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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DOUTORADO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA ARTICULAÇÃO ENTRE LABORATÓRIO INVESTIGATIVO E VIRTUAL VISANDO A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA DE CONCEITOS DE ELETROMAGNETISMO LUCIANO SOARES PEDROSO Orientador: Prof. Dr. Mauro Sérgio Teixeira de Araújo Tese apresentada ao Doutorado em Ensino de Ciências e Matemática, da Universidade Cruzeiro do Sul, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Doutor em Ensino de Ciências e Matemática. SÃO PAULO 2014

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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

DOUTORADO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA

ARTICULAÇÃO ENTRE LABORATÓRIO INVESTIGATIVO E VIRTUAL

VISANDO A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA DE CONCEITOS DE

ELETROMAGNETISMO

LUCIANO SOARES PEDROSO

Orientador: Prof. Dr. Mauro Sérgio Teixeira de Araújo Tese apresentada ao Doutorado em Ensino de Ciências e Matemática, da Universidade Cruzeiro do Sul, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Doutor em Ensino de Ciências e Matemática.

SÃO PAULO 2014

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA

UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

P416a

Pedroso, Luciano Soares. Articulação entre laboratório investigativo e virtual visando a

aprendizagem significativa de conceitos de eletromagnetismo / Luciano Soares Pedroso. -- São Paulo; SP: [s.n], 2014.

224 p. : il. ; 30 cm. Orientador: Mauro Sérgio Teixeira de Araújo. Tese (doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Ensino de

Ciências e Matemática, Universidade Cruzeiro do Sul. 1. Eletromagnetismo – Engenharia civil 2. Aprendizagem

significativa – Eletromagnetismo 3. Simulação em computadores I. Araújo, Mauro Sérgio Teixeira de. II. Universidade Cruzeiro do Sul. Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática. III. Título.

CDU: 537.8(043.2)

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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

Articu lação entre Labora tório Inves tiga tivo e Virtua l

Vis ando a Aprendizagem Significa tiva de Conce itos de

Ele tromagnetis mo

Luciano Soares Pedroso Tese de doutorado defendida e aprovada pela Banca Examinadora em 28/03/2014

BANCA EXAMINADORA: Prof. Dr. Mauro Sergio Teixeira de Araújo Universidade Cruzeiro do Sul Presidente Prof. Dr. Ismar Frango Silveira Universidade Cruzeiro do Sul Prof. Dr. Juliano Schimiguel Universidade Cruzeiro do Sul Profa. Dra. Marisa Almeida Cavalcante Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Profa. Dra. Adriana Pedrosa Biscaia Tufaile Universidade de São Paulo (USP-Leste)

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À Minha Família Especialmente aos meus pais Lineu e Iracy

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AGRADECIMENTOS

Ao professor Mauro Sérgio Teixeira de Araújo pela orientação, compreensão e incentivo dispensado ao desenvolvimento deste trabalho. Aos meus amigos Ronaldo e Josué que estiveram ao meu lado durante esta fase, pelo companheirismo, força e apoio em certos momentos difíceis. À CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, pelo apoio financeiro. Por último, tendo consciência que sozinho nada teria sido possível, dirijo um agradecimento especial à minha esposa Silvania e meus filhos João Felipe e Ana Laura pelo apoio incondicional, incentivo, amizade e paciência demonstrados e total ajuda na superação dos obstáculos que ao longo desta caminhada foram surgindo. A eles dedico este trabalho!

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“Os que se encantam com a prática sem a ciência são como os timoneiros que entram no navio sem timão nem bússola, nunca tendo certeza do seu destino”.

(Leonardo da Vinci)

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PEDROSO, L. S. Articulação entre laboratório investigativo e virtual visando a aprendizagem significativa de conceitos de eletromagnetismo. 2014. 224 f. Tese (Doutorado em Ensino de Ciências e Matemática)-Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2014.

RESUMO A presente tese trata do estudo sobre a articulação entre o laboratório real e virtual,

em busca de uma aprendizagem significativa de conceitos de eletromagnetismo.

Buscou-se elaborar, implementar e avaliar uma proposta didática sobre o ensino de

conceitos de eletromagnetismo em uma turma do curso de Engenharia Civil

utilizando a articulação entre o laboratório investigativo e simulações

computacionais. Desenvolveram-se atividades nas quais se utilizam simulações

computacionais e experimentações reais que podem ser utilizados em sala de aula

como complementação pedagógica à prática do professor, visando proporcionar

uma aprendizagem significativa. O principal objetivo foi investigar as contribuições

decorrentes da articulação entre o laboratório investigativo e as simulações

computacionais, buscando identificar sua capacidade em promover uma

aprendizagem significativa transformando o conhecimento prévio dos alunos em

conhecimento escolar qualificado. Utilizou-se a metodologia de Análise

Proposicional Quantitativa amparada pelos conceitos advindos da Pesquisa-ação e

na Análise de Conteúdo, finalizando com a entrevista semiestruturada. Entre os

principais resultados alcançados pode-se destacar que a articulação entre o

laboratório investigativo e as simulações computacionais pode proporcionar aos

alunos uma visão epistemológica mais adequada sobre os papéis da

experimentação e da simulação computacional, além de promover a interatividade e

o engajamento dos alunos em seu próprio aprendizado, transformando a sala de

aula em um ambiente propício a uma aprendizagem significativa.

Palavras-chave: Experimentos reais, Experimentos virtuais, Aprendizagem

significativa.

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PEDROSO, L. S. The relationship between investigative and virtual laboratory aimed at meaningful learning of concepts of electromagnetism. 2014. 224 f. Tese (Doutorado em Ensino de Ciências e Matemática)-Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2014.

ABSTRACT This thesis deals with the study about the link between the virtual and real

laboratories, in search of meaningful learning of electromagnetism concepts. It was

sought to elaborate, implement and evaluate a didactic proposal about the teaching

of electromagnetism concepts in a class of the Civil Engineering Course using the

link between investigative laboratory and computational simulations. Activities were

developed in which computational simulations and experiments are applied, which

can be used in classroom as pedagogical complements to the professor’s practices

in order to reach meaningful learning. The main objective was to investigate the

contributions deriving from the link between investigative laboratory and

computational simulations, looking for identifying the capacity of promoting

meaningful learning, so transforming students’ prior knowledge in a qualified

knowledge. The Propositional Quantitative Analysis methodology supported by

concepts of Research-Action and Analysis of Content was used, ending with the

semi-structured interview. Among the main results it can be noticed that the link

between investigative laboratory and computational simulations can provide to the

students a more adequate epistemological view about the roles of experiments and

computational simulation, besides promoting interactivity and engagement of

students in their own learning, transforming the classroom in a adequate environment

to meaningful learning.

Keywords: Real experiments, Virtual experiments, Meaningful learning.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Tipos de Aprendizagem, de acordo com a proposta de Ausubel, Novak e Hanesian, 1980..................................................... 32

Figura 2 – Modelo representativo da Assimilação. ........................................... 35

Figura 3 – Relação entre diferenciação progressiva e reconciliação integradora. ........................................................................................ 40

Figura 4 – Mapa conceitual sobre a Aprendizagem Significativa. ................... 40

Figura 5 - Caráter cíclico da pesquisa-ação.......................................................... 62

Figura 6 – Mapa síntese da disciplina de Física III. ........................................... 71

Figura 7 – Mapa conceitual representando os conteúdos de Eletromagnetismo de acordo com a ementa da disciplina de Física III do Curso de Engenharia Civil da FESP/UEMG. ................ 72

Figura 8 – Simulação sobre a lei de Faraday-Lenz. .......................................... 81

Figura 9 – Tela de abertura do software EJS. .................................................... 84

Figura 10 – Tela do Console do software EJS. .................................................... 85

Figura 11 – Tela da simulação Campo Magnético da Terra produzido com o software EJS. .................................................................................. 85

Figura 12 – Tela da simulação sobre a força de Lorentz. ................................... 86

Figura 13 – Esboço do campo magnético da Terra. ........................................... 92

Figura 14 – Aluno respondendo ao pré-teste sobre Eletromagnetismo. .......... 98

Figura 15 – Alunos, no laboratório de Física, manipulando material que foi utilizado no curso. ........................................................................ 98

Figura 16 – Verificação das linhas do campo magnético do ímã. ..................... 99

Figura 17 – Em (a) aluno manipulando virtualmente a IS1. Em (b) representa-se o campo magnético ao redor de um ímã em rotação e em (c) o campo magnético ao redor do planeta Terra. ................................................................................................. 100

Figura 18 – Alunos verificando a lei de Oersted e de Ampère através da IE2. ..................................................................................................... 101

Figura 19 – Em (a) experimento utilizado no laboratório investigativo e em (b) simulação com regra da mão direita. ................................. 101

Figura 20 – Em (a) sem corrente, em (b) e (c) corrente fluindo em sentidos opostos. ............................................................................................ 102

Figura 21 – Em (a) o aluno pode verificar as relações entre intensidade e sentido da corrente elétrica com o campo magnético e em (b) pode utilizar da regra da mão direita para comprovar observações. .................................................................................... 102

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Figura 22 – Em (a) teste da “força” magnética e em (b) polaridade do eletroímã. .......................................................................................... 103

Figura 23 – Aluno manipulando virtualmente a simulação utilizada na IS3. ... 103

Figura 24 – Alunos utilizando a IE4 para demonstrar a força de Lorentz. Em (a) pêndulo e em (b) motor. ...................................................... 104

Figura 25 – IS4 demonstrando a força de Lorentz. Em (a) pêndulo e em (b) motor. ................................................................................................ 104

Figura 26 – Alunos verificando a lei de Faraday-Lenz utilizando um alicate-amperímetro. ........................................................................ 105

Figura 27 – Aluno beneficiando-se da IS5 que demonstra a lei de Faraday-Lenz. .................................................................................................. 105

Figura 28 – O termo Magnetismo usado em situações do cotidiano .............. 107

Figura 29 – Contato experimental com material magnético. ............................ 109

Figura 30 – Relato do aluno A11 no L2. ............................................................. 110

Figura 31 – Aparelhos eletromagnéticos. .......................................................... 111

Figura 32 – Magnetização por atrito. .................................................................. 112

Figura 33 – Verificação de polos magnéticos.................................................... 113

Figura 34 – Imantação do prego por atrito. ....................................................... 113

Figura 35 – Depoimento de aluno no (L2Q4A2). ................................................ 114

Figura 36 – Resposta do aluno A4 no (L2Q4A4). .............................................. 115

Figura 37 – Determinação da lei de Ampère. ..................................................... 115

Figura 38 – Compreensão da Lei de Ampère..................................................... 116

Figura 39 – Resposta da questão 5 no L2Q5A7. ............................................... 117

Figura 40 – Determinação da corrente induzida. ............................................... 117

Figura 41 – Compreensão da Lei de Faraday-Lenz. .......................................... 118

Figura 42 – Resposta do aluno A8 no L1Q6A8 em (a) e no L2Q6A8 em (b). ... 118

Figura 43 – Bobina e campo magnético. ............................................................ 119

Figura 44 – Compreensão do campo magnético ao redor de uma bobina. .... 120

Figura 45 – Resposta do aluno A5 à questão 7 no item b durante o L2. ......... 120

Figura 46 – Determinação da lei de Oersted. ..................................................... 121

Figura 47 – Compreensão do experimento de Oersted. ................................... 121

Figura 48 – Aluno A19 explicando o experimento de Oersted no L2. ............. 122

Figura 49 – Campo magnético ao redor de um fio que conduz corrente. ....... 123

Figura 50 – Compreensão da Indução Magnética – experimento de Oersted. ............................................................................................. 123

Figura 51 – Aluno A7 descrevendo o experimento de Oersted no L2. ............ 124

Figura 52 – Determinação do campo magnético ao redor de um ímã. ............ 125

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Figura 53 – Desenho do A21 no L1 em (a) e no L2, em (b). .............................. 125

Figura 54 – Campo magnético ao redor do ímã. ............................................... 126

Figura 55 – Distorção da imagem de um monitor CRT (Cathodic Ray Tube). ................................................................................................ 126

Figura 56 – Ímã próximo de um monitor CRT. ................................................... 126

Figura 57 – Resposta do aluno A16 referente à interação de cargas em movimento nas proximidades de um ímã. ..................................... 127

Figura 58 – Síntese das respostas dos alunos sobre o que mais gostaram durante o curso de Física III. ........................................................... 128

Figura 59 – Síntese das respostas dos alunos sobre o que menos gostaram durante o curso de Física III. .......................................... 130

Figura 60 – Momento da entrevista. No plano menor o professor pesquisador e no maior aluno entrevistado. ................................. 132

Figura 61 – Síntese do desempenho conceitual dos alunos ao longo da entrevista. ......................................................................................... 153

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Sumarização das formas de integração utilizada nas mais recentes pesquisas. ........................................................................... 27

Quadro 2 – Súmula das vantagens e limitações do uso articulado entre as SC e o LF. ....................................................................................... 28

Quadro 3 – Síntese da APQ. ................................................................................. 59

Quadro 4 – Figuras do livro Física III: eletromagnetismo inspiradoras das simulações computacionais e dos experimentos. .......................... 95

Quadro 5 – Depoimento dos alunos sobre o que mais gostaram durante o curso de Física III. ............................................................................ 130

Quadro 6 – Depoimento dos alunos sobre o que menos gostaram durante o curso de Física III. ......................................................................... 131

Quadro 7 – Depoimento dos alunos sobre o aspecto motivacional, seguido de comentário do autor. .................................................... 144

Quadro 8 – Depoimento dos alunos sobre o papel da simulação, seguido de comentário do autor. .................................................................. 147

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Resumo da duração e datas das intervenções. ............................ 106

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO .................................................................................. 17

1.1 Questões de Investigação e Metodologia Adotada ................................. 19

1.2 Objetivos da Tese ...................................................................................... 20

1.3 Estrutura da Tese ....................................................................................... 22

CAPÍTULO 2 - REVISÃO DA LITERATURA ............................................................ 23

CAPÍTULO 3 - REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................... 31

3.1 Teoria de Aprendizagem Significativa de David Paul Ausubel............... 31

3.1.1 Aprendizagem Mecânica x Aprendizagem Significativa ......................... 32

3.1.2 Formação de Conceitos ............................................................................. 34

3.1.3 Assimilação de Conceitos ......................................................................... 34

3.1.4 Predisposição Para Aprendizagem Significativa ..................................... 37

3.1.5 Ocorrência de Conteúdo Mínimo na Estrutura Cognitiva do Aluno (Subsunçores)............................................................................................. 39

3.2 Mapas Conceituais ..................................................................................... 41

CAPÍTULO 4 - AS ORIENTAÇÕES CURRICULARES E O ENSINO DE FÍSICA ...................................................................................................................... 45

4.1 As Diretrizes Curriculares Nacionais Para o Ensino Médio .................... 45

4.1.1 Proposta dos PCN Para o Ensino de Física ............................................. 47

4.1.2 Laboratório de Física: Os PCN e o Laboratório de Física ....................... 51

4.2 O Projeto Pedagógico do Curso de Engenharia Civil ............................. 53

4.2.1 PPC da Engenharia Civil da Fundação de Ensino Superior de Passos (FESP/UEMG) ................................................................................. 54

4.2.2 Habilidades e Competências presentes no PPC do curso de Engenharia Civil da FESP/UEMG .............................................................. 56

CAPÍTULO 5 - ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA ........................... 57

5.1 Quanto à Abordagem ................................................................................. 57

5.2 A Pesquisa-Ação ........................................................................................ 60

5.2.1 Características Essenciais da Pesquisa-Ação ......................................... 61

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5.2.2 As Fases da Pesquisa-ação ....................................................................... 62

5.2.3 Definição de Um Problema ........................................................................ 62

5.2.4 Pesquisa Preliminar ................................................................................... 63

5.2.5 Hipótese da Tese ........................................................................................ 64

5.2.6 Desenvolvimento de Um Plano de Ação .................................................. 64

5.2.7 Implementação do Plano de Ação ............................................................. 64

5.2.8 Avaliação do plano de intervenção ........................................................... 64

5.2.9 Comunicação dos Resultados................................................................... 65

5.3 Métodos de Coletas e Análise de Dados .................................................. 65

5.3.1 Análise de Conteúdo .................................................................................. 65

5.3.2 Entrevista .................................................................................................... 67

5.3.3 A Opção Pela Entrevista Semiestruturada ............................................... 67

5.3.4.1 Entrevistas Via Skype ................................................................................ 68

CAPÍTULO 6 - PLANEJAMENTO DAS INTERVENÇÕES PEDAGÓGICAS NA DISCIPLINA DE FÍSICA III ....................................................................................... 71

6.1 O Curso de Física III ................................................................................... 71

6.2 Articulação entre Simulações Computacionais e Laboratório de Física Investigativo ..................................................................................... 75

6.2.1 O Uso das TICs no Ensino ......................................................................... 75

6.2.2 O Laboratório no Ensino de Física ........................................................... 77

6.2.3 A Opção pelo Laboratório Virtual .............................................................. 79

6.2.3.1 O software Easy Java Simulations ............................................................ 83

6.2.3.2 Confecção das Simulações ....................................................................... 87

6.2.4 A Opção Pelo Laboratório de Física do tipo Investigativo (LFI) ............. 87

6.2.5 Material Para Apoio e Preparação da Disciplina de Física III ................. 90

CAPÍTULO 7 - APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA ........ 97

7.1 A Sequência Didática Utilizada na Disciplina de Física III ...................... 97

7.1.1 Conversa inicial .......................................................................................... 97

7.1.2 Levantamento Prévio – Pré-teste (L1) ....................................................... 97

7.1.3 Intervenções Didáticas ............................................................................... 98

7.1.4 Pós-Teste (L2) ........................................................................................... 106

7.2 Análise dos Resultados dos Levantamentos 1 e 2 ................................ 107

7.2.1 Entrevista Semiestruturada ..................................................................... 132

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7.2.1.1 Apresentação e Análise dos Resultados da Entrevista ........................ 132

7.2.1.1 Aspectos Epistemológicos ...................................................................... 133

7.2.1.2 Quanto aos Aspectos Epistemológicos ................................................. 137

7.2.1.3 Quanto aos Aspectos da Aprendizagem Significativa .......................... 139

7.2.1.4 Quanto aos Aspectos Negativos apontados no Processo de Aprendizagem ........................................................................................... 151

7.2.1.5 Quanto ao Desempenho Conceitual Demonstrado na Entrevista ........ 153

7.2.1.6 Quanto aos Aspectos Comportamentais, Atitudinais, Procedimentais e Conceituais dos Alunos ............................................ 154

CONCLUSÕES ....................................................................................................... 155

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 159

APÊNDICES ........................................................................................................... 167

ANEXOS ................................................................................................................. 225

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CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

É possível identificar no ensino de Física várias dificuldades de

aprendizagem entre os estudantes e pouco interesse destes por essa disciplina,

talvez pelas abordagens com uma dimensão fortemente conteudista, necessitando

de grande carga horária e com o seu conhecimento teórico descrito em diversos

eixos temáticos desconectados da realidade. Esta preocupação com a forma de se

ensinar conteúdos de Física demanda constantes reflexões e mudanças, sendo

ainda uma questão de grande relevância no cenário atual da educação e

responsável por provocar inquietações no exercício da docência nesta área do

conhecimento.

Esta percepção sobre os processos de ensino e de aprendizagem costuma

ser frequente ao longo da formação acadêmica e também envolve os alunos. No

Ensino Superior, particularmente na Graduação em Engenharia Civil da Fundação

de Ensino Superior de Passos (FESP/UEMG) são observados problemas como a

não aprendizagem dos conteúdos trabalhados na disciplina de Física III por parte

dos alunos, aliada ao insucesso de algumas estratégias de ensino e aprendizagem e

a baixa receptividade das mesmas, provocando grande insatisfação. Durante as

aulas enquanto ocorria o curso de Física III, em anos anteriores, era possível

perceber que em diversos momentos a situação apresentava características

opostas, na medida em que eram empregadas estratégias de ensino diferenciadas

que, de forma geral, proporcionavam maior e melhor receptividade, ocasionando, em

consequência, o alcance dos objetivos propostos inicialmente.

Ainda nessa perspectiva, observa-se grande desarticulação transversal

(transdisciplinaridade) entre disciplinas privilegiando demasiadamente a aula

expositiva. O texto de Levine (1994) reflete um pouco essa realidade:

[...] Um jornal é melhor que uma revista. Um cume ou encosta é melhor que uma rua. No início parece que é melhor correr do que andar. É preciso experimentar várias vezes. Prega várias partidas, mas é fácil de aprender. Mesmo as crianças podem achá-lo divertido. Uma vez com sucesso, as complicações são minimizadas. Os pássaros raramente se aproximam. Muitas pessoas, às vezes, fazem ao mesmo tempo, contudo isso pode causar problemas. É preciso muito espaço. É necessário ter cuidado com a chuva, pois destrói tudo. Se não houver complicações, pode ser muito

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agradável. Uma pedra pode servir de âncora. Se alguma coisa se partir, perdemo-lo e não teremos uma segunda chance. (LEVINE, 1994, p. 14).

Cada frase parece fazer sentido, mas o parágrafo inteiro não. Afinal do que

se trata? Ao reler o texto, sabendo que o tema abordado refere-se a papagaios de

papel, consegue-se perceber a diferença e o escrito passa a ter significado, sendo

possível visualizar mentalmente tudo que é dito no excerto, sendo que essa

visualização é quase sempre sinônimo de entendimento. Quando se sabe do que se

trata e tendo conhecimento do tema em questão, há maiores possibilidades de se

compreender o significado de determinado conceito, facilitando assim a transposição

didática do assunto abordado e motivando os alunos, tornando assim a

aprendizagem mais significativa.

Assim, ao se planejar o ensino de Física na graduação enfatizando uma lista

extensa de conteúdos e tópicos de textos didáticos, nos quais constam questões

que não apresentam significado, que oportuniza apenas uma matematização dos

conceitos físicos, sem se considerar os conhecimentos prévios e o cotidiano dos

alunos, reproduz-se um ensino centrado nos conteúdos e nos processos como um

fim em si mesmo.

Neste sentido, fazem-se necessárias mudanças conceituais no ensino de

Física, valorizando assim as aprendizagens anteriores dos alunos e ajudando-os a

reestruturar seus conhecimentos prévios, pois nos dias atuais, torna-se primordial

oportunizar abordagens variadas que estimulem o crescimento individual e social do

aluno, condições fundamentais para que a aprendizagem significativa ocorra,

contemplando o uso de recursos tecnológicos como instrumento complementar do

processo. Sobre esse aspecto, Fiolhais e Trindade (2003) afirmam que:

[...] são conhecidas as dificuldades que muitos alunos apresentam na compreensão dos fenômenos físicos. Entre as razões do insucesso na aprendizagem de física são apontados métodos de ensino desajustados das teorias de aprendizagem mais recentes assim como falta de meios pedagógicos modernos. A necessidade de diversificarem métodos para combater os insucessos escolares, que é particularmente nítido nas ciências exatas, conduziu ao uso crescente e diversificado do computador no ensino de física. O computador oferece atualmente várias possibilidades para ajudar a resolver os problemas de insucesso das ciências em geral e da física em particular. (FIOLHAIS; TRINDADE, 2003, p. 259)

Percebe-se nos últimos anos o surgimento de novas tecnologias e a

democratização da informação através da Internet, provocando uma reviravolta nos

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métodos utilizados na construção do conhecimento.

Segundo Fiolhais e Trindade (2003), no período em que vivemos,

sobrepujam posturas construtivistas onde se assume que cada aluno constrói sua

visão de mundo de acordo com suas próprias experiências individuais. Também é

característica deste período a promoção da capacidade de prever qualitativamente a

evolução dos fenômenos como um fator mais importante do que a manipulação de

fórmulas ou outras ferramentas formais. Os autores apontam as seguintes

implicações do construtivismo na concepção de ambientes de ensino:

- propiciar múltiplas representações da realidade;

- apresentar tarefas contextualizadas;

- propiciar a análise de situações em ambientes reais de aprendizagem, em vez de

sequências esquemáticas.

Ainda, segundo Fiolhais e Trindade (2003), as principais modalidades do

uso de tecnologias no ensino de Física, com uma visão construtivista, são: aquisição

de dados por computador, modelagem e simulação, materiais multimídia; realidade

virtual e busca de informações na internet.

Neste contexto, percebe-se que o ensino consubstanciado na mera

transmissão de conceitos, bem como a aprendizagem entendida apenas como o

acúmulo de informações, não se sustentam mais. O novo desafio imposto está

associado ao desenvolvimento de mecanismos capazes de transformar as aulas em

processos contínuos de informação, comunicação e pesquisa, em que professores e

alunos participem ativamente.

1.1 Questões de Investigação e Metodologia Adotada

Tendo em vista o panorama apresentado para o ensino de Física, propõe-se

a seguinte questão central da pesquisa: Experimentos reais, propostos em uma concepção investigativa, articulados com simulações computacionais, proporcionam uma aprendizagem significativa de conceitos de Eletromagnetismo?

Objetivando responder essa questão, nosso trabalho procura integrar as

Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), amparadas por simulações

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computacionais, com o laboratório de Física do tipo investigativo, visando

aperfeiçoar os processos de ensino e aprendizagem de tópicos de conteúdos

específicos da Física, articulando simulações computacionais com experimentos

reais.

O número substancial de publicações nas últimas décadas como, por

exemplo: Ronen e Eliahu (2000), Yamamoto e Barbeta (2001), Alves Filho, Amaral e

Medeiros Neto (2002), Macedo e Macedo (2002), Domingues (2003), Zacharias e

Anderson (2003), Lima et al. (2006), Zacharias (2007), Jaakkola e Nurmi (2008),

Zacharias, Olympio e Papaevripidou (2008), apontam a importância da utilização da

informática e do laboratório de Física no ensino presencial. Verifica-se, entretanto,

que poucas investigações como, por exemplo: Dorneles, Araujo e Veit (2006, 2008 e

2009) e Dorneles (2005 e 2010) analisam efetivamente as contribuições do uso das

simulações articuladas aos experimentos reais para a promoção da construção de

novos conhecimentos, em novas modalidades de aprendizagem. Nessa perspectiva,

optou-se por produzir um material para apoiar as aulas de Física no curso de

Graduação em Engenharia Civil (Física III), potencialmente adequado a promover a

aprendizagem significativa de conceitos de Física, sobretudo de Eletromagnetismo,

seguindo a concepção de Ausubel, Novak e Hanesian (1980). Nessa abordagem os

conceitos foram apresentados em situações problemas implementadas com

experimentos reais na vertente investigativa e simulações computacionais interativas

produzidas com o auxílio de software livre1.

1.2 Objetivos da Tese

A fim de buscar possíveis respostas à questão de pesquisa, ora

apresentada, alguns objetivos foram traçados como princípios condutores desta

tese.

• Objetivo Geral

O objetivo central deste trabalho é investigar as contribuições decorrentes da

articulação entre o laboratório de Física investigativo e as simulações

1 Software livre se refere à liberdade dos usuários executarem, copiarem, distribuírem, estudarem, modificarem e aperfeiçoarem o software. Fonte: http://www.fsf.org/. Acesso em 16 de fev. 2014.

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computacionais, buscando identificar sua capacidade em promover uma

aprendizagem significativa de conceitos de Eletromagnetismo.

• Objetivos específicos

Entre os objetivos específicos desta investigação podem-se citar:

Aprimorar os conhecimentos prévios dos estudantes transformando-os

em conhecimento escolar qualificado;

Promover a articulação entre o laboratório de Física investigativo e as

simulações computacionais.

Produzir um material para apoiar as aulas de Física no curso de

graduação em Engenharia Civil.

Nesta investigação, propõe-se o desenvolvimento de atividades nas quais se

utilizam simulações computacionais e experimentações reais envolvendo conceitos

de Eletromagnetismo, que podem ser utilizados em sala de aula como

complementação pedagógica à prática do professor, visando proporcionar uma

aprendizagem significativa destes conceitos.

Os avanços da tecnologia da informação e o uso do laboratório de Física

investigativo têm provocado um amplo debate sobre sua inserção e uso em

pesquisas nas diversas áreas de conhecimento e, nessa perspectiva, considera-se

pertinente a ampliação desse debate para o contexto educacional onde são

questionados os modos de introdução desse ferramental nos processos de ensino e

aprendizagem em diversos níveis, principalmente na Educação Superior.

Procurou-se inicialmente compreender a teoria de aprendizagem significativa

segundo Ausubel, Novak e Hanesian (1980) bem como os trabalhos produzidos sob

esse aporte teórico com a utilização de recursos tecnológicos e experimentais,

sobretudo aqueles relacionados ao ensino de Física. Após esse estudo, propôs-se

como complementaridade ao ensino de Eletromagnetismo no Ensino Superior a

utilização das simulações computacionais e dos experimentos reais de forma

articulada.

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1.3 Estrutura da Tese

Esta tese de Doutorado apresenta-se estruturada em 8 capítulos, a saber:

O capítulo 1 que trata dessa introdução, e teve como função contextualizar a

motivação da pesquisa; a justificativa; o tema e o problema; a hipótese; os objetivos

da investigação; bem como a relevância e contribuições do estudo.

A revisão da literatura compôs o capítulo 2.

No capítulo 3, descrevemos os referenciais teóricos utilizados na presente

pesquisa.

No capítulo 4, apontamos as orientações curriculares para o ensino de

Física presentes nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, nos

Parâmetros Curriculares Nacionais e nas Diretrizes Curriculares Nacionais dos

Cursos de Engenharia Civil e encerramos analisando o Projeto Pedagógico do

Curso de Engenharia Civil da Fundação Educacional de Passos (FESP/UEMG).

A fundamentação metodológica adotada neste trabalho está descrita no

capítulo 5. No primeiro estudo, relata-se a metodologia de Análise Proposicional

Quantitativa amparada pelos conceitos advindos da Pesquisa-ação e na Análise de

Conteúdo, finalizando com a entrevista semiestruturada.

O capítulo 6 aborda os aspectos didáticos e metodológicos envolvidos na

pesquisa, acentuando a articulação entre as ferramentas computacionais e o

laboratório de Física investigativo.

No capítulo 7, apresentamos e analisamos os dados da pesquisa e no

capítulo 8, a título de conclusão, realizamos a síntese possível e propomos novas

questões de pesquisa.

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CAPÍTULO 2 - REVISÃO DA LITERATURA

Neste capítulo buscou-se fornecer um cenário sobre as mais recentes

publicações na área de Ensino de Física associados a simulações computacionais e

ao laboratório de Física do tipo investigativo no ensino de Física em nível superior e

de estudos sobre a articulação entre essas atividades no ensino de

Eletromagnetismo.

Revisou-se a literatura em busca de publicações identificando trabalhos que

argumentam fatores associados a atividades computacionais e experimentais, em

especial sobre Eletromagnetismo, em nível superior no período de 2000 a 2013.

Incluíram-se nessa revisão dez periódicos especializados na área de Ensino de

Física, classificados pela CAPES com qualis A1, A2, B1 e B2, e na área da Ciência

da Computação, classificados pela CAPES com qualis A1, A2, B1 e B2: American

Journal of Physics, Caderno Brasileiro de Ensino de Física, Computer and

Education, Investigações em Ensino de Ciências, International Journal of Science

Education, Journal of Computer Assisted Learning, Journal of Research in Science

Teaching, Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, Revista

Brasileira de Ensino de Física e Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias.

Além desses periódicos, utilizou-se também, o sistema ERIC2 (Education Resources

Information Center) e a base de dados WEBOFSCIENCE3.

O objetivo geral desta revisão da literatura é identificar algumas publicações

que utilizam a articulação entre o laboratório de Física e as simulações

computacionais de modo a torná-las complementares, se enquadrando nas linhas de

pesquisa desenvolvidas por Ronen e Eliahu (2000), Zacharia e Anderson (2003),

Hofstein e Lunetta (2004), Zacharia (2007), Jaakkola e Nurmi (2008), Zacharia,

Olympiou e Papaevripidou (2008), Dorneles, Araujo e Veit (2009) e Dorneles (2010),

mas se diferenciando dessas pelo fato de se utilizar explicitamente o laboratório de

Física do tipo investigativo, referenciais teóricos e epistemológicos de

2 http://www.ebscohost.com/us-high-schools/eric - Acesso em 25 fev. 2014. 3 http://www.webofknowledge.com/ - Acesso em 25 fev. 2014.

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aprendizagem, tanto para conceber, elaborar e aplicar o material instrucional, quanto

na metodologia da entrevista semiestruturada e na avaliação dos dados coletados.

Devido às vantagens das simulações computacionais descritas a seguir, no

capítulo 6, elas se caracterizam como boas alternativas a promover uma

aprendizagem significativa de conceitos específicos. No entanto, muitos

pesquisadores4 e professores, incluindo o autor desta tese e seu orientador, não as

consideram substitutas do laboratório de Física. Para contemplar plenamente a

diferença substancial entre os experimentos realizados no laboratório de Física e as

simulações computacionais, acredita-se que os alunos precisam experienciar

ambas, ou seja, é necessário o gerenciamento articulado das simulações

computacionais (SC) e o laboratório de Física (LF). (HENNESSY; DEANEY;

RUTHVEN, 2006; DORNELES; ARAUJO; VEIT, 2009; DORNELES, 2010)

Diversos estudos conferem resultados obtidos pelo ensino baseado em SC e

LF de forma integrada5 com o ensino baseado em SC e LF de forma isolada,

conforme se descreve sucintamente a seguir.

Ronen e Eliahu (2000), num dos primeiros trabalhos de pesquisa tratando

dessa integração, mostraram diferenças significativas entre os resultados dos alunos

que utilizaram a integração SC/LF e os alunos que usaram LF de forma isolada. Os

autores afirmam nos relatos finais, que as simulações computacionais contribuíram

para gerar segurança nos alunos, motivando-os para continuar as atividades.

Zacharia e Anderson (2003) pesquisaram a influência da integração de SC

com LF no ensino de mecânica, ondas, óptica e física térmica. Na descrição final de

seus resultados, os autores afirmam que podem ser atribuídos às atividades

integradas os melhores resultados na promoção da mudança conceitual obtidos pelo

seu grupo experimental. Em outro trabalho, sobre as consequências da combinação

SC com LF no ensino de circuitos elétricos, Zacharia (2007) também obtém

resultados favoráveis à integração do LF e SC. O autor destaca que o objetivo final

4 Ronen e Eliahu (2000), Zacharia & Anderson (2003), Hofstein e Lunetta (2004), Zacharia (2007), Jaakkola e Nurmi (2008), Zacharia, Olympiou & Papaevripidou (2008). 5 Faz-se necessária a diferenciação entre o substantivo integração (com vista a um sistema harmonioso) e o substantivo articulação (coerente, usar com distinção e clareza) conforme Michaelis: Moderno Dicionário da Língua Portuguesa.

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da integração deve ser o de aproveitar as potencialidades de ambos os métodos, a

fim de alcançar o nível mais elevado possível de eficácia da experimentação no LF.

Zacharia, Olympiou, Papaevripidou (2008) pesquisaram as diferenças entre

os resultados obtidos por alunos que utilizaram a integração de SC com LF e os

obtidos por alunos que utilizaram apenas o LF de forma isolada no contexto do

ensino de calorimetria. Seus resultados sugerem que a integração promove um

efeito importante na compreensão conceitual de calor e de mudanças de

temperatura do que o LF isoladamente. Com isso, os autores defendem que tais

resultados (maior eficácia com a integração entre SC e LF) provavelmente podem

ser replicados em qualquer domínio de ensino, ou seja, para qualquer conteúdo que

se pretenda ensinar. Isso porque outros estudos de Zacharia (2007) chegam às

mesmas conclusões, apesar de focarem os mais diversos conteúdos da Física.

Por sua vez, Jaakkola e Nurmi (2008), contemplaram um estudo mais amplo.

Utilizaram-se de três metodologias de ensino diferentes em três grupos distintos: i)

baseada em SC isoladamente; ii) baseada no LF isoladamente e iii) baseada na

integração entre SC e LF. Os resultados apontaram que os alunos que formaram o

último grupo obtiveram os melhores desempenhos. Não foram apresentadas

diferenças significativas entre os resultados dos dois primeiros grupos. É relevante

ressaltar que os alunos que trabalharam com as atividades de forma integrada

apresentaram desempenhos mais homogêneos. O relato da pesquisa evidencia que

isso não ocorreu nos outros grupos, revelando que a adoção dessa metodologia

didática de forma isolada é bastante diferente para os diversos alunos. De acordo

com os dados finais da pesquisa, alguns alunos se familiarizam mais facilmente com

experimentos realizados no LF enquanto que outros se habituam melhor com SC.

Com isso, a integração das duas metodologias abrange as características de um

grupo maior de alunos.

Dorneles, Araujo, Veit (2009) e Dorneles (2010) depreendem que quando os

alunos interagiram significativamente com as SC e LF demonstraram uma visão

mais geral dos experimentos, evidenciando terem alcançado significados relevantes

frente às grandezas físicas tratadas nas situações em estudo. No entanto, os

autores relatam que em sistemas dinâmicos mais simples alguns dos alunos

dispensaram a simulação computacional argumentando que os dados obtidos nos

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experimentos reais eram suficientes para a compreensão dos conceitos sobre

eletromagnetismo.

Apesar dos muitos trabalhos que sugerem melhores resultados através da

integração entre SC e LF, deve-se ressaltar a necessidade de mais estudos

consolidando tal conclusão. (ZACHARIA; OLYMPIOU; PAPAEVRIPIDOU, 2008, p.

1034)

Hofstein e Lunetta (2004) afirmam que essa é uma área de pesquisa que

merece atenção por parte dos pesquisadores por tratar-se de uma nova perspectiva

para a inclusão de simulações computacionais de forma apropriada no ensino de

Ciências.

Como um dos motivos para o sucesso de usos integrados de SC e LF, Ronen

e Eliahu (2000) e Jaakkola e Nurmi (2008) afirmam que a simulação computacional

pode se constituir em uma conexão entre teoria e realidade.

Jaakkola e Nurmi (2008) e Zacharia e Anderson (2003) destacam que o

objetivo final da integração deve ser o de aproveitar as potencialidades de ambos os

métodos, a fim de alcançar o nível mais elevado possível de eficácia da

experimentação em laboratório. Cabe ressaltar que são muitas as possibilidades de

integração entre SC e LF. Alguns autores concretizam a combinação propondo

atividades em que fazem uso concomitante dos dois recursos; outros promovem

atividades em que o aluno usa um deles antes do outro. O quadro 1 sumariza as

formas como integrações entre SC e LF foram realizadas nas pesquisas consultadas

para essa revisão da literatura.

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Estudo Conteúdo Forma de integração Amostra

RONEN & ELIAHU (2000) Eletrodinâmica.

Os alunos utilizaram um experimento real e uma simulação computacional concomitantemente para resolver um problema proposto.

63 duplas (Ensino

Fundamental)

ZACHARIA & ANDERSON (2003) Mecânica.

Os grupos utilizaram primeiramente simulações computacionais e logo após experimentos reais.

21 professores

de Física

ZACHARIA (2007) Eletrodinâmica – circuito elétrico

simples.

Os alunos utilizaram-se de experimentos reais em alguns tópicos de estudo e simulações computacionais em outros.

90 alunos (Ensino

superior)

JAAKKOLA & NURMI (2008)

Eletrodinâmica - circuito elétrico.

Os autores empregaram simulações computacionais inicialmente, a fim de compreender os princípios teóricos envolvidos, e após transferem os conhecimentos para um experimento real.

66 alunos (Ensino

Fundamental)

ZACHARIA, OLYMPIO &

PAPAEVRIPIDOU (2008)

Termodinâmica

Os autores utilizaram-se de experimentos reais em alguns tópicos de estudo e simulações computacionais em outros.

62 alunos (Ensino

Superior)

DORNELES, VEIT & ARAUJO (2009)

Circuitos elétricos simples, do tipo

RCL e eletromagnetismo.

Os autores ampararam sua pesquisa em experimentos reais seguidos de simulações computacionais modeladas com o software Modellus.

12 alunos (Ensino

Superior)

DORNELES (2010)

Circuitos elétricos simples, do tipo

RCL e eletromagnetismo.

Os alunos beneficiaram-se de experimentos reais seguidos de simulações computacionais modeladas com o software Modellus.

06 alunos (Ensino

Superior)

Quadro 1 – Sumarização das formas de integração utilizada nas mais recentes pesquisas. Fonte: Dados da pesquisa.

Nos artigos de Ronen e Eliahu (2000), Zacharia e Anderson (2003), Hofstein e

Lunetta (2004), Zacharia (2007), Jaakkola e Nurmi (2008), Zacharia, Olympiou,

Papaevripidou (2008), não se encontrou menções explícitas e significativas sobre o

referencial teórico adotado.

No entanto, no artigo de Dorneles, Veit e Araujo (2009) e na tese de

doutoramento de Dorneles (2010) utilizou-se o referencial teórico de Ausubel para a

aprendizagem significativa e Vigotsky para descrever a interação social entre os

alunos pesquisados.

