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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRO REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
“A VEZ DO MESTRE”
A IMPORTANCIA DA UTILIZAÇÃO DE MATERIAIS CONCRETOS
NA INICIAÇÃO À MATEMATICA NO PRE ESCOLAR
AURECILA NICÁCIA PEREIRA
ORIENTADORA:
FABIANE MUNIZ
Rio de Janeiro
Fevereiro 2003
ii
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
CURSO PÓS GRADUAÇÃO LATU SENSU SUPERVISÃO ESCOLAR
PROJETO “A VEZ DO MESTRE”
A IMPORTANCIA DA UTILIZAÇÃO DE MATERIAIS CONCRETOS
NA INICIAÇÃO À MATEMATICA NO PRE ESCOLAR
AURECILA NICÁCIA PEREIRA
Trabalho monográfico apresentado
como requisito para a obtenção do
grau de especialista em Supervisão
Escolar
Rio de Janeiro
Fevereiro 2003
iii
Quero agradecer primeiramente a Deus que
iluminou a minha estrada. Em segundo lugar, aos
meus pais que sempre me deram incentivo e
apoio moral e financeiro para chegar onde estou.
Quero agradecer também a instituição,
representada por seus professores e diretores que
colaboram para realização deste trabalho.
v
“ O único hábito que se deve dar à criança é o de não contrair hábito algum”
(Jean Jacques Rousseau”
vi
RESUMO
Este trabalho representa um esforço para valorizar o uso de materiais
concretos no ensino da Matemática na pré-escola.
Tendo em vista que a educação infantil prepara as crianças para ingressar
na escola fundamental, acreditamos na importância na introdução da Matemática
no currículo da pré-escola para crianças numa faixa etária de 2 a 4 anos e
favorecer assim o desenvolvimento do pensamento lógico através de uma
interação com materiais próximos do seu cotidiano. Nesse sentido o uso de blocos
lógicos poderão ajudar as crianças a formar conceitos, preparando-as para as
próximas séries do 1 º grau.
As crianças nessa fase, segundo Piaget, já adquiriram normalmente dois
tipos de conhecimentos: (a) físicos e (b) lógicos – matemáticos. De acordo com
esse mesmo autor, elas já passaram também pelos processos de: assimilação,
acomodação e adaptação, sendo que este último é o equilíbrio entre os dois
primeiros. Nessa perspectiva é imperioso proporcionar às crianças o maior
número possível de atividades, para ampliar suas experiências e aumentar seu
vocabulário.
Neste estudo, conclui-se que para reforçar esse aprendizado, em que as
crianças já exploram os blocos lógicos, o professor poderá usar novas estratégias
como as “Barras de Cuisenaire”, que se assemelham aos blocos lógicos em
relação aos procedimentos de classificação e ordenação além de estimularem de
forma prazerosa.
De acordo com a classificação piagetiana, as crianças que freqüentam o
pré-escolar estão no período pré-operatório, onde constróem conceitos através de
suas experiências.
Outro aspecto dessa metodologia é a liberdade que o professor proporciona
às crianças para manusearem livremente as peças, promovendo a construção de
escalas de comparação entre elas.
O presente estudo foi desenvolvido em uma instituição particular tendo-se
obtido resultados favoráveis à utilização de estratégias semelhantes à cima
citadas.
vii
SUMÁRIO
Introdução 01
Justificativa 03
Metodologia 05
Capitulo I – Como se desenvolve a inteligência 06
Capitulo II – Exemplos de materiais utilizados na aprendizagem
da matemática 09
Capitulo III – Supervisão escolar e seu papel 11
Capítulo IV Análise dos questionários de pesquisa 13
Considerações Finais 15
Referências bibliográficas 17
Anexos 19
viii
INTRODUÇÃO
É senso comum afirmar-se que as crianças são capazes de aprender
significativamente, a partir de suas próprias experiências, vivenciadas na interação
com o mundo que as cerca.
