universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato … · financeiras e outras entidades ligadas...

50
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA AS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS E A OFERTA DE CRÉDITO CONSCIENTE Por: Aline Rosa Yamashita Orientador Prof. Ana Claudia Morrissy Rio de Janeiro 2012

Upload: others

Post on 25-Aug-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

AS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS E A

OFERTA DE CRÉDITO CONSCIENTE

Por: Aline Rosa Yamashita

Orientador

Prof. Ana Claudia Morrissy

Rio de Janeiro

2012

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

AS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS E A

OFERTA DE CRÉDITO CONSCIENTE

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Gestão em Instituições

Financeiras

Por: Aline Rosa Yamashita

3

DEDICATÓRIA

Dedico a monografia ao meu querido pai

Elio, que sempre me incentiva a nunca

deixar de aprender.

4

RESUMO

É inegável a crescente expansão do crédito na economia brasileira.

Porém, estamos falando de uma população inexperiente.

Infelizmente ainda não possuímos em nossa cultura o conceito de

educação financeira tão comum em países mais desenvolvidos, em que se

aprende na escola como relacionar-se com o dinheiro.

Por isso, a conscientização do uso do crédito é de vital importância

para romper a explosão da inadimplência vivenciada atualmente pelos

consumidores.

Neste cenário, as instituições financeiras possuem um papel central,

uma vez que o crédito no Brasil é usado, sobretudo, para o consumo e não

para empreender.

5

METODOLOGIA

Este estudo apresenta como objetivo analisar o papel das instituições

financeiras na disponibilização do crédito, com vistas a responder como essa

oferta pode ser realizada aos consumidores de forma consciente uma vez que,

em sua grande maioria não possuem nenhuma forma de educação financeira.

A localização do material para estudo se deu junto aos sites das

instituições financeiras – Caixa Econômica Federal, Itaú-Unibanco e HSBC,

juntamente com consulta as páginas do Banco Central e Febraban (Federação

Brasileira de Bancos), além de notícias publicadas em páginas dos jornais

locais, que possibilitaram uma leitura exploratória bastante diversificada.

Inicialmente, todo material foi extraído e salvo em arquivos ordenados

por assuntos e grau de pertinência para que, posteriormente, fossem

analisados criteriosamente. Feita esta analise, tornou-se possível o

desenvolvimento do estudo ora proposto.

6

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 07

CAPÍTULO I - A Nova Classe C e a Oferta

do Crédito 09

CAPÍTULO II - O Poder do Crédito 15

CAPÍTULO III – A Oferta de Crédito X

Inadimplência 26

CAPÍTULO IV – CRÉDITO CONSCIENTE 29 CONCLUSÃO 35

ANEXOS 38

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 46

ÍNDICE 48

FOLHA DE AVALIAÇÃO 50

7

INTRODUÇÃO

Com a forte expansão do crédito nos últimos anos, instituições

financeiras e outras entidades ligadas ao setor começam a fazer movimentos

para estimular o consumo consciente dos empréstimos.

Os motivos para a ampliação dessas iniciativas são basicamente dois:

educar o cliente e - consequentemente - evitar a explosão da inadimplência.

A Federação Brasileira de Bancos afirma que o crédito consciente tem

sido tema recorrente nas reuniões da entidade.

Segundo Fábio Moraes, diretor de educação financeira da Febraban, é

necessário despertar nas instituições a preocupação de que eles têm de

educar o consumidor para que o crédito não o prejudique.

Vale ressaltar que o interesse dos bancos pelo crédito consciente se dá,

sobretudo por causa da forte entrada das classes C no setor bancário.

A redução dos juros, anunciada pelos bancos públicos e privados, tem

possibilitado ao consumidor não somente menores taxas e mais vantagens na

obtenção de crédito, mas também um maior poder de barganha; de conseguir

obter mais benefícios das instituições financeiras. Essas mudanças também

têm dado início a uma importante transformação no relacionamento das

instituições financeiras com os clientes, onde aspectos como serviços

ofertados e tratamento personalizado podem ser diferenciais relevantes para a

fidelização do consumidor, que hoje possui mais liberdade para escolher quem

melhor lhe atende.

O desafio seria então, como ter retorno da oferta do crédito junto a uma

população inexperiente.

8

Para isso, as iniciativas dos bancos são, em geral, muito semelhantes:

Cartilhas, sites específicos, vídeos e prospectos mais curtos.

Podemos perceber que, a intenção de educar o cliente, também está

relacionada a uma tentativa de fidelização do mesmo e de um estreitamento

das relações cliente x banco. Se não há crédito consciente, poderá haver

inadimplência e a possibilidade de perda do cliente.

9

CAPÍTULO I

A NOVA CLASSE C E A OFERTA DO CRÉDITO

Com crescimento da economia brasileira nossa sociedade está

assistindo também a ascensão de classes sociais, consideradas anteriormente

como menos favorecidas.

Atualmente, a população classificada como "classe C" nas estatísticas

oficiais (como, por exemplo, o Censo do IBGE) já representa mais da metade

dos brasileiros. Este crescimento é reflexo de uma série de mudanças

socioeconômicas como o aumento do acesso ao crédito, da taxa de emprego e

da distribuição de renda.

1.1 - A importância econômica da classe C

É fato que a importância econômica da classe C está aumentando:

estudos especializados indicam que em 2015 representará um percentual

equivalente às classes A e B somadas, e que em 2020 será responsável por

cerca de 40% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Esta ascensão

remonta ao tempo do Plano Real, mas apenas agora começa a ser percebida

de forma mais clara.

Este fenômeno social pode ser compreendido como resultado da

atuação conjunta de fatores como o controle da inflação, diminuição nas taxas

de juros, políticas para facilitação de financiamento de bens duráveis e de

consumo e, mais recentemente, políticas públicas para redistribuição de

renda.

Em outras palavras, por meio de um conjunto de medidas econômicas e

políticas, uma parcela significativa da população brasileira adotou um novo

padrão de qualidade de vida e consumo, tendo acesso a bens e serviços até

10

então inacessíveis, como carro próprio, eletrodomésticos, computador, telefone

celular e até mesmo viagens aéreas e pacotes de turismo.

Em oito anos, de 2003 a 2011, 40 milhões de pessoas passaram das

classes D e E para a C no Brasil, segundo dados da FGV (Fundação Getúlio

Vargas), do Rio de Janeiro.

Apenas 31 países no mundo têm população maior que essa,

equivalente à da Argentina ou à da soma dos habitantes da Dinamarca, da

Finlândia, da Noruega, da Irlanda, da Nova Zelândia e da Holanda.

A classe média, ou classe C, como definem os institutos de pesquisa,

representa hoje 54% da população brasileira. Na política, ela pode, sozinha,

selar uma eleição. Na economia, transforma um pequeno investimento em um

negócio gigante.

1.2 - Mas afinal, quem é a nova classe média brasileira?

A Secretaria de Assuntos Estratégicos da Previdência da República

(SAE) tentou criar um critério oficial. Anunciou, no final de maio deste ano, que,

para o governo federal, está na classe média a pessoa que vive em uma

família cuja renda mensal per capita varia de R$ 291 a R$ 1.019. Ou seja, se a

soma dos salários e rendimentos de quatro pessoas de uma família superar R$

1.164 por mês, todos serão considerados de classe média.

Já para o Centro de Políticas Sociais da FGV do Rio, é de classe média

a pessoa que faz parte de uma família cuja renda total varia de R$ 1.200 a R$

5.174.

De acordo com Márcio Pochmann, ex-presidente do IPEA (Instituto de

Pesquisa Econômica Aplicada) definir a classe média a partir da renda é uma

deturpação dos conceitos sociológicos -- correto seria dizer que houve no

11

Brasil, nos últimos anos, um aumento da classe trabalhadora com a criação e

formalização de empregos.