Quanto às evidencias de limitações do uso da simulação computacional para

complementar o laboratório de Física, Ronen e Eliahu (2000) observam que apesar

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de os experimentos em seu estudo terem auxiliado um bom número de alunos, de

alguma forma a ferramenta computacional não foi eficaz para determinados grupos,

pois:

Estudantes com um nível alto de compreensão conceitual (aproximadamente 10%) não precisaram do auxílio adicional. Alguns desses estudantes utilizaram a simulação mais tarde, quando uma tarefa avançada lhes foi apresentada. Estudantes com insuficiente nível de compreensão conceitual (aproximadamente 15%) executam um processo experimental aleatoriamente e, devido aos erros, não podem tirar proveito dos dados fornecidos pela simulação. Alguns poucos estudantes (aproximadamente 5%) não fazem nenhuma tentativa de usar a simulação, indicando ter “ódio” do computador. (RONEN; ELIAHU, 2000, p. 25)

Uma síntese das vantagens e limitações do uso integrado de SC e LF,

apontadas por Jaakkola e Nurmi (2008), Ronen e Elianhu (2000), Zacharia (2007),

Zacharia e Anderson (2003) e Zacharia, Olympiou e Papaevripidou (2008), pode ser

vista no quadro 2.

Vantagens Limitações Potencializa a exploração de ambos os

métodos. Evidenciam as diferenças substanciais

entre as teorias e a realidade. Promovem a compreensão conceitual

melhor do que os dois recursos isoladamente.

Influenciam a atitude dos alunos, motivando-os e promovendo seu engajamento nas atividades propostas.

Alunos com alto nível de compreensão conceitual não necessitam de ambos os recursos, SC e LF.

Alunos com insuficiente nível de compreensão conceitual executam um processo experimental aleatoriamente e, devido aos erros, não podem tirar proveito dos dados fornecidos pela simulação.

Assim como as atividades experimentais, demandar muito tempo na sua exploração.

Quadro 2 – Súmula das vantagens e limitações do uso articulado entre as SC e o LF. Fonte: Jaakkola e Nurmi (2008), Ronen e Elianhu (2000), Zacharia (2007), Zacharia e Anderson (2003) e Zacharia, Olympiou e Papaevripidou (2008).

A pesquisa descrita nessa tese diferencia-se daquelas realizadas por

Dorneles, Araujo, Veit (2009) e Dorneles (2010) por utilizar a metodologia de

articulação entre os experimentos realizados no laboratório de Física de modo

investigativo e simulações computacionais construídas com concepções empíricas,

caracterizadas por representações algébricas derivadas das medidas

experimentalmente observadas, além de serem disponibilizadas em ambiente web, o

que facilita sua distribuição e acesso. Procurou-se, ainda, utilizar-se dos

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experimentos realizados no laboratório de Física do tipo investigativo como

organizador prévio dos conceitos de eletromagnetismo, conforme o referencial

teórico adotado nessa pesquisa descrito no capítulo a seguir.

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CAPÍTULO 3 - REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo aborda o referencial teórico, sendo discutida inicialmente a

teoria da Aprendizagem Significativa desenvolvida pelo psicólogo americano David

Paul Ausubel e colaboradores (AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN, 1980), a qual

diferencia a aprendizagem significativa da aprendizagem mecânica e também são

apontados alguns de seus pressupostos. Posteriormente discutem-se os mapas

conceituais e sua utilização como recurso organizacional.

3.1 Teoria de Aprendizagem Significativa de David Paul Ausubel

No desenvolvimento deste trabalho, utilizou-se como aporte teórico a Teoria

de Aprendizagem Significativa proposta pelo psicólogo norte americano David Paul

Ausubel, amplamente empregada em muitos trabalhos (SANTOS, 2008;

DORNELES, 2005 e 2010; dentre outros), sobretudo naqueles relacionados ao

Ensino de Física. Essa teoria é compreendida por vários autores como pertencente

ao conjunto de teorias construtivistas cognitivistas. Moreira (1999), por exemplo,

considera que Ausubel é:

[...] um representante do cognitivismo e, como tal, propõe uma explicação teórica do processo de aprendizagem, segundo o ponto de vista cognitivo, embora reconheça a importância da experiência afetiva. Para ele, aprendizagem significa organização e integração do material na estrutura cognitiva. Como outros teóricos do cognitivismo, ele se baseia na premissa de que existe uma estrutura na qual essa organização e integração se processam. (MOREIRA, 1999, p. 152).

Nesta linha cognitivista, David Ausubel estabelece uma fundamentação

teórica que explica o processo de aprendizagem tendo em vista a estrutura e o

funcionamento do eixo cognitivo daquele que aprende. Segundo Moreira (1999),

assim como para outros teóricos do cognitivismo, Ausubel se baseia na premissa de

que existe uma estrutura na qual essa organização e integração se processam. Esta

estrutura, por sua vez, pode ser entendida como o conteúdo total de ideias de certo

indivíduo e sua organização, incluindo-se os processos por meio dos quais se

adquire e utiliza o conhecimento.

Ausubel, Novak e Hanesian (1980) distinguem duas grandes categorias de

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aprendizagem, a da aprendizagem por descoberta e da aprendizagem por recepção

ou receptiva (fig.1). Segundo estes autores, a principal característica na

aprendizagem por descoberta é o fato de que o conteúdo principal a ser aprendido

não é dado, mas deve ser descoberto pelo aluno, antes que possa ser

significativamente incorporado à sua estrutura cognitiva. Já na aprendizagem por

recepção, o conteúdo que vai ser aprendido é apresentado ao aluno sob a forma

final. Nesse sentido, exige-se somente que o aluno internalize o material, que é

apresentado de forma a tornar-se acessível ou reproduzível em alguma ocasião

futura. As aprendizagens por recepção e por descoberta, por sua vez, se subdividem

em aprendizagem automática (ou mecânica) e aprendizagem significativa (fig. 1).

Figura 1 – Tipos de Aprendizagem, de acordo com a proposta de Ausubel,

Novak e Hanesian, 1980. Fonte: Ausubel, Novak e Hanesian,1980, p. 102. (adaptado)

3.1.1 Aprendizagem Mecânica x Aprendizagem Significativa

A aprendizagem mecânica ocorre quando há apropriação de novas

informações, desencadeando pouca ou nenhuma interação do aprendiz com

conceitos relevantes existentes em sua estrutura cognitiva, conceitos estes que

Ausubel, Novak e Hanesian (1980) definem como subsunçores. O subsunçor é uma

estrutura específica por meio da qual uma nova informação pode se integrar ao

cérebro humano, que é altamente organizado e detentor de uma hierarquia

conceitual que armazena experiências prévias do aprendiz (SANTOS, 2008, p. 19).

Para Ausubel, no modelo de aprendizagem mecânica ocorrem associações

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puramente arbitrárias, sem qualquer vínculo claro com subsunçores, tais como

aquelas “associações de pares, quebra-cabeça, labirinto, ou aprendizagem de séries

[...] ou como uma série arbitrária de palavras” (AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN,

1980, p. 23). Santos (2008) acrescenta que, com a aprendizagem mecânica a

“pessoa decora fórmulas, leis, mas esquece após a avaliação ou não sabe o que

fazer com elas” (SANTOS, 2008, p. 53). Entretanto, Ausubel, Novak e Hanesian

(1980) ponderam sobre a necessidade de valorização da aprendizagem mecânica,

considerando que a mesma é inevitável no caso de conceitos inteiramente novos

para o aprendiz – aqueles conhecimentos que não têm como se “ancorar” em

conhecimentos prévios, que, por ausência de subsunçores, são aprendidos

mecanicamente. Quando o aluno, de forma autônoma, descobre algo novo, mas

esta nova informação não faz sentido para ele, ou seja, não se associa à sua

estrutura cognitiva, ocorre aprendizagem mecânica por descoberta.

A teoria da aprendizagem significativa se enquadra como um tipo de

aprendizagem por recepção ou por descoberta. Neste contexto, a “tarefa ou

conteúdo potencialmente significativo é compreendido ou tornada significativa

durante o processo de internalização” (AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN, 1980, p.

20).

Uma questão importante relacionada às condições necessárias à

aprendizagem significativa é a disposição do aluno para a aprendizagem.

A aprendizagem significativa pressupõe que o aluno manifeste uma disposição para a aprendizagem significativa – ou seja, uma disposição para relacionar de forma não arbitrária e substantiva, o novo material à sua estrutura cognitiva – e que o material aprendido seja potencialmente significativo – principalmente incorporável à sua estrutura de conhecimento através de uma relação não arbitrária e não literal. (AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN, 1980, p. 34).

A ideia central da teoria da aprendizagem significativa é a da valorização dos

conhecimentos prévios (subsunçores) do aluno. Sobre esta ideia, Ausubel, Novak e

Hanesian (1980, p. 23) afirmam que:

A aprendizagem significativa ocorre quando a tarefa de aprendizagem implica relacionar, de forma não arbitrária e substantiva (não literal), uma nova informação em outras com as quais o aluno já esteja familiarizado, e quando o aluno adota uma estratégia correspondente para assim proceder.

Esta relação não arbitrária e substantiva diz respeito a uma interatividade

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entre os novos conhecimentos e novos conceitos com algum aspecto relevante pré-

existente na estrutura cognitiva do aluno. De acordo com Ausubel, Novak e

Hanesian (1980), estes aspectos relevantes da estrutura cognitiva do aluno podem

ser, por exemplo, uma imagem, um símbolo, um conceito ou uma proposição.

Moreira (1999) relata que na aprendizagem significativa de David Ausubel, “a nova

informação interage com uma estrutura de conhecimento específica, definida como

conceito subsunçor, ou simplesmente, subsunçor (subsumer), existentes na

estrutura cognitiva do indivíduo” (MOREIRA, 1999, p. 17).

3.1.2 Formação de Conceitos

Ausubel, Novak e Hanesian (1980) descrevem conceitos como ideias

categóricas, “objetos, eventos, situações ou propriedades que possuam atributos

essenciais comuns que são designados por algum signo ou símbolo”, que podem

ser representados por símbolos particulares. Assim, as “palavras combinam-se

comumente para formar sentenças e constituir proposições que representam

realmente conceitos e não objetos ou situações” (AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN,

1980, p. 47).

Na formação de conceitos, seus atributos essenciais são adquiridos por

meio de experiência direta e através de estágios sucessivos de formulação de

hipóteses, teste ou generalização. Desse modo o suporte concreto-empírico auxilia

na assimilação de conceitos, especialmente no caso de crianças, logo, resulta em

aprendizagem por descoberta. Entretanto, em jovens e adultos é possível utilizar-se

de conceitos já adquiridos para acelerar o processo de definição dos atributos

essenciais dos novos conceitos, frutos da associação das novas informações com

estes conceitos, que já se encontravam presentes em sua estrutura cognitiva.

3.1.3 Assimilação de Conceitos

A assimilação de conceitos é o princípio utilizado por Ausubel, Novak e

Hanesian (1980) para tornar mais claro o processo de aquisição, fixação e de

organização dos significados na estrutura cognitiva do indivíduo, sendo também

chamada de teoria da assimilação. Estes autores sugerem que na aprendizagem

significativa o resultado da interação que ocorre entre o novo material a ser

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aprendido e a estrutura cognitiva existente é uma assimilação de antigos e novos

significados que contribui para a modificação dessa estrutura. Na assimilação,

mesmo com o surgimento de novos significados, a relação entre os subsunçores –

como meios de ancoragem – e o que é assimilado permanece na estrutura cognitiva

do aluno. (AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN, 1980, p. 104)

Para exemplificar o princípio da assimilação, Ausubel, Novak e Hanesian

propõem um modelo que representa este processo, onde a interação entre a nova

informação e o conceito de ancoragem gera um produto modificado desta interação,

conforme ilustrado na figura 2.

Quando uma nova ideia a é aprendida significativamente e relacionada à ideia relevante estabelecida A (subsunçor), tanto as ideias são modificadas como a é assimilada pela ideia estabelecida A. [...] A e a nova ideia a sofrem modificações, formando o produto da interação A’a’.

Figura 2 – Modelo representativo da Assimilação. Fonte: AUSUBEL, Novak e Hanesian (1980, p. 104) (adaptado)

É importante ressaltar que a assimilação não termina após a aprendizagem

significativa, mas continua, conforme propõem os autores, em etapas subsequentes,

levando à aprendizagem futura de uma nova ideia, como se percebe na seta da

figura 2.

Para Ausubel, Novak e Hanesian (1980), o envolvimento do aluno no

processo de aprendizagem passa pelo seu papel ativo, sua motivação para a

investigação, exploração e compartilhamento de suas descobertas, procurando a

construção significativa de seu conhecimento. Portanto, aprendizagem significativa é

um processo no qual uma nova informação é relacionada a um ponto relevante na

estrutura cognitiva do aluno.

A estrutura cognitiva, para Ausubel, Novak e Hanesian (1980), é o conteúdo

informacional organizado e armazenado por um aluno. Nesse sentido pode-se supor

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que um determinado conteúdo previamente armazenado representará uma forte

influência no processo de aprendizagem de um aluno, sendo necessárias três

condições para objetivação da aprendizagem significativa, apresentadas em

seguida:

a. A predisposição do aprendiz para o relacionamento com o conteúdo

apresentado. É nesse ponto que cabe ao professor buscar novas alternativas ao seu

método de ensino, levando para sala de aula atividades e avaliações que

contemplem habilidades e competências interligadas ao mundo real.

No curso de Física III, objeto desta pesquisa, os aparatos experimentais

objetivaram proporcionar uma visão investigativa, permitindo que a experimentação

alcançasse um caráter mais aberto, sendo possível enfatizar as concepções

espontâneas, o teste de hipóteses, a mudança conceitual, a capacidade de

observação e descrição de fenômenos e até mesmo de reelaboração de explicações

causais nos alunos.

b. A ocorrência de um conteúdo mínimo na estrutura cognitiva do aluno. Nesse

caso, o professor deve identificar os organizadores prévios faltantes para a

compreensão de determinado assunto e disponibilizá-los, para que o aluno consiga

fazer todas as relações necessárias ao entendimento do conteúdo.

Para se verificar o conteúdo mínimo na estrutura dos alunos, foi planejada a

utilização de um pré-teste contendo onze questões conceituais sobre magnetismo e

eletromagnetismo. As questões visam a identificar conceitos sobre as leis de

Faraday-Lenz, o experimento de Oersted, a manipulação de ímãs, a formação de

campo magnético, inseparabilidade magnética, interação da carga elétrica em

movimento com o campo magnético, dentre outras.

c. O material a ser utilizado deve ser potencialmente significativo. Aqui, cabe ao

professor, organizar o material a torná-lo significativo e incluir materiais e

informações anteriores que sirvam de organizadores prévios, como trabalhados

nesta proposta.

A construção dos experimentos e das simulações deve levar em

consideração as concepções prévias dos alunos acerca de conceitos do

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Eletromagnetismo, de modo que a utilização do laboratório de Física investigativo

articulado às simulações computacionais, ambos embasados no livro didático,

formarão um arsenal metodológico capaz de oferecer condições favoráveis para que

ocorra a aprendizagem significativa dos conceitos de Eletromagnetismo abordados.

3.1.4 Predisposição Para Aprendizagem Significativa

A aprendizagem significativa pressupõe a predisposição do aluno para

estabelecer uma relação entre novos conceitos e os conceitos relevantes de sua

estrutura cognitiva. A aprendizagem significativa pode ocorrer por descoberta ou por

recepção, sendo que na aprendizagem por descoberta o aluno deve buscar sozinho,

princípios, leis e relações de um determinado fenômeno resolvendo algum tipo de

problema, enquanto que na aprendizagem por recepção, o aluno recebe a

informação pronta, devendo atuar ativamente sobre esse material. Ausubel, Novak e

Hanesian (1980) ainda consideram três formas de aprendizagem significativa:

• Aprendizagem por subordinação

Acontece quando a nova ideia é um exemplo de algo que já se sabe. Esse

tipo de aprendizagem pode ocorrer de maneira derivativa quando a nova informação

a ser assimilada pela estrutura cognitiva representa um exemplo mais específico do

elemento relevante dessa estrutura, ou por representar uma aplicação deste ou uma

ilustração de um elemento subsunçor mais geral, conceito que será esclarecido

adiante.

Como exemplo, pode-se citar o caso investigado nesse trabalho sobre o

conceito de força elétrica e as relações que podem ser feitas a fim de melhor

conceituar e classificar esta grandeza física. Supondo que, inicialmente, o aluno

perceba que sua ideia sobre força seja basicamente expressa por situações de

contato entre corpos (em geral de esforço físico) e que concorde vincular a grandeza

ao termo interação entre corpos. Pode-se levá-lo a refletir, por exemplo, sobre a

causa fenomenológica da queda dos corpos e o significado físico do termo peso dos

corpos, comumente utilizado nessas situações.

Dessa maneira, o aluno pode vir a perceber que seu conceito de força (de

contato) precisa ser ampliado, pois neste caso (da queda de corpos) justifica-se a

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definição de interação entre corpos, mas não mais de contato e sim à distância. Um

conceito novo (emergente) a ser assimilado seria o de gravitação (ou força da

gravidade) como “sinônimo” do termo peso e o reconhecimento desta grandeza

(peso) como um tipo de força, mas de característica diferente daquela que se fazia

presente nos exemplos de contato entre corpos (puxão, empurrão, entre outros). O

significado fenomenológico de força como a existência de interação entre corpos

não deixa de existir, mas se amplia para a duplicidade de (inter)ação: por contato e à

distância.

• Aprendizagem por superordenação

É aquela em que a ocorrência de uma pequena ideia leva a generalizações.

Por exemplo, uma vez que o aluno tenha feito um estudo de magnetismo, tendo

como estáveis e relacionados os conceitos de campo magnético e força magnética,

facilmente poderá identificar relações com as características do campo magnético e

do campo elétrico podendo reuni-las a um novo termo como o de Campo

Eletromagnético e que as interações magnéticas implicam também em interações

elétricas.

• Aprendizagem combinatória

Este tipo de aprendizagem acontece quando a nova ideia não está

hierarquicamente acima nem abaixo da ideia já existente na estrutura cognitiva à

qual se relacionou de forma não-arbitrária e lógica. Ou seja, a nova ideia não é

exemplo nem generalização daquilo que se usou como sua âncora na estrutura

cognitiva do aluno. Essa âncora, no entanto, é necessária para o estabelecimento de

uma aprendizagem significativa.

Um exemplo, deste tipo de aprendizagem, é o caso da metáfora que se faz

de um sistema elétrico com um sistema hidráulico. Nesse exemplo, usam-se

conceitos dominados pelo aluno com relação aos sistemas de águas para ensinar

conceitos novos que guardam alguma relação com os antigos que serviram como

âncora, embora os sistemas elétricos não sejam uma generalização nem um

exemplo de sistemas hidráulicos, e vice-versa. No entanto, é muito mais fácil para a

maioria dos alunos começarem a lidar com os novos conceitos da eletricidade a

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partir de conceitos com os quais já estão acostumados, relativos à hidráulica. É

imprescindível que, nessas situações, as semelhanças e diferenças entre um

conceito novo e a antigo que lhe serviu como âncora sejam progressivamente

explicitadas, a fim de que o aluno não misture, confunda ou reduza os conceitos

relativos de uma ideia aos da outra.

3.1.5 Ocorrência de Conteúdo Mínimo na Estrutura Cognitiva do Aluno (Subsunçores)

Para Ausubel, Novak e Hanesian (1980) é necessário que o aluno tenha

conhecimento prévio sobre o assunto a ser trabalhado, caracterizando que a

aprendizagem significativa ocorre quando a nova informação ancora-se em

conceitos relevantes, existentes na estrutura cognitiva do aluno, com os

subsunçores organizados nessa estrutura principalmente por duas maneiras:

• Por diferenciação progressiva

A organização dos subsunçores por diferenciação progressiva estabelece

que o conteúdo deve ser programado de maneira que as ideias mais gerais e

inclusivas venham em primeiro plano, diferenciando-se principalmente pelos

detalhes e suas especificidades. A teoria de Ausubel considera ser mais fácil para o

aluno compreender as partes de um todo mais amplo do que aprender a partir de

partes sem relações, para chegar a um conceito mais geral.

• Por reconciliação integradora

Esta organização caracteriza-se pelo fato de que em função de novas

informações adquiridas, os subsunçores já existentes se reorganizem e apresentem

novos significados. O material a ser disponibilizado aos alunos deve ser estruturado

para facilitar esta organização de subsunçores, demonstrando de que maneira as

novas ideias são interligadas às antigas.

A figura 3 mostra a relação entre diferenciação progressiva e reconciliação

integradora para o caso do sistema hidráulico e elétrico demonstrando que, quando

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uma nova ideia é assimilada à estrutura cognitiva de um aluno, isto é feito através do

estabelecimento de relações entre si e ideias pré-existentes (cano e resistência).

Como esta relação modifica tanto uma quanto outra, e como a estrutura cognitiva é

uma verdadeira teia de relações entre conceitos e ideias, a inserção de algo novo

pode provocar a modificação destes conceitos e ideias, mesmo não estando

diretamente relacionados (circuito elétrico e resistência).

Figura 3 – Relação entre diferenciação progressiva e reconciliação

integradora. Fonte: Moreira,1999, p. 96. (adaptado)

A figura 4 retrata um mapa conceitual da Aprendizagem Significativa

proposta por Ausubel, sendo que este recurso será caracterizado adiante (página

39).

Figura 4 – Mapa conceitual sobre a Aprendizagem Significativa.

Fonte: acervo do autor

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A estrutura cognitiva é algo dinâmico, em constante modificação em função

das diversas experiências e aprendizados de cada aluno. Cabe ressaltar, entretanto,

que esse processo não é “automático”, ou seja, não basta uma nova ideia para

mudar toda a estrutura cognitiva do aluno. É preciso trabalho ativo do aluno para

que esta mudança possa “se processar”.

A diferenciação progressiva e a reconciliação integradora são processos que

resultam e ocorrem simultaneamente com a Aprendizagem Significativa, bem

caracterizando a dinamicidade da teoria de Ausubel.

Pretende-se, inicialmente, através da apresentação do mapa conceitual

representado na figura 4, promover uma visualização integradora da aprendizagem

significativa e, deste modo, gerar um primeiro contato com os principais pontos que

serão abordados nesta investigação.

3.2 Mapas Conceituais

Os mapas conceituais aqui apresentados foram utilizados exclusivamente

como auxílio na organização desta pesquisa e na distribuição dos conteúdos a

serem abordados ao longo do curso de Física III.

Baseando-se na Teoria da Aprendizagem Significativa de David Ausubel,

Novak define Mapa Conceitual como “uma representação gráfica, em duas

dimensões, de determinado conjunto de conceitos, sendo construído de tal forma

que as relações entre eles sejam evidentes” (NOVAK, 2002, p. 548)

A estrutura de um mapa conceitual, segundo Novak (2002), deve ser

composta de diferenciações progressivas, reconciliações integradoras e ligações

proposicionais.

Segundo Moreira (2010), os mapas conceituais são:

[...] apenas diagramas indicando relações entre conceitos. Mais especificamente, podem ser vistos como diagramas hierárquicos que procuram refletir a organização conceitual de uma disciplina ou parte dela, ou seja, derivam sua existência da estrutura conceitual de uma área de conhecimento. (MOREIRA, 2010, p. 1).

Por sua vez, Dutra (2006) destaca que os mapas conceituais:

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[...] são representações gráficas de relações entre conceitos que baseado na teoria da aprendizagem significativa de Ausubel, é uma representação gráfica em duas dimensões de um conjunto de conceitos construídos de tal forma que as relações entre eles sejam evidentes. (DUTRA, 2006, p. 18).

Este autor sugere uma técnica de construção de um mapa conceitual,

utilizando as seguintes etapas:

a) ter, antes, uma boa pergunta inicial, cuja resposta estará expressa no

mapa conceitual construído;

b) escolher um conjunto de conceitos (palavras-chave), dispondo-os

aleatoriamente no espaço onde o mapa será elaborado;

c) escolher um par de conceitos para estabelecimento da(s) relação(ões)

entre eles;

d) decidir qual a melhor e escrever uma frase de ligação para esse par de

conceitos escolhidos;

e) a repetição das etapas c e d tantas vezes quanto o necessário.

Embora diversos autores e dentre eles pode-se citar Novak (2002), Moreira

(2010) e Dutra (2006) tenham trabalhos publicados sobre a consecução de mapas

conceituais, não existem regras rígidas para sua construção.

Entretanto, atribui-se destaque para algumas informações consideradas importantes:

Mapas conceituais são diagramas que indicam relações entre conceitos

Mapas conceituais podem seguir um modelo hierárquico com conceitos mais

inclusivos no topo, conceitos subordinados intermediários e conceitos mais

específicos na parte inferior. Esta distribuição é facilitadora para que os

conceitos sejam obtidos coerentemente com a aprendizagem significativa de

Ausubel.

O mapa conceitual é uma técnica flexível, e em razão disto, pode ser usado

em diversas situações para diversas finalidades: instrumento de análise de

currículo, técnica didática, recurso de aprendizagem, meio de avaliação

(MOREIRA, 2010, p. 13).

Pelo que foi descrito, pode-se apropriar de pontos positivos constituintes do

mapa e utiliza-los na estrutura organizacional de um curso de Física. O importante é

que o mapa conceitual seja um instrumento capaz de evidenciar significados

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atribuídos a conceitos e relações entre eles no contexto de um corpo de

conhecimentos, de uma disciplina ou de um conteúdo de ensino.

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CAPÍTULO 4 - AS ORIENTAÇÕES CURRICULARES E O ENSINO DE FÍSICA

Este capítulo trata inicialmente das Diretrizes Curriculares Nacionais para o

Ensino Médio e aborda os Parâmetros Curriculares Nacionais como geradores de

subsunsores para se discutir as Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de

Engenharia Civil e encerra-se analisando o Projeto Pedagógico do Curso de

Engenharia Civil da Fundação de Ensino Superior de Passos (FESP/UEMG) lócus

desta pesquisa.

4.1 As Diretrizes Curriculares Nacionais Para o Ensino Médio

As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM)

(BRASIL, 1998) surgiram devido à necessidade de mudança no Ensino Médio, cujo

currículo era baseado em um ensino descontextualizado e com acúmulo de

informações, o que contribuía para dificuldades de aprendizagem dos alunos.

Com a publicação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

(LDBEN) em 1996 (BRASIL, 1996), começa a ser discutida a produção de

referenciais curriculares para as diversas etapas da educação básica, incluindo o

Ensino Médio, dando origem aos Parâmetros Curriculares Nacionais.

As DCNEM propõem a organização do currículo desta etapa de ensino em

três áreas de conhecimento, a saber: Linguagens, Códigos e suas Tecnologias;

Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias; e Ciências Humanas e suas

Tecnologias. Estas seriam fundamentadas no desenvolvimento de competências e

habilidades, que estariam inclusas em um ambiente interdisciplinar e

contextualizado. Cabe destacar que a Física está inserida na área de Ciências da

Natureza, Matemática e suas Tecnologias.

Segundo as DCNEM a aprendizagem das Ciências da Natureza deve

promover a construção e melhora do conhecimento de uma forma prática,

interdisciplinar e contextualizada, propondo uma aprendizagem com princípios

científicos do universo físico e natural atualizados, aproximando o aluno do mundo

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da investigação científica e tecnológica. Nesta investigação esses princípios serão

aplicados na solução e resolução de problemas de forma contextualizada, seja real

ou simulada. Estabelecem também, competências e habilidades que devem servir

como referenciais pedagógicos na solução de problemas que promovam a

aprendizagem.

As DCNEM propõem a interdisciplinaridade, na qual o aluno passa a ver e

entender que as disciplinas escolares estão no seu cotidiano e se inter-relacionam.

A aprendizagem nessa área de conhecimento segundo as DCNEM (BRASIL,

1998, p. 223-224) mostra como compreender e utilizar os conhecimentos científicos,

para melhor entender o funcionamento do mundo, podendo executar, avaliar e

planejar as ações que se observa na realidade. Esta área de conhecimento objetiva

a construção de competências e habilidades que permitam ao educando:

Compreender as ciências como construções humanas, entendendo como

elas se desenvolvem por acumulação, continuidade ou ruptura de

paradigmas, relacionando o desenvolvimento científico com a transformação

da sociedade.

Entender e aplicar métodos e procedimentos próprios das ciências naturais.

Identificar variáveis relevantes e selecionar os procedimentos necessários

para a produção, análise e interpretação de resultados de processos ou

experimentos científicos e tecnológicos.

Compreender o caráter aleatório e não determinístico dos fenômenos naturais

e sociais e utilizar instrumentos adequados para medidas, determinação de

amostras e cálculo de probabilidades.

Identificar, analisar e aplicar conhecimentos sobre valores de variáveis,

representados em gráficos, diagramas ou expressões algébricas, realizando

previsão de tendências, extrapolações e interpretações.

Analisar qualitativamente dados quantitativos representados gráfica ou

algebricamente relacionados a contextos socioeconômicos, científicos ou

cotidianos.

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Apropriar-se dos conhecimentos da física, da química e da biologia e aplicar

esses conhecimentos para explicar o funcionamento do mundo natural,

planejar, executar e avaliar ações de intervenção na realidade natural.

Identificar, representar e utilizar o conhecimento geométrico para o

aperfeiçoamento da leitura, da compreensão e da ação sobre a realidade.

Entender a relação entre o desenvolvimento das ciências naturais e o

desenvolvimento tecnológico e associar as diferentes tecnologias aos

problemas que se propuseram e propões solucionar.

Entender o impacto das tecnologias associadas às ciências naturais na sua

vida pessoal, nos processos de produção, no desenvolvimento do

conhecimento e na vida social.

Aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais na escola, no trabalho

e em outros contextos relevantes para sua vida.

Em decorrência de uma desarticulação entre o ensino proposto e o praticado

nas escolas, foram elaborados os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino

Médio (PCNEM) (BRASIL, 1999), que vieram em complementação as DCNEM,

fazendo referências às disciplinas que são vinculadas nas três áreas de

conhecimento, de modo a fornecer uma visão integradora entre as disciplinas e uma

visão interdisciplinar entre as áreas.

4.1.1 Proposta dos PCN Para o Ensino de Física

A proposta dos PCN destaca que:

Não se trata, portanto, de elaborar novas listas de tópicos de conteúdos, mas, sobretudo, de dar ao ensino de Física novas dimensões. Isso significa promover um conhecimento contextualizado e integrado à vida de cada jovem. Apresentar uma física que explique a queda dos corpos, o movimento da lua ou das estrelas do céu, o arco-íris e também o raio laser, as imagens da televisão e as outras formas de comunicação. Uma física que explique os gastos da “conta de luz” ou o consumo diário de combustível e também as questões referentes ao uso das diferentes fontes de energia em escala social, incluída a energia nuclear, com seus riscos e benefícios. Uma física que discuta a origem do universo e sua evolução. Que trate do refrigerador ou motores a combustão, das células fotoelétricas, das radiações presentes no dia-a-dia, mas também dos princípios gerais que permitem generalizar todas essas compreensões. Uma física cujo significado o aluno possa perceber no momento que aprende, e não em um momento posterior ao aprendizado. (BRASIL, 1999, p. 23).

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Para que esses objetivos sejam alcançados a Física deve ser encarada não

somente como um conjunto de conceitos, leis e fórmulas, mas como um meio de

compreensão prática do mundo, que contribua no desenvolvimento cognitivo do

aluno tanto no sentido prático como conceitual, levando em consideração seu

conhecimento prévio e a sua realidade, em que os objetos e fenômenos sejam algo

com que lidam, devendo-se criar problemas e questões que movam a curiosidade,

aprimorando o desenvolvimento cognitivo dos alunos.

Neste sentido, mesmo após o ensino médio, esses alunos em outras

instâncias profissionais ou no dia a dia irão se deparar com situações em que

poderão utilizar seus conhecimentos físicos adquiridos.

A Física é uma disciplina que favorece a construção de abstrações e

generalizações, e que possui uma maneira própria de lidar e entender o mundo.

Essa maneira não se expressa somente pela forma como se representa, como se

escreve e descreve a realidade, mas principalmente pela identificação da

regularidade na investigação de fenômenos, na conceituação de grandezas e suas

quantificações. As habilidades relacionadas à investigação estão intimamente

associadas aos conteúdos de Física, estimulando a observação e procurando

descobrir situações-problemas a serem enfrentados e resolvidos, classificando,

organizando e sistematizando os fenômenos e fatos, segundo aspectos físicos e

funcionais. Como exemplos pode-se citar a identificação de movimentos presentes

no cotidiano, segundo suas características, as diferenças dos materiais de acordo

com as propriedades elétricas, mecânicas, térmicas, magnéticas ou ópticas,

observação e identificação dos diferentes tipos de imagem e classificação segundo a

sua função.

As atividades que envolvem investigação, devido a seu sentido amplo e a

sua capacidade de estimular a necessidade de se aprofundar descobertas e

aprendizagens, desenvolvem habilidades para criar hipóteses, testes, pelas quais se

relacionam grandezas e medidas, quantificáveis com a utilização de réguas,

balanças, multímetros ou instrumentos próprios, aprendendo a identificar os

parâmetros que são relevantes e reuni-los para elaborar uma conclusão, que será

efetiva dependendo da compreensão das leis físicas e seus princípios, ou seja, do

conhecimento prático e conceitual adquirido.

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A compreensão dos conhecimentos físicos deve ser desenvolvida por

passos, onde os elementos devem ser práticos, próximos da realidade dos alunos.

Os assuntos devem ser tratados cuidadosamente, de forma que deixem de ser

abstratos e passem a ser concretos, utilizando-se de situações reais. A utilização de

modelos torna-se essencial para se explicar alguns fatos na Física e devem ser

construídos de acordo com as necessidades de contorno que envolve o fenômeno

físico estudado. Como exemplo, cita-se o conceito de campo magnético ou os

processos de sua formação, que podem ser explicados e melhor compreendidos

através da utilização de modelos computacionais.

As habilidades desenvolvidas tendo como referência o mundo vivencial do

aluno possibilitam uma relação com outros conhecimentos e sua inter-relação, uma

vez que o mundo é interdisciplinar, podendo articular o conhecimento físico com

outras áreas do saber científico. A abordagem e o tema são aspectos dependentes,

onde é necessário observar, em cada caso, quais temas promovem um melhor

desenvolvimento das competências desejadas.

A Física é uma disciplina que desenvolveu, no seu processo de construção,

uma linguagem própria para suas representações, sendo composta de códigos

específicos. O entendimento e utilização dessa linguagem necessitam de

competências, que se referem à representação e comunicação, que serão

acompanhadas da expressão do saber conceitual. A utilização dessa competência

segundo os PCNEM (BRASIL, 1999, p. 29) propicia ao aluno:

Entender enunciados que envolvam códigos e símbolos físicos, como os valores

nominais de tensão ou potência dos aparelhos elétricos, os elementos indicados

em receitas de óculos, dentre outras coisas.

Compreender manuais de instalação e utilização de aparelhos e dispositivos

elétricos residenciais, identificando seus diferentes usos e o significado das

informações fornecidas pelos fabricantes sobre suas características.

Utilizar e compreender gráficos, relações matemáticas gráficas como expressão

do saber conceitual de física.

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Expressar-se corretamente utilizando de forma adequada a linguagem física em

situações dadas, como saber distinguir massa de peso, calor de temperatura,

dentre outras coisas.

Saber utilizar elementos de representação simbólica, como exemplo, os vetores

e circuitos elétricos.

Saber descrever de forma clara e objetiva os conhecimentos físicos aprendidos,

como por exemplo, relatos dos resultados de uma experiência de laboratório

conversam com um profissional eletricista, sabendo assim descrever no contexto

do relato os conhecimentos físicos aprendidos de forma adequada.

Conhecer fontes e formas para obter informações relevantes, como vídeos,

programas de televisão, sites da internet ou notícias de jornal. Permitindo

acompanhar o ritmo das transformações do mundo em que vivemos, sendo um

leitor crítico que sabe interpretar as notícias científicas.

Desenvolver a capacidade de elaborar sínteses, através de esquemas

relacionados a diferentes conceitos, processos ou propriedades, através da

própria linguagem física trabalhada.

A construção da percepção das dimensões históricas e sociais na Física é

conseguida através da utilização da competência que, segundo os PCNEM

(BRASIL, 1999, p. 29), referindo-se à contextualização sociocultural, permite ao

aluno:

Reconhecer a Física como criação humana, que explica a influência dos

aspectos da história e sua relação no contexto cultural, social, político e

econômico. O surgimento das teorias físicas e sua relação e influência com o

contexto social que ocorreram.

Reconhecer-se como cidadão participante, tomando conhecimento das coisas ao

seu redor, e ter consciência de eventuais problemas e soluções, relacionando

com os conhecimentos aprendidos.

Entenda e faça relações de custo/benefício de coisas criadas pelo homem, como

a fabricação de bombas atômicas com participação dos físicos; as implicações de

um acidente que tenha envolvido a presença de radiações ionizantes; opção por

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outras formas de energia. Sendo capaz de emitir juízos de valor em relações

sociais que envolvam aspectos relevantes a aspectos físicos e/ou tecnológicos.

Perceber e estabelecer relações entre o conhecimento da física e de diversas

formas de expressão da cultura humana, como obras literárias, peças de teatro

ou obras de arte.

Reconhecer a importância da física no processo produtivo, entendendo como

ocorreu a evolução das tecnologias e a relação com o desenvolvimento do

conhecimento científico.

Entender o aumento da capacidade do homem devido à evolução da tecnologia.

O conjunto dos aspectos citados pelos PCNEM procura de diferentes formas

a melhoria do ensino médio, onde além da reformulação da abordagem dos

conteúdos ou tópicos de ensino, visa promover mudanças de ênfase, favorecendo a

vida individual, social e profissional presente e futura do aluno que integra a escola.

4.1.2 Laboratório de Física: Os PCN e o Laboratório de Física

No que diz respeito ao uso do laboratório de Física no processo de ensino e

aprendizagem da disciplina de Física, os PCN sugerem atividades experimentais

que permitam desenvolver no aluno competências e habilidades que promovam o

interesse de investigar, tirar conclusões, formular hipóteses, propiciando um maior

desenvolvimento cognitivo, trazendo assim o aluno para a realidade tecnológica da

sociedade atual. Quando da realização dos experimentos este deverá ser

estimulado a criar situações-problema a partir de suas concepções prévias, do seu

mundo vivencial, evitando assim que pense que a aquisição do conhecimento

científico é uma verdade estabelecida e inquestionável.

Segundo este documento, o professor deve atuar como um agente que

interage com o aluno, potencializando o desenvolvimento dessas habilidades e

competências, propondo situações reais e próximas da realidade deles. Ainda

segundo os PCN:

[...] especialmente nas ciências, aprendizado ativo é, às vezes, equivocadamente confundido com algum tipo de experimentalismo puro e simples, que não é praticável nem sequer recomendável, pois a atividade deve envolver muitas outras dimensões, além da observação e das

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medidas, como o diálogo ou a participação em discussões coletivas e a leitura autônoma. Não basta, no entanto, que tais atividades sejam recomendadas. É preciso que elas se revelem necessárias e sejam propiciadas e viabilizadas como partes integrantes do projeto pedagógico. Isso depende da escola, não só do professor. (BRASIL, 1999, p. 49).

Sobre o papel da experimentação no ensino de ciências, os PCN

recomendam:

[...] para o aprendizado científico, matemático e tecnológico, a experimentação, seja ela de demonstração, seja de observação e manipulação de situações e equipamentos do cotidiano do aluno e até mesmo a laboratorial, propriamente dita, é distinta daquela conduzida para a descoberta científica e é particularmente importante quando permite aos estudantes diferentes e concomitantes formas de percepção qualitativa e quantitativa, de manuseio, observação, confronto, dúvida e de construção conceitual. A experimentação permite ainda ao aluno a tomada de dados significativos, com as quais possa verificar ou propor hipóteses explicativas e, preferencialmente, fazer previsões sobre outras experiências não realizadas. (BRASIL, 1999, p. 52-53).

O laboratório de Física deverá servir como um recurso pedagógico a ser

utilizado pelo professor para melhorar a aprendizagem do aluno. Por trabalhar com

uma metodologia diferente, utilizando materiais concretos, seu papel como facilitador

da aprendizagem pode ajudar no entendimento de conceitos mais abstratos, como

no caso do Eletromagnetismo abordado nesta investigação e que compõe a área da

Física.

Segundo os PCN+ (BRASIL, 2006), criado com o intuito de complementar os

PCNEM (BRASIL, 1998) o laboratório de Física deve evitar experiências que se

reduzem à execução de listas de procedimentos pré-fixados. Propõe-se trabalhar

com materiais de baixo custo, tais como pedaços de fios, garrafas usadas, pequenas

lâmpadas e pilhas, ímãs, dentre outras coisas, como também instrumentos de

medidas mais sofisticados, tais como multímetros, osciloscópio, sendo a principal

preocupação a realização das competências com as atividades desenvolvidas.

Já, as Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Engenharia (DCNE)

(BRASIL, 2002), apontam para uma necessidade de se articular Ciência e

Tecnologia, interpretando conceitos de nossa realidade:

O desafio que se apresenta o ensino de engenharia no Brasil é um cenário mundial que demanda uso intensivo da ciência e tecnologia e exige profissionais altamente qualificados. O próprio conceito de qualificação profissional vem se alterando, com a presença cada vez maior de componentes associadas às capacidades de coordenar informações, interagir com pessoas, interpretar de maneira dinâmica a realidade.

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(BRASIL, 2002, p. 1).

Quase sempre esta articulação se faz com experimentações como aquelas

propostas nos PCN e PCN+, debates, situações modeladas no computador, leitura

de revistas especializadas da área, entre outros recursos didático-pedagógicos.

