equilíbrio e fluxo

para a condição de axissimetria, em coordenadas cilíndricas. Novamente pode-se verificar que

na formulação matemática, a natureza acoplada do equilíbrio e do fluxo de água no solo fica

bem evidente, exigindo que as equações sejam resolvidas de forma acoplada.

3.4 SOLUÇÃO NUMÉRICA DAS EQUAÇÕES

Foram obtidas no item anterior as equações finais do problemas para a condição de

deformações planas (Eqs. 3.16, 3.17 e 3.20) e as equações finais para a condição axissimétrica

(Eqs. 3.22, 3.23 e 3.26). Devido à natureza complexa das equações diferenciais obtidas, não

existem soluções analíticas disponíveis, sendo necessário recorrer a soluções aproximadas,

utilizando técnicas numéricas. Para obter a solução aproximada das equações, recorre-se neste

trabalho ao Método dos Elementos Finitos associado ao Método das Diferenças Finitas. A

solução aproximada das equações diferenciais apresentada utiliza o Método dos Elementos

Finitos para a discretização espacial. O Método das Diferenças Finitas é utilizado para obter a

discretização temporal, que é necessária devido à natureza transiente do problema analisado.

3.4.1 DISCRETIZAÇÃO ESPACIAL PARA A CONDIÇÃO

Page 67: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

46

DE DEFORMAÇÕES PLANAS

A solução das equações 3.16, 3.17 e 3.20 pelo método dos resíduos ponderados de

Galerkin é obtida reduzindo os requisitos de diferenciabilidade das equações. Para tal,

multiplica-se as equações diferenciais por funções peso e faz-se a integral das equações.

Utiliza-se como funções peso as próprias funções interpoladoras, φ, utilizadas para a

aproximação das variáveis primárias das equações (Reddy, 1993).

A seguir deve-se fazer a derivada em relação ao tempo da solução variacional das

equações 3.16 e 3.17. Considerando para todas as equações o caso em que a pressão de ar não

varia com o tempo, obtém-se a seguinte solução:

=

+

2

1

2

1

2212

2111

FF

uCWCW

vu

DKDKDKDK

w&&&

(3.28)

[ ] [ ] [ ] FWuTWvu

WKWKuHW =+

+ ww &&&21 (3.29)

Ω

Ω

Ω

Ω

∂∂

+∂

∂∂

=

∂∂

+∂

∂∂

=

∂∂

+∂

∂∂

=

∂∂

+∂

∂∂

=

e

e

e

e

dxdyyy

Dxx

DDK

dxdyxy

Dyx

DDK

dxdyxy

Dyx

DDK

dxdyyy

Dxx

DDK

jijiij

jijiij

jijiij

jijiij

][

][

][

][

φφφφ

φφφφ

φφφφ

φφφφ

224422

124412

442121

441111

(3.30)

∫∫ ΩΩ ∂

∂−=

∂−=

eedxdy

yhCWdxdy

xhCW j

iijj

iij

φφ

φφ 2

21

1 , (3.31)

∫ ∫∫∫ Ω ΓΓΩ ∂∂

+∂

∂=

∂∂

+∂∂

=e eee

dstt

dxdytb

Fdstt

dxdyt

bF y

iy

iix

ix

ii φφφφ 21 , (3.32)

∫Ω ∂

∂∂

+∂

∂∂

=e

dxdyyy

k

xxk

HW ji

w

wyji

w

wx

ij ][φφ

γ

φφγ

(3.33)

Page 68: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

47

∫∫ ΩΩ ∂

∂=

∂=

eedxdy

yWKdxdy

xWK j

iwyij

ji

wxij

φφβ

φφβ 1

21

1 , (3.34)

∫Ω−=

edxdyTW ji

wij φφβ 2 (3.35)

∫∫ ΓΩ+

∂∂

−= ee dsdxdyy

kFW iiw

yi λφφ

(3.36)

onde:

u& e v& são as derivadas em relação ao tempo dos deslocamentos u e v;

wu& é a derivada em relação ao tempo da pressão de água, uw;

φi são as funções interpoladoras;

ti são tensões de superfície;

λ representa fluxo imposto na fronteira.

Detalhes da formulação são apresentados no Apêndice B. Finalmente, as equações

3.28 e 3.29 podem ser agrupadas da seguinte forma:

[ ] [ ] TwBwA =+ & (3.37)

onde:

[ ] [ ] [ ] [ ]

=

=

=

=

wuvu

wFWFF

TTWWKWK

CWDKDKCWDKDK

BHW

A e , , 00

000000

2

1

21

22212

12111

(3.38)

Como pode ser visto, utiliza-se neste trabalho a abordagem variacional para explicar a

solução espacial das equações. A utilização do Princípio dos Trabalhos Virtuais produziria as

mesma equações, conforme mostrado em Lloret & Ledesma (1993) e em Pereira (1996).

A solução em conjunto das Eqs. 3.28 e 3.29 caracteriza a solução acoplada, onde a

pressão de água e os deslocamentos são obtidos de forma interdependente. É importante

ressaltar que os termos responsáveis pela interdependência entre pressão de água e

deslocamentos são os termos CW e WK, cujos parâmetros são hi e wi1β .

Page 69: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

48

3.4.2 DISCRETIZAÇÃO ESPACIAL PARA A CONDIÇÃO AXISSIMÉTRICA

De forma semelhante à utilizada a condição de deformações planas, obtém-se a

seguinte solução aproximada para as Eqs. 2.22, 2.23 e 2.26:

=

+

2

1

2

1

2212

2111

FF

uCWCW

vu

DKDKDKDK

w&&&

(3.39)

[ ] [ ] [ ] FWuTWvu

WKWKuHW =+

+ ww &&&

21 (3.40)

Ω

Ω

Ω

Ω

∂∂

+∂

∂−

∂∂

=

∂∂

+∂

∂∂

+∂

∂−

∂∂

=

∂−+

∂∂

+∂

∂∂

=

−+∂

∂−+

+∂

∂∂

+∂

∂+

∂∂

=

e

e

e

e

drdyyy

Drrrr

DDK

drdyyr

Dry

Dyryr

DDK

drdyyr

DDry

Dyr

DDK

drdyr

DDrr

DD

yyD

rrrrDDK

jiji

jiij

jijij

iji

ij

ji

jijiij

jij

i

jij

ijiij

])([

])([

])([

])()(

)([

φφφφ

φφ

φφφφφ

φφφ

φφ

φφφφ

φφφ

φ

φφφ

φφφ

224422

23124412

2123442121

211333113

441111

1

11

1

11

1

(3.41)

∫∫ ΩΩ ∂

∂−=−−

∂−=

eedrdy

yhCWdrdyhh

rrhCW j

iijjij

iij

φφφφ

φφ 2

2131

1 , 1

])([ (3.42)

∫ ∫∫∫ Ω ΓΓΩ ∂∂

+∂∂

=∂∂

+∂

∂=

e eeeds

tt

drdyt

bFds

tt

drdytb

F yi

yii

ri

rii φφφφ 21 , (3.43)

∫Ω ∂

∂∂

+∂

∂+

∂∂

=e

drdyyy

k

rrrrk

HW ji

w

wyj

iji

w

wr

ij )])([φφ

γ

φφ

φφγ

1 (3.44)

∫∫ ΩΩ ∂

∂=+

∂=

eedrdy

yWKdrdy]

rr[WK j

iwyijji

wy

ji

wxij

φφβφφβ

φφβ 1

211

1 , 1

(3.45)

∫Ω−=

edrdyTW ji

wij φφβ 2 (3.46)

∫∫ ΓΩ+

∂∂

−= ee dsdrdyy

kFW iiw

yi λφφ

(3.47)

Page 70: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

49

Novamente tomou-se a derivada em relação ao tempo da solução das equações 3.22 e

3.23 e considerou-se que a pressão de ar não varia com o tempo. Detalhes da formulação são

apresentados no Apêndice B. Da forma semelhante à feita para as equações obtidas para o

caso de deformações planas, as equações 3.39 e 3.40 podem ser agrupadas, formando o

mesmo sistema de equações apresentado na Eq. 3.37:

[ ] [ ] TwBwA =+ & (3.48)

onde:

[ ] [ ] [ ] [ ]

=

=

=

=

wuvu

wFWFF

TTWWKWK

CWDKDKCWDKDK

BHW

A e , , 00

000000

2

1

21

22212

12111

(3.49)

A solução em conjunto das Eqs. 3.39 e 3.40 caracteriza a solução acoplada, onde a

pressão de água e os deslocamentos são obtidos de forma interdependente. Em relação ao

acoplamento das equações, tem-se que os termos responsáveis pela interdependência entre

pressão de água e deslocamentos são os termos CW e WK, cujos parâmetros são hi e wi1β .

3.4.3 DISCRETIZAÇÃO TEMPORAL DAS EQUAÇÕES

Os sistemas de equações obtidos com a discretização espacial para os condições de

deformações planas e de axissimetria (Eq. 3.37 e Eq. 3.48) possuem um vetor de incógnitas de

deslocamentos e de pressão de água, w, e um de incógnitas de taxa de variação no tempo de

deslocamento e de taxa de variação de pressão de água, w& . A derivada em relação ao tempo

identifica um fenômeno transiente, que requer uma solução em relação ao tempo. Como o

sistema de equações obtido para a condição de deformação plana (Eq. 3.37) é igual ao obtido

para a condição axissimétrica (Eq. 3.48), a apresentação da solução temporal do sistema de

equações é coincidente para ambos os casos.

Para a solução de problemas transientes usualmente se associa à discretização espacial

pelo Método dos Elementos Finitos uma aproximação temporal, utilizando o Método das

Diferenças Finitas. Existe também outras alternativas, como por exemplo uma formulação

analítica que se propõe a evitar os problemas de instabilidade e/ou oscilação que podem

Page 71: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

50

ocorrer quando se utiliza diferenças finitas. No entanto, este tipo e alternativa ainda está em

estudo e necessita de maior comprovação de sua eficiência (Castro, 1998).

A solução aqui apresentada utiliza o Método das Diferenças Finitas para a

aproximação temporal das equações acopladas. Para o caso do sistema obtido (Eq. 3.37 ou

Eq. 3.48), em um dado instante t+θ∆t qualquer tem-se:

[ ] [ ] tttttt ∆+∆+∆+ =+ θθθ TwBwA & (3.50)

O valor de θ adotado define o esquema de integração numérica adotado. Neste

trabalho preferiu-se utilizar o esquema de integração com θ = 1 (“backward difference

scheme”), por sua reconhecida estabilidade numérica (Zienkiewicz, 1977). Utilizando um

esquema de tempo em dois níveis e assumindo uma variação linear do vetor de incógnitas

para um dado incremento de tempo, tem-se:

ttttt ∆+∆+ +−= ww)(w θθθ 1 (3.51)

A derivada em relação ao tempo das incógnitas pode ser expressa da seguinte forma:

t

ttttt ∆

−= ∆+

∆+

www θ& (3.52)

Substituindo as Eqs. 3.51 e 3.52 em 3.50, tem-se:

[ ] FGwAG =∆+ tt (3.53)

onde:

[ ] [ ] [ ][ ] [ ] [ ][ ] ttt

twBA)(TFG

BAAG−−∆−∆=

+∆=θ

θ1

(3.54)

Esta é a solução final da equações diferenciais do problema. Com a Eq. 3.53 tem-se o

valor do vetor de incógnitas em um instante de tempo t+∆t, em função do vetor de incógnitas

obtido no passo anterior de tempo e das matrizes de rigidez. Desta forma, tem-se o valor dos

deslocamento e da pressão de água integrados no tempo.

Page 72: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

51

3.5 SOLUÇÃO DAS EQUAÇÕES CONSIDERANDO A NÃO LINEARIDADE FÍSICA

Os problemas não lineares podem ser definidos como aqueles cuja solução é obtida

resolvendo equações do seguinte tipo:

( )[ ] FwwK = (3.55)

Portanto, tratam-se de problemas nos quais a obtenção da solução não é direta. A

solução da Eq. 3.55 seria encontrada quando fosse arbitrada uma solução w, com essa solução

fosse obtida a matriz K e após resolvido o sistema fosse obtida a mesma solução w

anteriormente arbitrada.

Existem dois tipos de não linearidades muito comuns em problemas de engenharia:

não linearidade geométrica e não linearidade física. A ocorrência de grandes deformações

produz não linearidade geométrica. Por sua vez, a análise de tensões e deformações utilizando

modelos constitutivos não lineares caracteriza problemas com não linearidade física.

No caso da Eq. 3.54, considerando a utilização de modelos constitutivos não lineares,

tem-se que as matrizes [AG] e [FG] são função do estado de tensões, ou seja, são função da

própria solução do sistema. Portanto, a solução da Eq. 3.54 se enquadra na classe de

problemas com não linearidade física.

Existe na literatura uma grande variedade de procedimentos para a solução de

problemas não lineares. Os mais utilizados são técnicas iterativas nas quais a partir de uma

estimativa inicial procura-se obter a solução por meio de repetidas soluções lineares. O

método de iteração direta de Picard e o método de Newton-Raphson são exemplos destas

técnicas. Estes dois métodos iterativos são utilizados pelo programa COUPSO.

O método de iteração direta de Picard consiste na sucessiva solução do sistema de

equações partindo no primeiro passo de uma solução inicial arbitrária e utilizando para o

cálculo de K em cada nova iteração, a solução obtida no último passo:

( )[ ] FwwK =+1ii (3.56)

Admite-se a convergência da solução quando o erro encontrado é menor que um valor

admissível (e < eadm ). Uma medida de erro freqüentemente utilizada é apresentada a seguir

(Cook et al., 1989):

Page 73: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

52

i

iiew

ww −= +1 (3.57)

onde 1+i

w e i

w são as normas de dois vetores solução sucessivos.

Alternativamente, pode-se utilizar no lugar da norma do vetor solução, o maior dos

valores de erro obtidos de cada termo do vetor solução. Evidentemente, essa é uma medida de

erro mais rigorosa de se atender dependendo da tolerância admitida.

O método de Newton-Raphson está ilustrado na Fig. 3.3. Considerando uma função

que relaciona cargas e deslocamentos, F = f(D), tem-se que a partir de um ponto em equilíbrio

A, se o carregamento é incrementado para FB, o valor correto de deslocamento a ser obtido é

DB. O valor da função em um ponto qualquer pode ser aproximado utilizando uma expansão

por série de Taylor. Fazendo a expansão no pondo DA e desprezando derivadas de segunda

ordem em diante, obtém-se:

11 DdDdF

DfDDfA

AA ∆

+=∆+ )()( (3.58)

Considerando que FA = f(DA) e que ( ) AA KdDdF = é a rigidez tangente em A, tem-se:

ABA FFDK −=∆ )( 1 (3.59)

Os próximos passos consistem em atualizar os deslocamentos D1 = DA + ∆D1, usar D1

para a obtenção da solicitação F1 e a nova rigidez K1 e encontrar o próximo incremento ∆D2,

utilizando-se a expressão:

121 FFDK B −=∆ )( (3.60)

A diferença FB – F1 é o atual desequilíbrio de forças. Após um certo número de

iterações, espera-se que DA + ∆D1 + ∆D2 + ... ≅ DB e que o desequilíbrio de forças torne-se

suficientemente pequeno, sendo atingida a convergência.

Esta é uma descrição bem simplificada do método de Newton-Raphson. Existem

Page 74: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

53

muitas variantes do método. Por exemplo, tem-se o Método de Newton-Raphson Modificado,

onde não se atualiza K, utilizando sempre a matriz de rigidez inicial. Alternativamente, pode-

se optar por atualizar K sistematicamente após um certo número de iterações, ou atualizar K

quando for detectado um aumento muito grande no número de iterações necessário para se

atingir a convergência (Cook et al., 1989).

DA D1 D2 DB

FA

F1

F2

FB

∆D1D

F

F = f ( D )

A

1

2B

b

∆D2

Figura 3.3 – Método de Newton-Raphson.

No caso da análise de tensões e deformações utilizando modelos não lineares com

dependência da trajetória de tensões, normalmente associa-se à solução iterativa um

procedimento incremental, onde as cargas são aplicadas ao sistema em pequenos incrementos.

Neste caso, o método iterativo é utilizado para obter a solução em cada pequeno passo de

aplicação de carga.

Intuitivamente espera-se também que a aplicação da carga em pequenos incrementos

facilite a reprodução da não linearidade. Quanto menor for o incremento, maior a segurança

de que a não linearidade do modelos será bem reproduzida. A utilização de pequenos

incrementos de carga é tão efetiva na reprodução de não linearidades, que a utilização de

pequenos incrementos, sem a adoção de procedimentos iterativos, conduz a resultados que

podem ser considerados suficientemente acurados, quando a não-linearidade é suave (Britto &

Gun, 1985).

O esquema iterativo de Newton-Raphson foi implementado e testado no programa

COUPSO. Detalhes sobre a forma de inclusão do Newton-Raphson e sobre os procedimentos

desenvolvidos serão apresentados no Capítulo 4.

Page 75: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

54

3.6 RESUMO

Neste capítulo foi apresentada a modelagem do problema de equilíbrio e fluxo em

solos não saturados. Em relação às hipóteses básicas que delimitam a abrangência da

modelagem mecânica aqui apresentada, pôde-se observar que as simplificações exigidas para

a modelagem do fenômeno são aceitáveis e permitem atingir suficiente simplicidade. Mesmo

com algumas simplificações, a modelagem apresentada ainda preserva os mais importantes

aspectos do fenômeno de fluxo de água e equilíbrio em solos não saturados, particularmente

no caso de solos muito porosos e colapsíveis submetidos à molhagem.

Verificou-se que a equação de continuidade de massa de água, que governa o fluxo de

água no solo, mostra que existe geração de pressões de água devido a deformações. Ao

mesmo tempo, foi observado que as equações provenientes das equações de equilíbrio

mostram que a ocorrência de deformações é dependente de variações na pressão de água.

Assim, evidencia-se a interdependência das equações do fenômeno, requerendo a solução das

equações de forma acoplada.

Foi verificado que, como fluxo de água nos solos não saturados depende da variável

tempo, graças ao acoplamento das equações as deformações do solo também dependem do

tempo. Observou-se, portanto, a natureza transiente do fenômeno acoplado.

Apresentou-se a solução numérica das equações obtidas utilizando o Método dos

Elementos Finitos para a discretização espacial e o Método das Diferenças Finitas para a

discretização temporal. Graças à natureza dessas técnicas numéricas, a solução apresentada

permite a abordagem de problemas de valor de contorno e inicial com condições de fronteira

complexas e com a presença de materiais com diferentes propriedades. Por fim foi

apresentada a descrição de técnicas iterativas para a solução das equações. Essas técnicas

iterativas são requeridas devido à não linearidade física do problema.

Page 76: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

55

CAPÍTULO 4 IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA CRISMUS E DA NOVA VERSÃO

DO PROGRAMA COUPSO E VALIDAÇÕES

Este capítulo é destinado à apresentação do programa CRISMUS (sigla para “CRItical

State Model for Unsaturated Soils”) e à apresentação da nova versão do programa COUPSO

(sigla para “COUPled SOlution”).

Primeiramente apresenta-se o programa CRISMUS. Este programa foi escrito com o

objetivo de permitir a reprodução de trajetórias de tensões pré estabelecidas, utilizando o

modelo elastoplástico de estados críticos de Alonso et al. (1990). Como verificação são

apresentadas comparações entre trajetórias reproduzidas utilizando o programa e resultados

disponíveis na literatura. Aproveitou-se a apresentação destes casos de validação para fazer

uma demonstração das potencialidades do modelo de Alonso et al. (1990), reforçando a

descrição do modelo, feita anteriormente no Capítulo 2 desta dissertação.

Em seguida é apresentada a nova versão do programa COUPSO. Faz-se uma descrição

geral do programa, apresentando o seu fluxograma geral e descrevendo suas principais

subrotinas. Em sua nova versão, foi introduzido o modelo elastoplástico de estados críticos de

Alonso et al. (1990) e foi feita a extensão para condições axissimétricos. Conforme será visto,

a inclusão de um modelo elastoplástico com endurecimento exigiu diversas adaptações e o

desenvolvimento de procedimentos adicionais, com a elaboração de novas subrotinas. São

apresentados dois exemplos de validação para a nova versão do programa, demonstrando o

seu funcionamento em simulações com o novo modelo e para condições axissimétricas.

4.1 PROGRAMA CRISMUS

4.1.1 DESCRIÇÃO GERAL DO PROGRAMA

O programa CRISMUS permite a reprodução de trajetórias de tensões pré

estabelecidas utilizando o modelo elastoplástico de estados críticos de Alonso et al. (1990). O

programa foi escrito utilizando a formulação do modelo para estados de tensões

tridimensionais. Assim, além de manter completa generalidade, tem-se que os procedimentos

escritos para o programa CRISMUS podem ser incluídos, com adaptações convenientes, em

Page 77: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

56

um programa de Elementos Finitos, tal como o programa COUPSO, que foi formulado

utilizando as variáveis de tensão (σ–ua) e (ua–uw). A formulação do modelo de Alonso et al.

(1990) para estados de tensões tridimensionais foi apresentada no Capítulo 2 e outros detalhes

desta formulação são dados no Apêndice A.

O programa CRISMUS aplica uma variação total de tensões desejada, ou seja, ∆ *~

σ

e/ou ∆(ua–uw) de forma incremental, conforme é feito para qualquer modelo não- linear com

dependência da trajetória de tensões. Na Tabela 4.1 são apresentados os dados de entrada

requeridos.

