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Universidade de Aveiro 2009 Departamento de Ambiente e ordenamento Diogo Pereira Fiadeiro Mesquita Nunes Estimativa das emissões de incêndios florestais na Europa

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Universidade de Aveiro 2009

Departamento de Ambiente e ordenamento

Diogo Pereira Fiadeiro Mesquita Nunes

Estimativa das emissões de incêndios florestais na Europa

ii

Universidade de Aveiro 2009

Departamento de Ambiente e ordenamento

Diogo Pereira Fiadeiro Mesquita Nunes

Estimativa das emissões de incêndios florestais na Europa

dissertação apresentada à Universidade de Aveiro para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Engenharia do Ambiente, realizada sob a orientação científica da Doutora Ana Isabel Miranda, Professor Associada do Departamento de Ambiente e Ordenamento da Universidade de Aveiro, e Doutor Jorge Humberto de Melo Rosa Amorim, Estagiário de Pós-Doutoramento do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) do Dep. de Ambiente e Ordenamento da Universidade de Aveiro

iii

agradecimentos

Dedico este trabalho à minha Família, especialmente aos meus queridos pais, Carlos e Fátima, e à minha grande irmã, que me deram toda a força e compreensão. Aos meus amigos, com especialmente à Casa Maravilha, que sempre me apoiou nos tempos mais difíceis, e se mostrou sempre disponível para tornar esta dissertação possível. Agradeço muito à Professora Ana Isabel Miranda e ao Jorge Amorim do GMAC, pelo contributo directo na realização do trabalho, pelo apoio e pela paciência inesgotável que mostraram. Agradeço também a todos os que me apoiaram directa ou indirectamente. Obrigado.

iv

o júri

presidente Doutor Carlos Alberto Diogo Soares Borrego professor catedrático da Universidade de Aveiro

Doutor Nelson Augusto da Cruz Azevedo Barros

professor associado da Universidade Fernando Pessoa

Doutora Ana Isabel Couto Neto da Silva Miranda

professora associada da Universidade de Aveiro

Doutor Jorge Humberto de Melo Rosa Amorim Estagiário de Pós-Doutoramento do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) do Dep. de Ambiente e Ordenamento da Universidade de Aveiro

v

palavras-chave

Incêndios florestais; qualidade do ar; carga de combustíveis; factores de emissão e poluição atmosférica

resumo

O objectivo principal desta dissertação é a selecção de um modelo de cálculo de emissões de incêndios florestais para aplicação no Sul da Europa. Para tal, foi realizada uma pesquisa bibliográfica dos modelos de cálculo de emissões dos incêndios florestais disponíveis em todas as regiões do Mundo. Esta pesquisa focou-se especialmente nos modelos originais dos EUA, dos quais foram seleccionados três (CONSUME, FOFEM e FEPS), para se proceder à realização de ensaios para estimativa das emissões dos incêndios. Nos ensaios foram usados parâmetros específicos, que retratam a tipologia de florestas no Sul da Europa. Os dados de entrada utilizados para operar cada modelo seleccionado foram, sempre que possível, idênticos, permitindo desta maneira uma análise comparativa entre eles. O consumo de combustíveis e as emissões resultantes, estimadas pelos ensaios dos modelos, foram comparados com outras estimativas realizadas no contexto nacional e Europeu. Desta análise comparativa, verificou-se bom desempenho dos modelos CONSUME, FOFEM e FEPS na caracterização das florestas e nas estimativas das emissões dos incêndios florestais. Concluindo ser possível a sua inclusão em estudos do género.

vi

keywords

Forest fires; air quality; fuel load, emission factors and air pollution

abstract

The main objective of this thesis is the selection of a model for calculating emissions from forest fires for use in southern Europe. For this, a literature search of models for calculating emissions from forest fires available in all regions of the world was made. This research focused in particular on the original models of the U.S., of which three were selected (CONSUME, FOFEM and FEPS) to carry out tests to estimate emissions from fires. Trials were used specific parameters, which depict the types of forests in Southern Europe. The input data used to operate each type were selected, whenever possible, identical. Thus allowing a comparison between them. The fuel consumption and emissions, estimated by tests of the models were compared with other estimates made in the national and European scope. This comparative analysis show that there was good performance of the models CONSUMES, FOFEM FEPS for the characterization of forests and estimates of emissions from forest fires. Completing is possible to include them in studies of gender.

7

Índice

Índice ..................................................................................................................... 7

Lista de Tabelas ................................................................................................... 8

Lista de Figuras: ................................................................................................. 10

1. Introdução .................................................................................................... 11

2. As emissões dos fogos florestais ............................................................. 15

2.1. Os compostos emitidos .............................................................................. 15

2.2. Estimativa das emissões dos fogos florestais ........................................ 17

2.2.1. área ardida ...................................................................................... 18

2.2.2. características dos combustíveis .................................................... 19

2.2.3. factores de emissão ........................................................................ 25

2.2.4. factores ambientais ......................................................................... 25

3. Modelos para o cálculo das emissões dos fogos florestais ................... 27

3.1. CONSUME ................................................................................................ 29

3.1.1. Cálculo do consumo de combustível ................................................... 29

3.1.2. Cálculo das emissões ......................................................................... 32

3.2. FOFEM, First Order Fire Effects Model .................................................. 34

3.2.1. Cálculo dos consumos de combustíveis, FOFEM. .......................... 35

3.2.2. Cálculo das emissões, FOFEM....................................................... 37

3.3. Fire Emission Production Simulator (FEPS) .......................................... 39

3.3.1. Cálculo dos consumos de combustíveis, FEPS. ............................. 39

3.3.2. Calculo das emissões, FEPS. ......................................................... 43

4. Ensaios com os Modelos ........................................................................... 44

8

4.1. Ensaio com o CONSUME .......................................................................... 45

4.2. Ensaio com o FOFEM ............................................................................ 53

4.3. Ensaio com o FEPS ............................................................................... 55

5. Análise dos resultados com os ensaios ................................................... 58

6. Conclusão .................................................................................................... 69

7. Bibliografia .................................................................................................. 72

ANEXOS .............................................................................................................. 84

ANEXO A .......................................................................................................... 85

Anexo B ............................................................................................................ 86

Anexo C ............................................................................................................ 88

Lista de Tabelas Tabela 1: Sistemas de classificação de combustíveis florestais. ......................... 22

Tabela 2: Conjunto das classes de tamanho, dos combustíveis lenhosos,

considerado pelo Consume .................................................................................. 24

Tabela 3: Modelos para estimar a produção de fumo .......................................... 27

Tabela 4: compilação das equações do consumo para cada estrato florestal,

CONSUME. .......................................................................................................... 30

Tabela 5: Factores de emissão médios considerados pelo CONSUME. ............. 32

Tabela 6: compilação das equações e assumpções para o consumo de cada

estrato florestal, FOFEM. ..................................................................................... 36

Tabela 7: Factores de emissão e eficiência de combustão, considerados no

FOFEM ................................................................................................................. 38

Tabela 8: Carga de combustível para o estrato duff e coeficientes para os tempos

de residência para cada fase ............................................................................... 42

9

Tabela 9: valores para kFE e factores de emissão, retirados do FEPS. ................ 43

Tabela 10: Dados de entrada usados para as três primeiras etapas ................... 45

Tabela 11: Dados de entrada usados para o estrato canopy, CONSUME. .......... 46

Tabela 12: Dados introduzidos, necessários para o cálculo de cargas, CONSUME

............................................................................................................................. 47

Tabela 13: Altura e percentagem de coberto de arbustos representativa dos

povoamentos de pinheiro bravo. .......................................................................... 48

Tabela 14: Dados de entrada introduzidos para o estrato de arbustos, CONSUME

............................................................................................................................. 48

Tabela 15: Dados de entrada introduzidos para as herbáceas, CONSUME ........ 49

Tabela 16: Dados de entrada introduzidos para combustíveis lenhosos,

CONSUME ........................................................................................................... 50

Tabela 17: Dados de entrada para litter, líquenes e fetos, CONSUME ................ 51

Tabela 18: Dados de entrada para duff, CONSUME ............................................ 51

Tabela 19: Dados de entrada para a acumulação basal, CONSUME .................. 52

Tabela 20: Dados de entrada introduzidos para as variáveis ambientais ............ 52

Tabela 21: Valores de carga introduzidos no FOFEM .......................................... 54

Tabela 22: Dados de entrada para informação do evento, FEPS. ....................... 55

Tabela 23: Dados introduzidos para as cargas de combustíveis, FEPS .............. 56

Tabela 24: Dados introduzidos para o conteúdo húmido dos combustíveis e

percentagens de consumo de combustíveis adoptadas pelo FEPS. .................... 56

Tabela 25: Consumo de combustível por fase de combustão, CONSUME ......... 58

Tabela 26: Consumo de combustível calculado pelo FOFEM .............................. 58

Tabela 27: Consumo de combustíveis (por fase de combustão) e emissões de

poluentes, para toda a área de projecto, FEPS. ................................................... 59

Tabela 28: Percentagens da carga de combustíveis consumidas, para os três

ensaios ................................................................................................................. 60

Tabela 29: Consumo de combustível por fase de combustão, dado pelo FOFEM61

Tabela 30: Cargas de poluentes emitidos, estimadas pelos modelos (t.ha-1). ..... 62

10

Tabela 31: Emissões por estrato da floresta, CONSUME. ................................... 63

Tabela 32: Emissões por fase de combustão, CONSUME .................................. 64

Tabela 33: Emissões dos diferentes poluentes por fase de combustão, FOFEM 65

Tabela 34: Exemplo, para o ano de 1999, de valores de CO2 emitidos pelas

diferentes classes de ocupação do solo. .............................................................. 66

Tabela 35: Emissões dos incêndios florestais da Europa, calculados no Projecto

SPREAD............................................................................................................... 67

Tabela 36: áreas ardida, por tipo de ocupação do solo, para os países mais

afectados por incêndios florestais no ano 2008. .................................................. 70

Tabela 37: emissões para incêndios florestais no Sul da Europa durante o ano de

2008, usando o modelo CONSUME ..................................................................... 71

Lista de Figuras: Figura 1: representação do estrato mais alto da floresta, canopy [URL. 2]. ......... 20

Figura 2: representação dos arbustos [URL. 3]. ................................................... 20

Figura 3: representação das herbáceas [URL. 4]. ................................................ 20

Figura 4: representação do material lenhoso morto [URL. 5]. .............................. 20

Figura 5: representação de folhas secas presentes ao nivel do solo da floresta

[URL. 6]. ............................................................................................................... 21

Figura 6: representação do estrato mais baixo da floresta [URL. 7]. .................... 21

Figura 7: representação grafica da emissão de CO, FEPS. ................................. 65

Figura 8: representação gráfica da emissão de PM2.5, FEPS. ............................. 66

11

1. Introdução

Actualmente são inúmeros os poluentes da atmosfera sendo as fontes que os

originam e os seus efeitos muito diversificados. É possível distinguir os poluentes

atmosféricos em dois tipos: (i) poluentes primários, emitidos directamente pelas

fontes de emissão para a atmosfera, em que se destacam o monóxido de carbono

(CO), os óxidos de azoto (NOx) constituídos pelo monóxido de azoto (NO) e pelo

dióxido de azoto (NO2), o dióxido de enxofre (SO2) e as partículas em suspensão;

(ii) e os poluentes secundários, resultantes de reacções químicas que ocorrem na

atmosfera e onde participam alguns poluentes primários, sendo exemplo disso o

ozono troposférico (O3), resultado de reacções fotoquímicas que se estabelecem

entre os NOx, o CO ou os Compostos Orgânicos Voláteis (COVs).

No grupo das fontes, à escala global, que contribuem mais para a emissão de

gases nocivos para a atmosfera, estão os incêndios florestais [Miranda et al.,

2005a]. Os incêndios florestais são fogos descontrolados em zonas naturais, cuja

origem pode ser natural ou causada por acção humana, por descuido ou

intencionalmente. A capacidade destruidora de um incêndio florestal é difícil de

quantificar e exprime-se de variadas maneiras. Uma delas é o efeito nocivo que

induz nos solos, devido à destruição da camada superficial vegetal, que os torna

mais vulneráveis a fenómenos de erosão e transporte de sedimentos, bem como

a redução da sua permeabilidade. A ocorrência de cheias e deslizamentos pode

resultar destas alterações nas características dos solos. Os incêndios florestais

emitem também, durante o processo de combustão da vegetação, gases

poluentes e partículas para a atmosfera [Fire Effects Guide, 2001].

A poluição atmosférica gerada pelos incêndios florestais é um fenómeno que tem

influenciado o ambiente global desde a pré-história [Clark et al., 1997]. Aerossóis,

libertados por estes eventos, juntamente com partículas biogénicas, marinhas e

terrestres, determinaram a composição e funcionamento da atmosfera natural

global, antes da expansão das populações humanas e era industrial [Andreae,

2007]. Outras evidências históricas foram providenciadas pela descrição de

12

episódios de poluição atmosférica originada por fogos florestais, na Rússia, no

ano de 1915, onde cerca de 140 mil km2 de áreas florestais arderam e o fumo

afectou cerca de 6 milhões de km2, limitando em 20 metros a visibilidade numa

área maior que 1,8 milhões de km2 [Shostakovich, 1925]. Incêndios florestais de

grandes dimensões podem afectar a qualidade do ar em áreas situadas a longas

distâncias [FFNet 3, 2005]. Por outro lado, os incêndios florestais podem ser

responsáveis por episódios locais de poluição atmosférica [Sandberg et al., 1978].

Os incêndios florestais ocorrem durante o ano inteiro em todo o Mundo e são uma

importante fonte de material fino partículado e gases poluentes, primários, que

reagem na atmosfera para formar poluentes secundários. As partículas, emitidas

em grandes quantidades, podem atingir valores de emissão na ordem das 0,6

toneladas por segundo em incêndios de grandes dimensões [Wade e Ward,

1973]. Por exemplo, estima-se que a queima de biomassa contribui em 30% para

os montantes globais de emissão de Cloro-metano (CH3Cl), metano (CH4) e NO2

[Crutzen e Graedel, 1986]. A queima de combustíveis florestais produz aerossóis

orgânicos contendo hidrocarbonetos aromáticos policlínicos (HAPs) [Ballentine et

al., 1996], que são uma preocupação para a saúde.

