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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A VIRTUALIZAÇÃO DO SERVIÇO PÚBLICO COMO CATALISADORA DA EFICIÊNCIA E TRANSPARÊNCIA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL Por: Vagner Rangel Moreira Orientadora Profa. Ma. Flávia Martins de Carvalho Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A VIRTUALIZAÇÃO DO SERVIÇO PÚBLICO COMO

CATALISADORA DA EFICIÊNCIA E TRANSPARÊNCIA NA

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

Por: Vagner Rangel Moreira

Orientadora

Profa. Ma. Flávia Martins de Carvalho

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A VIRTUALIZAÇÃO DO SERVIÇO PÚBLICO COMO

CATALISADORA DA EFICIÊNCIA E TRANSPARÊNCIA NA

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Gestão Pública.

Por: Vagner Rangel Moreira

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, aos meus pais, aos

meus amigos e a todos aqueles que

contribuíram direta ou indiretamente

para mais essa conquista.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha irmã, Cintia,

ao meu sobrinho Rafael Guedes e a

Gabriel Mamed, meu grande amigo e

mestre.

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EPÍGRAFE

“Qual é o melhor governo? Aquele

que nos ensina a governar-nos”.

Johann Wolfgang Von Goethe

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RESUMO

A Administração Pública deve se nortear pelos princípios da

legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, todos

insculpidos no artigo 37 da Constituição da República Federativa do Brasil, de

1988.

O presente trabalho irá abordar apenas os dois últimos princípios,

considerando a transparência como uma evolução do princípio da publicidade

(MOREIRA NETO, 2001).

Procura-se mostrar, no trabalho, que a utilização dos meios

eletrônicos, sobretudo a INTERNET, potencializa a gestão pública, tornando-a

mais ágil e moderna, menos burocrática e, portanto, mais eficiente e cristalina.

Dessa forma, o uso da INTERNET acaba por auxiliar no

cumprimento de todos os princípios constitucionais supracitados.

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada para a execução desse trabalho monográfico

foi a pesquisa bibliográfica, a utilização de provenientes de sítios eletrônicos do

governo federal e de outros materiais como artigos científicos e revistas

especializadas.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I - Serviços Públicos

Conceituação de Serviços Públicos Formas, Competência para Prestação do Serviço Público e sua Titularidade Classificação de Serviços Públicos Princípios Básicos dos Serviços Públicos

CAPÍTULO II - Governo Eletrônico

Conceituação de Governo Eletrônico Classificação de e-Gov Governo Eletrônico no Brasil CAPÍTULO III – Serviços Públicos Federais na Internet

Serviço Público Virtual e o Princípio da Eficiência Serviço Público Virtual e o Princípio da Transparência CONSIDERAÇÕES FINAIS

BIBLIOGRAFIA

ÍNDICE

FOLHA DE AVALIAÇÃO

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INTRODUÇÃO

Desde a chegada da Internet no Brasil, em outubro de 1995, a

sociedade brasileira vem experimentando uma grande mudança na sua esfera

cultural e comportamental.

A rede mundial de computadores tornou-se uma ferramenta

poderosa de acesso à informação em tempo real, na aquisição de bens e na

utilização de serviços variados.

A Administração Pública Federal, em observância aos princípios

constitucionais do art. 37 da CRFB/88 e às constantes demandas da

população, não poderia ficar alheia a tais transformações e disponibilizou ao

cidadão a prestação de diversos serviços públicos em meio eletrônico.

Assim, qualquer cidadão conectado à Internet, independente do local

ou da hora de acesso, pode solicitar diversos serviços públicos, como, por

exemplo, certidão de quitação eleitoral e salário maternidade. Além de facilitar

o controle pela população das contas públicas.

Percebe-se, então, uma mudança na forma dos governos se

relacionarem com os cidadãos e a importância do assunto proposto nesse

trabalho monográfico para as entidades governamentais e seus clientes.

O estudo apresentado considera a questão da transparência como

elemento fundamental para a boa gestão do serviço público. O atendimento

aos princípios legais estabelecidos constitucionalmente é importante para que

se atinja o máximo de eficiência e A Administração Pública deve se nortear

pelos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e

eficiência, todos insculpidos no artigo 37 da Constituição da República

Federativa do Brasil, de 1988.

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O primeiro capítulo apresentará os principais conceitos de serviços

públicos existentes na doutrina pátria, uma vez que não existe uma definição

legal para o termo “serviço público”. A partir daí serão elencados os elementos,

as formas, a competência para sua prestação e a titularidade. Serão

mostradas, ainda, as classificações e os princípios dos serviços públicos.

Em seguida, o capítulo II abordará a utilização o Governo Eletrônico,

conceituando-o, classificando-o para, posteriormente, apresentar um breve

histórico do Governo Eletrônico Federal brasileiro.

O terceiro capítulo tratará dos princípios da eficiência e

transparência e a sua potencialização no ambiente virtual, contribuindo para

uma melhor gestão pública, tornando-a, assim, mais rápida, menos onerosa e

mais eficaz, atendendo de maneira adequada as demandas sociais.

Por fim, as considerações finais que mostrarão, resumidamente, os

resultados advindos do presente estudo.

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CAPÍTULO I

1.1. CONCEITUAÇÃO DE SERVIÇO PÚBLICO

A legislação pátria não apresenta um conceito para serviços

públicos. Dessa forma, a sua definição é doutrinária e varia de autor para autor.

Para o ilustre doutrinador BANDEIRA DE MELLO (2001), o serviço

público é:

“Toda atividade de oferecimento de utilidade ou comodidade material fruível diretamente pelos administrados, prestados pelo Estado ou por quem lhe faça às vezes, sob um regime de direito público (...) instituído pelo Estado em favor dos interesses que houver definido como próprios no sistema normativo”.

MEIRELLES (1993, p. 289) afirma que:

“Serviço público é todo aquele prestado pela Administração Pública ou por seus delegados, sob normas e controles estatais, para satisfazer necessidades essenciais ou secundárias da coletividade ou simples conveniências do Estado”.

Corroborando esse entendimento, CARVALHO FILHO (2006, p. 267)

conceitua o serviço público como “toda atividade prestada pelo Estado ou por

seus delegados, basicamente sob regime de direito público, com vistas à

satisfação de necessidades essenciais ou secundárias da coletividade”.

Já DI PIETRO (1993, p. 80) assinala que o serviço público:

“É toda atividade material que a lei atribui ao Estado para que exerça diretamente ou por meio de seus delegados, com o objetivo de satisfazer as necessidades coletivas, sob regime jurídico total ou parcialmente de direito público“.

