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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE SÍNDROME DE DOWN: COMO SUPERAR AS DIFERENÇAS? ADRIANA FIGUEIREDO ORIENTADOR: Profª. Fabiane Muniz Rio de Janeiro, Fev./2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO A VEZ DO MESTRE

SÍNDROME DE DOWN: COMO SUPERAR AS DIFERENÇAS?

ADRIANA FIGUEIREDO

ORIENTADOR:

Profª. Fabiane Muniz

Rio de Janeiro, Fev./2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO A VEZ DO MESTRE

SÍNDROME DE DOWN: COMO SUPERAR AS DIFERENÇAS?

ADRIANA FIGUEIREDO

Monografia apresentado à Universidade

Cândido Mendes como requisito do Curso de

Pós-Graduação “Lato Sensu” em

Psicopedagogia.

Rio de Janeiro, Fev./2003

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Agradeço a Deus, primeiramente, por dar-me

oportunidade de estar subindo mais um degrau em

minha, e a minha mãe Regina, que com sua

compreensão está sempre ao meu lado nas horas

mais difíceis, e principalmente a Dona Iracema,

minha sempre sogra e amiga, por acreditar em

mim, dando-me possibilidades de crescer estando

neste momento realizando um pouquinho do meu

sonho através desta pesquisa.

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EXORTAÇÃO DO EXCEPCIONAL

Aceite-me!...

Como sou.

Torna-me!...

Um ser útil, porque de esmolas não quero viver.

Livra-me da ignorância e da dependência,

Pelo teu dever de cidadão.

Põe!...

Nos meus lábios a luz de um sorriso,

e não a sombra tristonha do medo.

Ajuda-me!...

A não ser tão pesado aos meus queridos pais,

fazendo a minha reintegração na sociedade.

Lembra-te!...

Que meu início foi igual ao teu início;

Reflete!...

Que as ilusões que cercam o meu nascimento,

Foram as mesmas que teus pais sonharam.

Desperta!...

Com o teu amor e teu afeto, a minha mansidão;

Contra a agressividade que avassala.

Olha-me!...

Sou humano como tu és!...

(Iaura Garcia C. Mendes)

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RESUMO

No presente trabalho, levantamos a necessidade da educação brasileira atual rever e

ampliar as oportunidades educacionais da criança portadora da Síndrome de Down. Pois as

mesmas são atendidas quase que exclusivamente pela família, havendo mais atendimento

clínico do que pedagógico. Sabemos que toda criança tem direito a saúde e a educação e que

estes direitos podem atender às dificuldades especiais dos alunos. Para isso a escola se faz

necessária, preparando seu corpo docente, instalações e acima de tudo sua gestão. Uma gestão

eficiente, democrática e com equidade social. Para tanto é necessário que a escola seja vista

como uma organização humana, capaz de ser participativa, ativa e transformadora. E nesta

busca de transformar e renovar a educação, que a inclusão de crianças portadoras da Síndrome

de Down pode ser vista, pois essas crianças em contato com a diversidade humana serão

capazes de melhor desenvolvimento devido as estratégias utilizadas para atendê-las e desta

forma todas as crianças se beneficiarão. Com a inclusão as escolas são impulsionadas a uma

melhor qualidade de ensino, seja ela comum ou especial. Esta expansão no ensino trouxe para

a educação infantil uma nova reestrutura administrativa e organizacional capaz de receber

estas diversidades humanas. Observando que a criança ao ingressar na escola já vem com

alguns conceitos pré-estabelecidos e formados. Desta forma percebe-se que a valorização

desses conhecimentos preexistentes trouxe mudança na concepção sobre o desenvolvimento

da criança. A sociedade exige uma demanda de mão-de-obra qualificada se mostra mais

preocupada e consciente da importância de proporcionar ao aluno experiências vividas,

ocasionando uma melhor qualidade no ensino. Assim sendo a escola passa a enfrentar no seu

cotidiano situações diferenciadas, pois ao almejar uma escola de qualidade para todos tem

que ter clareza, deste propósito, e que isso deveria ocorrer em qualquer situação. Neste caso

ao abordarmos a Síndrome de Down mostramos que essas crianças são capazes de participar

do processo educativo impulsionadas por outras crianças consideradas “normais”. Estas serão

capazes de utilizar melhor sua linguagem, de criar idéias, levantar hipóteses construindo o seu

conhecimento e integrando-se ao seu meio social, familiar e escolar.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 07 CAPÍTULO I - DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN .........................................................................................................................

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1.1 Desenvolvimento Psicomotor ................................................................................ 09 1.2 Desenvolvimento Cognitivo .................................................................................. 11 1.3 Desenvolvimento da Linguagem ........................................................................... 12 CAPÍTULO II - SÍNDROME DE DOWN: PRECONCEITO E INCLUSÃO ............ 14 2.1 Síndrome de Down e o preconceito ....................................................................... 14 2.2 Inclusão dos portadores da Síndrome de Down nas escolas .................................. 15 2.3 Inclusão: uma escola para todos............................................................................. 16 2.4 A Exclusão Social e Educacional........................................................................... 19 2.5 A Questão da Inclusão Escolar............................................................................... 22 2.6 A Legislação que Ampara a Inclusão..................................................................... 24 CAPITULO III - DESMITIFICANDO A EDUCAÇÃO ESPECIAL......................... 27 3.1 A Educação da Criança com Síndrome de Down................................................... 28 3.1.1 A Educação Infantil............................................................................................. 29 3.1.2 A criança com SD na creche (de 0 a 3 anos)....................................................... 29 3.1.3 A educação pré-escola (dos 4 aos 6 anos) ........................................................... 29 3.1.4 A Educação Básica.............................................................................................. 29 CONCLUSÃO ............................................................................................................. 30 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 32 ANEXOS ..................................................................................................................... 33

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INTRODUÇÃO

Este trabalho pretende abordar o preconceito nas escolas de ensino fundamental da

rede pública, referente à Síndrome de Down e como esta é entendida pela direção, pelos

professores e pelos alunos na escola pública do ensino fundamental.

O objetivo geral é analisar o preconceito relativo à Síndrome de Down nas escolas,

tendo como objetivos específicos a caracterização da Síndrome de Down e do preconceito aos

portadores desta. No entanto para tal feito, acredita-se ser necessário, a priori, caracterizar o

preconceito existente aos portadores de deficiência, de uma maneira geral, tanto nas escolas

quanto na sociedade, bem como caracterizar o papel do profissional da educação, na redução

da discriminação nas escolas, e a importância do Processo de Inclusão.