Tabela 4.1 – Dados de entrada do programa CRISMUS.

Estado de tensões inicial: σx0, σy0, σz0, τxy0, τxz0, τyz0, ua0 e uw0

Parâmetros do modelo: λ(0), κ, λs, κs, r, β , pc, µ, φ e φ b

Posição inicial das superfícies de escoamento LC e SI: po* e s0

Variação total de tensões a ser aplicada: ∆σx, ∆σy, ∆σz, ∆τxy, ∆τxz, ∆τyz, ∆ua e ∆uw

Tamanho dos incrementos a serem aplicados: α

Os incrementos de tensões aplicados são proporcionais às variações totais de tensões,

e definidos pelo fator α, ou seja, determinados como α ∆σx, α ∆σy, α ∆σz, α ∆τxy, α ∆τxz,

α ∆τyz, α ∆ua e α ∆uw. Para cada incremento de variável de tensão tem-se a seguinte

seqüência básica de cálculos:

i) Acumular o incremento de estado de tensão, α∆ *~

σ e/ou α∆(ua–uw);

ii) Verificar se o novo estado de tensões incrementado atinge o escoamento,

calculando ),*,*(~~

*pssF 01 ss ∆+∆+ αα e ),*,*(~~

*pssF 02 ss ∆+∆+ αα . No início do

incremento de carga tem-se 0ss **~~

= e 00 wa uus −= . Nos demais incrementos estes

valores passam a ser atualizados em cada passo, ou seja, a cada incremento de tensões;

iii) Calcular as matrizes constitutivas D e h. A forma de cálculo destas matrizes

depende da verificação da ocorrência ou não de plastificação e no caso de ter ocorrido

plastificação, da verificação de qual superfície de escoamento foi atingida;

iv) Obter as deformações totais resultantes do incremento aplicado, utilizando a

expressão sd ∆+∆= −− αα hD*D~~

11 σε ;

Page 78: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

57

v) Conforme os valores de F1 e F2, faz-se necessário ou não corrigir o estado de

tensões:

v.1) Caso não tenha ocorrido plastificação, apenas atualizar o estado de tensões

e as deformações totais;

v.2) Caso tenha ocorrido plastificação, de posse das deformações totais faz-se a

correção da trajetória de tensões, considerando a movimentação da superfície

de escoamento. Com o estado de tensões corrigido, atualiza-se o estado de

tensões e as deformações totais;

vi) Partir para o novo incremento de tensões, ou seja, de volta ao passo (i).

A seqüência é repetida até que todos os incrementos tenham sido aplicados ou caso

tenha sido atingido o estado crítico. Dentro da seqüê ncia de cálculos apresentada, um ponto

que merece maiores explicações é a forma de correção do estado de tensões citada no passo

(v.2). De acordo com o modelo de Alonso et al. (1990), tem-se que a movimentação das

superfícies de escoamento, ou seja, o endurecimento do solo, é obtida pelas seguintes

expressões:

( ) ( ) )(*** ep ddpdpdp υυυ εεκλ

υε

κλυ

−−

=−

=00 000 (4.1)

)()()( e

ssatm

p

ssatm ddpsdpsds υυυ εε

κλυ

εκλ

υ−

−+=

−+= 000 (4.2)

Pode-se observar que a nova posição da superfície de escoamento é função das

deformações plásticas, que por sua vez dependem das deformações elásticas. O incremento de

deformações elásticas é dado pela seguinte equação:

sd eee ∆+∆=−−

βαβα hD*D~~

11σε (4.3)

onde β é o fator multiplicador pelo qual obtêm-se um estado de tensões corrigido, ou seja, um

estado de tensões que fica exatamente sobre a superfície de escoamento movimentada.

Conclui-se que as posições finais das superfícies de escoamento dependem do próprio

estado de tensões corrigido que está sendo procurado. Quando o incremento de tensões é

Page 79: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

58

alterado por meio do fator β , procurando fazer com que o estado de tensões final caia sobre a

superfície de escoamento, a própria superfície é deslocada para uma nova posição.

Para obter o estado de tensões corrigido, foi desenvolvido um procedimento de

procura do fator multiplicador β , que consiste na sistemática alteração do valor de β . A

alteração de β é controlada pela posição do estado de tensões em relação às superfícies LC e

SI. A posição do estado de tensões em relação às superfícies de escoamento é dada pelo valor

das funções ),*,*(~~

*pssF 01 ss ∆+∆+ βαβα e ),*,*(~~

*pssF 02 ss ∆+∆+ βαβα . A seqüência

de cálculos do procedimento é dada a seguir.

i) Definir a tolerância admitida durante o prodedimento, tol;

ii) Iniciar com 1=β ;

iii) Calcular F1 e F2;

iv) Conforme o valor de F1 e F2, tomar a decisão sobre a convergência ou sobre o

novo valor de β a ser testado:

iv.1) Se F1>0 ou F2>0 fazer 2βββ −= ;

iv.2) Se F1<tol e F2<tol fazer 2βββ += ;

iv.3) Caso nenhuma das duas alternativas acima sejam verdadeiras, tem-se que

o estado de tensões obtido respeita ambas as superfícies de escoamento e que o

estado de tensões está sobre uma das superfície (ou sobre ambas), dentro de

uma certa faixa de precisão (tol). Neste caso, encerrar aqui a procura;

v) Caso a tolerância não tenha sido respeitada, retornar ao passo (ii), utilizando o novo

valor de β .

O número de ciclos de cálculos necessários varia muito com a tolerância exigida. Para

valores de tol=0,005, tem-se normalmente menos de 10 ciclos. Como resultado da adoção

deste procedimento, tem-se que o incremento corrigido do estado de tensões tem uma norma

diferente, porém conserva a mesma direção do incremento original. Em outras palavras, o

tamanho dos componentes dos incrementos são corrigidos de forma proporcional. Assim, ao

fim tem-se que é respeitada a direção para a qual o estado de tensões está tendendo a evoluir,

o que parece mais coerente do que utilizar uma correção do estado de tensões em uma direção

pré determinada. Uma avaliação de vários procedimentos de correção do estado de tensões de

volta à superfície de escoamento é apresentada por Potts & Gens (1985), sendo que o

Page 80: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

59

procedimento para o qual os autores obtiveram os melhores resultados é semelhante ao

implementado no programa CRISMUS, pois também considera o deslocamento da superfície

de escoamento durante a correção da trajetória de tensões. A diferença é que a solução de

Potts & Gens (1985) corrige o estado de tensões na direção do potencial plástico.

O cálculo das matrizes constitutivas D e h depende da verificação da ocorrência ou

não de plastificação e no caso de ter ocorrido plastificação, da verificação de qual a superfície

de escoamento foi atingida. As superfícies de escoamento do modelo apresentam um ponto de

singularidade, onde as superfícies LC e SI se tocam, tendo-se dois potenciais plásticos

diferentes. No caso de ser atingido escoamento neste ponto, o programa adota o potencial

dado pela superfície LC.

4.1.2 VALIDAÇÃO DO PROGRAMA CRISMUS

Serão apresentadas a seguir quatro simulações feitas com o intuito de validar o

programa CRISMUS. Foram reproduzidas diversas trajetórias utilizando o programa. São

trajetórias com e sem o desenvolvimento de tensões cisalhantes e com a ocorrência de

escoamento em diversas direções. Os resultados foram analisados e comparados com outros

resultados disponíveis na literatura.

4.1.2.1 SIMULAÇÃO DE UMA TRAJETÓRIA COM O DESENVOLVIMENTO

DE TENSÕES CISALHANTES

A primeira simulação (1) teve o objetivo de testar o programa CRISMUS para um

caso com desenvolvimento de tensões cisalhantes em que a sução permanece nula, ou seja, no

estado saturado. Para a condição de sucção nula, o modelo de Alonso et al. (1990) se reduz ao

modelo Cam-Clay Modificado. Os resultados obtidos com o programa CRISMUS foram

comparados com os do programa CRIS (Ortigão, 1995). Para tal, utilizou-se uma trajetória de

compressão com σ2=σ3, pois o programa CRIS foi formulado para estados de tensões

triaxiais, trabalhando com os invariantes p e q e não p e J.

Como trata-se de uma trajetória com sucção nula, não foram necessários os parâmetros

introduzidos pelo modelo de Alonso et al. (1990) para a extensão ao caso não saturado, ou

seja, λs, κs, r, β , pc, s0, e k. Foram requeridos apenas os parâmetros do modelo Cam-Clay

Modificado original. Os valores arbitrados de forma livre estão apresentados no Tab. 4.2.

Page 81: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

60

Tabela 4.2 – Parâmetros utilizados na simulação 1.

Parâmetros eo po* λ(0) κ µ φ ecs

do Modelo 1,00 200,0 kPa 0,850 0,150 0,30 30,0o 4,97

Tratam-se de parâmetros que caracterizam um solo com grande compressibilidade e

com um índice de vazios relativamente elevado. O módulo cisalhante G, requerido pelo

programa CRIS, foi calculado para o nível de tensões médio da trajetória e corresponde aos

valores do coeficiente de Poisson µ e do módulo de recompressão κ apresentados na Tab. 4.2.

Como resultado, obteve-se um módulo cisalhante de 1056 kPa.

O parâmetro ecs apresentado na Tab. 4.2 é requerido apenas pelo programa CRIS. Este

parâmetro é utilizado no cálculo do índice de vazios que corresponde ao estado crítico. No

programa CRISMUS a determinação de quando é atingido o estado crítico é feita de forma

direta, verificando por meio do estado de tensões se o solo plastificado atingiu a linha de

estados críticos, dentro de certa tolerância. Os resultados estão apresentados na Fig. 4.1.

0

50

100

150

200

0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5

Deformação Cisalhante - 2(εz-εx)/3

(b)

q -

kPa CRIS

CRISMUS

0

50

100

150

200

250

0 100 200 300 400 500p - kPa

(a)

q -

kPa

Linha de estadoscríticos

TT

1.21.31.41.51.61.71.81.92.02.1

140 190 240 290 340 390

p - kPa

(c)

(1+e

)

CRISCRISMUS

Linha de compressãoisotrópica

1.21.31.41.51.61.71.81.92.02.1

0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0

Deformação Cisalhante - 2(εz-εx)/3

(d)

(1+e

)

CRISCRISMUS

Figura 4.1 – Simulação 1: (a) trajetória de tensões no espaço p:q; (b) tensões desviatórias por

deformações cisalhantes; (c) volume específico por tensão total média; (d) vo lume específico

por deformação cisalhante.

Page 82: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

61

Como pode ser visto na Fig. 4.1, as trajetórias reproduzidas por ambos os programas

apresentam ótima concordância, demonstrando que o programa CRISMUS forneceu bons

resultados. Pode-se verificar que a Fig. 4.1b apresenta um trecho inicialmente linear muito

inclinado, seguido de uma repentina diminuição desta inclinação. Essa mudança de

comportamento coincide com a mudança de declividade da curva de compressão da Fig. 4.1c.

Verifica-se que foi atingido o estado crítico. A ocorrência de estado crítico está bem

caracterizada pelo pouco acréscimo de variação do volume específico e do estado de tensões,

para grandes deformações cisalhantes.

4.1.2.2 SIMULAÇÃO DE TRAJETÓRIAS DE MOLHAGEM SOB TENSÕES TOTAIS

LÍQUIDAS DIFERENTES

A segunda simulação (2) teve como objetivo reproduzir a ocorrência de deformações

plásticas em trajetórias de molhagem, ou seja, em trajetórias com redução da sucção. Utilizou-

se um exemplo apresentado por Alonso et al. (1990), cujos parâmetros podem ser vistos na

Tab. 4.3. Estes mesmos parâmetros serão usados nas simulações 3 e 4. Observa-se pelos

parâmetros da Tab. 4.3 que trata-se de um solo moderadamente compressível e cuja

diminuição de compressibilidade com a sucção chega a 25%.

Tabela 4.3 – Parâmetros utilizados nas simulações 2, 3 e 4.

eo φ λ(0) κ µ

Parâmetros 0,90 30,0o 0,200 0,020 0,30

do Modelo r β pc λs κs

0,75 0,0125 kPa-1 100,0 kPa 0,080 0,008

Os resultados da simulação utilizando o programa CRISMUS e os apresentados em

Alonso et al. (1990) são mostrados na Fig. 4.2. Observa-se excelente concordância entre os

resultados. Nestas trajetórias pôde-se observar importantes aspectos do modelo. As reduções

de sucção se deram em três diferentes tensões confinantes. No trecho AB, que possui a menor

tensão confinante, tem-se apenas uma pequena e elástica expansão, pois não foi atingida a

superfície LC. No trecho CD ocorreu escoamento, resultando em uma grande redução de

volume, o que demonstra a modelagem de colapso devido à diminuição de sucção. No trecho

EF houve uma diminuição ainda maior de volume, mostrando que o colapso cresceu com o

aumento da tensão confinante, conforme prevê a formulação do modelo.

Page 83: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

62

0

50

100

150

200

250

300

350

0 150 300 450 600 750 900 1050 1200p - kPa

(a)

s - k

Pa A

B

C

D

E

F

LC 0 LC f

SI i

1.65

1.70

1.75

1.80

1.85

1.90

1.95

150 250 350 450 550 650p - kPa

(b)

(e+1

)

Alonso et al. (1990)

CRISMUS

A

B

C

D E

F

Figura 4.2 – Simulação 2: (a) trajetórias de tensão; (b) volume específico : tensão total média.

4.1.2.3 SIMULAÇÃO DE TRAJETÓRIAS DE AUMENTO DA TENSÃO TOTAL

LÍQUIDA MÉDIA SOB DIFERENTES SUCÇÕES

A terceira simulação (3) teve como objetivo reproduzir a variação volumétrica devido

ao aumento de tensão média, sob três condições diferentes de sucção constante. Novamente

utilizou-se um exemplo apresentado em Alonso et al. (1990). Os parâmetros constitutivos são

os mesmo utilizados na simulação 2, apresentados na Tab 4.3.

0

50

100

150

200

250

300

350

0 150 300 450 600 750 900 1050 1200p - kPa

(a)

s - k

Pa

A B

C D

E F

LC i LC b

SI i

LC f LC d

1.65

1.70

1.75

1.80

1.85

1.90

1.95

150 250 350 450 550 650p - kPa

(b)

(e+1

)

Alonso et al. (1990)

CRISMUSA

B

C

D

E

F

FF

Figura 4.3 – Simulação 3: (a) trajetórias de tensão; (b) volume específico : tensão total média.

Os resultados da simulação utilizando o programa CRISMUS e os apresentados em

Alonso et al. (1990) podem ser vistos na Fig. 4.3. Verifica-se excelente concordância entre os

Page 84: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

63

resultados. Pode-se observar importantes aspectos do modelo nesta simulação. Os resultados

mostram que quanto maior a sucção, menor a variação volumétrica, devido a um aumento da

pressão de escoamento e devido à uma diminuição na compressibilidade. Ao fim das trajetória

pode-se ver também uma pequena e recuperável diminuição de volume devido a um aumento

na sucção do solo.

4.1.2.4 SIMULAÇÃO DE UMA TRAJETÓRIA COM ESCOAMENTO DEVIDO À

AUMENTO DE SUCÇÃO

A quarta simulação (4) teve como objetivo demonstrar a ocorrência de deformações

plásticas devido à escoamento pela superfície SI e mostrar o acoplamento da expansão das

superfícies de escoamento LC e SI. Mais uma vez utilizou-se um exemplo apresentado em

Alonso et al. (1990) e os parâmetros constitutivos apresentados na Tab 4.3.

Os resultados da simulação utilizando o programa CRISMUS e as curvas mostradas

por Alonso et al. (1990) estão apresentados na Fig. 4.4. Observa-se excelente concordância

entre os resultados. Verifica-se que a trajetória AC produz deformações volumétricas plásticas

que induzem, além da expansão da superfície SI, uma expansão também da superfície LC.

Essa expansão faz com que a trajetória DE apresente uma tensão de escoamento maior do que

a apresentada pela trajetória AB.

0

50

100

150

200

250

300

350

0 150 300 450 600 750 900 1050 1200p - kPa

(a)

s - k

Pa

C

D, A E, B

LC i LC b,e

SI c

LC d

SI i1.65

1.70

1.75

1.80

1.85

1.90

1.95

150 250 350 450 550 650p - kPa

(b)

(e+1

)

Alonso et al. (1990)

CRISMUSA

B, E

CD

Figura 4.4 – Simulação 4: (a) trajetórias de tensão; (b) volume específico : tensão total média.

Como pode ser visto, as quatro trajetórias apresentadas demonstram o potencial do

programa CRISMUS em reproduzir trajetórias de tensão utilizando o modelo de Alonso et al.

Page 85: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

64

(1990). Mostrou-se escoamento pelas superfícies LC e SI sob trajetórias com estado

isotrópico de tensões totais líquidas e mostrou-se também escoamento pela superfície LC sob

trajetórias de cisalhamento. Apesar da generalidade do programa, é importante lembrar que as

trajetórias analisadas neste trabalho são trajetórias nas quais o escoamento ocorre pela

superfície LC, devido à redução na sucção, não sendo portanto acionada a superfície SI.

4.2 PROGRAMA COUPSO

Neste item é apresentada a nova versão do programa COUPSO. Inicialmente é feita

uma descrição geral do programa e em seguida é apresentado o seu fluxograma geral e a

descrição das suas principais subrotinas. São apresentados casos de validação para a nova

versão do programa, demonstrando as suas potencialidades e seu funcionamento utilizando o

modelo constitutivo de estados críticos de Alonso et al. (1990).

4.2.1 DESCRIÇÃO GERAL DO PROGRAMA

O programa COUPSO faz a análise acoplada de equilíbrio e fluxo em solos não

saturados, sendo a condição saturada um caso particular. O programa COUPSO utiliza

elementos quadrilaterais de nove nós, tanto para os deslocamentos quanto as pressão de água.

A interpolação é feita utilizando polinômios de Lagrange e a integração numérica é feita

utilizando a quadratura de Gauss-Legendre. A matriz de equações lineares é armazenada em

“skylines”, de acordo com o procedimento de Dhat e Touzot citados por Pereira (1996).

Neste trabalho foram feitas diversas modificações no programa original. A versão

original do programa (Pereira, 1996) utiliza como modelo para a relação entre tensões e

deformações o modelo elástico incremental de Fredlund (1979) e considera a situação

bidimensional de deformações planas. Foi acrescentada à nova versão do programa o modelo

elastoplástico de estados críticos de Alonso et al. (1990). Além disso, o programa foi

estendido para a análise sob condições axissimétricas. A inclusão do modelo de estados

críticos e a extensão para casos axissimétricos exigiu diversas modificações na organização

geral do programa e a modificação de várias subrotinas pré-existentes. Foi necessária também

a elaboração de várias novas subrotinas e a implementação de um novo procedimento

iterativo, utilizando o método de Newton-Raphson, para permitir a conservação de energia,

respeitando o equilíbrio do sistema.

Para análises axissiméticas é utilizado o mesmo elemento de nove nós usado nas

Page 86: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

65

análises de deformações planas. Conforme foi visto no Capítulo 2, a diferença entre a

formulação para condições de deformações planas e axissimétricas é que as equações

diferenciais do problema são diferentes e que no caso axissimétrico a integral das equações

diferenciais é feita em um volume de rotação. Portanto, ao fim tem-se equações diferentes

para os termos das matrizes do modelo numérico.

4.2.2 ORGANIZAÇÃO DO PROGRAMA

Na Fig. 4.5 é apresentado o fluxograma da nova versão do programa COUPSO. As

caixas em linhas duplas representam pontos de controle ou comandos dentro do programa

principal. As caixas em linhas cheias simples representam subrotinas que são sempre

utilizadas, qualquer que seja o modelo constitutivo utilizado na análise. As caixas em linhas

tracejadas simples representam subrotinas que são utilizadas apenas em análises utilizando o

modelo de estados críticos.

Procurou-se organizar o programa de forma a permitir a fácil inclusão de novos

modelos, esquemas iterativos, elementos, etc.. O programa principal controla todas as

operações, chamando as subrotinas requeridas pela análise. Existem três ciclos principais no

programa. O ciclo externo corresponde à sucessiva aplicação de passos de tempo, que

permitem o avanço do fenômeno transiente, de forma incremental. O ciclo intermediário é

executado várias vezes dentro de cada ciclo de passo de tempo e corresponde ao

procedimento de iteração simples, utilizado na solução do sistema não linear. O terceiro e

último ciclo é executado várias vezes dentro do intermediário e corresponde ao procedimento

iterativo de Newton-Raphson. O método de Newton-Raphson, utilizado no programa apenas

em analises com o modelo de estados críticos, consiste na reaplicação sucessiva de cargas

desbalanceadas que surgem quando da integração da relação constitutiva de estado crítico.

Assim, permite-se a conservação do equilíbrio do sistema, inicialmente desfeita. Detalhes

sobre a implementação do método de Newton-Raphson serão dados no item 4.2.3.

No programa principal é feito o controle de erro e a conseqüente determinação da

convergência, durante as iterações simples e durante o procedimento do Newton-Raphson. É

executado também o pós-processamento e a saída de dados, em intervalos de tempo pré-

determinados. Uma breve descrição das principais subrotinas é dada a seguir.

SUBROTINA DATAIN: controla a entrada de dados e o pré-processamento dos

dados. São lidos os dados de controle, para a escolha de qual o tipo de análise será feita:

Page 87: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

66

• escolha do tipo de análise: consolidação ou fluxo;

• escolha da condição da análise: deformações planas ou condição axissimétrica;

• escolha do número de pontos de integração: 4 ou 9;

• escolha do modelo para a estrutura do solo utilizado na análise: modelo elástico

incremental de Fredlund (1979) ou de estados críticos de Alonso et al. (1999).

