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UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO PROGRAMA DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO RENATA GOUVÊA FARES RANIERI CULTURA ORGANIZACIONAL E GESTÃO SOCIOAMBIENTAL: UM ESTUDO A PARTIR DA PERCEPÇÃO DOS GRUPOS DE INTERESSES DAS EMPRESAS AGROPALMA E PETROBRÁS NO MUNICÍPIO DE TAILÂNDIA/PA BELÉM PA 2013

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UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO

PROGRAMA DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

RENATA GOUVÊA FARES RANIERI

CULTURA ORGANIZACIONAL E GESTÃO SOCIOAMBIENTAL: UM ESTUDO A

PARTIR DA PERCEPÇÃO DOS GRUPOS DE INTERESSES DAS EMPRESAS

AGROPALMA E PETROBRÁS NO MUNICÍPIO DE TAILÂNDIA/PA

BELÉM – PA

2013

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RENATA GOUVÊA FARES RANIERI

CULTURA ORGANIZACIONAL E GESTÃO SOCIOAMBIENTAL: UM ESTUDO A

PARTIR DA PERCEPÇÃO DOS GRUPOS DE INTERESSES DAS EMPRESAS

AGROPALMA E PETROBRÁS NO MUNICÍPIO DE TAILÂNDIA/PA

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em

Administração da Universidade da Amazônia como

requisito para obtenção do título de Mestre em

Administração.

Área de concentração: Gestão organizacional. Orientador: Prof. Dr. Hubert Drouvot.

Coorientadora: Prof.ª Dr.ª Cláudia Magalhães Drouvot.

BELÉM – PA

2013

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RENATA GOUVÊA FARES RANIERI

CULTURA ORGANIZACIONAL E GESTÃO SOCIOAMBIENTAL: UM ESTUDO A

PARTIR DA PERCEPÇÃO DOS GRUPOS DE INTERESSES DAS EMPRESAS

AGROPALMA E PETROBRÁS NO MUNICÍPIO DE TAILÂNDIA/PA.

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em

Administração da Universidade da Amazônia como

requisito para obtenção do título de Mestre em

Administração.

Área de concentração: Gestão organizacional Orientador: Prof. Dr. Hubert Drouvot.

Coorientadora: Prof.ª Dr.ª Cláudia Magalhães Drouvot.

Banca Examinadora:

Apresentado em: 27/01/2014.

_________________________________________

Prof. Dr. Hubert Drouvot / UNAMA

Orientador

_________________________________________

Prof.ª Dr.ª Cláudia Magalhães Drouvot / UNAMA

Coorientadora

_________________________________________

Prof. Dr. Sérgio Castro Gomes / UNAMA

_________________________________________

Prof. Dr. Antônio Cordeiro de Santana / UFRA

Conceito: 9,0.

BELÉM – PA

2013

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AGRADECIMENTOS

A Deus e a Nossa Senhora que sempre me protegem e iluminam a minha estrada, para que eu

trilhe o melhor caminho possível.

Aos meus pais, Nonato e Regina, pelo total apoio nas minhas decisões, sem eles, certamente, esta

conclusão não seria possível. Além de serem os responsáveis pelos valores morais que hoje

fazem parte de minha vida.

À minha irmã, Rafaela, que torce por minha felicidade e pelo meu sucesso.

Ao meu marido, Rafael, sempre dedicado e companheiro, que buscou ao longo do curso, entender

a minha ausência em vários momentos.

Aos meus orientadores, Profª. Drª. Cláudia Drouvot e Prof. Dr. Hubert Drouvot, que com muita

atenção, dedicação e carinho se dispuseram em repassar seus conhecimentos, que foram muito

além de uma relação puramente acadêmica.

As amigas que conquistei na turma de mestrado, Nayara, Socorro e Diana, que me mostraram que

podemos vê a vida de diferentes ângulos.

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“Uma única máquina pode fazer o trabalho de

cinquenta homens comuns, porém máquina

alguma consegue fazer o trabalho de um homem

extraordinário.”

Elbert Hubbard

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RESUMO

O projeto de pesquisa objetivou identificar que postura socioambiental as empresas estudadas

adotam a partir da percepção dos seus stakeholders instalados no município de Tailândia/PA.

Nesse sentido, o tema cultura organizacional desperta interesse por ser de fundamental

importância compreender as decisões tomadas pelos líderes organizacionais, além de ser

relevante para o ambiente acadêmico. Assim, tanto aspectos internos da organização quanto

externos, influenciam ou podem ser influenciados, direta ou indiretamente pelas práticas da

empresa. A cultura da organização é sentida pelos atores internos e externos, sendo que sua

formação é gerada pela combinação das culturas individuais desses atores. A pesquisa foi de

caráter exploratório e descritivo, utilizando como instrumento o estudo de caso múltiplo. As

empresas e o município foram escolhidos para análise por fazerem parte de um projeto de

pesquisa que estuda as ações do Programa Sustentável de Óleo de Palma, além de terem grande

representatividade neste cenário. O resultado final deste estudo revelou que as empresas,

Agropalma e Petrobras, realizam ações de responsabilidade socioambiental com o intuito de

satisfazer os interesses dos acionistas. As ações socioambientais colocadas em práticas pelas duas

empresas são respostas às pressões do mercado, demonstrando que possuem uma cultura

organizacional adaptativa.

Palavras-chave: Cultura organizacional. Stakeholders. Gestão socioambiental. Óleo de palma.

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ABSTRACT

The research project aimed to identify environmental stance that the studied companies adopt

from the perception of stakeholders installed in the municipality of Tailândia / PA. In this sense,

the subject organizational culture arouses interest because it is critical to understand the decisions

made by organizational leaders, besides being relevant to the academic environment. Thus, both

aspects of the organization's internal and external influence or can be influenced directly or

indirectly by the company's practices. The culture of the organization is perceived by internal and

external actors and their formation is generated by combining the individual cultures of these

actors. The research was exploratory and descriptive using the instrument as a multiple case

study. Companies and the municipality were chosen for analysis because they are part of a

research project that studies the actions of the Sustainable Palm Oil and have great representation

in this scenario. The end result of this study revealed that companies, Petrobras and Agropalma,

make actions and environmental responsibility in order to meet the interests of shareholders.

Environmental initiatives put into practice by the two companies are responses to market

pressures, demonstrating that possess an adaptive organizational culture.

Keywords: Organizational culture. Stakeholders. Environmental management. Palm oil.

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LISTA DE ABREVEATURAS E SIGLAS

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente.

FIDESA Fundação Instituto para o Desenvolvimento da Amazônia

ISO International Organization for Standardization

OHSAS Occupational Health and Safety Assessment Services

ONG Organização Não Governamental

PSOP Programa Nacional de Produção de Óleo de Palma

RSE Responsabilidade Social Empresarial

RSPO Roundtable on Sustainable Palm Oil

SPSS Statistical Product and Service Solutions

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LISTA DE FIGURAS, GRÁFICOS E TABELAS

Figura 1 - Níveis da Cultura 24

Figura 2 - Cultura Organizacional como um Iceberg 25

Figura 3 - A tela socioinstitucional: as forças indutoras da ação ecológica 31

Figura 4 - Mapa dos Stakeholders 37

Figura 5 - Modelo bidimensional de responsabilidade social corporativa (RSC) 42

Figura 6 - Modelo bidimensional de responsabilidade social corporativa (RSC) -

conclusão.

83

Figura 6 - O conteúdo da RSE na Agropalma: relação entre cultura e pressões dos

clientes

84

Gráfico 1 - Frequência dos respondentes das empresas Agropalma e Petrobrás. 61

Gráfico 2 - Média 71

Tabela 1 - Distribuição da amostra, conforme classificação dos grupos sociais. 51

Tabela 2 - Indicadores relacionados com os aspectos gerais das relações empresas e

comunidade.

62

Tabela 3 - Indicadores relacionados com os aspectos da comunidade. 65

Tabela 4 - Indicadores relacionados com os trabalhadores rurais. 67

Tabela 5 - Indicadores relacionados com os agricultores familiares. 68

Tabela 6 - Indicadores relacionados com o meio ambiente. 70

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Alguns Indicadores da Cultura Organizacional. 28

Quadro 2 - Tipos de Stakeholders 38

Quadro 3 - Definições dos Termos Usados nos Indicadores. 54

Quadro 4 - Hipótese da Agropalma. 72

Quadro 5 - Hipótese da Petrobrás. 73

Quadro 6 - O conhecimento dos stakeholders locais quanto às áreas social e

ambiental das empresas Agropalma e Petrobrás - Quais os trabalhos

desenvolvidos pela empresa na área social e ambiental?

76

Quadro 7 - Riscos com as atividades e/ou instalações das empresas Agropalma e

Petrobrás no município de Tailândia/Pa, segundo os stakeholders locais -

A empresa traz resultados negativos com suas atividades e/ou instalações.

Quais?

78

Quadro 8 - Avaliação da presença das empresas Agropalma e Petrobrás, segundo a

percepção geral dos stakeholders locais.

80

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 12

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 17

2.1 CULTURA 17

2.2 CULTURA ORGANIZACIONAL 18

2.3 ESTRATÉGIA 29

2.4 AÇÕES SOCIOAMBIENTAIS 32

2.5 STAKEHOLDERS 36

2.6 AS DIMENSÕES CULTURAIS DA GESTÃO SOCIOAMBIENTAL 39

2.6.1 Normativa e Instrumental 39

2.6.2 Modelo bidimensional 41

2.6.3 Criação de valor compartilhado 43

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 45

3.1 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS 46

3.1.1 Local 49

3.1.2 Sujeitos da Pesquisa, População Alvo e Amostragem 50

3.1.3 Os Indicadores 51

3.2 TRATAMENTO DE DADOS 54

3.3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 56

3.3.1 As empresas 56

3.3.1.1 Agropalma 56

3.3.1.2 Petrobrás 59

3.3.2 Caracterização da amostra 60

3.3.3 Empresa 61

3.3.4 Comunidade 64

3.3.5 Trabalhador rural 65

3.3.6 Meio ambiente 69

3.3.7 Análise das médias gerais 70

3.3.8 Análise das médias por grupos sociais 72

3.3.8.1 Agropalma 72

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3.3.8.2 Petrobrás 73

3.3.9 Análise das questões abertas 75

4 AVALIAÇÃO DOS INDICADORES 80

5 CONCLUSÃO 86

REFERÊNCIAS 88

APÊNDICE – Questionário de pesquisa 94

ANEXO A – Estatística descritiva da empresa Agropalma 97

ANEXO B – Estatística descritiva da empresa Petrobrás 98

ANEXO C – Comparação das médias gerais. 99

ANEXO D – Médias por categorias: Agropalma 100

ANEXO E – Médias por categorias: Petrobrás 103

ANEXO F – Diferença entre as médias por categorias: Petrobrás 106

ANEXO G – Diferença entre as médias por categorias: Agropalma 109

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1 INTRODUÇÃO

As organizações se relacionam com os seus stakeholders locais tanto internos quanto

externos e por isso se preocupam com a mensagem que estão transmitindo nos aspectos sociais e

ambientais, buscando dedicar atenção no processo de formação de suas estratégias

socioambientais, particularmente, no que tange às demandas de mercado e de regulação.

Para alcançar este objetivo, desde a década de 90, o ambiente empresarial tem enfrentado

desafios. O impacto da emergência de novos atores socioambientais no processo de formação de

estratégias empresariais é um deles.

Os grupos de interesse, entendidos como consumidores, concorrentes, comunidades

tradicionais, público interno, fornecedores, universidade, vêm fazendo uma pressão sobre os

rumos estratégicos das organizações e estabelecendo um novo padrão para a gestão.

No entanto, as organizações praticam muitas vezes tal gestão em busca de se legitimar

perante o mercado e seus concorrentes, e até mesmo fazer face aos seus stakeholders como uma

empresa cidadã.

De maneira sinérgica, a legitimidade deve conversar com os aspectos econômicos da

organização, bem como, os ambientais e sociais da comunidade de seu entorno. Contemplando

satisfazer as demandas de múltiplos atores que estão localizados em um mesmo ambiente cada

vez mais controvertido devido à diversidade cultural.

Salienta-se que as relações organização e stakeholders apresentam objetivos distintos e,

portanto, estas acomodam numerosos conflitos de interesses, tornando-se necessário o

conhecimento de todos os processos aplicados pelas empresas que visem integrar de forma

heterogênea e ética às suas gestões e estratégias socioambientais corporativas.

Portanto, a pesquisa apresentada tem como objetivo geral, analisar a postura das empresas

Agropalma e Petrobrás do ponto de vista dos seus stakeholders locais do município de

Tailândia/PA, no aspecto sociambiental. A intenção é de identificar a relação entre as práticas

socioambientais locais percebidas pela comunidade e a cultura organizacional de cada empresa

estudada.

Cada empresa foi analisada separadamente, de acordo com a percepção das suas partes

interessadas, com relação às práticas socioambientais destas no município de Tailândia/PA e, a

fim de nortear o objetivo principal proposto, esta pesquisa propõe como objetivos específicos,

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compreender a cultura organizacional das empresas face sua gestão socioambiental no município

estudado; caracterizar, a partir dos indicadores, alguns aspectos da cultura organizacional e

gestão socioambiental e conhecer por meio da pesquisa de campo, a cultura organizacional das

empresas Agropalma e Petrobrás.

Contudo, justifica-se o interesse por esta temática, a importância de se entender como a

cultura de uma organização, no aspecto das ações socioambientais é percebida pelos seus grupos

de interesse, tendo em vista que a mesma é sentida tanto pelos atores internos quanto pelos

externos, onde para Nascimento, Mello e Lemos (2008), os grupos de interesse podem ser

divididos em dois grandes grupos, os internos e os externos.

Para Savitz (2007), os stakeholders possuem uma grande influência na organização,

reivindicando sobre a gestão do negócio e sobre o impacto de suas atividades em suas vidas. Isso

justifica o interesse em saber como esses grupos de interesse observam as organizações que se

relacionam.

Existe o entendimento de que a organização pode assumir um desempenho social de

acordo com o conhecimento de seus dirigentes, podendo assumir um caráter estritamente

contábil, financeiro, baseado em custos e lucratividade ou assumir uma postura em que os

aspectos social e ambiental também são importantes, no qual as práticas de gestão fazem sentido

tanto para os dirigentes quanto para a organização (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009).

Estas duas dimensões demonstram que uma organização pode assumir as ações da gestão

social e ambiental por dois principais motivos, um por ter como principal e único objetivo o

cumprimento de todas as leis e normas exigidas pelo mercado para que não haja perda financeira

e de performance.

Outra dimensão além do econômico são as ações da empresa no aspecto social e

ambiental, sendo estes relevantes por fazerem parte da filosofia tanto dos dirigentes quanto da

organização, demonstrando dessa forma a cultura da organização.

Estudar cultura de uma organização inicia-se pelo entendimento de que a definição de

cultura não é unânime, cada autor busca um foco diferenciado e agrega elementos a este conceito

(PAZ; TAMAYO, 2004).

Neste trabalho, adota-se o conceito difundido por Fleury (1989), de que a cultura de uma

empresa é formada por valores e pressupostos básicos, representados em elementos simbólicos,

que constroi uma identidade organizacional.

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Sendo assim, o entendimento de cultura organizacional é percebido como a imagem que a

organização está transmitindo para os seus stakeholders, principalmente, no tocante do aspecto

socioambiental, que é um assunto relevante nas discussões atuais.

O tema gestão socioambiental é de extrema importância, pois demonstra um novo

contexto organizacional, onde as empresas precisam se inserir neste contexto de gestão que inclui

em suas ações, aspectos sociais e ambientais, além do econômico.

As gestões sociais e ambientais, até o final do século XX, eram vistas como custos

essenciais, uma vez que estas serviam para cumprir a legislação, mas a partir de 1994 a

responsabilidade social começa a ter reconhecimento (NASCIMENTO; MELLO; LEMOS,

2008).

Esse reconhecimento da gestão socioambiental força as organizações a buscarem algo

além das obrigações legais, tornando-se um aspecto relevante nas estratégias das empresas, pois

influenciará diretamente na sua imagem e, por conseguinte nos lucros.

As organizações atentas às mudanças do mercado procuram desenvolver suas ações antes

mesmo de serem pressionadas pelo ambiente externo, pois necessitam para sua plena

sobrevivência de um equilíbrio entre seus interesses e de seus stakeholders (SAVITZ, 2009).

Dessa forma, as empresas escolhidas para análise deste trabalho fazem parte do Programa

de Produção Sustentável de Óleo de Palma, que tem como objetivo central ordenar a expansão da

produção de óleo de palma, além de ofertar instrumentos que garantam uma produção com bases

ambientais e sociais sustentáveis, sendo que mesmas estão inseridas em Tailândia e sustentam o

aspecto econômico, social e ambiental do município, tornando-o dependente das mesmas, e deste

modo, sabe-se que a instalação de uma empresa em uma determinada localidade atinge vários

atores, como sociedade civil, trabalhadores, poder público entre outros.

Uma organização que pretende sobreviver e continuar competitiva no exigente mercado

atual não pode mais, no entanto, adotar uma postura em que apenas o que importa para o

consumidor é o preço e para si mesma é a maximização dos lucros.

Portanto, a empresa precisa aceitar e agrupar novos valores, sendo necessário que as suas

crenças sejam relacionadas e ou equiparadas com os valores externos (CROZATTI, 1998).

Valores que busquem muito mais que ter uma excelente performance econômica, como

também considerem importante assuntos das esferas sociais e ambientais, pois o mercado e a

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sociedade civil de uma maneira global estão pressionando as organizações a adotarem uma

conduta mais ética e voltada a responsabilidade socioambiental.

A organização que vislumbre uma gestão socioambiental só alcançará o sucesso mediante

o desenvolvimento ou a presença de uma cultura bem impregnada na organização, em que os

líderes precisam agrupar as culturas individuais na mesma direção (NASCIMENTO; MELLO;

LEMOS, 2008).

A tarefa de gerir as diferenças de crenças, tradições, hábitos e costumes que cada membro

da organização possui é do gestor ou do líder, fazendo-se necessário que todos sigam a cultura da

organização, pois como afirma os autores acima esta é formada por culturas individuais.

Tamayo (2005) afirma que o trabalhador e a empresa são muito diferentes e que, em

consequência, o indivíduo tem que se ajustar aos valores e interesses da organização.

Percebe-se que a organização começa a investir na sociedade, nos empregados e no meio

ambiente, pois os gestores esperam ter retorno deste investimento em longo prazo (PADUA;

BRASIL; PINTO, 2010).

Então, a questão socioambiental não é mais somente aceita nas organizações por uma

questão filantrópica e moral, os líderes passam a enxergar nas ações socioambientais como algo

que lhes trarão retorno econômico.

Para Savitz (2007), a responsabilidade social iniciou-se, provavelmente, nas ações

filantrópicas, com as fundações caritativas que os grandes capitalistas possuíam.

Nascimento, Lemos e Mello (2008) trazem a ideia de que uma organização pode assumir

a gestão socioambiental como algo importante para seu negócio, incorporando as questões

relativas do tema ao seu planejamento estratégico ou desenvolvendo esta gestão por um caráter

filantrópico.

Incorporar as questões socioambientais na rotina de uma organização implicará em

mudanças com relação aos seus grupos de interesses, os chamados stakeholders, pois eles fazem

parte do ambiente tanto interno quanto externo da organização.

Os stakeholders são os atores que a organização precisa estar atenta para conhecer seus

reais interesses e esses sejam conhecidos, avaliados, considerados e tratados dentro das diretrizes

estratégicas da organização, para que ocorra uma verdadeira implantação da gestão

socioambiental (NASCIMENTO; MELLO; LEMOS, 2008).

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Estes atores que irão receber e perceber se a cultura da organização com relação às ações

socioambientais está mesmo impactando na sociedade, se a imagem da organização está sendo

vinculada a uma empresa responsável socioambientalmente.

Assim sendo, a responsabilidade social é um exercício de cidadania, e as empresas que

querem transmitir uma imagem ética e moral podem ser beneficiadas (MELO; NETO; FROES,

1999).

As organizações ao se inserirem em uma região, precisam se atentar aos anseios e as

expectativas que são geradas na comunidade, devem conscientizar-se que para atingirem suas

metas dentro de uma região com população carente, precisam operar em áreas sociais e

ambientais, visando responder e criar laços de confiança com a sociedade local.

Para Almeida (2009), as organizações por mais poderosas, influentes e bem intencionadas

que sejam não conseguem isoladamente modificar os aspectos sociais que dependem de ações do

Estado.

Portanto, a fim de esclarecer o contexto descrito acima, o questionamento a esta pesquisa

visa saber até que ponto as empresas Agropalma e Petrobrás, em frente às carências locais,

contribuem para melhorar o bem-estar da comunidade e até onde as empresas devem se

comprometer em ações sociambientais.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 CULTURA

A palavra cultura vem do Latim colore o que significa cultivar. De uma maneira geral esta

pode ser considerada como forma da sociedade satisfazer suas necessidades, como conhecimento,

a arte, as crenças, a lei, a moral, os costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos pelo

homem.

Para Caldas e Motta (1997, p.16), a cultura é a forma pela qual uma comunidade define

seu perfil em função da necessidade de adaptação ao meio ambiente, logo é um conjunto de ações

e atividades de um povo, onde o indivíduo precisa se adaptar a realidade em que vive.

A cultura de uma sociedade, de um grupo e mesmo de uma organização só se solidifica

com o tempo e de acordo com o comportamento dos seus indivíduos.

No âmbito nacional, a cultura para Caldas e Motta (1997) assume três matrizes sendo

estas a indígena, portuguesa e africana negra. A cultura indígena é formada por inúmeros grupos

culturalmente diferentes entre si, tendo em comum a divisão das tarefas. A agricultura, de

responsabilidade das mulheres, servia para subsistência dos índios e os homens, responsáveis

pela caça, pela pesca e pela guerra.

Pelo lado dos portugueses, estes são formados por comerciantes e navegantes, que

segundo os mesmos autores, vieram para o Brasil com o intuito de explorar a madeira, o Pau

Brasil. Os homens vieram sem seus filhos e suas mulheres, proporcionando a união desses com

os indígenas, ocasionando assim, a primeira mistura ética - cultural no Brasil.

Por sua vez, constata-se a instauração no país da cultura dos negros africanos, que mais se

aproxima culturalmente dos portugueses do que dos indígenas. Os negros entraram no Brasil com

caráter escravista, vistos como mercadorias, sendo comercializados e valorizados com um bem

(CALDAS; MOTTA, 1997).

Assim, as três etnias juntas transformaram as anteriormente existentes, no entanto,

preservando crenças e valores intrínsecos às culturas de origem. Podem-se perceber tais nuances

como relatam os autores acima ao afirmarem que é muito forte a cultura cabocla ou mameluca na

região norte do país como nos estados Amazonas e Pará, mas também em outras regiões e estados

brasileiros.

