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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM A LIDERANÇA DEMOCRÁTICA NA GESTÃO ESCOLAR Por: Suellen Ewald Torres Calheiros Orientador Prof. Flavia Cavalcanti Rio de Janeiro 2011 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

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Page 1: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · conceito de liderança, os tipos de liderança e a gestão democrática em uma organização. 2.1 – Conceito de Liderança

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

A LIDERANÇA DEMOCRÁTICA NA GESTÃO ESCOLAR

Por: Suellen Ewald Torres Calheiros

Orientador

Prof. Flavia Cavalcanti

Rio de Janeiro

2011

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

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PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

A LIDERANÇA DEMOCRÁTICA NA GESTÃO ESCOLAR

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Administração

e Supervisão Escolar

Por Suellen Ewald Torres Calheiros

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AGRADECIMENTOS

....a Deus que tem feito a Sua

soberana vontade na minha vida, a

minha mãe que sempre me apoio e

sempre esteve ao meu lado, mesmo

nos momentos mais difíceis, e a minha

amiga Michelle que sempre me

incentivou e esteve ao meu lado

durante toda minha formação.

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RESUMO

Este trabalho monográfico tem como tema a liderança democrática do

gestor na relação com os professores do Ensino Fundamental, seguindo a

linha de pesquisa que trata da gestão pedagógica e do cotidiano da escola. O

objetivo foi investigar na instituição a relação do gestor com os professores e a

importância das relações interpessoais entre eles. O problema pesquisado foi:

Até que ponto o gestor pode desenvolver uma liderança democrática na

relação com os professores, do Ensino Fundamental?

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METODOLOGIA

Este estudo teve como referencial teórico: Hora (1999, 2007) e como

metodologia utilizada, uma coleta de dados bibliográficos. Foi possível verificar

ao final desta pesquisa, o quanto é relevante a questão da liderança

democrática na gestão escolar e que algumas atitudes do gestor como

estímulo, motivação, valorização, de princípios de liberdade, de interesses,

autodisciplina através de dinâmicas, participação efetiva na tomada de

decisões, cursos de aperfeiçoamento, reconhecimento do trabalho e

gratificações, ampliam a liderança democrática desse gestor, propiciando uma

gestão de qualidade total e fazendo com que os professores desenvolvam

melhor seu trabalho em sala de aula.

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SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO............................................................................................04 2 – A LIDERANÇA DEMOCRÁTICA................................................................06 2.1 – Conceito de Liderança................................................................06 2.1.1 - Tipos de liderança............................................................08 2.2 – A Gestão Democrática em uma Organização...........................11

2.3 – As relações interpessoais na Gestão Democrática..................15 2.3.1 – A formação do Professor.................................................16 2.3.2 – O papel do professor na escola.......................................20 2.3.3 – As relações Interpessoais do Gestor / Professores.........24 3 – A GESTÃO DEMOCRÁTICA INCLUI PARTICIPAÇÃO DE TODOS..........26 4 – CONCLUSÃO.............................................................................................28 5 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................30

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INTRODUÇÃO

Quantas vezes ouve-se falar de conflitos nas relações interpessoais em

ambientes profissionais, de situações divergentes entre “patrão” e

“empregado”. Com base nessas condições, pode-se afirmar que esse tipo de

problema, também acontece em instituições de ensino.

Instituições que são administradas por pedagogos, porém esses

pedagogos que deveriam ser educadores são descritos como autoritários,

imperiosos, e rudes. Os professores que trabalham nessas escolas se tornam

descontentes com seu local de trabalho, porque são desvalorizados, sendo

então desestimulados até mesmo a desenvolver seu trabalho em sala de aula.

Portanto, este trabalho científico buscou pesquisar: Até que ponto o

gestor pode desenvolver uma liderança democrática na relação com os

professores do Ensino Fundamental?

Esta pesquisadora interessou-se por este problema, depois de observar

em uma de suas experiências profissionais, que ocorreu em uma das escolas

onde esta autora trabalhou: a falta de condições, de liderança da direção,

imposições sobre normas, planejamentos, currículo, entre outros, centralização

de poder e decisões que, muitas vezes, eram interpretadas até, como

exploração. Trata-se da gestão de qualidade total, que pode tornar a escola

em um ambiente melhor em todos os sentidos, pois é ela quem “produz” o

caráter da instituição e de seus respectivos membros.

Esta pesquisa teve como objetivo investigar na instituição a relação do

gestor com os professores e a importância das relações interpessoais entre

eles, que podem interferir na qualidade do processo educativo. Já que o gestor

pode desenvolver uma liderança democrática na relação com os professores,

tomando atitudes que os valorizem, estimulando e motivando, para que se

sintam parte integrante tanto na equipe escolar, como na educação de seus

alunos, para que venham a obter bons resultados dentro de sala de aula. Se

esse gestor não estimular, ou desenvolver atividades em sua escola como,

reuniões, dinâmicas de grupo e gratificações, haverá dificuldade em ampliar

essa liderança democrática.

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Esta pesquisa seguiu a linha de pesquisa: gestão pedagógica e

cotidiano da escola. Porque pesquisou os processos da gestão no cotidiano da

escola e as ações inovadoras referentes à questão da liderança democrática

na gestão.