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Embora diferentes essas conceituações complementam-se e

possibilitam o destaque dos seguintes elementos do serviço público:

1. Atividade material, ou seja, é uma tarefa exercida no plano

concreto pelo Estado. Não sendo, portanto, um ato

administrativo;

2. Natureza ampliativa, pois não apresenta limitação ou restrição

imposta ao particular como no Poder de polícia. É uma

atividade em favor do particular, oferecendo vantagens e

comodidades a seus usuários;

3. Prestado direta ou indiretamente pelo Estado;

4. Prestado sob regime (predominantemente) público;

5. Serviço prestado com vistas à satisfação de necessidades ou

comodidades da coletividade.

1.2. FORMAS, COMPETÊNCIAS PARA A PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS E A SUA TITULARIDADE

1.2.1. Formas de Prestação do Serviço Público

O serviço público pode ser prestado de forma direta ou indireta. A

prestação direta é aquela realizada pela própria Administração Pública e

poderá ser realizada de dois modos: pessoalmente pelo Estado, nesse caso é

promovida pelos órgãos da administração direta, ou com auxílio de particulares

em nome do Estado mediante celebração de contrato de prestação de serviços

com a Administração Pública precedido de procedimento licitatório, como, por

exemplo, a coleta de lixo feita por empresa terceirizada.

Já a prestação indireta pode ser por outorga à administração

indireta, sendo necessária lei específica nesse sentido, ou por delegação,

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autorizada por lei, quando realizada após licitação e por meio de

concessionárias e permissionárias.

1.2.2. Competências para a Prestação do Serviço Público

Primordialmente, na Constituição Federal da República Federativa

do Brasil de 1988 que as competências acerca da titularidade e da prestação

dos serviços públicos estão estabelecidas.

1.2.2.1. Competência da União

Os serviços públicos privativos da União estão elencados nos

seguintes incisos do art. 21 da CRFB/88:

III- assegurar a defesa nacional; VII - emitir moeda; X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional XI - serviços de telecomunicações em geral; XII - serviços de radiofusão; b) energia elétrica c) navegação aérea, aeroespacial; d) transporte ferroviário e aquaviário; e) transporte rodoviário e interestadual e internacional; XVIII - defesa contra calamidades; XXIII - instalação e produção de energia nuclear.

Competem, ainda, à União a prestação dos serviços públicos do art.

23 da CRFB/88, em conjunto com os estados e municípios, uma vez que tais

serviços são de competência comum de todos os entes da federação.

1.2.2.2. Competência dos Estados-membros

Os Estados-membros possuem competências remanescentes

quanto à prestação de serviços públicos, uma vez que a CRFB/88 determinou

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tão-somente os poderes da União e dos Municípios, silenciando-se quando aos

dos Estados.

Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição. § 1º - São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.

A exceção é a exploração do gás canalizado que é prescrita no art.

25, § 2º da CRFB/88 como competência privativa dos Estados-membros.

É importante esclarecer que os serviços prestados pelos estados

irão variar de acordo com as possibilidades do governo e as necessidades

daquela coletividade.

1.2.2.3. Competência dos Municípios

O interesse local é a expressão-chave para identificar a competência

dos municípios. O art. 30 da CRFB/88 exemplifica alguns serviços públicos que

podem ser prestados pelo Ente municipal, destacando-se, o transporte coletivo;

a educação pré-escolar e o ensino fundamental; o serviço de atendimento à

saúde; o uso, parcelamento e ocupação do solo urbano; além da proteção ao

patrimônio histórico-cultural local.

1.2.2.4. Competência do Distrito Federal

A competência distrital engloba tanto a municipal quanto a estadual,

conforme art. 32 da CRFB/88:

Art. 32 - O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição.

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§ 1º - Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados e Municípios.

Portanto, todos os serviços públicos de competência estadual e

municipal devem ser prestados pelo Distrito Federal.

1.2.3. Titularidade dos serviços Públicos

A titularidade do serviço público é atribuída a quem, segundo a lei,

tem o direito de prestá-lo. Ressalta-se, porém, que só pessoa jurídica de direto

público pode ser titular de serviço público, incluindo-se, assim, as autarquias e

fundações públicas de direto público.

Quando o serviço é prestado indiretamente, o Poder Público não

transfere a sua titularidade, mas apenas o direito de executá-lo. Diante disso,

resta claro que as empresas públicas e as sociedades de economias mistas

não detêm a titularidade dos serviços públicos prestados, mas tão somente os

executam mediante outorga.

1.3. CLASSIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS

A classificação dos serviços públicos variará conforme o critério

analisado, quanto à sua essencialidade, adequação e aos seus destinatários.

1.3.1. Quanto à sua essencialidade

Sob o aspecto da essencialidade, os serviços públicos podem ser

classificados como serviços públicos propriamente ditos e serviços públicos de

utilidade pública.

Por força da sua fundamentalidade e necessidade, os serviços

públicos propriamente ditos são prestados diretamente pela Administração

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Pública à sociedade. Defesa nacional, polícia e preservação da saúde são

exemplos de tais serviços.

Já os serviços de utilidade pública embora não sejam essenciais,

facilitam o cotidiano do indivíduo, oferecendo-lhe mais conforto e comodidade.

A Administração poderá prestá-los direta ou indiretamente.

Transporte coletivo, gás, telefonia e energia elétrica são exemplos de serviços

de utilidade pública.

1.3.2. Quanto à sua adequação

Sob esse prisma, os serviços públicos são classificados como

próprios e impróprios do Estado. Os primeiros são aqueles diretamente

relacionados com as atribuições do Poder Público e prestados, tão-somente,

por órgãos e entidades públicas.

Os serviços de segurança e polícia são exemplos típicos de serviços

próprios do Estado. Normalmente, em razão da sua essencialidade, os serviços

próprios do Estado são gratuitos ou de baixa remuneração.

Os serviços impróprios, por sua vez, são aqueles suscetíveis de

delegação, pois não afetam substancialmente as necessidades da

comunidade, mas satisfazem interesses comuns de seus membros.

Ilustrativamente, apontam-se os serviços de energia elétrica residencial e de

transporte público como exemplos desses serviços.

1.3.3. Quanto aos seus destinatários

Os serviços públicos podem ser classificados levando-se em

consideração os seus usuários ou destinatários.

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Os serviços prestados pela Administração sem que haja usuários

determinados, não sendo possível identificá-los ou mensurá-los, são chamados

de uti universi ou gerais. Toda a coletividade, indiscriminadamente, é atendida

por tais serviços, por exemplo, iluminação pública e esgoto.

De outro lado, estão os serviços uti singuli ou individuais que podem

ter a sua utilização mensurada individualmente, pois os destinatários desses

serviços são determináveis. Água, telefone e energia elétrica residencial

exemplificam essa categoria de serviços públicos individuais.

