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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA ARRESTO E SEQUESTRO: ASPECTOS RELEVANTES Por: Georgia Pacheco Garcia da Silva Orientador Prof. Jean Alves Rio de Janeiro 2012

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Page 1: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · medidas cautelares específicas de arresto e sequestro. A finalidade é esclarecer as distinções e semelhanças, pois

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

ARRESTO E SEQUESTRO: ASPECTOS RELEVANTES

Por: Georgia Pacheco Garcia da Silva

Orientador

Prof. Jean Alves

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

ARRESTO E SEQUESTRO: ASPECTOS RELEVANTES

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Direito Processual Civil.

Por: Georgia Pacheco Garcia da Silva

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, ao Menino Jesus,

aos meus pais, Ceyr e Jorge, ao meu

irmão Jorge Júnior, aos amigos e

parentes que sempre apoiaram o meu

sucesso.

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DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia aos meus pais e

ao meu irmão que me incentivaram em

todos os instantes de minha vida.

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RESUMO

Esta pesquisa trata-se de uma análise do processo cautelar, focando as

medidas cautelares específicas de arresto e sequestro.

A finalidade é esclarecer as distinções e semelhanças, pois o arresto e

o sequestro podem causar equivoco no processo cautelar.

Será aprofundado as seguintes distinções: O arresto visa assegurar os

bens indeterminados do devedor para uma futura execução por quantia certa.

Enquanto o sequestro visa conservar a coisa determinada (bem litigioso) para

garantir futura execução para entrega de coisa certa.

Outrossim, o sequestro é cabível antes ou no curso do processo de

conhecimento.

Por fim, será estudado as semelhanças dos institutos, levando em conta

que ambas são medidas cautelares nominadas que objetivam a apreensão de

bens a serem preservados para servirem aos resultados da futura ou atual

ação principal.

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METODOLOGIA

A presente monografia foi realizada através de livros de doutrina,

selecionando autores consagrados no assunto, conhecimentos adquiridos em

sala de aula, analise de jurisprudências, fazendo breves comentários o arresto

e sequestro cautelar.

A proposta do trabalho é apresentar como o instituto do arresto e

sequestro vem sendo empregado no direito brasileiro.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Arresto Cautelar 10

CAPÍTULO II - Sequestro Cautelar 27

CAPÍTULO III – Semelhanças e diferença 36

do arresto e do sequesto

CONCLUSÃO 40

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 42

ÍNDICE 43

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INTRODUÇÃO

O tema desta monografia é Arresto e sequestro: Aspectos relevantes,

que são duas medidas cautelares específicas previstas no Código de Processo

Civil Brasileiro que visam a apreensão de bens a serem garantido para uma

futura satisfação da ação principal.

O assunto é de grande importância para a área jurídica, sabe-se que o

arresto e sequestro cautelar vêm causando um grande debate nacional.

O problema é saber as distinções e as semelhanças, e os

pressupostos de concessão dos dois institutos.

O objetivo do estudo é apresentar as legislações voltadas para o

assunto discutido, analisar as medidas tomadas pela justiça em relação ao

caso, verificar as características de cada um, analisar os pressupostos de

concessão, apresentar os pressupostos de cabimento, analisar a fase de

execução e seus efeitos.

Embora muitas pesquisas já foram feitas nesta área, mas o debate

persiste, cabe ao direito a tarefa de normatizar o assunto.

Assim, sua realização poderá contribuir para uma reflexão ampla sobre

o problema e, como consequência, fornecendo resposta para que as partes

envolvidas se enfrentem com maior grau de eficácia.

Por esta razão relatada faz-se necessário um estudo profundo sobre o

tema.

O trabalho cabe a esclarecer que o Código de Processo Civil prevê nos

artigos 813 a 887 uma série de medidas cautelares que exigem pressupostos

para que sejam concedidas seguem procedimentos específicos.

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Apresentaremos as diferenças e as semelhanças das duas medidas

assecuratórias.

O arresto está disciplinado nos artigos 813 a 821 do CPC, sendo

medida cautelar que consiste na apreensão judicial de bens indeterminados do

patrimônio do devedor para garantir uma futura execução por quantia certa ou

cumprimento de sentença.

Já o sequestro está elencado nos artigos 822 a 825 do CPC, que é

uma medida cautelar destinada a segurança de coisa litigiosa visando

assegura futura execução para entrega de coisa e que consiste na apreensão

de bem determinado, objeto do litígio, para assegurar entrega, em bom estado,

ao que vencer a causa.

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CAPÍTULO I

ARRESTO CAUTELAR

.

1.1 - Conceito e cabimento

O arresto cautelar é uma medida cautelar típica prevista no Código de

Processo Civil Brasileiro, regulado em seus arts. 813 a 821. Trata-se de

medida de natureza cautelar a qual tem o objetivo de garantir a efetividade do

processo de execução. Pode ser pleiteado em procedimento antecedente ou

incidente. 1

Segundo Humberto Theodoro Júnior, o arresto é a medida cautelar de

garantia da futura execução por quantia certa.

A finalidade da medida cautelar de arresto é proteger pretensões

monetárias, que sejam, ou que venham a ser objeto de demanda judicial

própria. 2

A função do arresto é proteger a tutela de pretensões creditícias

(originais ou não), permitindo a viabilidade da ulterior penhora sobre bens

passíveis de execução. 3

Assegura a viabilidade da futura penhora (ou arrecadação, se tratar de

insolvência), na qual virá a converter-se ao tempo da efetiva execução. 4

1 CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil, Vol. III – 16. Ed. – Rio de Janeiro:

Lumen Juris, 2010, p.99 2 MARINONI, Luiz Guilherme. Processo Cautelar / Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart.Vol.

4 – 3. Ed. – São Paulo : Editora Revista dos Tribunais, p. 205 3 Idem

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Somente haverá perigo para a efetividade da execução quando estiver

estabelecido o receio de que ocorra uma diminuição patrimonial daquele que

será executado. Sendo assim, é cabível o arresto cautelar para que sejam

apreendidos os bens do patrimônio do demandado que sejam suficientes para

garantir a efetividade da futura execução.

As obrigações de fazer, de não fazer ou de entregar coisa que devam

converter-se em perdas e danos (arts. 461,§ 2º, 461-A, §3º, 627 e 633 do

CPC), embora não sejam originariamente prestações monetárias, podem valer-

se do arresto, pela precisa circunstância de que serão futuramente tratadas

como execuções pecuniárias. 5

Definido o conceito de arresto cautelar, temos que diferenciá-lo de outro

instituto homônimo: o aresto previsto no art. 653 do CPC.

