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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A Depressão em crianças e adolescente hospitalizados Por: Maria Leonor Mendes de Lima Orientador Prof: Maria Poppe Niterói 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A Depressão em crianças e adolescente hospitalizados

Por: Maria Leonor Mendes de Lima

Orientador

Prof: Maria Poppe

Niterói

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A depressão em crianças e adolescentes

hospitalizados

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Terapia de família.

Por: Maria Leonor Mendes de Lima

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AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus, por sempre caminhar ao meu lado. Agradeço a toda minha família (pais, marido e filhas) por me incentivarem sempre e não deixarem-me desistir, me dando apoio e o seu amor incondicional. Agradeço as minhas amigas (Édila e Elizabeth) que estiveram sempre presentes nas boas e más horas. Agradeço em especial a Renata Diniz e Tatiana Barros que sem a colaboração das mesmas não seria possível a realização dessa conquista.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a toda minha família e as minhas amigas que me incentivaram e me apoiaram, colaborando sempre para a realização deste.

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RESUMO O tema desse trabalho surgiu a partir do interesse em obter maiores

informações sobre a depressão em crianças e adolescentes durante o período

de internação hospitalar. A depressão é uma doença muito comum, porém

reconhecê-la não é tão simples. Ela pode manifestar-se de diversas maneiras e

não há diferenciação entre idade, gênero, raça ou classe social, podendo

acometer também crianças e adolescentes. As crianças são percebidas pela

sociedade como seres alegres e que não possuem preocupação, e por esse

motivo causa estranheza a ocorrência da depressão infantil. É necessário que

todos tenham conhecimento acerca do aparecimento e sintomas da depressão,

para tornar-se possível o planejamento de ações que possam interferir nesse

quadro. O trabalho ressaltará a existência da depressão em crianças e

adolescentes durante a hospitalização, refletindo sobre as dificuldades,

conflitos e angústias durante o período da hospitalização. E buscará propor

ações que possam atuar no sentido de amenizar os conflitos vivenciados por

eles nesse período. Essas ações propostas terão por finalidade o brincar, e

essas brincadeiras realizadas no ambiente hospitalar constituem-se em uma

forma de promoção da saúde que podem atuar, dentre outras, para evitar o

surgimento da depressão nas crianças e adolescentes durante a internação

hospitalar.

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METODOLOGIA

O presente trabalho foi realizado a partir de pesquisa bibliográfica sobre

o tema. Para isso foram utilizadas diversas bibliografias em relação a

caracterização da depressão, como em Freud (1914) e Bolguese (2006). Para

caracterizar a depressão em crianças e adolescentes algumas das referências

utilizadas foram as de Rappaport (1993), Baptista (1999), Chabrol (1990) e

Ballone (2008). O trabalhou buscou definir também como se dá a reação das

crianças e adolescentes frente a hospitalização, utilizando para isso, Ferro

(2007), Amorim (2007) e Soares (2005). Por fim, propôs ações para amenizar

esse período, conforme discussões de Costa (2008) e D´Alcântara (2008),

dentre outros. As referências bibliográficas utilizadas tiveram como objetivo

expor o tema da monografia de forma mais esclarecedora e eficiente,

contribuindo para compreensão do surgimento da depressão em crianças e

adolescentes durante o período de internação hospitalar e a importância de

existirem propostas eficazes tal como o “brincar” para que os conflitos e

angústias durante a internação possam ser amenizados tentando-se, assim,

evitar a depressão.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I - Caracterizando a Depressão 10 1.1. As causas da depressão 12 1.2. Os sintomas e tratamento 13 CAPÍTULO II - A Depressão em crianças e adolescentes 17 2.1. A infância, adolescência e a depressão 18 2.2. Caracterização da depressão infanto- juvenil 22 CAPÍTULO III - A criança e o adolescente frente a hospitalização 28 3.1. Proposta de intervenção no tratamento hospitalar de crianças e adolescentes 31 CONCLUSÃO 36 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ÌNDICE FOLHA DE AVALIAÇÃO

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INTRODUÇÃO

A depressão é definida como um problema psicológico complexo cujas

principais características são o estado de ânimo irritável e/ou disfórico, falta de

motivação e diminuição do comportamento instrumental adaptativo. (Mendez,

2005)

O tema do trabalho surgiu a partir do interesse em entender como as

crianças e adolescentes são acometidas pela depressão e passam a não

desfrutar da vida como em outras circunstâncias seria possível. Neste trabalho

será enfatizado o surgimento da depressão durante o período de hospitalização

de crianças e adolescentes.

As crianças são percebidas pela sociedade como seres alegres e que

não possuem preocupação, por esse motivo, a depressão em crianças causa

estranheza.

É muito importante que todos tenham conhecimento acerca da

ocorrência da depressão, para que possa tornar-se possível o planejamento de

ações que possam interferir nesse quadro.

O trabalho ressaltará as experiências de ações já existentes nesse

sentido, refletindo sobre a importância das brincadeiras como estratégias para

amenizar os conflitos vivenciados pelas crianças e adolescentes durante o

período de internação.

Tais brincadeiras também atuarão, portanto, no sentido de promoção da

saúde, buscando assim, evitar o surgimento da depressão durante a

hospitalização infantil.

O trabalho será dividido em três capítulos:

No capítulo I será definido o conceito de depressão, seu surgimento, a

maneira como se apresenta e como é possível diagnosticá-la.

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No capítulo II refletiremos sobre o surgimento da depressão em crianças

e adolescentes buscando expor as dificuldades, conflitos e angústias que lhe

são acometidos durante o período de hospitalização.

No capítulo III serão discutidas a existência de ações que tenham como

objetivo o brincar, e como estas podem ser estratégias eficientes para evitar o

surgimento da depressão em crianças e adolescentes hospitalizados,

buscando, portanto, propor a realização dessas brincadeiras no ambiente

hospitalar a fim de contribuir para a promoção da saúde.

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CAPÍTULO I – CARACTERIZANDO A DEPRESSÃO

A depressão é uma doença muito comum, porém reconhecê-la não é

simples, pode manifestar-se de muitas maneiras e não há diferenciação entre

idade, gênero, raça ou classe social.

A depressão pode ser desenvolvida por uma série de razões, podendo

atrapalhar seriamente a vida das pessoas. Ela se caracteriza por um estado de

sofrimento psíquico que pode causar desordem no comportamento da pessoa,

afetando de modo negativo seu estilo de vida.

Nos dias de hoje a depressão ou pelo menos esse tema passou a fazer

parte da vida de muitas pessoas, ou melhor quase de todas, pois em toda

família se conhece ao menos uma pessoa que já teve ou tem depressão.