Acredita-se que na educação infantil, as crianças podem adquirir hábitos de
reflexão e de socialização que as preparam para ingressar na escola fundamental.
Tendo em vista a importância do desenvolvimento do raciocínio lógico da criança
destaca-se o papel do ensino da matemática no período da educação infantil.
No presente estudo, leva-se em conta, que as crianças entram em contato
com a matemática mesmo antes de sua origem, sempre existem possibilidades
por exemplo, delas já brincarem, contando pedrinhas, balas e conchas, e até
manipularem brinquedos mais sofisticados capazes de estimular cálculos mais
complicados. Assim, a criança de alguma forma, apresenta grandes possibilidades
de ter tido desde cedo a oportunidade de lidar, com a situações típicas da
matemática, formulando hipóteses a respeito de quantidades e estabelecendo
relações entre elas.
Nas atividades de estágio, realizando observações na escola desse nível,
pode-se constatar que crianças numa faixa etária de 3 a 4 anos, ao recitarem os
números de 1 a 20, omitiram diversos números da seqüência e muitas ao
enumerar objetivos, tendiam a repeti-los, contando assim mais de uma vez.
A matemática angariou nas escolas de um modo geral, a fama de ser
temida por uma parcela considerável de crianças, pois, tradicionalmente é tida
como a mais difícil das disciplinas escolares, sendo assim, considerada difícil de
ensinar e de aprender.
Cabe a pergunta: se a matemática é necessária para o cotidiano dos
indivíduos, não existiram formar de ensiná-la de maneira mais eficiente e
prazerosa ?
A partir das observações pessoais e de depoimentos de professoras,
contatou-se que o trabalho com a matemática nos diferentes níveis da escola vem
ix
sendo desenvolvido com a metodologia pela qual a criança deve aprender através
de exercícios individuais e das informações dadas pelo professor.
Neste estudo, acredita-se que é a partir da pré-escola, que se deve
preparar a criança para o ensino da matemática. Para isso torna-se importante
elaborar-se um planejamento cuidadoso capaz de estimular as crianças para a
aquisição de noções espaciais e geométricas, de modo que diferentes tipos de
atividades voltadas para esse fim, sejam desenvolvidas e enriquecidas de forma
sistemática, no decorrer de todo o ensino fundamental.
O uso de blocos lógicos por exemplo, nas atividades da pré-escola, vão
ajudar as crianças a estruturar o conceito de número, preparando-as para as
próximas etapas que serão cumpridas no 1 º grau.
Pode-se perceber ao longo dos estágios que as crianças, quando brincam
em grupos, ou sozinhas, fazem de suas brincadeiras praticas sociais –
aprendendo a jogar, a contar, distribuir e organizar, desenvolvendo noções e
representações matemáticas.
Essas noções e representações matemáticas requerem dos alunos, a
existência de um vocabulário específico articulado com a matemática e as
tentativas de escrever números e outros símbolos que podem significar formas,
dimensões, medidas e contagens bem demonstram a presença desses requisitos.
Por ser o momento oportuno para se aprofundar essas idéias, acredita-se
na necessidade de tratar as formas, dimensões, as medidas e as cores com
materiais concretos que proporcionarão assim às crianças a oportunidade de
manuseá-los, identificando nos blocos lógicos todas essas propriedades.
x
JUSTIFICATIVA
Na escola, onde estagiou-se, as crianças enquanto esperavam os outros
coleguinhas, brincavam de massinha criando novas formas e portanto exploravam
novas propriedades. Elas dispunham para isso de materiais de vários tamanhos,
formas e cores.
A professora da turma observada no estágio, aproveitava esse momento e
sentava no chão junto com as crianças que estavam brincando e começava a
fazer perguntas sobre as cores, formas e dimensões observadas.
Pudemos constatar naquela ocasião que quase todas as crianças sabiam
identificar as figuras geométricas, as cores e as dimensões e apenas algumas
delas se confundiam principalmente com as cores.