Esta monografia teve como seu referencial teórico: Hora (1999, 2007), e

foi bibliográfica, porque segundo Gil (1996), fundamentou-se em uma revisão

bibliográfica, e porque foram feitas consultas a obras literárias sobre a

temática.

Este trabalho foi dividido em dois capítulos. O primeiro trata da liderança

democrática, conceito e tipos de liderança, a liderança democrática em uma

organização, buscando demonstrar a importância da gestão democrática. Aborda também as relações interpessoais na gestão democrática focando a

formação do professor, o papel do professor na escola e as relações

interpessoais entre o gestor e os professores procurando definir quais são

essas relações interpessoais e revelar o valor do profissional docente e o

quanto a qualidade das relações interpessoais podem influenciar os processos

existentes na escola. O segundo faz a análise da autora referenciada, que tem

como objetivo o diálogo entre as idéias da autora referenciada e da autora

desta pesquisa.

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2 - A LIDERANÇA DEMOCRÁTICA

Este capitulo abordará a questão de liderança democrática, focando o

conceito de liderança, os tipos de liderança e a gestão democrática em uma

organização.

2.1 – Conceito de Liderança

De acordo com Ferreira, (1999, p 1211) liderança é “S.f. 1. Função de

líder. 2. Capacidade de liderar; espírito de chefia. 3. Forma de dominação

baseada no prestígio social e aceita pelos dirigidos.”

Segundo Gardner (2000), liderança é a persuasão, ou exemplo, que faz

com que um indivíduo ou uma equipe induzá a um grupo a partilhar, ou a

dedicar-se aos objetivos do líder.

A Nova Enciclopédia Barsa (2001, p 28), descreve que, “Liderança é o

processo de estímulo pelo qual, mediante ações recíprocas bem-sucedidas as

diferenças individuais são controladas e a energia humana que delas deriva se

encaminha em benefício de uma causa comum.”

Para Spector (2003, p 330), “liderança envolve influênciar as atitudes,

crenças, comportamentos e sentimentos de outras pessoas.” A liderança

portanto, é a capacidade de produzir mudança no ambiente em que está

inserida e se torna um elemento fundamental para o funcionamento de

qualquer organização.

Para Gardner (2000), o líder também desempenha (ou levam a que

sejam desempenhados) encargos ou funções que são fundamentais para que

o grupo alcance seus objetivos. E que os líderes formam e são formados,

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porque a comunicação e a influência são mútuas e alguns elementos não-

verbais, não-racionas e inconscientes exercem seu papel.

A Nova Enciclopédia Barsa (2001, p 28) relata que, a liderança é

produzida na interação dos membros de um grupo e portanto, esse contexto

faz com que o líder permaneça em um processo contínuo de troca de

influências.

Segundo Spector (apud FRENCH e RAVEN, 2003, p 331), a influência

ou poder que uma pessoa tem sobre outra, é baseada em cinco fatores. Esses

fatores, envolvem características individuais e condições organizacionais

referentes ao relacionamento entre líder e seguidor.

Tabela 1

As cinco bases da influência e poder interpessoais, de French e Raven

(1959), e como elas podem ser usadas.

BASES UTILIZAÇÃO

Experiência Fornecer informações

Referência Fazer com que os subordinados gostem de você

Legitimidade Obter um alto cargo ou escalão

Recompensa Dar recompensas pela conformidade

Coerção Punir a não conformidade

Gardner (2000, p 20) afirma que, “A capacidade de líderes de se

erguerem acima das jurisdições pode lhes permitir aglutinar grupos

fragmentados de constituintes que precisam trabalhar juntos para resolver um

problema.” Assim Gardner (2000, p 18) esclarecendo também a relação de

poder e liderança, declara que, “ não devemos confundir liderança com poder.

Líderes sempre dispõem de alguma medida de poder, baseado em sua

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capacidade de convencer, mas muita gente com poder não tem dons de

liderança.”

2.1.1 – Tipos de Liderança

Para Gardner (2000, p 21), “os líderes apresentam-se sob muitas

formas, com muitos estilos e diferentes qualidades.”

Spector (2003, p 336), se refere aos tipos de liderança como, “um

conjunto de comportamentos que representam um enfoque na forma de lidar

com os subordinados”

Conforme a Nova Enciclopédia Barsa (2001), há várias formas de

liderança e elas são classificadas pela origem de sua capacidade, ou na

técnica de sua prática. A Nova Enciclopédia Barsa (2001, p 28) também

descreve os tipos de liderança em forma de tópicos:

• Carismática. Assim denominada por Max Weber, a liderança carismática, supostamente de origem sobrenatural, é aceita pelo grupo em períodos de pesadas frustrações e depressões coletivas.

• Reformista. Os representantes da liderança reformista se caracterizam pela imensa carga de hostilidade e agressão de que são portadores. Seus dotes oratórios e capacidade de persuasão são capazes de gerar notáveis efeitos de destruição no campo das instituições e sistemas de organização social.