Podemos afirmar que o arresto previsto no art. 653, “ex officio” 6·, não

tem natureza cautelar, pois não tem objetivo de proteger a efetividade do

processo de execução; não tem como requisito o fumus boni iuris, mas a

existência de obrigação líquida, certa e exigível, representada por um título

executivo e o arresto do art. 653 é ato destinado a preparar a expropriação do

bem apreendido, sendo medida provisória, que depois irá se converter em

penhora. 7

Lembrando que o arresto cautelar é medida constritiva de direito e

aplica-se normalmente a regra contida no art. 806 do CPC, devendo o

4 THEODORO JÚNIOR, Humberto.Curso de Direito Processual Civil. Vol. II- 45ªEd. – Rio de Janeiro:

Editora Forense, p.556 5 MARINONI. Op. Cit., p. 206 6 THEODORO,Op. Cit., p. 557 7 CÂMARA. Op. Cit., p. 100

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demandante ajuizar a ação principal no prazo de 30 (trinta) dias após a

efetivação da medida.

O art. 813 do CPC arrola as hipóteses em que é cabível o arresto.

Dispõe o citado artigo que:

“O arresto tem lugar: I - quando o devedor sem domicílio

certo intenta ausentar-se ou alienar os bens que possui,

ou deixa de pagar a obrigação no prazo estipulado;

II - quando o devedor, que tem domicílio:

a) se ausenta ou tenta ausentar-se furtivamente;

b) caindo em insolvência, aliena ou tenta alienar bens que

possui; contrai ou tenta contrair dívidas extraordinárias;

põe ou tenta pôr os seus bens em nome de terceiros; ou

comete outro qualquer artifício fraudulento, a fim de

frustrar a execução ou lesar credores;

III - quando o devedor, que possui bens de raiz, intenta

aliená-los, hipotecá-los ou dá-los em anticrese, sem ficar

com algum ou alguns, livres e desembargados,

equivalentes às dívidas;

IV - nos demais casos expressos em lei.”

Deve-se afirmar que mesmo que apresente alguma das hipóteses acima

descritas, tal demonstração não dispensa que o demandante prove a

existência do periculum in mora, ou seja, a causas do arresto previstas no art.

813 não estabelecem uma presunção absoluta da existência do periculum in

mora. 8

Vale esclarecer que o rol de causas previsto no art. 813 do CPC não é

taxativo e, sim, meramente exemplificativo. Sendo assim, havendo qualquer

8 CÂMARA. Op.cit, p.102

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fato inclusive involuntário como a força maior e o caso fortuito que possa causa

prejuízo à efetividade de uma futura execução será cabível o arresto cautelar. 9

Tendo ocorrido alguma causae arresti, terá a lei estabelecido uma

presunção absoluta, iuris et de iure (de direito e por direito) de periculum in

mora.

A cauteralidade do arresto exige que se verifique se ocorre ou não a

situação de perigo no curso do processo principal, que permite a tutela

cautelar.

Neste sentido o ilustre professor Alexandre Câmara informa o seguinte:

“Basta pensar, no caso do devedor sem domicílio certo

que intenta ausentar-se (o que parece como uma causae

arresti prevista no art.813 do CPC) mas deixa bens

suficientes para a satisfação da obrigação. Não há, na

hipótese, qualquer vestígio de periculum in mora, o que

nos leva a concluir que, neste caso, não será cabível o

arresto”. 10

Não temos dúvidas em afirmar que a enumeração do art. 813 é

meramente exemplificativo. Basta, para confirmar este entendimento, verificar

que todas as causae arresti prevista no art. 813 pressupõem ato humano que

seja capaz de gerar para a efetividade do processo uma situação de perigo.

Não se pode, porém, afastar a possibilidade de arresto em casos em que o

perigo seja proveniente de fatos involuntários, como caso fortuito e a força

maior.

9 IDEM 10 CÂMARA. Op.cit, p.101

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Sendo assim, permite a conclusão de que o arresto será cabível toda

vez que houver perigo para a efetividade de um processo de execução por

quantia certa, decorrente de fundado receio de que, no processo executivo,

não sejam encontrados no patrimônio do executado bens suficientes para

assegurar a realização do direito de crédito do exequente.

1.2- Requisitos para concessão

O Código de Processo Civil Brasileiro prevê em seus artigos 813 e 814

requisitos necessários para a concessão da medida cautelar de arresto. No

artigo 813 do referido código, é necessário a prova documental ou justificação

seguintes: “quando o devedor sem domicílio certo intenta ausentar-se ou

alienar os bens que possui, ou deixa de pagar a obrigação no prazo estipulado”

(art.813, I); “quando o devedor, que tem domicílio, se ausenta ou tenta

ausentar-se furtivamente; caindo em insolvência, aliena ou tenta alienar bens

que possui; contrai ou tenta contrair dívidas extraordinárias; põe ou tenta pôr

os seus bens em nome de terceiros; ou comete outro qualquer artifício

fraudulento, a fim de frustrar a execução ou lesar credores” (art.813, II);

“quando o devedor, que possui bens de raiz, intenta aliená-los, hipotecá-los ou

dá-los em anticrese, sem ficar com algum ou alguns, livres e desembargados,

equivalentes às dívidas” (art.813, III); e “nos demais casos expressos em lei”

(art. 813, IV).

O art. 814 do CPC diz que para a concessão do arresto cautelar se faz

necessária a prova literal da dívida líquida e certa” (art.814,I); “prova

documental ou justificação de algum dos casos mencionados no artigo

antecedente” (art.814,II), e completa o artigo dizendo que “equipara-se à prova

literal liquida e certa, “a sentença, líquida ou ilíquida, pendente de recurso,

condenando o devedor ao pagamento de dinheiro ou de prestação que em

dinheiro possa converter-se” (art. 814, §único).

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Quanto a prova literal da dívida líquida e certa deve se dizer que o

demandante deve estar com o documento que represente obrigação por

quantia certa e líquida com os elementos credor, devedor e espécie de

prestação definidos, e líquida (quantum debeatur delimitado). Corresponde à

prova que a doutrina costuma a chamar fumus boni iuris.

Vale notar que o parágrafo único do art. 814 atenua o disposto no

inciso I do mesmo artigo ao permitir a concessão do arresto mesmo quando

não se tenha o titulo executivo devidamente formado (sentença condenatória

ilíquida ou sentença condenatória sujeita a recurso com efeito suspensivo).