No decorrer do desenvolvimento deste trabalho pretende-se verificar de que forma se

dá a Inclusão Educacional para os portadores da Síndrome de Down e como esta é tratada nas

Leis de Diretrizes e Bases educacionais.

A partir do século XIX, tempo de grandes descobertas no campo da medicina, da

biologia e da saúde, passou-se a estudar os deficientes de modo a procurar respostas para seus

problemas. Assim começou o que se chama de segregação institucional: o deficiente era

"tratado" como um doente, em alguma instituição. Excluídos da família e da sociedade,

portadores de deficiências eram acolhidos em asilos de caráter religioso ou filantrópico,

muitas vezes passando ali toda sua vida. Ao mesmo tempo, foram surgindo algumas escolas

especiais e centros de reabilitação, pois a sociedade começava a admitir que deficientes

poderiam ser produtivos se recebessem treinamento adequado.

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No Brasil, o atendimento especial aos portadores de deficiência começou oficialmente

no dia 12 de outubro de 1854, quando D. Pedro II fundou o Imperial Instituto dos Meninos

Cegos, no Rio de Janeiro.

Em 1942, quando já havia no país 40 escolas públicas regulares que prestavam algum

tipo de atendimento a deficientes mentais e 14 que atendiam alunos com outras deficiências, o

Instituto Benjamin Constant editou em braile a Revista Brasileira para Cegos, primeira do

gênero no Brasil.

Pouco a pouco, graças a Ongs como a Sociedade Pestalozzi, a AACD (Associação de

Assistência à Criança Defeituosa) e a APAE (Associação de Pais e Amigos do Excepcional),

a questão da deficiência foi saindo do âmbito da saúde — afinal, deficiente não é doente —

para o âmbito da educação.

A necessidade de uma política de educação especial foi se delineando nos anos 70,

quando o MEC assumia que a clientela da educação especial é a que "requer cuidados

especiais no lar, na escola e na sociedade". Em 1986 a expressão "alunos excepcionais" foi

substituída por "alunos portadores de necessidades especiais". Em 1990, finalmente o Brasil

participou da Conferência Mundial Sobre Educação para Todos na cidade de Jomtiem, na

Tailândia: estavam lançadas as sementes da política de educação inclusiva.

A prática da inclusão social se baseia em princípios diferentes do convencional:

aceitação das diferenças individuais, valorização de cada pessoa, convivência dentro da

diversidade humana, aprendizagem por meio da cooperação.

A integração significa a inserção da pessoa deficiente preparada para conviver na

sociedade. Já a inclusão significa a modificação da sociedade como pré-requisito para a

pessoa com necessidades especiais buscar seu desenvolvimento e exercer sua cidadania.

Então, é preciso preparar a escola para incluir nela o aluno especial, e não o contrário. Sem

esquecer de construir rampas de acesso, toaletes especiais e salas mais espaçosas onde os

deficientes se sentam na primeira fila.

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CAPÍTULO I

DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN

A seqüência de desenvolvimento da criança com Síndrome de Down geralmente é

bastante semelhante à de crianças sem a síndrome e as etapas e os grandes marcos são

atingidos, embora em um ritmo mais lento.

Esta demora para adquirir determinadas habilidades pode prejudicar as expectativas

que a família e a sociedade tenham da pessoa com Síndrome de Down. Durante muito tempo

estas pessoas foram privadas de experiências fundamentais para o seu desenvolvimento

porque não se acreditava que eram capazes. Todavia, atualmente já é comprovado que

crianças e jovens com Síndrome de Down podem alcançar estágios muito mais avançados de

raciocínio e de desenvolvimento.

1.1 Desenvolvimento Psicomotor

Uma das características principais da Síndrome de Down, e que afeta diretamente o

desenvolvimento psicomotor, é a hipotonia generalizada, presente desde o nascimento.

Esta hipotonia origina-se no sistema nervoso central, e afeta toda a musculatura e a

parte ligamentar da criança. Com o passar do tempo, a hipotonia tende a diminuir

espontaneamente, mas ela permanecerá presente por toda a vida, em graus diferentes. O tônus

é uma característica individual, por isso há uma variação entre as crianças com esta síndrome.

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A criança que nasceu com Síndrome de Down vai controlar a cabeça, rolar, sentar,

arrastar, engatinhar, andar e correr, exceto se houver algum comprometimento além da

síndrome.

Acontece freqüentemente da criança ter alta da fisioterapia por ocasião dos primeiros

passos. Na verdade, quando ela começa a andar, há necessidade ainda de um trabalho

específico para o equilíbrio, a postura e a coordenação de movimentos.

É essencial que nesta fase, na qual há maior independência motora, a criança tenha

espaço para correr e brincar e possa exercitar sua motricidade global. A brincadeira deve estar

presente em qualquer proposta de trabalho infantil, pois é a partir dela que a criança explora e

internaliza conceitos, sempre aliados inicialmente à movimentação do corpo.

O trabalho psicomotor deve enfatizar os seguintes aspectos:

- o equilíbrio · a coordenação de movimentos

- a estruturação do esquema corporal

- a orientação espacial

- o ritmo

- a sensibilidade

- os hábitos posturais

- os exercícios respiratórios

Todos estes aspectos devem ser trabalhados dentro de atividades que sejam

essencialmente interessantes para a criança. A utilização da brincadeira e dos jogos com

regras é fundamental para que a criança tenha uma participação proveitosa e prazerosa no

trabalho de estimulação, tendo conseqüentemente um melhor desempenho.

A criança com Síndrome de Down deve participar de brincadeiras na areia e na água,

para estimulação de sua sensibilidade. Também na água podem ser realizados exercícios

respiratórios de sopro e de submersão. Outras atividades comuns na infância também

beneficiam o desenvolvimento psicomotor e global: pular corda, jogar amarelinha, jogos de

imitação, brincadeiras de roda, subir em árvores, caminhadas longas, uso de brinquedos de

parque como balanço, escorregador e gangorra.

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Posteriormente, a criança deve ter acesso às práticas esportivas, iniciando-se no

esporte através da exploração e manuseio dos materiais e participando depois de jogos em

grupo com orientação adequada.