Na subrotina DATAIN são obtidas as coordenadas dos nós, a conectividade dos elementos, as

propriedades dos materiais, as condições de fronteira em termos de deslocamento e pressão de

água e os carregamentos externos aplicados. Por fim, são lidos os dados da análise transiente,

que incluem as condições iniciais e o tamanho dos passos de tempo.

SUBROTINA TENSI: calcula as tensões iniciais do problema nos pontos de Gauss.

Para a tensão vertical considera-se o peso da coluna de solo sobre o ponto. As tensões nas

direções horizontais são calculadas para a condição K0. As tensões cisalhantes são calculadas

em função da inclinação da superfície do maciço, β , de acordo com uma aproximação

sugerida por Poulos & Davis (1974):

βστ senyxy = (4.4)

Após o cálculo da tensões iniciais, a subrotina TEPRIN é chamada para calcular as tensões

principais, para o estado de tensões plano, e as direções dos planos de tensões principais. A

subrotina MOBLZ é chamada para o cálculo da resistência ao cisalhamento mobilizada,

considerando a envoltória de ruptura estendida proposta por Fredlund et al. (1978). A

resistência mobilizada calculada corresponde à máxima razão entre tensões cisalhantes

mobilizadas e disponíveis, SMOB, dada pela seguinte expressão:

( ) [ ] ( ) ( )[ ][ ] ( ) ( )[ ]2

312

31

231

23131

2

2

'tan'tantan)('

'tan'tantan)('

φσσφσσφ

φσσφσσφσσ

−−++−+

−−++−+−=

bwa

bwa

uuc

uucSMOB (4.5)

SUBROTINA TIMESCH: atualiza o tamanho dos passos de tempo aplicados. É

possível assinalar um primeiro passo de tempo diferente dos demais, de forma a evitar

problemas de oscilação devido à incrementos de tempo muito pequenos no primeiro passo.

Page 88: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

67

SUBROTINA GLOBAL: calcula o sistema global de equações lineares para o modelo

numérico em cada iteração da análise transiente e nas iterações do método de Newton-

Raphson. Conforme foi dito, iterações do método de Newton-Raphson ocorrem apenas

quando é utilizado o modelo de estados críticos. É chamada a subrotina ASSEMATRIX, que

faz a montagem das matrizes globais e dos vetores de força globais do sistema acoplado.

Estas matrizes e vetores são: a matriz de rigidez (DK), as matrizes de acoplamento (CW e

WK), a matriz de condutância (TW), de massa de água (HW) e vetores de força relacionados

com a estrutura e com a fase água (F e FW). A subrotina ASSEMATRIX utiliza a subrotina

ELEM2Q para calcular as matrizes citadas para cada elemento, em função das propriedades

dos pontos de integração, obtidas na subrotina SOILPARAM. Na subrotina GLOBAL são

também aplicadas as condições de fronteira e os carregamentos. Para tal é chamada a

subrotina NBC2, para a aplicação das condições de fronteira naturais e a subrotina ESSBC,

para a aplicação das condições de fronteira essenciais.

SUBROTINA SOILPARAM: no caso da utilização do modelo elástico incremental,

esta subrotina chama as subrotinas VCPARAM, STATESUR e PERMEAB para calcular as

propriedade hidráulicas e mecânicas nos pontos de Gauss. No caso da utilização do modelo de

estados críticos, esta subrotina chama as subrotinas VCPARAM, STATESUR, PERMEAB e

ALONSO1. É calculada a variação de peso próprio devido à variações no grau de saturação e

são aplicados coeficientes de anisotropia sugeridos por Pereira (1996), quando assim for

especificado. As propriedades são calculadas utilizando a média entre o candidato a novo

estado de tensões e o antigo estado de tensões.

SUBROTINA VCPARAM: esta subrotina chama a subrotina STATESUR para

calcular propriedades que serão utilizados no cálculo das matrizes do modelo numérico.

SUBROTINA STATESUR: calcula o grau de saturação, o índice de vazios do solo e o

coeficiente de Poisson, para um dado estado de tensões, utilizando superfícies de estado. São

calculadas também as derivadas das superfícies de estado de grau de saturação e de índice de

vazios, em relação às variáveis de tensão. Caso seja utilizado na análise o modelo de estados

críticos, os dados em relação ao índice de vazios não são calculados e são necessários apenas

os parâmetros para o grau de saturação e para o coeficiente de Poisson.

SUBROTINA PERMEAB: esta subrotina calcula a condutividade hidráulica do solo

para um dado estado de tensões, utilizando a superfície de estado de condutividade hidráulica.

Page 89: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

68

SUBROTINA ALONSO1: calcula as propriedades da relação entre tensões e

deformações, considerando o modelo de Alonso et al. (1990). Para um dado estado de tensões

é determinado se houve escoamento e em função disso são calculadas as propriedades. É

permitida a escolha de uma lei de fluxo associada ou de uma lei de fluxo não associada,

determinada pelo coeficiente ω, conforme sugerido por Alonso et al. (1990).

SUBROTINA MASOLSKY: esta subrotina resolve o sistema de equações lineares

A(x)=B do modelo numérico utilizando “skylines”, de acordo com o procedimento

desenvolvido por Dhat e Touzot citados por Pereira (1996).

SUBROTINA STRESSES: calcula as deformações, as tensões e as pressões de água

nos pontos de Gauss, usando os valores de deslocamentos e pressão de água nodais

calculados. Em cada iteração as tensões em um elemento são obtidas utilizando as mesmas

propriedades anteriormente obtidas para o cálculo das matrizes do sistema. Neste trabalho

adotou-se integração reduzida, utilizando apenas quatro pontos de Gauss. A utilização de

apenas quatro pontos produz melhores resultados que a integração utilizando nove pontos de

Gauss. Utilizando nove pontos as tensões avaliadas nos pontos de Gauss podem apresentar

algumas inconsistências em problemas com elevada não linearidade física.

SUBROTINA DFORCE: esta subrotina é chamada para calcular cargas nodais

equivalentes à valores de tensões nos pontos de Gauss. As cargas nodais são necessárias para

o cálculo do desbalanço de carga durante o Newton-Raphson.

SUBROTINA FCOR: esta subrotina faz a extrapolação de valores de pressão de água

dos pontos de integração para os nós. No caso da utilização de apenas quatro pontos de

integração, é feita uma extrapolação linear.

SUBROTINA ALONSO2: nesta subrotina é feita a correção do estado de tensões de

forma a respeitar as superfícies de escoamento. Essa subrotina é aplicada apenas aos pontos

que já escoaram. Utiliza-se para tal o mesmo procedimento utilizado no programa CRISMUS,

descrito anteriormente. É calculado também o endurecimento do solo, correspondente às

deformações volumétrica plásticas. Assim como as tensões, o endurecimento do solo é

calculado nos pontos de Gauss.

Page 90: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

69

Cic

lo d

o N

ewto

n-R

aphs

on

Cic

lo d

a ite

raçã

o si

mpl

es

Cic

lo d

e in

crem

ento

de

carg

aDATAIN

TENSI

TIMESCH

GLOBAL

MASOLSKY

STRESSES

SOILPARAM

ALONSO2

DFORCE

GLOBAL

MASOLSKY

STRESSES

SAÍDA DOSRESULTADOS

STATESUR

VCPARAM PERMEABALONSO1

INÍCIO

CONTROLE DOSPASSOS DE TEMPO

CONTROLE DA CONVERGÊNCIA NA ITERAÇÃO SIMPLES

FIM

CONTROLE DA CONVERGÊNCIANO NEWTON-RAPHSON

FCOR

TEPRIN MOBLZ

TEPRIN MOBLZ

SOILPARAM

STATESUR

VCPARAM PERMEABALONSO1

Figura 4.5 – Fluxograma do programa COUPSO.

Page 91: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

70

4.2.3 APLICAÇÃO DO NEWTON-RAPHSON NA INTEGRAÇÃO DA RELAÇÃO

CONSTITUTIVA DE ESTADOS CRÍTICOS

Conforme foi mostrado, durante a integração da relação constitutiva do modelo de

estados críticos ocorre um desbalanço entre as forças aplicadas e resistentes, fazendo com que

o sistema fique em desequilíbrio. Para restabelecer o equilíbrio o programa COUPSO utiliza

uma solução iterativa fazendo uso do método de Newton-Raphson. Neste método as forças

desbalanceadas são sistematicamente reaplicadas, até que o desequilíbrio do sistema, ou seja,

o resíduo, seja suficientemente pequeno.

No Capítulo 3 verificou-se que o fenômeno físico estudado pode ser modelado por um

sistema acoplado, composto por duas equações provenientes das equações de equilíbrio e por

uma equação que governa o fluxo de água no solo, totalizando três equações. As três equações

da modelagem numérica do fenômeno, utilizando elementos finitos, são as seguintes:

22

1

2212

2111

=

FF

uCWCW

vu

DKDKDKDK 1

w&&&

(4.6)

[ ] [ ] [ ] FWuTWvu

WKWKuHW w21

w =+

+ &&&

(4.7)

Os termos das Eqs. 4.6 e 4.7 foram definidos no Capítulo 3. Para reequilibrar o

sistema, devido a oscilação numérica e problemas de convergência adotou-se um esquema em

que o desbalanço de carga é reaplicado apenas nas equações de equilíbrio, desconsiderando-se

a equação de fluxo. Ressalta-se que o desequilíbrio gerado pela integração da relação

constitutiva é minimizado para discretizações mais refinadas, tanto temporais quanto

espaciais. Com o esquema implementado, tem-se que durante o Newton-Raphson a pressão de

água obtida na iteração simples não é alterada. A forma de aplicação das cargas

desbalanceadas apenas nas equações de equilíbrio é dada pela seguinte expressão:

w

1

duCWCW

FDFD

vu

DKDKDKDK

+

=

2

1

22212

2111

(4.8)

onde:

DK11, DK12, DK21 e DK22 são os termos da matriz de rigidez;

Page 92: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

71

CW1 e CW2 são os termos da matriz de acoplamento, que é função dos módulos hi;

FD1 e FD2 são os termos do vetor de cargas desbalanceadas;

duw é o vetor de poro-pressões desbalanceadas, obtido conforme será explicado a seguir.

Os termos DK11, DK12, DK21, DK22, CW1 e CW2 podem ser atualizados, ou não,

durante o procedimento do Newton-Raphson e, alternativamente, podem ser atualizados

sistematicamente, após um certo número de passos. Esse número de passos pode ser

estabelecido de acordo com um critério baseado, por exemplo, na velocidade com que está

sendo atingida a convergência. A não atualização das matrizes implica em economia do

esforço computacional requerido para o cálculo dessas matrizes, ao custo de um aumento do

número de ciclos necessários para ser atingida a convergência. Apesar dessas alternativas

poderem ser implementadas facilmente no programa COUPSO, não foram comparadas

análises utilizando vários tipos de esquema. Nas análises feitas adotou-se a atualização das

matrizes a cada passo do Newton-Raphson. A escolha do esquema com atualização em todos

os ciclos foi motivada pelo fato de que, com a constante atualização da matrizes, tem-se uma

maior probabilidade de que a convergência será atingida em problemas cuja não linearidade

não é suave (Cook et al., 1989 e Farias, 1993).

O vetor de cargas desbalanceadas corresponde à diferença entre o vetor de cargas

aplicadas e o vetor de cargas resistentes. O vetor de cargas resistentes é obtido em função da

relação constitutiva de estados críticos. Para a condição de deformações planas, as cargas

nodais são calculadas em função das tensões, pelas expressões seguintes:

Ω

Ω

∂∂

+∂∂

=

∂∂

+∂∂

=

e

e

dxdyyx

F

dxdyyx

F

yi

xyi

i

xyi

xi

i

σφ

τφ

τφ

σφ

2

1

(4.9)

Para a condição de axissimetria, tem-se as seguintes expressões:

Ω

Ω

+

∂∂

+∂∂

=

−+

∂∂

+∂∂

=

e

e

drdyryr

F

drdyryr

F

ryyi

ryi

i

rry

ir

ii

τσφ

τφ

σστ

φσ

φ θ

12

1

(4.10)

Page 93: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

72

O vetor duw corresponde ao desbalanço que ocorre apenas em análises com solo na

condição não saturada. Enquanto no caso do solo saturado a diferença entre as forças

aplicadas e resistentes é obtida em função de tensões efetivas, no caso do solo não saturado

esta diferença é função da tensão total líquida e da sucção (s = ua – uw). Assim, é necessário

reaplicar desbalanços provenientes de duas variáveis de tensão, conforme a Eq. 4.8.

A medida de erro utilizada nas análises para a verificação da convergência no Newton-

Raphson, é dada pela seguinte expressão:

i

jij w

we

ϕ+=

0

,max (4.11)

onde:

ε j é o erro no ciclo j do método de Newton-Raphson;

ϕ é um número muito pequeno, introduzido para evitar divisão por zero;

iji ww )(, ϕ+0 é a razão entre o deslocamento resultante da aplicação de uma carga no ciclo

j do Newton-Raphson, 22 vuw += , e o deslocamento inicialmente obtido, 20

200 vuw += ,

para o nó i.

Nessa medida de erro procura-se o máximo erro, nó a nó. Foi testada em algumas

análises a utilização da norma dos vetores solução, para a medida de erro:

ϕ+=

0w

wj

je (4.12)

onde j

w é a norma do deslocamento resultante da aplicação de uma carga no ciclo j do

Newton-Raphson e 0w é a norma do deslocamento inicialmente obtido.

Como era esperado, verificou-se que o critério da norma na avaliação da convergência

é mais fácil de ser atendido, dependendo da tolerância admitida. Após atingida a convergência

no método de Newton-Raphson, ou seja, quando o resíduo for suficientemente pequeno,

passa-se para a nova iteração simples, onde novamente será utilizado o Newton-Raphson.

Somente após atingida a convergência da iteração simples passa-se para o novo incremento de

carga (passo de tempo). A medida de erro adotada na iteração simples é semelhante à medida

adotada para o Newton-Raphson.

Page 94: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

73

Apesar de o procedimento utilizando o método de Newton-Raphson descrito neste

item sacrificar o acoplamento, nos ciclos da iteração simples, que ocorrem por fora dos ciclos

de reequilíbrio de cargas desbalanceadas, o acoplamento continua sendo respeitado. Se for

considerado que a parcela de avanço do fenômeno nos ciclos da iteração simples (seja entre

termos de variação de tensões ou de pressões de água) é bem maior que a parcela de avanço

durante o reequilíbrio de cargas desbalanceadas, pode-se considerar que o acoplamento está

sendo bem reproduzido.

4.2.4 VALIDAÇÃO DO PROGRAMA COUPSO

Serão apresentadas a seguir duas simulações feitas com o intuito de validar as

modificações implementadas no programa COUPSO. Foi simulado o adensamento de um

corpo de prova saturado confinado lateralmente e o carregamento lento de um corpo de prova

saturado, também confinado lateralmente. Por existir confinamento lateral, ambas as

simulações são unidimensionais. Em todas as simulações foi utilizado o modelo de estado

crítico de Alonso et al. (1990) e foi utilizada a formulação axissimétrica. Os resultados

obtidos foram comparados com outros resultados disponíveis. Simulações de casos não

saturados serão apresentadas no próximo capítulo.

4.2.4.1 SIMULAÇÃO DE ADENSAMENTO COM CONFINAMENTO LATERAL

A primeira simulação teve o objetivo aplicar o programa COUPSO na simulação do

adensamento de uma camada de solo homogênea e saturada, utilizando o modelo de estados

crítico de Alonso et al. (1990) para a modelagem da deformabilidade da estrutura do solo. A

camada de solo adensada na condição confinada. Foi utilizada a formulação axissimétrica. O

resultado dessas simulações utilizando a formulação axissimétrica é idêntico ao obtido

utilizando a formulação de deformações planas, pois tratam-se de casos unidimensionais.

Desta forma, tem-se que uma forma adicional de se verificar o correto funcionamento do

programa é comparando as duas formulações.

Para que fosse simulado o adensamento, aplicou-se um excesso de pressão de água

inicial de 100 kPa e deixou-se a água drenar por apenas uma fronteira do domínio. Para tal,

foi aplicada uma condição de fronteira essencial no topo da camada, especificando uma

pressão de água no contorno superior igual à 0 kPa. Na Figura 4.6 é mostrado o problema

simulado e os parâmetros adotados. O valor de mv adotado corresponde ao valor de λ(0), para

Page 95: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

74

o nível médio de tensões efetivas alcançado durante a consolidação, de 50 kPa.

A camada de solo foi discretizada utilizando quatro elementos de igual altura,

dispostos verticalmente. Os passos de tempo foram determinados em um processo de tentativa

e erro, onde procurou-se valores para os quais não ocorresse oscilação. Adotou-se nesta

simulação um primeiro passo de tempo de 83 horas, seguido de passos de tempo de 0,27

horas. Para a convergência do Newton-Raphson adotou-se um erro admissível de 5%.

Observou-se que em alguns passos não foi atingida a convergência após 20 ciclos, ocorrendo

erros que chegaram a 15 %. Neste caso, após 20 ciclos assumiu-se o resultado obtido e partiu-

se para a próxima iteração. Como a freqüência com que ocorreram esses erros dentro da

simulação foi pequena, estima-se que os resultados sejam pouco afetados.

O tempo de processamento necessário para ser completada a análise utilizando o

modelo de estado críticos e quatro elementos foi de cerca de 30 minutos para um

microcomputador Pentium 166Mhz, com 32MB de memória RAM. O período de tempo

requerido é função não apenas do número de elementos, mas também do número de passos de

tempo e do modelo utilizado. Quando é utilizado o modelo de estados críticos, dentro de cada

iteração simples existem vários ciclos do Newton-Raphson. Isso implica em um aumento

considerável no período de computação requerido. Este mesmo problema requer menos de 4

minutos para ser solucionado quando é utilizado o modelo elástico incremental.

Foram testadas malhas mais refinadas. Houve uma melhoria razoável em termos de

diminuição dos erros durante o Newton-Raphson. No entanto, como o tempo de

processamento cresceu muito, julgou-se que a malha de quatro elementos é mais adequada

Cv = 1,39x10-9 m2/smv = 1,02x10-2 m2/kNkw = 1.39x10

-10 m/s

u0 = 100 kPae0 = 1,0 µ = 0,43κ = 0,10 λ(0) = 1,02 p0*=40,0 kPa

1,0 m

base rígida e impermeável

superfície livre e drenantenível da água

Figura 4.6 – Problema de adensamento para uma camada de solo homogênea e saturada.

Os resultados obtidos com o programa COUPSO foram comparados com os obtidos

utilizando o programa de elementos finitos SEEP/W (Geo-Slope, 1994). Na Fig. 4.7

apresenta-se a distribuição de excesso de pressão de água em quatro instantes. Pode-se

Page 96: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

75

observar que os resultados obtidos são bem próximos.

Na Fig. 4.8 é apresentada a curva de compressibilidade de um ponto de Gauss

escolhido na malha, representativo dos demais. O resultado obtido com o programa COUPSO

foi comparado ao obtido fazendo a simulação da mesma trajetória de tensões, utilizando o

programa CRISMUS. Observa-se uma ótima concordância entre os resultados, demonstrando

que o esquema de integração do modelo constitutivo de estados críticos implementado

fornece bons resultado.

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

pressão de água - kPa

Dis

tânc

ia d

e D

rena

gem

SEEP/W - 1000hs

SEEP/W - 400hsSEEP/W - 200hs

SEEP/W - 100hs

COUPSO - 1000hs

COUPSO - 400hs

COUPSO - 200hsCOUPSO - 100hs

Figura 4.7 – Distribuição de excesso de pressão de água no caso de adensamento

unidimensional de uma camada de solo saturado e homogêneo.

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

1.1

0 10 20 30 40 50 60 70tensão total líquida média - p ( kPa)

índi

ce d

e va

zios

- e

Trajetória Imposta (CRISMUS)

COUPSO

Figura 4.8 – Variação do índice de vazios com a tensão efetiva durante o adensamento.

Page 97: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

76

4.2.4.2 SIMULAÇÃO DE CARREGAMENTO UNIFORME COM CONFINAMENTO

LATERAL

A segunda simulação teve o objetivo aplicar o programa COUPSO na simulação da

aplicação de carregamento vertical uniforme e infinito sobre uma camada de solo homogênea,

utilizando o modelo de estados crítico de Alonso et al. (1990) para a deformabilidade da

estrutura do solo. Aplicou-se 100kPa de carga, de forma lenta, e em pequenos incrementos,

minimizando a geração de pressão de água devido ao acoplamento do sistema. Na Figura 4.9

é mostrado o problema simulado e os parâmetros adotados.

kw = 1.00x10-6 m/su0 = 0,0 kPae0 = 1,0 µ = 0,30κ = 0,05 λ(0) = 0,50 p0*=40,0 kPa

0,02 m

base rígida e impermeável

carregamento infinitonível da água

100,0 kPa

Figura 4.9 – Problema de carregamento uniforme e infinito.

A camada de solo fo i discretizada utilizando cinco elementos de igual altura, dispostos

verticalmente. O mesmo tipo de cuidado tomado no problema anterior em relação aos passos

de tempo foram tomados neste. Na Fig. 4.10 são apresentados os resultados obtidos.