Enfim, qualquer documento que represente a existência de dívida líquida

e certa é hábil a fazer exigida pela lei. Bastando contar com prova documental

de dívida reconhecida pelo devedor, ou a ele oponível com verossimilhança. 11

Quanto o rol previsto no art. 813 do CPC é meramente exemplificativo, o

inciso II do art. 814 também deve ser interpretado de forma extensiva e, sendo

assim, para a concessão do arresto cautelar deve o demandante produzir

prova documental ou oral (a ser produzida em audiência de justificação) de

qualquer situação de perigo para efetividade da execução que decorra da

demora da entrega da prestação jurisdicional satisfativa. Trata-se da

demonstração do periculum in mora, “são causae arresti, isto é, os fatos que

autorizam a admitir o fundado temor de que a garantia da futura execução

pode desparecer, frustrando-lhe a eficácia e utilidade.” 12

No tocante à comprovação do fumus boni iuris, o art. 814, inciso I, do

CPC é enfático ao afirmar que é necessária a prova literal da dívida líquida e

certa, embora o professor Alexandre Câmara, em posição contrária ao

entendimento jurisprudencial dominante, defenda a tese de que qualquer meio

11 THEODORO. op.cit, p. 558 12 THEODORO. op.cit. p. 559

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de prova idôneo deve ser aceito para provar a existência de dívida líquida e

certa.

Referente a comprovação do periculum in mora o CPC, no inciso II do

art. 814 admite, além da prova documental, a prova oral, a qual deverá ser

produzida em audiência de justificação (artigo 815 do CPC).

Vale esclarecer que a realização da audiência de justificação não é

obrigatória e, sendo assim, somente será designada caso o juiz entenda que a

prova produzida nos autos não é suficiente para comprovar a existência do

periculum in mora. Ademais, pelo fato do demandado não participar da referida

audiência (prova unilateral), a mesma somente será designada previamente e

com o objetivo de concessão liminar, inaudita altera parte, da medida cautelar

de arresto.

Segundo Alexandre Câmara, O juiz concederá o arresto independente

de justificação, caso a liminar de arresto seja pleiteada por qualquer pessoa

jurídica de direito público (União, Estado, Distrito Federal, Município ou

autarquia) ou caso o credor preste caução (art. 816, II com remissão para o

804 do CPC). Relata o Mestre Alexandre Câmara que:

“Não se pode, porém, concluir deste dispositivo que basta

alguém ir a juízo se dispondo a prestar caução para que

se conceda desde logo, e inaudita altera parte, a medida

cautelar de arresto. Contudo, após a concessão da

liminar, deverá o demandante, no curso da instrução

probatória, demonstrar a presença dos requisitos da

tutela cautelar para que a sentença lhe seja favorável. O

que pretende o dispositivo é permitir a concessão do

arresto em sede de liminar, sem a oitiva do demandado,

em caso em que o juiz não esteja plenamente convencido

da presença dos requisitos de concessão. Na dúvida

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entre fazer mal e logo, e fazer bem e demoradamente,

cabe o juiz optar pela primeira alternativa, concedendo a

medida mesmo sem a realização da audiência de

justificação prévia, em caso em que o demandante afirma

que mesmo o tempo necessário para a realização desta

poria em risco a efetividade do processo de execução.” 13

Conclui-se que, para a concessão do arresto, devem ser apresentados

os requisitos exigidos para a prestação da tutela jurisdicional cautelar: fumus

boni iuris e periculum in mora, podendo o demandante valer-se de todos os

meios de prova juridicamente idôneos para se desincumbir de tal ônus.

Vale destacar entendimento do STJ sobre o arresto e os requisitos de

concessão:

PROCESSO CIVIL. MEDIDA CAUTELAR DE ARRESTO.

SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. A MEDIDA CAUTELAR

TEM A FINALIDADE DE ASSEGURAR O RESULTADO

PRÁTICO E ÚTIL DO PROCESSO PRINCIPAL.

HIPÓTESES CONTEMPLADAS NO ART. 813 DO CPC

QUE NÃO SÃO EXAUSTIVAS, MAS

EXEMPLIFICATIVAS, BASTANDO, PARA A

CONCESSÃO DO ARRESTO, O RISCO DE DANO E O

PERIGO NA DEMORA, COMPROVADOS NO CASO EM

QUESTÃO. SENTENÇA LÍQUIDA, PENDENTE DE

RECURSO, QUE SE EQUIPARA À PROVA LITERAL DA

DÍVIDA LÍQUIDA E CERTA. PRESENÇA DOS

REQUISITOS PARA A CONCESSÃO DO ARRESTO.

ENTENDIMENTO DESTE E. TRIBUNAL ACERCA DO

TEMA. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. RECURSO

13 CÂMARA. Op.cit, p.109

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MANIFESTAMENTE IMPROCEDENTE. APLICAÇÃO DO

ARTIGO 557, CAPUT, DO CPC C/C ARTIGO 31, VIII, DO

REGIMENTO INTERNO DESTE E. TRIBUNAL .” 14

1.3- Bens arrestáveis

O arresto é medida de garantia da execução por quantia certa, onde irá

ocorrer a garantia do juízo através da penhora, é preciso saber quais os bens

arrestados serão futuramente constritos pela penhora.

O objeto do arresto são os bens patrimoniais do devedor, moveis ou

imóveis, desde que satisfeitos o requisito da penhoridade, pois seu fim é

convertê-los em penhora.

São arrestáveis todos os bens penhoráveis, pois o arresto não tem

outra finalidade senão a de tornar viável uma futura penhora.

Observando os artigos 591 e 592 do CPC, prevalece a regra de que só

podem ser apreendidos os bens que integram o patrimônio do responsável no

momento em que se pede a medida cautelar (bens presentes), e aqueles que

vierem a ser adquiridos no curso do processo (bens futuros). Os bens

passados, ou seja, os bens alienados pelo responsável antes da instauração

do processo, só poderão ser arrestados se alienação for fraudulenta e, neste

caso, somente será cabível o arresto após o desfecho, favorável ao credor, de

“ação pauliana”.

Por outro lado, há bens absolutamente impenhoráveis (art. 649 do

CPC) que não podem ser objeto arresto, eis que, por sua impenhorabilidade,

14 APL 1179602820078190001 RJ 0117960-28.2007.8.19.0001, 14ª CC, rel. DES. CLEBE

GHELFENSTEIN, data do julgamento 02.08.2011

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não servem para assegurar a efetividade da execução. Da mesma maneira,

os bens de família também não poderão ser objeto de arresto.

Temos também os bens relativamente impenhoráveis (art. 650 do

CPC) somente podem ser objeto de arresto caso seja demonstrado que o

devedor não possui outros bens suscetíveis de penhora.