• Executiva. Supostamente presente nas grandes organizações, a liderança executiva se caracteriza principalmente pela habilidade organizadora e capacidade de orientação das forças coletivas.

• Coercitiva. A liderança coercitiva, também chamada autoritária, caracteriza-se pela total absorção do poder de decisão e peculiar distância social que separa a personalidade que a exerce da coletividade sobre a qual atua.

• De tarefa e socioemocional. A liderança de tarefa tem como característica principal a estruturação de idéias e a

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iniciativa na solução de problemas, enquanto a liderança socioemocional funciona como fator de escoamento de tensões e promoção do moral.

• Estatutária e espontânea. O poder de influência e as funções do líder por delegação estatutária decorrem de imposições legais. A rigor, tais líderes não se revestem de autenticidade e em pouco tempo se deixam anular pela maior habilidade de organização e iniciativa dos líderes espontâneos, ou passam a exercer formas autoritárias de ação.

• Autoritária e democrática ou liberal. O conceito de liderança autoritária coincide com o da coercitiva. Define-se pela competência exclusiva do líder na determinação dos objetivos do grupo, em cuja discussão e fixação os liderados são totalmente excluídos. A liderança democrática se caracteriza pela preocupação de tanto quanto possível, incorporar os liderados nas tarefas de direção (NOVA ENCICLOPÉDIA BARSA, 2001, p. 28).

Gardner (2000, p 21) expõe exemplificando os muitos tipos de lideres:

A diversidade é praticamente sem limites: Churchill, o velho

guerreiro esplendidamente eloqüente; Gandhi, o visionário e

astuto mobilizador de seu povo; Lenin, o revolucionário

friamente determinado. Considerem apenas a limitada

categoria da liderança militar. George Marshall foi um homem

discreto, que não gostava de aparecer, com um discernimento

soberbo e uma capacidade ilimitada de inspirar confiança.

MacArthur foi um estrategista brilhante, um administrador de

visão ampla, e exuberante até a raiz dos cabelos. (Eisenhower,

que serviu sob as ordens de MacArthur, disse certa vez:

“Estudei arte dramática com um verdadeiro mestre.”)

Eisenhower, no exercício de sua missão de guerra, foi um

notável líder/ administrador e forjador de alianças. O general

Patton foi um comandante de batalhas formidável, intenso. O

marechal-de-campo Montgomery, um líder talentoso,

temperamental, de quem Churchill disse: “Na derrota, indômito;

na vitória, insuportável.” Foram todos grandes líderes - mas de

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uma extraordinária diversidade em seus atributos pessoais

(GARDNER, 2000, p. 21).

Pode-se então afirmar que, o que forma um líder são as suas

características próprias, os traços distintos da sua personalidade, como sua

capacidade, atitude, convicção, seu caráter, compromisso e até mesmo seu

carisma.

Gardner (2000, p 21) afirma que, “o fato de existirem muitos tipos de

líderes tem implicações na educação para a liderança.” Ele também explica

que, os formadores de líderes apresentam um modelo ideal, que é

extremamente restrito. Ao invés de transmitir aos jovens noções dos diversos

tipos de lideres e estilos de liderança, estimulando-os a seguirem um modelo

mais apropriado ao seu perfil.

Quando se aborda o comportamento do líder, Gardner (2000) vai mais

além relatando seis aspectos, que distinguem a corrente geral dos

administradores dos lideres, que são capazes de 1. Pensar a longo prazo; 2.

Pensar sobre a unidade que estão dirigindo, e compreender seu

relacionamento com realidades mais amplas; 3. Atingir e influenciar

constituintes além de suas jurisdições, além de fronteiras; 4. Colocar grande

ênfase nas intangibilidades de ponto de visão, valores e motivação, e

compreender intuitivamente os elementos não racionais e inconscientes na

interação líder-constituinte; 5. Ter a habilidade política de lidar com as

exigências conflitantes múltiplos grupos de constituintes. E 6. Pensar em

renovação buscando as revisões de processo e de estruturas exigidas por uma

realidade sempre inconstante.

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2.2 – A Gestão Democrática em uma Organização

Segundo Paro (2001), toda vez que se propõe uma gestão democrática,

isso é considerado uma utopia. Porém, Paro (2001) afirma ainda que, a

palavra utopia significa o lugar que não existe. O que não quer dizer que não

possa vir a existir. Se for colocado como objetivo, meta deve-se inicialmente

analisar as condições para a viabilidade de um projeto de democratização da

escola.

O sistema capitalista influência a gestão, assim como relata Hora (2007,

p 13):

As práticas autoritárias e centralizadoras presentes na gestão

escolar expressam a organização estruturada pela sociedade

capitalista que procura, em última instância, a manutenção das

relações sociais de produção, refletindo as divisões sociais

existentes, com tendências a perpetuá-las e acentuá-las,

enfatizando, assim, a manutenção do poder da classe

dominante (HORA, 2007, p. 13).

Assim, Hora (1999) comenta ainda que, a administração escolar, no

sistema capitalista não tem autonomia no contexto social, econômico e político,

já que seus lideres, ou diretores não têm poder participativo na formulação da

política educacional.