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

1.1

0 10 20 30 40 50 60 70tensão total líquida média - p ( kPa)

índi

ce d

e va

zios

- e

Trajetória Imposta (CRISMUS)

COUPSO

Figura 4.10 – Variação do índice de vazios com a tensão efetiva durante o carregamento.

Page 98: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

77

Adotou-se para a convergência do Newton-Raphson um erro admissível de 5%. Em

alguns poucos passos esse critério não foi atingido após 20 ciclos. Após 20 ciclos o resultado

obtido foi aceito e passou-se ao próximo passo. A curva de compressibilidade apresentada na

Fig. 4.10 corresponde a um ponto de Gauss do terceiro elemento de malha. O resultado obtido

com o programa COUPSO foi comparado ao obtido fazendo a simulação da mesma trajetória

de tensões, utilizando o programa CRISMUS. Observa-se uma ótima concordância entre os

resultados.

4.3 RESUMO

Foram apresentados neste capítulo os programas CRISMUS e a nova versão do

programa COUPSO. Primeiramente apresentou-se o programa CRISMUS. Mostrou-se sua

aplicabilidade na reprodução de trajetórias de tensões pré estabelecidas, utilizando o modelo

elastoplástico de estados críticos de Alonso et al. (1990). Foram apresentadas comparações

entre algumas trajetórias reproduzidas utilizando o programa CRISMUS e alguns resultados

disponíveis na literatura, demonstrando a validade do programa e, adicionalmente, mostrando

as potencialidades do modelo de Alonso et al. (1990).

Em seguida foi apresentada a nova versão do programa COUPSO. Foi feita uma

descrição geral do programa, mostrando o seu fluxograma geral e descrevendo suas principais

subrotinas. Apresentou-se a forma como foi introduzido o modelo elastoplástico de estados

críticos de Alonso et al. (1990) no programa. Como pôde-se verificar, a utilização do modelo

elastoplástico com endurecimento exigiu diversas adaptações e a elaboração de novas

subrotinas. Por fim apresentou-se dois casos de validação para a nova versão do programa

COUPSO, demonstrando sua aplicação e parte de suas potencialidades.

Page 99: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

78

CAPÍTULO 5 SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE ENSAIOS OEDOMÉTRICOS

5.1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo são apresentadas simulações numéricas de ensaios oedométricos em

trajetórias de molhagem, utilizando o programa de Elementos Finitos COUPSO e simulações

de trajetórias impostas de molhagem, utilizando o programa CRISMUS. As simulações

realizadas se basearam em resultados experimentais de Peixoto (1999). Tratam-se de ensaios

oedométricos com controle de sucção e medidas das tensões horizontais que foram realizados

em amostras da argila porosa e colapsível do Distrito Federal. É verificado o desempenho dos

modelos na reprodução de uma trajetória de molhagem e é feita a comparação entre as

previsões dos modelos.

Os modelos constitutivos utilizados nas simulações são três versões do modelo

elástico incremental e o modelo de estados críticos de Alonso et al. (1990). A primeira versão

do modelo elástico incremental corresponde à proposta original de Fredlund (1979). A

segunda versão consiste em uma modificação do modelo, proposta por Pereira (1996), onde

são utilizados coeficientes de anisotropia constantes, obtidos em retro-análises. A terceira

versão consiste em uma modificação elaborada com base nas medidas de tensões horizontais

dos ensaios de Peixoto (1999). Nesta modificação os coeficientes de anisotropia propostos por

Pereira (1996) variam durante a molhagem, e são calculados em função de equações que

indicam como se desenvolvem as tensões horizontais durante a redução de sucção.

Nas simulações utilizando o modelo de Alonso et al. (1990), foi analisado o papel dos

parâmetros de resistência ao cisalhamento φ‘ e k, com base em análises paramétricas

utilizando o programa CRISMUS. Com essas análises paramétricas, além de obter uma

indicação de que valores de φ‘ e k permitiriam a melhor reprodução dos ensaios, verificou-se

para uma trajetória semelhante à simulada numericamente, qual a influência da lei de fluxo

adotada, na deformação volumétrica e nas componentes vertical e horizontal de deformação.

Conforme será evidenciado, a reprodução do comportamento do solo é fortemente

ligada à correta reprodução da evolução das tensões horizontais, de forma que a

disponibilidade de ensaios oedométricos com medidas de tensões horizontais, como os de

Peixoto (1999), é fundamental para a verificação da performance dos modelos.

Page 100: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

79

5.2 RESULTADOS EXPERIMENTAIS DE PEIXOTO (1999) E SUPERFÍCIES

AJUSTADAS AOS RESULTADOS

Peixoto (1999) estudou o comportamento mecânico do solo poroso e colapsível típico

do Distrito Federal. O solo estudado é uma argila areno-siltosa, que apresenta limites de

liquidez e plasticidade da ordem de 50% e 32% respectivamente, densidade relativa dos grãos

igual à 2,77 e índice de vazios em torno de 1,47. Foram realizados ensaios com controle de

sucção em uma célula oedométrica com medidas de tensões laterais. Neste item é apresentada

parte dos resultados experimentais obtidos e superfícies que foram ajustadas à esses

resultados. Não serão discutidos pormenores dos resultados experimentais de Peixoto (1999).

Limita-se aqui apenas a examinar superficialmente os resultados, objetivando determinar os

dados necessários à modelagem constitutiva do solo, utilizada nas simulações numéricas.

5.2.1 SUPERFÍCIE DE ESTADO DE ÍNDICE DE VAZIOS

Na Fig. 5.1 é apresentada a variação do índice de vazios em função das variáveis de

tensão, ou seja, em função da tensão total líquida média e da sucção. Esses dados foram

obtidos de ensaios oedométricos em trajetórias de compressão sob sucção constante. São

mostradas também curvas de nível correspondentes à uma superfície de estado de índice de

vazios ajustada aos dados experimentais.

1.95

2.05

2.15

2.25

2.35

2.45

2.55

3.00 3.50 4.00 4.50 5.00

ln(σméd - ua)

(b)

volu

me

espe

cífic

o - υ

= e

+1

sucção = 500 kPa

sucção = 90 kPa

sucção = 60 kPa

sucção = 10 kPa

sucção = 0 kPa

Equação Ajustada

sucção = 500 kPa

sucção = 90 kPa

sucção = 60 kPa

sucção = 10 kPasucção = 0 kPa

0.95

1.05

1.15

1.25

1.35

1.45

1.55

0 50 100 150 200

(σméd - ua) - kPa

(a)

índi

ce d

e va

zios

- e

sucção = 500 kPa

sucção = 90 kPa

sucção = 60 kPa

sucção = 10 kPa

sucção = 0 kPa

Equação Ajustada

sucção = 10 kPa

sucção = 500 kPa

sucção = 90 kPa

sucção = 60 kPa

sucção = 0 kPa

Figura 5.1 – Dados experimentais de compressibilidade da estrutura do solo (Peixoto, 1999) e

curvas ajustadas: (a) índice de vazios por tensão total líquida média sob várias sucções; (b)

volume específico por logaritmo natural da tensão total líquida média para várias sucções.

Page 101: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

80

A equação da superfície ajustada aos dados experimentais (Peixoto, 1999), é igual à

utilizada por Pereira (1996). A equação adotada e os coeficientes obtidos são apresentados a

seguir:

−+

−+=

dwa

ufu

cuu

eeee

1

(5.1)

onde:

( )amédu ue −−= σln,, 0259804781 , ( )[ ] 415139163079210 ,,,, amédf ue −+−= σ ,

( ) ( ) 87808996000099730 2 ,,, −−+−= amédaméd uuc σσ e ( ) 6500043 ,, −−= améd ud σ

A Eq. 5.1 é válida apenas para a faixa de tensões dos resultados experimentais

disponíveis. Esta equação gera os seguintes gráficos de variação do índice de vazios por

sucção, para várias tensões totais líquidas médias:

2.00

2.05

2.10

2.15

2.20

2.25

2.30

2.35

2.40

2.45

2.50

3.00 3.50 4.00 4.50 5.00 5.50 6.00

ln(sucção)

(b)

u =

e+

1

150 kPa

120 kPa

90 kPa

30 kPa

10 kPa

Tensão total líquida média

1.00

1.05

1.10

1.15

1.20

1.25

1.30

1.35

1.40

1.45

1.50

0 100 200 300 400 500

sucção - kPa

(a)

e

150 kPa

120 kPa

90 kPa

30 kPa

10 kPa

Tensão total líquida média

Figura 5.2 – Curvas de comp ressibilidade da estrutura do solo ajustadas aos resultados de

Peixoto (1999): (a) índice de vazios por sucção para várias tensões totais líquidas médias; (b)

volume específico por logaritmo natural da sucção para várias tensões totais líquidas médias.

Observando a Fig. 5.1, verifica-se o comportamento colapsível do solo. Observa-se

também que existe um grande aumento da pressão de pré-adensamento com o aumento da

sucção e pouca variação da declividade das linhas de compressão virgem com a variação da

Page 102: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

81

sucção. Acompanhando na Fig. 5.2 trajetórias de redução de sucção sob várias tensões totais

líquidas constantes, observa-se que quanto maior a tensão total líquida média, maior a sucção

para a qual o solo inicia o processo de colapso.

Conforme foi dito, a superfície de estado de índice de vazios mostrada na Fig. 5.1

baseou-se em ensaios oedométricos de carregamento vertical sob sucção constante. Peixoto

(1999) realizou também ensaios de molhagem sob várias tensões verticais constantes, porém

sem controle de sucção. Com esses resultados não é possível gerar uma superfície de estado,

porque não foram feitas medidas de sucção durante a saturação. No entanto, nestes resultados

Peixoto (1999) pôde verificar que para o solo estudado os ensaios oedométricos de molhagem

sob tensão vertical constante mostram deformações volumétricas finais próximas às previstas

pela superfície da Fig. 5.1. Portanto, considerando a variação de índice de vazios desse solo,

tem-se que é uma boa aproximação simular os ensaios de molhagem sob tensão vertical

constante a partir dos resultados obtidos em ensaios de carregamento sob sucção constante.

5.2.2 SUPERFÍCIE DE ESTADO PARA GRAU DE SATURAÇÃO

Peixoto (1999) obteve a curva característica do solo por meio de ensaios em uma

panela de Richard. Foi ajustada aos dados obtidos uma curva semelhante à utilizada por

Pereira (1996). Admitiu-se independência do grau de saturação em relação às tensões totais,

muito embora deva existir alguma dependência, devido à alteração da estrutura do solo,

causada por carregamentos impostos. A curva ajustada é apresentada na Fig. 5.3. A equação

adotada e os parâmetros obtidos por ajuste são os seguintes:

−+

−+=

dwa

uu

cuu

SrSrSr

1

1 (5.2)

onde:

( )amédu uln,,Sr −+= σ004500 , 03,=c e 11,=d

Pode-se observar na Fig. 5.3 que o solo apresenta uma curva característica típica de

solos arenosos, com um valor de entrada de ar muito baixo, próximo a 1,0 kPa. Isso indica

que a entrada de água no solo se dá de forma brusca, como é característico de solos porosos.

Page 103: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

82

As simulações numéricas apresentadas mais a frente se defrontaram com problemas de

convergência associados à oscilações numéricas. Uma das causas desses problemas é a forte

declividade da curva característica do solo. Foram tentadas várias mudanças de discretização

espacial e temporal, sem sucesso. Desta forma, não foi possível preservar a forma da curva

inicialmente ajustada, sendo necessário suavizá-la, conforme pode ser visto na Fig. 5.3. Os

parâmetros da equação suavizada são: ( )amédu uln,,Sr −+= σ004200 , 030,=c e 11,=d . O

resultado desta suavização é que ocorre aceleração da saturação do solo, em relação à que

ocorreria se fosse utilizada a curva original, não interferindo, no entanto, na análise dos

modelos constitutivos para a estrutura do solo apresentada aqui.

40

50

60

70

80

90

100

0 50 100 150 200sucção - kPa

satu

raçã

o -

%

Equação ajustadaEquação suavizadaDados Experimentais

Figura 5.3 – Curva característica para os resultados de Peixoto (1999).

5.2.3 SUPERFÍCIE DE ESTADO PARA CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA

Não foram realizados ensaios para a determinação da condutividade hidráulica do solo

não saturado, tendo sido obtida apenas a condutividade hidráulica do solo saturado, por meio

de valores de cv de ensaios oedométricos na condição saturada. Obteve-se uma condutividade

hidráulica saturada em torno de 1x10-8m/s. Para as simulações realizadas neste trabalho

arbitrou-se, de forma livre, uma função para gerar a variação da condutividade hidráulica com

a sucção. A função escolhida é igual à proposta por Brooks e Corey citado por Pereira (1996).

As curvas ajustadas são apresentadas na Fig. 5.4. As equações adotadas para as curvas e os

parâmetros arbitrados são os seguintes:

λψ

−=

wa

crpw

uukk (5.3)

Page 104: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

83

onde:

( )amédp uk −+= − σln,0010 6 , 03,=crψ e 12,=λ

Na Fig. 5.4 a função ( )améds uk −+= − σln,0010 8 corresponde à condutividade do solo

sob baixa ou nenhuma sucção. Se ks é menor que o valor de kw, adota-se o valor de ks. Poderia

ter sido arbitrada uma variação maior da condutividade hidráulica com a variação da sucção.

No entanto, para minimizar prováveis oscilações numéricas que podem ocorrer quando tem-se

curvas muito inclinadas, preferiu-se manter uma superfície razoavelmente suavizada. Foi

admitida independência da condutividade hidráulica em relação a tensão total líquida média.

1E-11

1E-10

1E-09

1E-08

1E-071 10 100 1000

sucção - kPa

cond

utiv

idad

e hi

dráu

lica

- m

/s

(a)

k s

k w

1E-11

1E-10

1E-09

1E-08

1E-070 100 200 300 400 500

sucção - kPaco

ndut

ivid

ade

hidr

áulic

a -

m/s

(b)

Figura 5.4 – Curvas arbitradas de condutividade hidráulica para o solo estudado por Peixoto

(1999): (a) curvas de condutividade hidráulica em função do logaritmo da sucção; (b) curvas

de condutividade hidráulica em função da sucção.

Os valores de permeabilidade influem na velocidade com que ocorre a saturação do

solo e, consequentemente, na velocidade com que ocorrem as deformações. No entanto, não

há interferência na relação entre as variáveis de tensões e as correspondentes deformações.

Desta forma, a adoção de uma curva de permeabilidade arbitrária para o solo, da forma como

foi feito, não interfere na análise dos modelos constitutivos apresentada neste trabalho. Como

o objetivo das análises é avaliar modelos constitutivos para a relação entre tensões e

deformações, poderia ter sido adotada até mesmo um valor de condutividade constante.

Adotou-se valores variáveis apenas para demostrar as capacidades do programa COUPSO em

simular tais variações.

Page 105: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

84

5.2.4 SUPERFÍCIE DE VARIAÇÃO DO COEFICIENTE DE POISSON

Além das superfícies mostradas nos itens 5.2.1 à 5.2.3, a modelagem acoplada de

equilíbrio e fluxo requer o valor do coeficiente de Poisson. Para obter uma superfície de

variação de µ, admitiu-se um limite constante de 0,2 para o solo com sucção elevada (solo

seco) e um limite constante de 0,39 para o solo saturado, obtido com as medidas de tensões

horizontais dos ensaios de Peixoto (1999). Por fim, adotou-se para sucções intermediárias

uma função que satisfaz os valores extremos para as condições seca e saturada (0,2 e 0,39

respectivamente) e que possui para valores intermediários de sucção a mesma forma da

função adotada para o índice de vazios, conforme feito por Pereira (1996). Assim, considera-

se que a variação de µ é proporcional à deformação volumétrica do solo. A equação obtida

para a variação de µ e as curvas geradas são apresentados a seguir:

−+

−+=

dwa

ufu

cuu

1

µµµµ (5.4)

onde:

200,=uµ , ( )amédf u−+= σµ ln,, 0038740 ,

( ) ( ) 87808996000099730 2 ,,, −−+−= amédaméd uuc σσ e ( ) 6500043 ,, −−= améd ud σ

0.00

0.05

0.10

0.15

0.20

0.25

0.30

0.35

0.40

0.45

0 50 100 150 200 250 300 350 400

(σméd - ua) - kPa

coef

icie

nte

de P

oiss

on -

µ

s - 0 kPas - 30 kPas - 60 kPas - 90 kPas - 500 kPa

sucção

Figura 5.5 – Superfície de variação do coeficiente de Poisson.

Pode-se observar na Fig. 5.5 que para níveis de tensões totais muito baixos a

modelagem da variação do coeficiente de Poisson utilizando esta equação não é muito boa.

Page 106: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

85

No entanto, a partir de certa tensão a superfície reproduz uma variação mais gradual de µ,

conforme se esperava.

5.2.5 EVOLUÇÃO DAS TENSÕES HORIZONTAIS DURANTE A MOLHAGEM

Conforme foi dito, nos ensaios oedométricos de Peixoto (1999) utilizou-se uma célula

oedométrica instrumentada para a medição das tensões horizontais. Essas medidas serão

utilizadas em formulações constitutivas empregadas nas simulações numéricas apresentadas

mais à frente. São mostradas na Fig. 5.6 medidas de tensões horizontais obtidas nos mesmos

ensaios oedométricos de compressão sob sucção constante que foram apresentados no item

5.2.1. Apresenta-se também curvas ajustadas à esses dados. A equação geradora dessas curvas

é a seguinte:

+

−+=−

dwa

uhfhuhah

cuu

u

1

σσσσ )( (5.5)

onde:

)(,, avuh u−+= σσ 125000 , )(,, avfh u−−= σσ 6324000 , 061,=c e 9100,=d

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

0 50 100 150 200 250(σv - ua) - kPa

(a)

( σh -

ua)

- kP

a

sucção = 500 kPa

sucção = 90 kPa

sucção = 60 kPa

sucção = 10 kPa

sucção = 0 kPa

Curvas Ajustadas

sucção = 500 kPa

sucção = 90 kPa

sucção = 60 kPa

sucção = 10 kPa

sucção = 0 kPa

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

0 100 200 300 400 500sucção - kPa

(b)

(σh-

u a) -

kP

a

sv=250 kPa

sv=200 kPa

sv=150 kPa

sv=100 kPa

sv=50 kPa

Curvas Ajustadas

sv - tensão vertical total líquida

sv = 50 kPasv = 100 kPa

sv = 150 kPa

sv = 200 kPa

sv = 250 kPa

Figura 5.6 – Variação das tensões horizontais obtidas por Peixoto (1999) e curvas ajustadas:

(a) tensões horizontais líquidas por tensões verticais líquidas para várias sucções; (b) tensões

horizontais líquidas por sucção para várias tensões verticais líquidas.

Page 107: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

86

Pode-se ver na Fig. 5.6 que as tensões horizontais são maiores para menores sucções.

Assim, para menores sucções o solo tende a expandir mais nas direções submetidas à menores

tensões. Conforme foi dito no item 5.2.1, Peixoto (1999) realizou também ensaios de

molhagem sob várias tensões verticais constantes, porém sem controle de sucção. Com esses

resultados verificou-se que, para o solo estudado, os ensaios oedométricos de molhagem sob

tensão vertical constante mostram crescimento das tensões horizontais com a molhagem.

Discussões em relação às medições obtidas nas tensões horizontais são apresentadas

em Peixoto (1999). Para fim das simulações realizadas aqui, assume-se que todas as

superfícies obtidas com base em ensaios sob trajetória de carregamento vertical sob sucção

constante representam o comportamento do solo em quaisquer trajetórias de molhagem.

5.3 TRAJETÓRIA DE TENSÕES SIMULADA, GEOMETRIA DO PROBLEMA E

DETALHES DA SOLUÇÃO NUMÉRICA

Na Fig. 5.7 são apresentadas as dimensões da célula oedométrica utilizada por Peixoto

(1999). É mostrada a malha utilizada na maioria das análises e as condições de fronteira.

Tem-se restrições de deslocamentos nas laterais e na base do corpo de prova.

superfície livreuw < 0,0 kPa

0,025 m

0,025 m

0,025 m

0,050 m

paredesimpermeáveis

uw = 5,0 kPa

Figura 5.7 – Geometria e malha do ensaio oedométrico.

Serão simuladas trajetórias de molhagem sob tensão vertical constante. A molhagem,

ou seja, a redução da sucção do solo, é obtida por meio da aplicação de uma pequena pressão

de água (5,0 kPa) na base do corpo de prova, na forma de condição de fronteira essencial. No

Page 108: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

87

topo do corpo de prova utiliza-se uma condição de fronteira ajustável, onde permite-se uma

máxima pressão de água de 0,0 kPa. Assim, a frente de saturação avança da base para o topo,

até que a água aflore na superfície do corpo de prova. Ao fim o estado estacionário é atingido,

resultando em uma distribuição de pressão de água na forma de um diagrama linear, que

começa com 5,0 kPa na base do corpo de prova e termina em 0 kPa no topo do corpo de

prova. Um exemplo típico da evolução das pressões de água nas análises executadas é

apresentado na Fig. 5.8.

Na Fig. 5.8 observa-se uma sucção inicial de 500 kPa. Este foi o valor inicial adotado

nas análises. As simulações numéricas realizadas consideram que ua = 0 kPa e que este valor

permanece constante durante o ensaio. Conforme foi apresentado no Capítulo 3, essa é uma

condição típica de solos muito porosos e colapsíveis onde a fase ar se encontra essencialmente

contínua e em contato com a atmosfera. É com base nessa hipótese que foi formulado o

programa COUPSO.