Além disso, e ainda em razão do vínculo instrumental que há entre o

arresto e a penhora (art. 821), é de observar-se também o limite quantitativo

previsto no art. 659, ou seja, a constrição deverá cingir-se a tantos bens do

devedor quantos bastem para o pagamento do principal atualizado, juros,

custas e honorários de advogado. Ultrapassando esse limite, haverá excesso

de cautela, que poderá ensejar a redução do arresto (art. 807).

Evidencia-se, outrossim, o direito do devedor de se opor ao arresto

excessivo, pela faculdade que a lei lhe confere de substituir, em qualquer

tempo, o bem arrestado por caução idônea, a qual deverá garantir “a dívida,

honorários de advogado do requerente e custas” (art. 819, II).

O interesse do credor tutelado pela via do arresto não diz respeito,

propriamente, ao bem constrito, mas ao valor que ele representa e, portanto,

será necessário para cumprir-se a futura penhora. Somente no caso de arresto

para preparar concurso universal de credores é que se pode pensar em

apreensão judicial de bens que ultrapassem as forças do direito do credor

requerente.

1.4- Procedimentos de execução do arresto

Proposta a ação, poderá ser concedida medida em caráter liminar

inaudita altera parte deferindo o arresto, cabendo ou não, dependendo do

caso, será precedida de uma audiência de justificação.

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Da decisão que concede ou indefere a medida liminar é decisão

interlocutória, e caberá agravo de instrumento, com fulcro no artigo 522 do

CPC, devido a extrema urgência do pedido.

Citado o demandado, poderá em 05 dias oferecer resposta, seguindo o

procedimento cautelar comum até a sentença. Poderá então, efetuar o

pagamento da dívida ou a substituição da medida por caução.

Prestada a caução substitutiva, poderá o demandado contestar. A

ausência de resposta gera revelia e presume-se como verdadeiras as

afirmações realizadas pelo demandante.

Com ou sem a resposta do demandado, o magistrado vai realizar o

provimento final deste procedimento. Podendo, confirmar (substituir) a liminar

anteriormente concedida, revogá-la, ou ainda, conceder a medida ainda não

deferida.

O artigo 655 do CPC traz a ordem preferencial dos bens a serem

penhorados. Mas não existe no procedimento cautelar o momento adequado

para que sejam indicados os bens que serão apreendidos. Vale destacar, que

não podemos esquecer que a medida cautelar acaba se transformando em

procedimento inicial para que seja efetivada a futura execução de quantia

certa, pela penhora. Além disso, a urgência da demanda é requisito essencial

para o ajuizamento da cautelar de arresto. Não será possível a aplicação deste

artigo, pois a urgência da medida é incompatível com o momento processual

indicado pra essa escolha, sendo ainda, benéfica a surpresa para a efetivação

da medida cautelar.

A forma de executar o arresto, é, por isso, a mesma da penhora, ou

seja, “mediante a apreensão e depósito dos bens” com lavratura do respectivo

“auto” (art. 664), com os requisitos do art. 665. Emprega-se, quando

necessário, a força policial (art. 579).

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O Mestre Humberto Theodoro Júnior relata que:

“A maior diferença prática entre a execução das duas

medidas reside no fato de que o arresto é executado de

plano, sem prévia citação ou intimação do réu”. 15

A decisão que decreta arresto, na linguagem de Pontes de Miranda, 16 é

mandamental.

Independentemente do ordinário procedimento de execução forçada, ela

se cumpre por si mesma, gerando a imediata expedição do mandado de

arresto.

Não há, no mandado de arresto, preceito algum: nem a prévia intimação

do réu para adimplir uma obrigação, pois na verdade, nem a citação para a

solução do débito, pois não tende a ação cautelar à satisfação do credito do

autor. Não ocorre, tampouco, a concessão de um prazo para nomeação de

bens pelo devedor.

Por outro lado, na maioria dos casos, o sucesso do procedimento

cautelar depende justamente do segredo e da surpresa.

Torna-se, porém, ipso jure ineficaz o arresto que não for executado, pela

parte, no prazo de trinta dias, conforme o art. 808. Suspende-se o prazo,

todavia, se há obstáculo judicial ou embaraço criado pela parte contrária.

15 THEODORO. Op.cit, p.564 16 THEODORO. Op. cit., p. 564 apud. Pontes de Miranda, Comentários ao Código de Processo Civil,

v.VIII, 1959, p. 337.

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1.5- Efeitos

Com o arresto surge nova situação jurídica para o bem apreendido, que

fica sujeito à guarda judicial e vinculado a prestação jurisdicional para

satisfazer o processo principal.

O arresto tem dois efeitos muito importantes:

a) a afetação do bem apreendido à futura execução. Isto porque, na

execução, o bem arrestado será efetivamente penhorado. Pode

ocorrer, que na execução o demandante prefira executar outro

bem.

b) a perda da posse direta sobre o bem arrestado. O demandado

continua com a propriedade e posse indireta do bem, ficando o

Estado-juiz com a posse direta, sendo o bem entregue ao

depositário judicial.

c) o direito de preferência dos credores em relação ao bem

penhorado.

O bem arrestado pode ser vendido pelo demandado, pois, a

propriedade do bem não é afetada pelo arresto, podendo ser assim, alienado.

Porém, diante desta alienação não estará o bem vendido livre da

responsabilidade patrimonial do arresto ou da penhora, podendo, mesmo que

alienado, ser atingindo pela futura execução.

Para Humberto Theodoro Júnior e Alexandre Câmara, o direito de

preferência nascido da penhora retroagirá á data do arresto se, naquela data,

já era possível a instauração do processo executivo, e em caso contrário o

efeito apenas vai retroagir ao momento em que tal procedimento era possível.

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A conversão do arresto em penhora está previsto no artigo 818 do

Código de Processo Civil, in verbis:

“ julgada procedente a ação principal, o arresto se resolve

em penhora.”

Todavia, o dispositivo em questão merece certa cautela. De início, não é

certo dizer que o arresto se converte em penhora pelo simples julgamento de

procedência da ação principal. Sabe-se que, a penhora só é realizada após o

início da faze do cumprimento da sentença, que depende de provocação do

credor (art. 475-J). Desse modo é natural que o arresto não possa, de

imediato, simplesmente com o julgamento de mérito da ação principal,

transformar-se em penhora, sem que o credor tenha dado início à satisfação

judicial do seu crédito.