Pochmann diz que:

"As reivindicações da classe média e da classe trabalhadora são muito diferentes. Quem vai lutar pelo SUS (Sistema Único de Saúde), quem vai lutar pela escola pública? Só a classe trabalhadora. A média vai brigar por reduções no Imposto de Renda" (POCHMANN, 2012)

1.3 - A inexperiência da nova classe

Definições a parte, é indiscutível dizer que esse novo perfil de cliente

vem sendo disputado nos mais diversos segmentos de consumo, e claro no

segmento bancário.

Esse cliente é uma fatia da população que, muitas das vezes, não

possui experiência com produtos bancários e costumeiramente depara-se

coma a oferta abundante de crédito no mercado.

O resultado dessa inexperiência somado ao fato de ainda não

possuirmos em nossa cultura o conceito de educação financeira (tão comum

em países mais desenvolvidos, em que se aprende na escola como relacionar-

se com o dinheiro), não poderia deixar de ser outro se não uma forte tendência

a inadimplência.

Exemplificando o fato exposto, ocorreu nos dias 25 a 28 Julho o evento

“Feirão Limpa Nome” no Expo Barra Funda, em São Paulo.

No evento, as empresas participantes ofereceram descontos

personalizados aos seus clientes, concedidos no ato da renegociação de suas

pendências financeiras. Para isso, as instituições tiveram à disposição

12

diferentes ferramentas de recuperação da Serasa Experian, o que lhes

permitiu uma análise detalhada da situação de cada consumidor.

Participaram do Feirão Limpa Nome os bancos Caixa Econômica

Federal, Santander, HSBC e PanAmericano, Santander e Losango Financeira,

Casas Bahia e AES Eletropaulo.

O evento contou ainda com palestras gratuitas de educação financeira,

ministradas por voluntários da Serasa Experian, especializados em consumo

consciente.

Para os pais que precisaram levar os filhos, havia um espaço adequado

destinado à recreação das crianças, as quais também receberam um gibi de

educação financeira, com dicas de como cuidar bem do dinheiro.

O Feirão Limpa Nome foi uma iniciativa do Serasa Consumidor, divisão

da Serasa Experian que oferece serviços exclusivamente aos consumidores.

Essa nova frente tem o objetivo de equilibrar as relações de consumo, facilitar

a negociação entre o cliente e o credor, educar financeiramente a população e

oferecer serviços de informação para uma melhor tomada de decisão no

momento da compra.

1.4 - Educação Financeira

Lidar com dinheiro não é fácil. Ganhar dinheiro é muito difícil, por outro

lado, gastar é muito fácil. Ofertas, promoções, necessidades instadas pela

mídia, sonhos de consumo, problemas pessoais que as pessoas tentam

superar gastando aquilo que lhes tomou muito tempo e suor, despesas de

última hora ou situações emergenciais já consumiram a poupança de muitas

famílias.

Aprender matemática na escola é o primeiro passo para entrar no

mundo das cifras. Porém, a matemática aprendida na escola ainda relaciona-

13

se com os fatos do cotidiano, mais especificamente com as diversas relações

econômicas e financeiras que vivemos todos os dias ao longo de nossas vidas.

A utilização dessa realidade como fator de aprendizagem poderia

melhorar muito o convívio das pessoas com o dinheiro e evitar várias dores de

cabeça na administração dos orçamentos pessoais.

A educação financeira de adolescentes tem se mostrado eficaz para

formar adultos poupadores, conforme mostra a pesquisa do Banco Mundial

para avaliar o programa piloto de educação financeira nas escolas de Ensino

Médio no Brasil.

Entre os estudantes que tiveram as aulas, ministradas entre agosto de

2010 e dezembro de 2011, 63% poupam pelo menos uma parte da renda, em

comparação com 59% dos alunos que não tiveram as aulas.

Também entre os participantes, 16% fazem uma lista de despesas

mensais, contra 13% dos que não recebem o conteúdo de educação

financeira.

A pesquisa revela ainda que a intenção de poupar média dos

participantes subiu de 48 para 53, e que houve um aumento de 5% a 7% da

proficiência financeira dos alunos que tiveram as aulas.

Ainda de acordo com a pesquisa, os alunos participantes estão mais

propensos a poupar e administrar suas despesas, bem como conversar com

os pais sobre finanças e ajudar a organizar o orçamento familiar.

Educar para o dinheiro não é condenar o consumo e doutrinar para a

poupança. É estimular a organização pessoal para que desejos de consumo

não extrapolem limites. É exercitar a disciplina para ter qualidade de consumo

por toda a vida, não apenas como recompensa de sacrifícios presentes.

As ferramentas de controle devem ser simples, para que possam ser

usadas todos os dias.

14

As boas práticas de educação financeira devem induzir a escolhas

equilibradas. Isso se faz combinando referências matemáticas com práticas

ambientais, sociais, filosóficas e éticas.

15

CAPÍTULO II

O PODER DO CRÉDITO

Podemos definir que o papel de um Banco é colocar o dinheiro em

circulação. Qualquer instituição financeira necessita de recursos para suas

aplicações. Estes recursos são obtidos através dos clientes depositantes.

A partir daí temos um ciclo: o dinheiro ora depositado por uns é

repassado para outros a custa de juros. Sendo assim, o lucro da Instituição

advém da diferença entre as taxas de juros pagas e cobradas.

Não é difícil presumir, portanto, que as taxas de juros aplicadas serão

sempre voltadas a gerar ainda mais lucro para estas Instituições.

O volume de crédito oferecido pelos bancos cresceu 1,2% em agosto

deste ano, para R$ 2,21 trilhões, segundo números divulgados em 26 de

setembro pelo Banco Central. Com isso, o volume de crédito alcançou 51% do

Produto Interno Bruto (PIB) do país, um novo recorde histórico. Em julho, esse

percentual era de 50,8% e, no fim de 2011, de 49%.

Segundo o Banco Central, a marca de 51% atingida em agosto deste

ano é menor do que nos países desenvolvidos, onde o nível de 75% é

superado. Há casos de países com crédito acima de 100% ou 200% do PIB,

lembrou a autoridade monetária. Em doze meses até agosto, o crédito

bancário avançou 17% no Brasil puxado pelos bancos públicos, cuja taxa de

expansão somou 26,8% neste período.

O Banco Central informou por meio de nota à imprensa que as

operações de crédito do sistema financeiro apresentaram, em agosto, ritmo de

expansão superior ao observado no mês anterior.

16

2.1 - Tipos de crédito

Crédito significa dispor a um tomador, recursos financeiros para fazer

frente a despesas ou investimentos, financiar a compra de bens, etc.

Os primeiros bancos ou casas de crédito, verificaram que, nem todos os

clientes que haviam depositado seus metais preciosos como ouro e prata,

faziam o resgate ou retirada ao mesmo tempo. As pessoas, por segurança,

mantinham os seus valores depositados nestes primeiros bancos, até por

serem mais seguros e confiáveis.

Ao mesmo tempo, já haviam pessoas, como os mercadores e os

primeiros empreendedores no ramo da tecelagem, que necessitavam de

recursos para expandir os seus negócios. Os bancos então passaram a

emprestar os valores depositados, em troca de uma remuneração pelo uso do

dinheiro, durante o tempo em que o mesmo fosse utilizado. Nasce a expressão

mais conhecida do “juro”, que é a remuneração paga pelo uso do dinheiro no

tempo.

Os primeiros bancos emprestavam para comerciantes, exigindo

garantias. Também emprestavam a reis e imperadores, financiando suas

guerras e seu luxo.

Hoje o crédito tem que ser responsável: empréstimos e financiamentos

concedidos devem gerar consumo consciente.

O microcrédito popular, disponibilizado aos clientes com limite calculado

pelo Banco, tem como objetivo possibilitar a melhoria das condições sociais e

financeiras do cliente, que deve ser consciente de que o crédito deve ser

honrado, pois o banco está confiando a ele recursos de terceiros, e espera que

o cliente efetue o pagamento nas datas aprazadas.