0.000

0.002

0.004

0.006

0.008

0.010

0.012

0.014

0.016

0.018

0.020

-550 -450 -350 -250 -150 -50 50pressão de água - kPa

elev

ação

- m

0,0 seg

1,8 seg

4,6 seg

6,0 seg

8,8 seg27,0 seg

56,6 seg - regime estacionário

Figura 5.8 – Avanço típico da molhagem nas simulações.

Escolheu-se um estado de tensões inicial para o qual fosse obtido o máximo de

colapso possível e que estivesse dentro da faixa de tensões dos ensaios de Peixoto (1999).

Assim, adotou-se um estado de tensões inicial com σv = 250,0 kPa. Conforme pode ser

verificado na Fig. 5.6, para este valor de tensão vertical e para s = 500 kPa, tem-se σh = 47,55

kPa e, portanto, σméd = 115,03 kPa. Considerando este estado de tensões, as curvas ajustadas

(Figs. 5.1 e 5.3) mostram um índice de vazios de 1,34 e um grau de saturação de 44,5 %.

A excitação que é aplicada ao sistema consiste na brusca redução das pressões de água

nos nós do contorno inferior da malha. Um problema que ocorre quando é aplicado este tipo

Page 109: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

88

de condição de fronteira é que nos elementos próximos à fronteira excitada os deslocamentos

são mal avaliados. Isso ocorre porque estes elementos recebem um elevado gradiente,

independente do tamanho do primeiro passo de tempo. Uma forma de se amenizar o problema

é refinar a discretização próximo à fronteira submetida à excitação. Assim, apesar dos

primeiros elementos ainda estarem sendo submetidos à gradientes elevados, tem-se como

resultado uma maior área do domínio bem modelada.

Na maior parte das simulações utilizou-se a malha de 5 elementos mostrada na Fig.

5.7. Testou-se malhas mais refinadas, procurando minimizar oscilações e problemas no

contorno inferior, submetido à altos gradientes. Para malhas mais refinadas, em geral as

mudanças obtidas nos resultados não compensaram o conseqüente aumento de tempo de

processamento.

Nos problemas simulados o passo de tempo utilizado é a variável mais importante na

procura da minimização de oscilações, de problemas no contorno inferior e, adicionalmente,

de problemas de convergência do método Newton-Raphson. A determinação do passo de

tempo ideal é difícil, pois ao mesmo tempo que deve-se procurar evitar oscilações que surgem

quando são utilizados incrementos muito pequenos, deve-se também procurar utilizar passos

pequenos, para que as não linearidades sejam bem reproduzidas. Embora não tenha sido

tentado, sabe-se que a implementação de um algoritmo acelerador de convergência e de um

algoritmo para determinação automática dos passos de tempo poderia trazer economia de

tempo computacional e minimização de problemas de oscilação numérica.

5.4 SIMULAÇÃO DE ENSAIOS OEDOMÉTRICOS DE MOLHAGEM

UTILIZANDO O MODELO ELÁSTICO INCREMENTAL

5.4.1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

Utilizando o modelo elástico incremental de Fredlund (1979) para a modelagem da

relação entre tensões e deformações, tem-se que a simulação numérica acoplada de equilíbrio

e fluxo em solos não saturados requer superfícies de estado de índice de vazios, grau de

saturação, condutividade hidráulica e coeficiente de Poisson. No item 5.2. foram apresentadas

as equações das superfícies ajustadas aos resultados de Peixoto (1999). Estas equações são

utilizadas nas simulações que são apresentadas neste item.

Os resultados de Peixoto (1999) mostram um crescimento das tensões horizontais

durante a molhagem, sugerindo uma anisotropia induzida pelo estado de tensões, de forma

Page 110: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

89

semelhante ao que foi observado por Pereira (1996). No Capítulo 2 descreveu-se a proposta

de Pereira (1996), de inclusão de coeficientes de anisotropia na relação elástica incremental,

de forma a modelar esta anisotropia induzida pelo estado de tensões. Como Pereira (1996) não

dispunha de ensaios com controle das tensões e deformações laterais, a obtenção dos fatores

de anisotropia foi feita de forma indireta, por meio da retroanálise de ensaios oedométricos.

Procurava-se os valores de χx, χy e χz constantes para os quais a simulação numérica de

ensaios oedométricos em trajetórias de molhagem sob tensão vertical constante produzisse o

colapso obtido em ensaios desse tipo.

Com os resultados de Peixoto (1999), onde se dispõe de medidas de tensões

horizontais em ensaios oedométricos, tem-se a possibilidade de modelar a forma como variam

os coeficientes de anisotropia propostos por Pereira (1996), obtendo-os de forma direta e não

mais por retroanálises. Para obter uma relação dos χi com o estado de tensões, inicialmente

considera-se a Eq. 2.14, para a condição oedométrica:

)()()( wah

ahvahh uudH

udE

udE

d −

+

+−+−−==χ

σσµ

σε1

21

0 (5.6)

A Eq. 5.6 pode ser rearranjada da seguinte forma:

11

−−−

−−−

=)()(

)()(

wa

ah

wa

avh uud

udH

Euudud

HE

σµσµχ (5.7)

Considerando que o ensaio oedométrico do qual serão obtidos os parâmetros é de

molhagem com tensão vertical constante, pode-se simplificar a Eq. 5.7, da seguinte forma:

11

−−−

−=)()(

wa

ahh uud

udH

Eσµ

χ (5.8)

Assim, tem-se que o coeficiente de anisotropia na direção horizontal pode ser expresso

em função dos módulos E e H, do coeficiente de Poisson, µ, e de uma função que expresse a

variação das tensões horizontais com a variação do estado de tensões (sucção e tensão

vertical), semelhante à Eq. 5.5. O coeficiente de anisotropia induzida na direção vertical é

obtido pela relação χx +χy +χz = 0 e fazendo a hipótese de que os coeficientes de anisotropia

Page 111: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

90

nas duas direções horizontais são iguais, conforme apresentado no item 2.2.1.1 do Capítulo 2.

Desta forma, obtêm-se:

hv χχ 2−= (5.9)

Tem-se, portanto, três formas de aplicar o modelo elástico incremental:

• Sem coeficientes de anisotropia;

• Com coeficientes de anisotropia constantes;

• Com coeficientes de anisotropia variáveis.

Pode-se dizer que utilizando a terceira proposta, a trajetória obtida experimentalmente

é reproduzida com fidelidade na simulação de um ensaio oedométrico. Portanto, tem-se que

esta proposta serve de referência para as demais.

5.4.2 RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES NUMÉRICAS UTILIZANDO O MODELO

ELÁSTICO INCREMENTAL

A seguir são apresentados os resultados obtidos na simulação numérica, utilizando o

programa COUPSO e o modelo elástico incremental, da trajetória de molhagem descrita no

item 5.3. Todos os resultados apresentados correspondem a um ponto de Gauss no terceiro

elemento, a partir da base da malha (Fig. 5.7), e que é representativo dos demais pontos.

Os resultados apresentados correspondem à três simulações distintas. Na primeira

utilizou-se o modelo elástico incremental original, sem coeficientes de anisotropia. Na

segunda análise utilizou-se coeficientes de anisotropia constantes, obtidos conforme o

procedimento utilizado por Pereira (1996). De acordo com os resultados de Peixoto (1999),

para a trajetória simulada espera-se uma tensão horizontal, no estado saturado, de 158,1 kPa

(Fig. 5.6) e, portanto, uma tensão média de 188,7 kPa. Essa tensão média corresponde à um

índice de vazios de 1,05 (Fig. 5.1). Considerou-se que este seria o índice de vazios final,

esperado em um ensaio de molhagem sob tensão vertical constante. Para este valor de índice

de vazios final, fazendo a retroanálise do valor de χh constante obteve-se χh = – 4,7. Na

terceira análise utilizou-se coeficientes de anisotropia variáveis. Este coeficientes foram

calculados com base em medidas de tensões laterais, conforme o procedimento apresentado

no item 5.4.1 e utilizando as equações 5.5 e 5.8.

A variação do índice de vazios em função da variação de sucção obtida nas simulações

Page 112: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

91

numéricas é apresentada na Fig. 5.9. Observa-se que sem a aplicação dos coeficientes de

anisotropia, a variação volumétrica é muito inferior à obtida com a consideração da

anisotropia induzida pelo estado de tensões. Observa-se também que a trajetória utilizando

coefic ientes de anisotropia constantes é diferente da trajetória utilizando coeficiente variáveis,

muito embora o índice de vazios final obtido seja o mesmo. A explicação para a diferença

entre as trajetórias é dada pela forma como evoluiu o estado de tensões.

1.00

1.05

1.10

1.15

1.20

1.25

1.30

1.35

1.40

0 100 200 300 400 500sucção - kPa

índi

ce d

e va

zios

- e

Sem coeficientes de anisotropia

Com coeficientes de anisotropia constantes

Com coeficientes de anisotropia variáveis

Figura 5.9 – Índice de vazios por sucção.

Na Fig. 5.10 pode-se verificar que sem a aplicação de coeficientes de anisotropia,

houve uma redução das tensões totais líquidas médias. Com a aplicação de coeficientes de

anisotropia constantes e variáveis, observa-se aumento das tensões totais líquidas médias,

seguindo trajetórias diferentes, porém chegando ao mesmo valor final. Como a variação

volumétrica é diretamente proporcional à variação das tensões médias, este é o motivo da

menor variação volumétrica obtida sem a utilização de coeficientes de anisotropia.

1.00

1.05

1.10

1.15

1.20

1.25

1.30

1.35

1.40

1.45

0 50 100 150 200(σméd - ua) - kPa

índi

ce d

e va

zios

- e

Sem coeficientes de anisotropia

Com coeficientes de anisotropia constantes

Com coeficientes de anisotropia variáveis

sucção = 0 kPa

sucção = 500 kPa

Figura 5.10 – Índice de vazios por tensão total líquida média.

Page 113: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

92

Naturalmente, conforme foi evidenciado nas formulações do modelo apresentadas, as

diferenças entre as três trajetórias são função da diferença na forma como evoluíram as

tensões horizontais. Na Fig. 5.11 pode-se verificar que sem a aplicação de coeficientes de

anisotropia houve uma redução das tensões horizontais, o que significa que o corpo de prova

“tentou descolar do anel” durante a molhagem, estando o resultado em completo desacordo

com observações experimentais de Pereira (1996) e Peixoto (1999), entre outros. Com a

aplicação de coeficientes de anisotropia constantes e variáveis, observa-se aumento das

tensões horizontais, seguindo trajetórias diferentes, porém chegando ao mesmo valor final. As

tensões horizontais finais, utilizando coeficientes de anisotropia constantes, começaram a

crescer bem antes (para maiores sucções) do que utilizando coeficientes de anisotropia

variáveis.

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

0 100 200 300 400 500sucção - kPa

tens

ão h

oriz

onta

l líq

uida

(σh-

u a)-

kP

a

Sem coeficientes de anisotropia

Com coeficientes de anisotropia constantes

Com coeficientes de anisotropia variáveis

Figura 5.11 – Tensão horizontal por sucção.

-100

-90

-80

-70

-60

-50

-40

-30

-20

-10

00 100 200 300 400 500

sucção - kPa

coef

icie

nte

horiz

onta

l de

anis

otro

pia

- χ h Com coeficientes de anisotropia constantes

Com coeficientes de anisotropia variáveis

Figura 5.12 – Coeficiente de anisotropia horizontal por sucção.

Page 114: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

93

Na Fig. 5.12 pode-se verificar que para sucções elevadas tem-se valores de χh

variáveis menores que o valor aplicado na formulação utilizando coeficientes constantes. Isso

explica porque no início as tensões horizontais evoluem mais rápido quando utilizando a

formulação com coeficientes constantes. Para a formulação utilizando coeficientes variáveis,

quando a sucção é suficientemente baixa os valores do coeficiente de anisotropia crescem

repentinamente, concentrando a maior parte do crescimento das tensões horizontais neste

nível de sucção.

Além de interferir na evolução das deformações, uma importante conseqüência da

diferença entre as trajetórias de tensões é a que a variação, da resistência ao cisalhamento

mobilizada é muito afetada durante a molhagem. Na Fig. 5.13 observa-se que sem a aplicação

de coeficientes de anisotropia houve um crescimento da tensão desviatória, pois as tensões

horizontais diminuíram. Utilizando coeficientes de anisotropia constantes e variáveis houve

uma redução da tensão desviatória, seguindo trajetórias diferentes, porém chegando ao mesmo

valor final.

Na Fig. 5.14 apresenta-se as trajetórias de tensões obtidas e linhas Kf hipotéticas, com

coesão nula, para o estado saturado. Observa-se que sem a utilização de coeficientes de

anisotropia, o estado final de tensões, para o estado saturado, requer um ângulo de atrito

superior à 45o para que não tenha havido ruptura, o que é um absurdo para esse solo. O

procedimento de alteração das propriedades de deformabilidade que é realizado no programa

COUPSO quando é atingida a ruptura foi desativado para que fosse possível prosseguir com a

análise até a completa saturação do solo.

0

20

40

60

80

100

120

140

0 100 200 300 400 500sucção - kPa

tens

ão d

esvi

atór

ia (

J) -

kP

a

Sem coeficientes de anisotropia

Com coeficientes de anisotropia constantes

Com coeficientes de anisotropia variáveis

Figura 5.13 – Segundo invariante do tensor desviatório de tensões totais líquidas por sucção.

Page 115: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

94

0

20

40

60

80

100

120

140

0 50 100 150 200(σméd - ua) - kPa

tens

ão d

esvi

atór

ia (

J) -

kP

a

Sem coeficientes de anisotropiaCom coeficientes de anisotropia constantes

Com coeficientes de anisotropia variáveis

φ' = 15o

φ ' = 20o

φ' = 25o

φ' = 30o

φ' = 35o

Linhas K f hipotéticaspara o solo saturado

Ponto de partida da molhagem,com sução igual a 500 kPa

trajetórias demolhagem

Figura 5.14 – Trajetórias de tensão total líquida.

Observando a Fig. 5.14, verifica-se também que para a simulação numérica utilizando

coeficientes de anisotropia constantes e variáveis, o estado de tensões evolui para uma

condição mais estável. Apesar das trajetórias seguidas utilizando coeficientes de anisotropia

constantes atingirem o mesmo resultado final das obtidas utilizando coeficientes variáveis,

elas não são exatamente iguais e mostram menores tensões desviatórias em estágios

intermediários do processo de molhagem. Assim, utilizando coeficientes de anisotropia

constantes pode-se ter uma zona de ruptura menor do que a prevista utilizando coeficientes

variáveis.

Com base nos resultados apresentados neste item, pode-se afirmar que a utilização do

modelo elástico incremental, sem a utilização de coeficientes de anisotropia, não permite a

correta modelagem do comportamento mecânico em trajetórias de molhagem do solo

estudado por Peixoto (1999). Os resultados obtidos utilizando essa formulação estão longe do

esperado, tanto em termos de deformabilidade, quanto em termos de evolução do estado de

tensões. Verifica-se também que com a aplicação de coeficientes de anisotropia constantes

consegue-se reproduzir muito bem o comportamento do solo.

A modelagem utilizando coeficientes de anisotropia variáveis reproduz a trajetória de

tensões do solo com maior fidelidade do que a modelagem com coeficientes de anisotropia

constantes. Apesar disso, deve-se ter em mente que tal formulação exige a execução de

ensaios com medidas de tensões horizontais, enquanto que a utilização de coeficientes de

anisotropia constantes exige apenas ensaios convencionais, utilizados na prática da

investigação laboratorial de solos não saturados. Assim, deve-se julgar se é necessário investir

neste tipo de sofisticação dos recursos experimentais. No caso de problemas onde é mais

Page 116: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

95

importante avaliar as deformações finais, os resultados utilizando coeficientes de anisotropia

constantes são muito bons, e parecem dispensar maiores sofisticações do modelo. No entanto,

nos casos onde é mais importante avaliar a estabilidade da obra, a formulação utilizando

coeficientes variáveis pode trazer importantes melhorias nas previsões, pois as tensões

cisalhantes mobilizadas podem evoluir de forma diferente, dependendo do tipo de solo.

Um último ponto que deve ser esclarecido se refere à aplicação da formulação

utilizando coeficientes de anisotropia em simulações numéricas de problemas de campo, onde

o estado principal de tensões não coincide com as direções horizontal e vertical (x e y). No

caso das tensões horizontais e verticais não serem mais tensões principais, sugere-se calcular

o estado de tensões principal e a sua direção, obter os coeficientes de anisotropia para este

estado principal e por fim calcular componentes desses coeficientes de anisotropia nas

direções horizontal e vertical.

5.5 SIMULAÇÃO DE ENSAIOS OEDOMÉTRICOS DE MOLHAGEM

UTILIZANDO O MODELO DE ALONSO ET AL (1990)

5.5.1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

Baseado nos resultados experimentais que geraram a superfície de estado de índice de

vazios (Fig. 5.1) e em um ensaio oedométrico sem controle de saturação, admitido com

sucção s = 500 kPa, constante, no qual chegou-se a uma tensão vertical de 800 kPa, foi obtida

parte dos parâmetros do modelo de Alonso et al. (1990) e foi ajustada a superfície LC. Como

pode ser visto na Fig. 5.15, foram encontrados parâmetros com o quais foi possível respeitar

razoavelmente bem as pressões de pré-adensamento obtidas experimentalmente. Obteve-se os

seguintes parâmetros: • λ(0) = 0,216; β = 0,0011 kPa-1; r = 0,05

• κ = 0,03

• ks = 0,01

• p0* = 47,9 kPa

• pc = 7,5 kPa

Os parâmetros λs e s0 não são requeridos para as simulações feitas, pois se referem à

escoamento causado por secagem. Os parâmetros λ(0), β , r, κ e p0* foram obtidos

diretamente dos dados apresentados na Fig. 5.1. A forma ideal de se obter ks seria com base

Page 117: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

96

em ensaios de variação de sucção sob tensão total líquida constante. No entanto, considerando

que a influência deste parâmetro nos resultados é muito pequena, é uma boa aproximação

obtê-lo a partir da Fig. 5.2. O parâmetro pc obtido foi aquele para o qual a superfície LC

melhor se ajustou aos valores experimentais de pressão de pré-adensamento em diversas

sucções. Para o ajuste da superfície LC foi muito importante o valor da tensão de escoamento

para sucção 500 kPa, como pode ser verificado na Fig. 5.15. Observa-se também que para

obter um bom ajuste das superfícies, foi necessário adotar um valor de r muito baixo, que

indica uma grande redução da compressibilidade do solo, para sucções muito elevadas. No

entanto, considerando a faixa de tensões dos resultados disponíveis, os valores adotados para

os parâmetros são adequados, pois a variação da compressibilidade do solo com a sucção é

bem reproduzida.

Além desses parâmetros, o modelo de Alonso et al. (1990) requer o ângulo de atrito,

φ’ e a taxa de ganho de coesão com o aumento da sucção, k. Esses parâmetros determinam a

forma como a superfície LC se estende na direção de q e qual o aumento de coesão induzido

por aumentos de sucção. No caso da trajetória de molhagem, como as tensões horizontais são

muito diferentes das verticais, tem-se que os valores de φ’ e k podem ser muito importantes na

determinação de quando ocorrerá escoamento.

0.00

0.05

0.10

0.15

0.20

0.25

0 100 200 300 400 500

sucção - kPa

(a)

com

pres

sibi

lidad

e vi

rgem

( λ(

s) )

Valores experimentais

Curva ajustada

0

100

200

300

400

500

600

0 100 200 300p ou (σméd - ua) - kPa

(b)

sucç

ão -

kPa

Valores experimentais

Curva ajustada

Superfície LC

estado de tensões inicial

Figura 5.15 – Ajuste da superfície LC aos resultados de Peixoto (1999): (a) variação de λ(s);

(b) superfície LC.

Não foram realizados ensaios para a obtenção de φ’ e k. Ao invés de arbitrar

livremente valores para estes parâmetros, de posse dos parâmetros já obtidos foi feita uma

Page 118: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

97

análise paramétrica, utilizando o programa CRISMUS, de forma a obter indicações de qual

seriam os valores mais adequados para a simulação do ensaio oedométrico em trajetórias de

molhagem. Adicionalmente analisou-se as diferenças obtidas utilizando-se uma lei de fluxo

associada ou a lei de fluxo não associada proposta por Alonso et at. (1990). As análises

paramétricas realizadas serão apresentadas a seguir.

5.5.2 ANÁLISES PARAMÉTRICAS DE φ‘ E k

Nas Figs. 5.16 e 5.17 tem-se o estado de tensões inicial das simulações apresentadas

neste capítulo e tem-se também diversas superfícies de escoamento, correspondentes à vários

valores arbitrados de φ’ e k e ao valor de p0 obtido com os parâmetros constitutivos de que se

dispõe. O valor de p0 obtido é indicado pela Fig. 5.15b, considerando o valor de sucção

adotado (s=500 kPa).

0

50

100

150

200

250

-200 -150 -100 -50 0 50 100 150 200 250 300p - kPa

q -

kP

a

40 - 0.340 - 0.240 - 0.1

ângulo de atrito k

estado de tensões inicial

Figura 5.16 – Superfícies de escoamento variando a taxa de ganho de coesão com a sucção, k.

0

50

100

150

200

250

-200 -150 -100 -50 0 50 100 150 200 250 300p - kPa

q -

kP

a

45 - 0.340 - 0.330 - 0.3

ângulo de atrito k

estado de tensões inicial

Figura 5.17 – Superfícies de escoamento variando o ângulo de atrito, φ’.