Atualmente a sociedade age como se não houvesse tristeza, ou melhor,

como se esta fosse algo fora do “normal”, as pessoas devem ser alegres,

felizes, sorridentes durante vinte e quatro horas por dia, nos trezentos e

sessenta e cinco dias do ano. Caso contrário, algo está errado, e o que vemos

muitas vezes, são as próprias pessoas se auto diagnosticarem, não dizem

“estou triste”, e sim “estou deprimido”.

A depressão é um tema antigo, porém ainda atual, Freud (1914) já

falava sobre ela e hoje vive-se em um caos onde ter depressão é “normal”,

pode-se dizer que é quase uma “moda”.

“Hoje em dia, quase tudo é depressão. A síndrome foi

convertida em uma maneira de explicar o homem moderno.

Confunde-se, porém, o quadro depressivo clinicamente

verificável com manifestações isoladas que podem ser apenas

reações comuns de qualquer sujeito diante de situações

adversas. Essa indiscriminação acaba por encobrir sintomas de

pessoas infelizes, incapazes de se beneficiar da “felicidade

total” prometida pela sociedade industrial, com seus

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monumentais progressos tecnológicos e ofertas fáceis de

alegria que podem ser compradas a crédito.”

(Bolguese, 2006. p 59)

A depressão representa alteração de humor e da forma como se

interage com as pessoas, este estado pode ser induzido por fatores biológicos,

sociais e psicológicos.

Em relação ao aspecto bioquímico pode-se relacionar o desânimo que

esta doença aparenta e que não é a falta de atitude no comportamento de

reação, mas sim, um mau funcionamento cerebral. O que ocorre é um

desequilíbrio bioquímico dos neurotransmissores (mensageiros químicos do

impulso nervoso) que são responsavéis pelo controle do estado de humor.

A dopamina e a serotonina são neurotransmissores que estão muito

associados ao estado afetivo das pessoas. A serotonina está ligada aos

sentimentos de bem estar ou mal estar, ela regula o controle de movimento, da

percepção e da motivação.

Na depressão a dopamina, serotonina e outras substancias químicas

como noradrenalina, ácido gama-aminobutírico e acetilcolina ficam alteradas

desorganizando o estado de humor, as emoções, capacidade mental e o bem

estar geral do organismo.

A etiologia da depressão é usualmente associada com algumas perdas,

e estas perdas são normalmente numerosas e duradouras para quem sofre da

doença. Dados divulgados pela organização mundial de saúde apontam que

nos próximos vinte anos a depressão deve torna-se a doença mais comum do

mundo, afetando mais pessoas do que qualquer outro problema de saúde,

incluindo o câncer e doenças cardíacas. Desta forma, essa doença será a

maior causa de perdas (para a população) entre todos os problemas de saúde.

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1.1. Causas da depressão:

A classe médica acredita que os fatores desencadeantes da depressão

referem-se à genética, pois aparece em membros de algumas famílias e em

gêmeos também. Por isso é importante investigar se há casos de depressão na

família do doente, pois as chances genéticas são grandes.

A depressão também pode ocorrer depois de uma situação estressante

ou de perda. É comum sentir-se triste e desesperado durante uma crise

financeira, separação ou morte de um ente querido. Também é esperado

sentir-se fragilizado após uma situação estressante como um assalto, estupro,

e seqüestro. Esta tristeza e medo tendem a passar depois de um período de

duas semanas a seis semanas e, após esse período a vida vai entrando nos

eixos.

Alguns indivíduos não conseguem reagir e esta tristeza se transforma

em depressão, principalmente em pessoas com pré-disposição a doença.

Temos varias doenças que podem ser todas como resposta ao ambiente

social que vivemos hoje, porém a que encontra-se com mais freqüência como

“sintoma dessa sociedade” é a depressão. O sujeito acaba se sentindo na

“obrigação” de responder essa demanda, talvez, mas que uma obrigação, seja

para ele uma necessidade, e por não conseguir corresponder todas as

expectativas sociais, por uma questão financeira ou não. Ele se sinta excluído,

rejeitado, humilhado, “o diferente”, e por não saber lidar com esse sentimento

que surge acaba guardando-o para si, e com o tempo transforma-se em um

sofrimento crescente.

Soares nos chama atenção para essa realidade de nossa sociedade

atual, onde existem instrumentos de controle que funcionam como um super

ego, forte e desumano. Deve-se tomar cuidado com esse “instrumento” para

não deixá-los guiar totalmente nossas vidas, pois a partir dessa “pressão” da

sociedade acaba-se adoecendo.

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Há três formas em que a depressão se apresenta:

Depressão reativa: é reativa a alguma situação vivencial traumática

Depressão Secundaria: é secundaria a alguma condição orgânica do individuo.

Depressão endógena: é endógena por ser constitucional, ou seja, ela é

atrelada a personalidade do individuo.

Hoje é possível constatar que a sociedade vive em uma incessante

busca pela satisfação plena, se percebe através da mídia, televisão, outdoor,

que devemos consumir para nos sentirmos felizes, completos e para

suprimirmos nossa falta. Mas não nota-se que todos acabam se tornando

escravos do consumo da mídia, pois o que é consumido hoje amanhã já esta

ultrapassada, e novas propagandas virão.

O desejo de suprir a falta é momentâneo, não se consegue ter

satisfação plena, somos sujeitos castrados, temos um “buraco”, a falta faz parte

de nós. Atualmente pessoas (a maioria, porem não todas) de classe média

baixa, deixam de suprir sua necessidades básicas, como comida (arroz, feijão),

para se “alimentarem” de supérfluos, que acreditam poder comprar o que lhe

falta, adquirir um status.

Essas pessoas se enganadas achando que pode se sentirão completos,

tendo o celular da moda, o carro do ano, roupas de marcas, e acabam

esquecendo que essas coisas alem de não fazerem parte de sua

realidade financeira não vão lhe proporcionar tudo que prometem. No entanto,

a falta sempre vai existir. Soares nos fala da busca do homem pela

globalização, do desejo não dito pelo poder.

1.2 – Sintomas e tratamentos:

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Sintomas:

Os sintomas de depressão podem diferir bastante. Em geral pessoas

com depressão sofrem com o baixo humor, perda de interesse e prazer em

alguns aspectos de vida.