Sendo assim, entender o que é crédito e quais as modalidades

disponíveis são os pontos básicos do consumo consciente de

17

financiamentos. De acordo com Fábio Moraes, diretor de educação

financeira da Febraban, é preciso pensar no aspecto social e econômico

para o cliente e a sociedade.

Os tipos de crédito são:

ü Cheque especial

O cheque especial funciona como um crédito pré-aprovado que a

maioria dos bancos coloca à disposição dos seus clientes, levando-se em

consideração o cadastro e o tempo de relacionamento.

A obtenção e disponibilidade deste recurso é feita de forma automática,

o valor que pode ser utilizado é estabelecido pelo limite de crédito, sempre que

existir um débito na conta corrente superior ao saldo disponível.

O limite utilizado é sempre recomposto assim que o cliente cobrir o

saldo devedor. Em função das necessidades de cada cliente esse limite pode

ser ajustado periodicamente, de acordo com cadastro, o relacionamento e a

evolução da conta bancária.

Efetivamente o cheque especial nada mais é do que um saldo extra, que

o cliente do banco pode fazer uso quando não tiver mais saldo disponível em

sua conta corrente para pagamento de débitos como cheques, TED’s, DOC’s,

tarifas bancarias, etc.

Para a utilização desse tipo de serviço, o cliente está sujeito ao

pagamento de juros proporcionais ao valor utilizado durante o mês, taxas

como: encargos, juros e IOF, são calculados por dia de utilização e cobrados

mensalmente.

São estabelecidas em contrato assinado entre o cliente e o banco, todas

as condições para utilização do cheque especial – taxas, prazos, valor,

garantias, vencimento antecipado, multas, renovação automática.

18

ü Cartão de crédito

O cartão de crédito é um meio que possibilita o pagamento à vista ou

parcelado de produtos e serviços, obedecidos aos requisitos pré-determinados,

tais como, validade, abrangência, limite do cartão, etc. Foi criado com a

finalidade de promover o mercado de consumo, facilitando as operações de

compra.

As partes envolvidas numa operação com cartão de crédito são: o

consumidor, a administradora do cartão e o fornecedor de produtos e serviços

que integra a rede credenciada.

Algumas administradoras de cartão de crédito oferecem outros serviços

ao consumidor, como crédito rotativo, contratação de financiamento para saldo

devedor, seguros, saques em estabelecimentos bancários ou comerciais, que

são prestados por empresas vinculadas contratualmente e que formam a rede

credenciada.

A administradora não é autorizada pelas normas do Banco Central a

"emprestar dinheiro", ou seja, financiar os saques e compras a prazo para o

consumidor. Sendo assim, a fonte de recursos que a administradora utiliza

para conceder crédito são as instituições financeiras, tomando empréstimo

para saldar o débito cujos custos são repassados para o consumidor.

ü Crédito consignado

Trata-se de modalidade de empréstimo com desconto de prestações em

folha de pagamento, ou seja, o trabalhador receberá seu salário já deduzido da

prestação devida ao banco.

Qualquer pessoa que tenha carteira assinada, aposentados e

pensionistas (INSS), além de funcionários públicos federais, estaduais,

municipais e também os militares (forças armadas) pode fazer uso do crédito

consignado.

19

O processo é relativamente simples, e os documentos necessários são:

CPF, RG, Comprovante de Residência e Contra-Cheque, sendo este último e é

um dos mais importantes, pois o valor do crédito vai depender de qual é a

margem de salário.

ü Crédito pessoal

É o crédito concedido por agências bancárias para conseguir a

aquisição de qualquer tipo de consumo. É o famoso empréstimo pessoal, onde

pode ser depositado em conta corrente o valor solicitado ou por meio de

cheques nominativos.

É um dinheiro colocado a disposição do devedor para que ele faça uso

do valor livremente e por isso é chamado de crédito pessoal.

Para obter o crédito pessoal muitas vezes precisa-se de uma garantia,

como por exemplo, o registro em carteira para comprovar fundos, ou então um

avalista, uma pessoa que se disponibilize a ser fiador e pagar as parcelas caso

a outra não o faça.

ü Financiamento

O financiamento nada mais é do que uma dívida contraída através de

uma operação financeira junto ao um banco ou financeira com um período

pré-estabelecido para a quitação dos valores financiados.

Uma vez contraída a dívida, o credor automaticamente assumi o recurso

que foi emprestado e também os valores dos juros e taxas incluídos no

contrato de crédito ou financiamento no valor total do empréstimo.

Os empréstimos através de financiamento em geral são oferecidos no

intuito de facilitar ao consumidor comum a aquisição de bens e serviços. O

processo é simples, o consumidor faz o financiamento de uma quantia em

20

dinheiro, essa quantia será devolvida em forma de parcelas mensais com os

devidos acréscimos de juros a instituição financeira.

Em caso de haver atraso nas parcelas, o valor devido da parcela se

tornará maior, isso porque serão cobrados juros de mora, multas, encargos

financeiros, taxas administrativas e outros, dependendo do tipo do

financiamento.

Os contratos mais comuns de financiamentos são:

- Linha de crédito: São financiamentos flexíveis de curto prazo. São

aconselháveis para suprir necessidades emergentes e inesperadas.

- Factoring: Outro tipo de financiamento de curto prazo. É aconselhável

em casos de necessidades de emergência onde o atraso implica numa

cobrança que gerará despesas extras para o credor, que passa a assumir a

comissão do cobrador.

- Leasing: Este tipo é aconselhável quando não se pretende financiar

grande quantidade de dinheiro ou materiais que serão necessários em um

período curto.

Como em qualquer operação financeira, o consumidor deve sempre

ficar atento no que se refere aos encargos e as taxas de juros cobrados em

contratos de financiamentos, procurando verificar se existem relatos,

reclamações nos meios de comunicação se o banco ou financeira que está

oferecendo o empréstimo pratica juros ou encargos ilegais e abusivos.

2.2 - Cartão de crédito: o vilão

O cartão de crédito surgiu na década de 1920, nos Estados Unidos.

Inicialmente, os cartões de créditos eram dados somente aos clientes mais

fiéis, que o dono do estabelecimento acreditava serem confiáveis por pagarem

suas compras em dia. Mas foi na década de 1950, quando o empresário Frank

21

MacNamara estava com executivos financeiros em um restaurante na cidade

de Nova York e percebeu que tinha esquecido seu dinheiro e seu talão de

cheques para pagar a conta, que teve a idéia de criar um cartão em que

contivesse o nome do dono, e que após um tempo, o dono do cartão pudesse

pagar a conta.

Então, naquele mesmo ano, ele criou o Diners Club Card que era feito

de papel-cartão. O cartão era aceito em apenas 27 restaurantes e era usado

por pessoas importantes na época (aproximadamente 200 pessoas que eram

amigos de Frank). Em 1952, o cartão começou a ganhar milhares de adeptos e

já era aceito por vários estabelecimentos. E neste mesmo ano foi criado o

primeiro cartão de crédito internacional. Em 1955, o cartão passou a ser feito

de plástico.

Em 1958, foi a vez de a American Express criar o seu cartão, mas foi em

1966 que o BankAmerican Service Corporation, criou o cartão BankAmericard

com um sucesso, já que era aceito em mais de 12 milhões de

estabelecimentos e, pouco tempo depois, o cartão passou a se chamar a atual

Visa. No mesmo ano, foi criado o Master Charge que originou a bandeira

MasterCard.

Em 1954 no Brasil, o empresário tcheco Hanus Tauber comprou nos

Estados Unidos uma franquia da Diners, propondo sociedade no cartão com o

empresário Horácio Klabin. Em 1956, o Diners chegou ao Brasil, sendo

inicialmente um cartão de compra e não um cartão de crédito. Em 1968, foi

lançado o primeiro cartão de crédito de banco, o Credicard, e em 1971 foi

fundada no Rio de Janeiro a Associação Brasileira das Empresas de Cartões

de Crédito e Serviços - Abecs.

