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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PETRÓPOLIS CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE MESTRADO EM PSICOLOGIA RESOLUÇÃO nº 03 /2017 de 06 de novembro de 2017 Dispõe sobre o Processo Seletivo para o primeiro semestre de 2018 do Curso de Mestrado em Psicologia da Universidade Católica de Petrópolis.

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PETRÓPOLIS

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE MESTRADO EM PSICOLOGIA

RESOLUÇÃO nº 03 /2017 de 06 de novembro de 2017

Dispõe sobre o Processo Seletivo

para o primeiro semestre de

2018 do Curso de Mestrado em

Psicologia da Universidade

Católica de Petrópolis.

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PETRÓPOLIS

Centro de Ciências da Saúde

Curso de Mestrado em Psicologia

RESOLUÇÃO nº 03 /2017 de 06 de novembro de 2017

Dispõe sobre o processo seletivo para

o primeiro semestre de 2018 do

Curso de Mestrado em Psicologia da

Universidade Católica de Petrópolis.

O Coordenador do Curso de Mestrado em Psicologia – CMPSI – do Centro de Ciências da Saúde

da Universidade Católica de Petrópolis, no uso de suas atribuições acadêmicas, resolve:

Art. 1º. Aprovar o Edital nº 03/2017, que orienta e regulamenta o processo seletivo para o

ingresso no Curso de Mestrado em Psicologia da Universidade Católica de Petrópolis, no

primeiro semestre do ano acadêmico de 2018.

Petrópolis, 06 de novembro de 2017

Prof. Dr. Luís Antônio Monteiro Campos

Coordenador do CMPSI/CCS/UCP

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CURSO DE MESTRADO EM PSICOLOGIA

EDITAL nº 03 /2017

Processo de Seleção para o Ingresso no Curso de Mestrado em Psicologia do Centro de

Ciências da Saúde da Universidade Católica de Petrópolis para o primeiro semestre do

ano acadêmico de 2018.

DO CURSO DE MESTRADO EM PSICOLOGIA

Art. 1º - O Curso de Mestrado em Psicologia da Universidade Católica de Petrópolis tem como

área de concentração a Cognição Social e é constituído de duas linhas de pesquisa, conforme se

encontra exposto no Anexo 1.

Art. 2º - Os objetivos deste Curso atendem a interesses pessoais, institucionais e sociais,

conforme se encontra especificado no Anexo 2.

DO CORPO DOCENTE

Art. 3º - Formam, atualmente, o corpo docente do Curso de Mestrado em Psicologia da

Universidade Católica de Petrópolis 10 (dez) Professores doutores, identificados e relacionados

no Anexo 3.

DOS CANDIDATOS

Art. 4º - Poderão candidatar-se ao Curso de Mestrado em Psicologia, profissionais de nível

superior, portadores de diploma legalmente válido.

DAS VAGAS

Art. 5º - Para o primeiro semestre do ano acadêmico de 2018 ficarão disponíveis 20 (vinte) vagas

para o Curso de Mestrado em Psicologia.

DAS INSCRIÇÕES

Art. 6º - A etapa inicial do processo de inscrição é feita on line, acessando ao site www.ucp.br,

da UCP clicando o link indicado para essa finalidade. Nessa etapa é obtido um boleto bancário

para o pagamento da taxa de inscrição. O recibo desse pagamento deverá ser apresentado

posteriormente, na oportunidade do ato da efetiva inscrição.

Parágrafo Único – A Secretaria de Registros Acadêmicos – SERAC – da Universidade Católica de

Petrópolis, através do Setor de Atendimento de Alunos, é o órgão encarregado de receber a

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inscrição de candidatos ao Curso de Mestrado, verificando a autenticidade de toda a

documentação apresentada.

Art. 7º - A inscrição de qualquer candidato ao Processo de Seleção somente será efetivada após

preenchimento do formulário eletrônico de inscrição, mediante a apresentação (ou remessa via

postal), para sua certificação no Setor de Atendimento de Alunos do Conjunto Benjamin

Constant, da Universidade Católica de Petrópolis, dos seguintes documentos:

I. Duas fotos tamanho 3 x 4, assinadas pelo candidato ou procurador constituído na

forma da lei;

II. Carteira de Identidade e CPF (ou documento oficial com foto que expressamente

contenha esses dados), ou Passaporte válido, em caso de candidato estrangeiro

(com cópia);

III. Diploma ou declaração de conclusão de curso de graduação em psicologia (ou área

afim), no caso do diploma ainda não ter sido expedido, e histórico escolar do curso

de graduação legalmente reconhecido (com cópias autenticadas);

IV. Curriculum Vitae, preferencialmente o extraído da Plataforma Lattes

(http://lattes.cnpq.br), de acordo com o roteiro apresentado no Anexo 4;

V. Anteprojeto de dissertação de Mestrado, em três vias, observando as regras que se

encontram no Anexo 5;

VI. Termo de Compromisso e Disponibilidade ao Curso, devidamente preenchido e

assinado, observando o modelo do Anexo 6;

VII. Comprovante do pagamento da Taxa de Inscrição no valor de R$ 150,00 (cento e

cinquenta reais).

§ 1º. Em caso de aprovação, será exigida a apresentação no ato da matrícula de todos os

documentos originais (cédula de identidade, CPF, certidão de nascimento ou de casamento,

título de eleitor, certificado militar, histórico da graduação, diploma de graduação ou certificado

de conclusão de curso, dentre outros), a critério da UCP.

§2º – No caso de via postal, o candidato deve remeter os documentos para o seguinte endereço:

Universidade Católica de Petrópolis Setor de

Atendimento de Alunos BC Inscrição ao Mestrado

em Psicologia 2017 Rua Benjamin Constant, 213

Centro Petrópolis RJ CEP 25610-130

Art. 8º - Em nenhuma hipótese, haverá a devolução do valor relativo à taxa de inscrição.

Art. 9º- Os candidatos desistentes ou não selecionados, poderão retirar sua documentação na

SERAC até 30 (trinta) dias após o encerramento do processo de seleção. Após este prazo será

realizado o descarte da documentação apresentada.

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DA COMISSÃO DE SELEÇÃO

Art. 10º - A Comissão de Seleção para o Processo Seletivo do primeiro semestre de 2018 será

composta por todos os Professores do Colegiado, sendo coordenada pelo Coordenador do Curso

de Mestrado em Psicologia da Universidade Católica de Petrópolis.

Art. 11º - Compete à Comissão de Seleção:

I .Elaborar, aplicar e avaliar o desempenho de candidatos na prova escrita;

II. Elaborar, aplicar e avaliar o desempenho de candidatos nas provas de suficiência em língua

inglesa e em língua espanhola;

III. Proceder à avaliação dos anteprojetos de Dissertação;

IV. Entrevistar os candidatos;

V. Elaborar a lista dos candidatos aprovados no processo de seleção;

VI. Assessorar a Coordenação do Curso na indicação de Professores – Orientadores para os

candidatos aprovados; e,

VII. Decidir sobre casos omissos.

DAS PROVAS, DA AVALIAÇÃO DO ANTEPROJETO E DA ENTREVISTA

Art. 12º - O processo de seleção de candidatos ao Curso de Mestrado em Psicologia da

Universidade Católica de Petrópolis será constituído das seguintes fases:

I .Prova escrita, de natureza dissertativa;

II. Prova escrita de suficiência em língua inglesa ou espanhola;

III. Avaliação do anteprojeto de dissertação; e,

IV. Entrevista.

Parágrafo 1° - As fases III e IV do processo de seleção ficarão combinadas.

Art. 13º - A prova escrita dissertativa, sobre temas relacionados à área de concentração do

Curso, visa à avaliação de habilidades intelectuais de compreensão, análise, argumentação e

expressão do candidato, e terá a duração de 3 (três) horas

Parágrafo 1º – A bibliografia recomendada para a prova escrita encontra-se no Anexo 7.

Parágrafo 2º - A avaliação de cada prova escrita será feita por, ao menos, dois membros da

Comissão de Seleção. A nota final da prova será a média aritmética das notas atribuídas pelos

avaliadores.

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Parágrafo 3º - Os avaliadores da prova escrita não terão conhecimento da identidade dos

candidatos.

Parágrafo 4º - Na prova escrita não será permitida a consulta a livros e documentos impressos

e digitais.

Parágrafo 5º - Serão considerados aprovados os candidatos que tenham obtido a nota mínima

7 (sete) na prova escrita.

Art. 14º - A prova de suficiência em língua inglesa ou em língua espanhola consistirá na

interpretação ou tradução de um texto técnico-científico de Psicologia, sendo a sua duração de

2 (duas) horas.

Parágrafo 1º - Nesta prova será permitida a consulta a dicionários em língua inglesa impressos.

Parágrafo 2º - A prova será avaliada por, ao menos, dois membros da Comissão de Seleção, que

não terão conhecimento da identidade dos candidatos.

Parágrafo 3º - Na avaliação da prova será atribuído o conceito apto e não-apto ao candidato.

Parágrafo 4º - O resultado desta prova não influirá na classificação dos candidatos.

Art. 15º - O anteprojeto de dissertação será avaliado quanto à pertinência do tema e do

problema à área de concentração do CMPSI da Universidade Católica de Petrópolis, às áreas de

interesse dos Professores, bem como sob o ponto de vista de suas características teóricas e

metodológicas.

Parágrafo Único – A avaliação do anteprojeto de dissertação será feita na oportunidade da

entrevista, sendo parte integrante desta.

Art. 16° - A entrevista constitui a última fase do processo seletivo.

Parágrafo 1º - Na entrevista serão considerados os seguintes itens:

a) Experiência profissional do candidato;

b) O anteprojeto de dissertação;

c) Habilidades intelectuais e de expressão do candidato; e,

d) Interesses e objetivos profissionais do candidato.

Parágrafo 2º - A entrevista será conduzida por uma banca examinadora formada por 3 (três)

Professores do Curso de Mestrado.

Parágrafo 3º - Nessa fase do processo de seleção será aprovado o candidato que nela houver

alcançado a nota 7 (sete).

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DOS RESULTADOS

Art. 17 – Após a realização de todas as fases do Processo Seletivo, a Secretaria do CMPSI

divulgará a lista dos aprovados, pelo número de inscrição, por ordem classificatória, observando

o cronograma do processo seletivo.

Art. 18 – A Comissão de Seleção indicará, além dos nomes dos candidatos aprovados, outros 5

(cinco) denominados suplentes, de candidatos aprovados mas não classificados, que poderão

vir a se matricular, se o desejarem, no caso de desistência de candidato aprovado e classificado.

DA MATRÍCULA

Art. 19 – Os candidatos aprovados e classificados deverão matricular-se na Secretaria do Curso

de Mestrado em Psicologia. Parágrafo Único – A matrícula a que se refere este artigo deverá ser

efetuada na SERAC.

DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 20 – Os casos omissos serão considerados e resolvidos durante o processo de seleção, pela

Coordenação da Comissão de Seleção. As decisões que vierem a ser tomadas deverão ser

homologadas pelo Colegiado do Curso de Mestrado em Psicologia.

Petrópolis, 06 de novembro de 2017.

Prof. Dr. Luís Antônio Monteiro Campos

Coordenador do CMPSI/CCS/UCP

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CRONOGRAMA DO PROCESSO SELETIVO 2018.1

O Processo de seleção terá as seguintes etapas:

Primeira Etapa - Inscrição: de 08 de novembro de 2017 a 26 de fevereiro de 2018.

Segunda Etapa - Prova Dissertativa (eliminatória): 27 de fevereiro de 2018 das 10h às 13h

Terceira Etapa - Prova de Proficiência em Língua Estrangeira (classificatória): 27 de fevereiro

de 2018 das 15h às 17h.

Quarta Etapa - Entrevista (eliminatória): - 28 de fevereiro de 2018, às 10h

O resultado final do processo de seleção será divulgado no site da UCP no dia 01 de março de 2018. A

matrícula dos aprovados será realizada de 05 a 07 de março de 2018 de forma presencial na secretaria do

mestrado.

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PETRÓPOLIS

Centro de Ciências da Saúde

Curso de Mestrado em Psicologia

Área de concentração: Cognição Social

Linhas de Pesquisa:

1. Processos cognitivos, interação social e problemas sociais.

O objetivo geral desta Linha de Pesquisa é realizar estudos e pesquisas sobre as implicações dos

processos cognitivos na interação social realizada em diferentes contextos sociais, culturais,

institucionais e organizacionais. Neste sentido, pesquisas conduzidas nesta Linha de Pesquisa

envolvem relações entre variáveis psicológicas, particularmente a cognição social, e processos

psicossociais.

2. Processos cognitivos, fundamentos teóricos e aplicações.

Os estudos e pesquisas desta Linha de Pesquisa referem-se à natureza e ao desenvolvimento

dos processos cognitivos, bem como suas representações mentais, particularmente de crenças

e sistemas de crenças, de sua relação com emoções e motivações, e sua influência na conduta.

A esta Linha de Pesquisa interessa, também, a investigação das técnicas e instrumentos de

medida de processos e conteúdos cognitivos, bem como de desenvolvimento de habilidades

sociais, enquanto mediadas pela cognição social.