Nas regiões do Sul da Europa, os incêndios florestais destacam-se por serem,

talvez, a catástrofe natural mais grave, que, para além dos prejuízos económicos

e ambientais, representa grande perigo para as populações e bens [Fernandes,

2002; Miranda et al., 2008]. Nos países mediterrânicos os incêndios florestais são

mais comuns, comparativamente com outras regiões Europeias [van der Werf et

al., 2006]. Afectam entre 300 mil e 500 mil hectares de florestas e outras áreas

lenhosas por ano [Narayan et al., 2007]. Durante o Verão de 2003, com as

florestas expostas a condições climáticas muito secas e quentes, os incêndios

florestais foram particularmente violentos, causando a destruição a cerca de 400

mil hectares de floresta em Portugal e deixando regiões, como Sudeste de França

em situações extremamente difíceis, apesar dos seus abastados recursos para

supressão de incêndios [Narayan et al., 2007]. Segundo Xanthopoulos et al.

(2006), estatisticamente, entre os anos 1975 e 2000, os países mediterrânicos

contribuiram com 94% da área ardida na Europa. No mesmo estudo é analisada a

variabilidade anual das emissões originadas pela queima de biomassa, com um

13

valor máximo de 3,2 Pg de carbono, no ano de 1998, e um mínimo de 2 Pg C, em

2000 [Narayan et al., 2007]. Comparativamente com as outras fontes de emissões

de poluentes para atmosfera, os incêndios florestais contribuem com 0,2 % das

emissões de NOx, 0,5 % das emissões de COV’s não-metano, 0,2 % das

emissões de CH4, 1,9 % para CO, 1,2 % para N2O e 0,1 % das emissões de NH3,

do total da Europa [EMEP/CORINAIR, 2002].

Em Portugal, bem como nos restantes países do Sul da Europa, o fumo resultante

dos incêndios florestais transporta concentrações de poluentes atmosféricos

anormalmente elevadas, que são registadas por vezes nas estações de

monitorização da qualidade do ar, muitas das quais localizadas em áreas urbanas

[Miranda et al., 2008].

Os desafios e problemas de gestão dos incêndios florestais têm crescido muito,

sendo essencial dar resposta a uma maior necessidade de proteger os recursos

públicos e privados, e vidas humanas. Uma indicação desta resposta é a

crescente utilização de modelos e de ferramentas que suportam a definição de

estratégias de gestão do fogo.

O objectivo principal desta dissertação é a selecção de um modelo de cálculo de

emissões de incêndios florestais para aplicação no Sul da Europa. Esta selecção

é baseada numa pesquisa bibliográfica sobre os vários modelos actualmente

utilizados na estimativa das emissões dos fogos florestais fora da Europa,

principalmente nos E.U.A., e a sua posterior análise comparativa num contexto de

aplicação ao Sul da Europa.

Após uma primeira introdução sobre a temática em questão inicia-se, no segundo

capitulo desta dissertação, a análise detalhada do tópico emissões dos fogos

florestais, caracterizando-se estas em função dos principais factores

intervenientes. Adoptando inicialmente um carácter global que, à medida que se

desenvolve, assume uma postura mais centrada no cálculo das emissões dos

incêndios florestais.

Concluída a pesquisa e análise dos principais factores que influenciam a

libertação de poluentes para a atmosfera, pela combustão, bem como a descrição

das metodologias aplicadas para o cálculo destas emissões, entra-se no capítulo

três, destinado aos modelos para o cálculo das emissões dos fogos florestais,

14

CONSUME, FOFEM e FEPS. No quarto capítulo descrevem-se os ensaios com

os modelos referidos e, no quinto capítulo apresenta-se os resultados obtidos com

os ensaios e procede-se à sua análise. Esta foca-se sobretudo na interpretação

dos valores calculados com os ensaios e na sua comparação com outras

estimativas, realizadas em diferentes estudos com recurso à modelação e outras

metodologias. A quinta parte do documento engloba as considerações finais

sobre a utilização da modelação para a estimativa das emissões dos incêndios

florestais na Europa bem como a possibilidade desse cálculo ser feito por

modelos de origem Norte americana.

15

2. As emissões dos fogos florestais O inicio de um incêndio florestal está, essencialmente, dependente da interacção

de três componentes [Ferraz et al., 2009]: combustível, oxigénio e calor de

combustão.

Após a sua ignição, a propensão do fogo, bem como o seu comportamento,

variam com o tipo de coberto florestal, as condições e fraccionamento dos

combustíveis, as condições meteorológicas locais e a topografia [Ottmar et al.,

2009].

2.1. Os compostos emitidos

O fumo proveniente de fogos florestais é uma mistura complexa de compostos

químicos produzidos pela combustão de combustíveis florestais [FFNet 3, 2005].

Consiste em vapor de água, gases, COVs, Compostos Orgânicos Semi-Voláteis

(SCOVs) e partículas. Os gases incluem o CO2, CO, NOx, óxidos de enxofre

(SOx), CH4, amoníaco (NH3), óxido nitroso (N2O) e hidrocarbonetos não-

metânicos (NMHC) [Muralledharar et al., 2000; Radjevic, 2003]. O SOx é

normalmente produzido em menor quantidade, devido ao conteúdo reduzido em

enxofre nos combustíveis vegetais [Ward e Smith, 2001].

Vários COVs e CH4 foram medidos no fumo proveniente de fogos florestais

[Miranda, 2004a; Heil e Goldammer, 2001; Ward, 1999]. As misturas de COVs

contêm os seguintes compostos oxigenados [Statheropoulos e Karma, 2007;

Reinhardt e Ottmar, 2004]: álcoois (phenol, m-cresol, p-cresol), aldeído

(formaldeído, acetaldeido, benzaldeido), cetonas (cetona, 2-butanona), furanos

(benzofurano), ácidos carboxilicos (acido acético), estéres (acido benzóico,

estermetilico).

Os hidrocarbonetos identificados são alinfáticos, tais como os alcanos, alcenos e

alcinos. Compostos, incluindo o etano, heptano, decano, propeno, 1-noneno, 1-

16

undeceno, acetileno, encontram-se igualmente presentes [McDonald et al., 2000;

Shaner et al., 2001, Ward e Smith, 2001; Statheropoulos e Karma, 2007].

Adicionalmente, hidrocarbonetos aromáticos, como os benzenos e alquibenzenos

também se encontram como, por exemplo o tolueno, xileno, etil-benzeno [Reh e

Deitchman, 1992; Muralledharar et al, 2000; Statheropoulos e Karma, 2007]. O

CH3Cl foi endicado em Koppmann et al. (2005) como sendo o hidrocarbonato

halogenado mais abundante nas emissões de queima de biomassa.

As partículas presentes no fumo podem ser grosseiras, com diâmetro

aerodinâmico equivalente inferior a 10 µm (PM10), ou finas (PM2,5, PM1). As

partículas são libertadas para a atmosfera, inicialmente, devido à reacção de

combustão e, posteriormente, formadas através de transformações físicas e

químicas. As primeiras podem ser emitidas sob a forma de carbono elementar,

originadas das partículas de carbono orgânico. O carbono inorgânico ou carbono

elementar, também conhecido por grafite ou carbono negro, é um produto da

combustão incompleta de materiais e combustíveis com base em carbono [CEPA,

1999].

Oligoelementos também podem estar contidos nas partículas produzidas no

decorrer de fogos incêndios florestais, tais como Na, Mg, Al, Si, P, S, Cl, K, Ca, Ti,

Mn, Fe, Zn, Rb, Sr, V, Pb, Cu, Ni, Br e Cr [Radjevic, 2003; Muralledhrar et al.,

2000; Ward e Smith, 2001].

Espécies radioactivas podem, ocasionalmente, ser encontradas no fumo. A sua

origem pode ser, entre outras, a contaminação radioactiva dos combustíveis

vegetais. Um exemplo é a floresta na Zona de Exclusão da Central Nuclear de

Chernobyl [Poyankov, 2006]. As emissões dos diversos compostos variam ao

longo das diferentes fases de combustão.

A primeira é a pré-ignição, em que o calor da fonte de ignição evapora a água e

gases de baixa volatilidade dos combustíveis e o processo de pirólise começa

[Statheropoulos e Karma, 2007].

Na segunda fase, de chama, ocorre a combustão dos produtos resultantes da

pirólise (gases e vapores). A chama aparece se esses produtos forem aquecidos

até ao ponto de ignição, quando em contacto com a fonte de calor [US NWCG,

2001]. O calor libertado na reacção da chama acelera a taxa de pirólise e produz-

17

se grande quantidade de gases combustíveis, que oxidam, causando o aumento

de chamas [Statheropoulos, 2007].

A fase de incandescência, é a terceira, e caracteriza-se por ser um processo de

muito fumo, que acontece após a extinção da chama passar. Gases combustíveis

continuam a ser produzidos pelo processo de pirólise, no entanto a sua libertação

e temperaturas não são, suficientes, para manter a chama. Esta fase de chama

latente tende a ocorrer em camadas de combustíveis finas e compactas, limitadas

no acesso ao oxigénio [Statheropoulos, 2007].

Na quarta fase, residual, a maioria dos gases voláteis já arderam e o oxigénio

entra em contacto directo com a superfície do combustível queimado. À medida

que o combustível oxida, arde na forma de brasa até que a temperatura se reduz

ao ponto de não ser possível haver mais combustão, ou até que todo o material

inflamável seja consumido [Johnson, 1999].

2.2. Estimativa das emissões dos fogos florestais

O cálculo da emissão de poluentes pelos fogos florestais depende do

conhecimento das condicionantes que fazem variar a sua fonte, o fogo,

nomeadamente: área ardida, duração do evento, características dos

combustíveis, comportamento do fogo, consumo de combustíveis, factores de

emissão específicos de cada poluente (Battye e Battye, 2002, Hardy et al., 2001;

Peterson, 1987; Peterson e Sandberg, 1988; Sandberg et al., 2002). Apesar das

diferentes variáveis envolvidas, o conteúdo das emissões pode basear-se numa

equação relativamente simples [Seiler e Crutzen, 1980]:

O cálculo das emissões pode ser representado, genericamente, pela equação de

Crutzen e Seiler (1980) [Silva et al., 2006]:

(Eq. 1)

18

Onde,

Ea é a emissão do composto a;

A representa a área ardida;

B a biomassa vegetal consumida;

FC o factor de combustão (factor de biomassa que é consumida);

FEa o factor de emissão associado ao composto a;

A qualidade das estimativas relativas às emissões depende inteiramente do grau

de precisão dos dados base. De facto variações nas características e consumo de

combustíveis podem contribuir em 30% para as incertezas associadas à

estimativa em questão [Petersson, 1987; Peterson e Sandberg, 1988]. Um outro

estudo, mais recente, indica que as estimativas de biomassa queimada

apresentam erros de pelo menos 50%, e ainda que os factores de emissão

relativos a poluentes como o CO e CH4 têm incertezas associadas de 20 a 30%

[Andreae e Merlet, 2001].

2.2.1. área ardida

Pesquisas ao longo das duas últimas décadas levaram ao aumento do

reconhecimento do importante papel que área ardida desempenha, por exemplo

no Ciclo Global do Carbono. Existe hoje uma forte necessidade de conhecer as

estimativas sobre a área de biomassa consumida pela combustão [Scholes,

1995].

O erro associado ao cálculo das emissões está fortemente relacionado com o

grau de precisão dos dados sobre a área afectada [Peterson, 1987]. Por esta

razão, é muito importante desenvolver metodologias que permitam diminuir essas

incertezas. Um factor que contribui para essa incerteza é a prática, comum, de se

considerar que todo o perímetro do incêndio foi afectado pelo o fogo, quando na

realidade existem zonas não-ardidas, devido ao declive, mudança brusca do

vento ou existência de determinadas espécies mais resistentes. Por outro lado, é

também vulgar não contabilizar incêndios de menores dimensões, subestimando

a verdadeira área ardida [Sandberg et al., 2002].

19

Informações transmitidas por satélites sobre a área ardida e modelos

biogeoquímicos melhorados têm vindo a ser determinantes para reduzir os erros

associados a este factor. Estes sensores remotos apresentam, no entanto, uma

precisão limitada e são considerados inadequados para paisagens com grande

variedade de declive e características de combustíveis [Crutzen e Andreae, 1990;

Levine, 1994; Sandberg et al., 2002; French et al., 2004].

As informações sobre as áreas afectadas por incêndios florestais ao nível

europeu estavam, normalmente, agregadas a cada administração, ignorando a

sua localização espacial e extensão exacta [Wallstrom, 2001]. Cada país

apresentava a sua própria metodologia para a estimativa da área ardida, o que

dificultava a harmonização das estatísticas para toda a Europa. No entanto, nos

dias que correm existe uma base de dados europeia, com informação de cada

estado membro, que pode ser consultada no Sistema de Informação Europeu

para os Fogos Florestais (EFFIS) [URL. 1].

2.2.2. características dos combustíveis Para prever o comportamento e efeitos do fogo é conveniente considerar a

vegetação como combustível. A quantidade de combustível e a fracção deste que

arde numa determinada região, depende do tipo de vegetação, densidade de

biomassa, composição dos combustíveis, conteúdo húmido e condições

meteorológicas [Schultz, 2002], e contribui em larga escala para a quantidade de

fumo produzido.

O mapeamento dos combustíveis vegetais é essencial para calcular o risco de

incêndio e simular o seu crescimento e intensidade ao longo do território [Keane

et al., 2001]. Mapear as propriedades dos combustíveis requer conhecimento da

estrutura vertical e horizontal da vegetação [Chuvieco, 2003]. O tamanho dos

combustíveis é um factor crítico no comportamento do fogo, sendo que estes

perdem humidade e calor mais rapidamente quando a sua área superficial

disponível é maior [Chuvieco, 2003]. À medida que diminui a densidade e

aumenta a porosidade dos combustíveis lenhosos, a inflamabilidade e a

velocidade de combustão aumentam [Sardinha et al., 2002].

20

Geralmente, os cobertos florestais são divididos em estratos, consoante a altura e

tipologia dos componentes naturais que os compõem. As figuras 1, 2, 3, 4 e 5

representam os componentes tipicamente encontrados nas florestas do Sul da

Europa, nomeadamente: as árvores, onde se incluem as copas (folhagem e

ramos) e todo o material lenhoso (figura 1); os arbustos (figura 2); o material

lenhoso morto (figura 3); as herbáceas (figura 4); a folhagem morta (figura 5) e;

toda a matéria orgânica, total ou parcialmente, decomposta que ocupa o estrato

mais baixo da floresta (Figura 6). Neste trabalho irão ser usados três termos,

comummente citados na bibliografia consultada, para referir os estratos das

árvores, a folhagem morta e toda a matéria orgânica do estrato mais baixo da

floresta, respectivamente canopy, litter, e duff.