Após um período de tristeza a pessoa esmorece e fica “isolada do

mundo”, não sente vontade de reagir, não acha graça em nada, sente-se

angustiada, sem energia, chora sem motivo, apresenta persistência de

pensamentos negativos e um mal estar generalizado tais como indisposição,

dores pelo corpo, insônia ou sonolência, alterações no apetite, falta de

memória, falta de concentração, vulnerabilidade, fraqueza, taquicardia, dores

de cabeça, sudorese, perda de interesse sexual, irritabilidade, mudança de

peso. A apatia que acompanha a depressão geralmente impede os que sofrem

com a doença de procurarem ajuda.

Tratamento:

A depressão pode na maioria das vezes ser tratada com sucesso,

utilizando-se medicamentos antidepressivos e psicoterapia, acompanhado de

terapia familiar.

O tratamento depende de uma serie de fatores como gravidade, tipos e

sintomas, estilo de vida e medicação. Assim como a terapia

convencional,existe uma variedade de outras terapias complementares que

podem também colaborar com o sucesso do tratamento.

Como qualquer outra doença física o tratamento de depressão será feito

após uma avaliação física e psíquica por um medico psiquiatra. Às vezes a

medicação necessita de ajustes, pois pode apresentar um efeito colateral

incomodo, e por isso é importante a visita periódica para avaliação medica e o

ajuste ou troca do medicamento.

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Os antidepressivos demoram de duas a quatro semanas para atuarem

efetivamente. Uma vez restaurada a química cerebral a depressão tende a

melhorar, a partir daí torna-se mais fácil convencer o enfermo a buscar a

psicoterapia e também a terapia familiar.

Os sintomas de depressão se desenvolvem no decorrer de dias ou

semanas, e se não forem tratados, podem durar de seis meses a dois anos.

Após esse período, a maioria dos pacientes retorna a vida normal, no entanto,

vinte e cinco por cento dos casos a doença se torna crônica.

A psicoterapia oferece a vantagem de o paciente refletir a cerca da

doença e ajuda a lidar com os problemas que conduzem ao aparecimento da

depressão.

O plano terapêutico deve compreender três fases:

1-Fase aguda: dura de seis a doze semanas e tem objetivo de fazer regredir

os sinais sintomas da doença. Cerca de 70% dos pacientes respondem a esta

fase. Quando não ocorre resposta o tratamento devera ser modificado.

2- Fase de continuidade: Nesta fase a medicação deve ser mantida por

quatro a nove meses contados a partir do desaparecimento dos sintomas, com

objetivo de evitar reincidivas.

3- Fase de manutenção: Não tem tempo de duração definida, ou seja, pode

ser mantida por muitos anos. Indicado apenas nos casos de depressão grave,

com alto risco de reincididas ou idéias dominantes de suicídio. Deve-se ser

considerado para as pessoas que tiveram três ou mais episódios de depressão,

ou dois episódios ou mais historia na família de depressão com surgimento

antes dos vinte anos de idade.

Alguns fatores de risco para a depressão podem ser:

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I- Historia familiar de depressão.

II- Sexo feminino.

III- Idade mais avançada.

IV- Episódios anteriores de depressão.

V- Parto recente.

VI- Acontecimentos estressantes.

VII- Dependência de drogas.

Após tal exposição pode-se perceber, portanto, que todos devem estar

sempre atentos aos indivíduos que apresentam esses fatores de risco, para

que seja possível a prevenção, diagnóstico precoce e tratamento da

depressão.

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CAPÍTULO II – A DEPRESSÃO EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Neste capítulo será realizada a caracterização da depressão em

crianças e adolescentes.

Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA 1990) define-se

no segundo artigo que: “considera criança, para os efeitos dessa lei, a pessoa

ate doze anos de idade incompleta e adolescente aquele entre doze e dezoito

anos de idade”.

Crianças e adolescentes com depressão sofrem de quatro classes

principais de distúrbios: problemas relacionados ao pensamento, como

dificuldade de concentração, indecisão, pensamentos mórbidos, sensação de

inutilidade, e culpa excessiva; emocionais: que inclui abatimento, irritabilidade,

interesse ou prazer reduzido nas atividades e uma falta de expressão ou

variação emocional; comportamentais: seriam agitação ou letargia; ou

processos psicológicos, que abrangem muito ou pouco sono, falta ou

excesso de apetite, fadiga e falta de energia (Muller, 2003).

Segundo Rappaport (1993), historicamente a adolescência é um

conceito determinado, um fenômeno que vem se tornando cada vez mais

“normal” na modernidade, que atinge vários jovens, de diversas formas

principalmente os jovens do ocidente, por ocasião da eclosão da puberdade. À

passagem da criança ao jovem adulto se tornou problemática devida à falta de

dispositivos encontrados atualmente.

São cobradas varias mudanças subjetivas ao individuo, e ele deve

passar por essas “transformações” corporais e sociais como um estalar de

dedos, não é dado ao adolescente um período de adaptação, ele além de estar

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tendo o seu corpo transformado abruptamente, ainda deve se preocupar em

corresponder as expectativas da sociedade.

2.1- A infância, adolescência e a depressão

A adolescência é uma fase de grande aprendizagem. Não é regra que

todo adolescente passe por um período turbulento, a sociedade espera que o

adolescente seja revoltado, não goste de cumprir regras, o adolescente

“bonzinho” muitas vezes é taxado de problemático, o que nem sempre é

verdade, não estar condicionado o comportamento ao adolescente

problemático, pode acontecer de coincidir ou não.

Durante a fase de adolescência é necessário grande apoio da família. É

importante que se tenha sensibilidade para poder acompanhar esta fase sem

causar maiores danos ao adolescente. Muitas vezes o desenvolvimento físico

acontece, porém o comportamento ainda é infantil. Vemos meninos com

barbas, altos, com físico já de homens, mas ao conversarmos com eles

notamos que ainda não se desenvolveram psiquicamente, neste caso, ainda se

portam como crianças. Atualmente se tratando das meninas o que temos visto

é a gravidez precoce, o que ilustra muito bem essa realidade. Seus corpos são

de mulher, está preparado para gerar uma criança, porém esta futura mãe

adolescente, ainda ver seu filho como um boneco, alguém com quem brincar.

Em casos como esses, ocorre na maioria das vezes, uma pressão da

família, ela vê um adulto e cobra do adolescente infantilizado, uma postura

madura, que corresponda com o que seus olhos estão vendo. Devemos ter

bem clara a idéia de que cada um é único e reage de uma forma singular ao

meio externo que lhe atravessa. Mas não podemos negar que principalmente

na infância e grande parte da adolescência, esta pessoa sofreu grande

influencia de sua família. Foram passadas regras, costumes, diferentes formas

de recompensas e punições, assim, tentando direcionar a formação da criança

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e do adolescente, mas cada um absorve esses atravessamentos de maneira

diferente.