Posteriormente, em 1974, a sede da ABECS foi transferida para São

Paulo. Em 1984, a Credicard comprou a Diners Club do Brasil, mas foi na

década de 1990 que ocorreu o lançamento do cartão de crédito internacional e

em 1994, com a chegada do Plano Real, ele só faz aumentar o crescimento do

produto.

22

Este aumento na utilização levou o cartão de crédito a ser considerado

nos dias atuais como um verdadeiro vilão para muitas as famílias.

Um erro muito comum observado é a posse de vários cartões de crédito

existentes na praça. Muitos deles, quando são Private Labels (cartões de

supermercado com marca própria, lojas de roupa, etc.), têm taxas maiores que

as bandeiras tradicionais e, geralmente, poucos benefícios agregados.

A grande utilidade dos cartões de crédito é para ganhar prazo nas

compras das quais o consumidor não conseguirá melhores condições para

pagamento à vista.

Entre pagar um valor à vista ou o mesmo valor com 30 dias de prazo, a

segunda opção acaba sendo mais vantajosa, pois o dinheiro pode ficar

aplicado até o dia do pagamento.

Porém, para muitos consumidores as compras com o cartão de crédito

se tornam uma verdadeira dor de cabeça.

É muito comum nessa modalidade a rolagem de dívidas, ou seja, o

pagamento somente do “valor mínimo”.

Nesses casos, com as taxas de juros cobradas, pagar o valor mínimo

pode ser considerado com um verdadeiro “suicídio financeiro”. Em pouco

tempo, o consumidor pode ficar com uma dívida impagável.

É necessário também não cair nas linhas de crédito que são oferecidas

pelas operadoras, pois os juros cobrados ultrapassam 230% ao ano.

Neste ponto, é preciso que as instituições financeiras repensem suas

políticas e façam reparos significativos, diminuindo as taxas a patamares

aceitáveis e suportáveis.

Vale destacar que o uso do cartão de crédito de forma consciente e

planejada, é um meio de compra altamente seguro e eficaz.

23

É muito comum ouvir de consumidores que o problema é o cartão de

crédito e não o que se comprou com ele.

É necessário que se tenha a consciência que esse importante

instrumento é um agente que, se bem utilizado, pode render muitas vantagens,

seja no prazo de pagamento, seja em seus benefícios.

Para que o cartão de crédito seja na verdade um aliado, é preciso ter

consciência na hora de consumir, controlando o parcelamento feito,

negociando e se possível solicitar isenção da taxa de anuidade (hoje é possível

encontrar cartões que não cobram nenhuma taxa de manutenção).

Pensando nisso, no ano de 2011 a Abecs (Associação Brasileira das

Empresas de Cartões de Crédito e Serviços) lançou uma campanha educativa

em âmbito nacional, com o nome “Você manda no seu bolso”.

O carro-chefe foi o desenvolvimento de um hotsite, que abordava

diversos temas relativos ao uso do cartão, como planejamento financeiro,

pagamento mínimo da fatura, parcelamento e empréstimo do cartão a

terceiros.

Além disso, a campanha trazia um “simulador de despesas”, que

ajudava o visitante a traçar suas metas, baseado em uma atitude de uso

consciente.

Por meio dessa campanha, a Abecs objetivou estimular o portador a

tomar decisões corretas na hora da compra e a cuidar do seu orçamento

doméstico, usando o cartão de crédito como um instrumento de organização

financeira.

O conteúdo ainda destinou parte de seu discurso ao varejo brasileiro,

mostrando ao lojista como a aceitação dos meios eletrônicos de pagamento

poderia garantir mais agilidade, conveniência e segurança, além de aprimorar

o relacionamento com os clientes.

24

2.3 - Armadilhas do crédito consignado

Os juros baixos, em torno de 2% ao mês, atraem os consumidores.

Porém, muitos estão se tornando devedores por utilizarem esse tipo de crédito

de forma exagerada.

Nessa modalidade de crédito, o pagamento é feito em parcelas que são

descontadas diretamente da folha de pagamento, pensão ou aposentadoria.

O Código de Defesa do Consumidor (CDC) completou no dia 11 de

setembro 22 anos. Para marcar data, a Associação Procons Brasil (Programa

de Orientação e Proteção ao Consumidor) lançou uma campanha de alerta

sobre o empréstimo consignado, oferecido principalmente a servidores

públicos e aposentados.

Não é de se espantar que o crédito consignado fosse escolhido como

tema da campanha, uma vez que as reclamações sobre o assunto são as que

mais se repetem nos Procons do país.

Segundo Gisela Simona Viana de Souza (Superintendente do Procon de

Mato Grosso e a presidente da Procons Brasil), a conclusão do último encontro

dos Procons estaduais, que reuniu 118 representantes, foi a de que o crédito e

os empréstimos consignados acabam por elevar o nível de endividamento da

população.

De acordo com Geisela, a falta de informações ao consumidor faz com

que o contrato seja assinado sem que se perceba o real impacto futuro dessas

contas e pode induzir, inclusive, ao superendividamento.

Conforme relato dos Procons, uma prática abusiva das instituições

financeiras é o desrespeito ao limite de comprometimento de renda com o

empréstimo consignado. Aposentados e pensionistas do INSS só podem

comprometer 30% do benefício. A mesma margem vale para quem é

empregado pelo regime da CLT, para servidores públicos civis da União, das

25

autarquias e fundações públicas federais. Para servidores públicos civis, ativos

ou inativos, da administração direta, de autarquias, fundações, empresas

públicas e sociedades de economia mista do governo do Estado do Rio, o

limite máximo é de 40% da renda bruta, ou seja, pode chegar a 70% do ganho

líquido. Militares das Forças Armadas podem comprometer com o consignado

até 70% dos vencimentos. Já a margem para os servidores municipais tem

limite máximo de 40% do rendimento bruto e 70% do líquido.

26

CAPÍTULO III

OFERTA DE CRÉDITO X INADIMPLÊNCIA

A abundante oferta de crédito somada a falta de educação financeira

não poderia produzir outro produto que não a inadimplência.

O Banco Central informou no mês de agosto que o crédito total

disponibilizado pelo sistema financeiro no Brasil subiu 0,7 por cento em julho

ante junho, chegando a 50,7 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), ou 2,

184 trilhões de reais.

Dados divulgados pelo BC mostraram ainda que a inadimplência ficou

em 5,9 por cento no mês julho, maior do que junho, quando estava em 5,8 por

cento.

A elevação na inadimplência ocorreu nos empréstimos a pessoas

físicas, que em julho subiu para 7,9 por cento ante 7,8 por cento em junho.

Para as pessoas jurídicas, a inadimplência ficou estável em 4 por cento.

Por modalidade de crédito, a inadimplência nas aquisições de veículos

ficou estável 6 por cento em julho na comparação com junho. O calote no

cheque especial subiu em julho para 11,8 por cento ante 11,6 por cento no

mês anterior.

O BC informou ainda que o spread -- diferença entre o custo de

captação do banco e a taxa efetivamente cobrada ao consumidor final --

atingiu 23,0 pontos percentuais em julho, contra 23,2 pontos no mês anterior.

A taxa média de juros cobrada das pessoas físicas ficou 36,2 por

cento em julho, menor que o percentual de 36,5 por cento em junho. Para as

pessoas jurídicas, a taxa média de juros foi de 23,6 por cento em julho ante

23,8 por cento em junho.

27

Alexandre Tombini, presidente do Banco Central, diz que há espaço

para mais crescimento no mercado de crédito e defende que a autoridade

monetária está atenta à sustentabilidade desse setor.

3.1 - O recorde da inadimplência

No final do mês de agosto, o Comitê de Política Monetária (Copom) do

Banco Central reduziu a taxa Selic para 7,5% ao ano. No entanto, a

inadimplência também tem batido recorde.

De acordo com o Banco Central, as operações de crédito com mais de

90 dias de atraso atingiram 5,9% em julho, o maior nível da série histórica

iniciada em 2002. Se forem consideradas apenas as pessoas físicas, o calote

aumenta para 7,9%.

