universidade da regiÃo de joinville mestrado em saÚde e
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UNIVERSIDADE DA REGIÃO DE JOINVILLE
MESTRADO EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE
PERDA AUDITIVA NO AMBIENTE PORTUÁRIO: ESTUDO DE CAS O
TRABALHADORES DO PORTO DE SÃO FRANCISCO DO SUL-SC
RAFAELLA FERNANDES CORRÊA
JOINVILLE/SC
2015
RAFAELLA FERNANDES CORRÊA
PERDA AUDITIVA NO AMBIENTE PORTUÁRIO: ESTUDO DE CAS O
TRABALHADORES DO PORTO DE SÃO FRANCISCO DO SUL-SC
Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Mestrado em Saúde e Meio Ambiente da Universidade da Região de Joinville – UNIVILLE, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, sob a orientação da Prof.ª Dr.ª Therezinha Maria Novais de Oliveira.
JOINVILLE/SC
2015
AGRADECIMENTOS
À Professora Doutora Therezinha Maria Novaes de Oliveira, que desde o início
acreditou na proposta de estudo, dedicando seu tempo ao auxílio da pesquisa e
sempre demostrou confiança e prontidão na resolução das dificuldades encontradas.
Ao Órgão de Gestão de Mão-Obra do Trabalho Portuário Avulso do Porto de São
Francisco do Sul – OGMO-SFS, na pessoa do Sr. Lierte Amorim Moreira, Diretor
Executivo, o qual me apoiou na concretização desta etapa da minha vida.
Ao Médico do Trabalho, Dr. José Filipe Baniski, que me incentivou em realizar a
pesquisa na área de perda auditiva, apontando a necessidade do estudo na área em
questão. Aos Técnicos de Segurança do Trabalho, Vanessa W. Cunha Ostroski e
Alexsandro Giovanni dos Santos que me ajudaram com as informações e permitiram
o desenvolvimento do trabalho.
Á fonoaudióloga Caroline Provin, que muito me ajudou na interpretação dos resultados
de exames, contribuindo imensamente para a pesquisa.
Ao meu esposo Carlos Eduardo Corrêa que sempre me apoiou e compreendeu a
minha ausência, estando sempre no meu lado nos momentos mais difíceis. A minha
filha amada, Maria Clara Fernandes Corrêa, fonte de inspiração e de força para a
conclusão desse trabalho.
A minha mãe, Maria Lúcia Fernandes, que sempre esteve junto comigo, me apoiando
e cuidando da minha filha para que eu pudesse desenvolver este trabalho.
Aos estivadores do Porto de São Francisco do Sul, que colaboraram na coleta dos
dados e se mostraram incansáveis, na luta pela melhoria das condições do meio
ambiente do trabalho portuário.
Aos colegas do mestrado, pela troca de experiências em diferentes áreas do
conhecimento e amizade sincera.
Dedico às pessoas mais importantes da minha vida, meus pais, meu esposo e minha filha amada.
Amo vocês!
RESUMO
O ruído é o agente físico nocivo à saúde mais comum nos ambientes de trabalho, e é caracterizado como o fator mais prevalente na ordem de doenças ocupacionais. A exposição a níveis de pressão sonora elevados em função de sua duração, frequência, intensidade e suscetibilidade individual, pode acarretar múltiplas consequências ao organismo, constituindo-se num dos principais riscos à audição. Dentre as diversas fontes de ruídos, naturais e antrópicas, o ambiente portuário se destaca pelo elevado número de fontes de ruídos, as quais são geradas tanto a bordo das embarcações como no cais, ou seja, em terra, uma vez que as operações portuárias exigem grande movimentação de máquinas, equipamentos, guindastes de terra, de bordo, tráfego de caminhões, dentre outras atividades. Desta forma, os trabalhadores portuários, mais especificamente os estivadores, participantes deste estudo, estão constantemente expostos a esse problema que torna a atividade importante alvo de controle e estudos no âmbito da saúde ocupacional. Portanto, esta pesquisa tem por objetivo avaliar a ocorrência da perda auditiva no trabalhador portuário avulso do Porto de São Francisco do Sul e suas possíveis causas e combinações. Para tanto, utilizou-se como metodologia um estudo observacional transversal qualiquantitativo, o qual teve as seguintes etapas: 1) Levantamento do nível de pressão sonora – ruído; 2) Levantamento dos dados do nível de pressão sonora nos estivadores dos últimos 7 anos; 3) Levantamento de dados qualitativos ocupacionais, biológicos e comportamentais externos dos trabalhadores; 4) Levantamento das audiometrias de 70 (setenta) estivadores dos últimos 5 (cinco) anos. O estudo mostrou que as operações portuárias do Porto de São Francisco do Sul, em determinados momentos, geram níveis de pressão sonora acima do limite estabelecido, em especial nas operações de descarregamento de fertilizantes, chapas de aço, vergalhão e contêiner. Pôde-se observar, também, que nos últimos 7 anos, o nível de pressão sonora para a função de estivador apresentou a média de 89,81dB, estando acima do limite estabelecido. A perda auditiva nos estivadores está relacionada ao aspecto ocupacional, devido ao nível de ruído apresentado e à falta do uso do protetor auditivo. Em relação à perda auditiva, 59,09% dos estivadores apresentaram algum tipo de perda auditiva, tendo como principal perda a neurossensorial, resultando no percentual de 74,36%. Os graus de perda auditiva que prevaleceram entre os pesquisados foram moderada e moderada/severa, havendo uma evolução gradual em ambos os ouvidos. O estudo mostra a necessidade de uma integração maior entre as áreas de saúde ocupacional e segurança do trabalho na busca de ações preventivas e corretivas, que possam minimizar o surgimento de novos casos ou o agravamento dos já identificados.
Palavras Chave: Trabalhadores portuários, saúde do trabalhador e perda auditiva.
ABSTRACT Noise is the physical agent harmful to the most common health in the workplace, and is featured as the most prevalent factor in the order of occupational diseases. Exposure to high sound pressure levels according to their duration, frequency, intensity and individual susceptibility, can cause multiple effects to the body, becoming one of the main risks to hearing. Among the various noise sources, natural and anthropogenic, the port environment stands out for having multiple noise sources, which are both generated on board ship and on the quay, that is, on land, since the port operations require great movement of machinery, equipment, land cranes, board, truck traffic, among other activities. Thus, port workers, specifically the stevedores, subject of this study, are constantly exposed to this problem that makes this important target activity control and study as part of occupational health. Therefore, this research aims to evaluate the occurrence of hearing loss in loose port workers at the Port of São Francisco do Sul and its possible causes and combinations. Therefore, it was used as a methodology one qualiquantitativo cross-sectional observational study, which had the following steps: 1) Survey of the sound pressure level - noise; 2) Survey data of the sound pressure level in the stevedores of the last 7 years; 3) Survey of Occupational qualitative data, external biological and behavioral characteristics of workers; 4) Survey of audiometry 70 (seventy) dockers of the last five (5) years. The study showed that the port operations at the Port of São Francisco do Sul, at certain times generate sound pressure levels above the limit, especially in fertilizer unloading, sheet steel, rebar and container. One can also note that we last 7 years the sound pressure level for the stevedore function has averaged 89,81dB, being above the limit. Hearing loss in stevedores is related to occupational aspect, due to the noise level presented and the lack of use of hearing protectors. In relation to hearing loss, 59.09% of the stevedores had some type of hearing loss, with the primary loss to Sensorineural, resulting in the percentage of 74.36%. The degrees of hearing loss that prevailed among those surveyed were moderate and moderate / severe, with a gradual evolution in both ears. The study shows the need for greater integration between the areas of occupational health and safety in the pursuit of preventive and corrective actions that can minimize the appearance of new cases or worsening of already identified. KeyWords: Port workers, worker health and hearing loss.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Corte semi-esquemático mostrando ouvido externo, médio e interno. .... 21
Figura 2 - Vista lateral da orelha. .............................................................................. 22
Figura 3 - Cadeia ossicular do ouvido médio. ........................................................... 23
Figura 4 - Órgão de Corti Íntegro. ............................................................................. 36
Figura 5 - Órgão de Corti Lesado pelo Ruído. .......................................................... 36
Figura 6 - Localização do Porto de São Francisco do Sul, litoral norte de Santa
Catarina, Brasil. ......................................................................................................... 50
Figura 7 - Vista aérea do Porto de São Francisco do Sul. ........................................ 51
Figura 8 - Dosímetro posicionado para medição do ruído. ....................................... 56
Figura 9 – Histórico do nível de ruído mensurado na categoria Estivador. .............. 63
Figura 10 – Ambiente Portuário e Fornecimento de Protetor Auditivo. ..................... 66
Figura 11 - Uso do Protetor Auditivo ........................................................................ 67
Figura 12 - Conforto do Modelo de Protetor ............................................................. 68
Figura 13 - Infecção Auditiva .................................................................................... 69
Figura 14 - Histórico Familiar .................................................................................... 69
Figura 15 – Fumantes .............................................................................................. 70
Figura 16 - Diabetes Mellitus .................................................................................... 71
Figura 17 - Alteração Renal ...................................................................................... 71
Figura 18 – Outro Emprego Antes de Ingressar ao Órgão Gestor ........................... 73
Figura 19 - Trabalho Com Agentes Químicos .......................................................... 73
Figura 20 - Equipamento que Gera Vibração ........................................................... 75
Figura 21 - Discoteca, Danceterias ou Bailes ........................................................... 75
Figura 22 - Variáveis Referente aos Aspectos Comportamentais e Externos .......... 76
Figura 23 - Uso de Máquinas Ruidosas ................................................................... 76
Figura 24 - Pratica Motociclismo .............................................................................. 77
Figura 25 - Evolução da perda auditiva nos participantes do estudo no período de
2009 a 2013. ............................................................................................................. 78
Figura 26 - Classificação das perdas auditivas. ....................................................... 79
Figura 27 - Grau de perda auditiva conforme Lloyd e Kaplan. ................................. 81
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Limites de Tolerância para Ruídos Contínuos ou Intermitentes de acordo
com a NR 15. ............................................................................................................ 46
Quadro 2 - Limites de Níveis de Exposição ao Ruído Ocupacional em Vários Países
.................................................................................................................................. 47
Quadro 3 - Níveis de Ruído para Conforto Acústico em Ambientes Diversos - NBR
10.152. ...................................................................................................................... 48
Quadro 4 - Classificação do Grau de Perda Auditiva. ............................................... 59
Quadro 5 - Medição do Nível Pressão Sonora Realizada nos Estivadores. .............. 61
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Percentual do nível de pressão sonora mensurado. ............................... 62
Tabela 2 - Percentual de Estivadores Entrevistados por Faixa Etária ....................... 64
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
APL - Alteração Permanente do Liminar
CLT – Consolidação das Leis de Trabalho
CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente
EPA - Equipamento de Proteção Auditivo
EPI – Equipamento de Proteção Individual
FUNDACENTRO – Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do
Trabalho
ISO - International Organization for Standardization
NR – Norma Regulamentadora
NHO – Norma de Higiene Ocupacional
MTL – Mudança Temporária de Limiar
MHC - Mobile Harbours Crane
OGMO - Órgão Gestor de Mão-de-Obra do Trabalho Portuário Avulso
PAINPS - Perda Auditiva Induzida por Níveis de Pressão Sonora Elevado
PAIR - Perda Auditiva Induzida pelo Ruído
PCA - Programa de Conservação Auditiva
PPRA - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TESC - Terminal Santa Catarina
TPA - Trabalhador Portuário Avulso
WHO - World Health Organization – Organização Mundial da Saúde.
SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................... 16
2. OBJETIVO GERAL ............................. ..................................................... 19
2.1 Objetivos Específicos............................................................................ 19
3. REVISÃO DA LITERATURA ............................. .................................... 20
3.1 Audição .................................................................................................. 20
3.1.1 Anatomia do Ouvido Humano ................................................................. 20
3.2 Ruído, Aspectos Conceituais ..................................................................... 26
3.2.1 Som ......................................................................................................... 28
3.2.2 Fontes de Ruído Portuário ...................................................................... 30
3.2.3 Efeitos do Ruído no Homem ................................................................... 32
3.2.3.1 Efeitos Auditivos do Ruído ................................................................... 33
3.2.3.2 Efeitos Não Auditivos do Ruído ............................................................ 37
3.3 Perda Auditiva, Conceitos e Tipos ......................................................... 38
3.3.1 Perda Auditiva Neurossensorial ............................................................. 39
3.3.2 Perda Auditiva Condutiva ...................................................................... 40
3.3.3 Perda Auditiva Mista .............................................................................. 42
3.4 Estado da Arte – Estudos Acerca da Perda Auditiva ............................. 42
3.5 Aspectos Legais Vinculados ao Ruído .................................................. 45
4. METODOLOGIA .................................... ...................................................... 50
4.1 Área de Estudo ...................................................................................... 50
4.1.1 Porto de São Francisco do Sul .............................................................. 50
4.2 Abordagem Metodológica ...................................................................... 52
4.3 Participantes da Pesquisa ..................................................................... 53
4.4 Amostra ................................................................................................. 53
4.4.1 Levantamento do Nível de Pressão Sonora .......................................... 53
4.4.2 Levantamento de Dados Qualitativos Ocupacionais, Biológicos,
Comportamentais Externos dos Participantes do Estudo ................................ 54
4.4.3 Levantamento das Audiometrias dos Últimos 5 anos ............................ 54
4.4.4 Critérios de Inclusão e Exclusão ............................................................ 54
4.5 Procedimentos Experimentais ............................................................... 55
4.5.1 Levantamento do Nível de Pressão Sonora – Ruído ............................. 55
4.5.2 Levantamento dos Dados do Nível de Pressão Sonora nos Estivadores dos
Últimos 7 anos .................................................................................................. 56
4.5.3 Levantamento de Dados Qualitativos Ocupacionais, Biológicos,
Comportamentais Externos dos Participantes do Estudo ................................ 57
4.5.4 Levantamentos de Audiometrias dos Últimos 5 anos ............................ 58
4.5.5 Análises de Dados .................................................................................. 59
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................... ............................... 60
5.1. Nível de Pressão Sonora ........................................................................... 60
5.2 Nível de Pressão Sonora nos Estivadores dos Últimos 7 anos ............. 63
5.3 Levantamento de Dados Qualitativos Ocupacionais, Biológicos,
Comportamentais Externos dos Participantes do Estudo ................................ 64
5.4 Resultados do Levantamento de Audiometrias .......................................... 77
6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ........................ ........................ 82
ANEXOS .......................................................................................................... 93
APÊNDICES .................................................................................................. 105
16
1. INTRODUÇÃO
As condições de saúde auditiva no ambiente de trabalho têm sido objeto de
muitos estudos no campo da saúde pública, uma vez que a exposição a elevados
níveis de ruído pode provocar danos irreversíveis à audição como a Perda Auditiva
Induzida por Níveis de Pressão Sonora Elevados (PAINPS). Ressalta-se a alteração
na função auditiva devido à exposição ao ruído ocupacional, o ruído e a PAINPS
comprometem a comunicação e a qualidade de vida dos trabalhadores (LOPES et al,
2009).
O ruído é agente físico nocivo mais comum encontrado no ambiente de trabalho
(DIAS. A et al, 2006). E o ruído ambiente tem sido um problema significativo e
crescente para um grande número de pessoas nos locais em que se encontram
durante o seu cotidiano (QUINTAS, 2009).
No trabalho de Quintas (2009), identificou-se que milhões de pessoas no mundo
estavam empregadas em trabalhos que de alguma forma podiam causar desconforto
e alterações fisiológicas no corpo humano.
Segundo Meneses et al (2010), 28 milhões de indivíduos nos Estados Unidos
apresentavam alguma perda auditiva, sendo que 80% dos mesmos, irreversíveis. O
estudo mostrou também que 4,6% dos indivíduos entre 18 e 44 anos tinham perda
auditiva, enquanto que 14% dos indivíduos de meia idade, entre 45 e 64 anos e 54%
da população acima dos 65 anos apresentavam alguma perda.
A perda auditiva relacionada ao trabalho, particularmente a induzida por ruído
(PAIR), é considerada doença ocupacional de alta prevalência nos países
industrializados, destacando-se como um dos agravos à saúde do trabalhador mais
prevalentes nas indústrias brasileiras (GUERRA et al, 2005).
O estudo de Guerra (2005), mostrou que a perda auditiva se caracteriza pela
diminuição gradual da acuidade auditiva num período em torno de seis a dez anos de
exposição a elevados níveis de pressão sonora, sendo sempre neurossensorial e
irreversível, com início nas altas frequências audiométricas.
17
Dados epidemiológicos sobre perda auditiva no Brasil são escassos e não há
registros que caracterizam a real situação. Os dados disponíveis sobre as ocorrências
dão apenas uma ideia parcial da situação de risco. Em 2006, havia uma estimativa do
Ministério da Saúde apontando para o percentual de 25% da população trabalhadora
exposta como portadora de PAIR em algum grau.
A exposição ocupacional ao ruído intenso vem sendo associada a várias
manifestações sistêmicas como consequência, da elevação do nível geral de
vigilância, da aceleração da frequência cardíaca e respiratória, da alteração da
pressão arterial e da função intestinal, da dilatação das pupilas, do aumento do tônus
muscular, do aumento da produção de hormônios tireoidianos e estresse (COHEN,
1973; COSTA, 1995) apud (DIAS et al, 2006).
No que tange as questões de insalubridade, a NR 15 da Portaria n° 3.214/78,
em seus anexos I e II, estabelece limites de tolerância por exposição ao ruído contínuo
e intermitente e para ruído de impacto.