A depressão na infância e adolescência começou a ser mais estudada a

partir da década de 60, porém não se pode afirmar que este transtorno não

ocorresse na população antes disto. Hoje não há mais dúvida de que a

depressão atinge esta faixa etária, além de adultos e mesmo uma parcela

razoável da população considerada de terceira idade.

Um fator importante no surgimento e no desenrolar da depressão é a

família, peça fundamental na vida da criança e do adolescente. Atualmente não

temos mais a idéia de família ideal, como pai, mãe e filhos, morando juntos e

“vivendo felizes”. Para Baptista e Assumpção (1999, p.24) a família pode ser

vista como uma junção de crenças nucleares, que auxilia ma formação de

premissas e diretrizes na gênese de regras que guiam o desenvolvimento do

sujeito, delineando sua gama de comportamento e favorecendo um padrão de

avaliação das situações com as quais o individuo se depara em sua vida.

Em uma pesquisa citada por Baptista e Assumpção (1999 p.35), temos

os seguintes dados: “24% de adolescentes que viveram a experiência de um

divórcio antes da idade escolar, tiveram depressão, 9% que experimentaram o

divórcio no período de 7 a 12 anos e 6% quando tinham de 13 a 16 anos.”

De acordo com os mesmo autores, são vários os fatores

desencadeadores da depressão:

• Prévio histórico de depressão; quando já existe um quadro

prévio de depressão na vida do indivíduo, facilita a

recorrência.

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• Gênero; os episódios depressivos acontecem duas vezes

mais em mulheres, do que em homens.

• Viver em família disfuncional; quando a família não consegue

suprir as necessidades básicas como carinho, amor, entre

outras variáveis.

• Baixa educação dos pais; é levantada a hipótese de quão

menor for o nível de instrução dos pais, fica mais difícil para

estes perceberem e analisarem o que esta acontecendo com

seu filho.

• Grande número de eventos estressantes e pouco suporte

social; quando nos deparamos com várias mudanças, novas

situações, e precisamos de repente, nos adaptarmos à nova

realidade.

• Baixa auto-estima; a depressão está relacionada a uma visão

negativa de si próprio, a auto-estima está relacionada com a

avaliação das qualidades que cada um possui.

• Problemas na escola e competência intelectual; a escola é

vista como segundo lar, e se não se encontra a possibilidade

se ser bem sucedido neste ambiente, pode acarretar a

depressão.

• Técnicas de enfrentamento reduzidas; quando o adolescente

não sabe identificar a hora e a maneira certa de enfrente a

situação.

• Problemas de saúde; problemas de saúde como doenças

respiratórias, coronárias, endócrinas, e outras, podem ser um

fator colaborador para o desencadeamento da depressão.

• Excessiva interdependência pessoal; pode evitar que o

adolescente conquiste seu espaço com o próprio esforço e

acredite em si mesmo. Quanto mais ele for poupado dos

problemas da vida maior será a possibilidade de aumentar

sua ineficiência em enfrentá-los no futuro.

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• Morte prematura de um dos pais; pode ocasionar uma falta

de modelo, atenção, amor, e outros fatores importantes no

desenvolvimento psicológico do ser em formação.

• Fatores genéticos; são três tipos de estudos de fatores

genéticos que podem acarretar depressão: família, estudos

com gêmeos e adotivos.

É fundamental estudar a depressão na criança e no adolescente

devido a possibilidade de evitar o desenvolvimento de maiores problemas ou

transtornos futuros em fases posteriores, incluindo o suicídio.

Podemos relacionar a depressão com o suicídio na adolescência.

Segundo Chabrol (1990), o suicídio é a segunda causa de morte na

adolescência, sendo que aparecem com freqüência idéias suicidas em

adolescentes com depressão. São muitos os estudos que comprovam a

relação do suicídio com a depressão. De 92 adolescentes portadores de

depressão grave (Ryan e Colab, 1987,citados por Chabrol,1990), 34% tinham

feito uma ou duas tentativas no decurso do episódio depressivo atual.

As relações entre depressão e suicídio na adolescência são complexas,

ao mesmo tempo os comportamentos suicidas podem representar uma defesa

contra depressão, evitando um confronto com o sofrimento. Perante a morte, o

adolescente sente-se dono de si mesmo, alcança uma ilusão de onipotência;

como ao contrário, a depressão pode aparecer em forma de defesa contra o

suicídio, neste caso, a depressão aparece com a função de prolongar o laço

mortificante para os pais, protegê-los de sua violência e evitar as possibilidades

de excitação e de prazer.

Um adolescente que tentou suicidar-se crê, inconscientemente, que

matou uma parte de si mesmo: “tentar matar-se significa que,

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fantasmaticamente, uma parte de si mesmo foi morta e que ele mantém

relação com ela”. (Laufer e Laufer, 1984, citados por Chabrol, 1990)

Estudos recentes mostram que até 2,5% das crianças e 8,5% dos

adolescentes passam por depressão em algum momento, por mais que os

sinais sejam quase imperceptíveis em alguns casos.

2.2 – Caracterização da depressão infanto-juvenil

Antes da década de 60, acreditava-se que a criança não apresentava

um quadro depressivo, pois eram consideradas portadoras de “estrutura de

personalidades imaturas”, sendo assim, não poderiam ser adeptas deste

transtorno de humor (Scandler e Jofe, 1995, em Baptista e Golfeto, 2000).

Pesquisas sobre depressão infantil não eram comuns até o fim da

década de 1970. Grande parte da “falta de investimento” nas pesquisas sobre

depressão infantil, se deu pelos estudos de Freud pois desde 1917 quando ele

diz acreditar que a depressão inclui, entre outras coisas, a “diminuição do

sentimento da auto-estima” e “ expectativas ilusórias de punição”; ele exclui a

possibilidade da criança ter depressão, pois para ele, as crianças não possuem

a capacidade da auto-estima ( função do super ego) ou habilidade de

vislumbrar suficientemente o futuro para ter sentimentos de desesperança,

sendo assim não ficavam deprimidas .( Miller, 2003)

Hoje, há uma tendência em concordar com a existência desta patologia

em todas as idades, como esta passou a fazer parte do cotidiano, começou a

se prestar atenção também em sinais de seu aparecimento em adolescentes,

crianças, e até mesmo em bebês, o que antes não acontecia.