Na avaliação dos especialistas, a população está aproveitando a queda

dos juros para quitar os financiamentos em atraso. Somente então, explicam,

os consumidores poderão aproveitar o crédito mais barato para fazerem novas

dívidas.

Para o ex-diretor do Banco Central, Carlos Eduardo de Freitas, o

governo desobstruiu os caminhos [para o crédito e o consumo], mas poucas

famílias estão indo porque estão com o orçamento estrangulado.

Segundo Freitas, as famílias brasileiras comprometem, em média, 43%

da renda anual com empréstimos e financiamentos, nível considerado baixo

em relação a países desenvolvidos, em que a proporção chega a superar

100%. O que pesa no orçamento doméstico, ressalta, são as taxas e os

encargos dessas operações, que representam cerca de 22% da renda e estão

em níveis altos, mesmo com os cortes de juros pelas instituições financeiras

nos últimos meses.

Freitas avalia que o estoque [de dívidas das famílias] não é expressivo,

mas o serviço do crédito está alto para esse tipo de endividamento. Para ele,

28

isso se deve ao perfil dos financiamentos contratados pelos consumidores, de

curto prazo e juros ainda altos.

Mesmo as taxas das operações de crédito para pessoas físicas

atingindo o menor nível da história: 36,2% ao ano, outros tipos de linha

registraram aumento de juros, como cheque especial, financiamento de

veículos e crédito pessoal.

O professor Samy Dana, da Escola de Economia da Fundação Getulio

Vargas (FGV) em São Paulo, também acredita que a produção e a atividade

interna reagirão de forma melhor à política monetária quando os consumidores

se livrarem das dívidas atuais. Ele, no entanto, acredita que há um

esgotamento do modelo de expansão do consumo para aquecer a economia.

Dana salienta que o estímulo ao consumo e ao crédito tem sido usado

desde a crise de 2008. Porém não é possível esperar o mesmo impacto de três

ou quatro anos atrás uma vez que as pessoas consumiram o que podiam e

algumas, o que não podiam. Segundo ele, a alta inadimplência sempre será

um efeito colateral dessas medidas enquanto a população não tiver educação

financeira, pois o consumidor só pensa no valor da parcela, mas não nos juros

e nas demais taxas embutidas.

Em relação à velocidade da queda dos juros das instituições financeiras,

podemos concluir que os bancos estão fazendo a sua parte ao repassarem

para as taxas finais a redução da Selic e se ajustando à diminuição dos juros

dos bancos públicos. Contudo, o problema também está na inadimplência, que

responde por 29% do spread bancário.

29

CAPÍTULO IV

CRÉDITO CONSCIENTE

No ano de 2011 os bancos iniciaram uma campanha para incentivar o

uso consciente de produtos como cheque especial, empréstimos consignados

e financiamentos. As mensagens foram divulgadas em emissoras de rádio no

País inteiro, revistas e em meios de transporte como ônibus e metrô.

No ar até o fim de agosto de 2011, a campanha teve como mote a idéia

"o crédito está aí para melhorar a vida das pessoas. É só não exagerar que ele

nunca vai faltar".

Entre as principais mensagens, os bancos alertaram os consumidores a

não transformarem o limite do cheque especial em uma extensão do salário e

que o pagamento mínimo da fatura do cartão de crédito significava deixar o

restante para o mês seguinte, com juros.

De acordo com Francisco Calazans, diretor setorial de ouvidorias e

relações com clientes da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o

cheque especial e o cartão de crédito são os dois produtos que mais geram

inadimplência.

A campanha foi uma iniciativa da entidade em contrapartida ao não

cumprimento de metas de qualidade firmadas no ano de 2010 com o

Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC).

4.1 - Projeto Indicadores Públicos

No fim do ano de 2010 as instituições financeiras e empresas de outros

setores da economia, como telefonia e varejo, aderiram ao projeto Indicadores

Públicos do Ministério da Justiça. Por meio desse programa, de adesão

voluntária, as companhias assumiram alguns compromissos. Basicamente:

30

reduzir as reclamações nos Procons, aumentar as soluções por meio das

chamadas "notificações prévias" e aumentar o número de acordos em

processos administrativos.

Os bancos Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Santander, Citibank, HSBC

e Caixa Econômica aderiram ao projeto. A Caixa foi a que teve o menor

número de reclamações no ano de 2010 (8,9 mil). O Citibank foi o único que

conseguiu atingir a meta de redução de atendimentos. O Itaú registrou a

melhor taxa de resolução de demandas. Mas nenhum dos sete conseguiu

chegar à meta de acordos nos processos administrativos.

4.1.1 - Queixas recorrentes

Segundo levantamento do Banco Central, no primeiro semestre de 2011

as queixas contra os principais bancos do País cresceram 40% em relação ao

mesmo período do ano anterior. No semestre, a média mensal de reclamações

foi de 790, contra 564 no ano de 2010.

A queixa mais recorrente é por débitos não autorizados (20,2%). Depois,

serviços não contratados (10,1%), esclarecimentos incompletos (9,7%) e

descumprimento de prazos (9,3%).

A Febraban ressaltou que, no mesmo período analisado pelo Banco

Central o número de clientes aumentou 7%.

4.2 - O incremento do crédito consciente

Além das cartilhas fornecidas o Itaú-Unibanco visa estreitar o

relacionamento com o cliente. Saber se o correntista está "no vermelho ou no

azul" é o primeiro passo do relacionamento para que depois seja explicado

como o crédito funciona e para que cada linha serve.

31

A navegação no site é bem simples e dinâmica. Por meio de vídeos o

consumidor pode identificar qual momento de vida está e qual a solução

financeira mais adequada.

Além dos vídeos, é possível também ouvir podcast com dicas de

especialistas, realizar simulações dos gastos e dos ganhos, ler artigos sobre

finanças, ter explicações detalhadas em um glossário com o significado de

vários termos econômicos e também encaminhar dúvidas para que o banco

responda.

Já no HSBC a aposta é para as informações online. No site do banco,

há uma página bem elaborada e interativa para que o cliente pesquise antes

de adquirir o crédito.

Dicas de como elaborar um orçamento, ferramentas que calculam

quanto de juro a pessoa pagará com determinado financiamento e explicações

didáticas sobre cada uma das linhas de crédito são algumas das opções

disponibilizadas.

O banco Bradesco apresenta em sua página um ”tímido” link com as

palavras Crédito Responsável. Contudo, no momento que o consumidor

acessa, é levado para um espaço dedicado a educação financeira.

Embora não haja vídeos interativos, é possível encontrar facilmente

vários temas de interessantes como finanças em família, finanças para jovens

e planejamento para aposentadoria.

Até mesmo um jogo de perguntas e respostas serve de estímulo para os

consumidores testarem seus conhecimentos enquanto se divertem.

Com o tema “Quem usa bem, sempre tem” a Caixa Econômica Federal

apresenta a seus consumidores uma cartilha com dicas de uso responsável do

crédito.

32

Porém, o que mais chama atenção no site do banco são as

propagandas do programa “Caixa melhor crédito”, que incentivam os

consumidores a conhecerem sobre as opções de disponibilização de crédito.

A página do Banco do Brasil segue a mesma linha da Caixa Econômica

Federal: incentivo a aquisição de crédito. Vale destacar, porém, que não há

nenhum tipo de cartilha ou vídeo explicativo.

Pelo contrário, o estímulo é para o consumo e não para o investimento,

coisa que o consumidor demasiadamente já realiza. Esta afirmação se

consolida na seguinte frase inicial encontrada na página:

A vida é feita de sonhos. E o Banco do Brasil ajuda a realizá-los. Com o

Crédito BB, você pode comprar aquela TV nova, trocar a geladeira, reformar a

casa, começar o curso de pós-graduação, fazer a sonhada cirurgia plástica,

comprar conversor digital, manter em dia os impostos e tantas outras coisas

que às vezes acabam ficando de lado por falta de dinheiro.