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Centro de Ciências da Saúde Curso de Mestrado em Psicologia

Objetivos do Curso

De acordo com o artigo 2º, do capítulo II, do Regimento do Curso de Mestrado em Psicologia da

Universidade Católica de Petrópolis, este Curso tem por objetivos:

Formar profissionais capacitados a:

a) Criar novos conhecimentos e tecnologias inovadoras de natureza psicológica;

b) Planejar e conduzir projetos de intervenção ou de estudo e pesquisa de problemas na área

de concentração do Curso; e,

c) Planejar e conduzir atividades docentes no campo da Psicologia, principalmente sob a

perspectiva cognitivista, em cursos de nível superior.

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Centro de Ciências da Saúde

Curso de Mestrado em Psicologia

DOCENTES

1- Carla Ferreira de Paula Gebara, Doutora, 2014, UNIFESP.

• Área de atuação: Cognição Social.

• Temas de interesse:

• Violência doméstica e familiar;

• Aspectos psicológicos da violação de direitos humanos;

• Variáveis psicológicas e psicossociais do uso de álcool e outras drogas;

• Intervenções comunitárias (aprendizagem social; habilidades sociais) e;

• Aspectos psicossociais em saúde.

E-mail: [email protected]

Link para Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0649091889612401

2- Cleia Zanatta Clavery Guarnido Duarte, Doutora, 2007, UERJ Temas de interesse:

• Crenças e sentido de vida;

• Valores e desenvolvimento da moralidade;

• Aspectos psicológicos do envelhecimento humano;

• Mediação e cognição social;

• Ajustamento psicológico de estudantes em instituições educativas;

• Formação moral e práticas pedagógicas;

• Psicologia e espiritualidade.

E-mail: [email protected]

CV: http://lattes.cnpq.br/5206506292477805

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3- Diana Ramos de Oliveira, Pós-doutora Harvard University(2011,USA) e Université Blaise

Pascal (2010,França) Doutora,2009, Universidad del País Vasco, Espanha

Temas de interesse:

• Relações intergrupais;

• Identidade étnica e social;

• Autoestima, bem-estar psicológico, depressão e stress;

• Ameaça intergrupal, estereótipos, preconceito e pesquisas cross-cultural;

• Cognição Social;

• Intervenção psico-sócio-educativa;

• Schadenfreude (A razão porque as pessoas experienciam o Schadenfreude é que os infortúnios

ocorridos com o outro satisfazem suas preocupações para ver-se, elas mesmas, de maneira

positiva. Um fato que representa uma ameaça particularmente sutil para as relações sociais. Isto

é, o infortúnio do outro pode ser prazeroso, pois oferece às pessoas a oportunidade de proteger,

continuar ou aumentar a sua auto-avaliação).

E-mail: [email protected]

CV: http://lattes.cnpq.br/6102126934291884

4- Felipe Santos de Oliveira, Doutor, Temas de interesse:

• Neuropsicologia experimental,

• Interface entre psicologia social e neuropsicologia.

E-mail: [email protected]

Link para Lattes: http://lattes.cnpq.br/9156513747870566

5- Helmuth Krüger, Doutor, 1984, FGV-RJ

Temas de interesse:

• Cognição social;

• Percepção social;

• Cognição e aprendizagem social;

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• Formação de crenças e laboração de sistemas de crenças e sua influência em comportamentos

e condutas;

• Atitudes, estereótipos e preconceitos;

• Valores e personalidade;

• Ideologias e utopias;

• Fundamentos filosóficos da psicologia social.

E-mail:[email protected]

CV: http://lattes.cnpq.br/2734613067706583

6- José Carlos Tavares da Silva, Doutor, 2004, PUC-RJ

Temas de interesse:

• Psicologia cognitiva experimental;

• Inteligência artificial e Modelagem de comportamento;

• Sistemas neurais e Cognição;

• Instrumentos estatísticos de validação de amostras em experimentos da psicologia.

E-mail: [email protected]

CV: http://lattes.cnpq.br/3751009080198766

7- Julio Cesar Cruz Collares-da-Rocha, Pós-Doutor, 2014, UFRRJ; Doutor, 2013, UFRJ,

Temas de Interesse:

• Representações sociais (Educação, Saúde, Políticas/Serviços públicos);

• Processos grupais e comunitários;

• Psicologia e políticas públicas;

• Interações sociais e religião;

• Interações sociais e gênero;

• Psicologia das emergências e dos desastres.

E-mail: [email protected]

Link para Lattes: http://lattes.cnpq.br/1602716896823911

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8- Luís Antônio Monteiro Campos, Doutor em Psicologia – UFRJ,

Temas de interesse:

• Processos cognitivos, fundamentos teóricos e aplicações.

•Crenças e Estereótipos

•Preconceito

E-mail: [email protected]

Link para Lattes: http://lattes.cnpq.br/2086878340484347

9- Pollyanna Santos da Silveira, Doutora em Ciências da Saúde pelo Departamento de

Psicobiologia – UNIFESP;

Temas de interesse:

• Processos cognitivos, interação social e problemas sociais.

Projeto de Pesquisa: Estigma e Vulnerabilidade Social.

E-mail: [email protected]

Link para Lattes: http://lattes.cnpq.br/0346176675857863

10- Rodrigo da Cunha Teixeira Lopes, Doutor em Psicologia Clínica, Escola de Psicologia,

Universidade do Minho, Portugal.

Temas de interesse:

Processos cognitivos, interação social e problemas sociais.

E-mail: [email protected]

Link para Lattes: http://lattes.cnpq.br/744827 1594481499

Link para o ResearchGate: https://www.researchgate.net/profile/Rodrigo_Teixeira_Lopes

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Centro de Ciências da Saúde

Curso de Mestrado em Psicologia

Normas para a elaboração do curriculum vitae Caso o candidato não disponha de curriculum

vitae inserido na Plataforma Lattes, este documento poderá ser elaborado observando-se a

estrutura apresentada mais adiante. Nessa elaboração, cabe registrar, de maneira detalhada e

sempre documentada, todas as atividades que possam, de certo modo, oferecer uma descrição

geral do desempenho intelectual, científico e profissional do candidato.

1. Identificação Pessoal

Nome, naturalidade, carteira de identidade (ou número do passaporte), CPF, endereço

residencial, endereço eletrônico, telefone (residencial) e celular.

2. Formação

Indicar os Cursos de Graduação e Pós-Graduação realizados, referindo as Instituições de Ensino

e o ano de conclusão.

3. Experiência Profissional

Indicar cargos e funções atuais e passadas, destacando, se for o caso, as atividades docentes,

citando o nome das Instituições de Ensino, as disciplinas e o ano em que foram lecionadas.

4. Outras Atividades

Indicar atividades relacionadas à Ciência, à Tecnologia, à Educação e à Cultura que tenham sido

ou estejam sendo realizadas.

5. Trabalhos Publicados

Relacionar todas as obras publicadas, de forma detalhada, quaisquer que sejam.

6. Comunicação em Congressos, Seminários e Encontros Científicos

Relacionar, de forma detalhada, todas as comunicações feitas.

7. Participação em Congressos, Seminários e Encontros Científicos

Relacionar, de forma detalhada, todas as participações realizadas.

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Observações:

1. As cópias dos documentos serão conferidas com os originais na Secretaria do Curso, sendo ali

autenticadas; e,

2. Tratando-se de cursos universitários, devem ser apresentadas cópias do diploma e do

histórico escolar.

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Centro de Ciências da Saúde Curso de Mestrado em Psicologia

Roteiro para a elaboração do anteprojeto de dissertação

1.Observações preliminares

A apresentação de um anteprojeto de Dissertação de Mestrado visa ao atendimento de dois

objetivos: avaliar a adequação da proposta aos objetivos e às Linhas de Pesquisa deste Curso de

Mestrado; e, em segundo lugar, tendo em vista a natureza do tema do anteprojeto, decidir

quanto ao possível orientador.

Do ponto de vista do candidato, é desejável que tanto o tema quanto o problema escolhidos,

guardem alguma relação com a sua formação pessoal e experiência profissional. Este aspecto é

de certa importância, pois a viabilidade da pesquisa depende bastante de experiências

intelectuais e profissionais prévias daquele que pretenda realiza-la.

Seria desejável que na fase de elaboração do anteprojeto de dissertação os candidatos

procurassem entrar em contato com os prováveis Professores orientadores, que estarão

disponíveis, a fim de obter deles informações acerca dos procedimentos a adotar nessa fase.

Cabe ainda observar, que a aprovação do anteprojeto no processo seletivo não obriga ao

mestrando a manutenção desse anteprojeto ao longo do Curso. Podem suceder razões muito

importantes, tanto pessoais quanto institucionais, que venham a demandar uma mudança do

problema de pesquisa ou da metodologia inicialmente cogitada.

Um aspecto muito importante a ser levado em conta na avaliação dos anteprojetos é o nível de

consistência do conjunto da proposta, que deve responder, basicamente, às seguintes questões:

Qual é o problema da pesquisa? Qual é a sua importância? Qual é a metodologia a ser

empregada? Qual seria a possível utilidade da futura dissertação?

A linguagem a ser empregada na elaboração do anteprojeto deve ser clara e objetiva, sendo

desejável que a sua extensão fique situada entre 6 e 10 páginas impressas.

2. Estrutura geral do anteprojeto

• Tema e problema

• Relevância

• Objetivos

• Fundamentos teóricos

• Metodologia

• Bibliografia

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Curso de Mestrado em Psicologia

TERMO DE COMPROMISSO

Eu,

, uma vez

sendo aprovado e classificado no processo de seleção, declaro dispor de tempo e condições de

dedicação a este Curso de Mestrado em Psicologia, visando à conclusão do Curso dentro do

prazo regimental de dois anos.

Petrópolis, de de 20 .

Assinatura do(a) candidato(a)

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Curso de Mestrado em Psicologia

Bibliografia recomendada para a prova escrita

1. Capítulos de livro e artigo

KRÜGER, Helmuth. Social Psychology in Brazil and in the International Scene. Estudos de

Psicologia, 18 (10), janeiro – março/2013, p. 57 – 64. (A versão em português encontra-se

disponível no fim do documento).

STERNBERG, Robert J. Psicologia Cognitiva. Porto Alegre: Artmed, 2008. Cap. 1, 2 e 3.

2.Dicionários para consulta

DORSCH, Friedrich, HACKER, Hartmut & STAPF, Kurt – Hermann. Dicionário de Psicologia.

Petrópolis: Editora Vozes, 2001.

VANDENBOS, Gary R. (Org.) Dicionário de Psicologia da APA. Porto Alegre: Artmed, 2010

Observações:

• Havendo a necessidade de obtenção de informações básicas acerca de conceitos psicológicos,

recomenda-se a consulta a dicionários especializados. Os dicionários da lista acima são

atualizados.

• O principal objetivo da prova escrita é avaliar o grau de conhecimento dos candidatos a

respeito da Psicologia Social e da Psicologia Cognitiva.

• Ocorrendo dificuldades na obtenção ou acesso ao artigo acima indicado, sugere-se a consulta,

em sua substituição, a alguma das seguintes obras:

MICHENER, H. A., DeLAMARE, J. D. & MYERS, D. J. Psicologia Social. São Paulo: Pioneira Thomson

Learning, 2005. Cap. 1.

MYERS, D. G. Psicologia Social. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2000. Cap. 1.

VALA, J. & MONTEIRO, M. B. Psicologia Social. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2004. Cap.

1.