Entrevistando a professora do maternal perguntou-se como ela tinha
introduzido a Matemática às crianças e ela respondeu que tinha utilizado materiais
de sucata por exemplo, para que as crianças identificassem propriedades ou
atributos. Interessou-se então, a partir daí em realizar o presente estudo, tentando
verificar a importância desse trabalho face à simplicidade dos recursos que eram
utilizados.
Acredita-se que na medida em que a pré escola constitui-se numa etapa de
preparação para o ensino básico, a livre manipulação dos objetos mais variados
darão a criança a possibilidade de ultrapassar a fase de conhecimento motor e
sensorial e atingir uma fase mais abstrata. Percebe-se que essa manipulação
deverá acontecer em etapas posteriores como o Maternal e o Jardim de Infância,
onde a criança poderá utilizar todos os materiais necessários para o desenho, a
pintura, a brincadeira com areia, com bonecas ou outros artefatos. Tendo em vista
o que foi citado e a necessidade de escolarização ter continuidade nos demais
segmentos, cabe a pergunta: por que não ensinar matemática na pré-escola?
Pode-se perceber também na sala do Maternal, onde a faixa etária é de 2 a
3 anos, que as crianças brincavam livremente com as peças dos blocos lógicos:
fazendo trenzinhos, construindo bonecos, amontoando e separando
aleatoriamente as peças, etc...
xi
Conclui-se que a partir daí, poderão surgir situações criadas pelo professor
visando a estimulação das crianças para representação de quantidades e
identificação de formas geométricas e seus atributos.
Nossas observações ao longo do estágio revelaram que a professora da
turma, aproveitava sempre a oportunidade de contato com as crianças para pedir
que separassem as peças dos blocos lógicos pela espessura, cor e tamanho.
Alguns separavam, usando o critério da forma, identificando todas que tinham
determinada configuração independente do tamanho e da cor e assim por diante.
xii
METODOLOGIA
Esse tema foi de interesse desde o estágio que foi feito, no Maternal de
uma escola particular.
Observamos as crianças, manuseando esses materiais lógicos concretos e
acompanhamos situações em que eles facilitavam o reconhecimentos das figuras,
e esse fato nos instigou a que fizéssemos um aprofundamento no tema para obter
elementos consistentes sobre sua validade.
Pretende-se com esse estudo retornar à escola, e entrevistar as
professoras que trabalharam nesse nível.
Utilizou-se um questionário com perguntas abertas, que foi aplicado para
professoras da rede particular.
Assim, através da resposta estabelecemos tendências de comportamento e
utilização de materiais concretos no ensino da matemática.
xiii
CAPITULO I – Como se Desenvolve a Inteligência
Segundo Piaget (1996) no artigo “escola maternal características da criança
na faixa etária de dois a quatro anos” da revista do professor, n º 48, a criança de
2 a 4 anos está no período pré-operatório, onde ela age intensamente sobre os
objetos, constrói conceitos através das próprias experiências com o meio físico e
social que a cerca.
Já no artigo “como a inteligência se desenvolve” da Revista Nova escola,
n º 95, Piaget é citado em relação a sua teoria em que a criança nessa faixa etária
representa mentalmente pessoas e situações através de uma percepção global,
sem descriminar detalhes.
Na escola Maternal, percebe-se no estágio, que as atividades era, livres, as
crianças pegavam os blocos lógicos por sua própria iniciativa e os dispunham
segundo formas as mais variadas possíveis. Apesar dessa aparente aleatoridade,
quando a professora se aproximava e perguntava o nome das figuras formadas,
elas sempre tinham resposta, demostrando assim a presença de significações.
Silva (1996) menciona que a criança domina movimentos bimanuais para
manusear argila, pintar com as mãos, construir modelos encaixar, enfileirar, rasgar
e amassar papéis.
