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UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE CHAPECÓ ÁREA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE ENFERMAGEM 5º PERÍODO ANTIRRETROVIRAIS PROF. SCHEILA MARCON Maio, 2014

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UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE CHAPECÓÁREA DE CIÊNCIAS DA SAÚDECURSO DE ENFERMAGEM 5º PERÍODO

ANTIRRETROVIRAIS

PROF. SCHEILA MARCON

Maio, 2014

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A terapia de combinação antirretroviral prolonga a vida e impede a progressão da doença

“As características exclusivas dessa classe de fármacos consistem na administração ininterrupta desses agentes durante toda a vida do indivíduo para controlar a replicação do vírus e na possibilidade do rápido aparecimento de resistência permanente a esses fármacos, se não forem utilizados de modo apropriado” (FLEXNER, 2006, p. 1145)

A terapia baseia-se na inibição da replicação do HIV e tem por objetivo suprimir a replicação do vírus ao máximo e pelo maior tempo possível

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O padrão atual de tratamento consiste na administração simultânea de pelo menos três fármacos durante todo o tratamento → para assegurar uma supressão efetiva e a longo prazo da replicação do HIV, sem desenvolvimento de resistência

Resistência aos fármacos (em alguns casos, dentro de duas semanas) → elevada taxa de mutação do HIV e enorme número de virions infecciosos

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Para estimar o prognóstico e avaliar a indicação de inicio de terapia anti-retroviral, monitora-se a evolução da contagem de linfocitos T-CD4 (LT-CD4) e a quantificação plasmática da carga viral do HIV

  Carga Viral (CV) serve como marcador do risco de queda

subsequente nas contagens T-CD4, ou seja, a presença de CV elevada auxilia a prever a queda futura na contagem T-CD4

  T-CD4 acima de 350 células/mm3, os episódios infecciosos mais

frequentes são geralmente bacterianos, como as infecções respiratórias ou mesmo tuberculose

  T-CD4+, entre 200 e 300 células/mm3 → febre baixa, sudorese

noturna, fadiga, diarreia crônica, cefaleia, alterações neurológicas, infecções bacterianas (pneumonia, sinusite, bronquites) e lesões orais, como a leucoplasia oral pilosa

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A contagem LT-CD4+ estabelece o risco de progressão para aids e morte

O PPD é um importante marcador de risco para o desenvolvimento de tuberculose. Quando negativo, deve ser repetido anualmente para orientar a indicação de quimioprofilaxia com isoniazida

A carga viral auxilia a decisão de iniciar a terapia antirretroviral em pacientes assintomáticos com contagens de linfócitos T- CD4 entre 350 e 200 células/mm³

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CRITÉRIOS PARA INICIAR O TRATAMENTO

Os principais objetivos do tratamento anti-retroviral são:

- Reduzir morbidade e mortalidade associadas ao HIV;

- Melhorar a qualidade de vida;

- Preservar e quando possível restaurar o sistema imunológico;

- Suprimir de forma sustentada a replicação viral.

A terapia antirretroviral não deve ser iniciada até que a importância da adesão ao tratamento seja entendida e aceita pelo paciente

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Recomendações para início de terapia anti-retroviral

Assintomáticos sem contagem de linfócitos T-CD4+ disponível ou CD4+ > 350 células/mm³ Não tratar

Assintomáticos com CD4 entre 200 e 350 células/mm³ Recomendar tratamento

Assintomáticos com CD4 <200 células/mm³ Tratar + quimioprofilaxia para infecções oportunistas

Sintomáticos Tratar + quimioprofilaxia para infecções oportunistas

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FÁRMACOS UTILIZADOS PARA O TRATAMENTO DA INFECÇÃO PELO HIV

INIBIDORES NUCLEOSÍDICOS DA TRANSCRIPTASE REVERSA (INTR)

INIBIDORES NÃO-NUCLEOSÍDICOS DA TRANSCRIPTASE REVERSA (INNTR)