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Essas três culturas que compõem o arcabouço cultural no Brasil podem ser vistas de

maneira proporcionalmente diferente nos estados e regiões, sabendo-se ainda que o país também

foi marcado por outros imigrantes europeus e orientais.

Contudo, é importante destacar que não é somente a mistura de raças e etnias que formam

uma nova cultura ou transforma uma cultura existente, mas também as classes sociais, entidades

e organizações que contribuem para produção de novas culturas.

No entanto, a característica marcante na colonização brasileira foi o uso do poder, onde a

elite, minoria na época, era formada por grupos exploradores de recursos humanos e naturais,

bem como detentores da renda enquanto a minoria vivia marginalizada.

2.2 CULTURA ORGANIZACIONAL

Entendendo cultura organizacional como reunião de valores, costume, ideologias dos

indivíduos, torna-se necessário entender o conceito de cultura individual que perpassa pelos

valores, costumes e ideologias particulares de cada um.

Sabe-se que os valores resultam em uma meta, ou seja, naquilo que é importante para o

indivíduo, entre o que tem e o que não tem valor, conseguindo associar a relação entre o valor e o

comportamento (TAMAYO, 2005).

Para o autor, tanto para as pessoas, quanto para a organização, os valores são o que regem

as formas culturais de satisfação, a busca por alcançar as metas objetivadas e que levarão as

pessoas à felicidade e a organização ao sucesso.

A cultura individual deve ser adaptada ao ambiente organizacional, ou seja, aos valores

organizacionais formados pelo conjunto de culturas compostas de escalas diferenciadas de etnias,

conhecimentos, crenças, classes sociais, etc.

Para Tamayo (2005), quando as pessoas buscam o melhor para a organização, estas

utilizam os mesmos princípios e as mesmas metas que utilizariam para suas vidas pessoais e,

portanto, o que as motivam são os mesmos valores.

Ainda segundo o autor, o que o indivíduo visa por meio dos elementos essenciais é a sua

sobrevivência e a do grupo, com o intuito de alcançar o que ele e os outros consideram bom e

desejável para si e para a sociedade.

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Para Machado (2003), essa identidade pessoal está ligada a uma construção individual do

conceito de si. A construção da identidade pessoal é o desafio de encontrar o equilíbrio entre o

que a pessoa realmente é e o que os outros esperam que ela seja sabendo que a identidade social

cumpre a ideia de que este indivíduo faz parte de um grupo dentre de uma representação comum

por possuírem histórias similares vividas em conjunto.

A socialização dos indivíduos no mundo do trabalho é fruto da experiência das relações

de poder, vivenciadas no universo produtivo, as quais geram normas coletivas de

comportamento e fornecem a possibilidade de construir uma identidade no trabalho.

(MACHADO, 2003, p. 58).

Portanto, a identidade do indivíduo se representa por seus comportamentos, hábitos,

costumes, crenças, simbolismos e estes explicam o motivo pelo qual as pessoas se identificam

uma com as outras e com as organizações, principalmente, quando os atributos e os desejos

destes se assemelham.

Concomitante a Tamayo (2005), destaca-se a importância da relação dos valores pessoais

com o comprometimento no meio organizacional, pois é esta relação que esclarece a natureza do

comportamento e das funções desenvolvidas por cada indivíduo na organização.

Enfim, é importante para os gestores conhecerem os impactos dos valores pessoais sob o

comprometimento de cada membro para com a organização a fim de que seja um bom

gerenciamento do clima organizacional.

O mesmo autor afirma que existem metas pessoais, motivações do trabalhador que o

impulsiona, com mais ou menos intensidade e persistência, a procurar ou a evitar o

comprometimento organizacional.

Para ele, três componentes são identificados neste contexto, sendo estes o normativo, o

instrumental e afetivo. O normativo é identificado pelo sentimento de obrigação que o

trabalhador tem na sua relação com a empresa; o comprometimento instrumental é dado pela

relação do trabalhador em continuar na organização por necessidade; e o afetivo é definido pela

identificação que o trabalhador tem com a organização.

É notório dizer que a relação do indivíduo com a organização passa por uma relação que

vai além da trabalhista, em que este contribui para a formação da cultura organizacional, na busca

do objetivo financeiro, entre outros, tendo em troca o ganho da possibilidade de realizar sonhos,

metas e objetivos pessoais.

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Para compreender o conceito de cultura organizacional se faz necessário entender os

conceitos de organização e de cultura separadamente, tornando prescindível também, o

entendimento da cultura brasileira para conseguir vislumbrar de melhor forma, o cenário em que

as organizações estão inseridas.

O conceito de organização parte do pressuposto de que o indivíduo sozinho não consegue

realizar todas as suas necessidades e para tanto necessita da união de vários indivíduos como

conceitua Schein (1965) quando salienta que uma ideia básica inerente ao conceito de

organização é a obtenção de esforços ao serviço da ajuda mútua ou uma obtenção de alguns fins

ou objetivos comuns através da coordenação de atividades.

Cada organização busca sua identidade, ou seja, como ela será vista no mercado

atualmente competitivo, sabendo-se que esta é formada pela união de várias identidades

individuais. Segundo Machado (2003), a concepção da identidade organizacional é que esta é

formada por identidades individuais e que a identidade de uma organização está vinculada à

identificação, que muitas vezes é vista como o compromisso do indivíduo para com a empresa,

tornando-o parte fundamental do contexto organizacional, pois um colaborador comprometido

aumenta sua produtividade, trazendo, portanto, benefícios à organização.

A organização, independentemente do seu porte, segmento, localização e público alvo terá

que estar atenta para enfrentar as mudanças e os novos desafios propostos pelo mercado.

Essas mudanças podem provocar diferenças de prioridades e de valores, determinando

novos focos de interesses, novas metas, inclusive mudando continuamente os conceitos de certo e

errados no cenário organizacional.

A gestão organizacional começa a se adaptar as novas formas de enxergar as pessoas,

antes eram entendidas como recurso abundante e barato, passando a ser um recurso de difícil

substituição e caro, uma vez que os indivíduos buscam mais qualificação profissional e mais

valorização dentro e fora das organizações.

As organizações ao atender as exigências desse novo cenário, seja de responsabilidade

socioambiental, estas precisam, por consequência, adaptar sua cultura uma vez que, seus valores;

ritos; crenças para que permaneçam no mercado competitivo, e neste contexto, torna-se relevante

o entendimento do conceito de cultura e posteriormente o de cultura organizacional.

O termo cultura ligado à empresa surge nos anos 60 na literatura inglesa, que segundo

Pires e Macêdo (2006) está vinculado ao conceito de clima organizacional que para Maximiano

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(2000) é a somatória dos sentimentos individuas e grupais com relação à realidade sentida no

ambiente da organização.

No entanto, o tema cultura organizacional se fortifica nos anos 80, como confirma Freitas

(2008), ao relatar que foi nessa década que ocorreu um grande aumento da produção acadêmica,

apoio e cobertura de revistas direcionadas ao público empresarial e ao público em geral.

Conforme a mesma autora foi por meio da revista Business Week que o tema cultura

organizacional foi popularizado com a publicação do artigo Corporate culture – the hard-to-

change values that spell sucess or failure.

[...] a cultura organizacional marcou a sua forte presença no correr dos anos 1980, época

em que esta se constitui efetivamente como um campo de conhecimento dentro da

administração. (FREITAS, 2008, p.49).

Portanto, a cultura organizacional ganha espaço como um tema relevante a ser analisado e

pesquisado no ambiente organizacional. O motivo para o grande interesse pelo tema é

impulsionado pelo declínio da produtividade norte-americana e o ganho de competitividade dos

japoneses, particularmente no setor automobilístico.

Para Freitas (2008), os valores nacionais dos japoneses eram invariavelmente associados à

obediência, à subordinação do indivíduo ao grupo, à valorização do trabalho em equipe, ao

compartilhar das ideias e sugestões, ao respeito aos mais velhos e à tradição, ao processo

decisório participativo e à filosofia da empresa.

Diferenciando a cultura uma vez japonesa da norte americana, se deixa explícito que as

organizações são influenciadas pela cultura local, nacional, regional e do próprio indivíduo que a

compõe, ou seja, é uma somatória de valores diferenciados.

A cultura de uma sociedade, de um grupo, de uma nação e até mesmo de uma

organização só se solidifica com o tempo, de acordo com o comportamento dos seus indivíduos.

O estudo é a maior compreensão desta, do ponto de vista global, torna-se relevante devido

ao fato de inúmeras organizações estarem presentes em diferentes países e são obrigadas a

entender as culturas distintas locais e particulares e que, por muitas vezes, as pressionam a

assumirem um papel de sociedades multiculturais (MAXIMIANO, 2000).

É um grande equívoco falar sobre qualquer país como se ele fizesse parte de uma cultura

integrada e homogênea, especialmente ao se falar de sociedade que são culturalmente tão

diversas (MORGAN, 2000), portanto, para entender o conceito de cultura organizacional é

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necessário partir do princípio de que a mesma não é universal e tão pouco inequívoca (FREITAS,

2008).

O conceito mais encontrado em meio acadêmico diz que a cultura organizacional é um

conjunto de pressupostos básicos que um grupo inventou, descobriu ou desenvolveu ao aprender

como lidar com os problemas da adaptação externa e da integração interna, funcionando

suficiente para serem considerados válidos e ensinados aos novos membros como a forma correta

de perceber, pensar e sentir em relação aos possíveis problemas aparentes (SCHEIN, 1985).

Outros autores vêm para agregar esse conceito inicial quando diz que a cultura de uma

empresa é composta por um conjunto de valores e pressupostos básicos representados em

elementos simbólicos que atribuem significações, constroem a identidade organizacional e agem

como elementos de comunicação e consenso, bem como ocultam e instrumentalizam as relações

de dominação (FLEURY; FISCHER, 1996).

Morgan (2000) confere a esta ideia de que os indivíduos têm, numa cultura determinada,

diferentes personalidades, o que explica que embora tenham muito em comum, os grupos e as

organizações são diferentes, mesmo que se assemelhem em alguns aspectos.

Para Alves (1997), nesta compreensão se faz necessário o entendimento de conceitos

como crenças, valores, pressupostos e normas que estão presentes em grande parte dos conceitos

de cultura organizacional.

Segundo este mesmo autor,

a) crença é tudo aquilo que damos como certo, servindo de suporte para o nosso

entendimento das coisas;

b) valores são ideais compartilhados pelas pessoas que fazem parte do mesmo grupo

como sendo importante e acessível;

c) pressupostos são as soluções prontas e inquestionáveis para determinado grupo e;

d) normas são o senso comum que um grupo tem sobre o que é certo e errado.

Por Freitas (2008) deve-se discutir também a importância dos conceitos dos elementos da

cultura organizacional, além dos valores, crenças, pressupostos, os ritos, rituais e cerimônias,

sagas e heróis, estórias, tabus e normas, o que corrobora Morgan (2000), ao dizer que a cultura

corporativa se desenvolve como um ethos criado e sustentado por processos sociais, imagens,

símbolos e rituais.

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Deste modo e de acordo com estes autores citados acima, cada elemento da cultura pode

ser descrito como:

a) os valores que representam a essência filosófica da empresa e levando ao alcance do

seu sucesso;

b) as crenças e pressupostos que são utilizados como a verdade absoluta em uma

organização;

c) os ritos, rituais e cerimônias que são atividades que representam a cultura da

organização de uma maneira mais concreta;

d) as sagas que dão visibilidade para os obstáculos vencidos pela empresa;

e) os herois que são representados por um padrão comportamental a ser seguido dentro do

ambiente organizacional;

f) as estórias que retratam o simbolismo e podem ser alteradas conforme sua

aplicabilidade;

g) os tabus que são elementos que estão presentes na vida grupal e;

h) as normas que são os procedimentos ou comportamentos padronizados.

Para Morgan (2000), a organização ao ser vista como cultura deve-se associá-la a uma

minissociedade, com seus próprios valores; rituais; ideologias e crenças, lembrando que esta é

formada pela união das culturas individuais de seus membros, aceitando a existência de

subculturas dentro do seu ambiente transformadas em plural e dinâmico (ALVES, 1997).

Porém, a cultura de uma organização não é uniforme, sendo composta pela união de

várias culturais individuais e ou grupais. Como dito anteriormente, contudo, segundo Daft

(2008), as diferenças subculturais levam algumas vezes a conflitos entre departamentos,

especialmente em organizações que não possuem fortes culturas corporativas.

Pires e Macêdo (2006), afirmam que as organizações são partes integrantes do ambiente

externo, havendo uma troca mútua de influências onde as pessoas assumem o papel de agentes e

seus valores individuais são componentes para formar a cultura organizacional.

Entender a cultura da organização não é uma tarefa fácil, mas pode ser compreendida por

meio de três níveis, segundo Schein (1985):

a) o primeiro nível é um dos artefatos visíveis, onde estão inclusos a arquitetura; o layout,

a forma como os membros da organização se vestem; o padrão de comportamento e os

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documentos públicos. Esses são dados fáceis de serem observados e colhidos, portanto, são mais

frágeis quanto sua confiabilidade para representar o comportamento do grupo organizacional;

b) o segundo nível é representado pelos valores que governam o comportamento das

pessoas. A compreensão deste nível é dada de duas maneiras sendo por realização de entrevistas

junto aos principais membros da organização ou análise dos conteúdos dos documentos oficiais

da organização, pois assim é possível abstrair o comportamento da organização mesmo que

inconscientemente, nas entrelinhas;

c) o terceiro nível corresponde aos pressupostos inconscientes, que são aqueles que

representam a maneira que o grupo percebe, pensa e sente. Neste nível, os valores assumem no

grupo a diretriz que conduz os comportamentos.

Figura 1 - Níveis da Cultura

Fonte: Adaptado de Schein (1985).

Esse modelo de Schein formado por três pressupostos e detalhando a cultura de uma

organização, demonstra a verdadeira essência, o que realmente representa a cultura, com os

valores e as práticas adotadas.

No entanto, para Daft (2008), a cultura organizacional existe em dois níveis e a compara

com um iceberg, um nível que fica na superfície composto pelos artefatos visíveis e pelos

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comportamentos observáveis, refletindo no modo como as pessoas se vestem e agem na

organização, além de conter os símbolos, histórias e cerimônias compartilhadas nas empresas.

Desta forma, essa superfície visível da cultura organizacional reflete em valores mais

profundos, na parte submersa do iceberg, formando o segundo nível sendo composta por

pressuposições, crenças e processos mentais, que para o autor é o nível que representa

verdadeiramente a cultura da organização.

Figura 2 - Cultura Organizacional como um Iceberg.

Fonte: Adaptado de Daft (2008).

Daft (2008) relata ainda que a cultura organizacional relacionada com o ambiente e com a

estratégia gera quatro categorias de cultura dentre estas, a adaptativa, a missão, o clã e a

burocrática, onde estas se relacionam com os valores culturais, a estratégia, a estrutura e o

ambiente.

Para o autor, na cultura adaptativa o foco estratégico é no ambiente externo com o intuito

de satisfazer as necessidades do cliente. Está ligada aos valores de empreendedorismo; normas e

crenças para entender o ambiente. A organização fica caracterizada por ser reativa às mudanças

ambientais.

Na cultura de missão, o foco está centrado em atender clientes externos mais específicos,

mas sem necessidade de mudanças rápidas. Por sua vez, na cultura de clã, o que se destaca é a

participação dos membros da organização, com expectativa de mudanças rápidas do meio externo

e na cultura burocrática o foco está no ambiente interno enquanto o ambiente externo se mantém

consistente.

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Sendo assim, administrar a cultura de uma organização implica no enfrentamento de

algumas barreiras. Para Fleury e Fischer (1996), a gestão enfrentará alguns fatores que tornam

difícil a administração da cultura de uma organização e neste contexto, entende-se por sete os

principais problemas a serem vencidos sendo estes:

a) nível, onde a cultura é encontrada em diferentes níveis na empresa. O nível mais

profundo é em relação às crenças e pressupostos, bem como ao funcionamento interno da

organização quanto à forma como a organização se posiciona frente ao ambiente externo;

b) infiltração, quando a cultura de uma organização vai além das pessoas, dos seus

relacionamentos e crenças, envolvendo seus produtos, sua estrutura, sua missão, etc;

c) implícito, quando na cultura organizacional existem pensamentos e comportamentos

implícitos que dificilmente se afloram para discussão;

d) impresso, na qual a cultura da empresa é baseada em raízes históricas, que refletem

tanto na gestão atual quanto futura;

e) político, em que a cultura está intimamente ligada à distribuição do poder na

organização;

f) plural, quando a cultura pode ter várias versões dentro da mesma organização e;

g) interdependência, quando a cultura organizacional está conectada com a política da

empresa, bem como com a sua estrutura, seus sistemas, indivíduos e propriedades da

organização.

Uma organização deve ser vista como um sistema aberto que sofre pressões tanto do

ambiente externo quanto do interno, formando um sistema complexo, em que os seres humanos

são os principais agentes e que também são de natureza complexa, (OBADIA; VIDAL; MELO

2007) e, portanto, administrar a cultura de uma organização é o mesmo que administrar as

culturas de um conjunto de pessoas que estão inseridas na empresa e que se tornam responsáveis

pela formação cultural desta.

Para Fleury (1991), além da importância das pessoas que compõe a empresa, os

fundadores possuem um importante papel na construção da cultura juntamente com os primeiros

líderes. Quando seus fundadores não estão mais na liderança da organização, quem assume esse

papel são os gestores, sabendo-se que em uma organização estes têm papeis preponderantes na

formação da cultura institucional. Todos que contribuem direta ou indiretamente para a

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organização são responsáveis pela formação de sua cultura, pois socializam suas culturas

individuais.

Nessa cultura coletiva, a cultura institucional, pode promover a saúde ou o adoecimento

das pessoas que trabalham na organização, dependendo da flexibilidade; da estratégia; os modos

de ação e de controle. A cultura quando centrada no controle, voltada aos interesses somente

econômicos, pode provocar patologias no comportamento dos indivíduos, gerando aos mesmos

comportamentos “aceitáveis”, que por muitas vezes ocorrem à base de sofrimento, necessitando

da adaptação ao comportamento imposto e dito como correto (MENDES, 2004).

Para que uma organização desenvolva uma forte e consolidada cultura em uma

organização se faz necessário a não existência de qualquer tipo de discriminação, devendo

segundo Fleury (1991), serem adotados três pontos importantes, a saber, a estabilização da força

de trabalho, envolvendo os vários níveis de empregados em categorias operacionais, técnicas e

gerenciais; qualificação e desenvolvimento do quadro de empregados, principalmente das

categorias consideradas chaves para a empresa e; a comunicação e criação de sistemas de gestão

mais participativos.

Uma cultura organizacional forte tem impacto direto no desempenho da empresa, pois

reflete de forma constante e equilibrada nos membros da organização, considerando seus valores

específicos. Esses valores devem ser praticados para que a mesma seja considerada forte e caso

exista uma apenas pequena aceitação, torna-se uma cultura fraca (DAFT, 2008).

Ainda segundo o autor, identifica-se uma cultura forte ao associa-la com o uso frequente

de cerimônias; símbolos; histórias; heróis e slogans, elevando o comprometimento do empregado

com os valores e estratégias empresariais.

Desta maneira, com a aplicabilidade dos pontos relevantes citados, uma organização

assume um papel diferenciado de gestão, dando foco mais importante para os indivíduos que a

compõem, alcançando o desenvolvimento de uma cultura organizacional consolidada ou pelo

menos mais aberta as diversas classes hierárquicas da empresa.

Para que se compreenda, análise e identifique uma cultura organizacional é preciso

entender diversos indicadores, onde Maximiano (2000) delimita os principais destes em seis:

sendo a identidade; tolerância ao risco e inovação; individualismo; coletivismo; participação e

adaptação, conforme demonstra o quadro1 a seguir.

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Quadro 1 - Alguns Indicadores da Cultura Organizacional.

INDICADOR SIGNIFICADO

Identidade

Grau de identificação das pessoas com a organização como um

todo, mais do que com o seu grupo imediato ou colegas de

profissão.

Tolerância ao risco Medida da capacidade de organização de se adaptar às situações

e à inovação

novas, em contraposição ao seu interesse em permanecer

mantendo as tradições e as estruturas vigentes.

Individualismo Crença em que o indivíduo deve cuidar de si próprio e de sua

família; crença em que o indivíduo é dono de seu próprio

destino.

Coletivismo

Crenças em que os membros do grupo (parentes, organização

e sociedade) preocupam-se com o bem-estar comum.

Participação

Nível de participação das pessoas no processo de administrar

a organização.

Adaptação

Nível de preocupação da administração com: os clientes,

acionistas e empregados, em contraposição à preocupação

consigo mesma.

Fonte: Maximiano (2000, p.256).

Cada indicador é definido por significados, assinalado acima, podendo perceber que: a

identidade se mostra no sentido de como os membros de uma organização se identificam com as

normas, metas, valores, missões, etc da organização. Para Machado (2003), isto se atribui ao fato

de que quanto maior o reconhecimento do indivíduo no trabalho realizado, melhor será a

construção do seu “eu”, além de implicar favoravelmente no ambiente de trabalho e no

desempenho de suas tarefas.

Por sua vez, a tolerância ao risco e à inovação estão relacionadas a capacidade da

organização em enfrentar o que é novo. Sendo este ponto o maior desafio no aspecto de mudança

organizacional, como relatado por Obadia, Vidal e Melo (2007), quando citam que é importante

lidar com o aprendizado dos lideres e dos agentes envolvidos com as mudanças, no sentido de

apoiar esses processos e de livrarem-se da necessidade de controle e certeza.

O individualismo e coletivismo estão presentes no sentido de que cada indivíduo deve

cuidar de suas metes e objetivos a serem alcançados. O coletivismo está configurado na ideia de

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prevalecer o bem-estar comum para todos que compõem uma organização seja ela a família e ou

a organização.

Pela participação, frisa-se neste momento o significado de uma gestão participativa, onde

os mais variados membros possam opinar na administração da organização.

Na adaptação, referenda-se a preocupação que as organizações têm com os seus

stakeholders, sabendo que o maior objetivo destas continua sendo a busca incessante pela

maximização dos lucros, mas incorporando a preocupação do bem-estar do seu grupo de

interesse.

Assim sendo, a cultura organizacional que seja uma adaptação às mudanças, melhora seu

desempenho por incentivar e motivar seus empregados, nivelando na busca dos mesmos

objetivos.

Daft (2008) enfatiza quanto a esta questão que uma cultura adaptativa é um forte objetivo

dos líderes de uma organização, uma vez ela que conduz a um elevado desempenho.

A cultura organizacional pode ser percebida e influenciada pelos stakeholders, dessa

maneira é importante entender o elo existente entre a estratégia adotada pelas empresas com

relação à responsabilidade socioambiental, pois esse trabalho busca relacionar a cultura no

aspecto socioambiental praticado pelas empresas com a percepção dos grupos de interesse.