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A Psicologia Social no Brasil e no Cenário Internacional

Helmuth Krüger

A Psicologia Social no Brasil é parte integrante da Psicologia Social em desenvolvimento no plano

internacional. Por certo, análises pormenorizadas têm revelado muitas diferenças nos

fundamentos filosóficos e científicos do trabalho teórico e prático realizado por psicólogos

sociais na atualidade. Contudo, a despeito dessa constatação, pode-se concluir que há

suficientes justificativas para admitir que psicólogos sociais, no mundo inteiro, em que pese a

sua grande diversidade científica e profissional, sejam partícipes de um mesmo projeto científico

e profissional, que visa à obtenção de conhecimento acerca do ser humano em suas relações

sociais, bem como à promoção do bem estar individual e coletivo mediante intervenções

psicossociais. Este argumento é compatível com o pressuposto da universalidade dos

fenômenos cientificamente enquadrados, tal como Robert King Merton (1970, cap. XVIII) em

obra relativamente antiga esclareceu, cabendo acrescentar que a validade deste ponto de vista

é diretamente proporcional ao nível de maturidade teórica atingido pela ciência em análise. Na

Psicologia Social já foram elaboradas teorias de médio alcance, na acepção de Robert King

Merton (op. cit., cap. II), como são os casos ilustrativos das teorias da identidade, da

aprendizagem social, das representações sociais, da cognição social, das atitudes sociais, da

crítica e da intervenção social, aptas à generalização transcultural. Nota-se que, em face da

copiosa bibliografia sobre a Psicologia Social, a história desta ciência ou campo especializado da

Psicologia, conforme o ponto de vista assumido, tem sido objeto de muitos estudos, realizados

em épocas e países diferentes. Em si, esses estudos revelaram sua utilidade, sendo ainda úteis

na obtenção de conhecimento acerca dos principais aspectos da Psicologia Social, além de

fornecerem informações sobre centros e grupos de pesquisa mais ativos neste âmbito das

ciências contemporâneas. Em razão desse proveito, a história das ciências tem sido a via de

pesquisa mais escolhida quando se trata de efetuar estudos comparativos a respeito do

desenvolvimento teórico e profissional alcançado pela Psicologia Social nos países em que ela é

representada. Entretanto, esse tipo de pesquisa não é de fácil realização para autores sem a

devida formação histórica. De fato, a aceitação da crença de que a pesquisa na história da

Psicologia Social dispensa um treinamento especializado, incentiva a realização de pesquisas

históricas destituídas de qualidade científica, para dizer o mínimo. Desde logo, na pesquisa da

história das ciências, há duas ponderações metodológicas a fazer. A primeira delas diz respeito

ao próprio direcionamento geral da pesquisa, quer dizer, da decisão a ser tomada entre duas

alternativas: a do internalismo e a do externalismo. Adotando-se uma orientação internalista

dar-se-á importância ao curso histórico das teorias, concedendo muita atenção aos processos

de complementação e continuidade temporal de algumas delas, assim como às relações lógicas,

tipicamente as de oposição e concorrência, estabelecidas por teorias rivais. Por conseguinte,

nessa orientação, a atenção do historiador volta-se para o principal produto da atividade

científica, que é o conhecimento estruturado teoricamente, procurando analisá-lo em sua

produção e desempenho no tempo histórico. Ao passo que na pesquisa histórica conduzida sob

a perspectiva externalista o interesse científico a satisfazer é o de conhecer as relações de

influência recíproca entre a ciência em estudo e a sociedade, sendo a sociedade considerada,

sobretudo, em seus aspectos econômicos, políticos e culturais. Nessa direção, requer-se muito

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conhecimento factual, para além da Psicologia, e competência técnica na corroboração de

hipóteses a respeito das relações apontadas. A segunda ponderação prende-se ao cuidado a

tomar na avaliação das contribuições científicas, quer dizer, de conceitos, hipóteses, teorias e

métodos de pesquisa e técnicas de intervenção, gerados por autores, cuja obra, devido à

influência dela na ciência ou no campo científico em que surgiu e se instalou, passa a receber

um estudo particular. Nesse caso, será necessário considerar tal obra sob a ótica da evolução do

pensamento de seu autor, pois, vista em sua totalidade, ela revela a continuidade de um

processo criativo, sendo, portanto, condenada ao fracasso qualquer tentativa de conhecê-la

considerando dela apenas uma parte, sem buscar inseri-la de maneira compreensiva no

conjunto da obra. A propósito desse assunto, Kurt Salzinger (1980, cap. 16) escreveu um texto

irônico, mas esclarecedor, nele apontando para alguns obstáculos e dilemas que um historiador

da Psicologia deve poder identificar e contornar, a fim de conduzir seu trabalho a contento. De

resto, como veremos, a História é apenas uma das vias pelas quais podemos conhecer uma

ciência particular. Modelos metacientíficos de avaliação da Psicologia Social em uso Podemos

tornar uma ciência empírica ou formal objeto de estudo. Esta é precisamente a proposta da

Metaciência, tal como foi delineada por Derek J. de Solla Price (1976), que foi um de seus mais

conhecidos e produtivos teóricos e divulgadores. Em rigor, a Metaciência não é uma disciplina

autônoma, ela é, antes, um conjunto multidisciplinar formado por diferentes ciências, cada qual

com suas peculiaridades, mas que compõem um conjunto que tem por objeto a investigação de

uma ciência particular. O número de disciplinas e campos metacientíficos não é fixo, ele

aumenta à medida que interesses de pesquisa científica sobre aspectos até então

desconsiderados a respeito da ciência que foi colocada no centro das atenções venham a ganhar

corpo. Dessa forma, é possível submeter a Psicologia ou a Psicologia Social, à análise filosófica e

a investigações empíricas de natureza econômica, sociológica, antropológica, política e histórica,

dentre outras, como a conhecida Psicologia da Ciência, cuja designação deveria ser Psicologia

dos Cientistas, por ser mais apropriada. Um fato muito importante a ser levado em consideração

é que, salvo a Psicologia da Ciência, que é um campo especializado da Psicologia, nenhuma das

disciplinas metacientíficas contribui diretamente para o desenvolvimento teórico e prático desta

ciência. Contudo, de modo geral, espera-se que os resultados desses empreendimentos possam

vir a ser aproveitados na disciplina ou campo especializado de pesquisa submetido à

investigação metacientífica, especialmente no descortino de seus fundamentos filosóficos, na

delimitação dos temas de investigação, no aperfeiçoamento da metodologia de pesquisa, na

clarificação dos conceitos e na elevação do nível de consciência de seus teóricos e pesquisadores

quanto aos limites do conhecimento que por intermédio de seus recursos intelectuais pode ser

alcançado. A Psicologia Social no Brasil, em razão tanto de suas peculiaridades quanto devido à

importância científica e prática concedida a ela, tem sido objeto frequente de pesquisas e

estudos metacientíficos. Interessando-se por este tipo de investigação dirigido à Psicologia

Social, o pesquisador se deparará com um campo de pesquisa especializado ou disciplina

científica relativamente autônoma, dependendo de seu ponto de vista. A Psicologia Social será

considerada campo científico se for entendida como parte integrante da Psicologia e, de outro

lado, será qualificada como disciplina científica se for admitida sua independência da Psicologia.

Em qualquer caso, esse pesquisador se encontrará em face de uma grande variedade de temas,

mas, por igual, diante de acerbas divergências científicas e profissionais, que não raro são

apresentadas de forma beligerante em textos especializados e em reuniões científicas, cujas

repercussões modelam o conteúdo de programas de ensino em cursos de graduação e pós-

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graduação em Psicologia Social no Brasil. Além disso, ele observará disputas em torno de

posições influentes em instituições universitárias, associações profissionais e em editoras de

livros e revistas, movidas pelo interesse de grupos de psicólogos sociais em fazer prevalecer seu

entendimento da Psicologia Social. É claro que psicólogos sociais, assim como quaisquer outros

pesquisadores, não são neutros na perspectiva dos valores e dos interesses, pessoais e coletivos.

Todos estão comprometidos, uns mais outros menos, no sentido indicado. Ainda que

pessoalmente venham a exercer muito esforço, como deve ser e por razões éticas, para se

manterem axiologicamente neutros, não conseguirão atingir plenamente essa meta. Porém, a

necessária e, por conseguinte, almejada neutralidade, como o observou Karl Popper (1978, p.

23), sob a ótica da Filosofia da Ciência, não é uma questão subjetiva, mas, sim, o resultado de

um processo lógicosocial; não depende de um estóico autocontrole de pesquisadores isolados,

é mais condicionada pela forma com que a comunidade científica se comporta, dando livre curso

ao debate, ao confronto de idéias e de fatos, num ambiente de tolerância mútua. No estudo

metacientífico da Psicologia Social, são empregados diferentes modelos, criados e aplicados

com o objetivo de descrever, explicar, interpretar e avaliar o desenvolvimento da Psicologia

Social, cada qual baseado em pressupostos específicos a respeito da natureza científica desse

campo ou disciplina e de suas relações com a sociedade. Nesta oportunidade, serão

apresentados dez desses modelos, conhecidos a partir da reflexão sobre textos publicados em

épocas e lugares diferentes, sobretudo no Brasil. Portanto, o método empregado para a

elaboração desta tipologia foi empírico na seleção e avaliação documental, e reflexivo,

fenomenológico, propriamente dizendo, na designação e classificação dos modelos.

Complementarmente, será proposto um modelo distinto, de caráter estrutural, que também

poderá servir para a realização de estudos do tipo aqui considerado. Internalista. Neste modelo

são valorizadas as teorias científicas, pois se admite que o desenvolvimento de uma ciência

esteja condicionado pela estrutura e pela dinâmica de suas teorias. Ganhando consistência e

amplitude, o modelo internalista se caracteriza pela abrangência da análise histórica, temática,

teórica e metodológica, integrada à diversidade dos níveis ontológicos de investigação, que se

estendem desde os fenômenos intrapsíquicos até os componentes psicológicos de processos

macrossociais. Um exemplo bem atual deste modelo é o livro de José Luis Álvaro e Alicia Garrido

(2006), no qual se encontra uma análise detalhada dos argumentos favoráveis à integração da

Psicologia Social à Psicologia, bem como dos que lhes são antitéticos, propondo para ela uma

autonomia científica. Outros textos podem ser enquadrados neste modelo, como seria o caso

do livro de Gary Collier, Henry L. Minton e Graham Reynolds (1996), no qual, não obstante a

acentuada importância concedida por esses autores à Psicologia Social de orientação

psicológica, que é mais difundida nos EUA e em países influenciados pela cultura científica

estadunidense, foi concedida alguma atenção à exposição da influência do pensamento de

filósofos pós-modernos no trabalho teórico de psicólogos sociais, como no de Kenneth Gergen,

conspícuo representante do Construcionismo Social. Externalista. O externalismo tem sua

origem na Sociologia do Conhecimento em geral e na Sociologia da Ciência em particular. O

pressuposto geral é o da influência recíproca entre a ciência e a sociedade. Este modelo é muito

aplicável à pesquisa da história da Psicologia Social, principalmente porque no século XX

ocorreram fatos históricos que vieram a influenciar o curso teórico deste campo especializado

ou disciplina científica. Um desses acontecimentos foi a experiência da migração forçada de

pensadores e cientistas sociais alemães de origem judaica na década de 1930, que os influenciou

na seleção dos temas de investigação e na obra teórica que vieram a desenvolver. É um assunto

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bastante conhecido, pois as próprias vítimas dessa discriminação e perseguição ofereceram

copiosos exemplos dessa influência. Kurt Lewin (1970) é um caso bem ilustrativo na história da

Psicologia Social, assim como Ludwik Fleck (1980) também o é, tratando-se da pesquisa da sífilis.

O estudo de Wolfgang Schmidbauer (1976, v. 2) apresenta informações detalhadas quanto ao

efeito desastroso para a Psicologia da expulsão de psicólogos da Alemanha e da Áustria, após a

vitória eleitoral do partido nazista em 1933. Com a saída de seus principais representantes

teóricos, foram sumariamente interrompidas, nesses países, duas fecundas tradições

psicológicas, influentes na Psicologia Social: o Gestaltismo e a Psicanálise. Descrição histórica

periodizada. A pesquisa histórica requer periodização. Fatos históricos, que podem ser

acontecimentos de certa relevância para uma ciência particular, são interpretados sob a visão

intelectual de que essas ocorrências, em seu decurso temporal, hajam transitado de uma fase,

de uma etapa ou de um período a outro. Este entendimento encontra-se subsumido pelos

modelos internalista e externalista, contudo, nem sempre com a devida ênfase. Daí a proposta

deste modelo, caracterizado pela importância concedida aos momentos de ruptura teórica ou

metodológica na história da Psicologia Social. A dissertação de Amândio Fabro (1983),

lamentavelmente não publicada, é uma boa ilustração do modelo proposto. Esse autor

descreveu a história da Psicologia Social no Brasil, desde o século XIX, nela tendo identificado

nitidamente quatro períodos distintos. No Brasil contemporâneo, este modelo metacientífico é

tacitamente aceito pelos psicólogos e outros profissionais vinculados à denominada Escola de

São Paulo de Psicologia Social, cuja origem e desenvolvimento histórico tem sido objeto de

numerosas publicações, sendo o artigo escrito por Bruno Peixoto de Carvalho e Terezinha

Martins dos Santos Souza (2010) um dos mais recentes. Esses autores ressaltam o completo

rompimento da referida Escola com a Psicologia Social de orientação psicológica e experimental,

ruptura essa ocorrida na década de 1980. Descrição histórica sintética. Diversas razões acabam

por fazer com que este modelo particular, venha a ser bastante usado na Psicologia Social. Uma

dessas razões é pedagógica. Descrições sumárias da Psicologia Social são muito aceitas e

aproveitadas em cursos de graduação e pós-graduação de Psicologia. Em realidade, sínteses

históricas bem feitas fornecem uma introdução segura ao estudo de qualquer ciência,

proporcionando ao estudante ou interessado elementos de informação com os quais ele poderá

vir a obter uma compreensão mais organizada da ciência que pretende conhecer. Contudo, a

confecção de tais sínteses é uma tarefa muito complexa, requerendo muito conhecimento e

competência intelectual de seus autores. Desde logo, discernimento para identificar fatos e

pessoas de maior importância, separando-os dos de menor relevo para, em seguida, rastrear as

relações lógicas, implicativas, ou causais entre eles. Publicações brasileiras mais recentes

subordinadas a este modelo foram escritas por Leôncio Camino e Ana Raquel Rosas Torres

(2011) e Maria Cristina Ferreira (2010 e 2011). Teórico – estrutural. Pode-se conhecer a