Ressalta-se, destarte, que esses serviços são remunerados por taxa

ou tarifa e possibilitam que o particular exija a sua prestação, caso haja

viabilidade técnica e esteja em área por eles abrangida. Já os serviços uti

universi são mantidos por impostos e não geram direito subjetivo ao particular,

ou seja, não podem ser exigidos por meio de Mandado de Segurança ou

qualquer outra ação cominatória.

1.4. PRINCÍPIOS BÁSICOS DOS SERVIÇOS PÚBLICOS

Princípios são enunciados que auxiliam a compreensão de uma

norma, eles norteiam o interprete, são os alicerces que servem de base às

normas jurídicas. Alguns princípios são expressos na CRFB/88, como, os

Princípios da Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e o da

Eficiência que devem ser observados em qualquer ato administrativo.

1.4.1. Princípio da Generalidade

O princípio da generalidade pode ser vislumbrado por dois ângulos:

o quantitativo e o igualitário.

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Sob o primeiro prisma, os serviços públicos devem ter amplitude

suficiente para beneficiar o maior número possível de usuários. Por outro lado,

de acordo com esse mesmo princípio, os serviços públicos devem ser

prestados sem discriminação entre os usuários, quando houver as mesmas

condições técnicas e jurídicas para a sua fruição.

Observa-se, então, o princípio da generalidade, nessa vereda, como

um desdobramento do princípio da impessoalidade.

Não restam dúvidas de que os serviços públicos devam,

principalmente, ser adequados e de boa qualidade. A Lei nº 8.666/95, em seu

art. 6º, § 1º, que serviço adequado “é aquele que satisfaz as condições de

regularidade, continuidade, eficiência, atualidade, generalidade, cortesia na sua

prestação e modicidade nas tarifas.”

1.4.2. Princípio da Continuidade

O Princípio da Continuidade indica que os serviços públicos não

podem ser interrompidos ou paralisados, salvo ocorrência de caso fortuito ou

força maior que determine a sua paralisação temporária. Esse princípio é de

suma importância para os serviços públicos essenciais, pois a descontinuidade

ou a irregularidade na prestação de tais serviços acarretaria sérios transtornos

à população.

Neste sentido é o entendimento de BASTOS (1996, p. 165):

"O serviço público deve ser prestado de maneira continua, o que significa dizer que não é passível de interrupção. Isto ocorre pela própria importância de que o serviço público se reveste, o que implica ser colocado à disposição do usuário com qualidade e regularidade, assim como com eficiência e oportunidade". Essa continuidade afigura-se em alguns casos de maneira absoluta, quer dizer, sem qualquer abrandamento, como ocorre com serviços que atendem necessidades permanentes, como é o caso de fornecimento de água, gás, eletricidade.”

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De forma objetiva, pode-se entender continuidade como

regularidade na prestação da atividade. Assim, não haveria ofensa ao Princípio

da Continuidade um espaçamento maior de tempo entre uma condução e outra

de uma determinada linha de ônibus, por exemplo, pela diminuição da

demanda.

1.4.3. Princípio da Eficiência

A necessidade de a Administração Pública atuar com eficiência sob

a égide dos mais modernos processos tecnológicos possuiu tamanha

relevância que a Emenda Constitucional nº 19/98 incluiu o princípio da

eficiência como um dos princípios norteadores da Administração Pública no art.

37 da CRFB/88.

A Administração Pública deve ser moderna, sua gestão atualizada e

a tecnologia têm um papel importante nesse aspecto, pois facilita a execução

dos serviços prestados de forma mais célere, com mais qualidade e menos

dispêndio.

1.4.4. Princípio da Modicidade

Por esse princípio, entende-se que os serviços públicos prestados

devem ser remunerados a preços módicos, isto é, não podem ser tão caros

que impossibilitem a sua fruição, tampouco terem valores irrisórios a ponto de

inviabilizar a sua oferta.

Segundo FERREIRA (1985, p. 235) o princípio da modicidade:

“Traduz a noção de que o lucro, meta da atividade econômica capitalista, não é o objetivo da função administrativa, devendo o eventual resultado econômico positivo decorrer de boa gestão dos serviços, sendo certo que alguns deles, por seu

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turno, têm de ser, por fatores diversos, essencialmente deficitários ou, até mesmo, gratuitos”.

Além dos princípios acima explanados, BANDEIRA DE MELLO

(2006) aponta também os da obrigatoriedade do Estado prestar o serviço

público, supremacia do interesse público, adaptabilidade, transparência,

motivação e controle.

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CAPÍTULO II

2.1. CONCEITUAÇÃO DE GOVERNO ELETRÔNICO

Por se tratar de termo recente e possuir um caráter bastante

abrangente, a conceituação de governo eletrônico não é singular, várias

definições podem ser encontradas na literatura.

Consoante ZWEERS & PLANQUÉ (2001, p. 92), pode-se afirmar

que:

“Governo Eletrônico é um conceito emergente que objetiva fornecer ou tornar disponível informações, serviços ou produtos, através de meio eletrônico, a partir ou através de órgãos públicos, a qualquer momento, local e cidadão, de modo a agregar valor a todos os stakeholders envolvidos com a esfera pública.”

Já o World Bank (2003), “in its basic definition, eGovernment refers

to the use of Information Technology to exchange information and services with

citizens, businesses and within government.”

Para o National Audit Office (2002),

“governo eletônico ou e-governo significa prover acesso público via internet a informações sobre serviços oferecidos pelos departamentos centrais de governo e suas agencias, habilitando o público à condução e conclusão de transações para tais serviços.”

A União Européia (2004) e a Nações Unidas (2002) também

conceituam governo eletrônico, esta como “a utilização da internet e da web

para ofertar informações e serviços governamentais aos cidadãos”; e aquela

como sendo “o uso de TICs na administração pública combinado com as

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mudanças organizacionais e as novas habilidades a fim de melhorar a

prestação dos serviços públicos e os processos democráticos”.

Segundo SANCHEZ, “o Governo eletrônico não significa apenas

distribuir e instalar grande número de computadores, redes e sistemas

informacionais nas dependências do Estado, para uso interno, significa

também trabalhar para efetivar, através da tecnologia, uma relação mais direta,

transparente e participativa entre as instituições estatais e o cidadão.”

Diferentemente das outras definições que focam basicamente na

melhoria da prestação dos serviços públicos, a conceituação de SANCHEZ traz

também a ideia de transparência e o estreitamento das relações entre governo

e cidadãos. Por parecer mais apropriada à temática proposta nesse trabalho

monográfico, será esta a conceituação adotada.