Page 119: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

98

As variações arbitradas para k (de 0,1 a 0,3) correspondem a variações relativamente

proporcionais de φ’ (de 30o a 45o). Pode-se verificar isto pela variação do tamanho das

superfícies de escoamento, mostrada nas Figs. 5.16 e 5.17.

Partindo deste estado de tensões inicial, foram simuladas trajetórias de redução de

sucção utilizando o programa CRISMUS. As tensões totais líquidas iniciais foram mantidas

sem qualquer variação durante a simulação, de forma que não se trata de uma simulação de

molhagem com perfeito confinamento lateral. Além de variar os valores de φ’ e k, obtendo as

superfícies mostradas nas Figs. 5.16 e 5.17, fez-se simulações adotando uma lei de

escoamento associada e a lei não associada (Eqs. 2.48 e 2.49) proposta por Alonso et al.

(1990). São apresentados a seguir os resultados obtidos.

5.5.2.1 ANÁLISES PARAMÉTRICAS VARIANDO k

Nas Figs. 5.18 e 5.19 tem-se as deformações obtidas nas trajetórias impostas,

considerando φ’ = 40o e três valores diferentes de k. Conforme era esperado, para menores

valores de k ocorreu escoamento mais cedo, com maiores sucções. Nas três análises foi

atingido o estado crítico. Foi atingida ruptura porque o estado de tensões inicial já estava bem

próximo da ruptura e porque ocorre diminuição da elipse de escoamento conforme a sucção é

reduzida.

Para todos os casos a defo rmação volumétrica não foi muito influenciada pelo valor de

k adotado. As deformações individuais, nas direções x e y, foram muito influenciadas pela lei

de fluxo adotada. Utilizando lei de fluxo associada as deformações obtidas são muito maiores

e ocorre dilatação nas direções submetidas às menores tensões. Esse resultado indica a

princípio que utilizando uma lei de fluxo associada, se existisse confinamento lateral ocorreria

crescimento das tensões laterais maior do que o obtido utilizando lei de fluxo não associada e,

portanto, as respostas do modelo seriam melhores, considerando o solo estudado por Peixoto

(1999).

Procurando observar o que ocorreria na simulação de um ensaio oedométrico em

termos de ruptura, tem-se que conforme cresceriam as tensões horizontais, o valor das tensões

desviatórias diminuiria, levando as tensões para um estado mais longe da ruptura. Talvez

sequer fosse atingido o estado crítico. No caso a utilização da lei não associada, o

comportamento seria inverso, sendo atingida a ruptura mais rápido do que foi atingida na

simulação de trajetória sem confinamento.

Page 120: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

99

-1.00

-0.80

-0.60

-0.40

-0.20

0.00

0.20

0.40

0.60

0 100 200 300 400 500

sucção - kPa

(a)

defo

rmaç

ão e

spec

ífica

dx - 40 - 0,3dy - 40 - 0,3dx - 40 - 0,2dy - 40 - 0,2dx - 40 - 0,1dy - 40 - 0,1

ângulo de atrito k

Lei de fluxo associada

1.00

1.05

1.10

1.15

1.20

1.25

1.30

1.35

1.40

0 100 200 300 400 500 600sucção - kPa

(b)

índi

ce d

e va

zios

- e

40 - 0,340 - 0,240 - 0,1

ângulo de atrito k

Lei de fluxo associada

Figura 5.18 – Deformações para vários valores de k, considerando lei de fluxo associada: (a)

deformações específicas em x e y; (b) variação do índice de vazios.

-0.25

-0.20

-0.15

-0.10

-0.05

0.00

0.05

0.10

0 100 200 300 400 500

sucção - kPa

(a)

defo

rmaç

ão e

spec

ífica

dx - 40 - 0,3dy - 40 - 0,3dx - 40 - 0,2dy - 40 - 0,2dx - 40 - 0,1dy - 40 - 0,1

ângulo de atrito k

Lei de fluxo não associada

1.00

1.05

1.10

1.15

1.20

1.25

1.30

1.35

1.40

0 100 200 300 400 500 600sucção - kPa

(b)

índi

ce d

e va

zios

- e

40 - 0,340 - 0,240 - 0,1

ângulo de atrito k

Lei de fluxo não associada

Figura 5.19 – Deformações para vários valores de k, considerando lei de fluxo não associada:

(a) deformações específicas em x e y; (b) variação do índice de vazios.

5.5.2.2 ANÁLISES PARAMÉTRICAS VARIANDO φ‘

Nas Figs. 5.20 e 5.21 são apresentados resultados obtidos na simulação de trajetórias

impostas, considerando k = 0,3 e três valores diferentes de φ’. Conforme era esperado,

verifica-se que para menores valores de φ’ ocorreu escoamento mais cedo, para maiores

sucções. Apenas para φ’ = 45o não foi atingido o estado crítico. Observa-se que a variação do

índice de vazios foi mais sensível ao valor de φ’ do que ao valor de k.

Page 121: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

100

1.00

1.05

1.10

1.15

1.20

1.25

1.30

1.35

1.40

0 100 200 300 400 500 600sucção - kPa

(b)

índi

ce d

e va

zios

- e

45 - 0,340 - 0,330 - 0,3

ângulo de atrito k

Lei de fluxo associada

-0.80

-0.60

-0.40

-0.20

0.00

0.20

0.40

0 100 200 300 400 500

sucção - kPa

(a)

defo

rmaç

ão e

spec

ífica

dx - 45 - 0,3dy - 45 - 0,3dx - 40 - 0,3dy - 40 - 0,3dx - 30 - 0,3dy - 30 - 0,3

ângulo de atrito k

Lei de fluxo associada

Figura 5.20 – Deformações para vários valores de φ’, considerando lei de fluxo associada: (a)

deformações específicas em x e y; (b) variação do índice de vazios.

1.00

1.05

1.10

1.15

1.20

1.25

1.30

1.35

1.40

0 100 200 300 400 500 600sucção - kPa

(b)

índi

ce d

e va

zios

- e

45 - 0,340 - 0,330 - 0,3

ângulo de atrito k

Lei de fluxo não associada

-0.18

-0.16

-0.14

-0.12

-0.10

-0.08

-0.06

-0.04

-0.02

0.00

0.02

0.04

0 100 200 300 400 500

sucção - kPa

(a)

defo

rmaç

ão e

spec

ífica

dx - 45 - 0,3dy - 45 - 0,3dx - 40 - 0,3dy - 40 - 0,3dx - 30 - 0,3dy - 30 - 0,3

ângulo de atrito k

Lei de fluxo não associada

Figura 5.21 – Deformações para vários valores de φ’, considerando lei de fluxo não associada:

(a) deformações específicas em x e y; (b) variação do índice de vazios.

Novamente verifica-se as deformações individuais, nas direções x e y, foram muito

influenciadas pela lei de fluxo adotada. Utilizando uma lei de fluxo associada, se existisse

confinamento lateral ocorreria crescimento das tensões laterais maior do que o obtido

utilizando lei de fluxo não associada e, portanto, as respostas do modelo seriam melhores em

termos de evolução das tensões. Em relação à ruptura, utilizando uma lei de fluxo associada

espera-se que o solo caminhe para um estado de tensões mais estável, enquanto que com a lei

de fluxo não associada ocorreria o oposto.

Page 122: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

101

De acordo com as simulações apresentadas nas Figs. 5.18 a 5.21, tem-se que tanto em

termos de evolução das tensões horizontais, quanto em termos da ruptura do solo, a utilização

de uma lei de fluxo associada parece ser mais adequada. A trajetória de molhagem

apresentada no item 5.3, considerando as características do solo estudado por Peixoto (1999),

seria melhor reproduzida utilizando lei de fluxo associada, porque as deformações obtidas na

direção x mostram que ocorreria crescimento das tensões horizontais.

Em relação aos parâmetros φ’ e k mais adequados para as simulações numéricas do

ensaio oedométrico de molhagem, verifica-se que a princípio o ideal seria utilizar o par de

valores mais altos (φ’ = 45o e k =0,3), para evitar que seja atingida a ruptura. Caso a influência

do crescimento das tensões horizontais na diminuição da resistência ao cisalhamento

mobilizada seja muito grande, talvez va lores inferiores sejam suficientes para que não ocorra

ruptura.

5.5.3 RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES NUMÉRICAS UTILIZANDO O MODELO DE

ALONSO ET AL. (1990)

Conforme foi mostrado no Capítulo 4, a inclusão do modelo de Alonso et al. (1990) no

programa COUPSO foi verificada com a simulação de problemas onde as solicitações são

devido à cargas externas. Os resultados demonstraram ótima concordância com soluções

analíticas das mesmas trajetórias e observou-se que as cargas aplicadas ao sistema foram

todas absorvidas, sem a ocorrência de grandes resíduos, indicando que o método Newton-

Raphson permitiu o adequado reequilíbrio do sistema.

No caso dos problemas simulados neste capítulo, a solicitação aplicada ao sistema não

é mais em forma de carga externa. Nestes problemas a solicitação aplicada ocorre na forma da

redução da sucção do solo, por meio da aplicação de uma pressão de água na base do corpo de

prova. Neste tipo de solicitação, além de problemas de convergência devido à não linearidade

dos modelos, ocorrem oscilações numéricas e problemas nos elementos próximos à face onde

é aplicado o fluxo de água.

Devido à esse tipo de problema numérico, não conseguiu-se, da forma como era

desejado, simular trajetórias de molhagem utilizando o modelo de Alonso et al. (1990).

Procurou-se discretizações espaciais e temporais mais refinadas e diferentes formas de

reaplicação das cargas desequilibradas, sem sucesso. Foi diminuído também o grau de não

linearidade da permeabilidade e da curva característica, tentando isolar a fonte dos problemas.

Concluiu-se que, realmente, a não linearidade que traz os problemas é devida ao modelo de

Page 123: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

102

estados críticos. Evidenciou-se que a forma de seguir a não linearidade do modelo é muito

mais complexa e envolve questões que precisam ser melhor investigadas.

Tentou-se também simular o problema sem a reaplicação das cargas desequilibradas,

simplesmente utilizando passos de tempo o mais pequenos possíveis, que permitissem da

melhor forma possível a reprodução da não linearidade do modelo. Na Fig. 5.22 apresenta-se

a variação de índice de vazios durante a molhagem.

Na simulação apresentada na Fig. 5.22 a pressão de água nos pontos de Gauss não

avançou junto a pressão de água no nós, demonstrando que ocorreu um resíduo muito alto.

Desta forma, verifica-se que as deformações volumétricas ficaram muito aquém daquelas

esperadas. A Fig. 5.23 mostra a variação das tensões horizontais. Verifica-se que houve uma

diminuição das tensões, mesmo tendo sido utilizada uma lei de fluxo associada nessa

simulação.

1.00

1.05

1.10

1.15

1.20

1.25

1.30

1.35

1.40

0 100 200 300 400 500sucção - kPa

índi

ce d

e va

zios

- e

Alonso et al. (1990)

Elástico incremental com coeficientesde anisotropia variáveis

Figura 5.22 – Índice de vazios por sucção.

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

0 100 200 300 400 500sucção - kPa

tens

ão h

oriz

onta

l líq

uida

(σh-

u a)-

kP

a

Alonso et al. (1990)

Elástico incremental com coeficientesde anisotropia variáveis

Figura 5.23 – Tensão horizontal líquida por sucção.

Page 124: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

103

Verifica-se, portanto, que o nível de desequilíbrio é muito grande. Assim, conclui-se

que é necessário que seja encontrada uma forma adequada de reaplicar as cargas

desequilibradas, surgidas quando da integração da relação constitutiva de estados críticos.

5.6 RESUMO

Foram apresentadas neste capítulo simulações numéricas, utilizando o programa

COUPSO, de ensaios oedométricos em trajetórias de molhagem em um solo colapsível. A

maior parte dos parâmetros adotados foram baseados em resultados experimentais de Peixoto

(1999). Verificou-se o desempenho dos modelos na reprodução das deformações e da

evolução das tensões horizontais e foram feitas comparações entre as previsões dos modelos.

Os modelos constitutivos utilizados nas simulações foram três versões do modelo

elástico incremental e o modelo de estados críticos de Alonso et al. (1990). Em relação às

análises utilizando o modelo elástico incremental, verificou-se que sem a aplicação dos

coeficientes de anisotropia, a variação volumétrica é muito inferior à esperada, pois as tensões

médias diminuem durante a molhagem. Com a aplicação de coeficientes de anisotropia

atinge-se o índice de vazios esperado. Em relação à comparação das formulações utilizando

coeficientes de anisotropia constantes e variáveis, observou-se que as trajetórias obtidas são

diferentes, apesar de ter sido atingido ao fim o mesmo índice de vazios.

A explicação para as diferenças obtidas entre as variações de índice de vazios das três

formulações está na forma como evoluíram as tensões horizontais. Sem a aplicação de

coeficientes de anisotropia ocorreu uma redução das tensões horizontais, estando o resultado

em completo desacordo com observações experimentais de Pereira (1996) e Peixoto (1999),

entre outros. Com a aplicação de coeficientes de anisotropia constantes e variáveis, foi

reproduzido o aumento das tensões horizontais observado por Peixoto (1999), seguindo

trajetórias diferentes, porém chegando ao mesmo valor final.

Verificou-se que a diferença entre as trajetórias de tensões obtidas pode levar a valores

de resistência ao cisalhamento mobilizada muito diferentes. Sem a utilização de coeficientes

de anisotropia são produzidas tensões cisalhante muito elevadas, irreais. Utilizando

coeficientes de anisotropia, o estado de tensões evolui para um estado mais estável, o que é

mais coerente. Observou-se que no caso de problemas onde é mais importante avaliar a

estabilidade da obra, a formulação utilizando coeficientes variáveis pode trazer importantes

melhorias nas previsões, em relação à formulação utilizando coeficiente constantes. Isso foi

verificado porque, apesar das trajetórias seguidas atingirem o mesmo estado de tensões finais,

Page 125: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

104

elas seguem caminhos diferentes. É claro que esta diferença entre as duas formulações

depende do tipo de solo e principalmente de como evoluem a resistência ao cisalhamento e as

tensões horizontais durante a molhagem.

Em relação às simulações utilizando o modelo de Alonso et al. (1990), foi analisada a

influência dos parâmetros de resistência ao cisalhamento φ‘ e k e da lei de fluxo utilizada,

com base em análises paramétricas utilizando o programa CRISMUS. Verificou-se que as

deformações individuais, nas direções x e y, foram muito influenciadas pela lei de fluxo

adotada. Observou-se que utilizando uma lei de fluxo associada, se existisse confinamento

lateral ocorreria crescimento das tensões laterais maior do que o obtido utilizando lei de fluxo

não associada e, portanto, as respostas do modelo seriam melhores. Em relação à escolha dos

parâmetros φ’ e k mais adequados para a simulações da trajetória de molhagem em uma célula

oedométrica, verificou-se que a princípio o ideal seria utilizar o par de valores mais altos (φ’ =

45o e k = 0,3), para evitar que fosse atingida a ruptura.

Por fim, verificou-se nas simulações numéricas utilizando o modelo de Alonso et al.

(1990), que devido à natureza da solicitação aplicada, necessária à simulação da molhagem do

corpo de prova, não conseguiu-se da forma como era desejada, simular trajetórias de

molhagem utilizando o modelo de Alonso et al. (1990). Evidenciou-se que a forma de seguir a

não linearidade do modelo é muito mais complicada e envolve questões que precisam ser

melhor investigadas.

Page 126: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

105

CAPÍTULO 6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS

6.1 CONCLUSÕES

Neste trabalho foi apresentada a modelagem numérica do comportamento mecânico de

solos não saturados e foi feita uma avaliação da performance de modelos constitutivos para a

estrutura de solos não saturados em trajetórias de molhagem. Para tal foram feitas simulações

analíticas de trajetórias de molhagem, utilizando o programa CRISMUS e simulações

numéricas de ensaios oedométricos, utilizando o programa COUPSO (Pereira, 1996). Os

modelos analisados foram três versões do modelo elástico incremental de Fredlund (1979) e o

modelo de estados críticos de Alonso et al. (1990).

Apresentou-se uma revisão bibliográfica abordando alguns dos principais modelos

constitutivos de solos não saturados, desenvolveu-se o programa CRISMUS, para permitir a

simulação de trajetórias induzidas de tensões utilizando o modelo de estados críticos de

Alonso et al. (1990), foi implementado no programa COUPSO o modelo de estados críticos e

foi feita a extensão do programa para condições axissimétricas. Com base na revisão

bibliográfica e nas análises realizadas, foram obtidas as conclusões resumidas a seguir.

Baseado na revisão bibliográfica, verificou-se que o modelo elástico incremental de

Fredlund (1979) é muito simples, de fácil aplicação e possui parâmetros que têm significados

físicos bem claros e de relativamente fácil interpretação. Observou-se que com a inclusão de

fatores de anisotropia proposta por Pereira (1996), a modelagem elástica incremental de solos

submetidos à trajetória de molhagem pode ser muito bem ajustada aos resultados

experimentais, tornando o modelo muito fiel ao comportamento real do solo. Pôde-se verificar

também que os modelos de estados críticos para solos não saturados, como os de Alonso et al.

(1990) e de Balmaceda (1991), têm potencial para reproduzir de forma mais realista o

comportamento de solos não saturados, principalmente em se tratando de aspectos como a

dependência das trajetórias de tensões. No entanto, observou-se que a matemática por trás

desses modelos é muito mais complexa e que o esforço requerido para a obtenção dos

parâmetros é maior, dificultando sua aplicação prática.

No Capítulo 3 verificou-se que a modelagem do problema de equilíbrio e fluxo em

solos não saturados ut ilizada neste trabalho permite a reprodução dos mais importantes

aspectos do fenômeno de fluxo de água e equilíbrio em solos não saturados, particularmente

Page 127: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

106

no caso de solos muito porosos e colapsíveis submetidos à molhagem. Evidenciou-se uma

nítida interdependência das equações do fenômeno, requerendo a solução das equações de

forma acoplada. Foi verificada também a natureza transiente do fenômeno acoplado. Foi

apresentada a solução numérica das equações obtidas, utilizando o Método dos Elementos

Finitos para a discretização espacial e o Método das Diferenças Finitas para a discretização

temporal. Foi constatada a necessidade da utilização de técnicas iterativas na solução das

equações, devido à não linearidade física do problema.

No Capítulo 4 foi verificada a aplicabilidade do programa CRISMUS na reprodução

de trajetórias de tensões pré estabelecidas, utilizando o modelo elastoplástico de estados

críticos de Alonso et al. (1990). Apresentou-se a nova versão do programa COUPSO. Foi

feita uma descrição geral do programa, mostrando o seu fluxograma geral e descrevendo suas

principais subrotinas. Apresentou-se a forma como foi introduzido o modelo elastoplástico de

estados críticos de Alonso et al. (1990) no programa. Como pôde-se verificar, a utilização do

modelo elastoplástico com endurecimento exigiu diversas adaptações e a elaboração de novas

subrotinas. Por fim apresentou-se dois casos de validação para a nova versão do programa

COUPSO, demonstrando sua aplicação e parte de suas potencialidades.

No Capítulo 5 foram apresentadas simulações numéricas, utilizando o programa

COUPSO, de ensaios oedométricos em trajetórias de molhagem em um solo colapsível. A

maior parte dos parâmetros adotados foram baseados em resultados experimentais de Peixoto

(1999). Os modelos constitutivos utilizados nas simulações foram três versões do modelo

elástico incremental (sem coeficientes de anisotropia e com coeficientes constante e variáveis)

e o modelo de estados críticos de Alonso et al. (1990).

Em relação às análises utilizando o modelo elástico incremental, concluiu-se que, sem

a aplicação dos coeficientes de anisotropia, a variação volumétrica é muito inferior à

esperada, pois as tensões médias diminuem durante a molhagem. Por outro lado, com a

aplicação de coeficientes de anisotropia atinge-se o índice de vazios esperado. Observou-se

que as trajetórias obtidas utilizando as três versões do modelo elástico incremental são

diferentes, pois as tensões horizontais evoluem de forma diferente. Sem a aplicação de

coeficientes de anisotropia ocorreu uma redução das tensões horizontais, estando o resultado

em completo desacordo com observações experimentais de Pereira (1996) e Peixoto (1999),

entre outros. Com a aplicação de coeficientes de anisotropia constantes e variáveis, foi

reproduzido o aumento das tensões horizontais observado por Peixoto (1999), seguindo

trajetórias diferentes, porém chegando ao mesmo valor final.

Verificou-se que a diferença entre as trajetórias de tensões obtidas pode levar a valores

Page 128: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

107

de resistência ao cisalhamento mobilizada muito diferentes, sendo que utilizando coeficientes

de anisotropia, o estado de tensões evolui para um estado mais estável. Concluiu-se que no

caso de problemas onde é mais importante avaliar a estabilidade da obra, a formulação

utilizando coeficientes variáveis pode trazer relevantes melhorias nas previsões, em relação à

formulação utilizando coeficiente constantes. Isso foi verificado porque, apesar das trajetórias

seguidas atingirem o mesmo estado de tensões finais, elas seguem caminhos diferentes.

Observou-se, no entanto, que esta diferença entre as duas formulações depende do tipo de

solo e principalmente de como evoluem a resistência ao cisalhamento e as tensões horizontais

durante a molhagem.