Ela também costuma usar lápis de cera, e é capaz de evocar nomes de
pessoas e de objetos.
Para compreender o desenvolvimento da inteligência na criança, é preciso
entender antes como ocorre o processo de conhecimento (Aprendizagem) ela
pode se dar através de dois processos segundo Piaget: (a) assimilação – o sujeito
utiliza suas estruturas mentais já existentes para incorporar o novo conhecimento;
(b) acomodação – quando o sujeito modifica as estruturas mentais já existentes
para adaptar-se ao novo conhecimento.
O equilíbrio entre a assimilação e a acomodação é o processo que Piaget
chamou de adaptação. Para ele, a inteligência se dá na adaptação ao meio
exterior.
xiv
No livro Piaget/Vigotsky – novas contribuições para o debate (1995), do
ponto de vista de Vygostky desenvolvimento e aprendizado caminham juntos.
Para a criança assimilar informações, as mesmas têm de ter sentido para elas.
Isso ele chamou de zona de desenvolvimento proximal, a distância entre aquilo
que a criança sabe fazer sozinha, desenvolvimento real – é o que é capaz de
realizar com ajuda de alguém mais experientes.
No livro “a fome com vontade de comer”, há um relato em que a autora cita
a proposta de Piaget segundo o qual as crianças devem realizar tarefas
envolvendo classificações, ordenações e seriações, e assim o professor poderá
investigar o modo de pensar de cada criança.
Em particular, para compreender a matemática é preciso que a criança
possa adquirir dois tipos de conhecimentos, os quais são chamados por Piaget de:
(a) conhecimentos físicos – abstratos feita a partir do objeto como cor, forma,
espessura etc., e com eles a criança atribui qualidades aos objetos, e (b)
conhecimento lógicos-matemáticos – abstração feita a partir da ação como ordem,
classe etc., e com eles, a criança estabelece relações entre os objetos (posições,
dependências, etc.).
Acredita-se neste estudo que a matemática pode contribuir efetivamente
para o desenvolvimento da inteligência da criança na pré-escola. Para que isso se
concretize, torna-se necessário proporcionar o maior número possível de
atividades diversificadas, acessíveis a sua faixa etária, e assim ampliar suas
experiências de vida, aumentando seu vocabulário.
Por volta dos dois/três anos, as crianças já começam a perceber os ângulos
nas figuras planas segundo Piaget, é importante levar a criança não a conhecer
apenas as formas mas generalizar suas propriedades e características,
construindo-se assim os conhecimentos.
É muito importante ajudar a criança a descobrir que objetos têm formas e
cores. Essa é uma estratégias que viabiliza a aplicação desses conhecimentos.
Na revista nova escola n º 101 (97), há um artigo “inteligências múltiplas”,
que descreve uma atividade em que os alunos montam um mosaico a partir de
figuras geométricas que existem no seu dia-a-dia, nas calçadas, na escola,
xv
paredes etc... Num momento posterior, usado material concreto sobre figuras
geométricas, exploram suas diferentes formas, observando por exemplo o número
de lados e como se encaixam para poder formar outras figuras.
Um outro artigo da mesma revista n º 100 (97), relata que a matemática
pode ser apresentada através de personagens do “sitio do pica pau amarelo” –
nele o professor descreve cada personagem e pede à turma para montar sua
representação com as formas geométricas disponíveis.
Um outro relato que interessou-se também nessa revista, foi sobre o artigo
“O arco Íris de fazer de conta”. Ele descreve o ensino das quatro operações para
alunos da pré-escola, utilizando barrinhas de madeira coloridas que vão facilitar a
aprendizagem dessas operações.
xvi
CAPITULO II – Exemplos de materiais utilizados na aprendizagem da
matemática
O material utilizado neste relato também é chamado de escola cuisenaire –
“a menor das barras tem um centímetro e representa a unidade, a segunda, na
escala tem dois centímetros e indica o número dois e assim por diante, até a
maior, de dez centímetros e indica o dez”. a manipulação dessas peças ajuda a
criança a entenderem sem dificuldade a soma e a subtração.