Psicologia Social através das teorias predominantes. Trata-se de uma avaliação parcial, mas que

destaca o principal aspecto a considerar em qualquer ciência, que é precisamente a sua

contribuição teórica. Na visão tradicional, que é válida, teorias constituem o produto desejado

de quaisquer empreendimentos científicos, exatamente porque essas estruturas feitas de

conceitos interligados possibilitam compreender, explicar e prever, dentro de limites

estabelecidos, fenômenos inseridos no campo temático da ciência considerada. Um exemplo

deste modelo encontra-se no livro de Robin Gilmour e Steve Duck (1980, p. 58). Esses autores

identificaram 16 perspectivas teóricas gerais e orientadoras, exclusivamente psicológicas,

subjacentes a hipóteses e teorias específicas da Psicologia Social no século XX. Depreende-se

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desta última observação, que se trata de uma obra comprometida com a Psicologia Social de

orientação psicológica. Teóricos mais influentes. Todas as ciências são impregnadas pelo

pensamento de autores eminentes. São os grandes mestres, cujas teorias delineiam um modo

de pensar o objeto de uma ciência particular ao longo do tempo, oferecendo uma espécie de

teoria matricial. Um dos livros mais representativos deste modelo metacientífico é o de James

A. Schellenberg (1979), no qual foram analisadas as teorias de Sigmund Freud, Burrhus F.

Skinner, George H. Mead e Kurt Lewin, no desenvolvimento científico da Psicologia Social. Um

aspecto particular a considerar, tratando-se dessas teorias influentes, é o aproveitamento de

alguns de seus pressupostos, particularmente os relacionados à interpretação da natureza

humana, na elaboração de teorias contemporâneas acerca de nossas experiências psicológicas

em interações sociais, em grupos e em coletividades mais extensas. Conceitos de maior

importância. A identificação de conceitos centrais facilita a compreensão teórica da ciência que

faça uso deles. Desse modo, compreende-se o Gestaltismo quando se sabe que o equilíbrio é

um de seus conceitos centrais, assim como o ajustamento o é para o Funcionalismo. Por essa

razão, em alguns estudos sobre a Psicologia Social tem havido interesse em conhecer os

conceitos de maior aproveitamento na formulação de hipóteses e teorias. A idéia de equilíbrio

é uma delas. Sem esse conceito, não se compreenderá o conjunto das teorias cognitivas da

Psicologia Social psicológica contemporânea. Dentro desse modelo metacientífico outras idéias

têm sido estudadas, como, por exemplo, a de processos irracionais, que Solomon Diamond

(1974, cap. 27) entendeu ter sido fundamental para o desenvolvimento da Psicologia Social. A

propósito, vem sendo contabilizada em recentes hipóteses e teorias da Psicologia Social a

influência de processos inconscientes, especialmente os relacionados à cognição social. Esses

processos não se confundem com o inconsciente psicanalítico, como o esclareceu Ap

Dijksterhuis (2010), dado que na Psicanálise o inconsciente é o constructo lógico central, ao

passo que na abordagem da cognição social o inconsciente é a idéia que se tem sobre processos

desencadeados sem participação consciente, mas que, ainda que subjacentes, exercem uma

influência decisiva na cognição, na afetividade e em comportamentos e condutas sociais.

Bibliométrica. Na Metaciência, em algumas pesquisas, são utilizadas técnicas de quantificação,

figurando entre elas as bibliométricas. A Bibliometria visa à obtenção de dados objetivos, que

proporcionem informações esclarecedoras a respeito de publicações feitas em nome da ciência

investigada, de modo a possibilitar inferências acerca de fatores que influenciaram o

desenvolvimento dessa ciência, facultando o estabelecimento de conjecturas relativas ao seu

futuro. Nessa perspectiva de pesquisa situam-se as contribuições de Robson Nascimento da Cruz

e Cornelis Van Stralen (2012) e de Rodolfo de Castro Ribas Jr. et al. (2009), que resultaram de

cuidadosa pesquisa bibliométrica de textos de Psicologia Social publicados nos últimos anos.

Redes sociais. O objetivo que se tem em vista quando da utilização deste modelo é o

conhecimento da localização geográfica e institucional de pesquisadores, grupos e centros de

pesquisa, complementado por informações sobre as conexões estabelecidas entre eles. Dessa

investigação descritiva de natureza sociológica resultam dados que podem ser apresentados

graficamente, facilitando a percepção do conjunto das redes sociais e de colaboração científica

que já foram estabelecidas, ao mesmo tempo em que permitem traçar outras possibilidades de

conexão e estreitamento de relações científicas e profissionais entre os pesquisadores

identificados nessas redes. A recente publicação de Elaine Rabelo Neiva e Cláudio Vaz Torres

(2011) é um exemplo deste modelo. Depoimentos pessoais. A forma mais subjetiva da pesquisa

metacientífica é a baseada na apresentação de depoimentos pessoais de estudiosos,

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pesquisadores e profissionais. Este modelo é muito generalizado e bastante antigo. Na

Psicologia Social ele fica exemplificado nas bem organizadas coletâneas de Gary G. Brannigan e

Matthew R. Merrens (1995) e Aroldo Rodrigues e Robert V. Levine (1999). Os psicólogos sociais

que figuram nessas coletâneas descrevem a trajetória que levou cada um deles a se interessar

seletivamente por alguns temas de estudo teórico e pesquisa empírica, estabelecendo uma

relação entre os temas escolhidos e experiências familiares, sociais, políticas e científicas. Há

poucos anos, o psicólogo social brasileiro Celso Pereira de Sá (2007) descreveu algumas de suas

experiências científicas mais significativas, emprestando ao seu depoimento um tom

espontâneo e direto. As narrativas desta espécie são subjetivas, não estando comprometidas

com os ideais da objetividade e da neutralidade, atributos valorizados na investigação científica.

Mas, como já foi observado, segundo Karl Popper, esses atributos dependem mais da cultura,

das regras sociais e dos procedimentos empregados pela comunidade científica na avaliação de

pesquisas do que do autocontrole do pesquisador. Dimensões básicas. A classificação de

modelos metacientíficos utilizados na investigação da Psicologia Social que acaba de ser

apresentada não inibe a elaboração e apresentação de outros modelos, pois a lista classificatória

apresentada tem origem empírica, tendo resultado de uma análise do conteúdo de trabalhos de

estudo e pesquisa que tiveram como objeto a Psicologia Social. Logicamente, pode-se muito

bem supor que possam ter sido ou, se não o foram, ser realizados outros estudos e pesquisas

sobre a Psicologia Social que não foram contemplados neste estudo. Incisivamente: os textos

avaliados não esgotam todas as alternativas de investigação metacientífica. Uma das classes

dessa espécie de investigação que deixou de ser descrita é da Psicologia da Ciência, ou melhor,

ainda que a expressão possa causar estranheza, seria a Psicologia Social da Psicologia Social, que

pode ser exemplificada com a tese de doutorado de Ligia Claudia Gomes de Souza (2005),

resultante de uma pesquisa sobre as representações sociais da Psicologia Social. Porém, além

deste e dos demais modelos apresentados, pode ser cogitada a possibilidade de aplicação de

um modelo baseado nas dimensões científicas básicas. Não há registro de que ele tenha sido

utilizado até agora. A principal vantagem do modelo nomeado é a orientação que ele

proporciona na pesquisa comparada das diversas tendências científicas e profissionais da

Psicologia Social no tempo e no espaço. Ele é baseado nas cinco dimensões fundamentais de

qualquer ciência: a primeira dimensão é a dos pressupostos ontológicos, portanto, relativos à

natureza do objeto de estudo e de pesquisa, e dos pressupostos epistemológicos, concernentes

aos limites do conhecimento que desse objeto pode ser obtido; segue-se a dimensão dos temas

e problemas a investigados; em terceiro lugar, situa-se a metodologia de estudo e de pesquisa;

apresenta-se, a partir dessa dimensão, a terminologia especializada, isto é, a matriz conceitual,

posta a disposição do trabalho teórico; e, por último, a dimensão das aplicações práticas de

conceitos, hipóteses, teorias e de métodos de pesquisa e técnicas de intervenção profissional.

Embora, aparentemente, ele não tenha sido testado na prática, este modelo é factível. No plano

imediato, ele foi tomado como referência geral no preparo das seções restantes deste texto.

Geografia da Psicologia Social Psicólogos sociais encontram-se dedicados a pesquisas, ao ensino

e a atividades profissionais, baseados em seu conhecimento científico, em todos os continentes.

Contudo, esse conjunto articulado de pessoas e atividades ainda está para ser conhecido de

maneira completa. As tarefas necessárias à obtenção desse conhecimento poderiam muito bem

ser empreendidas, caso houvesse interesse e disponibilidade de recursos financeiros e

materiais, uma vez que há abundantes documentos impressos, fontes virtuais de informação e

eficientes meios de comunicação eletrônica disponíveis. Então, a considerar a situação atual,

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que fica abaixo da desejada em matéria de conhecimento sobre a Psicologia Social, o que se

pode fazer é tentar obter uma aproximação dessa realidade que seja razoavelmente

informativa, de modo a possibilitar ao menos a avaliação de seu mérito científico e prático.

Nesse sentido, buscar-se-ia obter conhecimento acerca dos principais temas de pesquisa da

Psicologia Social contemporânea, das teorias de maior influência e dos métodos de investigação

e técnicas de intervenção, mediante a análise do conteúdo de livros científicos, artigos

especializados e relatórios de pesquisa, além da avaliação da matéria incluída em livros

compêndios e obras didáticas de Psicologia Social de maior circulação, observando

procedimentos comparativos. Nada é novo nesta proposta, salvo a sugestão de que se devesse

adotar uma metodologia mais sistemática a fim de aumentar a probabilidade de obtenção de

informações de maior utilidade cognoscitiva e prática. As ciências, particularmente quanto aos

temas e problemas a investigar, e a tecnologia, são influenciadas por condições econômicas,

sociais, políticas e culturais da sociedade em que se desenvolvem, em graus e formas distintas,

de acordo com o tempo e o lugar. Em particular, considerando as mudanças ideológicas que

mudaram o destino de muitas sociedades contemporâneas a partir das duas últimas décadas do

século XX e restringindo as considerações a fazer à Psicologia Social, não se pode deixar de

reconhecer que ela sofreu uma alteração significativa em seu reconhecimento nas sociedades

que experimentaram uma completa mudança ideológica e institucional, a partir de 1991, com o

declínio e extinção da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. A derruição das instituições

políticas, jurídicas, sociais e culturais rigorosamente baseadas nos princípios filosóficos do

materialismo dialético desde 1917, se fez acompanhar por uma reviravolta no ambiente

científico, permitindo a acolhida da ciência anteriormente qualificada como idealista, burguesa

e controladora, mas, por igual, ao nível psicológico da sociedade, provocou um incalculável

volume de desapontamentos, frustrações, conversões ideológicas impostas pelas

circunstâncias, produzindo condições subjetivas favoráveis à ocorrência de conflitos

intrapessoais, familiares e coletivos, cujas manifestações, a par do mal estar subjetivamente

experimentado por muitos russos e cidadãos de outras nacionalidades, liberados do controle

soviético, provavelmente se fazem sentir ainda hoje nas relações entre jovens e velhos. Nesse

amplo processo, a avaliação da Psicologia Social sofreu uma considerável mudança. Na vigência

do regime soviético foram assestadas muitas críticas à Psicologia Social desenvolvida e praticada

no Ocidente, como John McLeish (1975, p. 244) relatou e esclareceu, mas, na atualidade, os

programas das disciplinas de Psicologia, refletem, como se pode observar nos currículos da

Universidade Estatal de Moscou M. V. Lomonosov, um conteúdo temático e metodológico

similar ao que se observa em universidades norte-americanas e européias. De outro lado, pouca

atenção tem sido dispensada à atividade científica desenvolvida por psicólogos sociais da Ásia,

que se tornaram mais ativos e motivados para a pesquisa, dispondo-se ao debate científico,

notadamente depois da fundação da Asian Association of Social Psychology (AASP), em Hong

Kong, fato ocorrido em 1995. Essa Associação congrega psicólogos sociais dos países daquela

região do mundo, que se destacam no estudo e na pesquisa de temas da Psicologia Social. De

acordo com os dados estatísticos proporcionados por Allan B. I. Bernardo (2011), atual

Secretário – Geral da AASP, os países nela mais representados através de seus psicólogos sociais

são: Japão, China, Coréia do Sul, Indonésia, Hong Kong, EUA (estados do Oeste), Taiwan,

Austrália, Malásia e Filipinas, nesta ordem. A Ásia é constituída de um conglomerado de países

com distintas tradições étnicas, mas que, não obstante, preservam alguns padrões culturais e

normas sociais mais ou menos comuns, que têm sua expressão nas formas de pensar, sentir e

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agir das pessoas socializadas naqueles países. A compreensão dessas diferenças e semelhanças

vem influenciando psicólogos sociais asiáticos na escolha dos temas de pesquisa, destacando-

se, dentre eles, os relacionados à cultura. Esta afirmativa fica corroborada pelos resultados do

levantamento realizado por Stephen Jones (2011), relativamente ao acesso a artigos publicados

no Asian Journal of Social Psychology desde a sua criação, sucedida em 1998. Os dados revelam

que dos dez artigos mais acessados de todos os publicados ao longo dos 13 anos de existência

desse periódico, seis têm a cultura como objeto de estudo ou pesquisa. Apesar dessa inclinação

temática, o entendimento de Psicologia Social, incluindo temas, métodos e teorias,

predominante naqueles países não difere substancialmente das vertentes psicológica e

sociológica da Psicologia Social, conhecidas e adotadas em sociedades ocidentais, embora seja

um dos objetivos da AASP constituir uma “terceira força” na Psicologia Social, oferecendo-se

como alternativa entre as experiências européias e norte-americanas neste ramo das ciências

contemporâneas. É inegável a influência da contribuição científica estadunidense, que ainda se

faz sentir, na formação, no pensamento e na conduta profissional de psicólogos sociais no

mundo inteiro. Basta consultar as referências bibliográficas de livros e artigos sobre temas da

Psicologia Social de maior circulação internacional para se comprovar a validade desta assertiva.