1.2 Desenvolvimento Cognitivo

Embora a Síndrome de Down seja classificada como uma deficiência mental, não se

pode nunca predeterminar qual será o limite de desenvolvimento do indivíduo.

Historicamente, a pessoa com Síndrome de Down foi rotulada como deficiente mental

severa e em decorrência deste rótulo acabou sendo privada de oportunidades de

desenvolvimento. A classificação da deficiência mental nos grupos profundos (severos),

treináveis e educáveis é bastante questionada hoje em dia. Estes diagnósticos, determinados a

partir de testes de QI (Medida do Quociente da Inteligência), nem sempre condizem com a

real capacidade intelectual do indivíduo, uma vez que os testes aplicados foram inicialmente

propostos para povos de outros países, com culturas diferentes da nossa.

A educação da pessoa com Síndrome de Down deve atender às suas necessidades

especiais sem se desviar dos princípios básicos da educação proposta às demais pessoas.

A criança deve freqüentar desde cedo a escola, e esta deve valorizar sobretudo os

acertos da criança, trabalhando sobre suas potencialidades para vencer as dificuldades. A

educação especial, garantida por lei ao deficiente, deve atender aos seguintes objetivos:

- Respeitar a variação intelectual de cada um, oferecendo iguais possibilidades de

desenvolvimento, independente do ritmo individual.

- Valorizar a criança ou jovem, incentivando-o em seu processo educacional.

- Realizar planejamentos e avaliações periódicas, a fim de poder suprir todas as

necessidades do grupo (gerais e individuais), com constante reavaliação do trabalho.

A aprendizagem da pessoa com Síndrome de Down ocorre num ritmo mais lento. A

criança demora mais tempo para ler, escrever e fazer contas. No entanto, a maioria das

pessoas com esta síndrome tem condições para ser alfabetizada e realizar operações lógico-

matemáticas.A educação da pessoa com Síndrome de Down deve ocorrer preferencialmente

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em uma escola que leve em conta suas necessidades especiais. As crianças com deficiência

têm o direito e podem beneficiar-se da oportunidade de freqüentar desde cedo uma creche e

uma escola comum, desde que adequadamente preparadas para recebê-las.

1.3 Desenvolvimento da Linguagem

A linguagem representa um dos aspectos mais importantes a ser desenvolvido por

qualquer criança, para que possa se relacionar com as demais pessoas e se integrar no seu

meio social. Pessoas com maiores habilidades na linguagem podem comunicar melhor seus

sentimentos, desejos e pensamentos.

De maneira geral, a criança, o jovem e o adulto com Síndrome de Down possuem

dificuldades variadas no desenvolvimento da linguagem. É importante estar atento a este fato

desde o primeiro contato com a família do bebê com Síndrome de Down. Quanto antes for

criado um ambiente propício para favorecer a evolução da linguagem melhor será o futuro.

A criança com Síndrome de Down apresenta um atraso na aquisição e

desenvolvimento da linguagem se comparada a outra criança. Este atraso tem sido atribuído a

características físicas ou ambientais que influenciam negativamente o processo de

desenvolvimento, tais como:

- Problemas de acuidade e discriminação auditiva.

- Freqüentes doenças respiratórias.

- Hipotonia da musculatura oro-facial.

- Alteração no alinhamento dos dentes.

- Palato ogival com tendência à fenda.

- Língua grande (macroglossia) ou cavidade oral pequena.

- Problemas de maturação dos padrões de mastigação, sucção e deglutição.

- Baixa expectativa em relação à possibilidade de desenvolvimento da criança.

- Dificuldades do adulto em determinar o nível de compreensão da criança para

adaptar sua fala de maneira a promover o desenvolvimento.

- Pouca disponibilidade do adulto em ouvir a criança e em se esforçar para

compreendê-la.

- Dificuldade de sintetização e problemas na estruturação sintática.

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- Atraso geral no desenvolvimento motor, cognitivo e emocional.

- Falta de atividades sociais que façam a criança utilizar a linguagem de forma

significativa.

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CAPÍTULO II

SÍNDROME DE DOWN: PRECONCEITO E INCLUSÃO

O princípio que rege a educação inclusiva é o de que todos devem aprender juntos,

sempre que possível, levando-se em consideração suas dificuldades e diferenças, em classes

heterogêneas, com alunos da mesma faixa etária.

A escola inclusiva é o espaço ao qual todos pertencem, são aceitos, apoiados pelos

colegas e pelos membros da comunidade escolar. A educação da criança com Síndrome de

Down encontra-se no limiar de uma nova era, na qual a criança com deficiência de qualquer

natureza terá melhores oportunidades para ocupar seu lugar na sociedade, sem preconceito e

discriminação.

2. 1. Síndrome de Down e o preconceito

Apesar de tanta informação ainda há muito preconceito e desinformação na sociedade.

Segundo PUPO FILHO (1996), este preconceito é uma questão histórica. Até poucos anos

atrás, as crianças com Síndrome de Down eram enviadas para alguma instituição, não ficavam

com a mãe. A criança morria cedo pelo abandono e por falta de cuidados. As que conseguiam

sobreviver tiveram uma evolução muito ruim, pela falta de tratamento. Esse estigma ainda é

muito forte. - O que há de novo no tratamento da Síndrome de Down?

Os pais têm na cabeça ainda um estereótipo antigo. Isso os leva a um sofrimento que,

na maioria das vezes, é desnecessário e infundado. Muitos pais se queixam de que os filhos

com Síndrome de Down não têm uma perspectiva depois dos 18 anos, quando saem do

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colégio. Segundo Pupo filho qualquer portador de Síndrome de Down ou não, precisa ser

preparado para uma vida independente. Se o indivíduo chega aos 18 anos e os pais,

professores pensam: "O que vou fazer com ele?", então se perde 18 anos. A tarefa dos pais é

árdua: eles precisam mudar o mundo para aceitar os filhos, e prepará-los para ocupar um

espaço.

2. 2 Inclusão dos portadores da Síndrome de Down nas escolas

A aprovação da Lei de Diretrizes Educacionais - LDB (Lei 9394/96) estabeleceu, entre

outros princípios, o de "igualdade e condições para o acesso e permanência na escola" e

adotou nova modalidade de educação para "educandos com necessidades especiais." Desde

então, a temática da Inclusão vem rendendo, tanto no meio acadêmico quanto na própria

sociedade, novas e acaloradas discussões embora, ainda, carregue consigo sentidos

distorcidos.