Acredita-se que, como as barras têm um colorido semelhante ao utilizado
nos blocos lógicos, seja fácil para as crianças assimilarem aos números a elas
correspondentes. Essas barras foram criadas pelo professor Emílio Georges
Cuisenaire que estudou o ensino da matemática para crianças de pré-escola na
Bélgica. Os professores ajudam as crianças a manusear os blocos lógicos até
adquirirem bastante confiança e a partir daí, elas provavelmente não terão
dificuldades para aprender os conceitos matemáticos fundamentais. O material
pode ser aplicado em diferentes estágios da aprendizagem, com crianças a partir
de 3 anos, que ainda estão reconhecendo cores e formas através dos blocos
lógicos.
No artigo construa a lógica, bloco a bloco, da revista Nova Escola, n º 111
(98), o autor relata que nas classes de educação infantil, essas peças
geométricas, criadas pelo matemático húngaro Zoltan Paul Dienes, são eficientes
para que seus alunos desenvolvam o raciocínio abstrato, com blocos lógicos, é
possível ensinar operações básicas para a aprendizagem da matemática como a
classificação e a correspondência.
Uma criança corresponderá melhor os números e as operações
matemáticas se puder palpa-los. Os materiais concretos, como pedrinhas, barras
e blocos lógicos fazem as crianças sair na frente no raciocínio abstrato, pois os
blocos lógicos não ensinam fazer contas, mas preparam para a lógica; sua função
é dar as crianças chances de realizar as primeiras operações lógicas como
correspondências e classificação.
xvii
A princípio o primeiro contato com as barras deve parecer uma brincadeira,
deve-se deixá-la manusear livremente para se familiarizar com as peças. Na
medida em que isso acontece, a professora pode sugerir que as crianças
construam o que quiserem. O reconhecimento das cores podem ajeitar a criança a
perceber os valores de cada barra. Assim, como o uso dos blocos lógicos nas
atividades da pré-escola vão estruturar o conceito, acredita-se que essas barras,
poderão preparar as crianças para as noções matemáticas iniciais.
No livro “a fome com a vontade de comer” (94), existe um artigo –
“instrumentos do professor” – onde é citado também o uso das barras de
cuisenaire nele a autora comenta que, para as crianças pequenas, é preciso
mostrar a elas que os números são “entidades flexíveis”, umas incluídas (ou
excluídas) nas outras, de acordo com diversa combinações. Ela dá exemplo, 1, 2,
3, 4, 5 para obtê-los basta combinar estes algarismos de diversas maneiras. Para
as crianças pequenas, a inclusão e a ordenação dos números são
“incompreensíveis” e para elas os números não têm relação alguma.
Assim, o professor poderá até fazer uma combinação desses materiais,
fazendo a criança trabalhar as barrar, através dos blocos lógicos, com cores e
formas para que elas possam entender o exemplo do número.
xviii
CAPITULO III – Supervisor escolar e seu papel
Na escola onde estagiou-se não existia um supervisor, mas tinha uma
orientadora pedagógica, que orientava as professoras quanto ao conteúdo a ser
passado para as crianças.
Quando as professoras se sentiam inseguras quanto ao conteúdo, podia-se
pedir ajuda.
Em Luck (81) o supervisor é aquele que propicia o diálogo para conhecer o
trabalho do professor: suas dificuldades e seus anseios. Nessa escola era dado
um planejamento, onde as professoras iriam desenvolver as atividades baseadas
no mesmo. Tudo era feito no âmbito do diálogo e na cooperação entre professora
– orientadora. Essas atividades eram feitas pelas professoras em seus cadernos,
e toda semana era visto por essa orientadora pedagógica, onde se as professoras
tiravam suas dúvidas.