4.3 - Crédito consciente é dever de todos

A concessão de crédito no Brasil passa por um momento histórico com

a redução dos juros pressionada pelo governo e o maior acesso da população

a esses serviços. No entanto, nem sempre foi assim.

Os bolsos brasileiros tiveram que conviver com uma forte inflação nas

décadas de 1970 e 1980, o que desestimulava qualquer intenção mínima de

investir em algo além da própria renda.

A década de 1990 foi marcada pela chegada de bancos internacionais

ao nosso País, buscando o estímulo à disseminação do crédito.

Atualmente, o crédito que mais tem sido contratado pelos consumidores

Pessoa Física é o crédito pessoal, que movimenta em torno de R$ 3 bilhões e

corresponde a 48% do mercado. Em segundo lugar vem o cartão de crédito,

33

com 7%. Já as empresas têm contratado mais capital de giro (57%) e conta

garantida (12%).

A pesquisa Pulso Brasil, realizada mensalmente pela Ipsos, com mil

pessoas distribuídas em 70 cidades brasileiras de todos os portes, revelou no

último mês de abril que o povo segue cada vez mais otimista quanto aos rumos

que o País tem seguido. "Em nossas pesquisas avaliamos que a percepção

sobre os rumos do Brasil é muito mais positiva hoje do que em qualquer

período que tenhamos monitorado", comenta Paulo Cidade.

Entre os países que compõe o G20, o que mais possui pessoas

acreditando no país é a Arábia Saudita, com 89% de votos em “bom”. O Brasil

aparece na metade da lista, com 54%, seguido da Argentina, com 51% e bem

à frente dos Estados Unidos que consegue manter apenas 22% otimistas.

Em junho do ano passado, metade da população tinha compromisso

com parcelamentos, segundo levantamento da Ipsos. Apenas 28% declararam

ter ciência do valor pago pelos juros. Quando a lupa abre por classes sociais, a

realidade é ainda mais contrastante: nas classes AB, 46% afirmam

desconhecer os juros das compras que fazem e nas classes DE esse número

chega a 87%.

Na hora de parcelar uma compra, 39% dos brasileiros levam em conta a

taxa de juros. O mesmo percentual, no entanto, já acha mais relevante olhar

para o valor da parcela.

A diferença aparece, novamente, na abertura por classe social. Dos

consumidores mais abastados (AB), 48% dizem considerar a taxa de juros o

item mais relevante, enquanto nas classes DE 40% se atém ao valor das

parcelas.

Já a visão do Procon é que o consumidor é o maior prejudicado com a

oferta massiva de crédito, quando deveria ser o contrário. Ainda mais quando

essa oferta para Pessoa Física cresceu oito vezes, segundo informações da

Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

34

As instituições financeiras estão se aproximando dos novos tomadores

de crédito. Prova disso é que estão trocando as agências por lojas de varejo.

No entanto, às instituições deveriam se preocupar com a forma com que

as informações são passadas ao consumidor. É necessário repensar as

medidas de concessão de crédito. Fornecer mais informações antes e depois

da contratação pelo consumidor. Muito se fala sobre informações aos

credores, mas ninguém pensa no que se fala aos consumidores.

Podemos considerar “escravidão financeira” o comprometimento de

mais de 70% da renda para pagamento de dívidas, e um dos grandes

responsáveis por isso é o crédito consignado. 85% dessa modalidade de

empréstimo é tomada por funcionários públicos e aposentados.

35

CONCLUSÃO

O Brasil vive um momento de prosperidade e otimismo, marcado pelo

crescimento da economia, pelo aumento do poder aquisitivo da população e

pela facilidade em conseguir crédito. Neste cenário, repleto de ofertas de

consumo, a capacidade de gerenciar os próprios recursos se torna cada vez

mais importante. Esta necessidade é reforçada pelo o aumento da expectativa

de vida da população, que passa a requerer planejamento e investimentos em

longo prazo.

Entretanto, a maioria dos brasileiros não está acostumada a planejar, a

identificar o que é necessidade, a se preparar para um possível período de

crise financeira e a consumir com responsabilidade. O endividamento pessoal

e até familiar no que diz respeito ao uso desenfreado do cartão de crédito,

empréstimos financeiros e inadimplência generalizada, são alguns dos grandes

problemas, além de contribuir para o aumento da inflação em algumas

situações.

Desta forma, orçamento familiar é uma palavra-chave para a

organização da vida financeira das pessoas e, conseqüentemente, para o uso

consciente do dinheiro. Por isso, quando o consumidor decide fazer um gasto

a mais, como comprar um bem, reformar a casa ou abrir um negócio, deve

calcular se pode e quanto pode pagar por isso.

Caso um gasto não caiba todo no orçamento familiar é preferível não

fazê-lo todo de uma vez, ou financiamento pode ser uma saída. Mas aí é

preciso muito cuidado: o consumidor deve calcular precisamente qual o valor

das prestações que pode pagar, sem prejudicar o pagamento de outras contas

e sem se superendividar. Afinal, tomar um crédito significa um acréscimo nas

despesas do orçamento.

36

Na dose certa, o crédito pode resolver um problema ou viabilizar um

plano. Na dose errada, pode gerar superendividamento e aborrecimentos

como ter o nome incluído em listas de devedores.

É fato que o uso do crédito de forma consciente trará benefícios não

somente para os consumidores inexperientes e sem educação financeira,

como também para as próprias instituições financeiras.

Após a navegação realizada na página dos bancos, é possível constatar

claramente que não há nenhuma padronização ou exigência para o

fornecimento de informações sobre a utilização do crédito consciente.

Cada instituição procura, a sua moda, educar os consumidores que

desejam adquirir crédito, ou até mesmo, fazem somente o apelo para a

aquisição sem nenhuma preocupação com o resultado posterior.

Podemos concluir, então, que a disponibilização do crédito sem

nenhuma “co-responsabilidade” é a porta de entrada para inadimplências

futuras para as instituições financeiras que não se preocupam em educar seus

consumidores.

Outro ponto importante a ser destacado é que uma grande fatia da

população além de inexperiente também não possui fácil acesso a internet.

Desta forma, é imperioso que o atendimento pessoal realizado nas agências

seja voltado para a conscientização destes consumidores e também para

aqueles que por ventura já tenham tido algum tipo de informação durante a

navegação nos sites.

Mas como os empregados poderiam realizar um atendimento voltado

para a conscientização se os consumidores estão cada vez mais ávidos por

crédito? E, além disso, como realizar este tipo de atendimento se muitas das

vezes há a necessidade de cumprimento de metas estabelecidas pelas

instituições?

37

As respostas para estas questões são extremamente complexas, uma

vez que não há como negar o capitalismo exacerbado vivenciado nos dias

atuais, em que a cultura do ter sobrepõe-se a cultura do poupar ou investir.

Diante disso, podemos perceber claramente um ciclo vicioso que se

forma: oferta de crédito – inadimplência – mais oferta de crédito.

Sendo assim, somente por meio da educação financeira é que esse

ciclo pode ser quebrado.

Cabe, porém, que as instituições financeiras tenham a consciência

dessa necessidade e tornem imperativa sua difusão, seja por meio eletrônico

ou no atendimento presencial, não sendo somente um fato opcional e isolado.

Obviamente essa educação financeira não é responsabilidade única dos

bancos, mas também do governo e, porque não dizer dos próprios indivíduos?

38

ANEXO 1

http://www.akatu.org.br/Temas/Dinheiro-e-Credito/Posts/Cresce-o-poder-de-escolha-das-mulheres-da-classe-C

Cresce o poder de escolha das mulheres da classe C

por Equipe Akatu

26 jan 2012

Pesquisa indica que ascensão econômica lhes dá um poder de escolha

ampliado

A mulher da chamada “nova classe C” é arrimo de família e decide as

compras da casa. A renda média do que se define como classe C cresceu 62%

entre 2002 e 2010. Entre as mulheres deste grupo, o aumento é

significativamente maior – 78%. O resultado disso é que elas já respondem por

70% das decisões de compra, delas e da família. É o que revela a pesquisa da

Editora Abril, realizada entre março e julho de 2011, pelo Data Popular.