2.3 ESTRATÉGIA

O conceito de estratégia é antigo e tem origem na língua grega vindo da palavra

strategeia, significando a arte ou a ciência de ser general, demonstrando que sua origem vem dos

tempos de guerra e do uso maciço do exército em defesa do território (STONER; FREEMAN,

1999). O conceito de estratégia não é único e tão pouco definitivo, tendo vários significados no

decorrer do desenvolvimento da Administração Estratégica (CAMARGO; DIAS, 2003).

Porter (1979) traz o conceito de estratégia como a forma de adotar um posicionamento

exclusivo e valioso, envolvendo um conjunto de atividades diferentes, que para Nascimento,

Lemos e Mello (2008), a estratégia de negócios é um plano de ação de longo prazo e constitui-se

em um mapa de como realizar a missão corporativa, o que corrobora com Andrews (1980), que

define a estratégia corporativa como um padrão de propósitos e metas que dão significado ao

negócio, além de mostrar até onde a empresa deseja chegar.

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De forma geral, o conceito de estratégia traz na sua essência a ideia de que uma

organização, por meio de sua alta administração, precisa traçar seus principais objetivos, a curto,

médio e em longo prazo, para que com isso tenha em mãos, um foco, um objetivo, uma meta a

ser alcançada por toda a empresa.

Uma organização pode combinar e perpassar por mais de uma escola do pensamento

estratégico, podendo no cenário atual, mesclar os diferentes conhecimentos das escolas para

formular as estratégias empresariais.

A empresa precisa ter o verdadeiro foco estratégico concentrado em seus mercados

escolhidos, tendo consequentemente mais poder que seus concorrentes (QUINN; DOORLEY;

PAQUETTE, 1990).

Assim, a organização precisa formular sua estratégia competitiva, buscando potencializar

a competência empresarial em que se é mais forte. A escolha de uma estratégia é uma

competência na qual a empresa precisa buscar a excelência e, por conseguinte, ser mais excelente

que seus concorrentes (FLEURY; FLEURY, 2003).

Neste cenário corporativo, a estratégia para Stoner e Freeman (1999) é dividida em três

níveis, corporate, unidade de negócios e funcional. A estratégia a nível corporate é formulada

pela alta administração com o intuito de supervisionar os interesses e as operações da

organização.

A estratégia de unidade de negócios é formulada com o objetivo de atingir uma atividade

empresarial específica, buscando determinar qual a abordagem que o negócio deve seguir em

relação ao mercado. E a estratégia de nível funcional é formulada para apoiar a estratégia de nível

de unidade de negócios, com um arcabouço na administração de funções como finanças, pesquisa

e desenvolvimento e marketing (STONER; FREEMAN, 1999).

A estratégia empresarial sinaliza a direção para os investimentos essenciais da

organização, onde para Nascimento, Lemos e Mello (2008, p.183)

[...] as estratégias desenvolvidas na elaboração do planejamento estratégico

organizacional devem contemplar as questões social e ambiental. Assim, a organização

terá maior coerência e coesão, desenvolverá objetivos mais claros e terá inspiração para

realizar mudanças profundas e significativas, valorizadas tanto pelo mercado quanto por

quem nela trabalha, atingindo sua sustentabilidade e sucesso ao longo do tempo.

Segundo Santos (2002), as instituições fazem parte de um universo de restrições formais,

como regras e leis, e informais, como tabus e costumes. No campo teórico, as instituições locais

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serão formadas por todas as associações, sindicatos, órgãos públicos, redes de relações informais

que estão inseridas em um território e que tenham o objetivo de defender e promover os

interesses de um grupo social.

Para Laure Draetta (2006 apud DROUVOT; DROUVOT, 2012) as empresas são

influenciadas e pressionadas pelo contexto social, ao se falar de responsabilidade socioambiental.

São as próprias organizações que modificam suas características para se adaptarem ao ambiente.

Neste contexto, a mesma autora, define que o campo organizacional se dá pelo conjunto de forças

externas e internas da empresa que solicitam um compromisso no aspecto socioambiental.

Figura 3 - A tela socioinstitucional: as forças indutoras da ação ecológica.

Fonte: Draetta (2006) adaptado por Drouvot, C. e Drouvot, H. (2011)

O esquema agrupa quatro forças, as jurídicas, comerciais, sociais e organizacionais, que

podem orientar as ações de uma organização, além de produzir e reproduzir por efeitos de

influências mútuas (DROUVOT; DROUVOT, 2012).

As empresas sofrem pressões tanto do ambiente interno quanto do externo, principalmente

no assunto socioambiental. As políticas de responsabilidade adotadas por uma organização

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passam a constar dentro de suas estratégias e dessa forma, torna-se relevante entender a teoria

relacionada com as ações socioambientais praticadas por uma organização.

2.4 AÇÕES SOCIOAMBIENTAIS

As organizações contemporâneas passaram a se preocupar com a questão social e

ambiental, visto que os recursos naturais utilizados no processo produtivo são limitados e as

necessidades das comunidades do seu entorno e as constantes modificações no ambiente em que

se inserem, são muitas vezes não renováveis.

Este novo cenário é visto a partir do século XX, quando a gestão socioambiental passa a

ser vista como um mecanismo essencial para a permanência da empresa no mercado e não

meramente como um custo obrigatório legal (NASCIMENTO; MELLO; LEMOS, 2008).

Adotar medidas envolvendo ações socioambientais leva uma organização a se beneficiar

de uma melhor relação com os stakeholders, pois os mesmos se sentem fazendo parte do grupo

de interesse que seja ligado a uma organização socioambientalmente responsável. No processo

produtivo, a organização neste sentido reduz o nível de poluição e com isso há uma queda nos

custos e nos desperdícios.

A organização tem uma maior expectativa quanto ao seu objetivo de obter financiamentos

específicos às empresas que visam reduzir os impactos ambientais causados pela mesma. Além

de cumprirem as obrigações legais, pois existem leis que punem as empresas que impactam

significativamente no meio ambiente (NASCIMENTO; LEMOS; MELLO, 2008).

Desse modo, entende-se que ao incorporar as ações socioambientais nas metas da

organização estas trarão benefícios visíveis, pois isso atingirá o cenário externo contrapondo a

imagem que se for negativa será revista pela própria sociedade, lembrando que imagem ruim traz

consequências negativas no aspecto financeiro, além de envolver os aspectos morais e sociais.

Para Souza (2002), várias situações institucionais assumem as diretrizes estratégicas

socioambientais das empresas, como os acionistas e os investidores; os bancos e as associações

comerciais.

Além das pressões legais e sociais, a gestão ambiental sofre com as imposições dos

compradores e fornecedores; dos acionistas; dos bancos ou investidores; dos consumidores,

podendo até sofrer pressões por parte dos concorrentes e das organizações não governamentais.

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Dessa forma, o termo mais apropriado para a união das expressões gestão social e gestão

ambiental, também chamada de gestão socioambiental é a gestão sustentável como relata Savitz

(2007) ao afirmar que a sustentabilidade envolve temas como meio ambiente; direitos dos

trabalhadores; proteção aos consumidores; governança corporativa; os impactos das atividades da

empresa na questão social como a fome; pobreza; educação; saúde e direitos humanos.

Assim, estas organizações precisam se inserir no novo contexto de desenvolvimento,

priorizando tanto os aspectos sociais, econômicos e ambientais.

Drouvot e Drouvot (2012) relatam que o desenvolvimento sustentável incorpora o

conceito de responsabilidade social e ambiental, pois a responsabilidade sendo bem realizada

contribui tanto para o desenvolvimento sustentável quanto para a organização, a responsabilidade

socioambiental é a aplicação do conceito de sustentabilidade em nível das empresas.

É importante ressaltar que segundo Freire, Santos, Souza e Rossetto (2008), a base

econômica é a que sustenta as demais bases e a responsabilidade econômica é a primeira e a

principal responsabilidade social da empresa, que todos os demais papéis que esta vier a

desempenhar estarão vinculados ao aspecto econômico, isto porque uma organização não se

inclui no sistema capitalista se não estiver na busca constante da maximização dos lucros

(BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009).

Neste contexto, as empresas possuem um papel relevante, pois para sobreviverem

precisam descobrir novos caminhos que deem ênfase às questões sociais e ambientais, o que

provavelmente será necessário para modificar seus valores, remetendo estes às mudanças da

cultura organizacional.

Sendo assim, as ações voltadas para o social e ambiental precisam ser bem planejadas e

inseridas às novas exigências legais e morais, podendo ocorrer praticamente de forma estratégica,

com objetivo principal de permanência do mercado com o aceite social por legitimação ou por

simples prestação de contas para com a sociedade.

Segundo Souza (2002), desde os anos 90 o assunto ambiental no mundo empresarial tem

se tornado mais complexo do que cumprir leis e ser responsável socialmente, uma vez que a

organização tem de assumir a sua competitividade econômica juntamente com aspectos de

proteção do meio ambiente consequentemente a preocupação social.

A questão socioambiental é importantíssima para a empresa e seus gestores, devendo ser

vista tanto como ameaça tanto como oportunidade de mercado, uma vez que existem as dúvidas

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com relação ao retorno de uma postura empresarial responsável ambientalmente e socialmente,

principalmente quando se percebe que não existem os mecanismos de mensuração (COELHO,

2004).

Contudo, as empresas estão incorporando essas funções quer por uma filosofia de seus

gestores quer por uma estratégia mercadológica. Os maiores benefícios de uma gestão

socioambiental estão na esfera econômica e estratégica de uma organização, como por exemplo,

consta como benefícios econômicos a redução do consumo de energia; água; papel etc., na

redução das multas geradas pela poluição; no aumento do número de consumidores devido à

inovação dos produtos.

Por sua vez os benefícios estratégicos podem ser vistos na melhoria da imagem

organizacional; no novo portfólio de produtos; na melhor relação com os órgãos governamentais;

na facilidade de acesso ao mercado externo; etc.

Portanto, além da melhoria na imagem da empresa para com o ambiente externo, existem

os benefícios no ambiente interno, que como ressalta Arnold e Hartman (2005), no nível dos

assalariados, eles se tornam mais leais e produtivos. Se os tornam mais produtivos é porque se

sentem mais motivados e identificados com a organização.

Neste contexto, também é necessário entender a essência real da gestão ambiental

enquanto estratégia das empresas, uma vez que as ações de parâmetro ambiental estão presentes

nas decisões e nas ações empresariais. As organizações que estão ligadas nas mudanças

mercadológicas, possuem em sua estrutura organizacional, departamentos e gestores voltados

exclusivamente para a questão ambiental.

Nascimento, Lemos e Mello (2008) relatam que os gestores estão descobrindo que a

consciência ambiental não é apenas necessária, mas também lucrativa. Trabalhar com a dimensão

ambiental em uma organização passa pelo cumprimento legal e em seguida pela visibilidade

social, principalmente junto à comunidade do seu entorno. A inclusão da variável ambiental na

gestão empresarial é uma necessidade e inexplicável é sua ausência no escopo das empresas que

não se atentem também para com as obrigações sociais.

Conforme os autores, o processo de reconstrução da imagem de uma organização vista

como irresponsável socioambientalmente é um processo penoso, difícil e demorado.

No entanto, sabe-se que divulgar que uma determinada organização é preocupada com a

questão ambiental gera uma série de consequências positivas, pois,

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35

[...] uma série de novas situações do ambiente institucional passaram a dirigir as

estratégias das empresas tais como, investidores e acionistas que estariam interessados

em correlações positivas entre as performances econômicas e ambientais; bancos que

estariam associando performances ambientais ruins ao risco financeiro mais elevado; e

associações comerciais, educacionais e religiosas que passam a institucionalizar

determinadas demandas ambientais. (SOUZA, 2002, p.4).

Uma organização que cause impacto ambiental negativo, além de prejudicar sua imagem

perante os seus stakeholders, enfrenta problemas legais como está previsto judicialmente no

Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), considerando impacto ambiental negativo

qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por

qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas, que direta ou

indiretamente afetam a saúde; a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e

econômicas; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos

naturais.

Contudo, a administração ambiental está focada em resolver problemas ambientais que

favoreçam a empresa, no entanto, a organização precisa da dimensão ética, que refletirá no

cumprimento das leis e na imagem da organização.

Este novo comportamento organizacional se deve as pressões que o mercado em geral

exerce sobre as empresas e a necessidade destas de se adequarem as novas exigências, voltadas

para o consumo de bens e serviços produzidos de forma mais sustentáveis.

Portanto, analisando a gestão social, observa-se que a relevância desta no contexto

organizacional é imperativa, que concomitante aos autores Barbieri e Cajazeira (2009) cumprir as

responsabilidades econômicas, legais, éticas e filantrópicas e significa que a empresa deve ao

mesmo tempo, ser lucrativa, obedecer às leis, atender às expectativas da sociedade e ser boa

cidadã.

Porém, as ações da organização não devem ser voltadas apenas para as obrigações

econômicas e legais, mas também, devem ser levados em consideração certas responsabilidades

sociais que vão além das suas obrigações.

Sabe-se que na dimensão interna da empresa, as ações sociais são voltadas para práticas

direcionadas aos funcionários, compreendendo, por exemplo, investimento do capital humano;

saúde e segurança e, na dimensão externa, as organizações passam a responsabilidade social para

o ambiente em que se concentram instaladas, ou seja, do seu entorno, o que inclui neste processo

os parceiros, fornecedores, clientes, autoridade pública e ONGs (KRAEMER, 2004).

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A definição mais usada para o termo Responsabilidade Social Empresarial (RSE),

segundo Barbieri e Cajazeira (2009), é o de Carroll quando este último afirma em 1979 que a

RSE compreende as expectativas econômicas, legais, éticas e discricionárias que a sociedade

possui com a organização em dado período, sendo este último termo alterado mais tarde pelo

autor para filantropias.

Para Freire, Santos, Souza e Rossetto (2008), a partir dos anos 2000, a responsabilidade

social passa a trazer a dimensão ética no debate da gestão socioambiental. Na esfera empresarial,

a gestão social está vinculada à ideia de uma organização humana, que visa o bem-estar da

sociedade, sendo essa responsabilidade formada por um conjunto de ações e políticas que

causarão um equilíbrio social para a comunidade, como corrobora Almeida (2007).

Nesta perspectiva, Porter e Kramer (2006) relatam que a sociedade e a empresa estão em

uma relação de interdependência, uma vez que as atividades da organização impactam

diretamente nos locais em que operam e as comunidades também podem interferir nas atividades

desta, provando com isso implicações negativas e positivas para qualquer ator envolvido nesse

cenário.

Dessa forma, as organizações precisam incorporar no seu cotidiano a questão ética, pois

tem se tornado um elemento central na avaliação de desempenho tanto da mesma quanto de seus

responsáveis. Como são intensamente pressionadas pelas forças externas, estas devem colaborar,

assumindo uma postura ética, transparente e de justiça social, e os seus empresários devem ser

cada vez mais participativos nas mudanças estruturais provocadas pelas forças das áreas

ambiental, econômica e social.

2.5 STAKEHOLDERS

Uma organização existe somente para beneficiar os seus acionistas, ou seja, seus

shareholders, no entanto, atualmente, os acionistas não são mais os únicos interessados na

organização, estando suas ações voltadas também para seus grupos de interesses os stakeholders.

Donaldson e Preston (1995) afirmam que o termo stakeholders foi utilizado pela primeira

vez em um memorando interno do Stanford Research Institute, em 1963, sendo este empregado

aos grupos de interesses que davam vitalidade à organização, a saber que se tratam dos acionistas,

empregados, clientes, fornecedores, credores, sociedade, etc.

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Figura 4 - Mapa dos Stakeholders.

EMPRESA

Governo

Sociedade em

GeralSindicato

Fornecedores

Clientes

Proprietário

Bancos

Concorrentes

Fonte: Almeida e Sousa (2006).

Neste sentido, Sousa e Almeida (2006) ampliam a formação dos grupos de interesses de

Donaldson e Preston (1995) acrescentando o governo, os concorrentes e as instituições

financeiras. Esses primeiros autores consideram os stakeholders como todo grupo que de algum

modo tenha interesse no destino e nas ações praticadas pela organização.

Contudo, uma organização precisa conviver com os diversos objetivos dos grupos de

interesse e por isso, relata-se abaixo o que cada um contribui para esse processo:

a) governo é o criador e o árbitro das regras nas relações de cooperação e competição;

b) sindicatos são os negociadores dos funcionários;

c) concorrentes são os que afetam o desempenho da organização, ao decidirem suas

estratégias;

d) bancos são os agentes que promovem a capacidade financeira de uma organização em

investir, desenvolver, vender, entregar, etc., mas também são o maior risco financeiro;

e) fornecedores são organizações que ofertam serviços e ou produtos para o bom

funcionamento da empresa;

f) clientes são os responsáveis pelo direcionamento que uma empresa deve seguir;

g) mídia é um indicar da opinião pública sobre a organização, que indica para todos os

grupos de interesses, a geração de valor da mesma;

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h) funcionários abastecem a organização com habilidades, conhecimentos e esforços,

esperando em troca boas condições de trabalho, salários competitivos e oportunidade de

crescimento;

i) comunidade é o que define o ambiente legal e moral em que a organização está

inserida;

j) proprietários são os provedores do capital próprio da organização; e

k) executivos são os responsáveis em diagnosticar todos os demais stakeholders, em

busca de obter maiores retornos aos proprietários.

No entanto, vale ressaltar que, a definição de stakeholders mais usada na literatura é de

Freeman (1984), que expressa que esta se trata de qualquer indivíduo ou grupo que é ou pode ter

dedicação pela busca dos objetivos da empresa, sendo estes considerados como os grupos de

interesses.

Os grupos interessados conforme Nascimento, Mello e Lemos (2008), podem ser

divididos em dois, sendo os externos que são compostos pelos grupos que possui real ou

potencial interesse em interferir na capacidade da organização em alcançar os seus objetivos pré

– determinados, como estando fora da organização e, os grupos internos que são aqueles que

estão dentro da organização.

Quadro 2 - Tipos de Stakeholders

Stakeholders Externos Stakeholders Internos

Clientes;

Comunidade na qual a organização opera;

Comunidade vizinha;

Organizações ou entidades reguladoras das

atividades do setor – associações de

classes;

Fornecedores;

Sindicatos ou organizações de

trabalhadores;

Mídia e formadores de opinião;

Organizações não governamentais;

Parceiros;

Poder público;

Terceiros que prestam serviços à

organização.

Acionistas;

Sócios da organização;

Diretores;

Empregados;

Estagiários;

Voluntários;

Fonte: Adaptado de Costa (2002 apud NASCIMENTO; MELLO; LEMOS, 2008).

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Barbieri e Cajazeira (2009), com base em Clarkson (1995), consideram dois grupos de

stakeholders conforme a natureza da influência sobre a empresa, os primários e os secundários.

Os primários são os que possuem um elevado grau de interdependência com a organização, além

de serem vitais para a sobrevivência da mesma, como os funcionários, acionistas, sócios da

organização, etc. e os secundários que não são essenciais para a sobrevivência da organização,

por exemplo, as organizações não governamentais, mídia, sindicatos, etc.

A teoria dos grupos de interesses tem problemas centrais em sua evolução, pois existe

uma confusão sobre sua natureza e finalidade, segundo premissas de Donalson e Preston (1995).

Logo, uma organização ambientalmente responsável estará despertando interesse não só

do consumidor final, mas de todos os seus stakeholders quando afirma que,

[...] a única forma de alcançar o sucesso é por meio da sustentabilidade e isso será

possível somente às empresas que conseguirem identificar stakeholders responsáveis

ambientalmente em sua cadeia e desenvolver um relacionamento capaz de gerar

maneiras de trabalhar com a questão sustentável, onde ambos se beneficiem, gerando em

longo prazo ações que gerarão mais lucro; mais prosperidade social; econômica e

ambiental. (SAVITZ, 2007, p.61).

Neste sentido, é importante ressaltar que as ações praticadas com relação ao tema

socioambiental possuem influência direta da cultura dessa organização. O impacto dessas ações

na comunidade depende de como a organização vê a responsabilidade socioambiental.

2.6 AS DIMENSÕES CULTURAIS DA GESTÃO SOCIOAMBIENTAL

2.6.1 Normativa e Instrumental

Os autores Donalson e Preston (1995) consideram que todos os stakeholders, incluindo os

acionistas e a comunidade, são importantes para os interesses organizacionais. Estes mapearam

pesquisas sobre os stakeholders com relação à responsabilidade socioambiental em três

dimensões, como descritivo/empírica, instrumental e normativa.

A dimensão descritivo/empírica visa descrever e explicar as características e os

comportamentos corporativos diante dos stakeholders, tratando a função administrativa com base

em argumentos morais, que deve priorizar os interesses de todos, os stakeholders, dos acionistas

à sociedade.

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Nessa dimensão se procura entender a relação da organização com os ambientes internos

e externos, onde para Campos (2006, p.121),

[...] o papel dos administradores, bem como sua percepção acerca da importância dos

atributos e da legitimidade dos interesses dos stakeholders, constituem a dimensão

descritiva e empírica da teoria.

Neste contexto, na teoria dos stakeholders, a organização é vista economicamente como

nexos de contratos e por isso, a principal função dos administradores é agir para defender os

interesses dos acionistas (CAMPOS, 2006), apesar de Donaldson e Preston (1995) considerarem

por outro lado, que o administrador é responsável por escolher as atividades e objetivar recursos

em benefício dos legítimos stakeholders.

Estes últimos autores ponderam que os grupos de interesses devem atender apenas os

acionistas e sim, considerar os acionistas como membros desses grupos.

Na dimensão instrumental ou administração estratégica, Donaldson e Preston (1995)

colocam que uma organização deve voltar-se somente para os interesses dos acionistas, usando

também a base teórica da justiça distributiva.

A gestão instrumental é baseada na escolha que lhe trará benefícios exclusivamente

econômicos, ou seja, quando os investimentos realizados forem inferiores ao retorno obtido.

Nesta pesquisa considera-se uma gestão instrumental aquela que utiliza as ações

socioambientais de uma organização somente para fins estratégicos, com o principal e único

objetivo a obtenção da maximização do lucro.

Nessa dimensão, as organizações possuem um objetivo principal que é o de atender um

grupo em particular dos stakeholders, que são os acionistas (CAMPOS, 2006), sendo que nessa

vertente, a organização usa seus grupos de interesse em prol de satisfazer o grupo dos acionistas.

O grande defensor dessa dimensão é Friedman (1998), que apresenta uma defesa desse

eixo, ao relatar que a organização tem o objetivo de obter o máximo possível de lucro para os

investidores, tal fato gera consequências positivas para toda a sociedade, uma vez que a criação

de uma empresa está fundamentada para ter como objetivo fundamental gerar lucros para a

organização, bem como da sociedade em seu entorno (FRIEDMAN, 1998). Para Campos (2006),

os lucros são aqueles necessários para motivar a ação empresarial e são igualmente possíveis para

todos os empresários.