2.2. CLASSIFICAÇÃO DE E-GOV

Há uma infinidade de possibilidades de interação entre o cidadão e o

Governo, o Governo e o setor privado, entre Governos e até mesmo o Governo

consigo mesmo, por meio do uso da Tecnologia da Informação e Comunicação

(TIC). Destacam-se, então, três grandes campos dessa interatividade

(SANCHEZ, 2003):

1. Prestação de serviços ao cidadão (e-administração);

2. Dinaminização dos processos administrativos, do controle

interno e da elaboração de políticas públicas (e-governança);

3. Fomento e expansão dos processos democráticos (e-

democracia).

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2.2.1. E-Administração

A e-administração é um conjunto de serviços públicos disponíveis,

sobretudo, na internet, aos cidadãos, os quais podem interagir, informar-se,

transacionar, em tempo real, com a Administração Pública.

A implementação da e-administração dá-se em quatro fases:

Presença, Interação, Transação e Transformação, conforme modelo evolutivo

apresentado pelo Gartner Group, com base nos estudos de BAUM e DI MAIO

(2000).

Presença, a primeira fase do modelo de maturidade do governo

eletrônico, consoante BAUM e DI MAIO (2000), é o início da utilização da

internet como instrumento facilitador e catalisador da qualidade, agilidade e

eficiência dos serviços públicos prestados pela Administração Pública. Nesse

estágio, há alguns poucos órgãos com páginas na internet, nas quais são

disponibilizadas apenas informações básicas, tais como, telefone, interesse,

objetivos e serviços prestados.

Na Interação, segunda fase de implementação da Internet, alguns

serviços começam a ser oferecidos aos cidadãos e não apenas informações

superficiais como na primeira fase. Downloads de formulários ou documentos,

utilização de ferramentas de pesquisa e questionamentos por email já são

viáveis. Entretanto, ainda há a necessidade de o cidadão deslocar-se à

repartição pública para finalizar a transação, como, por exemplo, pagar uma

taxa ou assinar um documento. (ROVER et alii, 2010).

Já na Transação, as interações entre o Estado e os cidadãos são

mais complexas. Nessa etapa, é possível realizar transações financeiras, tais

como, pagamento de impostos e compras do governo federal pela internet.

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Na última etapa uma articulação do Governo Eletrônico com outras

tecnologias, como, por exemplo, telefonia celular e teleconferência. É na

Transformação que as várias páginas de cada órgão são concentradas em um

único portal.

No Brasil, o Governo Federal está desde 2001 na etapa da

transformação e disponibiliza aos cidadãos quantidade significativa de serviços

digitais e informações em www.e-gov.br.

É de fácil constatação que a e-administração é capaz de agilizar e

melhorar a qualidade dos serviços públicos prestados, além de, praticamente,

não haver restrições a horário e sem a necessidade de deslocamentos.

2.2.2. E-Governança

Para SANCHEZ (2003),

“a e-governança é um conjunto de atividades realizadas pelos governos, com o objetivo de dinamizar os processos administrativos e de aprimorar o controle interno e a elaboração de políticas públicas.”

Observa-se, então, que na e-governança há a utilização da

tecnologia da informação e comunicação no âmbito do próprio governo para

melhor gerir internamente a Administração Pública.

Sistemas informacionais de arrecadação tributária, de

administração financeiro-orçamentária, de gerenciamento de materiais, além de

portais corporativos e de compras são algumas das possíveis ferramentas

capazes de alavancar a qualidade e a organização administrativa.

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2.2.3. E-Democracia, Democracia Digital ou Cyberdemocracia

E-Democracia são todas aquelas atividades realizadas por meio da

tecnologia da informação e comunicação capazes de promover e ampliar os

processos democráticos1.

O voto eletrônico, a consulta popular virtual para discussão de

projetos de lei, as ouvidorias nas páginas institucionais e o correio eletrônico

são algumas ferramentas facilitadoras para melhor interação entre o cidadão e

seus representantes.

O acesso à informação pública e a prestação de contas por meio de

tecnologia da informação e comunicação é outra faceta da e-democracia, pois

permitem o cidadão acompanhar e fiscalizar as ações e os gastos públicos dos

eleitos.

Não há dúvidas de que esses meios possibilitam ao cidadão

participar mais ativamente das questões públicas; todavia, a falta de

capacitação da sociedade em lidar com essas novas tecnologias, a exclusão

digital e dificuldade para conseguir que os governos disponibilizem a

informação são exemplos dos muitos entraves que tornam a e-democracia,

ainda, no Brasil, mais uma potencialidade do que um fato concreto

propriamente dito.

1 Conceito extraído da 5ª Sessão do Comitê de Especialistas em Administração Pública das Nações Unidas (2006, p. 14): ce terme désigne l’utilisation des technologies informatiques de communication, comme l’Internet, pour améliorer les processus démocratiques dans une république démocratique ou une démocratie représentative. La cyberdémocratie, nouveauté politique encore balbutiante, suscite d’intenses débats et de nombreuses initiatives dans les sphères gouvernementales, les groupes d’action civique et les sociétés partout dans le monde.” Disponível em < http://unpan1.un.org/intradoc/groups/public/documents/un/unpan022333.pdf>. Acesso em 21/01/2012.

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2.3. O GOVERNO ELETRÔNICO NO BRASIL

2.3.1. Breve histórico

A utilização de sistemas informatizados pela Administração Pública

no Brasil acontece desde a década de 60. Porém, naquela época, essa

tecnologia era explorada de maneira muito limitada, não havia internet, o

computador era um equipamento extremamente e o seu uso era feito apenas

por pessoal especializado.

Somente nos primeiros anos da década de 90, com a chamada

“Revolução da Tecnologia de Informação”, na qual surgiram redes de

computadores capazes de gerar, processar, compartilhar e enviar informações

em tempo real (online), os governos vislumbraram o grande potencial da

informática como elemento catalisador da transformação e modernização da

Administração Pública.

Emerge, então, no Brasil, oficialmente em 2000, com a criação de

um Grupo de Trabalho Interministerial com o intuito de examinar, propor

políticas, diretrizes e normas voltadas às novas formas eletrônicas de

interação2, o Governo Eletrônico Brasileiro.

Em 2004, foi criado, pelo decreto nº 5.134/2004, o Departamento de

Governo Eletrônico com a incumbência de implantar e coordenar ações

unificadas e integradas de e-gov, e as atividades relativas às prestações de

serviços públicos eletrônicos.