Figura 1: representação do estrato mais alto

da floresta, canopy [URL. 2]. Figura 2: representação dos arbustos [URL. 3].

Figura 3: representação das herbáceas [URL.

4]. Figura 4: representação do material lenhoso

morto [URL. 5].

21

A carga de combustível, geralmente expressa em kg.m-2 ou t.ha-1, é a quantidade

de combustível potencialmente disponível para a combustão.

A avaliação da carga de combustível dos diferentes componentes da floresta é

crucial para a análise dos efeitos do fogo florestal, porque determina a intensidade

deste. Particularmente para o comportamento do fogo, a carga de combustível

influencia directamente a propagação e intensidade do fogo. Os seus efeitos, por

outro lado, podem ser antagónicos. A disponibilidade de combustíveis tende a

aumentar a intensidade da reacção de combustão. No entanto, a taxa de

propagação do fogo pode decrescer à medida que a carga aumenta, pois o

combustível em excesso pode-se converter num dissipador de calor importante,

originando decréscimo na temperatura de ignição [Chuvieco, 2003].

A quantidade e composição dos gases e partículas libertadas dependem da carga

e tipo de combustível presente na floresta [Lobert e Warnatz, 1993; Andrae e

Merlet, 2001]. A caracterização destes dois factores é, por isso, de grande

importância.

Uma dificuldade na caracterização de combustíveis está relacionada com a

heterogeneidade dos habitats em todo o mundo. Por exemplo, a carga de

combustível de uma paisagem de pastagem, na zona centro do E.U.A. (0,6 t.ha-1),

não se assemelha em nada com o ―serrado denso‖ na zona centro do Brasil, com

sub-bosque de ervas e arbustos (35 t.ha-1) [Hardy et al., 2001; Ottmar e Vihnanek,

1998, 1999; Ottmar et al., 1998; Sandberg et al., 2002].

Figura 5: representação de folhas secas

presentes ao nivel do solo da floresta [URL. 6]. Figura 6: representação do estrato mais baixo da

floresta [URL. 7].

22

As actividades humanas também criam um mosaico complexo de florestas, matas

e pastagens. As cargas de combustíveis podem variar de 2 t.ha-1, numa

comunidade mediterrânea de Rosmarinus officinalis, para 160 t.ha-1 numa floresta

temperada de Fagus silvatica [Trabaud et al., 1993]. A larga variação de cargas

ao longo das regiões pode contribuir com 80% do erro associado às estimativas

das emissões dos incêndios florestais [Peterson, 1987; Peterson e Sandberg,

1988]. Nos últimos 30 anos foram várias as tentativas para desenvolver sistemas

de classificação de cobertos em diferentes regiões do planeta (Tabela 1).

Tabela 1: Sistemas de classificação de combustíveis florestais.

Sistemas descrição e bibliografia

FBFM Fire Behavior Fuel Models

Anderson, 1982; Andrews & Chase, 1989; Scott & Burgan, 2005

NFDRS National Fire Danger Rating System Fuel Models

Deeming et al., 1977

FCCS Fuel Condition Class System fuelbeds

Ottmar et al., 1998b; Schaaf, 1996

FOFEM First Order Fire Effects Model

Reinhardt et al., 1997; Reinhardt & Crookston, 2003

CFDRS Canadian Fire Danger Rating System

Hirsch, 1996

AFDRS Australian Fire Danger Rating System fuel models

Cheney e Sullivan, 1997; Cheney et al., 1990

Photo Series Ottmar et al., 2004

Fuel Load Models

Keane, 2005, Landscape Fire and Resource Management Planning

Tools Project (LANDFIRE), 2005

PROMETHEUS European Fire Management Information System

PROMETHEUS, 1999

23

O sistema FCCS disponibiliza as características dos combustíveis, organizadas

numericamente, como dados de entrada, para modelos de comportamento do

fogo. Acedendo ao sistema, pode-se criar um conjunto de dados, relativos tipos

de combustíveis, que representem a escala de interesse. Após completa a lista de

dados, o FCCS reporta as características para cada tipo de biomassa, incluindo

as árvores, arbustos, gramíneas, combustíveis lenhosos e manta morta. O

sistema também calcula o comportamento do fogo na superfície e copas das

árvores, bem como o potencial de combustão disponível para cada tipo de bioma.

Desta maneira o FCCS providencia um índice da capacidade intrínseca de cada

tipo de combustível perante a exposição ao fogo. É uma ferramenta aplicável em

todo o mundo, no entanto adapta-se, com melhores resultados, para a realidade

Norte americana [Ottmar et al., 1998].

Os procedimentos relacionados com a caracterização de combustíveis são, por

norma, dependentes de levantamentos de campo. No entanto, os inconvenientes

associados aos custos e a dificuldade de actualizações, têm levado, mais

recentemente, à utilização de metodologias para a construção de modelos de

combustíveis, que, em alternativa aos levantamentos de campo, recorrem a

dados de detecção remota ou a modelação biofísica para representar a

heterogeneidade dos biomas [Scholes et al., 1996, Barbosa et al., 1999].

Actualmente, a maioria dos estudos biogeoquímicos emprega modelos para

estimar com maior precisão as cargas de combustíveis.

Outra forma de abordar a determinação das cargas de combustível e fracções de

material consumido consiste em atribuir modelos de combustível a unidades

espaciais pré-definidas. Foi este o procedimento adoptado por Leenhouts (1998),

que fez corresponder a uma classificação da vegetação dos E.U.A contendo 116

tipos fisionómicos modelos de combustível específicos, o denominado National

Fire Danger Rating System (NFDRS). Para cada modelo de combustível NFDRS

(21 ao todo) é indicado o valor característico da carga dos diferentes

compartimentos da fitomassa por unidade de área, bem como a proporção

tipicamente consumida pelo fogo.

Tradicionalmente, nos modelos de combustíveis, para os combustíveis lenhosos

mortos, são especificadas quatro classes de tamanho: 0-6 cm, 6-2,5 cm, 2,5-7,6

24

cm, e maiores de 7,6 cm de diâmetro médio [Albini, 1976]. A estes correspondem

tempos de humidade, definidos como o tempo necessário para um componente

do combustível atingir dois terços do seu conteúdo húmido de equilíbrio [Allgower

et al., 2004]. As classes de tamanho dos combustíveis podem também ser

descritas segundo o indicado na Tabela 2.

Tabela 2: Conjunto das classes de tamanho, dos combustíveis lenhosos,

considerado pelo Consume

Fonte: CONSUMEUser’s Guide

Fonte: Prichard et al. (2009)

O conteúdo húmido dos combustíveis é factor chave na análise do fogo. Influencia

a propagação do fogo, contribuindo para a variação da intensidade deste,

determinando que combustíveis estarão envolvidos na combustão e em que

extensão. O conteúdo húmido controla, ainda, os efeitos térmicos do fogo nos

minerais do solo e organismos subterrâneos. A sua caracterização é realizada

através de trabalho de campo, porque requer a recolha de amostras de diferentes

estratos da floresta e a sua posterior análise.

Geralmente, os combustíveis vegetais com muita humidade, como grandes

troncos e ramos das árvores, produzem vapor de água que baixa a temperatura

de combustão e, por conseguinte, favorece a fase de incandescência

[Statheropoulos, 2007].

diâmetro (metros) tempo de humidade (horas)

0-0,01 1

0,01-0,03 10

0,03-0,08 100

0,08-0,23 1000

0,23-0,51 10000

> 0,51 > 10000

25

2.2.3. factores de emissão

O factor de emissão, geralmente expresso em g.kg-1, indica a quantidade

libertada de um determinado poluente por massa de combustível consumido

[Andreae e Mertet, 2001]. A variedade de factores de emissão depende do

poluente, tipo e disposição do combustível, e da eficiência de combustão [Ottmar

et al., 2009]. Esta última é, usualmente, entendida como a fracção de carbono, na

forma de CO2 que é libertado durante a combustão. A eficiência de combustão é

maior na fase de chama do que na fase de incandescência.

Andreae e Mertet (2001) compilaram factores de emissão para mais de 100

compostos. Estes valores são reportados para diferentes biomassas, e não são

constantes entre estas, como demonstra o padrão relativamente grande de

desvios relatados nesse estudo.

Os intervalos entre os valores médios, relativos aos factores de emissão, para as

fases de chama e incandescência, são pequenos, contribuindo com cerca de 16%

do erro total nas estimativas de emissão dos incêndios florestais [Peterson, 1987;

Peterson e Sandberg, 1988].

Existe actualmente um conjunto, relativamente completo, de factores de emissão

de poluentes para os mais importantes tipos de combustíveis nos E.U.A. [Andreae

e Merlot, 2001; Battye e Battye, 2002; Environmental Protection Agency, 1996;

Hardy et al., 2001; Ward et al., 1989]. Miranda (2004) e Miranda et al. (2005)

apresentam uma selecção de factores de emissão aplicáveis às condições das

florestas do Sul da Europa.

2.2.4. factores ambientais A topografia e as condições atmosféricas, são factores ambientais que definem as

características gerais da paisagem. Os valores relativos às quantidades e

tipologias de vegetação, presentes em determinados locais ou regiões,

apresentam um elevado grau de dependência destes parâmetros ambientais. A

26

sua influência sobre o comportamento do fogo e, consequentemente, nas

emissões produzidas é evidente.

As condições atmosféricas, consideradas para a análise do fogo incluem a

temperatura do ar e humidade relativa, precipitação, estabilidade atmosférica e o

vento. Estes parâmetros, por sua vez, estão influenciados pela topografia do

terreno.

Devida à sua orientação solar, que determina a quantidade de calor recebida as

encostas viradas a Norte são menos sujeitas à actividade de fogos,

comparativamente com as que são viradas a Sul. As primeiras são mais

sombrias, o que, entre outras características, favorece uma maior humidade

relativa e conteúdos húmidos dos combustíveis [Pyne et al., 1996]. Relativamente

ao declive, quanto mais íngreme este for, mais rápido o incêndio se propaga

[NIFC, 2004]. A elevação do terreno também influencia o comportamento do fogo.

Por exemplo, os combustíveis que se encontram em elevações mais baixas, onde

a temperatura é maior, secam mais cedo no decurso do ano, relativamente aos

que estão em elevações mais baixas [NIFC, 2004]. O vento é considerado, em

Ferraz et al. (2009), como a variável ambiental mais crítica que afecta as

características dos incêndios florestais, e também a mais imprevisível ao longo da

sua progressão. Um dos impactos do vento está relacionado com o fornecimento

de oxigénio [NIFC, 2004]. O oxigénio, como combustível, é afectado pelas

condições meteorológicas e também pelas características da vegetação

(densidade ou compactação, forma e estrutura). A sua contribuição afecta os

componentes do fumo [Statheropoulos, 2007]. Por exemplo, a formação de CO e

partículas finas resulta de uma combustão incompleta, devido à disponibilidade

limitada de oxigénio (fase de incandescência); por outro lado, durante a

combustão completa (fase de chama), na presença de quantidades suficientes de

oxigénio, favorece-se a formação de CO2 e H2O.

27

3. Modelos para o cálculo das emissões dos fogos florestais

Desde 1980 que as emissões dos incêndios florestais têm despertado o interesse

das comunidades cientificas [Seiler e Crutzen, 1980].

As primeiras estimativas não consideravam a queima de combustível no estrato

mais baixo da floresta, como litter, líquenes e duff, e como consequência os

resultados são considerados mais baixos que os valores reais [Narayan et al.,

2007]. Porém, os progressos têm sido significativos e existem actualmente vários

modelos para a estimativa de emissões provenientes de fogos florestais. Por

exemplo, o modelo Global Wildland Fire Emissions Model (GWEM) usado para

estimar as emissões dos incêndios florestais a nível global [Hoelzemann et al.,

2004; Hoelzemann, 2006]. Usando, como dados de entrada, dados recolhidos por

satélite para a avaliação da área afectada pelo fogo, modelos para a carga de

combustíveis, factores de emissão, eficiência de combustão e regimes de

classificação da cobertura do solo. Na Tabela 3 listam-se alguns dos modelos

disponíveis para a estimativa das emissões dos fogos florestais.

Tabela 3: Modelos para estimar a produção de fumo

modelos

americanos

descrição e bibliografia

FOFEM First Order Fire Effects Model

Reinhardt et al., 1997

CONSUME Ottmar et al., 1993ª e 2000

FEPS

Fire Emissions Production Simulator, 2004, versão melhorada do EPM (Emissions

Production Simulator)

Sandberg e Peterson, 1984

SMSINFO Ottmar et al., 1993

FETM Fire Emissions Tradeoff Model

Schaaf et al., 1996

FASTRACS Fuel analysis, Smoke Tracking, and Report Access Computer System

URL. 3

28

modelos

europeus descrição e bibliografia

GWEM Global Wildland Fire Emissions Model

Hoelzemann et al.,2004

EMISPREAD Forest Fire Emissions Model for South-European Forest

Miranda et al., 2005a

No sentido estrito, um modelo refere-se à reprodução de um processo,

geralmente representado na forma matemática. De uma perspectiva operacional,

os modelos são usados para simular processos, por exemplo, o comportamento

do incêndio florestal, para fins de projecção, previsão e diagnóstico de um futuro

estado ou um conjunto de condições, por exemplo, efeitos nos ecossistemas.

A maioria dos modelos indicados na Tabela 3 baseia-se em formulações

empíricas e análise de regressão. Pela sua natureza empírica não devem ser

utilizados fora dos intervalos originais de aplicação.

A qualidade e quantidade dos dados de entrada para os diferentes modelos,

ainda estão longe de ser as desejáveis, particularmente no que respeita aos

dados meteorológicos e cartografia de modelos de combustível.

No presente estudo vão ser testados os modelos Norte americanos FOFEM,

CONSUME e FEPS, para estimar as emissões de incêndios florestais,

característicos do Sul da Europa. Os três modelos foram escolhidos por serem,

dos modelos listados na Tabela 3, os mais globalmente usados nesta área de

estudo.

29

3.1. CONSUME

O modelo de consumo de combustíveis CONSUME, concebido em 1993 [Ottmar

et al., 1993], para ser um programa interactivo destinado a assistir a gestão

territorial, como ferramenta de tomada de decisão sobre fogos controlados,

usados para manutenção e restauração de ecossistemas e para prevenção de

incêndios florestais. Foi desenvolvido para as condições da maioria das florestas,

arbustos e ervas da América do Norte [Ottmar et al., 2002].

O CONSUME estima o consumo de combustíveis, a emissão de poluentes e o

calor libertado, baseando-se nas condições meteorológicas e características dos

combustíveis. Divide o material combustível em dois tipos: os combustíveis que

resultam da actividade humana, empilhados e não-empilhados, e os combustíveis

naturais.