Ainda, segundo essas diretrizes, o perfil dos egressos de um curso de

Engenharia compreende uma sólida formação técnica científica e profissional geral

que o capacite a absorver e desenvolver novas tecnologias, estimulando a sua

atuação crítica e criativa na identificação e resolução de problemas, considerando

seus aspectos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais, com visão ética

e humanística, em atendimento às demandas da nossa sociedade.

Essa formação desejada nas DCNE vai ao encontro do que propõe os PCN

para o Ensino de Física, uma vez que o perfil do egresso do curso de Engenharia

necessita de uma formação com habilidades e competências que passam por:

I - aplicar conhecimentos matemáticos, científicos, tecnológicos e instrumentais à

engenharia;

II - projetar e conduzir experimentos e interpretar resultados;

III - conceber, projetar e analisar sistemas, produtos e processos;

IV - identificar, formular e resolver problemas de engenharia;

V - desenvolver e/ou utilizar novas ferramentas e técnicas;

VI - comunicar-se eficientemente nas formas escrita, oral e gráfica;

VII - atuar em equipes multidisciplinares;

Diante dessas competências e habilidades propostas pela DCNE faz-se

necessário conhecer o Projeto Pedagógico do Curso de Engenharia Civil.

4.2 O Projeto Pedagógico do Curso de Engenharia Civil

O Projeto Pedagógico do Curso (PPC) de graduação, expressa os principais

parâmetros para a ação educativa, fundamentando, juntamente com o Projeto

Pedagógico Institucional (PPI), a gestão acadêmica, pedagógica e administrativa de

cada curso, estando em permanente construção, sendo elaborado, reelaborado,

implementado e avaliado.

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O PPC de graduação deve estar sintonizado com a nova visão de mundo,

garantindo a formação global e crítica para os egressos, como forma de capacitá-los

para o exercício de uma cidadania social e ambientalmente responsável. Para isto,

os egressos devem ser sujeitos de transformação da realidade, com respostas para

os grandes problemas contemporâneos, elementos que caracterizam e que

demandam um novo paradigma de sociedade e de educação.

O PPC deve ser construído em sintonia e/ou articulação com o Projeto de

Desenvolvimento Institucional (PDI) e o PPI, com as Diretrizes Curriculares

Nacionais (DCN) e em especial, um PPC voltado para construção do conhecimento

deve ser veiculado aos processos de pesquisa e extensão.

4.2.1 PPC da Engenharia Civil da Fundação de Ensino Superior de Passos (FESP/UEMG)

Em nossa pesquisa o público alvo foi formado por alunos matriculados no 3º

período do curso de bacharelado em Engenharia Civil da Fundação de Ensino

Superior de Passos (FESP/UEMG) e por esse motivo faz-se necessário a

abordagem do PPC do curso neste capítulo.

O PPC é um documento de orientação acadêmica onde consta, dentre

outros elementos: conhecimentos e saberes considerados necessários à formação

das competências estabelecidas a partir do perfil do egresso; estrutura e conteúdo

curricular; ementário, bibliografias básica e complementar; estratégias de ensino;

docentes; recursos materiais, serviços administrativos, serviços de laboratórios e

infraestrutura de apoio ao pleno funcionamento do curso.

O PPC do curso de bacharelado em Engenharia Civil (FESP/UEMG, 2013),

contempla os itens elencados acima.

Segundo o PPC da Engenharia Civil da FESP/UEMG (2013), os objetivos do

curso são:

a) Objetivos gerais

• Formar profissionais aptos a desenvolver, de forma plena e inovadora,

atividades na área de Engenharia, fornecendo aos futuros profissionais a

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formação específica para a utilização correta das técnicas necessárias às

suas funções;

• Capacitar para o mercado de trabalho este profissional dotando-o de

habilidades técnicas e conhecimentos específicos, aliados à moderna visão

do mercado contemporâneo desenvolvendo e aperfeiçoando um perfil

empreendedor, criativo e dinâmico;

• Desenvolver competência profissional para a formação na área de

Engenharia, compreendendo ao seu final a Graduação, com a titulação de

Bacharel em Engenharia Civil.

b) objetivos específicos:

• Formar um profissional global e pluralista com formação

multidisciplinar;

• Preparar profissionais capacitados a exercer todas as funções

clássicas da Engenharia Civil como prevenir, planejar, calcular, projetar,

organizar, comandar, gerenciar e controlar;

• Formar profissionais criativos, inovadores, líderes, empreendedores e

que tenham visão de futuro;

• Preparar profissionais capazes de contribuir para o desenvolvimento de

novos modelos empregáveis à profissão;

• Formar profissionais com sólida formação humanística e consciente do

seu papel social.

Busca-se, portanto, formar profissionais para atuar no mercado de trabalho e

na sociedade tendo por base uma formação que supere a tradição pedagógica

tecnicista caracterizada pela separação do saber / fazer e da teoria / prática.

Para que o egresso do curso de Engenharia Civil da FESP/UEMG possa ser

capaz de prevenir, planejar, calcular, projetar, organizar, comandar e gerenciar suas

práticas, a disciplina de Física III propõe uma articulação entre o laboratório de

Física utilizado na modalidade investigativa e as simulações computacionais, com

objetivos definidos na introdução dessa pesquisa, tendo como aporte a teoria de

aprendizagem significativa de Ausubel, respeitando ainda a ementa da disciplina

observada no anexo “A”.

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4.2.2 Habilidades e Competências presentes no PPC do curso de Engenharia Civil da FESP/UEMG

Segundo o artigo 4º da Resolução da Câmara de Educação Superior (CES)

do Conselho Nacional de Educação (CNE) Nº 11, de 11 de março de 2002 as

competências e habilidades esperadas ao aluno egresso do curso de Engenharia

Civil são:

• Aplicar conhecimentos matemáticos, científicos, tecnológicos e instrumentais

à Engenharia;

• Projetar e conduzir experimentos e interpretar resultados;

• Conceber, projetar e analisar sistemas, produtos e processos;

• Identificar, formular e resolver problemas de Engenharia;

• Desenvolver e/ou utilizar novas ferramentas e técnicas;

• Comunicar-se eficientemente nas formas escrita, oral e gráfica;

• Atuar em equipes multidisciplinares;

A fim de desenvolver as competências elencadas acima, planejou-se utilizar

o laboratório de Física em uma vertente investigativa, visto que esta tem como

principal objetivo possibilitar ao aluno trabalhar com sistemas físicos reais,

oportunizando a resolução de problemas com questões desafiadoras. Além disso,

articulou-se as atividades experimentais investigativas com as simulações

computacionais, pois elas tornam o ensino dos conceitos de Física mais

interessante, autêntico e relevante, oportunizando implementar situações de

comunicação e colaboração. Assim, a articulação destes recursos instrucionais

revela um viés metodológico adequado aos objetivos da tese, tendo em vista que

ambos são estimulados a produzir, conduzir e interpretar resultados de

experimentos, utilizar novas ferramentas para a obtenção do conhecimento, atuar

em grupo de pesquisa, bem como comunicar-se de maneira eficiente nas formas

oral (na entrevista semiestruturada) e escrita (levantamentos 1 e 2).

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CAPÍTULO 5 - ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA

Neste capítulo apresenta-se a fundamentação metodológica adotada nesta

pesquisa. No primeiro estudo, adota-se uma metodologia de Análise Proposicional

Quantitativa (CRESWELL, 2007), que é apresentada na primeira seção. Ampara-se

nos conceitos advindos da Pesquisa-ação (BARBIER, 2004; GIL, 2007),

apresentada na segunda seção, e também na Análise de Conteúdo (BADIN, 2000) e

finalizou-se descrevendo as vantagens e limitações da entrevista semiestruturada

(REAL; PARKER, 2000).

5.1 Quanto à Abordagem

A pesquisa científica é o resultado de um exame minucioso, realizado com o

objetivo de resolver um problema, recorrendo a procedimentos científicos. Ela

possibilita uma aproximação e um entendimento da realidade a investigar decorrente

de um processo permanentemente inacabado. Processa-se por meio de

aproximações sucessivas da realidade, fornecendo-nos subsídios para uma

intervenção no real.

A discussão sobre instrumentos de pesquisa no Ensino e seu papel nas

investigações científicas é crucial para garantir os objetivos traçados em uma

pesquisa.

O objetivo deste capítulo é descrever os principais elementos que embasam

o percurso metodológico utilizado nesta pesquisa, destacando, entre outros

aspectos, o instrumento de investigação qualitativa e, sobretudo, quantitativa,

desenvolvido para ser empregado nas entrevistas e nos levantamentos de pré e

pós-teste realizados, compostas de um conjunto de técnicas para a segmentação do

texto associado a análises de correspondências estatísticas, denominado Análise

Proposicional Quantitativa (APQ) (CRESWELL, 2007).

A APQ, segundo Creswell (2007), visa suprir a inexistência de um método

para análise quantitativa de variáveis de tipo qualitativo que surgem das falas em

entrevistas com questões abertas, nas quais as respostas não estão estruturadas ou

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predefinidas. Esse fato pode dificultar ou impossibilitar análises por intermédio das

técnicas usuais. A utilização da APQ permite descobertas inesperadas de temas ou

assuntos que não foram necessariamente planejados, de início, em questionários ou

entrevistas.

Muitos caminhos diferentes podem ser adotados e cada um deles oferecerá

vantagens e restrições. Uma infinidade de possibilidades de procedimentos

metodológicos pode ser imaginada e empregada para a investigação de questões de

pesquisa na área de Ensino (CERVO; BERVIAN, 2006; RICHARDSON, 2008).

Creswell (2007, p. 117) apresenta a possibilidade de se escolherem métodos de

caráter quantitativos, qualitativos ou ainda mistos, e destaca que os métodos

“qualitativos diferem dos quantitativos em relação à ênfase e forma, mas que não se

pode afirmar que sejam opostos.”

Este mesmo autor (CRESWELL, 2007, p. 118) afirma ainda que o propósito

da pesquisa qualitativa é “promover a interação com o problema de pesquisa sem

ter a estatística como foco principal.” Nesse caso, o ambiente natural é a fonte direta

de dados e o pesquisador o seu instrumento fundamental. Os estudos qualitativos

apresentam certas características: os dados são coletados no contexto onde

acontecem os fenômenos, a análise de dados ocorre durante o processo de

levantamento, os estudos são apresentados em descrição, com foco na

compreensão e na interpretação dos fatos, e exige ainda uma interação entre

pesquisador e pesquisado (CRESWELL, 2007; DENZIN; LINCOLN, 2007).

Ainda, segundo Creswell (2007, p. 119), a pesquisa quantitativa permite “a

quantificação de dados e o seu tratamento por meio de técnicas estatísticas simples

ou complexas.” O objetivo é conferir exatidão aos resultados, redução de possíveis

distorções ocorridas a partir da análise e interpretação dos dados e consequente

ampliação da margem de segurança quanto às inferências (CRESWELL, 2007).

O uso de métodos múltiplos de investigação que combinam os dois tipos de

pesquisa – qualitativa e quantitativa – cria o chamado método misto de pesquisa

científica.

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O método misto surge a partir da necessidade de se esclarecerem questões

e promover a compreensão de análises complexas a partir da reunião de dados

qualitativos e quantitativos em uma única pesquisa.

É nesse sentido que a Análise Proposicional Quantitativa (APQ) apresenta-

se como um instrumento que combina componentes da pesquisa qualitativa e da

quantitativa. Assim, de um lado, promove o entendimento de fatos sobre um

assunto, possibilita a interpretação de fenômenos e a atribuição de resultados

(aspecto qualitativo) e, de outro lado, permite a quantificação dos dados e o seu

tratamento por meio de técnicas estatísticas (aspecto quantitativo) (CRESWELL,

2007; DENZIN; LINCOLN, 2007; OLIVEIRA, 2002). O quadro 3 descreve os passos

adotados para a realização da coleta e descrição dos dados de nossa pesquisa,

considerando as categorias temáticas da APQ.

Quadro 3 – Síntese da APQ. Fonte: CRESWELL, 2007, p. 263 (adaptado)

Graças à consolidação de expressões recorrentes nos materiais explorados

em categorias temáticas, a APQ, segundo Creswell (2007, p. 125) “[...] reduz

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possíveis distorções comumente introduzidas na análise e interpretação de dados,

ampliando a margem de segurança relacionada às inferências em uma pesquisa.”

5.2 A Pesquisa-Ação

A pesquisa-ação é um tipo de pesquisa participante engajada, em oposição

à pesquisa tradicional, que é considerada como independente e objetiva. Como o

próprio nome já diz, a pesquisa-ação procura unir a pesquisa à ação ou prática,

desenvolvendo o conhecimento e a compreensão como parte dessa prática. É,

portanto, uma maneira de se fazer pesquisa em situações em que também se é uma

pessoa da prática e se deseja melhorar a compreensão desta. Barbier (2004) afirma

que a:

[...] pesquisa-ação é uma forma de investigação baseada em uma autorreflexão coletiva empreendida pelos participantes de um grupo social de maneira a melhorar a racionalidade e a justiça de suas próprias práticas sociais e educacionais, como também o seu entendimento dessas práticas e de situações onde essas práticas acontecem. A abordagem é de uma pesquisa-ação apenas quando ela é colaborativa... (BARBIER, 2004, p. 25).

Por sua vez Gil (2007) afirma que:

[...] a pesquisa-ação pressupõe uma participação planejada do pesquisador na situação problemática a ser investigada. O processo de pesquisa recorre a uma metodologia sistemática, no sentido de transformar as realidades observadas, a partir da sua compreensão, conhecimento e compromisso para a ação dos elementos envolvidos na pesquisa (GIL, 2007, p. 143-144).

Ainda, segundo o autor:

[...] o objeto da pesquisa-ação é uma situação social situada em conjunto e não um conjunto de variáveis isoladas que se poderiam analisar independentemente do resto. Os dados recolhidos no decurso do trabalho não têm valor significativo em si, interessando enquanto elementos de um processo de mudança social. O investigador abandona o papel de observador em proveito de uma atitude participativa e de uma relação sujeito a sujeito com os outros parceiros. O pesquisador quando participa na ação traz consigo uma série de conhecimentos que serão o substrato para a realização da sua análise reflexiva sobre a realidade e os elementos que a integram. A reflexão sobre a prática implica em modificações no conhecimento do pesquisador (GIL, 2007, p. 144).

Uma das características deste tipo de pesquisa é que através dela se

procura intervir na prática de modo inovador já no decorrer do próprio processo de

pesquisa e não apenas como possível consequência de uma recomendação na

etapa final do projeto, conforme se buscou ao longo de nossas intervenções. Este

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tipo de pesquisa possibilita avaliar empiricamente o resultado de crenças e práticas

em sala de aula tornando-se atrativa pelo fato de poder levar a um resultado

específico imediato, no contexto do ensino-aprendizagem. Segundo Barbier (2004):

[...] a pesquisa-ação reconhece que o problema nasce, num contexto preciso, de um grupo em crise. O pesquisador não o provoca, mas constata-o, e seu papel consiste em ajudar a coletividade a determinar todos os detalhes mais cruciais ligados ao problema, por uma tomada de consciência dos atores do problema numa ação coletiva. (BARBIER, 2004, p. 54).

Neste contexto, a pesquisa-ação é o instrumento ideal para uma pesquisa

relacionada à prática, que no nosso caso é a docência.

Além da área educacional, a pesquisa-ação pode ser aplicada em qualquer

ambiente de interação social que se caracterize por um problema, no qual estão

envolvidos pessoas, tarefas e procedimentos.

5.2.1 Características Essenciais da Pesquisa-Ação

A pesquisa-ação tem as seguintes características:

O processo de pesquisa deve tornar-se um processo de aprendizagem para

todos os participantes e a separação entre sujeito e objeto de pesquisa deve

ser superada.

Como critério de validade dos resultados da pesquisa-ação sugere-se a

utilidade dos dados para os alunos: as estratégias e produtos serão úteis para

os envolvidos se forem capazes de apreender sua situação e de modificá-la.

O pesquisador parece-se, neste contexto, a um praticante social que intervém

numa situação com o fim de verificar se um novo procedimento é eficaz ou

não.

No ensino, a pesquisa-ação tem por objeto de pesquisar as ações humanas

em situações que são percebidas pelo professor como sendo inaceitáveis sob

certos aspectos, que são suscetíveis de mudança e que, portanto, exigem

uma resposta prática.

A pesquisa-ação é situacional: procura diagnosticar um problema específico

numa situação também específica, atingindo uma relevância prática dos

resultados.

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A pesquisa-ação é autoavaliativa, isto é, as modificações introduzidas na

prática são constantemente avaliadas no decorrer do processo de intervenção

e o feedback obtido do monitoramento da prática é traduzido em

modificações, mudanças de direção e redefinições, conforme necessário,

trazendo benefícios para o próprio processo.

A pesquisa-ação é cíclica: as fases finais são usadas para aprimorar os

resultados das fases anteriores.

O caráter cíclico da pesquisa-ação é evidenciado pela figura 5,

adaptado de BARBIER (2004).

Figura 5 - Caráter cíclico da pesquisa-ação.

Fonte: Barbier, 2004, p. 36. (adaptado)

5.2.2 As Fases da Pesquisa-ação

Cada uma das fases da figura 5 são detalhadas e exemplificadas a seguir,

com exemplos retirados desta pesquisa.

5.2.3 Definição de Um Problema

Por problema entende-se a consciência, por parte do pesquisador, de que

algo que o intriga, que pode ser melhorado na área de ensino, ou o reconhecimento

da necessidade de inovação em algum aspecto do programa de ensino. Esta

consciência pode ser resultado de um período anterior de observação e reflexão.

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Como exemplo, pode-se citar o baixo rendimento dos alunos do curso de

Engenharia Civil da FESP/UEMG na disciplina de Física III constatados ao longo dos

últimos anos.

Após a identificação de um conjunto de situações-problema que podem ser

objeto de pesquisa, cada uma delas deve ser submetida a uma análise prévia para

verificação de seu grau de relevância prática ou viabilidade. Quando se inicia a

pesquisa, é preferível escolher objetivos ou hipóteses que sejam limitados em seu

âmbito.

5.2.4 Pesquisa Preliminar

A pesquisa preliminar subdivide-se em três etapas: revisão bibliográfica,

observação em sala de aula e levantamento das necessidades. A revisão

bibliográfica da literatura relacionada à situação-problema é feita com a finalidade de

verificar o que pode ser aprendido de pesquisas semelhantes realizadas

anteriormente, por exemplo, de seus objetivos, procedimentos ou problemas

encontrados. A observação em sala de aula é feita com a finalidade preliminar de

entender o que realmente está ocorrendo com relação à situação-problema. O

professor procura observar as ocorrências antes de sua intervenção, fazendo

registros de concepções alternativas sobre determinado conteúdo a ser estudado

pela turma pesquisada. A seguir, analisa estes dados interpretando-os. Como

próxima tarefa, poderá ser feito um levantamento das necessidades da turma de

alunos. Nessa pesquisa a situação-problema está relacionada com as dificuldades

de aprendizagem por parte dos alunos na disciplina de Física III, o que motiva a

verificar se a articulação entre o laboratório de Física investigativo e as simulações

computacionais assegura uma aprendizagem significativa de conceitos de

eletromagnetismo e, para esse fim, utilizou-se um levantamento inicial das

concepções que os alunos possuíam sobre eletromagnetismo e após as

intervenções realizou-se um novo levantamento e uma entrevista semiestruturada

para perceber as mudanças ocorridas.

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5.2.5 Hipótese da Tese

Com base nas informações coletadas na pesquisa preliminar, passa-se,

então, à formulação de uma ou mais hipóteses, a serem testadas. A hipótese dessa

pesquisa está relacionada com as possíveis contribuições formativas decorrente da

articulação entre experimentos reais, propostos em uma concepção investigativa,

com simulações computacionais, possibilitando uma aprendizagem significativa de

conceitos de Eletromagnetismo.

5.2.6 Desenvolvimento de Um Plano de Ação

Para reverter a situação-problema e com base na hipótese levantada, o

professor decide, então, modificar seu modo de abordagem do conteúdo da

disciplina. Durante nossas intervenções optou-se por articular o laboratório de Física

investigativo com simulações computacionais utilizando questões e sequências de

atividades didáticas.

5.2.7 Implementação do Plano de Ação

A seguir, o plano esboçado no item anterior é posto em prática.

Para a coleta de dados e avaliação dos efeitos da implementação do plano

a fim de ter subsídios para a medição do nível de participação dos alunos nas

atividades de sala de aula, o professor pode recorrer à gravação de suas aulas

durante alguns dias e, a seguir, estabelecer um confronto entre o nível de

participação dos alunos antes da implementação do plano e depois dele.

Nessa pesquisa realizou-se um pré-teste para verificar o conhecimento

prévio dos alunos acerca do Eletromagnetismo.

5.2.8 Avaliação do plano de intervenção

De posse dos dados levantados na fase anterior, resta ao professor analisá-

los e interpretá-los, para deles tirar suas conclusões, verificando se o plano surtiu

efeito e em que medida e o que eventualmente precisa ser aperfeiçoado em um

novo ciclo de pesquisa.

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Após as intervenções realizou-se um pós-teste e uma entrevista

semiestruturada, ambos individuais, para verificar o ganho conceitual sobre

Eletromagnetismo e o grau de receptividade da metodologia de ensino aplicada.

5.2.9 Comunicação dos Resultados

Caso o plano de intervenção tenha levado a resultados predominantes

positivos, o professor pode, a seguir, tornar pública a sua experiência. Em caso

contrário, pode aperfeiçoar sua pesquisa, iniciando um novo ciclo de pesquisa-ação.

Esse instrumento valioso, ao qual o professor pode recorrer com o intuito de

melhorar os processos de ensino e de aprendizagem, principalmente no ambiente

em que atua. O benefício da pesquisa-ação está no fornecimento de subsídios para

o ensino, apresentando ao professor subsídios razoáveis para a tomada de

decisões, embora, muitas vezes, de caráter provisório.

5.3 Métodos de Coletas e Análise de Dados

5.3.1 Análise de Conteúdo

De acordo com Bardin (2000, p. 18), a célebre definição de análise de

conteúdo surge no “final dos anos 1940, com Berelson, auxiliado por Lazarsfeld

afirmando que a análise de conteúdo é uma técnica de investigação que tem por

finalidade a descrição objetiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto da

comunicação.” Posteriormente, houve outras tentativas de aprimoramento,

aprofundando o significado, regras e princípios do método. Após esse

aprimoramento, a análise de conteúdo passou a ser definida como um conjunto de

técnicas de análise de comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e

objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou

não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de

produção/recepção (variáveis inferidas) dessas mensagens.

Para Bardin (2000, p. 38), esse método de investigação é compreendido não

apenas como:

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[...] um conjunto de técnicas de análise das comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, mas principalmente com a intenção de inferência de conhecimentos relativos às condições de produção e de recepção das mensagens, inferência esta que recorre a indicadores (quantitativos ou qualitativos).

Como passos metodológicos, a autora descreve três etapas básicas:

1. A pré-análise: a organização de todos os materiais que serão utilizados para a

coleta dos dados, assim como outros materiais que podem ajudar a entender melhor

o fenômeno e fixar o que a autora define como corpus da investigação, que seria a

especificação do campo que o pesquisador deve centrar a atenção.

2. A descrição analítica: nesta etapa o material reunido que constitui o corpus da

pesquisa é mais bem aprofundado, sendo orientado em princípio pelas hipóteses e

pelo referencial teórico, surgindo desta análise quadros de referências, buscando

sínteses coincidentes e divergentes de ideias.

3. Interpretação referencial: é a fase de análise propriamente dita. Nessa fase, os

dados brutos são submetidos a operações estatísticas, a fim de se tornarem

significativos e válidos e de evidenciarem as informações obtidas. De posse dessas

informações, o investigador propõe suas inferências e realiza suas interpretações de

acordo com o quadro teórico e os objetivos propostos, ou identifica novas dimensões

teóricas sugeridas pela leitura do pré e pós-teste. Os resultados obtidos, aliados ao

confronto sistemático com as respostas dos alunos e às inferências alcançadas,

podem servir a outras análises baseadas em novas dimensões teóricas ou em

técnicas diferentes.

Ainda, segundo a autora, deve ocorrer interação entre as respostas

coletadas durante a intervenção, não podendo o pesquisador restringir sua análise

ao conteúdo manifesto dos documentos. Deve-se ainda, tentar aprofundar a análise

e desvendar o conteúdo latente, revelando ideologias e tendências das

características dos fenômenos sociais que se analisam.

O pesquisador, tendo à sua disposição resultados significativos, pode então

propor inferências e adiantar interpretações a propósito dos objetivos previstos, ou

que digam respeito a novas descobertas.

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5.3.2 Entrevista

A entrevista é uma técnica de coleta de dados bastante adequada para a

obtenção de informação sobre a opinião das pessoas (conhecimentos, vivências,

expectativas, explicações sobre determinado conceito ou opinião sobre

acontecimentos anteriores). Esta técnica permite ao entrevistador recolher

informações, esclarecer o conteúdo das questões, assim como adaptar-se às

pessoas e às circunstâncias em que se desenrola a entrevista. Possibilita presenciar

a expressão corporal, o tom da voz, e a ênfase atribuída às respostas pelo

entrevistado.

Enquanto técnica de coleta de dados, a entrevista é bastante adequada para

a obtenção de informações acerca do que as pessoas sabem, creem, esperam,

sentem ou desejam, pretendem fazer, fazem ou fizeram, bem como acerca das suas

explicações ou razões a respeito de conceitos prévios.

5.3.3 A Opção Pela Entrevista Semiestruturada

A entrevista semiestruturada aproxima-se mais de um diálogo, focada em

determinados assuntos, do que uma entrevista formal. Baseia-se no roteiro de

questões adaptável e não rígido ou pré-determinado.

Atualmente, na área da pesquisa qualitativa, as entrevistas semiestruturadas

têm atraído interesse dos pesquisadores e de quem trabalha com pesquisas

qualitativas, sendo amplamente utilizadas. Tal interesse está vinculado à expectativa

de que é mais provável que o ponto de vista dos sujeitos entrevistados seja

expresso em uma situação de entrevista com um planejamento relativamente aberto

do que em um questionário. A escolha da entrevista semiestruturada, nesta

pesquisa, para formalizar o final de uma coleta de dados deve-se a, de acordo com

Real e Parker (2000), ser este um dos principais recursos que o investigador pode

se utilizar como técnica de coleta de informação:

Podemos entender por entrevista semiestruturada, em geral, aquela que parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que interessam à pesquisa, e que, em seguida, oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se recebem as respostas do informante. Desta maneira, o informante, seguindo espontaneamente a linha de seu pensamento e de suas

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experiências dentro do foco principal colocado pelo investigador, começa a participar da elaboração do conteúdo da pesquisa. (REAL e PARKER, 2000, p. 38).

A entrevista semiestruturada é caracterizada pela “formulação da maioria

das perguntas previstas com antecedência e sua localização é provisoriamente

determinada” (REAL; PARKER, 2000, p. 39). Na entrevista semiestruturada, o

entrevistador tem uma participação ativa, apesar de seguir um roteiro, ele pode fazer

perguntas adicionais para esclarecer questões para melhor compreender o contexto.

Este tipo de entrevista baseia-se apenas em uma ou poucas questões/guias,

quase sempre dissertativas, onde nem todas as perguntas elaboradas são

utilizadas. Durante a realização da entrevista pode-se introduzir outras questões que

surgem de acordo com o que acontece no processo em relação às informações que

se deseja obter. Os pontos eventualmente considerados fortes da entrevista

semiestruturada são:

Otimização do tempo disponível;

Tratamento mais sistemático dos dados;

Seleção de temas para aprofundamento;

Introdução de novas questões;

Possibilidade de análise qualitativa dos dados.

5.3.4.1 Entrevistas Via Skype

O serviço oferecido pelo software Skype6 permite que os usuários se

comuniquem com os seus pares por voz usando um microfone, imagem em vídeo

usando um webcam e mensagens de texto instantâneas utilizando conexão através

da Internet. Optou-se por entrevistar os alunos por meio da gravação de áudio e

vídeo para posterior coleta e análise dos dados.

Dentre as principais vantagens da entrevista via Skype, em relação às

entrevistas pessoais estão:

6 O Skype é um programa de realização de chamadas de voz e/ou vídeo pela Internet. Para os usuários que tenham o Skype instalado em seus dispositivos, como smartphones/tablets (iOS, Windows Phone e Android) e computadores (Windows, Linux e Mac OS), as conversas são gratuitas.

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a) Redução de custos com deslocamento do professor entrevistador e do aluno;

b) Rapidez e qualidade nos vídeos gravados;

c) Maior aceitação dos alunos, pois em sua maioria já possuíam o software

instalado e uma conta habilitada;

d) Possibilidade de agendar o momento mais apropriado para a realização da

entrevista;

e) Facilidade de conversão dos áudios em texto, com boa qualidade, utilizando um software7 específico para esse fim.

O software Skype possui um plugin para a gravação dos vídeos. A nossa

pesquisa utilizou-se do Free Video Call Recorder for Skype, disponível para

download gratuito em http://www.dvdvideosoft.com/br/products/dvd/Free-Video-Call-

Recorder-for-Skype.htm#.U0AABqhdV0Y8

7 IBM ViaVoice 9.0 pro. 8 Acesso em 20 de jul. de 2012.

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CAPÍTULO 6 - PLANEJAMENTO DAS INTERVENÇÕES PEDAGÓGICAS NA DISCIPLINA DE FÍSICA III

Este capítulo aborda os aspectos didáticos e metodológicos envolvidos na

pesquisa, com ênfase para a articulação entre as simulações computacionais e o

laboratório de Física investigativo, bem como os critérios de seleção do material

utilizados para oferecer apoio e preparação das atividades desenvolvidas na

disciplina de Física III.

6.1 O Curso de Física III

A estrutura hierárquica da disciplina de Física III, que integra a grade

curricular do curso e que foi utilizada como espaço de investigação desta pesquisa,

é apresentada na formatação de mapa conceitual contendo, na figura 6, o mapa

síntese do trabalho.

Figura 6 – Mapa síntese da disciplina de Física III.

Fonte: Acervo do autor.

A figura 7 mostra o mapa relacionando os conceitos de Eletromagnetismo de

acordo com a ementa (anexo A) que consta no Projeto Pedagógico de Curso, e no

Plano de Curso do bacharelado em Engenharia Civil da Fundação de Ensino

Superior de Passos (FESP/UEMG).

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Figura 7 – Mapa conceitual representando os conteúdos de Eletromagnetismo de acordo com a ementa da disciplina de Física III do Curso de Engenharia Civil da FESP/UEMG.

Fonte: Acervo do autor.

A intervenção foi realizada no terceiro período do curso de bacharelado em

Engenharia Civil da Fundação de Ensino Superior de Passos (FESP/UEMG) no ano

de 2012, sendo sujeitos da pesquisa os 28 alunos regularmente matriculados na

referida disciplina. Esta turma foi dividida em dois grupos de 14 alunos para facilitar

as observações e a coleta de dados. Os dois grupos foram expostos às mesmas

atividades de experimentação e simulação, mantendo sempre a mesma ordem de

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apresentação dos experimentos no laboratório de Física investigativo e das

simulações no laboratório de informática.

No desenvolvimento das atividades da disciplina de Física III, as

intervenções foram estruturadas em três etapas distintas:

a) A primeira envolveu um Pré-teste para verificação das concepções prévias dos

alunos sobre Eletromagnetismo. Durante este momento os 28 alunos foram

submetidos a um questionário (Apêndice E) com onze questões dissertativas que

versavam sobre suas experiências pessoais com o Magnetismo e leis do

Eletromagnetismo, em um mesmo ambiente, com duração de 50 minutos.

b) Na segunda etapa foram feitas intervenções usando as simulações e o laboratório

de Física do tipo investigativo. Nesta etapa a turma foi dividida em dois grupos de 14

alunos.

c) A terceira e última etapa consistiu na aplicação de um Pós-teste e uma entrevista

semiestruturada.

Durante a aplicação do Pré-teste, os alunos foram questionados sobre

experiências pessoais com ímãs, reconhecimento sobre equipamentos que utilizam

eletromagnetismo, inseparabilidade magnética, leis de Faraday, Lenz e Oersted.

Nesta fase os 28 alunos, em sua sala de aula e durante 50 minutos, foram

submetidos a um questionário contendo 11 questões discursivas onde o objetivo

principal foi identificar os conhecimentos prévios desses alunos acerca do tema

Eletromagnetismo. Buscou-se, portanto, caracterizar os subsunçores que serviram

como base para a aquisição dos futuros conhecimentos sobre o conteúdo abordado.

Após essa etapa aconteceram as intervenções, utilizando como aporte as

simulações e o laboratório de Física investigativo.

Neste momento a turma foi dividida em dois grupos (de acordo com suas

afinidades) de 14 alunos, que durante 50 minutos manipularam, livremente e no

mesmo ambiente, os experimentos que seriam utilizados no laboratório de Física do

tipo investigativo. Após a manipulação do material os grupos foram levados a

ambientes diferentes. Não houve distinção entre os grupos uma vez que cada um

deles foi submetido aos mesmos experimentos e simulações.

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Foram disponibilizados dois laboratórios com equipamento apropriado aos

experimentos propostos. Posteriormente, dividiu-se a turma em pequenos grupos

em cada laboratório, sendo dois grupos de cinco alunos e um grupo de quatro

alunos.

Esses alunos foram envolvidos em uma sequência didática contendo a

montagem da experimentação e as perguntas que deveriam responder ao longo da

realização do experimento, conforme apêndice “A”. A intervenção via laboratório de

Física investigativo, teve duração de 08 aulas e foram realizadas concomitantes,

com as simulações computacionais. Ao final da realização de cada experimento os

alunos eram levados ao laboratório de Informática onde manipulavam, virtual e

individualmente, a simulação computacional correspondente ao experimento

realizado, permitindo com isso a articulação desejada entre os dois recursos

didático-metodológicos.

Por fim, um pós-teste e uma entrevista semiestruturada avaliaram como se

modificaram os subsunçores dos alunos, como os conteúdos aprendidos se

relacionaram com outras situações físicas e qual a visão que os alunos obtiveram do

processo. O pós-teste foi realizado três meses após as intervenções, minimizando-

se, assim, o efeito de simples memorização dos conceitos abordados anteriormente.

O que se buscou identificar no pós-teste é se o uso articulado do recurso do

laboratório virtual e dos experimentos no laboratório investigativo foi capaz de

modificar a estrutura cognitiva dos alunos da forma desejada.

As fases desta pesquisa consistiram em investigar as contribuições

formativas decorrentes de uma sequência de atividades que buscavam

recontextualizar o saber físico de Eletromagnetismo, tornando possível acompanhar

minuciosamente a evolução dos alunos em termos dos efeitos de atividades

experimentais e simulações computacionais, privilegiando os aspectos qualitativos.

As intervenções foram realizadas no laboratório de Física da Instituição de

Ensino Superior na vertente investigativa articulado com as simulações

computacionais, pelas razões que serão justificadas a seguir.

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6.2 Articulação entre Simulações Computacionais e Laboratório de Física Investigativo

6.2.1 O Uso das TICs no Ensino

Vários pesquisadores tratam da importância das Tecnologias da Informação

e Comunicação (TICs) no ensino, entre eles pode-se citar Martinho e Pombo (2009),

Sanches (2012) e Schimiguel et al. (2013). De acordo com estes autores a

implementação das TICs motiva os alunos, criando assim um ambiente de trabalho

onde demonstram melhor empenho e responsabilidade, melhorando assim o

resultado nas avaliações.

Cavalcante e Tavolaro (2000, p. 421) defendem que computador pode

desempenhar um papel importante na tarefa de facilitar o ensino e aprendizagem,

“pois quando empregado criteriosamente, se transforma numa ferramenta auxiliar de

valor inestimável para o aprendizado e numa fonte de estímulo à criatividade

inesgotável”.

Por sua vez, Santos (2007) argumenta que os principais benefícios do uso

das TICs no ensino das ciências são: (i) o ensino das ciências torna-se mais

interessante, autêntico e relevante; (ii) há mais tempo dedicado à observação,

discussão e análise e (iii) existem mais oportunidades para implementar situações

de comunicação e colaboração.

Schimiguel et al. (2013) asseveram que:

Ao possibilitarmos que os estudantes se envolvessem com ferramentas computacionais interativas e pudessem manipular e testar os parâmetros físicos envolvidos acreditamos estar proporcionando meios para que pudessem construir novos conhecimentos e, com isso, ampliar a sua capacidade de atuação autônoma diante das situações exploradas. (SCHIMIGUEL; SANCHES; ANDREASI, 2013, p. 9)

Ainda neste aspecto, Cavalcante et al. (2009) salientam que a inserção

desta tecnologia possibilita dentre outras coisas transformar a sala de aula em um

ambiente de investigação, valorizando os objetivos educacionais.

Objetivos, que nos últimos anos, vem se modificando com a inserção de

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simulações computacionais cada vez mais elaboradas, pautados em pesquisas

realizadas em sala de aula, concebidas na tentativa de facilitar a construção do

conhecimento por parte dos alunos.

Dentre elas pode-se citar: PhET (Physics Education Tecnology)9 e

PHYSLETS (Applets of Physics)10 .

As simulações do PhET são baseados em muitas pesquisas como aquelas

descritas por Adams et al. (2008a, 2008b e 2009), Brekke e Hogstad (2010) e

Podolefsky et al. (2010). Essas pesquisas relatam como os alunos aprendem um

conceito específico utilizando as simulações disponíveis na página da Web descrita

a seguir. Cada simulação passa por um processo de design interativo onde os

alunos são entrevistados para explorarem a usabilidade e a aprendizagem

conceitual, além das simulações serem testadas em sala de aula. Algumas dessas

pesquisas (Adams et al., 2008a e 2008b) mostra que o uso eficaz das simulações do

PhET pode levar os alunos a uma aprendizagem significativa de conceitos de Física.

Por sua vez os Physilets compõem uma coleção de simulações

computacionais interativas que segundo Christian e Belloni (2001) são

desenvolvidos com um bom apoio pedagógico, além de serem adaptáveis quanto à

utilização em ambientes de sala de aula. As simulações do Physilets são livres para

uso não comercial e são baseadas em HTML (HyperText Markup Language). De

acordo com Belloni e Christian (2003), as simulações do Physilets, desde a sua

criação no Davidson College em 1998, mais de 2.000 exercícios individuais já foram

criados utilizando-as para o ensino e aprendizagem de Astronomia e Física em uma

variedade de níveis e uma grande diversidade de configurações. Em julho de 2013

toda a versão eletrônica do livro, Physlets Physics 2E, foi liberado sob a

licença Creative Commons (Attribution-NonCommercial-NoDerivs) na Biblioteca

Digital Nacional de Ciência, disponível em http://www.compadre.org/Physlets/11.

Entretanto, são raras (DORNELES, 2005 e 2010) as pesquisas educacionais

que se ocupam em investigar de que forma o aluno relaciona e compreende os

9 Disponível em <http://phet.colorado.edu/>. Acesso em 04 nov. 2013. 10 Disponível em <http://webphysics.davidson.edu/Applets/Applets.html> Acesso em 04 nov. 2013. 11 Acesso em 13 de fev. de 2014.

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conceitos físicos trabalhados com o uso de simulação articulado com o laboratório

de Física (ressalta-se aqui que não se trata do laboratório de Física do tipo

investigativo) e como potencializar a utilização destes tipos de ferramentas

trabalhadas de maneira complementar.

A realização de pesquisas com foco na articulação entre as simulações

computacionais e o laboratório de Física do tipo Investigativo é indispensável para

se alcançar indicadores mais consistentes acerca das potencialidades dessa

articulação, possibilitando contribuições significativas para o ensino de Física, assim

como para desenvolver materiais e métodos que explorem os recursos propiciados

pelas TICs.

6.2.2 O Laboratório no Ensino de Física

A utilização de atividades experimentais no ensino de Física tem sido objeto

de investigação em diversos trabalhos, como em Hodson (1994), Gil-Pérez e Castro

(1996), Alves Filho (2002), Borges, (2004), entre outros. Essas pesquisas possuem

enfoques e objetivos diferentes, mas todas apresentam um ponto comum, a

importância da atividade experimental como forma de melhorar a qualidade da

transposição didática dos conceitos científicos. Quando bem empregadas, as

situações concretas fornecidas pelos experimentos possibilitam a contextualização e

a problematização do conteúdo a ser desenvolvido na sala de aula e, ao mesmo

tempo, permitem a construção dos conceitos necessários na solução de possíveis

problemas que surgem quando os alunos são expostos à atividade experimental.

Há diversos tipos de classificação dos laboratórios didáticos no ensino de

Física. As principais ideias e argumentações de autores como Alves Filho (2002),

Borges (2004) e Carvalho (2010) demonstrando algumas concepções, abordagens e

enfoques, categorizando os laboratórios são listado abaixo:

Laboratório de Demonstração

São aqueles onde as atividades são de responsabilidade do professor. O

papel ativo é do professor, enquanto ao aluno cabe a atribuição de observação e

reflexão. Sua função básica é ilustrar o corpo teórico trabalhado em sala podendo

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facilitar a compreensão, tornar o conteúdo agradável e interessante e também em

uma abordagem investigadora, pode ser feita para mostrar a gênese de um

problema a ser resolvido pela turma, podendo neste caso ser denominado de

demonstração investigativa (CARVALHO, 2010, p. 56).