Para Paro (2001), os grupos dominantes não têm nenhuma iniciativa em

favor das classes dominadas, principalmente no que se refere à transformação

da educação, sem pressão dos interessados.

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De acordo com Hora (2007, p 25), “A concepção de democracia como

processo de socialização da participação política com a socialização do poder

vai de encontro à lógica do capital que o enfrentou...”

Hora (apud COUTINHO 2007, p 26), afirma que:

a democracia – se nós a entendemos num sentido forte, no

sentido de um regime que assegura a igualdade, a participação

coletiva de todos na apropriação dos bens coletivamente

criados – implica, indiscutivelmente, uma dimensão social e,

conseqüentemente, uma dimensão econômica. Não há

igualdade substantiva, igualdade que passa pela esfera

econômica (HORA apud COUTINHO,2007, p 26).

Para Hora (2007, p 30), “a idéia de democracia traz consigo a idéia de

cidadania democrática em que os sujeitos são responsáveis e aptos a

participar...”

Hora (1999) expõe que, quem defende a administração participativa, ou

seja, gestão democrática têm quatro objetivos fundamentais como a

eliminação do autoritarismo centralizador, a abolição do binômio dirigentes e

dirigidos, a diminuição das diferenças entre os segmentos sociais, e a

participação efetiva dos diversos segmentos sociais nas tomadas decisões,

conscientizando a todos que são autores da história da organização de que

fazerm parte. Dessa forma, cada indivíduo passa a assumir a responsabilidade

de suas ações sabendo que tem o poder de influir no conteúdos e nas

organizações das atividades.

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Segundo Hora (1999, p 51), o principal intrumento da gestão

democrática é o planejamento participativo, “em permanente debate, reflexão,

problematização, estudo, aplicação, avaliação e reformulação, em função das

próprias mudanças sociais e institucionais.” . Esse planejamento constitui-se

então, em um processo político em benefício da maioria. Assim como Hora

(ibid , p 51) reafirma suas palavras dizendo que o planejamento participativo

“significa um processo político vinculado à decisão da maioria, tomada pela

maioria, em benefício da maioria.”

Hora (2007, p 53) enfatiza que, pode-se assumir uma atitude

democrática na gestão escolar “A escola, na qualidade de organização social

de formação, pretende ser espaço onde todos aprendem a democracia,

vivendo seus valores em um exercício permanente, construída por pequenas

conquistas diárias, na vida da coletividade, para alcançar grandes conquistas”.

Hora (1999, p 49) descreve uma exigência ao administrador-educador,

de que ele compreenda a dimensão política de sua ação

administrativa respaldada na ação participativa, rompendo

com a rotina alienada do mando impessoal e racionalizando

da burocracia que permeia a dominação das organizações

modernas. É a recuperação urgente do papel do diretor-

educador na liderança do processo educativo (HORA, 1999, p

49).

Essa autora diz que, “a principal função do administrador escolar é

realizar uma liderança política, cultural e pedagógica, sem perder de vista a

competência técnica para administrar a instituição que dirige.” (p 53). Ela ainda

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afirma que, o gestor deve colocar o processo administrativo a serviço do

pedagógico.

Paro (2001, p 12) afirma que, quando se refere à distribuição de poder

em âmbito escolar o diretor não está perdendo poder e sim dividindo

responsabilidade. E ao acontecer isso a própria instituição estará ganhando

poder, pois gera uma articulação da organização como um todo pelos

interesses da escola, já que se torna um grupo representativo e

instrumentalizado pela conscientização que a própria organização propicia.

Para Hora (2007, p 30), a conscientização que é propiciada pela

organização acontece através do “processo educativo como espaço de

construção de cidadania; de liberdade de expressão e de idéias; de liberdade

para a construção de aprendizagens; de crescimento pessoal e social,

caracterizando-se assim como um espaço democrático”.

Hora (apud LÜCK 2007, p 38) considera que,

o desenvolvimento da consciência de que o autoritarismo, a

centralização, a fragmentação, o conservadorismo e a ótica do

dividir para conquistar, do perde-ganha, estão ultrapassados,

por conduzirem ao desperdício, ao imobilismo, ao ativismo

inconseqüente, à desresponsabilização por atos e seus

resultados e, em última instância, à estagnação social e ao

fracasso de suas instituições (HORA apud LÜCK 2007, p 38).

Segundo Hora (1999, p 43), os pressupostos básicos que dividem os

teóricos de administração e de administração escolar são:

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1. As organizações, mesmo com objetivos diferentes, são semelhantes e, portanto, suas estruturas são similares e, como tais, os princípios administrativos podem ser os mesmos, desde que sejam feitas as devidas adaptações para o alcance de suas metas – “generalidade”.

2. A organização escolar e o sistema escolar como um todo precisam adotar métodos e técnicas de administração que garantam a sua eficiência e atendam aos objetivos estabelecidos pela sociedade – “racionalidade”. (HORA, 1999, p 43).

Hypolito (1997) relata que, apenas após os anos 70, é que surgiram

estudos e novas análises sobre a organização e administração escolar, para

analisar a burocratização e as conseqüências da presença dos paradigmas da

administração empresarial no sistema escolar.