De acordo com uma pesquisa realizada em 1999 pela Federação das Associações de

Síndrome de Down (FASD), a única realizada no Brasil até o momento,

"quase 80% das pessoas com síndrome de down freqüentavam a escola no momento da pesquisa. Quanto à natureza dos estabelecimentos de ensino mais freqüentados: 30% dos estudantes freqüentam escolas especiais públicas e 24% estão em escolas especiais privadas. Observa-se pois, que mais da metade dessas pessoas estão em escolas especiais, o que não coaduna com a tendência mundial para educação inclusiva."

Na efervescência das discussões a respeito da Inclusão, tais dados são reveladores e

ganham ainda mais importância neste momento de afirmação das práticas e teorias que a

fundamentam. Falar desta para portadores da síndrome de down significa entender que seu

grau de desenvolvimento e socialização pode ser bastante satisfatório quando os mesmos

passam a ser vistos como indivíduos capazes de fazer parte de um mundo designado para

habilidosos e competentes.

O portador da síndrome de down é capaz de compreender suas limitações e conviver

com suas dificuldades, "73% deles tem autonomia para tomar iniciativas, não precisando que

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os pais digam a todo o momento o que deve ser feito." (FASD, 1999: 12). Isso demonstra a

necessidade/possibilidade desses indivíduos de participar e interferir com certa autonomia em

um mundo onde "normais" e deficientes são semelhantes em suas inúmeras diferenças.

Como se sabe, o referencial de pessoas que vivem segregadas acarreta o

desenvolvimento de sentimentos preconceituosos, aumentando a visão de mundo

estereotipado. Neste contexto, a escola especial priva esses indivíduos de expandir suas

relações sociais e impede que seus esforços intelectuais cresçam. O portador da síndrome de

down, e todo aquele com necessidades especiais, precisa antes de mais nada pertencer à

sociedade, ser parte integrante e respeitado em suas limitações e alcances.

Por outro lado,

"...atualmente, no ensino regular, a criança deve adequar-se à estrutura da escola para ser integrada com sucesso. O correto seria mudar o sistema, mas não a criança. No ensino inclusivo, a estrutura escolar é que se deve ajustar às necessidades de todos os alunos, favorecendo a integração e o desenvolvimento de todos, tenham NEE ou não" (Schwartzman, 1999: 253)

2.3 Inclusão: uma escola para todos

Os termos Integração X Inclusão, para a família, tem importância apenas relativa do

ponto de vista teórico. O que é importante atualmente, é a prática do processo de matrícula de

uma pessoa com Síndrome de Down numa escola regular. Temos observado que os espaços

de inclusão para essas pessoas, dependendo do nível de comprometimento são variados, pois

existem diferentes variantes para o processo.

Do ponto de vista teórico, a complexidade que permeia a questão da inclusão tem

levado: pais, especialistas e organismos nacionais e internacionais a discutirem formas de

como reestruturar o sistema para atender aos desafios dessa realidade cada vez mais presente,

passando a exigir dos atores sociais envolvidos uma postura e um compromisso mais efetivo

dessa busca.

Pensar no processo de exclusão que hoje a escola vem gerando para todas as crianças

indiscriminadamente, faz-se necessário compreender as mudanças urgentes que devemos

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realizar na educação com vistas a construção de uma pedagogia mais humanizadora, que

represente os anseios do cidadão desse tempo, onde o homem possa ter uma postura crítica e

ativa na vida social, possibilitando a solidariedade, a justiça e o exercício pleno da cidadania.

É importante refletirmos que o comportamento cognitivo das pessoas com Síndrome

de Down e a ampliação de oportunidades nos vários ramos da atividade humana, aliada ao

conjunto de valores e potencialidades faz com que ousemos afirmar que não podemos mais

aceitar a educação dessas pessoas fora da escola regular.

Mas, para transformar a realidade atual no que diz respeito a inclusão escolar, temos

que diagnosticá-la, interpretá-la e conhecê-la a fundo. Identificar os mecanismos geradores

dessa inclusão, implantar e propor políticas públicas que atendam as necessidades da maioria

das pessoas com necessidades especiais.

Para que possamos vislumbrar uma escola para todos, também faz-se necessário dizer,

que a inclusão não deve ser de interesse somente dos pais e seus filhos, deve ser de interesse

de todos, pois é uma proposta irreversível para os que compreenderam o papel da escola no

momento atual e para aqueles que a tem colocado em prática. Qualquer pessoa pode ser uma

grande peça deste quebra-cabeça. "Tudo depende de qual lado estamos e de quais princípios

se acredita". (Mantoan, 1995).

A inclusão deve ser vista através de um projeto coletivo, onde a escola tem que

repensar sua prática a partir de relações dialógicas envolvendo os educadores, a família e a

comunidade (ou, em outras palavras, governo e sociedade civil). Uma prática calcada numa

filosofia que confira a todos igualdade de valor e que respeite as diferenças individuais.

Paralelo ao movimento de inclusão e integração há que se desenvolver outro: a da

elaboração de um projeto pedagógico que tenha uma proposta não segregativa.

Fundamentalmente devemos considerar a inclusão dentro de um contexto de direitos

humanos, o que requer uma nova visão da deficiência e da forma de visualização as políticas

públicas.

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O professor como elemento mediador do processo ensino aprendizagem, é parte

fundamental para a reformulação de um novo projeto pedagógico que atenda as diferenças

individuais de cada um.

Quando nos reportamos à inclusão do ponto de vista da aceitação do professor, nos

deparamos com 3 grandes dificuldades:

Medo - O medo do desconhecido, do fracasso de não saber o que fazer dentro de uma

sala com o aluno com necessidades especiais. Como o medo é uma reação dominante,

chegamos à conclusão de que o temor é nosso, não deles.

Controle - O professor tem medo de perder o controle da sala e isto significa que não

tem todas as respostas para controlar esta criança e portanto precisa de ajuda.

Mudança - Reação a mudança. Escolher a aceitação nos dará chance de crescer com

as mudanças. Com os desafios da globalização, os avanços no campo das comunicações, das

relações internacionais, da política, da sociedade em geral, tem se apresentado de maneira

rápida. A escola não pode ficar a reboque dessas mudanças e exigindo mudanças de ordem

estrutural para uma nova organização do trabalho pedagógico-escolar.