Um ano após, o Governo Federal lança o Modelo de Acessibilidade

de Governo Eletrônico (e-MAG), o qual, inicialmente, sugere, e posteriormente

obriga, a acessibilidade, nos sítios e portais da Administração Pública Federal,

2 Decreto Presidencial n° 3 de abril de 2000.

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aos seus conteúdos às pessoas com necessidades especiais. Nesse mesmo

ano, 2005, o uso do pregão, preferencialmente a forma eletrônica, torna-se

obrigatório nas compras de bens e serviços comuns pela Administração

Pública Federal3.

Em 2006, o Portal de Inclusão Digital é publicado na rede mundial de

computadores com diversas ações direcionadas à população de baixa renda ou

carente para a democratização e a facilitação do acesso à internet.

Com o lançamento do Portal de Governo Eletrônico do Brasil,

www.governoeletronico.gov.br, todas as informações, de histórico a políticas

públicas, diretrizes e ações realizadas e em práticas são facilmente

encontradas, além de todos os serviços públicos federais disponíveis por meio

eletrônico.

O Governo eletrônico brasileiro, hodiernamente, apresenta-se,

basicamente, em três programas:

I. Sociedade de informação: Programa de responsabilidade do

Ministério da Ciência e Tecnologia cujo objetivo principal é

apresentar alternativas viáveis para a próxima fase da rede no

Brasil (FERNANDES, 2001);

II. Brasil Transparente: Com o escopo principal de disponibilizar

a qualquer cidadão a prestação de contas do Governo

federal;

III. Governo Eletrônico: Segundo o Comitê Executivo do Governo

Eletrônico (BRASIL, 2001), esse Programa

“abrange todas as iniciativas do Governo Brasileiro voltadas para o uso da Internet no exercício da cidadania. Isso compreende os meios, as informações e os serviços necessários para o usufruto de direitos e o cumprimento de obrigações. Os serviços mencionados devem ser entendidos

3 Decreto nº 5.450/2005.

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como ‘serviços públicos mais públicos’: aqueles que podem ser usufruídos em casa, no trabalho, ou em local de acesso público à Internet, sem a necessidade da presença do cidadão numa representação do governo”

Salienta-se, ainda, que, atualmente, um dois maiores desafios nessa

seara são a implementação e o aperfeiçoamento do Governo Eletrônico nos

demais Entes federativos, em especial, nos municípios, uma vez que são os

que carecem de recursos financeiros e humanos para a prestação de serviços

públicos por meio digital ou eletrônico.

2.3.2. Diretrizes gerais para o Governo Eletrônico Federal

As diretrizes de implantação e operação do Governo Eletrônico são

7 (sete) e são adotadas como nortes para todas e quaisquer ações de e-gov,

gestão do conhecimento e da tecnologia de informação na Administração

Pública Federal (BRASIL, 2001):

I. Promoção da Cidadania: a prioridade do Governo Eletrônico é

a promoção da cidadania, da participação e do controle

social. Os princípios da universalidade, da igualdade e da

equidade devem estar sempre presentes na oferta de

serviços e informações eletrônicas;

II. Inclusão Digital: o uso dos recursos tecnológicos, em

destaque, a internet, deve está ao alcance de todos, pois a

inclusão digital é vista pela política de governo eletrônico

como direito de cidadania;

III. Utilização de Software Livre: o software livre é um recurso

estratégico para a implementação do Governo Eletrônico,

pois, além de reduzir consideravelmente o custo com licenças

e autorizações, há o estímulo à produção e ao

desenvolvimento de software nacional, e a garantia de acesso

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pelo cidadão aos serviços públicos sem a obrigatoriedade de

usar plataformas específicas;

IV. Gestão do Conhecimento: a gestão do conhecimento é um

instrumento estratégico de articulação e gestão das políticas

públicas do Governo Eletrônico.

“Gestão do Conhecimento é compreendida, no âmbito das políticas de governo eletrônico, como um conjunto de processos sistematizados, articulados e internacionais, capazes de assegurar a habilidade de criar, coletar, organizar, transferir e compartilhar conhecimento estratégico que podem servir para a tomada de decisões, para a gestão de políticas públicas e para a inclusão do cidadão como produtor de conhecimento coletivo.” (BRASIL, 2001).

V. Racionalização do uso de recursos: O governo eletrônico não

deve gerar aumento nas contas do Governo Federal com a

prestação de serviços públicos eletrônicos. Os recursos, tanto

de equipamentos quanto humanos, devem ser compartilhados

entre vários órgãos públicos.

VI. Integração de políticas, sistemas, padrões e normas: a

definição e a publicação de políticas, padrões, normas e

métodos para sustentar as ações de implementação e

operação do Governo eletrônico devem estar integradas para

o efetivo sucesso da política de governo eletrônico. (BRASIL,

2001);

VII. Integração das ações de governo eletrônico entre os níveis de

governo e outros Poderes: A União, os Estados, o Distrito

Federal e os Municípios devem agir de forma integrada no

desenvolvimento do governo eletrônico. E “cabe ao Governo

Federal um papel de destaque nesse processo, garantindo

um conjunto de políticas, padrões e iniciativas que garantam a

integração das ações dos vários níveis de governo e dos três

Poderes.” (BRASIL, 2001).

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A observação dessas diretrizes possibilita uma melhor prestação de

serviços públicos por meios eletrônicos de maneira democrática e mais

transparente.

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CAPÍTULO III

3. SERVIÇOS PÚBLICOS FEDERAIS NA INTERNET

3.1. Serviço Público Virtual e o Princípio da Eficiência

O princípio da eficiência está presente no ordenamento jurídico

pátrio desde o Decreto-lei nº 200/67, o qual submeteu toda a Administração

Pública ao controle de resultado (arts. 13 e 25, V), fortaleceu a meritocracia

(art. 25, VIII), atribuiu supervisão ministerial à administração indireta quanto à

eficiência administrativa (art. 26, II) e recomendou a demissão ou dispensa do

servidor não eficiente ou desidioso (art. 100).

Com a Emenda Constitucional nº 19/98, esse princípio emergiu

como uns dos princípios constitucionais e expressos da Administração Pública:

Art. 37 CRFB/88: A administração pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

A inserção da eficiência ao rol dos princípios da Administração

Pública tem a finalidade de tornar a gestão pública menos burocrática;

alcançando, assim, a sua finalidade – o interesse público – de forma mais

rápida e eficaz. Contudo, o princípio da eficiência não tem uma definição, na

doutrina, una ou consensual. De tal modo, apresenta-se, ilustrativamente, o

princípio da eficiência sob a ótica de MEIRELLES (1996):

“Eficiência é o que se impõe a todo agente público de realizar suas atribuições com presteza e rendimento funcional. É o mais moderno princípio da função administrativa, já que não se contenta em ser desempenhada apenas com legalidade, exigindo resultados positivos para o serviço público e

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satisfatório ao atendimento das necessidades da comunidade e de seus membros.”