Os dados requeridos pelo programa variam com os tipos descritos, podendo

incluir áreas ardidas, vento, hora da ignição, declive do terreno, carga de

combustíveis, profundidade da matéria orgânica morta (figura 6), tamanho dos

amontoados de combustíveis e outros factores.

O CONSUME calcula as emissões de PM, PM10, PM2.5, CO, CO2, CH4 e NMHC.

As emissões das fases de chama, incandescência e residual são calculadas

separadamente e também somadas para disponibilizar as emissões totais. É

projectado para importar dados directamente do FCCS.

Toda a informação sobre o CONSUME e sem modo de funcionamento estão

disponíveis, para consulta, no site oficial dos Serviços Florestais Norte

Americanos [URL 7].

3.1.1. Cálculo do consumo de combustível

As equações usadas pelo CONSUME para o cálculo dos consumos de

combustíveis dividem-se de acordo com os diferentes estratos de combustível,

30

nomeadamente: canopy; arbustos; herbáceas; combustível lenhoso; litter, fetos e

líquenes; e duff. Na Tabela 4 resumem-se as equações para cada um dos

estratos referidos, em unidades americanas.

Tabela 4: compilação das equações do consumo para cada estrato florestal,

CONSUME.

estrato

Equações para o consumo de combustível

canopy (Eq. 2)

(Eq. 3)

arbustos

(Eq. 4)

Com, (Eq. 5) e

(Eq.6) herbáceas (Eq.7)

combustíveis lenhosos por classe de tamanho

c. lenhoso da classe 1-h (Eq. 8)

c. lenhoso da classe 10-h (Eq.9)

c. lenhoso da classe 100-h (Eq.10)

c. lenhoso da classe 1000-h

(Eq.11)

Com PC da Eq. 5 e

(Eq. 12)

c. lenhoso da classe 10000-h

(Eq. 13)

Com PC da Eq. 5 e

(Eq. 14)

c. lenhoso da classe

>10000-h

(Eq. 15)

Com PC da Eq. 5 e

(Eq. 16)

litter, fetos e liquenes

(Eq. 17)

duff

(Eq. 18)

31

Com,

CCfc é a carga de combustível consumida por fase de combustão (t.acre-1);

CEnt,z a carga de entrada por zona de canopy z (t.acre-1);

PCFC é a porção de carga consumida em cada fase de combustão;

CCc a carga consumida durante a fase de chama (t.acre-1);

CCI a carga consumida durante a fase de incandescência (t.acre-1);

CCR a carga consumida durante a fase residual (t.acre-1);

CCarb a carga consumida de arbustos (t.acre-1);

CEnt,arb a carga de entrada para os arbustos (t.acre-1);

PCArbustos é a fracção de carga consumida;

PN a percentagem de área afectada pela passagem do fogo (%);

CCHerb a carga consumida de herbáceas (t.acre-1);

CEnt,Herb a carga de entrada para as herbáceas (t.acre-1);

CC1-h a carga consumida da classe de combustível lenhoso 1-h (t.acre-1);

CEnt,1-h a carga de entrada para a classe dos combustíveis lenhosos 1-h (t.acre-1);

CC10-h carga consumida da classe de combustível lenhoso 10-h (t.acre-1);

CEnt,10-h a carga de entrada para a classe dos combustíveis lenhosos 10-h

(t.acre-1);

CC100-h carga consumida da classe de combustível lenhoso 100-h (t.acre-1);

CEnt,100-h a carga de entrada para a classe dos combustíveis lenhosos 100-h

(t.acre-1);

CC1000-h carga consumida da classe de combustível lenhoso 1000-h (t.acre-1);

CEnt,1000-h a carga de entrada para a classe dos combustíveis lenhosos 1000-h

(t.acre-1);

CC10000-h carga consumida da classe de combustível lenhoso 10000-h (t.acre-1);

CEnt,10000-h a carga de entrada para a classe dos combustíveis lenhosos 10000-h

(t.acre-1);

CC>10000-h carga consumida da classe de combustível lenhoso >10000-h (t.acre-1);

CEnt,>10000-h a carga de entrada para a classe dos combustíveis lenhosos >10000-h

(t.acre-1);

CH1000-h é o conteúdo húmido dos combustíveis lenhosos da classe 1000-h;

CCLF,Li é a carga consumida de litter, fetos e líquenes (t.acre-1);

32

RpL,F,Li a redução da profundidade de litter, fetos e líquenes, após a passagem do

fogo (polegadas);

DeL,F,Li a densidade de dos componentes litter, fetos e líquenes (t.acre-1.polegadas-

1);

CCDuff é a carga consumida de duff (t.acre-1);

RpDuff a redução da profundidade de duff, após a passagem do fogo (polegadas);

DeDuff a densidade de duff (t.acre-1.polegadas-1);

Os valores de profundidade de cada estrato, reduzida com a passagem do fogo,

são calculados pelo CONSUME. Os valores de densidade, são predefinidos pelo

programa.

3.1.2. Cálculo das emissões

O cálculo das emissões pelo CONSUME usa duas abordagens distintas [Prichard,

et al., 2009], uma para os combustíveis empilhados e outra para os não-

empilhados. Para os últimos, as estimativas das emissões são baseadas numa

série de factores de emissão, característicos de cada tipo de componente da

floresta e fase de combustão (Tabela 5), retirados de Ward et al. (1989) e Hardy

et al. (1998). O CONSUME considera iguais factores de emissão para as fases de

incandescência e residual

Tabela 5: Factores de emissão médios considerados pelo CONSUME.

Fase de combustão

factores de emissão por poluente

(kg poluente/t de

combustível consumido)

PM PM 10 PM 2.5 CO CO 2 CH 4 NMHC

chama 10 6,8 6,6 40 1143 1,3 2,2

incandescência 15 10 8,6 94 1036 5 4,5

residual 15 10 8,6 94 1036 5 4,5

33

O produto entre os consumos de combustíveis e os factores de emissão resulta

nas emissões, cujo somatório para os diferentes estratos consiste na emissão

total. As emissões, em unidades americanas, para as fases de chama e

incandescência são, respectivamente, calculadas por:

(Eq. 19)

(Eq. 20)

Em que,

Etotal,chama é a emissão total de poluentes durante a fase de chama (libras);

Etotal,incd é a emissão total de poluentes durante a fase de incandescência (libras);

Ctotal,Chama é o consumo total de carga durante a fase de chama (libras);

Ctotal,incd é o consumo total de carga durante a fase de incandescência (libras);

FEChama,P é o factor de emissão associado ao poluente P, durante a fase de chama

(libras/t);

FEIncd,P é o factor de emissão associado ao poluente P, durante a fase de

incandescência (libras.t-1);

34

3.2. FOFEM, First Order Fire Effects Model

O First Order Fire Effects Model (FOFEM) é um programa informático

desenvolvido para estimar efeitos de fogos controlados e incêndios florestais

[Reinhardt, 1997]. Como potenciais usos, incluem-se a avaliação de impacto,

desenvolvimento das especificações de salvamento, tácticas de combate, e toda

a gestão do incêndio.

Calcula a mortalidade das árvores baseando-se no comprimento e altura das

chamas, tamanho e espécies de árvores e o consumo de combustíveis, usando

equações de regressão com base no tipo de cobertura florestal, região, humidade

e época do ano. O FOFEM incorpora um amplo número de modelos de

combustíveis, com base numa revisão extensa da carga de combustíveis medida

em múltiplos ecossistemas americanos. Cada modelo conta com uma descrição

da vegetação e carga dos combustíveis para duff, litter, detritos lenhosos em três

classes de tamanho, ervas, arbustos, galhos de árvores vivas e folhagem. Estas

cargas, determinadas empiricamente, podem ser modificadas para melhor

reproduzir os combustíveis e simular. É sempre preferível introduzir as cargas

directamente, uma vez que os combustíveis variam muito com o tipo de cobertura

[Reinhardt, 1997].

Outro parâmetro de grande importância é o conteúdo em humidade do

combustível, calculado para duff, detritos lenhosos da classe 10-h e classe>100-h.

Os valores podem também ser fornecidos pelo programa ou introduzidos

directamente pelo utilizador.

O consumo de material lenhoso e litter é simulado usando o modelo físico

BURNUP para transferência de calor e intensidade do fogo [Albini e Reinhardt,

1995, 1997; Albini et al., 1995]. Para os outros combustíveis, o consumo é

previsto recorrendo a uma variedade de equações empíricas [Brown et al., 1985;

Harrington, 1987; Hough, 1978; Reinhardt et al., 1991]. O modelo BURNUP foi

modificado [Finney, 2001] de modo a providenciar estimativas separadas para o

35

consumo e emissão de partículas e gases, para as fases de chama e

incandescência [Ward et al., 1993].

Um pressuposto importante do FOFEM na previsão do consumo de combustível é

que a totalidade da área analisada é afectada pelo fogo, ou seja, não prevê

efeitos do fogo de forma desigual ao longo da área. Consequentemente, os

resultados devem ser ponderados com base na percentagem da área ardida.

Assume-se que o combustível consumido na fase de chama e incandescência, se

reparte em 0,95 e 0,75, respectivamente.

As emissões de PM10, PM2.5, CO, CO2, CH4, NOX e SO2, na fase de chama e

incandescência são estimadas, bem como o aquecimento do solo, para uma

gama de profundidades, ao longo do tempo, desde a ignição. A estimativa das

emissões é realizada multiplicando o consumo pelos factores de emissão, sendo

necessário conhecer a carga de combustível, por classe de tamanho, e o

conteúdo húmido deste. A produção de emissões é estimada para intervalos de

tempo, desde a fase de ignição até ao cessar da combustão.

O programa usa, separadamente, factores de emissão para as fases de chama e

incandescência. No entanto, as duas fases podem ocorrer simultaneamente,

dependendo da humidade presente nos combustíveis, classe de tamanho das

partículas combustíveis e da intensidade do fogo.

3.2.1. Cálculo dos consumos de combustíveis, FOFEM.

Na tabela 6 apresentam-se as equações base do cálculo do consumo de

combustíveis, para os diferentes estratos considerados.

36

Tabela 6: compilação das equações e assumpções para o consumo de cada

estrato florestal, FOFEM.

estratos Equações e assumpções

canopy

folhagem 100%

ramos 50%

arbustos

60% (generalidade das espécies)

combustíveis lenhosos

c. lenhosos da classe 1-

h e 10-h 90%

c. lenhosos da classe

100-h 65%

c. lenhosos da classe

1000-h (Eq. 21)

duff e litter

(Eq. 22)

Com,

CCL+D é a carga consumida de litter mais duff (t.acre-1);

CEnt,L+D é a carga de entrada de litter mais duff (t.acre-1);

CHD o conteúdo em humidade de duff (%);

RDiâmetro é a redução do diâmetro do material combustível 1000-h (polegadas);

CHc.1000-h o conteúdo em humidade do material combustível 1000-h (%);

Dqm a média quadrática dos diâmetros de material combustível 1000-h, antes do

evento;

37

3.2.2. Cálculo das emissões, FOFEM.

As emissões, provocadas pela combustão dos estratos considerados

anteriormente, são estimadas por métodos e pressupostos baseados em Hardy et

al. (1996). O consumo de cada estrato florestal é ordenado para cada fase de

combustão. Esta disposição, sugerida pelo programa, é baseada na humidade

geral, indicada pelo utilizador. Para os componentes da floresta como litter,

combustíveis vivos e pequenos ramos, assume-se que são afectados somente

durante a fase de chama. Para cada componente da floresta existem duas

eficiências de combustão, uma para cada fase de combustão.

Os factores de emissão relativos aos compostos PM2.5, PM10 e CO (Tabela 7)

dependem das eficiências de combustão e podem ser representadas por:

(Eq. 23)

(Eq. 24)

(Eq. 25)

Em que,

FEPM2.5 é o factor de emissão de PM2.5;

EC a eficiência de combustão;

FEPM10 é o factor de emissão de PM10;

FECO é o factor de emissão de CO;

38

Tabela 7: Factores de emissão e eficiência de combustão, considerados no

FOFEM

combustíveis EC

factores de emissão kg.t-1

PM10 PM2.5 CO

F. C F.I H M S H M S H M S

litter, c. lenhoso 0-0,03 (metros)

0.95

4,185 4,18 4,18 3,55 3,55 3,55 23,5

8 23,58 23,58

c. lenhoso 0,03-0,09 (metros)

0,92

6,3 6,3 6,3 5,35 5,35 5,35 50,1

3 50,13 50,13

c. lenhoso +0,09 (metros)

0,92 0,76 11,97 9,72 8,59 8,23 10,12 8,23 121 92,61 78,48

herbáceas, arbustos (metros)

0,85

11,29 11,2

9 11,2

9 9,58 9,585 9,58

112,1

112,14

112,14

duff (metros) 0,9 0,76 12,69 13,6

8 13,6

8 11,6

1 10,75

11,61

129,8

142,24

142,24

canopy (metros) 0,85

11,29 11,2

9 11,2

9 9,58 9,585 9,58

112,1

112,1 112,1

4

E.C.- eficiência de combustão; F.C.- fase de chama; F.I.- fase de incandescência;

H- ambiente húmido; M- humidade moderada; S- ambiente seco.

As emissões são calculadas pelo FOFEM, através da expressão:

(Eq. 26)

Onde,

EP é a emissão do poluente P (gramas);

FEP é o factor de emissão para o poluente P (g.kg-1);

B é a carga de combustível (kg.m-2);

A é a área consumida de combustível (m2);

39

3.3. Fire Emission Production Simulator (FEPS)

O Fire Emission Production Simulator (FEPS) [Anderson et al., 2004] é um

programa de computador concebido para cientistas e gestores de recursos. O

software produz informação relativa ao consumo, emissões e libertação de calor.

O FEPS é o resultado de uma melhoria do modelo original Emissions Production

Model (EPM), inclui dados de combustíveis do FCCS, e calcula as emissões e

libertação de calor, horária, de fogos controlados e incêndios florestais. Aceita

igualmente dados importados do FOFEM, CONSUME. Pode ser usado para a

maioria das florestas, matos e gramíneas típicas do mundo inteiro.

Os valores relativos ao consumo de combustível pelo fogo são calculados ao

longo da sua duração, e cada hora.

Os valores das emissões de poluentes CO, CO2 e CH4, e partículas PM, PM2.5 e

PM10 são obtidos, também, para cada hora. As características horárias do

combustível, são geridas através da distribuição do fogo pelos cinco componentes

da floresta: canopy, arbustos, herbáceas, material lenhoso, litter e duff.