A inclusão das pessoas com Síndrome de Down no nosso país, ainda acontece de

forma isolada. Integrar não significa simplesmente colocar a criança numa escola regular,

significa uma mudança de postura da escola, na forma de perceber este aluno e preparação

sistemática do professor.

O apoio ao aluno dentro de sala regular, se dá pelos caminhos: formal e informal

variando este de acordo com a orientação da família e possibilidades de recursos financeiros.

Vale interrogar: que suporte estamos dando hoje para à inclusão das pessoas com

necessidades especiais no ensino regular?

• Sala de recurso

• Professor itinerante

• Centros de apoio

• Professor particular

• dentro da sala de aula

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• fora da sala de aula

• acompanhamento em casa

Muitos ainda acham que a inclusão é uma utopia. A utopia sempre é algo a realizar, é

um projeto para o futuro. Na medida em que ela denuncia a ordem existente, pode transformar

valores da nossa sociedade.

2.4 A Exclusão Social e Educacional

Historicamente, o problema básico enfrentado pelos deficientes é que eles nos

deixaram com medo. Como seres humanos desenvolvidos, aprendemos a tomar certas

precauções. Deve-se ter medo do desconhecido, do estranho, do diferente.

Num mundo primitivo cheio de perigos possíveis, não sabíamos que tipo de perigos se escondiam em lugares estranhos, escuros, ou nos corações dos desconhecidos. Talvez, mais especificamente, não saibamos, como seres humanos, o que se encontra além da própria vida. Como seres humanos somos finitos, mortais, ficamos velhos, doentes e morremos. Para muitos de nós esses pensamentos são assustadores e não desejamos lidar com eles; não queremos enfrentar essas verdades. Se as pessoas deficientes simbolizam ou representam o nosso finito, se eles resolvem esses medos reprimidos, então não é surpreendente que os excluamos de nossas tribos, de nossas escolas, de nossos lugares de trabalho e de lazer... (Martin apud KIRK & GALLAGHER,1996, p. 28)

Todas as pessoas que não se enquadram nos padrões sociais são consideradas

diferentes. Entre elas encontram-se os negros, os índios, os homossexuais, os portadores de

deficiências e muitos outros. Os padrões sociais apontam para uma pessoa branca, de

preferência do sexo masculino, bonita, saudável, rica e inteligente, ou pelo menos com um

comportamento "normal" perante à sociedade.E onde se encaixa grande parte da sociedade,

que não faz parte desse perfil de "normalidade"? Onde ficam as mulheres, os velhos, os

pobres, os doentes, os deficientes?

Há muito sabemos da estigmatização e exclusão dos portadores de deficiência, desde

os séculos mais remotos, quando passaram por "eliminações", piedade, esconjurações; foram

considerados objetos de "bruxaria" e muitas outras barbaridades. Enquanto não se tinha

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informação acerca da deficiência, até se pode conceber o fato de alguém diferente causar tanto

incômodo.

De acordo com Vítor da Fonseca (1991), as pesquisas a respeito de deficiência

(principalmente a mental) só se iniciaram por volta do século XIX, tendo como precursores:

Esquirol, Séguin, Itard, Down e outros. A partir daí, muitos outros surgiram, trazendo novas

contribuições sobre o tema.

O que dizer, então, de pessoas que em plena virada de milênio, ainda se mantêm

desinformadas sobre o que seja de fato a deficiência mental, confundindo-a com loucura,

doença?

Pessoas que tratam portadores de deficiência como 'seres' sem sentimento, dignos de

pena, que nunca se enquadrarão nas 'normas sociais', que nunca produzirão, que devem ser

guardados, protegidos, esquecidos em instituições que mais fazem segregar do que

EDUCAR?

O que dizer de pessoas que se dizem educadores e sequer se propõem a estudar e

conhecer um pouco mais sobre o que é realmente a deficiência e quais as formas de

intervenção com um portador de deficiência?

Sem informação e sem recursos financeiros, envolvidos em um contexto onde a

sobrevivência é a principal luta, os portadores de deficiência ficam esquecidos num canto pela

família, pela comunidade e pelas autoridades. Ficam marginalizados do convívio social, sem

cidadania, sem dignidade. (RESENDE, 1996, p.16)

A falta de informação, portanto, contribui para a exclusão. Há milhares de pessoas

que, só porque não acompanham o ritmo frenético das demais, estão sendo humilhadas,

privadas de novos conhecimentos, novos saberes, novas relações sociais. É hora de se dar um

basta na falta de informação.

... não é possível esperar que toda uma sociedade se transforme primeiro para depois transformar também a situação de abandono de um segmento expressivo da população geral. Para isso, é necessário o apoio de toda a sociedade. E esse apoio passa, obrigatoriamente,

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pela informação e pelos meios de comunicação de massa. (RESENDE, 1996, p. 16)

Ao referir-se à informação e ao apoio de toda a sociedade, o Manual "Mídia e

Deficiência" sugere que cada um faça a sua parte, que não espere somente por decisões

governamentais. Toda informação verdadeira, científica, deve ser amplamente divulgada, para

que cada vez mais pessoas tomem conhecimento das questões acerca da deficiência, e assim,

talvez, diminua-se a rejeição causada pela desinformação.

Rosana Glat realizou um estudo buscando compreender a exclusão de pessoas

portadoras de deficiência mental e, baseada em pesquisadores da área, concluiu que não

aceitamos o deficiente porque não queremos que ele seja 'um de nós', não queremos ser iguais

a eles. Ao mesmo tempo, precisamos dessa relação para mostrarmos nossa 'superioridade',

pois os superiores (nós) precisam dos inferiores (no caso, os deficientes):

A visão do deficiente, portanto, nos perturba porque ele funciona como um espelho no qual vemos refletida a ameaça de nossa deficiência potencial. Devido à fragilidade natural do ser humano, gostamos de pensar sobre nós mesmos como pessoas completas, constantes e permanentes. O deficiente, porém, nos faz lembrar a nossa própria falta, instabilidade e efemeridade. (1995, p. 32)

Como esclarece a autora, o deficiente nos remete a uma situação de inferioridade,

quando nos mostra "o lado oculto de nossa personalidade" (1995, p. 33), mas, ao mesmo

tempo, "as pessoas normais precisam dos estigmatizados para valorizarem a si mesmas e a sua

situação de vida" (Coleman apud GLAT, 1995, p. 33).