Laboratório Tradicional ou Convencional

Neste tipo de laboratório ocorrem trabalhos em grupos de alunos onde estes

manipulam os equipamentos e dispositivos experimentais em atividades práticas que

envolvem observações e medidas acerca de fenômenos previamente determinadas

pelo professor. Geralmente a atividade é acompanhada por um texto-guia, altamente

estruturado e organizado, servindo de roteiro para o aluno, com ênfase na

comprovação e verificação de uma lei ou teoria, sendo previsto um tempo pré-

estabelecido para a sua realização (CARVALHO, 2010, p. 57).

Laboratório Investigativo

Nesta modalidade de laboratório não se enfatiza a comprovação e

verificação de leis ou teorias, sendo o foco possibilitar ao aluno trabalhar com

sistemas físicos reais, oportunizando a resolução de problemas cujas respostas não

são pré-concebidas, cabendo ao aluno decidir quanto ao esquema e procedimento

experimental a ser adotado. É composto por um problema desafiador a ser resolvido

pelos alunos (CARVALHO, 2010, p. 57).

Laboratório de Projetos

Nesse laboratório a atividade tem ênfase na criação de projetos

experimentais normalmente realizados com futuros professores, sendo utilizado para

alunos dos cursos de licenciatura, normalmente na segunda metade do curso de

graduação. Às vezes são utilizados também para alunos de nível médio, pois

envolve uma aproximação de habilidades artesanais com os aspectos conceituais

utilizando materiais de fácil acesso, sendo possível ser feita independentemente da

infraestrutura da escola (BORGES, 2004, p. 12).

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Laboratório Biblioteca

Contempla experimentos de rápida execução e de fácil manipulação, sendo

montados e disponíveis como uma biblioteca de livros para os alunos e professores

(BORGES, 2004, p. 12).

Os objetivos do Laboratório para o ensino de Física, segundo Borges (2004),

não é só verificar e comprovar leis e teorias científicas. Segundo o autor o produto é

menos importante que o processo, e a ênfase não pode estar nos resultados prontos

e acabados. Além disso, é função do laboratório de Física: ensinar o método

científico, facilitar aprendizagem de conceitos, ensinar habilidades práticas, discutir

os modelos, testar hipóteses e investigar problemas.

Nessa perspectiva, Borges (2004) faz uma síntese comparativa de suas

pesquisas onde relaciona os aspectos das atividades experimentais tradicionais e o

de investigação. Em suas pesquisas o autor atesta que o laboratório tradicional com

roteiro predefinido tem um pequeno grau de abertura, cujo objetivo principal é

comprovar leis e que a atitude do aluno está relacionada ao compromisso de

encontrar determinado resultado. Já nas atividades investigativas há um variado

grau de abertura, dando liberdade no planejamento visando explorar os fenômenos

com compromisso no processo de investigação. Segundo Borges (2004, p. 305):

Quanto maior o grau de abertura da investigação, mais ela possibilita articular as ideias prévias dos estudantes com a observação empírica, formulando hipóteses, aproximando assim os estudantes do entendimento da natureza do trabalho científico ao perceber que as dimensões teóricas e empíricas fazem parte de um mesmo contexto não podendo ser isolada uma da outra. (BORGES, 2004, p. 305)

6.2.3 A Opção pelo Laboratório Virtual

Os laboratórios virtuais utilizam simulações computacionais, on-line ou off-

line que permitem a visualização de fenômenos através de uma interface gráfica

onde se tem objetos manipuláveis com possibilidade de interação e manipulação de

variáveis envolvidas no fenômeno. Os laboratórios virtuais são baseados em

simulações computacionais que transpõem o fenômeno natural para o computador

reproduzindo as leis físicas, utilizando-se de linguagens de programação.

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Segundo Giordan (2008, p. 127) o designer instrucional tem três

possibilidades de escolha das leis a serem codificadas:

Aquelas que interpretam os fenômenos a partir de representações algébricas derivadas de modelos teóricos stricto sensu, ou seja, sem a participação de medidas experimentais, as quais chamamos simulação por primeiro princípio. A segunda categoria de programação codifica leis que contêm parâmetros ajustados para reproduzir medidas experimentais, que denominamos semiempíricas. Finalmente, o código de simulação pode se basear em leis puramente empíricas, ou seja, em representações algébricas derivadas das medidas experimentalmente observadas, que chamamos de simulação empírica.

Para possibilitar uma articulação entre o laboratório de Física investigativo e

o laboratório virtual utilizaram-se as simulações empíricas, pois proporcionam uma

melhor interação entre o experimento realizado, os dados coletados na

experimentação e o usuário. As simulações têm origem no próprio saber produzido

pelo trabalho científico, pois, segundo Lévy (1998, p. 122):

Cientistas de todas as disciplinas recorrem cada vez mais a simulações digitais para estudar fenômenos insensíveis à experiência (nascimento do universo, evolução biológica ou demográfica) ou simplesmente para avaliar de maneira menos custosa o interesse de novos modelos, mesmo quando a experimentação é possível.

Com a presença das tecnologias digitais nas Universidades, as simulações

computacionais estão cada vez mais frequentes nas aulas de Física (MIRANDA,

2004; KHALIL, 2012). Segundo esses autores, muitas vezes as simulações são

utilizadas como demonstração, tendo como função básica ir além da simples

ilustração visual do conteúdo a ser trabalhado em sala, pois facilita a compreensão e

torna esse conteúdo agradável, estimulando o envolvimento dos estudantes e os

auxiliando a desenvolver habilidades básicas de observação e reflexão em um

ambiente virtual.

A repetição do fenômeno em menor tempo do que no meio natural e seu uso

quer na sala de aula, em casa ou no laboratório de informática, das simulações

produzidas no laboratório virtual, possibilita a execução da mesma atividade em

outro momento e local que transcendem o tempo e espaço pré-determinado da aula.

As simulações podem ser executadas de maneira rápida, estando disponíveis em

repositórios virtuais tanto para professores quanto para os alunos.

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O controle dos parâmetros ou variáveis do fenômeno simulado no

computador permite ao aluno exercitar a observação buscando regularidades nos

acontecimentos, servindo de referência para estabelecer premissas, fazer previsões

e explicar o acontecimento visto na tela do computador. A figura 8 revela uma

simulação onde se apresenta a lei de Faraday-Lenz. O aluno pode aproximar o ímã

da bobina e verificar a proporcionalidade quanto ao número de espiras, velocidade

de aproximação ou afastamento do ímã e a indicação do galvanômetro. Além disso,

ele observa o surgimento de linhas de indução do campo magnético opondo-se ao

campo magnético do ímã e tem a possibilidade de variação do número de espiras e

a troca do galvanômetro por uma lâmpada, sendo um bom exemplo de uma

simulação empírica.

Figura 8 – Simulação sobre a lei de Faraday-Lenz.

Fonte: Acervo do autor.

Nos laboratórios virtuais, as simulações possibilitam ainda a modelagem de

sistemas físicos naturais onde os alunos trabalham na resolução de problemas

propostos pelo professor ou por eles mesmos, cujas respostas não são pré-

concebidas. Veit (2005) e Vasconcelos (2005) mostram em suas pesquisas como

uma atividade investigativa que possui alto grau de interatividade aproxima-se muito

da atividade científica, principalmente na criação e teste de hipóteses que visam à

solução do problema proposto sem necessariamente seguir uma rotina de

procedimentos experimentais previamente estabelecidos.

Medeiros e Medeiros (2002) fazem uma lista de pontos onde destacam as

contribuições da utilização das simulações computacionais no ensino de Física, são

elas:

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Estudo de fenômenos que sejam muito caros, ou perigosos de se produzir

nos laboratórios escolares;

Redução do ruído12 cognitivo de modo que os estudantes possam concentrar-

se nos conceitos envolvidos nos experimentos;

Realização de experimentos que envolvam medições de eventos que ocorram

em uma escala de tempo muito reduzida, ou muito demorada;

Elaboração e teste de hipóteses, por parte dos alunos, sobre os fenômenos

estudados;

Explicitação de elementos que fazem parte do trabalho científico

contemporâneo;

Promoção de habilidades de raciocínio crítico;

Retificação de conceitos altamente abstratos, facilitando seu entendimento;

Atendimento individualizado aos alunos, fornecendo feedback no momento

em que as dúvidas aparecem.

Nessa lista percebe-se que há uma redução do ruído cognitivo de modo que

os alunos possam concentrar-se nos conceitos envolvidos nos experimentos. Como

exemplos, além daquele citado na nota de rodapé, têm-se: o excesso de tratamento

matemático e construções gráficas manuais que em geral demandam um grande

tempo da atividade em relação à discussão dos conceitos e hipóteses. Enfim, com

as simulações computacionais é possível centrar atenção na discussão sobre o

trabalho experimental propriamente. Dessa forma consegue-se envolver os alunos

em tarefas com alto nível de interatividade, pois permitem gerar hipóteses e devido à

12 A carga cognitiva é um fator sempre presente no design de telas e interfaces de computador porque cada um dos elementos ou dos objetos da tela deve ser interpretado pelo aluno e consequentemente ocupa parte de sua energia mental. Um design de tela complexo ou não-convencional que usa diferentes fontes, objetos, ferramentas da navegação, e padrões de layout terá geralmente uma carga cognitiva processual ou funcional elevada porque cada componente necessitará ser percebido e interpretado pelo aluno. Uma tela que use convenções padrão no texto, gráficos, navegação e layout serão mais facilmente interpretados e consequentemente terá uma carga cognitiva muito mais baixa. O objetivo de um bom design de página para uso educacional é, naturalmente, reduzir a quantidade de processamento direcionado à interação com o sistema e maximizando o processamento do conhecimento que está sendo ensinado. Neste sentido, a investigação dos efeitos decorrentes do uso de simulações precisa também ser analisada para que o uso de tais recursos não aumente a carga cognitiva desnecessária promovendo ruído na cognição em lugar de contribuir para facilitar a aprendizagem. Fonte: <http://penta3.ufrgs.br/midiasedu/> Acesso em fev. 2014.

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rapidez na coleta e quantidade de dados experimentais fornecem um feedback para

aperfeiçoar a compreensão dos conceitos e reformulação das hipóteses geradas.

Assim, as atividades propostas envolvem os alunos de modo a fazê-los

compreender alguns aspectos sobre a natureza da pesquisa científica, objetivo

fundamental para a obtenção e solidificação dos conteúdos trabalhados ao longo do

curso de Física III.

6.2.3.1 O software Easy Java Simulations

Durante a criação das simulações contidas nas intervenções simuladas,

preocupou-se na sua utilização não só como recurso tecnológico, mas na maneira

de beneficiar-se das suas potencialidades durante as intervenções. Apenas desse

modo é possível realçar o seu papel como ferramenta facilitadora da aprendizagem

significativa, através de sua utilização em certos momentos de forma complementar

pelo aluno, facilitando a integração e o compartilhamento de ideias entre alunos e

aluno/professor.

Nesse sentido pretende-se verificar algumas das possibilidades

metodológicas intensificadas pelos recursos que o software livre EASY JAVA

SIMULATIONS (EJS) nos oferece em prol de um objetivo operacional embasado na

teoria de aprendizagem de Ausubel, Novak e Hanesian (1980).

O EJS é um software desenvolvido especificamente para ensinar a criar

simulações interativas em linguagem Java. A escolha dessa linguagem se

fundamenta em sua grande aceitação pela comunidade internacional ligada a

Internet e pelo suporte das diferentes plataformas de softwares como Windows,

MacOSX, ou Linux/Unix. Isto significa que o EJS e as simulações nele criadas

podem ser empregadas como programas independentes em diferentes sistemas

operacionais além de serem distribuídas pela Internet e executadas em páginas da

Web por qualquer navegador, como assegura Figueira (2005).

A linguagem de programação Java tornou-se uma importante ferramenta para as propostas de ensino que se utilizam de ambientes virtuais. Na área das ciências, ela está por detrás dos ''Laboratórios Virtuais'', ambientes que simulam determinado fenômeno físico e rodam em pequenos programas, conhecidos como Applets (programas executados dentro de uma página html). (FIGUEIRA, 2005, p. 613).

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As simulações interativas geradas no EJS são pequenos programas de

computador que reproduzem, com finalidade pedagógica e científica, um fenômeno

natural através dos seus diversos estados de apresentação. Cada uma desses

estados é descrito por um conjunto de variáveis que se relacionam num determinado

tempo devido a interações de certos algoritmos de programação. A figura 9

apresenta a tela de abertura do software EJS em que é possível criar uma página

em linguagem HTML para acompanhar as simulações.

Figura 9 – Tela de abertura do software EJS.

Fonte: Acervo do autor.

Com opções de instalação em espanhol ou inglês, a interface do software

disponibiliza um conjunto de componentes, sendo possível construir e configurar

uma simulação utilizando apenas o mouse. O software gera o resultado final em

uma página HTML, utilizando o pacote kit de desenvolvimento Java, JDK13.

O console do software EJS está representado na figura 10. Nesse controle

configura-se a linguagem utilizada na construção das simulações, e também se

verifica a qualidade da instalação do kit de desenvolvimento JAVA.

13 Java Development Kit (JDK) significa Kit de Desenvolvimento Java, e é um conjunto de utilitários que permitem criar sistemas de software para a plataforma Java. É composto por compilador e bibliotecas.

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Figura 10 – Tela do Console do software EJS.

Fonte: Acervo do autor.

O EJS possibilita ao usuário a modelagem de problemas físicos envolvendo

superfícies tridimensionais, a construção de curvas e a adição de gráficos de duas e

três dimensões. O software também dispõe de facilidades para a solução numérica

de equações diferenciais de primeira ordem, permitindo escrever equações de forma

direta com várias opções de métodos. A figura 11 ilustra uma simulação do campo

magnético do planeta Terra e uma bússola que o aluno pode manipular virtualmente

ao redor das linhas de campo magnético além da janela de plotagem da simulação

no software EJS.

Figura 11 – Tela da simulação Campo Magnético da Terra produzido com o

software EJS. Fonte: Acervo do autor

A figura 12 mostra uma simulação com mais recursos interativos, no entanto,

com menos iconicidade14. Nessa simulação percebe-se a força exercida pelo campo

magnético entre dois ímãs sobre um fio conduzindo corrente elétrica. O fio é

suspenso por uma mola e oscilará quando a bateria (que está conectada à

14 Iconicidade: Propriedade que tem o signo icônico ou ícone de representar por semelhança o mundo objetivo ou de ser a imagem de um objeto real. (Michaelis: Moderno Dicionário da Língua Portuguesa)

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extremidade do fio) é ligada ou desligada. O ângulo do fio em relação ao campo

magnético pode ser alterado, bem como os polos do ímã.

Figura 12 – Tela da simulação sobre a força de Lorentz.

Fonte: Acervo do autor.

Para o desenvolvimento das simulações contidas nas intervenções

simuladas descritas no apêndice “B”, utilizou-se o software EJS na versão 5.0 BETA,

atualizado em 30 de setembro de 2012, sendo que o seu download pode ser feito

gratuitamente em sua página na internet15.

Esse software é parte do projeto Open-Source Physics Education16, portanto

utiliza um conjunto de bibliotecas com código aberto.

Diversos projetos estão sendo desenvolvidos com o objetivo de integrar um

conjunto de bibliotecas usando Open-Source. Dentre esses projetos destacam-se os

trabalhos do pesquisador Wolfgang Christian17 destinados à melhoria da qualidade

do ensino de ciências. Além do seu livro “Creación de Simulaciones Interactivas en

Java: Aplicación a La Enseñanza de La Física”18 disponível em livrarias virtuais,

encontra-se um curso online gratuito intitulado “Virtual-lab Implementation With EJS -

Application in Education, and System Design e Analysis”19, oferecido pelo

Departamento de Informática e Automática (UNED) da Universidade de Madrid, na

Espanha.

15 <http://www.um.es/fem/EjsWiki/Main/Download> Acesso em: 15 de fev. de 2014. 16 <http://www.opensourcephysics.org/modeling/tpt_modeling.html> Acesso em: 10 de fev. 2014. Este projeto visa criar e distribuir gratuitamente material curricular computacional para o ensino de física para todos os níveis. 17 Alguns de seus trabalhos dedicados ao ensino de ciências podem ser encontrados em <http://webphysics.davidson.edu/> Acesso em 10 de fev. 2014. 18 Esquembre, Francisco Martínez, 1a edição – Madrid – Espanha - Editora Pearson Educación, 2004. 19 < http://www.euclides.dia.uned.es/ > Acesso em 10 de fev. 2014.

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6.2.3.2 Confecção das Simulações

Uma vez motivados pelas potencialidades oferecidas pelas TICs, apoiados

nos experimentos utilizados no laboratório de Física investigativo e auxiliados pela

teoria da aprendizagem significativa de Ausubel, Novak e Hanesian (1980), produz-

se (apêndices B e F) as simulações utilizadas ao longo do curso de Física III na área

de Eletromagnetismo, disponibilizadas pelo pesquisador para os alunos no website

www.fisicainterativa.xpg.com.br20, empregadas como ferramenta complementar às

aulas destinadas aos alunos do curso de Engenharia Civil da FESP/UEMG.

Para esse trabalho desenvolveu-se 13 (treze) simulações utilizando o

software EJS, das quais 5 (cinco) estão descritas no apêndice “B” e 1 (uma) está

contida no apêndice “F” com seu código fonte.

6.2.4 A Opção Pelo Laboratório de Física do tipo Investigativo (LFI)

Moreira e Levandowski (1983, p. 21) ressaltam que a atividade experimental

investigativa “é componente indispensável no ensino de Física e que esse tipo de

atividade pode ser orientada para a consecução de diferentes objetivos”. Segundo

os autores, é preciso realizar diferentes atividades que devem estar acompanhadas

de situações-problema, questionadoras e de diálogo, envolvendo a resolução de

problemas e levando à introdução de conceitos para que os alunos possam construir

seu conhecimento. Para estes autores a resolução de problemas que leva a uma

investigação deve estar fundamentada na ação do aluno, que deve ter oportunidade

de agir, devendo o ensino ser acompanhado de ações e demonstrações que o

levam a um trabalho prático.

Para que uma atividade experimental possa ser considerada de

investigação, a ação do aluno não deve se limitar apenas ao trabalho de

manipulação ou observação, pois ela deve também conter características de um

trabalho científico. Neste sentido, o aluno deve refletir, discutir e explicar, o que dará

ao seu trabalho as características de uma investigação científica. Essa investigação,

porém, deve ser fundamentada, ou seja, é importante que uma atividade de

20 Acesso em 19 de fev. de 2014.

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investigação faça sentido para o aluno, de modo que ele saiba o porquê de estar

investigando o fenômeno que a ele é apresentado. Para isso, é fundamental nesse

tipo de atividade que o professor apresente um problema sobre o que está sendo

estudado. A colocação de uma questão ou problema aberto como ponto de partida é

ainda um aspecto fundamental para a criação de um novo conhecimento. Para

Lewin e Lomascólo (1998, p. 149):

A situação de formular hipóteses, preparar experiências, realizá-las, recolher dados, analisar resultados, quer dizer, encarar trabalhos de laboratório como ‘projetos de investigação’, fornece fortemente a motivação dos alunos, fazendo-os adquirir atitudes tais como curiosidade, desejo de experimentar, acostumar-se a duvidar de certos resultados, a confrontar resultados, a obterem profundas mudanças conceituais, metodológicas e atitudinais.

Pode-se afirmar que a aprendizagem de procedimentos e atitudes se torna,

dentro do processo de aprendizagem, tão importante quanto a aprendizagem de

conceitos e ou conteúdos. No entanto, só haverá a aprendizagem e o

desenvolvimento desses conteúdos - envolvendo a ação e o aprendizado de

procedimentos - se houver a ação do aluno durante a resolução de um problema.

Diante de um problema colocado pelo professor, o aluno deve refletir, buscar

explicações e participar com mais ou menos intensidade (dependendo da atividade

didática proposta e de seus objetivos) das etapas de um processo que leve à

resolução do problema proposto, enquanto o professor muda sua postura, deixando

de agir como transmissor do conhecimento, passando a agir como um mediador.

As atividades investigativas possibilitam a percepção que o conhecimento

científico se dá por meio de um processo dinâmico e aberto que convida o aluno a

participar da construção do próprio conhecimento. Gil-Pérez e Castro. (1996, p. 158)

descrevem alguns aspectos importantes da atividade científica que podem ser

explorados em uma atividade experimental de investigação:

1. Apresentar situações-problema abertas;

2. Favorecer a reflexão dos alunos sobre a relevância e o possível interesse das

situações propostas;

3. Potencializar análises qualitativas, significativas, que ajudem a compreender e

acatar as situações planejadas e a formular perguntas operativas sobre o que se

busca;

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4. Considerar a elaboração de hipóteses como atividade central de investigação

científica, sendo este processo capaz de orientar o tratamento das situações e de

fazer explícitas as preconcepções dos alunos;

5. Considerar as análises, com atenção para os resultados (sua interpretação física,

confiabilidade, etc.), a partir dos conhecimentos disponíveis, das hipóteses

manejadas e dos resultados das demais equipes de alunos;

6. Conceder uma importância especial às memórias científicas que reflitam o

trabalho realizado e possam ressaltar o papel da comunicação e do debate na

atividade científica;

7. Ressaltar a dimensão coletiva do trabalho científico, por intermédio de grupos de

trabalho, que interajam entre si.

Outro objetivo na resolução de problemas, durante uma experimentação

investigativa, é proporcionar a participação do aluno de modo que ele comece a

produzir seu conhecimento por meio da interação entre pensar, sentir e fazer. A

solução de problemas pode ser, portanto, um instrumento importante no

desenvolvimento de habilidades e capacidades como: raciocínio, flexibilidade,

argumentação e ação, conforme descrito nos objetivos da pesquisa. Além do

conhecimento de fatos e conceitos, adquirido nesse processo, há a aprendizagem

de outros conteúdos, atitudes, valores e normas que favorecem a aprendizagem de

novos fatos e conceitos. Não se pode esquecer que, se pretende uma aprendizagem

significativa, o processo é mais importante que o produto.

Utilizar atividades investigativas como ponto de partida para desenvolver a

compreensão de conceitos de Eletromagnetismo é uma forma de levar o aluno a

participar de seu processo de aprendizagem, sair de uma postura passiva e começar

a perceber e a agir sobre o objeto de estudo, relacionando-o com acontecimentos e

buscando as causas dessa relação, procurando, portanto, uma explicação causal

para o resultado de suas ações ou interações.

No apêndice “A” encontram-se cinco exemplos de sequências didáticas

experimentais realizadas no LFI e, no apêndice “B”, cinco exemplos de sequência

didática que os alunos utilizaram durante a manipulação das simulações

computacionais.

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Considerando os objetivos desta pesquisa, entende-se que o laboratório de

Física investigativo e o laboratório virtual, com as simulações computacionais

criadas no EJS, sejam os mais adequados para a disciplina de Física III, pois dessa

forma as atividades propostas ao longo do curso, com características elencadas nas

páginas 77 e 78, utilizadas de forma articulada e complementar, podem levar os

alunos a uma aprendizagem significativa dos conceitos de Eletromagnetismo.

6.2.5 Material Para Apoio e Preparação da Disciplina de Física III

Durante a busca de material para apoiar as atividades propostas na

disciplina de Física III, percebeu-se nos livros didáticos, de uma maneira geral, a

apresentação de um discurso revelador de uma preocupação com a Física como

uma ciência que permite compreender uma imensidade de fenômenos físicos

naturais, indispensáveis para a formação cidadã, profissional, ou ainda como

subsídio para a conclusão do Ensino Superior, auxiliando os alunos na compreensão

e interpretação do mundo. Notou-se, entretanto, na maioria dos livros, que sua

ênfase recai sobre os aspectos quantitativos em detrimento dos qualitativos e

conceituais, privilegiando a resolução de “Problemas de Física” que, quase sempre,

se traduzem em exercícios matemáticos com respostas prontas.

Objetivando estruturar um conjunto de atividades para fornecer apoio ao

ensino de Física no Ensino Superior, com o conteúdo disponibilizado aos alunos de

maneira desafiadora e significativa, buscou-se também em Salém e Kawamura

(1996) o suporte teórico necessário para a escolha do livro-texto a ser utilizado com

os alunos.

Salém e Kawamura (1996) realizaram uma pesquisa em que procuraram

determinar um referencial de análise dos livros didáticos de Física, tentando

explicitar potencialidades para a sua utilização em sala de aula. Segundo as autoras,

a utilização desses tipos de livro deve contribuir para enriquecer o ensino:

[...] trazendo novas questões, abrindo a visão de ciência e de mundo do aluno e professor, criando novas metodologias e recursos de ensino, localizando o conteúdo ensinado em contexto mais abrangente, motivando, e aprofundando determinados assuntos. (SALÉM; KAWAMURA, p. 595).

Ainda, segundo as autoras:

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[...] Não se pretendeu apontar materiais bons ou limitados, mas essencialmente explicitar os elementos que possibilitem a um professor a caracterização e seleção de diferentes tipos de materiais segundo seus próprios objetivos. (SALÉM; KAWAMURA, 1996, p. 217).

Para apoiar a preparação do conteúdo previsto utilizou-se como livro texto o

clássico Sears e Zemansky (YOUNG; FREEDMAN, 2009) que visa o questionamento e a

investigação dos fenômenos físicos partindo de situações vivenciadas no dia a dia.

Este livro foi escolhido por ajudar o estudante a desenvolver a intuição Física e a

adquirir as habilidades necessárias para solução de problemas.

Tendo como referência a proposta pedagógica do livro Física III –

Eletromagnetismo (YOUNG; FREEDMAN, 2009), o conteúdo de eletromagnetismo

previsto para a disciplina de Física III foi dividido em cinco grandes partes:

magnetismo e introdução ao eletromagnetismo, carga elétrica em campos elétricos e

magnéticos, força eletromotriz induzida, geradores de corrente alternada e

eletrostática e corrente elétrica (como parte opcional).

A opção pelos textos presentes neste livro de Física III fundamenta-se na

estrutura de análise desse livro didático, que pressupõe um aprendizado científico

significativo para alunos cujo futuro profissional dependa diretamente da Física.

Após esta análise constatou-se que sua estrutura curricular está em consonância

com o que afirmam Salém e Kawamura (1996) e para justificar essa escolha

analisou-se o livro sobre vários aspectos, a saber:

a) Ênfase Curricular:

Ênfase na ciência do cotidiano: a proposta do livro Física III:

Eletromagnetismo parte do cotidiano do aluno, das coisas e objetos que fazem parte

do nosso dia a dia, para a construção do conhecimento científico. A partir do

cotidiano é possível aplicar os princípios e generalizações da ciência física na

compreensão e controle destas “coisas e objetos”.

O caráter prático-transformador e o caráter teórico-universalista da Física não são traços antagônicos, mas isto sim, dinamicamente complementares. Compreender este enfoque permitiu evitar tanto o tratamento “tecnicista” como o tratamento “formalista” e, procurando partir sempre que possível de elementos vivenciais e mesmo cotidianos, formulam-se os princípios gerais da física com a consistência garantida pela percepção de sua utilidade e universalidade. (YOUNG; FREEDMAN, 2009, prefácio).

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b) Linguagem

Os textos possibilitam uma leitura agradável onde a linguagem coloquial é

usada, mas os termos técnicos são adicionados a partir da interpretação de

situações do cotidiano. Caminha-se, portanto, de um vocabulário mais simples para

um vocabulário mais específico.

Todas as pessoas utilizam a força magnética. Ela está presente em motores elétricos, nos cinescópios da TV, nos fornos de micro-ondas, em alto-falantes, nas impressoras e nos discos magnéticos usados nos computadores. (YOUNG; FREEDMAN, 2009, p. 202).

c) Recursos Visuais

A editoração dos textos e imagens torna a leitura agradável e as ilustrações,

além de estarem de acordo com o conteúdo, auxiliam o entendimento do texto. O

poder instrutivo, como demonstra a figura 9 é potencializado por meio da

comprovada técnica de “anotação” e comentários, no estilo quadro-negro integrado

às figuras, para orientar os alunos em sua interpretação.

Figura 13 – Esboço do campo magnético da Terra.

Fonte: Young e Freedman, 2009, p. 203.

d) Tratamento Matemático

O material apresenta uma ênfase maior na compreensão do fenômeno físico

em situações do cotidiano com uma boa dosagem de fórmulas matemáticas. As

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fórmulas estão presentes e associadas ao desenvolvimento qualitativo das ideias a

elas relacionadas.

A Física, instrumento para compreensão do mundo em que vivemos, possui também uma beleza conceitual ou teórica, que por si só poderia tornar seu aprendizado agradável. Esta beleza é complementada por um instrumental matemático. (YOUNG; FREEDMAN, 2009, prefácio).

e) Aspectos Experimentais

Os experimentos propostos no livro, inspiradores do laboratório por

investigação, são parte integrante do texto e não constituem um mero “texto

suplementar” auxiliar na compreensão dos fenômenos. Por não requererem um

material especializado de laboratório podem ser realizados com material doméstico,

visando uma melhor compreensão dos fenômenos físicos e não apenas o

desenvolvimento de habilidades de medição e coleta de dados.

Coloque o ímã sobre uma folha de papel e aproxime a bússola até que sua ação se faça sentir. Anote o posicionamento da agulha, desenhando sobre o papel no local da bússola. Repita para várias posições. (YOUNG; FREEDMAN, 2009, p. 205).

f) Relação com o Desenvolvimento Tecnológico

O material procura construir o conhecimento científico a partir do cotidiano

do aluno, articulando fortemente o que se estuda com as tecnologias relacionadas.

A fita magnética é uma tira de plástico recoberta por um material magnetizável (como, por exemplo, pequenas partículas de ferro). Esse material, conforme já discutimos, é influenciado pela presença de um campo magnético da mesma forma que a agulha de uma bússola é influenciada pela presença de um ímã. (YOUNG; FREEDMAN, 2009, p. 208).

g) Organização dos capítulos

A introdução da cada capítulo fornece exemplos específicos do conteúdo e

faz a conexão com os assuntos abordados em capítulos anteriores. Há também uma

pergunta de abertura do capítulo e uma lista de objetivos de aprendizagem para que

o aluno reflita sobre os conteúdos abordados no capítulo, além de terminar o

capítulo com um teste de compreensão, que apresenta perguntas simples

relacionadas ao conteúdo estudado.

O sistema de imagens por ressonância magnética torna possível a visualização de detalhes do tecido humano, que não são visíveis em imagens de Raio X. Entretanto, o tecido humano não é constituído de

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material magnético (portanto não é atraído por ímã). Então como a ressonância magnética funciona? Ao estudar este capítulo, você aprenderá: As propriedades dos ímãs; a natureza da força que um campo magnético exerce sobre uma partícula carregada em movimento; [...]. (YOUNG; FREEDMAN, 2009, p. 202).

Em função da análise realizada sobre o livro Física III - Eletromagnetismo (YOUNG; FREEDMAN, 2009), em relação aos itens de I a VII optou-se pela sua

utilização exaustiva como modelo inspirador das montagens experimentais no

laboratório investigativo, bem como das simulações computacionais, tornando-os

recursos pedagógicos complementares.

Os recursos de experimentos e simulações utilizados na disciplina de Física

III foram inspirados no livro Física III: eletromagnetismo (páginas 202 a 315)

conforme ilustrados no quadro apresentado a seguir:

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Figuras do livro Física III: eletromagnetismo.

(YOUNG E FREEDMAN, 2009)

Simulações Computacionais produzidas com o software EJS.

(Apêndice “B”)

Experimentos utilizando no laboratório de Física.

Quadro 4 – Figuras do livro Física III: eletromagnetismo inspiradoras das simulações computacionais e dos experimentos. Fonte: Dados da pesquisa

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CAPÍTULO 7 - APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA

Neste capítulo apresenta-se os instrumentos utilizados na coleta de dados

da pesquisa, bem como os resultados obtidos. Na primeira seção descreve-se a

apresentação da pesquisa aos alunos e a realização do pré-teste; na segunda seção

aborda-se os procedimentos e a sequência da intervenção com o laboratório

investigativo e as simulações computacionais e na terceira seção analisa-se os

dados do pós-teste e os ganhos conceituais acerca do Eletromagnetismo. Por fim,

na última seção discorre-se sobre os relatos observados na entrevista

semiestruturada.

7.1 A Sequência Didática Utilizada na Disciplina de Física III

7.1.1 Conversa inicial

No dia sete de maio de 2012 às 19:00 horas reuniu-se na sala 206 do prédio

principal da Fundação de Ensino Superior de Passos (FESP/UEMG) o 3º período do

curso de bacharelado em Engenharia Civil para iniciar essa pesquisa. Neste primeiro

contato abordaram-se as intenções de nossa pesquisa de doutorado e da sua

aceitação junto ao Núcleo Docente Estruturante do Curso de Engenharia Civil. Logo

após alguns questionamentos da turma expôs-se, com detalhes, a metodologia que

seria utilizada nas aulas durante a disciplina de Física III (figura 6). Como o

pesquisador já havia lecionado para essa turma durante três meses os conteúdos de

Eletrodinâmica, a turma não hesitou em concordar com a proposta da pesquisa.

7.1.2 Levantamento Prévio – Pré-teste (L1)

Na aula seguinte, durante 50 minutos, aplicou-se um pré-teste, chamado de

L1, (Apêndice E) contendo onze questões de sondagem conceitual visando

conhecer, ainda que de modo preliminar, os conceitos de Magnetismo e

Eletromagnetismo presentes na estrutura cognitiva dos alunos com o intuito de

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levantar conceitos prévios sobre o conteúdo. A figura 10 demonstra um aluno

durante aplicação do pré-teste.

Figura 14 – Aluno respondendo ao pré-teste sobre Eletromagnetismo.

Fonte: Acervo do autor.

7.1.3 Intervenções Didáticas

Durante as próximas 08 aulas (quatro semanas), os alunos foram

submetidos às intervenções didáticas propostas na pesquisa onde se denomina IE1

a primeira Intervenção Experimental e IS1 a primeira Intervenção Simulada no

computador.

Antes de ocorrer as IE, os alunos manipularam livremente, no LFI, o material

que seria utilizado durante a montagem dos experimentos. A figura 15 demonstra

esse momento.

Figura 15 – Alunos, no laboratório de Física, manipulando material que foi

utilizado no curso. Fonte: Acervo do autor.

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A finalidade dessa manipulação é colocá-los em contato com ímãs de

variados formatos e tamanhos, bobinas com diferentes números de espiras,

bússolas, amperímetros, voltímetros e limalhas de ferro.

Após a manipulação livre dos materiais, a turma foi dividida de acordo com

sua afinidade, devido ao número pequeno de experimentos contidos no laboratório

de Física da instituição e a fim de favorecer a coleta de dados durante as IE e IS, em

dois grupos de 14 alunos cada.

As IE ocorreram em dias seguintes à manipulação do material e sua

sequência está descrita abaixo:

1º) Dividimos o grupo de 14 alunos em três grupos menores, sendo dois subgrupos

de 5 alunos e um subgrupo de 4 alunos, conforme suas afinidades.

2º) Cada subgrupo recebeu informações acerca da construção do experimento e da

manipulação das simulações, conforme os apêndice “A” e “B”, respectivamente.

A IE1 (Laboratório Investigativo: Propriedades Magnéticas - Aula 01)

(apêndice “A”) teve como objetivo a identificação dos polos magnéticos de um ímã e

dos polos magnéticos da Terra, a observação da repulsão e atração magnética, a

ocorrência de ação magnética em certos metais e a visualização das linhas de

indução de um campo magnético. A figura 16 demonstra o momento em que um

grupo de alunos manipula um ímã nas proximidades da limalha de ferro contida

numa caixa de acrílico para verificação das linhas do campo magnético.

Figura 16 – Verificação das linhas do campo magnético do ímã.

Fonte: Acervo do autor.

Esta IE teve a duração de 25 minutos, onde os alunos realizaram o

experimento e responderam as questões contidas na sequencia didática. Nos 25

minutos restantes da aula os alunos foram levados ao laboratório de Informática

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onde, individualmente, participaram da IS1. A IS1 (apêndice B) ocorreu durante 20

minutos, onde os alunos manipularam virtualmente as simulações observadas na

figura 17, além de responderem às questões contidas na sequência didática.

Figura 17 – Em (a) aluno manipulando virtualmente a IS1. Em (b) representa-se

o campo magnético ao redor de um ímã em rotação e em (c) o campo magnético ao redor do planeta Terra.

Fonte: Acervo do autor.

Durante a manipulação virtual da IS1 os alunos desenvolveram

procedimentos conforme consta no apêndice “B”, que teve como objetivo identificar

os polos magnéticos de um ímã, identificar os polos magnéticos e geográficos da

Terra, observar o sentido e a direção do campo magnético de um ímã e observar o

comportamento das linhas de indução de um campo magnético com o auxílio de

uma bússola.

Ao final da IE1 e da IS1 recolheram-se as anotações dos estudantes para

correção e posterior devolução aos alunos. Todas as outras intervenções,

experimentais ou simuladas, seguiram a mesma ordem e orientação, didático-

pedagógicas, ocorrida na IE1 e na IS1.

A IE2 (Laboratório Investigativo: O Campo Magnético de uma Corrente Elétrica - Aula 02) (apêndice A) teve duração de 45 minutos e, como a anterior,

demandou um conjunto de procedimentos. A figura 18 demonstra um grupo de

alunos manipulando o experimento proposto.

(a) (b) (c)

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Figura 18 – Alunos verificando a lei de Oersted e de Ampère através da IE2.

Fonte: Acervo do autor.

Antes da manipulação do experimento proposto para a IE2 os alunos foram

instigados a responder uma questão prévia sobre o assunto com objetivo de verificar

a interação entre a corrente elétrica e a bússola e o mapeamento do campo

magnético ao redor de um fio que conduzia corrente elétrica.

A figura 19 demonstra a sequência didática utilizada durante a IE2 e a IS2.

(a) (b) Figura 19 – Em (a) experimento utilizado no laboratório investigativo e em (b)

simulação com regra da mão direita. Fonte: Acervo do autor.

Após a manipulação do experimento, no laboratório investigativo, os alunos

iniciaram a IS2 (apêndice B) onde individualmente interagiram com duas simulações

para comprovação das observações realizadas durante a experimentação. Uma das

simulações, figura 20, descreve o experimento de Oersted, com alto grau de

iconicidade, onde o aluno pode inverter o sentido da corrente fornecida pela pilha e

verificar a orientação da bússola.

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102

Figura 20 – Em (a) sem corrente, em (b) e (c) corrente fluindo em sentidos

opostos. Fonte: Acervo do autor

Na figura 21 simulou-se o experimento de Oersted em outro plano de

observação. Nessa simulação o aluno pode variar a intensidade e o sentido da

corrente elétrica que flui pelo fio, manipular a bússola ao longo do plano da

superfície e ainda utilizar a regra da mão direita para verificar suas observações

sobre o sentido da corrente e a direção do campo magnético gerado ao redor do fio.

Figura 21 – Em (a) o aluno pode verificar as relações entre intensidade e

sentido da corrente elétrica com o campo magnético e em (b) pode utilizar da regra da mão direita para comprovar observações.

Fonte: Acervo do autor.

A IE3 (Laboratório Investigativo: Construção e Validação de Eletroímã - Aula 03) (apêndice A) ocorreu na aula seguinte à IS2 e teve duração de 45 minutos.

Seu principal objetivo foi construir e validar um eletroímã. Após a construção do

eletroímã os alunos responderam a questões relacionadas à dificuldade de

construção do eletroímã, como determinar seu polo norte e a influência do núcleo de

ferro bem como do número de espiras na “força” magnética do eletroímã. A figura 22

registra o momento de teste do eletroímã produzido por um dos grupos.

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Figura 22 – Em (a) teste da “força” magnética e em (b) polaridade do

eletroímã. Fonte: Acervo do autor

Na aula seguinte os alunos realizaram a IS3 (apêndice B), também com

duração de 45 minutos e teve como objetivo a determinação do sentido campo

magnético na bobina e verificar a influência da intensidade de corrente e do número

de espiras na intensidade do campo magnético gerado ao seu redor. A figura 23

demonstra um aluno utilizando a simulação (IS3) onde ele pode modificar o sentido e

a intensidade da corrente elétrica, o número de espiras e verificar o módulo, o

sentido e a direção do campo magnético com o auxílio de uma bússola e da regra da

mão direita.

Figura 23 – Aluno manipulando virtualmente a simulação utilizada na IS3. Fonte: Acervo do autor

A IE4 (Laboratório Investigativo: Força Magnética - Aula 04) (apêndice

A), com duração de 50 minutos, foi realizada após a IS3.

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A IE4 teve como objetivo demonstrar a força de Lorentz exercida em um

condutor que transporta uma corrente quando é colocado em um campo magnético

de um ímã. A figura 24 demonstra um grupo de alunos realizando a IE4.

Figura 24 – Alunos utilizando a IE4 para demonstrar a força de Lorentz. Em (a)

pêndulo e em (b) motor. Fonte: Acervo do autor.

A IS4 (apêndice B) ocorreu na aula seguinte à IE4 e teve como objetivo

caracterizar a força de Lorentz. Nesta simulação demonstrou-se a força de Lorentz

exercida em um condutor que transporta uma corrente quando colocado em um

campo magnético de um ímã em forma de U. Na simulação, demonstrada na figura

25, o aluno pode ligar ou desligar a corrente elétrica além de modificar o seu sentido

e ainda alterar a direção do campo magnético. Dependendo do botão acionado, a

simulação mostrará a direção convencional da corrente (seta vermelha), ou as linhas

do campo magnético (azul) ou ainda a força de Lorentz (seta preta).

Figura 25 – IS4 demonstrando a força de Lorentz. Em (a) pêndulo e em (b)

motor. Fonte: (a) http://www.walter-fendt.de/ph14br/generator_br.htm (adaptado) - (b) http://www.walter-

fendt.de/ph14br/lorentzforce_br.htm (adaptado). Acesso em 17 de jan. de 2014.

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105

A IE5 (Laboratório Investigativo: Indução Eletromagnética - Aula 05)

(apêndice A) aconteceu na aula posterior à IS4 e teve como objetivo demonstrar as

condições em que uma corrente é induzida em um condutor. A figura 26 ilustra um

grupo de alunos manipulando a IE5.

Figura 26 – Alunos verificando a lei de Faraday-Lenz utilizando um alicate-amperímetro.

Fonte: Acervo do autor.

A IS5 (apêndice B), ocorreu após a IE5 e teve duração de 45 minutos. Esta

simulação, demonstrada na figura 27, apresenta ao aluno a lei de Faraday-Lenz e

durante sua interação o aluno pode mover o ímã nas proximidades da bobina e

verificar a proporcionalidade quanto ao número de espiras, velocidade de

aproximação ou afastamento em relação ao ímã e a indicação do amperímetro. O

aluno pode observar também o surgimento de linhas de indução do campo

magnético opondo-se ao campo magnético do ímã, além da possibilidade de

variação do número de espiras e a troca do galvanômetro por uma lâmpada.

Figura 27 – Aluno beneficiando-se da IS5 que demonstra a lei de Faraday-Lenz.

Fonte: Acervo do autor.

A tabela 1 descreve um resumo das datas e duração das intervenções

experimentais e simuladas desenvolvidas com os estudantes.

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Tabela 1 – Resumo da duração e datas das intervenções. Intervenção Data Duração (minutos)

IE1 09 de maio de 2012 25 IS1 09 de maio de 2012 20 IE2 10 de maio de 2012 45 IS2 10 de maio de 2012 45 IE3 14 de maio de 2012 45 IS3 14 de maio de 2012 45 IE4 23 de maio de 2012 45 IS4 23 de maio de 2012 45 IE5 28 de maio de 2012 25 IS5 28 de maio de 2012 20

Total: 8 aulas

Fonte: Dados da pesquisa.

Durante o decorrer do semestre letivo deu-se prosseguimento à ementa do

curso (anexo A). Cabe aqui, salientar, que de acordo com a ementa do curso de

Física III, há 80 horas a serem trabalhadas com os alunos no laboratório de Física

(aulas experimentais), sendo quatro aulas semanais.

Acentua-se que o projeto que deu origem a essa tese preocupou-se com a

parte fenomenológica do Eletromagnetismo, mas no decorrer do curso as

formulações matemáticas ocorreram, uma vez que tais formulações permitem

fornecer conhecimentos inerentes a alguns procedimentos típicos da investigação

científica, como utilização adequada de equipamentos e instrumentos de medida,

análise e tratamento estatístico de dados e cuidados com erros sistemáticos,

ferramentas fundamentais para um curso de Engenharia. Além das formulações

matemáticas decorrentes do curso, há outros experimentos que contemplam a

ementa da disciplina com o intuito de aprofundamento dos conceitos de

Eletrodinâmica, Eletromagnetismo, Termodinâmica e Física Moderna.

Cerca de três meses após as intervenções experimentais e simuladas foi

realizado o pós-teste, chamado de Levantamento dois (L2).

7.1.4 Pós-Teste (L2)

O pós-teste (L2) foi realizado no dia 9 de agosto de 2012 e teve duração de

duas aulas (100 minutos). As treze questões que compunham o pós-teste eram

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formadas por onze questões como havia ocorrido no pré-teste (L1), mais duas

questões acerca do curso de Física III.

7.2 Análise dos Resultados dos Levantamentos 1 e 2

Num primeiro momento buscou-se a leitura fluente das respostas dos alunos

no L1 e no L2, realizando uma análise criteriosa de cada questão respondida. Em

seguida, procurou-se organizar os dados e identificar as tendências (BARDIN,

2000), realizando uma análise qualitativa e quantitativa dos dados (CRESWELL,

2007). Efetuou-se em cada questão uma leitura cuidadosa de todas as respostas

fornecidas, interpretando cada uma e identificando, no conjunto, a existência de

categorias de informações contidas nestas respostas.

Para a análise dos resultados as respostas dos alunos foram agrupadas em

categorias de síntese conforme Creswell (2007) e Bardin (2000), sendo que a

identificação “L1Q2A3” significa a resposta do aluno 3 à questão 2 no levantamento

1 (pré-teste) e “L2Q2A3” significa a resposta do aluno 3 à questão 2 no

levantamento 2 (pós-teste).

Questão 1: Exemplifique situações do seu cotidiano em que o termo magnetismo foi

mencionado.

Figura 28 – O termo Magnetismo usado em situações do cotidiano Fonte: Dados da pesquisa.

Esta questão, no pré-teste, teve o objetivo de averiguar os conceitos prévios

na estrutura cognitiva dos alunos, que de acordo com Ausubel, Novak e Hanesian

(1980) são pontos essenciais para uma aprendizagem significativa. A análise desta

questão permitiu o planejamento da intervenção realizada, uma vez que se procurou

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%

100%

Aparelhos eletrodomésticos

Aproximação ímã/metal

Conteúdo Escolar

Documentários Livro texto Afetivo sexual Bússola Magnetismo terrestre

Sistema de comunicação e

informação

Termo "Magnetismo" em Situações do Cotidiano

L1

L2

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108

partir dos subsunçores elencados pelos alunos, tendo em vista facilitar o processo

de ensino aprendizagem.

Analisando o gráfico (fig. 28), pode-se observar que após o curso de Física

III os alunos buscaram com maior frequência o assunto em livros didáticos,

manipularam bússolas e verificaram a existência de campo magnético em nosso

Planeta. É possível destacar ainda, o aumento de incidência de respostas

envolvendo sistemas de comunicação e informação, demonstrando maior interesse

pelo assunto.

Na figura 28 e nos relatos a seguir se encontram dados demonstrando que o

curso de Física III, de acordo com o PCN (BRASIL, 1999, p. 23), contribui no

desenvolvimento cognitivo do aluno, favorecendo uma construção rica em

abstrações e generalizações tanto no sentido prático como conceitual. Após a

análise de conteúdo (BARDIN, 2000) desta questão, percebe-se que os alunos

buscaram explicações acerca do termo magnetismo e eletromagnetismo no livro

texto utilizado na preparação do curso, passando de 7% no L1 a 14% no L2,

passaram a observar com mais frequência, de 18% no L1 a 54% no L2, a existência

de conceitos de eletromagnetismo em sistemas de comunicação, perceberam a

importância do campo magnético terrestre na orientação e passaram a considerar as

ondas eletromagnéticas como uma consequência do eletromagnetismo utilizada nos

meios de comunicação.

Após a realização do curso, verificou-se que os alunos relacionaram os

conhecimentos adquiridos em relação ao eletromagnetismo, com desenvolvimento

tecnológico, como se percebe nos relatos de quatro alunos:

_____ Em cartões magnéticos, ímãs, há campo magnético no nosso

planeta, nos alto-falantes de carros e HD de computadores.

(L2Q1A17)

_____ No uso do computador com seus ímãs internos, na interferência nos

meios de comunicação devido às erupções solares, na propagação

de ondas eletromagnéticas para comunicação de rádio, TV, internet e

celulares. (L2Q1A20)

_____... na geração de energia elétrica, nas navegações e aviões.

(L2Q1A24)

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_____O assunto magnetismo é muito vasto e seu estudo possibilitou o

entendimento de uma variedade de instrumentos e coisas que fazem

parte do cotidiano como, por exemplo, o funcionamento da

campainha elétrica, dos motores elétricos, o funcionamento do

galvanômetro, o funcionamento das usinas hidrelétricas, os

transformadores de tensão, os cartões magnéticos, dentre outros. Na

área da medicina moderna, o eletromagnetismo está aplicado no

diagnóstico por imagem por meio de ressonância magnética.

(L2Q1A26)

Questão 2: Você já fez alguma experiência (ou brincadeira) com ímãs. Descreva o

que você fez. Pode desenhar se considerar esclarecedor.

Figura 29 – Contato experimental com material magnético. Fonte: Dados da pesquisa.

Na questão 2 o principal objetivo do pré-teste é verificar se os alunos

realizaram algum tipo de experimentação envolvendo conceitos de

eletromagnetismo ao longo da Educação Básica, conforme propõe os PCNEM.

Percebe-se que, de acordo com o L1, os alunos manipularam ímãs e

verificaram algumas de suas propriedades ao longo de sua formação básica, mas

não explicitaram conceitos aprendidos durante essa manipulação.

Como se pode observar na figura 29, no L2 surgiram alguns itens que não

apareciam no L1. O resultado aponta para uma aprendizagem significativa de novos

conceitos como, por exemplo, interação entre campo magnético e elétrico.

Percebe-se uma melhora nas respostas dos alunos que no L1 simplesmente

citaram a manipulação de ímãs sem indicar seus polos e no L2 além de citar os

polos fizeram a relação correta entre eles.

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%

100%

Atração e repulsão entre

ímãs

Verificação de campo

magnético

Atração e repulsão entre

polos positivos e negativos

Verificação de campo

magnético com limalha de ferro

Verificação de não monopolo

Verificação de Magnetismo

terrestre

Imantação de material ferro-

magnético

Interação entre campo

magnético e elétrico

Experiência dos alunos com Ímãs

L1

L2

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No L2 surgiram características de respostas como, por exemplo, verificação

de não monopolos e imantação de material ferromagnético proporcionados pela IE1,

verificação de magnetismo terrestre (IS2) e interação entre campo magnético e

elétrico (IE2,3,4 e 5 e IS3, 4 e 5) que apontam evidências de reconciliação integradora

que segundo Ausubel, Novak e Hanesian (1980) caracteriza-se pelo fato de que em

função de novas informações adquiridas, os subsunçores já existentes se

reorganizem e adquirem novos significados.

A seguir é apresentada como exemplo a resposta de um aluno nos dois

levantamentos.

_____ Já, com ímãs. Fiz um carrinho colocando um ímã em cima da mesa e

outro embaixo. (L1Q2A4)

_____ Ao quebrar um ímã com a intenção de verificar se ele fica com

polaridade norte e sul, o que comprovamos que o ímã não fica monopolo,

ficando sempre com as duas polaridades, mesmo quebrado. (L2Q2A4)

A figura 30 é o relato do A11 sobre suas experiências com ímãs, no L2:

Figura 30 – Relato do aluno A11 no L2.

Fonte: Dados da pesquisa.

A resposta do aluno A11 (fig. 30) a esta pergunta demonstra, como afirmam

Ausubel, Novak e Hanesian (1980), que os subsunçores são um conjunto de

conhecimentos que embasam a aquisição de conhecimentos mais profundos.

Relacionando ao Ensino de Física, pode-se afirmar que o conhecimento prévio

sobre ímã age como um subsunçor para compreender a atração e repulsão entre

ímãs e a formação do campo magnético utilizando a analogia com o campo elétrico

ou gravitacional que se caracteriza por ações à distância. A partir do momento em

que este último conteúdo for compreendido de maneira significativa, este passa a se

constituir como subsunçor para compreender outros conteúdos mais abrangentes,

como campo eletromagnético, por exemplo.

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Portanto, só ocorre aprendizagem significativa se o aluno relacionar o

conteúdo que está aprendendo (campo magnético) a subsunçores relevantes, já

existentes em suas estruturas cognitivas (polos do ímã). No entanto, para isso, faz-

se necessário que o conteúdo básico esteja bem definido pelo aluno, caso contrário,

o aprendizado é mecânico.

Questão 3: Dentre os equipamentos que conhece, quais deles funcionam levando

em conta o magnetismo?

Figura 31 – Aparelhos eletromagnéticos. Fonte: Dados da pesquisa

A percepção ampliada dos alunos sobre aparelhos eletrodomésticos e sobre

os meios de comunicação que utilizam o magnetismo como princípio de

funcionamento foi influenciada, principalmente, pelas IE2, 3 e 5 e pelas IS4 e 5. A

resposta dos alunos nos dois levantamentos confirma essa ampliação de percepção:

_____ Bússolas. (L1Q3A7).

_____ Bússolas, motores elétricos e medidores de consumo de energia

elétrica. (L2Q3A7).

_____ Aparelhos de som e televisão. (L1Q3A10)

_____ Aparelhos de som, televisores, instrumentos musicais eletrônicos,

lanternas de indução, aparelhos de telefone, aparelhos de ressonância e

geradores de energia. (L2Q3A10)

_____ Celular e TV. (L1Q3A21)

_____ Lanterna de indução eletromagnética, cartão magnético, cooler de

computador, Motor do ventilador, porta da geladeira e elevador do parque

de diversões Hopi Hari. (L2Q3A21)

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Percebe-se, pela qualidade das respostas no L2, que 43% dos alunos

reconheceram que os motores elétricos utilizam-se do eletromagnetismo para seu

funcionamento, 82% relacionam o sistema de comunicação e informação aos efeitos

do eletromagnetismo, 14% identificaram a presença do conteúdo estudado na

geração e medição do consumo de energia elétrica em nosso País e 7%

relacionaram o sistema de diagnóstico por imagem com a utilização de eletroímãs.

Tal ampliação de percepção deve-se às sequências didáticas adotadas no curso de

Física III, pois o conteúdo foi apresentado primeiramente de maneira geral, com os

conceitos mais inclusivos e, posteriormente, foi progressivamente diferenciado, em

termos de detalhes e especificidades, pois surgiram respostas que não foram

contempladas no L1 demonstrando a diferenciação progressiva. Também foram

exploradas, durante as IE e IS, as similaridades e diferenças entre os conceitos de

eletromagnetismo, destacando-se inconsistências reais ou aparentes, ponto chave

para a reconciliação integradora, processo pelo qual a pessoa reconhece novas

relações entre conceitos até então vistos de forma isolada. Ainda, em relação à

figura 30, percebe-se uma redução no percentual de alunos que citaram no L1 os

aparelhos eletrônicos (som e imagem) e os ímãs como aparelhos que se utilizam do

magnetismo. Tal redução deve-se ao surgimento de novas categorias de análise

após as IE2,3 e 4 e IS2,3 e 4, ocorridas no L2.

As respostas dos alunos no L2 evidenciam a diferenciação progressiva e a

reconciliação integradora, segundo Ausubel, Novak e Hanesian (1980), como

princípios facilitadores da aprendizagem significativa.

Questão 4: Usando um ímã permanente, Pedro, o esfrega continuamente e sempre

no mesmo sentido em um prego de aço, conforme indica a figura.

Figura 32 – Magnetização por atrito.

Fonte: Acervo do autor.

Após esse processo, o estudante verifica que o prego fica imantado, atraindo

outros pregos.

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a) O polo norte do ímã prego é a sua ponta. Como Pedro pode verificar isso?

b) Distraidamente, Pedro coloca o prego imantado ao lado de outro prego

idêntico, mas não imantado. Depois, para verificar qual dos dois é o prego

imantado, usando apenas esses dois objetos, ele os dispõe conforme indica a

figura seguinte. b2) Se a ponta do prego A atrair a região central do prego B,

qual deles está imantado? Qual seria a conclusão se essa atração não

ocorresse?

Figura 33 – Verificação de polos magnéticos.

Fonte: Acervo do autor.

Figura 34 – Imantação do prego por atrito.

Fonte: Dados da pesquisa.

Percebe-se que os alunos conheciam os conceitos relacionados à atração e

repulsão magnética, talvez por terem estudado anteriormente a atração e a repulsão

entre cargas elétrica, em eletrostática. Mesmo assim, constatou-se uma melhora

significativa, de 7% para 54%, no número de alunos que relacionaram corretamente

a utilização do ímã do experimento para tal verificação.

Apresenta-se, como exemplo, a resposta de dois alunos nos dois

levantamentos, na primeira parte da questão:

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Não respondeu Usando um objeto

ferromagnético

Usando uma bússola

Usando o ímã permanente do

experimento

O prego A O prego B O prego A é o ímã

O prego B é o ímã

(a) (b) 1 (b) 2

Imantação por Atrito

L 1

L 2

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_____ Utilizar o outro prego. (L1Q4A6)

_____ Aproximando o polo norte do ímã na cabeça do prego, assim o prego

era atraído pelo ímã, assim a cabeça do prego é o polo sul. Pois o sul e

norte se atraem. (L2Q4A6)

_____ Utilizando uma bússola ele pode descobrir. (L1Q4A11)

_____ Colocando o ímã próximo do prego e perceber se o polo norte do ímã

está atraindo ou repelindo o prego. (L2Q4A11)

A figura 35 confirma o depoimento do A2, no L2, a respeito das

possibilidades de descoberta do polo do ímã-prego.

Figura 35 – Depoimento de aluno no (L2Q4A2).

Fonte: Dados da pesquisa.

Na segunda parte da questão percebe-se que no L1 os alunos não

conheciam a região neutra entre os polos de um ímã, pois 68% deles responderam

que o prego B era o imantado. No L2 os alunos perceberam que os ímãs não

apresentam propriedades magnéticas em toda a sua extensão, que há uma região

neutra no centro do prego-ímã, verificado por 82% dos alunos que participaram do

curso de Física III.

A resposta dada pelo aluno A3 no L1 e L2, apresentada abaixo, corrobora

essa percepção:

_____ Nenhum porque no centro do ímã a corrente é nula. (L1Q4A3)

_____ Se houver atração o prego imantado é o prego A, pois o ímã esteve

em contato com a região central do outro prego onde não tem magnetismo.

(L2Q4A3)

Já, na figura 36, a resposta do A4 no L2 aponta que o curso de Física III

proporcionou tarefas sequenciais, em que uma não podia ser executada sem um

perfeito domínio da precedente.

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Figura 36 – Resposta do aluno A4 no (L2Q4A4).

Fonte: Dados da pesquisa.

Durante o L1, na terceira parte da questão, chamada de b2, os alunos

demonstraram total desconhecimento da imantação de um ímã temporário, bem

como sua inseparabilidade magnética. Já, no L2, essa dificuldade demonstrou-se

parcialmente sanada, passando de 18% no L1 para 82% no L2.

_____ O prego A é o ímã. (L1Q4A10)

_____O prego B é o ímã uma vez que no centro do ímã não tem polo

magnético. (L2Q4A10)

Questão 5: A figura a seguir descreve uma regra, conhecida como "regra da mão

direita", para análise da direção e do sentido do vetor campo magnético em torno de

um fio percorrido por uma corrente elétrica. Analisando a figura, responda aos itens

a seguir.

a) O que representam, na figura, as setas que estão ao lado dos dedos polegar e

indicador?

b) Faça um esboço (desenho) das linhas de campo magnético em torno desse fio.

c) Faça uma análise qualitativa, relacionando a dependência do módulo do vetor

campo magnético nas proximidades do fio com a intensidade de corrente elétrica e

com a distância em que se encontra do fio.

Figura 37 – Determinação da lei de Ampère.

Fonte: Acervo do autor.

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Figura 38 – Compreensão da Lei de Ampère.

Fonte: Dados da pesquisa.

Ao analisar o gráfico da figura 38, percebe-se que cerca de 80% dos alunos

compreenderam corretamente a lei de Ampère após as intervenções, ao demonstrar

uma melhor qualidade nas respostas. Sobre o aluno A12 na aplicação do L2,

observa-se esse avanço:

_____ As linhas do campo elétrico no fio. Não sei responder sobre os

dedos. (L1Q5A12)

_____ O dedo indicador mostra o sentido do campo magnético e o dedo

polegar mostra o sentido da corrente elétrica. A intensidade do campo

magnético é diretamente proporcional ao valor da corrente e inversamente

proporcional à distância do fio. (L2Q5A12)

O ganho conceitual demonstrado no item b da questão 5, passando de 11%

no L1 para 89% no L2, deve-se à IE2 “O Campo Magnético de uma Corrente

Elétrica” onde os alunos manipularam o experimento proposto, e pela IS3 “ Campo

Magnético Gerado por Corrente Elétrica” constatando a primeira lei elementar de

Laplace e por conseguinte a lei de Ampère.

A IE2 contém questões que levaram os alunos a conceituar e descrever o

experimento de Oersted asseverando, em suas respostas, que uma corrente elétrica

produz um campo magnético, e que para o caso de um fio retilíneo, as linhas de

campo são círculos em planos perpendiculares ao fio.

A figura 39 manifesta a resposta do A7 no item c da questão 5:

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117

Figura 39 – Resposta da questão 5 no L2Q5A7.

Fonte: Dados da pesquisa.

Chamou atenção o fato de que 11% dos alunos, no L2, não conseguirem

descrever conceitualmente a lei de Ampère, mesmo depois das intervenções

experimentais e simuladas, descrevendo que não há relação entre o sentido da

corrente elétrica e a direção do campo magnético. Tal resultado deve-se ao motivo

desses três alunos atuarem de forma mecânica em seus grupos, demonstrando nas

sequências didáticas uma grande deficiência de conceitos básicos de Física, o que

pode ser verificado durante as observações das aulas.

Questão 6: Desenhe, na própria figura, as linhas de campo magnético que surgem

na espira quando o ímã aproxima-se dela, bem como a polaridade que aparece em

cada lado.

b) A velocidade de aproximação ou afastamento do ímã em relação à bobina

influencia na intensidade da corrente induzida? Justifique.

c) O número de espiras da bobina é importante na intensidade da corrente induzida

no circuito? Justifique sua resposta.

Figura 40 – Determinação da corrente induzida.

Fonte: Acervo do autor.

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Figura 41 – Compreensão da Lei de Faraday-Lenz.

Fonte: Dados da pesquisa.

Na figura 42, as partes (a) e (b), representam o desenho do aluno A8 nos

dois levantamentos. Observa-se claramente que o aluno desenhou, em L1,

desconsiderando o conceito de aproximação ou afastamento do ímã e que em L2

passou a observar o campo magnético do ímã mais próximo da bobina durante o

movimento de aproximação e desenhou o sentido do campo magnético ao redor da

bobina.

Figura 42 – Resposta do aluno A8 no L1Q6A8 em (a) e no L2Q6A8 em (b).

Fonte: Acervo do autor.

Para responder a pergunta c desta questão o aluno A17 recorreu

mentalmente à IE3 que tratou da construção e validação do eletroímã.

_____ Sim, é do mesmo jeito que no eletroímã, se ele com mais espiras tem

um campo magnético mais intenso (segurou mais clipes), a intensidade da

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corrente varia proporcionalmente com o número de espiras também.

(L2Q6A17)

Percebe-se que durante o L2 os alunos passaram a descrever corretamente

a Lei de Faraday-Lenz, pois desenharam (passando de 11% no L1 para 86% no L2)

corretamente as linhas de campo magnético e os polos que surgiam na bobina

durante a aproximação ou afastamento do ímã, compreenderam que a velocidade

de aproximação ou afastamento modifica a intensidade de corrente induzida na

bobina (de 18% no L1 para 82% no L2), e que se o fluxo magnético através de uma

bobina de N espiras sobre uma variação, uma força eletromotriz é induzida em cada

espira e a força eletromotriz total é a soma dessas forças eletromotrizes (11% no L1

para 89% no L2).

A resposta do aluno A19 descreve corretamente a relação entre o número

de espiras na bobina e a força eletromotriz induzida:

_____ Sim, aumentando o número de espiras na bobina o campo magnético

do ímã atravessará um número maior dessas espiras, e o campo gerado

pela bobina opondo-se ao ímã será maior e assim tenho que fazer mais

força para aproximar o ímã e por consequência terá mais corrente indicada

pelo galvanômetro. (L2Q6A19)

Questão 7: a) A figura abaixo possui uma bateria ligada a uma bobina. Qual polo

surge na extremidade direita da bobina? Justifique.

b) Explique como a corrente elétrica fornecida pela bateria gera o campo magnético

que circunda a bobina.

Figura 43 – Bobina e campo magnético. Fonte: Acervo do autor.

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Figura 44 – Compreensão do campo magnético ao redor de uma bobina.

Fonte: Dados da pesquisa.

Percebe-se no L1 que mais de 60% dos alunos desconhecia a formação do

campo magnético ao redor de uma bobina quando percorrido por uma corrente

elétrica.

No L2, 71% dos alunos além de indicarem corretamente o sentido do campo

magnético na bobina, descreveram a relação entre o movimento da carga elétrica e

o campo magnético gerado por esse movimento.

_____ A bateria coloca as cargas elétricas em movimento, em

consequência criam além de campos elétricos, campos magnéticos.

(L2Q7A2)

_____ As cargas elétricas em movimento que constituem a corrente, ou

seja, os elétrons livres produzem em torno de si efeitos elétricos e

magnéticos, gerando o campo magnético em torno do fio. (L2Q7A24)

A figura 45 descreve a resposta do aluno A5 no item b da questão 7:

Figura 45 – Resposta do aluno A5 à questão 7 no item b durante o L2.

Fonte: Dados da pesquisa.

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%

100%

Indicou o polo corretamente

Corrente elétrica gera campo magnético

carga elétrica em movimento gera campo

magnético

Não respondeu

(a) (b)

Compreensão do Campo Magnético na Bobina

L 1

L 2

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Após a realização da IE3 que se tratava da construção e validação do

eletroímã, os alunos constataram corretamente que o número de voltas, o diâmetro

da bobina e a intensidade da corrente controlada pelo reostato afeta a força do

eletroímã. Em três grupos foi possível perceber o dimensionamento da bobina a fim

de maximizar o campo magnético, utilizando tentativa e erro.

Questão 8: Na experiência realizada pelo seu professor, o fio de um circuito passa

sobre a agulha de uma bússola. Com a chave C aberta, a agulha alinha-se como

mostra a figura 1. Fechando-se a chave C, a agulha da bússola assume nova

posição (figura 2). Como você explicaria esse movimento da agulha da bússola a

partir da corrente elétrica estabelecida no circuito?

Figura 46 – Determinação da lei de Oersted.

Fonte: Acervo do autor.

Figura 47 – Compreensão do experimento de Oersted.

Fonte: Dados da pesquisa.

O gráfico da figura 47 assinala um ganho percentual significativo sobre a

compreensão do experimento de Oersted, passando de 36% no L1 para 83% no L2.

Este ganho está relacionado à manipulação da IE2 e da interação com a IS3 como

consta nos relatos abaixo.

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_____ Quando a chave C está aberta passa por ela uma corrente elétrica

onde os elétrons se alinham, já com a chave fechada os e- (elétrons) vão se

movimentar. (L1Q8A1)

_____ A agulha se movimenta por que com a chave C fechada haverá uma

passagem de corrente elétrica gerando um campo magnético e a agulha

ficará de acordo com os vetores desse campo. (L2Q8A1)

_____ Isso depende muito da corrente elétrica gerada nesse circuito,

quanto mais energia for gerada mais rápido a chave será fechada e por isso

o fio 2 tem mais corrente. (L1Q8A3)

_____ Bom, toda corrente elétrica gera um campo magnético em torno de

si, então quando ligada gera o campo magnético interferindo com o campo

magnético da bússola. (L2Q8A3)

_____ A agulha se move de acordo com o campo magnético quando se

fecha a chave. (L2Q8A13)

A resposta do aluno A19 ao item b da questão 8 está descrita na figura 48:

Figura 48 – Aluno A19 explicando o experimento de Oersted no L2.

Fonte: Dados da pesquisa.

Ao serem empregados para melhorar a atenção, apoiar o raciocínio e

auxiliar a visualização e interpretação de fenômenos, os elementos dessas

intervenções colaboram para a ocorrência de aprendizagem significativa por

tenderem a estimular o estabelecimento de relações intencionais entre os conceitos

a serem assimilados e a estrutura cognitiva, além de facilitar a criação de

subsunçores.

Questão 9: Sabemos que até o início do século XIX a eletricidade e o magnetismo

eram estudados de forma separada, ou seja, considerava-se que não havia

nenhuma ligação entre esses dois fenômenos. No ano de 1820, foi anunciado um

experimento, realizado pelo físico Hans Christian Oersted, que constatou a ligação

entre a eletricidade e o magnetismo. Oersted verificou que a agulha de uma bússola

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mudava de direção quando a corrente elétrica passava em um fio condutor que

estava bem próximo dessa bússola. Dessa forma, ele pôde concluir que além dos

ímãs, as correntes elétricas também produzem campo magnético, cujo sentido

depende do sentido da corrente elétrica. A simulação abaixo tem a finalidade de

demonstrar o experimento de Oersted. Descreva, com riquezas de detalhes, como a

simulação pode descrever o experimento de Oersted.

Figura 49 – Campo magnético ao redor de um fio que conduz corrente.

Fonte: Dados da pesquisa.

Figura 50 – Compreensão da Indução Magnética – experimento de Oersted.

Fonte: Dados da pesquisa.

O depoimento feito pelo aluno A15 a essa questão no L2, a seguir, indica

que a utilização da derivação progressiva, da organização sequencial e da

reconciliação integradora na estruturação das IE e das IS implementadas ao longo

do curso de Física III, atingiram os objetivos propostos nesta Tese.

_____ Verifica-se que há um campo magnético pela direção e sentido da

bússola, pelas linhas de campo no plano amarelo, além de comprovar a lei

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da mão direita no segundo desenho e verifica tudo isso com o vetor da

corrente elétrica. (L2Q9A15)

A qualidade das respostas dos alunos no L2, quando comparadas às

respostas no L1 (fig. 50), indica que as intervenções experimentais articuladas às

intervenções simuladas auxiliaram no desenvolvimento de subsunçores apropriados

para a assimilação da indução eletromagnética. O estabelecimento de relações

relevantes pelos alunos entre as ideias estudadas podem ser entendidas como

evidência de ocorrência de aprendizagem significativa.

_____ É que com a bússola dando suas voltas vai criando um campo

magnético muito grande que vai atraindo os objetos que tiverem perto como

o ferro por exemplo. (L1Q9A28)

_____ A corrente produz campo magnético em torno do fio e seu sentido

depende do sentido da corrente elétrica. (L2Q9A28)

_____ A corrente positiva entra no campo fazendo o giro por todo o campo

e saindo negativa. (L1Q9A9)

_____ Um fio condutor que é percorrido por uma corrente elétrica gera ao

seu redor um campo magnético, assim o sentido do campo depende do

sentido da corrente. (L2Q9A9)

A figura 51 caracteriza a resposta do aluno A7 na questão 9 durante o L2:

Figura 51 – Aluno A7 descrevendo o experimento de Oersted no L2.

Fonte: Dados da pesquisa.

Questão 10: Um ímã foi fixado em uma folha de papel sobre uma mesa conforme

mostra a figura a seguir. Imagine que foi solicitado que você aproximasse uma

bússola apoiada na folha de papel em várias posições em torno do ímã, sendo

essas posições tracejadas na figura. Desenhe a agulha da bússola nas várias

posições indicadas na figura.

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Figura 52 – Determinação do campo magnético ao redor de um ímã.

Fonte: GREF, 2005, p. 158.

A figura 53 em (a) e em (b) representam o desenho de um aluno A21 nos

dois levantamentos. Observa-se claramente que o aluno desenhou, em L1,

considerando o conceito de campo elétrico e que em L2 passou a observar o campo

magnético.

Observa-se na figura do L2Q10A21 (fig. 53 - item b) que o aluno, para

responder a questão, traçou as linhas de campo magnético do ímã e depois

posicionou corretamente a bússola. A melhora significativa quanto a essa resposta

deve-se à IE1 e à IS1 utilizadas ao longo do curso de Física III.

Figura 53 – Desenho do A21 no L1 em (a) e no L2, em (b).

Fonte: Acervo do autor

a b

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Figura 54 – Campo magnético ao redor do ímã.

Fonte: Dados da pesquisa.

Questão 11: Na figura abaixo você observa a distorção na imagem provocada por

um ímã nas proximidades da tela de um monitor. Explique como isso ocorreu.

Figura 55 – Distorção da imagem de um monitor CRT (Cathodic Ray Tube).

Fonte: Acervo do autor.

Figura 56 – Ímã próximo de um monitor CRT.

Fonte: Dados da pesquisa.

Conforme se observa nos relatos apresentados no gráfico da questão 13 (fig. 58), os alunos consideraram, de maneira geral, que a carga horária reduzida do

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%

100%

A trajetória da carga elétrica é

afetada pelo campo magnético

do ímã.

Campo magnético afeta campo

elétrico

Campo magnético afeta campo magnético

Não respondeu Campo magnético afeta as cores

Campo magnético atrai material

ferro-magnético (linhas da tela)

Os elétrons em movimento geram campo magnético

que é afetado pelo campo

magnético do ímã.

Ímã próximo a Monitor CRT

L1

L2

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curso foi uma dificuldade. Isso não impossibilitou a busca de novos conhecimentos

acerca do eletromagnetismo, como se observa na fig. 56, uma vez que não foi

tratado, ao longo do curso, sobre o conceito de partículas portadoras de carga

elétrica em movimento ser perturbadas por campo magnético externo. Um exemplo

deste fato pode ser percebido na conclusão do aluno 22 diante da questão 10 no

levantamento 2 certificando que durante a manipulação das IE e das IS foram

desenvolvidos conceitos subsunçores capazes de auxiliar a aprendizagem

subsequente, passando de 10% no L1 para 40% no L2.

_____ O ímã, com seu campo magnético, ao passar próximo da tela faz

com que os elétrons interajam com o campo distorcendo a imagem.

(L2Q10A22)

_____ O campo magnético altera o campo elétrico da tela que será distorcida. (L2Q10A1)

_____ O ímã mexe com os elétrons do monitor... (L2Q10A5)

_____ O campo magnético do ímã interage com os elétrons da tela do monitor, atraindo-os. (L2Q10A7)

_____ No monitor do computador há elétrons, eles se concentram onde o ímã foi colocado, distorcendo a tela. (L2Q10A10)

A qualidade da resposta do A16 a esta questão, no L2 (fig.57), demonstra o

surgimento de conceitos prévios para a continuidade do aprendizado sobre

eletromagnetismo.

Figura 57 – Resposta do aluno A16 referente à interação de cargas em

movimento nas proximidades de um ímã. Fonte: Dados da pesquisa.

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Questão 12: Descreva o que mais gostou durante nosso curso.

Figura 58 – Síntese das respostas dos alunos sobre o que mais gostaram

durante o curso de Física III. Fonte: Dados da pesquisa.

Descrevem-se, no quadro 5 alguns posicionamentos dos alunos sobre o que

mais gostaram durante o curso de Física III. Como pontos positivos do material

desenvolvido e sobre a interatividade proporcionada pelas IE e pelas IS no

entendimento do conteúdo de eletromagnetismo, destaca-se: a linguagem usada na

descrição dos fenômenos (relação com o cotidiano), a construção dos experimentos,

a facilidade de manuseio das simulações e a dedicação do professor.

Percebe-se que a dedicação e orientação do professor foram necessárias

para otimizar a utilização das IE e das IS, através do esclarecimento dos pontos

mais difíceis, da proposição de atividades para explicar as concepções dos alunos e

da introdução de organizadores prévios, adequando-os a cada aluno, direcionando

apropriadamente as etapas futuras da aprendizagem.

O valor atribuído pelos alunos (89%) (fig. 58), às descobertas das relações

entre eletricidade e magnetismo demonstra que o curso de Física III teve efeito

benéfico na assimilação e consolidação dos conceitos de eletromagnetismo.

Destaca-se, conforme a figura 58, a construção do eletroímã (IE3) onde 89%

dos alunos afirmaram que essa atividade aprimorou seu conhecimento sobre

eletromagnetismo. Essa intervenção experimental assinala que os conceitos se

interagem com o novo conhecimento e servem de base para a atribuição de novos

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significados e vão também se modificando em função dessa interação, adquirindo

novos significados e se diferenciando progressivamente.

Os “roteiros” (sequências didáticas) propostas ao longo das intervenções

cumpriram seu papel de subsunçores ao serem utilizadas para sistematizar os

passos dos alunos e favorecer novas aprendizagens ao longo do experimento ou da

simulação. Em média 69,5% dos alunos reconheceram que as sequências didáticas

foram úteis na organização das relações entre ideias e conceitos. As sequências

didáticas se mostraram adequadas ao criar novos elementos com determinado grau

de clareza, estabilidade e diferenciação, fornecendo novos significados e levando a

uma reorganização da estrutura cognitiva do aluno.

Outro ponto de destaque, apesar de compreender um pequeno percentual

nas respostas dos alunos (14%), é o fato de relacionarem o eletromagnetismo à

óptica. Em nenhum momento, ao longo do curso, propomos atividades que

relacionasse o eletromagnetismo à óptica, mas isso não foi um obstáculo para que

os alunos fizessem essa relação. Esse tipo de relação onde o aluno, por exemplo,

tendo conceitos de campo elétrico e magnético claro e estáveis na sua estrutura

cognitiva, os percebe intimamente relacionados e reorganiza seus significados de

modo a vê-los como manifestações de um conceito mais abrangente, o de campo

eletromagnético. Essa recombinação de elementos, essa reorganização cognitiva,

esse tipo de relação significativa, é referido por Ausubel, Novak e Hanesian (1980)

como reconciliação integradora.

O quadro 5 acentua alguns depoimentos dos alunos sobre o que mais

gostaram ao longo do curso de Física III ao responderem a pergunta no L2.

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Aluno O que mais gostou durante o curso de Física III

A2 Entender as propriedades do ímã e o funcionamento de um solenoide. Reconhecer que diversos instrumentos funcionam com os princípios do eletromagnetismo.

A6 Da objetividade e clareza das simulações, da facilidade de manuseio e dos experimentos.

A7 Gostei das experiências e das simulações, além das aplicações do magnetismo que realmente fazem parte do cotidiano, mostrando como isso interfere na nossa vida.

A13 Descoberta de novos horizontes do campo magnético, descobrir as relações com o campo magnético e elétrico e usar as simulações para melhorar nossa visão sobre o eletromagnetismo.

A14 Achei muito bom as simulações que mostravam cada conteúdo que a gente via no laboratório de Física. Assim consegui entender muito bem com este curso.

A19 ... foi o modo diferente de aprender Física fazendo aulas ao mesmo tempo no laboratório e no computador.

A20 Dos experimentos feitos no laboratório, vendo a teoria em prática.

A22 Adorei ver que o magnetismo e eletromagnetismo estão em várias coisas do nosso cotidiano e às vezes nem percebemos ou sabemos.

A26

Gostei de ter aulas práticas onde todos os alunos podiam acompanhar de perto todas as experiências que os grandes físicos fizeram para chegar até onde estamos hoje. Também gostei do uso do computador que criou oportunidade de ver algumas coisas que no experimento não podia.

Quadro 5 – Depoimento dos alunos sobre o que mais gostaram durante o curso de Física III. Fonte: Dados da pesquisa.

Questão 13: Descreva o que menos gostou durante nosso curso.

Figura 59 – Síntese das respostas dos alunos sobre o que menos gostaram

durante o curso de Física III. Fonte: Dados da pesquisa.

Na figura 59 percebe-se que 14% dos alunos não se sentiram satisfeitos

com os grupos formados ao longo do curso. Tal afirmação ocorreu pelo fato de

muitos deles não se sentiram à vontade em expor suas ideias frente aos colegas,

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uma vez que eram necessários diálogos sobre as questões prévias e mesmo para

as conclusões das perguntas nas intervenções.

Do total de alunos, 18% deles não gostaram da didática adotada no curso de

Física III. Afirmaram que os “roteiros” (sequências didáticas) eram muito longos e

necessitavam de muito tempo para serem respondidos. Os alunos A(12, 13 e 14),

pertencentes ao mesmo grupo de trabalho, identificaram como ponto fraco do curso

a ausência das equações do eletromagnetismo. Assinalaram que para um curso de

Física, na engenharia civil, é necessário conhecer as equações para um

aprofundamento do conteúdo.

Os alunos A11 e A23 afirmaram que a distribuição do conteúdo do curso não

os agradou, pois quando as aulas avançavam, os conteúdos mudavam muito

rapidamente. Esses alunos não perceberam, ao longo do curso, o caminho traçado

pelos experimentos e pelas simulações.

Chamou a atenção o fato de 50% dos alunos relatarem que o tempo para a

execução das tarefas foi pequeno. Esses alunos reconheceram que o trabalho

proposto pelo curso foi significativo, mas indicaram que era necessário mais tempo

para as discussões em grupo, principalmente quando respondiam as questões

prévias.

O quadro 6 assinala alguns depoimentos sobre o que os alunos menos

gostaram ao longo do curso de Física III.

Aluno O que menos gostou durante o curso de Física III A7 Do pouco tempo para realizar as experiências.

A16 Da formação dos grupos.

A19 Da falta de conhecimento das fórmulas que poderiam ajudar a compreensão da matéria.

A21 Alguns roteiros eram muito longos. A23 Não achei muito interessante a Lei de Lenz.

Quadro 6 – Depoimento dos alunos sobre o que menos gostaram durante o curso de Física III. Fonte: Dados da pesquisa.

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7.2.1 Entrevista Semiestruturada

A entrevista semiestruturada ocorreu do dia 10 ao dia 26 de agosto de 2012

e foi realizada com todos os alunos que compuseram o público alvo desta pesquisa.

As entrevistas ocorreram no período noturno, após as aulas ou nos finais de

semana, dependendo da disponibilidade do aluno. A fim de facilitar o contato dos

alunos com o professor pesquisador durante a entrevista, optou-se por entrevistá-los

via Skype, conforme citado no capítulo 5.

A figura 60 demonstra o momento de entrevista com um dos alunos da

pesquisa.

Figura 60 – Momento da entrevista. No plano menor o professor pesquisador

e no maior aluno entrevistado. Fonte: Dados da pesquisa.

Encontra-se, no apêndice C, o relato do desempenho conceitual detectado

durante a entrevista e o detalhamento comportamental, atitudinal e procedimental

observado durante as intervenções de todos os 28 alunos participantes dessa

pesquisa.

7.2.1.1 Apresentação e Análise dos Resultados da Entrevista

Considerando os dados provenientes da entrevista semiestruturada, e

também das observações ocorridas durante as intervenções, buscou-se encontrar

regularidades (BARDIN, 2009) e indicadores que nos permitissem construir

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interpretações dos relatos dos alunos de modo a gerar uma compreensão

contextualizada das condições fundamentais para uma aprendizagem significativa.

Cabe aqui mencionar que apenas os dados referentes às entrevistas foram

apresentados de forma aprofundada. Nossa busca por regularidades partiu-se de

dois aspectos principais que compõem nosso estudo de forma complementar, a

saber: epistemologia da ciência e aprendizagem significativa.

Considera-se relevante justificar os motivos de caracterizar os aspectos

epistemológicos para as análises dos resultados da entrevista uma vez que esses

aspectos são referenciados pelas pesquisas que fizeram parte da revisão da

literatura, além de darem suporte às falas dos alunos ao longo da referida entrevista.

7.2.1.1 Aspectos Epistemológicos

Também chamada de teoria do conhecimento, a epistemologia é o ramo da

filosofia que se ocupa da investigação sobre a natureza, as origens e a validade do

conhecimento. A presença da epistemologia de Bachelard no ensino de ciência tem

possibilitado a identificação de diferentes formas de estabelecer relações entre o

ensino e a aprendizagem.

Apesar da relevância teórica desta epistemologia, segundo Halmenschlager e

Gehlen (2009), ainda são poucos os trabalhos que utilizam a noção de perfil

epistemológico no processo de ensino e aprendizagem, como uma ferramenta

indicativa e interpretativa de conceitos.

A obra epistemológica de Gaston Bachelard apresenta elementos que

fundamentam esta pesquisa, pois ela se aplica tanto ao estudo do processo de

construção da ciência quanto ao processo de aprendizagem individual.

Nota-se que alguns trabalhos (MARTINS, 2004; SOUZA; ZANETIC, 2008;

SOUZA, 2008; COLOMBO JUNIOR, 2010) utilizaram essa noção de perfil para

identificar as concepções dos alunos, segundo as cinco escolas filosóficas propostas

por Bachelard (2004) (realismo ingênuo, empirismo, racionalismo clássico,

racionalismo completo e racionalismo discursivo). Além de construírem instrumentos

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para coleta e análise de dados, buscam limitações deste referencial, sua relevância,

e apontam propostas à sua evolução.

Quanto a fundamentos da mudança conceitual na ciência e suas limitações

no ensino, a epistemologia de Bachelard mostra-se adequada.

Embora os trabalhos de Bachelard estejam ligados diretamente ao

desenvolvimento histórico, ele está repleto de intenções pedagógicas. Lopes (1996,

p. 252) ressalta a inegável importância da obra de Bachelard aos professores e

pesquisadores em ensino de ciências.

Para Martins (2004, p. 33), a epistemologia de Bachelard pode auxiliar “na

busca de respostas aos problemas colocados pela área da didática das ciências”.

Assim, observa-se que o pensamento bachelardiano está em consonância

com a pedagogia atual, particularmente com o ensino de ciências e, não se pode

ignorar a relação existente entre o desenvolvimento de ideias em sala de aula e os

aspectos envolvidos na trajetória histórica ao longo da formação dos conceitos. Por

este motivo, a epistemologia de Bachelard guia o olhar desse pesquisador sobre a

interpretação dos dados coletados na entrevista realizada durante a pesquisa.

Para Ausubel, Novak e Hanesian (1980), é de fundamental importância

compreender o que o aluno traz de conhecimento para a sala de aula. Essas ideias

são as concepções alternativas.

Na interpretação de Martins (2004, p. 38), as concepções alternativas são

expressões da existência daquilo que Gaston Bachelard (2004) denominou de

obstáculos epistemológicos. Estes obstáculos não surgem da complexidade dos

fenômenos e nem da incapacidade do aluno, mas estão no íntimo do próprio ato de

conhecer, em que aparecem certas morosidades e conflitos. De acordo com

Bachelard (2010, p. 21), a ideia de obstáculos epistemológicos, que são “causas de

estagnação e até de regressão do pensamento”, pode ser estudada tanto no

desenvolvimento da ciência, como na prática da educação.

Souza Filho e Caluzi (2005) investigaram os principais obstáculos

epistemológicos presentes em alunos de nível universitário, ao introduzirem em sala

de aula a reprodução de um experimento semelhante aquele que possibilitou H. C.

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Oersted propor o eletromagnetismo, para que os alunos expressassem suas ideias

em relação ao fenômeno observado. Os dados foram coletados por meio de um

questionário contendo duas questões. Os resultados obtidos em sala de aula

detectaram a existência de obstáculos presentes na estrutura cognitiva dos alunos,

ao tentarem descrever os aspectos conceituais do fenômeno. Os resultados foram

categorizados de acordo com os diferentes tipos de obstáculos epistemológicos

propostos por Bachelard.

Em outro trabalho, Souza Filho e Caluzi (2006) questionaram se os

estudantes realmente concebiam a relação entre os fenômenos elétricos e

magnéticos, pois no período imediato ao experimento de Oersted, houve duas

correntes teóricas: uma explicando o fenômeno como a interação entre dipolos

magnéticos; a outra por meio da interação eletrodinâmica, ou seja, a interação entre

correntes elétricas. As respostas foram unânimes em relação à existência do

eletromagnetismo. No entanto, os alunos tiveram sérias dificuldades em explicar

como se dava esta interação pautando-se quase sempre em seus conhecimentos

gerais sobre o assunto.

Em um dos seus trabalhos, Souza Filho, Boss e Caluzi (2008) estudaram os

obstáculos e o perfil epistemológico dos estudantes relacionados ao conhecimento

que eles possuíam a respeito dos ímãs. As falas dos alunos foram enquadradas em

três zonas do perfil epistemológico: realismo ingênuo, empirismo e racionalismo

simples. Nos resultados finais do trabalho os autores traçaram um paralelo entre os

obstáculos e perfis epistemológicos e as noções apresentadas pelos alunos em sala

de aula sobre os conceitos de magnetismo.

Martins (2004, p. 37) apresenta um conjunto de características das

concepções alternativas, a saber:

• Em muitos casos, as concepções alternativas apresentam paralelos com

concepções presentes na história da ciência. Para Bachelard (2010) a história

da ciência que não é apenas importante para a epistemologia, mas é

constitutiva dela, pois é aí que o autor busca elementos que ilustram e

alicerçam suas teses principais;

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• As concepções alternativas possuem um caráter idiossincrático21 de natureza

eminentemente pessoal, fruto da construção própria de cada indivíduo.

Assim, sob a ótica da epistemologia bachelardiana, elas poderiam ser

pensadas na perspectiva dialética entre aquilo que é próprio do sujeito e

aquilo que o transcende, sendo comum a outras culturas ou épocas. No

entanto, vale ressaltar que muitas concepções podem ser compartilhadas por

pessoas de diferentes idades e culturas;

• Elas são influenciadas pela linguagem. A linguagem científica não é idêntica à

do senso comum, geralmente possuem significados distintos em ambos os

domínios;

• Elas são estruturadas e possuem certa dose de coerência interna. Sendo

assim, os erros se mantêm solidários e se reforçam mutuamente. Assim, a

destruição de erros, valores e preconceitos acumulados na vida cotidiana se

tornam muito mais difíceis;

• Elas são pouco consistentes, levando o aluno a explicações contraditórias

sobre os conceitos;

• Elas são resistentes à mudança, persistindo ao longo do tempo, apesar do

ensino formal (sua superação nunca é total);

• Há a convivência de diferentes concepções na estrutura cognitiva dos

sujeitos.

Em função dos trabalhos expostos anteriormente, verifica-se uma

preocupação constante dos pesquisadores referentes ao estudo da mente

cognoscente na aquisição de conceitos científicos. Busca-se apresentar, de acordo

com os objetivos desse trabalho, que, na medida em que se aprofunda na

compreensão dos conceitos, há uma passagem gradativa das características

concretas para uma abstração crescente que culminam nos modelos teóricos mais

recentes. Desta forma, analisa-se a formação dos conceitos científicos, investigando

e categorizando o perfil epistemológico dos alunos, buscando identificar os principais

obstáculos epistemológicos sob cinco aspectos: uso de procedimentos científicos,

relação entre teoria e prática, contextualização do conhecimento e o papel da

experimentação e, com isso, percebe-se as diferentes gradações na formação dos

conceitos relacionados ao Eletromagnetismo.

21 Peculiar e pessoal, muito íntimo e que só a própria pessoa entenderia (individualmente). Conforme Michaelis: Moderno Dicionário da Língua Portuguesa.

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Quanto aos aspectos da aprendizagem significativa ressalta-se o conflito

cognitivo, a aprendizagem conceitual, a motivação, a construção coletiva do

conhecimento, o papel da simulação e a complementaridade entre experimentação e

simulação.

Além dos aspectos epistemológicos e de aprendizagem significativa, busca-

se identificar, também, os aspectos negativos apontados no processo de

aprendizagem, por meio de indicadores como a dificuldade de relacionamento no

grupo, a falta de tempo para desenvolvimento das atividades e os aspectos

comportamentais, atitudinais, procedimentais e conceituais dos alunos.

7.2.1.2 Quanto aos Aspectos Epistemológicos

I. Uso de procedimentos científicos

As atividades experimentais realizadas em uma aula de Física têm funções

bem distintas daquelas realizadas em centros de pesquisa. No entanto, é possível

discutir com os alunos aspectos relacionados à natureza da ciência, evitando que

eles tenham algumas visões distorcidas da construção do conhecimento científico.

Deve-se destacar, por exemplo, que as observações científicas não são uniformes

ou desprovidas de quaisquer ideias teóricas do observador, ou ainda que não exista

um único caminho para a resolução de um problema. Embora os cientistas utilizem

métodos, isso não significa que haja um método científico que determine

exatamente como fazer para produzir conhecimento (BORGES, 2004). Discussões

dessa natureza ocorreram durante as atividades experimentais. O relato do aluno

A1, a seguir, caracteriza as atividades experimentais do tipo investigativas como

promotoras de oportunidades para que os alunos testassem suas próprias hipóteses

sobre fenômenos particulares de eletromagnetismo, planejando e executando suas

ações de forma a produzir resultados dignos de confiança.

“O laboratório demonstra aquilo que a ciência acredita ser correto, levanta hipóteses e tira conclusões. Em nossos experimentos observamos muito disso ao longo das perguntas, enquanto as respondemos.” (A1)

II. Relação entre teoria e prática

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As DCNE (BRASIL, 2002), apontam para uma necessidade de se articular

Teoria e Prática, proporcionando ao aluno interpretar conceitos de nossa realidade,

estimulando a sua atuação crítica e criativa na identificação e resolução de

problemas.

O aluno A12 menciona até que ponto se pode confiar nos resultados apresentados

pelas simulações computacionais, dimensionando sua validade e confrontando-as

com os experimentos realizados no laboratório de Física investigativo.

“As simulações mostram aquilo que não vejo no experimento. Mas as simulações foram construídas com equações matemáticas e muitas vezes essas equações não são completas, elas não possuem tudo da realidade. Elas são incompletas quando comparadas com os experimentos reais.” (A12)

O aluno A14 evidencia a diferença entre o que é realizado no laboratório de

Física Investigativo e as simulações computacionais, citando as aproximações

decorrentes na construção das simulações para que os resultados se encaixem.

“Mas muitas vezes a teoria é bem diferente da prática, pois na teoria existe muitas vezes uma aproximação para que os valores deem certo. As simulações desprezam alguns dados que são importantes e quando relacionamos os experimentos e as simulações essas aproximações são resolvidas.” (A14)

III. Contextualização do conhecimento

Segundo as DCNEM (BRASIL, 1998, p. 221-222), a aprendizagem das

Ciências da Natureza deve promover a construção e melhora do conhecimento de

uma forma prática, interdisciplinar e contextualizada, propondo uma aprendizagem

com princípios científicos do universo físico e natural atualizados, aproximando o

aluno do mundo da investigação científica e tecnológica. A citação do aluno 24

corrobora que durante as intervenções os princípios de contextualização e

interdisciplinaridade foram aplicados tanto no laboratório de Física investigativo

quanto nas simulações, promovendo competências e habilidades que serviram como

referenciais pedagógicos na solução das questões.

“O conteúdo é muito interessante, sobretudo ao que diz respeito às infinitas aplicabilidades dele em nosso dia a dia. Foi muito importante para que eu pudesse entender um pouco mais sobre aquilo que faz parte do meio em que estou inserido e dos elementos que tenho grande contato além de todo beneficio que seu conhecimento trouxe a nossa sociedade.” (A4)

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IV. Papel da Experimentação

No que diz respeito ao papel da experimentação no aspecto epistemológico,

o relato do aluno A4 revela uma relação entre comprovação experimental e

aceitação/consolidação de modelos teóricos, ao afirmar que:

“Sim, uma vez que através de um experimento eu posso comprovar a veracidade de uma hipótese levantada com conclusões concretas, pois puderam ser observadas no momento em que íamos respondendo as questões.” (A4)

O aluno A14 analisou os resultados experimentais reorientando suas ideias

e conceitos ao sustentar em sua fala que:

“Nosso grupo discutia as questões iniciais e depois de certo tempo chegávamos a um consenso sobre o que escrever. Mas em algumas vezes modificávamos o que escrevemos, depois de realizar os experimentos e as simulações.” (A14)

No depoimento do aluno A17, percebe-se que a teoria guiou seus passos

frente à experimentação e proporcionou relação entre o concreto/sensorial na

construção do seu conhecimento acerca do eletromagnetismo.

“No laboratório, durante a montagem do eletroímã, percebi que o guia era importante, mas responder a pergunta antes de iniciar a montagem era mais interessante pois não sabíamos o que ia acontecer e tínhamos que dar nossa opinião. Apesar das simulações serem maneiras mais práticas e rápidas o experimento pode nos proporcionar a opção do tato que melhora muito a maneira de compreender o eletromagnetismo.” (A17)

O aluno A19 mencionou que os experimentos proporcionaram aprendizagem

conceitual acerca do conteúdo estudado ao longo do curso de Física III.

“As experiências tinham condições de demonstrar os conceitos de eletromagnetismo que o curso propunha.” (A19)

7.2.1.3 Quanto aos Aspectos da Aprendizagem Significativa

I. Conflito cognitivo

Os conflitos cognitivos, segundo (URQUIJO, 2000, p. 157) configuram-se

como elementos de fundamental importância num processo ensino aprendizagem

baseado no construtivismo. Sua importância reside no fato de ser um elemento que

provoca o aluno no sentido de melhorar as suas estruturas cognitivas. O conflito

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cognitivo funciona como um desencadeador do processo de equilibração, já que,

quando o aluno se depara com uma situação para a qual não possui resposta, ou

seja, não possui esquemas capazes de oferecer uma resposta satisfatória, se

mobiliza no sentido de relacionar seus esquemas anteriores, reorganizando-os de

uma maneira mais elaborada e, assim, construindo um novo conhecimento.

Para que estes conflitos cognitivos possam acontecer, são necessários que

sejam criadas situações nas quais os alunos sejam instigados a construir respostas

satisfatórias.

Os conflitos cognitivos podem originar-se em diferentes situações, sendo

necessário que o aluno tome consciência da impossibilidade de seus métodos em

resolver a situação proposta.

Visando gerar essa situação de provocação dos alunos foram propostas as

questões prévias utilizadas nas intervenções que se planejaram nesta investigação,

capazes de gerar conflitos cognitivos nos alunos. As falas de alguns alunos

reproduzidas a seguir (alunos A1 e A5) nos permitem identificar momentos

vivenciados pelos estudantes onde o conflito cognitivo ocorreu.

O aluno A1 alega desconhecer os caminhos proporcionados pelos

experimentos, afirmando que esse conflito cognitivo foi causado pela fragilidade de

conceitos em sua estrutura cognitiva.

“Depois de ler as perguntas no começo das aulas eu não sabia por onde começar, o que aquele experimento tinha a me passar. De repente, eu tinha um conceito e, principalmente ao experimentar as atividades, eu acabei entrando em conflito com o meu próprio conceito sobre aquilo. Porque muitas vezes, você tem um conceito superficial. O contato com os outros participantes e colegas de curso me instigou ao questionamento”. (A1)

O aluno A5 afirma que as questões prévias contidas nas intervenções

cumpriram seu papel de organizar, na sua estrutura cognitiva, o que ele deve extrair

do experimento em particular.

“Durante as experiências conclui que o que eu pensava sobre, por exemplo, a lei de Oersted, não era o que eu via na experiência que manipulamos. Por isso as perguntas iniciais e as experiências são boas, elas nos fazem pensar sobre o que está acontecendo ali, na sua frente.’ (A5)

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II. Aprendizagem Conceitual

Para Araújo e Abib (2002, p. 182), “as atividades experimentais podem ser

empregadas como estratégia de ensino complementar a aula expositiva,

relembrando conceitos, confirmando fatos científicos estudados no plano teórico, o

que contribui para a aprendizagem” (ARAÚJO; ABIB, 2002).

Essa complementaridade possibilita aos alunos uma melhora de conceitos

científicos.

A atividade experimental ou mesmo a simulada oportuniza a criação de um

espaço para construção de novos conhecimentos e, por esse motivo, nem sempre

deve estar atada à abordagem expositiva prévia do conteúdo. No decorrer do curso

de Física III os conceitos foram introduzidos como respostas às sequências didáticas

que surgiam durante a realização das intervenções experimentais e simuladas, aos

questionamentos realizados pelos alunos, à identificação de concepções alternativas

existentes em relação ao conteúdo de eletromagnetismo. Destaca-se que essa

categoria de análise propiciou um maior número de colocações dos alunos,

apontando que a aprendizagem conceitual foi o principal elemento com o qual as

intervenções puderam contribuir.

A seguir relatam-se alguns depoimentos manifestados pelos alunos.

Para o aluno A5 o curso possibilitou um aprofundamento acerca dos

conceitos de Eletromagnetismo.

“Nesse curso senti-me mais confiante ao seu final. O curso possibilitou aprofundar meus conhecimentos sobre eletromagnetismo e principalmente sobre a lei de Lenz, que não tinha entendido aquele sinal negativo que aparecia naquela lei.” (A5)

O aluno A6 deixa claro que os experimentos mais simples podem

proporcionar uma visão adequada dos conceitos, transformando seus

conhecimentos prévios em conhecimento científico de qualidade.

“O experimento que mais me interessou foi aquele sobre as linhas de campo magnético do ímã. Não sabia que as linhas de campo eram fechadas e no experimento enxerguei isso com facilidade, melhorando meus conhecimentos sobre as linhas de campo magnético que aparecem ao redor do fio.” (A6)

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O aluno A7 confirmou a necessidade da construção de experimentos no curso

de Engenharia, ao esclarecer que a construção de determinado experimento

possibilitou ampliar seu conhecimento acerca de variáveis existentes durante suas

observações.

“Minha atenção ficou voltada pro eletroímã. Montar aquele experimento foi muito legal. Concluir que o núcleo de ferro altera a força do eletroímã foi muito interessante.” (A7)

As sequências didáticas distribuídas ao longo das intervenções, de acordo

com os alunos A8 e A11, foram responsáveis por conduzir as conclusões que

alcançaram sobre o experimento em questão.

“As perguntas que respondíamos durante o experimento ajudaram a compreender os conceitos que ocorriam ali.” (A8)

“Aquelas questões que apareciam durante nossas observações das experiências ajudavam a entender o que estava acontecendo. Facilitavam entender o que a experiência propunha.” (A11)

Os depoimentos dos alunos A10 e A23 sobre determinados experimentos,

descrevendo conceitos e apontando evidências, assinala uma aprendizagem

significativa de conceitos de eletromagnetismo.

“Ver o campo magnético do ímã penetrar na bobina do enrolamento do motor foi muito interessante. Na simulação sobre a bobina e a bússola, ver que o número de espiras e o aumento da corrente elétrica altera o campo magnético possibilitou entender os motores elétricos. As leis de Faraday e Lenz ficaram mais fáceis de entender.” (A10)

“Percebi no experimento sobre o eletroímã alguns conceitos que não conhecia. O núcleo de ferro do eletroímã aumenta bastante a força de atração dele. Que o eletroímã possui dois polos, como os ímãs, que essa polaridade é dada pelo sentido da corrente elétrica que circula na bobina, que o número de voltas do eletroímã altera sua força e que quanto mais voltas tiver a bobina, mais forte será o eletroímã.” (A23)

Os alunos A13 e A14 afirmaram que a sequência dos experimentos

favoreceu a compreensão de conceitos mais abstratos.

“O experimento que mais me chamou atenção foi o sobre o pêndulo eletromagnético. Com ele percebi que o campo magnético junto com a corrente elétrica pode exercer força em um fio. Com esse experimento entendi como funciona o motor elétrico.” (A13)

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“Nas simulações pude entender melhor o que acontecia com as linhas de indução. A simulação sobre os sentidos das linhas de indução facilitou a compreensão de algo que parecia abstrato.” (A14)

A declaração do aluno A15, relacionando os experimentos e as simulações

ao conteúdo tratado no livro texto, realça a busca por uma aprendizagem

significativa de conceitos de Eletromagnetismo ao longo do curso de Física III.

“Todas as experiências foram de fundamental importância para a construção dos conceitos que aprendi. Não só dos conceitos, mas ao usar nosso livro percebi que as equações sobre o eletromagnetismo relacionam de maneira completa com os conceitos que aprendi com os experimentos e simulações.” (A15)

III. Motivação

Giordan (1999, p. 43) relata que tanto alunos quanto professores costumam

atribuir às atividades experimentais uma característica motivadora (GIORDAN,

1999).

É de conhecimento dos professores de ciências o fato de a experimentação despertar um forte interesse entre alunos de diversos níveis de escolarização. Em seus depoimentos, os alunos também costumam atribuir à experimentação um caráter motivador, lúdico, essencialmente vinculado aos sentidos. (GIORDAN, 1999, p. 43)

Sob essa perspectiva, a motivação é sem dúvida, uma contribuição

importante, especialmente quando desperta a atenção de alunos mais dispersos na

aula, envolvendo-os com uma atividade que lhes estimulem a querer compreender

os conteúdos da disciplina.

A simples aplicação de uma atividade experimental não garante que toda a

turma fique envolvida. Por esse motivo, o papel do professor é fundamental,

principalmente no momento de manter a atenção dos alunos focada sobre a

atividade proposta, solicitando registros escritos dos fenômenos observados,

questionamentos realizados no decorrer do experimento e, estimulando os alunos a

participem de várias etapas da atividade.

Ao longo do curso percebeu-se que quando instigados a pesquisar e propor

hipóteses para a solução de problemas ou a pensar e fornecer explicações para os

fenômenos observados durante as intervenções experimentais e simuladas, os

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alunos se sentiram mais estimulados a tomar decisões e expressar suas ideias para

o seu grupo. Estes fatos, oportunizados pelas intervenções experimentais, são

extremamente importantes para formação social dos alunos e fornecem-lhes uma

base para enfrentar novas situações nas quais necessitem empreender,

principalmente frete à sua nova profissão de engenheiro civil.

Borges (2004) destaca que mesmo que a ideias manifestadas pelos alunos

não sejam adequadas cientificamente e o professor necessite corrigi-las, é essencial

que suas iniciativas sejam elogiadas e, assim, cada vez mais estimuladas, gerando

um ambiente de motivação.

Destaca-se, no quadro 7, alguns depoimentos e o que despertou essa motivação.

Aluno Depoimento dos alunos Comentário do pesquisador

A 10 “A experiência sobre o motor foi a que mais me chamou atenção. Não sabia que o motor era tão fácil de construir.”

Facilidade de manuseio dos experimentos.

A 11 “Gostei muito do experimento que tratava da lei de “Oested” (Oersted). Aquela bússola girando de um lado para outro quando a gente conectava a pilha de Daniel ao circuito foi muito legal.”

Iconicidade.

A 18 “A escolha das experiências para o curso de Física foi o que mais motivou.”

Sequência das intervenções experimentais.

A 20 “Após realizarmos as experiências e responder as perguntas relatando algumas leis que observávamos foi me deixando ainda mais curioso sobre o que ocorria na experiência se eu fizesse isso ou aquilo.”

Questões norteadoras dos experimentos.

A 23 “Eu gosto muito de física, e saber que é possível tirar conclusões e conceitos de simples experimentos foi o fator que mais me motivou durante o curso.”

simplicidade dos experimentos.

A 24 “A cumplicidade do grupo e a ajuda do professor na hora das maiores dificuldades foi o que mais me motivou durante o curso.”

Formação dos grupos.

A 28 “As perguntas no começo de cada experimento e de cada uma das simulações motivava nosso grupo a discutir e tirar conclusões, mesmo antes de realizar o que o texto pedia.”

Questões prévias contidas nas intervenções.

Quadro 7 – Depoimento dos alunos sobre o aspecto motivacional, seguido de comentário do autor. Fonte: Dados da pesquisa.

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IV. Construção Coletiva do Conhecimento

Para Galiazzi e Gonçalves (2004), o trabalho em grupo é apontado como uma

estratégia de ensino que favorece a socialização dos alunos, colocando-os em

situações nas quais precisam aprender a ouvir e respeitar a opinião dos colegas, a

negociar e/ou renunciar às próprias ideias, ou ainda a colocar os objetivos pessoais

em segundo plano. Segundo esses autores, é também na discussão com seus pares

que surgem o desenvolvimento lógico e a necessidade de se expressar

coerentemente.

Durante as intervenções, especialmente nas experimentais, onde os alunos

desenvolviam em grupo as atividades propostas, uma série de habilidades e

competências foi favorecida: divisão de tarefas, responsabilidade individual e com o

grupo, negociação de ideias e diretrizes para a solução dos problemas. Destacou-

se, também, a interação dos grupos/alunos com o professor como um fator

motivador relatado pelos próprios alunos. Ao coordenar as intervenções nos

pequenos grupos, o professor ficou atento a possíveis dúvidas quanto ao

procedimento e à execução das sequências didáticas, procurando não interferir em

demasia nas opções conceituais dos alunos. Durante a interação, o professor

provocou e incentivou os alunos a explicitar livremente suas ideias sobre o assunto,

desafiando-o e apontando possibilidades para a reflexão. Ao planejar as atividades

em grupo e observar seu andamento durante as aulas o professor discutiu

previamente as regras de convivência, a necessidade de respeitar as opiniões do

colega e de garantir que todos tenham participação na execução dos experimentos.

“Nosso grupo de trabalho foi muito bom, nele tiramos dúvida um do outro e ainda contávamos com o professor para nos ajudar no momento em que não conseguíamos responder as questões de maneira correta.” (A10)

“A formação dos grupos de trabalho no laboratório quando montamos as experiências foi muito boa. Nosso grupo era muito unido. Os alunos discutiam as perguntas e depois de fazer as montagens, um ajudando o outro ainda revisávamos o que aprendemos.” (A13)

“As experiências realizadas em grupo foram o ponto forte pra mim. Um colega ajudando o outro na hora de tirar as conclusões sobre o experimento foi o ideal.” (A14)

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“Nesse curso nosso grupo foi muito participativo, seja perguntando ao professor ou conversando entre os próprios integrantes. O uso das simulações e dos experimentos deu abertura para que isso ocorresse.” (A18)

Chamou-nos atenção o fato do aluno A21 relatar durante a entrevista que

interagiu ativamente com seus colegas de grupo e em algumas aulas procurou

outros grupos para discutir suas dificuldades.

“O trabalho em grupo e a interação com o professor foram os pontos fortes do trabalho. Durante o experimento a gente discutia e o professor ajudava nas conclusões finais. Durante algumas aulas procurei ajuda em outros grupos para melhorar a qualidade das nossas respostas, não que elas estivessem erradas, mais para ver se agente estava no caminho certo.” (A21)

V. Papel da Simulação

Quanto ao papel das simulações, percebe-se um destaque especial na sua

utilização como um complemento ao experimento realizado, ampliando o campo

visual do aluno. Dentre os 28 alunos participantes do curso, 50% deles deram

indícios de que as intervenções simuladas auxiliaram na visão geral do experimento

acentuando a formação dos conceitos e promovendo mudanças conceituais sobre

eletromagnetismo, 11% analisaram o domínio de validade dos modelos teóricos

afirmando que as simulações são aproximações da realidade demonstrando uma

concepção adequada sobre o uso das simulações como afirmam Medeiros e

Medeiros (2002, p.82):

O valor de qualquer simulação está condicionado ao modelo, à teoria física utilizada em sua construção. Tanto a teoria como evidentemente o software, que está baseado nela, tem contextos de validade que dependem dos pressupostos utilizados. (MEDEIROS; MEDEIROS, 2002, p.82)

A facilidade no entendimento dos fenômenos foi relatada por 25% dos

alunos e 11% deles assinalaram que as intervenções simuladas aperfeiçoam os

conceitos de eletromagnetismo de cunho mais abstrato. O aluno A8 apresentou uma

visão inadequada quanto às concepções de modelos teóricos ao apontar a

simulação como infalível, reportando-nos, novamente, a Medeiros e Medeiros (2002,

p. 83): “Muitos estudantes tendem a ver os programas computacionais que utilizam

na aprendizagem da Física com poderes quase mágicos.” Apresenta-se, no quadro

8, a fala de alguns alunos sobre o papel das simulações, apontando conclusões,

segundo suas visões.

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Aluno Depoimento dos alunos Comentário do pesquisador

A 8

“A simulação que mais chamou minha atenção em sala de aula foi a relacionada com a regra da mão direita. A aplicabilidade da simulação é infalível e através da utilização de um simulador foi possível ter em mente um processo mais esclarecedor do que vem a ser a regra e o conceito a que está ligada.” (grifo nosso)

Visão inadequada do papel da simulação.

A 10 “As simulações ajudam os experimentos. Nelas o experimento fica mais visual.” Campo visual.

A 12

“As simulações permitem que o aluno visualize situações de uma forma mais clara e rápida de realidades que não podem ser vistas com tal eficiência nos experimentos. Além disso, aprende-se a lidar com o programa e suas aplicações levando a uma melhor visualização do que ocorre com a teoria.”

Rapidez e campo visual.

A 15

“Mas algumas delas (simulações) por exemplo, aquela que a gente pegava o ímã e ia aproximando e afastando ele da bobina, as linhas de campo magnético do ímã e da bobina não estavam fechados.”

Erros conceituais nas simulações.

A 19

“Nas simulações as coisas ocorrem mais rapidamente, respondemos as perguntas assim que as coisas ocorrem no computador, é tudo muito mais rápido e tem um visual melhor.”

Rapidez.

A 23 “Durante o uso da simulação compreendi de maneira mais aprofundada tudo aquilo que relatei na pergunta sobre os experimentos.”

Refinamento conceitual.

A 27

“Durante as simulações percebi que tínhamos muito mais opções de variáveis, como na simulação da indução eletromagnética. Ver tudo aquilo que a simulação mostrava era muito demorado ou até mesmo impossível no experimento. Mas, como sei, pois trabalho na área de programação computacional, as simulações possuem muitas aproximações da realidade, elas não demonstram o que realmente ocorre com o experimento.”

Complementaridade e relação entre real e virtual.

Quadro 8 – Depoimento dos alunos sobre o papel da simulação, seguido de comentário do autor. Fonte: Dados da pesquisa.

VI. O papel da experimentação

No que diz respeito ao papel da experimentação, no aspecto da

aprendizagem significativa, a maioria dos alunos argumentaram que as questões

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prévias contidas nas IE acentuavam suas observações ao manipular ou montar o

experimento e ainda ao interagirem com as simulações. O depoimento desses

alunos acerca das questões prévias reforça o papel do laboratório do tipo

investigativo que tem como principal objetivo um problema desafiador. As questões

iniciais contidas nas IE mostraram-se como bons organizadores prévios, pois

serviram de ancoradouro para o novo conceito a ser aprendido.

Dois dos experimentos propostos nas IE chamaram mais atenção ou ficaram

retidos por mais tempo na estrutura cognitiva dos alunos. Um deles é o experimento

sobre a lei de Faraday-Lenz (IE5). Neste experimento os alunos responderam 13

perguntas e todas exigiam um alto grau de interação entre os integrantes do grupo e

o experimento. Esse tipo de atividade desafiadora conforme Ausubel, Novak e

Hanesian (1980, p.144), são bons exemplos de organizadores prévios, pois oferece

um campo de ideias para incorporação e retenção de material mais detalhado a ser

seguido no processo de aprendizagem, preenchendo o hiato entre aquilo que o

aprendiz já conhece e o que precisa conhecer antes de poder aprender

significativamente a tarefa a que se propõe.

O outro experimento que os alunos mais citaram ao longo da entrevista foi a

construção do eletroímã (IE3). Antes de construírem o eletroímã, os alunos

demonstraram as características da atração e da repulsão magnética, traçaram as

linhas de campo do ímã, descreveram o experimento de Oersted e reconheceram a

regra da mão direita em outras IE e IS. A construção do eletroímã foi uma

intervenção experimental que se utilizou da diferenciação progressiva e da

reconciliação integradora que, segundo Ausubel, Novak e Hanesian (1980), para o

aluno é mais fácil aprender aspectos diferenciados de um todo mais geral aprendido

anteriormente, do que chegar a um aspecto geral a partir de suas partes

diferenciadas previamente aprendidas. Durante a montagem da IE percebeu-se um

empenho fora do comum em cada grupo e as repostas das questões contidas ao

longo da construção foram as que mais continham conceitos corretos acerca do

eletromagnetismo. Esse tipo de intervenção, onde os alunos são levados a

montarem o experimento e dele tirarem conclusões, onde os princípios da

diferenciação progressiva e reconciliação integradora são evidentes, assinalou ser

um bom viés metodológico a ser utilizado com alunos do curso de Engenharia Civil,

embora, como afirmam Ausubel, Novak e Hanesian (1980), raramente serem

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seguidos nos procedimentos de ensino ou na maioria dos livros-texto. Esse tipo de

atividade onde o aluno envolve-se com construção e validação experimental é um

dos objetivos do PPC do curso de Engenharia da FESP/UEMG de Passos.

“Sim, uma vez que através de um experimento eu posso comprovar a veracidade de uma hipótese levantada com conclusões concretas, pois puderam ser observadas no momento em que íamos respondendo as questões.” (A4)

“Aprendi muita coisa que não lembrava e percebi que os experimentos, por mais simples que seja, pode passar uma ideia melhorada sobre algum assunto.” (A12)

“Nosso grupo discutia as questões iniciais e depois de certo tempo chegávamos a um consenso sobre o que escrever. Mas em algumas vezes modificávamos o que escrevemos, depois de realizar os experimentos e as simulações.” (A14)

“Em alguns casos não sabia responder a pergunta inicial mas depois de fazer a experiência e responder as questões sobre a montagem e o que eu observava, entendia a pergunta inicial e respondia sem problema.” (A16)

“No laboratório, durante a montagem do eletroímã, percebi que o guia era importante, mas responder a pergunta antes de iniciar a montagem era mais interessante pois não sabíamos o que ia acontecer e tínhamos que dar nossa opinião.” (A17)

“Apesar das simulações serem maneiras mais práticas e rápidas o experimento pode nos proporcionar a opção do tato que melhora muito a maneira de compreender o eletromagnetismo.” (A18)

“As experiências tinham condições de demonstrar os conceitos de eletromagnetismo que o curso propunha.” (A19)

“Fiquei espantado com o experimento da construção do eletroímã. Não sabia que o núcleo de ferro aumentava a força do eletroímã e nem que o número de voltas do fio afetava essa força.” (A20)

“No começo não gostei, achei o experimento muito simples. Mas depois das duas primeiras aulas comecei a me integrar mais com o grupo e a entender mais sobre o que o experimento e a simulação queriam dizer. Posso afirmar que o curso me ajudou a tirar algumas dúvidas sobre o real papel dos experimentos de Física.” (A25)

VII. Complementaridade entre Experimentação e Simulação

A respeito da metodologia adotada no curso de Física III (articulação entre

laboratório investigativo e simulações computacionais, visando a

complementaridade), os alunos (54% do total) relataram que a articulação entre os

laboratórios foi o ponto forte do curso proporcionando a criação e o teste de

hipóteses, auxiliando na assimilação de conceitos, corroborando Ausubel, Novak e

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Hanesian (1980, p. 47), Gil-Pérez e Castro (1996, p. 158), Lewin e Lomascólo (1998,

p. 149), os PCN (BRASIL, 1999, p. 52-53), Real e Parker (2000, p. 38), Medeiros e

Medeiros (2002, p. 80), e Borges (2004, p. 12).

Os alunos A4, A6, A24, A25 e A26, afirmaram que a utilização das

intervenções simuladas logo após as experimentais proporcionou refinamento e

regate de conceitos acerca do eletromagnetismo.

“Ao usarmos as simulações para completar o que foi realizado no laboratório conseguíamos entender o que realmente acontecia na experiência, o que se passava por trás de tal situação.” (A4)

“Usar a experiência e as simulações ao mesmo tempo enriquece demais nossa compreensão sobre o assunto.” (A6)

“As simulações desprezam alguns dados que são importantes e quando relacionamos os experimentos e as simulações essas aproximações são resolvidas.” (A14)

“Durante o uso da simulação, compreendi de maneira mais aprofundada tudo aquilo que relatei na pergunta sobre os experimentos.” (A23)

“Nas simulações computacionais nossas conclusões sobre o experimento aumentava, elas oferecem uma visão diferente do experimento.” (A24)

“Nas simulações usamos o que aprendemos nos experimentos de uma maneira diferente. Dá pra fazer mais coisas, criar novas situações e experimentar mais. Não me senti motivado no começo, pois como disse não gostava de experimentos. No semestre passado os experimentos serviam para comprovar as fórmulas que o professor passava no quadro. Quando as aulas foram passando percebi que esse curso era diferente, que os experimentos e as simulações se completavam, um ensinava uma coisa e o outro aprofundava, me motivou muito ter aprendido eletromagnetismo assim.” (A25)

“Utilizamos os experimentos e depois íamos ao laboratório de informática para comprovar e tirar novas conclusões sobre o que aprendemos.” (A26)

Segundo a teoria da aprendizagem significativa (AUSUBEL; NOVAK;

HANESIAN, 1980) há duas condições para que a aprendizagem tenha significado

para o aluno: i) o aluno deve manifestar disposição para relacionar o novo material,

potencialmente significativo, de forma substantiva e não-arbitrária, à sua estrutura

cognitiva; e ii) o material deve ser potencialmente significativo, isto é, ter

estruturação lógica que possibilite que um aluno interessado que possua em sua

estrutura cognitiva subsunçores adequados aprenda as novas informações nele

contidas. Ou seja, para que o material seja potencialmente significativo para um

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aluno em particular duas condições devem ser satisfeitas: o material deve ter

estruturação lógica adequada e o indivíduo possuir os subsunçores pertinentes em

sua estrutura cognitiva.

Percebe-se, no relato de alguns alunos, que as intervenções experimentais

cumpriram seu papel de organizadores prévios, ao possibilitar aos alunos a criação

de subsunçores, conduzindo-os a um aprofundamento dos conceitos de

eletromagnetismo quando estes chegavam nas intervenções simuladas.

“Respondendo as perguntas no começo dos experimentos percebi que elas resumiam aquilo que o conteúdo queria nos passar, despertando o interesse em interagir com os colegas.” (A1)

“As simulações dão uma base para entender o que aconteceu no experimento. No experimento você já tem uma ideia do que está acontecendo e com a simulação essa ideia se amplia, modificando nosso entendimento sobre o que ocorreu.” (A4)

“Depois de usar as experiências para tirar conclusões nos íamos ao laboratório usar as simulações. Durante essa aula, e com a ideia do experimento mais fresco em nossa mente, podíamos tirar mais conclusões sobre o que acontecia ali.” (A5)

“Usar a experiência e as simulações ao mesmo tempo enriquece demais nossa compreensão sobre o assunto.” (A6)

“Quando fomos para a simulação sobre o ímã, percebi que o que tinha enxergado na experiência estava correto. As simulações tinham essa coisa. A gente fazia o experimento e depois no laboratório a gente enxergava tudo aquilo de maneira diferente.” (A7)

7.2.1.4 Quanto aos Aspectos Negativos apontados no Processo de Aprendizagem

Alguns alunos relataram aspectos negativos ao longo da entrevista, visando

uma adequação futura para o curso. Dentre esses aspectos destaca-se a dificuldade

de relacionamento no grupo e a falta de tempo para realizar as atividades.

O aluno A16 mencionou que a formação dos grupos deveria estar a cargo do

professor pesquisador, uma vez que os integrantes do seu grupo trabalharam de

forma individual durante as intervenções.

“A única coisa que não gostei do curso foi a montagem do grupo. O professor deixou a gente escolher o grupo, mas eu não tive muita escolha, fui escolhido pelos meus colegas. Caí em um grupo que trabalhou de forma muito individual, não discutíamos

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os experimentos e tivemos que ter interferência do professor para que pudéssemos perceber que as experiências eram feitas em “grupo”. Da próxima vez sugiro que o professor monte os grupos.” (A16)

Alguns alunos, cerca de 50% deles, relataram que o tempo para a realização

das atividades foi muito breve, uma vez que as intervenções exigiam muita interação

com o grupo e mesmo com o professor.

Cabe aqui ressaltar que as intervenções realizadas no laboratório

investigativo frequentemente exigem um tempo maior de estudo por parte do aluno,

uma vez que abrange uma série de ciclos que vão desde a análise dos problemas,

passando pelo levantamento de hipótese e execução do procedimento até chegar à

análise e discussão dos resultados.

“Não gosto muito dos experimentos, levam muito tempo para você conseguir entender o que está acontecendo e isso me deixa ansioso.” (A2)

“O curso teve pouco tempo de duração, acho que a disciplina tinha que ser inteirinha do jeito que foi, construindo as experiências e indo para o laboratório para refinar nosso conhecimento sobre aquilo que montamos.” (A7)

“Usar os dois laboratórios foi uma maneira muito interessante de se ensinar Física. Mas a duração dos experimentos foi muito pequena, a gente tinha que ter mais tempo para explorar mais as experiências.” (A9)

“Durante a experiência da indução nosso grupo gastou muito tempo na pergunta que tinha no começo, ficando pouco tempo para o desenvolvimento do experimento.” (A12)

“O curso foi curto demais. A gente tinha que ter mais tempo, ver mais coisas sobre eletromagnetismo.” (A15)

“Não gosto muito de experimento, pelo tempo que levam para serem construídos, perdemos muito tempo na construção ou respondendo perguntas.” (A19)

“As respostas eram demoradas e ainda a gente tinha que discutir com o grupo, por isso achei que faltou tempo.” (A26)

O aluno A19 assinalou a falta das equações de eletromagnetismo ao longo do

curso, mas que as buscou no livro texto, salientando, ao final de sua fala, que o

curso as contemplou de uma maneira diferente.

“A falta das equações foi o ponto fraco do curso. É claro que as simulações possuíam equações para rodarem no computador, mas acho que elas tinham que aparecer ao longo do curso. Ao buscar as fórmulas no livro que usamos nas nossas

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aulas reconheci que o curso contemplou as equações, mas de uma maneira diferente.” (A19)

7.2.1.5 Quanto ao Desempenho Conceitual Demonstrado na Entrevista

Em relação ao desempenho conceitual dos alunos ao longo da entrevista,

destacamos cinco questões que são fundamentais para a demonstração dos

conceitos preservados na estrutura cognitiva durante o curso de Física III. A figura

61 apresenta os dados quantitativos relacionados a respostas corretas durante a

entrevista.

Figura 61 – Síntese do desempenho conceitual dos alunos ao longo da entrevista.

Fonte: Dados da pesquisa.

Percebe-se, na figura 61, uma uniformidade nas respostas corretas

apresentadas pelos alunos em cada uma das cinco questões, com destaque

especial para a lei de Faraday-Lenz, a qual 75% dos alunos souberam explicá-la

com bons argumentos científicos, recorrendo à IE5 e à IS5, evidenciando que a

articulação entre o laboratório investigativo e as simulações computacionais, foco

dessa pesquisa, podem levá-los a uma aprendizagem significativa de conceitos de

eletromagnetismo.

A intenção em acrescentar à entrevista semiestruturada questões

conceituais sobre o conteúdo abordado durante o curso foi verificar o nível de

retenção desses conceitos na estrutura cognitiva dos alunos.

Demonstrar conhecimento sobre a estrutura interna do ímã; reconhecer o

experimento de Oersted; descrever a lei de Faraday-Lenz; diferenciar o campo

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magnético do campo elétrico e relacionar o magnetismo, eletricidade e óptica,

exemplificando-os, demonstra que as atividades propostas articulando laboratório de

Física investigativo com simulações computacionais foram capazes de contribuir

para uma adequada formação conceitual dos estudantes, além de possibilitar-lhes

desenvolver importantes aspectos comportamentais e atitudinais.

7.2.1.6 Quanto aos Aspectos Comportamentais, Atitudinais, Procedimentais e Conceituais dos Alunos

As conclusões descritas nos quadros que se encontram no apêndice C

relacionadas aos aspectos comportamentais, atitudinais, procedimentais e

conceituais dos alunos asseveram que a assimilação de conceitos está no

relacionamento, de forma substantiva e não-arbitrária, a ideias relevantes

estabelecidas na estrutura cognitiva do aluno com o conteúdo potencialmente

significativo implícito nas novas informações, passando por sua conduta “disposição

do aluno para a aprendizagem” (AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN, 1980, p. 34) que é

a base fundamental para uma aprendizagem significativa.

Para a análise relacionada aos aspectos do saber fazer (procedimental) e o

desenvolvimento do ser (atitudinal e comportamental) utilizou-se as observações

realizadas em sala durante as intervenções e para descrever os aspectos

relacionados ao desenvolvimento do saber (conceitual) utilizou-se as respostas à

entrevista semiestruturada.

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CONCLUSÕES

Ao longo da presente tese delineou-se resultados de um estudo em que se

buscou elaborar, implantar e avaliar uma proposta didática sobre o ensino de

conceitos de eletromagnetismo em uma turma de bacharelandos em Engenharia

Civil utilizando a articulação entre o laboratório investigativo e simulações

computacionais.

As intervenções propostas nessa pesquisa foram aplicadas seguindo o

referencial teórico baseado na teoria de aprendizagem significativa do teórico

cognitivista David Paul Ausubel e seus colaboradores.

Tomou-se como principal objetivo dessa tese investigar as contribuições

decorrentes da articulação entre o laboratório de Física investigativo e as simulações

computacionais, buscando identificar sua capacidade em promover uma

aprendizagem significativa transformando o conhecimento prévio dos alunos em

conhecimento escolar qualificado. Durante a investigação aqui apresentada, que se

baseou na implantação de uma proposta de ensino de Física, foram utilizadas

intervenções como estratégias educacionais que possibilitassem essa articulação e

promovesse uma aprendizagem significativa de conceitos de Eletromagnetismo.

Como hipótese de pesquisa, admitiu-se que o uso articulado do laboratório

investigativo e das simulações computacionais constitui-se uma ferramenta cognitiva

facilitadora para que se tenha aprendizagem significativa. Para testar a hipótese

levantada, escolheu-se o tema Eletromagnetismo, por seus conceitos integrarem

uma área de ensino/aprendizagem de Física que exige um alto nível de abstração.

Dentre os objetivos específicos delineados na introdução dessa tese,

percebe-se que a transformação do conhecimento prévio do aluno em conhecimento

escolar qualificado ficou parcialmente atendido, pois em alguns relatos constatou-se

que a intervenção experimental IE4 não propiciou condições para que o aluno

contrastasse os novos conhecimentos com os seus conceitos prévio, não havendo

tempo hábil para uma reformulação de suas explicações para os fenômenos

investigados.

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Em relação à hipótese da tese (as possíveis contribuições formativas

decorrente da articulação entre experimentos reais, propostos em uma concepção

investigativa, com simulações computacionais, possibilitando uma aprendizagem

significativa de conceitos de Eletromagnetismo), certifica-se sua contemplação

quase que absoluta, dentro das limitações do trabalho, ao perceber nos relatos dos

alunos que a articulação entre o laboratório de Física investigativo e as simulações

computacionais proporcionou desenvolver habilidades práticas básicas com as IE e

ao responder as sequências didáticas, ilustrou o conteúdo ensinado no livro-texto,

assegurou princípios e atitudes do trabalho experimental, criou bons níveis de

observação e análise de resultados, desenvolveu o senso de interpretação de dados

experimentais, propiciou utilizar as observações para solucionar problemas

específicos de eletromagnetismo, proporcionou uma maior interação entre o

professor-pesquisador e os alunos, oportunizou a ampliação da confiança no método

científico, estimulou o interesse dos alunos no estudo de Física, reduziu o ruído

cognitivo de modo que os alunos concentrassem nos conceitos envolvidos nos

experimentos, viabilizou um feedback para aperfeiçoar a compreensão dos

conceitos acerca do eletromagnetismo, facilitou a coleta de informações de uma

maneira mais rápida, permitiu a geração e o teste de hipóteses, engajou os alunos

em tarefas com alto nível de interatividade, apresentou e esclareceu sobre a versão

simplificada da realidade na utilização das simulações, tornou conceitos abstratos

mais concretos durante as IE, proporcionou habilidades de raciocínio crítico frente a

modelos da realidade, auxiliou os alunos a aprenderem sobre o mundo natural,

vendo e interagindo com modelos científicos subjacentes que não poderiam ser

inferidos através da observação direta, acentuou a formação dos conceitos acerca

do eletromagnetismo promovendo mudanças conceituais, demonstrou o uso do

método experimental como uma alternativa para o método analítico de resolver

problemas, incentivou os alunos a realizarem pesquisas posteriores auxiliando-os a

transpor a barreira entre teoria e prática.

A constatação dos objetivos atingidos elencados acima foi possível, pois se

optou em utilizar a análise proposicional quantitativa e a análise de conteúdo como

metodologias de coleta de dados. O uso combinado dessas metodologias promoveu

o alcance e a compreensão dos significados manifestos e latentes nos

levantamentos e na entrevista, possibilitando a interpretação dos relatos sobre os

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fenômenos eletromagnéticos, atribuindo resultados (aspecto qualitativo) e permitindo

a quantificação desses dados.

Os dados obtidos ao longo dos levantamentos e da entrevista, permitiram

confirmar o que a literatura aponta no que diz respeito à importância que deve ser

dada aos conceitos prévios dos alunos para que ocorra a aprendizagem de forma

significativa a partir de um conjunto de situações-problema exploradas via

intervenção experimental e uso de simulações. A utilização dos experimentos e de

simulações com alto grau de interatividade, como aquelas demonstradas no quadro

4, mostrou-se um viés metodológico adequado para operacionalização das

atividades que envolveram identificação de subsunçores, procedimentos inerentes à

investigação e construção de conceitos por parte dos alunos.

Não era nossa intenção determinar a importância particular de cada

intervenção, mas percebe-se nitidamente o quanto foi assertivo e edificador para o

aprendizado dos conceitos de eletromagnetismo a possibilidade de interação e de

visualização fornecidas pelas simulações, a manipulação ou construção dos

experimentos como organizadores prévios realizadas em pequenos grupos e

responder as sequências didáticas e as questões prévias contidas em cada uma

dessas intervenções. Cada intervenção teve sua parcela de contribuição, levando os

alunos a se comprometerem com seu próprio aprendizado, concebendo um

ambiente vital e rico em situações novas e desafiadoras, ampliando as

possibilidades de elaboração de novos conhecimentos e desenvolvimento de

habilidades, atitudes e competências relacionadas ao fazer e entender a Ciência,

corroborando com Araújo e Abib (2002).

Percebe-se, após a análise dos dados, que se por um lado o laboratório

investigativo lida com instrumentos empíricos táteis por outro as simulações estão

mais conectadas ao campo visual no ambiente virtual, no entanto, ambos fornecem

elementos que operam no cognitivo dos alunos e requerem habilidades distintas que

estão presentes no nosso cotidiano. O uso cada vez mais frequente do computador

ou o manuseio de ferramentas são ações muito frequentes na profissão de um

engenheiro civil e de forma alguma, como propõe o PPC do curso de Engenharia da

FESP/UEMG (pág. 51), pode-se pensar que elas são excludentes e sim devem ser

tratadas numa perspectiva de complementaridade.

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A boa qualidade das respostas dos alunos no L2 e na entrevista confirmou

que a articulação entre o laboratório investigativo e as simulações computacionais

pode proporcionar aos alunos uma visão epistemológica mais adequada sobre os

papéis da experimentação e da simulação computacional, além de promover a

interatividade e o engajamento dos alunos em seu próprio aprendizado,

transformando a sala de aula em um ambiente propício a uma aprendizagem

significativa.

Ao longo da pesquisa percebe-se uma lacuna referente aos modelos

teóricos. Nossos objetivos deveriam incluir, também, possibilitar aos alunos algumas

noções sobre a validade dos modelos científicos, pois se considerou que é essencial

um maior debate acerca da discriminação entre um modelo teórico e a realidade.

Alguns alunos, tais como A (2,9,13,14,24, 26 e 27), 25% do total de participantes

dessa pesquisa, citaram na entrevista que as simulações possuem um contexto de

validade. Mesmo com esses relatos, percebe-se que esse debate deveria ocorrer de

forma mais persistente, visto que qualquer simulação está baseada em um modelo

de uma situação real, modelo este matematizado e processado pelo computador a

fim de fornecer animações de uma realidade virtual nos remete à lembrança do fato

de que um aluno (A8) afirmou ser a simulação “infalível” e que por mais bem

elaborada que seja o valor de qualquer simulação está acondicionado ao modelo, à

teoria física utilizada em sua construção, sendo indispensável a discussões sobre

seu contexto de validade.

Finalizo esta tese apontando como perspectiva futura dessa pesquisa a

implementação e avaliação de nossa proposta didática, envolvendo o ensino de

termodinâmica com melhorias no que diz respeito a incertezas experimentais com o

propósito de facilitar a discriminação entre sistemas reais e ideais. Também é nossa

intenção a inserção da teoria sociointeracionista de Vigotsky com a finalidade de

analisar o comportamento dos alunos durante as intervenções que possam ocorrer

no estudo da termodinâmica.

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APÊNDICES

APÊNDICE A

Apresenta-se, nos apêndices A e B, apenas cinco intervenções experimentais e cinco intervenções simuladas, respectivamente.

Laboratório Investigativo: Propriedades Magnéticas Aula 01 – IE1

Laboratório Investigativo Prof. Luciano Soares Pedroso

Fonte: YOUNG, Hugh D; FREEDMAN, Roger A. Sears e Zemansky: Física III –

Eletromagnetismo, 12.ed. São Paulo: Pearson Education, 2009, página 203.

MAGNETISMO

Introdução: Nesta sequência experimental, você observará os efeitos do magnetismo.

Objetivo: Ao final destas experiências, você será capaz de: 01. Identificar os polos magnéticos de um ímã. 02. Identificar os polos magnéticos da Terra. 03. Observar a repulsão e a atração magnética. 04. Observar que a ação magnética só ocorre em certos metais. 05. Observar as linhas de indução de um campo magnético. Material:

a) Ímã cilíndrico pequeno. b) Ímã cilíndrico grande. c) Suporte para o ímã grande. d) Pregos. e) Anel de alumínio. f) Barra de estanho.

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g) Caixa com limalhas de ferro. Montagem: Questões:

1. Coloque o ímã grande, cuja extremidade vermelha é o polo norte, no suporte e deixe-o sobre a mesa até que ele fique em equilíbrio. Faça comentários sobre os polos magnéticos do ímã e da Terra.

2. Você observa que o ímã grande, colocado no suporte, possui uma pequena inclinação em relação ao eixo horizontal. O que você acredita ser o motivo dessa inclinação?

3. Aproxime um dos polos do ímã pequeno do polo norte do ímã grande e determine os polos do ímã pequeno.

4. Aproxime o polo norte do ímã pequeno - determinado no item anterior - do polo norte do ímã grande, o que você observa?

5. Aproxime o polo sul do ímã pequeno – determinado no item 02 - do polo sul do ímã grande, o que você observa?

6. Aproxime o polo norte do ímã pequeno do polo sul do ímã grande, o que você observa?

7. Aproxime o polo sul do ímã pequeno do polo norte do ímã grande, o que você observa?

8. Faça comentários sobre a atração e repulsão magnética. 9. Aproxime um dos polos do ímã cilíndrico, sucessivamente, do prego, do anel

de alumínio e da barra de estanho. Faça comentários a respeito da ação magnética sobre os diversos materiais.

10. Coloque a caixa com limalhas sobre o ímã cilíndrico e dê pequenos toques na caixa até que as limalhas se alinhem formando as linhas de indução.

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Laboratório Investigativo: O Campo Magnético de uma Corrente Elétrica

Aula 02 – IE2 Laboratório Investigativo

Prof. Luciano Soares Pedroso

Fonte: YOUNG, Hugh D; FREEDMAN, Roger A. Sears e Zemansky: Física III – Eletromagnetismo, 12.ed. São Paulo: Pearson Education, 2009, página 251.

O Campo Magnético de uma Corrente Elétrica

Questão Prévia: O que observaremos se aproximarmos uma bússola de um fio conduzindo corrente elétrica? _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Objetivos: Observar a interação entre uma corrente elétrica e uma bússola. Mapear o campo magnético gerado por um fio que conduz corrente elétrica. Introdução: Já conhecemos que o polo Norte de uma bússola aponta para o polo norte geográfico. Isso ocorre porque a Terra se comporta como um grande ímã. Mas, se polos opostos se atraem, então o polo Norte geográfico é um polo Sul magnético, pois ele atrai o polo Norte da bússola. O campo magnético terrestre está ilustrado na Figura 1, através das chamadas “linhas de campo”. O vetor campo magnético é tangente às linhas de campo, e as setas indicam o sentido do vetor. É importante notar que a figura mostra um corte transversal do campo, e que, portanto o campo é simétrico em torno do eixo que liga os polos magnéticos. Na realidade, como pode ser observado na figura, os polos geográfico e magnético não coincidem exatamente. Por isso, a agulha de uma bússola não aponta exatamente para o polo Norte geográfico.

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Material: a) Um suporte para pilha. b) duas pilhas de 1,5 v cada uma. c) Uma bússola

Procedimento: Coloque as pilhas em seu próprio suporte; Posicione a bússola em baixo do fio; Acione a chave.

Observe o sentido da corrente (i) e a orientação da bússola. Posicione a bússola acima do fio paralelamente a ele. Ligue a corrente novamente e observe a orientação da bússola. Segure a bússola em sua mão e oriente o fio verticalmente, próximo à agulha da bússola. Ligue a chave e observe a orientação da bússola. Agora, inverta o sentido da corrente elétrica e repita a experiência tanto para o fio na vertical quanto na horizontal. Questões: 1. A fim de explicar como é o campo magnético gerado por uma corrente elétrica, faça um esboço mostrando o fio condutor, o sentido da corrente elétrica, as linhas de campo magnético, especificando o sentido (lembre-se de que o vetor campo magnético é tangente às linhas de campo - reveja a Introdução). 2. O sentido do campo magnético depende do sentido da corrente? Como? 3. Pense numa maneira de memorizar a relação entre o sentido da corrente e o sentido do campo formado. Em outras palavras, invente uma regra de memorização, e descreva essa regra. Você pode usar seu próprio corpo, por exemplo. 5. E agora, consegue responder a questão prévia?

Figura 2: Arranjo experimental sobre a lei de Oersted.

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Laboratório Investigativo: Construção e Validação de Eletroímã Aula 03 – IE3

Laboratório Investigativo Prof. Luciano Soares Pedroso

Fonte: YOUNG, Hugh D; FREEDMAN, Roger A. Sears e Zemansky: Física III – Eletromagnetismo, 12.ed. São Paulo: Pearson Education, 2009, página 253. Introdução

De longa data o estranho poder de atração dos ímãs fascina o homem. Alguns historiadores reportam sua descoberta à Grécia Antiga, onde um pastor de ovelhas teria observado que a ponta de seu cajado de ferro ficava presa em um certo tipo de rocha. Provavelmente, tal rocha era magnetita, um ímã natural. Conta-se ainda que os chineses costumavam usar uma pedra pendurada em um fio para indicar o melhor local de sepultamento de seus mortos e, ao utilizarem a magnetita para isso, inventaram a bússola acidentalmente. O mistério em torno dessa "estranha força" aumentou ainda mais quando, em 1820, o dinamarquês Hans Christian Oersted verificou que a agulha de uma bússola desviava ao se passar corrente elétrica por um fio próximo a ela. Descobria-se assim uma relação entre eletricidade e magnetismo: o eletromagnetismo. Até hoje a Ciência não compreende perfeitamente a origem da força magnética e, assim como aquele pastor na Antiguidade, os homens de nosso tempo ainda se deslumbram diante de um ímã e um simples pedaço de metal... Neste trabalho sugerimos algumas atividades utilizando ímãs e eletricidade.

Construindo um Eletroímã Este desafio de Engenharia é para construir o melhor eletroímã que você puder. Seu eletroímã será avaliado pelo peso que ele pode levantar, de forma que o melhor eletroímã será aquele que levantar o(s) objeto(s) mais massivo(s). Material para construção desse experimento:

a) 4,5 metros de fio de bitola 20; b) um prego;

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c) um parafuso de aço; d) uma bateria de 9V; e) duas pilhas de 1,5 V com seu suporte; f) uma bússola; g) um multímetro; h) um reostato (resistor variável). i) 20 clipes de papel

Assim como em qualquer problema de engenharia, existem limitações e exigências que você deve cumprir. Aqui estão as diretrizes:

1. Você pode usar no máximo 150 cm de fio para cada eletroímã que fabricar. Não há mínimo.

2. O fio não pode ter bitola inferior a 20. 3. Você pode usar o prego ou o parafuso no centro do seu eletroímã, ou não

usar nenhum deles. 4. O eletroímã pode ser de qualquer formato ou tamanho. 5. Sua fonte de energia será uma única bateria de 9,0 volts. 6. Você pode usar qualquer material ferromagnético, como ferro, níquel ou aço,

como o peso a levantar. Você pode tentar levantar um único objeto, ou então coisas pequenas, como clipes de papel. É o “peso” total que importa.

Perguntas que deverão ser respondidas ao longo ou após a construção de seu

experimento:

a) O que é um eletroímã?

b) Como construíram e testaram seu Eletroímã?

1. Quanto mais voltas de fio tiver o eletroímã, mais forte será o seu campo magnético?

2. Quanto maior for o diâmetro da bobina, mais forte será o campo magnético? 3. O comprimento da bobina afeta a “força” do eletroímã? 4. Quanto maior a intensidade de corrente fluir pelo eletroímã, mais intenso será

seu campo magnético? Utilize o multímetro e o resistor variável para comprovar.

5. Há polaridades norte e sul em seu eletroímã?

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6. É possível verificar qual é a polaridade norte de seu eletroímã? 7. O sentido da corrente elétrica modifica a polaridade de seu eletroímã? Utilize

a regra da mão direita para comprovar suas observações. 8. O que acontece se construirmos o eletroímã sem o prego ou parafuso como

núcleo? Construa outro eletroímã usando um tubo de caneta no lugar do prego!

9. Qual a função do núcleo de ferro no eletroímã?

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Laboratório Investigativo: Força Magnética Aula 04 – IE4

Laboratório Investigativo Prof. Luciano Soares Pedroso

Fonte: YOUNG, Hugh D; FREEDMAN, Roger A. Sears e Zemansky: Física III – Eletromagnetismo, 12.ed. São Paulo: Pearson Education, 2009, página 220 e 226.

FORÇA MAGNÉTICA

Questão Prévia: Como funciona o motor de corrente contínua? _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Introdução: Esta experiência demonstra o efeito da força magnética sobre um fio

condutor e, simultaneamente, indica o sentido da força magnética usando a regra do tapa.

Objetivos: Ao final destas experiências você será capaz de:

01. Observar a ação da força magnética sobre um fio condutor; 02. Aplicar, corretamente, a regra do tapa. 03. Fazer cálculos utilizando a equação da força magnética em um fio

condutor. Material:

a) Ímã grande. b) Fonte de tensão (9V). c) Fonte de tensão (3V). d) Fio de ligação com garra jacaré (dois). e) Gangorra (fio condutor em forma de gangorra). f) Suporte para a gangorra (figura 1). g) Suporte para o Motor (figura 2).

Montagem:

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Figura 1 Figura 2 Procedimento:

01. Antes de montar a gangorra em seu suporte (conforme a montagem da figura 1), raspe os seus contatos, bem como os contatos do suporte (utilize um estilete ou lixa), para eliminar a oxidação;

02. Coloque a gangorra em seu lugar no suporte e prenda a garra jacaré de cada fio às hastes do suporte da gangorra (veja a montagem). Ligue a outra extremidade de um dos fios ao borne negativo (menor potencial) da fonte de tensão de 9V, deixando livre a extremidade do outro fio;

03. Posicione o ímã, verticalmente, abaixo da gangorra, com seu polo norte voltado para cima (veja a montagem);

04. Observe, atentamente, o movimento da gangorra ao se ligar a extremidade do outro fio ao borne da fonte de tensão.

05. Repita o procedimento 04, observando o sentido da corrente elétrica, que é do polo e maior potencial para o de menor potencial, e utilize a regra do tapa, para prever a deflexão da gangorra.

06. Mantendo o mesmo sentido da corrente elétrica inverta o ímã, deixando seu polo sul para cima. Antes de fazer a ligação, faça uma previsão sobre a nova deflexão da gangorra. Ligue, então, para comprovarem a previsão.

07. Mantendo o ímã na mesma posição do procedimento 06, inverta a corrente elétrica e, antes de fazer a ligação, faça uma previsão sobre a nova deflexão da gangorra. Ligue, então, para comprovarem a previsão.

08. Repita todos os procedimentos anteriores com a fonte de tensão de 3V. 09. A tensão fornecida à gangorra interfere em seu ângulo de deflexão?

Explique 10. A intensidade do campo magnético do ímã interfere na deflexão da

gangorra? Explique. 11. Repita todos os procedimentos com a espira no lugar da gangorra. 12. E agora, consegue responder a questão prévia?

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Laboratório Investigativo: Indução Eletromagnética Aula 05 – IE5

Laboratório Investigativo Prof. Luciano Soares Pedroso

Fonte: YOUNG, Hugh D; FREEDMAN, Roger A. Sears e Zemansky: Física III – Eletromagnetismo, 12.ed. São Paulo: Pearson Education, 2009, página 281.

INDUÇÃO ELETROMAGNÉTICA

Questão Prévia: Como é possível gerar uma corrente elétrica apenas aproximando ou afastando, relativamente, um ímã de uma bobina? _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Introdução: Este experimento procura demonstrar a indução eletromagnética e observar algumas de suas aplicações. Objetivo: Ao final deste experimento, você será capaz de: 01. Observar a indução eletromagnética. 02. Compreender a indução eletromagnética. 03. Compreender o funcionamento da usina elétrica. 04. Compreender as leis de Faraday e Lenz. Indução Eletromagnética Material:

a. Multímetro. b. Ímã cilíndrico c. Alicate-amperímetro.

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Montagem:

Figura 1 Procedimento: 01. Escolha a menor escala de medida de corrente do alicate-amperímetro. 02. Coloque o ímã dentro do alicate-amperímetro. Comente que embora exista o campo magnético do ímã dentro da bobina, não há corrente induzida, pois o “amperímetro” nada acusa. 03. Retire rapidamente o ímã. O que se observa? 04. Coloque o ímã novamente dentro do alicate-amperímetro e retire-o lentamente, o que ocorreu com a indicação da corrente no alicate-amperímetro? 05. Inverta a polaridade do ímã e repita os procedimentos 02 e 03. O que se observa em relação ao sentido da corretne induzida indicada pelo alicate-amperímetro? 06. Faça o movimento de vai-e-vem com o ímã e observe a indicação do alicate-amperímetro. O que ocorre com o sentido da corrente induzida na espira? 09. Mantendo o ímã em repouso faça o movimento de vai-e-vem com o alicate-amperímetro. Há corrente induzida na espira? 10. Movimente ambos, um em relação ao outro. Há corrente induzida? Explique. 11. Há alguma relação entre o número de espiras na garra do alicate-amperímetro e a intensidade da corrente induzida indicada por ele? 12. Há campo magnético ao redor da “bobina” quando o ímã aproxima-se ou afasta-se dela? 13. E agora, consegue responder a questão prévia?

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APÊNDICE B

Intervenção Simulada – Atração Magnética IS1

Questão prévia: Como um ímã pode manter “alguns” pregos presos na sua extremidade? _____________________________________________________________________________________________________________________________________ Introdução: Nesta sequência didática você observará os efeitos do magnetismo.

a) Abra a simulação “Atração Magnética22” b) Capture um prego com o ímã e aproxime-o do ímã N-S; c) O que ocorre com o prego quando ele toca o ímã N-S? d) Qual polaridade aparece na extremidade do prego que toca o ímã N-S? e) Capture outro prego e aproxime-o do prego que está preso pelo ímã N-S.

Explique o que você observa. f) Caso colocássemos um número maior de pregos do mesmo modo que os

anteriores, o ímã N-S suportaria mantê-los presos? Explique. g) E agora, consegue responder a questão prévia?

22 Disponível em: <http://www.fisicainterativa.xpg.com.br/inducao_magnetica/inducao_magnetica.html> Acesso em 01 maio. 2012.

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Intervenção Simulada – Campo Magnético ao Redor do Ímã IS2 (1ª Parte)

Questão prévia: Como é a configuração do campo magnético de um ímã? _____________________________________________________________________________________________________________________________________ Introdução: Nesta sequência didática você observará os efeitos do magnetismo.

a) Acesse a simulação “Campo magnético ao redor de um ímã23” b) Qual polo representa a cor vermelha do ímã? (utilize a simulação anterior

(IS1) caso tenha dúvida) c) Qual o sentido do campo magnético ao redor do ímã? d) Caso esse ímã fosse quebrado ao meio o que ocorreria com seus polos? e) O que representam as setas ao redor do ímã? f) Caso colocássemos várias bússolas ao redor do ímã qual seriam suas

configurações? (pode desenhar se achar esclarecedor) g) Caso uma dessas bússolas desse uma volta completa ao redor do ímã,

quantas voltas ao redor do seu próprio eixo ela daria? h) E agora, consegue responder a questão prévia? i) Utilize a simulação “Campo Magnético da Terra24” para tirar algumas

conclusões sobre as questões anteriores.

23 Simulação Disponível em: <http://www.fisicainterativa.xpg.com.br/campo_magnetico_terra/campo_terrestre.html>. Acesso em 01 maio. 2012. 24 Simulação Disponível em: <http://www.fisicainterativa.xpg.com.br/campo_magnetico/campo_magnetico.html>. Acesso em 01 maio. 2012.

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Intervenção Simulada – Campo Magnético Gerado por Corrente elétrica IS2 (2ª parte)

Questão prévia: Como é possível um fio condutor desorientar uma bússola? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Introdução: Nesta sequência didática você observará os efeitos do

Eletromagnetismo. a) Acesse a simulação “Campo Magnético no fio25” b) O que se percebe ao variar a corrente do circuito? c) E ao mudar a polaridade da bateria (anti-horário/horário)? d) Habilitando a função regra da mão direita, está de acordo com o esperado? e) O campo magnético criado pela corrente elétrica é diferente do campo

magnético criado por um ímã? Explique. f) Compare os resultados observados no experimento realizado no laboratório

com os apresentados na simulação. Qual a contribuição da simulação no entendimento do experimento de Oersted?

g) Utilize a simulação “Experimento de Oersted26” caso seja necessário.

h) E agora, consegue responder a questão prévia?

25 Simulação Disponível em: < http://www.fisicainterativa.xpg.com.br/campo_magnetico.html>. Acesso em 01 maio. 2012. 26 Disponível no CD do Hiperdocumento de Eletromagnetismo.

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Intervenção Simulada – Campo Magnético na Bobina IS3

Questão prévia: Qual a relação entre o número de espiras, a intensidade e o sentido da corrente elétrica e campo magnético gerado ao redor de uma bobina? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Introdução: Nesta sequência didática você observará os efeitos do

Eletromagnetismo. a) Acesse a simulação “Campo Magnético na bobina27” b) O que se percebe ao variar a corrente do circuito? c) E ao mudar a polaridade da bateria (anti-horário/horário)? d) E ao modificar o número de espiras na bobina? e) Habilitando a função regra da mão direita, está de acordo com o esperado? f) Qual a polaridade da bobina quando o sentido da corrente elétrica é “horário”? g) O campo magnético criado pela corrente elétrica ao redor da bobina é

diferente do campo magnético criado por um ímã? Explique. h) Compare os resultados observados no experimento realizado no laboratório

com os apresentados na simulação. Qual a contribuição da simulação no entendimento da lei de Ampère?

i) E agora, consegue responder a questão prévia?

27 Simulação Disponível em: < http://www.fisicainterativa.xpg.com.br/bobina_bussola.html> Acesso em 01 maio. 2012.

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Intervenção Simulada – Força de Lorentz IS4

Questão prévia: Qual a relação entre a força exercida no condutor e a corrente elétrica que flui por ele quando está inserido em um campo magnético? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Introdução: Nesta sequência didática você verificará a força exercida no condutor

como função da corrente e como função do campo magnético.

a) Acesse a simulação “Força de Lorentz28” b) O que se percebe ao ligar a corrente do circuito? c) E ao mudar a polaridade da bateria (anti-horário/horário)? d) E ao inverter a polaridade do ímã? e) Qual a direção e o sentido da força aplicada ao condutor quando a corrente

está no sentido horário? E quando o sentido da corrente está no anti-horário? f) O que ocorre ao redor do condutor quando se estabelece uma corrente?

Explique. g) Compare os resultados observados no experimento realizado no laboratório

com os apresentados na simulação. Qual a contribuição da simulação no entendimento da Força de Lorentz?

h) Acesse a simulação “Motor de corrente contínua”29 i) Como é a configuração da força de Lorentz no momento em que aq bobina

está paralela ao campo magnético do ímã? E quando está perpendicular? j) E agora, consegue responder a questão prévia?

28 Disponível no CD do Hiperdocumento de Eletromagnetismo. 29 Disponível no CD do Hiperdocumento de Eletromagnetismo.

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Intervenção Simulada – Campo Magnético na Bobina IS5

Questão prévia: Como é possível gerar eletricidade com uma bobina e um ímã? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Introdução: Nesta sequência didática você observará os efeitos do

Eletromagnetismo. a) Acesse a simulação “Lei de Faraday30” b) O que se percebe ao aproximar o ímã da bobina? c) E ao afastá-lo? d) A velocidade de aproximação ou afastamento modifica a intensidade da

corrente induzida na bobina? e) Qual polo aparece na bobina quando aproximamos dela o polo norte do ímã? f) E quando afastamos? g) O campo magnético criado pela aproximação ou afastamento do ímã ao redor

da bobina é diferente do campo magnético criado por um ímã? Explique. h) Compare os resultados observados no experimento realizado no laboratório

com os apresentados na simulação. Qual a contribuição da simulação no entendimento da lei de Faraday-Lenz?

i) E agora, consegue responder a questão prévia?

30 Simulação Disponível em: < http://www.fisicainterativa.xpg.com.br/lei_faraday.html> Acesso em 01 maio. 2012.

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APÊNDICE C

Percepções dos aspectos atitudinais, comportamentais, procedimentais durante as intervenções e relato dos desempenhos conceituais dos alunos ao longo da entrevista semiestruturada.

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Descreveu a estrutura do ímã citando os domínios magnéticos,

conceituou corretamente a Lei de Faraday-Lenz, conforme

ocorreu no L2Q8 descrevendo corretamente o comportamento

da agulha da bússola a partir da corrente elétrica estabelecida

no circuito, buscando exemplos ao longo da entrevista. Não

soube distinguir o campo magnético do campo elétrico e

afirmou que há uma relação entre eletromagnetismo e óptica,

mas não sobre descrevê-la.

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Ao longo do curso mostrou-se motivado, chegando no horário

e participando ativamente das intervenções. No grupo

apresentou atitudes de liderança e participação ativa.

Percebeu os objetivos do curso ao responder a questões

contidas nas intervenções com argumentações físicas

consistentes e participou com entusiasmo das intervenções

simuladas. Demonstrou, ao criar e testar hipóteses, que uma

atividade investigativa com alto grau de interatividade

aproxima-se muito da atividade científica, como afirmam Veit

(2005) e Vasconcelos (2005). Confirmou o papel da simulação

ao afirmar que a utilizou como complementação visual ao

experimento realizado, conforme afirmam Fiolhais e Trindade

(2003).

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Não descreveu a estrutura interna do ímã de maneira correta,

conceituou corretamente a lei de Faraday-Lenz, descreveu as

diferenças entre campo magnético e elétrico citando cargas

elétricas e inseparabilidade dos polos do ímã (corroborando

com L2Q4 e L2Q7) e comentou sobre a unificação entre

eletromagnetismo é óptica citando Maxwell.

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Reconheceu, durante a entrevista, o domínio de validade das

simulações frente aos experimentos realizados no laboratório

investigativo, corroborando com Medeiros & Medeiros (2002).

Não se mostrou participativo durante as IE, talvez por não

possuir, em sua estrutura cognitiva, conceitos fundamentais

sobre o assunto, muitas vezes demonstrados no L1.

Demonstrou ao longo do L2 ter participado ativamente da IS,

pois as citava com boas argumentações científicas. Sua

motivação passava pelas questões prévias nas intervenções

simuladas onde demonstrava mais interesse. Participou das

discussões do grupo dando opiniões e indagando o professor

sobre determinado conceito contido no experimento.

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Descreveu a estrutura interna do ímã com seus domínios

magnéticos, afirmou conhecer a lei de Faraday-Lenz e deu

exemplos disso (corroborando com L2Q8), relatou as

diferenças entre campo magnético e elétrico, citando cargas

elétricas e ímãs, alegou conhecer as relações entre

eletromagnetismo e óptica, mas não a citou.

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Demonstrou, ao longo da entrevista, reconhecer o papel das

simulações computacionais frente ao laboratório investigativo

ao afirmar que “ ...tinham coisas que a gente não via no

experimento...” sustentando afirmações de Ausubel sobre a

diferenciação progressiva e reconciliação integradora.

Mostrou-se extremamente participativo e motivado durante as

IE interagindo com o grupo e com o professor. Teve como

característica marcante a busca por responder as questões

prévias com o máximo de conceitos corretos, levando o grupo

a discussões oportunas e vantajosas sobre os conceitos

envolvidos.

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Citou a estrutura interna do ímã (corroborando com L2Q4),

mas não a relacionou com seus domínios magnéticos,

descreveu corretamente a lei de Faraday-Lenz, mencionou a

distinção entre campo magnético e elétrico, mas não soube

exemplificar, informou que há uma relação entre

eletromagnetismo e óptica, mas não soube exemplificar.

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No inicio das atividades mostrou-se ansioso por conhecer os

experimentos propostos, talvez pelas frustrações ocorridas em

outros tipos de laboratório. Reconheceu o papel do laboratório

investigativo, corroborando com os PCN ao citar o

levantamento de hipóteses na comprovação de conceitos. Ao

afirmar que “As simulações dão base para entender o que

aconteceu no experimento” sustentou o papel das simulações

empíricas, que conforme Giordan (2008) derivam de medidas

experimentalmente observadas a fim de complementar os

experimentos realizados. Participou de maneira tímida das

discussões de grupo, mas contribuiu no momento em que era

indagado pelos colegas e professor.

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Descreveu a estrutura interna do ímã citando os domínios

magnéticos (corroborando com L2Q7), conceituou o

experimento de Oersted citando a IE2, citou corretamente a lei

de Faraday-Lenz, como boa argumentação e exemplos,

distinguiu o campo elétrico do campo magnético, mencionou a

relação entre eletromagnetismo e óptica citando a luz como

uma onda eletromagnética.

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Em quase todas as aulas, demonstrou ter interagido de

maneira significativa com as IE e IS.

Ao afirmar que “As experiências são boas, elas nos fazem

pensar sobre o que está acontecendo”, percebeu o papel dos

experimentos propostos nas IE corroborando com os PCN.

Participou de maneira ativa das discussões de seu grupo,

contribuindo significativa. Percebeu que a validade das

questões prévias como subsunçores, demonstrando que a

base para a aquisição dos futuros conhecimentos sobre o

conteúdo abordado.

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Relatou a estrutura interna do ímã de maneira correta

citando a inexistência dos monopolos e caracterizando

os domínios magnéticos (corroborando com L2Q4),

assinalou a IS3 como exemplo do experimento de

Oersted, enunciou corretamente a lei de Faraday-Lenz

com exemplos do cotidiano, distinguiu corretamente o

campo magnético do campo elétrico citando cargas

elétricas e a questão 10 do L2. Mencionou a relação

entre eletromagnetismo e óptica, mas não deu exemplo

de como isso ocorre.

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Mostrou-se motivado pelo curso e não encontrou

dificuldades para desenvolver as atividades propostas,

apresentando um raciocínio coeso. Concebeu o papel

das simulações ao afirmar que “...fiz hipóteses e elas

iam se confirmando.” confirmando o que afirma

Medeiros & Medeiros (2002).

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Demonstrou que compreende a estrutura interna do ímã, mas

não soube afirmar o que a compõe. Utilizou a IS3 para explicar

o experimento de Oersted. Descreveu a lei de Faraday-Lenz

(corroborando com L2Q5 e com L2Q7), não soube diferenciar

o campo magnético do campo elétrico, mencionou

corretamente a relação entre eletromagnetismo e óptica

citando a luz como onda eletromagnética (corroborando com

L2Q10).

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Nas aulas, este aluno fazia perguntas certificando que

acompanhava o que era proposto nas sequências didáticas.