Em relação às simulações utilizando o modelo de Alonso et al. (1990), foi analisada a

influência dos parâmetros de resistência ao cisalhamento φ‘ e k e da lei de fluxo utilizada,

com base em análises paramétricas utilizando o programa CRISMUS. Concluiu-se que as

deformações individuais, nas direções x e y, foram muito influenciadas pela lei de fluxo

adotada. Verificou-se que utilizando uma lei de fluxo associada, se existisse confinamento

lateral ocorreria crescimento das tensões laterais maior do que o obtido utilizando lei de fluxo

não associada e, portanto, as respostas do modelo seriam melhores, para o solo estudado por

Peixoto (1999). Em relação à escolha dos parâmetros φ’ e k mais adequados para a simulações

da trajetória de molhagem em condições oedométricas, verificou-se que o ideal seria utilizar o

par de valores mais altos (φ’ = 45o e k = 0,3), para evitar que fosse atingida a ruptura. Caso a

influência do crescimento das tensões horizontais na diminuição da resistência mobilizada

fosse grande, valores inferiores poderiam ser suficientes para que não ocorresse ruptura.

Por fim, verificou-se nas simulações numéricas de ensaios oedométricos em trajetórias

de molhagem utilizando o modelo de Alonso et al. (1990), que devido à natureza da

solicitação aplicada, necessária à simulação da molhagem do corpo de prova, não conseguiu-

se, da forma como era desejado, simular trajetórias de molhagem utilizando o modelo de

Alonso et al. (1990). Evidenciou-se que a forma de seguir a não linearidade do modelo é

muito mais complicada e envolve questões que precisam ser melhor investigadas.

6.2 SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS

Sugere-se aprofundamentos e novas pesquisas nos seguintes pontos:

• Realizar análises paramétricas mais abrangentes dos modelos de estados críticos,

utilizando o programa CRISMUS, estendendo as análises para outros modelos

Page 129: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

108

semelhantes, tais como o modelo de Balmaceda (1991) e de Wheeler (1996);

• Aplicar o programa COUPSO, utilizando as formulações do modelo elástico

incremental com coeficientes de anisotropias constantes e variáveis, na simulação

de problemas de campo submetidos à trajetórias de molhagem. Com isso, verificar

as diferenças obtidas nas análises;

• Determinar experimentalmente a variação dos parâmetros φ‘ e k em trajetórias de

molhagem, para o solo do Distrito Federal;

• Analisar a influência da consideração de parâmetros φ‘ e k variáveis, na simulação

de ensaios oedométricos em trajetórias de molhagem e na simulação de problemas

de campo submetidos à trajetórias de molhagem, verificando as diferenças obtidas

nas análises;

• Investir em mais pesquisas procurando simular trajetórias de molhagem com o

programa COUPSO, utilizando o modelo de estados crítico.

• Retroanalisar o parâmetro de desassociação do modelo de Alonso et al. (1990), ω,

para o qual seriam obtidas as melhores respostas em simulações numéricas de

ensaios oedométricos.

Page 130: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

109

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ALONSO, E.E. (1993). Constitutive modelling of unsaturated soils. Civil Engineering European Courses, Barcelona, Spain, 86 p. ALONSO, E.E., GENS, A. & WIGHT, D.W. (1987). Special problem soils. 9th European Conference on Soil Mechanics and Foundation Engineering, Dublin, Ireland, 3: 1087-1146. ALONSO, E.E., GENS, A. & JOSA, A. (1990). A constitutive model for partly saturated soil. Géotechnique, 40(3): 405-430. BALMACEDA, A. (1991). Compacted Soils: a Theoretical and Experimental Study (in Spanish). Tesis Doctoral, Universitat Politécnica de Catalunya, Barcelona, España, 433 p. BARDEN, L. (1965). Consolidation of compacted and unsaturated clays. Géotechnique, 15(3): 267-286. BEAR, J., ZASLAVSKY, D. & IRMAY, S. (1968). Phys ical Principles of Water Percolation and Seepage. UNESCO, Paris, 465 p. BIOT, M.A. (1941). General theory of three-dimensional consolidation. Journal of Applied Physics, 12(2): 155-164. BISHOP, A.W. (1959). The principle of effective stress. Tecknisk Ukeblab, 106(39): 859-863. BLIGHT, G.E. (1965). A study of effective stresses for volume change. Procedures of the. Conference on Moisture Equilibria and Moisture Changes in Soil beneath Covered Areas, Sidney, Australia, 259-269. BLIGHT, G.E. (1967). Effective stress evaluation for volume change. Procedures of the. Conference on Moisture Equilibria and Moisture Changes in Soil beneath Covered Areas, Sidney, Australia, 125-148. BOLZON, G., SCHREFLER, B.A. & ZIENKIEWICZ, O.C. (1996). Elastoplastic soil constitutive laws generalized to partially saturated states. Géotechnique, 46(2): 279-289. BRITO, A.M. & GUNN, M.J. (1987). Critical State Soil Mechanics Via Finite Elements. John Wiley & Sons, London, United Kingdom, 488 p. BURLAND, J.B. (1965). Some aspects of the mechanical behaviour of partly saturated soils. Procedures of the. Conference on Moisture Equilibria and Moisture Changes in Soil beneath Covered Areas, Sidney, Australia, 270-278. CASTRO, M.A.H. (1998). Um método numérico-analítico para a solução de problemas transientes envolvendo a percolação de água em um solo saturado. Anais do XI Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica, Brasília, DF, 1: 309-314.

Page 131: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

110

CHANG, C.S. & DUNCAN, J.M. (1983). Consolidation analysis of partly saturated clay by using an elasto-plastic effective stress-strain model. International Journal of Numerical ad Analytical Methods in Geomechanics, 7: 35-55. CHOU, P.C. & PAGANO, N.J. (1967). Elasticity: Tensor, Dyadic and Engineering Appoaches. Dover, New York, United States of America, 290 p. COLEMAN, J.D. (1962). Stress/Strain relations for partly saturated soils (Correspondence). Géotechnique, 12(4): 348-350. COOK, R.D., MALKUS, S.D. & PLESHA, M.E. (1989). Concepts and Applications of Finite Analysis. John Wiley & Sons, New York, United States of America, 3e, 656 p. CUI, Y.J. & DELAGE, P. (1996). Yielding and plastic behavior of an unsaturated compacted silt. Géotechnique, 46(2): 291-311. DAYLAC, R. (1994). Desenvolvimento e Utilização de uma Célula para Medição de K0 com Controle de Sucção. Dissertação de Mestrado, PUC-Rio, Rio de Janeiro, RJ, 152 p. ESCARIO, V. & SAEZ, J. (1986). The shear strength of partly saturated soils. Géotechnique, 36(3): 453-456. FARIAS, M.M. (1993). Numerical Analysis of Clay Core Dams. PhD Thesis, University of Wales, Swansea, United Kingdom, 159 p. FREDLUND, D.G. (1979). Appropriate concepts and technology for unsaturated soils. Canadian Geotechnical Journal, 16(1): 121-139. FREDLUND, D.G. & MORGENSTERN, N.R. (1976). Constitutive relations for volume change in unsaturated soils. Canadian Geotechnical Journal, 13(3): 261-276. FREDLUND, D.G. & MORGENSTERN, N.R. (1977). Stress state variables for unsaturated soils. Procedures of the American Society of Civil Engineers, 103: 447-466. FREDLUND, D.G., MORGENSTERN, N.R. & WIDGER, R.A. (1978). The shear strength of unsaturated soils. Canadian Geotechnical Journal, 15(3): 447-466. FREDLUND, D.G. & RAHARDJO, H. (1993). Soil Mechanics for Unsaturated Soil. John Wiley & Sons, New York, United States of America, 517 p. FREDLUND, D.G., RAHARDJO, H. & GAN, J.K.M. (1987). Non- linearity of strength envelope for unsaturated soils. Procedures of the 6th International Conference on Expansive Soils, New Delhi, India, 49-54. FUTAI, M.M. (1997). Análise de Ensaios Oedométricos com Sucção Controlada em Solos Colapsíveis. Tese de Mestrado, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, 255 p. GEO-SLOPE (1994). SEEP/W 3.0 User’s Manual. Geo-slope International, Calgary, Canada, 1Vol.

Page 132: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

111

JENNINGS, J.E.B. & BURLAND, J.B. (1962). Limitations to the use of effective stresses in partly saturated soils. Géotechnique, 12(2): 125-144. KARUBE, D. & KATO, S. (1989). Yield functions of unsaturated soil. XII International Congress of Soil Mechanics and Foundation Engineering, Rio de Janeiro, RJ, 3: 615-618. LAWTON, E.C., FRAGASZY, R.J. & HARDCASTLE, J.H. (1991). Stress ratio effects on collapse of compacted clayey sand. Journal of Geotechnical Engineering, 117(5): 714-730. LLORET, A. & LEDESMA, A. (1993). Finite element analysis of deformations of unsaturated soils. Civil Engineering European Courses, Barcelona, Spain, 20 p. MAÂTOUK, A., LEROUIEL, S. & ROCHELLE, P.L. (1995). Yielding and critical state of a collapsible unsaturated silty soil. Géotechnique, 45(3): 465-477. MACHADO, S.L. (1998). Aplicação de Conceitos de Elastoplasticidade a Solos Não Saturados. Tese de Doutorado, EESC/USP, São Carlos, SP, 361 p. MATYAS, E.L. & RADHAKRISHNA, H.S. (1968). Volume change characteristics of partially saturated soils. Géotechnique, 18(4): 432-448. MODARESSI, A. & ABOU-BEKR, N. (1994). Constitutive model for unsaturated soils: Validation on a silty material. Proceedings of the 3rd European Conference of Numerical Methods in Geotechnical Engineering, Manchester, United Kingdom, 1: 91-96. OLIVEIRA, S.A.G. (1998). Uma Célula Oedométrica para Medição de Tensões Horizontais em Solos Não Saturados. Dissertação de Mestrado, Publicação G.MD 53A/98, Departamento de Engenharia Civil, Universidade de Brasília, Brasília, DF, 104 p. ORTIGÃO, J.A.R. (1995). Introdução à Mecânica dos Solos dos Estados Críticos. Livros Técnicos e Científicos Editora, Rio de Janeiro, RJ, 378 p. PEIXOTO, R.J. (1999). Modelagem Constitutiva do Comportamento da Argila Porosa Colapsível do Distrito Federal. Dissertação de Mestrado, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Brasília, Brasília, DF, (em preparação). PEREIRA, J.H.F. (1996). Numerical Analysis of the Mechanical Behavior of Collapsing Earth Dams During First Reservoir Filling. PhD Thesis, University of Saskatchewan, Saskatoon, Canada, 449 p. POTTS, D.M. & GENS, A. (1985). A critical assessment of methods of correcting for drift from the yield surface in elasto-plastic finite element analysis. International Journal for Numerical and Analytical Methods in Geomechanics, 9: 149-159. POULOS, H.G. & DAVIS, E.H. (1974). Elastic Solutions for Soil and Rock Mechanics. John Wiley & Sons, New York, United States of America, 411 p. REDDY, J.N. (1993). An Introduction to the Finite Element Method. McGraw-Hill, New York, United States of America, 2e, 684 p.

Page 133: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

112

SANTOS NETO, P.M. & ALMEIDA, M.S.S. (1993). Cálculo de recalques por adensamento em solos não-saturados com bolhas de ar oclusas. Solos e Rochas, 16(4): 235-243. TOLL, D.G. (1990). A framework for unsaturated soil behavior. Géotechnique, 40(1): 31-44. WHEELER, S.J. (1996). Inclusion of specific water volume within an elasto-plastic model for unsaturated soil. Canadian Geotechnical Journal, 33(1): 42-57. WHEELER, S.J., & SIVAKUMAR, V. (1995). An elasto-plastic critical state framework for unsaturated soils. Géotechnique, 45(1): 35-53. WOOD, D.M. (1990). Soil Behaviour and Critical State Soil Mechanics. Cambridge University Press, Cambridge, United Kingdom, 462 p. ZIENKIEWICZ, O.C. (1977). The Finite Element Method. McGraw-Hill, London, United Kingdom, 3e, 787 p.

Page 134: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

113

APÊNDICE A TERMOS DA RELAÇÃO ELASTOPLÁSTICA PARA O MODELO DE

ALONSO ET AL. (1990)

Neste Apêndice apresenta-se, de forma explícita, os termos da relação elastoplástica

para o modelo de Alonso et al. (1990). Conforme foi apresentado no Capítulo 2, a relação

elastoplástica entre tensões e deformações para solos não saturados, considerando o modelo

estudado, pode ser escrita da seguinte forma:

dsG

AAsFF

dFG

AAdsdd

crs

T

s

T

cr

epep

∂∂

∂∂

+

∂∂

−+−

∂∂

∂∂

−−=−=

*DHD

*HD

D**

DDhD*

~

ee

~

e

~

e

~~

ee

~~

σσ

εσσ

εσ

111

11

1

1

(A.1)

onde:

=

e

e

e

eee

eee

eee

DD

DDDDDDDDDD

44

44

44

111212

121112

121211

000000000000000000000000

eD (A.2)

*~~σε ∂

∂Γ∂

Γ∂∂

−= 11 GFA

T

p (A.3)

*D

*~~

σσ ∂∂

∂∂

−= 11 GFA e

T

cr (A.4)

( )000321 sssT

s HHH=H (A.5)

yzxzxyazayaxT uuu τττσσσ −−−=

~*σ (A.6)

yzxzxyzyxT γγγεεε=

~ε (A.7)

Page 135: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

114

Os termos F1 e G1 representam a lei de escoamento e o potencial plástico,

respectivamente, correspondentes à superfície LC. No modelo de Alonso et al. (1990) adota-

se como parâmetro de endurecimento, Γ, a pressão de pré-adensamento para sucção igual a

zero, po*, da mesma forma que é feito nos modelos de estados críticos convencionais, para

solos saturados. Assim, o termo A pode ser reescrito da seguinte forma:

*~~

*

* σε ∂∂

∂∂

∂∂

−= 10

0

1 GppF

A

T

p (A.8)

Quando o escoamento estiver se dando pela superfície SI tem-se:

pe

s HHH += (A.9)

onde:

( )Teee HHH 000321=eH (A.10)

( )Tppp HHH 000321=pH (A.11)

Caso o escoamento esteja ocorrendo pela superfície LC, tem-se:

e

s HH = (A.12)

Os termos dos vetores He e Hp e os termos da matriz De se relacionam com os

parâmetros de compressibilidade do modelo, da seguinte forma:

)( atm

seee

psHHH

+===

υκ

3321 (A.13)

)( atm

ssppp

psHHH

+−

===υ

κλ3321 (A.14)

( )( )( ) ( )( ) ( )µµµ

µµµ

µ+

=−+

=−+

−=

12 e

211 ,

2111

441211E

DE

DE

D eee (A.15)

( )κ

υµ pE

213 −= (A.16)

Page 136: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

115

Outros termos da relação entre tensões e deformações (Eq. A.1) são apresentados nas

Eqs. A.17 a A.21:

( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( )

∂∂∂∂∂∂

−∂∂

+−∂

∂+

−∂∂

−∂∂

+−∂

∂+

−∂∂

−∂∂

+−∂

∂+

−∂∂

=∂∂

yz

e

xz

e

xy

e

ayax

e

az

e

azax

e

ay

e

azay

e

ax

e

GD

GD

GD

uG

uG

Du

GD

uG

uG

Du

GD

uG

uG

Du

GD

G

τ

τ

τ

σσσ

σσσ

σσσ

144

144

144

1112

111

1112

111

1112

111

1

)(

)(

)(

*D

~

e

σ (A.17)

( )( ) ( )( )( )( ) ( )( )( )( ) ( )( )

( ) ( )( ) ( )( ) ( )

( )( ) ( )( )( ) ( )( )( ) ( )

( )( )( )

( ) ( )( ) ( )( ) ( )

++++++++++++

++

++++

++++++++++++++++++

++++++++++++

++++++++++++++++++++++++

=

∂∂

∂∂

66

2

4456

2

44

65

2

4455

2

44

64

2

4454

2

44

21123116442112311544

31122116443112211544

32121116443212111544

46

2

442112311666

45

2

442112311555

44

2

442112311444

211231144421123112112311

311221144421123113112211

321211144421123113212111

31122116443212111644

31122115443212111544

31122114443212111444

3112211211231132121112112311

3112211311221132121113112211

3112211321211132121113212111

11

YUDYUDYUDYUDYUDYUD

UUDUDYDUUDUDYDUUDUDYDUUDUDYDUUDUDYDUUDUDYD

YUDYYDYDUD

YUDYYDYDUDYUDYYDYDUD

UUDUDYDYYDYDUUDUDUUDUDYDYYDYDUUDUDUUDUDYDYYDYDUUDUD

YYDYDUDYYDYDUDYYDYDUDYYDYDUDYYDYDUDYYDYDUD

YYDYDUUDUDYYDYDUUDUDYYDYDUUDUDYYDYDUUDUDYYDYDUUDUDYYDYDUUDUD

FG

ee

ee

ee

eeeeee

eeeeee

eeeeee

eeee

eeee

eeee

eeeeeee

eeeeeee

eeeeeee

eeeeee

eeeeee

eeeeee

eeeeeeee

eeeeeeee

eeeeeeee

T

)()()()()()(

)(

)()(

)()()()()()()()()(

)()()()()()(

)()()()()()()()()()()()(

D**

D e

~~

e

σσ

(A.18)

Page 137: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

116

onde:

( ) ( ) ( )yzxzxy

azayax

GUGUGU

uGUuGUuGU

τττ

σσσ

∂∂=∂∂=∂∂=

−∂∂=−∂∂=−∂∂=

161514

131211

,

,

,,,

e

( ) ( ) ( )yzxzxy

azayax

FYFYFY

uFYuFYuFY

τττ

σσσ

∂∂=∂∂=∂∂=

−∂∂=−∂∂=−∂∂=

161514

131211

,

,

,,,

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

yzyz

e

xzxz

e

xyxy

e

ayaxaz

e

azaz

e

azaxay

e

ayay

e

azayax

e

axax

e

e

T

cr

GFD

GFD

GFD

uG

uG

uF

Du

Gu

FD

uG

uG

uF

Du

Gu

FD

uG

uG

uF

Du

Gu

FD

GFA

ττττττ

σσσσσ

σσσσσ

σσσσσ

∂∂

∂∂

−∂∂

∂∂

−∂∂

∂∂

−∂∂

+−∂

∂−∂

∂−

−∂∂

−∂∂

−∂

∂+

−∂∂

−∂∂

−−∂

∂−∂

∂−

−∂∂

+−∂

∂−∂

∂−

−∂∂

−∂∂

−=

=∂∂

∂∂−=

1144

1144

1144

11112

1111

11112

1111

11112

1111

11

*D

*~~

σσ

(A.19)

++++++

=

000

2112311

3112211

3212111

)()()(

HD e sse

se

sse

se

sse

se

s

HHDHDHHDHDHHDHD

(A.20)

( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( )

−∂∂

++−∂

∂++

−∂∂

++

−∂∂

+−∂

∂+

−∂∂

=

∂∂

azss

ayss

axss

e

azs

ays

axs

es

T

uF

HHu

FHH

uF

HHD

uF

Hu

FH

uF

HDF

σσσ

σσσ

121

131

13212

13

12

1111

1

)()()(

HD e*σ

(A.21)

Conforme foi apresentado no Capítulo 2, a equação para a superfície de escoamento F1

pode ser colocada em função dos invariantes do tensor desviatório de tensões toais líquidas p,

J e θ, da seguinte forma:

Page 138: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

117

ss

*

pppp

)pp)((gJ

)p,s,,J,p(F+−

−+

= 022

2

01 θθ (A.22)

onde:

azyx u)(

p −++

=3

σσσ (A.23)

21

222222

21

222222

61

21

])()()[(

])()()[(

yzxzxyzyzxyx

yzxzxyazayax pupupuJ

τττσσσσσσ

τττσσσ

+++−+−+−=

+++−−+−−+−−= (A.24)

−= 3

3

233

31

JJ

arcsenθ (A.25)

222

3

32

32

32

2222271

xyyxz

xzzxy

yzzyx

yzxzxyyxzzxyzyx ))()((J

τσσσ

τσσσ

τσσσ

τττσσσσσσσσσ

−−−

−−−

−−−

+−−−−−−= (A.26)

φθθ

φθ

sensen)(cos

sen)(g

31+= (A.27)

κλκλ

−−

=

)()(

* s

cc

pp

pp

0

00 (A.28)

ksp s = (A.29)

Os parâmetros constitutivos do modelo de Alonso et al. (1990) foram apresentados no

Capítulo 2 e dispensam novas apresentações. A derivada de F1 em relação às componentes do

tensor de tensões pode ser colocada, utilizando a regra da cadeia, da seguinte forma:

~~~~**** σσσσ ∂

∂∂∂

+∂∂

∂∂

+∂∂

∂∂

=∂∂ θ

θ1111 FJ

JFp

pFF

(A.30)

As derivadas de F1 em relação aos invariantes p, J e θ são dadas pelas seguintes

expressões:

232

21 2

)pp()pp(

)pp)((gJ

pF

s

os

s ++

++

−=

∂∂

θ (A.31)

Page 139: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

118

221 2

)pp)((gJ

JF

s+=

∂∂

θ (A.32)

223

21

31312

]sensen)([cos)pp)((g]sencos)([sensenJF

s φθθθφθθφ

θ ++−−

=∂∂

(A.33)

As derivadas dos invariantes em relação às componentes do tensor de tensões,

considerando a condição de pressão de ar constante, são dadas pelas seguinte expressões:

=

∂∂

00031

31

31

*~σp

(A.34)

−−−−−−=

∂∂

yzxzxyyxzzxyzyx

JJ

τττσσσσσσσσσ

2223

2

3

2

3

2

21

*~σ

(A.35)

***~~~σσσ ∂∂

+∂∂−

=∂∂ J

cosJJJ

cosJ θθθ

3233

323

433

3 (A.36)

3332

22271

22271

22272

222

3

xyxzyzzxyzyx

yxzzyxyxzzxyx

))((

))(())((J

τττσσσσσσ

σσσσσσσσσσσσσ

++−−−−−−

−−−−−−−−−=∂∂

(A.37)

332

322

271

22272

22271

222

3

xyxzyzzxyzyx

yxzzyxyxzzxyy

))((

))(())((J

τττσσσσσσ

σσσσσσσσσσσσσ

+−+−−−−−

−−−−+−−−−−=∂∂

(A.38)

32

3322

272

22271

22271

222

3

xyxzyzzxyzyx

yxzzyxyxzzxyz

))((

))(())((J

τττσσσσσσ

σσσσσσσσσσσσσ

−++−−−−+

−−−−−−−−−−=∂∂

(A.39)

xyyxzyzxzxy

)(J

τσσστττ

−−−=∂∂

232

23 (A.40)

xzzxyyzxyxz

)(J

τσσστττ

−−−=∂∂

232

23 (A.41)

yzzyxxzxyyz

)(J

τσσστττ

−−−=∂∂

232

23 (A.42)

Page 140: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

119

A derivada de F1 em relação à sucção pode ser obtida, utilizando a regra da cadeia:

sp

pF

sp

pF

sF s

s ∂∂

∂∂

+∂

∂∂∂

=∂∂ 0

0

111 (A.43)

Portanto, a derivada de F1 em relação à sucção requer as seguintes derivadas:

20

32

21 2

)pp()pp(

)pp)((gJ

pF

sss +−

++

−=

∂∂

θ (A.44)

ks

ps =∂∂

(A.45)

spppF

+−

=∂∂ 1

0

1 (A.46)

−−

=

∂∂

20

00 00

))s(()r)()s(())((

pp

lnpsp

c

*

κλλλβκλ

(A.47)

A equação A.1 requer adicionalmente, as seguintes derivadas:

**0

0

0

1

0

1

pp

pF

pF

∂∂

∂∂

=∂∂

(A.48)

** pp

)s()(

pp

0

0

0

0 0κλκλ

−−

=∂∂

(A.49)

*p

*

p)(

p0

0

0 κλυ

ευ −=

∂∂

(A.50)

Assume-se as seguintes equações para se definir o potencial plástico:

~~~~**** σσσσ ∂

∂∂∂

+∂∂

∂∂

+∂∂

∂∂

=∂∂ θ

θω 1111 FJ

JFp

pFG

(A.51)

( ) ( )( ) ( )( )( )( ) ( )01

1

3627

3933λκθ

θθθω

−−

−−=

g

ggg (A.52)

O coeficiente ω é inserido para garantir deformações laterais nulas em condição K0, conforme

foi apresentado no Capítulo 2.