Acredita-se que a escola é um sistema social, onde as funções são
interligadas, é necessário uma linha direta integrada entre professor / orientador.
Em Rangel (2001) para que o processo didático seja sempre dinâmico, a
escola tem que solicitar um supervisor, que inclusive o hábito de estudo entre os
professores. Em muitas escolas é comum encontrar mestres com diferente, daí a
necessidade de um supervisor para amenizar essas diferenças. Por isso acredita-
se que o “supervisor escolar é o sujeito que faz a leitura da escola na sua
totalidade”. Ele é o organizador e facilitador do processo de aprendizagem.
Também em Rangel (2001), durante o século XVIII e começo XIX, a
supervisão era apenas para “inspecionar”, “reprimir” e “checar”.
Já no fim do século XIX e começo do século XX, a supervisão passou a se
preocupar com “aferição de notas”.
No século XX a supervisão passa para a linha de transmitir, explicar e
julgar. Mais tarde assume o “caráter de liderança”. Em 1960, a supervisão tem o
lugar de melhoria do ensino se propondo a transmitir, explicar, mostrar, impor e
julgar.
xix
Nos anos 70, a supervisão ganha força institucional em todos os estados da
federação com a Lei de Diretrizes e Bases do ensino de 1 º e 2 º Graus, Lei
5.692/71. Com a fusão dos estados da Guanabara e do Rio de Janeiro, adquiriu
outros contornos. A supervisão educacional passa a englobar atividades de
“assistência técnico – pedagógica e de inspeção administrativa, tornando-se mais
abrangente para atingir não só a escola, como todo o sistema”.
Certamente, para ser um bom supervisor, antes de mais nada ele tem que
ser um profissional aberto a discussão e a troca de experiências.
Com a nova LDB, artigo 14 citado em Rangel (2001), a formação dos
especialistas (administradores, planejadores, inspetores, supervisores e
orientadores) em nível de pós graduação ou em cursos de graduação
(Pedagogia).
O trabalho de um supervisor depende de como ele é e do que aprendeu ao
longo de sua experiência. Isso tudo é o que faz ser um bom supervisor. Daí, a
necessidade de formar e preparar o supervisor. Ele vai ser o elemento mais
importante além do professor, aluno e a comunidade escolar.
O significado de supervisão é “visão sobre” todo o processo educacional,
cabe a esse profissional oferecer orientação quando e onde forem necessários
visando assim um bom andamento do planejamento para que haja um bom
desempenho do professor, e assim o ensino – aprendizagem se tornará eficaz.
xx
Capítulo IV - Análise dos questionários de pesquisa
Os questionários foram distribuídos em uma escola particular, situada na
Tijuca.
Distribuiu-se 6 questionários. (modelo em anexo)
As professoras particular acham que para ensinar matemática não há
momento exato, basta aproveitar as situações do dia-a-dia. Os materiais que
adotam, são traduzidos pelos alunos, de suas casas, pois assim representam
concretamente situações por elas vivenciadas e vem impregnado de significação.
Para essas professoras, além do material de sucata como: garrafas vazias,
palitos de sorvete, latas, caixas, etc., estimulam as crianças o próprio corpo na
identificação de números, formas e propriedades. Não souberam, no entanto,
descrever detalhadamente os resultados obtidos nesse tipo de trabalho.
Inicialmente trabalham os blocos lógicos para identificação das cores e
partindo para exploração das formas, tamanho e espessura.
A única dificuldade encontrada, foi a troca das cores. Elas apenas
conhecem as “Barras de Cuisenaire”, mas não se aprofundaram nas relações que
podem ser estabelecidas com esse material.
A metodologia para trabalhar com esse material foi diferente para cada uma
das professoras da escola particular. Uma delas não utilizou o material, pois não
achava adequado à idade das crianças. As outras duas professoras, disseram que
utilizaram o material e explicaram que trabalharam com as barras tanto para
ensinar as cores na pré escola e no jardim, como também para ensinar cores e
números no C. A..