INIBIDORES DA PROTEASE (IP)

INIBIDOR DA FUSÃO

INIBIDORES DA INTEGRASE

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INIBIDORES NUCLEOSÍDICOS DA TRANSCRIPTASE REVERSA

Zidovudina – AZT Didanozina – ddI Estavudina – d4T Zalcitabina – ddC Lamivudina – 3TC Abacavir – ABC Tenofovir desoproxila – TDF Entricitabina – FTC

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INIBIDORES NUCLEOSÍDICOS DA TRANSCRIPTASE REVERSA

Mecanismo de açãoAtuam por inibição competitiva da transcriptase reversa e também podem ser incorporados na cadeia de DNA viral em crescimento, causando sua interrupção

Exige ativação intracitoplasmática em consequência da fosforilação por enzimas celulares à forma trifosfato (ativa)

As formas trifosfato dos fármacos possuem elevada afinidade pela transcriptase reversa (RT) do HIV-1 e competem com os substratos naturais da enzima pela ligação à RT

Os trifosfato dos fármacos são incorporados à cadeia de DNA em crescimento, provocando o término prematuro da cadeia

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INIBIDORES NUCLEOSÍDICOS DA TRANSCRIPTASE REVERSA

Zidovudina – AZT

- A absorção é retardada com a administração de alimentos

- A zidovudina atravessa a barreira hematoencefálica → propriedade importante se houver lesão neurológica associada à AIDS

- A resistência do HIV se deve à mutagênese da trasnscriptase reversa

- Tratamento de crianças aidéticas com mais de 3 meses de idade e imunocomprometidas

- Usada para evitar a transmissão materno-fetal do HIV

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INIBIDORES NUCLEOSÍDICOS DA TRANSCRIPTASE REVERSA

Zidovudina – AZT

- Reações adversas: reações hematológicas (neutropenia, leucopenia e anemia macrocítica). Cefaleia, insônia e mialgia...

- Posologia: (SILVA, 2010)Prevenção da transmissão materno-fetal (após 14 semanas de gestação) → 100mg de 4/4h, até o inicio do parto

Parto → intravenosamente em bolo de 2mg/kg, seguido de infusão contínua de 1mg/kg/h até a ligadura do cordão umbilical

Recém-nascido → dose de 2mg/kg, via oral, de 6/6h, iniciando-se 12h após o nascimento até 6 semanas de idade

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INIBIDORES NUCLEOSÍDICOS DA TRANSCRIPTASE REVERSA

Didanozina – ddI

- Absorção reduzida por alimento → administrada em jejum

- Atravessa a barreira hematoencefálica

- Reações advesas: pancreatite e neutropenia periférica, cefaléia, diarréia, insônia, náusea, vômito, exantema, prurido, dor abdominal, estomatite, boca seca, depressão, mialgia, tontura, alopecia...

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INIBIDORES NUCLEOSÍDICOS DA TRANSCRIPTASE REVERSA

Estavudina – d4T

- Atravessa a barreira hematoencefálica e placenta

- Reações adversas: neuropatia periférica sensorial dolorosa → dependente da dose. Pancreatite, anemia, artralgia, febre, exantema, elevação das transaminases

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INIBIDORES NUCLEOSÍDICOS DA TRANSCRIPTASE REVERSA

Zalcitabina – ddC

- Evitar administração com antiácidos ou alimentos

- Atravessa a barreira hematoencefálica

- Reações adversas: neuropatia periférica (dose-dependente), pancreatite (menos comum), úlceras orais e esofagianas. Quando associada com AZT podem apresentar vômito, náuseas, anorexia, úlceras orais, dor abdominal, diarreia, prurido, cefaleia, fadiga, febre

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INIBIDORES NUCLEOSÍDICOS DA TRANSCRIPTASE REVERSA

Lamivudina – 3TC

- Reações adversas: efeitos gastrointestinais, insônia, cefaleia, fadiga

- Ativa contra o HVB e HIV-1

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INIBIDORES NUCLEOSÍDICOS DA TRANSCRIPTASE REVERSA

Abacavir – ABC

- Reações adversas: náuseas, cefaleia, fraqueza, insônia e dor abdominal. Reação de hipersensibilidade (grave e ocorre em 3% dos pacientes). Elevação das enzimas hepáticas...