O FEPS considera o comportamento do fogo e o período de ignição para estimar

as taxas de produção de emissões [Finney, 1998]. Simula a duração e a

combustão, para cada fase, para combustíveis lenhosos e duff.

3.3.1. Cálculo dos consumos de combustíveis, FEPS.

A percentagem de consumo de combustível calculado pelo FEPS varia,

essencialmente, com o conteúdo em humidade dos combustíveis.

O consumo de combustível para cada estrato da floresta é dado pela Equação 26:

(Eq. 26)

40

Em que,

CE representa a carga consumida por cada estrato E (t.acre-1);

PCCE a percentagem de carga consumida, para cada estrato E (%);

CCEnt,E a carga de combustível de entrada, para cada estrato (t.acre-1);

A percentagem de carga consumida para os estratos canopy, arbustos,

herbáceas e duff, é calculada pela Equação 27, e para o estrato dos combustíveis

lenhosos pela Equação 28:

(Eq. 27)

Em que,

PCCC,arb,herb,duff a percentagem consumida para cada um dos estratos (canopy,

arbustos, herbáceas e duff) (%);

cfh a categoria do factor de humidade;

(Eq. 28)

Em que,

PCCC.L. é a percentagem de carga consumida para os combustíveis lenhosos (%);

Fajust o factor de ajustamento para os combustíveis lenhosos (0,6);

EC a eficiência de combustão (0,31);

SH a sensibilidade à humidade (0,03);

CH1000-h o conteúdo em humidade dos combustíveis lenhosos da classe 1000-h

(%);

41

O cálculo da eficiência de combustão é realizado com base na equação 29:

(Eq. 29)

Em que,

ECi é a eficiência de combustão na hora i;

Kc é o coeficiente de eficiência de combustão na fase de chama (=90%);

Ki é o coeficiente de eficiência de combustão na fase de incandescência (=76%);

Kr é o coeficiente de eficiência de combustão na fase residual (=76%);

TCCi a taxa de consumo na fase de chama, durante a hora i;

TCIi a taxa de consumo na fase de incandescência, durante a hora i;

TCRi a taxa de consumo na fase residual, durante a hora i;

A percentagem de consumo para a classe litter é assumida pelo FEPS, como

sendo 100%.

Relativamente às diferentes fases de combustão, o FEPS calcula os consumos de

combustíveis e emissões de poluentes, é baseada nos seguintes passos:

1. Contribuição das fases de chama e incandescência;

2. Consumo da fase de chama e incandescência;

3. Profundidade do consumo na fase de chama e incandescência;

4. Tempo de residência da fase de chama e incandescência;

5. Taxa de decaimento da fase de chama e incandescência;

As equações associadas a cada um destes passos envolvem essencialmente:

dados relativos ao consumo total de combustíveis acima e abaixo do nível do

solo; coeficientes de contribuição; coeficientes de consumo acima e abaixo do

nível do solo, para cada fase de combustão; carga de combustível para o estrato

duff e coeficientes para os tempos de residência para cada fase (Tabela 8).

42

Tabela 8: Carga de combustível para o estrato duff e coeficientes para os tempos

de residência para cada fase

fases de combustão coef. de consumo coef. tempo de residência

chama C.a.s. 0,5

4/3 e 8 C.b.s. 0,2

incandescência C.a.s.

Não necessários 8/3 e 8 C.b.s.

residual C.a.s.

Não necessários 12 C.b.s.

Nota: C.a.s.—carga acima do nível do solo; C.b.s.—carga abaixo do solo; C.F.C.—consumo

durante a fase de chama; C.F.I.—consumo durante a fase de incandescência; C.total—consumo

total de combustíveis.

Os consumos de combustíveis ocorridos durante as fases de incandescência e

residência são calculados tendo em conta valores idênticos aos da fase de chama

(Equação 28):

(Eq. 28)

Em que,

Cc é o consumo de combustível durante a fase de chama (t.acre-1);

Kcas o coeficiente de consumo dos combustíveis acima do nível do solo;

Kcbs o coeficiente de consumo dos combustíveis abaixo do nível do solo;

Ccbs o consumo de combustível abaixo do nível do solo (duff) (t.acre-1);

Ccas o consumo de combustível acima do nível do solo (canopy, arbustos,

herbáceas, combustíveis lenhosos e litter) (t.acre-1);

43

3.3.2. Calculo das emissões, FEPS. As emissões dos diferentes poluentes considerados pelo FEPS são dadas,

genericamente, pela equação 30:

(Eq. 30)

Em que,

TEp,i é a taxa de emissão do poluente p na hora i (libras.min-1);

FEp o factor de emissão do poluente p (g.kg-1);

KFE,i a constante do factor de emissão do poluente p (g.kg-1) (Tabela 9);

ECi é a eficiência de combustão para a hora i (%);

TCtotal,i taxa de consumo, total, na hora i (t.hora-1);

Tabela 9: valores para kFE e factores de emissão, retirados do FEPS.

poluente constante (kFE) (g.kg-1) factor de emissão (FE) (g.kg-1)

CO2 0 1833

CO 961 984

CH4 42,7 43,2

PM2.5 67,4 66,8

As emissões totais são calculadas através da integração numérica das taxas de

emissão horárias, calculadas durante o período do evento:

(Eq. 31)

Em que,

Ep,total são as emissões totais do poluente p (libras.min-1);

TEp,i as taxas de emissão do poluente p á hora i (libras.min-1);

TEp,i-1 as taxas de emissão do poluente p á hora i-1 (libras.min-1);

∆t o passo de tempo, 60 minutos;

44

4. Ensaios com os Modelos

Com o objectivo de estimar as emissões de incêndios florestais em florestas do

Sul da Europa, aplicaram-se os três modelos descritos previamente e um caso de

estudo comum que represente uma floresta típica dessa região. Pretende-se

também avaliar qual o modelo mais adequado às características dos incêndios

florestais no Sul da Europa. Para uma melhor comparação entre os modelos

optou-se por considerar de um único tipo de coberto florestal. Este reflecte,

mesmo com algumas limitações, o tipo mais comum de povoamento encontrado

no Sul da Europa. O facto de todos os modelos usarem, ou apoiarem-se, no

FCCS, possibilita uma melhor análise comparativa.

Segundo o Inventario Florestal Nacional (IFN) [IFN, 2008], as espécies

predominantes das florestas portuguesas são o pinheiro bravo, pinheiro manso,

eucalipto e árvores de folha caduca. Uma análise dos modelos de combustível

(FCCS) existentes no FOFEM, CONSUME e FEPS, permitiu verificar que as

espécies nacionais predominantes não constam do sistema. Assim, tendo em

consideração o trabalho de Fischer et al. (1996) e informação disponível no Fire

Effects Information System (FEIS), seleccionou-se o pinus ponderosa (Interior

Ponderosa pine no sistema) como a espécie mais parecida com uma espécie

comum em Portugal. A semelhança entre as duas árvores verifica-se na

densidade das copas, estrutura do povoamento e a resistência contra regimes de

fogos distintos.

Os valores usados para operar os modelos foram, na sua maioria, obtidos a partir

de estudos nacionais específicos para a floresta dominada por pinheiro bravo,

usada como padrão. Determinados parâmetros, necessários, não se encontram

suficientemente especificados para a floresta pretendida, e por isso foram

arbitrados ou adoptados de outros tipos de cobertos.

45

4.1. Ensaio com o CONSUME

Relativamente à operacionalidade do CONSUME, pode afirmar-se que se divide

em cinco etapas. Só após a sua conclusão, o programa tem condições para

calcular o que se pretende. As etapas são:

Identificação geral do Projecto;

Identificação das Unidades;

Coberto vegetal;

Na Tabela 10 listam-se a informação fornecida como dado de entrada para as três

primeiras etapas.

Tabela 10: Dados de entrada usados para as três primeiras etapas

Etapas dados

Identificação geral do Projecto:

Nome do Projecto: Portugal

Nome da organização: Universidade de Aveiro

Data de inicio: 04-08-2004

Data de fim: 05-08-2004

Status: Actividade Planeada

Identificação das Unidades

Nome da unidade: Mediterrâneo

Data do incêndio: 04-08-2004

Tipo de tratamento: incêndio florestal

Coberto vegetal

Tipo de coberto: "Natural"

Nome do coberto: Pinhal

Área (acres): 1000

Região ecológica: "260 Mediterranean"

Forma da vegetação: floresta de Coníferas

Cobertura dominante: "SAF 237 Interior Ponderosa Pine"

46

Características dos combustíveis;

A quarta etapa destina-se às características gerais dos diferentes estratos da

floresta, são eles:

canopy

Na tabela 11 apresentam-se os valores de carga de combustíveis para o estrato

canopy.

Tabela 11: Dados de entrada usados para o estrato canopy, CONSUME.

canopy cargas de canopy

t.ha-1 t.acre-1

árvores Total: 20,9 Total: 8,50

canopy alta 5,6 2,3

canopy media 10,2 4,2

canopy baixa 4,9 2

“Trepadeiras” 4,9 2

material lenhoso Total: 136,2 Total:55,29

class 1a 68,1 27,6

class 1b 68,1 27,6

Total 162,2 65,79

Classe 1a— material lenhoso com folhas; classe 1b— material lenhoso sem

folhas

Canopy alta diz respeito à folhagem e ramos (vivos) das árvores mais altas da

floresta e os valores foram consultados na Agência Europeia do Ambiente (EEA)

[EEA, 1999], para o pinheiro bravo. A carga de folhagem das árvores de porte

médio, canopy média, foi calculada por Fernandes et al. (2002), sob a

denominação de ―carga de folhada inferior”. canopy baixa ou sub-bosque é a área

da floresta que cresce no nível mais baixo da canopy e, geralmente, é composta

por uma mistura de pequenas plantas, mudas de árvores maiores, juntamente

com arbustos e ervas. A carga de combustível utilizada para este ensaio foi

inspirada nos dois valores anteriores.

47

Para além dos ramos das árvores, qualquer componente da floresta que ajude o

fogo a subir até à canopy é considerado de ―Trepadeira‖. Fontes de combustíveis

não vegetais, como troncos empilhados, vedações e estruturas em madeira,

também devem ser considerados como ―Trepadeiras‖. Os valores de carga

introduzidos neste parâmetro foram sugeridos pelo CONSUME, de acordo com o

tipo de espécie vegetal considerado como ―Trepadeira‖, neste caso, líquenes que

crescem nos troncos das árvores. No entanto, o programa reconhece outros tipos

de espécies, que poderiam, igualmente, figurar na floresta.

Na categoria de material lenhoso, ou seja, ramos ou troncos, na totalidade ou

parcialmente, mortos, foram considerados os troncos ou ramos com ou sem

folhagem (neste caso, agulhas), também pertencentes á canopy. Os cálculos das

cargas foram realizadas pelo próprio programa através da introdução das

variáveis características das florestas portuguesas, tais como o diâmetro, altura e

densidade de árvores (Tabela 12).

Tabela 12: Dados introduzidos, necessários para o cálculo de cargas, CONSUME

Característica das

árvores

Valores em unidades

europeias

Valores em

unidades

americanas

bibliografia

altura média 9,8 metros 32 pés Fernandes et al., 2006

altura da copa 5,3 metros 17 pés

diâmetro à altura

do peito 18 centímetros 6 pés Fernandes et al., 2000

percentagem de

coberto 84%

Fernandes et al., 2006

densidade 870 árvores.ha-1 352 árvores.acre-1 Fernandes et al., 2000

Arbustos

Os valores de carga de combustível para o estrato da floresta relativa aos

arbustos são calculados pelo CONSUME (Tabela 14), baseando-se num conjunto

48

de dados, tais como, a altura e percentagem de coberto de arbustos para a

floresta portuguesa nomeadamente para povoamentos de pinheiro bravo (tabela

13).

Tabela 13: Altura e percentagem de coberto de arbustos representativa dos

povoamentos de pinheiro bravo.

Características Valores em

unidades internacionais

Valores em

unidades americanas fonte

percentagem de coberto 54,50% Fernandes et al., 2002

altura 0,42 metros 1,4 pés

Tabela 14: Dados de entrada introduzidos para o estrato de arbustos, CONSUME

A percentagem de arbustos consumida pelo fogo, também é calculada pelo

programa, usando dados de entrada relativos á percentagem de herbáceas

presentes na floresta, conteúdo em humidade dos combustíveis lenhosos da

classe 0,01-0,03 metros e velocidade do vento, este último foi sugerido por

Fernandes et al. (2000).

Parâmetros

cargas de combustíveis

unidades internacionais unidades Americanas

t.hectare-1 t.acre-1

arbustos 6 2,43

percentagem de consumo 99,9

% vivos 100

Total 6 2,43

49

herbáceas

No caso das herbáceas, os valores foram obtidos de Fernandes et al. (2000), tal

como se apresenta na Tabela 15.

Tabela 15: Dados de entrada introduzidos para as herbáceas, CONSUME

carga de combustíveis

unidades internacionais unidades americanas

t.hectare-1 t.acre-1

herbáceas 0,79 0,32

% Vivo 100

combustíveis lenhosos

O CONSUME requer 6 classes de tamanho (tabela 2) e ainda carga de

combustíveis lenhosos apodrecidos. Os dados para estes parâmetros foram

retirados de dois estudos diferentes. Os três primeiros provêm da base de dados

PROMETHEUS (1999). Os restantes foram baseados em Fernandes et al. (2002),

que calculou uma gama de valores entre 1,2-15,2 t.ha-1 para a carga de

combustíveis lenhosos com diâmetro médio superior a 6 milímetros. Sendo 15,2

t.ha-1 o valor máximo admitido no referido estudo, os valores atribuídos para as

três cargas em falta (respectivamente 0,08-0,23, 0,23-0,5 e >0,51 metros) foram

distribuídos de forma a não exceder o, referido, valor limite.

Não foi possível encontrar documentação para a carga de combustíveis em

decomposição ou apodrecidos. Por isso, os valores usados foram inspirados nas

cargas definidas anteriormente, considerando que o combustível apodrecido tem

geralmente um carga um pouco inferior.