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Atualmente, muitos estudos e pesquisas referentes a depressão em

adolescentes, crianças e bebês, estão sendo produzidos; na literatura

estrangeira ainda encontra-se um maior número de pesquisadores

interessados neste tema, do que no Brasil. Aqui os estudos ainda estão

escassos.

A discussão acerca das possíveis causas para a depressão infantil,

levou-nos a reportagem do jornal “O estado do Maranhão, galera 2002” ( em

Ballone 2003), onde foi publicado que os fatores de risco da depressão

aumentam a cada geração desde 1940. Os principais fatores que a

desencadeiam são: violência urbana, excesso de atividades na agenda

diária e falta de espaço para o lazer.

Hoje em cada cem, a depressão atinge de 4 a 8 adolescentes. Segundo

a noticia divulgada por Cable News Network ( CNN)- Saúde ( em Ballone

2003), as crianças que condicionam a felicidade a coisas materiais como

dinheiro, beleza, fama, tem mais probabilidade a sofrer de depressão do que as

crianças que não valorizam tanto a riqueza e a aparência ( estudo realizado na

Austrália). A felicidade associada a riqueza pode ser notada até em crianças

de 4 anos, o que em uma idade tão precoce, pode ser um indicio de sua

vulnerabilidade a depressão. Estas crianças de 4 anos que fazem ligação de

sua felicidade com o dinheiro, até 20% correm o risco de sofrer de doença no

futuro (Street apud Ballone 2003).

A depressão infantil é um transtorno complexo que apresentam

alterações cognitivas, psicofisiologicas e motoras (Carmenros, 2005). Nas

crianças o transtorno depressivo maior não apresenta diferença entre ambos

os sexos, mas após a puberdade acontece com maior incidência ( duas vezes

mais) nas mulheres do que nos homens ( Manual Diagnostico Estatísticos de

Transtornos Mentais DSM – IV 1995).

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Para detectarmos a depressão em crianças é necessário estarmos

atentos as suas pequenas mudanças e na soma, repetição e permanência dos

sintomas da depressão. Quanto mais cedo for diagnosticada, a criança passará

menos tempo sofrendo e mais rápido poderá ser ajudada, tanto por

acompanhamento psicológico, quanto por medicamentos que se fizerem

necessários.

No DSM – IV (1995), os sintomas de depressão infantil podem ser

diagnosticados pelos mesmos sintomas da depressão no adulto, ou seja:

humor deprimido na maior parte do dia,, falta de interesse nas atividades

diárias, alteração de sono e apetite, falta de energia, alteração nas atitudes

motoras, sentimento de irritabilidade, dificuldade para se concentrar,

pensamentos ou tentativas de suicídio. Para ser diagnosticado um quadro de

episodio depressivo maior, o individuo deve apresentar pelo menos 5 dos

sintomas citados, incluindo o humor depressivo, ou falta de interesse que

devem permanecer durante pelo menos durante 2 semanas.

A idéia de que os sintomas das depressões infantil e adulto possam ser

os mesmo é sustentada ainda hoje, sendo que a forma de se manifestar é que

será distinta. Como diz Cruvinel e Miller (2003/2004), a criança pode

apresentar um humor irritável em vez de tristezas e melancolia. Um

adolescente pode sentir tédio e sensação de vazio, em vez de humor

deprimido.

Existem também diferenças relevantes entre a depressão infantil e de

um adulto, pois como as crianças têm muito cedo a experiência de episódios

depressivos, a probabilidade de sofrerem outros é alta; porém a recorrência é

menor em crianças do que em adultos. Pesquisas mostram que 70% das

crianças que tiveram um episódio depressivo sofrerão de episódios

recorrentes. Já os adultos terão episódios recorrentes em até 90% dos casos.

Vale a pena retificar que a recorrência está relacionada com as falhas no

tratamento (Miller, 2004).

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As crianças podem apresentar dois grupos de sintomas para a

depressão. Existem os que apresentam a depressão clássica e as que

apresentam na sua maioria sintomatologias de depressão atípicas. Segundo

Ballone (2003), na depressão clássica, os principais sintomas são tristeza,

ansiedade, expectativa pessimista, mudança alimentar e no sono, podendo

ocorrer problemas físicos, como dores inespecíficas, fraqueza, tonturas, mal-

estar em geral que não respondem ao tratamento médico usado. Já na

depressão atípica, são camuflados verdadeiros sentimentos depressivos sobre

uma máscara de irritabilidade, agressividade, hiperatividade e rebeldia.

Segundo Fortuna (2004), há três tipos de depressão na infância: a

criança escolar, a criança hospitalizada e a criança e a família. As causas para

a depressão infantil são orgânicas ou psicológicas; estas são rejeição, carência

afetiva, super proteção, fator socioeconômico, e outros fatores como: morte,

falência, desemprego família e doenças graves na família.

Para a autora a depressão traz para uma criança conseqüências

individuais, tais como, alteração do comportamento e auto agressividade, baixo

nível de tolerância à frustração e a dor, desenvolvimento escolar prejudicado,

procura de grupos em que possa ser aceito, e conseqüências sociais, como

droga, roubos, marginalização e exclusão do grupo social.

Na pesquisa publicada no jornal “Estado de Minas”/ Especial, ( 7 de abril

de 1998), realizada por José Ferreira Belizário no Centro Geral de Pediatria

(CGP) em Minas Gerais, foram revelados dois dados significativos: “crianças

com menos de 9 anos apresentam chances maiores de alta sintomatologia

depressiva, principalmente decorrente da angústia pela hospitalização”; e o

segundo é que “crianças com família de renda inferior a R$ 200,00 por mês

estão mais expostas a essa sintomatologia depressiva.”

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A dificuldade das famílias de baixa renda em tratar suas “crianças

depressivas”, foi constatada na pesquisa por Eunice Nakamura (citada por

Souza 2005) com médicos e familiares de crianças com depressão. Constatou-

se que os médicos vêem a doença como um mau funcionamento orgânico, e

por conseqüência, a necessidade de ajuste das crianças; mas em função da

realidade vivida pelas famílias, essa intervenção é quase sempre restrita.

Já as famílias mais carentes tendem a inserir a depressão infantil em

seu conjunto de problemas financeiros e sociais, confundem muitas vezes os

sintomas de depressão com comportamentos ditos como “manha” ou “birra”.

São famílias que muitas vezes mesmo com a criança diagnosticada, devido à

sua condição financeira, não é submetida a psicoterapia.

Observando esta pesquisa, vimos que os mais necessitados são os mais

desamparados pela sociedade em geral.