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INIBIDORES NUCLEOSÍDICOS DA TRANSCRIPTASE REVERSA

Tenofovir desoproxila – TDF

- Inibidor da trascriptase reversa → não necessita de fosforilação intracelular para ser ativo

- Biodisponibilidade aumentada se for ingerido após refeição rica em gordura

- Posologia: 1 dose diária

- Reações adversas: náuseas, vômitos, diarreia e flatulência

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INIBIDORES NÃO-NUCLEOSÍDICOS DA TRANSCRIPTASE REVERSA

Nevirapia – NVP Efavirenz – EFV Delavirdina – DLV

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INIBIDORES NÃO-NUCLEOSÍDICOS DA TRANSCRIPTASE REVERSA

Mecanismo de açãoLiga-se diretamente a um sítio na transcriptase reversa (RT) do HIV-1, bloqueando as atividades da DNA-polimerase e RT

Não necessitam de fosforilação ou processamento intracelular para serem ativos

Os sítios de ligação são distintos dos INTR

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INIBIDORES NÃO-NUCLEOSÍDICOS DA TRANSCRIPTASE REVERSA

Nevirapia – NVP

- Rápido aparecimento de resistência em monoterapia

- Reações adversas: exantema, elevação das enzimas hepáticas, cefaleia, naúseas, febre, sonolência...

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INIBIDORES NÃO-NUCLEOSÍDICOS DA TRANSCRIPTASE REVERSA

Efavirenz – EFV

- Não deve ser administrado com alimentação gordurosa

- Meia vida de 24h → 1 dose diária

- Reações adversas: queixas neurológicas de cabeça oca, tontura, cefaleia, insônia....

- Os efeitos neurológicos diminuem com a continuação do tratamento e quando se administra o medicamento na hora de dormir

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INIBIDORES NÃO-NUCLEOSÍDICOS DA TRANSCRIPTASE REVERSA

Delavirdina – DLV

- Necessita de meio ácido para sua absorção total

- Maior eficácia quando usada em associação com outros antirretrovirais

- Reações adversas: exantema (nas primeiras 3 semanas de tratamento – desaparece gradualmente), elevação das transaminases hepáticas

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INIBIDORES DA PROTEASE

Saquinavir – SQV Indinavir – IDV Ritornavir – RTV Nelfinavir – NFV Amprenavir – APV Lopinavir – LPV/r Atazanavir – ATV Fosamprenavir - FPV

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INIBIDORES DA PROTEASE

Mecanismo de açãoDiversas proteínas virais, inclusive aquelas que formam os componentes proteicos do cerne viral, a própria protease, transcriptase reversa e a integrase são sintetizadas como poliproteínas que exigem clivagem pela protease viral a fim de produzir as proteínas maduras

Os inibidores da protease bloqueiam a clivagem necessária dessas poliproteínas, causando a produção de partículas virais defeituosas e imaturas

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INIBIDORES DA PROTEASE

São metabolizados no fígado → citocromo P450

Podem interferir com o metabolismo de outros fármacos → indutores ou inibidores do citocromo P450

Reações adversas – uso crônico- Hiperglicemia- Síndrome da distrofia gordurosa- Elevação dos níveis de glicerídios- Depósitos anormais de gordura na base posterior do pescoço e

nas vísceras abdominais

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INIBIDORES DA PROTEASE

Saquinavir – SQV

- Deve ser tomado dentro de 2 h após uma refeição gordurosa

- Reações adversas: diarreia, náusea, desconforto abdominal e dispepsia. Elevação dos níveis de triglicerídeos, enzimas hepáticas e creatinina fosfocinase