Hora (2007) afirma que, a estrutura organizacional é o que orienta o

funcionamento da escola através do regulamento, das leis. Hora (2007, p 40)

também descreve que: “É a legislação que determina a política educacional e

as diretrizes para a elaboração da proposta pedagógica a ser desenvolvida em

cada instituição.” Hora (2007, p 40) ainda relata que: “É por meio dos

dispositivos legais constituintes da estrutura organizacional que se expressam

as concepções assumidas pela escola, sua filosofia e finalidades”.

2.3 – As relações interpessoais na Gestão Democrática

Para Hora (2007), na escola, a questão da democracia tem duas formas

prioritárias que são respectivamente diferentes e complementares. A

democratização das relações que se constroem na própria escola, tanto na sua

estrutura organizacional, quanto no campo da ação pedagógica. E a dimensão

do papel social que ela pode desempenhar no processo de democratização,

definindo sua contribuição por meio das relações que mantém.

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Segundo Hora (1999, p 117), “as relações interpessoais são também

consideradas na postura do diretor” que pretende exercer uma gestão

democrática. E o bom relacionamento interpessoal não se deve ficar restrito

apenas à comunidade, “mas inclui também a relação diretor-funcionário”. (p

117).

Paro (2001) afirma que, não se deve ignorar que a ausência de boas

condições de trabalho, originadas das relações interpessoais entre a gestão e

os docentes, pode contribuir para o retardamento de mudanças,

desfavorecendo até mesmo o estabelecimento dessas próprias relações.

2.3.1 – A formação do professor

Para Bueno (1996, p 530), a definição de professor é “aquele que

professa ou ensina uma ciência, uma arte; mestre; [...] perito ou muito hábil.”

Sendo então, aquele que está à frente, capacitado para o trabalho pedagógico.

Para estar capacitado para esse trabalho é fundamental que haja uma

formação adequada. A respeito disso, Paro (2001, p 95) ressalta a importância

da formação do corpo docente, “quando se pretende realizar um trabalho de

efetiva qualidade, trata-se de uma força de trabalho especial que requer longos

períodos para sua adequada formação”.

Para Alves (2006, p 39), professores acreditam que são as teorias

científicas que formam professores, e assim relata:

Durante anos consecutivos, nossos professores têm

aprendido teorias científicas sobre a educação, achando que é

assim que se formam professores. Existe, de fato, uma

ciência da educação, como também existe uma ciência do

piano. Mas a ciência da educação não faz um professor, da

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mesma forma como o conhecimento da ciência do piano não

faz um pianista. Muitos professores maravilhosos nunca

estudaram as disciplinas pedagógicas. (ALVES, 2006, p 39)

A LDBEN (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), lei nº

9394/96, do mesmo modo faz alusão à questão de formação de professores

não somente, através de teorias, no artigo 61, incisos I e II, quando especifica

a formação de profissionais da educação tendo como fundamentos: a

associação entre teorias e práticas, inclusive mediante a capacitação em

serviço; e o aproveitamento da formação e experiências anteriores em

instituições de ensino e também outras atividades.

Sobre o que diz a LDBEN, Carneiro (2004, p 164), afirma que “a Lei

amplia as possibilidades de formação dos profissionais da educação”. Esse

mesmo autor continua explicando que, “trata-se, mais uma vez, de realçar a

dimensão do extra-escolar, do não-formal”. (p, 164).

Segundo Paro (2001, p 95), culpa-se muito a questão da má formação

do professor, porém “de pouco adianta atacar o problema da má formação do

educador se não se atacam concomitantemente seus determinantes.” E ainda

afirma que “uma das causas mais importantes da baixa formação do professor

da escola fundamental e média são os baixos salários oferecidos”.

Hypolito (1997) relata que, há um consenso entre vários autores no que

diz respeito ao processo de assalariamento dos professores, a sua

desprofissionalização e perda do prestígio social.

Paro (2001), revela que, quando a remuneração é reduzida, há uma

queda de qualidade, ocorre à evasão dos profissionais mais qualificados, que

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investiram em sua formação para obter uma alta remuneração e assim

procuram melhores alternativas de emprego. Sendo assim, a ocupação atrai

pessoas menos qualificadas, que não conseguem melhores condições de

trabalho.

Moreira (2002), a respeito da qualificação de professores diz que,

precisa haver valorização da atuação do professor e que também se deve

cobrar e exigir que os governos e sistemas de ensino possam investir tanto em

sua formação, como na promoção de condições adequadas de trabalho.

Paro (2001, p 96) afirma que,

Além disso, com baixos salários e precárias condições de

trabalho, o profissional se sente muito pouco estimulado a

atualizar-se e a procurar aperfeiçoar-se em serviço. No caso

do professor, acrescente-se a este desestímulo o fato de ter

que trabalhar em mais de um emprego para compensar os

baixos salários, restando-lhe pouco tempo para dedicar-se a

uma formação continuada, necessária não apenas para

compensar a fraca formação profissional que recebeu, mas

também por tratar-se de um trabalho intelectual que exige

constante atualização (PARO, 2001, p 96).