O tratamento para depressão infantil deve ser feito de variadas formas:

• Através de uma avaliação clinica detalhada com recolha de

dados, não só através da criança, mas também da família e

escola (Pena, 2003);

• O manejo da criança deve ser o mais precoce possível, com

avaliações e definições do tipo de tratamento (Lima, 2004);

• Estabelecimento de uma aliança terapêutica com a família (

é fundamental para o êxito do tratamento) (Pena,2003);

• Avaliação criteriosa na utilização de psicofármacos, em

especial os antidepressivos (Pena, 2003).

A criança projeta o medo e a impotência, mas pode ir mais longe e

representar através do jogo e do desenho o irrepresentável de um vazio

interior. O Eu poderá se ver de forma diferente, com novos créditos de

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confiança e de desejo de investir na vida. Curar a criança é acompanhá-la na

travessia da própria crise e não abafar o luto. (Pena, 2003).

Tanto na criança quanto no adolescente, a depressão é um

acontecimento inesperado por eles e por suas famílias. Na maior parte das

vezes, quem adoece não sabe que adoece e os que estão a sua volta também

não percebem os sinais que indicam algo errado, sinais estes que são

claramente identificados aos olhos de um “desconhecido”, porém suplicam para

serem “enxergados” e percebidos pela família.

A depressão é uma patologia que deve ser encarada em “equipe”,

(doente, família e terapeuta), quanto mais rápida for detectada, e maior for o

empenho do doente e de sua família para alcançar a cura, com um trabalho em

“equipe”, será mais fácil da criança e do adolescente desejarem esta

“mudança” e mais rápido verão os resultados.

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CAPÍTULO III – A CRIANÇA E O ADOLESCENTE

FRENTE A HOSPITALIZAÇÃO

A hospitalização é um processo para o qual não estamos preparados,

até porque não faria sentido preparar-se para ela. Trata-se de um

acontecimento inesperado, e mesmo que se buscasse prevê-lo, o que seria

impossível, não existiria uma preparação no decorrer da vida para a

hospitalização.

Quando falamos na hospitalização de crianças o assunto se torna mais

delicado, pois um adulto hospitalizado sofre modificações em seu dia-a-dia,

passa por processos invasivos, porém sabe do que se trata, sabe o que

perguntar quando tiver dúvidas sobre algum procedimento.

Se tratando de crianças tudo se torna mais delicado, pois o ambiente

hospitalar é para a criança um sofrimento físico e emocional, além de alterar

toda sua rotina, passar por procedimentos que lhe causam dor sem entender o

porquê, ainda a “retiram” da sua família (algumas vezes tem a presença da

mãe ou do pai), do núcleo que ela tinha como base sólida, o que a dava

segurança, portanto, lhe restam sensações e sentimentos desagradáveis.

Vulneráveis só conseguem sentir medo, angústia, sensação de abandono em

um ambiente estranho, com pessoas estranhas tocando-as, “machucando-as”,

e elas quanto menores, mais imponentes se sentem; um bebê só consegue

reagir chorando.

Ao ser internada, a criança muitas vezes não consegue associar os

remédios e os exames à sua cura. É freqüente acontecer de ela pensar que é

um castigo, por algo ruim que haveria feito, esta seria uma forma de estar

sendo punida.

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Podemos observar a sensação de abandono, por exemplo, em uma

criança que precisa passar por uma cirurgia e sua mãe retorna para casa,

quando ela acorda, não vê ninguém do seu lado, se sente abandonada,

desamparada. Caso a mãe não apareça nos próximos dias, essa criança

poderá ter danos não só físicos, mas emocionais, intelectuais e sociais. Este

pode ser um caso que resulte em depressão infantil, pois a sensação de

abandono familiar, a perda deste “chão” para esta criança, no caso a figura que

representa esta segurança é a materna; esta situação é uma das causas da

depressão infantil.

Devemos nos preocupar com o estado físico, mas também emocional da

criança. Os profissionais devem conversar com a criança e com a família sobre

todo o procedimento que será feito, porque diminuindo a ansiedade dos

familiares, estes poderão ficar mais “fortes” e seguros para ajudar a esclarecer

para a criança o que está acontecendo com ela, tudo o que será feito e para

que será feito. Se não houver uma boa interação da equipe entre si, com os

familiares, e com os pacientes, a comunicação será falha, a informação não

chegará ou chegará deturpada, o nível de ansiedade será maior de todos os

lados. A criança que deveria ser beneficiada sofrerá mais danos do que já

possui pois seus sofrimentos e angústias só aumentarão.

Ao chegar ao hospital, a criança tem a sensação de ter perdido sua

liberdade, é para ela um local com novas regras e proibições, um ambiente

novo, com pessoas novas, com as quais ainda não possui nenhum tipo de

vínculo.

Freqüentemente as crianças quando se encontram nessas condições,

lançam mão de seus mecanismos de defesa que segundo Amorim e Ferro

(2007), são “manobras inconscientes que o ego utiliza para afastar a ansiedade, falsificando

ou distorcendo a realidade”. A criança hospitalizada utiliza-se da mãe como um

mecanismo adaptativo. Com a mãe por perto, a criança se sente mais segura e

tranqüila para passar por todos os procedimentos necessários.

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Soares e Vieira (2004) afirmam que exames como eletro-encefalograma,

eletrocardiograma, raio-X e a ultra-sonografia fazem com que as crianças

fiquem mais vulneráveis, associando-os a dor. Na pesquisa por eles realizada,

constataram que isto ocorre por serem ambientes frios, com barulhos

estranhos e com muitos fios. Talvez o medo diminuísse se elas tivessem sido

informadas e preparadas corretamente e com antecedência sobre o “passo a

passo” de seus exames.

Neste ambiente frio e hostil, a criança pode enfrentar grandes

sofrimentos, a dor pode ser física ou não, pode ser aguda, crônica, ou

recorrente, porém no momento da internação ela pode estar presente, ou

digamos, caso a dor não esteja presente, com certeza o sofrimento estará.

Algumas crianças podem sentir-se mais preparadas para este momento que as

outras.

Segundo Guimarães (1999 apud Amorim e Ferro 2007):

“O conceito, a percepção, a resistência e a forma de

expressão de dor da criança variam de acordo com sua fase

de desenvolvimento. Uma criança recém-nascida, por

exemplo, responde ao estimulo doloso de uma injeção com

expressões faciais típicas, movimentos corporais e choro.