Por conta disso, a conversão do arresto em penhora somente se dá no

momento oportuno, ou seja, depois de esgotado o prazo para o pagamento

voluntário da dívida – quinze dias contados da incidência da eficácia

condenatória sobre o réu – e, mais precisamente, depois da formulação do

requerimento pelo credor, na forma do que prescreve o art. 475-J do CPC.

Com efeito, no cumprimento da sentença, o requerimento inicial se presta para

efetuar a penhora de bens do devedor - não há prazo para o pagamento

voluntário do devedor depois de iniciada a fase do cumprimento – de modo

que, havendo anterior arresto, o requerimento deve dirigir-se para a conversão

dos bens arrestados em penhora.

Se o arresto pudesse perdurar eternamente, até ser convertido em

penhora, como quer o art. 818 do CPC, ter-se-ia situação em que o patrimônio

do devedor estaria indispensável por tempo indefinido, a único critério do

credor.

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Conclui-se que, transitada em julgada a sentença condenatória, que é

o momento em que de modo definitivo, o efeito condenatório se expressa

contra o devedor, terá o credor o prazo de trinta dias (art. 806 do CPC) para

requerer o início do cumprimento da sentença, ou para pedir a liquidação da

dívida, a fim de manter a constrição de bens decorrente do arresto.

Não requerido o início da fase de cumprimento de sentença nesse

período (ou não promovida a liquidação do quantum debeatur), é de se concluir

que o credor não tem mais interesse na indisponibilidade cautelar dos bens do

devedor, de modo que a medida não mais se justifica.

1.6- Extinção da medida cautelar de arresto

O art. 820 do CPC menciona as hipóteses de extinção da medida

cautelar de arresto, in verbis:

Art.820- “Cessa o arresto:

I - pelo pagamento;

II - pela novação;

III - pela transação.”

A relação legal refere-se a causas específicas de extinção do arresto.

A esta devem ser acrescidas as causas genéricas de cessação de eficácia de

todas medidas cautelares previstas no artigo 808.

Uma característica desses três institutos que acarretam a extinção do

arresto, é que todos eles são causas de extinção da própria obrigação que é

matéria de Direito Civil. Portanto, todas as demais causas que extinguem a

obrigação que se iria exigir numa demanda principal dão ensejo ao

desaparecimento da medida de arresto.

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O pagamento, a novação, a remissão, a renúncia e a transação são

formas liberatórias da dívida, que extinguem a pretensão de direito material

que seria disputada na ação principal. Desaparecendo a ação de mérito, a

fortiori perde-se o objeto da ação cautelar, que visaria tutelar a eficiência e

utilidade daquela. Tal eficácia extintiva opera-se quer o procedimento cautelar

esteja em curso, pendente o julgamento, quer já se ache encerrado por

sentença passada em julgado.

No artigo 819 menciona as causa de suspensão do arresto, in verbis:

“Ficará suspensa a execução do arresto se o devedor:

I - tanto que intimado, pagar ou depositar em juízo a

importância da dívida, mais os honorários de advogado

que o juiz arbitrar, e custas;

II - der fiador idôneo, ou prestar caução para garantir a

dívida, honorários do advogado do requerente e custas.”

Observe que o artigo 819 indicou as causas de suspensão e no artigo

820, as de cessação do arresto, havendo em comum o traço de extinção da

dívida pelo pagamento ou pelo depósito da importância a que tem direito o

credor.

Entretanto, não podemos confundir o inciso I do artigo 819, com o

inciso I do artigo 820, ambos do CPC. O primeiro é aquele onde o arresto já foi

deferido, porém não efetivado, o demandado então, com o fim de se evitar a

efetivação dessa medida realiza o pagamento. Já o segundo, refere-se

naquele onde a medida já foi efetivada e o demandado, para se livrar da

medida constritiva, oferta o pagamento, cessando-a.

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Extingue o arresto quando a mesma não é mais necessária para a

efetividade do processo. Entretanto, ao se penhorar o bem a ser executado já

não será mais necessária a medida cautelar.

Forma especial de cessação do arresto é a da exaustão de seu

objetivo, que se dá quando procedente a ação principal, a medida resolve-se

em penhora (art.818).

Por fim, toda vez que não estiver presente o fumus boni iuris e

periculum in mora, restará extinto o arresto por sua total desnecessidade.

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27

CAPÍTULO II

SEQUESTRO CAUTELAR

.

2.1 - Conceito e cabimento

O sequestro está contido no Livro III, destinado ao Processo Cautelar,

com as suas disposições estabelecidas nos artigos 822 a 825 do Código de

Processo Civil.

Segundo a definição do ilustre Humberto Theodoro, o “sequestro é a

medida cautelar que assegura futura execução para entrega de coisa e que

consiste na apreensão de bem determinado, objeto do litígio, para assegurar

entrega, em bom estado, ao que vencer a causa.” 17

O sequestro para o citado Mestre tem por objeto “conservar a

integridade de uma coisa sobre o qual versa disputa judicial, através do

desapossamento, de modo a ser preservada de danos, deterioração e

depreciação.” 18

Para o doutrinador Luiz Fux, o conceito de sequestro “é medida de

constrição sobre o bem determinado e tem como escopo garantir a utilidade

prática do processo, cujo o resultado implique a entrega de coisa

determinada.” 19

A medida consiste em retirar da administração ou posse do Requerido,

os bens ou direitos em litígio, depositando-o em mãos de um terceiro, ou do

17 THEODORO. Op.cit, p.568 18 THEODORO. Op.cit, p.568 19 FUX, Luiz. Curso de Direito Processual Civil, Volume II. 5ª edição. Rio de Janeiro: Editora: Forense,

p. 394e395

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próprio requerente, até a decisão final que defina o direito e a posse de cada

qual dos demandantes. Será o caso de depositá-las em poder de terceiro (art.

824,I) ou uma das partes oferecendo garantia (art. 824, II).

Relata o artigo 824, I do CPC, in verbis:

“Incumbe ao juiz nomear o depositário dos bens

seqüestrados. A escolha poderá, todavia, recair:

I - em pessoa indicada, de comum acordo, pelas partes; "

Neste caso, tira-se a coisa da esfera do poder dos litigantes,

depositando-a em mãos de terceiro, como depositário fiel, que ficará

responsável pela coisa até o término do litígio.

O citado artigo, diz que o depositário será escolhido pelas partes em

litígio. Não havendo acordo entre os litigantes, caberá ao juiz a escolha do

depositário dando-se preferência ao Depositário Judicial onde houver, ou não

havendo a terceiro idôneo.

Informa o artigo 824, II do CPC que:

“Incumbe ao juiz nomear o depositário dos bens

seqüestrados. A escolha poderá, todavia, recair:

II - em uma das partes, desde que ofereça maiores

garantias e preste caução idônea”

Se uma das partes quiser ficar como depositária, deverá prestar caução

real ou fidejussória de ressarcir a outra em caso de prejuízo.

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Havendo ofertas de garantias iguais, caberá ao Juiz decidir com quem

ficará a coisa até a solução do litígio.

.

O Código de Processo Civil determina os casos de cabimento do

sequestro. Diz o artigo 822 que:

“O juiz, a requerimento da parte, pode decretar o

sequestro:

I - de bens móveis, semoventes ou imóveis, quando

lhes for disputada a propriedade ou a posse, havendo

fundado receio de rixas ou danificações;

II - dos frutos e rendimentos do imóvel reivindicando,

se o réu, depois de condenado por sentença ainda

sujeita a recurso, os dissipar;

III - dos bens do casal, nas ações de separação judicial

e de anulação de casamento, se o cônjuge os estiver

dilapidando;

IV - nos demais casos expressos em lei.”

Quanto o rol dos incisos do referido artigo existe divergências acerca

da sua natureza taxativa ou exemplificativa.

Há autores, como Baptista da Silva, que interpretam de forma restritiva

tal artigo, considerando o mesmo de enumeração taxativa e, portanto, toda vez

que se fizer necessária uma medida cautelar em que se busque assegurar a

efetividade de uma execução para entrega de coisa certa que não esteja

prevista no rol do art. 822, o juiz deve se valer do Poder Geral de Cautela,

deferindo um “sequestro atípico”.

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Já Humberto Theodoro, dentre outros, afirmam ser exemplificativos os

casos do artigo 822 do CPC, sendo cabível sequestro toda vez que houver

fumus boni iuris e periculum in mora, fazendo necessário, pois, assegurar a

efetividade de uma execução para entrega de coisa.

Não obstante o que foi afirmado, passemos ao estudo sistemático do

artigo 822 do CPC.

O inciso I afirma que caberá sequestro de bens móveis, semoventes

ou imóveis, quando lhes for disputada a propriedade ou a posse, havendo

fundado receio de rixas ou danificações.

De acordo com entendimento jurisprudencial abaixo, o sequestro é

permitido para evitar rixas entre as partes, vejamos:

MEDIDA CAUTELAR - SEQÜESTRO - POSSIBILIDADE

DE RIXA E DANOS AO IMÓVEL - A expressão "rixa" do

art. 822, I, do CPC refere-se a quaisquer confrontos

físicos que possam envolver as partes do processo ou

terceiros em disputa pelo imóvel. (STJ - REsp 43.248 -

SP - 38 T - ReI. Min. Carlos A Menezes Direito - DJU 02.

12. 1996).

SEQÜESTRO - Viabilidade no juízo divisório, cujo

procedimento é inteiramente contencioso - Concessão

condicionada ao preenchimento dos requisitos do artigo

822, inciso I, do Código de Processo Civil, desimportando

a existência de mero litígio - Fundado receio de rixa, que

pressupõe confronto físico entre condôminos e terceiros,

que deve ser inferido de dados concretos, não se

prestando a tanto o mero temor subjetivo - Ausência, ao

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menos por ora, de prova do periculum in mora, da

probabilidade do risco de dano jurídico iminente -

Inviabilidade do pedido - Recurso improvido. (TJSP - AC

84.147-4 - Presidente Prudente - 38 CDPriv. - ReI.

Waldemar Nogueira Filho - J. 28091999 - vu) .

Em primeiro lugar, no sentindo de verificar se apesar do inciso dispor

sobre posse e propriedade, outros casos que tenham como fundamento uma

posição jurídica de vantagem, que de forma mediata, atinjam o domínio da

coisa.

Alexandre Câmara e Álvaro de Oliveira entendem que qualquer

demanda que atinja o domínio, e não apenas as que discutam diretamente a

posse e propriedade, darão ensejo à medida de sequestro com base neste

inciso. Já o ilustre Ovídio Baptista, entende que apenas as que discutam posse

e propriedade poderão ser fundamentadas neste inciso e, desta feita, nas

ações em que a posse e a propriedade sejam o objeto mediato, o demandante

deverá recorrer a uma medida cautelar inominada.

Ao coibir a rixas entre as partes, a lei está preocupada com a paz

social, que é o maior objetivo no processo.

Assim a proteção cautelar visa diretamente à tutela das pessoas, da

qual a medida da apreensão da coisa é, na espécie, apenas instrumento.

O conceito de danificação como ameaça sofrida pelo bem litigioso

deve ser entendido em sentido lato como danificação jurídica, de modo a

compreender não apenas a deterioração física, mas também o seu

desaparecimento ou desvio, casos em que as danificações referir-se-ão ao

direito ou interesse das partes e não a materialidade do bem.

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Sendo assim, o receio de rixas e danificações deve, outrossim, ser

fundado, isto é, ser inspirado em dados objetivos que autorizem a admissão de

sua probabilidade.

Logo em seguida, o inciso II diz que caberá sequestro dos frutos e

rendimentos do imóvel reivindicando, se o réu, depois de condenado por

sentença ainda sujeita a recurso, os dissipar. A hipótese é diversa da anterior.

O presente inciso é criticado demais. Em primeiro lugar, não só o imóvel

poderá render frutos e rendimentos, os móveis podem também os semoventes.

A duas, não condiz com a satisfação cautelar a afirmação de que só após a

prolação da sentença e enquanto estiver tal processo sujeito a recurso é que

se poderá sequestrar os frutos e rendimentos do bem imóvel. Ademais, artigo

798 do CPC estabelece que toda vez que houver os requisitos fumus boni iuris

e periculum in mora, poderá ser deferida medida cautelar para afastar o perigo

da demora.

Por fim, só quando dissipados poderão os frutos e rendimentos ser

sequestrados. Também não podemos admitir tal redação, já que ao se prever

que esses frutos e rendimentos serão dissipados, poderá o interessado,

pleitear medida de sequestro, para que se evite qualquer espécie de dano,

como, ameaça de dissipação, ocultação, alienação ou destruição.

Já o inciso III refere-se à possibilidade de se realizar sequestro nos bens

do casal nas ações de separação judicial e de anulação de casamento, se o

cônjuge os estiver dilapidando. Em primeiro lugar, para que essa medida seja

pedida é necessário que a esteja em curso a demanda onde se pretende

desconstituir o vínculo conjugal (separação judicial). Pode afirmar que não,

podendo a mesma ser ajuizada de forma antecedente. Em contrapartida, é no

sentido que só quando ajuizada tais ações é que se poderá sequestrar os bens

do casal.