Traz-se o conceito de eficiência da ciência da Administração nas

palavras de CHIAVENATO (1993) para ajudar a compor o entendimento desse

conceito:

“A eficiência não se preocupa com os fins, mas simplesmente com os meios. O alcance dos objetivos visados não entra na esfera de competência da eficiência; é um assunto ligado à eficácia.” “Contudo, nem sempre a eficácia e a eficiência andam de mãos dadas. Uma empresa pode ser eficiente em suas operações e pode não ser eficaz, ou vice-versa. Pode ser ineficiente em suas operações e, apesar disso, ser eficaz, muito embora a eficácia fosse bem melhor quando acompanhada da eficiência. Pode também não ser nem eficiente nem eficaz. O ideal seria uma empresa eficiente e eficaz.”

CARVALHO FILHO (2006), além de apontar diferenças entre

eficácia e eficiência, apresenta a efetividade como mais um elemento a ser

distinguido:

“A eficiência não se confunde com a eficácia Nem com a efetividade. A eficiência transmite sentido relacionado ao modo pelo qual se processa o desempenho da atividade administrativa; a ideia diz respeito, portanto, à conduta dos agentes. Por outro lado, eficácia tem relação com os meios e instrumentos empregados pelos agentes no exercício de seus misteres na administração; o sentido aqui é tipicamente instrumental. Finalmente, a efetividade é voltada para os resultados obtidos com as ações administrativas; sobreleva nesse aspecto a positividade dos objetivos.”

Outra faceta do princípio da eficiência é a necessidade de a

Administração Pública ser moderna, com uma gestão atualizada. Dessume-se,

então, que a Administração Pública deve alcançar melhores resultados com os

menores gastos e a implementação de uma Gestão eletrônica é essencial para

a plena observância do princípio da eficiência.

O Governo Federal disponibiliza uma variedade enorme de serviços

públicos virtuais, os quais podem ser encontrados nos diversos sítios dos

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órgãos da União. Destacam-se, em especial, os endereços eletrônicos da

Receita Federal, do Tribunal Superior Eleitoral e da ComprasNet.

No www.receita.fazenda.gov.br é possível encontrar diversos

serviços públicos protegidos pelo sigilo fiscal, tais como: verificar eventuais

pendências na Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física, obter cópia de

declarações, retificar pagamentos, parcelar débitos, pesquisar a situação fiscal

e imprimir o comprovante de inscrição no CPF. Além disso, com o intuito de

trazer maior comodidade, o usuário poderá agendar o dia e a hora para ser

atendido em uma das unidades de atendimento da Receita Federal.

Figura 1 – Tela inicial do sítio da Receita Federal

Já no site do Tribunal Superior Eleitoral (www.tse.jus.br), o cidadão

poderá, dentre muitos serviços, emitir certidão negativa de alistamento eleitoral,

certidão de filiação partidária, consultar a situação do seu título de eleitor e o

seu local de votação, e realizar pré-atendimento eleitoral (Título Net).

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Não há de se duvidar que a possibilidade de realizar os

procedimentos de alistamento eleitoral, transferência e revisão é um exemplo

significativo de desburocratização, modernidade e eficiência na Administração

Pública Federal.

Figura 2 – Tela inicial do sítio do Tribunal Superior Eleitoral

Com o advento do Decreto nº 5.450 de maio de 2005, todas as

compras para aquisição de bens e serviços comuns devem ser feita por meio

de pregão na modalidade eletrônica. A partir de então, os processos licitatórios

tornaram-se mais céleres, os seus custos formam minimizados e a competição,

ampliada entre os fornecedores, já que, a simplicidade, transparência e

eficiência do pregão eletrônico fomentaram o interesse de micro e pequenas

empresas participarem das licitações governamentais.

A criação do sítio eletrônico ComprasNet foi de grande importância e

é um exemplo de eficiência no e-Gov federal, uma vez que nesse Portal são

realizadas todas as contratações eletrônicas do Governo Federal, sobretudo o

Pregão e a cotação eletrônicos. Nesse site a sociedade pode acompanhar

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todos os procedimentos referentes às licitações eletrônicas, os lances

efetuados e as propostas vencedoras.

A eficiência desse serviço público é indiscutível, pois o Governo

Federal além de economizar bilhões de reais nos processos de compras

governamentais, o controle interno e externo, destaque àquele feito pela

sociedade, é possível e eficaz.

Figura 3 – Tela inicial do sítio da ComprasNet

3.2. Serviço Público Virtual e o Princípio da Transparência

3.2.1. Conceituação de Publicidade e Transparência

O princípio da publicidade está insculpido no art. 37 da CRFB/88 e

detalhado em seu § 1º, in verbis:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,

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impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: § 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.

Não há dificuldades para a compreensão da obrigatoriedade e

importância desse princípio constitucional da Administração Pública, pois ele é

inerente à própria noção de democracia contemporânea e sendo o povo

detentor do Poder Constituinte e pagador de uma das maiores cargas

tributárias no mundo4, nada mais justo e natural, que todo e qualquer cidadão

tenha conhecimento e acesso aos atos praticados pela Administração Pública,

em especial, a prestação de gastos públicos, detalhadamente. Segundo CARL

SCHMITT (apud BOBBIO, 189, p. 101),

“a representação apenas poderá ocorrer na esfera da publicidade. Não existe nenhuma representação que se desenvolva em segredo ou a portas fechadas. Um parlamento tem um caráter representativo apenas enquanto se acredita que sua atividade própria seja pública. Seções secretas, acordos e decisões secretas de qualquer comitê podem ser muito significativos e importantes, mas não podem jamais ter um caráter representativo.”

Corroborando com a ideia supracitada, é o entendimento de ROCHA

(2006) ao vislumbrar o princípio da publicidade como essencial para um Estado

Democrático de Direito como o Brasil.

[...] a publicidade da Administração é que confere certeza às condutas estatais e segurança aos direito individuais e políticos dos cidadãos. Sem ela, a ambiguidade diante das práticas administrativas conduz à insegurança jurídica e à ruptura do elemento de confiança que o cidadão tem que depositar no Estado.