Assim também se pode tentar explicar o processo de exclusão, julgando-se pela ótica

da necessidade de manutenção da inferioridade, para a conseqüente "promoção dos seres

superiores".

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2.5 A Questão da Inclusão Escolar

Queremos ter certezas e não dúvidas — resultados e não experiências —, sem nem

mesmo percebermos que as certezas só podem surgir através das dúvidas e os resultados,

somente através das experiências. (Jung in MANTOAN, 1997)

A inclusão é algo novo, que suscita mudança, e como tudo o que é novo, traz consigo

dúvidas e incertezas, e gera desconforto em muitas pessoas. Para que se possa aceitar uma

mudança, é preciso que, além de compreender o que é proposto, faça-se um esforço para

colocar em prática. Todas as novas propostas são difíceis de compreender e aceitar de

imediato, mas é somente através da informação, do estudo e da experiência, que podemos ter

certezas.

Temos vários depoimentos de experiências que deram certo, relatados nos Anais do II

Congresso Brasileiro e I Encontro Latino-Americano sobre Síndrome de Down, porque

algumas pessoas ousaram, experimentaram, errando, também, mas tentando acertar e

buscando sempre novas alternativas. E é assim que se faz a inclusão: ousando, buscando

novas alternativas, modificando o que temos hoje de segregacionista para um futuro —

inclusivista, onde todos possam receber uma educação de qualidade, participando dos mesmos

grupos, das mesmas atividades, das mesmas descobertas.

A educação para pessoas com deficiência mental tardou a acontecer, iniciando-se

somente no século XIX, com o médico Itard, que trabalhou com Vítor, um menino encontrado

em uma floresta no sul da França em 1800, que foi denominado "selvagem de Aveyron".

Seguiram-se a esse profissional, outros médicos, como Seguin, Guggenbühl, Montessori e

Descoudres, que também trabalharam com a educação de pessoas com deficiência mental.

No Brasil, a "educação especial" só passou a constar na política educacional nos anos

50-60 do século XX, embora algumas experiências educacionais inspiradas nos modelos

europeus e norte-americanos tenham iniciado no século XIX.

Durante muito tempo, predominou o modelo médico na educação de pessoas com

deficiência mental, e ainda hoje, percebemos fortes indícios desse modelo, muito arraigado

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em nossa sociedade. O enfoque médico sobre a deficiência centrava-se na questão básica de

descobrir um meio de eliminar a deficiência ou de ajudar a criança a se adaptar ao seu mundo.

Com o surgimento de novas pesquisas e novas concepções acerca do assunto, passou-se a

falar em um modelo ecológico, que enfatiza as relações com o ambiente.

Pesquisas demonstram que muitas crianças sem lesão neurológica comportaram-se

como deficientes mentais na escola, não conseguindo acompanhar as exigências escolares em

ritmo acelerado. Esse caso, Maria Teresa Mantoan denomina de "déficit circunstancial, em

que intervêm os determinantes sociais" (1997, p. 17).

Qual o objetivo desse ensino? Acumular conhecimentos úteis? Aprender a aprender?

Aprender a inovar, a produzir o novo em qualquer campo, tanto quanto no saber? Aprender a

controlar, a verificar ou simplesmente a repetir? (Piaget in MANTOAN, 1997, p. 44)

Temos, hoje, uma gama de conhecimentos a respeito das questões que envolvem a

deficiência, seja ela real ou circunstancial. Basta que saibamos como utilizar esses

conhecimentos, em benefício das pessoas que têm um potencial a ser explorado e que, até

hoje, foram tratadas em um mundo à parte, "protegidas" deste universo de informações

galopantes no qual vivemos. Não temos a pretensão de pensar que já se sabe tudo, hoje, e que

o conhecimento que surge agora é o mais correto. Mas devemos nos manter atualizados e

abertos ao novo, pois as pesquisas nos mostram que, para a nossa realidade atual, as novas

descobertas podem e devem ser utilizadas.

A questão da inclusão escolar de pessoas com deficiência mental vai muito além de

um modismo; trata-se de uma necessidade. Não podemos mais brincar de ensinar, enquanto

essas pessoas fingem que aprendem. Devemos dar um basta nesse tipo de "educação da

deficiência" e passar a uma "educação das potencialidades". Educação para todos, sem

distinção de raça, cor, religião e capacidade de aprendizagem é o princípio básico da inclusão.

Trabalhar com a diferença, sim, pois ela está aí e não pode ser negada nem

modificada, e por isso mesmo, a valorização e o respeito à individualidade de cada um no

grupo.

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Incluir significa tornar o meio "o mais favorável possível", e não "o menos restritivo

possível", como se pregava com a integração. No processo de integração, as pessoas é que

deveriam se adaptar ao meio. A inclusão nos mostra que há necessidade de que a sociedade se

prepare para lidar com todas as pessoas, com suas diferenças e semelhanças. E assim é com a

escola: ela deve estar preparada para todos os alunos, sejam eles pessoas com ou sem

deficiências.

A educação inclusiva traz benefícios para todos, e o Programa da ONU em

Deficiências Severas, citado em Sassaki, mostra-nos alguns desses benefícios:

1. Os estudantes com deficiência:

• desenvolvem a apreciação pela diversidade individual;

• adquirem experiência direta com a variação natural das capacidades humanas;

• demonstram crescente responsabilidade e melhora da aprendizagem através do ensino

entre os alunos;

2. Os estudantes sem deficiência:

• têm acesso a uma gama mais ampla de modelos de papel social, atividades de

aprendizagem e redes sociais;

• desenvolvem em escala crescente, o conforto, a confiança e a compreensão da

diversidade individual deles e de outras pessoas;

• demonstram crescente responsabilidade e crescente aprendizagem através do ensino

entre os alunos; (...) (1997, p. 124)

Sabemos que todos só têm a ganhar com a inclusão, mas o medo e a desinformação

ainda fazem parte de muitas de nossas escolas, que contam com professores mal-

remunerados, desinteressados, despreparados, desamparados. A princípio, o professor seria o

profissional da educação (e da educação de ALUNOS, sejam eles quais forem) então, a quem

conferir a responsabilidade de educar, se não a esse profissional?