De acordo com os autores citados acima, torna-se fundamental,

portanto, exigir melhores condições de trabalho e valorização dos professores,

para que haja melhor capacitação para o trabalho pedagógico.

Kramer (2002, p 122) fala sobre a importância da formação do

professor como leitor e construtor do saber, relatando que “formar o professor

como construtor do saber é tomá-lo como construtor da história...”.

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Freire (2006, p 17), expõe seu ponto de vista em que o preparo

científico deve coincidir com a retidão ética do professor:

Formação científica, correção ética, respeito aos outros,

coerência, capacidade de viver e de aprender com o diferente,

não permitir que o nosso mal-estar pessoal ou a nossa

antipatia com relação ao outro nos façam acusá-lo do que não

fez são obrigações a cujo cumprimento devemos humilde mas

perseverantemente nos dedicar. (FREIRE, 2006, p 17).

De acordo com Linhares (2004, p 10), a realização de pesquisas durante

a formação de professores é fundamental, pois “se a liberdade não se ensina

pela sua ausência, a especificidade do trabalho escolar não se aprende sem a

elaboração do que acontece na escola. A pesquisa se torna, assim, um eixo

essencial na formação de professores”.

Freire (2006, p 15) também afirma diretamente aos professores a

questão da ética que deve ser exercida no trabalho docente com as seguintes

palavras: “gostaria, por outro lado, de sublinhar a nós mesmos, professores e

professoras, a nossa responsabilidade ética no exercício de nossa tarefa

docente.” Esse autor prossegue com o tema dizendo que a ética se faz

necessária a natureza da prática educativa, enquanto prática formadora.

Linhares (2004, p 12), revela que na formação de professores há pontos

subentendidos, como a busca por valores morais, por exemplo, como ética e

respeito, em meio à crise cultural, pela procura da identidade, que se vive hoje

na pós-modernidade, e que essas questões implícitas na formação de

professores,

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requerem que transitemos em um espaço complexo de uma

cultura em crise, em busca de validação de significados

coletivos e pessoais, onde se confrontam o extravio ético com

uma procura audaz de construção de sujeitos coletivos e

pessoais que se reconheçam, criticamente, na própria

produção histórica de sua existência. (LINHARES, 2004, p 12)

Moreira (2004, p 45) descreve como formar um professor técnica e

politicamente competente para o trabalho pedagógico, afirmando que, “formar

um professor técnica e politicamente competente significa formar um professor

que integre, em sua atuação, conhecimentos, habilidades, crenças, valores,

emoções e comprometimentos”.

Esse mesmo autor declara que se deve desenvolver, no futuro

profissional da educação, “a capacidade de utilizar procedimentos e criar

alternativas que possibilitem contribuir para o melhor rendimento do aluno...” (p

49).

2.3.2 – O papel do professor na escola

Paro (2001, p 94), fala da importância do corpo docente na prática do

trabalho escolar,

por um lado, porque se trata do elemento mais importante que

a escola pode oferecer na realização do trabalho escolar e,

por outro, porque, quando se pretende realizar um trabalho de

efetiva qualidade, trata-se de uma força de trabalho especial

que requer longos períodos para sua adequada formação

(PARO, 2001, p 94).

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Furlani (2001, p 13) apresenta exemplos do que causou a

desvalorização do papel do professor, apesar da sua tão significativa

importância para a realização do trabalho pedagógico, “em alguns casos, foi o

professor reduzido ao papel de executor de políticas planejadas por

tecnocratas, em outros foi identificado como autoritário, repressor etc. Com

isto, ao ampliar sua importância quantitativa, o professor foi perdendo sua

importância social, técnica e política”.

Moreira (2004, p 48), sugere que a respeito da conscientização sobre o

papel dos professores na prática educativa transformadora, deve-se considerá-

los como intelectuais e essa atitude “implica incitá-los a analisar a função

social que desempenham, bem como a examinar que tradições e condições

têm impedido uma prática transformadora mais efetiva”.

Hypolito (1997) conta que no final dos anos 70, o professorado

organizou-se em sindicatos para defender suas condições de trabalho, porque

há muito já se configurava como uma categoria social assalariada, muito

numerosa, submetida à desvalorização profissional, de perda do prestígio

social e de arrocho salarial.

Moreira (2004, p 48) também comenta que, “considerar os professores

como intelectuais envolve ajudá-los a identificar os interesses políticos e

ideológicos que estruturam a natureza do discurso, as relações sociais da sala

de aula e os valores transmitidos aos alunos”.

Furlani (2001, p 37) enumera algumas funções do professor dentro da

sala de aula, que se caracteriza como seu principal espaço dentro da

instituição de ensino, dessa forma, como de “didata (na transmissão de

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conhecimentos), de facilitador de desempenhos adequados (no

disciplinamento da situação pedagógica), de diagnosticador (na sua avaliação)

e de vivenciador de modelos democráticos no relacionamento com o aluno”.

Essa mesma autora revela que essa divisão foi realizada para uma

melhor análise, pois esses papéis do professor ocorrem de maneira integrada.