Em resumo, duas das três professoras acharam que o uso dos blocos
lógicos seriam uma iniciativa importante para o aprendizado da Matemática, e uma
achou que essa iniciativa importante para o aprendizado da Matemática, e uma
achou que essa iniciativa não é válida porque se torna inadequada para a faixa
etária em questão.
Apesar de que as professoras em algumas respostas limitam-se a
responder afirmativamente sem explicações, em outras destacaram que, também
xxi
utilizariam material de sucata que o mesmo é muito importante para o ensino não
só da Matemática, mas da linguagem, e ai detalharam melhor os resultados
obtidos com esse procedimento. Trabalharam os blocos lógicos não só para a
Matemática, explorando cor, forma, tamanho e espessura, mas também em
situações de dramatização. Constaram com isso maior facilidade na expressão
das crianças, ocorrendo apenas algumas dificuldades na percepção das cores.
Demostraram conhecer de um modo geral as “Barras de Cuisenaire”, sendo
que uma delas trabalhou na 2 ª Série do ensino fundamental e não no Jardim.
Por fim, cabe ressaltar que as duas professoras concordaram que os blocos
lógicos sejam um reforço imprescindível ao trabalho do professor, mas uma
discordou, revelando que os mesmos podem ser substituídos por outros materiais
concretos.
xxii
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O que pudemos perceber ao final desse trabalho, é que fica muito rica a
troca de experiências entre profissionais de ensino, num trabalho em que a
criança é levada ao desafio de desenvolver construções. As possibilidades de
utilização dos blocos lógicos ou de qualquer outro material são inúmeras.
“Nada melhor do que a criatividade do educador para acionar o pensamento
da criança e criar situações estimuladoras à aprendizagem infantil”. O professor
pode a partir de um determinado material, conjugar várias maneiras de estimular a
criatividade da criança. Jogos feitos com tampinhas de garrafas, de várias cores
são excelentes recursos para as crianças trabalharem com quantidade e o atributo
cor, ou mesmo, mediante critérios criados por elas mesmas; a ordenação
possibilita que a criança perceba qual o material que vem antes, que vem depois,
o primeiro, o seguinte e o ultimo.
Chegamos a conclusão também que é importante que as atividades de
Matemática favoreçam o comportamento de exploração infantil e que as
descobertas surjam a partir da manipulação de objetos diante da observação, a
identificação, a comparação, a interpretação, a analise e a síntese.
A linguagem Matemática precisa e especifica não é o ponto central. Ao
educador cabe utilizar uma linguagem o mais precisa possível; acessível a
criança. O fundamental é que seja compreendida pela criança através de suas
vivências e do manuseio de material concreto. Assim, a criança do pré-escolar
expressará seu raciocínio da forma que puder. A pergunta “como a criança pensa
e por que pensou de determinada maneira” deve receber toda prioridade e
atenção do educador?
Por fim, deixamos aqui sugestões para futuros trabalhos. Para os próximos
períodos sugerimos que a pesquisa seja reeditada em outras instituições públicas
e/ou privadas e que se possa assim gerar uma consciência critica entre os
professores sobre a importância da utilização de material didático concreto capaz
de estimular as relações entre o mundo real e as abstrações necessárias ao
xxiv
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TABEROSKY, Ana; TOLCHINSKY, Liliana. Substratum – temas fundamentais
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xxvii
Questionário
1 . Como você introduziu a Matemática?
2. Você acha que o material de sucata é importante para ensinar a matemática?
3. Que tipos de materiais você utilizou com crianças do maternal e que resultados
obteve?
4. Como você trabalhou os blocos lógicos?
5. Quais foram as dificuldades enfrentadas?
6. Você conhece as “Barras de Cuisenaire”?
7. Já trabalhou com elas? Explique.
8. Você acha que essa iniciativa com blocos lógicos é um reforço para o
aprendizado da matemática?