4 http://diariodeteresina.com.br/noticias/economia/carga-tributaria-sobe-para-3356-em-2010-informa-receita.html

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Nessa mesma esteira de pensamento, é a decisão proferida

liminarmente no MS n° 24.725 pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal

CELSO DE MELO:

Os postulados constitucionais da publicidade, da moralidade e da responsabilidade – indissociáveis da diretriz que consagra a prática republicana do poder – não permitem que temas, como os da destinação, da utilização e da comprovação dos gastos pertinentes a recursos públicos, sejam postos sob inconcebível regime de sigilo. Não custa rememorar que os estatutos do poder, numa República fundada em bases democráticas, não podem privilegiar o mistério, eis que a legitimidade político-jurídica da ordem democrática, impregnada de necessário substrato ético, somente é compatível com um regime do poder visível, definido, na lição de Bobbio, como ‘um modelo ideal do governo público em público’. - Ao dessacralizar o segredo, a nova Constituição do Brasil restaurou o velho dogma republicado e expôs o Estado, em plenitude, ao princípio democrático da publicidade, cuja incidência – sobre repudiar qualquer compromisso com o mistério – atua como fator de legitimação das decisões e dos atos governamentais. – O novo estatuto político brasileiro – que rejeita o poder que oculta e que não tolera o poder que se oculta – consagrou a publicidade dos atos e das atividades estatais como expressivo valor constitucional, incluindo-o, tal a magnitude desse postulado, no rol dos direitos, das garantias e das liberdades fundamentais.”

É importante assinalar que por mais sutilmente que seja, há

diferenças entre publicidade e transparência. O conceito de transparência

extrapola o de publicidade, pois informações e dados podem ser divulgados

apenas no Diário Oficial, em linguagem técnica, acompanhados de fórmulas

matemáticas, estatísticas de difícil compreensão aos padrões do homem

médio. Destarte, há observância do princípio da publicidade, já que os atos

administrativos foram divulgados e publicados, porém não inteligíveis, de

entendimento complexo, não acessível ao cidadão leigo. Comprometendo,

assim, a sua transparência.

Para BRAGA (2011):

Pode-se definir transparência da gestão como a atuação do órgão público no sentido de tornar sua conduta cotidiana, e os dados dela decorrentes, acessíveis ao público em geral. Suplanta o conceito de publicidade previsto na Constituição

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Federal de 1988, pois a publicidade é uma questão passiva, de se publicar determinadas informações como requisito de eficácia. A transparência vai mais além, pois se detém na garantia do acesso às informações de forma global, não somente àquelas que se deseja apresentar.

Cabe registrar que, modernamente, há corrente doutrinária teorizada

por MOREIRA NETO (2001) que vislumbra uma constante e gradual evolução

do princípio da publicidade para o da transparência e ilustra-se essa afirmação

com a alteração na Lei de Responsabilidade Fiscal pela Lei Capiberibe, Lei

Complementar nº 131/2009, que propiciou o respaldo à transparência na

Administração Pública:

Da Transparência da Gestão Fiscal Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos. Parágrafo único. A transparência será assegurada também mediante: (Redação dada pela Lei Complementar nº 131, de 2009). I – incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, durante os processos de elaboração e discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos; (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009). II – liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de acesso público; (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009). III – adoção de sistema integrado de administração financeira e controle, que atenda a padrão mínimo de qualidade estabelecido pelo Poder Executivo da União e ao disposto no art. 48-A. (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009). Art. 48-A. Para os fins a que se refere o inciso II do parágrafo único do art. 48, os entes da Federação disponibilizarão a qualquer pessoa física ou jurídica o acesso a informações referentes a: (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009). I – quanto à despesa: todos os atos praticados pelas unidades gestoras no decorrer da execução da despesa, no momento de sua realização, com a disponibilização mínima dos dados referentes ao número do correspondente processo, ao bem fornecido ou ao serviço prestado, à pessoa física ou jurídica beneficiária do pagamento e, quando for o caso, ao

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procedimento licitatório realizado; (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009). II – quanto à receita: o lançamento e o recebimento de toda a receita das unidades gestoras, inclusive referente a recursos extraordinários. (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009).

Percebe-se, então, que não basta a publicização do ato

administrativo, o mesmo deve ser acessível, claro e transparente.

3.2.2. Portal da Transparência e as Páginas de Transparência

Pública

A partir de 2004, a Controladoria-Geral da União (CGU) apresenta

no Portal da Transparência apenas os dados que estão sob sua competência.

Todas essas informações são obtidas dos vários sistemas do Governo Federal,

com, por exemplo, o Sistema Integrado de Administração Financeira do

Governo Federal (SIAFI). Dessa forma, qualquer outra informação relativa aos

poderes Legislativo e Judiciário ou dados referentes a receitas ou despesas

próprias dos Estados e Municípios não serão encontrados no Portal da

Transparência, mas em suas respectivas páginas de Transparência Pública.

Figura 4 – Tela inicial do Portal da Transparência

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Nota-se sem dificuldades a principal diferença entre o Portal da

Transparência e as Páginas de Transparência Pública: enquanto estas

apresentam dados atinentes aos gastos oriundos de cada órgão ou entidade da

Administração Pública Federal; aquele, gerenciado pelo CGU, presta

informações consolidadas provenientes da Secretaria do Tesouro Nacional, da

Caixa Econômica Federal, do Banco do Brasil S.A. e do Fundo Nacional de

Saúde (FNS). Outras distinções podem ser observadas no quadro abaixo:

No referido Portal, é possível encontrar informações sobre

transferência de recursos para os demais entes estatais, para pessoas físicas e

jurídicas, inclusive para o exterior; informações sobre gastos diretos do

Governo Federal com, por exemplo, diárias pagas e cartões de pagamentos do

Governo Federal; informações sobre as receitas, previstas ou realizadas, por

órgão e por categoria de receita; convênios; lista de empresas sancionadas e

situação funcional dos servidores do Poder Executivo Federal.

Figura 5 – Informações disponíveis no Portal da Transparência

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Preocupada em oferecer uma maior acessibilidade do cidadão e dos

agentes públicos ao Portal e familiarizá-los com esse ambiente virtual, a

Controladoria-Geral da União (CGU) desenvolveu o “Manual Prático do Portal

da Transparência”.

O “Manual Prático do Portal da Transparência do Governo Federal” foi criado com o intuito de facilitar a navegação no Portal. O objetivo é orientar, de um modo rápido e simples, o cidadão e os agentes públicos a encontrarem as informações desejadas para conhecer a aplicação dos recursos públicos federais e contribuir com o Governo em seu papel de fiscalização. Por meio deste manual passo-a-passo, o internauta recebe instruções simples e ilustradas sobre cada modalidade de consulta existente no Portal da Transparência do Governo Federal. Além disso, o Manual disponibiliza informações detalhadas de todas as seções do Portal tais como “Participação e Controle Social”, “Fale Conosco”, “Aprenda Mais”, “Perguntas Freqüentes”, cadastramento no Sistema de Mala Direta para receber informações sobre novas liberações de recursos a um município e “Rede de Transparência”.