Além da exposição excessiva ao ruído, vários são os fatores que, combinados,
podem causar danos auditivos, quais sejam: envelhecimento, ingestão de
medicamentos ototóxicos, infecções no ouvido, dano cerebral, encefalite, problemas
genéticos (herança), agentes químicos (solventes, fumos metálicos e monóxido de
carbono); agentes físicos (vibração, radiação e calor); agentes biológicos (vírus,
bactérias), além de fatores metabólicos (alterações renais, diabetes mellitus entre
outras), pois através da interação com o ruído podem agravar ou desencadear o
desenvolvimento da perda auditiva (FERREIRA et al, 2012).
O ambiente portuário possui diversas fontes de ruídos, oriundas das suas
operações que utilizam variados tipos de máquinas e equipamentos. Além disso, o
ambiente possui grande tráfego de máquinas, caminhões e guindastes de terra,
fundamentais para a atividade portuária, mas que no entanto, oferecem riscos a todas
as categorias de trabalhadores, e devem ser obra de constante controle a fim de
serem eliminados.
Assim, a relevância deste trabalho reside na necessidade de estudos acerca da
real situação destes trabalhadores em relação à perda auditiva, visando a realização
18
de procedimentos preventivos que sejam capazes de contribuir para manter o bem-
estar dos trabalhadores portuários avulsos (TPA’s), uma vez que doenças
relacionadas ao trabalho portuário têm sido objeto de poucas publicações no país.
19
2. OBJETIVO GERAL
Avaliar a ocorrência de perda auditiva no trabalhador portuário avulso do Porto
de São Francisco do Sul e suas possíveis causas e combinações.
2.1 Objetivos Específicos
1. Identificar o nível de pressão sonora a que os trabalhadores participantes do
estudo estão sujeitos;
2. Levantar dados do nível de pressão sonora dos estivadores nos últimos 7 anos.
3. Levantar dados qualitativos ocupacionais, biológicos, comportamentais e
externos dos trabalhadores integrantes do grupo de estudo.
4. Levantar dados de audiometria dos trabalhadores integrantes do grupo de
estudo dos últimos 5 (cinco) anos.
20
3. REVISÃO DA LITERATURA
3.1 Audição
A audição segundo (SILVA E CANEDO, 2013) e Russo (1994) é à base da
comunicação humana, possibilitando compartilhar com nossos semelhantes uma
troca por intermédio de códigos que chamamos de linguagem. É através da audição
que conseguimos captar sons a todo o momento, mesmo quando estamos dormindo.
A audição é um dos processos biológicos naturais por meio do qual o ser humano faz
contato, possibilita a comunicação oral, troca informações com o meio e desenvolve
o aprendizado (VIVAN, 2007) e (RIBAS, 2007).
De acordo com o estudo realizado por Vivan (2007), o sistema auditivo é um
sentido considerado obrigatório e faz parte de um sistema especializado de
comunicação. Este sistema permite o monitoramento dos eventos ambientais, bem
como o processamento de eventos acústicos, como fala, tornando possível a
expressão do pensamento, permitindo ainda separar os sons da fala na presença de
ruído, analisando seletivamente sons que ocorrem ao mesmo tempo.
Segundo Moraes (2009), as vibrações sonoras são detectáveis quando a
variação da pressão do ar atinge valores de ordem de 2x10-5 Pa, para frequência em
torno de 1.000 Hz. As frequências audíveis encontram-se entre 16 e 20.000 Hz na
faixa chamada “audiofrequência”.
O ouvido é o órgão coletor dos estímulos externos, transformando as vibrações
sonoras em impulsos sonoros para o cérebro. É, sem dúvida, a estrutura mecânica
mais sensível do corpo humano pois detecta quantidades mínimas de energia
(FERNANDES, 2002).
3.1.1 Anatomia do Ouvido Humano
O aparelho auditivo segundo as classificações tradicionais, pode ser divido em
três partes: ouvido externo, responsável pela captação e condução do som; ouvido
médio, responsável pelo acoplamento de impedâncias e ventilação; e ouvido interno,
21
responsável pela transdução eletromecânica, além do equilíbrio estático e dinâmico
(PORTELA, 2008), apresentados na Figura 1.
Figura 1 – Corte semi-esquemático mostrando ouvido externo, médio e interno.
Fonte: NETTER, 1999
- Ouvido Externo: Está constituído pela orelha cartilaginosa ou pavilhão que rodeia
o orifício auditivo externo e pelo conduto externo que finaliza na membrana timpânica
(CASANOVA, 1992 p. 52). O pavilhão é formado por cartilagens cobertas por pele, o
qual possui a finalidade de coletar as ondas sonoras e dirigi-las para o meato externo,
(OLIVEIRA, 2007)
O conduto auditivo externo (Figura 2), tem como função principal conduzir o
som até a membrana timpânica, capaz de dar um acoplamento de impedâncias entre
o espaço exterior e o canal auditivo, possibilitando uma melhor transferência de
energia (FERNANDES, 2002). Serve também para estabelecer comunicação entre o
mecanismo auditivo (ouvido médio) e o meio externo (RUSSO e SANTOS, 1994).
22
Figura 2 - Vista lateral da orelha.
Fonte: Zorzetto, 2007
O pavilhão auricular auxilia na captação e canalização dos sons para o meato
acústico e, pelas características (tamanho e distância da separação) de suas
reentrâncias, é capaz de reforçar a intensidade dos sons audíveis e canalizá-los
através de refrações sucessivas para o meato acústico externo (FLEIG, 2004).
O meato auditivo externo tem 2,5 cm de comprimento e 6 a 8 mm de diâmetro,
está situado entre a membrana timpânica e o pavilhão auricular, tem a forma de “S”
deitado (RUSSO e SANTOS, 1994). Além disso, amplifica bastante os sons na faixa
de frequência de 1.500 a 7.000Hz (OLIVEIRA, 1985) apud (OLIVEIRA, 2007).
O tímpano (membrana timpânica) é oblíquo e fecha o fundo do canal auditivo.
Tem a forma aproximada de um cone com diâmetro da base de 10 mm. É formado de
uma membrana de 0,05 mm de espessura e superfície de 85 mm2. Deve ficar claro,
que o tímpano assemelha-se a um cone rígido sustentado em sua periferia por um
anel de grande elasticidade, que lhe permite oscilar como uma unidade, sem sair do
seu eixo (FERNANDES, 2002).
- Ouvido Médio: O ouvido médio como um sistema de cavidade oca, preenchido de
ar, que se comunica entre si, e que se encontra integrado na estrutura óssea do osso
temporal (CASANOVA, 1992 p. 54). No conjunto, representam uma câmera
23
pneumática, irregular e contínua através de passagens, em sua maior parte localizada
no osso temporal (ZORZETTO, 2007).
Conforme Fleig (2004), o ouvido médio constitui-se de uma membrana
timpânica e uma cadeia ossicular que é constituída por três ossículos - martelo, o
maior ossículo, medindo aproximadamente de 8 a 9 mm e está ligado a membrana
timpânica; a bigorna, é menor que o martelo, mede aproximadamente 7 mm; e o
estribo, é o menor dos três ossículos e mede aproximadamente 3,3 mm (RUSSO e
SANTOS, 1994). Esses ossículos estão presos entre si, movendo-se entre si como
uma unidade. A base do martelo está presa à membrana timpânica, e a base do
estribo se apoia sobre a membrana que recobre uma abertura no revestimento ósseo
da orelha interna – janela oval (FLEIG, 2004).
A função dos ossículos é, através de uma alavanca, acoplar mecanicamente o
tímpano à cóclea (caracol), triplicando a pressão do tímpano (FERNANDES, 2002). A
Figura 3 apresenta a cadeia ossicular do ouvido médio. É possível visualizar o martelo
com o ligamento superior (1), ligamento anterior (2), ligamento lateral (3) e músculo
tensor do tímpano (4); a bigorna com o seu ligamento superior (5) e ligamento
posterior (6); e o estribo com o ligamento anular (7) e o músculo estapédio (8). O
músculo estapédio tem uma importante função na proteção da audição contra os latos
níveis de ruído.
Figura 3 - Cadeia ossicular do ouvido médio.
Fonte: FERNANDES, 2002
O som, transmitido ao longo da orelha externa, alcança a membrana timpânica,
ocasionando sua vibração, a qual é transmitida à cadeia ossicular, que vibra em torno
24
de um eixo que passa próximo à articulação do martelo com a bigorna. A janela oval
vibra e as ondas sonoras são transmitidas para o líquido que existe no interior da
orelha interna. É preciso que as pressões nas duas faces da membrana timpânica
sejam idênticas para que haja vibração e transmissão do som pela orelha média
(HOUSSAY, 1984).
Conforme os autores Goldstein (1978) e Katz (1999), uma das principais
funções da membrana timpânica e da cadeia ossicular da orelha média é de superar
a diferença entre as impedâncias dos dois meios – orelha média e orelha interna.
O ouvido médio promove um acoplamento de impedâncias para frequências na
faixa de 300 a 3000 Hz, possibilitando a utilização da maior parte da energia das ondas
sonoras incidentes (BERNE e LEVY, 1990) apud (PORTELA, 2008).
Segundo Houssay (1984), a função principal do ouvido médio é realizar o
acoplamento de impedâncias entre o meato acústico externo e a cóclea. A energia
mecânica transmitida pela onda sonora através do ar precisa alcançar a cóclea,
preenchida por um líquido, sem que haja perdas significativas, caso contrário não se
conseguirá ter qualquer sensação auditiva. Se o ouvido médio não existisse haveria
uma perda de 99% dessa energia devido à diferença de densidade dos meios
existentes entre o ar e o líquido (RUSSO e SANTOS, 1994).
Houssay (1984), afirma que na ausência do sistema ossicular e do tímpano, as
ondas sonoras poderiam caminhar diretamente através do ar pelo ouvido médio e
chegar à cóclea pela janela oval. Essa situação, no entanto, causa perda de 20 a 30
dB(A) na sensibilidade auditiva.
- Ouvido Interno – está incluído na parte mais compacta do osso temporal, e se situa
por dentro e por detrás da caixa do tímpano. Também denominado labirinto por sua
enorme complexidade, forma-se de duas porções funcionalmente diferentes: - Porção
anterior, formada pela cóclea ou órgão de audição; - Porção posterior, formada pelos
canais semi-circulares circulares, urículo e sáculo, constituindo o órgão do equilíbrio
ou labirinto posterior (CASANOVA, 1992 ver 57).
Uma das principais funções da membrana timpânica e da cadeia ossicular da
orelha média, de acordo com Katz (1999) apud Portela (2008), é a de superar a
25
diferença entre as impedâncias dos dois meios – orelha média e orelha interna. A
impedância acústica é a razão entre a amplitude da variação da pressão e a amplitude
da variação da velocidade de propagação de um volume de ar (PORTELA, 2008).
A exposição prolongada a níveis elevados de ruído pode causar danos
irreparáveis à orelha interna. Para melhor compreensão da perda auditiva induzida
por ruído, a estrutura da orelha interna precisa ser estudada com maior detalhe de
seus componentes: cóclea e órgão de Corti (FLEIG, 2004).
Cóclea: A cóclea ou caracol constitui o labirinto anterior que faz parte da orelha
interna. Suas paredes são ósseas, limitando três tubos enrolados em espiral em torno
de um osso chamado columela ou modíolo, ao redor do qual dão duas voltas e meia
(ZORZETTO, 2007). O labirinto ósseo é composto por uma série de canais situados
na parte petrosa do osso temporal. O labirinto membranoso localiza-se dentro destes
canais, rodeado pela perilinfa, rica em sódio. O labirinto membranoso está preenchido
pela endolinfa, rico em potássio. As células ciliadas da cóclea estão banhadas por um
fluído chamado cortilinfa, que contém sódio em alta concentração (GELFAND, 1998)
apud (PORTELA, 2008).
Órgão de Corti: é constituído por células ciliadas sensoriais e por células de
sustentação. Ë o receptor que gera impulso em respostas ás vibrações provenientes
da membrana basilar (PORTELA, 2008). Está divido em duas partes – interna e
externa, por uma passagem que recebe o nome de túnel de corti (RUSSO e SANTOS,
1994).
As células ciliadas internas são em torno de 4500 e estão arranjadas em uma
única fileira, tem forma de garrafa arredondada e apresentam terminação nervosa na
usa ou sua base e seus cílios estão dispostos em 3 fileiras paralelas (RUSSO e
SANTOS, 1994). Já as células ciliadas externas são em número aproximado de 12000
e estão dispostas em 3, 4 ou até 5 fileiras.
Conforme estudo de Fleig (2004), os sinais auditivos são transmitidos pelas
células ciliadas internas, apesar do número maior de células ciliadas externas. A base
e os lados das células ciliadas fazem sinapse com uma rede de terminações nervosas
cocleares. O gânglio espiral de Corti, localizado dentro da cóclea, recebe as fibras
26
nervosas de todas as terminações. As células ciliadas externas tornam a cóclea um
verdadeiro amplificador mecânico que permite o aumento de até 50dB da intensidade
de um estímulo (NUDELMANN et al, 2001. p.19).
3.2 Ruído, Aspectos Conceituais
O ambiente de trabalho pode oferecer uma série de riscos à saúde, entre eles,
o ruído, presente em grande parte dos processos produtivos. É uma exposição
passível de ser mensurada e controlada, no entanto, há fragilidades relacionadas ao
monitoramento dos ambientes de trabalho e à vigilância à saúde, especialmente nos
países em desenvolvimento (MEIRA, et al, 2012).
Conforme estudo de Almeida et al.(2000), o ruído é uma palavra derivada do
latim rugitu que significa estrondo. Portela, (2008) em seu estudo definiu também que
o ruído pode ser definido como um som indesejável, que normalmente é o resultado
de atividades humanas do dia a dia. Soares de Sá (2010), descreve que o ruído é
definido como sendo qualquer distúrbio sonoro não desejado que interfere com aquilo
que se quer ouvir.
RUSSO (1993), define ruído como:
Sinal acústico aperiódico, originado da super posição de vários movimentos de vibração com diferentes frequências, os quais não apresentam relação entre si. Este agente afeta o bem estar físico e mental das pessoas, está presente no dia a dia e quase sempre no ambiente de trabalho.
O Homem está exposto a diferentes sons diariamente, podendo assim distinguir
e classificar os sons como agradáveis e desagradáveis que causam desconforto, além
de alterações auditivas (VIVAN, 2007). Os sons desagradáveis, denominados de
ruído, podem interferir na percepção de outros sons, principalmente os da fala, sendo
capaz de afetar o bem estar físico e psicológico das pessoas, consequentemente,
prejudicando sua socialização (SCHOCHAT, DIAS & MOREIRA, 1998) apud
(SOARES DE SÁ, 2010).
O ruído é um fenômeno que não pode ser evitado, especialmente em países
industrializados. Estudos mostram que um ruído abaixo de 85 dBA não é prejudicial
27
para a audição, mas que acima deste nível pode causar mudanças no sistema auditivo
(SOARES DE SÁ, 2010).
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) (WHO, 2007), o ruído
está em terceiro lugar no ranking dos fatores ocupacionais que mais geram anos
vividos com incapacidade. No ano de 2000, 11,0% dos trabalhadores europeus
estavam expostos a níveis elevados de ruído durante todo o período de trabalho
(PAOLI; MERLLIÉ, 2001), enquanto nos Estados Unidos, entre os anos de 1999 e
2004, a mesma medida foi estimada em 17,2% (TAK; DAVIS; CALVERT, 2009). No
Brasil, um estudo populacional realizado em Salvador, Bahia, identificou
aproximadamente 12,0% dos trabalhadores expostos ao ruído no trabalho atual, em
2006, destacando-se os homens, os negros e aqueles com menos anos de estudo
(FERRITE, 2009).
Segundo a classificação da Norma de Higiene Ocupacional 01 (NHO-01) da
Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho -
Fundacentro (2001), os ruídos podem ser classificados como: ruídos de impacto ou
impulsivo, nos quais apresentam picos de energia acústica de duração inferior a um
segundo e intervalos superiores a um segundo; e ruídos contínuos ou intermitentes,
sendo todo e qualquer ruído que não se classifique como de impacto ou impulsivo.
Guimarães (2011) cita a classificação dos ruídos segundo a norma ISO 2204 -
1979:
• Contínuo: ruídos com variações de níveis desprezíveis (±3 dB) durante o tempo
observado;
• Não contínuo: ruído cujo nível varia significativamente no período de avaliação;
• Flutuante: ruído cujo nível varia continuamente de um valor apreciável durante
o período de observação;
• Intermitente: ruído cujo nível diminui rapidamente no ambiente, várias vezes
no período de observação; a duração na qual o nível permanece em valores
constantes diferentes do ambiental é da ordem de um segundo ou mais;
• Impacto ou impulsivo: possui picos de energia acústica de duração inferior a
um segundo em intervalos superiores a um segundo.
28
Segundo Cezar (2000), apud Guimarães (2011), os ruídos contínuos são
menos danosos que os intermitentes. O mesmo autor explica que o ouvido possui um
mecanismo de proteção, que é acionado no início de impacto sonoro. Desta forma, no
ruído contínuo, o primeiro impacto é recebido sem proteção, mas o restante é
atenuado pelo mecanismo de proteção. Já no ruído intermitente, de acordo com o
mesmo autor, todos os impactos são recebidos sem atenuação, pois entre um som e
outro há tempo do mecanismo de proteção não funcionar.
Os ruídos, de uma maneira geral, considerando-se um determinado ambiente,
podem ter origem interna ou externa (RIBAS, 2007). Os de origem interna relacionam-
se aos ruídos gerados pela própria atividade que as pessoas desenvolvem no local e
à presença de máquinas geradoras de qualquer nível de ruído. Os ruídos de origem
externa transmitem-se ao interior do ambiente, conduzidos pelas paredes, portas,
janelas, sistemas de ventilação, assoalho e teto.
3.2.1 Som
Portela (2008), em seu estudo, descreveu que, em termos físicos, o som é uma
sensação associada à flutuação de pequena escala de pressão do ar em torno da
pressão atmosférica média local. A definição de som apresentada por Russo (1993, p
43), é compreendida como sendo qualquer perturbação ocorrida em um meio elástico
que produza uma sensação auditiva. As ondas sonoras são mecânicas, longitudinais
e podem transmitir-se no meio sólido, líquido e gasoso, onde o meio mais comum de
propagação do som audível é o ar, que é o mais importante para o nosso estudo.
Dreossi e Momensohn-Santos (2005), em seu estudo, descreveram que o som
e o ruído são o mesmo fenômeno físico, porém, não são sinônimos. Um ruído é
apenas um tipo de som, mas um som não é necessariamente um ruído. Pelo ponto
de vista psico-acústico, o ruído seria uma sensação desagradável desencadeada pela
recepção da energia acústica
Som e ruído possuem determinadas características físicas. As mais
importantes, para este estudo, referem-se diretamente ao fenômeno que se quer
discutir e são a intensidade e a frequência (RIBAS, 2007).
29
O ruído possui as seguintes características físicas:
a) Intensidade : Russo (1993), define intensidade como sendo a quantidade de
energia, transmitida por segundo, em uma área de um metro quadrado. O
ouvido humano possui um limite fisiológico suportável para a intensidade
sonora, pois a partir de certa intensidade, os sons podem lesionar parcialmente
ou totalmente e, de modo irreversível, o órgão sensorial da audição.
Ribas (2007), em seu estudo descreve que a intensidade sonora é proporcional
ao quadrado da pressão sonora. Os valores médios de pressão sonora em
1.000 Hz variam entre 20 µPa a 20 Pa. A pressão sonora, também, pode ser
medida em dina/cm². Estas são medidas absolutas de energia de pressão
sonora.
A unidade de medida que se refere ao nível de intensidade, ou nível de pressão
sonora, é o Bell. É, portanto, uma unidade de medida relativa. O Bell,
primeiramente, foi definido para medir o nível de intensidade das perdas
sonoras nos cabos telefônicos, da Companhia Americana de Telefones, e seu
nome homenageia Alexandre Graham Bell (RIBAS 2007).
b) Frequência: é o número de vibrações por unidade de tempo ou o número de
ciclos que as partículas materiais realizam em um segundo (ciclos/segundo).
Esta unidade recebe o nome de Hertz (Hz). Existem ondas sonoras de qualquer
frequência, entretanto, o aparelho auditivo humano é sensível somente aos
sons com área de frequência entre 20 Hz e 20.000 Hz (RUSSO, 1993, p.44)
O estudo do ruído nos ambientes de trabalho considera não só as características
do mesmo, mas também, o local onde o trabalhador se encontra exposto ao ruído,
pois cada local de trabalho terá sua forma arquitetônica, na qual o ruído incidirá de
diferentes maneiras (FLEIG, 2004).
No ambiente portuário a propagação do ruído ocorre em diferentes fontes e
meios aos quais serão apresentados no subitem a seguir.
30
3.2.2 Fontes de Ruído Portuário
A lei 12.815, de 05 junho de 2013, define porto organizado como um bem
público construído e aparelhado para atender as necessidades da navegação, de
movimentação de passageiros ou movimentação e armazenagem de mercadorias, e
cujo tráfego e operações portuárias estejam sob jurisdição de autoridade portuária. A
área do porto organizado, é delimitada por ato do Poder Executivo que compreende
as instalações portuárias e a infraestrutura de proteção e de acesso ao porto
organizado.
As atividades portuárias, segundo o Artigo 40 da Lei 12.815/13, compreendem
os serviços de capatazia, estiva, conferência de carga, conserto de carga, vigilância
de embarcações e bloco, denominados Trabalhadores Portuários Avulsos – TPAs.
O trabalhador portuário avulso (TPA) é aquele que, segundo o artigo 12, inciso
VI da Lei 8.212 (BRASIL, 1991), presta serviço a inúmeras empresas sem vínculo
empregatício. Para tanto, é necessário que eles sejam intermediados por um órgão
gestor, para que este distribua os trabalhos disponíveis de forma justa e organizada
entre os TPAs.
Os trabalhadores portuários podem ser definidos conforme ocupação/atividade
em categorias a partir da CBO (Classificação Brasileira de Ocupações). Cada ofício
conta com um sindicato que atende as respectivas necessidades e demandas
profissionais. O Porto de São Francisco do Sul possui cinco (05) categorias de TPAS,
sendo: Estivadores, os quais realizam atividade de carregamento e descarregamento
de cargas a bordo das embarcações; Arrumadores, realizam carregamento e
descarregamento de cargas em terra (cais e pátios e armazéns); Conferencia, os
quais são responsáveis por realizar a conferência de toda carga que entra e sai da
embarcação; Vigias, os quais controlam todas as pessoas que entram e saem das
embarcações; e, os Consertadores, que tem como função realizar manutenção nas
embalagens das mercadorias.
A execução do trabalho portuário é realizada por trabalhadores avulsos com a
obrigatória intermediação do Órgão Gestor de Mão de Obra (OGMO) ou por
31
trabalhadores contratados a prazo indeterminado. A mão de obra avulsa predomina
nos portos organizados brasileiros. (CARVALHO, 2010).
O OGMO – SFS é o Órgão de Gestão de Mão de Obra do Trabalho Portuário
Avulso do Porto Organizado de São Francisco do Sul. Uma entidade de utilidade
pública, sem fins lucrativos, constituída nos termos de que dispõe a lei 8.630/93
e substituída pela lei 12.815/2013, sob a forma de associação civil, com sede e foro
em São Francisco do Sul (SC). De acordo com as normas, a convenção ou o acordo
coletivo de trabalho firmado entre os sindicatos de operadores e trabalhadores
portuários, a gestão do trabalho portuário é a principal atribuição de um OGMO.
O meio ambiente do trabalho portuário é constituído, em terra, pelos armazéns,
pátios, faixa do cais e demais instalações portuárias e, a bordo, pelos conveses e
porões das embarcações, os quais utilizam de diversas máquinas e equipamentos, ou
seja, guindastes de bordo, guindastes de terras, máquinas de pequeno e grande porte,
funis, shiploaders e acessórios de guindar1.
Esta diversificação se altera de porto para porto, conforme a carga operada e de
embarcação para embarcação. Isto quer dizer que situações ambientais encontradas
em determinado porto poderão não estar presentes em outro (SANTOS, 2013).
Conforme Carvalho (2010), descreve em seu estudo, o mesmo pode ser dito com
relação aos navios, posto que suas estruturas sofrem variações de acordo com a
destinação para o qual foram projetados. Como por exemplo, as escadas que dão
acesso aos seus compartimentos e porões, onde há navios em que elas são
protegidas por guarda corpo e outros onde são totalmente desprotegidas e de elevada
altura.
Os ruídos no ambiente portuário são reconhecidos pelos trabalhadores
portuários avulsos como importante risco. No contexto portuário, muitos são os ruídos
existentes, tanto a bordo como no cais (SOARES, 2008).
As principais fontes de ruído em um navio são oriundas da casa de máquina,
dos guinchos, das máquinas utilizadas na operação portuária nos porões dos navios,
1 Acessório de guindar: conjunto de acessórios utilizados para içar as cargas.
32
do alarme sonoro das máquinas, das lingas2 (correntes de metal) utilizadas para içar
carga e da própria movimentação de cargas. No cais do porto o ruído é oriundo do
trafego de máquinas, dos guindastes de terra, utilizados para o
carregamento/descarregamento de mercadorias dos navios, do transporte de cargas
através dos caminhões, atividade frequente nas operações portuárias, apresentando
risco para todas as categorias de trabalhadores.
No estudo realizado por Soares (2008), os estivadores se reconhecem como
os trabalhadores mais expostos a bordo dos navios do que os trabalhadores da
capatazia, os quais desenvolvem suas atividades no cais do porto. O autor ressaltou
que o tráfego de carros e caminhões no cais é grande na maioria das operações,
porém, nos navios especializados ou convencionais, há o uso combinado de
diferentes equipamentos, tais como as empilhadeiras, e que os exautores de ar e
motores dos navios, guinchos entre outros, interagem, caracterizando o porão e o
convés das embarcações como ambientes extremamente ruidosos.
De acordo com o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA do
OGMO-sfs (2014), o maior ruído aferido foi na função de Estiva – Contramestre Geral,
com 91,0 dB, seguido da capatazia com 89,7 dB na função de Operador de Guindaste
de Terra (MHC) e Conferente com 88,8 dB na função de lingada.
Diante das informações pode-se observar que o ambiente portuário possui
várias fontes de ruídos, as quais em muitas situações são muito difíceis de serem
eliminadas na fonte, devido a dinâmica e as características das operações, sendo
necessário a utilização por parte dos trabalhadores do Equipamento de Proteção
Individual – EPI, que são distribuídos pelo Órgão de Gestão de Mão de Obra – OGMO-
sfs, conforme estabelece a NR 29 em seu item 29.1.4.2 alínea “b”’.
3.2.3 Efeitos do Ruído no Homem
O ruído, é um mal ambiental que afeta a saúde e permeia a vida das pessoas,
nos ambientes urbanos, sociais, de trabalho e nas atividades de lazer. De acordo com
2 Lingas: As lingas são dispositivos feitos de cabo de fibra, de arame ou de correntes, com laços e sapatilhas que servem para fazer a ligação da carga com o aparelho de guindar que irá sustentar as cargas nas manobras de içamento.
33
Nuldemann et al (2001, p.17), o ruído em atividades industriais, no meio ambiente e
em atividades de lazer estão aumentando.
Sabe-se que 600 milhões de pessoas ou mais, que trabalham em ambientes
ruidosos, 25 a 30 milhões estão na Europa e provavelmente a mesma quantidade nos
EUA (NULDELMANN et al, 2001, p.17).
A exposição a níveis de pressão sonora elevados em função de sua duração,
frequência, intensidade e suscetibilidade individual, além de acarretar múltiplas
consequências ao organismo humano, constitui um dos principais riscos à audição,
podendo causar a perda auditiva por níveis de pressão sonora elevados, efeitos
acumulativos ou efeitos terciários como por exemplo, estresse, risco de hipertensão e
infarto, etc. Além dos efeitos socioculturais, estéticos e econômicos (ex. isolamento
social, queda da qualidade acústica na vizinhança, depreciação do valor dos imóveis
(OLIVA et al, 2011).
Tal exposição é capaz de ocasionar efeitos maléficos ao organismo, sejam eles
auditivos ou não, sendo importante a adoção de medidas preventivas e de
conscientização da população sobre esse problema (MORATA, 2005). Além disso, a
exposição ao ruído produz outros distúrbios – orgânicos, fisiológicos e
psicoemocionais - que resultam em uma evidente diminuição da qualidade de vida e
de saúde dos trabalhadores (MIRANDA, et al, 1998).
Os efeitos do ruído sobre as pessoas podem ser classificados de duas
maneiras: efeitos auditivos e efeitos não auditivos. Ambas categorias podem resultar
em deterioração da qualidade de vida e consequências na saúde, conforme será
descrito nos capítulos a seguir.
3.2.3.1 Efeitos Auditivos do Ruído
O sistema auditivo desempenha funções importantes no organismo humano,
pois é por meio dele que as informações chegam até nós, possibilitando a
comunicação e interação entre o homem e o meio ambiente (SIQUEIRA, 2012).
Segundo Medeiros (1999), a exposição ocupacional ao ruído intenso está
associada a várias manifestações, sendo que a mais conhecida ocorre no sistema
34
auditivo, podendo ser classificada em três categorias: Trauma Acústico, Mudança
Temporária do Limiar e Alteração Permanente do Liminar.
� Trauma Acústico
Trata-se de uma perda auditiva súbita, decorrente de uma única exposição a
ruído intenso (HUNGRIA, 1995) apud (RIBAS, 2007).
Quando ocorre uma explosão, a descompressão brusca e violenta pode
acarretar dor e lesões simultâneas da orelha, como ruptura da membrana timpânica e
desarticulação dos ossículos, assim como distúrbios vestibulares (vertigem e
perturbações de equilíbrio). Nesse caso, o som chegará com menor energia na orelha
interna, lesando menos essa região (RIBAS, 2007).
Sons de curta duração e forte intensidade sonora capaz de provocar trauma
acústico é de 120dB NPS ou 140 dB NPS, tendo como origem explosão de fogo de
artifícios, estampidos de arma de fogo, detonações, ruído de motores a explosão e
alguns tipos de máquinas de grande impacto (SIQUEIRA,2012; RIBAS, 2007). Sons
de curta duração podem resultar em perda auditiva imediata, severa e permanente.
Além da perda auditiva que é percebida de imediato, o paciente costuma relatar a
presença de zumbido.
� Mudança Temporária de Limiar (MTL)
Também conhecida por fadiga auditiva, trata-se de uma elevação temporária do
limiar de audibilidade, que se recupera gradualmente, após a exposição ao ruído
(SANTOS e MORATA, 1994) apud (RIBAS, 2007).
As variações na MTL ainda são controversas, mas de maneira geral, observa-se
que os ruídos de alta frequência são mais nocivos do que os de baixa frequência,
sendo que a exposição contínua é a mais nociva do que a interrompida (RIBAS, 2007).
Segundo Carmo (1999), a MTL corresponde a um fenômeno temporário, em que
o limiar auditivo retorna ao normal nas primeiras duas ou três horas após cessada a
estimulação sonora.
35
Durante os desvios temporários dos limiares auditivos, ocorrem alterações
discretas nas células ciliadas, edema das terminações nervosas auditivas, alterações
vasculares, exaustão metabólica, modificações intracelulares, diminuição dos
estereocílios, alteração no acoplamento entre os cílios e membrana tectorial. Essas
alterações são reversíveis, podendo haver recuperação do limiar, mesmo com
presença de células lesadas (MERLUZZI, 1989) apud (SIQUEIRA, 2012).
� Alteração Permanente do Liminar (APL) ou Perda Induzida pelo Ruído (PAIR)
Entende-se por perda auditiva induzida por ruído (PAIR) as alterações dos
limiares auditivos do tipo neurossensorial, decorrentes da exposição ocupacional
sistemática a níveis de pressão sonora elevados e tem como características principais
a irreversibilidade e a progressão gradual com o tempo de exposição ao risco
(MORATA, 2002).
A perda auditiva deve ter se desenvolvido gradualmente num período de,
geralmente, 6 (seis) a 10 (dez) anos de exposição contínua a níveis elevados de ruído
no trabalho. O exame audiométrico revela uma perda auditiva sempre
neurossensorial, irreversível, em geral simétrica, com entalhes principalmente nas
frequências de 2000 a 4000 Hz. (CALDART, 2006).
Segundo o Ministério da Saúde (2006), no início da perda, a média dos limiares
de 500, 1 e 2kHz é melhor do que a média de 3,4 ou 6kHz. O limiar de 8kHz tem que
ser melhor do que o pior limiar.
A maior característica da PAIR é a degeneração das células ciliadas do órgão
de Corti, dentro do ouvido humano (figuras 4 e 5). Pessoas com PAIR são candidatas
ao uso de próteses auditivas e sentem muita dificuldade para se comunicar, havendo
prejuízo importante na vida ocupacional e familiar (RIBAS, 2007).
Outros efeitos negativos da exposição crônica ao ruído podem ser observados
com frequência entre trabalhadores com Perda Auditiva Induzida por Nível de Pressão
Sonora Elevado, dentre eles o zumbido, recrutamento, dificuldade de compreensão
da fala, otalgia e plenitude auricular (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).
36
Figura 4 - Órgão de Corti Íntegro.
Fonte: Engström, 1988 apud Ribas, 2007.
Figura 5 - Órgão de Corti Lesado pelo Ruído.
Fonte: Engström, 1988 apud Ribas, 2007.
Segundo Ministério da Saúde (2006); Ribas (2007); Siqueira (2012), o zumbido
é um dos sintomas mais comumente relatados por pessoas expostas ao ruído. De
acordo com o Ministério da Saúde (2006), o zumbido é definido como sendo a
manifestação do mau funcionamento no processamento de sinais auditivos
envolvendo componentes perceptuais e psicológicos nos quais o indivíduo refere
escutar um som que parece ser produzido dentro de sua cabeça.
37
As dificuldades de compreensão da fala são as mais relatadas pelo trabalhador
portador de PAIR, cujo padrão de fala poderá sofrer alterações, de acordo com o grau
de perda auditiva (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).
Outros sintomas observados são a algiacusia, que foi definido por Nudelmann
(2001), como sendo uma sensação de dor frente a presença de determinados tipos
de ruído de alta intensidade. Carmo (1999), descreve que a algiacusia algiacusia
(aumento desproporcional da sensação sonora frente a um som intenso), plenitude
auricular (sensação de ouvido tapado ou cheio), sensação de audição abafada e
dificuldades de localização sonora.
3.2.3.2 Efeitos Não Auditivos do Ruído
Loureiro (2002), afirma que o ruído age sobre o organismo humano de várias
maneiras, alterando não apenas o funcionamento do aparelho auditivo, mas também
comprometendo atividade física, fisiológica e mental do indivíduo a ele exposto.
Carmo (1999), relata que alguns autores não consideram seguros os dados
referentes às manifestações não-auditivas do ruído, mas deve-se considerar que
atualmente existem estudos que foram revistos na literatura científica dos últimos 20
anos e que comprovam que o indivíduo urbano se encontra dia a dia em exposição
ao ruído, seja de forma direta ou indireta e, consequentemente, há a promoção de
estresse ou perturbação do ritmo biológico.
Os efeitos não auditivos podem ser divididos em seis itens: transtornos da
comunicação, alterações do sono, transtornos neurológicos, transtornos vestibulares,
transtornos digestivos e transtornos comportamentais
• Transtornos da comunicação: Medeiros (1999); Lima (2012), descreveram em
seus estudos que elevados ruídos podem causar transtornos de comunicação,
como o mascaramento da voz, prejudicando a compreensão da fala,
principalmente se o indivíduo tiver deficiência auditiva, o que tornará mais difícil
o reconhecimento da fala. Segundo Nudelmann (2001, p.48), indivíduos
tendem ao isolamento durante suas atividades. Tal ação é consequência da
dificuldade de interação, já que não consegue participar efetivamente de uma
conversação (MEDEIROS, 1999).
38
• Alterações do sono: Diversas perturbações do sono, incluindo insônias
importantes e suas consequências, tais como, cansaço e dificuldade de
concentração, são queixas que não podem ser classificadas como raras, na
anamnese de um paciente submetido a níveis críticos de ruído (NUDELMANN,
2001, p.48). Seligman (1997) citado por Carmo (1999), afirma que ruídos
escutados durante o dia podem atrapalhar o sono, interferindo na profundidade
e qualidade do sono, surtindo efeitos no dia a dia, devido as visíveis alterações
no trabalho e na vida social.
• Transtornos neurológicos: Nudelmann (2001, p.48), descreve que as
manifestações apresentadas são: tremores nas mãos, dilatação das pupilas e
alterações na motilidade dos olhos, até alteração na percepção das cores.
• Transtornos vestibulares: Alguns autores relatam vários quadros que podem
manifestar-se como dificuldades no equilíbrio e na marcha, até a presença de
nistagmos e desmaios (NUDELMANN, 2001, p.48).
• Transtornos digestivos: Os transtornos apresentados são enjoos, vômitos,
perda de apetite, gastrites e úlceras.
• Transtornos comportamentais: Mudanças na conduta e no humor, a falta de
atenção e de concentração, a redução do potencial sexual, e de estresse e
depressão.
Outro aspecto influenciado pelo ruído é a capacidade de concentração mental. O
ruído provoca irritação e, com isso, pode diminuir a capacidade de concentração
mental, afetando o desempenho na realização de tarefas e aumentando a
probabilidade de erros e acidentes ocupacionais (MEDEIROS, 1999; CARMO, 1999;
LIMA, 2012).
3.3 Perda Auditiva, Conceitos e Tipos
A perda auditiva é uma das doenças profissionais mais comuns nos países
industrializados e tem sido apontada, dentre as doenças relacionadas ao trabalho,
39
como uma das de mais elevada ocorrência sendo até aceita como uma consequência
normal do emprego (FERREIRA, 1998) apud (VIVAN, 2007).
As perdas auditivas podem ser divididas em: neurossensorial, condutiva e
mistas.
3.3.1 Perda Auditiva Neurossensorial
Os trabalhadores expostos a níveis elevados de pressão sonora podem ter, ao
longo dos anos, uma perda auditiva neurossensorial irreversível (perda auditiva por
exposição a níveis elevados de pressão sonora) (RIBEIRO, 2006).
De acordo com Russo (1993), a perdas auditivas neurossensoriais são aquelas
que resultam de distúrbios que comprometem a cóclea ou nervo coclear.
Nas deficiências auditivas do tipo neurossensorial há uma conservação de
audição para os sons graves com perda de audição mais acentuada em agudos. As
deficiências neurossensorial podem também apresentar perdas de audição
localizadas, como nos traumas acústicos ou nas deficiências auditivas induzidas pelo
ruído (LOPES FILHO, 1997 p.05).
Os pacientes portadores de problemas no ouvido interno ou no nervo auditivo
tendem, a apresentar o seguinte quadro de sinais e sintomas:
� História de perda auditiva subida ou progressiva, com causa desconhecida ou
determinada. Além disso, pode haver antecedentes familiares ou associação
da deficiência auditiva com outras alterações orgânicas (RUSSO, 1993).
� Estes pacientes podem apresentar zumbido de frequência mais alta,
comparado a uma cigarra ou um apito intermitente. Se acentua no silêncio
durante a noite (devido ao menor barulho), dificultando o sono, levando
inclusive ao isolamento, distúrbios de personalidade, irritabilidade, capacidade
de atenção reduzida e vivacidade diminuída (LOPES FILHO, 1997 p.16;
ZABONI, 2009).
� Quando a perda auditiva é bilateral, o paciente pode apresentar alteração da
qualidade vocal e de seu padrão articulatório (RUSSO, 1993). O
40
reconhecimento de fala é afetado na maioria dos casos pelo comprometimento
das células sensoriais da orelha interna, sendo pior quanto maior a perda
auditiva. Se as frequências da fala (500 Hz, 1000 Hz e 2000 Hz) estiverem
menos afetadas, o reconhecimento de fala pode estar menos comprometido
(ZABONI, 2009).
� O indivíduo com perda auditiva neurossensorial, geralmente, apresenta
dificuldade para entender a mensagem, mesmo quando esta é suficientemente
intensa para que a ouça (RUSSO,1993).
� Queixas de tontura, zoeira ou vertigem.
� A perda auditiva atinge tanto a via aérea quanto a via óssea. Quando a perda
é muito intensa pode não haver registro de respostas na via óssea, devido à
limitação de transmissão do vibrador ósseo para intensidades superiores a 65
ou 70 dB NA (RUSSO, 1993).
Conforme descreve Zaboni (2009), em seu estudo, as perdas auditivas
neurossensoriais são permanentes e possuem múltiplas causas e, que, na sua
maioria, não são passíveis de tratamento médico ou cirúrgico. A intervenção possível
nesses casos é a reabilitação por meio da adaptação de próteses auditivas na maioria
das vezes ajudam bastante.
Conforme Russo (1993), ao avaliar os achados audiológicos de um indivíduo
portador de lesão neurossensorial, não se deve esquecer que o momento em que esta
perda auditiva ocorreu pode ter grande influência no processo de degeneração de fala
do paciente. Por este motivo, que os testes de fala constituem indicadores importantes
sobre o prognóstico do processo de seleção e adaptação de próteses auditivas. Esses
testes fornecem dados sobre a eficiência comunicativa dos indivíduos, além de
informações para o diagnóstico diferencial relacionadas ao local da lesão (ZABONI,
2009).
3.3.2 Perda Auditiva Condutiva
Russo (1993), descreve que perdas auditivas condutivas são aquelas que
resultam de patologias que atingem o ouvido externo e/ou médio, reduzindo, dessa
forma, a quantidade de energia sonora a ser transmitida para o ouvido interno.
41
Caracterizam-se basicamente pela diminuição da audição aos sons graves
(aumento da rigidez do sistema) com certa conservação da audição aos sons agudos
(LOPES FILHO, 1997 p.04).
Para Hyppolito (2005), as patologias de orelha externa causam perda auditiva
de condução por levarem a uma obstrução mecânica à condução do som. Além dos
processos infamatórios, alterações congênitas que evoluem com malformações de
pavilhão auricular e atresia ou agenesia de meato acústico externo impedem a
chegada da onda sonora à orelha média.
Ainda em seu estudo, Hyppolito (2005), descreve que as doenças mais comuns
adquiridas da orelha externa são as otites externas, com uma incidência de 5 a 20%
no verão e que levam à perda auditiva por edema do meato acústico externo. Além
disso, outras situações podem induzir a perda auditiva condutiva, tais como:
� Corpos estranhos do meato acústico externo;
� Traumas e ferimentos do pavilhão e meato acústico externo;
� Queimaduras;
� Rolhas (tampões) de cerume ou epidérmicos;
� Dermatites;
� Tuberculose e leishmaniose; e
� Otites externa localizada, difusa aguda e maligna;
Conforme Russo (1993 p. 1995:198), os pacientes portadores de perdas
auditivas causadas por afecções de ouvido externo e/ou médio apresentam, em geral,
o seguinte quadro de sinais e sintomas:
a) Histórico de infecção de ouvido;
b) Presença de zumbido;
c) Quando a perda for bilateral, os pacientes tendem a falar com a voz mais
fraca, devido ao reforço dado pela integridade da via óssea;
d) Se o som da mensagem oral for intenso, o paciente não apresentará
dificuldades para descriminar a fala;
e) Os pacientes tendem a ouvir melhor em ambiente ruidoso do que no
silêncio, devido ouvinte normal ter que falar mais intensamente;
42
f) Podem apresentar queixa de que não conseguem ouvir uma conversação
quando mastigam.
As perdas auditivas condutivas não são necessariamente permanentes, sendo
reversíveis por meio de medicamentos e cirurgias.
3.3.3 Perda Auditiva Mista
Perdas auditivas mistas ocorrem quando há problemas tanto no ouvido
externo/médio (componentes condutivos) quanto no ouvido interno (neurossensoriais)
no mesmo ouvido (RUSSO, 1993 p.202).
Pode-se iniciar como condutiva, como otites crônicas e evoluir com
características neurossensoriais causadas pela mesma etiologia inicial ou por outra
causa associada. O inverso é muito difícil de acontecer, isto é, iniciar como
neurossensorial e evoluir com características condutivas (LOPES FILHO, 1997 p. 22).
Segundo Russo (1993, p. 202), as perdas auditivas mistas apresentam os
seguintes quadros de sinais e sintomas:
� O componente Neurossensorial aparece depois de um problema condutivo
crônico ou ao mesmo tempo, nos casos de traumas cranianos;
� Avaliação audiológica deve determinar, com maior precisão, o déficit condutivo
e o Neurossensorial;
� O reconhecimento da fala pode não estar comprometido, se o componente
condutivo predominar. Porém, se houver domínio da lesão Neurossensorial, os
índices poderão estar rebaixados;
Perdas auditivas mistas podem ser tratadas por cirurgia assim como por
aparelhos auditivos.
3.4 Estado da Arte – Estudos Acerca da Perda Auditi va
Conforme Klaufau (2010), durante duas revoluções industriais, aceleraram-se a
degradação dos ambientes sonoros nas áreas residenciais e no trabalho, e a
contaminação do ruído se propagou pelo mundo. Os países do primeiro mundo
sofreram primeiro este impacto e perceberam a queda na produtividade e o aumento
43
de acidentes, por isso mudaram de rumo durante a terceira revolução industrial,
quando houve a invasão mais profunda e difusa do meio urbano pelos veículos
automotores.
Nos últimos anos os governos estão interessados em evitar maiores danos à
saúde dos homens, adotando atitudes melhores intelectual e psicologicamente para
competirem na ponta da globalização (KLAUFAU, 2010).
A preocupação com o crescimento da poluição sonora e seus efeitos na
população tem sido alvo de pesquisas e estudos em diversas áreas, tais como:
metalúrgica, usina de asfalto, marmorarias, indústria de alimentos, frigoríficos,
transporte e siderúrgico.
Segue abaixo de maneira retrospectiva, algumas pesquisas desenvolvidas na
área de perda auditiva realizado em diversas áreas:
Em 1998 Carlos R. Miranda (MIRANDA et al, 1998), desenvolveu um trabalho
de prevalência, realizado a partir de dados audiométricos referentes a 7.925
trabalhadores de 44 empresas industriais de nove diferentes ramos de atividade.
A prevalência de perda auditiva foi de 45,9% na população estudada, com
prevalência de 35,7% de perda auditiva induzida pelo ruído, somando as perdas
bilaterais e unilaterais. Para cada ramo, as prevalências foram as seguintes: 58,7%
no editorial/gráfico, 54,75 no mecânico, 45,9% no de bebidas, 42,3% no
químico/petroquímico, 35,8% no metalúrgico, 33, 5% no siderúrgico, 29,3% no de
transporte, 28,0% no de alimentos e 23,4% no têxtil. O estudo permitiu delinear um
quadro extremamente alarmante, dada a magnitude da prevalência de perda induzida
pelo ruído.
No ano de 2002 supracitado, a Simone Adad Araújo, realizou um estudo sobre
a perda auditiva induzida pelo ruído em trabalhadores de metalúrgica, com objetivo
de identificar a ocorrência de alterações auditivas sugestivas de PAIR e os principais
sintomas otorrinolaringológicos referidos pelos trabalhadores. Os resultados das
audiometrias mostraram que 21% foram sugestivas de PAIR, 72% normais e 7%
sugestivas de outras doenças auditivas. Os principais sintomas foram dificuldade na
compreensão da fala, 12%; hipoacusia, 7%; tinitus, 13%; sensação de plenitude
44
auricular, 4%; otorreia, 6% e tonturas, 12%, concluindo que há ocorrência de
alterações auditivas em metalúrgicas.
Marília Rabelo H. C. Harger, realizou em 2004 um estudo sobre os efeitos
auditivos decorrentes da exposição ocupacional ao ruído em trabalhadores de
marmorarias no Distrito Federal. O Objetivo do trabalho foi avaliar a prevalência de
perdas auditivas, bem como sua classificação quanto ao grau e tipo. Foram avaliados
152 trabalhadores com idade média de 30 anos, e com média de exposição
ocupacional ao ruído de 8,3 anos. Os resultados mostraram que 48% dos
trabalhadores apresentaram algum tipo de perda auditiva, com maior grau de perda
auditiva na frequência de 6000 Hz.
Em estudo realizado por Guerra et al (2005), sobre a prevalência de perda
auditiva induzida por ruído em empresa metalúrgica, 15,9% foi de prevalência
sugestivas de PAIR, e na análise multivariada, foram identificadas associações
significativas (p<0,05) entre os casos e as várias idades e uso regular de equipamento
de proteção individual.
Ana Maria Dutra Ribeiro desenvolveu em 2006 um estudo sobre a perda
auditiva neurossensorial em trabalhadores de manutenção de aeronaves. O estudo
teve como principal objetivo avaliar a prevalência do dano auditivo em todos os
trabalhadores do setor de manutenção de aeronaves de asas rotativas de uma
unidade da Força Aérea Brasileira. Dos 74 trabalhadores estudados, a prevalência de
perda auditiva sugestiva de ser neurossensorial foi de 32,4% sendo relacionada com
as varáveis, tempo de trabalho e faixa etária entre 41 e 50 anos.
Thais Catalani Morata (MORATA et al, 2011), realizou estudo sobre a mudança
significativa do limiar auditivo em trabalhadores expostos a diferentes níveis de ruído.
O estudo teve como objetivo avaliar a audição e a ocorrência de mudanças
significativas do limiar de trabalhadores de frigoríficos expostos a níveis de ruído
abaixo das Normas e compará-los com os trabalhadores expostos a nível
considerados excessivos. O estudo verificou diferenças em todas as frequências nos
testes de comparação entre a média dos limiares auditivos para cada frequência e,
função do nível de exposição ao ruído. Foram encontradas mudanças permanentes
de limiar nos três níveis de exposição ao ruído.
45
Em 2014, Eliziane Gai Menin (MENIN et al, 2014), desenvolveu estudo sobre a
relação da perda auditiva induzida por ruído e o uso de tabaco em trabalhadores de
uma indústria alimentícia, com o objetivo de verificar se o tabaco potencializa os
efeitos do ruído causados na audição. Os resultados mostraram que os limiares
auditivos da via aérea nas frequências de 4.000 e 6.000 Hz foram significantemente
mais altos no grupo de fumantes/ex-fumantes quando comparados aos não-fumantes,
tanto na orelha direita quanto na esquerda; limiares estes, características da perda
auditiva induzida por ruído. O estudo concluiu que o uso do tabaco pode potencializar
os danos causados pelo ruído à audição.
Dentre vários estudos encontrados acerca da perda auditiva, não foi possível
localizar nenhuma pesquisa sobre perda auditiva com trabalhadores Portuários
Avulsos no Brasil.
3.5 Aspectos Legais Vinculados ao Ruído
Existem registros desde 1919 que apresentam legislações acidentárias
direcionadas ao trabalho (PORTELA, 2008). A partir de 1943 organizaram-se várias
normatizações direcionadas ao trabalho, divulgada pelo Decreto-Lei 5.452, de 1º de
março do mesmo ano, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), destacando-se o
capítulo V, da medicina e segurança do trabalho, que tem o objetivo de prevenir as
doenças ocupacionais e os acidentes de trabalho. Em 1965 a Portaria 607 do
Ministério do Trabalho e o Decreto-Lei nº 229 de 1967 asseguraram outros benefícios
relativos ao conforto no ambiente de trabalho. Dez anos após, a Lei nº 6524 de 1977,
alterou o Capítulo V do Título II da CLT e instituiu em todo país disposições a respeito
da segurança e medicina do trabalho. Porém, em junho de 1978 a Portaria nº 3214,
aprovou as Normas Regulamentadoras (NRs), responsáveis pelas regras de
segurança nas atividades relativas ao trabalho, em todo o Brasil.
A norma que estabelece os níveis de exposição de ruído para ambientes
ocupacionais é a NR-15 de 1978, a qual regulamenta as “Atividades e Operações
Insalubres”. Esta norma é utilizada para fins de fiscalização pelo Ministério do
Trabalho e Emprego em todo o país, conforme Quadro 1.
46
Segundo Oliva et al (2011), com a finalidade de regulamentar a exposição dos
trabalhadores ao ruído intenso, evitando a surdez ocupacional, a legislação, em todo
o mundo, adota critérios estabelecendo formas de intervenções baseadas em ações
preventivas das alterações auditivas de origem ocupacional.
Quadro 1 - Limites de Tolerância para Ruídos Contínuos ou Intermitentes de acordo com a NR 15.
NÍVEL DE RUÍDO dB (A)
MÁXIMA EXPOSIÇAO DIÁRIA PERMÍSSIVEL
85 8 horas 86 7 horas 87 6 horas 88 5 horas 89 4 horas e 30 min. 90 4 horas 91 3 horas e 30 min. 92 3 horas 93 2 horas e 40 min. 94 2 horas e 15 min. 95 2 horas 96 1 horas e 45 min. 98 1 horas e 15 min.
100 1 horas 102 45 min. 104 35 min. 105 30 min. 106 25 min. 108 20 min. 110 15 min. 112 10 min. 114 8 min. 115 7 min.
Fonte: Norma Regulamentadora nº 15 de 1978.
O Brasil e muitos outros países, para a regulamentação das condições dos
ambientes de trabalho, utiliza o modelo do Limite de Tolerância (LT), que corresponde
à concentração ou à intensidade mínima ou máxima de agentes de risco a que o
trabalhador pode se expor. O Quadro 2 a seguir mostra os limites de níveis de
exposição ao ruído ocupacional que atendem as normas de vários países, dentre eles,
o Brasil.
47
Quadro 2 - Limites de Níveis de Exposição ao Ruído Ocupacional em Vários Países
País Nível de ruído dB (A)
Tempo de exposição (h/d)
Nível máximo dB
(A) Alemanha 85 8
Japão 90 8 França 85 8
Inglaterra 85 8 135 Itália 85 8 115
Dinamarca 90 8 115 Suécia 85 8 115
Estados Unidos/OSHA 90 8 115 Estados Unidos/NIOSH 85 8
Canadá 90 8 115 Austrália 85 8 115
Brasil 85 Fonte: FLEIG, (2004).
Em 1980 a Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do
Trabalho – FUNDACENTRO através da Coordenação de Higiene do Trabalho
publicou uma série de normas técnicas denominadas anteriormente Normas de
Higiene do Trabalho - NHT e hoje Normas de Higiene Ocupacional – NHO.
Em 2001 a FUNDACENTRO apresentou ao público técnico que atua na área
de saúde ocupacional a Norma de Higiene Ocupacional 01 – NHO01 para (avaliação
da exposição ocupacional ao ruído) critérios e procedimentos para a avaliação da
exposição ocupacional ao ruído contínuo ou intermitente e a ruído de impacto, em
quaisquer situações de trabalho que implique em risco potencial de surdez
ocupacional.
Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, através da Norma
Brasileira NBR nº 10151 de dezembro de 1987 fixa condições exigíveis da
aceitabilidade do ruído em comunidades, especifica o método para medições do ruído,
aplicação de correções nos níveis medidos e uma comparação dos níveis corrigidos,
com critério que leva em conta vários fatores ambientais.
48
Ainda em dezembro de 1987 a ABNT cria a NBR 10152, que estabelece os níveis
de ruído para conforto acústico em ambientes diversos, conforme apresenta o
(Quadro 3).
Quadro 3 - Níveis de Ruído para Conforto Acústico em Ambientes Diversos - NBR 10.152.
Locais dB (A) NC Hospitais Apartamentos, Enfermarias, Berçários, Centros Cirúrgicos 35-45 30-40
Laboratórios, Áreas para uso do público 40-50 35-45 Serviços 45-55 40-50 Escolas Bibliotecas, Salas de músicas, Salas de desenho 35-45 30-40
Salas de aula, Laboratórios 40-50 35-45 Circulação 45-55 40-50 Hotéis Apartamentos 35-45 30-40 Restaurantes, Salas de estar 40-50 35-45 Portaria, recepção e circulação 45-55 40-50 Residências Dormitórios 35-45 30-40 Salas de estar 40-50 35-45 Auditórios Salas de concertos, teatros 30-40 25-30 Salas de conferências, cinemas, salas de uso múltiplo 35-45 30-35
Restaurantes 40-50 35-45 Escritórios Salas de reunião 30-40 25-35 Salas de gerências, salas de projetos e administração 35-45 30-40
Salas de computadores 45-65 40-60 Salas de mecanografia 50-60 45-55 Igrejas e Templos (cultos meditativos) 40-50 35-45 Locais para esporte Pavilhões fechados para espetáculos e atividades esportivas 45-60 40-55
Fonte: NBR nº 10152, (1987).
A Resolução CONAMA nº 001, de 08 de março de 1990, a qual estabelece que
a emissão de sons e ruídos em decorrência de qualquer atividade industrial, comercial,
social e recreativa, inclusive as de propagandas, obedecerá no interesse da saúde,
segurança e sossego público, aos padrões no ambiente exterior do recinto que tem
origem de níveis de mais de 10 dB (A) acima do ruído de fundo existente no local, sem
tráfego, atinjam no ambiente exterior, independente do ruído de fundo, em que tem
49
origem, mais de 70 dB (A), durante o dia e 60 dB (A) durante a noite e no interior do
recinto não alcancem os níveis permitidos pela Norma NBR 10151 de 2000, da
Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT. Em abril de 1990 foi instituída a
Resolução CONAMA nº 002/1990 – Programa Nacional de Educação e Controle da
Poluição Sonora.
50
4. METODOLOGIA
4.1 Área de Estudo
4.1.1 Porto de São Francisco do Sul
O Porto de São Francisco do Sul, área de estudo desta pesquisa, está situado na
Baía Babitonga, em local geograficamente privilegiado na ilha de São Francisco do
Sul, litoral norte do Estado de Santa Catarina, a 215 quilômetros da capital
Florianópolis (DOWELL, 2011). O Porto de São Francisco do Sul localiza-se nas
coordenadas de 26º14'17,84''S e 48º38'05,22’'W (Figura 6).
Figura 6 - Localização do Porto de São Francisco do Sul, litoral norte de Santa Catarina,
Brasil.
Fonte: CARUSO JR, 2012.
51
Em termos de infraestrutura instalada, o Porto de São Francisco do Sul tem
cais acostável com 780 metros de comprimento e 43 pés de profundidade máxima.
Ainda fazendo parte do complexo portuário, o Terminal Santa Catarina - TESC, da
iniciativa privada, possui um cais acostável de 225 metros de comprimento com um
calado máximo de 11 metros, sendo considerado o melhor porto natural do Sul do
País.
O Porto de São Francisco do Sul conta com seis berços de atracação,
apresentados na (Figura 07), e recentemente, os berços 101 e 201 passam por
reformas de reforço estrutural e de realinhamento, objetivando se adequar a frota
mercante mundial. Os berços 301 e 302 estão arrendados ao Terminal Santa Catarina.
Os demais berços encontram-se sob a gestão da Autoridade Portuária (DOWELL,
2011).
Figura 7 - Vista aérea do Porto de São Francisco do Sul.
Fonte: Informativo – OGMO News, agosto 2014.3
Historicamente, o Porto de São Francisco do Sul destaca-se pela
movimentação de granéis sólidos, movimentando uma quantidade importante de
3Disponível em <http://ogmo-sfs.com.br/wp-content/uploads/2014/07/informativo_tpas.pdf >. Acesso em Ago. 2014.
52
commodities. Nos últimos anos, assim como nos demais portos de todo o mundo, vê
crescer a participação de cargas gerais, como a exportação de estruturas de aço e
madeira e a importação de fios de aço4.
Em 2014, as cargas destinadas a outros países somaram 7.852.277 toneladas
e, no fluxo contrário, desembarcaram 5.449.263 toneladas. Além de fertilizante,
também figuram entre as principais importações soda e chapas de aço. Nas cargas
destinadas a outros países o destaque são os embarques de soja, milho, madeira,
motores, ferro e aço. Entre os principais destinos estão a Ásia, Estados Unidos, África,
Europa, Oriente Médio e Mercosul5.
Em 2014, 670 navios atracaram no Porto de São Francisco do Sul, tendo como
média 55,8 navios por mês. Além disso, em 2014, o Porto de São Francisco do Sul
bateu novo recorde ao registrar 13.301.540 toneladas movimentadas, volume 2%
superior ao recorde anterior, registrado em 20136.
4.2 Abordagem Metodológica
Nesta pesquisa foi realizado um estudo observacional transversal
qualiquantitativo, sendo descritivo por meio da análise das questões do questionário,
associado à dosimetria dos ruídos existentes nas operações de carregamento de
descarregamento de navios e retrospectivo descritivo por meio da análise do
levantamento do nível de pressão sonora nos últimos 7 anos, assim como das
audiometrias dos últimos 05 (cinco) anos dos trabalhadores portuários envolvidos no
estudo.
Foi realizado levantamento de ações de gestão na área de segurança e saúde
do trabalho no tocante à perda auditiva, sendo documental e observacional.
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa através do Parecer
Substanciado nº 398.598, em que se seguiu todas as recomendações da resolução
466/2012 do Conselho Nacional de Saúde para pesquisa científica.
4 Disponível em http://www.apsfs.sc.gov.br/?p=1352> Acesso em fev. 2015. 5 Disponível em http://www.apsfs.sc.gov.br/?p=1352> Acesso em fev. 2015. 6 Disponível em http://www.apsfs.sc.gov.br/?page_id=572> Acesso em fev.2015.
53
Para comprovar o respeito para com os envolvidos, elaborou-se um Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice 1), que foi assinado por todos
os participantes, após serem devidamente esclarecidos.
Para execução do trabalho, o OGMO-sfs forneceu ao pesquisado a carta de
anuência, permitindo o uso de dados, e a realização do trabalho nas suas
dependências (Apêndice 2), bem como equipamentos de proteção necessários ao
ambiente de estudo, evitando riscos aos pesquisados.
4.3 Participantes da Pesquisa
Os participantes objeto deste estudo foram os trabalhadores portuários avulsos
– TPAs, mais especificamente os estivadores, sendo que estes possuem jornada de
trabalho (turnos de 6 horas com intervalos de 15 minutos), os quais são escalados
eletronicamente através do sistema de escalação do OGMO-sfs. Os estivadores têm
como função a atividade de movimentação de mercadorias nos conveses ou nos
porões das embarcações principais ou auxiliares, incluindo o transbordo, arrumação,
peação e despeação, bem como o carregamento e a descarga, quando realizados
com equipamentos de bordo.
Os estivadores constituem uma população de 221 conforme informações
fornecidas pelo OGMO-sfs em junho de 2013,7 com a faixa etária entre 35 a 66 anos.
Esta população foi escolhida devido à sua exposição a diversas máquinas,
equipamentos, guindastes e operações simultâneas, que resultam, em determinados
momentos, em altos níveis de ruídos.
4.4 Amostra
4.4.1 Levantamento do Nível de Pressão Sonora
Foram realizadas 32 (trinta e duas) dosagens de ruído, em diferentes
estivadores, escolhidos aleatoriamente, considerando os seguintes critérios: 1)
Abrangência: as dosagens abrangeram todos as atividades realizadas pelos
7 Disponível no sistema de Gestão de Mão de Obra – GMOP do Ogmo-sfs.
54
participantes da pesquisa por mais de uma vez. 2) Custo elevado para um maior
número de amostra.
4.4.2 Levantamento de Dados Qualitativos Ocupaciona is, Biológicos,
Comportamentais Externos dos Participantes do Estud o
Para o levantamento foi aplicado um questionário de forma aleatória (simples),
baseando-se na ordem de chegada para apresentação na central de escalação no
período de fevereiro a junho de 2014, totalizando 70 estivadores, sendo 31,37% da
população. A pesquisa baseia-se em estudo semelhante anteriormente concluído no
Porto de São Francisco do Sul. 8
4.4.3 Levantamento das Audiometrias dos Últimos 5 a nos
O levantamento das audiometrias foi realizado em 70 estivadores, sendo os
mesmos que responderam o questionário, durante os últimos 05 anos (2009 a 2013),
para verificar a presença de perda auditiva. Os 70 estivadores disponíveis para o
estudo totalizaram 140 ouvidos. Foram excluídos da análise 04 estivadores, pois estes
não realizaram o exame audiométrico em dois ou mais anos, totalizando 66
estivadores participantes da análise.
4.4.4 Critérios de Inclusão e Exclusão
• Inclusão: Foram incluídos na pesquisa todos os estivadores registrados e
castrados no OGMO-sfs com mais de 6 anos em atividades no Porto de São
Francisco do Sul.
• Exclusão: Todos estivadores aposentados por invalidez; aqueles que não
aceitaram participar da pesquisa e os estivadores que deixaram de realizar o
exame audiométrico por mais de dois anos.
8 LIMA, Giovani. O Meio Ambiente do Trabalho Portuário: Estudo de Caso dos Estivadores do Porto de São Francisco do Sul. Univille, 2012.
55
4.5 Procedimentos Experimentais
4.5.1 Levantamento do Nível de Pressão Sonora – Ruí do
O levantamento foi realizado por meio de medição do nível de pressão sonora
seguindo o critério da Norma de Higiene Ocupacional – NHO 01 (2001) da
Fundacentro, de forma a caracterizar a exposição de todos os trabalhadores
considerados no estudo, aliado à adequação de custo da pesquisa.
De acordo com a NHO 01, para que as medições sejam representativas da
exposição de toda a jornada de trabalho, é importante que o período de amostragem
seja adequadamente escolhido. Para tanto foram identificados os ciclos de exposição
repetitivos durante a jornada, incluindo um número suficiente de ciclos.
As medições foram realizadas por 03 (três) dosímetros da marca Quest
Tecnlogogies Inc. da 3 M Company, modelo Edge-5, com os seguintes números de
séries: ESL010047, ESL050074 e ESL050114, todos devidamente calibrados,
conforme estabelece NHO 01 (Anexo 02).
Os equipamentos foram ajustados para atender aos seguintes parâmetros:
Circuito de ponderação – ‘’A”; Circuito de resposta lenta “slow’’ para ruído contínuo; e
Critério de referência – 85 dB (A), que corresponde à dose de 100% para uma
exposição de 8 horas. As doses foram realizadas no período de março a junho de
2014.
O microfone do medidor foi posicionado na zona auditiva do participante do
estudo de forma a minimizar a interferência na medição (Figura 8) e com autorização
prévia do participante.
O tempo de medição variou entre 01h21 a 04h22, contemplando o número
suficiente dos ciclos de trabalho das funções mensuradas, projetadas para a jornada
diária efetiva de trabalho, sendo que o tempo médio de cada ciclo das funções é de
35 min.
56
A pesquisadora acompanhou toda a movimentação do trabalhador no exercício
de suas funções, de forma que em toda a medição, o microfone mantivesse
posicionado dentro da zona auditiva.
Figura 8 - Dosímetro posicionado para medição do ruído.
Fonte: Autor.
A pesquisadora acompanhou toda a movimentação do trabalhador no exercício
de suas funções, de forma que em toda a medição o microfone permanecesse
posicionado dentro da zona auditiva.
As medições foram realizadas em diferentes fainas (tipos de cargas), sendo
estas: navios com fertilizantes, bobinas de aço, soja exportação, caulim, bobina de fio
de arame, vergalhão, produtos siderúrgicos, bobina de aço na operação com barcaça,
contêiner e chapa de aço.
4.5.2 Levantamento dos Dados do Nível de Pressão So nora nos Estivadores dos
Últimos 7 anos
Foi realizado levantamento nos Laudos das Condições Ambientais de Trabalho
– LTCAT dos seguintes anos: 2008, 2009, 2010, 2011, 2012, 2013 e 2014. Após foi
tabulado o maior nível de ruído mensurado nas funções desenvolvidas pelos
estivadores durante cada ano. Em seguida, foi calculado a média e desvio padrão.
57
4.5.3 Levantamento de Dados Qualitativos Ocupacion ais, Biológicos,
Comportamentais Externos dos Participantes do Estud o
Para o levantamento dos dados aplicou-se um questionário semiestruturado
com 42 (quarenta e duas) perguntas fechadas (Apêndice 3) aos trabalhadores
integrantes do grupo de estudo, o qual foi previamente encaminhado ao Comitê de
Ética em Pesquisa (CEP) da UNIVILLE, que o considerou apto como instrumento de
pesquisa, através do parecer substanciado nº 398.598, por não ferir qualquer princípio
ético.
Foi explicada a finalidade da pesquisa a cada sujeito da amostra e verificada a
possibilidade de participação voluntária e individualmente. Após, solicitado o
consentimento através do “Termo de consentimento livre e esclarecido”, em duas vias,
sendo entregue uma assinada ao sujeito e a outra devolvida ao pesquisador para
arquivamento juntamente com o questionário pelo prazo de cinco anos. Passado este
prazo, os questionários serão incinerados.
A aplicação do questionário se deu através da leitura das questões pelo
pesquisador aos estivadores seguida das opções de respostas, as quais foram
preenchidas pelo próprio pesquisador.
O questionário teve a seguinte divisão: dados gerais (idade, escolaridade,
estado civil, etc.), aspectos ocupacionais (utilização de equipamentos de proteção
individual e eficácia dos mesmos), biológicos (doenças que causam perda auditiva) e
comportamentais e externos (hábitos e atitudes dos trabalhadores fora do ambiente
de trabalho que causam e contribuem para perda auditiva).
Para aplicação das perguntas fechadas, a qual se oferece poucas escolhas
para resposta, utilizou-se perguntas com alternativas de resposta, tais como, “sim ou
“não”, “raramente’’, dentre outras. Por exemplo: “Você usa protetor auditivo quando
desenvolve atividades ruidosas? ” e “Você já teve infecção auditiva? ”.
Os trabalhadores responderam as questões em horários que antecederam o
início da escala de trabalho, ou seja, das 06h00 ás 07h00, das 12h00 às 13h00 e das
18h00 às 19h00. Aplicou-se todos os questionários no Ponto de Escalação do OGMO-
58
sfs, próximo ao Porto, localizado fora da área do porto organizado, preservando-se o
horário e o local de trabalho.
Após a realização do questionário pelo pesquisador a cada um dos
participantes, este foi depositado em um envelope posteriormente lacrado,
preservando-se a confidencialidade dos participantes da pesquisa. A aplicação dos
questionários não teve a presença de terceiros, mantendo-se o sigilo durante todo o
processo.
Em seguida, os questionários foram tabulados selecionadas as perguntas de
maior interesse, tendo em vista que o questionário possuía perguntas que eram de
interesse do Órgão Gestor.
Os dados das entrevistas foram relacionados com o resultado das audiometrias
referente ao ano de 2013, classificando os trabalhadores entrevistados com perda e
sem perda auditiva.
Os dados coletados foram arquivados de forma impressa, digital, em CD, pelo
período de cinco anos, na residência da pesquisadora, e posteriormente será
incinerado.
4.5.4 Levantamentos de Audiometrias dos Últimos 5 a nos
Após a aplicação do questionário, a pesquisadora realizou o levantamento dos
dados das audiometrias dos 66 estivadores participantes do estudo que responderam
o questionário da pesquisa, avaliando um período de 05 (cinco) anos, sendo 2009 a
2013, contidos nos arquivos do OGMO-sfs.
Todas as audiometrias neste período foram realizadas por fonoaudióloga,
seguindo os parâmetros da Portaria nº 19 de 09 de abril de 1998.
Em seguida, as audiometrias foram tabuladas e analisadas com auxílio do
programa Microsoft Excel® versão 2010. Após, foram classificadas por tipo de perda
auditiva, identificando a perda auditiva neurossensorial, objeto de interesse desse
estudo, uma vez que a perda auditiva induzida pelo ruído é neurossensorial.
59
Após classificou-se o grau de perda conforme a classificação de Lloyd e Kaplan
(1978), do Manual de Procedimentos em Audiometria Tonal Limiar, Logoaudiometria
e Medidas de Imitância Acústica (2013), descrita no Quadro 4.
Quadro 4 - Classificação do Grau de Perda Auditiva.
Média Tonal Denominação Habilidade para Ouvir a Fala
≤25 dB NA Audição Normal. Nenhuma dificuldade significativa.
26-40 dB NA Perda auditiva de grau
leve.
Dificuldade com fala fraca ou
distante.
41-55 dB NA Perda auditiva de grau
moderado.
Dificuldade com fala em nível de
conversação.
56-70 dB Perda auditiva de grau
moderadamente severo.
A fala deve ser forte; dificuldade para
conversação em grupo.
71-90 dBNA Perda auditiva de grau
severo
Dificuldade com fala intensa;
entende somente fala gritada ou
amplificada.
≥ 91 dB NA Perda auditiva de grau
profundo.
Pode não entender nem a fala
amplificada. Depende da leitura
labial.
Fonte: Manual de Procedimentos em Audiometria Tonal Limiar, Logoaudiometria e Medidas de Imitância Acústica, 2013.
4.5.5 Análises de Dados
Após a coleta, todos os dados foram tabulados e analisados estatisticamente
com auxílio do programa Microsoft Excel® versão 2010.
Posteriormente os resultados dos questionários foram relacionados com os
trabalhadores identificados com perda auditiva e sem perda auditiva e posteriormente
analisados com auxílio do programa Microsoft Excel® versão 2010.
60
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Neste capítulo serão descritos os resultados do estudo realizado com os
participantes da pesquisa. Para melhor organização, serão divididos em resultados
das dosimetrias, do levantamento do nível de pressão sonora nos Estivadores dos
últimos 7 anos, dos dados da entrevista e do levantamento das audiometrias.
5.1. Nível de Pressão Sonora
Os resultados serão apresentados da seguinte forma: um quadro contendo os
valores mensurados, sendo que os valores em branco estão dentro do limite de
exposição, em amarelo na faixa limite e os em vermelho estão acima do limite de
exposição, tal como segue no Quadro 5.
O resultado das dosagens realizadas mostrou que as funções de motorista e
contra mestre geral na operação de descarregamento de bobinas na barcaça
apresentaram níveis de pressão sonora de 86,1 dB e 86,8 dB, sendo destacados em
amarelo.
Conforme estabelece a NR 15 em seu anexo 01, o limite de exposição para 6
horas diárias de trabalho é de 87 dB, ou seja, essas funções, portanto, estão no limite
da exposição permitida, sendo obrigatório o uso de protetor auricular. Já as funções
destacadas em vermelho apresentam valores acima do limite estabelecido.
Sendo assim, pode-se observar que as operações portuárias do Porto de São
Francisco do Sul geram níveis de pressão sonora acima do permitido, em especial,
nas operações de carregamento e descarregamento de contêineres,
descarregamento de fertilizantes, chapas de aço e vergalhão, sendo obrigatório,
nessas funções, o uso de protetor auricular.
61
Quadro 5 - Medição do Nível Pressão Sonora Realizada nos Estivadores.
NÍVEL DE RÚIDO (dB)
FUNÇÃO TIPO DE CARGA
NOS NAVIOS
69,8 Lingada Fertilizante
73,7 Lingada Bobina de aço
73,7 Contra Mestre Bobina de aço
73,8 Lingada Fertilizante
74,7 Lingada Soja exportação
75,2 Contra Mestre Geral Soja exportação
76,2 Guincheiro de bordo Fertilizante
76,6 Contra Mestre Geral Fertilizante
77,4 Guincheiro de bordo Caulim
78,1 Lingada Caulim
78,6 Lingada Bobina de Fio
máquina
79,5 Portaló Bobina de Fio
máquina
79,9 Lingada Bobina de Fio
máquina
79,9 Guincheiro de bordo Bobina de Fio
máquina
81,1 Portaló Vergalhão
81,2 Lingada Vergalhão
82,5 Guincheiro de bordo Bobina de aço
83 Operador de Empilhadeira Produto siderúrgico
83 Portaló Bobina de aço
83,1 Guincheiro de bordo Bobina de aço
83,7 Conexo Bobina de aço
83,7 Portaló Bobina de aço
83,7 Operador de Ponte Rolante Bobina (barcaça)
86,1 Motorista (Barcaça) Bobina de aço
86,8 Contra Mestre Geral Bobina de aço
(BARCAÇA)
87,4 Contra Mestre Geral Fertilizante
87,6 Contra Mestre Geral Fertilizante
87,8 Lingada Conexo Contêiner
89,7 Portaló Contêiner
91,6 Lingada Contêiner
91,8 Lingada Chapa de aço
97,8 Portaló Vergalhão
Total: 80h24min38s
62
Conforme relata Almeida (2012), em seu estudo, o trabalho desenvolvido no
ambiente portuário envolve trabalhadores expostos ao ruído de máquinas,
embarcações e, até mesmo do trânsito de veículos no cais, o que colabora para uma
conjuntura prejudicial.
A maioria dos guindastes/guinchos utilizados emite alarmes sonoros ao se
movimentar, o tráfego de máquinas, essencial ao transporte das cargas, é frequente
nas operações portuárias, tanto a bordo como no cais, e os ruídos apresentam-se
como risco para todas as categorias profissionais (SOARES, 2008).
As dosimetrias realizadas em 80h24min38s apresentaram 43,76% das
medições de ruído na faixa de 83,10 dB a 97,9 dB, sendo que 18,75% estão dentro
do limite estabelecido e 25,01% estão acima do limite estabelecido pela Norma,
conforme apresentado na Tabela 01.
Tabela 1 – Percentual do nível de pressão sonora mensurado.
Nível do Ruído (dB)
%
69,8 - 75,2 18,75
76,2 - 79,9 25,00
81,1 - 83,0 15,63 83,1 - 86,8 18,75
87,4 - 89,8 15,63
91,6 - 97,9 9,38
TOTAL 100,00
Segundo o estudo realizado por Vaz (2010), os ruídos existentes no ambiente
de trabalho portuário são constantes e mais danosos a bordo das embarcações, onde
a sua força é intensificada. Os trabalhadores atuam por períodos de 6 horas diárias,
sendo expostos aos ruídos de máquinas, tais como empilhadeiras, tratores, guinchos
e caminhões, nos porões das embarcações ou mesmo no cais do porto. Segundo o
referido autor, os trabalhadores na sua maioria, não identificam distúrbios auditivos
como problema, o que pode indicar a noção de que a não audição de sons esteja
vinculada à falta de atenção do trabalhador, e não ao dano auditivo efetivo. Também
43,76%
63
pode ser que, com a própria hipoacusia, os trabalhadores tenham deixado de perceber
os ruídos no ambiente de trabalho.
5.2 Nível de Pressão Sonora nos Estivadores dos Últ imos 7 anos
Os resultados do levantamento do nível de pressão sonora nos estivadores dos
últimos 7 anos, apresentaram níveis acima do limite estabelecido para 06 horas diárias
de trabalho nos seguintes anos: 2008, 2009, 2010, 2011, 2012, 2013 e 2014,
conforme mostrado na Figura 9.
Figura 9 – Histórico do nível de ruído mensurado na categoria Estivador.
A média foi de 88,39dB também acima do limite estabelecido e desvio padrão
de 3,84.
Pode-se observar que no período de 2008 a 2011 os ruídos mensurados
apresentavam níveis dentro do limite estabelecido pela NR 15, sendo 87 dB para 6
horas de trabalho. Já no período de 2012 a 2014 o nível aumentou, tendo pico de 94,9
dB em 2013. Este aumento está relacionado a mudança do tipo de faina operada no
Porto de São Francisco do Sul, pois conforme dados do OGMO-sfs a partir de 2012
as operações com produtos siderúrgicos e granel aumentaram, sendo as cargas mais
86,8 86,384,7
83,5
91,5
94,9
91
88,3987
dB
Histórico do Nível de Ruído Mensurado na Categoria Estivador
64
operadas no Porto. Estes tipos de fainas, conforme apresentado no Quadro 5, geram
maior índice de ruído.
5.3 Levantamento de Dados Qualitativos Ocupacionais , Biológicos,
Comportamentais Externos dos Participantes do Estud o
Os dados das entrevistas foram relacionados com o resultado da audiometria
referente ao ano de 2013, classificando os trabalhadores entrevistados com perda e
sem perda auditiva.
� Dados da População:
A idade dos estivadores variou de 36 a 66 anos, sendo que o maior percentual
encontra-se na faixa de 41 a 50 anos de idade (51,52%), enquanto que a menor
concentração é reservada à faixa dos 61 a 66 anos de idade (3,03%) Tabela 2.
Tabela 2 - Percentual de Estivadores Entrevistados por Faixa Etária
IDADE PERCENTUAL DOS
INDIVÍDUOS
36-40 21,21% 41-50 51,52% 51-60 24,24% 61-66 3,03% TOTAL 100,0%
Quanto ao estado civil dos estivadores pesquisados, a grande maioria é casada
e/ou vive em regime de união estável, representando um percentual de 81,82%,
enquanto que 10,61% são solteiros e 7,58% são separados.
No item escolaridade, 30,30% têm nível fundamental completo, 4,55%
incompleto, enquanto 42,42% possui o ensino médio completo e 10,61% incompleto.
Em relação ao nível superior 4,55% concluiu o nível superior e 7,58 % não conseguiu
concluir. Conforme Lima (2012), descreveu em seu estudo, a baixa escolaridade dos
TPAS pode influenciar as percepções ambientais.
65
� Aspectos Ocupacionais: Em relação aos aspectos ocupacionais foram
avaliadas questões relacionadas ao ambiente portuário, fornecimento de protetor
auditivo, o uso e conforto do mesmo.
Dos trabalhadores entrevistados, 89,4% acham o ambiente portuário ruidoso,
sendo que desses 54,55% apresentaram perda auditiva (Figura 10). O relatório anual
do referente ao ano de 2009 da Caruso JR do Programa de Monitoramento Ambiental
do Porto de São Francisco do Sul, diz “os níveis de pressão sonora nos períodos
diurno e noturno do Porto de São Francisco do Sul estão em desacordo com os
padrões legais, colocando o trabalhador em sério risco de perda auditiva”.
Quanto ao fornecimento de protetor auditivo, 96,97% responderam que
recebem, porém, 57,58 % desses trabalhadores apresentaram perda auditiva e
36,36% possuem a audição normal (Figura 10).
Ao longo dos últimos oito anos o Órgão responsável pelos trabalhadores
avulsos vem buscando no mercado modelos de protetores auditivos que atendam a
necessidade dos trabalhadores, levando em conta os fatores relacionados a
atenuação do ruído, ao conforto, que incluem a pressão excessiva do protetor na
cabeça do trabalhador e o peso do protetor auditivo.
Conforme descreve Sviech et al (2012), em seu estudo, a avaliação dos
aspectos relacionados ao conforto, atenuação e comunicação, bem como, a
flexibilidade do material do dispositivo, incômodo auricular que o protetor auditivo
individual provoca ao pressionar o canal auditivo, calor na região auricular e
dificuldade na colocação, auxiliam o profissional na escolha de um bom protetor
auditivo individual
66
Figura 10 – Ambiente Portuário e Fornecimento de Protetor Auditivo.
No estudo de Lima (2012), foi identificado que o uso do protetor auditivo tipo
concha era obrigatório a todas as categorias dos trabalhadores portuários do Porto de
São Francisco do Sul, no sentido de procurar amenizar os riscos de perda gradual de
audição causada pelo intenso barulho na área do porto organizado.
O modelo de protetor fornecido hoje é do tipo concha com atenuação de 21 dB.
Até o ano de 2007 o modelo fornecido era tipo concha acoplado no capacete. Porém,
devido ao peso o modelo foi substituído para o tipo concha com haste em plástico,
atenuando 12 dB. Todos os modelos fornecidos antes de serem implantados são
testados pelos trabalhadores para então serem adotados.
Segundo Sviech et al (2012), a maior dificuldade na escolha e obtenção do
protetor auditivo individual adequado se dá porque cada trabalhador tem sua
característica fisiológica e anatômica própria, é por esses motivos que existem
problemas para obter uma boa vedação. Para Rodrigues et al (2006), o desempenho
acústico do protetor auditivo envolve, não apenas as características físicas do protetor
e sua relação com o ouvido, mas também as limitações anatômicas e fisiológicas do
usuário.
Em relação ao uso do protetor auditivo, 33,33% responderam que usam o
protetor auditivo, sendo que desses, 19,70% possuem perda auditiva. Porém, 36,36%
responderam que não usam e destes 25,76% apresentaram perda. Já os que
54,55
4,55
30,30
4,55 6,06
COM PERDA (%) NÃO FEZ EXAME(%)
SEM PERDA (%)
Acha o Ambiente Portuário Ruidoso
ACHA NÃO ACHA
1,52 1,52
57,58
4,55
34,85
COM PERDA (%) NÃO FEZ EXAME(%)
SEM PERDA (%)
O OGMO-SFS Fornece Protetor Auditivo
NÃO SIM
67
responderam usar raramente (30,30%) o protetor, 13,64% apresentaram perda
auditiva (Figura 11).
Figura 11 - Uso do Protetor Auditivo
Somando as perdas auditivas dos trabalhadores que não usam protetor auditivo
com os que usam raramente, estes resultam um total de 39,39% de perda auditiva.
Pôde-se observar que a falta do uso do equipamento tem contribuído para a perda
auditiva desses trabalhadores.
O uso do Equipamento de Proteção Auditivo – EPA, pelos trabalhadores, é
obrigatório quando exercem atividades em ambientes com nível de ruído superior ao
estabelecido pela legislação própria de cada país (MEIRA, 2012). No entanto, apenas
a normatização não garante o uso regular da proteção auditiva. Pesquisas de base
populacional realizadas nos Estados Unidos verificaram que a prevalência de uso do
EPA entre trabalhadores expostos ao ruído varia entre 41,2% e 65,7% (FERRITE,
2009; TAK; DAVIS; CALVERT, 2009; DAVIS; SIEBER, 2002). Isto comprova a
necessidade de um trabalho de educação em saúde, que conforme Sviech et al
(2012), contribuem de maneira significante para a minimização dos efeitos do ruído à
saúde dos trabalhadores. E ainda de acordo com Gonçalves et al, (2009), o
treinamento quanto ao uso dos protetores é necessário e deve ser incluído nos
Programas de Conservação Auditiva (PCA).
Em relação ao conforto do protetor auditivo fornecido 62,12% dos trabalhadores
relatam que o modelo não é confortável sendo que desses 33,33% apresentaram
perda auditiva e 25, 76% apresentaram a audição normal (Figura 12).
25,76
13,64
19,70
1,52 1,52 1,52
9,09
15,1512,12
NÃO USA PROTETOR RARAMENTE USA PROTETOR USA PROTETOR
Usa Protetor Auditivo
COM PERDA (%) NÃO FEZ EXAME (%) SEM PERDA (%)
68
Figura 12 - Conforto do Modelo de Protetor
Conforme o estudo da avaliação do conforto do protetor auditivo individual numa
intervenção para prevenção de perdas auditivas, realizado por Sviech et al (2012), o
resultado do índice de conforto para o protetor tipo concha foi de 87,1%. Em estudo
similar realizado por Arezes e Miguel (2002), os protetores tipo concha receberam
91,4% do índice de conforto. Esses estudos mostram que o tipo do protetor que os
trabalhadores portuários do porto de São Francisco do Sul recebem estão entre os
mais adequados devendo ser avaliado o modelo e marca do mesmo. Para Ciote
(2005), para escolha correta de protetor devem ser levados e, consideração três
fatores: atenuação, conforto e comunicação. Conforme Sviech et al (2012), no Brasil
essa escolha tem sido geralmente realizada a partir de uma combinação entre fatores
como: custo, atenuação e conforto.
� Aspectos Biológicos: Em relação aos aspectos biológicos foram avaliadas
questões relacionadas a infecção auditiva, histórico na família de perda auditiva, uso
de cigarros, doenças renais, danos cerebrais e diabetes.
Quanto as infecções auditivas, 25,76% dos entrevistados já tiveram infecções,
sendo que desses 19,70% possuem perda auditiva. Todavia, 74,24% dos
trabalhadores não apresentaram infecções auditivas, porém 30,30% dos
trabalhadores em questão possuem a audição normal (Figura 13).
33,33
3,03
25,7625,76
1,52
10,61
COM PERDA (%) NÃO FEZ EXAME (%) SEM PERDA (%)
Acha Confortável o Modelo Fornecido
NÃO SIM
69
Figura 13 - Infecção Auditiva
Conforme Hyppolito (2005) e Russo (1993), as infecções auditivas podem
causar perda auditiva por edema do meato acústico externo, podendo esta ser um
agravante nas causas de perda auditiva. Entretanto o estudo apresentou 39,39% dos
trabalhadores com perda auditiva que nunca apresentaram infecções auditivas.
Quanto ao aspecto de histórico familiar de perda auditiva, apenas 12,12% dos
trabalhadores entrevistados apresentaram histórico familiar, sendo que desses 4,55%
mostraram-se com perda auditiva. Todavia, 54,55% dos trabalhadores com perda, não
possuem histórico familiar de perda auditiva (Figura 14).
Figura 14 - Histórico Familiar
19,70
6,06
39,39
4,55
30,30
COM PERDA (%) NÃO FEZ EXAME (%) SEM PERDA (%)
Já Teve Infecção Auditiva
COM INFECÇÃO SEM INFECÇÃO
4,557,58
54,55
4,55
28,79
COM PERDA (%) NÃO FEZ EXAME (%) SEM PERDA (%)
Histórico na Família de Perda Auditiva
COM HISÓRICO SEM HISTÓRICO
70
Em relação ao uso do cigarro, do total de estivadores entrevistados 19,70%
responderam que fumam, desses 10,61% apresentaram perda auditiva. Porém,
48,48% que responderam não fumar também apresentaram perda auditiva.
Figura 15 – Fumantes
Conforme descreve Meneses (2010), em seu estudo, o cigarro pode afetar a
audição pelo efeito do mecanismo antioxidante, ou pela supressão vascular do
sistema auditivo. Na pesquisa de Meneses (2010), dos indivíduos com contato direto
com o fumo, 87,09% apresentavam perda auditiva. Observou-se que fumantes, ex-
fumantes e fumantes passivos com contato diário com o fumo apresentaram maior
associação com presença de perda auditiva com 9 (nove) chances a mais de ter perda
auditiva. No estudo de Meni (2014), foi concluído que o uso de tabaco pode
potencializar os danos causados pelo ruído à audição.
Em relação a diabetes mellitus, 12,12% responderam que possuem, desses,
7,58% apresentaram perda auditiva, porém 87,88% responderam não possuir
diabetes, entretanto 51,52% possuem perda auditiva (Figura 16).
Conforme Meneses (2010), a presença de sintomas auditivos associados a
diabetes mellitus é discutida a seis décadas, entretanto esta associação entre perda
auditiva e diabetes mellitus ainda é bastante controversa. No estudo de Meneses
(2010), 32,7% da amostra estudada apresentaram diabetes mellitus. Desta amostra
de diabéticos, 90% apresentaram perda auditiva, obtendo um aumento de 9 chances
a mais de diabéticos apresentarem perda auditiva.
10,61
3,036,06
48,48
1,52
30,30
COM PERDA (%) NÃO FEZ EXAME (%) SEM PERDA (%)
É Fumante
FUMANTE NÃO FUMA
71
Figura 16 - Diabetes Mellitus
Maia e Campos (2005), no estudo de Diabetes Mellitus como causa da perda
auditiva, apresentou vários trabalhos que foi encontrado relação entre diabetes
mellitus e perda auditiva. O autor ainda descreve que há indícios que o diabetes
mellitus possa causar perda auditiva, porém não se pode afirmar que exista correlação
nítida de causa e efeito.
Com relação ao aspecto referente a alteração renal, 92,42% responderam não
possuir, e desses 31,82% possuem a audição normal. Logo 7,58% relataram possuir
alterações renais, desses apenas 3,03% apresentaram perda auditiva (Figura 17).
Figura 17 - Alteração Renal
7,584,55
51,52
4,55
31,82
COM PERDA (%) NÃO FEZ EXAME (%) SEM PERDA (%)
Possui Diabetes
COM DIABETES SEM DIABETES
56,06
4,55
31,82
3,03 4,55
COM PERDA (%) NÃO FEZ EXAME (%) SEM PERDA (%)
POSSUI ALGUM TIPO DE ALTERAÇAO RENAL
NÃO SIM
72
Em seu estudo, Vasconcelos (2008), determinados medicamentos, tais como
antibióticos aminoglicosideos (gentamicina, neomicina, kanamicina, entre outros),
vancomicina, viomicina, furosemide, ácido etacrínico, mostarda nitrogenada, quinino,
salicilatos, tem a capacidade de provocar lesões na orelha interna, gerando perda
auditiva neurossensorial.
A predisposição individual, bem como a presença de insuficiência renal, pode
permitir acumulo de medicamentos na corrente sanguínea. Geralmente, a perda
auditiva aparece enquanto o paciente está usando o medicamento, mas, pode surgir
tardiamente, o que é menos frequente, e evoluir mesmo depois de interrompido o
tratamento (FROTA, 2003).
Mendes (2000), descreveu em seu estudo que cerca de 80% dos casos de
perda auditiva neurossensorial em pacientes com insuficiência renal crônica seriam
devidos a causas que já sabidamente levam perdas deste tipo, com uso de
aminoglicosideos.
Ainda no estudo de Vasconcelos (2008), ao ser analisada a presença de perda
auditiva em pacientes com insuficiência renal crônica, pode-se observar a diminuição
da audição nas frequências agudas (4, 6 e 8 KHz). Entretanto Machado et al (2006),
descreve em seu estudo que a incidência de hipoacusia em pacientes submetidos a
hemodiálise foi de 48,6%.
� Aspectos Comportamentais e Externos: Em relação aos aspectos
comportamentais e externos, realizados pelos participantes de estudo fora do
ambiente de trabalho.
Quanto aos aspectos comportamentais e externos, foi questionado aos
participantes do estudo se os mesmos já haviam tido outro emprego antes de
ingressar no Órgão Gestor, 89,39% responderam que já tiveram outro emprego,
desses 54,55% possuem perda auditiva, quando 10,61% relataram ser o primeiro
emprego, entretanto desses, 4,55% possuem perda auditiva (Figura 18).
73
Figura 18 – Outro Emprego Antes de Ingressar ao Órgão Gestor
Pelos resultados podemos observar que os trabalhadores que já tiveram outro
emprego antes de ingressar ao Órgão, apresentaram maior percentual de perda
auditiva.
Ao questionar os estivadores se já haviam trabalhado com agentes químicos,
39,39% responderam que já trabalharam, sendo que desses, 19,70% apresentaram
perda auditiva (Figura,19).
Figura 19 - Trabalho Com Agentes Químicos
4,55 6,06
54,55
4,55
30,30
COM PERDA (%) NÃO FEZ EXAME (%) SEM PERDA (%)
Já Teve Outro Emprego Antes de Ingressar ao OGMO-sfs
NÃO TEVE OUTRO EMPREGO TEVE OUTRO EMPREGO
39,39
1,52
19,7019,70
3,03
16,67
COM PERDA (%) NÃO FEZ EXAME (%) SEM PERDA (%)
Já trabalhou com agentes químicos (solventes, fumos metálicos e monóxido de carbono).
NÃO TRABALHOU TRABALHOU
74
Conforme Cary et al (1997), ao revisar um grande número de estudos
conduzidos recentemente investigando os efeitos potenciais da combinação de ruído
e uma variedade de substâncias industriais, observou que os agentes mais citados
são os solventes orgânicos, o monóxido de carbono e metais (chumbo, cádmio,
manganês e alumínio).
Os solventes e metais são considerados fatores de risco, quando associados
ao ruído. Os efeitos dessas substâncias, de maneira geral, não são bem determinados
e o diagnóstico se baseia na confirmação da exposição e na presença de sinais e
sintomas (ABREU E SUZUKI, 2002).
Em estudo realizado por Morata (1993), em uma empresa brasileira de
impressão e pintura, observou-se que o risco de apresentar perda foi de ordem
decrescente ao grupo exposto ao tolueno e ruído, ao tolueno isoladamente, ao ruído
isoladamente e aos não expostos.
No estudo realizado por Abreu e Suzuki (2002), observou-se uma perda
auditiva concentrada principalmente nas frequências de 4000 e 6000 Hz, mais
acentuada no grupo exposto ao ruído e cádmio.
Quanto ao monóxido de carbono, Ferreira et al (2012) descreveu em seu
estudo que a toxicidade do CO no sistema auditivo tem efeito direto sobre o
funcionamento coclear. No mesmo estudo, os autores observaram que 22,5% dos
participantes do grupo CO e ruído apresentaram audiogramas sugestivos de PAIR,
enquanto 7,5% dos participantes do grupo exposto ao ruído apresentaram essas
características.
Em relação a equipamentos que gera vibração, 60,61% dos trabalhadores
responderam que não trabalharam com equipamento, quando 39,39% já trabalharam,
desses 30,30% apresentaram perda auditiva (Figura 20).
Segundo Silva e Mendes (2005), a vibração do corpo-inteiro (VCI) é um
estímulo frequentemente presente em muitas realidades de trabalho, expondo
trabalhadores de diversas operações, tais como: indústria da construção civil
(motoniveladoras, pá carregadeiras, tratores esteiras); indústria do transporte
75
(caminhões, ônibus, motocicletas); transporte ferroviário (trens, metrô); equipamentos
industrias (ponte-rolante, empilhadeiras); embarcações e veículos fora-de-estrada.
Figura 20 - Equipamento que Gera Vibração
No estudo realizado pelos autores acima citados, com 141 motoristas, 46%
revelaram prevalência de PAIR no grupo considerado exposto e de 24% no definido
como não exposto. Em um outro estudo, realizado por Siviero et al (2005), sobre a
prevalência de perda auditiva em motorista de ônibus de transporte coletivo da cidade
de Maringá – PR, detectou-se traçados auditivos sugestivos de perda auditiva
induzida por nível de pressão sonora elevados em 28% da população estudada.
Quanto ao resultado referente a frequentar discotecas, danceterias ou bailes,
16,67% relataram que frequentam, dos quais 10,61% apresentaram perda auditiva.
Porém 83,33% não frequentam, sendo que desses 48,48% mostraram-se com perda
auditiva (Figura 21).
Figura 21 - Discoteca, Danceterias ou Bailes
28,79
3,03
28,7930,30
1,52
7,58
COM PERDA (%) NÃO FEZ EXAME (%) SEM PERDA (%)
Já Trabalhou Com Equipamento que Gera Vibração
NÃO TRABALHOU TRABALHOU
10,616,06
48,48
4,55
30,30
COM PERDA (%) NÃO FEZ EXAME (%) SEM PERDA (%)
Frequenta Discoteca, danceterias ou Bailes.
FREQUENTA NÃO FREQUENTA
76
Em relação à prática de mergulho, caça submarina ou tiro com armas de fogo,
16,67% responderam praticar, sendo que desses, 9,09% apresentaram perda
auditiva. Todavia, 83,33% dos estivadores responderam não praticar, e desses, 50%
apresentaram perda auditiva (Figura 22).
Figura 22 - Variáveis Referente aos Aspectos Comportamentais e Externos
Quanto ao uso de máquinas ruidosas, 27,27% fazem uso, desses 12,12%
apresentaram perda auditiva. Entretanto 72,73% responderam não fazer uso de
máquinas ruidosas, porém apresentaram 49,97% de perda auditiva (Figura 23).
Figura 23 - Uso de Máquinas Ruidosas
50,00
4,55
28,79
9,09 7,58
COM PERDA (%) NÃO FEZ EXAME (%) SEM PERDA (%)
Pratica Mergulho, Caça Submarina ou Tiro com Armas de Fogo
NÃO SIM
12,1215,15
46,97
4,55
21,21
COM PERDA (%) NÃO FEZ EXAME (%) SEM PERDA (%)
Faz Uso de Máquinas Ruidosas
FAZ USO DE MAQ. RUIDOSAS NÃO FAZ USO DE MAQ. RUIDOSAS
77
Em relação a prática de motociclismo, 21,21% responderam praticar, porém do
total desses 10,61% apresentaram perda auditiva. Já os que responderam não
praticar 78,79%, apresentaram 48,48% de perda auditiva (Figura 24).
Figura 24 - Pratica Motociclismo
5.4 Resultados do Levantamento de Audiometrias
� Levantamento Audiométrico:
Em 2009, os estivadores apresentaram 28,79% de perdas auditivas
(Neurossensorial e outros tipos) e 66,67% apresentaram os resultados normais. Em
2010 houve aumento da perda auditiva para 33,33%, diminuindo assim para 60,61%
os resultados normais. No ano de 2011 a perda auditiva continuou aumentando, sendo
registrado 43,94%. Em 2012 a perda auditiva se manteve, porém houve um aumento
para 4,55% dos trabalhadores que não realizaram exame audiométrico. Em 2013
observou-se um aumento da perda auditiva, no qual 59,09% dos estivadores
apresentaram perdas auditivas e 36,36% apresentaram os limiares auditivos normais
(Figura 25).
48,48
3,03
27,27
10,61
1,52
9,09
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
COM PERDA (%) NÃO FEZ EXAME (%) SEM PERDA (%)
PRATICA MOTOCICLISMO
NÃO SIM
78
Figura 25 - Evolução da perda auditiva nos participantes do estudo no período de 2009 a 2013.
Os ruídos existentes no ambiente de trabalho portuário são constantes e mais
danosos a bordo das embarcações, onde a sua força é intensificada (VAZ, 2010).
Em estudo realizado por Vaz et al (2010) sobre doenças relacionadas ao
trabalho autorreferidas por trabalhadores portuários avulsos, 21,89% identificaram
que o sistema auditivo é o sistema corpóreo mais afetado. No mesmo estudo, os
trabalhadores em sua maioria não identificaram distúrbios auditivos como problema,
podendo indicar que a não audição de sons pode estar vinculada a falta de atenção
do trabalhador, ou também pode ser que a própria hipoacusia, os trabalhadores
tenham deixado de perceber ruídos no ambiente de trabalho.
� Classificação das Perdas Aditivas:
A classificação das perdas auditivas foi dividida por tipo de perda, subdividindo
em: Neurossensorial total, neurossensorial unilateral, bilateral e outros tipos de perdas
auditivas.
28,7933,33
43,94 43,94
59,09
66,67
60,61
53,03 51,52
36,36
4,55 6,063,03 4,55 4,55
% % % % %
2009 2010 2011 2012 2013
Levantamento Audiométrico
PERDA AUDITIVA NORMAL NÃO FEZ EXAME
79
Em 2009, 89,47% das perdas foram classificadas como perda auditiva
neurossensorial, sendo que destas, 47,06% foram unilaterais e 52,94 % bilaterais.
No ano de 2010, observou-se uma redução no total de perda auditiva
neurossensorial para 59,09% nos trabalhadores estudados, com aumento do
percentual bilateral e redução do percentual unilateral (Figura 26).
Figura 26 - Classificação das perdas auditivas.
A redução acima relatada pode ser justificada pelos resultados de audiometrias
alteradas em 04 (quatro) trabalhadores, conforme segue:
� 02 (dois) trabalhadores no ano de 2009 para 2010 deixaram de apresentar
perda auditiva neurossensorial, apresentando mista;
� 01 (um) trabalhador deixou de possuir perda auditiva neurossensorial e passou
a ter perda condutiva;
� 01 (um) trabalhador deixou de ter perda neurossensorial e passou apresentar
os limiares auditivos normais.
Conforme descreve Zaboni (2009), as perdas auditivas neurossensoriais são
permanentes e irreversíveis, o que comprova que as classificações acima não
poderiam ter apresentado resultados diferentes. A Comissão Técnica de Ruído e
89,47
59,09
82,14
93,10
74,36
47,06
30,77
47,8340,74
31,03
52,94
69,23
52,1759,26
68,97
10,53
40,91
17,86
6,90
25,64
% % % % %
2009 2010 2011 2012 2013
TIPO DE PERDA AUDITIVA
NEUROSSENSORIAL NEUROSSENSORIAL UNILATERAL NEUROSSENSORIAL BILATERAL OUTRAS
80
Conservação Auditiva da Associação Nacional de Medicina do Trabalho, orienta que
para os casos de exames conflitantes, estes devem ser repetidos em serviços
especializados para evitar suspeição em eventuais processos judiciais.
Em 2011, os resultados apresentaram um aumento para 82,14% no percentual
da perda auditiva neurossensorial. Houve um aumento também para 47,83% na perda
auditiva neurossensorial unilateral e 17,86% em outros tipos de perdas.
No ano de 2012, o total de perda auditiva neurossensorial aumentou para
93,10%, a perda neurossensorial bilateral também aumentou para 59,26% e uma
redução para 6,90% para outros tipos de perdas.
Já no ano de 2013, a perda auditiva neurossensorial bilateral aumentou para
68,97%, e neurossensorial unilateral diminuiu para 31,03%. Porém para os outros
tipos de perdas ocorreu um aumento para 25,64%.
� Levantamento do Grau de Perda Auditiva:
Foi analisado o grau de perda auditiva em 132 ouvidos (esquerdo e direito),
utilizando o método de Lloyd e Kaplan (1978), classificando em normal, leve,
moderada, moderada/severa, severa e profunda.
Pode-se observar a evolução do grau de perda auditiva nos trabalhadores no
período estudado (Figura 27).
No ano de 2009, 73,73% dos estivadores apresentaram a audição normal no
ouvido direito e 69,70% no ouvido esquerdo. Porém nos anos seguintes observou-se
uma diminuição gradual, resultando em 2013, 45,45% dos estivadores com a audição
normal no ouvido direito e 46,97% no ouvido esquerdo.
O grau de perda classificado como leve também aumentou, diminuindo em
2013, porém, aumentando o número de estivadores com grau de perda
moderada/severa. De forma geral, os graus de perda auditiva que prevalecem são da
ordem moderada e moderada/severa. Além disso, observou-se que houve uma
evolução gradual em ambos ouvidos.
81
Figura 27 - Grau de perda auditiva conforme Lloyd e Kaplan.
Segundo a Associação Nacional de Medicina no Trabalho, é importante o
acompanhamento da evolução do limiar auditivo, mesmo abaixo de 25 dB(NA), pois é
possível detectar casos sugestivos de perdas por níveis elevados de ruído mesmo
nessas circunstâncias e que os critérios existentes em geral não contemplam, pois um
trabalhador admitido com limiar de 10 dB(NA) e no exame sequencial apresentar limiar
de 20 dB(NA), principalmente se for bilateral e nas frequências críticas (4 e 6kHz),
pode ser sugestivo de Perda Auditiva Induzida pelo Ruído, de origem Ocupacional.
73,73 69,70 66,67 66,6762,12 59,09 59,09
53,0345,45 46,97
4,553,03
4,55 3,036,06 12,12 9,09
4,5515,15 13,64
9,0910,61 15,15
7,58 10,6112,12
12,12
16,6719,70
10,61
6,06 10,61 6,0615,15 13,64
12,129,09
16,67 7,5818,18
3,03 1,52 4,556,06 3,03 7,58 4,55
1,52 1,521,52 1,52 1,52
4,55 4,55 6,06 6,06 3,03 3,03 4,55 4,55 4,55 4,55
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
OD OE OD OE OD OE OD OE OD OE
2009 2010 2011 2012 2013
Grau de Perda Auditiva
Normal (-10 Á 25 dB) Leve (26 A 40 dB) Moderado (41 á 55 dB)
Moderado/severo (56 á 70dB) Severo (71 á 90 dB) Profunda (mais de 91 dB)
82
6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Os ruídos no ambiente portuário têm como principais fontes, guinchos dos
navios, casa de máquinas de uma embarcação, máquinas, lingas, guindastes,
caminhões, empilhadeiras, seja nos porões das embarcações ou mesmo no cais do
Porto. Segundo Vaz (2010), o ruído gerado a bordo das embarcações, onde a força é
intensificada, são os mais danosos, conforme pôde-se observar no resultado do PPRA
do OGMO-sfs de 2014, onde o ruído para a categoria de estiva resultou no maior
índice mensurado.
De acordo com os resultados, as operações portuárias do Porto de São
Francisco do Sul, em determinados momentos, geram níveis de pressão sonora acima
do limite permitido, em especial, nas operações de descarregamento de fertilizantes,
chapas de aço, vergalhão e contêiner. Além disso, pôde-se observar que nos últimos
7 anos, o nível de pressão sonora para a função de estivador apresentou a média de
89,39 dB, estando acima do limite estabelecido que é 87dB para 6 horas de exposição,
sendo então, obrigatórios medidas de controle na fonte, tais como, manutenção em
máquinas e equipamentos portuários com maior frequência e substituição de
máquinas antigas por modelos mais modernos de forma a minimizar os ruídos gerados
e o uso de protetor auditivo, principalmente, nas funções exercidas pelos estivadores
nas operações das fainas acima citadas.
O estudo revelou que 59,09% dos estivadores apresentaram algum tipo de perda
auditiva, tendo como principal tipo de perda a neurossensorial/definitiva, resultando
no percentual de 74,36% do total de perdas.
Os graus de perda auditiva que prevaleceram entre os trabalhadores analisados
foram moderado e moderado/severo, havendo uma evolução gradual em ambos
ouvidos, durante o período estudado.
Analisando os fatores que podem ter contribuído para esta perda, constatou-se
que o aspecto ocupacional, foi o aspecto que mais contribuiu, devido ao nível de ruído
apresentado associado à falta do uso do equipamento de proteção auditivo. Verificou-
se a falta do uso do protetor auditivo em 36,36% dos estivadores e em 30,30% o uso
raramente, sendo que destes, 39,39% apresentaram perda auditiva. No entanto, ficou
83
também evidenciado que apesar do Órgão Gestor fornecer o protetor auditivo, muitos
trabalhadores ainda não utilizam. A falta de uso pode estar relacionada ao conforto
do protetor auditivo fornecido, tendo em vista, que 62,12% dos estivadores
responderam que o modelo fornecido não é confortável. Outro aspecto importante a
ser ressaltado é o fato que além do protetor auditivo, os estivadores também utilizam
capacete, máscara e óculos simultaneamente, o que pode interferir no conforto do
trabalhador, podendo contribuir para a falta de uso do protetor.
Quanto ao aspecto biológico, não foi identificado nenhum item mais
proeminente que tenha contribuído para a perda auditiva destes trabalhadores.
Dentre os aspectos comportamentais externos, podemos destacar o fato que
89,39% dos estivadores já tiveram outro emprego antes de ingressar no OGMO.
Desses estivadores citados, 54,55% apresentaram perda auditiva. Este pode ser um
fator significativo, no entanto, a pesquisa não realizou o levantamento dos ramos de
atividades que os trabalhadores do estudo tiveram antes de ingressar no órgão, não
sendo possível afirmar que as perdas auditivas que os trabalhadores apresentaram
estão relacionadas com os empregos anteriores.
O trabalho com agentes químicos e com equipamentos que geram vibração
também apresentaram resultados relevantes, sendo que 39,39% dos estivadores que
responderam que já trabalharam com agentes químicos, apresentaram 19,70% de
perda auditiva e 39,39% dos estivadores responderam já ter trabalhado com
equipamento que gera vibração, apresentaram 30,30% de perda auditiva.
A perda auditiva causa limitações no desempenho de atividades sociais. Uma
das áreas mais afetadas é a relacionada ao trabalho, tendo em vista, que o local de
trabalho é um espaço que predomina a língua oral, o que dificulta ao surdo mostrar
seu potencial. A ocorrência de uma deficiência pode interferir de forma negativa, pois
é através do trabalho que o ser humano se sente útil, necessário e integrado a vida
social. Pessoas com essa deficiência, acabam tendo como alternativa o trabalho
informal, o qual também se torna uma opção limitada, devido à dificuldade de
comunicação (FRANCELIN et al, 2010).
84
Somente a utilização de protetores auditivos não é o suficiente no controle dos
efeitos do ruído para prevenção da perda auditiva, mas sim, um conjunto de ações,
tais como:
� Investimento em equipamentos de proteção individual, que forneça um bom
conforto, mas também que possua boa vedação, buscando no mercado o
protetor que atenda a necessidade encontrada no ambiente portuário;
� Investimento em máquinas e equipamentos portuários mais modernos, que
produzam menores índices de ruídos, sendo este, um critério fundamental no
momento da aquisição destes equipamentos;
� Manutenção de máquinas e equipamentos periodicamente;
� Maior controle/fiscalização do setor de segurança do trabalho, de forma, a
controlar efetivamente o uso do equipamento de proteção individual,
principalmente nas operações que causam maior nível de ruído;
� Conscientização dos trabalhadores quanto a importância do uso do
equipamento de proteção auditiva, e os riscos que os mesmos estão expostos.
É preciso que sejam desenvolvidas ações educativas, minitreinamentos que
alertem o trabalhador a respeito dos procedimentos corretos do uso do
equipamento de proteção individual.
� Implantação de um Programa de Conservação Auditiva – PCA, o qual tem
como objetivo proteger a saúde auditiva do trabalhador exposto a níveis de
pressão sonora iguais ou superiores a 80 dB (A).
� Implantação de um sistema de gestão dos dados relacionados a saúde do
trabalhador;
� Atuação de equipe de saúde na gestão dos dados, trabalhando em sintonia
com a Equipe de Segurança do Trabalho para a prevenção de perda auditiva.
Como benefício a pesquisa intenta auxiliar na redução dos riscos a que os
trabalhadores estão expostos, protegendo a saúde auditiva dos mesmos. Espera-se
que os dados levantados possam alertar os profissionais da área da saúde e
segurança do trabalho sobre o assunto, contribuindo para a implantação de medidas
preventivas relacionadas a perda auditiva no ambiente portuário mais eficazes,
oferecendo também subsídios à pesquisas e ações com o mesmo tema em outros
portos brasileiros.
85
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93
ANEXOS
94
ANEXO 01 - MODELO DE AUDIOMETRIA
95
ANEXO 02 - CERTIFICADO DE CALIBRAÇAO DO DOSÍMETRO
96
97
98
99
100
101
102
103
104
105
APÊNDICES
106
Apêndice 1 – Termo de Consentimento Livre e Esclare cido
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO
Você está sendo convidado a participar da pesquisa “Perda auditiva em trabalhadores
portuários e seus efeitos combinados: estudo de caso dos estivadores do Porto de São
Francisco do Sul (SC)”. A pesquisa será desenvolvida junto aos estivadores do Porto de São
Francisco do Sul e sob a coordenação da Engenheira Ambiental e de Segurança do Trabalho
Rafaella Fernandes (Tel. 47 34711992, das 8h ás 12h e das 13h30min ás 18h), orientada pela
Professora Drª. Therezinha Maria Novais de Oliveira, vinculados ao Programa de Mestrado
em Saúde e Meio Ambiente da Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE).
Este projeto tem por objetivo geral avaliar a condição auditiva dos trabalhadores portuários
avulsos do porto de São Francisco do Sul, frente aos efeitos combinados, ocupacionais,
fisiológicos e externos. A pesquisa será financiada exclusivamente com recursos próprios da
pesquisadora.
Para devida execução, o projeto será desenvolvido em dezoito meses, com atividades
previstas para serem aplicadas no período de outubro/2013 a março/2014 e busca-se a
elaboração da Dissertação de Mestrado.
Para a efetivação desse estudo, contamos com a sua colaboração e o convidamos a participar
como nosso sujeito pesquisado respondendo a um questionário, que será aplicado no ponto
de escalação de trabalho dos Estivadores, localizado na Rua Major Lúcio Caldeira, nº 31,
Centro de São Francisco do Sul. Destacamos que, pelo interesse científico, os questionários
escritos serão disponibilizados a você para análise e coleta das respostas, permanecendo
esse material de posse da pesquisadora. O sigilo é garantido e o armazenamento do material
será feito pelo período de cinco anos. Após esse prazo, esse material será incinerado.
Esta pesquisa oferece riscos mínimos ao participante, sendo que no local acima citado,
apenas responderá a um questionário, e não terá sua imagem publicada e nem seu nome
revelado, garantindo a privacidade pessoal.
A pesquisa apresenta os seguintes riscos: a) recusa em participar da pesquisa; b) aceitando
o convite, deixar de responder às perguntas parcial e/ou totalmente; c) a mostra nãos ser
suficiente para aferição de resultados palpáveis; d) a estatística apontar distorções a partir da
análise das respostas contidas nos questionários. Como benefícios, a pesquisa tem a
pretensão de identificar as condições auditivas dos trabalhadores, bem como incentivar na
implantação de programa de controle auditivo.
107
O presente documento será redigido em duas vias, sendo que uma será entregue ao todos
os participantes da pesquisa, e a outra via ficará de posse da pesquisadora.
Garante-se, ao participante, a liberdade de obter maiores esclarecimentos durante a
aplicação da pesquisa, caso venha a sentir necessidade. Ainda, ao participante, será
possibilitada a liberdade de recusar-se a participar da pesquisa ou de retirar o seu
consentimento no andamento dos trabalhos.
A sua participação em qualquer tipo de pesquisa é voluntária. Em caso de dúvidas quanto aos
seus direitos, escreva para: Comitê de Ética em Pesquisa da Univille. Endereço: Campus
Universitário – Bairro Bom Retiro. CEP 89.201.972 –Joinville/SC (Brasil).
Pesquisadora responsável/Nome : Rafaella Fernandes
Assinatura: ______________________________________
CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DO SUJEITO
Eu, ________________________________________________________________, abaixo
assinado, concordo em participar participação do presente estudo como sujeito e declaro que
fui devidamente informado e esclarecido sobre a pesquisa e os procedimentos nela
envolvidos.
Local e data:___________________________________________________________
Nome do Sujeito:_______________________________________________________
Assinatura do Sujeito: ___________________________________________________
Telefone para contato:___________________________________________________
108
Apêndice 2 – Declaração da Instituição
109
Apêndice 3 – Questionário
QUESTIONÁRIO
Apresentação
Caro Estivador!
Esta pesquisa é realizada pelo Programa de Mestrado em Saúde e Meio
Ambiente da Universidade da Região de Joinville (Univille) e tem como principal
objetivo avaliar a condição auditiva dos trabalhadores portuários avulsos do porto de
São Francisco do Sul-SC, frente aos efeitos combinados, ocupacionais, biológicos e
externos.
Nas perguntas a seguir, assinale a alternativa que melhor apresenta a sua
opinião. Procure não deixar em branco.
Não é necessário identificar-se.
Muito obrigada pela sua colaboração!
Data do preenchimento:____/____/_____
Dados Gerais
1- Nome (não é obrigatório):_____________________________________
2- Qual é a sua idade?__________
3- Qual é o seu estado civil? (A) Solteiro (B) Casado/vive em união estável (C) Separado (desquitado)/divorciado (D) Viúvo
4- Qual é o seu nível de escolaridade? (A) Ensino fundamental (1° grau) completo (B) Ensino fundamental (1° grau) incompleto (C) Ensino médio (2° grau) completo (D) Ensino médio (2° grau) incompleto (E) Ensino superior (3° grau) completo (F) Ensino superior (3° grau) incompleto
110
(G) Outro. Qual?___________________
Aspectos Ocupacionais:
5- Você acha o ambiente portuário ruidoso? Sim ( ) Não ( )
6- O OGMO-sfs fornece protetor auditivo? Sim ( ) Não ( )
7- Você usa protetor auditivo quando desenvolve atividades ruidosas? Sim ( ) Não ( ) Raramente ( )
8- Você acha necessário utilizar protetor auditivo quando desenvolve atividades ruidosas? Sim ( ) Não ( )
9- Você acha confortável o modelo de protetor auditivo fornecido? Sim ( ) Não ( )
10- Você acha que o protetor possui uma boa vedação? Sim ( ) Não ( )
11- Tem o hábito de utilizar fone e ouvido no ambiente de trabalho? Sim ( ) Não ( )
12- Você consegue se concentrar mesmo quando há muitos sons diferentes em sua volta? Sim ( ) Não ( )
13- Você gosta quando está quieto em sua volta? Sim ( ) Não ( )
Aspectos Biológicos:
14- Você já teve infecção auditiva Sim ( ) Não ( )
15- Constantes? Sim ( ) Não ( )
16- Sente um ouvido melhor que o outro? Sim ( ) Não ( )
111
17- Sente zumbido no ouvido? Se sim em qual ouvido? Sim ( ) Ouvido Esquerdo ( ) Direito ( ) Nos dois ( ) Não ( )
18- Considera-se sensível ao ruído? Sim ( ) Não ( )
19- Sente dor diante de volumes altos? Sim ( ) Não ( )
20- Tem histórico na família de perda auditiva? Sim ( ) Não ( )
21- Já teve algum tipo de dano cerebral? Sim ( ) Não ( )
22- É fumante? Sim ( ) Não ( )
23- Possui diabetes mellitus? Sim ( ) Não ( )
24- Possui algum tipo de alteração renal? Sim ( ) Não ( )
Aspectos Comportamentais e Externos
25- Teve outro emprego/trabalho antes de ingressar no OGMO-sfs? Sim ( ) Não ( )
26- Já trabalhou com agentes químicos (solventes, fumos metálicos, e monóxido de carbono)?
Sim ( ) Não ( )
27- Já trabalhou com equipamentos que gera vibração? Sim ( ) Não ( )
28- Frequenta discotecas, danceterias ou bailes? Sim ( ) Não ( )
29- Vai a Shows de músicas popular ou rock? Sim ( ) Não ( )
30- Frequenta academia de ginástica? Sim ( ) Não ( )
31- Vai ao cinema? Sim ( ) Não ( )
112
32- Pratica eventos esportivos (motociclismo)? Sim ( ) Não ( )
33- Participa de festas regionais? Sim ( ) Não ( )
34- Pratica mergulho, caça submarina ou tiro com armas de fogo? Sim ( ) Não ( )
35- Toca instrumento musical (banda ou orquestra)? Sim ( ) Não ( )
36- Ouve música usando fone de ouvido? Sim ( ) Não ( )
37- Ouve música com equipamento de som de casa em volumes altos? Sim ( ) Não ( )
38- Ouve música com equipamento de som do carro em volumes altos? Sim ( ) Não ( )
39- Faz uso de ferramentas ou máquinas ruidosas? Sim ( ) Não ( )
40- Considera sua casa como um ambiente ruidoso? Sim ( ) Não ( )
41- Os sons de geladeiras, ventiladores, computadores, etc, lhe perturbam? Sim ( ) Não ( )
42- Para você é fácil ignorar o barulho do trânsito? Sim ( ) Não ( )
Obrigada!