Aos dez meses, manifesta respostas motoras semelhantes,

olha em direção ao local da injeção, busca aconchego no

colo da mãe e toca no local dolorido. Aos quatro anos, evita

ou foge da situação que provoca dor, expõe sua rejeição,

conceitua dor a partir de exemplos de dores comuns em sua

experiência, e associa essa sensação a causas internas ou

externas. Aos nove anos a criança inclui a dimensão

emocional no conceito de dor. Apesar da variação de

resposta a dor ser relativa ao desenvolvimento da pessoa,

as expressões como franzir sobrancelhas, apertar os olhos e

lábios, tendem a permanecer até a idade adulta.”

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3.1 – Proposta de intervenção no tratamento hospitalar de crianças e

adolescentes.

Como foi possível observar durante o trabalho a criança sofre com todo

o processo de internação e pode apresentar um comportamento agressivo,

depressivo, o que não irá colaborar para a melhoria de seu quadro clínico.

Para tentar amenizar os danos causados às crianças pela

hospitalização, principalmente para diminuir a sensação de abandono e tentar

tornar possível um trabalho em equipe, incluindo médicos e familiares. Amorim

e Ferro (2007), citam uma parceria que tem tudo para dar certo:

“A parceria formada entre a fundação Abrinque, o

Hospital Pequeno Príncipe (SP), implantou o programa

Família Participante, e constatou-se que a presença da

família junto à criança hospitalizada minimiza o sofrimento

psíquico, fortalece a capacidade de reação ao tratamento

e facilita a recuperação da saúde da criança. Muda

também o papel da família, que deixa de ser espectadora

passiva e dependente, para se tornar coadjuvante e

integrada no tratamento hospitalar. A família recebe

orientação quanto ao processo do tratamento, tem acesso

e é treinada através de ações de apoio ai tratamento no

hospital e em casa, contribuindo inclusive para diminuir o

índice de infecção hospitalar. Essa família participante

torna-se também agente “ativo, responsável e crítico

quanto a qualidade do atendimento, e para identificar

novos desafios para a equipe de saúde e para a

instituição”, contribuindo para humanizar o hospital”

Realmente a maioria de nossos hospitais hoje encontram-se

desumanizados, embora hajam mobilizações nesse sentindo, como preconiza

o Sistema Único de Saúde. A parceria citada pelos autores seria a princípio

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uma ótima solução para humanizarmos não só os hospitais de São Paulo,

como os do Rio de Janeiro e de muitos outros estados.

A desumanização em hospitais está cada vez maior, não há mais

preocupação com o doente, seu bem estar; e sim em encontrar algo para saná-

la. O paciente fica em segundo plano, como se fosse um mero “condutor de

doenças”, contribuindo assim para o avanço da medicina.

Percebe-se ainda hoje que os “pacientes” são denominados pelo

número de seu leito, a maioria dos profissionais não interagem com eles, não

querem saber do que eles gostam ou desgostam, se preferem o travesseiro

reclinado ou deitado, se sentem frio ou calor, fome ou sede. Só estão

interessados em saber se a febre regrediu com tal remédio, se o “incômodo”

passou, se vão ter que tentar com outro medicamento.

Costa (2002, p.1) acredita que a hospitalização infantil é:

“um momento bastante delicado, pois além das alterações

inerentes ao adoecimento, - como as mudanças corporais, o

desconforto, o medo da morte, as limitações físicas que a

própria doença impõe e que por si só, já impossibilitam a

criança de reagir normalmente às demandas do ambiente

hospitalar- com a hospitalização a criança se depara com

uma série de outras mudanças decorrentes do ambiente

hospitalar o que a leva a vivenciar muito intensamente

sentimentos de separação,isolamento, culpa e morte. Nesse

sentido, a hospitalização pode vir a se configurar como um

evento traumático, implicando na possibilidade do

agravamento e surgimento de novos sintomas.”

D’ Alcântara (2008), falando de despersonalização, nos diz que a criança

quando hospitalizada sofre perdas em relação a sua identidade e a si própria.

Perde o vínculo social que tinha antes, se afasta de seu “mundinho” e algumas

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vezes é proibida de ter visita de seus parentes, e em troca, recebe várias

regras a serem seguidas, um novo padrão ao qual é esperado que ela se

enquadre sem período de adaptação.

Para auxiliar a adaptação da criança a este novo ambiente, para

fortalecer os antigos e novos vínculos desta, e para que possa facilitar o

entendimento do processo de sua doença, o que está acontecendo com seu

corpo, a criança deve brincar.

A brincadeira no hospital é muito mais do que algo para “ocupar “ o

tempo livre da criança, vai além de deixá-la “quietinha” na salinha brincando.

Quando a criança brinca, ela pode expressar seus medos, angústias,

pode reproduzir na brincadeira procedimentos que a equipe vem realizando

com ela, assim, pode-se notar o grau de clareza, de entendimento que ela tem

do que está acontecendo com o seu corpinho “dodói”.

Muitas vezes pode-se utilizar da brincadeira para explicar para a criança

um procedimento cirúrgico, um exame que será necessário transformando as

palavras em ações, algo mais concreto, isso pode traduzir para o mundo infantil

a linguagem dos médicos, enfermeiros, ou seja de quem estiver lidando com a

criança.

A brincadeira fortalece os laços. A palavra brincar vem do latim

vinculum, que quer dizer laço, união. Sendo assim, ao mesmo tempo pode-se

ocupar o tempo da criança hospitalizada, tornado acessível uma informação

que a principio seria bem complexa para crianças e ainda fortalecer o vínculo

dela com pessoas com as quais ela ainda não tem confiança, segurança.

Tais fatores são de suma importância, principalmente em casos de

descaso da família, pois a dificuldade em criar laços com uma criança que

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sente-se abandonada é maior, ela tem receio de que todas as pessoas possam

abandoná-la.

Com mais clareza do que será feito, e com um melhor vínculo com a

equipe, é mais provável que diminua a ansiedade, o medo e a insegurança

existentes em quase todas as crianças que se encontram neste estado,

podendo assim tornar mais fácil o dia-a-dia da equipe, no lidar com elas, e

menos misteriosa, meticulosa a rotina para essas crianças.

Com brincadeiras, sorrisos e gargalhadas a enfermaria pediátrica torna-

se para as crianças, um ambiente menos frio, impessoal e distante da realidade

antes vivida. E para a equipe um clima mais ameno, mais descontraído, mas

esclarecido, proporcionam uma maior agilidade, facilidade e certa recompensa

emocional após um dia de trabalho.

Temos como exemplo de formas bem sucedidas de brincadeiras em

hospitais o caso de Path Adams, que se tornou até um filme, onde no decorrer

de sua formação em medicina começou a questionar a forma de “cuidar” dentro

do hospital e a conduta dos próprios médicos que não conheciam

verdadeiramente seus pacientes, muitas vezes, mal os visitava em seus leitos,

só olhavam os prontuários e por lá mesmo medicavam.