Com um aumento significativo de renda, as pessoas tendem a ampliar

o leque de escolhas que fazem na hora de trabalhar e de consumir. As

mulheres da nova classe média estão escolhendo mais. E elas escolhem

educação superior, carreira, emprego, saúde, beleza e sucesso. Escolhem

também produtos de maior qualidade e marcas que lhes trazem melhor custo-

benefício.

Segundo a pesquisa da Abril, elas representam 58% dos universitários

da classe C e alcançaram, em média, três anos a mais de estudo entre 2002 e

2010. Informam-se muito mais se comparadas às mulheres de perfil

semelhante há dez anos. Em uma geração, caiu pela metade o percentual de

mulheres dessa classe em empregos domésticos (de 21% para 11%). Elas

estão mais independentes e organizam melhor o uso de dinheiro e do crédito:

39

71% planejam antes de comprar e a maioria delas quer prazos mais curtos

para financiamento, entendendo o crédito como segurança para imprevistos.

Para além da inserção no mercado de trabalho, as mulheres escolhem

qualidade de vida e cuidam mais de si mesmas. Entre as entrevistadas pelo

Data Popular, 56% não sacrificam tempo com a família por conta do trabalho e

61% cuidam da saúde preventivamente, com especial atenção à alimentação,

melhorando a qualidade das refeições. Os gastos com beleza deram um salto

gigantesco e 70% das entrevistadas entendem que cuidar da aparência é

indicativo de sucesso.

As mulheres estudadas também são mais exigentes. Se antes o

atributo absoluto na compra era o preço, hoje elas valorizam mais a qualidade

daquilo que compram e as marcas que comunicam melhor sobre garantias e

vantagens de cada produto ou serviço. O preço, apesar de importante, é mais

um dos elementos que compõe a sua escolha. “Se o produto ou serviço

possibilitar economia, durando um pouco mais ou consumindo menos energia

ou água dentro de casa, e comunicar essas vantagens de forma clara e

objetiva ao consumidor, essa marca tende a ser preferida”, explica Lúcia

Barros, diretora de redação da revista Máxima, da Editora Abril.

“É uma grande oportunidade para as empresas que praticam de fato a

responsabilidade social e ambiental inovarem e conquistarem essas mulheres,

mais exigentes, mas também dispostas a experimentar”, diz Ana Maria

Wilheim, diretora executiva do Instituto Akatu. “Estas mulheres já planejam

suas compras e levam em conta a busca por uma maior qualidade de vida, ou

seja, trazem consigo atributos de consumidoras mais conscientes. Se formos

capazes de ampliar a sua percepção sobre os impactos de seu consumo e,

assim, de influenciar as suas escolhas para que sejam mais conscientes,

teremos iniciado de fato uma grande transformação na sociedade”,

complementa.

40

Sobre a pesquisa

O levantamento da Editora Abril e da Data Popular foi realizado entre

março e julho de 2011, com etapas que incluíram análise de pesquisa nacional

com 5 mil pessoas, pesquisa online com 30,6 mil pessoas em 26 estados e

556 horas de observações etnográficas em 12 residências nos estados de São

Paulo, Rio de Janeiro e Ceará. Foram incluídas na nova classe média as

pessoas com renda per capita familiar mensal entre R$ 326 e R$ 1.390. Uma

família de pai, mãe e dois filhos, segundo esses critérios, deve ter renda

mensal total entre R$ 1.304 e R$ 5.560 para ser classe média.

41

ANEXO 2

http://www.maisdinheiro.com.br/dicas/emprestimos

Cuidados ao tomar um empréstimo

Com os juros da economia em níveis tão altos quanto os que

observamos hoje, fazer uso de empréstimos pessoais e financiamentos acaba

sendo uma péssima prática para a saúde financeira de qualquer leitora. A

palavra de ordem hoje é investir.

Porém, ao mesmo tempo em que observamos taxas de juros para

investimentos tão interessantes, sofremos uma forte pressão no orçamento

doméstico decorrente do constante aumento de preços, enquanto nossos

ganhos mantêm-se estáveis. A conseqüência disso é que muitas leitores, sem

conseguir reduzir seus gastos no mesmo ritmo em que os preços sobem,

acabam tendo que recorrer a empréstimos. Nessas horas, é preciso planejar

bem o compromisso que será assumido, para que o problema de hoje não se

torne um tormento amanhã.

Veja como funciona cada modalidade de empréstimo:

Pedir emprestado a um parente ou amigo: muitas pessoas vêem este

tipo de empréstimo como o ideal, uma vez que se pode valer do

relacionamento para deixar de pagar juros. Cuidado! Se você não quer destruir

um bom relacionamento, leve em consideração que a pessoa que lhe

emprestar o dinheiro poderia estar obtendo juros no banco. Por isso, é sensato

negociar o empréstimo pagando os juros que essa pessoa conseguiria em uma

aplicação comum – que hoje não chegam a 2% ao mês. Esta seria a

alternativa mais barata para se conseguir um empréstimo, porém não se

devem esquecer os custos emocionais desta prática. Pedir um empréstimo a

um amigo é uma situação tão constrangedora para quem pede quanto para

42

quem recebe o pedido. Por isso, muitas vezes deverá partir de você a proposta

de pagar juros e de assinar uma nota promissória (que nada mais é do que

uma promessa de pagamento por escrito), preservando a confiança mútua e o

relacionamento. Cuidado nesta hora também, pois a promissória não é

interessante para quem deve, é uma confissão de dívida e pode ser usada

contra você em uma eventual quebra de amizade. Evite propor prazos para

quitar o empréstimo, pois geralmente somos demasiadamente otimistas ao

planejar nosso futuro. Se seu amigo esperar o dinheiro dele de volta no

próximo mês e não receber, sua credibilidade será abalada e a amizade

deixará de ser a mesma.

Penhor de bens: uma alternativa aos parentes e amigos é o penhor,

em que você pode entregar ao banco bens de valor – obras de arte, jóias ou

outro bem de valor mensurável – como garantia de um empréstimo que lhe é

feito. Como o risco de o banco não receber o dinheiro de volta é pequeno, pelo

fato dele ter os bens para vender, os juros são bem mais baixos que em outras

modalidades. Esta prática deve ser feita somente quando a situação de falta

de recursos é provisória e há plena certeza de que algum recurso extra está

para surgir e pagar a dívida. A razão para este cuidado é que o banco sempre

avaliará o bem a um preço bem abaixo do de mercado, sem contar que ele não

levará em conta o valor emocional. Uma jóia herdada dos avós, por exemplo, é

avaliada por seu peso em metal precioso, não levando em conta nem o

trabalho artístico.

Empréstimo com o banco: disponível a qualquer pessoa que tenha

conta em banco, o empréstimo é a forma mais barata de se conseguir recursos

sem comprometer amizades e bens de família. Basta procurar um gerente do

banco e solicitar uma quantia, verificando o plano de pagamento. Porém os

juros não são baixos, e por isso deve-se fazer uma boa pesquisa de taxas em

diversos bancos antes de contrair o empréstimo. Não tenha a ilusão de que

você conseguirá as melhores taxas no banco em que você tem conta por ter

um bom relacionamento. Pesquise! O procedimento para se conseguir um

empréstimo pessoal não é complicado, mas alguns bancos poderão restringir

43

seu crédito se você estiver com o nome sujo na praça – em razão de um

cheque devolvido, por exemplo.

Cheque especial: não é a forma mais barata, mas é a forma mais

simples de se conseguir um empréstimo, pois não é preciso sequer contatar o

gerente. Porém, deve ser terminantemente evitada, já que os juros praticados

são muito mais altos que os do empréstimo pessoal – e todo cliente que tem

um limite no cheque especial deverá ter no mínimo o mesmo limite para

empréstimos pessoais. O limite do cheque especial só deve ser usado por um

ou dois dias, quando acontece algum imprevisto (atraso no recebimento ou

antecipação no depósito de cheques pré-datados, por exemplo).

