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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU” PROJETO VEZ DO MESTRE O MODELO DAS CINCO FORÇAS DE MICHAEL PORTER APLICADO AO SETOR DE TELECOMUNICAÇÃO FIXA NO BRASIL. Vera Lucia de Moura Faria Profª Fabiane Muniz Rio de Janeiro 2004

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”

PROJETO VEZ DO MESTRE

O MODELO DAS CINCO FORÇAS DE MICHAEL

PORTER APLICADO AO SETOR DE

TELECOMUNICAÇÃO FIXA NO BRASIL.

Vera Lucia de Moura Faria

Profª Fabiane Muniz

Rio de Janeiro

2004

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”

PROJETO VEZ DO MESTRE

O MODELO DAS CINCO FORÇAS DE MICHAEL

PORTER APLICADO AO SETOR DE

TELECOMUNICAÇÃO FIXA NO BRASIL.

OBJETIVOS:

Este trabalho tem como objetivo analisar a Indústria

Brasileira de Telefonia Fixa, utilizando para isto o

modelo de cinco forças de Porter. Com a privatização

do sistema TELEBRÀS e a criação da Agência

Nacional de Telecomunicações (ANATEL) , várias

empresas surgiram como novos playeres, fazendo com

que o cenário se tornasse mais competitivo e dinâmico.

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AGRADECIMENTOS

A todos professores do Projeto “A Vez do Mestre”,

que através de suas aulas contribuíram para a

confecção deste trabalho.

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DEDICATÓRIA

Ao meu marido Carlos Henrique, que me deu

suporte para a preparação deste trabalho e também

a Luisa, minha filha, pelas novas experiências que

ela me trouxe.

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RESUMO

Em 1999, o Governo Brasileiro realizou a privatização do Sistema Telebrás,

na época constituído por todas as empresas estaduais de telecomunicações mais a

Embratel, dividindo o país em 3 grandes regiões, distribuindo operações de telefonia

fixa mais uma concessão para ligações de longa distância nacional e internacional

para uma empresa concessionária e uma outra espelho, abrindo espaço para o

surgimento de uma maior competitividade neste setor.

Os conceitos básicos de Estratégia Competitiva, definidos por Michael Porter,

propõem estruturas para que as empresas tenham a possibilidade de criar e sustentar

a vantagem competitiva em seus setores, através de custos e diferenciação. De

acordo com esta teoria, o desempenho do setor industrial é função de cinco forças

competitivas básicas: ameaça de entrada de novos concorrentes; competição entre

participantes do mercado; ameaça de produtos substitutos; poder de negociação com

compradores e poder de negociação com fornecedores.

Analisando os três principais produtos da telefonia fixa, utilizando os

conceitos de Porter, verifica-se que as cinco forças de Portes são bastante

influenciadas pelo fato de haver três grandes monopólios e pelo alto custo do setor .

Apesar de se pensar que ocorreria uma simetria de condições entre as operadoras

locais e de longa distância, o que se verificou foi exatamente o oposto. Além disso,

com o fim das barreiras restritivas ocorridas a partir de 2002, não houve a

disseminação efetiva da competição entre as prestadoras fora de sua área originária.

Espera-se que esse quadro mude com a possível disputa entre as duas maiores

empresas de telefonia fixa da América Latina, Telmex e Telefonica de España.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 7

CAP. 1 – O MODELO DAS CINCO FORÇAS 10

CAP. 2 – ANÁLISE DO SETOR DE TELEFONIA FIXA 19

CAP. 3 – AS CINCO FORÇAS NA TELEFONIA FIXA 42

CONCLUSÃO 47

BIOGRAFIA 49

ÍNDICE 50

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“ A estratégia competitiva é a busca de uma

posição competitiva favorável em uma

indústria, a arena fundamental onde ocorre a

concorrência. A estratégia competitiva visa a

estabelecer uma posição lucrativa e

sustentável contra as forças que determinam a

concorrência na indústria”.

(Michael Porter)

INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivo analisar o setor de telecomunicação fixa

brasileira, setor este que se esperava ser um dos mais competitivos da atualidade.

Antes de qualquer coisa é preciso conhecer como a Agência Nacional de

Telecomunicações (ANATEL) define a telefonia fixa, para ela chamada de Serviço

Telefônico Fixo Comutado (STFC): “O Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC) é

o serviço de telecomunicações que, por meio de transmissão de voz e de outros

sinais, destina-se à comunicação entre pontos fixos determinados, utilizando

processos de telefonia. São modalidades do Serviço Telefônico Fixo Comutado

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destinado ao uso do público em geral o serviço local, o serviço de longa distância

nacional e o serviço de longa distância internacional”.

Considerando essa definição, verifica-se que o serviço de telefonia fixa

contempla alguns mercados consumidores diferentes, dentre os quais destacam-se os

serviços de telefonia local residencial e corporativa e telefonia de longa distância

nacional e internacional, residencial e corporativa. É extremamente importante não

confundir os serviços de telefonia fixa com os serviços de telefonia local.

Em 1999, o Governo Federal Brasileiro realizou a privatização do Sistema

Telebrás, na época constituído por todas as empresas estaduais de telecomunicações

mais a Embratel – Empresa Brasileira de Telecomunicações. Com isso, através da

Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), dividiu o país em 3 grandes

regiões, distribuindo operações de telefonia fixa mais uma concessão para ligações

de longa distância nacional e internacional para uma empresa concessionária e uma

outra espelho, conforme quadro a seguir:

Essa decisão levou à criação de quatro empresas espelhos com investimentos

estimados em US$ Cinco bilhões, além de mais de 10 mil empregos diretos e

indiretos.

Empresa

Concessionária

Empresa Espelho

Região I (RJ, ES, MG, Norte

e Nordeste)

TELEMAR VÉSPER

Região II (São Paulo) TELEFÔNICA VÉSPER SÃO PAULO

Região III (Centro Oeste e

Sul)

BRASIL TELECOM GVT

Região IV (Longa Distância

Nacional e Internacional)

EMBRATEL INTELIG

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Logicamente, com tamanho investimento, era esperado que o mercado de

telecomunicações crescesse de uma forma expressiva. Porém, essa tendência não se

confirmou.

Em 1991, Michael E. Porter apresentou a estrutura das “Cinco Forças”, com a

qual foi possível uma melhor compreensão da estrutura de uma indústria. Esta

estrutura pode ser considerada como uma importante ferramenta já que apresenta

uma visão mais abrangente, além da rivalidade entre as empresas.

O desenvolvimento de uma estratégia competitiva é responsável pela forma

como a empresa deverá competir, isto é, quais as suas metas e quais as políticas

necessárias para realiza-las. Este desenvolvimento consiste em relacionar a empresa

como o seu meio de atuação, ou seja, relacionar a empresa com a indústria ou com as

indústrias em que ela compete, de forma que a concorrência seja compreendida e que

se identifique as características estruturais que possibilitam a formulação de

estratégias na busca de vantagens competitivas.

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CAP. 1 - O MODELO DAS CINCO FORÇAS

A rentabilidade de uma indústria é função de sua estrutura e é ela que estabelece

as regras da concorrência que, segundo Porter (1991), dependem de cinco forças

competitivas básicas:

• Ameaça de entrada de novos concorrentes;

• Competição entre participantes do mercado;

• Ameaça de produtos substitutos;

• Poder de negociação com compradores;

• Poder de negociação com fornecedores;

1.1. Ameaça de Entrada de Novos Concorrentes

A ameaça de novos entrantes é a possibilidade de novas empresas trazendo

recursos geralmente substanciais, como nova capacidade de produção e intenção de

ganhar uma parcela do mercado.

Fornecedores

Compradores

Substitutos

Entrantes Potenciais

Poder de Negociação

Ameaça de serviços ou produtos substitutos

Poder de negociação

Ameaça de novos entrantes

Rivalidade entre Concorrentes

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Esta entrada tem como conseqüência, uma redução da rentabilidade das

empresas ora instaladas, já que resulta em uma queda nos preços e no aumento da

demanda por insumos, fazendo com que haja um crescimento nos custos do produto

final.

Segundo Porter (1991), a aquisição de uma empresa já existente, por outras

provenientes de mercados diferentes, deve ser entendida como uma nova entrada,

visto que esta nova aquisição acarretará em uma injeção de novos recursos e uma

nova capacidade gerencial nesta indústria, criando um aumento da parcela de

mercado da empresa previamente existente.

A intensidade da ameaça de novos entrantes depende das barreiras de entrada

usadas pelas empresas já estabelecidas. Considera-se que existem 6 (seis) formas

principais de barreiras de entrada:

Economias de Escala: São as reduções dos custos unitário de um produto à

medida que o nível de produção aumenta, forçando as empresas entrantes a

ingressarem em larga escala ou sujeitarem-se a uma desvantagem de custo. Pode

haver economia de escala em praticamente todas os setores de uma empresa, como

produção, compras, pesquisa e desenvolvimento, marketing, distribuição, etc.

Um outro tipo de barreira de entrada geradora de economias de escala nos

níveis de produção ou distribuição é a integração vertical, já que nesta situação, a

empresa entrante deverá ingressar de forma integrada ou enfrentar uma desvantagem

de custo, bem como uma exclusão de insumos ou mercados para o seu produto se a

maioria dos concorrentes estabelecidos estiver integrado.

Diferenciação do Produto: Inicialmente, é necessário que haja uma

identificação da marca da empresa desenvolvendo sentimentos de lealdade em seus

usuários. Isto pode ocorrer através do serviço prestado ao consumidor, na

diferenciação dos produtos, esforço de publicidade, ser o primeiro produto do setor,

etc.

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A barreira de entrada é gerada já que os novos entrantes são forçados a

investirem mais fortemente para romper os vínculos estabelecidos entre os clientes e

as empresas existentes.

Necessidade de Capital: É a necessidade de investir recursos financeiros em

grande quantidade para poder competir , gerando com isso, barreiras de entrada. Este

capital é essencial para os investimentos em instalações de produção, manutenção de

estoques, cobrir prejuízos eventuais, pesquisa e desenvolvimento e publicidade

inicial.

Custo de Mudança: São os custos que ocorrem quando um comprador opta

por mudar de um fornecedor para outro. Estes custos podem incluir a aquisição de

novos equipamentos, custos de treinamento de empregados, custos com teses e

qualificações de novas fontes.

Acesso aos Canais de Distribuição: Se o acesso aos canais de distribuição

(atacado e varejo) for limitado e quanto maior for o controle dos concorrentes sobre

esses canais, mais difícil será a entrada na indústria. Ao entrar numa indústria, uma

nova empresa precisa assegurar a distribuição para o seu produto, realizando

desconto nos preços visando convencer o varejista a ceder espaço através de

promessas de promoções e coisa semelhante.

Desvantagem de Custo Independente de Escala: Existem alguns fatores que

apresentam vantagens plenas de custos para as empresas estabelecidas em uma

indústria, impossíveis de serem igualadas pelos entrantes potenciais, independentes

de economia de escala:

• Tecnologia patenteada do produto (protegidos por patentes ou segredos);

• acesso favorável às matérias-primas (as empresas estabelecidas têm o controle

das fontes de matérias-primas mais favoráveis, ou têm sob o controle a preços

muito mais baixos do que o total);

• Localizações favoráveis;

• Subsídios oficiais (subsídios preferenciais do governo);

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• Curva de aprendizagem ou experiência (os custos declinam na medida em que

uma empresa acumula experiência na fabricação do produto).

Através de uma política governamental bem planejada, o governo também pode

limitar ou impedir a entrada de novas empresas na indústria com controles, como

limites ao acesso de matéria-prima e licenças de funcionamento.

Outros fatores que poderiam desestimular a entrada de novos concorrentes na

indústria são:

Retaliação Esperada – Ocorre quando os entrantes esperam sofrer fortes

retaliações dos concorrentes estabelecidos. Neste caso, a entrada pode ser dissuadida.

A ameaça de retaliação é maior quando as empresas estabelecidas possuem um

passado conhecido de retaliação aos entrantes, alta liquidez, excesso de capacidade

instalada, alto grau de comprometimento com a indústria, ativos pouco líquidos ou

não-líquidos e crescimento lento da indústria.

Preço de Entrada Dissuasivo – Setores industriais que possuem rentabilidade

muito baixa, não estimulam a entrada de novos competidores. A rentabilidade baixa

pode ser uma imposição do mercado ou pode ser uma estratégia temporária das

empresas estabelecidas para impedir a entrada de novos concorrentes.

1.2. Competição Entre Participantes do Mercado.

A competição entre os participantes de um mercado pode ser definida como a

disputa entre as empresas que já atuam em um mesmo setor industrial. Ela é

caracterizada pelo uso de práticas como: concorrência de preços, batalha de

publicidade, introdução e aumento dos serviços ou das garantias dos compradores.

De acordo com Michael Porter (1986), as empresas de uma indústria são

mutuamente dependentes e, portanto, os movimentos competitivos de uma empresa

podem causar impactos imediatos nos seus concorrentes, estimulando deste modo, a

competitividade.

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A concorrência de preços é altamente instável e tem como conseqüência

deixar a indústria numa situação rentável pior à anterior. Isto porque, a redução de

preços será imitada pelos concorrentes rivais e uma vez igualados, as receitas de

todas as empresas serão reduzidas, caso a elasticidade da indústria não seja

suficientemente alta.

A intensidade da rivalidade pode ser influenciada pelos seguintes fatores:

Concorrentes Numerosos e Equilibrados: A rivalidade entre os concorrentes

aumenta quando o número de empresas em uma indústria é grande, ou quando o

tamanho e recursos destas são equilibrados. Contudo, quando existem poucas

empresas na indústria, mas estas são altamente concentradas, as empresas líderes

podem impor regras ou coordenar as ações das demais empresas.

Crescimento Lento da Indústria: O crescimento lento da indústria, transforma

a concorrência em um jogo, criando uma situação muito mais instável do que numa

situação de crescimento rápido da indústria.

Custos Fixos ou de Armazenagem Altos: No caso de excesso de capacidade,

as empresas com custos fixos elevados provocam uma forte pressão, resultando em

redução de preços.

Ausência de Diferenciação ou Custos de Mudança: A diferenciação cria um

sentimento de lealdade no comprador, gerando uma defesa contra a concorrência. Já

no caso de ausência de diferenciação, os compradores são levados a se basear

principalmente no preço e no serviço, resultando deste modo, numa intensidade da

competitividade entre as empresas da indústria.

Capacidade da Produção Aumenta em Grandes Incrementos: As economias

de escala podem gerar aumentos excessivos na capacidade de produção, quebrando o

equilíbrio entre oferta e demanda da indústria, o que poderá determinar períodos

alternados de aumento de capacidade e reduções de preços para a indústria.

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Concorrentes Divergentes: Ocorre quando os objetivos e estratégias

competitivos entre as empresas concorrentes são muito diferentes, causando um

relacionamento de choque contínuo ao longo do processo.

Grandes Interesses Estratégicos: Situações em que os objetivos de

determinadas empresas consistem no estabelecimento de uma posição sólida no

mercado em detrimento da lucratividade, aumentando a instabilidade e a

concorrência na indústria.

Barreiras de Saídas Elevadas: Apesar de operarem com prejuízo, algumas

empresas não abandonam a indústria, esperando conseguir o retorno de seu

investimento, Com isto, a rentabilidade do restante da indústria, poder ser

comprometida, já que as empresas com excesso de capacidade de produção são

forçadas a competirem, contribuindo para aumentar a rivalidade existente.

1.3 Ameaça de Produtos Substitutos

Todas as empresas, em uma indústria estão competindo, em termos amplos,

com indústrias que fabricam produtos substitutos. Os substitutos reduzem os retornos

potenciais de uma indústria, colocando um teto nos preços que as empresas podem

fixar como lucro.

A identificação de produtos substitutos é realizada através de pesquisas, com

o objetivo de buscar outros produtos que possam desempenhar a mesma função na

indústria.

Os produtos substitutos podem limitar ou mesmo reduzir as taxas de retorno

de uma indústria já que forçam o estabelecimento de um teto nos preços que as

empresas podem fixar como lucro.

A força competitiva dos produtos substitutos representa uma ameaça

permanente para as empresas estabelecidas de uma indústria.

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1.4 Poder de Negociação com Compradores

Os compradores podem comprometer a rentabilidade da indústria a medida

que competem com a indústria, forçando os preços para baixo; negociam por melhor

qualidade ou mais serviços e jogam os concorrentes uns contra os outros.

O nível de pressão dos compradores para a redução dos preços, variará de

acordo com a sua situação no mercado e da importância de suas compras em

comparação com seus negócios totais.

Um grupo de compradores possui um grande poder de barganha nas seguintes

circunstâncias:

• Volume de compra ou grau de concentração dos compradores em comparação

com a indústria ofertante: a aquisição de uma grande parcela das vendas por um

determinado comprador, faz com que a sua importância nos resultados

aumente.

• Participação do produto nos custos totais: quanto mais alto for o preço de um

determinado produtos adquirido pelos compradores proporcionalmente aos

custos dos produtos de que necessitam, maior será a pressão para que estes

produtos sejam comprados por um preço mais vantajoso possível. Por outro

lado, o comprador é menos sensível ao preço de determinado produto quando

este representa uma fração pequena dos custos.

• Padronização ou não diferenciação dos produtos: Ocorre quando os

compradores possuem várias opções de vendedores e jogam uma empresa

contra outra, sabendo que podem contar com fornecedores alternativos,

forçando deste modo, o preço para baixo.

• Poucos custos de mudança: Quando o vendedor possui custos de mudança, os

compradores aumentam seu poder de negociação. Contudo, altos custos de

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mudança fazem com que o comprador fique preso a determinados

fornecedores.

• Lucratividade dos compradores: quando os compradores sofrem uma redução

em seus lucros, estes buscam novas condições para que seus custos também

sejam reduzidos. Por outro lado, compradores com elevada margem de

lucratividade são menos sensíveis ao preço.

• Ameaça de Integração para trás: Os compradores tendem a negociar concessões

quando são parcialmente integrados ou representam uma ameaça real de

integração para trás. Determinados compradores adotam uma integração parcial

para trás, ou seja, produzem parte do que necessitam de um determinado

componente ou produto e compram o restante de fornecedores externos. Deste

modo, eles adquirem um grande poder de barganha, já que as suas ameaças são

reais.

• Importância da qualidade dos produtos: os compradores se mostram menos

sensíveis aos preços quando a qualidade do seu produto é afetada pelo produto

da indústria.

• Disponibilidade de informações: Quanto maior for o conhecimento do

comprador em relação à demanda, os preços reais de mercado, aos custos dos

fornecedores, maior é o seu poder de negociação. Deste modo, com informação

total, os compradores possuem condições de assegurar o recebimento dos

melhores preços e contestar as reclamações dos fornecedores de que seus

rendimentos estão sendo reduzidos.

1.5 Poder de Negociação dos Fornecedores.

Os fornecedores ameaçam as empresas de uma indústria ao elevarem os seus

preços ou reduzirem a qualidade dos produtos e serviços fornecidos. Deste modo,

podem comprometer a rentabilidade de uma indústria caso ela não consiga repassar

os aumentos dos custos em seus próprios preços.

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As condições que caracterizam um grupo de fornecedores poderosos são:

• Grau de concentração dos fornecedores: quando os fornecedores são formados

por poucas empresas e mais concentrados do que a indústria da qual pertencem,

possuem maior possibilidade de exercer influência sobre preços, qualidade e

condições.

• Inexistência de substitutos para sus produtos: a ausência de produtos substitutos

aumenta o poder de negociação dos fornecedores concentrados.

• Importância da Indústria para o fornecedor: os fornecedores terão mais

influência sobre as indústrias quando a venda para uma determinada indústria

não for significativa em relação ao volume total de suas vendas.

• Importância dos Insumos para a indústria compradora: o poder de negociação

do fornecedor aumenta quando o insumo for importante para o sucesso do

processo de formação do produto do comprador.

• Diferenciação dos insumos ou custo de mudança para o comprador: a

diferenciação do produto, assim como a elevação dos custos de mudança

(equipamentos, assistência técnica, etc.), possibilitam o fornecedor a neutralizar

a chance de um comprador de jogar um fornecedor contra o outro.

• Ameaça de integração para frente: ocorre quando a indústria não aceita

melhorar as condições de compra em relação aos fornecedores dos produtos

utilizados pela indústria.

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2. ANÁLISE DO SETOR DE TELEFONIA FIXA.

A telefonia - um negócio estimado em US$ 230 bilhões/ano - está passando

pela mudança mais dramática já ocorrida desde seu surgimento, na segunda metade

do século 19. Um dos grandes exemplos dessa mudança é o preço do minuto da

ligação telefônica de longa distância, que vem apresentando queda significativa nos

últimos anos. Nos EUA, o minuto custava, em média, US$ 0,15 em 1995. Quatro

anos depois, esse valor já se aproximava de US$ 0,11. Atualmente, é comum

encontrar o minuto da ligação valendo US$ 0,07. Isso vem ocorrendo não somente

devido ao aumento da penetração da telefonia fixa e da competição entre as

operadoras, mas também por causa do surgimento de alternativas que muitas vezes

competem de igual para igual com o serviço telefônico regular.

Novos players, como operadoras de TV paga (exemplos nos EUA: Tele-

Media, CableVision) e de telefonia celular (exemplos nos EUA: Cingular, AT&T

Wireless), começam a pressionar as operadoras de telecomunicações com ofertas

muitas vezes oferecidas num pacote com várias funcionalidades (acesso a serviços de

informações, jogos, TV, etc.). Em diversos países, a revenda de minutos por parte de

operadoras de varejo que adquirem capacidade de tráfego de voz no atacado

contribuiu para acirrar a competição e, conseqüentemente, aumentar a pressão nos

preços. Isso sem falar em alguns fortes "substitutos" do uso da telefonia,

popularizados com o advento da Internet: a começar pelo correio eletrônico, com sua

onipresença e facilidade de uso, passando por sistemas de instant messaging, como

ICQ, e chatting.

A evolução tecnológica e de popularidade da “grande rede”, trouxe uma

ameaça adicional importante à telefonia tradicional: programas que permitem a

chamada free voice (voz gratuita), ou seja, a realização de sessões de comunicação de

voz entre computadores, com a voz sendo "envelopada" em pacotes de dados. Essa

iniciativa representou um sucesso de adoção no âmbito caseiro, apesar da qualidade

inferior no resultado final em relação à telefonia tradicional - já que as sessões de

comunicação em voz sobre dados competem com outras inúmeras sessões de

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comunicação puramente em dados, sem nenhum mecanismo mais sofisticado de

priorização e controle de tráfego que possa beneficiar o trânsito de voz.

2.1 As Telecomunicações no Brasil

As telecomunicações no Brasil e no mundo foram marcadas por diversas

fases de transição, principalmente procurando acompanhar o constante

desenvolvimento tecnológico do setor.

No Brasil, o Estado teve um papel fundamental, influenciando na

regulamentação e nas possíveis negociações do setor desde 1881, ficando esse papel

mais evidente após a década de 30 do século XX. As significativas mudanças, no

entanto, iniciaram-se no final de 1995. Quando se deu início ao processo de

privatização do setor de Telecomunicações no Brasil. Após dois anos, a Lei Geral

das Telecomunicações (Lei n° 9.472/97) dispôs sobre organização dos serviços de

telecomunicações e previu a criação e funcionamento da ANATEL (Agência

Nacional de Telecomunicações), para regular as telecomunicações e exercer o poder

concedente dos serviços públicos e administração ordenadora das atividades

privadas, apresentado-se com importante papel nas negociações e soluções de

conflitos do setor.

Algumas operadoras anteciparam o cumprimento das metas em busca de

ampliação rápida de seu mercado e, ao longo do processo de antecipação das metas,

algumas negociações e conflitos fizeram parte do contexto.

A partir da década de 30 do século XX, os serviços públicos brasileiros,

inclusive os telefônicos, passaram as ser prestados exclusivamente pelo próprio

Estado ou por empresas estatais, sob um forte controle regulamentar. Assim, o

Estado traz para si o comando das telecomunicações.

Em 27 de agosto de 1962, foram implementados o CBT (Código Brasileiro de

Telecomunicações (Lei no 4.177), que criou o Sistema Nacional de

Telecomunicações, o CONTEL (Conselho Nacional de Telecomunicações), o

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Departamento Nacional de Telecomunicações e o FNT (Fundo Nacional de

Telecomunicações), e se estabeleceu a possibilidade de constituição de uma empresa

pública, que em 1965 se materializou na EMBRATEL (Empresa Brasileira de

Telecomunicações).

A EMBRATEL melhorou os serviços de telefonia interurbanos nacionais e

internacionais. Porém, o mesmo não ocorreu com os serviços de telefonia fixa local.

Com o objetivo de solucionar esse problema, em 11 de julho de 1972 foi criado o

Sistema TELEBRÁS, vinculado ao Ministério de Comunicações, que transformou a

EMBRATEL em sociedade de economia mista, subsidiária da TELEBRÁS.

As principais mudanças no setor de telecomunicações datam de 1995, com a

aprovação da Emenda Constitucional n° 8, que alterou a redação dos incisos XI e

XII, do artigo 21, da Constituição Federal de 1988, quebrando o monopólio do

Sistema TELEBRÁS e permitindo a participação do setor privado nas atividades de

telecomunicações, e de 1997, com a Lei Geral das Telecomunicações, quando foi

criada a ANATEL.

Em 1998 houve o leilão das empresas do Sistema TELEBRÁS, modificando

o cenário das telecomunicações, em que as operadoras e a ANATEL procuram

conviver, tornando mais freqüentes suas negociações e os possíveis conflitos. O

Estado, então, baseado no modelo de competição e universalização, transferiu para a

iniciativa privada o controle acionário das empresas de telecomunicações, mantendo

o controle da prestação do serviço pela regulamentação.

Com relação à exploração dos serviços de telecomunicações, há dois regimes

jurídicos possíveis, nos termos da Lei Geral de Telecomunicações: o público, que

deve obedecer aos princípios dos serviços públicos, como universalização e

continuidade, tendo existência assegurada pelo Poder Público; e o privado, regido

pelos princípios constitucionais de exploração de atividades econômicas.

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Quando a exploração ocorre no regime público, faz-se necessária outorga

mediante concessão por parte da ANATEL. Quando é em regime privado, a outorga

se dá mediante autorização.

As empresas privadas que monopolizaram os serviços de telefonia fixa em

cada região, em regime público, ficaram, então, responsáveis pelo cumprimento dos

deveres de universalização e continuidade do serviço de telecomunicações

(chamadas concessionárias). Os novos concorrentes, chamados empresas-espelho,

sujeitaram-se ao regime privado.

Após o leilão, há o chamado período pós-privatização das telecomunicações.

Nesse cenário pós-privatização, as operadoras convivem em um mercado

regulamentado pela ANATEL, que estabelece suas áreas de atuação e os tipos de

serviços oferecidos . O primeiro estágio deste período é a transição, caracterizada

pela competição limitada e concentrada na telefonia interurbana. O segundo estágio,

de competição total, tinha como prazo inicial 2003, mas, com a antecipação do

cumprimento das metas pela empresas concessionárias, prevista na Lei 9.472, de 16

de julho de 1997, os conflitos e negociações decorrentes do ingresso dos novos

competidores foi antecipado para 2002.

A ANATEL foi criada pelo artigo 8° da Lei Geral de Telecomunicações, de

16 de julho de 1997, com a função de atuar como órgão regulador das

telecomunicações. Trata-se de uma entidade com sede no Distrito Federal, integrante

da Administração Pública Federal indireta, submetida ao regime autárquico especial

e vinculada ao Ministério das Comunicações, sendo que somente poderá ser extinta

mediante lei específica. A natureza de autarquia especial é caracterizada por

independência administrativa, ausência de subordinação hierárquica, mandato fixo e

estabilidade de seus dirigentes e autonomia financeira. Deve, porém, prestar contas

de suas ações tanto qualitativa como financeiramente.

Ao regular as telecomunicações brasileiras, cabe a ANATEL exercer o poder

concedente dos serviços públicos e administração ordenadora das atividades

privadas. Possui independência decisória para solucionar conflitos de interesses de

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concessionárias e usuários, controlar as atividades realizadas no setor de

telecomunicações, bem como fiscalizar a política tarifária.

A principal competência da ANATEL é a de implementação de uma política

nacional de telecomunicações, devendo também adotar medidas para o atendimento

do interesse público, bem como para o desenvolvimento tecnológico e social das

telecomunicações do Brasil, atuando com independência, imparcialidade, legalidade,

impessoalidade e publicidade.

A ANATEL dispõe de cinco instrumentos fundamentais no serviço telefônico

fixo comutado – STFC para exercer seu papel de órgão regulador:

• Plano Geral de Outorgas – PGO;

• Plano de Metas de Universalização – PGMU;

• Plano de Metas de Qualidade – PGMQ;

• Contratos de concessão;

• Regulamento de interconexão e de remuneração de redes.

O PGO traçou diretrizes do novo modelo de prestação do serviço telefônico

comutado (STFC), dividindo o país em quatro áreas de concessão. Cada região foi

dividida em setores, com prestadoras mediante concessão definidas e outras

empresas atuando na mesma área para ampliação da concorrência. O PGO estipulou

que a prestação do serviço telefônico fixo comutado pelas concessionárias regionais

e a nacional ocorreriam em âmbito intra-regional até 31 de dezembro de 2003,

estando após essa data liberadas para a prestação de todos os serviços de

telecomunicações. Contudo, o PGO também previa a possibilidade de essa liberação

ocorrer já a partir de 01 de janeiro de 2002, se as concessionárias conseguissem

cumprir todas as metas de universalização previstas nos contratos de concessão

(antecipação das metas).

O PGMU estabelece metas para as concessionárias de acesso individual e

coletivo para a progressiva universalização do serviço telefônico fixo comutado em

cada unidade da federação.

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O PGMQ estabelece metas de qualidade a serem cumpridas pelas prestadoras de

serviço telefônico fixo comutado destinado ao uso do público em geral, prestado nos

regimes públicos e privados.

Os contratos de concessão estabelecem os direitos e obrigações das operadoras,

bem como todos os parâmetros e indicadores do PGMU e PGMQ.

O Regulamento Geral de Interconexão estabelece as regras para que a informação

transite livremente de um ponto a outro.

E o regulamento de remuneração pelo uso das redes das prestadoras do serviço

telefônico fixo comutado substituiu a participação da receita de tráfego mútuo, que

previa a destinação de um percentual da receita para a empresa de telefonia fixa de

longa distância e para a operadora que originava a chamada.

A área de Telecomunicações foi um mercado que teve crescimento muito grande

nos últimos anos. Porém do 2o. Semestre de 2001 até hoje vem sofrendo uma

tendência mundial de retração que deverá ser ainda maior no futuro. No Brasil isso

não será diferente.

O ano 2002 teria, nesse contexto, uma importância fundamental para o setor em

função da abertura do mercado. Porém a tão esperada ampliação do afluxo de capital

privado no setor de investimentos nos serviços de telecomunicações que totalizaria,

segundo a ANATEL, mais de US$ 65 bilhões até 2005, não irá acontecer. Esses

números devem cair para não mais que US$ 65 bilhões até 2005.

2.2 Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC)

A Anatel utiliza a denominação Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC)

para caracterizar a prestação de serviços de Telefonia Fixa no Brasil.

Considera-se modalidades do Serviço Telefônico Fixo Comutado o serviço local, o

serviço de longa distância nacional e o serviço de longa distância internacional.

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2.2.1 Serviço Local

A operadora que presta o serviço local é aquela que possui a central local e a

rede de acesso à qual o terminal do assinante está conectado. É considerado serviço

local aquele destinado à comunicação entre dois terminais fixos em uma área

geográfica contínua de prestação de serviços, definida pela Agência, segundo

critérios técnicos e econômicos, como uma área local.

Uma área local corresponde normalmente ao conjunto de localidades de um

município. Toda vez que se discar apenas o número do assinante (7 ou 8 dígitos)

estará fazendo uma ligação local. Como o usuário contrata o seu serviço telefônico

junto a uma operadora de serviço local da qual passa a ser assinante, qualquer ligação

local será feita através da rede desta operadora.

Similarmente, quando uma chamada é originada de um telefone de uso

público (TUP), a rede de acesso utilizada é a da prestadora proprietária daquele TUP

e respectiva rede de acesso.

Se em uma área local existirem duas operadoras prestando serviço local

deverá haver interconexão entre estas redes, tornando possível uma ligação local

entre assinantes destas duas operadoras.

Neste caso, para uma chamada normal, o assinante originador da chamada

paga a ligação à sua operadora local e esta remunera a outra pelo uso de sua rede. Na

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chamada a cobrar, a situação se inverte. A regra é simples: a operadora que cobra do

cliente pelo serviço prestado paga à(s) outra(s) pelo uso de sua(s) rede(s).

As empresas privatizadas do sistema Telebrás receberam as concessões para a

prestação de STFC. As demais prestadoras de STFC foram outorgadas autorizações.

As empresas concessionárias têm que cumprir metas mais abrangentes de

atendimento tendo em vista as metas de universalização de serviço. Isto decorre do

fato de serem operadoras estabelecidas em posição de quase monopólio em suas

áreas de atendimento, principalmente quanto ao serviço local.

Como forma de estimular a competição a Anatel licitou em 1999 autorizações

para as chamadas empresas espelho nas regiões I, II e III. As localidades que as

empresas espelhos não incluíram em seus compromissos de atendimento foram

licitadas posteriormente dando origem a espelhinhos.

A estas empresas (concessionárias e espelhos) foram outorgadas também

concessões ou autorizações para prestar o serviço de longa distância regional para

ligações entre localidades dentro de sua área de prestação de serviço.

2.2.2 Serviço de Longa Distância

O Serviço de Longa Distância Nacional é aquele destinado à comunicação

entre dois terminais fixos situados em áreas locais distintas no território nacional.

Uma ligação de longa distância envolve normalmente três operadoras. A

operadora local 1 que presta o serviço local ao assinante que origina a chamada, a

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operadora local 2 que presta o serviço local ao assinante que recebe a chamada, e a

operadora de longa distância. Como é possível haver várias operadoras de longa

distância prestando este serviço entre estes dois locais, a regulamentação estabelecida

pela Anatel permite que o usuário escolha a prestadora do serviço de longa distância

de sua preferência, chamada a chamada, através do código de seleção de prestadora

(CSP).

A regulamentação estabelece que a receita deste tipo de chamada é da

prestadora de longa distância, cabendo a ela cobrar do cliente que a escolheu para

transportar a chamada e pagar às operadoras locais pelo uso de suas redes.

Em muitos casos uma operadora pode executar os três papéis em uma ligação

de longa distância. Exemplos: uma chamada entre Campinas e São José dos Campos

em que a operadora de longa distância escolhida seja a Telefônica; uma chamada

entre o Rio e Belo Horizonte em que a operadora de longa distância escolhida seja a

Telemar e uma chamada entre Brasília e Porto Alegre em que a prestadora de longa

distância escolhida seja a Brasil Telecom.

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O Plano Geral de Outorgas – PGO - definiu uma região 4 (nacional) para a

qual foram outorgadas uma concessão (Embratel) e uma autorização (Intelig) para o

serviço de longa distância nacional e internacional.

A partir de 31 de dezembro de 2001 deixou de existir qualquer limite ao

número de autorizações a serem expedidas para a prestação do STFC.

As regras passaram a ser:

• Constituem objeto de autorização as regiões I, II e III do PGO ou as 67 áreas de

numeração correspondentes ao Código Nacional (DDD).

• A prestação do serviço deve ser iniciada pela autorizada em até doze meses,

contados a partir da data de publicação da autorização no diário oficial.

• A autorizada a prestar o STFC exclusivamente na modalidade local, não está

sujeita ao cumprimento de compromissos de abrangência e atendimento.

• A autorização para prestação de STFC na modalidade de serviço de longa

distância nacional compreende a prestação do serviço nas chamadas originadas

na Área de Prestação e destinada a qualquer ponto do território nacional.

Até 31 de dezembro de 2005 aplicam-se as seguintes restrições:

• A autorização na modalidade de serviço de longa distância nacional somente será

expedida concomitante com autorização na modalidade local.

• Da mesma forma, a autorização na modalidade de serviço de longa distância

internacional somente será expedida concomitantemente com autorizações na

modalidade de serviço local e de longa distância nacional.

• Compromissos de abrangência e atendimento para cidades com mais de 500 mil

habitantes.

A privatização das operadoras de telefonia fixa no Brasil levou a um crescimento

da oferta de telefones atingindo em 2002 mais de 49 milhões de acessos instalados.

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Entretanto, o número de acessos em serviço era menor que 40 milhões em dezembro

de 2002, demonstrando que a oferta de acessos precisa ser melhor adequada ao que

algumas camadas da população podem pagar.

A competição no serviço local continua incipiente, uma vez que as empresas

espelho não conseguiram estabelecer-se como alternativas relevantes às operadoras

estabelecidas (“incumbents”).

A outorga de novas autorizações em 2002 e nos próximos anos poderá

modificar, embora de forma gradual, o quadro atual.

O aumento da competitividade e o atendimento das metas de qualidade

estabelecidas pela a Anatel têm levado as operadoras a investir em Sistemas de

Suporte a Operação (“OSS”), tais como gerência de rede, provisionamento de

serviço, “billing” e CRM.

A rede telefônica instalada tem sido também utilizada para prestação de

outros serviços de comunicação de dados e acesso a Internet, principalmente o acesso

banda larga com utilização da tecnologia ADSL, como forma de maximizar as

receitas pela agregação de serviços de valor diferenciado.

Neste novo cenário está prevista muita movimentação no mercado. Espera-se

que a ANATEL flexibilize uma séria de regulamentações com o intuito de preservar

as empresa que devem sobreviver sob essa nova ótica não esperada anteriormente.

Não se pode esquecer que a maior empresa de telecomunicações do país está com

graves problemas financeiros com a possibilidade real de se retirar do mercado, isso

com certeza iria mudar completamente o cenário atual.

Ainda existe uma capacidade ociosa grande nas empresas de

telecomunicações como um todo, isso deve fazer com que parcerias estratégicas

entre as empresas sejam efetuadas para utilização da rede mútua.

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Atualmente, fazer uma projeção do mercado de telecomunicações não é

exatamente a tarefa mais simples, pois se vive momento de turbulências intensas no

Brasil e no exterior.

Pode-se resumir essas tendências no quadro abaixo:

Nos próximos anos se verá uma menor regulamentação por parte da

ANATEL, que estará mais interessada na consolidação do mercado do que com

novas concessões ou autorizações.

A convergência dos serviços de telecomunicações – Móvel Celular, Telefonia

Fixa, Tv por Assinatura e novas aplicações – irá promover uma dinâmica no

desenvolvimento tecnológico, reorganizando os mercados e estimulando as fusões de

prestadoras de diferentes serviços, com forte tendência para a consolidação dos

mercados. Não se deve esperar mais por grande guerra de preços e ataques

sucessivos à concorrência.

Com certeza essa convergência irá se consolidar tanto na Europa como nos

Estados Unidos.

4015Desenvolvimento novos produtos e tecnologiasPadrão de Qualidade Internacional

Alta capacidade tecnológica

TECNOLÓGICO

2015Abertura para novas empresas em 2005

RegulamentaçõesPOLÍTICO

1030

Maior poder de compraMais telefones/computadores instaladosInvestimento ações ecológicas/meio-ambiente

População com mais telefones/computadoresAumento do poder de compra

SOCIAL

3040

Faturamento de U$19 bi em 2005Diminuição da Taxa de crescimento para 8,0% ao ano em 2005Fusões/aquisições

Fatura/ U$15 bi a.aCresce 15,0% ao anoAcordos competitivosPoucos Investimentos

ECONÔMICO

R%O %

ImpactoTendênciasCaracterísticas AtuaisAspecto

4015Desenvolvimento novos produtos e tecnologiasPadrão de Qualidade Internacional

Alta capacidade tecnológica

TECNOLÓGICO

2015Abertura para novas empresas em 2005

RegulamentaçõesPOLÍTICO

1030

Maior poder de compraMais telefones/computadores instaladosInvestimento ações ecológicas/meio-ambiente

População com mais telefones/computadoresAumento do poder de compra

SOCIAL

3040

Faturamento de U$19 bi em 2005Diminuição da Taxa de crescimento para 8,0% ao ano em 2005Fusões/aquisições

Fatura/ U$15 bi a.aCresce 15,0% ao anoAcordos competitivosPoucos Investimentos

ECONÔMICO

R%O %

ImpactoTendênciasCaracterísticas AtuaisAspecto

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Apesar disso, o setor de Telecomunicações deverá aumentar sua participação

no PIB, pois seus serviços chegarão a um número bem maior de consumidores.

2.2.3 O Modelo de Custos de uma Empresa de Telefonia Fixa.

Serão apresentados dois modelos básicos de custos para operação dos dois

maiores produtos de uma empresa de telefonia fixa: Telefonia Local e Ligações de

Longa Distância Nacional.

Seja por seu caráter de serviço público essencial, seja porque a sua oferta

ocorreu sob estruturas monopolistas, os serviços de telecomunicações foram

historicamente submetidos a regimes caracterizados por forte regulação de tarifas,

particularmente na telefonia fixa.

A regulação de tarifas, de fato, foi amplamente utilizada como instrumento

útil aos objetivos de universalização do acesso aos serviços de telecomunicações,

algo que nas experiências monopolistas públicas acabou por se converter na ampla

sustentação de subsídios cruzados entre componentes tarifários diversos. Ao mesmo

tempo, sobretudo nos regimes monopolistas privados, a regulação tarifária foi

utilizada para evitar que empresas com grande poder de mercado estabelecessem

tarifas abusivas.

Nas duas últimas décadas, a regulação tarifária em telecomunicações assumiu

importância ainda maior, e também complexidade crescente, em face dos desafios

colocados pela introdução da concorrência no setor. Por um lado, os mecanismos de

regulação utilizados no período monopolista para as “tarifas de público” (tarifas

correspondentes aos serviços oferecidos ao usuário final) foram submetidos à crítica

e, progressivamente, substituídos por novos métodos, supostamente mais adequados

a um ambiente liberalizado. Por outro, as “tarifas de acesso” (tarifas de interconexão,

por exemplo), que no período monopolista não constituíram objeto de preocupação

especial entre as autoridades nacionais, tornaram-se aspecto central na regulação do

setor pela sua importância como mecanismo de incentivo à concorrência entre o

operador incumbent e os novos entrantes.

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2.2.4 A Interconexão

Para a Anatel, de acordo com o regulamento Geral da Interconexão, a

interconexão é “ligação entre redes de telecomunicações funcionalmente

compatíveis, de modo que usuários dos serviços de uma rede possam comunicar-se

com os usuários de serviços de outra ou acessar serviços nela disponíveis.”

Para o usuário de uma rede, por exemplo, a rede da operadora A, poder falar

com o usuário de outra rede, por exemplo, a rede da operadora B, é necessária que

estas duas redes estejam interconectadas. Sem a interconexão entre as redes, os

usuários de uma rede ficam limitados a se comunicar com os outros usuários da sua

própria rede.

A rede do serviço de telefonia fixa local da operadora A é uma rede distinta

da rede do serviço de telefonia fixa de longa distância da mesma operadora A e

também distinta de rede do serviço telefonia fixa local da operadora B.

Portanto, para que os usuários de todas as redes possam falar entre si é

preciso que tenha sido implementada a interconexão entre todas as redes.

No Brasil, a regulamentação determina que a operadora dona da receita deve

remunerar todas as redes envolvidas no encaminhamento da chamada, sendo o valor

a ser remunerado acordado entre as partes.

Entretanto, para a maioria das operadoras, existe um limite máximo que pode ser

cobrado pelo uso de suas redes, homologado/determinado pela ANATEL.

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Assim sendo, na prática, o que vem acontecendo é que as operadoras sempre cobram

o valor máximo permitido não havendo negociação durante a fase de acordo do

contrato. O que não impede de haverem vários processos administrativos em

andamento na ANATEL contestando os valores cobrados.

O RGI estabelece que as condições para a interconexão de redes são objeto de

livre negociação entre as partes, sendo o acordo formalizado por contrato, cuja

eficácia depende de homologação pela ANATEL.

No modelo de custo da telefonia local, será apresentado um diagrama onde

será possível entender o baixo custo das ligações e como as empresas de telefonia

local dominam quase sempre todo “caminho” da ligação.

Fig. 1 – Modelo de Custo da Telefonia Local

Nesta operação, a ligação atravessa apenas a rede da mesma empresa (hoje

98% dos assinantes das grandes cidades pertencem a mesma operadora), ou seja, a

empresa controla toda a extensão da operação.

Para o modelo de custo das ligações interurbanas nacionais (o raciocínio para

as ligações internacionais é semelhante) é possível verificar uma diferença

significativa em relação à telefonia local, pois como nenhuma operadora, até pela

divisão regional feita pela ANATEL, tem uma rede tão extensa que abranja todo o

território nacional.

Cliente A Central A Central B Cliente B

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Fig 2 – modelo de custo das ligações interurbanas

Fica extremamente claro que o custo de interconexão é o mais importante na

estrutura de uma empresa de telefonia de longa distância local, atualmente, segundo

as próprias empresas, esse custo é em média 45% do custo da tarifa.

2.3 As Principais Empresas de Telefonia Fixa no Brasil

3.3.1 Brasil Telecom

Com mais de 10,5 milhões de linhas instaladas e quase seis mil funcionários,

a Brasil Telecom S.A. é a principal empresa de telecomunicações das regiões Sul,

Centro-Oeste e dos Estados do Acre, Rondônia e Tocantins. Sua área de atuação

corresponde a 33% do território nacional.

Cerca de 40 milhões de pessoas - 23% da população brasileira - vivem nessas

regiões, que possuem quatro áreas metropolitanas com população acima de um

milhão de habitantes. Elas são responsáveis por 25% do PIB (aproximadamente R$

276 bilhões em 2001). Brasil Telecom S.A. é controlada pela Brasil Telecom

Participações S.A. A holding, por sua vez, é controlada pela Solpart Participações

S.A., que detém 53,6% do capital votante e 20,2% do capital total. Os acionistas da

Solpart são:

• Timepart Participações S.A., com 20,9% do capital total da Solpart, formada

por fundos de investimentos;

• Telecom Italia International N.V., com 31,6%;

• Techold Participações S.A., com 47,5%, formada por fundos de pensão

brasileiros (Sistel, Telos, Funcef, Petros e Previ) e Opportunity Zain.

Cliente A Central Operadora

A

Central Operadora

B

Cliente B

ÁREA DE INTERCONEXÃO

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A Brasil Telecom montou uma Supervia Digital, trata-se de um backbone com

mais de 11 mil km de cabos ópticos interligando os nove estados e o Distrito Federal

e outros 28 mil km de anéis ópticos estaduais. A taxa de digitalização da rede já é de

99%.

2.3.2 Embratel

A Embratel oferece soluções em telefonia, dados e internet. Possui o maior

backbone da América Latina e a única rede nacional de fibras ópticas. Está sob seu

controle uma rede de vários satélites de alcance mundial e o seu código é o mais

divulgado e utilizados pela população brasileira. É por meio de seu amplo portfólio

de soluções que as maiores empresas do país trafegam dados, utilizam serviços de

telefonia avançada e conectam suas redes corporativa. Além disso, possui uma

grande influência no crescimento do número de usuários de internet no Brasil.

Em 2002, o crescimento da Embratel fundamentou-se novamente na

ampliação de serviços de transmissão de dados e produtos de maior valor agregado

(banda larga, internet e acesso direto, por exemplo). O foco da expansão na América

do Sul é dar suporte às necessidades de seus clientes no crescimento desses

mercados, oferecendo serviços de dados e voz internacionais para clientes

corporativos e provedores ISP. Após conseguir a licença para atuar na Argentina, a

Empresa iniciou em março do ano passado suas operações naquele país.

A Empresa dispõe de cerca de 28 mil quilômetros de microondas (100%

digitalizados); cinco satélites de comunicações domésticas e mais de oitenta estações

terrenas que completam, em todo o País, seu segmento de telecomunicações via

satélite. Está implantando a terceira fase de sua rede nacional de fibras ópticas, que

interliga as principais cidades brasileiras, além de rotas ópticas regionais e anéis

ópticos locais nos grandes centros urbanos, que já totalizam 1.068.657 quilômetros

de extensão.

No exterior, a Embratel participa das organizações Intelsat e Inmarsat, que

operam satélites para comunicações internacionais. Para o tráfego de serviços de

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telecomunicações internacionais, conta com quatro sistemas de cabos submarinos de

fibras ópticas - Unisur, Americas II, Atlantis II e Columbus III -, interligando o

Brasil aos países do Mercosul, aos Estados Unidos, à Europa e à Ásia. Por meio do

Unisur foi criado o Projeto Sintonia, que interliga os países sul-americanos por uma

rede digital integrada, dinamizando as comunicações e o fluxo de negócios entre o

Brasil e os demais países que integram o Mercosul.

A Embratel investiu R$ 104 milhões no 1º trimestre de 2004, entre

instalações de acesso e infra-estrutura local, serviços de dados e internet e infra-

estrutura de rede. A receita líquida do 1º trimestre foi de R$ 1,9 bilhão, crescendo

10,8% em relação ao 1º trimestre de 2003.

2.3.3 GVT

A GVT está no mercado brasileiro como uma alternativa em serviços

telefônicos de alta tecnologia para os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina,

Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Tocantins, Acre, Goiás e do

Distrito Federal. Em operação desde o dia 26 de novembro de 2000, a empresa atua

na chamada Região II, que cobre cerca de 30% do território nacional dentro do Plano

de Outorgas da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

A GVT é uma empresa formada por dois grandes grupos internacionais de

investimentos: Magnum Group (Europa) - 66,6% e IDB Group (Israel) - 33,3%.

A companhia é autorizada pela Anatel a operar na região, conforme leilão

realizado em 27 de agosto de 1999. Com investimentos R$3,6 bilhões até 2003, a

GVT iniciou no ano 2000 a implantação de sua rede em 24 cidades, tendo chegado a

outras 30 até dezembro de 2001. O total de 54 cidades atendidas representa o

compromisso firmado com a Agência Nacional de Telecomunicações - Anatel, que

regulamenta o setor.

A cada ano, a empresa tem o compromisso de colocar à disposição da

população um determinado volume de linhas prontas para funcionar e já adaptadas

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ao novo plano nacional de numeração, com telefones de 8 dígitos. A GVT fechou o

ano de 2002 com 860 mil terminais telefônicos disponibilizados, antecipando as

metas estabelecidas pela Anatel de 630 mil.

2.3.4 Intelig Telecom

A Intelig Telecom entrou em operação em janeiro de 2000, dois anos após a

privatização do sistema de telecomunicações no Brasil. Foi formada a partir de um

consórcio de três empresas:

• National Grid (NGC): Tem 50% das ações. É uma das 50 maiores

empresas do Reino Unido e a maior empresa privada de transmissão de

energia elétrica do mundo, com operações no Reino Unido, Estados

Unidos, Argentina, Zâmbia e Austrália.

• France Telecom: Tem 25% das ações. É uma das maiores operadoras de

telecomunicações do mundo, operando em mais de 50 países em todos os

continentes. Na América Latina opera no México, Argentina, El Salvador

e Brasil.

• Sprint: Tem 25% das ações. Empresa de telecomunicações de origem

norte-americana que atua na vanguarda da integração de sistemas de

comunicação de longa distância, local e sem fio, além de internet.

Construiu e opera a única rede de fibra óptica totalmente digital dos

Estados Unidos.

2.3.5 Telefônica

A Telefônica é uma das líderes mundiais do setor das telecomunicações. É o

operador de referência nos mercados de língua espanhola e portuguesa, bem como o

sexto operador do mundo por capitalização bursátil. Sua atividade está centrada

basicamente nos negócios de telefonia fixa e telefonia móvel, tendo a banda larga

como ferramenta chave para o desenvolvimento de ambos os negócios.

Sua presença é significativa em 15 países, embora tenha operações em cerca

de 40 nações. Tem presença marcante na América Latina, onde atua em oito países

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com uma clara estratégia de crescimento. A base de clientes do Grupo Telefônica no

mundo inteiro ultrapassa os 100 milhões de clientes.

A Telefónica é uma empresa totalmente privada que conta com quase 1,7

milhões de acionistas diretos. Seu capital social está dividido no momento em

4.955.891.361 ações ordinárias com cotação no mercado contínuo das bolsas

espanholas (Madri, Barcelona, Bilbao e Valência) e nas bolsas de Londres, Paris,

Frankfurte, Tóquio, Nova Iorque, Lima, Buenos Aires, São Paulo e SEAQ

Internacional da Bolsa de Londres. Suas filiais Telefónica Móviles, TPI (Telefónica

Publicidad e Información) e Terra Lycos também estão cotadas em bolsa.

Desde que assumiu a operação da Telesp e CTBC em agosto de 1998, a

Telefônica iniciou um maciço processo de expansão e ampliação do sistema de

telefonia fixa do Estado de São Paulo, inclusive na Região de Ribeirão Preto, a partir

da compra da Ceterp, em dezembro de 1999.

A empresa chegou a instalar 3 milhões de linhas em pouco mais de um ano e

meio de atividades, graças a investimentos em infra-estrutura e tecnologia.

Cerca de dois anos após o leilão de privatização das operadoras de

telecomunicações, a Telefônica São Paulo apresenta densidade de 27 linhas por 100

habitantes, maior do que o índice nacional (20 por 100). Até o final de 2001, a

Empresa atenderá à demanda de telefonia fixa no Estado - cerca de 3 milhões de

linhas - acabando com a fila de espera por um telefone. Também no próximo ano, a

Telefônica deve alcançar a digitalização total de sua rede fixa de telefonia.

Esses aspectos contribuem para a universalização de serviços, o que já pode

ser observado, pelo aumento do número de telefones instalados em residências de

famílias das classes C e D. A expansão de telefones públicos levou a empresa a

atingir o índice de seis aparelhos para mil habitantes, duas vezes mais do que as

metas governamentais. A atuação da Telefônica, além de aumentar e modernizar a

telefonia fixa em 643 municípios de São Paulo, refletiu-se diretamente na economia

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do Estado, com a geração de empregos e ampliação dos recursos e serviços de

telecomunicações à disposição de todos os segmentos da sociedade.

2.3.6 Telemar

A Telemar é hoje a maior empresa de telecomunicações do Brasil em

faturamento e em número de telefones instalados. Com larga experiência em serviços

de telefonia fixa local e de longa distância, também oferece serviços para Internet,

Transmissão de Dados e Imagens e Videoconferência, entre outros.

Esta empresa foi criada em 1999, quando o Ministério das Comunicações

dividiu a Telebrás em doze companhias : três holdings das concessionárias regionais

de telefonia fixa, uma holding da operadora de longa distância e oito holdings das

concessionárias da telefonia móvel Banda A. A maior delas era a Tele Norte Leste,

que se transformou em Telemar.

Os estados que hoje integram a área de atuação - Rio de Janeiro, Minas

Gerais, Espírito Santo, Bahia Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do

Norte, Piauí, Ceará, Maranhão, Pará, Amazonas, Amapá e Roraima - respondem por

64% do território nacional. Além disso, geram mais de US$ 300 bilhões do Produto

Interno Bruto (PIB) e abrigam 87 milhões de pessoas, mais da metade da população

brasileira.

2.3.7 Vésper

A Vésper é uma operadora autorizada à prestação de Serviços de Telefonia

Fixa Comutada (STFC), na modalidade local e de longa distância, nas Regiões I e III

do Plano Geral de Outorgas. Nessas duas Regiões, estão 17 Estados do Sudeste,

Nordeste e Norte do país, que concentram 76% da população brasileira. A

companhia iniciou suas atividades em janeiro de 2000, utilizando uma solução

inovadora no mercado de telefonia fixa residencial: um sistema de acesso fixo sem

fio, baseado na tecnologia CDMA.

O consórcio que adquiriu as licenças para operar nas Regiões I (fevereiro/99)

e III (maio/99) foi inicialmente formado por Bell Canada International, VeloCom e

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Qualcomm. Em abril de 2000, o consórcio anunciou a unificação da gestão da

Vésper S.A. (Região I) e da Vésper São Paulo (Região III). Em novembro de 2001,

foi concluída uma nova reestruturação que viabilizou a injeção de recursos na

Vésper, oriundos de um novo aporte de capital a ser feito pela Qualcomm e pela

VeloCom, bem como uma reestruturação da dívida da companhia. A partir de então,

a Qualcomm passou a ser a maior acionista da Vésper. Em 11 de Agosto de 2003, foi

anunciada a assinatura de uma Carta de Intenção para a possível aquisição da Vésper

pela Embratel, representando um importante e positivo avanço no processo de venda

da companhia. A transferência de 100% do controle acionário para a Embratel

ocorreu em 03 de dezembro de 2003, com a aprovação dos órgãos competentes do

governo e a assinatura dos contratos definitivos.

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CAP. 3 – AS CINCO FORÇAS NA TELEFONIA FIXA

As influências das cinco forças serão analisadas considerando os três grandes

produtos da telefonia fixa em dois grandes grupos:

• Telefonia local,

• Longa distância nacional e internacional

3.1 A Rivalidade entre Concorrentes

No mercado de telefonia fixa local residencial, a rivalidade entre os

concorrentes é praticamente nula e existem três grandes monopólios (Telemar na

Região I, Telefônica na Região II e Brasil Telecom na Região III). As empresas

espelhos não têm uma participação representativa no mercado. A Vésper nas Regiões

I e III tem menos de 1% de market share do mercado, sendo que inclusive já foi

vendida à Embratel e a GVT tem um desempenho melhor com cerca de 4% de

market share.

A falta de competição no serviço local leva também a ausência de planos

alternativos de serviço. Enquanto na telefonia celular menos de 2% utilizam os

planos básicos de serviço, cujos preços são controlados pela Anatel, na telefonia fixa

local para praticamente todos os clientes residenciais das concessionárias aplica-se o

plano básico de serviço.

Um dos problemas que têm impedido o crescimento do número de telefones

fixos residenciais e contribuído para aumentar a inadimplência é o fato do usuário

residencial de menor poder aquisitivo ter dificuldades para manter um gasto mensal

mínimo de R$30 a R$40 para ter um telefone fixo decorrente do valor da assinatura.

Este fato gerou inclusive, no Congresso Nacional, o projeto de lei 5476/2001,

que propõe a extinção da assinatura básica de telefone.

É importante lembrar que o fim da assinatura pura e simples teria como

conseqüência um aumento dos valores cobrados pelo pulso o que pode não ser

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vantajoso para uma parcela dos clientes atuais. A melhor solução seria o

oferecimento de planos alternativos como aconteceu com o pré-pago na telefonia

celular.

No mercado de telefonia fixa local corporativa há uma concorrência bem

mais forte, conforme a seguir:

No mercado de telefonia fixa de longa distancia nacional e internacional

residencial e corporativa, a rivalidade entre os concorrentes é grande e vem

crescendo a cada dia, conforme gráfico abaixo:

Telefonia Fixa Corporativa

0

20

40

Market Share 12 35 29 18 7

EMBRATEL TELEFONICA TELEMAR BR TELECOM OUTROS

Telefonia Fixa Longa Distância

0

50

onga Distancia Naciona 34 29 18 12 7 1

Longa Distancia Internacional 38 18 14 10 17 3

EMBRATEL TELEFONIC TELEMAR BR INTELIG OUTROS

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3.2 O Poder de Barganha dos Clientes

O poder de barganha que os clientes residenciais exercem sobre as empresas

de telefonia fixa local não existe porque praticamente existem três monopólios (um

em cada região) da Telemar, Telefônica e Brasil Telecom.

No mercado corporativo, a concorrência é bem mais fomentada sendo que

alguns clientes estratégicos como call centers e provedores de acesso à internet,

devido a grande concentração de ligações chamadas entrantes (empresas que

recebem muitas ligações), tem um forte poder de barganha. Isso ocorre porque é

muito interessante para as operadoras esse tipo de cliente já que as mesmas recebem

os valores de interconexão pelas as ligações completadas em sua rede.

No mercado de longa distância tanto residencial como corporativa nacional

ou internacional, o poder de barganha dos clientes é muito pequeno devido a grande

pulverização dos clientes.

Mesmo assim, o risco de integração para trás, em ambos os casos, é nulo.

3.3 O Poder de Barganha dos Fornecedores

O poder de barganha dos fornecedores diverge um pouco entre as operadoras,

tanto das operadoras de telefonia fixa local como as de longa distancia, pois alguns

deles financiam ou financiaram a construção de parte da rede. No entanto, de uma

forma geral, pode-se considerar que o poder que os fornecedores exercem sobre elas

é relativamente elevado, pois os mais significativos fornecedores ainda são os

fornecedores responsáveis pelos equipamentos de expansão e manutenção da rede.

O custo de mudança de fornecedores é muito elevado já que a rede já foi

quase toda implantada e existe uma boa dependência de manutenção de

equipamentos.

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Outro ponto importante é a falta de opções de novos fornecedores de

equipamentos de telecomunicações, já que qualquer equipamento para ser utilizado

deve ser homologado pela ANATEL. Para citar um exemplo, o fornecedor CISCO,

reconhecido internacionalmente pelos seus níveis de qualidade, confiabilidade e

segurança, é recomendado para todo o universo corporativo quando o assunto é

instalação e desenvolvimento de roteadores. Não há outro fornecedor capaz de

transferir à empresa que o adota a mesma imagem. Portanto, toda a empresa que

deseje construir uma rede de boa reputação tem que ter como fornecedor a CISCO,

aumentando o seu poder de barganha consideravelmente.

O risco de integração para frente não é tão baixo como o anterior, pois

algumas operadoras têm como acionistas e financiadores os fabricantes de

equipamentos. Em um caso recente e atual, a Alcatel tem influenciado diretamente e

de uma maneira decisiva o processo de venda da Intelig.

3.4 Novos Entrantes

Inicialmente para uma empresa começar a prestar o serviço de telefonia fixa

local e de longa distância é necessária uma licença emitida pela ANATEL. Logo, há

uma forte questão regulatória envolvida, onde a ANATEL regulamentou a entrada

paulatinamente desde o início de 2003 de novos entrantes nos diversos mercados da

telefonia. Com a telefonia fixa não foi diferente e com isso, as 08 empresas

outorgadas a atuar nesses mercados foram obtendo suas licenças nesse período.

Na telefonia fixa local, há um custo de entrada para novos entrantes muito

alto. Atualmente estima-se um custo de cerca de US$ 500 milhões, entre aquisições

de empresa ou construção de uma nova rede e propaganda, para a entrada de novo

concorrente no mercado.

Porém a compra da Embratel pela Telmex traz um novo grande concorrente

para esse mercado, com um alto poder de influência e com ampla experiência nesse

mercado em outros países da América latina. Porém ainda há algumas dúvidas em

que nível de concorrência e para qual mercado essa nova empresa irá atuar.

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Um outro ponto extremamente importante e decisivo para o nível de

concorrência no mercado de telefonia fixa local é a questão do compartilhamento da

rede existente (unbundling). Com a regulamentação do unbundling, o custo de

entradas das empresas aptas no mercado local irá baixar significativamente.

No mercado de telefonia fixa de longa distância todos as oito empresas

outorgadas pela ANATEL já atuam nesse seguimento. Portanto, a possibilidade de

novos entrantes é muito remota.

3.5 Produtos Substitutos

A telefonia fixa local tem duas grandes funcionalidades: voz e internet

discada. Quando falamos de voz, temos como principais produtos substitutos a

telefonia móvel e o e-mail, já para internet existe a tecnologia ADSL (banda larga).

Porém as operadoras de telefonia fixas local vêm se preparando, já oferecendo

inclusive, esses novos produtos aos seus clientes.

Na telefonia fixa local corporativa existe uma mudança de tecnologia em

vigor (Telefonia via IP) que tende a aumentar a concorrência entre as operadoras.

Isto iria possibilitar a conectividade ampla entre clientes e operadora, além de grande

parte da rede das empresas de telefonia fixa existentes não suportarem essa mudança,

obrigando a todos concorrentes a investir nessa nova tecnologia.

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CONCLUSÃO

Este trabalho procurou analisar o setor de telefonia fixa no Brasil, definindo

os principais participantes e seus posicionamentos. A partir do modelo das cinco

forças proposto por Michael Porter nos ajuda de forma substancial para que se

compreende esse mercado tão complexo como o mercado de telefonia fixa.

Quando se entende como as cinco forças (a ameaça de entrada de novos

concorrentes, a competição entre participantes do mercado, a ameaça de produtos

substitutos, poder de negociação com compradores e o poder de negociação com

fornecedores), juntamente com a complexa questão regulatória interagem com cada

uma das empresas de telefonia fixa do país, é possível analisar as principais

tendências desse mercado.

Sob certos aspectos, partiu-se da premissa incorreta de que haveria simetria

de condições entre as operadoras locais e de longa distância. Contudo, devido à

imperfeição concorrencial da experiência americana, definiu-se que correções

deveriam ser feita no caso brasileiro. Detectou-se então que, ao contrário do que se

imaginara, o que havia era uma assimetria de condições entre as incumbents locais e

as incumbents de longa-distância, já que as operadoras de longa distância dependem

sobremaneira da infra-estrutura de rede local das incumbents para o provimento de

seus serviços, e não vice-versa.

Observou-se que, com o fim das barreiras restritivas ocorridas a partir de

2002, não houve a disseminação efetiva da competição entre as prestadoras fora de

sua área originária. Isso se explica pela possível prática de cartelização das

operações. O modelo transmutou-se de monopólio público para monopólio privado.

Por mero exame, se observa que, a despeito do permitido, a Telemar (operadora da

Região I) não concorre com Telefônica e Brasil Telecom (operadoras das regiões II e

III respectivamente), e assim sucessivamente. Onde pode se afirmar que houve

concorrência efetiva nesta vertente, foi no mercado de Longa Distância Nacional e

Internacional, isto porque o inimigo é comum, a Embratel.

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O problema torna-se maior na medida em que o compartilhamento da última

milha (unbluding) não foi regulamentado pelo órgão regulador. Tornada então norma

vazia, a regulamentação do compartilhamento justo e equânime das infra-estruturas

de redes locais (essential facilities), revelou-se verdadeiro obstáculo intransponível

para a efetivação da competição no mercado de telefonia local. Este problema ainda

existe até os dias atuais. A desagregação de elementos de rede faria com que outros

prestadores de serviços de telecomunicações tivessem acesso a elementos das redes

locais das incumbents, fomentando a competição neste mercado.

A concentração das empresas de telefonia fixa deverá ser consolidar até o

final das concessões do SFTC, previstas para dezembro de 2005. Com isso, a Intelig

deve ser adquirida por uma das empresas incumbents, provavelmente a Telefônica, o

que permitiria a entrada nos mercados das regiões I e III com um custo

razoavelmente baixo.

O mercado brasileiro deverá ser palco de uma disputa, ainda inexistente, entre

as duas maiores empresas de telefonia fixa da América Latina, Telmex (que ficou

bastante competitiva no Brasil após a aquisição da Embratel e a rede da Net) e

Telefonica de España, que comandam as telecomunicações em nossos países

vizinhos. Talvez, essa seja a única e última esperança de algum tipo de concorrência

no mercado de telefonia fixa local no país.

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BIBLIOGRAFIA

ANATEL. Disponível em: http://www.anatel.gov.br

BRASIL TELECOM. Disponível em < http://www.brasiltelecom.com.br >. Acesso

em: 2004

EMBRATEL. Disponível em < http://www.embratel.com.br > Acesso em: 2004

GVT. Disponível em: < http://www.gvt.com.br > Acesso em: 2004

INTELIG TELECOM. Disponível em: < http://www.inteligtelecom.com.br >

Acesso em: 2004

KOTLER, Philip. Administração de Marketing – 10a Edição, 2002.

PORTER, M. Competição On Competition: estratégias competitivas essenciais. Rio

de Janeiro: Campus, 1999.

PORTER, M. Competitive Advantage: Creating and Sustaining Superior

Performance. New York: Free Press, 1985.

PORTER, M. Estratégia Competitiva: técnicas para análise da indústria e da

concorrência. Rio de Janeiro: Campus, 1991

TELECO. Disponível em : < http://www.teleco.com.br > Acesso em: 2004

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO 7

CAP.1 – O MODELO DAS CINCO FORÇAS 10

1.1 Ameaça de Entrada de Novos Concorrentes 10

1.2 Competição entre Participantes do Mercado 13

1.3 Ameaça de Produtos Substitutos 15

1.4 Poder de Negociação com Compradores 16

1.5 Poder de Negociação dos Fornecedores 17

CAP.2 – ANÁLISE DO SETOR DE TELEFONIA FIXA 19

2.1 As Telecomunicações no Brasil 20

2.2 Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC) 24

2.2.1 Serviço Local 25

2.2.2 Serviço de Longa Distância 26

2.2.3 O Modelo de Custos de uma Empresa de Telefonia Fixa 31

2.2.4 A Interconexão 32

2.3 As Principais Empresas de Telefonia Fixa no Brasil 34

2.3.1 Brasil Telecom 34

2.3.2 Embratel 35

2.3.3 GVT 36

2.3.4 Intelig Telecom 37

2.3.5 Telefônica 38

2.3.6 Telemar 39

2.3.7 Vesper 40

CAP. 3 – AS CINCO FORÇAS NA TELEFONIA FIXA 41

3.1 A Rivalidade Entre os Concorrentes 41

3.2 O Poder de Barganha dos Clientes 43

3.3 O Poder de Barganha dos Fornecedores 43

3.4 Novos Entrantes 44

3.5 Produtos Substitutos 45

CONCLUSÃO 46

BIBLIOGRAFIA 48

INDICE 49

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FOLHA DE AVALIAÇÃO UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”

PROJETO VEZ DO MESTRE Título da Monografia: O MODELO DAS CINCO FORÇAS DE MICHAEL PORTER APLICADO AO SETOR DE TELECOMUNICAÇÃO FIXA NO BRASIL. Autor: Vera Lucia de Moura Faria Orientador: Fabiane Muniz Data da Entrega: 07 / 10 / 2004. Avaliado por: ___________________________________________________________ Conceito:

______________________________________________________________