2.6 A Legislação que Ampara a Inclusão

Embora seja possível fazer cumprir uma lei que obrigue escolas a receberem crianças

portadoras de deficiência em suas classes e empregadores a contratarem uma percentagem de

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deficientes em suas empresas, não se pode fazer uma lei obrigando que as pessoas aceitem e

sejam amigas dos deficientes. (GLAT, 1995, p.16)

Sabemos que não se pode fazer com que a aceitação seja imposta às pessoas, mas

devemos lutar para que as leis sejam cumpridas e os direitos de todos os cidadãos, deficientes

ou não, sejam respeitados.

A legislação de um país sempre reflete a política e a ideologia dominantes no

momento da criação dessas leis. Desta maneira, verificamos que a legislação que diz respeito

às pessoas com deficiência passou pelas mesmas fases pelas quais passou a educação especial,

já tendo abordado claramente as idéias de reabilitação impostas pelo modelo médico, como

foi o caso da Portaria Interministerial n.º 477, de 11/8/77.

Já em 1988, com a promulgação da Nova Constituição Brasileira, a questão da

deficiência é bastante abordada, mas, de acordo com Mazzotta, ainda não há uma visão

totalmente "dinâmica ou não-linear da relação entre o portador de deficiência e a educação

escolar (comum ou especial)", o que só ocorrerá quando "se entender que as várias

alternativas são extensivas ao atendimento educacional dos portadores de deficiência", e não

quando se conclui que o "educando portador de deficiência necessariamente (precisa de)

educação especial e educando normal necessariamente (precisa de) educação comum ou

regular" (1996, p. 78).

Podemos citar, aqui, a idéia de Sassaki, quando este nos diz que existem leis "gerais e

especificamente pertinentes à pessoa deficiente" e que "tanto as leis gerais como as

específicas podem ser integracionistas ou inclusivas" (1997, p. 146). As leis gerais inclusivas,

ou seja, as que "sem mencionar este ou aquele segmento da população, dão clara garantia de

direito, benefício ou serviço a todas as pessoas, sem distinção de cor, gênero ou deficiência"

(1997, p. 146), ainda estão por ser feitas, bem como as específicas inclusivas, que garantem

modificações no ambiente físico e humano e facilitam o exercício dos direitos das pessoas

com deficiência.

O que temos, hoje, então, em sua grande maioria, são leis, documentos e políticas que

refletem um protecionismo e um assistencialismo, funcionando como "discriminação às

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avessas" (SASSAKI, 1997, p. 148), quando se garante emprego para pessoas com deficiência,

apenas porque são deficientes, por exemplo, como no Art. 37 da Constituição da República.

Relacionando-se à educação, especificamente, podemos citar, além da Constituição da

República, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a Declaração Universal dos

Direitos da Criança, a LDB 9394/96, a Constituição do Estado do RS, a Lei 7853/89 (Direitos

das Pessoas Portadoras de Deficiência), muitas garantindo o acesso e a permanência das

pessoas com deficiência em estabelecimentos de ensino, preferencialmente no sistema

regular.

Como já citado anteriormente, as leis e políticas públicas são o reflexo da época em

que foram criadas, revelando o pensamento de quem as elabora, o que pode ser expresso pelas

palavras do Ministro da Educação no ano de 1991, sobre o repasse de verbas a instituições

educacionais que trabalham com pessoas com deficiência: "Por mais simpatia que eu possa ter

para com as crianças deficientes, não dá para esquecer as crianças brasileiras sem acesso ao 1º

grau" (Balleroni apud MAZZOTTA, 1996, p. 86).

Essa citação revela o quanto de preconceito ainda há em nossa sociedade, e

principalmente entre nossos governantes, que deveriam ser pessoas altamente esclarecidas

sobre os assuntos com os quais trabalham, mas o que vemos, muitas vezes, é a ocupação de

cargos por pessoas desqualificadas e desinteressadas, que estão no poder apenas para atender

às necessidades do partido ao qual são filiados.

A década de 80 foi considerada um marco na luta pela participação de pessoas com

deficiência e suas organizações no processo de criação de políticas e programas de

atendimento à pessoa deficiente, de acordo com Sassaki (1997).

Espera-se que, a partir desses movimentos e, a exemplo da declaração de Salamanca e

das Normas sobre Equiparação de Oportunidades para Pessoas com Deficiência, a vontade e

as necessidades de pessoas com deficiência sejam realmente respeitadas, num caminho mais

próximo do ideal da inclusão.

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CAPITULO III

DESMITIFICANDO A EDUCAÇÃO ESPECIAL

Um grande obstáculo para a mudança está em pressupostos e atitudes tradicionais

segundo os quais a educação especial e a educação regular são dois mundos separados que

devem de alguma forma ser colocados juntos e que o ensino de crianças com deficiência exige

experiência que os professores comuns não têm. O uso contínuo da palavra "especial" pode ser

considerado divisor e anacrônico neste contexto’ (Mittler 2000).

Acreditamos que a "especialidade" da educação especial foi muito exagerada e que as

barreiras que foram criadas por um longo processo de mistificação da "experiência em

educação especial" resultou na falta de habilidade dos professores das escolas regulares.

O desafio agora é recuperar a confiança dos professores na sua própria competência

para ensinar crianças que durante anos foram marginalizadas da educação regular.

Estudos das atitudes do professor sugerem que a maioria dos professores estão

preparados para concordar, em princípio, com o fato de que as crianças devem freqüentar as

escolas de seus bairros. (Jenkinson, 1997). Entretanto, no presente momento, concordar em

princípio raramente se estende a aceitar na prática esses alunos na sua própria escola.

Grandes obstáculos são prontamente apresentados, incluindo a falta de preparação e

experiência apropriadas, falta de recursos, de tempo e dinheiro, inadequação dos prédios e

falta de apoio da alta administração e de outros pais. Além disso, a pesquisa reflete uma

hierarquia clara de que tipos de crianças são e não são aceitáveis, começando com crianças

com limitações físicas mas com inteligência normal e terminando com crianças com

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deficiência mental ou crianças com graves distúrbios de ordem emocional ou comportamental.

(Forlin, 1995).

Entretanto, há também evidência de que atitudes negativas mudam, uma vez que os

professores têm a experiência de trabalhar com os recém chegados à escola (Hegarty, 1993;

Ainscow, 1999). Muitos relatam que esses alunos não são tão difíceis de incluir como eles

temiam e que alguns, na verdade, são mais fáceis de ensinar do que outras crianças que já

estão na escola e que não foram rotuladas como tendo necessidades especiais ou exigindo

recursos adicionais.(Mittler, 1998).