Uso do crédito rotativo do cartão de crédito: é uma prática tão ruim

quanto o uso do cheque especial, e por isso deve ser riscada de qualquer lista

de alternativas. Na fatura do cartão, há um sugestivo valor mínimo a ser pago,

possibilitando ao usuário do cartão o pagamento futuro do restante. Não caia

nesta armadilha! Os juros são em geral iguais ou maiores que os do cheque

especial, o que traria um desgaste e uma perda de dinheiro muito grandes nos

meses seguintes. Pague sempre o valor total de seu cartão na data do

vencimento; se não houver saldo na conta, contate seu gerente e peça um

empréstimo pessoal.

Financeiras: emprestam dinheiro sem muita burocracia e a juros

similares aos do cheque especial e do cartão de crédito. Em geral, atendem a

clientes desesperados, que precisam de dinheiro urgentemente para quitar um

penhor ou para não perder um bem importante que havia sido financiado.

Como trabalham com os juros mais altos da economia, tendem a conduzir o

devedor ao total descontrole da dívida, sujando seu nome nos sistemas de

proteção ao crédito. Também devem ser evitadas como alternativa ao

endividamento.

Agiota: é qualquer pessoa que dispõe de recursos financeiros e faz uso

desses recursos para emprestar a terceiros. Quando pedimos emprestado a

amigos e parentes, a agiotagem não se caracteriza porque há o vínculo do

44

relacionamento. O agiota profissional é aquele que exerce de forma ilícita

atividade similar à de um banco ou de uma financeira, porém sem fiscalização

e sem pagar impostos. Cobra juros extorsivos e, em geral, exige como garantia

de seus devedores a transferência de bens como automóveis e imóveis. Por

não ser uma atividade regulamentada, não se preocupa em agir dentro dos

limites da lei na hora de cobrar uma dívida, podendo se tornar um grande risco

à estabilidade pessoal e familiar do devedor. Não apenas deve ser evitado

como deve ser denunciado.

Substituição de dívidas: ao precisar de dinheiro, uma alternativa

interessante pode ser a venda de um bem para obtenção de recursos

imediatos. Por exemplo, se você tiver uma dívida de R$ 15 mil e possuir na

garagem um veículo já quitado com valor igual ou superior, pode vender seu

automóvel e comprar um outro financiado. Esta prática não elimina a dívida,

mas garante o pagamento de juros bem menores do que aqueles que você

pagaria no empréstimo pessoal – hoje os juros de um financiamento de

automóveis não chegam a passar muito dos 2% ao mês. Mas note que esta

não deve ser uma prática a ser incentivada, uma vez que se está perdendo um

bom valor em juros. Deve ser considerada apenas como uma alternativa ao

empréstimo, quando este se faz essencial.

Empréstimo específico para casa própria, carro, cirurgia plástica e

outros: a aquisição de empréstimos para bens e serviços cuja aquisição pode

ser adiada é uma prática que deve ser evitada. Com juros altos, é muito melhor

poupar para pagar à vista um pouco mais adiante do que desfrutar hoje e

pagar muito mais caro no futuro, comprometendo boa parte de nossa renda

com juros. Do ponto de vista financeiro, é muito mais barato e seguro alugar

um imóvel enquanto se constrói uma poupança para adquirir um imóvel à vista

no futuro (basta ter disciplina para fazer a poupança). Ao comprar um carro, é

possível obter ótimos descontos pagando à vista. Quanto à cirurgia plástica, é

muito mais saudável esperar um pouquinho e pagar à vista, pois é provável

que as rugas que surgirão com a preocupação de uma dívida desnecessária

exijam nova cirurgia em pouco tempo.

45

Estas informações serão bastante úteis na hora de escolher o tipo de

empréstimo mais adequado a cada leitor. Porém, a dica mais importante é

esta: procure quitar suas dívidas o quanto antes, para que você gaste menos

dinheiro com juros. Se tiver várias dívidas, comece eliminando primeiro as mais

caras, ou substituindo-as por mais baratas.

46

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BANCO DO BRASIL. Soluções em crédito.

<http://www.bb.com.br/portalbb/page251,116,2058,1,1,1,1.bb?codigoMenu=17

2&codigoNoticia=2205 > Acesso em setembro/2012.

BANCO CENTRAL. Política Monetária e Operações de Crédito do Sistema

Financeiro. < http://www.bcb.gov.br/?ECOIMPOM > Acesso em agosto/2012.

BRADESCO. O Bradesco ajuda você a realizar o seu sonho.

< http://www.shopcredit.com.br/shopcredit/ > Acesso em agosto/2012.

CAIXA. Programa Caixa melhor crédito.

< http://www1.caixa.gov.br/melhorcredito/index.html > Acesso em agosto/2012.

CENTRO DE POLÍTICAS SOCIAIS FGV. “A nova classe média.”

< http://www.cps.fgv.br/cps/classe_media/> Acesso em setembro/2012.

FEBRABAN. Febraban lança campanha nacional sobre o uso consciente do

crédito.

<http://www.febraban.org.br/Noticias1.asp?id_texto=1294&id_pagina=61&palav

ra=cr%E9dito%20consciente> Acesso em maio/2012.

FOLHA DE SÃO PAULO. Procon alerta sobre crédito consignado em dia do

Código do Consumidor.

<http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1151217-procon-alerta-sobre-credito-

consignado-em-dia-do-codigo-do-consumidor.shtml> Acesso em

setembro/2012.

HSBC. Soluções em crédito do HSBC.

< http://www.hsbc.com.br/1/2/portal/pt/para-voce/emprestimos-financiamentos>

Acesso em setembro/2012.

47

ITAÚ. Uso consciente do dinheiro. < http://www.itau.com.br/usoconsciente/ >

Acesso em julho/2012.

POCHMANN, Márcio. Nova Classe Média? Rio de Janeiro: Boitempo, 2012.

SECRETARIA DE ASSUNTOS ESTRATÉGICOS DA PREVIDÊNCIA DA

REPÚBLICA (SAE). “Nova classe média ganha até R$1.019 per capita.”

< http://www.sae.gov.br/site/?tag=classe-media&paged=5> Acesso em

junho/2012.

SERASA EXPERIAN. “Feirão Limpa Nome começa nesta quarta-feira com

oportunidade de descontos na negociação de dívidas.”

<http://www.serasaexperian.com.br/release/noticias/2012/noticia_00911.htm>

Acesso em julho/2012.

SOUZA, Amaury de. A classe Média Brasileira: Ambições, Valores e Projetos

de Sociedade. Rio de Janeiro: Campus, 2012.

48

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02

DEDICATÓRIA 03

RESUMO 04

METODOLOGIA 05

SUMÁRIO 06

INTRODUÇÃO 07

CAPÍTULO I

A NOVA CLASSE C E A OFERTA DO CRÉDITO 09

1.1 - A importância econômica da classe C 09

1.2 - Mas afinal, quem é a nova classe média brasileira? 10

1.3 - A inexperiência da nova classe 11

1.4 – Educação Financeira 12

CAPÍTULO II

O PODER DO CRÉDITO 15

2.1 - Tipos de crédito 16

2.2 - Cartão de crédito: o vilão 20

2.3 - Armadilhas do crédito consignado 24

CAPÍTULO III

OFERTA DE CRÉDITO X INADIMPLÊNCIA 26

3.1 - O recorde da inadimplência 27

CAPÍTULO IV

CRÉDITO CONSCIENTE 29

4.1 - Projeto indicadores públicos 29

4.1.1 - Queixas recorrentes 30

4.2 - O incremento do crédito consciente 30

4.3 - Crédito consciente é dever de todos 32

CONCLUSÃO 35

49

ANEXOS 38

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 46

ÍNDICE 48

FOLHA DE AVALIAÇÃO 50

50

FOLHA DE AVALIAÇÃO Nome da Instituição: Título da Monografia: Autor: Data da entrega: Avaliado por: Conceito: