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II UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO “A VEZ DO MESTRE” Trabalho Monográfico apresentado como requisito parcial para obtenção do Grau de Especialista em Orientação Educacional. RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL FEVEREIRO DE 2002 EDUCAÇÃO PARA PRESERVAÇÃO DA SAÚDE E PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE ANDRÉA DELL’OSSO

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II

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

Trabalho Monográfico apresentado comorequisito parcial para obtenção do Grau deEspecialista em Orientação Educacional.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASILFEVEREIRO DE 2002

EDUCAÇÃO PARA PRESERVAÇÃO DA SAÚDE

E PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE

ANDRÉA DELL’OSSO

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III

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

TRABALHO MONOGRÁFICO APRESENTADO COMO REQUISITOPARCIAL PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE ESPECIALISTA EM

ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL.

EDUCAÇÃO PARA PRESERVAÇÃO DA SAÚDE

E PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE

ANDRÉA DELL’OSSO

Andréa Dell ’ Osso

APROVADO POR:

Nelsom J. V. de Magalhães

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASILFEVEREIRO DE 2002

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IV

Dedico este trabalho aos meus alunos, queeduco com amor, partilhando e prendendo osaber, em benefício da educação e daconstrução de um mundo melhor.

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V

Agradeço sobretudo a Deus, força maior que trouxe-me até aqui.

Aos mestres que forneceram condições de atingirmeus ideais.

Aos meus pais que me deram a vida e ensinaram-se a vivê-la com dignidade: entrego este título emsuas mãos.

Aos familiares e amigos que tornam este momentomais belo e glorioso.

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VI

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

RESUMO DO TRABALHO MONOGRÁFICO APRESENTADO COMOREQUISITO PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE ESPECIALISTA

EM ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL.

EDUCAÇÃO PARA PRESERVAÇÃO DA SAÚDE

E PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE

ANDRÉA DELL’OSSO

ORIENTADOR: Nelsom J. V. de Magalhães

Este trabalho desenvolve um estudo à cerca da questão da preservação da

saúde e proteção ao meio ambiente, dentro do âmbito escolar, a fim de buscar

mudanças de comportamento pessoal e atitudes e valores de cidadania, que

podem ter fortes conseqüências sociais, através da conscientização do aluno,

para que este possa identificar-se como parte integrante da natureza, e

compreendo que a saúde é uma dimensão essencial do crescimento e

desenvolvimento do ser humano.

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ÍNDICE

CAPÍTULO I

Introdução 011.1. Tema 021.2. Delimitação 021.3. Justificativa 021.4. Objetivo 031.5. Problema 031.6. Hipótese 031.7. Metodologia 041.8. Fundamentação teórica 041.9. Conteúdo do trabalho 05

CAPÍTULO II

Uma abordagem contemporânea sobre a educaçãopara preservação da saúde 072.1. Introdução 082.2. Nutrição e saúde: responsabilidades alimentares 082.2.1. Responsabilidades do governo 092.2.2. Responsabilidades da comunidade 102.2.3. Responsabilidades da família 122.2.4. Responsabilidades do indivíduo 122.3. Alimentação equilibrada 132.3.1. Proteínas: alimentos que estruturam o corpo 142.3.2. Glicídios: alimentos que fornecem energia 142.3.3. Lipídios: alimentos que formam reserva de energia 152.3.4. Vitaminas: alimentos reguladores e protetores 152.3.5. Água e sais minerais 172.4. Higiene, manipulação e conservação dos alimentos 182.5. Carências nutricionais 222.5.1. Necessidades alimentares 222.5.2. Alimentação e saúde 252.5.3. Efeitos da desnutrição 262.5.4. Merenda escolar 282.5.5. Princípios orientadores 292.6. Higiene e saneamento 312.6.1. Higiene física 312.6.2. Higiene do corpo 322.6.3. Higiene da casa 322.6.4. Higiene ao comer e ao beber 33

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2.6.5. Higiene do meio ambiente 332.6.6. Higiene mental 342.6.7. Saneamento 362.6.8. Tratamento de água 372.6.9. Eliminação do resíduos 382.7. Vacinas e saúde 402.7.1. O processo imunológico 412.7.2. Vacinas mais importantes 432.8. Doenças: problemas e cuidados 452.8.1. Verminoses 492.8.2. Bronquite 532.8.3. Catapora 542.8.4. Sarampo 552.8.5. Rubéola 562.8.6. Caxumba 572.8.7. Coqueluche 582.8.8. Difteria 592.8.9. Poliomielite 602.8.10. Escarlatina 612.8.11. Problemas e doenças de pele 622.8.12. Problemas e doenças nos olhos 642.8.13. Problemas e doenças da boca 662.8.14. Outras doenças 692.8.15. Doenças menos freqüentes 822.9. Noções de primeiros socorros 832.9.1. Febre 832.9.2. Estado de choque 842.9.3. Asfixia 852.9.4. Emergências do calor 862.9.5. Hemorragias 862.9.6. Ferimentos 872.9.7. Abdome agudo 882.9.8. Queimaduras 892.9.9. Emergência dos ossos 902.9.10. Envenenamento 912.9.11. Picadas 912.9.12. Choque elétrico 922.9.13. Desmaios e convulsões 922.9.14. Corpos estranhos 932.10. Medicamentos e remédios 942.10.1. Sinais vitais 942.10.2. Cuidado com os remédios 95

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2.10.3. Caixa de remédios 992.10.4. Remédios caseiros e plantas 992.10.5. A importância da água 1002.11. Drogas, saúde e comportamento 1022.11.1. Algumas das principais drogas e seus efeitos 1022.11.2. Procedimentos educativos 1092.12. Conclusão 111

CAPÍTULO III

Uma abordagem contemporânea sobre a preservaçãodo meio ambiente 1123.1. Introdução 1133.2. O perigo da explosão demográfica 1143.3. A população do ar 1153.3.1. A inversão térmica 1173.3.2. Soluções 1173.4. A poluição da água 1183.4.1. A disseminação de doenças 1193.4.2. Eutrofização: acúmulo de nutrientes minerais

na água 1193.4.3. O acúmulo de produtos não-biodegradáveis 1213.4.4. A maré negra 1213.4.5. Soluções 1223.5. A destruição dos solos 1233.5.1. A erosão acelerada 1243.5.2. Os perigos dos agrotóxicos 1263.5.3. Soluções 1283.6. O lixo urbano 1293.6.1. Soluções 1313.7. Poluição sonora 1323.7.1. Efeitos da poluição sonora 1323.7.2. Soluções 1353.8. Conclusão 135

CAPÍTULO IV

Conclusão final 137

Bibliografia 139

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CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

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1.1. TEMA

EDUCAÇÃO PARA PRESERVAÇÃO DA SAÚDE E PROTEÇÃOAO MEIO AMBIENTE

A educação precisa difundir uma concepção unilateral de natureza de

vida e de homem, de uma forma global e integradora da realidade,

conscientizando a população da necessidade de todos trabalharem juntos pela

preservação do equilíbrio ecológico da saúde, e conseqüentemente da vida.

1.2. DELIMITAÇÃO

O tema será abordado de forma pedagógica baseados em estudos com

enfoque na última década, buscando os elementos básicos para estabelecer

conexões, através do processo educacional, entre a saúde e o meio ambiente,

a fim de promover a saúde da criança e sua interação com o meio ambiente,

especialmente no 1º segmento do ensino fundamental, na faixa etária dos 6

aos 10 anos de idade, de modo a contribuir para o desenvolvimento saudável

das futuras gerações e para com sua conscientização em relação às questões

ambientais.

1.3. JUSTIFICATIVA

A opção pelo tema baseia-se em nossa experiência profissional com

alunos de escola pública, oriundos de comunidades carentes.

Verificamos que, tanto os currículos quanto a formação dos professores,

não visam a realidade dos pais e os aspectos vitais da criança: crescimento,

alimentação, doenças, meios de promover sua saúde e interação com o meio

ambiente.

Portanto, é preciso refletir sobre a realidade de cada comunidade, para

desenvolvermos um trabalho docente responsável e adequarmos a escola às

necessidades de nossas crianças.

1.4. OBJETIVO

Levar os educadores à reflexão e capacitá-los, a fim de que o trabalho

da escola seja adequado às necessidades da criança e da família, sobretudo

nas comunidades carentes, onde é preciso fazer uma concretização quanto à

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sua responsabilidade para preservação da saúde e proteção do meio ambiente,

já que nestes locais é grande a desinformação e o professor torna-se o único

veículo de orientação para pais e alunos.

1.5. PROBLEMA

Como educar para a preservação da saúde e proteção ao meio

ambiente?

A educação é um processo social amplo, e cabe ao professor, mola

propulsora desta engrenagem, a quem está entregue a formação de novas

gerações, a participar da vida social, servindo de exemplo aos seus alunos, e

orientando-os para preservação da saúde e do equilíbrio ecológico.

1.6. HIPÓTESE

Atualmente, a escola deve ter duplo papel social: transmissora de

cultura, e transformadora das estruturas sociais adequando seu trabalho às

necessidades da comunidade escolar.

O professor precisa exercer sua profissão de forma autêntica e coerente,

desenvolvendo na escola uma integrada concepção de mundo, vida e

realidade, a fim de conscientizar as pessoas da necessidade de um trabalho

em conjunto pela preservação da saúde e do equilíbrio do meio ambiente.

1.7. METODOLOGIA

O método de pesquisa utilizado será a coleta de dados através da

pesquisa bibliográfica.

Embora possa produzir muitas informações, o método aplicado encontra

suas limitações, haja visto que não esgotaremos o assunto, apenas

levantaremos um problema que necessita de maior espaço investigativo, que

não poderá ser levado a cabo em função do pouco tempo que o pesquisador

permanecerá liberado de suas atividades profissionais para realizar a pesquisa.

1.8. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A questão da preservação da saúde e do meio ambiente, envolve

aspectos que devem ser discutidos com o alunos de forma sincera e aberta,

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com o objetivo maior de promover a construção de valores e atitudes, que eles

possam concretizar através de ações cotidianas.

A escola deve enfatizar projetos que envolvam temas que possibilitem

mudanças nas atitudes e nos valores dos próprios alunos: os cuidados com a

saúde e o bem-estar físico e emocional, a preservação do ambiente escolar, os

problemas ambientais, etc.

A educação é o caminho para a construção de um novo homem, de uma

nova sociedade. Portanto, comportamentos corretos para com a saúde e o

ambiente devem ser aprendidos na prática, no cotidiano da escola, desde os

primeiros anos de escolaridade. Pois, segundo Maria Ângela dos Santos “...o

papel da educação é fundamental na formação de uma cidadania responsável,

e a escola é um dos agentes básicos para a divulgação dos princípios de

preservação da saúde e proteção ao meio ambiente”1.

Portanto, é preciso buscar mudanças nas relações do trinômio

aluno/escola/ambiente, a fim de estimular a criança a pensar e agir,

transformando o ambiente em que vive num mundo novo, do qual ela é parte

integrante.

1.9. CONTEÚDO DO TRABALHO

No capítulo II é feita uma abordagem sobre a educação para a saúde no

ensino fundamental, com o objetivo de capacitar o aluno para o uso de

medidas práticas de promoção, proteção e recuperação da saúde ao seu

alcance, e simultaneamente, conscientizá-lo de sua responsabilidade para

consigo e a comunidade em que vive, já que a condição de saúde é produzida

nas relações com o meio físico, econômico e sociocultural.

São apresentados enfoques sobre nutrição, higiene, saneamento,

vacinação, doenças, medicamentos, drogas, noções e primeiros socorros, e a

interferência destes aspectos na preservação da saúde.

No capítulo III, desenvolve-se a importância das questões ambientais

para o futuro da humanidade, e a importância da conscientização de perceber-

se integrante, dependente e agente transformador do ambiente, identificando

seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente para a

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melhoria do meio ambiente, considerando seus elementos físicos e biológicos,

e os modos de interação entre o homem e a natureza, através da educação,

levando-o a mudanças de comportamento pessoal e a atitudes e valores de

cidadania.

No capítulo IV, apresenta-se a conclusão geral do trabalho,

estabelecendo-se um elo entre a preservação da saúde e proteção do meio

ambiente, e a educação, como fator de extrema importância para a

conscientização do aluno, quanto à sua responsabilidade individual e coletiva,

no sentido de contribuir para a construção de uma sociedade mais saudável e

ambientalmente equilibrada.

Espera-se que o trabalho forneça elementos, para auxiliar os

educadores a estabelecer um elo de ligação entre a natureza dos assuntos

abordados às outras áreas do currículo, atendendo a necessidade de serem

tratadas de modo integrado, não só entre si, mas entre eles e o contexto

histórico e social, em que as escolas estão inseridas.

1 SANTOS, Maria Ângela dos. Biologia Educacional. 16. ed., São Paulo: Ática, 1998.

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CAPÍTULO II

UMA ABORDAGEM CONTEMPORÂNEA SOBRE

A EDUCAÇÃO PARA PRESERVAÇÃO DA SAÚDE

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2.1. INTRODUÇÃO

Ao ingressar na escola, a criança traz consigo, comportamentos

positivos e negativos em relação à saúde. Tais hábitos são oriundos de seu

convívio em família, ou entre outros grupos sociais próximos.

Devido à sua função social, a escola assume relevante papel na

formação de comportamentos, durante épocas decisivas para qualquer pessoa:

a infância e adolescência. Portanto, a escola deve fornecer elementos que

capacitem os alunos para uma vida saudável, através das atitudes de toda a

comunidade escolar; transmitindo desta forma, valores que serão assimilados

pelas crianças em seu cotidiano.

Ao educar para a saúde, atendendo as necessidades do aluno e

respeitando sua realidade, o professor estará contribuindo decisivamente na

formação de cidadãos capazes de atuar em benefício de sua saúde pessoal e

da coletividade.

2.2. NUTRIÇÃO E SAÚDE: RESPONSABILIDADESALIMENTARES

O crescimento e o bom funcionamento do organismo depende de uma

alimentação adequada. Assim sendo, procuramos analisar alguns aspectos

relacionados à nutrição, cuja influência é fundamental para a saúde do

indivíduo.

De acordo com Maria Ângela dos Santos “...muitas vezes, constatamos

que o aluno vai para a escola com fome ou mal alimentado. As conseqüências

naturais são o baixo aproveitamento escolar, a reprovação, a exclusão da

escola e a marginalização social, formando um círculo vicioso: desnutrição –

doença – baixa produtividade – desnutrição”2.

A quem cabe as responsabilidades por esta situação, que atinge grande

parte da população brasileira e mundial? Certamente, as responsabilidades são

de todos e de cada um. Em primeiro lugar, do governo, a quem cabe zelar pelo

bem-estar de toda a população. Em segundo lugar, da comunidade, através de

suas organizações e agências educativas, às quais compete orientar a

população para hábitos alimentares adequados. Em terceiro lugar, da família,

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por ser o primeiro grupo do qual o indivíduo faz parte e do qual depende para

sobreviver em seus primeiros anos de vida. Finalmente, do próprio indivíduo,

que deve cuidar de sua alimentação e saúde, quando se torna responsável e

independente.

2.2.1. Responsabilidades do governo

O governo pode ser considerado responsável pela alimentação do povo

por muitas razões:

Ü É o governo que recolhe os impostos, e a ele cabe incentivar a produção

de alimentos, de forma a satisfazer as necessidades básicas de toda a

população. Ou seja, ele deve orientar os recursos que se dispõe para a

satisfação dessas necessidades. E, sem dúvida, a mais importante delas

é a alimentação suficiente e adequada, para que todos possam viver

dignamente. Portanto, ao estabelecer as prioridades dos investimentos

públicos, o governo deve dar atenção especial à produção de alimentos.

Ü Além de incentivar a produção de alimentos, cabe ao governo

providenciar que eles sejam bem distribuídos, de modo que todos os

habitantes recebam nutrição adequada. De nada adianta uma grande

produção, se os alimentos não tem condições de sair da região produtora

e serem distribuídos, ou se eles acabam se deteriorando por falta de

distribuição. É necessário que o governo crie condições para o

armazenamento e a distribuição dos alimentos a toda população.

Ü Cabe ainda ao governo assegurar ao povo meios de adquirir os alimentos

necessários à sua sobrevivência. Em primeiro lugar, controlando os

preços dos produtos, especialmente os essenciais. Em segundo lugar,

oferecendo oportunidade de trabalho a todos.

Ü O governo deve ainda promover um trabalho educativo, para que a

população adquira bons hábitos alimentares. Muitas vezes, as pessoas

comem mal porque não sabem qual a alimentação mais saudável. A

educação alimentar, através das escolas, de cursos especiais oferecidos

às comunidades e dos meios de comunicação social, não deixa de ser

uma responsabilidade do governo. Uma vez assimiladas pelas pessoas,

2 SANTOS, Maria Ângela dos. Biologia Educacional. 16. ed., São Paulo: Ática, 1998.

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essa educação passará de geração para geração, criando-se hábitos

alimentares adequados, favorecendo o desenvolvimento sadio da criança

e aumentando seu desempenho escolar.

2.2.2. Responsabilidades da comunidade

Um governo deve representar os interesses da população, isto é, das

várias comunidades que compõem a sociedade do país. Entretanto, se as

próprias comunidades não se organizarem, para exigir o respeito aos seus

direitos e o atendimento de sus necessidades, isso dificilmente ocorrerá. O

governo sofre pressões de muitos grupos sociais e, provavelmente, cede às

pressões mais fortes. Por isso mesmo, a população só terá condições de exigir

o atendimento de suas solicitações e necessidades na medida em que se

organizar.

São inúmeras as organizações sociais por meio das quais a população

pode fazer suas exigências e fiscalizar o respeito a seus direitos. Vejamos

alguns exemplos:

Ü Organizações de prédio, de rua ou de bairros: através delas, os

moradores podem, entre outras coisas, fiscalizar os preços, a qualidade

dos alimentos, seu estado de conservação etc.

Ü Organizações profissionais: cabe aos sindicatos trabalhar pela defesa

dos interesses dos trabalhadores. Tais interesses abrangem tanto as

condições de trabalho, quanto os salários e a garantia contra o

desemprego, fatores essenciais para a satisfação das necessidades

básicas.

Ü Organizações políticas, como os partidos, que, em seus programas e em

sua ação, devem ter como um dos objetivos a conquista de condições

adequadas de alimentação para todos os cidadãos.

Ü Organizações educacionais, cuja responsabilidade atinge diretamente as

crianças em idade escolar e, indiretamente, suas famílias e a

comunidade.

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Ü Organizações religiosas, para as quais a alimentação da população

também deve constituir um ponto importante, pois a atividade espiritual

está intimamente ligada ao desenvolvimento saudável do corpo.

Ü Organizações econômicas, empresas de diversos tipos, pois a

produtividade depende, em grande parte, das condições de alimentação

e saúde dos trabalhadores.

Ü Quaisquer outras organizações – esportivas, recreativas, culturais, etc. –

que se preocupem com o desenvolvimento do ser humano.

2.2.3. Responsabilidades da família

Em primeiro lugar a mãe e, em seguida, o pai e os irmãos têm uma

grande parcela de responsabilidade na alimentação adequada da criança. Já

durante a gravidez, a mulher deve procurar alimentar-se adequadamente,

tendo em vista evitar doenças e prejuízos ao desenvolvimento normal do feto.

Com o nascimento, é ainda a mãe que pode oferecer seu leite, o melhor

alimento para o bebê.

À mãe e a família devem respeitar as características da criança. Muitas

vezes, a criança pode não estar disposta a comer tudo o que lhe é oferecido.

Em certos casos, pode ter problemas orgânicos que prejudicam a digestão.

Outro aspecto importante diz respeito aos horários: eles devem ser mantidos,

mas sem excessiva rigidez. Os horários podem ter uma certa flexibilidade, de

acordo com as condições e a personalidade da criança. Se, algumas vezes, ela

não quer comer, forçá-la a tanto pode ser prejudicial.

De qualquer forma, há certos alimentos básicos e outros que podem

fazer mal. Cabe à família levar a criança a preferir alimentos saudáveis,

indispensáveis ao seu desenvolvimento, deixando de lado os supérfluos ou,

mesmo, nocivos à saúde. Esta tarefa não é feita só com palavras mas,

sobretudo, com exemplo. A criança deve compreender que comer bem não

significa comer muito, nem comer apenas coisas gostosas, mas alimentar-se

adequadamente e de forma equilibrada.

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2.2.4. Responsabilidades do indivíduo

A partir do momento em que o indivíduo for capaz de compreender suas

necessidades alimentares e as maneiras corretas de satisfazei-las, caberá a

ele grande parte das responsabilidades pela própria alimentação.

Na hora da refeição, não se pode considerar apenas as conveniências

do momento, mas sim as conseqüências a longo prazo: O alimento que vai ser

ingerido é necessário? É saudável? Pode acarretar prejuízos ao

desenvolvimento e funcionamento do organismo? Pode contribuir para o futuro

surgimento de doenças?

Outro aspecto importante é a higiene e limpeza dos alimentos: Não

estão contaminados? São naturais ou enlatados? Se enlatados: Contêm

aditivos prejudiciais a saúde? Têm data de vencimento? Se têm, está ou não

vencida?

É necessário ter sempre presente que, muitas vezes, os efeitos

negativos dos alimentos impróprios para consumo não se manifestam

imediatamente, nem de uma só vez, mas podem aparecer aos poucos. Outras

vezes, tais danos nem chegam a se manifestar claramente mas,

imperceptivelmente, podem reduzir os anos de vida do indivíduo. Uma

alimentação adequada promove a saúde e prolonga a vida.

2.3. ALIMENTAÇÃO EQUILIBRADA

Já vimos que alimentar-se bem não significa comer muito. Acima de

quantidade, a qualidade dos alimentos ingeridos tem muita importância sobre a

estrutura e o funcionamento do organismo. A melhor forma é ingerir a

quantidade certa da qualidade certa de alimentos. Vamos verificar tipos de

alimento e algumas orientações sobre alimentação adequada.

Podemos reunir os alimentos em cinco grupos, de acordo com o seu

aproveitamento pelo organismo: proteínas; glicídios ou carboidratos; lipídios ou

gorduras; vitaminas; água e sais minerais.

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2.3.1. Proteínas: alimentos que estruturam o corpo

São os principais alimentos plásticos do corpo. Participam da formação e

crescimento dos músculos, do cérebro e de quase todas as estruturas celulares

do organismo. As proteínas também são responsáveis pela formação das

enzimas, que controlam as reações químicas do organismo, e dos anticorpos,

que o protegem contra infecções.

Todos os alimentos de origem animal fornecem proteínas. Os mais

comuns são: carne, aves, peixe, ovos, leite, queijo e até alguns insetos, como

as tanajuras e os içás. Soja, feijão, lentilha, ervilha, grão-de-bico, amendoim e

pinhão são alguns dos alimentos vegetais com boas dosagem protéica.

As proteínas animais são consideradas mais completas que as vegetais.

2.3.2. Glicídios: alimentos que fornecem energia

Também chamados carboidratos ou açucares, constituem a principal

fonte de energia para o corpo. São o combustível que faz funcionar os órgãos e

músculos construídos pelas proteínas. Podem ser encontrados em cereais –

arroz, trigo, aveia e milho – e nos alimentos deles derivados, como o pão, as

massas, as farinhas, os mingaus, etc. Algumas frutas, como a banana, e raízes

e tubérculos, como a beterraba, a mandioca e a batata, contêm grandes taxas

de açúcar. O açúcar branco, comum, nada mais é que o refinamento do açúcar

natural de vegetais, como a cana, a beterraba, etc. Trata-se, portanto, de uma

alta concentração de glicídios. O mel também é refinado e concentrado, só que

por um processo natural – são as próprias abelhas que o fazem.

Uma alimentação só é baseada em glicídios, como acontece nos países

pobres, onde são mais consumidos por serem mais baratos, deixa o organismo

fraco.

2.3.3. Lipídios: alimentos que formam reserva de energia

Também chamados gorduras ou óleos, os lipídios provêm de duas

fontes:

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a) do excesso de glicídios que, ultrapassando a capacidade de

armazenamento do fígado, são transformados em gordura;

b) diretamente do exterior, pela ingestão de alimentos de origem

animal (banha, toucinho, manteiga, e outras gorduras) ou vegetal (óleo,

azeite, abacate, amendoim, castanha, coco etc.).

Os lipídios se localizam sob a pele e ao redor de alguns órgãos do

corpo. Sustentam a pele e funcionam como isolantes térmicos, protegendo o

organismo contra o frio e o calor. As gorduras constituem também estoque de

energia: quando, por falta de alimentos, o corpo apresenta carência de

glicídios, as gorduras são transformadas em açucares e queimadas.

Suspeita-se que o excesso de gorduras animais favorecem o surgimento

de problemas cardíacos e circulatórios. O mesmo não aconteceria com os

lipídios de origem vegetal; por isso, estes são mais aconselháveis.

2.3.4. Vitaminas: alimentos reguladores e protetores

As vitaminas atuam como auxiliares da enzimas, aumentando a

velocidade das reações químicas do organismo. São necessárias em

quantidades muito pequenas, pois apenas uma pequena parte delas é

destruídas dentro da células ou eliminada pela urina, precisando ser

substituída.

As vitaminas absorvidas dos alimentos naturais são muito mais

saudáveis do que aquelas tomadas através de drágeas, injeções, xaropes ou

fortificantes. É sempre melhor tomar vitaminas por via oral, do que através de

injeções, que podem ser perigosas.

Além de funcionarem como coenzimas, as vitaminas protegem o

organismo. Veja no quadro as principais vitaminas, suas funções, as

conseqüências de sua falta e os alimentos em que podem ser encontradas.

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VITAMINAS

Vitaminas Funções fisiológicasSintomas de

avitaminoseFontes

A

Crescimento, formação e

proteção dos epitélios;

aumenta a resistência das

mucosas às infecções;

interfere na visão.

Afecções da pele,

xeroftalmia ou olho seco,

perturbações das mucosas,

suscetibilidade a infecções,

tendência à formação de

cálculos urinários.

Óleo de fígado, gema de

ovo, leite, manteiga,

verduras, legumes, frutas.

D

Favorece a reabsorção de

cálcio e de fosfatos;

calcificação dos ossos;

regulação do equilíbrio do

cálcio e do fosfato no

sangue.

Inibição do crescimento dos

ossos longos; raquitismo;

perturbações do

metabolismo do cálcio e do

fósforo.

Fígado, peixes, óleo de

fígado de bacalhau, ovos,

leite, manteiga.

E

Crescimento fetal;

normalização do

crescimento e das funções

do epitélio germinativo.

Aborto, degeneração do

epitélio germinativo,

esterilidade, perturbações

neuro-musculares.

Legumes, vísceras, gema,

leite.

KCoagulação normal do

sangue.

Hemorragias. Verduras, legumes, frutas,

óleos vegetais.

C

Aumenta a atividade de

várias enzimas; participa da

respiração intracelular;

protege contra doenças

contagiosas.

Hemorragias das

articulações, das mucosas,

da pele, das gengivas;

degeneração dental com

cárie e perda do dente;

escorbuto.

Frutas, verduras, legumes,

vísceras.

B1

(Tiamina)

Proteção dos tecidos

nervoso e muscular.

Insuficiência cardíaca,

inflamação dos nervos,

atrofia muscular.

Feijão, cereais integrais,

presunto, salsicha.

B2

(Riboflavina)

Protege a pele e os

cabelos.

Pelagra e perturbações do

crescimento.

Leite, queijo parmesão,

fubá, fígado e rins de vaca.

B12Formação dos glóbulos

vermelhos.

Anemia perniciosa. Carne, ovos, fígado.

Fontes: VASCONCELLOS, J. L. e GEWANDSZNAIDER, F. Op. Cit., p. 64-70; WERNER, D. Op. Cit., p. 119.

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2.3.5. Água e sais minerais

Aproximadamente dois terços do nosso corpo são formados por água,

encontrada nos líquidos e no interior das células. Precisamos tomar muita

água, pois, através da respiração, da transpiração, da urina e das fezes, parte

da água do organismo é expelida.

Podemos resistir semanas sem comer. Sem água, não vivemos mais

que alguns dias. A principal causa da mortalidade infantil no Brasil é a

desidratação ou perda de água, como conseqüência de diarréias infecciosas.

Os minerais são importantes principalmente para a formação dos ossos,

dos dentes e do sangue. Vejamos alguns minerais, suas funções e onde

podem ser encontrados:

♦ Cálcio e fósforo – São necessários para a formação de ossos e

dentes. O cálcio é também importante para o funcionamento dos

nervos e músculos, e para a coagulação do sangue. Sua falta pode

facilitar o raquitismo, nas crianças, e ossos fracos (osteoporose),

nos adultos. Podem ser encontrados nos seguintes alimentos: leite,

ueijo, casca de ovo, castanha-do-pará, e pratos preparados com

cal.

♦ Ferro (sulfato ferroso) – É indispensável para a formação da

hemoglobina dos glóbulos vermelhos. Sua falta provoca a anemia,

que consiste na diminuição dos glóbulos vermelhos, que ficam

pequenos de cor “pálida”. Pode ser encontrado em caldo de carne e

de galinha, fígado e rins de vaca, feijão, lentilha e requeijão, carne,

ovos, verduras de folhas verde-escuras etc.

♦ Iodo – Faz parte das moléculas dos hormônios da tireóide. Sua falta

provoca o bócio (aumento exagerado da tireóide, bem como o

cretinismo em crianças: fraqueza e retardamento no andar e na fala

e, até surdez. Existe em alimentos do mar (siri, caranguejo, lagosta,

peixes) e no sal iodado.

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2.4. HIGIENE, MANIPULAÇÃO E CONSERVAÇÃO DOS

ALIMENTOS

Uma alimentação suficiente e adequada é condição indispensável para a

saúde. Alimentos contaminados podem provocar muitas doenças. O quadro

apresenta os alimentos mais sujeitos a contaminação e as principais doenças

que podem causar.

ALIMENTOS MAIS SUJEITOS A CONTAMINAÇÃO E DOENÇAS PROVOCADAS

Alimentos Doenças

Água Febre tifóide, hepatite, poliomielite, diarréias, verminoses

Leite Tuberculose, febre, tifóide, amebíase

Carnes Doenças parasitárias, teníase, cisticercose

Peixes Intoxicações graves

Vegetais (frutas, verduras) Verminoses, intoxicacões por produtos químicos

Conservas Botulismo

A higiene, a manipulação e a conservação adequadas são processos

que evitam ou, ao menos, diminuem o risco de contaminação dos alimentos e

das doenças decorrentes desta contaminação.

De acoro com Werner, “...a higiene é uma parte da medicina que estuda

os meios de conservar a saúde. Mas a palavra higiene também é utilizada para

significar uma parte desses meios: aquela que se relaciona com asseio e

limpeza”3. Neste sentido, em relação aos alimentos, três aspectos da higiene

são importantes: a higiene pessoal, a higiene de equipamentos e utensílios

(fogão, geladeira, panelas e caçarolas, louças e talheres, etc.) e a higiene dos

próprios alimentos.

A higiene pessoal na manipulação dos alimentos é indispensável para

evitar a contaminação. E sendo as mãos a parte do organismo que mais entra

em contato com os alimentos, é necessário ter especial cuidado com elas,

mantendo-as sempre rigorosamente limpas. As unhas devem ser sempre

curtas, limpas e sem esmalte.

3 WERNER, D. Onde não há médico. 5. ed., São Paulo: Paulinas, s/d.

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A pessoa que manipula alimentos deve também evitar tossir ou espirrar

sobre os alimentos, manter os cabelos penteados ou presos e fazer exames

periódicos de saúde, principalmente de sangue, fezes, urina e pulmões.

A higiene dos alimentos exige alguns procedimentos básicos:

X lavar bem as verduras, legumes e frutas em água corrente, antes de utilizá-

los;

X proteger os alimentos contra insetos e poeira;

X antes de abrir uma lata de alimento ou garrafa, lavar bem a tampa e o

abridor;

X não pegar garfos, facas e colheres pela parte que vai a boca;

X não usar louças ou utensílios sujos, lascados ou trincados etc.

Conservar os alimentos significa evitar que eles deteriorem pela ação de

microrganismo. Os microrganismo se multiplicam mais facilmente em

determinadas condições de temperatura e de meio ambiente. Alguns

microrganismos já se reproduzem a partir de uma temperatura de 15ºC,

embora a temperatura ideal para tanto seja de 37ºC. Certos alimentos,

conhecidos como perecíveis, oferecem ambiente mais propício para a

multiplicação de microrganismo. Entre estes podem ser citados as carnes, os

ovos, os peixes, os queijos, as verduras e as frutas.

A tabela que segue mostra o número de dias de conservação de alguns

alimentos sob três temperaturas.

ARMAZENAMENTO ÚTIL DE TECIDOS VEGETAIS E ANIMAISA VÁRIAS TEMPERATURAS

Alimento Período médio de armazenamento em dias0º C 22º C 38º C

CarnePeixeCarne de galinhaFrutasVerdurasSementes secas

6 – 102 – 7

5 – 182 – 1803 – 20

1000 ou mais

111

1 – 201 – 7

350 ou mais

< 1< 1< 1

1 – 71 – 3

100 ou maisFonte: GAVA, A. J. Princípios de tecnologia de alimentos. 5. ed., São Paulo: Nobel, 1983, p. 222

O uso de técnicas adequadas de armazenamento dos alimentos permite

que estes sejam conservados por mais tempo, com suas qualidades

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organolépticas (cor, textura, sabor), o que evita o desperdício e protege a

saúde. O local e a temperatura de armazenagem variam com os alimentos:

• Leites e derivados devem ser armazenados em geladeira, tampados, pois

facilmente adquirem o cheiro e sabor de outros alimentos.

• Carne de vaca e porco conservam-se bem na geladeira, em suas partes

mais frias. Pescados e vísceras estragam-se facilmente e devem ser

consumidos no dia da compra.

• Alimentos congelados devem ser mantidos no congelador até a sua

utilização.

• Ovos são armazenados em geladeira, em suas partes intermediárias.

Temperaturas muito frias congelam a gema.

• Hortaliças conservam-se bem na geladeira, em sacos plásticos perfurados,

colocados nas partes menos frias (gavetas).

• Frutas em geral conservam-se por refrigeração. Abacaxi e banana não

devem ser refrigerados. O abacaxi endurece e seca. A banana empedra e

escurece.

• Batatas, mandioca, cará, inhame, armazenam-se à temperatura ambiente,

em lugar fresco, arejado e seco.

• Cereais, leguminosas, açúcar e farinhas armazenam-se em recipientes

tampados, dispostos em lugar seco e arejado.

• Pães e bolos são conservados à temperatura ambiente, protegidos de

poeira e insetos.

• Alimentos já cozidos, para consumo ulterior, devem ser conservados em

geladeira.

Além da higiene e do armazenamento, as técnicas de preparo também

influem na aparência, no sabor e no valo nutritivo dos alimentos. Os alimentos

principalmente protéicos (ovos, queijos, carnes etc.) não devem ser submetidos

a cocção excessiva, sob pena de tornarem-se rijos, escuros e de menor

volume. Carne de porco e salsicha devem ser bem cozidas. Cenouras e

batatas cozidas com casca retêm mais seus nutrientes.

Hortaliças e frutas exigem especial cuidado em seu preparo. No preparo

das hortaliças alguns procedimentos são importantes:

X prepará-las pouco tempo antes de consumi-las;

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19

X cozinhá-las inteiras;

X utilizar a menor quantidade de água e o menor tempo de cocção possíveis;

X aproveitar a água de cocção em outras preparações;

X não juntar bicarbonato de sódio para avivar-lhes a cor.

A seleção de alimentos adequados ao consumo é outro fator importante

para evitar as doenças provocadas por alimentos estragados. O quadro que

segue mostra como se pode saber se um alimento está bom ou estragado.

CARACTERÍSTICAS DOS ALIMENTOS ADEQUADOS AO CONSUMO

Alimento Características

Carne de boi Cor vermelho-vivo, brilho próprio, firmeza, gordura

amarela, odor próprio.

Carne de porco Vermelho-pálido, firmeza, cheiro suave.

Carne de galinha Amarelo-rosado, firmeza, sem manchas azuis ou verdes,

esqueleto íntegro.

Miúdos e vísceras Sem gordura, sem manchas, não pegajosos, sem sangue

coagulado.

Peixes Escamas grudadas, olhos brilhantes e salientes, cauda

firme e reta, guelras vermelhas, carne firme, presa na

espinha e resistente à pressão dos dedos, carne branca

rosada, cheiro próprio, sem ventre abaulado.

Leite Cor branca, levemente amarelada, cheiro suave e gosto

um pouco adocicado.

Latas Não devem estar estufadas, enferrujadas, amassadas ou

com vazamento.

Embalagens plásticas Atenção para a modificação da cor, do cheiro e do aspecto

geral do produto.

Alimentos embutidos (presunto, mortadela, salsicha etc.) Não devem apresentar partes gordurosas amarelecidas,

cheiro desagradável no seu interior e bolhas de ar por

dentro.

Fonte: Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – SENAC. Higiene alimentar. São Paulo, 1979, p. 18-21.

2.5. CARÊNCIAS NUTRICIONAIS

Quais as necessidades alimentares diárias do ser humano? Qual a

importância da alimentação para a saúde? Quais as conseqüências da

desnutrição? Procura-se responder essas quatro perguntas.

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2.5.1. Necessidades alimentares

A necessidade de proteínas, como de outras substâncias, varia de

acordo com a atividade física, o peso, a idade, o sexo, as condições climáticas

e o ambiente em que a pessoa vive. A tabela abaixo mostra as necessidades

diárias de proteínas.

NECESSIDADES DIÁRIAS DE PROTEÍNAS

Adulto

Mulher grávida ou amamentando

Criança

70 gramas

85 gramas

60 gramas

Fonte: VASCONCELLOS, J. L. e GEWANDSZNAJDER, F. Programas de Saúde. 6. ed., São Paulo: Ática, 1993, p. 64.

A tabela seguinte mostra quantidade de gramas de proteína existente

em cada 100 gramas de parte comestível de alguns alimentos.

ALIMENTOS MAIS RICOS EM PROTEÍNAS

(GRAMAS DE PROTEÍNA EM 100 GRAMAS DE ALIMENTO)

Proteína vegetal Proteína animal

Feijão-soja - 35,1

Feijão - 22,0

Pão de trigo - 9,3

Arroz integral - 8,1

Arroz polido - 7,2

Couve - 3,6

Fígado - 19,9

Carne de boi - 19,4

Queijo-de-minas - 17,5

Peixe - 16,6

Ovo - 12,9

Leite de vaca - 3,6

Fonte: VASCONCELLOS, J. L. e GEWANDSZNAJDER, F. Op. Cit., p. 79-80.

A quantidade de energia fornecida pelos alimentos é medida por meio de

uma unidade chamada quilocaloria (kcal). Caloria (cal) é a quantidade de calor

necessária para elevar de um grau centígrado à temperatura de um grama de

água. Uma quilocaloria corresponde a 1000 calorias. Um grama de proteína ou

de glicídio produz quatro quilocalorias, ao passo que um grama de lipídio ou

gordura produz nove quilocalorias. Comumente utiliza-se o termo caloria em

lugar de quilocaloria. Quando se diz, por exemplo, que o homem adulto

necessita de 3200 calorias diárias, na verdade está se falando de 3200

quilocalorias, conforme as tabelas que apresentamos.

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As necessidades diárias de energia também variam por atividade, sexo e

idade, conforme as tabelas que seguem (baseadas em VASCONCELOS, J. L.

e GEWANDSZNAJDER, F. Op. Cit., p. 57-8).

ENERGIA POR ATIVIDADE

Atividade Kcal por hora

Dormir

Ficar sentado (repouso)

Andar

Correr

70

100

200

600

ENERGIA POR SEXO E POR ATIVIDADE

Quilocalorias diárias

Pouca atividade física

(médico, professor...)

Atividade física média

(operário, doméstica...)

Grande atividade física

(lavrador, pedreiro...)

Homem (70kg) 2940 3220 3780

Mulher (55 kg) 2000 2200 2600

ENERGIA POR IDADE E SEXO

Idade e sexo Kcal por dia

Bebê (8kg) sendo amamentado

Criança de 4 a 6 anos (19kg)

Menino de 16 a 19 anos (58kg)

Menina de 16 a 19 anos (49kg)

Homem adulto

Mulher adulta

Mulher grávida

Mulher amamentando

950

1700

2850

2100

3200

2300

2600

3100

A próxima tabela mostra os alimentos que fornecem mais de 100

quilocalorias de cada 100 gramas de parte comestível.

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ALIMENTO MAIS RICOS EM ENERGIA

Alimento Kcal/100g Alimento Kcal/100g

Óleo vegetal

Manteiga

Feijão-soja

Açúcar refinado

Arroz polido

Arroz integral

Rapadura

Feijão

884

716

400

385

364

357

356

337

Mel de abelha

Pão de trigo

Queijo-de-minas

Carde de boi

Ovo

Mandioca

Fígado

306

269

229

225

163

149

136

Fonte: VASCONCELLOS, J. L. e GEWANDSZNAJDER, F. Op. Cit., p. 79-80.

2.5.2. Alimentação e saúde

A alimentação adequada ajuda a evitar doenças e auxilia a recuperação

do doente. A alimentação insuficiente e inadequada pode causar muitos

problemas de saúde:

Nas crianças:

X altura e peso abaixo do normal;

X lentidão no andar, falar e pensar;

X barriga inchada, braços e pernas finas;

X tristeza e falta de energia;

X pés, mãos e rosto inchados;

X queda de cabelo, ou cabelo sem cor e sem brilho;

X olhos secos e cegueira.

Em qualquer pessoa:

X fraqueza e cansaço;

X perda de apetite;

X anemia;

X feridas no canto da boca;

X dor ou feridas na língua;

X pés adormecidos ou ardendo.

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Muitos problemas, que têm outras causas, podem ser agravados por um

alimentação insuficiente ou inadequada: diarréia, zumbido nos ouvidos, dor de

cabeço, sangramento ou vermelhidão das gengivas, hemorragia do nariz, mal-

estar do estômago, pele seca ou rachada, ataques ou convulsões em crianças

pequenas, pulsação rápida do coração, ansiedade e outros problemas

nervosos ou mentais, cirrose, infecções etc.

A alimentação precária enfraquece o organismo, diminui suas resistência

às doenças, especialmente às infecções. A pessoa mal-nutrida tem menos

resistência à diarréia e à morte, o sarampo é mais perigoso, a cirrose do fígado

é mais comum e pior; o resfriado e a gripe tornam-se mais graves e

duradouros.

2.5.3. Efeitos da desnutrição

Nas crianças que estão crescendo e se desenvolvendo, a má

alimentação é ainda mais prejudicial, podendo trazer sérias conseqüências, até

a morte. As formas mais comuns de desnutrição grave são marasmo e

kwashiorkor.

ò Marasmo ou desnutrição seca

Aparece quando a criança não recebe a quantidade suficiente de

nenhum tipo de comida, principalmente daquelas que fornecem energia. A

criança com marasmo está morrendo de fome. Ela só tem pele e ossos, um

rosto de velho, tem barriga grande e peso muito baixo.

ò Kwashiorkor ou desnutrição úmida

Trata-se da falta de proteínas na alimentação. A criança come muitos

alimentos que dão energia (carboidratos). Por isso, fica com mãos, pés e rosto

inchados, parece ter alguma gordura, mas apresenta pouca musculatura.

Reduz-se a pouco mais que pele, ossos e água.

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A criança com kwashiorkor apresenta as seguintes características: rosto

inchado, tristeza, falta de crescimento, feridas e pele descamando, mãos e pés

inchados, perda de cor do cabelo e da pele, braços finos, músculos reduzidos.

O kwashiorkor, geralmente, ocorre em bebês que não recebem mais o

leite do peito e passam a comer apenas farinha, arroz e outras fontes de

glicídios. É por isso que tem esse nome: kwashiorkor é uma palavra de origem

africana que significa “primeiro e segundo”, ou seja, é a doença que ataca o

primeiro filho, que deixa de ser amamentado quando a mãe tem um segundo

filho.

Para saber se uma criança está desnutrida, basta medir a circunferência

do seu braço: se tiver menos de treze centímetros, apresenta esta afecção,

mesmo que suas mãos, pés e rosto pareçam “gordos”. Se medir menos de

doze centímetros, a criança está gravemente desnutrida.

ò

ò Outras conseqüências da desnutrição

Além do marasmo, provocado pela fome, e do kwashiorkor,

conseqüência de falta de proteínas, outros efeitos prejudiciais à saúde podem

resultar da falta de vitaminas e sais minerais:

• a criança que não come frutas, verduras e outros alimentos ricos em

vitamina A, pode ficar com cegueira noturna, olhos secos e, até, cega;

• a criança que não toma leite, e cuja pele não é exposta ao sol, fica com as

pernas tortas e outras deformidades dos ossos (raquitismo) . Para corrigir o

problema, deve-se dar a criança vitamina D e leite, além de providenciar

banhos de sol diários, antes das 10 horas;

• quem não ingere quantidade suficiente de alimentos ricos em ferro fica com

anemia;

• quem não come fruta, verduras e outros alimentos vitaminados, pode ficar,

ainda, com problemas de pele, feridas nos lábios e na boca, sangramento

das gengivas etc.

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2.5.4. Merenda escolar

O que fazer diante das crianças que chegam à escola com fome ou mal

alimentadas? Como levar essas crianças à aprendizagem, se estão com fome?

É impossível! Quem está faminto, primeiro precisa comer para, depois, estudar

e aprender.

Por isso mesmo, a escola precisa estar integrada na comunidade,

conhecê-la em profundidade, ouvir os pais das crianças e os líderes

comunitários. Somente com um trabalho de conjunto, entre a escola e a

comunidade, poderão ser superados parcialmente os problemas causados pela

alimentação insuficiente ou inadequada.

O que poderia fazer a escola? Seria necessário que ela fornecesse

alimentação aos seus alunos, para que estes melhorassem seu rendimento e

pudessem melhorar os estudos. Não apenas uma merenda diária, mas a

quantidade diária necessária de alimentos. Assim mesmo, seria um paliativo: e

as crianças que não vão à escola? E os pais e irmãos dessas crianças? Então,

chegamos à seguinte conclusão: ao mesmo tempo em que fornecessem

alimentação completa aos seus alunos, a escola deveria contribuir para a

construção de uma sociedade mais justa, em que as necessidades básicas da

população fossem satisfeitas.

Na verdade, o que a escola pública normalmente faz é fornecer a

merenda escolar: uma refeição diária, para as crianças que ali permanecem

por um período de duas a quatro horas, que constituem a imensa maioria dos

alunos. Para que a criança tenha um desenvolvimento satisfatório, pressupõe-

se que tal refeição seja complementada em casa. Mas nem sempre isso

acontece: muitas crianças são obrigadas a limitar sua alimentação diária à

merenda escolar.

Por essa razão, sua alimentação continua deficiente, e seu rendimento

escolar permanece abaixo do esperado. A esse fator somam-se outros: a

criança mal alimentada geralmente vive na pobreza; portanto, os estímulos que

recebem são pobres, sua casa é pobre, seu vestuário é pobre, seus recursos

são pobres. Assim, apesar da merenda escolar, o rendimento continua baixo,

as reprovações continuam numerosas, bem como a evasão ou a exclusão da

escola.

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26

De qualquer forma, a merenda escolar produz resultados positivos no

crescimento das crianças. Pesquisa realizada em São Paulo mostrou como

crianças, que tomaram a merenda escolar durante um ano, desenvolveram-se

mais em altura e peso do que outras que não receberam a merenda. Embora

de alcance limitado, a merenda escolar ajuda as crianças a alimentarem-se

mais e melhor, e deve ser ampliada o mais possível, estendendo-se, mesmo, a

várias refeições diárias.

2.5.5. Princípios orientadores

Para que a merenda escolar produza resultados positivos, é preciso que

se levem em consideração alguns princípios básicos:

Descentralização – Ao invés de estar centralizado nas mãos de

autoridades municipais, estaduais ou federais, o planejamento, a execução e a

avaliação da merenda escolar são mais eficientes quando confiados à

responsabilidade das autoridades escolares. Na escola, conhece-se melhor as

características e necessidades da população local, bem como os recursos

disponíveis. O controle da qualidade dos alimentos também fica mais fácil.

Participação da comunidade – Sendo estimulada à participação, a

comunidade sente-se também responsável pela alimentação de sua população

infantil. Poderá prestar mais atenção à necessidade de complementar a

alimentação em casa. Tomará consciência da importância da nutrição

adequada, para o bom desempenho da escola. Atuará no sentido de

proporcionar às crianças melhores condições de desenvolvimento e

desempenho escolar.

Constituindo-se, muitas vezes, na única refeição de inúmeras crianças, é

importante dar especial atenção ao valor nutritivo da merenda. Para isso,

devem-se levar em consideração as necessidades alimentares da criança,

cuidando para que ela receba uma refeição rica e equilibrada.

Outro aspecto importante: conhecendo os costumes alimentares da

comunidade, os responsáveis pela merenda poderão preocupar-se em oferecer

às crianças alimentos que complementem suas refeições domésticas. Dessa

forma, a merenda complementará e enriquecerá a alimentação familiar. Um

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exemplo bem simples: se a criança só come arroz em casa, de nada adianta a

escola oferecer arroz na merenda; deverá fornecer feijão e carne ou ovos.

O auxílio de nutricionistas é muito importante para a confecção dos

cardápios, pois eles têm melhores condições de avaliar a qualidade dos

alimentos e controlar suas dosagens. Além de elaborar os cardápios, sempre

que possível, o nutricionista deve acompanhar a preparação e a distribuição da

merenda. Seu trabalho será ainda mais eficaz se ele conhecer a comunidade e

seus hábitos alimentares. Deve, também, ouvir os alunos, principalmente no

que diz respeito à aceitação da merenda. E a participação dos professores

também interferem positivamente sobre o comportamento dos escolares na

aceitação dos alimentos oferecidos. Segundo Werner: “A aceitação social para

a criança em idade escolar é de grande necessidade, e para a criança o

professor é a pessoa de maior prestígio e autoridade, é o seu modelo...”4.

Esses aspectos podem ser utilizados pelo professor para conseguir que seus

alunos consumam alimentos corretos e adquiram hábitos alimentares

saudáveis.

2.6. HIGIENE E SANEAMENTO

Além da alimentação adequada, a higiene e o saneamento básico são

fundamentais para evitar as doenças e preservar a saúde. Higiene pessoal e

saneamento básico(ou higiene social) estão ligados aos indicadores da saúde

da população: indicadores vitais (mortalidade infantil e esperança de vida),

indicadores econômicos (salários, distribuição da renda e da terra) e

indicadores sociais (habitação, saneamento, serviços médicos, educação etc.).

Assim, baixos salários e más condições de habitação e educação, por

exemplo, levam a dificuldades no campo da higiene e do saneamento,

facilitando a instalação e propagação das doenças e dificultando a luta contra

elas.

Higiene física, higiene mental e higiene social são alguns aspectos

importantes abordados a seguir:

4 WERNER, D. Onde não há médico. 5. ed., São Paulo: Paulinas, s/d.

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2.6.1. Higiene física

A higiene do corpo e do ambiente é fundamental na prevenção de

muitas infecções, como as do intestino, da pele, dos olhos, dos pulmões, e de

outras partes do corpo. Muitas doenças, como vimos, são transmitidas das

fezes para a boca, como: verminoses, diarréias e disenterias, hepatite, febre

tifóide, poliomielite etc.

As regras de higiene apresentadas a seguir podem parecer primárias e

evidentes, sendo desnecessário mencioná-las. Entretanto, no trabalho escolar

e comunitário, especialmente no meio rural, o professor pode ter necessidade

de orientar crianças e pais, no sentido da promoção e manutenção da higiene

pessoal e ambiental. Nesse caso alguns procedimentos, podem ser

importantes.

2.6.2. Higiene do corpo

• Ao levantar, após ter evacuado e antes de comer, lavar sempre as mãos

com sabão.

• Tomar banho todos os dias, principalmente depois de trabalhar ou ter

praticado esportes e suado.

• Não andar descalço.

• Escovar os dentes todos os dias, especialmente após as refeições.

2.6.3. Higiene da casa

• Não deixar porcos ou outros animais entrarem em casa ou onde as crianças

costumam brincar.

• Não deixar cães e gatos lamberem as crianças, nem subirem nas camas.

• Se as crianças ou os animais evacuam perto da casa, limpar

imediatamente.

• Colocar lençóis, cobertores, travesseiros e colchões ao sol periodicamente.

• Não cuspir nem escarrar no chão.

• Manter a casa sempre rigorosamente limpa: varrer e lavar o chão, as

paredes, embaixo dos móveis, etc.

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• Tirar o pó todos os dias, especialmente se alguém da família sofre de

bronquite alérgica.

• Varre o quintal e os arredores da casa, mantendo-os sempre rigorosamente

limpos.

2.6.4. Higiene ao comer e ao beber

• Filtrar a água de beber, principalmente para as crianças. Nos locais onde

não há água encanada, fervê-la.

• Não deixar mosca ou outros insetos pousar nos alimentos.

• Lavar bem as frutas e outros alimentos, antes de comê-los.

• A carne deve estar bem cozida ou assada, principalmente a de porco.

• Não comer alimento velho ou que cheira mal; evitar comida enlatada, se a

lata estiver inchada, ou esguichar líquido ao abrir.

• Verificar data de fabricação de alimentos industrializados, bem como sua

validade.

• Pessoas com tuberculose, gripe, resfriado e outras doenças contagiosas

não devem comer muito próxima às outras.

2.6.5. Higiene do meio ambiente

• Manter poços, reservatórios e fontes permanentemente limpos, não

deixando que animais se aproximem dos locais onde se busca água para

beber.

• Queimar o lixo quando possível; caso contrário, enterrar os dejetos.

• Se não houver privada, evacuar longe do lugar onde as pessoas tomam

banho ou pegam água para beber.

• Por maiores que sejam as dificuldades, sempre é possível construir uma

privada. Ela pode, por exemplo, ser feita de varas e cobertas de sapé.

Entretanto, é preciso tomar certas precauções, para que as fezes não

contaminem o ambiente e a água de beber: o buraco deve ser feito, no

mínimo, a 20 metros de distância de todas as casas e de todos os locais

que contêm água utilizável (poços, fontes, rios, bicas, correntes de água,

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etc.). A privada não deve ser feita se for encontrada água, ao se cavar o

buraco.

• Alguns cuidados especiais devem ser tomados com a privada:

X manter o buraco da fossa sempre tampado;

X manter a porta sempre fechada;

X manter o interior e os arredores da privada sempre limpos;

X jogar o papel usado no buraco;

X não jogar água no buraco;

X não jogar creolina ou outro desinfetante, pois isso prejudica a depuração

natural das fezes;

X para evitar mal cheiro, colocar óleo queimado de vez em quando; pode-se

colocar também um pouco de terra ou cinza.

2.6.6. Higiene mental

Segundo Maria Ângela dos Santos ”...não havendo a satisfação das

necessidades fisiológicas, de alimento e oxigênio, nosso organismo fica

doente. Não havendo satisfação das necessidades psicológicas, de segurança,

amor, consideração, auto-realização, nossa mente fica doente: ficamos

ansiosos, perturbados, inseguros etc.”5

Na verdade, se o nosso corpo não vai bem, é difícil que nossa mente vá

bem. E se nossa mente não vai bem, se estamos preocupados e ansiosos, o

nosso corpo também adoece mais facilmente. Conclusão: a saúde física e

mental são interdependentes, são duas faces da mesma moeda, que é o ser

humano. Por isso mesmo, grande parte das doenças é psicossomática.

À família e à escola cabe grande parte da responsabilidade na promoção

da saúde mental da criança, ou seja, na satisfação de suas necessidades

psicológicas. Interessa-nos mais de perto a responsabilidade da escola. Nesse

5 SANTOS, Maria ângela dos. Biologia Educacional. 16. ed., São Paulo: Ática, 1998, p. 283.

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sentido, tudo aquilo que o professor faz – preparação das aulas,

relacionamento com alunos e pais, avaliação etc. – tem conseqüências,

benéficas ou prejudiciais, para a saúde mental do aluno.

Alguns fatores ligados à escola influenciam diretamente a saúde mental

dos alunos. Tendo consciência desses fatores e de sua importância, o

professor pode prevenir e evitar a ocorrência de maiores danos ao equilíbrio

mental das crianças. Entre esses fatores aponta-se cinco:

Ü Diferenças individuais – Devido a grande amplitude das diferenças

individuais existentes na sala de aula, é difícil apresentar a todas as

crianças experiências significativas e fazer com que todas alcancem uma

razoável satisfação de suas necessidade. Exames, aprovações e

reprovações acentuam o clima de competição e, como resultado, podem

aumentar o índice de fracasso e frustrações. Na verdade, a competição,

ao invés de levar o indivíduo a trabalhar, para alcançar os objetivos

sociais e pessoais, para se realizar, pode forçá-lo a trabalhar para

superar os colegas. Nessas condições, mesmo os vencedores podem

sentir-se frustrados. A melhor maneira de evitar que as diferenças

individuais e competição prejudiquem a saúde mental é o trabalho de

conjunto. Com esse sistema, todos os grupos e toda a classe procuram

alcançar os mesmos objetivos, trabalhando juntamente com o professor.

Mas isso não deve impedir que cada aluno tenha oportunidade de

desenvolver aqueles aspectos de atividade que mais lhe interessam.

Ü A disciplina – Vista de forma positiva, como necessidade e resultado do

trabalho comunitário, a disciplina no trabalho pode contribuir para a

saúde mental da criança. Se vista apenas no seu aspecto negativo, de

proibições e restrições a tudo o que é espontâneo, pode ser um fator de

perturbação mental. A disciplina construtiva, que procura criar

oportunidade de participação com responsabilidade para todos os alunos,

deve predominar sobre censuras verbais, ameaças, castigos e

isolamento.

Ü Clima emotivo – O clima emotivo da sala de aula é ainda mais importante

que a disciplina. É expressão de saúde mental: quando a atmosfera da

sala de aula permite liberdade e aceitação, a criança sente-se motivada

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para o trabalho e usa sua capacidade para realizar-se. A fim de promover

tal clima, o professor precisa ter sensibilidade em ralação às

necessidades e sentimentos de cada aluno; mostrar compreensão e

amizade pela criança isolada (que, às vezes, enfrenta problemas em

casa); procurar facilitar, para todos, os sentimentos de êxito e aceitação.

Ü Sentido do trabalho – A atividade de classe deve ter sentido para a

criança. Para tanto, o trabalho deve fundamentar-se sobre as

capacidades, intenções e interesses do aluno. Se o trabalho escolar for

percebido pela criança como importante para a satisfação de suas

necessidades, certamente ela se dedicará a ele com entusiasmo,

independentemente de controles externos. Um currículo que possibilite a

criança estabelecer seu próprio ritmo de trabalho e suas áreas de

interesse, é bem mais útil a saúde mental do que programas rígidos,

estabelecidos de cima para baixo, sem a participação dos alunos.

Ü A saúde mental do professor – É outro fator importante para a saúde

mental dos alunos. Um professor ansioso, inseguro e instável

emocionalmente facilitará o desenvolvimento dos mesmos sintomas por

parte das crianças. Acima de tudo, é necessário que o professor ame seu

trabalho e transmita este sentimento a seus alunos.

2.6.7. Saneamento

Em qualquer aglomerado humano – povoado, vila ou cidade – existem

áreas de uso e interesse comum, cuja conservação é responsabilidade de

todos, ou seja, da comunidade. Assim, o cuidado com a limpeza e higiene de

um pequeno rio, que corta um povoado, e cujas águas são utilizadas pelas

crianças para tomar banho ou pelas mulheres para lavar roupa, é de

responsabilidade de toda a comunidade. Também o é o fornecimento de água

tratada, a canalização e o tratamento dos esgotos nas cidades.

Quanto maior a comunidade, mais necessária uma organização formal

que assuma essas responsabilidades comuns. Assim, em cada município

existe o governo municipal, em cada Estado, o governo estadual, em cada país

o governo federal. Cabe, principalmente, ao governo, em seus diversos níveis,

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utilizando os recursos que se dispõe, provindos das contribuições dos

cidadãos, zelar pela higiene social, isto é, por condições adequadas de

saneamento. A pureza da água e do ar, o destino dado aos esgotos, a

qualidade dos alimentos, condições adequadas de trabalho e de habitação, são

alguns entre muitos fatores a influenciar a higiene da comunidade e a saúde da

população.

À população cabe contribuir na esfera de suas responsabilidades, nos

locais em que mora; mas cabe-lhe também exigir das autoridades o

cumprimento de suas responsabilidades quanto ao saneamento básico e à

higiene social, pois só dessa forma muitas doenças e mortes serão evitadas, e

a vida de todos será mais saudável.

2.6.8. Tratamento de água

A transmissão de doenças infecciosas, como a febre tifóide, a cólera e a

disenteria bacilar geralmente é conseqüência de más condições de

abastecimento de água potável. De acordo com a Organização Mundial de

Saúde (OMS), se os países subdesenvolvidos conseguissem fornecer água

potável tratada a todos ao seus habitantes, 805 das doenças do mundo

desapareceriam.

O tratamento da água abrange três etapas principais:

Ü Decantação – A água passa com baixa velocidade em tanques de

cimento. Com isso, muitas partículas em suspensão se depositam no

fundo do tanque. O processo de decantação é auxiliado pela adição de

sulfato de alumínio e cal virgem (chamados coaguladores), substancias

que aglutinam as partículas em suspensão, aumentando o seu peso e

facilitando o seu depósito.

Ü Filtração – Livre das maiorias das partículas que lhe dão aspecto turvo, a

água passa por um conjunto de filtros de areia e cascalho, onde são

removidas mais algumas impurezas em suspensão.

Ü Cloração – Por último, a água é clorada e levada as residências. Apesar

de tratada, é importante que a água de beber seja novamente filtrada em

casa, pois pode haver contaminação entre a estação de tratamento e a

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torneira. Para crianças pequenas e em casos de surtos epidêmicos, é

conveniente a fervura da água a ser bebida.

2.6.9. Eliminação dos resíduos

Nas zonas rurais e em favelas, acontece freqüentemente que os

resíduos domésticos (água suja, fezes, urina etc.) sejam jogados em riachos,

valas ou em qualquer parte do terreno. Quando isso acontece, a saúde da

população fica comprometida, já que muitas doenças têm origem em bactérias

patogênicas, ovos de vermes e outros transmissores encontrados nesses

resíduos.

Onde não há água encanada nem esgoto, a privada higiênica é uma

solução simples e barata. A decomposição dos excretas tem início ainda na

fossa, pela ação das bactérias das próprias fezes. Os líquidos se infiltram no

terreno e os sólidos são transformados em gases.

Em residências localizadas longe dos centros urbanos, mas que

dispunham do seu próprio encanamento de água, pode-se lançar mão da fossa

séptica. Consiste em um reservatório onde a matéria orgânica é decomposta e

depois descarregada em um curso de água, ou em uma escavação maior,

chamada sumidouro.

O tratamento dos esgotos, antes que sejam lançados, em rios e mares,

é de fundamental importância para proteger a saúde e o equilíbrio ecológico. O

tratamento consiste em retirar dos esgotos grande parte de sua matéria

orgânica, que se deposita em sua passagem por tanques decantadores. O lodo

que se forma no fundo desses tanques pode ser tratado e utilizado como adubo

ou submetido a decomposição por microrganismos, gerando gás metano,

usado como combustível.

O líquido resultante da decantação deve ser submetido a uma

decomposição aeróbia, que não produz gases tóxicos e pode ser feita por três

sistemas:

• Filtros biológicos – São grandes recipientes de cascalho, que

facilitam o contato e a aeração.

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• Sistema de lodo ativado – São grandes tanques dotados de um

sistema de agitação mecânica, que aumenta a exposição do líquido ao ar.

• Lagoas rasas – Ricas em organismos aeróbios e algas, que

produzem o oxigênio necessário à decomposição.

Um dos problemas com que se defrontam as conglomerações humanas

é o destino a ser dado ao lixo doméstico, cuja quantidade parece aumentar

sempre mais. Rico em matéria orgânica e restos de comida, o lixo doméstico

atrai ratos, insetos e facilita a proliferação de bactérias e a propagação de

doenças. O ideal seria o seu aproveitamento para a fabricação de adubos,

rações e gases combustíveis. Enquanto isso não ocorre, algumas soluções têm

sido utilizadas:

• Vazadouros – São depressões do terreno, perto das cidades,

onde é jogado o lixo. Ficando exposto, o lixo atrai insetos e outros

transmissores de doenças, tornando essa solução desaconselhável.

• Aterros sanitários – São depressões do terreno

impermeabilizadas por argila, concreto ou asfalto. A cada camada de lixo

sobrepõe-se uma camada de argila. Quando cheio, o aterro é fechado com

argila

• Incineradores – Apesar de prática, a queima do lixo é uma

solução que polui a atmosfera.

• Compactadores – Consistem em grandes prensas, que

transformam o lixo em pequenos blocos, deixados em depósitos públicos.

O reaproveitamento de substâncias orgânicas e outros materiais que

formam o lixo doméstico (papel, vidro, madeira etc.) torna-se uma necessidade

cada vez mais imperiosa, tendo em vista a crise econômica que atravessamos

e a preservação da saúde da população.

2.7. VACINAS E SAÚDE

Além da alimentação adequada e da higiene, as vacinas constituem

outra forma de prevenir o aparecimento de várias doenças:

• a alimentação nutritiva previne doenças como o marasmo,

kwashiorkor, xerose, anemia, raquitismo, diarréia e muitas outras;

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• a higiene previne principalmente doenças infecciosas, como os

diversos tipos de verminose, diarréia e disenteria, hepatite, febre tifóide,

poliomielite etc.;

• a vacinação protege contra muitas doenças graves, como difteria,

coqueluche, tétano, poliomielite, tuberculose, sarampo e outras;

Neste item verificamos o processo imunológico, as vacinas mais

importantes e a época própria em que cada uma deve ser aplicada.

2.7.1. O processo imunológico

A imunização consiste na aquisição, pelo organismo, da capacidade de

se tornar imune a uma doença: mesmo atacado por vírus e bactérias, o

indivíduo não contrai as doenças por ele causadas. Vejamos como isso

acontece.

Nosso organismo possui um sistema natural de defesa. Quando atacado

por substâncias estranhas, chamadas antígenos, alguns dos glóbulos brancos

do sangue, os linfócitos, produzem anticorpos. Estes são um tipo especial de

proteína que, lançada na corrente sangüínea, anula a ação dos antígenos.

Cada tipo de anticorpo só pode se unir e desativar um tipo determinado

de antígeno. Diante de cada tipo de vírus ou bactéria, os linfócitos produzem o

tipo correspondente de anticorpo. Assim, por exemplo, se nosso organismo for

atacado por vírus gripais, os linfócitos do sangue passam a produzir anticorpos

contra as proteínas virais. Os anticorpos unem-se aos vírus gripais, destroem-

nos e possibilitam a cura. Aumentando a taxa de anticorpos no sangue, a gripe

começa a regredir, até a cura completa, o que pode levar cerca de uma

semana.

Entretanto, há casos em que não se pode esperar a reação natural do

organismo, através do trabalho dos linfócitos. É o caso de uma picada de

cobra, cujo veneno atua de forma rápida, causando os seus efeitos antes da

produção natural de anticorpos. Há também outros casos em que um

imunização prévia pode evitar que a doença se instale. Tanto na primeira

quanto na segunda situação, referimo-nos à necessidade de uma imunização

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que, embora baseada num processo natural semelhante, age de maneira mais

eficiente. Essa imunização, que, pelo fato de ser provocada, pode ser chamada

artificial, apresenta-se de forma passiva ou ativa.

A imunização passiva ocorre quando os anticorpos são injetados prontos

no organismo atacado. Isso é necessário, por exemplo, no caso de uma picada

de cobra, quando o organismo não tem tempo de produzir anticorpos, antes

que o veneno provoque danos ao indivíduo.

Vejamos como isso pode ser feito. Um animal – cavalo, carneiro, coelho

etc. – recebe injeções cada vez mais concentrada do antígeno, veneno de

cobra, por exemplo. Seu organismo reage, produzindo quantidades sempre

maiores de anticorpos, que vão se concentrando no sangue. Depois, extraí-se

o sangue do animal e separa-se o soro, a parte sangüínea que contém as

moléculas de anticorpo. Injetados no organismo humano, após a picada da

cobra, os anticorpos contidos no soro reagem rapidamente contra o veneno.

A imunização recebe o nome de passiva porque os anticorpos não são

produzidos pelo organismo, mas são injetados prontos, o que resulta numa

ação muito mais rápida contra os antígenos. É o caso do soro antiofídico e do

soro antitetânico, por exemplo. Os anticorpos assim injetados são destruídos

após algum tempo: por isso, a imunização passiva tem uma duração curta. Em

caso de novo ataque de antígenos, há necessidade de nova aplicação de soro.

Ao invés de injetar anticorpos prontos, na imunização ativa introduzem-

se no organismo os antígenos contra os quais queremos imunizá-lo. Como

reação a esses antígenos, o próprio organismo produz os anticorpos, que tem

uma duração muito mais longa, às vezes por toda a vida.

Os antígenos introduzidos não são os que produzem a doença. Podem

ser formas atenuadas desses antígenos, que perderam a capacidade de

causar a moléstia, mas ainda assim provocam a formação de anticorpos.

Podem ser também bactérias mortas, que não causam a doença, embora

tenham a capacidade de induzir a produção de anticorpos.

Em sumo, a imunização passiva é feita através da injeção de soro, que

contém os anticorpos prontos. A imunização ativa é feita através da vacinação

que consiste na introdução de antígenos no organismo, para que estes

provoquem a formação de anticorpos.

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Cabe ao professor, como membro atuante da comunidade, esclarecer a

população e contribuir nas campanhas de vacinação e, mais que isso, ajudar

para que a vacinação se torne um hábito social. Desta forma, muitas doenças e

mortes poderão ser evitadas. As campanhas não são suficientes. É preciso que

em todos os municípios brasileiros existam postos de saúde e de vacinação

permanentes.

2.7.2. Vacinas mais importantes

Ü Tríplice (DPT): contra difteria, coqueluche e tétano – É uma injeção

especial que deve ser aplicada no músculo, geralmente nádega, da

criança. Cada aplicação recebe o nome de dose. Para que a criança

fique bem protegida, deve receber quatro doses de vacina: aos dois

meses, aos três meses, aos quatro meses e uma dose de reforço, um

ano depois. No Brasil, dá-se uma segunda dose de reforço aos três ou

quatro anos. Criança com mais de quatro anos não deve receber a

vacina Tríplice. Se ainda não foi vacinada, deve-se usar a vacina dupla,

contra difteria e tétano.

Ü Sabin: contra poliomielite (paralisia infantil) – São gotas dadas por via

oral. A criança deve receber uma dose de dois em dois meses, num total

de três doses, começando aos dois meses de idade. Um ano depois, a

criança deve receber uma dose de reforço; uma segunda dose de reforço

pode ser dada aos três ou quatro anos. É melhor não dar mamar ao bebê

duas horas antes e duas horas depois de receber a vacina.

Ü BCG: contra tuberculose – Uma única injeção dada por via intradérmica,

sempre que possível no braço direito. A criança pode ser vacinada ao

nascer ou até os quatorze anos. O melhor é vacinar no primeiro ano e dar

uma dose de reforço, quando a criança entra na escola. A vacina faz uma

ferida e deixa uma cicatriz. A ferida é normal e não deve causar

preocupação.

Ü Sarampo – Uma injeção única no músculo, entre os 7 meses e os três

anos de idade. Quanto antes melhor.

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Ü Tétano – Para adultos e crianças, acima de seis anos de idade, que

ainda não tomaram a tríplice nem a dupla, a vacina contra o tétano é a

mais importante. É uma injeção dada no músculo. São três doses, uma

por mês, três meses seguidos. Um ano depois, deve-se aplicar uma dose

de reforço e, depois, uma dose de 10 em 10 anos. A vacinação da mãe

previne o filho do tétano umbilical.

Ü Vacina anti-amarílica (contra febre amarela) – É dada por via subcutânea,

em dose única, a partir dos seis meses, e evita a morte por febre

amarela, nos locais em que exista a doença. Uma dose de reforço deve

ser aplicada de dez em dez anos.

Idade Vacinas

1 mês a 14 anos BCG intradérmica – contra a tuberculose

2 meses Tríplice (DPT) (1ª dose) – contra difteria, tétano e

coqueluche

Sabin – contra poliomielite

3 meses Tríplice (2ª dose)

4 meses Tríplice (3ª dose)

Sabin (2ª dose)

6 meses Sabin (3ª dose)

7 meses Sarampo

15 meses MMR – contra sarampo, caxumba e rubéola (opcional)

18 meses Tríplice (1º reforço)

Sabin (1º reforço)

3 – 4 anos Tríplice (2º reforço)

Sabin (2º reforço)

5 – 7 anos Difteria e Tétano (DT)

2.8. DOENÇAS: PROBLEMAS E CUIDADOS

Vamos verificar algumas doenças consideradas mais comuns,

especialmente em crianças, identificando as condições sanitárias associadas à

sua ocorrência, as formas de contágio e prevenção, assim como os sinais,

sintomas e cuidados básicos para a cura.

Diarréia e disenteria - Entende-se por diarréia a eliminação de fezes

aquosas ou líquidas. Quando, juntamente com as fezes, a pessoa elimina

muco e sangue, diz-se que ela está com disenteria. A diarréia e a disenteria

são mais comuns e mais perigosas em crianças desnutridas.

Fonte: SANTOS, Maria Ângela dos. Biologia Educacional. Op. Cit., p. 293.

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Entre as muitas causas que podem provocar a diarréia e a disenteria, as

mais freqüentes são a desnutrição, a infecção por vírus ou “gripe intestinal”, a

infecção intestinal causada por bactérias ou amebas, as verminoses, as

intoxicações alimentares, a alergia a certos alimentos e os efeitos de

medicamentos como laxantes, purgantes e outros.

A enterite (inflamação do intestino) e a gastrenterite (inflamação do

estômago e do intestino) estão entre as principais causas da mortalidade

infantil no Brasil e nos países subdesenvolvidos. Essas inflamações são

causadas por vários tipos de parasitas, que se transmitem principalmente

através da água e dos alimentos contaminados.

A inflamação do aparelho digestivo pode ser conseqüência, entre outros

fatores, da contaminação por bactérias (disenterias bacterianas) ou por

amebas (disenteria amebiana).

Além da consulta médica, em casos mais graves, alguns cuidados

especiais ajudam no tratamento dessas afecções. A suspensão dos alimentos,

durante pelo menos seis horas, e a ingestão de muito líquido, principalmente

chá ou água de arroz, ajudam a evitar a desidratação. A alimentação deve

começar aos poucos, com alimentos leves, como caldo de galinha e carne,

evitando alimentos gordurosos e muitos temperados.

Sem a melhoria do padrão de vida da população, não é possível diminuir

a incidência das disenterias que, acompanhadas de febre, vômitos e

desidratação, freqüentemente levam as crianças á morte. Algumas medidas

saneadoras, como o tratamento da água e dos esgotos, a proteção de poços e

caixas d’água contra a contaminação por moscas e outros animais e a

fiscalização em matadouros, supermercados e outros estabelecimentos que

trabalham com alimentos são indispensáveis para a prevenção dessas

doenças.

Existem também medidas de caráter individual, que são importantes

para as pessoas que cuidam de crianças pequenas: usar água filtrada ou

fervida para beber, manter a higiene em relação aos alimentos, principalmente

no caso do leite, que deve ser sempre fervido, zelar pela higiene do corpo, das

roupas, da casa etc.

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Desidratação - Ocorre quando o organismo perde mais líquido do que

recebe, em geral, como conseqüência de uma diarréia grave. A desidratação

vem acompanhada de alguns sintomas: eliminação de pouca ou nenhuma

urina, que fica amarelo-escura; grande perda de peso em poucas horas; boca

seca; olhos secos e fundos; perda de elasticidade da pele que, quando puxada,

não volta ao normal; e afundamento da moleira no bebê.

Uma alimentação adequada, com muito líquido, e o tratamento imediato

da diarréia são cuidados que podem evitar a desidratação. O médico deve ser

procurado sempre que possível. O tratamento, enquanto não for possível

auxílio médico, consiste em dar soro, que pode ser encontrados em Postos ou

Centros de Saúde, ou goles de líquidos reidratantes, de cinco em cinco

minutos, até que a pessoa comece a urinar normalmente. O líquido reidratante

ou soro caseiro apresenta a seguinte composição: 1 litro de água fervida, mais

2 colheres de sopa rasas de açúcar, mais 1 colher de chá de sal.

Vômitos - Podem resultar de infecção estomacal ou intestinal, de

intoxicação por algum alimento estragado ou de algumas doenças, como

malária, hepatite etc.

Aconselha-se não fornecer alimento enquanto o vômito for agudo e dar

chá de erva-doce, camomila ou outro. Caso o vômito não pare, procurar um

médico, que indicará o remédio apropriado.

Dor e infecção de ouvido - É muito comum em crianças pequenas.

Pode começar com resfriado ou nariz entupido. Pode haver febre. A criança

pode chorar e, quando não fala, esfrega o lado da cabeço. Pressionando-se o

ouvido, a criança afasta-se ou chora. Às vezes, sai pus.

Além do remédio recomendado pelo médico, algumas medidas são

importantes para o tratamento. A principal delas é limpar o pus, quando houver,

com um pedaço de algodão umedecido em água com sal ou água oxigenada,

sem colocar nada dentro do ouvido.

Para prevenir a infecção do ouvido, deve-se ensinar a criança a assoar o

nariz levemente, sem muita força; não tomar mamadeira deitada, pois o leite

pode subir pelo nariz e causar infecção do ouvido; pingar água com sal no

nariz, quando está entupido. Pingar água fervida com vinagre, três a quatro

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vezes ao dia, com um conta-gotas bem limpo, pode ajudar quando o ouvido

está infeccionado, ou se dói, quando puxamos a orelha com cuidado.

Dor e infecção das amígdalas - O início pode ser um resfriado comum.

A garganta fica vermelha e dói quando a criança engole. As amígdalas podem

aumentar de tamanho, ficar doloridas e com pus. A febre pode chegar a 40

graus.

Gargarejos com água morna e sal (uma colher das de chá de sal em um

copo de água) são indicados no tratamento do problema. Para baixar a febre,

usar medicação indicada pelo médico, que deve ser consultado se o problema

persistir.

Tosse - A tosse não é uma doença, mas sintoma de alguma moléstia

que pode estar atacando a faringe, a laringe, os brônquios ou os pulmões: a

tosse seca, com pouco ou nenhum catarro, pode ser sinal de resfriado ou gripe,

verminose ou sarampo; a tosse com muito ou pouco catarro pode ser uma

manifestação de bronquite ou pneumonia; a tosse com chiado e dificuldade

para respirar, geralmente, é sintoma de asma, coqueluche, difteria ou

problemas cardíacos; a tosse com sangue pode ser indício de tuberculose,

pneumonia ou verminose grave.

Ao invés de tomar remédio, é mais aconselhável tentar soltar e expulsar

o catarro, pois a tosse é um meio utilizado pelo organismo para limpar o

aparelho respiratório. Beber bastante água e respirar vapor de água quente são

procedimentos que ajudam a expelir o muco e aliviam todo tipo de tosse.

Qualquer tosse pode ser atenuada com um xarope caseiro, que se

compõe com mistura de mel de abelha e suco de limão em partes iguais. Deve-

se tomar uma colher de chá desse xarope, a cada duas ou três horas. É

evidente que, quando a tosse for sintoma de uma doença mais grave, a

consulta a um médico é indispensável.

O contágio ocorre através de gotículas de saliva, eliminadas quando a

pessoa fala, tosse ou espirra. Normalmente, não são necessários médicos,

pois a gripe e o resfriado regridem após uma semana, diante das defesas

naturais do organismo. Como essas duas doenças são provocadas por vírus,

os antibióticos de nada adiantam.

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Para prevenir, e mesmo remediar mais rapidamente gripes e resfriados,

recomenda-se repouso e uma dieta rica em líquidos e alimentos que

contenham vitamina C (laranja, goiaba, limão, etc.). Um antitérmico e

analgésico pode ser empregado para baixar a febre e diminuir o mal-estar

geral. Um pouco de água com sal auxilia na desobstrução do nariz;

descongestionantes farmacêuticos, quando utilizados com muita freqüência,

podem irritar a mucosa nasal.

2.8.1. Verminoses

Eis algumas informações sobre os principais tipos de verme, as formas

de contágio, os efeitos sobre o organismo e as formas de prevenção. Para o

tratamento é aconselhável procurar auxílio médico.

Esquistossomose – É uma das verminoses que mais atacam a

população brasileira. Calcula-se em aproximadamente 8 milhões o número de

brasileiros atingidos.

O esquistossomo – Schistosoma mansoni – é o verme causador da

doença.

Nas fezes de um indivíduo contaminado podem ser encontrados

milhares de ovos, pois cada fêmea coloca cerca de 400 ovos por dia. Quando

as fezes chegam à água – de uma lagoa, por exemplo –, os ovos rompem-se,

liberando uma larva chamada miracídio. Este pode se movimentar por cerca de

oito horas, penetrando num caramujo que lhe serve de hospedeiro. Cada

miracídio pode produzir até 300.000 novas larvas, chamadas cercárias, que

são eliminadas cerca de 30 dias após a infecção do caramujo. As cercárias

podem viver cerca de três dias à espera de um novo hospedeiro, que pode ser

o indivíduo que entra em contato com a água.

Penetrando no homem pela pele ou pelas mucosas, as cercárias

atingem as veias ou os vasos linfáticos, caem na corrente sangüínea e chegam

ao coração, de onde são enviadas a todo o organismo. Só se desenvolvem as

que chegam ao sistema porta hepático (vasos que ligam o intestino ao fígado).

Em um mês tornam-se machos e fêmeas adultos, reiniciando a reprodução.

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Diarréias, dores abdominais, problemas circulatórios, perda de parte do

plasma para a cavidade abdominal (barriga-d’água), são apenas algumas das

conseqüências da esquistossomose que, se não tratada, pode levar à morte.

O saneamento básico, a utilização de instalações sanitárias, evitar o

contato com águas de córregos, canais e lagoas, são algumas das medidas

indispensáveis para evitar a contaminação.

Teníase - A tênia também conhecida como solitária, é o maior verme

que pode habitar o intestino humano. Quando adulto, chega a vários metros de

comprimento e fica todo dobrado no intestino.

A tênia é formada pela cabeça, chamada escólex, que fica presa às

paredes intestinais através de ganchos, e pelo corpo, constituído de inúmeros

anéis. Estes anéis, com os ovos produzidos em seu interior, vão se

desprendendo e sendo eliminados nas fezes, ao mesmo tempo em que outros

são produzidos pelo escólex. Liberados nas fezes, os ovos podem contaminar

águas e verduras e ser ingeridos por porcos ou vacas. No estômago desses

animais, quebra-se a casca do ovo, liberando uma larva que fura a parede do

intestino e se aloja nos músculos do animal, onde cresce e assume a forma de

uma bolsa cheia de líquido, denominada cisticerco.

O cisticerco incrustado na carne é conhecido vulgarmente como

canjiquinha.

Se o indivíduo ingerir ovos de tênia, os cisticercos podem atingir órgãos

importantes, como o coração, o cérebro e outros, trazendo complicações.

É necessário que a carne a ser comercializada seja rigorosamente

fiscalizada e seja bem cozida antes de ser consumida.

Ascaridíase - Áscaris, lombriga ou bicha são nomes do mesmo tipo de

verme, que chega a ter de 20 a 30 cm e apresenta uma coloração rosa ou

branca, podendo ser visto nas fezes. É uma das verminoses mais comuns, pois

calcula-se que cerca de 30% da população mundial esteja contaminada.

As fêmeas podem produzir até 200.000 ovos por dia. Os ovos

eliminados nas fezes contaminam outros indivíduos por meio de águas e dos

alimentos. No intestino os ovos se abrem libertando as larvas. Estas

atravessam a parede intestinal, atingem a corrente sangüínea, vão até o

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coração e os pulmões e chegam à laringe, sendo novamente engolidas.

Passam pelo estômago e instalam-se no intestino delgado.

Coceira, tosse, indigestão, fraqueza, barriga grande são alguns dos

transtornos causados pela ascaridíase. Para evitá-la, o fundamental é a

higiene, o uso de instalações sanitárias e a lavagem freqüente das mãos.

Ancilostomose ou amarelão - Os vermes do amarelão – ancilóstomo e

necátor – são vermelhos e arredondados, tendo aproximadamente 1 cm de

comprimento. Seus ovos são eliminados pelas fezes do indivíduo contaminado.

No chão os ovos se abrem, dando origem às larvas, que crescem na terra

úmida e penetram pela pele dos pés descalços do indivíduo. Chegam aos

pulmões e à laringe de onde são engolidos até o intestino, local em que

completam seu amadurecimento, produzindo novos ovos que reiniciam o ciclo.

O indivíduo portador de amarelão apresenta diarréia, dor de estômago,

sangramento do intestino, fraqueza e anemia. O uso de instalações sanitárias e

de calçados são medidas importantes para evitar a ancilostomose.

Oxiuríase - O oxiúro ou verme-linha tem 1 cm de comprimento, é fino

como uma linha e apresenta cor branca. Seus ovos são deixados ao redor do

ânus, provocando coceira. O indivíduo contaminado, ao se coçar, pode

contaminar suas mãos e as roupas. Levando as mãos à boca ou a alimentos, o

indivíduo pode manter sua contaminação e contaminar outras pessoas.

Os oxiúros não são vermes perigosos. Mas, se a infestação for

acentuada, o indivíduo pode apresentar inflamação intestinal, perturbação do

sono e coceira na região anal. Higiene das mãos, das unhas e das nádegas

são medidas importantes na prevenção da oxiuríase.

Hidatidose - O verme da hidatidose – Echinococcus granulosus – só

atinge o homem acidentalmente e em sua forma larvar. Normalmente o verme

adulto vive no intestino do cão. Quando este elimina as fezes, lambe sua região

anal e, depois, lambe o dono e este se contamina através das mãos.

No homem as larvas ocupam o fígado ou outros órgãos, formando o

cisto hidático: uma vesícula que pode chegar a ter de 3 a 15 cm de diâmetro e,

naturalmente, prejudica o funcionamento do órgão.

Tricocefalíase - Os ovos do Tricocephalus trichiurus são ingeridos

através dos alimentos contaminados, como frutas e hortaliças cruas.

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Desenvolvem-se no intestino grosso e podem acarretar perda de peso, diarréia

e anemia.

Estrongiloidíase - As larvas produzidas pelos ovos eliminados nas

fezes dos doentes, quando despejadas no solo, penetram pela pele dos pés

descalços, realizando um ciclo semelhante ao do ancilóstomo. Irritações na

pele, com formação de manchas vermelhas, coceira e inchação são comuns

durante a penetração. Em seguida podem ocorrer alterações no sistema

digestivo, como diarréias, vômitos, náuseas etc.

Filariose - As filárias são vermes que ocupam os canais do sistema

linfático. Produzem obstruções e inflamações desses canais, levando a região

à hipertrofia.

Manifestando-se principalmente nas pernas, nas mamas e no escroto,

estas regiões aumentam de tamanho. Também conhecida como elefantíase, a

filariose é transmitida pela picada de mosquitos, que antes picaram indivíduos

doentes e ficaram contaminados pelas larvas.

2.8.2. Bronquite

Definição – É uma afecção dos brônquios, geralmente causada por

vírus. Pode também ser uma reação alérgica a certas substâncias ambientais,

como fumo, pó, produtos químicos etc. Os brônquios, quando afetados, ficam

cheios de muco ou catarro, dificultando a respiração.

Sintomas – Entre os sinais de bronquite estão a tosse barulhenta, com

catarro; a respiração difícil, rápida e com chiado no peito, febre etc.

Ciclo – A pessoa com bronquite crônica apresenta períodos

relativamente normais, alternados com períodos críticos, que podem ser mais

ou menos freqüentes. O ciclo da crise é normal, com uma fase inicial, uma fase

aguda e uma fase de regressão, a partir do momento em que o paciente é

medicado.

Prevenção – Testes alérgicos, com a identificação das substâncias que

provocam alergia, auxiliam a pessoa a evitar tais produtos. Além disso, quem

tem propensão à bronquite deve evitar ambientes contaminados,

principalmente por fumaça de cigarro. Ginástica respiratória, massagens

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apropriadas e natação são outros procedimentos que ajudam a prevenir essas

crises.

Tratamento – Em momento de crise, a solução é procurar um médico,

que indicará um bronquiodilatados ou outros remédios adequados. Respirar

vapor de água quente é um tratamento auxiliar.

2.8.3. Catapora

Definição – Também chamada varicela, calcula-se que atinge cerca de

5 milhões de brasileiros. É uma infecção leve, causada por vírus, que ataca

principalmente crianças.

Sintomas – A criança doente apresenta manchas, bolhas e cascas de

ferida sobre a pele. Febre e prostração são outros sinais de catapora.

Ciclo – A doença começa a manifestar-se duas a três semanas depois

da penetração do vírus. Surgem inicialmente pequenas manchas vermelhas na

pele; essas manchas transformam-se em bolhas, que contêm um líquido claro

em seu interior; as bolhas rompem-se, transformando-se em crostas escuras,

que se voltam da pele sem deixar marcas. A infecção dura aproximadamente

uma semana.

Contágio – O contágio se dá através de gotículas de saliva da criança

portadora do vírus ou já infectada pela doença; o contato direto com o corpo

doente é outra forma de contágio.

Prevenção – Manter-se afastado de portadores de catapora pode evitar

o contágio.

Tratamento – Alguns procedimentos do doente podem apressar a

recuperação e evitar a transmissão e extensão da moléstia: banhos diários com

água morna e sabão; banhos de amido – maizena em água morna – para

aliviar a coceira; manter as unhas bem aparadas; evitar coçar as bolhas;

passar violeta de genciana nas feridas infectadas.

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.8.4. Sarampo

Definição – É uma virose grave e altamente contagiosa, que ataca

principalmente crianças de até 10 anos e desnutridas. No Brasil, calculam-se

entre 5 e 8 milhões as pessoas infectadas por sarampo.

Sintomas – Os primeiros sinais são febre, nariz escorrendo, olhos

vermelhos e tosse. Depois, a criança pode ficar com a boca cheia de feridas e

com diarréia. Seguem-se manchinhas brancas na boca e, em seguida,

erupções vermelhas nas orelhas, no rosto e, depois, nos braços e pernas.

Ciclo – Após o contágio, há um período de aproximadamente 10 a 12

dias de incubação. Segue-se a manifestação da doença e as erupções, que

levam aproximadamente cinco dias, ao fim dos quais a criança se sente

melhor.

Contágio – A transmissão da doença se dá através da eliminação do

vírus, pelas vias respiratórias da pessoa infectada. O contágio pode ocorrer

desde o aparecimento dos primeiros sintomas até a melhora completa do

doente.

Prevenção – Evitar a proximidade com pessoas doentes pode evitar o

contágio. A vacina contra o sarampo, aplicada de preferência entre os 8 meses

e cinco anos, imuniza por toda a vida.

Tratamento – Cama, bastante líquido e alimentos fáceis de engolir, e

um antitérmico para baixar a febre, facilitam a recuperação. Um médico deve

ser procurado sempre que possível, principalmente quando o sarampo

acarretar uma infecção mais grave, como pneumonia, meningite, dor forte no

ouvido ou no estômago. Se a febre permanecer por mais de cinco dias, é

provável que alguma dessas complicações esteja ocorrendo, sobretudo se a

criança estiver desnutrida, podendo levar à morte.

2.8.5. Rubéola

Definição – Trata-se de outra virose benigna, que ataca principalmente

crianças. É muito perigosa se contraída por mulheres grávidas, pois seu vírus

atravessa a placenta e pode provocar deformação no embrião, como catarata,

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surdo-mudez, doenças cardíacas etc. Depois do terceiro mês de gravidez,

quando os órgãos do embrião estão praticamente formados, o risco é menor.

Sintomas – Os primeiros sintomas são semelhantes aos da gripe. Em

seguida, os gânglios linfáticos do pescoço crescem de tamanho e a pele

apresenta manchas rosadas, menores que as do sarampo.

Ciclo – Após a contaminação, verifica-se um período de incubação de

duas ou três semanas, findo o qual aparecem os sintomas iniciais da doença. A

erupção cutânea demora três ou quatro dias.

Contágio – A rubéola é transmitida pelas gotículas de saliva espalhadas

pela pessoa contaminada. O período de contágio vai desde que o indivíduo

contraiu o vírus até vários dias depois da erupção cutânea.

Prevenção – Principalmente a mulher grávida, que não tem certeza se

contraiu a doença quando criança, deve manter-se afastada de indivíduos com

rubéola. Quem já contraiu a doença está imune para o resto da vida. A vacina,

aplicada de 1 a 12 anos, também imuniza. Quando não houver vacina, alguns

julgam conveniente que as meninas contrariam a doença, pois assim evitam

ser contaminadas durante a gravidez.

Tratamento – Não há tratamento específico, a não ser o isolamento do

doente na espera da melhora. Se tiver febre, aconselha-se o uso de um

antitérmico.

2.8.6. Caxumba

Definição – Também chamada popularmente “papeira”, a caxumba é

uma virose endêmica nos grandes centros, com surtos epidêmicos em escolas,

internatos e outros locais onde se concentram crianças e jovens. Consiste na

inflamação da parótida, a maior das glândulas salivares, e por isso é

denominada de paratodite epidêmica. Embora mais freqüente em crianças,

pode trazer complicações, quando ataca adultos, principalmente para os

órgãos sexuais masculinos, às vezes, acarretando esterilidade.

Sintomas – Começa com dificuldade e dor ao abrir a boca, mastigar e

engolir. Continua com inchaço abaixo e em frente das orelhas; às vezes,

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primeiro de um lado e depois do outro. Provoca febre e outros sintomas

característicos da gripe.

Ciclo – Os primeiros sintomas aparecem duas ou três semanas após a

contaminação. O inchaço surge dois dias depois dos sintomas iniciais, e acaba

naturalmente, em cerca de 10 dias.

Contágio – Também se dá através de gotículas de saliva.

Prevenção – As pessoas contaminadas devem ser mantidas em

isolamento. A vacina imuniza por apenas dois anos. Como a doença imuniza

para sempre, é preferível contraí-la na infância, pois, a partir da puberdade, o

contágio pode trazer complicações.

Tratamento – O doente deve ficar de cama, consumindo bastante

líquido e alimentos em forma de mingau. Deve evitar comidas doces e ácidas,

que aumentam a dor. Manter a boca limpa, com bochechos antissépticos,

ajuda a evitar infecções bacterianas, que exigiram a ajuda médica. Não há

necessidade de remédios, a não ser antitérmicos e analgésicos, em alguns

casos.

2.8.7. Coqueluche

Definição – Também chamada “tosse comprida”, é uma doença

causada por bactéria e sua gravidade varia com a idade e o estado geral do

indivíduo, podendo mesmo levar à morte.

Sintomas – Começa como se fosse um resfriado, uma ou duas

semanas depois da contaminação. Durante a fase mais aguda, a criança tosse

rapidamente, sem poder respirar, até expelir muco pegajoso. Ao voltar aos

pulmões, o ar provoca um assobio forte. Durante o acesso de tosse, os lábios e

unhas podem ficar azuis, por falta de ar.

Ciclo – Após a contaminação, sucede-se um período de incubação de

aproximadamente uma semana, depois do qual aparecem os primeiros

sintomas, Durante o período da doença, o indivíduo sofre crises periódicas,

precedidas de sensação dolorosa no peito. Depois de 15 dias a um mês, os

acessos de tosse começam a diminuir de intensidade e freqüência, até

desaparecerem. Às vezes, porém, sua duração pode chegar a dois ou três

meses, fato que explica sua denominações popular: “tosse comprida”.

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Contágio – A contaminação se faz diretamente, através de gotículas de

saliva da pessoa doente, até uma distância aproximada de meio metro. O

contágio indireto, através de objetos, é muito difícil, e só ocorre se os objetos

ainda estiverem úmidos, quando o indivíduo entrar em contato com eles.

Prevenção – Um certo afastamento das pessoas infectadas evita a

contaminação. A vacina contra a coqueluche está associada à vacina tríplice,

que abrange também a antitetânica e a antidiftérica. Mesmo não conferindo

imunidade total, a vacina torna a evolução da doença mais benigna.

Tratamento – Isolamento, repouso e alimentação nutritiva aceleram a

recuperação. A consulta a um médico é aconselhável, principalmente quando

ocorrem outras complicações, ou quando as crises se tornam muito fortes.

2.8.8. Difteria

Definição – Também conhecida popularmente com o nome de “crupe”,

a difteria é causada por bactéria, atingindo sobretudo crianças de até 10 anos.

Pode ser fatal. A partir do foco de infecção (nariz, faringe, laringe), os bacilos

da doença produzem substâncias tóxicas, que podem chegar ao coração, ao

sistema nervoso e a outras partes do corpo por meio do sangue ou da linfa.

Sintomas – Começa com um resfriado febril, dor de cabeça e dos de

garganta. Pode aparecer uma membrana branco-amarelada na parte de trás da

garganta e, às vezes, no nariz ou nos lábios. O pescoço incha, o hálito cheira

mal, a criança fica mole, pálida, com o pulso rápido.

Ciclo – Há um período inicial de incubação de dois a cinco dias, ao fim

dos quais aparecem os primeiros sintomas. Iniciado o tratamento, o período de

cura pode durar de 10 a 15 dias.

Contágio – A contaminação pode resultar do contato direto com as

secreções do nariz e da garganta da pessoa infectada, ou com gotículas de

saliva por ela eliminada.

Prevenção – Além do isolamento das pessoas afetadas, a vacina

oferece imunização bastante segura. A vacina tríplice, que inclui a antidiftérica,

deve ser aplicada em três doses básicas 9aos dois, três e quatro meses de

idade) e duas doses de reforço (aos 18 meses e aos quatro anos). Além da

vacinação geral, medidas adequadas de higiene e saneamento ajudam a evitar

a doença.

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Tratamento – Deve ser imediato, pois caso contrário, a paralisia e a

morte por asfixia podem ser as conseqüências. Também se empregam soro

antidiftérico e antibióticos no processo de cura. O doente deve ser mantido

isolado.

2.8.9. Poliomielite

Definição – Doença gravíssima, é causada por vírus, que pode atacar

tanto adultos quanto crianças, sendo mais comum em crianças com menos de

dois anos de idade.

Sintomas – Começa com resfriado, febre, vômitos e dores musculares.

Algumas vezes, nada mais acontece. Outras vezes, entretanto, uma parte do

corpo, uma ou as duas pernas, fica fraca ou paralisada. O membro paralisado

fica fino e não cresce como o outro.

Ciclo – O vírus instala-se primeiro na mucosa intestinal. Depois, passa

para o sangue, espalhando-se por todo o corpo e atingindo o coração e o

sistema nervoso. A paralisia é uma conseqüência da destruição das células

nervosas que controlam os músculos.

Contágio – A poliomielite espalha-se rapidamente, principalmente em

locais em que as condições de higiene são precárias. A propagação do vírus

pode ocorrer através da água contaminada, das fezes e das secreções do nariz

e da garganta da pessoa contaminada; geralmente, entra pela boca.

Prevenção – Ferver a água e outras medidas de higiene pessoal e

social ajudam a evitar a doença. A vacina Sabin é a melhor proteção contra a

poliomielite. É aplicada em três doses (partir dos dois meses de idade e com

intervalo mínimo de dois meses entre eles), e mais duas doses de reforço (um

ano e três anos após o término da vacinação básica).

Tratamento – Instalada a doença, não há tratamento específico. Se

houver paralisia, um tratamento fisioterápico pode melhorar a coordenação

muscular, principalmente se for feito logo de início. Durante o primeiro ano,

muitos músculos lesados podem ser parcialmente recuperados através do

exercício físico. A criança que sofre de paralisia deve ser ajudada a caminhar

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da melhor forma possível, através de um corredor com duas barras, de muletas

etc., reduzindo-se o mais possível os acessórios.

2.8.10. Escarlatina

Definição – Doença infecciosa, mais comum em crianças, causada por

bactérias.

Sintomas – Febre alta, dores de cabeça, dores musculares, dor de

garganta, mal-estar, náuseas e vômitos, crescimento das amígdalas, que ficam

vermelhas e com pus.

Ciclo – Alguns dias após o contágio aparecem saliências na língua e

manchas vermelho-violáceas na pela. Em seguida, as manchas se espalham

por todo o corpo.

Contágio – As bactérias passam de uma pessoa a outra através de

gotículas de saliva eliminadas na fala, na respiração ou na tosse. O contágio

pode ser provocado tanto por doentes quanto por portadores sãos ou, mesmo,

por objetivos contaminados.

Prevenção – Quem teve a doença uma vez, geralmente não está mais

sujeito a contrair a infecção. Sempre é conveniente manter distância de

pessoas doentes.

Tratamento – Sua evolução geralmente é benigna, a nào ser que a

infecção atinja outros órgãos. É aconselhável consultar um médico. O doente

deve ficar em repouso e isolado.

2.8.11. Problemas e doenças de pele

Sarna (escabiose) - É muito comum em crianças. É provocada por um

pequeno animal, parecido com um minúsculo carrapato, que cava túneis por

baixo da pele, causando pequenos caroços, que coçam muito, podendo

espalhar-se por todo o corpo. São mais freqüentes entre os dedos, nos pulsos,

nas axilas, ao redor da cintura e nos órgãos genitais.

A escabiose transmite-se pelo contato com a pele da pessoa infectada,

com a sua roupa pessoal ou lençóis, fronhas e cobertores. Por isso, se alguém

tem sarna, todos os membros da família devem ser tratados, mesmo que não

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sintam coceira. A higiene pessoal é muito importante: tomar banho e trocar de

roupa todos os dias; lavar as roupas e pendurá-las ao sol, inclusive as de

cama. Qualquer remédio receitado pelo médico deve ser acompanhado por

banhos, com sabão e água morna, e pela troca de roupas.

Piolhos - Os piolhos, sejam eles da cabeça, do corpo ou do púbis,

provocam coceira e, às vezes, infecção na pele. A higiene pessoal e das

roupas do corpo e da cama são a melhor maneira de proteger-se contra eles.

Uma criança com piolhos deve ser tratada imediatamente, pois do contrário

eles atacarão todos os seus familiares e amigos.

Além do banho da cabeça e dos cabelos, e outras partes infectadas, de

acordo com indicação médica, use o seguinte procedimento para livrar-se das

lêndeas ou ovos do piolho: molhe bem os cabelos com vinagre quente

misturado com água, durante meia hora (uma parte de vinagre para duas

partes de água); penteie os cabelos cuidadosamente, com um pente bem fino.

Para prevenir os piolhos, é importante que a cabeça da criança seja examinada

periodicamente.

Furúnculos e abcessos - Resultam de uma infecção, que forma uma

bolsa de pus em baixo da pele. Podem ser causados por uma ferida, feita por

um objeto pontudo, ou por uma injeção dada com agulha suja. São doloridos e

a pele ao redor fica vermelha e quente. Eventualmente, provocam inflamação

dos gânglios linfáticos e febre.

Para tratá-los, colocar compressas quentes, várias vezes ao dia. Deve-

se deixar o furúnculo abrir sozinho. Depois de aberto, continuar o tratamento

com compressas quentes. Deixar o pus sair sem espremer, pois isto pode

espalhar a infecção para outras partes do corpo.

Micoses (infecções por fungo) - Embora possam aparecer em

qualquer parte do corpo, as infecções por fungo têm suas áreas preferidas:

Tinha: no couro cabeludo;

Micose: nas partes sem pêlo;

Pé-de-atleta: entre os dedos das mãos e dos pés;

Coceira-de-jóquei: entre as pernas.

A maioria dessas infecções apresenta-se sob a forma de anel; para

tratá-las, o mais importante é lavar a área todos os dias com água e sabão. A

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região afetada deve ser mantida bem seca, e periodicamente exposta ao sol.

Em casos de muito suor, a roupa de baixo e as meias devem ser trocadas

freqüentemente. Se não houver melhora e em casos de maior gravidade.

Aconselha-se procurar ajuda médica.

Pelagra - É um problema da pele causado por desnutrição. É muito

comum em lugares onde as pessoas comem muito milho, arroz e outros

alimentos ricos em amido e carboidratos e não consomem alimentos ricos em

proteínas e vitaminas, como carne, aves, ovos, peixe, leite, queijo etc. A

pelagra também é freqüente em quem toma muita bebida alcoólica.

No adulto com pelagra, a pele fica seca e rachada, e descama

principalmente nos locais expostos ao sol. Na criança, a pele das pernas, e às

vezes, dos braços, pode apresentar marcas escuras semelhantes a contusões

ou, mesmo, feridas com crostas, e os pés podem ficar inchados.

Geralmente, a pelagra vem acompanhada de outros sinais de

desnutrição: barriga inchada, feridas nos cantos da boca, língua ferida e

vermelha, fraqueza, perda de apetite etc.

O mais importante para o tratamento dessa moléstia é uma alimentação

nutritiva.

2.8.12. Problemas e doenças nos olhos

Terçol - Também chamado hordéolo, é um caroço vermelho e inchado

que aparece na pálpebra. Compressas com água morna e sal ajudam a

melhorar. Colírio antibiótico, três a quatro vezes ao dia, e pomada antibiótica à

noite, sob orientação médica, protegem contra o surgimento de novos terçóis.

Sangramento no branco do olho - Uma mancha vermelha indolor, na

parte branca do olho, pode aparecer, às vezes, depois de se levantar algo

muito pesado, de uma tosse forte ou de uma batida no olho. É conseqüência

do rompimento de um pequeno vaso sangüíneo. Não há perigo, e a mancha

desaparece lentamente, sem necessidade de tratamento.

Conjuntivite (dor nos olhos, olho vermelho, inflamado) - É uma

infecção que provoca vermelhidão, remela (pus) e ardor leve em um ou nos

dois olhos. Ao acordar, as pálpebras estão grudadas uma na outra.

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A conjuntivite pode ser tratada limpando bem os olhos com um pano

limpo molhado com água fervida, pingando colírio e aplicando pomada

antibiótica, a critério médico. Para que produza mais efeito, puxa-se a pálpebra

inferior para baixo e coloca-se a pomada dentro dela.

A conjuntivite é contagiosa. Por isso, a criança afetada não deve dormir

na cama com outras, usar a mesma toalha nem brincar ou ficar próxima de

outras crianças, pois o contágio seria inevitável.

Estrabismo - Também conhecido por ‘olho vesgo”, “zarolho” e “olho

torto”, trata-se de um desvio do olho, para dentro ou para fora, ou da não

fixação da vista em um ponto.

Para o tratamento adequado, deve-se procurar um especialista. Às

vezes, basta cobrir o olho com um tampão, durante um certo tempo, para que o

olho vesgo volte a olhar para a frente. Outras vezes, o uso de óculos torna-se

necessário. Há casos em que somente a cirurgia resolve o problema.

No bebê, por volta dos seis meses, o tratamento pode durar apenas uma

ou duas semanas. Na criança mais velha, porém, o tratamento pode levar até

mais de um ano. Quanto antes for iniciado, tanto mais rápida será a

recuperação.

Queratomalácia - É uma doença provocada por falta de vitamina A,

mais comum em crianças de dois a cinco anos de idade. Se não for tratada

imediatamente, pode acarretar cegueira.

Vários sinais permitem reconhecer a doença:

X no início, a criança pode apresentar cegueira noturna: ela não enxerga tão

bem quanto outras pessoas de visão normal ao escurecer;

X em seguida, seus olhos começam a ficar secos (xerose): o branco do olho

perde o brilho e começa a enrugar;

X podem aparecer manchas de pequenas bolhas acinzentadas nos olhos

(manchas de Bitot);

X piorando a doença, a córnea também fica seca e turva e pode formar

pequenas úlceras;

X finalmente, a córnea amolece rapidamente (queratomalácia), adquirindo

forma abaulada e pode até arrebentar, geralmente sem dor.

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A cegueira pode ser conseqüência de infecção, cicatrização ou outro

problema. A queratomalácia ocorre com mais freqüência em crianças que

apresentam outros problemas ou doenças, como diarréia, coqueluche,

tuberculose ou sarampo. Crianças desnutridas devem ter seus olhos

examinados periodicamente.

Alimentos com vitamina A previnem facilmente a queratomalácia: leite de

peito, até pelo menos um anos de idade; depois dos primeiros seis meses,

além do leite materno, oferecer alimentos com vitamina A. Quando a doença já

estiver instalada, torna-se necessário procurar ajuda médica com urgência.

2.8.13. Problemas e doenças da boca

♦ Alguns problemas mais freqüentes

Dor de dentes e abcessos - Para acalmar a dor, deve-se limpar bem o

buraco do dente, retirando todo o resto de comida. Em seguida, enxágua-se a

boca com água morna e um pouco de sal. Pode-se, também, tomar um

analgésico.

O abcesso ocorre quando a infecção, provocada pela cárie, alcança o

nervo e forma uma bolsa de pus. A inflamação pode ser aliviada por meio de

bochechos, com água quente e sal, do lado inchado da boca, o que poderá

provocar a saída do pus pela gengiva. A ajuda do dentista deve ser procurada

sempre que possível.

Gengivite - A gengiva pode ficar inflamada 9vermelha e inchada),

dolorida e sangrar facilmente por várias razões:

• Falta de limpeza adequada dos dentes;

• Falta de alimentação nutritiva, principalmente, carência de

vitamina C.

Para prevenir e tratar a gengivite, devem ser observadas as seguintes

sugestões:

• escovar os dentes logo após as refeições; em seguida, enxaguar

bem a boca com bastante água quente e um pouco de sal;

• comer alimentos nutritivos, com muitas vitaminas: ovos, carne,

feijão, verduras e frutas como caju, goiaba, manga, limão, abacaxi etc.

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mastigá-los muito bem. evitar doces e alimentos difíceis de tirar do meio dos

dentes.

Feridas nos cantos da boca - Pequenas feridas ou rachaduras nos

cantos da boca da criança, muitas vezes, são sinais de desnutrição.

Desaparecerão na medida em que a criança consumir alimentos nutritivos.

Tomar levedura de cerveja também ajuda a melhorar essas feridas.

Camada branca na língua - Certas doenças podem provocar o

surgimento de uma camada branca ou amarelada na língua e no céu da boca.

Não é nada grave e, geralmente, melhora sem tratamento. Para uma cura mais

rápida, pode-se tomar levedura de cerveja ou fazer bochechos com água

morna e bicarbonato de sódio, várias vezes ao dia.

Sapinhos - São pequenas manchas brancas, com a aparência de leite

coalhado, que aparecem na boca e na língua. Causadas por fungo, são

comuns em recém-nascidos da boca com violeta de genciana ou usar

bicarbonato de sódio dissolvido em água. Se o sapinho da criança for

acompanhado de diarréia, que demora a sarar, é melhor procurar um médico.

Aftas - São pequenos pontinhos brancos e doloridos, que aparecem no

lado interior dos lábios e na boca. Em geral, surgem quando a pessoa tem

febre e resfriado. Também resultam de mau funcionamento do estômago,

nervosismo, alergia ou ingestão de alimentos ácidos, como o abacaxi.

Depois de cinco dias, as aftas desaparecem. Antibióticos não resolvem.

O melhor é fazer bochechos, com água morna e sal, ou aplicar água oxigenada

com um cotonete sobre a afta.

♦ Cuidados gerais

Para manter a saúde dos dentes e das gengivas, deve-se observar as

seguintes sugestões:

• Evitar doces. Os doces (açúcar, balas, bolo, chocolate,

refrigerantes etc.) estragam os dentes; as bactérias da boca, que provocam

cáries, dependem de grande quantidade de açúcar para de desenvolver.

Limitando-se a ingestão de açúcar, reduz-se a possibilidade de cáries.

• Escovar bem os dentes, todos os dias. Usar uma escova macia,

de cerdas (pêlos) retas. Se não der par escovar os dentes logo depois de

comer algum doce, ao menos deve-se enxagüar bem a boca com água.

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Os dentes superiores devem ser escovados de cima para baixo e, os

inferiores, de baixo para cima, nunca de um lado para outro. Todos os lados

dos dentes – frente, em cima, atrás – devem ser escovados. Não há

necessidade de creme dental, o uso de sabonete na escova é até mais

eficiente.

Um fio dental, uma linha comum ou um palito podem ser utilizados para

retirar restos de comida que tenham permanecido entre os dentes. O fio dental

e a linha são mais indicados, pois limpam melhor e machucam menos as

gengivas do que o palito.

• Comer a maior quantidade possível de alimentos cruz. Cenouras

crua e maçã, entre outros, ajudam a limpar os dentes e massagear as

gengivas.

• O flúor, na água ou ingerido em comprimidos, só tem efeito

durante a formação dos dentes. É inútil para prevenir cáries em adultos.

Flúor em dose maior do que a recomendada é venenoso. Por isso, deve ser

mantido sempre longe do alcance das crianças.

• Ir ao dentista examinar seus dentes, ao menos uma vez em cada

seis meses. Um dente com um pequeno buraco ou cárie deve ser logo

tratado, antes que comece a doer. Quanto mais se espera, maior risco de

complicações e de necessidade de extrair o dente.

2.8.14. Outras doenças

A maioria das doenças estudadas a seguir é grave. Dificilmente essas

doenças podem ser tratadas sem ajuda médica. Por isso mesmo, os cuidados

indicados são sempre medidas auxiliares, que devem submeter-se a orientação

médica.

ò Pneumonia

Definição – A maioria das pneumonias é causada por bactérias. A mais

freqüente dessas bactérias é a Streptococcus pneumoniae. Com freqüência,

ocorre após outra doença respiratória (coqueluche, gripe, bronquite), ou depois

de uma doença grave qualquer, como o sarampo. A pneumonia é muito

perigosa, sobretudo em crianças e pessoas idosas.

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Sintomas – Os principais sintomas de pneumonia são; respiração rápida

e pouco profunda, às vezes, com chiado; febre alta; tremores; tosse com muco

amarelo, esverdeado ou com sangue; dores no peito e nas costas,

principalmente ao tossir e respirar. A intensidade desses sintomas aumenta

com a progressão da doença.

Contágio – A infecção é favorecida pela exposição ao frio, pelo

alcoolismo, por doenças respiratórias e por outros fatores, que diminuem a

resistência do organismo.

Prevenção – A melhor maneira de prevenir a pneumonia é tratar desde

o início, qualquer doença respiratória.

Tratamento – Deve-se consultar imediatamente um médico, que

receitará antibióticos e outros medicamentos, como antitérmicos e analgésicos,

para baixar a temperatura e aliviar a dor. O doente precisa repousar, beber

muito líquido e alimentar-se bem.

ò Tuberculose (TB)

Definição – A tuberculose é uma infecção causada pela bactéria

Mycobacterium tuberculosis, mais conhecida como bacilo de Koch, em

homenagem ao cientista que a descobriu, Roberto Koch (1843-1910). Em

cerca de 90% dos casos, ataca apenas os pulmões, mas pode afetar também

quse todos os órgãos do corpo. Em 1976, calculava-se entre 700 mil e 1,5

milhão o contingente de brasileiros afetados por tuberculose.

Sintomas – Entre os principais sintomas de tuberculose, podem ser

citados: tosse crônica e prolongada, sobretudo ao acordar; febre baixa, à tarde,

e suores, à noite; dor no peito e nas costas; perda de peso e fraqueza

crescentes; em casos mais graves, eliminação de sngue pela tosse.

Ciclo – A maior parte das pessoas entra em contato com o bacilo da

tuberculose, sem que essa primeira infecção traga conseqüências mais sérias.

Normalmente, ela passa despercebida, o organismo consegue controlá-la e,

quando muito, deixa uma pequena marca no pulmão.

Outras vezes, a bactéria permanece no pulmão e só começa a fazer

efeito na medida em que diminui a resistência natural do organismo, por causa

da desnutrição, da fadiga, do alcoolismo ou outra doença. Quando isso

acontece, o bacilo se reproduz e deixa lesões parecidas com pequenos

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nódulos arredondados, cujo tamanho aumenta até formar grandes cavidades

nos pulmões.

A evolução da tuberculose pode ser lenta ou rápida, conforme a

resistência do organismo. O fato de os sintomas iniciais passarem

despercebidos acarreta problemas na identificação da moléstia. Tosse contínua

com catarro, dor no tórax e emagrecimento, geralmente só aparecem em

estágio avançado da doença. Diagnosticada a tuberculose, a cura completa

leva aproximadamente seis meses

Contágio – O contágio se dá através de gotículas de catarro, eliminadas

pela tosse, pelo espirro, pela saliva etc.

Prevenção – A melhoria da alimentação e das condições de vida da

população ajuda a evitar a doença. Algumas bactérias, responsáveis pela

tuberculose no gado, podem atacar também o homem, através do leite. Por

isso, o leite deve ser sempre fervido.

A vacinação com BCG (Bacilo de Calmette e Guérin), do 1º mês aos 14

anos de vida, imuniza em 85% dos casos e previne as formas mais graves da

doença.

Tratamento – Quanto mais cedo for diagnosticada a moléstia, tanto

mais rápido e eficiente o tratamento. Radiografias periódicas dos pulmões

mostram sombras anormais, antes mesmo da manifestação dos sintomas. O

exame do escarro, para verificar a possível presença de bacilos, pode

confirmar o diagnóstico da radiografia. A abreugrafia, uma radiografia em

miniatura, também ajuda o diagnóstico.

O isolamento do doente, de preferência em hospital, é fundamental tanto

para o tratamento adequado, quanto para evitar o contágio. O tuberculoso deve

consumir alimentos ricos em proteínas e vitaminas, descansar e dormir

bastante, para ver se já foram infectadas.

ò Raiva

Definição – Também chamada hidrofobia (medo de água), a raiva é

uma doença quase sempre fatal, que leva à morte, se não for tratada

imediatamente. É provocada por um vírus que ataca o sistema nervoso.

Sintomas – O animal atacado pelo vírus da raiva apresenta um

comportamento estranho, triste e irritável; sua boca fica cheia de espuma e ele

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não consegue comer nem beber (hidrofobia). Alguns animais ficam furiosos,

violentos, atacam e mordem tudo o que aparecer pela frente. Outros não

apresentam tais sintomas, tornam-se quietos e procuram lugares escuros, para

se esconder. O animal morre dentro de 5 a 10 dias.

No ser humano, a infecção pelo vírus da raiva provoca dor e

formigamento na área mordida; dor e dificuldades para engolir; saliva grossa e

pegajosa; e ataques de fúria entre períodos de calma.

Ciclo – Os sintomas podem demorar de alguns dias a meses para se

manifestar. Inicialmente, o indivíduo contaminado apresenta febre e mal-estar.

Em seguida, surgem as dificuldades para comer e beber, em conseqüência das

contrações na faringe e nos músculos da deglutição. A febre alta causa delírios

e gritos. A morte resulta da paralisia dos músculos respiratórios.

Contágio – O vírus da raiva encontra-se em animais domésticos (cão,

gato) e selvagens 9raposa, lobo, gambá, morcego). Passa para o ser humano

através da saliva do animal infectado, quando este arranha, lambe algum

ferimento ou morde a pessoa.

Prevenção – Algumas medidas preventivas são muito importantes:

todos os cães e gatos devem ser vacinados: qualquer animal com suspeita

deve ser morto e enterrado; se houver mordida e o animal for suspeito, é

fundamental mantê-lo vivo: ele deve ficar preso e, se estiver com a doença,

morre antes de dez dias.

Tratamento – Quando a pessoa for mordida por um animal, deve lavar

logo o local com água e sabão de lavar roupa, mantendo-o em água corrente

durante algum tempo. Em seguida, lavar com água oxigenada e cobrir o

ferimento com gaze.

Os primeiros sinais de raiva aparecem entre 15 dias e um ano após a

contaminação; na maioria dos casos, 40 a 50 dias depois. Por isso, se houver

suspeita de raiva, deve-se procurar imediatamente tratamento médico, que é

feito com soro e vacina anti-rábicos.

ò Tétano

Definição – O tétano é uma infecção produzida por bactéria (Clostridium

tetani). Caracteriza-se por contradições e espasmos dos músculos do rosto, da

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nuca, da parece do abdome e dos membros. É uma doença grave, pois

aproximadamente metade das pessoas contaminadas morre.

Sintomas – Entre os sintomas indicadores da contaminação pelo bacilo

do tétano, estão os seguintes: ferida infectada; dificuldade de engolir; queixo

endurecido, seguindo de endurecimento dos músculos do pescoço e de outras

partes do corpo; contrações do queixo e, depois, do corpo inteiro; a criança, do

3º ao 10º dia depois do nascimento, começa a chorar sem parar e é incapaz de

sugar.

Contágio – o bacilo do tétano encontra-se principalmente nas fezes de

animais e seres humanos. O contágio ocorre através de ferida em contato com

poeira, pregos enferrujados, latas, água suja, galhos, espinhos etc. No recém-

nascido, o bacilo pode penetrar através do cordão umbilical, quando cortado

com instrumentos não esterilizados, ou ao se fazerem curativos com

substâncias contaminadas.

Prevenção – O tétano pode ser evitado, na medida em que as

condições de vida e de higiene da população forem melhoradas e se alguns

cuidados especiais forem tomados: vacinação geral (vacina tríplice); limpeza e

desinfecção de todas as feridas; manter limpa, seca e ventilada a região

umbilical do recém-nascido; ajuda médica, em casos de feridas grandes e

profundas.

Tratamento – Limpeza com água e sabão, retirada de toda sujeira e

corpos estranhos de qualquer ferida, além de desinfecção com antissépticos e

água oxigenada são medidas indicadas. Quando o indivíduo não tiver sido

vacinado o médico receitará soro antitetânico e antibióticos, antes da aplicação

da vacina. Líquidos nutritivos, em goles pequenos e freqüentes, enquanto a

pessoa conseguir engolir, também auxiliam a cura.

ò Hepatite

Definição – É uma infecção por vírus que ataca o fígado. Esta forma de

hepatite é contagiosa, ao contrário de outras, que podem ser provocadas pelo

excesso de bebida alcoólica, pela ação de substâncias químicas etc.

Sintomas – Dor na região do fígado, falta de apetite, náuseas, cansaço,

fraqueza, urina escura, pele e olhos amarelados (icterícia).

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Ciclo – Geralmente a doença evolui de forma benigna, durando de duas

a oito semanas.

Contágio – O vírus da hepatite passa das fezes da pessoa contaminada

para a boca do indivíduo são, através da água, dos alimentos, das roupas e

das mãos sujas. Moscas e agulhas de infeção não esterilizadas também

podem provocar o contágio.

Prevenção – Enterrar ou queimar as fezes e secreções do nariz e da

garganta do doente, higiene pessoal e do ambiente são medidas que

contribuem para evitar o contágio.

Tratamento – Os cuidados médicos são necessários. O doente deve

ficar em repouso, manter-se isolado durante as duas primeiras semanas da

doença e por uma semana depois do aparecimento da icterícia.

ò Meningite

Definição – doença extremamente grave, é uma infecção das meninges,

membranas que envolvem e protegem o cérebro e a medula. A meningite é

mais comum em crianças, e pode ser causada por vírus, bactérias ou fungos.

Sua forma mais contagiosa é provocada por uma bactéria chamada

meningococo.

Sintomas – Entre os sinais de meningite, alguns merecem destaque:

febre alta, com forte dor de cabeça; endurecimento das costas, impedindo que

a cabeça seja colocada entre os joelhos; náuseas e vômitos; às vezes,

convulsões ou movimentos estranhos; rigidez dos músculos da nuca; a criança

deita a cabeça e o pescoço para trás.

Ciclo – O meningococo começa por invadir a garganta, atingindo depois,

por meio da corrente sangüínea, a regiões das meninges.

Contágio – A meningite passa de uma pessoa a outra através da fala,

do espirro e da tosse. Um indivíduo pode ser portador do meningococo, mesmo

sem apresentar os sintomas da doença, o que facilita a contaminação de

outros.

Prevenção – Embora não seja totalmente eficaz, aconselha-se a

vacinação, principalmente em casos de epidemia e de contato com doentes.

Umas alimentação equilibrada também ajuda a evitar a doença, pois aumenta

as resistências do organismo.

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Tratamento – A hospitalização imediata e o tratamento com antibióticos,

a critério médico, podem evitar a morte. Cada minuto é muito importante e

pode significar a vida do indivíduo.

ò Febre tifóide e tifo

Definição – A febre tifóide e o tifo são infecções que começam no

intestino e se espalham por todo o corpo. São provocadas por uma bactéria

chamada Samonela typhosa.

Sintomas – Os sintomas da febre tifóide e do tifo variam com a evolução

da doença. 1ª semana: pode começar como um resfriado comum ou gripe, com

dor de cabeça e garganta irritada. A febre sobe um pouco por dia, até chegar a

40º ou mais. O pulso, muitas vezes, fica lento. Vômitos, diarréias ou obstipação

também podem aparecer, durante a primeira semana. 2ª semana: febre alta e

pulso lento. Manchas rosadas podem aparecer pelo corpo. Tremores, delírios,

convulsões, fraqueza, perda de peso e desidratação são outros sintomas da

segunda semana. Finalmente, na terceira semana, se não houver

complicações, a febre e os outros sintomas desaparecem lentamente.

Ciclo – Depois da contaminação, e antes do aparecimento dos primeiros

sintomas, há um período de incubação de aproximadamente 10 a 12 dias.

Contágio – A febre tifóide transmite-se das fezes para a boca, através

de alimentos e água contaminados. O tifo transmite-se por picada de piolho,

carrapato e pela pulga do rato. Tanto febre tifóide quanto o tifo podem

transformar-se em epidemia, atacando grande número de pessoas.

Prevenção – São muitos os cuidados a serem tomados, a fim de evitar

essas doenças. Entre as principais medidas, recomenda-se: beber só água

tratada ou fervida; tomar cuidados especiais, por ocasião de enchentes,

quando a contaminação é maior; impedir que alimentos e água sejam

contaminados por fezes, o que exige limpeza e higiene pessoais; matar

piolhos, carrapatos e ratos.

Tratamento – Além de buscar auxílio médico e seguir suas instruções,

aos primeiro sinais da doença, é importante guardar repouso, ingerir muitos

líquidos e alimentos nutritivos.

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ò Malária

Definição – Também conhecida por impaludismo, maleita e outros

nomes, atinge várias regiões da Terra, especialmente países tropicais como o

Brasil. Em todo o mundo, há cerca de 200 milhões de pessoas com malária, o

que provoca aproximadamente dois milhões de mortes anuais. No Brasil, o

número de pessoas atingidas pela moléstia é calculado em dois a três milhões.

A malária é uma infecção do sangue provocada por um protozoário do

gênero Plasmodium, transmitido ao seu humano pelas fêmeas dos mosquitos

do gênero Anopheles.

Sintomas – A cada dois ou três dias, o doente sofre um ataque, que

dura várias horas e apresenta três estágios: 1º) calafrios e tremores, durando

de 15 minutos a uma hora, às vezes, acompanhados de dor de cabeça; 2º)

febre de até 40º ou mais, fraqueza, pele avermelhada e delírios; 3º) suor e

diminuição da temperatura, além de muita fraqueza do organismo. Se a malária

for prolongada, pode acarretar aumento do baço e anemia.

Ciclo – Com a saliva, que o mosquito transmissor injeta no sangue da

vítima na hora da picada, inúmeros plasmódios caem na corrente sangüínea.

Os parasitas atingem as células do fígado, onde se reproduzem durante cerca

de uma semana. Milhares deles são então liberados para o sangue. Invadem

os glóbulos sangüíneos, onde alimentam e crescem, destruindo as hemácias, o

que provoca a liberação de substâncias tóxicas e acessos de febre.

Há vários tipos de protozoários causadores de malária. Um deles é o da

malária maligna, que provoca recaídas e pode levar ao entupimento de vasos e

à morte.

Contágio – Se um mosquito não-infectado sugar o sangue de alguém

que tem malária, absorve o parasita da doença. Esse, depois de várias

reproduções, dá origem a inúmeros filhotes, que chegam às glândulas salivares

do mosquito, de onde penetram no organismo humano por ocasião da própria

picada.

Prevenção – Como os mosquitos colocam seus ovos em poças de água

parada, a prevenção da doença pode ser feita pela drenagem e limpeza das

regiões alagadas. Além disso, podem ser utilizadas substâncias que matam as

larvas dos mosquitos. Peixes larvófagos também são eficazes neste sentido. O

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uso de inseticidas permite a eliminações dos insetos adultos. Mosquiteiros,

telas nas janelas e outros meios oferecem proteção contra os mosquitos.

Tratamento – Como os mosquitos se contaminam ao picar uma pessoa

doente, a qualquer sinal de malária deve-se procurar um médico, para os

exames de sangue específicos e o tratamento adequado.

ò Doença de Chagas

Definição – Tem esse nome em homenagem ao seu descobridor, o

médico brasileiro Carlos Chagas. Chama-se também tripanossomíase

americana, por ser uma infecção que ataca principalmente as células de

glândulas e músculos. É produzida por um protozoário de nome Trypanosoma

cruzi ou, simplesmente, tripanossomo. Se a mulher for contaminada durante a

gravidez, o feto também pode ser afetado.

Sintomas – O coração é o órgão mais atingido, apresentando

taquicardia ou aumento dos batimentos, aumento do volume de suas cavidades

e das paredes.

Ciclo – As pessoas afetadas pela doença de Chagas perdem a saúde

aos poucos, tendo reduzida sua capacidade de trabalho. Geralmente, a morte

ocorre 15 a 20 anos depois da contaminação.

Contágio – Os transmissores da doença são percevejos conhecidos

como barbeiros, chupanças ou procotós, que vivem nas frestas de paredes de

casas de pau-a-pique. O barbeiro ataca pessoas quando estão dormindo,

sugando seu sangue. Ao mesmo tempo em que enche seu intestino de sangue

humano, o barbeiro deixa suas fezes na região picada. Ao coçar o local, o

indivíduo facilita a penetração dos tripanossomos através da pele. Estes se

reproduzem e passam para a corrente sangüínea.

Prevenção – A única forma de acabar com a doença é acabar com as

casas de pau-a-pique ou, ao menos, construí-las de forma a não deixar frestas

e buracos, onde os barbeiros possam alojar-se e reproduzir-se. Outro meio

importantíssimo é o combate ao barbeiro e sua destruição.

Tratamento – Atualmente, ainda não existe cura para a doença de

Chagas. Pode-se, quando muito, retardar a morte através de um atendimento

médico adequado.

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ò Dengue

Definição – Doença infecciosa causada por quatro tipos diferentes de

vírus e transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus.

Costuma aparecer de forma epidêmica no verão, quando as chuvas são mais

freqüentes.

Sintomas – A dengue clássica provoca dores de cabeça e muscular,

erupções na pele, febre e aumento das glândulas linfática. Na dengue

hemorrágica, o doente apresenta ainda hemorragias gastrointestinais,

cutâneas, gengivais e nasais; se não for tratada a tempo pode levar à morte em

50% das casas.

Ciclo – A doença desaparece após uma semana aproximadamente.

Contágio – O contágio se dá através da picada dos mosquitos

transmissores.

Prevenção – Aplicação de inseticidas, e principalmente a eliminação de

focos de água parada e limpa, onde ocorre a reprodução do mosquito

Tratamento – Além de procurar auxílio médico, é preciso repouso,

ingerir muitos líquidos e alimentos nutritivos.

ò Toxoplasmose

Definição – Doença que está se expandindo, causada por um parasito

do tipo protozoário. Embora seja quase sempre benigna, pode causas lesões

oculares, acarretando perda parcial da visão. Trata-se de uma doença perigosa

para mulheres grávidas, pois o protozoário pode localizar-se no feto e provocar

aumento ou diminuição do tamanho do crânio, retardamento mental e, até, a

morte.

Sintomas – É muito difícil reconhecer a toxoplasmose, pois seus

sintomas são semelhantes aos de várias outras doenças: mal-estar, dores de

cabeça e dos músculos, febre que dura semanas ou meses, aumentos dos

gânglios linfáticos. Testes de laboratório são auxiliares importantes no

diagnóstico.

Ciclo – Geralmente a doença evolui de forma benigna, por semanas ou

meses, desaparecendo sem maiores conseqüências para o organismo.

Contágio – Através do contato com animais domésticos, principalmente

o gato, e por meio de suas fezes. Os protozoários eliminados nas fezes do gato

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podem durar meses no solo úmido, de onde são disseminados por moscas,

baratas e minhocas, podendo ser ingeridos pelo ser humano, nos alimentos,

principalmente carne mal-cozida.

Prevenção – As gestante, de modo especial, devem evitar contato com

animais domésticos, lavando sempre as mãos quando tocarem em objetos nos

quais os animais encostaram.

Tratamento – O controle e o tratamento médico, especialmente no caso

de gestantes, são indispensáveis para evitar graves conseqüências.

ò Leishimaniose

Doença transmitida por um protozoário, através da picada da fêmea de

mosquitos da família Phlebotomidae. Também denominada úlcera de Bauru,

por ser freqüente na região desse muncípio paulista, a leishmaniose

normalmente não leva à morte, mas provoca lesões que deformam a pele, a

boca e a faringe, são dolorosas e dificultam a alimentação.

A doença atinge inicialmente a pele das pernas, dos braços, do rosto e

de outras regiões descobertas. Passa depois pela corrente sangüínea, para a

boca, o nariz e a faringe.

O uso de telas, mosquiteiros e repelentes podem dificultar a ação dos

mosquitos, quanto antes for providenciado tratamento médico, maiores as

chances de que não permaneçam as mutilações da doença.

2.8.15. Doenças menos freqüentes

Febre amarela – É causada por vírus transmitido por algumas espécies

de mosquito. Três a seis dias após a picada, aparecem febre alta, calafrios, do

de cabeça e dos músculos, náuseas, vômitos etc. Depois de dois ou três dias,

o vômito fica escuro, como conseqüência de hemorragias internas, e a pele fica

amarelada, por causa do mau funcionamento do fígado. Uma semana depois, o

doente começa a ficar bom. Entretanto, podem ocorrer complicações e, em

10% dos casos, verifica-se a morte dos doentes. O tratamento médico nada

mais faz do que compensar a desidratação e a perda de sangue, enquanto o

organismo se recupera. A vacinação antes de penetrar em regiões endérmicas

é indispensável para evitar a contaminação.

Botulismo – É uma toxi-infecção alimentar causada por uma toxina

produzida pela bactéria Clostridium botulinum. Geralmente a toxina se

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desenvolve em alimentos enlatados ou outros, acondicionados em embalagens

diversas e que permanecem a uma temperatura superior a 15 graus; salsichas,

salames, chouriços, queijos etc. O controle e a fiscalização na elaboração dos

alimentos, visando à higiene pessoal e ambiental, são importantes para evitar a

intoxicação alimentar.

Leptospirose – Infecção transmitida por parasitas patogênicos,

chamados leptospiras, cujos principais hospedeiros são animais selvagens e

domésticos. O principal transmissor é o rato, embora gatos, cães e outros

animais também sejam veículos da doença.

O contágio pode ser direto ou indireto. O contágio indireto ocorre através

da urina do animal infectado, que chega ao homem principalmente através da

água que bebe ou com a qual se lava. Daí a importância de se ferver toda água

de beber, principalmente em ocasiões de enchentes.

A umidade favorece a propagação da doença. Por isso, são mais

freqüentes os casos em épocas de chuvas copiosas e de inundações. Fatores

como a acidez do solo e da urina, temperatura elevada e clima seco dificultam

a sobrevivência das leptospira.

Os sintomas mais comuns de leptospirose são febre, dor de cabeça,

rigidez da nuca, prostração e icterícia. Muitas vezes a doença não é

reconhecida imediatamente, sendo confundida com outras enfermidades como

meningite, hepatite etc. A letalidade da doença torna-se tanto maior quanto

mais avançada a idade. Pode chegar a 20% dos casos ou mais quando

acompanhada de icterícia e comprometimento renal.

2.9. NOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROS

São apresentadas neste item as primeiras providências que devem ser

tomadas em casos de acidentes. Muitas vezes, se essas medidas não forem

aplicadas, não há tempo de o indivíduo chegar ao médico com vida. Isso não

significa que o socorro deve limitar-se aos cuidados aqui sugeridos. Sempre,

principalmente nos casos mais graves, depois dos primeiros socorros, deve-se

procurar auxílio médico.

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2.9.1. Febre

A febre, ou a temperatura do corpo acima da normal, pode resultar de

várias doenças. Nos casos de febre, devem ser adotados os seguintes

procedimentos: tirar todas as cobertas e roupas da criança pequena, pois estas

fazem a temperatura subir; se possível, ficar ao ar livre; tomar um antitérmico,

bastante água, sucos e outros líquidos; descobrir e tratar a causa da febre.

A febre muito alta é perigosa: pode causar convulsões ou, mesmo,

danos permanentes ao cérebro, com paralisia, retardamento mental, epilepsia

etc. A febre muito alta é mais perigosa em crianças pequenas. Por isso,

quando ela atinge 40ºC ou mais, é preciso baixá-la com urgência. Além da

ingestão de um antitérmico, é aconselhável tirar toda a roupa do corpo; ventilar

e derramar água fria sobre o corpo ou colocar panos encharcados de água

fresca sobre o peito e a testa ou, ainda, dar banho morno (quase frio), deixando

a criança durante algum tempo dentro da água. O médico deve ser procurado

com urgência.

2.9.2. Estado de choque

O estado de choque acontece quando a pressão arterial fica muito baixa.

Suas causas podem ser uma dor muito intensa, uma grande queimadura, uma

hemorragia grave ou outro problema de saúde grave.

O estado de choque manifesta-se através de três sinais importantes:

pulso fraco e rápido (mais de 100 batimentos cardíacos por minuto); suor frio,

pele fria, úmida e pálida; confusão mental, fraqueza ou perda da consciência.

A pessoa em estado de choque está com a vida em perigo. Deve ser

socorrida imediatamente. Os procedimentos indicados são: deitar com os pés

mais altos que a cabeça; se estiver com frio, cobrir com um cobertor; se estiver

consciente, tomar água, ou outra bebida, morna; se estiver com dor, tomar um

analgésico; manter a calma e a tranqüilidade.

Quando houver perda de consciência, deve-se deitar a pessoa de lado,

com a cabeça abaixada, um pouco inclinada para trás; se estiver engasgado

com a língua, puxá-la para fora; se vomitar, limpar logo a boca; não dar nada

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por via oral até voltar à consciência. O médico deve ser procurado, logo que

possível.

2.9.3. Asfixia

A pessoa está asfixiada quando não consegue mais respirar, ficando

sufocada. As causas mais comuns de asfixia são o engasgamento, por algo

preso na garganta, e o afogamento, através da ingestão exagerada de água. A

asfixia é extremamente perigosa, pois uma pessoa não pode viver mais do que

quatro minutos sem respirar. O socorro deve ser imediato.

Em casos de engasgamento, proceda da seguinte forma: ponha-se de

pé, atrás da pessoa engasgada e abrace-a pela cintura; coloque seus punhos

de encontro ao estômago dela, acima do umbigo e abaixo das costelas; aperte

a barriga dela de repente, com uma intensa sacudidela para cima.

Se a pessoa for muito mais alta que você, deite-a de costas; deite-se

sobre ela, ponha seus punhos entre o umbigo e as costelas delas, e dê um

forte e rápido empurrão para cima; repita a operação tantas vezes quantas

necessárias, até que o objeto preso na garganta seja expelido. Se o objeto não

sair, leve-a ao pronto-socorro. Somente em último caso, quando houver uma

obstrução total, deve-se tirar o objeto preso com os dedos. Caso a pessoa não

consiga respirar, deve-se iniciar imediatamente a respiração boca a boca,

como indicamos a seguir.

Em casos de afogamento, mais urgente mesmo do que tirar a água dos

pulmões e do estômago do afogado, é a respiração boca a boca: retire

rapidamente o que estiver na boca ou na garganta do indivíduo; deite-o com o

rosto para cima, a cabeça levemente inclinada para trás e o queixo empurrado

para frente; se a língua estiver obstruindo a entrada de ar, puxe-a com a sua e

sopre com força até que o peito dela e levante; faça uma pausa, para o ar sair,

e sopre de novo, cerca de 15 vezes por minuto. Se for recém-nascido, sopre

delicadamente 25 vezes por minuto. Continue, até a pessoa voltar a respirar

por si mesma, o que 1às vezes demora até uma hora ou mais.

Se você conseguir soprar o ar nos pulmões do afogado, coloque-o

imediatamente com a cabeça mais baixa que os pés e empurre a barriga, como

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no caso de engasgamento, para que seu organismo elimine a água ingerida.

Em seguida, inicie rapidamente a respiração boca a boca.

2.9.4. Emergências do calor

Entre os acidentes mais comuns, como resultado do excesso de

exposição ao sol, podemos citar as cãibras, o esgotamento e a insolação.

Cãibras pelo calor – Trabalhando muito, sob um sol intenso, a pessoa

pode sentir cãibras dolorosas nas pernas, nos braços ou no estômago.

Resultam da perda de sal, pelo suor. Para tratá-las, basta que beba um líquido

comporto de uma colher de chá de sal, um litro de água fervida e, se possível,

algumas gotas de suco de limão ou laranja.

Esgotamento pelo calor – Suor, pele fria e pálida, pupilas dilatadas,

temperatura normal, fraqueza e eventual desmaio podem ser conseqüências

do esgotamento resultante de um trabalho intenso, sob um sol forte. Nesse

caso, a pessoa deve ser mantida deitada, em local fresco, com os pés

erguidos. Esfregue suas pernas e dê-lhe água salgada para beber.

Insolação – Em caso de insolação, a pele fica avermelhada, muito seca

e quente, mesmo nas axilas. A pessoa fica com febre muito alta e, muitas

vezes, perde a consciência. A temperatura do corpo deve ser baixada

imediatamente, colocando-se a pessoa na sombra e ensopando-a com água

fria ou gelada. O médico deve ser procurado logo que possível.

2.9.5. Hemorragias

Pequenos sangramentos podem ser estancados pela própria coagulação

natural do sangue. Nesse casos, basta desinfetar o ferimento com água e

sabão e água oxigenada, aplicando-se em seguida um antisséptico.

Em casos de ferimentos mais profundos, quando a hemorragia não pára

por si mesma, deve-se levantar a parte ferida do corpo, apertar o ferimento

com um pano limpo ou com a própria mão (se não houver pano), até que o

sangramento pare. Isso pode demorar de 15 minutos a uma hora ou mais.

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Se a hemorragia não cessar, além de pressionar o ferimento e mantê-lo

elevado, deve-se amarrar o braço ou a perna o mais perto possível da ferida,

entre esta e o corpo, apertando o suficiente para controlar o sangramento. Para

amarrar, deve-se usar um pano dobrado ou um cinto, nunca um cordão, fio ou

arame, A cada 20 minutos, afrouxar o laço, para ver se o sangramento parou e

para permitir que o sangue circule. Se o sangue não puder circular, o indivíduo

pode vir a perder o braço ou a perna. O médico deve ser procurado

imediatamente.

Se a hemorragia for no nariz, a pessoa deve sentar-se com a cabeça

inclinada para trás, e apertar o nariz com força, durante dez minutos, ou até

que o sangramento pare. Pode-se colocar um saco de gelo na nuca e

compressas frias sobre a testa e o nariz. Se a hemorragia continua, enfiar um

chumaço de algodão em cada narina, se possível molhado em água oxigenada

ou vaselina, deixando parte do algodão fora das narinas; aperte o nariz,

durante cinco minutos. Mesmo que tenha parado a hemorragia, pode-se deixar

o algodão no nariz durante alguma horas e, depois, retirá-lo com cuidado.

2.9.6. Ferimentos

Em casos de pequenos ferimentos, deve-se tomar muito cuidado para

que não provoquem infecções. A limpeza é importante, pois além de evitar as

infecções, ajuda a cicatrizar. Primeiro, lave bem as mãos com água e sabão.

Depois lave o ferimento com água fervida e sabão de lavar roupa, nunca

sabonete; levante a pele, se necessário, par tirar toda a sujeira; enxágüe bem a

ferida. Nunca se deve usar álcool, iodo ou mertiolate diretamente sobre a

ferida, pois isso danifica o tecido e torna mais lenta a cicatrização; violeta de

genciana é mais indicada.

Quando o ferimento for mais grave, causado por objeto sujo, dentes de

animais, faca canivete etc., deve-se tomar mais cuidado, pois o perigo de

infecção é maior. Deve-se lavar bem a ferida com água e sabão, retirando toda

a sujeira, coágulos de sangue e tecido morto, utilizando uma seringa ou uma

pêra de borracha. Em seguida, enxágua-se a ferida com solução de

permanganato de potássio; passa-se violeta de genciana ou um pouco de

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pomada antibiótica; deixa-se a ferida aberta, apenas coberta com atadura

limpa. Se houver perigo de infecção, deve-se procurar ajuda médica.

2.9.7. Abdome agudo

O abdome agudo abrange uma série de condições súbitas e graves do

intestino, que podem exigir uma cirurgia imediata, para impedir a morte. Muitas

vezes, só se descobre a causa do abdome agudo quando o médico realiza a

cirurgia. Dor intestinal muito forte, que piora sempre mais, com vômitos, mas

sem diarréia, pode ser sinal dessa enfermidade e a pessoa deve ser levada

imediatamente ao hospital. Obstrução intestinal (nó nas tripas), apendicite e

peritonite são os três casos principais de abdome agudo.

Obstrução intestinal – Ocorre quando uma parte do intestino fica

rampada, presa dentro de outra alça do intestino, em conseqüência de um bolo

ou novelo de vermes, ou por outra razão. A barriga fica dura, inchada, dolorida

e silenciosa, pois os intestinos param de mexer. A pessoa vomita com muita

força e o vômito pode conter bile verde e cheirar mal, como fezes.

Apendicite – É a infecção do apêndice, pequeno saco, em forma de

dedo, preso ao intestino grosso, na parte inferior direita do abdome. Sinais de

apendicite: dor constante, que piora cada vez mais; muitas vezes, a dor

começa ao redor do umbigo. Pode haver perda de apetite, vômitos, febre leve e

“intestino preso”.

Peritonite – Ocorre quando o apêndice ou outra parte do intestino se

rompe ou é rasgada. Consiste na infecção aguda e grave do tecido que forra a

cavidade abdominal e forma a bolsa que sustenta o intestino. A barriga fica

dura como uma tábua e a dor é muito forte, mesmo se o ventre for tocado de

leve.

2.9.8. Queimaduras

As queimaduras podem ser de primeiro, de segundo ou de terceiro grau.

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Queimaduras de 1º grau – São queimaduras que não formam bolhas.

Deve-se colocar a parte queimada em água fria, imediatamente, e tomar um

analgésico para diminuir a dor. Nada mais é necessário.

Queimaduras de 2º grau – são queimaduras que formam bolhas. Não

se deve romper as bolhas. Se estas estiverem rompidas, deve-se lavar a

queimadura com cuidado, usando água fervida fria e sabão. Se houver

vaselina, esta deve ser esquentada até ferver, para esterilizá-la, passando-a

depois sobre um pedaço de gaze, colocada sobre a queimadura. Se não

houver vaselina, deixa-se a queimadura descoberta. Não passar nada. Um

analgésico pode ser tomado para combater a dor. Caso surjam sinais de

infecção, como pus e mau cheiro, fazer compressas de água quente com sal

(uma colher de chá de sal para um litro de água) três vezes ao dia. Se a área

queimada for grande, a pessoa deve tomar muito líquido e procurar auxílio

médico.

Queimadura de 3º grau – São queimaduras profundas, em que a pele é

destruída e a carne crua ou queimada fica exposta. Deve-se procurar um

médico imediatamente. Se isto não for possível, deve-se tratá-la como no caso

da queira de 2º grau. Se a área queimada for muito grande, maior que o dobro

da mão, dar ao paciente, até que ele urine seguidamente, a seguinte bebida: 1

litro de água + ½ colher de chá de sal – ½ colher de chá de bicarbonato de

sódio + 2 ou 3 colheres de sopa de açúcar ou mel de abelha e, se possível, um

pouco de suco de limão ou laranja.

2.9.9. Emergência dos ossos

O acidentes ósseos mais comuns são as fraturas, as luxações e as

torceduras.

Fratura – Trata-se da quebra de um osso, em virtude de uma pancada,

queda ou outro acidente. Em caso de qualquer fratura, o principal é manter o

osso em posição fixa, o que pode ser feito com talas de madeira ou papelão. A

pessoa deve ser levada a um hospital, para que o osso quebrado seja

reduzido, isto é, colocado na posição normal. Quanto mais velha a pessoa,

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mais tempo demora a consolidação da fratura. Um braço quebrado deve ficar

imobilizado por um mês, e não deve ser forçado durante mais um mês; uma

perna fraturada deve imobilizar-se por cerca de dois meses.

Luxação – Ocorre quando o osso de uma junta sai do lugar, é

“destroncado”. Quanto antes o osso for colado em seu local, melhor. Depois, a

junta deve ficar firmemente enfaixada, durante cerca de um mês; não se deve

forçar o membro durante dois ou três meses.

Torcedura, entorse ou distensão – Trata-se de torção de uma junta.

Muitas vezes, só uma radiografia permite saber se houve torcedura ou fratura.

Para evitar a dor e o inchaço, a parte afetada deve ser mantida em posição

elevada. Durante as primeiras 24 horas, coloque gelo ou panos frios sobre a

junta inflamada. Depois de período, ponha a região torcida, várias vezes ao dia,

em água quente. De nada adianta esfregar ou massagear torceduras e

fraturas. Só pode piorar a situação. Para diminuir a dor, pode-se tomar um

analgésico. A região torcida também deve ser enfaixada, para manter-se

imobilizada durante duas ou três semanas.

2.9.10. Envenenamento

Produtos venenosos devem ser mantidos fora do alcance das crianças.

Nunca se deve usar garrafas de refrigerante para guardar gasolina ou veneno,

ou produtos domésticos como água sanitária, detergente, soda cáustica etc.

Em caso de suspeita de envenenamento, faça a pessoa vomitar,

colocando o dedo em sua garganta ou fazendo-a beber água com sabão ou

sal, ou dê-lhe o chá de losna. Faça a pessoa tomar bastante leite, ovos batidos

ou farinha misturada com água; uma vez ingeridos esses alimentos, obrigue o

indivíduo a vomitar, até que a substância expelida esteja clara. Não provoque

vômito em quem engoliu querosene, gasolina, um ácido forte ou uma

substância corrosiva, como a soda cáustica. Quanto antes você conseguir

auxílio médico, melhor para a vítima do envenenamento.

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2.9.11. Picadas

As picadas venenosas mais comuns e mais perigosas, sobretudo para

crianças, são as de cobra, aranha e escorpião.

Picada de cobra – A primeira coisa a fazer, especialmente se o recurso

médico for demorado, é saber se a cobra é venenosa. As picadas de cobra

venenosa e não-venenosa são diferentes.

A picada de cobra venenosa deixa um ou dois pontos ou riscos.

Raramente esse tipo de cobra deixa a marca dos outros dentes.

A picada da cobra não-venenosa deixa duas fileiras de marcas de

dentes, que parecem um serrilhado.

Em casos de picada venenosa, deve-se procurar socorro médico

urgente ou alguém que aplique um soro antiofídico. Se precisar andar,

movimente o menos possível a parte afetada; quanto maior o movimento, mais

o veneno se espalha.

Picada de aranha – Geralmente as picadas de aranha são muito

doloridas, mas não perigosas para os adultos. Pode-se colocar a parte afetada

em água quente ou aplicar compressas quentes. Se necessário, principalmente

em crianças, procurar ajuda médica.

Picada de escorpião – A picada de certos escorpiões existentes em

Minas Gerais, Goiás e Bahia pode ser mortal para a criança. Esta precisará

tomar soro contra o veneno de escorpião. Para o adulto, basta tomar um

analgésico para diminuir a dor. Pode-se, também, passar um anestésico no

local e aplicar compressas quentes.

2.9.12. Choque elétrico

A primeira coisa a fazer é desligar a chave geral, a tomada ou os

fusíveis. Caso isso não seja possível, a vítima deve ser afastada da

eletricidade, com a utilização de um material seco, que não seja condutor de

eletricidade, como um galho de árvore ou um pedaço de madeira secos, luvas

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grossas de borracha, ou várias camadas de jornais ou panos secos. Após a

separação, caso a vítima não esteja respirando, deve-se iniciar imediatamente

a respiração artificial e a massagem cardíaca e procurar socorro médico.

2.9.13. Desmaios e convulsões

A perda súbita dos sentidos – o desmaio – pode resultar de emoções

fortes e súbitas, de fadiga intensa, de fome ou de nervosismo. O indivíduo

começa por sentir tonteira e fraqueza, fica pálido e começa s suar frio, seu

pulso e sua respiração ficam fracos, a vista fica escura e ele cai.

A pessoa que desmaiou deve ser deitada de costas, com a cabeça mais

baixa que os pés, suas roupas devem ser soltas e o ambiente deve ser

arejado. Seu rosto deve ser molhado com água fria e batido com leves

palmadas. Em caso de necessidade, deve-se fazer massagem cardíaca e

respiração artificial. Deve-se procurar o médico sempre que o desmaio durar

mais que um ou dois minutos.

Quando alguém sente que vai desmaiar, deve sentar-se, curvar-se para

a frente, colocar a cabeça entre as pernas, abaixo dos joelhos, e respirar

profundamente.

As convulsões consistem na perda repentina de consciência,

acompanhada de contrações involuntárias dos músculos, que provocam

movimentos desordenados. A vítima deve ser deitada sem impedir-lhe os

movimentos, a não ser em caso de perigo. Deve-se virar sua cabeça de lado e

colocar um pedaço de pano entre seus dentes, para evitar que morda a língua.

Após as convulsões, deixar o indivíduo deitado e procurar um médico.

Em casos de convulsões infantis causadas por febre muito alta, deve-se

dar um banho frio de imersão por dez a quinze minutos e levar imediatamente

a criança ao médico.

2.9.14. Corpos estranhos

Quando um objeto estranho for engolido por uma criança, não há a

necessidade de dar-lhe purgantes ou vomitórios. Deve-se observar suas fezes

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por um ou dois dias, para ver se o objeto é eliminado. Caso não o seja,

procurar um médico.

Se partículas de poeira, grãos o outros corpos penetrarem no olho, não

se deve esfregar o olho. Deve-se fazer a vítima fechar os olhos e piscar muitas

vezes. Se o corpo estranho for visível, pode-se tentar retirá-lo com a ponta

úmida de um lenço limpo, com muito cuidado. Se forem muitas as partículas, o

olho deve ser mergulhado na água, movimentando-se o globo ocular. Nunca se

deve tentar retirar corpos estranhos encravados no globo ocular. Deve-se

procurar um médico.

Nunca se deve introduzir arame, palito, pinça ou qualquer outro

instrumento dentro do ouvido. Procurar retirar o corpo estranho com o dedo. Se

for um inseto, pode-se pingar algumas gotas de óleo comestível, mantendo o

ouvido virado para cima por alguns minutos. Em seguida, vira-se o ouvido para

baixo, fazendo com que saiam o óleo e o inseto. Depois o ouvido deve ser

lavado com água morna, utilizando um conta-gotas ou uma seringa. Se o corpo

estranho não tiver saído, procurar um médico.

Uma agulha e uma pinça, depois de devidamente esterilizadas, podem

ser utilizadas para retirar espinhos e farpas encravadas na pele. O local deve

ser lavado e desinfetado. Depois ergue-se a pele com a agulha e puxa-se a

farpa ou o espinho com a pinça.

2.10. MEDICAMENTOS E REMÉDIOS

Neste item, além de alguns sinais vitais, que nos avisam quando alguma

doença pode estar se instalando em nosso corpo, verificamos algumas noções

gerais sobre medicamentos e remédios, e os cuidados que devemos ter com

eles. Uso correto de medicamentos, caixa de remédios caseiros e importância

da água são os aspectos analisados.

2.10.1. Sinais vitais

Alguns sinais podem indicar anormalidades no funcionamento do

organismo. Entre outros, citamos a temperatura do corpo, os batimentos

cardíacos, a respiração e a pressão arterial.

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Temperatura – Temos, neste caso, as seguintes indicações:

• Abaixo de 35ºC: temperatura muito baixa;

• Acima de 37ºC: febre;

• Acima de 39ºC: febre alta.

Batimentos cardíacos – A pessoa em repouso, de acordo com a idade,

apresenta um número normal de batidas por minuto:

• Adulto: 60 a 80 batimentos cardíacos por minuto;

• Criança: 80 a 100 batimentos cardíacos por minuto;

• Bebê: 100 a 140 batimentos cardíacos por minuto.

Respiração – O número normal de respirações por minuto, para a

pessoa em repouso, também varia conforme a idade:

• Adulto e criança maior: 12 a 20 respirações por minuto;

• Criança pequena: até 30 respirações por minuto;

• Bebê: até 40 respirações por minuto.

Mais de 40 respirações por minuto, geralmente, indicam pneumonia.

Pressão arterial – Embora haja grande variação de uma pessoa a

outra, considera-se como normal a pressão 120/80 ou 12 por 8.

2.10.2. Cuidado com os remédios

Muitas vezes, exageramos na utilização de medicamentos. Para serem

benéficos, devem ser usados corretamente: só o remédio certo, empregado da

forma certa, produzirá o efeito certo. O medicamento errado ou o medicamento

certo utilizado de maneira errada são prejudiciais à saúde e podem até matar.

Nunca use medicamentos perigosos para doenças sem gravidade.

No uso de medicamentos, é importante observar as seguintes regras

gerais:

• Só use remédios quando estritamente necessário, a critério

médico.

• Verifique o uso correto e os cuidados necessários para todo

medicamento a ser tomado. Verifique as contra-indicações e os efeitos

colaterais: para curar uma doença sem gravidade, não se pode utilizar um

medicamento perigoso.

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• Tenha certeza da dose certa.

• Se o medicamento usado corretamente, a critério médico, não faz

efeito ou traz problemas, pare de usá-lo e procure o médico novamente.

• Observe o prazo de validade: nunca tome remédios com data

vencida.

• Nenhum medicamento faz mal só porque é tomado junto com

certos alimentos – carne de porco, pimenta, goiaba, laranja ou qualquer

outro. Mas as comidas gordurosas e com muito tempero podem piorar os

problemas do estômago e do intestino. Alguns remédios podem causar uma

reação grave com o álcool.

• Muito cuidado com o uso de medicamentos no recém-nascido.

• Pessoas com problemas de saúde devem ter cuidado com certos

remédios e suas dificuldades devem ser comunicadas ao médico. Pessoas

com azia ou úlcera, por exemplo, devem evitar medicamentos que contém

aspirina.

• Não é certo que as injeções são melhores do que a via oral.

Muitas vezes, o medicamento tomado pela boca produz o mesmo efeito, ou

resultados superiores aos da injeção. Muitos medicamentos são mais

perigosos quando injetados do que quando empregados por via oral.

• Como regra geral, não se deve usar injeções de vitaminas, pois

são mais perigosas e menos eficazes que as drágeas. Vitamina B12 e

extrato hepático, por exemplo, não fazem efeito sobre a anemia e a

fraqueza, a não ser em casos raros. Para a anemia, quase sempre, drágeas

de ferro produzem melhores resultados. O melhor mesmo é gastar dinheiro

na compra de alimentos nutritivos: são melhores que vitaminas em drágeas;

vitaminas em drágeas são melhores que vitaminas líquidas e estas, por sua

vez, são melhores que as injetáveis.

• A “alimentação” pelas veias, através de soro ou soluções

intravenosas nada mais é que água pura com um pouco de sal ou açúcar:

dá menos energia do que um grande pirulito e faz o sangue ficar mais fino;

não melhora a anemia nem fortalece a pessoa. As soluções intravenosas só

devem ser usadas quando o paciente não consegue tomar nada pela boca,

está muito desidratado, com queimaduras ou outras doenças graves. Se ele

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consegue engolir, o melhor é dar-lhe líquido reidratante, por via oral. Comer

alimentos nutritivos, se possível, é melhor que tomar líquido reidratante.

• Laxantes e purgantes podem ser perigosos para o bebê e para a

pessoa muito fraca ou desidratada. Não é verdade que limpam impurezas

do corpo e trazem saúde. Os laxantes são mais fracos, amolecem as fezes;

os purgantes causa diarréia. Os laxantes, como leite de magnésia, podem

ser usados em pequenas doses, para combater a obstipação. A única

ocasião que exige uma dose forte de purgante é quando alguém engoliu

veneno e deve eliminá-lo depressa. A melhor solução para obter fezes mais

macias e freqüentes é comer alimentos com muitas fibras naturais e

celulose, como mandioca, aipim e cereais integrais; beber muita água e

comer frutas, como goiaba, abacaxi, bem como o bagaço de outras, como a

laranja.

• Se o uso de qualquer medicamento deve ser limitado aos casos

de real necessidade, com muito mais razão tal regra deve ser observada

em relação aos antibióticos. Estes podem causar intoxicação e reações

alérgicas. Podem eliminar as bactérias benéficas, juntamente com as

prejudiciais e, por isso, prejudicar o equilíbrio natural do organismo. Podem

aumentar a resistência das bactérias contra as quais são utilizados e, a

longo prazo, dar menos resultados. Por isso, os antibióticos só devem ser

usados em casos especiais, quando nenhum outro remédio produz

resultados, e sempre a critério médico.

• Cuidado com os medicamentos cuja publicidade é feita em rádio,

televisão e outros meios de comunicação. Geralmente são inócuos,

principalmente os “fortificantes”. Além disso, o efeito de um remédio não

depende apenas de sua fórmula, mas do organismo do indivíduo. Daí a

importância do exame de cada caso e da receita individual do

medicamento.

• Evitar sempre a automedicação, pois esta pode acarretar

conseqüências graves. O melhor, sempre que possível, é consultar um

médico. Mesmo tendo consultado um médico, as regras anteriores são

importantes. Observe, por exemplo, se há muita discrepância entre as

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dosagens indicadas na bula e as recomendadas pelo médico. Em casos de

dúvida, volte ao consultório.

2.10.3. Caixa de remédios

Em casa e na escola, é aconselhável ter uma caixa com os remédios

necessários aos primeiros socorros:

• Material para ferimentos e problemas da pele: compressas de

gaze esterilizadas; ataduras de gaze; algodão; esparadrapo; sabonete

desinfetante; álcool a 96º; água oxigenada a 10 volumes; vaselina; vinagre

branco; tesoura limpa e sem ferrugem; pinça pontuda.

• Para medir a temperatura: termômetro.

• Medicamentos:

a) Contra febre e dor: analgésicos e antitérmicos, para

adultos e crianças.

b) Contra desidratação: bicarbonato de sódio, sal e

açúcar.

c) Contra infecções da pele: violeta de genciana a 2%

ou pomada antibiótica.

d) Contra cólica do intestino: anti-espasmódico.

e) Anti-ácido e laxante: leite de magnésia.

f) Contra intoxicação: anti-histamínicos.

2.10.4. Remédios caseiros e plantas

Da mesma forma que os medicamentos, os remédios caseiros só devem

ser usados com cuidado, quando se tem certeza de que não fazem mal e

sabendo-se como usá-los. Há remédios caseiros que ajudam, tão bons ou

melhores que os produtos farmacêuticos. Exemplos: certo chás de erva, feitos

em casa, podem ser tão bons e causar menos problemas, em casos de tosse e

resfriado, do que os medicamentos fortes e xaropes; chás e água adoçada,

para a criança com diarréia, também podem ajudar.

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Mas os remédios caseiros também são limitados: sempre é mais seguro

tratar doenças graves, principalmente infecções, com remédios de laboratório,

sob orientação médica. Às vezes, porém, formas antigas são melhores.

Antigamente, por exemplo, todos acreditavam que o leite de peito era o melhor

alimento para o bebê; depois vieram as fábricas de leite em pó, afirmando que

a mamadeira é melhor. Isso não é verdade, mas muitas mães e até médicos

acreditaram nisso e muitos bebês sofreram e até morreram por infecção.

Muitos remédios caseiros fazem bem porque agem sobre o corpo

doente. Mas cuidado: nenhum remédio caseiro cura certas infecções e

doenças graves, nem picada de animal venenoso. Nesses casos, é necessário

procurar socorro médico imediato.

2.10.5. A importância da água

Às vezes melhoramos de certas doenças comuns, como resfriado e

gripe, sem necessidade de remédios. Nosso corpo, desde que bem nutrido, se

defende e luta contra as doenças. Para isso, é necessário cuidas da higiene e

da limpeza, descansar bastante e alimentar-se bem. Mesmo no caso de

doenças mais graves, o remédio só ajuda; quem vence a doença é o corpo.

Também neste caso, higiene, descanso e alimentação nutritiva são

fundamentais.

Mais da metade do corpo humano é constituído de água. Com a

utilização adequada da água, o número de doenças e mortes, principalmente

em crianças, poderia ser reduzido em 50% Exemplo: a água é importante tanto

para evitar quanto para curar a diarréia. Veja nos quadros que seguem

algumas doenças em que a água é forte auxiliar no tratamento e outras nas

quais é importante fator de prevenção.

DOENÇAS QUE A ÁGUA

AUXILIA NO TRATAMENTOMODO DE UTILIZAR A ÁGUA

1. Diarréia, desidratação Beber bastante líquido

2. Doenças com febre. Beber bastante líquido

3. Febre alta. Molhar o corpo com água morna

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4. Infecções urinárias leves. Beber bastante líquido

5. Tosse, asma, bronquite, pneumonia,

coqueluche.

Beber bastante água e respirar vapor de

água quente

6. Feridas, micoses, caspa, espinhas. Lavar com água e sabão

7. Ferimentos infeccionado, furúnculo. Compressas de água quente e limpeza

8. Músculos e juntas doloridos. Compressas de água quente

9. Lesões da pele, que coçam ou ardem Compressas de água fria

10. Queimaduras leves Água fria, por algum tempo

11. Garganta inflamada (amigdalite) Gargarejos com água morna e sal

12. Substância irritante, sujeira no olhoJogar imediatamente bastante água fria no

olho

13. Nariz entupido Instilar água com sal, com conta-gotas

14. Prisão de ventre, fezes duras Beber bastante água

DOENÇAS QUE A ÁGUA

AUXILIA NA PREVENÇÃOMODO DE UTILIZAR A ÁGUA

1. Diarréia, vermes, infecção intestinalFerver a água para beber, lavar sempre as

mãos etc.

2. Infecções da pele Tomar banho diariamente

3. Feridas que infeccionam, tétano Lavar bem as feridas com água limpa

Fontes: SANTOS, Maria Ângela dos. Biologia Educacional. São Paulo: Ática, 1998, p. 277.

2.11. DROGAS, SAÚDE E COMPORTAMENTO

Não é suficiente que pais, professores e todas as pessoas que

trabalham com crianças e jovens conheçam as principais drogas e seus efeitos

sobre o organismo. O fundamental, par quem se dedica à educação das novas

gerações, além de tal conhecimento, é a abertura e a disposição para a

compreensão e a orientação.

2.11.1. Algumas das principais drogas e seus efeitos

Existem muitos tipos de drogas e medicamentos que têm propriedade de

excitar ou de deprimir o Sistema Nervoso Central, de alterar a percepção, de

modificar o ânimo, a coragem, o pensamento, o comportamento, a atividade

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motora, O quadro que segue apresenta os principais agentes, seus nomes

mais conhecidos e seus efeitos colaterais.

Dos medicamentos e drogas citados, foram escolhidas quatro para uma

análise mais detalhada: maconha, cocaína, LSD, heroína.

CLASSIFICAÇÃO DOS EFEITOS MEDICAMENTOSOS

Agentes Nomes familiares Efeitos colaterais/

Perigosos (gerais)Substâncias que estimulam - excitantes

Anfetaminas

Cafeína

Ligador

Café

Estimulação do sistema nervoso(agitação, cefaléia, insônia,verborréia, convulsões)

Antiasmáticos

Vasoconstritores

Adrenalina, aminofilina, isoproterenol

Descongestionantes

Aumento da freqüência cardíaca,pressão arterial, freqüênciarespiratória

Cocaína Coca Depressão intensa quandointerrompida

Substâncias que deprimem - depressores

ÁlcoolBarbitúricosMarijuana

Fenobarbital, seconalGrama, maconha

Depressão do sistema nervoso(letargia, sonolência, coma,diminuição da resposta à dor,depressão respiratória, morte)

Narcóticos Morfina, codeína, heroína Alteração da coordenação, lucidez ereflexos

Tranqüilizantes Torazina, Valium Constipação

Anticonvulsivantes Dilantina Tremores, especialmente com aretiradaDiminuição da pressão arterialOs sintomas da retirada podem serdolorosos, podendo até mesmocolocar em risco a vida do paciente

Substâncias que causam alucinações

LSD Ácido Alucinações

PeioteMescalina

Comportamento psíquico perigoso,incluindo tentativas de suicídioReações de pânicoAlteração da lucidez

Substâncias que causam reações alérgicas

AntibióticosIodetos

Penicilina, sulfasExpectorantes

Choque anafilático – crise aguda, queameaça a vida, semelhante à asma

Virtualmente, qualquer outro agente Eritema, urticáriaEdema, equimoseFebre

Outros efeitos colaterais

Digitais Alterações da função cardíacaPotássio Confusão, incoordenação

virtualmente, qualquer outromedicamento administradoem dose excessiva

Reserpina Vômitos

EsteróidesTranqüilizantes

Espasmos musculares unilaterais,bizarros, estão associados aosprincipais tranqüilizantes, como atorazina

Fontes: SANTOS, Maria Ângela dos. Biologia Educacional. São Paulo: Ática, 1998, p. 392.

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ò Maconha

Geralmente utilizada em forma de cigarro ou charuto, a maconha

provém de uma planta herbácea de cerca de dois metros de altura. Os efeitos

da maconha dependem de uma série de fatores; da via de administração, da

quantidade administrada, da interação com outras substâncias e,

principalmente, da própria personalidade do indivíduo.

A primeira experiência pode ser decepcionante: vômito, enjôo,

taquicardia... entre os efeitos imediatos mais freqüentes da maconha podem

ser citados os seguintes:

• aumentos da freqüência cardíaca;

• secura da boca;

• euforia, risos, gracejos, zombaria, perda de inibição no falar, no

vestir, necessidade crescente de rebelar-se contra qualquer

modalidade de proibição etc.

• diminuição da força muscular, fadiga ao menos exercício físico;

• distorção do tempo e do espaço (as horas parecem mais longas);

• alucinações, exaltação dos sentidos do tato, do olfato, do gosto;

• confusão mental, desorientação, delírio, sensação de medo etc.

Quanto à tolerância, as opiniões divergem. Observou-se que a

suspensão repentina do uso da maconha, depois de prolongado período de

intoxicação, provoca vários sintomas, com alterações do humor, perturbações

do sono, diminuição do apetite, irritabilidade, mal-estar abdominal, tremores,

perda de peso etc. Mesmo assim, no processo de desintoxicação, pode-se

interromper totalmente e de uma vez o uso da droga.

ò Cocaína

Extraída das folhas da coca, cultivada principalmente na Bolívia, seu uso

varia de acordo com a região: no amazonas, as folhas são reduzidas a pó,

associando-as a cinzas de certas plantas para fazer uma massa esverdeada,

que é partida em bolas para mascar ou chupar, conservando-as num canto da

boca, que fica anestesiada, assim como a língua e o estômago.

Administrada por via nasal ou injetada por via venosa, a cocaína produz

efeitos imediatos no aparelho cardiovascular, no Sistema Nervoso Central, e

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efeitos imediatos que levam à dependência psíquica e, para alguns, física.

Doses elevadas de cocaína, injetadas por viva venosa, podem produzir crise

hipertensiva, edema pulmonar agudo, arritmias cardíacas e,

conseqüentemente, a morte.

Os efeitos imediatos da cocaína no Sistema Nervoso Central

manifestam-se de maneira geral, por um estado de euforia, bem-estar,

desinibição, hiperatividade, perda de apetite, insônia etc. Esses efeitos

manifestam-se logo, a partir da primeira experiência. Outros efeitos vão

surgindo, à proporção que os experimentos se repetem: agressividade, perda

real do autocontrole, diminuição crescente da força de vontade etc.

A dependência da cocaína apresenta, entre outras, as seguintes

características: forte dependência psíquica; ausência de dependência física,

apesar da síndrome de dependência apresentada se a droga for suspensa

abruptamente; ausência de tolerância; sensibilização aos efeitos da droga; forte

tendência a não interromper a administração da droga. A suspensão abrupta

da droga ocasiona profunda depressão, que pode ser superada por

medicamentos apropriados e pelo apoio psicológico dado por amigos e

companheiros.

ò LSD

O LSD (dietilamida do ácido lisérgico) é um pó branco, inodoro, insípido,

muito solúvel em água. Pode ser administrado por meio de injeções,

comprimidos ou em doses colocadas em forma de gotas, em papel especial,

que, depois de seco, é recortado e utilizado. É uma das substâncias mais

potentes que se conhece, pois seus efeitos surgem em doses de 0,000025 a

0,000050 de grama.

Os efeitos do LSD podem ser distribuídos por três períodos:

• 10 a 30 minutos iniciais: taquicardia, agitação psicomotora,

palidez, euforia, desinibição etc.

• 3 a 6 horas seguintes: perturbações sensoriais; alucinações

visuais, táteis e auditivas; excitação psicomotora, desintegração da

memória (acontecimentos da infância são descritos, como se houvessem

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ocorrido há alguns dias); estado de pânico e de terror, com impulsos

violentos e suicidas.

• 3ª fase: estado de torpor e de fadiga, em que o indivíduo se

mostra incapaz de relatar o que se passou.

Recentes estudos mostram que o LSD pode provocar lesões nos

cromossomos das células nervosas, nos glóbulos do sangue e nas células

reprodutoras, podendo, portanto, causar danos aos descendentes.

ò Heroína

A heroína é um dos derivados do ópio, um suco espesso retirado da

papoula, planta cultivada na Ásia. A heroína é utilizada por inalação e, mais

freqüentemente, por via venosa.

A heroína atua de modo especial sobre o sistema Nervoso Central,

diminuindo a tensão nervosa, relaxando os músculos e conduzindo ao

entorpecimento e à inatividade. A pessoa drogada por heroína fica sem ânimo

e sem energia para as atividades normais. Seu organismo vai ficando fraco,

sujeito a infecções, seu psiquismo vai se deteriorando, com a perda da

memória, do raciocínio e da atenção.

A heroína produz tanto dependência psíquica quanto física. O organismo

apresenta tolerância à heroína, sendo necessárias doses crescentes para que

os mesmos efeitos sejam produzidos. O aumento progressivo da dose pode

levar à morte por intoxicação.

A aplicação de doses decrescentes e de medicamentos apropriados

podem levar à superação da dependência. O apoio psicológico e social é

fundamental, a fim de que a pessoa possa voltar a ter uma convivência social

adequada.

ò Álcool e fumo

Embora fáceis de obter e de uso legal e socialmente aceito na maioria

dos países, o álcool e o fumo produzem efeitos altamente nocivos para o

organismo e a convivência social.

• Álcool

Os efeitos do álcool dependem das doses ingeridas, dos seus intervalos,

do estado geral do organismo e das interações com outros medicamentos.

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O álcool atua principalmente sobre o sistema Nervoso Central.

Inicialmente, o indivíduo torna-se eufórico, expansivo, desinibido. Maiores

concentrações alcoólicas provocam maiores alterações comportamentais,

podendo chegar a descontrole emocional, alternando choro com risadas

despropositadas, incontinência verbal, incapacidade de articulação das

palavras, falta de coordenação motora (tonteira, queda), agressividade etc.

Segue-se a fase da depressão, do sono e, quando a concentração alcoólica for

grande, o indivíduo pode entrar em estado de coma.

Além dos efeitos sobre o Sistema Nervoso Central, o álcool produz

sudorese, enjôo, vômito, aumento da secreção gástrica e intensa diurese. O

organismo desenvolve tolerância ao álcool, exigindo aumento progressivo das

doses e criando dependência psíquica e física. Ao mesmo tempo, surgem

graves manifestações de irritação gástrica, falta de apetite, emagrecimento,

insuficiência cardíaca e hepática, impotência sexual, tremores, alucinações etc.

Finalmente, é preciso salientar que a ingestão de álcool, em doses

exageradas, durante a gravidez, pode acarretar anormalidades no feto, como

deficiência do crescimento, microcefalia, assimetria facial, cardiopatias

congênitas etc. Crianças de mulheres dependentes do álcool apresentam a

síndrome de abstinência, caracterizada por tremores e irritabilidade.

• Fumo

Entre os inúmeros efeitos negativos do fumo, os mais graves são os que

atingem diretamente o funcionamento dos aparelhos respiratório e circulatório.

Das mais de mil substâncias químicas existentes na fumaça do cigarro, muitas

são cancerígenas.

O alcatrão e a fuligem afetam sobre tudo as vias respiratórias e os

pulmões. Além da irritação que provocam, inibem o movimento dos cílios que

limpam as vias respiratórias e aumentam a quantidade de secreção. Em

conseqüência disso, diminui a eficiência respiratória, surgem a tosse e o

pigarro e torna-se muito mais fácil a instalação de doenças infecciosas, como a

bronquite crônica e o enfisema (destruição dos alvéolos pulmonares).

As doenças do aparelho circulatório 9arteriosclerose, trombose, enfarte

etc.) são estimuladas pela nicotina. Esta substância aumenta a produção de

adrenalina pelas glândulas supra-renais, o que provoca a contração da

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musculatura do sistema circulatório com o conseqüente aumento da pressão

do sangue. A nicotina facilita também o depósito de gorduras nas arréias, que

leva à diminuição da irrigação sangüínea dos órgãos e favorece a formação de

coágulos.

Alguns dados estatísticos, citados por Vasconcellos e Gewandsnajder,

contribuem para a compreensão da gravidade dos efeitos produzidos pelo

cigarro:

X O fumante tem vinte vezes mais probabilidade de sofrer de câncer de

pulmão, bronquite e enfisema do que o não-fumante.

X A mulher que fuma e toma pílulas anticoncepcionais tem cinco vezes mais

chance de ter enfarte.

X Devido à má oxigenação pulmonar, a quantidade de oxigênio que circula no

sangue do fumante é 5% mais baixa, o que prejudica seu desempenho

físico.

X Como a nicotina estimula a produção de sucos digestivos, a chance de o

fumante ter úlceras é sete vezes maior que a do não-fumante.

2.11.2. Procedimentos educativos

Os procedimentos educativos, em relação ao uso de drogas, podem ser

reunidos em dois grupos principais: procedimentos preventivos e

procedimentos curativos.

ò Procedimentos preventivos

Entre os procedimentos preventivos, dois assumem especial importância

no sentido de evitar a dependência das drogas: conhecimento das drogas e

dos seus efeitos e conhecimento das condições que favorecem ou podem

favorecer o início do uso de drogas.

Conhecimento das drogas – Professores, pais e todas as pessoas que

trabalham com crianças e jovens precisam conhecer as principais drogas e

seus efeitos sobre o organismo. Além desse conhecimento, é fundamental que

haja uma conversa franca e amigável entre adultos e jovens sobre o assunto.

Pais e professores devem esclarecer os jovens a respeito das drogas e seus

perigos para o organismo humano. Mas, acima de tudo, é o exemplo dos

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adultos que vai exercer grande influência sobre o comportamento dos jovens

em relação às drogas.

Conhecimento das condições que favorecem o uso de drogas –

Entre essas condições, merecem destaque especial o aspecto econômico e o

aspecto social das drogas. Quanto ao primeiro, é preciso salientar as enormes

somas de dinheiro envolvido no tráfico de drogas, fazendo com que os

traficantes procurem por todos os meios aumentar o número de consumidores.

Quanto ao aspecto social, deve-se pensar especialmente em dois

pontos: as dificuldades de integração social do início da adolescência, e a

influência dos mais velhos sobre os mais jovens. Se amigos e colegas de mais

idade apontam vantagens e benefícios no uso de drogas, certamente

constituirão um fator importante para que os mais jovens iniciem suas

experiências. É importante que professores e pais procurem anular tal

influência negativa – não através de métodos autoritários e ameaçadores, mas

através de diálogo e compreensão, bem como da sugestão de atividades que

facilitem a integração social do jovem. Na medida em que este se sentir

participante e importante em casa e na comunidade, certamente estará menos

sujeito ao fascínio das drogas.

ò Procedimentos curativos

Instalada a dependência, dois procedimentos apresentam-se como de

fundamental importância:

• o tratamento especializado, tanto por parte do médico, quanto por

parte do psicoterapeuta, quando necessário;

• o apoio psicológico e social por parte de pais, amigos, colegas e

professores.

Sempre que tem alguma dificuldade, o que você mais espera de amigos,

professores e pais é a compreensão e a ajuda para superá-la. Da mesma

forma, no caso de drogas, a compreensão, o apoio e o diálogo aberto e franco

são indispensáveis. A solução não está em esconder o problema ou fugir dele,

mas em enfrentá-lo com o firme propósito de superá-lo. Para isso, o apoio de

um amigo é uma condição essencial.

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2.12. CONCLUSÃO

A introdução de conhecimentos sobre a preservação da saúde, visa a

formação de sujeitos que possam conhecer-se e cuidar-se, valorizando sua

identidade e características pessoais, a fim de que tornem-se aptos para agir

com responsabilidade em relação à saúde individual e coletiva. A promoção da

saúde, se faz por meio de um trabalho conjunto da escola com a família, e

demais grupos de referência para o aluno, desenvolvendo-se as questões de

higiene, alimentação, doenças, grande desafio é levar em conta a realidade do

aluno, buscando soluções críticas e viáveis.

A escola sozinha não levará os alunos a adquirirem saúde, mas pode e

deve fornecer elementos que as capacitem para uma vida saudável,

promovendo hábitos de auto-cuidado e respeito às possibilidades e limites do

próprio corpo, levando-os a compreender que a condição de saúde é produzida

nas relações com os meios físico, econômico e sócio-cultural, identificando

fatores de risco à saúde pessoal e coletiva presentes no meio em que vivem.

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CAPÍTULO III

UMA ABORDAGEM CONTEMPORÂNEA SOBRE

A PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE

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3.1. INTRODUÇÃO

O meio ambiente está sob sérias ameaça: poluição, aumento da

temperatura global, esgotamento de recursos naturais etc. Tudo isso é

decorrência do crescimento da população humana e do desenvolvimento

industrial e tecnológico, implementados pelo progresso científico. Felizmente,

na última década, muitas pessoas têm percebido a necessidade de preservar o

ambiente natural.

Para a preservação ambiental é preciso a elaboração de políticas

públicas voltadas para esta questão, e o desenvolvimento da consciência

ecológica dos cidadãos, para que todos possam dar sua parcela de

contribuição.

Como despertar nas pessoas a conscientização relacionada aos

problemas ambientais? Essa consciência já está presente em nossas escolas,

e muitos educadores estão desenvolvendo iniciativas em torno do assunto.

Portanto é fundamental incluir a temática do meio ambiente no cotidiano da

sala-de-aula, “...elaborando um trabalho vinculado aos princípios da

responsabilidade e da participação, voltado para a descoberta dos sintomas e

das reais causas referentes às questões ambientais; e da necessidade de

desenvolver o senso crítico e as atitudes coerentes para resolvê-los.”6

Neste capítulo, são apresentados alguns aspectos problemáticos do

relacionamento entre a humanidade e o ambiente, e também a busca de

soluções para alguns dos principais problemas ambientais.

3.2. O PERIGO DA EXPLOSÃO DEMOGRÁFICA

Uma população humana é, em princípio, semelhante a qualquer

população biológica e está sujeita aos mesmo fatores gerais que regulam o

crescimento populacional. Entretanto, a humanidade tem conseguido controlar

alguns fatores ambientais, o que permitiu um formidável ritmo de crescimento.

6 Parâmetros Curriculares Nacionais, v. 9, p. 75.

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Calcula-se que no ano 8000 a.C. a população do mundo era de

aproximadamente 5 milhões de pessoas. Na época de Cristo, o número de

pessoas atingiu os 300 milhões, saltando para 5500 milhões em 1650. Em

1850, a população humana já era de aproximadamente 1 bilhão de pessoas,

passando a 2 bilhões em 1930. Em 1990, já havia sido ultrapassada a cifra de

5 bilhões. No ano 2000, a população mundial foi estimada em quase 6 bilhões

de pessoas.

O enorme crescimento da população humana deve-se principalmente à

diminuição da taxa de mortalidade, decorrente tanto dos avanços agrícolas e

tecnológicos, que aumentaram a produção de alimentos, como dos progressos

médicos e sanitários, que prolongaram a expectativa de vida.

No que se refere à capacidade de crescer e de colonizar os diversos

ambientes da Terra, nossa espécie é a mais bem-sucedida. Há, porém, um

lado negativo nesse sucesso. Vivemos em um planeta finito, que está sendo

rapidamente degradado pela superexploração dos recursos naturais. A

superpopulação nos grandes centros urbanos gera desconfortos e favorece a

propagação de doenças, tanto em decorrência da alta densidade demográfica

como pela impossibilidade de se adotar medidas sanitárias adequadas. A

concorrência entre as pessoas pela sobrevivência ocasiona conflitos dos mais

variados tipos. A concentração da riqueza por uma minoria gera multidões de

famintos e aumenta os índices de criminalidade a níveis alarmantes.

O maior problema da expansão demográfica é a produção de alimentos,

Como nutrir um número cada vez maior de pessoas? Não é possível aumentar

ilimitadamente as terras cultivadas. Em primeiro lugar, as melhores terras estão

sendo usadas, e certas áreas demandariam tantos recursos para produzir que,

pelo menos por enquanto, não compensa explorá-las. Em segundo lugar,

ecossistemas naturais, como a Amazônia e o pantanal mato-grossense, por

exemplo, não podem ser explorados de forma predatória. É preciso manter

áreas de reserva ecológica para não perder a enorme diversidade biológica

(biodiversidade) produzida nesse bilhões de anos de evolução.

Novas tecnologias agrícolas têm permitido aumentar o rendimento dos

campos cultivados. Excessos de safras podem ser transferidos para países

famintos. Podem-se recuperar solos desgastados ou impróprios e usar mais

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eficientemente as fontes de energia. Entretanto, isso não basta. É preciso frear

o crescimento da população humana por meio do planejamento familiar e do

controle consciente da natalidade.

Se o crescimento da população for freado, a humanidade poderá ganhar

tempo para resolver seus inúmeros problemas, como a fome, as doenças, as

desigualdades econômicas e a degradação ambiental. Se a expansão

demográfica prosseguir sem controle, porém, a pressão populacional agravará

todos os problemas, alguns já sérios, que afetam a humanidade.

3.3. A POPULAÇÃO DO AR

Além de contribuir para o efeito estufa, a queima de combustíveis fósseis

por fábricas, usinas e veículos motorizados lança uma série de produtos

tóxicos no ar. Um deles, o monóxido de carbono é capaz de combinar-se com a

hemoglobina do sangue, impedindo o transporte de oxigênio pelas hemácias e

dificultando a oxigenação dos tecidos. Os efeitos dessa combinação no

organismo dependem da concentração de monóxido no ar; geralmente a

pessoa sente dores de cabeça, enjôos, perda de consciência e pode morrer por

asfixia. Carro com motor ligado em garagem fechada e banheiro pouco

ventilado com escapamento de gás do aquecimento representam situações de

perigo, pois o monóxido de carbono se forma pela queima da gasolina no

motor, saindo pelo escapamento do carro e também encontra-se misturado ao

gás de rua e de bujões. Por isso, é importante manter aquecedores, fogões e

bujões de gás em ambientes arejados e em bom estado de conservação, de

modo a evitar vazamentos.

A combustão por veículos e fábricas leva também à formação de óxidos

de nitrogênio e de enxofre, como o dióxido de nitrogênio e o dióxido de enxofre.

Esses gases irritam olhos, nariz e garganta, além de prejudicar as vias

respiratórias e os pulmões, diminuindo a capacidade que os cílios das células

epiteliais têm de limpar as vias respiratórias. Além disse, provocam enfisema,

que é a destruição gradativa dos alvéolos pulmonares. Esses óxidos causam

também a chuva ácida. Isso acontece quando eles se combinam com o vapor

de água, formando ácidos, como o ácido nítrico e o sulfúrico. A chuva torna-se

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tão ácida que pode destruir plantações, florestas, poluir rios e lagos, corroer

prédios e monumentos.

Outro componente lançado pela queima de combustível é o chumbo,

quando adicionado à gasolina para melhorar o desempenho do motor de

carros. Lançado no ar, o chumbo pode ser absorvido pelo organismo,

acumulando-se gradativamente e provocando lesões no sistema nervoso.

Costuma causar também doenças ósseas, sobretudo em crianças. Por isso,

muitos países, inclusive o Brasil, pararam de adicionar esse metal à gasolina.

Na Cidade do México, onde não há essa proibição, cerca de 30% das crianças

têm níveis prejudiciais de chumbo no sangue.

Outro grande problema de poluição do ar são os hidrocarbonetos,

compostos por carbono e hidrogênio e emitidos por veículos. Alguns

hidrocarbonetos, como o benzopireno, são mutagênicos e cancerígenos.

3.3.1. A inversão térmica

Em situação normal, a temperatura do ar diminui com a altitude, uma vez

que as camadas inferiores de ar são aquecidas pelo reflexo dos raios solares

no solo. O ar próximo ao solo torna-se, então, menos denso que o ar mais frio

das camadas superiores, o que faz surgir duas correntes de ar em sentidos

opostos: uma de ar quente, que sobe, outra de ar frio, que desce e substitui o

arque subiu. Formam-se, assim, correntes de confecção, que facilitam a

dispersão dos poluentes.

Entretanto, durante a madrugada no inverno, o ar próximo ao solo torna-

se mais frio que o das camadas superiores. Como os raios solares do dia são

fracos nessa estação do ano, eles não conseguem aquecer suficientemente o

ar próximo ao solo para que se formem as correntes de convecção. Forma-se,

assim, uma “bolha” de ar quente nas camadas superiores, impedindo a

dispersão do ar frio das camadas inferiores – justamente onde os poluentes

estão sendo produzidos. Esse fenômeno é chamado inversão térmica.

A falta de chuvas e de ventos pode agravar ainda mais a situação.

Temos o caso de Cubatão (SP), cidade próxima de uma montanha; esta age

como uma barreira para os ventos horizontais. Em conseqüência da inversão

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térmica, o ar poluído fica estacionado sobre aquela cidade e as substâncias

tóxicas se acumulam no ambiente. Quando isso ocorre, verifica-se um aumento

significativo no número de pessoas afetadas por doenças respiratórias,

especialmente crianças.

3.3.2. Soluções

Está relacionado a seguir algumas medidas necessárias,

sobretudo nas grandes cidades, para evitar ou diminuir a poluição do ar:

q Instalação de filtros e equipamentos anti-poluentes nas indústrias.

q Planejamento na instalação de indústrias e fábricas, de modo a evitar sua

proximidade de centros populosos.

q Implantação de áreas verdes e de lazer em centros urbanos, pois os

vegetais atuam como barreiras e “filtros” anti-poluentes, absorvendo gases

tóxicos e produzindo oxigênio.

q Construção de vias expressas e gerenciamento do tráfego para diminuir os

congestionamentos no trânsito.

q Controle de qualidade dos combustíveis e da emissão de poluentes pelos

veículos automotores. Atualmente, os carros novos já são projetados com

injeção eletrônica e catalisadores, que diminuem bastante a emissão de

poluentes.

q Fiscalização e multa em veículos com motor desregulado, que polui mais e

consome mais combustível.

q Substituição de veículos movidos a combustíveis derivados de petróleo por

outros menos poluentes, como metrô, ônibus ou trens elétricos. O gás

natural (uma mistura de 90% de metano e 10% de outros gases), já

utilizado em alguns ônibus e táxis, polui menos que o álcool e a gasolina –

emite 89% menos hidrocarbonetos, 79% menos monóxido de carbono e

65% menos óxidos de nitrogênio.

q Investimento em transportes coletivos, já que o carro é responsável por

90% da poluição do ar (um ônibus transporta em média trinta vezes mais

pessoas que um carro).

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q Monitoramento e controle dos níveis de poluição do ar, para reduzir ou

interromper as atividades poluidoras se a poluição atingir níveis altos em

situações desfavoráveis, como a inversão térmica.

3.4. A POLUIÇÃO DA ÁGUA

A saúde de uma população está intimamente relacionada à qualidade da

água que abastece: boa parte das doenças humanas é causada por água

contaminada e 25 mil pessoas morrem a cada dia por beber água poluída.

No entanto, continuamos a tratar nossos rios, mares e lagos como latas

de lixo, neles despejando esgotos não tratados, plásticos e milhares de

produtos químicos tóxicos. Com isso aumentamos não apenas as doenças,

mas também os custos econômicos para tratar a água consumida pela

população, além de comprometer o potencial de pesca dos ecossistemas

aquáticos.

3.4.1. A disseminação de doenças

Não é à toa que a cólera e outras doenças como o tifo, a hepatite, a

esquistossomose e a gastroenterite infecciosa (diarréia) atingem os países

pobres. Calcula-se que cerca de 80% das doenças dos países pobres estejam

relacionados à água não tratada, à ausência de informação básica sobre

higiene e às condições precárias de saneamento.

Essas doenças são transmitidas por água contaminada com germes ou

ovos de parasitas que saem pelas fezes dos doentes. Se houvesse rede de

esgotos com estação de tratamento, a água seria descontaminada antes de ser

despejada em rios, lagos e mares; assim, as doenças não se espalhariam. Na

falta de rede de esgotos e estação de tratamento, as fossas sépticas também

evitam que os dejetos humanos fiquem a céu aberto e sejam levados aos rios,

mares e lagos pelas chuvas.

Um modo de avaliar a qualidade da água é medir sua quantidade de

coliformes fecais – bactérias que vivem no intestino do homem e são

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eliminadas com as fezes no esgoto doméstico. Quanto maior o número de

coliformes, maior a contaminação da água.

3.4.2. Eutrofização: acúmulo de nutrientes minerais na água

Embora as camadas superficiais da água recebam muita luz, a

fotossíntese é limitada pela baixa concentração de sais minerais, o que

restringe o crescimento da população de algas. No entanto, quando lançamos

esgotos domésticos na água ou quando fertilizantes e adubos chegam até ela

através das chuvas, o excesso de minerais provoca a proliferação das algas

microscópicas que vivem próximas à superfície. Com isso, forma-se uma

camada de algas de alguns centímetros de espessura, que impede a

penetração de luz na água e, portanto, a realização de fotossíntese nas

camadas mais profundas. Isso mata as algas que estão abaixo da superfície. A

grande quantidade de algas mortas favorece o aumento das bactérias

decompositoras, que passam a consumir muito oxigênio para realizar a

decomposição. Resultado: começa a faltar oxigênio na água, o que provoca a

morte de peixes e outros organismos aeróbios (o oxigênio produzido pelas

algas da superfície escapa quase todo para o ar, em vez de dissolver-se na

água). Com a falta de oxigênio, a decomposição da matéria orgânica, que

inicialmente era aeróbia, passa a ser anaeróbia, levando à produção de gases

tóxicos, como o gás sulfídrico.

O acúmulo de nutrientes minerais na água desencadeia o fenômeno

chamado eutrofização ou eutroficação (eu = bem; trofo = comida), que causa

desequilíbrios ecológicos e mata numerosos organismos, através de uma

cadeia de acontecimentos. A seqüência dessa cadeia é: proliferação e morte

de algas; proliferação de bactérias aeróbias; queda na taxa de oxigênio; morte

dos aeróbios; decomposição anaeróbia e produção de gases tóxicos.

Um processo semelhante (que alguns autores também chamam de

eutrofização) acontece quando lançamos uma quantidade excessiva de

substâncias orgânicas na água. Neste caso, há um aumento de

microrganismos decompositores, o que leva a um aumento no consumo de

oxigênio e a uma queda na taxa desse gás, causando a morte de seres

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aeróbios. Ocorre também um a proliferação de bactérias anaeróbias, que

liberam gases tóxicos na água. A cadeia, neste caso, tem como seqüência:

excesso de matéria orgânica, aumento no número de bactérias aeróbias;

diminuição de oxigênio; morte dos seres aeróbios; decomposição anaeróbia;

produção de gases tóxicos.

Em alguns casos, o excesso de nutrientes ou mesmo a variação de

luminosidade leva à proliferação apenas de certas espécies de algas capazes

de liberar substâncias que se concentram ao longo da cadeia, intoxicando

peixes e mamíferos aquáticos. Nos locais onde ocorre esse fenômeno –

chamando de maré vermelha -, o mar geralmente adquire uma coloração

avermelhada, provocada pelos pigmentos das algas em decomposição.

Dependendo do tipo de alga, o mar adquire um tom amarelado ou pardo.

3.4.3. O acúmulo de produtos não-biodegradáveis

As substâncias não-biodegradáveis – como metais pesados, plásticos e

alguns agrotóxicos – tendem a se concentrar ao longa da cadeia, provocando a

intoxicação dos seres dos últimos níveis tróficos. Foi o que ocorreu na baía de

Minamata, no Japão, quando uma indústria lançou resíduos de mercúrio na

água, intoxicando mais de 1300 pessoas.

Vimos também que desastre semelhante pode ocorrer no Brasil, nas

regiões do garimpo: os garimpeiros adicionam mercúrio à mistura de cascalho

e ouro, formando um amálgama de ouro e mercúrio que então se separa do

resto. Em seguida, põem fogo no amálgama, evaporando o mercúrio que se

separa do ouro. O garimpeiro respira o vapor do metal e se intoxica. Além

disso, o vapor de mercúrio é trazido do ar pelas chuvas e, no solo, reage com

produtos orgânicos, originando o meilmercúrio, solúvel em água e bem mais

tóxico. Entrando na cadeia alimentar, o metilmercúrio contamina o homem. A

partir de determinadas concentrações, o mercúrio pode provocar lesões no

aparelho digestivo, nos rins, no sistema nervoso e até mesmo a morte.

3.4.4. A maré negra

Em todas as fases de exploração, refinamento, transporte e distribuição

do petróleo podem acontecer vazamentos, que causam danos ao ecossistema

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aquático. Alguns dos grandes poços de petróleo do mundo ficam nas

profundezas do mar, onde são montadas as plataformas de exploração.

Quando tanques de navios petroleiros são lavados no mar, aquela região fica

poluída. Quando o petroleiro está vazio, costuma-se encher seus tanques com

água para dar equilíbrio; depois, a água suja de petróleo é jogada no mar,

poluindo-o também.

As aves e os mamíferos aquáticos são os primeiros a sentir o efeito

dessa poluição: além de intoxicá-los, o petróleo elimina o colchão de ar retido

entre os pêlos e as penas. O resultado é a perda da capacidade de isolamento

térmico, fazendo com que o animal não consiga mais se proteger contra o frio.

Uma parte do petróleo se espalha na superfície da água, formando uma

fina película que diminui a passagem da luz e impede a troca de gases

necessária à fotossíntese e à respiração dos seres aquáticos, destruindo assim

o plâncton e matando muitos animais. Outra parte do petróleo afunda,

intoxicando peixes, crustáceos e moluscos. Através da cadeia alimentar, as

substâncias tóxicas do petróleo – algumas cancerígenas – podem atingir o

próprio homem, quando ele come peixe contaminado.

Algumas bactérias e fungos são capazes de degradar o petróleo, mas o

processo é lento. Quando há grandes acidentes com petroleiros, são lançadas

na água bactérias especiais, aptas a acelerar a degradação natural do petróleo.

3.4.5. Soluções

Ainda que a evolução dos processos técnicos permita atualmente a

limpeza dos rios já poluídos, como ocorreu na Inglaterra com o rio Tâmisa e no

Brasil com o rio Sorocaba (SP), esse trabalho pode ser demorado e muito

dispendioso. Por isso, é melhor prevenir do que remediar. Está relacionado

abaixo algumas medidas que podem ser tomadas:

q Construção de mais biodigestores, aparelhos que decompõem a matéria

orgânica do esgoto e do lixo, produzindo o gás metano, que pode ser

utilizado como combustível. O resíduo sólido é aproveitável como adubo,

desde que sejam eliminados os metais pesados e outras substâncias

tóxicas.

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q Proibição e fiscalização do lançamento de produtos químicos na água,

multando as indústrias poluidoras. Metais pesados, como chumbo e

mercúrio, não devem ser lançados na água, mas armazenados e

reaproveitados.

q Controle da poluição nos garimpos, utilizando tecnologias mais modernas,

com aparelhos que reaproveitam o mercúrio e eliminam 95% da poluição.

q Fiscalização da exploração, do transporte e da distribuição do petróleo. Em

caso de vazamento, utilizar técnicas para limpar a água, como produtos que

absorvem o óleo (palha de trigo ou arroz), fitas especiais arrastadas por

barcos ou ainda bactérias que digerem o óleo.

q Uso correto de fertilizantes e adubos, para diminuir a eutrofização da água.

q Buscar energias alternativas, para diminuir o consumo de petróleo.

Convém lembrar que a distribuição de água potável é muito cara e

demorada, pois a água passa por vários processos de tratamento antes de ser

distribuída. Por isso, não se deve desperdiçar água.

3.5. A DESTRUIÇÃO DOS SOLOS

O solo sempre foi a principal fonte de sustento para a humanidade.

Desde tempos remotos o homem cultiva plantas e domestica animais:

inicialmente desenvolveu a agricultura e a pecuária apenas para sua

sobrevivência; depois produziu excedentes.

Assim, passou de simples coletor a produtor. A partir daí, o cultivo da

terra (seja através de métodos primitivos ou modernos), aliado ao crescimento

acelerado da população mundial, levou ao desmatamento desenfreado e,

conseqüentemente, ao esgotamento do solo.

A destruição progressiva da vegetação natural – para a obtenção de

madeira e minérios, e para a urbanização – acelerou a erosão, comprometendo

cerca de 6 milhões de hectares de terra produtiva no mundo.

3.5.1. A erosão acelerada

Fenômeno natural e lento, a erosão ocorre quando o impacto das

chuvas desagrega as partículas que formam a camada superficial e mais fértil

do solo, facilitando seu transporte – através das chuvas e dos ventos – de

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regiões mais altas para rios, lagos, oceanos e vales. Esse processo é

equilibrado pela desagregação natural das rochas. Porém, tal compensação

deixa de existir quando o homem interfere, acelerando o processo de erosão

com desmatamento e queimada de florestas, por exemplo.

A cobertura vegetal protege o solo de várias maneiras. A copa das

árvores impede que a chuva caia fortemente no solo, retirando sua camada

levemente superficial; as raízes ajudam s reter as partículas do solo. Essa

proteção também é importante para evitar o processo denominado lixiviação,

isto é, que os sais minerais sejam levados pela água das chuvas para as

camadas mais profundas do solo, onde as raízes dos vegetais não podem

alcançá-los. As árvores também impedem a erosão pela ação direta dos

ventos.

A erosão provoca também o acúmulo de terra no fundo dos rios,

facilitando seu transbordamento e inundações. Esse acúmulo de terra é

chamado assoreamento dos rios.

Outro fator erosivo é a substituição de mata original por lavoura. Muitas

plantações – como o milho, a cana-de-açúcar, o algodão e o feijão – deixam o

solo exposto boa parte do ano. Mesmo culturas perenes – que cobrem o solo o

ano todo, como o café – não são capazes de fornecer a mesma proteção que a

cobertura original. Isso porque as raízes desses vegetais cultivados são curtas

e espaçadas, não sendo capazes de reter tão bem o solo. Além disso, essas

raízes (curtas) não conseguem absorver os sais que foram levados para as

camadas mais profundas do solo, depois do desmatamento.

O espaçamento e a pouca folhagem das plantas de áreas agrícolas

também não amortecem o impacto das chuvas com a mesma eficiência da

cobertura original.

Convém notar que a reciclagem presentes nos ecossistemas naturais

fica prejudicada nas plantações, já que o homem retira os produtos nutritivos

das plantas, impedindo que os dejetos retornem para o solo.

O desmatamento por queimadas destrói os microrganismos

decompositores responsáveis pela reciclagem dos nutrientes. Assim, é

passageira a fertilidade inicial resultantes dos sais minerais presentes nas

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cinzas. Sem a reciclagem e sem o depósito de folhas e animais mortos, o

húmus se esgota em dois ou três anos.

A criação de gado, quando é muito intensiva, também pode destruir o

solo. Isso porque cada região só tem condições de manter um número

determinado de herbívoros. Quando esse número ultrapassa a capacidade de

sustentação do terreno, a pastagem e o pisoteio excessivos destroem a

vegetação, a tal ponto que ela não consegue mais se regenerar. Resultado:

esgotamento do solo e aparecimento da erosão.

O mau uso da terra provoca em algumas regiões a formação ou a

expansão das condições encontradas nos desertos. Estamos falando da

desertificação, processo que vem acontecendo em várias áreas do nordeste

brasileiro.

3.5.2. Os perigos dos agrotóxicos

As culturas agrícolas são, em geral, muito sensíveis ao ataque de

pragas. Isso é particularmente perigoso nas monoculturas, onde os insetos e

outros organismos parasitas (como fungos) têm muita facilidade de se propagar

de planta para planta, devido à proximidade entre elas e à ausência de

predadores naturais. Para defender as plantações de seus predadores e

parasitas, o homem desenvolveu diversos tipos de agrotóxicos.

Também chamados de praguicidas, pesticidas, defensivos agrícolas e

biocidas, os agrotóxicos protegem as sementes, as plantações e os alimentos

estocados contra o ataque de pragas, como gafanhotos, formigas, carunchos,

brocas (larvas de besouro), fungos e ervas daninhas.

Os agrotóxicos são representados por inseticidas, fungicidas, herbicidas

etc. Os inseticidas ajudaram a aumentar muito a produção de alimentos e

foram importantes para o controle de diversas doenças, como a malária, a

febre amarela e a febre tifóide, transmitidas por inseto. No entanto, seu uso

indiscriminado acabou trazendo vários problemas ecológicos.

Os primeiros inseticidas sintetizados em laboratório foram os

organoclorados, assim chamados por possuírem átomos de cloro presos a uma

cadeia de carbonos. Um exemplo é o DDT (dicloro-difenil-tricloroetano).

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Os organoclorados são inseticidas bastante estáveis (o DDT persiste,

em média, de 10 a 15 anos no solo) e, por isso, continuam agindo muito tempo

depois de aplicados, além de serem bastante econômicos. Mas como sua

degradação é lenta, tendem a se acumular ao longo das cadeias alimentares.

Nos animais, depositam-se nos tecidos adiposos, no cérebro, no fígado, nas

glândulas sexuais etc. Quem mais sofre são os animais dos últimos níveis da

cadeia, onde o inseticida atinge altas concentrações.

O DDT também já foi encontrado em leite materno. Mas ainda se

discutem os efeitos sobre o homem dos organoclorados absorvidos pela cadeia

alimentar (alguns estudos indicam risco de câncer a partir de certas

concentrações do produto). Contudo, sabe-se que o maior problema acarretado

pelos inseticidas é o envenenamento do agricultor por absorção direta, através

da pele, olhos e vias respiratórias, caso não se proteja com máscara, luvas e

macacão.

O efeito tóxico de muitos inseticidas é conseqüência de sua ação

inibidora sobre uma enzima, a colinesterase, que controla as contrações

musculares. Sem essa enzima, surgem tremores, paralisia muscular e

dificuldades respiratórias que podem levar à morte por asfixia. A intoxicação

ataca também o fígado, os rins e os pulmões.

Na maioria dos países, o DDT e outros organoclorados foram

substituídos por inseticidas organofosforados – produzidos a partir de

compostos orgânicos com fósforos na molécula, como o malation – e por

inseticidas carbonatos – como o tiofanato.

Embora sejam destruídos mais rapidamente que os organoclorados,

tanto os organofosforados como os carbonatos são também tóxicos ao homem

e aos animais. Além disso, por serem muito solúveis em água, podem ser

levados pelas chuvas para rios, lagos e outros ecossistemas aquáticos,

matando as espécies daqueles ambientes.

Os agrotóxicos destroem indistintamente todo tipo de inseto, mesmo

aqueles que se alimentam de pragas nocivas. É o caso do louca-a-deus, que

come gafanhotos; das vespas que se alimentam das brocas; da joaninha que

come pulgões. Além desses, os inseticidas matam outros insetos úteis ao

homem, como as abelhas e borboletas, responsáveis pela polinização.

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O uso prolongado de inseticidas acaba favorecendo as linhagens que

resistem naturalmente a seus efeitos. O resultado dessa seleção é que as

populações de insetos passam a ser formadas por um grande número de

indivíduos resistentes (o número de insetos resistentes aos pesticidas dobrou

em doze anos e já se conhecem mais de 400 espécies de pragas resistentes).

Dessa forma, as doses de inseticidas devem ser aumentadas, agravando

assim a poluição.

3.5.3. Soluções

Também no caso do solo, a prevenção contra seu desgaste é sempre

mais indicada do que adotar métodos para restaurá-lo. A seguir relacionamos

algumas medidas que podem ser tomadas tanto no sentido de prevenir, como

no de reduzir erosões já instaladas:

q O solo deve ser cultivado de modo a diminuir ao máximo a erosão e o

esgotamento dos seus minerais – principalmente em terras áridas ou semi-

áridas e em solos tropicais, que ficam mais expostos ao sol e à chuva após

o cultivo intensivo de monoculturas, alternando-se, por exemplo, plantações

de cereais com plantações de leguminosas, que repõem no solo o

nitrogênio retirado pelos cereais.

q Nas encostas, onde o declive do terreno facilita a erosão pelas enxurradas,

as plantações devem ser feitas em degraus, também chamados de

terraços, estes diminuem a velocidade de escoamento e ajudam a reter a

água do solo. Outra técnica é a de formar fileiras de plantas perpendiculares

à queda de água: ao invés de se plantarem fileiras no sentido da inclinação

do terreno, o que facilitaria o fluxo da água, a plantação segue uma curva, a

curva de nível, cujos pontos estejam todos em uma mesma altura.

q É preciso também limitar a criação de animais em terras áridas e semi-

áridas, pois são mais sujeitas à desertificação.

q Ao lado de áreas destinadas a culturas, deve ser preservada uma região

com vegetação natural, ocupando áreas críticas como as encostas

íngremes (pois a erosão aumenta com a declividade do terreno) e as

margens de rios e lagos. Além de evitar a erosão e o assoreamento, a

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vegetação natural contribui para a preservação das espécies selvagens e

desvia a ação das pragas para plantas não produtivas.

q Em vários casos, a erosão pode ser reduzida por uma agricultura mais

adequada a nosso clima e solo e por técnicas simples, como a colocação

de restos de folhas, como a colocação de restos de folhas e cascas das

culturas entre as plantas, diminuindo a perda provocada pela água que

corre em solo desprotegido.

3.6. O LIXO URBANO

Uma das maiores agressões ao meio ambiente é o lançamento de lixo.

Este pode ser de vários tipos, como: industrial, hospitalar, agrícola, nuclear e

urbano. O lixo urbano, gerado nas cidades, é o que mais cresce no mundo e

um dos que mais causam impacto ambiental.

A maior parte desse lixo é de matéria orgânica (restos de alimento,

papel, papelão, couro etc.), que pode ser decomposta por fungos e bactérias.

O restante é formado por componentes de matéria não-biodegradável ou que

se degrada com dificuldade. Um exemplo são os plásticos, que levam muitos

anos para se decompor. Grande parte das sobras urbanas também são

substâncias tóxicas, como tintas, solventes e remédios.

Além de poluir o solo, o lixo jogado na terra se infiltra e contamina a

água subterrânea quando a chuva faz a lixiviação dos materiais de lixo,

liberando substâncias nocivas. Embora a incineração (queima de lixo) tenha a

vantagem de diminuir muito o volume de lixo e elimine micróbios de restos

contaminados (como materiais hospitalares), trata-se de um processo caro, já

que para garantir uma combustão completa e evitar a poluição do ar são

necessários filtros e equipamentos especiais. Além disso, pode ser necessário

um tratamento específico para evitar que certos tipos de lixo liberem gases

tóxicos.

Outra forma de lidar com o lixo é o uso de aterros sanitários. Trata-se de

terrenos onde o lixo é depositado em depressões forradas por uma camada de

argila ou asfalto. Quando os depósitos estão cheios de lixo, são fechados com

argila. As áreas geologicamente apropriadas aos aterros devem ser de difícil

acesso à população. No entanto, com o crescimento das cidades, o que se

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percebe, é que em breve não haverá mais áreas para depósito de lixo. Enterrar

o lixo está longe de ser uma solução, pois ele pode contaminar os lençóis de

água subterrâneas, que suprem os mananciais usados pela população.

Queimar o lixo contribui para agravar ainda mais a poluição atmosférica.

Uma solução par ao problema do lixo é sua reciclagem, isto é, seu

reaproveitamento. Entretanto, para que se possa reciclar o lixo, é fundamental

separar os diversos tipos, processo conhecido como triagem. Latas, por

exemplo, podem ter seu metal reaproveitado; plásticos e papel podem também

ser reciclados. Calcula-se que se os EUA reciclassem 50% do papel utilizado,

em vez dos 20% que reciclam atualmente, poderiam deixar de cortar cerca de

100 milhões de árvores por ano.

A parte orgânica do lixo, uma vez separada, pode ser degradada por

microorganismos em grandes tanques chamados biodigestores. Com a

biodigestão, forma-se o metano, também denominado gás natural, que pode

ser aproveitado como combustível residencial, industrial ou de automóveis. Os

resíduos sólidos da biodigestão podem ser utilizados como fertilizante do solo.

A reciclagem é ainda muito cara, sendo mais fácil e mais barato usar

matéria-prima virgem em vez de matérias recicladas. Nesse cálculo, no

entanto, não está sendo levada em conta a degradação do ambiente, que pode

vir a ter um custo altíssimo para as futuras gerações. No futuro, porém, com a

escassez das matérias-primas e o avanço das tecnologias de reciclagem, o

reaproveitamento do lixo deverá ser superior a 50%.

É cada vez mais urgente educar a população acerca do problema do

lixo. Mais cedo ou mais tarde o poder público e a população terão de conjugar

esforços para resolvê-los não só por meio da reciclagem, mas também por

meio da educação e de campanhas para estimular as pessoas a desperdiçar

menos, produzindo assim menos lixo.

Contudo, a reciclagem também pode causar poluição ambiental, caso os

produtos químicos utilizados no reaproveitamento não sejam manipulados de

forma correta.

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3.6.1. Soluções

O problema do gerenciamento do lixo afeta a todos. Relacionamos

abaixo algumas soluções que, postas em prática, podem colaborar na

manutenção da qualidade do meio ambiente:

q Evite sacolas plásticas de lojas ou supermercados para carregar compras.

Sempre que possível, utilize sua própria sacola, bolsa ou mochila. A

produção de plásticos, isopor e espumas consome muita energia e petróleo.

Além disso, todos esses produtos são tóxicos: muitas aves e animais

marinhos morrem quando ingerem fragmentos deles. Espuma e isopor

possuem CFC, um gás altamente perigoso para o nosso planeta, pois

contribui de maneira decisiva para a destruição da camada de ozônio.

q Sempre que possível, evite produtos descartáveis. Use os reaproveitáveis;

por exemplo, coador de café de pano em vez de coador de papel; toalha de

pano em vez de toalha de papel.

q Não use papel de alumínio ou recipiente de PVC para guardar comida na

geladeira – os recipientes reaproveitáveis são sempre melhores.

q Não jogue lixo na rua. Se estiver na praia, recolha seu lixo em sacos e

depois jogue num cesto.

q Não jogue no lixo roupas, brinquedos antigos, utensílios de casa ou sapatos

– são objetos que devem ser doados ou restaurados.

q Separe vidros, jornais, revistas e embalagens de papel para vender ou dar a

“catadores de rua” ou, ainda, encaminhar para coleta seletiva, se houver em

sua cidade.

q Prefira os aparelhos elétricos aos que funcionam a pilhas: estas contêm

mercúrio e outras substâncias tóxicas. No caso de calculadoras, escolha as

que funcionam com energia solar.

q Economize energia. Isso significa economizar petróleo e seus derivados. O

petróleo polui quando queimado como combustível. Além disso, quanto

menos energia elétrica for usada, menos usinas serão necessárias e as

lâmpadas terão maior durabilidade, diminuindo a quantidade de vidros nos

lixos.

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q Participe de associações de bairro e de movimentos ecológicos para

pressionar o governo em todas as questões ligadas à proteção ao meio

ambiente.

q Informe-se no que diz respeito às últimas tecnologias referentes ao

gerenciamento de lixo urbano.

3.7. POLUIÇÃO SONORA

Embora não tenha o destaque merecido nos meios de comunicação, a

poluição sonora passou a ser considerada pela Organização Mundial da Saúde

(OMS) uma das três prioridades ecológicas, depois da poluição do ar e das

águas. Forma invisível de poluição, o nível de ruídos tem atingido intensidades

insuportáveis nas grandes cidades. Devido à urbanização acelerada, um

número cada vez maior de pessoas é atingida pelo barulho do trânsito, das

obras de construção, do tráfego nos aeroportos, das indústrias etc. os mais

afetados são os que trabalham nesses lugares.

3.7.1. Efeitos da poluição sonora

No organismo, os efeitos da poluição sonora dependem da intensidade

do som, do tempo de exposição a ele e da sensibilidade de cada pessoa. A

intensidade do som pode ser medida através de uma unidade chamada decibel

(db). A voz humana, em tom normal, produz um som da ordem de 60 decibéis.

Uma buzina muito alta, uma britadeira ou um ônibus podem produzir um

barulho de 100 decibéis.

Se uma pessoa fica resposta por mais de meia hora a esse som, poderá

ter uma perda leve da audição. Nesse nível, há alterações no ouvido que

geram zumbidos. Mas a perda é passageira: em algumas horas, ou no máximo

semanas, a audição volta ao normal. Se o som for mais intenso e a exposição

mais prolongada, poderá haver destruição de parte das 30.000 células do

órgão de Corti, onde ocorre a transformação da onda sonora em impulso

nervoso. Nesse caso, há uma redução irreversível as audição, que pode

aumentar progressivamente se o indivíduo continuar exposto ao som intenso.

A tabela a seguir dá uma idéia do valor médio de decibéis produzidos

em determinadas situações e atividades humanas.

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SituaçãoDecibéis

(aprox.)Efeitos no organismo

Janelas abertas para rua de

circulação média

60 Possível interferência no sono

Pessoas conversando

animadamente

70 Limite de desconforto

Rua de circulação intensa 80 Alguma irritação

Rua de circulação intensa no

horário do rush

90 Risco de problemas auditivos e

nervosos, sob exposição

prolongada

Britadeira, buzina, veículo com

escapamento aberto, ônibus

acelerando

100 Risco de surdez, sob exposição

de oito ou mais horas por dia

Discoteca 110 Risco de surdez, problemas

nervosos etc.

Avião a jato decolando a cem

metros de distância

120 Início de dor; problemas variados,

sob exposição freqüente

Fonte: LINHARES, S. e GEWANDSZNAJDER, F. Biologia. São Paulo: Ática, 1993.

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Na tabela a seguir o tempo máximo suportável de exposição diária em função

do número de decibéis:

Nível de ruído (db) Tempo máximo de

exposição diária

85 8h

86 7h

87 6h

88 5h

89 4h30min

90 4h

91 3h30min

92 3h

93 2h40min

94 2h15min

95 2h

96 1h45min

98 1h15min

100 1h

102 45min

104 35min

105 30min

106 25min

108 20min

Fonte: LINHARES, S. e GEWANDSZNAJDER, F. Biologia. São Paulo: Ática, 1993.

Um ruído de 85 decibéis pode ser aceito por 8 horas sem lesão, mas

com 90 decibéis o tempo diminui para 4 horas. Por isso, a OMS estabeleceu

que, para o ouvido humano funcionar devidamente até o fim da vida, a

densidade do som na cidade não deveria ultrapassar 70 decibéis. No entanto,

em metrópoles como São Paulo, Rio de Janeiro, Tóquio, Nova York e Cidade

do México o barulho é de 80 decibéis, aumentando em horários críticos: a

intensidade pode chegar a 93 decibéis na hora do rush, em certos locais.

Nas fábricas, o cível máximo de ruído deve ser de 85 decibéis. Acima

desse nível os trabalhadores devem ser informados e orientados a usar

protetores de ouvido, que a própria fábrica deve fornecer. Se o ruído chegar a

90 decibéis, a empresa precisa tomar medidas para diminuí-lo.

A poluição sonora não afeta apenas a audição: ela também é

estressante, estimulando a produção de adrenalina e colesterol, favorecendo

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problemas cardíacos (hipertensão e enfartes), gastrites, úlceras, distúrbios

emocionais e alterações menstruais na mulher. Quanto mais uma pessoa

estiver incomodada com um ruído, maior serão seus efeitos negativos.

3.7.2. Soluções

Relacionamos a seguir algumas medidas que poderiam ser tomadas

pelo governo para minimizar o problema da poluição sonora nas grandes

cidades:

q Desviar o trânsito pesado, como o de caminhões, para longe dos centros

residenciais e das áreas de lazer.

q Construir aeroportos longe de locais populosos.

q Conservar e ampliar as áreas verdes, porque elas funcionam como

isolantes do som.

q Promover campanhas educativas para que os motoristas só buzinem o

necessário, evitem freadas violentas e não usem escapamentos abertos em

seus carros, o que já é proibido por lei.

q Obrigar o uso de tampões de ouvido para aqueles que trabalham em

lugares muito barulhento. Periodicamente, esses trabalhadores devem

consultar um médico para verificar se a saúde não está sendo afetada pela

poluição sonora.

3.8. CONCLUSÃO

A questão ambiental vem senso considerada como cada vez mais

urgente e importante para a sociedade, pois o futuro da humanidade depende

as relação entre a natureza e o uso de recursos naturais pelo homem, de forma

consciente e adequada.

A escola, como agente de transformação social, deve oferecer

oportunidades para que cada aluno desenvolva suas potencialidades e assuma

posturas pessoais e sociais, que lhe proporcionem uma relação construtiva

consigo e com seu meio, contribuindo para que a sociedade seja

“...ambientalmente sustentável e socialmente justa; protegendo, preservando

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todas as manifestações de vida no planeta; e garantindo condições para que

ela prospere com força, abundância e diversidade...”7.

Para tanto, é preciso o envolvimento de toda a comunidade escolar

9professores, alunos, pais, direção, funcionários). Todas precisam elaborar

objetivos comuns, e as formas de alcançá-los, esclarecendo a função de cad

um nessa tarefa. Afinal, a convivência escolar é decisiva na aprendizagem; e a

escola é o espaço de atuação mais imediato para os alunos.

Através da promoção de atividades interligadas ao tema, garante-se a

construção da identidade do aluno, como cidadão consciente de suas

responsabilidades com o meio ambiente e, capaz de atitudes de melhoria em

relação a ele.

7 Parâmetros Curriculares Nacionais, v. 9, p. 53.

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CAPÍTULO IV

CONCLUSÃO

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4. CONCLUSÃO

Na raiz das questões referentes à preservação da saúde e proteção do

meio ambiente, está uma determinada concepção do mundo, da vida e do

homem. Certamente, quem danifica a natureza ou não pratica hábitos de

saúde, não concebe o mundo como sendo uma realidade global, onde danos a

uma parte acarretam danos ao todo.

É por isso que se pode afirmar que o fundamental é a educação. Através

dela, desenvolve-se uma concepção integrada de mundo, de vida e de

humanidade. A partir daí surge a responsabilidade da escola: valorizar o

interesse coletivo, e não a parte, o interesse individual.

Portanto a educação para preservação da saúde e proteção ao meio ambiente,

deve ser uma realidade em nossas escolas, sensibilizando o aluno para a

busca permanente da compreensão, de modo integrado, das noções básicas

relativas ao meio ambiente, e das medidas práticas de promoção da saúde,

desenvolvendo suas potencialidades, e adquirindo posturas pessoais e

comportamentos sociais, que lhe permitam viver numa relação construtiva

consigo mesmo e com o meio em que vive, contribuindo para a construção de

uma sociedade saudável, ambientalmente sustentável e socialmente justa.

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BIBLIOGRAFIA

LINHARES, S. e GEWANDSZNAJDER, F. Biologia. São Paulo: Ática, 1993.

Parâmetros Curriculares Nacionais. Meio Ambiente e Saúde. v. 9. Brasília:

Secretaria de Educação Fundamental, 1997.

SANTOS, Maria Ângela dos. Biologia Educacional. 16. ed., São Paulo: Ática,

1993.

VASCONCELLOS, J. L. e GEWANDSZNAJDER, F. Programas de Saúde. 6.

ed., São Paulo: Ática, 1993.

WERNER, D. Onde não há médico. 5. ed., São Paulo: Paulinas, s/d.