Essa bibliografia alcança até mesmo psicólogos sociais de países africanos situados

geograficamente abaixo do Saara. Excetuem-se os psicólogos sociais da África do Sul, do país

econômica e politicamente mais importante daquela região, mais expostos às tradições

científicas britânicas, e examinem-se os escritos de autores como Chiwoza Bandawe (2010), da

República do Malawi, e se verificará que neles a citação de trabalhos escritos por psicólogos

sociais norte-americanos e europeus é muito significativa. De um ponto de vista geral, a

Psicologia Social nos EUA, observando-se restritivamente que não há pleno acordo ou

homogeneidade quanto aos pontos de vista adotados por seus estudiosos e teóricos, é,

sobretudo, vinculada à Psicologia, o que se comprova examinando-se o conteúdo do manual

didático de H. Andrew Michener, John D. DeLamater e Daniel J. Myers (2005), muito adotado

naquele país e traduzido no Brasil. Até o final da II Guerra Mundial os principais teóricos e

centros de pesquisa da Psicologia Social no mundo encontravam-se nos EUA. Em parte até

considerável, o avanço teórico da Psicologia Social naquele país nas décadas de 1930 e 1940 foi

devido ao exílio de psicólogos, cientistas sociais, psicanalistas e pensadores europeus, como

Fritz Heider, Solomon Asch, Erich Fromm, Franz Alexander, Karen Horney, Erik Erikson, Max

Wertheimer, Theodor Adorno e Rudolf Carnap, para lembrar apenas alguns nomes dos mais

conhecidos, tangidos de seus países por razões ideológicas e étnicas. Kurt Lewin, que

certamente seria atingido pelas leis raciais colocadas em vigor a partir de 1933 pelo regime

nazista, já se encontrava em atividade na Universidade de Iowa, quando do expurgo realizado

nas universidades alemãs. Essa migração forçada se beneficiou os EUA, incrementando seu

desenvolvimento filosófico e científico, para a Europa Central só veio a produzir prejuízos, como

já foi observado. Foi somente após a II Guerra Mundial que a Psicologia Social veio a se

desenvolver na Europa, no princípio sob a influência de teóricos da Psicologia Social

desenvolvida nos EUA, ganhando alguma autonomia e maior importância científica somente

depois da fundação da European Association of Experimental Social Psychology, em 1966. A

partir de então, o interesse de psicólogos sociais europeus voltou-se para temas de investigação

relacionados às experiências políticas e socioculturais européias, destacando-se dentre eles a

pesquisa da identidade, das relações intra e intergrupais, da influência política e social de grupos

minoritários, das representações sociais e dos preconceitos e estereótipos. A revista European

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Journal of Social Psychology, cuja circulação foi iniciada em 1970, vem divulgando o trabalho

científico da lavra de psicólogos sociais europeus, constituindo, por isso, uma importante fonte

de informações acerca da natureza do trabalho por eles realizado. Tendo em vista o conjunto

das contribuições científicas de psicólogos sociais europeus, observa-se nele uma grande

heterogeneidade temática e metodológica, fato que impossibilita a aceitação da crença

bastante generalizada no Brasil de que naquela região do mundo a Psicologia Social seria

sociológica, contrapondo-se à Psicologia Social desenvolvida nos EUA, de orientação

predominantemente psicológica. Em verdade, lá, ela é tanto sociológica quanto psicológica.

Compulsando o manual de Miles Hewstone; Wolfgang Stroebe & Klaus Jonas (2011), em sua

quarta edição, obra bastante conhecida e utilizada em universidades européias, verificar-se-á

que grande parte dos temas estudados são os da Psicologia Social de orientação psicológica,

pois dos 15 capítulos que o constituem oito abordam temas psicológicos da interação social e

apenas em quatro deles o conteúdo é mais sociológico. A aceitação transnacional desse manual

decorre do fato dele ser o resultado do trabalho conjunto de 22 autores, dos quais oito são

alemães, oito britânicos, quatro holandeses e dois suíços. A Psicologia Social na América Latina,

particularmente no Brasil, que tem sido objeto de muitos estudos, principalmente de natureza

histórica, alguns dos quais já foram citados neste texto, é tributária das correntes científicas e

de pensamento provenientes da Europa e dos EUA. Todavia, há autores e grupos de estudiosos

e pesquisadores que dissentem, situando-se, entre eles, os da já mencionada Escola de São

Paulo de Psicologia Social, de orientação crítica, que divergem tanto da Psicologia Social

desenvolvida nos EUA quanto da que se faz na Europa. Segundo Bruno Peixoto e Souza Carvalho

e Terezinha Martins dos Santos (2010), o principal objetivo dessa Escola, cujos fundamentos são

materialistas – dialéticos, é a transformação social. Para a consecução desse objetivo, esses

autores entendem ser necessário negligenciar a pessoa e destacar o grupo, o coletivo e a

sociedade, derivando deste entendimento a crítica e até mesmo rejeição da Psicologia Social

enquadrada na tradição científica. Trata-se, por conseguinte, de um projeto de implementação

da 11ª Tese sobre Feuerbach, apresentada por Karl Marx em 1845, que pode assim ficar

formulada: “Os filósofos têm apenas interpretado o mundo de maneiras diferentes; a questão,

porém, é transformá-lo”. Essa visão social e politicamente comprometida da Psicologia Social e

que tende a ser dominante no Brasil contemporâneo é filosoficamente aparentada da Psicologia

Crítica, fundada na Alemanha, na década de 1970, por Klaus Holzkamp (1977),

entusiasticamente aceita por muitos seguidores, mas que perdeu em poder de influência após

a derrocada da República Democrática da Alemanha em 1989 e a progressiva diluição do

pensamento marxista na Europa. Análise comparativa e conclusiva Fazendo uso das informações

coligidas a respeito do tema deste texto, foram formuladas algumas conclusões, as quais serão

apresentadas a seguir segundo uma formulação sintética, observando o modelo metacientífico

das dimensões básicas. Pressupostos filosóficos. Em todo o domínio da Psicologia Social nota-se

a ausência de análises acuradas a respeito dos pressupostos antropológicos, que são acolhidos,

na quase totalidade dos estudos e pesquisas de forma implícita. Assim, não há clareza no

entendimento a respeito da natureza dos fatos investigados, em especial, dos localizados, de

um lado, na interseção entre a Psicologia Social e as Ciências Sociais e, de outro, dos

relacionados a processos biológicos. Portanto, não há como decidir racionalmente a respeito

das quotas de componentes hereditários e ambientais no desenvolvimento da personalidade e

nas manifestações sociais humanas. A par dessas limitações, faltam métodos e critérios que

possibilitem a avaliação mais precisa da extensão e da validade do conhecimento obtido.

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Empiricamente, a limitação relacionada à validade externa de hipóteses e teorias da Psicologia

Social poderia ser ao menos reduzida através de pesquisas interculturais, mas, estas,

infelizmente, são raras. Temas de pesquisa. Há muitos temas e problemas de pesquisa na

Psicologia Social, cabendo aduzir que a maioria deles não dispõe de estabilidade, são

transitórios, em pouco tempo desaparecem do campo de interesse científico. Poucos são os

temas mais estáveis, sendo as atitudes, os preconceitos, a aprendizagem social, a percepção

social e motivos sociais, encontrados entre os mais antigos, exemplos da referida continuidade.

Esse estado de coisas resulta da diversidade de correntes científicas combinada à pluralidade de

interesses científicos e profissionais, que não concedem à Psicologia Social uma nítida

identidade. Dessa forma, a eleição de temas e problemas de pesquisa fica condicionada pelas

razões expostas e pelo nível metafísico em que ficam instalados os pretendidos estudos e

pesquisas, que varia desde o nível dos processos intrapessoais até ao da experiência humana na

sociedade e na história, passando pelos níveis grupal e coletivo. Sob a perspectiva da

comunidade científica, haveria ainda a acrescentar, relativamente à questão da continuidade de

temas e, consequentemente, de linhas de pesquisa, a influência social exercida por autores de

renome, cuja influência pode ser decisiva sobre seus colaboradores e seguidores. Metodologia

de pesquisa. Na decisão a tomar quanto ao uso dos diversos métodos e técnicas de pesquisa na

Psicologia Social, dois fatores são importantes: a natureza do problema a investigar; e, as opções

ideológicas. Na primeira situação justifica-se a escolha, no segundo caso age-se arbitrariamente,

sem considerar objetivos científicos. Os métodos experimentais e empíricos são empregados na

Psicologia Social interpretada como ciência natural, ficando ela, portanto, subordinada à

Psicologia, mas, também, na Psicologia definida como disciplina autônoma. Porém, esses

métodos, baseados no tratamento estatístico dos dados obtidos, são recusados pelos autores

que aderiram à orientação crítica materialista – dialética, cuja preferência é por métodos

designados como qualitativos, que comumente são utilizados na realização de intervenções

sociais. Matriz conceitual. A reflexão, qualquer que seja o seu objeto e modo intelectual de

apreensão, demanda idéias, requer conceitos, sem os quais o pensamento não consegue se

organizar, quer dizer, habilitar-se a ordenar, comparar, relacionar, inferir, deduzir e, sobretudo,

gerar conceitos. E é necessário que as idéias sejam claramente definidas, preservando-se,

contudo, o entendimento de que tal providência não deva impedir a atribuição de outros

significados aos termos e expressões utilizados em atividades científicas, dependendo do ponto

de vista daqueles que desses artefatos mentais venham a fazer uso. Sob esta visão intelectual,

a terminologia usada na Psicologia Social contemporânea, lembrando a sua pluralidade

científica, reiteradas vezes referida nestas páginas, carece de maior atenção quanto ao seu

significado e cuidado em seu emprego. Com frequência, os conceitos deixam de ser definidos

ou são apresentados ambiguamente, ensejando interpretações discrepantes deles e, em

consequência, direcionamentos de pesquisa distintos. Este problema técnico é grave na

Psicologia Social, pois psicólogos sociais atuam, como já se sabe e foi observado no parágrafo

anterior, em níveis ontologicamente diferenciados, por conseguinte, operando

intelectualmente com base em conceitos de ciências distintas, da Psicologia, da Sociologia, da

História e da Política. Porém, para justificar a expressão que designa este campo científico ou

disciplina científica, torna-se indispensável manter algumas idéias psicológicas fundamentais na

matriz conceitual utilizada. Aplicações. Conceitos, hipóteses, teorias, métodos de pesquisa e

técnicas de intervenção profissional podem revelar sua utilidade em atividades realizadas por

profissionais de áreas as mais diversas, assim como nas desenvolvidas por leigos, em situações

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as mais diversas. De início, a divulgação dos resultados do labor de psicólogos sociais, através

dos variados meios de comunicação disponíveis, produz o efeito de elevação da autoconsciência

de todos quantos venham a tomar conhecimento das mencionadas contribuições científicas.

Logicamente, esse resultado faz crescer a autonomia de cada pessoa ou grupo, uma vez que

dispondo de informações e conhecimento acerca dos processos que se encontram na origem de

nossas experiências psicológicas e psicossociais, torna-se possível exercer algum autocontrole

desses processos, visando à obtenção de resultados pessoais e coletivos mais desejáveis, na

linha do bem estar. Entretanto, cabe nesta oportunidade inserir uma observação de cunho

moral: os efeitos ora considerados dependem da qualidade do conhecimento divulgado.

Portanto, decorre desta afirmativa que é da responsabilidade dos psicólogos sociais insistir na

obtenção de conhecimento válido e negar-se à divulgação como conhecimento válido o que é

apenas uma mera opinião sem fundamento lógico e empírico ou, o que seria muito mais grave,

procurar fazer passar por ciência o que é pura mistificação.