Adams resolve, então, curar não só com remédios, e sim com a ajuda do

riso, da brincadeira, da fantasia. Ele conhece a fundo cada paciente e leva vida

ao hospital, o que antes era um ambiente triste, rígido, monótono e desumano,

passa a ser alegre, descontraído, movimentado e novamente humanizado.

Path salva muitas pessoas não da morte, mas da morte em vida. Ele

as dá vida enquanto seu corpo está debilitado e é neste momento que ele as

enxerga únicas como realmente são, especiais, dá valor as suas mentes, as

suas lembranças e memórias.

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Temos também os conhecidos doutores da alegria, que realizam

atividades em hospitais vestidos de palhaço, levam músicas, alegria,

brincadeiras e muita diversão para pacientes internados, onde muitos já haviam

esquecido até o som da sua risada.

No caso das crianças alegra não só a vida delas, mas de seus pais que

por minutos conseguem esquecer da doença e se divertir, achar graça em

alguma coisa, ser felizes novamente.

Os “doutores da alegria” são um ótimo exemplo de como podemos

ajudar a levar alegria à quem está sem esperança, sem uma solução, à quem

não vê mais o colorido da vida e tudo havia tornado-se preto e branco. Estas

pessoas devolvem as cores da vida de quem está internado.

A brincadeira, o riso, a diversão no hospital podem ser vistas como

uma devolução da saúde emocional do paciente para que as crianças e

adolescentes possam não se entregar a doença, e com sua mente saudável,

sentir-se fortalecido para lutar pela melhora de seu corpo.

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CONCLUSÃO

Esta monografia teve como objetivo analisar e conceituar a depressão,

enfatizando, sobretudo as questões referidas à depressão na infância ou

adolescência e a conduta hospitalar em casos de internações infantis.

Destacou-se durante o trabalho o despreparo com que o hospital se

depara com a entrada da criança, desde o local físico, até a equipe que lida

com esta e a família. Foi possível traçar um estudo que mapeou parcialmente

algumas questões referidas à depressão na atualidade, e sinalizar a

importância da família no processo da depressão e hospitalização.

Constatou-se que, para a psicanálise, não existe o que se chama de

depressão na infância, só seria possível, a partir desse referencial teórico,

afirmar a presença da depressão a partir da adolescência, quando há um

superego atuando, podendo então, ser acometido por esse mal. Porém, para

outros autores, é possível que uma criança tenha depressão, apesar dos

sintomas não se manifestarem da mesma maneira que nos adultos. Para estes,

elas também sofreriam de depressão. Importante ressaltar, que na criança

hospitalizada a percepção, a resistência e a forma de expressão de dor variam

de acordo com sua fase de desenvolvimento.

Verificamos que crianças hospitalizadas passam por várias perdas,

sofrem com a nova rotina, com sentimentos novos como o medo, ansiedade,

angústia e oscilação de humor que acabam por desenvolver um quadro

depressivo.

A Terapia de família é uma proposta de trabalho terapêutico, e tem como

principal objetivo reunir o núcleo familiar para que questões relacionadas à

família possam ser tratadas com a participação de todos. Dessa forma, o grupo

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familiar tem a possibilidade de atuar em conjunto na busca pela solução de

uma dificuldade, seja de ordem coletiva ou individual. A Terapia Familiar

propicia espaço para conversa e entendimento e concede a todos a

possibilidade de ouvir e ser ouvido.

O terapeuta familiar atua com toda a família buscando apoio para os

momentos de crise e mudanças, como por exemplo, durante a internação

hospitalar de um de seus membros.

Sendo assim, acreditamos que a ação dos profissionais de saúde seria

bem vinda a este ambiente hospitalar, como o terapeuta familiar, pois além de

ajudar a própria criança a passar com menos dificuldade o sofrimento neste

momento, poderia fornecer um apoio maior aos pais para que com a pressão

não “fujam” e “abandonem” seus filhos no hospital, ao contrário, que possam

ter mais segurança para saber como auxiliar seus filhos no processo de

tratamento.

Segundo a Organização Mundial de Saúde a depressão é atualmente a

doença psiquiátrica mais diagnosticada e o quarto maior problema de saúde no

ocidente. (Maldonato, 2006, p. 41)

É preocupante o aumento dos diagnósticos, chamando a atenção para

os reais sintomas da depressão e sua ocorrência. É importante também que

haja discussões sobre as possíveis causas e tratamentos para crianças e

adolescentes.

O trabalho trouxe uma perspectiva de tratamento tendo o brincar como

sua principal característica, como foi explicitado no capítulo III, utilizando o

exemplo bem sucedido dos Doutores da Alegria. Acredita-se que com essa

ferramenta consiga-se alcançar as crianças em seu mundo, fazendo-as

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entender a hospitalização e diminuindo suas angústias e medos. Dessa forma,

contribui-se para amenizar as tensões decorrentes da internação hospitalar,

bem como atuar preventivamente no surgimento da depressão. O Terapeuta

familiar constitui-se em um profissional que pode colaborar com essa prática

proposta, atuando com a criança, o adolescente e sua família durante a

hospitalização.

A terapia familiar propicia que os membros das famílias possam se

conhecer e se entender melhor, gerando possibilidades de transformação e

libertação de paralisações no crescimento pessoal, como a depressão,

construindo assim relações mais satisfatórias.

No Brasil ainda não se tem muitos estudos sobre a depressão na

infância, portanto, é necessário que comecemos a olhar para nossas crianças e

em que mundo elas estão imersas, pois sofremos muitas influências do meio,

somos produção do meio no qual vivemos. É importante agirmos de forma

preventiva na tentativa de evitar o surgimento da depressão, principalmente na

infância e adolescência, e a família desempenha um importante papel nessa

prevenção.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02

AGRADECIMENTO 03

DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05

METODOLOGIA 06

SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Caracterizando a Depressão 10 1.3. As causas da depressão 12 1.4. Os sintomas e tratamento 13 CAPÍTULO II - A Depressão em crianças e adolescentes 17 2.3. A infância, adolescência e a depressão 18 2.4. Caracterização da depressão infanto- juvenil 22 CAPÍTULO III - A criança e o adolescente frente a hospitalização 28 3.1. Proposta de intervenção no tratamento hospitalar de crianças e adolescentes 31 CONCLUSÃO 36 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ÌNDICE FOLHA DE AVALIAÇÃO

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