Na Tabela 16 apresentam-se os dados de entrada utilizados para combustíveis

lenhosos:

50

Tabela 16: Dados de entrada introduzidos para combustíveis lenhosos,

CONSUME

classes de tamanho

(m)

cargas de combustíveis

lenhosos

cargas de combustíveis lenhosos

apodrecido

unidades

internacionais

unidades

americanas

unidades

internacionais

unidades

americanas

t.ha-1 t.acres-1 t.ha-1 t.acres-1

0-0,01 3,7 1,5

0,01-0,03 2,2 0,93

0,03-0,08 1,08 0,44

0,08-0,23 1,18 0,48 0,98 0,4

0,23-0,51 2,46 1 2,46 1

> 0,51 3,9 1,6 2,46 1

total 14,52 5,95 5,9 2,4

litter, líquenes e fetos

A compactação da manta morta florestal difere extraordinariamente entre

espécies, sendo os extremos inferiores e superiores representados,

respectivamente, por caducifólias de folha larga [Valette e Portier, 1992] e

coníferas de agulha curta [Van Wagtendonk et al., 1998].

As cargas de litter, fetos e líquenes são calculadas pelo CONSUME com base na

profundidade e percentagem de cada coberto para o povoamento de pinheiro

bravo. Os valores para a profundidade de litter foram retirados de Fernandes et al.

(2000); para a profundidade de líquenes o valor foi arbitrado, devido à falta de

dados; e no caso dos fetos a informação obtida a partir de Fernandes et al.

(2002). Como a maioria dos estudos relativos à carga de folhas secas, líquenes e

fetos, são expressos em profundidade média, o CONSUME calcula a redução do

chão da floresta, para cada um destes componentes, e multiplica-a pela sua

densidade relativa, de modo a determinar o consumo [Prichard, et al., 2009]. As

percentagens de coberto para cada classe, encontram-se disponíveis em

Fernandes et al. (2002) e apresentam-se na Tabela 17.

51

Tabela 17: Dados de entrada para litter, líquenes e fetos, CONSUME

variedades

profundidade ou altura percentagem de coberto

unidades internacionais unidades Americanas

metros polegadas %

litter 0,0249 0,83 84

líquenes 0,0249 0,83 84

fetos 0,3 10 84

Combustíveis do subsolo

A camada abaixo do litter é composta por material de origem vegetal,

parcialmente decomposto. O duff ou turfa é formado principalmente por

Sphagnum (grupo de musgos) e Hypnum, mas também de juncos, árvores, etc

(Figura 6). Por ser inflamável, é utilizado como combustível para aquecimento

doméstico. O volume mundial estimado para a turfa é de 4 triliões de m3, o que

significa 2% da massa global da Terra [World Energy Council (2007)]. Os valores

usados para este parâmetro foram retirados de Fernandes (2000) e listam-se na

Tabela 18.

Tabela 18: Dados de entrada para duff, CONSUME

duff

profundidade

percentagem de coberto unidades internacionais

unidades

americanas

metros polegadas %

duff superior 0,018 0,6 100

duff inferior 0,012 0,4 100

Total 0,03 1 100

A acumulação basal refere-se à acumulação de matéria orgânica, viva e morta,

que se dispõe em redor das árvores. Os valores adoptados neste parâmetro

foram arbitrados, dada a falta de informação na bibliografia consultada, e

apresentam-se na Tabela 19.

52

Tabela 19: Dados de entrada para a acumulação basal, CONSUME

acumulação basal unidades internacionais unidades americanas

profundidade 0,03 metros 1 polegadas

raio 0,09 metros 0,3 pés

% afectada 50

Variáveis ambientais

Os parâmetros ambientais, como conteúdo em humidade dos combustíveis

lenhosos (10-hr, 1000-hr) e duff foram conseguidos para a floresta portuguesa,

especificamente para povoamentos de pinheiro bravo [Fernandes et al., 2000]. A

percentagem de carga de canopy consumida foi arbitrada. Na Tabela 20 listam-se

os dados de entrada para as variáveis ambientais.

Tabela 20: Dados de entrada introduzidos para as variáveis ambientais

classes Conteúdo em humidade (%)

c. lenhoso de 0,01-0,03 (metros) 12

c. lenhoso de 0,08-0,23 (metros) 20

duff 145

percentagem de canopy consumida 85

53

4.2. Ensaio com o FOFEM

O FOFEM apresenta 4 módulos distintos:

Mortalidade;

Consumo de combustível;

Produção de fumo;

Aquecimento do solo;

Os 3 últimos partilham os mesmos dados de entrada. Porém como o objectivo é a

estimativa das emissões, apenas se utilizam os módulos: Consumo de

Combustível e Produção de Fumo.

Vários passos são necessários para estimar as emissões. Uma vez que estas

dependem do consumo de combustíveis, o seu cálculo é essencial. Por sua vez,

este valor depende da área ardida, quantidade de material combustível por

unidade de área, características e condições do combustível [Battye e Battye,

2002].

Começa-se por introduzir a zona geográfica, cuja escolha recaiu em ―Pacific

West”, uma vez que é nesta região dos E.U.A. que se encontra a região ecológica

“Mediterranean‖ (utilizada na aplicação do CONSUME) [Prichard, et al., 2009]. Foi

usado o mesmo sistema de classificação de combustíveis (FCCS) e o mesmo tipo

de cobertura ("SAF 237 Interior Ponderosa Pine") (Tabela 21).

54

Tabela 21: Valores de carga introduzidos no FOFEM

combustíveis cargas de combustíveis

t.ha-1 t.acre-1

litter 4,44 1,8

classe 0-0,01 (m) 3,7 1,5

classe 0,01-0,03 (m) 2,29 0,93

classe 0,03-0,08 (m) 1,08 0,44

classe > 0,08 (m) 7,6 3,08

duff 20,5 8,33

herbáceas 0,79 0,32

arbustos 6 2,43

folhagem 20,9 8,5

ramos 136,51 55,29

total 203,81 82,62

A maioria dos dados de entrada no FOFEM é idêntica aos usados no CONSUME.

Para os valores de carga de litter, recorreu-se à estimativa realizada pelo

CONSUME, somente para este estrato. Para as diferentes classes de tamanho

dos combustíveis lenhosos, os valores introduzidos das cargas foram inspirados

nos utilizados pelo CONSUME. Para as três primeiras classes, os dados são

idênticos, para a última (classe >1000-h) foi usado o somatório dos três maiores

classes (1000-h, 10000-h e >10000-h), consideradas no CONSUME.

No caso do duff o valor para a sua carga foi calculado pelo FOFEM a partir do

conteúdo em humidade e profundidade [Fernandes, 2000]. Para o estrato das

herbáceas a carga de combustível foi retirada de Fernandes et al. (2000). No que

respeita à carga de vegetação arbustiva, esta foi retirada dos resultados do

ensaio com o CONSUME. Os valores de carga para folhagem e ramos foram

inspirados nos do CONSUME, apesar de existir a possibilidade de se

encontrarem algo exagerados. Esta aproximação justifica-se pela falta de

documentação disponível para estas componentes das árvores, em especial para

o pinheiro bravo. O FOFEM requer a percentagem do total dos combustíveis

55

lenhosos que se encontra podre. Arbitrou-se um valor de 30%, devido à

indisponibilidade de informação na bibliografia pesquisada.

As variáveis ambientais como o conteúdo em humidade dos combustíveis

lenhosos das classes 10-h, 1000-h, e duff, estão apresentadas na tabela 20, bem

como a percentagem de carga canopy consumida.

4.3. Ensaio com o FEPS

O FEPS baseia-se, para o cálculo do consumo e emissões dos incêndios

florestais em cinco etapas: informação do evento, carga de combustíveis,

conteúdo em humidade dos combustíveis, consumo de combustíveis e horário

dos dados de entrada. A Tabela 22 ilustra os dados de entrada referentes à

primeira etapa.

Tabela 22: Dados de entrada para informação do evento, FEPS.

Características do evento dados

data de inicio 01-01-2004

data de fim 03-01-2004

forma do incêndio propagação livre oval

tipo de evento incêndio florestal severo

A segunda etapa diz respeito à carga de combustíveis. O tipo de povoamento

usado foi novamente de “Interior Ponderosa Pine”, e as cargas introduzidas

encontram-se descritas na tabela 23. Estes valores foram adaptados na totalidade

do ensaio com o CONSUME.

56

Tabela 23: Dados introduzidos para as cargas de combustíveis, FEPS

estratos da floresta

cargas de combustíveis

unidades internacionais unidades americanas

t.ha-1 t.acre-1

canopy 162,2 65,7

arbustos 6 2,43

herbáceas 0,79 0,32

material lenhoso 20,6 8,35

litter 4,4 1,8

duff 20,56 8,33

total 214,55 86,93

O conteúdo em humidades dos combustíveis que, juntamente com a carga e

características ambientais, ditam o consumo de vegetação, calculado pelo FEPS,

foi definido para os combustíveis lenhosos, combustíveis vivos e duff,

considerando ainda um ambiente geral muito seco.

Na quarta etapa não se adicionaram valores, aproveitando os consumos

sugeridos pelo FEPS (Tabela 24).

Tabela 24: Dados introduzidos para o conteúdo húmido dos combustíveis e

percentagens de consumo de combustíveis adoptadas pelo FEPS.

humidade dos combustíveis (%)

perfil de humidade

dos combustíveis 1-h 10-h 100-h 1000-h vivos duff

Ambiente muito seco 4 12 15 20 60 145

estratos da

floresta canopy arbustos herbáceas c. Lenhosos litter duff

consumo calculado

Pelo FEPS (%) 86 89 94 38 100 86

57

A quinta e última etapa destina-se à introdução do horário do incêndio, ou seja, as

datas de início e fim do evento, as horas de duração do fogo. Nesta fase do

projecto o programa apresenta datas e toda a informação relativa à área ardida,

condições ambientais (temperatura, humidade relativa e velocidade do vento) e os

períodos de chama e incandescência. Apesar do FEPS possibilitar o ajuste destes

números, pelo utilizador, foram usados os indicados pelo programa.

58

5. Análise dos resultados com os ensaios

A abordagem aos resultados dos ensaios com os três modelos começa com a

análise aos consumos de combustíveis (Tabelas 25, 26 e 27).

Tabela 25: Consumo de combustível por fase de combustão, CONSUME

carga de entrada (t.ha-1) consumo dos combustíveis (t.ha-1)

chama incandescência residual total

total do Projecto 236,15 63,57 17,69 19,99 101,20

canopy 147,49 18,95 2,24 1,05 22,24

arbustos 5,45 4,71 0,247 0 4,952

herbáceas 0,722 0,632 0,0332 0 0,665

combustíveis lenhosos 18,72 6,80 1,79 1,02 9,617

litter 33,28 31,41 1,88 0 33,29

duff 30,49 1,08 11,46 17,89 30,44

Tabela 26: Consumo de combustível calculado pelo FOFEM

Componente carga Inicial

(t.ha-1)

carga consumida

(t.ha-1)

carga restante

(t.ha-1)

redução

(%)

humidade

(%)

litter 4,44 4,44 0 100

classe 0-0,01 m 3,70 3,70 0 100

classe 0,01-0,03 m 2,29 2,29 0 100 12

classe 0,03-0,08 m 1,08 0,74 0,34 68,70

classe > 0,08 m 5,33 0,34 4,96 6,70 20

classe > 0,08 m

apodrecido 2,27 0,44 1,82 19,90 20

duff 20,56 4,51 16,04 21,90 145

herbáceas 0,79 0,79 0 100

arbustos 6,00 3,60 2,39 60

folhagem 20,90 17,80 3,13 85

59

Tabela 27: Consumo de combustíveis (por fase de combustão) e emissões de

poluentes, para toda a área de projecto, FEPS.

fase da combustão total de consumo (toneladas)

chama 33,34

incandescência 28,3

residual 1,4

total 63,06

poluentes emissões de poluentes (toneladas)

CO 8850

CH4 421

PM2.5 737

Os Modelos CONSUME, FOFEM e FEPS são diferentes, tanto na variedade dos

dados de entrada como nos pressupostos em que assentam e nos resultados que

produzem.

O consumo de combustíveis depende de várias condições ambientais, tais como

a humidade, velocidade do vento, temperatura, entre outras. A caracterização

destas variáveis nem sempre é possível de controlar. Ao contrário do FEPS, no

CONSUME e FOFEM, não foi possível introduzir estes valores, pois os próprios

programas já dispõem desta informação. Ou seja, apesar da maioria dos dados

reunidos para operar os modelos, terem sido os mesmos, não bastam para

realizar ensaios idênticos em termos de resultados.

Relativamente ao consumo de combustíveis, para cada estrato que compõe a

floresta, as maiores diferenças entre os resultados, de cada um dos modelos,

verificam-se para os estratos canopy, litter e duff. Na Tabela 28 apresentam-se as

percentagens de carga combustível para os estratos considerados pelos três

modelos.

60

Tabela 28: Percentagens da carga de combustíveis consumidas, para os três

ensaios

estrato floresta FOFEM CONSUME FEPS

% t.ha-1 % t.ha-1 % t.ha-1

canopy 47 75,88 15 22,26 86 139,51

arbusto 60 3,60 90 4,95 89 5,29

herbáceas 100 0,790 92 0,665 94 0,690

combustíveis

lenhosos 51 7,53 51 9,62 38 7,88

duff 22 4,51 99 30,44 86 17,60

litter 100 4,44 100 33,29 100 4,44

Os cálculos para as cargas de combustíveis de entrada e o seu consumo, pela

passagem do fogo, seguem metodologias e aproximações diferentes para cada

modelo, residindo aí as diferenças comentadas. No que se refere ao estrato

canopy, os valores de carga inicial (antes do Incêndio) são semelhantes entre os

modelos, pois resultam das mesmas fontes porém os valores para as

percentagens de consumo das cargas de combustíveis revelam uma situação

contrária. As diferenças nesse parâmetro devem-se à utilização de equações,

para cálculo dos consumos, que estão integradas nos modelos e que são

diferentes entre si, até nas variáveis que usam. Para o CONSUME a percentagem

consumida para este estrato foi de 15% (Tabela 28), apesar da percentagem de

consumo para a folhagem das árvores ter um valor assumido de 85% (tabela 20).

Para o FOFEM e FEPS estas percentagens são, respectivamente, 47% e 86%

(Tabela 25). O facto de o CONSUME englobar os ramos da copa, finos e grossos,

e os troncos das árvores como componentes da canopy, ambos com elevado

conteúdo em humidade, fez com que a percentagem de carga consumida fosse

menor, comparativamente com os outros dois modelos. Além da folhagem das

árvores, o FOFEM e o FEPS, englobam apenas os ramos finos das copas no

estrato de canopy, ambos combustíveis, geralmente, mais consumidos pelas

chamas.

61

A discrepância entre os valores calculados para as cargas consumidos de litter,

justifica-se com o facto de o CONSUME incluir neste estrato os fetos e líquenes.