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Não apenas os bens em comum (ou seja, sobre bens que integrem a

comunhão), mas também os próprios (o patrimônio de apenas um dos

cônjuges) poderão ser objeto de sequestro.

E da mesma forma que estudamos no inciso anterior, não precisa estar

dilapidando o patrimônio, a mera possibilidade real, já dará azo a medida.

O inciso IV, o último a ser estudado, prevê genericamente a

possibilidade de sequestro nos demais casos previsto em lei. Como exemplo,

temos o artigo 1.016, § 1º do CPC. Não se pode deixar de lembrar ainda uma

vez que a enumeração do artigo 822 é meramente exemplificativa, e caberá a

decretação do sequestro toda vez que, presente o fumus boni iuris e o

periculum in mora, se fizer necessário assegurar a efetividade de execução

para entrega de coisa certa.

2.2- Requisitos de Concessão

Como as demais medidas cautelares, o sequestro também será

necessário sempre o fumus boni iuris e periculum in mora. Em outros termos,

será preciso sempre uma probabilidade de existência do direito material

alegado, direito este que deve ser sempre a prestação de entrega de coisa

certa, além do risco de lesão grave, de difícil ou impossível reparação.

O uso do sequestro não é uma simples faculdade da parte. Incumbe

sempre, ao promovente o ônus de demostrar , inclusive initio litis, nos casos de

medida liminar, a ocorrência dos requisitos legais do sequestro, isto é, o temor

de dano jurídico iminente, representado pela verificação de algum dos fatos

arrolados na lei (artigo 822,I a IV do CPC). E também, O interesse na

preservação da situação de fato , enquanto não advém a solução de mérito, o

que corresponde ao fumus boni iuris, segundo a doutrina clássica.

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A prova desses requisitos há de ser feita, como no arresto, mediante

documentos ou através de justificação prévia em segredo de justiça,

admitindo-se, em casos de real urgência a substituição dela por caução

idônea.

Insta deixar claro que não é necessário adotar o conceito do

“sequestro atípico”, utilizada por alguns doutrinadores, pois, como afirmamos, a

medida cautelar apreensão de bem que tem por objetivo assegurar a

efetividade de uma execução de entrega de coisa certa será sempre o

sequestro. Neste caso, bastará que estejam presentes os requisitos: fumus

boni iuris e periculum in mora, deverá o juiz determinar o depósito judicial, para

assegurar o resultado útil da referida execução. Relata o Mestre Alexandre

Câmara que:

“Torna-se, pois, desnecessário adotar o conceito de

sequestro atípico, sustentando por respeitável setor da

doutrina para assegurar a efetividade da execução por

entrega de coisa certa nas hipóteses que não se

enquadrassem nos incisos do artigo 822 do Código de

Processo Civil. Toda vez que houver risco para a

efetividade de uma execução para entrega de coisa,

estando também presentes o fumus boni iuris, deverá o

juiz determinar o depósito judicial da coisa, para

assegurar o resultado útil da referida execução. Este

depósito judicial, qualquer que seja o nome que se lhe dê,

será – em verdade – um sequestro.” 20

O vigente Código de Processo Civil estabelece as causas em que é

cabível o sequestro, não apenas as situações descritas no artigo serão as

únicas que poderão ser consideradas aptas para ensejar o deferimento da

20 CÂMARA, op.cit., p. 131.

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medida de sequestro. Portanto, qualquer situação que contenha os dois

requisitos fumus boni iuris e periculum in mora e que coloque em risco uma

execução de entrega de coisa certa, poderá ser acautelada com a medida de

sequestro.

O sequestro sempre depende da provocação da parte, é cabível sobre o

bens móveis, semoventes ou imóveis, quando lhes for disputada a propriedade

ou a posse, havendo fundado receio de rixas ou danificações, sobre frutos e

rendimentos do imóvel reivindicando, se o reú depois e condenado por

sentença ainda sujeita a recurso, os dissipar, dos bens do casal, nas ações de

separação judicial e de anulação de casamento, se o cônjuge os estiver

dilapidando, além dos demais casos expressos em lei.

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CAPÍTULO III

SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS DO ARRESTO E DO

SEQUESTRO

3.1- Disciplina em comum

Existem semelhanças entre o arresto e o sequestro, pois ambas são

medidas cautelares nominadas que objetivam a apreensão de bens a serem

preservados para servirem aos resultados da futura ou atual ação principal.

É muito comum a confusão entre as duas medidas cautelar de arresto e

sequestro. Mas, ambas são medidas de apreensão de bens para assegurar o

resultado útil de uma futura execução.

Determina o artigo 823 do Código de Processo Civil que aplica-se ao

sequestro, no que couber, o que é estabelecido para ao arresto. Já sabemos

que o arresto se presta para apreender bens do demandado para que seja

possível a execução por quantia certa, enquanto o sequestro vai servir para

garantir uma execução de entrega de coisa certa.

O arresto incide em bens indeterminados enquanto o sequestro em

bens determinados.

Sendo assim, não se aplica ao sequestro a possibilidade de apreensão

de bens indeterminados do demandado, pois, o que se pretende no sequestro

é assegurar a execução específica da entrega de um determinado bem.

O Mestre Alexandre Câmara defini sequestro como a “medida cautelar

de apreensão de bens que se destina a assegurar a efetividade de futura

execução para entrega de coisa certa.” Logo podemos observar uma

diferença característica entre arresto e sequestro, enquanto o primeiro se

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presta para garantia de uma execução de quantia certa, ou segundo será

adequado quando a execução for de entrega de coisa certa.

O arresto tem como objetivo de conservar a integridade de uma coisa

sobre que versa a disputa judicial, preservando-a de danos, de depreciação ou

deterioração.

O sequestro atua na conservação da integridade da coisas sobre que

versa a disputar judicial, preservando-as de danos.

Porém, sendo tal tutela satisfativa destinada a realizar um crédito de

quantia em dinheiro, a medida cautelar a ser empregada será arresto.

Tratando-se de tutela satisfativa de uma pretensão à entrega de coisa, a

medida cautelar é de sequestro.

O arresto assegura a penhora, enquanto o sequestro não irá,

necessariamente assegurar um futuro ato de depósito judicial da coisa a ser

feita em execução forçada. 21

Também, pelo mesmo motivo, não é possível no sequestro a

substituição do bem apreendido por caução ou outra menos gravosa para o

demandado (art. 805 do CPC).