Relatórios de países em desenvolvimento fornecem mais evidências da "integração

casual", ou seja, crianças com deficiências significativas que foram admitidas na escola local

porque seus pais as levaram e porque não havia nenhuma outra alternativa (Kisanji, 1998).

Tais exemplos não costumam ser valorizados e não são avaliados, mas eles refletem a

habilidade e o comprometimento de professores trabalhando em condições difíceis para incluir

crianças que em outros países e contextos necessitariam passar por vários tipos de

procedimentos antes que pudessem ser admitidas naquela escola local.

3.1 A Educação da criança com Síndrome de Down

A Educação de crianças com Síndrome de Down apesar da sua complexidade, pela

necessidade de introduzirem-se adaptações de ordem curricular, não invalidam a afirmação da

grande possibilidade de evolução destas crianças. Com o devido acompanhamento poderão

tornar-se cidadãos, onde consigam crescer e desenvolver suas potencialidades.

O aprendizado destas crianças deve começar a partir do nascimento, continuar na

infância e na adolescência, sujeito a adaptações curriculares e metodológicas próprias.

Envolve não só educadores tecnicamente preparados, mas também os pais, profissionais da

área de saúde e a sociedade.

Um dos principais objetivos da educação das crianças com SD é o desenvolvimento de

programas criativos e ações que resultem em melhor qualidade de vida destas crianças.

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3.1.1 A Educação Infantil

Um dos grandes objetivos é fazer com que a criança seja mais autônoma na sala de

aula, interiorizar regras da vida social.

3.1.2 A criança com SD na creche (de 0 A 3 anos)

Deve reunir um conjunto de experiências integradas e vivenciadas globalmente, que

lhe permita funcionar e relacionar-se (comunicar-se, jogar e divertir-se) no contexto familiar e

escolar.

3.1.3 A educação pré-escola (dos 4 aos 6 anos)

É de fundamental importância o relacionamento entre o desenvolvimento e a aquisição

sócio-emocional. Este fator, além de ampliar o aprendizado, é também o principal veículo de

sociabilização.

3.1.4 A educação básica

A integração da criança com SD no ensino fundamental representa uma ação educativa

e, até certo ponto, de reabilitação, de extrema importância. O trabalho deve centrar-se

prioritariamente no contato e na integração com os outros, através de jogos, da relação com os

colegas e com o material adequado. E, a partir do seu próprio ritmo, surge o desejo de

progredir, favorecendo seu desenvolvimento global.

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CONCLUSÃO

Para todos os professores nesses modelos de inclusão, como para professores em todo

o mundo, as primeiras reações ao anúncio de inclusão são de medo e preocupação com a idéia

de que possam lhes faltar as habilidades necessárias, o tempo, a experiência ou o

conhecimento para incluir "essas crianças" enquanto estão desenvolvendo o currículo básico

essencial num padrão elevado com os outros alunos.

Entretanto, à medida que eles incluem eles descobrem que muitos dos seus medos não

são reais, que muitas de suas estratégias usuais para um ensino eficaz funcionam tão bem com

os novos como com os outros alunos e que os problemas e dificuldades podem ser resumidos

em alguns, embora consideráveis, itens de capacitação. Estes são professores do ensino

regular, fazendo o seu trabalho usual, numa dimensão, para eles, pouco usual.

Bons professores reconhecem que as crianças têm estilos de aprendizagem diferentes e

admitem a eficácia de se usar uma variedade de estilos para ensinar. Isso não tem a ver com

grandes recursos ou mega-tecnologia, mas com o uso criativo e flexível do que se tem

disponível, incluindo o próprio professor, bem como os outros alunos da turma e do resto da

escola.

Os professores não podem conseguir a inclusão sozinhos por mais comprometidos que

eles estejam. A inclusão requer mudanças sistemáticas na maneira como as escolas são

organizadas e administradas e estas por sua vez dependem de um contexto cultural, de valores

da comunidade e da expectativa dos pais, bem como da liderança dentro da escola.

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Escolas e professores aos quais são solicitados implementar a mudança têm direito a

um suporte bem preparado e sensível, provenientes de uma variedade de fontes. Orientação e

reforço construtivo podem vir do governo e de seus orientadores e inspetores ou da própria

região,, em nível local. Este suporte pode vir também da indicação de professores de

referência cuja tarefa é trabalhar com os colegas na modificação do currículo e nas exigências

de avaliação da escola, para tornar ambos mais accessíveis a todos os alunos.

Em tudo isso, o estilo e a qualidade de liderança proporcionados pelo/a diretor/a são

essenciais para o processo de criação de escolas inclusivas. Ele ou ela deve assumir a liderança

em administrar os processos dinâmicos envolvidos nas complexas relações humanas

intrínsecas a toda comunidade escolar. A administração de uma mudança bem sucedida vem

de um diretor / a que dá apoio, vem da boa comunicação entre todos os membros do corpo

docente, vem das relações de trabalho eficaz em todos os níveis e de um clima que facilita a

abertura com os pais e com a comunidade.

O diretor/a tem também um papel chave em identificar e atender as necessidades de

todos os membros do corpo docente. Desenvolver as habilidades que sustentam a inclusão

bem sucedida deve ser uma prioridade tanto na preparação inicial quanto na preparação

continuada de todos os professores.

Da mesma forma que cada professor é agora um professor de alunos com deficiências,

assim também cada formador de professor (incluindo o/a diretor/a) deve agora estar

preparando a próxima geração para ensinar em escolas inclusivas e para atender às

necessidades de uma variedade muito mais ampla de alunos. As habilidades pedagógicas

exigidas para a inclusão bem sucedida não são nem mais nem menos do que aquelas exigidas

dos professores em qualquer escola de qualidade.

Escolas bem sucedidas e inclusão bem sucedida dizem respeito a algo mais do que uma

pedagogia. Elas exigem uma reconceitualização da natureza da escola, a fim de atender de

maneira mais eficiente a rica diversidade de crianças em cada comunidade. Isso requer um

currículo e uma modalidade de avaliação accessíveis a todos os alunos; diretores

comprometidos com uma abordagem inclusiva; liderança de apoio do governo central e suas

agências e uma programação clara para desenvolvimento e capacitação de professores.

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ANEXOS