Page 141: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

120

APÊNDICE B SOLUÇÃO POR ELEMENTOS FINITOS DAS EQUAÇÕES DE

EQUILÍBRIO E FLUXO

Neste apêndice é apresentada a solução numérica das equações de equilíbrio e de fluxo

em solos não saturados. Considera-se aqui a solução espacial, utilizando o método de

Galerkin dos resíduos ponderados. A solução é apresentada para a condição de deformações

planas, em coordenadas cartesianas, e de axissimetria, em coordenadas cilíndricas.

B.1 CASO DE DEFORMAÇÕES PLANAS EM COORDENADAS CARTESIANAS

Para a condição de deformações planas, as três equações obtidas a partir das equações

de equilíbrio e de fluxo, utilizando apropriadas relações constitutivas, são as seguintes:

( ) 01442111 =−∂∂

−−∂∂

+

∂∂

+∂∂

∂∂

∂∂

+∂∂

∂∂

− xa

wa bxu

uux

hxv

yu

yD

yv

Dxu

Dx

(B.1)

( ) 02221244 =−∂∂

−−∂∂

+

∂∂

+∂∂

∂∂

∂∂

+∂∂

∂∂

− ya

wa byu

uuy

hyv

Dxu

Dyx

vyu

xD (B.2)

( ) 0211 =−∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

+∇∇− wa

wwy

wx

w

ww uuty

vtx

ut

yu

k βββγ

(B.3)

A solução das equações B.1, B.2 e B.3 pelo método dos resíduos ponderados de

Galerkin é obtida reduzindo os requisitos de diferenciabilidade das equações. Multiplicando

as equações por funções peso (w1, w2, e w3) e integrando no domínio do elemento tem-se:

( ) 014421111 =−∂∂

−−∂∂

+

∂∂

+∂∂

∂∂

∂∂

+∂∂

∂∂

−∫Ωedxdyb

xu

uux

hxv

yu

yD

yv

Dxu

Dx

w xa

wa (B.4)

( ) 022212442 =−∂∂

−−∂∂

+

∂∂

+∂∂

∂∂

∂∂

+∂∂

∂∂

−∫Ω dxdybyu

uuy

hyv

Dxu

Dyx

vyu

xDw

e ya

wa (B.5)

( ) 02113 =−∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

+∇−∇∫Ωe dxdyuu

tyv

txu

ty

ukw wa

wwy

wx

w

ww βββγ

(B.6)

Page 142: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

121

Desenvolvendo em integral por partes as Eqs. B.4, B.5 e B.6, obtém-se:

( )

04421111

1111441

21111

=

∂∂

+∂∂

+

∂∂

+∂∂

−∂∂

−−∂∂

+

∂∂

+∂∂

∂∂

+

∂∂

+∂∂

∂∂

Γ

Ω

dsnxv

yu

Dnyv

Dxu

Dw

dxdybwx

uwuu

xhw

xv

yu

Dyw

yv

Dxu

Dxw

e

e

yx

xa

wa

(B.7)

( )

02212442

222222122

442

=

∂∂

+∂∂

+

∂∂

+∂∂

−∂∂

−−∂∂

+

∂∂

+∂∂

∂∂

+

∂∂

+∂∂

∂∂

Γ

Ω

dsnyv

Dxu

Dnxv

yu

Dw

dxdybwyu

wuuy

hwyv

Dxu

Dyw

xv

yu

Dx

w

e

e

yx

ya

wa

(B.8)

( )

03

2313133

=

+

∂∂

−∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

+∇∇

Γ

Ω

dsyu

w

dxdyuut

wyv

tw

xu

twy

ukw

e

e

w

w

waww

ywx

w

ww

γ

βββγ

n

(B.9)

O próximo passo é colocar as incógnitas das Eqs. B.7, B.8 e B.9 em função de valores

nodais, utilizando interpolações com funções de Lagrange. Tratam-se de interpolações do

seguinte tipo:

∑=

=n

jjj tuyxtyxu

1

)(),(),,( φ (B.10)

∑=

=n

jjj tvyxtyxv

1

)(),(),,( φ (B.11)

∑=

=n

jjaja tuyxtyxu

1

)(),(),,( φ (B.12)

∑=

=n

jjwjw tuyxtyxu

1

)(),(),,( φ (B.13)

onde:

φ é a função interpoladora de Lagrange;

uj, vj, uaj e uwj são valores nodais das variáveis das equações;

n é o número de nós do elemento utilizado.

Colocando as incógnitas das Eqs. B.7, B.8 e B.9 em função dos valores nodais e

utilizando como funções peso as próprias funções interpoladoras, φ, utilizadas para a

Page 143: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

122

aproximação das variáveis primárias das equações, tem-se:

( ) 011

11

1

1144

121

111

=−−∂

∂−+

∂∂

∂+

∂∂

∂∂

+

∂+

∂∂

∂∂

∫∑∑

∫ ∑∑∑∑

Γ==

Ω====

dstdxdybx

uhx

uh

xv

yuD

yyvD

xuD

x

e

e

xixi

n

j

jjai

n

j

jjwi

n

j

jj

n

j

jj

in

j

jj

n

j

jj

i

φφφ

φφ

φ

φφφφφφ

(B.14)

( ) 011

21

2

122

112

1144

=−−∂

∂−+

∂∂

∂+

∂∂

+

∂+

∂∂

∫∑∑

∫ ∑∑∑∑

Γ==

Ω====

dstdxdyby

uhy

uh

yvD

xuD

yxv

yuD

x

e

e

yiyi

n

j

jjai

n

j

jjwi

n

j

jj

n

j

jj

in

j

jj

n

j

jj

i

φφφ

φφ

φ

φφφφφφ

(B.15)

011

21

11

1

11

=−

∂∂

+∂

∂+

+

+

∂∂

∂∂

+∂∂

∂∂

∫∑∑∑∑

∫ ∑∑

Γ====

Ω==

+ dsdxdyuutyt

v

xt

u

ky

uk

yxu

kx

e

e

i

n

jjjw

n

jjjai

wn

j

jji

wy

n

j

jji

wx

wy

n

j

jjw

w

wyi

n

j

jjw

w

wxi

λφφφφβφ

φβφ

φβ

φγ

φφγ

φ

(B.16)

onde ti são tensões de superfície e λ representa fluxo imposto na fronteira.

Finalmente, fazendo a derivada em relação ao tempo das equações B.14 e B.15 e

considerando que a derivada em relação ao tempo da pressão de água é nula, chega-se ao

sistema final procurado:

=

+

2

1

2

1

2212

2111

FF

uCWCW

vu

DKDKDKDK

w&&&

(B.17)

[ ] [ ] [ ] FWuTWvu

WKWKuHW =+

+ ww &&&21 (B.18)

Ω

Ω

Ω

Ω

∂∂

+∂

∂∂

=

∂∂

+∂

∂∂

=

∂∂

+∂

∂∂

=

∂∂

+∂

∂∂

=

e

e

e

e

dxdyyy

Dxx

DDK

dxdyxy

Dyx

DDK

dxdyxy

Dyx

DDK

dxdyyy

Dxx

DDK

jijiij

jijiij

jijiij

jijiij

][

][

][

][

φφφφ

φφφφ

φφφφ

φφφφ

224422

124412

442121

441111

(B.19)

Page 144: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

123

∫∫ ΩΩ ∂

∂−=

∂−=

eedxdy

yhCWdxdy

xhCW j

iijj

iij

φφ

φφ 2

21

1 , (B.20)

∫ ∫∫∫ Ω ΓΓΩ ∂∂

+∂

∂=

∂∂

+∂∂

=e eee

dstt

dxdytb

Fdstt

dxdyt

bF y

iy

iix

ix

ii φφφφ 21 , (B.21)

∫Ω ∂

∂∂

+∂

∂∂

=e

dxdyyy

k

xxk

HW ji

w

wyji

w

wx

ij ][φφ

γ

φφγ

(B.22)

∫∫ ΩΩ ∂

∂=

∂=

eedxdy

yWKdxdy

xWK j

iwyij

ji

wxij

φφβ

φφβ 1

21

1 , (B.23)

∫Ω−=

edxdyTW ji

wij φφβ 2 (B.24)

∫∫ ΓΩ+

∂∂

−= ee dsdxdyy

kFW iiw

yi λφφ

(B.25)

Conforme foi apresentado no Capítulo 3, essa formulação considera a condição da fase

ar contínua e em livre contato com a atmosfera.

B.2 CASO AXISSIMÉTRICO EM COORDENADAS CILÍNDRICAS

Para a condição de axissimetria, as três equações obtidas a partir das equações de

equilíbrio e de fluxo, utilizando apropriadas relações constitutivas, são as seguintes:

( )[ ]

( ) 013232133111331

1442111

=−−

−∂∂

−∂∂

−∂∂

−−∂∂

+

∂∂

+∂∂

∂∂

∂∂

+

+

∂∂

∂∂

rwa

awa

buur

hhyv

rDD

ru

rDD

ru

rDD

ru

uuhrr

vyu

Dyy

vD

ru

ru

Dr

(B.26)

( )[ ] 02

4422231244

=−∂∂

−−∂∂

+

+

∂∂

+∂∂

∂∂

++∂∂

∂∂

∂∂

+∂∂

∂∂

ya

wa byu

uuhy

rv

yu

rD

yv

Dru

Dru

Dyr

vyu

Dr

(B.27)

( ) 02111

2

2

2

2

=−∂∂

+

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

+

+

∂∂−

+

∂∂−

+

∂∂−

wawww

ywr

w

wwy

w

wwr

w

wwr

uutr

uty

vtr

ut

yuy

kyurr

kyur

k

ββββ

γγγ

θ

(B.28)

Page 145: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

124

Multiplicando as equações B.26, B.27 e B.28 por funções peso (w1, w2, e w3) e

integrando no domínio do elemento, que neste caso é um volume de rotação, tem-se:

( )[ ]

( ) 0213232133111331

14421111

=−−

−∂∂

−∂∂

−∂∂

−−∂∂

+

∂∂

+∂∂

∂∂

∂∂

+

+

∂∂

∂∂

∫Ω

rdrdybuur

hhyv

rDD

ru

rDD

ru

rDD

ru

uuhrr

vyu

Dyy

vD

ru

ru

Dr

w

rwa

awae

π

(B.29)

( )[ ] 022

44222312442

=−∂∂

−−∂∂

+

+

∂∂

+∂∂

∂∂

++∂∂

∂∂

∂∂

+∂∂

∂∂

−∫Ω

rdrdybyu

uuhy

rv

yu

rD

yv

Dru

Dru

Dyr

vyu

Dr

w

ya

wa

e

π

(B.30)

( ) 022111

2

2

2

2

3

=−∂∂

+

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

+

+

∂∂−

+

∂∂−

+

∂∂−∫Ω

rdrdyuutr

uty

vtr

ut

yuy

kyurr

kyur

kw

wawww

ywr

w

wwy

w

wwr

w

wwre

πββββ

γγγ

θ

(B.31)

Desenvolvendo em integral por partes as Eqs. B.29, B.30 e B.31, obtém-se:

( )

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

022

111

44211111

1312321123311113311

111441

21111

=

∂∂

+∂∂

+

∂∂

+

+

∂∂

−−

−−−−∂∂

−−−−∂∂

−−

−∂

∂−−

∂∂

+

∂∂

+∂∂

∂∂

+

∂∂

+

+

∂∂

∂∂

Γ

Ω

dsnrv

yu

Dnyv

Dru

ru

Dwrrdrdybw

uur

hhwyv

rDDw

ru

DDwru

rDDw

ru

wuur

hwrv

yu

Dyw

yv

Dru

ru

Dr

w

e

e

yrr

wa

awa

ππ

(B.32)

( )

02

2

222312442

2222

442222312

244

2

=

∂∂

++∂∂

+

∂∂

+∂∂

−−∂

∂−−

∂∂

+

+

∂∂

+∂∂

∂∂

++∂∂

∂∂

+

∂∂

+∂∂

∂∂

Γ

Ω

dsnyv

Dru

Dru

Dnrv

yu

Dwr

rdrdybwy

uwuu

yhw

rv

yu

rD

wyv

Dru

Dru

Dy

wrv

yu

Dr

w

e

e

yr

ya

wa

π

π (B.33)

( )

02

2

3

231313

13333

=

+

∂∂

+

+

∂∂

−−∂∂

+

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

+

∂∂

∂∂

+

+

∂∂

+

+

∂∂

∂∂

+

+

∂∂

∂∂

Γ

Ω

dsnyu

ykny

ur

kwr

rdrdyuut

wru

tw

yv

tw

ru

twy

urr

kwy

uyy

wky

urr

wk

e

e

yw

wwyr

w

wwr

wawww

y

wr

w

wwr

w

wwy

w

wwr

γγπ

πβββ

βγγγ

θ

(B.34)

Page 146: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

125

O próximo passo é colocar as incógnitas das Eqs. B.32, B.33 e B.34 em função de

valores nodais, utilizando interpolações com funções de Langrange. Tratam-se de

interpolações do seguinte tipo:

∑=

=n

jjj tuyrtyru

1

)(),(),,( φ (B.35)

∑=

=n

jjj tvyrtyrv

1

)(),(),,( φ (B.36)

∑=

=n

jjaja tuyrtyru

1

)(),(),,( φ (B.37)

∑=

=n

jjwjw tuyrtyru

1

)(),(),,( φ (B.38)

Colocando as incógnitas das Eqs. B.32, B.33 e B.34 em função dos valores nodais e

utilizando como funções peso as próprias funções interpoladoras, φ, tem-se:

( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( )

0

111

111

1

113

113

11

11

12321

123311

11331

1144

121

1111

=−−

−−+−−∂∂

−+∂∂

−∂∂

−−−−∂∂

−−

+

∂∂

+∂∂

∂∂

+

∂∂

+

+

∂∂

∂∂

∑∑∑∑

∑∑∑

∫ ∑∑∑∑∑

Γ

====

===

Ω=====

dstdrdyb

ur

hhur

hhr

uhr

uh

yv

rDDu

rDD

ru

rDD

rv

yuD

yyvDu

rruD

r

e

e

riri

n

jjjwi

n

jjjai

n

j

jjai

n

j

jjwi

n

j

jji

n

jjji

n

j

jji

n

j

jj

n

j

jj

in

j

jj

n

jjj

n

j

jj

i

φφ

φφφφφ

φφ

φ

φφφφ

φφ

φφφφφ

φφ

(B.39)

( ) 01

1

12

12

11

44

122

123

112

1144

=−−∂∂

−+

+∂∂

∂∂

+∂∂

∂∂

+

++

∂∂

∂∂

+

∂∂

+∂∂

∂∂

∫∑

∑∑∑∑

∫ ∑∑∑∑

Γ=

====

Ω====

dstdrdyby

uh

yuh

rv

yu

rD

yvD

ur

Dr

uDyr

vy

uDr

e

e

yiyi

n

j

jjai

n

j

jjwi

n

j

jj

n

j

jji

n

j

jj

n

jjj

n

j

jj

in

j

jj

n

j

jj

i

φφφ

φ

φφ

φφφ

φ

φφφφφφ

(B.40)

0

1

12

12

11

11

11

111

=−∂

∂−

∂+

+∂

∂+

∂∂

∂∂

+∂∂

∂∂

+

+∂

∂+

∂∂

+∂

∂∂

+∂

∂∂

∫∑∑

∑∑∑

∫ ∑∑∑

Γ==

===

Ω===

dsdrdyt

u

t

u

tu

rytv

rtu

ru

ky

ky

uk

yru

kr

e

e

i

n

jj

jwwi

n

jj

jawi

n

jj

jwi

n

j

jjwyi

n

j

jjwri

n

j

jjw

w

wr

iiw

y

n

j

jjw

w

wyi

n

j

jjw

w

wri

λφφβφφβφ

φβφφ

βφφ

βφ

φ

γφ

φφ

γφφ

γφ

θ

(B.41)

Page 147: UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA ... · considerando modelos elÁsticos e de estados crÍticos gilson de farias neves gitirana junior orientador: prof. josÉ henrique

126

onde:

ti são tensões de superfície;

λ representa fluxo imposto na fronteira.

Finalmente, fazendo a derivada em relação ao tempo das equações B.39 e B.40 e

considerando que a derivada em relação ao tempo da pressão de água é nula, chega-se ao

sistema final procurado:

=

+

2

1

2

1

2212

2111

FF

uCWCW

vu

DKDKDKDK

w&&&

(B.42)

[ ] [ ] [ ] FWuTWvu

WKWKuHW =+

+ ww &&&21 (B.43)

Ω

Ω

Ω

Ω

∂∂

+∂

∂−

∂∂

=

∂∂

+∂

∂∂

+∂

∂−

∂∂

=

∂−+

∂∂

+∂

∂∂

=

−+∂

∂−+

+∂

∂∂

+∂

∂+

∂∂

=

e

e

e

e

drdyyy

Drrrr

DDK

drdyyr

Dry

Dyryr

DDK

drdyyr

DDry

Dyr

DDK

drdyr

DDrr

DD

yyD

rrrrDDK

jiji

jiij

jijij

iji

ij

ji

jijiij

jij

i

jij

ijiij

])([

])([

])([

])()(

)([

φφφφ

φφ

φφφφφ

φφφ

φφ

φφφφ

φφφ

φ

φφφ

φφφ

224422

23124412

2123442121

211333113

441111

1

11

1

11

1

(B.44)

∫∫ ΩΩ ∂

∂−=−−

∂−=

eedrdy

yhCWdrdyhh

rrhCW j

iijjij

iij

φφφφ

φφ 2

2131

1 , 1

])([ (B.45)

∫ ∫∫∫ Ω ΓΓΩ ∂∂

+∂∂

=∂∂

+∂

∂=

e eeeds

tt

drdyt

bFds

tt

drdytb

F yi

yii

ri

rii φφφφ 21 , (B.46)

∫Ω ∂

∂∂

+∂

∂+

∂∂

=e

drdyyy

k

rrrrk

HW ji

w

wyj

iji

w

wr

ij )])([φφ

γ

φφ

φφγ

1 (B.47)

∫∫ ΩΩ ∂

∂=+

∂=

eedrdy

yWKdrdy]

rr[WK j

iwyijji

wy

ji

wxij

φφβφφβ

φφβ 1

211

1 , 1

(B.48)

∫Ω−=

edrdyTW ji

wij φφβ 2 (B.49)

∫∫ ΓΩ+

∂∂

−= ee dsdrdyy

kFW iiw

yi λφφ

(B.50)