Há a possibilidade de designação de audiência de justificação prévia

no sequestro, sendo que esta possibilidade deriva do 804 do CPC, e não do

art. 814, inciso II do mesmo código, eis que a audiência de justificação prévia

prevista no art. 815 destina-se à comprovação das causae arresti previstas no

art. 813.

21 CÂMARA, op. cit., p.127

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Pelo mesmo motivo acima mencionado, é inaplicável ao sequestro o

disposto no art. 816, pois a caução mencionada no inciso II do referido artigo

se destina a suprir a falta de prova de algum dos pressupostos de natureza

subjetiva, referentes ao devedor, para concessão do arresto, não sendo

possível sua extensão para o sequestro. Na prática, o juiz deve designar a

audiência de justificação quando não estiver convencido dos argumentos do

demandante, ou então, convencido da existência ou inexistência do fumus boni

iuris e do periculum in mora, defere ou indefere a liminar.

Inaplicável também ao sequestro o teor do art. 819 do CPC, pois o

sequestro visa assegurar a efetividade de execução de entrega de coisa e,

portanto, não se submete a critérios que são próprios de execução de quantia

certa.

Na realidade, a norma do art. 823 do CPC quer dizer que o modus

procedendi aplicado ao arresto também poderá ser aplicado ao sequestro,

desde que se respeite a natureza de seus institutos.

3.1.2- Distinção entre arresto e sequestro

Tanto o aresto como o sequestro são medidas cautelares onde há a

apreensão física de coisas pelo Estado-Juiz e o depósito do bem apreendido

nas mãos daquele que será denominado depositário judicial.

Contudo, não podemos deixar de distinguir tais medidas.

A aproximação de tal medidas é tão inegável que o artigo 823 do CPC

dispõe que, ao que couber, será aplicado ao sequestro o que rege o arresto.

Porém a diferença mais evidente está no objeto. Pois, o arresto visa

assegurar futura execução por quantia certa, enquanto o sequestro visa

assegurar futura execução de entrega de coisa certa.

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O arresto pode incidir sobre bens indeterminados do devedor, não há

litígio sobre a coisa em que incide o arresto (sabe-se quem é o dono). Ao

passo que, no sequestro, a medida somente pode recair sobre um bem

determinado (bem litigioso), há dúvidas de quem seja o dono da coisa, assim,

a coisa é litigiosa.

Enquanto o arresto constitui medida de conservação de bens

patrimoniais do devedor para assegurar futuro pagamento em dinheiro, o

sequestro representa providência de preservação de coisa cuja entrega "in

natura" é pretendida pelo requerente. Portanto, no arresto não interessa ao

requerente o bem em si, mas sim a sua representação monetária para a

garantia do pagamento do crédito que está ou será exigido em execução

forçada.

O artigo 731 do CPC que prevê a efetivação de um sequestro para

assegurar o resultado útil de uma execução por quantia certa (execução contra

a Fazenda Pública), quando se verifica no arresto, o artigo 45 da Lei nº

6.024/74 que dispõe sobre a intervenção e a liquidação extrajudicial das

instituições financeiras que prevê o cabimento de sequestro como medida

para efetivação efetivação da responsabilidade, ainda em seu paragrafo 2º

deste mesmo artigo, há correção do termo do caput fazendo referência ao

arresto.

Outra distinção é o artigo 125 e seguintes do Código de Processo Penal,

alguns doutrinadores vêem como uma mistura de arresto e sequesto, para

outros distingue na lei processual penal entre sequestro (art. 125 a 133) e

arresto, impropriamente denominado sequestro pelo CPP, previsto nos artigos

136 e 144. Já o ilustre Alexandre Câmara relata que “a medida cautelar

regulada nos artigos 125 a 133 do CPP é arresto, apesar de ser chamada de

sequestro pela lei processual penal.”

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CONCLUSÃO

Concluir o presente trabalho monográfico foi muito prazeroso, por ser

um tema de meu encanto.

Cabe que o principal objetivo é esclarecer sobre as medidas cautelares

de arresto e sequestro, apontando seu conceito e aplicabilidade.

As medidas acautelatórias visam a constrição de bens até que o

resultado da ação principal. Podem ser de caráter incidental ou preparatório.

O arresto e o sequestro são medidas cautelares típicas, ou seja, estão

definidos no Código de Processo Civil entre os artigos 813 a 821 (arresto) e

822 a 825 (sequestro).

As condições de ação e os pressupostos processuais de procedência

são o fumus boni iuris e o periculum in mora.

O arresto e o sequestro têm suas distinções e semelhanças. O Arresto

pode ser de caráter incidental como preparatório, logo após ser julgada

procedente a ação principal, será passado para penhora.

O requisito para a medida cautelar de arresto é que haja a prova literal

da dívida, para que seja requerido quais quer bens do devedor. Diferindo do

sequestro, que só recai na coisa litigiosa.

No sequestro, não é exigido a prova literal da obrigação e pode ser

requerido de forma incidental como em caráter preparatório.

Assim, as medidas cautelares de arresto e sequestro são essenciais

para os operadores e estudantes de Direito, pois é muito utilizado no processo

civil.

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É importante destacar que a monografia foi realizado através de

pesquisas em livros de doutrina especializado no tema abordado.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil. Volume III. 16ª

Edição. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2010.

DONIZETTI, Elpídio. Curso Didático de Direito Processual Civil. 11ª Edição.

Rio de Janeiro: Ed. Lúmen Júris, 2009.

THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Volume II.

45ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2010.

MARINONI, Luiz Guilherme. Processo Cautelar. Volume IV. 3ª Edição. São

Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011.

Vade Mecum Universitário de Direito. 10ª Edição. São Paulo: Rideel, 2011.

www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=4859

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02

AGRADECIMENTO 03

DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05

METODOLOGIA 06

SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

ARRESTO CAUTELAR 10

1.1 – Conceito e cabimento 10

1.2 – Requisitos para concessão 14

1.3 – Bens arrestáveis 18

1.4 – Procedimento de execução do arresto 19

1.5 – Efeitos 22

1.6 – Extinção da medida Cautelar de arresto 24

CAPÍTULO II

SEQUESTRO CAUTELAR 27

2.1 – Conceito e cabimento 27

2.2 – Requisitos de concessão 31

CAPÍTULO III

SEMELHANÇA E DIFERENÇA DO ARRESTO

E DO SEQUESTRO 36

3.1 – Disciplina em comum arresto e do sequestro 36

3.1.2 – Distinção do arresto e do sequestro 38

CONCLUSÃO 40

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 42

ÍNDICE 43