Ela ainda explica cada um dos papéis que o professor exerce dentro do

ambiente escolar:

A respeito do papel de didata, Furlani (2001, p 43) afirma que:

O que define o didata não é, no entanto, somente a utilização

correta de métodos e técnicas que permitam a apreensão do

conhecimento pelo aluno. E sim que o professor, ao tratar da

transmissão de conhecimento, vê o uso da metodologia, do

livro didático, da apostila, do seminário, também como

momentos de descoberta, tanto do aluno, como do professor.

Para isso, é necessário conhecer o aluno, ouvi-lo, observá-lo,

de modo a propor metodologias compatíveis com o que o

aluno já tem, de forma a fazê-lo avançar na aprendizagem. O

trabalho escolar é, assim, planejado de forma a ser iniciado

com aquilo que o aluno já pode realizar (FURLANI, 2001, p

43).

Furlani (2001, p 47) descreve que o papel de facilitador de

desempenhos adequados, envolve o disciplinamento da situação pedagógica e

que para o professor, “a disciplina não diz respeito apenas ao aluno, que é ou

não indisciplinado, mas está associada com o autodomínio de professores e

alunos em sala de aula”.

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A autora citada acima ainda conta que, “o controle do tempo de

interação com o aluno continua com o professor, mas há disposição em

investí-lo em interação potencialmente positiva”. Ainda que, “esta visão não

subestima a autoridade que permeia a relação professor-aluno, mas a vê numa

perspectiva diferente da concepção de controle, possibilitando o exercício

conjunto do poder”. (p 47)

Furlani (2001, p 54) continua relatando as funções do professor. E

quando introduz o assunto avaliação, afirma que há dois aspectos que devem

ser observados, a classificação do produto que o aluno apresenta; e o

diagnóstico do trabalho escolar. E que dentre esses aspectos a classificação é,

a avaliação centrada no erro do aluno porque não propícia: 1.

que o professor descubra com o aluno em que e porque seu

trabalho, prova etc..., não estão adequados; 2. que, através

dos porquês das substituições necessárias, sejam

encontradas, pelo aluno, as alternativas de reconstrução. O

aluno, sem ser levado a reconstruir sua tarefa, perde a

oportunidade de aprendizagem de novas aquisições e

habilidades, o que pode levá-lo a receber passivamente a

avaliação do professor. A avaliação, então, deixa de ser um

procedimento que favorece a aprendizagem, através do qual

alunos e professor revêem e refazem suas escolhas, em

função dos objetivos que pretendem alcançar (FURLANI,

2001, p 54).

Para Furlani (2001), já como diagnóstico o professor efetua um

julgamento do produto apresentado pelo aluno, combinado com a observação

e o acompanhamento deste aluno, que leva o educador para uma reavaliação

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e um replanejamento, que permite a auto-avaliação do mestre, sobre recursos

utilizados e metodologias. Reorientando seu trabalho e até mesmo o de seus

alunos, auxiliando assim, na tomada de decisões necessárias para superar as

dificuldades apresentadas na aprendizagem.

Furlani (2001, p 58) finaliza os papéis do professor com a vivência de

modelos no relacionamento com o meio escolar, afirmando que, “também suas

características afetivas, culturais e de personalidade se problematizam como

parte dos papéis que são desempenhados”, possibilitando que modelos sejam

vivenciados no seu cotidiano dentro da instituição.

Essa mesma autora classifica esses modelos, em autoritário e

permissivo. E ainda revela que “da superação dessas duas e da competência

profissional concreta, nasce a vivência democrática” (p 58).

2.3.3 – As relações Interpessoais do Gestor / Professores

Segundo Hora (2007, p 31):

No interior da escola, a questão da democracia apresenta-se

em duas dimensões prioritárias que são concomitantemente

distintas e complementares. De um lado, a dimensão da

democratização das relações que se constroem internamente

na própria instituição, tanto no campo da sua estrutura

organizacional como no campo da ação pedagógica. De outro

lado, a dimensão do papel social que ela pode desempenhar

na democratização da sociedade, no sentido de definir com

clareza sua contribuição específica, possível e desejável, por

meio das relações que mantém com outras instituições e com

o Estado, em sentido estrito, e realizá-las efetivamente

(HORA, 2007, p 31).

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Paro (2001, p 43) se refere, aos condicionantes materiais, ou seja, “às

condições objetivas em que se desenvolvem as práticas e as relações no

interior da unidade escolar.” Paro (2001) afirma também que, mesmo tendo

ótimas condições de trabalho, elas por si próprias não desenvolvem relações

democráticas e cooperativas.

Em uma pesquisa realizada por Hora (1999, p 92), em uma instituição

de ensino, ela descreve que, “foram estabelecidos os princípios de liberdade,

independência, autodisciplina. Liberdade de movimentação no ambiente

individual, de interesses e motivações. Independência de pensamento, de

atitudes, tudo isso conduzindo a uma disciplina interior autodeterminada.”.

Hora (1999) relata ainda que, os professores da respectiva instituição

começaram a reivindicar participação no processo de tomada de decisões e

passaram por atividades de formação como cursos, seminários, encontros que

tratavam de assuntos e metodologias totalmente relevantes e necessários ao

desenvolvimento do processo educativo.