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Friedman (1998) salienta que a organização não possui a responsabilidade de atuar na

área social, quem tem essa atribuição é o poder público nas suas esferas municipal, estadual e

federal.

Na dimensão normativa ou moral os stakeholders devem fazer parte do processo como os

beneficiados e não somente como meio para atender os interesses dos acionistas (DONALDSON;

PRESTON, 1995).

Esta é entendida como instrumento de desejo da empresa em comportar-se como boa

cidadã, direcionada pela moral e pelos princípios éticos (CINTRA; MARTINS, 2009), sendo que

por meio dos aspectos morais, que a função administrativa deve considerar tanto os interesses dos

acionistas quanto dos demais stakeholders como ponderam Donaldson e Preston (1995).

Esse contexto remete a teoria do contrato social, onde Marques e Teixeira (2008) citam

que a empresa possui um contrato com a sociedade de maneira explicita ou implícita, onde a

organização é obrigada a praticar sua atividade de forma equilibrada, considerando os valores e

objetivos da sociedade em que está inserida.

Corroborando com esta afirmação, a dimensão ética com o princípio de respeitar as

pessoas é que leva Freeman (1984), a considerar que os stakeholders não devem ser vistos apenas

como ferramentas para um bom desempenho.

2.6.2 Modelo bidimensional

Dependendo do segmento que cada empresa atua o grau de impacto que as mazelas dessas

atividades podem gerar nas comunidades nos aspectos ambientais e na qualidade de vida podem

ser enormes.

Sabe-se, no entanto, que a relação da empresa com a comunidade pode gerar benefícios,

preservando ou agregando valor às empresas, ou seja, podem criar vantagem competitiva,

aprimorando a capacidade da empresa em atrair e manter recursos e minimizar riscos potenciais

com a comunidade.

De maneira geral, quanto maior o nível de engajamento, maior o potencial de resultados

positivos, bem como maior investimento de tempo e recursos requeridos (GOMES et al, 2006).

Segundo Quazi e O’Brien (2000), essa relação empresa e comunidade resulta em um

modelo com duas dimensões, a primeira de responsabilidade social e a segunda na dimensão dos

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resultados oriundos do lado social dos negócios. Esse modelo leva a quatro diferentes visões

sobre a responsabilidade social empresarial, que são as seguintes:

- Visão Clássica: as organizações partem do princípio de que a responsabilidade social

não gera valor e, por conseguinte, não são recomendadas para o ambiente empresarial, pois o

objetivo principal de uma empresa é a maximização de criação de valor pelos acionistas;

- Visão Socioeconômica: a empresa busca a maximização dos lucros para os acionistas e

neste cenário a responsabilidade social pode ser um fator diferencial positivo na geração de valor

para a mesma, com criação de valor compartilhado;

- Visão Filantrópica: as ações sociais são realizadas mesmo quando não trazem retornos

econômicos para as organizações e;

- Visão Moderna: a responsabilidade social exercida pela empresa gera benefícios, pois

existe uma boa relação empresa e comunidade.

Baseado neste modelo os autores representam graficamente essas visões em dois eixos

conforme a figura abaixo.

Figura 5 - Modelo bidimensional de responsabilidade social corporativa (RSC).

Responsabilidade Ampla Responsabilidade Estreita

Benefícios das ações de responsabilidade social corporativa

Custos das ações de responsabilidade social corporativa

Visão Moderna

Visão socioeconômica

Visão Filantrópica

Visão Clássica

Fonte: GOMES, A. N. et al (2006 apud QUAZI e O’BRIEN, 2000).

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2.6.3 Criação de valor compartilhado

Para Porter e Kramer (2011) é generalizada a percepção de que a empresa prospera a custa

da comunidade que a cerca. Essa relação, empresa e comunidade possuem perdas e ganhos, pois

uma organização responsável deve constar em seus objetivos, ações voltadas às questões sociais,

deixando de centralizar suas atividades apenas no desempenho financeiro de curto prazo, olhando

também para o bem-estar de seus clientes, fornecedores e da sociedade em geral.

Neste sentido, a solução para essa relação é o princípio do valor compartilhado, que gera

valor econômico tanto para a empresa quanto para a sociedade, não tornando a busca do lucro por

si só.

No caso do agronegócio o valor compartilhado é entendido como a concentração em

melhores técnicas de cultivo que fortaleça o cluster local de fornecedores e outras instituições de

apoio, para que assim eleve a eficiência, o rendimento, a qualidade e a sustentabilidade das

lavouras, provocando um aumento de receita e lucro que beneficie o agricultor e a empresa

(PORTER; KRAMER, 2011).

Para os mesmos autores, a competitividade de uma empresa e a saúde da comunidade ao

seu redor está intimamente interligada, na qual esta última necessita de uma organização que crie

empregos e gere riquezas para seus cidadãos, bem como a empresa precisa de uma sociedade que

gere demanda para seus produtos e de pessoas qualificadas.

Na perspectiva atual, uma comunidade pouco sente benefícios gerados pelo aumento do

lucro de uma empresa nela inserida. Isso, segundo Porter e Kramer (2011), se dá devido as

organizações distribuírem as filiais por diversas localidades, deixando de criar um vínculo com

um local específico.

O modelo para gerar valor compartilhado, onde uma empresa pode criar valor econômico

com a criação de valor social, é dado por três possibilidades:

- Reconceber produtos e mercados: a sociedade possui várias necessidades e o mercado

junto com a inovação assumem o papel de gerarem produtos e serviços que os satisfaçam. Esse

ciclo gera valor compartilhado, independente da tipologia do consumidor, mas para comunidades

mais pobres, Porter e Kramer (2011) relatam que ao inserirem o capitalismo neste contexto, este

cria novas oportunidades para o desenvolvimento econômico e social. Para os mesmos autores, a

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geração do valor compartilhado inicia-se ao identificar as necessidades, os benefícios e as

mazelas sociais que estão ou poderão estar vinculados aos produtos ou serviços da organização.

- Redefinir a produtividade na cadeia de valor: Porter e Kramer (2011) declaram que a

cadeia de valor de uma empresa é afetada e ou afeta a sociedade. Quando se fala de recursos

naturais como água; saúde; segurança e condições de trabalho, isso pode gerar custos econômicos

para uma determinada cadeia de valor. Porém, uma organização precisa criar raízes mais fortes

em uma comunidade, diminuindo o número de grandes unidades de produção, o custo logístico.

Os autores também relatam que reimaginar a cadeia de valor da perspectiva do valor

compartilhado mostrará para a empresa novos caminhos para inovar e liberar mais valor

econômico.

- Promover o desenvolvimento de clusters locais: Os autores desse modelo, Porter e

Kramer (2011), falam que qualquer empresa é afetada pelos negócios de apoio e pela

infraestrutura que a cerca. O cluster não é somente empresas, mas também instituições como

universidades, associações comerciais e organizações de normalização, tornam-se importantes em

qualquer economia regional que busque prosperar e crescer, promovendo um importante papel na

promoção da produtividade, da inovação e da competitividade. O cluster trará benefícios à

comunidade desde que a empresa procure melhorar a sua própria produtividade e ao mesmo

tempo corrigir falhas nas condições estruturais em torno do local. Para que clusters sejam gerados

nas comunidades, uma empresa precisa primeiramente identificar lacunas e deficiências em áreas

como logística, fornecedores, canais de distribuição, treinamento, organização de mercado e

instituições de ensino. Os clusters mais bem sucedidos e desenvolvidos são os que envolvem a

colaboração da iniciativa privada, das associações comerciais, agências públicas e organizações

não governamentais.

Dessa maneira, o referencial teórico exposto nesse capítulo traz como suporte para

responder a pergunta central da pesquisa as abordagens dos temas cultura, cultura individual,

cultura organizacional, estratégia, gestão socioambiental e stakeholders.

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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Quanto à natureza é uma pesquisa qualitativa tendo como procedimentos, pesquisa de

campo, pesquisa bibliográfica e o estudo de caso e, em relação aos seus objetivos é uma pesquisa

descritiva e exploratória (SIENA, 2007).

Salienta-se que, conforme o autor, a pesquisa é aplicada por se tratar da utilização de

conhecimentos em prol de uma aplicação prática e de soluções de problemas específicos.

A pesquisa qualitativa inquieta-se com os aspectos da realidade que não são

quantificados, podendo ser compreendido e explicado nas relações sociais. Suas características

principais envolvem a objetivação do fenômeno, as ações de descrever, compreender, explicar,

observação das diferenças entre o mundo natural e o social, buscar os resultados mais fidedignos

possíveis, entre outros (GERHARDT; SILVEIRA, 2009).

Diante disso, o trabalho se propõe quanto à pesquisa qualitativa em conhecer a cultura

organizacional, estudar a visão dos grupos de interesses e verificar em qual postura as empresas

analisadas se enquadram como normativa ou instrumental.

Para Minayo (2001), a pesquisa qualitativa envolve o contexto dos significados, motivos,

aspirações, crenças, valores e atitudes, tornando esta abordagem de fundamental importância por

se tratar do tema desta pesquisa da cultura organizacional.

A pesquisa proposta se apropria do método estatístico, utilizando a escala Likert como

método de mensuração, com o intuito específico de analisar como os stakeholders entendem as

práticas socioambientais da cultura organizacional das empresas estudadas, sendo estas

Agropalma e Petrobrás.

Como dito anteriormente, quanto aos objetivos a pesquisa é descritiva e exploratória. A

pesquisa descritiva exige o emprego de técnicas padronizadas de coleta de dados, como os

formulários, técnica escolhida neste trabalho. Este tipo de pesquisa objetiva a descrição das

características de certa população ou fenômeno ou estabelecer relações entre variáveis. A

pesquisa é exploratória por ter maior familiaridade com o problema, tornando-o mais explícito,

com isso assume a forma de pesquisa bibliográfica ou estudo de caso, podendo conter entrevistas,

questionários, análise de exemplos, etc. (SIENA, 2007).

A pesquisa quanto aos procedimentos é de campo, bibliográfica e estudo de caso. Fonseca

(2002) afirma que uma pesquisa de campo caracteriza-se principalmente pela investigação,

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coletando dados junto a pessoas que Marconi e Lakatos (2005) completam dizendo que é aquela

utilizada com o objetivo de conseguir informações e ou conhecimentos acerca do problema.

Por este caráter investigativo e de buscar informações com as pessoas é que este trabalho

se enquadra neste tipo de pesquisa, pois serão retratadas as visões dos grupos de interesses sobre

as praticas em gestão socioambiental das organizações pesquisadas.

Caracteriza-se como uma pesquisa de campo por utilizar de instrumentos como os

questionários, a observação e entrevistas não estruturadas. Quanto à pesquisa bibliográfica, esta

se deu na utilização de dados secundários por meio de jornais, sites, revistas, livros, pesquisas,

monografias, dissertações e teses, com o objetivo de alcançar o máximo de informações sobre o

tema abordado. Para Marconi e Lakatos (2005, p. 185), a finalidade da pesquisa bibliográfica é

fazer com que o pesquisador tenha o contato direto com o acervo já escrito, dito ou filmado sobre

o assunto.

Para Fonseca (2002), o estudo de caso visa conhecer a fundo uma situação, indagando o

como e o porquê da mesma está acontecendo, o que corrobora com Yin (2001), ao complementar

afirmando que o estudo de caso se dá quando o campo de investigação se concentra em um

fenômeno natural dentro de um contexto da vida real.

Nesta pesquisa será realizado um estudo de casos tido como múltiplos, que segundo Yin

(2001), tendo sido escolhidas as empresas, Agropalma e Petrobrás, ambas presentes no Programa

Sustentável de Óleo de Palma do Governo Federal. O recorte territorial deste trabalho procurou

escolher os grupos de interesses dessas empresas presentes no município de Tailândia, no Estado

do Pará.

3.1 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

A primeira fase do trabalho busca entender de forma generalizada, o Programa

Sustentável de Óleo de Palma no Estado do Pará, o PSOP, com a intenção de conhecer as

principais empresas que estão inseridas neste contexto e para tanto, procurou-se informações em

sites, eventos, jornais e artigos;

Na segunda fase da investigação fez-se um reconhecimento do local onde os grupos

empresariais estão presentes no Estado e escolheu-se aquele de melhor acesso e que compreendia

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todos os fatores necessários à pesquisa, sendo neste estudo, Tailândia foi o município

selecionado;

A terceira fase compreende a pesquisa de campo que foi realizada por meio de entrevistas

não estruturadas, aplicação de questionários estruturados e observação.

O propósito inicial deste estudo foi identificar a cultura organizacional vista de dentro

para fora da empresa, para tal análise foram escolhidas a Agropalma, Petrobrás e Biopalma, na

visão apenas de seus colaboradores internos.

A primeira visita foi à empresa Biopalma (Vale), realizada no mês de abril de 2012,

objetivando entender em que estágio a empresa estava passando dentro do processo de

implantação do Programa Sustentável de Óleo de Palma; sua relação com os agricultores

familiares; como seria feita escolha das famílias que participariam do projeto; como é colocada a

relação contratual da empresa para com os agricultores e, como o projeto está estruturado e

planejado.

Para tanto, realizou-se uma entrevista com Sr. Eduardo Leão, Gerente de Meio Ambiente

e Agricultura Familiar, sendo este o primeiro contato com a organização com o objetivo de

começar a desenhar a cultura da mesma, suas ações socioambientais e sua relação com o

ambiente externo.

A segunda visita deu-se na empresa Petrobio (Petrobrás), realizada no mês de maio de

2012, visando compreender a posição atual da empresa com relação ao programa de produção de

biocombustível e a inclusão social dos pequenos produtores.

Neste encontro, ocorreu uma entrevista com o Sr. Jair Silva, Responsável pela

Comunicação e Responsabilidade Social. O conteúdo discutido foi como seriam selecionadas as

famílias que fariam parte do PSOP; quais os municípios que estavam presentes e a distinção dos

dois projetos presentes na Petrobrás com relação à plantação de palma; o projeto Pará e o projeto

Belém. Dessa forma, buscaram-se os primeiros contatos com a organização para entender sua

cultura; sua relação com os seus grupos de interesse e suas ações voltadas para a questão social e

ambiental.

A terceira visita foi a ida a associação e as comunidades do Arauaí I e II, realizada no mês

de junho de 2012, pertencentes ao programa de agricultura familiar da empresa Agropalma.

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Nesta diligência, estabeleceram-se conversas informais com o presidente da associação

das comunidades, bem como com os agricultores familiares que estão inclusos no PAF da

empresa.

A visita objetivou entender a visão dos agricultores familiares como parte integrante da

cadeia de negócio da organização e observou-se nesta etapa, como estava sendo implantado o

programa e seu andamento.

A quarta visita na empresa Agropalma, realizou-se no mês de novembro de 2012. Esta

teve como o intuito entender de uma maneira global como a empresa age com relação aos

aspectos socioambientais. Os gestores fizeram uma exposição, explicando suas ações; suas

certificações e seu planejamento para o cenário competitivo.

Dessa forma, possibilitou-se pela observação em campo ter um maior conhecimento do

funcionamento organizacional e suas instalações, bem como ter o primeiro impacto com sua

estrutura e cultura relacionadas aos aspectos socioambientais.

A quinta averiguação deu-se na Secretaria Municipal de Agricultura de Tailândia e no

Sindicato dos Trabalhadores Rurais, realizada no dia 15 de março de 2013 cujo objetivo foi testar

o questionário para aplicação e conhecer a realidade do ciclo do dendê no município, analisando

o impacto das empresas presentes: Agropalma e Petrobrás.

Quando se realizou uma entrevista não estruturada com o Sr. Waldir, o então secretário de

agricultura, e com o Sr. Benedito, secretário agrário do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de

Tailândia, possibilitando um maior conhecimento da realidade dos participantes do projeto

federal PSOP.

Diante do que foi colhido e observado no estudo de campo, decidiu-se fazer o recorte na

pesquisa e conhecer a cultura organizacional das empresas Agropalma e Petrobrás a partir da

visão dos atores, ou seja, dos seus stakeholders, deixando-se, portanto, de analisar a empresa

Biopalma que não está contida neste território. Essa escolha foi feita baseada no critério de serem

as empresas que estão com o processo de trabalho mais avançado no PSOP, além destas estarem

presentes no município escolhido para análise, Tailândia/PA.

A sexta visita a campo aconteceu pelo período de dois dias, 19 e 20 de abril de 2013, para

entrevistas e aplicação do novo questionário aos grupos de atores determinados previamente.

No dia 19 de abril, em Tailândia, aplicou-se o questionário e entrevista semiestruturada

aos trabalhadores e agricultores familiares, além dos representantes do sindicato dos

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49

trabalhadores rurais que estavam presentes em uma reunião na própria sede do sindicato no

município.

Houve, também, entrevista e preenchimento de questionário com os secretários do Meio

Ambiente, de Educação e Saúde para observar suas posições com relação a presença das duas

empresas estudadas na região.

No dia 20 de abril, dirigiu-se a pesquisa de campo para dialogar com o representante local

da igreja católica, com o responsável pelo portal eletrônico e canal de TV aberta do município e

com o investigador da polícia civil que estava representando a instituição, além de terem

respondido o questionário.

A sétima ida a campo ocorreu nos dias 20 e 21 de maio com o objetivo principal de

aplicar o questionário aos responsáveis pela segurança no município de Tailândia, o comandante

da Polícia Militar e o delegado da Polícia Civil, para que assim consiga entender o novo cenário

da criminalidade com a forte atração de novos trabalhadores para a região e se isso provocou

aumento ou inserção de novos crimes. Além desses, entrevistou-se trabalhadores rurais da

empresa Agropalma.

Para verificar a postura organizacional no aspecto socioambiental, a pesquisa se remete

aos comunicados divulgados nos próprios sites das instituições, para que assim realize uma

comparação com a visão percebida pelos stakeholders locais.

3.1.1 Local

O município de Tailândia localiza-se no Estado do Pará, a 260 quilômetros da capital

Belém, fazendo parte do Nordeste Paraense. O município possui 79.299 habitantes e 4.476 km².

(IBGE, 2010). O município é conhecido pelo antigo extrativismo baseado na exploração da

madeira e pela produção diversificada de frutas devido ao clima favorável.

Atualmente, a economia de Tailândia também fica em torno da indústria de óleo vegetal e

derivados do dendê (NOTÍCIAS..., 2012).

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50

3.1.2 Sujeitos da Pesquisa, População Alvo e Amostragem

Este trabalho está inserido dentro de um projeto de pesquisa fomentado pela Fundação

Instituto para o Desenvolvimento da Amazônia – FIDESA, denominado “Qual é a participação

da agricultura familiar no Programa Sustentável do Óleo de Palma na Amazônia como fator de

inclusão social?”. A pesquisa, portanto, se concentra na linha da gestão organizacional e por isso,

dentro deste universo, foi despertado o interesse em conhecer a cultura das organizações inseridas

na produção de óleo de palma.

As organizações escolhidas para serem analisadas e estudadas foram a Agropalma e a

Petrobrás, por serem influenciadoras na vida econômica, social e ambiental do município de

Tailândia/PA.

O público alvo da pesquisa são os atores envolvidos direta e indiretamente a cadeia de

negócios do dendê e, portanto, são grupos de interesses das empresas Agropalma e Petrobrás,

município de Tailândia/PA.

A amostragem é intencional, partindo de uma avaliação prévia de quais atores detém

conhecimento do assunto pesquisado. A escolha foi feita por conveniência, ou seja, as entrevistas

foram sendo aplicadas de acordo com as oportunidades que surgiram nas visitas ao município.

A amostra foi definida dessa forma para que o acesso não dependesse do intermédio das

organizações envolvidas na pesquisa, para que não ocorresse nenhum tipo de influência, seja

positiva ou negativa. A amostra foi construída por 81 respondentes de forma estruturada a partir

de grupos que tem relação social no município e ou que tivessem relação com as empresas de

forma direta ou indireta e, tais grupos foram denominados como:

a) atores políticos: membros do setor público (secretários municipais, vereadores e

prefeito).

b) trabalhadores rurais, representantes dos atores internos à organização.

c) agricultores familiares, participantes diretos do PSOP.

d) sindicatos, associações e cooperativas, movimentos sociais, ONG’s e líderes

comunitários.

e) sociedade em geral como instituições religiosas; mídia; instituições de segurança

pública; empreendedores locais; população e educadores.

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A amostra foi constituída por oportunidade, mediante as visitas feitas ao município de

Tailândia, foram sendo aplicados os questionários aleatoriamente, visando contribuir na

construção da pesquisa, ao final foram entrevistados 81 indivíduos distribuídos segundo

classificação, conforme a tabela abaixo.

Tabela 1 - Distribuição da amostra, conforme classificação dos grupos sociais.

Distribuição da amostra

Agropalma Petrobrás

Unidade Percentual Unidade Percentual

Sociedade em geral 9 15,8 9 14,5

Agricultor familiar 14 22,8 11 16,1

Trabalhador rural 19 35,1 29 48,4

Movimentos sociais 6 10,5 6 9,7

Atores políticos 8 15,8 8 11,3

Fonte: Pesquisa de campo (2013).

3.1.3 Os Indicadores

A partir da literatura e teorias levantadas nesta pesquisa, foram elaborados indicadores

socioambientais que pudessem desenhar a cultura organizacional das empresas aqui mencionadas

como objeto de estudo.

Tomou-se como base para a elaboração dos indicadores socioambientais, os indicadores

do Instituto Ethos. O Instituto Ethos foi criado em 1998 por um grupo de empresários e

executivos da iniciativa privada, sendo um polo de organização de conhecimento, troca de

experiências e desenvolvimento de ferramentas que auxiliam as empresas a analisar suas práticas

de gestão e aprofundar seu compromisso com a responsabilidade social e o desenvolvimento

sustentável (INSTITUTO ETHOS, 2013).

Tem como missão mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de

forma socialmente responsável, tornando-as parceiras na construção de uma sociedade

sustentável e justa, pretendendo com isso disseminar a prática da responsabilidade social

empresarial (INSTITUTO ETHOS, 2013).

Os indicadores Ethos são disponibilizados on line pelo site www.ethos.or.br e são

gratuitos. Os mesmos são direcionados às empresas interessadas em avaliar sua gestão na

perspectiva da sustentabilidade e da responsabilidade social.

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Estes são apresentados na forma de questionário e são avaliados em sete temas relevantes

como:

- Valores, transparência e governança;

- Público interno;

- Meio ambiente;

- Fornecedores;

- Consumidores e clientes;

- Comunidade; e

- Governo e sociedade.