Uma série de três episódios bem humorados, nos quais os

personagens – o taxista, o pescador e o astrólogo – demonstram conhecimento

aprofundado em sua respectiva área de atuação, mas ficam sem resposta

quando são questionados para onde vai o dinheiro público. Esses vídeos estão

disponíveis para download no próprio Portal da Transparência e são veiculados

em comerciais televisivos.

Figura 6 – Vídeos “Dinheiro público é da nossa conta”

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Iniciativas como essas além de atrair o interesse do cidadão às

questões relativas ao gasto publico, expandindo, assim, o controle da

sociedade na Administração Pública, consubstancia o princípio da

transparência, pois viabiliza o acesso e a compreensão dos dados de forma

simples e prática.

Portal da Transparência Páginas de Transparência Pública

Características Reúne em um único sítio informações sobre a aplicação de recursos públicos federais, a partir da consolidação de milhões de dados oriundos de diversos órgãos do Governo Federal relativos a Programas e Ações de Governo.

Apresentam os dados referentes às despesas realizadas por cada órgão e entidade da Administração Pública Federal com informações sobre execução orçamentária, licitações, contratações, convênios, diárias e passagens. Cada órgão e entidade deve ter sua própria Página de Transparência com informações detalhadas sobre sua execução orçamentária. Dão continuidade às ações de governo voltadas para o incremento do controle social e complementam as informações disponíveis no Portal da Transparência.

Origem Lançado em novembro de 2004, o Portal da Transparência apresenta informações que consolidam dados oriundos da Secretaria do Tesouro Nacional, da Caixa Econômica Federal, do Banco do Brasil S.A. e do Fundo Nacional de Saúde (FNS). Cabe à CGU gerenciar as informações contidas no Portal.

Para criação de um padrão para as Páginas de Transparência foi criado um Grupo de Trabalho formado por representantes do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, do Ministério da Justiça e da Controladoria-Geral da União. O sítio do Programa de Transparência do Ministério da Justiça serviu como modelo de conteúdo para criação das Páginas de

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Transparência. Todos os órgãos da administração direta e diversas entidades da administração indireta já dispõem de Página de Transparência em seus sítios. Conheça as Páginas de Transparência Pública disponíveis.

Legislação Decreto n.º 5.482, de 30 de junho de 2005

- Decreto nº 5.482, de 30 de junho de 2005, - Portaria Interministerial nº 140, de 16 de março de 2006

Tabela 1 – Diferenças entre o Portal da Transparência e as páginas de

Transparência Pública

Observa-se, na tabela 1, que há aumento constante de acesso ao

Portal da Transparência, o que direta ou indiretamente, assinala um interesse

maior dos administrados pela coisa e dinheiro públicos.

Constata-se que a navegação pelos sites apresentados nesse

trabalho monográfico, em especial o do Portal da Transparência, é bastante

simples, a linguagem é de fácil compreensão, as informações ali veiculadas

são tempestivas e confiáveis. Facilitando, desse modo, o controle social e

obtenção por parte dos cidadãos de um serviço público rápido, eficiente e de

qualidade.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Do presente trabalho pode-se concluir que a utilização dos meios

eletrônicos é de fundamental importância nos dias atuais, uma vez que auxilia

sobremaneira na execução das funções do Estado. Além disso, o

aprimoramento da máquina pública acaba, também, por atender aos anseios

de uma sociedade que deseja, cada vez mais, transparência e prestação de

contas com relação ao uso dos recursos públicos, oriundos dos tributos

recolhidos por essa mesma sociedade, o que vem de encontro ao

desenvolvimento de uma população realmente cidadã, que participa e controla

os atos governamentais.

Percebe-se que, a partir dos sites do governo eletrônico, diversas

questões e demandas podem ser atendidas, com vantagens claras para o

cidadão e, também, para o governo. O primeiro se beneficia com a redução de

tempo e custos e com a desburocratização dos serviços, além de poder

fiscalizar, em sítios específicos, a atuação governamental e o uso do dinheiro

público. O governo, por sua vez, beneficia-se porque pratica uma gestão

menos onerosa, utilizando menos funcionários e recursos, facilita e integra

processos e diversas esferas do poder, recolhe receitas de maneira mais

rápida e fiscaliza de forma mais eficiente.

Fica, portanto, a esperança de que, a despeito do muito que já foi

desenvolvido, os governos, em suas diversas instâncias, potencializem ainda

mais as suas ações com a utilização dos meios eletrônicos.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

EPÍGRAFE 5

RESUMO 6

METODOLOGIA 7

SUMÁRIO 8

INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO I

SERVIÇOS PÚBLICOS 12

1.1 – Conceituação de Serviços Públicos 12 1.2 – Formas, Competência para Prestação do Serviço Público e sua Titularidade 12 1.2.1 – Formas de Prestação do Serviço público 12 1.2.2 – Competência para a Prestação do Serviço Público 13 1.2.2.1 – Competência da União 13 1.2.2.2 – Competência dos Estados-membros 13 1.2.2.3 – Competência dos Municípios 14 1.2.2.4 – Competência do Distrito Federal 14 1.2.3 – Titularidade dos Serviços Públicos 15 1.3 – Classificação de Serviços Públicos 15 1.3.1 – Quanto à sua titularidade 15 1.3.2 – Quanto à sua adequação 16 1.3.3 – Quanto aos seus destinatários 16 1.4 – Princípios Básicos dos Serviços Públicos 17 1.4.1 – Princípio da Generalidade 17 1.4.2 – Princípio da Continuidade 18 1.4.3 – Princípio da Eficiência 19 1.4.4 – Princípio da Modicidade 19

CAPÍTULO II

GOVERNO ELETRÔNICO 20

2.1 – Conceituação de Governo Eletrônico 20 2.2 – Classificação de e-Gov 22

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2.2.1 – E-Administração 23 2.2.2 – E-Governança 24 2.2.3 – E-Demogracia ou eDemocracia Digital ou Cyberdemocracia 25 2.3 – O Governo Eletrônico no Brasil 26 2.3.1 – Breve Histórico 26 2.3.2 – Diretrizes Gerais para o Governo Eletrônico Federal 28 CAPITULO III

SERVIÇOS PÚBLICOS FEDERAIS NA INTERNET 31

3.1 – Serviço Público Virtual e o Princípio da Eficiência 31 3.2 – Serviço Público Virtual e o Princípio da Transparência 35 3.2.1 – Conceituação de Publicidade e Transparência 35 3.2.2 – Portal da Transparência e as Páginas de Transparência Pública 39

CONSIDERAÇÕES FINAIS 44

BIBLIOGRAFIA 45

ÍNDICE 49