As diferenças verificadas nas cargas de combustíveis iniciais para duff, derivam

do CONSUME, relativamente a este estrato, incluir as acumulações de matéria

orgânica junto das árvores, contrariamente aos outros dois modelos. A

percentagem calculada de carga consumida também apresenta diferenças

consideráveis entre os três programas (Tabela 28). A justificação, reside nas

equações integradas nos modelos, que contemplam as reduções de

profundidades e/ou conteúdos húmidos de duff, tal como descrito no capitulo

anterior.

Os três modelos reportam os consumos, distribuídos pelas fases de combustão.

No CONSUME e FEPS são consideradas as fases de chama, incandescência e

residual (Tabelas 25, 27), enquanto o FOFEM cujos resultados por fase se

apresentam na tabela 29, apenas reporta chama e incandescência. Mesmo assim

é possível fazer uma análise comparativa entre os modelos no que diz respeito a

esta parte. Todos calculam o maior consumo na fase de chama. No entanto,

também aqui, existem algumas diferenças entre os resultados dos modelos.

Enquanto para os modelos CONSUME e FEPS (Tabelas 22 e 24), as variantes

entre as fases de combustão não diferem tanto, para o FOFEM, a fase de chama

sobrepõem-se significativamente à fase de incandescência (Tabela 26), no

consumo de combustíveis. Esta situação influencia a produção de emissões, e

resulta do evento, simulado pelo FOFEM, ter a duração de cerca de uma hora, ou

seja, a larga maioria dos combustíveis introduzidos é consumida na fase de

chama, remetendo para a fase de incandescência, mais demorada, uma reduzida

fracção de combustíveis florestais.

Tabela 29: Consumo de combustível por fase de combustão, dado pelo FOFEM

fase de combustão consumo (t.ha-1)

chama 88,64

incandescência 8,12

total 96,77

62

O CONSUME é dos três modelos, aquele que analisa com mais detalhe as

consequências da queima de biomassa na floresta, pois, fornece os consumos

para os diferentes estratos considerados, por fases de combustão (Tabela 25). Os

combustíveis lenhosos e duff são naturalmente mais lentos a arder, dadas as

suas características, nomeadamente a sua densidade elevada, e, como tal, são

maioritariamente consumidos nas duas últimas fases do processo de combustão.

Os restantes combustíveis pela razão oposta são carbonizados, quase na

totalidade, durante a fase de chama. Todos estes pressupostos, estão

directamente condicionados pelos factores temporais e ambientais.

Os valores calculados para as emissões de poluentes atmosféricos revelam, para

qualquer um dos modelos usados, a seguinte distribuição de compostos emitidos,

por ordem crescente de quantidade: SOx, CH4, NOx, PM2.5, PM10, PM1, CO e CO2.

Os valores de emissão dos vários poluentes, estimados pelos 3 modelos

apresentam-se na tabela 30.

Tabela 30: Cargas de poluentes emitidos, estimadas pelos modelos (t.ha-1).

Poluente CONSUME FOFEM FEPS

PM1 1,51

PM10 1,07 0,445

PM2.5 0,979 0,38 1,81

CO 8,19 2,75 21,80

CO2 164,01 152,20

NOx

0,257

SO2

0,088

CH4 0,370 0,164 1,03

NMHC 0,295

Os valores dispostos na Tabela 30, relativos ao ensaio com o FEPS, foram

calculados tendo em consideração as emissões apresentadas na tabela 27 e a

área afectada (405 hectares), com base na equação seguinte:

63

(eq. 32)

As quantidades são diferentes para cada modelo, como seria de esperar, visto

que são proporcionais às cargas de combustíveis. A partir dos resultados dos

ensaios com os programas, especialmente do CONSUME, é possível comparar

as influências de cada estrato da floresta na produção de compostos poluentes

(Tabela 31).

Tabela 31: Emissões por estrato da floresta, CONSUME.

poluente

(t.ha-1)

canopy arbustos herbáceas combustíveis

lenhosos litter duff total

PMtotal 0,26 0,050 0,0067 0,132 0,341 0,724 1,51

PM 10 0,17 0,031 0,0043 0,091 0,215 0,545 1,06

PM 2.5 0,17 0,027 0,038 0,082 0,189 0,507 0,979

CO 1,31 0,244 0,033 0,704 1,67 4,237 8,19

CO 2 37,12 8,37 1,12 15,75 56,198 45,454 164,014

CH 4 0,052 0,0089 0,0012 0,030 0.061 0,216 0,400

Analisadas as emissões produzidas por cada estrato, verifica-se que os estratos

da floresta mais consumidos pelo fogo, foram também aqueles que mais

quantidades de poluentes emitiram. Os estratos de litter e duff são aqueles que,

quando expostos ao fogo, contribuem mais para a produção de fumo total,

emitindo o primeiro mais que o segundo. No entanto, analisando individualmente

os poluentes emitidos, verifica-se que duff produz, proporcionalmente, mais

quantidade de poluentes, à excepção de CO2. Neste contexto, é bem evidente

que os combustíveis mais decompostos emitem, proporcionalmente, mais fumo.

Todos os combustíveis inseridos nas estimativas mostram maior tendência a

emitir, em termos de quantidades, primeiro o CO2, depois o CO, PM2.5, PM10 e

PMtotal, sendo as únicas excepções o CH4 e NMHC. O CH4, comparativamente

com o NMHC, é emitido, proporcionalmente, em maiores quantidades pela

64

canopy, combustíveis lenhosos e duff, e em menores pelos arbustos, herbáceas,

e litter.

Os resultados conseguidos com o CONSUME, para as emissões de poluentes

atmosféricos, demonstram bem o contributo de cada fase de combustão para as

quantidades de cada composto emitido e para o total (Tabela 32). Como seria de

esperar, os poluentes PMtotal, PM2.5, PM10, CO, CH4 e NMHC foram

maioritariamente produzidos durante as fases de incandescência e residual,

enquanto o CO2 é produto, na sua maioria, da fase de chama. Entre as fases de

incandescência e residual, é de notar um maior contributo para as emissões totais

da última.

Tabela 32: Emissões por fase de combustão, CONSUME

poluente emissões por fase de combustão (t.ha-1)

chama incandescência residual total

PMtotal 0,59 0,429 0,485 1,51

PM10 0,365 0,324 0,37 1,06

PM2.5 0,33 0,305 0,342 0,97

CO 2,83 2,52 2,85 8,19

CO2 108,10 26,232 29,69 164,01

CH4 0,095 0,128 0,146 0,370

NMHC 0,114 0,084 0,095 0,29

A mesma análise, relativamente ao FOFEM, cujos resultados se encontram na

Tabela 33, revela um cenário diferente. Neste caso, os únicos poluentes emitidos

em maiores quantidades durante a fase de incandescência, comparativamente à

fase de chama, são o CO e o CH4.

65

Tabela 33: Emissões dos diferentes poluentes por fase de combustão, FOFEM

poluentes emissões por fase de combustão (t.ha-1)

chama incandescência totais

PM10 0,24 0,197 0,445

PM2.5 0,21 0,167 0,38

CH4 0,064 0,100 0,165

CO 0,524 2,22 2,747

CO2 143,15 9,05 152,20

NOx 0,26

0,26

SO2 0,080 0,007 0,088

O FEPS permite o cálculo das emissões ao longo da duração do fogo florestal.

Nas figuras 7 e 8 apresentam-se as taxas de emissão para os poluentes CO e

PM2.5, respectivamente. Nelas é possível observar a variação do comportamento

do fogo assumido pelo FEPS. Ele prevê, que a ignição do fogo se dá quando o

dia nasce (8 horas), ou seja, quando se encontram reunidas as condições de

temperatura e humidade ideais para esse efeito, e, quase se extingue quando cai

a noite, com o decréscimo da temperatura e aumento da humidade.

Figura 7: representação grafica da emissão de CO, FEPS.

Fonte: Ensaio com o FEPS.

66

Figura 8: representação gráfica da emissão de PM2.5, FEPS.

Fonte: Ensaio com o FEPS.

Uma análise diferente aos resultados conseguidos com os modelos pode ser

realizada, comparando-os com outras estimativas já realizadas na Europa,

usando outros modelos, ou não. O estudo realizado por Silva et al. (2006), onde

se estimaram as emissões originadas por fogos rurais em Portugal, poderá ser

um bom exemplo comparativo. A Tabela 34 contém as características

consideradas nesse estudo, bem como os valores calculados para as emissões

de CO2.

Tabela 34: Exemplo, para o ano de 1999, de valores de CO2 emitidos pelas

diferentes classes de ocupação do solo.

ocupação do

solo

área

ardida

(ha)

biomassa

consumida (t.ha-1)

factor de emissão

(kgCO2/kg.b.c)1

total emitido (kg

CO2)

pinheiro

bravo 9893 15,290 1,7483 2,64E+08

pinheiro

manso 38 11,130 1,7483 739000

floresta mista 4076 14,900 1,7483 1,06E+08

67

1valores obtidos a partir de Merlet e Andreae (2001) (kilogramas de CO2 por

kilogramas de biomassa consumida).

Da Tabela 34 é possível retirar a emissão de CO2 por hectare, para cada um dos

tipos de ocupação, dividindo o total emitido pela área ardida. Os valores de CO2

emitidos, para p. bravo, p. manso e floresta mista são, respectivamente, 26,7 t.ha-

1, 19,5 t.ha-1 e 26,1 t.ha-1. Quando comparados com os valores calculados nos

ensaios com os modelos CONSUME e FOFEM, respectivamente, 164,014 t.ha-1 e

152,204 t.ha-1 (Tabelas 32 e 33), é notória a diferença. Atendendo a que, no seu

estudo, Silva et al. (2006) não considera os ramos (finos e grossos), o tronco, duff

e litter, é natural a discrepância entre os valores comparados, dada a importância

destes tipos de combustíveis no total de biomassa existente na floresta. Outro

factor de grande importância na variação dos resultados é os factores de emissão

considerados no estudo referido (Tabela 34) e nos diferentes modelos

experimentados. O CONSUME apresenta factores de emissão médios de 1,071

kgCO2/kg de combustíveis consumidos e o FEPS, 1,83 kgCO2/kg.

No Projecto SPREAD [Miranda et al., 2005a], realizado no âmbito da Comunidade

Europeia, foram estimados os principais poluentes emitidos por incêndios

florestais no Sul da Europa (Portugal, Espanha, França, Itália e Grécia). No

mesmo documento, o cálculo das emissões para o ano de 2001 é realizado por

intermédio de dois modelos para estimativa das emissões dos incêndios

florestais, o NFDRS e o EMISPREAD. Os valores obtidos no SPREAD estão

descritos na Tabela 35.

Tabela 35: Emissões dos incêndios florestais da Europa, calculados no Projecto

SPREAD.

poluente CO2 CO CH4 PM2.5 PM10 NMHC NOx

Emissão total (t.ha-1) 36,7 1,25 0.076 0.15 0.16 0.076 0,082

68

Os valores tabelados em cima foram calculados com base na Equação 34:

(Eq. 33)

Onde,

FE é o factor de emissão;

A a área;

CC a carga consumida;

EC e eficiência de combustão;

As cargas de combustíveis consideradas no SPREAD são consideravelmente

mais pequenas, quando comparadas com as introduzidas nos três ensaios com

os modelos. Uma vez que, os factores de emissão apresentados por Miranda

(2004) para os combustíveis do Sul da Europa, não diferem muito dos assumidos

pelos modelos americanos, razão pela qual os valores descritos nas Tabelas 30 e

35 se apresentam tão diferentes, fica remetida para as duas primeiras

condicionantes abordadas (Equações e cargas de combustíveis). Os modelos

consideram outro tipo de estrato que nem Miranda, nem Silva incluem

explicitamente.

Desta análise comparativa, torna-se evidente o carácter abrangente que os

modelos CONSUME, FOFEM e FEPS apresentam.

69

6. Conclusão

A emissão de gases e partículas pela combustão característica dos incêndios

florestais é, assustadoramente, elevada e por isso urgente encontrar melhores

ferramentas que possam auxiliar a gestão florestal, em todos os seus aspectos.

Da análise à temática da estimativa das emissões dos incêndios florestais,

reconhece-se o elevado grau de empenhamento, das autoridades e instituições,

na procura de melhores conhecimentos sobre o flagelo que é o fogo. A prova

disso é o vasto conjunto de metodologias e ferramentas, desenvolvidas

especialmente nas duas últimas décadas, que compreendem diversos aspectos

do fogo.

Embora a metodologia geral do cálculo das emissões de incêndios florestais a

nível global a mesma (Eq. 1), particularmente para cada nação, os modelos de

estimativas são desenvolvidos de modo a adaptarem-se às diferentes bases de

dados disponíveis em cada uma.

Os modelos analisados no presente trabalho, demonstram grande capacidade

para análise dos incêndios florestais, especialmente, pelo detalhe que é possível

alcançar na caracterização das cargas de combustíveis presentes nas florestas.

Eles simulam com bastante precisam os efeitos adversos originados pelos

incêndios florestais, permitindo novas abordagens a ter em consideração, pelas

autoridades competentes, perante a eminência e a situação deste tipo de evento.

O uso do CONSUME, FOFEM e FEPS como ferramentas de apoio ao estudo de

incêndios florestais na Europa é possível se, se dispor das informações

requeridas pelas mesmas.

Estes podem substituir algumas técnicas, tradicionalmente utilizadas na Europa,

para o acompanhamento de incêndios controlados, valorização dos riscos de

incêndio e impactos (negativos e/ou positivos) da ocorrência destes.

No presente estudo, a maior dificuldade encontrada, para operar com qualquer

um dos programas considerados, foi a colecta de informação sobre os

combustíveis florestais, dada a vasta gama de parâmetros de entrada requerida.

70

A versatilidade de operações e o conjunto completo de informações que são

possíveis retirar operando os modelos CONSUME, FOFEM e FEPS, constituem

uma vantagem, comparativamente à restante maioria dos modelos.

Dos três modelos, destacam-se o CONSUME e FEPS, como sendo os mais

completos, tanto na demanda de dados de entrada como nos resultados finais.

A qualidade dos resultados obtidos com os ensaios varia com a fiabilidade dos

dados de entrada, obtidos por pesquisa bibliográfica. Neste aspecto, admite-se a

possibilidade de haver á disposição um maior leque destes. Salienta-se que, de

certo modo as estimativas realizadas foram generalistas, visto que apenas foi

considerada um tipo de povoamento florestal.