Escolheram-se tais indicadores como referência por tratarem do aspecto social e ambiental

da organização e por analisarem diferentes ambientes, como interno e externo bem como, seus

stakeholders, além do objetivo de disseminar a prática da responsabilidade social empresarial

ajudando as organizações a:

- Compreender e incorporar de forma progressiva o conceito do comportamento

empresarial socialmente responsável;

- Implementar políticas e práticas que atendam a elevados critérios éticos, contribuindo

para o alcance do sucesso econômico sustentável em longo prazo;

- Assumir suas responsabilidades com todos aqueles que são atingidos por suas

atividades;

- Demonstrar a seus acionistas a relevância de um comportamento socialmente

responsável para o retorno em longo prazo sobre seus investimentos;

- Identificar formas inovadoras e eficazes de atuar em parceria com as comunidades na

construção do bem-estar comum; e

- Prosperar, contribuindo para um desenvolvimento social, econômica e ambientalmente

sustentável.

Segundo Vivian Smith (2013), os princípios e os valores da responsabilidade social

precisam estar vinculados e alinhados a cultura da organização, para que possam representar sua

essência.

Dessa forma, quanto à criação dos indicadores, pretendeu-se estabelecer uma relação entre

a cultura e a gestão socioambiental com a visão que os stakeholders locais percebiam das

empresas analisadas, chegando inicialmente em oitenta e oito afirmativas que pudessem servir

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para o construto empírico da pesquisa. Após essa primeira etapa, foi realizada uma triagem

determinando trinta e uma afirmativas que avaliariam a cultura da organização a partir de suas

ações socioambientais da percepção de seus grupos de interesses.

Estas afirmativas foram apresentadas para teste, utilizando a escala Likert, que segundo

Malhotra (2001) é uma escala de classificação, onde o entrevistado indica um grau de

concordância ou discordância com cada uma de uma série de afirmativas. Apresentando em seu

escopo, as alternativas, discordo totalmente-1, discordo parcialmente-2, nem concordo nem

discordo-3, concordo parcialmente-4 e concordo totalmente-5.

Na etapa do teste do questionário, que ocorreu na quinta visita ao campo, percebeu-se que

o mesmo era extenso, uma linguagem culta para o entendimento do público respondente e que as

alternativas de resposta usadas pela escala Likert não eram bem compreendidas pelos

entrevistados.

Contudo, para a sexta visita, o questionário foi reelaborado e adaptado a uma linguagem

mais popular, visando melhor entendimento por parte dos entrevistados. Para tanto, a escala

Likert foi modificada, tendo como alternativas, nada-1, um pouco-2, talvez-3, muito-4 e

extremamente-5.

Essas alternativas de respostas foram adaptadas com base em Cardoso (2009), Santos

Filho (2011) e Vitor e Freitas (2012) que publicaram artigos cujas pesquisas também tiveram que

adaptar a escala.

As afirmativas foram adequadas a um vocabulário menos denso e foram incluídas ao

questionário, duas questões abertas. Portanto, os indicadores criados para a presente pesquisa de

campo abrangem questões como:

a) A empresa motiva a criação de cooperativas.

b) A empresa tem uma boa relação com a comunidade.

c) A empresa se preocupa com os riscos na saúde dos trabalhadores rurais.

d) A empresa dá oportunidade de crescimento profissional aos trabalhadores rurais.

e) A empresa ajuda na diversificação de plantios.

f) A empresa dá autonomia aos agricultores.

g) A empresa se preocupa com os problemas da comunidade.

h) A empresa é aberta ao diálogo.

i) A empresa só pensa no lucro.

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j) A empresa participa na solução dos problemas comunitários.

k) A empresa é sua parceira.

l) A empresa se preocupa com o bem-estar da comunidade.

m) A empresa prejudica o meio ambiente com suas atividades.

n) A empresa contribui com melhorias na comunidade como estradas, ponte e

saneamento.

o) A empresa investe em saúde e educação na comunidade.

Além dos indicadores, foram apresentadas duas questões abertas, sendo “Quais os

trabalhos desenvolvidos pela empresa na área social e ambiental?” e “A empresa traz resultados

negativos com suas atividades e ou instalações. Quais?”. É importante evidenciar que o formato

do questionário permite aos respondentes de opinar sobre as duas empresas simultaneamente.

Salienta-se que para a elaboração dos indicadores citados anteriormente, foram

considerados alguns conceitos descritos conforme quadro 3 a seguir.

Quadro 3 - Definições dos Termos Usados nos Indicadores.

Termos Definição

Comunidade Pessoas que vivem em um mesmo espaço físico.

Autonomia

Aquele que toma suas próprias decisões sem interferências

externas.

Infraestrutura Saúde, educação e transporte.

Parceria Reunião de indivíduos para certo fim com interesse comum.

Bem-estar Combinação de conforto, saúde, segurança e contentamento.

Fonte: Da autora (2013).

3.2 TRATAMENTO DE DADOS

Após a pesquisa de campo, os dados colhidos por meio dos questionários foram

analisados através do programa SPSS, uma vez que o tratamento dos foi baseada na escala Likert.

Assim sendo, a escala Likert foi utilizada nessa pesquisa, com as seguintes alternativas, nada-1,

um pouco-2, talvez-3, muito-4 e extremamente-5. Essa nomenclatura foi adaptada, para que

tivesse um melhor entendimento por parte dos entrevistados, isso foi possível com base em outros

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estudos que tiveram as mesmas necessidades, o de Cardoso (2009), Mourão e Santos Filho

(2011) e Vitor e Freitas (2012).

Dos dados resultantes da análise do programa SPSS, serão estudadas as frequências dos

respondentes de uma forma global tanto da empresa Agropalma quanto da Petrobrás de maneira

comparativa e depois a análise se concentra na frequência percentual dos respondentes em cada

afirmativa das 15 presentes no questionário.

Para facilitar a análise, as afirmativas foram separadas por assuntos específicos em cinco

grupos denominados de empresa (aspectos gerais) que foi representada por quatro afirmativas;

comunidade que caberá seis afirmativas; o trabalhador rural e o agricultor familiar ficarão cada

um com duas alternativas; e por fim o meio ambiente com uma alternativa.

Além das frequências, também é levando em consideração as médias das duas empresas

geradas em cada afirmativa do questionário em relação à escala Likert, de maneira a verificar se

existem evidências estatísticas de que elas diferem tomando como base uma significância de 0,05

ou 5,0%, para tal foi desenvolvido o teste de t assumindo-se duas hipóteses: H0 onde as

diferenças das médias do trabalhador rural e do agricultor familiar fossem igual a zero e H1 como

existe diferença entre as médias do trabalhador rural e do agricultor familiar diferenças

significativas.

O teste proposto para comparar as médias entre as empresas segundo os grupos sociais foi

o de Tukey recomendado para quando se deseja comparar médias duas a duas como forma de

testar as hipóteses H0: μi -μh=0, com i ≠h em que i e h podem assumir valores de 1 a k. Segundo

Hoffmann (2013) este teste é recomendado pela sua exatidão nos casos em que o número de

observações é igual a número de tratamentos que realiza uma análise comparativa entre as médias

Quanto às questões abertas, estas serão tratadas e transcritas para melhor compreensão da

fala dos respondentes, utilizando a técnica de análise de conteúdo, que segundo Berger e

Luckmam (1987) permite ao pesquisador satisfazer suas necessidades de análise em qualquer tipo

de texto e documentos, principalmente se a pesquisa for em uma abordagem qualitativa e Siena

(2007) complementa que essa técnica busca enfatizar as palavras e frases chaves colhidas nas

entrevistas semiestruturadas e na aplicação do questionário.

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56

3.3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

O objetivo nesta etapa do trabalho concentrou-se em apresentar e analisar os resultados

obtidos na pesquisa de campo com a aplicação do questionário proposto aos stakeholders locais

do município de Tailandia/PA, visando objetivo principal do trabalho de saber se as empresas

possuem uma “cultura” instrumental ou normativa, quanto às ações socioambientais na visão de

seus stakeholders locais.

Diante das respostas obtidas dos questionários, das observações, das entrevistas e do

referencial teórico utilizado como base para a pesquisa, fez-se uma análise qualitativa dos

resultados encontrados.

3.3.1 As empresas

A empresa Agropalma foi escolhida por ser a maior produtora brasileira de óleo de palma

e Petrobrás por fazer parte do programa federal, o PSOP (Programa de Produção Sustentável de

Óleo de Palma) que foi instituído em 2010 com o objetivo de incentivar a cultura da palma nas

áreas degradadas no Estado do Pará, onde também, para Drouvot e Drouvot (2012), o mesmo

pretende oferecer condições aos investidores ao incorporarem os agricultores familiares como

parceiros, tendo como finalidade a inclusão social destes.

O Programa identificou 31,8 milhões de hectares aptos ao cultivo de óleo de palma, sendo

que destes 29 milhões estão localizados na Amazônia Legal e 2,8 milhões na região Sudeste e

Nordeste.

3.3.1.1 Agropalma

A Agropalma faz parte do conglomerado Alfa, composto por empresas financeiras e não

financeiras. A origem do Grupo Alfa se deu no ano de 1925 com a fundação do Banco da

Lavoura de Minas Gerais, que mais tarde, em 1972, passou a se chamar Banco Real S/A. Em

1998, teve seu controle vendido ao ABN Amro Bank, tendo o conglomerado Alfa mais de 80

anos de história.

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O Grupo Agropalma iniciou suas atividades nos anos 80, no município de Tailândia no

Estado do Pará, tornando-se o maior produtor de óleo de dendê da América Latina, cujo cultivo

inclui todo o processo produtivo, desde a produção das mudas até o produto final

(AGROPALMA, 2013).

De acordo com site da empresa o grupo é formado por duas empresas sendo estas a

Agropalma S/A e a Companhia Refinadora da Amazônia, totalizando 4.200 funcionários diretos.

Sua produção de óleo bruto fica atualmente nos municípios de Tailândia, Mojú e Acará e seu

refinamento é realizado na cidade de Belém, capital do estado. A refinaria foi inaugurada em

1997 com capacidade de 320 ton/dia de produção.

A empresa compreende no seu total 107 mil hectares de terras com cerca de 39 mil

hectares de palmeiras plantadas; 1.600 km de estradas próprias; cinco indústrias de extração de

óleo bruto; um terminal de exportação; uma indústria de refino de óleo de palma e de óleo de

palmiste; uma indústria de produção e acondicionamento de gorduras vegetais, creme vegetal e

margarina; quatro laboratórios de controle de qualidade e quatro estações para tratamento de

água, demonstrando que a empresa investe na sua estrutura física, visando o crescimento

econômico e a qualidade exigida internacionalmente.

Do total de 107 mil hectares de terra do grupo, cerca de 60 mil são áreas de reservas

florestais. As demais áreas são distribuídas em parque industrial; estações e tratamento de água;

laboratório; geradores de energia elétrica; infraestrutura de habitação e social como clube e

refeitórios para os colaboradores (MAGALHÃES; DROUVOT, 2009).

A organização tem como missão produzir e comercializar no mercado nacional e

internacional o óleo vegetal e seus derivados, garantindo o desenvolvimento sustentável do

negócio, gerando riquezas e atendendo aos requisitos das diversas partes interessadas, que de

acordo com Drouvot e Drouvot (2009), o grupo é fornecedor para grandes multinacionais de

alimentos, tanto de óleo bruto quanto refinado.

A Agropalma preconiza uma preocupação em garantir o desenvolvimento sustentável da

região Amazônica por meio de ações de preservação ambiental e desenvolvimento social como

afirma o diretor comercial e de sustentabilidade Marcello Brito para o portal da Floresta em 2010,

“empresa séria não desmata, são os ilegais que se apropriam das brechas da lei, principalmente do

caos fundiário da Amazônia” (Informação verbal).

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58

A partir do final da década de 90, a empresa começa a investir em melhorias

socioambientais através de elaboração de diagnósticos sociais e ambientais; parcerias com ONGs

(organização não governamental); implantação e certificação do Sistema Integrado de Gestão em

todas as atividades; obtenção de certificações socioambientais e orgânicas; desenvolvimento e

implantação de programas e projetos que visem à proteção do meio ambiente e o

desenvolvimento social das comunidades envolvidas com o empreendimento (AGROPALMA,

2013).

A organização se preocupa intensamente com as questões de certificados e selos, exigidos

pelos fornecedores e pelo mercado em geral. Possui em seu leque de certificações as ISO’s 9001

e 14001 e OHSAS 18001, demonstrando sua responsabilidade e qualidade de suas operações bem

como as condições de trabalho e de vida dos seus colaboradores, além das práticas voltadas para

a qualidade de produtos, proteção do meio ambiente, saúde e segurança dos funcionários, em

todas as etapas do processo produtivo.

A mesma possui também o importante certificado da RSPO (Roundtable on Sustainable

Palm Oil), sendo a primeira empresa das Américas a conquistar o selo de sustentabilidade, tanto

na sua produção da palma quanto na produção do óleo bruto. Essa certificação atesta que a

produção é realizada de acordo com os 8 princípios, 39 critérios e mais de 120 indicadores de

sustentabilidade desenvolvidos de maneira participativa por diferentes membros de interesse no

mercado mundial da palma, dentre eles ONGs, bancos, produtores de óleo bruto, processadores,

redes varejistas, produtores de bens de consumo, entre outros. Esses são apenas alguns dos tantos

outros selos e certificações que a empresa possui.

Na questão social, o grupo acredita na sustentabilidade socioeconômica da região

Amazônica e para tanto formou parcerias com entidades governamentais visando o Programa de

Agricultura Familiar, cujo objetivo é de gerar renda e emprego na região.

Em 2002 aconteceu a primeira etapa do Programa de Agricultura Familiar com a inclusão

de 50 famílias e atualmente estão inseridos no programa 185 pequenos agricultores familiares,

contando cada um com 10 hectares plantados de palma cada um. O programa teve a participação

dos governos que são responsáveis por fornecer a terra e a infraestrutura. Outro parceiro são os

bancos que fornecem o financiamento e para a empresa fica a incumbência de fornecer as mudas;

fertilizantes; assistência técnica; ferramentas e equipamentos de produção a preço de custo. A

gestão da produção fica de responsabilidade dos agricultores e a empresa garante a compra total

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59

da palma a preço de mercado internacional, gerando uma relação de comprador e fornecedor

existente há 10 anos, ressaltando que a validade dos contratos é de 25 anos.

3.3.1.2 Petrobrás

A empresa foi fundada em 1953 e atualmente está com atividades em 30 países e em

todos os continentes. É uma organização de sociedade anônima de capital aberto, tendo o

governo do brasileiro como acionista majoritário e é atuante no segmento de energia sendo líder

do setor petrolífero no país, considerando que a nível global é a sétima maior empresa de energia

do mundo, segundo dados da PFC Energy (2013).

A missão da Petrobrás é atuar de forma segura e rentável, com responsabilidade social e

ambiental, nos mercados nacional e internacional, fornecendo produtos e serviços adequados às

necessidades dos clientes e contribuindo para o desenvolvimento do Brasil e dos países onde atua

(PETROBRÁS, 2010).

A organização busca alcançar até 2020 a colocação entre as cinco maiores empresas

integradas de energia do mundo e a preferida pelos nossos públicos de interesse (PETROBRÁS,

2010).

Esta tem como valores, o desenvolvimento sustentável; integração; resultados; prontidão

para mudanças; empreendedorismo e inovação; ética e transparência; respeito à vida; diversidade

humana e cultural; pessoas e orgulho de ser Petrobrás.

Já a partir de 2005, no Programa Nacional de Produção de Biodiesel a Petrobrás, começa

a investir no Nordeste e no semiárido de Minas Gerais com a mamona e o girassol e, com a

canola no Rio Grande do Sul e Paraná.

A partir do óleo de palma, a Petrobrás lançou dois projetos, sendo um com uma usina de

biodiesel própria, o chamado projeto Biodiesel Pará e o outro, o projeto de produção de biodiesel,

denominado de projeto Belém, estando este último em parceria com a empresa portuguesa Galp

Energia.

O Projeto Biodiesel Pará visa ter uma produção de 120 milhões de litros de biodiesel por

ano, com investimento de R$330 milhões e cerca de 3.338 famílias cadastradas, contando desde

2010 com 1,1 milhão de sementes de palma adquiridas. O projeto prevê a instalação de dois

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complexos para a extração de óleo de palma e a implantação de uma usina de biodiesel no Pará,

no município de Mocajuba (DROUVOT; DROUVOT, 2012).

O Projeto Belém visa uma produção de 250 mil toneladas de biodiesel por ano, com

investimento de R$ 1.017 milhões e um milhão de mudas de palma cultivadas.

No entanto, salienta-se que esta pesquisa concentra-se no projeto Belém que irá gerar mil postos

de trabalho direto. Esse projeto prevê a instalação de quatro complexos industriais de extração do

óleo e de uma usina de produção de green diesel no distrito de Sines em Portugal.

No Estado do Pará, o projeto Belém abrangerá os municípios de Tailândia, Tomé-Açu,

Moju, Acará, Concórdia do Pará, Bujaru e Abaetetuba. As primeiras áreas a serem trabalhadas

ficam no município de Tailândia, sendo essas terras arrendadas, alcançando em média seis mil

hectares e conta com o objetivo de participação de 1.000 agricultores familiares.

3.3.2 Caracterização da amostra

A frequência dos respondentes para a empresa Petrobrás concentrou-se em um maior

percentual nos trabalhadores rurais com uma representatividade de 48,4%, o mesmo ocorrendo

com a empresa Agropalma, que teve 35,1% de respondentes representados pelos trabalhadores

rurais. Conseguindo assim, perceber como e de que maneira a cultura das organizações, no que

tange as ações socioambientais, são sentidas pelos atores internos da organização, já que os

trabalhadores rurais são os representantes internos considerados neste trabalho.

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Gráfico 1 – Frequência dos respondentes das empresas Agropalma e Petrobrás.

Fonte: Pesquisa de Campo (2013).

Assim como foi descrito na metodologia e no tratamento de dados, neste trabalho foi

elaborado indicadores para analisarem as culturas das organizações, Petrobrás e Agropalma, com

relação as suas ações socioambientais.

3.3.3 Empresa

Com relação aos aspectos relacionados à cultura organizacional de uma maneira global,

foram elaboradas quatro afirmativas dispostas na escala Likert, para as duas empresas estudadas

em relação aos aspectos gerais com a comunidade local.

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Tabela 2 - Indicadores relacionados com os aspectos gerais das relações empresas e comunidade.

AGROPALMA (%) PETROBRÁS (%)

Empresa (aspectos

gerais das relações

com a comunidade)

Nad

a

Um

po

uco

Tal

vez

Mu

ito

Ex

trem

amen

te

Não

Sei

Nad

a

Um

po

uco

Tal

vez

Mu

ito

Ex

trem

amen

te

Não

Sei

A empresa motiva a

criação de

cooperativas.

42,1

21,1

8,8 8,8 0 19,3 30,6 21 8,1 6,5 0 33,9

A empresa é aberta ao

diálogo. 12,3 28,1 5,3 33,3 8,8 12,3 24,2 35,5 1,6 23 4,8 11,3

A empresa só pensa no

lucro. 8,8 19,3 12,3 38,6 15,8 5,3 6,5 11,3 4,8 40 30,6 6,5

A empresa é sua

parceira. 19,3 29,8 3,5 38,6 5,3 3,5 25,8 40,3 4,8 21 1,6 6,5 Fonte: Pesquisa de Campo (2013).

A tabela acima apresenta os aspectos gerais das duas empresas com relação à

comunidade. Os respondentes ao serem indagados sobre o comportamento das duas empresas

quanto à motivação de cooperativas, chegou-se a um resultado de que ambas as empresas não

motivam essa criação, tendo desta forma um contrato individual com cada agricultor familiar,

dificultando assim o fortalecimento dos agricultores, já que o contrato do Programa PSOP é feito

entre a empresa e o agricultor familiar individualmente.

As empresas por interesses próprios preferem tratar com os agricultores familiares de

maneira individual, sendo que desta maneira não enfrentarão uma classe fortalecida na busca de

condições de melhorias e mudanças nos contratos vigentes entre os agricultores e as empresas.

Outro aspecto relevante no indicador é que a empresa motiva a criação de cooperativas

está presente no percentual de respondentes na alternativa “não sei”, a Agropalma com 19,3% e a

Petrobrás 33,9%. Esse cenário demonstra que esse indicador está relacionado diretamente com o

grupo dos agricultores familiares, fazendo com que muitos dos entrevistados não soubessem se

existem cooperativas no município, além de ter alguns que não sabiam o conceito de que seria

uma cooperativa.

Nas entrevistas realizadas com alguns stakeholders locais, as empresas são vistas pelo seu

comportamento em relação a abertura ao diálogo com a comunidade, como empresas fechadas. A

Agropalma apesar de ter obtido o maior número de respondentes em “muito” com 33,3%, a

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63

somatória de “nada” e “um pouco” alcança o percentual de 40,4%, comprovando que os

entrevistados vêem a cultura dessa empresa como fechada, não proporcionando à comunidade

uma abertura ao diálogo.

O mesmo ocorre com a empresa Petrobrás que apresenta nos resultados da pesquisa o

percentual de 59,7% na somatória das alternativas “nada” e “um pouco”, demonstrando que a

passa para a comunidade a percepção de ter uma cultura fechada, não aberta ao diálogo.

Um dos secretários do município relata que “a Petrobrás é mais tranquila, mais paciente

com os agricultores”, sendo considerada “mais aberta e mais participativa”, por outro lado, o

mesmo ator público revela que a Agropalma é “mais restrita, fechada e burocrática", outros três

secretários e um vereador também confirmam essas posturas. Um dos vareadores entrevistados

diz que “a Agropalma sempre fala que o social é do município porque faz seu dever pagando os

impostos”. Isso se dá pelo tempo que as empresas estão no município, sendo que a Agropalma

por estar a mais tempo se depara com uma cobrança maior da comunidade, a Petrobrás por outro

lado, chegou à Tailândia a cerca de dois anos, ainda vivendo o período de encantamento e de

promessas, visto que é uma empresa vinculada ao governo federal e por isso a comunidade cria

expectativas que a mesma faça uma gestão socioambiental mais eficiente e prática.

Quanto ao item à empresa só pensa no lucro, as duas empresas analisadas possuem o

maior índice de respondentes em “muito”, a Agropalma com 38,6% e a Petrobrás com 40%. O

resultado demonstra que as culturas das empresas no aspecto socioambiental são de dimensões

instrumentais, visto que para Donaldson e Preston (1995) nesta dimensão os interesses da

organização são voltados para os acionistas.

Assim sendo, as empresas estudadas voltam suas atividades para busca da maximização

financeiro para os acionistas, tendo a responsabilidade social como um fator estratégico e

diferencial para alcançar resultados positivos no âmbito econômico, demonstrando que os

stakeholders do município de Tailândia/PA vêem a cultura das empresas, Agropalma e Petrobrás,

dentro da visão socioeconômica de Quazi e O’Brien (2000), que considera a responsabilidade

social de forma estreita, pois suas ações socioambientais são praticadas com o intuito de alcançar

retorno financeiro.

O último indicador desse grupo está relacionado se a empresa é parceira dos

entrevistados. Na demonstração dos resultados da empresa Agropalma o maior percentual está

presente no “muito” com 38,6%, resultado inferior à somatória de “nada” e “um pouco” com

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64

49,1%, evidenciando que para os grupos de interesses, a empresa é vista com uma cultura

fechada. Para a Petrobrás, o resultado gerado é que a somatória da escala “nada” e “um pouco”

chega a 66,1% dos respondentes, ressaltando mais uma vez que a empresa possui uma cultura

fechada, pois não é considerada parceira pelos atores participantes da pesquisa.

As duas empresas, Agropalma e Petrobrás, são vistas pela maioria dos entrevistados como

fechadas as diálogo com a comunidade e não são consideradas parceiras pelos stakeholders

locais, isso prova que possuem uma cultura centralizada, visto que para Schein (1985), a cultura

de uma organização é representada pelos valores e pelas práticas adotadas pelas organizações.

3.4.3 Comunidade

Conforme os resultados apresentados abaixo na tabela 3, a empresa Agropalma é vista

pelos grupos de interesses do município de Tailândia, como uma organização que não possui uma

boa relação com a comunidade, uma vez que 47,3% dos respondentes mensuraram esse relação

em 1 ou 2, de uma escala de 1 a 5, mesmo resultado encontrado para a empresa Petrobrás que

somou 61,3% dos respondentes.

Outro indicador relevante nessa análise é se a empresa tem preocupação com os

problemas da comunidade, o resultado demonstra que a Agropalma não se preocupa com esse

aspecto, visto que 61,4% dos entrevistados responderam que ela não se preocupa em “nada” ou

“um pouco”, isso também é visto nos resultados obtidos para a empresa Petrobrás, onde a

somatória da escala “nada” e “um pouco” chega a 82,3%.

Os resultados acima revelam que as empresas possuem uma cultura voltada para

solucionar apenas os problemas dos acionistas, que é a busca da maximização dos lucros,

colocando em prática as ações relacionadas às questões sociais apenas quando isso gera um

retorno econômico, o que Quazi e O’Brien (2000) denominaram de uma visão socioeconômica.

Todos os outros indicadores relacionados com a comunidade provam a mesma ideia de

que as empresas estão assumindo uma dimensão instrumental, pois adotam a responsabilidade

junto a comunidade de forma aleatória, pois a somatória da escala “nada” e “um pouco” em todos

os indicadores são superiores as demais escalas, ocorrendo tal fato para as duas empresas, ou

seja, estas pouco participam na solução dos problemas comunitários, pouco se preocupam com o

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65

bem-estar da comunidade, pouco contribuem na construção de estradas, pontes e com

saneamento, além de contribuírem muito pouco com saúde e educação.

Nas entrevistas alguns fatos isolados foram citados quanto ao aspecto das ações realizadas

pelas empresas na área social, como por exemplo, doação de terreno pela Agropalma para

construção de um posto de saúde e ajuda de combustível para as viaturas da polícia militar, diante

da carência existente na comunidade.

Tabela 3 - Indicadores relacionados com os aspectos da comunidade.

AGROPALMA (%) PETROBRÁS (%)

Comunidade N

ada

Um

po

uco

Tal

vez

Mu

ito

Ex

trem

amen

te

Não

Sei

Nad

a

Um

po

uco

Tal

vez

Mu

ito

Ex

trem

amen

te

Não

Sei

A empresa tem uma boa

relação com a comunidade. 17,5 29,8 7 36,8 5,3 3,5

21 40,3 9,7 15 1,6 12,9

A empresa se preocupa com

os problemas da comunidade. 38,6 22,8 8,8 22,8 0 7

48,4 33,9 1,6 6,5 1,6 8,1

A empresa participa na

solução dos problemas da

comunidade. 40,4 28,1 1,8 21,1 0 8,8

56,5 25,8 0 9,7 0 8,1

A empresa se preocupa com o

bem-estar da comunidade. 33,3 31,6 8,8 15,8 5,3 5,3

40,3 35,5 4,8 3,2 4,8 11,3

A empresa contribui com

melhorias na comunidade

como estrada, ponte e

saneamento.

35,1 31,6 7 19,3 1,8 5,3

53,2 22,6 6,5 9,7 3,2 4,8

A empresa investe em saúde e

educação na comunidade. 38,6 26,3 3,5 26,3 1,8 3,5

56,5 29 0 1,6 1,6 11,3

Fonte: Pesquisa de Campo (2013).

3.3.5 Trabalhador rural

Com relação aos riscos na saúde dos trabalhadores rurais, o resultado da Agropalma com

maior percentual está presente na escala “muito” com 35,1%. Tal preocupação acontece, pois o

mercado da palma mundialmente é entendido como responsável por grandes desmatamentos e

por exploração de mão de obra. Essa crise foi instaurada principalmente na Malásia e Indonésia,

mas que tem consequências nas empresas que trabalham com a cadeia do dendê no Brasil.

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66

A Agropalma é uma organização que trabalha como fornecedora de grandes empresas

multinacionais, por isso necessita de uma cultura, classificada por Daft (2008) do tipo adaptativa

em que as exigências dos clientes são o que move suas ações. No mercado internacional, as

grandes marcas procuram se vincular aos fornecedores que desenvolvem ações de

responsabilidade socioambiental. As pressões desse mercado fazem com que a Agropalma

busque conquistar e manter as certificações, portanto comprovando que a cultura da empresa é

adaptativa, visto que suas práticas de responsabilidade socioambiental surgem em resposta às

pressões do ambiente externo. Por ter os trabalhadores rurais constando no seu quadro de

funcionários, a Agropalma acaba dando mais oportunidade de crescimento profissional a eles.

Quanto a Petrobras, um dos motivos diretos relacionados com o comportamento da

empresa em relação aos trabalhadores rurais é que esta mantém os mesmos de maneira diferente

do processo da Agropalma, utilizando a terceirização de mão de obra. Uma política não esperada

por uma organização que está vinculada ao governo federal e por isso gera uma expectativa

positiva nos grupos de interesses locais com relação às ações socioambientais.

Nas entrevistas, os trabalhadores rurais terceirizados pela Petrobrás, relatam problemas

como não pagamento do salário mínimo, determinado por lei. Esses trabalhadores tem um

contrato trabalhista que os asseguram um salário mínimo em carteira e mais um ganho por

produtividade, porém alguns trabalhadores desabafam que estão apenas ganhando por

produtividade, e determinados trabalhadores chegam a ganhar apenas meio salário mínimo por

mês. Ao serem indagados sobre qual a atitude do sindicato que os representam no município

perante essa situação, relatam que o sindicato protege e defende apenas os trabalhadores rurais

vinculados a empresa Agropalma, portanto, alguns trabalhadores revelam que preferiam trabalhar

como assalariado na empresa Agropalma, visto que os salários são os acordados e que a empresa

se preocupa com os riscos a saúde dos mesmos, independente do motivo que a incentiva.

Tais comentários são observados na tabela 4 a seguir.

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67

Tabela 4 - Indicadores relacionados com os trabalhadores rurais.

AGROPALMA (%) PETROBRÁS (%)

Trabalhador rural

Nad

a

Um

po

uco

Tal

vez

Mu

ito

Ex

trem

amen

te

Não

Sei

Nad

a

Um

po

uco

Tal

vez

Mu

ito

Ex

trem

amen

te

Não

Sei

A empresa se preocupa com

os riscos na saúde dos

trabalhadores rurais. 14 24,6 8,8 35,1 15,8 1,8

27,4 22,6 6,5 24 8,1 11,3

A empresa dá oportunidade

de crescimento profissional

aos trabalhadores rurais. 24,6 21,1 8,8 26,3 5,3 14

30,6 35,5 9,7 13 1,6 9,7

Fonte: Pesquisa de Campo (2013).

3.3.6 Agricultor familiar

Ao se tratar da relação das empresas com os agricultores familiares percebe-se o quanto

essa relação é de dependência ao longo do tempo, como pode ser observado na tabela 5 abaixo. O

agricultor familiar ao assinar o contrato com qualquer uma das empresas terá vinculo de 25 anos

regido por esse contrato, tendo que ter nas terras destinadas ao programa exclusivamente o

plantio de dendê, não dando autonomia a esses agricultores, porém o primeiro ciclo de colheita

deste fruto se dá em média depois de 3 anos.

Nesse período inicial, o agricultor recebe uma quantia monetária em média, meio salário

mínimo por mês, vinda de seu próprio financiamento bancário, e tendo, portanto que sobreviver

com esse dinheiro. Uma medida forçada a esses agricultores por meio dos contratos, que

destacam a exclusividade das terras ao plantio de dendê, sendo que as propriedades de terra são

dos agricultores e que os mesmos vivem de uma agricultura familiar e de subsistência, situação

não permitida pelos direito de propriedade, se o agricultor é o proprietário da terra, deveria ter

autonomia de decidir quais culturas gostaria de plantar, por outro lado se assim fizesse, estaria

excluído de participar do programa de agricultura familiar das empresas.

Por estarem acreditando que o programa lhes trará bons retornos econômicos, os

agricultores acatam a decisão das empresas em cultivar exclusivamente a palma, com a

justificativa de que o dendê possui uma produtividade maior se for cultivado sozinho.

Além de o programa de agricultura familiar das empresas terem como objetivo a inclusão

social que rege uma necessidade do aumento de renda, melhoras na educação, saúde, saneamento

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68

e da diversificação de plantios, melhoras significativas encontradas apenas no aspecto

econômico, para os agricultores mais antigos pertencentes ao programa da Agropalma.

Um dos secretários da prefeitura de Tailândia fala que “isso é escravidão branca”, “que

atualmente o agricultor familiar se torna pião da empresa” e que “tem agricultor familiar

passando fome por causa do dendê”.

O maior problema enfrentado pelos agricultores familiares que trabalham com o dendê

está presente nos três primeiros anos, em que esperam a primeira colheita, os agricultores que

conseguem passar dessa fase inicial melhoram suas rendas. Porém, os que desistem do programa

acabam tendo que se desfazer de suas terras e passam a ser um assalariado, um trabalhador rural

com carteira assinada.

Antes esse agricultor tinha acesso a uma variedade de alimentos, cultivados por eles

mesmos em suas terras, algo extinto para alguns agricultores familiares. Com a assinatura do

contrato com as empresas, Agropalma ou Petrobrás, passam a ter que seguir determinadas

funções exigidas pelas empresas por meio do contrato, apesar de ser o proprietário da terra se

torna um “empregado” da empresa, pois, devem obedecer às regras, não possuindo a partir disso,

autonomia sobre suas terras.

Outro aspecto relevante é que alguns agricultores estão passando por carências até mesmo

de alimentos, pois supria as necessidades da família através de uma agricultura de subsistência,

algo que não mais acontece para muitos, porque a palma é uma cultura que necessita de muito

trabalho, que às vezes ocupa todo o tempo do agricultor familiar e, também, existe o agricultor

que possui apenas a quantidade de terra exclusiva para o programa.

Tabela 5 - Indicadores relacionados com os agricultores familiares.

AGROPALMA (%) PETROBRÁS (%)

Agricultor familiar

Nad

a

Um

po

uco

Tal

vez

Mu

ito

Ex

trem

amen

te

Não

Sei

Nad

a

Um

po

uco

Tal

vez

Mu

ito

Ex

trem

amen

te

Não

Sei

A empresa ajuda na

diversificação de plantios. 43,9 24,6 7 8,8 1,8 14

62,9 9,7 4,8 11 0 11,3

A empresa dá autonomia aos

agricultores. 22,8 33,3 1,8 17,5 1,8 22,8

35,5 29 3,2 11 1,6 19,4

Fonte: Pesquisa de Campo (2013).

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69

3.3.6 Meio ambiente

A relação das empresas com o meio ambiente foi analisada por meio de uma afirmativa

feita em escala likert, que revelou 47,4% para a Agropalma e 43,5% para Petrobrás na escala

“nada”, demonstrando que entre as escalas propostas percepção dos stakeholders locais são de

que as empresas não prejudicam o meio ambiente com o cultivo de dendê. Mas por outro lado

existe o percentual de 45,6 na Agropalma e de 49,8 % para a Petrobrás, que as colocam como

empresas que prejudicam o meio ambiente com suas atividades, como na tabela 6 abaixo.

O Conselho Nacional do Meio Ambiente considera que qualquer alteração das

propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente são impactos ambientais negativos,

assim sendo, alguns fatos citados nas entrevistas e vistos na pesquisa de campo, comprovam que

existem ações de ambas as empresas, que prejudicam o meio ambiente.

Um dos entrevistados citou que antigamente conseguia pescar nos rios próximos a

comunidade, situação mais difícil atualmente, eles nomeiam como causadores desse fenômeno as

empresas, que ensinam os agricultores familiares a utilizarem e manusearem os produtos tóxicos,

que com as chuvas chegam até os rios.

Existe, também, uma situação vista em uma das visitas de campo que foi uma área sendo

desmatada para o plantio da palma, situação não permitida pelas leis ambientais e nem pelo

programa familiar das empresas.

Muitas das consequências negativas geradas pela cultura do dendê são causadas pela

busca desenfreada do aumento da produção, que por consequência fortalece o aspecto econômico

dos acionistas. Os agricultores familiares são incentivados a trabalharem por produtividade, não

somente para aumentar suas rendas, mas também porque a empresa busca responder as demandas

do mercado.

As organizações precisam levar em consideração o aspecto ambiental, pois uma gestão

sustentável é aquela que envolve temas como meio ambiente, direitos dos trabalhadores, questões

sociais e aspectos econômicos (SAVITZ, 2007).

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70

Tabela 6 - Indicadores relacionados com o meio ambiente.

AGROPALMA (%) PETROBRÁS (%)

Meio ambiente

Nad

a

Um

po

uco

Tal

vez

Mu

ito

Ex

trem

amen

te

Não

Sei

Nad

a

Um

po

uco

Tal

vez

Mu

ito

Ex

trem

amen

te

Não

Sei

A empresa prejudica o meio

ambiente com suas atividades. 47,4 14 12,3 12,3 7 7

43,5 17,7 13 11 8,1 6,5

Fonte: Pesquisa de Campo (2013).

3.3.7 Análise das médias gerais

Para analisar comparativamente as médias entre as empresas Agropalma e Petrobrás,

aplicou-se o teste t de student ao nível de significância de 5,0%.Utilizando como hipótese a ser

testada para cada uma das questões o que segue: H0 sendo a média da Agropalma igual à média

da Petrobrás e H1 como a média da Agropalma diferente da média da Petrobrás.

Assim sendo, dois indicadores apresentaram evidencia estatística, em nível de 5,0%, de

que eles diferem de uma empresa para outra, quais sejam: “A empresa é aberta ao diálogo” e “A

empresa só pensa no lucro”.

Essa diferença estatística pode ser confirmada por meio das entrevistas colhidas durante a

pesquisa de campo, no indicador “a empresa é aberta ao diálogo”, os stakeholders locais

percebem que a empresa Petrobrás é mais fechada em comparação com a Agropalma, o acesso

aos dirigentes da Petrobrás é mais difícil. Esse cenário, também é agravado pelo tempo de

instalação da empresa no município, em média dois anos, tendo por consequência uma relação

com pouca aproximação junto à comunidade. Demonstrando assim, que a empresa possui uma

dimensão instrumental de Preston e Donaldson (1995) que visa apenas os interesses dos seus

proprietários. Já a Agropalma está inserida no município a mais de três décadas, isso a torna mais

próxima à comunidade do que a Petrobrás, mas não a isentando da falta que a comunidade sente

de uma responsabilidade social mais efetiva, também justificando uma visão empresarial baseada

na dimensão instrumental, que utiliza a responsabilidade social como uma estratégia que busca

satisfazer os interesses dos acionistas.

Quanto ao indicador “a empresa só pensa no lucro”, os grupos de interesses percebem que

ambas as empresas voltam-se seus esforças para a obtenção máxima do lucro, mas a Petrobrás

marca negativamente sua relação com a comunidade, por trabalhar com a contratação de sua mão

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71

de obra por meio da terceirização. Isso faz com que os stakeholders veem essa relação como

ferramenta de contenção de gastos, demonstrando que a empresa volta suas decisões levando em

consideração os aspectos econômicos, deixando a área social como fator secundário nesse

processo, isso mostra uma visão socioeconômica de Quazi e O’Brien (2000), na qual a

responsabilidade é assumida por uma empresa quando o retorno financeiro e econômica é dito

como certo.

Gráfico 2 - Média.

Fonte: Pesquisa de Campo (2013).

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72

3.3.8 Análise das médias por grupos sociais

Os resultados da aplicação do teste de Tukey mostram que apenas dois grupos sociais

apresentam diferença significativa de suas médias com probabilidade de 1,0%, conforme quadro

4, exclusivo para a empresa Agroplama. No Anexo E encontram-se os resultados gerais da

aplicação do teste Tukey.

3.4.8.1 Agropalma

Quadro 4 - Hipótese da Agropalma.

H0: Trabalhador rural – Agricultor familiar = 0

H1: Existe diferença entre Trabalhador rural e Agricultor familiar

Agropalma

Afirmativas Diferença (Trab.rural - Agric. Rural) Significância

A empresa investe em saúde e educação. 1,783 1%

Fonte: Pesquisa de Campo (2013).

Pelo grau de significância a afirmativa a empresa investe em educação na comunidade, foi

a única relevante nos dados obtidos, assim sendo montra que o trabalhador rural por estar

inserido na organização possui uma percepção oposta ao agricultor familiar, que apesar de estar

vinculado à empresa por meio de um contrato, não é atingido pelos benefícios que os assalariados

possuem quanto ao aspecto de saúde e educação, visto que a Agropalma possui internamente

atendimento a saúde e escola para os seus funcionários e filhos.

A responsabilidade social é entendida pela Agropalma apenas como custo financeiro e por

isso suas ações são sentidas mais pelos atores internos. Fatos isolados são mencionados pelos

atores externos como ações de responsabilidade social praticadas pela empresa. Esse cenário

demonstra que as práticas sociais da Agropalma fazem parte de um planejamento estratégico e

por isso aplica ações direcionadas aos seus funcionários, visto a importância dessas ações para a

aquisição e manutenção das certificações. Essa postura da empresa confirma que sua visão é

socioeconômica segundo Quazi e O’Brien (2000) e que sua dimensão é instrumental, com base

nos autores Preston e Donaldson (1995), ambas as dimensões culturais com relação a gestão

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73

socioambiental definem que as ações sociais e ambientais são praticadas por uma organização

com o intuito de um retorno financeiro para os acionistas.

O agricultor familiar possui essa frustração de não ter os mesmos direitos que os

trabalhadores rurais possuem, mesmo estando vinculados com a empresa por um contrato de

vinte e cinco anos, que os tornam dependentes desse processo. Mas por outro lado existe a

limitação financeira da empresa em suprir a demanda tanto na esfera educacional quanto da

saúde, pois estes são obrigações legais do Estado.

3.4.8.2 Petrobrás

Para a empresa Petrobrás seis questionamentos apresentam evidencia estatística que varia

de 1,0% a 10,0% de significância conforme quadro 5.

Quadro 5 - Hipótese da Petrobrás.

H0: Trabalhador rural – Agricultor familiar = 0

H1: Existe diferença entre Trabalhador rural e Agricultor familiar

Petrobrás

Afirmativas

Diferença (Trab.rural -

Agric. Rural) Significância

A empresa se preocupa com os riscos na saúde dos

trabalhadores rurais -1,675 1%

A empresa dá oportunidade de crescimento

profissional aos trabalhadores rurais. -1,321 1%

A empresa ajuda na diversificação de plantios. -1,737 1%

A empresa dá autonomia aos agricultores. -1,110 10%

A empresa só pensa no lucro. 1,246 10%

A empresa é aberta ao diálogo. -1,345 1%

Fonte: Pesquisa de Campo (2013).

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74

Com relação a preocupação com os riscos na saúde dos trabalhadores rurais, a percepção

diverge por estarem com ligações e relações diferentes com a empresa, além de o assunto ser

específico as trabalhador rural.

Quanto à oportunidade de crescimento profissional aos trabalhadores rurais, é visto que o

grupo social que faz parte diretamente da empresa não atribui uma boa pontuação na escala, pois

é ele que sente diretamente esse efeito.

O agricultor familiar por ser diretamente vinculado à empresa pelo contrato diverge na

opinião do trabalhador rural, ao serem questionados sobre a ajuda na diversificação do plantio,

visto que o trabalhador rural é um assalariado e trabalha como funcionário, diferente do agricultor

familiar que é proprietário da terra e mesmo assim não possui autonomia para diversificar a

plantação, sendo suas terras destinadas ao programa de agricultura familiar das empresas

exclusivas ao cultivo da palma.

A Petrobrás está no município há pouco tempo, isso gera uma aproximação aos

agricultores familiares, já que ainda não teve a colheita do primeiro ciclo e por a empresa ainda

estar na busca de novos agricultores para se inserirem ao programa. Isso faz com que os

agricultores familiares percebam a empresa como aberta ao diálogo.

Os agricultores familiares veem a empresa com menos vinculo econômico, por outro lado

o trabalhador rural que é a mão de obra da principal atividade da empresa no município enxerga

com um grau maior a busca de maximizar os lucros.

O movimento social é o grupo mais crítico, por estar do lado oposto das empresas,

objetivando a autonomia dos agricultores familiares e buscando ações, efetivamente sociais por

parte das empresas, em benefício de determinados grupos sociais.

Os resultados de significância confirmam que a Petrobrás possui uma relação apenas

contratual com os agricultores familiares e uma relação direta com as empresas terceirizadas que

contratam os trabalhadores rurais, deixando o papel social para as pequenas empresas que

contratam essa mão de obra.

Esse comportamento indica de acordo com os teóricos utilizados como base na pesquisa,

que a Petrobras utiliza essas relações como uma medida estratégica para a obtenção máxima do

lucro para seus acionistas, que para Donaldson e Preston (1995) é quando uma empresa possui

uma visão baseada na dimensão instrumental e para Quazi e O’Brien (2000) a Petrobrás possui

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75

uma visão socioeconômica, visto que sua responsabilidade social é estreita e quando colocada em

prática visa a obtenção de benefícios com tais ações.

3.3.9 Análise das questões abertas

No questionário aplicado nessa pesquisa, continha duas questões abertas relacionadas com

os trabalhos desenvolvidos pelas empresas nas áreas social e ambiental, além de assuntos sobre

os resultados que as empresas deixam no município com suas instalações e atividades.

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Quadro 6 - O conhecimento dos stakeholders locais quanto às áreas social e ambiental das empresas

Agropalma e Petrobrás - Quais os trabalhos desenvolvidos pela empresa na área social e ambiental? Stakeholder

local Agropalma Quant. Petrobrás Quant.

Agricultor

familiar

Não tem conhecimento; 6 Não tem conhecimento 5

Geração de emprego e renda; 1 Geração de emprego e renda; 2

Reflorestamento das áreas degradadas; 1 Trabalha com os agricultores familiares; 2

Coleta de lixo domiciliar; 1

Doação de presentes para as crianças em datas

comemorativas; 1

Educação ambiental; 1

Assistência técnica aos agricultores familiares; 1

Total 12 Total 9

Trabalhador

rural

Não tem conhecimento; 10 Não tem conhecimento; 27

Educação ambiental: ISO. 4 Plantio adequado; 2

Reflorestamento das áreas degradadas; 2 Geração de emprego e renda; 1

Educação ambiental; 2 Reflorestamento das áreas degradadas; 1

Geração de emprego e renda; 2

Total 20 Total 31

Atores políticos

Curso de formação para funcionários e para

comunidade; 1 Não tem conhecimento; 5

Investimento em infraestrutura municipal; 1 Preservação ambiental; 4

Educação ambiental para os funcionários; 1 Educação ambiental; 2

Ajuda a área de saúde; 1 Educação financeira; 1

Coleta de lixo domiciliar; 1 Produção de mudas; 1

Preservação ambiental; 1 Investimento em saúde; 1

Aterro de lixo controlado; 1

Educação financeira; 1

Total 8 Total 14

Sociedade em

geral

Não tem conhecimento; 7 Não tem conhecimento; 5

Reciclagem de lixo; 1 Reciclagem de lixo; 1

Doação de cestas básicas; 1 Educação ambiental; 1

Educação ambiental; 1 Doação de cestas básicas; 1

Total 10 Total 8

Movimento

social

Não tem conhecimento; 4 Não tem conhecimento; 4

Posto de saúde próprio; 1 Reflorestamento das áreas degradadas; 1

Plano de saúde para o trabalhador rural; 1 Formação educacional de jovens e adultos; 1

Utilização de terra orgânica; 1

Contratação de ONG; 1

Reflorestamento das áreas degradadas; 1

Total 9 Total 6

Fonte: Pesquisa de Campo (2013).

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77

Os conhecimentos dos stakeholders locais são baixos, visto que em todos os grupos e

sobre as duas empresas estudadas, os maiores índices ficam com o item “não tem conhecimento”.

Isso acontece por falta de praticidade e informação das ações socioambientais executadas pelas

empresas, nesse sentido a comunidade de uma forma geral aponta fatos isolados das duas

empresas, como educação ambiental, geração de emprego e renda e etc.

A percepção dos atores locais, não consegue abranger todas as medidas socioambientais

divulgadas pelas empresas Agropalma e Petrobrás, visto que a maioria das respostas é

mencionada apenas por um respondente, demonstrando a ineficiência da comunicação sobre as

ações socioambientais das organizações analisadas.

Os itens com mais respondentes deste quadro, com relação à empresa Agropalma, é dada

pelo grupo dos trabalhadores rurais que relatam sobre a educação ambiental que a empresa

repassa, principalmente sobre as Iso’s. Desta forma demonstra o quão importante o assunto sobre

a área ambiental é significativo internamente, já que os trabalhadores rurais são os representantes,

nesta pesquisa, do ambiente interno organizacional. A educação ambiental aos trabalhadores

rurais da empresa Agropalma, que recebem informações sobre as ISO’s, acontece porque a

empresa busca as certificações em diversas áreas para acompanhar as mudanças mercadológicas,

pois o comércio de dendê já foi visto como vilão do desmatamento no cenário mundial e hoje as

empresas trabalham com o reflorestamento dessas áreas degradadas, pois as empresas

multinacionais não querem estar vinculada a imagem de fornecedores que prejudiquem ou não

contribuam com os aspectos socioambientais.

A educação ambiental interna passada pela Agropalma para seus trabalhadores possui o

intuito de garantir e conquistar as certificações exigidas pelo mercado. Segundo Nascimento,

Lemos e Mello (2008) trabalhar com as dimensões ambientais e sociais é algo lucrativo para as

empresas, pois dá visibilidade.

Para a Petrobrás, os atores políticos citam sua relevância na preservação ambiental, um

dos motivos para tal é justamente o tempo em que a organização está presente no município,

pouco tempo para observar o comportamento ambiental da empresa.

É relevante destacar a quantidade de ações e a abrangência que as mesmas atingem, ao

serem citadas pelos respondentes da pesquisa, permeiam por áreas educacionais, ambientais,

sociais e econômicas, demonstra que as empresas praticam medidas socioambientais, mas ainda

de uma forma discreta e pouco perceptível aos olhos dos atores do município de Tailândia/PA.

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78

Esta primeira questão aberta, obteve uma quantidade pequena de respondentes, as análises

não tem a intenção de representar a totalidade das classes envolvidas.

A segunda questão do questionário revela a percepção dos stakeholders locais quanto aos

riscos que as atividades e as instalações da Agropalma e da Petrobrás podem gerar ou já geraram

ao município.

Quadro 7 - Riscos com as atividades e/ou instalações das empresas Agropalma e Petrobrás no município

de Tailândia/Pa, segundo os stakeholders locais -A empresa traz resultados negativos com suas atividades

e/ou instalações. Quais?

Ris

cos

Agropalma

Quantid

ade Petrobrás

Quantid

ade

Não tem conhecimento; 30 Não tem conhecimento; 38

Utilização de produtos tóxicos; 5 Utilização de produtos tóxicos; 6

Monocultura; 3

Pagamento do trabalhador rural por

produção; 3

Aumento da prostituição; 2

Aumento da procura por atendimento

básico; 3

Aumento da oferta de mão de obra

sem qualificação; 2 Monocultura; 2

Aumento do desmatamento; 2 Baixos salários; 2

Poluição dos rios; 2 Aumento da prostituição; 2

Aumento da procura por

atendimento à saúde; 2 Aumento dos preços dos alimentos; 1

Déficit na área social; 1 Aumento do desmatamento; 1

Aquisição de terras dos agricultores

familiares; 1 Aumento do uso de drogas; 1

Insuficiência no atendimento básico; 1 Aumento da violência; 1

Ilegalidade trabalhista; 1

Aumento da oferta de mão de obra sem

qualificação; 1

Aumento do uso de drogas; 1

Aquisição de terras dos agricultores

familiares; 1

Aumento da violência; 1 Déficit na área social; 1

Aumento dos preços dos alimentos; 1

Descumprimento contratual com os

agricultores familiares; 1

Riscos de pragas; 1 Aumento da poluição; 1

Total 56 Total 65 Fonte: Pesquisa de Campo (2013).

Quanto aos riscos que as empresas trazem para o município com suas instalações e

atividades, a maioria das respostas foram que não possuem conhecimento sobre esse aspecto,

tanto da Agropalma quanto da Petrobrás. Para os que possuem informações a utilização de

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agrotóxicos foi a mais citada para as duas empresas, em consequência disso também foram

citadas a poluição dos rios.

Outros riscos decorrentes da presença das empresas no município é a utilização da

monocultura pelos participantes do programa de agricultura familiar da Agropalma e da

Petrobrás, pois os contratos assinados por eles rege exclusividade o plantio de dendê nas terras

destinadas ao programa, mas muitos dos agricultores só possuem essas terras e assim tornam-se

dependentes da cultura do dendê, pois são os proprietários das terras, mas não possuem

autonomias sobre elas.

Existe também, o risco desse agricultor familiar com o tempo se tornar um trabalhador

rural, com carteira assinada e recebendo o salário mínimo, provocando, por conseguinte o êxodo

rural.

Além de trazerem para o município uma grande quantidade de mão de obra vinda de

outras regiões, esses trabalhadores, na grande maioria do sexo masculino, chegam ao município

sem suas famílias e isso provoca um aumento de prostituição, violência e consumo de drogas.

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80

4 AVALIAÇÃO DOS INDICADORES

De uma análise geral, do que respondido nos questionários, foi criado um quadro

constando as vantagens e desvantagens percebidas pelos stakeholders locais com relação à

presença das empresas Agropalma e Petrobrás no município de Tailândia/Pa.

Quadro 8 - Avaliação da presença das empresas Agropalma e Petrobrás, segundo a percepção geral dos

stakeholders locais.

Setores Vantagens Desvantagens

Econômico *Geração de renda. *Dificuldade para sobrevivência

*Criação de emprego. dos agricultores familiares nos 3 primeiros

*Aumento da circulação de bens e anos de contrato.

serviços no município. * Diminuição de oferta dos alimentos.

*Redução do desemprego. *Aumento da violência.

*Ajuda para o funcionamento da *Aumento da prostituição.

Segurança público. (Agropalma) *Aumento da população sem qualificação

*Parceria na construção do posto profissional.

Social de saúde.(Agropalma) *Desrespeito as legislações trabalhistas.

*Diminuição dos homicídios. *Déficit no atendimento básico.

*Atração de pessoas de fora da região.

*Forte crescimento da população urbana.

* Aumento do uso de drogas.

*Uso de áreas degradadas. *Uso de produtos tóxicos.

Ambiental *Redução das queimadas.

*Tendência ao desmatamento para o plantio

do dendê.

*Educação ambiental. *Aumento da poluição nos rios.

*Modelo de monocultura.

Fonte: Pesquisa de Campo (2013).

Os resultados permitem afirmar que as empresas ao se instalarem no município trouxeram

vantagens principalmente na geração de emprego aos trabalhadores, que antes faziam parte da

economia madeireira, área denominada de “Arco de fogo” executado pelo governo federal para

eliminar o trabalho de madeireiras irregulares. Essa geração de emprego gerou renda e fez

circular a economia no município.

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Por outro lado, atraiu um enorme contingente populacional para o município em busca de

emprego, dificultado para a prefeitura a cobertura dos serviços básicos com esse crescimento

populacional.

No lado social ocorreu um déficit com a chegada de novos habitantes vindos de outras

regiões e o município ainda não consegue resguardar essa população, precisando, portanto, de

uma incisiva postura das ações sociais das empresas que atraíram esses trabalhadores. Mas as

ações ainda são modestas e os problemas sociais crescentes.

Nas entrevistas com os representantes da área de segurança pública, foi revelado o

aumento de usuários de drogas e de prostituição dentro do município. As drogas muitas vezes são

usadas pelos próprios trabalhadores do dendê, que as utilizam para terem condições de trabalhar

um maior período de tempo e, assim, atingirem as metas impostas ou mesmo conseguirem colher

e plantar a produção necessária à sobrevivência.

Na área ambiental, as vantagens se concentram em utilizar as áreas degradadas

anteriormente, na redução das queimadas na região e um aumento no conhecimento ambiental,

pois, as empresas utilizam desse recurso para seus trabalhadores e parceiros. Por outro lado, ainda

utilizam os agrotóxicos que, por conseguinte contaminam os solos e rios, existe uma tendência ao

aumento do desmatamento por aqueles que querem entrar no PSOP, mas suas áreas não são

degradadas e outra desvantagem é o modelo usado pelo contrato das empresas o de monocultura,

deixando esses agricultores com apenas uma cultura para sua geração de renda.

Neste trabalho foi possível perceber que as medidas tomadas pelas empresas Agropalma e

Petrobrás quanto aos aspectos socioambientais, ainda são pouco externalizadas, tendo um

impacto pouco marcante na comunidade, que sabem muito pouco das ações executadas por essas

empresas.

É relevante salientar que apesar das ações socioambientais não serem tão perceptíveis aos

olhos dos stakeholders locais, elas são colocadas em práticas pelas empresas, mas ainda de uma

forma muito isolada e não tão impactante. As empresas participam de parcerias isoladas com

órgãos da prefeitura para auxiliar nos serviços básicos que a população necessita como coleta de

lixo domiciliar, reciclagem entre outros.

As diferenças entre as duas empresas que estão presentes no município de Tailândia, que

trabalham com o dendê, se estabelece pelo tamanho, pelo tempo de instalação e pela cultura

organizacional.

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A Agropalma é uma empresa particular, vinculada a um grupo financeiro, está presente na

cidade há mais de três décadas e possui uma cultura organizacional centralizadora, a maioria dos

seus processos é própria, inclusive, mantém uma pequena “cidade”, dentro de suas propriedades

para seus funcionários, com escolas, clubes, posto de saúde, etc.

Por outro lado, a Petrobrás está no município em torno de dois anos, a expectativa na

região é de que seja mais atuante nas áreas sociais e ambientais por ser uma empresa vinculada ao

governo federal.

Porém possui uma política de terceirização de mão de obra, o que nos revela uma falta de

vínculo com o local onde se instala. Muitos dos trabalhadores rurais, que são terceirizados por

várias empresas que prestam serviço para a Petrobrás, reclamam da diferença salarial que

possuem para os trabalhadores da Agropalma. Relatam que preferiam trabalhar para Agropalma,

além do não cumprimento salarial, ou seja, possui um salário na carteira de trabalho, mas estão

recebendo por produção, o que não é praticado para essa categoria.

Existe, também, o discurso de que o sindicato local desses trabalhadores está intimamente

ligado a Agropalma, que as reivindicações e fiscalização só ocorrem para os trabalhadores rurais

da Agropalma, deixando os da Petrobrás a mercê das empresas terceirizadas.

Com os resultados obtidos na pesquisa, as duas empresas estudadas neste trabalho fazem

parte de uma dimensão instrumental, onde segundo Donaldson e Preston (1995), os interesses da

organização são voltados para os acionistas. As ações socioambientais colocadas em práticas

pelas empresas são de caráter mercadológico, com intenção somente de benefícios econômicos,

sem privilegiarem os aspectos sociais.

Ao darem relevância às ações socioambientais, buscam com isso a afirmação perante seus

consumidores, que na maioria são multinacionais, que não querem ser vinculadas a aspectos

negativos, para não destruírem a imagem organizacional.

Então, a cultura dessas empresas, no município de Tailândia, são o que Quazi e O’Brien

(2000) chamam de visão socioeconômicas, ambas empresas utilizam as ações socioambientais

como fator diferencial positivamente para a geração de valor, buscando a maximização dos lucros

para os acionistas. Não executam medidas socioambientais por terem uma cultura organizacional

de boa cidadã e sim, por pressões externas à organização.

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Figura 6 - Modelo bidimensional de responsabilidade social corporativa (RSC) - conclusão.

Responsabilidade Ampla Responsabilidade Estreita

Benefícios das ações de responsabilidade social corporativa

Custos das ações de responsabilidade social corporativa

Visão Moderna

Visão socioeconômica

Visão Filantrópica

Visão Clássica

Fonte: GOMES, A. N. et al (2006 apud QUAZI; O’BRIEN, 2000).

As práticas de gestão socioambiental da Agropalma vêm das pressões dos clientes e a

necessidade de conseguir as certificações, uma necessidade adaptativa, pois são exigências do

mercado. Mas isso, também se dá por a empresa possuir raízes em uma cultura “financeira”,

possuindo uma visão estreita e utilitarista, tendo, portanto uma cultura organizacional que não

aceita as práticas assistencialistas baseadas na conscientização que uma empresa deve ter como

“obrigação moral” perante as necessidades da sociedade em geral ou de uma comunidade em

particular. A cultura “financeira” da empresa pode ser explicada pela sua raiz histórica, é uma

organização oriunda de um grupo financeiro, o antigo banco Real e atual grupo Alfa.

Desse modo é possível dizer que a Agropalma possui uma cultura organizacional do tipo

adaptativa, categoria de cultura mencionada por Daft (2008), em função das exigências dos

clientes que preferem não comprar o óleo de palma de fornecedores que não desenvolvam

práticas de responsabilidade social e ambiental, sobretudo se o fornecedor estiver localizado em

uma região sensível como a Amazônia.

AGROPALMA

AA

PETROBRÁS

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84

Figura 7 - O conteúdo da RSE na Agropalma: relação entre cultura e pressões dos clientes.

“Compromisso”

Fonte: Pesquisa de Campo (2013).

De fato, pode-se concluir que a gestão socioambiental da empresa Agropalma, se explica,

sobretudo, pelas pressões dos clientes e fazem disso uma estratégia mercadológica em busca de

uma boa imagem e de certificações. Não são compromissos baseados em valores morais da

organização e sim assumidos por necessidade.

A Petrobrás está vinculada a política do governo federal, ligada ao Programa Nacional de

Produção e de uso de Biodiesel, além de participar no estado do Pará do Programa de Produção

Sustentável de Óleo de Palma. Ambos os programas, tem como um dos seus objetivos a inclusão

social, que prega a autonomia aos agricultores familiares, resultado não encontrado em sua

totalidade nesta pesquisa, a nível local.

Pois internacionalmente, a política de responsabilidade social da Petrobrás é bem

reconhecida, já foi eleita como melhor empresa de responsabilidade social em 2007,

ultrapassando empresas como Nestlé, Coca-Cola, Natura e Vale, que possuem imagens

consolidadas neste aspecto.

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85

Mas a nível local, a Petrobrás enfrenta uma percepção dos stakeholders locais um pouco

diferente em relação aos aspectos socioambientais, principalmente por utilizar nas contratações

de trabalhadores rurais, no município de Tailândia/Pa, a terceirização.

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5 CONCLUSÃO

Os resultados gerados demonstram que os stakeholders locais percebem que a presença

das empresas Agropalma e Petrobrás, gera vantagens e desvantagens nos setores econômico,

social e ambiental, para o município de Tailândia/PA. Vantagens como geração de emprego e

renda, ajuda para o funcionamento da segurança pública, parcerias para construção de posto de

saúde, redução das queimadas, uso de áreas degradadas, etc., por outro lado geram alguns

problemas como a diminuição de oferta de alimentos, aumento da violência, prostituição, uso de

drogas, a utilização de agrotóxicos nas plantações de palma, uso do modelo de monocultura e etc.

Os dados da pesquisa revelam que a Agropalma possui uma cultura fechada e adaptativa,

visto que suas ações socioambientais são colocadas em prática em função das exigências dos

clientes, do mercado. Não são práticas baseadas em valores morais, agem dentre de uma

responsabilidade socioambiental por necessidade de obterem as certificações.

Desse modo, pode-se classificar as práticas socioambientais, da Agropalma como parte de

uma dimensão instrumental, que segundo Donaldson e Preston (1995) é aquela onde a

organização funciona exclusivamente para atingir os interesses dos acionistas.

Mesmo resultado encontrado para a empresa Petrobrás, que apesar de está vinculada ao

governo federal, coloca suas ações socioambientais em prática apenas com o intuito de responder

as pressões do mercado. Apesar de ter uma política de responsabilidade social reconhecida

internacionalmente, eleita em 2007 como a melhor empresa de responsabilidade social. Porém no

município de Tailândia/PA, possui uma política de terceirização de mão de obra, que deixa para

as pequenas empresas terceirizadas a obrigação legal e social junto aos trabalhadores rurais.

As duas empresas são vistas como socioeconômicas, segundo o modelo bidimensional de

Quazi e O’Brien (2000), onde ambas assumem a responsabilidade social como um fator

diferencial positivo para obtenção de vantagens comparativas.

As medidas tomadas pelas duas empresas em relação aos aspectos socioambientais, ainda

são pouco sentidas pelos stakeholders locais, que pouco sabem sobre as ações adotadas por

ambas as empresas. Cenário diferente do que as empresas divulgam, pois possuem uma grande

preocupação com a imagem, com a permanência e ampliação do mercado consumidor.

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A atual pesquisa serve de base para futuras investigações nas áreas de cultura

organizacional, bem como de gestão socioambiental. Visto que nesta pesquisa nem todos os itens

relevantes foram analisados, foram feitos recortes que possibilitaram novas pesquisas.

Com a revisão da literatura, aplicação de questionário, entrevistas e observações, com o

intuito de verificar as reais culturas socioambientais das organizações estudadas, chega-se a ideia

de quão importante são as ações socioambientais de uma empresa para a comunidade em seu

entorno.

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93

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94

APÊNDICE – Questionário de pesquisa

Os dados fornecidos para este questionário só serão utilizados em trabalhos de pesquisa

acadêmica, sem identificação dos respondentes.

Entrevistado: ( )Atores políticos

( )Movimentos sociais

( )Trabalhadores rurais

( )Agricultores familiares

( )Sociedade em geral

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95

AGROPALMA PETROBRÁS

Itens

Nad

a

Um

pouco

Tal

vez

Muit

o

Extr

emam

en

te N

ão S

ei

N

ada

Um

pouco

Tal

vez

Muit

o

Extr

emam

en

te N

ão S

ei

A empresa motiva a criação de cooperativas.

A empresa tem uma boa relação com a comunidade.

A empresa se preocupa com os riscos na saúde dos

Trabalhadores rurais.

A empresa dá oportunidade de crescimento profissional

aos trabalhadores rurais.

A empresa ajuda na diversificação de plantios.

A empresa dá autonomia aos agricultores.

A empresa se preocupa com os problemas da

comunidade.

A empresa é aberta ao diálogo.

A empresa só pensa no lucro

A empresa participa na solução dos problemas

comunitários.

A empresa é sua parceira.

A empresa se preocupa com o bem-estar da comunidade.

A empresa prejudica o meio ambiente com suas

atividades.

A empresa contribui com melhorias na comunidade

como estrada, ponte e saneamento.

A empresa investe em saúde e educação na comunidade.

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96

1. Quais os trabalhos desenvolvidos pela empresa na área social e ambiental?

AGROPALMA:_________________________________________________________________

____________________________________________________________________

PETROBRÁS:__________________________________________________________________

____________________________________________________________________

2. A empresa traz resultados negativos com suas atividades e/ou instalações. Quais?

AGROPALMA:_________________________________________________________________

____________________________________________________________________

PETROBRÁS:__________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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97

ANEXO A – Estatística descritiva da empresa Agropalma

Descriptive Statistics

N Minimum Maximum Sum Mean Std. Deviation

q1 46 1 4 83 1,80 1,025

q2 55 1 5 155 2,82 1,278

q3 56 1 5 176 3,14 1,354

q4 49 1 5 128 2,61 1,351

q5 49 1 5 90 1,84 1,087

q6 44 1 5 99 2,25 1,184

q7 53 1 4 115 2,17 1,221

q8 50 1 5 149 2,98 1,301

q9 54 1 5 181 3,35 1,246

q10 52 1 4 106 2,04 1,188

q11 55 1 5 154 2,80 1,311

q12 54 1 5 121 2,24 1,258

q13 53 1 5 112 2,11 1,368

q14 54 1 5 117 2,17 1,194

q15 55 1 5 123 2,24 1,290

Valid N (listwise) 30

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98

ANEXO B – Estatística descritiva da empresa Petrobrás

Descriptive Statistics

N Minimum Maximum Sum Mean Std. Deviation

q1 41 1 4 76 1,85 ,989

q2 54 1 5 122 2,26 1,067

q3 55 1 5 142 2,58 1,410

q4 56 1 5 118 2,11 1,090

q5 55 1 4 88 1,60 1,065

q6 50 1 5 97 1,94 1,114

q7 57 1 5 96 1,68 ,948

q8 55 1 5 133 2,42 1,287

q9 58 1 5 222 3,83 1,216

q10 57 1 4 91 1,60 ,942

q11 58 1 5 132 2,28 1,152

q12 55 1 5 101 1,84 1,067

q13 58 1 5 126 2,17 1,365

q14 59 1 5 107 1,81 1,152

q15 55 1 5 80 1,45 ,765

Valid N (listwise) 29

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99

ANEXO C – Comparação das médias gerais.

ANOVA

Sum of Squares df Mean Square F Sig.

q1

Between Groups 9,951 1 9,951 2,407 ,124

Within Groups 483,746 117 4,135

Total 493,697 118

q2

Between Groups ,657 1 ,657 ,289 ,592

Within Groups 265,982 117 2,273 Total 266,639 118

q3

Between Groups 1,544 1 1,544 ,625 ,431

Within Groups 288,776 117 2,468 Total 290,319 118

q4

Between Groups 7,295 1 7,295 2,687 ,104

Within Groups 317,579 117 2,714 Total 324,874 118

q5

Between Groups 3,995 1 3,995 1,311 ,255

Within Groups 356,442 117 3,047 Total 360,437 118

q6

Between Groups 5,001 1 5,001 1,390 ,241

Within Groups 420,982 117 3,598 Total 425,983 118

q7

Between Groups 5,961 1 5,961 2,613 ,109

Within Groups 266,913 117 2,281 Total 272,874 118

q8

Between Groups 8,383 1 8,383 3,185 ,077

Within Groups 307,937 117 2,632 Total 316,319 118

q9

Between Groups 6,067 1 6,067 3,465 ,065

Within Groups 204,857 117 1,751 Total 210,924 118

q10

Between Groups 6,667 1 6,667 2,773 ,099

Within Groups 281,300 117 2,404 Total 287,966 118

q11

Between Groups 6,121 1 6,121 3,001 ,086

Within Groups 238,585 117 2,039 Total 244,706 118

q12

Between Groups ,366 1 ,366 ,146 ,703

Within Groups 293,365 117 2,507 Total 293,731 118

q13

Between Groups ,006 1 ,006 ,002 ,963

Within Groups 314,633 117 2,689 Total 314,639 118

q14

Between Groups 4,576 1 4,576 2,200 ,141

Within Groups 243,357 117 2,080 Total 247,933 118

q15

Between Groups 5,752 1 5,752 2,436 ,121

Within Groups 276,214 117 2,361

Total 281,966 118

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100

ANEXO D - Médias por categorias: Agropalma

Descriptives

N Mean Std.

Deviation Std. Error

95% Confidence Interval for Mean

Minimum Maximum Lower Bound Upper Bound

q1 Ator político 6 1,50 ,548 ,224 ,93 2,07 1 2

Movimentos Sociais

6 1,50 ,837 ,342 ,62 2,38 1 3

Trabalhador rural 18 1,78 1,114 ,263 1,22 2,33 1 4

Agricultor familiar 11 1,82 1,079 ,325 1,09 2,54 1 4

Sociedade em geral

5 2,60 1,140 ,510 1,18 4,02 1 4

Total 46 1,80 1,025 ,151 1,50 2,11 1 4

q2 Ator político 9 3,33 1,000 ,333 2,56 4,10 2 4

Movimentos Sociais

6 2,83 1,472 ,601 1,29 4,38 1 5

Trabalhador rural 20 2,70 1,418 ,317 2,04 3,36 1 5

Agricultor familiar 12 2,58 1,165 ,336 1,84 3,32 1 4

Sociedade em geral

8 2,88 1,356 ,479 1,74 4,01 1 5

Total 55 2,82 1,278 ,172 2,47 3,16 1 5

q3 Ator político 9 3,89 ,782 ,261 3,29 4,49 3 5

Movimentos Sociais

6 2,83 ,983 ,401 1,80 3,87 2 4

Trabalhador rural 20 3,00 1,622 ,363 2,24 3,76 1 5

Agricultor familiar 12 3,00 1,279 ,369 2,19 3,81 1 5

Sociedade em geral

9 3,11 1,453 ,484 1,99 4,23 1 5

Total 56 3,14 1,354 ,181 2,78 3,51 1 5

q4 Ator político 6 2,83 1,329 ,543 1,44 4,23 1 4

Movimentos Sociais

6 1,83 1,169 ,477 ,61 3,06 1 4

Trabalhador rural 19 2,84 1,537 ,353 2,10 3,58 1 5

Agricultor familiar 11 2,36 1,286 ,388 1,50 3,23 1 5

Sociedade em geral

7 2,86 1,069 ,404 1,87 3,85 1 4

Total 49 2,61 1,351 ,193 2,22 3,00 1 5

q5 Ator político 7 1,29 ,756 ,286 ,59 1,98 1 3

Movimentos Sociais

6 2,17 1,329 ,543 ,77 3,56 1 4

Trabalhador rural 19 2,00 1,155 ,265 1,44 2,56 1 5

Agricultor familiar 8 1,50 ,535 ,189 1,05 1,95 1 2

Sociedade em geral

9 2,00 1,323 ,441 ,98 3,02 1 4

Total

49 1,84 1,087 ,155 1,52 2,15 1 5

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101 q6 Ator político 6 2,17 1,472 ,601 ,62 3,71 1 4

Movimentos Sociais

6 1,83 1,169 ,477 ,61 3,06 1 4

Trabalhador rural 17 2,59 1,121 ,272 2,01 3,16 1 5

Agricultor familiar 9 2,00 1,000 ,333 1,23 2,77 1 4

Sociedade em geral

6 2,17 1,472 ,601 ,62 3,71 1 4

Total 44 2,25 1,184 ,178 1,89 2,61 1 5

q7 Ator político 7 1,86 1,215 ,459 ,73 2,98 1 4

Movimentos Sociais

6 1,50 ,548 ,224 ,93 2,07 1 2

Trabalhador rural 19 2,63 1,342 ,308 1,98 3,28 1 4

Agricultor familiar 12 1,92 1,165 ,336 1,18 2,66 1 4

Sociedade em geral

9 2,22 1,202 ,401 1,30 3,15 1 4

Total 53 2,17 1,221 ,168 1,83 2,51 1 4

q8 Ator político 8 3,25 ,886 ,313 2,51 3,99 2 4

Movimentos Sociais

5 3,80 1,095 ,490 2,44 5,16 2 5

Trabalhador rural 20 2,65 1,309 ,293 2,04 3,26 1 5

Agricultor familiar 11 2,73 1,348 ,407 1,82 3,63 1 5

Sociedade em geral

6 3,50 1,643 ,671 1,78 5,22 1 5

Total 50 2,98 1,301 ,184 2,61 3,35 1 5

q9 Ator político 9 3,56 1,130 ,377 2,69 4,42 2 5

Movimentos Sociais

6 4,50 ,548 ,224 3,93 5,07 4 5

Trabalhador rural 20 3,35 1,268 ,284 2,76 3,94 1 5

Agricultor familiar 10 2,50 1,269 ,401 1,59 3,41 1 4

Sociedade em geral

9 3,33 1,118 ,373 2,47 4,19 2 5

Total 54 3,35 1,246 ,170 3,01 3,69 1 5

q10 Ator político 7 2,29 1,380 ,522 1,01 3,56 1 4

Movimentos Sociais

6 2,00 1,095 ,447 ,85 3,15 1 4

Trabalhador rural 19 2,00 1,291 ,296 1,38 2,62 1 4

Agricultor familiar 12 1,92 1,084 ,313 1,23 2,61 1 4

Sociedade em geral

8 2,13 1,246 ,441 1,08 3,17 1 4

Total

52 2,04 1,188 ,165 1,71 2,37 1 4

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102 q11 Ator político 9 2,67 1,414 ,471 1,58 3,75 1 4

Movimentos Sociais

6 3,00 1,549 ,632 1,37 4,63 1 5

Trabalhador rural 20 3,05 1,234 ,276 2,47 3,63 1 5

Agricultor familiar 11 2,73 1,348 ,407 1,82 3,63 1 4

Sociedade em geral

9 2,33 1,323 ,441 1,32 3,35 1 4

Total 55 2,80 1,311 ,177 2,45 3,15 1 5

q12 Ator político 9 2,56 1,130 ,377 1,69 3,42 1 5

Movimentos Sociais

6 2,00 1,549 ,632 ,37 3,63 1 5

Trabalhador rural 20 2,00 1,338 ,299 1,37 2,63 1 5

Agricultor familiar 10 2,40 1,174 ,371 1,56 3,24 1 4

Sociedade em geral

9 2,44 1,236 ,412 1,49 3,39 1 4

Total 54 2,24 1,258 ,171 1,90 2,58 1 5

q13 Ator político 9 2,33 1,658 ,553 1,06 3,61 1 5

Movimentos Sociais

6 3,17 ,983 ,401 2,13 4,20 2 4

Trabalhador rural 20 1,50 1,100 ,246 ,99 2,01 1 5

Agricultor familiar 12 2,08 1,240 ,358 1,30 2,87 1 4

Sociedade em geral

6 2,83 1,602 ,654 1,15 4,51 1 5

Total 53 2,11 1,368 ,188 1,74 2,49 1 5

q14 Ator político 8 2,25 1,488 ,526 1,01 3,49 1 4

Movimentos Sociais

5 2,20 1,304 ,583 ,58 3,82 1 4

Trabalhador rural 20 2,40 1,142 ,255 1,87 2,93 1 4

Agricultor familiar 12 1,92 ,996 ,288 1,28 2,55 1 4

Sociedade em geral

9 1,89 1,364 ,455 ,84 2,94 1 5

Total 54 2,17 1,194 ,162 1,84 2,49 1 5

q15 Ator político 9 2,00 1,000 ,333 1,23 2,77 1 4

Movimentos Sociais

5 1,80 1,789 ,800 -,42 4,02 1 5

Trabalhador rural 20 2,95 1,234 ,276 2,37 3,53 1 4

Agricultor familiar 12 1,17 ,389 ,112 ,92 1,41 1 2

Sociedade em geral

9 2,56 1,236 ,412 1,61 3,51 1 4

Total 55 2,24 1,290 ,174 1,89 2,59 1 5

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103

ANEXO E – Médias por categorias: Petrobrás

Descriptives

N Mean Std.

Deviation Std. Error

95% Confidence Interval for Mean

Minimum Maximum Lower Bound Upper Bound

q1 Ator político 4 1,75 ,957 ,479 ,23 3,27 1 3

Movimentos Sociais

5 1,60 1,342 ,600 -,07 3,27 1 4

Trabalhador rural 18 1,78 ,943 ,222 1,31 2,25 1 4

Agricultor familiar 9 2,00 1,118 ,373 1,14 2,86 1 4

Sociedade em geral

5 2,20 ,837 ,374 1,16 3,24 1 3

Total 41 1,85 ,989 ,154 1,54 2,17 1 4

q2 Ator político 7 3,14 1,069 ,404 2,15 4,13 2 4

Movimentos Sociais

6 2,33 1,033 ,422 1,25 3,42 1 4

Trabalhador rural 24 1,96 ,955 ,195 1,56 2,36 1 4

Agricultor familiar 10 2,30 1,059 ,335 1,54 3,06 1 4

Sociedade em geral

7 2,29 1,254 ,474 1,13 3,45 1 5

Total 54 2,26 1,067 ,145 1,97 2,55 1 5

q3 Ator político 7 4,14 ,690 ,261 3,50 4,78 3 5

Movimentos Sociais

6 2,50 1,049 ,428 1,40 3,60 1 4

Trabalhador rural 24 1,63 1,013 ,207 1,20 2,05 1 4

Agricultor familiar 10 3,30 1,160 ,367 2,47 4,13 2 5

Sociedade em geral

8 3,25 1,488 ,526 2,01 4,49 1 5

Total 55 2,58 1,410 ,190 2,20 2,96 1 5

q4 Ator político 6 2,83 1,329 ,543 1,44 4,23 1 4

Movimentos Sociais

6 1,50 ,548 ,224 ,93 2,07 1 2

Trabalhador rural 28 1,68 ,819 ,155 1,36 2,00 1 4

Agricultor familiar 9 3,00 1,225 ,408 2,06 3,94 1 5

Sociedade em geral

7 2,57 ,976 ,369 1,67 3,47 1 4

Total 56 2,11 1,090 ,146 1,82 2,40 1 5

q5 Ator político 5 1,40 ,894 ,400 ,29 2,51 1 3

Movimentos Sociais

6 2,17 1,169 ,477 ,94 3,39 1 4

Trabalhador rural 29 1,14 ,581 ,108 ,92 1,36 1 4

Agricultor familiar 8 2,88 1,246 ,441 1,83 3,92 1 4

Sociedade em geral

7 1,71 1,254 ,474 ,55 2,87 1 4

Total

55 1,60 1,065 ,144 1,31 1,89 1 4

Page 105: UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA PROGRAMA DE MESTRADO EM ... · gestão socioambiental e conhecer por meio da pesquisa de campo, a cultura organizacional das empresas Agropalma e Petrobrás

104 q6 Ator político 5 2,20 1,643 ,735 ,16 4,24 1 4

Movimentos Sociais

6 1,67 ,516 ,211 1,12 2,21 1 2

Trabalhador rural 25 1,64 ,995 ,199 1,23 2,05 1 5

Agricultor familiar 8 2,75 ,886 ,313 2,01 3,49 2 4

Sociedade em geral

6 2,17 1,472 ,601 ,62 3,71 1 4

Total 50 1,94 1,114 ,158 1,62 2,26 1 5

q7 Ator político 5 2,20 1,304 ,583 ,58 3,82 1 4

Movimentos Sociais

6 1,50 ,548 ,224 ,93 2,07 1 2

Trabalhador rural 28 1,39 ,497 ,094 1,20 1,59 1 2

Agricultor familiar 10 1,90 1,197 ,379 1,04 2,76 1 4

Sociedade em geral

8 2,25 1,488 ,526 1,01 3,49 1 5

Total 57 1,68 ,948 ,126 1,43 1,94 1 5

q8 Ator político 6 3,33 1,033 ,422 2,25 4,42 2 4

Movimentos Sociais

5 3,80 1,095 ,490 2,44 5,16 2 5

Trabalhador rural 29 1,66 ,814 ,151 1,35 1,96 1 4

Agricultor familiar 9 3,00 1,225 ,408 2,06 3,94 2 5

Sociedade em geral

6 3,17 1,472 ,601 1,62 4,71 1 5

Total 55 2,42 1,287 ,173 2,07 2,77 1 5

q9 Ator político 7 3,71 1,254 ,474 2,55 4,87 2 5

Movimentos Sociais

6 4,50 ,548 ,224 3,93 5,07 4 5

Trabalhador rural 29 4,10 1,205 ,224 3,64 4,56 1 5

Agricultor familiar 7 2,86 1,215 ,459 1,73 3,98 1 4

Sociedade em geral

9 3,33 1,118 ,373 2,47 4,19 2 5

Total 58 3,83 1,216 ,160 3,51 4,15 1 5

q10 Ator político 5 2,40 1,517 ,678 ,52 4,28 1 4

Movimentos Sociais

6 2,00 1,095 ,447 ,85 3,15 1 4

Trabalhador rural 29 1,21 ,412 ,077 1,05 1,36 1 2

Agricultor familiar 10 1,90 1,197 ,379 1,04 2,76 1 4

Sociedade em geral

7 1,86 1,069 ,404 ,87 2,85 1 4

Total 57 1,60 ,942 ,125 1,35 1,85 1 4

q11 Ator político 7 2,71 1,380 ,522 1,44 3,99 1 4

Movimentos Sociais

6 3,00 1,549 ,632 1,37 4,63 1 5

Trabalhador rural 26 2,00 ,849 ,166 1,66 2,34 1 4

Agricultor familiar 10 2,60 1,350 ,427 1,63 3,57 1 4

Sociedade em geral

9 1,89 1,054 ,351 1,08 2,70 1 4

Total 58 2,28 1,152 ,151 1,97 2,58 1 5

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105 q12 Ator político 7 2,43 1,272 ,481 1,25 3,61 1 5

Movimentos Sociais

6 2,00 1,549 ,632 ,37 3,63 1 5

Trabalhador rural 26 1,46 ,582 ,114 1,23 1,70 1 3

Agricultor familiar 8 2,25 1,282 ,453 1,18 3,32 1 4

Sociedade em geral

8 2,00 1,309 ,463 ,91 3,09 1 5

Total 55 1,84 1,067 ,144 1,55 2,12 1 5

q13 Ator político 7 2,29 1,380 ,522 1,01 3,56 1 5

Movimentos Sociais

6 3,17 ,983 ,401 2,13 4,20 2 4

Trabalhador rural 29 1,90 1,423 ,264 1,36 2,44 1 5

Agricultor familiar 10 1,90 ,994 ,314 1,19 2,61 1 3

Sociedade em geral

6 2,83 1,602 ,654 1,15 4,51 1 5

Total 58 2,17 1,365 ,179 1,81 2,53 1 5

q14 Ator político 6 2,33 1,366 ,558 ,90 3,77 1 4

Movimentos Sociais

6 2,67 1,633 ,667 ,95 4,38 1 5

Trabalhador rural 29 1,38 ,677 ,126 1,12 1,64 1 4

Agricultor familiar 10 1,90 1,101 ,348 1,11 2,69 1 4

Sociedade em geral

8 2,25 1,581 ,559 ,93 3,57 1 5

Total 59 1,81 1,152 ,150 1,51 2,11 1 5

q15 Ator político 6 1,33 ,516 ,211 ,79 1,88 1 2

Movimentos Sociais

5 1,80 1,789 ,800 -,42 4,02 1 5

Trabalhador rural 28 1,46 ,693 ,131 1,20 1,73 1 4

Agricultor familiar 9 1,22 ,441 ,147 ,88 1,56 1 2

Sociedade em geral

7 1,57 ,535 ,202 1,08 2,07 1 2

Total 55 1,45 ,765 ,103 1,25 1,66 1 5

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106

ANEXO F – Diferença entre as médias por categorias: Petrobrás

Multiple Comparisons

Tukey HSD

Dependent Variable (I) Categoria

(J) Categoria

Mean Difference

(I-J) Std. Error Sig.

95% Confidence Interval

Lower Bound

Upper Bound

q3 Trabalhador rural

Ator político -2,518 ,469 ,000 -3,84 -1,19

Movimentos Sociais

-,875 ,498 ,410 -2,28 ,53

Agricultor familiar

-1,675 ,411 ,001 -2,84 -,51

Sociedade em geral

-1,625 ,446 ,005 -2,89 -,36

Agricultor familiar

Ator político -,843 ,538 ,525 -2,37 ,68

Movimentos Sociais

,800 ,564 ,618 -,80 2,40

Trabalhador rural

1,675 ,411 ,001 ,51 2,84

Sociedade em geral

,050 ,518 1,000 -1,42 1,52

q4 Trabalhador rural

Ator político -1,155 ,428 ,068 -2,36 ,06

Movimentos Sociais

,179 ,428 ,993 -1,03 1,39

Agricultor familiar

-1,321 ,365 ,006 -2,35 -,29

Sociedade em geral

-,893 ,402 ,189 -2,03 ,24

Agricultor familiar

Ator político ,167 ,501 ,997 -1,25 1,58

Movimentos Sociais

1,500 ,501 ,033 ,08 2,92

Trabalhador rural

1,321 ,365 ,006 ,29 2,35

Sociedade em geral

,429 ,479 ,898 -,93 1,78

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107 q5 Trabalhador

rural Ator político -,262 ,432 ,973 -1,48 ,96

Movimentos Sociais

-1,029 ,400 ,091 -2,16 ,10

Agricultor familiar

-1,737 ,356 ,000 -2,75 -,73

Sociedade em geral

-,576 ,376 ,546 -1,64 ,49

Agricultor familiar

Ator político 1,475 ,509 ,042 ,04 2,91

Movimentos Sociais

,708 ,482 ,586 -,65 2,07

Trabalhador rural

1,737 ,356 ,000 ,73 2,75

Sociedade em geral

1,161 ,462 ,104 -,15 2,47

q6 Trabalhador rural

Ator político -,560 ,528 ,825 -2,06 ,94

Movimentos Sociais

-,027 ,490 1,000 -1,42 1,36

Agricultor familiar

-1,110 ,438 ,100 -2,35 ,13

Sociedade em geral

-,527 ,490 ,818 -1,92 ,86

Agricultor familiar

Ator político ,550 ,614 ,897 -1,20 2,30

Movimentos Sociais

1,083 ,582 ,352 -,57 2,74

Trabalhador rural

1,110 ,438 ,100 -,13 2,35

Sociedade em geral

,583 ,582 ,853 -1,07 2,24

q8 Trabalhador rural

Ator político -1,678 ,455 ,005 -2,97 -,39

Movimentos Sociais

-2,145 ,492 ,001 -3,54 -,75

Agricultor familiar

-1,345 ,387 ,009 -2,44 -,25

Sociedade em geral

-1,511 ,455 ,014 -2,80 -,22

Agricultor familiar

Ator político -,333 ,535 ,971 -1,85 1,18

Movimentos Sociais

-,800 ,566 ,622 -2,40 ,80

Trabalhador rural

1,345 ,387 ,009 ,25 2,44

Sociedade em geral

-,167 ,535 ,998 -1,68 1,35

Page 109: UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA PROGRAMA DE MESTRADO EM ... · gestão socioambiental e conhecer por meio da pesquisa de campo, a cultura organizacional das empresas Agropalma e Petrobrás

108 q9 Trabalhador

rural Ator político ,389 ,486 ,929 -,98 1,76

Movimentos Sociais

-,397 ,517 ,939 -1,86 1,06

Agricultor familiar

1,246 ,486 ,092 -,12 2,62

Sociedade em geral

,770 ,440 ,413 -,47 2,01

Agricultor familiar

Ator político -,857 ,616 ,636 -2,60 ,88

Movimentos Sociais

-1,643 ,642 ,093 -3,45 ,17

Trabalhador rural

-1,246 ,486 ,092 -2,62 ,12

Sociedade em geral

-,476 ,581 ,923 -2,12 1,16

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109

ANEXO G – Diferença entre as médias por categorias: Agropalma

Multiple Comparisons

Tukey HSD

Dependent Variable (I) Categoria

(J) Categoria

Mean Difference

(I-J) Std. Error Sig.

95% Confidence Interval

Lower Bound

Upper Bound

q15 Trabalhador rural

Ator político ,950 ,453 ,237 -,33 2,23

Movimentos Sociais

1,150 ,564 ,263 -,45 2,75

Agricultor familiar

1,783 ,412 ,001 ,62 2,95

Sociedade em geral

,394 ,453 ,906 -,89 1,68

Agricultor familiar

Ator político -,833 ,497 ,458 -2,24 ,57

Movimentos Sociais

-,633 ,601 ,828 -2,33 1,07

Trabalhador rural

-1,783 ,412 ,001 -2,95 -,62

Sociedade em geral

-1,389 ,497 ,055 -2,80 ,02