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INIBIDORES DA PROTEASE

Indinavir – IDV

- Necessita de meio ácido para boa solubilidade. Administrado em jejum ou 2 horas após uma refeição

- Ingerir, pelo menos, 1,5L de água diariamente

- Reações adversas: nefrolitíase (cálculos de indinavir cristalizado – 4% a 9% dos pacientes), irritação gastrointestinal, insônia, garganta seca, pele seca, hiperbilirrubinemia indireta

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INIBIDORES DA PROTEASE

Ritornavir – RTV

- Biodisponibilidade aumenta quando ingerido com alimento

- Deve ser guardado em geladeira e ao abrigo da luz

- Reações adversas: náuseas, vômitos, diarreia (até 52% dos pacientes). Menos frequente: dor abdominal, anorexia, fraqueza, cefaleia....

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INIBIDORES DA PROTEASE

Nelfinavir – NFV

- Absorção facilitada com alimento

- Reações adversas: náusea, flatulência e diarreia moderada

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INIBIDORES DA PROTEASE

Amprenavir – APV

- Refeições ricas em gordura podem diminuir sua absorção

- Reações adversas: náuseas e diarreia, cefaleia e exantema

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INIBIDORES DA PROTEASE

Atazanavir – ATV

- Dose diária única

- Reações adversas: hiperbilirrubinemia – relacionada a dose

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INIBIDOR DA FUSÃO

Enfuvirtida – T-20

Mecanismo de açãoLiga-se à subunidade gp41 da glicoproteína do envelope viral, impedindo as alterações de configuração necessárias para a fusão da membrana viral com a membrana celular

Reações adversas- Reação no local da injeção- Hipersensibilidade- Eosinofilia

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INIBIDOR DA FUSÃO

Administrado via subcutânea em associação com outros agentes antirretrovirais

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INIBIDORES DA INTEGRASE

Raltegravir

Mecanismo de açãoBloqueiam a atividade da enzima integrase, responsável pela inserção do DNA do HIV ao DNA humano. Assim, inibe a replicação do vírus e sua capaciadade de infectar novas células

Reações adversas: tontura, cefaleia, dor abdominal, diarreia, náusea, vômito, flatulência, apetite diminuído, insônia, pesadelos, astenia, fadiga, pirexia, aumento de triglicerídeos, aumento das enzimas hepáticas..

Administrado com ou sem alimento / Duas doses diárias

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ANTAGONISTA DO CCR5

Maraviroc

Mecanismo de açãoInibição do processo de internalização do vírus HIV nas células do hospedeiro, pela ligação ao CCR5.

Reações adversas: anorexia, anemia, erupção cutânea, dor abdominal, diarreia, náusea, flatulência, aumento das enzimas hepáticas, insônia

Administrado com ou sem alimento

Duas doses diárias

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ANTAGONISTA DO CCR5

Maraviroc

Esse fármaco é eficaz apenas no tratamento de infecções por vírus HIV com tropismo para CCR5

Correceptores: CCR5 e CXCR4

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Figura 3. Mecanismo de internalização do HIV-1 na célula do hospedeiro.

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Terapia a longo prazo → síndrome metabólica caracterizada por:- Resistência à insulina- Redistribuição da gordura- Hiperlipidemia

SINDROME DE LIPODISTROFIA DO HIV

Ocorre em 10 a 40% dos pacientes tratados → com a maioria das combinações de fármacos

Alterações fenotípicas e metabólicas → perda de gordura periférica, acúmulo de gordura central (incluindo aumento das mamas), resistência à insulina, hiperglicemia e elevação dos níveis séricos de colesterol e triglicerídeos

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INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS

Antirretrovirais → metabolização no fígado e intestino por meio de um sistema enzimático conhecido como Sistema Citocromo P450