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A Psicologia Social no Brasil e no Cenário Internacional

Helmuth Krüger

A Psicologia Social no Brasil é parte integrante da Psicologia Social em desenvolvimento no plano

internacional. Por certo, análises pormenorizadas têm revelado muitas diferenças nos

fundamentos filosóficos e científicos do trabalho teórico e prático realizado por psicólogos

sociais na atualidade. Contudo, a despeito dessa constatação, pode-se concluir que há

suficientes justificativas para admitir que psicólogos sociais, no mundo inteiro, em que pese a

sua grande diversidade científica e profissional, sejam partícipes de um mesmo projeto científico

e profissional, que visa à obtenção de conhecimento acerca do ser humano em suas relações

sociais, bem como à promoção do bem estar individual e coletivo mediante intervenções

psicossociais. Este argumento é compatível com o pressuposto da universalidade dos

fenômenos cientificamente enquadrados, tal como Robert King Merton (1970, cap. XVIII) em

obra relativamente antiga esclareceu, cabendo acrescentar que a validade deste ponto de vista

é diretamente proporcional ao nível de maturidade teórica atingido pela ciência em análise. Na

Psicologia Social já foram elaboradas teorias de médio alcance, na acepção de Robert King

Merton (op. cit., cap. II), como são os casos ilustrativos das teorias da identidade, da

aprendizagem social, das representações sociais, da cognição social, das atitudes sociais, da

crítica e da intervenção social, aptas à generalização transcultural. Nota-se que, em face da

copiosa bibliografia sobre a Psicologia Social, a história desta ciência ou campo especializado da

Psicologia, conforme o ponto de vista assumido, tem sido objeto de muitos estudos, realizados

em épocas e países diferentes. Em si, esses estudos revelaram sua utilidade, sendo ainda úteis

na obtenção de conhecimento acerca dos principais aspectos da Psicologia Social, além de

fornecerem informações sobre centros e grupos de pesquisa mais ativos neste âmbito das

ciências contemporâneas. Em razão desse proveito, a história das ciências tem sido a via de

pesquisa mais escolhida quando se trata de efetuar estudos comparativos a respeito do

desenvolvimento teórico e profissional alcançado pela Psicologia Social nos países em que ela é

representada. Entretanto, esse tipo de pesquisa não é de fácil realização para autores sem a

devida formação histórica. De fato, a aceitação da crença de que a pesquisa na história da

Psicologia Social dispensa um treinamento especializado, incentiva a realização de pesquisas

históricas destituídas de qualidade científica, para dizer o mínimo. Desde logo, na pesquisa da

história das ciências, há duas ponderações metodológicas a fazer. A primeira delas diz respeito

ao próprio direcionamento geral da pesquisa, quer dizer, da decisão a ser tomada entre duas

alternativas: a do internalismo e a do externalismo. Adotando-se uma orientação internalista

dar-se-á importância ao curso histórico das teorias, concedendo muita atenção aos processos

de complementação e continuidade temporal de algumas delas, assim como às relações lógicas,

tipicamente as de oposição e concorrência, estabelecidas por teorias rivais. Por conseguinte,

nessa orientação, a atenção do historiador volta-se para o principal produto da atividade

científica, que é o conhecimento estruturado teoricamente, procurando analisá-lo em sua

produção e desempenho no tempo histórico. Ao passo que na pesquisa histórica conduzida sob

a perspectiva externalista o interesse científico a satisfazer é o de conhecer as relações de

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influência recíproca entre a ciência em estudo e a sociedade, sendo a sociedade considerada,

sobretudo, em seus aspectos econômicos, políticos e culturais. Nessa direção, requer-se muito

conhecimento factual, para além da Psicologia, e competência técnica na corroboração de

hipóteses a respeito das relações apontadas. A segunda ponderação prende-se ao cuidado a

tomar na avaliação das contribuições científicas, quer dizer, de conceitos, hipóteses, teorias e

métodos de pesquisa e técnicas de intervenção, gerados por autores, cuja obra, devido à

influência dela na ciência ou no campo científico em que surgiu e se instalou, passa a receber

um estudo particular. Nesse caso, será necessário considerar tal obra sob a ótica da evolução do

pensamento de seu autor, pois, vista em sua 3 totalidade, ela revela a continuidade de um

processo criativo, sendo, portanto, condenada ao fracasso qualquer tentativa de conhecê-la

considerando dela apenas uma parte, sem buscar inseri-la de maneira compreensiva no

conjunto da obra. A propósito desse assunto, Kurt Salzinger (1980, cap. 16) escreveu um texto

irônico, mas esclarecedor, nele apontando para alguns obstáculos e dilemas que um historiador

da Psicologia deve poder identificar e contornar, a fim de conduzir seu trabalho a contento. De

resto, como veremos, a História é apenas uma das vias pelas quais podemos conhecer uma

ciência particular. Modelos metacientíficos de avaliação da Psicologia Social em uso.

Podemos tornar uma ciência empírica ou formal objeto de estudo. Esta é precisamente a

proposta da Metaciência, tal como foi delineada por Derek J. de Solla Price (1976), que foi um

de seus mais conhecidos e produtivos teóricos e divulgadores. Em rigor, a Metaciência não é

uma disciplina autônoma, ela é, antes, um conjunto multidisciplinar formado por diferentes

ciências, cada qual com suas peculiaridades, mas que compõem um conjunto que tem por

objeto a investigação de uma ciência particular. O número de disciplinas e campos

metacientíficos não é fixo, ele aumenta à medida que interesses de pesquisa científica sobre

aspectos até então desconsiderados a respeito da ciência que foi colocada no centro das

atenções venham a ganhar corpo. Dessa forma, é possível submeter a Psicologia ou a Psicologia

Social, à análise filosófica e a investigações empíricas de natureza econômica, sociológica,

antropológica, política e histórica, dentre outras, como a conhecida Psicologia da Ciência, cuja

designação deveria ser Psicologia dos Cientistas, por ser mais apropriada. Um fato muito

importante a ser levado em consideração é que, salvo a Psicologia da Ciência, que é um campo

especializado da Psicologia, nenhuma das disciplinas metacientíficas contribui diretamente para

o desenvolvimento teórico e prático desta ciência. Contudo, de modo geral, espera-se que os

resultados desses empreendimentos possam vir a ser aproveitados na disciplina ou campo

especializado de pesquisa submetido à investigação metacientífica, especialmente no

descortino de seus fundamentos filosóficos, na delimitação dos temas de investigação, no

aperfeiçoamento da metodologia de pesquisa, na clarificação dos conceitos e na elevação do

nível de consciência de seus teóricos e pesquisadores quanto aos limites do conhecimento que

por intermédio de seus recursos intelectuais pode ser alcançado.

A Psicologia Social no Brasil, em razão tanto de suas peculiaridades quanto devido à importância

científica e prática concedida a ela, tem sido objeto frequente de pesquisas e estudos

metacientíficos. Interessando-se por este tipo de investigação dirigido à Psicologia Social, o

pesquisador se deparará com um campo de pesquisa especializado ou disciplina científica

relativamente autônoma, dependendo de seu ponto de vista. A Psicologia Social será

considerada campo científico se for entendida como parte integrante da Psicologia e, de outro

lado, será qualificada como disciplina científica se for admitida sua independência da Psicologia.

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Em qualquer caso, esse pesquisador se encontrará em face de uma grande variedade de temas,

mas, por igual, diante de acerbas divergências científicas e profissionais, que não raro são

apresentadas de forma beligerante em textos especializados e em reuniões científicas, cujas

repercussões modelam o conteúdo de programas de ensino em cursos de graduação e pós-

graduação em Psicologia Social no Brasil. Além disso, ele observará disputas em torno de

posições influentes em instituições universitárias, associações profissionais e em editoras de

livros e revistas, movidas pelo interesse de grupos de psicólogos sociais em fazer prevalecer seu

entendimento da Psicologia Social. É claro que psicólogos sociais, assim como quaisquer outros

pesquisadores, não são neutros na perspectiva dos valores e dos interesses, pessoais e coletivos.

Todos estão comprometidos, uns mais outros menos, no sentido indicado. Ainda que

pessoalmente venham a exercer muito esforço, como deve ser e por razões éticas, para se

manterem axiologicamente neutros, não conseguirão atingir plenamente 5 essa meta. Porém, a

necessária e, por conseguinte, almejada neutralidade, como o observou Karl Popper (1978, p.

23), sob a ótica da Filosofia da Ciência, não é uma questão subjetiva, mas, sim, o resultado de

um processo lógico-social; não depende de um estóico autocontrole de pesquisadores isolados,

é mais condicionada pela forma com que a comunidade científica se comporta, dando livre curso

ao debate, ao confronto de idéias e de fatos, num ambiente de tolerância mútua. No estudo

metacientífico da Psicologia Social, são empregados diferentes modelos, criados e aplicados

com o objetivo de descrever, explicar, interpretar e avaliar o desenvolvimento da Psicologia

Social, cada qual baseado em pressupostos específicos a respeito da natureza científica desse

campo ou disciplina e de suas relações com a sociedade. Nesta oportunidade, serão

apresentados dez desses modelos, conhecidos a partir da reflexão sobre textos publicados em

épocas e lugares diferentes, sobretudo no Brasil. Portanto, o método empregado para a

elaboração desta tipologia foi empírico na seleção e avaliação documental, e reflexivo,

fenomenológico, propriamente dizendo, na designação e classificação dos modelos.

Complementarmente, será proposto um modelo distinto, de caráter estrutural, que também

poderá servir para a realização de estudos do tipo aqui considerado. Internalista. Neste modelo

são valorizadas as teorias científicas, pois se admite que o desenvolvimento de uma ciência

esteja condicionado pela estrutura e pela dinâmica de suas teorias. Ganhando consistência e

amplitude, o modelo internalista se caracteriza pela abrangência da análise histórica, temática,

teórica e metodológica, integrada à diversidade dos níveis ontológicos de investigação, que se

estendem desde os fenômenos intrapsíquicos até os componentes psicológicos de processos

macrossociais. Um exemplo bem atual deste modelo é o livro de José Luis Álvaro e Alicia Garrido

(2006), no qual se encontra uma análise 6 detalhada dos argumentos favoráveis à integração da

Psicologia Social à Psicologia, bem como dos que lhes são antitéticos, propondo para ela uma

autonomia científica. Outros textos podem ser enquadrados neste modelo, como seria o caso

do livro de Gary Collier, Henry L. Minton e Graham Reynolds (1996), no qual, não obstante a

acentuada importância concedida por esses autores à Psicologia Social de orientação

psicológica, que é mais difundida nos EUA e em países influenciados pela cultura científica

estadunidense, foi concedida alguma atenção à exposição da influência do pensamento de

filósofos pós-modernos no trabalho teórico de psicólogos sociais, como no de Kenneth Gergen,

conspícuo representante do Construcionismo Social. Externalista. O externalismo tem sua

origem na Sociologia do Conhecimento em geral e na Sociologia da Ciência em particular. O

pressuposto geral é o da influência recíproca entre a ciência e a sociedade. Este modelo é muito

aplicável à pesquisa da história da Psicologia Social, principalmente porque no século XX

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ocorreram fatos históricos que vieram a influenciar o curso teórico deste campo especializado

ou disciplina científica. Um desses acontecimentos foi a experiência da migração forçada de

pensadores e cientistas sociais alemães de origem judaica na década de 1930, que os influenciou

na seleção dos temas de investigação e na obra teórica que vieram a desenvolver. É um assunto

bastante conhecido, pois as próprias vítimas dessa discriminação e perseguição ofereceram

copiosos exemplos dessa influência. Kurt Lewin (1970) é um caso bem ilustrativo na história da

Psicologia Social, assim como Ludwik Fleck (1980) também o é, tratando-se da pesquisa da sífilis.

O estudo de Wolfgang Schmidbauer (1976, v. 2) apresenta informações detalhadas quanto ao

efeito desastroso para a Psicologia da expulsão de psicólogos da Alemanha e da Áustria, após a

vitória eleitoral do partido nazista em 1933. Com a saída de seus principais representantes

teóricos, foram sumariamente interrompidas, nesses países, duas fecundas tradições

psicológicas, influentes na Psicologia Social: o Gestaltismo e a Psicanálise. Descrição histórica

periodizada.

A pesquisa histórica requer periodização. Fatos históricos, que podem ser acontecimentos de

certa relevância para uma ciência particular, são interpretados sob a visão intelectual de que

essas ocorrências, em seu decurso temporal, hajam transitado de uma fase, de uma etapa ou

de um período a outro. Este entendimento encontra-se subsumido pelos modelos internalista e

externalista, contudo, nem sempre com a devida ênfase. Daí a proposta deste modelo,

caracterizado pela importância concedida aos momentos de ruptura teórica ou metodológica

na história da Psicologia Social.

A dissertação de Amândio Fabro (1983), lamentavelmente não publicada, é uma boa ilustração

do modelo proposto. Esse autor descreveu a história da Psicologia Social no Brasil, desde o

século XIX, nela tendo identificado nitidamente quatro períodos distintos. No Brasil

contemporâneo, este modelo metacientífico é tacitamente aceito pelos psicólogos e outros

profissionais vinculados à denominada Escola de São Paulo de Psicologia Social, cuja origem e

desenvolvimento histórico tem sido objeto de numerosas publicações, sendo o artigo escrito

por Bruno Peixoto de Carvalho e Terezinha Martins dos Santos Souza (2010) um dos mais

recentes. Esses autores ressaltam o completo rompimento da referida Escola com a Psicologia

Social de orientação psicológica e experimental, ruptura essa ocorrida na década de 1980.

Descrição histórica sintética. Diversas razões acabam por fazer com que este modelo particular,

venha a ser bastante usado na Psicologia Social. Uma dessas razões é pedagógica. Descrições

sumárias da Psicologia Social são muito aceitas e aproveitadas em cursos de graduação e pós-

graduação de Psicologia. Em realidade, sínteses históricas bem feitas fornecem uma introdução

segura ao estudo de qualquer ciência, proporcionando ao estudante ou interessado elementos

de informação com os quais ele poderá vir a obter uma compreensão mais organizada da ciência

que pretende conhecer. Contudo, a confecção de tais sínteses é uma tarefa muito complexa,

requerendo muito conhecimento e competência intelectual de seus autores. Desde logo,

discernimento para identificar fatos e pessoas de maior importância, separando-os dos de

menor relevo para, em seguida, rastrear as relações lógicas, implicativas, ou causais entre eles.