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3 – A GESTÃO DEMOCRÁTICA INCLUI PARTICIPAÇÃO DE TODOS

Este capítulo tem como objetivo realizar a análise das ideais da autora

escolhida para referencial teórico desta pesquisa monográfica.

Segundo Hora (1999, p 113), realizar um trabalho em uma escola que

apresenta “características de um processo democrático, em relação articulada

com a comunidade local”, tem alguns objetivos, por exemplo, a descrição e a

análise das práticas administrativas desenvolvidas na escola, “como a postura

que o diretor da escola deve adotar, levado pela dinâmica que a participação

da comunidade traz à administração.” (p 113).

Para Hora (2007), a gestão democrática exige participação de toda a

comunidade escolar, pais, professores, funcionários (de apoio), alunos, nas

decisões do processo tanto administrativo, quanto educativo e isso resulta na

concretização das relações na escola, contribuindo então, para o

aperfeiçoamento do processo administrativo-pedagógico. Isso leva ao

fortalecimento da classe trabalhadora através do desenvolvimento da

consciência crítica da comunidade.

Hora (1999), reafirma a importância da liderança que o gestor deve ter

como particularidade fundamental na elaboração de todo o processo

participativo englobando todos os envolvidos no processo escolar.

Hora (2007, p 91) expõe o papel da gestão, afirmando que:

A direção ainda assume o papel de dirigente técnico, pronto a

determinar quais soluções são mais adequadas para as

questões administrativas e pedagógicas, embora compreenda

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também que seu trabalho é político e que a participação

coletiva dos sujeitos que ali convivem poderá dar significado

efetivo às suas ações.

Hora (1999) também revela que, a questão das relações interpessoais é

de grande relevância para que a gestão se caracterize democrática. O gestor

deve manter boas relações desde os funcionários até a comunidade.

Portanto, para a autora é de máxima importância a realização de um

processo de democratização da escola, para que sejam assegurados os

direitos dos alunos, dos funcionários e da comunidade.

É de máxima importância, porque a democratização do processo pode

tornar a escola em um ambiente propiciador da validação dos direitos de toda

a comunidade escolar. Já que o espaço da instituição passa a ser realmente

para o desenvolvimento de consciência crítica dos envolvidos no processo.

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4 – CONCLUSÃO

Este estudo buscou pesquisar: Até que ponto o gestor pode desenvolver

uma liderança democrática na relação com os professores do Ensino

Fundamental?

O objetivo foi investigar na instituição a relação do gestor com os

professores e a importância das relações interpessoais entre eles, que podem

interferir na qualidade do processo educativo. Ainda, se esse gestor

desenvolver uma liderança democrática na relação com os professores,

tomando atitudes que os valorizem, estimulando e motivando, para que se

sintam parte integrante tanto na equipe escolar, como na educação de seus

alunos, poderá obter bons resultados dentro de sala de aula. Se esse gestor

não estimular, ou desenvolver atividades em sua escola como, reuniões,

dinâmicas de grupo e gratificações, haverá dificuldade em ampliar essa

liderança democrática.

Após a realização desta pesquisa, foi possível concluir que, a questão

da liderança democrática na gestão escolar é de fundamental importância, já

que engloba vários aspectos que podem interferir na qualidade do processo

educativo.

O gestor deve ter essa liderança, porque ela se caracteriza na preocupação de

envolver a todos da comunidade escolar (pais, alunos, professores, funcionários de

apoio), na participação desse processo e para promover a descentralização do poder na

tomada de decisões, já que quando o gestor divide o poder está na verdade, dividindo

responsabilidades. Sendo assim, a instituição ganha poder porque possui um grupo

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representativo da comunidade escolar e não somente o diretor. E contribui para o

aperfeiçoamento da qualidade da gestão, que pode tornar a escola em um ambiente

melhor em todos os sentidos, pois é ela, que “produz” o caráter da instituição e de seus

respectivos membros.

O gestor deve desenvolver uma liderança democrática na relação com os

professores, pois são eles que estão à frente, capacitados para o trabalho pedagógico,

devem valorizar suas atuações, que integram seus, conhecimento, habilidade,

comprometimentos, valores, emoções e crenças.

O gestor ainda pode investir em atualização na formação dos seus profissionais

como cursos, congressos, seminários que tratem de assuntos de relevância para o

aperfeiçoamento do educador.

Além disso, é preciso estabelecer princípios de liberdade de interesses,

movimentação, independência de opiniões, respeito ao individual, reconhecimento do

trabalho, gratificações, entre outras. Essas atitudes os valorizam, estimulando e

motivando, para que se sintam parte importante tanto na instituição como na educação

de seus alunos, e assim, para que venham a obter bons resultados dentro de sala de aula.

Portanto, o gestor precisa desenvolver uma liderança democrática, estabelecendo

uma boa relação com os professores, tendo atitudes que os capacitem, valorizem, e os

motivem, para que, venham a obter bons resultados no processo educativo.

A conclusão desta pesquisa gerou um incentivo a deixar uma questão

para um futuro estudo: Até que ponto o gestor pode motivar a formação

continuada dos professores, do Ensino Fundamental?

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