Inibição do metabolismo → A inibição de enzimas que metabolizam fármacos determina aumento da concentração plasmática e redução dos seus metabólitos, com exagerado e prolongado efeito farmacológico, aumentando a probabilidade de ocorrer toxicidade induzida por drogas

Indução do metabolismo → A sobre-regulação da metabolização das drogas ocorre por um aumento da produção de proteínas e prolongada exposição ao agente indutor levando a um aumento das vias de metabolização, diminuição da biodisponibilidade e diminuição da concentração plasmática da droga

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INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS

Uso concomitante de antirretrovirais

Medicamentos → diminuir sintomas das reações adversas

Infecções oportunistas, das co-infecções (como tuberculose e hepatite C), o uso de medicamentos antilipemiantes e medicamentos “naturais” (fitoterápicos)

Drogas recreacionais e álcool → potenciais interações, incremento na toxicidade e/ou interferência na adesão

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Esquemas para terapia inicial

Preferencial → 2 INTR + INNTR

Alternativo → 2 ITRN + IP

 

INTR → dupla de primeira escolha → AZT/3TC (lamivudina)  INNTR → o efavirenz (EFZ) continua sendo preferencial a

nevirapina (NVP) → exceto em gestantes

IP → o esquema inicial → ritonavir

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ADESÃO AO TRATAMENTO

Para garantir a supressão viral sustentada, é necessário que o paciente tome mais de 95% das doses prescritas

Os fatores que influenciam a adesão ao tratamento  Tratamento- Eficácia do regime prescrito, - Efeitos adversos, - Posologias incompatíveis com as atividades diárias do paciente,- Grande número de comprimidos, interações medicamentosas, - Perda da motivação no decorrer do tempo ou necessidade de

restrição alimentar.

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ADESÃO AO TRATAMENTO

A pessoa que vive com HIV- Percepções e interesse do paciente sobre seu tratamento e doença,- Desconhecimento da importância do tratamento, - Dificuldade em compreender a prescrição, - Falta de informação sobre as consequências da má adesão, - Presença de sequelas de manifestações oportunistas (principalmente

neurológicas),- Condições materiais de vida, - Presença eventual de depressão, - Entre outros fatores.

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ADESÃO AO TRATAMENTO

Organização do serviço/equipe de saúde- Horários de consultas e dispensação de medicamentos inflexíveis e

não adaptados a rotina do usuário, - Barreiras de acesso ao serviço,- Ausência de atividades direcionadas a adesão,- Falta de vinculo entre usuário e equipe de saúde: discriminação a

algumas populações (particularmente usuários de álcool e outras drogas, travestis e pessoas em situação de exclusão social), entre outros, também dificulta a adesão.

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ADESÃO AO TRATAMENTO

Opiniões e atitudes negativas relacionadas a medicação → crenças de que “tomar muito remédio faz mal” ou que não é bom fazer uso da medicação por períodos longos

Uso de álcool

Estilo de vida caótico de alguns usuários de álcool e outras drogas como fator determinante para a não-adesão, e não o uso de drogas em si

 

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Recomendações para terapia anti–retroviral em adultos infectados pelo HIV 2008. Série manuais n. 2, 7. ed. Brasília, 2008.

FLEXNER, C. Agentes anti-retrovirais e tratamento da infecção pelo HIV. Cap. 50. In: BRUNTON, L.L.; LAZO, J.S.; PARKER, K.L. Goodman & Gilman: As bases farmacológicas da terapêutica. 11 ed. Rio de Janeiro: MacGraw-Hill Interamericana do Brasil, 2006.

FUCHS, Flávio Danni; WANNMACHER, Lenita. Farmacologia clínica: fundamentos da terapêutica racional. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.

KATZUNG, Bertram G. Farmacologia básica e clínica. 9.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

SILVA, Penildon. Farmacologia. 8.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.