O nono Relatório da Comissão Europeia para os incêndios florestais na Europa,

apresenta as áreas ardidas distribuídas pelos países mais afectados por

incêndios florestais, estes valores encontram-se apresentados na Tabela 33:

Tabela 36: áreas ardida, por tipo de ocupação do solo, para os países mais

afectados por incêndios florestais no ano 2008.

países área ardida (hectares)

matos florestas

Portugal 11781 5463

Espanha 28069,7 7636,37

Itália 26055 30273

Grécia 5290 23861,7

França1 2000 4000

total 73195,7 71234,07 1valores assumidos uma vez que não foi possível dispor desta informação. Sendo a área ardida total, 6000 hectares, distribuída por 2000+4000 hectares.

Considerando apenas o modelo CONSUME, atendo aos valores tabelados em

cima e às cargas de emissão de poluentes dos incêndios florestais calculadas

pelo CONSUME, as emissões totais originadas por incêndios florestais na

Europa, para o ano de 2008, encontram-se na Tabela 34:

71

Tabela 37: emissões para incêndios florestais no Sul da Europa durante o ano de

2008, usando o modelo CONSUME

países toneladas de poluentes emitidos

PM1 PM10 PM2.5 CO CO2 CH4 NMHC

Portugal 8261,0 5770,0 5352,6 44754,5 896013,5 2021,9 1612,1

Espanha 11547,5 8065,5 7482,0 62559,4 1252478,6 2826,3 2253,4

Itália 45777,9 31974,0 29661,2 248005,2 4965223,7 11204,3 8933,3

Grécia 36082,9 25202,5 23379,5 195482,0 3913674,8 8831,5 7041,3

França 6048,7 4224,8 3919,2 32769,2 656059,7 1480,4 1180,4

total 107718,0236 75236,712 69794,429 583570,16 11683450 26364,442 21020,462

Esta dissertação poderá servir para que futuras estimativas das emissões de

incêndios florestais na Europa usem os modelos CONSUME FOFEM e FEPS. E,

para encurtar distâncias rumo à melhor adaptação de modelos originários de

outros continentes, podendo introduzir novas abordagens para o contexto

europeu.

72

7. Bibliografia

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URL. 7: www.fs.fed.us/pnw/fera/

84

ANEXOS Anexo A—dados de saída do ensaio com o modelo CONSUME Anexo B—dados de saída do ensaio com o modelo FOFEM Anexo C—dados de saída do ensaio com o modelo FEPS Anexo D—Pinus pinaster

85

ANEXO A

86

Anexo B

FUEL CONSUMPTION CALCULATIONS

Region: Pacific_West

Cover Type: SAF/SRM - SAF 237 - Interior Ponderosa Pine

Fuel Type: Natural

Fuel Reference: FOFEM 011

FUEL CONSUMPTION TABLE

Fuel Preburn Consumed Postburn Percent Equation

Component Load Load Load Reduced Reference

Moisture

Name (t/acre) (t/acre) (t/acre) (%) Number

(%)

_________________________________________________________________________

__________

Litter 1.80 u 1.80 0.00 100.0 999

Wood (0-1/4 inch) 1.50 u 1.50 0.00 100.0 999

Wood (1/4-1 inch) 0.93 u 0.93 0.00 100.0 999

12.0

Wood (1-3 inch) 0.44 u 0.30 0.14 68.7 999

Wood (3+ inch) Sound 2.16 u 0.14 2.01 6.7 999

20.0

3->6 0.54 0.08 0.46 14.9

6->9 0.54 0.04 0.50 7.2

9->20 0.54 0.02 0.52 3.6

20-> 0.54 0.01 0.53 1.3

Wood (3+ inch) Rotten 0.92 u 0.18 0.74 19.9 999

20.0

3->6 0.23 0.09 0.14 40.3

6->9 0.23 0.05 0.18 21.8

9->20 0.23 0.03 0.20 12.2

20-> 0.23 0.01 0.22 5.4

Duff 8.33 u 1.83 6.50 21.9 2

145.0

Herbaceous 0.32 u 0.32 0.00 100.0 22

Shrubs 2.43 u 1.46 0.97 60.0 23

Crown foliage 8.50 u 7.23 1.27 85.0 37

Crown branchwood 55.29 u 23.50 31.79 42.5 38

_________________________________________________________________________

__

Total Fuels 82.62 39.19 43.43 47.4

'u' Preburn Load is User adjusted

FIRE EFFECTS ON FOREST FLOOR COMPONENTS

Duff Depth Consumed (in) 0.0 Equation: 6

Mineral Soil Exposed (%) 10.1 Equation: 10

87

Emissions -- lbs/acre

flaming smoldering total

--------------------------------------------------------------

PM 10 221 176 397

PM 2.5 187 149 336

CH 4 57 90 147

CO 468 1983 2451

CO 2 127704 8073 135777

NOX 230 0 230

SO2 72 7 79

--------------------------------------------------------------

Consumption Duration

tons/acre hour:min:sec

Flaming: 35.90 00:01:15

Smoldering: 3.29 00:24:15

Total: 39.19

Unit Average Combustion Efficiency: 0.94

88

Anexo C

Fire Emission Production Simulator Version 1.1 - Consumption / Emissions Report (Metric)

Event: Sul_Europa

Event Type:

Emission Inventory

Fire Type:

Wildland Fire - Severe

Fire Shape:

Freely spreading oval

Elapsed

Tem

p Fire Size

Fire Rate

Consumption kg/hr

Emissions

g/sec Time hr Date Hour Deg

C

RH

hectares

hectares/hr

Flame

STS LTS

Total

CO CH4PM2.5

0

1-1-

04 0

15

80 0

0,0

0 0 0

0

0 0 0

1

1-1-

04 1

15

80 0

0,0

0 0 0

0

0 0 0

2

1-1-

04 2

15

80 0

0,0

0 0 0

0

0 0 0

3

1-1-

04 3

15

80 0

0,0

0 0 0

0

0 0 0

4

1-1-

04 4

15

80 0

0,0

0 0 0

0

0 0 0

5

1-1-

04 5

15

80 0

0,0

0 0 0

0

0 0 0

6

1-1-

04 6

17

74 0

0,0

0 0 0

0

0 0 0

7

1-1-

04 7

19

68 0

0,0

0 0 0

0

0 0 0

8

1-1-

04 8

21

63 0

0,0

0 0 0

0

0 0 0

9

1-1-

04 9

22

58 4

4,0

300.36

3 137.203 1.89

7

439.464

14.527 700 1.250

89

10

1-1-

04 10

24

53 40

36,4

2.705.3

99 1.535.77

4 18.6

93

4.259.867

148.705 7.132 12.653

11

1-1-

04 11

26

48 81

40,5

3.022.8

29 2.258.31

7 34.8

93

5.316.039

199.095 9.494 16.707

12

1-1-

04 12

27

44 121

40,5

3.025.0

82 2.672.14

9 48.6

88

5.745.918

224.463 10.668 18.688

13

1-1-

04 13

28

41 162

40,5

3.025.0

98 3.008.36

4 60.4

35

6.093.896

245.066 11.622 20.295

14

1-1-

04 14

29

38 202

40,5

3.025.0

98 3.305.34

2 70.4

38

6.400.878

263.243 12.463 21.714

15

1-1-

04 15

29

37 202

0,0

21.466 612.486 59.9

81

693.934

40.267 1.866 3.150

16

1-1-

04 16

30

35 202

0,0

152 113.495 51.0

76

164.724

9.748 451 761

17

1-1-

04 17

30

35 202

0,0

1 21.031 43.4

94

64.526

3.821 177 298

18

1-1-

04 18

30

80 202

0,0

0 3.897 37.0

37

40.934

2.424 112 189

19

1-1-

04 19

16

80 202

0,0

0 722 31.5

39

32.261

1.910 88 149

20

1-1-

04 20

15

80 202

0,0

0 134 26.8

57

26.990

1.598 74 125

21

1-1-

04 21

15

80 202

0,0

0 25 22.8

70

22.894

1.356 63 106

22

1-1-

04 22

15

80 202

0,0

0 5 19.4

74

19.479

1.154 53 90

23

1-1-

04 23

15

80 202

0,0

0 1 16.5

83

16.584

982 45 77

24

1-2-

04 0

15

80 202

0,0

0 0 14.1

21

14.122

836 39 65

25

1-2-

04 1

15

80 202

0,0

0 0 12.0

25

12.025

712 33 56

26

1-2-

04 2

15

80 202

0,0

0 0 10.2

40

10.240

607 28 47

27

1-2-

04 3

15

80 202

0,0

0 0 8.72

0

8.720

516 24 40

28

1-2-

04 4

15

80 202

0,0

0 0 7.42

5

7.425

440 20 34

90

29

1-2-

04 5

15

80 202

0,0

0 0 6.32

3

6.323

375 17 29

30

1-2-

04 6

17

74 202

0,0

0 0 5.38

4

5.384

319 15 25

31

1-2-

04 7

19

68 202

0,0

0 0 4.58

5

4.585

272 13 21

32

1-2-

04 8

21

63 202

0,0

0 0 3.90

4

3.904

231 11 18

33

1-2-

04 9

23

58 243

40,5

3.003.6

31 1.372.03

3 22.2

99

4.397.963

145.470 7.009 12.516

34

1-2-

04 10

25

53 283

40,5

3.024.9

45 1.932.40

7 37.9

64

4.995.317

180.024 8.611 15.220

35

1-2-

04 11

26

48 324

40,5

3.025.0

97 2.331.81

3 51.3

03

5.408.213

204.466 9.742 17.127

36

1-2-

04 12

28

44 364

40,5

3.025.0

98 2.685.76

8 62.6

61

5.773.527

226.097 10.744 18.815

Total Emissions Kg

33.346

28.315 1.407

63.068

8.028.444

668.682

381.634

RH = Relative humidity

STS = Short Term Smoldering (< 2 hrs)

22-12-2009

22:25

LTS = Long Term Smoldering

Page

1

Fire Emission Production Simulator Version 1.1 - Consumption / Emissions Report (Metric)

Event: Sul_Europa

Event Type:

Emission Inventory

Fire Type:

Wildland Fire - Severe

91

Fire Shape:

Freely spreading oval

Elapsed

Temp

Fire Size

Fire Rate

Consumption kg/hr

Emissions

g/sec Time hr Date Hour Deg C RH hectare

s hectares/h

r

Flame

STS LTS

Total

CO CH4PM2.

5

37

1-2-04

13

29

41 405

40,5

3.025.098

3.010.887

72.334

6.108.31

9 245.920 11.66

1 20.36

2

38

1-2-04

14

29

38 405

0,0

21.46

6 557.923 61.59

6

640.985

37.132 1.721 2.906

39

1-2-04

15

30

37 405

0,0

152 103.384 52.45

1

155.988

9.231 427 720

40

1-2-04

16

30

35 405

0,0

1 19.157 44.66

5

63.823

3.779 175 295

41

1-2-04

17

30

86 405

0,0

0 3.550 38.03

4

41.584

2.462 114 192

42

1-2-04

18

30

80 405

0,0

0 658 32.38

8

33.045

1.957 91 153

43

1-2-04

19

16

80 405

0,0

0 122 27.58

0

27.701

1.640 76 128

44

1-2-04

20

15

80 405

0,0

0 23 23.48

5

23.508

1.392 64 109

45

1-2-04

21

15

80 405

0,0

0 4 19.99

9

20.003

1.185 55 92

46

1-2-04

22

15

80 405

0,0

0 1 17.03

0

17.031

1.009 47 79

47

1-2-04

23

15

80 405

0,0

0 0 14.50

2

14.502

859 40 67

48

1-3-04

0

15

80 405

0,0

0 0 12.34

9

12.349

731 34 57

49

1-3-04

1

15

80 405

0,0

0 0 10.51

6

10.516

623 29 49

50

1-3-04

2

15

80 405

0,0

0 0 8.954

8.954

530 25 41

51

1-3-04

3

15

80 405

0,0

0 0 7.625

92

7.625

452 21 35

52

1-3-04

4

15

80 405

0,0

0 0 6.493

6.493

385 18 30

53

1-3-04

5

15

80 405

0,0

0 0 5.529

5.529

328 15 26

54

1-3-04

6

17

80 405

0,0

0 0 4.708

4.708

279 13 22

55

1-3-04

7

19

80 405

0,0

0 0 4.009

4.009

238 11 19

56

1-3-04

8

21

80 405

0,0

0 0 3.414

3.414

202 9 16

57

1-3-04

9

23

80 405

0,0

0 0 2.907

2.907

172 8 13

58

1-3-04

10

25

80 405

0,0

0 0 2.476

2.476

147 7 11

59

1-3-04

11

26

80 405

0,0

0 0 2.108

2.108

125 6 10

60

1-3-04

12

28

80 405

0,0

0 0 1.795

1.795

106 5 8

61

1-3-04

13

29

80 405

0,0

0 0 1.529

1.529

91 4 7

62

1-3-04

14

29

80 405

0,0

0 0 1.302

1.302

77 4 6

63

1-3-04

15

30

80 405

0,0

0 0 1.109

1.109

66 3 5

64

1-3-04

16

30

80 405

0,0

0 0 944

944

56 3 4

65

1-3-04

17

30

86 405

0,0

0 0 804

804

48 2 4

66

1-3-04

18

30

80 405

0,0

0 0 684

684

41 2 3

67

1-3-04

19

16

80 405

0,0

0 0 583

583

35 2 3

68

1-3-04

20

15

80 405

0,0

0 0 496

496

30 1 2

69

1-3-04

21

15

80 405

0,0

0 0 423

423

25 1 2

70

1-3-04

22

15

80 405

0,0

0 0 360

360

21 1 2

71

1-3-04

23

15

80 405

0,0

0 0 306

306

18 1 1

72

1-4-04

0

15

80 405

0,0

0 0 261

261

16 1 1

Total Emissions Kg

33.34

6 28.315 1.407

63.068

8.028.444

668.6

82

93

381.634

RH = Relative humidity

STS = Short Term Smoldering (< 2 hrs)

22-12-2009 22:25

LTS = Long Term Smoldering

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Fire Emission Production Simulator Version 1.1 - Consumption / Emissions Report (Metric)

Event: Sul_Europa

Event Type:

Emission Inventory

Fire Type:

Wildland Fire - Severe

Fire Shape:

Freely spreading oval

Elapsed

Temp

Fire Size

Fire Rate

Consumption kg/hr

Emissions g/sec

Time hr Date Hou

r

Deg C RH hectares

hectares/hr

Flame

STS LTS

Total

CO CH4 PM2.5

94

Total Emissions Kg

33.34

6 28.315 1.407

63.068

8.028.4

44 668.682

381.634

RH = Relative humidity

STS = Short Term Smoldering (< 2 hrs)

22-12-2009

22:25

LTS = Long Term Smoldering

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