Em alguns momentos era necessário apresentar exemplos

para convencê-lo sobre os significados dos conceitos e das

relações entre grandezas físicas envolvidas e demonstradas

nas intervenções simuladas. Manifestou satisfação com os

experimentos ao afirmar que “Eu gosto muito da parte das

experiências. Acho que elas provocam a gente.” Relatou

entusiasmo ao construir o eletroímã, validando o experimento

como proponente de aprendizagem conceitual.

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Descreveu com riqueza de detalhes a estrutura interna do ímã,

citando os domínios magnéticos, enunciou corretamente a lei

de Oersted (corroborando com L2Q5), distinguiu corretamente

o campo elétrico do campo magnético citando as cargas

elétricas, a IE1 e a IS2). Enunciou corretamente a lei de

Faraday-Lenz utilizando a IS5 como exemplo. Relatou a luz

como exemplo da relação entre eletromagnetismo e óptica

afirmando que ela é uma onda eletromagnética.

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Ao longo do curso, buscou apresentar respostas com

argumentação física, apresentando elementos que mostram

que foi capaz de relacionar, de forma significativa, os conceitos

físicos envolvidos nas intervenções com suas ideias e

conceitos prévios. Percebeu o papel das simulações

computacionais ao atestar que “As simulações permitem que o

aluno visualize situações de uma forma mais clara...”

corroborando com Medeiros & Medeiros (2002).

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Não soube descrever a estrutura interna do ímã, mencionou

corretamente a lei de Faraday-Lenz, citando a IE5, descreveu a

lei de Oersted citando a IS3 (corroborando com L2Q9). Relatou

a diferença entre o campo elétrico e o campo magnético

citando a questão 10 do L2, a IE1 e também a IS2. Não soube

citar a relação entre eletricidade, magnetismo e óptica.

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Ao longo do curso, apresentou um grande progresso em

termos de manipulação com os materiais experimentais,

ampliando a reflexão sobre os procedimentos práticos e

teóricos adotados para responder as sequências didáticas.

Validou o uso das questões prévias como subsunçores ao

sustentar que “Responder as perguntas antes de montar as

experiências permitiam relembrar sobre o conteúdo que íamos

trabalhar.”

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Descreveu a estrutura do ímã de forma parcialmente correta,

sem citar os domínios magnéticos, utilizou-se da IE2 para

exemplificar o experimento de Oersted, relatou com firmeza e

riqueza de detalhes a lei de Faraday-Lenz, citando a IS5 com

suas variáveis, confirmou a diferença entre o campo elétrico e

magnético citando a IE1 (corroborando com L2Q4). Comunicou

a relação entre eletricidade, magnetismo e óptica citando os

campos magnéticos e elétricos da luz, sua perpendicularidade

bem como a contribuição de Maxwell para sua unificação.

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Durante as intervenções se mostrou motivado para responder

às questões prévias e as sequências didáticas. Interagiu

fortemente com o professor, expondo suas dúvidas a partir das

reflexões em grupo, explicando os procedimentos realizados

com a intenção de encontrar as respostas. Demonstrou um

bom ganho conceitual durante o curso ao explicar de forma

detalhada e consistente a lei de Faraday-Lenz no L2. Admitiu,

ao afirmar que “Apesar de gostar de matemática, achei esse

curso mais bem esclarecedor.”, que o curso teve contribuição

na construção de sua aprendizagem conceitual.

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Além de citar os domínios magnéticos na estrutura interna do

ímã relatou o fluido magnético como portador de

nanopartículas magnéticas (corroborando com L2Q2 e L2Q4).

Explicou com detalhes o experimento de Oersted. Elaborou

uma boa explicação sobre a lei de Faraday-Lenz ao longo da

entrevista, citando a IE2 como ponto de partida para a

descoberta de leis mais gerais, relatou a diferença entre

campo magnético e elétrico utilizando a IE1 e a IS2.

Relacionou, de maneira correta o magnetismo, a eletricidade e

a óptica citando a luz como uma onda eletromagnética.

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Evidenciou sua motivação durante o curso ao relatar que

“Gostei muito do experimento de Oersted. Aquela bússola

girando de um lado para outro quando a gente ligava o circuito

foi muito legal”.

Relatou ser a simulações o ponto forte do curso, pois permitem

“demonstrar algumas coisas que o experimento não mostra”.

Interagiu com o grupo de maneira peculiar, demonstrando

liderança durante as discussões e no momento de descrever

as respostas às questões prévias.

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Não soube descrever a estrutura interna do ímã. Relatou a lei

de Faraday-Lenz com muitas falhas conceituais, apenas citou

a regra da mão direita e não se lembrou de nenhuma

intervenção quando indagado pelo professor. Não fez distinção

entre campo elétrico e magnético no seu relato, demonstrando

não os reconhecer. Afirmou desconhecer a relação entre

eletricidade, magnetismo e óptica.

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Expressou sua motivação pela descoberta de novos conceitos

apoiados nas IE e nas IS ao afirmar que “Ao chegarmos no

laboratório de informática e conhecermos a simulação sobre a

indução no computador, e ver as linhas do campo do ímã e da

bobina quando aproximamos e afastamos o ímã das espiras,

foi uma descoberta. Perceber que a bobina gera um campo

magnético que vai contra o campo do ímã foi muito

esclarecedor”.

Descreveu sua insatisfação quanto ao tempo do curso,

afirmando que “tinha que ter mais tempo, ver mais coisas

sobre eletromagnetismo”.

Não se mostrou preparado para esse tipo de curso ao chegar

atrasado e tumultuar todo o ambiente durante sua chegada em

praticamente todas as aulas.

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Não soube descrever a estrutura interna do ímã. Relatou com

muitas falhas o experimento de Oersted, demonstrando

desconhecimento da diferença entre campo magnético e

elétrico. Em sua fala afirmou conhecer a relação entre

magnetismo, eletricidade e óptica, mas não relatou

argumentos que a justificasse.

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Validou o papel das simulações ao afirmar que “As simulações

mostram aquilo que não vejo no experimento” corroborando

com Medeiros e Medeiros (2002). Confirmou que a construção

coletiva do conhecimento pode ser uma estratégia facilitadora

do aprendizado ao assegurar que “A formação dos grupos de

trabalho no laboratório quando montamos as experiências foi

muito boa. Nosso grupo era muito unido. Os alunos discutiam

as perguntas e depois de fazer as montagens, um ajudando o

outro ainda revisávamos o que aprendemos”. Mesmo

afirmando sobre a colaboração do seu grupo de trabalho não

participou ativamente das intervenções, demonstrando uma

aprendizagem puramente mecânica durante o curso, o que

pode ser facilmente observado em seu desempenho

conceitual.

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Comunicou com boas argumentações científicas a estrutura

interna do ímã, citando a IS4 e fazendo um paralelo entre o

ímã e a bobina. Descreveu o experimento de Oersted

identificando a IS3 como uma referência. Relatou a lei de

Faraday-Lenz demonstrando ter compreendido sua relação

com o experimento de Oersted, além de detalhar a IE5 e a IS5

como exemplos. Evidenciou a relação entre magnetismo,

eletricidade e óptica ao afirmar que a luz é uma onda

eletromagnética e citar algumas de suas características.

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Reconheceu a validade da articulação entre o laboratório

investigativo e as simulações computacionais ao afirmar que

“As simulações desprezam alguns dados que são importantes

e quando relacionamos os experimentos e as simulações

essas aproximações são resolvidas”. Mostrou-se fortemente

motivado ao chegar sempre no horário e colaborar com o

grupo no momento de responder as questões prévias e as

sequências didáticas. Demonstrou ter consciência da relação

entre teoria e prática ao sustentar que “...muitas vezes a teoria

é bem diferente da prática, pois na teoria existe muitas vezes

uma aproximação para que os valores deem certo”.

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Não soube descrever a estrutura interna do ímã, reconheceu o

experimento de Oersted citando a IE2 e a IS3 (corroborando

com L2Q9) e relatou a lei de Faraday-Lenz utilizando a IS5

como suporte. Demonstrou conhecer a relação entre

eletricidade, magnetismo e óptica ao falar sobre a luz como

uma onda eletromagnética.

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l,

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dina

l e p

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dim

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Demonstrou que a aprendizagem por descoberta pode

proporcionar ganhos conceituais ao admitir que “... o campo

magnético na bobina se opõe ao campo magnético do ímã

quando aproximo ou afasto ele da bobina foi uma descoberta

fantástica. É por esse motivo que se quero gerar mais energia

elétrica em uma usina hidrelétrica, tenho aumentar a vazão de

água”. Evidenciou grande habilidade na construção de

experimentos e os descreveu como fator motivador do curso.

Participou ativamente das intervenções e destacou a IE5 como

base para compreensão do eletromagnetismo.

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Descreveu a estrutura interna do ímã corretamente citando os

domínios magnéticos, não soube conceituar a lei de Faraday-

Lenz, mas citou a IS5 sem relembrar das variáveis contidas na

simulação, evidenciou reconhecer o experimento de Oersted

citando a IS3 com riquezas de detalhes, confirmou a diferença

entre o campo elétrico e magnético citando a IE1. Não soube

descrever a relação entre eletricidade, magnetismo e óptica.

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tal,

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l

Relatou insatisfação na montagem do grupo de trabalho, pois

seu grupo “trabalhou de forma muito individual”. Citou as

questões prévias e as sequências didáticas como fator de

motivação, corroborando com Ausubel, Novak e Hanesian

(1980): “Descobrir as leis por trás de um experimento,

respondendo as perguntas antes e depois da montagem foi o

ponto principal pra mim”. Em seu grupo apresentou atitudes de

liderança e participou com entusiasmo nas IS.

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Não falou sobre a estrutura interna do ímã ao ser questionado,

comentou com muita firmeza a lei de Faraday-Lenz citando a

IS5 ao final da fala (corroborando com L2Q6), descreveu

corretamente o experimento de Oersted, citando a IE2;

localizou diferenças entre o campo elétrico e o campo

magnético, citando a carga elétrica e o interior do ímã; relatou

semelhanças entre eletricidade, magnetismo e óptica, mas não

citou a luz como uma onda eletromagnética.

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l

Relatou a importância dos conhecimentos prévios ao afirmar

que “No laboratório, durante a montagem do eletroímã, percebi

que o guia era importante, mas responder a pergunta antes de

iniciar a montagem era mais interessante pois não sabíamos o

que ia acontecer e tínhamos que dar nossa opinião”. Percebeu

o papel da articulação entre o laboratório e a simulação ao

relatar que “O uso das simulações e dos experimentos traz

maior conhecimento ao aluno forçando-o a trabalhar com os

modos tecnológicos e manuais, tendo várias formas de se

trabalhar com os conceitos de eletromagnetismo e observar

coisas que nos experimentos não poderíamos ver.”

corroborando com os PCN (BRASIL, 1999, p. 52-53) e com

Medeiros e Medeiros (2002, p. 80).

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Reconhece a estrutura interna do ímã, mas não soube afirmar

o que a compõe. Descreveu a lei de Faraday-Lenz e citou a

IS5 como referência, não diferenciou o campo magnético do

campo elétrico, relacionou corretamente a eletricidade, o

magnetismo e a óptica citando a luz como um exemplo de

onda eletromagnética.

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pro

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tal

Demonstrou perceber a evolução histórica do conhecimento

científico ao relatar que “A sequência das experiências mostra

a construção da ciência ao longo do tempo. As experiências

mostraram como o homem é capaz de interpretar a natureza e

criar leis para descrevê-la.” Mostrou-se fortemente motivado

com a construção do eletroímã e apresentou argumentações

consistentes a respeito da montagem apresentada pelo seu

grupo. Participou ativamente das discussões em grupo e

transcreveu a maioria das respostas das sequências didáticas.

Reconheceu que a construção coletiva, ocorrida durante o

curso, foi fundamental para a consolidação e o aprimoramento

dos conhecimentos ao afirmar que “Nesse curso nosso grupo

foi muito participativo, seja perguntando ao professor ou

conversando entre os próprios integrantes. O uso das

simulações e dos experimentos deu abertura para que isso

ocorresse e aprimorou nosso conhecimento sobre o

eletromagnetismo.”

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Descreveu a estrutura interna do ímã, citando os domínios

magnéticos, enunciou corretamente o experimento de Oersted

(corroborando com L2Q8), relatou a diferença entre o campo

elétrico e o campo magnético citando as cargas elétricas e a

IS2. Forneceu indícios de que reconhece a luz como uma onda

eletromagnética.

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Mostrou-se insatisfeito com o tempo excessivo gasto na

realização dos experimentos e na falta de equações que

fundamentassem os conceitos estudados. Reconheceu nas

simulações, como afirmam Medeiros e Medeiros (2002, p. 80),

um feedback rápido e um visual motivador. Buscou, no livro

texto, as equações necessárias ao aprofundamento dos

conceitos, relacionando de maneira consistente a teoria à

prática.

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Não soube falar sobre a estrutura interna do ímã, descreveu

corretamente a lei de Faraday-Lenz citando a IE5 e IS5, relatou

as diferenças entre campo magnético e elétrico citando cargas

elétricas e a IE1, comentou sobre a unificação entre

eletromagnetismo e óptica, caracterizando a luz como uma

onda eletromagnética.

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Manifestou entusiasmo durante todas as intervenções. Ao

longo do L2 apresentou, muitas das vezes, uma aprendizagem

mecânica dos conceitos estudados. Demonstrou reconhecer a

validade das questões prévias como subsunçores ao sustentar

que “Responder as perguntas antes de fazer as experiências

foi motivador ao ponto de que não sabíamos o que ia

acontecer. Após realizarmos as experiências e responder as

perguntas relatando algumas leis que observávamos foi me

deixando ainda mais curioso sobre o que ocorria na

experiência se eu fizesse isso ou aquilo.” Demonstrou que a

articulação entre o laboratório e a simulação são capazes de

promover a construção de novos conceitos ao afirmar que

“Usar os experimentos e as simulações demonstrou que a

física tem muito mais coisas que os livros não conseguem

contemplar.” (grifo nosso)

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Identificou a estrutura interna do ímã de maneira correta

citando os domínios magnéticos, conceituou a lei de Faraday-

Lenz, citando a IS5 e comentando sobre as grandezas

envolvidas na simulação, relatou o experimento de Oersted

citando a IS3 e a IE2 com muitos detalhes, relacionou a IE1 às

propriedades do campo magnético na tentativa de diferenciá-lo

do campo elétrico (corroborando com L2Q10). Descreveu a

relação entre eletricidade, magnetismo e óptica citando a luz

como onda eletromagnética.

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Reconheceu, durante a entrevista, o domínio de validade das

simulações frente aos experimentos realizados no laboratório

investigativo, corroborando com Medeiros & Medeiros (2002)

ao afirmar que “...uma vez que podemos mexer virtualmente

com o experimento, com situações quase impossíveis de criar

no experimento.” Mostrou, na entrevista e ao longo do L2, ter

participado ativamente das IE e das IS, pois as referiu com

argumentos científicos.

Identificou na produção coletiva o aporte necessário para a

compreensão dos conceitos estudados.

Manifestou que a articulação entre o laboratório e a simulação

promoveu a relação entre a Física e o cotidiano ao afirmar que

“O curso foi bastante interessante e esclarecedor, visto que

além de explicar os conceitos do magnetismo relacionou-os ao

cotidiano.”

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Citou a estrutura interna do ímã sendo composta pelos

domínios magnéticos, sintetizou a lei de Faraday-Lenz usando

a IS5, formulou uma explicação para o experimento de

Oersted citando a IE2 e a IS3, não soube diferenciar o campo

magnético do campo elétrico, descreveu a relação entre

eletricidade, magnetismo e óptica utilizando a questão 10 do

L2 como exemplo.

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l

Participou de forma acanhada nas discussões do grupo, mas

apresentou argumentações científicas quando indagado pelo

professor. Percebeu o papel do laboratório como organizador

prévio ao afirmar que “Usar as simulações depois dos

experimentos foi um fator motivador. Nos experimentos a

gente testava algumas hipóteses, mas eram poucas, já nas

simulações testávamos muitas outras hipóteses, sem o medo

de estragar o experimento.” Caracterizou o papel das

simulações como amplificadora do campo visual ao dizer que

“Nela (simulação) o ímã tinha um campo magnético em 3D,

com as linhas de campo fechadas, coisa que a gente não vê

quando colocamos o ímã sobre a mesa e espalhamos a

limalha de ferro.”

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Sustentou, em sua fala, a existência de pequenas partículas

(microímãs) na composição da estrutura interna do ímã, falou

corretamente sobre o experimento de Oersted utilizando como

exemplo a IE2, diferenciou o campo elétrico do campo

magnético citando as cargas elétricas estudadas em

eletrostática e a IS2. Apresentou a luz como exemplo da

unificação entre eletricidade, magnetismo e óptica.

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Participou efetivamente das intervenções e das discussões em

grupo, realizando argumentações cientificamente corretas.

Reconheceu durante o curso o processo histórico de produção

do conhecimento ao relatar que “A Física não é só equações e

cálculos, é muito mais que isso, é uma ciência construída com

erros e acertos, de experimentações e retomadas para

responder algumas perguntas.” Demonstrou ao longo da

entrevista uma aprendizagem significativa de

eletromagnetismo ao mencionar que “O núcleo de ferro do

eletroímã aumenta bastante a força de atração dele. Que o

eletroímã possui dois polos, como os ímãs, que essa

polaridade é dada pelo sentido da corrente elétrica que circula

na bobina, que o número de voltas do eletroímã altera sua

força e que quanto mais voltas tiver a bobina, mais forte será o

eletroímã.”

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Utilizou a ideia dos domínios magnéticos para descrever a

estrutura interna do ímã, apresentou corretamente a lei de

Oersted utilizando a IE2 como exemplo, diferenciou o campo

elétrico do campo magnético citando a IE1 com a limalha de

ferro e a IS2. Utilizou o exemplo da pergunta 10 no L2 para

ilustrar indícios de que reconhece a luz como uma onda

eletromagnética.

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Relatou os domínios de validade das simulações ao descrever

que “Ao manipular as simulações, mesmo sabendo que não

são as representações reais ali demonstradas, elas servem de

modelo para você criar uma resposta para as suas perguntas.”

Participou de forma intensa das intervenções e principalmente

da construção do eletroímã. Reconheceu ao final do curso que

o teste de hipótese foi um aporte metodológico importante para

a construção do conhecimento sobre eletromagnetismo ao

descrever que “No começo senti que o curso não seria muito

bom, uma vez que nós, futuros engenheiros, precisamos de

uma Física forte, muito boa. Com o passar das aulas percebi

que estava errado. É isso que precisamos conhecer da Física.

Criar hipóteses e testá-las, voltar ao problema e verificar sua

validade. Foi isso que o curso nos proporcionou.”

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Citou os domínios magnéticos na composição da estrutura

interna do ímã, explicou com exemplos retirados das

intervenções simuladas a lei de Faraday-Lenz, descreveu a

diferença entre campo magnético e elétrico utilizando a IE1 e a

IS2. Relacionou, de maneira correta o magnetismo, a

eletricidade e a óptica citando a luz como uma onda

eletromagnética.

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Relatou, ao longo da entrevista, que a complementaridade

entre o laboratório investigativo e as simulações promove uma

aprendizagem significativa de eletromagnetismo ao narrar que

“Nas simulações usamos o que aprendemos nos experimentos

de uma maneira diferente. Dá pra fazer mais coisas, criar

novas situações e experimentar mais.” e ainda que “...os

experimentos e as simulações se completavam, um ensinava

uma coisa e o outro aprofundava, me motivou muito ter

aprendido eletromagnetismo assim.” (grifo nosso)

Confirmou o papel da experimentação ao longo do curso ao

dizer que “Posso afirmar que o curso me ajudou a tirar

algumas dúvidas sobre o real papel dos experimentos de

Física.”

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Apontou os domínios magnéticos na estrutura interna do ímã

como os causadores do campo magnético e ainda comentou

que os domínios são responsáveis pela inexistência de

monopolos magnéticos. Elaborou uma boa explicação sobre a

lei de Faraday-Lenz ao longo da entrevista e citou a IS5 como

complemento à IE5. Concluiu que a diferença entre o campo

magnético e elétrico são as linhas que formam esses campos,

utilizando como exemplo a IE1 e a IS2. Deduziu que a luz é a

unificação entre o magnetismo, a eletricidade e a óptica

relembrando que ela é uma onda eletromagnética.

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men

tal Mostrou-se insatisfeito com o tempo excessivo dispensado em

responder as questões prévias. Relatou o papel do laboratório

investigativo ao afirmar que “Os experimentos nos dão uma

visam real dos conceitos de eletromagnetismo, fazendo com

que possamos obter informações mais reais e exatas sobre o

que ocorre.” Descreveu o domínio de validade das simulações

ao encontrar um erro em uma delas afirmando que “As

simulações, como por exemplo, no caso do experimento de

Faraday, o ímã não tinha as linhas de campo magnético

fechadas e a bobina não fechava as linhas do campo

magnético ao seu redor ao aproximar o ímã.” Interagiu de

maneira intensa com o professor e com os colegas de grupo,

demonstrando liderança e poder de persuasão. Relacionou o

curso a conceitos do cotidiano ao confirmar que “O conteúdo

estudado foi bem interessante devido a sua aplicabilidade no

cotidiano.”

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Desconhece os motivos da geração do campo magnético dos

ímãs, explicou como muitas falhas conceituais a lei de

Faraday-Lenz ao longo da entrevista. Não conseguiu citar

nenhum exemplo a fim de diferenciar o campo magnético do

campo elétrico. Relacionou, de maneira correta o magnetismo,

a eletricidade e a óptica citando a luz como uma onda

eletromagnética.

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Não participou adequadamente das intervenções ao longo do

curso, realizando-as com pouco entusiasmo.

Destacou as simulações como aproximação da realidade,

certificando seu domínio de validade, corroborando com

Medeiros e Medeiros (2002, p. 82).

Foi capaz de perceber a relação entre teoria e prática ao

descrever que “O curso não utilizou muitas equações, mas

percebi que elas estavam presentes nas simulações ao serem

programadas e nos experimentos, quando respondíamos as

questões.”, mesmo não interagindo de maneira adequada com

o grupo e as intervenções.

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Aplicou a ideia dos domínios magnéticos para explicar a

estrutura interna do ímã e sua inseparabilidade magnética.

Explicou o experimento de Oersted citando a IE2

(corroborando com L2Q9). Utilizou-se da IE5 para definir a lei

de Faraday-Lenz, confirmou a diferença entre campo

magnético e elétrico utilizando a IS2 e a questão 10 do L2

como exemplos. Comentou sobre a dualidade da luz citando o

efeito fotoelétrico e o experimento da fenda dupla.

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Participou ativamente do curso em todos os momentos,

interagindo e colocando seu ponto de vista ao grupo e ao

professor. Mostrou-se um bom observador e soube conduzir o

grupo a discussões científicas corretas. Expressou-se

motivado pelas questões prévias ao afirmar que “As perguntas

no começo de cada experimento e de cada uma das

simulações motivava nosso grupo a discutir e tirar conclusões,

mesmo antes de realizar o que o texto pedia.”

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APÊNDICE D

Roteiro da entrevista Perguntas

Conhecimento prévio Você já havia tido contato com este conteúdo: o eletromagnetismo?

Pessoal Que tipo de escola você cursou? Pública ou privada? Pessoal O que te levou a fazer inscrição na disciplina Física III?

Aprendizagem significativa /

conceitos Como você imagina a estrutura do ímã?

Aprendizagem significativa /

conceitos

O que você acredita ser responsável por criar um campo ao redor do ímã? E, o que você considera responsável por criar

um campo magnético ao redor de um fio condutor? Aprendizagem significativa /

conceitos Existe relação entre eletricidade e magnetismo?

Aprendizagem significativa /

conceitos Comente sobre os experimentos de “Oersted” e “Faraday”.

Aprendizagem significativa /

conceitos

Existe eletricidade independente do magnetismo? E existe magnetismo independente da eletricidade?

Aprendizagem significativa /

conceitos Você saberia distinguir o campo elétrico do campo magnético?

Aprendizagem significativa /

conceitos Existe relação entre eletricidade, magnetismo e óptica?

Visão epistemológica/ Uso do laboratório

investigativo

Qual experimento sobre eletromagnetismo realizado na sua turma mais lhe chamou atenção? Explique o motivo.

Visão epistemológica/ Uso do laboratório

investigativo Você confia nas respostas que o experimento lhe fornece?

Visão epistemológica/ Uso das simulações

computacionais

Qual simulação sobre eletromagnetismo realizado na sua turma mais lhe chamou atenção? Explique o motivo.

Visão epistemológica/ Uso das simulações

computacionais Você confia nas respostas que a simulação lhe fornece?

Visão epistemológica/ Uso das simulações

computacionais

Há fenômenos que você “não consegue visualizar”. Tem que interpretar, criar modelos, etc. Qual a contribuição das

simulações na compreensão dos conceitos sobre eletromagnetismo?

Aprendizagem significativa/ Motivação

O que mais lhe motivou durante o curso de Física III?

Aprendizagem significativa/ Curso de

Física III O que você achou a respeito do curso?

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APÊNDICE E

PRÉ-TESTE (L1) E PÓS-TESTE (L2)

Questões pertencentes ao Pré-teste (L1) e ao Pós-Teste (L2)

1) Exemplifique situações do seu cotidiano em que o termo magnetismo foi

mencionado.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

2) Você já fez alguma experiência (ou brincadeira) com ímãs. Descreva o que você

fez. Pode desenhar se considerar esclarecedor.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3) Dentre os equipamentos que você conhece quais deles funcionam levando em

conta o magnetismo?

Este questionário faz parte de minha pesquisa sobre o uso de experimentos e simulações computacionais no ensino de Física. Vocês foram escolhidos para participar de várias etapas da pesquisa. De início, solicito a sua colaboração neste teste que tem como finalidade verificar o que vocês aprenderam sobre o assunto em foco, no caso o eletromagnetismo. Desde já agradeço a sua disponibilidade e interesse em colaborar. Estou à disposição de vocês para qualquer informação em relação ao meu trabalho de investigação. Obrigado, Prof. Luciano. Coloque aqui as iniciais do seu nome:_________________ L2 – __/2012 Uso exclusivo do pesquisador: A____

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214

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

4 - Usando um ímã permanente, um estudante, o esfrega continuamente e sempre

no mesmo sentido em um prego de aço, conforme indica a figura.

Após esse processo, o estudante verifica que o prego fica imantado, atraindo outros

pregos.

a) O polo norte do ímã prego é a sua ponta. Como Pedro pode verificar isso? ___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

__________________________________________________________________

b) Distraidamente, Pedro coloca o prego imantado ao lado de outro prego idêntico, mas não imantado. Depois, para verificar qual dos dois é o prego imantado, usando apenas esses dois objetos, ele os dispõe conforme indica a

figura seguinte. Se a ponta do prego A atrair a região central

do prego B, qual deles está imantado? Qual

seria a conclusão se essa atração não

ocorresse?

____________________________________

____________________________________

____________________________________

___________________________________________________________________

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5 - A figura a seguir descreve uma regra, conhecida

como "regra da mão direita", para análise da direção e

do sentido do vetor campo magnético em torno de um fio

percorrido por uma corrente elétrica. Analisando a figura,

responda aos itens a seguir.

a) O que representam, na figura, as setas que estão ao lado dos dedos polegar e

indicador?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

__________________________________________________________________

b) Faça um esboço (desenho) das linhas de campo magnético em torno desse fio.

c) Faça uma análise qualitativa relacionando a dependência do módulo do vetor

campo magnético nas proximidades do fio com a intensidade de corrente elétrica e

com a distância em que se encontra do fio.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

__________________________________________________________________

6 - Desenhe, na própria figura, as linhas de campo magnético que surgem na espira

quando o ímã aproxima-se dela, bem como a polaridade que aparece em cada lado.

b) A velocidade de aproximação ou afastamento do ímã em relação à bobina

influencia na intensidade da corrente induzida? Justifique.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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c) O número de espiras da bobina é importante na intensidade da corrente induzida

no circuito? Justifique sua resposta.

___________________________________________________________________

__________________________________________________________

7 – a) A figura abaixo possui uma bateria ligada a uma bobina. Qual polo surge na

extremidade direita da bobina? Justifique.

____________________________

____________________________

____________________________

____________________________

____________________________

____________________________

____________________________

b) Explique como a corrente

elétrica fornecida pela bateria gera

o campo magnético que circunda a

bobina.

____________________________

____________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________

8 - Na experiência realizada pelo seu professor, o fio de um circuito passa sobre a

agulha de uma bússola. Com a chave C aberta, a agulha alinha-se como mostra a

figura 1. Fechando-se a chave C, a agulha da bússola assume nova posição (figura

2).

Como você explicaria esse movimento da agulha da bússola a partir da corrente

elétrica estabelecida no circuito?

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9 - Sabemos que até o início do século XIX a eletricidade e o magnetismo eram

estudados de forma separada, ou seja, considerava-se que não havia nenhuma

ligação entre esses dois fenômenos. No ano de 1820, foi anunciado um

experimento, realizado pelo físico Hans Christian Oersted, que constatou a ligação

entre a eletricidade e o magnetismo. Oersted verificou que a agulha de uma bússola

mudava de direção quando a corrente elétrica passava em um fio condutor que

estava bem próximo dessa bússola. Dessa forma, ele pôde concluir que além dos

ímãs, as correntes elétricas também produzem campo magnético, cujo sentido

depende do sentido da corrente elétrica. A simulação abaixo tem a finalidade de

demonstrar o experimento de Oersted.

Descreva, com riquezas de detalhes, como a simulação pode descrever o

experimento de Oersted

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10 - Um ímã foi fixado em uma folha de papel sobre uma mesa conforme mostra a

figura a seguir. Imagine que foi solicitado que você aproximasse uma bússola

apoiada na folha de papel em várias posições em torno do ímã, sendo essas

posições tracejadas na figura. Desenhe a agulha da bússola nas várias posições

indicadas na figura.

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11 - Na figura abaixo você observa a distorção na imagem provocada por um ímã

nas proximidades da tela de um monitor. Explique como isso ocorreu.

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Questões pertencentes apenas ao pós-teste (L2)

12 – Descreva o que mais gostou durante nosso curso.

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13 – Descreva o que menos gostou durante nosso curso.

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APÊNDICE F

Intervenção Simulada – Campo Magnético na Bobina IS5

Código Fonte import java.applet.Applet; import java.awt.*; import java.awt.event.*; public class faraday extends Applet implements Runnable, AdjustmentListener, ItemListener, MouseListener, MouseMotionListener { Image img_circuit; Image img_circuit_lamp; Image img_magnet; final int xCenter = 450; final int xMin = 0; final int xMax = 800; int xMagnet; final int yMagnet = 100; double iMovement; boolean bDrag; int coil; Scrollbar hsb_coil; Choice c_lamp; Image img_off; Graphics g_off; private volatile Thread myThread; public void init() { resize(900, 350); setBackground(Color.white); setForeground(Color.black); setLayout(null); setFont(new Font("SansSerif", 0, 16)); Label label = new Label("HE - EJS", 1); add(label); label.setBounds(getSize().width - 200, getSize().height - 20, 200, 20); Label label1 = new Label("n\372mero de espiras", 2); add(label1); label1.setBounds(getSize().width - 320, getSize().height - 50, 215, 20); hsb_coil = new Scrollbar(0, coil, 5, 2, 25);

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add(hsb_coil); hsb_coil.setBounds(getSize().width - 100, getSize().height - 50, 100, 20); hsb_coil.addAdjustmentListener(this); c_lamp = new Choice(); c_lamp.addItem("galvan\364metro"); c_lamp.addItem("l\342mpada"); c_lamp.select(0); add(c_lamp); c_lamp.setBounds(getSize().width - 200, getSize().height - 75, 200, 20); c_lamp.addItemListener(this); img_circuit = getImage(getCodeBase(), "circuit.gif"); img_circuit_lamp = getImage(getCodeBase(), "circuit_lamp.gif"); img_magnet = getImage(getCodeBase(), "mag_sn.gif"); img_off = createImage(getSize().width, getSize().height); g_off = img_off.getGraphics(); addMouseListener(this); addMouseMotionListener(this); } public void destroy() { } public void update(Graphics g) { paint(g); } public void paint(Graphics g) { g_off.clearRect(0, 0, getSize().width, getSize().height); g_off.drawImage(c_lamp.getSelectedIndex() != 0 ? img_circuit_lamp : img_circuit, 370, 100, this); drawSpring(g_off, 370, 100, 40, 160, coil, false); int i = (int)Math.ceil(Math.abs(iMovement) / 5D); i = Math.min(i, 5) * 2; int ai[] = new int[8 + i * 2]; int ai1[] = new int[8 + i * 2]; int ai2[] = new int[8 + i * 2]; int ai3[] = new int[8 + i * 2]; boolean aflag[] = new boolean[8 + i * 2]; for(int j = 0; j < 8; j++) { ai[j] = xMagnet + (j >= 4 ? 50 : -50); ai1[j] = 94 + 4 * (j % 4); ai2[j] = j >= 4 ? 1 : -1; ai3[j] = 0; aflag[j] = j >= 4; } for(int k = 0; k < 2 * i; k++) { ai[k + 8] = 450 + (k >= i ? 70 : -70); ai1[k + 8] = (100 - 3 * (i - 1)) + 6 * (k % i); ai2[k + 8] = k >= i ? 1 : -1; ai3[k + 8] = 0; if(iMovement > 0.0D) { aflag[k + 8] = k < i; } else {

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aflag[k + 8] = k >= i; } } drawMagneticField(g_off, ai, ai1, ai2, ai3, aflag); g_off.drawImage(img_magnet, xMagnet - 60, 90, this); g_off.setColor(Color.black); if(!bDrag) { g_off.drawString("arraste-me", xMagnet - 40, 85); } drawSpring(g_off, 370, 100, 40, 160, coil, true); if(c_lamp.getSelectedIndex() == 0) { char c = '\u01C9'; char c1 = '\372'; g_off.setColor(Color.black); double d1 = Math.min(Math.max((iMovement * 3.1415926535897931D) / 90D, -1.0471975511965976D), 1.0471975511965976D); for(int i1 = -1; i1 <= 1; i1++) { g_off.drawLine(c + i1, c1, c + i1 + (int)(40D * Math.sin(d1)), c1 - (int)(40D * Math.cos(d1))); } } else { g_off.setColor(Color.red); for(int l = 0; (double)l < Math.abs(iMovement * 2D); l++) { double d = 6.2831853071795862D * Math.random(); double d2 = 20D + Math.random() * 20D; double d3 = 40D + Math.random() * 20D; int j1 = 450 + (int)(d2 * Math.cos(d)); int k1 = 450 + (int)(d3 * Math.cos(d)); int l1 = 250 + (int)(d2 * Math.sin(d)); int i2 = 250 + (int)(d3 * Math.sin(d)); g_off.drawLine(j1, l1, k1, i2); } } iMovement *= 0.80000000000000004D; iMovement = 0.0D; g.drawImage(img_off, 0, 0, this); } private void drawMagneticField(Graphics g, int ai[], int ai1[], int ai2[], int ai3[], boolean aflag[]) { double d = 0.0D; double d1 = 0.0D; double d2 = 0.0D; double d3 = 0.0D; for(int i = 0; i < ai.length; i++) { double d4 = ai[i] + ai2[i]; double d5 = ai1[i] + ai3[i]; for(int j = 0; j < 100; j++) { if(aflag[i]) { g.setColor(new Color(255 - (57 * j) / 100, (198 * j) / 100, (198 * j) / 100));

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} else { g.setColor(new Color((198 * j) / 100, (198 * j) / 100, 255 - (57 * j) / 100)); } double d6 = 0.0D; double d7 = 0.0D; for(int k = 0; k < ai.length; k++) { if(d4 != (double)ai[k] || d5 != (double)ai1[k]) { double d9 = Math.pow(d4 - (double)ai[k], 2D) + Math.pow(d5 - (double)ai1[k], 2D); d6 += ((double)((aflag[i] ? 1 : -1) * (aflag[k] ? 1 : -1)) / d9) * ((d4 - (double)ai[k]) / Math.sqrt(d9)) * 500D; d7 += ((double)((aflag[i] ? 1 : -1) * (aflag[k] ? 1 : -1)) / d9) * ((d5 - (double)ai1[k]) / Math.sqrt(d9)) * 500D; } } double d8 = Math.sqrt(d6 * d6 + d7 * d7); if(d8 > 5D) { d6 = (d6 * 5D) / d8; d7 = (d7 * 5D) / d8; } double d10 = d4 + d6; double d11 = d5 + d7; g.drawLine((int)d4, (int)d5, (int)d10, (int)d11); d4 = d10; d5 = d11; } } } public void drawSpring(Graphics g, int i, int j, int k, int l, int i1, boolean flag) { g.setColor(new Color(127, 0, 0)); for(int j1 = 0; j1 < i1; j1++) { if(!flag && j1 == i1 - 1) { g.drawArc(i + (l * 2 * j1) / (2 * i1 + 1), j - k, (l * 3) / (2 * i1 + 1), 2 * k, 0, 180); } if(flag) { g.drawArc(i + (l * 2 * j1) / (2 * i1 + 1), j - k, (l * 3) / (2 * i1 + 1), 2 * k, 60, 120); } } for(int k1 = 0; k1 < i1 - 1; k1++) { if(flag) { g.setColor(new Color(127, 0, 0)); g.drawArc(i + (l * 2 * k1) / (2 * i1 + 1) + (l * 2) / (2 * i1 + 1), j - k, l / (2 * i1 + 1), 2 * k, 180, 90); } else { g.setColor(Color.darkGray);

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g.drawArc(i + (l * 2 * k1) / (2 * i1 + 1) + (l * 2) / (2 * i1 + 1), j - k, l / (2 * i1 + 1), 2 * k, 270, 120); } } if(flag) { g.setColor(Color.black); g.drawLine(i, j, i, j + k); } } public void start() { myThread = new Thread(this); myThread.start(); } public void stop() { myThread = null; } public void run() { for(Thread thread = Thread.currentThread(); myThread == thread;) { try { repaint(); Thread.sleep(100L); } catch(InterruptedException interruptedexception) { } } } public void adjustmentValueChanged(AdjustmentEvent adjustmentevent) { if(adjustmentevent.getSource() == hsb_coil) { coil = hsb_coil.getValue(); repaint(); } } public void itemStateChanged(ItemEvent itemevent) { repaint(); } public void mouseEntered(MouseEvent mouseevent) { } public void mouseExited(MouseEvent mouseevent) { } public void mouseClicked(MouseEvent mouseevent)

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{ } public void mouseReleased(MouseEvent mouseevent) { if(bDrag) { bDrag = false; } } public void mousePressed(MouseEvent mouseevent) { if(Math.abs(xMagnet - mouseevent.getX()) < 60 && Math.abs(100 - mouseevent.getY()) < 10) { bDrag = true; } } public void mouseDragged(MouseEvent mouseevent) { if(bDrag) { double d = Math.min(Math.max(mouseevent.getX(), 0), 800); iMovement = ((d - (double)xMagnet) * (double)coil) / 6D; if(d > 450D) { iMovement *= -1D; } if(Math.abs(d - 450D) < 100D) { iMovement *= -1D; } xMagnet = (int)d; } } public void mouseMoved(MouseEvent mouseevent) { if(Math.abs(xMagnet - mouseevent.getX()) < 60 && Math.abs(100 - mouseevent.getY()) < 10) { setCursor(new Cursor(12)); return; } else { setCursor(new Cursor(0)); return; } } public faraday() { xMagnet = 100; bDrag = false; coil = 10; } }

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ANEXOS

ANEXO A

EMENTA DA DISCIPLINA DE FÍSICA III (EXPERIMENTAL)

FÍSICA III Carga Horária: 80h 3º PERÍODO

EMENTA Eletrodinâmica: circuitos elétricos simples, Eletromagnetismo: Carga e campo elétrico, Lei de Gauss, Corrente, resistência e força eletromotriz, circuitos de corrente contínua, Campo e forças magnéticas, Lei de Ampère, Lei de Faraday, Lei de Lenz e aplicações, corrente alternada, Física Moderna: relatividade, fótons, elétrons e átomos, natureza ondulatória das partículas. Experimentos de Termometria, Calorimetria, Leis da Termodinâmica, Eletrostática, Circuitos elétricos, Eletromagnetismo, Determinação da constante de Planck, Difração da luz, Efeito Fotoelétrico.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA YOUNG, H. D; FREEDMAN, R. A. Sears e Zemansky: Física III - Eletromagnetismo 12.ed. São Paulo: Pearson Education, 2009.

WALKER, J.; HALLIDAY, D.; RESNICK, R. Fundamentos de física 2: gravitação, ondas e termodinâmica. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012. v. 2. WALKER, J.; HALLIDAY, D.; RESNICK, R. Fundamentos de física 3: eletromagnetismo. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012. v. 3.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR CAMPOS, A. A. G. Física experimental básica na universidade. 2. ed. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2008. PERUZZO, J. Experimentos de física básica: termodinâmica, ondulatória e óptica. São Paulo: Ed. Livraria da Física, 2012. TIPLER, P. A. Física para cientistas e engenheiros: mecânica, oscilações e ondas termodinâmicas. 3. ed. São Paulo: Guanabara Koogan, 2011. v. 1. WALKER, J.; HALLIDAY, D.; RESNICK, R. Fundamentos de física 4: óptica e física moderna. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012. v. 4.