Publicações brasileiras mais recentes subordinadas a este modelo foram escritas por Leôncio

Camino e Ana Raquel Rosas Torres (2011) e Maria Cristina Ferreira (2010 e 2011). Teórico –

estrutural. Pode-se conhecer a Psicologia Social através das teorias predominantes. Trata-se de

uma avaliação parcial, mas que destaca o principal aspecto a considerar em qualquer ciência,

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que é precisamente a sua contribuição teórica. Na visão tradicional, que é válida, teorias

constituem o produto desejado de quaisquer empreendimentos científicos, exatamente porque

essas estruturas feitas de conceitos interligados possibilitam compreender, explicar e prever,

dentro de limites estabelecidos, fenômenos inseridos no campo temático da ciência

considerada. Um exemplo deste modelo encontra-se no livro de Robin Gilmour e Steve Duck

(1980, p. 58). Esses autores identificaram 16 perspectivas teóricas gerais e orientadoras,

exclusivamente psicológicas, subjacentes a hipóteses e teorias específicas da Psicologia Social

no século XX. Depreende-se desta última observação, que se trata de uma obra comprometida

com a Psicologia Social de orientação psicológica. Teóricos mais influentes. Todas as ciências são

impregnadas pelo pensamento de autores eminentes. São os grandes mestres, cujas teorias

delineiam um modo de pensar o objeto de uma ciência particular ao longo do tempo,

oferecendo uma espécie de teoria matricial. Um dos livros mais representativos deste modelo

metacientífico é o de James A. Schellenberg 9 (1979), no qual foram analisadas as teorias de

Sigmund Freud, Burrhus F. Skinner, George H. Mead e Kurt Lewin, no desenvolvimento científico

da Psicologia Social. Um aspecto particular a considerar, tratando-se dessas teorias influentes,

é o aproveitamento de alguns de seus pressupostos, particularmente os relacionados à

interpretação da natureza humana, na elaboração de teorias contemporâneas acerca de nossas

experiências psicológicas em interações sociais, em grupos e em coletividades mais extensas.

Conceitos de maior importância. A identificação de conceitos centrais facilita a compreensão

teórica da ciência que faça uso deles. Desse modo, compreende-se o Gestaltismo quando se

sabe que o equilíbrio é um de seus conceitos centrais, assim como o ajustamento o é para o

Funcionalismo. Por essa razão, em alguns estudos sobre a Psicologia Social tem havido interesse

em conhecer os conceitos de maior aproveitamento na formulação de hipóteses e teorias. A

idéia de equilíbrio é uma delas. Sem esse conceito, não se compreenderá o conjunto das teorias

cognitivas da Psicologia Social psicológica contemporânea. Dentro desse modelo metacientífico

outras idéias têm sido estudadas, como, por exemplo, a de processos irracionais, que Solomon

Diamond (1974, cap. 27) entendeu ter sido fundamental para o desenvolvimento da Psicologia

Social. A propósito, vem sendo contabilizada em recentes hipóteses e teorias da Psicologia Social

a influência de processos inconscientes, especialmente os relacionados à cognição social. Esses

processos não se confundem com o inconsciente psicanalítico, como o esclareceu Ap

Dijksterhuis (2010), dado que na Psicanálise o inconsciente é o constructo lógico central, ao

passo que na abordagem da cognição social o inconsciente é a idéia que se tem sobre processos

desencadeados sem participação consciente, mas que, ainda que subjacentes, exercem uma

influência decisiva na cognição, na afetividade e em comportamentos e condutas sociais. 10

Bibliométrica. Na Metaciência, em algumas pesquisas, são utilizadas técnicas de quantificação,

figurando entre elas as bibliométricas. A Bibliometria visa à obtenção de dados objetivos, que

proporcionem informações esclarecedoras a respeito de publicações feitas em nome da ciência

investigada, de modo a possibilitar inferências acerca de fatores que influenciaram o

desenvolvimento dessa ciência, facultando o estabelecimento de conjecturas relativas ao seu

futuro. Nessa perspectiva de pesquisa situam-se as contribuições de Robson Nascimento da Cruz

e Cornelis Van Stralen (2012) e de Rodolfo de Castro Ribas Jr. et al. (2009), que resultaram de

cuidadosa pesquisa bibliométrica de textos de Psicologia Social publicados nos últimos anos.

Redes sociais. O objetivo que se tem em vista quando da utilização deste modelo é o

conhecimento da localização geográfica e institucional de pesquisadores, grupos e centros de

pesquisa, complementado por informações sobre as conexões estabelecidas entre eles. Dessa

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investigação descritiva de natureza sociológica resultam dados que podem ser apresentados

graficamente, facilitando a percepção do conjunto das redes sociais e de colaboração científica

que já foram estabelecidas, ao mesmo tempo em que permitem traçar outras possibilidades de

conexão e estreitamento de relações científicas e profissionais entre os pesquisadores

identificados nessas redes. A recente publicação de Elaine Rabelo Neiva e Cláudio Vaz Torres

(2011) é um exemplo deste modelo. Depoimentos pessoais. A forma mais subjetiva da pesquisa

metacientífica é a baseada na apresentação de depoimentos pessoais de estudiosos,

pesquisadores e profissionais. Este modelo é muito generalizado e bastante antigo. Na

Psicologia Social ele fica exemplificado nas bem organizadas coletâneas de Gary G. Brannigan e

Matthew R. Merrens (1995) e Aroldo Rodrigues e Robert V. Levine (1999). Os psicólogos sociais

que figuram nessas coletâneas 11 descrevem a trajetória que levou cada um deles a se interessar

seletivamente por alguns temas de estudo teórico e pesquisa empírica, estabelecendo uma

relação entre os temas escolhidos e experiências familiares, sociais, políticas e científicas. Há

poucos anos, o psicólogo social brasileiro Celso Pereira de Sá (2007) descreveu algumas de suas

experiências científicas mais significativas, emprestando ao seu depoimento um tom

espontâneo e direto. As narrativas desta espécie são subjetivas, não estando comprometidas

com os ideais da objetividade e da neutralidade, atributos valorizados na investigação científica.

Mas, como já foi observado, segundo Karl Popper, esses atributos dependem mais da cultura,

das regras sociais e dos procedimentos empregados pela comunidade científica na avaliação de

pesquisas do que do autocontrole do pesquisador. Dimensões básicas. A classificação de

modelos metacientíficos utilizados na investigação da Psicologia Social que acaba de ser

apresentada não inibe a elaboração e apresentação de outros modelos, pois a lista classificatória

apresentada tem origem empírica, tendo resultado de uma análise do conteúdo de trabalhos de

estudo e pesquisa que tiveram como objeto a Psicologia Social. Logicamente, pode-se muito

bem supor que possam ter sido ou, se não o foram, ser realizados outros estudos e pesquisas

sobre a Psicologia Social que não foram contemplados neste estudo. Incisivamente: os textos

avaliados não esgotam todas as alternativas de investigação metacientífica. Uma das classes

dessa espécie de investigação que deixou de ser descrita é da Psicologia da Ciência, ou melhor,

ainda que a expressão possa causar estranheza, seria a Psicologia Social da Psicologia Social, que

pode ser exemplificada com a tese de doutorado de Ligia Claudia Gomes de Souza (2005),

resultante de uma pesquisa sobre as representações sociais da Psicologia Social. Porém, além

deste e dos demais modelos apresentados, pode ser cogitada a possibilidade de aplicação de

um modelo baseado nas dimensões científicas básicas. Não há registro de que ele tenha sido

utilizado até agora. A 12 principal vantagem do modelo nomeado é a orientação que ele

proporciona na pesquisa comparada das diversas tendências científicas e profissionais da

Psicologia Social no tempo e no espaço. Ele é baseado nas cinco dimensões fundamentais de

qualquer ciência: a primeira dimensão é a dos pressupostos ontológicos, portanto, relativos à

natureza do objeto de estudo e de pesquisa, e dos pressupostos epistemológicos, concernentes

aos limites do conhecimento que desse objeto pode ser obtido; segue-se a dimensão dos temas

e problemas a investigados; em terceiro lugar, situa-se a metodologia de estudo e de pesquisa;

apresenta-se, a partir dessa dimensão, a terminologia especializada, isto é, a matriz conceitual,

posta a disposição do trabalho teórico; e, por último, a dimensão das aplicações práticas de

conceitos, hipóteses, teorias e de métodos de pesquisa e técnicas de intervenção profissional.

Embora, aparentemente, ele não tenha sido testado na prática, este modelo é factível. No plano

imediato, ele foi tomado como referência geral no preparo das seções restantes deste texto.

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Geografia da Psicologia Social Psicólogos sociais encontram-se dedicados a pesquisas, ao ensino

e a atividades profissionais, baseados em seu conhecimento científico, em todos os continentes.

Contudo, esse conjunto articulado de pessoas e atividades ainda está para ser conhecido de

maneira completa. As tarefas necessárias à obtenção desse conhecimento poderiam muito bem

ser empreendidas, caso houvesse interesse e disponibilidade de recursos financeiros e

materiais, uma vez que há abundantes documentos impressos, fontes virtuais de informação e

eficientes meios de comunicação eletrônica disponíveis. Então, a considerar a situação atual,

que fica abaixo da desejada em matéria de conhecimento sobre a Psicologia Social, o que se

pode fazer é tentar obter uma aproximação dessa realidade que seja razoavelmente

informativa, de modo a possibilitar ao menos a avaliação de seu mérito científico e prático.

Nesse sentido, buscar-seia obter conhecimento acerca dos principais temas de pesquisa da

Psicologia Social 13 contemporânea, das teorias de maior influência e dos métodos de

investigação e técnicas de intervenção, mediante a análise do conteúdo de livros científicos,

artigos especializados e relatórios de pesquisa, além da avaliação da matéria incluída em livros

compêndios e obras didáticas de Psicologia Social de maior circulação, observando

procedimentos comparativos. Nada é novo nesta proposta, salvo a sugestão de que se devesse

adotar uma metodologia mais sistemática a fim de aumentar a probabilidade de obtenção de

informações de maior utilidade cognoscitiva e prática. As ciências, particularmente quanto aos

temas e problemas a investigar, e a tecnologia, são influenciadas por condições econômicas,

sociais, políticas e culturais da sociedade em que se desenvolvem, em graus e formas distintas,

de acordo com o tempo e o lugar. Em particular, considerando as mudanças ideológicas que

mudaram o destino de muitas sociedades contemporâneas a partir das duas últimas décadas do

século XX e restringindo as considerações a fazer à Psicologia Social, não se pode deixar de

reconhecer que ela sofreu uma alteração significativa em seu reconhecimento nas sociedades

que experimentaram uma completa mudança ideológica e institucional, a partir de 1991, com o

declínio e extinção da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. A derruição das instituições

políticas, jurídicas, sociais e culturais rigorosamente baseadas nos princípios filosóficos do

materialismo dialético desde 1917, se fez acompanhar por uma reviravolta no ambiente

científico, permitindo a acolhida da ciência anteriormente qualificada como idealista, burguesa

e controladora, mas, por igual, ao nível psicológico da sociedade, provocou um incalculável

volume de desapontamentos, frustrações, conversões ideológicas impostas pelas

circunstâncias, produzindo condições subjetivas favoráveis à ocorrência de conflitos

intrapessoais, familiares e coletivos, cujas manifestações, a par do mal estar subjetivamente

experimentado por muitos russos e cidadãos de outras nacionalidades, liberados do controle

soviético, provavelmente se fazem sentir ainda hoje nas relações entre 14 jovens e velhos. Nesse

amplo processo, a avaliação da Psicologia Social sofreu uma considerável mudança. Na vigência

do regime soviético foram assestadas muitas críticas à Psicologia Social desenvolvida e praticada

no Ocidente, como John McLeish (1975, p. 244) relatou e esclareceu, mas, na atualidade, os

programas das disciplinas de Psicologia, refletem, como se pode observar nos currículos da

Universidade Estatal de Moscou M. V. Lomonosov, um conteúdo temático e metodológico

similar ao que se observa em universidades norteamericanas e européias. De outro lado, pouca

atenção tem sido dispensada à atividade científica desenvolvida por psicólogos sociais da Ásia,

que se tornaram mais ativos e motivados para a pesquisa, dispondo-se ao debate científico,

notadamente depois da fundação da Asian Association of Social Psychology (AASP), em Hong

Kong, fato ocorrido em 1995. Essa Associação congrega psicólogos sociais dos países daquela

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região do mundo, que se destacam no estudo e na pesquisa de temas da Psicologia Social. De

acordo com os dados estatísticos proporcionados por Allan B. I. Bernardo (2011), atual

Secretário – Geral da AASP, os países nela mais representados através de seus psicólogos sociais

são: Japão, China, Coréia do Sul, Indonésia, Hong Kong, EUA (estados do Oeste), Taiwan,

Austrália, Malásia e Filipinas, nesta ordem. A Ásia é constituída de um conglomerado de países

com distintas tradições étnicas, mas que, não obstante, preservam alguns padrões culturais e

normas sociais mais ou menos comuns, que têm sua expressão nas formas de pensar, sentir e

agir das pessoas socializadas naqueles países. A compreensão dessas diferenças e semelhanças

vem influenciando psicólogos sociais asiáticos na escolha dos temas de pesquisa, destacando-

se, dentre eles, os relacionados à cultura. Esta afirmativa fica corroborada pelos resultados do

levantamento realizado por Stephen Jones (2011), relativamente ao acesso a artigos publicados

no Asian Journal of Social Psychology desde a sua criação, sucedida em 1998. Os dados revelam

que 15 dos dez artigos mais acessados de todos os publicados ao longo dos 13 anos de existência

desse periódico, seis têm a cultura como objeto de estudo ou pesquisa. Apesar dessa inclinação

temática, o entendimento de Psicologia Social, incluindo temas, métodos e teorias,

predominante naqueles países não difere substancialmente das vertentes psicológica e

sociológica da Psicologia Social, conhecidas e adotadas em sociedades ocidentais, embora seja

um dos objetivos da AASP constituir uma “terceira força” na Psicologia Social, oferecendo-se

como alternativa entre as experiências européias e norte-americanas neste ramo das ciências

contemporâneas. É inegável a influência da contribuição científica estadunidense, que ainda se

faz sentir, na formação, no pensamento e na conduta profissional de psicólogos sociais no

mundo inteiro. Basta consultar as referências bibliográficas de livros e artigos sobre temas da

Psicologia Social de maior circulação internacional para se comprovar a validade desta assertiva.

Essa bibliografia alcança até mesmo psicólogos sociais de países africanos situados

geograficamente abaixo do Saara. Excetuem-se os psicólogos sociais da África do Sul, do país

econômica e politicamente mais importante daquela região, mais expostos às tradições

científicas britânicas, e examinem-se os escritos de autores como Chiwoza Bandawe (2010), da

República do Malawi, e se verificará que neles a citação de trabalhos escritos por psicólogos

sociais norte-americanos e europeus é muito significativa. De um ponto de vista geral, a

Psicologia Social nos EUA, observando-se restritivamente que não há pleno acordo ou

homogeneidade quanto aos pontos de vista adotados por seus estudiosos e teóricos, é,

sobretudo, vinculada à Psicologia, o que se comprova examinando-se o conteúdo do manual

didático de H. Andrew Michener, John D. DeLamater e Daniel J. Myers (2005), muito adotado

naquele país e traduzido no Brasil.

Até o final da II Guerra Mundial os principais teóricos e centros de pesquisa da Psicologia Social

no mundo encontravam-se nos EUA. Em parte até considerável, o avanço teórico da Psicologia

Social naquele país nas décadas de 1930 e 1940 foi devido ao exílio de psicólogos, cientistas

sociais, psicanalistas e pensadores europeus, como Fritz Heider, Solomon Asch, Erich Fromm,

Franz Alexander, Karen Horney, Erik Erikson, Max Wertheimer, Theodor Adorno e Rudolf

Carnap, para lembrar apenas alguns nomes dos mais conhecidos, tangidos de seus países por

razões ideológicas e étnicas. Kurt Lewin, que certamente seria atingido pelas leis raciais

colocadas em vigor a partir de 1933 pelo regime nazista, já se encontrava em atividade na

Universidade de Iowa, quando do expurgo realizado nas universidades alemãs. Essa migração

forçada se beneficiou os EUA, incrementando seu desenvolvimento filosófico e científico, para

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a Europa Central só veio a produzir prejuízos, como já foi observado. Foi somente após a II

Guerra Mundial que a Psicologia Social veio a se desenvolver na Europa, no princípio sob a

influência de teóricos da Psicologia Social desenvolvida nos EUA, ganhando alguma autonomia

e maior importância científica somente depois da fundação da European Association of

Experimental Social Psychology, em 1966. A partir de então, o interesse de psicólogos sociais

europeus voltou-se para temas de investigação relacionados às experiências políticas e

socioculturais européias, destacando-se dentre eles a pesquisa da identidade, das relações intra

e intergrupais, da influência política e social de grupos minoritários, das representações sociais

e dos preconceitos e estereótipos. A revista European Journal of Social Psychology, cuja

circulação foi iniciada em 1970, vem divulgando o trabalho científico da lavra de psicólogos

sociais europeus, constituindo, por isso, uma importante fonte de informações acerca da

natureza do trabalho por eles realizado. Tendo em vista o conjunto das contribuições científicas

de psicólogos sociais europeus, observa-se nele uma grande heterogeneidade temática e

metodológica, fato que impossibilita a aceitação da crença bastante generalizada no Brasil de

que naquela região do mundo a Psicologia Social 17 seria sociológica, contrapondo-se à

Psicologia Social desenvolvida nos EUA, de orientação predominantemente psicológica. Em

verdade, lá, ela é tanto sociológica quanto psicológica. Compulsando o manual de Miles

Hewstone; Wolfgang Stroebe & Klaus Jonas (2011), em sua quarta edição, obra bastante

conhecida e utilizada em universidades européias, verificar-se-á que grande parte dos temas

estudados são os da Psicologia Social de orientação psicológica, pois dos 15 capítulos que o

constituem oito abordam temas psicológicos da interação social e apenas em quatro deles o

conteúdo é mais sociológico. A aceitação transnacional desse manual decorre do fato dele ser o

resultado do trabalho conjunto de 22 autores, dos quais oito são alemães, oito britânicos, quatro

holandeses e dois suíços. A Psicologia Social na América Latina, particularmente no Brasil, que

tem sido objeto de muitos estudos, principalmente de natureza histórica, alguns dos quais já

foram citados neste texto, é tributária das correntes científicas e de pensamento provenientes

da Europa e dos EUA. Todavia, há autores e grupos de estudiosos e pesquisadores que

dissentem, situando-se, entre eles, os da já mencionada Escola de São Paulo de Psicologia Social,

de orientação crítica, que divergem tanto da Psicologia Social desenvolvida nos EUA quanto da

que se faz na Europa. Segundo Bruno Peixoto e Souza Carvalho e Terezinha Martins dos Santos

(2010), o principal objetivo dessa Escola, cujos fundamentos são materialistas – dialéticos, é a

transformação social. Para a consecução desse objetivo, esses autores entendem ser necessário

negligenciar a pessoa e destacar o grupo, o coletivo e a sociedade, derivando deste

entendimento a crítica e até mesmo rejeição da Psicologia Social enquadrada na tradição

científica. Trata-se, por conseguinte, de um projeto de implementação da 11ª Tese sobre

Feuerbach, apresentada por Karl Marx em 1845, que pode assim ficar formulada: “Os filósofos

têm apenas interpretado o mundo de maneiras diferentes; a questão, porém, é transformá-lo”.

Essa visão social e politicamente comprometida da Psicologia Social e que 18 tende a ser

dominante no Brasil contemporâneo é filosoficamente aparentada da Psicologia Crítica, fundada

na Alemanha, na década de 1970, por Klaus Holzkamp (1977), entusiasticamente aceita por

muitos seguidores, mas que perdeu em poder de influência após a derrocada da República

Democrática da Alemanha em 1989 e a progressiva diluição do pensamento marxista na Europa.

Análise comparativa e conclusiva Fazendo uso das informações coligidas a respeito do tema

deste texto, foram formuladas algumas conclusões, as quais serão apresentadas a seguir

segundo uma formulação sintética, observando o modelo metacientífico das dimensões básicas.

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Pressupostos filosóficos. Em todo o domínio da Psicologia Social nota-se a ausência de análises

acuradas a respeito dos pressupostos antropológicos, que são acolhidos, na quase totalidade

dos estudos e pesquisas de forma implícita. Assim, não há clareza no entendimento a respeito

da natureza dos fatos investigados, em especial, dos localizados, de um lado, na interseção entre

a Psicologia Social e as Ciências Sociais e, de outro, dos relacionados a processos biológicos.

Portanto, não há como decidir racionalmente a respeito das quotas de componentes

hereditários e ambientais no desenvolvimento da personalidade e nas manifestações sociais

humanas. A par dessas limitações, faltam métodos e critérios que possibilitem a avaliação mais

precisa da extensão e da validade do conhecimento obtido. Empiricamente, a limitação

relacionada à validade externa de hipóteses e teorias da Psicologia Social poderia ser ao menos

reduzida através de pesquisas interculturais, mas, estas, infelizmente, são raras. 19 Temas de

pesquisa. Há muitos temas e problemas de pesquisa na Psicologia Social, cabendo aduzir que a

maioria deles não dispõe de estabilidade, são transitórios, em pouco tempo desaparecem do

campo de interesse científico. Poucos são os temas mais estáveis, sendo as atitudes, os

preconceitos, a aprendizagem social, a percepção social e motivos sociais, encontrados entre os

mais antigos, exemplos da referida continuidade. Esse estado de coisas resulta da diversidade

de correntes científicas combinada à pluralidade de interesses científicos e profissionais, que

não concedem à Psicologia Social uma nítida identidade. Dessa forma, a eleição de temas e

problemas de pesquisa fica condicionada pelas razões expostas e pelo nível metafísico em que

ficam instalados os pretendidos estudos e pesquisas, que varia desde o nível dos processos

intrapessoais até ao da experiência humana na sociedade e na história, passando pelos níveis

grupal e coletivo. Sob a perspectiva da comunidade científica, haveria ainda a acrescentar,

relativamente à questão da continuidade de temas e, consequentemente, de linhas de pesquisa,

a influência social exercida por autores de renome, cuja influência pode ser decisiva sobre seus

colaboradores e seguidores. Metodologia de pesquisa. Na decisão a tomar quanto ao uso dos

diversos métodos e técnicas de pesquisa na Psicologia Social, dois fatores são importantes: a

natureza do problema a investigar; e, as opções ideológicas. Na primeira situação justifica-se a

escolha, no segundo caso age-se arbitrariamente, sem considerar objetivos científicos. Os

métodos experimentais e empíricos são empregados na Psicologia Social interpretada como

ciência natural, ficando ela, portanto, subordinada à Psicologia, mas, também, na Psicologia

definida como disciplina autônoma. Porém, esses métodos, baseados no tratamento estatístico

dos dados obtidos, são recusados pelos autores que aderiram à orientação crítica materialista –

dialética, cuja preferência é por métodos designados como qualitativos, que comumente são

utilizados na realização de intervenções sociais. 20 Matriz conceitual. A reflexão, qualquer que

seja o seu objeto e modo intelectual de apreensão, demanda idéias, requer conceitos, sem os

quais o pensamento não consegue se organizar, quer dizer, habilitar-se a ordenar, comparar,

relacionar, inferir, deduzir e, sobretudo, gerar conceitos. E é necessário que as idéias sejam

claramente definidas, preservando-se, contudo, o entendimento de que tal providência não

deva impedir a atribuição de outros significados aos termos e expressões utilizados em

atividades científicas, dependendo do ponto de vista daqueles que desses artefatos mentais

venham a fazer uso. Sob esta visão intelectual, a terminologia usada na Psicologia Social

contemporânea, lembrando a sua pluralidade científica, reiteradas vezes referida nestas

páginas, carece de maior atenção quanto ao seu significado e cuidado em seu emprego. Com

frequência, os conceitos deixam de ser definidos ou são apresentados ambiguamente,

ensejando interpretações discrepantes deles e, em consequência, direcionamentos de pesquisa

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distintos. Este problema técnico é grave na Psicologia Social, pois psicólogos sociais atuam, como

já se sabe e foi observado no parágrafo anterior, em níveis ontologicamente diferenciados, por

conseguinte, operando intelectualmente com base em conceitos de ciências distintas, da

Psicologia, da Sociologia, da História e da Política. Porém, para justificar a expressão que designa

este campo científico ou disciplina científica, torna-se indispensável manter algumas idéias

psicológicas fundamentais na matriz conceitual utilizada. Aplicações. Conceitos, hipóteses,

teorias, métodos de pesquisa e técnicas de intervenção profissional podem revelar sua utilidade

em atividades realizadas por profissionais de áreas as mais diversas, assim como nas

desenvolvidas por leigos, em situações as mais diversas. De início, a divulgação dos resultados

do labor de psicólogos sociais, através dos variados meios de comunicação disponíveis, produz

o efeito de elevação da autoconsciência de todos quantos 21 venham a tomar conhecimento

das mencionadas contribuições científicas. Logicamente, esse resultado faz crescer a autonomia

de cada pessoa ou grupo, uma vez que dispondo de informações e conhecimento acerca dos

processos que se encontram na origem de nossas experiências psicológicas e psicossociais,

torna-se possível exercer algum autocontrole desses processos, visando à obtenção de

resultados pessoais e coletivos mais desejáveis, na linha do bem estar. Entretanto, cabe nesta

oportunidade inserir uma observação de cunho moral: os efeitos ora considerados dependem

da qualidade do conhecimento divulgado. Portanto, decorre desta afirmativa que é da

responsabilidade dos psicólogos sociais insistir na obtenção de conhecimento válido e negar-se

à divulgação como conhecimento válido o que é apenas uma mera opinião sem fundamento

lógico e empírico ou, o que seria muito mais grave, procurar fazer passar por ciência o que é

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